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ANÁLISE DA PADRONIZAÇÃO DO PROCESSO
CRÍTICO DA TROCA DE ANODO ATRAVÉS DO
ESTUDO DE TEMPOS E MOVIMENTOS EM
UMA EMPRESA DE ALUMÍNIO NO ESTADO DO
PARÁ.
Bruno Henrique Holanda Pessoa (CESUPA )
Henrique Augusto Galvao Pinheiro (CESUPA )
Felipe Alves da Costa (CESUPA )
Luiz Rafael Thomaz Araujo (CESUPA )
Eduardo Bezerra dos Santos (CESUPA )
Este estudo tem como objetivo analisar o processo de padronização do
processo crítico da troca de anodo, através do estudo de movimentos e de
tempos, analisando o estado atual, os resultados obtidos e utilização de
ferramentas da produção enxuta como o PDCA, 5S, checklist, entre outras.
Com a recém crise de meados de 2011, as grandes potências mundiais
sentiram um grande impacto em relação às suas economias, não foi
diferente com as empresas produtoras de alumínio, com uma diferença,
entre as commodities, a que sofreu maior impacto no preço foi o alumínio,
fazendo com que as empresas produtoras do mesmo procurem formas
alternativas de alcançar bons resultados. Nesse cenário, uma empresa
localizada no Estado do Pará, cujo nome não será mencionado por questões
éticas, resolveu implantar a produção enxuta em suas operações. Através de
um projeto piloto a empresa buscou padronizar operações para reduzir
custos e aumentar seu lucro. A pesquisa foi realizada com três operários, o
gerente da produção e o analista da qualidade através de uma entrevista
semi-estruturada e a observação in locu dos movimentos realizados pelos
operários na área da redução da empresa. Após a coleta de dados foi
realizado um confronto entre a teoria bibliográfica e o estudo de caso que
XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
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mostra o diagnóstico apresentado pela empresa e os resultados colhidos pela
equipe de trabalho. Ao final do estudo foram identificadas dificuldades,
oportunidades e melhorias a serem feitas.
Palavras-chaves: Produção enxuta. Padronização. Processos críticos.
Movimentos e tempos.
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1. Introdução
A realização de operações dentro de grandes indústrias e empresas vem sofrendo evolução
desde o século XVIII com o advento da Revolução Industrial, no qual o trabalho
especializado era sua maior virtude. Porém hoje em dia não basta apenas ser especialista em
uma área da operação é necessário conhecer todo o processo e seus meios de execução.
Portanto muitos métodos de estudo são realizados para que se consiga um desempenho
desejado de trabalho como, redução de custo, eliminação de desperdícios, ganho de tempo e
aumento do lucro, para obtenção dos resultados supracitados um dos métodos utilizados é o
estudo de tempos e movimentos, no qual tem como sua função estabelecer uma padronização
no trabalho do operador, deste modo evitando desperdício.
De acordo com Barnes (2004) e Meyers (2002) o foco e a preocupação que as empresas
inseridas no mercado atual devem basear-se, são nos métodos e sistemas de trabalho para
assim eliminar transtornos decorrentes do cotidiano e da rotina de trabalho que na maioria dos
casos são repetitivos e cansativos.
É importante também observar as atividades críticas, com o objetivo de se priorizar estas
tarefas, isto é importante devido as tarefas prioritárias serem aquelas que, se ocorrer um
pequeno desvio afetam fortemente a qualidade do produto, o processo e seus custos, ou que
possuem um forte potencial de melhorias, neste sentido a empresa estudada busca incrementar
suas atividades críticas para evitar retrabalhos na qualidade do produto (CAMPOS, 1994).
Para que estas atividades críticas se tornem ótimas, visando a minimização do retrabalho, os
métodos de manuseio utilizados devem seguir uma padronização. Levando em consideração,
neste estudo de caso, os executores de tais atividades são seres humanos – estão susceptíveis a
erros- enfatizamos a necessidade de padronização das atividades através do estudo de tempos
e movimentos.
A padronização é considera a mais fundamental das ferramentas gerenciais, tendo como
objetivo conseguir melhores resultados, caso consiga, a empresa deve adotar o novo método,
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por isso, a padronização não é fixa. Logo, a padronização mostrará melhorias em qualidade,
custo, cumprimento de prazo, segurança, dentre outros sempre que for implantada com
sucesso (CAMPOS 1992).
Almejando aprimorar um processo crítico aumentando sua eficiência e diminuindo seus
custos de operação uma empresa produtora de alumínio localizada no estado do Pará começou
desde o início de 2012 aplicar um projeto piloto em uma das atividades críticas da empresa, o
que nos remete a pergunta norteadora deste estudo: “Quais os benefícios e vantagens
competitivas de mercado que o estudo de movimentos e de tempos em conjunto com
padronização dentro de um processo crítico da empresa podem trazer? A partir do disposto, o
objetivo deste trabalho é analisar a padronização do processo crítico da troca de anodo através
do estudo de movimentos e de tempos. Analisar o estado atual da produção, os resultados
obtidos, a utilização de ferramentas da produção enxuta como o PDCA, 5S, checklist, entre
outras.
2. Referencial Teórico
A produção enxuta surgiu nos anos 60 através da Toyota, como uma filosofia poderosa que
pode ser plicada a todos os tipos de empresa. Esse sistema surgiu a partir de um cenário de
escassez onde o Japão se encontrava no final da segunda grande guerra, assim as empresas
deveriam buscar eliminar grande parte das perdas para economizar e ampliar suas margens de
lucro (LIKER, 2005).
O modelo Toyota surgiu a partir do primeiro passo que foi disseminar o conceito enxuto
através do ensinamento do sistema toyota de produção para os fornecedores. Após isso, o
sistema foi se desencadeando em toda sua planta de produção. Esse sistema de produção
enxuta visa à redução do lead time por meio da eliminação das perdas em cada passo do
processo produtivo, procurando melhorar a qualidade e, ao mesmo tempo, reduzir os custos
(LIKER, 2005).
Pode-se também afirmar que a produção enxuta é o resultado da aplicação do sistema Toyota
de produção, o qual é um processo de eliminação de perdas, ou seja, processos que não
agregam valor ao produto final. A produção enxuta é definida por cinco passos, que é a
definição de valor do cliente, definição do fluxo de valor, fazê-lo fluir, puxar a produção a
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partir do cliente, além de buscar sempre a excelência. A essência desse sistema é que produto
deve fluir entre os processos sem interrupção, através do sistema puxado pelo cliente
(WOMACK, JONES apud LIKER, 2005).
Para compreender o processo da produção enxuta ressaltamos o processo de padronização da
produção, dentre as quais aborda a relação do estudo de movimentos e tempos.
O estudo de movimentos e de tempos foi interpretado de várias maneiras no passado.
Inicialmente foi desenvolvido por Taylor e Gilbreth de forma separada, onde Taylor
especificou seu trabalho principalmente na determinação de tempo-padrão e o estudo de
movimentos. Taylor também foi a primeira pessoa a usar um cronometro para analisar o modo
de trabalho. Para Gilbreth, esse estudo focou-se no emprego da melhoria de métodos de
trabalho, através de estudos em áreas específicas, como a fadiga no trabalho, a monotonia, a
transferência de habilidades, entre outros. Hoje o foco, e a principal preocupação, é
determinar sistemas e métodos de trabalho de forma mais assertiva para serem utilizados na
prática (BARNES, 2004; MEYERS, 2002).
O estudo de movimentos e de tempos é um estudo sistemático dos sistemas de trabalho e tem
quatro objetivos principais: desenvolver o sistema e o método preferido, usualmente aquele de
menor custo; padronizar esse sistema e método; determinar o tempo gasto por uma pessoa
qualificada e devidamente treinada trabalhando em um ritmo normal para executar uma tarefa
ou operação específica; e orientar o trabalhador no método preferido (BARNES, 2004). Desta
forma o estudo serve para responder várias questões problemas da manufatura, como reduzir e
controlar custos. Porém esse estudo deve ser feito de maneira separada, ou seja, movimento e
tempo são dois estudos com assuntos diferentes (MEYERS, 2002).
O estudo do movimento visa reduzir uma larga percentagem dos custos comparada com
qualquer técnica que se possa aplicar no chão-de-fábrica. Já para o estudo de tempos, a
importância é oriunda dos padrões, à medida que padrões de tempo são estabelecidos, os
diretores tem noção de determinar quantas pessoas irão ser preciso para executar certa
atividade, quantas máquinas serão preciso, pagamento de benefício por produtividade,
avaliação de novos equipamentos para justificar a compra, entre outros (MEYERS, 2002).
Depois de escolher qual o melhor método de execução, é essencial que se faça um documento
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do método, além de servir como registro permanente da operação, esse documento pode ser
usado como folha de instruções. Este como foi dito é um fator fundamental para a
padronização, porém muitas empresas no mercado atual pecam nesse sentido, fazem todo o
estudo, mas não conseguem documentar o método, abrindo espaço para erros futuros de novos
ou até mesmo dos antigos funcionários (BARNES, 2004).
A padronização é realizada com o objetivo de conseguir melhores resultados, caso estes sejam
melhores, a empresa deve adotar o novo método, por isso, a padronização não é fixa. Logo, a
padronização trará melhorias em qualidade, custo, cumprimento de prazo, segurança, dentre
outros (CAMPOS 1994).
Mesmo em empresas completamente padronizadas, ainda pode-se obter a melhoria da
padronização, através da melhoria do sistema de padronização e em tornar mais rápida a ação
de revisão dos padrões em situações como: mudança de gerenciamento pelas diretrizes,
sugestão de melhorias e resultado de auditoria. Portanto nestes casos, a melhoria consiste no
giro do ciclo do PDCA (CAMPOS, 1992).
3. Metodologia
A pesquisa é uma ferramenta de extrema importância, pois ela fornece o conhecimento
necessário para dar prosseguimento ao projeto, estabelecendo uma série de compreensão no
sentido de descobrir respostas para as indagações e questões que existem em todos os ramos
do conhecimento humano. Entretanto, para aqueles que se habilitam a fazer pesquisa, se faz
necessário a utilização de uma série de conhecimentos, além de, possuir o domínio de técnicas
e métodos para então abrir um horizonte de diretrizes que podem contribuir para o
desenvolvimento do conhecimento. Para o trabalho em questão, serão apresentados quais os
tipos de pesquisas que foram relevantes (OLIVEIRA, 2002).
O percurso metodológico da pesquisa consiste na seleção da empresa para coleta e análise de
dados. Foram apresentados, ao gerente responsável pela área de produção do alumínio, os
objetivos da pesquisa sendo assim, a mesma fora autorizada. Posteriormente foram
selecionados 3 (três) operadores que responderam uma entrevista semi-estruturada com
intuito de coletar dados sobre suas atividades operacionais. Foi entrevistado, também, o
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gerente da produção e o analista da qualidade para maior compreensão da atividade
operacional e ferramentas da qualidade utilizadas no processo. Após a aplicação da entrevista,
foi realizado um acompanhamento com três operadores, in locu, na área da redução onde
ocorre a troca do anodo, cronometrando o tempo dos movimentos realizados por eles. Após a
coleta de dados, foi realizado o estudo bibliográfico confrontado a literatura com os dados
obtidos na pesquisa.
4. Estudo de caso
4.1. Apresentação da empresa
A organização estudada é uma companhia de capital fechado, resultado de uma associação
entre duas partes em uma relação de 51% - 49%. Localizada no estado do Pará e presente há
26 anos no mercado, possui uma produção voltada, quase que exclusivamente, para o
mercado externo, cerca de 95% da sua produção sai do país. A empresa está inserida no ramo
de produção de alumínio primário bruto em formas de lingotes.
A empresa é muito engajada em relação à qualidade do produto e de processos, para isso a
mesma faz uso de uma ferramenta bastante conhecida quando se trata de qualidade, o círculo
de controle da qualidade (CCQ). Esta encontrou certa dificuldade para ser aplicada dentro da
organização, porém nos dias de hoje, é utilizado por 98% do quadro operacional e possui uma
grande relevância para soluções de problemas, além de criar uma consciência nos
funcionários os envolvendo e engajando-os com a cultura da empresa. Dentro do CCQ, os
funcionários utilizam a metodologia do PDCA, importantíssima no auxílio de soluções de
problemas. Outra ferramenta muito utilizada dentro da empresa é o 5S, este conceito é de
conhecimento coletivo e é muito bem difundido na mesma.
A padronização dos processos envolve toda essa temática da qualidade dentro da empresa e
sua aplicação depende, não só do sistema e das ferramentas como também de uma equipe
dedicada. No estudo em questão, a equipe de trabalho percebeu a necessidade de uma
padronização da atividade operacional da troca de anodo, que faz parte da redução do
alumínio, ambas explicadas ao longo do estudo.
4.2. Cenário atual do mercado de alumínio
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Para entender a situação atual em que a empresa estudada se encontra, é necessário analisar
como as empresas deste ramo se comportaram frente a crise econômica de meados do ano
2011. Visando se antecipar a crise econômica, empresas produtoras de alumínio tenderam a
aumentar a sua produção em larga escala, com o intuito de ter capacidade para atender o
mercado consumidor de forma a não passar as implicações e mudanças impostas pela crise na
qual as mesmas foram submetidas, podendo assim, se sustentar no mercado e tentar obter
vantagem competitiva. Entretanto, a grande oferta de alumínio no mundo ocasionou uma alta
especulação no mercado de valores gerando uma depreciação do mesmo.
Sendo assim, como alumínio primário bruto é considerado uma commodity negociada
internacionalmente de acordo com preços estabelecidos pela Bolsa de Metais de Londres
(LME), nenhuma empresa pode precificar o seu produto de acordo com a sua propensão de
lucro.
A redução de custos implica no aumento do lucro e a melhor maneira de fazer isto é
eliminando totalmente as perdas (SHINGO, 1996). Com isso, faz-se necessário atacar as
perdas dentro do processo para alcançar com eficiência a maximização do lucro. Além disso,
a eliminação das perdas pode aumentar a eficiência da operação em uma ampla margem
visando uma padronização para que se tenha um processo estabilizado, sem desvios e com
resultados ótimos.
O cenário atual da economia mundial comprova que devido à queda do preço do alumínio
fabricas estão fechando, intencionalmente ou não, estes fechamentos têm ajudado a reverter o
declínio do preço do metal do ano passado. No fim de Abril de 2011 quando a situação da
recessão apontou indícios de que podia ser evitado, o preço à vista de uma tonelada de
alumínio atingiu o máximo de cerca de US$ 2.760,00. No mês de novembro do mesmo ano o
metal já era negociado por US$ 1.950,00 e atualmente está em torno de US$ 2.200,00.
(JONES, 2012).
Algumas das grandes empresas de alumínio no mundo estão fechando as portas, em resposta á
queda dos preços dos metais e aumento dos custos de energia. Em números redondos, a
energia pode representar até 40%, ou mais, dos custos operacionais de um processo
denominado redução (forno onde ocorre o processo químico responsável pela obtenção do
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alumínio), para exemplificar o quanto estes fechamentos foram significativos, antigas plantas
de fábricas que tinham mais de 50 anos produziam cerca de 1,3 mi toneladas de Al/ ano
enquanto um projeto futuro de uma nova empresa de alumínio no mercado vai chegar a
produzir em torno de 740.000 toneladas de Al/ano (JONES, 2012).
4.3 O processo
A produção do alumínio é obtida pela redução eletrolítica da alumina (AL2O3). O processo é
desenvolvido através da passagem da corrente elétrica continua em fornos especiais,
conhecidos como cuba eletrolítica, esta, é revestida de carbono e apresenta temperatura média
de 960ºC. A cuba eletrolítica é composta por um polo negativo e outro positivo, denominados
de cátodo e ânodo, respectivamente. Os cátodos são importados e os anodos são produzidos
na empresa, em planta apropriada de grande porte, tratando-se de investimento estratégico que
garante independência e autonomia operacional à empresa (extraído do site oficial da
empresa, 2012).
Os anodos são blocos pré-cozidos compostos basicamente por uma mistura de coque e piche,
funcionam como polo positivo da cuba eletrolítica e são consumidos durante o processo a
uma taxa em torno de 420 kgC/t de alumínio. Devido a este consumo, os anodos são trocados
com uma frequência aproximada de 25 dias cada, porém essa troca é feita diariamente devido
a grande quantidade de anodos na linha de produção. Por dia a empresa, em média, realiza
720 vezes a atividade de troca de anodo, que influenciam diretamente na eficiência dos 960
fornos de redução. Isto ocorre, devido as oscilações que esta operação gera quando mal feita
(extraído do site oficial da empresa, 2012).
Em uma cuba eletrolítica a alumina encontra-se dissolvida em um banho contendo criolita
(Na3AlF6) e sais fundidos de fluoreto. A alumina é a matéria prima responsável por fornecer o
alumínio que será reduzido conforme equação química abaixo:
2 Al2O3 + 3 C(s) 4 Al(l) + 3 CO2(g)
Fonte: Adaptado do site oficial da empresa
A alumina é introduzida no banho continuamente a uma taxa aproximada de 1,7 kg/min.
Milhares de amperes são utilizados para que a alumina seja dissociada e o banho mantido a
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uma temperatura de 960ºC. Esta corrente é conduzida ao banho pelos anodos e atravessam o
cátodo com destino aos anodos da próxima cuba e assim sucessivamente, formando um
circuito em série. A alumina se deposita no cátodo como alumínio liquido (extraído do site
oficial da empresa, 2012).
Após essa etapa, o alumínio passa por um processo de fundição, esse processo faz com que o
material passe do estado líquido para o sólido, sendo posteriormente moldados em forma de
lingotes para assim ser disposto em pilhas, devidamente identificadas, para posterior
movimentação (extraído do site oficial da empresa, 2012).
4.4 Diagnóstico e resultados
A área do processo de redução é considerada crítica pela empresa por utilizar demasiadamente
a energia, principal gargalo de custo da produção do alumínio. Essa área representa cerca de
60% dos custos totais de energia da empresa. Dentro do processo de redução há uma tarefa de
troca de anodo, essa tarefa foi escolhida como foco do trabalho devido a mesma possuir um
grande potencial de ganhos tanto operacional, como de eficiência da corrente elétrica. A
operação trata da troca de um bloco de anodo após o mesmo ter sido consumido em uma cuba
eletrolítica. Relacionando o custo de energia de uma planta de redução, a troca de anodo
possui uma participação em 6% nos mesmos.
Para realizar esta operação, que é feita por dois operadores, são necessário equipamentos
como: a ponte rolante (PTM), medidor de anodo, rodo de alumínio, pá, vassoura, papa lama,
caixa de escumagem e os equipamentos de proteção individual (EPI), que essa atividade
necessita, como luvas, botas, avental, capacete, mascara, óculos e protetor auricular.
Por esta atividade envolver diretamente a capacidade e a habilidade do operador, observou-se
uma discrepância entre o modo de operar de cada um, uns de maneira correta e eficiente
enquanto outros de maneira prejudicial ao processo, gerando inúmeras perdas de materiais,
equipamento, manutenção e principalmente de tempo, o último, ocasionava uma grande
quantidade de pendências na rotina do operador que não conseguia gerenciar o mesmo após
perdê-lo quase todo apenas realizando a operação descrita.
Para isto foi desenvolvido um estudo de movimentos e de tempos para observar quais etapas,
da atividade, demandavam mais tempo do funcionário e identificar possíveis potenciais de
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ganhos. A sequência das atividades e a média de tempo em que são realizadas, tomando como
base uma amostra de 60 trocas, é descrita no quadro um abaixo:
Quadro 1 – Etapas da troca do anodo com as respectivas médias de tempo
Fonte: Adaptado de documentos internos
O estudo apontou um tempo médio total de, aproximadamente, 22 minutos por troca, e
identificou que as atividades: “realizar quebradas”, “transportar butt / trazer anodo”, “limpar
banho com o papa lama” e “cobertura dos anodos” eram realizadas em um maior tempo.
Assim, algumas modificações foram realizadas para tais etapas, com o intuito de diminuir os
altos tempos de execução.
Para a etapa “realizar quebradas” foi determinado um padrão de oito furos sendo quatro de
cada lado do bloco de anodo em cada troca. Já para a etapa “transportar butt/trazer anodo”
ocorria uma grande perda de tempo devido a área de estoque dificilmente encontrar-se
organizada, surgiu então a necessidade de realizar uma preparação para a troca de cada turno,
organizando no lugar certo e na quantidade certa os anodo que seriam utilizados. Na etapa
“limpar banho com o papa lama” verificou-se que era preciso ser realizada de duas a três
escumagens dependendo do nível de sobras encontradas dentro do forno. E por fim na etapa
“cobertura dos anodos” foi determinando um padrão de cobertura de 12 centímetros de blend
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que é uma mistura de compostos envolvendo a alumina.
Após tomada essas medidas de padronização, a operação da troca de anodo obteve um ganho
de oito minutos por operação. Normalmente cada operador realiza 15 trocas por turno, assim,
consegue-se um ganho de, aproximadamente, duas horas por operador. A comparação entre os
tempos é feita no quadro 2:
Quadro 2– Comparação entre os tempos após a padronização
Fonte: Elaborado pelos autores
Também foi adotada a utilização de um checklist para identificar em quanto tempo cada etapa
esta sendo executada, garantindo assim o resultado no momento em que a tarefa esta sendo
executa, ao contrário de como ocorria antes sem a padronização, onde o gerente de operação
só percebia como estava o andamento da produção 24 horas depois de ocorrer a troca.
Também foi utilizado o conceito de 5S para organizar e limpar a área de estoque e a área
produtiva no momento da atividade, isto gerou um ganho de segurança e padrão visual da área
que, atualmente, encontra-se mais organizada e segura. Outra ferramenta bastante utilizada
pelos operadores para manter e garantir os bons resultados que se obteve, é o circulo de
controle da qualidade utilizando a metodologia do PDCA, necessária para programar
possíveis melhorias e ajustar desvios do processo.
Além disso, obteve-se um ganho potencial em relação a eficiência de corrente, pois com a
troca de anodo bem executada, o processo gera menos oscilações na corrente que alimenta os
fornos, conseguindo produzir mais e de maneira excelente com a mesma quantidade de
energia que era utilizada antes. A oscilação pode ser observado a seguir no gráfico 1.
Gráfico 1: Evolução da oscilação pós troca nos últimos 180 dias (Redução IV)
-0,020
0,000
0,020
0,040
0,060
0,080
0,100
0,120
18
/08/2
011
25
/08/2
011
01
/09/2
011
08
/09/2
011
15
/09/2
011
22
/09/2
011
29
/09/2
011
06
/10/2
011
13
/10/2
011
20
/10/2
011
27
/10/2
011
03
/11/2
011
10
/11/2
011
17
/11/2
011
24
/11/2
011
01
/12/2
011
08
/12/2
011
15
/12/2
011
22
/12/2
011
29
/12/2
011
05
/01/2
012
12
/01/2
012
19
/01/2
012
26
/01/2
012
02
/02/2
012
09
/02/2
012
Miliv
olt
s
Média de todo o período = 0,017 mVApós o dia 01/12 (UO 2011) = 0,010
Padronização do UO 2011
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Fonte: Adaptado de documentos internos
5. Considerações finais
A partir do cenário econômico atual, a empresa resolveu adotar as ferramentas descritas e
analisadas neste estudo para se adaptar à nova situação mercadológica, visando obter maiores
taxas de lucros e ainda aperfeiçoar os seus processos de produção. A empresa utiliza a
filosofia da produção enxuta através de estudos de movimentos e de tempos, padronização de
processos, 5S, PDCA, entre outras ferramentas.
O processo analisado foi o tempo e movimento de troca de anodos, essa escolha é válida, uma
vez que é uma atividade crítica que está diretamente relacionada com o consumo de energia
da empresa, envolvendo custos elevados. Esse projeto foi feito em uma área específica por se
tratar de um projeto piloto, que está em fase de execução.
Outro fator relevante para análise é que o projeto foi planejado de forma sustentável, ou seja,
os operadores que estão evolvidos em todos os processos possuem alto contato com todas as
ferramentas descritas, devido ao CCQ (círculo de controle de qualidade), fazendo com que os
mesmos sejam capazes de implantar, manter e garantir que as melhorias nos processos sejam
permanentes, além de serem capazes de visualizar os desvios e falhas posteriores, e corrigi-
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las.
Partindo de uma análise total do estudo, percebe-se a redução de tempo e consequentemente
ganhos nas áreas de produção. Um desses ganhos foi no tempo de operação da troca de anodo
como foi focalizado, assim como a redução de custos operacionais e a melhoria na eficiência
da corrente elétrica. Porém há também os ganhos secundários, percebidos paralelamente,
exemplo destes é a melhoria na qualidade de vida no trabalho, alcançado através do 5S, que
possibilitou a redução do cansaço físico do operador, além de ampliar o tempo para realizar
novas tarefas.
Houveram dificuldades encontradas durante o estudo, como a dificuldade de acesso à
empresa, visto que se localiza distante da capital, a dificuldade de obter dados mais
específicos como a redução de tempo em cada operação padronizada, assim como redução de
custos, a segunda é justificada, pois as melhorias já foram observadas pela empresa, porém
ainda não foram documentadas, visto que o projeto é recente e os resultados devem ser
coletados à médio prazo para garantir que os mesmos sejam constantes.
Contudo, foram encontradas oportunidades de novos estudos dentro da empresa, já que a
mesma é um caso de sucesso com uma filosofia de trabalho muito interessante, tornando
possível a realização de várias ferramentas oriundas da engenharia de produção. Por fim um
desafio futuro encontrado foi a ampliação do projeto para as demais áreas críticas da empresa,
fazendo com que seus resultados se tornem cada vez mais relevantes.
Referências
BARNES, R. M. Estudos de movimentos e de tempos - projeto e medida do trabalho. São
Paulo: Edgard Blücher, 2004.
CAMPOS, V. F. Qualidade Total: Padronização de Empresas. Belo Horizonte: Fundação
Christiano Ottoni, 1992.
CAMPOS, V. F. TQC: Gerenciamento da rotina de trabalho do dia-a-dia. Fundação
Christiano Ottoni, Escola de Engenharia da UFMG. Rio de Janeiro: Ed. Bloch, 1994.
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GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991.
JONES, J. Smelters close as aluminium price melts. Disponivel em
<http://www.businesslive.co.za/southafrica/sa_markets/2012/01/28/smelters-close-as-
aluminium-price-melts>. Acessado em: março de 2012.
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