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i ANÁLISE DE UM SISTEMA DE VIBRAÇÃO COM TRÊS GRAUS DE LIBERDADE: COMPARAÇÃO ENTRE TRÊS MÉTODOS DE SOLUÇÃO Vitor Massao Nishi Ueta Projeto de Graduação apresentado ao curso de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Naval e Oceânico. Orientador: Ulisses Admar Barbosa Vicente Monteiro Rio de Janeiro MARÇO DE 2015

análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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ANÁLISE DE UM SISTEMA DE VIBRAÇÃO COM TRÊS GRAUS DE

LIBERDADE: COMPARAÇÃO ENTRE TRÊS MÉTODOS DE SOLUÇÃO

Vitor Massao Nishi Ueta

Projeto de Graduação apresentado ao curso de

Engenharia Naval e Oceânica da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Engenheiro Naval e

Oceânico.

Orientador: Ulisses Admar Barbosa Vicente

Monteiro

Rio de Janeiro

MARÇO DE 2015

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Ueta, Vitor Massao Nishi

Explorar três soluções analíticas (Problema de

Autovalor, Função de Transferência (Laplace) e FRF

(Função de Resposta em Frequência) para o problema

de vibração com três Graus de liberdade/ Vitor Massao

Nishi Ueta. – Rio de Janeiro: UFRJ, 2015.

XII, 48 p.: il.; 29, 7 cm.

Orientador: Ulisses A. Monteiro

Projeto de Graduação – UFRJ/ Departamento de

Engenharia Naval e Oceânica, 2015.

Referências Bibliográficas: p. 47.

1.Função de Transferência. 2. FRF. 3. Análise

Modal. I. A. Monteiro, Ulisses . II. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica,

Departamento de Engenharia Naval e Oceânica. III.

Título.

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Resumo do Projeto de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia

Naval e Oceânica da Escola Politécnica, UFRJ, como parte dos requisitos necessários

para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Naval e Oceânica.

ANÁLISE DE UM SISTEMA DE VIBRAÇÃO COM TRÊS GRAUS DE

LIBERDADE: COMPARAÇÃO ENTRE TRÊS MÉTODOS DE SOLUÇÃO

Vitor Massao Nishi Ueta

Março/2015

Orientador: Ulisses Admar Barbosa Vicente Monteiro

Curso: Engenharia Naval e Oceânica

O presente projeto de conclusão de curso propõe explorar três soluções analíticas para o

problema de vibração de sistemas com três graus de liberdade: Análise Modal, Função de

Transferência (Laplace) e FRF (Função de Resposta em Frequência). A seleção do tipo

do modelo para o amortecimento e a influência deste na análise do sistema dinâmico

foram estudados. Os métodos explorados mostraram particularidades com relação a como

trabalhar com amortecimento. Foi utilizada a ferramenta computacional MATLAB para

se obter as respostas dinâmicas para os casos de estudo.

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Abstract of the Undergraduate Project presented to the Department of Naval and

Oceanic Engineering of the Polytechnic School as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Bachelor in Naval and Oceanic Engineering (B.Sc.)

ANALYSIS OF A THREE DEGREES OF FREEDOM VIBRATION SYSTEM:

COMPARISON OF THREE SOLUTION METHODS

Vitor Massao Nishi Ueta

March/2015

Advisor: Ulisses Admar Barbosa Vicente Monteiro

Department: Naval and Ocean Engineering

This project explores three analytical solutions (Modal Analysis, Transfer Function

(Laplace) and FRF (Frequency Response Function) for the vibration problem with three

degrees of freedom. The damping is not simple to define and the influence in the system

motion is subject of much study. The used methods showed particularities with respect to

the damping approach. It was used the computational tool MATLAB to obtain solutions.

Page 6: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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Sumário

1 Introdução.................................................................................................................. 1

2 Sistema de Vibração com Um Grau de Liberdade .................................................... 4

2.1 Função de Transferência .................................................................................... 4

2.2 Função Resposta em Frequência (FRF) ............................................................. 6

3 Sistema de Vibração com Três graus de Liberdade ................................................ 13

3.1 Função de Transferência .................................................................................. 13

3.1.1 Pólos ......................................................................................................... 17

3.1.2 Zeros ......................................................................................................... 18

3.1.3 Modelo Considerando-se Amortecimento ................................................ 19

3.2 Função Resposta em Frequência ...................................................................... 25

4 Sistema de Vibração com Três Graus de Liberdade: Solução Utilizando-se Análise

Modal .............................................................................................................................. 33

4.1 Introdução à Análise Modal ............................................................................. 33

4.2 Desacoplamento do Sistema Físico ................................................................. 34

4.2.1 Autovalores ............................................................................................... 35

4.2.2 Autovetores ............................................................................................... 36

4.2.3 Matriz Modal ............................................................................................ 38

4.3 Relação Entre Coordenadas ............................................................................. 42

4.3.1 Coordenadas Físicas ................................................................................. 42

4.3.2 Coordenadas Principais ............................................................................ 43

4.4 Amortecimento em Sistemas com Modos Principais ...................................... 44

4.4.1 Condições Necessárias para a Existência de Modos Principais de Vibração

no Sistema com Amortecimento ............................................................................. 44

5 Conclusões e Recomendações ................................................................................. 46

6 Bibliografia.............................................................................................................. 48

Page 7: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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Sumário de Figuras

Figura 1.1- Diagrama da metodologia .............................................................................. 2

Figura 2.1 - Sistema de um grau de liberdade .................................................................. 4

Figura 2.2 – Domínio de Laplace ..................................................................................... 6

Figura 2.3 - Domínio da frequência.................................................................................. 7

Figura 2.4 - Resposta em frequência para diferentes valores de amortecimento ........... 10

Figura 2.5 - Fase da resposta para diferentes valores de amortecimento ....................... 11

Figura 2.6 – Resposta em frequência do teste realizado no laboratório LEDAV .......... 12

Figura 2.7 - Fase de resposta .......................................................................................... 12

Figura 3.1 - Sistema com três graus de liberdade ........................................................... 13

Figura 3.2 - Funções de transferência ............................................................................. 14

Figura 3.3 - Matriz de função de transferência ............................................................... 15

Figura 3.4 - Sistema com três graus de liberdade sem amortecimento .......................... 16

Figura 3.5 - Matriz de Pólos e Zeros .............................................................................. 18

Figura 3.6 - Pólos e Zeros ............................................................................................... 19

Figura 3.7 - Pólos e Zeros para sistema com amortecimento ......................................... 21

Figura 3.8 - Pólos e Zeros para vários valores de amortecimento .................................. 22

Figura 3.9 - Significado físico da variação do amortecimento ....................................... 23

Figura 3.10 - Pólos para um sistema .............................................................................. 24

Figura 3.11 - Frequência de ressonância para cada pólo ................................................ 24

Figura 3.12 - Z11 e Z33 .................................................................................................. 28

Figura 3.13 - Z21, Z12, Z23 e Z32 ................................................................................. 29

Figura 3.14 - Z31 e Z13 .................................................................................................. 30

Figura 3.15 - Z22 ............................................................................................................ 31

Figura 3.16 - Resposta em Frequência ........................................................................... 32

Figura 4.1 - Sistema com três graus de liberdade sem amortecimento .......................... 34

Figura 4.2 - Primeiro Modo ............................................................................................ 37

Figura 4.3 - Segundo Modo ............................................................................................ 37

Figura 4.4 - Terceiro Modo ............................................................................................ 38

Figura 4.5 - Diagrama de Análise Modal ....................................................................... 39

Figura 4.6 - Resumo das coordenadas ............................................................................ 43

Page 8: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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1 Introdução

O presente projeto de graduação visa fornecer o entendimento de sistemas dinâmicos com

três graus de liberdade utilizando-se três métodos de análise para o sistema definido. A

influência do amortecimento será intensivamente discutida ao longo do texto e a

conveniência de cada método de análise será comentada.

A resposta de vibração de um sistema com n graus de liberdade pode parecer algo muito

complexo de ser analisado devido à natureza acoplada do sistema, que será discutida

posteriormente, mas, conhecendo bem a resposta de vibração e os conceitos teóricos para

um sistema massa mola amortecedor, os métodos de análise para o caso do sistema com

n graus de liberdade caminham no sentido de desacoplar o problema e fazer a análise para

cada grau de liberdade individualmente. Será demonstrada a solução para sistemas com

três graus de liberdade para simplificação do entendimento, porém vale lembrar que a

metodologia apresentada vale igualmente para um sistema com n graus de liberdade.

As propriedades de um sistema consistem nas propriedades de massa e inércia, rigidez e

amortecimento. As propriedades de massa, inércia e rigidez podem ser facilmente

determinadas pelo tipo de material e geometria do sistema. O amortecimento é uma

grandeza que só pode ser quantificada.

A seguir foi feito um resumo da metodologia baseada na referência [1].

O sistema acoplado pode ser resolvido utilizando-se a transformada de Laplace para uma

nova coordenada e analisado diretamente o domínio da frequência.

A Figura 1.1 mostra o diagrama da metodologia para a análise usando-se os modos

normais de vibração para estruturas pouco amortecidas. Inicialmente são montadas as

equações acopladas de movimento e resolvidas para o problema de autovalor (frequências

naturais do sistema) e autovetores (modos de vibração).

Page 9: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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Figura 1.1- Diagrama da metodologia

Para resolver as respostas no domínio da frequência e do tempo, é necessário transformar

o sistema de coordenadas do modelo para um novo sistema de coordenadas, o sistema

modal ou de coordenadas principais, operando nas equações originais com a matriz de

autovetores. As equações acopladas não amortecidas originais de movimento são

transformadas em equações desacopladas não amortecidas para o sistema de coordenadas

modais. Cada equação desacoplada representa o movimento de um sistema com apenas

um grau de liberdade, cuja solução é de relativa facilidade de obtenção.

É neste passo que o amortecimento proporcional é aplicado. É trivial encontrar as

respostas dos modos de vibração para as equações desacopladas considerando-se as

condições de excitação, porque cada equação é a equação de movimento de um sistema

com um único grau de liberdade. As respostas desejadas são então transformadas

novamente para o sistema de coordenadas físicas, de novo utilizando-se a matriz de

autovetores para a conversão, obtendo-se a solução nas coordenadas físicas originais.

Page 10: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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A sequência a análise modal de um sistema complicado é: (1) a transformação para um

sistema de coordenadas mais simples, (2) a resolução de equações neste sistema de

coordenadas, (3) retorno ao sistema de coordenadas original. É análoga à utilização de

transformadas de Laplace para resolver equações diferenciais. Em Laplace a equação

diferencial original (1) é transformada para o domínio "s", (2) a solução algébrica é então

obtida e (3) transformada para o sistema de coordenadas original, usando-se uma

transformada inversa de Laplace.

A vantagem da solução modal é o entendimento dos modos de vibração e como cada

modo contribui para a solução total.

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2 Sistema de Vibração com Um Grau de

Liberdade

O presente capítulo foi escrito baseado em um resumo feito a partir da referência [1],

complementado com experimentos e análises de resultados.

O sistema ilustrado representa o caso mais simples de movimento com um grau de

liberdade (z), considerando-se uma massa m conectada a uma mola com rigidez k e

amortecimento c.

Figura 2.1 - Sistema de um grau de liberdade

A equação do movimento é representada como sendo:

2.1 Função de Transferência

"O método da transformada de Laplace pode ser usado para determinar a resposta de um

sistema a qualquer tipo de excitação, incluindo os tipos harmônicos e periódicos. Esse

método pode ser usado para a solução eficiente de equações diferenciais lineares, em

particular as que têm coeficientes constantes. Ele permite a conversão de equações

diferenciais em equações algébricas, que são mais fáceis de manipular. As principais

vantagens do método são que ele pode tratar funções descontínuas sem qualquer

dificuldade particular levando automaticamente em conta as condições iniciais." [2].

Page 12: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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Usando-se a transformada de Laplace para a equação de aceleração da massa, obtemos:

Onde Z(0) e �̇�(0) são as condições iniciais de deslocamento e velocidade do sistema.

Visto que as condições iniciais somente influenciam a resposta por um período curto de

tempo, o foco é dado para a solução particular do sistema, que considera nulos esses

valore. Temos então:

Tem-se então que a equação do movimento se torna:

A transformada de Laplace é uma mudança de base do sistema físico para um outro

domínio, s. O valor de s pode ser representado pelo número imaginário:

Onde:

=c/ccr é o fator de amortecimento dado pela relação entre o amortecimento crítico, ccr,

em que ccr = 2√𝑘𝑚.

𝑛 = √𝑘

𝑚, é a frequência natural do sistema.

j é √−1.

Page 13: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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Figura 2.2 – Domínio de Laplace

A função de transferência é definida como a magnitude da resposta a uma força

excitadora, ambas no domínio de Laplace, s.

A função de transferência é:

que equivale a:

2.2 Função Resposta em Frequência (FRF)

A resposta em frequência (FRF) é um caso particular da transformada de Laplace onde é

considerada apenas a parte imaginária do domínio s. Substituindo-se jω por s para calcular

a resposta em frequência.

Page 14: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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Figura 2.3 - Domínio da frequência

A equação de resposta em frequência mostra como a razão (z/F) varia em função da

frequência, ω. A razão é um número complexo que tem algumas propriedades importantes

em relação à frequência excitante (ω) e à frequência natural do sistema (ω𝑛).

Page 15: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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Para frequências muito baixas em relação à frequência de ressonância, ω<<ω𝑛, temos:

Visto que o valor da resposta para qualquer frequência é um número complexo, podemos

tomar a magnitude (ganho) e fase como:

Dessa forma, o ganho em baixa frequência é uma constante (1/k) e a fase é 0°, ou seja, a

resposta está em fase com a força excitadora.

Para altas frequências, ω>>ω𝑛, a transformação é dada por:

Com magnitude e fase igual a:

Em ressonância, ω=ω𝑛, a função de tranferência é dada por:

Page 16: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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Com ganho, ou magnitude, e fase dadas por:

O ganho em ressonância equivale ao ganho em baixa frequência, 1/k, dividido por 2.

Visto que é tipicamente um número pequeno, aproximadamente 1,5% a 2% para

estruturas navais, a magnitude é máxima próxima da frequência natural, ω𝑛, com fase de

-90°.

Vale ressaltar que o ganho, ou resposta à força, é máximo na frequência de ressonância,

ω𝑑 , que leva em consideração o amortecimento do sistema. Ao longo do texto a

frequência natural é tratada como a frequência de ressonância do sistema, ao menos que

seja explicitado o contrário, visto que os exemplos utilizam amortecimento zero ou tratam

de amortecimentos muito baixos, resultando em ω𝑛 ω𝑑 . A frequência de maior

resposta, frequência natural amortecida, é dada por:

Para efeitos didáticos são mostrados os resultados de magnitude de resposta, ambos em

função da frequência para o caso mais simples em que m=k=1. Dessa forma tem-se que

ω𝑛=1 rad/s.

Utilizando o software MATLAB e o código sdofxfer.m fornecido pela referência [1],

obtêm-se os gráficos:

Page 17: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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Figura 2.4 - Resposta em frequência para diferentes valores de amortecimento

Observa-se claramente na Figura 2.4 que o pico de ressonância ocorre quando a

frequência da força excitadora é igual à frequência de ressonância do sistema. Em baixa

frequência, a magnitude plotada é igual a 1/k=1/1=1. As curvas para os demais valores

de amortecimentos plotados, de a possuem magnitudeem baixa frequência,

e as amplitudes em altas frequências tendem a zero visto que a magnitude é 1/(mω2).

Essas observações mostram que o amortecimento influencia consideravelmente apenas

nas frequências próximas à frequência natural do sistema.

Page 18: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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Figura 2.5 - Fase da resposta para diferentes valores de amortecimento

Da figura 2.5, observamos que na ressonância a fase para qualquer valor de

amortecimento é de 90°. Em baixas frequências a fase se aproxima de 0° e em altas

frequências se aproxima a 180°.

Um teste de vibração unidimensional foi realizado no laboratório LEDAV da

Universidade Federal do Rio de Janeiro e foram obtidos os seguintes dados:

m=0,990kg

k=26420,5 N/m

ω𝑛 =163,36 rad/s

=1,34%

Modificando o código para os dados citados, executou-se o programa para se obter a

resposta em frequência do sistema.

Page 19: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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Figura 2.6 – Resposta em frequência do teste realizado no laboratório LEDAV

Figura 2.7 - Fase de resposta

Pode-se observar que a magnitude máxima de resposta à força excitadora ocorre na

frequência natural do sistema. Antes da frequência natural a resposta está em fase com a

força, na frequência natural a resposta está atrasada de 90° e depois tem fase de -180°.

Page 20: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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3 Sistema de Vibração com Três graus de

Liberdade

O presente capítulo foi escrito baseado em um resumo feito a partir da referência [1],

complementado com experimentos e análises de resultados.

3.1 Função de Transferência

Figura 3.1 - Sistema com três graus de liberdade

A Figura 3.1 mostra um sistema com três graus de liberdade (Z1, Z2 e Z3), três massas

(m1, m2 e m3), duas molas (K1 e K2) e dois amortecedores (C1 e C2).

Modelando o problema na forma matricial, temos o sistema:

Usando a transformada de Laplace para cada termo, obtém-se:

Page 21: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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Rearranjando-se o sistema, obtém-se:

Que permite resolver as nove possíveis funções de transferência para todas as

combinações de graus de liberdade, onde a força é aplicada e onde os deslocamentos são

tomados. A solução para as funções de transferência de um sistema com mais de dois

graus de liberdade não é uma tarefa simples, por isso, programas de álgebra simbólica,

como Mathematica, Maple ou MATLAB, podem ser usados.

Figura 3.2 - Funções de transferência

Os seguintes resultados são apresentados após utilização do MATLAB.

Page 22: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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onde:

Note-se que todas as funções de transferência têm esse mesmo denominador comum,

Den, chamado de Equação característica.

Um método conveniente de organizar as funções de transferência é organizá-las na forma

matricial chamada de matriz de função de transferência:

Figura 3.3 - Matriz de função de transferência

Page 23: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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Onde:

Para facilitar a compreensão, considera-se um sistema sem amortecimento com massas

iguais e molas iguais.

Figura 3.4 - Sistema com três graus de liberdade sem amortecimento

O sistema fica montado na forma de matriz de função de transferência da seguinte forma:

Aborda-se somente sistemas do caso de Single Input Single Output (SISO). Isso significa

que será aplicada apenas uma força, F1, F2 ou F3, e será analisado o deslocamento de cada

grau de liberdade separadamente.

Pode-se observar que há apenas quatro funções de transferência distintas.

Page 24: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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3.1.1 Pólos

Os pólos, autovalores, ou frequências de ressonância, são as raízes da equação

característica, o denominador comum das funções de transferência. Pólos mostram as

frequências onde o sistema irá amplificar a magnitude da resposta, e é uma característica

básica do sistema. Os pólos de um sistema dependem apenas da distribuição de massa,

rigidez, e de amortecimento em todo o sistema, e não onde as forças são aplicadas ou

onde são medidos os deslocamentos. Fazendo a equação característica igual a zero, temos:

Temos a solução trivial s²=0:

S1,2 =0

Fazendo o termo entre parênteses igual a zero:

Observação: Os resultados finais consideram m=1, k=1.

Page 25: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

18

3.1.2 Zeros

Os zeros de cada função de transferência SISO são definidos pelas raízes de seu

numerador. Zeros mostram as frequências onde o sistema vai atenuar as respostas.

Ao contrário dos pólos, os quais são uma característica do sistema e são os mesmos para

cada função de transferência, os zeros podem ser diferentes para cada função de

transferência e algumas funções de transferência podem não ter zeros.

Por exemplo, para os zeros da função de transferência Z1 / F1:

O mesmo raciocínio é feito para as demais funções de transferência.

A matriz de Pólos e Zeros para o sistema não amortecido e m=k=1 é mostrada a seguir:

Figura 3.5 - Matriz de Pólos e Zeros

Observe que os pólos estão no denominador comum a todas as funções de transferência

e os zeros estão mostrados no numerador.

Usando o código tdofpz3x3.m da referência [1] obtemos os valores dos pólos e zeros nos

eixos real e imaginário, sendo os pólos representados por asterisco e os zeros por círculos.

Page 26: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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Figura 3.6 - Pólos e Zeros

A primeira coisa a se notar é que todos eles têm os mesmos pólos. O modo de corpo rígido

(frequência de ressonância = 0 Hz) é evidente pelo par de zeros na origem, ± 0j. Note

que com zero amortecimento, todos os pólos e zeros estão no eixo imaginário, indicando

que as partes reais dos seus valores complexos são zero e que não há amortecimento.

3.1.3 Modelo Considerando-se Amortecimento

Para efeito de comparação, consideram-se C1 = C2 = 0,1 para mostrar a característica dos

polos e zeros.

Pólos =

0.0000 + 0.0000j

0.0000 + 0.0000j

-0.1500 + 1.7255j

Page 27: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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-0.1500 - 1.7255j

-0.0500 + 0.9987j

-0.0500 - 0.9987j

z11 =

-0.1309 + 1.6127j

-0.1309 - 1.6127j

-0.0191 + 0.6177j

-0.0191 - 0.6177j

z21 =

-10.0000 + 0.0000j

-0.0500 + 0.9987j

-0.0500 - 0.9987j

z31 =

-10.0000 + 0.0000j

-10.0000 - 0.0000j

z22 =

-0.0500 + 0.9987j

-0.0500 - 0.9987j

-0.0500 + 0.9987j

-0.0500 - 0.9987j

Page 28: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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Figura 3.7 - Pólos e Zeros para sistema com amortecimento

Várias observações podem ser feitas sobre os pólos e zeros acima. Em primeiro lugar,

todos os pólos, com exceção de dois pólos de corpo rígido que estão na origem, estão para

a esquerda do eixo imaginário, o que indica que o sistema tem amortecimento. Note que

há vários novos zeros. A função de transferência Z21 agora tem um zero real em -10.0

para além dos dois zeros complexos. A função de transferência Z31 tem dois zeros reais a

-10, enquanto que para o caso sem amortecimento não tinha zeros. Estes zeros extras não

aparecem na Figura 3.7 por causa da escala.

Usando a função tdofpz3x3_rlocus.m, também fornecido pela referência [1], plotamos

polos e zeros para uma ampla faixa de valores de amortecimento para C1 e C2 para a

função de transferência Z11.

Page 29: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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Figura 3.8 - Pólos e Zeros para vários valores de amortecimento

O gráfico mostra como a mudança de um dos parâmetros do sistema pode modificar as

raízes da equação característica do sistema (frequências de ressonância). O método de

Locus é um método poderoso de análise e concepção de estabilidade e resposta transitória

de um sistema. Para um sistema de vibração, o lugar geométrico das raízes pode ser usado

para descrever qualitativamente o desempenho do sistema alterando vários parâmetros,

tais como a massa, constante de amortecimento, ou constante de mola. Estuda-se o

comportamento do sistema através da variação de um parâmetro de cada vez, entre a

relação de amortecimento, constante de mola e massa, em termos da localização das suas

raízes características no plano s.

Com o amortecimento aumentando a partir de zero, os pólos e zeros (exceto os dois pólos

na origem) começam a mover-se para a esquerda, para fora do eixo imaginário. Os pólos

e zeros movem-se a diferentes taxas quando o amortecimento é aumentado.

Page 30: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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Pode-se observar que, mantendo-se valores fixos de rigidez e massa os pólos se movem

como um vetor de módulo fixo equivalente a uma das frequências naturais do sistema,

𝑛 . A frequência de ressonância, 𝑑 , representa a frequência de maior resposta à força

excitadora e é representado como a projeção do pólo no eixo imaginário. Quando o

sistema é não amortecido, temos o caso em que a frequência de ressonância é a própria

frequência natural.

Figura 3.9 - Significado físico da variação do amortecimento

Pode-se observar que o amortecimento para cada pólo pode ser obtido pelo seno do

ângulo formado pelo vetor do pólo e o eixo imaginário.

Page 31: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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Para um sistema com n graus de liberdade, sabe-se que existem n frequências naturais ou

pólos, como mostrado nas figuras abaixo [2].

Figura 3.10 - Pólos para um sistema

Figura 3.11 - Frequência de ressonância para cada pólo

Reescrevendo os pólos com valores do eixo imaginário para o exemplo apresentado de

C1 = C2 = 0,1, tem-se:

Pólo 1: 0.0000 + 0.0000j

Pólo 2: -0.1500 + 1.7255j

Pólo 3: -0.0500 + 0.9987j

Page 32: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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Observa-se que, para um mesmo sistema massa-mola-amortecedor, obtêm-se valores

diferentes de amortecimento relativo, , para cada pólo. Essa é uma observação muito

importante visto que, na prática de engenharia naval, o amortecimento é obtido

experimentalmente, pois as constantes de amortecimento não são conhecidas. Porém,

visto o pequeno valor do amortecimento em estruturas típicas navais, uma análise

considerando-se o sistema não amortecido pode ser feita com razoável precisão.

A análise por função de transferência requer que cada componente de amortecimento,

tenham suas magnitudes definidas.

3.2 Função Resposta em Frequência

Como já foi mencionado no capítulo dois, a função de resposta em frequência é o caso

particular da função de transferência em que é analisado apenas o eixo imaginário do

domínio s, que possuí, tanto um valor real, quanto imaginário da função de transferência.

Como estamos interessados na resposta em frequência, transformamos a matriz de função

de transferência fazendo s=j.

A seguir, analisa-se a função da resposta em frequência para baixas e altas frequências,

substituindo 𝑛2

=k/m. Considera-se o sistema não amortecido com massas e molas iguais.

Fazendo-se s =j

Page 33: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

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Page 34: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

27

Considerando-se apenas os valores positivos do eixo imaginário temos abaixo os pólos

comuns a todas as funções de resposta em frequência:

0.0000 + 0.0000j

0.0000 + 1.7321j

0.0000 + 1.000j

Obtêm-se as frequências naturais do sistema a partir dos valores imaginários:

1 =0 rad/s

2 =1 rad/s

3 =1.7321 rad/s

Tendo em vista o comportamento das funções de resposta em frequência, os gráficos das

respostas são plotados usando o código tdofxfer.m [1], e as análises da resposta em

frequência podem ser feitas individualmente para cada grau de liberdade, simplificando

o problema, dado o conhecimento do movimento para um grau de liberdade.

A magnitude é dada em escala logarítmica para melhor visualização dos picos. Os picos

de máximo e mínimo não vão a +∞ e -∞ por arredondamento numérico.

Page 35: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

28

Para Z11 e Z33, os zeros são dados por:

-0.0000 + 1.6180j

-0.0000 - 1.6180j

-0.0000 + 0.6180j

-0.0000 - 0.6180j

Figura 3.12 - Z11 e Z33

Observa-se que ω1 =0 rad/s já é uma frequência natural, por isso a resposta começa

defasada de 180°. Quando a ω=0,618 rad/s a magnitude é mínima e a resposta volta a

ficar em fase com a força. Quando ω = ω2 =1 rad/s o sistema amplifica a resposta por

ser a segunda frequência natural e a fase é de 90°. Logo após a segunda frequência natural

o sistema volta à fase de 180° até encontrar um novo zero, ω=1,618 rad/s, voltando a ter

resposta mínima e a resposta volta a ficar em fase com a força. Quando a frequência de

excitação atinge a terceira frequência natural, ω3 =1.7321 rad/s, a resposta atinge

novamente o pico máximo e volta a ter fase de 180° após o pico.

Page 36: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

29

Para Z21, Z12, Z23 e Z32 os zeros são dados por:

0.0000 + 1.0000j

0.0000 - 1.0000j

Figura 3.13 - Z21, Z12, Z23 e Z32

Pode-se observar que o único zero possui o mesmo valor da segunda frequência natural,

ω2 =1 rad/s, anulando os efeitos de picos máximos e mínimos respectivamente ao

pólo e zero.

Page 37: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

30

Para Z31 e Z13, não há zeros.

Figura 3.14 - Z31 e Z13

Observa-se que a resposta não apresenta picos mínimos. Há apenas picos máximos

referentes às frequências naturais.

Page 38: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

31

Para Z22 possui os zeros:

0.0000 + 1.0000j

0.0000 - 1.0000j

-0.0000 + 1.0000j

-0.0000 - 1.0000j

Figura 3.15 - Z22

O caso é parecido com as funções de resposta em frequência Z21, Z12, Z23 e Z32. Porém,

observando-se o problema de zero dividido por zero, por L'Hôpital, tem-se que o

denominador zera antes do denominador, o que configura um pico de mínimo em ω2 =1

rad/s, ainda que sendo uma frequência natural.

Page 39: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

32

Os resultados anteriores são mostrados juntos em magnitude logarítmica:

Figura 3.16 - Resposta em Frequência

Page 40: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

33

4 Sistema de Vibração com Três Graus de

Liberdade: Solução Utilizando-se Análise

Modal

O presente capítulo foi escrito baseado em um resumo feito da referência [1].

4.1 Introdução à Análise Modal

Estruturas levemente amortecidas são tipicamente analisados com o método dos "modos

normais", que é o assunto deste capítulo. A chave para a análise no modo normal é

desenvolver ferramentas que permitam reconstruir a resposta global do sistema como uma

sobreposição das respostas dos diferentes modos do sistema. Na análise, o método modal

permite substituir as n equações diferenciais acopladas por n equações desacopladas, onde

cada equação desacoplada representa o movimento de sistema com um grau de liberdade.

Se as frequências naturais e os modos estiverem disponíveis para o sistema, então fica

fácil visualizar o movimento do sistema em cada um dos modos, o que representa o

primeiro passo para se compreender como modificar o sistema para alterar as suas

características.

Resumindo-se o método de análise modal de análise de sistemas mecânicos lineares e

seus benefícios, tem-se:

1) Resolver o problema de autovalores sem amortecimento, que identifica as frequências

de naturais e os correspondentes modos de vibração (autovalores e autovetores).

2) Uso dos autovetores para desacoplar ou diagonalizar o conjunto original de equações

acopladas, permitindo a resolução dos n sistemas desacoplados com um grau de liberdade.

3) Cálculo da a contribuição de cada um dos modos para a resposta global. Isto também

permite que se reduza o tamanho do problema, eliminando modos que não podem ser

excitados e / ou modos que não têm respostas no grau de liberdade em questão. Além

disso, os modos de altas frequências que têm pequena contribuição para o sistema em

frequências mais baixas podem ser eliminados ou apenas considerados de forma

aproximada, reduzindo-se ainda mais o tamanho do sistema a ser analisado.

4) Montagem da equação matricial do sistema, A. Montagem das matrizes de entrada e

saída, B e C, usando-se autovetores adequados. Problemas no domínio da frequência e de

Page 41: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

34

resposta transiente forçadas podem ser resolvidos neste momento. Se autovetores

completos estão disponíveis, os problemas iniciais de condição transiente também podem

ser resolvidos. Para sistemas levemente amortecidos, o amortecimento proporcional pode

ser utilizado, permitindo ainda que as equações possam ser desacopladas.

4.2 Desacoplamento do Sistema Físico

Pode-se começar por escrever as equações homogêneas (não-forçadas) e não amortecidas

do movimento para o modelo na Figura 4.1. Então, vamos definir e resolver o problema

de autovalores.

Figura 4.1 - Sistema com três graus de liberdade sem amortecimento

Definição de modo principal (normal):

Uma vez que o sistema é conservativo (sem amortecimento), os modos normais de

vibração vão existir. Ter modos normais significa que em determinadas frequências todos

os pontos do sistema vão vibrar na mesma frequência e em fase, ou seja, todos os pontos

do sistema irão atingir os seus deslocamentos mínimos e máximos no mesmo tempo.

Modos normais podem ser expressos como:

onde:

Zi = vetor deslocamento para todos os graus de liberdade na frequência i

Page 42: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

35

Zmi = o i-ésimo autovetor

i = frequência modal i

i = ângulo de fase arbitrário

4.2.1 Autovalores

Os autovalores são os valores não triviais que validam a equação, no caso são os pólos ou

frequências de ressonância (modais) ou naturais do sistema.

Diferenciando-se duas vezes no tempo para se encontrar o vetor aceleração, tem-se:

Da equação do movimento obtém-se:

Cancelando-se os senos:

Para a solução não trivial o determinante do termo entre parênteses deve ser zero.

O que leva ao determinante

Page 43: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

36

Cujas raízes fornecem os seguintes autovalores:

Para cada um dos três autovalores, existe uma vetor Zi, que dá a forma (autovetor) do

modo para a frequência de vibração i.

4.2.2 Autovetores

Um autovetor representa a proporção entre os deslocamentos dos graus de liberdade para

cada frequência de ressonância ou autovalor i.

Para se obter os autovetores do sistema, qualquer um dos graus de liberdade, digamos Z1,

é selecionado como uma referência.

Multiplicando-se a primeira e segunda linha da matriz, tem-se:

Rearranjando-se para Z2/Z1 e Z3/Z1 :

Page 44: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

37

Tomando-se sempre Z1 = 1, e assumindo-se m1=m2=m=1 e k1=k2=k=1 para

simplificação de cálculos, tem-se:

Para o primeiro modo:

Define-se então, o autovetor para o primeiro modo como:

Figura 4.2 - Primeiro Modo

De forma análoga são definidos os autovetores para o segundo e terceiro modo:

Figura 4.3 - Segundo Modo

Page 45: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

38

Figura 4.4 - Terceiro Modo

4.2.3 Matriz Modal

A matriz modal é uma matriz (n x n) com colunas correspondentes aos autovetores,

começando com o primeiro modo na primeira coluna e assim por diante:

Para o exemplo em questão tem-se:

A fim de facilitar a solução para as respostas transientes ou de frequência, é útil

transformar as n equações diferenciais de segunda ordem acopladas em n equações

diferenciais de segunda ordem desacopladas através da transformação física do sistema

de coordenadas em um outro sistema de coordenadas denominado “coordenadas

principais”. Em termos de álgebra linear, a transformação das coordenadas físicas em

coordenadas principais é conhecida como uma mudança de base. Há muitas opções para

a mudança de base, mas pode-se mostrar que, quando autovetores são utilizados, a

Page 46: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

39

transformação do sistema para coordenadas principais tem um significado físico; cada um

dos sistemas desacoplados, com um grau de liberdade, representa o movimento de

sistemas com um grau de liberdade. As n equações desacopladas do sistema principal de

coordenadas podem ser resolvidas para se obterem as respostas do sistema de

coordenadas principais, utilizando-se soluções conhecidas para um único grau de

liberdade. As n-respostas no sistema principal de coordenadas podem então ser

transformadas novamente para o sistema físico de coordenadas para fornecer a resposta

real em coordenadas físicas. Este procedimento é mostrado esquematicamente na Figura

4.5.

Figura 4.5 - Diagrama de Análise Modal

Já foi demonstrado como obter os autovalores e autovetores. Reescrevendo-se o problema

do sistema a partir da equação:

e rearranjando e reescrevendo a equação para os modos "i" e "j":

(1)

(2)

Page 47: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

40

e pré-multiplicando-se (1) pela transposta ZmjT , tem-se:

(3)

Tomsndo-se a transposta de (2) e usando-se a manipulação algébrica:

Obtem-se:

Como o sistema foi modelado de forma que:

Tem-se que:

Multiplicando-se ambos lados da equação por Zmi

(4)

Page 48: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

41

Subtraindo-se (4) de (3):

Sabendo-se que as frequências são distintas para dois modos diferentes, i≠j, obtem-se os

resultados:

(5)

Observando-se o tamanho das matrizes:

Pode-se reescrever a equação (5) como:

O que significa que todos os termos não diagonais da matriz de massa na coordenada

principal são nulos. Para i=j:

E assim, obtém-se a matriz diagonal de massa na coordenada principal.

A matriz de rigidez, K, é normalizada de maneira análoga.

Nesse sentido, as matrizes de massa e rigidez são diagonalizadas para as coordenadas

principais.

Page 49: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

42

O sistema pode ser apresentado da seguinte forma:

Os autovetores só são conhecidos como as razões de deslocamentos, e não em magnitudes

absolutas, podendo-se escolher a forma de normalizá-los. Até agora, ao calcular

autovetores, tem-se arbitrariamente definida a amplitude do primeiro grau de liberdade

como 1.

4.3 Relação Entre Coordenadas

4.3.1 Coordenadas Físicas

Autovalores ou frequências naturais:

Page 50: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

43

Os autovetores podem ser normalizados com respeito à massa, (método não demonstrado

mas pode ser encontrado na referência [1]), como:

4.3.2 Coordenadas Principais

Equações do movimento

Figura 4.6 - Resumo das coordenadas

Page 51: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

44

As variáveis em coordenadas físicas são as posições, acelerações e velocidades das

massas. As variáveis em coordenadas principais são os deslocamentos e velocidades e

acelerações de cada modo de vibração.

4.4 Amortecimento em Sistemas com Modos

Principais

Discute-se nesta seção as condições que determinam se uma matriz de amortecimento

pode ser diagonalizada, e os critérios que permitem diagonalizar as equações amortecidas.

Em geral, uma matriz de amortecimento arbitrária não pode ser diagonalizada pelos

autovetores não amortecidos, como as matrizes de massa e rigidez podem. Isto leva à

utilização do chamado "amortecimento proporcional", na maioria das simulações

utilizadas em elementos finitos.

Se um sistema mecânico é montado com um elemento específico de amortecimento

viscoso, por exemplo, um amortecedor hidráulico, então esse elemento pode ser

adicionado ao sistema como um amortecedor viscoso. O sistema resultante é linear, mas

provavelmente não apresentam modos normais como discutido. Em geral, isso leva à

incapacidade de diagonalizar e desacoplar as equações de movimento, exigindo uma

solução utilizando-se equações de estado.

Ignorando amortecedores específicos viscoso, coulomb, e elementos de amortecimento

visco elástico, amortecimento em estruturas típicas surge de perdas por histerese em

conexões de chapas. A não ser que um equipamento específico de amortecimento seja

usado em uma concepção estrutural, a maioria das estruturas tem amortecimento, que

varia de um modo para outro, no intervalo de 0,05% a 2% do amortecimento crítico.

Os modos neste capítulo são todos os "reais" ou modos "normais", como definido

anteriormente. Uma vez mais, tendo os modos normais significa que em determinadas

frequências todos os pontos do sistema vão vibrar na mesma frequência e em fase, ou

seja, todos os pontos do sistema irão atingir os seus mínimos e máximos deslocamentos

ao mesmo tempo.

4.4.1 Condições Necessárias para a Existência de Modos

Principais de Vibração no Sistema com Amortecimento

Em um sistema sem amortecimento, modos normais de vibração vão existir. A fim de ter

modos normais em um sistema amortecido, os modos de vibração devem ser os mesmos

Page 52: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

45

do caso não amortecido, e os vários graus de liberdade do sistema devem passar nas suas

posições de mínimos e máximos no mesmo instante de tempo.

Uma condição suficiente para a existência de modos normais amortecidos é que a matriz

de amortecimento seja uma combinação linear das matrizes de massa e rigidez. Sabemos

que m e k são diagonalizadas com operações envolvendo a matriz modal. Quando c é

uma combinação linear de m e k, a matriz de amortecimento c também é desacoplada

(diagonalizada) pelas mesmas operações de pré e pós multiplicação pela matriz modal

como com as matrizes de m e k, ou seja:

i é a percentagem do amortecimento crítico para o i-ésimo modo de vibração. Medindo

experimentalmente o valor de i para dois modos diferentes, pode-se estimar os

valores de "a" e "b" por:

Este tipo de amortecimento é conhecido como “amortecimento proporcional”, em que o

amortecimento para cada modo (eles podem ser diferentes entre modos) é proporcional

ao amortecimento crítico para esse modo. Uma vez que o amortecimento também é

proporcional à velocidade, é de uma natureza viscosa. Se o mesmo valor de

amortecimento é usado para todos os modos, este é referido como amortecimento

"uniforme". Amortecimento em que o valor de amortecimento para cada modo pode ser

definido individualmente é referido como amortecimento "não uniforme".

Page 53: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

46

5 Conclusões e Recomendações

Muitos dos desafios de engenharia associados à vibração mecânica, em especial as

vibrações de estruturas oceânicas, estão ligados à determinação do amortecimento,

quantificar a influência do amortecimento, evitar frequências de ressonância, e identificar

falhas.

Conhecendo-se a geometria do sistema e as propriedades dos materiais compostos, é fácil

determinarem-se os componentes de massa e rigidez do sistema.

O método da função de transferência usa a transformada de Laplace que muda as

coordenadas físicas para a coordenada de Laplace “s”. Os pólos ou frequências naturais

são comuns a todas as funções de transferência. O método é muito prático, permitindo

análise com significante facilidade da variação da frequência de ressonância, projetando-

se o pólo no eixo imaginário, e a influência do amortecedor para o sistema, projetando-se

o pólo no eixo real.

Pode-se variar termo a termo do sistema, como massa, rigidez, amortecimento, um de

cada vez e verificar as características do sistema no plano s. O método é capaz de indicar

a resposta à força excitadora mesmo não sendo uma força periódica, desde que se tenha

domínio sobre as técnicas das transformadas de Laplace.

Para a análise de um sistema já definido, a função de transferência parte do princípio de

que já se tem conhecimento dos elementos de amortecimento, o que é de

desconhecimento em muitos dos problemas de engenharia.

Para estruturas que possuem características de pouco amortecimento, uma análise

considerando amortecimento nulo pode fornecer informações satisfatórias pelo método

da função de transferência. Podem-se determinar os pólos ou frequências de ressonância

do sistema a serem evitadas.

A análise da função de resposta à frequência (FRF) pode ser feita para o caso particular

da função de transferência em que se analisa a magnitude de resposta a uma força

excitadora no domínio da frequência. Para o caso particular em que se considera o sistema

sem amortecimento, a resposta em frequência de ressonância vai a infinito, o que não

acontece em estruturas reais que possuem pequena, porém, uma quantidade de

amortecimento que dissipe energia.

Page 54: análise de um sistema de vibração com três graus de liberdade

47

A análise modal tem a característica de permitir estimar uma matriz de amortecimento

como uma combinação linear da matriz de massa e de rigidez do sistema, baseado em

medições de amortecimento obtidos experimentalmente. Nesse sentido é uma ferramenta

muito importante para calibrar modelos de elementos finitos, por exemplo, e verificar o

comportamento real da estrutura. Vale ressaltar que essa técnica só é válida para

estruturas com baixo amortecimento relativo, visto que o modelo calibrado terá as

mesmas frequências modais ou de ressonância. A análise modal não é razoável para

sistemas com valores consideráveis de amortecimento em que a frequência natural difere

significantemente da frequência natural amortecida. Essas estruturas não possuem modos

normais de vibração.

Voltando-se ao caso da análise modal de baixo amortecimento, uma análise de FRF pelo

método de análise modal pode ser feita já considerando-se o efeito do amortecimento

tendo feito o ajuste dos dados obtidos da matriz de amortecimento do modelo em estudo.

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48

6 Bibliografia

[1] M. R. Hatch, Vibration simulation using MATLAB and ANSYS, Boca Raton,

Florida: Chapman & Hall/CRC, 2001.

[2] S. S. Rao, Vibrações mecânicas - quarta edição, São Paulo: Pearson, 2009.