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Sandra Aparecida Nogueira de Oliveira Boffi ANÁLISE DOS INDICADORES DE DESEMPENHO DAS UNIDADES ESTRATÉGICAS DE NEGÓCIOS: uma aplicação de caso Taubaté – SP 2004

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Sandra Aparecida Nogueira de Oliveira Boffi

ANÁLISE DOS INDICADORES DE DESEMPENHO DAS UNIDADES ESTRATÉGICAS DE NEGÓCIOS:

uma aplicação de caso

Taubaté – SP

2004

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Sandra Aparecida Nogueira de Oliveira Boffi

ANÁLISE DOS INDICADORES DE DESEMPENHO DAS UNIDADES ESTRATÉGICAS DE NEGÓCIOS:

uma aplicação de caso

Monografia apresentada para obtenção d

Certificado de Especialização pelo Curso d

Especialização em MBA Gerência Empresarial d

Departamento de Economia, Contabilidade

Administração da Universidade de Taubaté.

Orientador: Prof. Dr. Edson Aparecida de Araú

Querido O i Querido Oliveira

Taubaté – SP

2004

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Ficha catalográfica elaborada pelo

SIBi – Sistema Integrado de Bibliotecas / UNITAU

B673a Boffi, Sandra Aparecida Nogueira de Oliveira

Análise dos indicadores de desempenho das unidades estratégicas de negócios: uma aplicação de caso / Sandra Aparecida Nogueira de

Oliveira Boffi - - Taubaté: UNITAU, 2004. 87f.: il. Orientador: Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira Monografia (Especialização) – Universidade de Taubaté, Departamento de Economia, Ciências Contábeis e Administração, 2004. 1. Indicadores de desempenho. 2. Estratégia de negócios. 3. Gestão de Recursos Humanos - Monografia. I. Universidade de Taubaté. Departamento de Economia, Ciências Contábeis e Administração . II. Oliveira, Edson Aparecida de Araújo Querido (orient.). III. Título.

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SANDRA APARECIDA NOGUEIRA DE OLIVEIRA BOFFI

ANÁLISE DOS INDICADORES DE DESEMPENHO DAS UNIDADES

ESTRATÉGICAS DE NEGÓCIOS: uma aplicação de caso

UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ, TAUBATÉ, SP

Data: ________________________________________ 15 / 12 / 2004 Resultado: ___________________________________

COMISSÃO JULGADORA

Prof. Dr. Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira - UNITAU

Assinatura ____________________________________________

Prof. Mestre Paulo Aurélio dos Santos - FIC

Assinatura ____________________________________________

Prof. MBA José Gustavo Dias Cândido – VW do Brasil

Assinatura ____________________________________________

Prof. Mestre Paulo César Corrêa Lindgren - UNITAU (Suplente)

Assinatura ____________________________________________

2

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3

Dedico este trabalho a meu amado

esposo, Luiz Fernando, que me apóia

em todos os momentos

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar sempre guiando meus passos. Ao Prof. Dr. Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira, pela orientação e carinho na elaboração da monografia. Ao Mestre e amigo, Antonio Carlos Tonini, pelos ensinamentos, orientação e amizade que muito têm ajudado em meu crescimento profissional e pessoal. Ao querido amigo, Jorge Fonseca da Costa, por todo o apoio na elaboração do estudo de caso. À minha mãe e irmã, pela amizade e apoio.

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BOFFI, Sandra Aparecida Nogueira de Oliveira. Análise dos indicadores de desempenho das Unidades Estratégicas de Negócios: uma aplicação de caso. 2004.87f. Monografia (Especialização, MBA em Gerência Empresarial) - Departamento de Economia, Contabilidade e Administração - ECA, Universidade de Taubaté, Taubaté,Brasil.

RESUMO

As Unidades Estratégicas de Negócios têm suas estratégias e a maioria de su

decisões baseadas e/ou acompanhadas por indicadores (medidores ou índices) d

desempenho: quantificadores que buscam sintetizar as condições objetivas do mund

real em que efetivamente a operação acontece, traduzindo em números o

identificadores a situação do ambiente, do negócio e da interação entre eles, de form

a possibilitar o reconhecimento pela organização, e, particularmente, pelos executivo

do desempenho alcançado, em quais condições e a manifestações das tendências.

utilidade dos indicadores de desempenho, portanto, vai além da quantificaçã

numérica dos resultados obtidos e do conjunto de situações que circunscrevem

operação. Pode-se assumir que os indicadores de desempenho norteiam a

organizações no julgamento da operação e fornecem o referencial para as decisõe

que definirão o seu futuro. O objetivo deste trabalho é destacar a importância d

utilização dos indicadores de desempenho em Unidades Estratégicas de Negócios n

setor de Engenharia. Utilizou-se, como método de pesquisa, o estudo de cas

realizado no departamento de Engenharia de uma indústria de grande porte. N

análise do caso foram observadas algumas inconformidades como a falta d

conhecimento de todos os marcos contratuais que deveriam ser cumpridos em cad

contrato; falta de histórico de projeto que pudesse servir de analogia para obra

posteriores, devido a indústria não ser de equipamentos seriados; estouro d

quantidade de horas orçadas em cada projeto e descumprimento de prazos pr

estabelecidos.

Palavras-chave: Gerenciamento, Indicadores de Desempenho, Unidades Estratégica

de negócios.

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BOFFI, Sandra Aparecida Nogueira de Oliveira. Analysis of performance indicator of the Strategic Business Units: a case study. 2004. 87f. Monograph (Specialization, MBin Corporate Management) - Department of Economy, Accounting and AdministrationECA, University of Taubaté, Taubaté, Brazil.

ABSTRACT

The Strategic Business Units have their strategies and the majority of their decisio

based on or accompanied by indicators (measurers or indexes) of performanc

quantifiers that aim at synthesizing the objective conditions on the real world in whi

the operation indeed happens, translating into figures or identifiers of the situation

the environment, the business and the interaction between them, in way to mak

possible the recognition, by the organization, and particularly by the executives, of th

reached performance, in what conditions and the manifestation of the tendencies. Th

usefulness of the performance indicators, therefore goes beyond the nume

quantification of the obtained results and of the varied situations, that bound th

operation, it can be assumed that the performance indicators nurture the organizatio

in the judgment of the operation and supply the referential for the decisions, which w

define the future of these. The objective of this work was to present the importance

the use of the acting performance indicators of the Strategic Business Units in th

section of Engineering. It was used as research method the case study, which w

accomplished at the Engineering department a wide range company. In the analysis

the case some inadequacies were observed: lack of knowledge of all the contractu

marks that should be accomplished, lack of report that could be used as analogy f

subsequent works since the industry is not one of serial equipment, exceeding amou

of hours estimated in each project and noncompliance of pre-established deadlines.

Key-words: Management, Performance Indicators, Strategic Business Units

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SUMÁRIO

RESUMO........................................................................................................................ 5

ABSTRACT .................................................................................................................... 6

LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... 9

LISTA DE QUADROS .................................................................................................. 10

LISTA DE EQUAÇÕES ................................................................................................ 11

LISTA DE SIGLAS ....................................................................................................... 12

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

1.1 OBJETIVOS DO TRABALHO................................................................................ 14

1.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO................................................................................ 14

1.3 METODOLOGIA DA PESQUISA ........................................................................... 14

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO .............................................................................. 15

2 UNIDADES ESTRATÉGICAS DE NEGÓCIOS..................................................... 16

2.1 O CONCEITO DAS UNIDADES ESTRATÉGICAS DE NEGÓCIOS.............................. 16

2.1.1 Vivenciar a Unidade Estratégica de Negócios........................................ 17

2.1.2 Aspectos Básicos a serem Considerados na Estruturação por UEN ..... 18

2.2 DESENVOLVIMENTO DE UMA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL POR UEN .............. 19

2.2.1 Os Níveis de Abrangência de uma UEN................................................. 19

2.2.2 Os Níveis de Influência de uma UEN ..................................................... 20

2.2.3 Componentes da Estrutura Organizacional por UEN ............................. 21

2.3 CONDICIONANTES DA ESTRUTURA POR UEN .................................................... 25

2.3.1 Fator Humano......................................................................................... 25

2.3.2 Fator Ambiente ....................................................................................... 26

2.3.3 Fator Sistema de Objetivos, Estratégias e Políticas ............................... 26

2.3.4 Fator Tecnologia..................................................................................... 27

2.4 OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO DE UMA UEN ............................................. 27

2.5 CRITÉRIOS PARA A ALTERAÇÃO DE UM NEGÓCIO PARA UMA UEN...................... 28

2.6 O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DAS UNIDADES ESTRATÉGICAS DE NEGÓCIOS 30

2.6.1 Fases do Planejamento Estratégico ....................................................... 32

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2.6.1.1 Fase I - Diagnóstico Estratégico: ........................................................ 34

2.6.1.2 Fase II - Missão da Empresa .............................................................. 36

2.6.1.3 Fase III - Instrumentos Prescritivos e Quantitativos............................ 36

2.6.1.4 Fase IV - Controle e Avaliação:........................................................... 36

3 INDICADORES DE DESEMPENHO DAS UEN.................................................... 39

3.1 A MEDIÇÃO DO DESEMPENHO DAS UEN........................................................... 39

3.2 DEFINIÇÃO DE INDICADORES DE DESEMPENHO ................................................. 41

3.3 MODELOS DE INDICADORES DE DESEMPENHO .................................................. 42

3.4 A IMPORTÂNCIA DA MEDIÇÃO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO ................... 43

3.4.1 Função dos Indicadores de Desempenho .............................................. 45

3.5 GESTÃO ESTRATÉGICA ORIENTADA POR INDICADORES DE DESEMPENHO .......... 45

3.6 A REVISÃO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO .............................................. 47

3.7 TIPOS DE INDICADORES.................................................................................... 49

3.8 REPRESENTAÇÃO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO..................................... 51

3.9 BALANCED SCORECARD (BSC) ........................................................................ 52

3.9.1 As Quatro Dimensões do BSC e seus Principais Indicadores................ 53

3.9.1.1 Dimensão Financeira .......................................................................... 55

3.9.1.2 Dimensão Cliente / Mercado............................................................... 58

3.9.1.3 Dimensão Processos de negócio internos/operacionais..................... 60

3.9.1.4 Dimensão Aprendizado e Crescimento............................................... 61

3.9.2 A Utilização do BSC na Ação Estratégica .............................................. 63

4 ESTUDO DE CASO: UMA APLICAÇÃO NA ENGENHARIA................................ 67

4.1 CONFIGURAÇÃO DA EMPRESA DO ESTUDO DE CASO......................................... 67

4.2 CONFIGURAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DA METALFFI ................. 69

4.2.1 Definição das atividades da Engenharia................................................. 71

4.2.2 Os Indicadores de Desempenho da Engenharia .................................... 76

5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 83

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 86

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Modelo de UEN......................................................................................... 1

Figura 2 - Amplitude Teórica Ideal de uma UEN....................................................... 2

Figura 3 - Interação Entre a Administração Corporativa e UEN................................ 2

Figura 4 - Fases do Planejamento Estratégico.......................................................... 3

Figura 5 - Níveis do Ambiente da Empresa............................................................... 3

Figura 6 - Processo do Planejamento Estratégico.................................................... 3

Figura 7 - Gestão Estratégica.................................................................................... 4

Figura 8 - Pirâmide da Medição Usada em Todos os Níveis da Companhia............ 5

Figura 9 - As Quatro Perspectivas do Balanced Scorecard (BSC)........................... 5

Figura 10 - Medidas Essenciais da Perspectiva de Clientes no BSC....................... 5

Figura 11 - Representação da Proposta de Valor..................................................... 5

Figura 12 - O Modelo da Cadeia de Valores para os Processos Internos................ 6

Figura 13 - Princípios da Organização Focalizada na Estratégia.............................. 6

Figura 14 - Organograma Geral da Metalffi............................................................... 6

Figura 15 - Organograma das Unidades Estratégicas de Negócios da Metalffi........ 6

Figura 16 - Disposição dos Departamentos das UEN da Metalffi............................. 6

Figura 17 - Organograma da Engenharia da Metalffi................................................ 7

Figura 18 - Fases das Atividades de Engenharia...................................................... 7

Figura 19 - Modelo de Indicador de Desempenho de Retrabalho............................. 7

Figura 20 - Modelo de Indicador de Desempenho de Custo de Retrabalho............. 7

Figura 21 - Modelo de Indicador de Desempenho de Horas Produtivas................... 7

Figura 22 - Modelo de Indicador de Desempenho de Horas Gastas por Projeto...... 8

Figura 23 - Modelo de Indicador de Desempenho de Eventos de Projeto................ 8

Figura 24 - Modelo de Indicador de Desempenho de Carga..................................... 8

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Medidas dos Objetivos Financeiros x Estratégia das UEN..................... 57

Quadro 2 - Planilha de Análise Crítica......................................................................

79

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LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 - Modelo de Indicador de Desempenho de Retrabalho........................... 77

Equação 2 - Modelo de Indicador de Desempenho de Custo de Retrabalho........... 78

Equação 3 - Modelo de Indicador de Desempenho de Horas Produtivas................. 79

Equação 4 - Modelo de Indicador de Desempenho de Horas Gastas por Projeto.... 80

Equação 5 - Modelo de Indicador de Desempenho de Eventos de Projeto.............. 81

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LISTA DE SIGLAS

AEN - Área Estratégica de Negócios

BSC - Balanced Scorecard

GE - General Eletric

UEN - Unidade Estratégica de Negócios

ROI - Retorno Sobre Investimento

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INTRODUÇÃO

No cenário atual, muitas empresas estão optando por dividirem seus negócios

em Unidades Estratégicas de Negócios, que representam agrupamentos de atividades

que possuem amplitudes de negócios, com o objetivo de buscar a otimização dos

resultados da organização. Afinal, a concorrência assume escala global e postura

cada vez mais agressiva, forçando as empresas a buscarem constante melhoria em

seus processos, produtos/serviços, rapidez e melhores preços. Todas estas mudanças

passam a exigir das organizações novos modelos de gestão.

As Unidades Estratégicas de Negócios (UEN) são empresas que

descentralizam-se em subatividades, e se espera que cada uma destas atividades

tenha vida própria, com receitas e despesas, porém respeitando estratégias, regras e

objetivos do contexto global da organização. Estas estruturas são orientadas para

negócios ou para um conjunto de negócios relacionados; tal focalização estimula o

desenvolvimento de unidades mais especializadas e sintonizadas com um tipo de

mercado, em relação a conhecimento, eficiência e especialização.

As UEN auxiliam a otimização dos resultados da organização e uma de suas

principais vantagens está na focalização do negócio, que assegura maior foco e

compreensão do mercado e desenvolvimento de competências específicas para o

negócio.

Neste ambiente, mais do que nunca, requer-se das UEN o uso de indicadores

de desempenho que funcionem como elementos básicos dentro do processo de

gestão, que sejam sistemas de medição, que reflitam todas as mudanças no ambiente,

que forneçam informações adequadas para suportar o gerenciamento do negócio e

que sejam empregados para analisar se as suposições que estão por trás das

estratégicas utilizadas são válidas ou não.

Os indicadores de desempenho devem ser desenvolvidos para auxiliar a

implantação da estratégia empresarial, devem objetivar a aprendizagem

organizacional e servirem como sinais vitais da organização. Assim, podem funcionar

como diagnósticos situacionais, em que, mais do que simples indicadores financeiros,

podem atuar como ferramentas de gerenciamento que direcionem as mudanças,

evidenciem a posição competitiva da empresa como um todo, aprimorem processos e

funcionem como ferramentas para melhor prever o futuro.

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1.1 Objetivos do Trabalho

Apresentar, de forma estruturada, a importância do desenvolvimento de

Indicadores de Desempenho efetivos que auxiliem no sistema de decisão das

Unidades Estratégicas de Negócios. E, também, identificar, através do estudo de caso,

as vantagens da aplicação de Indicadores corretos no departamento da Engenharia.

1.2 Delimitação do Estudo

O presente estudo verificou o que são Unidades Estratégicas de Negócios e o

que são Indicadores de Desempenho como sistemas de medição e verificação da

performance. Apresenta, também, a aplicação de caso na Engenharia, limitando-se,

apenas, a descrever um exemplo de aplicação de indicadores de desempenho.

1.3 Metodologia da Pesquisa

O objetivo da metodologia é propiciar o desenvolvimento de uma pesquisa que

segue a direção estabelecida por Silva e Meneses (apud Costa 2003). O objetivo da

pesquisa é a solução de problemas que ainda não têm suas respostas encontradas.

A metodologia, conforme Marconi e Lakatos, (2000) não garante o alcance da

verdade, mas ajuda a reduzir e evitar mais facilmente o erro. Ela pode ser

desenvolvida por meio da utilização de métodos e técnicas, além de outros

procedimentos científicos.

O estudo de caso é uma das muitas maneiras de se fazer uma pesquisa

científica. Segundo Gil (apud Costa 2003) sua característica principal é o estudo

detalhado de um objeto, investigando o fenômeno atual dentro do contexto real no

qual se encontra.

Segundo Tellis (apud Costa 2003), o estudo de caso pode ser dividido em três

tipos: descritivo: em que se narra uma situação; exploratório: em que as questões e

hipóteses que serão levantadas pela pesquisa podem ser definidas após o campo de

trabalho e a coleta de dados terem sido feitos; e explanatório, quando que são

vinculados fatos com suas respectivas causas.

O presente trabalho optou por utilizar como método de pesquisa o estudo de

caso descritivo, a fim de observar a utilização de indicadores de desempenho na área

de Engenharia de uma Unidade Estratégica de Negócios.

A pesquisa tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar

conceitos e idéias; seu objetivo é proporcionar uma visão geral da importância e

utilização dos Indicadores de Desempenho em Unidades Estratégicas de Negócios.

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A metodologia proposta neste trabalho é uma pesquisa descritiva associada a

um estudo de caso. As razões que levaram a desenvolver este tema foi a verificação

de várias tomadas de ações erradas, devido a utilização de indicadores ineficientes,

que apresentavam informações errôneas ou superficiais que prejudicaram a decisão

correta e a tomada de ações preventivas e corretivas pontuais para os diversos

momentos da organização, além da perda de tempo devido a constantes revisões nos

mesmos processos.

1.4 Estrutura do Trabalho

No capítulo 1 são abordados os objetivos deste trabalho, assim como sua importância,

limitações e estruturação.

O capítulo 2 apresenta a revisão bibliográfica sobre os conceitos referentes às

Unidades Estratégicas de Negócios, assim como de seu Planejamento Estratégico.

O capítulo 3 traz uma descrição da utilização de Indicadores de Desempenho.

Em seguida, o capítulo 4 analisa, por meio do estudo de caso, a aplicação dos

Indicadores de Desempenho.

No capítulo 5 são apresentadas as conclusões obtidas através do desenvolvimento do

trabalho.

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16

UNIDADES ESTRATÉGICAS DE NEGÓCIOS

Este capítulo tem por objetivo apresentar o conceito das Unidades Estratégicas

de Negócios (UEN), sua representatividade, importância, os aspectos que devem ser

considerados na estruturação de uma UEN, como é seu gerenciamento, quais são

suas responsabilidades como estrutura organizacional, níveis de abrangência, de

influência, assim como os componentes e objetivos.

1.5 O Conceito das Unidades Estratégicas de Negócios

O conceito de Unidades Estratégicas de Negócios (UEN) foi desenvolvido, em

1970 por Fred Borch, principal executivo da General Eletric (GE), que adotou como

estratégia a divisão dos negócios da empresa em um conjunto de unidades

independentes e autônomas. O objetivo era administrar estas unidades isoladamente,

como negócios próprios. Esta divisão foi recomendada para Borch pela empresa de

consultoria McKinsey.

A nova estruturação da GE se tornou necessária porque a empresa passou

por uma grande evolução, deixando de fabricar somente motores elétricos e negócios

de iluminação para tornar-se uma organização com vasta quantidade de indústrias.

Todo esse crescimento resultou, para a GE, em complexos desafios, resultado do

aumento de tecnologias necessárias, diversidade de negócios ou tamanho da

empresa e diferentes escopos internacionais.

Surgia, assim, um novo conceito de gerenciamento; cada unidade estratégica

de negócios deveria ter um segmento de mercado bem definido, garantindo, ao

executivo da empresa, o domínio de todos os aspectos que interferissem no negócio e

recursos para executar uma estratégia de sucesso com completa autonomia do

restante da empresa.

As Unidades estratégicas de Negócios (UEN), segundo Oliveira (2003, p. 90),

define-se como um “agrupamento de atividades que tenham amplitude de um negócio

e atuem com perfeita interação com o ambiente empresarial”; portanto, somente pode-

se considerar uma divisão por UEN quando houver, realmente, enfoque e abrangência

de um negócio.

As UEN são empresas que descentralizam-se em subatividades, e se espera

que cada uma destas atividades tenha vida própria, com receitas e despesas, porém

respeitando as estratégias, regras e objetivos do contexto global da organização.

Estas subestruturas são orientadas para negócios ou para um conjunto de negócios

relacionados, tal focalização estimula o desenvolvimento de unidades mais

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17

especializadas e sintonizadas com um tipo de mercado em relação a conhecimento,

eficiência e especialização.

Um dos principais aspectos abordados sobre a estruturação por UEN é que,

ela auxilia a otimização dos resultados da organização, pois, conforme menciona

Oliveira (2003, p. 90), “cada produto/serviço ou conjunto de produtos/serviços

homogêneos quanto a sua finalidade maior constitui um negócio e,

conseqüentemente, deve ser administrado como tal, apresentando os devidos

resultados”.

Uma das principais vantagens das unidades estratégicas de negócios está na

focalização, que assegura maior foco e compreensão do mercado e desenvolvimento

de competências específicas para o negócio.

1.5.1 Vivenciar a Unidade Estratégica de Negócios

De acordo com Saviani (1998), viver o negócio significa conhecer o mercado

concorrente nacional e internacional, descobrir as novas possibilidades de sair à frente

da concorrência.

Para tanto, a organização deve apresentar forte comprometimento com sua

estratégia, com a forma de desenvolver suas atividades, com a contínua busca da

satisfação dos clientes e com o objetivo de vislumbrar um modelo que se sustente

num horizonte de mais longo prazo.

Neste ambiente, Telles (2003) afirma que as UEN incorporam precisamente o

conceito de uma divisão da organização em subestruturas orientadas para negócios

ou conjunto de negócios específicos que, em geral, operam com estruturas de caráter

funcional nos demais níveis hierárquicos.

O mesmo autor afirma, também que a focalização em negócio, assegura maior

foco e compreensão do mercado (clientes, concorrentes, fornecedores, cadeia de

produção, cadeias de distribuição, mercado alvo, entre outros), desenvolvimento de

competências específicas para o negócio e gestão/controle dos resultados.

Oliveira (2003) menciona que uma empresa deve se assegurar que não alocou

amplitudes de atuação, que não reduziu exageradamente seus negócios de maneira a

inviabilizar a operacionalização de um processo administrativo por Unidades

Estratégicas de Negócios.

É apresentado, na Figura 1, um exemplo de focalização de negócio de parte da

estrutura corporativa, que estimula o desenvolvimento de unidades individuais mais

especializadas e em sintonia com determinado mercado/produto, em termos de

competências, conhecimento e eficiência e possui a abrangência ideal para UEN.

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18

Figura 1- Modelo de UEN

Fonte: Arantes (apud Telles, 2003)

1.5.2 Aspectos Básicos a serem Considerados na Estruturação por UEN

Conforme enfatiza Oliveira (2003), a estruturação de UEN deve respeitar os

conceitos intrínsecos existentes na própria expressão unidade estratégica de

negócios, em que o termo unidade conceitua um todo que não pode ser separado, e

deve ser abordado em sua amplitude ideal; o termo estratégia refere-se à interação da

UEN com os fatores externos e o termo negócios caracteriza algo que deve ser

administrado como um negócio.

Como a UEN é uma área de negócio que possui mercado externo de produtos

e serviços para o qual pode determinar objetivos e estratégias independentes, a

empresa de consultoria Arthur D. Little (ADL) (apud Oliveira, 2003) identificou que para

acompanhar esta segmentação é necessário atentar para um conjunto de regras que

definem, de forma clara, a identificação de negócios independentes:

• Concorrentes: cada unidade estratégica de negócios deve possuir um

conjunto único de concorrentes;

• Preços: todos os produtos de uma unidade estratégica de negócios devem ser

afetados por mudanças nos preços;

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19

• Clientes: as unidades estratégicas de negócios devem ter um conjunto único

de clientes bem definidos;

• Poder de substituição: todos os produtos ou serviços de uma unidade

estratégica de negócios devem ser substituíveis, não devendo existir produtos

ou serviços substitutos em diferentes UEN;

• Desligamento ou liquidação: todos os produtos ou serviços pertencentes a

determinada unidade estratégica de negócio devem ser independentes do

restante da empresa.

Do conjunto de regras apresentadas, as três primeiras representam o conjunto

de produtos ou serviços de cada UEN, e as duas regras restantes o total domínio da

UEN sobre seus produtos e serviços que podem ser alterados ou substituídos por

outros, de acordo com as necessidades, porém sempre respeitando os objetivos da

organização.

1.6 Desenvolvimento de uma Estrutura Organizacional por UEN

A estrutura organizacional de uma UEN deve ser desenvolvida considerando

que é dinâmica e que as funções da administração corporativa devem ser utilizadas

como instrumentos facilitadores no alcance dos objetivos determinados. Portanto,

torna-se necessário considerar alguns aspectos básicos para se criar uma UEN.

Para o desenvolvimento de uma estrutura organizacional por UEN, conforme

afirma Oliveira (2003), é preciso considerar um modelo básico, com o nível de

abrangência, os níveis de influência, os componentes e os condicionantes.

1.6.1 Os Níveis de Abrangência de uma UEN

Segundo Oliveira (2003), o nível de abrangência de uma UEN deve ser

desenvolvido com uma perfeita interação com a administração corporativa, para que o

executivo responsável se sinta perfeitamente adaptado para administrá-la e apresentar

para a administração corporativa os resultados esperados. Os níveis estão divididos

em:

• Nível corporativo: neste nível são definidos a estratégia, as políticas e os

objetivos corporativos, bem como sua disseminação e acompanhamento. É

exatamente neste nível que se visualiza o conjunto de empresas quanto ao

seu objetivo maior;

• Nível de UEN: nível de abrangência de um negócio, que deve ser

desenvolvido respeitando os objetivos estabelecidos pelo nível corporativo,

por meio da administração corporativa;

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20

• Nível da empresa: neste nível é representado o sistema básico para o

delineamento da estrutura organizacional.

Então, pode-se concluir que a estruturação por UEN, assim como sua

amplitude de controle, é determinada pelo fator humano que se encontra na posição

de responsável pela alta administração da empresa.

1.6.2 Os Níveis de Influência de uma UEN

De acordo com Vasconcellos (apud Oliveira, 2003), existem fatores que

interagem no delineamento de toda e qualquer estrutura organizacional para os quais

os executivos devem estar atentos procurando obter o equilíbrio entre os três níveis

considerados (estratégico, tático e operacional), pois uma situação de equilíbrio

caracteriza uma interação otimizada no processo decisório de cada UEN:

• Nível estratégico de influência da UEN: o planejamento estratégico é

uma ferramenta que possibilita ao executivo analisar o ambiente externo e

definir as melhores diretrizes a serem seguidas. Neste nível são

desenvolvidas estratégias que respeitam a abordagem estratégica da

corporação, para evitar que a administração coorporativa se torne confusa;

• Nível tático da influência: este nível de influência é extremamente

utilizado em uma UEN, pois é nele que se começa a preparar o que

realmente deve acontecer. Deve ser desenvolvido em conjunto com o

planejamento tático, que trabalha para otimizar determinada área, ou seja,

define o funcionamento adequado;

• Nível operacional de influência: relacionado ao desenvolvimento e

operacionalização dos planejamentos operacionais de uma UEN, o nível

operacional pode ser considerado como a formalização por meio de

documentos escritos, da metodologia de desenvolvimento e implementação

estabelecidos. Este nível cria as condições para uma adequada realização

dos trabalhos da UEN; é considerado uma parte específica de uma

estrutura organizacional por UEN.

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21

1.6.3 Componentes da Estrutura Organizacional por UEN

Vasconcellos (apud Oliveira, 2003, p. 95) considera que “podem ser

identificados quatro componentes da estruturação por UEN, a saber: responsabilidade,

autoridade, comunicação, e o processo decisório em si”.

• Sistema de responsabilidade: estabelece a rede hierárquica de

responsabilidades correspondentes à distribuição das atividades a serem

executadas pelos executivos. É a alocação das atividades, conforme a

quantidade de atividades executadas, em que deve ser determinada a

quantidade de autoridade delegada, que se evidencia na interação da UEN

com a administração corporativa. Existem alguns aspectos básicos do

sistema de responsabilidades que podem ser encontrados:

Forma de departamentalização: é a divisão das atividades de acordo

com um critério específico de homogeneidade e corresponde a uma

forma de efetuar o agrupamento de atividades e recursos (humanos,

financeiros, materiais e equipamentos) em uma mesma UEN. Existem

diversas formas de departamentalizar: por projetos, quantidade, UEN,

processos, clientes, produtos ou serviços, funcional, territorial, matricial

e mista. Para a escolha do modelo a ser utilizado, a análise do

executivo deve levar em consideração os objetivos da empresa;

Equilíbrio entre as atividades-fim e atividades meios: Em UEN, o

principal executivo tem sob seu domínio todas as atividades-fim, que

conduzem o negócio por estarem estruturadas para atender o mercado

e outros fatores ambientais ou externos. Já as atividades meio muitas

vezes podem ser de responsabilidade da administração corporativa, e

existem com o objetivo de atender as atividades-fim. Em outras

palavras, as atividades-fim servem para a condução do negócio e as

atividades meio podem ser consideradas corporativas, como:

suprimentos de matérias primas e de imobilizados; várias atividades de

recursos humanos; análise de mercados e controladoria e finanças,

entre outras. O equilíbrio entre a divisão destas atividades deve ser

estudado pela corporação e pela UEN, a fim de garantir ao executivo

autonomia sobre o negócio;

Atribuições: são definidas levando-se em consideração as diversas

funções executivas como o planejamento, organização, direção,

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22

pessoal e controle e também considerando quais atribuições são de

responsabilidade da UEN e quais são da organização.

• Sistemas de autoridade: apresentam alguns aspectos básicos, como a

delegação, descentralização e centralização; amplitude de controle e níveis

hierárquicos, de acordo com Vasconcellos (apud Oliveira, 2003). São

sistemas responsáveis pela distribuição de poder na UEN e devem ser

estabelecidos criteriosamente a fim de evitar atritos desnecessários entre a

corporação e a UEN. A autoridade pode ser formal (delegada pelo superior

hierárquico imediato) ou informal (adquirida), também pode ser classificada

em hierárquica e funcional, e esta última é muito utilizada em estruturação

por UEN, pois a administração coorporativa é responsável por muitas

atividades meio:

Delegação: é a transferência de autoridade de um chefe para um

subordinado, mas perante a corporação o superior continua com a

responsabilidade a ele atribuída;

Descentralização e centralização: depende da quantidade de

concentração do poder decisório distribuído ou não entre os níveis de

uma organização. A própria UEN é um exemplo do processo de

descentralização e a administração corporativa um exemplo de

atividade centralizada;

Amplitude de controle: de elevada importância na estruturação por

UEN, significa a quantidade de colaboradores que um chefe pode

supervisionar pessoalmente, de maneira adequada.

Conforme Oliveira (2003) essa amplitude deve ser estudada

adequadamente, pois se for baixa indica que o executivo não tem sob

seu comando algumas das atividades necessárias para que, realmente,

esteja exercendo a função de responsável pelo negócio. Mas, em

contrapartida, se ela for elevada, significa que outros executivos estão

repetindo as mesmas atividades e neste caso estas atividades devem

ser corporativas.

É apresentada, na Figura 2, uma situação teórica ideal de

amplitude de UEN, e embora exista uma abordagem ideal, é necessário

respeitar a realidade de cada UEN, a atuação de seus principais

executivos e a forma de administração corporativa, pois não é possível

encontrar uma forma única de amplitude das UEN: o executivo deve

tratar cada caso analisando suas particularidades.

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23

Figura 2 - Amp

Fonte: Oliveira

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(2003)

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24

um resultado a ser alcançado. De acordo com Drucker (apud Oliveira,

2003) deve ser efetuada uma análise das decisões para estabelecer qual a

estrutura organizacional ideal e, para tanto, devem-se considerar os

seguintes itens:

Que decisões devem ser necessárias para o desempenho ser

indispensável à realização dos objetivos?

De que tipo são essas decisões?

Em que nível da empresa devem ser tomadas?

Que atividades elas acarretam ou afetam?

Que executivos devem participar dessas decisões? Quais devem ser

previamente consultados?

Que executivos devem ser informados, depois de tomadas as

decisões?

Drucker (apud Oliveira, 2003) também analisa o aspecto dos pontos mais

baixos em que deve e pode ser tomada a decisão e apresenta duas regras :

A decisão pode ser tomada no nível mais baixo e mais perto possível da

cena de ação; e

A decisão sempre deve ocorrer no nível exato necessário para a correta

consideração plena de todos os objetivos afetados.

O mesmo autor afirma que, em um processo decisório, o executivo da UEN

deve apresentar e consolidar decisões efetivas quanto à forma de atuação, pois tem

sob seu comando toda a equipe básica necessária para consolidar os resultados

esperados; a responsabilidade por esses resultados; a autoridade hierárquica sobre

todas as atividades e um processo decisório eficaz. Ele menciona as partes

integrantes do sistema de decisão como:

• Dado: ponto de partida identificado, mas quando considerado de uma

forma isolada não conduz à compreensão de um fato ou situação, é um

elemento identificado em sua forma bruta;

• Informação: é a consideração de dados, ou dado trabalhado, que

permite ao executivo tomar uma decisão;

• Decisão: é a escolha feita pelo executivo entre vários caminhos

alternativos, gera determinado resultado, pois é o delineamento de um

futuro estado de coisas que podem ser verdadeiras ou falsas, a decisão

permite uma visão factual da situação presente e futura;

• Ação: é o resultado da operacionalização de uma determinada decisão

visando o alcance de determinados resultados; e

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25

• Resultado: é a conseqüência resultante de um processo de decisão, é o

produto final de um sistema decisório.

1.7 Condicionantes da Estrutura por UEN

Vasconcellos (apud Oliveira, 2003) apresenta como condicionantes da

estrutura organizacional os fatores: humano; ambiente da empresa; sistema de

objetivos, estratégicas e políticas e o fator tecnologia.

Ansoff (apud Oliveira, 2003) estabelece que quando há uma estruturação por

UEN, deve haver negociação e aproveitamento das oportunidades de mercado, visto

que, visto que à medida que uma UEN evolui, freqüentemente desenvolve

competências únicas. Quando se define o estabelecimento das UEN deve ser feita

uma análise da estrutura organizacional, principalmente devido a ser considerada uma

especialização por finalidade.

1.7.1 Fator Humano

A estruturação por UEN é uma das formas de departamentalização que mais

evidencia a importância do fator humano no delineamento da estrutura organizacional.

A eficiência das estruturas, segundo Oliveira (2003), depende de sua qualidade

intrínseca, bem como do valor e da integração das pessoas que ela organiza, portanto,

pode-se afirmar que no desenvolvimento de uma estrutura organizacional eficiente,

devem ser considerados o comportamento e os conhecimentos individual e das

equipes que terão que desempenhar as funções que lhe forem atribuídas.

Todo executivo deve trabalhar com e por meio de pessoas, já que, são estas

que realizam os trabalhos que permitem alcançar os objetivos estabelecidos pela

organização.

Simeray (apud Oliveira, 2003) afirma que o coeficiente humano que pondera a

qualidade da estrutura é resultado das pessoas, do nível de conhecimento que elas

possuem em relação à estrutura, e da sua motivação para fazer a estrutura funcionar

da forma melhor possível.

As UEN devem estabelecer um processo de avaliação de desempenho e de

capacidade com o objetivo de evitar possíveis problemas com a equipe, o que poderia

causar um desequilíbrio na sua atuação; no estilo de administração da empresa e

disfunções no seu desenvolvimento e consolidação.

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26

1.7.2 Fator Ambiente

Segundo Oliveira (2003, p.108), “ambiente é o conjunto de todos os fatores

externos à corporação, UEN ou empresa que, de forma direta ou indireta,

proporcionam ou recebem influência sobre a referida organização”.

Quando uma UEN considera o fator ambiente, deve também avaliar o processo

de interação com seu ambiente, ou seja, com a estratégia inicial à época do

nascimento da empresa; à avaliação contínua das constantes mudanças no ambiente

relevante à UEN e o efeito em sua estrutura organizacional.

Ackoff (apud Oliveira, 2003, p.108) apresenta outro aspecto que deve ser

considerado; enfoca que o fator ambiente e a estrutura organizacional são aspectos da

análise do fluxo de decisões, na qual são identificadas as decisões administrativas

necessárias para dirigir uma UEN e a relação entre elas, conforme roteiro:

Identificar as pessoas, fora da UEN, cujas necessidades e desejos a empresa

pretende atender;

Determinar como essas necessidades ou desejos são comunicados à UEN; e

Determinar como a informação necessária é registrada e transmitida a outras

pessoas na UEN.

Os fatores ambientais são de extrema importância, e é por meio da sua

interação que se consolida a abordagem estratégica de uma determinada UEN. Em

outras palavras, a interligação de fatores ambientais ou externos com fatores internos

da UEN consolida a sua abordagem estratégica.

1.7.3 Fator Sistema de Objetivos, Estratégias e Políticas

Este fator é diretamente influenciado pela estrutura organizacional, visto que,

quando os objetivos, as estratégias e políticas estão bem definidos e entendidos por

toda a organização cada membro do grupo sabe o que é esperado dele e a

estruturação dos diversos processos se torna mais simples.

Entretanto, é necessário que inicialmente os objetivos, estratégias e políticas

sejam claramente definidos e estabelecidos entre toda a UEN. O fator mais importante

dentre estes itens é a política, que corresponde, conforme Oliveira (2003, p. 109), ao

“instrumento administrativo que interliga a administração corporativa à UEN.”

A Figura 3 apresenta a forma de interação entre a administração corporativa e

a UEN.

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27

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28

• Utilização de uma administração voltada para resultados e sustentada por

responsabilidades;

• Criação de um clima competitivo interno saudável;

• Desenvolvimento de uma visão otimizada com a sinergia empresarial;

• Simplificação e estruturação do processo de planejamento;

• Formulação de estratégias com mais qualidade;

• Direcionamento das atividades para vantagens competitivas aproveitando a

focalização do processo para negócios específicos em determinados

mercados;

• Maior interação de habilidades e conhecimentos entre as UEN, e

administração corporativa, aprimorando o modelo de gestão.

Além dos objetivos propostos existem outras vantagens, de acordo com o tipo

de negócio, mas cada um destes objetivos, mesmo que analisados separadamente,

consolida e valida a estruturação de uma organização por UEN.

1.9 Critérios para a Alteração de um Negócio para uma UEN

A alteração de um negócio para o estabelecimento de unidades estratégicas de

negócios não apresenta critérios rígidos a serem seguidos, mas, conforme Oliveira

(2003), existem alguns critérios básicos que devem ser estudados e analisados a fim

de se adequar à situação específica da UEN, da empresa ou grupo empresarial.

O critério principal é aquele ligado à relação produto x mercado, em que o

estabelecimento de uma UEN está inerente às características de mercado, como a

disposição de preços, qualidade e estilo vinculados, clientes semelhantes,

necessidades fundamentais iguais e mesmos concorrentes.

É aconselhável que cada UEN atenda às necessidades de um segmento de

mercado externo, desde que não tenha como mercado os correspondentes a outras

UEN dentro da mesma administração corporativa, ou seja, da mesma organização.

Existe, porém, algumas formas que se relacionam com custos, como os custos

de produção, de distribuição compartilhada e de tecnologia. Day (apud Oliveira, 2003)

estabelece uma definição diferenciada para estas formas:

• o uso do critério de orientação por mercados deve ser empregado quando

houver uma grande situação de complexidade de mercado, com existência

de muitos produtos ou serviços alternativos e diferentes usos em distintas

situações; e

• o uso do critério de orientação para o custo do produto ou serviço deve ser

utilizado em situação contrária a anterior.

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29

Outros critérios também devem ser considerados no estabelecimento de uma

UEN, (Oliveira, 2003), como:

• faturamento médio equivalente a 10% em relação as outras UEN da mesma

organização;

• quantidade média de produção em 10% em relação as outras UEN;

• alto nível de sinergia tecnológica;

• vantagem competitiva real e considerável;

• segmento de mercado em crescimento;

• melhor adequação geográfica;

• resultado líquido eficaz;

• missão ou negócio único e independente das outras UEN da mesma

organização;

• conjunto de concorrentes definidos de forma clara;

• competir em mercados específicos;

• ter um responsável pelo planejamento, resultados e recursos;

• fornecer produtos e serviços que requerem habilidades e recursos similares;

• ter estratégia concentrada em um único segmento de mercado;

• ser grande o suficiente para conseguir a atenção da administração

coorporativa; e

• parecer e agir como negócio independente.

Para (Oliveira, 2003), em uma estruturação por UEN exige uma filosofia

competitiva; quanto mais se aumenta o nível de diversificação de uma empresa torna-

se mais difícil estabelecer suas estratégias, tornando-se necessário a criação de

novas UEN. Ansoff (apud Oliveira, 2003) estabelece que ao se estruturar uma UEN,

deve haver características próprias de negociação e de aproveitamento de mercado.

Prahalad e Hamel (apud Oliveira, 2003) consideram que em uma empresa

composta por diversas unidades estratégicas de negócios, nenhum destes negócios

pode ser considerado responsável por manter uma posição viável em produtos e

serviços essenciais, muito menos justificar o investimento requerido para gerar uma

liderança mundial em alguma competência essencial.

Conforme Oliveira (2003), os executivos responsáveis pelas UEN, na ausência

de uma visão mais abrangente determinada pela administração corporativa, tendem a

sub investir, concebendo os concorrentes da mesma forma como se visualizam. A

medida que uma unidade estratégica de negócios evolui, acaba por desenvolver

competências únicas.

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30

1.10 O Planejamento Estratégico das Unidades Estratégicas de

Negócios

Antes de iniciar um planejamento estratégico, existem algumas perguntas cujas

respostas, conforme afirma Oliveira (2003), podem auxiliar as UEN no entendimento e

definição das melhores estratégias:

• Quanto à definição do negócio de uma UEN:

Qual é o ramo da UEN?

O que a UEN vende?

O que a UEN valoriza como negócio?

Quais são e onde estão seus mercados?

Como podem seus mercados mudarem com o tempo?

• Quanto à identificação dos fatores-chaves para o sucesso de uma UEN:

O que, realmente, faz a diferença entre sucesso e fracasso no negócio

da UEN?

Como se pode diferenciar as UEN vencedoras das perdedoras?

Como poderão os fatores-chaves mudarem com o tempo?

Como a UEN pode influenciar e modificar esses fatores?

• Quanto à análise do posicionamento competitivo dos maiores concorrentes das

UEN:

Em relação aos fatores de sucesso, onde a UEN se situa em relação a

seus concorrentes?

A UEN, ou algum de seus concorrentes, possue alguma vantagem

competitiva exclusiva?

Como a posição competitiva de uma UEN poderá mudar com o tempo?

• Quanto ao desenvolvimento de estratégias para alcançar os objetivos da UEN:

Como a UEN pode utilizar melhor de suas vantagens contra as de seus

concorrentes, e desenvolver ou adquirir uma vantagem competitiva real,

sustentada e duradoura?

Como uma UEN pode criar seu próprio futuro?

As estratégias estão perfeitamente definidas e discriminadas dentro da

UEN?

As estratégias da UEN são consideradas como filosofia de toda

corporação?

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31

• Quanto à construção do plano de negócio:

Quais as necessidades da UEN em termos de desenvolvimento de

produto, marketing, produção, entre outros?

Há Retorno Sobre Investimento (ROI) satisfatório? Pode a UEN arcar

com os investimentos necessários ao seu desenvolvimento?

O que a UEN deve fazer para implementar sua estratégia?

Uma UEN, conforme afirma Oliveira (2003), estabelece uma forma de relação

da empresa com o mercado, mas o mercado relaciona-se com a empresa através das

áreas estratégicas de negócios.

A Área Estratégica de Negócios (AEN), segundo Oliveira (2003), é uma parte

ou segmento de mercado por meio da qual uma empresa, utilizando-se de suas UEN,

relaciona-se de maneira estratégica. Uma AEN é uma área de oportunidade com

necessidades atendidas em função de cliente e distribuição geográfica ou tecnologia

utilizada. Cada UEN é responsável por desenvolver uma ou mais AEN, cabendo ao

executivo identificar e avaliar as oportunidades.

Oliveira (2004, p.47) faz a seguinte definição sobre o planejamento estratégico: Planejamento estratégico é o processo administrativo que

proporciona sustentação metodológica para se estabelecer a melhor

direção a ser seguida pela empresa, visando ao otimizado grau de

interação com o ambiente e atuando de forma inovadora e

diferenciada.

O planejamento estratégico normalmente é de responsabilidade dos níveis

mais altos da empresa, se refere à formulação de objetivos a serem seguidos e ao

rumo e direção a serem tomados, levando sempre em consideração as condições

externas e internas da empresa, assim como sua evolução esperada.

Para que uma unidade estratégica de negócios defina seu planejamento

estratégico de forma precisa com a missão da empresa e coerente com sua posição

no mercado, ela deve entender o que espera desse planejamento. Segundo Oliveira

(2004), uma empresa espera do planejamento estratégico:

• Conhecer e aperfeiçoar a utilização de seus pontos fortes e suas vantagens

operacionais para desenvolver a maneira mais apropriada e vantajosa de

utilizá-los, pois os mesmos proporcionam uma grande vantagem no ambiente

empresarial;

• Descobrir seus pontos fracos, sua operação inadequada e eliminá-los ou

minimizá-los, já que são variáveis controláveis que proporcionam uma

desvantagem competitiva;

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32

• Conhecer e aproveitar as oportunidades externas que possam favorecer suas

ações estratégicas. A oportunidade é uma força ambiental incontrolável pela

empresa, mas somente favorece qualquer ação estratégica, quando é

conhecida;

• Identificar as ameaças e os obstáculos em tempo hábil para uma tomada de

providências. As ameaças também são forças ambientais incontroláveis pela

empresa, mas desde que conhecidas poderão ser evitadas;

• Desenvolver um plano de trabalho que apresente as premissas básicas que

deverão ser consideradas; as expectativas da empresa; os caminhos que

deverão ser seguidos, incluindo os possíveis caminhos alternativos em caso de

necessidade; planos de ação detalhados que apresentem informações como o

quê, como, quando, por quem, para quem, por que e onde estes planos de

ação devem ser utilizados, e alocação de recursos.

Portanto, o planejamento estratégico, conforme Oliveira (2004), deve

apresentar um correto direcionamento de esforços para pontos comuns; a forma

detalhada do que deve ser feito pela empresa; consolidar o entendimento de todos em

relação à missão da empresa, aos propósitos a que se destina, às macroestratégias,

às macropolíticas, à postura estratégica, aos objetivos funcionais e gerais, aos

desafios, às metas políticas e aos projetos da empresa, além de estabelecer um

período factível de trabalho levando em consideração as prioridades estabelecidas e

as exceções.

O planejamento estratégico é responsável por transformar os planos da

empresa em realidade, por isso deve ser detalhado o suficiente para garantir ao

executivo da empresa informações suficientes para a definição da execução.

O conhecimento de uma metodologia para utilização do planejamento

estratégico é de essencial importância, conforme afirma Urwick (apud Oliveira, 2004,

p. 65) “nada podemos fazer sem a teoria”.

1.10.1 Fases do Planejamento Estratégico

Para Oliveira (2004), quando se considera a metodologia para o

desenvolvimento do planejamento estratégico existem duas possibilidades:

Primeiramente se define, em termos a empresa como um todo, objetivando

descobrir aonde a empresa quer chegar e depois deve ser estabelecido

como se encontra a empresa, para que a mesma consiga chegar na

posição desejada; ou

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33

Primeiramente se define, em termos da empresa como um todo, qual é a

sua situação atual e depois se estabelece a situação que a empresa deseja

chegar.

Cada uma dessas duas possibilidades é possível se encontrar diferentes

vantagens, no primeiro caso encontra-se grande possibilidade do uso da criatividade,

afinal, o processo não possui grandes restrições e no segundo caso o executivo da

UEN consegue visualizar por completo a situação antes de iniciar o planejamento

estratégico.

Lorange e Vancil (apud Oliveira, 2004) mencionam que não existe uma

metodologia universal e única para o desenvolvimento do planejamento estratégico; as

empresas se diferem em tamanho, tipos de operações, em formas de organização,

filosofia e estilo administrativo.

Oliveira (2004) apresenta quatro fases básicas e essenciais para a elaboração

e implementação de um planejamento estratégico eficaz, conforme Figura 4, mas

observa-se que esta metodologia deve ser adaptada às condições e realidades

internas e ambientais de cada empresa:

Fase I - Diagnóstico estratégico

Fase II - Missão da empresa

Fase III - Instrumentos prescritivos e quantitativos

Fase IV - Controle e avaliação

Diagnóstico

estratégico Missão da

empresa

Controle e

avaliação

Figura 4 - Fases do Planejamento Estratégico

Fonte: Oliveira (2004)

Instrumentos

prescritivos e

quantitativos

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34

Fase I - Diagnóstico Estratégico:

Esta fase também pode ser chamada de auditoria de posição, consiste na

determinação da situação atual da empresa levando-se em consideração informações

representativas dos ambientes interno e externo da empresa.

O diagnóstico estratégico pode ser dividido em quatro etapas:

• Identificação da Visão: são analisados os anseios e as expectativas da

alta administração da empresa dentro de um determinado período de

tempo. Estas informações serão avaliadas posteriormente, uma vez que

podem estar distorcidas diante das reais oportunidades e ameaças

ambientais.

• Análise Externa: fase responsável por analisar o ambiente externo à

empresa verificando as ameaças e oportunidades que podem ser evitadas

ou aproveitadas. Deve considerar uma série de tópicos como:

O mercado nacional e o regional;

O mercado internacional;

A evolução tecnológica;

Os fornecedores;

Os aspectos econômicos e financeiros;

Os aspectos socioeconômicos e culturais;

Os aspectos políticos;

As entidades de classe;

Os órgãos governamentais;

O mercado de mão-de-obra; e

Concorrentes

Na análise externa é necessário distinguir oportunidades ambientais

e oportunidades da empresa. Conforme afirma Kotler (apud Oliveira, 2004,

p. 70) “a chave da oportunidade de uma empresa repousa sobre a questão

de se poder fazer mais por essa oportunidade ambiental que os seus

concorrentes”.

Outro aspecto que deve ser considerado é a divisão do ambiente em

duas partes conforme (Oliveira, 2004), facilita o entendimento do ambiente

externo:

Ambiente Direto: refere-se ao conjunto de fatores aos quais a empresa

tem condições de identificar, avaliar e medir.

Page 37: ANÁLISE DOS INDICADORES DE DESEMPENHO DAS … · Monografia (Especialização, MBA em Gerência Empresarial) - Departamento de Economia, Contabilidade e Administração - ECA, Universidade

35

Ambiente Indireto: refere-se ao conjunto de fatores que a empresa tem

condições de identificar, mas que no momento não consegue avaliar e

medir, como, por exemplo, as variáveis culturais.

Os ambientes podem ser visualizados conforme Figura 5.

(

(i

Figura 5 - Níveis do Ambiente da Empresa

Fonte: Oliveira (2004)

• Análise Intere neutros da

consegue ide

apresentados

verificados na

Produtos e

Novos pro

Promoção

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Comercial

Sistema d

Estrutura

Tecnologi

Supriment

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Recursos

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Recursos

Controle e

• Análise dosexterna, mas

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AMBIENTE INDIRETO

nfluência não identificável)

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AMBIENTE DIRETO

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titucio

ação;

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ganiz

s;

strial

uman

minis

empr

ance

valia

oncoeve se

tificaç

EMPRESA

análise interna são verificados os pontos fortes, fracos

a. O ponto neutro é toda variável que a empresa não

, no momento, quanto a ponto forte ou fraco. São

rme Oliveira (2004), alguns fatores que devem ser

interna:

os atuais;

serviços;

nal;

ações;

acional;

;

os;

tração;

esariais;

iros/finanças; e

ção.

rrentes: esta etapa é parte integrante da análise

r vista separadamente, já que seu resultado garante à

ão de vantagens competitivas.

Page 38: ANÁLISE DOS INDICADORES DE DESEMPENHO DAS … · Monografia (Especialização, MBA em Gerência Empresarial) - Departamento de Economia, Contabilidade e Administração - ECA, Universidade

36

Fase II - Missão da Empresa

A missão da empresa pode ser dividida em:

• Estabelecimento da missão da empresa: a missão da empresa deve ser

definida levando-se em consideração a necessidade de satisfazer o

mercado, não devendo ter como foco o simples oferecimento de produtos e

serviços. Kotler (apud Oliveira, 2004);

• Estabelecimento dos propósitos atuais e potenciais: os propósitos

devem ser estabelecidos de acordo com a missão da empresa;

• Estruturação e debates de cenários: os cenários devem ser

desenvolvidos com informações oriundas do sistema de informações

estratégicas. Devem apresentar determinados momentos no futuro;

• Estabelecimento da postura estratégica: a postura estratégica da

empresa é a forma através da qual a empresa se posiciona em relação ao

ambiente;

• Estabelecimento das macroestratégias e macropolíticas: visa o

enquadramento da estratégia da empresa.

Fase III - Instrumentos Prescritivos e Quantitativos

Os instrumentos prescritivos apresentam o que deve ser feito pela empresa,

para consiga alcançar sua missão. São divididos em:

• Estabelecimento de objetivos, desafios e metas: através do uso de

técnicas que utilizem a interseção dos fatores externos, internos entre

outros;

• Estabelecimento de estratégias e políticas funcionais: com a

finalidade de estabelecer as diretrizes a serem tomadas pela empresa;

• Estabelecimento dos projetos e planos de ação: que respeitem as

políticas e estejam de acordo com as estratégias da empresa.

Os instrumentos quantitativos, conforme Oliveira (2004), são projeções

econômico-financeiras realizadas pelo planejamento orçamentário e devem estar de

acordo com a estrutura organizacional da empresa;

Fase IV - Controle e Avaliação:

Fase que verifica e controla o andamento das ações rumos à situação

almejada pela empresa.

Na figura 6 é possível verificar o processo de planejamento estratégico.

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37

O processo inicia-se a partir da VISÃO

Algumas vezes irrealista quanto aos “destinos” da empresa e submetida a uma avaliação racional e

criteriosa das:

OPORTUNIDADES AMEAÇAS

Em termos de:

• Mercados a explorar

Que prejudicarão a empresa e

• Recursos a gastar suas oportunidades

Considerando a realidade da empresa e de seus

CONCORRENTES

com seus

PONTOS FORTES PONTOS FRACOS

PONTOS NEUTROS

Tudo isso “dentro” do horizonte estabelecido para

MISSÃO

E que deve conduzir a escolha de

PROPÓSITOS

A partir de detalhes de

CENÁRIOS

Respeitando a

POSTURA ESTRATÉGICA

Que possibilita o estabelecimento de

MACROESTRATÉGIAS

MACROPOLÍTICAS

Mais realistas que as expectativas e desejos, como base para a formulação de

DESAFIOS E METAS

Quantificados, que permitirão o estabelecimento, em nível funcional, de

ESTRATÉGIAS E POLÍTICAS

Capazes de:

• Tirar proveito dos pontos fortes e oportunidades; e

• Evitar ou eliminar os pontos fracos e ameaças da empresa e que devem ser traduzidos em

PROJETOS E PLANOS DE

AÇÃO

Destinados a operacionalização do plano estratégico através do

ORÇAMENTO ECONÔMICO-

FINANCEIRO

Figura 6 - Processo do Planejamento Estratégico

Fonte: Oliveira (2004)

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38

Desta forma, é possível verificar passo-a-passo o processo de planejamento

estratégico como um todo, bem como o envolvimento de todas as suas fases.

Conforme salienta Oliveira (2004), é necessário que seja feito controle e avaliação no

desenvolvimento de cada passo do planejamento estratégico.

Neste capítulo foram abordados os principais aspectos referentes às Unidades

Estratégicas de Negócios (UEN), seus principais conceitos, representatividade,

importância, estruturação, gerenciamento, quais são suas responsabilidades como

estruturas organizacionais, níveis de abrangência, de influência, assim como os seus

componentes e objetivos.

Procurou-se, ainda, apresentar o que uma Unidade Estratégica de Negócios

deve analisar na definição de seu Planejamento Estratégico, o que deve ser buscado

com ele e quais são as fases para o correto desenvolvimento de um planejamento

estratégico adequado e eficiente.

No capítulo seguinte será apresentada a definição de Indicadores de

Desempenho e sua utilização como métricas de controle nas Unidades Estratégicas

de Negócios.

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39

INDICADORES DE DESEMPENHO DAS UEN

Este capítulo tem por objetivo apresentar a importância de se medir o

desempenho das Unidades Estratégicas de Negócios, visto que, o mercado exige das

empresas um sistema de informações gerenciais que possibilite analisar a situação

atual e determinar estratégias coerentes com os diversos níveis de competitividade e

melhoria contínua.

Na era do conhecimento, com o surgimento de um novo mundo competitivo

onde a informação, o domínio das operações, o entendimento dos processos, e a

aproximação dos clientes se fazem extremamente necessários para o

desenvolvimento de uma organização competitiva, é fundamental estabelecer

estratégias inovadoras e métodos de medição de desempenho do andamento dessas

estratégias, com o objetivo de garantir seu cumprimento na totalidade.

Neste ambiente, onde a maioria das organizações está operando por meio de

unidades estratégicas de negócios muito mais próximas dos clientes, mais do que

nunca precisa-se de métricas de controle, de indicadores de desempenho que

direcionem as estratégias da organização para o atendimento dos objetivos

estabelecidos.

Além de indicadores financeiros são necessários outros indicadores que atuem

como ferramenta de gerenciamento do desempenho, que direcionem as mudanças,

evidenciem a posição competitiva da empresa, aprimorem processos e funcionem

como ferramenta para melhor prever o futuro.

Além de aferir permanentemente se seu desempenho está compatível com o

planejamento estratégico estabelecido, as Unidades Estratégicas de Negócios

precisam gerenciar seus processos supervisionando seus indicadores de

desempenho, a fim de evitar conseqüências negativas em sua performance.

1.11 A Medição do Desempenho das UEN

O simples ato de medir desempenho reúne um conjunto de atividades,

pressupostos e técnicas que visam verificar e quantificar variáveis e atributos de

interesse do objeto a ser analisado, conforme Kiyan (2001).

Kiyan (2001) afirma que através da medição pode-se conhecer a capacidade

do sistema e os níveis de desempenho atingíveis pelos diversos processos, mas o

ponto relevante do processo de medição é obter as informações necessárias sobre

onde se deve concentrar as ações e onde devem ser disponibilizados os recursos a

fim de se alcançar as melhorias desejadas.

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40

Moreira (2002, p. 22) afirma que “as organizações necessitam

permanentemente aferir se o seu desempenho está compatível com as premissas

estratégicas estabelecidas”, já que os desvios no plano estratégico podem resultar em

perda de competitividade. Com o objetivo de evitar tal conseqüência negativa para a

organização, se estabelece que o gerenciamento dos diversos processos de uma UEN

seja supervisionado por Indicadores de Desempenho.

Kiyan (2001) enfatiza que a meta básica, atrás do desejo de qualquer

organização na busca da medição de desempenho, é a melhora na compreensão

organizacional, que, por sua vez, permite que as decisões e ações a serem tomadas

sejam mais corretas.

Axson (apud Marccelli, 2000, p. 13), faz a seguinte analogia: Quando dirigimos um carro, o painel de controle nos fornece muitas

informações, em tempo real, que nos auxiliam na tomada de decisão

imediata que muitas vezes temos que fazer sem, no entanto, nos

fornecer informações desnecessárias. Alguns indicadores como os

níveis de combustível e óleo, velocidade, temperatura do motor e

talvez a rotação do motor são suficientes para um monitoramento

contínuo. Ao mesmo tempo, sensores podem estar monitorando

outros indicadores também importantes para o bom funcionamento do

automóvel, mas que irão alertar você somente se ocorrer algum

problema, como por exemplo, uma luz vermelha que lhe alerta

quando o motor estiver superaquecido – e ainda bem que lhe

proporcionando tempo suficiente para fazer ajustes que corrigirão o

problema. Em resumo, o painel de controle lhe fornece a informação

que você precisa no momento certo sem lhe inundar com todas as

informações.

Conforme Kiyan (2001), os sistemas de desempenho foram criados com o

objetivo de monitorar e impulsionar as organizações para o sucesso. Porém, deve-se

destacar que a medição de desempenho não consta somente de um processo de

coleta de dados, mas um sistema de informações de alerta destinado à satisfação dos

clientes.

Em Kaydos (apud Kiyan, 2001), o desempenho é medido em uma organização

para diversas finalidades:

• Comunicação das estratégias e esclarecimento dos valores;

• Identificação de problemas e oportunidades;

• Diagnosticar problemas;

• Entendimento do processo;

• Definição de responsabilidade;

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41

• Melhorar o controle e planejamento;

• Identificar quando e onde a ação é necessária;

• Guiar e mudar comportamentos;

• Tornar o trabalho realizado visível;

• Favorecer o envolvimento das pessoas;

• Servir de base para um sistema de remuneração;

• Tornar mais fácil o processo de delegação de responsabilidade.

Para Ñauri (apud Kiyan, 2001, p. 26), a medição de desempenho permite

“oferecer uma visão, tanto vertical como horizontal do desempenho organizacional. A

visão vertical refere-se à gestão dos recursos da organização e a visão horizontal à

gestão de resultados”.

Conforme Kiyan (2001), a medição de desempenho pode ser empregada para

retratar tanto o âmbito interno quanto o externo da organização:

• Âmbito interno: empregados, clientes e fornecedores internos, insumos de

produção, produtos, serviços, atividades, processos, modelos de gestão,

unidades de negócios, entre outros;

• Âmbito externo: produto em campo, clientes e fornecedores externos,

marca, concorrentes, cadeia de suprimentos, comunidade, todos entre

empresas do mesmo setor, entre outros.

1.12 Definição de Indicadores de Desempenho

Os indicadores de desempenho buscam reconhecer as importantes dimensões

da organização, medir a situação atual e se o andamento das possíveis ações

estabelecidas estão compatíveis com as metas propostas e com o prazo estabelecido.

Segundo Telles (2003, p. 213), os indicadores de desempenho são: quantificadores que buscam sintetizar as condições objetivas do

mundo real em que efetivamente a operação acontece, traduzindo em

números ou identificadores a situação do ambiente, do negócio e da

interação entre eles, de forma a possibilitar o reconhecimento, pela

organização, e particularmente pelos executivos, do desempenho

alcançado – e em que condições – e da manifestação de tendências.

Portanto, pode-se afirmar que os indicadores de desempenho oferecem

subsídios para que as organizações tomem as decisões acertadas sobre seus

processos, sua operação e seu futuro, fazendo valer, assim, a premissa de que os

indicadores são muito mais do que simples quantificações numéricas de resultados

isolados obtidos através de operações da organização.

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42

O indicador de desempenho é uma ferramenta gerencial, que visa atingir as

metas definidas pela organização. Deve indicar onde e quais melhoramentos devem

ser conduzidos de modo a otimizar os processos, assim como destacar as áreas onde

o desempenho é satisfatório. São, portanto, instrumentos de análise fundamentais ao

executivo (Kardec, Flores e Seixas, 2002).

Os executivos precisam implementar constantemente mudanças

organizacionais com o objetivo da organização sanar problemas operacionais, se

adaptar ao mercado e implementar melhores práticas. Para tanto, os indicadores são

essenciais, por fornecerem subsídios para direcionar as mudanças, possibilitando

maximizar a eficiência e a melhoria através da verificação constante do processo.

O uso de indicadores imprecisos, que não traduzem a realidade dos fatos ou a

falta de interpretação correta das informações apresentadas nos indicadores, leva à

tomada de decisões inadequadas e à perda de controle da situação por parte da

direção.

Segundo Kardec, Flores e Seixas (2002), a principal função dos indicadores é

indicar as oportunidades de melhoria dentro das organizações, os pontos fracos, os

problemas e evitar as não-conformidades. Os indicadores devem fornecer valores que

representem informações racionais e objetivas, que quantifiquem o desempenho e

eliminem o nível de subjetividade das medidas.

1.13 Modelos de Indicadores de Desempenho

Martins (apud Kiyan, 2001) apresenta o resultado de uma extensa pesquisa

que teve por objetivo eliminar ou minimizar os problemas dos indicadores tradicionais

e determinou uma série de características comuns, segundo a opinião de vários

autores:

• Ser congruente com a estratégia competitiva;

• Ter medidas financeiras e não financeiras;

• Direcionar e suportar a melhoria contínua;

• Identificar as tendências e progressos;

• Facilitar o entendimento das relações causa-e-efeito;

• Ser facilmente inteligível para os funcionários;

• Abranger todo o processo, desde o fornecedor até o cliente;

• Ser dinâmico;

• Influenciar a atitude dos funcionários;

• Avaliar o grupo e não o indivíduo.

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43

Martins (apud Kiyan, 2001) constatou que após as primeiras publicações e

livros sobre a necessidade de aperfeiçoamento dos indicadores de desempenho, com

início na década de 80, teve início, na década de 90, o processo de novos modelos

propostos pela literatura, dentre os quais são identificados:

• SMART “Performance Pyramid”

• Sistema de Medição para Competição Baseada em Tempo

• Modelo de Medição para Valor Adicionado

• Estruturas de Indicadores de Gestão

• Desempenho Quantum

• Modelo de Desempenho para Manufatura Classe Mundial

• Sete Critérios do Desempenho

• Sistema de Medição de Desempenho Integrado e Dinâmico

• Balanced Scorecard

Neste trabalho optou-se por utilizar o modelo de Indicador de desempenho

Balanced Scorecard (BSC), de Kaplan e Norton, para monitorar o desempenho dos

objetivos segundo as metas traçadas pela estratégia da organização. O Balanced

Scorecard retrata e monitora uma estratégia definida pela organização de forma

inovadora, o que se aplica ao estudo proposto.

1.14 A Importância da Medição dos Indicadores de Desempenho

Segundo Telles (2003, p. 210), para considerar a importância da utilização da

informação em uma abordagem sistêmica, em face aos novos desafios, a questão que

surge é “como examinar o desempenho da organização nas diferentes dimensões em

que ele deve ser analisado e como determinar se as hipóteses e os procedimentos

adotados nessa avaliação são efetivamente confiáveis”.

Rummler e Brache (apud Moreira, 2002) declaram que a medição do

desempenho é o ingrediente chave, uma vez que a sua ausência influencia no

desempenho das organizações e do ser humano, e explicam que sem medição:

• o desempenho não está sendo gerenciado;

• não se pode identificar adequadamente os problemas, nem estabelecer um

conjunto de prioridades;

• as pessoas não podem compreender totalmente o que se espera delas;

• as pessoas não têm certeza de que seu desempenho é adequado ou não;

• não pode haver base objetiva e eqüitativa para recompensas (como aumentos,

bônus, promoções) ou punições (como ações disciplinares, rebaixamento,

demissão);

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44

• não há gatilho para as ações de aperfeiçoamento do desempenho;

• o gerenciamento é um conjunto de adivinhações desordenadas.

As organizações precisam constantemente verificar se o seu desempenho está

compatível com as estratégias estabelecidas, já que desvios no plano estratégico

empresarial resultam em conseqüências negativas e perda de competitividade. Neste

sentido, os Indicadores de desempenho precisam refletir a performance da empresa,

agir como sinais vitais da organização, demonstrando um diagnóstico situacional da

posição da organização no tocante à sua missão, estratégia e metas.

Conforme Moreira (2002), os indicadores de desempenho, quando associam a

missão, estratégia, metas e processos de uma Unidade Estratégica de Negócios com

a satisfação dos clientes, tornam-se um fator fundamental para a gestão da mesma,

sendo um sinal vital da organização.

Kaplan e Norton (2000) apresentam a importância dos objetivos empresariais

serem entendidos, divulgados e medidos, além de serem de conhecimento e

possuírem interligação em todos os níveis da empresa.

Harrington (apud Moreira, 2002) acrescenta e enumera a importância de

realizar medições corretas: conduz ao entendimento do que realmente está ocorrendo,

avalia onde estão as reais necessidades de mudanças, além de avaliar o seu impacto

na organização; assegura que os ganhos realizados não sejam perdidos, corrige

situações que estão fora de controle, auxilia o estabelecimento de prioridades, decide

o momento de se aumentar as responsabilidades e determina o momento em que

deve ser providenciado

O controle e a compreensão do desempenho, conforme Telles (2003), deve ser

estudado e entendido através de três níveis de gerenciamento:

• Nível operacional: a eficiência econômica ou também lucratividade é a

principal referência;

• Nível estratégico: a capacidade cooperativa e competitiva da

organização concentra a importância da análise;

• Nível normativo: o foco se constitui na legitimidade, definida como

potencial de atendimento das necessidades e reivindicações dos

indivíduos que compõem a organização.

Telles (2003, p. 211) conclui que o gerenciamento e a administração destes

níveis “poderia ser avaliado pelo êxito operacional, pela inteligência estratégica e pelo

aperfeiçoamento normativo”.

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45

1.14.1 Função dos Indicadores de Desempenho

Para a elaboração de indicadores de desempenho devem ser verificados os

processos que serão utilizados para o cumprimento dos objetivos anteriormente

estabelecidos, já que a adoção de processos diferentes, pode conduzir a respostas

diferentes das esperadas.

O comportamento da organização como um todo e em suas partes deve ser

analisado. A função dos indicadores de desempenho é fornecer um conjunto integrado

de informações das diversas áreas analisadas.

Harrington (apud Moreira, 2002) afirma que os indicadores de desempenho

atuam com a função de aperfeiçoar o gerenciamento das organizações, e enumera os

seguintes principais motivos para sua utilização:

• Concentram a atenção da organização em fatores responsáveis para a

realização da sua missão;

• Evidenciam a eficiência com a qual são utilizados os recursos;

• Auxiliam no estabelecimento de metas e monitoração das tendências;

• Fornecem os dados que determinam as origens e as causas dos erros

cometidos;

• Identificam onde estão as melhores oportunidades para o aperfeiçoamento

contínuo;

• Fornecem meios para descobrir a posição da empresa, se está ganhando ou

perdendo;

• Monitoram o desenvolvimento.

1.15 Gestão Estratégica Orientada por Indicadores de Desempenho

O grande desafio na gestão estratégica de uma empresa, conforme Moreira

(2002), é supervisionar a implementação de seus objetivos estratégicos. Assim,

durante as etapas de implementação são necessárias algumas ações, como

diagnosticar o desvio, entender as causas deste desvio, identificar interações

existentes e priorizar ações que maximizem a realização do objetivo proposto, ou seja,

é necessário conseguir o domínio da situação.

Nas últimas duas décadas, segundo Kaplan e Norton (2000), teóricos em

gestão, a imprensa especializada e os consultores especializados se concentraram em

desenvolver melhores estratégias, que tivessem a função de agregar mais valores

para as organizações conseguirem um desempenho superior. Porém, somente a

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46

escolha de uma estratégia precisa não é suficiente para garantir o sucesso de uma

organização.

A capacidade de executar a estratégia é mais importante que a própria

estratégia (Kaplan e Norton, 2000); em outras palavras é necessário ter o domínio da

implementação do objetivo estratégico. Para obter este domínio é fundamental que o

desempenho seja medido, caso contrário, não estará sendo gerenciado e não será

possível fazer ajustes no processo.

Conforme Rummler e Brache (apud Moreira, 2002, p. 9), “uma organização só

pode ser maior do que a soma de suas partes quando a organização é gerenciada”.

Mas, para realizar o gerenciamento de uma organização é necessário que seu

desempenho seja medido e o resultado compreendido.

Para Kaplan e Norton (1997) se o desempenho de uma organização não está

sendo medido, a organização não está sendo gerenciada. A medição do desempenho

deve estar apoiada em medições corretas e coerentes com a realidade ao qual a

organização se encontra.

Kardec, Flores e Seixas (2002) afirmam que somente a gestão estratégica

estruturada de uma organização pode não conduzi-la ao sucesso. É necessária,

também a visão ampla do seu segmento de negócio. A Figura 7 apresenta uma gestão

estratégica por meio de indicadores de desempenho e a comparação com os

concorrentes.

r

Fig

Fo

• Planejamento

Estratégico

• Metas

• Orçamento

ura 7 - Gestão Estratégica

nte: Kardec, Flores e Seixa

COMPARAÇÃO

INTERNACIONAL

s (2002)

ANÁLISE

Opera

Acompanhar

Desempenho

Avaliar

Levantamento

de Dados

Propostas de

Melhorias

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47

1.16 A Revisão dos Indicadores de Desempenho

As crescentes alterações no cenário mundal fizeram com que as organizações

reavaliassem vários de seus preceitos e os indicadores de desempenho representam

um dos temas que na década de 90, conforme Kiyan (2001), passaram por um

processo de revisão.

Conforme Neely (apud Kiyan, 2001), existiram sete grandes fatores que

contribuíram para a necessidade de revisão do conceito dos indicadores de

desempenho:

• Mudança da natureza do trabalho: geralmente os indicadores tradicionais

alocam os custos indiretos levando em consideração o trabalho direto. Os

custos de mão de obra direta sofreram uma diminuição da representatividade

nos custos totais do produto para muitas indústrias, resultando no problema de

distorção na maneira de se rastrear os custos indiretos, gerando, com isso,

informações distorcidas acarretando problemas organizacionais;

• O aumento da competição: devido ao aumento da concorrência, as empresas

foram forçadas a reduzir custos e fornecer maiores vantagens para seus

clientes, o que afetou consideravelmente os indicadores de desempenho de

três maneiras:

Necessidade de competir em outras dimensões, além do custo, como

qualidade de serviço, flexibilidade, velocidade, entre outros, forçando as

organizações a buscarem informações sobre seu desempenho;

Devido a alterações no posicionamento estratégico, as empresas foram

forçadas a mudar as medidas de desempenho. Este alinhamento revelou

um importante benefício: “as medidas de desempenho podem ser

mecanismos muito úteis para incentivar o processo de implementação da

estratégia” (Kiyan, 2001, p. 27);

A descoberta de que os indicadores também servem como meio de

comunicação para que os colaboradores visualizem o que é importante

para o desenvolvimento do negócio;

• Iniciativas de melhorias específicas: devido a competição extremamente

acirrada, as organizações buscam formas potenciais para melhorar a eficácia

do negócio, e utilizam novas filosofias de gestão, programas da qualidade,

tecnologias de processo, entre outros, com o intuito de melhorar o

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desempenho dos produtos, serviços, processos e do negócio como um todo.

Portanto, é necessário utilizar informações para descobrir o desempenho da

empresa e revelar áreas e problemas, entre outros;

• Prêmios internacionais e nacionais da qualidade: com o objetivo de

promover e reconhecer organizações com melhorias expressivas foram

estabelecidos vários prêmios da qualidade, tanto nacionais quanto

internacionais;

• Mudanças dos papéis organizacionais: segundo Neely (apud Kiyan, 2001),

os gerentes de recursos humanos assumiram um papel mais ativo no

desenvolvimento de indicadores de desempenho, causando impacto desde as

influências das medidas sobre o comportamento dos funcionários, até o

desenvolvimento de sistemas de recompensa baseados no desempenho.

Várias organizações passaram a adotar posturas ativas em relação aos

indicadores de desempenho;

• Mudanças de demandas externas: para atender a grande variedade de

demandas externas, as empresas devem possuir informações sobre seu

desempenho;

• O poder da tecnologia da informação: conforme menciona Kiyan (2001, p.

38) “a tecnologia da informação possibilitou não só a ampliação da capacidade

de se coletar e analisar os dados, como também o de melhorar a apresentação

e disseminação da informação”.

Estas mudanças começaram a se destacar a partir da década de 70, e

conforme afirma Kiyan (2001) esta época caracteriza a mudança de um ambiente com

perfil comprador mais estável para o perfil mais agressivo e exigente. Este novo

contexto acaba impondo novos desafios ao modo de se administrar as empresas.

Todos estes fatores contribuíram para o desenvolvimento de Indicadores de

Desempenho atualizados com o mercado competitivo, capazes de expressar a

situação atual da organização com informações precisas, fazendo com que a mesma

consiga desenvolver um planejamento estratégico capaz de corrigir os problemas

detectados, desenvolver as melhorias necessárias e controlar todo o seu processo de

maneira satisfatória.

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49

1.17 Tipos de Indicadores

Conforme Kardec, Flores e Seixas (2002), os indicadores precisam quantificar

o desempenho e eliminar o nível de subjetividade das medidas que são utilizadas em

sua medição, além de tornarem possíveis as comparações entre dados coletados ao

longo do tempo.

Os mesmos autores dividem os indicadores de desempenho nos seguintes

tipos em relação aos dados: índices(ratio), coeficientes e taxas (rate), parâmetros e

porcentagem (%).

• Índice (ratio): todo indicador que indica ou denota alguma qualidade ou

característica especial. Exemplos:

Índice analítico: relação entre valores de qualquer medida ou

gradação;

Índice cronológico: indicadores cujas entradas são ordenadas

cronologicamente por fatos históricos, datas, seqüência de

atividades, entre outros;

Índice de audiência: indicador de proporção da audiência de uma

emissora, em relação ao total de receptores ligados, num

determinado horário;

Índice de precisão: o inverso da raiz quadrada do dobro da variância

ao quadrado;

Índice do custo de vida: indicadores de preços que constituem o

dispêndio regular de um consumidor típico, tomando-se como fator

de ponderação a importância relativa de cada bem no orçamento do

consumidor;

Índice de diversidade: distribuição proporcional entre número de

espécies e o de indivíduos em uma comunidade;

Índice de modulação (amplitude): razão entre a máxima variação de

amplitude de onda portadora e a amplitude da onda portadora sem

modulação;

Índices de manutenção: são relações entre duas ou mais grandezas

provenientes de dados levantados sobre diversas variáveis das

equipes de manutenção, das máquinas, dos valores envolvidos, dos

materiais e dos sobressalentes, entre outros. Servem para medir o

desempenho das máquinas e a capacidade técnica dos elementos

humanos, bem como as conseqüências financeiras, administrativas

e organizacionais sobre os processos produtivos.

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50

• Coeficientes (grau, nível): são indicadores de desempenho cuja

propriedade tem algum corpo ou fenômeno que pode ser avaliado

numericamente. Exemplos:

Coeficiente angular ou linear;

Coeficiente de atrito;

Coeficiente de acoplamento;

Coeficiente de aproveitamento;

Coeficiente de rigidez;

Coeficiente de elasticidade;

Coeficiente de viscosidade;

Coeficiente de correlação;

• Taxa (rate, proporção): é a relação entre duas grandezas. Exemplos:

Taxa de crescimento populacional;

Taxa de colesterol no sangue;

Taxa de falha;

Taxa de reparo;

Taxa de juros;

Taxa de mortalidade infantil;

Taxa de risco;

• Parâmetros: variável ou constante a qual, numa relação determinada ou

numa questão específica, se atribui um papel particular e distinto do das

outras variáveis ou constantes. Todo exemplo cuja variação de valor

modifica a solução de um problema sem lhe modificar a natureza. Exemplo:

Parâmetros de distribuição de falha e de tempo para reparo de

equipamentos;

Entre outros;

• Percentagem ou porcentagem: parte proporcional calculada sobre uma

quantidade de 100 unidades. Exemplos:

65% dos equipamentos instalados falharam durante o ano passado.

Os custos de manutenção aumentaram 20% com relação ao ano

anterior.

Entre outros.

Segundo Kardec, Flores e Seixas (2002), os indicadores de desempenho

podem ser apresentados na forma de dados absolutos, relativos e tabelas e gráficos.

Page 53: ANÁLISE DOS INDICADORES DE DESEMPENHO DAS … · Monografia (Especialização, MBA em Gerência Empresarial) - Departamento de Economia, Contabilidade e Administração - ECA, Universidade

51

Os indicadores devem ser selecionados levando-se em consideração sua capacidade

de orientar, diagnosticar e melhorar a forma de alcançar os objetivos estabelecidos

pelas empresas.

1.18 Representação dos Indicadores de Desempenho

Os Indicadores de Desempenho normalmente são expressos da seguinte

forma:

• Com um elemento que indique o contexto da medida. Exemplos:

desempenho de equipamentos, peças produzidas, gestão operacional,

entre outros;

• Com número que indique o valor de uma variável. Exemplos: quantidade de

horas, quantidade de erros, entre outros. Ou, quando da razão entre dois

valores de duas variáveis de grandezas diferentes ou não, expressas na

forma percentual. Ex. defeitos por área de processo; horas trabalhadas por

funcionário; retorno sobre o capital investido; índice de retrabalho e total de

horas produtivas em relação ao total trabalhado, entre outros;

• Unidade de medida que indique o tipo de grandeza de cada uma das

variáveis envolvidas. Ex. horas, reais, peças, metros, entre outros;

Os Indicadores de desempenho, conforme Figueiredo (2002), estão sempre

ligados a uma meta ou padrão e devem ser mostrados por meio de unidades de

medidas que sejam claras para todos aqueles que fazem uso de suas informações

para a tomada de decisões.

Figueiredo (2002) traz que as informações dos indicadores de desempenho

devem orientar as atividades apontadas em todos os níveis da organização, desde o

nível mais alto até o nível operacional, e suas medidas devem apresentar como é

realizado o trabalho em todos os níveis, devendo se interconectar, formando uma

pirâmide, conforme Figura 8 e descrição:

Unidades de medida ou indicadores tecnológicos: começam na base da

pirâmide para elementos individuais de um processo, produto ou serviço;

Unidades de medida ou indicadores que servem para sumariar os dados

básicos (porcentagem de defeitos por processo específico, documentos,

componentes de produtos, ciclos de serviços, pessoas, entre outros);

Unidades de medida ou indicadores que servem para expressar a qualidade de

departamentos, seus processos, produtos e/ou serviços;

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52

Unidades de medida ou indicadores administrativos superiores e financeiros

(índice, taxas, entre outros.), que servem às necessidades dos altos níveis da

organização: corporativo, divisional e funcional.

Medidas administrativas

e financeiras

Medidas de qualidade, comparando-a com nossos

competidores

Medidas que ajudam a estabelecer qualidade

departamental e de processos

Medidas tecnológicas para elementos individuais de produtos,

processos e serviços

Figura 8 - Pirâmide da Medição Usada em Todos os Níveis da Companhia

Fonte: USA-DoE, 1997 (apud Figueiredo, 2001)

Uma organização ou Unidade Estratégica de Negócios não consegue analisar

seu desempenho sem a utilização de indicadores de desempenho; a definição dos

indicadores quanto ao tipo que deverá ser utilizado deve ser definido de acordo com a

necessidade de cada empresa.

1.19 Balanced Scorecard (BSC)

O Balanced Scorecard (BSC) foi desenvolvido por Robert Kaplan e David

Norton, da Harvard em 1997, a partir de um aperfeiçoamento sistematizado dos

indicadores de desempenho, cuja proposta original era superar as limitações da

gestão baseada apenas em indicadores financeiros, uma vez que estes, conforme

Page 55: ANÁLISE DOS INDICADORES DE DESEMPENHO DAS … · Monografia (Especialização, MBA em Gerência Empresarial) - Departamento de Economia, Contabilidade e Administração - ECA, Universidade

53

mencionados por Kaplan e Norton (2000) se expressavam por meio de indicadores de

resultados defasados que não comunicavam os vetores do desempenho no futuro.

O BSC é uma filosofia prática e inovadora de gestão da performance das

empresas e organizações. O objetivo da sua implementação é permitir uma gestão

eficaz da performance organizacional, baseando-se na visão e estratégia da empresa

e traduzindo-a em indicadores de performance. Ao contrário dos métodos de gestão

tradicionais, o Balanced Scorecard permite sustentar a estratégia da empresa com

indicadores financeiros e não financeiros.

A Metodologia do Balanced Scorecard leva a empresa a definir quais

indicadores financeiros e operacionais são importantes dentro das suas metas

estratégicas, levando em consideração as perspectivas financeira, clientes/mercados,

processos internos e aprendizado e crescimento. A estratégia de uma empresa

necessita ser monitorada, a fim de que os objetivos traçados possam ser atingidos ao

longo do tempo, com o acompanhamento permanente dos diversos fatores neles

envolvidos.

A implantação do Balanced Scorecard deve ocorrer de forma dinâmica e ser

acompanhada, passo a passo, com o envolvimento de todo o grupo de executivos da

empresa. É um processo constante que a organização deverá adotar, para melhor

otimizar os seus resultados estratégicos.

O Balanced Scorecard é uma abordagem estratégica de longo prazo sustentada

num sistema de gestão, comunicação e medição da performance, cuja

implementação permite criar uma visão partilhada dos objetivos a atingir a todos os

níveis da organização.

O BSC tem com objetivo traduzir a missão e a estratégia de uma organização em

objetivos e medidas, mais do que um simples conjunto de indicadores é um sistema de

gestão da performance das organizações e o objetivo de sua implantação é permitir

uma gestão eficaz da performance organizacional na busca da realização das

estratégias, conforme ilustrado na Figura 9.

1.19.1 As Quatro Dimensões do BSC e seus Principais Indicadores

O Balanced Scorecard (BSC) assume quatro dimensões de visão do negócio que

são a base para a construção de indicadores para a gestão da organização. Mas

compreende-se que essas dimensões somente fazem sentido quando compreendidas

conjuntamente com a visão estratégica da organização, e que expressam diferentes

visualizações para diferentes agentes sobre a empresa, buscando respostas para

quatro perguntas conforme Kaplan e Norton (1997):

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54

Como os consumidores vêem a empresa? (perspectiva do consumidor)

Em que a empresa deve exceder? (perspectiva dos processos internos)

Como a empresa pode continuar a melhorar e criar valor? (perspectiva da

aprendizagem e crescimento)

Como a empresa assiste seus acionistas? (perspectiva financeira)

Finanças

O que vêem

os clientes

em nós?

Aprendizado e

Crescimento

Visão e

Estratégia

Processos

Internos

Cliente

Figura 9 - As Quatro Perspectivas do Balanced Scorecard (BSC)

Fonte: Kaplan e Norton (1997)

Segundo Arveson (apud Figueiredo, 2002), para o desenvo

conjunto adequado de indicadores de desempenho na abordagem

resulte de um processo de exame da visão, estratégia e missão da o

precisam atender a doze características:

Ser prospectivos, indicar tendências futuras;

Ser objetivo e imparcial;

Ser normalizado, possibilitar sua comparação com outros

desempenho;

Ser estatisticamente confiável;

Ser eqüitativo, devendo ser aceito pelas pessoas que

trabalhar com eles;

O que vêem

os acionistas

em nós?

lvimento de um

do BSC, que

rganização, eles

indicadores de

devem lidar ou

Page 57: ANÁLISE DOS INDICADORES DE DESEMPENHO DAS … · Monografia (Especialização, MBA em Gerência Empresarial) - Departamento de Economia, Contabilidade e Administração - ECA, Universidade

55

Balanceado em termos quantitativos, permitindo múltiplas perspectivas;

Apropriados a medir as características de modo adequado;

Ser quantificáveis, podendo ser traduzido em números e em conseqüência,

calculado, agregado e comparado;

Ser eficientes, permitindo conclusões e inter-relações construtivas com

outros indicadores;

Ser abrangente, podendo incorporar características significantes;

Ser discriminatórios, e cada pequena alteração deve ter significado

relevante.

A escolha de uma abordagem adequada não é suficiente para assegurar o

êxito dos indicadores de desempenho, é necessário, também, uma correta

administração e análise dos dados desde a coleta.

As dimensões apresentadas a seguir representam apenas um componente da

rede de atividades e processos gerenciais responsáveis pelo desempenho superior

sustentável. O foco em apenas uma dessas perspectivas, com base no sistema

gerencial, induz à subordinação em detrimento das metas organizacionais mais

amplas. As quatro perspectivas de desempenho compreendem diversos indicadores

como alguns exemplos citados em cada perspectiva.

Dimensão Financeira

A dimensão financeira está associada a uma perspectiva para os

acionistas/proprietários, que devem descrever suas perspectivas com relação ao

crescimento e produtividade, além de ter conhecimento sobre os riscos financeiros

existentes, tal como fluxo de caixa negativo, verificando se eles são aceitáveis. Assim,

os objetivos financeiros são representantes das metas a longo prazo da empresa e

espera gerar retornos superiores em relação ao capital investido nas Unidades

Estratégicas de Negócios.

A partir deste retorno, todos os objetivos e medidas das outras dimensões do

BSC deverão estar relacionados a um ou mais objetivos desta perspectiva, e cada

medida deve fazer parte de uma cadeia de causa-e-efeito que termine em objetivos

financeiros e represente um plano estratégico para UEN.

A dimensão financeira permite medir e avaliar os resultados, a eficácia, o

crescimento, o risco, a rentabilidade e a melhoria na produtividade e redução de

custos, que o negócio proporciona e necessita para o seu crescimento e

desenvolvimento.

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56

De acordo com Hermanson (apud Figueiredo, 2002), os indicadores de

desempenho escolhidos devem ser aqueles mais importantes para o sucesso da

empresa a longo prazo, tais como fluxo de caixa, lucro e liquidez. Devem revelar a

solidez da organização.

Para Kaplan e Norton (1997), os objetivos financeiros da empresa devem

derivar de sua estratégia e devem atuar com o foco dirigido para os objetivos e

indicadores das demais perspectivas do BSC. Assim, todos os indicadores

selecionados devem ser componentes de uma estrutura de causa e efeito que é

direcionada para a medição do desempenho financeiro da empresa.

Os objetivos dos indicadores financeiros devem se destinar a duas finalidades:

definir o desempenho financeiro esperado da estratégia adotada pela empresa e servir

de meta principal para os objetivos e indicadores das demais perspectivas do BSC.

A escolha dos indicadores financeiros para uma dada organização deve

identificar, inicialmente, a fase em que ela se encontra quanto ao seu ciclo de vida.

Kaplan e Norton (1997) identificam três fases: crescimento, sustentação e colheita.

Na fase de crescimento, a empresa se caracteriza por:

Possuir produtos e serviços com importante potencial de crescimento;

Ter que fazer investimentos consideráveis (aperfeiçoamento de produtos e

serviços; ampliação de instalações, geração de capacidades operacionais

em sistemas; infra-estrutura e redes de distribuição; relacionamento com

clientes, entre outros);

Poder operar até com fluxos de caixa negativos e baixas taxas de retorno

sobre o capital investido;

Ter como objetivo financeiro global o crescimento da receita e aumento de

vendas para determinados mercados, grupos de clientes e regiões.

Na fase de sustentação, a empresa se caracteriza por:

Fazer menores investimentos, direcionando-os para reduzir as dívidas,

ampliar a capacidade e buscar a melhoria contínua;

Oferecer retornos de capital (retorno sobre o investimento e valor

econômico agregado e retorno sobre o capital empregado);

Manter ou aumentar a participação no mercado anualmente;

Os objetivos financeiros priorizam a lucratividade (receita e margem bruta).

Na fase da colheita, a empresa se caracteriza por:

Ter necessidade de colher os investimentos feitos nas fases anteriores;

Fazer investimentos pequenos, apenas o suficiente para manter

equipamentos e capacidades;

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57

Ter como meta principal a maximização do fluxo de caixa em benefício da

empresa;

Os objetivos financeiros priorizam o fluxo de caixa operacional e a

diminuição do capital de giro.

Os indicadores financeiros, segundo a perspectiva do BSC, devem ser

escolhidos de acordo com a fase em que se encontra a Unidade Estratégica de

Negócios, conforme Quadro 1.

Quadro 1 - Medidas dos Objetivos Financeiros x Estratégia das UEN

Estratégias Genéricas

Aumento e Mix da Receita Redução de Custos/ Aumento de Produtividade

Utilização de ativos

Cre

scim

ento

- Aumento da taxa de

vendas por segmento

- Percentual de receita

gerado por novos produtos,

serviços e clientes

- Receita/funcionário - Percentual

relativo a

investimento /

total de vendas

- P&D/total de

vendas

Sust

enta

ção

- Percentual de aumento da

participação em fatias de

mercado e em contas-alvo

- Crescimento da receita

gerada por vendas cruzadas

- Percentual da receita

gerado por novas aplicações

- Lucratividade por clientes e

linhas de produto

- Percentual de produtos e

clientes não-lucrativos

- Custos próprios versus

custos dos concorrentes

- Taxas de redução de

custos

- Percentual das despesas

indiretas (percentual de

vendas)

- Percentual de transações

da empresa pelos diversos

canais de relacionamento

com os clientes.

- Ciclos de caixa

a caixa

- ROCE por

categoria-chave

de ativo

- Taxas de

utilização dos

ativos

- Receita

operacional

- Margem bruta Estr

atég

ia d

a U

nida

de d

e N

egóc

io

Col

heita

- Lucratividade por clientes e

linhas de produtos

- Percentual de clientes não-

lucrativos

- Custos unitários (por

unidade de produção, por

transação)

- Percentual de transações

da empresa pelos diversos

canais de relacionamento

com os clientes

- Ciclo de caixa

- Retorno sobre

investimento

(throughput)

Fonte: adaptado Kaplan e Norton (1997)

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58

Devido a empresa necessitar de objetivos financeiros, todos os outros

indicadores das perspectivas de cliente, de processos internos e da inovação e

crescimento devem estar relacionados a esta perspectiva financeira. Assim, existem

vários tipos de indicadores, dos quais seguem alguns exemplos:

Rentabilidade sobre o patrimônio líquido;

Valor econômico agregado;

Liquidez corrente;

Crescimento da receita;

Margem bruta;

Geração de caixa e vendas, entre outros;

Dimensão Cliente / Mercado

A dimensão cliente/mercado representa a visão do cliente, no tocante a sua

satisfação, criação de valor e diferenciação, qualidade, relacionamento, imagem e

reputação.

Nesta dimensão busca-se definir em qual mercado e segmento de

consumidores as UEN irão competir. Após esta etapa, são identificadas as medidas de

desempenho referentes aos segmentos alvos estabelecidos. Assim, os processos

internos e os esforços de desenvolvimento da organização devem ser guiados por

esta perspectiva.

Se a empresa falhar na oferta de produtos e serviços dentro das exigências da

satisfação do cliente, a curto e a longo prazo, não haverá a geração de receita. Para a

empresa o grande esforço está em garantir o crescimento e a retenção do cliente,

dedicando especial atenção às menores mudanças de seu comportamento, sendo

capaz de dar pronta resposta à essas alterações.

Na visão de Kaplan e Norton (1997) existem dois conjuntos de indicadores que

são os mais utilizados para esta perspectiva. O primeiro conjunto representa medidas

como:

Satisfação dos clientes;

Participação de mercado;

Retenção de clientes;

Captação de clientes;

Lucratividade de clientes.

A Figura 10 apresenta a interação entre as cinco medidas essenciais

apresentadas por Kaplan e Norton para esta perspectiva.

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59

Participação

no Mercado

Lucratividade

dos Clientes

Figu

Font

emp

defin

atrib

clien

Figu

Font

clien

visam

Captação de

Clientes

Satisfação

dos Clientes

ra 10 - Medidas Essenciais da Perspectiva de Clientes no

e: Kaplan e Norton (1997)

O segundo conjunto representa vetores de desempe

resa. Segundo Kaplan e Norton (1997), são as prop

idas como atributos dos produtos e serviços, que res

utos do produto/serviço; a imagem e reputação e o

tes, conforme mostrado na Figura 11.

Proposta

de Valor

Atributos do

produto/serviçoImagem

Funcionalidade Qualidade Preço

ra 11 - Representação da Proposta de Valor

e: Kaplan e Norton (1997)

Quanto aos atributos dos produtos e serviços, vale lem

tes que querem um fornecedor confiável com preços b

um fornecedor diferenciado que apresente característic

Retenção de

Clientes

BSC

nho específicos de cada

ostas de valor que são

ultam de três parcelas:

relacionamento com os

Relacionamento

=

a

+

+

Tempo

brar a diferença entre os

aixos e os clientes que

s e serviços exclusivos.

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60

Em relação ao atributo relacionamento os clientes referem-se a entregas no

prazo estabelecido, trata-se do tempo de resposta e o conforto do cliente em relação à

compra. A imagem e a reputação são fatores intangíveis e se referem a possuir

imagens associadas aos produtos ou serviços.

Dimensão Processos de negócio internos/operacionais

Na dimensão de processos internos, as medidas são escolhidas de maneira a

alavancar a excelência nos processos que são críticos para atingir a estratégia

estabelecida: os processos-chave do negócio, as prioridades estratégicas,

desenvolvimento de novos produtos e distribuição.

Exemplos de indicadores:

• Gestão de Processos

Conformidade do produto em relação ao padrão;

Conformidade do serviço em relação ao padrão;

Produtividade;

Eficiência operacional;

Conformidade do processo crítico;

Variabilidade do processo crítico;

Flexibilidade;

Desperdício;

Qualidade do planejamento;

Qualidade resultante do processo crítico de apoio;

Eficácia do Sistema de Qualidade;

Nível de tecnologia em relação ao que existe de mais moderno;

Penetração no mercado dos clientes alvo;

Tempo de entrega;

• Aquisição e Fornecedores

Qualidade dos produtos e serviços críticos fornecidos;

Produtividade de aquisição;

Eficácia da garantia da qualidade;

Relacionamento, entre outros;

Kaplan e Norton (1997) apresentam um modelo de processo interno com a

finalidade de a empresa conseguir criar valores para os clientes e conseguir retorno

financeiro. Este modelo é composto de três processos básicos: inovação – que

pesquisa as necessidades dos clientes e cria produtos ou serviços com o objetivo de

Page 63: ANÁLISE DOS INDICADORES DE DESEMPENHO DAS … · Monografia (Especialização, MBA em Gerência Empresarial) - Departamento de Economia, Contabilidade e Administração - ECA, Universidade

61

atender estas necessidades; operações – que têm inicio com o recebimento do pedido

do cliente; a entrega do produto ou serviço e serviço pós-venda, conforme Figura 12.

Entregar

Produtos/

Prestar

Serviços

Processo

de Serviço

Pós Venda

Serviços

aos

Clientes

Satisfação

das

necessidades

dos

Clientes Gerar

Produtos

e

Serviços

Idealizar

Oferta de

Produtos

e

Serviços

Processo de

Inovação

Identificar

o

Mercado

Identificação

das

necessidades

dos

Clientes

Processo de Operações

Figura 12 - O Modelo da Cadeia de Valores para a Perspectiva dos Processos

Internos.

Fonte: Kaplan e Norton (1997)

Dimensão Aprendizado e Crescimento

Nesta dimensão busca-se o desenvolvimento de infraestrutura necessária para

suportar os objetivos elaborados pelos processos internos. Entre os elementos que

compõem o aprendizado e crescimento organizacional estão a capacidade dos

funcionários, a capacidade dos sistemas de informação e o alinhamento dos

procedimentos e rotinas organizacionais.

Para Hermanson (apud Figueiredo, 2002), os indicadores desta perspectiva

são projetados para manter a empresa focada na criatividade, no desenvolvimento do

produto e na melhoria.

Conforme Kaplan e Norton (1997), os objetivos da perspectiva de aprendizado

e crescimento criam a infraestrutura necessária para atingir os objetivos perseguidos

nas outras três perspectivas.

Exemplos de Indicadores:

• Ambiente Organizacional:

Satisfação com a liderança;

Implementação estratégica;

Capital intelectual;

Habilidade dos líderes;

Qualidade do sistema de informações;

Acesso a informações corporativas;

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62

• Pessoas:

Retenção de pessoas-chave;

Conhecimento/Habilidade;

Satisfação;

Comprometimento;

Competência;

Poder;

Melhoria contínua e produtividade;

Eficácia de treinamento;

Volume na carreira;

Equidade de remuneração;

Bem estar;

Reconhecimento;

Segurança;

Participação;

• Inovação:

Tempo para recuperar o investimento;

Receita de novos produtos;

Conformidade de projeto;

Geração de idéias;

Aceitação de novos produtos;

• Responsabilidade pública:

Conformidade social;

Imagem pública;

Conformidade ambiental;

Custo ambiental;

Investimento em responsabilidade social;

Divulgação;

Risco ambiental;

Passivo ambiental; entre outros;

A implantação de uma medição de desempenho, pelo BSC, deve ocorrer de

forma dinâmica e ser acompanhada, passo a passo, com o envolvimento de todo o

grupo de executivos da empresa. É um processo constante que a organização deverá

adotar para melhor otimizar o seu resultado estratégico.

Contrastando com os sistemas de medição tradicionais, baseados

exclusivamente na vertente financeira, o Balanced Scorecard direciona a organização

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63

para o seu sucesso no futuro, definindo quais os objetivos a atingir e medindo a sua

performance a partir de quatro perspectivas distintas.

A perspectiva de aprendizagem e crescimento direciona a atenção da empresa

para as pessoas e para as infra-estruturas de recursos humanos necessárias ao

sucesso da organização. O investimento que deve ser realizado nesta vertente é um

fator crítico para a sobrevivência e desenvolvimento da organização à longo prazo.

Contudo, este desenvolvimento tem que ser sustentado pela análise e

intervenção constante na performance dos processos internos, os processos-chave do

negócio. A melhoria dos processos internos no presente é um indicador chave do

sucesso financeiro no futuro.

Para traduzir os processos em sucesso financeiro, as empresas devem e têm em

primeiro lugar de satisfazer os seus clientes. A perspectiva do Cliente permite

direcionar todo o negócio e atividade da empresa para as necessidades e satisfação

dos seus clientes.

Finalmente, a perspectiva Financeira permite medir e avaliar resultados que o

negócio proporciona e necessita para o seu crescimento e desenvolvimento, assim

como para a satisfação dos seus acionistas. Quando integradas, estas quatro

perspectivas proporcionam uma análise e uma visão ponderada da situação atual e

futura da performance do negócio.

1.19.2 A Utilização do BSC na Ação Estratégica

Kaplan e Norton (2000) afirmam que a hoje a maioria das organizações está

operando por meio de Unidades Estratégicas de Negócios e por equipes

descentralizadas mais próximas dos clientes, por isso necessitam de novos sistemas

gerenciais e de indicadores criados com a finalidade de gerenciar estratégias.

Estas Unidades Estratégicas de negócios, conforme os autores, estão

reconhecendo que a vantagem competitiva deriva dos recursos intangíveis, tornando-

se necessário que estas UEN implementem estratégias que exijam que todas as UEN,

administração corporativa, unidades de apoio e empregados estejam alinhados e

conectados com a estratégia, visto que “O sucesso exige que a estratégia se

transforme em tarefa cotidiana de todos” Kaplan e Norton (2000, p.18).

O BSC tem por objetivo medir a estratégia através de indicadores financeiros e

não financeiros, além de criar organizações focalizadas em estratégias.

Kaplan e Norton (2000) afirmam que para uma organização conseguir uma

estratégia corretamente elaborada, que seja compreendida por todos e propicie

avanços, ela precisa de alinhamento e foco, conforme ilustrado na Figura 13.

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64

Traduzir a EstratégiaTermos Operacionais•Mapas de Estratégia

•Balanced scorecards

•P

•S

Ne

Figura 13 - Princípios

Fonte: Kaplan e Norto

Para o desen

encontraram cinco pr

na estratégia” Kaplan

• Princípio princípio m

valor a lon

Para este

recursos

ferramenta

referência

Negócios e

Mobilizar a Mudança por meio da Liderança Executiva

•Mobilização

•Processo de Governança

•Sistema Gerencial Estratégico

•Cone

•Siste

•Apre

em

Transformar a Eem Tarefa de

•Consciência Estrat

•Scorecards Pessoa

•Contracheques Eq

ESTRATÉGIA

da Organização Focalizada na Estratégia

n (2000)

volvimento do alinhamento e foco e

incípios, que denominaram “princípios da

e Norton (2000, p.18);

1: Traduzir a Estratégia em Termoostra como o BSC pode fornecer uma re

go prazo para os clientes e segmentos d

princípio corresponde a estratégia que c

e capacidades internas. O balance

s para descrever a estratégia, com i

comum e compreensível para todas as U

todos os empregados;

Converter a Estratégia em Processo Contínuo

ctar Orçamentos e Estratégias

mas de Informação e Análise

ndizado Estratégico

stratégia Todos égica

is

uilibrados

Alinhar a Organização à Estratégia

apel da Corporação

inergias entre as Unidades de

gócios

stratégicos os autores

organização focalizada

s Operacionais: este

ceita para a criação de

e mercados desejados.

ombina a utilização de

d scorecard oferece

sto cria um ponto de

nidades Estratégicas de

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65

• Princípio 2: Alinhar a Organização à Estratégia: neste princípio mostra-

se como criar sinergia e conexões nos diversos setores, Unidades de

Negócios e departamentos individuais, procurando fazer com que o

desempenho organizacional seja superior às estratégias individuais,

quebrando as barreiras funcionais das organizações;

• Princípio 3: Transformar a Estratégia em Tarefa de Todos: o balanced

scorecard é usado como ferramenta no processo de comunicar e educar

todos da organização quanto à compreensão e desempenho das tarefas

diárias direcionadas para o êxito da estratégia;

• Princípio 4: Converter a Estratégia em Processo Contínuo: mostra

como transformar a estratégia em processo contínuo, menciona a

necessidade da interação entre o gerenciamento tático, formado por

orçamentos financeiros e avaliações mensais, e o gerenciamento

estratégico. A implementação deste processo faz-se a partir de três

importantes temas: a conexão da estratégia ao processo orçamentário; a

implementação de reuniões gerenciais simples para a avaliação da

estratégia e, por último, a evolução para um processo de aprendizado e

adequação da estratégia;

• Princípio 5: Mobilizar a mudança por meio da Liderança Executiva: este último princípio mostra que a condição mais importante para o sucesso

é o envolvimento de todos da equipe executiva; é o desenvolvimento de

forma gradual de um sistema que coloque em prática novos valores e

novas estruturas.

Com a utilização destes cinco princípios, pode-se observar a utilização do BSC

como indutor de mudança e de desempenho estratégico por meio de um sistema

gerencial que expressa a estratégia ao mesmo tempo em que interliga todas as partes

da organização.

Neste capítulo foi abordada a importância da existência de um sistema de medição de

desempenho em Unidades Estratégicas de Negócios, que obtenha informações

necessárias sobre onde se deve concentrar as ações e que descubra onde devem ser

disponibilizados os recursos da organização, a fim de alcançar as melhorias

desejadas.

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66

Foi definido o que são Indicadores de Desempenho e como podem ser

utilizados como ferramenta gerencial, com o objetivo de garantir a tomada de decisões

acertadas de acordo com o planejamento estratégico e as metas estabelecidas. Foram

abordados, também, os principais modelos de Indicadores de Desempenho, sua

função no gerenciamento das organizações e a gestão orientada por indicadores de

desempenho. Com o objetivo de apresentar um dos modelos de indicadores de

desempenho mais disseminados pela literatura foi apresentado o Balanced Scorecard

- BSC.

No próximo capítulo será apresentado um estudo de caso da utilização de

indicadores de desempenho em uma Unidade Estratégica de Negócios, na área de

Engenharia.

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67

ESTUDO DE CASO: UMA APLICAÇÃO NA ENGENHARIA

Neste capítulo será abordado um estudo de caso sobre os Indicadores de

Desempenho utilizados no departamento de Engenharia de uma empresa

multinacional, no segmento de equipamentos de grande porte. O nome fictício

adotado, por uma questão de sigilo industrial, foi Metalffi.

O estudo de caso se limitará a observar a utilização dos Indicadores de

Desempenho, mais especificamente da Engenharia de uma Unidade Estratégica de

Negócios situada no interior de São Paulo.

1.1 Configuração da Empresa do Estudo de Caso

A Metalffi é uma empresa multinacional presente em setenta países, com

aproximadamente setenta mil funcionários distribuídos em todo o mundo. Sua história

começou no século dezenove e atravessa continentes.

A empresa é líder do mercado mundial em Energia e Transporte, sendo

responsável pelo fornecimento de 20% da capacidade mundial instalada de geração

de energia, fabrica trens de alta velocidade e navios de cruzeiros. É responsável por

projetar, fabricar e assegurar a manutenção de produtos e sistemas de alta tecnologia

para infra-estruturas destinadas aos setores de energia, transporte ferroviário e

construção naval em todo o mundo.

A empresa é operada por meio de Unidades Estratégicas de Negócios,

conforme apresenta a Figura 14, e possui uma ampla gama de produtos e serviços em

setores distintos que precisam ser gerenciados de forma individualizada.

METALFFI

UEN

ENERGIA

UEN

TRANSPORTE

FERROVIÁRIO

UEN

NAVAL

Figura 14 - Organograma Geral da Metalffi

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Metalffi é uma empresa com tecnologia de ponta, sua produção é baseada

numa venda efetuada, o que significa que somente é iniciada após a venda do projeto,

não possuindo estoques de produtos.

Todo seu departamento técnico possui treinamento constante, o grupo está

focado na eficiência operacional e Qualidade Total, implementando as práticas do Seis

Sigma em toda organização.

A empresa iniciou suas atividades no setor de energia e transporte no Brasil

em 1985, conta hoje com 1800 colaboradores distribuídos entre as áreas

administrativas e produtivas das Unidades Estratégicas de Negócios de Energia e

Transporte Ferroviário.

No Brasil, a Administração Corporativa da empresa está localizada em uma

cidade da região da Grande São Paulo, próxima à Unidade de Negócios de Transporte

Ferroviário e à Unidade de Negócios de Energia está localizada no interior de São

Paulo.

Cada Unidade Estratégica de Negócios possui um organograma conforme

mostra a Figura 15.

FINANCEIRO

SECRETARIA ASSESSORIA

INDUSTRIAL

FABRICAÇÃO LOGISTICA

SUPRIMENTOS ENGENHARIACOMERCIALGERENTE

DE PROJETO

DIRETORIA

Figura 15 - Organograma das Unidades Estratégicas de Negócios da Metalffi

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A Metalffi é uma empresa com uma estrutura matricial, voltada para a

fabricação de projetos e seus profissionais estão dispostos de maneira funcional,

conforme apresenta a Figura 15.

Porém, em alguns departamentos da empresa como, por exemplo, no

departamento Gerenciamento de Projetos, trabalham Gerentes de Projetos

responsáveis por coordenar as diversas encomendas (denominação dos projetos) da

Metalffi, como também fazer a interface entre o cliente e a empresa conforme, Figura

16.

COMPRAS

GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Figura 16 - Disposição dos Departamentos das UEN da Metalffi

1.2 Configuração do Departamento de Engenharia da Metalffi

O departamento de Engenharia da Metalffi desfruta de uma sólida reputação no

seu segmento de atuação por possuir conhecimento e alta tecnologia adquiridos

através de décadas de trabalho. A complexidade dos produtos e serviços ofertados

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pela Metalffi tornou necessária a divisão da Engenharia segundo cada tipo de produto

e tecnologia específica, conforme mostra a Figura 17.

SUPERINTENDENTE DE ENGENHARIA

PLANEJAMENTO SECRETÁRIA

GERENTE DA ENGENHARIA DE

HIDROMECÂNICOS

GERENTE DA ENGENHARIA DE

TURBINAS

GERENTE DA ENGENHARIA DE

GERADORES

GERENTE DA ENGENHARIA DE

ELÉTRICA

SUPERVISOR

ESPECIALISTA

ENGENHEIRO

PROJETISTA

DESENHISTA

SUPERVISOR

ESPECIALISTA

ENGENHEIRO

PROJETISTA

DESENHISTA

SUPERVISOR

ESPECIALISTA

ENGENHEIRO

PROJETISTA

DESENHISTA

SUPERVISOR

ESPECIALISTA

ENGENHEIRO

PROJETISTA

DESENHISTA

Figura 17 - Organograma da Engenharia da Metalffi

Devido a empresa trabalhar com venda efetuada e de todos os seus produtos e

serviços não serem padrões, além de nunca serem exatamente iguais aos produtos

fabricados anteriormente, o que significa a constante exigência de grandes

desenvolvimentos por parte da Engenharia, precisa atender as diversas necessidades

de cada tipo de cliente. Este motivo faz com que o departamento de Engenharia seja

um dos mais importantes da empresa.

A Engenharia, devido a sua grande complexidade, precisa ser monitorada

constantemente, uma vez que qualquer falha pode levar a perda direta de margem no

projeto.

Levando-se em consideração todas as particularidades da Engenharia para a

empresa, seus dirigentes resolveram analisar a sua forma de trabalho, a fim de

determinar quais eram os processos críticos que precisavam ser acompanhados por

Indicadores de Desempenho que tivessem a finalidade de apresentar, de forma clara,

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a situação de cada trabalho executado pela Engenharia em relação ao

desenvolvimento de cada projeto e as metas da própria companhia.

A primeira decisão tomada foi avaliar o fluxograma da Engenharia, quando

foram enumeradas todas as atividades existentes, com suas entradas e saídas para

descobrir quais processos eram considerados críticos e precisavam ser monitorados

pelos Indicadores de Desempenho.

1.2.1 Definição das atividades da Engenharia

As atividades de Engenharia são todas as ações desenvolvidas pela

Engenharia na coordenação e elaboração de documentos técnicos necessários ao

projeto, à compra de matérias-primas, à fabricação, ao transporte, à montagem e ao

ensaio de um produto, a partir dos dados de entrada contratuais.

A Engenharia deve preparar planos para cada estágio do projeto e

desenvolvimento, descrevendo, referenciando estas atividades e definindo

responsabilidades para sua implementação.

As atividades de Engenharia são atividades de elaboração de projeto e

desenvolvimento, estas devem ser atribuídas a uma equipe qualificada, equipada com

recursos adequados. Os planos, estratégias e cronogramas devem ser atualizados à

medida que o projeto evolue e devem ser determinados os momentos apropriados

para análise crítica, verificação e aprovação.

Com a recepção, por parte da Engenharia, de todas as informações,

documentos e especificações de um novo projeto, dá-se início às suas atividades.

Estas informações geralmente são apresentadas em reuniões chamadas de Reuniões

de Início de Projeto, onde estão presentes os responsáveis de todos os

departamentos diretamente envolvidos com o projeto, como:

Gerenciamento de Projeto - representado pelo gerente de projeto

responsável, frente ao cliente e à empresa;

Vendas - representado pelo responsável da área Comercial que efetuou a

negociação da venda do projeto;

Qualidade - representada por funcionário designado para garantir a

conformidade de todo o projeto;

Financeiro - representado pelo analista financeiro;

Projeto - representado pelo responsável da engenharia;

Manufatura - representada pelos responsáveis do planejamento, fabricação

e logística do projeto;

Compras - representada pelo comprador;

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Serviço de Campo - representado pelos montadores dos equipamentos no

campo.

A Figura 18 mostra o fluxograma das atividades executadas pela Engenharia

na elaboração dos projetos.

DESIGNAÇÃO DO COORDENADOR

DA ENGENHARIA

REALIZAÇÃO DO PROJETO

ANÁLISES CRÍTICAS

PLANEJAMENTO DA QUALIDADE / AÇÕES

PREVENTIVAS / ANÁLISE CRÍTICAS

MODIFICAÇÃO

Figura 18 - Fases das

VERIFICAÇÃO DO PROJETO

DADOS DE SAÍDA / ANÁLISES CRÍTICAS

MEDIÇÃO

ANÁLISE DOS INDICADORES

ACOMPANHAMENTO

ES CORRETIVAS / DIPOSIÇÕÕ ES

A

VALIDAÇÃO DE PROJETO

Atividades daEngenharia

ENTRADA DO PROJETO

tividades da Engenharia

MONITORAMENTO

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As fases da engenharia conforme apresentadas na Figura 18 são:

• Dados de Entrada de Projetos na Engenharia

Os dados de entrada do projeto são identificados, determinados,

documentados, analisados criticamente e registrados quanto a sua adequação pela

Engenharia e os requisitos incompletos, ambíguos ou conflitantes são

esclarecidos/resolvidos com as partes envolvidas. Estes dados consideram os

requisitos contratuais apresentados pelo cliente, inclusive requisitos estatutários e

regras aplicáveis, resultantes da análise crítica de contrato e adendos contratuais

negociados pelos Gerentes de Projetos.

Os dados de entrada estão inclusos nos documentos pertinentes ao

fornecimento, tais como:

Edital / Contrato;

Orçamento vendido (lista de massas, quantidade de horas vendidas,

quantidade de equipamentos, entre outros;)

Proposta técnica consolidada;

Requisitos estatutários, regulamentos e leis ambientais aplicáveis; ao

empreendimento, antes, durante e após fornecimento do equipamento.

Desenhos;

Normas;

Ficha do produto;

Correspondências (cartas, fax, entre outros.)

• Designação do responsável pelo projeto na Engenharia

Após o recebimento dos dados de entrada, as informações iniciais recebidas

pela Engenharia, é responsabilidade do gerente de Engenharia determinar um

coordenador de engenharia para o projeto em questão. Este coordenador será

responsável por responder pelos dados técnicos do projeto.

• Planejamento da Qualidade / Ações Preventivas / Análise crítica Os projetos desenvolvidos na Engenharia são planejados para assegurar que:

os prazos estabelecidos sejam cumpridos:

as horas vendidas não sejam ultrapassadas;

o pessoal qualificado seja empregado no projeto;

os materiais e recursos necessários estejam disponíveis para a

execução do projeto;

Assegurar a conformidade dos requisitos de Projeto.

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Análise Crítica de Projeto

A análise crítica do projeto de Engenharia tem como objetivo detectar com

antecedência os problemas potenciais ou dificuldades de realização, além de aspectos

e impactos ambientais do produto, antes do seu lançamento para fabricação.

Avaliar a capacidade dos resultados do projeto em atender aos requisitos e

identificar qualquer problema e propor as ações necessárias.

A análise crítica deve ser realizada nos momentos apropriados definidos a

cada projeto, podendo ser em várias fases como: elaboração de cálculos, elaboração

de desenhos, elaboração das listas técnicas antes ou durante o lançamento, cabendo

às Engenharias definirem o melhor momento.

Os resultados das Análises Críticas do Projeto devem ser registrados de forma

adequada como, por exemplo: em atas de reunião, check-list, e-mail e fax, entre

outros. Devem ser mantidos registros dos resultados das verificações e de quaisquer

ações necessárias.

• Realização do Projeto

Cabe à Engenharia definir as responsabilidades e interfaces para elaborar,

controlar, analisar, verificar, validar e controlar as alterações do projeto e o

desenvolvimento do produto, a fim de assegurar o atendimento dos requisitos

especificados.

• Verificação do Projeto

Em momentos apropriados do projeto, a Engenharia realiza a verificação para

assegurar que a saída deste estágio atende aos seus requisitos de entrada do projeto

e desenvolvimento. As medidas de verificação devem ser mantidas com registros dos

resultados da verificação e de quaisquer ações necessárias.

• Dados de Saída de Projeto da Engenharia

Após a análise crítica dos dados de entrada, deve-se proceder à elaboração

dos seguintes documentos: Memórias de Cálculo, Lista de Massa, Lista de Transporte,

Especificação Técnica de Consulta, Especificação Técnica de Proposta, Folha de

Informação de Horas de Engenharia, Resumo dos Requisitos para Fabricação e

Controle, Registro de Riscos Técnicos. Esses documentos acima poderão ser

suprimidos ou outros documentos poderão ser emitidos, de acordo com as

necessidades.

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Os dados de saída do projeto devem ser atualizados e documentados de forma

adequada na medida em que o projeto e desenvolvimento progredirem e sejam feitas

a verificação e validação com relação aos requisitos de entrada do projeto.

As saídas de projeto e desenvolvimento devem:

Atender aos requisitos de entrada para projeto e desenvolvimento;

Fornecer informações apropriadas para aquisição, produção e para seu

uso adequado;

Conter ou referenciar critérios de aceitação do produto; e

Especificar as características do produto que são essenciais para seu

uso seguro e adequado;

• Análise dos Indicadores de Desempenho

A análise dos Indicadores de desempenho deve ser feita periodicamente,

conforme prazos estabelecidos pela alta direção ou conforme a necessidade de cada

projeto.

Este acompanhamento é realizado com o objetivo de verificar a performance

geral da Engenharia, assim como o resultado dos trabalhos realizados nos projetos.

Quando for verificado nos indicadores de desempenho alguma falha ou possibilidade

de melhoria deve-se estabelecer disposições e ações corretivas e preventivas (quando

necessário).

Caso seja detectada a possibilidade de ocorrência de não cumprimento de

alguma atividade pré-estabelecida, esta divergência deverá ser divulgada a todas as

áreas que serão afetadas, para que sejam analisadas as possíveis conseqüências e,

se necessário, tomar as providências para minimizar os efeitos, como a renegociação

dos prazos e procura de alternativas técnicas.

• Validação do Projeto

A Engenharia deve obter a validação do projeto para assegurar que o produto

está em conformidade com as necessidades e/ou requisitos definidos pelo cliente.

Quando for praticável, a validação deve ser concluída antes da entrega ou

implementação do produto e os resultados da validação, ou de qualquer ação

necessária devem ser mantidos com registros.

• Modificações do Projeto

As modificações do projeto devem ser identificadas, documentadas

adequadamente analisadas criticamente e aprovadas por pessoal autorizado da

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Engenharia, conforme matriz de atribuições e responsabilidades das áreas; os

registros deve ser mantidos.

Quando requerido contratualmente, as modificações do projeto devem ser

submetidas ao cliente ou seu representante técnico, para conhecimento e/ou

aprovação.

Após a definição das atividades da Engenharia, deu-se iníicio ao próximo

passo; a segunda decisão tomada foi identificar quais eram os processos que

precisavam ser monitorados pelos Indicadores de Desempenho.

1.2.2 Os Indicadores de Desempenho da Engenharia

A direção da empresa decidiu monitorar os seguintes processos e saídas da

Engenharia com Indicadores de Desempenho:

Valores gastos em retrabalho: para este controle decidiu-se elaborar dois

gráficos distintos onde: um gráfico se destina a verificar o custo de

retrabalho causado pela Engenharia em relação ao faturamento geral da

Unidade Estratégica de Negócios e o outro a verificar o custo de retrabalho

causado pela Engenharia em relação ao custo base do equipamento ou

serviço;

Quantidade de horas produtivas em relação ao total de horas trabalhadas

no período;

Quantidade de carga da Engenharia;

Quantidade de horas gastas por Projeto;

Quantidade de marcos cumpridos no prazo;

Estes Indicadores de Desempenho foram definidos com o objetivo de:

Evitar que o histórico dos projetos realizados não fossem corretamente

armazenados proporcionando dificuldade de localização das informações;

Possibilitar que projetos antigos servissem de analogia para novos projetos;

não podendo ser considerados modelos, pois a empresa não é de produtos

seriados;

Garantir que os prazos estabelecidos fossem de conhecimento de todos os

envolvidos, possibilitando uma análise crítica e a elaboração de uma

estratégia para o seu cumprimento;

Garantir que todos os marcos contratuais, assim como os eventos de

faturamento fossem considerados, verificados e de conhecimento dos

envolvidos;

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Verificação da acuracidade das datas planejadas em relação às datas

efetivamente realizadas;

Controle dos recursos da engenharia;

Controle das horas orçadas, gastas e previstas em cada projeto;

Análise do gerenciamento das encomendas

Após a definição dos Indicadores de Desempenho que seriam utilizados, foram

verificados todos os objetivos da empresa, com a finalidade de definir metas que

deveriam ser atingidas pela Engenharia.

Foram elaborados Indicadores de Desempenho em formas de gráficos, pois

conforme o objetivo da empresa, acreditou-se que seriam mais facilmente entendidos

por todos.

Serão apresentados a seguir os modelos de Indicadores de Desempenho

utilizados para cada processo e saída da Engenharia:

• Custo de Retrabalho causado pela Engenharia em relação ao faturamento

geral da Unidade Estratégica de Negócios, conforme Figura 19.

Indicador de desempenho da Engenharia Custo de retrabalho causado pela Engenharia em relação ao

faturamento mensal da UEN

0,00%0,02% 0,01%

0,16%0,14% 0,14%

0,17%0,15% 0,15%

0,21%0,20%

0,00%

0,05%

0,10%

0,15%

0,20%

0,25%

abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev

% A

cum

ulad

o

Custo de retrabalho causado pela Engenharia Meta anual = 0,2%

BusinessdoMensaloFaturamentEngpelacausadotrabalhodeCusto ªRe

= Equação 1

Figura 19 - Modelo de Indicador de Desempenho de Retrabalho

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Objetivo: Este Indicador tem por objetivo verificar a tendência dos impactos

que custos de Retrabalho gerados pela Engenharia venham a refletir na

performance econômica da UEN.

Descrição: Relação entre os custos causados por falhas da Engenharia e o

faturamento mensal da UEN.

Unidade/ Medida: Percentual

Apresentação: Gráfico tipo curva

Sua medição é mensal, efetuada no mês subseqüente após fechamento

do faturamento. É necessário fazer uma análise crítica quando for observado

que a curva do gráfico tem tendência de subir, para que seja descoberto onde

estão as falhas que devem ser corrigidas, como, por exemplo, em um mesmo

tipo de equipamento ou serviço, em um determinado projeto, cálculo ou

montagem na obra.

• Custo de Retrabalho causado pela Engenharia em relação ao custo base do

equipamento ou serviço conforme modelo apresentado na Figura 20.

Indicador de desempenho da Engenharia Custo de retrabalho causado pela Engenharia em relação ao custo

base do equipamento X - da Obra - Y

0,00%0,04%

0,11%

0,24%

0,40% 0,40%

0,00%

0,10%

0,20%

0,30%

0,40%

0,50%

0,60%

abr/03 mai/03 jun/03 jul/03 ago/03 set/03

Custo de retrabalho causado pela Engenharia Meta = 0,50%

oEquipamentdoCustoEngpelacausadotrabalhodeCusto ªRe

= Equação 2

Figura 20 - Modelo de Indicador de Desempenho de Custo de Retrabalho

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79

Objetivo: Este Indicador tem por objetivo verificar a tendência dos impactos

que custos de Retrabalho gerados pela Engenharia venham a refletir na

performance econômica do Equipamento ou serviço.

Descrição: Relação entre os custos causados por falhas da Engenharia e o

custo orçado do Equipamento ou serviço de determinado projeto.

Unidade/ Medida: Percentual

Apresentação: Gráfico tipo curva

Sua medição é mensal, é necessário fazer uma análise crítica quando

for observado que a curva do gráfico tem tendência de subir, para que seja

descoberto onde estão as falhas que devem ser corrigidas. A análise crítica

das falhas devem estar descritas em planilha de controle, conforme Figura 21,

para que sejam registradas e sirvam de referências para a elaboração de

equipamentos ou serviços semelhantes.

Quadro 2-Planilha de Análise Crítica

Coordenador de Engenharia:

Desvio Causas Ações para eliminar

as causas Responsável

Data Programada

Data Real

• Quantidade de horas produtivas em relação a quantidade de horas realizadas

conforme apresentado na Figura 21.

0

1500

3000

4500

JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV

HO

RA

S

Horas Produtivas Meta

alizadasHorasdeQuantidadeodutivasHorasdeQuantidade

RePr

= Equação 3

Figura 21 - Modelo de Indicador de Desempenho de Horas Produtivas

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Objetivo: Este Indicador tem por objetivo verificar a quantidade de horas

produtivas, efetivamente trabalhadas em cada departamento de Engenharia.

Cada departamento tem uma meta de horas a serem trabalhadas em projetos,

horas previstas para treinamentos, entre outros.

Descrição: Relação entre a quantidade de horas produtivas em relação ao

total de horas gastas.

Unidade/ Medida: Horas

Apresentação: Gráfico tipo barras

Sua medição é mensal, caso a quantidade de horas produtivas estejam

abaixo do objetivo esperado, deve-se elaborar um plano de açãopara o ajuste

do mesmo.

• Quantidade de horas gastas em relação a quantidade de horas orçadas

conforme apresentado na Figura 22.

Projeto X

3%10%

30%40%

50%

70%75% 79%

85% 88%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

jan/04 fev mar abr mai jun jul ago set out

grau

de

avan

ço

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

4.000

4.500

hora

s

Horas Programadas Grau de Avanço Meta 90% Meta 4910hs

ojetoporOrçadasHorasojetoporGastasHorasPrPr

= Equação 4

Figura 22 - Modelo de Indicador de Desempenho de Horas Gastas por Projeto

Objetivo: Este Indicador tem por objetivo verificar a discrepância ou anomalias

das horas gastas por Equipamento com relação ao avanço do Projeto.

Descrição: Relação entre Curvas das horas efetivamente imputadas no

Projeto pelas horas orçadas, comparando com a Curva de Avanço de Projeto .

Unidade/ Medida: Horas

Apresentação: Gráfico tipo curva

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Sua medição é mensal, e é feita a comparação entre o total de horas

gastas e as horas orçadas, mas levando-se em consideração a tendência da

curva em relação ao grau de avanço do projeto.

O grau de avanço do projeto é verificado mensalmente no cronograma da

Engenharia.

• Acuracidade dos lançamentos da Engenharia em cada projeto conforme

apresentado na Figura 23.

Indicador de desempenho de Engenharia Acuracidade de Eventos Equipamento X - Obra Y

0%9%

36%27%

100%

0%20%40%60%80%

100%120%

11/2002 (1-) 2/2003 (2-1) 11/2003 (1-1) 1/2004 (6-1) 2/2004 (1-1)

Lançamentos Realizado

PlanejadosEventosdemPorcentagealizadosEventosdemPorcentage Re

= Equação 5

Figura 23 - Modelo de Indicador de Desempenho de Controle de Eventos de Projeto

Objetivo: Este Indicador tem por objetivo Controlar a eficácia do cumprimento

dos eventos de pagamentos sob responsabilidade da Engenharia e

lançamentos de todos os documentos que impactam em outros

eventos/marcos contratuais do projeto.

Descrição: Relação entre os eventos realizados no período e os eventos

planejados para o período.

Unidade/ Medida: Quantidade de eventos.

Apresentação: Gráfico tipo curva

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82

Sua medição é mensal, e é feita a verificação da acuracidade da

Engenharia em relação ao total de eventos planejados e realizados em um

mesmo período.

• Quantidade de Carga da Engenharia de acordo com a Figura 24.

0

1500

3000

4500

6000

7500

JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN

HO

RA

S

Carga Firme Atividades GeraisAnte-Projeto Cotação 6 SIGMACarga P&D C30Retrabalho + Fichas + Garantias Carga ProvavelCapacidade geral

Figura 24 - Modelo de Indicador de Desempenho de Carga

Objetivo: Este Indicador tem por objetivo apresentar de forma gráfica as horas

programadas em todas as atividades da Engenharia para os próximos doze

meses tornando possível planejar a área de Engenharia e verificar a

necessidade da contratação de mão-de-obra adicional e terceirização.

Descrição: Total de horas programadas

Unidade/ Medida: Horas.

Apresentação: Gráfico de barras

Neste capítulo foi apresentado um estudo de caso sobre a definição de

Indicadores de Desempenho no departamento de Engenharia de uma Unidade

Estratégica de Negócios.

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83

CONCLUSÃO

As inúmeras mudanças no mercado mundial, o novo comportamento dos

clientes, muito mais exigentes, e a grande competitividade entre as empresas estão

obrigando as organizações a encontrarem melhores formas para desempenhar suas

atividades, visando ter competitividade e sucesso empresarial.

Neste ambiente extremamente competitivo, muitas empresas optam por dividir

seus negócios com o objetivo de otimizar os resultados das empresas por meio da

focalização.

Neste contexto, o presente trabalho apresentou um novo modelo de gestão

denominado Unidades Estratégicas de Negócios (UEN), em que as UEN são

empresas que se descentralizaram em subatividades, com receitas, despesas e

autonomia de um negócio, mas respeitando as estratégias e objetivos da

administração corporativa da empresa.

O principal objetivo destas Unidades Estratégicas de Negócios é ser mais

especializada em seus ramos de atividades, negócios ou conjunto de negócios e

serem capazes de entender e focar mercados com o desenvolvimento de

competências específicas.

Para estas empresas é notável a importância da existência do planejamento

estratégico e de sua prática pela alta administração, com a finalidade de formular os

objetivos a serem seguidos, considerando as condições externas e internas da

empresa e a evolução esperada.

Na elaboração e acompanhamento do planejamento estratégico, as Unidades

Estratégicas de Negócios conseguem formular os objetivos a serem seguidos e definir

as melhores estratégias de acordo com a evolução esperada.

Neste momento, surge a necessidade do desenvolvimento e utilização de

métricas de controle que funcionem como elemento básico dentro do processo de

gestão, capazes de suportar as Unidades Estratégicas de Negócios, fornecendo

informações precisas para o seu gerenciamento, bem como para o planejamento

estratégico.

O objetivo do trabalho foi apresentar a importância do desenvolvimento de

indicadores de desempenho, como ferramenta de gerenciamento de desempenho,

capazes de auxiliar de forma efetiva no sistema de decisão das Unidades Estratégicas

de Negócios.

Os indicadores de desempenho são métricas capazes de aferir a posição da

UEN em relação ao seu planejamento estratégico, aos concorrentes e aos objetivos

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estabelecidos pela alta administração e administração corporativa, proporcionando a

correta medição da situação em que se encontra a empresa no momento atual e a

compatibilidade das possíveis ações estabelecidas com as metas propostas, o prazo

estimado e as metas da própria empresa, representada pela Administração

Corporativa da Unidade Estratégica de Negócios.

O estudo de caso da aplicação de indicadores de desempenho na área de

Engenharia de uma empresa de equipamento de grande porte foi utilizado para

ressaltar a importância desses indicadores para medir a situação da Engenharia em

relação ao esperado, e mostrar de forma prática toda a teoria estudada.

Por meio da observação da aplicação dos indicadores de desempenho no

departamento de Engenharia descrito no estudo de caso, foi verificado que as

principais saídas do processo de Engenharia que necessitam ser monitorados são:

• Quantidade de carga da Engenharia: apresenta o volume de trabalho que

deve ser realizado para os próximos meses. Através deste controle é

possível tomar várias decisões como contratação de mão de obra adicional;

necessidade de postergação de prazos; horas extras e mão de obra

especializada;

• Quantidade de horas gastas por Projeto: quando da venda dos projetos,

que possuem uma quantidade de horas vendidas, estas horas precisam ser

controladas, principalmente porque gastar mais horas que a previsão inicial

significa perda direta da margem de lucro do projeto;

• Quantidade de marcos cumpridos no prazo: os marcos representam as

atividades que devem ser cumpridas em datas pré-estabelecidas, conforme

cronogramas do projeto. O não cumprimento dos prazos pode provocar

multas contra a empresa, além de provocar atraso nas datas do

recebimento dos pagamentos;

• Porcentagem de erros da Engenharia: ser verificada levando-se em

consideração duas premissas: a quantidade de erros realizados em cada

projeto, que resultam em retrabalhos que geram perdas da margem de

lucro direta nos projetos vendidos, e a quantidade total de erros realizados

em todos os projetos da UEN, que mostram o total de retrabalho realizado

em todos os projetos e a perda da UEN;

• Quantidade de horas produtivas em relação ao total de horas trabalhadas

no período: com o objetivo de verificar a performance da Engenharia, já que

as horas produtivas significam as horas realmente trabalhadas em projetos

e o total de horas significa a quantidade de horas existentes com a

presença da mão de obra.

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Através da análise destas principais atividades que necessitavam ser

monitoradas foi possível elaborar indicadores de desempenho que agissem como

alerta da situação possibilitando que se tomassem decisões para cada tipo de situação

ou problema, evitando perdas para a empresa.

Conclui-se, portanto, que a utilização dos indicadores de desempenho é

primordial para a verificação do andamento dos processos e atividades da empresa; e

através dela é possível verificar a situação atual e tomar decisões cabíveis para o

controle e elaboração de estratégias necessárias para que os objetivos planejados

sejam cumpridos.

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