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LUANA DE SOUZA ISIDORO ANÁLISE DAS ATIVIDADES DO SETOR DE CLASSIFICAÇÃO DE UMA INDÚSTRIA DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS: SOB ENFOQUE ERGONÔMICO Tubarão, 2006

ANÁLISE DAS ATIVIDADES DO SETOR DE CLASSIFICAÇÃO …fisio-tb.unisul.br/Tccs/06b/luanaisidoro/luanatcc.pdf · INDÚSTRIA DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS: SOB ENFOQUE ERGONÔMICO Tubarão,

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LUANA DE SOUZA ISIDORO

ANÁLISE DAS ATIVIDADES DO SETOR DE CLASSIFICAÇÃO DE UMA

INDÚSTRIA DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS:

SOB ENFOQUE ERGONÔMICO

Tubarão, 2006

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LUANA DE SOUZA ISIDORO

ANÁLISE ERGONÔMICA DAS ATIVIDADES DO SETOR DE CLASSIFICAÇÃO

DE UMA INDÚSTRIA DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS:

SOB ENFOQUE ERGONÔMICO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Fisioterapia como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Fisioterapia. Universidade do Sul de Santa Catarina

Orientador temático: Prof. MSc. Luci Fabiane Scheffer Moraes

Tubarão, 2006

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“... A natureza impõe ao gênero humano a necessidade de

prover a vida diária através do trabalho”.

Dessa necessidade, surgiram todas as artes como as

mecânicas e as liberais, que não são desprovidas de

perigos, como, aliás, todas as coisas humanas. É forçoso

confessar que ocasionam não poucos danos aos artesões,

certos ofícios que eles desempenham. Onde esperavam

obter recursos para sua própria manutenção e a da

família, encontram graves doenças e passam a amaldiçoar

a arte à qual se haviam dedicado.”

(Bernardino Ramazzini).

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DEDICATÓRIA

À minha querida Mãezinha, Zuzu, pelo exemplo de

mulher, e ao meu pai, que me deram o alicerce da vida,

para a busca do saber que não se aprende nos livros.

Ao meu amado, Willian, por existir.

E á todos aqueles que durante uma jornada inteira de

trabalho, continuamente por semanas, meses e até vários

anos, laboram em tarefas repetitivas e monótonas,

recebendo um salário relativamente baixo e nem por isso

perdem seu espírito de equipe, seu bom humor e,

principalmente, a garra para fazer seu trabalho bem feito.

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AGRADECIMENTOS

Com o objetivo alcançado manifesto o meu agradecimento:

Ao universo e ao Criador que me deu saúde e força de vontade para não

desanimar no meio do caminho e pela inspiração e energia imensurável que iluminou cada

passo dessa jornada.

A minha mãe e ao meu pai pelos ensinamentos de vida, por todo carinho e amor

que dedicaram a mim e aos meus irmãos e por sempre estarem ao nosso lado, sem vocês seria

impossível chegar até aqui.

Ao meu amado namorado pela cumplicidade, companheirismo nas horas difíceis,

pelas grandes aventuras que juntos estamos vivenciando e pela compreensão com que

reconheceu meus momentos de ausência por diversas vezes sofrido, mas compensados pelo

imenso amor a que ele dedico.

Em especial a minha orientadora profa Luci pelo incentivo, atenção e privilégio

do convívio na orientação deste trabalho, a qual prestou com inestimável paciência,

compreensão, de maneira amiga e solidária transmitindo seu grande saber científico e pelo

exemplo de dedicação profissional.

Ao professor Ralph por todo aprendizado e troca de conhecimentos que tão

amorosamente repartiu comigo e com meus colegas durante o projeto noturno na Clinica

escola.

Ao professor Paulo Madeira pelas orientações estatísticas que foram

imprescindíveis para conclusão deste trabalho.

À professora Inês Xavier Lima, ao professor Rodrigo Iop que muito me ajudaram

na realização da coleta de dados.

À todo o corpo docente que, através de seus conhecimentos e experiências de

vida, muito contribuiu para meu crescimento e amadurecimento intelectual.

À banca examinadora, Profª Ana Regina de Aguiar Dutra; Prof. Antônio Renato

Pereira Moro, que se dedicaram na leitura e pelas contribuições para o aperfeiçoamento deste

trabalho.

À Tami e a Cris, pela calorosa recepção e atendimento prestados na coordenação

de fisioterapia e farmácia e pelos momentos de descontração durante a espera pelas

orientações.

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À Universidade do Sul de Santa Catarina pela estrutura oferecida, viabilizando a

conclusão deste trabalho.

Aos colegas de turma, que durante esta jornada de quatro anos dividiram comigo

momentos de angústia e alegria. Que toda essa convivência seja a base para continuidade de

uma sincera amizade.

Agradeço também, com muito carinho, a colaboração dos meus irmãos que de

uma forma ou de outra contribuíram para concretização deste sonho, em especial Paula, que

muito contribuiu oportunizando o trabalho na empresa Itagres.

As colegas de trabalho Margarete, Raquel e Simone por sempre que necessário

assumirem as atividades durante a minha ausência.

A Empresa de Revestimentos cerâmicos Itagres por me abrir as portas de tão rico

universo de pesquisa, viabilizando esta importante etapa da minha vida acadêmica.

A técnica de segurança no trabalho da empresa Itagres, Liliana, pelo fornecimento

de informações importantes, atenção e paciência, durante as muitas visitas realizadas.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para que este estudo fosse

realizado conspirando com uma nova visão de ser humano em toda sua inteireza, buscando

uma qualidade de vida mais saudável.

Enfim, aos sujeitos deste estudo, a minha eterna gratidão.

E finalmente a você leitor, motivo maior da minha dedicação neste trabalho.

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RESUMO

O objetivo deste estudo foi verificar a relação do ambiente e da atividade de trabalho dos operadores de escolha de uma indústria de revestimentos cerâmicos, com desconfortos corporais e constrangimentos posturais. Foram analisados alterações posturais, desconforto corporal referido e hábitos de vida relacionados à prática de atividade física. Para a amostra foram selecionados vinte operadores. Os instrumentos para coleta de dados foram o protocolo de avaliação postural, questionário com questões referentes às condições de trabalho, de saúde, hábitos e estilo de vida, além da composição corporal, do teste de flexibilidade pelo método de Wells e da escala de desconforto para as diferentes partes do corpo. Os resultados foram analisados utilizando: estatística descritiva para determinar média e desvio padrão das variáveis quantitativas e análise percentual. Foram elaboradas tabelas e gráficos indicando resultados de cada item analisado. Verificou-se expressivo percentual de desconforto corporal na coluna vertebral, sendo a coluna lombar a principal. Referindo-se a análise postural observou-se alterações posturais com conseqüente comprometimentos musculoesqueléticos. Deste modo concluiu-se que as atividades desempenhadas pelos operadores provocam constrangimentos posturais e consequentemente causam desconfortos corporais expressivos, o que afeta a sua qualidade de vida no trabalho, isto está diretamente relacionado com as atividades desempenhadas pelos operadores, pausas durante a jornada de trabalho, condições de saúde e atividade física praticada pelos mesmos, onde 80% afirmaram praticar atividade física, mas de forma irregular, o que reflete nos poucos benefícios alcançados através desta prática. Portanto com a finalização deste trabalho concluiu-se que a análise ergonômica da atividade e uma maior conscientização do operador em utilizar adequadamente seu posto de trabalho, orientações sobre alinhamento postural, aplicação de um programa de ginástica laboral, incentivo a prática de atividade física e técnicas de relaxamento são de extrema importância quando se pensa em qualidade de vida do trabalhador.

Palavras-chave: análise ergonômica, desconforto corporal, constrangimento postural e operadores de escolha.

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ABSTRACT

The objective of this study was to verify the relation between the environment and operators’ activity of job of a ceramic covering industry, with corporal discomfort and postural constraint. There was an analyzes of postural alterations, refered corporal discomfort and life’s habits relationed to practice of physical activity. As sample, there was a selection of twenty operators. The instruments to collect dates were a protocol of postural evaluation, questionary with questions about job’s conditions, health, habits and lifestyle relationed to practice of phusical activity, besides corporal composition, flexibility test through Wells method and scale of discomforto for different parts of body. The results were analyzed using: descritive statistic to determine medium and standart deviation of quantitative variables and percentual analysis. Tables and graphisc were elaborated to indicate results of each analyzed item. It was verified expressive percentual of corporal discomfort of spine, where low back was the mainest. Refering to postural analysis, it was observed that postural alterations with consequent muscleskeletic compromising. In this way, it’s concluded that activities that were executed by the operators cause postural constrais and frequently cause expressive corporal discomfort, that affect their quality of life at work, this is directly linked to activities that are executed by operators, pauses during journey work, health conditions and practice of physical activity, where 80% affirm to practice physical activity, but in an irregular form, reflecting in few benefits that were achieved through this practice. Therefore, with the finalization of this study, it’s concluded that ergonomic analysis of activity and a larger operator’s understanding about using adequatly the job’s place, orientations about postural alignment, application of a program of work gymnastic, incentive to practice of physical activity and techniques of relaxation have extreme importance when it thinks about worker’s quality of life.

Key-words: ergonomic analysis, corporal discomfort, postural constrain and preference’s operators.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Processo de fabricação via úmida monoqueima. ....................................................20

Figura 2 – Aumento do consumo energético em relação à postura deitada. ............................32

Figura 3 – Resultante do peso corporal na postura ereta..........................................................34

Figura 4 – Forças de reação em levantamento de peso. ...........................................................35

Figura 5 – Região passível de dor causada pela inclinação constante da nuca ........................35

Figura 6 – O olho humano........................................................................................................38

Figura 7 – Alterações Orgânicas por Contração Muscular Sustentada ....................................43

Figura 8 – Operador realizando classificação na postura em pé ..............................................48

Figura 9 – Operador realizando classificação na postura sentada ............................................48

Figura 10 – Operador jogando peça no caixote para quebra ....................................................48

Figura 11 – Operador realizando paletização manual com auxílio do paletizador ..................49

Figura 12 – Operador realizando paletização manual sem auxílio de paletizador ...................49

Figura 13 – Operador realizando liberação do produto através da TIP....................................50

Figura 14 – Operador finalizando a paletização.......................................................................50

Figura 15 – Fluxograma do processo de Produto .....................................................................51

Figura 16 – Escala de desconforto para as diferentes partes do corpo. ....................................53

Figura 17 – Grau de escolaridade dos operadores de escolha ..................................................57

Figura 18 – Turno de trabalho dos operadores selecionados....................................................58

Figura 19 – Ritmo de trabalho dos operadores.........................................................................59

Figura 20 – Exigências mentais e físicas na jornada de trabalho .............................................59

Figura 21– Como se sentem mentalmente e fisicamente após jornada de trabalho .................60

Figura 22 – Condições do ambiente de trabalho ......................................................................60

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Figura 23 – Condições em relação à montagem dos palets e assento utilizado durante

classificação..............................................................................................................................61

Figura 24 – Relacionamento com a chefia ...............................................................................62

Figura 25 – Condição atual de saúde dos operadores...............................................................63

Figura 26 – Índice de massa corporal.......................................................................................64

Figura 27 – Presença de cãibras e formigamento .....................................................................65

Figura 28 – Incidência de dores nos operadores.......................................................................66

Figura 29 – Qualidade do sono dos operadores........................................................................66

Figura 30 – Principais problemas de saúde relatados pelos operadores...................................67

Figura 31 – Freqüência de atividade física dos operadores......................................................68

Figura 32 – Atividades que causam maior desconforto para o operador .................................69

Figura 33 – Resultado do teste para verificação da presença de gibosidade............................70

Figura 34 – Importância da ginástica laboral para os operadores ............................................71

Figura 35 – Percentual de desconforto corporal nas diferentes partes do corpo nos operadores

..................................................................................................................................................74

Figura 36 – Percentual da escala de desconforto quanto à intensidade da dor nas diferentes

partes do corpo .........................................................................................................................75

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Descrição das principais peças em relação ao tamanho quantidade e peso de cada

embalagem................................................................................................................................51

Tabela 2 – População, amostra e média de idade dos funcionários do setor em estudo ..........57

Tabela 3 – Nível de satisfação dos operadores com as condições do posto de trabalho ..........61

Tabela 4 – Classificação do IMC da amostra segundo os indicadores da OMS ......................63

Tabela 5 – Importância das orientações fornecidas pela empresa para a adoção de posturas

adequadas no trabalho pelos Operadores..................................................................................71

Tabela 6 – Alterações Posturais encontradas nos Operadores .................................................76

Tabela 7 – Principais atividades realizadas pelos operadores durante um dia uma semana e um

mês............................................................................................................................................77

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................13

1.2 Objetivos ............................................................................................................................................16

1.2.1 Geral ................................................................................................................................16

1.2.2 Específicos.......................................................................................................................16

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................18

2.1 A Indústria de Revestimentos Cerâmicos no Brasil ........................................................................18

2.2 Ergonomia..........................................................................................................................................20

2.2.1 Análise ergonômica do trabalho ......................................................................................24

2.3 Diagnóstico e recomendações em ergonomia .................................................................................26

2.4 A importância da Ergonomia na prevenção de Distúrbios Osteomusculares relacionados ao

Trabalho....................................................................................................................................................28

2.5 Postura ...............................................................................................................................................29

2.5.1 Postura em Pé ..................................................................................................................31

2.5.1.1 Aspectos da Coluna Vertebral na Postura em Pé e Curvada ........................................32

2.5.2 Postura no Trabalho.........................................................................................................36

2.6 Fadiga Visual .....................................................................................................................................37

2.7 Desconforto corporal e constrangimento postural...........................................................................39

3 DELINEAMENTO DA PESQUISA ..................................................................................44

3.1 Tipo de pesquisa ................................................................................................................................44

3.1.1 Tipo de pesquisa quanto ao nível ....................................................................................44

3.1.2 Tipo de pesquisa quanto à abordagem.............................................................................45

3.1.3 Tipo de pesquisa quanto ao tipo de procedimento utilizado na coleta de dados .............45

3.2 População/amostra.............................................................................................................................45

3.3 Descrição da Empresa .......................................................................................................................46

3.3 Instrumentos utilizados para coleta de dados...................................................................................51

3.4 Procedimentos utilizados na coleta de dados...................................................................................54

3.5 Procedimentos estátisticos.................................................................................................................55

3.6 Controle de erros................................................................................................................................56

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4 DISCUSSÃO E RESULTADOS ........................................................................................57

4.1 Caracterização dos sujeitos ...............................................................................................................57

4.2 Condições de trabalho .......................................................................................................................58

4.3 Condições de saúde ...........................................................................................................................63

4.4 Desconforto corporal e constrangimentos posturais dos operadores e caracterização de suas

atividades..................................................................................................................................................72

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................80

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................83

ANEXOS .................................................................................................................................91

ANEXO A – Carta de apresentação .......................................................................................................92

ANEXO B – Termo de consentimento informado................................................................................93

ANEXO C – Consentimento para fotografias, vídeos e gravações......................................................94

ANEXO D – Questionário do trabalhador.............................................................................................95

ANEXO E - Escala de desconforto para ss diferentes partes do corpo.............................................101

ANEXO F – Protocolo de avaliação global da postura.......................................................................102

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1 INTRODUÇÃO

Nos últimos 15 anos, o Brasil vem passando por uma explosão epidêmica das

lesões dos membros superiores por sobrecarga funcional. Sorock e Courtney (1996)

consideram que fatores como: excessiva exposição a movimentos repetitivos por demanda da

tarefa, posturas incorretas, emprego de força, baixa temperatura, vibração e fatores

psicossociais como o estresse, estão intimamente ligados a distúrbios músculo-esqueléticos.

Ainda segundo dados da Organização Mundial de Saúde – OMS (apud Moraes,

2002), a saúde pode ser comprometida por agentes agressivos ou fatores de risco como: ruído,

temperatura, mobiliário, iluminação e por outros fatores trazidos pelo mundo moderno, como:

sedentarismo, falta de comunicação com outras pessoas, monotonia e principalmente ausência

de desafios intelectuais. A partir desta afirmação pode-se dizer que saúde é a resultante do

ambiente físico e emocional, aliados a hábitos e estilos de vida.

A tecnologia vem solucionando muitos problemas ergonômicos, entretanto por

outro lado vem trazendo muitos outros que, atualmente, são grandes desafios para a

ergonomia. Muitas das atividades hoje são automatizadas reduzindo o impacto para o ser

humano, no entanto a tecnologia trouxe para determinados ramos de atividade, alta

repetitividade de tarefas, posturas estáticas, movimentação de cargas dentro da indústria,

ritmo acelerado, exigência de tempo, cobrança da produtividade entre outras.

A rotina de trabalho do operador de escolha engloba atividades onde os

movimentos se caracterizam por serem repetitivos e monótonos, devido à atividade de seleção

e separação do produto de qualidade e transporte de cargas, o que torna a profissão propensa a

apresentar desconfortos corporais.

A posição de trabalho estática e em pé durante muito tempo, pode ser um fato a

ser levado em consideração no desencadeamento de possíveis desconfortos corporais, gerando

movimentos de compensação para minimizar os sintomas, o que pode fazê-los assumir

posturas inadequadas, gerando possíveis constrangimentos posturais.

Bolles (1994) afirma que os riscos ocupacionais que agridem as costas são

decorrentes de trabalhos que exigem levantamento de pesos, períodos prolongados com uma

mesma postura, como por exemplo, na posição sentada ou em pé, entre outras. De certa

forma, a maioria das práticas profissionais atualmente, oferece condições de risco às costas do

ser humano. Esse autor é favorável a que os trabalhadores devam ser esclarecidos e alertados

para as condições que podem reduzir maiores riscos de acidentes nessa região.

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De acordo com Silva (apud Black, 1993), “No Brasil, setenta por cento dos

pacientes que buscam atendimento médico em clínicas ortopédicas reclamam de dores na

coluna”.

Segundo levantamento do Instituto Nacional da Previdência Social (INSS), citado

por Almeida (1998), tem-se observado que no Brasil existe um grande número de

diagnósticos de DORT, notadamente nas duas últimas décadas, e estes distúrbios já se

constituem na segunda mais importante causa de morbidade na população adulta. Seriam

distúrbios causados principalmente pela monotonia e repetitividade gestual de tarefas, além de

outros, executadas no ambiente de trabalho. Acometem trabalhadores que exercem os mais

diversos tipos de funções, causando interferência na sua saúde, como implicações físicas e

psicológicas e que, muitas vezes, fazem criar expectativas que não correspondem à realidade

acerca de sua incapacidade laborativa.

Diante deste quadro é fundamental analisar e estudar a rotina de trabalho do

operador de escolha, onde seja possível promover uma análise do ambiente de trabalho,

utilizada para identificar devido à relação direta com a rotina de trabalho, o surgimento ou não

de doenças dos tecidos moles e problemas posturais, relacionando o vínculo entre as afecções

e a solicitação seja ela excessiva ou não.

Sendo assim, procurou-se verificar e estudar alguns aspectos do ambiente e da

rotina de trabalho deste setor através de análise e aplicação de vários instrumentos.

Questiona-se então: Existe algum vínculo causal entre o ambiente e a rotina de

trabalho realizada diariamente pelo operador de escolha que possa vir a desencadear

desconfortos corporais e constrangimentos posturais?

Atualmente as doenças são inúmeras e requerem muita atenção, as doenças

ocupacionais, são apenas uma pequena parte do grande número de moléstias que acometem os

indivíduos, mas que respondem segundo Organização Mundial de Saúde (OMS), uma

incidência de 160 milhões de novos casos por ano, ou seja, 61 casos registrados a cada mil

empregados, em relação a essa população economicamente ativa de 2,6 bilhões de pessoas

(GEREMIAS, 2002).

Segundo o Boletim da Organização Mundial de Saúde (1998), nos últimos anos,

ocorreu um crescimento do número das doenças ocupacionais. Foram notificadas no Brasil,

5.217 casos em 1990, e mais de 20.000, em 1995 (GEREMIAS, 2002).

O Brasil apresenta o entristecedor registro de 400 mil vítimas anuais de acidentes

do trabalho, das quais quatro mil terminam por morrer em função do acidente. Os

levantamentos integram uma pesquisa do Instituto Nacional de Seguridade Social, que aponta

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ainda gastos anuais de quase dois bilhões de reais com o pagamento de benefícios a

acidentados (CIPA on line, 2006). Em comparação com a Europa, a situação é relativamente

similar. De acordo com a Agência Européia para Segurança e Saúde no Trabalho (apud Engel,

1995), a cada ano cerca de 5.500 pessoas são mortas em acidentes de trabalho por toda a

Europa. São mais de 4,5 milhões de acidentes que resultam em mais de três dias de faltas ao

trabalho, somando aproximadamente 146 milhões de dias não trabalhados. O problema, no

continente europeu, é particularmente grave em pequenas e médias empresas.

O custo dos acidentes e doenças ocupacionais corresponde a cerca de 4% do

Produto Bruto do mundo, segundo EUROPEAN Agency for Safety and Health at Work

(2005). Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 1,1 milhão de trabalhadores

morrem, por ano, vítimas de acidentes e doenças do trabalho. Essa estatística ultrapassa a

média anual de mortes em acidentes de trânsito, guerras, violência e Aids. Um quarto dessas

mortes, aproximadamente, é decorrente da exposição a substâncias perigosas que provocam a

incapacitação de órgãos, resultando em câncer, distúrbios cardiovasculares, respiratórios e do

sistema nervoso (CIPA on line, 2006).

Ainda segundo CIPA on line (2006), dados da Human Factors and Ergonomics

Society (HFES), registram a eficácia da ergonomia. A pesquisa da HFES mostra redução em

mais de 70% no índice de doenças e acidentes de trabalho, em empresas americanas que

aplicam o conceito de ergonomia.

Este número não é isolado. Embora não se tenha dígitos reais, no Brasil grande e

pequenas empresas, cada dia mais, aplicam conceitos de ergonomia. Através dos profissionais

qualificados, as empresas estão percebendo a ergonomia como uma importante ferramenta à

redução de gastos, à produtividade e competitividade.

Para Vidal (2002), dentro de uma empresa os programas de ação ergonômica se

constituem numa peça-chave para a implantação da cultura de ergonomia na empresa.

Evidentemente as empresas têm como objetivo principal o lucro e, para isto, a

utilização de seus recursos materiais e humanos deve ser otimizada para que os bons

resultados aconteçam. Para Rio (2001), “A otimização do trabalho é um fator fundamental

para o sucesso de pessoas e organizações”. Ressalta-se que, devido à alta competição

existente, a saúde e excelência de desempenho são essenciais.

Tratando-se de ergonomia, Guérin et al. (2001) expõe que a meta principal é

minimizar os custos humanos, proporcionar conforto e garantir a saúde e segurança do

trabalhador e/ou das pessoas em geral. Deste modo, as tarefas tornam-se menos penosas e os

sistemas de produção mais adaptados ao homem, proporcionando ao mesmo tempo maior

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produtividade e qualidade, seja qual for o ramo da atividade humana. Imposta, na ergonomia,

perceber a importância de adaptar o ambiente e os equipamentos de trabalho ao homem, às

suas características e restrições, valores e limitações.

Os desconfortos corporais e constrangimentos posturais gerados pelo trabalho são

distúrbios que podem atingir qualquer indivíduo que segue um padrão de trabalho onde as

atividades e tarefas são “mal realizadas” em virtude de má adaptação do ambiente e da rotina

de trabalho, as capacidades e características individuais de cada trabalhador.

Os operadores de escolha lidam com tarefas diárias que incluem movimentos e

ações que são propicias a desencadear desconfortos corporais e constrangimentos posturais.

Essas tarefas e ações quando realizadas por longos períodos de forma inadequada, acabam

comprometendo o sistema corporal do individuo executor.

Portanto, notou-se a importância de realizar uma análise ergonômica do ambiente

e da atividade dos operadores de escolha de uma indústria de Revestimentos Cerâmicos, para

identificar possíveis desconfortos corporais e constrangimentos posturais.

1.2 Objetivos

1.2.1 Geral

Verificar a relação do ambiente e da atividade de trabalho do operador de escolha

com desconfortos corporais e constrangimentos posturais.

1.2.2 Específicos

• Caracterizar o ambiente de trabalho;

• Descrever a atividade e a tarefa do operador de escolha;

• Verificar a prevalência de desconfortos corporais e constrangimentos posturais

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no setor em estudo;

• Identificar se existe relação entre a rotina de trabalho ou atividade desenvolvida

com possíveis desconfortos corporais e constrangimentos posturais.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A Indústria de Revestimentos Cerâmicos no Brasil

A indústria de cerâmica para revestimentos no Brasil surgiu a partir das antigas

fabricas de tijolos, blocos e telhas, de cerâmica vermelha, que no inicio do século 20

começaram a produzir ladrilhos hidráulicos, e mais tarde, azulejos e pastilhas cerâmicas de

vidro (GORINI; CORREA, 1999).

Com menos de 90 anos a indústria brasileira de revestimentos, ocupa, atualmente,

a quarta posição no Ranking mundial de produtores. São aproximadamente 300 milhões de

metros quadrados de pisos e azulejos produzidos no Brasil, que fica atrás apenas da Espanha,

Itália e China (LEMOS; VIVONA, 1997).

Ainda segundo os autores citados acima, a indústria cerâmica brasileira vem

investindo aproximadamente 150 milhões de reais por ano, desde 1994, visando,

principalmente, a modernização do seu parque fabril, a ampliação da capacidade produtiva e a

qualificação dos seus potenciais humanos. Todos esses investimentos são realizados para que

seja possível oferecer um produto de qualidade cada vez maior, e decorrem de nossa

preocupação em bem atender um mercado exigente e de bom gosto, tanto no Brasil como no

exterior.

Os equipamentos utilizados pela indústria brasileira de cerâmica para

revestimentos são de última geração. Em relação à tecnologia utilizada, podemos dizer que as

principais indústrias brasileiras estão no mesmo nível das maiores empresas da Itália e da

Espanha, por exemplo (GORINI; CORREA, 1999).

Ainda segundo os autores citados acima, os equipamentos da linha de produção

são importados ou montados no Brasil por filiais de empresas estrangeiras. Todavia, todos os

componentes eletrônicos ainda são importados. A seguir listamos os equipamentos que

constituem uma linha de produção do processo de via úmida e monoqueima de cerâmica para

revestimentos:

• box de matérias-primas – estoca a matéria-prima para a base;

• balança – pesa as matérias-primas conforme a formulação;

• moinho de bolas – mói, via úmida, as matérias-primas e produz a massa

(barbotina);

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• atomizador – atomiza a barbotina para obter o pó;

• silos de pó atomizado – armazena e homogeneíza o pó atomizado;

• prensa e secador – formata e seca a base;

• balança para esmalte – pesa o esmalte conforme a formulação;

• moinho de esmalte e tanque com agitação – mói e estoca o esmalte;

• linha de esmaltação – aplica o esmalte e decora o revestimento cru;

• forno de monoqueima – queima o revestimento esmaltado à temperatura da

ordem de 1.160°C;

• máquina de classificação – escolhe, classifica e embala o produto.

Na figura abaixo observa-se todo o processo de fabricação via úmida

monoqueima.

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Figura 1 – Processo de fabricação via úmida monoqueima.

Fonte: Gorini; Correa, 1999

A produção brasileira de cerâmica para revestimentos se encontra distribuída nas

cinco regiões, porém está concentrada em apenas duas (Sul e Sudeste), através de quatro

pólos que reúnem as empresas responsáveis pela maior parcela da produção.

O processo de produção em geral é bastante automatizado, utilizando equipamentos de

última geração. A interferência humana é maior nas atividades de controle do processo, inspeção da

qualidade do produto acabado, armazenagem e expedição (GORINI; CORREA, 1997).

Quando acabados, os produtos são classificados em A, B, C e D, de acordo com

os defeitos encontrados. Essa classificação é feita eletrônica e visualmente e tem influência

direta sobre o preço.

2.2 Ergonomia

De acordo com Federighi (apud MOSER, 2005) o pensamento ergonômico nasceu

com o próprio homem, em decorrência do seu empenho em satisfazer suas necessidades. Ao

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precisar criar suas primeiras armas e ferramentas, o homem começou a pensar

ergonomicamente, pois sentiu a necessidade de construir instrumentos que se adequassem as

suas características fisiológicas, para isso tendo que estudar a relação entre a matéria-prima e

seu formato para atingir o efeito pretendido.

Segundo Santos (apud MARCON, 2004), em se tratando da relação entre o

trabalho, sua organização e a ergonomia, enquanto uma disciplina, diríamos até uma ciência,

que procura adaptar o trabalho às características psicofisiológicas do ser humano, podendo

contribuir na concepção de um sistema organizacional que englobe critérios de produtividade

e preservação de saúde, complementando ainda que uma intervenção ergonômica durante a

elaboração de um sistema de produção acaba atendendo às melhorias das condições de

trabalho e da eficácia deste sistema.

Ilda (1990), define Ergonomia como o “estudo da adaptação do trabalho ao

homem”. Neste sentido o trabalho tem uma acepção muito ampla, abrangendo não apenas as

máquinas e equipamentos utilizados para transformar os materiais, mas também toda a

situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e seu trabalho. Isso envolve não

somente o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais de como esse trabalho é

programado e controlado para produzir os resultados desejados.

A sociedade de pesquisas de Ergonomia, na Inglaterra, (Ergonomics Research

Society) citado por Ilda (1990) apresenta a seguinte definição: “Ergonomia é o estudo do

relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente e particularmente a

aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas

surgidos desse relacionamento”.

Em agosto de 2000, a Associação Internacional de Ergonomia (IEA) adotou a

definição oficial mensionada abaixo, também utilizada pela Associação Brasileira de

Ergonomia (ABERGO, 2000).

A Ergonomia ou (Fatores Humanos) é a disciplina cientifica relacionada ao

entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas e a

aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de aperfeiçoar o bem estar

humano e o desempenho global do sistema.

Os ergonomistas contribuem para o planejamento, projeto e a avaliação de tarefas,

postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas, de modo a torná-los compatíveis com as

necessidades, habilidades e limitações das pessoas.

A ergonomia estuda vários aspectos, dentre eles a informação (captadas pela

visão, audição e outros sentidos), os controles, a relação entre trabalhadores e máquinas

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(DUL; WEERDMEESTER, 1995).

Para Santos e Fialho (1995), a ergonomia tem por objetivo adaptar o trabalho ao

homem, proporcionando-lhe bem-estar, para que haja maior produção no trabalho e propor,

em algumas condições, arranjos nos sistemas sócio-técnicos. Também tem por objetivo

melhorar a segurança, a saúde, o conforto e a eficiência no trabalho (DUL;

WEERDMEESTER, 1995).

O desenvolvimento da ergonomia se deu durante a segunda guerra mundial,

quando inicialmente houve uma configuração sistemática de esforços entre a tecnologia e as

ciências humanas. Diversos profissionais, dentre eles alguns fisiologistas, psicólogos,

antropólogos, médicos e engenheiros, trabalharam juntos para resolver problemas causados

pela operação de equipamentos militares complexos (DUL; WEERDMEESTER, 1995).

Segundo autores supracitados a ergonomia estuda vários aspectos: a postura e os

movimentos corporais (de pé, empurrando, puxando e levantando pesos), que podem ser

caracterizados como fatores biomecânicos, os fatores físicos ambientais (ruídos, vibrações,

iluminação, temperatura, agentes químicos), a informação (informações captadas pela visão,

audição e outros sentidos), os controles, as relações entre mostradores e controles, bem como

cargos e tarefas (tarefas adequadas, cargos interessantes), a antropometria (altura dos

funcionários, zona de máximo alcance) e os fatores organizacionais (horas extras, dobra de

turno, trabalho por empreitadas) entre outros.

No Brasil, a ergonomia está inserida na NORMA REGULAMENTADORA

NR17, Portaria nº 3.435 de 19/06/90, DOU 20/06/90, que refere o seguinte:

17.1 – Esta Norma Regulamentadora visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.

Para Moser (2005), a ergonomia concentra seu foco em propiciar as pessoas uma

relação harmônica e construtiva com os ambientes em que vivem, especialmente com os

ambientes de trabalho e tende a fazer cada vez mais parte do mundo do trabalho, até

mesmo daquele mais rudimentar. Algumas razões que justificam essa tendência estão

descritas a seguir:

• Dinâmicas tecnológicas, éticas e estéticas, com importantes repercussões

mercadológicas, evoluem no sentido de tornar produtos, serviços e ambientes

de trabalho cada vez mais aproximados das necessidades e características das

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pessoas nas mais variadas situações que vão desde trabalho artesanal ao

trabalho informatizado.

• Pretensão das organizações em ocupar as melhores posições no mercado e em

apresentar imagens que incluam sua preocupação com o meio ambiente

externo e interno, com o balanço social das suas ações e com conceitos e

produtos ergonomicamente adequados.

• Contribuir efetivamente para a questão de produtividade, atendendo

necessidade de parceria entre as organizações empregadoras e seus

empregados.

• Tornar seus produtos e serviços mais ergonômicos aceitos e consumidos,

devido sua maior adequação as necessidades humanas tanto no que se refere

aos utensílios de trabalho quanto ao conforto e embelezamento ambiental,

valorizando o prazer e o bem estar propiciado por um contexto de trabalho

agradável.

Pela grande contribuição da ergonomia para melhorar a eficiência, confiabilidade

e qualidade das operações industriais (IIDA, 1998), nas ultimas décadas, tem-se observado o

aumento crescente das demandas ergonômicas no setor industrial em função da acentuada

mecanização e automatização dos postos de trabalho. Este cenário configura um grande

aumento das sobrecargas osteo-musculares no caso do trabalho mecanizado e aumento das

demandas cognitivas no caso da automatização.

Wisner (1987), distinguiu dois principais campos na Ergonomia: a de produto e a

de produção.

a) Ergonomia de produto: voltada para a concepção de produtos adequados às

características dos usuários, levando em consideração conforto,

dimensionamento do produto e, por conseqüência, redução de custos

desnecessários na produção.

b) Ergonomia de produção: aplicada aos processos produtivos, ao estudo do

trabalho em ação.

a. Este mesmo autor considera que a freqüência e a eficácia da ação do

ergonomista serão diferentes segundo as modalidades de sua ação: correção,

concepção e mudança.

c) Ergonomia de correção: visa à correção de inadequações ergonômicas

existentes nos meios e processos de trabalho. É uma situação em que a ação do

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ergonomista aparecerá, claramente com seus sucessos e seus limites, com

custos das modificações em geral elevados.

d) Ergonomia de concepção: atua na concepção de produtos e processos de

trabalho, visando sua concepção de acordo com os conhecimentos

ergonômicos. Permite agir precocemente sobre a máquina, a oficina e até

sobre a fábrica quando se trata de especificação dos produtos, do primeiro

projeto. A ação costuma ser eficaz e de baixo custo, mas exige do ergonomista

uma experiência considerável, para evitar que deixe passar um inconveniente

grave ou até mesmo o crie.

e) Ergonomia de mudança: refere-se a um processo ergonômico continuo numa

organização. Permite reunir a vantagem das outras modalidades de

intervenção sem seus inconvenientes. Na empresa tudo muda sem que o

visitante organizacional o perceba. Diminui-se ou aumenta-se o volume de

produção devido às variações de mercado, renovam-se as maquinas,

reformam-se os edifícios. Todas essas mudanças podem ser uma ocasião para

uma mudança das condições de trabalho. Neste caso também, compara a

ergonomia de correção, se conhecerá bem a situação, antes e depois, mas o

custo será contabilizado dentro do orçamento geral destinados aos trabalhos

necessários e não exclusivamente aqueles destinados as condições de trabalho.

2.2.1 Análise ergonômica do trabalho

Análise da demanda

Para Santos (apud MARCON, 2004), análise da demanda “permite compreender a

natureza e a dimensão dos problemas apresentados, assim como elaborar um plano de

intervenção de como resolvê-los”. Com isso ressalta-se a importância desta análise, pois é

através dela que os problemas são trazidos à tona, justificando a razão da elaboração do

levantamento ergonômico. É importante que a demanda seja compensada nos diversos setores

da empresa que de alguma forma farão parte na análise ergonômica que será efetuada em um

posto de trabalho. Este alinhamento de idéias permite que se tenha uma forma de trabalho

otimizada, sendo o responsável, ou equipe responsável pelo desenvolvimento, respaldado

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pelos diversos atores sociais envolvidos.

Ainda segundo Santos (apud MARCON, 2004), existe ainda a necessidade da

visita à situação de trabalho, com um contato com os trabalhadores, informando-os sobre o

trabalho a ser efetuado no local, objetivando também o conhecimento da empresa, verificando

a importância do problema formulado, entre outros. Também ressalta que deverá haver uma

consulta aos diversos setores da empresa, como área médica, segurança do trabalho, recursos

humanos e outros, onde se possam coletar informações que venham a auxiliar no

desenvolvimento do trabalho.

Análise da tarefa

De acordo com Iida (1998), a tarefa é definida por como sendo um conjunto de

ações humanas que torna possível um sistema atingir o seu objetivo. Ou, em outras palavras, é

o que faz funcionar o sistema, para se atingir o objetivo pretendido.

Para Santos et al. (1997), “a tarefa é um objetivo prescrito ao trabalhador por

instâncias externas a ele”. Menciona ainda que a prescrição, em certos casos, é extremamente

fina e formalizada, onde não somente objetivos globais são fixados ao trabalhador, mas

também procedimentos que ele é obrigado a seguir, exatamente como pré-estabelecidos, para

alcançar os objetivos prefixados. Segundo o autor, os comportamentos do ser humano no

trabalho podem ser analisados segundo um modelo clássico, tradicional, relativo à estrutura

geral das atividades do ser humano no trabalho. Esta distinção faz surgir três níveis de análise

para os comportamentos do ser humano no trabalho, conforme descrito abaixo:

A tarefa prescrita: trata-se de um conjunto de objetivos, procedimentos, métodos e

meios de trabalho fixados pela organização aos trabalhadores. É o aspecto normal e oficial do

trabalho, isto é, o que deve ser feito e os meios colocados à disposição para a sua realização.

A tarefa induzida ou redefinida: é a representação que o trabalhador elabora da

tarefa a partir dos conhecimentos que ele possui dos diversos componentes do sistema. É o

que o trabalhador pensa realizar. Pode-se falar, neste caso, em tarefa real ou efetiva.

A tarefa atualizada: em função dos imprevistos e das condicionantes de trabalho, o

trabalhador modifica a tarefa induzida às especificidades da situação de trabalho, atualizando,

assim, a sua representação mental referente ao que deveria ser feito.

Análise da atividade

De acordo com Montmollin, (apud RODRIGUES, 2003), a atividade é o que se

faz realmente, enquanto a tarefa indica o que deve ser feito. Desse modo a atividade sugere o

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modo que o sujeito encontra para realizar as ordens fixadas.

De acordo com Santos et al. (1997), a atividade de trabalho é a mobilização total

do individuo para realizar a tarefa que é prescrita. Trata-se, então, da mobilização das funções

fisiológicas e psicológicas de um determinado individuo num determinado momento. O

estudo da atividade de trabalho é o centro da abordagem ergonômica. É a compreensão das

principais características da atividade de trabalho que permite á ergonomia elucidar, de um

lado, certos efeitos do trabalho sobre á saúde daqueles que o executam e, de outro lado, certas

características do desempenho, constituídas pelo resultado do trabalho.

Então, a análise da atividade, trata-se da análise dos comportamentos do trabalho:

posturas, ações, gestos, comunicações, direção do olhar, movimentos, verbalizações,

raciocínios, estratégias, resoluções de problemas, modos operativos, enfim tudo o que pode

ser observado ou inferido das condutas dos indivíduos.

2.3 Diagnóstico e recomendações em ergonomia

Segundo COUTO (1995), a biomecânica aplicada ao trabalho é, sem dúvida, a área

de maior aplicação prática da ergonomia em relação ao trabalho Nesta área, estuda-se a

coluna vertebral humana e a prevenção das lombalgias, as diversas posturas no trabalho e a

prevenção da fadiga e outras complicações, a mecânica dos membros superiores e as causas

de tenossinovites e outras lesões, e ainda estuda-se o que acontece com o ser humano quando

trabalha nas diversas posições.

Em geral, a ergonomia trata da prevenção da fadiga física. Neste caso, procura-se

entender a fundo por quê o trabalhador entra em fadiga e, a partir fato, a ergonomia propõe

regras capazes de diminuir ou compensar os fatores de tal sobrecarga. (COUTO, 1995)

ULBRICHT (2000, p.17) descreveu a fadiga como sendo “um estado criado por uma

atividade excessiva que deteriora o organismo e diminui sua capacidade funcional,

acompanhando-se por uma sensação de doença, englobando todo o ser psíquico e físico,

reduzindo a produtividade, a falta de prazer no trabalho e a diminuição do interesse pelo

lazer”.

De acordo com BAÚ (2002), a ergonomia (ou fatores humanos) é a disciplina

científica que trata da compreensão fundamental das interações entre os seres humanos e

outros elementos de um sistema, e da aplicação de métodos, teorias e dados apropriados para

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melhorar o bem-estar humano, e sobretudo, a performance dos sistemas. Ainda segundo a

autora, a ergonomia tem por objetivo analisar os padrões de comportamento: gestos, posturas,

verbalizações, comunicações e os processos mentais que os governam, os mecanismos

psicológicos que os afetam, as emoções que os influenciam, ou seja, todos os tipos de

fenômenos que ocorrem durante as atividades de trabalho.

A ergonomia utiliza o conhecimento de diversas ciências, visando ao melhor

entendimento dos efeitos do trabalho sobre nosso corpo e identifica características dos

métodos de trabalho que podem ter efeitos potenciais de estresse. Oferece-nos caminhos para

desenhar ou redesenhar processos e postos de trabalho, visando reduzir ou eliminar o

desconforto físico e a fadiga. A ergonomia está preocupada em fazer a interface entre homem-

máquina e homem-ambiente de maneira segura, eficiente e confortável, preocupando-se, em

primeiro plano, com a saúde do trabalhador e sua satisfação pelo trabalho; e, em segundo

plano, com o aumento da produtividade. Conforme PICOLI & GUASTELLI (2002), uma

tarefa que não está adequada pode causar desconforto físico, fadiga constante, olhos cansados,

dores, etc., onde tais sintomas são, na verdade, sinais de que algo não está bem e de que

alguma mudança deve ser feita, seja na disposição do mobiliário, na postura (seja estática ou

cinética), na quantidade e/ou na qualidade do trabalho executado.

Preocupada com o bem-estar e a qualidade de vida do homem, a ergonomia vem

ganhando espaço e direcionamento para melhores soluções do problema homem-máquina.

Porém, em atividades, como na odontologia, em que os movimentos são cíclicos, curtos e

repetitivos, somados a uma contração muscular isométrica (estática), por uso

biomecanicamente incorreto do corpo, devido a vícios posturais, são necessários mais do que

mobiliários ergonômicos para a boa execução das tarefas e prevenção dos distúrbios

osteomusculares, em decorrência da fadiga muscular. (ZILLI, 2002).

É de consenso que as más condições dos fatores ambientais e da organização do trabalho

contribuem para o desenvolvimento de doenças ocupacionais. Assim, é lógico pensar que os

princípios ergonômicos são amplamente utilizáveis e necessários para a prevenção desses

distúrbios. O que se preconiza não é apenas a implantação de uma ergonomia de concepção

ou de correção do posto de trabalho, mas, acima de tudo, uma ergonomia de conscientização,

na qual o trabalhador aprenda a portar-se de forma segura diante da situação de trabalho,

sabendo qual a que colocará em risco a sua saúde e segurança, bem como os procedimentos a

serem tomados para eliminar ou minimizar os riscos. A ginástica laboral, aliada à ergonomia,

vem se apresentando como a solução encontrada pelas empresas para lidar com as graves

conseqüências desse contexto, pois elas perceberam que a melhor saída para evitar doenças

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ocupacionais e acidentes de trabalho, gastos com licenças e baixa produtividade, decorrentes

da fadiga e desmotivação dos funcionários, é a prevenção desses quadros clínicos mediante a

educação no trabalho, que envolve a segurança e a boa qualidade de vida, associadas aos

objetivos da empresa, bem como a atividade física orientada por profissionais qualificados

(ZILLI, 2002).

2.4 A importância da Ergonomia na prevenção de Distúrbios Osteomusculares

relacionados ao Trabalho

A prevenção de DORT nas empresas depende de um conjunto de ações, de caráter

multidisciplinar nas quais o ergonomista tem muito a colaborar.

Stobbe (1996), afirma que os princípios ergonômicos são baseados na combinação

de ciência, engenharia e um completo entendimento das capacidades e limitações humanas.

Quando estes princípios são aplicados no projeto de um posto de trabalho, seja na tarefa no

processo ou no procedimento, a incidência de lesões musculoesqueléticas diminui.

Segundo Thompson e Phelps (1990), a conduta mais efetiva para se evitar as

LER/DORT, ainda continua sendo a prevenção. Mudanças de natureza ergonômica,

organizacional e comportamental podem reduzir ou eliminar essas lesões, e esta prevenção

diminuí mais a incidência de LER/DORT do que o tratamento médico.

Kroemer (1989), Bammer (1993), Higgs e Macckinnon (1995), enfatizam que as

más condições de trabalho favorecem o surgimento de distúrbios osteomusculares

relacionados ao trabalho e a aplicação de princípios ergonômicos é fundamental para reduzir

sua incidência.

Williams e Westmorland (1994) mencionaram também a importância atribuída

por diversos autores à implantação de medidas ergonômicas no local de trabalho para o

controle destas lesões. Acreditam na importância do envolvimento e participação dos

trabalhadores em programas de treinamento, a fim de tornar o local de trabalho mais saudável

e seguro.

Estes autores ressaltam a importância da participação dos trabalhadores para

levantar as condições de trabalho desfavoráveis, pois eles são os principais, envolvidos e tem

a percepção das inadequações de seus postos de trabalho, podendo assim contribuir muito nas

intervenções ergonômicas.

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Monteiro (1997), diz que o papel da ergonomia no sistema de produção visa a

contribuir mais efetivamente na transformação do trabalho, participando ativamente na

implantação de projetos ergonômicos que apontem modificações para os ambientes de

trabalho, proporcionando assim condições laborais, físicas e psicologicamente aceitáveis.

Almeida Carneiro e Pêgo (1998), também considera que é através da ergonomia

que se encontrará o mais eficaz instrumento preventivo para evitar as LER/DORT, contudo

salienta-se que a proposta ergonômica vai muito alem da prevenção.

2.5 Postura

De acordo com Vieira (apud MORAES, 2002), postura pode ser definida como

um alinhamento vertical, ou seja, os diferentes segmentos corporais (cabeça, tronco e pelve)

estão equilibrados uns sobre os outros e alinhados em relação ao fio de prumo. O peso

corporal se concentra principalmente sobre a estrutura óssea, exercendo um mínimo de

esforço e tensão dos músculos e ligamentos.

De acordo com Kendall, McCreary e Provance (1995), a postura do corpo humano

é composta das posições de todas as articulações do corpo em um dado momento, ou seja,

como o corpo apresenta-se no espaço. A postura pode, também, ser descrita em termos de

equilíbrio muscular - força ou fraqueza, encurtamento ou hiperalongamento de agonistas e

antagonistas - provocados por sobrecarga e tensão, desencadeando um desalinhamento da

postura corporal.

A postura corporal conforme Marcon (2004) descreveu em seu trabalho, pode ser

definida como a posição e a orientação espacial do corpo, no sentido global, e também de seus

membros relativamente uns aos outros. No caso da pesquisa realizada, a tarefa do operador de

escolha é realizada em pé e com pouca movimentação, sendo que tal condição é um fator que

acaba provocando dores lombares, cansaço ou adormecimento entre outros na sola dos pés,

como ressalta Volpi (2003), acrescentando ainda que, na falta de movimentos, descrita como

estaticidade postural, a circulação sangüínea é menor.

Durante a jornada de trabalho o homem que tem como característica a postura

vertical, muitas vezes adota posturas diferentes, e muitas vezes as mantém durante um longo

período.

Vieira (apud MORAES, 2002), afirma, que trabalhos que solicitam do homem a

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ação dos mesmos grupos musculares por meses ou anos a fio, constituem um campo fértil de

lesões.

Seguindo a mesma linha de pensamento Moraes (2002), descreve que o primeiro

sinal dessas lesões é a dor, que pode evoluir para retrações musculares, rigidez articular e à

adoção de posturas inadequadas. Ou seja, a dor é apenas o primeiro sinal do desconforto

corporal inicial que pode surgir e, dependendo do caso, até evoluir para uma doença

ocupacional. O uso repetido e forçado de grupos musculares, bem como a manutenção de

posturas inadequadas pode comprometer gradativamente a estrutura corporal de um indivíduo

que se submete a realizar atividades assim caracterizadas.

Existe, em termos didáticos, a chamada “Postura Padrão”, assim denominada por

necessidade de haver uma padronização ao avaliar o alinhamento postural. Este alinhamento

usado como padrão é consistente com princípios científicos válidos envolvendo uma

quantidade mínima de esforço e sobrecarga, conduzindo à eficiência máxima do corpo, isto é,

utilizando uma posição, seja estática ou dinâmica, com o menor gasto energético.

Para Magge (2002), a postura correta é, então, a posição na qual mínimo estresse é

aplicado sobre cada articulação. Se a postura for correta, mínima atividade muscular é

necessária para manter a posição. Já a postura defeituosa (incorreta) é aquela em que o

estresse sobre as articulações está aumentado.

Para Dul e Weerdmeester (1995), a postura é determinada pela natureza da tarefa

ou do posto de trabalho, podendo esta tarefa ser executada com o corpo na posição deitada,

sentada ou em pé. O trabalhador, por vezes, pode determinar em qual posição realizará sua

tarefa e, por vezes, esta tarefa lhe impõe determinadas posturas para que seja bem executada.

Na posição deitada, não há uma concentração em nenhuma parte do corpo,

consumindo um mínimo de energia, não provocando fadiga; na posição sentada, é exigida

uma atividade muscular do dorso e do ventre para manter esta posição; o consumo de energia

é de 3 a 10 % maior do que na posição horizontal. Já a posição em pé, parada, é altamente

fatigante porque exige muito trabalho estático da musculatura envolvida para manter esta

posição. Os trabalhos dinâmicos realizados na posição em pé geralmente provocam menos

fadiga do que aqueles realizados em posturas estáticas ou com pouca movimentação.

Projetos inadequados de máquinas ou de outros mobiliários, bem como modos

operatórios de trabalho, obrigam o trabalhador a adotar posturas inadequadas devido ao seu

compromisso em realizar suas tarefas e fazê-las assim como pode num dado momento, e este

é um compromisso complexo, segundo Guérin et al (2001). Se estas posturas forem mantidas

por tempo prolongado, podem provocar fortes dores dos grupos musculares responsáveis pela

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manutenção da determinada postura (IIDA, 1990). Contudo, se o tempo não for prolongado

mas o trabalhador colocar seu corpo em desvantagem biomecânica para realizar determinadas

tarefas, ou as realize de forma repetitiva, dor ou desconforto podem evidenciar-se.

Segundo Gonçalves (1998), no desempenho de qualquer atividade humana várias

posturas são adotadas, de acordo com a necessidade de força, velocidade e precisão dos gestos

que compõem cada atividade.

2.5.1 Postura em Pé

Para Bienfait (1999) quando o homem apoiou-se sobre os dois pés (postura

bípede), a função da pelve ficou mais complexa, sustentando o peso do corpo e tendo a coluna

vertebral como um grande distribuidor de forças. Com o ajustamento da pelve, o centro de

gravidade foi deslocado para trás, distribuindo o peso do corpo sobre os membros inferiores

assim proporcionando equilíbrio ao corpo.

Não havendo interferência no mecanismo de equilíbrio postural, a postura ereta

proporciona um melhor uso de energia pelos músculos que mantêm o corpo em pé,

permitindo-lhe executar movimentos de um modo mais econômico, pois nesta postura o

homem tem maior liberdade e capacidade de movimentos, um maior campo visual e

movimentos mais sutis com as mãos (GELB, 1987). Contudo, a interferência a que se refere o

autor pode traduzir-se em posturas estáticas ou posturas dinâmicas inadequadas para

determinada tarefa do trabalhador, provocando constrangimentos posturais, com conseqüente

desconforto ou dor músculo-esquelética.

Segundo Sell (2002), o corpo na posição em pé traduz uma postura mais fatigante

em relação às outras posturas, pois existe um grande trabalho estático da musculatura

mantenedora e uma maior solicitação energética do corpo. Uma pessoa pode estar na posição

deitada, sentada, em pé com a coluna retificada, ajoelhada ou agachada, ou em pé com o

tronco inclinado para frente. Nesta ordem, aumenta a solicitação energética do corpo devido à

posição adotada, conforme figura 2.

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Figura 2 – Aumento do consumo energético em relação à postura deitada.

Fonte: Sell (2002).

De acordo com Couto (1995), como posição de trabalho num posto fixo, durante

um período mais longo, a postura em pé apresenta alguns inconvenientes, como a fadiga dos

músculos da panturrilha e aparecimento de varizes, pois o volume de líquido que se acumula

nos membros inferiores em uma jornada de trabalho é bastante grande.

Estudos biomecânicos de Corlet e Bishop (1976) demonstram que na posição

inclinada em pé surge um momento (da física) devido ao deslocamento do centro de

gravidade para além do ponto de apoio dos pés no solo; e para equilibrar o corpo nesta

posição, há uma solicitação adicional dos músculos em torno das articulações do dorso, bem

como da coluna lombar, quadris, joelhos e tornozelos.

Em um posto de trabalho onde o trabalhador executa suas atividades em uma

postura em pé inclinada, segundo Iida (1990), uma dor aguda localizada é o primeiro “alerta”

de que algo não está indo bem. Com o passar dos dias, em alguns casos, ocorre uma

adaptação do organismo, sendo que os músculos se alongam e se fortalecem, reduzindo-se

gradativamente as dores. Mas se essa dor continuar, ou piorar, indica que essa adaptação do

organismo não ocorreu, podendo provocar conhecidas tendinites ou também inflamações

musculares, o que pode resultar em lesões estruturadas (permanentes).

2.5.1.1 Aspectos da Coluna Vertebral na Postura em Pé e Curvada

Para Watkins (2001), o movimento humano é produzido pelo sistema músculo-

esquelético, sob o controle do sistema nervoso. As forças geradas pelos músculos são

transmitidas para os ossos e para as articulações, possibilitando, assim uma postura ereta do

corpo, movendo-se voluntariamente. Biomecanicamente, o sistema músculo-esquelético é

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essencialmente um mecanismo gerador e transmissor de forças para contrapor os efeitos da

gravidade, permitindo movimentos desejados.

Biomecanicamente, este mesmo autor afirma que “sobrecarga” é a deformação de

um objeto ocorrendo em resposta a uma pressão. Portanto, de acordo com o autor, a postura

em pé, por si só, já representa uma sobrecarga, aumentando seu efeito sobre a coluna vertebral

conforme o tempo em que se permaneça em pé, e também conforme as forças que a coluna

esteja suportando, seja em movimento ou estaticamente. E esta sobrecarga certamente

aumenta, caso o indivíduo esteja realizando sua atividade em uma postura inadequada para

tal.

Em decorrência de movimentos excessivos, estáticos, ou ainda da falta de

movimentação das articulações vertebrais da coluna, com o tempo o corpo pode desenvolver

lesões ocupacionais e degenerações articulares (DVORÁK; DVORÁK, 1993).

Putz (apud COURY; LEO; OISHI, 1999), afirma que uns dos principais

responsáveis por iniciar uma lesão no sistema músculo-esquelético são os fatores

biomecânicos, pois repetições exageradas, posturas inadequadas, amplitudes de movimento

exacerbadas e uso de grande carga, juntamente ou não com fatores pessoais, organizacionais e

psicossociais, podem desencadear uma lesão, ou pelo menos desconforto e/ou dor, que podem

transtornar a atividade laboral humana.

Em 1993, Keyserling citado em Caffin (2001), demonstra que a flexão anterior do

tronco por tempo prolongado causa extremo nível de fadiga muscular na região lombar e

Hagberg (1982) demonstrou que movimentos repetitivos e elevação dos braços acima dos

ombros por tempo prolongado causam dor e fadiga muscular e em alguns casos, tendinites.

Godelieve (1995) e Kapandji (2000) explicam que uma sobrecarga imposta a

certas áreas da coluna vertebral pode ajudar a aumentar a incidência de degeneração nestes

locais, particularmente na articulação lombosacra, onde a coluna lombar flexível articula-se

com o osso Sacro fixo, de modo que, quando o peso do corpo é transferido da coluna para as

articulações sacro-ilíacas, uma força de cisalhamento é aplicada sobre a articulação

lombosacra, como demonstra a Figura 3, onde Fc = Força de Compressão; Fs = Força de

Cisalhamento e Fr = Força Resultante (peso).

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Figura 3 – Resultante do peso corporal na postura ereta.

Fonte: Hall (2000).

Watkins (2001), relata que deformação de um objeto (sobrecarga) ocorre em

resposta a uma pressão, Corrigan e Maitland (2000) afirmam que a postura em pé, associada

com anteriorização do corpo (flexão) ou torção do tronco (rotação), proporciona uma

sobrecarga na coluna vertebral. Estas alterações da normalidade articular na região lombar,

como exemplo, desencadeiam um esforço assimétrico e podem provocar degeneração precoce

do disco intervertebral, ocorrendo instabilidade vertebral por uma tensão nos ligamentos da

articulação facetária lombosacra, estando esta em um plano assimétrico, predispondo à perda

do movimento rítmico normal.

Chaffin (2001), desenvolveu modelos biomecânicos com a intenção de representar

os fenômenos cuja complexidade se reduz ao conhecimento do funcionamento dos

componentes das funções músculo-esqueléticas de um sistema biomecânico, avaliando

situações reais.

Neste modelo, a posição de dois segmentos, quando o indivíduo inclina o tronco

anteriormente (flexão) ou quando agacha para realizar o levantamento de um objeto, foi

determinada por dados que mostram que à medida que o tronco é fletido anteriormente, a

pelve auxilia no movimento após 20º a 30º, girando em uma proporção de aproximadamente

2º para cada 3º de flexão do tronco. Ao contrário, caso o joelho seja fletido, a pelve rota no

sentido anti-horário após aproximadamente 45º numa proporção de cerca de 1º para cada 3º

de flexão do joelho.

Este modelo demonstra que existe um risco potencial sobre a coluna vertebral de

trabalhadores quando estes elevam uma carga de maior peso mais próximo ao corpo, ou de

menor peso longe do corpo. Cabe aqui ressaltar que, se a carga for de maior peso longe do

corpo, maior ainda será esse risco e que, caso não exista carga a ser elevada, o movimento de

flexão do tronco citado no modelo já pode acarretar risco devido ao peso do corpo acima da

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pelve que é suportado ao realizar o movimento. A figura 4 representa esse modelo estudado,

apresentando as forças examinadas: cisalhamento (Fs) do disco intervertebral (L5-S1), força

de compressão do disco (Fc) e o momento resultante (que é a força multiplicada pela

distância), sendo em M1 maior que M2 devido à distância entre a carga (P) e o ponto de

encontro das forças atuantes (em L5-S1).

Figura 4 – Forças de reação em levantamento de peso.

Fonte: Chaffin (2001).

O ato de curvar a nuca para permitir a classificação visual do produto, pode vir a

provocar no operador uma série de tensionamentos em suas estruturas musculares de braços,

nuca e costas e como esse sistema é extremamente vascularizado recai sobre ele a

responsabilidade pela condução dos estímulos motores ao cérebro e vice-versa (figura 5).

Figura 5 – Região passível de dor causada pela inclinação constante da nuca

Fonte: Ramos 2002.

No que tange aos músculos das costas, que sustentam e protegem a coluna

vertebral, a contração contínua exigida promove longos períodos de tensionamentos, que por

sua vez, tardam a obter um relaxamento adequado, pois deve-se considerar o curto período de

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descanso entre uma jornada de trabalho e outra, de menos de 16 horas e preenchida com

deslocamento entre empresa e residência e principalmente pela ocupação da chamada “dupla

jornada de trabalho”. Em virtude da contínua jornada de trabalho, seja nas empresas ou em

atividades paralelas , as musculaturas passam a ser cada vez mais exigidas e tencionadas e

acabam por fim a pressionar a coluna vertebral , a mover-se de sua posição natural.

Os danos à coluna são classificados basicamente como lesões cervicais, dorsais e

lombares. Estas lesões, em muitos casos, são capazes de promover a invalidez permanente de

um trabalhador, eliminando movimentos naturais, perda de força e dor intensa com ou sem a

promoção de movimentos.

2.5.2 Postura no Trabalho

Knoplich (1986), afirma que a realização da tarefa no local do trabalho estabelece

um compromisso entre a adoção de uma postura e as exigências da tarefa a ser cumprida e,

para o trabalhador garantir o sucesso nesta realização, entre os meios que ele utiliza,

encontram-se as posturas e a movimentação.

Conforme Moraes (2002), postura e movimentos são fundamentais para a

realização da maioria das atividades, e interferem isoladamente ou associados a outros

componentes, na produtividade e na saúde dos trabalhadores.

A Academia Americana de Ortopedia (apud Moraes 2002) afirma que má postura

é aquela em que existe a falta de relacionamento, aqui entendido como equilíbrio de forças e

momentos, das várias partes corporais, que induz a um aumento da agressão às estruturas de

sustentação, o que resulta em equilíbrio menos eficiente do corpo sobre as suas bases de

suporte. Não podemos excluir os fatores mecânicos da má postura, relacionados com posições

inadequadas, repetidas, de trabalho ou repouso, e que conforme Knoplich (1986), com o

passar dos anos podem causar distúrbios músculo-esqueléticos.

Vieira (2000) reforça esta afirmação dizendo que trabalhos que solicitam do

homem a ação dos mesmos grupos musculares por meses ou anos a fio, constituem um campo

fértil de lesões. O primeiro sinal dessas lesões é a dor, que pode evoluir para retrações

musculares, rigidez articular e à adoção de posturas inadequadas. Ou seja, a dor é apenas o

primeiro sinal do desconforto corporal inicial que pode surgir e, dependendo do caso, até

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evoluir para uma doença ocupacional. O uso repetido e forçado de grupos musculares, bem

como a manutenção de posturas inadequadas pode comprometer gradativamente a estrutura

corporal de um indivíduo que se submete a realizar atividades assim caracterizadas.

Muitos estudos têm atribuído a dor lombar à postura ocupacional. Howorth (1946)

citado por Omino (1992), classificou a postura de trabalho em postura estática e postura

dinâmica, onde na postura estática a lombalgia pode ocorrer quando a região lombar é

constantemente sobrecarregada por longo período; enquanto que em postura dinâmica a dor

lombar pode ocorrer quando essa região é sobrecarregada por um período curto de tempo ou

solicitada repetidamente com sobrecarga. Para o autor, postura dinâmica foi definida como

uma postura em movimento, em ação ou em preparação para o movimento. Seu estudo

demonstrou que a postura dinâmica induz à lombalgia.

Quando a postura é mantida estaticamente por tempo prolongado, isto é, com

contrações isométricas e repetitivas, as fases de relaxamento muscular tornam-se muito curtas,

promovendo a fadiga muscular que pode ser detectada através da sensação de desconforto por

um estímulo irritante denominado dor muscular ou "isquemia" (CHAFFIN, 2001).

Concordando com Moraes (2002), torna-se importante analisar essas questões,

visto que as possíveis incidências de dor e desconforto não são originárias exclusivamente da

estrutura corporal do indivíduo, podendo tais problemas ter relação direta com o ambiente de

trabalho.

2.6 Fadiga Visual

A atividade do operador de escolha exige do ocupante do posto de trabalho a

contínua utilização da visão como componente vital para a efetividade da tarefa bem como

para a manutenção da qualidade exigida.

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Figura 6 – O olho humano

Fonte: Ramos 2002.

A utilização contínua da musculatura da visão próxima é fruto do trabalho

conjunto de toda a musculatura ocular, que pode vir a provocar, lacrimejamento, vermelhidão,

coceira, formigamento, olhos pesados, visão turva ou dupla, irritação com a claridade,

inclusive fora do trabalho. Os sintomas podem se estender a dores de cabeça (testa ou nuca),

enjôos e tonturas. Este processo normalmente é definido como fadiga visual, que ao final de

uma jornada de trabalho, influenciando inclusive a produtividade do trabalhador. Embora a

fadiga visual seja normalmente reversível, Brandiiller (1999) alerta que esse sintoma é um

forte sinal do esgotamento do trabalhador.

Ainda segundo Brandiiller (1999), a fadiga visual normalmente está atrelada ao

tipo de atividade exercida, implicando na posição necessária da cabeça para a perfeita

visualização do objeto de trabalho, nível de precisão, bem como da luminosidade oferecida ao

posto de trabalho, sombras que se formam e cores utilizadas, pois o sistema ocular funciona

como um mecanismo de adaptação à claridade, constituído por um disco com um orifício no

centro por onde entra a luz. No olho, essa função é realizada pela íris, o anel em torno da

pupila, que dá a cor aos olhos, alternando sua abertura em relação à demanda da claridade.

Através da observação da pupila, também é possível detectar o estado emocional

do trabalhador, pois a pupila apresenta comportamento típico de dilatação ao se defrontar com

emoções fortes (sustos, alegria, dor), concentração de pensamentos e atividades intensa

enquanto se contrai quando sonolenta e cansada. Estando a fadiga visual relacionada

diretamente com a qualidade e quantidade de luz oferecida no ambiente de trabalho, ressalta-

se que a NR-17 estipula como necessário a oferta de 500 Lux de iluminação para a adequada

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execução das atividades laborais.

2.7 Desconforto corporal e constrangimento postural

Qualquer indivíduo que segue um padrão de trabalho onde as atividades e tarefas

são “mal realizadas” em virtude da má adaptação do ambiente e da rotina de trabalho às

capacidades e características individuais, apresenta maiores chances de desencadear

desconfortos corporais e constrangimentos posturais.

Segundo IIda (1990), a atividade muscular muito intensa, o ritmo de produção do

ácido lático, como subproduto do metabolismo, é maior do que a capacidade do sistema

circulatório em removê-lo, provocando, então, um desequilíbrio, ocorrendo uma redução da

capacidade do músculo para realizar o trabalho, gerando fadiga muscular, podendo

posteriormente levar a dor.

De acordo com Watkins (2001), a fadiga muscular, devido ao acúmulo de

subprodutos do metabolismo como o ácido lático, resulta em dor. Entende-se que a

musculatura sobrecarregada pode desencadear fadiga não apenas sob efeito de um excesso de

carga a ela imposta, mas também por posturas inadequadas adotadas no trabalho, que

desencadeiam contrações musculares estáticas, prejudicando o adequado aporte sanguíneo

local e, como já citado anteriormente, resultando em dor.

De acordo com o autor acima, a percepção de dor varia entre os indivíduos por

influência de vários fatores como sexo, idade, nível cultural, nível de ansiedade, compreensão

ou motivação. Podendo a dor ser aguda ou crônica, muitas variáveis podem influenciar a

percepção e a interpretação de um estímulo doloroso, havendo diferenças dentro e entre os

indivíduos, as quais devem ser consideradas e controladas em qualquer experiência.

Segundo Comparin (apud MORAES, 2002) indivíduos que adotam

freqüentemente uma mesma posição corporal durante jornada de trabalho, podem gerar

alterações significativas no alinhamento corporal, além de apresentarem dor ou desconforto

na musculatura mais utilizada. O indivíduo acaba adquirindo vícios posturais, além de outros

problemas oriundos do trabalho. Estes, se não forem prevenidos ou amenizados com

informações sobre seu posto de trabalho e os riscos que o envolvem, afetam a médio e longo

prazo seu desempenho no cotidiano e na saúde e, por conseqüência, sua qualidade de vida.

Calliet (apud MORAES, 2002), seguindo a mesma linha de pensamento, diz que

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além da coluna vertebral ser bastante suscetível à incidência de problemas musculares e

distúrbios álgicos, a região cérvico-dorsal, as extremidades superiores e inferiores e demais

partes do sistema corporal também podem vir a sofrer com os problemas citados, já que estas

regiões estão compostas de numerosos tecidos moles: músculos, ligamentos, cápsulas

articulares e as próprias articulações com seus revestimentos cartilaginosos e líquido sinovial.

A maioria destes tecidos está concentrada em áreas sujeitas a sofrer numerosos movimentos,

tensões e deformações.

Segundo o mesmo autor, a dor pode se originar, principalmente pela redução do

aporte sangüíneo (isquemia) resultante da tensão muscular decorrente da manutenção de

determinada postura. As contrações mantidas por longos períodos podem acumular

catabólitos no tecido muscular e ao mesmo tempo prejudicar a irrigação intrínseca. A dor e a

hiperestesia podem ocorrer dentro da massa muscular, como resultado de uma contração,

aguda, repetida ou constante.

O trabalho estático é aquele que exige contração contínua de alguns músculos,

para manter uma determinada posição. O operador de escolha, por exemplo, que se mantém

de pé durante uma grande parte de sua jornada de trabalho, necessita de uma contração

continua dos músculos dorsais e dos membros inferiores, músculos dos ombros e do pescoço

para manter a cabeça inclinada para frente, músculos da mão para realizar o processo de

escolha e/ou classificação do material, e assim por diante.

Iida (1998), afirma que, quando um músculo está contraído, há um aumento da

pressão interna, o que provoca um estrangulamento dos capilares. Isso acontece com certa

facilidade porque as paredes dos capilares são muito finas e a pressão sanguínea nos músculos

é baixa. Conseqüentemente o sangue deixa de circular nos músculos contraídos quando estes

atingem 60 % da contração máxima.

Ainda segundo a mesma autora, a posição parada, em pé, é altamente fatigante

porque exige muito trabalho estático da musculatura envolvida para manter essa posição,

sendo que, o coração encontra maiores resistências para bombear sangue para os extremos do

corpo.

Para qualquer postura assumida, há pressão interna sobre os discos intervertebrais

da coluna vertebral e de acordo com o pesquisador sueco Nachemson (1974) citado por

Grandjean (1998), essa pressão se modifica em diferentes posições do corpo. Eles concluíram

que quando o indivíduo está sentado, a pressão nos discos intervertebrais é maior que na

postura em pé, explicado pela rotação posteriormente da bacia, provocando uma alteração na

biomecânica da coluna vertebral, produzindo uma cifose da região lombar, conduzindo a um

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aumento da pressão nos discos intervertebrais da coluna lombar.

O trabalho dinâmico para Grandjean (1998), é aquele que permite contrações e

relaxamento alternados dos músculos, assim, o músculo age como uma moto-bomba sobre o

sistema circulatório, aumentando a circulação sangüínea e favorecendo a retirada de resíduos

que causam a dor, sendo, portanto, o mais recomendado para a manutenção da integridade do

sistema osteomioarticular e da saúde do trabalhador. Este autor recomenda que quando não se

puder evitar o trabalho estático, que se possibilite a alternância de posições.

Gonçalves (apud MORAES, 2002) afirma que, quando se estabelece uma relação

de desequilíbrio entre as diversas partes do corpo, uma solicitação excessiva dos elementos de

apoio e uma diminuição do perfeito arranjo das estruturas corporais sobre a base de

sustentação, uma alteração postural começa a se estabelecer.

Alguns comprometimentos corporais e problemas típicos associados com

disfunções posturais são relatados por Kisner e Colby (1998), como:

• Diminuição da amplitude de movimento por desequilíbrio de flexibilidade;

• Tensão muscular e dor devido á sobrecarga em estruturas sensíveis;

• Diminuição na força e resistência à fadiga muscular por más posturas adotadas

ou ao desuso das mesmas;

• Estabilização inadequada do tronco e utilização precária do controle da coluna

vertebral, por desequilíbrios entre comprimento, força, resistência e

coordenação muscular;

• Incapacidade de manutenção da postura e prevenção da dor, por falta de

aplicação de uma biomecânica saudável para a coluna vertebral;

• Alteração do alinhamento e controles normais na percepção sinestésica pelos

hábitos posturais defeituosos prolongados;

• Diminuição da amplitude de movimento por desequilíbrio de flexibilidade.

Grandjean e Hünting (1977), concluíram que as altas resistências estáticas,

repetitivas e excessivas, aumentam o risco de processos inflamatórios ou degenerativos.

A postura corporal incorreta, segundo Amorin (apud MORAES, 2002), pode

provocar o desconforto da musculatura e a compensação de outros grupos musculares não

efetivos, o que compromete a segurança dos movimentos a serem realizados, prejudicando a

postura, perturbando o equilíbrio do alinhamento corporal, ocasionando desordem, dor e

lesões a curto, médio ou em longo prazo.

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A maneira de vida da população moderna conduz a desajustes musculares que

propiciam sobrecargas estruturais, especialmente na coluna vertebral, devido à imposição de

atividades especializadas e limitadas; sedentarismo e manutenção de posturas inadequadas,

por períodos prolongados. Fatores ambientais tal como projeto ergonômico deficiente da

maioria dos assentos disponíveis nos ambientes de trabalho, manutenção da postura em pé por

tempo prolongado, atividades de carregamento de carga proporcionando sobrecarga nas

estruturas da coluna.

Os maus hábitos posturais, muitas vezes, vindos da infância constituem-se em

uma das primeiras razões para o desenvolvimento das alterações não-funcionais nos tecidos

moles que circundam os segmentos espinhais. Quando certas posturas defeituosas são

mantidas por longos períodos de tempo, perde-se simultaneamente a capacidade de executar

certos movimentos. A negligência postural pode eventualmente induzir à disfunção

irreversível, resultando em uma perda permanente de movimento e função e possivelmente no

desenvolvimento de deformidade postural. O estiramento excessivo das estruturas que

envolvem a coluna vertebral (músculos e ligamentos) induz à deformação mecânica e resulta

em dor postural. Portanto, a fadiga ligamentar sucede a fadiga muscular (ROMANI, 2001).

O trabalhador que exerce suas funções em posturas desfavoráveis sente as

conseqüências do aumento da fadiga e em longo prazo, problemas funcionais graves. A ação

de levantar pesos não agride apenas a coluna, mas pode causar agressões ao sistema

locomotor; aumento de pressão intratorácica; aumento da pressão intracirculatória e fadiga

muscular (HYNE, 1994).

Chaitow (2001), relata que as sobrecargas posturais podem, com certa freqüência,

ser a causa da dor miofascial, que é definida como uma disfunção neuromuscular regional,

tendo como característica a presença de regiões sensíveis em bandas musculares contraturadas

e/ou tensas que produzem dor referida em áreas distantes ou adjacentes. E a atenuação do

quadro antálgico, favorece a diminuição do tônus muscular neurogênico, facilitando o

trabalho das fibras musculares tônicas facilitando assim as chamadas fibras musculares

posturais.

Uma seqüência de alterações por contração muscular sustentada, como ocorre nas

posturas mantidas por tempo prolongado, pode levar ao espasmo muscular, iniciada pela lesão

do tecido e pela dor dela resultante, promovendo uma série de reações produzindo a

incapacidade funcional (CAILLIET, 2001), demonstrada na Figura 7.

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Figura 7 – Alterações Orgânicas por Contração Muscular Sustentada

Fonte: Cailett, (2001)

O uso de uma abordagem baseada na compreensão da epidemiologia, ergonomia e

a educação da saúde, deve ser aplicado de forma preventiva, assegurando a eficiência para a

manutenção de uma postura correta ao longo de toda vida. O diagnóstico precoce, das

alterações posturais, é fator fundamental para prevenção de desconfortos corporais e

constrangimentos posturais.

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3 DELINEAMENTO DA PESQUISA

3.1 Tipo de pesquisa

3.1.1 Tipo de pesquisa quanto ao nível

Esta pesquisa foi classificada como sendo um estudo de campo, de natureza

descritiva exploratória, como se vê a seguir.

Para Gibson et al (1981), os métodos de pesquisa utilizados pelas ciências sociais

para o entendimento sobre o funcionamento das organizações, por eles chamados de designs

de pesquisa, podem ser classificados como: a) estudo de caso que procura examinar inúmeras

características ao longo de um amplo período de tempo; b) estudo de campo, utilizado para

pesquisar os acontecimentos ou as práticas correntes; e, c) experimentação que consiste em

manipular uma variável (variável independente) e observar ou medir os resultados (variável

dependente), mantidos os demais fatores constantes.

Neste sentido, portanto, este estudo pode ser considerado de campo, pois seu

objetivo foi analisar através de uma observação o ambiente e a atividade de trabalho do

operador de escolha para identificar possíveis desconfortos corporais e constrangimentos

posturais.

Este estudo é de natureza descritiva, conforme Richardson (1985), pois se propõe

a investigar o que é, ou seja, a descobrir as características de um fenômeno como tal. Neste

sentido, são considerados como objeto de estudo uma situação específica, um grupo ou

individuo.

Em uma pesquisa exploratória, é necessário que se escolha instrumentos,

aparelhos, materiais diversos ou documentos para que se possa realizar a tarefa de pesquisa.

Um levantamento bibliográfico deve ser realizado, buscando fontes e trabalhos

que dêem subsídios para que a correta interpretação dos fatos seja possível. Buscara-se nesta

pesquisa colher a maior quantidade de dados secundários possíveis para dar embasamento à

análise realizada posteriormente (CERVO, 1983).

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3.1.2 Tipo de pesquisa quanto à abordagem

De acordo com Moura (1998), os dados quantitativos são aqueles que se apresenta

ou podem ser diretamente convertidos para uma forma numérica, como por exemplo, os

registros provenientes de observações sistemáticas, as respostas a perguntas fechadas ou de

múltipla escolha de questionários, as respostas aos itens de testes e escalas.

Na metodologia de desenvolvimento do presente trabalho, foi utilizada a

abordagem de pesquisa quantitativa, pois seus dados poderão ser traduzidos em números,

além de opiniões e informações passíveis de classificação e análise, o que se traduz em caráter

quantitativo.

3.1.3 Tipo de pesquisa quanto ao tipo de procedimento utilizado na coleta de dados

Segundo Gil (1988), as pesquisas de levantamento se caracterizam pela

interrogação direta das pessoas, cujo comportamento se quer conhece. Basicamente procede

se a solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca de um problema

estudado para em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões,

correspondentes aos dados pesquisados.

Foi escolhido o tipo de procedimento levantamento, pois a pesquisa teve caráter

de interrogação direta dos profissionais operadores de escolha, através da aplicação de

questionário, escala, entre outros.

3.2 População/amostra

A população foi composta por 51 operadores de escolha, divididos entre os turnos

1 (6h às 14h), 2 (14h às 22h), 3 (22h às 6h) e o turno volante ( operador trabalha dois dias

em cada um desses turnos descritos), que atuam no setor escolha de uma indústria de

revestimentos cerâmicos , situada na cidade de Tubarão/ SC. Os critérios de inclusão

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estabelecidos pela amostra foram: ser operador do setor escolha dos turnos: ser operador do

setor escolha dos turnos: 1 (6h às 14h) e 2 (14h às 22h) e turno volante. Participaram da

amostra 20 operadores que se enquadraram aos critérios de inclusão estabelecidos, os demais

foram excluídos devido as situações especiais de afastamentos, férias e folgas no dia da

coleta.

3.3 Descrição da Empresa

Atualmente no Brasil, existem 94 empresas de cerâmica, com 117 unidades fabris.

Conforme pesquisas realizadas pela Anfacer citado por Gorini e Correa (1999), a empresa em

estudo está em 5º lugar entre as melhores cerâmicas.

A pesquisa foi realizada em uma indústria de revestimentos cerâmicos localizada

no município Tubarão do estado de Santa Catarina. Cerca de 600.000 m2 de pisos e

revestimentos cerâmicos são produzidos todo mês, 65% da sua produção fica para o mercado

Brasileiro os 35% restante são destinados a exportação.

A empresa possui um quadro de funcionários de 330 indivíduos distribuídos pelos

setores. Referindo-se a amostra em estudo, a empresa possui 51 funcionários divididos entre

os turnos 1 (6h às 14h), 2 (14h às 22h ), 3 (22h às 6h) e o turno volante (o operador volante é

aquele que trabalha dois dias em cada turno, para cumprir as atividades de outros operadores

que estão de folga).

O regime de trabalho é de 40 horas semanais, distribuídas em 6 dias consecutivos

e as folgas seguem a programação de tabelas de 6 dias de trabalho para 2 de folga.

O processo de fabricação tem seu inicio na seleção das matérias primas, que inclui

uma variedade de argilas, estas por sua vez são misturadas em um moinho, para formar uma

suspensão aquosa. O tempo de moagem varia de 3 a 10 horas dependendo do produto. Após, a

barbotina (produto) é transportada para o atomizador, que através do contato com a alta

temperatura interna, transforma-a em pó atomizado. Este pó e transportado para os silos, onde

ficam descansando em torno de 32 horas. Após descansar é transportado através de correias

para a prensa.

No processo de prensagem e secagem, a prensa faz de 12 a 15 prensagens por

minuto exercendo uma força sobre o pó, que está nos moldes. O produto prensado sai com 7%

de umidade, e passa para o secador, onde fica em média 1 hora e 20 minutos, saindo do

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mesmo com temperatura em torno de 110º. Após processo de secagem o produto segue para

esmaltação (decoração). Dessa fase, segue para o setor de fornos, aonde acontece à queima

para secar o acabamento, sendo que a temperatura se inicia em 400º e pode chegar a 1.200º.

Na saída do forno existe o “martelo” que mede a resistência da peça, se estiver abaixo da

resistência definida a peça é quebrada e cai num caixote de caco. Então, depois de queimado o

produto esta acabado, pronto para a classificação visual, dimensional e de espessura, que

acontece no setor escolha.

As tarefas descritas para serem realizadas durante a jornada de trabalho neste setor

são:

• Fazer a classificação visual das peças;

• Fazer a liberação dos produtos através da transferência interna do produto

(TIP’s);

• Manter a máquina com as embalagens para encaixotamento dos produtos;

• Manter os equipamentos limpos;

• Verificar a tonalidade das peças;

• Montar painéis de tonalidades;

• Montar os palets;

• Fazer o acompanhamento da classificação;

• Fazer a programação da legenda de impressão de identificação na embalagem;

• Manter o setor limpo e organizado;

• Seguir os procedimentos do setor.

Sendo que as atividades são desenvolvidas conforme descrição: as peças passam

por classificação visual e manual, sendo que em uma mão o operador utiliza uma baqueta, a

fim de bater na peça para verificar se a mesma possui trincas (conforme a qualidade do

produto o operador utiliza a baqueta de 1 a 5 vezes por peça) , e com a outra mão ele faz a

identificação da qualidade do produto em A, B ou C através de um pincel, se a peça não

apresentar-se dentro destes padrões de qualidade, o operador a joga num caixote de cacos

(figura 10). A atividade de classificação do produto é realizada durante 40 minutos, na

posição em pé (figura 8) ou sentado (figura 9), conforme preferência do operador.

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Figura 8 – Operador realizando classificação na postura em pé

Figura 9 – Operador realizando classificação na postura sentada

Figura 10 – Operador jogando peça no caixote para quebra

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Após este tempo vão para o processo de embalagem, onde sua atividade se

caracteriza por retirar o produto já embalado das correias e empilha-lo nos palets, neste

mesmo período o operador faz a liberação do produto através das transferência interna do

produto (TIP’s) e conforme o tempo organiza e mantém limpo seu espaço de trabalho, neste

processo ficam mais 40 minutos e retornam para a classificação, desta vez de outro produto,

fazendo assim rodízio com a finalidade de não se acostumarem com o mesmo produto,

prejudicando a qualidade de classificação.

Figura 11 – Operador realizando paletização manual com auxílio do paletizador

Figura 12 – Operador realizando paletização manual sem auxílio de paletizador

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Figura 13 – Operador realizando liberação do produto através da TIP

Os demais aspectos de classificação são feitos através de máquinas

computadorizadas. A máquina select line verifica: dimensional, empeno, bitola (P, M, G)

luneta e fora de esquadro. Nesta máquina os produtos são classificados em cinco classes.

Após classificados e paletizados os produtos são encaminhados para a expedição,

e de lá para o consumidor.

Figura 14 – Operador finalizando a paletização

As embalagens (caixas) possuem tamanhos e pisos diferenciados de acordo com o

produto produzido diariamente, a tabela abaixo apresenta a descrição das principais peças em

relação ao tamanho quantidade e peso de cada embalagem.

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Tabela 1 – Descrição das principais peças em relação ao tamanho quantidade e peso de cada embalagem

Tamanho da peça Quantidade por caixa Peso por caixa 34 x 34 cm 16 unidades 32,52 kg 41 x 41 cm 11 unidades 32,33 kg 47,5 x 47,5 cm 6 unidades 37,9 kg 47,5 x 70 cm 4 unidades 31 kg Fonte: Autora

Na figura 15, se pode visualizar o fluxograma do processo de produção.

Figura 15 – Fluxograma do processo de Produto Fonte: Autora

3.3 Instrumentos utilizados para coleta de dados

• Filmadora: marca Sony (DCR HC15, com lente zoom 640 X) fixada num

tripé, para análise “in loco” do local de trabalho;

• Câmera fotográfica digital: marca Olimpus, (D435/ 5.1 mega pixels ) para

registrar o operador de escolha no seu posto e posteriomente realizar avaliação

postural do mesmo.

• Televisor: CCE 29 polegadas (Color TV), para análise dos movimentos

executados durante a jornada de trabalho.

Matéria-Prima Preparação da Massa

Prensagem

Secagem Esmaltação Queima

Classificação Expedição

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• Balança antropométrica digital: da marca Filizola, permite medidas com

precisão de 100 Kg. Utilizada para determinação do peso corporal total.

• Questionário: (semi-estruturado) constituído de questões fechadas,

previamente testadas quanto à validade e clareza, foi desenvolvido

especialmente para este estudo, com o objetivo de levantar dados específicos e

relevantes à pesquisa, relacionados a hábitos de vida, escolaridade, saúde,

condições de trabalho, desconforto corporal e constrangimento postural,

conforme anexo A.

• Escala de desconforto para as diferentes partes do corpo: escala de

desconforto adaptada de Iida (2000) por Moraes (2002) consiste em graduar o

nível de desconforto manifesto sob a forma de dor em cada parte do corpo,

numa escala representada por cores, sendo: “verde” nenhuma dor; “amarelo”

dor suportável: dor que caracteriza-se como um leve desconforto, consegue-se

trabalhar mesmo sentindo-a; “alaranjado” dor intensa: dor forte que obriga o

trabalhador por alguns instante parar o trabalho manter-se em repouso ou

mudar de posição para aliviar a dor possibilitando depois continuar o trabalho e

“vermelho” dor insuportável: caracteriza a incapacidade de continuar o trabalho

obrigando-o a parar. A escala divide o corpo humano em segmentos e, para

cada um deles, registrou-se o nível de desconforto relatado subjetivamente

através da escala ao final de um período de trabalho, conforme figura 16.

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Figura 16 – Escala de desconforto para as diferentes partes do corpo.

• Termo de consentimento livre e esclarecido: padronizado pelo Comitê de

Ética em Pesquisa (CEP).

• Teste de Adams: foi realizado para a identificação de possíveis rotações das

vértebras, as quais repercutem no posicionamento, no eixo longitudinal, das

costelas com que se articulam. Este posicionamento em rotação das costelas

origina uma gibosidade. Esta gibosidade pode ser observada através do teste de

Adams, que é realizado com o indivíduo em posição ortostática com os pés

unidos, fletindo- se o tronco anteriormente com os joelhos em extensão. Os

braços devem manter pendentes, colocando-se as palmas das mãos entre os

joelhos (BONETTI, 1997). O avaliador deve posicionar-se posteriormente ao

indivíduo avaliado e observar a presença de uma proeminência torácica

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assimétrica em um dos hemicorpos no plano frontal.

• Prancha de postura: tábua de madeira compensada de 60cm x 60cm na qual

são desenhadas as impressões dos pés. Durante a avaliação, o indivíduo fica

sobre a prancha postural com os pés na posição indicada pelas impressões

podálicas.

• Banco de Wells: peça de madeira compensada de 61 X 20 cm, com linhas

horizontais desenhadas com intervalo de 1,3 cm, usado para a tomada da

medida de flexibilidade. A base da escala é feita de tábua de 27,94 cm colocada

sobre a borda com uma fita métrica para possibilitar a graduação do teste.

• Teste de flexibilidade, sentar e alcançar: na posição sentada colocam-se os

pés na parede do Banco de Wells, com os joelhos em extensão total e as mãos

unidas a frente, num movimento único sem compensações, realiza a flexão total

do tronco sobre a escala. A partir do valor inicial a distância máxima alcançada

é registrada como a medida de flexibilidade. Para maior fidedignidade do teste

realiza-se o procedimento três vezes consecutivo (MATHEWS, 1986).

• Fita métrica: de uso doméstico para mensuração de distâncias durante o teste

de dedo médio chão (finger floor).

• Observação direta: permite a análise de fenômenos “in loco” e a detecção de

situações não previstas pelos demais instrumentos da coleta e, ao mesmo

tempo, propicia a análise de dicotomias ou contradições eventualmente

surgidas.

3.4 Procedimentos utilizados na coleta de dados

A pesquisa foi desenvolvida em duas etapas diferenciadas, a 1ª etapa tratou do

levantamento e observação do posto de trabalho, realizando filmagens e observações

sistemáticas das atividades em situação real. Com estes registros foi possível obter uma

primeira idéia da situação de trabalho. O objetivo desta fase da pesquisa foi coletar dados

sobre as posturas assumidas durante a execução da tarefa, para posteriores estudos sobre o

posto de trabalho. Em seguida, elaborou-se o questionário visando coletar dados pessoais e

específicos que permitissem compreender o desenvolvimento das atividades de trabalho,

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principalmente características que não são facilmente observáveis e as dificuldades

encontradas na realização da tarefa. A 2ª etapa foi à avaliação do trabalhador, realizada na

própria empresa em sala previamente selecionada e preparada onde foram realizados os

seguintes procedimentos na respectiva ordem: registro de consentimento do avaliado (anexo

B), aplicação do questionário (anexo C) e escala de desconforto (anexo D), medição e

pesagem, marcação dos pontos anatômicos, posicionamento do trabalhador para avaliação e

registro fotográfico, por fim aplicação do protocolo de avaliação postural (anexo E) .

Para realização da avaliação postural foi preciso organização do ambiente de

forma que o participante realizasse os procedimentos no menor tempo possível sem que com

isso houvesse interferência nos resultados e no seu horário de trabalho. Na avaliação postural

estática optou-se em utilizar o registro fotográfico em posição ortostática, nos planos frontal e

sagital para subseqüente análise. Utilizou-se de fundo um pano preto sem brilho, no solo uma

prancha de 60cm X 60cm, que possuía demarcação correta para a colocação dos pés nas três

posições. À frente e na lateral posicionado e nivelado utilizou-se o fio de prumo como

referência para o alinhamento.

A avaliação foi realizada com o participante vestindo apenas sunga ou calção e

maio ou biquíni, possibilitando a visualização completa das estruturas musculares, bem como,

dos pontos anatômicos demarcados com adesivos. Para identificação do participante na

análise posterior dos dados utilizou-se o número do protocolo individual. A máquina

fotográfica fixa a um suporte em tripé foi posicionada a uma distância de 3 metros do plano

de análise. Associada a avaliação postural, realizou-se o teste de Adams para verificação da

existência de gibosidade e o teste de flexibilidade utilizando o Banco de Wells.

Para a análise da postura utilizou-se o programa Corel Draw 12, e os princípios de

Kendall, McCreary, Provance, 1995.

3.5 Procedimentos estátisticos

Utilizou-se estatística descritiva para determinar média e desvio padrão das

variáveis quantitativas e análise percentual (BUSSACOS 1997).

Foram elaboradas tabelas e gráficos indicando resultados de cada item analisado.

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3.6 Controle de erros

Quanto da aplicação do questionário e da escala de desconforto, tentou-se

eliminar os erros que por ventura pudessem ocorrer por falta de entendimento ou interpretação

do instrumento por parte do participante, orientando e explicando quando necessário o seu

preenchimento.

Para a coleta dos dados uma equipe de acadêmicos e profissionais de fisioterapia

foram treinados para a realização dos testes, cada um realizou uma função específica

prevenindo possíveis erros humanos, principalmente durante a avaliação postural, na

demarcação dos pontos anatômicos e no posicionamento do participante para registro

fotográfico.

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4 DISCUSSÃO E RESULTADOS

4.1 Caracterização dos sujeitos

A amostra foi composta por 20 funcionários do setor escolha, com idade média de

28,4 anos (± 8,54), com média de 5,22 (±5,08) de tempo de trabalho na empresa em estudo

representando 39,21% dos funcionários do setor em estudo.

Tabela 2 – População, amostra e média de idade dos funcionários do setor em estudo

População Amostra Representatividade Funcionários 51 20 39,21% Idade 28,4 (± 8,54)

Quanto ao grau de instrução observou-se que todos cursaram o segundo grau,

porém 10% não concluíram (figura 17).

10%

90%

2 grau incompleto

2 grau completo

Figura 17 – Grau de escolaridade dos operadores de escolha

Baseado nestes dados, percebemos que a empresa prioriza a educação, pois a

mesma atualmente exige como requisito básico ter cursado o segundo grau para integrar seu

quadro de funcionários, sendo que os 10% dos operadores que não concluíram o segundo grau

são funcionários antigos, que tem o incentivo da empresa para a conclusão. Além disso, a

empresa conta com programas de capacitação no próprio local de trabalho, com mini-cursos

enfatizando assuntos relacionados às funções desempenhadas por cada um. Portanto, este fato

constitui-se de grande importância quando se pensa em condições para orientações

ergonômicas no local de trabalho.

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4.2 Condições de trabalho

De acordo com a definição dos turnos, 55% da amostra trabalham no turno 2 (14h

às 22h), 40% no turno 1 (6h às 14h) e apenas 1 funcionário caracterizando 5% trabalha no

turno volante (o operador volante é aquele que trabalha dois dias em cada turno, para cumprir

as atividades de outros operadores que estão de folga).

55%

40%

5%

turno 2 (14 às 22 h)

turno 1 (6 às 14 h)

turno volante

Figura 18 – Turno de trabalho dos operadores selecionados

A dupla jornada de trabalho na condição sócio-econômica brasileira é uma

realidade entre os trabalhadores, no caso desta amostra 95% dos operadores realizam hora

extra, e 10% afirmaram realizar alguma atividade paralela ao trabalho, sendo que esta

condição pode ser um dos indicadores para a presença de desconforto corporal.

A satisfação no trabalho tem importância fundamental na relação “saúde-

trabalho”. De acordo com Dejours (1992), a organização do trabalho, exerce sobre o homem

uma ação específica, cujo impacto é o aparelho psíquico. O sofrimento mental começa quando

o homem, no trabalho, já não pode fazer nenhuma modificação na sua tarefa no sentido de

torná-la conforme as suas necessidades fisiológicas e a seus desejos psicológicos, isto é,

quando a relação homem trabalho é bloqueada.

O ritmo de trabalho foi considerado por 50% dos operadores normal, conforme

figura 19.

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50%

40%

10%

normal

rápido

muito rápido

Figura 19 – Ritmo de trabalho dos operadores

Quando se questionou sobre as pausas ou intervalos realizados durante a jornada

de trabalho, todos afirmaram terem pausas de aproximadamente 30 minutos para o lanche,

mais os intervalos para ir ao banheiro ou tomar água conforme necessidade própria.

Para Grandjean (1998), a pausa não é só uma necessidade vital do corpo, mas

também é fundamental para a manutenção ou recuperação das condições mentais, alteradas

nos trabalhos que exigem muito do sistema nervoso.

Em relação às exigências do trabalho realizado pelo operador, concluiu-se através

da análise da figura 25, que 85% acreditam estar em boas condições mentais e 90% acreditam

estar em boas condições físicas.

55%

60%

35%

25%

10%

15%

exigências físicas

exigênciasmentais

muito boa boa moderada

Figura 20 – Exigências mentais e físicas na jornada de trabalho

Conforme os dados coletados, concluiu-se que a maioria dos operadores possuem

boas condições físicas e mentais para enfrentar diariamente as exigências impostas pela sua

jornada de trabalho. Apesar de a maioria relatar um ritmo normal, somente 30% relatou estar

fisicamente bem após um dia de trabalho, enquanto que 45% relataram sentir-se pouco

cansado, 20% cansado e 5% muito cansado, conforme figura 20.

Com relação a como se sentem mentalmente após a jornada os dados coletados

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foram os seguintes, 65% afirmaram sentir-se bem após a jornada de trabalho, 20% pouco

cansado e 15% cansado, conforme figura 21.

45%

65%

30%

20%

20%

15%

5%

fisicamente

mentalmente

bem pouco cansado cansado muito cansado

Figura 21– Como se sentem mentalmente e fisicamente após jornada de trabalho

Para Rio e Pires (2001), o cansaço é um mecanismo de proteção contra cargas de

atividade acima de certos limites (...). A sensação subjetiva de cansaço é o principal sintoma

de fadiga, que pode inibir as atividades até quase paralisá-las. O que nos leva a concluir que

tarefas realizadas, às vezes, de modo inadequado e desconfortável, a manutenção de uma

postura na maior parte do dia, carga excessiva de trabalho e pausas insuficientes ou mal

programadas, acabam originando condições de trabalho desfavoráveis em detrimento à sua

saúde.

Quando questionados sobre as condições do posto de trabalho especificamente em

relação à temperatura, ventilação e espaço os dados registraram a média de 53% para

condições adequadas, 45% satisfatória e 2% inadequado, conforme figura 22.

80%

50%

65%

20%

50%

30%5%

espaço

ventilação

temperatura

adequado satisfatório inadequado

Figura 22 – Condições do ambiente de trabalho

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Após análise do posto de trabalho em relação ao assento utilizado durante a

classificação visual das peças e a montagem dos palets, observou-se que 67,5% afirmaram ser

adequado, 25% satisfatório e 7,5% inadequado (figura 23).

65%

70%

25%

25%

10%

5%

montagem dospalets

assento

adequado satisfatório inadequado

Figura 23 – Condições em relação à montagem dos palets e assento utilizado durante classificação

Os dados registrados sobre as condições do posto de trabalho, apontaram não

haver nenhum problema significativo, o que pode ser observado na tabela 3 através do grau de

satisfação dos operadores.

Tabela 3 – Nível de satisfação dos operadores com as condições do posto de trabalho

Nível de satisfação N % Satisfeito 12 60% Poderia melhorar 8 40% TOTAL 20 100%

No geral, 60% sentem-se satisfeitos com as condições do posto de trabalho. Este

dado pode estar relacionado às inovações ocorridas no posto de trabalho proporcionadas pelos

avanços tecnológicos e que estão sendo adotadas pela empresa, proporcionando segurança e

maiores condições de adaptação do posto ao operador.

Apesar dos avanços da ergonomia, os operadores ainda enfrentam algumas

situações que ocasionam desconforto, que conforme Grandjean (1998) (apud MORAES,

2002), isso pode estar relacionado às limitações existentes nas medidas antropométricas,

tendo que utilizar os limites de confiança, que são feitos para uma média populacional

geralmente estrangeira e que não atendem às pessoas de tamanho fora do padrão.

Os postos atuais não suprem totalmente as necessidades, pois não estão ajustados

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corretamente ao trabalhador. Isto requer harmonia em todos os aspectos ergonômicos. Para

Santos (1998), é preciso que existam postos de trabalho em que se encontrem integrados todas

as exigências ergonômicas.

Bons projetos com medidas e informações adequadas facilitam a adaptação do

posto e ao mesmo tempo asseguram boa postura e previnem o aumento dos riscos de

desconforto no operador, desde que ele também utilize adequadamente o posto, pois o que

também precisa melhorar são as propostas que pensam na questão do homem como um todo.

Após análise do relacionamento do operador de escolha com os colegas verificou-

se que 70% afirmaram ter ótima relação entre eles e 30% afirmaram apresentar boa relação.

Quanto às ordens e orientações da chefia, conforme dados registrados na figura

24, 80% dão sugestões para realização do trabalho e 20% obedecem sem questionar. A forma

como o trabalhador recebe as orientações da chefia demonstra a maneira como considera o

trabalho, sua disposição e motivação para realizá-lo, como também seu nível de instrução

influência no relacionamento e principalmente na sua participação.

Conforme Borges & Jardim (1997), um trabalho no qual a pessoa não gosta do

que faz, precisando realizar tarefas em ritmo acelerado, exigindo pouco ou muito de suas

capacidades, submetendo-se a problema inter-relacionais com superiores, pode levar ao

estresse e à loucura. Dejours (1992), enfatiza que os problemas organizacionais e de

relacionamento contribuem para as tensões no ambiente de trabalho e menciona, ainda, que

“até indivíduos dotados de uma sólida estrutura psíquica podem ser vítimas de uma paralisia

mental induzida pela organização do trabalho”.

80%

20%

tenta darsugestões

obedecer e nãoquestiona

Figura 24 – Relacionamento com a chefia

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4.3 Condições de saúde

Se tratando do estado de saúde 40% dos operadores classificam seu estado de

saúde excelente, 50% classificaram como bom e somente 10% consideraram seu estado se

saúde regular, conforme figura 25.

10%

50%

40%

regular

bom

excelente

Figura 25 – Condição atual de saúde dos operadores

A amostra apresentou estatura média de 169,5 cm (± 8,33) e massa corporal média

67,68 kg (±8,64). O índice de massa corporal (IMC), que representa a razão entre a massa

corporal e o quadrado da estatura, apresentou valor médio de 23,62 kg/ m2 (±3,29). Com estes

resultados pode-se observar que segundo a classificação da OMS, em relação ao IMC citado

por Nahas (2001), 70 % estão dentro do limite adequado, 25% apresentaram sobrepeso e

apenas um indivíduo obesidade I, conforme se observa na tabela 4.

Tabela 4 – Classificação do IMC da amostra segundo os indicadores da OMS

OMS AMOSTRA IMC Baixo peso IMC < 18,4 Normal 14 (70%) IMC 18,5 – 24,9 Sobrepeso 5 (25%) IMC 25 – 29,9 Obesidade I 1 (5%) IMC 30 – 34,9 Obesidade II IMC 35 – 39,9 Obesidade III IMC > 40 Fonte: Nahas, 2001.

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70%

25%

5%

normal

sobrepeso

obeso

Figura 26 – Índice de massa corporal

Observou-se que grande parte da amostra apresentou-se normal (figura 26), o que

pode estar relacionado com a realização da atividade física regular praticada pelos operadores.

A prática da atividade física regular, em intensidades moderada, de forma

contínua ou acumulada, mesmo não promovendo mudanças nos níveis de aptidão física, tem

se mostrado benéfica na redução do risco de diversas doenças American Heart Association

(apud NAHAS, 1997).

Segundo Pollock e Wilmore (1993), aos baixos índices de atividade física aliados

à redução da força, da resistência muscular e da flexibilidade, bem como acúmulo de gordura,

ocasiona um sobrepeso adicional.

Quanto ao teste de flexibilidade, conforme valores da avaliação do teste de sentar-

alcançar, utilizado por Nahas (2001) adaptado de Nieman (1990), a média do grupo foi de

44,68 cm (± 9,14), onde a maioria dos sujeitos apresentaram valores considerados normais

para a faixa etária. Para Nahas (2001), as pessoas com boa flexibilidade movem-se com mais

facilidade e tendem a sofrer menos desconfortos, lesões musculares e articulares,

particularmente na região lombar.

Referindo-se ao estilo de vida, em relação a prática de atividade física regular, os

indivíduos mais ativos normalmente têm se mostrado mais flexíveis do que os indivíduos

menos ativos (POLLOCK & WILMORE, 1993; NAHAS, 2001; WEINECK, 1991;

ACHOUR JÚNIOR, 1995; MOFFATT, 1994). Para Hall (1993), isto se deve a um possível

encurtamento dos tecidos colágenos, tornando-os rígidos e consequentemente reduzindo sua

capacidade de elasticidade devido a falta atividade física regular.

Sendo assim, a relação entre flexibilidade e estilo de vida ativo, parece não ser

uma relação de causa - efeito (indivíduo ativo - indivíduo flexível), e sim, dependente da

amplitude dos movimentos realizados nas atividades. (POLLOCK & WILMORE, 1993).

Em um estudo realizado por Reis, Moro e Contijo (2002), onde foi aplicado para

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65

um grupo de trabalhadores ginástica laboral, todos apresentaram melhora nos níveis de

flexibilidade, confirmando que, mesmo durante o trabalho, com alongamentos passivos e

compensatórios, consegue-se melhorar o nível de flexibilidade e assim contribuir para a

melhora da qualidade de vida do trabalhador.

Os dados que relataram queixas de cãibras e formigamentos apresentaram os

seguintes valores: 90% afirmaram não apresentar cãibras e formigamentos e 10% afirmaram

apresentar durante a noite, conforme figura 27.

90%

10%

90%

10%

não apresentam

durante a noite

cãibras formigamento

Figura 27 – Presença de cãibras e formigamento

Segundo Fox e Matheus (1991), uma determinada postura de trabalho mantida por

tempo prolongado, pode levar a uma contínua tensão dos músculos, gerando distúrbios

circulatórios e metabólicos.

A dor pode se originar, principalmente pela redução local do aporte sangüíneo

resultante da tensão muscular decorrente da manutenção de determinada postura. As

contrações mantidas por longos períodos podem acumular catabólitos no tecido muscular e ao

mesmo tempo prejudicar a irrigação intrínseca.

Conforme pode ser constatado através da análise da figura 28, 60% dos

operadores dizem ter sinais dolorosos que surgem da realização e execução de suas tarefas

diárias e 40% não apresentam dor em função do trabalho.

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66

40%

60%

sim

não

Figura 28 – Incidência de dores nos operadores

Mesmo com a presença de sinais dolorosos os dados nos mostram que apenas 5%

da amostra já foram afastados do trabalho em função da dor.

Parece ser pouco expressivo esse valor, mas se associarmos a população ou ao

universo dos operadores, isto pode gerar valores significativos com custos relevantes para as

empresas, pois causa a redução no número de horas trabalhadas, devido à ausência no

trabalho por períodos de tempo considerável, o que provoca uma perda na produtividade e na

qualidade do serviço (DE VITTA, 1996).

Quando questionados com relação ao sono, 60% afirmaram conseguir dormir

bem, 35% afirmaram conseguir dormir bem a maioria das noites e somente 5% apresentou

dificuldade para dormir bem (figura 29).

60%

35%

5%

sempre

a maioria dasnoites

tem dificuldadepara dormir bem

Figura 29 – Qualidade do sono dos operadores

Com relação ao questionamento se adoeciam com freqüência, nenhum indivíduo

relatou ter se ausentado do trabalho por motivo de doença.

A figura 30 demonstra que, 65% afirmaram apresentar algum tipo de problema de

saúde, como: 25% coluna, 15% estresse, 10% varizes e 10% relataram outros tipos de

problemas como dores de cabeça e reumatismo (não especificado), 35% dos operadores

afirmaram não ter nenhum problema de saúde, o que pode ser comparado com os dados

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67

encontrados por Rodrigues (2003), em sua pesquisa com operadores de cerâmica, onde

25,48% de sua amostra também relataram problemas de coluna.

Apesar dos dados sobre a condição de saúde caracterizar-se em bom, vários

operadores apontam alguns problemas de saúde de forma significativa. Isso pode estar

relacionado ao fato de não se dar a devida atenção à saúde e considerar esses problemas como

“normais”.

10%

25%

5%

15%

10%

varizes

coluna

gastrite

estresse

outros

Figura 30 – Principais problemas de saúde relatados pelos operadores

Nos estudos de Maxwell (1992), quando adotamos uma postura com sobrecarga

para a coluna vertebral ocorre que a fibra muscular que sofre esta sobrecarga reduz o seu

comprimento, em caso de uma postura mantida inadequadamente ou por um tempo

prolongado, associado à perda de extensibilidade devido às alterações no tecido conjuntivo.

Isso predispõe diminuição da amplitude articular, redução da força máxima de contração e

desconforto e/ou dor, com possível lesão associada.

De acordo com Lipp (1990) e Delboni (1996), dentre outros, o estresse pode ser

originado a partir de fontes externas ou internas. As externas são aquelas representadas pelo

que nos acontece na vida (acidentes, demissão) ou pelas pessoas com as quais nos

relacionamos (familiares colegas de trabalho). As causas internas são aquelas relacionadas ao

nosso tipo de personalidade e ao modo como reagimos à vida, referem-se à visão que temos

de mundo, às nossas crenças e valores morais.

Conforme Santos e Dutra (2001), o possível aparecimento de varizes é devido ao

aumento que existe, na postura em pé, da pressão hidrostática do sangue nas veias das pernas,

acumulando líquidos tissulares e promovendo a dilatação das veias, com fadiga dos músculos

da panturrilha e edema tecidual do tornozelo. Com isso, verifica-se que os trabalhadores que

executam suas atividades na posição em pé estão sujeitos a alterações fisiológicas ou

anatômicas e desconforto ou dor muscular quando esta postura é mais estática, ou quando sua

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68

movimentação no local de trabalho é reduzida.

A prática de atividade física pode ser considerada um componente importante,

para prevenir as doenças hipocinéticas, através da promoção da saúde, objetivando a

qualidade de vida, resgatando um estilo de vida mais ativo e saudável, propiciando maior

integração e produtividade. A atividade física está associada a maior capacidade física e

mental, mais entusiasmo para a vida e positiva sensação de bem-estar, pois segundo Nahas

(2001), poucas coisas na vida são mais importantes do que a saúde. E poucas coisas são tão

essenciais para a saúde e o bem-estar como a atividade física.

A inatividade física (assim como a hipertensão, a dislipidemia e o fumo) é

considerada um fator de risco para as doenças coronarianas. Berlin & Colditz (1990) e

Powell et al. (1987), demonstraram que os sedentários em comparação aos indivíduos regular

e moderadamente ativos, apresentam aproximadamente o dobro de chances (Risco

Relativo=1,9) de sofrerem um ataque cardíaco, independente de outros fatores de risco.

No geral, 80% afirmaram praticar algum tipo de atividade física, destes 35%

praticam uma vez por semana, 20% duas vezes por semana, 20% três vezes por semana e 5%

quatro vezes por semana, 20% não praticam nenhuma atividade física.

A figura 31 apresenta a freqüência da prática de atividade física semanal.

Figura 31 – Freqüência de atividade física dos operadores

Alguns autores apontam que a atividade física é uma das responsáveis pela

melhora da qualidade de vida de indivíduos ativos e que a inatividade física pode ser um dos

fatores predisponentes do aumento do IMC, encurtamentos e diminuição da flexibilidade.

Neste estudo pode-se comprovar que os operadores que apresentaram sobrepeso

indicaram valores menores no teste de flexibilidade.

Quando questionados sobre a atividade que lhe causam maior desconforto, 50%

assinalaram ficar de pé, quando muito caminha de um lado para o outro, 25% realizar

35%

20%

20%

5%

20%

1 vez por semana

2 vezes porsemana

3 vezes porsemana

4 vezes porsemana

inativos

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69

atividade físicas intensas e trabalho pesado como transporte de cargas, 5% na maior parte do

dia realizar atividades que requerem movimentação constante e 20% afirmou que nenhuma

das atividades descritas lhe causam desconforto (figura 32).

50%

5%

25%

20%

ficar de pé quando muito caminha deum lado para outro

executar tarefas que requeremmovimentação constante

realizar atividades fisícas intensas etransporte de cargas

nenhuma delas

Figura 32 – Atividades que causam maior desconforto para o operador

Desde que não haja interferência no mecanismo de equilíbrio postural, a postura

ereta proporciona um melhor uso de energia pelos músculos que mantêm o corpo em pé,

permitindo-lhe executar movimentos de um modo mais econômico, pois nesta postura o

homem tem maior liberdade e capacidade de movimentos, um maior campo visual e

movimentos mais sutis com as mãos (GELB, 1987). Contudo, a interferência a que se refere o

autor pode traduzir-se em posturas estáticas ou posturas dinâmicas inadequadas para

determinada tarefa do trabalhador, provocando constrangimentos posturais, com conseqüente

desconforto ou dor músculo-esquelética.

Moraes e Mont’Alvão (1998) relatam que, quando os trabalhadores se posicionam

de maneira incorreta ou manuseiam equipamentos mal projetados, ou ainda executam seus

movimentos repetitivamente, podem lesar gradativamente determinadas regiões do corpo.

Aqui, ressalta-se a atividade do operador de escolha.

Avaliando os dados da figura 36 concluiu-se que o somatório das ações e atitudes

estáticas e dinâmicas do operador durante sua jornada de trabalho e a manutenção das

posturas de trabalho são mecanismos que desencadeiam as disfunções do sistema corporal,

posteriormente causam desalinhamento e desequilíbrio deste sistema.

A gibosidade pode ser um desses mecanismos, pois é uma alteração da

musculatura paravertebral, podendo surgir em pontos específicos, neste caso, 45%

apresentaram gibosidade dorsal à direita.

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70

35%

45%

15%

5%

gibosidadeesquerda

gibosidade direita

normal

não foi possívelobservar

Figura 33 – Resultado do teste para verificação da presença de gibosidade

O teste de Adam é uma metodologia bastante utilizada e consiste na postura de

flexão anterior da coluna para observar a presença ou não da gibosidade, transformou-se na

posição padrão para detectar a escoliose (Martini, 1993). Essa posição produz a acentuação da

deformidade na superfície do tronco, que é associada a uma deformidade vertebral subjacente

em pacientes com escoliose.

O aparente aumento da proeminência da deformidade na superfície do tronco

durante a flexão anterior é a base do teste de avaliação, diferenciando a escoliose estrutural da

atitude escoliótica, (Martini, 1993). Apesar dos resultados obtidos sugerirem que esse método

seja indicador das condições escolióticas da coluna torácica, a investigação radiográfica do

tronco e membros inferiores se faz necessária para a confirmação e mensuração dos casos

suspeitos (Salate, 2003).

Deste modo orientações sobre as posturas adequadas a serem adotadas no posto de

trabalho durante a jornada devem ser priorizadas, neste caso um número expressivo 60%,

afirmaram ter recebido algumas orientações geralmente nas SIPATs realizadas pela empresa.

Toda a amostra, 100% acreditam ser fundamental esta orientação para prevenir e/ou

minimizar os constrangimentos e desconfortos que possam ocorrer durante a jornada de

trabalho, demonstrando assim, que estas orientações são muito importantes e bem-vindas,

como pode ser observado na tabela 5.

Segundo Moraes (2002), o Ministério da Saúde (1994), as algias talvez não

possam ser prevenidas ou resolvidas em sua totalidade, mas existem formas e meios eficazes

para se diminuir a sua freqüência e intensidade. Esta orientação oferecida pela empresa de

forma continuada e freqüente seria uma dessas formas. Focalizando o operador, sendo este o

maior interessado na sua condição de saúde e bem-estar, poderá realizar de forma prática,

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71

cuidados preventivos relacionados à postura e programas de exercícios laborais.

Tabela 5 – Importância das orientações fornecidas pela empresa para a adoção de posturas adequadas no trabalho pelos Operadores.

Orientação para as posturas do trabalho N % É importante esta orientação 20 100 Não é importante esta orientação 0 0 TOTAL 20 100

Concordando com Moraes (2002), as orientações podem ser uma forma eficiente

para amenizar os desconfortos presentes constantemente. Comprava-se isso através das

relações feitas com o desconforto dos operadores e varias situações de trabalho.

Em relação à ginástica laboral os operadores relataram não haver nenhum

programa na empresa. E quando questionados sobre a importância da mesma, durante a

jornada de trabalho, 70% afirmaram ser interessante ter um programa de ginástica laboral na

empresa e 30% acham ser desnecessário, conforme figura 34.

70%

30%

sim

não

Figura 34 – Importância da ginástica laboral para os operadores

Reis, Moro e Gontijo (2002), em um estudo com trabalhadores que executam

suas atividades laborais sentado verificou-se que em 6 meses de aplicação de ginástica

laboral, obteve-se ganho importante da flexibilidade da musculatura ísquio tibial e uma

redução de afastamentos com atestado médico por lombalgia e sintomas de dores lombares.

A afinidade entre a atividade física e o desconforto referido é positiva, pois os

resultados obtidos demonstram que embora a profissão do operador estabelecer atividades

como transporte de cargas, posturas de pé durante longo período, movimentos repetitivos,

esforço visual, tornando-se assim alvo de inúmeras doenças ocupacionais, a prática de

atividade física evidenciou a redução dos índices de desconforto corporal referido e

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72

constrangimentos posturais.

Wannamethee, Shaper, Walker (1998), afirmam que a prática regular de

atividades físicas no mínimo 3 a 5 vezes por semana, é um fator de suma importância, tanto

na prevenção, quanto no controle de certas doenças crônicas não transmissíveis como as

cardiovasculares, a obesidade e a dislipidemia e na redução da morbidade e mortalidade por

muitas outras causas.

Com isso percebemos que apesar de 80% dos operadores relatarem praticar

atividade física a maioria apresentam uma baixa freqüência de pratica de atividade física

semanal, sendo assim foi possível perceber uma forte relação entre este dado e a presença de

desconforto corporal e constrangimentos posturais referidos por estes operadores.

Portanto é de extrema importância manter uma perfeita relação entre o posto de

trabalho, a atividade executada e a conscientização do trabalhador sobre a adequada utilização

do seu posto, do seu instrumento de trabalho e de seu próprio corpo para assim prevenir e/ou

minimizar os constrangimentos que a profissão possa desencadear (MORAES, 2002).

4.4 Desconforto corporal e constrangimentos posturais dos operadores e caracterização

de suas atividades

O registro do desconforto corporal referido nos operadores identificou um índice

expressivo em partes específicas do corpo, ao preencher o mapa de desconforto a amostra foi

orientada a registrar todos os desconfortos corporais, independente da região, neste caso

ultrapassando os 100% da amostra, o que apontou a coluna vertebral como a mais acometida,

onde 45% relataram desconforto na coluna lombar, 35% na coluna cervical e 30% na coluna

torácica. Estes dados confirmam os achados da literatura que apontam ser esta a região

corporal submetida a maior sobrecarga e tensão.

A dor lombar é uma das dores mais comuns, uma das grandes aflições humanas,

sendo que 80% da população mundial sofrem desse tipo de dor (KENDALL, 1995; MAGEE,

2002; RASCH, 1991). Constitui uma causa freqüente de morbidade e incapacidade, sendo

sobrepujada apenas pela cefaléia na escala dos distúrbios dolorosos que afetam o homem

(BRAZIL et al, 2004). Tem sido considerada uma das alterações musculoesqueléticas mais

comuns nas sociedades industrializadas, limitando o trabalho de indivíduos com menos de 45

anos de idade.

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73

Sendo o segmento da coluna vertebral que suporta maior pressão e possui maior

alavancagem muscular, as pessoas estão bastante sujeitas à ocorrência de dor na coluna

lombar devido às suas atividades do dia-a-dia.

Na região dos membros superiores o desconforto caracterizou-se em 60% no

membro superior direito (MSD) e 40% no membro superior esquerdo (MSE) e na cabeça 20%

referiram dor suportável. Região esta que ocorre uma sobrecarga local causada pelos

movimentos de elevação e sustentação dos braços, mantendo-os contraídos. Os locais mais

acometidos pela DORT são regiões cervicais, escapulares e membros superiores, pois são as

regiões mais sobrecarregadas durante o desempenho das tarefas laborais (WALSH et al.,

2004; NICOLETTI 1999; RIBEIRO, 1997).

Na região do quadril 5% dos operadores relataram desconforto e nos membros

inferiores verificou-se que 55% apontaram desconforto no membro inferior esquerdo (MIE) e

60% no membro inferior direito (MID). A exigência constante de contrações concêntricas e

excêntricas, estáticas e dinâmicas dos grupos musculares locais na realização da tarefa

comprova os valores encontrados.

Como posição de trabalho num posto fixo, durante um período mais longo, a

postura em pé apresenta alguns inconvenientes, como a fadiga dos músculos da panturrilha e

aparecimento de varizes, pois o volume de líquido que se acumula nos membros inferiores em

uma jornada de trabalho é grande (COUTO, 1995).

O desconforto é um dos indicadores principais para a avaliação, afirma Putz-

Andersson (1998), pois as principais alterações físicas do corpo relacionadas ao trabalho

tendem a ser de natureza cumulativa e são freqüentemente precedidas por sensações

subjetivas de desconforto.

O registro dos valores citados pode ser observado detalhadamente na figura a

seguir.

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74

20%

35%

30%

40%

5%

20% 20%

10% 10%

10%

15% 10%

5% 0%

0%

5% 10%

30% 25%

5% 10%

5% 5%

10% 10% Figura 35 – Percentual de desconforto corporal nas diferentes partes do corpo nos operadores

O diagrama do corpo humano foi dividido em áreas específicas para facilitar a

classificação da intensidade da dor e/ou desconforto pelos operadores da amostra, os valores

encontrados podem ser verificados na figura abaixo.

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75

75%

55%

85%

20%

20%

40%

10%

20%

5%

30%

15%

Membros inferiores

Quadril

Membrossuperiores

Coluna vertebral

Cabeça

dor suportável dor intensa dor insuportável

Figura 36 – Percentual da escala de desconforto quanto à intensidade da dor nas diferentes partes do corpo

De acordo com os valores obtidos entre a localização do desconforto e sua

intensidade pode-se perceber que a realização da atividade diária do operador produz

comprometimento em algumas estruturas devido a maior contração dos grupos musculares, a

ponto de produzir desconfortos corporais e constrangimentos posturais.

Segundo Moraes (2002), a avaliação postural, constitui-se um importante

instrumento no sentido de detectar as alterações posturais advindas dos comprometimentos

musculares que podem se compor em indicadores de desconforto, constrangimentos e

possíveis desequilíbrios musculares.

Durante a avaliação foram registrados todos as alterações posturais, independente

da região, neste caso ultrapassando os 100% da amostra.

Após análise dos dados, observou-se expressivo número de alterações posturais

presente nas diversas regiões corporais dos operadores, onde os membros superiores

apresentaram maior percentual, seguido de cabeça, coluna vertebral, membros inferiores e

quadril, como pode ser observado detalhadamente por segmentos na tabela a seguir.

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76

Tabela 6 – Alterações Posturais encontradas nos Operadores

Região Corporal Alterações Posturais % encontradas Cabeça Anteriorização de cabeça 95% Coluna vertebral Aumento da cifose torácica 40% Coluna vertebral Aumento da lordose lombar 50% Ombros Protusão bilateral 10% Ombros Depressão ombro direito 25% Ombros Depressão ombro esquerdo 15% Cúbito Flexão de cúbito 75% Antebraço Pronação de antebraço 90% Dedos Flexão de dedos 80% Quadril Anteroversão de quadril 75% Joelho Genu varo 30% Joelho Genu valgo 10% Joelho Hiperextensão 30% Fonte: Autora

O resultado da avaliação feita apontou desvios nos operadores. Estes dados

puderam ser comparados e comprovados a partir do registro real dos movimentos mais

praticados pelos mesmos durante sua jornada de trabalho, através da observação direta

realizada durante a fase da coleta de dados. Filmou-se um rodízio completo durante a

realização da classificação visual e manual e mais um rodízio completo na atividade de

paletização. Foi possível após análise e registro de dados coletados verificar a realização de

um número elevado de movimentos repetitivos.

De acordo com Moraes (2002), esses resultados podem ser utilizados para mostrar

que cada situação é única, que embora considerando a individualidade, os erros e as

adaptações da vida cotidiana são semelhantes. A descrição dos movimentos mais realizados

pelos operadores durante sua jornada de trabalho comprova isso.

Na atividade de classificação visual e manual feita em um rodízio o operador

realizou em média 10.000 batidas nas peças para verificar a presença de trincas, marcou 49

peças de acordo com a qualidade da mesma e jogou 7 peças no caixote de quebra, com

exceção das paradas necessárias para ajuste do maquinário, montagem do painel de tonalidade

ou até mesmo ir ao banheiro ou beber água conforme necessidade.

Já na atividade de paletização durante um rodízio o operador transferiu em média

46 embalagens da correia para os palets.

Durante a jornada de um dia de trabalho o operador realiza em média 6 rodízios

em cada atividade, na tabela abaixo pode-se observar um valores expressivos de movimentos

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77

realizados durante um dia, uma semana e um mês.

Tabela 7 – Principais atividades realizadas pelos operadores durante um dia uma semana e um mês

BATIDAS

PEÇAS MARCADAS

PEÇAS P/ QUEBRA

TRANSFERÊNCIAS

Dia Semana

Mês

60000 360000 1320000

294 1764 38412

42 252 5544

276 1656 36362

Fonte: Autora

A produção alterna seu tipo de produto diariamente, o que pode alternar a

quantidade de movimentos durante a jornada de trabalho.

Os locais mais acometidos pelos distúrbios osteomusculares são regiões cervicais,

escapulares e membros superiores, pois são as regiões mais sobrecarregadas durante o

desempenho das tarefas laborais (WALSH et al., 2004; NICOLETTI 1999; RIBEIRO, 1997).

Neste estudo, acredita-se que a elevada incidência de queixas nos ombros deve estar associada

aos movimentos repetitivos realizados durante a classificação como desvio radial e ulnar,

flexão e extensão de punho, sobrecarga na elevação das embalagens.

Para Walsh et al. 2004, as posturas incorretas dos membros superiores ocasionam

desde o impacto de estruturas duras contra estruturas moles (como no caso do ombro, impacto

do tendão contra o acrômio, projeção da estrutura óssea contra da escápula), fadiga por

contração muscular estática (pescoço), e até mesmo compressão dos nervos (punho).

Segundo autor citado acima, as dez posturas críticas dos membros superiores são:

• Posturas estáticas em geral, manutenção da musculatura contraída e sem

movimentar (por exemplo manter braço elevado sem apoio. Esse fator é tão

importante que Hagberg e Cols (1995) considera-o como um fator

biomecânico á parte.

• Pescoço hiperextendido (dobrado para trás);

• Pescoço hiperfletido (dobrado para frente);

• Braços abduzidos (braços elevados na lateral do corpo);

• Braços elevados acima do nível dos ombros (formando ângulo de no mínimo

90º com o corpo);

• Membros superiores suspensos (elevados, sem apoio) por muito tempo;

• Sustentação estática dos antebraços pelos braços (suporte do peso dos

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78

antebraços, pelos braços e ombros);

• Flexão exagerada do punho (punho dobrado em direção da face posterior do

antebraço);

• Desvio radial da mão (lateralização da mão para o lado do dedo mínimo);

O risco é caracterizado pela freqüência deste tipo de ação (repetitividade) ou pela

manutenção da mesma (esforço estático).

Quanto mais força a tarefa exigir do trabalhador, tanto mais propenso estará o

mesmo a desenvolver lesões.

Silverstein (1985), propôs o critério para caracterização e força manual: baixa

(abaixo de 4 kg), alta (acima de 6 kg), este valor se refere a media ajustada ao longo do ciclo,

e não a valores lineares. A media ajustada é definida como: (variância média + média). Dessa

forma é possível que um esforço de 10 ou 15 Kg, uma vez no ciclo não venha caracterizar

força excessiva se o mesmo for raro no ciclo e de curta duração.

As principais situações que podem desencadear sobrecarga no operador

identificadas durante a realização de suas atividades foram:

• Postura estática de pé durante a classificação visual das peças, o que pode

acarretar em prejuízo do fluxo de sangue para os músculos, com a

possibilidade de ocorrência de acumulo de ácido lático e dor, o que pode estar

relacionado com o grande percentual de queixa de desconforto nos membros

inferiores (figura 8).

• Pescoço hiperfletido (dobrado para frente) leva a contração muscular estática

do trapézio, além de favorecer a protusão posterior dos discos intervertebrais

da coluna vertebral, devido a atenção visual exigida pela tarefa de

classificação, conforme figura 9.

• Abdução do ombro pode levar a compressão do músculo supra espinhoso entre

a cabeça do úmero e o acrômio (Tendinite do Supra espinhoso) e pode levar ao

desenvolvimento de bursite nesta região, este movimento pode ser visualizado

na figura 10, quando o operador faz rotação de tronco e abdução de ombro

para jogar a peça no caixote de quebras, e na figura 11 quando o operador

realiza a paletização com auxílio do paletizador, o número de movimentos

(tabela 7) utilizando esta estrutura ou musculatura nos mostra a utilização

excessiva e a presença da dor.

• Desvio ulnar de punho, pode levar a que dois músculos existentes na base do

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polegar – tendões dos músculos extensor curto do polegar e abdutor longo do

polegar, que passam juntos através de um sulco na cabeça do osso radio,

passem a se atritar, podendo desenvolver a inflamação local conhecida como

tendinite de De Quervain, pode-se observar este movimento na figura 8,

durante a classificação manual que o operador realiza para analisar se a peça

possui trincas.

• Flexão do punho, costuma ocasionar aumento da pressão no túnel do punho (

local onde o nervo mediano entra para a mão) como a conseqüente sobrecarga

sobre este nervo (síndrome do túnel do carpo), ou inflamação dos tendões a

nível do punho, devido a repetidas flexões de punho (tendinite dos flexores).

• Extensão de punho, também costuma ocasionar aumento da pressão no túnel

do carpo (ainda mais que a flexão) com a conseqüente sobrecarga sobre o

nervo e tendência à ocorrência de compressão do mesmo (síndrome do Túnel

do Carpo) ou inflamação dos tendões ao nível do punho, devida a repetidas

extensões de punho, tendinite de extensores.

• A flexão e extensão de punho podem ser observadas na figura 8, quando o

operador faz a identificação da qualidade do produto utilizando um pincel.

• Flexão de tronco que proporciona uma sobrecarga na coluna vertebral. Estas

alterações da normalidade articular na região lombar, como exemplo,

desencadeiam um esforço assimétrico e podem provocar degeneração precoce

do disco intervertebral, ocorrendo instabilidade vertebral por uma tensão nos

ligamentos da articulação facetária lombosacra, estando esta em um plano

assimétrico, predispondo à perda do movimento rítmico normal, conforme

figura 12.

• Extensão de tronco pode ocasionar um aumento da força de cisalhamento

(HALL, 2000), prejudicial à mecânica da coluna lombar, devido à extensão

realizada por este segmento cada vez que retorna da flexão de tronco para

colocação das caixas nos palets, o posicionamento deste lhe impõe essa

postura para realizar a referida atividade.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como se pode observar são várias as causas de esforço muscular estático, além do

dinâmico já citado em outras partes deste estudo.

Conforme os objetivos proposto pelo estudo e através da análise dos dados

obtidos na pesquisa pode-se concluir que o perfil do operador tem suas particularidades,

sendo que 25% deles apresentam sobrepeso, a média da flexibilidade foi de 44,68 cm (±

9,14), e a grande maioria afirmou praticar atividade física, mas de forma irregular, o que

reflete nos poucos benefícios alcançados através desta prática. A presença de desalinhamento

corporal foi expressivo, isso pode estar diretamente relacionado as queixas de desconforto

corporal e constrangimentos posturais apontados nesta pesquisa.

Segundo Moraes (2002), alguns estudos demonstram que existe muita dificuldade

em se mudar hábitos de trabalho já instalados. Porém, bons hábitos posturais conduzem à boa

aparência, eficiências mecânicas nos movimentos e menores riscos de lesões, necessitando

para isso treinamento específico à função realizada, utilizando técnicas e orientações básicas

para serem aplicadas diariamente de forma prática.

Deve-se enfatizar o uso adequado do posto através de posturas alinhadas mantidas

durante a jornada de trabalho, isso facilita ao operador suportar sua intensa atividade de

trabalho, a qual exige movimentação repetitiva, transporte de cargas, manutenção de postura

estática, acuidade visual, percepção e concentração (durante a classificação visual das peças),

memorização dos padrões básicos de seleção, existindo pequena margem de erro aceitável o

que gera uma carga psíquica.

O desconforto é um dos principais indicadores de alterações físicas do corpo

relacionadas ao trabalho, pois tendem a ser de natureza cumulativa e são precedidos

freqüentemente por constrangimentos posturais.

Desta forma, a prevalência de desconforto para as diferentes partes do corpo

apontou a coluna vertebral como à de maior percentual, sendo a coluna lombar a mais

comprometida seguida dos membros inferiores e membros superiores. Somente 10%

afirmaram apresentar formigamentos e cãibras.

Considerando os valores obtidos quanto à localização do desconforto e sua

intensidade, podemos perceber que a tarefa diária do operador provoca diferentes níveis de

constrangimentos músculo-esquelético, a ponto de produzir desconfortos corporais

significativos que influenciam a sua qualidade de vida no trabalho.

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Para a realização das atividades o operador necessita por vezes trabalhar com o

corpo fora do eixo natural, sustentar cargas pesadas com os membros superiores, realizar

atividades com os braços acima do nível dos ombros, realizar esforços de manusear, levantar

ou transportar cargas pesadas, manter esforços estáticos de pequena intensidade, porém

durante um grande período de tempo, trabalhar sem apoio dos antebraços, e tendo que

sustentá-los pela ação dos músculos dos braços, trabalhar em pé em postura estática e manter

grande atenção visual, constitui-se em um fator predisponente de constrangimentos e

desconfortos.

Estes constrangimentos e desconfortos tendem a aumentar com o passar dos anos

exercidos de profissão, com a realização de horas extras, com poucas pausas e aumento de

IMC e redução da flexibilidade.

Considerando que as algias não possam ser totalmente prevenidas ou eliminadas,

orientações sobre manutenção do alinhamento postural durante a jornada de trabalho

mostram-se de extrema importância, para a qualidade de vida do operador.

Juntamente com as orientações sobre alinhamento postural deve-se enfatizar a

aplicação de um programa de ginástica laboral, é preciso incentivar a prática de atividade

física e técnicas de relaxamento.

Para que estes procedimentos possam ser aplicados aos operadores necessita-se de

um profissional capacitado que utiliza-se de técnicas de reeducação postural.

Concordando com Moraes (2002) nas sociedades modernas, níveis adequados de

atividade física são difíceis de manter, se não houver continuamente uma forte motivação para

a prática regular desta atividade, para a saúde e o bem-estar propiciando um estilo de vida

saudável e uma vida com mais qualidade, quer dizer, quando o indivíduo perceber os

benefícios desta prática para a melhora da qualidade de vida, superando as dificuldades para

realizar tais ações, e quando as empresas oferecerem mais mecanismos facilitadores para que

isso se torne hábito.

A presença de um profissional habilitado, um local apropriado para a prática de

algumas atividades físicas com o mínimo de repetições consideradas benéficas para a saúde,

paralelo a gratificações e premiações para motivação, constitui-se um grande incentivo para a

prática de atividade física nas empresas.

Para análise do posto, da atividade de trabalho e da postura do operador também

faz-se necessário a participação deste profissional qualificado na empresa.

Após análise da atividade do operador de escolha pode-se concluir que esta,

paralela a alguns itens do posto de trabalho constitui-se uma das causas de problemas

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posturais apesar da grande tecnologia em grande parte das indústrias cerâmicas, condições

desfavoráveis continuam existindo.

Através da análise ergonômica da atividade e conscientização do operador em

utilizar adequadamente seu posto de trabalho, situações que acarretam diminuição da

qualidade de vida do operador podem ser amenizadas.

Recomenda-se a realização de trabalhos futuros em outros setores da indústria

para a realização da intervenção efetiva com estes operadores, de forma a reduzir ou evitar

possíveis desconfortos corporais e constrangimentos posturais resultantes da intensa jornada

de trabalho e das exigências da atividade realizada.

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ZILLI, C. M. Manual de Cinesioterapia/Ginástica Laboral – Uma Tarefa Interdisciplinar com Ação Multiprofissional. 1

a ed. São Paulo: Lovise, 2002.

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ANEXOS

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ANEXO A – Carta de apresentação

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA – UNISUL

ACADÊMICA: LUANA DE SOUZA ISIDORO

ORIENTADORA: PROF. MSC. LUCI FABIANE SCHEFFER MORAES.

Tubarão, 18 de agosto de 2006.

CARTA DE APRESENTAÇÃO

Sou acadêmica do 8º semestre do Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de

Santa Catarina- Unisul, orientanda da Prof. Msc. Luci Fabiane Scheffer Moraes e estou

realizando minha monografia junto a trabalhadores do setor Escolha, buscando caracterizar o

ambiente de trabalho, descrever a atividade e a tarefa dos operadores de escolha, verificar a

incidência de desconfortos corporais e constrangimentos posturais no setor e identificar se

existe relação entre a rotina de trabalho ou atividade desenvolvida com possíveis desconfortos

corporais.

O estudo objetiva verificar a relação do ambiente e da atividade de trabalho do

operador de escolha com o surgimento de distúrbios musculares, desconfortos corporais e

constrangimentos posturais.

Todos os dados coletados, as análises e conclusões serão disponibilizados para a

empresa ao término do estudo. Quanto à divulgação das informações da empresa fica a

critério da mesma a autorização para sua identificação.

Certa de seu interesse, atenciosamente.

________________________________

Luana de Souza Isidoro.

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ANEXO B – Termo de consentimento informado

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA – UNISUL

CURSO DE FISIOTERAPIA

ORIENTADORA: LUCI FABIANE SCHEFFER MORAES

ACADÊMICA: LUANA DE SOUZA ISIDORO

TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

Eu, _________________________________________, cédula de identidade

nº_______________, declaro que concordo plenamente com os procedimentos a que serei

submetido, conforme explicações que me foram fornecidas pelo responsável da pesquisa;

onde será garantido o sigilo das informações obtidas, sendo que todas as informações

coletadas serão utilizadas exclusivamente para o desenvolvimento da pesquisa, mantendo

minha identidade no anonimato. Informo, outrossim, que estou ciente dos procedimentos que

serão realizados concordando com os mesmos e que posso abandonar, por livre e espontânea

vontade, a qualquer momento a avaliação.

E, para tornar válido o presente instrumento, assino-o conscientemente.

Tubarão ] (SC) em ____/_____/_____

Assinatura do avaliado: ________________________________________

Assinatura do pesquisador:______________________________________

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ANEXO C – Consentimento para fotografias, vídeos e gravações

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA – UNISUL

CURSO DE FISIOTERAPIA

ORIENTADORA: LUCI FABIANE SCHEFFER MORAES

ACADÊMICA: LUANA DE SOUZA ISIDORO

CONSENTIMENTO PARA FOTOGRAFIAS, VIDEOS E GRAVAÇÕES

Eu, _________________________________________________________,

permito que o pesquisador responsável juntamente com o acadêmico pesquisador

obtenham fotografia, filmagem ou gravação de minha pessoa para fins de pesquisa cientifica

ou educacional.

Eu concordo que o material e as informações obtidas e relacionadas à minha

pessoa possam ser divulgadas em aulas, congressos, eventos científicos, palestras e ou

periódicos científicos. Porém , a minha identidade não deve ser revelada, tanto quanto

possível, por nome ou de qualquer outra forma.

As fotografias, vídeos e gravações ficarão sob a guarda dos pesquisadores

responsáveis pelo estudo.

Nome do avaliado: _______________________________________________________

RG: ________________________________ CPF: _____________________________

Assinatura: _____________________________________________________________

Pesquisadores:

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ANEXO D – Questionário do trabalhador

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA . UNISUL.

ORIENTADORA: LUCI FABIANE SCHEFFER MORAES

ACADÊMICA: LUANA DE SOUZA ISIDORO

Este questionário tem a finalidade de obter informações sobre as condições de

trabalho, a capacidade para o trabalho e fatores que podem afetá-la. Portanto responda

cuidadosamente a todas as questões, escrevendo quando for solicitado ou assinalando a

alternativa que melhor refletir sua opinião.

TODAS AS INFORMAÇÕES FORNECIDAS SERÃO MANTIDAS EM

SIGILO E SERÃO UTILIZADAS SOMENTE PARA FINS DE PESQUISA.

QUESTIONÁRIO DO TRABALHADOR

Nº de ordem___________

I. DADOS PESSOAIS: 1.Nome: (iniciais)____________________________________ Idade:_______anos 1.1. Estado Civil: [1] solteiro [2] casado; [3] viúvo; [4] divorciado; [5] separado; [6] outros 1.2. Grau de instrução: [1] não estudou [2] primário incompleto [3] primário completo [4] primeiro grau incompleto [5] primeiro grau completo [6] segundo grau incompleto [7] segundo grau completo 1.3. Há quanto tempo trabalha nesta empresa? [ ] anos [ ] meses 1.4. Há quanto tempo trabalha nesta função? [ ] anos

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1.5. Com que idade começou a trabalhar nesta atividade? [ ] anos 1.6. Atividade profissional anterior________________________________________ II. CONDIÇÕES DE TRABALHO 2. Qual é seu horário de trabalho? [1] 6 ás 14 hs [2] 14 ás 22 hs [3] 22 ás 6 hs 2.1. Existem pausas no seu trabalho? [1] sim [2] não Quais?__________________________________________________________ 2.2. Você pode interromper seu trabalho para ir ao banheiro ou beber água sempre que necessite ? [1] sim [2] não 2.3. Você realiza horas extras? [1] sim [2] não Caso afirmativo, quantas horas por semana?____________________________ 2.4. Você exerce outra atividade paralela além de ser operador de escolha? [1] sim [2] não Qual?______________________________________________ 2.5. Com relação às condições de trabalho, você afirmaria que: [1] são adequadas [2] poderia melhorar [3] não são adequadas [4] está completamente inadequado 2.6. O seu ambiente de trabalho, é: a) Quanto ao espaço b) Quanto a ventilação c) Quanto a temperatura [1] adequado [1] adequada [1] adequada [2] satisfatório [2] satisfatória [2] satisfatória [3] inadequado [3] inadequada [3] inadequada 2.7. Como classifica seu relacionamento com os colegas do grupo de trabalho? [1] ótimo [2] bom [3] indiferente [4] ruim 2.8. Com a chefia, você: [1] tenta dar sugestões [2] obedece e não questiona [3] ouve, mas não dá importância, (continua fazendo da sua maneira) [4] outro

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Qual?__________________________________________________________ 2.9. Como você classificaria sua capacidade atual para o trabalho em relação às exigências físicas do seu trabalho? [1] muito boa [2] boa [3] moderada [4] baixa [5] muito baixa 2.10. Como você classificaria sua capacidade atual para o trabalho em relação às exigências mentais do seu trabalho? [1] muito boa [2] boa [3] moderada [4] baixa [5] muito baixa 2.11. Seu ritmo de trabalho é? [1] lento [2] normal [3] rápido [4] muito rápido 2.12. Você recebeu treinamento da empresa para exercer sua função? [1] sim [2] não 2.13 A empresa proporciona cursos de capacitação para futura promoção? [1] não [2] sim Se sim com que freqüência: _________________ 2.14. Ao final da jornada de trabalho você se sente? Fisicamente: [1] bem [2] um pouco cansado [3] cansado [4] muito cansado [5] exausto Mentalmente: [1] bem [2] um pouco cansado [3] cansado [4] muito cansado [5] exausto 2.15. Conforme descrição das atividades abaixo qual a que você identifica a que lhe causa maior desconforto. [1] ficar de pé, quando muito caminha de um lado para o outro; [2] na maior parte do dia, executar tarefas que requerem movimentação constante;

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[3] realizar atividades físicas intensas e trabalho pesado como transporte de cargas. [4] nenhuma delas; [5] outros especifique: ___________________________________________ 2.16. Você sente dor ou desconforto em função do seu trabalho? [1] sim [2] não 2.17. Há quanto tempo você sente dor ou desconforto? [1] dias [2] semanas [3] meses [ [4] anos 2.18. Em relação a adequação do seu posto de trabalho, você acha que: Montagem dos palets : [1] é adequado [2] satisfatório [3] inadequado Assento utilizado durante a classificação visual das peças: [1] é adequado [2] satisfatório [3] inadequado 2.19. Você recebeu algum tipo de treinamento ou orientação para adoção de posturas adequadas na realização do trabalho? [1] sim nesta empresa [2] sim em outra empresa [3] não 2.20. Você considerada esta orientação importante? [1] sim [2] não 2.21. O EPI é um recurso obrigatório neste local? [1] sim [2] não Se sim, você utiliza diariamente? [1] sim [2] 2.22 A empresa realiza algum programa de ginástica laboral? [1] não [2] sim Se sim, quando ela é realizada? [ ] inicio da jornada de trabalho [ ] no final da jornada de trabalho III. CONDIÇÕES DE SAÚDE 3. Como você classifica seu estado de saúde atual? [1] ruim

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[2] regular [3] bom [4] excelente 3.1. Você já foi dispensado do trabalho devido a problemas de saúde relacionados com o seu trabalho? [1] nenhum [2] até 9 dias [3] de 10 a 24 dias [4] de 25 a 99 dias [5] de 100 a 365 dias 3.2. Tem problemas de: (pode assinalar mais de um item) [1] varizes [2] coluna [3] visão [4] hemorróidas [5] gastrite [6] audição [7] estresse [8] outros:__________________________________________________________ [9] nenhum 3.3. Você sente dores nas articulações (juntas)? [1] não [2] sim, ao iniciar o trabalho [3] durante o trabalho [4] ao final do trabalho [5] sempre 3.4. Você sente dores na coluna? [1] não [2] sim, ao iniciar o trabalho [3] durante o trabalho [4] ao final do trabalho [5] sempre 3.5. Você já foi afastado do trabalho em função desta dor ou desconforto? [1] sim [2] não 3.6. Você sente dormência em alguma parte do corpo? [1] não [2] sim, início do trabalho [3] durante o trabalho [4] ao final do trabalho [5] à noite 3.7. Sente cãibras? [1] não [2]sim, início do trabalho

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[3] durante o trabalho [4] final do trabalho [5] à noite 3.8. Pratica alguma atividade física regularmente? [1] sim [2] não Qual?__________________________________________________________ 3.9. Com que freqüência semanal a(s) atividade(s) física(s) é(são) feita(s)? [1] uma vez [2] duas vezes [3] três vezes [4] cinco vezes [5] todos os dias 3.10. Qual a duração da atividade física a cada vez que ela é feita? [1] menos de 15 minutos [2] 15 a 30 minutos [3] mais de 30 minutos 3.11. Quanto tempo faz que pratica a atividade física? [1] dias [2] semanas [3] meses [4] anos 3.12. Você consegue dormir bem? [1]sempre [2] a maioria das noites [3] tenho dificuldade para dormir bem [4] raramente consigo dormir bem 3.13. Quantas horas de sono por noite você costuma dormir? [1] 4 a 5 horas [2] 6 a 7 horas [3] 7 a 8 horas [4] 8 ou mais horas

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ANEXO E - Escala de desconforto para ss diferentes partes do corpo

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ANEXO F – Protocolo de avaliação global da postura