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ALINE ZOMER PIZZOLATTI EFEITOS CRÔNICOS DO EXERCÍCIO FÍSICO AERÓBICO E RESISTIDO NO TRATAMENTO DE PACIENTES PORTADORES DE DIABETES MELLITUS TIPO II. Tubarão, 2006

EFEITOS CRÔNICOS DO EXERCÍCIO FÍSICO AERÓBICO E …fisio-tb.unisul.br/Tccs/06b/alinezomer/tccaline.pdf · de 3 dias semanais e duração de 50 minutos, realizados na academia

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ALINE ZOMER PIZZOLATTI

EFEITOS CRNICOS DO EXERCCIO FSICO AERBICO E

RESISTIDO NO TRATAMENTO DE PACIENTES PORTADORES DE

DIABETES MELLITUS TIPO II.

Tubaro, 2006

ALINE ZOMER PIZZOLATTI

EFEITOS CRNICOS DO EXERCCIO FSICO AERBICO E

RESISTIDO NO TRATAMENTO DE PACIENTES PORTADORES DE

DIABETES MELLITUS TIPO II.

Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao curso de Fisioterapia, como requisito obteno do grau de Bacharel em Fisioterapia.

Universidade do Sul de Santa Catarina

Orientador: Prof. Esp. Alexandre Figueiredo Zabot

Tubaro, 2006

DEDICATRIA

Dedico este trabalho as pessoas mais

importantes na minha vida, meus pais Ira e

Sandra, minha fonte de vida, que sempre me

apoiaram durante esses anos em que estive

estudando, dedico tambm, minha v Yetta,

que mesmo morando longe, mostrou grande

interesse nos meus estudos, uma pessoa

maravilhosa e a quem tenho muito a

agradecer. Por fim, dedico tambm s minhas

irms e meu namorado Franklin, que

estiveram do meu lado, me dando muito apoio

e compreenso em todos os momentos. Amo

muito vocs.

AGRADECIMENTOS

Agradeo primeiramente Deus, que sempre

olhou por mim, e me iluminou durante esses

anos de estudo, agradeo a minha famlia, e

em especial ao meu orientador e amigo

Alexandre Figueiredo Zabot, por todos os

ensinamentos e conselhos a mim repassados.

Agradeo tambm aos professores e amigos

Kelser, e Ralph, que contriburam para a

realizao deste trabalho. Agradeo ao mdico

endocrinologista Alexandre Rosendo, e a

bioqumica Maria Eliza Favarin, pelo auxlio

quanto aos exames laboratoriais. Por fim

agradeo aos meus dois pacientes, que durante

oito semanas estiveram comigo, quero

agradecer, pois nada seria sem vocs, e com

certeza nasceu uma grande amizade. Adoro

vocs.

RESUMO

O diabetes mellitus tipo 2 a mais comum das diabetes, principalmente em indivduos acima de 40 anos. A prescrio de atividade fsica em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 hoje junto com a perda de peso, uma das indicaes mais apropriadas para corrigir a resistncia insulina e controlar a glicemia nesse tipo de diabetes. O objetivo deste trabalho foi o de analisar os efeitos crnicos do exerccio fsico aerbico e resistido no tratamento de pacientes portadores de diabetes mellitus tipo II. A amostra foi constituda de 2 participantes, portadores de diabetes mellitus tipo II, entre 40 e 60 anos, que no praticassem atividade fsica. As atividades (aerbicas e resistidas) tiveram a durao de 8 semanas, com freqncia de 3 dias semanais e durao de 50 minutos, realizados na academia de musculao da ACREF da UNISUL (SC). Antes de iniciar as atividades, foram aplicados 3 questionrios, questionrio de PAR-Q 1 e 2, e questionrio para incluso e excluso da amostra, assim como a avaliao de uria, creatinina e hemograma para incluso e excluso da amostra. Neste estudo foram realizados avaliaes pr e ps tratamento, sendo que as variveis avaliadas, e respectivos resultados foram: a glicemia em jejum (ID1 pr - 211mg/dL, ps - 126 mg/dL; ID2 pr - 160mg/dL, ps - 122 mg/dL); glicemia ps-prandial (ID1 pr - 234 mg/dL, ps - 246 mg/dL; ID2 pr - 251 mg/dL, ps - 157 mg/dL); hemoglobina glicada (ID1 pr - 8,5%, ps - 8,6%; ID2 pr - 8,4%, ps - 8,6 %); colesterol total (ID1 pr - 176mg/dL, ps - 200 mg/dL; ID2 pr - 229 mg/dL, ps - 244 mg/dL); triglicerdeos (ID1 pr - 219 mg/dL, ps - 87 mg/dL; ID2 pr - 266 mg/dL, ps - 127 mg/dL); HDL-c (ID1 pr - 51 mg/dL, ps - 61 mg/dL; ID2 pr - 48 mg/dL, ps - 52 mg/dL); LDL-c (ID1 pr - 81 mg/dL, ps - 126 mg/dL; ID2 pr - 128 mg/dL, ps - 167 mg/dL); VLDL-c (ID1 pr - 44 mg/dL, ps - 17 mg/dL; ID2 pr - 53 mg/dL, ps - 25 mg/dL); foram observados tambm, diminuio do Indicador de Risco de Doenas Coronarianas (IRDC): (ID1 pr - 3,4, ps - 3,2; ID2 pr - 4,7 , ps - 4,6); reduo do IMC: (ID1 pr 31,8, ps 31,2; ID2 pr 29,3, ps 29,1); aumento do VOmx (ID1 pr - 26,3ml/kg/min, ps - 29,9ml/kg/min, ID2 pr - 8,9ml/kg/min, ps 22 mg/kg/min); maior nvel de flexibilidade (ID1 pr 26cm, ps 38cm; ID2 pr 31cm, ps 33cm); e aumento de fora muscular. Os efeitos citados acima no podem ser generalizados populao diabtica, e sim a esses dois participantes da amostra.

Palavras chave: Diabetes Mellitus tipo II; Exerccio fsico aerbico; Exerccio fsico resistido.

ABSTRACT

The type II mellitus diabetes is the most common of diabetes mainly in people with more than 40 years old. Today, the physical activity prescription to pacients with type II mellitus diabetes is with loss of weight, one of the most apropriated indications to correct the resistence to insulin and to control the glycemia in this kind of diabetes. The aim of this study was to assay the chronic effects of aerobic physical exercise and resisted exercise in treatmente of pacients with type II mellitus diabetes. The sample was composed by two participants with type II mellitus diabetes, that was between 40 and 60 years old, and with no physical activity participation. The activities (aerobic and resisted) had duration of 8 weeks, with frequency of 3 days per week and duration of 50 minutes, realized at musculation academy of ACREF in UNISUL (SC). Before iniciating the activities, 2 questionares were applied, PAR-Q 1 and 2, and questionare to inclusion and exclusion of sample. In this study evaluatios pre and post-treatment were realized, where the evaluated variables, and respective results were: fasting glucemia (ID1 pre - 211mg/dL, post - 126 mg/dL; ID2 pre - 160mg/dL, post - 122 mg/dL); post-prandial glucemia (ID1 pre - 234 mg/dL, post - 246 mg/dL; ID2 pre - 251 mg/dL, post - 157 mg/dL); glucated hemoglobin (ID1 pre - 8,5%, post - 8,6%; ID2 pre - 8,4%, post - 8,6 %); total colesterol (ID1 pre - 176mg/dL, post - 200 mg/dL; ID2 pre - 229 mg/dL, post - 244 mg/dL); triglycerides (ID1 pre - 219 mg/dL, post - 87 mg/dL; ID2 pre - 266 mg/dL, post - 127 mg/dL); HDL-c (ID1 pre - 51 mg/dL, post - 61 mg/dL; ID2 pre - 48 mg/dL, post - 52 mg/dL); LDL-c (ID1 pre - 81 mg/dL, post - 126 mg/dL; ID2 pre - 128 mg/dL, post - 167 mg/dL); VLDL-c (ID1 pre - 44 mg/dL, post - 17 mg/dL; ID2 pre - 53 mg/dL, post - 25 mg/dL); it was observed, too, decrease of Risk Indicator of Coronary Heart Disease (RICD): (ID1 pre - 3,4, post - 3,2; ID2 pre - 4,7 , post - 4,6); decrease of BCI: (ID1 pre 31,8, post 31,2; ID2 pre 29,3, post 29,1); increase of VOmax (ID1 pre - 26,3ml/kg/min, post - 29,9ml/kg/min, ID2 pre - 8,9ml/kg/min, post 22 mg/kg/min); higher flexibility level (ID1 pre 26cm, post 38cm; ID2 pre 31cm, post 33cm); and the increasing of muscle strenght. The effects that were mentioned above cant be generalized for diabetic population, but just for these two participant of this sample.

Palavras chave: Type II diabetes mellitus; Aerobic physical exercise; Resisted physical exercise.

LISTA DE GRFICOS

Grfico 1: Perfil Glicmico ID1................................................................................................64

Grfico 2: Perfil Glicmico ID2................................................................................................64

Grfico 3: Perfil Lipdico ID1...................................................................................................68

Grfico 4: Perfil Lipdico ID2...................................................................................................68

Grfico 5: Indicador de risco de doenas coronarianas............................................................72

Grfico 6: Teste de Milha VO2 mx.......................................................................................73

Grfico 7: Flexibilidade Banco de Wells...............................................................................75

Grfico 8: ndice de massa corporal..........................................................................................77

Grfico 9: Teste de uma resistncia mxima (1RM) ID1.........................................................78

Grfico 10: Teste de uma resistncia mxima (1RM) ID2.......................................................79

SUMRIO

1 INTRODUO....................................................................................................................10

2 DIABETES MELLITUS.....................................................................................................14

2.1 Diabetes Mellitus e Epidemiologia...................................................................................14

2.2 Diabetes Mellitus e Insulina.............................................................................................17

2.2.1 Tipos de Diabetes Mellitus..............................................................................................20

2.2.1.1 Diabete Mellitus Insulino Dependente..........................................................................20

2.2.1.2 Diabete Mellitus Gestacional........................................................................................21

2.2.1.3 Diabete Mellitus no Insulino-dependente...................................................................22

2.2.2 Parmetros bioqumicos para o controle glicmico.........................................................25

2.2.2.1 Glicosria......................................................................................................................25

2.2.2.2 Cetonria.......................................................................................................................25

2.2.2.3 Glicemia Capilar...........................................................................................................26

2.2.2.4 Protena Srica Glicada.................................................................................................26

2.2.3 Complicaes das Diabetes Mellitus...............................................................................28

2.2.3.1 Doenas Oculares.........................................................................................................29

2.2.3.2 Nefropatias....................................................................................................................30

2.2.3.3 Neuropatia Diabtica.....................................................................................................31

2.2.3.4 P Diabtico..................................................................................................................32

2.2.3.5 Cetoacidose...................................................................................................................32

2.2.3.6 Hipoglicemia.................................................................................................................33

2.2.3.7 Circulatrias..................................................................................................................33

2.2.4 Formas de tratamento.......................................................................................................35

2.2.4.1 Medicamentos...............................................................................................................35

2.2.4.1.1 Insulina.......................................................................................................................35

2.2.4.1.2 Hipoglicemiantes orais...............................................................................................36

2.2.4.2 Exerccio Fsico.............................................................................................................39

2.2.4.2.1 Efeitos do exerccio fsico aerbico no tratamento de pacientes portadores de

DMNID (tipo 2)........................................................................................................................42

2.2.4.2.2 Efeitos do exerccio fsico resistido no tratamento de pacientes portadores de

DMNID (tipo 2)........................................................................................................................49

3 DELINEAMENTO DA PESQUISA...................................................................................54

3.1 Tipo de pesquisa................................................................................................................54

3.1.1 Tipo de pesquisa quanto ao nvel.....................................................................................54

3.1.2 Tipo de pesquisa quanto abordagem.............................................................................55

3.1.3 Tipo de pesquisa quanto ao procedimento utilizado na coleta de dados..........................56

3.2 Amostra..............................................................................................................................56

3.3 Procedimentos utilizados na coleta de dados..................................................................57

3.4 Instrumentos utilizados para coleta de dados................................................................61

33..55 LLiimmiittaaoo ddoo eessttuuddoo....................................................................................................................................................................................................................6622

4 ANLISE E DISCUSSO DOS DADOS..........................................................................63

4.1 Perfil Glicmico.................................................................................................................64

4.2 Perfil lipdico.....................................................................................................................68

4.3 Teste de Milha VO mx................................................................................................73

4.4 Flexibilidade Banco de Wells........................................................................................74

4.5 ndice de massa corporal..................................................................................................76

4.6 Teste de uma resistncia mxima (1RM).................................................................. .....78

5 CONSIDERAES FINAIS..............................................................................................81

REFERNCIAS......................................................................................................................83

ANEXOS..................................................................................................................................93

ANEXO A ndice de massa corporal (IMC), para homens e mulheres.................................94

ANEXO B Termo de consentimento.....................................................................................96

ANEXO C Questionrio de Par-Q 1......................................................................................98

ANEXO D Questionrio de Par-Q 2 ..................................................................................100

APNDICES..........................................................................................................................102

APNDICE A Questionrio para incluso e excluso da amostra......................................103

APNDICE B Exames laboratoriais dos pacientes.............................................................105

10

1 INTRODUO

O diabetes mellitus tipo 2 mais comum em adultos acima de 40 anos,

principalmente se estes esto acima do peso. Crianas e adolescentes acima do peso tambm

podem ter este tipo de diabetes, apesar de no se ter uma causa conhecida, medida que as

pessoas envelhecem ou ganham peso, esto mais propensas a terem diabetes pois o pncreas

pode no funcionar adequadamente, ou as clulas podem se tornar incapazes de usar a

insulina produzida por ele. Hereditariedade tambm um importante fator.

Possuir diabetes mellitus tipo 2 (no insulino-dependente), significa no ter

suficiente produo de insulina pelo organismo assim como a incapacidade de us-la

adequadamente. Este problema em relao insulina afeta a maneira como o organismo

processa os alimentos.

A insulina um hormnio produzido pelo pncreas (uma grande glndula

localizada atrs do estmago). Ao alimentar-se, o organismo transforma grande parte do

alimento em acar (glicose) que o sangue levar para as clulas do corpo como energia. A

insulina auxilia a entrada do acar nas clulas e controla sua taxa no sangue.Quando o

organismo no produz insulina suficiente ou tem problema para us-la adequadamente, as

clulas no absorvem suficientemente acar do sangue. O resultado uma alta na taxa de

acar no sangue.

A prescrio de atividade fsica em paciente portador de diabetes mellitus do tipo

II hoje, junto com perda de peso, uma das indicaes das mais apropriadas para corrigir a

11

resistncia insulina e controlar a glicemia nesse tipo de diabetes, ainda mais se est

associado obesidade.

Os pacientes portadores de diabetes mellitus tipo II, que realizam exerccio fsico

diariamente, tero como benefcios de mdio longo prazo, diminuio dos fatores de risco

para o desenvolvimento da doena cardiovascular (aumentado no paciente portador de

diabetes), atravs das seguintes alteraes: melhora do perfil lipdico, contribuio para a

normalizao da presso arterial, aumento da circulao colateral, diminuio da freqncia

cardaca no repouso e durante o exerccio. Alm disso, tero o aumento da captao de glicose

pelo msculo, durante a aps o exerccio fsico, diminuio de gordura corporal, melhora da

funo cardio-respiratrias, melhora o sistema emocional, e comportamental dos pacientes,

levando a uma satisfao por parte dos mesmos.

No mais, independentemente das alteraes fisiolgicas que acompanham o

exerccio, tambm ocorrem alteraes comportamentais que favorecem o cuidado e o auto-

controle por parte do paciente, e conseqentemente contribuem para melhorar sua qualidade

de vida.

O Diabetes Mellitus (DM) compreende uma doena milenar, acompanhando a

humanidade at os dias de hoje. um importante problema mundial de sade, tanto em

termos no nmero de pessoas afetadas, incapacidade, mortalidade prematura, quanto nos

custos envolvidos no controle e no tratamento de suas complicaes. A incidncia desta

doena vem aumentando principalmente nos pases desenvolvidos, devido modificao nos

hbitos alimentares e com o sedentarismo dos tempos modernos (MONDINI ; MONTEIRO,

1996).

A realizao deste trabalho tem como objetivo mostrar que apesar de esta doena

ter crescido em grande escala, e de ser hoje uma patologia to comum, a populao ainda no

tem um conhecimento claro de seu conceito e seus efeitos quando no tratada de forma

correta, sendo difcil ento o controle da mesma.

12

Para isso importante demonstrar que o exerccio fsico to saudvel para os

diabticos como para qualquer outra pessoa, assim como o controle de massa corporal. A

hiperglicemia tambm pode gerar outras patologias, alm da diabetes, portanto, alm do

tratamento, a preveno um dos fatores mais importantes em uma reabilitao,e isso precisa

estar claro para que se consiga um controle de suas complicaes.

A Diabetes Mellitus no insulino-dependente acomete cerca de 90 a 95% da

populao diabtica, tendo como fatores de risco de desenvolvimento da patologia, a

hereditariedade, obesidade, infeces, uso de drogas medicamentosas, gestao. Os sintomas

surgem de forma lenta, podendo o paciente permanecer assintomtico por um longo perodo

de tempo (CANCELLIRI, 1999; COLBERG; SWAIN, 2000).

Ou seja, o fato de essa patologia permanecer assintomtica durante um longo

tempo, faz com que as pessoas no saibam que so portadores, por isso ento a grande

importncia de saber conceitos, seus efeitos, e como pode ser tratada.

Esta pesquisa, foi caracterizada quanto ao nvel como explicativa, quanto

abordagem qualitativa, e quanto ao procedimento para coleta de dados, como multi-casos.

Portanto, o objetivo desse trabalho foi o de analisar os efeitos crnicos do

exerccio fsico aerbico e resistido no tratamento de pacientes portadores de Diabetes

Mellitus tipo II, assim como verificar o efeito do exerccio sobre a glicemia sangunea,

identificar o efeito do exerccio sobre a hemoglobina glicosilada, identificar o efeito do

exerccio fsico no perfil lipdico, e identificar o efeito do exerccio fsico no condicionamento

aerbico, fora muscular, flexibilidade e ndice de massa corporal.

O corpo deste trabalho apresenta-se da seguinte maneira:

No primeiro captulo, fala-se sobre a introduo deste estudo. No segundo captulo

aborda-se um referencial terico dos assuntos trabalhados neste estudo. O terceiro captulo

descreve-se o delineamento da pesquisa. No quarto captulo tratamos da anlise e discusso

13

dos dados obtidos na pesquisa, finalizando com as consideraes finais deste trabalho assim

como uma sugesto para prximas pesquisas.

14

2 DIABETES MELLITUS

2.1 Diabetes mellitus e epidemiologia

Para Silva e Lima (2002), a rapidez e a extenso da urbanizao so algumas das

caractersticas do sculo XX. Esse processo levou algumas modificaes nos hbitos e estilo

de vida das pessoas, levando a uma grande reduo na realizao de atividade fsica. Essas

mudanas acabaram levando a um impacto sobre a sade e mortalidade de grandes

populaes, constituindo-se um grave problema de sade pblica.

Ainda para Silva e Lima (2002):

O DM um dos mais importantes problemas de sade mundial, tanto em nmero de pessoas afetadas como de incapacitao e de mortalidade prematura, bem como dos custos envolvidos no seu tratamento. H uma tendncia ao aumento de sua prevalncia, estimando-se que o DM na populao brasileira esteja em 7%, sendo que somente em So Paulo esse nmero chega a 9 % na faixa etria dos 30 aos 59 anos e, na faixa etria dos 60 aos 69 anos chega a 13,4%. Entre os tipo de diabetes, o DM2 o de maior incidncia, alcanando-se entre 90 e 95% dos casos, acometendo geralmente indivduos de meia idade ou em idade avanada, podendo uma hiperglicemia estar presente por vrios anos, anteriormente ao seu diagnstico[...].

A Diabetes Mellitus, assim como a Hipertenso Arterial constituem os principais

fatores de risco populacional para as doenas cardiovasculares, sendo que por este motivo,

constituem agravos de sade pblica onde cerca de 60 a 80 % dos casos podem ser tratados na

rede bsica (BRASIL, 2001, p.11).

De acordo com Goldenberg, Schenkman e Frano (2003):

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O Diabetes Mellitus constitui atualmente reconhecido problema de sade pblica em vrios pases do mundo. Estudo multicntrico sobre prevalncia de Diabetes no Brasil EMPDB, realizado em nove capitais no perodo de 1986 a 1988, na populao de 30 a 69 anos de idade, evidenciou a prevalncia de 7,6% para conjunto da amostra, sendo de 9,7% a prevalncia estimada para a cidade de So Paulo, que apresentou o maior valor entre as reas estudadas.

Para Assuno, Santos e Gigante (2001), [...] o diabetes mellitus atinge em todo

o mundo grande nmero de pessoas de qualquer condio social. Essa enfermidade representa

um problema pessoal e de sade pblica com grandes propores quanto magnitude e

transcendncia [...].

Ainda para Assuno, Santos e Gigante (2001), no Brasil, o estudo multicntrico

sobre prevalncia de diabetes mellitus encontrou uma prevalncia geral da doena de 7,6%

em pessoas de 30 a 69 anos. Destas, metade no tinha conhecimento de ser portadora da

doena e , das 22% diagnosticadas, no faziam tratamento.

Pollock e Wilmore (1993, p. 573) afirma que:

Foi estimado que aproximadamente 11 milhes de indivduos so portadores de diabetes melito, sendo que grosseiramente deste total 10 a 15 % apresentam diabetes melitu do tipo 1, insulino-dependente (IDDM). O diabetes est classificado sem sexto lugar entre as causas-mortis nos EUA. Alm disso, o diabetes representa um fator de risco para o desenvolvimento de doenas cardiovasculares, sendo, portanto, prevalente entre os pacientes participantes dos programas de reabilitao cardaca que so portadores de coronariopatias e/ou que sofreram acidente vascular cerebral.

Cerca de 16 milhes de americanos possuem diabetes e so diagnosticados

1.700 novos casos por dia. No entanto, somente 5 a 10 por cento deles so do tipo insulino-

dependente. O restante dos casos novos so de diabetes tipo 2 ou no insulino-dependente.

(PORTO e PORTO, 2005, p.198).

Brown et al (1997), diz que mulheres americanas africanas tem algumas das taxas

mais altas de resistncia a insulina, DMNID, obesidade, e hipertenso. Quando comparou

com outros grupos tnicos nos EUA, mulheres americanas africanas apresentaram baixos

16

nveis de atividade fsica, sendo possvel que os baixos nveis de atividade fsica em mulheres

americanas africanas possam ter um papel na prevalncia alta de hipertenso e diabetes

mellitus no-insulino-dependente (DMNID).

No Brasil, est aumentando muito a incidncia do diabetes exatamente pela

urbanizao que leva ao sedentarismo e o acesso a alimentos industrializados, que contm

mais ndices de gordura e que so alimentos que favorecem o aumento de peso. (ZAGURY,

2004, p. 2).

De acordo com Roberts e Robergs (2002, p.434), A DMNID a forma mais

comum de diabetes, afetando 90% da populao diabtica.

Porto e Porto (2005, p. 198), nos diz que:

Com uma alta e crescente prevalncia na populao brasileira, atingindo cerca de 4.500.000 indivduos, segundo o censo de 1992, com significativa morbidade e mortalidade, o diabetes constitui um importante problema de sade pblica no Brasil. Como diagnstico primrio de internao hospitalar aparece como a sexta causa mais freqente e contribui de forma significativa em outras causas como cardiopatia isqumica, insuficincia cardaca, acidente vascular cerebral, obstruo arterial de membros inferiores e hipertenso arterial.

Para o ministrio da sade:

O DM vem aumentando sua importncia pela crescente prevalncia. Calcula-se que em 2010 possam existir cerca de 11 milhes de diabticos no pas, o que representa um aumento de mais de 100% em relao aos atuais 5 milhes de diabticos no ano 2000. No Brasil, os dados do estudo multicntrico de diabetes (1987) demonstraram uma prevalncia de 7,6% na populao de 30 a 69 anos. Estudo recente realizado em Ribeiro Preto/SP demonstrou uma prevalncia de 12% de diabetes nessa populao. (BRASIL,2001, p. 12).

Outro importante dado revelado por esse estudo multicntrico foi o alto grau de

desconhecimento da doena, onde 46,5% dos diagnosticados desconheciam o fato de ser

portadores de diabetes. (BRASIL, 2001, p. 12).

17

Estudos randomizados, tanto em DM tipo 1 (DCCT 1990) como em DM tipo

2 (UKPDS 1998), mostraram claramente a reduo das complicaes crnicas com o bom

controle metablico. (BRASIL, 2001, p. 12).

O diabetes atinge a mulher grvida e todas as faixas etrias, sem qualquer

distino de raa, sexo ou condies scio-econmicas. Na populao adulta, sua prevalncia

de 7,6%. (BRASIL, 2001, p. 5).

Ou seja, o Diabetes mellitus atinge uma grande parte da populao, sendo de

grande importncia seu conhecimento, sua preveno, e seu tratamento.

2.2 Diabete Mellitus e insulina

Segundo Fraige (1998, p. 4),a diabetes:

uma doena silenciosa, de instalao lenta e progressiva e de conseqncias irreversveis. Por ser sorrateira e praticamente assintomtica, no tipo 2, permite que o indivduo a desenvolva durante at 10 anos, sem diagnstico e sem se aperceber dos pequenos sinais delatores de sua existncia no organismo.

O DM uma sndrome de etiologia mltipla, decorrente da falta e/ou

incapacidades da insulina exercer adequadamente seus efeitos. Caracterizando-se por

hiperglicemia crnica com distrbios do metabolismo dos carboidratos, lipdeos e protenas.

As conseqncias do DM, a longo prazo, incluem disfuno e falncia de vrios rgos,

especialmente rins, olhos, nervos, corao e vasos sanguneos ( BRASIL, 2001, p. 16).

Para Roberts e Robergs (2002, p. 200) a diabetes mellitus,

18

Ou simplesmente diabetes, uma condio envolvendo uma capacidade reduzida de consumo de glicose pelos tecidos do corpo. Se no for tratada, as concentraes de glicose sangunea aumentam dramaticamente, uma condio denominada hiperglicemia. A hiperglicemia sustentada pode fazer com que a glicose ligue-se s membranas dos tecidos, provocando danos teciduais e eventualmente a morte. Por exemplo, a hiperglicemia conhecida por danificar os nervos perifricos, provocando uma condio conhecida como neuropatia perifrica e pode danificar nervos dos olhos, provocando uma eventual cegueira.

Foss e Keteyian (2000, p. 358), diz que diabetes um distrbio associado com a

incapacidade de as membranas celulares captarem eficientemente a glicose para dentro da

clula. Como resultado, os nveis de glicose no sangue tornam-se elevados (hiperglicemia) se

a condio no for tratada.

Nieman (1999, p. 85), afirma que a diabetes diminui a capacidade do organismo

de queimar o material energtico ou a glicose que ele retira dos alimentos param produzir

energia. A glicose transportada pelo sangue em direo as clulas do corpo, mas as clulas

necessitam de insulina, que produzida pelo pncreas, para permitir que a glicose se mova

para seu interior. Sem insulina, freqentemente comparada como a chave que abre a porta, a

glicose acaba se acumulando no sangue sendo assim eliminada pela urina atravs dos rins.

Para Deliberato (2002, p. 86), a diabetes mellitus um [...] distrbio que

compromete o armazenamento de energia.

J para Robergs e Robert (2002, p. 434):

A Diabetes mellitus uma doena que resulta na reduo da capacidade do pncreas para secretar a insulina em resposta a um determinado estmulo de glicose e/ou diminuio da capacidade das clulas para responder insulina e a uma maior captao de glicose.

Pessoas com diabetes podem vir a apresentar alguns dos seguintes sintomas: sede

excessiva, urinao freqente, perda de peso sem explicao, fome extrema, viso embaada,

falta de sensibilidade nas mos ou ps, fadiga recorrente, feridas que demoram mais para

19

sarar, pele muito seca, ou mais infeces do que o comum (HOWLEY e FRANKS 2000,

p.303).

Deliberato (2002, p.84), afirma que, a insulina deficiente ou insuficiente causa o

diabetes mellitus. A mesma, um hormnio protico, e sintetizada nas ilhotas de

Langerhans do pncreas, com a funo de: a) impedir a formao de nveis sanguneos

elevados de glicose ps-alimentao; b) armazenar glicose no fgado e nos msculos, na

forma de glicognio, usado em jejuns prolongados e durante atividades fsicas extenuantes; c)

favorecer a formao de tecido gorduroso marrom, que atua como reserva energtica; d)

participar do metabolismo dos sais minerais, interferindo em ossos, msculos e vrios outros

rgos.

De acordo com Scheen e Lefbvre (1997, p.78):

A ao da insulina representa um papel chave no feedback de glicose-insulina. H uma intercomunicao continua entre os tecidos insulino-sensveis e as clulas beta das ilhotas pancreticas de Langerhans, e este closed-loop biolgico tem o papel principal na homeostase da glicose plasmtica. As anormalidades da ao da insulina esto envolvidas em vrias desordens que conduzem a doena aterosclertica cardiovascular: diabetes mellitus no insulino-dependente (tipo 2), quando o fornecimento de insulina pelas clulas beta deficitrio, e sndromes polimetablicas incluindo obesidade abdominal, deficincia da tolerncia a glicose, hipertenso e dislipidemias quando as clulas beta so capazes de superar a resistncia insulina mantendo o hiperinsulinismo.

A secreo de insulina controlada diretamente pelo nvel de glicose no sangue

que passa atravs do pncreas, que para Mc Ardle, Katch e Katch (1998, p. 354),

[...] isso induz a entrada da glicose nas clulas, reduz a glicose sangunea e remove o estmulo para a liberao de insulina. Por outro lado, uma reduo na glicose sangunea acarreta uma queda drstica nos nveis sanguneos de insulina, proporcionando dessa forma um meio ambiente favorvel para o aumento dos nveis sanguneos de glicose.

20

Para Sixt et al (2004), a importncia de um diagnstico precoce de diabetes foi

mostrado no Estudo Prospectivo de Diabetes do Reino Unido (UKPDS). Os resultados

mostram que necessrio manter os nveis de HbA1c < 6,0mmol/l, de maneira a reduzir a

incidncia de eventos cardiovasculares.

2.2.1 Tipos de Diabetes Mellitus

De acordo com Martins (2000, p. 12) a classificao simplificada do diabetes

ficou assim estabelecida, diabetes mellitus tipo 1 ou dependente de insulina, que acomete

principalmente crianas e jovens; diabetes mellitus tipo 2 ou no dependente de insulina, que

acomete adultos e jovens; diabetes gestacional que aparece na gravidez, persistindo ou no

aps; outros tipos especficos.

J Robergs e Roberts (2002, p. 434) classificam o diabetes em quatro tipos: [...]

insulino-dependente, no-insulino-dependente, gestacional e diminuio da tolerncia

glicose.

Existem alguns tipos de diabetes, sendo que as principais e mais comuns, so a

DMID, DMNID e gestacional.

2.2.1.1 Diabetes Mellitus Insulino-Dependente (DMID)

Esse tipo de diabetes mais comum em crianas e jovens, e o fato de no

produzirem insulina suficiente, acabam se tornando dependentes de insulina exgena

(injetada).

Para Mc Ardle, Katch e Katch (1998, p. 355):

21

O tipo I ou diabete mellitu insulino-dependente, denominado antigamente de diabete com incio juvenil, ocorre habitualmente em indivduos mais jovens. Est associado com uma deficincia absoluta de insulina e, com bastante freqncia, de outros hormnios pancreticos. Em comparao com o subgrupo Tipo II, os pacientes com diabetes Tipo I apresentam uma anormalidade mais grave na homeostasia da glicose. Os efeitos do exerccio sobre a taxa metablica so mais pronunciados nesses indivduos, e o controle dos problemas relacionados ao exerccio mais difcil.

Para Foss e Keteyian (2000, p. 358), As pessoas com diabetes tipo I

desenvolvem habitualmente esse distrbio antes dos 30 anos e devero injetar insulina em

bases dirias como parte de seu tratamento.

J o ministrio da sade, (BRASIL, 2001, p. 16), diz que a diabete mellitu do tipo

I, ocorre primeiro pela destruio das clulas beta pancretica, e tem tendncia cetoacidose.

Esse tipo de diabete ocorre em cerca de 5 a 10 % dos diabticos, incluindo casos decorrentes

de doena auto-imune e aqueles nos quais a causa da destruio das clulas beta no

conhecida.

Foss e Keteyian (2000, p. 358), ainda diz que Alguns pacientes Tipo I

conseguem um melhor controle da glicose sangunea e menores necessidades dirias de

insulina como resultado do treinamento com exerccios.

2.2.1.2 Diabetes Mellitus Gestacional

Este termo empregado, quando existe uma diminuio da tolerncia glicose,

que para o ministrio da sade (BRASIL, 2001, p. 17), essa diminuio [...] de magnitude

varivel, diagnosticada pela primeira vez na gestao, podendo ou no persistir aps o parto.

Abrangendo os casos de DM e de tolerncia glicose diminuda, detectados na gravidez.

22

2.2.1.3 Diabetes Mellitus no Insulino-Dependente

Este tipo de diabetes, mais comum em adultos com uma quantidade de gordura

acima do normal, envolvendo tambm uma reduo da sensibilidade insulina.

Os pacientes com este tipo de diabetes [...] no requerem insulina (exgena)

para manter a vida, embora a insulina possa ser necessria para controlar a hiperglicemia em

alguns pacientes. (CHAMPE; HARVEY, 1994, p. 305).

A causa precisa do diabetes tipo 2 no conhecida . No entanto, alguns fatores

como o hereditarsmo, raa, obesidade, hipertenso, colesterol, sedentarismo, e idade

avanada tem fator agravante para esta doena, o que normalmente acarretado por um estilo

de vida problemtico (NIEMAN, 1999).

Roberts e Robergs (2002, p. 191) afirmam que:

A diabetes tipo II pode ser adicionalmente dividida em dois subgrupos: (1) indivduos com uma capacidade prejudicada de secretar insulina em razo de um defeito nas clulas beta do pncreas, provocando reduo da responsividade insulina, e (2) indivduos com uma capacidade reduzida das clulas de responderem insulina, provocando uma sensibilidade reduzida insulina.

Para Deliberato (2002, p. 85), este tipo de diabetes, acomete pessoas com mais de

40 anos, geralmente obesas, sendo que a taxa de insulina pode estar normal ou aumentada,

mas mesmo assim estar deficiente, sendo rara a presena de anticorpos antiinsulina e h

presena de hipoglicemia.

Boden, Chen e Polansky (1999), nos falam que, parentes de primeiro grau de

pacientes com diabetes tipo 2, desenvolvem diabetes em uma maior taxa que a populao

normal (1-3).

Mc Ardle, Katch e Katch (1998, p. 355), afirma que o DMNID denominado

antigamente diabete com incio na maturidade, tende a ocorrer em indivduos mais idosos,e

23

est associado com uma resistncia significativa s aes da insulina (particularmente no

msculo esqueltico), a uma secreo de insulina anormal porm relativamente bem mantida,

e a um nvel plasmtico da insulina de normal a elevado.

J Powers e Howley (2000, p. 300), afirma que:

O diabetes tipo II representa cerca de 90% de todos os diabticos e esta relacionado, sobretudo, a obesidade andride ou da poro superior do corpo. O aumento de massa de tecido gorduroso acarreta uma resistncia insulina, a qual usualmente se encontra disponvel em quantidades adequadas no organismo.

Powers e Howley (2000, p. 303), ainda diz que Existem algumas evidncias

epidemiolgicas de que o diabetes tipo II est ligado falta de atividade fsica e de baixo

condicionamento fsico, independentemente da obesidade.

J para Correa et al (2003), A obesidade e/ou sobrepeso esto presentes na

maioria dos pacientes diabticos tipo 2, sendo que sua prevalncia varia dependendo de

fatores genticos e ambientes (educacionais e culturais).

A obesidade, sobretudo a da poro superior do corpo ou abdominal, est associada com a resistncia insulina bem como um nmero reduzido de receptores de insulina. Um nmero crescente de estudos demonstra que o risco de DMNID aumenta em proporo direta com o aumento da proporo cintura-quadril. Quando se perde a gordura abdominal, a resistncia insulina reduzida e os nveis de glicemia frequentemente retornam ao normal. (NIEMAN, 1999, p. 95).

J para Pollock e Wilmore (1993, p. 573), O DMNID tipo-II geralmente se

instala de forma insidiosa, e resulta de uma reduo na produo de insulina pelo pncreas ou

de uma diminuio da sensibilidade dos receptores celulares a insulina.

Pollock e Wilmore (1993, p. 575), ainda afirma que :

Os indivduos diabticos no insulino-dependentes exibem um espectro variado de resistncia perifrica insulina, mostrando hiperglicemia e um comprometimento da tolerncia glicose com nveis circulantes de insulina que tanto podem estar aumentados quanto diminudos.

24

Porto e Porto (2005, p. 198), acredita que o diabetes tipo II, resulta, de

variveis de resistncia insulina e deficincia relativa de secreo de insulina, tendo

a maioria dos pacientes, excesso de peso, e que a cetoacidose ocorre apenas em infeces

graves, em situaes especiais.

Porto e Porto (2005, p. 198), ainda afirma que os pacientes que apresentem este

tipo de diabetes, geralmente apresentam anormalidades qualitativas e quantitativas nos

lipdios plasmticos e nas lipoprotenas, representadas por nveis elevados de triglicerdeos

diretamente relacionados diminuio da atividade da lpase lipoprotica.

Rang, Ritter e Dale (2001, p. 324), tambm nos diz que:

No diabete tipo 2, ocorrem resistncia insulina (que precede a manifestao da doena) e comprometimento na regulao da secreo de insulina. Em geral, esses pacientes so obesos, e a doena costuma ocorrer na vida adulta, verificando-se aumento progressivo da incidncia com a idade, medida que a funo das clulas B declina.

Recentemente, obteve-se comprovao de que mudanas de estilo de vida

(exerccio fsico regular e reduo de peso) podem diminuir a incidncia de DM do tipo 2 em

indivduos com intolerncia glicose (SCHAAN; HARZHEIM;GUS, 2004).

Para Sixt et al (2004), o DM tipo 2 uma das doenas mais comuns em pases

desenvolvidos e um dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento de micro e

macrodoenas cardiovasculares. Complicaes vasculares so causas de morte em at 80%

desses pacientes e 75% das mortes so devidas doena arterial coronariana. Pacientes com

DM tipo 2 desenvolvem mais freqentemente doena coronariana multivascular difusa e

insuficincia cardaca. Aps um infarto agudo do miocrdio, o resultado pior e a

mortalidade maior do que em pacientes normoglicmicos.

25

2.2.2 Parmetros bioqumicos para o controle glicmico

Alguns dos parmetros utilizados para o controle glicmico so: de curto prazo

(glicosria, cetonria e glicemia), de mdio prazo ( albumina glicada e frutosamina), e de

longo prazo ( hemoglobina glicada ou glicohemoglobina). (BRASIL, 2001)

2.2.2.1 Glicosria

De acordo com o ministrio da sade:

A avaliao da glicosria atravs de tcnicas semiquantitativas ou quantitativas permanece como um mtodo utilizado para a monitorao do tratamento do DM quando no for possvel a monitorao com glicemia capilar.[...] Em condies ideais, a glicosria deve ser negativa, mas considera-se aceitvel uma glicosria em amostra isolada inferior a 5g/l e inaceitvel quando acima desse valor. (BRASIL, 2001, p. 29).

Ainda para o ministrio da sade, (BRASIL, 2001, p. 29), Uma glicosria

negativa no capaz de fazer distino entre uma hipoglicemia, euglicemia e uma

hiperglicemia leve ou moderada.

2.2.2.2 Cetonria

Para se obter um bom controle metablico, principalmente em paciente

diabticos, necessrio a determinao da cetonria, pois pode ser indicativa de cetoacidose

em evoluo e isso requer cuidados mdicos imediatos. (BRASIL, 2001)

Para o ministrio da sade:

26

A cetonria, entretanto, associada a nveis baixos de glicemia ou glicosrias negativas, indica a falta de suprimento alimentar. Por outro lado, a denominada cetose pura, ausncia do jejum, de infeces ou situaes de estresse, associada hiperglicemia, indica deficincia insulnica no mnimo, de grau moderado. (BRASIL, 2001, p. 30).

2.2.2.3 Glicemia capilar

Para o ministrio da sade (BRASIL, 2001, p. 30) Um grande avano no

monitoramento do tratamento nos pacientes diabticos foi a possibilidade de se avaliar a

glicemia do sangue capilar atravs das tiras reagentes de leitura comparativa ou ptica.

Ainda para o ministrio da sade:

A freqncia ideal para pacientes do tipo 2 no est bem definida, mas deve ser suficiente para a obteno dos objetivos teraputicos. Alguns recomendam uma avaliao diria, em horrios diferentes, de modo que todos os perodos e diferentes situaes sejam avaliados. ( BRASIL, 2001, p. 30).

O ministrio da sade, (BRASIL, 2001, p. 30), ainda diz que se considera como

bom controle glicmico o fato de 80% a 90% das avaliaes mostrarem glicemia de jejum,

onde entre 80 e 120 mg/dl, uma e meia a duas horas ps-prandiais; entre 80 e 160 mg/dl;

superior 60 mg/dl, entre duas e trs horas da madrugada. Quando as glicemias de jejum

situarem-se entre 121 e 140 mg/dl e as ps-prandiais entre 161 e 180 mg/dl, considera-se o

controle como aceitvel e ruim quando as glicemias esto superiores a esses nveis.

2.2.2.4 Protena srica glicada

A glicao da hemoglobina ocorre muito parecido ao da albumina e de outras

protenas.

O ministrio da sade, afirma que:

27

A extenso da glicao no-enzimtica das protenas est diretamente relacionada concentrao da glicose plasmtica e ao perodo em que a protena ficou exposta a tais condies. A concentrao das protenas glicadas est diretamente relacionada com os nveis glicmicos e com a vida mdia da protena. As protenas glicadas mais estudadas e utilizadas clinicamente so a albumina, a frutosamina e a hemoglobina A. (BRASIL, 2001, p. 31).

A quantidade de glicose ligada hemoglobina diretamente proporcional

concentrao mdia de glicose no sangue. Uma vez que os eritrcitos tm um tempo de vida

de aproximadamente 120 dias, a medida da quantidade de glicose ligada hemoglobina pode

fornecer uma avaliao do controle glicmico mdio no perodo de 60 a 90 dias antes do

exame (ver tabela 2). Este o propsito dos exames de hemoglobina glicada, sendo mais

freqente a avaliao da hemoglobina A1c (HbA1c) (GRUPO INTERDISCIPLINAR DE

PADRONIZAO DA HEMOGLOBINA GLICADA, 2003, p. 3).

Os modelos tericos e os estudos clnicos sugerem que um paciente em controle

estvel apresentar 50% de sua A1c formada no ms precedente ao exame, 25% no ms

anterior a este e os 25% remanescentes no terceiro ou quarto meses antes do exame. (GRUPO

INTERDISCIPLINAR DE PADRONIZAO DA HEMOGLOBINA GLICADA, 2003, p.

8).

Nveis de A1c acima de 7% esto associados a um risco progressivamente maior

de complicaes crnicas. Por isso, o conceito atual de tratamento do diabetes por objetivos

define 7% como o limite superior acima do qual est indicada a reviso do esquema

teraputico em vigor. (GRUPO INTERDISCIPLINAR DE PADRONIZAO DA

HEMOGLOBINA GLICADA, 2003, p. 5).

28

2.2.3 Complicaes da Diabetes mellitus

Leon apud Martins (2000, p. 41), afirma que [...] o aparecimento das

complicaes crnicas improvvel antes de completado um ano do incio do diabetes, mas

aumenta em freqncia com a durao da doena.

Para Coeli (2002), essa doena de importncia para populao idosa pela

elevada freqncia de ocorrncia e pelo fato de acarretar complicaes macrovasculares

(doena cardiovascular, cerebrovascular e de vasos perifricos) e microvasculares

(retinopatia, nefropatia e neuropatia). Essas complicaes contribuem para a queda da

qualidade de vida dos idosos, alm de determinar aumento de consumo de recursos em sade

e mortalidade.

Para Assuno, Santos e Gigante (2001), o diabetes est associado ao aumento da

mortalidade e ao alto risco de desenvolver complicaes micro e macrovasculares, bem como

neuropatias, esta doena pode levar a cegueira, insuficincia renal e amputaes de membros,

sendo responsvel por grandes gastos em sade, alm de grande reduo da capacidade de

trabalho e expectativa de vida.

J Silva (1999, p. 4) nos diz que:

A alta morbidade e mortalidade resultam principalmente do comprometimento vascular e neurolgico. A doena macrovascular confere um risco duas a quatro vezes maior para cardiopatia, acidente vascular cerebral (AVC) e gangrena dos membros inferiores. As complicaes microvasculares afetam os olhos e os rins, sendo a causa mais freqente de cegueiras e insuficincia renal. A neuropatia perifrica e autonmica (relacionada a alteraes pressricas e cardiopatia diabtica) so agentes complicadores das alteraes micro e macrovasculares.

De acordo com Porto e Porto (2005, p. 199), h dois tipos de comprometimento

vascular no diabtico, as micro e macroangiopatias. As microangiopatias so especficas do

diabetes e se caracterizam-se por alteraes endoteliais proliferativas das arterolas. Afetam

29

principalmente as retinas, os glomrulos renais, o crebro, o pncreas e o miocrdio. As

macroangiopatias so inespecficas, destacando-se a aterosclerose, que acomete

principalmente os grande vasos, especialmente as artrias das extremidades inferiores, as

coronrias e as cerebrais.

Segundo Fraige (1998, p. 4):

Infelizmente, em grandes partes de casos, o paciente s se dara conta quando as complicaes decorrentes j estiverem instaladas, tais como microangiopatias: retinopatia levando a dficit visual progressivo, sendo hoje a principal causa de cegueira no mundo, bem como nefropatia que se manifesta como hipertenso arterial, podendo progredir para insuficincia renal e sendo necessrio os processos de dilises que arrasam a qualidade de vida e complicam muito nos diabticos. As macroangiopatias, expresso de um processo de arteriosclerose acelerada se manifesta por enfarte de miocrdio em fase etria precoce, AVC, ulceraes e gangrenas de membros inferiores, pioradas pela neuropatia que leva a parestesias, fadiga muscular e impotncia sexual no homem.

2.2.3.1 Doenas oculares

As doenas oculares mais comuns so as retinopatias proliferativas, mais podem

ocorrer tambm catarata, glaucoma e ceratopatia (lceras da crnea). (BRASIL, 2001)

Quanto a retinopatia, de acordo com Brasil (2001, p. 70), O incio das alteraes

ocorre por volta do 5 ano de instalao do DM, podendo, em alguns casos, estar presente por

ocasio do diagnstico do diabetes tipo2.

De acordo com Massin et al (1997, p. 153):

A retinopatia diabtica a causa maior da reduo da viso e da cegueira na Frana. a primeira causa de cegueira antes dos 50 anos e a terceira depois dos 50, aps a degenerescncia macular ligada idade e ao glaucoma. A prevalncia da retinopatia diabtica aumenta com a durao do diabetes e a importncia da hiperglicemia crnica. Na populao diabtica, aproximadamente 45% doa diabticos tratados com insulina e 17 % tratados com hipoglicemiantes orais, tm retinopatia diabtica. Aps 20 anos de evoluo do diabetes, mais de 90% doa diabticos tipo 1 e mais de 60% dos diabticos tipo 2 apresentam uma retinopatia diabtica.

30

Ainda para Massin et al (1997, p. 153), importante saber que a diminuio

visual somente ir aparecer aps um longo perodo de evoluo silenciosa da retinopatia

diabtica e suas complicaes. O paciente pode no sentir nada (funcionalmente), nem mesmo

reduo da viso, mas j pode apresentar a retinopatia diabtica de forma avanada, e com

alto risco de cegueira.

Para Boelter et al (2003), uma das complicaes microvasculares mais

importantes do DM a retinopatia diabtica (RD), que a principal causa de novos casos de

cegueira entre norte-americanos nas idades de 20 a 64 anos, causando 8000 novos casos de

cegueira a cada ano. No Brasil, estima-se que metade dos pacientes portadores de DM seja

afetada pela RD, sendo responsvel por 7,5% das causas de incapacidade de adultos para o

trabalho e por 4,58% das deficincias visuais.

Ainda para o ministrio da sade:

No h sintomas at que a doena atinja estados avanados (edema macular ou hemorragia decorrente de neovascularizao). A evoluo s pode ser acompanhada atravs da fundoscopia, sendo que os primeiros sinais so presena de microaneurismas e microhemorragias. ( BRASIL, 2001, p. 70).

2.2.3.2 Nefropatia

Embora as complicaes renais do diabetes mellitus sejam multifatoriais e

influenciadas por vrios fatores como hipertenso sistmica e hiperlipemia, para Striker

(1997, p.68), [...] o papel da hiperglicemia tem sido recentemente enfatizado por testes

clnicos e dados experimentais.

Ainda para Striker (1997, p. 68), os fatores que levam ao incio da doena renal

no paciente diabtico suscetvel e os que determinam subseqentemente os ndices de

31

progresso para o estado terminal de falncia renal, no foram totalmente elucidados, mas

acredita-se que os controles da glicemia e hipertenso so importantes.

Regenga (2000, p. 218), afirma que:

A proteinria pode levar a leso glomerular e dos vasos, induzindo ao aparecimento de insuficincia renal crnica, que pode originar hipertenso. Os diabticos do tipo I e II microalbumnicos ou proteinricos tm risco de morte cardiovascular triplicado em relao aos diabticos normoalbumnicos.

J Porto e Porto (2005, p. 200), diz que a nefropatia diabtica nos diabticos tipo

I uma causa importante de hipertenso arterial secundria. A hipertenso primria mais

encontrada nos diabticos tipo 2, nos quais tem sido relacionada a trade obesidade,

resistncia insulina e hipertenso.

O ministrio da sade, (BRASIL, 2001, p. 71), afirma que No DM tipo 1, cerca

de 30 a 40 % dos pacientes desenvolvero nefropatia num perodo entre 10 a 30 anos aps o

incio da doena. No DM tipo 2, at 40% dos pacientes apresentaro nefropatia aps 20 anos

da doena.

2.2.3.3 Neuropatia diabtica

O ministrio da sade diz que:

a complicao mais comum do DM, compreendendo um conjunto de sndromes clnicas que afetam o sistema nervoso perifrico sensitivo, motor e autonmico, de forma isolada ou difusa, nos segmentos proximal ou distal, de instalao aguda ou crnica, de carter reversvel ou irreversvel, manifestando-se silenciosamente ou com quadros sintomticos dramticos. A complexidade da ND impe um diagnstico de excluso com varias outras patologias (ex.: hipotireoidismo, anemia perniciosa, alcoolismo, hansenase, AIDS, porfiria, deficincias vitamnicas, etc.). A forma mais comum a neuropatia simtrica sensitivo-motora distal. (BRASIL, 2001, p. 72).

32

J Regenga (2000, p. 218), As neuropatias diabticas so caracterizadas por dor,

fraqueza e alteraes dos reflexos. As neuropatias autonmicas cursam com hipotenso

postural, gastroenteropatias, bexiga neurognica e impotncia sexual.

2.2.3.4 P diabtico

O ministrio da sade nos diz que:

uma das complicaes mais devastadoras do DM, sendo responsvel por 50 a 70% das amputaes no traumticas, 15 vezes mais freqentes entre indivduos diabticos, alm de concorrer por 50% das internaes hospitalares. Geralmente, a ND atua como fatorpermissivo para o desenvolvimento das lceras nos ps, atravs da insensibilidade e, principalmente, quando associada a deformidades. As lceras complicam-se na presena de DVP e infeco, geralmente presentes em torno de 20% das leses, as quais colocam o paciente em risco de amputao e at de vida. (BRASIL, 2001, p. 74).

E para Regenga (2000, p. 219), As leses causadas por doena perifrica

associada a neuropatias, quadros infecciosos e traumatismos podem favorecer o surgimento

de lceras, gangrenas e at amputaes.

2.2.3.5 Cetoacidose

Deliberato (2002, p. 85), afirma que o aumento nos nveis dos corpos cetnicos

no sangue conhecido por cetonemia, enquanto que o aumento dos nveis urinrios,

chamado de cetonria. A ocorrncia de cetonemia e cetonria por longos perodos, leva a

diminuio da reserva alcalina, levando a um quadro de cetoacidose.

Regenga (2000, p. 219), A hiperglicemia pode induzir a situaes de

desidratao, acarretando quadros de acidose metablica.

33

2.2.3.6 Hipoglicemia

Regenga (2000, p. 219), Situaes de glicemia inferior a 50mg/dl podem

provocar taquicardia, palidez, enjos, convulses e, mesmo, coma.

J para o ministrio da sade, (BRASIL, 2001, p. 68), hipoglicemia seriam para

achados de glicemia abaixo de 69 mg/dl, e podem apresentar sinais e sintomas como

tremores, sudorese intensa, palidez, palpitaes, fome intensa, viso borrada, diplopia,

tonturas, cefalia, ataxia, distrbios do comportamento, convulso, perda de conscincia e

coma.

2.2.3.7 Circulatrias

Para Schaan, Harzheim e Gus (2004), a doena cardiovascular responsvel por

at 80% das mortes em indivduos com DM do tipo 2. De fato, o risco relativo de morte por

eventos cardiovasculares, ajustados para a idade, em diabticos trs vezes maior do que o da

populao em geral.

De acordo com Scheffel (2005), o comprometimento ateroesclertico das artrias

coronarianas, dos membros inferiores e das cerebrais comum nos pacientes com diabetes

melito (DM) do tipo 2 e constitui a principal causa de morte destes pacientes. Estas

complicaes macroangiopticas podem ocorrer mesmo em estgios precoces do DM e se

apresentam de forma mais difusa e grave do que em pessoas sem DM. Alm disso, pacientes

com DM podem apresentar problemas de viso, doena renal [nefropatia diabtica (ND)] e

dano neuronal [neuropatia sensitiva distal (NSD)], que so chamadas de complicaes

microangiopticas.

Segundo Passa et al (1998, p. 47):

34

O diabetes fator de risco independente e importante de mortalidade cardiovascular essencialmente relacionada doena coronariana, respresentando a maior causa de falecimento precoce nos diabticos insulino-dependentes (DID) e nos diabticos no insulino-dependentes (DNID).

Para Regenga (2000, p. 218), leva ocorrncia de aterosclerose, com aumento

dos triglicerdeos e do LDL-colesterol (colesterol ruim) e diminuio do HDL-colesterol

(colesterol bom), com maior grau de aterognicidade, prevalncia de insuficincia

coronariana que ultrapassa 50% e cardiomiopatias diabticas. Arteriopatias perifricas so

freqentes, alm de obesidade, que pode exarcebar a resistncia insulina.

Para o ministrio da sade, (BRASIL, 2001, p. 71), Na cardiopatia isqumica, a

aterosclerose das coronrias, angina, infarto do miocardio (ocasionalmente sem dor). Ocorre

em 7,5% dos homens diabticos e em 13,5% das mulheres diabticas entre 45 e 64 anos de

idade.

J Porto e Porto (2005, p. 199), A cardiopatia isqumica a principal causa de

bito nos diabticos, trs vezes mais freqentes do que nos no-diabticos.

Para Biondi-Zoccai (2003 apud PORTO, 2005, p. 199):

Estudos patolgicos, angiogrficos e outras observaes in vitro tm mostrado que o diabetes favorece uma progresso difusa e acelerada da aterosclerose. Essas placas so mais comumente complicadas e tm maior risco de complicao subseqente. Diabticos que evoluram com morte sbita mostram um nmero maior de placas aterosclerticas fissuradas, quando comparados com no-diabticos. Exames angioscpicos em diabticos com angina instvel demonstram uma maior incidncia de placas ulceradas e formao de trombo intracoronrio do que em pacientes no-diabticos, e essas placas apresentam ainda uma maior concentrao de lipdios, maior riqueza de componentes inflamatrios e esto mais freqentemente complicadas por presena de trombo.

Porto e Porto (2005, p. 199), ainda diz que,

No diabetes tipo 2, a prevalncia de doena coronariana alta, mesmo nos pacientes nos quais a doena tenha sido recentemente diagnosticada, bem como nos indivduos com tolerncia diminuda glicose, situao metablica que antecede o diabetes e na qual j existe um alto risco de doena cardiovascular prematura.

35

Para Carvalho (2005, p. 60), a [...] hipertenso arterial e diabetes aumentam o

risco de AVC, de forma independente. Uma proporo significante de risco de AVC

diretamente relacionado hipertenso e, na verdade, decorrente da presena concomitante de

diabetes.

Biston (1996), afirma que em pacientes com hipertenso sujeita, a reduo da

sensibilidade de insulina achada at mesmo na ausncia de obesidade.

2.2.4 Formas de tratamento

2.2.4.1 Medicamentosa

Como tratamento medicamentoso da diabetes mellitus, temos as insulinas e

agente hipoglicemiantes orais.

2.2.4.1.1 Insulina

Rang (2001, p. 325), afirma que a insulina pode ser extrada do pncreas suno ou

bovino. A insulina humana est sendo utilizada cada vez mais, sendo geralmente produzida

pela tecnologia do DNA recombinante. Para o uso rotineiro, administrada por via

subcutnea (por infuso intravenosa em emergncias), sendo que o principal efeito

indesejvel consiste no desenvolvimento de hipoglicemia.

Ainda para Rang (2001, p. 325), Como a insulina destruda no trato

gastrintestinal, preciso administra-la por via parenteral geralmente por via subcutnea,

porm por via intravenosa ou, em certas ocasies, por via intramuscular nas emergncias.

J para o ministrio da sade:

36

A insulina um hormnio produzido pelas clulas beta da ilhotas de Langerhans do pncreas. A molcula de insulina uma protena formada por duas cadeias interligadas de aminocidos, no tendo ao quando administrada por via oral. Os efeitos da insulina consistem em reduzir os nveis sanguneos de glicose, cidos graxos e aminocidos e estimular a converso destes para compostos de armazenamento que so o glicognio, os triglicerdeos e as protenas. (BRASIL, 2001, p. 57).

As indicaes clnicas da insulina, segundo Rang (2001, p. 326), so pacientes

com diabetes tipo 1 que necessitam de tratamento de manuteno a longo prazo com insulina;

indicado tambm para pacientes que necessitam de tratamento crnico com insulina; o

tratamento a curto prazo com insulina pode ser necessrio em pacientes com diabetes tipo 2

ou comprometimento da tolerncia glicose durante eventos intercorrentes, por exemplo, em

infeces, infarto do miocrdio, gravidez, cirurgias de grande porte; e uma indicao

totalmente distinta, que no tratamento de emergncia da hipercalemia, quando a insulina

administrada com glicose para reduzir o potssio extra-celular atravs de redistribuio no

inferior das clulas.

2.2.4.1.2 Hipoglicemiantes orais

Nesse grupo, esto includos os agentes orais que reduzem a glicose sangunea,

como as biguanidas, sulfonilurias, e compostos correlatos. Estes devem ser usados no DM

tipo 2, quando no foram atingidos nveis satisfatrios de glicose no sangue aps exerccio e

qualquer medida diettica. (RANG, 2001)

37

a) Biguanidas

Para Rang (2001, p. 326), as biguanidas Aumentam a captao de glicose no

msculo esqueltico e possuem efeitos sobre a absoro da glicose e a produo da

glicose e a produo heptica de glicose.

Um exemplo deste agente oral a metformina, que ainda para Rang (2001, p.

326), [...] possui aes metablicas adicionais, visto que reduz as concentraes

plasmticas das lipoprotenas de densidade muito baixa efeitos que poderiam ser

teoricamente teis para reduzir o ateroma.

J para o ministrio da sade, o mecanismo de ao e efeitos da biguanidas so:

Aumenta a sensibilidade insulina nos tecidos perifricos (muscular e adiposo) e, principalmente, no fgado. A reduo da glicemia provocada pela metformina deve-se especialmente diminuio da glicose plasmtica em jejum e da glicohemoglobina semelhante das sulfonilurias. Reduz os nveis de triglicerdeos de 10 a 15% e do LDL-colesterol, aumentando o HDL. No est associada a aumento de peso, podendo inclusive determinar uma diminuio de dois a trs quilos durante os primeiros seis meses de tratamento. Quando associada sulfonilurias, determina um efeito hipoglicemiante aditivo. No causa hipoglicemia quando usada isoladamente. (BRASIL, 2001, p. 56).

b) Sulfonilurias

As drogas mais conhecidas so: tolbutamida, glibenclamida, glipizida, glicazida.

Para Rang (2001, p. 326), essas drogas resultam [...] em acentuada queda da

glicemia. Essas drogas atuam estimulando a liberao de insulina e, portanto, exigem a

presena de clulas funcionais das ilhotas.

E para o ministrio da sade, o mecanismo de ao e efeitos dessa droga que:

38

Estimulam agudamente a clula beta a secretar insulina, sendo portanto ineficazes em pacientes com reduo importante na funo desta clulas. Algumas aes extrapancreticas foram descritas, embora no consideradas de grande importncia na melhoria da hiperglicemia. Aps alguns meses de terapia, os nveis de insulina retornam aos valores pr-tratamento, enquanto os nveis glicmicos permanecem mais baixos.Em pacientes com nveis de glicose plasmtica de 200 mg/dl, diminuem a glicose plasmtica cerca de 60 a 70 mg/dl, e a glicohemoglobina de 1,5 a 2,0 pontos percentuais. (BRASIL, 2001, p. 326).

c) Inibidores da alfa-glicosidase

A droga mais utilizada a acarbose, que para Rang (2001, p. 328), a mesma

[...] um inibidor da alfa-glicosidase intestinal, utilizada em pacientes com diabete tipo 2

que so inadequadamente controlados pela dieta, com ou sem outros agentes.

Ainda para Rang (2001, p. 328), A acarbose retarda a absoro dos carboidratos,

reduzindo o aumento ps-prandial da glicemia.

d) AAS

O ministrio da sade, (BRASIL, 2001, p. 61), diz que Nos pacientes diabticos

com complicaes vascular, recomenda-se o uso continuado de dose baixa de AAS, pois o

benefcio absoluto deste, como protetor cardiovascular, maior em pacientes diabticos do

que em no diabticos.

O AAS pode ser usado como estratgia de preveno primria em mulheres e

homens diabticos quando estiverem presentes pelo menos um dos seguintes fatores :

tabagismo, micro e macroproteinria, assim como histria familiar de coronariopatia.

(BRASIL,2001, p. 61).

39

2.2.4.2 Exerccio fsico

De acordo com Regenga (2000, p. 219), necessrio que o corpo humano seja

suprido continuamente de energia qumica para que assim possa desenvolver suas complexas

funes. A passagem do repouso para a atividade fsica, induzidos pelo aumento de

energia,mecanismos fisiolgicos adaptativos so ativados no intuito de aumentar a oferta de

metablitos a ser utilizados como substrato energtico, sendo que o tipo de metablito

utilizado vai variar de acordo com o tipo e a intensidade do exerccio que est sendo

executado, assim como o grau de condicionamento cardiovascular do indivduo e seu estado

funcional.

Uma das principais adaptaes que o exerccio fsico promove, podem ser

observadas no tecido muscular que sofre um aumento de sua seco transversa denominado

"hipertrofia. Sendo acompanhada de alguns fenmenos como aumento nos estoques de

glicognio, aumento do nmero e tamanho das miofibrilas, maior quantidade de gua dentro

das fibras, maior capacidade da via oxidativa, que refletida por incrementos na densidade

mitocndrial e na atividade mxima de enzimas do processo mitocndrial de respirao

celular, aumento da vascularizao e capilarizao (RAMOS, 2000).

Regenga (2000, p. 219), firma que:

Nos minutos inicias do exerccio, a fonte energtica proveniente da utilizao anaerbica do glicognio muscular da musculatura em atividade; no entanto, esse substrato energtico tem reserva limitada, sendo necessria a utilizao posterior de outras fontes de energia, se a atividade fsica for mantida por perodo mais prolongado.

Para Porto e Porto (2005, p. 166):

40

Programas formais de reabilitao contribuem efetivamente para o tratamento de muitas doenas, melhorando a capacidade funcional e a qualidade de vida dos pacientes e reduzindo o risco de eventos graves, com conseqente reduo das internaes hospitalares e da mortalidade. Sendo o exerccio fsico um componente imprescindvel do esquema teraputico de portadores de doena arterial coronariana, hipertenso arterial, insuficincia cardaca, diabetes e doena pulmonar crnico-obstrutiva, dentre outras, impe-se a implantao de programas de condicionamento fsico, com finalidade teraputica, como parte do processo de reabilitao. Estes programas, alm dos exerccios fsicos, devem contar com orientao nutricional. Aliados utilizao de tcnicas para o controle do estresse e de estratgias para a remoo do tabagismo.

Garret e Kirkendall (2003, p. 302), afirmam que os exerccios aerbicos so

recomendado para a preveno e o tratamento de vrias doenas tipicamente associadas

idade avanada, entre elas esto o diabetes melito no-insulino dependente, a hipertenso,

doenas cardacas e a osteoporose.

A adoo de um estilo de vida no sedentrio, calado na pratica regular de

atividade fsica, encerra a possibilidade de desenvolvimento da maior parte das doenas

crnicas degenerativas, alm de servir como elemento promotor de mudanas com relao a

fatores de risco para inmeras outras doenas. Sugere-se inclusive, que a prtica regular de

atividade fsica pode ser, na tentativa de controle das doenas crnicas degenerativas, o

equivalente ao que a imunizao representa na tentativa de controle das doenas infecto-

contagiosas (SILVA, M.E.R. 1999).

Porto e Porto (2005, p. 166), nos diz que, os efeitos fisiolgicos agudos do

exerccio fsico vasodilatao, simpaticoltico, depleo de volume e de sdio plasmticos,

ansioltico, antidepressivo e fibrinoltico contribuem para neutralizar os fatores que podem

levar a uma complicao cardiorespiratria., at mesmo e principalmente nos maiores picos

de incidncia.

J para o ministrio da sade (BRASIL, 2001, p. 43), Os efeitos do exerccio

fsico, so: na hipertenso reduz os nveis prescritos de repouso e pode reduzir a dose de

medicamentos necessrios; na dislipidemia diminui os nveis sricos de triglicerdeos e

aumenta os nveis sricos de HDL colesterol; obesidade auxilia no controle do peso e reduz

41

principalmente a gordura corporal; estresse reduz ansiedade, fadiga e depresso; diabetes

previne ou retarda o surgimento do diabetes tipo 2, reduz a resistncia insulnica, podendo

diminuir a necessidade de medicamentos, e diminui o risco cardiovascular.

O exerccio exerce efeito oposto ao do sedentarismo, aumentando o gasto

calrico melhorando o transporte e captao de insulina, onde tanto os exerccios aerbicos

quanto os resistidos promovem um aumento do metabolismo basal conhecido como

metabolismo de repouso, que responsvel por 60% a 70% do gasto energtico total,

contribuindo para a perda de peso, e diminuio do risco de desenvolver diabetes,

hipertenso, e outras doenas (CIOLAC e GUIMARES 2004).

Pichles et al (1998, p. 159), afirma que:

No indivduo da terceira idade, o exerccio aerbico resulta em diminuio da resistncia em nvel de rede vascular, em aumento das lipoprotenas de alta densidade e em diminuio dos nveis sanguneos de lipdeos. Ele contribui ainda para manter ou aumentar a densidade ssea, alm de melhorar a tolerncia glicose, reduzir os depsitos de gordura e aumentar a massa corporal magra; essas alteraes se opem a mudanas que se esperam em conseqncia da velhice. Os entusiastas dos exerccios afirmam que os benefcios obtidos graas aos exerccios so capazes de reduzir em 5 a 20 anos a idade fisiolgica e funcional do indivduo.

A durao mdia de uma atividades fsica, deve ser em torno de 45 a 60 minutos,

num mnimo de trs vezes por semana. Mas para o ministrio da sade, (BRASIL, 2001, p.

42), Hoje, considera-se que as atividades fsicas podem ser realizadas diariamente por 30

minutos, podendo ser fracionada em perodos (por exemplo, de 10 minutos, trs vezes ao

dia).

Devido aos altos custos recrutados para o tratamento do diabetes, o exerccio

torna-se uma alternativa vivel e j reconhecida no tratamento do diabetes tipo I, II e

gestacional alem de reduzir os riscos de doenas cardiovasculares (CAMPAIGNE, 2003, p.

280).

42

Ou seja, o fato de o exerccio aerbico ter valores e feitos significativos nos

msculos esquelticos, podemos afirmar a necessidade dos mesmos no tratamento de

pacientes portadores de DMNID.

2.2.4.2.1 Efeitos do exerccio fsico aerbico no tratamento de pacientes portadores de

DMNID (tipo2)

Como os diabticos Tipo II representam cerca de 90% da populao total de

diabticos e uma vez que ele ocorre mais tardiamente (aps os quarenta anos de idade), no

incomum encontrar esses indivduos em programas de condicionamento fsico para adultos.

(POWERS e HOWLEY 2000, p. 303).

Nesses pacientes, deve ser feita prvia avaliao da hipertenso arterial, do grau

de retinopatia, nefropatia, neuropatia e, particularmente, de doena isqumica cardaca

silenciosa (BRASIL, 2001).

Iniciando-se com uma atividade leve e aumentando gradualmente a durao,

pode-se realizar o exerccio diariamente. Isso propicia a oportunidade de aprender a manter o

controle adequado da glicemia, minimizando as chances de uma hipoglicemia. (POWERS e

HOWLEY, 2000, p. 303).

Roberts e Robergs (2002, p. 191) afirmam que:

O exerccio caracterizado por um aumentado consumo de glicose pelo msculo esqueltico que mantido por mais de 48 horas durante a recuperao de uma sesso nica de exerccio em indivduos no-diabticos e diabticos tipo II. Essa resposta uma combinao da sensibilidade aumentada insulina, assim como de um efeito endgeno no aumento dos transportadores GLUT4 dos sarcolemas das fibras musculares exercitadas. O efeito endgeno dentro do msculo esqueltico est relacionado com a sntese de glicognio muscular e pode durar mais de 5 horas. O aumento induzido pela exerccio na sensibilidade insulina maior quando uma maior massa muscular exercitada.

43

Sendo que para Martins (2000, p. 75), [...] o exerccio pode aumentar a

sensibilidade insulina em at 40%, mas esta mudana parece ter efeito agudo associado com

o exerccio recente e perdido de 2 a 3 dias por inatividade fsica.

De acordo com Savall e Fiamoncini (2005), o exerccio moderado pode melhorar

a hemoglobina glicosilada e a secreo de insulina, e esses efeitos podem ocorrer

independentemente da manuteno ou no da massa corporal. Isto pode sugerir que esses

efeitos benficos no so necessariamente relatados para o treinamento, mas refletem bastante

no complemento do efeito do aumento da sensibilidade insulina aps cada sesso de

exerccio.

Para Sixt et al (2004), exerccios regulares (ex. 30min/dia de exerccios aerbicos

em intensidade moderada) podem reduzir o risco da intolerncia glicose pela metade e os

riscos de diabetes em at trs quartos.

Simo (2001, p. 128), afirma que [...] para indivduos com a funo insulina

normal, treinamento com exerccios aerbios prolongados resulta em baixas concentraes de

insulina no plasma durante o jejum ou acompanhando a ingesto de glicose.

Ainda para Simo (2001, p. 128):

[...] indivduos que mantm um estilo de vida com atividade fsica esto menos expostos ao desenvolvimento de DMNID do que indivduos que tm um estilo de vida sedentrio. Alm disso, foi descoberto que o efeito protetor da atividade fsica maior em indivduos com alto risco de DMNID. Isso inclui indivduos obesos, com presso alta e com um histrico familiar de DMNID.

Para Nieman (1999, p. 96), para se conseguir manter um nvel de glicose

sangunea durante o exerccio, a concentrao sangunea de insulina cai em resposta ao efeito

insulina-like da contrao muscular. Por isso, o trabalho muscular pode consumir glicose

mesmo com a presena de pouca insulina. Um outro hormnio pancretico, o glucagon,

estimula o fgado para assim liberar a glicose para fornecer combustvel para os msculos.

44

Logo aps a realizao do exerccio, o nvel de glicose sangunea baixa, levando

a uma hipoglicemia, sendo que esse efeito fisiolgico, como descrito por Skinner (1991, p.

138):

Aps o exerccio, a queda do contedo de glicognio, induzida durante o trabalho muscular, provoca uma estimulao e aumento prolongado na ressntese de glicognio e na produo de glicose. A restaurao dos nveis de glicognio muscular e heptico ocorre mais ou menos em 24 a 48 horas. Durante este perodo, h uma melhora na tolerncia de glicose e uma diminuio nas necessidades de insulina.

Alguns dos mecanismos que favorecem o aumento da sensibilidade insulina,

so para Caballero et al (2002), o incremento do fluxo sanguneo nos capilares que rodeiam as

fibras musculares, assim como a capacidade vasodilatadora dos vasos sanguneos, so

mecanismos que favorecem o aumento da sensibilidade insulina.

Wilmore e Costill, (2001, p. 684), afirmam que: A permeabilidade da membrana

glicose aumenta com a contrao muscular, possivelmente em razo de um aumento da

quantidade de transportadores de glicose associados a membrana plasmtica.

Pollock e Wilmore (1993, p. 575) afirma que:

Os indivduos diabticos no-insulino-dependente exibem um espectro variado de resistncia perifrica insulina, mostrando hiperglicemia e um comprometimento da tolerncia glicose com nveis circulantes de insulina que tanto podem estar aumentados, quanto diminudos. Durante os exerccios, os nveis de glicose geralmente se reduzem gradualmente, devido ao maior uso deste substrato pela musculatura esqueltica. A produo heptica de glicose seria inibida na presena de nveis elevados de insulina, embora no seja provvel que venha a se desenvolver hipoglicemia durante exerccios de curta durao.

Ainda para Pollock e Wilmore (1993, p. 575), Indivduos portadores de diabetes

tipo II, geralmente so obesos e sem condicionamento fsico, sendo que a maioria dos estudos

sobre os efeitos dos exerccios nessa populao diabtica, revela um aumento na sensibilidade

perifrica insulina e uma melhora do controle glicmico. O grau de melhora, no entanto,

45

pode variar de acordo com a intensidade do treinamento, com a dieta e com a perda

simultnea de peso.

Greenspan e Strewler (2000, p. 466), afirmam que O exerccio aumenta a

eficcia da insulina e o exerccio moderado dirio regular constitui um excelente recurso para

melhorar a utilizao de gorduras e carboidratos em pacientes diabticos.

O exerccio ativa o transporte, mesmo na ausncia de insulina. Assim, a atividade regular auxilia reduzindo o peso corporal em nveis de gordura e aumentando a sensibilidade insulina e o transporte de glicose. Todas essas melhoras reduzem o risco de doenas cardacas e o DMNID. (SHARKEY, 1998, p. 35).

De acordo com Foss e Keteyian (2000, p. 359), [...] o exerccio regular aprimora

a sensibilidade das membranas celulares a insulina e o transporte da glicose atravs da

membrana celular, alm de reduzir os nveis plasmticos de insulina.

Mc Ardle, Katch e Katch (1998, p. 357), nos diz que, os fatores de risco pra as

doenas, que podem ser melhoradas com a prtica de exerccios fsicos regulares, devem

incluir modificaes favorveis na hiperinsulinemia, na hiperglicemia, nas protenas

plasmticas, em alguns parmetros de coagulao sangunea e na presso arterial.

Para Nieman (1999, p. 100), [...] para a maioria dos indivduos com diabetes

melito no insulino-dependente, o exerccio regular melhora o controle da glicemia, reduz

certos fatores de risco da doena cardaca, melhora o bem estar psicolgico e promove a

reduo de peso.

Porto e Porto (2005, p. 199), [...] o Diabtico obeso deve perder peso, o que, por

si s, acompanha-se de melhora da hipertenso arterial, da hiperglicemia, da hiperinsulinemia

e da hipertrigliceridemia.

Para Roberts e Robergs (2002, p. 191), [...] a perda de gordura corporal nos

diabticos tipo II acima do peso pode reduzir a liberao de insulina e aumentar a

sensibilidade sem relao com o treinamento fsico.

46

Foss e Keteyian (2000, p. 359), diz que Para as pessoas com risco de virem a

desenvolver a doena, como aquelas com hipertenso ou obesas, o exerccio regular exerce

um efeito protetor.

Alm do controle do peso corporal, o exerccio ajuda no controle da hipertenso

arterial, que geralmente est associada ao diabetes. Dillon, (1983, p. 42), diz que [...] o

exerccio influencia beneficamente na reduo de peso e controle da P.A.

Mc Ardle, Katch e Katch (1998, p. 356), O exerccio agudo acarreta uma queda

brusca nos nveis plasmticos de glicose. Essa melhora na regulao da glicose com o

exerccio de alta e baixa intensidade, pode persistir por dias, sendo portanto, devida

possivelmente a uma maior sensibilidade insulina por parte dos msculos ativos.

Simo (2001, p. 129), nos afirma que:

O treinamento aumenta a liberao da glicose perifrica na presena da insulina. Isso devido principalmente a um aumento da insulina no msculo esqueltico. O aumento da ao da insulina est associado ao aumento da insulina responsvel pelo transporte da glicose (GLUT4) e enzimas que regulam o estoque e oxidao da glicose no msculo esqueltico. Mudanas na morfologia do msculo podem tambm ser importantes aps o treinamento. Tem se discutido que com o treinamento de exerccios aerbicos, h um aumento na converso de fibras do tipo IIb em fibras do tipo IIa, o que com para aumentar a capilaridade do msculo. As fibras do tipo IIa tm grande densidade de capilares e grande concentrao de transportadores de glicose e mais insulina do que as fibras do tipo IIb. Evidncias apontaram que as mudanas morfolgicas no msculo, particularmente a densidade dos capilares, esto associadas s mudanas nas concentraes de insulina e a tolerncia glicose.

At mesmo quanto ao perfil psicolgico, o exerccio pode ser benfico,pois como

afirma Mc Ardle, Katch e Katch(1998, p. 357), [...] os aumentos na capacidade de realizar

exerccios dos pacientes com diabetes esto associados com menor ansiedade, melhora do

humor e da auto-estima, maior sensao de bem estar e de controle psicolgico e uma

qualidade de vida aprimorada.

Regenga (2000, p. 221), afirma que:

47

Nos portadores de diabetes melito no insulino-dependente, os benefcios do exerccio podem ser resumidos nos seguintes aspectos: melhora do controle glicmico; melhora da sensibilidade insulina; diminuio da hiperinsulinemia ps-prandial, da necessidade de hipoglicemiantes orais e do nvel de triglicrides; aumento do HDL-colesterol; diminuio da presso arterial sistmica e do nvel de fibrinognio; controle de peso e inibio da agregao plaquetria.

Ou seja, o exerccio regular contribui retardando ou at mesmo prevenindo a

DMNID, tanto em homens quanto mulheres, sendo que como diz Mc Ardle, Katch e Katch

(1998, p. 357), [...] esses benefcios so particularmente pronunciados entre as pessoas com

excesso de peso e talvez em todas aquelas com obesidade abdominal.

Nieman (1999, p. 101), diz que, para a maioria dos indivduos que foram

liberados por seus mdicos para comear a prtica de exerccios, recomendada uma

atividade fsica quase diria de intensidade moderada e forte e com uma durao de 20 a 45

minutos.Para pessoas obesas e com DMNID, uma atividade quase diria auxilia a assegurar

que um nmero adequado de calorias seja consumido para ajudar na perda de peso.

Ainda para Nieman (1999, p. 101), [...] as sesses de exerccio com durao

inferior a 20 minutos parecem acarretar poucos benefcios para o controle do diabetes,

enquanto sesses com mais de 45 minutos aumentam o risco de hipoglicemia.

[...] o exerccio de baixa intensidade (50 por cento do VO2 mx) to eficaz

quanto o exerccio de alta intensidade (75 por cento do VO2 mx) para a melhoria da

sensibilidade insulina [...]. (NIEMAN, 1999, p. 101).

J Howley e Fraks (2000, p. 305), afirma que a atividade aerbica deve ser [...]

realizada em 50 a 70% do Vo2 mx., durante 20 a 60 minutos, trs a cinco vezes por semana

(diariamente se estiver usando insulina).

As atividades aerbicas do tipo de resistncia, que envolvem grandes grupos

musculares, como o ciclismo, caminhada acelerada e natao, so recomendadas. (NIEMAN,

1999, p. 101). Sendo que necessrio realizar a cada sesso aquecimento e relaxamento com

os pacientes.

48

Foss, Keteyian (2000, p. 359), afirma que uma prescrio do exerccio para esses

pacientes deveria incluir:

Intensidade 50% 70% do VO2 mx, ou 60% a 85% da freqncia cardaca mxima; Tempo 20 a 60 minutos; Freqncia 4 a 7 dias por semana; Tipo caminhada e outros tipos de exerccios de baixa intensidade e alta complincia so preferidos para acelerar a reduo da gordura corporal e minimizar a ocorrncia de leses; as atividades de alta intensidade que elevam excessivamente a presso arterial (por exemplo, treinamento com resistncia em apnia) devem ser evitadas.

Para Powers e Howley (2000, p. 303), a frequncia deve ser alta, de at 5 7

vezes por semana, promovendo assim um aumento sustentado da sensibilidade insulina e

facilitando a perda e a manuteno do peso. Ocorre pouco ou nenhum ganho trabalhando-se

no mximo ou acima da intensidade recomendada, sendo que os que se exercitam a 50% do

VO2 mx apresentam a mesma melhoria da sensibilidade insulina que aqueles que se

exercitam a 70% do VO2 mx.

Para Pollock e Wilmore (1993, p. 576), afirma que:

Os exerccios devem ser prescritos de acordo com as linhas gerais usadas na reabilitao cardaca, com nfase no treinamento aerbico a 60 a 75% do VO2 mx durante 30 a 40 minutos diariamente ou, pelo menos, quatro vezes na semana. Inicialmente, o treinamento fsico deve ser programado para ser executado em intervalos de 5 a 10 minutos, com diversos minutos de recuperao entre os mesmos. medida que a tolerncia aos exerccios aumenta, a durao do perodo de treinamento contnuo vai sendo gradualmente estendida, com o objetivo de chegar a um total de 30 a 40 minutos. Devem ser evitados os exerccios de intensidade elevada ou demasiadamente prolongados (mais de 60 minutos). Alm disso, as atividades fsicas em condies climticas quentes podem ser mal toleradas pelos pacientes do tipo-I ou do tipo-II, especialmente os obesos.

J para Hughes et al (apud REGENGA, 2000, p. 221):

49

A intensidade de exerccio mais indicada para esses pacientes tem sido motivo de amplas discusses.Verificaram que o treinamento fsico entre 50 e 75% do VO2 mx. pode melhorar a sensibilidade insulina em indivduos com tolerncia glicose alterada, alm de que exerccios nessa intensidade tendem a estimular a traslocao do transportador de glicose muscular (GLUT-4) ativado pela contrao muscular. Outros estudos indicaram que a prescrio de exerccios com intensidade entre 70 e 90% do VO2 mx. em bicicleta ergomtrica age como poderoso indutor da melhora no metabolismo da glicose. Tambm sabido que exerccio fsico em qualquer intensidade promover maior oxidao das gorduras.

E para Roberts e Robergs (2002, p. 436), as pessoas com DMNID, devem

praticar atividades fsicas regulares e realizar, de preferncia, um treinamento fsico segundo:

tipo aerbica, como caminhar, praticar joggimg, pedalar, subir escadas, cross-country,

esquiar etc, e de fora (nvel moderado de treinamento), como programas de circuito usando

pesos leves com 10 a 15 repeties; intensidade 60-90% da freqncia cardaca mxima ou

50-85% do VO2 mx; durao 20-60 minutos mais 5-10 minutos de aquecimento e um

perodo de volta calma; freqncia 3-5 vezes por semana, diariamente se estiver sob

terapia com insulina.

2.2.4.2.2 Efeitos do exerccio resistido no tratamento de pacientes portadores de DMNID (tipo

2).

Os exerccios resistidos so parte integrante dos atuais programas de

condicionamento fsico e reabilitao, principalmente para adultos e idosos. Estes exerccios

favorecem a melhora da fora e resistncia muscular, mantm e melhoram a massa corporal

magra (BARBOSA et al 2000; KISNER e COLBY 1992; POLLOCK et al 1998;

MONTEIRO, 1997; SANTAREM, 1999), melhora a coordenao, a velocidade de reao, a

velocidade, o equilbrio, previne e trata