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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA Curso: Práticas Escolares de Alfabetização e Letramento – Oferta 3 Disciplina: Educação, Ciberespaço, Cibercultura Professor: Paulo Veríssimo de Aguiar Aluna: Carina Aparecida Tomaz Apreciação crítica do filme Her O filme Her (2013) traz-nos a necessidade de uma reflexão a cerca de todas as inovações tecnológicas ao nosso redor, dos benefícios e malefícios dessas novidades. Incontáveis transformações na área tecnológica vêm surgindo com o pressuposto intuito de facilitar e/ou otimizar nosso tempo, espaço, trabalho e etc. O filme mostra-nos de forma clara o avanço da tecnologia em detrimento da nossa essência. Trata de uma realidade onde as relações entre pessoas são superficiais, onde empresas são pagas para escrever cartas pessoais, onde as pessoas comunicam-se menos entre si e mais através dos recursos tecnológicos. A vida pode ser guiada e organizada através de serviços operacionais que realizam atividades como a leitura de e-mails, seleção de músicas, envio de correspondências, etc., Com a temática de atender a necessidades especiais do momento, surge o OS1, um serviço propagado em pontos estratégicos, com características diferentes, já que é um sistema autônomo e que evolui conforme registros e experiências. É um sistema direcionado à pessoas que se sentem sós. A evolução tecnológica acompanha ou antecipa situações. Neste caso, o objetivo é suprir as dificuldades relacionais encontradas pelas pessoas. Theodore (Joaquin Phoenix ) é um homem dotado de uma sensibilidade incomum para a época, porém, tem dificuldades para se relacionar desde o fim do casamento. É o perfil adequado para o uso do

Análise reflexiva do filme Her

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Análise reflexiva do filme Her em relação aos conflitos, desafios e possibilidades do homem e as novas tecnologias.

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAISINSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADACurso: Práticas Escolares de Alfabetização e Letramento – Oferta 3Disciplina: Educação, Ciberespaço, CiberculturaProfessor: Paulo Veríssimo de AguiarAluna: Carina Aparecida Tomaz

Apreciação crítica do filme Her

O filme Her (2013) traz-nos a necessidade de uma reflexão a cerca de todas as inovações tecnológicas ao nosso redor, dos benefícios e malefícios dessas novidades.

Incontáveis transformações na área tecnológica vêm surgindo com o pressuposto intuito de facilitar e/ou otimizar nosso tempo, espaço, trabalho e etc. O filme mostra-nos de forma clara o avanço da tecnologia em detrimento da nossa essência. Trata de uma realidade onde as relações entre pessoas são superficiais, onde empresas são pagas para escrever cartas pessoais, onde as pessoas comunicam-se menos entre si e mais através dos recursos tecnológicos. A vida pode ser guiada e organizada através de serviços operacionais que realizam atividades como a leitura de e-mails, seleção de músicas, envio de correspondências, etc.,

Com a temática de atender a necessidades especiais do momento, surge o OS1, um serviço propagado em pontos estratégicos, com características diferentes, já que é um sistema autônomo e que evolui conforme registros e experiências. É um sistema direcionado à pessoas que se sentem sós. A evolução tecnológica acompanha ou antecipa situações. Neste caso, o objetivo é suprir as dificuldades relacionais encontradas pelas pessoas. Theodore (Joaquin Phoenix) é um homem dotado de uma sensibilidade incomum para a época, porém, tem dificuldades para se relacionar desde o fim do casamento. É o perfil adequado para o uso do SO1. Este programa já começa com a proposta de personalização desde sua instalação. Theodore que tem obsessão clara por sexo, já escolhe a voz feminina e propositalmente, essa voz é imensamente sedutora. Samantha (Scarlett Johansson) então passa a organizar a vida de Theordore, inclusive suprindo sua necessidade sexual. Constrói-se dessa forma uma relação de dependência que nos leva a refletir sobre a posição de Pascal, citado por Maia, que afirma “O homem é visivelmente feito para pensar. É essa toda a sua dignidade e todo o seu mérito”. Um sistema que resolve nossa vida nos poupa de pensar em muitas situações, principalmente as mais difíceis e isso consequentemente nos torna vulneráveis e dependentes. É algo que nos rouba de nossa essência.

Theodore enfrenta problemas, pois toda relação é regida por sentimentos que vão além da virtualidade. Podemos questionar se essa é uma

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relação real? Do que lembrar se Samantha não tem um corpo? Mas nós também nos recordamos através de músicas e para cada minuto marcante eles tinham uma música composta especialmente para esse fim. Então, do meu ponto de vista, não deixa de ser uma relação real. Há sentimentos, há lembranças, há significado; mesmo que seja apenas por parte de Theodore.

Uma das maiores dificuldades encontradas pelos seres humanos atualmente, é lidar com as frustrações das relações e entre Theodore e Samantha não foi diferente. As diferenças desta relação e a evolução contínua do sistema começaram a causar desconforto, desde a descoberta de que Samantha não era sua única e exclusivamente, até a sua partida, juntamente com todo o SO1.

Com base neste apanhado, penso que toda tecnologia é bem vinda, desde que tenhamos maturidade para utilizá-la e refletir sobre seus objetivos, já que nenhuma tecnologia é neutra, segundo Laranja, Simões e Fontes (1997), citados por Silveira e Bazzo em nosso terceiro texto.

Algumas facilidades como a desterritorialização, o surgimento do ciberespaço e da cibercultura, a expansão da mobilidade e a conectividade e a pulverização dos recursos tecnológicos devem ser observadas com olhos atentos, pois nada pode ressignificar nossa essência, nosso ser. De tudo fica Heidegger e sua preocupação com a ameaça em tornarmo-nos seres robotizados e desacostumados de pensar. Não podemos perder de vista nossa autoridade enquanto seres que pensam e que nesta relação homem X máquina, somos nós a ditar o ritmo e não o contrário. O resgate constante de nossa essência e a consciência de que não podemos nos afastar de nós mesmos é o ponto de equilíbrio que devemos buscar para uma convivência saudável e produtiva entre homem e tecnologia.

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Referências bibliográficas

HER. Produção de Spike Jonze. EUA: Sony Pictures, 2013. DVD, (126min): Ntsc, son., color. Legendado. Port.

MAIA, Isabel. Sobre a “serenidade” de Martim Heidegger. Disponível em: www.consciencia.org/heideggerisabel.stml. Acesso em: 10/02/2014.

SIMPÓSIO ENTERNACIONAL PROCESSO CIVILIZADO. IX, Ponta Grossa. Ciência e Tecnologia: Transformando a relação do ser humano com o mundo. Ponta Grossa, Paraná, Brasil.