Upload
gislainegi07
View
24
Download
1
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Posicionamento de uma empresa setor sucraalcoleoro
Citation preview
PEDRO RAMOS DE SIQUEIRA
ALISE DO POSICIOAMETO ESTRATGICO DE UMA
EMPRESA DO SETOR SUCROALCOOLEIRO
Trabalho de Formatura apresentado Escola
Politcnica da Universidade de
So Paulo para a obteno de Diploma
de Engenheiro de Produo
Professor Orientador: Joo Amato Neto
So Paulo
2007
PEDRO RAMOS DE SIQUEIRA
ALISE DO POSICIOAMETO ESTRATGICO DE UMA
EMPRESA DO SETOR SUCROALCOOLEIRO
Trabalho de Formatura apresentado Escola
Politcnica da Universidade de
So Paulo para a obteno de Diploma
de Engenheiro de Produo
So Paulo
2007
Siqueira, Pedro Ramos de
Anlise do posicionamento estratgico de uma empresa do setor sucroalcooleiro / P.R. de Siqueira. -- So Paulo, 2007.
139 p.
Trabalho de Formatura - Escola Politcnica da Universidade de So Paulo. Departamento de Engenharia de Produo.
1.Indstria sucroalcooleira 2.Planejamento estratgico 3.Mer-
cado financeiro I.Universidade de So Paulo. Escola Politcnica. Departamento de Engenharia de Produo II.t.
minha famlia,
Aos meus colegas,
Pelo apoio e compreenso durante a execuo deste trabalho.
AGRADECIMETOS
Aos meus pais Francisco e Clia por me ensinarem o valor do estudo, tica e trabalho
duro, alm de me proporcionarem todas as condies de me formar na Escola
Politcnica de So Paulo.
Ao meu irmo Fabio pelos ensinamentos e conselhos como engenheiro de produo e
grande amigo em todos os momentos.
A Malu pelo apoio, pacincia e, principalmente, carinho durante os cinco anos de
faculdade.
Ao meu Orientador Prof. Joo Amato pelos preciosos conselhos e orientao durante a
execuo deste trabalho
Aos meus colegas de faculdade Felipe, Green, Vitor, Bruni, Renato e Alexandre que
durante os cinco anos se tornaram alm de colegas, grandes amigos.
Aos meus colegas de trabalho em especial Henrique, Mauricio e Daniel pelo apoio,
ensinamentos e informaes para a execuo deste trabalho.
A todos os professores do departamento pelo comprometimento e competncia
durante as aulas que contriburam de forma decisiva para a minha formao como
engenheiro de produo.
RESUMO
O objetivo deste trabalho consiste na realizao de uma anlise do posicionamento estratgico
e uma avaliao econmico-financeira de uma empresa do setor sucroalcooleiro a Cosan
Indstria e Comrcio, a maior empresa do setor no Brasil e uma das maiores do mundo. As
consideraes feitas para a elaborao da anlise estratgica e para a avaliao econmica da
empresa fundamentam-se em prticas bastante difundidas no mercado para a anlise de
empresas do setor. O trabalho tem a inteno de mostrar um panorama atual do setor e
evidenciar as tendncias pelas quais o setor est passando, tanto no que se diz respeito
conjuntura macroeconmica, como em relao aos aspectos operacionais da indstria. Ao
final, buscou-se mostrar como a estratgia de uma empresa tem impacto direto em sua
avaliao econmica e conseqentemente no impacto no valor de suas aes. O resultado
deste trabalho procura servir de base realizao de estudos do setor sucroalcooleiro, na
anlise da estratgia e na avaliao econmica de empresas de outros setores.
Palavras-chave: Indstria sucroalcooleira. Posicionamento Estratgico. Mercado Financeiro
ABSTRACT The goal of this assignment consists in the development of a strategic analysis and in the
valuation of a company of sugar industry Cosan Indstria e Comrcio, the largest company in
the sector Brazil and one of the biggest of the world. The considerations taken to develop the
strategic analysis and the valuation of the company are based upon spread techniques in the
market. This assignment intends to show an overview of the sugar industry and evidence the
trends that the sector is passing by, as much as regarding the macroeconomic conjuncture, as
regarding the operational aspects of the industry. In the end, the aim was to show how a
company strategy has a straight impact in its valuation and consequently in the price of its
stocks. The result of this assignment could be a base for the development of studies in the
sugar industry, and in the strategic analysis of companies and companies valuation from
other industries .
Keywords: Sugar industry. Strategic analysis. Corporate Finance.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Foras que regem a concorrncia da indstria____________________________ 24
Figura 2 - Itens do Ativo ____________________________________________________ 38
Figura 3 - Itens do Passivo e Patrimnio Lquido _________________________________ 39
Figura 4 - Modelo de DRE___________________________________________________ 41
Figura 5 - Regies Produtoras de Cana no Brasil _________________________________ 55
Figura 6 - Sntese do Processo Produtivo do Etanol _______________________________ 66
Figura 7 - Localizao das principais usinas da Cosan _____________________________ 73
Figura 8 - Estrutura Acionria da Cosan ________________________________________ 75
Figura 9 - Intensidade das Foras Competitivas na Indstria Sucroalcooleira ___________ 83
Figura 10 - Dinmica da Metodologia por Fluxo de Caixa Descontado _______________ 102
LISTA DE EQUAES
Equao 1 - Valor da Empresa atravs do Fluxo de Caixa Descontado_________________ 34
Equao 2 - Valor da Perpetuidade_____________________________________________ 35
Equao 3 - Valor da Empresa ________________________________________________ 35
Equao 4 - Valor de Mercado da Empresa ______________________________________ 36
Equao 5 - Clculo de ____________________________________________________ 45
Equao 6 - Clculo do CAPM________________________________________________ 45
Equao 7 - Clculo do CAPM para Mercados Emergentes _________________________ 46
Equao 8 - Clculo do WACC _______________________________________________ 48
Equao 9 - Fluxo de Caixa Livre de uma empresa ________________________________ 49
Equao 10 - Clculo do Custo do Capital Prprio _______________________________ 109
Equao 11 - Clculo do WACC _____________________________________________ 110
LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 - Produo Mundial de Acar em 2006 ________________________________ 51
Grfico 2 - Consumo Mundial de Acar em 2006 ________________________________ 52
Grfico 3 - Maiores exportadores de Acar em 2006 _____________________________ 54
Grfico 4 - Maiores Produtores de Acar do Brasil - safra 2006-07 __________________ 59
Grfico 5 - Produo Mundial de Etanol (bilhes de litros) _________________________ 60
Grfico 6 - US Treasury 10 vs. US Treasury 30 _________________________________ 104
Grfico 7 - Retornos do S&P 500 vs. US Treasury de 10 anos ______________________ 105
Grfico 8 - Risco Brasil ____________________________________________________ 107
Grfico 9 - Desempenho da Ao Preferencial da Cosan vs. Ibovespa (base 100) _______ 109
Grfico 10 - Receita Total em R$ MM ________________________________________ 112
Grfico 11 - Despesas Operacionais e de Margem Bruta como % da Receita Lquida____ 113
Grfico 12 - Capex em R$ MM ______________________________________________ 115
Grfico 13 - Variao do Fluxo de Caixa Livre em (US$ MM) _____________________ 124
Grfico 14 - Valor de Mercado da Cosan_______________________________________ 124
LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Novos Projetos na regio Centro-Sul __________________________________ 57
Tabela 2 - Maiores Empresas do Setor __________________________________________ 78
Tabela 3 - Clculo da dvida lquida da Cosan ____________________________________ 96
Tabela 4 - Clculo do EBITDA da Cosan _______________________________________ 96
Tabela 5 - Avaliao Econmica por Mltiplos Comparveis ________________________ 96
Tabela 6 - Anlise por Mltiplo de Receita de Empresas Comparveis ________________ 97
Tabela 7 - Anlise por Mltiplo de EBITDA de Empresas Comparveis _______________ 97
Tabela 8 - Avaliao Econmica por Mltiplos de Transaes Comparveis ____________ 98
Tabela 9 - Anlise por Mltiplo de Receita de Transaes Comparveis _______________ 99
Tabela 10 - Anlise por Mltiplo de EBITDA de Transaes Comparveis _____________ 99
Tabela 11 - Taxa Livre de Risco US Treasury 10 anos___________________________ 104
Tabela 12 - Prmio de Mercado S&P 500 vs. US Treasury 10 _____________________ 106
Tabela 13 - Risco Brasil ____________________________________________________ 107
Tabela 14 - Clculo do Beta da Cosan _________________________________________ 108
Tabela 15 - Projees Macroeconmicas _______________________________________ 111
Tabela 16 - Demonstrativo de Resultado do Exerccio Projetado ____________________ 116
Tabela 17 - Ativo do Balano Patrimonial Projetado______________________________ 118
Tabela 18 - Passivo do Balano Patrimonial Projetado ____________________________ 120
Tabela 19 - Projees de variaes de capital de giro _____________________________ 121
Tabela 20 - Projees do Fluxo de Caixa Livre __________________________________ 123
Tabela 21 - Preo da CSAN3 pelo Fluxo de Caixa Descontado______________________ 125
Tabela 22 - Clculo da Dvida Lquida da So Martinho___________________________ 135
Tabela 23 - Clculo do EBITDA da So Martinho _______________________________ 135
Tabela 24 - Clculo da Dvida Lquida da Acar Guarani _________________________ 136
Tabela 25 - Clculo do EBITDA da Acar Guarani______________________________ 136
Tabela 26 Ativo do Balano Patrimonial da Cosan______________________________ 137
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ATR Acar Total Recupervel
BACEN Banco Central do Brasil
BOVESPA Bolsa de Valores de So Paulo
BI Bilhes
CAPEX Capital Expenditures
CDI Certificado de Depsito Interbancrio
CMV Custo das Mercadorias Vendidas
CS Contribuio Social
DRE Demonstrativo de Resultado do Exerccio
EMBI Emerging Market Bond Index
EBIT Earnings Before Interest and Taxes
EBITDA Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization
FMI Fundo Monetrio Internacional
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IBOVESPA ndice Bovespa
ICMS Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Prestao de Servios
IGP-M ndice Geral de Preos do Mercado
IPCA ndice de Preos ao Consumidor Amplo
IR Imposto de Renda
LIBOR London Interbank Offered Rate
MM Milhes
SA Sociedade Annima
SWOT Strenghts, Weaknesses, Opportunities and Threats
TIR Taxa Interna de Retorno
NICA Unio da Agroindstria Canavieira de So Paulo
VPL Valor Presente Lquido
VT Valor Terminal
WACC Weighted Average Cost of Capital
SUMRIO 1. INTRODUO _______________________________________________________ 17
1.1 O Estgio____________________________________________________________ 19
1.2 Histrico da Empresa __________________________________________________ 19
1.3 O Estgio e o Trabalho de Formatura______________________________________ 20
1.4 Objetivo do Trabalho __________________________________________________ 21
1.5 O Trabalho de Formatura e a Engenharia de Produo ________________________ 22
2. REVISO EM ESTRATGIA _____________________________________________ 23
2.1 As Cinco Foras Competitivas de Porter ___________________________________ 23
2.1.1 Rivalidade Entre as Empresas Existentes na Indstria _____________________ 24
2.1.2 O Potencial de Barganha dos Fornecedores______________________________ 25
2.1.3 O Potencial de Barganha dos Compradores _____________________________ 26
2.1.4 Produtos Substitutos _______________________________________________ 27
2.1.5 Ameaa de Novos Competidores______________________________________ 28
2.2 Anlise SWOT _______________________________________________________ 29
2.2.1 Pontos Fortes (Strengths)____________________________________________ 30
2.2.2 Pontos Fracos (Weaknesses) _________________________________________ 30
2.2.3 Oportunidades (Opportunities) _______________________________________ 31
2.2.4 Ameaas (Threats)_________________________________________________ 31
3. REVISO EM FINANAS CORPORATIVAS ________________________________ 33
3.1 Conceitos Bsicos de Contabilidade_______________________________________ 37
3.1.1 Balano Patrimonial________________________________________________ 37
3.1.2 Demonstrativos de Resultado do Exerccio______________________________ 40
3.1.3 Demonstrativos de Fluxo de Caixa ____________________________________ 41
3.2 Custo de Capital ______________________________________________________ 42
3.2.1 Custo de Capital de Terceiros ________________________________________ 43
3.2.2 Custo de Capital Prprio ____________________________________________ 44
3.2.3 Riscos Associados a Mercados Emergentes _____________________________ 46
3.2.4 WACC __________________________________________________________ 47
3.3 Fluxo de Caixa da Empresa _____________________________________________ 49
4. ANLISE DO MERCADO SUCROALCOOLEIRO____________________________ 51
4.1 O Mercado Global de Acar ____________________________________________ 51
4.2 O consumo mundial de acar ___________________________________________ 52
4.3 Os principais fornecedores do mercado mundial _____________________________ 53
4.4 O mercado brasileiro de cana-de-acar ___________________________________ 54
4.5 O mercado de acar __________________________________________________ 58
4.6 O mercado de etanol___________________________________________________ 59
5. PROCESSO PRODUTIVO ________________________________________________ 63
5.1 Cana-de-Acar ______________________________________________________ 63
5.2 Etanol ______________________________________________________________ 64
5.3 Acar _____________________________________________________________ 66
5.4 Co-gerao de Energia _________________________________________________ 66
6. ANLISE DE RISCO DE MERCADO ______________________________________ 69
6.1 Gesto de Riscos _____________________________________________________ 69
6.2 Risco de Commodities _________________________________________________ 69
6.3 Risco das Taxas de Juros _______________________________________________ 70
6.4 Risco das Taxas de Cmbio _____________________________________________ 70
7. COSAN S.A. IDSTRIA E COMRICO_____________________________________ 73
7.1 Estrutura Societria ___________________________________________________ 74
8. ANLISE ESTRATGICA________________________________________________ 77
8.1 As Cinco Foras Competitivas de Porter ___________________________________ 77
8.1.1 Rivalidade Entre as Empresas Existentes _______________________________ 77
8.1.2 Ameaa de Novos Competidores _____________________________________ 79
8.1.3 Ameaa de Produtos Substitutos______________________________________ 79
8.1.4 Poder de Barganha dos Fornecedores __________________________________ 80
8.1.5 Poder de Barganha dos Consumidores _________________________________ 81
8.2 Anlise SWOT da Cosan _______________________________________________ 83
8.2.1 Pontos Fortes (Strenghts) ___________________________________________ 83
8.2.2 Pontos Fracos (Weaknesses) _________________________________________ 86
8.2.3 Oportunidades (Opportunities) _______________________________________ 87
8.2.4 Ameaas (Threats) ________________________________________________ 88
8.3 Estratgia da Empresa _________________________________________________ 91
9. ANLISE ECONMICO-FINANCEIRA RELATIVA DA COSAN_______________ 95
9.1 Avaliao Econmico-financeira por Mltiplos de Empresas Comparveis________ 95
9.2 Avaliao Econmico-financeira por Mltiplos de Transaes Comparveis ______ 98
10. AVALIAO POR FLUXO DE CAIXA DESCONTADO ____________________ 101
10.1 WACC ___________________________________________________________ 102
10.1.1 Estrutura de Capital da Empresa ____________________________________ 103
10.1.2 Clculo do Custo de Capital Prprio _________________________________ 103
10.1.3 Determinao do Custo de Capital de Terceiros ________________________ 109
10.1.4 Clculo do WACC_______________________________________________ 110
10.2 Projeo dos Fluxos de Caixa__________________________________________ 110
10.2.1 Receitas _______________________________________________________ 111
10.2.2 Despesas operacionais ____________________________________________ 112
10.2.3 Capex _________________________________________________________ 114
10.2.4 Variao do Capital de Giro _______________________________________ 117
10.2.6 Fluxo de Caixa Descontado________________________________________ 122
11. CONCLUSO________________________________________________________ 127
ANEXO A Clculo da dvida lquida e EBITDA para empresas do setor sucroalcooleiro 135
ANEXO B Demonstraes Contbeis da Cosan ________________________________ 137
17 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
1. ITRODUO
O setor sucroalcooleiro vem assumindo importncia crescente no panorama mundial,
com perspectivas de crescimento bastante acelerado nos prximos anos devido
principalmente a dois fatores: busca por fontes de energia mais limpas que o
petrleo e o aumento do preo do petrleo desde a primeira crise em 1975. O Brasil
ganha importncia na anlise dessa indstria devido ao fato de ser o segundo maior
produtor de etanol do mundo e pelas diversas mudanas que o setor vem sofrendo
nos ltimos anos. Essas mudanas se devem principalmente introduo dos carros
bi-combustvel que resolveu a principal barreira para o uso automotivo do lcool
a garantia de abastecimento para o consumidor e hoje j corresponde a mais de
82,7% dos veculos novos comercializados no pas.
Alm disso, a perspectiva de crescimento do mercado mundial bastante promissora
devido a uma mudana na demanda por lcool dos usos industriais tradicionais para
o uso do lcool como um combustvel mais limpo e renovvel. O mercado mundial
cresceu 60% na ltima dcada alcanando cerca de 50 bilhes de litros em 2006.
Esse aumento na demanda mundial se deve principalmente s grandes oscilaes do
preo do petrleo, riscos de suprimento e tambm tendncia mundial de
substituio de combustveis fsseis por combustveis alternativos, menos poluentes
e renovveis.
Atualmente o volume exportado pelo Brasil de 3,5 bilhes de litros, com previso
de 3,8 bilhes para o prximo ano. Os principais entraves exportao brasileira so
as tarifas de importao e os subsdios aos produtores locais nos principais mercados
atuais e potenciais (EUA e Unio Europia). No entanto, declaraes recentes dos
chefes de estados desses mercados fazem com que as perspectivas para o mercado
sejam bastante otimistas.
Assim, o presente trabalho procura realizar uma anlise do posicionamento
estratgico e uma avaliao econmico-financeira da maior produtora de lcool e
acar do Brasil, a Cosan S.A. Indstria e Comrcio, atravs do estudo do setor no
qual a empresa est inserida e seu posicionamento na indstria.
18 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
Este trabalho organizado da seguinte maneira:
O Captulo 1 introduz os tpicos abordados, o estgio realizado pelo autor, a empresa
na qual ele foi realizado para a elaborao deste trabalho e por fim o objetivo do
mesmo e sua relao com a Engenharia de Produo.
O Captulo 2 apresenta o referencial terico em relao estratgia, descrevendo
metodologias como as Cinco Foras de Porter, que busca estabelecer quo
competitivo um setor, e a Anlise SWOT, que leva em conta tanto o ambiente
interno como o ambiente externo de uma empresa.
No Captulo 3, o referencial terico da avaliao econmica de empresas
apresentado atravs da apresentao de conceitos de contabilidade que servem de
base para a elaborao de projees de fluxos de caixa de uma empresa e do custo
mdio ponderado de capital (WACC), taxa utilizada para descontar esses fluxos e
que servem de base para o clculo do valor de uma empresa.
O captulo 4 apresenta um panorama da indstria sucroalcooleira no Brasil e no
mundo.
O Captulo 5 apresenta uma breve descrio sobre as etapas do processo produtivo
do acar e do etanol.
O Captulo 6 traz uma avaliao aprofundada dos principais riscos que as empresas
exportadoras do setor sucroalcooleiro como a Cosan incorrem.
O Captulo 7 apresenta uma descrio elaborada da Cosan S.A. Indstria e Comrcio,
empresa foco do trabalho, de modo a apresentar dados e informaes que sero
fundamentais para a elaborao da anlise do posicionamento estratgico e na
avaliao econmico-financeira da corporao.
O Captulo 8 analisa a competio do setor atravs das Cinco Foras Competitivas de
Porter do setor sucroalcooleiro (setor na qual a Cosan S.A. Indstria e Comrcio est
inserida). Esse captulo tambm evidencia quais so os pontos fortes, fracos, as
ameaas e oportunidades da Cosan atravs de uma anlise SWOT.
O Captulo 9 destina-se elaborao da anlise econmico-financeira da Cosan por
mtodos de avaliao relativos e estabelece o preo justo da ao da empresa. Esses
mtodos buscam realizar uma anlise econmica preliminar de uma empresa, atravs
19 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
da comparao com o desempenho de outras empresas similares e com o valor de
transaes que envolveram as empresas do setor em anlise. As avaliaes relativas
tambm servem para validar os valores obtidos atravs de uma anlise de fluxo de
caixa descontado.
O Captulo 10 tem por finalidade apresentar a avaliao econmica detalhada da
empresa pelo mtodo do Fluxo de Caixa Descontado. A anlise compreende o
clculo do custo ponderado de capital e das projees de resultados financeiros da
empresa atravs de dados macroeconmicos, setoriais e caractersticos prpria
empresa resultando no valor justo da ao da empresa.
O Captulo 11 refere-se concluso do trabalho. Este captulo busca realizar uma
reviso do tema proposto pelo trabalho, com destaque para as principais anlises e
avaliaes realizadas e s concluses que puderem ser tiradas a partir das mesmas.
Por fim, o trabalho aponta quais as contribuies proporcionadas por ele.
Ao final do documento constam as Referncias Bibliogrficas, Apndices e Anexos que so complementares ao trabalho.
1.1 O Estgio
O Estgio iniciado em Janeiro de 2006 foi realizado na rea de tesouraria da
Spinnaker Capital Group. As principais atividades realizadas no estgio estavam
ligadas s anlises quantitativas dos ativos presentes nos trs fundos administrados
pela empresa.
1.2 Histrico da Empresa
Fundada em 1999, logo aps a crise da Rssia, a Spinnaker Capital Group surgiu
devido a oportunidade de investimentos nos mercados emergentes que eram ento
considerados muito arriscados. Criada na Inglaterra, com presena no Brasil desde
sua fundao, a empresa tambm conta com escritrios em Cingapura, Tkio e Hong
Kong.
20 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
Inicialmente a empresa se especializou na aquisio de empresas ou ttulos de
empresas quebradas ou em grandes dificuldades financeiras. O objetivo principal era
obter retornos elevados, atravs da reestruturao dessas empresas.
Desde sua criao a empresa sempre contou com um crescimento bastante acelerado.
No fim de 1999 a empresa administrava pouco mais de 40 milhes de dlares em
apenas um fundo (Spinnaker Global Emerging Markets) e hoje administra 6,8
bilhes de dlares, divididos em trs fundos. O menor e mais recente possui mais de
1,1 bilho de dlares e foi criado em 2002.
Com foco em pases emergentes da sia, leste europeu e Amrica Latina, atualmente
a empresa um dos maiores Hedge Funds especializados em mercados emergentes
do mundo e busca obter retornos superiores a Libor (London Interbank Offered Rate)
atravs do investimentos em diversos ativos como aes, ttulos de renda fixa, ttulos
futuros, private equity, etc..
1.3 O Estgio e o Trabalho de Formatura
A Spinnaker Capital possui expertise em mercados emergentes, em especial em
empresas ligadas ao setor energtico. Possui atualmente diversos investimentos
localizados em todos os continentes.
Seja qual for o investimento realizado, mandatrio, devido ao alto risco das
operaes, que se avalie cuidadosamente as empresas e dessa forma consiga-se o
mais alto retorno ponderado por nves de risco aceitveis.
A rea de Private Equity em especial tem tido um grande crescimento devido ao
rescente desenvolvimento dos mercados emergentes e, como conseqncia a
obteno de retornos cada vez menores em ttulos de dvida pblica. Este tipo de
investimento consiste na aquisio, por parte do fundo, de relevantes participaes
em pequenas e mdias empresas (geralmente de capital fechado), com as quais
desenvolve parcerias ativas, participando da administrao e adicionando valor
empresa. No momento em que a empresa atinja maior grau de desenvolvimento, o
fundo aliena a sua participao, obtendo os retornos financeiros desejados.
21 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
Por isso o profundo conhecimento da indstria e das principais empresas do setor em
que se deseja realizar o investimento so fundamentais para a precisa avaliao dos
investimentos e tambm para uma administrao bem sucedida em relao a criao
de valor para a empresa.
As atividades desempenhadas no estgio incluem a elaborao de estudos setoriais e
de empresas e a elaborao de modelos econmicos que tem por finalidade realizar
avaliao econmica das empresas.
Dessa forma, as atividades realizadas no estgio foram fundamentais para a
realizao de uma anlise estratgica e econmica da Cosan.
1.4 Objetivo do Trabalho
O objetivo do trabalho , como o prprio ttulo diz, realizar uma anlise do
posicionamento estratgico e uma avaliao econmico-financeiro da Cosan S.A.
Indstria e Comrcio. Para isso, fundamental a explicitao de dados setoriais e de
mercado do setor sucroalcooleiro, alm de dados macroeconmicos, de modo a
contextualizar o mercado em que a empresa atua.
A escolha do tema foi definida com base nas atividades realizadas pelo autor em seu
estgio, na poca da elaborao do trabalho, das quais fazem parte avaliaes
econmicas. Alm disso, nota-se uma dificuldade de se avaliar indstrias do setor
sucroalcooleiro, j que as opinies acerca das empresas so bastante diversas. Tal
fato pode ser claramente comprovado atravs da volatilidade das aes de empresas
do setor listadas em bolsa de valores.
A avaliao estratgica fundamental para a anlise econmica de qualquer
empresa, por isso essa serve como suporte para uma avaliao econmica bem feita.
Alm disso, deve-se destacar as perspectivas de crescimento do setor de
combustveis alternativos em todo o mundo, tendo o lcool como um dos substitutos
mais promissores para os derivados do petrleo. Sendo a Cosan a maior e mais
eficiente empresa do setor no Brasil, a avaliao desta nos d uma grande referncia
do setor.
22 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
1.5 O Trabalho de Formatura e a Engenharia de Produo
O curso de Engenharia de Produo da Escola Politcnica tem como caracterstica
formar profissionais bastante dinmicos, que apresentam caractersticas bastante
desejadas pelo mercado de trabalho. Entre essas caractersticas, podemos destacar a
capacidade de adaptao e aprendizado de conhecimentos extra curriculares como
conceitos avanados de economia. Dessa forma, embora o presente trabalho possa
parecer em um primeiro momento um estudo meramente econmico, cabe ressaltar
que a ampla formao do Engenheiro de Produo, permite que esse realize anlises
de indstrias e de empresas de maneira bastante satisfatrias para o mercado. Isso se
deve ao fato de obter, em sua formao de engenheiro, conceitos avanados em
diversas reas do conhecimento como Administrao, Gesto da Qualidade,
Tecnologia da Informao, Logstica, Estratgia e tambm Economia.
Durante o curso, obteve-se conhecimentos suficientes para realizar as anlises que
sero feitas adiante de forma bastante eficiente e convincente. Conhecimentos
abordados em Economia, Economia de Empresas, Engenharia Econmica,
Estatstica, Contabilidade, Gesto de Tecnologia da Informao e Estratgia so
constantemente utilizados no decorrer do trabalho.
23 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
2. REVISO EM ESTRATGIA
Este captulo apresentar duas teorias desenvolvidas para a avaliao estratgica de
empresas, pesquisadas para a elaborao deste trabalho. Apesar de serem de cunho
estritamente estratgico ambas auxiliam no desenvolvimento de uma anlise
econmica que ser realizada posteriormente.
Dentre as diversas teorias existentes foram selecionadas a anlise do setor pelas
cinco foras de Porter e a anlise SWOT para avaliao da empresa, devido a grande
utilizao de ambas em todo o mercado corporativo e a atualidade de ambas.
2.1 As Cinco Foras Competitivas de Porter
Desenvolvido por Michael Porter, a teoria das Cinco Foras Competitivas de Porter
auxilia a determinar as atividades em uma indstria. Antes que uma empresa tome
qualquer deciso estratgica tais como, expandir suas operaes, adquirir novas
linhas de produo ou optar pela venda de parte de suas operaes, ela deve ser
capaz de responder a seguinte pergunta: A indstria em que a empresa est inserida
realmente atraente?. As Cinco Foras de Porter auxiliam de maneira nica na
resposta para essa pergunta.
Segundo Porter (1991) a base para a elaborao de uma teoria estratgica
competitiva relacionar a empresa ao meio-ambiente em que ela est inserida. No
entanto o conceito de meio-ambiente bastante amplo, podendo conter diversos
fatores como econmicos, sociais e ambientais. Por isso, o autor analisa que o
principal aspecto para o meio ambiente de uma empresa, a indstria em que ela est
inserida e as indstrias com as quais ela compete. Porter (1991) menciona que as
cinco foras combinadas, so capazes de determinar a concorrncia dentro da
indstria e conseqentemente afetam a lucratividade das empresas que a compem.
Segundo ele, no necessrio a utilizao de mais foras para explicar a atratividade
de uma indstria. As cinco foras so: A rivalidade interna da prpria indstria; o
potencial de barganha dos fornecedores; o potencial de barganha dos compradores;
24 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
produtos substitutos e as barreiras de entrada para novos competidores dentro da
prpria indstria.
Uma anlise das cinco foras identifica as ameaas aos lucros de todas as empresas
do setor.
Figura 1 - Foras que regem a concorrncia da indstria
2.1.1 Rivalidade Entre as Empresas Existentes na Indstria
A rivalidade entre empresas dentro do prprio setor industrial ocorre quando um ou
mais empresas do setor vislumbra a possibilidade de aumentar a sua participao
dentro do mercado ou quando se sentem pressionados pela indstria ou seus
competidores. Dessa forma as prticas mais comuns pelas empresas so:
Concorrncia de preos;
Ingresso de novos produtos;
Batalhas de publicidade;
Aprimoramento dos servios prestados aos clientes;
PRODUTOS
SUBSTITUTOS
PODER DO FORNECEDOR
RIVALIDADE INTERNA
PODER DO CONSUMIDOR
ENTRADA
PRODUTOS
SUBSTITUTOS
PODER DO FORNECEDOR
RIVALIDADE INTERNA
PODER DO CONSUMIDOR
ENTRADA
25 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
Esses movimentos podem gerar tanto efeitos positivos como negativos dentro da
prpria indstria. Se por um lado essa pode se aproveitar da competitividade para se
aprimorar, ela tambm pode ter sua rentabilidade comprometida. Na maioria das
indstrias, os movimentos competitivos de uma firma tm efeitos notveis em seus
concorrentes e pode assim, incitar retaliao ou aos esforos para conter esses
movimentos, ou seja, as empresas so mutuamente dependentes.
Algumas formas de concorrncia, especialmente a concorrncia de preos, so
altamente instveis, sendo bastante provvel que comprometa a rentabilidade da
indstria, a no ser que a elasticidade da demanda seja bastante alta. Cortes de preos
so rpida e facilmente igualados pelos concorrentes e, uma vez ocorridos, a margem
de lucro de toda a indstria ser reduzida. Por outro lado, batalhas de publicidade
podem expandir a demanda ou aumentar a diferenciao do produto na indstria com
benefcio para todas as empresas.
A rivalidade dentro da indstria conseqncia de diversos fatores estruturais, entre
esses se destacam:
Nmero de concorrentes;
Nvel de crescimento da indstria;
Custos Fixos
Ausncia de diferenciao ou Custos de Mudanas
Economias de escala
2.1.2 O Potencial de Barganha dos Fornecedores Segundo Porter (1991), os fornecedores podem exercer poder de negociao sobre os
participantes de uma indstria ameaando elevar preos ou reduzir a qualidade dos
bens e servios fornecidos. Fornecedores poderosos podem consequentemente afetar
de forma negativa a rentabilidade de uma indstria se essa no puder repassar os
aumentos de custos para os seus compradores.
26 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
Dessa forma podemos determinar o poder dos fornecedores se os fatores abaixo so
aplicveis:
dominado por poucas empresas e mais concentrado que a indstria para
qual vende seus produtos;
Ausncia de produtos substitutos para a indstria compradora, o que eleva o
poder de barganha do fornecedor;
A indstria fornecedora abastece outras indstrias com maior importncia
para o faturamento, ou seja, a indstria compradora no tem grande impacto
no faturamento da indstria fornecedora.
O produto do fornecedor um insumo importante para o negcio do
comprador, seja para o processo de fabricao ou para a qualidade do produto
final. Isso relevante, particularmente quando o insumo no estocvel.
2.1.3 O Potencial de Barganha dos Compradores
Porter (1991) afirma que os consumidores competem com a indstria forando os
preos para baixo, barganhando por melhor qualidade ou mais servios e jogando os
concorrentes uns contra os outros tudo custa da rentabilidade da indstria. O
poder de cada grupo de compradores depende de certas caractersticas quanto sua
situao no mercado e da importncia relativa de suas compras da indstria em
comparao com seus negcios totais.
Um grupo de compradores poderoso se as seguintes circunstncias forem
verdadeiras:
O grupo de compradores est concentrado ou adquire grandes volumes em
relao s vendas totais da indstria fornecedora, tendo uma grande
participao nos resultados.
Os produtos adquiridos pelo comprador so padronizados ou no
diferenciados, o que permite que ele sempre possa recorrer a fornecedores
alternativos.
27 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
Os produtos que ele compra representam uma parcela significativa de seus
custos, o que faz com que ele seja mais sensvel a variaes de preo.
A margem de lucro do comprador reduzida. Isso faz com que esse tenha
grandes incentivos para reduzir os custos das compras.
O produto da indstria no importante para a qualidade dos produtos ou
servios do comprador. Isso faz com que o comprador escolha as opes com
custos menores em detrimento da diferenciao.
O comprador tem total informao sobre a demanda, preos reais de mercado
e at mesmo sobre os custos dos fornecedores.
2.1.4 Produtos Substitutos
Produtos substitutos so aqueles que podem exercer a mesma funo que aqueles da
indstria em questo. De acordo com Porter (1991) esses produtos reduzem os
retornos potencias de uma indstria, determinando um teto para os preos que as
empresas podem fixar com lucro1. Quanto mais atrativa a alternativa de preo-
desempenho oferecida pelo produto substituto, maior ser a presso exercida sobre o
lucro da indstria.
Para avaliao dos produtos substitutos devemos considerar os seguintes fatores:
Disponibilidade de substitutos: necessrio analisar a funcionalidade dos
produtos para a identificao de substitutos.
A relao custo-benefcio dos substitutos: caso possveis produtos substitutos
tenham elevados custos em relao ao produto em questo, a ameaa , em
geral, pequena. No entanto, devemos destacar que diversos produtos novos
podem, em um primeiro momento, serem substitutos fracos, mas como o
passar do tempo tendem a ganhar importncia, pois os fabricantes movem a
curva de aprendizado para baixo, reduzindo, dessa forma, os preos.
1 O impacto dos substitutos pode ser resumido como a elasticidade global da demanda da indstria.
28 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
Elasticidade: quando o nvel de elasticidade do preo de uma indstria
grande, um aumento de preos tende a levar os consumidores a comprarem
produtos substitutos.
2.1.5 Ameaa de ovos Competidores
Segundo Porter (1991) a entrada de novas empresas em uma indstria traz maior
capacidade de produo, desejo de ganhar participao no mercado e muitas vezes
em obter recursos substanciais. Como conseqncia as receitas dos participantes
podem cair e os custos aumentarem devido ao aumento na demanda por insumos,
comprometendo a rentabilidade da indstria. Besanko et al. (2004) afirma que a
entrada de novos entrantes pode corroer o lucro ou porque os entrantes dividem a
demanda do mercado com mais vendedores, ou porque diminuem a concentrao do
mercado, aquecendo a rivalidade interna.
O risco de entrada de novos competidores depende das barreiras de entrada
existentes na indstria. Entre as principais destacam-se as seguintes:
Economias de escala: A reduo dos custos unitrios de produo por conta
de um aumento da quantidade produzida detm potencias entrantes, pois faz
com que os novos concorrentes tenham que incorrer em grandes custos
iniciais para poder ser eficiente como as demais empresas da indstria. Caso
no faa, ficar em grande desvantagem quanto ao custo de produo.
Diferenciao do produto: Empresas entrantes precisam investir pesadamente
para estabelecer a reputao da marca como as demais empresas pertencentes
a indstria.
Necessidade de capital: muitas vezes os custos iniciais de operao com
instalaes, publicidade, treinamento e P&D criam barreiras de entradas para
novos entrantes.
29 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
Custos de Mudana: aqui especificamente analisam-se os custos dos clientes,
pois se a mudana de fornecedor incorre em um elevado custo para o cliente
este dificilmente ir mudar de fornecedor.
Acesso aos canais de distribuio: Uma barreira de entrada pode ser criada
pela necessidade de a nova entrante assegurar a distribuio de seu produto.
Considerando que os canais de distribuio existentes j esto sendo
atendidos pelas empresas existentes, o entrante precisa persuadir os canais a
aceitar seus produtos.
Desvantagens de custos Independentes de Escala: As empresas estabelecidas
podem ter vantagens como know-how tecnolgico, matrias-primas,
distribuio e localizaes: patentes e localizaes exclusivas.
Proteo governamental aos dominantes: leis podem favorecer algumas
empresas muito mais do que outras.
2.2 Anlise SWOT
Segundo Carvalho (2007) todas as organizaes so afetadas por diversos fatores que
podem ser divididos em dois grandes grupos: o primeiro o ambiente externo
competitivo no qual a empresa atua e o segundo so suas caractersticas internas. A
anlise SWOT (abreviao dos termos em ingls Strengths, Weaknesses,
Opportunities, e Threats) um modelo criado por Albert Humphrey bastante
divulgado e muito utilizado para identificar estes fatores e estudar o resultado da
interao entre fatores internos e externos, sendo til para a gesto e planejamento de
um projeto ou empresa. um sistema simples para posicionar ou verificar o
posicionamento estratgico de uma empresa no ambiente em questo.
As foras e fraquezas so determinadas pelas caractersticas internas da empresa e
seu posicionamento atual dentro da indstria. J as oportunidades e ameaas so
antecipaes do futuro e esto ligadas a fatores externos.
O ambiente interno pode ser controlado pelos dirigentes da organizao, j que ele
o resultado de estratgias de atuao definidas por eles prprios. Desta forma,
30 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
quando se percebe um ponto forte da empresa, deve-se ressalt-lo ainda mais;
quando nota-se um ponto fraco, deve-se agir para control-lo ou, pelo menos,
minimizar seu efeito.
J o ambiente externo est totalmente fora do controle da organizao. Isso no
significa que no seja til conhec-lo. Apesar de no poder control-lo, pode-se
monitor-lo e procurar aproveitar as oportunidades da maneira mais gil e eficiente e
evitar as ameaas enquanto for possvel.
2.2.1 Pontos Fortes (Strengths)
Os pontos fortes de uma empresa so os recursos ou capacidades da empresa com
objetivo de obter vantagens competitivas. Entre eles podemos citar:
Patentes;
Marcas reconhecidas no mercado;
Boa reputao junto aos consumidores;
Vantagens de custos;
Fontes exclusivas de recursos;
Acesso favorvel aos meios de distribuio;
Localizao privilegiada.
2.2.2 Pontos Fracos (Weaknesses)
As caractersticas que tornam a empresa mais vulnervel frente aos seus concorrentes
e a ausncia de benefcios determinam os pontos fracos da empresa, dentre os quais
podemos citar:
Marca pouco reconhecida no mercado;
31 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
Ausncia de patentes;
Baixa reputao junto aos consumidores;
Elevada estrutura de custos;
Dificuldade na obteno de recursos;
Localizao desfavorvel.
2.2.3 Oportunidades (Opportunities)
A anlise do ambiente externo pode proporcionar oportunidades de crescimento,
ganhos de rentabilidades e fortalecimento da empresa. Entre essas, podemos citar:
Novas tecnologias;
Mudanas nas leis ou regulamentaes/queda de barreiras comerciais;
Necessidades no satisfeitas do consumidor;
Aumento do poder de compra do mercado.
2.2.4 Ameaas (Threats)
Da mesma forma que pode proporcionar benefcios, alteraes no ambiente podem
apresentar ameaas ao desempenho de uma empresa. Algumas delas so listadas a
seguir:
Entrada de novos produtos substitutos;
Diminuio do poder de compra do mercado;
Mudanas no comportamento do consumidor;
Mudanas nas leis ou novas regulamentaes.
33 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
3. REVISO EM FIAAS CORPORATIVAS
De acordo com Copeland (2002) o valor de qualquer ativo, seja ele uma mquina,
uma ao ou at mesmo intangvel como uma marca determinado pela sua
capacidade de gerao de fluxo de caixa. Por sua vez para determinar a capacidade
de gerao de fluxo de caixa devemos avaliar o perodo em que os fluxos de caixa
so gerados, os valores do fluxo de caixa e a incerteza com que so gerados.
O fluxo de caixa varia de ativo para ativo e para se determinar o valor presente do
ativo, deve-se descontar esse fluxo de caixa a uma taxa de desconto que reflita a
incerteza (risco) com que o fluxo de caixa projetado ser gerado. Quanto maior a
incerteza, maior o risco e, conseqentemente maior deve ser a taxa de desconto.
Embora existam diversas maneiras para se avaliar o valor de uma empresa, o fluxo
de caixa descontado a maneira mais difundida para se fazer tal anlise e por isso
ser a utilizada neste trabalho. Vale ressaltar que todos os modelos, se utilizados de
maneira correta, deveriam resultar em um mesmo valor, j que o resultado nico,
porm a diferena est na simplicidade do modelo. Existem outros modelos,
diferentes do que ser utilizado neste trabalho, que so aconselhveis a empresas em
situaes diversas ou a tipos especficos de empresas.
A avaliao econmica realizada neste trabalho ser realizada atravs do modelo
conhecido como Fluxo de Caixa Descontado Empresarial. Este modelo determina o
valor de mercado de uma empresa como sendo o valor de suas operaes (valor
empresarial disponvel para todos os investidores) menos o valor do endividamento e
outras formas de passivo de prioridade superior do capital ordinrio.
O valor da empresa obtido descontando-se o fluxo de caixa livre esperado da
empresa (fluxo de caixa livre igual aos lucros operacionais aps impostos da
empresa, mais encargos no-caixa, menos investimentos em capital de giro
operacional, instalaes, equipamentos e outros ativos) ao custo mdio de capital
(WACC - que considera o custo dos diferentes componentes de financiamento
utilizados pela empresa, ponderados por sua estrutura de capital alvo).
34 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
O fluxo de caixa livre o fluxo certo para esta avaliao porque reflete o fluxo de
caixa gerado pelas operaes da empresa e que est disponvel para todos os seus
provedores de capital. O fluxo de caixa livre tambm igual soma dos fluxos de
caixa pagos a ou recebidos de todos os provedores de capital (juros, dividendos,
novos emprstimos, amortizaes de emprstimos).
Valor da empresa = = +
n
ii
i
WACC
FCL
1 )1(
Equao 1 - Valor da Empresa atravs do Fluxo de Caixa Descontado
onde:
FCLi = fluxo de caixa livre da empresa no perodo
WACC = custo mdio ponderado de capital
Analisando ainda a frmula acima, notamos que os fluxos de caixa livre nos perodos
prximos anlise influenciam de maneira mais acentuada o valor da empresa. Isso
porque devemos considerar o valor do dinheiro no tempo e tambm o aumento das
incertezas com o passar do tempo.
Observando-se a projeo acima, podemos notar que o valor da empresa depender
da durao do perodo de projeo. Por isso devemos considerar um valor de
perpetuidade de maneira que o modelo no necessite utilizar perodos muito longos e
ento possa atribuir uma taxa de crescimento constante da empresa.
Dessa maneira o valor da empresa pode ser dividido em duas parcelas: a primeira
considera o valor presente do fluxo de caixa durante o perodo de previso explcita e
a segunda, o valor presente do fluxo de caixa aps o perodo de previso explcita. O
primeiro termo considera os perodos imediatamente aps o incio da anlise em que
as previses so mais precisas. O segundo termo calculado a partir do perodo
imediatamente aps o perodo de previso explcita.
A taxa de crescimento utilizada deve ser coerente com o crescimento da economia
em que a empresa est inserida. Isso devido ao fato de que se a taxa de crescimento
da empresa for muito maior que a taxa de crescimento pode levar a absurdos como o
35 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
faturamento da empresa ser maior que ao do pas em que ela est inserida. Caso a
taxa de crescimento seja menor que o crescimento da economia em que est inserida,
a empresa tenderia ao desaparecer no futuro devido a sua baixa rentabilidade.
O valor terminal de uma empresa dado pela seguinte frmula:
)(
)1(*
gWACC
gFCLVT n
+=
Equao 2 - Valor da Perpetuidade
onde:
VT = valor terminal
FCLn = fluxo de caixa livre da empresa no ltimo perodo de projeo
WACC = custo mdio ponderado de capital
g = taxa de crescimento da empresa na perpetuidade
Dessa forma o valor da empresa pode ser calculado atravs da seguinte frmula:
i
n
ii
i
WACC
VT
WACC
FCLVE
)1()1(1 ++
+=
=
Equao 3 - Valor da Empresa
onde:
VE = valor da empresa
FCLi = fluxo de caixa livre da empresa no perodo i
WACC = custo mdio ponderado de capital
VT = valor terminal
Para calcularmos o valor de mercado de uma empresa devemos, como citado
anteriormente, subtrair do valor da empresa a dvida lquida. Dessa forma:
36 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
Valor de Mercado = Valor da Empresa Dvida Lquida
Equao 4 - Valor de Mercado da Empresa
Vale ressaltar que o valor de mercado calculado atravs das frmulas apresentadas
acima reflete o valor justo de mercado para a data em que se realizaram os clculos e
no o valor real da empresa.
O valor real de uma empresa obtido multiplicando o nmero de aes pelo valor
unitrio da mesma. Esse valor nem sempre condiz com o valor de mercado e muitas
vezes podem diferir bastante.
Isso se deve ao fato de que em uma anlise de fluxo de caixa descontado diversos
fatores como o WACC e o g no serem claramente estabelecidos e terem grande
influncia no resultado final da anlise. Alm disso, devemos considerar a
arbitrariedade nos mercados que podem influenciar de maneira intensa o preo de
alguns ativos.
A dvida lquida representa o valor da empresa que est em mo de terceiros, ou seja,
quanto a empresa tomou de emprstimos e financiamentos, debntures, impostos
parcelados (dvidas de impostos que possuem subsdios do governo). No entanto,
necessrio descontar os valores de caixa e aplicaes financeiras e de ttulos e
valores mobilirios da empresa, que so valores que poderiam ser utilizados para
pagar o valor dessas dvidas.
O conceito de dvida lquida que ser utilizado deste ponto em diante, tambm
acrescentar o valor de outras contas do balano que so chamadas de contas
redutoras do valor da empresa, uma vez que as mesmas diminuem o valor para o
acionista. So consideradas contas redutoras contas do passivo as contas a pagar com
partes relacionadas, dividendos a pagar e participaes minoritrias, sendo necessrio
descontar desses ajustes as contas do ativo como crditos com pessoas ligadas,
dividendos a receber e investimentos.
37 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
3.1 Conceitos Bsicos de Contabilidade
A contabilidade a cincia especializada em captar, registrar, resumir e interpretar
fenmenos que afetam situaes patrimoniais, financeiras e econmicas de qualquer
organizao, seja ela uma empresa, entidades no lucrativas e at mesmo pessoas
fsicas.
Embora alguns autores definam diversas finalidades para a contabilidade como
controle, comunicao com o investidor, motivao dos funcionrios, meios de
verificao e planejamento; iremos utiliz-la como uma ferramenta provedora de
resultados para a elaborao de uma anlise mais elaborada. Apesar de fornecer
dados importantes sobre a empresa, os demonstrativos contbeis no so suficientes
por si s para avaliar uma empresa.
Iremos utilizar em nossa anlise futura os trs demonstrativos financeiros bsicos: O
balano patrimonial, o demonstrativo de resultados do exerccio e o demonstrativo de
fluxo de caixa. Apesar de existirem outros relatrios contbeis bsicos, julgo serem
esses serem suficientes para realizar a avaliao, alm de serem os que contm maior
quantidade de informaes relevantes para todos os interessados.
Mais importante do que entender os conceitos dos relatrios contbeis saber
interpret-los e avali-los de maneira a extrair as informaes neles contida. Por isso,
na maioria dos casos, as demonstraes contbeis so acompanhadas por notas
explicativas com o intuito de esclarecer os nmeros contidos nos relatrios.
3.1.1 Balano Patrimonial
Segundo Gitman (2002) o balano patrimonial apresenta uma descrio sinttica da
posio financeira da organizao em certa data. Essa demonstrao iguala os ativos
da empresa (o que ela possui) ao seu financiamento, o qual pode ser feito com o
capital de terceiros (dvidas) ou capital prprio (fornecido pelos proprietrios).
O Ativo representa os recursos utilizados pela empresa para operar o seu negcio
incluindo caixa, estoques e equipamentos. Esses recursos geralmente so obtidos
atravs de endividamento, atraindo novos acionistas ou atravs de suas prprias
operaes.
38 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
O Passivo uma obrigao presente da entidade, decorrente de eventos j ocorridos,
cuja liquidao resultar em uma entrega de recursos (financeiros ou no),
representando o direito que os credores tm na empresa.
A definio clssica de Patrimnio diz que ele o conjunto de bens, direitos e
obrigaes, vinculado a uma pessoa fsica ou jurdica ou a uma entidade. Tambm
pode ser entendido como o valor lquido da empresa que iguala os ativos que a
empresa possui menos as obrigaes que a empresa tem com seus credores, tambm
podendo ser definido como o direito que os investidores tem em relao aos recursos
da empresa.
Nas tabelas abaixo esto exemplificados os principais itens do Ativo, Passivo e
Patrimnio Lquido, ordenados por liquidez conforme a Lei das Sociedades por
Aes estabelece, em seu art. 178, 1, que, no ativo, as contas sero dispostas em
ordem decrescente de liquidez.
So os recursos financeiros que se encontram disposio imediata da entidade, compreendendo os meios de pagamento em moeda e em outras espcies, os depsitos bancrios vista e os ttulos de liquidez imediata.
Valores mobilirios e os outros direitos em geral decorrentes de vendas a prazo, de mercadorias e servios a clientes ou so oriundos de outras transaes que geram valores a receber
Referentes aos produtos acabados, produtos em elaborao, matrias-primas, mercadorias, materiais de consumo, servios em andamento e outros valores relacionados s atividades-fim da entidade
So as aplicaes em gastos que tenham realizao no curso do perodo subseqente data do balano patrimonial
Direitos realizveis no exerccio seguinteDireitos derivados de vendas adiantamentos ou emprstimos a sociedades coligadas, diretores, acionistas ou participantes do lucro que no constituiram negcios usuais na explorao do objeto da da companhia
ATIVO PERMAETE
Participaes permanentes em outras sociedades e os bens e direitos que no se destinem manuteno da entidade
So os bens e direitos, tangveis e intangveis, utilizados nas atividades-fim da entidade
Aplicaes de recursos em despesas que contribuiro para a formao do resultado de mais de um exerccio social, inclusive os juros pagos ou creditados aos acionistas durante o perodo que anteceder ao incio das operaes sociais
Investimentos
Imobilizado
Diferido
Estoques
REALIZVEL A LOGO PRAZO
Disponvel
ATIVO
Crdito
ATIVO CIRCULATE
Despesas Antecipadas
Figura 2 - Itens do Ativo
39 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
Obrigaes conhecidas e os encargos estimados da empresa cuja liquidao se espera que ocorra dentro do exerccio social seguinte, inclusive financiamentos para aquisio de direitos do Ativo Permanente quando vencerem no exerccio seguinte
So as obrigaes conhecidas e os encargos estimados da empresa cuja liquidao dever ocorrer aps o exerccio social seguinte
Investimentos efetuados na empresa pelos proprietrios e os decorrentes de incorporao de reservas e lucros
Representam valores decorrentes de reavaliao de ativos, retenes de lucros e de outros fatores.
Representa o saldo remanescente dos lucros (ou prejuzos) lquidos, que ainda no receberam destinao especfica
PASSIVO E PATRIMIO LQUIDOPASSIVO CIRCULATE
PASSIVO EXIGVEL A LOGO PRAZO
PATRIMIO LQUIDOCapital Social
Reservas
Lucros/Prejuzos Acumulados
Figura 3 - Itens do Passivo e Patrimnio Lquido
As empresas podem obter recursos atravs de investimentos dos prprios acionistas
(capital prprio) ou a partir da contrao de emprstimos (capital de terceiros). Por
isso importante distinguir os dois uma vez que o primeiro um item do Patrimnio
Lquido, enquanto o segundo um item do Passivo. Ao contrrio do que o senso
comum indica a obteno de recursos atravs de dvidas nem sempre prejudicial
empresa.
Quando contrai uma dvida, a empresa na verdade, promete cumprir com uma
obrigao de pagar juros fixos em relao ao tamanho da dvida por certo perodo de
tempo. Os juros de uma dvida independem do resultado da empresa.
Da mesma forma as empresas tambm buscam atrair acionistas para obter recursos
financeiros. No entanto, a empresa no promete pagar os acionistas uma quantia
especifica, em um determinado perodo de tempo. Ao invs disso, as empresas
prometem a eles um retorno sobre seu investimento que geralmente condicional ao
desempenho operacional da empresa. J que o investimento de um acionista no
garantido, ele possui um risco maior do que o risco de um credor. Entretanto
necessrio salientar que se uma empresa tem um bom desempenho, o retorno dos
acionistas geralmente maior.
Alm disso, os acionistas tm direitos secundrios em relao aos credores, ou seja,
seus direitos no podem ser atendidos antes que os direitos dos credores sejam
integralmente cumpridos.
40 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
Por esses motivos os custos de financiamento por meio de capital prprio geralmente
so superiores aos custos do capital de terceiros.
3.1.2 Demonstrativos de Resultado do Exerccio
De acordo com Gitman (2002) a demonstrao de resultado do exerccio fornece
uma sntese financeira dos resultados operacionais da empresa durante certo perodo
de tempo. So mais comuns aquelas que cobrem o perodo de um ano ou um
trimestre, geralmente coincidindo com o ano civil (com final em 31 de dezembro).
A demonstrao do resultado do exerccio, observado o princpio da competncia,
evidenciar a formao dos vrios nveis de resultados, mediante confronto entre as
receitas e os correspondentes custos e despesas.
A Demonstrao do Resultado do Exerccio (DRE) destina-se a evidenciar a
formao do lucro/prejuzo lquido do exerccio, mediante confronto das receitas,
custos e despesas incorridos no exerccio. Nela no transitam despesas e receitas de
exerccios anteriores. Esses valores se integram ao patrimnio da empresa por meio
da Demonstrao de Lucros ou Prejuzos Acumulados.
No balano patrimonial so evidenciadas duas maneiras de uma empresa obter
recursos financeiros. A primeira atravs de endividamento (aumentando o passivo) e
atraindo novos acionistas (aumentando o patrimnio lquido). O DRE explicita uma
terceira forma que atravs da operao da empresa, ou seja, a partir dos lucros
obtidos com as atividades fim da empresa.
A seguir, est exemplificado um quadro com os itens que compem a DRE.
41 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
(+) Receita de Comercializao
(+) Receitas de Vendas de Servios
(-) Vendas Canceladas
(-) Abatimentos e Descontos
(-) Impostos sobre Vendas
(=) Receita Lquida
(-) Custo dos Produtos Vendidos
(-) Custo dos Servios Prestados
(=) Lucro Bruto
(-) Despesas com vendas
(-) Despesas Administrativas
(-) Despesas Financeiras
(+) Receitas Financeiras
(-) Outras Despesas Operacionais
(+) Outras Receitas Operacionais
(=) Lucro/Prejzo Operacional
(+) Receitas No-Operacional
(-) Despesas No-Operacional
(=) Resultado do Exerccio Antes do Imposto de Renda e Contribuio Social
(-) Imposto de Renda e Contribuio Social
(-) Participao de Debntures
(-) Participao de Empregados
(-) Participao de Administradores e Partes Beneficirias
(-) Contribuies para Institues ou Fundo de Assistncia ou Previdncia de Empregados
(=) Lucro ou Prejuzo Lquido do Exerccio
(/) Nmero de Aes
(=) Lucro ou Prejuzo por Ao
DEMOSTRAO DO RESULTADO DO EXERCCIOReceita Bruta de Vendas e Servios
Dedues da Receita Bruta
Figura 4 - Modelo de DRE
3.1.3 Demonstrativos de Fluxo de Caixa
O DRE fornece os recursos financeiros envolvidos nas operaes de uma empresa,
ignorando qualquer informao sobre a fonte presente e o caixa gerado durante as
operaes. O Demonstrativo de Fluxo de Caixa resume os movimentos de entrada e
sada de caixa durante o perodo considerado. Ele oferece uma viso dos fluxos de
caixa operacionais, de investimento e financiamento da empresa e concilia tais fluxos
com as variaes dos saldos de caixa e aplicaes em ttulos nesse perodo.
Normalmente a demonstrao de fluxo de caixa dividida em trs partes da seguinte
forma:
Caixa proveniente de atividades operacionais: inclui os efeitos do caixa e
transaes envolvidas no clculo do lucro lquido;
42 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
Caixa proveniente de atividades de investimento: basicamente, caixa de
atividades no operacionais ou atividades fora da atividade fim da empresa.
Envolve itens classificados como Ativo no Balano Patrimonial e inclui
compra e vendas de equipamentos e investimentos;
Caixa proveniente de atividades de financiamento: envolve itens classificados
como Passivo e Patrimnio Lquido no Balano Patrimonial, incluindo o
pagamento de dividendos tanto quanto o pagamento de dvidas ou de aes.
3.2 Custo de Capital
Gitman (2002) afirma que o capital, assim como outros recursos financeiros,
limitado e por isso tem um custo associado a ele. Esse custo existe tanto para o
capital prprio quanto para o de terceiros e pode ser definido como sendo a taxa de
retorno que uma empresa deve conseguir nos projetos em que investe para manter o
valor de mercado de suas aes. Tambm pode ser definido como sendo a taxa de
retorno exigida pelos fornecedores de capital no mercado para que seus fundos sejam
atrados. Mantendo-se o risco constante, os projetos com taxa de retorno superior ao
custo de capital elevaro o valor da empresa e aqueles com taxa inferior iro reduzi-
lo.
O custo de capital uma taxa de retorno extremamente importante, usada pela
empresa no processo de tomada de decises de longo prazo. Como o custo de capital
a taxa de retorno crtica usada no processo de tomada de decises de investimento,
sua preciso pode afetar de maneira substancial a qualidade das decises.
Ross, Westerfield e Jaffe (2002) afirmam que caso uma empresa possua capital em
excesso, ela poder agir de duas maneiras. A primeira distribuir esse capital na
forma de dividendos para seus acionistas e a segunda investir esse excedente em
um projeto, distribuindo os fluxos de caixa futuros do projeto como dividendos.
Caso um investidor possa reaplicar o dividendo em um ativo financeiro, com o
mesmo risco do projeto, ele desejaria a alternativa com o maior retorno esperado, ou
43 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
seja, o projeto seria realizado somente se o seu retorno esperado fosse superior ao de
um projeto com risco comparvel.
Dessa forma, pode-se estabelecer que a taxa de desconto de um projeto deve ser igual
ao retorno esperado de um ativo financeiro de risco comparvel.
Vale a pena ressaltar que o custo de capital definido conforme as fontes dos
recursos disposio da empresa. Dessa forma seu valor ir depender da proporo
de capital prprio e de terceiros.
3.2.1 Custo de Capital de Terceiros
O custo de capital de terceiros pode ser definido como o custo, aps o imposto de
renda, de levantar recursos, hoje, de terceiros de modo a fazer com que esses faam
parte da estrutura de capital da empresa. Ele funo dos passivos onerosos
identificados nos emprstimos e financiamentos mantidos pela empresa.
A maioria das dvidas de longo prazo so assumidas atravs da venda de obrigaes
como debntures. Os recebimentos lquidos com a venda de uma obrigao ou de
qualquer ttulo so os fundos efetivamente recebidos com ela. Do valor total emitido
pela empresa deve-se descontar os custos de lanamento dos quais devemos destacar
os custos de underwriting que so a remunerao aos bancos de investimentos que
emitiram os papis e custos administrativos como gastos com servios jurdicos e
contbeis. Dessa forma o custo de dvida, em termos gerais pode ser determinado
atravs dos seguintes fatores:
Nvel atual das taxas de juros: como normalmente as taxas de juros
aumentam com o tempo, teoricamente, o custo de dvida da empresa tambm
crescer;
Custos associados a emisso das dvidas;
Risco de inadimplncia: quanto maior for o risco de no pagamento de suas
obrigaes, maior o custo para a empresa tomar dinheiro emprestado;
44 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
Benefcios fiscais associados aos emprstimos: devido ao fato de juros serem
dedutveis do imposto de renda, o custo da dvida aps tributao uma
funo da alquota fiscal. O benefcio fiscal decorrente do pagamento de juros
reduz o custo da dvida pois o pagamento de juros reduz o total de impostos
pagos pela empresa.
3.2.2 Custo de Capital Prprio
Gitman (2002) define o custo de capital prprio como sendo o retorno exigido pelos
investidores. Ele o mais difcil de ser estimado pelo fato de no poder ser
diretamente observado no mercado como no caso do capital de terceiros em que o
custo da dvida so os juros pagos pela dvida.
Existem diversas formas de se medir o custo do capital prprio. Pelo fato de ser o
mais difundido ser explorado nessa anlise o mtodo de precificao de bens de
capital conhecido como (CAPM Capital Asset Pricing Model).
CAPM
Os conceitos de risco de capital prprio evoluram de modelos de pensamentos no
cientficos, de teorias de investimento primrias e partiram para a anlise quantitativa
e sofisticaes tcnicas de ferramentas financeiras modernas.
At a dcada de 50, no existia o conceito de retorno relacionado ao mercado.
Retorno era simplesmente o aumento no valor de um ativo e risco era a queda do
valor do ativo. Uma das principais ferramentas dos investidores era a intuio e
elaborao de um portflio de aes era simplesmente um ato de juntar boas aes.
Os tericos financeiros se tornam mais cientficos e estatsticos no comeo dos anos
50. Harry Markowitz foi o primeiro a quantificar risco (como desvio padro) e
diversificao. Ele mostrou de forma precisa como o risco de um portflio possua
um risco menor que o risco individual de seus componentes. Posteriormente,
45 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
Breiman e Kelly mostraram que uma estratgia que explicitamente levava em conta
risco tinha um desempenho superior a todas as outras no longo prazo.
A diversificao de um portflio afeta a exposio ao risco. Ela contrabalanceia
fatores relacionados ao risco como exposio indstria e reduz significativamente o
risco especfico. No entanto, a diversificao no elimina todos os riscos uma vez
que o preo dos ativos tende a subir e descer de acordo com o movimento do
mercado. Dessa forma, o risco de mercado, no pode ser eliminado atravs da
diversificao.
Conforme investidores foram adquirindo conhecimento, criou-se a necessidade de
identificar qual a base conceitual que est por trs dos conceitos de risco,
diversificao e retorno.
O CAPM postula que o custo de oportunidade do capital prprio seja igual ao retorno
sobre os ttulos livres de risco mais o risco sistmico da empresa () multiplicado
pelo preo de mercado do risco (gio pelo risco).
As equaes tanto de () quanto do CAPM so mostradas abaixo:
[ ]( )[ ]m
ma
rEVar
rErECov )(),(=
Equao 5 - Clculo de
( ) ( )[ ] += fmfa RrERrE
Equao 6 - Clculo do CAPM
Onde:
E(ra) = retorno de um ativo
E(rm) = retorno do mercado
Rf = taxa livre de risco
= beta alavancado
46 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
O retorno de um ativo, calculado acima igual ao custo do capital prprio.
Hipoteticamente, a taxa livre de risco o retorno sobre um ativo livre do risco de
inadimplncia e desligado do retorno de qualquer outro ativo na economia.
Teoricamente a melhor taxa livre de risco seria o retorno sobre um ativo de beta igual
a zero. No entanto este ativo no existe e seria extremamente complexo construir
uma carteira com beta igual a zero. Por isso, na prtica utiliza-se a taxa de retorno de
ttulos do governo americano como por exemplo o Treasury de 30 anos.
O gio pelo risco no mercado a diferena entre a taxa prevista de retorno do
mercado e a taxa livre de risco, E(rm) Rf. . Pode se basear em dados histricos,
admitindo-se que o futuro seja como o passado ou em estimativas ex-ante que
procuram prever o futuro.
3.2.3 Riscos Associados a Mercados Emergentes
Segundo Copeland (2002), a principal diferena na avaliao de empresas de
mercados desenvolvidos e de mercados emergentes est no maior nvel de risco
presente nestas. No s necessrio considerar os riscos ligados estratgia,
posicionamento e da indstria, como se faz em mercados desenvolvidos, mas
tambm se devem considerar os riscos trazidos pela maior volatilidade dos mercados
e tambm pela maior instabilidade poltica e macroeconmica. Entre os riscos de
mercados emergentes destacam-se a inflao, volatilidade macroeconmica,
controles sobre o capital, instabilidade poltica, alteraes da regulamentao,
direitos contratuais ou de investimentos mal definidos ou de difcil aplicao e
corrupo.
Assim a equao do CAPM para empresas localizadas em mercados emergentes,
pode ser representada da seguinte forma:
( ) ( )[ ] RRrERrE fmfa ++=
Equao 7 - Clculo do CAPM para Mercados Emergentes
47 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
Onde:
E(ra) = retorno de um ativo
E(rm) = retorno do mercado
Rf = taxa livre de risco
= beta alavancado
R = risco pas
3.2.4 WACC
De acordo com Copeland (2002), a taxa de desconto aplicada ao fluxo de caixa livre
deve refletir o custo de oportunidade de todos os provedores de capital. Por isso
defini-se o Custo Mdio Ponderado de Capital (Weighted Average Cost of Capital
WACC), que leva em conta a contribuio relativa do investidor para o capital total
da empresa. O custo de oportunidade de uma categoria de investidores igual taxa
de retorno que eles poderiam esperar receber em outro investimento de risco
equivalente.
O custo para a empresa igual ao custo para o investidor menos quaisquer benefcios
fiscais percebidos pela empresa (por exemplo, benefcios fiscais proporcionados por
despesas com juros).
Dessa forma, para condizer com a definio de fluxo de caixa descontado
empresarial o WACC deve:
Ser calculado aps os impostos devidos pela empresa, uma vez que o fluxo de
caixa livre declarado depois de impostos;
Ajustar o risco sistmico aceito por cada investidor, uma vez que cada um
deles espera um retorno que remunere o risco assumido;
48 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
Refletir a mdia ponderada dos custos de todas fontes de capital, uma vez que
o fluxo de caixa livre representa o caixa disponvel para todos os
fornecedores de capital;
Utilizar taxas nominais de retorno construdas a partir das taxas reais e da
inflao prevista, j que o fluxo de caixa livre previsto expresso em termos
nominais (ou reais, caso os efeitos inflacionrios sejam desconsiderados dos
fluxos de caixa que esto sendo projetados);
Empregar as ponderaes do valr da empresa para os elementos de
financiamento, j que o valor da empresa reflete os efeitos econmicos de
cada tipo de financiamento;
Estar sujeito a mudanas durante o perodo de projeo do fluxo de caixa, por
causa de mudanas previstas da inflao, risco sistmico ou estrutura de
capital.
Aps expostos os conceitos de estrutura de capital, de capital prprio e de capital de
terceiros, o clculo de WACC fica definido atravs da seguinte frmula.
)(*)1(** de KtED
DK
ED
EWACC
++
+=
Equao 8 - Clculo do WACC Onde:
E = valor de mercado
D = valor da dvida
Ke = custo de capital prprio
t = taxa de imposto marginal
Kd = custo de dvida
49 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
3.3 Fluxo de Caixa da Empresa
O fluxo de caixa livre descontado utilizado na avaliao de uma empresa igual aos
lucros operacionais depois de impostos da empresa, mais encargos no-caixa
(depreciao e amortizao), descontando os investimentos em capital de giro
operacional, instalaes, equipamentos e outros ativos. importante ressaltar que ele
no incorpora quaisquer fluxos de caixa ligados aos aspectos financeiros, como
despesas com juros ou dividendos e itens excepcionais operao da empresa.
Dessa forma, a frmula utilizada para o clculo do fluxo de caixa livre de uma
empresa descrita a seguir:
Fluxo de Caixa Livre = [(Lucro Bruto Despesas com Vendas Despesas Gerais e
Administrativas)*(1 Alquota de Impostos)] + Depreciao e Amortizao
Variao de Capital de Giro Investimentos
Equao 9 - Fluxo de Caixa Livre de uma empresa
O lucro bruto descontado das despesas com vendas e das despesas gerais e
administrativas tambm chamado de EBIT.
Cabe ressaltar que o investimento referente ao fluxo de caixa ser denominado de
Capex ao longo do trabalho, de modo a no criar uma confuso com a conta
Investimento contido no Passivo do Balano Patrimonial.
51 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
4. ALISE DO MERCADO SUCROALCOOLEIRO
4.1 O Mercado Global de Acar
O Acar uma commodity produzida em mais de 100 pases e em sua maioria
derivado da cana-de-acar e da beterraba. De acordo com o departamento de
agricultura americano (USDA U.S. Department of Agriculture) no ano de 2006
foram produzidos cerca de 145 milhes de toneladas em todo o mundo. Com o passar
dos anos a cana-de-acar tem ganhado participao no mercado em relao
beterraba como principal cultura para a produo de acar e atualmente pouco mais
de 70% de todo acar produzido derivado da cana.
Essa supremacia deve se consolidar ainda mais nos prximos anos devido aos
seguintes fatores: 1) Reduo dos subsdios agrcolas por parte dos pases membros
da Unio Europia aos produtores de beterraba; 2) recuperao da produo de cana-
de-acar em pases asiticos; 3) expanso da rea cultivada no Brasil.
O mercado global bastante concentrado, tendo 59% de toda a produo proveniente
de apenas cinco regies, sendo o Brasil o maior produtor com cerca de 20% de toda a
produo mundial. Essas mesmas regies so as maiores consumidoras do produto,
representando 48% de todo o consumo mundial.
0 5 10 15 20 25 30
Paquisto
Russia
Australia
Tailndia
Mexico
EUA
China
India
UE
Brasil
Milhes de ton.
Fonte: USDA
Grfico 1 - Produo Mundial de Acar em 2006
52 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
0 5 10 15 20 25
EUA
China
Brasil
UE
India
Milhes de ton.
Fonte: USDA
Grfico 2 - Consumo Mundial de Acar em 2006 Segundo a USDA, a perspectiva de crescimento de 7% para a safra deste ano em
comparao a safra passada, atingindo assim 155 milhes de toneladas. Esse
crescimento se deve principalmente a expanso da produo brasileira impulsionada
pelo aumento da demanda de etanol e alta no preo do acar, alm do aumento da
rea cultivada em pases asiticos afetados por problemas climticos no ano passado.
4.2 O consumo mundial de acar
O consumo mundial de acar se mantm bastante estvel com um crescimento de
cerca de 1,4% ao longo dos ltimos quatro anos. Para melhor conhecer o consumo
mundial devemos considerar as seguintes variveis: 1) renda per capita; 2)
crescimento populacional; 3) nveis de urbanizao; 4) aspectos culturais.
Em regies em que o consumo per capita maior que 30kg por ano, o crescimento
do consumo similar ao crescimento populacional. Dessa forma, deve-se esperar um
maior aumento no consumo em regies em que o consumo esteja abaixo da mdia
mundial.
A demanda de acar bastante relacionada ao nveis de urbanizao. Pases com
maiores taxas tendem a ter um maior consumo per capita, no entanto, esse nmero
53 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
pode mudar de acordo com aspectos culturais de cada regio. Um morador de Xangai
por exemplo consome 35kg de acar por ano em mdia, contra uma mdia de 9kg
do resto da China. Dessa maneira existe um consenso de que ainda h espao para o
crescimento expressivo em mercados em crescimento como ndia e a prpria China
ou em regies com aumento acelerado da urbanizao como na frica.
4.3 Os principais fornecedores do mercado mundial
No ano de 2006 as exportaes de acar atingiram 45 milhes de toneladas, tendo o
Brasil como maior exportador com 38% de participao no mercado (cerca de 17
milhes de toneladas), seguido pela Unio Europia e Austrlia. Juntos os trs
somam 58% de todas as exportaes mundiais. Pases como ndia e China, apesar de
grandes produtores, consomem toda sua produo internamente.
Existe para os prximos anos ainda uma perspectiva do aumento da participao
brasileira devido a regulamentao da Organizao Mundial do Comrcio em relao
aos subsdios dos pases europeus. Apesar disso no existe uma perspectiva de
aumento significativo no preo do acar no mercado mundial. Alis, estima-se que
exista um excesso de produo de cerca de 3 a 5 milhes de toneladas no ano de
2007, o que evidentemente reduziria o preo do produto.
No Brasil a produo de acar deve atingir 29 milhes de toneladas contra 27
milhes de toneladas no ano passado, junto com um aumento na produo de etanol
para atender o mercado interno em expanso.
54 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
0 5 10 15 20
Cuba
Colombia
Africa do Sul
Guatemala
Tailndia
Australia
UE
Brasil
Milhes de ton.
Fonte: USDA
Grfico 3 - Maiores exportadores de Acar em 2006
4.4 O mercado brasileiro de cana-de-acar
O Brasil o maior produtor de cana-de-acar do mundo, com uma produo total de
386 milhes de toneladas do produto no ano de 2006 em um total de 6 milhes de
hectares de rea cultivada. As condies topogrficas, geolgicas e climticas
favorveis adicionadas a intensas pesquisas na rea, permitem uma elevada
produtividade e fazem com que os custos de produo no pas seja o mais baixo do
mundo. As pesquisas permitiram que, alm de uma elevada produtividade por
hectare, os gneros de cana de acar cultivados no Brasil, tambm tivessem um
elevado potencial de produo (kg de acar por tonelada de cana) e um maior
perodo de colheita.
A produo de cana no Brasil pode ser dividida basicamente em duas regies: 1)
Regio Centro - Sul (que abrange os estados das regies Sul, Sudeste e Centro-
Oeste) e concentra 85% de toda a produo nacional; e 2) Regio Nordeste que
possui 15% de toda produo brasileira.
Na regio Centro - Sul o perodo de colheita estende-se de maio a novembro,
enquanto na regio Nordeste esse perodo de novembro a maro. De maneira geral,
55 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
a cana de acar pode ser colhida de cinco a seis vezes sem a necessidade de
replantio com uma produtividade mdia de 142 ATR (quantidade total de sacarose)
por tonelada de cana.
Somente o Estado de So Paulo concentra 72,15% do total produzido em toda
Regio Centro-Sul, seguindo pelo Paran com 7,33% e Minas Gerais com 7,27% do
total produzido. Esses mesmos trs estados juntos concentram 74% dos novos
investimentos anunciados at maio de 2007 para o setor na Regio Centro-Sul. Alm
desses, a relevncia do estado de Gois deve aumentar muito nos prximos anos aps
o anncio da construo de dez novas usinas no estado at 2012.
Figura 5 - Regies Produtoras de Cana no Brasil
De acordo com a nica, existem hoje no Brasil 335 usinas em operao. Este
elevado nmero se deve ao alto custo relativo de transporte da cana-de-acar,
devido ao baixo valor agregado do produto e as limitaes com relao ao estoque
por se tratar de um produto perecvel. A distncia mdia entre as plantaes e as
usinas em torno de 30 km, enquanto o tempo de estocagem em mdia de dois
dias, j que em perodos maiores diminui o teor de acar na matria-prima.
Recentemente a produo brasileira de cana-de-acar teve um rpido crescimento
aps o perodo mais difcil que foi a safra de 2000. A entrada no mercado de
56 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
automveis dos veculos flex-fuel o principal fator para essa recuperao. Carros
equipados com essa tecnologia atualmente correspondem por cerca de 80% das
vendas no pas.
Durante a safra de 2005-06, produziu-se 386 milhes de toneladas de cana-de-acar
e estima-se que para a safra de 2006-07, ocorra um aumento de 9,6% atingindo 426
milhes de toneladas segundo a Unica, sendo 87% produzida na regio Centro-Sul e
13% na regio Nordeste que cada vez mais perde espao para as outras regies
devido as condies climticas e geogrficas menos favorveis.
Na safra de 2006-07, 50,29% da produo total de cana foi dedicada produo de
etanol, enquanto o restante utilizado na fabricao de acar. Essa proporo quase
no se alterou em relao ao ano anterior aos preos mais baixos do etanol e tambm
as perspectivas de manuteno dos altos preos do acar no mercado internacional.
Para a safra de 2007-08, espera-se que a proporo etanol/acar aumente devido
queda do preo do acar, do aumento de 20 para 25% de etanol na mistura com a
gasolina (julho de 2007) e da perspectiva de aumento do preo do barril de petrleo.
Um estudo no incio do ano de 2007, tenta prever se o crescimento da demanda de
acar e etanol ser suficiente para absorver o crescimento na produo de cana-de-
acar nos prximos cinco anos. Para tal estudo, a entidade prev que 77 novas
usinas estaro em operao na regio Centro-Sul at a safra de 2012-13. Deste total
35 esto localizadas no estado de So Paulo, 18 em Minas Gerais e 10 em Gois.
Somente esses trs estados iro corresponder a 81% das novas usinas nos prximos 5
anos.
57 Anlise do Posicionamento Estratgico de uma Empresa do Setor Sucroalcooleiro
Tabela 1 - Novos Projetos na regio Centro-Sul
06/07 12/13So Paulo 147 182 35 45%Minas Gerais 25 43 18 23%Gois 15 25 10 13%Mato Grosso do Sul 9 18 9 12%Paran 27 31 4 5%Mato Grosso 10 10 0 0%Rio de Janeiro 8 9 1 1%Esprito Santo 6 6 0 0%Rio Grande do Sul 1 1 0 0%TOTAL 248 325 77 100%
EstadoSafra ovos
ProjetosParticipao no Crescimento
Fonte: Unica (2007)
A Unica estima ainda que o total de novos investimentos atinja um total de 14,6
bilhes de dlares (sendo US$ 12,2 bilhes em novas usinas e US$ 2,4 bilhes na
expanso de usinas existentes). Espera-se ainda que a participao estrangeira neste
setor passe das atuais 11 usinas (18,5 milhes de toneladas de cana-de-acar por
ano ou 4,5% do mercado brasileiro) para 17 em 2012 (33 milhes de toneladas ou
6,5% do mercado nacional).
No total, a entidade espera que as 325 usinas em operao na regio Centro-Sul
produzam 629 milhes de toneladas de cana por ano o que corresponderia a um
crescimento de 69% em relao a safra de 2006-07. Para atender a crescente
demanda de etanol no mercado interno, a Unica espera que, alm do grande aumento
da produo, uma m