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Análise de custos e orçamentos 1. INTRODUÇÃO O objetivo desse estudo de pesquisa consiste na elaboração do Projeto Interdisciplinar para o 5º período do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Novos Horizontes, unidade Barreiro em Belo Horizonte – MG. Visa mostrar a importância de uma Análise de Custos e o impacto no resultado econômico de uma empresa. 1.1- JUSTIFICATIVA Até pouco tempo a preocupação com uma maior e mais eficaz política de custos não era sentida. A abertura comercial, a globalização, a forte concorrência interna e principalmente externa, vem fazendo do empresário, cada vez mais, uma pessoa preocupada com o seu lucro e acima de tudo com a qualidade do bem ou serviço que se dispõe a oferecer ao mercado. O mercado acirrado e em crescente evolução exige que o empresário seja mais cuidadoso com seus custos e tenha sempre a noção exata do que pode conseguir aplicando a política de custos sob a pena de não conseguir se firmar no cenário econômico de modo geral. É importante para um gerenciamento eficaz que a empresa tenha o conhecimento real do impacto de uma política de custos na tomada de decisão. Precisa-se ter o cuidado de investir certo e na hora certa, fazendo com que a empresa sempre siga por caminhos mais lucrativos e capazes de oferecer produtos e serviços de qualidade inquestionáveis e acima de tudo passíveis de uma rentabilidade satisfatória. Uma política de custos bem elaborada torna a atividade empresarial repleta de alternativas onde se podem mensurar mais acertadamente os pontos a serem trabalhados e, assim, evitar distorções e conseqüentemente resultados negativos. Sabe-se que há empresas que não conseguem se adequar às novas perspectivas do mercado por motivos quase sempre operacionais ou até

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Análise de custos e orçamentos

1. INTRODUÇÃOO objetivo desse estudo de pesquisa consiste na elaboração do ProjetoInterdisciplinar para o 5º período do curso de Ciências Contábeis da FaculdadeNovos Horizontes, unidade Barreiro em Belo Horizonte – MG.Visa mostrar a importância de uma Análise de Custos e o impacto no resultado econômico de uma empresa.

1.1- JUSTIFICATIVAAté pouco tempo a preocupação com uma maior e mais eficaz política decustos não era sentida. A abertura comercial, a globalização, a forte concorrência interna e principalmente externa, vem fazendo do empresário, cada vez mais, uma pessoa preocupada com o seu lucro e acima de tudo com a qualidade do bem ou serviço que se dispõe a oferecer ao mercado.O mercado acirrado e em crescente evolução exige que o empresário seja mais cuidadoso com seus custos e tenha sempre a noção exata do que podeconseguir aplicando a política de custos sob a pena de não conseguir se firmar no cenário econômico de modo geral.É importante para um gerenciamento eficaz que a empresa tenha o conhecimento real do impacto de uma política de custos na tomada de decisão.Precisa-se ter o cuidado de investir certo e na hora certa, fazendo com que aempresa sempre siga por caminhos mais lucrativos e capazes de oferecer produtos e serviços de qualidade inquestionáveis e acima de tudo passíveis de uma rentabilidade satisfatória.Uma política de custos bem elaborada torna a atividade empresarial repletade alternativas onde se podem mensurar mais acertadamente os pontos a serem trabalhados e, assim, evitar distorções e conseqüentemente resultados negativos. Sabe-se que há empresas que não conseguem se adequar às novas perspectivas do mercado por motivos quase sempre operacionais ou até mesmo por falta de uma Política de Inovação e acima de tudo, uma visão mais empresarial.

1.2 – PROBLEMAComo a análise de custos contribui para o planejamento do resultado de umempreendimento?

1.3 – OBJETIVO

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1.3.1 – Objetivo GeralInvestigar a importância de uma análise dos custos para o resultadoempresarial.

1.3.2 - Objetivos EspecíficosIdentificar os pontos cruciais para a análise dos custos.Identificar o impacto de uma análise de custos no resultado.

1.4 METODOLOGIAPesquisas em livros, periódicos, revistas, jornais e um estudo de caso comas primícias de absorver informações e relatos através de entrevista comprofissional contábil, tendo o objetivo da validação prática do impacto no resultado econômico da análise de custos.

2-Desenvolvimento

2.1– História dos CustosÉ requisito necessário a qualquer entidade o conhecimento sobre seus custospara melhor tomada de decisões para orientação e direcionamento do negócio.Por isso verifica-se na literatura esta preocupação em mensurar tais custos deste o inicio dos tempos e se acentuando na época da Revolução Industrial inglesa.

Conforme relata Guerreiro (2006 pág. 5)O avanço tecnológico e a expansão industrial da época formaacompanhados de significativos avanços no campo dos controles gerenciaisdos negócios, demandando maior uso e aperfeiçoamento das informaçõescontábeis. Do pondo de vista dos procedimentos de custos, os relatosevidenciam a utilização pelas empresas de diferentes procedimentos decusteio, mas todos com a filosofia próxima ao método de custeio porabsorção ou custeio total.

Também se vê nos Estados Unidos, no inicio do século XX, uma preocupaçãocom uma maior informação sobre custos, com intuito de melhor gerenciar asentidades.

Descreve Guerreiro (2006 pág. 6).O período entre o final do século dezenove e o inicio do século vinte foimarcado por um movimento cientifico - administrativo de novas idéias eabordagens para o gerenciamento e controle das atividades, centrando ofoco de atenção na eficiência. Pra que os engenheiros e administradorespudessem gerenciar as fábricas com maior eficiência e produtividade, elesnecessitavam de informações sobre os custos de produção.

O quadro atual, com a globalização, alto desenvolvimento tecnológico e

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atuação em um ambiente fortemente concorrencial, tem levado as entidades a um aprofundamento da gestão de custos na tentativa de maximização de resultados, visto que no momento atual, a sobrevivência empresarial não passa apenas por aumento de preços dos produtos, mas de uma adequação mercadológica, onde única e exclusivamente devem ser seguidas as normas ditadas pelo mercado.

2.2- A Evolução da Contabilidade versus Contabilidade de CustosSegundo os autores Hansen e Mowen (2003) a história de sistemas contábeisse estende até 10.000 anos atrás. As primeiras civilizações elaboraram sistemas contábeis com o desenvolvimento do comércio. Sistemas contábeis maissofisticados foram exigidos quando o comércio cresceu e as transações se tornaram mais complexas.Estudos demonstram que as raízes da contabilidade estendemprofundamente na história. Desde a Pré-história há relatos da necessidade sumaria de técnicas contábeis. Por exemplo, as pedras eram símbolos usados por fazendeiros para contarem e manterem um registro de seus bens.No final do século XV, o comércio extensivo fez com que os proprietários deprodutos precisassem de um sistema mais sofisticado para acompanhar asnumerosas trocas econômicas. Assim surge o método da escrituração contábil por partidas dobradas, o qual foi um passo importante para o desenvolvimento de sistemas contábeis. Com advento da Revolução Industrial, onde as manufatura doméstica passa para as fábricas movidas por energia. Exige um desenvolvimento maior de um sistema contábil-financeiro, é nesse cenário que se inicia o desenvolvimento da contabilidade de custos.É no século XX em um cenário de recessão econômica, junto com aascensão rápida da competição internacional, nota-se uma redução às margens de lucro. Neste momento passa ser fundamental o custeio preciso de produtos, assim como o aumento no controle de custos para as tomadas de decisões administrativas.

2.3- Mercados atuais da Gestão de CustosA competição Global, o desenvolvimento na comunicação e as grandesmelhorias nos transportes, trouxeram para as empresas grandes quanto àspequenas oportunidades de concorrência global, entrando neste meio à empresa precisa manter um padrão mais alto de qualidade e produtividade. Assim sendo, informações contábeis são requeridas para o controle de custos, melhorias da produtividade e avaliação da rentabilidade.Crescimento do Setor de Serviços a grande concorrência neste setor, tem

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feito com que as empresas adaptem seus custos para sobreviverem. Fazendo com que os seus gestores tomem a consciência de usarem informações contábeis para o planejamento, o controle e as tomadas de decisões. Com isso o setor de serviços aumentará sua demanda por informações de gestão de custos.Avanços na Tecnologia da Informação, com a automação as informaçõesaumentaram em quantidade e o acesso mais facilitado. Possibilitando aos usuários destas informações uma análise eficiente das informações armazenadas. Isto, por sua vez, implica que as ferramentas para análise devem ser poderosas.

2.4- O Papel Atual do Contador Gerencial e de CustosÉ de responsabilidade do Contador gerencial e de custos a geração deinformações financeiras necessárias pela empresa para relatórios internos eexternos. Assim, coletar, processar e relatar informações é responsabilidade deste profissional. Que muito ajudará os gerentes nas suas atividades de planejamento, controle e tomadas de decisão.Planejamento é a atividade administrativa formulada detalhadamente deações para se realizar um objetivo em particular.

(Hansen e Mowen, pág 39).Por exemplo, uma empresa pode ter o objetivo de aumentar a suarentabilidade a curto prazo ao melhorar a qualidade total de seus produtos.Ao melhorar a qualidade do produto, esta deve ser capaz de reduzir sucatae retrabalho, diminuir o número de reclamações de clientes e a quantia detrabalho de garantia, reduzir os recursos atualmente designados para ainspeção, e assim por diante, dessa forma aumentando a rentabilidade. Mascomo isso será realizado? O plano desenvolvido pode incluir trabalhar comfornecedores para melhorar a qualidade de matérias-primas que chegam,estabelecer círculos de controle de qualidade e estudar defeitos paradeterminar a sua causa.Controle consiste no monitoramento em processos de implementação deum plano com suas devidas ações corretivas quando se fizeremnecessárias. Normalmente, o controle é conseguido mediante feedback.Feedback é informação que pode ser usada para avaliar ou corrigir asetapas que estão sendo feitas para implementar um plano.

Tomada de Decisão é poder escolher entre alternativas competitivas o que émelhor para a organização. É nesse momento que o planejamento e o controle se envolvem, para tomada de decisões é necessário escolher entre objetivos emétodos competitivos para cumprir.

2.5–Os CustosPara iniciar, deve-se conhecer a classificação dos custos desenvolvidos poruma entidade.Hoje se tem uma classificação, definida pela literatura, como Custos Fixos e Custos Variáveis e Custos Diretos e Indiretos.

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2.5.1 – Custos FixosDe modo geral, pode-se traduzir como Custos Fixos aqueles que não guardam relação direta com os produtos produzidos, ou seja, não apresentarão variações quando houver variação no volume de produção.Normalmente estes custos estão relacionados com a estrutura física principalda entidade, como por exemplo: aluguel da fábrica, gastos da administração(salários, telefone, luz, material de limpeza, etc).Em Guerreiro (2006, pág.17) tem-se a seguinte definição:É classificado como custo fixo o valor dos recursos consumidos que nãoguardam estreita correlação com o volume de produção e vendas. Quandoo volume de produção e vendas aumenta – dentro de um determinadointervalo – o custo fixo permanece de certa forma indiferente. Os custosfixos são diretamente correlacionados com algum elemento da estrutura, porexemplo, edifícios, maquinas, contratos de prestação de serviço, espaçofísico ou pessoas.

Martins (2006, pág. 50) também define:Por outro lado, o aluguel da fabrica em certo mês é de determinado valor,independente de aumentos ou diminuição naquele mês do volumeelaborado de produtos. Por isso, o aluguel é um Custo Fixo.

2.5.2 – Custos VariáveisUma perspectiva para Custos Variáveis seria aqueles que sofrerão variaçõesde acordo com o volume de produção, pois estão intrinsecamente ligados ao produto ou serviço a ser produzido.

Define Martins (2006 pág. 49).Por exemplo, o valor global de consumo dos materiais diretos por mêsdepende diretamente do volume de produção. Quanto maior a quantidadeproduzida, maior seu consumo. Dentro, portanto, de uma unidade de tempo(mês, neste exemplo) o valor do custo com tais materiais varia de acordocom o volume de produção; logo, materiais diretos são Custos Variáveis.

Guerreiro (2006, pág. 16), também define.É classificado como custo variável o valor dos recursos consumidos queguardam estreita correlação com o volume de produção e vendas. Quandoo volume de produção e vendas aumenta, o custo aumenta; quando ovolume de produção e vendas diminui, o custo também diminui.

2.5.3 – Custos Diretos e IndiretosEstão também relacionados com a produção, sendo que os Custos Diretossão aqueles que podem ser alocados diretamente à produção, ficando claro a sua utilização na composição do produto. Pode-se citar, por exemplo, a matéria prima, mão-de-obra direta, energia elétrica da unidade produtiva.

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Martins (2006, pág. 48) define:...Podemos verificar que alguns custos podem ser diretamente apropriadosaos produtos, bastando haver uma medida de consumo (quilogramas demateriais consumidos, embalagens utilizadas, horas de mão-de-obrautilizadas e até quantidade de força consumida). São os Custos Diretos comrelação aos produtos.

Já os Custos Indiretos, são aqueles que, apesar de comporem a planilha final,não agem sobre o mesmo diretamente, não havendo a possibilidade de definirclaramente o percentual de sua participação na composição do produto.

Sobre isto, disserta Guerreiro (2006 pág. 20).Os custos diretos são aqueles que podem ser identificados objetivamentecom um objeto de interesse, sem a necessidade de uso de critérios dealocação. Os custos indiretos, por sua vez, são aqueles que não podem serobjetivamente identificados com determinado objeto.

2.6– Métodos de CusteioPor ser o gerenciamento dos custos peça fundamental no desempenho dasentidades, desenvolveu-se dois métodos de custeio visando embasar e facilitar a gestão de custos: O Custeio Por Absorção e o Custeio Variável. Guerreiro (2006)

2.6.1-Custeio por AbsorçãoUm dos métodos de custeio utilizados, o custeio por absorção busca distribuirpela produção de um determinado período todos os custos da entidade. Este tipo de visão vem salientar a parte financeira, buscando de forma direta apresentar o resultado operacional de um determinado ciclo.

Martins (2006, pág.37) define:Consiste na apropriação de todos os custos de produção aos benselaborados, e só os de produção: todos os gastos relativos ao esforço deprodução são distribuídos para todos os produtos ou serviços feitos.

Encontra-se em Guerreiro (2006. Pág. 21) a seguinte descrição:O método de custeio denominado de custeio por absorção é aquele que distribuitodos os custos de produção de um período, sejam fixos ou variáveis, direitos ouindiretos, às quantidades de produtos fabricados. O custeio por absorção estárelacionado com a visão financeira da contabilidade, cuja ênfase é a avaliação dosestoques e o atendimento a normas e princípios contábeis.

Um dos problemas apresentados por este método está no critério de rateiodos custos fixos, pois a alocação dos mesmos é feita por métodos subjetivos,definidos pela entidade. Em caso de entidades que trabalhem com um mix de

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produtos, este método pode se apresentar equivocado no momento de se atribuir a um ou outro produto seu percentual de custos fixos, ou ainda uma sub ou super avaliação, o que poderá modificar sensivelmente o custo final.Alem disto, por fazer parte do custo do produto, o custo fixo influênciatambém no valor unitário final de cada produto, podendo apresentar uma distorção entre valores comparados, principalmente em época de baixa produção ou ociosidade, aumentando consideravelmente o custo unitário total.

Quanto a isto, comenta Guerreiro (2006 pág.23):Como conseqüência da utilização do custeio por absorção,fundamentalmente em função da alocação dos custos fixos aos produtos,observa-se que o custo unitário do produto fica impactado por dois fatores(i)pelo critério de rateio utilizado para alocação de custos fixos aos produtos e(ii) pelo volume de produção no período.

2.6.2– Custeio VariávelEste sistema busca alocar à produção apenas os custos variáveis pertinentesà mesma. Isto permite aos gestores verificarem as variações de custoexclusivamente voltadas ao produto, sem influência dos custos fixos e independente dos volumes de produção.

Para melhor entendimento, pode ser também contextualizado como:

...É aquele que distribui apenas os custos variáveis de produção àsquantidades de produtos produzidos no período. Os custos fixos deprodução não fazem parte do custo do produto e são tratados como gastosde período da mesma forma que as despesas administrativas, comerciais efinanceiras. Tendo em vista que os custos fixos não são rateados aosprodutos, o custo unitário do produto não sofre o impacto das oscilações decritérios de rateio e das oscilações do volume de produção e vendas.(GUERREIRO, 2006, P.24).

Com este método se obtém o valor da Margem de Contribuição, valor esteque é considerado o “lucro bruto” da entidade, devendo seu resultado cobrir osdemais custos da entidade e ainda proporcionar lucros. Guerreiro (2006)Para Guerreiro (2006, p.24) a Margem de Contribuição “corresponde à receitade vendas menos as despesas variáveis de venda e menos os custos varáveis dos produtos vendidos”. Para Martins (2006, pág. 179) Margem de Contribuição “é a diferença entre o preço de venda e o Custo Variável de cada produto”;

2.7- Custos x RentabilidadeA utilização dos diferentes métodos de custeio influência na análise darentabilidade dos produtos.

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A rentabilidade pode ser definida como a remuneração do capital de sócios ouacionistas em um determinado período. Serve ainda de análise de desempenho da empresa.

Morante (2007, pág.40) assim define:Todo negócio deve render, aos sócios ou acionistas, o merecido reembolsoao capital empregado.É a máxima do capitalismo. Ninguém faz diferente. O problema que seapresenta aos gestores financeiros é dimensionar a possibilidade delucratividade de um negócio.

Porem é necessário saber mensurar a rentabilidade, não através de seu valorabsoluto em um determinado período, mas executar uma análise criteriosa para definir o grau de rentabilidade de um negócio.

Iudicibus (1998, pág. 110) descreve:De maneira geral, portanto, devemos relacionar um lucro de umempreendimento com algum valor que expresse a dimensão relativa domesmo, para analisar quão bem se saiu à empresa em um determinadoperíodo.

Mas independente dos cálculos de rentabilidade, deve-se ter ciência que amesma é fortemente influenciada pelos custos empresariais, principalmente pelas formas como o custo é atribuído aos produtos.Diversos autores defendem que a utilização do custeio por absorção gera umimpacto distorcido na visão da rentabilidade, uma vez que traz para os produtos os custos fixos, gerando resultados negativos em determinados períodos,principalmente quando existe um maior volume de vendas.

Guerreiro (2006, pág 30) relata:A explicação para que o resultado apurado pelo método de custeio porabsorção incorreto deve-se ao fato do método estocar despesas fixas deprodução. Quando se produz mais que se vende, as despesas fixas deprodução são “guardadas” no estoque não influenciando o resultado domês. No mês em que o volume de vendas é maior que o volume deprodução, as despesas fixas que estão estocadas “deságuam” do estoquepara o resultado do mês. Assim, a tendência desse método é apresentarsempre resultados menores nos períodos nos quais os volumes de vendassão maiores que os volumes de produção.

Por isto coexiste um consenso geral que o método que espelha melhor oresultado das empresas é o custeio variável, pelo fato do mesmo agregar ao produto apenas os custos intrinsecamente ligados à linha de produção, deixando os custos fixos para serem lançados diretamente no resultado operacional, não influenciando no valor final do custo unitário.

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Para estruturar este pensamento tem-se o seguinte entendimento:A mecânica do método de custeio variável é extremamente simples. O custodo produto é apenas o custo variável e as despesas fixas de produção nãosão alocadas aos produtos. As despesas fixas de produção, juntamentecom as despesas administrativas, são levadas para apuração do resultadodo mês. (GUERREIRO 2006, pág. 32).

3- Análise de DadosAs decisões referentes a custos em uma empresa são específicas. Variávelde empresa para empresa. Cada uma deve primeiro definir em qual seu objetivo e uma forma de atuar. Na indústria (transformam as matérias-primas), o objetivo é focar os custos indiretos. No comércio o sistema é diferente.Ao fazer um planejamento de redução de custos deve-se considerar muito oramo de sua atividade, a legislação e fatores específicos da empresa.A abertura do mercado internacional permitiu uma outra opção às empresas,a importação. Sendo assim, uma empresa passa ter uma outra opção de obtenção de produtos.Para que se possa demonstrar como decisões baseadas na análise de custosinfluenciam na rentabilidade, apresenta-se a Demonstração do Resultado deExercícios e o Balanço Patrimonial, de uma indústria de eletrodomésticos de grande porte instalada na região metropolitana de Belo Horizonte, da qual não poderá se divulgar a razão social a pedido dos administradores da mesma que, gentilmente, nos forneceram os dados.Observe-se então o caso desta indústria que apresenta as seguintesdemonstrações financeiras:

Industria Analisada S/A Demonstração de Resultados mar/08

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Industria Analisada S/A BALAN ÇO PATRIMONIAL 03/2008

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Nas demonstrações acima, os custos constituem 53,02% do valor dasvendas. O impacto nos resultados são sentidos na mesma proporção. Significa, a grosso modo, que a empresa produz dois produtos para ficar com apenas um. Considerando que a forma de apuração utilizada é o custeio variável. E que a composição do custo de cada produto é feita a partir do preço de cada insumo e do valor da mão de obra e do aproveitamento de alguns beneficiamentos da própria indústria, reaproveitamento de sobras de matéria prima, por exemplo, os dados apontam para uma necessidade de diminuição dos custos.Optando-se pela industrialização existem vários fatores a serem considerados, como a manutenção da estrutura, e a de pessoal (encargos trabalhistas). Mas estes custos também não são dispensados no caso de se obter o produto com importação ou até mesmo com terceirização.A alternativa de analisar os custos e procurar outras opções para lucratividade

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começa a ser constituída neste percentual elevado, passa pela necessidade de se evitar o engessamento da indústria e termina na necessidade de se obter lucros.A análise de custos pode identificar os custos gerados pelos processos naorganização. O objetivo é verificar se estes gastos são superiores ou inferiores às receitas da empresa, o que se traduz por prejuízo ou lucro do exercício. Asempresas se interessam em elaboração essa análise para diversas situações,estabelecer níveis de produção, contratar o pessoal necessário, por exemplo. Mas o que move uma organização é sua vocação para o lucro.No caso acima, existem situações que podem ser estudadas e avaliadasbuscando melhora nos resultados. Em verificações junto à empresa, através deconversa com os analistas de custos, constatou-se que a mesma não adota ametodologia de custo padrão. Custo Padrão é conceituado como o custo ideal, ou seja, é aquele que otimiza o máximo dos materiais e de mão-de-obra para se produzir um determinado produto.

Vê-se em Martins (2003 pág.315).Muitas vezes é entendido como sendo o Custo Ideal de produção de umdeterminado bem ou serviço. Seria, então o valor conseguido com o uso dosmelhores materiais possíveis, com a mais eficiente mão-de-obra viável a100% da capacidade da empresa, sem nenhuma parada por qualquermotivo, a não ser as já programadas em função de uma perfeitamanutenção preventiva, etc.

A utilização do Custo Padrão permite comparações entre o considerado ideale o que realmente vem sendo executado pela empresa. Com isto, a empresa poderá levantar suas deficiências e trabalhá-las de forma a se aproximar do custo padrão. Martins (2003, pág.316) descreve que “Seu grande objetivo, portanto, é fixar uma base de comparação entre o que ocorreu de custo e o que deveria ter ocorrido”. Alem do custo padrão pode ainda a empresa utilizar-se de outro sistema que também trabalha com comparações entre o ocorrido e o ideal que é o Orçamento Empresarial.Esta é uma ferramenta capaz de auxiliar no controle de custos. O orçamentoempresarial tem por objetivo projetar as despesas e receitas de um determinado período, para pode avaliar os resultados futuros, verificando quais serão asnecessidades da empresa e as variações patrimoniais que deverão ser executadas para atingir melhores os objetivos.

Vê-se em Fernandes (2005 pág. 18):O orçamento visa, através de um planejamento adequado, prever ou

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projetar para um período predeterminado, as receitas e despesas dentro deuma visão realista, tentando reproduzir antecipadamente a operação daempresa, apurando seu fluxo de caixa, definindo os recursos e projetando oresultado do exercício e seu balanço patrimonial.

Também define Lunkes (2007 pág. 28): Assim, o orçamento pode ser definidocomo um plano dos processos operacionais para um determinado período. Ele é uma forma representativa dos objetivos econômico-financeiros a serem atingidos pela organização. Importante que o orçamento elaborado pela empresa esteja embasado dentro da maior realidade possível. Para tanto é necessário a montagem de um orçamento dinâmico, que reflita a realidade atual e exata dos valores. Portanto, em determinadas situações, faz-se necessário à utilização de indexadores econômicos que buscam atualizar os valores orçados, trazendo-os para mais próximo do momento presente, evitando-se distorções que influenciem na tomada de decisões.

Fernandes (2005, pág. 32) afirma:De nada adiantaria projetarmos um orçamento cujo valor fosse estático,tomando como base uma unidade monetária que refletisse números domomento em que tal orçamento fosse elaborado. A realidade brasileira nosimpõe um tratamento mais elaborado no sentido de permitir que os valoressejam atualizados no tempo com vistas a tratarmos todas as peças doorçamento o mais perto possível os valores reais em que os custos, asdespesas e as receitas ocorrem. Para tanto, necessário se faz projetarmosos índices inflacionários para o ano orçamentário e aplicarmos taisprojeções, mensalmente, nas diversas contas, a fim de compensarmos osriscos das desvalorizações monetárias.

Com isto pode-se verificar que, de posse de um orçamento, a empresaconseguirá visualizar seus custos, inclusive com projeções de aumento oudiminuição da produção, e com estes dados confrontados com a receita orçada, fazer uma análise previa dos resultados, quantificando o lucro obtido com cada produto podendo, com antecedência, trabalhar várias situações com o custo, visando elevar a margem de contribuição de cada um, buscando a máxima otimização dos objetivos.As aberturas do comércio externo (globalização) pedem diversas análisesantes da decisão de produzir ou importar. Uma utilidade latente da análise de custos nos dias atuais. Identificar os impactos dos custos e expandir possibilidades de lucro em cada produto pode ajuda a construir resultado na empresa.Veja-se o exemplo da indústria que está sendo analisada neste trabalho, queproduz e importa o mesmo produto. A produção se deve ao o compromisso de não deixar seus clientes desprovidos de produtos, caso ocorra um problema na

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exportação e também pelo seu papel social de empregador. A importação decorre da atração do custo, que se apresenta mais viável.Para obter a forma mais lucrativa e preciso elaborar o custo operacional daprodução do produto nacional. Considerando todos os elementos de composição. Aqui não há análise de utilização de mão-de-obra e de capital e maquinário. Foram observadas duas opções de obter o produto de diferentes formas, um com a produção e o outro com a importação.O produto nacional apresenta a seguinte composição:

Estes valores são alocados diretamente ao produto e constituem o produto jáformado e embalado.Em contra partida a empresa em contado com fornecedores internacionaisobtém os seguintes custos para importação:

Realizando um comparativo entre os custos de fabricação e os custos deimportação tem-se o seguinte resultado

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A lucratividade do produto importado é de 2,80% (dois vírgula oitenta porcento) superior ao produto nacional produzido.Após esta análise, a indústria decidiu pela importação, uma vez que esteprocedimento apresentou maior rentabilidade e lucratividade. Ainda sim se pode notar a preocupação com o desabastecimento, uma vez que a empresa decide, além de importar, em continuar com sua produção mensal, visando claramente sanar problemas com o processo de importação ou desabastecimento que possam ocorrer.A Análise de Custos neste caso permite utilizar adequado tanto raciocínioobjetivo da lucratividade quanto o raciocínio cultural do sentido nacionalista, para a clara demonstração da viabilidade financeira e mercadológica de seus projetos e objetivos da empresa.

4 – ConclusãoO princípio fundamental da análise de custos é garantir a comparação dasinformações e permitir conhecimento da capacidade da empresa. A corretaaplicação dos métodos e conhecimentos de custo dão uma razoável garantia de que a empresa pode obter lucro. Os critérios não são uniformes em relação às demais empresas – o que permite competição em elas. Ao adotar o seu critério a entidade faz a opção em ser lucrativa ou não. Seria impossível fazer quaisquer prognósticos de rentabilidade se não existisse a análise de custos. Os investidores buscam assegurar que não estão arriscando e sim planejando seus rendimentos futuros e equivalentes.A garantia da lucratividade de uma empresa pode ser estar na elaboração deseu planejamento, na condução da política de custos e na forma que analisa seus relatórios de custos. As empresas devem desenvolver um negócio planejado, independentemente do ramo de atividade ou do porte, ficou provado que o conhecimento da real capacidade e agilidade em mensurar esse potencial é que permite que os objetivos sejam alcançados.As Perspectivas de fracassos nos negócios são menores quando asprovidencias são tomadas com base em análise competentes para demonstrar onde e quando os prejuízos podem ocorrer. E qual a capacidade, baseado emexperiências e validação de números, o negócio terá de atingir.

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O mercado é competitivo e atitudes responsáveis acompanhadas de técnicasapropriadas permitem as empresas desenvolver de forma rentável suas atividades. As estratégias devem reservar um espaço para análise do custo do negócio e valor do retorno. Quando se tem um controle do investimento e do retorno, o negócio apresenta-se preparado para desafios e tende a torna-se muito mais interessante. É salutar que os administradores direcionam o planejamento da empresa, e todas diretrizes para a lucratividade tornando a análise de custo uma ferramenta insubstituível.

REFERÊNCIAS

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FERNANDES, Rogério Mario. Orçamento Empresarial. Uma abordagem conceitual e metodológica com pratica através de simulador. Belo Horizonte, Editora UFMG, 2005.IUDICIBUS, Sergio de. Análise de Balanços. São Paulo, Atlas, 1998.LUNKES, Rogério João. Manual de Orçamento. 2. ed. São Paulo, Atlas, 2007.MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. São Paulo, Altas, 2006.Morante, Antonio Salvador. Análise das Demonstrações Financeiras. São Paulo, Atlas, 2007.