476
ANO DE 1 968 LIVRO 13 ANAIS DO SENADO Secretaria Especial de Editoração e Publicações - Subsecretaria de Anais do Senado Federal TRANSCRIÇÃO SENADO FEDERAL

ANAIS - 1968 - LIVRO 13 - TRANSCRIÇÃO

  • Upload
    buithuy

  • View
    241

  • Download
    7

Embed Size (px)

Citation preview

  • ANO DE 1968LIVRO 13

    ANAIS DO SENADO

    Secretaria Especial de Editorao e Publicaes - Subsecretaria de Anais do Senado Federal

    TRANSCRIO

    SENADO FEDERAL

  • 172 SESSO DA 2 SESSO LEGISLATIVA DA 6 LEGISLATURA, EM 2 DE SETEMBRO DE 1968

    PRESIDNCIA DOS SRS. AARO STEINBRUCH, GUIDO MONDIN E VICTORINO FREIRE

    s 14 horas e 30 minutos, acham-se presentes os Srs. Senadores:

    Adalberto Sena Edmundo Levi Cattete Pinheiro Sigefredo Pacheco Menezes Pimentel Wilson Gonalves Duarte Filho Argemiro de Figueiredo Aloysio de Carvalho Antnio Balbino Josaphat Marinho Carlos Lindenberg Aaro Steinbruch Mrio Martins Aurlio Vianna Fernando Corra Bezerra Neto Mello Braga Guido Mondin Mem de S.

    O SR. PRESIDENTE (Aaro Steinbruch): A lista de presena acusa o comparecimento de 20 Srs. Senadores. Havendo nmero regimental, declaro aberta a Sesso. Vai, ser lida a Ata.

    O Sr. 2-Secretrio procede leitura da Ata da Sesso anterior, que sem debate aprovada.

    O Sr. 1-Secretrio l o seguinte:

    EXPEDIENTE

    MENSAGENS

    DO SR. PRESIDENTE DA REPBLICA, NOS SEGUINTES TRMOS:

    MENSAGEM N 277, de 1968

    (N 539, na origem)

    Excelentssimos Senhores Membros do

    Congresso Nacional: Tenho a honra de comunicar a

    Vossas Excelncias que, no uso das atribuies

    que me conferem os arts. 62, 1, e 83, III, da Constituio, resolvi negar sano ao Projeto de Lei na Cmara dos Deputados n 46/68 (no Senado Federal n 82/68), que concede estmulos fiscais indstria de fabricao de empilhadeiras, por julg-lo contrrio ao intersse pblico, em face dos motivos que passo a expor:

    O Poder Executivo, ao apresentar o projeto de lei em referncia, teve por objetivo atender ao desenvolvimento de grande parcela de emprsas brasileiras que procura adotar a racionalizao de mtodos e processos, visando a reduzir o custo operacional, procurando tornar mais econmico o manuseio, o transporte e o armazenamento de materiais os mais diversos.

    Se por um lado o Govrno podia conceder o estmulo fiscal, atravs da regulamentao do permissivo legal que lhe foi deferido pelo art. 14 do Decreto-Lei n 37, de 18 de novembro de 1966, preferiu, entretanto, a via legislativa, para atender de imediato o incentivo ao desenvolvimento nacional, em face de pesquisas, exames e estudos do problema, que se processam nos diversos setores em que a questo reflete, procrastinando aquela medida.

    Suprimida que foi a expresso: "at que seja regulamentado o artigo 14 do Decreto-Lei n 37, de 18 de novembro de 1966", constante da proposio governamental, desnaturou o carter temporrio necessriamente previsto.

  • 2

    A par disso, concludos os estudos referidos, foi regulamentado o art. 14, citado, pelo Decreto n 62.897, d.e 25 de junho de 1968, ficando resolvida satisfatriamente a questo.

    So stes os motivos que me levaram a negar sano ao projeto em causa, os quais ora submeto elevada apreciao dos Senhores Membros do Congresso Nacional.

    Braslia, em 30 de agsto de 1968. A. Costa e Silva.

    PROJETO A QUE SE REFERE O VETO

    Concede estmulos fiscais indstria de fabricao de empilhadeiras.

    O Congresso Nacional decreta: Art. 1 concedida iseno do impsto

    de importao e do impsto sbre produtos industrializados para a importao de partes e peas complementares, sem similar nacional, destinadas especficamente indstria de fabricao de empilhadeiras, em favor das emprsas que tenham projetos industriais aprovados pelo Grupo Executivo das Indstrias Mecnicas (GEIMEC).

    Pargrafo nico Entende-se como empilhadeira o veculo automotor para transporte industrial de materiais, dotado de garfos ou outro dispositivo de suportamento de carga, desenhado de forma a executar deslocamentos de materiais tanto no sentido horizontal como vertical, assim como dotado de habilidade de auto-carregar-se e descarregar-se.

    Art. 2 Esta Lei abrange as partes e peas complementares importadas e desembaraadas nas Alfndegas mediante Trmos de Responsabilidade, com base nas Resolues ns 114, de 22 de agsto de 1966, 234, 235 e 236, de 28 de setembro de 1967, do GEIMEC, que aprovaram os programas de fabricao de empilhadeiras.

    Art. 3 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicao.

    Art. 4 Revogam-se as disposies em contrrio.

    ( Comisso Mista.)

    MENSAGEM N 278, de 1968

    (N 540, na origem)

    Excelentssimos Senhores membros do

    Congresso Nacional: Tenho a honra de comunicar a Vossas

    Excelncias que, no uso das atribuies que me conferem os arts. 62, 1, e 83, III, da Constituio, resolvi negar sano ao Projeto de Lei na Cmara nmero 1.222/68 (no Senado n 74/68) que acrescenta dispositivos ao Decreto-Lei n 37, de 18 de novembro de 1966, estendendo benefcios aduaneiros a cientistas e tcnicos radicados no exterior que venham a exercer sua profisso no Brasil, por julg-lo contrrio ao intersse pblico, em face dos motivos que passo a expor:

    O projeto original, nos trmos em que foi elaborado, teve a norte-lo os seguintes princpios:

    a) Competncia do Conselho Nacional de Pesquisas para julgar da capacidade de cada interessado, em trazer efetiva contribuio ao desenvolvimento do Pas;

    b) condio de estarem radicados no exterior, pois a medida visa a atrair novos valres;

    c) compromisso, perante o mesmo Conselho, de exercer a profisso no Brasil, durante o prazo mnimo de 5 (cinco) anos;

    d) concesso de favores fiscais a todos os bens (bagagens), transferveis, dos tcnicos e cientistas.

    A proposio governamental, apreciada, inicialmente, na Cmara dos Deputados, foi substancialmente alterada atravs da aprovao de emenda substitutiva.

  • 3

    As modificaes, introduzidas, atingiram o cerne do texto inicial, transformando, integralmente, o sentido de suas disposies.

    A eliminao da referncia expressa a cientistas, e o afastamento da intervenincia do Conselho Nacional de Pesquisas rgo disciplinador dessas atividades, conferiram a alocuo "tcnicos" mantida no projeto aprovado, razo de alcance, de tal forma generalizante, que viria a invalidar todos os esforos do govrno, no sentido de dotar nosso Pas de pessoal altamente capacitado, visando a integr-los no processo de desenvolvimento aplicado cincia e tecnologia.

    A interferncia do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), como rgo coordenador e fiscalizador, seria fator assecuratrio da adoo de um critrio seletivo, indispensvel, preservao e resguardo dos mais ldimos intersses nacionais.

    Acresce que a iseno, como prevista no substitutivo, seria de difcil contrle, podendo na sua execuo divorciar-se, inteiramente, de suas finalidades.

    Alm disso, a iseno concedida, com a autorizao do embarque da bagagem, pelo Consulado do Brasil, facilitaria sua aplicao, quase que exclusiva, pelas emprsas estrangeiras, sediadas no Pas, favorecendo, ainda mais, a assistncia tcnica a essas emprsas, j contempladas com remessas de moeda estrangeira para pagamento de "know how", assistncia tcnica e "royalties", a par de se traduzir, na prtica, em desnecessria competio com as emprsas brasileiras.

    So stes os motivos que me levaram a negar sano ao projeto em causa, os quais ora submeto elevada apreciao dos Senhores Membros do Congresso Nacional.

    Braslia, em 30 de agsto de 1968 A. Costa e Silva.

    PROJETO A QUE SE REFERE O VETO

    Acrescenta dispositivos ao Decreto-Lei n 37, de 18 de novembro de 1966, estendendo benefcios aduaneiros a cientistas e tcnicos radicados no exterior que venham a exercer sua profisso no Brasil.

    O Congresso Nacional decreta: Art. 1 O art. 13 do Decreto-Lei n 37, de 18

    de novembro de 1966, passa a vigorar acrescido dos seguintes dispositivos:

    "Art. 13 ........................................................... h) tcnicos nacionais e estrangeiros radicados

    no exterior, que transfiram seu domiclio para o Brasil, a fim de trazer contribuio efetiva ao desenvolvimento do Pas, observadas as disposies da legislao vigente.

    5 A iseno de que trata a alnea h s ser concedida aos interessados que forem contratados pelo mnimo de 5 (cinco) anos ou se comprometerem a exercer a profisso no Brasil, durante o mesmo prazo, contado da data da assinatura do compromisso formal, perante o rgo fiscalizador respectivo, para o exerccio da profisso.

    6 Os tcnicos a que se referem a alnea h e o 5 anteriores faro jus iseno acima referida, uma vez autorizado o seu embarque, pelo Consulado do Brasil, no Pas onde residem."

    Art. 2 O Poder Executivo regulamentar a presente Lei dentro de 60 (sessenta) dias.

    Art. 3 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicao.

    Art. 4 Revogam-se as disposies em contrrio.

    ( Comisso Mista.)

  • 4

    Restituio de autgrafos de projeto de lei sancionado

    N 279/68 (n de origem 541/68), de 30 do ms de agsto, com referncia ao Projeto de Lei nmero 97/68, no Senado e nmero 50-B/68 na Cmara, que concede iseno de impsto de importao para equipamentos de produo cinematogrfica (projeto que se transformou na Lei n 5.489, de 30 de agsto de 1968).

    O SR. PRESIDENTE (Aaro Steinbruch): O expediente lido vai publicao.

    Sbre a mesa requerimento de urgncia, que vai ser lido pelo Sr. 1-Secretrio.

    lido o seguinte:

    REQUERIMENTO N 1.091, DE 1968

    Requeremos urgncia, nos trmos do art. 326,

    n 5-C, do Regimento Interno, para o Projeto de Lei n 10, de 1968, que dispe sbre a contagem de tempo de servio dos funcionrios, e d outras providncias.

    Sala das Sesses, em 2 de setembro de 1968. Vasconcelos Trres Petrnio Portela, Lder do Govrno Bezerra Neto, MDB.

    O SR. PRESIDENTE (Aaro Steinbruch): De acrdo com o disposto no art. 326, 5-C, do Regimento Interno, o requerimento figurar na Ordem do Dia da prxima Sesso.

    A Presidncia deferiu os seguintes requerimentos de informaes:

    De autoria do Senador Adalberto Sena

    N 998/68, ao Ministrio do Planejamento e Coordenao Geral;

    N 999/68, ao Ministrio Extraordinrio para Assuntos do Gabinete Civil da Presidncia da Repblica.

    De autoria do Senador Vasconcelos Trres

    N 1.000/68, ao Ministrio das Comunicaes;

    N 1.001/68, ao Ministrio das Minas e Energia;

    N 1.002/68, ao Ministrio dos Transportes; N 1.003/68, ao Ministrio da Indstria e do

    Comrcio; N 1.004/68, ao Ministrio da Educao e

    Cultura; N 1.005/68, ao Ministrio do Trabalho e

    Previdncia Social; N 1.006/68, ao Ministrio da Educao e

    Cultura; N 1.007/68, ao Ministrio do Trabalho e

    Previdncia Social; N 1.008/68, ao Ministrio dos Transportes; N 1.009/68, ao Ministrio dos Transportes; N 1.017/68, ao Ministrio do Planejamento

    e Coordenao Geral; N 1.018/68, ao Ministrio da Educao e

    Cultura; N 1.019/68, ao Ministrio do Trabalho e

    Previdncia Social; N 1.020/68, ao Ministrio do Trabalho e

    Previdncia Social; N 1.035/68, ao Ministrio da Fazenda; N 1.036/68, ao Ministrio dos Transportes; N 1.037/68, ao Ministrio da Educao e

    Cultura; N 1.038/68, ao Ministrio da Agricultura; N 1.039/68, ao Ministrio da Agricultura; N 1.040/68, ao Ministrio do Trabalho e

    Previdncia Social;

  • 5

    N 1.041/68, ao Ministrio das Comunicaes;

    N 1.042/68, ao Ministrio das Minas e Energia;

    N 1.043/68, ao Ministrio dos Transportes; N 1.044/68, ao Ministrio das

    Comunicaes; N 1.046/68, ao Ministrio da Indstria e do

    Comrcio; N 1.047/68, ao Ministrio da Indstria e do

    Comrcio;

    De autoria do Senador Aaro Steinbruch

    N 1.011/68, ao Ministrio do Trabalho e Previdncia Social;

    N 1.087/68, ao Ministrio das Relaes Exteriores;

    De autoria do Senador Raul Giuberti

    N 1.088/68, ao Ministrio do Trabalho e Previdncia Social;

    De autoria do Senador Joo Abraho

    N 1.090/68, ao Ministrio do Trabalho e Previdncia Social;

    A Presidncia recebeu respostas aos seguintes Requerimentos de Informaes:

    De autoria do Senador Vasconcelos Trres

    N 425/68, enviada pelo Ministro do Planejamento e Coordenao Geral (Aviso n B-36, de 26 de agsto de 1968);

    N 427/68, enviada pelo Ministro do Interior (Aviso n BSB/364, de 29 de agsto de 1968);

    De autoria do Senador Raul Giuberti

    N 695/68, enviada pelo Ministro da Indstria e do Comrcio (Aviso n AP/274, de 26-8-68);

    De autoria do Senador Lino de Mattos

    N 758/68, enviada pelo Ministro da Fazenda (Aviso n Br-422, de 30 de agsto de 1968);

    De autoria do Senador Dylton Costa

    N 903/68, enviada pelo Ministro da Fazenda (Aviso n Br-423, de 30 de agsto de 1968);

    De autoria do Senador Aaro Steinbruch

    N 915/68, enviada pelo Ministro Extraordinrio para os Assuntos do Gabinete Civil da Presidncia da Repblica (Aviso n 1.402, de 30 de agsto de 1968);

    N 953/68, enviada pelo Ministro Extraordinrio para os Assuntos da Gabinete Civil da Presidncia da Repblica (Aviso n 1.401, de 30 de agsto de 1968).

    H vrios oradores inscritos. O primeiro o Senador Wilson Gonalves, a quem dou a palavra.

    O SR. WILSON GONALVES: Sr. Presidente, Srs. Senadores, mais uma vez venho a esta tribuna para focalizar tema da mais relevante importncia para a economia do meu Estado. Desejo, Sr. Presidente, nesta oportunidade, tratar, em rpidas consideraes, do problema do algodo na minha terra, cuja situao, nesse particular, interessa, por igual, a tda a regio do Nordeste.

    Como sabe a Casa, e tive eu oportunidades outras de manifestar, o Cear o terceiro Estado em produo de algodo, no Brasil, estando colocado depois de So Paulo e Paran, e o primeiro em produo de algodo de fibra longa.

    Tenho, aqui, Sr. Presidente, a estatstica referente ao ano de 1966, onde o Cear aparece com a produo de 245.950 toneladas, num total de NCr$ 68.973,04, tendo So Paulo a produo de 691.484 toneladas, para um resultado financeiro de NCr$ 192.007.982,00.

    Tais dados revelam a importncia que sse produto da nossa economia tem para o nosso Estado e, especialmente, para a populao pobre do meio rural.

  • 6

    Sem dvida, alm de ser um produto da mais alta expresso para a nossa balana comercial, o algodo tem, precpuamente, no meu Estado, e posso assegurar em todo o Nordeste, funo eminentemente social, porque, em verdade, o homem do campo, o homem pobre, o homem sem terra, quem produz o algodo em maior escala.

    Portanto, Sr. Presidente, um dos aspectos que me pareceu de maior relvo, na apreciao dsse produto, o de que o resultado de sua comercializao se distribui ou se difunde por tdas as camadas pobres da zona rural, diferentemente de outros bens, tambm significativos para a nossa economia, mas que so propriedade quase que exclusivamente dos senhores donos de terras.

    De certo tempo a esta parte, o Govrno Federal, por meio de rgos especficos, quais sejam, a Comisso do Financiamento da Produo, o Banco do Brasil e a CIBRAZEM, adotou providncias adequadas e eficientes como estmulo e garantia produo agrcola no Pas, atravs do crdito agrcola, da poltica de fixao de preos mnimos dos produtos da agricultura e da armazenagem dos mesmos nos depsitos da CIBRAZEM.

    Essas trs providncias conjugadas traro, sem dvida, estmulo e expanso produo agrcola, notadamente na minha regio, no Nordeste, criando, assim, na mente do rurcola, confiana e segurana na comercializao dos seus produtos. Atravs dsse sistema coordenado o Govrno da Unio assegura o crdito agrcola aos produtores e, ao mesmo tempo, nas pocas oportunas, fixa os preos mnimos dsses produtos, assegurando o seu financiamento atravs do Banco do Brasil, ora realizando a sua comercializao, ora apenas, o seu financiamento, com a estocagem em depsitos e armazns oficiais, uma ou outra operao ao critrio ou vontade dos produtores.

    Noutra oportunidade, Sr. Presidente, ocupei a tribuna do Senado para testemunhar aspecto importante destas providncias. Realmente, no ms de maio do corrente ano, pude verificar, no meu Estado, o armazenamento de enorme quantidade de gneros alimentcios que, excedentes das necessidades do consumo local foram, atravs do mecanismo a que j me referi, financiados e estocados nos armazns da CIBRAZEM, como medida asseguradora da estabilidade de preos no Nordeste. Para ns, providncia desta natureza , sem nenhuma dvida, novidade auspiciosa, porque, como disse, smente de certo tempo a esta parte que os produtos agrcolas do Nordeste, a exemplo do que, h dcadas, se faz com o caf de So Paulo e do Paran, vm merecendo o amparo do Govrno que, dste modo, garante o justo valor ao trabalho rural, e emprega os meios necessrios regularizao do mercado consumidor.

    Desejo, Sr. Presidente, nestas consideraes que venho fazendo, dar relvo especial orientao superior e patritica do Presidente do Banco do Brasil, o Dr. Nestor Jost, que, no obstante homem do Sul do Pas, tem visitado, vrias vzes, a nossa Regio e o meu Estado, e demonstrado, no s pela palavra, pela orientao, mas principalmente pelas providncias, a preocupao de tornar a poltica de preos mnimos dos produtos agrcolas um instrumento decisivo para expanso da nossa produo, para estmulo ao agricultor e ao criador, dando a cada um dles os elementos de segurana necessrios ao labor no campo.

    Sem dvida, foi a partir da administrao do Dr. Nestor Jost, na Presidncia do Banco do Brasil que a poltica de fixao do preo mnimo para os produtos da lavoura teve, pelo menos no meu Estado, um sentido de realidade para o homem do interior. Porque, at data de S. Ex. assumir a presidncia dste principal estabelecimento banc-

  • 7 rio do Pas, essas medidas e sses favores tocavam apenas aos agricultores do litoral.

    Mas, como dizia, uma vez modificada a orientao do Banco do Brasil, temos constatado que, no s na Capital, mas em tdas as regies do Cear, o agricultor j sente os efeitos benficos da atual poltica e, ao invs de ficar exposto ganncia do intermedirio, que quase sempre lhe oferece preos vis, tem le oportunidade de dirigir-se agncia mais prxima do Banco do Brasil e, mediante o depsito de sua produo, levantar a quantia correspondente at 90 ou 100 por cento do valor de sua mercadoria, ficando com o prazo de 180 dias para resolver da convenincia da comercializao dos seus produtos.

    Como v, Sr. Presidente, uma providncia sbia. E me parece que, at hoje, esta a nica medida concreta atravs da qual o Govrno tem realmente procurado assistir ao homem do campo.

    O SR. ARGEMIRO DE FIGUEIREDO: V. Ex. permite um aparte?

    O SR. WILSON GONALVES: Com muito prazer.

    O SR. ARGEMIRO DE FIGUEIREDO: Estou ouvindo com agradvel surprsa o pronunciamento que V. Ex. nos faz nesta hora, sbre a fixao dos preos mnimos para os produtos agrcolas nordestinos. E se a medida de carter geral, Senador Wilson Gonalves, e no atinge apenas o Estado, digamos, que tenha reclamado tal providncia, mas se ela geral, para todo o Nordeste e para todo o Brasil, no tenho dvida de que estamos em face de medida a mais elogivel da administrao federal, porquanto o que temos observado em nossa regio, sobretudo nas pocas e nos anos de superproduo, de melhor feijo, milho, agave e sisal, que os produtos baixam de preo de modo sempre proporcional quantidade da produo agrcola. Alis, ste um fenmeno ex-

    plicvel no sistema da economia livre a lei da oferta e da procura.

    Mas, na verdade, h anos em que o produtor, pelo aviltamento do preo dado superproduo decorrente de safras boas, de invernos bons, fica na situao de pobreza maior do que antes de obter a produo, porque investe seus parcos recursos na execuo dos trabalhos agrcolas e, afinal, vai vender a sua produo cara e custosa a preos nfimos. Por isso, excepcional a medida que se vem de adotar, e por esta forma que se defende a economia nacional de um Pas, a fim de no ficarem os produtores sujeitos ao nefasta do intermedirio e de suas especulaes, e menos sujeitos tambm ao dos mercados externos que costumeiramente recebem os nossos produtos pagando sempre menos do que a quantidade que ns vendemos. Quer dizer, maior quantidade de produto exportado, menor preo pago. E assim tem sido. De modo que esta providncia, incontestvelmente, vem animar todos os produtores nacionais, desde o Norte at o Sul. V. Ex. verifica que o fenmeno da juta, decrescendo de preo sempre, vai desestimulando essa fonte de economia do Pas e reduzindo, conseqentemente, o poder econmico nacional. Em nossa regio, o sisal, o milho, o feijo. De modo que a providncia, que V. Ex. elogia nesta hora, merece aplausos de todos os produtores da regio nordestina. Minhas congratulaes a V. Ex. que ressalta a medida tomada pelo Presidente do Banco do Brasil.

    O SR. WILSON GONALVES: Agradeo o aparte com que V. Ex. me honra, principalmente porque o tenho como um dos representantes mais dedicados aos problemas do homem do campo, a respeito de cujos intersses V. Ex. tem sido, nesta Casa e na sua vida pblica, um defensor intemerato.

    Desejo ainda esclarecer a V. Ex. que a medida no se refere, como no po-

  • 8 deria ser, smente ao Estado do Cear, mas a tda a Regio Nordeste ou, de modo geral, a todo o Pas. Apenas por uma necessidade de variao econmica o Pas dividido em regies e para cada uma dessas regies so fixados, atendidos determinados fatres e certos elementos de influncia no mercado, os preos correspondentes. De maneira que, quando se d a fixao do preo dos produtos agrcolas para o Cear, a fixao de preo feita para todo o Nordeste, compreendendo, naturalmente, o Estado de V. Ex., a herica Paraba que, como sabe, depois do Cear o Estado do Nordeste que mais produz algodo.

    Dados que tenho em mos mostram que at junho dste ano, estavam estocados, nos armazns da CIBRAZEM, em Fortaleza, e em algumas cidades do interior, distribudos pelas suas respectivas zonas, 388.157 volumes de gneros alimentcios, principalmente de milho e feijo. No fssem as providncias a que me estou referindo, sses produtos de to alta qualidade e que s a parte depositada em Fortaleza me chamou a ateno pelo volume fsico da enormidade daqueles depsitos, ou tinham naturalmente perecido pois o milho e o feijo fcilmenbe perecem no sendo bem guardados , ou teriam sido levados ao comrcio e vendidos por preos to baixos, to vis que, evidentemente, no corresponderiam sequer s exigncias do custo de produo. Ento o Govrno, atravs do Banco do Brasil, suportou a estocagem at agora sem lanar sses produtos no comrcio, para evitar a queda conseqente do seu valor na comercializao normal. ltimamente vendeu o milho e o feijo para o exterior reabrindo um nvo financiamento para a safra do corrente ano, a fim de no permitir se relaxem os preos normais e justos na comercializao dsses produtos no Estado. Evidentemente, nobre Senador Argemiro de Figueiredo, no tenho dados relativos ao Estado de V.

    Ex. mas possuo informaes, atravs do Coordenador da CIBRAZEM em Fortaleza, que compreende o Estado de V. Ex. que essas mesmas providncias foram adotadas nos demais Estados do Nordeste.

    Como V. Ex. salienta, ste um aspecto importante, aspecto que entusiasma aqules que, na verdade, se preocupam com a sorte dos que mourejam no campo. Smente com providncias dessa natureza, assegura-se ao trabalhador rural remunerao capaz de estimular as rduas tarefas do nosso rurcola at h pouco abandonado e esquecido.

    Mas, Sr. Presidente, no prosseguimento s minhas consideraes, desejo citar alguns trechos do relatrio do Banco do Brasil, de 1967, no qual o seu ilustre Presidente abre um captulo especial para focalizar o que o Banco realiza atravs da Poltica de Fixao de Preos Mnimos.

    Nesse tocante, afirma o Presidente do Banco do Brasil no seu relatrio:

    "Poltica de Preos Mnimos Como Agente do Govrno Federal,

    mediante convnio com a Comisso de Financiamento da Produo (CFP), e com base no Decreto-Lei n 79, de 19-12-66, vem o Banco do Brasil aplicando a poltica de sustentao de preos mnimos, que abrange vrios produtos agrcolas (arroz, algodo, milho, soja, agave, feijo, amendoim, sisal e juta) e compreende aquisio e venda de produtos, concesso de financiamentos, alm do contrle e movimentao dos estoques."

    Em 1967 foram realizadas aquisies, por conta do Govrno Federal, destacando-se as de feijo, como se infere do quadro a seguir:

    "Bsicamente, a poltica de sustentao de preos mnimos executada atravs de financiamentos especiais

  • 9 que possibilitam maior prazo aos produtores para comercializao das safras e, assim, evitam precipitaes que possam concorrer para o aviltamento de preos. As compras da Comisso de Financiamento da Produo, por intermdio do Banco do Brasil, so feitas apenas quando o mercado no reage e as cotaes se situam em nveis inferiores aos mnimos garantidos pelo Govrno Federal.

    Com vistas dinamizao das operaes da espcie, calcado em autorizao do Conselho Monetrio Nacional e instrues expressas da Comisso de Financiamento da Produo (CRP), passou o Banco a con-

    ceder financiamentos especiais destinados aquisio de sacaria e a permitir, sempre que possvel, o armazenamento de produtos a granel. No obstante a carncia de armazns e silos, a falta de classificadores oficiais em vrias regies e, ainda, as limitaes naturais do homem do campo, vem-se logrando aprecivel xito no desempenho do mandato, consoante se depreende do quadro abaixo.

    Evidencia sse quadro que se alargou sobremodo a faixa de deferimento dessas operaes, propiciando, assim, assistncia financeira a maior nmero de produtores agrcolas.

    CARTEIRA DE CRDITO AGRCOLA E INDUSTRIAL

    Operaes de Sustentao de Preos Mnimos

    FINANCIAMENTOS

    Anos Nmero NCr$ 1.000 % Variaes

    Nominal Real (*)

    1963 2.053 24.568 1964 1.746 26:995 9,9 42,8 1965 1.150 34.078 26,2 6,0 1966 2.238 84.810 148,9 78,8 1967 13.380 163.126 92,3 54,5

    (*) Deflator: ndice Geral de Preos da FGV (dezembro a dezembro) Base: 1963=100.

    Ao mesmo tempo, Sr. Presidente, em que focalizo o empenho especial, eficiente, com que o Banco do Brasil executa a tarefa atribuda pela Comisso de Financiamento da Produo, desejo assinalar, neste instante e para isto peo o apoio do nobre Senador Argemiro de Figueiredo e de tda esta Casa um aspecto que, a meu ver, precisa ser reparado, no que diz respeito fixao de

    preo mnimo para o algodo nordestino. De acrdo com a legislao existente, por

    meio da qual a Comisso de Financiamento da Produo oferece os elementos necessrios a que o Poder Executivo, por meio de decreto, fixe o preo mnimo para as diversas regies do Pas, alguns fatres ou condies variveis so apreciados, para que se chegue a obter o resultado lgico e justo da fixao dos preos.

  • 10

    sses elementos ou condies so os seguintes: anlise de estrutura de oferta, anlise de estrutura de custos, anlise da conjuntura externa e anlise de conjuntura interna.

    Ocorre que, em dezembro do ano passado, pelo Decreto n 61.966, de 22 de dezembro, o Govrno Federal fixou para o algodo em rama, algodo em caroo, no Nordeste, o preo de NCr$ 6,12. ste preo, na opinio dos mais entendidos e mesmo sob exame mais aligeirado da questo, no corresponde, realmente, aos elementos que so apreciados quando da fixao dos preos mnimos. Em primeiro lugar, tem-se a considerar que a fixao foi feita com grande antecedncia, em dezembro do ano passado e, agora, aos olhos dos mais entendidos na matria, aparece como insuficiente para atender aos elementos essenciais da fixao de um preo justo.

    O SR. ARGEMIRO DE FIGUEIREDO: Permite V. Ex. um aparte? (Assentimento do orador.) V. Ex. queira relevar que o esteja interrompendo vez por outra, dada a circunstncia de ser o algodo um dos elementos principais na economia nordestina. Quando me congratulei, h pouco tempo, com V. Ex., admitia como pressuposto que o preo mnimo seria o preo justo. A fixao de preo mnimo, para produtos nordestinos, que no corresponda a todos sses fatres a que V. Ex. se refere, que no corresponda ao valor do produto e compensao do trabalho do agricultor, apenas uma propaganda de jornal, sem nenhuma significao objetiva, sem significao sria, no ajuda em nada. Quando se fala em fixao de preo mnimo, h de ser um preo compensador para o produtor, um preo que estimule ainda mais a produo e assegure a sobrevivncia da nossa gente que, como V. Ex. sabe, sempre viveu na pobreza, na misria, uma boa parte da populao passando at fome. Quanto ao algodo, preciso ter-se em vista a profunda injustia que

    ns, nordestinos, estamos sofrendo na fixao do preo mnimo para sse produto. Em So Paulo, por questo de prestgio, vamos dizer com justia, pela tcnica na execuo dos trabalhos agrcolas, o preo mnimo fixado para o algodo tem sido sempre maior do que aqule fixado para o algodo do Nordeste. No entanto, o algodo nordestino s perde para o algodo paulista, na uniformidade. O algodo de So Paulo no se compara ao nordestino, de fibra sedosa, de toro regular, equivalente ao algodo egpcio. O que nos cabe suprir essa falha, uniformizar o tipo, pra evitar a hibridao da semente e, conseqentemente, a irregularidade da fibra. Mas o nosso algodo o Senador Wilson Gonalves sabe tanto quanto ns, tem vivncia na regio e pode falar de ctedra sbre o problema , o algodo nordestino rivaliza com o algodo egpcio, um algodo especial, excepcional para a indstria. Aos nossos tcnicos cabe, entretanto, a misso de uniformizar o tipo, porque, quando entra o produto na parte industrial de tecidos, se no h regularidade da fibra, seu valor decresce. Mas, na verdade, j hoje a coisa se est regularizando bem. No Estado do Rio Grande do Norte, temos trabalho cientfico nesse sentido; na Paraba tambm, e creio que no Cear, tambm. De modo que pedimos justia nessa parte, para que no haja grande diferena de cotao entre o algodo de So Paulo, que realmente uniforme, mas, sob o aspecto industrial, de fibra de valor muito inferior ao algodo nordestino. uma reivindicao que deve ser constante para todos ns, nordestinos, sempre que tratarmos dsse ngulo essencial da economia daquela regio infeliz.

    O SR. WILSON GONALVES: Muito me honra o aparte de V. Ex., que acrescenta consideraes procedentes e que se incorporam ao meu modesto pronunciamento. Cumpre-me afirmar a V. Ex. que, com efeito, o pressuposto da fixao

  • 11 de preo mnimo consiste em um critrio de justia, para assegurar um valor comercial ao produto que possa, at certo ponto, corresponder ao esfro do produtor, levando-se em considerao, naturalmente, o custo de produo e os fatres econmicos que influem, em virtude da lei da oferta e da procura.

    V. Ex. diz muito bem que o algodo nordestino, cuja fibra, mais longa e se presta a manufaturas muito mais finas do que o algodo de So Paulo, sempre teve uma cotao inferior. Agora, pelas notas que tenho em meu poder, posso assegurar a V. Ex., para dar um exemplo afirmao que acaba de fazer, que, enquanto o preo do algodo do Nordeste est fixado em NCr$ 6,12, o algodo de So Paulo cotado ao preo de NCr$ 7,00, para a arrba de quinze quilos. Isto revela, realmente, um aspecto que eu chamaria esquisito, porque o nosso algodo tem fibra mais longa que se presta; realmente, manufatura de artigos finos o que no acontece, segundo informam os entendidos, com o algodo de fibra curta , apesar disto, tem cotao inferior. Se no estou laborando em rro, ste preo de So Paulo resultou de reivindicaes dos produtores paulistas, exigindo do Govrno Federal uma fixao que pudesse corresponder aos seus anseios e intersses legtimos.

    Esta, Sr. Presidente, a razo da minha presena na tribuna, depois de reconhecer, fazendo justia pois sabe V. Ex. que sou muito comedido nos elogios no s Comisso de Financiamento da Produo, como, principalmente, ao Banco do Brasil, que o rgo, executor dessas providncias, no tocante melhoria que j sentimos, a respeito de financiamento e comercializao dos produtos agrcolas.

    No podia deixar de salientar essa injustia que, a meu ver, atenta profundamente contra os intersses legtimos dos produtores da regio que represento.

    Evidentemente, Sr. Presidente e Senhores Senadores, no razovel que continue prevalecendo um preo fixado ainda em dezembro do ano passado, quando vrios fatres j contriburam para a modificao dsse status econmico, em virtude do qual se estabeleceram os preos mnimos para o algodo.

    Alm da confessada e reconhecida desvalorizao da moeda, tivemos, recentemente, a elevao da taxa de cmbio referente ao dlar. Sendo o algodo um produto destinado, em grande parte, exportao, o seu preo no pode deixar de estar condicionado s alteraes, em relao ao cruzeiro, do valor do dlar, que a moeda atravs da qual le tem cotao no comrcio internacional.

    Se outros fatres de justia no estivessem ao nosso lado na defesa de melhor tratamento para os produtores de algodo do Nordeste, bastava a meu ver, para o comrcio interno, a elevao do preo do dlar, a fim de assegurar a necessidade de uma melhoria no preo do algodo.

    O SR. ARGEMIRO DE FIGUEIREDO: sses argumentos de V. Ex. so irrespondveis. Ningum explica o que est havendo, e ningum pode explicar. V. Ex. h de se recordar que at crca de trs anos passados, com uma simples elevao do dlar, os produtos nordestinos tiveram no setor do agave ou sisal uma fase excepcional, em que, por exemplo, o quilo da fibra do sisal chegou a valer mais de NCr$ 0,30. Por essa ocasio o produtor foi compensado no seu trabalho e teve, at, a oportunidade de capitalizar alguma coisa. Depois sse produto, como sabe V. Ex., a despeito da subida do dlar se desvalorizou. No sei se est hoje o quilo a menos de 20 centavos.

    O SR. WILSON GONALVES: Agradeo a V. Ex. a sua nova interferncia e, principalmente, a observao que V. Ex. faz dsse nvo aspecto que me parece, por si s, autorizar uma reviso na fixao dsse preo.

  • 12

    Segundo os dados colhidos em fontes idneas, o preo internacional do quilo do algodo est fixado numa base de 55 cents. de dlar, tendo, em algumas operaes, atingido, a 68 cents de dlar.

    Mas, nobre Senador Argemiro de Figueiredo, mesmo se nos ativssemos ao mnimo da cotao internacional do algodo, que 55 cents, stes, convertidos em cruzeiros, pelo valor atual do dlar, em relao nossa moeda dariam o preo de sete cruzeiros novos e trinta centavos. No entanto, est fixado, em seis cruzeiros novos e doze centavos.

    Veja V. Ex. que a diferena realmente enorme, bem acentuada num quilo de algodo, e a nossa regio produz milhares e milhares de arrbas dsse produto.

    Mas, se isso s, Sr. Presidente, no fsse sficiente, bastaria o exemplo que chegou ao meu conhecimento de que So Paulo onde, no ano passado, o algodo teve uma cotao de cinco cruzeiros e quarenta e sete centavos, conseguiu, j ste ano, sete cruzeiros.

    Evidentemente, reputamos justo sse preo para So Paulo, mas precisamos que essa, justia se estenda tambm ao Nordeste, e que isto se faa com a maior urgncia.

    Como V. Ex. sabe, estamos na poca da colheita do algodo e, dentro em pouco, a partir dste ms de setembro, se inicia a comercializao do produto e se o Govrno no atender, j e j, essa elevao de preo, o produtor poder ser prejudicado. Isto porque, se a medida tardar, depois ela s ir beneficiar aos maquinistas, aos beneficiadores de algodo, no protejera, portanto, os verdadeiros produtores de algodo. o que tem ocorrido no Pas, em vrias oportunidades: sses apelos so, s vzes, atendidos, mas quando o Govrno os atende, o produto j est nas mos do intermedirio que quem, muitas vzes, enriquece com a diferena de preo no mercado internacional.

    Da por que, Sr. Presidente, com a mxima iseno de nimo, examinando o problema em todos os seus ngulos, aqui me encontro para formular um aplo ao Sr. Presidente da Repblica, Comisso de Financiamento e ao Presidente do Banco do Brasil, no sentido de que, na forma da legislao em vigor, procedam a uma reviso do preo mnimo do algodo para tda a Regio do Nordeste, fixando-o, pelo menos, em NCr$ 7,50, a fim de que sse mecanismo, em to boa hora adotado pelo Govrno Federal, como estmulo produo e amparo ao produtor, possa realmente converter-se num instrumento de justia e seja, nos anos seguintes, um fator de aumento da nossa produo e de maior normalidade do consumo do povo brasileiro. Peo a V. Ex., Sr. Presidente, que, nos trmos regimentais, faa chegar a essas autoridades a que me referi o aplo que formulo, em nome da populao do Nordeste, porque, na verdade, o atendimento desta proposio, corresponde aos mais vivos anseios do povo nordestino.

    O SR. ARGEMIRO DE FIGUEIREDO: Permite-me V. Ex. um aparte? (Assentimento do orador.) Ao concluir o seu aplo, creio que no dever falar apenas em nome do nordestino; pode falar tal a posio nobre que o Senado tem tido em todos stes tempos em nome de tda a Casa, porque, quando se trata de defesa da economia do Pas, ningum quer saber em que regio ela est precisando de ajuda e dos estmulos do Govrno. V. Ex. pode formular o seu requerimento, tenho certeza disso, contando com a solidariedade de todos os Senadores aqui presentes, do Norte ao Sul, representando tdas as unidades da Federao, e ningum negar apoio ao aplo que V. Ex. formula, em defesa de um dos produtos de maior exportao de nosso Pas. Pode V. Ex. falar, tranqilamente, em nome do Senado da Repblica.

    O SR. WILSON GONALVES: Atendo de muito bom grado s ponderaes

  • 13 do eminente Senador Argemiro de Figueiredo e concordo plenamente com S. Ex. em que os intersses por mim aqui focalizados correspondem, realmente, aos intersses nacionais.

    O aparte do nobre Senador sugere-me trazer ainda, para incluir nessas descoloridas consideraes, os seguintes dados que do ao problema um aspecto nacional.

    Segundo estatstica revelada pelo Presidente do Banco do Nordeste do Brasil, em conferncia pronunciada na Comisso de Economia da Cmara dos Deputados, a agricultura nordestina, em 1965, produziu divisas no valor aproximado de 220 milhes de dlares e as importaes do Nordeste, nesse perodo, foram apenas de 67 milhes de dlares, o que quer dizer que a agricultura nordestina contribuiu para o resto do Pas com um saldo de 153 milhes de dlares, que foram aplicados em benefcio de outras regies do Brasil.

    Assim, Sr. Presidente, concluindo estas minhas consideraes, espero que V. Ex. encaminhe o meu aplo e o leve s autoridades que j mencionei, porque alimento a segura confiana de que o Nordeste ser atendido e, com le, milhes de homens do campo que merecem o amparo e a proteo do poder pblico. (Muito bem! Muito bem! Palmas.)

    O SR. PRESIDENTE (Victorino Freire): Tem a palavra o Sr. Senador Bezerra Neto.

    O SR. BEZERRA NETO: Sr. Presidente, Srs. Senadores, venho ocupar a tribuna para tratar de um assunto que, sendo expressamente de mbito estadual, tem os seus reflexos na regio extra-estadual e no prprio ambiente do Pas. bem sabido que problemas estaduais representam intersses de tda a Nao e do desenvolvimento geral.

    Quero fazer, por intermdio desta comunicao, um aplo ao Govrno do meu Estado, no sentido de alterar norma administrativa que vem adotando h

    mais de um ano, ou melhor, desde o incio da administrao.

    O Estado de Mato Grosso, na sua parte integradora da chamada Amaznia legal, vem sendo includo em importantes projetos de iniciativa privada, os quais se procuram valer dos estmulos institudos pelas Leis ns 5.713 e 5.714, de 1966. Como todos sabem, importncias glosadas para o pagamento do impsto de renda podero ser, ao invs de destinadas diretamente satisfao daquele tributo, aplicadas em empreendimentos industriais e agropecurios na regio amaznica.

    Os interessados responsveis pelos projetos a serem contemplados por sua vez em financiamentos, na poltica de incentivos fiscais e do plano de integrao regional, tm de satisfazer exigncias complexas perante a Superintendncia do Desenvolvimento da Amaznia, o que no deixa de ser racional para um necessrio contrle e organizao.

    Entre os Estados e Territrios da regio, interessados na captao de recursos e localizao dstes projetos, estabeleceu-se uma corrida de emulao, e nesta porfia o Estado de Mato Grosso at agora leva desvantagens. Como se trata de matria de repercusso econmica nacional, pois os problemas dessa chamada integrao refletem-se at para o desenvolvimento do continente, ocupo esta tribuna com o fim de formular um aplo, atravs de sugesto, ao eminente Governador Pedro Pedrossian.

    Em contato com os responsveis por projetos de aplicao de capitais, pelo referido sistema legal, no Estado de Mato Grosso, entre stes empreendimentos vultosos, para lanar e desenvolver a agropecuria no norte do Estado, no desrtico planalto do Parecis e outros pontos, verifiquei a existncia de planos j aprovados pela exigente direo da SUDAM, mas que no podem ir avante por obstculos surgidos na administrao mato-grossense. Entre stes interes-

  • 14 sados destaca-se o Montepio da Famlia Militar, adquirente da extensa rea de 150.000 hectares no planalto do Parecis, entre os Rios Juin, Formiga e Juruena, para nela lanar o seu projeto j deferido pela Superintendncia do Desenvolvimento da Amaznia. Do planejamento consta a fundao de uma cidade e de fazendas, alm do aproveitamento industrial das matas e outros. Localiza-se margem da projetada BR-364, antiga BR-29 a Braslia Acre. A cidade projetada contar com energia eltrica de um dos muitos saltos ali existentes e orientada no sentido do vale do Guapor. Ao seu lado, noutra extensa gleba, foi aprovado pela Superintendncia outro importante projeto agropecurio.

    Mas, Senhor Presidente, os dias se passam, e o incio real do empreendimento est sustado, e o impasse tem de ser resolvido em nosso Estado. Vou explicar o que se passa e nesta revelao no se delir de reconhecer o zlo pela causa pblica, neste particular, revelado pelo Senhor Governador Pedro Pedrossian. Ao assumir o Govrno do Estado, em fevereiro de 1966, S. Ex. mandou sustar o funcionamento do Departamento de Terras. Vrias foram as razes e no cabe aqui discuti-las. Mas at ste momento, ou melhor, pelo menos at a semana passada, continuava absolutamente suspenso o funcionamento da repartio. Ocorre, em face da legislao estadual de terras, todavia, a existncia de processos que estavam em andamento antes daquela suspenso, e muitos dles com as formalidades legais cumpridas e outros que as concluram no interregno. So portadores dos chamados ttulos provisrios de aquisio, o que corresponde ao pagamento de um tro do preo de compra estabelecido na tabela oficial, precedidas a demarcao e medio, aprovada estas, pagaro os dois teros restantes, para obter o ttulo definitivo.

    Entre os que obtiveram aprovao de seus importantes projetos de aplicao de capitais em Mato Grosso alguns so

    portadores de ttulos provisrios. Esta circunstncia impede a concretizao dos financiamentos. O resultado que dada a delonga; sem uma soluo em Mato Grosso, os responsveis por aquelas iniciativas e por vultosos gastos e compromissos com capitais obtidos muitas vzes de poupanas de outrem, esto se desorientando, e sendo convocados para outras reas.

    Minha sugesto, neste particular, que o Departamento de Terras de Mato Grosso seja reaberto, no para receber novos requerimentos de compra e venda de terras, mas para resolver especficamente a situao dos portadores de ttulos provisrios, que j tenham cumprido as formalidades de demarcao e medio. No resta dvida, que uma vez cumpridas por les as exigncias da legislao especial, tm o direito adquirido de obter o ttulo definitivo de propriedade. No esto sujeitos, pelo solene contrato firmado, a uma majorao de preos.

    Assim no h razes de intersse pblico, para a reteno do andamento dos processos constantes de ttulos provisrios devidamente pagos.

    Tambm fazendo eco de sugestes e ponderaes, em trno do fechamento temporrio do Departamento da Terras necessrio que esteja funcionando para atender s partes que precisam de documentao para instruir processos e outros fins de direito. Neste particular no se v motivo justo para no haver despachos na repartio, pois h prejuzo material imediato para as finanas estaduais e prejudicial para o legtimo intersse de outrem. Acreditamos todos que isto seja resolvido, logo, se j no o foi, a contento dos objetivos superiores do Estado, pois no possvel admitir intersses subalternos no no funcionamento daquele servio pblico.

    Com esta reabertura parcial da repartio de terras, o Estado de Mato Grosso ver-se- contemplado nos planos de fi-

  • 15 nanciamento de empreendimentos da regio amaznica. Do contrrio, continuar marginalizado.

    Considero simples a matria e fcil de conciliar os cuidados do nvo programa administrativo de terras do Estado com a participao mato-grossense nos chamados benefcios da SUDAM. (Muito bem!)

    O SR. PRESIDENTE (Victorino Freire): Tem a palavra o Sr. Senador Josaphat Marinho.

    O SR. JOSAPHAT MARINHO (sem reviso do orador.): Sr. Presidente, encontrava-me na Bahia em cumprimento de deveres polticos e partidrios do mandato, quando ocorreram os graves acontecimento de invaso da Universidade de Braslia e de violncias ali praticadas pela Polcia Federal.

    Quero manifestar hoje, primeiro dia em que estou presente, minha solidariedade comunidade universitria, s mes que esto protestando, aos nobres Colegas que, neste Plenrio, condenaram a violncia. Quero, especialmente, assinalar a unnime segurana com qu a grande imprensa do Pas noticiou, os brbaros fatos e sbriamente os criticou. Para que a acusao alcanasse maior relvo, de destacar-se que os parlamentares e a imprensa timbraram em ser contidos, embora enrgicos, na denncia da selvageria. A correo dos comentrios, quer no Congresso, quer na imprensa, chegou ao ponto de ser sempre psto em relvo quer o prprio Presidente da Repblica foi surpreendido, em seu gabinete, com a notcia dos fatos que, como bem disse, neste Plenrio, o nobre Senador Mem de S, mais do que violncia, constituram estupidez.

    No houve, assim, acusao direta e pessoal ao Presidente da Repblica, o que bastava para reclamar de S. Ex., entre as medidas cabveis, aquela providncia que, de pronto, estava mais do que ao alcance, no dever de sua autoridade. Assim os fatos se definiram e no

    preciso nem devo entrar nos pormenores dles, uma vez que j foram amplamente analisados.

    Os fatos, assim, foram situados em condies de proporcionar ao Govrno Federal a providncia de sua atribuio que deveria ser adotada com a presteza correspondente brutalidade da violncia.

    Ainda ontem o Correio Braziliense, traduzindo para esta Capital o estado de esprito que da populao do Pas resume assim o que ocorre:

    "H um clima de intranqilidade em todos os lares de Braslia. Quando um filho sai de casa para a Escola os pais se amarguram dentro de si ante o risco que les posam correr. O que houve na Universidade de Braslia foi algo revoltante e de brutal. Todos os alunos e professres foram tratados como marginais amotinados de penitencirias para incorrigveis."

    Pergunta-se: decorridos cinco dias que satisfao plena deu o Govrno famlia de Braslia e populao do Pas?''

    Nesses cinco dias, Srs. Senadores, o Departamento de Polcia Federal, pretendendo defender-se, acusou o Reitor da Universidade de "passividade" e "complacncia". Ao faz-lo, o Departamento de Polcia Federal assim acusava o prprio Presidente da Repblica, de quem delegado direto, porque por le nomeado o Reitor da Universidade. Ao mesmo tempo, o Ministro da Justia, a que esta subordinado o Departamento de Polcia Federal, emitiu nota e, em seguida, dirigiu carta a um dos jornais o Jornal do Brasil declarando que dle no partiu a ordem para a invaso da Universidade, nem, conseqentemente, para os atos que ali foram praticados.

    Mas, enquanto a Polcia Federal acusa o Reitor, e o Ministro da Justia declara que no autorizou nenhum ato, e se re-

  • 16 fere, mesmo, a entidades militares que no esto subordinadas ao Ministrio, no mesmo dia dos acontecimentos, nesta Casa, o nobre Senador Petrnio Portela, falando como Lder da Maioria, trouxe ao conhecimento do Plenrio o que seria a verso das autoridades policiais, encaminhada exatamente ao Ministro da Justia. E, nesse informe, que foi por S. Ex. lido, consta referncia ao "oficial encarregado das diligncias na Universidade de Braslia". Encarregado, por quem? O oficial encarregado das diligncias na Universidade de Braslia, e a que se refere o informe oficial, no autoridade vinculada ao Departamento de Polcia Federal?

    Porm, h mais: o mesmo informe acrescenta, "conforme orientao dada, por essa direo-geral, ao oficial encarregado, todo elemento, que tentasse impedir ou dificultar a ao da autoridade federal, deveria ser prso em flagrante". Aqui, pois, a direo-geral do Departamento de Polcia Federal assume a responsabilidade da diligncia e das instrues transmitidas ao oficial encarregado. E, ao comunicar, em informe, ao Ministro da Justia, que instruiu o oficial encarregado, a direo-geral do departamento confessa, por igual, que determinou quela autoridade que prendesse, em flagrante, todo elemento que tentasse impedir ou dificultar a ao da autoridade federal.

    sses fatos, Srs. Senadores, mereceram vivo e correto comentrio, entre tantas apreciaes feitas, do honrado jornalista Carlos Castello Branco, inclusive no ato de repulsa com que chama responsabilidade, em sua coluna de sbado, o Ministro da Justia. Mas, como se estivesse fazendo um arrazoado forense, o Correio da Manh, no editorial "Os fatos", tambm de sbado, faz essas indagaes:

    "Se o Ministro da Justia no mandou; se as autoridades do sistema de segurana no mandaram; se as

    fras assaltantes no esto subordinadas ao Ministrio da Justia; se a Polcia Federal acusa o Reitor de ter transformado, por complacncia a Universidade, em foco de subverso, e o Presidente da Repblica continua depositando confiana nesse mesmo Reitor, to violentamente acusado quem, ento, mandou?"

    Ainda hoje a Nao pergunta ao Govrno porque a si prpria ela no pergunta mais pergunta ao Govrno quem , para os dirigentes, o responsvel pela estupidez. Quais as autoridades que j foram punidas diante das monstruosidades ocorridas na Universidade naquele dia, que o Lder do Govrno nesta Casa, qualificou, com tanta propriedade, de dia trgico?

    J individuou o Govrno os criminosos, para que possa dizer, imediatamente, Nao quem espancou estudantes; quem desrespeitou professres; quem agrediu parlamentares; quem arrebentou mveis, aparelhos, enfim, objetos de valor, da Universidade? A pergunta feita ao Govrno, porque a Nao, evidentemente, j sabe quais e onde esto os responsveis.

    Como disse, de incio, foi impressionante a unnime segurana e sobriedade com que a imprensa verberou os fatos.

    Para no invocar seno pronunciamentos insuspeitos, e para no me alongar nessa anlise, quero apenas destacar duas, entre as crticas oportunamente formuladas.

    O Jornal do Brasil, que no rgo de oposio, em seu principal editorial de sbado, sob o ttulo "CASO DE DEMISSO", refere-se circunstncia, que uma presuno geral no Pas, de que o Presidente da Repblica no foi prviamente informado dos acontecimentos, e comenta:

    "...Mas depois de inteirado delas" isto , das ocorrncias "o Pre-

  • 17 sidente s teria um caminho a tomar. Demitir sumriamente todos os responsveis por essa "operao-besteira."

    E o jornal O Globo no , apenas, um rgo desvinculado da Oposio: , sabidamente, um dos grandes jornais do Pas, solidrios com o Govrno. Ainda sbado, o mesmo jornal, em seu editorial de primeira pgina, declarando que o que ocorreu em Braslia foi um "entreato de brutalidade", acrescenta:

    "Se, por um momento, prevalecesse a sensatez, a polcia esperaria fora do "campus" uma oportunidade para cumprir o mandado de priso contra os estudantes acusados por atividades subversivas."

    Nesse comentrio, espanca-se o nico argumento, que seria, antes, um pretexto a ser invocado pelo Govrno, para justificar os atos praticados na Universidade de Braslia. E digo e repito Govrno porque no podemos admitir a diferena entre Govrno e polcia para isentar de responsabilidade o primeiro e acusar apenas o ltimo.

    No caso, a polcia o Govrno. A polcia o conjunto de autoridades agindo em nome e sob a responsabilidade do Poder Executivo.

    Cessou, com a notria demonstrao de arbitrariedade, a nica alegao que poderia ser feita a de que a polcia estaria cumprindo mandado judicial para a priso de estudantes.

    No preciso demorar no argumento de que o "campus", da Universidade, as instalaes da Universidade, as suas dependncias seriam o ltimo lugar a que se deveria dirigir a polcia para cumprir mandado de priso. Vivendo a Nao, h meses, em grave crise entre o Govrno e a comunidade universitria, o mais elementar bom-senso, a mais simples noo de responsabilidade recomendaria que, naquele territrio, a policia no penetrasse seno quando esgotadas tdas

    as possibilidades de cumprimento dos mandados judiciais que motivavam a priso de determinados estudantes. O que as circunstncias j analisadas, neste Plenrio, e perante a Nao, pela imprensa, demonstraram que houve um propsito, um intuito deliberado de fazer valer a violncia contra tda uma corporao universitria desarmada e tranqila, em pleno trabalho. At antes da brutalidade ocorrida na Universidade de Braslia, o Govrno buscava convencer uma parcela da populao de que era obrigado a usar a tropa armada para ir de encontro a estudantes mobilizados em multido nas ruas das grandes cidades. Buscava fazer crer que a sua atividade era no intersse da ordem, da segurana da populao.

    Agora, no! Agora, com as ruas da cidade tranqilas, com a mocidade recolhida s salas de aula e aos laboratrios, a polcia vai ao encontro dos estudantes para espaldeir-los, tirote-los, esmag-los pela violncia, sem, ao menos, respeitar dirigentes e professres do rgo federal universitrio.

    Das violncias praticadas, no seu sentido geral, j a Nao tem pleno conhecimento. Quero, porm, assinalar que ainda nesta tarde, da tribuna da Cmara dos Deputados, o nobre Deputado Erasmo Martins Pedro, falando sbre os acontecimentos, deu cincia do segundo diagnstico mdico, feito na pessoa do estudante Alduzio Moreira, e cuja sntese a seguinte:

    "Paciente submetido a condies extremamente neurotizantes em tdas as reas do psiquismo.

    O fato pode levar situao psictica e desagregadora do equilbrio da personalidade.

    Difcilmente um jovem normal poder suportar, sem conseqncias desastrosas futuras, uma vivncia de teor to dramtico e intensivo."

    O SR. MRIO MARTINS: Permite V. Ex. um aparte?

  • 18

    O SR. JOSAPHAT MARINHO: Pois no. O SR. MRIO MARTINS: Gostaria de

    chamar a ateno da Casa e da Nao para ste detalhe que est sendo revelado na Cmara dos Deputados e a que V. Ex. d maior nfase, ao cit-lo em seu discurso. Um outro discurso, na tarde de hoje, na Cmara dos Deputados, pronunciado pelo Deputado Mata Machado, de Minas Gerais, conta o seguinte episdio a propsito dste jovem:

    "Ontem, com o Secretrio-Geral do MDB, Deputado Martins Rodrigues, e com os companheiros Hermano Alves, Mariano Beck, Mrcio Moreira Alves e Raul Brunini, visitamos os trs jovens internados no Hospital Distrital. Um Valdemar Alves da Silva Filho, terceiranista de Engenharia, est morte; o tiro dos repressores traspassou-lhe a cabea. Outro, teve a rtula da perna esquerda estraalhada a bala. Do terceiro, falarei um pouco mais. o estudante de Psicologia, meu co-estaduano Aldusio Moreira de Souza. Atendido por especialistas, vai-se recuperando aos poucos. Era, antes, um jovem alegre, descontrado, capaz tanto de lutar quanto de brincar e de sorrir. O cardiologista e o psicanalista que o atenderam, quando foi levado ao hospital por solicitude do nosso eminente colega Brito Velho, disseram-me que Aldusio ali chegou em estado psquico: lamentvel. Ao longo de sucessivas entrevistas, foi contando parte do que lhe sucedera e no se diferenciava daquilo a que se submeteram vrios outros, como ns prprios apuramos."

    sse rapaz teria sido prso antes da invaso da Universidade. Acrescenta o Deputado:

    "Durante dez dias, Alduzio ficou prso: trs, a mudar de delegacias, sob o comando de uma "autoridade"

    que atende pelo nome de Dr. Lincoln, sete, no Exrcito. Passou por tda espcie de vexames, alguns indescritveis, moralmente imencionveis tentativa de afogamento fuzilamento simulado, pontaps, ameaas de ser amarrado a pra-choques de automvel, despido, pois os torturadores lhe ordenavam e aos seus companheiros que tirassem as roupas. E tudo isso, estando le e os outros algemados."

    Ainda hoje o matutino ltima Hora desta capital informa que ste jovem, Aldusio Moreira, sofreu fuzilamento simulado pelo DOPS e depois foi transformado em alvo para treinamento de tiro, amarrado, a 30 quilmetros de Braslia.

    Estamos vendo, em plena Capital da Repblica, j no no calor de uma refrega, provocada pelo Govrno, mas o requinte da perversidade, da tirania, o requinte da monstruosidade. Retira-se um jovem estudante ainda que no o fsse amarra-se a uma rvore, simula-se um fuzilamento, troteia-se sse rapaz, ameaa-se cortar-lhe os rgos genitais, coloca-se o rapaz nu, amarrado num pra-choque. Isto na Capital da Repblica. E ao cabo de tanto tempo, o Govrno ainda no sabe quando vai abrir inqurito, ainda no sabe se deve ou no punir, se deve se acumpliciar com aqules que em seu nome cometeram tamanhos horrores.

    O SR. JOSAPHAT MARINHO: Assim, Sr. Presidente, inclusive pelo que acaba de ressaltar o nobre Senador Mrio Martins, ganham tda a sua extenso, devidamente comprovadas, as conseqncias dos atos de violncia e estupidez praticados na Universidade de Braslia.

    Ora, diante dsses fatos, de considerar-se que h responsabilidades diversas a serem apuradas, tambm, por diferentes critrios. H uma responsabilidade penal, que h que ser pesquisada e investigada longamente, inclusive respeitan-

  • 19 do-se o direito de defesa dos prprios acusados, que queremos preservar, ainda que o Govrno nem sempre preserve o direito de defesa dos que o contestam e dos que integram a Oposio. H que ser apurada a responsabilidade administrativa, que requer inqurito, que reclama contrariedade de acusao e defesa e que no pode ser definida seno com o decurso de determinado lapso de tempo. H, entretanto, uma responsabilidade poltica das autoridades que mandaram e das que executaram os atos condenados.

    Para fixar, essa responsabilidade poltica, o Govrno no precisa de processo, no precisa de inqurito, no precisa mais do que 24 horas para saber os nomes dos responsveis, para declinar a individualidade dos criminosos a servio do poder pblico. Pouco importa, a esta altura, a notcia de que se mandou abrir inqurito. O inqurito para apurar a responsabilidade penal e a responsabilidade administrativa. Mas no h como justificar mais, perante a Nao, que ocupem cargos de confiana os que recomendaram a diligncia criminosa e os que a executaram. Nem se pode admitir o absurdo de que o Govrno, a esta altura, ainda tenha dvida sbre quem recai a autoria e a co-autoria da estupidez praticada.

    O SR. AARO STEINBRUCH: Permite V. Ex.?

    O SR. JOSAPHAT MARINHO: Pois no. O SR. AARO STEINBRUCH: Ainda hoje,

    lemos, a sse respeito, um editorial de O Globo, totalmente insuspeito para o Govrno.

    O SR. JOSAPHAT MARINHO: Eu j o assinalei, mas quanto a outro artigo do mesmo jornal, de sbado.

    O SR. AARO STEIRIBRUCH: No de hoje, "Indeciso sob presso", o articulista diz que h uma espcie de dificuldade para a prpria liderana da ARENA defender o Govrno, porque o Govrno at aqui

    no se vem mostrando sensvel s criticas. "E tal atitude decorre de uma curiosa

    teoria contida neste slogan de largo consumo oficial: "o Govrno no decide sob presso". Ora, Govrno democrtico est funcionalmente organizado para receber presses. O Estado chega a pagar Oposio para que se oponha, isto , para que "pressione". Portanto, mostrar-se insensvel s presses no necessriamente uma virtude.

    Em certos casos, resistir a presses prova no de fra, mas de fraqueza, pois os adversrios do Govrno comeam a usar, nos seus clculos, essa resistncia."

    Termina dizendo que o Govrno precisa tomar uma atitude determinativa dos acontecimentos, para evitar que se repitam, certos episdios. O prprio Presidente da Repblica diz que est perplexo com os acontecimentos, mas vai continuar perplexo ainda, porque os acontecimentos se sucedem dia a dia. Finalmente, termina o editorial de O Globo:

    "O Govrno est sob grave risco: o de permanecer indeciso pelo horror as "decises sob presso."

    o prprio jornal que todo dia canta hosanas ao Govrno que considera necessrio que o Govrno, de uma vez por tdas, adote uma atitude firme, decisiva, para paz e tranqilidade geral da Nao.

    O SR. JOSAPHAT MARINHO: V. Ex. e O Globo tm inteira razo.

    Indeciso, o Govrno torna-se cmplice dos criminosos. E mais: a Nao no est mais disposta a suportar que se abram inquritos para que, em seguida, se alonguem de maneira que as condies psicolgicas da populao mudem e os criminosos permaneam sem punio.

    O SR. AARO STEINBRUCH: H precedentes na nossa ordem administrativa,

  • 20 de instaurao de inqurito e ser afastado, de imediato, o funcionrio inquinado, que responde a sse inqurito.

    O SR. JOSAPHAT MARINHO: Certo. O SR. AARO STEINBRUCH: Poder-se-ia

    seguir tambm sse tratamento, neste caso com mais razo.

    O SR. JOSAPHAT MARINHO: Sr. Presidente, h fato recente, que teve tambm larga repercusso no Pas, a respeito do qual o Govrno abriu inqurito, se sabe que os fatos apurados conduziram demonstrao de que os irmos Duarte, na Guanabara, efetivamente, haviam sido levados a dependncias de quartis do I Exrcito e al sujeitos a graves sevcias. A imprensa comeou a noticiar largamente o fato, sem que pudesse haver um desmentido de mais ningum, embora, no primeiro instante, o Comandante do I Exrcito tivesse expedido nota assegurando, pelo que apurara, que nenhum oficial do Exrcito estava envolvido nos acontecimentos ou a que nenhuma dependncia do Exrcito havia sido levado qualquer dos dois rapazes.

    Os fatos o desmentiram, porque o Comandante havia sido enganado. A verdade que os dois irmos foram efetivamente conduzidos a dependncias militares e ali seviciados.

    Pergunta-se: meses decorridos, quais foram os oficiais punidos? Quais os que foram, pelo menos notriamente, afastados de seus cargos por efeito da verdade apurada?

    Silncio completo se fz sbre as brbaras violncias de que foram vtimas os dois jovens irmos.

    O SR. AARO STEINBRUCH: Permite V. Ex. um aparte? (Assentimento do orador.) Mas punem-se oficiais sediados em Crates, se no me engano, pelo fato de emitir nota de solidariedade ao seu antigo comandante removido, sem motivo, para outra guarnio do Brasil.

    O SR. JOSAPHAT MARINHO: certo. Mas no quero envolver sse fato na presente discusso, para que o Govrno no se utilize da diversidade de situaes na tentativa de justificar o seu procedimento.

    Cinco dias decorridos dos fatos na Universidade de Braslia, qual a autoridade que j foi afastada? Qual a que j foi demitida? Qual a punio j imposta a qualquer dos brbaros que invadiram o stio de cultura, com a mesma estupidez com que os soldados nazistas invadiam lares de quem quer que fsse? Qual a medida adotada pelo Govrno para desafronta famlia nacional residente em Braslia?

    Homem de Oposio, costumo, entretanto, Sr. Presidente, ainda quando portador de justa paixo, no exacerbar os meus conceitos para praticar iniqidades.

    No admito, ainda neste instante, no quero admitir que o Presidente da Repblica tivesse prvio conhecimento dsses fatos ou os houvesse autorizado ou que, ainda agora, lhes d aprovao. Mas, evidentemente, no basta esta convico, ainda que partida de um Senador da Oposio.

    A Nao que mais do que isto. A esta altura, j tem o direito de perguntar ao Presidente da Repblica: resta-lhe ou no autoridade para demitir os criminosos? Sobra-lhe, ou no, atribuio constitucional, e de fato, para espancar da corporao que detm autoridade aqules titulares que no so instrumento de garantia, mas de insegurana, para tda a populao?

    Onde est o Presidente da Repblica? Pergunta a Nao perguntamos ns, por ela. Onde est que ainda no resolveu, por um ato de sua competncia exclusiva traduzido num decreto, a expulso dos postos de confiana dos que determinaram e executaram a violncia?

    o que a Nao espera do Govrno. o que, como rgo de Oposio, dle

  • 21 exigimos, para que possa merecer o respeito da opinio nacional, j que dela no tem o apoio, diante de tanta arbitrariedade, de tanta violncia, de tanto crime. (Muito bem! Palmas.)

    O SR. PRESIDENTE (Victorino Freire): No h mais oradores inscritos.

    O SR. PETRONIO PORTELA: Peo a palavra, Sr. Presidente.

    O SR. PRESIDENTE (Victorino Freire): Tem a palavra o Sr. Senador Petrnio Portela, como Lder do Govrno.

    O SR. PETRONIO PORTELA (como lder do govrno sem reviso do orador.): Sr. Presidente, j tivemos ocasio de manifestar nossa posio, em nome da Maioria desta Casa e em nome do Govrno. E anunciamos, na oportunidade, as providncias que seriam tomadas pelo Chefe da Nao.

    Bem disse o ilustre Senador Josaphat Marinho no acreditar na participao do Sr. Presidente da Repblica nos lamentveis acontecimentos havidos em Braslia. Estranha apenas a tardana de S. Ex. em tomar medidas punitivas contra os responsveis pela ordem da qual resultou o que se viu na Universidade de Braslia.

    Devemos dizer a S. Ex. que os fatos no se apresentam to fceis, to vista. Ns, atravs da prpria imprensa, verificamos que autoridades jogam por sobre outras autoridades a responsabilidade, razo pela qual o assunto haver de ser definido em inqurito competente, ocasio em que o Presidente da Repblica cumprir seu dever, pois o contrrio ser prejulgar os acontecimentos.

    Sr. Presidente, uma vez mais a ARENA e o Govrno dizem a esta Casa que repelem a violncia. De minha parte em nenhuma oportunidade ocupei esta tribuna seno para defender a liberdade.

    A indignao do ilustre Senador Josaphat Marinho igual minha. Dela participo, esclarecendo apenas que fiz a di-

    ferena fundamental entre agentes policiais, beleguins policiais e o Govrno da Repblica. No podemos, absolutamente, unir as duas aes, porque s vzes s vzes no, quase sempre os policiais, em tdas as partes do mundo, desobedecem as autoridades constitudas, exorbitando nas diligncias.

    Sr. Presidente, lamentavelmente complexidade do fato evita ou probe que a ao do Sr. Presidente, com a presteza reclamada pelo eminente. Lder baiano, se faa sentir. Mas estou certo de que no tardar. S. Ex. ficar com a Nao que, a esta altura, pede providncias, mais do que isto, se solidariza com os estudantes, injustamente pisoteados pela policia.

    Sr. Presidente, Srs. Senadores, desde a primeira hora, a minha palavra foi de confiana na ao do Govrno. Tenho razes para acreditar nle e, uma vez mais, minha voz se ergue para dizer que somos contra a violncia, quer aquela que emana das autoridades policiais, quer aquela que provm das minorias rebeladas, aquelas que buscam a desordem e a baderna.

    Sr. Presidente, esta a nossa palavra, que tambm a palavra da ARENA e do Govrno, nesta Casa. (Muito bem!)

    Comparecem mais os Srs. Senadores: Lobo da Silveira Clodomir Millet

    Sebastio Archer Victorino Fieira Petrnio Portella Pessoa de Queiroz Paulo Torres Aurlio Vianna Gilberto Marinho Nogueira da Gama Armando Storni Celso Ramos.

    O SR. PRESIDENTE (Victorino Freire): No expediente lido constam Mensagens do Sr. Presidente da Repblica, comunicando vetos presidenciais aos seguintes Projetos de Lei

    que concede estmulos fiscais indstria de fabricao de empilhadeiras; e

  • 22 que acrescenta dispositivos ao, Decreto-Lei n 37, de 18-11-66, estendendo benefcios aduaneiros a cientistas e tcnicos radicados no exterior que venham a exercer sua profisso no Brasil.

    Convoco as duas Casas do Congresso Nacional para, em Sesso conjunta a realizar-se no dia 26 do corrente ms, s 21 horas, conhecerem dos vetos presidenciais aos referidos projetos.

    Para as Comisses Mistas que os devero relatar, designo os Srs. Senadores:

    quanto ao primeiro

    Mem de S ARENA Jos Leite ARENA Jos Ermrio M D B

    quanto ao segundo

    Ney Braga ARENA Aloysio de Carvalho ARENA Argemirode Figueiredo M D B

    Passa-se- :

    ORDEM DO DIA

    As duas primeiras matrias da Ordem do Dia de hoje esto em fase de votao. No h quorum para votao. Ficam adiadas para. a Sesso ordinria de amanh.

    Passa-se, assim, ao: Item 3 Discusso, em turno nico, do Requerimento

    n 883, de 1968, de autoria do Sr. Senador Lino de Mattos, solicitando informaes sbre saques efetuados na conta corrente que a Legio Brasileira de Assistncia mantm na Caixa Econmica Federal, com cheques cujas assinaturas foram falsificadas.

    Em discusso: O SR. MARIO MARTINS: Sr. Presidente,

    peo a palavra, pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Victorino Freire.): Tem

    a palavra, pela ordem, o Sr. Senador Mrio Martins.

    O SR. MRIO MARTINS (pela ordem. Sem reviso do orador.): Sr. Presidente, na Ordem do Dia, conforme V. Ex. anunciou, est para discusso, em turno nico, o requerimento de autoria do Sr. Senador Lino de Mattos, solicitando informaes sbre saques efetuados na conta-corrente que a Legio Brasileira de Assistncia mantm na Caixa Econmica Federal, com cheques cujas assinaturas foram falsificadas.

    O Regimento do Senado estabelece que em determinados casos, certo tipo de requerimento seja discutido e apreciado pelo Plenrio. De modo que eu tenho a impresso de que, nessas oportunidades, o teor do requerimento deveria ser submetido Casa em avulso, para que ela tomasse conhecimento. Doutro modo, como a Casa pode discutir uma solicitao de informaes sbre saques efetuados na conta-corrente que a Legio Brasileira de Assistncia mantm na Caixa Econmica Federal, como cheques falsificados? (Pausa.)

    Um dos auxiliares de V. Ex. suprime a minha deficincia e demonstra que h o teor dsse requerimento j devidamente impresso, e vazado nos seguintes trmos:

    (Lendo.) Sr. Presidente: Requeiro, na forma regimental, seja

    encaminhado ao Exmo. Senhor Ministro da Fazenda o seguinte pedido de informaes:

    1) Qual o montante exato dos saques efetuados na conta-corrente que a Legio Brasileira de Assistncia mantm na Caixa Econmica Federal, saques com cheques cujas assinaturas foram falsificadas?

    2) Qual a entidade que sofreu prejuzo: A L.B.A., ou a Caixa. Econmica Federal?

  • 23

    3) Que providncias foram tomadas para a apurao de responsabilidade?

    4) Quais as autoridades da L.B.A. que tiveram as suas assinaturas falsificadas?

    5) Quais as datas em que foram emitidos e pagos os cheques, cujas assinaturas estavam falsificadas? (Relacionar os cheques, um a um com nmero e datas.) .

    Sala das Sesses, 17 de julho de 1968. Lino de Mattos.

    Minha questo de ordem, Senhor Presidente, visa, precisamente, a saber quando os requerimentos de informaes devem ser submetidos apreciao do Plenrio quando prpria Presidncia, ex officio, pode deliberar sbre sua publicao e encaminhamento.

    Verificamos que ste requerimento de 17 de julho de 1968. Lembro-me de que, na ocasio, saiu o noticirio em que se dizia que importncias vultosas tinham dado margem emisso de cheques, com assinaturas das riais expressivas figuras da Legio Brasileira de Assistncia, que teriam sido pagos. Dai o interesse do nobre Senador Lino de Mattos em indagar a quanto montou os cheques falsificados, quem falsificou as assinaturas das autoridades, quais as providncias tomadas para apurao da responsabilidade.

    Tenho para mim, Sr. Presidente, que sse assunto no deveria ter vindo a Plenrio. A Mesa poderia ter despachado o requerimento, ex officio, t-lo encaminhado, porque j, prticamente, h quase dois meses que sse assunto est aqui, pendente de discusso, que em turno nico.

    Pelo tempo j decorrido podemos observar que o assunto vai desaparecendo da fiscalizao da opinio pblica e, quando a matria vier a ser aprovada,

    e depois de aprovada ser informada, j transcorreram vrios meses.

    Assim sendo, a minha questo de ordem se resume em saber porque essa matria tem que ser submetida a Plenrio e, ao contrrio de outras, no foi despachada ex officio, atendendo solicitao do requerente?

    O SR. PRESIDENTE (Victorino Freire): Respondendo questo de ordem formulada por V. Ex., tenho a dizer o seguinte: a Lei n 4.595, de 31 de dezembro de 1964, no seu artigo 38, 2 e 4, preceitua:

    "Art. 38 As instituies financeiras conservaro sigilo em suas operaes ativas e passivas e servios prestados.

    2 O Banco Central da Repblica do Brasil e as instituies financeiras pblicas prestaro informaes ao Poder Legislativo, podendo, havendo relevantes motivos, solicitar sejam mantidas em reserva ou sigilo.

    4 Os pedidos de informaes a que se referem os 2 e 3, dste artigo, devero ser aprovados pelo Plenrio d Cmara dos Deputados ou do Senado Federal e, quando se tratar de Comisso Parlamentar de Inqurito, pela maioria absoluta de seus membros."

    O requerimento formulado pelo Senhor Senador Lino de Mattos e objeto, agora, de questo de ordem formulada por V. Ex. solicitando informaes sbre matria financeira Caixa Econmica Federal, se enquadra nessa lei, motivo por que tem de ser aprovado pelo Plenrio.

    essa a soluo que apresento questo de ordem formulada por V. Ex.

    O SR. MRIO MARTINS: Sr. Presidente, muito grato pela informao e, longe de mim a idia de querer debater,

  • 24 no que estaria impedido pelo Regimento, com V. Ex.

    Mas, no caso, a interpretao me parece que foi um tanto rigorosa e no se ajustou talvez aos itens do requerimento. No se trata de saber se matria de operao sigilosa. H uma denncia pblica de que foram descontados cheques vultosos em nome da Legio Brasileira de Assistncia. Ento, um cheque falso no nunca uma medida sigilosa. Segundo, que sses cheques teriam sido pagos, teriam sido descontados e no se conhece o volume dos mesmos.

    De modo que aceito a interpretao de V. Ex., embora estranhe, porque na verdade nunca se deu a cobertura do sigilo para operaes fraudulentas. A no ser que no fssem falsos, a no ser que os cheques fssem verdadeiros. Mas, se os cheques so falsos, o Govrno no pode dar cobertura fraude e querer para le o sigilo. Salvo, se fssem de tal monta sses cheques que pudessem causar uma crack nacional.

    Como se trata de uma entidade, sem dvida, respeitvel, que teria sido vtima dsses que falsificaram os referidos cheques, e como a L.B.A. vive da contribuio do Errio, que me parece que no caso se ajustaria o quadro do, sigilo

    sse tipo de operao, que caso de policia, a ser verdadeiro.

    De qualquer modo, aceito a interpretao de V. Ex. e, naturalmente, aguardarei a oportunidade para continuar minha argumentao. (Muito bem!)

    O SR. PRESIDENTE (Victorino Freire): Informaria ainda ao nobre Senador Mrio Martins que sse requerimento foi discutido pelo prprio autor, o Sr. Senador Lino de Mattos, e deixou de ser votado por falta de quorum. E o que est acontecendo novamente hoje. Portanto, ficar adiada a votao, por falta de quorum. Era a explicao que tinha a dar tambm a V. Ex.

    Est finda a matria da Ordem do Dia. No h mais oradores inscritos. (Pausa.) Nada mais havendo que tratar: vou encerrar a

    Sesso, convocando, antes, a Casa para uma Sesso extraordinria, amanh, s dez horas, com a seguinte:

    ORDEM DO DIA

    TRABALHOS DE COMISSES

    Est encerrada a Sesso. (Encerra-se a Sesso s 16 horas e 40

    minutos.)

  • 173 SESSO DA 2 SESSO LEGISLATIVA DA 6 LEGISLATURA, EM 3 DE SETEMBRO DE 1968

    (EXTRAORDINRIA)

    PRESIDNCIA DO SR. GILBERTO MARINHO s 10 horas, acham-se presentes os Srs.

    Senadores: Adalberto Sena Flvio Brito Edmundo

    Levi Desir Guarani Milton Trindade Cattete Pinheiro Lobo da Silveira Clodomir Millet Sebastio Archer Victorino Freire Petrnio Portela Sigefredo Pacheco Menezes Pimentel Wilson Gonalves Duarte Filho Dinarte Mariz Ruy Carneiro Argemiro de Figueiredo Pessoa de Queiroz Jos Ermrio Arnon de Mello Jos Leite Aloysio de Carvalho Antnio Balbino Josaphat Marinho Carlos Lindenberg Paulo Torres Aaro Stoeinbruch Mrio Martins Aurlio Vianna Gilberto Marinho Nogueira da Gama Lino de Mattos Joo Abraho Armando Storni Pedro Ludovico Fernando Corra Bezerra Neto Adolpho Franco Mello Braga Celso Ramos Antnio Carlos Guido Mondin Daniel Krieger Mem de S.

    O SR. PRESIDENTE (Gilberto Marinho): A lista de presena acusa o comparecimento de 45 Srs. Senadores. Havendo nmero regimental, declaro aberta a Sesso. Vai ser lida a Ata.

    O Sr. 2-Secretrio procede leitura da Ata da Sesso anterior, que , sem debate, aprovada.

    O SR. PRESIDENTE (Gilberto Marinho): A Presidncia recebeu telex do Sr. Ministro do Trabalho e Previdncia Social, solicitando prorrogao do prazo para resposta ao Requerimento de Informaes

    n 648/68, de autoria do Senador Adalberto Sena.

    Se no houver objeo, esta Presidncia considerar prorrogado por 30 dias o prazo de resposta do citado requerimento. (Pausa.)

    Como no houve objeo, est prorrogado o prazo.

    Sbre a mesa, comunicao que vai ser lida. lida a seguinte:

    COMUNICAO

    Braslia, 3 de setembro de 1968 Sr. Presidente: Tenho a honra de comunicar a Vossa

    Excelncia que me ausentarei do Pas, a partir desta data, a fim de integrar a Delegao do Senado Federal que participar dos trabalhos da 56a reunio da Conferncia da Unio Interparlamentar, que se realizar em Lima, Capital do Peru.

    Atenciosas saudaes. Senador Wilson Gonalves.

    O SR. PRESIDENTE (Gilberto Marinho): Sbre a mesa, requerimento de informaes, de autoria do Sr. Senador

  • 26 Mrio Martins, cuja leitura vai ser feita pelo Sr. 1-Secretrio.

    lido o seguinte:

    REQUERIMENTO N 1.092, DE 1968

    Sr. Presidente: Requeiro, na forma regimental, sejam

    prestadas pelo Poder Executivo, atravs do Ministrio da Fazenda, as seguintes informaes:

    1) Quantas embarcaes de altomar foram adquiridas pelo Ministrio da Fazenda, para as Alfndegas do Pas, atravs de financiamento da USAID, conforme proposta de 13 de maio de 1969? Especificar preo e condies de pagamento, inclusive juros.

    2) Em que data chegaram ao Brasil essas embarcaes e a que critrios obedeceu sua distribuio por vrias Alfndegas do Pas? Quais as embarcaes em funcionamento e quais as paralisadas, dando as razes do seu no-aproveitamento.

    3) Por que, at hoje, essas embarcaes no esto completamente equipadas, tanto com relao a pessoal como a armamento para elas previsto?

    4) Quais as razes do no-aproveitamento dos crditos abertos ao Ministrio da Fazenda, por dois anos consecutivos, pelo Decreto-Lei n 36/66?

    5) Como se explica que essas embarcaes no tenham, at hoje, sido totalmente equipadas com pessoal adequado, tendo-se em vista a prestimosidade com que a Marinha de Guerra deu sua colaborao para a seleo dsse pessoal?

    6) Por que o pessoal contratado para servir nessas embarcaes passou,. abrupta e contrria-

    mente ao estabelecido, a ser submetido ao regime previsto no art. 111 do Decreto-Lei nmero 200/67, com desestmulo e prejuzos evidentes para o mesmo?

    7) Quais as razes existentes para que o Departamento de Rendas Aduaneiras tenha deixado de cumprir o planejamento minuciosamente estabelecido pelo Govrno anterior, no tocante a essas embarcaes de alto-mar?

    8) O aproveitamento integral dessas lanchas de alto-mar se tornou dispensvel ao efetivo combate ao contrabando, da o abandono em que esto?

    9) Qual o preo atual de cada uma dessas embarcaes de alto-mar?

    10.) Discorda o Exmo. Sr. Ministro da Fazenda do carter prioritrio dado pelo seu antecessor luta contra o contrabando e, sobretudo, da necessidade de adquirir embarcaes to modernas e caras? Caso afirmativo, por qu? Caso negativo, como explicar discordncias e comportamentos to gritantes do Departamento de Rendas Alfandegrias em sua gesto e na anterior?

    Justificao

    Com freqncia, desde muitos anos, as

    autoridades alfandegrias afirmam, pela imprensa, o total desaparelhamento em que esto para efetivo combate ao contrabando, especialmente em alto-mar. Resta compulsar as colees de nossos jornais, para se ver a constncia e veemncia com que reclamam sse aparelhamento. Por outro lado, ningum ignora que o contrabando que tudo indica novamente recrudesce no Pas acarreta prejuzos imensos ao Tesouro Nacional.

  • 27

    Em 1966, conforme proposta de 13 de maio daquele ano, mediante financiamento da USAID, o Ministrio da Fazenda adquiriu nove embarcaes de alto-mar, das mais modernas, pelo elevado preo de US$ 1.387.818,00, tdas compradas da Sewart Sea-Craft Inc. Pelo Decreto-Lei n 33/66, foi aberto ao Ministrio da Fazenda o crdito necessrio por dois exerccios ao equipamento total dessas lanchas, s despesas com as guarnies, ao grupo de manuteno e de conservao. Revelou o Govrno Castello Branco, com sse decreto-lei, a preocupao com que encarava o assunto, bem como a importncia que lhe dava.

    As embarcaes chegaram ao Brasil um dia antes da data estipulada, isto , aos 27 de janeiro de 1967. Foram distribudas entre vrias Alfndegas do Pas.

    As dificuldades para dar-lhes guarnies qualificadas, inclusive no que toca idoneidade moral de seus componentes, foram prontamente resolvidas, graas colaborao da Marinha de Guerra, atendendo solicitao do Ministro da Fazenda. Todo o pessoal necessrio foi, assim, logo psto disposio do Departamento de Rendas Alfandegrias, selecionado sse pessoal atravs de critrios rigorosos.

    Estranhamente, j sob o atual Govrno, o assunto que vinha senda encaminhado to rpida e acertadamente sofreu completa reviravolta. Parece que as atuais autoridades, ou, pelo menos, os atuais responsveis pelo Departamento de Rendas Alfandegrias, tm ponto de vista frontalmente oposto ao do Govrno anterior.

    Assim que, entre outras coisas: a) as lanchas no foram guarnecidas conforme

    o necessrio, nem receberam o armamento para elas previsto e considerado indispensvel;

    b) algumas foram postas em funcionamento, em bases precrias, en-

    quanto outras permanecem paralisadas, sujeitas a estragos e danos diversos;

    c) os crditos abertos pelo Decreto-Lei n 38/66 deixaram de ser utilizados, disso decorrendo dificuldades grandes e diversas para o funcionamento integral das lanchas;

    d) o pessoal to pronta e criteriosamente selecionado pela Marinha de Guerra no foi integralmente aproveitado, dando-se at s lanchas em operaes, guarnies insuficientes;

    e) rompeu-se, bruscamente, o contrato estabelecido para sse pessoal, submetendo-o ao regime previsto no art. 111 do Decreto-Lei n 200/67, com evidentes prejuzos e grande desestmulo para as guarnies, como se querendo extingui-las.

    Nota-se gritante diversidade no tratamento do problema entre o Govrno anterior e o atual. como que se as autoridades antes reputassem grave o prejuzo com o contrabando e considerassem do maior intersse o aparelhamento do Departamento de Rendas Alfandegrias, para dar-lhe combate efetivo, e as atuais autoridades discordassem, totalmente, de tais pontos de vista sem dvida alguma, causando satisfao e levando tranqilidade aos que to impatriticamente lesam o fisco com suas atividades de contrabando.

    Dispomos de documentao e informaes copiosas a propsito do assunto. Apenas no atinamos com a profunda discrepncia entre o comportamento das autoridades do Govrno Castello Branco e dos atuais auxiliares do Presidente Costa e Silva. Ainda mais que tanto se empenha o atual Govrno especialmente no que diz respeito pasta da Fazenda em ser continuador daquele que o precedeu. Por outro lado, notrio que o

  • 28 aparelhamento governamental para o combate eficaz. ao contrabando, sobretudo em alto-mar, constitui questo urgente e merecedora de prioridade. O prprio pblico se apercebe, facilmente, dos "apertos" e "desapertos" a que so submetidos os contrabandistas, de forma espordica, o que s pode depor contra pelo menos a pertincia com que as autoridades responsveis se dedicam a uma luta de to grande importncia para o Brasil.

    Atravs do presente requerimento de. informaes, desejamos que o Exmo. Sr. Ministro da Fazenda nos esclarea pontos to controvertidos e estranhos, na esperana de que nos desvende um autntico mistrio, bem como torne pblica sua concordncia ou no com aqules que o antecederam no Ministrio da Fazenda sbre questo de tamanha relevncia. Enfim, desejamos que tda essa histria seja esclarecida.

    Sala das Sesses, em 3 de setembro de 1968. Mrio Martins.

    O SR. PRESIDENTE (Gilberto Marinho): O requerimento ser publicado e, a seguir, despachado pela Presidncia.

    Tambm de autoria do nobre Senador Mrio Martins vem mesa projeto de lei, cuja leitura Ser feita pelo Sr. 1-Secretrio.

    lido o seguinte:

    PROJETO DE LEI DO SENADO N 94, DE 1968

    Modifica o art. 5 da Lei n 5.449, de 4 de

    junho de 1968, e d outras providncias. O Congresso Nacional decreta: Art.1 D-se ao art. 5 da Lei n 5.449, de 4

    de junho de .1968, a seguinte redao: "Art. 5 Ficam respeitados os mandatos dos

    Prefeitos eleitos, cujos municpios so declarados, por esta Lei, de intersse da segurana nacional.

    1 A aplicao das disposies contidas nesta Lei, no que toca aos seus efeitos, fica condicionada regulamentao do art. 91 da Constituio Federal, at quando os municpios declarados de intersse da segurana nacional continuaro gozando de plena autonomia poltica.

    2 Se at 90 dias antes da data em que devero ser realizadas eleies nos municpios relacionados no art. 1 desta Lei, no tiver sido regulamentado o art. 91 da Constituio Federal, essas eleies se realizaro normalmente.

    3 Regulamentado o art. 91 da Constituio Federal, atravs de lei aprovada pelo Congresso Nacional, ter incio a vigncia desta Lei, devendo o Governador do respectivo Estado, at trinta dias antes do trmino do mandato do Prefeito de Municpio relacionado no art. 1 desta lei, ou, no caso de vacncia do cargo, no prazo de dez dias aps a ocorrncia da vaga, enviar ao Presidente da Repblica o nome do Prefeito a ser nomeado para o municpio, para os efeitos desta Lei."

    Art. 2 Fica revogado o art. 6 da Lei n 5.449, de 4 de junho de 1968.

    Art. 3 Esta Lei entrar em vigor na data de sua publicao, revogadas as disposies em contrrio.

    Justificao

    O envio, pelo Poder Executivo, ao Congresso

    Nacional, para tramitao e votao em prazo fatal, do projeto que veio a se transformar na Lei n 5.449, de 4 de junho de 1968; provocou grande impacto na opinio pblica que, por sua grande maioria, condenou a iniciativa do Sr. Presidente da Repblica. Durante semana seguidas travou-se acalorado debate em trno dessa proposio, ficando ntida a sua condenao, bem como demonstrada a improcedncia dos argumentos

  • 29 expostos pelo Sr: Ministro da Justia na exposio de motivos que acompanhou ao aludido projeto, com a finalidade de justific-lo perante a Nao e, especialmente, o Congresso Nacional.

    As afirmativas feitas pelo Professor Gama e Silva, a ttulo de demonstrar a procedncia do projeto, foram as mais descabidas e mesmo despropositadas, num testemunho da impossibilidade em que se viu para defender o que, na verdade, era indefensvel. Ficou, no decorrer de todo o debate travado em trno da questo, o Poder Executivo prso a dois nicos argumentos com os quais quis justificar sua deciso: estava exercendo atribuio que lhe fra conferida pela Constituio em vigor; os Prefeitos eleitos nos municpios visados prejudicavam suas cidades por malbaratarem os recursos pblicos.

    No o simples fato de a Constituio autorizar o Chefe do Govrno a determinado procedimento que tornar acertada e justa tda e qualquer conduta que venha a adotar, ainda mais em matria de to grande importncia. Por outro lado, o prprio Presidente da ARENA, o nobre Senador Daniel Krieger, rebateu, de forma patritica e corajosa; as suspeitas levantadas, com procedncia alguma, pelo Ministro da Justia. contra Prefeitos, muitos dos quais do conhecimento pessoal do ilustre representante do Rio Grande do Sul nesta Casa. Querer dizer que Prefeitos nomeados so mais honestos e eficientes do que os eleitos , na verdade, desrespeitar o simples bom senso de todo um povo. O argumento expedido pelo Professor Gama e Silva, na verdade, teria procedncia por exemplo para condenao de ditadores, precisamente por que no so eleitos pelo povo.

    Sobretudo, nestes ltimos e atormentados anos da vida nacional,