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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE PÓS-GRADUAÇÃO TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO: ANÁLISE DE SISTEMAS A ARTE DE LIDERAR EQUIPES DE TI RODRIGO MINELLI CHRISTOFOLI SÃO PAULO 2009

análise de sistemas a arte de liderar equipes

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

PÓS-GRADUAÇÃO

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO: ANÁLISE DE SISTEMAS

A ARTE DE LIDERAR EQUIPES DE TI

RODRIGO MINELLI CHRISTOFOLI

SÃO PAULO

2009

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

PÓS-GRADUAÇÃO

A ARTE DE LIDERAR EQUIPES DE TI

RODRIGO MINELLI CHRISTOFOLI

Monografia apresentada ao Departamento de Pós-Graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Tecnologia da Informação: Análise de Sistemas. Orientadora: Profa. Dra. Élida Jacomini Nunes

SÃO PAULO

2009

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Qualquer um que queira ser um líder entre vocês deve primeiro ser o servidor. Se você opta por liderar, deve servir. (Jesus Cristo)

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DEDICATÓRIA

À minha mãe, eterna líder servidora, a mãe e professora mais dedicada que já

conheci, sempre me incentivando a estudar e a me tornar um ser humano melhor

a cada dia.

Ao meu pai, profissional dedicado, me ensinou a trabalhar com seriedade,

perfeccionismo e responsabilidade. Além de sempre me motivar a ser criativo e a

desenvolver o gosto por música e artes.

Ao meu irmão, pelos diversos momentos felizes que partilhamos durante nossa

infância e juventude, os quais me trazem boas lembranças.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela vida, e pela oportunidade de estudar e desenvolver-me mental e

espiritualmente, e pela iluminação no decorrer deste mister.

À Profa. Dra. Élida Jacomini Nunes, pela efetiva motivação em todo o decorrer

deste curso, demonstrando extrema presteza e excelência.

À Profa. Ms. Maria Helena Sarmento Afonso, pelas valiosas informações,

treinamentos e sugestão do livro A arte da guerra, base desta monografia.

Aos meus tios, Profa.Yara Minelli e Prof. Marcos de Oliveira Santos, pelo

constante estímulo no estudo de idiomas e pela revisão do abstract.

À minha companheira, Luana Gonçalves dos Santos, por me compreender e

apoiar reiteradas vezes, principalmente na conclusão deste trabalho.

Ao amigo Lindolfo Fernandes Neto, sempre disposto a ouvir, me auxiliando em

diversos momentos da vida, inclusive na realização deste estudo.

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SUMÁRIO

I. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 8

II. LÍDER ............................................................................................................... 14

2.1. Valores do Líder ................................................................................................... 17

2.1.1. Estrutura Psicológica ......................................................................................... 19

2.1.2. Líder X Chefe .................................................................................................... 20

2.2. Habilidades do Líder ............................................................................................. 22

2.2.1. Administração de Recursos ................................................................................ 25

2.2.2. Administração do Tempo ................................................................................... 27

2.2.3. Liderança Educadora ......................................................................................... 29

2.3. Responsabilidades do Líder .................................................................................. 30

2.4. Comportamentos do Líder..................................................................................... 32

III. LIDERANÇA .................................................................................................... 38

3.1. Estilos de Liderança .............................................................................................. 43

3.2. Autoridade X Poder .............................................................................................. 45

3.3. Como Liderar os Profissionais de Hoje ................................................................. 49

IV. RECONHECIMENTO ...................................................................................... 51

4.1. Motivação ............................................................................................................. 53

4.1.1. Agentes Gratificadores X Agentes Motivadores ................................................. 55

4.2. Feedback .............................................................................................................. 56

V. CONCLUSÃO ................................................................................................... 59

VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 68

VII. BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 70

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RESUMO

Nas últimas décadas, o tema liderança tem sido foco de várias publicações,

seminários e cursos. Modernas organizações ao redor do mundo têm dado

treinamento a seus gerentes a este respeito, visto sua reconhecida importância no

cenário corporativo. Porém, estes conceitos não são tão recentes. Reconhecem-

se na história, líderes como o general chinês Sun Tzu e o próprio Cristo, que há

milênios já os conheciam e os colocavam em prática. No lugar da liderança

autocrática baseada no temor, no poder, no controle e na punição, utilizavam-se

da liderança servil, baseada no amor ágape, na autoridade, na motivação e no

reconhecimento. É importante frisar que o amor aqui mencionado, não é o

sentimento, mas o comportamento que deve nortear as relações entre líder e

liderados, através da confiança. Conclui-se que a capacitação pura e simples não

é suficiente. Além disso, é necessária uma quebra de paradigmas por parte dos

líderes, uma forte mudança comportamental, através da construção do caráter, do

desenvolvimento de diversas habilidades fundamentais e a consciência de novas

responsabilidades, assumindo o compromisso de transformação interior, através

do serviço e sacrifício em prol da equipe.

Este estudo tem por finalidade: Contextualizar a liderança servil, fundamentada

em princípios milenares de estratégia e liderança, permeada com conceitos

modernos e opiniões de especialistas no assunto, onde se enfatiza a necessidade

da liderança servidora com o propósito de se obterem resultados desejáveis em

projetos de Tecnologia de Informações de sucesso, podendo também ser

aplicado em quaisquer outras relações que envolvam o conceito de liderança.

Conscientizar gestores com pouca visão estratégica, que insistem na busca do

poder absoluto. E ainda, quebrar o paradigma de que chefes são indivíduos que

devem agir como ditadores, sendo excessivamente controladores e dominadores.

Dessa forma, espera-se proporcionar à sociedade e às empresas uma

oportunidade de refletir sobre este assunto, considerado de extrema relevância.

Palavras chave: Líder; liderança; reconhecimento.

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ABSTRACT

In the last few decades, the subject leadership has been focus of many

publications, seminars and courses. Modern organizations around the world have

been training their managers on this subject, recognizing its importance in the

corporate scenario. However, these concepts are not very recent. In history some

leaders are known such as the Chinese general Sun Tzu and even Jesus Christ

that were aware and were used to putting them into practice millennia ago. In

place of autocratic leadership based on fear, power, control and punishment, they

used the servant leadership, based on agape love, authority, motivation and

recognition. It is important to emphasize that the love here mentioned, has nothing

to do with feelings, but the behavior that must guide the connections between the

leader and the followers, through confidence. One concludes that pure and simple

training is not enough. Besides, it must have a paradigm shift, a strong behavior

change, through character construction, developing many fundamental abilities

and the conscience of new responsibilities, undertaking the responsibility of inner

change, through service and sacrifice in favour of the team. The purpose of this

study is: To contextualize the servant leadership, based on strategy and

leadership millennial principles, permeated with modern concepts and specialist

opinions, where the necessity of the servant leadership is emphasized, in order to

obtain desirable results in Information Technology projects. It is possible to be

applied in any other kind of relationship that involves the concept of leadership. To

inspire managers with little strategic vision, that insists to have absolute power.

And the paradigm shift that bosses are individual who must act like dictators, being

excessive controlling and dominating. This way, we hope to give the society and

the companies the opportunity to reflect about this issue, considered of extreme

relevance.

Keywords: Leader; leadership; recognition.

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I. INTRODUÇÃO

O interesse por esse tema foi despertado durante a participação de projetos na

área de Tecnologia de Informações, onde surgem, por diversas vezes, situações

críticas, que vão de encontro com conceitos básicos de táticas de guerra. Nota-se

que, muitos destes conceitos, já conhecidos pelo General e filósofo Chinês Sun

Tzu, há aproximadamente dois mil e quinhentos anos, ainda são desconhecidos

por muitos líderes e equipes de Tecnologia de Informações, sendo pouco ou nada

utilizados.

Nesta era de organizações ‘niveladas’, equipes e empowerment, alguns poderão questionar a aplicação de um tratado sobre a guerra aos negócios atuais. Inúmeros artigos têm postulado que o modelo militar está ultrapassado. Na verdade, a estratégia empresarial evoluiu originalmente da estratégia militar (McNeilly, 1999, p.XVI)

Mesmo diante de opiniões conflitantes, que insistem que a estratégia militar é

antiquada, de acordo com McNeilly (1999, p.XVI), devemos considerá-la visto que

foi a partir dela que surgiu a visão estratégica no mundo corporativo.

Não só na questão estratégica e de liderança, mas também em muitos outras

situações, a guerra e os aspectos que a circundam, sempre foram fatores de

alavancagem, no que diz respeito a trazer inovações para a vida humana.

Muitos produtos e serviços existentes no lar e nas organizações são provenientes

da guerra e de suas necessidades. Podemos citar o forno de microondas, o

computador, e até a internet, como produtos ou serviços advindos da guerra ou

da necessidade de mitigar seus efeitos. Daí sua relevância para a humanidade.

Não considerar a aplicação de um tratado sobre a guerra nos negócios atuais,

seria o mesmo que ignorar o latim, no processo de aprendizado de um aluno de

Letras, ou excluir a matemática, de um curso de graduação em Análise de

Sistemas.

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Ou seja, por mais antigos que esses ensinamentos possam ser, ou por mais

tempo que eles tenham sido formulados, continuam perfeitamente válidos e

aplicáveis, mesmo nas modernas organizações e equipes.

Em Sun Tzu (2007), podem-se traçar alguns paralelos entre o estratagema de

guerra e de um projeto de Tecnologia de Informações, no qual podem existir

diversos tipos de “inimigos”, como por exemplo: concorrentes em potencial,

líderes inexperientes, funcionários com baixo nível de comprometimento, clientes

difíceis, tempo escasso e um orçamento apertado.

Normalmente, se colocam tempo e orçamento como principais adversidades em

um projeto de Tecnologia da Informação. Porém, esquece-se que, com um líder

ineficiente, e com uma equipe pouco comprometida, mesmo com todo o tempo e

dinheiro disponíveis, dificilmente se alcança o objetivo a céu intacto.

Valor do comandante: O comandante é o equilíbrio da carruagem do Estado. Se este equilíbrio estiver bem colocado, a carruagem, isto é, a nação será poderosa; se o equilíbrio estiver defeituoso, a nação, certamente, será fraca. (Sun Tzu, 2007, p.47)

Um general ineficiente, não consegue motivar suas tropas. Pelo contrário, muitas

vezes a desmotiva a tal ponto de colocar em risco a vitória.

O General Sun Tzu, há dois milênios e meio, já conhecia e aplicava os conceitos

de liderança servil, tratados atualmente com extrema propriedade, em Hunter

(2006), que também será utilizado como referência neste estudo.

Não há pelotões fracos – apenas líderes fracos. (Creech apud Hunter 2006, p.15)

Nas últimas décadas, têm se analisado algumas dezenas de empresas de

consultoria de informática, inclusive grandes multinacionais, e se nota que, em

grande parte delas, ainda impera uma forma extremamente ultrapassada de gerir

projetos e pessoas. Tal procedimento incita diversos fatores negativos, como:

funcionários descontentes, equipe desmotivada, falta de comprometimento,

stress, alta rotatividade, clientes insatisfeitos, prazos e orçamentos quase sempre

‘estourados’, levando freqüentemente projetos ao fracasso.

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A maior parcela de responsabilidade pelo insucesso em projetos de TI, poucas

vezes é atribuída ao líder, que normalmente é o maior responsável, por motivos já

tão conhecidos, mas quase sempre ignorados, a saber:

- Falta de um planejamento adequado;

- Planejamento insuficiente ou mal conduzido (normalmente se dá pouca

importância ou se investe pouco tempo nessa fase do projeto);

- Desconhecimento de seus próprios subordinados, de suas capacidades e

virtudes;

- Não saber explorar as capacidades de seus empregados;

- Não conseguir motivar sua equipe;

- Punir sua equipe, ao invés de premiá-la ou incentivá-la;

- Não querer se envolver emocionalmente em problemas pessoais de seus

subordinados;

- Não fazer amizade, não conquistar confiança de seus empregados, etc.

- Desmotivar seus empregados com frases como:

- “Você deve entrar no horário, junto com o cliente e só deve ir embora

quando não houver mais trabalho”;

- “Você deve trabalhar inclusive aos finais de semana, sem descanso”;

- “Você deve trabalhar durante a madrugada e fazer plantões”;

- “Você deve fazer horas extras não remuneradas”;

- “A equipe toda deve trabalhar todos os finais de semana ou madrugadas,

não havendo rodízio dos recursos”.

Hunter (2006) trata diretamente destas questões, alertando que o líder não deve

ser somente um ‘gestor’ ou simples ‘chefe’, ou ainda, que um líder não deve ser

um mero ‘capataz’, mas alguém em que o empregado possa confiar.

Freqüentemente, participa-se de projetos complexos e demorados na área de

tecnologia, onde é necessário demandar muitas horas extras, trabalhar sábados,

domingos e feriados, durante várias semanas consecutivas, e sem rodízio dos

recursos, causando estafa mental e física na equipe, demandando horas caras e

pouco produtivas.

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A vitória é o principal objetivo na guerra. Se tardar a ser alcançada, as armas embotam-se e o moral baixa. As tropas a ter de atacar cidades mostrar-se-ão exaustas. Quando um exército trava campanhas demoradas, as reservas estatais nunca são suficientes. (Sun Tzu, 2007, p.36)

Essa afirmação é paradoxal ao procedimento de alguns líderes de potentes

nações no mundo. Podemos citar como exemplo George W. Bush e a Guerra dos

Estados Unidos contra o Iraque, que se arrasta há mais de cinco anos,

humilhando suas tropas e acabando com as reservas do país, levando-o à

bancarrota. Ou ainda, Saddam Hussein e a Guerra do Golfo. Será que eles

ignoraram os conceitos do sábio general e filósofo chinês?

Você obtém o melhor esforço dos outros não por acender uma fogueira sob seus pés, mas por atear um incêndio dentro deles. (Nelson apud Hunter, 2006, p.107)

Motivação das equipes, principalmente em grandes projetos de TI, é outro ponto

fundamental, que se abordará neste estudo. Uma equipe motivada é capaz de

operar verdadeiros milagres, quando se trata de projetos em que as tarefas

tenham de ser executadas em tempo recorde, com baixo custo e excelência. Uma

equipe desmotivada pode trazer prejuízos ao projeto tanto financeiros quanto em

relação à entrega.

Hunter (2006, p.111) informa que, de acordo com estudos recentes realizados nos

EUA, na Associação Nacional de Estabelecimento de Ensino, e em associações

de funcionários, fica claro que, de acordo com a opinião de várias pessoas

entrevistadas, agentes motivadores não são simplesmente um aumento de salário

ou bonificação. A maioria das pessoas espera reconhecimento de seus líderes,

fato este, extremamente raro em aproximadamente 77% (em média) das

empresas consultadas. Os gestores ainda se mostram céticos em relação a esse

tipo de reconhecimento, seja um elogio verbal, um agradecimento por escrito, em

público ou ainda realização de reuniões para levantar o moral da equipe.

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Normalmente quando se recebe algum feedback, este é negativo ou em forma de

crítica. Dificilmente o feedback é em forma de elogio. As pessoas têm o costume

de dar feedback somente sob forma de crítica ou reclamação. É necessário

entender porque isto ocorre, de forma que este paradigma venha a ser quebrado.

A finalidade deste estudo é trazer à tona um assunto atual e por muitos

considerado polêmico, baseado em princípios milenares de estratégia liderança,

mesclados com conceitos modernos e opiniões de especialistas no assunto,

enfatizando a necessidade de ser um líder servil para obtenção de resultados

desejáveis em projetos de Tecnologia de Informações de sucesso. Podendo

também ser aplicado em quaisquer outras relações que envolvam o conceito de

liderança.

Conscientizar gestores com pouca visão estratégica, que persistem na idéia do

obsoleto axioma “manda quem tem poder, obedece quem tem juízo”.

E ainda, quebrar o paradigma de que chefes são pessoas que devem agir como

controladores, capatazes, ditadores, etc.

Dessa forma, espera-se proporcionar à sociedade e às empresas uma

oportunidade de refletir sobre o assunto.

O objetivo esperado com esse estudo é:

- Analisar os conceitos de estratégia e liderança da obra de Sun Tzu e trazê-los

para a realidade dos projetos e das equipes de Tecnologia de Informações;

- Buscar os conceitos modernos de liderança servil das obras de Hunter;

- Inter-relacionar estes conceitos de forma a complementar a visão estratégica de

líderes de equipes, no que tange à liderança e motivação.

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A metodologia de pesquisa empregada para o estudo consistiu em pesquisa

bibliográfica, através de leitura, anotações, resumo e fichamento das obras de

Sun Tzu (2007) e Hunter (2006), sendo utilizadas como fontes de pesquisa

primária, de onde foi retirado todo o conhecimento teórico para a composição

desta.

As demais fontes de pesquisa Mcneilly (1999), Chiavenatto (2004), Peters (1989),

Senge (2006), dentre outras, foram utilizadas sob forma de consulta pontual, a fim

de reforçar e embasar os conhecimentos adquiridos nas leituras das fontes de

pesquisa primárias, servindo como sustentação para a monografia.

Os capítulos a seguir, estão estruturados da seguinte maneira:

O capítulo II define o conceito de líder, o que é necessário para se tornar um líder,

os valores almejados em um líder, as habilidades que o líder deve possuir, as

responsabilidades atribuídas ao líder e o padrão comportamental esperado de um

líder. Aborda também as diferenças entre líder e chefe, a importância da

construção de uma estrutura psicológica dentro da empresa, bem como a

administração de recursos e do tempo.

O capítulo III aborda a conceituação de liderança, a definição dos diversos estilos

de liderança, apresenta a liderança servidora de acordo com Hunter, as

diferenças existentes entre os conceitos de autoridade e poder e a importância de

entender os valores e necessidades dos colaboradores.

O capítulo IV ressalta a importância do reconhecimento de funcionários e da

equipe. Demonstra a razão pela qual a motivação de funcionários é um

componente tão importante na liderança. Define a diferença existente entre

agentes motivadores e agentes gratificadores. Esclarece o que é feedback e

porque é tão importante.

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II. LÍDER

Recentemente, principalmente na última década, nota-se gradativa substituição

do termo ‘chefe’, pelo termo ‘líder’, para designar uma pessoa responsável por

chefiar, administrar, dirigir, gerir, encaminhar ou governar um grupo de pessoas,

atividade, departamento, empresa, opinião ou nação. Aos poucos o termo ‘chefe’

adquiriu uma conotação pejorativa, denotando um supervisor, ou qualquer outra

relação de mando que se utilize de poder, para dar ordens e ser obedecido.

O termo líder tem sido utilizado em substituição deste, no intuito de demonstrar

uma relação muito mais humana entre funcionário e patrão, enfatizando uma

relação de comando, que se utiliza de autoridade, conquistada através de

confiança e influência, para através da motivação, obter resultados.

De acordo com Ferreira (2004, p.1030), a palavra líder possui quatro definições, a

saber:

Líder. [Do ingl. Leader] S.m. 1. Indivíduo que chefia, comanda e/ou orienta, em qualquer tipo de ação, empresa ou linha de idéias. 2. Guia, chefe ou condutor que representa um grupo, uma corrente de opinião, etc. 3. Restr. O representante de uma bancada parlamentar numa assembléia. 4. Indivíduo, grupo ou agremiação que ocupa a primeira posição em qualquer tipo de competição. (Ferreira, 2004, p.1030)

As que melhor se encaixam no objeto deste estudo são a primeira e a segunda,

as quais definem que líder é o indivíduo responsável por comandar e/ou orientar

quaisquer ações, companhia ou frente, conduzindo e representando uma equipe,

ou uma opinião coletiva.

Liderar significa conquistar as pessoas, envolvê-las de forma que coloquem seu coração, mente, espírito, criatividade e excelência a serviço de um objetivo. É preciso fazer com que se empenhem ao máximo na missão, dando tudo pela equipe. (Hunter, 2006, p.20)

Conforme Hunter (2006, p.20), ser líder é atrair a consideração das pessoas,

cativando-as, fazendo com que dêem o melhor de si em prol do grupo, na busca

de um objetivo em comum.

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Chiavenatto (2004, p.147) afirma que liderança não deve ser confundida com

direção ou gerência. Um bom gerente deve buscar ser um bom líder, mas o líder

nem sempre é um gerente ou diretor. Apesar da gerência ser um cargo no qual o

conceito de liderança é crucial, dentro de uma empresa, é necessário existirem

líderes em todos os níveis de carreira.

Hunter (2006, p.20) lembra que não é necessário ter um cargo de chefia ou

hierarquicamente superior a outrem para ser um líder. Para tal, basta influenciar,

motivar ou fazer com que outras pessoas tenham maior entusiasmo, empenho,

dedicação, ou o simples desejo de se tornarem melhores do que são.

Para Rapoport (2008, p.5) um “super-líder” é aquele que tem êxito nas tarefas que

executa. Complementa que, um líder de sucesso consegue mobilizar a todos em

prol de um objetivo comum, dando sentido a cada uma das pessoas com as

metas que devem ser alcançadas.

Para Ortega (2008, p.23) um ponto considerado fundamental é a capacidade que

o líder deve possuir de treinar e capacitar futuros líderes.

Ser um líder não é simplesmente possuir seguidores, mas ter a capacidade de

desenvolver outros líderes, através da identificação de seus talentos e

habilidades, alocando os profissionais nas áreas de atuação onde tenham melhor

desenvoltura.

Conforme MetaX (2006, p.4) chefiar é fazer com que as pessoas façam o que é

necessário, enquanto liderar é fazer com que as pessoas queiram fazer o que é

necessário.

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Podem-se enumerar diversas diferenças entre o Chefe e o Líder, dentre elas:

- Os chefes empurram, enquanto os líderes puxam;

- Os chefes são comandantes. Já os líderes são treinadores;

- O chefe administra. O líder inova;

- O chefe vive no status-quo. O líder desafia, muda constantemente;

- O chefe quer segurança e estabilidade. O líder quer desafios e novidades;

- O chefe é obediente, enquanto o líder é contestador;

- O chefe é racional, o líder é crítico;

- O chefe “veste a camisa” da empresa, já o líder participa ativamente dos

negócios da empresa;

- O chefe mantém os negócios da empresa, ao passo que o líder gera novos

negócios;

- O chefe se utiliza da autoridade. O líder se utiliza de confiança;

- O chefe manda. O líder apóia.

É importante frisar que, não basta simplesmente que as instituições adotem a

nomenclatura ‘líder’, ou dêem aos gerentes um treinamento intensivo de liderança

para que passem a agir como tal. Hunter (2006, p.13) sustenta que a liderança é

uma habilidade que deve ser desenvolvida constantemente, através da

construção do caráter e da quebra de velhos paradigmas, exigindo mudança

interior e sacrifício.

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2.1. Valores do Líder

De acordo com McNeilly (1999, p.106), nas últimas décadas, diversos autores têm

tratado a respeito de como influenciar pessoas através de mecanismos de

manipulação, métodos e truques gerenciais, conseguindo o que se deseja,

inescrupulosamente. Porém, poucos abordam sobre um dos valores considerado

essencial quando se fala em liderança: o caráter.

Por comando, refiro-me às qualidades de sabedoria, sinceridade, humanidade coragem e rigor do general... Se sábio, um comandante saberá reconhecer as circunstâncias mutáveis e agir de forma apropriada. Se sincero, seus homens não duvidarão da certeza das recompensas e punições. Se humano, amará a humanidade, simpatizará com os outros e valorizará sua diligência e esforço. Se corajoso, conquistará a vitória aproveitando a oportunidade sem hesitação. Se rigoroso, suas tropas serão disciplinadas por temor a ele e medo da punição. (Sun Tzu e Tu Mu, 2007, p.27)

De acordo com Sun Tzu (2007, p.28), não existem generais que nunca tenham

ouvido falar sobre os cinco valores básicos necessários à um general. São eles:

sabedoria, sinceridade, humanidade, coragem e rigor. Frisa que um general que

possua esses traços de caráter é um vencedor, caso contrário um vencido. O

mesmo pode-se aplicar diretamente aos líderes das organizações modernas.

Um líder que possuir todas as cinco qualidades, facilmente lidará com as

dificuldades advindas de um projeto.

Sabedoria, para lidar com as mudanças freqüentes no escopo, os percalços da

tecnologia, o tempo escasso, a redução orçamentária, os imprevistos, a falta de

ferramentas necessárias para a execução das tarefas.

Sinceridade, para falar abertamente com sua equipe, no momento certo,

recompensar ou punir, de acordo com a necessidade, lidar com clientes difíceis e

administrar impasses.

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Humanidade, para criar uma relação de empatia com seus colaboradores, passar

confiança, reconhecer o esforço de seus subalternos, apreciando suas destrezas

e desenvolvendo suas habilidades.

Coragem, para enfrentar os transtornos, aproveitar as oportunidades, revelando

paciência, participar ativamente dos problemas, demonstrando energia moral ante

as aflições, conseguindo contaminar sua equipe com essa determinação.

Rigor, cumprindo fielmente todas as pré-determinações com disciplina, sejam

elas: prazo, orçamento, recompensas, punições, manifestando seu caráter forte,

de maneira positiva e motivada. Se um líder promete a sua equipe, merecido

descanso após grande esforço, deve cumpri-lo a qualquer custo, ou seria melhor

que não o prometera, visto que pode ser considerado inverídico e com a repetição

deste quadro, vir a perder a confiança da equipe.

De acordo com Mcneilly (1999, p.106), nos negócios existem muitas incógnitas e,

por essa razão, a sabedoria é uma virtude vital, já que permite ao líder identificar

de forma clara os pontos fortes e fracos da organização. No caso em estudo, do

grupo comandado, possibilitando ao líder a criação de uma estratégia a fim de

lidar com essas forças e debilidades.

Sinceridade e humanidade são vistas como pontos decisivos, já que liderar uma

equipe implica na necessidade de obter sucesso através de outros indivíduos, e

para tal é fundamental que haja primeiramente a fidelização dos mesmos.

Rigor é definido como disciplina, virtude essencial para que haja sucesso na

execução da estratégia.

Hunter (2006, p.18) observa que constantemente líderes deixam de lado seus

valores, optando pelo caminho mais curto, dizendo o que as pessoas querem

ouvir, ao invés de falar-lhes o que precisam ouvir, tentando ‘evitar conflitos’, pois

não tem coragem moral de contrariá-las. Denomina esse procedimento como uma

falha de caráter.

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2.1.1. Estrutura Psicológica

Mussak (2008, p.7) sente que a cada dia que passa, as empresas estão se

interessando mais e mais pelos valores, sejam estes dos líderes, de

colaboradores, bem como os valores da própria organização, pois estes

determinam o comportamento humano.

As organizações notaram que, tendo uma cultura bem clara e definida, auxiliam

no trabalho das pessoas, criando um laço maior de comprometimento, aderência

e trazendo em conseqüência, melhores resultados.

Salienta que, além da estrutura física, também é necessário que as empresas

tenham uma estrutura psicológica, sedimentando os valores culturais de todos os

empregados, através de um conjunto de normas e condutas que orientem a todos

que ali trabalham. Declara que a coerência dos líderes é o valor estrutural para a

sedimentação desta estrutura psicológica.

Se a empresa não possuir valores claros, se não houver coerência entre o que é

discursado e o que é praticado, a companhia pode até alcançar resultados a curto

prazo, porém as pessoas não terão aderência, e na primeira oportunidade melhor

que surja, deixarão a companhia por não estarem suficientemente motivadas.

Além da coerência, aponta a ética e a confiança como valores respeitáveis de

uma liderança vencedora. Peyrefitte (apud Mussak, 2008, p.7) mostra que as

sociedades mais bem sucedidas no mundo, são as que criaram um elo de

confiança como o Japão e a Coréia.

Posto isso, fica evidente a necessidade da aplicação de valores e de cultura, de

maneira forte e bem definida dentro das organizações, criando uma estrutura

psicológica, de suma importância para aderir e motivar os profissionais.

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2.1.2. Líder X Chefe

De acordo com Góis (2008, p.12), rebaixar chefes e exaltar líderes está na moda.

Segue dizendo que nunca se ouvirá que determinada empresa alcançou a chefia

de mercado, mas sim a liderança de mercado, nem tampouco se ouve que certa

pessoa é líder de família, mas sim chefe de família. Reitera que as palavras chefe

e líder têm um poder que a própria lógica das corporações ignora.

Continua relatando que o mundo pós-globalizado viciou-se na afirmativa de que

ter um chefe é viver no tempo das cavernas, e que todos devem transformar-se

em líderes. Porém faz uma reflexão, discordando até certo ponto desta afirmação,

onde demonstra que é possível ser um chefe tão digno quanto um líder, ou ainda

um líder com atribuições de chefe.

O líder olha para fora, o chefe para dentro. E ver para fora e para dentro são ações necessárias nas empresas. Se você só vê para fora, é somente visionário; se só vê para dentro, é apenas burocrata. (Góis, 2008, p.12)

Essa afirmação é realmente coerente, e leva a crer que o correto mesmo é

mesclar as habilidades de chefe com as de líder.

E indaga: “Porque falam tanto mal do chefe? Como começou essa má impressão

de que bom chefe é aquele que vira líder?” (Góis, 2008, p.12). Em seguida

responde que essa fama advém de uma razão histórica, pois a maioria dos chefes

se utiliza dos estilos de comando de forma inadequada.

Segue relatando que a grande maioria dos chefes confunde autoridade com

autoritarismo, e mando com comando, e acabam por confundir o poder do

prestígio com o poder da posição, achando que devem se posicionar como

autocratas.

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21

Afirma, ainda, que a melhor maneira de se posicionar quanto ao estilo de

comando é baseando-se nos níveis de maturidade de sua equipe ou indivíduo

comandado.

Ressalta que uma pessoa pode ter basicamente três níveis de maturidade para o

trabalho: abaixo, acima ou na média.

Se o indivíduo possuir maturidade abaixo da média, o melhor estilo de comando a

ser utilizado é o autocrata, através do mando, do controle, porém de forma a

motivá-lo.

Para o funcionário com maturidade média, o melhor é negociar e cobrar, porém

utilizando-se da influência.

Já para aqueles que têm um nível de maturidade acima da média, o ideal é

levantar fatos, solicitar a opinião e deixá-lo livre, em uma espécie de auto-gestão,

porém inspirando-o regularmente.

Retoma, dizendo que o chefe clássico ficou mal-falado porque só sabe utilizar o

estilo autocrata, partindo do princípio que todos os subalternos têm um nível de

maturidade abaixo da média.

Posto isso, é mister que o chefe mude seu modo de pensar, enxergando e

analisando corretamente sua equipe, de forma a ponderar qual é realmente o

estilo de comando que deve utilizar com cada indivíduo dentro do grupo.

Page 23: análise de sistemas a arte de liderar equipes

22

2.2. Habilidades do Líder

Conforme Mcneilly (1999, p.105), líderes que possuem alto grau de

desprendimento, colocando as necessidades de seus subalternos diante de suas

próprias necessidades, são extremamente raros. E insiste que, para ser um líder

deste calibre é necessário um grande sacrifício, através do desenvolvimento do

caráter, não apenas auto-imagem, através de ações e exemplos, compartilhando

problemas dos membros da equipe, motivando-os, encorajando-os, atribuindo-

lhes tarefas e por fim, fazendo com que sua estratégia possa alavancar a

organização. Reitera que a base da verdadeira liderança é o caráter.

Portanto, o general que, ao avançar, não busca a fama pessoal e que, na retirada, não está preocupado em evitar a punição, mas apenas em proteger o povo e promover os melhores interesses de seu soberano, é a jóia preciosa do Estado [...] Existem poucos assim. (Sun Tzu, 2007, p.100)

Frisa, ainda, que o estilo de liderança de Sun Tzu (apud McNeilly, 1999, p.105)

não era autocrático, ditatorial, já que afirmava que um líder deve ser seguro o

bastante para influenciar suas tropas a aplicarem sua estratégia e não

simplesmente impô-la.

Para Hunter (2006, p.36), um líder deve ter como uma de suas principais virtudes

a paciência. Principalmente em projetos de TI, nota-se exatamente o contrário:

líderes impacientes, preocupados somente com a produção, totalmente voltados

para as tarefas, interessados somente se o projeto está dentro do prazo e custo

esperados, olvidando de outros aspectos da liderança.

Os experts nas áreas técnica ou operacional, quando promovidos a posições de liderança, enfrentam uma barreira. Acostumados a se sentir realizados quando deixavam o trabalho à noite - afinal, tinham feito milhares de “coisas” e apagado incontáveis “incêndios” -, eles agora precisam lidar com uma situação em que os resultados nem sempre são visíveis no final do dia. (Hunter, 2006, p.36)

Page 24: análise de sistemas a arte de liderar equipes

23

Hunter (2006, p.36) estabelece que a realização não é imediata, quando se está

numa posição de liderança, pois os resultados podem demorar a aparecer. Essa

demora na obtenção de resultados pode, ainda, trazer um sentimento de

frustração, visto que os profissionais demasiado técnicos estão acostumados a

obter resultados visíveis a curto prazo.

Não adianta tentar obter os resultados na base do grito. Neste ponto, paciência e

confiança são fundamentais, na certeza de que existirá o momento certo de

colher os frutos. Envolver a equipe na tomada de decisão, também ajuda a

enxergar melhor pontos obscuros, ou detalhar minúcias que podem impactar ou

tardar na solução.

Se o gereral não conseguir controlar a impaciência e ordenar às suas tropas que trepem muralha acima como formigas, um terço delas será morta sem tomar a cidade. Tal é a calamidade desses ataques. (Sun Tzu, 2007, p.45)

Sun Tzu (2007) realça, além do planejamento e da motivação, a importância da

paciência, mesmo em momentos como a guerra. Além da estratégia, ressalta a

energia como algo fundamental para a vitória, através da vontade de agir e de

conseguir conquistar os objetivos. Para atingir uma meta, o autor ensina que é

necessário agir em conjunto, conhecer o ambiente de ação, o obstáculo a ser

vencido e conhecer seus próprios pontos fortes e pontos fracos.

Um gereral deve ser sereno e inescrutável, imparcial e controlado. Se sereno, ele não se irritará; se inescrutável, será insondável; se justo, não será impróprio; se controlado, não se confundirá. (Sun Tzu e Wang Hsi, 2007, p.110)

Sun Tzu (2007, p.110) atenta para o fato de que o líder deve possuir entre suas

mais latentes virtudes, a serenidade, a imparcialidade e o autocontrole.

McNeilly (2006, p.107) traz uma lista de traços de caráter desejados de um líder

pelo exército norte-americano, em um manual de campo 22-100, intitulado

Liderança Militar, que fora criado após os problemas de liderança evidenciados na

guerra do Vietnã. Foi escrito para que os soldados tivessem noção do que é

liderança e de como se tornar um líder.

Page 25: análise de sistemas a arte de liderar equipes

24

Dentre os traços de caráter almejados, foram elencados: Integridade, maturidade,

vontade, autodisciplina, flexibilidade, confiança, resistência, decisão, frieza sob

tensão, iniciativa, justiça, auto-aperfeiçoamento, positividade, empatia, senso de

humor, criatividade, paciência, humildade e tato. Nota-se que muitas das virtudes

evidenciadas por Sun Tzu, fazem parte deste rol. Essa lista realmente traz

praticamente todas as atribuições, virtudes e traços de caráter almejados em um

líder. É fato que, pouquíssimos poderão satisfazer todos esses pontos, porém

nada impede um líder de buscá-los e trabalhá-los, constantemente.

Page 26: análise de sistemas a arte de liderar equipes

25

2.2.1. Administração de Recursos

Sun Tzu (2007, p.109) disse: “Alimente seus soldados e não os desgaste,

mantenha o moral alto e conserve as suas energias”.

Se todos os líderes de organizações de TI tivessem essa noção básica, jamais

demandariam semanas consecutivas de esforço de seus subordinados sem

descanso. Proporcionariam pelo menos um dia de descanso a cada cinco dias

trabalhados e pelo menos onze horas diárias fora do ambiente do escritório para

repouso, como regulamenta a CLT.

Na maioria dos casos é mais conveniente e menos custoso contratar mão-de-obra

adicional do que exaurir as forças de sua equipe atual. Horas extras não são

interessantes, nem para o funcionário que as executa, nem para a empresa que

as paga, pois se sabe que são de alto custo e de baixa produtividade.

O funcionário que já sabe de antemão que será exigido dele fazer horas extras, já

diminui seu ritmo de trabalho durante o expediente normal, produzindo menos,

visto que precisará fazer um esforço adicional posterior. Isso é um processo tão

fisiológico quanto psicológico. É um comportamento que se remete aos homens

das cavernas, que poupavam suas forças ao máximo, quando podiam, para o

caso de terem que fugir de um animal selvagem ou para quando fossem à caça.

Da mesma forma que se alimentavam em demasia quando conseguiam abater

um animal, porque não sabiam quando seria sua próxima refeição.

Mussak (2008, p.7) considera que estamos num momento de transição, de um

modelo de gestão advindo da Revolução Industrial, que considerava pessoas

como peças de uma máquina, para um modelo mais humano, que considera a

empresa como um ser-vivo.

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26

Neste novo modelo de gestão, o principal é capacitar os colaboradores,

ensinando-os, desenvolvendo-os e mantendo-os num processo de aprendizado

permanente, complementando os conhecimentos e habilidades que trouxeram da

escola e de outras organizações.

Mussak (2008, p.7) lamenta o fato de ainda existirem organizações que persistem

na utilização de modelos de gestão antiquados, baseados em cartão de ponto,

controle e punição. Caso não mudem seu modo de pensar, essas empresas

pagarão um preço alto por essa forma ultrapassada de gerir pessoas.

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27

2.2.2. Administração do Tempo

Para Mussak (2008, p.8), administração do tempo é outra habilidade fundamental

para um líder eficaz. Atualmente, o desejo de muitos líderes é multiplicar o tempo,

que parece cada vez mais escasso com a enorme quantidade de informações e

tarefas do dia-a-dia. Apesar de ter sua idéia bastante questionada, discorda do

pensamento moderno de que se devem fazer diversas coisas ao mesmo tempo.

Contrapõe, afirmando que não se consegue dar qualidade a nada do que se faz,

quando se tenta fazer tudo ao mesmo tempo. Quando se faz duas ou mais tarefas

simultaneamente, se gasta mais tempo do que se tivesse concentrado em apenas

uma delas. O ideal é executar uma tarefa por vez, porém de forma seqüencial,

organizada e planejada. Neste caso, agenda, cronograma e metodologia são

essenciais.

Deve-se ter em mente que, a maior parte do tempo deve ser utilizada em análise,

levantamento, planejamento, reuniões e que o restante deve ser empregado em

execução propriamente dita.

Normalmente, os projetos de TI atrasam ou são entregues depois do prazo

estipulado, pois se investe pouco em levantamento, análise, prototipação,

discussões, etc. Perde-se muito tempo discutindo como será a execução das

tarefas e quase nada em sua avaliação.

É preciso saber o que é prioridade para você, pois há coisas que necessariamente você terá de delegar e abrir mão. Já que fazer tudo não dá, o jeito é realizar o que é mais importante para as pessoas e para você. (Rapoport, 2008, p.5)

Para Rapoport (2008, p.5), saber delegar tarefas é mais uma dentre as diversas

habilidades importantíssimas e vitais para um líder de sucesso.

Page 29: análise de sistemas a arte de liderar equipes

28

Um líder centralizador mais penosamente alcança sucesso em suas empreitadas.

Algumas atitudes, como a simples atribuição das tarefas ao grupo, o envolvimento

de toda equipe na tomada de decisão, cria uma enorme empatia e fortalece as

relações líder-liderado.

Por outro lado, se toda e qualquer produção do time tiver que passar pelo crivo do

líder, poderá haver abalos nesta relação, criando uma sensação de descrédito na

capacidade dos liderados e conseqüente desmotivação.

Esta falta de visão gera retrabalho, traz morosidade e cria barreiras burocráticas

para o processo, além de não permitir com que os liderados se desenvolvam em

todos os aspectos, indo totalmente contra os preceitos da liderança educadora.

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2.2.3. Liderança Educadora

Mussak (2008, p.7) utiliza-se da expressão ”liderança educadora” como uma

metáfora, para definir um líder que tem a habilidade de reconhecer e desenvolver

líderes em sua equipe.

O líder voltado para resultados, por exemplo, tem foco na competência, qualidade e excelência. É estrategista e cobra resultados, mas é tolerante a falhas. Já aquele focado em pessoas, é mais humano, comunica-se bem, gosta de estar com gente e dá feedback. E o líder educador faz as duas coisas, enquanto um olho está nos resultados, o outro está nas pessoas. (Mussak, 2008, p.7)

Sabe-se, que o educador é um profissional que busca como resultado, conseguir

com que o aluno aprenda.

Considerando-se o modelo de gestão moderno nas empresas, onde estas são

vistas como um ser-vivo, parte-se do princípio que não se devem separar os

resultados das pessoas, pois os resultados são as pessoas, e as pessoas por sua

vez, órgãos essenciais para o funcionamento deste organismo.

Pois bem, o líder que só pensa nos resultados, está separando os resultados das

pessoas. Por sua vez, o líder que só pensa nas pessoas, está igualmente

segregando um do outro.

Neste contexto, o ideal é considerar ambos, simultaneamente. Este é o conceito

de liderança educadora. O líder educador está preocupado com a produção,

almejando resultados, porém não deixa de estar atento à sua equipe, envolvendo-

se emocionalmente, compartilhando de seus problemas, servindo, ensinando,

motivando e dando feedback constantemente. Além de tudo isso identificando e

formando futuros líderes.

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2.3. Responsabilidades do Líder

McNeilly (1999, p.109) frisa que a melhor maneira de provar a liderança é

demonstrando caráter, através da liderança pelo exemplo, ou seja, não por mero

discurso, mas por palavras respaldadas por ações congruentes que tragam

verdadeiro significado a elas.

Se o subordinado ouve reiteradamente seus superiores dizendo algo e não

colocando este conhecimento em prática, ou não cumprindo as determinações

que foram anunciadas, acaba por ressentir-se e torna-se cético em relação a

estes, que acabam por cair em total descrença. E afirma que o líder deve tornar

coerentes suas palavras e ações a fim de conquistar a confiança de sua equipe.

Por exemplo, quando um líder afirma que se deve investir mais tempo na análise

de um determinado problema, e depois se mostra completamente preocupado em

sua efetiva operacionalização e execução, está fazendo com que seus

funcionários foquem em sua ação e esqueçam-se completamente de suas

considerações iniciais.

Em TI corriqueiramente, talvez pela própria natureza da profissão, verificam-se

líderes extremamente técnicos e operacionais, concentrados na produção. Seus

subordinados entendem a mensagem e agem da mesma maneira. Este pouco

investimento na análise mais profunda do problema acaba por gerar constante

retrabalho, e este, por sua vez, conseqüente desmotivação da equipe.

Assim, reitera a responsabilidade do líder no que tange à necessidade de

conquistar a confiança da equipe através da coerência entre ações e palavras,

assegurando o foco das pessoas no que é realmente importante e garantindo sua

credibilidade.

Page 32: análise de sistemas a arte de liderar equipes

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As pessoas devem acreditar no líder e sua palavra. Esta é a Primeira Lei da Liderança: “Se você não acredita no mensageiro, não vai acreditar na mensagem.” (Hunter, 2006, p.71)

Hunter (2006, p.71), de igual maneira, afirma que para que um líder seja seguido,

é primordial que a relação de confiança seja estabelecida, pois não haverá um

líder, se não houver seguidores.

Se castigas os soldados antes de ter conseguido que sejam leais ao mando, não obedecerão, e se não obedecem, serão difíceis de empregar. (Sun Tzu, 2007, p.95)

Da mesma forma, Sun Tzu (2007, p.95) alerta que um general precisa conquistar

a confiança de suas tropas para ter sucesso em uma batalha, e

conseqüentemente vencer a guerra.

Ou seja, o líder deve estabelecer uma relação prévia de confiança com sua

equipe, ao dar início as tarefas, e conservar essa relação, durante todo o projeto,

de forma que permaneça leal ao seu mando. Caso contrário, o grupo não se

sentirá motivado e tampouco comprometido à alcançar o objetivo com

determinação. Se houver uma relação de confiança, metade do trabalho já estará

feito e o objetivo poderá ser mais facilmente alcançado.

Page 33: análise de sistemas a arte de liderar equipes

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2.4. Comportamentos do Líder

Explica Hunter (2006, p.50) que a liderança exige uma série de comportamentos

ou princípios, que são muito semelhantes com as qualidades do amor ágape,

mais comumente traduzido como caridade e serviço, aos quais implicam em

algumas exigências essenciais como: paciência, gentileza, humildade, respeito,

altruísmo, perdão, honestidade e compromisso, resultando em colocar de lado

suas vontades e necessidades em detrimento das vontades e necessidades de

seus subalternos, além da necessidade de servir e sacrificar-se, buscando o

maior benefício para os outros e não para si.

A fim de exemplificar a semelhança destes comportamentos ou princípios, com o

amor ágape, Hunter (2006, p. 50) cita o trecho bíblico 1, Coríntios 13, conhecido

como “Passagem do amor” ou “A excelência suprema do amor”, comumente lido

em casamentos.

O amor é paciente, o amor é gentil, não é pomposo e arrogante (humilde), não age de maneira inconveniente (respeitoso), não procura seu próprio interesse (altruísta), não se regozija, na injustiça, mas na verdade (honesto), suporta todas as coisas, nunca falta (dedicado). (Hunter, 2006, p.50)

Hunter (2006, p.51) compara as qualidades do amor ágape: paciente, gentil,

humilde, respeitoso, altruísta, honesto e dedicado, existente há mais de dois mil

anos, por sinal muito conhecido, mas pouco aplicado, com os comportamentos

esperados de um líder, e complementa que, é uma tarefa árdua a ser cumprida,

pois não há trabalho fácil nesta lista. Talvez por essa razão ela seja tão lida em

casamentos.

Afirma que o mesmo ocorre com a liderança, qualquer um pode tornar-se marido,

esposa, pai, mãe, chefe, porém realmente se descobre a essência dos seres

humanos quando advém uma crise.

Page 34: análise de sistemas a arte de liderar equipes

33

Para Hunter (2006, p.51), as qualidades do amor ágape são a representação

essencial da liderança. Não somente representam a liderança, como definem

verdadeiramente o caráter.

Prossegue Hunter (2006, p.52) definindo em detalhe cada uma das exigências da

liderança:

- Liderança exige paciência: um líder deve ser paciente e demonstrar

autocontrole. Paciência e autocontrole são os pilares do caráter, e, por

conseguinte, da liderança. Atesta que para tornar-se um líder o indivíduo deve ter

por hábito, reações de acordo com princípios éticos e morais, refletindo atitudes

permeadas de consistência e previsibilidade. É óbvio que ninguém gosta de ter

relações com pessoas difíceis, descontroladas, imprevisíveis, exacerbadamente

críticas e inacessíveis. Isso não quer dizer que se deve ser apático e não

demonstrar seus sentimentos. A raiva é um sentimento saudável, a paixão, por

sua vez, uma emoção desejável, porém violar o direito dos demais, agindo por

impulso, motivado pela raiva ou paixão é algo inaceitável, que pode prejudicar as

relações humanas. O líder deve agir de forma apaixonada (envolvida), ao passo

que demonstra paciência e autocontrole.

- Liderança exige gentileza: para Hunter (2006, p.53), “gentileza é dispensar

atenção, apreciação e encorajamento nos outros” [...] ”tratar os outros com

cortesia”. Para Madre Teresa (apud Hunter 2006, p.53) “as pessoas anseiam por

apreciação mais do que pelo pão”, ou seja, os seres humanos necessitam de

reconhecimento, mais do que qualquer outra coisa. Os funcionários que passam

mais tempo na empresa, do que com sua família, seguramente necessitam de

atenção, apreço e cortesia. Está mais do que provado que pequenas cortesias

como um simples “bom dia”, “por favor”, “obrigado”, “desculpe”,”eu estava

enganado” são essenciais no relacionamentos tanto pessoais como profissionais.

Para Hunter (2006, p.53), líderes efetivos devem pressionar e estimular os demais

a aumentarem seu nível de atuação. O papel do líder neste caso é incitar os

indivíduos a compartilharem seus conhecimentos para que funcionem como

alavancas uns dos outros, constantemente.

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Liderança exige humildade: como define Hunter (2006, p.53), “humildade é a

demonstração de ausência de orgulho, arrogância ou pretensão; demonstrar

comportamento autêntico”. Muitos associam erroneamente humildade com

modéstia, passividade, baixa auto-estima ou complexo de inferioridade. Um líder

humilde deve ter em mente que não possui todas as respostas, e não sentir culpa

em dizer que não sabe ou não tem conhecimento em determinado assunto,

quando necessário. Deve estar disposto a ouvir inclusive, opiniões contrárias à

sua e saber que não é o dono da verdade. Deve ter em seu vocabulário frases do

tipo: “Não sei”, “Qual a sua opinião?”, “Eu estava enganado”, “Você me superou”.

Pessoas que não têm o costume de dizer frases como esta normalmente são

inseguras. Líderes humildes, são mais autênticos, disponíveis e até certo ponto

vulneráveis, sabem controlar seu ego, não são iludidos, e não acreditam ser

indispensáveis, além de estarem certos de suas forças e fraquezas, conhecem

bem seus limites e perspectivas.

Minha mãe me ensinou que posições e títulos não significam absolutamente nada. São apenas adornos, não representam a substância de uma pessoa. [...] Ela me ensinou também que qualquer pessoa, ou emprego, vale tanto quanto qualquer outra pessoa ou emprego. (Kelleher apud Hunter, 2006, p.56)

Liderança exige respeito: Hunter (2006, p. 55) define respeito como “tratar todas

as pessoas com a devida importância”. É importante frisar que o respeito, deve

ser dado não somente à pessoas importantes, superiores, do alto escalão,

clientes ou celebridades, o líder deve respeitar todos, do faxineiro ao presidente,

principalmente seus liderados. Ao delegar responsabilidades, o líder demonstra

respeito e confiança e faz com que seus liderados cresçam e se desenvolvam.

Para Hunter (2006, p.56), respeito não é dado ou concedido quando alguém se

torna líder, porém respeito é algo a ser conquistado e depende somente de seus

próprios atos . O líder pode e deve, conceder respeito, tratando todas as pessoas

como importantes, mesmo que não estejam fazendo por merecer, já que todos

têm um valor para a organização, se assim não o for, não deveriam ainda estar

ali.

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35

Sun Tzu (2007, p.102), também se refere ao respeito que se deve ter ao

indivíduo, na passagem que se segue:

Se o general se preocupa com seus soldados como se fossem crianças, eles o acompanharão até os lugares mais profundos; se ele os trata afetuosamente, como se fossem os seus próprios filhos amados, então, eles estarão dispostos a morrer com ele na batalha. (Sun Tzu, 2007, p.102)

Reforçando o que foi dito anteriormente, se o líder souber agir com respeito,

afetuosidade, souber mostrar que realmente se importa com seus subordinados,

auxiliando-os a superar suas dificuldades e exaltando suas virtudes, os mesmos

lhe serão eternamente gratos e farão o que estiver dentro de suas possibilidades,

para alcançar o sucesso de um projeto.

Liderança exige altruísmo: altruísmo é definido por Hunter (2006, p.56) como

atender as necessidades dos outros antes mesmo que suas próprias

necessidades. O verdadeiro líder é o líder que se sacrifica, que serve, que abre

mão de suas necessidades em detrimento dos anseios dos outros. A estrada a

ser percorrida em direção à liderança servidora deve ser encarada como uma

mudança e melhoria própria e não mudança e melhora dos demais. Afinal, a única

pessoa que se pode mudar é a si mesmo.

Liderança exige perdão: Hunter (2006, p.57) considera que muitos vêem o perdão

como uma estranha habilidade de caráter para constar de uma lista de

comportamentos de um líder. Em sua opinião, é uma das mais importantes,

porque perdoar significa deixar o ressentimento de lado. A todo momento,

pessoas cometem erros, magoando e decepcionando o líder, alguns inclusive,

tentarão tirar proveito em algumas situações. Nestes casos, é crucial absorver as

imperfeições dos outros, tolerando e lidando suas limitações. Liderar pessoas

perfeitas, caso existissem, seria uma tarefa simples, como dito anteriormente, ser

líder é uma tarefa árdua e penosa. Perdoar não significa aceitar tudo nem fingir

desconhecimento. O líder deve ser íntegro e não aceitar a impunidade. O que se

deve fazer é dar um feedback a pessoa que errou, resolver o problema e

esquecer qualquer magoa ou ressentimento. Nestes casos, não se deve deixar

com que o orgulho prevaleça. Esse tipo de comportamento é adquirido com o

tempo e somente a maturidade o trará.

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Liderança exige honestidade: de acordo com Hunter (2006, p.59), não tentar

enganar ninguém é o verdadeiro sentido da palavra honestidade. Há unanimidade

em concordar que honestidade e integridade são habilidades vitais para a

liderança. É certo dizer que ninguém mantém relações com pessoas as quais não

se pode confiar. As relações humanas, como se sabe são definitivamente

baseadas na confiança e no respeito. E a confiança tem como base os

comportamentos de dignidade, honestidade e integridade. Comenta o fato de

muitos líderes, pregarem a confiança e respeito, mas suas ações exprimirem

exatamente o oposto. Tais líderes ainda se utilizam de mecanismos de gestão

ultrapassados e controle exacerbado como: relógios de ponto, rotinas de trabalho

inflexíveis, chaves e senhas para acessar determinado tipo de informação, como

por exemplo, salários e informações financeiras, ou ainda, o terrível hábito de

demitir funcionários no fim da tarde de sexta-feira e não deixar com que se

despeçam dos outros, acompanhando-os até a porta da empresa, como se

fossem criminosos.

Para Hunter (2006, p.60), outro comportamento desleal, que também é pouco ou

nada comentado nas empresas é a formação de pequenos grupos, mais

conhecidos como “panelinhas”. Considera como uma aliança destrutiva, o fato de

duas ou mais pessoas se juntarem, no intuito de falar das outras. Esse

comportamento, deveras agressivo, é considerado uma falha de caráter, que deve

ser evitado de qualquer forma pelo líder e pelos liderados. O correto é sempre

envolver todos os integrantes da equipe, com o propósito de debater o problema e

encontrar uma solução adequada. Líderes devem desenvolver uma habilidade de

comunicação do tipo afirmativa, mesmo às vezes parecendo um tanto quanto

agressiva, por sua franqueza, não hesitando em dizer a verdade, de forma direta

e honesta, não violam os direitos dos demais, pois mantém o respeito, acima de

tudo. Portanto, deve-se encarar a integridade e honestidade como posturas

adequadas, alinhadas com valores éticos e ações compatíveis.

Page 38: análise de sistemas a arte de liderar equipes

37

Liderança exige compromisso: ser compromissado, para Hunter (2006, p.60) é

“ser fiel à sua escolha”, ou seja, com força de vontade e comprometimento, os

líderes podem cumprir com os compromissos assumidos. Uma vez que solicitam

que os outros se comprometam e se empenhem na melhoria contínua da

empresa, os líderes também devem se comprometer e se empenhar na melhoria

contínua deles próprios. Compromisso para Hunter (2006, p.61) exige lealdade,

lealdade essa que não deve ser confundida com fidelidade cega. O compromisso

deve independer de relações de amizade, parentesco, ou quaisquer outros tipos

de alianças. O líder não deve ter compromisso somente com quem tem alguma

relação de afinidade, deve dar as mesmas oportunidades a todos os integrantes

da equipe, visto que o compromisso é uma questão de comportamento e não

sentimento.

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38

III. LIDERANÇA

Hunter (2006, p.18) define liderança como: “a habilidade de influenciar pessoas

para trabalharem entusiasticamente visando atingir objetivos comuns, inspirando

confiança por meio da força do caráter”.

A liderança é um fenômeno social que ocorre exclusivamente em grupos sociais. Podemos defini-la como uma influência interpessoal exercida em uma dada situação e dirigida pelo processo de comunicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos. (Chiavenato, 2004, p.148)

Conforme explica Chiavenato (2004, p.148), a liderança é uma espécie de

influência entre pessoas, baseada no relacionamento que existe entre elas. Pode

ser denominada como uma transação interpessoal, onde uma pessoa age sobre a

outra no sentido de modificar o comportamento da outra, intencionalmente. Esta

influência está diretamente ligada ao conceito de poder e autoridade. Poder neste

caso entende-se como capacidade de influenciar. Já a autoridade, seria o poder

legitimado, ou seja, o poder consagrado ou outorgado pela sociedade, como, por

exemplo, a posição exercida em determinada organização, país, etc.

Chiavenato (2004, p,149) delineia que a liderança se dá através da influenciação,

que possui variados graus, que vão desde a coação, passando pela persuasão,

sugestão até a emulação. A coação é a capacidade de forçar, coagir ou

constranger outrem, mediante pressão, coerção ou compulsão. A persuasão é

definida como a capacidade de prevalecer sobre uma pessoa, sem forçá-la, com

conselhos, argumentos e/ou induções, para que faça alguma coisa. A sugestão é

colocar ou apresentar um plano, uma idéia ou uma proposta a uma pessoa ou

grupo de pessoas, para que considere, pondere ou execute. Já a emulação é

procurar imitar com vigor, com o propósito de igualar, ultrapassar, ou pelo menos

chegar próximo a alguém.

Page 40: análise de sistemas a arte de liderar equipes

39

Demonstra que essa influência ocorre ainda em uma determinada situação, não

somente pelo poder de influência, autoridade ou características pessoais, mas

também pelo contexto em que esse grupo de pessoas está envolvido.

Ser selecionado como líder também está ligado a estabelecer uma relação

funcional com os demais, relação essa que se dá através de alguns meios que o

líder possua a seu favor, como suas habilidades pessoais, conhecimentos,

posição social, relacionamentos, posses, etc. Ou seja, algo de interesse que

satisfaça as necessidades do grupo.

Considera também que a liderança pode ser conduzida através do processo da

comunicação humana, ou seja, define liderança como a arte de induzir pessoas a

cumprirem com seus papéis de forma correta. O líder funciona como um meio

para que o grupo alcance os resultados almejados. Ele deve auxiliar a equipe a

atingir seus objetivos, por meio da escolha dos melhores caminhos a trilhar ou por

meio do assistência, para que o próprio grupo encontre-os.

A definição de liderança envolve dois aspectos importantes: o primeiro é a capacidade presumida de motivar as pessoas a fazerem aquilo que precisa ser feito. O segundo é a tendência dos seguidores de seguirem aqueles que percebem como instrumentais para satisfazerem os seus próprios objetivos e necessidades pessoais. Assim a liderança é uma faca de dois gumes: nenhuma pessoa pode ser um líder, a menos que consiga que as pessoas façam aquilo que ela pretende que façam, nem será bem-sucedida, a menos que seus seguidores a percebam como um meio de satisfazer suas próprias aspirações pessoais ou atingir seus objetivos. O líder deve ser capaz; os seguidores devem ter vontade. (Chiavenato, 2004, p.150)

Ainda de acordo com Chiavenato (2004, p.164), a liderança é um processo

dinâmico de exercer influência sobre o indivíduo ou grupo de indivíduos, para

aglutinar e impulsionar esforços em função do alcance de objetivos em uma

determinada situação. Afirma que liderança não é uma habilidade nata, nem

pertencente a uma pequena parcela de pessoas especiais, mas que deve ser

buscada, desenvolvida e integrada ao comportamento diário dos gerentes.

Page 41: análise de sistemas a arte de liderar equipes

40

Peters (1989, p.387) demonstra uma visão de liderança em 10 níveis, ressaltando

a importância de dominar os paradoxos, desenvolver uma visão inspiradora,

gerenciar pelo exemplo, praticar gerência visível, escutar mais, submeter-se à

linha de frente, delegar funções, eliminar a burocracia, avaliar todos por seu Amor

às Mudanças e criar um senso de urgência.

Em relação ao conceito de liderança, MetaX (2006, p.6) afirma que liderança é a

arte de influenciar pessoas. É a capacidade de fazer as pessoas agirem,

espontaneamente, com o propósito de atingir um objetivo definido por alguém. A

liderança deve atender, de maneira simultânea, os objetivos tanto do líder, como

dos liderados.

Liderar é saber traçar claramente uma linha de raciocínio, ter facilidade na tomada

de decisões, coordenar eficazmente e agir com excelência, em prol da equipe e

do objetivo em comum.

Liderar é fazer acontecer, é obter resultados, alcançando-os por meio das

pessoas, através de constante interação, servindo-os e conquistando-os.

Segundo McGregor (apud MetaX, 2006, p.8), a liderança não é um atributo da

pessoa, mas uma combinação complexa que envolve quatro variáveis, a saber:

- Líder: Quais são as características do líder ou do candidato à líder;

- Liderados: As atitudes dos liderados, quais são suas necessidades e

características pessoais;

- Situação: Refere-se às características da organização, especialmente a

tarefa a ser realizada;

- Sociedade: Diz respeito à conjuntura social, econômica e política em

questão.

Ou seja, para que alguém se torne líder, são necessários diversos elementos,

que, circunscritos, darão a esta pessoa a alcunha de líder.

Page 42: análise de sistemas a arte de liderar equipes

41

Em primeiro lugar, há de existir uma possibilidade, uma necessidade latente,

dentro da sociedade: uma vaga dentro de uma empresa, uma nação em processo

eleitoral, uma associação, instituição, organização ou grupo de pessoas

quaisquer, com um propósito em comum, requerendo um líder, guia ou

conselheiro.

Em segundo lugar, é necessário verificar a situação a qual esta sociedade ou

grupo de pessoas está inserido, e adaptar o estilo de liderança de acordo com a

situação.

Em seguida, avaliar as necessidades dos liderados, o que realmente estão

buscando, quais são suas características pessoais e se serão influenciados pelo

candidato à líder.

Por fim, analisar os traços de liderança do candidato à líder, que deve satisfazer

todas as necessidades almejadas pela sociedade, pela situação e pelos liderados.

Somente, atendendo a todos estes quesitos, será possível que esta pessoa seja

eleita líder e exerça liderança sobre estes.

Em relação aos estilos de liderança MetaX (2006, p.16) propõe três tipos distintos:

- Autocrático: apenas o líder fixa as diretrizes, sem qualquer participação do

grupo. Neste estilo de liderança o líder determina as providências e as técnicas a

serem utilizadas na execução das atividades. O líder distribui as tarefas e

determina seus companheiros de trabalho.

- Liberal: as decisões são tomadas pelo grupo, com participação mínima do líder.

Aqui o líder pouco se envolve na maneira a qual a tarefa será executada,

limitando-se a apresentar materiais e/ou ferramentas necessárias que servirão de

guia para o grupo. Tanto a divisão das tarefas, como a escolha dos pares fica a

critério da equipe.

Page 43: análise de sistemas a arte de liderar equipes

42

- Democrático: as decisões são debatidas pelo grupo, estimuladas e assistidas

pelo líder. Neste estilo de liderança, o grupo fica responsável por esboçar as

providências e técnicas para atingir a meta, solicitando, caso necessário, o

aconselhamento do líder. As tarefas, uma vez debatidas, ganham novos rumos e

perspectivas. A distribuição das tarefas fica a cargo do grupo, e cada qual tem a

liberdade de escolher seus parceiros de trabalho, sob a orientação do líder que

poderá dar sugestões para melhorar a performance, baseado em seu

conhecimento mais profundo da equipe e das habilidades de cada integrante.

Desta forma, chega-se à conclusão de que o líder deve utilizar os três estilos de

liderança de acordo com a situação, com as características de cada pessoa, e de

acordo com a tarefa a ser executada. O desafio principal está em saber

determinar com precisão qual estilo de liderança deve ser utilizado em cada caso.

Page 44: análise de sistemas a arte de liderar equipes

43

3.1. Estilos de Liderança

Hunter (2006, p.34) ressalta que o estilo de liderança com o simples uso do

poder, existente há milhares de anos, é um velho e difícil paradigma a ser

quebrado. Pode ter sido muito interessante e útil em momentos longínquos da

história, como quando da construção das Pirâmides do Egito, ou ainda durante a

Primeira e Segunda Guerra Mundial. Todavia, logo após as vitórias nas duas

Grandes Guerras Mundiais, os americanos chegaram à conclusão de que o estilo

piramidal de hierarquia militar era a forma mais adequada de gerir, e por essa

razão o implementaram em suas organizações.

Porém, deve-se ter em mente que se trata de um modelo ultrapassado. O mundo

mudou. O estilo de liderança baseado no poder pode até funcionar por algum

tempo, enquanto as pessoas envolvidas vejam alguma vantagem em

simplesmente obedecer. Mas a longo prazo se demonstra completamente

ineficiente. No final da década de 70 as grandes companhias americanas

começaram a identificar esta deficiência, desencadeando um processo de

mudança longo e árduo, que segue em constante adaptação. As empresas que

ainda fingirem ignorá-lo, e persistirem neste modelo antiquado, tendem a

extinguir-se.

Neste ponto, vale ressaltar a diferença existente entre: a aplicação do conceito

estratégico utilizado nas guerras, que permanece válida como visão estratégica

no mundo corporativo e a aplicação do estilo piramidal de hierarquia militar, o qual

se identificou ineficiente a longo prazo e por essa razão é considerado obsoleto.

Page 45: análise de sistemas a arte de liderar equipes

44

Em um estudo pioneiro sobre liderança, White e Lippit fizeram uma pesquisa, para verificar o impacto causado por três diferentes estilos de liderança e os climas sociais resultantes. Para esses autores, existem três estilos básicos de liderança: a autocrática, a liberal (laissez-faire) e a democrática. (apud Chiavenatto 2004, p.151)

Como se pôde constatar nesta pesquisa, os grupos que foram postos ao regime

da liderança autocrática, baseadas no mando, tiveram maior produção ante os

demais estilos de liderança, porém foram evidenciados concomitantemente,

maiores níveis de tensão, sensação de frustração e extrema agressividade.

Os grupos que foram submetidos à liderança liberal, por sua vez, não tiveram

tanta produção, nem evidenciaram sequer qualidade em suas atividades. Além

disso, demonstraram individualismo, insatisfação, desunião em relação ao grupo,

agressividade, e baixo respeito ao líder.

Já em relação aos grupos subordinados à liderança democrática, não

apresentaram altos níveis de produção, porém extrema qualidade em suas

atividades, além de evidente satisfação, integração, responsabilidade e

comprometimento.

A diferença básica entre estes três estilos de liderança é o foco, que na

autocrática está no líder, na liberal está nos subordinados, e na democrática está

em ambos.

A partir de então, entendeu-se que deveriam defender a liderança democrática,

uma vez que evidencia a participação do grupo como um todo, a justiça e a

preocupação igualitária com os problemas de cada integrante do grupo e suas

respectivas atividades.

Page 46: análise de sistemas a arte de liderar equipes

45

3.2. Autoridade X Poder

Hunter (2006, p.37) afirma que o exercício do poder é necessário em algumas

ocasiões.

Em casa, por exemplo, ao obrigar o filho a estudar, a arrumar seu quarto ou

recolher seus brinquedos. No trabalho ao demitir um funcionário, ou obrigar-lhe a

fazer uma tarefa a qual o mesmo não esteja de acordo ou mesmo dar um

feedback negativo sobre seu trabalho medíocre.

Hunter (2006, p.38) admite, no entanto, que sempre que exerce o poder sente-se

péssimo como líder, pois teve de recorrer ao poder já que sua autoridade fora

questionada.

Diferentemente do conceito de poder, que normalmente é outorgado a alguém e

imposto aos demais, que se submetem a este, existe o conceito de autoridade,

que deve ser entendido, de acordo com Hunter (2006, p.38) como “a habilidade

de levar os outros a aceitarem de bom grado sua vontade, por causa de sua

influência pessoal”.

É evidente que, por detrás desta autoridade, existe uma relação de confiança, a

qual o líder conquistou, não somente através de palavras, mas principalmente

através de ações. E é extremamente importante que as ações de um líder

confirmem suas palavras, para que não haja quebra de confiança.

Page 47: análise de sistemas a arte de liderar equipes

46

Hunter (2006, p.40) questiona: "Como os grandes líderes da história conseguiam

fazer com que as pessoas aceitassem de bom grado sua vontade, mesmo que

isso pudesse levar à própria morte?" Essa dúvida é esclarecida com extrema

propriedade, no discurso de Sun Tzu (2007, p.102):

Se o general se preocupa com seus soldados como se fossem crianças, eles o acompanharão até os lugares mais profundos; se ele os trata afetuosamente, como se fossem os seus próprios filhos amados, então, eles estarão dispostos a morrer com ele na batalha. (Sun Tzu, 2007, p.102)

Se o líder realmente se preocupa com seus colaboradores, da mesma forma com

que se preocupa com seus filhos ou familiares, imediatamente estabelece uma

relação afetiva, uma relação servil, que incita o comportamento servidor nos

empregados.

Minha mãe podia me pedir para fazer qualquer coisa, e eu não pensava duas vezes a respeito. Lembro que ela não tinha mais poder algum sobre mim, eu podia correr mais depressa do que ela, agora que era adulto. Mas mamãe tinha muita autoridade. De onde ela tirou sua autoridade? Que seminário sobre habilidades de supervisão ela cursou? A verdade é que mamãe sempre serviu. Eu faria qualquer coisa por ela. (Hunter, 2006, p.38)

Da mesma forma com que uma mãe, ao preocupar-se com seu filho, ao

demonstrar afeto, doar-lhe o amor maternal, conquista, para o resto da vida, o

apreço de seu descendente, o mesmo ocorre com um funcionário que, notando a

consideração de seu líder, a preocupação com sua vida pessoal, com seus

problemas, suas necessidades, se motivará a fazer tudo o que estiver ao seu

alcance para recompensá-lo e servir-lhe.

É interessante notar que ainda hoje, pessoas que se dizem líderes, fazem

exatamente o oposto: definem à sua maneira o que deve ser feito, não permitindo

que o grupo participe da tomada de decisão, delegam as funções à equipe e

ficam de braços cruzados esperando que todo o trabalho seja feito, cobrando

constantemente pelo término da tarefa com rapidez, qualidade e eficiência, sem

qualquer envolvimento, nem auxílio.

Depois, caso algo não saia conforme esperado, responsabilizam os

colaboradores, por não haverem feito o trabalho corretamente. Vale ressaltar que

na maioria das vezes a tarefa foi mal planejada. Definida às pressas, não foi

suficientemente discutida e não há maneira de obter um resultado adequado.

Page 48: análise de sistemas a arte de liderar equipes

47

Hunter (2006, p.41) relata que, baseado em experiência e bom senso, chega-se à

conclusão que o uso do poder é limitado. Tendo estudado grandes líderes das

áreas militar, pedagógica, religiosa, política, de negócios e esportiva, além de

místicos e sábios de todos os tempos, chegou a conclusão de que um dos

maiores líderes de todos os tempos foi Jesus.

Mesmo Wells (apud Hunter, 2006, p.41), célebre escritor e historiador, sendo ateu

e crítico severo do cristianismo, certa vez, reconheceu Jesus como sendo

inegavelmente a figura mais dominante e de toda a história.

Prossegue Hunter (2006, p.41) afirmando que um terço de toda a população do

planeta, identifica-se como cristão, e que o islamismo, sendo a segunda maior

religião do mundo, tem a metade dos seguidores do cristianismo. O calendário

considera seu início com o nascimento de Jesus. Diversos feriados são atribuídos

às passagens de sua vida, e a história considera fatos antes e depois de seu

nascimento. É inegável que a vida de Jesus tenha exercido e continue a exercer

enorme influência na história, e ninguém em sã consciência diria o contrário.

Alexandre, César, Carlos Magno e eu fundamos impérios, mas em que baseamos nossas criações geniais? Na Força. Jesus Cristo fundou seu império baseado no amor e até hoje milhões de pessoas morreriam por Ele. (Napoleão Bonaparte, apud Hunter, 2006, p.41)

Napoleão Bonaparte (apud Hunter, 2006, p.41) reconhece a autoridade de Jesus

e em contrapartida, atribui o uso irrestrito do poder a ele próprio e a diversas

outras personalidades da história.

No livro de Mateus (apud Hunter, 2006, p.42), no Novo Testamento, Jesus faz

uma declaração definitiva sobre liderança. A propósito, menciona que esta

passagem fora interpretada de diversas maneiras, porém o importante é que nela

Jesus deixa claro que qualquer um que deseje ser líder, deve primeiro servir.

Page 49: análise de sistemas a arte de liderar equipes

48

Para alguns, dá-se pouca ou nenhuma relevância a estes ensinamentos. Parece

um contra-senso, dizer que um líder deve servir, visto que levou anos para chegar

à posição atual, e agora chegou o momento de controlar, comandar, caso

contrário outro o fará. Alguns até riem-se, ou ainda consideram estes

ensinamentos como um absurdo, uma afronta.

Se você não for capaz de perceber a diferença entre poder e autoridade, nunca vai compreender o que Jesus estava querendo dizer. Até porque Jesus nunca possuiu o poder tradicional. César, Herodes, Pilatos, o Papa... essas pessoas tinham todo o poder. (Max Weber, apud Hunter, 2006, p.41)

Porém, de acordo com o pensador Max Weber (apud Hunter, 2006, p.42) é

preciso considerar a enorme diferença que existe entre poder e autoridade, visto

que Jesus nunca se utilizou do poder, somente de sua autoridade através de sua

influência.

Hunter (2006, p.42) afirma com veemência que Jesus falava que se alguém

desejasse influenciar pessoas deveria servir, sacrificando-se e procurando o bem

maior para seus liderados.

“A influência e a liderança legítima são construídas com muito trabalho e

sacrifício” (Hunter, 2006, p. 42). Ninguém melhor que Jesus para falar de trabalho

e sacrifício, porém alguns poderão protestar dizendo que nunca chegarão a este

nível de abnegação.

Enfatiza Hunter (2006, p.43), que o problema de utilizar-se de exemplos históricos

para ilustrar a liderança, leva às pessoas a acharem que nunca conseguirão

alcançar este patamar, falhando sem ao menos tentar.

Contudo, ressalta a importância do líder trabalhar para aumentar sua confiança e

diminuir o controle. Assim, já estará ajudando enormemente todos ao seu redor.

Ajudando e servindo, desenvolverá sua capacidade de influenciar os outros e

trabalhará na construção da própria autoridade.

Page 50: análise de sistemas a arte de liderar equipes

49

3.3. Como Liderar os Profissionais de Hoje

Como exemplifica Candeloro (2008, p.3), é bem provável, que dentro da equipe

existam muitos colaboradores preocupados com outros temas, além de

vertiginosa ascensão profissional, como o próprio desenvolvimento intelectual,

através do estudo, desenvolvimento pessoal, através de atividades

extracurriculares, físico e também emocional e espiritual, em uma busca intensa

por qualidade de vida.

Uma pesquisa feita nos Estados Unidos pelo jornal USA Today perguntou a milhares de trabalhadores se eles preferiam ter horários flexíveis de trabalho para que pudessem passar mais tempo com a família, mesmo que isso significasse não fazer carreira tão rápido. Um número assombroso (78%) respondeu que sim. (Candeloro, 2008, p.3)

Reforça que é importante que o líder esteja atento a estas questões, converse

abertamente com seu funcionário e saiba dar a devida importância a estes

assuntos e respeitar sua individualidade e necessidades latentes.

Se, por exemplo, há interesse do funcionário em desenvolver-se intelectualmente,

através de um MBA ou pós-graduação, esta necessidade não deverá ser podada,

pois a própria empresa colherá de forma direta os frutos deste aprendizado. Se o

funcionário desperta interesse em participar de atividades fora do ambiente da

empresa, as quais não estejam ligadas diretamente ao ramo de atuação da

mesma, mas que possam trazer algum benefício à vida do próprio, estas devem

ser incentivadas, de forma que ele se sinta livre e da mesma forma acolhido,

encarando de uma forma diferente a empresa e seu líder.

Em projetos de TI vivenciamos, corriqueiramente, diversos colaboradores com o

desejo de participar de cursos para desenvolvimento de suas capacidades

técnicas e intelectuais, como cursos de aperfeiçoamento e especialização, ou

ainda atividades extracurriculares que o permitam desenvolver seu quociente

emocional e espiritual e até mesmo a prática de atividades desportivas, com o

objetivo de obter um físico e mentes sadios.

Page 51: análise de sistemas a arte de liderar equipes

50

Mesmo que, por algumas horas, o funcionário necessite ausentar-se, para cumprir

com o horário de determinados cursos e atividades, é importante que o líder

avalie essa possibilidade, na certeza de que os benefícios não serão somente

para o colaborador, mas também para a empresa, que seguramente lucrará com

um funcionário saudável, engajado, comprometido e motivado.

Conforme Candeloro (2008, p.3), os líderes de hoje precisam entender que os

valores de seus colaboradores são distintos do que estavam acostumados. A

geração Y (ípsilon) é completamente diferente da geração dos baby boomers, que

estavam mais interessados no trabalho e em seus proventos.

Ressalta ainda, que a autoconfiança, o materialismo, a menor lealdade, o desejo

por mais tempo para si próprios, o desejo por novos desafios e a dificuldade em

aceitar a autoridade, são atitudes cada vez mais visíveis nesta nova geração.

De acordo com Lontos (apud Candeloro, 2008, p.3), para liderar pessoas com

essas características, um líder deve conhecer melhor seus profissionais, ouvindo

e compreendendo a complexidade da vida e dos problemas de seus

colaboradores, falando sobre seus problemas e auxiliando-os em suas soluções.

Deve valorizar as pessoas, tratando-os da mesma forma com que se tratam os

melhores clientes da empresa, assim, estes se sentirão valorizados e transmitirão

esse sentimento para seus clientes.

Deve ainda, envolver as pessoas, fazendo com que participem no momento de

estabelecer os objetivos da instituição, regulamentos internos e políticas de

remuneração e benefícios.

Desta maneira, reitera-se a importância que o líder deve ter com a vida pessoal

de sua equipe, demonstrando que a empresa está preocupada com suas

necessidades mais íntimas, conquistando sua total confiança e promovendo maior

motivação, diminuindo a rotatividade da equipe e obtendo melhores resultados.

Page 52: análise de sistemas a arte de liderar equipes

51

IV. RECONHECIMENTO

Quando se fala em reconhecimento, o senso-comum é pensar em aumento

salarial, bônus por desempenho, participação nos lucros da empresa ou a tão

almejada promoção. Porém, pesquisas realizadas na última década demonstram

que as novas gerações estão mais interessadas em suas realizações pessoais,

fazendo o que gostam, desenvolvendo suas capacidades, sentindo-se

importantes, deixando para segundo plano seus proventos.

Os aumentos por mérito são sempre apresentados como recompensas, por um desempenho excepcional. Ou seja, eles se tornam um direito adquirido. Com isso, negar um aumento por merecimento ou conceder apenas um pequeno aumento torna-se uma punição. A crescente demanda de recompensas materiais está rapidamente destruindo sua utilidade como incentivos e instrumentos gerenciais. (Drucker apud Hunter, 2006, p. 109)

Drucker (apud Hunter, 2006, p.109) aponta que se deve ter cautela ao considerar

aumentos e promoções como fatores de reconhecimento ou recompensas. Se o

funcionário já tem a certeza de que será bonificado, visto seu excelente

desempenho, nada mais do que seu direito receber um bom aumento ou

promoção. Este tipo de incentivo tem um cunho muito mais de obrigação por parte

da empresa, do que de reconhecimento e deve ser evitado, sob pena de ser

considerado uma punição, caso o funcionário o julgue insuficiente.

Em 1996, a Associação Nacional de Estabelecimento de Ensino realizou uma pesquisa sobre o que era mais importante para os estudantes que entravam no mercado de trabalho. Em ordem de importância, aqui está o resultado: - Gostar do que faz - Usar suas habilidades e capacidades - Crescer e se desenvolver no campo pessoal - Sentir que faz algo importante - Receber bons benefícios - Ser reconhecido pelo bom desempenho - Trabalhar num local agradável - Receber um salário generoso - Trabalhar em situações orientadas para a equipe Graham comparou esses resultados com estudos feitos por associações de funcionários, que mostram um quadro desolador em termos motivacionais: 58% raramente recebem agradecimento de seu gerente por um trabalho bem-feito, 76% raramente recebem agradecimentos escritos de seu gerente, 78% raramente recebem promoções baseadas no desempenho, 81% raramente recebem elogios públicos o local de trabalho e 92% raramente participam de reuniões de elevação do moral. (Hunter, 2006, p. 111)

Page 53: análise de sistemas a arte de liderar equipes

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É realmente espantoso verificar o resultado desta pesquisa, pois chega-se a

alarmante conclusão de que a visão gerencial a qual “o que realmente importa é o

dinheiro”, está muito distante da necessidade latente do funcionário, que deseja

muito mais ser reconhecido, trabalhar com o que realmente gosta, desenvolver

sua criatividade, sentir-se realmente importante e útil dentro da organização,

desenvolver contatos, através do networking, trabalhar em um local que lhe

proporcione prazer, do que receber altos salários, que como pode ser observado,

figura na oitava posição da lista.

Graham (apud Hunter, 2006, p.112) conclui que “as técnicas que têm maior

impacto motivacional são as menos praticadas, muito embora sejam de uso mais

fácil e menos dispendioso”. O pior de tudo remete ao fato dos gerentes seguirem

céticos em relação a tudo isso, e continuarem evitando ao máximo o

reconhecimento de seus funcionários, sendo que este procedimento é indolor e

sem custo algum, e se fosse praticado com mais freqüência, traria benefícios

imediatos aos funcionários, aos próprios gerentes e conseqüentemente à

corporação.

Para Katzenbach (apud Hunter, 2006, p.112), “o dinheiro pode atrair e manter as

pessoas, mas raramente é o que as motiva para a excelência”. Ou seja, a chave

da verdadeira motivação não está no dinheiro, como muitos pensam. A relação

empresa-empregado não se deve limitar a mero leilão de seres humanos.

Para Hunter (2006, p.114), se o dinheiro fosse o único agente motivador, como

explicar as organizações de voluntários sem fins lucrativos, como igrejas,

associações de benemerência, orfanatos e asilos, que conseguem persuadir seu

pessoal a doar seu tempo, dons naturais e recursos, sem um único centavo em

troca? Essas organizações conseguem influenciar os indivíduos de tal maneira,

fazendo-os crer que estão envolvidos em algo especial, esse envolvimento atende

suas necessidades emocionais mais íntimas, e os motiva à ação. Quando o

indivíduo se sente importante, valorizado, respeitado e necessário, ou seja,

quando se sente reconhecido fica, automaticamente motivado.

Page 54: análise de sistemas a arte de liderar equipes

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4.1. Motivação Para Chiavenatto (2004, p.171), cada indivíduo tem estilos e hábitos diferentes

para trabalhar. Enquanto uns tem um ritmo mais lento, chegam cedo, dedicam-se

em suas tarefas, ficam depois do expediente para dar conta de suas atividades,

outros, por sua vez, não são tão pontuais, tem grande agilidade em executar suas

tarefas, por vezes sem grande empenho, e são avessos a horas extras. Em

contrapartida costumam ser mais criativos ou empreendedores. Uns tem hábitos

diurnos, outros noturnos. Alguns mais introspectivos mergulham no trabalho de

cabeça, outros mais extrovertidos, gostam de conversar, trocar idéias e fazer

networking. Ou seja, o desempenho de cada pessoa está relacionado diretamente

com seus hábitos, seus talentos, sua personalidade.

Já o bom desempenho não está relacionado com características pessoais, vai

muito além disso, já que, em termos comportamentais, está relacionado ao fato

de quão motivado o empregado está na realização de suas tarefas. Por essa

razão, a motivação é tão evidenciada, já que é mais fácil de ser influenciada, em

lugar de tentar mudar características individuais, aptidões ou traços de

personalidade, o que seria uma tarefa muito mais complexa e demorada.

A maioria das pessoas concorda que a motivação é um componente importante da liderança. Como as ações humanas são impulsionadas pelas conseqüências do comportamento, quando alguém é recompensado por ter agido de determinada forma, a tendência é repetir a ação. Já quando o comportamento é punido ou ignorado, ele tende a cessar. (Hunter, 2006, p.107)

Hunter (2006, p.107) reitera que o tema motivação não está restrito ao uso de

estratégias de recompensa e punição. Motivar pessoas vai muito além disso. Há

céticos que insistem no uso da prática primitiva do “chute no traseiro”. Há outros

que defendem uma prática mais politicamente correta, que consiste na

implantação de um plano justo de remuneração por desempenho.

Page 55: análise de sistemas a arte de liderar equipes

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Hunter (2006, p.109) ressalta que a verdadeira motivação, está relacionada ao

fato de manter o indivíduo desejoso em agir, utilizando todo seu potencial em

benefício da equipe. Frisa ainda, que motivar verdadeiramente é influenciar o

indivíduo e inspirá-lo à ação. Lembra que não se pode mudar ninguém, mas sim

influenciar suas escolhas no futuro. Conclui que subornos e punições são

soluções imediatas, porém de pouco alcance, já que não tem poder coercitivo.

Chiavenatto (2004, p.171) aponta a existência de vasta literatura e grande

quantidade de pesquisas realizadas sobre motivação, porém acredita que este

tema ainda não está suficientemente determinado nem tampouco fora

comprovado cientificamente. Menciona a busca frenética das empresas por

funcionários motivados, e acredita que são difíceis de se encontrar, talvez pelo

fato de que as empresas não tenham se dado conta que não devem procurá-los,

mas sim motivá-los e mantê-los motivados constantemente, mas o grande

problema está em como conseguir este feito.

Na visão de Chiavenatto (2004, p.172), as empresas não sabem diferenciar as

causas dos efeitos da motivação, além de não estarem certas dos fatores que

causam este comportamento no indivíduo. Não se sabe ao certo o que faz com

que os indivíduos tenham o desejo de fazer seu trabalho cada vez melhor, de

maneira a superar-se. Reitera que as necessidades são distintas, de um indivíduo

para o outro, não existindo parâmetros universais. E essas necessidades, no

próprio indivíduo, podem alterar-se de um momento para outro. Dessa maneira

evidencia a complexidade existente e a subjetividade do comportamento motivado

nos seres humanos. Considera ainda, que o líder tem papel fundamental e é

responsável por incitar o comportamento motivado em sua equipe.

Integrar os objetivos da organização com os objetivos dos funcionários é

responsabilidade do líder, pois há enorme dependência entre a vida e os objetivos

de ambos. Deve cuidar para que os objetivos dos indivíduos não afetem os

objetivos da empresa, e vice-versa. Deve haver uma relação de simbiose entre

ambos, convergindo para um objetivo comum, que garanta a satisfação do

funcionário, em conjunto com a eficácia da empresa. (Chiavenatto, 2004, p.185)

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55

4.1.1. Agentes Gratificadores X Agentes Motivadores

Hunter (2006, p.109) relata que Frederick Herzberg realizou uma pesquisa sobre

motivação comportamental no trabalho, classificando os resultados como agentes

gratificadores e agentes motivadores, a saber:

Agentes gratificadores englobam todos os incentivos fornecidos pelas empresas

aos seus funcionários, que fazem com que os mesmos desempenhem suas

funções com satisfação. São eles todos os benefícios agregados aos salários,

não necessariamente monetários, como: seguro de vida, assistência médica,

plano odontológico, seguro de vida, transporte, alimentação, condições de

trabalho, segurança e higiene.

O pesquisador concluiu que, o simples fato de aumentar ou criar um novo agente

gratificador, não fazia com o que o trabalhador, já satisfeito, trabalhasse mais. Já

as pessoas que não estivessem satisfeitas com algum destes itens, continuariam

insatisfeitas e poderiam se desmotivar mais ainda.

Dentro de agentes motivadores, estão circunscritos: o reconhecimento, elogio,

apreciação, oportunidade de crescimento, desafio e satisfação no emprego. Estes

estímulos incentivam as pessoas a trabalharem com mais afinco e determinação,

alcançando maiores níveis de produtividade.

Descobriu-se que, diferentemente dos agentes gratificadores, o aumento dos

estímulos motivadores faz realmente com que o indivíduo busque sua superação.

Page 57: análise de sistemas a arte de liderar equipes

56

4.2. Feedback

Normalmente, quando se ouve a palavra feedback, se tem o costume de esperar por um comentário desfavorável ou uma crítica destrutiva, sem embasamento. Talvez isso ocorra pelo fato do mecanismo ser por vezes, mal empregado. A essência do feedback é sempre uma crítica construtiva, factível, seja ela positiva, visando a repetição de um comportamento desejado, ou negativa, visando o término de um comportamento inadequado. De acordo com Houaiss (2008, p.309), feedback, substantivo masculino de origem inglesa, significa reação a um estímulo; efeito retroativo.

feedback [Do ingl. Feedback] S.m. 1. Reação a um estímulo; efeito retroativo 2. Rubrica: comunicação. informação que o emissor obtém da reação do receptor à sua mensagem, e que serve para avaliar os resultados da transmissão. 3. Rubrica: eletricidade, eletrônica. m.q. realimentação. Etimologia ing. feedback (1920) 'realimentação, retroalimentação, retrocarga, regeneração', do v.ing. to feed 'alimentar' + adv. ing. back 'para trás, de volta' (Houaiss, 2008, p. 309)

Neste estudo, trataremos feedback na acepção da comunicação, conceituando

feedback, como uma informação que o emissor obtém da reação do receptor à

sua mensagem, e que serve para avaliar os resultados da transmissão.

Pelo visto, conceder uma bonificação ou dar uma bronca é infinitamente mais fácil do que fazer um elogio construtivo específico ou mesmo promover elogios públicos. Até pouco tempo era alvo de chacota o tipo de reunião vibrante, de reconhecimento e elevação do moral feita por empresas servidoras como Mary Kay e Wal Mart. Hoje em dia parece que ninguém mais está rindo. (Hunter, 2006, p.112)

Relata Hunter (2006, p.112) que é praxe receber mais críticas do que elogios. O

ser humano tem a tendência de reclamar a fazer sugestões ou a dar um feedback

positivo. Em algumas empresas americanas, como Mary Kay e Wal Mart são

comuns reuniões de reconhecimento e elevação do moral, tão raras na maioria

das empresas. No passado, tais reuniões chegaram a ser motivo de piada, porém

atualmente verificam-se extremamente úteis e proveitosas, tanto para as

empresas como para os funcionários.

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57

Segundo MetaX (2008, p.51), a crítica é parte importante da comunicação efetiva

entre um locutor e um interlocutor. É o elo entre o que se faz e o que se fala e a

compreensão do impacto que as mesmas exercem sobre as outras pessoas.

Para MetaX (2008, p.52), a crítica, qualquer que seja a sua natureza, é definida

como tendo toda a informação específica, referente a um determinado

comportamento ou desempenho, que encoraja uma pessoa a melhorá-los,

reforçá-los ou desenvolvê-los. Este desempenho, pode estar acima, dentro ou

abaixo das espectativas.

As críticas podem ser classificadas em: críticas destrutivas e críticas construtivas (feedback). As críticas construtivas ou feedback podem ainda ser classificadas em positivas ou negativas (MetaX, 2006, p.53).

A crítica destrutiva acontece quando existe uma falta de controle de processos e

recursos, ou seja, não é possível avaliar o desempenho do ocorrido mediante o

esperado. Pode acontecer baseada em uma opinião, uma idéia, uma análise

inconsistente do que está ocorrendo. Normalmente não é baseada em fatos.

Já a crítica construtiva, tem por base fortalecer ou desenvolver um

comportamento. Existem dois tipos de críticas construtivas:

- Positivas: quando visa reforçar o comportamento ou desempenho que atinge ou

supera o padrão esperado;

- Negativas: quando visa corrigir e melhorar o comportamento ou desempenho de

baixa qualidade ou insatisfatório.

A crítica construtiva ou feedback é comumente utilizado nos processos de

avaliação de desempenho, porém não deve ser somente lembrado nestes casos.

O feedback deverá ser aplicado de imediato, tão logo haja ocorrido um bom ou

mau desempenho, ou ainda caso seja evidenciado um bom ou mau

comportamento.

Page 59: análise de sistemas a arte de liderar equipes

58

Conforme MetaX (2006, p.58), antes de aplicar o feedback, é importante analisar

algumas questões:

- O que está ocorrendo?

- Existe algum processo dentro/fora do padrão?

- Qual a situação problemática?

- Quem está sendo afetado?

- Qual seria o padrão adequado?

- Quem necessita do feedback?

- É um feedback reincidente?

- Como será fornecido o feedback?

- Quais as evidências?

É importante que o líder se prepare para dar um feedback, seja ele positivo ou

negativo. O líder deve considerar os seguintes pontos antes de dar um feedback:

- Analisar a situação;

- Confrontar com o esperado;

- Anotar o que será falado;

- Identificar o melhor momento a ser aplicado.

Deve-se ter em mente que o feedback jamais deverá ser dado no cafezinho, na

frente de outros membros da equipe, concomitante com outras atividades ou por

e-mail. O correto é dar o feedback pessoalmente, dando foco no feedback,

preferencialmente em uma sala fechada, onde estejam somente o líder e o

subordinado em questão.

Para MetaX (2006, p.51), saber criticar adequadamente, é a habilidade

interpessoal mais significativa que se pode desenvolver em um líder, ou seja, se o

líder souber a maneira correta de dar o feedback e utilizar-se das técnicas acima

descritas, além de proporcionar uma oportunidade de melhora para sua equipe,

ainda criará um ambiente de trabalho muito mais engajado e de alta performance.

Page 60: análise de sistemas a arte de liderar equipes

59

V. CONCLUSÃO

Com base nos estudos realizados e na compilação destes conhecimentos,

conclui-se que o líder é ator fundamental nas relações empresa-empregado,

exercendo enorme influência em seu comportamento, baseado nos exemplos que

dá e na confiança que inspira aos liderados. O supervisor direto é considerado a

linha de frente de uma organização, exprimindo, através de seus atos, a forma

com que a empresa valoriza seus funcionários. Por essa razão é tão importante

que haja coerência entre seu discurso e atitudes, além de demonstrar caráter e

valores éticos, trabalhando na criação de significado e propósito para os liderados

e suas atividades, atendendo suas necessidades mais latentes.

Infelizmente, ainda existem líderes que persistem em utilizar-se de estilos de

liderança autocrático, baseados no mando, no excesso de controle,

demonstrando graves falhas de caráter. Falam em confiança, integridade,

respeito, honestidade e dignidade, porém agem de forma totalmente contrária a

estes preceitos. Esse tipo de comportamento controverso ainda parece reinar de

forma quase absoluta em TI. Talvez pela própria natureza da profissão, a relação

homem-máquina, acaba criando líderes robotizados e frios. Trabalhando em

multinacionais e consultorias de TI, tendo inclusive, trabalhado em algumas delas

por mais de uma década, nota-se o seguinte: um funcionário, quando demitido,

descobre em uma sexta-feira, normalmente no fim da tarde ou após voltar do

almoço, que seu crachá não tem mais acesso à empresa, ou ainda que a senha

de seu computador expirou. Logo é comunicado de sua demissão por seu

supervisor direto, que solicita que recolha seus pertences e devolva quaisquer

tipos de acesso que possui: crachás, selos de estacionamento, etc. Muitas vezes

o funcionário desaparece e não tem ao menos tempo de, ou não lhe é permitido

despedir-se de seus amigos, sendo solicitado a retirar-se da empresa. Tudo isso

é feito de forma subliminar, sem que o próprio funcionário se dê conta do que está

acontecendo naquele momento e só venha a notar o que aconteceu mais tarde.

Page 61: análise de sistemas a arte de liderar equipes

60

Que mensagem está sendo passada aos funcionários, principalmente aos que

ficam? A empresa é uma família, seus funcionários seu maior patrimônio? Esse

comportamento da época das cavernas deve ser revisto. Se a este funcionário foi

confiado um sistema, muitas vezes um sistema vital para e empresa, como por

exemplo, um sistema financeiro, onde tinha controle, dava manutenção e

acessava o banco de dados de todos os pagamentos ou recebimentos da

empresa. Ou ainda um sistema de gestão de RH, onde tinha acesso a todas as

informações confidenciais de salários, benefícios, cargos, etc. Ao ser demitido,

porque agir com desconfiança com alguém em que se pôde confiar por tanto

tempo? É mister que esse paradoxo seja quebrado, no intuito de por fim a este

tipo de comportamento inadequado, que só prejudica a imagem da empresa e dá

aos funcionários uma impressão errada, de que são descartáveis. Cabe também

às empresas a responsabilidade de garantir que seus líderes não dêem a

mensagem errada, através desse tipo de atitude. Caso não mudem esta forma

ultrapassada de gerir pessoas, correm sérios riscos, inclusive de perder bons

talentos, com a alta rotatividade de recursos. Aqui vale a pena lembrar que é

comprovado que dois terços dos funcionários não deixam a empresa, deixam o

chefe.

Para evitar a necessidade de tanto controle, excesso de desgaste da equipe,

níveis elevados de stress, desmotivação, falta de comprometimento, retrabalho

desnecessário e alta rotatividade, é importante que o líder invista o tempo

necessário na fase de planejamento, definindo corretamente a quantidade de

recursos, o tempo necessário para a execução das atividades e considere o

rodízio de seus recursos, evitando também a necessidade de grande quantidade

de horas extras, custosas e de pouco valor agregado para a organização.

É importante que o líder saiba reconhecer o esforço de sua equipe em todos os

momentos, através do feedback positivo, elogios verbais e por escrito e através

da realização de reuniões para levantar o moral da equipe. São necessárias,

também, reuniões para trazer os problemas e definir soluções em conjunto,

permitindo com que todos os níveis de carreira sejam envolvidos e possam dar

suas opiniões. Reuniões onde se promovem a afinidade do grupo, bem como

relembrar o significado e propósito da empresa, do projeto em que estão

Page 62: análise de sistemas a arte de liderar equipes

61

envolvidos, também criam uma relação de confiança. É importante frisar a

necessidade de dar o mesmo direito a todos e não levar em conta razões

pessoais ou alianças de amizade, parentesco ou de qualquer cunho. Cabe

ressaltar a necessidade que o líder deve ter, de identificar, treinar e capacitar

outros líderes, permitindo que estes se desenvolvam nas áreas em que tem mais

habilidade e trabalhem igualmente as áreas que tem mais deficiência, com o foco

nas pessoas, sem esquecer-se dos resultados, em uma espécie de liderança

educadora.

Espera-se de um líder, constante mudança interior, construção do caráter, serviço

e sacrifício em prol da equipe, satisfazendo as necessidades do grupo ante suas

próprias necessidades. Para isso é necessária a quebra de vários paradigmas.

Alguns mais céticos dizem que agora que se tornaram líderes, não é mais

necessário ‘arregaçar as mangas’ e ‘colocar a mão na massa’. Ao contrário, um

líder que só manda e fica na platéia, não conquista a confiança de sua equipe,

perde toda a autoridade e utiliza-se de seu poder a miúde para conseguir o que

deseja. Este tipo de comportamento é altamente destrutivo e deve ser extirpado

completamente.

O caráter é mencionado por diversos autores como um dos valores mais

importantes quando se trata da liderança. Junto com o caráter, existem outros

cinco pilares fundamentais, que somados constroem a imagem do líder, são eles:

a sabedoria, a sinceridade, a humanidade, a coragem e o rigor. É vital trabalhar

essas virtudes em conjunto, para alcançar a excelência em liderança. Outros

autores ainda apontam ética e confiança como valores respeitáveis de um líder

vencedor. Além de todos estes valores, a disseminação da cultura e dos valores

da empresa, bem como a criação de significado e propósito, solidificam uma

estrutura psicológica, que é de suma importância na motivação das pessoas,

determinando o comportamento dos indivíduos.

Mesmo estando na moda utilizar o termo líder em lugar de chefe, nota-se que,

sua simples utilização, não fez com que chefes se tornassem líderes. Isto porque

indivíduos que antes eram chamados de chefes continuam agindo como tal. A

simples mudança de denominação não permitiu com que eles desenvolvessem as

Page 63: análise de sistemas a arte de liderar equipes

62

habilidades de líder. Algumas corporações imaginam que simplesmente alterando

a denominação e dando um curso intensivo de liderança a seus gerentes, irão

imputar-lhes um novo padrão comportamental. Mas isso não é o que se tem

evidenciado na prática, estatísticas demonstram que somente dez por cento dos

gerentes que passaram por cursos de liderança, se mostraram diferentes.

(Thorndike apud Hunter, 2006, p.94). Além da vontade em agir, o indivíduo deve

trabalhar uma série de valores e comportamentos, deixar de lado velhos

paradigmas, reciclando-se. Alguns autores defendem que o melhor é mesclar as

habilidades de chefe, que olha para dentro da empresa, com as de líder que olha

para fora. Uma das possibilidades do termo chefe ter ficado com má fama, refere-

se ao fato da maioria dos chefes utilizarem-se do estilo de comando autoritário,

confundindo autoridade com poder e utilizarem-se essencialmente deste poder

para dar ordens. Posto isso, deveriam repensar este modo de comandar,

avaliando a maturidade profissional de cada membro da equipe, individualmente e

aplicando o estilo de liderança adequado em cada caso: Autocrática, para

indivíduos com baixa maturidade, democrática, para indivíduos com maturidade

média e liberal para aqueles com maturidade acima da média. Com essa pequena

mudança o chefe já começaria a ter atitudes de líder. Conclui-se que a aplicação

de cada estilo de liderança irá depender das circunstâncias, das características

das pessoas envolvidas e das especificidades das tarefas a serem executadas.

Todos estes pontos somados orientarão o líder na escolha do estilo de liderança a

ser empregado, ou seja, haverá sempre um estilo mais adequado para cada

situação.

Dentre diversas habilidades almejadas em um líder, podemos elencar alguns

traços de caráter desejáveis como: integridade, maturidade, vontade,

autodisciplina, flexibilidade, confiança, resistência, decisão, frieza sob tensão,

iniciativa, justiça, auto-aperfeiçoamento, positividade, empatia, senso de humor,

criatividade, paciência, humildade e tato. Um líder com todas estas virtudes seria

um líder supremo, no entanto, poucos líderes na história puderam abarcar todas

estas qualidades. Vale relembrar que nada impede qualquer um de buscar e

trabalhar esta lista continuamente.

Page 64: análise de sistemas a arte de liderar equipes

63

Falando em administração de tempo, chega-se a conclusão de que método e

cronograma são ferramentas essenciais para administrar o tempo. O líder, ao

tentar multiplicar o tempo, fazendo diversas coisas ao mesmo tempo, ou

solicitando a sua equipe que trabalhe desta forma, perde tempo e gera retrabalho

desnecessário. O ideal é que se faça uma tarefa por vez, com organização e

planejamento, sempre tendo em mente que vale a pena investir mais tempo no

planejamento do que ter de refazer algo que fora mal planejado. Deve ser dada

mais importância na etapa de avaliação das tarefas, ao invés de preocupar-se

pura e simplesmente com sua operacionalização. Neste quesito, delegar tarefas

também é algo primordial, para que o líder possa se preocupar com tarefas mais

nobres.

Referindo-se às responsabilidades do líder, uma das mais importantes é

conquistar a confiança dos liderados através da liderança por exemplo, ou seja,

falar e agir na mesma direção, garantindo que o foco das pessoas esteja no que é

realmente importante para a organização, ao mesmo tempo que assegura sua

credibilidade.

Mas não basta ser líder, há que ser servo, e para tal, é importante conhecer os

comportamentos de um líder servidor, que deve ser paciente, bondoso, humilde,

respeitoso, abnegado, saber perdoar, ser honesto e compromissado, sabendo dar

vez as necessidades de seus liderados em lugar de suas próprias necessidades

e, em muitos momentos, sacrificar-se pela equipe.

Deve-se entender por líder servidor não somente executivos de empresas, pode-

se também identificar líderes servidores em diversos lugares, como por exemplo:

um gari limpando a rua, um atendente de uma loja ou lanchonete, um faxineiro de

um hospital, um camareiro de hotel, mães ou esposas preparando o jantar em

casa. Muitas vezes reconhece-se um líder servidor não pelo seu cargo, função ou

hierarquia, mas pela sua pró-atividade, seu desejo em servir, sua vontade de agir

e de fazer acontecer. É importante saber distingui-los e reconhecê-los.

Page 65: análise de sistemas a arte de liderar equipes

64

Compilando-se as diversas definições de autores citados neste estudo, deduze-se

que liderança é uma habilidade excepcional, não necessariamente nata, que pode

ser aprendida e desenvolvida por qualquer indivíduo. E engloba diversas outras

habilidades, comportamentos e responsabilidades de suma importância, que

somadas, estabelecem uma relação funcional, que tem a capacidade de

influenciar outros, fazendo com que se sintam impulsionados a atingir os

resultados almejados.

Quando se fala em autoridade e poder, é imperioso considerar quando do

exercício de um ou de outro. Em situações críticas, em questões onde está

implícita uma obrigação, ou em momentos raros em que a autoridade do líder é

posta à prova é forçoso recorrer ao poder. Em todos os demais casos, é

importante que o líder utilize-se da autoridade. A autoridade não é facilmente

conquistada. Diferentemente do poder não é concedida. Deve ser lograda

gradualmente, através da concordância entre discurso, pensamentos e atitudes.

O uso do poder é limitado. Um exemplo prático da restrição do poder é um

funcionário que tem um patrão controlador e dominador. No momento em que o

funcionário pede demissão, este chefe deixa automaticamente de ter qualquer

poder sobre este funcionário. Já a autoridade é irrestrita, podem-se citar diversos

líderes na história, que exerceram e continuam exercendo suprema autoridade e

influência, alguns mesmo após sua morte.

Diversos autores defendem a necessidade de conscientização, por parte das

empresas e líderes de equipes, que as atuais gerações têm necessidades e

anseios diferentes das gerações anteriores. A maioria dos jovens de hoje nasceu

em frente a uma televisão, computador ou vídeo-game. São extremamente ágeis,

impacientes, impulsivos e contundentes. Acostumados com escândalos, fraudes,

crimes e violência, que inundam os noticiários e seriados, detectam mentira à

distância, por essa razão talvez sejam tão descrentes em relação às instituições,

principalmente governamentais e ao matrimônio. A exemplo de seus pais, cultuam

símbolos e marcas, influenciados pela enxurrada de marketing a que são

envolvidos a todo o instante, contanto que atendam suas necessidades e sejam

autênticas. O lado bom de tudo isso é que aprenderam a confiar em si mesmos, já

que não podem confiar muito nos outros. Tem capacidade adaptativa e

Page 66: análise de sistemas a arte de liderar equipes

65

versatilidade excepcionais, criatividade e energia à toda prova, visto a

necessidade de mudança contínua da tecnologia e de suas parafernálias

eletrônicas, além de serem fiéis e comprometidos, com quem lhes confira

confiança e lhes demonstre caráter. Assim, é fundamental observar que suas

necessidades diferem em diversos aspectos, e que muitas vezes os jovens não

estão tão interessados em dedicar tanto tempo dentro do ambiente do escritório,

fazendo tantas horas extras ou trabalhando de finais de semana e feriados. As

novas gerações são mais independentes, e podem estar preocupados com outros

temas, ou ainda, atividades que promovam o desenvolvimento intelectual, físico,

emocional e espiritual, buscando intensamente por qualidade de vida, antes de

vertiginosa ascensão profissional, altos cargos e salários. O líder deve saber

identificar estas necessidades latentes do funcionário, conversando, ouvindo e

entendendo a complexidade de suas vidas, servindo também como uma espécie

de confidente para seus problemas, um tipo de mentor, auxiliando-os em suas

decisões e valorizando suas necessidades mais íntimas. Desta maneira será mais

fácil motivá-los e mantê-los comprometidos, alcançando resultados mais

proveitosos.

O reconhecimento é fator determinante, quando se fala em atrair e reter talentos,

principalmente nas novas gerações, que estão mais interessadas em suas

realizações pessoais, utilizar e desenvolver suas capacidades e talentos,

trabalharem em um ambiente agradável e serem efetivamente reconhecidas pelo

seu empenho e dedicação. Querem se sentir importantes e úteis, parte de algo

especial, onde sejam necessárias, apreciadas, valorizadas e respeitadas.

Pesquisas demonstram que bons salários e benefícios são importantes, mas vêm

em segundo plano. Está igualmente comprovado que as técnicas motivacionais,

como o reconhecimento e a valorização do ser humano, são as de maior impacto

e têm mais efeito no bom desempenho do funcionário. Estranhamente porém,

além de serem as menos custosas, ainda são as menos utilizadas. Muitas

empresas e líderes seguem céticos e insistem na aplicação de técnicas de cunho

monetário como aumento salarial, bônus por desempenho, participação nos

lucros e promoções. Estas por sua vez, talvez pelo seu excesso de emprego já

sejam consideradas obrigações das empresas e pouco afetam a performance dos

indivíduos.

Page 67: análise de sistemas a arte de liderar equipes

66

Cotidianamente, não é costume elogiar uma pessoa, serviço ou produto. Quando

um produto ou serviço é ruim ou apresenta um defeito, o cliente reclama, vai ao

PROCON, abre um processo no Juizado Especial Cível, divulga na mídia. Mas

quando este é bom, subentende-se que apenas cumpriu com o esperado.

Se a companhia de luz fornece luz às residências durante 365 dias ininterruptos

do ano, não se comenta nada de favorável a respeito. Se falta energia elétrica por

uma única hora em um ano inteiro a companhia de fornecimento de luz é

ineficiente. Se TI atende, suporta e mantém os sistemas das empresas operantes

99,9% do tempo, não faz nada mais que a sua obrigação. Se o sistema fica

inoperante por alguns minutos, logo conclui-se que o departamento de TI não

presta um serviço adequado.

No meio empresarial, comumente ouve-se a seguinte frase: “Ele sabe que ele é

bom, nem preciso falar”. Ou seja, quando um funcionário é realmente bom no que

faz, ou se sobressai perante os demais, raramente é elogiado diretamente ou em

público. Ou quando raramente acontece, é feito de forma tímida e em uma sala

fechada.

É necessário mudar esse padrão de comportamento, tanto pessoal como

profissionalmente, e essa quebra de paradigma começa pelas pequenas coisas,

agradecendo ao caixa do supermercado por ter sido bem atendido, ao padeiro por

bem servir diariamente, demonstrando respeito e cordialidade e levando esse

novo padrão comportamental às empresas e subordinados. Dessa forma, através

do feedback positivo, será possível influenciar positivamente as pessoas ao redor,

conquistando sua confiança, além de criar um ambiente de trabalho agradável,

motivado, funcional e respeitoso.

O feedback não deve ser uma mão de via única, do líder para o liderado. É

primordial que as empresas implantem pesquisas de liderança, solicitando o

feedback dos empregados concernentes à sua liderança direta, com o propósito

de identificar falhas e pontos de melhora nos líderes, que são os porta-vozes das

organizações e seu comportamento, afeta diretamente outros líderes e seus

liderados.

Page 68: análise de sistemas a arte de liderar equipes

67

Como sugestão de seqüência deste estudo, fica a possibilidade de desenvolver

uma pesquisa a respeito da introdução do tema liderança no currículo escolar de

faculdades e universidades brasileiras, públicas e privadas.

Assunto este de enorme importância e de grande valia, tanto no quesito de

crescimento profissional como pessoal, abarca a construção do caráter, o

desenvolvimento de habilidades interpessoais, mudança comportamental e cria

um senso de responsabilidade. Permitiria ao aluno, a vivência organizacional, na

teoria, através de aulas expositivas e exercícios em classe e na prática, através

de trabalhos em equipe e workshops com empresários. Faria também com que o

graduando adquirisse, desde então, a consciência e instrução necessárias, e

conhecesse um pouco mais a fundo as relações humanas, formando sua própria

opinião e desenvolvendo melhor sua inteligência emocional.

Page 69: análise de sistemas a arte de liderar equipes

68

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