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1 Universidade Federal de São João Del Rei DEPEL - Departamento de Engenharia Elétrica ANÁLISE DE ESTABILIDADE ANGULAR PARA SISTEMAS MULTIMÁQUINAS Diego Henrique dos Santos – 0609004-4 Trabalho Final de Curso submetido à banca examinadora designada pelo Colegiado do Curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de São João del-Rei como requisito parcial para obtenção do Bacharelado em Engenharia Elétrica. Orientador: Warlley Sousa Sales São João del-Rei Junho de 2012

Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

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Page 1: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

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Universidade Federal de São João Del Rei DEPEL - Departamento de Engenharia Elétrica

ANÁLISE DE ESTABILIDADE ANGULAR PARA SISTEMAS MULTIMÁQUINAS

Diego Henrique dos Santos – 0609004-4

Trabalho Final de Curso submetido à banca

examinadora designada pelo Colegiado do

Curso de Engenharia Elétrica da

Universidade Federal de São João del-Rei

como requisito parcial para obtenção do

Bacharelado em Engenharia Elétrica.

Orientador: Warlley Sousa Sales

São João del-Rei

Junho de 2012

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Agradecimentos

Primeiramente agradeço a Deus por mais essa vitória.

Aos meus pais, pois deles recebi o dom da vida.

Agradeço também aos meus irmãos, Paloma, Vinícius e Flávio, enfim toda minha família

e sem deixar de mencionar, agradeço também aos amigos.

Aos professores do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de São João

del Rei principalmente ao Warlley Sousa Sales, pela sua valiosa orientação durante a

realização deste trabalho.

Page 3: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 5

1.1. Motivação ...................................................................................................................... 5

1.2. Contextualização........................................................................................................... 5

1.3. Estrutura do Trabalho ................................................................................................... 7

2. O PROBLEMA DA ESTABILIDADE TRANSITÓRIA ................................................. 8

2.1. Modelagem Matemática do Problema .......................................................................... 8

3. MODELOS DAS MÁQUINAS SÍNCRONAS EM REGIME PERMANENTE ............ 12

3.1. Modelagem da Máquina Síncrona .............................................................................. 12 3.1.1. Modelagem Elétrica ................................................................................................... 12 3.1.2. Circuito Elétrico Equivalente da Máquina de Polos Lisos ........................................... 13 3.1.3. Potência Elétrica Fornecida pela Máquina Síncrona de Polos Lisos ........................... 15 3.1.4. Coeficiente de Potência Sincronizante da Máquina de Polos Lisos ............................ 16 3.1.5. Equações de Estado da Máquina de Polos Lisos ....................................................... 17

4. ESTUDOS DE ESTABILIDADE ANGULAR DE REGIME PERMANENTE EM

SISTEMAS MULTIMÁQUINAS ................................................................................................. 18

4.1. Modelagem .................................................................................................................. 18 4.1.1. Modelagem Estática .................................................................................................. 18 4.1.2. Modelagem Dinâmica ................................................................................................ 18

4.2. Linearização ................................................................................................................ 19

5. ESTUDO DE CASO ....................................................................................................... 22

5.1. Sistema Teste 9 Barras ............................................................................................... 22

6. CONCLUSÃO E PROPOSTA PARA TRABALHOS FUTUROS ............................... 29

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 30

Page 4: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

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Resumo O presente trabalho busca analisar a estabilidade de sistemas elétricos de potência a

partir de ferramentas computacionais, como o MATLAB, utilizando os modelos matemáticos

simplificados dos elementos de potência como geradores, transformadores, cargas e linhas

de transmissão. Para isso é desenvolvido o modelo matemático da máquina síncrona, o

principal componente de um Sistema Elétrico de Potência, mostrando as características de

potência x ângulo e definindo algumas condições para que o sistema seja estável. Para

avaliação de estabilidade foi calculado os autovalores da matriz características do sistema, o

sistema utilizado na avaliação foi o sistema de nove barras e três geradores.

Palavras-chave: Sistemas Elétricos de Potência, Estabilidade, Máquinas Síncronas,

linearização, espaço de estados, autovalores.

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Motivação

O Brasil caminha para consolidar-se como uma grande superpotência energética no

século XXI. Frente ao aquecimento global, os países estão se conscientizando e tomando

medidas para reduzir o consumo de petróleo, gás, carvão e outras fontes de energia

poluentes. A hidroeletricidade é a principal fonte de energia no Brasil, contudo também

apresenta algumas desvantagens, como a emissão de gases estufa devido ao corte de

árvores ou ao alagamento de áreas com árvores, por causa de sua decomposição.

Apesar de sua grande extensão territorial e sua abundância de recursos

energéticos, o Brasil apresenta uma enorme diversidade regional e forte concentração

populacional e econômica em regiões com sérios problemas de suprimento energético. Daí

surge empecilho de grande parte dos recursos energéticos do país está localizado em

regiões muito pouco desenvolvidas, distantes dos centros consumidores e com fortes

restrições ambientais. E como garantir o suprimento energético de regiões mais

desenvolvidas é um desafio da sociedade brasileira, torna-se fundamental o conhecimento

sistematizado da disponibilidade de recursos energéticos, das tecnologias e sistemas para

os seu aproveitamento e das necessidades energéticas setoriais e regionais do país.

O crescimento econômico e industrial e melhorias na qualidade de vida estão

diretamente ligados ao aumento da demanda de energia elétrica e esse aumento deve ser

satisfeito com qualidade e economicidade, ou seja, os níveis de tensão e frequência devem

ser adequados ao funcionamento dos equipamentos elétricos e garantir a entrega de

energia elétrica com o menor número de interrupção possível. Essas duas características

garantem a estabilidade do sistema. Um dos estudos mais importantes realizado para os

sistemas de potência interligados é o da avaliação de sua estabilidade o que originou a

escolha do tema deste trabalho “Análise de Estabilidade Angular para Sistemas

Multimáquinas”

1.2. Contextualização

No Brasil, um país de dimensão continental, os primeiros sistemas de potência

supriam apenas os centros de carga regionais, operando de modo isolado. A partir dos anos

60, com a construção de grandes usinas e a ocorrência de forte desenvolvimento industrial,

os sistemas de potência começaram a ser interconectados. Como decorrência das

interligações entre as redes regionais, um grande número de problemas teve de ser

analisado a fim de se obter as melhores soluções técnicas e econômicas.

Page 6: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

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Atualmente há duas grandes redes interligadas em operação no Brasil: os sistemas

interligados Sul/Sudeste/Centro-Oeste e Norte/Nordeste, tendo este último, linhas de

transmissão de mais de 2000 km, em 500 kV. No passado, foram estudadas diversas

alternativas de interligações entre essas duas redes, envolvendo distâncias da ordem de

2500 km e tensões de até 1200 kV CA e ± 800 kV CC. Recentemente, uma linha de

transmissão em 500 kV, com mais de 1000 km de extensão, passou a interligar o N/NE com

o S/SE-CO,interligação denominada Norte-Sul.

Um dos estudos mais importantes realizado para os sistemas de potência

interligados existentes na atualidade é o da avaliação da sua estabilidade. Dentre os

aspectos a considerar no estudo dos Sistemas Elétricos Potência (SEP) está o da

estabilidade das máquinas síncronas pertencentes ao sistema. Se uma máquina síncrona

tende a afastar-se da velocidade de sincronismo, há forças de sincronismo que a “forçam” a

manter-se a funcionar à velocidade de sincronismo. Porém, há condições de funcionamento

dos Sistemas Elétricos de Potência em que as forças de sincronismo não são suficientes

para que após a ocorrência de um distúrbio, as máquinas síncronas continuem a funcionar

em sincronismo. Em estudos de “Estabilidade de Sistemas Elétricos de Potência” procura-se

conhecer exatamente o comportamento das máquinas síncronas depois de o sistema ter

sido perturbado (saída de linhas de transmissão ou grande alteração nas cargas, por

exemplo). O Sistema é dito estável se após a ocorrência destas perturbações continuar a

funcionar em sincronismo.

O desempenho dinâmico de um SEP é influenciado por uma vasta gama de

equipamentos e dispositivos de diferentes características. Praticamente todo elemento de

um sistema tem um efeito na sua estabilidade. Assim, mesmo sendo um problema global,

não é prático estudar estabilidade de um SEP de forma unificada. O estudo da estabilidade

é, então, dividido em categorias em função das diferentes formas de instabilidade, do tipo de

distúrbio, do tempo de duração e do melhor método de análise aplicável [1].

O estudo da estabilidade de SEP divide-se em duas grandes classes conforme se

mostra na figura 1.1[6]. Esta classificação tem por base os seguintes fatores: o fenômeno

que caracteriza o tipo de instabilidade e as causas físicas que conduzem à sua ocorrência.

Assim, para o desenvolvimento de métodos de análise é necessária a segmentação do

problema em estudo de acordo com o tipo e a amplitude da perturbação, as variáveis

necessárias, as ferramentas matemáticas, o período de tempo sob análise e as ações de

controle corretivo a implementar.

Page 7: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

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Figura 1.1 – Classificação do estudo de estabilidade

Conforme ilustrado na Figura 1.1, o problema da estabilidade desses sistemas pode

ser classificado como sendo de estabilidade de ângulo ou de estabilidade de tensão. No

primeiro caso a estabilidade é regida, essencialmente, pelas dinâmicas dos rotores dos

geradores síncronos e seus sistemas de controle, enquanto que no segundo a mesma é

regida, essencialmente, pelo comportamento dinâmico das cargas do sistema. Em ambos os

casos o problema pode ser abordado segundo dois aspectos: pequenas e grandes

perturbações.

1.3. Estrutura do Trabalho

No capítulo 2 é apresentado o problema de estabilidade transitória onde é feita a

modelagem matemática do problema chegando até as equações de oscilação da máquina

síncrona.

No capítulo 3 é desenvolvido o modelo em regime permanente da máquina síncrona

de polos lisos, apresentando suas respectivas características referentes à potência e ângulo

de carga.

O capítulo 4 apresenta a análise por meio da técnica dos autovalores e autovetores

no estudo de estabilidade angular em regime permanente para sistemas multimáquinas.

No capítulo 5 são apresentados os resultados das simulações utilizando a técnica

apresentada no capítulo 4.

Por fim, no capítulo 6 são apresentadas as conclusões obtidas ao longo do

desenvolvimento deste trabalho.

Estabilidade de Sistemas de

Potência

Estabilidade Angular

Estabilidade Transitória

Estabilidade a Pequenos Sinais

Estabilidade de Tensão

Estabilidade de Tensão a grandes

disturbios

Estabilidade de Tensão a pequenos

distúrbios

Page 8: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

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2. O PROBLEMA DA ESTABILIDADE TRANSITÓRIA

Um sistema de potência é constituído basicamente por máquinas síncronas, cargas

e linhas de transmissão que interligam estes dispositivos. Quando as grandezas de um

sistema não variam com o tempo, as diferenças entre os ângulos de fase devem

permanecer constantes para que o fluxo de potência também permaneça constante.

Se os distúrbios forem pequenos, como variações normais de cargas nos

barramentos, o estudo de estabilidade é conhecido como estabilidade dinâmica. Nesse tipo

de estudo, as equações do sistema são linearizadas em torno de um ponto de operação

estável, e o modelo matemático utilizado para sua análise é um conjunto de equações

diferenciais lineares invariantes no tempo, sendo empregadas as técnicas de sistemas

lineares diretamente associadas ao estudo dos autovalores.

Diante de perturbações de grande impacto, como desligamento de linhas de

transmissão, a análise linearizada não é apropriada, visto que as não linearidades inerentes

aos sistemas de potência não podem ser desprezadas, e o estudo da estabilidade é

conhecido como estabilidade transitória, sendo que o modelo matemático utilizado para sua

análise é um conjunto de equações diferenciais não lineares.

Quando se estuda um sistema constituído de duas ou mais máquinas, geralmente

chamado de sistema multimáquinas, a sustentação do sincronismo entre as várias máquinas

em um curto período de tempo, após a ocorrência da perturbação, tem sido a preocupação

nos estudos de estabilidade transitória, onde a ação dos controladores não causa efeitos

significativos no comportamento do sistema, em geral, sendo desprezados para efeito de

análise nos estudos de estabilidade transitória.

2.1. Modelagem Matemática do Problema

Para analisar o comportamento das máquinas síncronas, quando da ocorrência de

um impacto ou de uma perturbação no sistema de potência, podem ser adotadas como

variáveis de estado as posições angulares dos rotores dessas máquinas, com relação a

uma referência que gira com velocidade síncrona. Dessa forma, por meio dos

deslocamentos angulares ( ), é possível verificar o sincronismo das máquinas. Uma

equação associada, que permite determinar as evoluções do ângulo , é denominada

equação de oscilação da máquina síncrona, sendo o seu desenvolvimento apresentado a

seguir.

As equações diferenciais que descrevem o comportamento dinâmico do sistema

podem ser obtidas através de um balanço de potência em cada máquina do sistema.

Seja então J o momento de inércia da máquina e o ângulo do rotor em relação ao

eixo de referência. Pelas leis físicas temos que:

Page 9: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

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. ² ( ) ² = [2.1]

em que é o torque resultante da diferença entre o torque mecânico e o torque elétrico.

Como neste caso a máquina funciona como gerador, o torque mecânico atua no sentido de

acelerar o rotor do gerador, e o torque elétrico gerado através dos campos magnéticos pela

potência elétrica exigida pelas cargas, desacelera o mesmo. Portanto, em um gerador, tanto

o torque mecânico como o elétrico serão positivos, ou seja: = − [2.2]

Pode-se tomar como referência angular um eixo girando à velocidade síncrona , ou seja: ( ) = ( + ) + ( ) [2.3]

em que:

• ( + ) é a referência girante à velocidade síncrona;

• é o ângulo de defasagem entre a referência fixa e a referência girante no tempo

t=0;

• ( ) é ângulo mecânico formado entre o rotor e a referência girante.

Derivando-se a equação (2.3) em relação ao tempo, obtém-se a velocidade angular

mecânica: ( ) = + ( ) [2.4]

e derivando-se esta equação, tem-se: ² ( ) ² = ² ( ) ² [2.5]

onde se pode notar que independentemente da referência utilizada, a aceleração angular é

exatamente a mesma. Assim, a equação diferencial que descreve o comportamento de em

relação ao tempo é a mesma que descreve o comportamento de , isto é: . ² ( ) ² = − [2.6]

Em regime permanente, o rotor gira à velocidade síncrona, de forma que é uma

constante. Com esta mudança de variáveis, transforma-se o problema de soluções de

equilíbrio em um problema de pontos de equilíbrio de um conjunto de equações diferenciais.

Em sistemas elétricos de potência é mais conveniente trabalhar com potências do

que torques. Assim, multiplicando-se ambos os lados da equação pela velocidade angular

mecânica ( ), obtém-se uma equação diferencial em função das potências envolvidas no

sistema, ou seja:

² ( ) ² = − [2.7]

Page 10: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

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Supondo-se que a velocidade mecânica não se afasta significativamente da

velocidade síncrona, caso contrário, ocorreria perda de sincronismo rapidamente, a seguinte

simplificação é realizada:

em que é a constante de inércia da máquina.

Desta forma, a equação diferencial anterior em termos de potência é:

A potência elétrica entregue à rede é uma função dos ângulos elétricos da rede.

Considerando-se que p é o número de polos da máquina, a relação entre os ângulos

mecânicos das máquinas com os ângulos elétricos da rede é a seguinte:

que é obtida derivando-se a equação que relaciona as velocidades:

em relação ao tempo.

Logo, a equação diferencial que descreve o comportamento dinâmico da máquina

em termos dos ângulos elétricos é:

Dividindo-se a equação anterior pela potência base , obtém-se sua

representação em p.u.:

Para simplificação, considere-se:

em que M é uma nova constante de inércia em p.u. corrigida pelo número de polos da

máquina. Assim, tem-se para cada máquina do sistema uma equação diferencial de

segunda ordem. Para um sistema multimáquinas, obtém-se um conjunto de n equações

diferenciais de segunda ordem:

≅ = [2.8]

² ( ) ² = − [2.9]

= 2 [2.10]

= 2 [2.11]

2 ² ( ) ² = − [2.12]

2 ² ( ) ² = − [2.13]

= 2 [2.14]

² ( ) ² = − [2.15]

Page 11: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

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em que

• é a potência injetada na máquina , em p.u.; • é a potência elétrica entregue à rede pela máquina , em p.u. .

Estas equações são conhecidas como equações de oscilação do sistema.

A constante de inércia é também muito utilizada em estudos de estabilidade e

também será adotada neste trabalho. Ela é definida como sendo a razão entre a energia

cinética da máquina e a potência base do sistema, isto é:

A relação entre as constantes de inércia e é obtida através do seguinte

procedimento:

Portanto:

Assim:

e a equação de oscilação do sistema tem a seguinte forma:

Até agora, expressou-se a equação de oscilação quando a potência mecânica é

igual a potência elétrica. Contudo, as máquinas estão sujeitas aos efeitos de amortecimento,

ou seja, efeitos de perda de energia resultantes do movimento do rotor em atrito com os

mancais ou até mesmo o ar para promover ventilação. Admitindo-se que as potências de

atrito são proporcionais à variação de velocidade da máquina, e desprezando os

amortecimentos ocorridos devido a torques assíncronos entre máquinas, que é proporcional

à diferença de velocidade entre as mesmas, a equação diferencial que descreve o

comportamento dinâmico de cada máquina é:

= [2.16]

= 12 ² = 12 [2.17]

= 12 [2.18]

= 12 2 = 4 2 2 = [2.19]

= = 2 [2.20]

² ( ) ² = 2 ( − ) [2.21]

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em que é a constante de amortecimento correspondente à máquina do sistema, e são, respectivamente, a velocidade da máquina i sujeita a variações, e velocidade síncrona

da máquina i em regime permanente, fornecidos em p.u. .

A equação diferencial anterior pode ser decomposta nas seguintes equações de

estado:

sendo estas as equações que descrevem o movimento mecânico das máquinas síncronas.

3. MODELOS DAS MÁQUINAS SÍNCRONAS EM REGIME PERMANENTE

3.1. Modelagem da Máquina Síncrona

Para modelar a máquina síncrona é necessário representá-la como um sistema

eletromecânico. O sistema mecânico produz o torque mecânico fornecido pelas turbinas ao

eixo girante. O sistema elétrico tem seu desempenho expresso em função de correntes e

tensões geradas e fornecidas aos enrolamentos da máquina síncrona, conforme mostrado

na Figura 3.1.

Figura 3.1 – Representação elétrica da máquina síncrona.

3.1.1. Modelagem Elétrica

Os modelos matemáticos das máquinas de polos lisos são mais simples de serem

desenvolvidos. Na verdade, pode-se dizer que a representação matemática dessas

2 ² ( ) ² + ( − ) = ( − ) [2.22]

( ) = ( − ) [2.23] ( ) = 2 [ − − ( − )] [2.24]

Page 13: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

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máquinas é uma simplificação, ou um caso particular, da representação das máquinas de

polos salientes [3]. Por esse motivo, é interessante iniciar o desenvolvimento dos modelos

considerando as máquinas de polos lisos.

3.1.2. Circuito Elétrico Equivalente da Máquina de Polos Lisos

Para a análise do circuito elétrico equivalente da máquina síncrona de polos lisos é

suficiente considerar um sistema simples do tipo gerador ligado diretamente a um

barramento infinito, conforme mostrado na Figura 3.2.

Figura 3.2 – Gerador síncrono ligado a um barramento infinito

Um circuito equivalente muito útil e simples, que representa o comportamento em

regime permanente de uma máquina síncrona de rotor cilíndrico em condições polifásicas

equilibradas, pode ser obtido se o efeito do fluxo de reação de armadura for representado

por uma reatância indutiva. O fluxo de entreferro resultante na máquina pode ser

considerado como a soma fasorial dos fluxos componentes criados pelas ’ do campo e

da reação da armadura, respectivamente, como mostrado pelos fasores , e na

Figura 3.3.

Figura 3.3 - Diagrama fasorial simplificado da máquina síncrona de pólos lisos.

Do ponto de vista dos enrolamentos de armadura, estes fluxos se manifestam como ’ geradas. A tensão de entreferro resultante pode então ser considerada como fasor

soma da tensão de excitação gerada pelo fluxo do campo e a tensão gerada pelo fluxo

de reação da armadura. As ’ componentes da excitação e são proporcionais às

correntes de campo e armadura respectivamente, e cada uma se atrasa em relação ao fluxo

Page 14: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

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que a produz de 90º. O fluxo de reação de armadura está em fase com a corrente de

armadura , e consequentemente a fem de reação de armadura se atrasa em relação à

corrente de armadura em 90º. Assim, = − [3.1]

onde é a constante de proporcionalidade, que relaciona os valores eficazes de e . A

Equação 3.1 também se aplica à porção do circuito da Figura 3.9a a esquerda de . O

efeito da reação de armadura, portanto, é simplesmente o de uma reatância indutiva

representando a tensão componente gerada pelo fluxo espacial fundamental criado pela

reação da armadura. Esta reatância é comumente chamada reatância magnetizante, ou

reatância da reação de armadura.

A tensão de entreferro difere da tensão terminal pelas quedas de tensão na

resistência de armadura e na reatância de dispersão, como mostrado à direita de na

Figura 3.4a, onde é a resistência da armadura, é a reatância de dispersão da

armadura, e é a tensão terminal. Todas as grandezas são por fase (de linha a neutro em

uma máquina ligada em Y). A reatância de dispersão da armadura leva em conta as tensões

induzidas pelos fluxos componentes que não estão incluídas na tensão de entreferro . Estes fluxos incluem não somente aqueles de dispersão através das ranhuras da armadura

e ao redor das extremidades da bobina, mas também aqueles associados aos campos

espaciais harmônicos por ser a onda real de de armadura diferente de uma senóide

perfeita.

Finalmente, o circuito equivalente para uma máquina de rotor cilíndrico não saturado

sob condições polifásicas equilibradas se reduz à forma mostrada na Figura 3.4b, na qual a

máquina é representada, em uma base por fase, pela tensão de excitação em série com

uma impedância simples. Esta impedância é chamada impedância síncrona. A reatância

é chamada a reatância síncrona.

(a) (b)

Figura 3.4 – Circuitos equivalentes

Em termos das reatâncias magnetizante e de dispersão = + [3.2]

Page 15: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

15

A reatância síncrona leva em conta todo o fluxo produzido por correntes de

armadura polifásicas equilibradas, enquanto a tensão de excitação leva em conta o fluxo

produzido pela corrente de campo.

Considerando as definições realizadas da Figura 3.4b é possível escrever a seguinte

equação: = + . + . [3.3]

Com o intuito de simplificar alguns tipos de análise é costume desprezar a

resistência da armadura da máquina síncrona. Portanto, em regime permanente, a máquina

síncrona de polos lisos pode ser representada por um modelo de fonte de tensão constante

( ), atrás de uma impedância ( + ), ou reatância ( ), correspondendo a um

equivalente de Thévenin.

3.1.3. Potência Elétrica Fornecida pela Máquina Síncrona de Polos Lisos

Nos estudos de estabilidade angular, e para operação em regime permanente, é de

fundamental importância considerar a equação da potência elétrica fornecida pela máquina

síncrona. Para tanto, pode-se admitir uma máquina síncrona de pólos lisos, operando como

gerador, ligada diretamente a um barramento infinito, como mostrado na Figura 3.2.

A máquina síncrona considerada fornece uma potência ativa (P) e uma potência

reativa (Q), portanto, a potência complexa correspondente tem a seguinte expressão: = + = . ∗ [3.4]

Desprezando a resistência de armadura, analisando o circuito elétrico da Figura

3.4b, tem-se: = − = ∡ − ∡0o ∡90° [3.5]

Considerando o conjugado da Equação (3.4) e levando posteriormente, nessa

mesma equação, a corrente do estator definida por (3.5), obtém-se: − = . ( ∡ )− ² ∡90o = . ∡ − 90o − ²∡− 90° [3.6]

Da Equação (3.6) podem ser extraídos os valores das potências ativa e reativa

fornecida pela máquina, bastando considerar as partes real e imaginária. Assim, tem-se

para a potência ativa: = { } = . cos( − 90o) − ² cos (90°) [3.7]

ou ainda, = . sen( ) [3.8]

Para potência reativa, tem-se:

Page 16: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

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= { } = − . sen − 90° + ² sen (90°) [3.9]

ou ainda, = . cos( )− ² [3.10]

As Equações (3.8) e (3.10) correspondem às equações de potência ativa e de

potência reativa fornecidas pela máquina síncrona de pólos lisos, na operação de regime

permanente. Por meio das mesmas, é possível analisar duas condições operativas distintas,

ou seja, máquina operando como gerador e máquina operando como compensador

síncrono.

Figura 3.5 - Característica - e - da maquina síncrona de polos lisos.

3.1.4. Coeficiente de Potência Sincronizante da Máquina de Polos Lisos

Por meio da característica potência-ângulo, vista anteriormente, é possível definir um

importante índice de avaliação de desempenho de sistemas elétricos de potência, que é

denominado por coeficiente de potência sincronizante. Com base nesse índice é possível

analisar os sistemas de potência, observando suas margens operativas e condições limites

de operação.

Suponha que a potência mecânica de entrada do gerador sofre uma pequena

perturbação em relação ao seu valor de regime permanente , ou seja: = + [3.11]

Em consequência, o ângulo do rotor sofrerá uma perturbação , o que provocará

por sua vez uma variação na potência elétrica em relação ao seu valor de regime

permanente, . Esta variação pode ser determinada via expansão em série de Taylor da

Equação 3.8 truncada no termo linear da série: ≈ + = + cos [3.12]

Page 17: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

17

O coeficiente entre parênteses na segunda parcela da expressão acima é conhecido

como Coeficiente de Potência de Sincronização (ou Sincronizante) e é denotado por . Assim: = cos

e = + [3.13]

Pode-se observar que o coeficiente de potência sincronizante corresponde à

derivada da equação de potência elétrica, em relação ao ângulo de carga, no ponto de

equilíbrio. Ou ainda, o coeficiente de potência sincronizante corresponde à tangente da

característica - na condição de equilíbrio.

Adicionalmente, da característica potência-ângulo, pode-se observar que:

• Para 0 < < 90°, a máquina apresenta uma condição adequada de

operação;

• Para = 90°: = 0, a máquina apresenta uma condição limite de

operação ( ); • Para > 90°: < 0, a máquina apresenta uma condição inadequada de

operação.

3.1.5. Equações de Estado da Máquina de Polos Lisos

Como definido anteriormente, a equação diferencial de segunda ordem denominada

equação de oscilação pode ser decomposta nas duas equações diferenciais de primeira

ordem, definidas pelas Equações (3.14) e (3.15). = − [3.14] = 2 − . sen( ) [3.15]

onde, = velocidade síncrona da máquina (em radianos mecânicos/s);

f – frequência (em Hertz);

H – constante de inércia da máquina síncrona; - posição angular do rotor (em radianos elétricos);

w – velocidade angular do rotor (em radianos/s). Quando a máquina opera em regime

permanente w = Note que as equações anteriores são obtidas pela decomposição da equação de

oscilação da máquina síncrona, que é de segunda ordem, ou seja:

Page 18: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

18

= 2 − . sen( ) [3.16]

4. ESTUDOS DE ESTABILIDADE ANGULAR DE REGIME PERMANENTE EM SISTEMAS MULTIMÁQUINAS

4.1. Modelagem

O estudo de estabilidade de SEP requer uma modelagem matemática completa e

detalhada conforme o tipo do problema estudado, a fim de permitir análises confiáveis do

sistema.

4.1.1. Modelagem Estática

Nos SEP, os pontos de equilíbrio em regime permanente são atingidos quando a

demanda total das cargas se iguala à potência total gerada. O problema de encontrar esse

ponto é conhecido como fluxo de potência.

As equações podem ser representadas em termos de injeções de corrente e das

tensões das barras. A formulação matricial do problema (Equação 4.1) implica na

construção da matriz de admitância nodal , que representa a relação matricial entre

essas grandezas.

⋮ = ⋯ ⋮ ⋱ ⋮ ⋯ . ⋮ [4.1]

Em geral, essa matriz é altamente esparsa em SEP de grande porte, ou seja, tem

uma grande proporção de elementos nulos, pois = 0 sempre que duas barras e não

houver um circuito direto formado por linhas, FACTS ou transformadores. Essa propriedade

favorece o uso dos métodos numéricos para solução do problema.

4.1.2. Modelagem Dinâmica

O estudo dos transitórios do sistema, só é possível por meio de uma modelagem

dinâmica dos componentes do SEP, envolvendo as equações algébricas da modelagem

estática.

O conjunto de equações algébricas representa o ponto de operação do sistema

(topologia e suas admitâncias). Já as equações diferenciais descrevem o comportamento

dinâmico de componentes tais como as máquinas síncronas e seus controles.

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19

O comportamento de qualquer sistema pode ser formulado por sua representação

em espaço de estados. Ordenando-se adequadamente as equações diferenciais em função

de um vetor de variáveis de estado devidamente escolhido, obtêm-se um sistema de

equações diferenciais de 1ª ordem, onde a solução descreve o comportamento do modelo

naquele ponto de operação.

Na avaliação de estabilidade de regime permanente de um sistema de potência é

suficiente considerar a ocorrência de pequenos impacto, que produzem pequenas variações

em torno do estado inicial operativo do sistema (ponto de equilíbrio). Nessas condições é

possível admitir a linearização das equações de estado que descrevem o comportamento

dinâmico do sistema.

O estudo de estabilidade transitória dos SEP compreende simulações no domínio

do tempo obtidas pela solução conjunta das equações de estado, algébricas e de saída não

lineares:

= ( , , )0 = ( , , ) = ℎ( , , ) [4.2]

onde representa o vetor de estado, o vetor de variáveis algébricas e e os vetores de

entrada e saída, respectivamente.

4.2. Linearização

Antes de prosseguir com técnica de linearização é preciso definir melhor o conceito

de equilíbrio e estabilidade local do ponto de vista da representação em espaço de estados

de um sistema dinâmico não linear.

Um sistema é dito estar num ponto de equilíbrio se a velocidade do estado nesse

ponto do espaço for nula, isto é, todas as variações de estado são constantes e não variam

com o tempo nesse ponto [1]: = ( ) = 0 [4.3]

Define-se estabilidade local como sendo a vizinhança de um ponto de equilíbrio do

sistema não linear, que quando submetido a uma pequena perturbação permanece nessa

região. A técnica de linearização de sistemas não lineares é precisa somente na região de

estabilidade local [5]. A Figura 4.1 apresenta um exemplo de linearização de uma curva,

destacando sua região de estabilidade local ao redor do ponto de operação.

Page 20: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

20

Figura 4.1 – Curva de potência linearizada no ponto de operação.

Sejam , e os vetores de estado de variáveis algébricas e de entradas de

dimensões , e , respectivamente, de um sistema dinâmico não linear na posição de

equilíbrio: = ( , , ) = 0 [4.4]

Quando o sistema é submetido a uma pequena perturbação, ele permanece na

região de estabilidade local: = + = ( + , + , + ) [4.5]

Como a perturbação é pequena, cada função do conjunto de funções pode

ser expandida na série de Taylor. Os termos de ordem maiores que 1 são desprezados: = + = ( + , + , + ) [4.6] = ( , , ) + + ⋯ + + + ⋯ + + + ⋯+ [4.7]

Sendo a velocidade do estado nula no novo ponto de equilíbrio (Equação 4.4), a

equação anterior pode ser reescrita como: = 1 1 + ⋯ + + 1 1 + ⋯ + + 1 1 + ⋯ + [4.8]

onde todas derivadas parciais são calculadas no ponto de equilíbrio. De maneira

semelhante, obtêm-se a expressão das equações algébricas e de saída, gerando o conjunto

de equações do sistema linearizado:

⎩⎪⎨⎪⎧ = + + 0 = + + = ℎ + ℎ + ℎ

[4.9]

Usando-se todas as equações diferenciais e algébricas linearizadas tem-se o

modelo da seguinte forma:

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0 = . [4.10]

em que é o vetor de estados e é o vetor das variáveis algébricas, e = é a matriz Jacobiano.

O símbolo significa uma variação incremental a partir do regime permanente.

A matriz de estado do modelo do Sistema de Potência pode ser obtida pela

eliminação do vetor de variáveis algébricas na Equação 4.10. = ( − ) [4.11] = [4.12]

De acordo com a técnica de autovalores e autovetores, o produto de um escalar

por um vetor tem como resultado o mesmo valor do produto de uma matriz pelo vetor .

Dessa forma: . = . [4.13]

O escalar é definido como autovalor da matriz e o vetor é o autovetor

associado ao autovalor .

Da Equação 4.13 tem-se que: ( − . ). = 0 [4.14]

Além da solução trivial = 0, a Equação 4.14 apresenta a seguinte condição de

singularidade: ( − . ) = 0 [4.15]

Desta forma pode-se analisar a estabilidade dinâmica de Sistemas de Potência

através do posicionamento dos autovalores da matriz de estado :

• Sistemas cujos autovalores, sem exceção, possuem parte real negativa são

assintoticamente estáveis;

• Sistemas com pelo menos um autovalor com parte real positiva são instáveis;

• Sistemas com pelo menos um autovalor com parte real nula e os demais com parte

real negativa possuem estabilidade relativa (marginal).

A Figura 4.2 ilustra como a posição dos autovalores no plano influencia a

estabilidade do sistema.

Page 22: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

22

Figura 4.2 – Relação entre a posição dos autovalores no plano e a estabilidade do sistema.

5. ESTUDO DE CASO

5.1. Sistema Teste 9 Barras

O estudo da estabilidade a pequenas perturbações de sistemas elétricos

multimáquinas fornece informações sobre o comportamento dinâmico de cada máquina

geradora e também sobre as interações das oscilações eletromecânicas entre essas

máquinas, após a ocorrência de uma pequena perturbação em qualquer parte do sistema.

Neste trabalho será utilizado o sistema multimáquinas de nove barras e três

geradores [2]. O diagrama unifilar do sistema é representado na figura abaixo:

Figura 5.1- Diagrama Unifilar do Sistema Multimáquinas [2]

Page 23: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

23

Para obter o resultado do fluxo de potência do sistema é necessário se ter os dados

das interligações e das barras. Foi desenvolvida uma rotina em MATLAB para cálculo do

fluxo de potência, tais dados são apresentados nas tabelas 5.1 e 5.2. Na tabela 5.3 temos

os dados dos geradores. Tabela 5.1 - Dados de linhas e transformadores (pu)

Ramo número

Barra inicial

Barra final

Resistência série (pu)

Reatância série (pu)

Susceptância shunt (pu) (B/2)

1 1 4 0,0 0,0576 -

2 2 7 0,0 0,0625 -

3 3 9 0,0 0,0586 -

4 4 5 0,010 0,085 0,088

5 4 6 0,017 0,092 0,079

6 5 7 0,032 0,161 0,153

7 6 9 0,039 0,170 0,179

8 7 8 0,0085 0,072 0,0745

9 8 9 0,0119 0,1008 0,1045

Nota: Valores em pu na potência base de 100 MVA. A freqüência nominal do sistema é 60 Hz.

Tabela 5.2 – Dados de barra (potências e tensões)

Barra número

Potência Gerada Potência Consumida Módulo da tensão

(pu)

Ângulo da tensão

(graus) Ativa (MW) Reativa

(MVAR) Ativa (MW) Reativa

(MVAR)

1 71,6 27,0 1,040 0,0

2 163,0 6,7 1,025 9,3

3 85,0 -10,9 1,025 4,7

4 1,026 -2,2

5 125,0 50,0 0,996 -4,0

6 90,0 30,0 1,013 -3,7

7 1,026 3,7

8 100,0 35,0 1,016 0,7

9 1,032 2,0

Tabela 5.3 – Dados e parâmetros das máquinas síncronas Máq No

Potência (MVA)

Rotação (rpm)

X’d

(pu) X’q (pu)

Xd (pu)

Xq (pu)

T’d0 (s)

T’q0 (s)

Energia armazenada à velocidade nominal (MWs)

1 247,5 180 0,0608 0,0969 0,1460 0.0969 8,96 0.0 2364

2 192,0 3600 0,1198 0,1969 0,8958 0,8645 6,00 0,535 640

3 128,0 3600 0,1813 0,25 1,3125 1,2578 5,89 0,600 301

Nota: O valores em pu são relativos à potência nominal de cada máquina. Resistência da armadura e saturação

foram desconsiderados.

Page 24: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

24

A tensão interna dos geradores é calculada com os dados do fluxo de carga. ∡ = 1,0566∡2,2717 ∡ = 1,0502∡19,7315 ∡ = 1,0170∡13,1752

Podemos agora obter a matriz reduzida do sistema. A matriz resultante da redução

é a matriz em que todas as barras em que não há geração foram equivalentadas. Esse

método analítico para obtenção do sistema equivalente reduzido só pode ser utilizado

quando as cargas são modeladas como impedâncias constantes.

= 0,8455 – 2,9883 0,2871 + 1,5129 0,2096 + 1,22560,2871 + 1,5129 0,4200 – 2,7239 0,2133 + 1,08790,2096 + 1,2256 0,2133 + 1,0879 0,2770 – 2,3681 [5.1]

A Figura 5.2 apresenta o sistema de potência equivalentado, que possui 3 barras.

Figura 5.2- Diagrama Unifilar do Sistema Equivalente

A análise da estabilidade angular de regime permanente pode ser realizada por

meio da determinação dos autovalores da matriz característica do referido sistema. O passo

inicial é a determinação da equação matricial de estado, que nesse caso tem ordem seis,

pois são três máquinas, sendo cada uma delas representadas por duas equações de

estado.

Para cada uma das barras escrevem-se as equações de potência ativa, segundo a

equação geral mostrada a seguir [4]: = + +

[5.2]

Sendo assim, tem-se: = + ( + ) + ( + ) [5.3]

G1

G2 G3

1

2 3

Page 25: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

25

= + ( + ) + ( + ) [5.4] = + ( + ) + ( + ) [5.5]

Para cada barra (máquina) escrevem-se as equações de oscilação linearizadas.

Barra 1: ∆ = ∆ [5.6] ∆ = − 2 ∆ − 2 ∆ [5.7]

Sendo: ∆ = ∆ + ∆ + ∆ [5.8]

Barra 2: ∆ = ∆ [5.9] ∆ = − 2 ∆ − 2 ∆ [5.10]

Sendo: ∆ = ∆ + ∆ + ∆ [5.11]

Barra 3: ∆ = ∆ [5.12] ∆ = − 2 ∆ − 2 ∆ [5.13]

Sendo: ∆ = ∆ + ∆ + ∆ [5.14]

As equações anteriores podem ser postas na forma matricial, como mostrado a

seguir:

⎣⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎡∆ ∆ ∆ ∆ ∆ ∆ ⎦⎥⎥

⎥⎥⎥⎥⎥⎤ =

⎣⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎡ 0 1 0 0 0 0 0 00 0 0 1 0 0 0 00 0 0 0 0 1 0 0 ⎦⎥⎥

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎤

⎣⎢⎢⎢⎢⎡∆ ∆ ∆ ∆ ∆ ∆ ⎦⎥⎥

⎥⎥⎤

[5.15]

Page 26: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

26

sendo = − 2 = − 2 = − 2

O próximo passo é escolher uma barra para ser a referência angular do sistema,

neste caso a barra 1 ( = 0). Como = 0, a primeira coluna da matriz anterior é eliminada.

Além disso, a diferença de velocidade angular da barra 1 em relação própria barra 1 é nula.

Desse modo, elimina-se a primeira linha da matriz anterior.

Para as demais equações são feitas as seguintes alterações: − = − − + = − [5.16] = − [5.17] − = − − + = − [5.18] = − [5.19]

As equações para variação da velocidade angular continuam as mesmas: ∆ = − 2 ∆ − 2 ∆ [5.20]

∆ = − 2 ∆ − 2 ∆ [5.21]

∆ = − 2 ∆ − 2 ∆ [5.22]

Também são feitas as seguintes substituições: ∆ → ∆ ∆ → ∆ ′

Após a eliminação da linha e da coluna correspondentes à barra de referência,

chega-se à matriz característica mostra a seguir:

⎣⎢⎢⎢⎢⎢⎡∆ ∆ ′ ∆ ∆ ′ ∆ ⎦⎥⎥

⎥⎥⎥⎤

=⎣⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎡ 0 0−1 0 1 0 00 0−1 0 0 0 10 0 ⎦⎥⎥

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎤⎣⎢⎢⎢⎡∆ ∆ ′ ∆ ∆ ′ ∆ ⎦⎥⎥

⎥⎤ [5.23]

Por fim, deve-se aplicar {( − )} = 0 para determinar os autovalores da matriz

característica do sistema.

Page 27: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

27

Para garantir a estabilidade a pequenas perturbações é necessária a verificação da

existência de fontes naturais de amortecimento para o sistema, caso contrário faz-se

necessária a introdução de fontes suplementares de amortecimento. Atualmente, devido às

crescentes interligações entre sistemas nacionais e até mesmo internacionais tem-se notado

o surgimento de oscilações de baixa frequência fracamente amortecidas por fontes naturais.

Tais oscilações são conhecidas como modos eletromecânicos de oscilação, pois

são originadas pela interação das oscilações dos rotores das diversas máquinas geradoras

do sistema elétrico. O efetivo amortecimento dessas oscilações tornou-se, portanto, decisivo

para a estabilidade dos sistemas elétricos de potência.

Considerando a não existência de fontes naturais de amortecimento no sistema 9

barras. A tabela 5.4 mostra os resultados do sistema considerando os valores de = = = 0. Tabela 5.4 – Autovalores e frequência de oscilação do sistema de 9 barras.

Grandezas Autovalor 1 Autovalor 2

λ ± 8,6371 ± 13.3331 / 8,6371 13.3331 1,3746 2,1220 0,7275 0,4712

Assim, duas frequências, cerca de 1,3 Hz e 2,1 Hz, são observadas nas

oscilações intermáquinas do sistema. Os modos eletromecânicos de oscilação podem ser

classificados de acordo com sua frequência de ocorrência. Os modos eletromecânicos de

maior interesse são os modos locais e modos interárea. Modos locais de oscilação se

encontram na faixa de 0,7 a 2,0 Hz e estão associados às oscilações dos rotores de um

grupo de geradores próximos, fisicamente ou eletricamente. Modos interárea de oscilação

localizam-se na faixa de 0,1 a 0,8 Hz e são relacionados com as oscilações de grupos de

geradores de uma área contra outro grupo de geradores de outra área [1 e 2].

A figura 5.3a e 5.3b mostra a posição dos autovalores e a estabilidade do sistema em

relação aos autovalores calculados, respectivamente. Temos que os autovalores possuem

parte real nula o que caracteriza que o sistema está no limiar da estabilidade, fato explicado

devido ao fato de termos considerado a inexistência de amortecimentos naturais.

Page 28: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

28

(a) (b)

Figura 5.3- Influência dos autovalores na estabilidade do sistema para simulação com coeficiente

de amortecimento igual a zero.

Considerando agora existência de fontes naturais de amortecimento. Podemos

avaliar a estabilidade do sistema uma vez que os geradores possuem coeficientes de

amortecimentos com grandezas de cerca de 1 pu. A figura 5.4 mostra o comportamento do

sistema considerando os valores de = = = 1 .

(a) (b)

Figura 5.4- Influência dos autovalores na estabilidade do sistema para simulação com coeficiente

de amortecimento igual a um.

A figura 5.4a mostra que todos os autovalores possuem parte real negativa

demonstrando que o sistema 9 barras é estável, uma vez que as máquinas possuem

amortecimentos naturais.

0 10 20 30 40 50 60-1.5

-1

-0.5

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3x 10

-4 Resposta ao Degrau)

t(s) (sec)

Saida

(Am

plitu

de)

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.60

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

4.5x 10

-6 Resposta ao Degrau)

t(s) (sec)

Said

a (A

mpl

itude

)

Page 29: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

29

6. CONCLUSÃO E PROPOSTA PARA TRABALHOS FUTUROS

Neste trabalho foram realizadas análises quanto à estabilidade angular de sistemas

multimáquinas. Foi verificada a influência do posicionamento dos autovalores da matriz de

estado na estabilidade dinâmica de Sistemas de Potência.

Para esta análise foi utilizado o sistema teste 9 barras [2], aplicaram-se os modelos

matemáticos desenvolvidas ao longo deste trabalho com objetivo de avaliar a estabilidade

do sistema por meio do cálculo dos autovalores do sistema. Avaliou-se a estabilidade do

sistema simulando diversos valores de coeficiente de amortecimento das máquinas e

concluí-se que para garantir a estabilidade a pequenas perturbações é necessária a

verificação da existência de fontes naturais de amortecimento para o sistema, caso contrário

faz-se necessária a introdução de fontes suplementares de amortecimento.

Atualmente, devido às crescentes interligações entre sistemas nacionais e até

mesmo internacionais tem-se notado o surgimento de oscilações de baixa frequência

fracamente amortecidas por fontes naturais.

Tais oscilações são conhecidas como modos eletromecânicos de oscilação, pois são

originadas pela interação das oscilações dos rotores das diversas máquinas geradoras do

sistema elétrico. O efetivo amortecimento dessas oscilações tornou-se, portanto, decisivo

para a estabilidade dos sistemas elétricos de potência.

Para trabalhos futuros pode-se avaliar a introdução de amortecimento adicional

(FACTS – Flexible Alternating Current Transmission System) a sistemas de potência com

oscilações de baixa frequência.

Page 30: Anásilie de Estabilidade Sistema Multimáquinas

30

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Kundur, P. Power System Stability and Control. New York: McGraw-Hill, 1994.

[2] P.M. Anderson and A.A. Fouad. Power System Control and Stability. New York: IEEE Press, 1994;

[3] FITZGERALD, A.E., KINGLEY, C. & UMANS, S.D., “Electric Machinery”, Fourth Edition,

McGraw Hill Book Company, USA, 1983.

[4] A. Monticelli, Fluxo de Carga em Redes de Energia Elétrica, Edgar Blucher, 1983.

[5]OGATA, K. Modern Control Engineering, 3nd ed., Prentice-Hall, Englewood Cliffs, N.J.1998. [6] Kundur P., Paserba J., Ajjarapu V., G. ; Bose A. ; Canizares C., Hatziargyriou N., D.;

Stankovic A. , Taylor C. , Van Cutsem T. , Vittal V., “Definition and Classification of Power

System Stability”, IEEE/CIGRE Joint Task Force on Stability Terms and Definitions,

IEEE/CIGRE Task Force, IEEE Transactions on Power Systems, Vol. 19, No 2, May 2004,

pg. 1387- 1401.