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Análise de Balanços, 11.ª ediçãolise-de-balanços-sérgio-de...Dedico esta 11a edição à minha esposa, Ely, e aos meus filhos, Paulo Sérgio e Renata, agradecendo por todo

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Oautoreaeditoraempenharam-separacitaradequadamenteedarodevidocréditoatodososdetentoresdos direitos autorais de qualquermaterial utilizado neste livro, dispondo-se a possíveis acertos caso,inadvertidamente,aidentificaçãodealgumdelestenhasidoomitida.

Nãoéresponsabilidadedaeditoranemdoautoraocorrênciadeeventuaisperdasoudanosapessoasoubensquetenhamorigemnousodestapublicação.

Apesardosmelhoresesforçosdoautor,doeditoredosrevisores,éinevitávelquesurjamerrosnotexto.

Assim,sãobem-vindasascomunicaçõesdeusuáriossobrecorreçõesousugestõesreferentesaoconteúdoouaonívelpedagógicoqueauxiliemoaprimoramentodeediçõesfuturas.Oscomentáriosdos leitorespodemserencaminhadosà[email protected].

DireitosexclusivosparaalínguaportuguesaCopyright©2017byEditoraAtlasS.A.UmaeditoraintegrantedoGEN|GrupoEditorialNacional1.ed.1977;2.ed.1978;3.ed.1980;4.ed.1982;5.ed.1988;6.ed.1994;7.ed.1998;8.ed.2007;9.ed.2008;10.ed.2009;11.ed.2017

Reservadostodososdireitos.Éproibidaaduplicaçãooureproduçãodestevolume,notodoouemparte,sobquaisquerformasouporquaisquermeios(eletrônico,mecânico,gravação,fotocópia,distribuiçãonainternetououtros),sempermissãoexpressadaeditora.

RuaConselheiroNébias,1384CamposElísios,SãoPaulo,SP–CEP01203-904Tels.:21-3543-0770/[email protected]

Designerdecapa:MSDE|MANUSANTOSDesignProduçãodigital:Geethik

CIP-BRASIL.CATALOGAÇÃONAPUBLICAÇÃO.SINDICATONACIONALDOSEDITORESDELIVROS,RJ

Iudícibus,SérgiodeAnálisedebalanços/SérgiodeIudícibus.–11.ed.–SãoPaulo:Atlas,2017.

BibliografiaISBN978-85-97-01086-2

1.BalançofinanceiroI.Título.

94-1464

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CDD-657.3

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Dedicoesta11a ediçãoàminhaesposa,Ely, eaosmeus filhos,PauloSérgio eRenata,agradecendoportodooamorecarinhoquesempremededicaram.

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■■

MaterialSuplementar

Estelivrocontacomoseguintematerialsuplementar:

Exercíciospropostoscomresolução(.pdf)(restritoadocentes).Apresentaçõesparausoemsaladeaula(.pdf)(restritoadocentes).

Oacessoaomaterialsuplementarégratuito.Bastaqueoleitorsecadastreemnossosite(www.grupogen.com.br),façaseuloginecliqueemGEN-IO,nomenusuperiordoladodireito.

É rápido e fácil. Caso tenha dificuldade de acesso, entre em contato conosco([email protected]).

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1

1.11.1.11.1.2

1.21.2.11.2.2

2

2.12.2

2.32.4

3

3.13.2

3.2.13.2.23.2.33.2.43.2.53.2.63.2.7

Prefácioà11aedição

ClassificaçãodasEmpresaseEntidadeseoAmbienteInstitucional

ClassificaçãojurídicadasempresaseentidadesEmpresascomobjetivoseconômicosEntidades–semobjetivoseconômicos

AmbienteinstitucionaldasempresaseentidadesCaracterísticastributáriasCaracterísticascontábeis

ResumodocapítuloExercícioproposto

NecessidadeeImportânciadaEstrutura,AnáliseeInterpretaçãodeBalanços

AbrangênciadaexpressãoAnálisedeBalançosImportância da Análise de Balanços na gestão empresarial e na avaliação detendênciasporpartedosusuáriosConceituaçãodeAnálisedeBalançosCondiçõesnecessáriasparaumbomentendimentodaAnálisedeBalanços

Resumodocapítulo

SistemadeInformaçãoContábileosPrincípiosdeContabilidade

ContabilidadecomosistemademensuraçãoeinformaçãoPrincípioscontábeis–abordagemconceitual

IntroduçãoOprincípiodaentidadeOprincípiodacontinuidadeOprincípiodocustohistórico(original)comobasederegistroinicialOprincípiodarealizaçãodareceitaOprincípiodacompetênciadosexercíciosOprincípiododenominadorcomummonetário

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3.2.83.2.93.2.103.2.113.2.12

4

4.14.1.1

4.1.24.1.34.1.4

4.24.2.14.2.24.2.34.2.4

4.34.3.14.3.24.3.34.3.44.3.54.3.6

4.44.4.14.4.24.4.3

4.54.5.14.5.24.5.3

AconvençãodaobjetividadeAconvençãodoconservadorismo(Prudência)Aconvençãodamaterialidade(Relevância)Aconvençãodaconsistência(Uniformidade)Um conceito que é mais do que princípio ou convenção: Prevalência daEssênciasobreaForma

Resumodocapítulo

EstruturadasDemonstraçõesFinanceiraseContábeis

DemonstraçõesfinanceirasecontábeisDemonstrações financeiras (sociedades por ações e das empresas degrandeporte)Demonstraçõescontábeis(demaisempresas)NotasexplicativasExercíciosocial–ciclooperacional

PressupostosbásicosContinuidadeRegimedecompetênciaCaracterísticasqualitativasdasdemonstraçõescontábeisRestrição de custo na elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiroútil

BalançopatrimonialAtivoPassivoPatrimônioLíquidoOrigenseaplicaçõesExplicaçãodaexpressãoBalançoPatrimonialRequisitosdobalançopatrimonial

GrupodecontasdobalançopatrimonialGrupodecontasdoAtivoGrupodecontasdoPassivoPatrimônioLíquido

DemonstraçãodoResultadodoExercício–DREDemonstraçãodedutivaComoapuraraReceitaLíquidaComoapuraroLucroBruto

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4.5.44.5.5

4.5.5.14.5.6

4.5.6.14.5.6.24.5.6.3

4.5.74.5.7.1

4.5.84.5.8.1

4.5.94.5.9.14.5.9.24.5.9.34.5.9.44.5.9.5

4.6

4.6.14.7

4.7.14.7.24.7.34.7.44.7.54.7.6

4.8

5

5.15.2

CustodasvendasComoapuraroLucroOperacional

DespesasoperacionaisVariaçõesMonetárias(DespesasFinanceiras)

VariaçãocambialCorreçãomonetária(dedívida)Outrasdespesasereceitasoperacionais

LucroAntesdoImpostodeRendaApuraçãodoLAIR

LucroDepoisdoImpostodeRendaAno-baseeexercíciofinanceiro

LucroLíquidoAsobrapertencenteaosproprietáriosParticipaçõesnolucroFormadecálculodasparticipaçõesLucroLíquidoporaçãoDistribuição do lucro e Demonstração de lucros ou prejuízosacumulados

Demonstraçãodelucrosouprejuízosacumulados(instrumentodeintegraçãoentreoBPeaDRE)

DemonstraçãodasMutaçõesdoPatrimônioLíquido(DMPL)Notasexplicativaseoutrasevidenciações

EvidenciaçõesNotasexplicativasOutrasnotasexplicativas(arrendamentofinanceiro)QuadrosanalíticossuplementaresComentáriosdoauditorRelatóriodadiretoria

RelacionamentosentreasváriasdemonstraçõesResumodocapítuloExercíciopropostoeresolvidoSolução

IntroduçãoàAnálisedeBalanços–AnáliseHorizontaleAnáliseVertical

GeneralidadesAanálisehorizontal

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5.2.15.3

6

6.16.2

6.2.16.2.2

7

8

8.18.28.38.48.58.6

9

9.19.29.3

10

10.110.210.310.410.510.6

Análisehorizontaldesériesdevendas,CustodasVendaseresultadoAanálisevertical

ResumodocapítuloExercícioresolvidoSolução

AAnálisedaLiquidezedoEndividamento

IntroduçãogeralaocálculodequocientesAnálisedaliquidezedoendividamento

PrincipaisquocientesdeliquidezPrincipaisquocientesdeendividamento(estruturadecapital)

AnálisedaRotatividade(doGiro)

AnálisedaRentabilidade(oRetornosobreoInvestimento)

IntroduçãoAmargemdelucrosobreasvendasOgirodoativoOretornosobreoinvestimentoAimportânciadedesdobrarataxaderetornoemdoisoumaiscomponentesRetornosobreoPatrimônioLíquido

IntroduçãoaoEstudoda“AlavancagemFinanceira”

IntroduçãoOefeitoalavancagemOutrosquocientesdeinteresse(aanálisedopontodevistadoinvestidor)

AAnáliseemsuaGlobalidade

ComparaçõesdequocientesComointerpretar“emconjunto”osquocientesUtilizaçãodaanálisedebalançosnaanálisedecréditoOutrosindicadoresfinanceirosparaumaanálisedebalançoscompletaOutrosindicadoresLimitaçõesdaanálisefinanceira

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11

11.1

11.1.111.1.211.1.3

11.1.411.2

11.2.111.2.211.2.3

12

12.112.2

12.2.112.2.212.2.312.2.412.2.512.2.612.2.712.2.8

12.2.8.112.2.8.212.2.8.312.2.8.412.2.8.5

12.2.912.2.10

ResumodoscapítulosExercíciosobreosCapítulos6a10Solução

AsVariaçõesdoPoderAquisitivodaMoedaeseusReflexosnaAnálisedeBalanços

Variaçõesdepreçosnosdemonstrativos financeiros: omodelo teórico de correçãopelonívelgeraldepreços

AcorreçãodosbalançosCorreçãodoDR(oDRemtermosdepoderaquisitivode31-12-X+1)Efeitosdainflaçãonoscasosemqueadistribuiçãodereceitas,despesas,comprasevendasnãoéuniformeduranteoexercícioAlgunsquocientesdebalançoanteseapósacorreção

Acorreçãointegral(Instruçãono64daCVM)GeneralidadesExemplosbásicosdecorreçãointegralExemplosreais

Resumodocapítulo

ComentáriossobreAlgunsAspectosContábeisdaLeidasSociedadesporAções

PrincipaispontosdaLeino6.404/1976alteradospelaLeino11.638/2007OBalançoPatrimonialatualizadopelaLeino11.638/2007

AtivoCirculanteAtivoRealizávelaLongoPrazoInvestimentosImobilizadoIntangívelPassivoCirculantePassivoExigívelaLongoPrazoReservas

ReservaLegalReservasEstatutáriasReservasparaContingênciasReservadeLucrosaRealizarReservasdeIncentivosFiscais

LucrosAcumulados(prejuízosacumulados)AçõesemTesouraria

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12.2.1112.2.12

12.312.4

13

13.113.2

13.2.113.2.2

13.313.3.113.3.213.3.3

14

14.114.214.314.4

14.4.114.4.214.4.3

14.5

15

15.115.1.115.1.2

CritériosdeavaliaçãodoAtivoCritériosdeavaliaçãodoPassivo

OutroscomentáriosdeinteressesobreaLeino11.638/2007Conclusões

EstudoDetalhadodaAlavancagem

IntroduçãoAplicaçãodasfórmulasdealavancagem

GeneralidadesGeneralizaçãodainflaçãonaalavancagem

OutroentendimentodaabordagemAlavancagemoperacionalAlavancagemfinanceiraemtermosdelucroporaçãoordináriaCombinaçãodasalavancagensoperacionalefinanceira

ResumodocapítuloExercícioespecialsobreoCapítulo13ExercíciopropostoeparcialmenteresolvidoSoluçãoparcial(encaminhamento)

TópicosEspeciaisdaAnálisedeBalanços

IntroduçãoSuperexpansãoVendasecapitaldegiroAlgunsdosproblemasligadosàmediçãodelucroporaçãopreferencial(adividendosfixos)eordinária

CoberturadedividendospreferenciaisValorcontábildeumaaçãoordináriaLucroporaçãoordinária

RepresentaçãográficadetendênciasResumodocapítulo

OutrosIndicadoresImportantesparaaAnálisedeBalanços

EVA®–EconomicValueAddedConceitoFórmula

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15.1.315.1.415.1.515.1.6

15.215.2.1

15.3

15.3.115.3.2

AjustesdasdemonstraçõesfinanceirasNOPATTotaldeCapitalInvestido(TC)Percentualdocustodocapitalinvestido–%C

ValoradicionadoConceito

EBITDA (Earnings Before Interests, Taxes, Depreciation And Amortization) – ouLAJIDA(LucroAntesdosJuros,Impostos,DepreciaçãoeAmortização)

ConceitoFórmulaEBITDA

Bibliografia

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Esta décima primeira edição está sendo atualizada considerando as principaismudanças dalegislação do nosso país, tais como a Lei no 11.638/2007 e a Lei no 11.941/2009, quealteraramaLeino6.404/1976dassociedadesanônimas,principalmentequantoaoscapítulosquetratamdasdemonstraçõesfinanceiras,dolucroedasreservas.

Destaforma,oscapítulosquetratamdadefiniçãodasdemonstraçõesfinanceirastambémforamatualizadosemconformidadecomasresoluçõesdoConselhoFederaldeContabilidade(CFC) em aderência aos pronunciamentos contábeis publicados pelo Comitê dePronunciamentos Contábeis (CPC), responsável por emitir os pronunciamentos técnicosvisando a convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais, cujas normassãoemitidaserevisadaspeloIASB–InternationalAccountingStandardsBoard,denominadasIFRS–InternationalFinancialReportingStandards.

FoiincluídanoCapítulo1acontextualizaçãodasempresaseentidadesexistentesnoBrasile do ambiente institucional em que operam, para que os interessados e curiosos tambémtenhamdespertadoointeresseemaplicarsobreasdemonstraçõesfinanceiras(contábeis)dasentidadessem fins lucrativosasmesmas técnicasdeanálisecontidasneste livro,bemcomopara as empresas de serviços que, via de regra, não possuem a mesma quantidade deinformaçãodaindústriaedocomércio,como,porexemplo,estoqueeciclooperacional.Bastaapenasdescartarouajustarestastécnicasparaestesíndicesconformeanecessidade.

Além dos destaques acima, ao final de cada capítulo foram incluídos exercíciosselecionadosdosprincipaisexamesaplicadosnopaísparaqueoleitorsesintadesafiadoairalémdaspáginasdestelivronabuscadeseuaprendizadoprofissional.

Esta nova edição não teria sido possível sem a preciosa colaboração e o esforçoacentuado do Prof. Valdir Donizete Segato. Ele não mediu esforços na atualização,apresentando e sugerindo encaminhamentos para que esta nova edição se tornasse maisdidática,eficienteeprazerosa.

SãoPaulo,setembrode2016.

SérgiodeIudícibus

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1.1

1.1.1

•••

CLASSIFICAÇÃOJURÍDICADASEMPRESASEENTIDADES

Os negócios no mundo caminham a passos céleres e se desenvolvem com o avanço dahumanidade, criando modelos de negócios empresariais cada vez mais sofisticados ecomplexos.Asfacilidadescomputacionaispermitemconhecerasituaçãoeconômico-financeiradequalquerorganização,sejaelacomfinslucrativosounão,dequalquerPaís.

Para iniciarmososestudossobreaAnálisedasDemonstraçõesContábeiseFinanceiras,sefaznecessárioconhecerasclassificaçõesjurídicasdasEmpresaseEntidadesdefinidasdoCódigoCivilBrasileiro,1comdestaquesparaasSociedadesquetêmcomoobjetivoaatividadeeconômica,easEntidadesquenãovisamalucroseconômicos.

Conformeoartigo44doCódigoCivilBrasileirosãopessoasjurídicasdedireitoprivado:asassociações,associedades,asfundações,asorganizaçõesreligiosas,ospartidospolíticos.

Empresascomobjetivoseconômicos

A definição de empresa surge pelo exercício de atividade econômica que visa ao lucro. NoBrasilaempresapodeserconstituídacomumoumaisobjetivosdenegóciosdeterminados,edeveregistrarseuinstrumentojurídicodeconstituiçãosobaformade:

firmaouempresárioindividual(únicapessoa);sociedadeporquotasderesponsabilidadelimitada(duasoumaispessoas–sócias);eassociedadesporações–asconsagradassociedadesanônimas(acionistas)–,quepodemserfechadasouabertas.

Destaca-se a complexidade existente no ambiente das sociedades anônimas, commaiorcontrole governamental, e da Lei no 6.404/1976. Estas empresas têm capital formado porações tantoordináriascomopreferenciaisquesãonegociadasnasbolsasdevalores,oquefacilitaacaptaçãoderecursoseatransferênciadepropriedade(dasações),seusacionistasdetentoresdeaçõescomdireitoavoto(ordinárias)elegemumconselhodeadministraçãoque,por sua vez, escolhe a diretoria executiva, que será responsável pela gestão e continuidade(vidailimitada)dosnegóciosdaempresa.

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1.1.2

1.2

Conforme FAMÁ,2 que afirma que, ao contrário das sociedades anônimas, a empresaindividual e as sociedades limitadas apresentam menor controle governamental, são maissimples em sua estrutura organizacional, representam a vontade e o desejo de seusfundadores,dificuldadesdetransferênciadepropriedade,e,nascontribuiçõesaocapitalsociallimitadas ao desejo e capacidade de cada sócio, normalmente são os próprios gestores osadministradoresdosnegóciosdaempresa,aresponsabilidadeélimitadaaocapitalsocial,hádificuldadesemlevantarrecursosparafinanciarocrescimentodosnegócioseadependênciadossóciosgestoreslimitaavidadaempresa(continuidade).

Paraocontextodonossolivrotrataremostantoaempresaindividualcomoassociedadeslimitadaeanônimacomoempresa.

Entidades–semobjetivoseconômicos

Importantepapelnasociedadedesempenhaasentidadesdo terceirosetor,asorganizaçõesnão governamentais (ONGs), que abrange qualquer tipo de entidade privada sem finseconômicos com personalidade jurídica, da qual destacamos as associações, fundações eorganizaçõesreligiosas.

Por se tratar de pessoas jurídicas, as mesmas possuem direitos e obrigações, sendoresponsáveispelos seusatos.Normalmente sãoorganizadasparagerar serviçosde caráterpúblico, contribuindo para suprir a deficiência do governo em oferecer o bem-estar para ocidadão.

As associações são constituídas pela união de pessoas que se organizem para finscomuns, dependem de recursos de seus associados, da comunidade, e de verbasgovernamentaisparacumpriremcomseusobjetivossociais.

Afundaçãotemumpatrimôniodotadodepersonalidadejurídicaformadocomoobjetivodealcançar determinado fim social, depende de recursos de seus fundadores e de verbasgovernamentaiseésubmetidoaocontroledoMinistérioPúblico.

Destacamos como exemplos destes tipos de entidade: as filantrópicas, que reúnemvoluntários e prestam assistência social, as de defesas da vida, as de consumidores, asentidadesprofissionaisdeclasse,ossindicatos,osclubesdesportivosede futebol, igrejasetemplosreligiosos,asfundaçõesdepesquisaseconômica,financeira,osmuseus,entreoutros.

AMBIENTEINSTITUCIONALDASEMPRESASEENTIDADES

Nãohádúvidadequeasempresaseentidadessãoorganizadascomafinalidadedeexistirempor tempo infinito, gerando lucratividade satisfatória para seus proprietários e acionistas,empregos, renda e bem-estar para sua comunidade.No entanto o ambiente institucional emqueoperamérepletoderiscoseperigos,poiséumambientecompetitivocomconcorrentescadavezmaisbempreparados,clienteseconsumidoresmaisexigentesquantoàqualidade,custo de empregados, impostos, volatilidade da moeda, entre outros fatores, e exigemplanejamentodefuturo,controlepermanentedesuasaçõesparacorreçãoimediatadedesvios

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1.2.1

defoco,sobpenadeprejuízosincalculáveisqueculminamcomafalênciadaempresa.Recentemente no Brasil assistimos a empresas sólidas de tradição que quebraram por

contadoambienteeconômicoemqueoPaísseenvolveu.TambémnosEstadosUnidos,em2008,comacrisefinanceiraconhecidacomosubprime,inúmerosbancosgrandes,famososeantigos faliram levando a cidade Detroit a declarar a maior falência municipal mundial, semcontaroutrostantosnúmerosdeempresasaoredordomundo.

As razões são inúmeras, certamente propiciadas pelo ambiente em que estão inseridas.SegundoNakagawa (2009,p. 23), aempresaé vista comouma “caixa-preta”que respondeautomaticamenteàsmudançasdomundoexterior,eacrescenta(p.26)queaempresaprecisaplanejarporqueoconhecimentodeseufuturoéextremamentelimitado.

Característicastributárias

Semdúvidas uma dasmaiores preocupações das empresas são os impostos.OBrasil temuma das maiores cargas tributárias do mundo, sem contar a complexidade de suas Leisamplamente discutidas em literaturas específicas da área tributária. Dentre os impostosobrigatórios, destacamos o IRPJ – Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, que exigeplanejamento tributário visando a economia, já que a empresa pode optar pelo Lucro Real,Lucro Presumido ou Simples Nacional, dependendo das características de sua atividade ereceitabrutaanual.

OSebraeregistramaisde6,4milhõesdeempresaspessoas jurídicasdedireitoprivado,excetoosmicroempreendedoresindividuais(MEIs),asestatais,autarquias,easentidadesdeterceirosetor.

Deste número, mais de 99% são microempresas (MPs) e empresas de pequeno porte(EPPs) que faturam até R$ 3,6 milhões anuais, e podem optar pelo recolhimento de seusimpostospeloSimplesNacionalque,viaderegra,oferecemaioresbenefíciosfiscaisemenosburocracia,pois temo recolhimentounificadodeseus impostoseprevidênciasocialemumaúnicaguia.

Jáparaasdemaisempresas,asexigências tributáriassãomais rígidasenumerosas,asque faturam mais que R$ 3,6 milhões e até R$ 78 milhões anuais são enquadradas comopequenasemédiasempresas (PMEs)epodemoptarpeloLucroPresumido,queestabelecealíquotasderecolhimentodeimpostosdeacordocomatividadedaempresa,incidentessobrea receita bruta, e por fimo LucroReal obrigatório para as empresas ligadas às instituiçõesfinanceiras, seguradoras, e as que faturam acima de R$ 78 milhões anuais, que têm osimpostoscalculadossobreoLucroLíquidoobtidodosbalançosajustadospelasregrasfiscaisparaoLucroReal.Estesistemadeapuraçãode impostosécomplexoeexigeconhecimentoespecíficodaLeitributáriaecontrolerígidosobreoscustosedespesascontabilizados.

EmrelaçãoàsEntidadessemFinsLucrativos,elasnãopagamoImpostodeRenda,poissão consideras isentas ou imunes.As imunes sãoaquelas previstas naConstituiçãoFederalque exercem atividade beneficente de assistência social, e reconhecidas como de utilidadepública, por exemplo, as APAEs, os hospitais Santa Casa, entre outras. Por sua vez, as

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1.2.2

entidades isentas são definidas pela Lei, alguns exemplos são igrejas, sindicatos, clube defutebol,associaçãodemoradoreseamigosdebairro,entreoutras.

Característicascontábeis

Paraoambientecontábil,aLeino11.638/2007estabelecequeasnormasbrasileirasdevemserelaboradasemconsonância comospadrões internacionaisde contabilidade.Para tanto,criou-se o Comitê de Pronunciamento Contábil – CPC – como responsável pelospronunciamentos técnicos e atribuiu ao Conselho Federal de Contabilidade – CFC – aresponsabilidadeporsuaadoção.DefiniuaindareferidaLeiqueasDemonstraçõesFinanceirasdassociedadesanônimaseasempresasdegrandeporte–EGP(receitabrutamaiorqueR$300milhões ou ativomaior queR$ 240milhões) que são obrigadas a prestação pública desuas contas sejam auditadas por auditor independente registrado na Comissão de ValoresMobiliáriosepublicadas.

Assim,oCFCdeterminouquesejamadotadasporestasempresas,que têmaobrigaçãopúblicadeprestaçãodecontas,asnormastécnicascontábeiscompletas,ouseja,asNBC-TG1 a 46 (juntas todas estas normas somam mais de 3.000 páginas), e para as demaisempresas,conformesuareceitabrutaanual,daseguinteforma:

Para as pequenas emédias empresas –PME, que não têma obrigação pública deprestaçãodecontas,cujareceitabrutaanualseenquadreentreR$3,6milhõesatéR$300milhões,deverãoadotaranormacontábil definidanaNBC-TG1000,CPC-PME,querepresentaaproximadamente300páginas;ePor fim, para o microempresário individual – MEI –, microempresas – ME – e asempresasdepequenoporte–EPP,cujareceitabrutaanualnãosejasuperioraR$3,6milhões,deverãoadotarnomínimoaITG1000.Estanormatem13páginasapenas.

ClassificaçãodasEmpresasconformeReceitaBrutaAnual NormaContábil

ConformeaLeino11.638–EmpresadeGrandePorte(EGP)

Acimade300milhõesanuaiseAtivosuperioraR$240milhõese

CompanhiasAbertas(S.A.–Leino6.404/1976)

NBC-TG–completa(CPC1a46)+ou–3.000

páginas

PME–PequenaseMédiasEmpresascujareceitabrutaanualseenquadre

entreR$3,6milhõesaté300milhõesNBC-TG1000–simplificada300páginas

MicroempreendedorIndividual(MEI),Microempresa(ME)eEmpresadeOpçãopelaITG1000–reduzidaesimplificada–

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PequenoPorte(EPP)cujareceitabrutaanualnãosejasuperioraR$3,6

milhões

13páginas

ConsiderandoaestatísticadoSEBRAE(acima),épossívelconcluirqueagrandemaioria

das empresas está obrigada a cumprir com a ITG 1000 para elaboração de seus balançospatrimoniais,poissetratamdeMicroempresaseEmpresasdePequenoPorte(MEseEPPs),umnúmerointermediárionãotãoexpressivodeempresasdePequenoeMédioPortes(PME),obrigadasàsnormasdasPMEs,e,porfim,asdegrandeporteeassociedadesanônimas,acumpriremcomanormascompletas,querepresentamumpequenonúmerodeempresas.

ABovesparegistracercade500empresasdecapitalabertoquenegociamsuasaçõesnaBolsadeValoresdeSãoPaulo;sãomaisde53milempresasdeserviçoscontábeisemaisde528milcontabilistasregistradosnoConselhoFederaldeContabilidade–CFC.

RESUMODOCAPÍTULO

Aanálisedasdemonstraçõesfinanceirascontábeiscertamenteéumaimportanteferramentaque procura desmistificar um pouco o universo dos números dos relatórios financeiroscontábeis através de quocientes algébricos. Pois é muito mais fácil entender e compararinformaçõesdestanaturezacomousodaálgebra,parasetomaremdecisõesbaseadasnasestatísticas de dados pregressos, para tentar modelar cenários preditivos, que, projetadoscom o auxílio das informações geradas pela análise das demonstrações financeirascontábeis, podem mitigar o risco de erros inerentes ao ambiente e de processos que aempresaestáinseridacorrigindotempestivamenteosdesviosparaevitarprejuízos.

A razão deste capítulo foi dar uma visão ampla dos tipos de empresas que existem,desdeumúnicodono,passandopelasociedadelimitadadedoisoumaissóciosatéamaiscomplexadassociedadesporações.Seuambientee relacionamentocomosstakeholders,queincluem,alémdossócioseacionista,muitosoutrosparticipantes,comoosclientes,queé a principal razão da existência da empresa, mas a empresa precisa se relacionar comempregados, fornecedores, governo, prestadores de serviços, tal como é o contador, quedeve ser um dos mais importantes especialistas em termos financeiros para a empresa;certamenteocontadornãotemamissãodepotencializarareceitadaempresa,masdevetera competência e sabedoria de ajudá-la a não perder dinheiro com impostos recolhidoserradosoucontabilidadesquedenadaservem.

ÉgrandeonúmerodeempresasexistentesnoBrasil, incluindoasentidadesdeterceirosetor,asquaiscertamentedevemcontarcomumdosmaisdemeiomilhãodeprofissionaisda contabilidade ou uma das mais de 50 mil empresas de serviço contábil; estesprofissionais são um dos maiores responsáveis e interessados pela análise dasdemonstraçõesfinanceirascontábeis.

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1)

I.

II.

III.

IV.

a)b)c)d)

EXERCÍCIOPROPOSTO

Deacordocomaleituradocapítulo,julgueositensaseguircomoVerdadeiros(V)ouFalsos(F)e,emseguida,assinaleacorreta.

Aentidadedeterceirosetornãoéobrigadaaelaborarasdemonstraçõescontábeis,poiséisentadeImpostodeRenda.(falso)Aanálisedasdemonstrações contábeis seutilizadas informaçõespregressasparacalcularos índices/quocientesqueservirãoparaogestor tomardecisõespreditivascommaiorassertivaeassimmitigarriscosdeerroseprejuízos.(verdadeiro)As sociedadesporações cuja receitabrutaanual édeatéR$240milhõeseAtivoTotal de R$ 300 milhões não estão obrigadas a publicarem suas demonstraçõesfinanceirascontábeis.(falso)Oprofissionaldacontabilidadetemaobrigaçãodeterumarelaçãomuitoíntimacomasempresas,conhecendo-asemtodososseusdetalhes,paraque,alémdefacilitarolevantamentodosdadosdacontabilidadeparaageraçãodosíndices(quocientes)daanálisedasdemonstraçõesfinanceirascontábeis,procureauxiliarcomoconsultor,um facilitador dos gestores, proprietários, sócios e/ou acionistas na tomada dedecisõessobreocaminhoaseguircomsuasrespectivasempresas.(verdadeiro)

V-F-V-FF-F-V-VF-V-F-V–respostacorretaV-F-F-V

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1

2

_____________

Leino10.406/2002.

ArquivoemPDFdeaulaexpositivanoprogramademestradodaPUCSP,2015.

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2.1

a)b)

c)

d)

e)f)g)h)

2.2

ABRANGÊNCIADAEXPRESSÃOANÁLISEDEBALANÇOS1

Asnormascontábeisdestacamqueasdemonstraçõescontábeisparafinsgeraissãodirigidasàsnecessidadescomunsdevastagamadeusuáriosexternosàentidade,porexemplo,sócios,acionistas, credores, empregados e o público em geral. O objetivo das demonstraçõescontábeis é oferecer informação sobre a posição financeira (balanço patrimonial), odesempenho(demonstraçãodoresultado)efluxosdecaixadaentidade,quesejamúteisaosusuáriosparaatomadadedecisõeseconômicas,taiscomo:

decidirquandocomprar,manterouvenderinstrumentospatrimoniais;avaliar a administração da entidade quanto à responsabilidade que lhe tenha sidoconferidaequantoàqualidadedeseudesempenhoedesuaprestaçãodecontas;avaliaracapacidadedeaentidadepagarseusempregadoseproporcionar-lhesoutrosbenefícios;avaliar a segurança quanto à recuperação dos recursos financeiros emprestados àentidade;determinarpolíticastributárias;determinaradistribuiçãodelucrosedividendos;elaborareusarestatísticasdarendanacional;ouregulamentarasatividadesdasentidades.

Assim,paraefeitodeste livro, incluímosnaexpressãoAnálisedeBalançosnãoapenasoBalanço Patrimonial, propriamente dito, como também aDemonstração dos Resultados doExercício.Atenção tambémserádedicadaàDemonstraçãodeFonteseUsosdeCapitaldeGiro Líquido (Origens e Aplicações de Recursos), bem como, subsidiariamente, àDemonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. Todas as demonstrações e relatórioscontábeispodemserúteisàanálise(oFluxodeCaixatambémédegrandeutilidade).

IMPORTÂNCIADAANÁLISEDEBALANÇOSNAGESTÃOEMPRESARIALENAAVALIAÇÃODETENDÊNCIASPORPARTE

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DOSUSUÁRIOS

Anecessidadedeanalisardemonstraçõescontábeisépelomenostãoantigaquantoaprópriaorigemdetaispeças.NosprimórdiosdaContabilidade,quandoestaseresumia,basicamente,àrealizaçãodeinventários,o“analista”sepreocupavaemanotarasvariaçõesquantitativasequalitativasdasváriascategoriasdebensincluídosemseuinventário.Émuitoprovávelquejárealizassealgumtipodeanálisehorizontalouvertical.SuponhaqueocriadorderebanhosUkrSemanthaltivesselevantadoosinventáriosaseguirtranscritos:

Anode3689a.C.diadaTerceiraLua

Cheia

Anode3688a.C.diadaTerceiraLua

Cheia

Cabras 1.100 1.155

Vacas 300 380

Carneiros 50 40

Admitamos a não existência de moeda (entretanto, não deixaria de haver troca). Porexemplo, o criador poderia estabelecer uma homogeneização de seu rebanho total,expressandotudoemtermosdevacas.Secadavacapudesse,naépoca,sertrocadapor10carneiros ou 11 cabras, poderíamos expressar o inventário em termos de vacas. Assim, écomoseocriadorpossuísse:

Inventárioinicial Inventáriofinal

“Vacas” 405 489

Mesmodispondoapenasde rudimentaresnoçõesdecálculo,ocriadorpercebeuquesua“riqueza”haviaaumentadoemcercade21%.

Esta é uma espécie de análise horizontal, isto é, avalia-se a variação de período aperíodo,deumitemqualquerdobalanço.Apesardasimplicidadedoproblema,nãodeixadeseconstituirnumexemplodeumdosaspectosdaanálisedebalanços.

Certamente,aapreciaçãodaevoluçãopoderiatersidofeitacomparando-seavariaçãodecadaespéciedeanimaldentrodorebanho,semserecorreràhomogeneização.

A dificuldade maior, no caso, residiria na análise de porcentagens ou análise vertical.Assim,noprimeiro inventário,o totalde itenséde1.450enosegundo inventário,de1.575.

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Denominar tais totais de 100% e calcular quanto representa cada item individual (cabras,vacasoucarneiros), em relaçãoao total, temumvalorapenas relativo, poisasquantidadesnão representam grandezas homogêneas.Mesmo assim, provavelmente a informação aindapoderiaserdealguminteresse,poisseocriadorpudesseanteciparumamudançafuturanosrelacionamentosdetrocaentreosváriosanimais,digamos,seocarneiropassara“valer”maisquantidades de vaca, poderia tomar medidas para aumentar a participação relativa doscarneirossobreosdemaiscomponentesdorebanho.

Adicionalmente, ainda recorrendoao “equivalente-vaca”, outro tipo de cálculo poderia serrealizado.Tomemosapenasoprimeiroinventáriocomoexemplo:

InventárioOriginalInventárioOriginalexpressoemtermosde

vacas%

Cabras 1.100 100 25

Vacas 300 300 74

Carneiros 50 5 1

TOTAL 1.450 405 100

Desta forma, avaliaríamos o estoque de cabras em cerca de 25% da potencialidade demercado total do rebanho; o de vacas, em 74%, e o de carneiros seria praticamenteirrelevante.

Assim,ohomemprimitivojáaplicavanoçõesrudimentaresdeanálisedebalançosou,maissimplesmente,deanálise.

Osbancos,apartirdasegundametadedoséculoXX,seutilizaramcommais frequênciada análise de balanço através de quocientes para relacionar os valores a receber com osvalores a pagar com a intenção de determinar de forma aritmética o risco envolvido ememprestardinheiroparaasempresas.

Obviamente, o surgimento dos bancos governamentais de desenvolvimento, regionais ounacionais, em vários países, deu grande desenvolvimento à análise de balanços, pois taisentidadesnormalmenteexigem,comopartedoprojetodefinanciamento,umacompletaanáliseeconômico-financeira.

O relacionamento entre os vários itens do balanço e das demais peças contábeispublicadas também é de grande interesse para os investidores, de maneira geral. Numaeconomiademercadobastantedesenvolvida,umarazoávelparceladosmotivosque levamoinvestidoraadquiriraçõesdaempresaAe/oudaempresaBresidenosresultadosdaanáliserealizada com relação aos balanços das empresas, demais peças contábeis (Demonstração

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deResultado –DRE,Demonstração doValor Agregado –DVA,Demonstração do Fluxo deCaixa–DFCeaDemonstraçãodasMutaçõesdoPatrimônioLíquido–DMPL)eavaliaçãodasperspectivas do empreendimento (carta da administração e as notas explicativas, porexemplo). Claramente, nunca houve um caso conhecido em que o investimento tivesse sidorealizado apenas baseado nos resultados das análises contábeis da empresa.Mas tambémnãoéconhecidocasodesucessoa longoprazono investimentoemaçõesemqueaanálisede relacionamentos contábeis não desempenhe algum papel, como infraestrutura de umaanálisefundamentalista.

Assim,torna-seclaroporqueaspeçascontábeissãoelementosquasequefamiliaresparamuitaspessoas,nospaísesmaisdesenvolvidos.Équeaampliaçãodaqualidadeequantidadede investidores e a democratização do acesso à participação acionária nas empresas sãocaracterísticas das economias demercadomais desenvolvidas; fatalmente, havendomais emais desenvolvimento, mais se realça a importância da análise financeira e contábil emparticular,edaContabilidadeemgeral.

Mas, se uma boa análise de balanços é importante para os credores, investidores emgeral,agênciasgovernamentaiseatéacionistas,elanãoémenosnecessáriaparaagerência:apenas o enfoque e, possivelmente, o grau de detalhamento serão diferenciados. Para agerência, a análisedebalanços fazmais sentidoquando, alémde sua funçãode informaroposicionamento relativo e a evolução de vários grupos contábeis, também serve como um“painel geral de controle” da administração. Neste sentido, podemos construir uma série deindicadores financeiros e avaliar sua evolução em espaços de tempomais curtos, digamos,mês a mês. Ou alguns indicadores serão acompanhados mês a mês, outros, quinzena aquinzena,outros,ainda,semanalmenteeoutrosatédiariamente.Porexemplo,aporcentagemdedisponibilidadessobreoativoglobal,seexistirumindicadorpréviodequalaporcentagemideal ou adequada, pode ser monitorizada até diariamente. Entretanto, como não é muitocomum conseguirmos obter uma composição diária do ativo total, é mais provável quecontrolemosonívelabsolutodedisponibilidadesdiariamente.Ataxadesejadaderetornosobreo investimento pode ser comparada com a efetivamente obtida no final de cada ano. Emalguns sistemas, entretanto, o acompanhamento pode ser até mensal. Por outro lado, agerênciaestarásempreatentaaodesempenhodaempresacomrelaçãoaseusconcorrentes.Claramente, isto exige a compilação de muitos dados e informações publicados de formaesparsa.QuandonosutilizamosdeuminstrumentodotipoMelhoreseMaiores(publicaçãodaEditora Abril sobre os principais índices das principais empresas brasileiras) ou Valor1000(publicaçãodaValorEconômicoquedestacaas1.000maioresempresasdoano),éprecisosabermosbemsobrea técnicaeas limitaçõesdeanálise implícitasnomodelo.Acreditamosque em toda empresa de médio para grande porte deveria existir um setor de análise decompetidores e estudo de tendências, o qual deveria agregar profissionais de váriasespecializaçõesenãoapenaseconomistas,comohojefrequentementeéfeito.

Alguns administradores de empresa chegam a admitir que a mesma deveria montar umverdadeiro sistema de informações, não somente no que se refere aos concorrentes, mastambémnoqueserefereatodososgruposdepessoaseinteressesexternosàempresaquepossam ter ou vir a ter influência sobre a empresa, em virtude de mudanças em suasorientações e comportamentos. Assim, os concorrentes seriam apenas um grupo, osfornecedorespoderiamseroutro,asagênciasgovernamentaisoutroeassimsucessivamente.

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2.3

Na verdade, sabemos muito bem que mudanças de comportamento nos gostos dosconsumidores,porexemplo,refletememmudançasparaumaempresa,paraumgrupoeatéparaumsetor.Esteéo casomaisdramático,entretanto.Aempresaprecisaestaratentaatodas as mudanças externas que possam vir a atingi-la, já que é considerada um sistemaaberto que interage com seu ambiente repleto de riscos e vieses. O acompanhamento dastendênciasedodesempenhofinanceiroederentabilidadedaconcorrênciaéessencialparaaempresa“situar-se”nomercado,saberemquepontodacurvaseencontrae,ofundamental,decidirseestásatisfeitacomaposiçãoocupadaousepretendedesempenhomaisambicioso.

Em alguns casos, a comparação deverá ser possível apenas com outras poucasempresas,nopaísouaténoexterior.

Adicionalmente, as empresas poderão desejar não somente comparar-se com relação aseus concorrentes, mas também fixar uma medida de tendência de longo prazo à qual ocomportamentodecertoíndicedeva-seater.

Alongoprazo,porexemplo,poderíamosfixarqueaempresadeveriadesenvolver-seàtaxamédiadedesenvolvimentodaeconomiacomoumtodo,oudosetor,eexpressaressataxadedesenvolvimento provavelmente em função de algum tipo de “retorno”. Seria um quocienterelacionandoolucrocomalgumconceitodeinvestimento.

Por outro lado, em certas situações, a empresa pode construir um modelo decomportamentoidealparaosetoraquepertenceecompararoperfildaempresacomoidealdosetor.

A análise de balanço não se restringe apenas às empresas de direito privado que visamlucros, suametodologia de quocientes e índices pode ser tranquilamente adaptada para asentidades sem fins lucrativos do terceiro setor, bem como às empresas governamentais dedireitopublicoeautarquias,hajavistaquesãoentidadesasquaisosgestoresseutilizamderecursos de terceiros, e a essência de sua responsabilidade (accountability) (NAKAGAWA,2009,p.18)éaobrigaçãopelaexecuçãodasatividadeseprestaçãodecontasdosresultadosobtidos.Aautoridadepodeserdelegada,masaresponsabilidadedeseusatoseaprestaçãodecontasnão.

CONCEITUAÇÃODEANÁLISEDEBALANÇOS

Podemosafirmarqueanálisedebalançosecaracterizacomoa“artedesaberextrairrelaçõesúteis,paraoobjetivoeconômicoquetivermosemmente,dosrelatórioscontábeistradicionaise de suas extensões e detalhamentos, se for o caso”. Consideramos que a análise debalançoséumaarte, pois, emboraexistamalguns cálculos razoavelmente formalizados, nãoexisteformacientíficaoumetodologicamentecomprovadaderelacionarosíndicesdemaneiraa obter um diagnóstico preciso. Ou, melhor dizendo, cada analista poderia, com o mesmoconjuntode informaçõesedequocientes,chegaraconclusões ligeirasouatécompletamentediferenciadas.Éprovável,todavia,quedoisexperientesanalistas,conhecendoigualmentebemo ramo de atividade da empresa, cheguem a conclusões bastante parecidas (mas nuncaidênticas) sobre a situaçãoatual da empresa, embora quase sempre apontariam tendênciasdiferentes,pelomenosemgrau,paraoempreendimento.

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2.4

––

CONDIÇÕESNECESSÁRIASPARAUMBOMENTENDIMENTODAANÁLISEDEBALANÇOS

Existe um conjunto de informações e conhecimentos básicos necessários para umentendimento mais profundo das vantagens e limitações da análise de balanços. Um dosfatoresmaisimportanteséentenderaspremissasbásicascontábeisquedeterminamaformapelaqualosprópriosdemonstrativosobjetosdeanálisesãoelaborados.SãoosdenominadosPrincípiosdeContabilidade.

Analisaremos,nopróximocapítulo,oSistemadeInformaçãoContábileosPrincípios.

RESUMODOCAPÍTULO

Basicamente,oanseiodeanalisarosdemonstrativoscontábeis,edeseusrelacionamentosnuméricos extraírem indicações de importância para determinado interesse decisório deordemeconômica,é tãoantigoquantoaexistênciadaContabilidade.Aexpressão “AnálisedeBalanços” deve ser entendidaemsentidoamplo, incluindoosprincipais demonstrativoscontábeis e outros detalhamentos e informações adicionais que sejam necessários (porexemplo,nocasodeaanálisedestinar-seàadministraçãodaempresa).Depreende-sequeaanálisedebalançostemvalorsomenteàmedidaqueoanalista:

estabeleçaumatendência(umasériehistórica)dentrodaprópriaempresa;compare os índices e relacionamentos realmente obtidos comosmesmos índices erelacionamentosexpressosemtermosdemetas;compareosíndiceserelacionamentoscomosdaconcorrência,comoutrasempresasdeamplitudenacionalouinternacional.

Épreciso,poroutrolado,destacarqueaAnálisedeBalançoséumaarte,poisnãoexisteumroteiropadronizadoquedeterminesempreasmesmasconclusões,dentrodasmesmascircunstâncias. Adicionalmente, a análise de balanços, pela sua natureza financeira,apresentalimitações,asquaisserãosemprelembradas.

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1

_____________

Porbrevidade,utilizaremosaexpressãoresumidaAnálisedeBalançosdaquiemdiante,comoequivalentedamaislonga.

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3.1

––

CONTABILIDADECOMOSISTEMADEMENSURAÇÃOEINFORMAÇÃO

Jaedicke eSprouse, em seu livroFluxoscontábeis, EditoraAtlas, p. 20 a 25, definem combastantepropriedadeosistemademensuraçãocontábil.Naverdade,trata-sedeumsistemade informação que inclui um sistema de mensuração como parte do processamento. Osreferidosautoresconsideramque,comandandotodoosistemademensuraçãocontábil(edeinformação),existeoqueelesdenominamdePolíticaContábil–DeterminaçãodosConceitos,Definiçõesetc.–queéabasedosistemademedição(Informação).

Referindo-se ao assunto, os citados autores comentam, à página 24: “O sistema deinformações (contábil) da firma dependerá da combinação das opções de mensuração queforem escolhidas. Logo, o problema de política contábil deve ser resolvido como condiçãonecessáriapara fazerosistema funcionar [...]Antesqueumsistemapossaserestabelecido[...]oconceitoderendadeveserdefinido,eosprincípiosdemensuraçãoapropriadosparatalconceito devem ser escolhidos (UEPS versus PEPS, custo de substituição versus custohistóricoetc.).”

Ora, esta é a área de política contábil, compreendida pelos princípios deContabilidade,que passaremos a estudar. Como os próprios referidos autores afirmam, mais adiante, “autilidade e a eficácia de qualquer instrumento de análise são, via de regra, aumentadas àmedida que o usuário se familiariza com ele [...] A eficiência com que o administradorfinanceiro pode usar dados contábeis e analisá-los variará na razão direta de suacompreensão dos conceitos, das definições e dos princípios demensuração sobre os quaisrepousamosdados”.

Isto vem reforçar a necessidade de entendermos as raízes profundas e osmotivos quefizeramcomqueosdemonstrativoscontábeisfossemoquesão.

Mas o sistema de informação contábil, embora comandado obviamente pela políticacontábil (princípios contábeis), contém outras fases que passaremos a enunciar, sempresegundooscitadosautores:

FasedeColetadosDadosFasedeAjustes

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1.

2.

2.12.2

3.

4.

SaídasdoSistema

Estaúltimafaseédeparticularinteresseparaasnossasfinalidades.Assaídasdosistemacontábilpodemserclassificadasemquatrocategorias:

Relatórios sobre a posição financeira em determinado momento (exemplo: BalançoPatrimonial).Relatóriossobremudanças(Fluxos)durantedeterminadoperíodo(DemonstrativosdeFluxos).

DemonstraçãodeResultados.DemonstraçãodosFluxosdeCaixa.

Dados para planejamento e controle de lucro, principalmente dados e relatórios deorçamento,deexperiênciarealemcomparaçãocomprevisõesdeorçamento.Dados para estudos especiais que podem ser necessários a decisões relativas ainvestimentosdecapital,combinaçãodeprodutosetc.

Osautoresalertamqueassaídas1a3sãobemdefinidascomantecedênciaerepetitivaspor natureza, e que os sistemas de informação contábil tendem a ser desenhados para aprodução dessas saídas. Por conseguinte, os sistemas contábeis são, não raro, poucoeficientesnaproduçãodasaída4.

Consideremos que a análise de balanços esteja intimamente associada com oentendimentoeousodosrelatóriosdotipo1e2,nãosendoanormal,todavia,autilizaçãodesaídas do tipo 3, principalmente na análise de balanços para finalidades gerenciais (usuáriointerno).Umaextensãototaldoconceitodeanálisecomoumpainelgeraldecontrolepoderiachegaraoestabelecimentodepadrões para orçamentode capital, decisõesdo tipo fabricarversus comprar (custodeoportunidade)etc., padrõescomosquaisos índices reais seriamcomparados.

A análise de balanços, todavia, repousa, essencialmente, em índices extraídos derelatórios contábeis tradicionais, ao passo que certas decisões do tipo substituição deequipamentorepousamnofornecimentodeinformaçõesdotipofluxosfuturosdescontadosdecaixa, custos de oportunidade etc., normalmente não retratados a posteriori nos relatórioscontábeis(depoisqueforamrealizados).

Aqui é preciso qualificar, com algumas noções acessórias, a parte do sistema que dizrespeitoàpolíticacontábil,aquemaisnosinteressaparaestelivro.

Se estivermos interessados nos balanços e demonstrações contábeis como analistasexternos à empresa, o sentido da expressão política contábil deve ser associado aosprincípios. Isto é, todas as saídas do sistema financeiro, principalmente se a empresa forauditadaporauditores independentes(SAeasempresasdeGrandePorte–EGP),deverãoater-seaosprincípioscontábeis.Todavia,dentrodeummesmoprincípio (porexemplo,odocusto como base de valor), vários critérios estão, às vezes, à disposição da empresa eatendem ao princípio; é o caso dos métodos de avaliação de estoques conhecidos comoPEPS,MÉDIAPONDERADAeUEPS;esteúltimonãoéaceitopelalegislaçãofiscalbrasileira,o que não quer dizer que não possa ser utilizado para finalidades gerenciais e até decontabilidade financeira, desde que, para efeito de tributação, sejam processados os

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necessáriosajustes,em relatóriosàparte,no fimdoperíodo.Estas formasdeavaliaçãodeestoque,emborafiliadasaomesmoprincípiogeraldoCustocomoBasedeValor,podemserescolhidas,eaaplicaçãodeumaououtrairápromoverresultadossensivelmentediferenciadosparaolucromercantil,paraamesmamassadeoperaçõesedados.

Oconhecimento,portanto,dosprincípiosgeraisedasnormascontábeissegundoosquaisos demonstrativos contábeis (financeiros) são elaborados precisa ser temperado peloconhecimento de algumas convenções que qualificam tais princípios, pelo conhecimento deusos, costumes e práticas tradicionais em cada ramo de atividade e por uma adequadacompreensão de todas as informações adicionais e complementares que as demonstraçõescontábeispodemretratar.

Entretanto, embora admitindo certa liberdade de manobra no âmbito dos princípioscontábeis, os relatóriosemanadosdacontabilidade financeira (edeusodoanalistaexterno)não poderão deixar de se basear em tais princípios; ou, então, a gama de exceções e dedesviosdeve ser perfeitamenteenumerável e controlável. Jáomesmonão sepodedizer, arigor,decertossistemasdeinformaçãogerencialmaisavançadosquechegamanelesinserirconceitoscomocustosdereposição,custosdeoportunidade,custosereceitasmarginaisetc.Neste caso, o analista interno (análise de balanços para a administração) deverá estarperfeitamenteapardosconceitosde lucroadmitidosedasmensuraçõesnecessárias,a fimde adequar suas análises aos novos conceitos introduzidos no sistema. No caso de umaempresaque, habitualmenteedemaneira consistente, corrigeosdemonstrativos financeirospelas variações do poder aquisitivo da moeda, o analista deverá, obviamente, calcular osíndicesequocientescombasenosvalorescorrigidosecompará-losaosíndicesequocientescalculados com base nos valores originais, bem como explicar à gerência o sentido dasvariações.Omaisdifícil,entretanto,équandotaisconceitosnãosãoexplicitamenteadmitidos(mesmo que paralelamente aos conceitos tradicionais) no sistema, mas vagamentemanipuladosoraporesteoraporaquelegestor,emcondiçõessubjetivasepessoais.Nessecaso, o contador deverá cuidadosamente alertar estes gestores de que estas análises sebaseiamemrelatórios informaisnãoelaboradosconformeaspráticasenormascontábeis,afimde,inclusive,delimitarsuaresponsabilidadeprofissional.

Pelo fato de o número de conceitos alternativos ser muito grande na contabilidadegerencial, nossa análise neste texto se deterá preferencialmente nos Princípios deContabilidade, o que, vale dizer, terámaior validade para os analistas externos, bem comopara os demais usuários das informações das demonstrações contábeis (financeiras) dasempresas sociedade anônima (SA), de grande porte (IGP) e a de Pequeno eMédio Porte(PME).

Observe-se, entretanto, que o simples fato de os relatórios sumarizados financeirosrepresentarem a cúpula do processo de contabilidade financeira não significa que nãoapresenteminteresseparaosgestores.

Certos parâmetros básicos, como, por exemplo, o retorno sobre o patrimônio líquido,sempre haverão de basear-se nos relatórios financeiros tradicionais. Assim, a análise dosprincípios contábeis também é importante para finalidades gerenciais, pelo menos para osgestores conhecerem bem as diferenças entre os conceitos frequentemente usados naempresa (custose receitasmarginais,custosdeoportunidadeetc.),paracertasdecisões,e

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3.2

3.2.1

osconceitosusuaisdaContabilidade.

PRINCÍPIOSCONTÁBEIS–ABORDAGEMCONCEITUAL

Introdução

Para melhor entender a natureza dos princípios contábeis é preciso, antes, entender anatureza da própria Contabilidade. Sem a pretensão de definirmos a disciplina, pode-seobservar claramente que, na empresa, sua função principal é a mensuração do lucro e oreportedaposiçãopatrimonial emdeterminadosmomentos.Dequalquermaneira, oesforçoem acompanhar a evolução do patrimônio das entidades está sempre presente naContabilidade.Tevedevaler-seaContabilidade,portanto,deconceitostrazidosdaEconomia,comocapital,renda,consumo(despesa);outrosconceitosderivaramdoDireitoeoutrosaindadaAdministraçãodaProdução,apenasparacitar trêsdasprincipais ligaçõescontábeis. Istodáumaideiadadificuldadedamissãocontábil.É,basicamente,umprocessodemensuraçãode alguns conceitos derivantes de outras disciplinas, principalmente da economia. Por outrolado,as formasdeatividadeeconômica têmsidoamplamente influenciadas,nodecorrerdostempos, pelas instituições sociais, políticas, religiosas e até por usos e costumes de cadaépoca.No iníciodoséculoXV,eracomumaparecernoativo imobilizadodasempresasumaconta do tipo “Marta-NossaEscrava”, pois, efetivamente, os escravos eram propriedade doempreendimento e eram registrados pelo valor de aquisição. Por outro lado, raramenteapareciamconsignadasnodemonstrativoderesultadoreceitasoudespesasdejuros,poistalpráticaeraseveramentecondenadapelaIgreja,naépoca.

Deve-seentender,portanto,quecertosconceitosqueregemaContabilidadesãomutáveis,parcial ou totalmente, no tempo e no espaço, adaptando-se às peculiaridades econômicas,institucionais, políticas e sociais de cada época e, às vezes, observando peculiaridades decadapaís.Éclaroqueoutrossãoimutáveis,comooprincípiodadualidade,cujaevidenciaçãocontábilresume-senométododaspartidasdobradas.Aindaassim,aformadeconsubstanciaraspartidasdobradas, por exemplo, podealterar-se.Um lançamento contábil pode ser feito:emformaderegistrono livroDiário,noRazãodefolhassoltas,numarepresentaçãodidáticaderazoneteemT,numcartãoperfuradooumesmonumamatriz.

AprópriaComissãodeProcedimentosdeAuditoriado InstitutoAmericanodeContadoresPúblicosCertificados,emseuBoletimno33,página41(TraduçãodoDr.JorgeFischerJúnioreeditado pelo ICPB, atual IAIB), assevera que “os princípios de contabilidade geralmenteaceitosevoluemesofremmodificações.Ospronunciamentosfeitosporcomissõesautorizadasdo InstitutoAmericanodosContadoresPúblicosCertificadosreconhecemestasmudanças.Aprimeira norma do parecer reconhece que o auditor independente está alerta para essespronunciamentos.Outrossim,eledeveestaratentoàsmodificaçõesquesetornamaceitáveisatravésdousogeneralizadonosnegócios,emboranãosujeitasapronunciamentodoInstituto”.

Sob a denominação genérica de Princípios eConvenções Contábeis,1 englobam-se, naverdade, se analisarmos o problema de um ponto de vista mais rigoroso, axiomas epostulados,princípiospropriamenteditos,normaseprocedimentos.Trataremosotodosobo

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mantode“princípios”(asdiretrizesmaisgerais)e“convenções”(asnormaseprocedimentosquequalificamedelimitamaaplicaçãodosprincípios).

Aformaçãodosprincípioscontábeisdeveu-sepreferencialmentearespostasgraduaisqueoscontadoresforamdesenvolvendo,aolongodosséculos,aproblemasedesafiosformuladospelas necessidades práticas. Na verdade, muitos princípios representam a “explicaçãocientífica” de normas e procedimentos que foram, primeiro, utilizados na prática, para emseguida serem racionalizados em teoria. Tentativas recentes, contudo, seguem um caminhoinverso, ou seja, procura-se axiomatizar a teoria contábil numa série de premissas básicasbemgeraisquesomenteemseguidaserãotestadasnaprática.

Um princípio para se tornar “geralmente aceito” precisa ser reconhecido pelo consensoprofissional(oulegal)como:

útil(relevante);objetivo;praticável.

As maiores discussões giram em torno da utilidade ou relevância desse ou daqueleprincípio, pois tal utilidade depende, em grande parte, dos objetivos que se pretendemalcançaratravésdosrelatóriosfinanceirosedaperspectivadosváriosusuáriosdainformaçãocontábil.

Assim,demonstrativosavaliadosacustoshistóricospodemserrelevantesparafinalidadesdeauditoriaecomoreportedoretornododinheirooriginariamenteinvestidos,maspodemserirrelevantescomoelementopreditivoparaoinvestidor.ÉapenasumexemplodasdivergênciasquepodemexistiraoescolhermosumabasedeavaliaçãoparaaContabilidade.

Frequentemente, os contadores têm sido conservadores na escolha dos princípios, poisestãopremidosporváriosfatores,asaber:

necessidadedeobjetividade;os custos dos sistemas de informação contábil não podem ser muito altos, casocontrárioacontabilidadeentrarianuma“faixadeconcorrência”indesejávelcomoutrastécnicas;aprofissãoeadisciplinadevemmanterumaposiçãodeneutralidadecomrelaçãoaosproprietários, administradores e investidores. Esta posição de neutralidadefrequentemente significa um reforço adicional ao conservadorismo na descrição dasituação financeira e patrimonial da empresa, pois é preciso “esfriar” o frequente ecompreensívelexcessodeotimismoporpartedosadministradoreseproprietáriosdoempreendimento;frequentemente, as normas fiscais que afetam a contabilidade tendem a nivelar porbaixo o grau de relevância que, commaior grau de criatividade e independência, acontabilidadepoderiaatingir.Porexemplo,porusoecostumeaempresanormalmentereconhece entre 3 a 5% as provisões para créditos de liquidação duvidosa (PCLD)sobre os saldos de contas a receber. Muitas empresas não se dão ao trabalho deverificar a porcentagem real, estatisticamente comprovada, das perdas com relaçãoàsvendas.Por“comodismo”einérciaembarcamnestesX%epodem,comisso,estar

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3.2.2

distorcendo os resultados da empresa e dando uma visão errônea, pelo menos emdeterminadoexercício,dasituaçãodaempresaparaopúblico.

Como resultado de todas estas “restrições”, os contadores têm dado mais peso àobjetividade e praticabilidade de um princípio do que à sua relevância, mesmo porquefrequentemente os princípios que poderiam parecer os mais úteis (por exemplo, balançoslevantadosavaloresdemercado)sãoosmaistrabalhososdeseremaplicadoseosquedãomargemamaiorperdadeobjetividade.

Analisaremos,resumidamente,osmaisimportantesprincípioseconvençõescontábeis:

Princípios

daEntidade;daContinuidade;doCustoHistóricocomoBasedeRegistroInicial;daRealizaçãodaReceita;daCompetênciadosExercícios;doDenominadorComumMonetário.

Convenções

daObjetividade;doConservadorismo(Prudência);daMaterialidade(Relevância);daConsistência(Uniformidade).

Oprincípiodaentidade

Esteprincípio temumaconcepçãooriginal, vindadoDireito, comconsequências econômico-contábeis, e uma extensão mais moderna de natureza econômico-operacional, obviamentetambémcomreflexoscontábeis.

Sob o primeiro aspecto, configura-se que aContabilidade e os registros respectivos sãomantidos para as entidades, como pessoas distintas dos sócios, sejam pessoas físicas oujurídicas.Nestaconcepção,oativo,opassivoeopatrimôniolíquidopertencemàentidade.OssóciosnãotêmdireitorealaparcelasdopatrimôniolíquidoatéqueaAssembleia,osEstatutosSociais ou a Lei destinem uma parte dos lucros à distribuição ou o sócio se retire dasociedade.2 Por outro lado, os contadores devemefetuar esforços ingentes de apropriação,emcasosextremos.Porexemplo,numafirmaindividual,oproprietáriopoderetirarfisicamentedinheiro do próprio bolso para pagar uma fatura da empresa. Todavia, a Contabilidade daempresa registrará o fato como saída do “Caixa” da empresa (ou primeiramente, comoempréstimodoproprietárioàempresaparaemseguidaaempresapagaradespesa).

Numa sociedade familiar, marido e mulher podem explorar uma pequena atividadecomercialemorarnomesmoprédionoqualaempresanegocia.Pagamcontasdeluz,água,

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aluguel, impostosetc.paraoprédiocomoum todo.Qualaparcelaquedeveráseratribuídacomo despesa da empresa e qual a das pessoas físicas? Embora nem sempre seja fácilresponderaestapergunta,aContabilidadeprocuraráatribuirumaparcelaequitativaparaaspessoasfísicaseoutraparaajurídicaenãotodaacargaaumasódelas.

Sobosegundoaspecto,oprincípiodaentidadedeveserentendidonumaconotaçãomaiscomplexa, isto é, desdequedeterminado setor daempresa (centro de lucro) seja capazdeadicionarutilidadeaos fatores,contribuindoparaaapuraçãodeum lucro, tambémmereceráum reporte individualizado por parte da Contabilidade. A condição é que os departamentossejamsubstancialmente independentesunsdosoutrosequeosdepartamentoscompradorevendedor tenhamaopçãodeadquirir e vender nomercado.Nesse caso, os departamentosconstituemsubentidadescontábeisdistintas.

Ampliaríamos ainda mais o conceito, dizendo que todo setor, departamento, núcleooperacional (que, a juízo da gerência, for tão crítico ou importante quemereça um reporteseparado de custos ou de receitas e custos) pode ser considerado como uma subentidadecontábil, dentro de uma entidade maior. O conceito pode ser aplicado também aosconglomeradoscontábeis.Umbalançoconsolidadotambémrepresentaumaspectoparticulardaentidadecontábil.

Assim,adisposiçãodaapresentaçãodaequaçãodopatrimônioémuitomais indicativaeimportantedoquepoderiapareceràprimeiravista.

Ativo–Passivo=PatrimônioLíquido (Proprietário) é umaapresentaçãoque simboliza aTeoria do Proprietário, na qual as obrigações são deduções dos ativos possuídos peloproprietárioe,logicamente,opatrimôniolíquidoédoproprietário.

Ativo = Passivo é conotação da Teoria da Entidade, na qual os direitos dos acionistassobre o patrimônio líquido estão restritos à parcela declarada como distribuível pelaassembleiaeaoutrasrestriçõeslegais,pelomenosnacontinuidadedasoperações.

FundosAplicados=FundosObtidoséconotaçãodaTeoriadoFundo,segundoaqualospassivos (fundos obtidos) são restrições econômicas, institucionais e legais sobre o uso doativo. Esta abordagem tem significativas aplicações nas entidades de finalidades nãolucrativas.

Oprincípiodaentidadeédegrandevalidade,eaaceitaçãodapersonalidadeprópriadaentidade,distintadadossóciosqueacompõem(mesmoqueodonosejaumsó),representaumdosgrandesmarcoshistóricosdaContabilidade.

Oprincípiodacontinuidade

A continuidade das atividades operacionais de uma entidade deve ser presumida indefinidapela Contabilidade, até que surjam evidências em contrário bastante fortes, tais como:históricopersistentedeprejuízos,iminênciadeliquidaçãojudicialouextrajudicialetc.

AContabilidade,portanto,gostadeanalisare“ver”aempresacomo“algoemmovimento”continuado (going concern), com investimentos, consumos, poupanças, reinvestimentos eassimpordiante.

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Aaceitaçãodestapremissaémuitoimportante,poisirácondicionarosistemadeavaliaçãodaContabilidade.O raciocínio é simples: se a descontinuidade não é aceita (a não ser emcasosextraordinários),entãoasformasdeavaliaçãoadequadasparacasosdeliquidaçãonãosãoaceitascomobasenormaldeavaliaçãodoativo.Ora,claramenteotipodevalorrelevantenuma liquidaçãoéumvalorde realização,umvalordevenda, umvalor de saída, portanto.Entretanto, comoa liquidaçãonão é a norma, ovalor de saída não poderá ser a normanaContabilidade, mas sim um valor de entrada, um custo (original, original corrigido ou dereposição), com exceção dos produtos para revenda e, talvez, dos títulos adquiridos pararendimento(nãoparacontrole),casosemqueumvalordesaídaaindaseriamaisaconselhável(porém,àsvezes,nãopossível,devidoaincertezasquantoaoexatovalordevendaequantoàsdespesasaseremincorridasatéavenda).

Nahipótesedacontinuidade,aempresaévista comoummecanismovoltadoaadicionarvaloraosrecursosqueutiliza,eosucessodaempresaémensurado,basicamente,pelovalordas“Vendas”ou“Serviços”menososcustosdosrecursosutilizados(consumidos)noesforçodeproduziraReceita.

Portanto, recursosadquiridosmasaindanãoutilizadossãoevidenciadospeloseucustoenão pelo valor que a empresa poderia obter vendendo-os. O valor corrente de revenda é,usualmente, irrelevante, pois presume-se que os recursos não serão vendidos como seencontram,masserãousadosnacriaçãodeprodutosedeserviços.

Boapartedosautoreseoconsensooficialdaprofissãoconsideramqueumaconsequênciada continuidade é a adoção, como norma geral de avaliação do ativo, do custo histórico.Consideramospordemais restritivaesta interpretação,poisparece-nosmaisadequadodizerqueaconsequênciadoprincípiodacontinuidadedeveriaseraadoçãodeumvalordeentrada.Entretanto, temosvários tiposdevalordeentrada,dentreosquais:custoshistóricos,custoscorrentes e de reposição, valor realizável líquido menos margem normal de lucro(originariamente,esteúltimoéumvalordesaída;subtraindo-se,porém,amargemde lucro,aproxima-sedeumvalordeentrada)etc.

Oprincípiodocustohistórico(original)comobasederegistroinicial

Um ativo é incorporado nos registros contábeis pelo preço pago para adquiri-lo (mais osdesembolsosnecessáriosparacolocá-loemcondiçõesdefuncionamentooudevenda)oupelocustodosinsumosutilizadosparafabricá-lo;estevaloréabaseparatodasascontabilizaçõessubsequentesrelativasaousodoativo.

Osprocessosdeamortização,depreciaçãoedepleçãosão,portanto,alocaçõesdecustos(deativos)paradespesadosperíodos,de formasistemáticaeracional.Emalgunscasos,anormageralseráqualificada(parcialmentealterada)pelaregra“custooumercadodosdoisomenor”, muito comum em inventários e títulos negociáveis. (Esta última regra está filiada àconvençãodoConservadorismo,comoveremosmaisadiante.)

Alguns países, normalmente por legislação de agências governamentais, admitem a

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a)

b)

c)

correção do ativo fixo e de algumas outras contas ou grupos pelas variações do poderaquisitivodamoedaocorridasdesdeadatadecompraoufabricaçãodoativoatéadatadosdemonstrativos contábeis. Teremos, então, um custo histórico corrigido. Não se trata,propriamente,deumainvalidaçãodaregrageral,masda“restauração”doscustoshistóricosporumíndicegeraldepreços(nãoconfundircomcustosdereposição).

O resultadodaadoçãodoprincípiodo custohistóricoéqueobalançonão representaovalor corrente do patrimônio, mas sim quanto custaram, na data da transação, seuscomponentes,doladodoAtivoeosfundoscometidos,doladodoPassivo.

De certa forma, portanto, a aceitação deste princípio decepciona os que desejariamobservar, atravésdosdemonstrativos contábeis, o retratoatualizado, em termosde valor (emesmodecusto),daempresa.

Oprincípiodocustohistóricocomobasede registro inicialéumbomexemplododilemaqueos contadores enfrentampara equilibrar a satisfação dos três parâmetros fundamentaisda aceitabilidade de qualquer princípio, a saber: utilidade (relevância), objetividade epraticabilidade.

Se a utilidade fosse o único fator a ser observado, é possível que o princípio não fosseaceito, pois grande número de agentes decisórios prefere uma descrição do balanço emtermoscorrentesaumadescriçãodobalançoemtermosdevaloreshistóricos.

Oconceitovisto,portanto,indicaavontadeporpartedequemeditaosprincípioscontábeisdesacrificaralgumgraudeutilidadeemtrocademaiorobjetividadeepraticabilidade.

Oprincípiodarealizaçãodareceita

Umdosproblemasfundamentaisdosistemademensuraçãocontábilédefinirquandoareceitadeve ser reconhecida contabilmente. Sabemos que, sob um enfoque econômico, o valoradicionadoaosfatorespeloprocessoprodutivoededistribuiçãoacumula-secontinuamenteaolongo do processo, embora não se conheça o comportamento exato da função “valoradicionado”,sedefinidadessaforma.AContabilidade,comosistemademensuração,precisaescolher em cada caso o ponto do processo mais adequado para o “reconhecimento” dareceita.Nofundo,reconhecimentodereceita implicareconhecimentode lucro(ouprejuízo)e,portanto, receita e despesa são duas facetas de um mesmo problema geral, embora, notempo, primeiro se reconheça a receita e, em seguida, a despesa, direta ou indiretamenteassociada.

Existemalgumascondiçõesbásicasparaqueareceitapossaserreconhecida:

é preciso que exista uma avaliação de mercado objetivamente verificável para oprodutoouserviço;oesforço,emtermosdecumprimentodeetapasbásicasdoprodutooudaprestaçãodoserviço,precisater-sedesenvolvidototalmente;énecessárioquetenhamoscondiçõesdeestimar,comapreciávelgraudeprecisão,asdespesas associadas ao ganho das receitas, de cujo reconhecimento estamostratando.

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A observância de tais condições é muito mais indicadora das circunstâncias nas quaispoderemos reconhecer receita ou não, do que uma listagem exaustiva das exceções,juntamentecomaregra.Podemosdizer,apenas,quearegrageralconsisteemseconsiderara receita “ganha” e, portanto, reconhecível, quando produtos ou serviços são colocados “àdisposição” do cliente. A fim de podermos colocar serviços ou produtos à disposição, énecessário, antes demais nada, que tenhamsido completados.Podemosnotar que as trêscondições sãoobservadasplenamentena regrageral: existe umpreçode transferênciadosprodutos ou serviços perfeitamente determinado, acertado entre as partes e verificável emvárias fontes: contrato (seexistir), nota fiscal (quandodaentregadoproduto), faturaetc.; oesforçoemproduziredistribuiroprodutoouserviço foi integralmentedesenvolvido;e, tendosidoaproduçãojáterminada,conhecemosseucusto,bemcomotemoscondiçõesdeprever,namaioria dos casos, os desembolsos futuros quederivamda vendapresente (gastos comserviçosdegarantia,devedores insolváveis,desembolsoscomcomissõesavencedorespelavenda ora efetuada etc.). É preciso, portanto, ter condições de reconhecimento dosdesembolsos,mesmoosocorridosapósopontodevenda,masque,pelacompetência,sãogerados ou associados à venda. Uma comissão pode ser paga posteriormente à venda,todavia,deveremosreconhecê-lanomesmoperíodoemqueéreconhecidaavenda.3

Numaanálisedebalançoséprecisoatentarparaoscritériosutilizadosporumaempresapara o reconhecimento de suas receitas, para não somente permitir cálculo de índicessignificativosparaaempresaemsi,como tambémpermitircomparaçõesentreempresasdosetor.Sealgumasempresasdeconstrução,digamos,utilizamparareconhecimentodareceita(e do lucro) o ponto de entrega da unidade imobiliária, enquanto outras já reconhecem areceita à medida que o imóvel vai sendo construído (numa base proporcional aos custosincorridos), e outras ainda reconhecem a receita no ato da assinatura do contrato definanciamento e de venda com o cliente etc., as comparações de quocientes e índicesfinanceirosentretaisempresasoudeumadelascomamédiadosetorindustrialprecisamserfeitascommuitocuidadosenãoquisermoscometererrosgrosseiros.Esteéapenasumdosaspectos que derivam da adoção de uma variante ou outra dentro dos mesmos princípioscontábeis aceitos que podem provocar dificuldades de análise. Felizmente, a maioria dasempresasdedeterminadosetor tendeautilizar, pelomenos,omesmoprocedimentoparaoreconhecimento da receita, pois certas práticas tornam-se uso comum, por liderança einiciativadeumaououtraempresamaiorpertencenteaogrupo.Àsvezes,porém,as firmastendem a escolher a forma de reconhecimento de receita que mais condiz com as normasfiscais. O problema sempre surge quando queremos comparar nossa empresa com umacongênerequeutilizapráticasdiferentes.Paraisto,somenteoconhecimentoíntimodosetoréquepoderápropiciarosnecessáriosinformesparaasdevidasadaptações.

Oprincípiodacompetênciadosexercícios

Intimamente associado ao anterior, este princípio estabelece que o reconhecimento dereceitasedespesasestáidentificadocomperíodosespecíficoseassociadoaosurgimentode“fatosgeradores”denaturezaeconômica, legale institucional,nãosendoevento fundamentalparatalreconhecimentoodesembolsodecaixaouorecebimentodenumerário.

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a)

b)

c)

d)

e)

As despesas do período corrente, portanto, incluemo custo dos produtos vendidos, dasmercadoriasvendidasouocustodiretodosserviçosprestados(despesasestasdiretamenteassociadas à receita do período), mesmo que tais produtos tenham sido adquiridos oumanufaturados em períodos anteriores; incluem os salários e ordenados ganhos pelosempregadosequediretamentecontribuíram(nessecasoumaparceladafolhadepagamentoestará incluídano custo dosprodutos vendidos), ouentão indiretamente, para a produçãoevenda dos produtos, mercadorias e serviços, quer sejam eles totalmente pagos ou não noperíodo de reconhecimento; incluem também os gastos com telefone, eletricidade e outrosserviços e consumos usados durante o período em conexão com a produção da receita.Assim, desde que a receita tenha sido reconhecida, todas as despesas que tenhamcontribuídoparaarealizaçãodaquelareceita,independentementedoperíododedesembolso,devem ser reconhecidas e confrontadas com asmesmas. Existem despesas que não estãodiretamente relacionadas com a produção da receita nem contribuem diretamente para amesma,conformeosexemplosabaixo:

despesas associadas à manutenção da organização e mais relacionadas com umperíododetempo–devemserreconhecidasnoperíodoquebeneficiaram;gastosincorridos,cujacontribuiçãoparaarealizaçãodareceitadeperíodosfuturoséduvidosaou indeterminada–deverãoserregistradoscomodespesasnadatadesuaocorrência;perdas ou despesas futuras estatisticamente previsíveis e resultantes de operaçõescorrentes–devemserprovisionadas(adébitodecontasderesultado)nosexercícioscorrentes;perdasextraordináriase imprevisíveis–deverãoser registradascomodiminuiçãodepatrimôniolíquidonadatadesuaincorrência;diminuiçõesdepatrimônio líquidooriundasde retificaçõesdeeventos registradosemperíodos passados ou de falta de registro em períodos passados – deverão serdebitadas em contas de efeitos de exercícios findos, claramente identificadas noexercíciocorrenteedistintasdasdemaisdespesaseperdas.Oraciocínioéanálogo,embora invertido,nocasodeganhos.Odiferimentodeumadespesaparaexercíciosfuturos somente é válido para os gastos para os quais se conhece, com razoávelexatidão,onúmerodeperíodosqueirãobeneficiarouseuefeitosobreageraçãodereceitafutura.

Para a análise de balanços, a aplicação de critérios diferenciados no reconhecimento degastos, ora como despesa do período, ora como ativo para posterior amortização, é degrande importância, devido aos efeitos sobre os resultados dos vários períodos,principalmentenasanálisesderetornode investimentoquesepodemrealizarapartirde taisdados e como elemento preditivo das perspectivas da empresa.Como sabemos, os gastosrealizados para sustentar o goodwill da empresa e até aumentá-lo em sua significânciaeconômicanormalmente recaemem itensdenatureza intangível, emgastoscompesquisaedesenvolvimentoetc.Ora,oprocedimentoadotadopelasempresascom relaçãoa tais itensobjetiva influenciar toda a análise financeira, principalmente a análise de rentabilidade. Comefeito, muitas empresas tendem a ativar todo e qualquer gasto com pesquisa edesenvolvimentoeaamortizá-loparadespesadeformamaisoumenosarbitrária;atendência

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3.2.8

deoutrasédescarregartaisgastoscomodespesaàmedidaquevãoocorrendo;outrasaindadescarregam para despesa dos períodos aquelas parcelas necessárias para sustentar aatividadenormaldosdepartamentosdepesquisaedesenvolvimento (mormenteasdespesasfixas),ativandoosgastosrelacionadoscomprojetosespecíficosequesãocapazesdegerarreceitas específicas. A norma geral de ativar os gastos, apenas se conhecermosadequadamentequais períodos futurose receitas futuras irãobeneficiar, continua válida, emteoria,masosprocedimentos, inclusiveos firmadosemnormaseditadasarbitrariamenteporagênciasgovernamentais,sãoosmaisvariadospossíveis,fatoquedificultaacomparabilidadedos relatórios de empresas pertencentes ao mesmo ramo industrial. Também, a particularforma adotada para amortizar um elemento do ativo imobilizado para despesa causadiferenciaçõesapreciáveisentreempresas,mesmoqueosresultadoseconômicos,emtermosdecusto-benefício,sejamsemelhantes.Napartedeavaliaçãodeestoques,éconhecidae jáfoi citada alhures neste livro a influência dos váriosmétodos de avaliação, todos filiados aomesmo princípio geral do custo como base de registro inicial. Portanto, todos esses itensdevemser levadosnadevidaconta,antesdepretendermos tirar conclusõessobreaanáliseefetuada.

Oprincípiododenominadorcomummonetário

O entendimento desse princípio é importante, pois nele está baseada toda a estrutura demensuração da Contabilidade. Em primeiro lugar, a Contabilidade preocupa-se,fundamentalmente,comeventoseconômicossuscetíveisdeavaliaçãomonetária; lembramos,todavia,quenem todososeventoseconômicossãosuscetíveisde registrocontábilealgunsregistros contábeis não caracterizameventos econômicos.Osdois conjuntos de fenômenos,portanto(eventoseconômicose fatoscontábeis),nãosão isomórficos.Aavaliaçãodos fatosregistrados pela Contabilidade em unidades monetárias é muito importante para podermosagregarehomogeneizarelementospatrimoniaisosmaisdiversospossíveis.

OutroaspectodoprincípiodoDenominadorComumMonetárioéque, independentementedeaunidademonetáriautilizadanaContabilidadetervariadoseupoderaquisitivonotempo,ascontasareceberserãorecebidasemvalorespreviamenteestabelecidoseascontasapagaro serão pelosmontantes previamente fixados, a não ser que os contratos contenhamem siumacláusuladereajustemonetárioautomático.

Isto,entretanto,deveráseraceitopelaspartescontratantes.Ovendedoroucomprador,opossuidor de um direito ou o devedor de uma obrigação não poderão reajustar, de livre eespontânea vontade, seus valores a receber ou a pagar pelo simples fato de ter variado opoderaquisitivodamoedaemdeterminadoperíodo.Mattessich4referendaesteprincípiocomo“InequityofMonetaryClaims”.

Aconvençãodaobjetividade

Afinalidadedestaconvenção,como,deresto,detodasasdemaisconvenções,éeliminarou

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a)

b)c)

a)b)

restringir as áreas de liberalidade na aplicação dos princípios de contabilidade,especificamente no que se refere às evidências de bases de avaliação. Assim, entre váriosprocedimentosigualmenterelevantesouatédesigualmenterelevantes,tenderemosaescolhersempreomaisobjetivo.Otermoobjetividadepodeserencarado:

dopontodevistadareferênciaaumadocumentaçãoformaloutipodeevidênciaquesuporteoregistroesuaavaliação;dopontodevistadatangibilidadedoobjetopassíveldemensuração;dopontodevistadaposiçãodeneutralidadequeaContabilidadedeveriamanter.

Sob o primeiro aspecto, os registros devem ter suporte, sempre que possível, emdocumentosdetransações,normaseprocedimentosescritosepráticasgeralmenteaceitasnoramo comercial específico. Sob o segundo aspecto, recai a preferência de avaliação noselementospatrimoniaistangíveisoucomsuporteemdireitoseobrigaçõesdeterminadasentreas partes. Por exemplo, o reconhecimento do goodwill criado pela própria empresa éfrequentementedesenfatizadopelaContabilidade,pois,emboraeconomicamentesignificativo,recainaqualidadede intangívelgeral (nãoespecífico,comoseriammarcasepatentesetc.).Soboterceiroaspecto,devidoànecessidadedeneutralidadeporpartedaContabilidadecomrelaçãoaossócios,gerênciae investidores,éfrequentementeaceitoopontodevistadequequantomaisobjetivosformos,maisneutrostenderemosaser.Istoéverdadeatéopontoemqueumafalsanoçãodeobjetividade,levadaaoexagero,nãoprejudiqueemdemasiaopoderpreditivo dos demonstrativos financeiros. Por exemplo, se não dermos conhecimento, dealgumaforma,nemquesejaemnotasexplicativas,dosesforçosrealizadospelaempresaparamanter ou aumentar seu goodwill, embora possamos ter sido extremamente objetivos,5estaremosprejudicandodetalformaautilidadedosdemonstrativosfinanceiros,queacabarãotornando-se“nãoneutros”,poisosrelatóriosserãoenviesados,nãorefletindoasperspectivasdaempresa.

Alémdomais, aobjetividadededeterminadoprocedimento contábil devesero resultadodeumconsensoprofissional.Todaprofissãoliberalprecisautilizarjulgamento,etaljulgamento,nocaso,develidaradequadamentecomfatorespresumidamentesubjetivos.JohnW.WagnerdefiniudamelhormaneirapossívelobjetividadeparaaContabilidade.Dizele: “Aobjetividadepode ser examinada de uma forma muito mais útil como uma qualidade emergente de umprocessopsicossocialdepercepção.”Emoutrotrechodeseutrabalho,afirma:“Serealmentedesejarmos obter maior objetividade na Contabilidade não o conseguiremos simplesmenteeliminando o uso do julgamento ou permitindo que cada indivíduo use livremente seujulgamento.Emvezdisso,precisamosde:

padrõesdecompetênciaeética;pontosdereferência.”6

Istosignificaqueaprofissão,reunidaemcomitêsdeestudoepesquisa,precisaexaminaratentamente a extensão e o conteúdo da expressão objetividade em Contabilidade. Aobjetividade deverá ser o resultadodeumconsensoprofissional sobreamelhormaneiradeenfrentarcertassituações,mesmoqueestaforma,deumpontodevistamaisimediatista,nãopareçaobjetiva.Oprofissionalcontábildeveráperseguir,também,osubjetivismoresponsável.

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3.2.9

a)

b)

Aconvençãodoconservadorismo(Prudência)

O conservadorismo tem vasta influência na Contabilidade, devendo ser encarado de duasformas:

como atitude “vocacional” da profissão perante outras disciplinas de avaliação eperanteosváriosgruposdeinteressadosnosrelatóriosfinanceiros;ecomo um guia menos sofisticado de procedimento diante de várias alternativasigualmenteválidas,segundoosprincípioscontábeis.

Soboprimeiroaspecto,élícitoimaginarepretenderqueaContabilidade,dentreasváriasabordagens à avaliação dos demonstrativos financeiros que seriam adotados pelosadministradores, proprietários e interessados externos, forneçausualmente a avaliaçãomaisconservadoraparaamensuraçãodoativo,passivoepatrimônio líquidodasentidades.Sobosegundoaspecto,oconservadorismosignificaque,quandoocontadordefrontar-secomduasalternativas de avaliação de ativos, igualmente válidas do ponto de vista dos princípioscontábeis geralmente aceitos, registrará o evento de forma tal que o patrimônio líquidoresultante seja o menor. “Não antecipar receitas e apropriar todas as despesas e perdaspossíveis”pareceserumamáximaaserseguida.Estaconvençãoéimportanteprincipalmentecomo modificadora e qualificadora do princípio do custo como base de registro inicial. Oconservadorismo afeta principalmente a categoria de ativos denominada ativos correntes,precipuamente os estoques. É aplicado com menos insistência hoje do que em décadaspassadas,quandoerapráticacomumregistrar-seoativoporpreçoinferioraodocustooudovalorcorrentedemercado.Muitoscontadoresestãoprontosaafirmarqueoconceitoéilógicoe que o contador deveria tentar o relato de dados consistentes, com base no custo ou nomercadoenãocombasenaescolhadamaisconservadoradasduaspossíveisabordagens.Todavia, o conceito existe e é consagrado inclusive pela nossa legislação antiga e atual(Decreto-leino2.627,de1940,Circularno179doBancoCentrale,parcialmente,pelaLeidasSociedadesporAções).Frequentemente,osefeitosdaregranãotêmsidonotadosemnossaconjunturainflacionária,poisraramenteopreçodemercado(quepodeserentendido,técnicaeprimeiramente,comocustodereposiçãoe,nafaltadeste,comovalorderealizaçãolíquido)temsidoinferioraospreçosdecustoe,maisdoqueisto,raramentetemhavidoreversãonosmovimentosdospreçosespecíficosdosativos.Ocorrendotalreversão,oefeitodaaplicaçãodaregra“custooumercado,dosdoisomenor”éenviesado,prejudicandoascomparaçõesdeperíodos.

Afirmaríamos,parafinalizaressetópico,queaconvençãodoConservadorismoprecisaserutilizada commuita cautela. Sua aplicação irrestrita pode levar à perda de controle de seusefeitos, que são os mais caprichosos, quando se verificarem, de um período para outro,reversões nas expectativas e nos preços específicos dos ativos. Uma razoável dose deconservadorismo, no sentido vocacional do termo, entretanto, é altamente salutar para aprofissão, a fim de se retratar uma visão cautelosa dos resultados empresariais perante osvários grupos de interessados e, principalmente, para condimentar o frequente excesso deotimismo dos donos e gestores com o tempero contábil da prudência e, portanto, daneutralidade.

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3.2.10

3.2.11

Aconvençãodamaterialidade(Relevância)

Estaconvenção rezaque,a fimdeseevitaremdesperdíciosde tempoedinheiro,devem-seregistrarnaContabilidadeapenasoseventosdignosdeatenção,pelasuamaterialidade,enomomentooportuno.Porexemplo,conformelembraR.Anthony,semprequeosempregadosseutilizam de lápis e esferográfica em seus trabalhos diários, teoricamente poderíamos lançaruma parcela diária do valor dos ativos como despesa, na proporção exata da porcentagemfísicadomaterialquefoigastonodia. Istoseriacorreto,masabsolutamente irrelevante.Porisso, prefere-se lançar tais despesas no fim dos períodos, por diferenças de estoque. Damesmaforma,ninguémdeveriapreocupar-se,emprincípio,comumadiferençadeumrealnobalancetedeverificaçãodomês.Nemsempreumdetalhequeserevelaerrado,todavia,podeser desprezado. Pode significar a existência de outros erros maiores ou falta de controlesadequadosquetalvezvenhamaproduzirgrandesdistorçõesfuturas.

É preciso entender que as cifras contábeis são sempre aproximações de uma complexarealidade e que, frequentemente, o custo adicional para proporcionar certas informaçõesextremamente detalhadas e em períodos curtíssimos é maior que os benefícios adicionaisgerados.

Aconvençãodaconsistência(Uniformidade)

Representa um dos conceitos mais importantes em todo o esquema contábil. Desde quetenhamos adotado determinado critério, dentre vários igualmente válidos à luz de certoprincípiocontábil,ocritérionãodeveserlevianamentealteradonosrelatóriosperiódicos,casocontrário estaríamos prejudicando a comparabilidade dos relatórios contábeis e o poderpreditivodosmesmos.Entretanto,secondiçõessupervenientesaconselharemdecididamenteamudançadecritério,istonãosignificaque,emobediênciaàconvençãodaconsistência,nãopossamosadotaronovocritério.Apenas,deveremos,em formadeevidenciação,noprópriocorpodobalanço(oqueédifícil)ouemnotasexplicativasespeciais,fazeradevidaanotação,indicando,semprequepossível,qualovalorpatrimoniala ficarafetadopelaadoçãodonovocritérioemcomparaçãocomos resultadosqueseriamapresentadosseoantigonão tivessesidoabandonado.

Dessa forma, o analista de investimentos poderá avaliar melhor a tendência e odesempenho da empresa. É comum o parecer dos auditores independentes afirmar: “...examinamosobalanço...erepresentamadequadamenteaposiçãofinanceiradaempresaX...deacordocomosprincípios fundamentaisdeContabilidade,aplicadosdemaneira uniformecomosdoexercícioanterior,comexceçãodoprocedimentoobjetodanotaexplicativano...”.

Aconvençãodaconsistênciaéumdospontosmaisimportantesdentrodapráticacontábil,no sentidodeque consegue, inclusive, diminuir o impactonegativoda relativa falta demaiorrelevânciadecertosprincípios.Talvez,segundooscríticos,aContabilidadesomenteconsigatirarretratosalgodesfocadosdecertarealidadeempresarial,porémofazcomconsistênciae,porissomesmo,permiteaoanalistainiciadoextrairtendências.

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3.2.12 Umconceitoqueémaisdoqueprincípioouconvenção:PrevalênciadaEssênciasobreaForma

Permeando toda a estrutura conceitual básica da Contabilidade, existe o conceito de que aEssência deve prevalecer sobre a Forma, na preocupação dos contadores. Assim, apenascomoumdosexemplos,seumaoperaçãode leasing,apesardoaspectojurídico-formal, for,na essência, uma compra a prazo, deverá ser registrado noAtivo e noPassivo, aomesmotempo,tomando-se,depois,asprovidênciasnecessáriasquantoaoregistrodadepreciaçãoedaamortizaçãodadívida,bemcomoquantoàdespesadejuros.

RESUMODOCAPÍTULO

A finalidadedoCapítulo foiapresentar,principalmenteparaoanalistaexternodebalanços,uma visão sumária do sistema de informação contábil e do entendimento dos princípios econvençõescontábeisquesãoacúpuladetodoosistema,principalmentedaContabilidadeFinanceira (ou Geral). A ênfase, de fato, deve ser colocada na devida avaliação,entendimento e perspectiva dos princípios e convenções contábeis. Esse conjunto deconceitos,normaseprocedimentosestá longedeconstituirumgrupomonolíticoe imutávelemfacedarealidadeeconômica,social,institucionalepolíticadecadaépocaeatédecadapaís,masamolda-seàsmutaçõesem tais realidades, constituindoelemento incessantedediscussão e aperfeiçoamento da disciplina. Conquanto certas normas possam seramplamentediscutidasà luzdamenoroumaior relevância,épreciso forçosamenteadmitirquemesmoosprincípiosqueparecemmaisinadequadoseretrógradosàprimeiravistatêmsuarazãodesernaconcatenaçãoquetodoocorpodadoutrinacontábilprecisamantercomos três parâmetros fundamentais, a saber: relevância, praticabilidade e objetividade. AContabilidadeéumárduoexercícionaotimizaçãodasatisfaçãodascondiçõesacima,e,àsvezes,paramantercertoequilíbrioentreastrêsvariáveis,éprecisosacrificar,emparte,umadelas.Pelofatodeapraticabilidadeeaobjetividadenãopoderem,quase,sersacrificadas,osacrifício,emgeral, recainarelevância.Émuito importanteparaoanalistadebalançosteruma ideia bem fundamentada sobre o que são os princípios contábeis. Grande parte dosucesso em saber entender os resultados de sua análise e as limitações advém desseconhecimento.Casocontrário,oanalistaseriaummerocalculadordeíndicesequocientes.

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1

2

3

4

5

6

_____________

MuitosautorespreferemaexpressãoPrincípiosFundamentaisdeContabilidade.

Entretanto, nem a Assembleia nem os Estatutos podem privar o acionista do direito departicipardoslucros(artigo109daLeino6.404,de15-12-1976).Oartigo132damesmaLei atribui à AGO a capacidade de deliberar sobre a destinação do lucro líquido doexercícioeadistribuiçãodedividendos.AAGO,emúltimaanálise,éoórgãovolitivo,poismesmoodividendoobrigatório(tratadonoartigo202dareferidaLei)deixadesê-lonascondiçõesapresentadasno§4o.

Algunsautoresconsideramtaiscomissões,seproporcionalmentevariáveisemrelaçãoàsvendas, como dedução da receita e não como despesa de venda. Em exemplosposterioresadotamosaformadedutiva,paraefeitodeanálise.

VejaBibliografia.

Encarandoobjetividadenumsentidorestrito.

WAGNER,JohnW.Definingobjectivityinaccounting.TheAccountingReview,p.599-605,July1965.

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4.1

4.1.1

•••••

DEMONSTRAÇÕESFINANCEIRASECONTÁBEIS1

As demonstrações financeiras e contábeis devem representar apropriadamente a posiçãofinanceira e patrimonial, o desempenho e os fluxos de caixa da entidade. Deve fazer umaexposição resumida e ordenada dos principais fatos registrados pela contabilidade quecausammutação no patrimônio das empresas, em determinado período. São elaboradas eapresentadas para usuários externos em geral, tendo em vista suas finalidades distintas enecessidadesdiversas.

Para as sociedades por ações e empresas de grande porte, as demonstrações sãodenominadas de financeiras, por serem obrigadas a publicar a prestação de suas contas(principalmente para seu acionista); para as demais empresas, as demonstrações sãodenominadasdecontábeis.Destaformavamosprocuraresclarecerbrevementeasdiferenças.

Demonstraçõesfinanceiras(sociedadesporaçõesedasempresasdegrandeporte)

ALeino6.404/1976,dasSociedadesporAções,defineemseuartigo176que,aofimdecadaexercíciosocial,adiretoriafaráelaborarcombasenaescrituraçãomercantildacompanhiaasseguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação dopatrimôniodacompanhiaeasmutaçõesocorridasnoexercício:

BalançoPatrimonial;DemonstraçãodosLucrosouPrejuízosAcumulados;DemonstraçãodoResultadodoExercício;DemonstraçãodosFluxosdeCaixa;eSecompanhiaaberta,aDemonstraçãodoValorAdicionado.

Estas Demonstrações deverão ser publicadas com a indicação dos valorescorrespondentesdasdemonstraçõesdoexercícioanterior(parafinsdecomparabilidade).

ALeino11.638/2007igualmenteexigiuapublicaçãodasdemonstraçõesfinanceirasparaas

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4.1.2

4.1.3

4.1.4

Empresas de Grande Porte (EGP), definidas como aquela sociedade ou conjunto desociedades sob controle comumque tiver noexercícioanterior ativo total superior aR$240milhões,oureceitabrutaanualsuperioraR$300milhões.

Sobre a Demonstração dos Fluxos de Caixa no caso de companhias fechadas compatrimônioliquidoinferioraR$2milhões,nadatadobalanço,aLeino6.404/1976,artigo177,noparágrafo6o,dispensasuaelaboraçãoepublicação.

Destaformasãoempresasquetêmobrigaçãopúblicadeprestaçãodesuascontas.

Demonstraçõescontábeis(demaisempresas)

Paraassociedades limitadasedemais sociedadescomerciais, desdequenãoenquadradaspela Lei no 11.638/2007 como sociedades de grande porte, são tidas como pequenas emédiasempresas, por não teremobrigaçãopúblicadeprestaçãode contas, e normalmenteelaboramdemonstraçõescontábeisparausuáriosexternos,queincluemproprietáriosquenãoestãoenvolvidosnaadministraçãodonegócio,credoresexistentesepotenciais,eagênciasdeavaliaçãodecrédito.

Quanto às empresas com receita bruta anual de até R$ 300 milhões e ativo total nãosuperior a R$ 240 milhões, podemos afirmar que são consideradas pequenas e médiasempresas,eestãoobrigadasaelaborarsuasdemonstraçõescontábeisemconsonânciacomaResoluçãoCFC1.255/2009.

AsmicroempresaseempresasdepequenoportecujareceitabrutaanualédeatéR$3,6milhões ganharam capítulo especial dentro das normas contábeis, pela Resolução CFC1.418/2012 têma obrigaçãodeelaborar apenasoBalançoPatrimonial, aDemonstraçãoderesultadoeasnotasexplicativas,ficandofacultadaaelaboraçãodasdemais.

Notasexplicativas

Devem apresentar informações adicionais sobre a base de preparação das demonstraçõesfinanceiras e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para negócios eeventossignificativos.

Exercíciosocial–ciclooperacional

Oexercíciosocialtemaduraçãodeumano,nãoháobrigaçãoquecoincidacomanocivil,noentanto,quandodefinidoemseusatosconstitutivos,nãodeveseralterado,excetoporrazõesextremamentecruciais,taiscomoamudançadeatividadecujociclooperacionalsejadelongoprazo, por exemplo a indústria de navios, aviões e certas indústria de vinho de longamaturação, como também as atividades ligadas à produção agrícola, que pode definir seuexercíciosocialconformeoperíodofinaldesuacolheita.

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4.2

4.2.1

4.2.2

4.2.3

PassaremosagoraaestudaresteconjuntodeDemonstraçõesContábeis(Financeiras).

PRESSUPOSTOSBÁSICOS

Para a elaboração das Demonstrações Contábeis, as características qualitativas dainformação contábil-financeira útil são aquelas reputadas comomais úteis para investidores,credores por empréstimos e outros credores, existentes e em potencial, para tomada dedecisões. Desta forma passaremos a relacionar algumas características e premissasubjacentes.

Continuidade

Comopremissasubjacente,asdemonstraçõescontábeissãoelaboradastendocomoprincípioque a entidade está em atividade (going concern assumption); desta forma parte-se doprincípio que a entidade não tem a intenção nem tampouco a necessidade de entrar emprocessodeliquidaçãooudereduzirmaterialmentesuasoperações.

Regimedecompetência

A entidade deve elaborar as suas demonstrações contábeis, conforme o regime decompetência,que reconheceosefeitosdas transaçõeseoutroseventosquandoocorrem (enãoquandocaixaououtrosrecursosfinanceirossãorecebidosoupagos).

Característicasqualitativasdasdemonstraçõescontábeis

Dizemrespeitoaosatributosdasinformaçõesquetornamasdemonstraçõescontábeisúteis:

Compreensibilidade – qualidade que torna as informações claras e prontamenteentendidaspelosusuários.Relevância–paraseremúteis,asinformaçõesdevemserrelevantesàsnecessidadesdosusuáriosnatomadadedecisões.Materialidade – as informações das demonstrações contábeis resultam doprocessamento de grande número de transações ou de outros eventos que sãoagregadosemclassesdeacordocomasuanaturezaoufunção.Arelevânciadestasinformações é afetada pela sua natureza e materialidade. Torna-se material se suaomissãooudistorçãoinfluenciarastomadasdedecisõesdosusuários.Representação fidedigna – para ser representação perfeitamente fidedigna, arealidaderetratadaprecisatertrêsatributos:elatemquesercompleta,neutraelivrede erros. A essência sobre a forma foi retirada da condição de componente dacondição da representação fidedigna por ser considerada redundância, no entanto,

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4.2.4

4.3

continua, na realidade, bandeira insubstituível nas normas. Também a característicaprudência (conservadorismo) foi retirada da condição de aspecto fidedigna por serinconsistentecomaneutralidade.Comparabilidade–ainformaçãoseráútilcasopossasercomparadacominformaçãosimilarsobreoutrasentidadesecominformaçãosimilarsobreamesmaentidadeparaoutro período ou para outra data, a fim de que os usuários possam identificartendênciasnasuaposiçãofinanceiraenoseudesempenho,possibilitandoalternativascomo,porexemplo,venderoucompraruminvestimento.Tempestividade–significa ter informaçãodisponívelparaos tomadoresdedecisãoatempodepoderinfluenciá-losemsuasdecisões.Verificabilidade – ajuda a assegurar aos usuários que a informação representafidedignamente o fenômeno que se propõe representar. Mesmo que diferentesobservadores,cônscioseindependentes,possamchegaraumconsensoemboranãocheguemnecessariamenteaumcompletoacordo.

Restriçãodecustonaelaboraçãoedivulgaçãoderelatóriocontábil-financeiroútil

A geração de informação é uma restrição sempre presente na entidade no processo deelaboraçãoedivulgaçãodasDemonstraçõesContábeisque impõecustos;assim,aentidadedeveavaliarocusto-benefíciodeprocessaredivulgarestasinformações.

BALANÇOPATRIMONIAL

Refleteaposiçãodascontaspatrimoniaisemdeterminadoperíodo,normalmentemensal,ounofimdeseuexercíciofinanceiro.

O Balanço Patrimonial (BP) é a representação gráfica constituída de duas colunas: acolunado ladodireitoédenominadaPassivoePatrimônioLíquido–sãoas fonteseorigensdos financiamentos, onde estão representadas as obrigações que serão reivindicadas pelosterceiros e pelos proprietários do capital (capital próprio). A coluna do lado esquerdo édenominadaAtivo,ondesãoefetuadosos investimentoseaplicaçãodos recursosoriginadosdopassivoepatrimôniolíquido.Vejaestarepresentaçãoabaixo:

BALANÇOPATRIMONIAL

PosiçãoPatrimonialeFinanceira

ATIVO PASSIVO

Reivindicaçõesdeterceiros

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4.3.1

a)b)c)d)

4.3.2

Obrigações

RecursosEconômicos,BensReivindicaçõesdaEmpresa

DireitosPATRIMÔNIOLÍQUIDO

ValorresidualdoAtivo(–)Passivo=PL(Capital

próprio)

Ativo

É um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual seesperaquefluamfuturosbenefícioseconômicosparaaentidade.Representatodososbensedireitos de propriedade e controle da empresa que são avaliáveis em dinheiro e querepresentambenefíciospresentesoufuturosparaaempresa.

Obenefícioeconômicofuturoembutidoemumativoéoseupotencialemcontribuir,diretaou indiretamente, para o fluxo de caixa ou equivalente de caixa para a entidade.Resulta detransaçõesououtroseventospassados.Aentidadenormalmenteobtémativoscomprando-osouproduzindo-os,masoutrastransaçõespodemgerarativos.

ParaserAtivoénecessárioquequalqueritempreenchaquatrorequisitossimultaneamente:

constituirbemoudireitoparaaempresa;serdepropriedade,posseoucontroledelongoprazodaempresa;sermensurávelmonetariamente;trazerbenefíciospresentesoufuturos.

Bens:máquinas,terrenos,estoques,dinheiro(moeda),ferramentas,veículos,instalaçõesetc.

Direitos:contasareceber,duplicatasareceber,títulosareceber,ações,títulosdecréditosetc.

Passivo

UmacaracterísticaessencialparaexistênciadoPassivoéqueaentidadetenhaumaobrigaçãopresentequeresultedetransaçõesoueventospassados,emconsequênciadeumcontratoedas práticas usuais de negócios, usos e costumes, assim, por exemplo, a aquisição demercadorias e o uso de serviços resultam em contas a pagar, e o recebimento de umempréstimo,naobrigaçãodepagá-lo.

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4.3.3

Simplificadamente,evidenciatodaobrigação(dívidasvencíveisapósdatadobalanço)quea empresa tem com terceiros: contas a pagar, fornecedores de matéria-prima (a prazo),impostosapagar(governo),financiamentoseempréstimosbancáriosetc.

O Passivo é uma obrigação exigível, isto é, no momento em que a dívida vencer, seráexigida(reclamada)aliquidaçãodamesma.

Aliquidaçãodeumaobrigaçãopresentegeralmenteimplicanautilização,pelaentidade,derecursos capazes de gerar benefícios econômicos, a fim de extinguir a obrigação, e podeocorrer por meio de pagamento em dinheiro, transferência de outros ativos, prestação deserviços,substituiçãodaobrigaçãoporoutra,ou,ainda,aconversãodaobrigaçãoemcapital.

PatrimônioLíquido

Definido como um valor residual (diferença entre o Ativo e o Passivo), evidencia o capitalpróprio (direito dos sócios e acionistas) e tem subclassificações no balanço patrimonial comrecursosaportadospelossócioseacionistas(capitalsocial),asreservasparamanutençãodocapitaleasreservasresultantesdeapropriaçãodelucros.

A–MutaçõesdoPatrimônioLíquidoOPatrimônioLíquidosofremutação(modificação)emdecorrênciadenovosinvestimentos

deseussócioseinvestidoreseprincipalmentedosresultadosdecorrentesdaapuraçãodeseudesempenho,queseesperasejalucro,masoprejuízo,mesmonãodesejado,podeocorrer.

Osajustesdecorrentesdeavaliaçãopatrimonial,avalor justodeelementosdoAtivoedoPassivo,tambémsãoreconhecidosdiretamentenoPatrimônioLíquido.

Ocorrendo lucro, eles são de direito de seus sócios e acionistas, que podem decidirreinvesti-los na entidade em aumento o capital social, ou então distribuí-los a si, comodividendos(partedolucro).

Emcasodeprejuízo,omesmoserácompensadocomospossíveislucrose/oureservadelucrosexistentes, podendoocorrer situaçõesemqueopatrimônio líquido fiquenegativo, porprejuízos vultosos, ou por prejuízos por períodos sucessivos. Quando o passivo ficadescoberto, ou seja, o capital social não é suficiente para garantir e pagar todas asobrigaçõesexistentes.Fatoqueprejudicasuacontinuidade(goingconcern),poispodeserqueaentidadeestejaemprocessodefalênciaeliquidaçãodesuasatividades.

B–Obrigaçõesdaempresa(emsentidoamplo)Naverdade, tantooPassivoquantooPatrimônioLíquidosãoobrigaçõesdaempresa.No

Passivo, há as obrigações exigíveis (reclamáveis) com terceiros e, por isso, também éconhecido como Capitais de Terceiros. No Patrimônio Líquido, há as obrigações com osproprietáriosdaempresa.Entretanto,osproprietários,porlei,nãopodemreclamaraqualquertempoarestituiçãodoseudinheiroinvestido;porisso,estegrupotambéméconhecidocomoNãoExigível.Ora,seoproprietáriosóteráarestituiçãodeseuinvestimentonaliquidaçãooutransferência do capital para outra empresa,2 pode-se dizer que, num processo de

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4.3.4

4.3.5

continuidade, os recursos do Patrimônio Líquido pertencem à empresa e, por essa razão,tambémsãoconhecidoscomoCapitalPróprio.

C–EquaçãocontábilAlgebricamente,ébastantesimplesencontraroPatrimônioLíquido(capitalpróprio):basta

subtrair doAtivo (Bens+Direitos) asdívidasdaempresacom terceiros, ou seja, oPassivo(Exigível).

Então:

ATIVO=PASSIVO+PATRIMÔNIOLÍQUIDO

Origenseaplicações

O lado do Passivo, tanto Capital de Terceiros (Passivo Exigível) como Capital Próprio(PatrimônioLíquido),representatodaafontederecursos, todaaorigemdeCapital.NenhumrecursoentranaempresasenãoforviaPassivoouPatrimônioLíquido.

O lado do Ativo é caracterizado pela aplicação dos recursos originados no Passivo ePatrimônioLíquido.

Assim,seaempresatomaremprestadorecursosdeumainstituiçãofinanceira(banco,porexemplo),haveráumaorigemderecursos:Passivo.Todavia,essesrecursosoriginadosserãoaplicadosemalgumlugardoAtivo:Estoques,Máquinas,Caixa...

Dessaforma,ficabastantesimplesentenderporqueoAtivoserásempreigualàsomadoPassivo+PatrimônioLíquido,poisaempresasópodeaplicaraquiloque temorigem.SeháumaorigemdeR$x(Passivo+PL),haveráumaaplicaçãodeR$×(Ativo).

ExplicaçãodaexpressãoBalançoPatrimonial

Aexpressãobalançodecorredoequilíbrio:Ativo=Passivo+PL,oudaigualdade:Aplicações=Origens.Parte-se da ideia de umabalança de dois pratos emque sempre se encontra aigualdade.

Aexpressãopatrimonialorigina-sedoPatrimôniodaempresa,ouseja,conjuntodebens,direitos e obrigações. Daí origina-se a expressão Patrimônio Líquido, que significa o valorresidual (parte líquida do patrimônio,) a riqueza líquida da empresa num processo decontinuidade,asituaçãolíquida.

Juntandoasduasexpressões,forma-seoBalançoPatrimonial,oequilíbriodoPatrimônio,aigualdadepatrimonial.

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4.3.6

a)b)c)d)

4.4

Requisitosdobalançopatrimonial

A–CabeçalhoOBalançoPatrimonialécompostodeumcabeçalho,doqualconstarão:

Denominaçãodaempresa.Títulodademonstração(BalançoPatrimonial).Datadoencerramentodobalanço.Informaçãodaunidadedamoedadaapresentaçãoseemmilharesoumilhões.

B–CorpoOcorpodobalançoéconstituídoporduascolunas:adaesquerdaéchamadaAtivoeada

direita,PassivoePatrimônioLíquido(ouPassivo).

C–ColunascomparativasALei dasSociedadesporAçõesdispõequeas demonstraçõesde cadaexercício serão

publicadas com a indicação dos valores correspondentes do exercício anterior. Assim, oBalanço Patrimonial, bem como todas as demonstrações financeiras, será apresentado emduascolunas:exercícioatualeexercícioanterior.

Essaapresentaçãofacilitaaousuáriodasdemonstraçõesaobservaçãodaevoluçãodeumanoparaoutro,ouseja,propiciaacomparaçãode,pelomenos,doisexercícios.

Denominaçãodaempresa:

___________________________________________________________

BALANÇOPATRIMONIAL

ATIVO PASSIVOEPL

Ano

Atual

Ano

Anterior

Ano

Atual

Ano

Anterior

BENS

DIREITOS

PASSIVO

P.LÍQUIDO

GRUPODECONTASDOBALANÇOPATRIMONIAL

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4.4.1

GrupodecontasdoAtivo

OAtivoestádispostoemgruposdecontashomogêneasoudemesmascaracterísticas.OsitensdoAtivosãoagrupadosdeacordocomasua liquidez, istoé,deacordocomarapidezcomquepodemserconvertidosemdinheiro.

A–AtivoCirculanteOdinheiro(caixaoubancos),queéo itemmais líquido,éagrupadocomoutros itensque

sãotransformadosemdinheiro,consumidosouvendidosacurtoprazo,ouseja,menosdeumano:ContasaReceber,Estoques, InvestimentosTemporários.Estegrupodenomina-seAtivoCirculante.

Contasareceber:sãovaloresnão recebidosdecorrentesdevendasdemercadoriasou prestação de serviços a prazo. São valores a receber de clientes, tambémdenominadosDuplicatasaReceber;Estoques:sãomercadoriasaseremrevendidas.Nocasodeindústria,sãoosprodutosacabados, bem comomatéria-prima e outrosmateriais secundários que compõemoprodutoemfabricação;Investimentos temporários: são aplicações realizadas normalmente no mercadofinanceirocomexcedentedoCaixa.Sãoinvestimentosporumcurtoperíodo,pois,tãologoaempresanecessitedodinheiro,elasedesfazdaaplicação;Despesas do exercício seguinte: são as despesas contraídas antecipadamente eainda não consumidas. Certamente, essas despesas serão utilizadas dentro de umano;sãoelas:prêmiosdeseguros,assinaturasdejornaiserevistas,ImpostoPredialeTerritorialUrbano–IPTUetc.

DeduçõesdoCirculante

Contas a Receber: a parcela estimada pela empresa que não será recebida emdecorrência dos maus pagadores deve ser subtraída de Contas a Receber, com otítuloProvisãoparaCréditodeLiquidaçãoDuvidosa–PCLD.Parte das Duplicatas a Receber, negociadas com as instituições financeiras com oobjetivo da realização financeira antecipada daqueles títulos, deve ser subtraída deContasaRecebercomotítuloDuplicatasDescontadas.Estoques: se o valor do mercado deste item for menor que o valor do custo deaquisição ou produção, deverá ser deduzida a provisão para ajustá-lo ao valor demercado(representaçãofidedigna)comotítuloProvisãoparaperdadeestoques.

B–NãocirculanteB.1–RealizávelalongoprazoSão ativos de menor liquidez (transformam-se em dinheiro mais lentamente) que o

Circulante.Nesteitemsãoclassificadososempréstimosouadiantamentosconcedidosàssociedades

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a)b)c)

coligadasoucontroladas,adiretores,acionistasetc.

B.2–Gruposdecaracterísticaspermanentes:Investimentos,imobilizadoeintangívelSãoaquelesativosquedificilmenteserãovendidos,poissuacaracterísticabásicaénãose

destinarem à venda. Portanto, pode-se dizer que são itens com baixíssima liquidez para aempresa.

Ossubgruposdenaturezapermanentesão:

Investimentos:asparticipações(quenãosedestinamavenda)emoutrassociedadeseoutrasaplicaçõesdecaracterísticapermanentequenãosedestinamàmanutençãoda atividade operacional da empresa, tais como: terrenos, imóveis alugados aterceiros(nãodeuso,maspararenda),obrasdearteetc.Imobilizado:asaplicaçõesquetenhamporobjetivobensdestinadosàmanutençãodaatividadeoperacional daempresa, tais como: terrenoe imóvel (ondeestá sediadaaempresa), instalações, móveis e utensílios, veículos, máquinas e equipamentos.Entende-seporAtivoImobilizadotodoativodenaturezarelativamentepermanentequeseutilizanaoperaçãodosnegóciosdeumaempresaequenãosedestinaàvenda.Podemos diferenciar, no conceito dado, três afirmações importantes que devemcoexistir para que possamos classificar um Ativo Imobilizado com característicapermanente. Isso quer dizer que não basta que tenhamos apenas uma ou duascaracterísticas:sãonecessáriastrêscaracterísticas,concomitantemente:

Naturezarelativamentepermanente.Serutilizadonaoperaçãodosnegócios.Nãosedestinaràvenda.

Dizemos que é de natureza relativamente permanente porque praticamente nenhumbem (exceto Terrenos) possui vida ilimitada dentro da empresa, sofrendo desgastecom o uso e, com o passar do tempo, obsolescência. Isso tanto é verdade que aprópria lei reconhece e autoriza as empresas a contabilizarem tais desgastes, comoteremosoportunidadedeestudarquandodiscutirmosDepreciação.Assim, o edifício da fábrica, por exemplo, constitui-se num ativo permanenteimobilizado, pois possui, concomitantemente, as três característicasmencionadas: éuma propriedade relativamente permanente, é utilizada na operação dos negócios enãosedestinaàvenda.Intangível:alegislaçãodizquedevemserclassificadosnogrupoIntangívelosdireitosque tenhampor objeto bens incorpóreos destinados àmanutençãoda companhia ouexercidoscomestafinalidade,inclusiveofundodecomércioadquirido.Semdúvida,oitemmaisimportantedoIntangíveléamarca.Osbensintangíveis,portanto,sãobensquenãopodemsertocados,porquenãotêmcorpo.Nalinguagemcontábil,umtermoque se aproxima do Intangível é Goodwill. A expressão Goodwill é comumentetraduzida para o português como Fundo de Comércio, embora os significados deambosostermossejamdiferentes.OutraexpressãousadaparaidentificarGoodwilléCapital Intelectual.Goodwill é comumente definido, de forma não perfeita, comoumAtivoIntangívelquepodeseridentificadopeladiferençaentreovalorcontábileovalorde mercado de uma empresa. Mas, propriamente, é a diferença entre Valor de

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4.4.2

Mercado dos Ativos e Passivos e o Valor de Mercado da Empresa. Em outraspalavras,diz-sequeGoodwilléumaespéciedeágio,deumvaloragregadoquetemaempresaemfunçãoda lealdadedosclientes,da imagem,dareputação,donomedaempresa,damarcadeseusprodutos,dopontocomercial,depatentesregistradas,dedireitosautorais,dedireitosexclusivosdecomercialização,detreinamentoehabilidadedefuncionáriosetc.

DeduçõesdoPermanente

Investimentos:neste itemencontram-secomosubtraçõesasProvisõesparaPerdas,com o objetivo de cobrir as perdas prováveis na realização financeira, quandocomprovadas(estasperdas)comopermanentes.Imobilizado:osbenstangíveis,comopassardotempo,sofremdeterioraçãofísicaoutecnológica (exceto terrenos). Dessa forma, perdem a sua eficiência funcional. Talperdaéacumulada,deformaaproximada,nacontaDepreciaçãoAcumulada.Intangível: quando se tratar de bens intangíveis, como marcas, patentes, direitosautorais, benfeitorias em imóveis de terceiros..., a diminuição do valor denomina-seAmortizaçãoAcumulada.Quandose tratarderecursosnaturais(jazidas, reflorestamento,poçodepetróleo...),adiminuiçãoédenominadaExaustãoAcumulada.

Aentidade deve revisar constantemente o valor contábil de seus ativos, principalmente oimobilizado,quenormalmenterepresentavaloresexpressivos,afimdedeterminaroseuvalorrecuperável (impairment) e reconhecer as perdas como redução ao valor recuperável. Acontrapartidadestaperdaé reconhecidanopatrimônio líquidoemcontaespecíficadeajustedeavaliaçãopatrimonial.

GrupodecontasdoPassivo

OPassivoagrupacontasdeacordocomoseuvencimento, istoé,aquelascontasqueserãoliquidadasmaisrapidamenteintegramumprimeirogrupo.Aquelasqueserãopagasnumprazomaislongoformamoutrogrupo.

ExisteanalogiaentrePassivoeAtivoemtermosde liquidezdecrescente;porumlado,noAtivoaparecemascontasqueseconverterãomaisrapidamenteemdinheiro,e,poroutrolado,no Passivo, são destacadas, prioritariamente, as contas que devem ser pagas maisrapidamente.

A–PassivoCirculanteSão as obrigações normalmente pagas dentro de um ano; a Lei no 6.404 (das SAs)

mencionaquesãoaquelasquevencemnoexercícioseguinteaobalançopatrimonial:contasapagar, dívidas com fornecedores de mercadorias ou matérias-primas, impostos a recolher(para o governo), empréstimos bancários com vencimento nos próximos 360 dias, asdespesasreconhecidasporforçadoprincípiodacompetência(13oSalário,férias,participação

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4.4.3

a)

b)c)

dos empregados no resultado), bem como aquelas provisões de despesas com perdas emprocessosquesãoconsideradascomoprováveisdese tornaremumaobrigaçãoqueexigirápagamento.

B–PassivonãoCirculanteB.1–ExigívelaLongoPrazoSão as dívidas da empresa que serão liquidadas com prazo superior a um ano:

empréstimos,financiamentos,títulosapagar,parcelamentodedívidasgovernamentaisetc.

PatrimônioLíquido

Como já foi visto,oPL representaos investimentosdosproprietários (capitalesua reserva)mais o lucro e sua reserva (foram estudados detalhadamente no item 14.6, que tratou deLucrosouPrejuízosAcumulados).

A–ReservasdeCapitalA Lei no 6.404/1976, em seu art. 182, define que serão classificadas como reserva de

capital:

a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte dopreço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importânciadestinadaàformaçãodocapitalsocial,inclusivenoscasosdeconversãoemaçõesdedebenturesoupartesbeneficiárias;oprodutodaalienaçãodepartesbeneficiáriasebônusdesubscrição;o resultado da correção monetária do capital realizado, enquanto não capitalizado.Destacamosquedesde1989aLeino7.730revogouoart.185daLeino6.404/1976,quetratavadacorreçãomonetárianoBrasil.Dessaforma,apartirde1990estetipode reserva de capital (correção monetária) não existirá mais, mantendo apenas asanteriormenteexistentes,nãoobstanteoart.182daLeino6.404/1976aindamantê-lacomoreserva.

B–AjustedeAvaliaçãoPatrimonialSerão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não computadas no

resultado do exercício em obediência ao Regime de Competência, as contrapartidas deaumentosoudiminuiçõesdevaloratribuídoaelementosdoAtivoedoPassivo,emdecorrênciadasuaavaliaçãoavalorjusto(preçodemercado).

Naprática,oajustedaavaliaçãopatrimonialpodeserconsideradouma“correção”dovalorapresentadonobalançopatrimonialdeumativooupassivoemrelaçãoaoseuvalorjusto.

Oobjetivodessacorreçãoéevidenciaroverdadeirovalordoativooupassivoemquestão,oquesignificadizerqueesseajuste,deacordocomomercado,poderáserparamaisouparamenos.

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a)b)

c)

4.5

Nota-se que o ajuste de avaliação patrimonial não é uma conta de reserva, porque seuvalor não transitou pelo resultado. Tampouco o referido ajuste veio substituir a extintareavaliação de bens do Ativo Permanente, haja vista que tal reserva somente apresentavasaldo credor. Já o ajuste deavaliaçãopatrimonial podeapresentar tanto saldo credor comodevedor.

De uma forma singela, pode-se dizer que o ajuste de avaliação patrimonial a valor justodeveseraplicado:

àsaplicaçõeseminstrumentosfinanceiros(Leino6.404/1976,art.183);aos ajustes de ativos e passivos ao valor justo, no caso de incorporação, fusão oucisão(Leino6.404/1976);aos ajustes determinados pelaCVM (exemplo: ajustes cambiais de investimentos noexterior,previstonaDeliberaçãoCVM534/2008).

C–ReservasdeLucrosAlém da Reserva Legal (5% sobre o Lucro Líquido para assegurar a integridade do

capital), obrigatória para as sociedades anônimas, as companhias podem, entre outrasreservas,constituirsobreoLucro:

Reservas Estatutárias: são reservas estabelecidas pelo estatuto da empresa,destinadas a fins específicos, tais como reserva para renovação de equipamentos,reservaparapesquisadenovosprodutosetc.ReservasparaContingências: têma finalidadedecompensar,emexercício futuro,adiminuição do lucro decorrente de perda julgada provável, cujo valor possa serestimado.Retenção de Lucros: por proposta dos órgãos de administração, poderá deliberarreter parcela do lucro líquido prevista em orçamento de capital por ela previamenteaprovadopara,porexemplo,investiremprojetodeexpansão.ReservasdeLucrosaRealizar:referem-sealucroseconomicamenteexistentes,masfinanceiramente ainda não realizados. A Reserva de Lucros a Realizar poderá serconstituída no exercício em que o montante do dividendo obrigatório ultrapassar aparcelarealizadadoLucroLíquidodoexercício.Assim,oexcesso(queultrapassaraparcelarealizada)serádestinadoaReservasdeLucrosaRealizar.

Obs.:VercomentáriossobreReservasnoitem4.6,quetratadaDemonstraçãodeLucrosouPrejuízosAcumulados.

DEMONSTRAÇÃODORESULTADODOEXERCÍCIO–DRE

AdemonstraçãoderesultadodoexercícioconformeaLeino6.404/1976deveiniciar-secomareceitabrutadasvendaseserviços,asdeduçõesdevendas,osabatimentoseos impostos.Noentanto,opronunciamentoCPC26,doComitêdePronunciamentosContábeis,mencionaquedevemincluiraReceitaeseuscustos,masnadamencionasobreosimpostos;naverdadea norma internacional para divulgação desta demonstração ignora os impostos por não se

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4.5.1

4.5.2

tratardeumaobrigaçãodaempresa,queapenascobraosimpostosincidentessobreavendae serviços e repassa para o governo brasileiro. Na prática é possível verificar que asdemonstrações deResultados publicadas pelas empresas são elaboradas a partir da vendalíquida(jádeduzidasasdevoluções,osabatimentoseimpostos).

Demonstraçãodedutiva

Ademonstraçãodoresultadodoexercícioéumresumoordenadodasreceitasedespesasdaempresaemdeterminadoperíodo(12meses).Éapresentadadeformadedutiva(vertical),ouseja, das receitas subtraem-se as despesas e, em seguida, indica-se o resultado (lucro ouprejuízo).

A DRE pode ser simples para micro ou pequenas empresas que não requeiram dadospormenorizadosparaatomadadedecisão,comoéocasodebares, farmácias,mercearias.Deve evidenciar o total de despesa deduzido da receita, apurando-se, assim, o lucro, semdestacarosprincipaisgruposdedespesas.

A DRE completa, exigida por lei, fornece maiores minúcias para a tomada de decisão:grupos de despesas, vários tipos de lucro, destaque dos impostos etc. Neste capítulo seráabordadoomodelocompleto,emboranãosepretendaesgotaroassunto.

ComoapuraraReceitaLíquida

ReceitaBrutaéo total bruto vendidonoperíodo.Nelaestão inclusosos impostos sobre

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••

vendas(osquaispertencemaogoverno)edelanãoforamsubtraídasasdevoluções(vendascanceladas)eosabatimentos(descontos)ocorridosnoperíodo.

Impostos sobre vendas são aqueles gerados no momento da venda; variamproporcionalmenteàvenda,ouseja,quantomaiorforototaldevendas,maiorseráoimposto.Destaqueparaosprincipais:

IPI,PISeCOFINSrecolhidosaoscofrespúblicosfederais;ICMS, imposto devido sobre a comercialização de mercadorias, recolhido para oestadoemqueaempresaestiversediada;ISS– ImpostoSobreServiçosdeQualquerNatureza,paraasempresasprestadorasdeserviço,recolhidoàPrefeituradomunicípiosededaempresa,e,emalgunscasosparaaPrefeituradomunícipioondeoserviçofoiprestado.

Admita-se que aCia.Balanceada, indústria, tenha emitido umanota fiscal de venda cujopreçodoprodutosejadeR$10.000.000mais30%deIPI.OICMSestáinclusonopreçodoproduto:

Naverdade,osimpostossobrevendasnãopertencemàempresa,masaogoverno.Elaémeraintermediária,responsávelporcobrardoadquirenteerecolheraogoverno;porisso,nãodevem ser considerados como receita real da empresa, bem como o IPI não faz parte dareceitadevencimento,devendoserdestacadoàparte,comooexemploacima.

Abatimentos – são considerados descontos incondicionais que são concedidosindependentementedoimplementodequalquercondição.

São parcelas redutoras do preço de venda, em geral constantes do documento fiscal.Trata-se da concessão de determinado percentual de desconto pelo ato de comprar, não énecessárioqueoadquirentepratiquequalqueratosubsequenteaodecompraparafruiçãodobenefício. Esse é o chamado desconto comercial, que, de fato, representa abatimento dopreço.

Devoluções (vendas canceladas) – são mercadorias devolvidas por estarem emdesacordo com o pedido (preço, qualidade, quantidade, avaria). O comprador, sentindo-seprejudicado,devolve,totalouparcialmente,amercadoria.Àsvezes,aempresavendedora,natentativadeevitardevolução,propõeumabatimento nopreço (desconto) para compensar o

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4.5.3

prejuízoaocomprador.TantoadevoluçãocomooabatimentoaparecemdeduzindoaReceitaBrutanaDRE.

Suponha-sequeaCompanhiaDesequilibradatenhavendidoR$5.000.000demercadoriasdemáqualidade,metadeparaocompradorAemetadeparaB.AempresaAdevolveu20%do lote e a empresa B aceitou a proposta da Companhia Desequilibrada de 10% deabatimentoparaevitardevolução.

Portanto,deduçõessãoajustes(enãodespesas)realizadossobreaReceitaBrutaparaseapuraraReceitaLíquida.OqueinteressaparaaempresaéefetivamenteaReceitaLíquida,queéoquesobraemtermosdereceita.

ComoapuraroLucroBruto

Lucro Bruto é a diferença entre a Venda de Mercadorias e o Custo dessa MercadoriaVendida, sem considerar despesas administrativas, de vendas e financeiras. Para umaempresa prestadora de serviços o raciocínio é omesmo: LucroBruto é a diferença entre aReceitaeoCustodoServiçoPrestadosemconsideraraquelasdespesasacimareferidas.

Resumindo, subtrai-seda receita o custo damercadoria oudoproduto, ouo do serviço,parasercolocadoàdisposiçãodocontratante,desprezando-seasdespesasadministrativas,financeirasedevendas.

OLucroBruto, após cobrir o custo da fabricação do produto (ou o custo damercadoriaadquirida para revenda, ou o custo do serviço prestado), é destinado à remuneração dasdespesas de vendas, administrativas e financeiras, bem como à remuneração do governo(ImpostodeRenda)edosproprietáriosdaempresa(LucroLíquido).

Quantomaior for a fatia denominada Lucro Bruto,maior poderá ser a remuneração dosadministradores, dos diretores, do pessoal de vendas, do governo, dos proprietários daempresaetc.Adistribuiçãodestesvalores(riquezas)podeseridentificadapelaDemonstraçãodeValorAgregado–DVA.

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4.5.4

••

4.5.5

4.5.5.1

Custodasvendas

Aexpressãocustodasvendasébastantegenérica,devendo,poressarazão,serespecificadaporsetornaeconomia,paraempresas:

industriais,ocustodasvendasédenominadoCustodoProdutoVendido(CPV);comerciais, o custo das vendas é denominado Custo das Mercadorias Vendidas(CMV);prestadoras de serviços, o custo das vendas é denominado Custo dos ServiçosPrestados(CSP).

ComoapuraroLucroOperacional

O Lucro Operacional é obtido através da diferença entre o Lucro Bruto e as despesasoperacionais.

Despesasoperacionais

As despesas operacionais são as necessárias para vender os produtos, administrar aempresa e financiar as operações. Enfim, são todas as despesas que contribuem para amanutenção da atividade operacional da empresa. Os principais grupos de DespesasOperacionaissãoespecificadosaseguir.

A–DespesasdeVendasAbrangem desde a promoção do produto até sua colocação junto ao consumidor

(comercializaçãoedistribuição).Sãodespesascomopessoaldaáreadevenda,comissõessobre vendas, propaganda e publicidade, marketing, estimativa de perdas com duplicatasderivadasdevendasaprazo(provisãoparacréditodeliquidaçãoduvidosa)etc.

B–DespesasAdministrativasSão aquelas necessárias para administrar (dirigir) a empresa. De maneira geral, são

gastosnosescritóriosquevisamàdireçãoouàgestãodaempresa.

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4.5.6

Podem-secitarcomoexemplos:honoráriosadministrativos,salárioseencargossociaisdopessoal administrativo, aluguéis de escritórios, materiais de escritório, seguro de escritório,depreciaçãodemóveiseutensílios,assinaturasdejornaisetc.

C–DespesasFinanceiraseReceitasFinanceirasSão as remunerações aos capitais de terceiros, tais como: juros pagos ou incorridos,

comissões bancárias, correção monetária prefixada sobre empréstimos, descontosconcedidos,jurosdemorapagosetc.

AsdespesasfinanceirasdevemsercompensadascomasReceitasFinanceiras(conformedisposiçãolegal),istoé,estasreceitassãodeduzidasdaquelasdespesas.

As receitas de natureza financeira são as derivadas de aplicações financeiras, juros demorarecebidos,descontosobtidosetc.

VariaçõesMonetárias(DespesasFinanceiras)

A legislação brasileira entende como Variações Monetárias as variações cambiais e ascorreçõesmonetárias(dedívidas)nãoprefixadas,ouseja,pós-fixadas.

DESPESAFINANCEIRA>RECEITAFINANCEIRA DESPESAFINANCEIRA<RECEITAFINANCEIRA

Desp.Financeiras 280.000 Desp.Financeiras 280.000

Rec.Financeiras (80.000) Rec.Financeiras (390.000)

Desp./Rec.Financeiras 200.000 Desp./Financeiras (110.000)

DESPESASOPERACIONAIS ↓ DESPESASOPERACIONAIS ↓

Devendas 300.000 Devendas 300.000

Administrativas 400.000 Administrativas 400.000

Financeiras* 200.000 Financeiras* (110.000)

900.000 590.000

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*

4.5.6.1

4.5.6.2

Deve-se,comoobjetivodeapresentarmaiorgraudedetalhe,indicaroconfrontoDespesa Financeira x Receita Financeira dentro do grupo de DespesasOperacionais, destacando-se seus respectivos valores. De um ponto de vistaconceitual rigoroso, tanto receitas como despesas financeiras não sãooperacionais.

Variaçãocambial

Seumaempresacontraiempréstimoemmoedaestrangeira,porexemplo,1.000dólares,noiníciodoano,quandocadadólarestácotadoaR$3,60,suadívidacorrespondeaR$3.600(1.000dólares×3,60).

Todavia,comadesvalorizaçãodoreal,umdólarpoderiaestarcotadoaR$3,90nofinaldoperíodo.Dessa forma,adívidacorresponderiaaR$3.900(1.000dólares×R$3,90)no fimdoexercício,havendoumavariaçãocambialdeR$300,quesãodespesasfinanceiras.

Correçãomonetária(dedívida)

Omesmoraciocíniosepodeutilizarparaacorreçãomonetária(dedívidas),considerando-sequeestaéoresultadodaatualizaçãodeumadívida,emmoedanacional,emvirtudedaquedadopoderaquisitivododinheiro(inflação).Entretanto,nãodeveráserclassificadonestegrupooresultadodacorreçãomonetária(dedívidas)cujoíndicedecorreçãoéprefixadonomomentodaconcessãodoempréstimo(nestecaso,ter-se-áumadespesafinanceira).

AsVariaçõesMonetárias,sedespesas,serãodeduzidasdolucroeacrescidas,nocasodeganho.

A–DoislembretesPortanto, concernente à correção monetária no grupo de Variações Monetárias, duas

coisasdevemficarbemclaras:

refere-se à correção monetária de dívida (de financiamento) e não à correçãomonetáriadobalanço;refere-se à correção monetária pós-fixada, isto é, fixada após a concessão dofinanciamento,deacordo,geralmente,comainflação.

Asugestãoéqueavariaçãomonetáriasejadestacadanademonstraçãodoresultadodoexercício–DRE,nogrupodedespesasfinanceiras.

AempresaAtenasadquire,em janeiro,um financiamento,paraexpansão,novalordeR$280milhões,parapagamentoapós24meses,pós-fixadopelavariaçãodoIGPM.

Supondo uma correção de 10% do IGPM no referido exercício, o balanço patrimonialdeverá registrar (princípio da competência) o valor da dívida deR$ 280milhões atualizada,com correção monetária em 31 de dezembro, para R$ 308 milhões. Assim, houve umavariaçãomonetáriadeR$28milhões(R$308–R$280).

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4.5.6.3

(–)

(–)

(–)

B–DestaquedevariaçõesmonetáriasnaDRE

DESPESASOPERACIONAIS EmR$mil

DeVendas R$R$R$R$

Administrativas R$R$R$R$

(±) Financeiras R$R$R$R$

→ VariaçõesMonetárias 28.000 R$R$R$R$

Outrasdespesasereceitasoperacionais

Embora sejaum título inadequado, pois nadadefine, é utilizadoparadespesasoperacionaisnão enquadradas no grupo de vendas, administrativas e financeiras. Exemplos: DespesasTributárias(nãoseincluindo,evidentemente,aquelasquevariamproporcionalmenteàsvendasjá subtraídas como deduções); parcela dos resultados de empresas investidas reconhecidapormeiodométododeequivalênciapatrimonial.Nestegrupo,semelhantementeàDespesa×ReceitasFinanceiras, podem-se incluir outrasReceitasOperacionais de caráter eventual, ounão,taiscomo:vendasdesucatas,vendadeativoimobilizadoetc.

Portanto,ocaminhoparachegaraoLucroOperacional:

RECEITABRUTA R$R$R$R$R$

Deduções (R$R$R$R$R$)

RECEITALÍQUIDA R$R$R$R$R$

Custosdasvendas (R$R$R$R$R$)

LUCROBRUTO R$R$R$R$R$

DESPESASOPERACIONAIS

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*

4.5.7

4.5.7.1

4.5.8

DeVendas (R$R$R$R$R$)

Administrativas (R$R$R$R$R$)

Financeiras(–)ReceitasFinanceiras (R$R$R$R$R$)

VariaçõesMonetárias* (R$R$R$R$R$)

OutrasDespesasouReceitasOperacionais* (R$R$R$R$R$)

LUCROOPERACIONAL R$R$R$R$R$

Está-seadmitindoquesejamdespesas,por isso,osinalnegativo.Todavia,seReceita,osinaldeveráserpositivo.

LucroAntesdoImpostodeRenda

ApuraçãodoLAIR

LucroOperacional(–)OutrasDespesasOperacionais(+)OutrasReceitasOperacionais=LucroAntesdoImpostodeRenda(LAIR)

Outrasdespesasoperacionaiseoutrasreceitasoperacionaissãoaquelascujaorigemnãoestá relacionadadiretamente comoobjetivodonegócio daempresa.Normalmente, trata-sedeganhosouperdas,istoé,sãoaleatórias.

Sãoexemplos:GanhosouPerdasdeCapital.Sãooslucrosouprejuízosnavendadeitensdoativonãocirculante, subgrupo imobilizado: venda de um veículo (imobilizado), com lucro ouprejuízo;vendademáquinaseequipamentos(imobilizado),comlucroouprejuízo;vendacomlucroouprejuízodeações(investimentos)etc.

LucroDepoisdoImpostodeRenda

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4.5.8.1

4.5.9

4.5.9.1

4.5.9.2

LucroAntesdoImpostodeRenda(–)ProvisãoparaImpostodeRenda=LucroDepoisdoImpostodeRenda

Ano-baseeexercíciofinanceiro

OImpostodeRendaincidesobreolucrodaempresa.QuandoseapuranoexercíciosocialXumlucrodeR$100milhões,declara-seerecolhe-

se aos cofres públicos (governo federal), geralmente, 25% sobre o lucro (R$ 25milhões =25%×R$100milhões)noexercício“X+1”.Naverdade,éumaparceladolucroatribuídaaogoverno.

Oexercíciosocialemqueégeradoo lucro (anoX)denomina-se“ano-base”.OexercícioemquesepagaoImpostodeRenda(anoX+1)denomina-se“exercíciofinanceiro”.

Pelo regime de competência considera-se o Imposto de Renda pelo regime decompetêncianomomentoemquefoiapurado.

Portanto, depois de apuradoo valor de Imposto deRendadeduz-se do “LucroAntes doImpostodeRenda”.

Ressalte-se que a base de cálculo para o Imposto de Renda não é exatamente o lucroapuradopelacontabilidade,masaquele lucroajustadopeloLivrodeApuraçãodoLucroReal(LALUR)àsdisposiçõesdalegislaçãodoImpostodeRenda,queserádenominadoLucroReal(Lucrofiscal).

LucroLíquido

Asobrapertencenteaosproprietários

ApósaapuraçãodoLucroDepoisdoImpostodeRenda,faz-seadeduçãodasparticipações,previstas nos estatutos: de debêntures, de empregados, administradores e partesbeneficiárias,edascontribuiçõesparainstituiçõesoufundosdeassistênciaouprevidênciadeempregados.

Apósessasdeduções,encontra-seoLucroLíquido,queéasobralíquidaàdisposiçãodossóciosouacionistas.

Participaçõesnolucro

A–DebênturesAscompanhiaspodemsolicitarempréstimosaopúblicoemgeral,pagandojurosperiódicos

e concedendo amortizações regulares. Para tanto, emitirão títulos a longo prazo com

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4.5.9.3

garantias:sãoasdebêntures.A debênture poderá assegurar ao seu titular, além de juros e correção monetária,

participaçãonolucrodacompanhia(dedutívelparaoImpostodeRenda).

B–EmpregadoseadministradoresÉ um complemento à remuneração de empregados e administradores. Normalmente, é

definidonoestatutoumpercentualsobreolucro.Observa-se que a participação aos administradores é desestimulada pela legislação

brasileira,umavezquenãoépermitidaasuadeduçãoparaefeitodecálculodo ImpostodeRenda(LucroReal).

C–DoaçõesContribuiçõesparaInstituiçõesouFundosdeAssistênciaouPrevidênciadeEmpregados.

São as doações às constituições de fundações com a finalidade de assistir seu quadro defuncionários,àsprevidênciasparticulares,nosentidodecomplementaraposentadoriaetc.que,definidasemestatutos,serãocalculadasededuzidascomoumaparticipaçãonoslucrosanuais(sãodedutíveisparaefeitodeImpostodeRenda).

No que tange às participações dedutíveis, para efeito de Imposto deRenda, destaca-sequehálimitefixadoporaquelalegislação.

Formadecálculodasparticipações

Alegislaçãobrasileiraprevêqueasparticipaçõesestatutáriasdedebêntures,deempregados,deadministradoresserãodeterminadas,sucessivamenteenessaordem,combasenoslucrosqueremanesceremdepoisdededuzidaaparticipaçãoanteriormentecalculada.

Assim, quando se tem um lucro de R$ 1 milhão, e a participação de debêntures,empregadoseadministradoresestáfixadanoestatutoàbasede10%,ocorre:

LucroDepoisdoImpostodeRenda 1.000.000

(–)ParticipaçãodeDebêntures 1.000.000×10% (100.000)

900.000

(–)ParticipaçãodeEmpregados 900.000×10% (90.000)

810.000

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4.5.9.4

4.5.9.5

4.6

••

(–)ParticipaçãodaAdministração 810.000×10% (81.000)

729.000

(–)Contribuiçõesedoações —

LucroLíquido 729.000

LucroLíquidoporação

Após deduzidas do resultado as participações e contribuições, o que remanescer é oLucroLíquido.

SesedivideoLucroLíquidopelaquantidadedeaçõesemqueestádivididoocapitaldaempresa,obtém-seoLucroLíquidoporAçãodoCapitalSocial.

AlegislaçãobrasileiraestabelecequeoLucroLíquidoporAçãodoCapitalSocialdeveserindicadonofinaldaDemonstraçãodoResultadodoExercício.

DistribuiçãodolucroeDemonstraçãodelucrosouprejuízosacumulados

Comojáfoivisto,oLucroLíquidoéasobralíquidaàdisposiçãodosproprietáriosdaempresa.Osproprietáriosdecidem3aparceladolucroqueficaráretidanaempresaeapartequeserádistribuídaaosdonosdocapital (Dividendos).Essadistribuiçãode lucroseráevidenciadanaDemonstraçãodeMutaçãodoPatrimônioLíquido.

DEMONSTRAÇÃODELUCROSOUPREJUÍZOSACUMULADOS(INSTRUMENTODEINTEGRAÇÃOENTREOBPEADRE)

ApenasumapartedoLucroLíquidoédistribuídaparaosproprietáriosdaempresa,emformadedividendos.Amaiorparcela,normalmente,éretidanaempresaereinvestidanonegócio.

A Lei no 6.404, no art. 186, menciona que a demonstração de lucros ou prejuízosacumuladosdiscriminará:

o saldo do início do período, os ajustes de exercícios anteriores e a correçãomonetáriadosaldoinicial;asreversõesdereservaseolucrolíquidodoexercício;as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros incorporada aocapitaleosaldoaofimdoperíodo.

Como ajustes de exercícios anteriores, serão considerados apenas os decorrentes de

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4.6.1

a)

b)

c)

efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinadoexercícioanterior,equenãopossamseratribuídosafatossubsequentes.

A DLPA também deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital social epoderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elaborada epublicadapelacompanhia.

DemonstraçãodasMutaçõesdoPatrimônioLíquido(DMPL)

Ao contrário da DLPA, que fornece a movimentação apenas da conta do lucro ou prejuízoacumulado,aDemonstraçãodasMutaçõesdoPatrimônioLíquido(DMPL)contemplatodasascontasdoPatrimônioLíquidoeevidenciasuasrespectivasmovimentaçõesocorridasduranteoexercício.

Embora não seja uma demonstração obrigatória pela Lei no 6.404/1976, a DMPL éobrigatóriaemconformidadecomoCPC26,queestabelecequeaentidadedeveapresentarademonstraçãodasmutaçõesdopatrimôniolíquido,quedeveincluirasseguintesinformações:

o resultado abrangente do período, apresentando separadamente o montante totalatribuível aos proprietários da entidade controladora e omontante correspondente àparticipaçãodenãocontroladores;paracadacomponentedopatrimôniolíquido,osefeitosdaaplicaçãoretrospectivaoudareapresentaçãoretrospectiva,sobrePolíticasContábeis,MudançadeEstimativaeRetificaçãodeErro;paracadacomponentedopatrimôniolíquido,aconciliaçãodosaldonoinícioenofinaldoperíodo,demonstrando-seseparadamenteasmutaçõesdecorrentes:

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i)ii)iii)

a)

doresultadolíquido;decadaitemdosoutrosresultadosabrangentes;ede transações com os proprietários realizadas na condição de proprietário,demonstrando separadamente suas integralizações e as distribuições realizadas,bem como modificações nas participações em controladas que não implicaramperdadocontrole.

Atécnicadaelaboraçãodestademonstraçãoébastantesimples:

Indica-se uma coluna para cada conta do Patrimônio Líquido (preferencialmenteindicandoogrupodeReservasaquepertence).SehouveracontadedutivaCapitalaRealizar, faz-se a subtração da conta Capital Social e utiliza-se a conta CapitalRealizado.

DEMONSTRAÇÃODASMUTAÇÕESDOPLEmpresa.....................................................................

MovimentaçõesCapital

Realizado

Reserva

de

Capital

ReservasdeLucro

Lucros

AcumuladosLegal Estatutária

p/

ContingênciaOrçamentária

Lucros

a

Realizar

DEMONSTRAÇÃODASMUTAÇÕESDOPATRIMÔNIOLÍQUIDO

Empresa.............................................................................................................

MovimentaçõesCapital

Realizado

Reserva

de

Capital

ReservasdeLucro

Lucros

AcumuladosLegal Estatutária

p/

ContingênciasOrçamentária

Lucros

a

Realizar

Saldosem31–12–

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X0_ _ _ _ _ _ _

(±)Ajustesde

Exercíciosanteriores– – – – – – –

AumentodeCapital – – – – – – –

Reversõesde

Reservas– – – – – – –

LucroLíquidodo

Exercício_ _ _ _ _ _ _

Propostada

Administração

deDestinação

doLucro

– – – – – – –

ReservaLegal – – – – – – –

Reserva

Estatutária– – – – – – –

Reserva

Orçamentária– – – – – – –

Reservas

p/Contingências_ _ _ _ _ _ _

Reservade

Lucrosa

Realizar

– – – – – – –

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b)

c)

Dividendos – – – – – – –

Saldosem31–12–

X1

Naslinhashorizontaisindicam-seasmovimentaçõesdascontasdomesmomodocomosefezcomaDemonstraçãodeLucrosouPrejuízosAcumulados(DLPA).A seguir são feitas as adições e/ou subtrações de acordo com as movimentações.Suponha-se que o Capital em 31-12-X0 fosse de R$ ... 7.000.000 e que durante operíodo houvesse um aumento com a utilização de R$ 1.000.000 de ReservasEstatutárias,cujosaldoinicialeradeR$1.500.000.

DEMONSTRAÇÃODASMUTAÇÕESDOPATRIMÔNIOLÍQUIDO

Empresa......................................................................................................

EmR$mil

Movimentações CapitalRealizado – – – ReservadeLucrosEstatutária – –

Saldosem

31–12–X07.000 – – – 1.500 – –

_________ ______________________ – – – ______________________ – –

_________ ______________________ – – – ______________________ – –

Aumentode

Capital1.000 – – – (1.000) – –

_________ ______________________ – – – ______________________ – –

_________ ______________________ – – – ______________________ – –

_________ ______________________ – – – ______________________ – –

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_________ ______________________ – – – ______________________ – –

_________ ______________________ – – – ______________________ – –

_________ ______________________ – – – ______________________ – –

_________ ______________________ – – – ______________________ – –

_________ ______________________ – – – ______________________ – –

______________________ – – – ______________________ – –

______________________ – – – ______________________ – –

Saldosem

31-12-X18.000 – – – 500 – –

Obs.: Neste exemplo está-se admitindo que não houve nova ReservaEstatutária.

Faz-seumamovimentaçãodoPatrimônioLíquidoeexplica-seoporquêdoacréscimonoCapitaledadiminuiçãodaReservaEstatutária.

Veja-seque,no início,o totaldoPLeradeR$8.500eemnadaalterouno finaldoano,poisnãohouvenovosacréscimosnoPL,masapenasumapermuta.Repare-seaindaque,sese fizesse a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, não seria identificada talmovimentaçãonoPL.

ExemplodeDemonstraçãodasMutaçõesdoPL

BALANÇOPATRIMONIALCia.Pullgato

Em$mil

ATIVO31-12-

X0

31-12-

X1PASSIVOePL

31-12-

X0

31-12-

X1

Circulante Circulante

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______________________ ______________________

______________________ ______________________

______________________ ______________________

______________________ ______________________

AtivoNãoCirculante

AplicaçõesFinanceiras

Instrumentos

FinanceirosDerivativos

PassivoNãoCirculante

_______________________

_______________________

Investimentos

___________

___________

Imobilizado

___________

___________

Intangível

___________

___________

Ágio

___________

PatrimônioLíquido

Capital

ReservasdeCapital

ReservasdeLucro

ReservaLegal

ReservaEstatutária

Reservap/Contingência

ReservaOrçamentária

ReservadeLucrosaRealizar

LucrosAcumulados

TotalPL

7.000

-----

70

2.400

140

28

14

950

10.302

8.000

2.800

220

2.400

395

208

109

1.790

15.922

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___________

Total Total

Observe-sequepelaDemonstraçãodosLucrosouPrejuízosAcumuladosseriaexplicadaapenas a diferença de R$ 950.000 para R$ 2.350.000, enquanto a Demonstração dasMutações do Patrimônio Líquido explica a variação de R$ 10.302.000 para R$ 15.482.000,que,semdúvida,émuitomaisabrangente.

Os dados serão os mesmos da Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumuladosapresentadanestecapítulo(Cia.Pullgato).

DEMONSTRAÇÃODASMUTAÇÕESDOPATRIMÔNIOLÍQUIDOCia.Pullgato

EmR$mil

MovimentaçõesCapital

Realizado

Reserva

de

Capital

ReservasdeLucros

Legal Estatutáriap/

ContingênciasOrçamentária

Lucros

a

Realizar

Lucros

Acumulados

Saldosem31-12-

X07.000 – 70 2.100 140 28 14

Ajustesde

Exercícios

Anteriores

(–)Retificaçõesde

Erros– – – – – – –

Aumentode

Capital1.000 – – 100% – –

Reversãode

Reservas 2.800 – – – – –

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*

LucroLíquidodo

Exercício– – – – – – –

Propostada

Administraçãode

Destinaçãodo

Lucro

ReservaLegal – – 150 – – – –

Reservas

Estatutárias– – – 300 – – –

Reservasp/

Contingências– – – – 255 – –

Reserva

Orçamentária– – – – – 180 –

Reservade

Lucrosa

Realizar

– – – – – – 95

Dividendos

(R$0,225

p/ação)

– – – – – – –

Saldosem31-12-

X18.000 2.800 220 1.400 395 208 109 1.790*

Olucroacumuladoestásendomantidocomsaldonofinalde31-12-x1parafinsdidáticos.LembrandoqueaLeidasSociedadesAnônimasobrigaascompanhiasabertas e as empresas de grande porte que têm a obrigação pública deprestaçãodecontasadestinarolucroparareservadelucroouentãoqueseja

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4.7

4.7.1

1.2.3.4.5.

4.7.2

a)

distribuídocomodividendoparaseussócios.Nasdemaisempresasnãoháestaexigência.

NOTASEXPLICATIVASEOUTRASEVIDENCIAÇÕES

Evidenciações

Além das Demonstrações Contábeis (Financeiras) já estudadas, a Contabilidade adicionaàquelas demonstrações outras informações complementares no sentido de enriquecer osrelatórioseevitarque(essesrelatórios)setornemenganosos.

Taisevidenciaçõesdevemserdestacadasnosentidodeauxiliaracompreensibilidadepelousuáriodasreferidasdemonstrações,paraquepossaextrairasinformaçõesquelhesãoúteisnatomadadedecisão.

Asevidenciaçõesdestacadasdevemserrelevantesquantitativaequalitativamente.Quandoocorremudançanosprocedimentoscontábeis,deumanoparaooutro,deveserdestacadasearepercussãonoresultadoforrelevante(significativa).

As evidenciações4 podem estar mencionadas na forma descritiva, na forma de quadrosanalíticossuplementaresouemoutrasformas.

Asprincipaisevidenciaçõessão:

Notasexplicativas.Quadrosanalíticossuplementares.Informaçõesentreparênteses.Comentáriosdoauditor.Relatóriodadiretoriaeoutrasevidenciações.

Notasexplicativas

As notas explicativas devem ser apresentadas, tanto quanto seja praticável, de formasistemática. Na determinação de forma sistemática, a entidade deve considerar os efeitossobreacompreensibilidadeecomparabilidadedassuasdemonstraçõescontábeis.Cadaitemdas demonstrações contábeis deve ter referência cruzada com a respectiva informaçãoapresentadanasnotasexplicativas.

Conforme disposição legal decorrente da Lei no 6.404/1976, art. 176, parágrafo 5o, asNotasExplicativasdevemindicar:

Os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmenteestoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição deprovisõesparaencargosouriscosedosajustesparaatenderaperdasprováveisnarealizaçãodeelementosdoAtivo:

Expressar as principais práticas contábeis (critérios) significa informar aos

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––

b)

I–II–

III–IV–

V–

usuários dasDemonstraçõesFinanceiras omodusoperandi daContabilidade, oque propicia melhor abordagem da situação econômico-financeira da empresa.Veja-seaseguircadaumdosprincipaiscritérios.Estoques. Os critérios de avaliação de estoque: (a) Preço Médio; (b) LIFO(UEPS);(c)FIFO(PEPS)etc.Depreciação. Os critérios utilizados para determinação da vida útil, as taxasutilizadasporclassesprincipaisdoAtivo,ométododedepreciaçãoutilizado(linhareta,taxasdecrescentes,deColeetc.).Amortizaçãoeexaustão.Oscritériosutilizadosparadeterminaçãodavidaútil,ométodo de amortização e exaustão etc., os critérios adotados para fazeramortizaçãodegastosdeimplantação,reorganizaçãoeoutrosdiferidos.Provisãoparaencargos.AbasedecontabilizaçãodaProvisãopara ImpostodeRenda (informando se são incluídos Incentivos Fiscais), a base de constituiçãoparaProvisãoparaFérias,abasedeconstituiçãodaProvisãoparaGratificaçãoaEmpregadosetc.Provisões para riscos. A base de constituição da Provisão para Crédito deLiquidaçãoDuvidosa(limitelegal,médiadosúltimosanosetc.).Ajustes para atender a perdas prováveis na realização de elementos do ativo.Quandoovalordemercadoformenorqueocusto:

Valoresmobiliários(nãoclassificadoscomoInvestimentos).Matérias-primas, produtos em fabricação, produtos acabados, mercadorias(comércio)ebensemalmoxarifado.Investimentos em participação no capital social de outra sociedade e osdemaisInvestimentos.

Avaliação dos elementos patrimoniais. Critério de avaliação dos Investimentos(Custo ou Equivalência Patrimonial); critério de registros dos Passivos(Empréstimos,FinanciamentoscomousemVariaçãoCambial)etc.

OsInvestimentosemoutrassociedades,quandorelevantes.Considera-serelevanteoInvestimento:

Emcadasociedadecoligadaoucontrolada,seovalorcontábiléigualousuperiora10%dovalordoPatrimônioLíquidodaCompanhia.Noconjuntodassociedadescoligadasecontroladas,seovalorcontábiléigualousuperiora15%dovalordoPatrimônioLíquidodaCompanhia.As Notas Explicativas dos Investimentos Relevantes devem conter informaçõesprecisassobreassociedadescoligadasecontroladas,bemcomosuasrelaçõescomacompanhia,indicandooseguinte:

Denominaçãodasociedade,deseucapitalsocialedoPatrimônioLíquido.Onúmero,asespécieseasclassesdeaçõesouquotasdepropriedadedacompanhia,bemcomoopreçodemercadodasações,sehouver.Olucrolíquidodoexercício.Oscréditoseasobrigaçõesentreacompanhiaeassociedadescoligadasecontroladas.O montante das receitas e despesas em operações entre companhia e

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c)

d)

e)

sociedadescoligadasecontroladas.Os ônus reais constituídos sobre elementos do Ativo, as garantias prestadas aterceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes. Os ônus reais e asgarantias decorrem, geralmente, dos empréstimos e financiamentos por instituiçõesfinanceiras ou pelo próprio fornecedor: hipoteca dos bens financiados, alienaçãofiduciária, penhora etc. Devem também ser declarados outros itens oferecidos emgarantiadeempréstimos:Estoques,DuplicatasaReceber,Máquinasetc.Responsabilidades eventuais ou contingentes referem-se a causas trabalhistas,contingências físicas (oriundas de autuações fiscais) que representam riscos deperdas.Ataxadejuros,asdatasdevencimentoeasgarantiasdasobrigaçõesalongoprazodevemserdestacadasdaseguinteforma:

Instituições

Financeiras

(Financiador)

Saldodo

Contrato

Datade

Vencimento

Taxade

Correção

Correção

Monetáriaou

Variação

Cambial

Garantias

Oferecidas

Valorde

Parcelas

Controladase

nãoLiberadas

Onúmero,asespécieseasclassesdasaçõesdoCapitalSocial.ConformeaLeidasSociedadesporAções,oCapitalSocialpoderáserconstituídodasseguintesações:

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f)

g)

••••

••

h)

Combinaçõespossíveis:5

ON–OrdináriaNominativa.OE–OrdináriaEndossável.PN–PreferencialNominativa.PE–PreferencialEndossável.

As opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício. A companhiapode emitir, dentro do limite de aumento doCapital Autorizado no estatuto, títulosnegociáveis,denominados“bônusdesubscrição”.Os bônus de subscrição conferem aos seus titulares, nas condições constantes docertificado,direitodesubscreveraçõesdocapitalsocial,queseráexercidomedianteapresentaçãodotítuloàcompanhiaepagamentodopreçodeemissãodasações.Os bônus de subscrição são alienados pela companhia ou por ela atribuídos, comovantagemadicional,aossubscritoresdesuasaçõesoudebêntures.Osajustesdeexercíciosanteriores.

Osprincipaisajustesdeexercíciosanteriores referem-seàmudançadecritérioscontábeis (quebra da consistência) e à retificação de erro imputável adeterminado exercício anterior, que não possam ser atribuídos a fatossubsequentes.Quantoàmudançadecritériocontábil,ocorrecommaisfrequência:avaliaçãodeestoques:PreçoMédio×FIFO;avaliaçãodeinvestimentos:MétododeCusto×EquivalênciaPatrimonial;depreciação:TaxaFixa×TaxaDecrescente;regimedecontabilidade:RegimedeCaixa×RegimedeCompetênciaetc.

Errosimputáveisaexercíciosanteriores:averiguaçãodeerronacontagemdoestoque;errodecálculoetc.

Observa-se,nestecaso,quedevemapareceremNotasExplicativasasmudançasdecritériosqueinterfiramnoresultadodoexercíciodeforma“relevante”.Os eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou

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4.7.3

(a)(b)

(c)

4.7.4

a)

possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e sobre os resultadosfuturos da companhia. Suponha-se que, logo após o encerramento do balanço (masantesdesuapublicação),ocorraumincêndionafábrica.Semdúvida,talfatoalteraráo andamento normal das operações da empresa. O analista financeiro consideraráeste aspecto em seu parecer. Aspectos como dias de paralisação, cobertura deseguros,prejuízosestimadosetc.devemserevidenciadosemNotasExplicativas.

Outrasnotasexplicativas(arrendamentofinanceiro)

Arrendamento mercantil é um acordo pelo qual o arrendador transmite ao arrendatário emtrocadeumpagamentoousériedepagamentosodireitodeusarumativoporumperíododetempoacordado.

Arrendamentomercantilfinanceiroéaqueleemquehátransferênciasubstancialdosriscosebenefícios inerentesàpropriedadedeumativo.O títulodepropriedadepodeounãovirasertransferido.

Arrendamento mercantil operacional é um arrendamento mercantil diferente de umarrendamento mercantil financeiro. O operacional não transfere riscos e benefícios aoarrendatário.

As notas explicativas para divulgação do arrendamento mercantil financeiro conformedeterminaoCPC06–operaçõesdearrendamentomercantil–devemevidenciar,nomínimo,asseguintesinformações:

paracadacategoriadeativo,valorcontábillíquidoaofinaldoperíodo;conciliaçãoentreo totaldos futurospagamentosmínimosdoarrendamentomercantilaofinaldoperíodoeoseuvalorpresente;pagamentoscontingentesreconhecidoscomodespesaduranteoperíodo.

Quadrosanalíticossuplementares

Alguns quadros analíticos estão contidos dentro das próprias Notas Explicativas, como, porexemplo, os casos do detalhamento dos tipos de ações que compõem o capital social, oquadrodetaxade juros,asdatasdevencimento,asgarantiasdasobrigaçõesa longoprazoetc.

Nos quadros suplementares são apresentados pormenores de itens que constam dasDemonstraçõesFinanceiras;nãoseriaadequadoapresentar taisdetalhesnocorpodaquelasdemonstrações.Osquadrosmaiscomunssão:

ComposiçãodosEstoquesMatérias-primas..........................Produtosemandamento..........................Produtosacabados..........................

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b)

c)

Almoxarifado..........................Peçasdereposição..........................Etc...........................

ComposiçãodoAtivoImobilizado

Terrenos .............................

Edifícios .............................

(–)DepreciaçãoAcumulada (.............................) .............................

Máquinas .............................

(–)DepreciaçãoAcumulada (.............................) .............................

Veículos .............................

(–)DepreciaçãoAcumulada (.............................) .............................

_______________ _________ _________

_______________ _________ _________

ConstruçõesemAndamento..........................................ImportaçãoemAndamento.............................................Etc.................................................................................

ProjetosemExecução

ProjetoA→

PrazodeentregaCapacidadedeProduçãoCustosEstimados×CustoRealFinanciamentosobtidosEtc.

........................

........................

........................

........................

........................

ProjetoB→........................................................................

........................

........................

........................

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d)

4.7.5

4.7.6

DemonstraçõesFinanceirasavaliadasapreçodereposiçãoetc.InformaçõesentreparêntesesNormalmente, são anotações curtas que compõem o próprio corpo das Demonstrações

Financeiras,paraevidenciarmaisinformações.

Comentáriosdoauditor

Paramaiorsegurançadousuário,asempresasauditadasapresentamparecerdoauditor,emqueseexpressahaverumexamenasDemonstraçõesFinanceiras,efetuadodeacordocomospadrõesdeauditoriageralmenteaceitos.

O auditor emite sua opinião e informa se as Demonstrações Financeiras representam,adequadamente,aSituaçãoPatrimonialeaPosiçãoFinanceiranadatadoexame.Informaseas Demonstrações Financeiras foram levantadas de acordo com os Princípios deContabilidadeGeralmenteAceitoseseháuniformidadeemrelaçãoaoexercícioanterior.

Muitasvezesocorreque informaçõescontidasnoscomentáriosdoauditor já constamdeNotas Explicativas. Esta dupla evidenciação traz maior segurança ainda para o usuário dasDemonstraçõesFinanceiras.

AsDemonstraçõesFinanceirasdasCompanhiasAbertasserãoobrigatoriamenteauditadasporauditoresindependentes,registradosnaComissãodeValoresMobiliários.

Relatóriodadiretoria

Sãoinformaçõesdecaráternãofinanceiroqueabrangem:

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•••••••••

4.8

dadosestatísticosdiversos;indicadoresdeprodutividade;desenvolvimentotecnológico;contextosocioeconômicodaempresa;políticasdiversas:recursoshumanos,exportaçãoetc.;expectativascomrelaçãoaofuturo;dadosdoorçamentodecapital;projetosdeexpansão;desempenhoemrelaçãoaosconcorrentesetc.

Essas informações seriammais significativas se não houvesse um excesso de otimismo(inconsequente),comofrequentementeseobserva.

Os administradores da companhia aberta são obrigados a comunicar imediatamente àBolsadeValoreseadivulgarpelaimprensaqualquerdeliberaçãodaassembleiageraloudosórgãos de administração da companhia, ou outro qualquer fato relevante ocorrido em seusnegócios,fatoquepossainfluir,demodoponderável,nadecisãodosinvestidoresdomercadodevenderoucomprarvaloresmobiliáriosemitidospelacompanhia.

Por fim, é necessário apresentar evidenciações em dosagens adequadas. Não ocultarinformações que favoreçam os usuários na análise da tendência da empresa. Não fornecerinformações demasiadamente resumidas, que pouco (ou nada) esclarecem, nem fornecerexcessodeinformações,queprejudicamaobjetividade.

RELACIONAMENTOSENTREASVÁRIASDEMONSTRAÇÕES

ACompanhia“Atenas”apresentouosdemonstrativosquetranscrevemosnaspáginasparaosexercícios encerrados, respectivamente, em 31-12-X e 31-12-X + 1, bem como asDemonstrações dos Resultados, de Mutações Patrimoniais, de Fluxo de Capital de GiroLíquidoedeFluxodeCaixa,paraoperíodoX+1.

Na verdade, a Demonstração de Fontes e Usos de Capital de Giro Líquido (origens eaplicações de recursos) foi construída diretamente a partir do Balanço, Demonstração dosResultadoseDemonstraçãodeMutaçõesPatrimoniais.Foiutilizadaatécnicadediferençadesaldosentreosgruposnãocirculantes,afimdederivarasfonteseusosdecapitaldegiro.

Assim, o acréscimo no saldo da Conta Dívidas a Longo Prazo nos Balanços ésimplificadamente considerado endividamento adicional. Claramente, poderia ter ocorrido umacréscimode20eumaamortizaçãode10,resultandonumacréscimolíquidode10.

ADemonstraçãodeCaixa, todavia,desfazadúvida,poisacusa10comorecebimentodeempréstimos.Logo,houvemesmoumempréstimoadicionalde10enãohouveamortizações.Oacréscimonoendividamentode longoprazoéuma fontedecapitaldegiro líquido (desdeque ingressesob formadecaixaoudedireitosacurtoprazonoativo),poisaumentaoativocorrente6e,emcompensação,nãoalteraopassivocorrente.Todasasoperaçõesdevemseranalisadasàluzdaequação:

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––

A)

AsoperaçõesqueaumentamosaldodoCapitaldeGiroLíquido–CGLsãoasFontesdecapitaldegirolíquidoeasquediminuemsãoosUsos(ouaplicações).Destaforma,olucrodoperíodo é uma fonte líquida de capital de giro, pois as receitas aumentam o ativo corrente(usualmente)eopatrimôniolíquido,aopassoqueasdespesas(excetuadasasamortizaçõesedepreciaçõesdeativospermanentes)diminuem,emúltimaanálise,oativocorrente,bemcomoo patrimônio líquido. Em nosso exemplo, o lucro contábil é ajustado pela depreciação, poisestafoisubtraídadasreceitasparachegarmosaolucro;porém,nãoconsomefundos(capitalde giro), sendo assim adicionada ao lucro, para efeito da demonstração de capital de girolíquido.

Do ladodasaplicações (usos), tivemosumacréscimodeativopermanente representadopeloacréscimonacontademáquinaseequipamentos.Istorepresentaumaaplicação(uso)decapitaldegiro,desdequetenhasidorealizadaàvistaoucomendividamentodecurtoprazo.Se, todavia, a aquisição de equipamentos estiver, isolada e especificamente, ligada a umfinanciamento de longo prazo, não alteraria o capital de giro líquido. Pelas informaçõesfornecidas,nãosabemosseoacréscimode10noendividamentode longoprazoserviu,emparte,paraaaquisiçãodosequipamentos.Destaforma,consideramososR$10comofonteeos R$ 50 como aplicação. Mesmo que o financiamento estivesse diretamente ligado àaquisição de maquinaria, seria conveniente reportá-lo como fontes, esclarecendo que osrecursosassimsupridos foramaplicadosna compradeequipamentose reportar estaúltimacomo uso de capital de giro. Faríamos, assim, transitar o financiamento pelo caixa(aumentandoocapitaldegiro),paracomestedinheiroadquirirosequipamentos,quando,naverdade, a operação seria simultânea. Outras fontes de Capital de Giro usuais e que nãoaparecemnesseexemplosão:

aumentodecapital,integralizadoemdinheiroouemativoscorrentes;vendadeativosnãocorrentes,7àvistaouacurtoprazo.

BALANÇOSPATRIMONIAIS(Emformadedutiva)

CompanhiaAtenas

EmR$

Em31-12-X Em31-12-X+

1

ATIVOCIRCULANTE

Disponibilidades 100 120

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(–)

=

+

(–)

(–)

C/Receber 300 360

Estoques(PEPS) 150 180

Outros 3 4

553 664

PASSIVOCIRCULANTE

Fornecedores 180 195

SaláriosaPagar 10 14

ImpostodeRendaaPagar 20 28

(210) (237)

CAPITALDEGIROLÍQUIDO 343 427

ATIVONÃOCIRCULANTE

Imobilizado

MáquinaseEquipamentos 500 550

DepreciaçãoAcumulada (150) 350 (200) 350

693 777

PASSIVONÃOCIRCULANTE

EXIGÍVELALONGOPRAZO

DívidasdeLongoPrazo (150) (160)

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=

B)

(–)

=

(–)

=

(–)

=

PATRIMÔNIOLÍQUIDO

Capital 500 500

Reservasdelucros 43 543 117 617

DEMONSTRAÇÃODERESULTADOS

CompanhiaAtenas

EmR$

PeríodoX+1

ReceitadeVendas 1.300,00

CustodasVendas (1.000,00)

ResultadoBrutoemVendas 300,00

DESPESAS

Depreciação 50,00

DespesasFinanceiras 21,00

DespesasOperacionais 127,00 (198,00)

LucroAntesdoImpostodeRenda 102,00

ImpostodeRenda (28,00)

LucroLíquido(DIR) 74.00

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C)

D)

+

=

(–)

DEMONSTRAÇÃODASMUTAÇÕESDOPATRIMÔNIOLÍQUIDOCOMPANHIAATENAS

EmR$

CapitalLucros

Acumulados Total

Saldoem31-12-X 500 43 543

LucrodoExercício – 74 74

Saldoem31-12-X+1 500 117 617

DEMONSTRAÇÃODEFONTESEUSOSDECAPITALDEGIROLÍQUIDOCOMPANHIAATENAS

(OrigenseAplicaçõesdeRecursos)

EmR$

PeríodoX+1

CapitaldeGiroLíquidoem31-12-X 343

FONTESDECAPITALDEGIRODOPERÍODO

AcréscimodeDívidasdeLongoPrazo 10

ProvidaspelasOperações,Ajustadas

pelaDepreciação 124 134

CapitaldeGiroLíquidoUtilizávelno

Período 477

USOSDECAPITALDEGIRONOPERÍODO

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=

E)

(+)

=

(–)

AcréscimodeMáquinase

Equipamentos (50)

CAPITALDEGIROLÍQUIDOEM31-12-X+1 427

DEMONSTRAÇÃODEFLUXODECAIXA

CompanhiaAtenas

EmR$

PeríodoX+1

SaldodeCaixaem31-12-X 100

ENTRADASDECAIXA

RecebimentodeEmpréstimos 10

VendasàVista 650

RecebimentosdeValoresaReceber 590 1.250

SaldoDisponívelparaAplicação 1.350

SAÍDASDECAIXA

ComprasàVista 515

PagamentosEfetuadosaFornecedores 500

DespesasOperacionaisPagaseOutros

Desembolsos 165

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=

–––

PagamentodeEquipamentos 50 (1.230)

SaldodeCaixaem31-12-X+1 120

Outrosusosnãorelacionadosnoexemploseriam:

amortizaçãodefinanciamentosdelongoprazo;distribuiçãooudeclaraçãodedividendos;prejuízodoperíodomenosamortizaçõesedepreciaçõesdeativospermanentes.8

ADemonstraçãodeFonteseUsosdeCapitaldeGiroLíquidoédegrandeutilidade,poisnãosomentedemonstra,aolongodosanos,apolíticadecaptaçãoedeaplicaçãoderecursosdaempresa,comotambém,seprojetadaparaofuturo,podedarexcelentesindicaçõessobrea capacidade de pagar compromissos por parte da empresa, a médio e longo prazos. Noexemplo apresentado, a empresa fez originar do lucro a quase totalidade de suas fontes, euma parcelamuito pequena foi derivante de endividamento adicional. Por outro lado, toda aaplicação referiu-se a investimentos em imobilizado tangível, aumentando ou repondo acapacidadeinstalada.

No que se refere à Demonstração dos Fluxos de Caixa, foi construída a partir dosdemonstrativos anteriores, com as informações adicionais necessárias, as quais não seencontramnos demonstrativos publicados.Por exemplo, se conhecermosas vendas à vista,poderemos derivar os pagamentos de clientes através do uso conjugado das informaçõessobrevendas,vendasàvista,saldo iniciale finaldeContasaReceber.Emnossocaso,porexemplo, as vendas à vista, tendo sido de 650, podemos armar o seguinte esquema derazonetesemT:

Vendas Caixa ContasaReceber

650(1) (1)650 Si=300

X=?

650(2) (2)650

1.300Sf Sf=360

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As vendas à vista, de 650, foram creditadas em Vendas e debitadas à conta Caixa.Obviamente, a diferença entre vendas totais de 1.300 e vendas à vista de 650 totaliza 650também.EstevalorrepresentaasVendasaPrazo,sendocreditadonacontaVendasadébitodeContasaReceber.Ora,estacontatinhaumsaldoinicialde300,sofreuumdébitode650durante o períodoe ficou comsaldo final de 360.Qual terá sido o valor creditadona contaparaqueistopudesseterocorrido?Resolvemosassim:300+650–X=360.OvalorparaX=590. Estes 590 representam os pagamentos efetuados por clientes durante o exercício. Talvalor aparece na Demonstração de Fluxo de Caixa como “Recebimento de Valores aReceber”.

Raciocínio análogo teria lugar no caso de pagamentos efetuados a fornecedores.Deveríamos considerar as contas de compras, a parcela de compras a prazo e amovimentaçãodosaldodacontaFornecedores.

Procedimentos semelhantes seriam utilizados nos outros desembolsos e entradas.Entretanto,precisamosconheceralgumasinformaçõesdiretamentepara,emseguida,calcularoutras,deformaindireta.Oprocedimentomaisadequadoé,tantonocasodaDemonstraçãodeCaixaquantodeCGL, recorreraos registros internosdaempresa.Todavia, nemsempreistoépossível,ouàsvezeso tempodisponívelnãopermiteuma indagaçãomaiscuidadosa.Precisamos, em tais casos, trabalhar “de ouvido”, na base do conhecimento íntimo dosrelacionamentosentreosváriosdemonstrativos,preenchendoumclaroaqui,outroacolá,umverdadeiroquebra-cabeçacontábil-financeiro,quedeve,contudo,serresolvido.

Temos,assim,osseguintesfluxos:

AcréscimonoPatrimônioLíquido $74,00

AcréscimonoLucro $74,00

AcréscimodeCapitaldeGiroLíquido $84,00

AcréscimodeDisponibilidades $20,00

Oacréscimodecaixafoi,dostrês,omenor.Ocrescimentodarenda(lucrolíquido)foide74milhões,aopassoqueoacréscimodecapitaldegirolíquidofoidaordemde84milhões.

O acréscimo de lucro está contido no acréscimo de capital de giro líquido. De fato, asoperaçõessupriram124milhõesdecapitaldegirolíquido,assimdecompostos:

CapitaldeGiroProvindodasVendas 1.300,00

(–) ConsumosdeCapitaldeGiro

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CustodasVendas 1.000,00

DespesasFinanceiras 21,00

DespesasOperacionais 127,00

ImpostoSobreaRenda 28,00 (1.176,00)

=AcréscimodeCapitaldeGiroLíquidoDevidoàs

OperaçõesdoPeríodo $124,00

OsR$124, entretanto, são iguaisaosR$74de lucro líquido contábilmaisosR$50dedepreciação.Assim, osR$74estão incluídosnaDemonstraçãodeCapital deGiroLíquido.Poroutrolado,houveR$10adicionais,comofonteprovenientedoacréscimodeempréstimos,eforamaplicadosR$50milhõesemmáquinaseequipamentos.

Verifica-se que, economicamente, os R$ 74 milhões de lucro seriam, em princípio,distribuíveis, eque,neste caso,o saldodecaixa suportaria tal distribuição.Entretanto, seránecessário prever os recebimentos e pagamentos futuros de caixa, a fim de verificar se odesembolso imediato de R$ 74 não irá enfraquecer em demasia a posição financeira daempresa.Verificando-sepicos(excessos)ouvales(faltas)previstosdecaixaelevando-seemcontatambémumsaldomínimodesegurançadesejado,poder-se-iatraçarumaprogramaçãodeempréstimosoudeaplicações.Daísedepreendea importânciadademonstraçãoemsuafacetadeprevisão(quenãonoscabedesenvolvernessetrabalho).Caixa,assim,éumacontaquedevesercontroladaapriori,deformaconcomitante(atravésdosboletinsdiáriosdecaixa)e a posteriori, através de demonstrativos históricos de fluxos de caixa, levantados paraperíodosmaioresdoqueumdia.Numsentidoprevisional,representaelementodefundamentalimportância a fim de evitarem excessos de disponibilidade e faltas desta. O andamento darentabilidadenão tem, necessariamente, relacionamento, no curto prazo, comaevoluçãodaliquidez, representada pelo Disponível. Assim, por falta da demonstração do fluxo de caixaprevisto,umaempresarentávelpodetersuafalênciarequeridapornãoterfundosdisponíveisemdeterminadoperíodoparapagarsuascontas.Seoorçamentodecaixaforelaboradocomrazoávelantecedência,serápossívelprevera faltadesaldoparaaqueleperíodoparticularetomarasmedidasnecessárias.

RESUMODOCAPÍTULO

Oanalistadebalançoseoanalistafinanceiroprecisamconhecerintimamenteosignificadoeasrelaçõesentreosprincipaisdemonstrativoscontábeis.Fluxoderendas(fluxode lucros),fluxo de capital de giro líquido e fluxo de caixa são conceitos diferentes, com finalidades

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diversas,emboraextraídosdomesmoconjuntobásicodedados.Assim,ofluxoderendaséindicadordautilidadeagregadaaosfatoresdeproduçãopela

unidade empresarial; é um indicador de desempenho demédio e longo prazos, adequadoparaaavaliaçãodasperspectivasgeraisdaempresa,noqueserefereaovalordemercadodaação,aolucroporaçãoetc.

Entretanto,nocurtoprazo,podehaverumaarritmiaentreaposiçãode rentabilidadedaempresaesuasituaçãodeliquidez.Pode-sechegaraoextremodetermosumaboaposiçãode rentabilidade e períodos de escassez de fundos (de caixa), que, se não previstos emtempo, podem levar a empresa à insolvência. O inverso pode ocorrer: situação derentabilidade desfavorável e posição de liquidez de curto prazo favorável. Desta forma, ofluxodecaixa(nocaso,oorçamentodecaixa)assumeimportânciafundamental.

Ofluxodecaixa,todavia,nãoésuficienteparaavaliar,emseutodo,apolíticafinanceirada empresa, quanto às fontes e aplicações de capital de giro. Por outro lado, esta últimaanálise(docapitaldegirolíquido)émaisadequadaparaprevisõesdemédioelongoprazos.

Adicionalmente, é preciso ressaltar que os fluxos de caixa previstos têm importantesaplicaçõesnoorçamentodecapital.

Conquanto a finalidade deste capítulo não seja expor como é feita a projeção de taisdemonstrativos,oentendimentodasrelaçõescontábeisexistentesentreeles,deumaformasimplificada,éextremamenteimportante.

EXERCÍCIOPROPOSTOERESOLVIDO

AEmpresa“Relacionada”apresentouosdemonstrativoseasinformaçõescomplementaresaseguirrelacionados:

A) BALANÇOSPATRIMONIAIS

EmR$

Em31-12-X Em31-12-X+1

ATIVO

AtivoCorrente(circulante)

CaixaeBancos 135 104

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DuplicatasaReceber 250 280

(–) ProvisãoparaCréditodeLiquidaçãoduvidosa (8) 242 (9) 271

Inventários 95 101

DespesasPagasAntecipadamente 2* 1

TotaldoAtivoCorrente 474 477

AtivoNãoCorrente(Ativonãocirculante)

ContasaReceber(RealizávelaLongoPrazo) 150 180

ImobilizaçõesTécnicas 350 390

(–) DepreciaçãoAcumulada (105) 245 (144) 246

Investimentos 50 70

TotaldoAtivoNãoCorrente 445 496

TotaldoAtivo 919 973

PASSIVOEPATRIMÔNIOLÍQUIDO

PassivoCirculante

Fornecedores 120 136

ContasaPagar 15 10

ImpostosaPagar 90 33

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TotaldoPassivoCirculante 225 179

PassivonãoCirculante

ExigívelaLongoPrazo

FinanciamentosnoExterior 110 149

ContasaPagar 12 5

TotaldoPassivoExigívelaLongoPrazo 122 154

PatrimônioLíquido

Capital 300 350

Reservas 45 50

Reservasdelucros 227 240

TotaldoPatrimônioLíquido 572 640

TotaldoPassivoePatrimônioLíquido 919 973

B) DEMONSTRAÇÃODERESULTADOS

ParaoPeríodoX+1

EmR$

VENDAS 3.600,00

(–) CUSTODASVENDAS (2.800,00)

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= RESULTADOBRUTOCOMVENDAS 800,00

(–) DESPESAS

Depreciação 39,00

ProvisãoparaCréditodeLiquidaçãoDuvidosa 9,00

Financeiras 20,00

VariaçãoCambial 39,00

OutrasDespesasOperacionais 582,00 (689,00)

= LUCRO(AIR) 111,00

(–) ImpostodeRenda (33,00)

= LUCRO(DIR) R$78,00

C) DEMONSTRATIVODEMUTAÇÕESDOPATRIMÔNIOLÍQUIDO

ParaoPeríodoX+1

EmR$

Capital ReservasLucros

AcumuladosTotal

Saldoem31-12-X 300 45 227 572

AumentodeCapital 50 (30) 20

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LucrodeX+1 5 73 78

DistribuiçãodeDividendos (30) (30)

Saldoem31-12-X+1 350 50 240 640

D) INFORMAÇÕESADICIONAIS

1.OaumentodecapitalfoiintegralizadopartecomaproveitamentodeLucrosAcumulados(incorporaçãodeLucros

AcumuladosaoCapital)eparteemdinheiro.

2. Osdividendosforampagosemdinheiro.

3. Asdespesasfinanceirasforampagasemdinheiro.

4.Ocrescimentodosaldodadívidaemmoedaestrangeira(FinanciamentosnoExterior)édevidototalmenteàvariação

cambial.

5. AsvendasàvistaforamdeR$1.200,00.

6. AscomprasaprazoforamdeR$1.120,00.

7. Osacréscimosemcontasareceberalongoprazoeoseminvestimentosforamàvista.

8. PagamentosdeContasaPagar,noperíodo,totalizaramR$588.

9.AscomprasaprazoeasvendasaprazosãocontabilizadasnascontasFornecedoreseDuplicatasaReceber,

respectivamente.

*TransformadasemDespesaOperacionalemX+1.

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Pede-se:ElaboraraDemonstraçãodeFonteseUsosdeCapitaldeGiroLíquidoeaDemonstração

deFluxodeCaixa.

SOLUÇÃO

EMPRESA“RELACIONADA”DEMONSTRAÇÃODEFONTESEUSOSDECAPITALDEGIROLÍQUIDO(ORIGENSEAPLICAÇÕESDERECURSOS)

ParaoPeríodoX+1

EmR$

CapitaldeGiroLíquidoem31-12-X R$249

ORIGEMDERECURSOS

AumentodeCapitalIntegralizadoemDinheiro R$20

LucroLíquidoAjustadopelaDepreciaçãoe

VariaçãoCambialR$156*

TotaldeOrigens(1) R$176

APLICAÇÕESDERECURSOS

DistribuiçãodeDividendos R$30

AcréscimonoRealizávelaLongoPrazo R$30

AcréscimonasImobilizaçõesTécnicas R$40

AcréscimonosInvestimentos R$20

DiminuiçãonasContasaPagardeLongoPrazo R$7

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TotaldeAplicações(2) R$127

ExcessodeOrigenssobreAplicações(1)–(2) R$49

CapitaldeGiroLíquidoem31-12-X+1 R$298

Defato,AtivoCirculante–PassivoCirculante,em31-12-X+1=R$477–R$179=R$298.

*R$156=LucroLíquidodeR$78+DepreciaçãodeR$39+DespesadeVariaçãoCambialdeR$39 (que,embora

diminua o Patrimônio Líquido, não consome capital de giro líquido, pois foi creditada em Passivo Exigível a Longo

Prazo). Por outro lado, o acréscimo na conta de Exigível a Longo Prazo, que deriva da Variação Cambial, não foi

consideradocomoorigensderecursos.

DEMONSTRAÇÃODEENTRADASESAÍDASDECAIXA(FLUXODECAIXA)

ParaoPeríodoX+1

EmR$

Saldoem31-12-X 135

ENTRADAS

AumentodeCapital 20

VendasàVista 1.200

RecebimentodeDuplicatasaReceber 2.362

TotaldeEntradas 3.582

SAÍDAS

PagamentosdeDividendos 30

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DespesasFinanceiras 20

ComprasàVista 1.686

PagamentosdeContasaPagardeCurtoPrazo 585

PagamentosdeContasaPagardeLongoPrazo 7

PagamentosdeDespesasAntecipadas 1

ImpostodeRendaPago 90

AplicaçõesemAtivosNãoCorrentes 90

PagamentosaFornecedores 1.104

TotaldeSaídas 3.613

ExcessodeSaídassobreEntradas (31)

Saldoem31-12-X+1 104

Observações:

•Nocálculodovalorparao“RecebimentodeDuplicatasaReceber”énecessáriolevaremcontaquefoiutilizada,duranteo

período,aprovisãoparacréditosdeliquidaçãoduvidosadeR$8.OsR$9,de31-12-X+1,foramconstituídosnoúltimodia

deX+1.Poroutrolado,ascomprastotaisdevemserdeduzidasapartirdoCustodeVendasedosEstoquesIniciaiseFinais.

•NosexemplosatéopresenteCapítulo,aindanãointroduzimososefeitosderivantesdacorreçãomonetáriaprevistanaLei

dasSociedadesporAções,a fimdemantermosemtermosmuito simplesos relacionamentos.A correçãoé tratadaem

capítuloseexemplosposteriores.

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Agradecemos ao Prof. José Carlos Marion por ter gentilmente concordado em queutilizássemos, como base deste capítulo, a discussão feita noContabilidade comercial.SãoPaulo:Atlas,1987,denossacoautoria.

Ouquandodesuasaídadaempresa.

NaSA,oestatutoéquedeterminaopercentualdolucroqueserádistribuído.

Evidenciaçõestambémsãochamadasdisclosure.

Para cada classe poderá ser estipulado dividendo diferenciado, direito (ou não) desubstituiçãodenovasaçõesetc.

AtivoCorrente=AtivoCirculante.IdemparaoPassivo.

Incluído,alémdoAtivoPermanente,oRealizávelaLongoPrazo.

Incluídos, no Ativo Permanente, o Imobilizado, o Ativo Diferido e os Investimentos,segundoaatualLeidasS.A.

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5.1

a)

b)

c)

d)

e)

1.2.

GENERALIDADES

Aanálisedebalançosdeveserentendidadentrodesuaspossibilidadese limitações.Deumlado,mais aponta problemas a serem investigados do que indica soluções; de outro, desdeque convenientemente utilizada, pode transformar-se num poderoso “painel de controle” daadministração.

Paraisso,énecessárioatentarparaosseguintesdetalhes:

registros contábeis da empresa devem ser mantidos com esmero para que asinformações sejam produzidas com fidedignidade e sejam úteis para tomada dedecisão;ainda que o Departamento de Contabilidade da empresa realize um grande esforçopara manter os registros de forma correta, é altamente desejável que os relatóriosfinanceiros sejam auditados por auditor independente ou, pelo menos, tenha havidoumaminuciosarevisãoporpartedaauditoriainterna;éprecisotomarmuitocuidadonautilizaçãodevaloresextraídosdebalançosiniciaisefinais,principalmentenaáreadecontasarecebereestoques,poismuitasvezestaiscontas,nasdatasdebalanço,nãosãorepresentativasdasmédiasreaisdeperíodo;osdemonstrativosobjetosdeanálisedevemsercorrigidostendoemvistaasvariaçõesdo poder aquisitivo da moeda, muito embora não exista mais a figura da correçãomonetárianoBrasildesde1995;para finsgerenciaisedeanálisesestanecessidadenão pode ser descartada (analisaremos este problema, em detalhe, em capítuloespecial);aanálisedebalançoslimitadaaapenasumexercícioémuitopoucoreveladora,salvoem casos de quocientes de significação imediata. Adicionalmente, é necessáriocompararnossosquocientesetendênciascom:

quocientesdosconcorrentes;metaspreviamenteestabelecidaspelaadministração(quocientes-padrão).

DEMONSTRAÇÕESFINANCEIRASEM31DEDEZEMBRODE20X7

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BALANÇOPATRIMONIAL

(QuadroI)R$

ATIVO

CIRCULANTE

Caixa 119

Bancos 70.608

Valoresnegociáveis(LTN) 25.000 95.727

Contasareceber

Duplicatas 375.019

Duplicatasesaquesdescontados (24.036)

ProvisãoparaCréditosdeliquidaçãoduvidosa (11.271)

Outras 10.433 350.145

Estoques

ProdutosAcabados 82.069

Produtosemelaboração 151.309

Matérias-primas 78.393

Materiaisauxiliares 16.913

Importaçõesemandamento 405

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329.089

ProvisãoparaICMS (15.328) 313.761

DepósitosparaImportações–Resolução443 30.546

Despesasdoexercícioseguinte 4.604

TotaldoAtivoCirculante 794.783

ATIVONÃOCIRCULANTE

REALIZÁVELALONGOPRAZO

Empresascontroladas 20.440

Eletrobras 17.918

Outros 3.160

41.518

ProvisãosobreEletrobras (6.091) 35.427

INVESTIMENTOS

Empresascontroladas 144.288

Aplicaçõesporincentivosfiscais 14.436

Outros 1.207

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159.931

Provisãosobreinvestimentos (32.054)

127.877

IMOBILIZADO 592.583 720.460

1.550.670

DEMONSTRAÇÕESFINANCEIRASEM31DEDEZEMBRODE20X7

BALANÇOPATRIMONIAL

(QuadroI)R$

PASSIVOEPATRIMÔNIOLÍQUIDO

CIRCULANTE

Fornecedores 35.514

Financiamentos

Nacionais 55.553

EstrangeirosR$1.494mil(R$5.014milmenosR$3.520mil–Resolução

432)23.979 79.532

ContaseDespesasapagar 18.642

Impostosecontribuiçõesarecolher 59.664

Provisãoparaimpostoderenda 66.657

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Propostaàassembleia

Gratificaçãodefuncionários 4.000

Porcentagemàadministração 10.161

Dividendos 57.182 71.343

TotaldoPassivoCirculante 331.352

NÃOCIRCULANTE

Financiamentos

Nacionais 93.216

EstrangeirosUSR$2.628mil(USR$3.565milmenosUSR$937mil–

Resolução432)42.175 135.391

PATRIMÔNIOLÍQUIDO

Capitalsubscritoeintegralizado 334.399

Reservadecapital 517.445

Reservadelucros 232.083 1.083.927

1.550.670

Afimdedemonstraroqueacabamosdeafirmar,apresentamosanteriormenteumexemplodebalançoedemonstraçõesderesultadosdeumaempresareal.

ObalançoeasDemonstraçõesdeResultadospoderiamsercolocadosconvenientemente,para efeito de análise, na forma apresentada nas páginas 88 e 89 (DemonstrativoSumarizado).

Evidentemente,esteéapenasumdosformatosqueseriapossívelapresentar,nograude

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detalheque,presumivelmente,interessaàanálise,nocasoparticular.Poderíamosapresentaralgomaisresumidooumaisdetalhado.

DEMONSTRAÇÃODORESULTADONOEXERCÍCIO

(QuadroII)

R$

RECEITAOPERACIONALBRUTA

Vendadeprodutos 1.424.602

Outras 59.898 1.484.400

IMPOSTOSOBREPRODUTOSINDUSTRIALIZADOS (95.008)

Receitaoperacionallíquida 1.389.392

CUSTODOSPRODUTOSVENDIDOS (540.500)

Lucrobruto 848.892

DESPESAS

Vendas

Comissões 152.316

Outras 21.453 (173.769)

Gerais

Honoráriosdadiretoria 10.161

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Administrativas 232.083

Impostosetaxas 1.782 (244.026)

Financeiras

Depreciações,menosR$74.403milapropriadosaocustodeprodução (12.794)

Lucrooperacional 355.167

OUTRASRECEITAS(DESPESAS)OPERACIONAIS

Provisãosobreinvestimentos (32.054)

ReversãodeprovisãosobreEletrobras 2.840

Outras,líquido (73.595) (102.809)

Resultadosdoexercícioantesdoimpostoderendaepropostaà

Assembleia 252.358

PROVISÃOPARAIMPOSTODERENDA (66.657)

PROPOSTAAASSEMBLEIA

Gratificaçãoafuncionários 4.000

Porcentagensàadministração 10.161 (14.161)

Lucrolíquidodoexercício 171.540

(Lucroporaçãodocapitalsocial:R$0,51)

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DEMONSTRATIVOSUMARIZADO1

BALANÇOPATRIMONIALEM31-12-20X7

ATIVO

ATIVOCIRCULANTE

Disponibilidades 95.727

ContasaReceber 350.145

Estoques 313.761

DepósitoparaImportações 30.546

DespesasAntecipadas 4.604 794.783

ATIVONÃOCIRCULANTE

EmpresasControladas 20.440

Eletrobras(Líq.) 11.827

Outros 3.160 35.427

INVESTIMENTOS

EmpresasControladas 144.288

ImóveisdeAluguel 14.436

Outros 1.207

159.931

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(–)ProvisãosobreperdadeInvestimentos (32.054) 127.877

IMOBILIZADO 592.583 720.460 755.887

TOTALDOATIVO 1.550.670

PASSIVOEPATRIMÔNIOLÍQUIDO

PASSIVO

PASSIVOCIRCULANTE

Fornecedores 35.514

Financiamentos 79.532

ContaseDespesasaPagar 18.642

ImpostoseContribuiçõesaRecolher 59.664

ProvisãoparaImpostodeRenda 66.657

PropostasdeDistribuiçãoDividendos 71.343 331.352

PASSIVONÃOCIRCULANTE

FinanciamentosNacionais 93.216

FinanciamentosEstrangeiros 42.175 135.391

TOTALDOPASSIVO 466.743

PATRIMÔNIOLÍQUIDO

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CapitalSubscritoeIntegralizado 334.399

ReservasdeCapital 517.445

ReservasdeLucros 232.083 1.083.927

TOTALDOPASSIVOEPATRIMÔNIOLÍQUIDO 1.550.670

DEMONSTRATIVOSUMARIZADO2

DEMONSTRAÇÃODERESULTADOSPARAOEXERCÍCIODE20X7

ReceitaOperacionalBruta 1.484.400

(–) DeduçõesdeReceitas (95.008)

= ReceitaOperacionalLíquida 1.389.392

(–) CustodosProdutosVendidos (540.500)

= LucroBruto 848.892

(–) DESPESASOPERACIONAIS

Vendas 173.769

Administrativas 244.026

Financeiras 63.136

Depreciação 12.794 (493.725)

= LucroOperacional 355.167

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(–) OutrasDespesasoperacionais(líquidas) (102.809)

=ResultadodoExercícioantesdoImpostodeRendaeda

PropostadeDistribuiçãoàAssembleia 252.358

(–) ProvisãoparaImpostodeRenda (66.657)

= ResultadoLíquidodoExercício(DIR) 185.701*

(–) PropostadeDistribuição (14.161)

= LucroLíquidodoExercício 171.540*

*VejaCapítulo2,paraummelhorentendimentodosignificadoeparaanálisedosdoisitensacima.

Emalgunscasos,seráinteressanteevidenciarasdepreciaçõesacumuladaseasprovisõesparacréditosdeliquidaçãoduvidosa,bemcomoduplicatasdescontadas.

Emalgumassituações,poderemosquererreportartodasascontasouquasetodas.Oqueimportaéclassificá-lasnosgruposcirculanteenãocirculante,paramaiorfacilidadedeanálise.

Donossopontodevista,osdemonstrativosparaanálise,principalmenteemsetratandodeumaanáliseparaavaliaçãode tendência,devemserosmais resumidos.Sealgumasáreas-problema forem diagnosticadas, a análise pode ser aprofundada a qualquer momento. Umcritériopara“eleição”dascontasaseremounãoincluídasnosdemonstrativos,paraefeitodeanálise, é verificar se ultrapassam ou não certa porcentagem do total do grupo a quepertencem, do Ativo etc. Entretanto, a administração pode ter interesse em acompanhar aevoluçãode itensqueaindanãosão representativosno total,masque retratamalgumplanodeexpansão,cujaevolução,porexemplo,desejamosmonitorizarnosrelatóriosfinanceiros.

Omaiscorretoseriafazeraprimeiraanálisecomgruposomaisresumidopossívele,nasáreas-problema,efetivarumaanálisedetalhada.

Aclassificaçãoemativoepassivocirculantespossibilitavisualizar imediatamenteocapitaldegirolíquidodaempresa.

NoqueserefereaoDR,1delinearíamosodemonstrativosumarizado2dapáginaanterior.Quanto ao subgrupo “Despesas Operacionais”, é claro que seria, em muitos casos,

necessáriaumaanálisemaisdetalhada.Poroutro lado,napartedeoutras receitaseoutrasdespesas operacionais, as rendas e despesas financeiras poderiam (e em muitos casosdeveriam)serevidenciadasindividualmente.

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5.2

5.2.1

AANÃLISEHORIZONTAL

AfinalidadeprincipaldaanálisehorizontaléapontarocrescimentodeitensdosBalançosedas Demonstrações de Resultados (bem como de outros demonstrativos) através dosperíodos,afimdecaracterizartendências.

Análisehorizontaldesériesdevendas,CustodasVendaseresultado

Estaanáliseofereceavaliaçõesinteressantes.Suponha,porexemplo,aseguinteevolução:

Itemdaanálise

EMR$

20X1 20X2 20X3 20X4 20X5

Vendas 100 107 115 123 132

(–)CustodasVendas 70 76 83 91 99

=LucroBruto 30 31 32 32 33

A tabeladeanálisehorizontalsempreé realizadaem termosde índices.O índicedoanoestabelecidocomobasedasérieé100,eosvaloresdosanosseguintessãoexpressosemrelação ao índice base, 100.Assim, tomando-seVendas, o primeiro ano (20X1) é expressopelo índice100.Obviamente, o segundoano (20X2) é expressopelo índice 107.O terceiroano(emtermosdoprimeiro)teráíndiceiguala115,eassimpordiante.

JánocasodoCustodeVendas,oprimeiroanotembase100.Osegundoteráíndice109.Este índiceéobtidodividindo-se76por70emultiplicando-sepor100,oumultiplicando-seoquociente 100/70 por 76.Este segundo procedimento émelhor, pois, no caso de uma sériemuito longa, basta considerar 100/70 como fator constante, colocar na memória dacalculadora e multiplicar sucessivamente por todos os valores seguintes, obtendo-seautomaticamenteosíndices.Assimprocedendo,osíndicesseriam:100,109,119,130e141.

Comparemos,agora,osíndicesdasduasséries:

Itemdaanálise 20X1 20X2 20X3 20X4 20X5

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Vendas 100 107 115 123 132

CustodasVendas 100 109 119 130 141

Note-se que Custo das Vendas está crescendo mais rapidamente do que Vendas. Istolevou, como vimos, à estagnação do Lucro Bruto. Todavia, a tendência é pior do que podeparecer à primeira vista. Se calcularmos a taxa implícita média (composta) de crescimentoanual das duas séries, veremos queVendas cresce cerca de 7%, ao passo queCusto dasVendascresce9%.Defato,seaplicarmosafórmuladoMontante(MatemáticaFinanceira),asduassériesseriamassimexpressas(desprezandoosanosintermediários):

Vendas:

um capital inicial deR$ 100 rendeu, no fim de 4 anos, R$ 32, ou se transformou numMontantedeR$132.

Assim,R$100×(1+i)4=132.

Resolvendo em i, esta é (aproximadamente) igual a 0,07 ou 7% a.a., capitalizaçãocomposta(7,19%,maisexatamente).

Defato,R$100×(1,07)4R$100×1,32=R$132.

CustodasVendas:R$70×(1+i)4=99;

i=9%a.a.,capitalizaçãocomposta(9,05%,maisexatamente).

Se tal tendênciapersistir,anochegaráemqueovalordoCustodasVendasalcançaráovalordasVendase,obviamente,apartir daqueleperíodo,haveráprejuízos.Éclaroque emnossoexemplodemorariamuitosanospara istoacontecer,poisadiferençaentreoscapitaisiniciaiségrandeeadiferençadetaxasérelativamentepequena.

SeasVendasforemdeR$100nofimdoanoX0,crescendoaumataxade10%aoanoeoCustodasVendasR$90crescendoa15%aoano,teríamos(aproximadamente):

Fimdo1o

AnoFimdo2o Fimdo3o Fimdo4o Fimdo5o

Itemdaanálise (X1) (X2) (X3) (X4) (X5)

Vendas 110 121 133 146 161

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CustodasVendas 104 120 138 159 183

Verifica-sequenofimdoterceiroanojáincorreríamosemprejuízo(nasvendas).É claro quemuitos eventos poderiam ocorrer e que tenderiam a reverter ou amenizar a

tendência.Umdeles,semdúvida,poderiaserconfiguradopelasprovidênciasquetomaríamosapartirdatomadadeconsciênciasobreatendênciadesfavorável.

Estetipodeanáliseéaplicável tambémasériesmaiscompletasdereceitasedespesas.Emúltimaanálise,todaaDemonstraçãodeResultadospodeseranalisadahorizontalmente.Éclaroquenemsemprepoderemosrealizarcomtantafacilidadeoscálculosdetaxaimplícitadecrescimento, especialmente quando houver reversão de tendência de um ano para outro.Entretanto,éuminstrumentalquepodeserutilizado,àsvezes.

OBalançotambémtemsuaanálisehorizontalrealizadaitemporitemougrupoporgrupo.Os leitores terão oportunidade de efetuar uma análise horizontal e vertical completa em

exercícioposterior.Oqueinteressaagoraécaracterizá-las.Umproblemaquemuitoafetaasignificânciadaevoluçãohorizontaldosíndiceséainflação

(se as contas não estiverem corrigidas pela correção integral, lembrando que a correçãomonetária foi extinta no Brasil em 1995, o que de certa forma impede as empresas deatualizaremasdemonstraçõescontábeisparacorrigiraperdadainflaçãodoperíodo).

AssériesdeVendaseDespesassãocompletamentealteradas,se levarmosemcontaainflação,mudandoocomportamentodosíndicesdeformaponderável.ÀmedidaqueoCustodasVendascontenhaparcelasdeestoquesantigosequeoestoque final sejapequenocomrelaçãoao inicial,oCustodasVendas tenderáasofrerumacorreçãomaiorqueasVendas.Poroutro lado,asdespesasdedesembolso(salários,despesasadministrativasetc.) tendema ser corrigidas pelos mesmos coeficientes de vendas. A amortização de intangíveis e asdepreciações,emmédia,têmumcoeficientedecorreçãobemmaiorqueodasvendas.Assim,demaneirageral,pode-seafirmarque,seemvaloreshistóricosasdespesascresceremmaisrapidamente que as receitas, em valores corrigidos a tendência, geralmente, poderá seracentuada.Seasdespesascresceremmenosrapidamentequeasreceitasnodemonstrativohistórico,atendênciaseatenuaránosdemonstrativoscorrigidos.Seocrescimentoforidênticonos valores históricos, as despesas tenderão a crescer mais a valores corrigidos. Poderáhavercasos,todavia,emqueoacimadescritonãoocorrerá,notodoouemparte.

AanálisehorizontalaplicadaaitensdoBalançotemomesmosignificadoqueaaplicadaaitensdoDR.Trata-sedediscerniroritmodecrescimentodosváriositens.Algunsitens,como,por exemplo, o Disponível, desejamos controlá-los de maneira especial. Todavia,frequentemente a análise horizontal ganha sentido apenas quando aliada à vertical. Porexemplo, o disponível pode ter crescido em valores absolutos, mas sua participaçãopercentualsobreoativocirculanteoutotalpodeter-semantidoconstanteouatéterdiminuídopor causa do aumento do giro e das dimensões da empresa. Se o objetivo é manter oDisponível a um mínimo possível, é preciso tomar muito cuidado com a análise do seucrescimento.Aanálisehorizontaleaanáliseverticaldevemserutilizadasconjuntamente.

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5.3 AANÃLISEVERTICAL

Este tipo de análise é importante para avaliar a estrutura de composição de itens e suaevoluçãono tempo.SuponhamosquedeterminadoEstadoapresenteaseguinteevoluçãodeDespesasPúblicas:

DespesasemR$ 20X2 20X3 20X4

DespesasCorrentes 800 1.000 1.300

DespesasdeCapital 1.500 1.800 2.250

DespesasTotais 2.300 2.800 3.550

ApolíticadeprioridadesdaqueleEstadohaviasidodeclaradacomosendoadeaumentaraparticipaçãodadespesade capital (basicamente investimentos) sobreadespesa total.Terásidobem-sucedida?

Peloqueosnúmerospodemindicar,claramente,não,pois,em20X2,adespesadecapitalrepresentava65%dadespesatotal.Em20X3,passouarepresentar64%e,em20X4,63%.Embora tivesse declinado lentamente, participação percentual declinante da despesa decapitalrepresentaalgodesfavorável,noqueserefereaoobjetivosupramencionado.Aliás,emmatériadeentidadesestaduais,federaisemunicipais,éextremamentedifíciledolorosomudara representatividade percentual destes dois itens sobre a despesa total. Muitas vezes, umacréscimo desmesurado de investimentos, não devidamente acompanhado pela adequadamanutenção(queexigepessoalbemremunerado,materiais,e,portanto,despesascorrentes)dosserviços,resultaemdeterioraçãodosserviçosprestadosàpopulação.

ACompanhiaMidas assim apresentava a evolução dos grupos do Ativo em relação aoAtivoTotal(valoresexpressosemmoedade20X9):

Itemdaanálise 20X6 % 20X7 % 20X8 % 20X9 %

Disponibilidades 20 6 15 3,5 10 2 8 1,5

ValoresaReceberaCurtoPrazo 90 27 85 20 20 5 22 4

Estoques 60 18 80 19 110 25 130 24

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ValoresaReceberaLongoPrazo 10 3 20 5 25 6 30 6

Imobilizado 150 44 200 48 250 57 300 56

Investimentos 5 1 15 3,5 15 3 30 6

Diversos 3 1 5 1 10 2 12 2,5

338 100 420 100 440 100 532 100

Observe-sequeoativototalteveacréscimode24%entre20X6e20X7.De5%,de20X7

para20X8.De21%,de20X8para20X9.Dentre os grandes itens, nota-se diminuição da participação doDisponível sobre o Ativo

Total,oquepodeserótimo indício.Osestoquessofremacréscimode18para19%,epara25%em20X8,decrescendoligeiramentesuaparticipaçãoem20X9,nonívelde24%,porémacima do nível inicial. Seria preciso investigar o porquê disso e com quais fundos foiaumentadaaparticipaçãodosestoques.Emparte,talvezissotenhasidopossívelpelamelhoradministraçãodoDisponível.

Vejamos o que ocorre com osRecebíveis aCurto Prazo: diminuem bastante de 20X6 a20X7, passando de 27% para 20%. Sofrem decréscimo brutal em 20X8, o qual deverá serinvestigadoquantoàsverdadeirascausas.Entretanto,mantêm-sebaixosem20X9.Estesdoisúltimosvalorespodemserindicativosdequeaempresapraticamentenãovendeuaprazo(oudeoutrosfatores).Dequalquerforma,podeseraltamentepositivaadiminuiçãopercentualdosDisponíveiseRecebíveissobreoAtivoTotal.

Em compensação, a empresa conseguiu transferir recursos consideráveis parainvestimento em imobilizado. Este aumentou sua participação de 44%, em20X6, para 48%,em 20X7, e 57%, em 20X8,mantendo-se praticamente estável em 20X9. A empresa tenhatalvez decidido usar recursos de caixa e equivalente de caixa e recebíveis para investir emestoqueseimobilizado.Seria,poroutrolado,necessárioanalisaracomposiçãodasfontesderecursosparase teruma ideiamelhordoqueocorreu.Seestaanáliserevelar,porexemplo,que o endividamento de longo prazo não se alterou muito e que não houve acréscimos decapitalporsubscrição,efetivamenteaexpansãodoimobilizadopodetersidoobtidaàscustasdeumaretraçãodocapitaldegirolíquido.Énecessário,todavia,analisarcomosecomportaoExigívelaCurtoPrazo.Éprovávelquetenhapelomenosmantida,senãoaumentada(dadasas hipóteses de não crescimento do endividamento a longo prazo e do capital), suaparticipação. Será necessário analisar mais adequadamente a situação de liquidez e suatendência.

No Demonstrativo Operacional (DR), a análise vertical pode ser até de maior utilidade.Observeoquadroabaixo:

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COMPANHIAMIDAS

DEMONSTRAÇÕESDERESULTADOS(EMMOEDADE20X4)

Itemdaanálise 20X3 20X4

Vendas R$385 100% R$520 100%

(–) CustodasVendas R$193 50% R$244 47%

=Lucrocom

Mercadorias R$192 50% R$276 53%

(–)Despesas

Operacionais

SaláriosR$

8065% R$115 65%

DepreciaçõesR$

108% R$15 8%

Impostos R$8 6% R$12 7%

OutrasR$

2521% R$123 32% R$36 20% R$178 34%

= LucroOperacional 69 18% R$98 19%

(–) DespesasFinanceiras* R$10 3% R$36 7%

= Lucro(AIR) R$59 15% R$62 12%

(–)Provisãopara

ImpostodeRenda R$19 5% R$22 4%

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1.

= LucroLíquido R$40 10% R$40 8%

*ConsideradascomoitemNãoOperacional.

Aanáliseverticaléextremamentereveladora,nestecaso.Verifica-sequeatéoitem“LucroOperacional”aempresamanteveeatémelhorouodesempenhoemrelaçãoa20X3.Defato,o custo das vendas que representava 50% das mesmas diminuiu para 47%, aumentando,portanto, a participação do lucro com Mercadorias. Entretanto, verifica-se acréscimopercentual das Despesas Operacionais, as quais passam de 32% para 34%. Interessantenotarque,dentrodogrupoDespesasOperacionais,seuscomponentesindividuaismantêmasparticipaçõescomrelaçãoaototaldeDespesasOperacionais.Poralgummotivo,aempresanãoconseguiucontrolarasdespesasoperacionaisaomesmonívelpercentualde20X3,comrelação às vendas. Isto foi quase o suficiente para anular a vantagem obtida no custo dasvendas.

No item Despesas Financeiras verifica-se o fator primordial que fará o desempenho daempresa empobrecer, pelo menos no que se refere o DR. Passaram de 3%, porcentagembaixa, para 7% das vendas, mais alta, embora não alarmante. Quais os motivos destamudança? É preciso investigar em profundidade, tentando alterar o comportamento. Emconsequência da piora no item Despesas Financeiras, todos os demais relacionamentos sedeterioram. De um lucro líquido de 10% sobre as vendas passamos para 8%, embora emvaloresabsolutospermaneçamiguais.

Esta deterioração da margem, entretanto, talvez possa ser recuperada pelo ganho, sehouver,narotaçãodoativopelasvendas,comoveremosmaisadiante.

Nãoéaltamenteprovável, todavia,quearotaçãotenhaaumentadoapontodecancelaraperdanamargem.Istoporque,portertidoumadespesafinanceiramaisalta,provavelmenteaempresaobteveempréstimos,osquaisdevemteraumentadoasaplicaçõesnoativo.Todavia,seránecessáriaumaanálisemaisdetalhadaparaumamelhorconclusão.

Comoafirmamosanteriormente,aanálisedebalanços revelamaisáreasdeproblemasaserem investigadasdoquesoluções. Istonoquese refereàanálise completa.Oquedizer,então, de uma pequena parte da análise, qual seja o cálculo das porcentagens verticais?Entretanto, o “contador e os gestores poderão commentalidade de analista” discernir umasérie de fatores que motivaram certo comportamento e apontá-los aos interessados eresponsáveis pela empresa. Não se devem esperar, todavia, resultados imediatos, comoconsequênciadeumaanálise,anãoseremcasosextremamenteevidentes.

RESUMODOCAPÍTULO

O trabalho de preparação dos dados para a análise de balanços envolve algumas etapasbásicas,asaber:

Revisãodosdemonstrativosfinanceirosporauditoresindependentesouinternos.

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2.

3.

4.

5.

6.

1.

Agrupamento e reagrupamento dos balanços apresentados da forma tradicionalnumaformamaisadequadaparaaanálise.Tirar o efeito da inflação dos demonstrativos financeiros, tornando-os comparáveisemtermosdepoderaquisitivodeumamesmadata(CorreçãoIntegral).Efetuar a análise horizontal e vertical dos demonstrativos ou da série dedemonstrativos.Coletar as demonstrações contábeis2 das empresas com as quais deveremoscompararnossasanálises.Coletaraspublicaçõesespecializadasquecomparamosprincipaisíndicesdasmaioresempresas.Tersempreemmenteosquocientes-padrãoestabelecidospelaprópriaempresa,seexistirem.

Asanáliseshorizontalevertical sãomuito importantescomoetapapreparatóriaàanáliseporquocientespropriamentedita.Todavia,tenha-seemmentequealgumasanálisesverticaisjá representamquocientes.Porexemplo,aanáliseverticaldodemonstrativode resultados járelaciona uma série de itens de despesa e resultados comas vendas.Como veremosmaisadiante,olucrolíquidosobreasvendaséumdoscomponentesdocálculoderetornosobreoinvestimento.

Conclusões apressadas devem ser evitadas a partir das análises vertical e horizontal,tomadas isolada ou conjuntamente. Somente a apreciação conjunta dos vários quocientespoderádarumaideiamaisnítidadasituaçãodaempresa.

EXERCÍCIORESOLVIDO

ACompanhiaSinapseapresentouaseguinteevoluçãoparaasReceitas,DespesaseLucro:

EmR$milhões

Descrição/Ano 20X1 20X2 20X3 20X4 20X5 20X6

Receitasglobais 113 125 168 198 215 312

Despesas 96 101 125 159 189 212

Lucro 17 24 43 39 26 100

Os índices gerais de preços, no meio de cada ano, foram os seguintes: 20X1, 2.300;20X2,2.450;20X3,2.589;20X4,3.000;20X5,3.400;20X6,3.800.

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Apenasnoanode20X6,houveumganhoextraordináriodeR$55,incluídonasReceitas.Pede-se: Efetuar a análise horizontal. Como a inflação modificaria a análise? Como

considerariaoGanhoExtraordinárioem20X6?Aempresanãomantémestoques.

SOLUÇÃO

CoeficientesdeCorreção:3.800/2.300=1,65;3.800/2.450=1,55;3.800/2.589=1,47;3.800/3.000=1,27;3.800/3.400=1,12;3.800/3.800=1,00.

Observação:

Oganhoextraordináriode20X6deveriasersubtraídodareceita20X6nessecaso.Todavez que pretendemos extrair de uma série alguma tendência, devemos excluirresultadosanormaisounãorecorrentes.Entretanto,podemoseventualmenteconsiderarreceitas não operacionais (despesas), desde que recorrentes e usadas noempreendimento.

Apresentamos, a seguir, o quadro de Receitas, Despesas e Lucros já corrigidos peloscoeficientes,comosíndicesdeanálisehorizontal:

COMPANHIASINAPSEQUADROCORRIGIDODERECEITAS,DESPESASELUCROSEMMOEDADE20X6

EmR$milhões

Descrição/Ano 20X1 20X2 20X3 20X4 20X5 20X6

× × × × × ×

Coeficientedecorreção 1,65 1,55 1,47 1,27 1,12 1,00

Receitas 186 194 247 251 241 257

(–) Despesas 158 157 184 202 212 212

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= Lucro 28 37 63 49 29 45

Índices

Receitas 100 104 133 135 130 138

Despesas 100 99 116 128 134 134

Lucro 100 132 225 175 104 161

Osvaloreseíndicescalculadosapósacorreçãopelainflação,quandocomparadoscomos valores e índices nominais (esses últimos a serem calculados), falam por si só. Naverdade,nasériecorrigidaapontamosumdecréscimo realde receitade20X4a20X5quenãoconstadodemonstrativohistórico.Considere-se, todavia,queadmitimosqueo impactoda inflação na série de receitas e despesas é o mesmo, na falta de outras informações.Usualmente, entretanto, o impacto sobre os itens de despesa émaior do que sobre os dereceita,anãoserqueasdespesassejamtodasde“desembolso”.

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1

2

_____________

DR=DemonstrativodeResultados(DemonstraçãodosResultadosdoExercício).

No texto, utilizamos as expressões demonstrações e demonstrativos contábeis comosinônimosdasdemonstraçõesedemonstrativosfinanceiros.

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6.1 INTRODUÇÃOGERALAOCÁLCULODEQUOCIENTES

Aanálisedebalançosencontraseupontomaisimportantenocálculoeavaliaçãodosignificadodequocientes,relacionandoprincipalmente itensegruposdoBalançoedaDemonstraçãodoResultado.Passaremosaexporas formasdecálculo, o significadoeas limitaçõesdecadaumdosprincipaisrelacionamentos.

Atécnicadeanálisefinanceiraporquocienteséumdosmaisimportantesdesenvolvimentosda Contabilidade, pois é muito mais indicado comparar, digamos, o ativo corrente com opassivocorrentedoquesimplesmenteanalisarcadaumdoselementosindividualmente.1

O analista externo à empresa normalmente estará apenas de posse dos balanços,demonstrativosoperacionaiseoutraspoucasinformaçõesadicionais,aopassoqueoanalistainternopoderádispordosdetalhessomenteencontradosnosregistrosanalíticosdaempresa.

Ousodequocientestemcomofinalidadeprincipalpermitiraoanalistaextrairtendênciasecompararosquocientescompadrõespreestabelecidos.Afinalidadedaanáliseémaisdoqueretrataroqueaconteceunopassado;as informaçõespregressas fornecemsemprealgumasbasesparainferiroquepoderáacontecernofuturoeassimidentificartendênciasquepodemcontribuirparadecisõespreditivas.

As limitaçõesdaanálisedebalançosprendem-sebasicamenteàdiversidadedemétodoscontábeisadotadospelasempresas,mesmodentrodomesmosetor,deque já tratamosnoCapítulo 2. Também a própria natureza estritamente financeira das indagações retrata aslimitações implícitas em todo o método contábil. Entretanto, os quocientes, devidamentecalculados sobre demonstrativos depurados dos efeitos do “embonecamento” (o windowdressing dos americanos, que consiste nas manipulações frequentemente utilizadas pelosautoresdosdemonstrativos,nosentidodemelhoraraaparênciaderesultadosdosmesmos),auditados e analisados por analista experimentado, comparados com padrõespreestabelecidos, são de grande utilidade para a tomada de decisão dos gestores daempresa.

Uma das vantagens frequentemente citadas da análise por meio de quocientes é que,dividindo-se um valor por outro, os efeitos da inflação são depurados. Isto, entretanto,somenteacontecebasicamentecomosíndicesfinanceiros.Teremosoportunidadedeverificar

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6.2

6.2.1

que os índices de rentabilidade e outros são completamente diferenciados, conformedepuremosounãoosefeitosdainflaçãosobreosdemonstrativos.

A periodicidadeda análise dependedos objetivos que se pretendaalcançar. Tratando-sedeanáliseparafinalidadesexternas,basicamenteumcálculoanualousemestralésuficiente.Para a análise gerencial interna, alguns índicesmerecerão acompanhamentomensal, outrosatédeintervalosmaiscurtos,dependendodequantocríticosejaoíndicecomoumdossinaisdealarmedosistemadeinformaçãocontábil-financeiro.

ANÁLISEDALIQUIDEZEDOENDIVIDAMENTO

Este tópico engloba os relacionamentos entre contas do balanço que refletemuma situaçãoestática de posição de liquidez ou o relacionamento entre fontes diferenciadas de capital.Reitera-se a importância de todos os quocientes ou grupos de quocientes, muito emborapercam em significação se não forem analisados em conjunto com outros grupos. No casoespecífico, os quocientesde rentabilidadeedeatividade têm, ao longodosanos, umefeitomuito grande sobre os de liquidez. Já no que se refere à posição de endividamento,muitasvezes ela é o foco inicial de uma boa ou má situação de rentabilidade futura. Na verdade,liquidez e rentabilidade interagem entre si, levando a uma determinada configuraçãoempresarial.

Principaisquocientesdeliquidez

Estequocienterepresentaovalordequantodispomosimediatamenteparaliquidarnossasdívidasdecurtoprazo.Considere-sequeacomposiçãoetáriadonumeradoredenominadorécompletamente distinta. No numerador temos fundos imediatamente disponíveis. Nodenominador, dívidas que, embora de curto prazo, vencerão em 30, 60, 90, 180 e até 365dias.Assim,acomparaçãomaiscorretaseriacomovalorpresentede taisvencimentos,oucolocando-se no denominador o valor que pagaríamos se nos dispuséssemos a pagar asdívidas de curto prazo hoje, de uma só vez. Provavelmente obteríamos um desconto. Estequociente já teve uma importância maior, quando a existência de mercado financeiro e decapitaiserarestrita.Hoje,semdesprezar-secertolimitedesegurançaqueirávariardeacordocomanaturezadoempreendimento,comotamanhodaempresaeo“estilo”daadministração,semdúvidaque,naverdade,seprocuraterumarelaçãodisponível/passivocorrenteamenorpossível, em cada data. É claro que não podemos correr o risco de não contar comdisponibilidades quando as dívidas vencerem. Todavia, o orçamento de caixa é o melhorinstrumento para prever ou prevenir tais acontecimentos. Devemos lembrar, por outro lado,que disponível ocioso perde substância líquida quando nos encontramos em períodos deinflação.

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Estequocienterelacionaoquantodispomos,imediatamente,dedisponíveiseconversíveis(de curto prazo) em dinheiro, com relação às dívidas de curto prazo. É um índice muitodivulgadoe frequentemente consideradocomoomelhor indicadorda situaçãode liquidezdaempresa. É preciso considerar que no numerador estão incluídos itens tão diversos como:disponibilidades, valores a receber a curto prazo, estoques e certas despesas pagasantecipadamente.Nodenominador,estão incluídasasdívidaseobrigaçõesvencíveisacurtoprazo.2

No quociente de liquidez é preciso, como de resto para muitos outros quocientes,atentarmosparaoproblemadosprazosdosvencimentosdascontasareceberedascontasapagar. Por outro lado, a inclusão dos estoques no numerador pode diminuir a validade doquociente como indicadorde liquidez.Suponhaqueaempresanormalmentedemore90diaspara receber suas vendas a prazo. Os estoques levam, em média, 120 dias para seremvendidos, sendo 30%das vendas à vista, e o restante, a prazo.Ograu de conversibilidadedos vários itens que compõem o numerador do quociente é muito variado. Temosdisponibilidades imediatas,valoresareceberquesetransformarãoemdinheiroem90diaseestoquesque,em120dias,proporcionarãoumaentradaadicionalemcaixade30%docustomais a margem de lucro. Por outro lado, as vendas a prazo derivantes dos estoquesdemorarão 120mais 90 dias para serem recebidas emdinheiro.Ograu de risco, por outrolado,écompletamentediferente.Odisponívelnãotempraticamenterisco.Osrecebíveistêmumriscoassociadoàocorrênciadedevedoresinsolváveis,eosestoquestêmumriscomuitomaior, que é o da própria incerteza da venda, a qual, em certas circunstâncias, pode serapreciável. Suponhamos que se espere uma fase de recessão conjuntural para os próximosmeses. É muito provável que os estoques se transformem em dinheiro muito maisdemoradamenteouatétenhamdeserbaixadoscomoperda,casosejamdeterioráveis.

Exemplo:Certaempresamantémemt0umDisponívelde$100.000.Osvaloresarecebersãode$450.000,comosseguintesvencimentos:$100.000daquia30dias,$170.000daquia60dias,$180.000daquia90dias.Oestoque,novalorde$100.000,vaidemorar30diasemmédiaparasetransformaremvenda(vamosconsiderarqueaempresasomentevendeaprazo) e, uma vez se transformando em recebíveis, com 30% de lucro sobre o custo,vencerão:$29.900em30dias,$49.111em60diase$50.989em90dias.Poroutrolado,aprovisão para crédito de liquidação é de 10% de todos os saldos de contas a recebervencíveisemcadadata(porsimplificação).Osvaloresapagarde$325.000vencemem30dias.Ataxaadequadadedescontoéde3%aomês.Comoanalisariaaposiçãodeliquidez?Naverdade,aoaplicarsimplesmenteafórmula,teríamosumquocienteiguala

Paracadarealdeexigibilidadeacurtoprazo,estaríamoscontrapondo2reaisderecursosimediatamentedisponíveisparafazerfrenteataiscompromissos.

Entretanto,esteéumcálculoumtantootimista.Arigor,deveríamoscalcularvaloresatuais,nonumeradoredenominador.(Ededuzirasprovisões,seelasjánãoforamlançadas.)

0dias 30dias 60dias 90dias 120dias

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Disponibilidades 100.000

Valoresa

Receber 100.000 199.900 229.111

(–) Provisãopara

Créditode

Liquidação

Duvidosa

(10.000) (19.990) (22.911)

ValoresLíquidos 100.000 90.000 179.910 206.200

ValoresAtuais3 100.000 + 87.379 + 169.582 + 188.702 + 40.773

ValorAtualdas

DívidasdeCurto

Prazo4 315.534

Nocaso,oquocientenãodiminuiumuito,emparte,portermosconsideradoumacréscimodeR$30.000nonumeradorpelamargemdelucroenvolvidanoestoque.

Assim,éprecisotomarmuitocuidadoparaavaliarasinalizaçãorealdenossoquocientedeliquidezcorrente(edeváriosoutrosqueenvolvemprazosdiferentesdevencimentodedireitoseobrigações).

Esta é uma variante muito adequada para se avaliar conservadoramente a situação deliquidezdaempresa.Eliminando-seosestoquesdonumerador,estamoseliminandoumafontede incerteza. Por outro lado, estamos eliminando as influências e distorções que a adoçãodeste ou daquele critério de avaliação de estoques poderia acarretar, principalmente se os

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critérios foramalteradosao longodosperíodos.Permaneceoproblemadosprazosdoativocirculante (no que se refere aos recebíveis) e do passivo circulante. Em certas situações,pode-se traduzirnumquocientebastanteconservador,vistoaalta rotatividadedosestoques.O quociente apresenta uma posição bem conservadora da liquidez da empresa emdeterminadomomento,sendopreferidopelosemprestadoresdecapitais.

Este quociente serve para detectar a saúde financeira (no que se refere à liquidez) delongoprazodoempreendimento.Maisumavez,oproblemadosprazosempobreceosentidoeautilidadedoquociente, a não ser que seja explicitamente levadoemsuadevida conta.Osprazos de liquidação do passivo e de recebimento do ativo podemser omais diferenciadospossível, aindamais se considerarmos que temos passivo e ativo a longo prazo. Às vezes,acontece que os índices de liquidez corrente e seca se apresentam como razoáveis emdecorrência de vultosos empréstimos a longo prazo. Assim, ao calcularmos oQuociente deLiquidez Corrente, o numerador estará afetado para mais, pela entrada do disponível, aopassoqueodenominadornãoseráafetado,poissomenteopassivocirculanteéconsiderado.Entretanto,aposiçãodelongoprazopodesermuitomenosfavorável.Senãocontarmoscomgrandes aplicações em Valores a Receber de Longo Prazo, a posição de liquidez no longoprazoficarácomprometida.

Suponha,emt0,aseguintesituação:

Em$

AtivoCirculante 100

AtivoNãoCorrente(SomenteRealizávelaLongo) 10 110

PassivoCirculante 100

ExigívelaLongoPrazo 0

PatrimônioLíquido 10 110

OQuocientedeLiquidezCorrenteseriaiguala1.Vamossuporque,logoemseguida,obtenhamosumempréstimoalongoprazode50.O Ativo Circulante se alteraria para 150. O Passivo Circulante ficaria inalterado, e o

ExigívelaLongoPrazoaumentariade0para50.Se,nessemomento,confiássemosapenasnoQuocientedeLiquidezCorrenteparaavaliar

asituaçãodesolvênciadaempresa,resultariaiguala1,5.Entretanto,aposiçãoéilusória,no

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6.2.2

longoprazo,poisoQuocientedeLiquidezGeralé

Émuitoimportante,assim,associarmososváriosquocientesdeliquidezentresi.

Principaisquocientesdeendividamento(estruturadecapital)

Estes quocientes relacionam as fontes de fundos entre si, procurando retratar a posiçãorelativa do capital próprio com relação ao capital de terceiros. São quocientes de muitaimportância, pois indicam a relação de dependência da empresa com relação a capital deterceiros.

Este quociente (também conhecido por “Debt Ratio”), de grande relevância, relaciona oExigível Total (capitais de terceiros) comosFundosTotaisProvidos (por capitais próprios ecapitaisdeterceiros).

Expressaaporcentagemqueoendividamentorepresentasobreosfundostotais.Tambémsignificaqualaporcentagemdoativototaléfinanciadacomrecursosdeterceiros.

Nolongoprazo,aporcentagemdecapitaisdeterceirossobreosfundostotaisnãopoderiaser muito grande, pois isto iria progressivamente aumentando as despesas financeiras,deteriorandoaposiçãoderentabilidadedaempresa.

Entretanto,muito irá depender da taxa de retorno ganha pelo giro no ativo dos recursostomados por empréstimo, quando comparada com a taxa de despesas financeiras sobre oendividamento.

Seataxadedespesasfinanceirassobreoendividamentomédiosemantivermenorqueataxa de retorno obtida pelo uso, no giro operacional, dos fundos obtidos por empréstimo, aparticipação de capitais de terceiros será benéfica para a empresa, desde que isto nãodeterminesituaçãodeliquidezinsustentávelemdeterminadosdias,semanasoumesesdoano.Analisaremosesteponto,emdetalhe,quandotratarmosda“alavancagemfinanceira”.

Éoutraformadeencararadependênciaderecursosdeterceiros.Seoquociente,durantevários anos, for consistente e acentuadamente maior que um, denotaria uma dependênciaexageradade recursosde terceiros.Estequocienteéumdosmaisutilizadospara retrataroposicionamento das empresas com relação aos capitais de terceiros. Grande parte dasempresas que vão à falência apresenta, durante um período relativamente longo, altosquocientes de Capitais de Terceiros/Capitais Próprios. Isto não significa que uma empresacomumaltoquocientenecessariamenteiráàfalência,mastodasouquasetodasasempresasquevãoàfalênciaapresentamestesintoma.Daíocuidadoquedevesertomadocomrelaçãoà projeção de captação de recursos quando vislumbramos uma necessidade ou uma

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oportunidadedeexpansão.Deverãoser,namedidadopossível,projetadososefeitos(sobreos demonstrativos financeiros futuros) das políticas alternativas de captação de recursospróprios (capitaisde risco)ede terceirosouumaadequadacombinaçãodeambos,que,àsvezes,éamelhoralternativa.

RepresentaacomposiçãodoEndividamentoTotalouqualaparcelaquesevenceaCurtoPrazo,noEndividamentoTotal.

A empresa em franca expansão deve procurar financiamento, em grande parte, comendividamentodelongoprazo,deformaque,àmedidaqueelaganhecapacidadeoperacionaladicional com a entrada em funcionamento dos novos equipamentos e outros recursos deprodução,tenhacondiçõesdecomeçaraamortizarsuasdívidas.Poristoéquesedeveevitarfinanciarexpansãocomempréstimosdecurtoprazo,anãoserqueoperíododePaybackdosativossejacurtíssimo,fatoqueraramenteocorre.

Obviamente,osquocientesaectêmseuscomplementos;assim,sequisermossaberqualaporcentagemdeativofinanciadaporrecursospróprios,bastasubtrairmos1doquocientea;da mesma forma, se desejarmos conhecer qual a participação do Endividamento de LongoPrazosobreoEndividamentoTotal,bastatambémsubtrairmos1doquocientec.

Cadaempreendimentopossuiumaestruturaotimizantedecomposiçãode recursosenãoexistem, a rigor, regras fixas. A natureza do endividamento, as taxas de juros, os riscos,quando comparados com o retorno que tais recursos propiciam, uma vez investidos, devemser,porsuavez,comparadoscomoscustosalternativosdacaptaçãodecapitalderisco.Maisimportantedoqueumaposiçãoestáticade taisquocientesésuaevoluçãono tempoeseusefeitos sobre a rentabilidade da empresa. Mesmo que durante certo tempo a empresa setenhabeneficiadodeumaaltataxadeendividamento,surgiráomomentoapartirdoqual,pelagrandezadoscustos financeiros,oendividamentoadicionalnãoserámaisdesejável,mesmoporqueos emprestadores de dinheiro, a partir de certo grau de endividamento da empresa,veem aumentar seus riscos de emprestar e não receber, aumentando, portanto, a taxa dejuros.Istoocorrenãoapenascomempresas,mastambémcomindivíduoseatécomnações.É um fenômeno natural do mercado financeiro, que exige maiores retornos para riscosmaiores.

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3

4

5

6

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Como vimos, ativo corrente é equivalente a ativo circulante, omesmo ocorrendo comopassivo.Poroutrolado,quandousamosDemonstrativoouDemonstraçãodeResultados,referimo-nosàmesmademonstração,cujadenominaçãocorreta,pelaLeino6.404/1976,éDemonstraçãodoResultadodoExercício.

Curtoprazo,deacordocomaLeino6.404,de15-12-1976,éoperíodoquevaiatéofimdoexercícioseguinte,aoqualserefereobalançoanalisado.

Às vezes, incluímos no numerador, excepcionalmente, certos investimentos financeirosassemelháveisavaloresareceberalongoprazo.

ExigívelTotal =PassivoCirculante+PassivoExigível a longoprazo.Veja o item 12.2.7paraesclarecimentosadicionais.

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Estes quocientes, importantíssimos, representam a velocidade com que elementospatrimoniaisserenovamdurantedeterminadoperíodode tempo.Porsuanatureza, têmseusresultados normalmente apresentados emdias,meses ou períodosmaiores, fracionários deumano.Aimportânciadetaisquocientesconsisteemexpressarrelacionamentosdinâmicos–daí a denominação de quocientes de atividade (rotatividade) – que acabam, direta ouindiretamente, influindo bastante na posição de liquidez e rentabilidade. Normalmente, taisquocientes envolvem itens do demonstrativo de posição (balanço) e do demonstrativo deresultados,simultaneamente.

Estequociente,muitodivulgado, procura (mensuradopelo custodas vendas) representarquantasvezesse“renovou”oestoqueporcausadasvendas.

Assim,umaempresaquevendeumercadorias (ouprodutos)quecustaramR$100.000equemanteveumestoquemédioduranteoperíododeR$20.000teráumquocientederotação

de vezes, durante o período considerado. Isto significa que o estoque

demora,emmédia,2,4mesesparaservendido,seoperíodoforanual.Alega-se que, quanto maior a rotatividade, tanto melhor; e isto certamente é verdade,

desdequeamargemdelucrosobreasvendassemantenhaconstanteou,sediminuir,diminuirmenosdoqueoaumentodarotação.

Suponhamosqueumaempresamantenhaumarotaçãodeaproximadamente6vezesnumperíodo,resultantede:

Suponhamos,ainda,queaosR$3.000.000decustocorrespondamR$4.500.000emvalorde venda. Amargem de lucro em vendas da empresa será de cerca de 0,33, isto é, 33%.Porém,admitamosqueaempresa,numconsiderávelesforçodevendas,mantendooestoquemédiodeprodutosaummínimopossível,consigavender$6.000.000,mantendoumestoquemédiode$700.000.Todavia,ocustodasvendas,porcausadoesforçorealizado,redundando

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em maiores despesas, absorve 75% das vendas em vez de 67%, como anteriormente. Arotaçãodoestoqueserá,defato,maior,istoé,igual vezes,masolucro

manter-se-ia igual em valores absolutos (R$ 1.500.000) e declinaria comoporcentagemdasvendasde33%para25%.

Portanto, um acréscimo da rotação do giro não significa, necessariamente, aumento delucro. Além disso, alguns acréscimos de despesa derivantes do esforço adicional de venda(comodespesasfinanceirasparaempréstimosdecapitaldegironecessáriosparasustentaravendaadicional)nãoseriamincluídosnoCustodosProdutosVendidos,oquetalveznosleveaanalisaroefeitodeumacréscimodarotaçãosobreolucrolíquido,enãosobreolucrobruto.

Um problema adicional com este quociente relaciona-se com o método de avaliação doestoquee comocálculodoestoquemédio.Naapreciaçãodoquociente, devemos levaremcontaométododeavaliaçãoutilizado.Quantoà formadecalcularoestoquemédio,sempredevemos recorrer ao maior número possível de observações. Se estivermos calculando oquocienteanualmente,evitaremos,desdequepossível,ousoapenasdoestoqueinicialefinal,e muito menos de um dos dois isoladamente. Talvez a média dos 12 meses seria o maisaconselhável,desdequetivéssemosacessoaosbalancetesdeverificação.

O quociente de rotatividade pode também ser aplicado aos estoques demateriais e deprodutosemelaboração.

Este quociente indica quantos dias, semanas ou meses a empresa deverá esperar, emmédia,antesderecebersuasvendasaprazo.ContasaReceberMédiodeveriaserobtidoapartir do maior número possível de saldos. Deveria representar a média do maior númeropossível de saldos da conta “Contas a Receber” (ou equivalente) durante o períodoobservado.

As vendasmédias (somente a parcela a prazo) são calculadas dividindo-se as vendas aprazopor360sequiseremdiasoupor12semensaletc.,conformedesejemoso resultadoexpresso.

Exemplo:

Em$

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho

SaldodeContasaReceber2 1.200 1.500 1.400 1.300 1.700 1.900

VendasaPrazo 1.350 1.500 1.050 1.600 1.800 2.000

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Sequiséssemoscalcularoquocienteparaoperíodode6meses,poderíamos relacionar,

entreoutrasvariantesdecálculo:

Isto significa que a empresa demora, em média, cerca de 29 dias para receber suasvendasaprazo.

Ofatodeumaempresademorarmaisoumenostempopararecebersuasvendasaprazopodederivardeváriosfatores, taiscomo:usosecostumesdoramodenegócios,políticademaioroumenoraberturaparaocrédito,eficiênciadoserviçodecobranças,situaçãofinanceirade liquidez dos clientes (do mercado) etc. É necessário fazer gestão e controle sobre osfatores que a empresa pode influenciar, a fim de encurtar o mais possível tal prazo.Obviamente,ocustodaociosidadederecebíveiségrande.Porumlado,aempresadeixadereceber dinheiro com o qual poderia investir (o desconto de duplicatas seria uma forma dedinamizar,desdequeoscustosfinanceirosnãosejamexcessivos)e,talvezporistomesmo,aempresavaiperdendopoderdecompraàmedidaqueossaldosderecebíveisseacumulam,com o efeito da inflação. Consideremos, entretanto, que o fato de receber em dinheiro ascontasareceberedeixarestedinheiroparadotambémiráredundaremperdaspelainflação,emboraaumentealiquidezimediata.

Valemaqui asmesmasobservações feitasparaoquocienteanterior, noque se refereaexpressá-loemdias,mesesetc.

Representa a outra face da questão. Mais do que analisar os quocientes b e cisoladamente,éorelacionamentooucomparaçãoentreosdoisquevaideterminaraposiçãofavoráveloudesfavorável,aesterespeito,daempresa.

Seumaempresademoramuitomaispararecebersuasvendasaprazodoqueparapagarsuascomprasaprazo,iránecessitardecapitaldegiroadicionalparasustentarsuasvendas,criando-se um círculo vicioso difícil de romper. Uma das poucas alternativas no caso étrabalhar, se for possível, comamplamargemde lucro sobre as vendas e tentar esticar aomáximo os prazos de pagamento adicionalmente a uma política agressiva de cobranças edescontobancário.

Aformadecálculodoquocientecéanálogaàdoquocienteb.

Aempresadeveriafazeropossívelparatornarestequocienteinferiora1ou,pelomenos,aoredorde1,afimdegarantirumaposiçãoneutra.

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Considere-se que a influência dos quocientes vistos é muito grande sobre a posiçãopresente e futura de liquidez (a curto e a longo prazo). Àmedida que diminuirmos o prazomédio de recebimentos em relação ao prazomédio de pagamentos, estaremos propiciandocondiçõesmais tranquilasparaobterposicionamentosestáticosde liquidezmaisadequados.Comooexcessode recebíveisdiminui o “girodoativo” (vejaquocientesde rentabilidade), épreciso aumentar amargemde lucro sobre as vendaspara compensar o efeito negativo dogirobaixo.Istonemsempreépossível.Comodificilmentepoderemosmodificarsensivelmenteoprazomédiodepagamentos,restaagirmossobreoprazomédioderecebimentosesobreamargemdelucro.

Este quociente de atividade expressa quantas vezes o ativo “girou” ou se renovou pelasvendas. Pode ser desdobrado numa série de subquocientes, tais como: Vendas/AtivoCirculante,Vendas/AtivoFixo(Permanente)etc.Nonumerador,podemosutilizarvendasbrutasou,comovariante,vendaslíquidas.

Existeumgrandeinteressedaempresaemtervendasexpressivasecadavezmaioresemrelaçãoaovalordoativo.Quantomaioro“giro”doativopelasvendas,maioresaschancesdecobrir asdespesascomumaboamargemde lucro.Odenominadorpoderia ser constituído,numavariante,peloAtivoMédioOperacional.Duasempresasqueganhemamesmamargemsobre as vendas, digamos, 10% sobre as vendas, terão um retorno sobre o ativocompletamentediferenteseosgirosdoativoforemdiferentes.

Épor isso que se realiza umgrandeesforço para diminuir o investimento em recebíveis,estoqueseoutrosativos,nosentidodetornarogirodoativotãograndequantopossível.Nãoque se vá, preconcebidamente, deixar de expandir a planta da empresa ou de adquirir osinsumos básicos, mas procura-se “agilizar” os investimentos a um mínimo indispensável,deixandoosestoques,principalmente,eosrecebíveisnummínimopossível.Disponibilidadeseativo permanente também devem ser controlados. Muitas vezes, o ativo está inflado porelementos obsoletos que estão registrados contabilmente, e que deveriam ter sido baixadosdo ativo, no entanto, não foram. O ativo médio, por outro lado, deveria ser calculadoabrangendoomaiornúmerode informaçõespossível.Entretanto,o fatodeusarmosapenasossaldos,inicialefinal,émenosgravedoquenocasodeapenasumdelesisoladamente.Naverdade,estedenominadortambémpoderialevaremcontao“AtivoMédioemOperação”.Istoé,seumaparceladoativoimobilizado,porexemplo,estiveremconstruçãoainda,nãogerandoreceitas,deveriaserexcluídadodenominador.

Assim, uma empresa que tenha em operação um ativo médio de R$ 3.500.000, cujasvendas para o período tenham sido de R$ 4.700.000, terá um giro do ativo de

vezesnoperíodo.Seoperíodoforanual,significaqueoativoé“girado”

com75%dasvendasanuais. Istoé,asvendasdenovemesesdoanosãonecessáriasparaqueoativoseja“recuperado”,emoutraspalavras,asvendaslevamnovemesesparapagaroativo.

Como vimos, este tipo de quociente de giro pode ser detalhadopara itens individuais doativo. A finalidade é verificar que ativo específico tem giro por demais lento e que está

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contribuindo negativamente para o giro do ativo total. Muitas vezes, o problema reside noestoqueporcausadasuperestocagemnaexpectativadeaumentodepreçosdecompra,ounosvaloresareceber,comoconsequênciadeumainadequadapolíticadecréditoecobranças.

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2

_____________

Diárias,semanaisoumensais.

Pode ser tomado o saldo bruto ou o líquido, já subtraindo-se os títulos descontados edevedores duvidosos, originando interpretações diferenciadas. Preferimos usar valoreslíquidos.Aformabrutaéamaisutilizada.ValoresdeContasaReceber,consideradosnofimdosmeses,edeVendas,valoresdoperíodo.

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8.1

8.2

INTRODUÇÃO

Expressar a rentabilidade em termos absolutos tem uma utilidade informativa bastantereduzida.AfirmarqueaGeneralMotorsteveumlucrode,digamos,R$5bilhõesem2015,equeaempresaZafiraLtda.teveumlucrodeR$200em2015podeimpressionarnosentidodeque todomundovaiperceberqueaGeneralMotorséumaempresamuitograndeeaoutramuitopequena,esó;nãorefletirá,todavia,qualdasduasdeumaiorretornorelativo.

De maneira geral, portanto, devemos relacionar um lucro de um empreendimento comalgumvalorqueexpresseadimensãorelativadomesmo,paraanalisaroquantobemsesaiuaempresaemdeterminadoperíodo.Omelhorconceitodedimensãopoderáseroravolumedevendas,oravalordoativototal,oravalordopatrimôniolíquido,ouvalordoativooperacional,dependendodaaplicaçãoquefizermos.

No que se refere ao lucro, por sua vez, muitas variantes podem ser empregadas: lucrooperacional,lucrolíquido,lucroantesouapósoimpostosobrearendaetc.Éimportantequeoconceitousadononumeradorsejacompatívelcomoutilizadonodenominador.Seestivermosinteressados no quociente de retorno sobre o ativo operacional, devemos usarpreferencialmente,nonumerador,olucrooperacionalenãoolucrolíquido.

Ofatoéque,paradeterminadasfinalidades,certosconceitossãomelhores.Sequisermoscalcularoretornoparaefeitopreditivodoquepossaocorrercomarentabilidadedaempresanofuturo,emtermosdetendência,serámelhorexcluirdonumeradoredenominadorcontasevaloresnãorepetitivosounãooperacionais.Se,poroutro lado,desejarmos teruma ideiadalucratividade como um todo, será conveniente relacionar o lucro líquido com o investimentototal.Sequisermosterumaideiadoretornoparaosacionistas,omelhorserárelacionarmosolucrolíquido(apósoimpostoderenda)comopatrimôniolíquidoetc.

AMARGEMDELUCROSOBREASVENDAS

PoralgunsautoresdenominadosimplesmenteMargemOperacional,estequocientecomparao lucrocomasvendas líquidas,depreferência.É interessante, todavia,controlaromontantede deduções de vendas com relação às vendas brutas, numa análise à parte. Entretanto,

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8.3

8.4

também tem validade o cálculo dos quocientes deste tópico com vendas brutas, cominterpretação ligeiramente modificada. Para este livro escolheremos a variante com vendaslíquidas.

Na verdade, este quociente já pode ter sido calculadopor ocasião da análise vertical doDemonstrativodeResultados.Podeserentendidodeduasformas:

Estequociente,apesardosesforçosconstantesparamelhorá-lo,comprimindodespesaseaumentandoaeficiência,apresenta-sebaixooualtodeacordocomotipodeempreendimento.Por exemplo, normalmente a indústria automobilística e a refinaria de petróleo têmmargenspequenas e valor de venda muito alto. O inverso pode ocorrer para pequenos negócioscomerciais,industriaisetc.

OGIRODOATIVO

Estequocientejáfoitratadocomoquocientederotatividade.Aquielevoltaeganhaemrealceeimportânciaparacompororetornosobreoinvestimento.

Podesercalculadodeduasformas:

Vejamossuaaplicaçãoaseguir.

ORETORNOSOBREOINVESTIMENTO

É, provavelmente, o mais importante quociente individual de toda a análise de balanços. ORetornosobreoInvestimentopodesercalculadodeduasformas:

a) RetornosobreoInvestimento=Operacional MargemOperacional×GirodoAtivoOperacional

b) RetornosobreoInvestimento=Total MargemLíquida×GirodoAtivoTotal

Assim,emtermosgerais,oQuocientedeRetornosobreoInvestimento=

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Poderiatambém,simplesmente,serusado:

Comovimos,duasvariantespodemserutilizadas:aoperacionalealíquida.Poroutrolado,o denominador é o valor médio dos ativos e valem todas as observações já feitas para ocálculodevaloresmédios.

Exemplo:Duasempresasapresentamosseguintesdados:

EmpresaA EmpresaB

VendasLíquidas $1.500.000 $1.875.000

AtivoMédio 600.000 937.500

LucroLíquido(DIR) 150.000 234.375

ParaaEmpresaA,aTaxadeRetorno(DIR)seriaiguala:

Multiplicadapor

Emporcentagem, istosignificaquea taxade retornosobreo investimento (QuocientedeRetorno sobre o Investimento) é de 25%. Veja bem que este quociente tem certo sentidorecíprocoaoPayback,istoé,quantosperíodoslevarápararecuperaroinvestimentonoativo.Nocaso,levaríamos4períodos,peloPayback,ouseja,1/0,25=4.

AEmpresaB, aplicando-se um cálculo semelhante, obteria uma taxa de retorno de 25%também(Margemde0,125eGirode2).

Assim, duas empresas com margem e giro individualmente diferentes podem acabarobtendoamesmamargemderetorno.Note-se,todavia,que,dependendodesuaestruturadecustos e despesas, as duas empresas exemplificadas atingem o ponto de equilíbrio em

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8.5

diferentesníveisdevendas.Paraesseefeito,suponhamosqueaEmpresaAtenha50%desuasdespesastotaisfixas

eaEmpresaBapenas25%.A Despesa das Empresas poderia apresentar-se conforme segue (por simplificação:

Despesas=Vendas–Lucro):

DespesaTotalEmpresaA DespesaFixadeA

(R$1.500.000–R$150.000)= R$1.350.000 R$675.000(50%)

DespesaTotalEmpresaB DespesaFixadeB

(R$1.875.000–R$234.375)= R$1.640.625 R$410.156(25%)

APorcentagemdeDespesasVariáveisemrelaçãoàsVendasseriade:

EmpresaA=R$675.000/R$1.500.000=0,45EmpresaB=R$1.230.469/R$1.875.000=0,65625

OPontodeEquilíbrioparaasduasempresasseriaalcançadoem:

Note-seque,comoconsequênciadasestruturasdiferenciadasdedespesas,aEmpresaAtemquevenderumpoucomaisqueaEmpresaBparaalcançaropontodeequilíbrio,emboraaempresaBtenhamaioresdimensões,tendoobtido,ambas,omesmoretornolíquidosobreoinvestimento(25%).

AIMPORTÂNCIADEDESDOBRARATAXADERETORNOEMDOISOUMAISCOMPONENTES

Comovimos,ataxaderetornosobreoinvestimento,nasduasversões(operacionalelíquida),acaba sendo expressa por uma divisão entre um conceito de lucro e um conceito deinvestimento.Nofundo,TR=Lucro/Investimento.

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8.6

Por que, então, detalhar este quociente em Margem × Giro se, afinal, o resultado é omesmo?

Arespostadeveserencontradanoproblemadamaiorfacilidadedeanalisarascausasquepodemterlevadoaempresaaumdesempenhomelhoroupiordoqueodesejado.

Épossívelqueoproblemadaquedada taxade retorno residanaMargem.Nessecaso,procuraremos um controle eficiente de despesas e a agilização da política de vendas. Se,todavia, o problema estiver relacionado com o giro, é possível que devamos tambémconcentrarnossaatençãonaadministraçãodenossoativo,evitandoociosidadederecursos.

Poroutrolado,tantoamargemcomoogiropodemserdetalhadosemseuscomponentes,afimdeidentificarmosexatamenteondeestãoasáreas-problema.Porexemplo,podeserquena margem o problema não esteja sempre com as despesas, mas numa falta deagressividadedapolíticadevendasdaempresa.Poroutro lado, todavia, lembre-seque, seaumentarmos Vendas e não aumentarmos proporcionalmente o Lucro, aMargem diminuirá.Isto,poroutrolado,podesercompensadopeloaumentodoGiro.

Como vimos, consideramos o retorno sobre o ativo como um dos quocientes individuaismais importantes de toda a Análise de Balanços, porque representa a medida global dedesempenhodaempresaelevaemcontatodososfatoresenvolvidos.Estequocientedeveriaserusadocomograndetestegeraldedesempenhodeumaempresa,numabasecomparativaentre os resultados obtidos e a meta desejada de retorno. A análise dos desvios e ainvestigação de todos os fatores que podem ter ocasionado os desvios nos dão umgrandeentendimentodomecanismoempresarial.

EstemétododeanálisededesempenhotemsidodenominadoSistemaDuPontdeAnáliseFinanceiraetemtidograndeaceitaçãomundial.AcifrafinalresultanteseriaoROI(ReturnOnInvestment),queéexatamenteonossoQuocientedeRetornosobreo InvestimentoouTaxadeRetornosobreoInvestimento.

RETORNOSOBREOPATRIMÔNIOLÔQUIDO

Este quociente é também de grande importância e pode ser calculado de duas formas,apresentandoomesmoresultado:

De fato, suponhamos uma empresa com os seguintes dados resumidos (médios, comexceçãodolucro):

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ATIVO

AtivoCorrente 150.000

AtivoNãoCorrente2 350.000 500.000

PASSIVOEPATRIMÔNIOLÍQUIDO

PassivoCorrente 120.000

PassivoNãoCirculante

ExigívelaLongoPrazo 170.000 290.000

PatrimônioLíquido 210.000

500.000

LucrodoPeríodo(DIR) $ $75.000

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A vantagemda segunda forma de cálculo é que leva em conta a estrutura de capital daempresa e abre caminho para o entendimento do fenômeno da “alavancagem”, queestudaremosmaisadiante.

O Quociente b pode também ser expresso no denominador por = 1 – Quociente deCapitaisdeTerceirossobreCapitalTotal(DebtRatio)

Assim,ficaria:

Emnossoexemplo,

A importância do Quociente de Retorno sobre o Patrimônio Líquido (QRPL) reside emexpressarosresultadosglobaisauferidospelagerêncianagestãoderecursosprópriosedeterceiros,embenefíciodosacionistas.Aprincipaltarefadaadministraçãofinanceiraaindaéade maximizar o valor de mercado para o possuidor das ações e estabelecer um fluxo dedividendos compensador. No longo prazo, o valor de mercado da ação é influenciadosubstancialmentepeloquocientederetornosobreopatrimôniolíquido.

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1

2

3

_____________

Uma variante interessante para o cálculo do retorno sobre o investimento total é: LADEFIR é o Lucro antes das despesas financeiras e do imposto de

renda. Esta variante permite calcular o retorno “puro” dos recursos investidos no ativo,independentemente de sua origem e do ônus tributário. É semelhante à varianteoperacional.

AtivoNãoCorrenteenglobaoRealizávelaLongoPrazoeoAtivoPermanente.

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9.1

1.

INTRODUÇÃO

Imagine duas empresas distintas: A empresa A somente se utiliza de capital próprio parafinanciar seuativo.Consegueobter um retornode20%sobreesteativo.O retorno sobreopatrimônio líquidoseráde20% também,pois todoo ladodireitodobalançoé formadopelopatrimôniolíquido,queassiméigualaoativo.

AempresaBobtémomesmoretornode20%sobreoativo,masrecorrendoarecursosdeterceiros consegue dobrar seu investimento em ativo. Vejamos o que ocorreria em trêssituaçõesdistintas:

Custodoempréstimo:igualàtaxaderetornosobreoAtivo.

EmpresaA EmpresaB

Ativo $100 $200

Passivo – $100

PatrimônioLíquido $100 $100

LucroAntesdosJuros(RetornodoAtivo) $20 $40

DespesadeJuros – $20

LucroApósJuros $20 $20

Verifica-sequeo retorno sobre o patrimônio líquidoé idêntico, igual a 20%.Nenhumbenefício ou prejuízo adicional se transferiu aos acionistas, como consequência do

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2.

3.

empréstimo.

Custodoempréstimo: inferiorà taxade retornosobreoAtivo.Considereocustodoempréstimode10%.

EmpresaA EmpresaB

Ativo $100 $200

Passivo – $100

PatrimônioLíquido $100 $100

LucroAntesdosJuros $20 $40

DespesadeJuros – $10

LucroApósJuros $20 $30

Neste segundo caso, a empresa A obteve um retorno de 20% sobre o patrimôniolíquido, e a empresa B, recorrendo ao endividamento, teve um retorno de 30%(cálculossobreopatrimôniolíquidoinicial).Note-se que os valores colocados para o ativo nas duas empresas são apenas osiniciais.Naverdade,a receita seriaadicionadaaoativo inicial, subtraindo-seos juros(seestesforempagos)ouadicionandoestesúltimosaopassivo.Opatrimôniolíquidofinalficariaalteradopeladiferençaentrereceitaedespesa.Nosegundocaso,conseguiu-seaumentarorendimentodosacionistasde20para30%pelousodoendividamento.

Custodoempréstimo:superioràtaxaderetornosobreoAtivo(digamos,de30%).

EmpresaA EmpresaB

LucroAntesdosJuros $20 $40

DespesadeJuros – $30

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9.2

LucroApósJuros $20 $10

Verifica-se que nesse caso foi desvantajosa a obtenção de financiamento, poisobtivemosumlucrofinalmenor.AempresaAobteveumretornode20%,eaempresaB,deapenas10%(sobreopatrimôniolíquido).

O que se pode depreender dos três exemplos? É que o fator fundamental reside nacomparaçãoentretaxaderetornodoativoecustodadívida.

Desdequeataxadecustodadívidasejainferioraoretornoobtidopeloempregoegironoativo dos recursos obtidos por empréstimo, o endividamento acarreta benefícios aosacionistas.Seasituaçãoseinverter,oretornoparaosacionistasseriamaiorseobtivéssemosos recursos adicionais com capitais de risco. Se as taxas forem iguais, o resultado doendividamentoéneutro(pelomenosacurtoprazo),dependendoadecisãodeseendividarounãodeoutrosfatores,taiscomodisponibilidadedecapitaisderiscoetc.

OEFEITOALAVANCAGEM

Osignificadoda“alavancagemfinanceira”(FinancialLeverage,eminglês)estácorrelacionadoaosexemplosapresentados.

Quandoaalavancagemouograudealavancagemémaiordoque1,oendividamentotemumefeitodealavancasobreolucroqueélevadoparaoacionista.Puxaparacimaataxaderetornodosacionistas.Vejamosumexemplo:

BALANÇOS

$

EmT0 EmT1

AtivoCirculante 120 286

PassivoCirculante – 20

PassivoNãoCirculante – 100

PatrimônioLíquido 120 166

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OEmpréstimofoiobtidoimediatamenteapósobalançodeT0.

OAtivo,assim,ficariaiguala$120mais$100,oqual,aumataxaderetornosupostade30%,setransformouem$286emT1,(220×1,30).

Ojurode$20estálançadonadívidadecurtoprazoesomenteécontabilizadoemT1.OFinanciamentoestálançadonoPassivoNãoCirculante.

Olucrodoperíodofoide$166–120=$46.Ataxaderetorno(sobreopatrimôniolíquidoinicial)éde ,empercentagem.

Vamos supor, por outro lado, que os $ 100 de recursos tivessem sido supridos poracionistas. O patrimônio líquido inicial (para efeito de análise) ficaria igual a $ 220. E opatrimônio líquido final seria de $ 286, pois não teríamos a despesa de juros para sersubtraída(nemopassivonãocirculante).Olucro,portanto,seriade$66.Oretornosobreopatrimôniolíquidoseria$66/$220=0,30ou,empercentagem,30%.

Comoseexplicaofatodetermosumataxamenor,tendosupridoosfundosadicionaiscomcapital,emvezdeempréstimo?Maisumavez,aexplicaçãoresideemserataxadejurosdoempréstimo menor que a taxa de retorno obtida pelo uso dos recursos supridos peloempréstimo.

OGraudeAlavancagemécalculado,rigorosamente,dividindo-seataxaderetornoobtidautilizandoosempréstimoscomaque teriasidoobtidautilizandocapital.GA=0,3833/0,30=1,28.Estaéafórmulaidealdecálculo,nemsemprepossíveldeserutilizadanaprática.

Oresultadoindicaqueosacionistastiveramumretorno28%maiorsobreseucapitalinicialinvestidodoqueteriamobtidosetivessem,elespróprios,integralizadomais100milhões.Esteresultadoamaiordeveserentendidoemrelaçãopercentualacadarealinvestido,emvaloresrelativos,portanto,enãoabsolutos.

Assim,ograudealavancagemfoimaiorqueum,sendoindíciodequeaempresaauferiu,para seus acionistas, bons resultados relativos à estrutura de composição de capital queconseguiu montar. Note-se, todavia, que o lucro, em valores absolutos, seria maior nahipótesedeaumentodecapital.

Vejamosagoraoqueocorrerianosegundoano.

OBalançoemT1éopontodepartida:

AtivoCirculante $286,00

PassivoCirculante $20,00

PassivoNãoCirculante $100,00

PatrimônioLíquido $166,00

OBalançoemT2seapresentariacomosegue:

AtivoCirculante $351,80 (retornos/ativo=30%menososjurosdo1operíodo,pagosPassivoCirculante $20,00

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AtivoNãoCirculante $100,00 logoapósT1)

PatrimônioLíquido $231,80

Lucro=231,80–166,00=65,80

TaxadeRetornosobreoPatrimônioLíquidoInicial==65,80/166,00=0,40ou40%

Seos$100derecursosadicionaistivessemsidosupridosporacionistas,obalançoemT1seria:

AtivoCorrente $286,00

PatrimônioLíquido $286,00

EmT2,teríamosaseguintesituação:

AtivoCorrente $371,80

PatrimônioLíquido $371,80

Lucro=85,80

Retorno=85,80/286,00=0,30

GraudeAlavancagem=0,40/0,30=1,33,maior,portanto,quenoprimeiroano.Prolongar-se-ia e acentuar-se-ia o benefício, para os acionistas, da política de endividamento,inicialmenteadotada.

Os cálculos foram realizados sobre o patrimônio líquido inicial, para maior facilidade deevidenciação.Umavariantemaiscorretaseriarealizá-lossobreopatrimôniolíquidomédio.

Umadasfórmulasaproximadas,utilizadas,naprática,paraocálculodaalavancagem,éaseguinte:

Verifica-se, portanto, que se trata de um quociente entre dois quocientes. Pode serexpressotambémdaseguinteforma:

Se utilizássemos o quociente de retorno sobre o patrimônio líquido conforme definido nafórmuladapágina124(item8.6),teríamos:

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Exemplos(utilizandoafórmulaaproximada):

1 AtivoInicial 100.000,00

PatrimônioLíquidoInicial 50.000,00

LucroLíquido 30.000,00

DespesasFinanceiras 10.000,00

Aplicandoaindaafórmulasobreosvaloresiniciais(parafacilidade):

ou

Note-sequea taxade retornosobreoativoqueestamosutilizandoemGA’ nãoéaqueteria sido obtida se tivéssemos contado somente com capital próprio, mas a efetivamenteobtida,istoé,dividindo-seolucrolíquido(30.000,00)peloativo(100.000,00).Poroutrolado,opassivo não circulante financiou, neste exemplo, 50%do ativo.O ativo total, por sua vez, éiguala2,5vezesolucrolíquidoadicionadoàsdespesasfinanceiras.

Obviamente, se as despesas financeiras, no exemplo apresentado, tivessem somado $15.000,00 e não 10.000,00, o lucro líquido seria de apenas $ 25.000,00. A alavancagemmudaria,poisoretornosobreopatrimôniolíquidoseriade:25.000,00/50.000,00=0,50enãomais0,60.O lucro líquidomaisasdespesas financeirasdivididospeloativocontinuariamem40%.Aalavancagemseriadeapenas0,50/0,40=1,25,nãomais1,50.2 AtivoInicial $2.350.000,00

PatrimônioLíquidoInicial 900.000,00

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9.3

LucroLíquido 180.000,00

DespesasFinanceiras 290.000,00

VejaoCapítulo13,paraumestudomaisaprofundadodaAlavancagem.

OUTROSQUOCIENTESDEINTERESSE(AANÁLISEDOPONTODEVISTADOINVESTIDOR)

Procuramos, nos tópicos anteriores, apresentar uma visão sumária dos quocientes maisrelevantes,principalmentenaapreciaçãodaliquidez,estruturadecapitalerentabilidade.

Onúmerode relacionamentosquepodemserextraídosdedemonstrativoscontábeiséomaisvariadopossível.Alguns trabalhoschegama relacionarcentenasdequocientescomasmais variadas finalidades. Entretanto, julgamos melhor apresentar, em detalhe, a forma decálculoeinterpretaçãodosprincipaisdeles.

Apresentamos, a seguir, outros quocientes importantes, principalmente do ponto de vistadoinvestidor,comexceçãodoprimeiro,apresentadoaseguir:

Este quociente pretende retratar qual a porcentagem dos recursos próprios que estáimobilizada em plantas e instalações, bem como outras imobilizações, ou que não está “emgiro”.Alega-sequetalquocientenãodeveriaaproximar-see,muitomenos,superaraum.Istosomenteseráválido,éclaro,emperíodoplenamenteoperacionaldaempresa.Seinvestirmosumaparcelaexageradados recursosemAtivo Imobilizado, poderemos ter problemassériosdeCapitaldeGiroLíquido.

Este quociente pode ser de importância para o investidor em certas circunstâncias, tais

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como quando pretende retirar-se da empresa, em casos de fusão, incorporação etc., masfrequentemente sua relação com o valor venal da ação é pequena no nosso mercado. Oresultadodoquocientepoderiasercomparadocomovalorpagounitariamenteparaadquirirasações. Nesse caso, todavia, deveríamos corrigir monetariamente os dois valores unitários.Paraalgunsacionistasminoritáriosserámaisrelevantecompararovalordemercadodaaçãoquandofoiadquiridaenomomentodaavaliação.

Resumindo, o quociente acima expressa uma tendência de capitalização da empresa.Entretanto, note-se que o quociente é afetado, como todos os demais, pelas práticascontábeis,nãorepresentando,viaderegra,muitomaisqueumelementodecomparaçãoentreovalordaaçãoeovalorpatrimonialemmomentosdistintos.

Este é outro quociente clássico do ponto de vista do investidor. Se utilizado no ato dedecidirsevaleapenaounãoadquiriraçõesdecertaempresa,significariaquantosexercíciosseriamnecessáriospara“recuperar”ovalordesembolsadoparaadquiriraação.

Suponhaquecertaempresativesseumlucrolíquido(apósoImpostosobreaRenda)de$250.000,00 em determinado período.O número de ações é de 250.000.O lucro por ação,portanto,éde$1,00.Seovalordemercadodaação forde,digamos,$5,00,oquocientePreço/Lucro será igual a $ 5,00/$ 1,00 = 5, isto é, em cinco anos recuperaríamos, com oslucros,oinvestimentorealizado,seprevaleceremasmesmascondições.

Aevoluçãodoquocientenotempoédeinteresse,emboratenhasidomuitodifícilemnossomercado estabelecer tendências significativas, tendo em vista que ele tem tidocomportamentos muito mais ligados a fatores emocionais, psicológicos e causados porinfluênciadeaçõesgovernamentaisno setor doquepropriamentepor influênciadaevoluçãoefetivadaempresanotempo.

O significado do quociente é imediato. No fundo, expressa o lucro ganho em cada açãoordinária, após o imposto de renda e os dividendos de ações preferenciais, se estes foremfixos.

O quociente visa calcular qual a margem de segurança para pagamento dos dividendospreferenciais e quantas vezes tais dividendos são cobertos pela geração de lucros daempresa.

Poderíamos construir um quociente análogo para a garantia de pagamento de despesasfinanceiras, juros e encargos com financiamentos. Algumas vezes, transforma-se o lucro

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líquido (conceito de renda) em equivalente de caixa para se ter uma ideia do montante defundosgeradosparacobrircertosencargos.

O significado deste quociente também é imediato. Procura-se avaliar a relação entre omontantededividendospagoseonúmerodeaçõesquereceberamobenefício.Atendênciado quociente, no tempo, é de relevância para o valor de mercado da ação ou para suamaximização. Interessanteé compararaevolução,no tempo,dosdoisquocientes: lucroporaçãoedividendopagoporação.Poderáhaverperíodosemqueolucroporaçãoébom,maso dividendo pago por ação não o é. Isto pode ser devido a vários fatores, inclusive umageraçãoderecursosdecaixanãosuficienteparaopagamentodataxanormaldedividendosporação.

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1

2

_____________

Não estamos levando em conta, nestes exemplos preliminares, o imposto de renda e ainflação.VejaoCapítulo13parataisconsiderações.

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10.1

a)b)c)

d)

Jáafirmamosnoscapítulosanterioresqueonúmerodecombinaçõespossíveiscomosdadosdosdemonstrativoscontábeiséimenso.Algunsquocientesespeciaisterãointeresseemcasosespecíficos.Porexemplo,numbanco,talvezsejadeinteresserelacionarosdepósitosaprazofixocomosdepósitossemjuros.Numaempresadeseguros,porsuavez,aanálisedosváriostipos de reservas técnicas e matemáticas, bem como a da carteira de ações, terá uminteressetodoespecial.Emoutrasempresaspoderíamosteruminteresseespecialemoutrosrelacionamentos. As possibilidades são inúmeras. Todavia, consideramos que, num grandenúmerodesituações,osquocientesvistosnestecapítuloservemàsfinalidadesessenciaisdeumaanálisedebalanços,principalmentenumaempresaindustrialoucomercial.

COMPARAÇÕESDEQUOCIENTES

Játivemosoportunidadederealçaraimportânciadascomparações.Oassunto,todavia,étãocrítico que voltamos a ele. Como vimos, qualquer análise de balanços de determinadaempresadeveriasercomparadacom:

sériehistóricadamesmaempresa;padrõespreviamenteestabelecidospelagerênciadaempresa;quocientes análogos de empresas pertencentes ao mesmo ramo de atividade, bemcomocomasmédias,medianasemodasdosquocientesdosetor;certosparâmetrosdeinteresseregional,nacionaloumesmointernacional.

A série histórica da empresa, de qualquer forma, deveria ser construída.Certa empresapode estar, em matéria de desempenho, ligeiramente abaixo da média da indústria. Se,todavia,aevoluçãooutendênciadeevoluçãoforpositiva,numgraumaiordoqueamédiadasindústrias,fatalmenteaempresaalcançaráeatépoderásuperarseusconcorrentes.

Émuitocomum,poroutro lado,desejar-secompararosquocientescomosanálogosdosconcorrentes,emparticulardosconcorrentesdiretos,ouentãosituar-seemrelaçãoàmédiadosconcorrentes.Estedesejoémaisdoquenatural,éumanecessidadeafimdesabermosaposiçãorelativadenossaempresanoconjunto.

Até recentemente, a não ser que a própria empresa colecionasse os balanços dasconcorrenteserealizassetodasasanálises, istonãoseriapossível.Dealgunsanosparacá,

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comasfacilidadesdaweb,aspublicaçõesdasdemonstraçõesfinanceirasecontábeispodemser obtidas diretamente dos sites das grandes empresas, no site do Diário Oficial ou naprópriaBovespa;tambémcomeçaramasurgirpublicaçõesperiódicasemqueérealizadaumaespéciederankingdasempresas,conformealgumcritério, relacionando, inclusiveporsetor,certosquocientesbásicos.ArevistaExamepublicaumsuplementoanual,emsetembro,sobretaisempresas.Sãocaracterizadas,porvendas,as500maioresempresasprivadasdoBrasil,dentreoutrosdadosde interesse.Umnúmerobásicodequocienteséreproduzidonapróprialistagemdaclassificaçãodas500maioresempresasprivadas.

São também realizadas análises setoriais. Existem algumas outras alternativas paraconsulta a quocientes comparativos. A revistaConjuntura Econômica, da FGV, e a revista1000MaioresEmpresas,doValorEconômico,tambémrealizamumtrabalhosemelhante,combonsresultados.

Talvez o melhor tipo de comparação seja a efetuada com padrões previamenteestabelecidospelaprópriaadministraçãooudireçãodaempresa.Estaformadecomparaçãofavoreceumamelhoranálisedosdesviosedoconjuntodeprovidênciasparasaná-los.Alémdomais,nãoexcluiacomparaçãocomquocientesdeoutrasempresas.Osgestores,aofixarametabásicadeumretornosobreopatrimôniolíquidoemX%,estarãosempreemestadodealerta quanto ao desempenho do setor. Em outras palavras a análise das médias dedesempenhodosetorsempreérealizada,mesmoqueaformadecomparaçãoescolhidapelaempresa seja com quocientes-padrão internos da empresa. É que, ao estabelecer osquocientes-padrão, dificilmente a empresa deixará de olhar para o desempenho daconcorrência. Assim, direta ou indiretamente, contínua ou alternadamente, os quocientes daempresaacabamsempresofrendoumacomparaçãocomosquocientesdaconcorrência.

Além disto, algumas empresas desejarão comparar certas tendências internas comtendências de caráter regional, nacional ou até internacional. Empresas de grande porte,principalmente, podem querer estabelecer comometa básica um crescimento anual de X%,pelomenos igualà taxadedesenvolvimentodopaís,oudaregião,como tendênciade longoprazo.

Por outro lado, existem empresas ou entidades tão típicas e tão grandes que,frequentemente, as comparações somente podem ser realizadas com quocientes decongêneresforadoslimitesnacionais.Éocaso,daPetrobras,daEmbraeretc.

O gestor deve utilizar todas estas comparações na medida certa e na dose certa. Seinvestirmos um tempo exagerado, quase que numa atitude patológica, para sabermos ondeestamos em relação aos demais,muitas vezes estaremos subtraindo tempo da tarefamaisimportante,queéademelhorarnossaposição.Poroutrolado,tentarmelhorá-lasemnenhumquadro de referência ou coordenadas básicas de onde nos encontramos e o quanto faltacaminharpodenosdesorientarenosdesviarparacaminhosperigosos.

Insistimosno fatodequecadaminutogastonocálculodequocientesdevesergastoemdobroparaanalisarosdesvioscomrelaçãoàsmetasououtropadrãocomparativo.Quenãose transforme, como muitas vezes ocorre, a arte de analisar balanços (que é única eintransferível)numcálculomeramenterepetitivoemecânico,comoalgunsacabamfazendo.

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10.2

1.

COMOINTERPRETAR“EMCONJUNTO”OSQUOCIENTES

Esteéumdosaspectosbásicosdaanálisedebalanços.Nenhumafórmulaou“receitadebolo”ouquadroespecialetc. irásubstituiro julgamentoea“arte”decadaanalista,emcadacaso.Damesmaformaquenenhumcomputadorpoderásubstituiromédiconainterpretaçãodeumconjunto de sintomas aparentemente desconexos ou mesmo aparentemente indicando certaenfermidade, quando, na realidade, tendo em vista as características do paciente e seuhistórico clínico, a doença é outra. Cada paciente é um paciente diferente, mesmo que ossintomassejamaparentementeosmesmos.Cadaempresaéuma individualidadeecomo taldeveseranalisada.

Oquesepodeformar,atravésdaapreciaçãoconjuntadosquocientes,omaisdasvezes,éumaopiniãodeconjunto,maisdoqueum“veredicto”.Oequilíbrioeaponderaçãodevemseras características dominantes do analista. Suponhamos que uma empresa, num lapso detempo considerável, venha apresentando bons quocientes de rentabilidade e sofríveis deliquidez. Esta empresa está, possivelmente, numa situação pior que outra que apresentequocientes de rentabilidade e liquidez apenas razoáveis. A distorção ou arritmia entrerentabilidadee liquidezpodeseradmitidaemperíodoscurtos,masnãosedeve transformarnuma tendência, pois irá provocar pontos de dificuldades praticamente paralisantes para aempresa.Acomeçarpelaprópriarentabilidade,ela,comoconsequênciadascargascadavezmaioresdejurosedespesasfinanceirassobreempréstimostomadosparaminorarosapertosfinanceiros,pioraráeagravarácadavezmais,numaespéciedecírculovicioso,aliquidez.

Asprovidênciasqueaconselhamosparaumaanáliseconjuntadosquocientessãoasqueaseguirenumeramos:

Antesmesmo de iniciar a análise de balanços, conheça intimamente a empresa quepretende analisar: o produto que transaciona, a função produção da empresa, seexistem operações típicas de financiamento etc. Existem casos interessantes arespeito. Algumas empresas de fertilizantes, por exemplo, realizam as vendas aosagricultoresjáfinanciadasporbancosoficiais.Ou,vistooproblemadeoutraforma,osagricultores somente compram mediante financiamento de bancos oficiais. Nessecaso,naverdade,oclienteverdadeirodaempresa,emtermosdevaloresareceber,éoGoverno, e, se, de um lado, isto normalmente aumenta os prazos de recebimentodas contas a receber, por outro, diminui os riscos do recebimento.Umanalista que,sem conhecer esse detalhe, se aventurar a interpretar de forma muito restrita osquocientes ligadosacontasa receber,ou levaremcontaaprovisãoparacréditodeliquidação duvidosa (que praticamente não tem razão de existir nesse caso), estaráexpondo-seaerroseacríticasmuitograndes.Énecessário,portanto,conhecerbemas características operacionais da empresa, as formas peculiares de financiamento(se existirem), a característica dos estoques, o tipo de máquinas e equipamentosutilizados etc. Se a análise estiver sendo realizada por analistas externos, deverãoestesprocurar inteirar-sepelomenosdoessencialsobreaspeculiaridades,senãodaempresaemparticular,pelomenosdosetoremqueatua.Nestesentido,aconsultaaoGoogle,aossitesdasempresasespecíficas,àbiblioteca,arevistasespecializadasea especialistas do setor é indispensável. Imaginemos um analista querendo realizar

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2.a)

b)1.2.3.4.

c)

d)1.

2.

e)

umaanálisedeumacompanhiaseguradora,oudequalqueroutraempresadeserviço,oumesmodaPetrobras,semummínimodeconhecimentosobreascaracterísticasdoramo, destacando que são empresas que não têm estoque, logo os índices quecorrelacionamestavariáveldevemserajustadosouentãoignorados.Umdosgrandesproblemas da análise de determinados estudos amplos é justamente a naturaldificuldade de levar em conta tais particularidades setoriais. Entretanto, algunsquocientes têm significado quase que em todos os tipos de empreendimento. Osrelacionamentos entre contas do lado do passivo normalmente têm uma significaçãouniversal. Entretanto, quocientes que levam em conta elementos do ativo ou doDemonstrativodeResultadossofremmuitooimpactodamudançadascaracterísticastécnicas e comerciais (e até financeiras) do empreendimento. De qualquer forma,conheça,omelhorquepuder,aempresaqueiráanalisar.Colecionetodososquocientescalculadosefaçaaanálise:

Individual:anotesuaavaliaçãodecadaquocienteindividualmente.Comparecomoquocienteanálogomédiodosetor.Porgrupos:façaumaanáliseisolada:

daliquidez;doendividamento(estruturadecapital);darentabilidade;deoutrosquocientesdeinteresse.Comparecomosquocienteseasconformaçõesdosgruposacimadosetor.Anote algumas conclusões preliminares para cada grupo. Compare com asmetasdaempresa.Façaumbalançoeumdemonstrativoprojetadosdecomoiráficaraempresanofimdopróximoanoecalculealgunsquocientesprojetados.

Coloque todos os principais quocientes numa folha de trabalho. Compareatentamente a situação de liquidez, de endividamento, os quocientes derotatividadeeaposiçãoderentabilidade.Procureformarumaopiniãodeconjuntosobre os quocientes. Se a rentabilidade for adequada e a liquidez não, verifiqueatentamenteosquocientesde rotatividadeedeendividamento.Escreva todasassuasobservaçõeseconclusões.Testetaisobservaçõeseconclusõescom:

as informações sobre as práticas operacionais e financeiras observadas noitem10.1;discuta suas observações com os principais gestores da empresa (DiretorFinanceiro, Presidente ou sócio-proprietário); os quocientes de rotatividadepoderão também ser discutidos com o gestor principal da área técnica, quetemavisãooperacionalcompletadaempresaedomercado.

Faça uma revisão final em suas conclusões. Elabore um relatório derecomendaçãoaosprincipaisgestoreseinteressados.

Como vimos, não foi fornecida nenhuma maneira predeterminada de escrutinar osquocientes.Aopiniãodeveserformadaàluzdasensibilidadedoanalistaetendoemvistaasmetas desejadas e o posicionamento relativo daempresa com relaçãoao setor.Entretanto,

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10.3

serámuitoimportanteseguiraordemprescrita.Nãodeixarnadasemdocumentação.Anotareescrever todas as observações. Indique as providências que, a seu ver, poderão facilitar asoluçãodeproblemasoucapitalizartendênciaspositivas.

UTILIZAÇÃODAANÁLISEDEBALANÇOSNAANÁLISEDECRÉDITO

Aanálisedebalançostemauxiliadoosgestoresdecréditonatarefadedecidirsevaleapenaounãoconcedercréditosaseusclientes.Taltipodedecisão,porsermuitasvezesrecorrente,sebeneficiamuitodetécnicasquantitativasqueauxiliamaconstruirquadrosdereferênciaededecisãorápidos.Aesserespeito,técnicasestatísticastêmsidodesenvolvidasparaauxiliarnautilização de índices na análise de crédito. Um destes instrumentos é o modelo de análisediscriminante reportadoporEdward I.Altman(FinancialRatios,DiscriminantAnalysisand thePrediction of Corporate Bankruptcy. Journal of Finance, 23 Sept. 1968). Em seu modelo,Altman combina certo número de quocientes de liquidez, alavancagem, rotatividade erentabilidade,a fimdeestimaraprobabilidadedeumaempresa irà falência.Omodelo temsidocapazdeprevera falênciacomadequabilidadeparaumperíododeumoudoisanosnofuturo.

NoBrasil,StephenC.Kanitz,doDepartamentodeContabilidadeeAtuáriadaFaculdadedeEconomia,AdministraçãoeContabilidadedaUniversidadedeSãoPaulo,desenvolveuesforçosnumalinhasemelhantedetrabalho.Algunsresultadospreliminaresforampublicadosnumartigoda revista Exame, de dezembro de 1974, sob o título “Como Prever a Falência dasEmpresas”. Na época, construiu o chamado “termômetro da insolvência” que explicaremosrapidamente a seguir, o qual é composto de um número reduzido de quocientes. Por outrolado,nãorevelouametodologiaempregadaparaconstruirotermômetro.Somentepesquisaeexperimentaçãocontinuadaspoderãotestardefinitivamenteavalidadedetaistécnicas.

No artigo citado, através de tratamento estatístico de dados de algumas empresas querealmentefaliram,conseguiumontaroquedenominoude“fatordeinsolvência”equeconsisteem relacionar alguns quocientes, atribuindo pesos aosmesmos e somando e subtraindo osvalores assim obtidos.Conforme a soma recaia entre certos intervalos de valor, a empresaestaránafaixade“insolvência”,de“penumbra”oude“solvência”.

Ametodologiado“FatordeInsolvência”estádevidamenteconsagrada,eesteécalculadodaseguinteforma:

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10.4

FATORDEINSOLVÊNCIA=X1+X2+X3–X4–X5.

Se a soma resultar num valor compreendido entre0 e 7, a empresa estará na faixa de“solvência”.Serecairentre0e–3,estaránazonade“penumbra”,esecairnafaixa–3e–7,estaránazonada“insolvência”.

Apesar de ter apresentado resultados, às vezes, até espetaculares, consideramos quenenhum critério estatístico, por mais relevante e adequado que seja, possa substituir ojulgamento, a sensibilidade e a experiência do analista. Na melhor das hipóteses, taisformulaçõespoderãoconstituir-seemponderaçõesparaaboaanálisedebalanços.

OUTROSINDICADORESFINANCEIROSPARAUMAANÁLISEDEBALANÇOSCOMPLETA

Autilizaçãodequocienteséoinstrumentalmaistradicionalemaisimportanteparaumaanálisecompletadebalanços,masde formaalgumaéoúnico.Oanalista temdeextrair omáximodas demonstrações contábeis publicadas, se for externo à empresa, e colher omáximo deinformaçõesadicionais;recorreràsnotasexplicativasàsdemonstraçõescontábeiséumaboaopção,setiveracessoàsmesmas.

PelaDemonstração de Fluxo deCaixa –DFC, numa análise retrospectiva (do passado),mas tambémpreditiva (em caráter previsional), pode se obtermuitas indicações inteligentessobre como a entidade auferiu seus recursos de capital de giro líquido e como os aplicou.Importante verificar se boa parte das fontes de recursos é provinda das operações, isto é,basicamente do lucro, ou se vem de empréstimos a longo prazo ou de venda de ativospermanentesoumesmodechamadasdecapital.Poroutro lado,a formacomoos recursosvêm sendo aplicados é de fundamental importância para o analista; por exemplo, se umapolítica sadia de distribuição de dividendos aos acionistas está sendomantida, se recursosestãosendoaplicadosnaexpansãodaplantaena liquidaçãodedívidasde longoprazoetc.Dopontodevistaideal,omelhorseriaumaentidadequefinanciassesuasfontesdecapitaldegiropreferencialmenteatravésdelucrosequeasaplicassenamodernizaçãoeampliaçãodasinstalações, a fim de poder gerar mais lucro no futuro. É claro que uma empresa real

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10.5

observará várias situações intermediárias à ideal, descrita. De qualquer forma, cabe aoanalistaacompanhareestudaratentamenteossinaisemanadosdademonstraçãoaludida.Àsvezes,taldemonstração“falamais”aoanalistadoqueopróprioBalançoPatrimonial.

Outro indicadoraserobservadoéacapacidadedeaentidadegerarrecursosfinanceiros(caixa)parasaldarseuscompromissos.Esseindicadorédeespecialimportânciaparaanálisede crédito. Para o analista externo não restam muitas alternativas a não ser derivar estacapacidadedaprópriaDemonstraçãodeResultados,emconjugaçãocombalanços iniciaisefinais e da própria Demonstração de Fontes e Usos de Recursos. Uma vez determinado omontante de geração de caixa, vários quocientes podem ser calculados; um deles,interessante, consiste em colocar no numerador o valor atualizado da dívida fundada daempresa (o Exigível a Longo Prazo), dividindo-o pelo valor resultante da transformação dofluxo de receitas e despesas (DR) em fluxo de geração de recursos financeiros parapagamentodedívidas. Interessanteseriacalcularovalordageraçãoderecursosfinanceirosem termosprevisionais,paraospróximos trêsacincoanos,a fimdeverificarseaentidadetemcondiçõesdeamortizarsuasdívidas.Outrasvariantesdecálculoquelevamemcontaoselementosfundamentaisjádescritospodemserutilizadas.

Outroindicadorfinanceirodemuitointeresse,aliásmuitopesquisadoatualmentenosEUA,éoretornodoinvestimentoemtermosdecaixa.Seria,arigor,definidocomo:

Sedefinidoparaumprojetoespecífico,talquocienteaproxima-semuitodataxainternaderetorno(TIR).Paraaentidadecomoumtodopoderíamosutilizarafórmulaacimaouvariantesadequadasemcadacaso.Obviamente,temosdeestabelecerumhorizonterazoável.

Cadavezmaisosanalistasestãorecorrendoainformaçõesemtermosdecaixarelativasao passado e muito mais ao futuro para complementar e condimentar suas análises debalanços. Claramente, de forma alguma devemos abandonar os quocientes tradicionais eprincipalmente o estudo da alavancagem financeira. O conjunto desses indicadores maistradicionais (quocientes)emenos(demonstraçõesprojetadas, fluxosdegeraçãoderecursosfinanceiros etc., vistos neste item) constitui o embasamento sobre o qual o analista formarásua opinião. Temos por experiência própria, todavia, que devemos evitar excessivasespeculações(alémdasanalisadas)sobredemonstraçõesprojetadasparaumhorizontemuitolongínquo,poisascondiçõesdonegócioedaeconomiapodemmudarnesseprazo.Aanálisede balanços serve para apontar o porquê de determinada situação de rentabilidade e deliquidez de uma entidade e o que vai ocorrer se mudanças não forem realizadas (ou se ocenário econômico não mudar). Não se trata de um exercício de futurologia, apenas parademonstrarquesabemosconstruiralgunsfluxosprojetados.

OUTROSINDICADORES

MichelFleurietdenominacomovariáveldetesourariaoresultadodareclassificaçãodascontasdeAtivoePassivoquenãose relacionamcomasatividadesoperacionais;estametodologia

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deFleuriet, exposta no livroAdinâmica financeira das empresasbrasileiras, expressa compropriedadecomoosfatosfinanceirosdasempresasserefletemnaContabilidade,poisestesrecursos financeiros identificados como Fonte no Passivo Circulante foram aplicados emcontasdoAtivoCirculante.

Asprincipaiscontasquepodemosclassificarcomotesourariasão:

NoAtivoCaixaDepósitosBancáriosàVistaNumerárioemtrânsitoAplicaçõesdeLiquidezImediataInvestimentosTemporáriosTítulosaReceberChequesemCobrançaDividendosPropostosaReceberBancos–ContasVinculadasJurosaReceberAdiantamentosaTerceirosImpostosaRecuperarOperaçõesemBolsadeValores

NoPassivoEmpréstimoseFinanciamentosDebênturesArrendamentoMercantilaPagarJurosaPagarDuplicatasDescontadas(estareclassificadadoAtivoCirculante)AdiantamentossobreContratosdeCâmbioProvisãoparaoImpostodeRendaProvisãoparaContribuiçãoSocialImpostoseTaxasnãoIncidentessobreoFaturamentoDividendosaPagarContasaPagarquenãoseReferemaDespesas

TambémpodemosreclassificarascontasparacomporaTesourariaporexclusão,ouseja:identificamos as que fazem parte das Necessidade Líquida de Capital de Giro, as demaispertencemàTesouraria.

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1.

Assim,aTesourariapodesercalculadapelaequação:Tesouraria=(AC–PC–NLCDG),onde:

NLCDG→NecessidadeLíquidadeCapitaldeGiroécalculadapeladiferençaentreovalordasaplicaçõesdecapitaldegiromenosovalordasfontesdecapitaldegiro.

ParamelhorentendimentodoNLCDG,vamosabaixoelencarascontasdoAtivoCirculantequedenominamosAplicaçõesdeCapitaldeGiro:

ClientesEstoquesDespesasAntecipadasOutrascontasaReceber.

easFontesdeCapitaldeGiroserão:

FornecedoresObrigaçõesFiscaisObrigaçõesTrabalhistasAdiantamentosaClientesOutrasContasaPagar

Tambémpodemoscalcularatesourariadaseguintemaneira:

DemaiscontasdoAtivoCirculante–DemaisContasdoPassivoCirculante=Tesouraria

Eoresultadopodeser:

TESOURARIAPOSITIVA: queéo saldopositivo e indicaqueasdemais contasdoACapresentamsaldosmaioresqueasdemais contasdoPC, expressando folga financeiradefato.

ou

TESOURARIANEGATIVA:queéosaldodasdemaiscontasdoPCmaioresqueosaldodas demais contas do AC, configurando-se EXPOSIÇÃO FINANCEIRA, pois estarãosendoutilizadoscapitaisdeterceirosdecurtoprazoparafinanciarsuaatividade.

AfimdeanalisaraTesourariapodemosterosseguintescasos:

TesourariaLíquida:expressaovalordeTesouraria,descontandoosdemaisvaloresa

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2.

3.

4.

receber, pois este grupo de contas pode conter escondidos alguns valores de difícilrealização,calculadospor:

Tesouraria–DemaisValoresaReceber=TesourariaLíquida

Magnitude da Folga ou Exposição Financeira: relação que expressa dimensão daTesourariaemrelaçãoaoníveldeatividadesdaempresa:

Tesouraria÷VendasBrutas

Termômetro Financeiro: com grande sensibilidade, este indicador mostra a relaçãoentreovalordaTesourariaeasNecessidadesLíquidasdeCapitaldeGiro:

Tesouraria÷NLCDG

Fluxo de Tesouraria: indica a variação do saldo de tesouraria de um período paraoutro:

Tesourariaanterior–Tesourariaatual=FluxodeTesouraria

ComoanálisedeFleuriet,apresentamosaseguir:

Quadro10.1AtivoePassivoCirculante(emmilharesR$)–FOSFERTIL

AtivoCirculante 31-12-X1 31-12-X0 PassivoCirculante 31-12-X1 31-12-X0

Disponibilidades 151.353 166.180 FornecedoresNacionais 10.127 14.132

ContasaReceber 7.641 9.528 FornecedoresnoExterior 32.215 40.520

Estoques 105.623 93.264 Financiamentos 87.561 87.384

ImpostosaRecuperar 24.222 17.973 Cias.Controladas 689 17.508

DividendosaReceber 23.116 35.792 AdiantamentosaClientes 16.505 17.338

Outras 9.006 9.560 DividendosaPagar 34.217 35.833

Outras 19.339 13.913

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TOTAL 320.961 332.297 TOTAL 200.653 226.721

Fonte:GazetaMercantil.

Quadro10.2Tesouraria(emmilharesR$)–FOSFERTIL

AtivoCirculante 31-12-X1 31-12-X0 PassivoCirculante 31-12-X1 31-12-X0

Disponibilidades 151.353 166.180 Financiamentos 87.561 87.384

ImpostosaRecuperar 24.222 17.973 Cias.Controladas 689 17.508

DividendosaReceber 23.116 35.792 DividendosaPagar 34.217 35.833

Outras 9.006 9.560 Outras 19.339 13.913

TOTAL 207.697 229.505 TOTAL 141.806 154.638

CÁLCULODATESOURARIA 31-12-X1 31-12-X0

CONTASDOATIVOCIRCULANTE(FINANCEIRAS) 207.697 229.505

(–)CONTASDOPASSIVOCIRCULANTE(FINANCEIRAS) 141.806 154.638

(=)TESOURARIA 65.891 74.867

TesourariapositivaexpressaFOLGAFINANCEIRA

Quadro10.3TesourariaLíquida(emmilharesR$)–FOSFERTIL

AtivoCirculante 31-12-X1 31-12-X0 PassivoCirculante 31-12-X1 31-12-X0

DISPONIBILIDADES 151.353 166.180 OPERAÇÕESFINANCEIRAS 87.561 87.384

Disponibilidades 151.353 166.180 Financiamentos 87.561 87.384

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DEMAISVALORESA

RECEBER56.344 63.325 DEMAISVALORESAPAGAR 54.245 67.354

ImpostosaRecuperar 24.222 17.973 Cias.Controladas 689 17.608

DividendosaReceber 23.116 35.792 DividendosaPagar 34.217 35.833

Outras 9.006 9.560 Outras 19.339 13.913

TOTAL 207.697 229.505 TOTAL 141.806 154.738

CÁLCULODATESOURARIALÍQUIDA 31-12-X1 31-12-X0

CONTASDOATIVOCIRCULANTE(FINANCEIRAS) 207.697 229.505

(–)CONTASDOPASSIVOCIRCULANTE(FINANCEIRAS) 141.806 154.738

(=)TESOURARIA 65.891 74.767

(–)DEMAISVALORESARECEBER 56.344 68.387

(=)TESOURARIALÍQUIDAPOSITIVA

FOLGAFINANCEIRA,MASCOMMAISRIGORPARASERMAISVERDADEIRO 9.547 6.380

Para analisarmos a MAGNITUDE da Exposição Financeira, temos as seguintesinformaçõescomplementares:

VENDASBRUTASEMX1=R$480.531.000,00VENDASBRUTASEMX0=R$402.132.000,00

Assim:Tesouraria/VendasBrutas=MagnitudeANOX1–65.891/480.531=0,13712→13,7%ANOX0–74.867/402.132=0,18617→18,6%

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AFosfertilFertilizantesFosfatadosS/AteveumareduçãoemsuaExposiçãoFinanceiraemtornode26,25%doanoX0paraX1.

Quadro10.4TermômetroFinanceiro(FinanciamentodaNLCDG)

AtivoCirculante 31-12-X1 31-12-X0 PassivoCirculante 31-12-X1 31-12-X0

APLICAÇÕESDECDG 113.264 102.792 FONTESDECDG 58.847 71.983

Clientes 7.641 9.528 FornecedoresNac. 10.127 14.132

ContasaReceber 7.641 9.528 FornecedoresInter. 32.215 40.520

Estoques 105.623 93.264 Adto.deClientes 16.505 17.331

DISPONIBILIDADES 151.353 166.180 OPERAÇÕESFINANCEIRAS

Disponibilidades 151.353 166.180 Financiamentos 87.561 87.384

87.561 87.384

DEMAISVALORESA

RECEBER56.344 63.325 DEMAISVALORESAPAGAR 54.245 67.354

ImpostosaRecuperar 24.222 17.973 Cias.Controladas 689 17.608

DividendosaReceber 23.116 35.792 DividendosaPagar 34.217 35.833

Outras 9.006 9.560 Outras 19.339 13.913

TOTAL 320.961 332.297 TOTAL 200.653 226.721

CÁLCULODOTERMÔMETROFINANCEIRO 31-12-X1 31-12-X0

ValordaTesouraria(Quadro9.2) 65.891 74.867

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NLCDG(AplicaçõesdeCDG–FontesdeCDG) 54.417 30.899

TermômetroFinanceiro(Tesouraria/NLCDG) 121,1% 242,3%

Esteíndiceconfirmaareduçãodeexposição,poishouveumareduçãodequase100%.Eporúltimo,temoso:

Quadro10.5FluxodeTesouraria

DemaisContasdoACedoPC 31-12-X1 31-12-X0 Fonte Aplicação

Disponibilidades 151.353 166.180 14.405

DemaisValoresAReceber 56.344 63.325 6.981

ImpostosaRecuperar 24.222 17.973 (6.249)

Dividendosareceber 23.116 35.792 12.676

Outras 9.006 9.560 554

OperaçõesFinanceiras 87.561 87.384 177

Financiamentos 87.561 87.384 177

DemaisValoresaPagar 54.245 67.354 (13.109)

Cias.Controladas 689 17.608 (16.919)

DividendosaPagar 34.217 35.833 (1.616)

Outras 19.339 13.913 5.426

TOTAIS 33.238 (24.784)

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10.6

ApuraçãodoFluxodaTesouraria:[33.238+(24.784)]=8.454

LIMITAÇÕESDAANÁLISEFINANCEIRA

Alémdasjácomentadas,aanáliserealizadalevando-seemcontaapenasvaloresdebalançosedeoutrosdemonstrativoscontábeisaindatemumalimitaçãoadicional,queéadenãoutilizarquantidadesouunidadesfísicas,juntamentecomvalores.

Na análise de eficiência e produtividade, bem como de certas relações que envolvemvalores e quantidades, muitas informações úteis podem ser extraídas. Os bancos norte-americanos,porexemplo,costumampublicarrelaçõesentrevolumededepósitosenúmerodeempregados, entre valor dos empréstimos concedidos e número de mutuários etc. Certospadrõescomparativosdeeficiênciapodemserdaíretirados.Assim,sabe-seque,emmédia,um banco de certo porte não deveria ter mais do que X empregados por $ milhão dedepósitos,eassimpordiante.

Tais estatísticas estão disseminadas e espalhadas pelas várias associações patronais esãoatualizadasanualmente,de formaquequalquerempresadispõedeverdadeiropaineldecomparaçãoentreseusdadosdeprodutividadeedosetor.

Informaçõesemunidades físicassão frequentemente tãooumais importantesdoqueemvalores,oupelomenos realçamautilidadedosquocientesquando relacionamosquantidadescomvalores.

Adicionalmente,umaáreaquedevemerecerumaanáliseàparteéadefluxodecapitaldegirolíquidoefluxodecaixa.Aanálisequantitativaequalitativadasfonteseusosdecapitaldegirolíquidopodefornecermuitasindicaçõesúteisparaotimizaraestruturafinanceiradecapitalnomédio e longo prazo. Damesma forma, uma análise do fluxo de caixa, principalmente oprojetado,auxiliaadesvendarosperíodosemquesetornanecessárioreforçoderecursosdecaixaouemquedevemosaplicarrecursosociosos.

RESUMODOSCAPÍTULOS

Afinalidadedoscapítulos6a10foiadeapresentarasformasdecálculoeosignificadodosmais importantes quocientes relacionando itens do Balanço e da Demonstração doResultado.Consideremos, todavia,queaanálisepoderiaserampliadaparaabarcaroutrosdemonstrativos.Porexemplo,poderíamosrealizarumaanáliseverticaldodemonstrativodefonteseusosdecapitaldegirolíquidorelacionandopercentualmentecadatipodefonteemrelaçãoao total de fontes; omesmopoderia ser feito com relaçãoàsaplicações.Alémdomais,aanálisepormeiodequocientespodeseraplicadaademonstrativosprojetados.Estesdemonstrativos projetados são o resultado final de todo um processo orçamentário e nãoserão tratados aqui, mas é de grande interesse; além de simplesmente projetar taisdemonstrativos,calcularosquocientes,damesmaformacomoéfeitonosdemonstrativosde

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1.2.3.4.

períodos já encerrados. Nossa finalidade foi apresentar apenas quocientes fundamentais,válidos na quase totalidade de estruturas empresariais. Note-se, todavia, que quocientesespeciaispoderãotersentidonumtipodeempresaenãoemoutro.

Analisamososcuidadosquedevemcercaraanálisedebalanços,paraquenãosetornemeramenteumcálculomecânicodequocientes.Taiscuidadosresumem-senoseguinte:

trabalhecomdemonstrativosauditados;estabeleçaumasériehistóricadaempresa;comparecomquocientesdosetor,nacionaisouinternacionais;comparecompadrõesdaprópriaempresa.

As conclusões a serem extraídas dos quocientes calculados devem ser o maiscuidadosas possível, aliando o conhecimento técnico e a experiência do analista.Métodosestatísticos podem apenas auxiliar a sensibilidade do analista a encontrar algumas pistas.Poroutro lado,ébom lembrarqueanálisedebalançosnãoé realizadaapenasatravésdequocientes. Comparações de balanços em várias datas, gráficos mostrando evolução deitensemváriasdatas,estabelecimentodetendências,histogramasdefrequênciaetc.fazempartedoarsenalàdisposiçãodoanalistaparadiscerniromaispossívelapartirdosdadosfinanceiros,emboraaanáliseporquocientesseja,semdúvida,apartemaisimportante.

Vários autores já afirmaram que a análise de balanços fornecemais perguntas do querespostas.Entretanto, todo instrumentoquepropiciarperguntas formuladas inteligentementeequeforsuscetíveldepromoverpesquisasmaisaprofundadasserádegrandeutilidadeparaaempresaeparaoanalista.

EXERCÍCIOSOBREOSCAPÍTULOS6A10

ExemplodeanáliseporquocientesA empresa Gama, cujos demonstrativos contábeis eram auditados por J. Shumpeter &

Cirilo, auditores independentes, apósosnecessários ajustese agrupamentodas contasdeformaasimplificaraanálise,apresentaaevoluçãodemonstradanaspáginasaseguir.

A)BALANÇOSPATRIMONIAIS

Em$

ATIVO X (X+1) (X+2) (X+3)

Circulante(Corrente)

Disponibilidades 80 90 120 125

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EstoquesdeProdutos 150 180 191 230

ContasaReceber(líq.) 250 290 320 500

DespesasPagasAntecipadamente 5 11 5 4

TotaldoAtivoCirculante 485 571 636 859

Em$

ATIVO X (X+1) (X+2) (X+3)

NãoCorrente

ValoresaReceberdeLongoPrazo 93 95 60 60

Imobilizado(líq.) 399 490 660 1.050

Investimentos 17 25 33 41

TotaldoAtivoNãoCorrente 509 610 753 1.151

TotaldoAtivo 994 1.181 1.389 2.010

PASSIVO

PassivoCirculante 350 420 480 550

PassivoNãoCirculante

ExigívelaLongoPrazo 250 300 400 800

TotaldoExigível 600 720 880 1.350

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PATRIMÔNIOLÍQUIDO

CapitaleReservasdeLucros 394 461 509 660

TotaldoExigívelePatrimônioLíquido 994 1.181 1.389 2.010

B)DETALHAMENTODOPATRIMÔNIOLÍQUIDO

Em$

X (X+1) (X+2) (X+3)

Capital 200 250 280 400

ReservasdeLucros 194 211 229 260

Total 394 461 509 660

Observação:ForampagosDividendosnofinaldecadaexercício,daseguinteforma:fimdeX+1,30milhões;fimdeX+2,15

milhões;fimdeX+3,60milhões.OCapitaltambémfoiaumentadonofinaldecadaexercício.

C)DEMONSTRAÇÕESDERESULTADOS

Em$

Períodos

X(X+1) (X+1)(X+2) (X+2)(X+3)

VendasLíquidas 1.509 1.495 1.830

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(–)

=

(–)

=

(–)

=

(–)

=

CustodasVendas 1.200 1.150 1.300

LucroBruto 309 345 530

DespesasOperacionais 200 201 280

LucroAntesdasDespesasFinanceiras 109 144 250

DespesasFinanceiras 51 103 136

LucroLíquido(AIR) 58 41 114

ImpostodeRenda 11 8 23

LucroLíquido(DIR) 47 33 91

Nota:Cercade65%dasvendastotaisdaCia.sãoaprazo.DototaldoPassivoCirculante,cercade70%referem-seacréditosde

fornecedores,eascomprassãopraticamenterealizadastotalmenteaprazo.

D)DEMONSTRAÇÃODEFONTESEUSOSDECAPITALDEGIROLÍQUIDO

(OrigenseAplicaçõesdeRecursos)

Período×(X+3)

Em$

CapitaldeGiroLíquidoemX $135

FONTESDECAPITALDEGIROLÍQUIDO

LucrosLíquidos(DIR)* 171

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AumentodeCapitalporSubscrição 200

AcréscimodeEndividamentodeLongoPrazo 550

LiquidaçãodeValoresaReceberdeLongoPrazo 33

USOSDECAPITALDEGIROLÍQUIDO

DistribuiçãodeDividendos 105

AcréscimodeImobilizadoLíquido* 651

AcréscimodeInvestimentos ___ 24

TotaldeFontes 954

TotaldeUsos 780

AcréscimonoCapitaldeGiroLíquidonoPeríodo 174

CAPITALDEGIROLÍQUIDOEMX+3 309

Oacréscimode$174milhõesestáconsubstanciadodaseguinteforma:$45emDisponibilidades;$80emInventários;$49em

acréscimoslíquidosem(ValoresaReceber+DespesasAntecipadas–PassivoCirculante).

*Estesdois itensestão incluídosde formanão rigorosa, tendo-seemvistaosdados fornecidos.Naverdade,o lucro

deveria ser ajustado pelas depreciações. Por outro lado, o acréscimo no Imobilizado deveria ser mensurado pelas

diferençasentreascontasdeativoapenasenãopelasdiferençasentreosvalores líquidos.Como,todavia,nãoforam

reveladasasdepreciaçõesacumuladas,estafoiaúnicaforma,emboraaproximada,deapresentarosdados.Poroutro

lado, reveja nossas observações sobre o demonstrativo de capital de giro líquido no Capítulo 4. A apresentação do

demonstrativodecapitaldegirolíquidonesseexemplotemafinalidadedepropiciaralgunscomentáriosfinanceirosno

finaldaanálisedebalanços.Todososdadosdosdemonstrativosapresentadosforamsumarizados.Énecessáriolembrar

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que, na prática, teríamos de enquadrar certas contas em nossas classificações. Na grande parte dos casos, isto não

acarretarádificuldades.Paraoutrascontas,todavia,seránecessárioterumanoçãoexatadoquerepresentam.

SOLUÇÃO

ANÁLISEHORIZONTALEVERTICALPoderá ser feita pelo leitor. Basta reproduzir os demonstrativos financeiros (balanço

patrimonialedemonstrativosderesultados)deixandoespaçoparaosrelacionamentos.Porexemplo,paraosbalanços,teríamos:

AnáliseVertical AnáliseHorizontal

ATIVO X %(X+

1)%

(X+

2)%

(X

+

3)

% X

(X

+

1)

(X

+

2)

(X

+

3)

Circulante

Disponível $80 8 $90 8 $120 9$

1256 100 113 150 156

.

.

.

etc.

Na coluna de porcentagem colocamos quanto representa, percentualmente, cada contasobreoativototal(ecadacontacredorasobreopassivo).Naanálisehorizontal,oprimeiroano é base 100 (índice 100), e todos os demais anos são representados com relação aoíndice100.Assim,osegundoanoéiguala113,eassimpordiante.

Omesmoprocedimentoseriautilizadoparaademonstraçãodoresultado.

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CÁLCULODOSPRINCIPAISQUOCIENTES

A)QUOCIENTESDELIQUIDEZ

X ((X+1) (X+2) (X+3)

A1) QuocientedeLiquidezImediata

0,23 0,21 0,25 0,23

A2) QuocientedeLiquidezCorrente

1,39 1,36 1,33 1,56

A3) QuocientedeLiquidezSeca

0,96 0,93 0,93 1,14

A4) QuocientedeLiquidezGeral

0,96 0,93 0,79 0,68

B)QUOCIENTESDEENDIVIDAMENTO

X ((X+1) (X+2) (X+3)

B1)QuocientedeParticipaçãodeCapitaisde

TerceirossobreRecursosTotais(DebtRatio)

0,60 0,61 0,63 0,67

B2) QuocientedeParticipaçãodeCapitais

deTerceirossobreCapitaisPróprios

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1,52 1,56 1,73 2,05

B3)QuocientedeParticipaçãodeDívidasde

CurtoPrazosobreEndividamentoTotal

0,58 0,58 0,55 0,41

C)QUOCIENTESDEROTATIVIDADE(GIRO)

X(X+1) (X+1)(X+2) (X+2)(X+3)

C1)QuocientedeRotatividadedeInventáriosde

Produtos

7,27 6,206,18vezes

numperíodo

C2)PrazoMédiodeRecebimentosdeContasa

Receber(DerivantesdeVendasaPrazo)

99 113 124dias

C3)

PrazoMédiodePagamentodeContasa

Pagar(DerivantesdaCompradeInsumos

Básicos)

79 98 97dias

C4) QuocientedePosicionamentoRelativo

1,25 1,15 1,28

C5) RotatividadedoAtivo(GirodoAtivo)

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1,39 1,16 1,08vez

D)QUOCIENTESDERENTABILIDADE

X(X+1) (X+1)(X+2) (X+2)(X+3)

D1) MargemLíquida

0,031 0,022 0,050

D2) GirodoAtivoTotal

1,39 1,16 1,08

D3) RetornosobreoInvestimentoTotal

MargemLíquida×GirodoAtivoTotal 0,043 0,026 0,054

D4)QuocientedeRetornosobreoPatrimônio

Líquido*

0,113 0,069 0,164

E)ALAVANCAGEM

X(X+1) (X+1)(X+2) (X+2)(X+3)

0,139 0,086 0,206

0,100 0,112 0,147

E3) GraudeAlavancagem

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1,39 0,77 1,40

F)OUTROSQUOCIENTES

X (X+1) (X+2) (X+3)

F1)GraudeImobilizaçãoTécnicadoPatrimônio

Líquido

1,01 1,06 1,30 1,59

*Naexplicaçãodotextonãofoiesclarecidoseodenominadorseriaexpressocomopatrimôniolíquidoinicialoumédio,

emboranosexemplosposterioressobrealavancagemtrabalhássemossemprecomvaloresiniciais,porémapenaspara

maiorfacilidadedeexplicação.Écomumrelacionarmosumvalordefluxo(olucro)comumamédiadeperíodo,poiso

lucroéumfenômenocontínuodentrodaempresa,sehouverregularidadedereceitasedespesas.Entretanto,épreciso

tomar cuidadonocálculode taisvaloresmédios,principalmentedopatrimônio líquido.Emnossoexemplo, sabemos

queasdistribuiçõesdedividendosforamrealizadasapenasnofimdosperíodos.Logo,éprecisosomarosdividendosao

patrimônio líquido final a fim de calcularmos amédia. Por outro lado, precisaríamos saber quando aconteceram os

acréscimosdecapital.Nonossocaso,tambémforamrealizadospertodofinaldosexercícios.Istosignificaqueprecisam

ser subtraídos dos patrimônios líquidos finais, para efeito de cálculo do patrimônio líquido médio. A rigor, cálculo

equivalentedeveriaserrealizadoparaacomposiçãodoAtivoMédio,comrelaçãoaosreflexos,noAtivo,doseventos(e

outros)citados.

** Neste caso, preferimos um conceito de lucro antes do imposto de renda, pois a soma do lucro líquido após o

imposto de renda mais as despesas financeiras não tem muito sentido, porque o imposto seria outro, caso não

existissem as despesas financeiras. O quociente E2 foi calculado da mesma forma. O mais correto, entretanto, seria

utilizar o conceito após o imposto de renda no patrimônio líquido e calcularqualseria o imposto de renda, caso as

despesasfinanceirasnãofossemincorridas.Assim,teríamosdoisconceitosapósoimposto.

Observações: (a) Neste exemplo, os valores médios foram calculados pela médiaaritméticadesaldosiniciaisefinais,porfaltadeinformaçõesquedeterminassemumcálculomaispreciso;(b)Nãoforamcalculadososoutrosquocientescitadosdaspáginas134e135porfaltadasseguintesinformações:NúmerodeAçõesemCirculação,ValordeMercadodaAção,DividendosPreferenciaisPagos,NúmerodeAçõesOrdinárias.

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ALGUMASINDICAÇÕESEXTRAÍDASDAANÁLISEDOSQUOCIENTESCALCULADOS

Lembramos, a esse respeito, que seria necessário o perfeito conhecimento dasoperações da empresa, bem como dos quocientes análogos da concorrência, a fim de sepoderemitirumbomparecer.Comosoluçãodoproblema,analisaremosapenasatendênciadaempresaemsi.

Osquocientesde liquidezparecemapontarumasituaçãorazoável.De fato,oquocientede liquidez imediata permanecemais oumenos estacionário, sendo superior àmédia dasempresasbrasileiras,oquepoderiaindicarociosidadederecursos.Oquocientedeliquidezcorrenteapresenta-seemníveisaceitáveis,tendocrescidorazoavelmentenoúltimoperíodo.Considerandoqueoprazomédioderecebimentodascontasareceberémaiordoqueodascontas a pagar, vemos que isso piora sua posição. O quociente de liquidez seca, comexceção de melhora no último ano, apresenta tendência evolutiva zero. Por outro lado, oquociente de liquidez geral piora de ano a ano, significando que a empresa estácomprometendo cada vez mais sua situação financeira de longo prazo. Esta tendência éconfirmada pelos quocientes de endividamento (estrutura de capital) que acusamdependênciacadavezmaiorderecursosde terceiros.Assim,aparceladosrecursos totaisfinanciadaporendividamento(B1)écadavezmaior:de60%emXpassaa67%em(X+3).

OmesmofenômenoéatestadopeloquocienteB2,oqualpassade1,52emXpara2,05em(X+3).

Quantoà composiçãodadívida (B3), nota-se umadecrescente participação das dívidasde curto prazo sobre o endividamento total, fato que explica, em parte, os quocientes deliquidezdecurtoprazoapresentaremmelhortendênciadoqueoquocientedeliquidezgeral.

Nota-se, por outro lado, que o grau de imobilização técnica do patrimônio líquidoconfirma, indiretamente, por que a empresa se endividou a longo prazo; em partepossivelmenteparapoderfazerfrenteàcrescenteexpansãodoImobilizado.ParacadarealinvestidopelosacionistasemX, um real e um centavo estavam investidos no Imobilizado.Em (X+3)estarelaçãopassaparaumrealecinquentaenovecentavos.ADemonstraçãodeFonteseUsosdeCapitaldeGiroLíquidoconfirmaoquedissemos.

Noqueserefereaosquocientesdeatividade,aempresademoramaispararecebersuasvendasaprazodoqueparapagarsuascomprasaprazo. Istoédesfavoráveleaumentaadependênciadecapitaldeterceiros.

Ogirodoativoe,principalmente,a rotaçãodosestoquesapresentam índicespositivos.Entretanto,háumcontínuodecréscimodessa rotatividade,oquepodesignificarproblemasfuturos.

Osquocientesderentabilidade(D)sãoregulares.Poroutrolado,verificamosqueograudealavancagemsofreuumabruscaquedade1,39para0,77(comodecorrênciadoaumentomuitograndedasdespesasfinanceiras)edaquedadelucroocorridosnoperíodo(X+1)(X+2),paraserecuperarevoltarasubiraumnívelde1,40.Apesardograndeendividamentodaempresa(fatoquepodeinviabilizá-lanofuturo),oaproveitamentodoendividamento,emtermosderendimentooubeneficiamentodosacionistas,temsidorazoável,comexceçãodo

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2operíodo.Istoédevidoaofatodeataxadedespesasfinanceirassobreosempréstimossermenorqueataxaganhapelogirodosrecursosassimprovidosnoativo.Somentenoperíodo(X+1)(X+2)asdespesasfinanceirasapresentaramumacargapercentualmaior,daíograude alavancagem inferior a um.De fato, pelo Demonstrativo de Resultados da página 154,verifica-se que, apesar do menor valor de Vendas em relação ao período anterior, omontantedasdespesasfinanceirasfoisubstancialmentemaior.

Aconclusãoéqueaempresaseencontranumasituaçãoconfortável,comrentabilidaderazoável,masquepoderáterproblemasnomédioelongoprazos.Umaformademelhoraraposiçãodaempresaseriaumgrandeesforçoparaaumentaramargem líquida,atravésdeum programa de redução de despesas. O endividamento precisa ser rigorosamentecontroladodaquiparafrente,reduzindo-se,namedidadopossível,aincidênciadedespesasfinanceiras.Esforçosdevemserrealizadosnaáreadeseleçãodecréditos,afimdediminuiroprazomédioderecebimentos.

AaplicaçãodatécnicadofatordeinsolvênciaAplicando-seaosquocientescalculadosa técnicacitadaempáginasanteriores,apenas

paraoúltimoperíodo,observamososseguintesvalores:

Esteresultadocolocaaempresanafaixade“solvência”.Outra visão interessante da situação financeira da empresa é a fornecida pela

DemonstraçãodeFonteseUsosdeCapitaldeGiroLíquido.Apesarderevelarquecercade58%dototaldefontesderecursossãofornecidosporacréscimosdeendividamento(apenas21% de subscrições de capital e 18% de lucros), verifica-se que 83% das aplicações defundos destinaram-se a acréscimo de imobilizado. Embora possa ter sido enfatizada talaplicaçãoalémdamedidaótima,causandocertasituaçãodeapertonaáreafinanceira,estaúltima faceta é interessante. É bem possível que grande parte do endividamento a longoprazooutodoeletenhasidoassumidoparaadquirirosequipamentoseoutrosimobilizados,

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e que estes não tenham ainda trazido benefício. De qualquer forma, as fontes de fundossuperaram os usos em 174 milhões, permitindo que o capital de giro líquido, no fim doperíodo,superasseos300milhões.

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11.1 VARIAÇÕESDEPREÇOSNOSDEMONSTRATIVOSFINANCEIROS:OMODELOTEÓRICODECORREÇÃOPELONÍVELGERALDEPREÇOS

Aempresa “DescapitalizadaS.A.” apresentou, para os exercícios encerrados em 31-12-X e31-12-X + 1, os demonstrativos de posição desta página e da seguinte, bem como odemonstrativoderesultadosquemedeiaasduasdatas.Osbalançosjáforamdepuradosdosefeitos parciais das correções monetárias oficiais e o diretor financeiro quer ter uma ideiacompletados resultados reaisdoano,paraefeitodedistribuiçãodedividendosepolíticadereinvestimento.

DESCAPITALIZADAS.A.–BALANÇOSPATRIMONIAIS

Em$

Em31-12-X Em31-12-X+1

ATIVO

Disponibilidades 50 110

ValoresaReceber(curtoelongo) 520 600

FundodeComércio(goodwill) 50 40

Estoques(PEPS) 430 450

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Imobilizado 700 800

(–) DepreciaçãoAcumulada (280) 420 (340) 460

DespesasAntecipadas 5 3

TotaldoAtivo 1.475 1.663

PASSIVOEPATRIMÔNIOLÍQUIDO

PASSIVO(EXIGIBILIDADES)

FornecedoreseContasaPagar 200 280

DívidasemMoedaEstrangeira(àtaxado

dia)300 500 330 610

PATRIMÔNIOLÍQUIDO

Capital 500 520

ReservasdeLucros 475 975 533 1.053

TotaldoPassivoePL 1.475 1.663

DEMONSTRATIVODERESULTADOSPARAOPERÍODODE31-12-XA31-12-X+1

VENDAS 1.520

(–) CUSTODASVENDAS

EstoqueInicial 430

+ Compras1.000

1.430

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11.1.1

a)

(–) EstoqueFinal (450) (980)

= ResultadocomMercadorias 540

DespesasOperacionais 180

Depreciação 60

(–) AmortizaçãodeFundodeComércio(goodwill) 10

Financeiras 15

VariaçãoCambial 30 <295>

+ OutrasReceitas 40 (255)

= LucroLíquidoantesdoImpostodeRenda 285

(–) ProvisãoparaImpostodeRenda (60*)

= LucroLíquido 225

*Mantidoovalorobtidoapósascorreçõesoficiais.

Acorreçãodosbalanços

Paraacorreçãodosbalanços,ésuficientecolocá-losoutransformá-losemmoedadamesmadata.Poderemosescolhercomobase31-12-X,31-12-X+1,oumesmooutradataqualquer.

Vamosutilizar31-12-X+1,pelosimplesmotivodequeasdecisõessobredistribuiçãodelucro, reinvestimento etc. serão facilitadas pela obtenção de cifrasmais próximas de nossa“sensibilidade”.

Algumasinformaçõesadicionaisdevemserpesquisadasnosregistrosdaempresaafimdepermitiracorreção:

Datadeaquisiçãodoimobilizadotécnico$700milhõesnoiníciodeX–4.

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b)

c)

d)

e)

f)

g)

a)

b)

c)

d)

e)

f)

$100milhõesemmoedadeX+1.DatadoaumentodecapitalIníciodeX+1,novasubscrição,de$20milhões.Houvedistribuiçãodelucros?Sim;emfinsdeX+1foramdistribuídos$167milhões.DatadeaquisiçãodosestoquesOsestoquesforamadquiridospróximodasdatasdosbalanços.DatadeaquisiçãodoFundodeComércio(goodwill)IníciodeX–4.Índicesgeraisdepreçosnasdatasimportantes(hipotéticos)

IníciodeX–4 3.200

31-12-X 6.420

MeadosdeX+1 7.511

31-12-X+1 8.474

Coeficientesemtermosde31-12-X+1

IníciodeX–4 8.474/3.200=2,65

31-12-X 8.474/6.420=1,32

MeadosdeX+1 8.474/7.511=1,13

FimdeX+1 8.474/8.474=1,00

OBalançode31-12-Xemtermosdepoderaquisitivode31-12-X+1

Disponibilidades: este é um valor corrente em 31-12-X; logo será multiplicado pelocoeficiente1,32,resultandoem$66.Valores a Receber: admitindo-se que o valor desta conta já tenha sido descontadopelosprazosdevencimentos(arigor,paraafirmarmosqueesteéumvalorcorrentenadata,precisaríamoscalcularovalorpresentedosvaloresareceber)oudesprezandoestedetalhe técnico,podemosadmitirqueestaconta,basicamente, recainamesmanatureza de Disponibilidades. Assim, será multiplicada por 1,32, resultando em $686,40.FundodeComércio(goodwill):adquiridoeminíciosdeX–4,deverásercorrigidopor2,65, resultando em $ 132,50. Esta conta é tratada como se fosse um imobilizado,paraefeitodecorreção.Estoques: por terem sido adquiridos próximo da data do balanço, são valorescorrentesem31-12-X;logo,aplicamosocoeficiente1,32,resultandoem$567,60.Imobilizado: os $ 700,00 adquiridos no início de X – 4 são corrigidos por 2,65,resultandoem$1.855,00.Os$100,00adicionaisadquiridosemmeadosdeX+1sãocorrigidospor1,13 resultandoem$113,00.Esteúltimovalor, todavia,somenteseráadicionadoaobalançofinal.DepreciaçãoAcumulada:sãodecorridos5exercíciosdesdeoiníciodeX–4.Foram

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g)

h)

i)

j)

a)

b)c)

d)

e)

f)

depreciados$280,00de$700,00,ouseja,40%,oquefazsuporumataxamédiade8%a.a.Adepreciaçãoacumuladaécorrigidadamesmaformaqueécorrigidooativoaoqualserefere.NãoimportaqueasdepreciaçõestenhamsidocontabilizadasemX–4,X–3,X–2,eassimpordiante.Todaselassãoparcelasdosmesmos$700,00;logo terão de ser corrigidas por 2,65, independentemente do ano em que foramcontabilizadas.Assim,$280,00×2,65=$742.Despesas Antecipadas: supostamente verificada bem próximo da data do balanço,podesercorrigidapor1,32,resultandoem$6,60.Fornecedores e Contas a Pagar: conta análoga a Valores a Receber, valem asmesmaspremissas.Corrigidapor1,32,resultaem$264,00.Dívidas em Moeda Estrangeira: apesar de originariamente contraída em moedaestrangeira, está expressa em reais à taxa cambial vigente no dia. É contaperfeitamenteanálogaàanterior, lembrando-sesempreasconsideraçõessobrevalorpresente.Écorrigidapor1,32,alcançando$396,00.PatrimônioLíquido:nocaso,podesercalculadopordiferençaentreAtivoePassivo,não interessando qual o valor corrigido deCapital e Lucros, individualmente.Resultaiguala$1.912,10.

OBalançode31-12-X+1emtermosdepoderaquisitivode31-12-X+1

Disponibilidades: permanece o próprio valor histórico, pois é um valor perfeitamentecorrenteem31-12-X+1–$110,00.ValoresaReceber:idem,idem,$600,00.Fundo do Comércio (goodwill): por ser originário do início de X – 4, os $ 40,00remanescentesaindasãomultiplicadospor2,65,resultandoem$106.Estoques: por ser corrente na data, não precisa de correção. Permanece o valorhistóricode$450.Imobilizado: de 31-12-X, carregamos $ 1.855,00, já corrigidos. Foram compradosmais$100,00emmeadosdeX+1,osquaissãocorrigidospor1,13,resultandoem$113,00.Assim,ovalordestacontaéde$1.855,00mais$113,00=$1.968.DepreciaçãoAcumulada: de31-12-X, carregamos$742,00, já corrigidos.Éprecisoadicionaradepreciaçãode8%aos$700,00ecorrigi-la,adicionandoadepreciaçãode8%(paraumsemestre)dos$100,00,corrigindo-atambém.

8%de$700,00=$56,00.Estesreferem-seaindaaosequipamentosadquiridosnoiníciodeX–4eserãocorrigidospor2,65,alcançando$148,40.

4% (semestre) de $ 100,00 = $ 4,00. Estes serão corrigidos por 1,13, resultando em $4,52.

Assim, a depreciação histórica de X + 1 = $ 56,00 mais $ 4,00 = $ 60 milhões, e adepreciaçãocorrigidaiguala$148,40mais$4,52=$152,92milhões.

Assim,temos:

Deprec.Acumuladaaté31-12-X= 742,00

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g)

h)

i)

11.1.2

a)

b)c)

+Deprec.ref.aX+1= 152,92

=Deprec.Acumuladaem31-12-X+1= 894,92

Observe-se,maisumavez,queadepreciaçãode$56,00,emboracontabilizadaemX+1,foi corrigida pelo coeficiente de X – 4, pois a depreciação tem a mesma idade dosequipamentosaosquaisserefere,enãoaidadedequandoécontabilizada.

Despesas Antecipadas: admitiremos que os $ 3,00 referem-se ao mesmo estoqueconstantedobalançoanterior,apenasque$2,00jáforamtransferidosparadespesa.2Os $ 3,00, sendo originários do balanço anterior, foram criados em 31-12-X; logo,terão de ser corrigidos por 1,32, resultando em $ 3,96. Ao corrigirmos a despesa,teremos de levar na devida conta os $ 2milhões alocados. Estes não poderão sercorrigidos por outro coeficiente, a não ser 1,32. Alguns autores consideram estascontas da mesma forma que Disponibilidades, Valores a Receber e a Pagar.Entretanto,otratamentoapresentadoaquiémaisrigoroso.Passivo: vistas as considerações para o balanço inicial, podemos considerar os $610,00totaisjádevidamentecorrigidos,poisrepresentamovalorcorrentedasdívidasem31-12-X+1.PatrimônioLíquido:pordiferença,resultaem$1.733,04milhões.

Lucroapuradopordiferençaentrepatrimônioslíquidos

LucrodeX+1=

$1.733,04(PLX+1)–$1.912,10(PLX)++$167,00(dividendos)–$20,00×1,32(aumentodecapitalnoiníciodeX+1).

LucrodeX+1=$1.733,04–$1.912,10+$167,00–$26,40=$38,46,prejuízo!

Agora,teremosdecorrigirodemonstrativoderesultadosealcançaromesmoresultado.Aprimeira suposição que faremos, neste aspecto, é que Receitas, Despesas, Compras eVendassedistribuem tãouniformementeduranteoexercícioque,paraefeitodecorreção,écomosetivessemverificadoemmeadosdeX+1.

CorreçãodoDR(oDRemtermosdepoderaquisitivode31-12-X+1)

Vendas: na hipótese assumida, é suficiente corrigirmos pelo coeficiente 1,13,resultandoem$1.717,60.EstoqueInicialeEstoqueFinal:vejacorreçõesefetuadasem10.1.1.Compras:mesmaformadecorreçãodeVendas.Resultaem$1.130,00.

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d)1.

2.

3.

4.5.

6.7.

8.

DespesasOperacionais:dos$180,00,devemosexcluir$2,00,queresultaramdaalocaçãode despesas diferidas. Assim, $ 178,00, nas premissas do problema, sãocorrigidospor1,13, resultandoem$201,14.Os$2,00sãocorrigidospor1,32,resultandoem$2,64(total=203,78).Depreciação: já temos o valor corrigido de $ 152,92, apurado por ocasião dacorreçãodosbalanços.AmortizaçãodeFundodeComércio(goodwill):adquiridoemX–4,aquotade$10,00, alocada como despesa de X + 1, é corrigida por 2,65, resultando em $26,50noDRcorrigido.Financeiras:corrigidasnormalmentepelocoeficiente1,13,resultandoem$16,95.Variação Cambial: esta despesa é apurada no último dia do exercício, porémpode-se presumir que se acumulou uniformemente durante o período, podendosercorrigidapor1,13,resultandoem$33,90.OutrasReceitas:$40,00×1,13=$45,20.Imposto deRenda: valor formado em 31-12-X + 1, permanece inalterado em $60,00.3 Os efeitos de 5 e 7 no passivo terão de ser levados em conta noajustamentodoschamados“itensmonetários”.

Levando-seemcontatodosositensjácorrigidosdodemonstrativo,chegamosaumresultadopositivode$21,15.Entretanto,oresultadoapuradopordiferençaentrepatrimônioslíquidosfoi$38,46,deprejuízo.

Éprecisoverificaroefeitodetermostrabalhadocommaisoumenossaldodecaixa e valores a receber sobre os valores a pagar, em período inflacionário,comofoiocaso.AsPerdas(Ganhos)nosItensMonetários.

Intuitivamente, é fácil entendermos que, em períodos de inflação, quanto mais tempoficarmos com saldos em disponibilidade, sem investir em outros ativos, mais estaremosperdendo poder aquisitivo na proporção direta da taxa de inflação durante o período deespera.Diga-se omesmode contas a receber.Receberemos valores constantes, de poderaquisitivocadavezmenor.Exatamenteocontrárioocorrecomosvaloresapagar, istoé,emvezdeperdas,obtemosganhospelainflação.

Umaformacoerentee fácildecalcularosefeitosda inflaçãonodisponível,nosvaloresareceber e nos valores a pagar é considerar a soma algébrica de tais itens (disponívelmaisvaloresarecebermenosvaloresapagar)comoumacontafigurativaeverificaroqueocorreucom os saldos desta conta fictícia durante o exercício. Numa coluna à parte colocamos astaxas de inflação de um período a outro (de um saldo a outro) e numa última colunamultiplicamos as taxas pelos saldos e obtemos perdas (se os saldos forem devedores) ouganhos (se os saldos foremcredores).Somandoalgebricamente a última coluna, teremosomontantedasperdas(ganhos)nositensmonetários.

Emnossocasoespecífico,teremosperdas.Vamos,portanto,elaborarnossatabela.Apósocálculo,serãofornecidasexplicaçõesdealgunsitensmaisdifíceis.

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CONTA“SALDODOSITENSMONETÁRIOS”

Data Débito Crédito

A

Coeficientes

B

A×B

Saldo ΔCoef.(Taxa)

31-12-X 70,00 1,32 0,00 0,00

InícioX+1 20,00 90,00 1,32 0,19 17,10

MeadosX+1 237,00 327,00 1,13 0,13 42,51

FimdeX+1 227,00 100,00 1,00 0,00 –

Perda 59,61

Tivemos,portanto,umaperdanositensmonetáriosde$59,61.Subtraindo-sedestevalor$

21,15(resultadopositivoalcançadoatécalcularmosaperdanositensmonetários),chegamosa um prejuízo real de $ 38,46, exatamente igual ao obtido por diferença entre patrimônioslíquidos.

Note-se,portanto,que,deumlucrohistóricode$225,00,atingimosumprejuízo“real”de$38,46.Asanálisesdebalançosefinanceirapodemficarcompletamentealteradasconformeautilizaçãodedadoshistóricosoucorrigidos.Damesmamaneira,mesmotendoconsiderado$60,00deprovisãopara impostoderendanobalançohistórico,se fôssemosdistribuiro lucrohistórico líquido (teríamos ainda de corrigir as depreciações), estaríamos claramentedescapitalizandoaempresa.

Vamos, para efeito de clareza, reproduzir, na íntegra, os demonstrativos após ascorreções.(Verpáginasseguintes.)

Agora,iremosexplicaracomposiçãodoquadrodositensmonetários.O valor do saldo em 31-12-X é exatamente o saldo dos itens monetários na data do

balanço, isto é, Disponibilidade mais Valores a Receber menos Valores a Pagar, inclusivedívidasemmoedaestrangeira.

No início de X + 1, verifica-se o aumento no capital da empresa, por subscrição, o queaumentao“ativomonetário”e,portanto,osaldonositensmonetários.

EmmeadosdeX+1,acontecegrandepartedoseventosqueafetamositensmonetários,nesse exemplo. Assim, poderíamos demonstrar os eventos que afetam o saldo dos itensmonetários,emmeadosdoano:

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a) Paramais

Vendas 1.520,00

OutrasReceitas 40,00

1.560,00

b) Paramenos

VariaçãoCambial 30,00

Compras 1.000,00

DespesasOperacionais 178,00

DespesasFinanceiras 15,00

CompradeEquipamentos 100,00

1.323,00

c) Diferençaparamais(débito)=237,00=1.560,00–1.323,00.

DESCAPITALIZADAS.A.–BALANÇOSCORRIGIDOS(EMREAISDE31-12-X+1)

Em$

31-12-X 31-12-X+1

ATIVO(A)

Disponibilidades 66,00 110,00

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ValoresaReceber 686,40 600,00

FundodeComércio(goodwill) 132,50 106,00

Estoques 567,60 450,00

Imobilizado 1.855,00 1.968,00

(–) DepreciaçãoAcumulada (742,00) 1.113,00 (894,92) 1.073,08

DespesasAntecipadas 6,60 3,96

TotaldoAtivo 2.572,10 2.343,04

PASSIVOEPATRIMÔNIOLÍQUIDO

Passivo(P)(Exigibilidades)

Fornecedores,ContasaPagareOutros 264,00 280,00

DívidasemMoedaEstrangeira 396,00 660,00 330,00 610,00

PatrimônioLíquido=(A–P)= $1.912,10 $1.733,04

DESCAPITALIZADAS.A.–DEMONSTRAÇÃODORESULTADOCORRIGIDO(EMREAISDE31-12-X+1)

Em$

VENDAS 1.717,60

(–) CUSTODASVENDAS

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EstoqueInicial 567,60

(+) Compras 1.130,00

1.697,60

(–) EstoqueFinal (450,00) (1.247,60)

ResultadoscomMercadorias 470,00

(–) DESPESAS

Operacionais 203,78

Depreciação 152,92

Amortização 26,50

Financeiras 16,95

VariaçãoCambial 33,90 (434,05)

+ OUTRASRECEITAS 45,20 (388,85)

81,15

(–) Provisãop/ImpostodeRenda (60,00)

= LucroAntesdasPerdasnosI.Monetários 21,15

(–) PerdasLíquidasnosItensMonetários (59,61)

= PrejuízoLíquidoReal $(38,46)

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11.1.3

Consideramosapenas$ 178,00dos$ 180,00dedespesasoperacionais, pois os $ 2,00restantes referem-se à alocação de despesas antecipadas como despesas de X + 1, nãoinfluenciando,portanto,osaldodositensmonetários.

Finalmente,em finsdeX+1 temosadistribuiçãodedividendosnovalorde$167,00,oquediminuiosaldodositensmonetários.Note-se,ainda,aprovisãoparaimpostoderenda,novalorde$60,queseacresceuaoexigívelem31-12-X+1.Temos,portanto,$167,00mais$60,00, perfazendo um total de $ 227,00, a serem creditados na conta figurativa “Saldo dosItensMonetários”.

Computados os saldos, já sabemos que, em sendo devedores, teremos perdas pelainflação, e, em sendo credores, teremos ganhos.Emnosso caso, o saldo sempre tem sidodevedor, isto é, Disponível mais Valores a Receber superam Valores a Pagar. O passoseguinteérelacionaroscoeficientesqueexpressamarelaçãoentreosíndicesgeraisde31-12-X+1(database)edoeventoqueestamoscorrigindo.Taxasdeinflaçãoentreosperíodosemqueossaldosmudamsãocalculadastirando-seadiferençaentreoscoeficientes.Assim,ataxalinearizadadeinflaçãodoiníciodeX+1atémeadosdeX+1éiguala1,32–1,13,istoé,iguala0,19ou19%,eassimpordiante.

Agorarestasomentemultiplicarossaldospelastaxasdeinflaçãoeobtemosasperdas(nocaso)dedataadata,totalizandoparatodooperíodo$59,61.

Efeitosdainflaçãonoscasosemqueadistribuiçãodereceitas,despesas,comprasevendasnãoéuniformeduranteoexercício

Muito importante do ponto de vista gerencial é saber o que aconteceria se Receitas,Despesas, Compras e Vendas não tivessem uma distribuição uniforme durante o anocomercial,casomuitomaiscomumnapráticadoqueauniformidadeassumidaatéomomento.

Aproveitaremos o mesmo exemplo, alterando apenas a distribuição dos itens doDemonstrativo de Resultados, num ritmo trimestral, alterando também a ordem deapresentação dos itens no demonstrativo, a fim de facilitar o posterior cálculo das perdas(ganhos)nositensmonetários.(Verpágina175.)

É preciso apenas obtermos os coeficientes para os trimestres (meados de trimestres).Suponhamosquesejamosseguintes:

Meadosdo1otrimestre:1,25Meadosdo2otrimestre:1,18Meadosdo3otrimestre:1,09Meadosdo4otrimestre:1,04

Para corrigirmos o demonstrativo, basta iniciarmos pelos valores após a dedução dasdespesasfinanceirasemultiplicarmospeloscoeficientes(comexceçãodo4otrimestre,noqual

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acompradamercadorianãoseverificouemmeados,masnofimdotrimestre).Temos,então(vejaaspáginas163e164):

$136,25×1,25+$223,25×1,18+

($48,75)×1,09+$466,25×1,04+

($450,00)×1,00*=$415,51 415,51

(–) EstoqueInicial 430×1,32= (567,60)

+ EstoqueFinal 450×1,00= 450,00

(–) DespesasOperac. 2×1,32= (2,64)

(–) Depreciação = (152,92)

(–) Amortizações 10×2,65= (26,50)

(–) VariaçãoCambial 30×1,13= (33,90)

+ OutrasReceitas 40×1,13= 45,20 (288,36)

=LucroantesdasPerdasnosItensMonetários

127,15

(–) PerdasnosItensMonetários ?

= LucroLíquido ?

*Oquartotrimestreestáseparadoemduaspartes.VendasmenosDespesasOperacionais,menosDespesasFinanceiras,

tudomultiplicadopelocoeficientemédio.EasCompras,multiplicadaspelocoeficientedofimdotrimestre.

DESCAPITALIZADAS.A.–DEMONSTRATIVODERESULTADOS–X+1

Em$

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1o

Trimestre

2o

Trimestre

3o

Trimestre

4o

Trimestre

Total

VENDAS 380 420 200 520 1.520

(–) COMPRAS (200) (150) (200) (450*) (1.000)

180 270 _ 70 520

(–) DESPESASOPERACIONAIS (40) (43) (45) (50) (178)

140,00 227,00 (45,00) 20,00 342,00

(–) DESPESASFINANCEIRAS (3,75) (3,75) (3,75) (3,75) (15,00)

EfeitoLíquidosobreosItensMonetários 136,25 223,25 (48,75) 16,25 327,00

(–) EstoqueInicial (430,00)

(103,00)

+ EstoqueFinal 450,00

347,00

(–)DespesasOperacionais($2,00),Depreciação($60,00),AmortizaçãodeFundodeComércio(goodwill)($

10,00)eVariaçãoCambial($30,00)(102,00)

245,00

+ OutrasReceitas 40,00

— LucroLíquidoantesdoImpostodeRenda 285,00

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(–) ProvisãoparaImpostodeRenda (60,00)

= LucroLíquido 225,00

*VendaseCompras,bemcomooutrasdespesaseitens,distribuíram-semaisoumenosuniformementedentrodo

trimestre.Todavia,acomprado4otrimestre,novalorde$450,recaiunosúltimosdiasdoano.

Verifica-seque,paraoitemOutrasReceitas,continuamosconsiderandoqueseverificaramuniformementeduranteoexercício.Asoutrasdespesasquenãotiveremdistribuiçãotrimestralsão “contas comdatamarcada”, pois se referema amortizações de ativos preexistentes e,portanto,aamortizaçãoécorrigidadamesmaformaquea“conta-mãe”.

EstamosemcondiçõesdeelaboraratabelaparaosItensMonetários:

Data Débito Crédito Saldo* Coeficiente Taxa Perda

31-12-X 90,00 1,32 0,07 6,3000

1oTrimestre 136,25 226,25 1,25 0,07 15,8375

2oTrimestre 223,25 449,50 1,18 0,05 22,4750

MeadosdeX+1 90,00** 359,50 1,13 0,04 14,3800

3oTrimestre 48,75*** 310,75 1,09 0,05 15,5375

4oTrimestre 466,25 777,00 1,04 0,04 31,0800

31-12-X+1 677,00 100,00 1,00 –

PerdaTotal 105,6100

*Jáincluídooaumentodecapital

**VariaçãoCambial–CompradeEquipamentos+OutrasReceitas

***CompradeEstoques+Dividendos+I.Renda

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11.1.4

Retomemos,portanto,oDRcorrigido:

LucrosantesdasPerdasnosItensMonetários $

127,15

(–) PerdasnosItensMonetários (105,61)

eProvisãoparaImpostodeRenda (60,00) (165,61)

= PrejuízoLíquidoReal $38,46

Énotávelacoincidênciaderesultados!Tantonocasodedistribuiçãouniformequantonodedistribuição trimestral, o resultado líquido final é omesmo, ou seja, umprejuízo de$ 38,46.Acontece que, embora chegando a um resultado líquido igual, a distribuição deste resultadoentre“lucroantesdositensmonetários”e“perdasnositensmonetários”édiferente.

Em meados de X + 1, além da distribuição trimestral da maior parte dos itens, aindaocorreramacompradosequipamentosnovalorde$100eavariaçãocambial (diminuindoosaldo dos itensmonetários) e entraram as receitas de $ 40 (aumentando o saldo dos itensmonetários),resultandonumcréditolíquidode$90.NofinaldeX+1,houveasaídalíquidade$227,jáapontadanodemonstrativodedistribuiçãouniforme,maisos$450daúltimacomprademercadorias,que,pelahipótesePEPSdoproblema,ocorreuemfinsdeX+1:$450mais$227=$677.

Algunsquocientesdebalançoanteseapósacorreção

Uma das formas de apreciar a profunda diferença de significação entre demonstrativoscorrigidos e históricos é calcular e avaliar alguns quocientes, dentre os mais conhecidos.Vejamosoqueocorrenoquadroaseguir.

Este quadro já demonstra alguns parâmetros básicos de diferenciação. Os índicesfinanceiros mantiveram-se inalterados, pois os valores que os formam normalmente sãocorrigidos pelo mesmo coeficiente, tanto no ativo quanto no passivo. Entretanto, daí parafrente (não foi possível calcular certos quocientes por falta de informações do caso), asdiferençasedivergênciassãototais.Rotaçãoédiferente,emboraemalgunscasosesteíndicetenha valor relativo. Os índices de rentabilidade calculados (C e D) apresentam diferençasbrutais. Enquanto o C apresentava 19% em valores históricos, apresenta apenas 1% emvalorescorrigidos.JáoDpassade22%paramenos2%!Osrelacionamentosverticais,dosquaisapenasalgunsforamcalculados,variammuito.

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X X+1

Hist. Cor. Hist. Cor.

A)ÍndicesdeLiquidez

A1)Imediato 0,25 0,25 0,39 0,39

A2)Corrente = = = =

A3)Global 2,01 2,01 1,91 1,91

B)RotaçãodeEstoque = = 2,23 2,45

0,19 0,01*

0,22 (0,02)**

0,64 0,73

1,95 2,90 1,73 2,84

2,32 1,72 2,29 1,62

*Deduzidasasperdasnositensmonetários.

**Deduzidasasperdasnositensmonetários.

Considerandoqueumaanálise financeiracorretaprecisaamalgamar,dealgumamaneira,todos os principais índices a fim de se chegar a alguma conclusão, segue-se que a análisefinanceira realizada combalanços não corrigidos (emesmo comos levantados pela Lei dasS.A.)perdecompletamentesuafinalidade,quandonãovaiprejudicaroanalista,comexceçãodos índices financeiros de liquidez. O maior desvio ocorre nos índices de rentabilidade. Aanáliseverticalpercentualtambémapresentagrandesdistorções.

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11.2

11.2.1

1.

2.

3.

4.

ACORREÇÃOINTEGRAL(INSTRUÇÃONo64DACVM)4

Generalidades

A CVM baixou, em 19-5-1987, a Instrução no 64, cujo objetivo básico é corrigir asdemonstraçõescontábeisdasempresasdecapitalaberto,jáapartirdosbalançosencerradosem1987,ecujoresultadoemmatériadeevidenciaçãoébastanteparecidocomoobtidopelacorreçãoteóricaemnívelgeraldepreços,vistanoitemanterior.AlgumasdiferençasentreomodeloteóricoeodacorreçãointegraldaCVM:

ocoeficientedecorreçãoé fornecidopelavariaçãodovalordaUFIR,nomodelodecorreção integral, ao passo que, no modelo teórico, deveria ser fornecido pelorelacionamento entre índicesmais gerais das variações de preços e levantados porfontesindependentesdoGoverno(comoFGV,FIPEetc.);a correção dos estoques é mais correta e rigorosa no modelo teórico e apenasaproximadanomodelodecorreçãointegral,pelomenosnoiníciodesuaaplicação;oproblemadovalorpresentedecontasarecebereapagar:nomodelodecorreçãoteórico é taxativa a necessidade de trazer tais valores de vencimento futuro a valorpresente,utilizandoumataxadejurosdomercado;na questão das perdas e ganhos nos itens monetários ligados a ativos que geramreceitas financeiras e passivos que geram despesas financeiras, o modelo decorreção integral é, até, num certo sentido,mais rigoroso do que omodelo teórico.Esteúltimoapenascorrigedespesasereceitasfinanceiras.Osganhoseperdasnospassivoseativosquegeraramtaisdespesasereceitassão“jogados”navalacomumdas perdas ou ganhos nos itensmonetários, ao passo que, nomodelo de correçãointegral, calculamos a despesa e a receita financeira líquidas. Somentedisponibilidadessemaplicaçãoecontasarecebereapagarquenãoderamorigemareceitas e despesas financeiras é que formam, propriamente, as perdas ou ganhosnositensmonetários,nomodelodaCVM.

O que se pretende, em última instância, é poder tornar as demonstrações contábeisverdadeiramenteúteisecomparáveis,parafinalidadedeanálisedebalançoefinanceira.

Valem todas as argumentações expendidas no item anterior. É necessário realçar que aadoção da Instrução no 64 da CVM representa um passo importante rumo à melhoria deevidenciaçãodasdemonstraçõescontábeispublicadasnoBrasil.Semdúvida,elapodeedevesermelhorada,nofuturopróximo,emdecorrênciadaexperiênciaedassugestõesapontadaspelosprofissionaisque irãoaplicá-la.É forçoso reconhecer, todavia,quenão foraaatuaçãodinâmica e competente do eminenteProfessorEliseuMartins, na diretoria contábil daCVM,dificilmentetalavançoteriasidopossível.

Nosubitemquese segueapresentaremosexemplos simplesdeaplicaçãonomecanismodecorreção integral,semrecorreradetalhesmaiscomplexos.Paraesseefeito, tomamosaliberdade de reproduzir, com adaptações, exemplos extraídos do material preparado pelo

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11.2.2

ilustre Professor Ernesto R. Gelbcke, por ocasião de vários seminários ministrados sobrecorreçãointegral,emumdosquaistiveaoportunidadedeparticiparcomopalestrista,naparteintrodutória.Trata-sedeexemplossimplificadosequemostramasdiferençasentreacorreçãopela Lei das S.A. e pela correção integral, de forma clara e extremamente didática.AgradecemosaoreferidoMestreaautorizaçãoparautilizarmostalmaterial.

Exemplosbásicosdecorreçãointegral

1ocaso

Umempresário,ao iníciode1987,abriuumaempresacomercial com$400decapitalecommais financiamentode$600. Inicioucomercializando,em janeiro,produtospor$1.100,quelhecustaram$900comlucrobrutode$200.

Após tercompradosua lojapor$700,emfacedaciranda financeira, resolveuaplicarosrecursosde400nomercadofinanceiro,deixando$100emcaixaparaosimprevistos,emvezdecontinuaraoperaçãodecompraevendadeprodutos.

10-1-1987

Disponível 1.000 Empréstimo–LP 600

Capital 400

LP=LongoPrazo

Janeiro/1987

Venda 1.100

CPV (900)

Lucro 200

30-01-1987

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Disponível 100 Empréstimo 600

Aplic.Financeiras 400 Capital 400

Imobilizado 700 LucroParcial 200

1.200 1.200

Inflação=200%

EncargosFinanceiros=230%

ReceitasFinanceiras=220%

DEMONSTRAÇÕESFINANCEIRASPELOSISTEMAOFICIAL

Resultadode1987

Venda 1.100

CPV (900)

LucroBruto 200

Rec.Financ. 880

Soma 1.080

Desp.Financ. (1.380)

Result.“Operacional” (300)

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CM 600

Lucro 300

AP=200%×700= 1.400“R”

PL=200%×400= 800“D”

600“R”

31-12-1987

AtivoCirculante PassivoCirculante

Disponível 100 JurosaPagar 180

Aplic.Financeiras 1.280 Empréstimo 1.800

1.380 Patr.Líquido

Imobilizado 2.100 Cap.Corrig. 1.200

3.480 Lucro 300

1.500

3.480

AP=AtivoPermanente

PL=PatrimônioLíquido

DOARPELOSISTEMAOFICIAL

CCL.I =1.000

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1.

CCL.F =1.200=1.380–180(Juros)

Acréscimo =200

DOAR/1987

ORIGENS

Lucro 300

(–)CM (600)

(+)Desp.Var.Mon. 1.200

Geradopelasoperações 900

APLICAÇÕES

Imobilizações (700)

AcréscimoCCL 200

DOAR=DemonstraçãodeOrigenseAplicaçõesdeRecursos

CCL.I=CapitalCirculanteLíquidoInicial

CCL.F=CapitalCirculanteLíquidoFinal

CM=CorreçãoMonetária

DESP.VAR.MON.=DespesasdeVariaçõesMonetárias

ALGUMAS“CONCLUSÕES”APARTIRDASDEMONSTRAÇÕESOFICIAIS

As operações da empresa deram elevados prejuízos operacionais (prejuízo operacional

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2.3.4.

5.

6.

de$300).Aempresa“foisalva”pelacorreçãomonetária.Olucrode$300édeorigemmeramentecontábil(escritural).Despesas financeiras são mais que 100% das vendas e “estão matando” a empresa.Talvezentreemconcordata.Felizmente,odiretorfinanceirosalvouaempresa,poisconseguiureceitasfinanceirasde$880,transformandoumprejuízonumlucrofinalde$300.A empresa melhorou sua situação financeira, onde suas operações geram $900 derecursos, e, por uma “sadia política de investimentos”, aplicou somente $ 700 emimobilizadoeos$200restantesreforçaramseucapitaldegiro.

PELACORREÇÃOINTEGRALDEMONSTRAÇÃODERESULTADOS

RESULTADODE1987PELACORREÇÃOINTEGRAL

Venda 1.100×3,00= 3.300

CPV 900×3,00= (2.700)

LucroBruto 600

Rec.Financeira:

Nominal 880

(–)Perda=200%×400

= (800) 80

Lucrogeradopelosativosantesdasperdasmonetárias 680

Perdanasdisponibilidades:200%×100= (200)

LucroGeradopelosativos 480

Desp.Financeira:

Nominal (1.380)

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(–)Ganho=200%×600= 1.200 180

Lucro 300

DOARCOMCORREÇÃOINTEGRAL

CCL.I=1.000×3,00= 3.000

CCL.F= 1.200

Redução= 1.800

Origens

Lucro 300

Aplicações

Imobilizações 2.100

ReduçãoCCL 1.800

ALGUMASCONCLUSÕESAPÓSACORREÇÃOMONETÁRIA

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1.

2.

3.

4.

5.

6.

a)b)c)

O lucrode$300pelooficial é real conformeapuradopelooficial eamoedade fimdeano.As operações da empresa dão lucro e não prejuízo. A comercialização de produtosproduziuamaiorpartedoslucros,poisfoide$600.A empresa não “foi salva” pela correçãomonetária. Teve, isto sim, 1/3 ($ 200) de seulucrocomercialperdidopormanter$100emcaixa,semaplicar.Asdespesasfinanceirasnão“estãomatando”aempresa.Emvezde“maisque100%dasvendas”,representamsomente5,4%decustoreal.Odiretor financeironãoémaisoheróidaempresa,poisa receita financeira real foidesomente$80enãode$880.Oproprietário concluiu que não é vantagemdeixar de operar para aplicar o dinheiro nomercado.Oquepareciaumasadiapolíticade investimentosem termosdecapitaldegiromostraagoraqueaempresa:

nãoteve$900derecursosoriginadosdasoperações,massó$300;aaplicaçãoemimobilizadofoide$2.100enãode$700;em suma, o que parecia um fortalecimento do capital de giro de $ 200 é realmenteumareduçãode$1.800.

2oCasoEstoquesecustos

Empresacomcapitalde$50.000adquiriuestoquespor$50.000noiníciodoperíodoeosrevendeunofinaldomesmoperíodopor$70.000.

Inflaçãode30%

Resultadopelométodooficial

$ %

Vendas 70.000 100,0

CMV 50.000 71,4

LucroBruto“Operacional” 20.000 28,6

CM (15.000) 21,4

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Lucro 5.000 7,2

AperdacomcorreçãomonetáriaénaverdadepartedoCMV.CMV=CustodasMercadoriasVendidas

Distorção:

VendaeCMVamoedasdeperíodosdiferentes.Margembrutade28,6%incorreta.

Resultadopelacorreçãointegral

$ %

Vendas–jáamoedadefim 70.000 100,0

CMV–50.000×1,30% 65.000 92,8

LucroBruto“Operacional” 5.000 7,2

CM – –

Lucro 5.000 7,2

Conclusões:

Margembrutaésóde7,2%enão28,6%.Lucrofinaléigual.

3oCasoEstoquesecustos–hipótesedesaldosemestoques

EstoqueInicial –

Compras–Início 50.000

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Revenda–Fim 40.000–por56.000

Estoque–Fim 10.000

Resultado Oficial CorreçãoIntegral

Vendas 56.000 56.000

CMV 40.000 52.000

L.B./Operacional 16.000 4.000

CM (15.000) –

Lucro 1.000 4.000

Diferença 3.000

L.B./Operacional=LucroBrutoOperacional

Seestoquesfinaisforemcorrigidos

Custo 10.000

Correção–30% 3.000

Corrigido 13000

Ou

MOVIMENTODOSESTOQUES

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Original Corrigido Diferido

Inicial – – –

Compras 50.000 65.000 15.000

Vendas(CMV) (40.000) (52.000) (12.000)

Final 10.000 13.000 3.000

CMOficial 15.000

Secorrigisseestoque 3.000

CMcorreta 12.000

SIGNIFICADOREALDACM

Original Correta

CorreçãodoCMV 12.000 12.000

CorreçãodoEstoqueFinal

Nãofeita–Lançadaemdespesa 3.000 –

TotaldaCM 15.000 12.000

4oCasoSupondoqueavendafoinomeiodoperíodoenãonofim–13%deinflaçãoatéofim

RESULTADOS

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Oficial CorreçãoIntegral

Vendas 56.000×1,13 63.280

CMV 40.000×1,30 52.000

LB 16.000 11.280

PerdaAtivoMonetário – 7.280

LucroOperacional 16.000 4.000

CorreçãoMonetária 15.000 –

LL 1.000 4.000

LB=LucroBrutoLL=LucroLíquido

SIGNIFICADOREALDACORREÇÃOMONETÁRIA

Correçãodasreceitas 7.280+

CorreçãodoCMV 12.000–

PerdanoAtivoMonetário 7.280–

Nãocorreçãodoestoquefinal 3.000–

SaldodaCMoficial 15.000

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1.

2.3.

••

4.5.

6.7.8.9.10.

11.2.3

a)

b)

5oCasoInflação(juros)embutidosnascomprasevendasaprazo

ContabilidadetradicionalNãodistingueeregistraasvendaseascomprasaprazocomosefossemàvista.

DistorçõesVendas–Receitaecontasarecebersuperavaliadas.Compras–Custos(ouestoques)econtasapagarsuperavaliados.

SoluçãoReduçãoaovalorpresente.

Sistemadecorreçãointegral

Apresenta todos os valores das demonstrações financeiras ajustados ao mesmopoderaquisitivodamoeda.Permitecomparabilidadecomoutrosperíodoseindependedoníveldainflação.Possibilita:

correçãodosestoqueseoutras;reduçãoaovalorpresente.

Permiteanáliseseconclusõesmuitomaisadequadas.Contabilidade e demonstrações financeiras retomam sua credibilidade e utilidade.“ValorizaçãoProfissional”.Tendênciaaserutilizadapelasdemais(fechadas).Importânciaparausogerencialemudançaparaenfoqueoperacional.Tendênciaàbuscadaeficiênciaeprodutividade.Diminuiinsegurançaereceiodedecisõesedeinvestimentos.Reflexosdedecisõessãomedidoseaparecem.

Exemplosreais

Em seguida, da mesma fonte, reproduzimos balanços reais de uma empresa, procurandodemonstrar:

Ascorreçõesrealizadasemcadasemestre(pelaCorreçãoIntegralepelaLegislaçãoSocietária).A demonstração de resultados corrigida para o exercício inteiro, pelos mesmoscritérios.

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c)

d)

Aevoluçãoaolongodoano(mêsamês):A reconciliação demonstra que a soma dos resultados semestrais não se iguala aolucrocorreto.Emseguida,sãoapresentadososfluxosdecaixacorrigidoehistórico,bemcomoemUFIR.5

Finalmente são apresentados os quocientes econômico-financeiros aplicáveis, após acorreção,pelosistemaoficial (LeidasSociedadesporAções)epelaCorreção Integral(Instruçãono64daCVM).

Os exemplos são autoexplicativos e de grande interesse para verificar as vantagensinformativasdeaplicaçãodeInstruçãono64daCVM.Asuacorretautilização,bemcomoosaperfeiçoamentos que sem dúvida serão incorporados no futuro, levarão as demonstraçõescontábeis das empresas a níveis de evidenciação e interpretabilidade nunca alcançados emnossarealidade.

DEMONSTRAÇÃODORESULTADO1oSemestre

UFIR

PelaCorreção

Integral$de

Junho

%

Pela

Legislação

$

%

Vendas 3.810,5684 724.008 100 545.000 100

CMV (2.386,9220) (453.515) 63 (295.900) 54

LucroBruto 1.423,6464 270.493 37 249.100 46

Desp.c/Vendas (395,5995) (75.164) 10 (56.770) 10

Desp.Administr. (523,1244)* (99.393)* 14 (74.236) 14

Desp.Dev.Duv. (28,3401) (5.385) 1 (4.000) 1

Desp.Deprec. (69,2307) (13.154) 2 (10.270) 2

Res.Equiv.Patrim. 31,5789 6.000 1 6.000 1

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Desp.Financeiras (99,0592) (18.821) 3 (152.127) 28

Rec.Financeiras 15,0065 2.851 0,4 38.400 7

PerdasnosItensMonet. (275,4042) (52.327) 7 –

LucroOperacional 79,4737 15.100 2 (3.903) 0,7

Result.NãoOperac. 26,3158 5.000 0,7 5.000 0,9

CM 19.003 3,5

LucroAntesIR 105,7895 20.100 2,8 20.100 3,7

Imp.Renda (22,1053) (4.200) 0.6 (4.200) 0,8

LucroLíquido 83,6842 15.900 2,2 15.900 2,9

*(Contém0,0057OTNe$1,00dediferençasdearredondamento.)

2oSemestre

UFIRPelaCorreçãoIntegral$

deDez.PelaLegislação$

Vendas 3.830,1613 1.244.802 1.090.700

CMV (2.548,9231) (828.400) (656.000)

LucroBruto 1.281,2382 416.402 434.700

Desp.c/Vendas (335,9612) (109.187) (97.803)

Desp.Administr. (413,4592)* (134.374) (116.803)

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Desp.Dev.Duv. (16,6382) (5.407) (5.000)

Desp.Deprec. (81,5383) (26.500) (23.231)

Res.Equiv.Patrim. 27,6923 9.000 9.000

Desp.Financeiras (85,9627) (27.938) (221.354)

Rec.Financeiras 9,4901 3.084 72.500

PerdasnosItensMonet. (259,3237) (84.280) –

LucroOperacional 125,5373 40.800 52.009

CorreçãoMonetária – – (11.209)

LucroAntesIR 125,5373 40.800 40.800

Imp.Renda (38,4615) (12.500) (12.500)

LucroLíquido 87,0758 28.300 28.300

*(Contém0,0050UFIRe$0,00dediferençasdearredondamento.)

DEMONSTRAÇÃODORESULTADOAnode19X1

UFIRPelaCorreção

Integral$deDez.%

Pela

Legislação

$

%

Vendas 7.640,7297 2.483.237 100 1.635.700 100

CMV (4.935,8451) (1.604.150) 65 (951.900) 58

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LucroBruto 2.704,8846 879.087 35 683.800 42

Desp.c/Vendas (731,5607) (237.757) 9,6 (154.575) 9,4

Desp.Administr. (936,5836) (304.389) 12,3 (191.039) 11,7

Desp.Dev.Duv. (44,9783) (14.618) 0,6 (9.000) 0,6

Desp.Deprec. (150,7690) (49.000) 2,0 (33.501) 2,0

Res.Equiv.Patrim. 59,2712 19.263 0,8 15.000 0,9

Desp.Financeiras (185,0219) (60.132) 2,4 (373.481) 22,8

Rec.Financeiras 24,4966 7.961 0,3 110.900 6,8

PerdasnosItensMonet. (534,7279) (173.787) 7,0 –

CorreçãoMonetária – – 7.796 0,5

LucroOperacional 205,0110 66.628 2,7 55.900 3,4

Result.NãoOperac. 26,3158 8.553 0,3 5.000 0,3

LucroAntesIR 231,3268 75.181 3,0 60.900 3,7

Imp.Renda (60,5668) (19.684) 0,8 (16.700) 1,0

LucroLíquido 170,7600 55.497 2,2 44.200 2,7

CMdoLucro1oSem. 11.297 0,7

55.497 3,4

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EVOLUÇÃODORESULTADOAOLONGODOANO

PELALEGISLAÇÃO PELACORREÇÃO

INTEGRAL

$ EmUFIREm$,aovalordaUFIR

decadamês

Mês Acumulado Mês Acumulado Mês Acumulado

JANEIRO 2.400 2.400 21,8182 21,8182 2.400 2.400

FEVEREIRO 1.800 4.200 13,1818 35,0000 1.582 4.200

MARÇO 6.000 10.200 43,4615 78,4615 5.650 10.200

ABRIL 1.200 11.400 (2,4615) 76,0000 (369) 11.400

MAIO (1.500) 9.900 (17,7647) 58,2353 (3.020) 9.900

JUNHO 6.000 15.900 25,4489 83,6842 4.835 15.900

JULHO 3.000 3.000 13,9535 13,9535 3.000 3.000

AGOSTO 3.500 6.500 13,1298 27,0833 3.151 6.500

SETEMBRO 3.800 10.300 11,0648 38,1481 2.987 10.300

OUTUBRO 5.000 15.300 8,9288 47,0769 2.902 15.300

NOVEMBRO 4.000 19.300 12,3077 59,3846 4.000 19.300

DEZEMBRO 9.000 28.300 27,6912 87,0758 9.000 28.300

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SOMADOSRESULTADOSDOSSEMESTRES

$NOMINAIS =$15.900 1osem. EmUFIR= 83,68421osem.

$28.300 2osem. 87,07582osem.

$44.200 170,7600×325=

? = $55.497Paraoano

CORRETO =$15.900 1osem.

CMDOLUCRO

DO1oSEM. =11.297

$28.300 2osem.

$55.497 Paraoano

FLUXOSDECAIXA

UFIRCorr.Integral$

Dez./X0Histórico$

ORIGENS

DeClientes 6.572,8893 2.136.189 1.421.700

(–)Fornecedores (4.497,8938) (1.461.816) (978.900)

2.074,9955 674.373 442.800

(–)Desp.VendaseAdm. (1.578,7647) (513.099) (334.692)

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(+)DividendosRecebidos 6,1538 2.000 2.000

(–)DespesasFinanceiras (173,8040) (56.486) (145.981)

(+)ReceitasFinanceiras 24,4966 7.961 110.900

(–)ImpostodeRenda (140,5493) (45.679) (19.200)

DASOPERAÇÕES 212,5279 69.071 55.827

VendaInvestimentos 131,5789 42.763 25.000

Div.LongoPrazo 104,1667 33.854 12.500

AumentoCapital 232,5581 75.581 50.000

AumentoEmprést.OTN

C.Prazo – – 35.000

DESÓCIOSETERCEIROS 468,3037 152.198 122.500

TOTALDASORIGENS 680,8316 221.269 178.327

APLICAÇÕES

Aquis.Investimentos 80,1282 26.042 10.000

Imobilizações 615,3846 200.000 140.000

ReduçãoEmp.OTNC.

Prazo 238,4615 77.500 –

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1.

Dividendos 26,3158 8.553 5.000

PERDAMONETÁRIANOCAIXA 64,1505 20.849 –

TOTALDASAPLICAÇÕES 1.024,4406 332.944 155.000

VARIAÇÃONASDISPONIBILIDADES (343,6090) (111.673) 23.327

NasAplic.Financeiras (275,3845) (89.500) 23.000

NoCaixa (68,2245) (22.173) 327

ÍNDICESECONÔMICOSFINANCEIROS

DENOMINAÇÃO

COMCORREÇÃOOBJETIVOSE

INTERPRETAÇÃO

DISTORÇÕES

OCASIONADASPELA

INFLAÇÃOOficial Integral

A.ESTRUTURADE

CAPITAIS

Participaçãode

Capitalde

Terceiros

Objetivo:Indicar

quantoaempresa

tomoudecapitaisde

terceirosparacada$

1,00decapital

próprioinvestido.

Ocasionadas

basicamentepela

existênciadesaldos

decontascomvalores

futuros(p/ex.saldo

defornecedores

incluemcorreção

monetáriafutura).

Interpretação:Quanto

menor,melhor.

Normalmentea

distorçãonãoé

significativa.

Objetivo:Demonstrar

quantoaempresaTantoonumerador,

comoodenominador,

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2.Composiçãodo

Endividamento

possuideobrigações

acurtoprazopara

cada$1,00de

obrigaçõestotais.

podempossuiritens

comsaldosdecontas

comvaloresfuturos.

Interpretação:Quanto

menor,melhor.

Normalmentea

distorçãonãoé

significativa.

3.Imobilizaçãodo

PatrimônioLíquido

Objetivos:Indicar

quantoaempresa

aplicounoAtivo

Permanente,para

cada$1,00decapital

próprioinvestido.

Nãohádistorção,

ambososvalores

estãoemmoedacom

omesmopoder

aquisitivo.

Interpretação:Quanto

menor,melhor.

4.Imobilizaçãode

Recursosnão

Correntes

Objetivo:Determinar

quantoaempresa

aplicounoAtivo

Permanente,para

cada$1,00de

Recursosnão

correntes.

Somenteocorrerá

distorçãoquandoo

ExigívelaLongo

Prazocontiversaldos

decontascomvalor

futuro.

Interpretação:Quanto

menor,melhor.

Normalmentenão

haverádistorção.

B.LIQUIDEZ

Objetivo:Indicar

quantoaempresa

possuinoAtivo

CirculanteeRealizável

Ocasionadaspela

existênciadecontas

comvaloresfuturos

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1.LiquidezGeralaLongoPrazopara

cada$1,00dedívida

total.

(p/ex:Clientes,

Fornecedores).

Interpretação:Quanto

maior,melhor.

2.LiquidezCorrente

AtivoPermanente

Objetivo:Indicar

quantoaempresa

possuinoAtivo

Circulanteparacada$

1,00noPassivo

Circulante.

Idemanterior.

Interpretação;Quanto

maior,melhor.

3.LiquidezSeca

Objetivo:Demonstrar

quantoaempresa

possuideAtivo

Líquidoparacada$

1,00dePassivo

Circulante.

Idemanterior.

Interpretação:Quanto

maior,melhor.

C.RENTABILIDADE

1.GirodoAtivo

Médio

Objetivo:Determinar

quantoaempresa

vendeuparacada$

1,00deinvestimento

totalmédio.

Distorçãosignificativa

porque:Vendasestão

emmoedasde

diversospoderes

aquisitivos.

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Interpretação:Quanto

maior,melhor.

2.Rentabilidadedo

Ativo

Objetivo:Demonstrar

quantoaempresa

obtémdelucropara

cada$1,00de

investimentototal

médio.

Ocasionadapelo

cálculodoAtivototal

médioemvalores

nominais.Olucro

líquidojáestána

moedadefinal.

Interpretação:Quanto

maior,melhor.

3.Rentabilidadedo

PatrimônioLíquido

Objetivo:Indicar

quantoaempresa

obtevedelucropara

cada$1,00decapital

próprioinvestido.

Ocasionadapelo

cálculodoPatrimônio

LíquidoMédioem

valoresnominais.O

lucrolíquidojáestá

namoedadefinal.

Interpretação:Quanto

maior,melhor.

4.Margem

Operacional

Objetivo:Indicar

quantoaempresa

obtevedelucro

operacionalparacada

$1,00devendas.

Interpretação:Quanto

maior,melhor.

Gravesdistorções,

porque:Lucro

Operacionalexcluio

resultadodacorreção

monetária,eresulta

dasomadevalores

nominaisdereceitase

despesas.

Vendaséobtidopor

somadevaloresem

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moedasdediversos

poderesaquisitivos.

5.MargemLíquida

Objetivo:Indicar

quantoaempresa

obtémdelucro

líquidoparacada$

1,00devendas.

Interpretação:Quanto

maior,melhor.

Gravesdistorções,

porque:

Compara-selucro

líquido(emmoedade

final)comvendas

(valoresnominais).

6.Retornosobre

Investimento

Objetivo:Indicar

quantoaempresa

obtémdelucro

operacionalparacada

$1,00de

investimentototal

médio.

Interpretação:Quanto

maior,melhor.

Gravesdistorções,

porque:

Resultado

Operacionalexcluio

ResultadodaCorreção

Monetáriaedecorre

dasomadevalores

nominaisdeReceitas

eDespesas.

Ativototalmédio

obtidoporvalores

históricos.

7.Retornosobre

PatrimônioLíquido

Médio

Objetivo:Demonstrar

quantoaempresa

obtémdelucro

operacionalparacada

$1,00decapital

próprioinvestido.

Gravesdistorções,

porque:

Resultado

Operacional–idem

acima.

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Interpretação:Quanto

maior,melhor.

PatrimônioLíquido

Médioobtidopor

valoreshistóricos.

8.MargemBruta

Objetivos:Indicar

quantoaempresa

obtevedelucrobruto

paracada$1,00de

vendas.

Interpretação:Quanto

maior,melhor.

Gravesdistorções,

porque:Obtêm-se

vendasporsomade

valoresemmoedasde

diversospoderes

aquisitivos.

LucroBrutoé

resultantedadedução

doscustosdas

mercadoriasvendidas

(emmoedasdiversas,

inclusivedeexercício

anterior)dasvendas

(emmoedade

diversosmeses,sem

correlaçãocomos

custos).

ÍNDICESDEPRAZOSMÉDIOSDEBALANÇOS

ÍNDICESECONÔMICOSFINANCEIROS

Denominação CorreçãoOficial CorreçãoIntegralDistorçõesOcasionadas

pelaInflação

Gravesdistorçõesporque:

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1.

2.

CICLOFINANCEIRO

PrazoMédiode

RecebimentodeVendas

Duplicatasareceber

estãoemvalores

futuros(inflaçãoejuros

incluídos).

Vendasdecorredesoma

devaloreshistóricos.

PrazoMédiode

RenovaçãodeEstoques

Gravesdistorçõesporque:

Estoquesporvalores

históricos(totalmente,

oucomfatoresdecusto

deproduçãoporvalores

históricos).

Custodecorredesoma

devaloreshistóricos(e,

inclusive,porvalores

formadosnoexercício

anterior).

RESUMODOCAPÍTULO

Oimpactodasflutuaçõesdopoderaquisitivodamoedaédemasiadogrande,noBrasileemmuitos outros países, para ser desprezado na Contabilidade e na análise de balanços.Existem várias formasde encarar o problemada correção dos demonstrativos financeiros.Umadelas limita-se a corrigir os valores históricos em termosdepoder aquisitivo de umamesma data escolhida como base; outra procura reproduzir os valores de reposição,definidos na data, no caso dos balanços, e definidos para o período, no caso dodemonstrativoderesultados,semlevaremcontaasvariaçõesdopoderaquisitivodamoedaocorridasduranteoperíodo;e,finalmente,umaterceiraerespeitávelabordagemserialevarem conta, ao mesmo tempo, as variações do poder aquisitivo médio da moeda e asvariaçõesdospreçosespecíficosdoscomponentespatrimoniais.Semdúvida,esta terceiraabordagem é a mais rigorosa do ponto de vista teórico; todavia, devido às dificuldades

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práticasdesuaaplicaçãogeneralizada(quetipodecustocorrenteobter,comoobtê-loetc.),oseumaiorméritoresidenocampoteóricoenasaplicaçõesgerenciaisdasempresasquepossuem banco de dados suficiente para aplicar esta metodologia. Diga-se o mesmo dametodologia do custo corrente puro, a qual, embora ofereça as mesmas dificuldadespráticas, sofre do defeito de não levar em conta as variações do índice geral de preços,tornando irreaisascomparações.Umbalanço levantadoem termospuramentecorrenteséválidonadata,masnãoécomparávelcomoutrobalançolevantadoemdatadiferente,anãoser que não tenha havido variações da inflação. Por estas razões, a escolha prática recaisobre um modelo de correção completo (envolvendo todos os itens do balanço e dodemonstrativoderesultados),porémaplicando-seumíndicegeraldepreços.

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Estecapítuloédeleiturafacultativa.

Seos$3,00 fossemformadosnoexercíciodeX+1,seriamcorrigidospelocoeficienteda nova data de seu surgimento. Nesse caso, os $ 5,00 do balanço anterior seriamtotalmente despesa do ano deX + 1, corrigida pelo índice da sua formação (1,32), noexemplo.

Arigor,tambémpoderiasercorrigidoporumcoeficientemédio.

Atualmente,revogada.

ExemplooriginalemOTN.

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12.1

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A Lei no 6.404/1976 – Lei das Sociedades por Ações – foi no final de 2007 amplamentemodificadanocapítuloquetratadasDemonstraçõesFinanceirascontábeisporforçadaLeino11.638/2007,quepassouaexigirqueasempresasbrasileirasadotemcomopráticacontábilas normas internacionais de contabilidade emitidas pela International Accounting StandardsBoard (IASB), as quais passaremosa fazer breve comentário sobre os principais pontos dealteração.

PRINCIPAISPONTOSDALEINo6.404/1976ALTERADOSPELALEINo11.638/2007

Semdúvidaalguma,desde1976,comaLeino6.404,aContabilidadebrasileiranãopassavapor uma mudança tão profunda assim. Destaca-se que as alterações trazidas pela Lei no11.638/2007 dizem respeito à separação da Contabilidade fiscal da Contabilidade dasempresas, à liberdade para que o contador aplique a essência sobre a forma, bem comoemanoudepoderesoConselhoFederaldeContabilidade–CFCparalegislarsobrenormasepolíticascontábeisnoBrasil.

Destacamosospontos importantesquecertamente impactamopatrimôniodasempresaseconsequentementesuasdemonstraçõesfinanceirascontábeisobjetodeestudodestelivro.

Noquediz respeitoàescrituraçãoeàelaboraçãodedemonstrações financeiraseàobrigatoriedade de auditoria independente por auditor registrado na CVM, sãoobrigatóriosatodasàssociedadesdegrandeporte,aindaquenãoconstituídassobaformadesociedadesporações.

Destacando que são consideradas de grande porte a sociedade ou conjunto desociedades sob controle comum, que tiver, no exercício social anterior, ativo totalsuperioraR$240milhõesoureceitabrutaanualsuperioraR$300milhões.Novas demonstrações financeiras de cunho obrigatório: aDemonstração dos FluxosdeCaixa,emsubstituiçãoàDoar,eaDemonstraçãodoValorAdicionado,estaúltimadeelaboraçãoobrigatóriasomenteàscompanhiasabertas.Sobre a escrituração, a Lei no11.941/2009 (resultado da conversão da Medida

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Provisória no 449/2008) trouxe, entre outras novidades no que diz respeito àescrituraçãodasempresas,queacompanhiaobservaráexclusivamenteem livrosouregistros auxiliares, sem qualquer modificação da escrituração mercantil e dasdemonstraçõesreguladasnestaLei,asdisposiçõesda lei tributária,oude legislaçãoespecial sobre a atividade que constitui seu objeto, que prescrevam, conduzam ouincentivem a utilização de métodos ou critérios contábeis diferentes ou determinemregistros, lançamentos ou ajustes ou a elaboração de outras demonstraçõesfinanceiras.Destaca-seque,antes,aLeino6.404/1976determinavaqueacompanhiadeveriaobservar,emregistrosauxiliares,semmodificaçãodaescrituraçãomercantiledasdemonstraçõescontábeis,asdisposiçõesemanadasdaleitributáriaoudeleiespecial, que prescrevam métodos ou critérios contábeis diferentes. Desta formadevolveraContabilidadeparaodonodaempresaeaocontadorOutras mudanças significativas trazidas pelas Leis nos 11.638/2007 e 11.941/2009foramnosgruposdecontasdoAtivo,doPassivoePatrimônioLíquido.Eliminou reavaliaçãoespontâneadebense, consequentemente,a figuradaReservadeReavaliaçãoecriouosAjustesdeAvaliaçãoPatrimonial,ondeserãoclassificadasascontrapartidasdeaumentosoudiminuiçõesdevaloratribuídoaelementosdoAtivoedoPassivo.

BALANÇOPATRIMONIAL

PosiçãoPatrimonialeFinanceira

ATIVO PASSIVO+PATRIMÔNIOLÍQUIDO

AtivoCirculante PassivoCirculante

AtivoNãoCirculante PassivoNãoCirculante

AtivoRealizadoaLongoPrazo

Investimentos

Imobilizado

Intangível

PATRIMÔNIOLIQUIDO

Capital

ReservasdeCapital

ReservasdeLucros

PrejuízosAcumulados

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12.2

12.2.1

12.2.2

AjustesdeAvaliaçãoPatrimonial

Obriga a companhia a efetuar, periodicamente, análise para verificar o grau derecuperação(testederecuperabilidade–impairment)dosvaloresregistradosnoativoimobilizadoeintangível.As operações do ativo e passivo de longo prazo devem ser reconhecidos pelo seuvalorpresente,emconformidadecomoregimedecompetência.Por fim, em atendimento às características qualitativas das DemonstraçõesFinanceiras,que tratada representação fidedigna,aessênciasobrea formacorrigemuitas distorções que existiam para reconhecer que o mais importante não é odocumento jurídico, mas o fato contábil, que deve ser reconhecido; assim, porexemplo,naoperaçãode leasing financeiro,deverãoserreconhecidostantoadívidanopassivocirculanteenãocirculantecomooativoimobilizadoqueelefinanciou.

OBALANÇOPATRIMONIALATUALIZADOPELALEINo

11.638/2007

AtivoCirculante

Sãobensedireitosqueserealizarão(setransformarãoemfluxodecaixa)dentrodoprazode12 meses da publicação do balanço. Serão classificadas no Ativo Circulante e, ainda, asdespesasantecipadas,quesetransformarãoemdespesaaolongodoexercícioseguinte,comaseguintedisposição:

AtivoCirculanteCaixaeEquivalentedeCaixaTítuloseValoresMobiliáriosContasaReceberlíquidasEstoquesAdiantamentoafornecedoresDespesasdoExercícioSeguinte

AtivoRealizávelaLongoPrazo

Serãoclassificadosnessesubgrupoosdireitoscomprazodevencimentosuperioraotérminodoexercícioseguinte.Querdizer,seestamoslevantandoobalançode30-6-X1,colocaremos

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noRealizávelaLongoPrazoosdireitosrealizáveisapós30-6-X2.Tudoquevenceraté30-6-X2 é circulante. Também serão colocados neste grupo os direitos derivados de vendas,adiantamentos ou empréstimos às sociedades coligadas ou controladas, assim como osempréstimos e adiantamentos para diretores e acionistas,mesmo que alguns deles vençamdentro de 365 dias. Os ativos destinados à venda ou ao consumo, mas que só serãorealizados ou consumidos após o fim do próximo exercício, bem como as despesasantecipadas que também serão transformadas em despesas após esse próximo exercício,tambémserãoclassificadoscomoativorealizávelalongoprazo.

Investimentos

Serão classificados as participações permanentes em outras sociedades e os direitos dequalquernatureza,nãoclassificáveisnoAtivoCirculanteounoAtivonãoCirculanteequenãosedestinamàmanutençãodeatividadedaempresa.Exemplosdecontasquerecairiamnessegrupo: Participação Acionária Permanente em Empresas Coligadas ou Controladas,Aplicações por Incentivos Fiscais; os investimentos em imóveis de aluguel também serãoclassificadosnestegrupo.

Imobilizado

Serão classificados os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados àmanutençãodas atividadesda companhia ouda empresaouexercidos comessa finalidade.Inclusive, os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos econtrole desses bens, independentemente de ser propriedade, deverão ser contabilizadoscomoAtivo.

Assim, o leasing financeiro (arrendamentomercantil) que até 2007 era tratado no Brasilcomo aluguel passa a ser contabilizado como Ativo para fins contábeis (para fins fiscaiscontinua sendo aluguel). Na verdade, no sentido econômico, o leasing financeiro é umfinanciamento disfarçado de aluguel. A empresa quer adquirir umequipamento de produção.Poderá ser adquirido à vista, a prazo (financiado ou via leasing). Em qualquer modelo deaquisição,estebemtrarábenefíciosparaaempresa,traráriscosparaoseunegócioedaráàempresa controle sobre o bem; são classificados neste grupo também as benfeitorias empropriedadesdeterceiros.

Intangível

Sãoclassificadosintangíveisosdireitosquetenhamporobjetobensincorpóreosdestinadosàmanutenção da companhia ou exercidos com esta finalidade, inclusive o fundo de comércioadquirido(goodwill).Semdúvida,oitemmaisimportantedoIntangíveléamarca.

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12.2.8.1

PassivoCirculante

Sãoobrigaçõescomempregados,fornecedores,governosefinanciadoresqueserãoexigidasseus pagamentos dentro do prazo de 12meses da publicação do balanço, com a seguintedisposição:

PassivoCirculanteFornecedoresFinanciamentosImpostosecontribuiçõesDividendospropostosEmpregadosPlanosdepensãoesaúdeAdiantamentodeclientes

PassivoExigívelaLongoPrazo

Asobrigaçõesquetiveremvencimentoapósoexercícioseguinte,oudozemesesapósadatade publicação do balanço (no caso dos balanços intermediários), serão classificadas noExigível a Longo Prazo. Normalmente têm a mesma classificação de contas do passivocirculante, com raras exceções adicionais, como, por exemplo, provisão para processosjudiciaiseparadesmatamentodeárea.

Reservas

Serão classificadas como Reservas de Lucros as contas constituídas pela apropriação delucrosdacompanhia(conformeLeidasSociedadesporAções),comoveremosaseguir:

ReservaLegal

Do lucro líquido do exercício, 5% serão aplicados, antes de qualquer outra destinação, naconstituiçãodeReservaLegal,quenãoexcederá20%doCapitalSocial.AcompanhiapoderádeixardeconstituiraReservaLegalnoexercícioemqueosaldodessareserva,acrescidodomontantedasReservasdeCapital,abordadasnestecapítulo,exceder30%doCapitalSocial.AReservaLegaltemporfimasseguraraintegridadedoCapitalSocialesomentepoderáserutilizadaparacompensarprejuízosouaumentarocapital.

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ReservasEstatutárias

Oestatutopoderácriarreservasdesdeque,paracadauma:

I–indique,demodoprecisoecompleto,asuafinalidade;II – fixe os critérios para determinar a parcela anual dos lucros líquidos que serão

destinadosasuaconstituição;eIII–estabeleçaolimitemáximodareserva.

ReservasparaContingências

Entendem-se comoReservas paraContingências apenas as criadas para fins de precauçãocontra possíveis perdas futuras, cujos fatos geradores ainda não ocorreram. Não seconfundemcomasprevisõesparariscoscalculáveisnoPassivo(artigo184,itemI),poisestastiveramseusfatosgeradoresjáocorridos,restandoapenassaberovalorexatodasperdasouconheceraefetivanecessidadedearcarcomosdesembolsosounão.

As Reservas para Contingências não têm como finalidade antecipar reconhecimento deperdaseventuaispertencentesaexercíciosfuturos,masevitarpagamentodedividendossobrelucros de umperíodo, a fim de criarReservas que possamabsorver prejuízos eventuais dofuturo;ou,então,servemparanormalizaropagamentodosdividendosdeempresassujeitasagrandes flutuações de resultados por fatores externos e incontroláveis. Por exemplo, umaempresa agrícola pode criar Reservas para Contingências para fazer face a problemas deeventuaisperdascomgranizo,geadas,pragasetc.

ReservadeLucrosaRealizar

A constituição de Reservas de Lucros a Realizar é facultativa. Essa reserva evidencia aparceladelucronãorealizadafinanceiramente.Oobjetivoéevitaradistribuiçãodedividendossobreessaparcelae,atémesmo,opagamentodoImpostodeRenda.

Na nova Lei no 11.638/2007 fica assegurado cálculo da Reserva de Lucros a Realizarapenasparapagamentodedividendoobrigatório.

Na verdade, nem sempre o lucro apurado pela Contabilidade é realizado. HaverianecessidadedeoLucroaRealizar,paraefeitodedistribuiçãodedividendos,sertransformadofinanceiramente (isto é, transformar-se em dinheiro), ou, ainda, existirem fortes indícios de,numfuturobempróximo(curtoprazo),haverarealização.

NãosignificaqueolucrodevaestarsegregadonoCaixa.Sabemosque,narealidade,issonãoocorre,porquanto,normalmente,olucroéreinvestidoemnovosativos.Portanto,diríamosqueoCaixa(ouBancoscontaMovimento)épassagemobrigatóriaparaarealizaçãofinanceiradolucro,emboranãosignifiquequeolucrodevaestardisponível.

Não seria justo para o acionista, porém, receber dividendos apenas sobre o lucro járealizado financeiramente. Há a parcela do lucro que se realizará brevemente. Dentro dos

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moldeslegais,consideramos,paraefeitodebasedecálculosdedividendos,alémdolucrojárealizadofinanceiramente,aparcelaqueserealizaráatéotérminodoexercícioseguinte.

Assim,paraempresasquevendemalongoprazo,porexemplotrêsanos,consideraremoscomoLucrosaRealizarolucroqueserárealizadofinanceiramenteapósotérminodoexercícioseguinte. Se estivermos em dezembro de X1, evidenciaremos como Lucros a Realizar aparceladolucrooriginadadorecebimentodareceitaapós31-12-X2.

A realização desse lucro para as empresas que vendem a longo prazo (reversão daReservadeLucrosaRealizar)ébastantesimples:nomomentoemqueascontasareceberclassificadasnoRealizávelaLongoPrazoforem,comodecorrerdotempo,sendotransferidasparaoCirculante(CurtoPrazo),reconhecemosarealizaçãodolucro.

AReservadeLucrosaRealizarpoderáserconstituídanoexercícioemqueomontantedodividendoobrigatórioultrapassaraparcela realizadadoLucroLíquidodoexercício.Assim,oexcesso(queultrapassaraparcelarealizada)serádestinadoaReservasdeLucrosaRealizar.

RessaltamosaindaqueadistribuiçãodeReservasdeLucrosaRealizar traráàempresatranstornosfinanceiros;haveránecessidade,normalmente,derecorreraCapitaisdeTerceirosparacobriressadistribuição,oureduziráseucapitaldegiro.

Outro caso de Lucros a Realizar (Resultado Líquido da Equivalência Patrimonial), deacordocomaLeino11.638/2007,alémdo lucro, rendimentoouganho líquidoemoperaçõescujo prazo de realização financeira ocorra após o término do exercício social (sendoconsiderada também a contabilização de Ativo e Passivo pelo valor de mercado nestascondições),consideraoResultadoLíquidodaEquivalênciaPatrimonialsujeitoàconstituiçãodeReservadeLucrosaRealizar.

ReservasdeIncentivosFiscais

AtéoadventodaLeino11.638/2007,as“doaçõesesubvenções”parainvestimentoseramtratadascomoReservasdeCapitalnoPatrimônioLíquido.Pelanovasistemáticaasdoaçõesesubvençõesparainvestimento,deverãopassarpelaDemonstraçãodoResultadodoExercício.Este acréscimo ao lucro (doações e subvenções para investimentos) poderá ser destinadoparaumareservaespecíficadelucros,denominada“ReservasdeIncentivosFiscais”.

LucrosAcumulados(prejuízosacumulados)

Serão considerados Lucros Acumulados os lucros residuais após termos deduzido asreservas,constituídascombasenolucrolíquidoapuradonoexercício,eodividendoatribuídoaosacionistas.

E serão considerados Prejuízos Acumulados os prejuízos que excederem a todas asReservas de Lucros, já que os resultados negativos devem ser absorvidos pelos LucrosAcumulados e por tais Reservas. Só após tal absorção poderá aparecer essa conta dePrejuízosAcumulados.

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Oartigo178,noitemd(Leino11.638/2007),dizqueoPatrimônioLíquidoécompostodeCapital Social, Reservas de Capital, Ajustes de Avaliação Patrimonial, Reservas de Lucros,Ações em Tesouraria e Prejuízos Acumulados. Portanto, fica extinta a conta LucrosAcumulados,pornãoevidenciarumadefiniçãododestinodolucro.Assim,paraempresasquenãoestãosujeitasàLeidasSociedadesporAções,estacontapermanece.

AçõesemTesouraria

Sóemcondiçõesexcepcionais as companhiaspodemadquirir suasprópriasAções.Quandoisso ocorrer, deveremos destacá-las no Balanço Patrimonial como dedução da contaPatrimônioLíquido,queregistraaorigemdosrecursosaplicadosnasuaaquisição.

CritériosdeavaliaçãodoAtivo

Oartigo183daLei tratadoscritériosdeavaliação(doAtivo).Assim,osdireitose títulosdecréditoequaisquervaloresmobiliáriosnãoclassificadoscomoinvestimentosserãoavaliadospelo custo de aquisição ou pelo valor de mercado, se este for menor. É claro que serãoeliminados os direitos, títulos de crédito ou pequenos valores mobiliários já prescritos. Oprocedimento de avaliação visto acima redunda da necessidade de se criarem contasretificativasdoAtivoquesepoderiamdenominar:“ProvisãoparaPerdadeValordeTítuloseValoresMobiliários”,“ProvisãoparaCréditosdeLiquidaçãoDuvidosa”etc.

Todavia, antes de prosseguirmos na análise dos critérios de avaliação para os principaisitensdoAtivo,éimportanteentendermosoconceitodevalordemercadodaLei.

Assim, para o caso de ativos destinados à venda, deve-se deduzir a “margem de lucro”parasechegaraovalordemercadosomentesehouverevidênciadeumdeclínioconstantenopreço de venda, de tal forma que se anteveja uma realização dos ativos por preço aindainferioraodadatadobalanço.Nãosedeveentenderotextolegalcomoabsolutamenterígido,masàluzdaboatécnicacontábil,e,nessecaso,nãosedevereconhecerumaperdaporumaredução ou até eliminação da margem de lucro. Em função do conservadorismo, deve-sereconhecer antecipadamente prejuízo, e não diminuição de lucros de exercícios futuros. Aregra para se chegar ao valor demercado desses ativos (letra b do artigo 183) deve ser:preçodevendamenosimpostosedespesasdiretasnecessáriasàvenda;sehouverevidênciadequeaefetivaalienação trarávalorainda inferioraeste,aí simsededuziráamargemdelucro necessária para compensação desse prejuízo.Quanto àsmatérias-primas e aos bensemalmoxarifado(letraa),deve-seentendercomovalordemercadoopreçopeloqualpossamserrepostos(custodereposição).Noqueserefereaoitemc,InvestimentosNãoSocietários,não deve ser adotado como valor demercado omontante pelo qual possam ser alienados,comoafirmaaLei,jáque,sendoAtivosPermanentes,nãoestãodestinadosàvendaesimaoseuusoeàsuaexploração.Houve,nocaso(segundosechegouàconclusãonareuniãocomosespecialistas sobrea Lei), umpequeno lapso.Deve ser provisionadaadiferençaentre ovalorcontábileovalordemercadoapenasquandoaperdaforconsideradapermanente(isto

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é,delentaoudifícilrecuperação),semelhantementeaosInvestimentosSocietários.Assim,ovalordemercadopodeassumirduasconotaçõesdiferentes,conformeanatureza

doAtivoaqueforaplicado.Prossigamos na análise dos critérios de avaliação do Ativo: os direitos que tiverem por

objeto mercadorias e produtos do comércio da companhia, assim como matérias-primas,produtosemfabricaçãoebensemalmoxarifado,serãoavaliadospelocustodeaquisiçãoouprodução,deduzidodeprovisãoparaajustá-loaovalordemercado,quandoesteforinferior,játendosidovistocomoaLeiencaraoproblemadovalordemercado.

ALeino 11.638/2007determinaqueasaplicaçõesem InstrumentosFinanceiros, inclusivederivativos, e em direitos e títulos de créditos, classificados no Ativo Circulante ou noRealizável a Longo Prazo, deverão ser avaliados pelo seu valor de mercado ou valorequivalente, quando se tratar de aplicações destinadas à negociações ou disponíveis paravenda.

Assim, os Instrumentos Financeiros Derivativos deverão ser avaliados pelo valor que sepodeobteremummercadoativo,decorrentedetransaçãocompulsóriarealizadaentrepartesindependentes.

Valordemercadoéaimportânciaquesepodeobtercomavendadeuminvestimentoemummercadoativo.

Ao ajustar um Derivativo a valor de mercado no Ativo, a contrapartida (aumento oudiminuição)seráclassificadacomoAjustesdeAvaliaçãoPatrimonial(enquantonãocomputadanoresultadodoexercícioemobediênciaaoRegimedeCompetência)noPatrimônioLíquido.

Os investimentos, em geral, são avaliados pelo custo de aquisição (com exceção dodispostonosartigos248e250,quetratamdométododaequivalênciapatrimonialedenormasdeconsolidação)deduzidodeprovisãoparaatenderàsperdasprováveisnarealizaçãodeseuvalor ou para redução do custo de aquisição ao valor demercado, quando este for inferior.Ressalte-se que, nos investimentos em participação no capital social de outras sociedades(ressalvando-se o disposto nos artigos 248 a 250 da Lei), a provisão para perda somentepoderásercaracterizadaquandoaperdasecomprovarcomopermanente.Tantonocasodeestoques (de produtos destinados à venda ou dos demais estoques) quanto no caso deinvestimentos,teremosaconstituiçãodecontasretificativasdoAtivo.

AsdemaisnormasdeavaliaçãodoAtivonãoapresentammaioresnovidades,seguindoospadrões de legislações anteriores. Note-se, todavia, que, pela Lei, o Ativo Diferido seráamortizadoemprazonãosuperiora10anos.

CritériosdeavaliaçãodoPassivo

Como se poderia esperar, são poucos os dispositivos sobre avaliação de passivo. OselementosdoPassivoserãoavaliadosdeacordocomosseguintescritérios:

I–Asobrigações,osencargoseos riscosconhecidosoucalculáveis, inclusive impostoderendaapagar,combasenoresultadodoexercício,serãocomputadospelovalor

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atualizado até a data do Balanço. Isto significa uma linguagem pouco clara, poispoderiaparecerqueaLeiquis referir-seaovaloratual, istoé,avaliarpassivospelovalor atual dos vencimentos futuros. Mais provavelmente, referiu-se à atualização,pelas obrigações vincendas, dentro do regime de competência, das dívidas eobrigações,atéadatadoBalanço.

II – As obrigações em moeda estrangeira, com cláusula de paridade cambial, serãoconvertidasemmoedanacionalàtaxadecâmbioemvigornadatadoBalanço.

A Lei no 11.638/2007 inova a Avaliação do Passivo (também valendo para o Ativo,considerando o Realizável a Longo Prazo), dizendo que as obrigações, encargos e riscosclassificadosnoPassivoExigívelaLongoPrazoserãoajustadosaoseuValorPresente.

EstaregravaletambémtantoparaoAtivoCirculantecomoparaPassivoCirculantequandohouverefeitorelevante.

OUTROSCOMENTÁRIOSDEINTERESSESOBREALEINo

11.638/2007

Teceremosagoraalgunscomentáriossobreitensquenãoforamdiscutidosatéomomento.

a)DemonstraçõesContábeisExigidaspelaLeiAnovaLeiexige,logonoiníciodoCapítuloXV,noartigo176,queaofimdecadaexercício

social a Diretoria faça elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, asseguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação dopatrimôniodacompanhiaeasmutaçõesocorridasnoexercício:

I–BalançoPatrimonial;II–DemonstraçãodoResultadodoExercício;III–DemonstraçãodosLucrosouPrejuízosAcumulados;IV–DemonstraçãodosFluxosdeCaixa;V–DemonstraçãodoValorAdicionado(secompanhiaaberta).

O § 1o do artigo estabelece que as demonstrações de cada exercício serão publicadascomaindicaçãodosvalorescorrespondentesdasdemonstraçõesdoexercícioanterior.

A Lei substituiu a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) pelaDemonstração dos Fluxos de Caixa – DFC (artigo 176, IV). A lei permite que, no primeiroexercício social (DFC), sejadivulgadasem indicaçãodos valores referentesaoanoanterior.Entendemos,noentanto,queessa faculdadenãodevaseradotadaporaquelascompanhiasquejávêmdivulgandoessetipodedemonstração.

A Lei no 11.638/2007 estendeu às sociedades de grande porte, assim consideradasaquelasque, individualmenteou sob controle comum,possuamativo total superior aR$240

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milhões ou receita bruta superior a R$ 300 milhões, a obrigatoriedade de manteremescrituraçãoedeelaboraremdemonstrações financeirascomobservânciaàsdisposiçõesdalei societária. Assim, embora não haja menção expressa à obrigatoriedade de publicaçãodessasdemonstraçõesfinanceiras,qualquerdivulgaçãovoluntáriaoumesmoparaatendimentodesolicitaçõesespecíficas (credores, fornecedores,clientes,empregadosetc.),as referidasdemonstraçõesdeverãoterodevidograudetransparênciaeestartotalmenteemlinhacomanovalei(artigo3o).

b)DemonstraçãodosFluxosdeCaixaADemonstraçãodosFluxosdeCaixatambéméobrigatóriapelaLeino11.638/2007.Deformacondensada,aDemonstraçãodosFluxosdeCaixa(DFC)indicaaorigemdetodo

odinheiroqueentrounoCaixa,bemcomoaaplicaçãode todoodinheiroquesaiudoCaixaemdeterminadoperíodo,e,ainda,oResultadodoFluxoFinanceiro.

Assim como a Demonstração de Resultado do Exercício, a DFC é uma demonstraçãodinâmicaetambémestácontidanoBalanço,que,porsuavez,éumademonstraçãoestática.

NapreparaçãodaDemonstraçãodosFluxosdeCaixapoderáserutilizadoomodelodiretoouindireto,dependendodosinteressesdosusuários.

ALeidasSociedadesporAções (Leino 11.638/2007)dizqueacompanhia fechadacomPatrimônio Líquido, na data do balanço, inferior a R$ 2 milhões não está obrigada àelaboraçãoepublicaçãodaDemonstraçãodosFluxosdeCaixa.

c)DemonstraçãodoValorAdicionado(DVA)A Lei no 11.638/2007 torna obrigatória a Demonstração do Valor Adicionado para as

CompanhiasAbertas.Esta leideterminaqueaempresadeveráevidenciarovalorda riquezageradaeasuadistribuiçãoentreoselementosquecontribuíramparaageraçãodestariqueza,tais comoempregados, financiadores, acionistas, governoeoutros, bemcomoaparceladariquezanãodistribuída.

No caso da inclusão da Demonstração do Valor Adicionado (DVA) no conjunto dasdemonstrações financeiras elaboradas, divulgadas e que devem ser aprovadas pelaassembleia geral ordinária – AGO (artigo 176, V), a lei também permite que, no primeiroexercíciosocial,aDVAsejadivulgadasem indicaçãodosvalores referentesaoanoanterior.Entendemos,também,queessafaculdadenãodevaseradotadaporaquelascompanhiasquejávêmdivulgandovoluntariamenteessetipodedemonstração.

d)DemonstraçãodosLucrosouPrejuízosAcumulados(DLPAc)No artigo 176 da Lei no 11.638/2007, a DLPAc é relacionada como uma demonstração

financeiraobrigatória.Todavia,no itemddoartigo178,estamesma leidizqueoPatrimônioLíquidoéconstituídoemCapitalSocial,ReservasdeCapital,AjustesdeAvaliaçãoPatrimonial,Reservas de Lucros, Ações em Tesouraria e Prejuízos Acumulados, não incluindo a contaLucrosAcumulados.

Na realidade, a conta Lucros Acumulados, apesar de ser assim tratada em todos os

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comentáriosaosdispositivos legais, nãoéumaconta transitória; elaéumacontanormaldoPL, comuma característica singular: pode apresentar no início ou no final do exercício doistiposde saldo: ou “zero” ou “devedor” (no casodeprejuízo); é lógicoque seela tiver saldo“zero”nãovaiaparecernobalançopatrimonial.Nessascondições,asoluçãoparaoproblemaéaseguinte:recomendarautilizaçãodacontaLucrosouPrejuízosAcumuladosparareceberolucrodoexercícioepromoverasuadistribuiçãoouparaeventuaisreversõesdereservasou,ainda,paracompensareventuaisprejuízos,emanteraDLPAccomafinalidadedeevidenciaressamovimentação, com a ressalva, em nota, sobre os saldos iniciais e finais. Aliás, essaobservação sobre saldos iniciais e finais também será válida para a penúltima coluna daDemonstraçãodasMutaçõesdoPL.

Neste capítulo trabalharemos com a conta Lucros Acumulados com saldo. Entretanto,quandosetratardeSociedadesAnônimasouSociedadesLimitadasdeGrandePorte,osaldodeveráserzero.Tratando-sedeSociedadeAnônimadeCapitalAberto,aDLPAcdeverásersubstituída pela Demonstração dasMutações do Patrimônio Líquido, evidentemente, com acontaLucrosAcumuladoszerada.

AocontráriodaDemonstraçãodosLucrosouPrejuízosAcumulados(DLPAc),quefornecea movimentação, basicamente, de uma única conta do Patrimônio Líquido (LucrosAcumulados), a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) evidencia amovimentação de diversas (todas) contas do PL ocorrida durante o exercício. Assim, todoacréscimo e toda diminuição do Patrimônio Líquido são evidenciados por meio dessademonstração, bem como a formação e utilização das reservas (inclusive aquelas nãooriginadasporlucro).

Emboranão seja umademonstraçãoobrigatória, aDMPLémais completaeabrangenteque a DLPAc. É consideravelmente relevante para as empresas que movimentamconstantemente as contas doPatrimônio Líquido. Se elaborada essa demonstração, não hánecessidadedeseapresentaraDLPAc,umavezqueaquelaincluiesta.

e)AjustesdeExercíciosAnterioresNa Demonstração de Lucros ou Prejuízos acumulados nota-se uma abordagem

interessantenoqueserefereàinclusãodeajustesdeexercíciosanteriores.O§1odoartigo186discriminaque“[...]comoajustesdeexercíciosanterioresserãoconsideradosapenasosdecorrentesdeefeitosdamudançadecritériocontábil,ouda retificaçãodeerro imputáveladeterminadoexercícioanterior, equenãopossamseratribuídosa fatossubsequentes [...]”.Vamos aprofundar algo mais o sentido da frase, segundo as conclusões do Encontro deEspecialistas. Na verdade, este item é derivado da aplicação de um conceito restrito deResultado do Exercício admitido pela Lei (em contraposição ao conceitoall inclusive). Massomente deverão ser tratados como tais os ajustes decorrentes de mudanças de critérioscontábeis (por exemplo: alteração dométodo de avaliar estoques, ou adoção, pela primeiravez,doprovisionamentodeindenizaçõesoudefériascomumlançamentorelativoaomontantenão contabilizado anteriormente etc.) ou quando da retificação de erros do passado nãoatribuíveisafatossubsequentes.

Para o caso de mudanças de critérios contábeis, não existem grandes dificuldades. Oproblema reside em se caracterizar como Ajuste ou não um erro do passado. Para ser

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considerado Ajuste, é preciso que seja decorrente de imperícia ou erro e não de fatosacontecidos posteriormente. Por exemplo, uma provisão para imposto de renda criada emexcessoouamenor,pordesconhecimentodalegislaçãoouporumerronasuainterpretação,provoca, de fato, um Ajuste no período subsequente; mas, se a super ou subavaliaçãodecorrerdeumaalteraçãona legislaçãosubsequenteàdatadasuaconstituição, issonãoéconsideradoAjuste,esimumcomponentedopróprioResultadodoperíodoemqueforfeitooacerto.

Ointuitocomacriaçãodesseiteméodeseapurarumresultadodoexercícioexpurgadodeitensquenãopertençamaele,equesejam,issosim,acertosdeoutrosexercícios.

NãoprecisarãosertratadoscomoAjustesositensque,mesmodecorrentesdemudançasdecritérioscontábeisoudecorrentesdeerros,nãoafetaremmaterialmenteosresultados.

Como exemplo adicional, pode-se mencionar o caso das autuações fiscais: elas nãoretificamerros,sãoconsequênciasdeles,eporissonãodevemsertratadascomoAjustesdeExercícios Anteriores; se decorreram da não contabilização de uma receita no passado,somenteseráapropriávelcomoAjusteaprópria receita,aindaquededuzidado impostoquedeveriatersidocalculadonaocasião.

f) Avaliação dos Investimentos Societários pelo Método da Participação Patrimonial(“EquityMethod”),artigo248

Naavaliaçãodos investimentospelométododaparticipação(ouequivalência)patrimonial,deverásempreserdestacadanoAtivoPermanenteaparteproporcionaldoPatrimônioLíquidodainvestidaeaparceladoÁgioouDeságio;seDeságio,deveráfiguraremcontacredoradeInvestimentos, a não ser no caso dos Balanços Consolidados, quando aparecerá no grupoResultadodeExercíciosFuturos,umavezquenãoexistiráoValorPatrimonialdoInvestimentoqueterásidoeliminadopelaConsolidação(artigo250,§3o).

A amortização do Ágio deverá ocorrer: (a) em função da baixa por depreciação,amortização,exaustãooualienaçãodosativosdainvestidaqueoriginaramesseÁgio,quandoesse for o caso; (b) pelo prazo esperado de efetivação dos lucros futuros, quando tiveraparecidoporessarazão;e(c)quandohouverevidênciadaperdadeseuvalor,nashipótesesde seu pagamento em função de valores intangíveis, tais como reputação, clientela,localização,qualidade,nomeetc.(verdadeirogoodwill).

A amortizaçãodoDeságio deverá ser contabilizadanos exercícios emqueocorreremasperdasouprejuízosqueo justificaram.Sehouverevidênciasdeque taisperdasouprejuízosnãomaisvirãoaocorrer,deverátambémserfeitaaamortização,mediantereconhecimentodoganho.

QuandohouveraumentodoPatrimônioLíquidodaInvestida(coligadaoucontrolada)porterhavidonaquelaumaReavaliação,deveráa investidoracontabilizara suaparcelanaReservaconsiderada,acrédito tambémdeumaReservadeReavaliação,nãocontabilizando talpartecomo lucro do exercício. Só deverá ser considerada como realizada essa Reserva nainvestidora à medida que a investida também o fizer ou quando a investidora alienar seuInvestimento.Todavia, sea investidorahouverpagoÁgioexatamenteporessevaloramaiordetaisativosorareavaliados,deverácontabilizaracontrapartidanãocomoReservasua,mas

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12.4

comoreduçãodoÁgio.Se houver divergência material entre os critérios contábeis de investidora e investida,

deveráainvestidorareelaborarobalançooubalancetedainvestidaparahomogeneizá-locomrelaçãoaoseu.

g)PrejuízosAcumuladoseCálculodasParticipações(artigo189)No caso de ter existido prejuízo em exercícios anteriores e tiver sido absorvido por

reservasexistentes,nãohaveráacontadePrejuízosAcumulados.Poressarazão,nãohaveráoquededuzirdolucrodeumperíodoulteriorparacálculodasParticipações.Sóocorreráessadedução quando existir a conta de Prejuízos Acumulados, isto é, quando tiverem sidoconsumidos todos os saldos das Reservas de Lucros (ou também a critério da companhia,apósoconsumodossaldosdasReservasdeCapital,artigo200,ItemI).

Não se aplica a hipótese de se abaterem do lucro de um período, para fins departicipações,prejuízosanterioresquetenhamsidoabsorvidosporReservas,aindaquedentrodamesmaAdministração.Entende-se,éclaro,queLucrosAcumuladossãotambémReservasdeLucros.

CONCLUSÕES

A Contabilidade não tem mais intromissão ostensiva da legislação fiscal sobre os registrospermanentesesobreDemonstraçõesContábeis.Qualquertratamentofiscalqueconflitecomaboa prática e técnica contábil deve ser feito apenas e tão somente em livros auxiliares,preservando desta forma que a contabilidade atenda principalmente ao seu principal usuário(stakeholder)cominformaçõesdinâmicas,tempestivaseeficientesparaatomadadedecisãoeficaz.

Cremos ter apresentado os principais tópicos relativos à Lei, especialmente os demaiorinteresseparaaAnálisedeBalanços.Naverdade,em termosdeboasclassificações,aLeiapresentapoucasnovidadesparaosanalistas,poisestes jáestavamacostumadosautilizar,parasuasanálises,algumasdasboasclassificaçõesqueaLei sanciona.Consideramosqueumentendimentoprofundodosdispositivos contábeis daLei, associadoao conhecimentodeContabilidade,distinguirá,pormuitotempo,obomprofissionaldoregular.

Achamos que o grau de extensão e profundidade com que analisamos o assunto nesteCapítuloécomensurável,najustamedida,comooqueseprecisaparaaAnálisedeBalanços,que é uma arte e uma técnica que transcende a qualquer tipo ou forma de classificação. Éprecisoentenderoque“estánabase”dasclassificações,istoé,osprincípios,asnormaseosprocedimentosenvolvidos.EmboragrandepartedoqueaLeitrouxeemmatériacontábilsejadeexcelentequalidade,istonãosignificaquenãohajaaindaviesesaseremcorrigidos,tantoéque oComitê dePronunciamentoContábil –CPCestá empermanente estudo como IASB.Apontamos alguns deles, mas, ainda assim, devemos reconhecer que, bem entendida efiscalizada rigorosamente sua aplicação, esta Lei trouxe grandes benefícios aomercado decapitaiseànossaprofissão.

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13.1

13.2

INTRODUÇÃO

Oestudodaalavancagemétãoimportantequededicaremosumcapítuloparaseusaspectosespeciais.Abordaremosaalavancagemfinanceiraeoperacionaleosefeitosdainflaçãosobreasmesmas.Naverdade,oassuntopodeassumircontornostãoirregulareseprofundidadetãograndequeatéumtrabalhoacadêmicodelivre-docêncialhefoidedicado.1Paraestudosmaisaprofundadossobreotema,remetemosoleitoraoreferidotrabalho.Aquestãodotratamentode certos itens da Demonstração do Resultado, no Brasil, como operacionais ou não, poroutro lado, é extremamente controvertida, para os autores e profissionais. A Lei dasSociedadesporAçõesconsiderouasdespesasfinanceirascomooperacionais.Paraefeitosdeanálisedebalanços,nãopodemosaceitartalclassificação,demodoqueastrataremos,nestecapítulo,comonãooperacionaisecomoitembemdestacadodoDR.Jánoqueserefereaoresultadodacorreçãomonetária,asopiniõesdivergemaindamais.ALeiconsiderou-ocomonão operacional. A rigor, cremos que teria características mistas. Se efetuássemos umacorreção de todos os itens da demonstração de resultados, uma maior parte da correçãomonetária se incorporaria aos itens operacionais e outra aos não operacionais. Entretanto,para saber qual a parte operacional e qual a não, seria necessário corrigir pelo price-levelcompleto(oupelasnormasdaCVM).Asparticipaçõesdeverãosertratadascomodespesaenão como distribuição, para efeito de análise. Numa análise real, todavia, deveremos tersempreemmenteascomplexidadescontábeisderivantesdaaplicaçãodosdispositivosdaLeidasSociedadesporAçõeseosemanadosdaCVMeoutrosórgãoscontroladores.Elassãoinúmeras e é preciso adaptar qualquer fórmula tradicional, importada de outros países, ànossarealidade.Nemsempreépossível,porém,numlivro-texto, tratarde todososdetalheslegais.Omais importanteéqueoanalistaobservecertaconsistêncianasclassificaçõessempreocupar-seemdemasiacomasdiscussõesdosteóricos.Éclaro,entretanto,quedevemosevitarerrosgrosseiroseparaistoéprecisoconhecerbemalegislaçãoeoambienteemqueaempresaatua.

APLICAÇÃODASFÓRMULASDEALAVANCAGEM

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13.2.1 Generalidades

No Capítulo 9 definimos o Grau de Alavancagem Financeira como sendo calculável pelaseguintefórmula:

Efetuamos algumas qualificações a esta forma simplista de cálculo e agora é precisorefinaraindamaisoconceito,principalmentedosegundoquociente.Faremos istoatravésdeumexemplo.

Suponha que a empresa “Alavanca” apresente os balanços puramente históricos abaixotranscritos(antesdoimpostosobrearenda):

EmT0 EmT1

AtivoCirculante 200 250

AtivoFixo(Permanente) 500 600

TotaldoAtivo 700 850

(–) Exigível 0 (100)

(=) PatrimônioLíquido 700 750

AentidadefoicriadaemT0,eos$100adicionaisdeAtivoFixoforamadquiridoslogoapósT0,atravésdosrecursosdeumempréstimo.Asdespesasfinanceirasdoperíodototalizaram$50.AtaxadeinflaçãodoperíodoT0aT1foide40%.$50sãooresultadohistóricoantesdacorreção monetária e após a dedução das despesas financeiras, porém antes do impostosobrea renda (não temsentido calcularmosum imposto sobre valoreshistóricos, poiseleéresultante da aplicação dos critérios legais). Ignoremos o eventual efeito da correção dasdepreciações, noDR.Outra alternativa aos demonstrativos acima seria considerar queos $100adicionaisdeAtivoFixoforamadquiridoscomrecursosprovenientesdeumaintegralizaçãoadicionaldecapital, logoapósT0,de$100.Nestecaso,opatrimôniolíquidofinalaumentariaem $ 100 pelo aumento de capital. O Exigível final diminuiria em $ 100, anulando-se. E,digamos, o Ativo Circulante aumentaria em $ 50, pelo não pagamento das despesasfinanceiras.

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OResultado,antesdoimpostoedaCorreçãoMonetária,iriapara$100.Vamos verificar os resultados da alavancagem, aplicando-se a correção monetária

preconizadapelaLeiComercial,deformasimplificada.

a)NahipóteseempréstimoOPatrimônioLíquidoseriacorrigidoem$700×0,40=$280.OPermanenteem$600×0,40=$240.OResultadodaCorreçãoMonetária,devedor,de$40.OResultadoapósCorreçãoMonetáriaeantesdoimpostoderenda=$10.ImpostodeRenda=$3,50(a35%).LucroLíquido=$6,50.

b)NahipótesedeaumentodecapitalOPatrimônioLíquidoseriacorrigidoem$800×0,40=$320.OAtivoFixoseriacorrigidoem$240.OResultadodaCorreçãoMonetária,devedorde$80.OResultadoapósCorreçãoMonetáriaeantesdoimposto=$20.ImpostodeRenda=$7,00(a35%).LucroLíquido=$13.

Ahipótesedeaumentodecapitalresultounumlucromaioremvalorabsolutoe,destavez,também em termos relativos, mesmo considerando-se o maior investimento dos acionistas.Realizamososcálculosutilizandovaloresiniciaisnodenominador,parasimplificá-los.

Osresultadosobtidosindicamquenãovaleuapenaaobtençãodoempréstimo,emtermosreais, sendomelhor a hipótese de aumento de capital. É que a taxa de despesa financeirasobre o saldomédio da dívida foimuito alta, comparando-se com a de retorno do ativo. Ainflação, possivelmente, acentuou o resultado negativo, damesma forma que acentuaria umpositivo,sehouvesse.Épreciso,entretanto,testarmaisdetidamentetaishipóteses.

Dos cálculos e fórmulas empregados fica claro que devemos considerar, no segundoquociente, qual o lucro líquido que resultaria, em termos reais, e considerando-se o novo ediferente efeito do IR e da CM, na hipótese de efetuarmos o gasto considerado (ou os deoutrosexemplos),pelaintegralizaçãodecapitalemlugardeempréstimo.Istonãoéomesmo

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13.2.2

que se somar, simplesmente, o lucro líquido às despesas financeiras ocorridas. É precisoajustar pelo novo efeito, no IR, da não ocorrência das despesas financeiras, total ouparcialmente, dependendo do exemplo, e mesmo pela variação no valor da correçãomonetária, pela alteração das hipóteses. O denominador do segundo quociente, por outrolado, deverá ser o novo patrimônio líquido corrigido, resultante da nova conformaçãopatrimonial adotada. Nem sempre isto é igual ao ativo total. É interessante notar que, seaplicássemos ao exemplo o price-level completo (correção total das demonstrações), oresultado corrigido, antes do imposto de renda, resultaria exatamente igual, nas duashipóteses,aoconsequentedoprocesso legaldecorreçãomonetária,oque falaemfavordoacertodafórmulalegal,emsituaçõescomoadoexemplo.

Generalizaçãodainflaçãonaalavancagem2

A fimde verificarmoso efeito da inflaçãonas várias situaçõesde alavancagem, teremosderecorrer ao mesmo tipo de exemplo simples que utilizamos para introduzir o problema daalavancagem,noCapítulo9.

Assim,façamosasseguintespremissas:

HipótesesI–Taxaderetornodoativo:20%.II–AtivoemT0=$200.

III–ObtençãodeEmpréstimoemT0+dT0(logoapósT0),$100.

IV–Taxadedespesasfinanceirassobreosaldomédiodoempréstimo=10%.V–TaxadeInflaçãodeT0aT1=30%.

Trabalhando com conceitos iniciais para o ativo e patrimônio líquido, apenas parasimplificaçãodoscálculos,teríamososseguintesvalores(desprezandooimpostoderenda):

EMVALORESHISTÓRICOS

ComCapitaldeTerceirosSeosRecursostivessemsido

supridosporacionistas

EmT0+ΔT0 EmT1 EmT0+ΔT0 EmT1

Ativo 200 230 200 240

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Passivo(Exigível) 100 100

PatrimônioLíquido 100 130 200 240

Lucro 30 40

Expliquemos,maisumavez,comosechegouataisvalores:Sendoataxaderetornodoativode20%,os$100deempréstimosadicionadosaos$100

já existentes produziram um ativo, no fim deT1, de 200 × 1,20 = $ 240. Entretanto, comopagamos despesas financeiras de $ 10, o ativo líquido foi de $ 230. A diferença entre ospatrimônioslíquidoséolucro.

Seos$100tivessemsidosupridospelosacionistas,o investimentomédio inicialemativo(eempatrimôniolíquido)teriasidode$200(nãoseesqueçaqueoendividamentoouanovaentrada de capital ocorreram logo após T0; logo, é como se tivessem ocorrido em T0). Orendimento proporcionado pelo ativo de $ 200 seria total, emT1, pois não haveria despesafinanceira.Olucro,portanto,seriade$40.

OGraudeAlavancagemfoicalculadorelacionandoataxaderetornosobreospatrimônioslíquidos iniciais nos dois casos. (Quando, em fórmula anterior aproximada, dividimos o lucromais as despesas financeiras pelo ativo, queríamos dizer que este ativo seria o patrimôniolíquido se os sócios tivessem suprido os recursos que, na verdade, foram supridos pordívidas.)

Assim,naprimeirahipótese,a taxaderetornoéde30%,aopassoquenasegundaédeapenas20%.OGraudeAlavancagemé,portanto,de1,5.

Vamos,agora,corrigirosbalanços,nasduassituações,pelainflação(aumataxade30%):

EMVALORESCORRIGIDOS(EMTERMOSDET1)3

ComCapitaldeTerceirosSeosRecursostivessemsido

supridosporacionistas

EmT0+ΔT0 EmT1 EmT0+ΔT0 EmT1

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Ativo 260 230 260 240

Passivo 130 100

PatrimônioLíquido 130 130 260 240

Lucro Zero (20)

OGrau de Alavancagem, nesse caso, ficaria aparentemente sem muito sentido, pois olucrodoprimeirocasofoizero.Entretanto,notequeteríamososeguintecálculo:

Noprimeirocaso,temosumataxaderetornozero;nosegundo,temosumataxaderetornonegativade8%.Asituaçãosempreseriamais favorável (oumenosdesfavorável)aousodecapitaldeterceiros,mesmocominflação.

Setivéssemosusadoumataxadeinflaçãomenor,digamos,de20%,osresultadosteriamsido:

EMVALORESCORRIGIDOS(EMTERMOSDET1)

ComCapitaldeTerceirosSeosRecursostivessemsido

supridosporacionistas

EmT0+ΔT0 EmT1 EmT0+ΔT0 EmT1

Ativo 240 230 240 240

Passivo 120 100

PatrimônioLíquido 120 130 240 240

Lucro 10 Zero

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Neste caso, o grau de alavancagem seria indefinido, pois a taxa de retorno sobre opatrimônio líquido, no primeiro caso, é de 10/120= 0,08 ou 8%.No segundo caso seria dezeropor cento.Dividirmos0,08por0,00não teria sentido.Continuenotando, todavia,queasituaçãoderetornosempreémais favorável (oumenosdesfavorável)nocasodeutilizarmosrecursosdeterceiros(apenasporque,nessecaso,ataxaderetornosobreoativoémaiorquea taxa de despesas financeiras). Esta situação favorável é apenas “transfigurada” pelainflação,conformesua taxa,porémsempremantendoasituaçãomais favorávelparaocasodeendividamento.Vamosescolheragoraumataxadiferentedeinflação(30%anulaolucroemA e 20% anula o lucro em B); digamos, 15%. Os balanços corrigidos ficariam conformedemonstradosnaspáginas222e223.

Aumentouextraordinariamenteaalavancagem,nessecaso.Na verdade, se trabalharmos somente com ativos e passivos monetários (como no

exemplo),podemosprovarque:(a)seataxaderetornohistóricadoativoforsuperioràtaxadedespesasfinanceiras;e(b)seataxadeinflaçãofortalquenãoanuleumouosdoislucros(comousemcapitaldeterceiros)equenãotransformeumlucronumprejuízo(casosemqueascomparaçõesmudamdesentido),aalavancagemfinanceiraéacentuadapelainflação.

EMVALORESCORRIGIDOS(EMTERMOSDET1)

ComCapitaldeTerceirosSeosRecursostivessemsido

supridosporacionistas

EmT0+ΔT0 EmT1 EmT0+ΔT0 EmT1

Ativo 230 230 230 240

Passivo 115 100

PatrimônioLíquido 115 130 230 240

Lucro 15 10

Emqualquercaso,desdequeacondição(a)sejaprevalecente,sempreataxaderetornocomcapitaisdeterceirosserámaior(algebricamente)quea taxaderetornosemcapitaisde

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terceiros.Vejamosoqueaconteceriaseataxadejuros(despesasfinanceiras)fosseigualàtaxade

retornosobreoativo,de20%.Nocasohistórico,aalavancagemseriaiguala1,éclaro.Vamostrabalharcomastrêstaxasdeinflaçãoutilizadasatéaqui:30%,20%e15%.A30%,teríamososseguintesbalançoscorrigidos:

VALORESCORRIGIDOS(EMTERMOSDET1)

ComCapitaldeTerceiros SemCapitaldeTerceiros

EmT0+ΔT0 EmT1 EmT0+ΔT0 EmT1

Ativo 200×1,30 220 260 240

Passivo 100×1,30 100

PatrimônioLíquido 130 120 260 240

Lucro (10) 20

A20%,teríamosaseguintecomposição:

VALORESCORRIGIDOS(EMTERMOSDET1)

ComCapitaldeTerceiros SemCapitaldeTerceiros

EmT0+ΔT0 EmT1 EmT0+ΔT0 EmT1

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Ativo 200×1,20 220 240 240

Passivo 100×1,20 100

PatrimônioLíquido 120 120 240 240

Lucro Zero Zero

OGraudeAlavancagemtambém tenderiaparaum.Defato,ZerosobreZero tendeparaum.

A15%,apresentaríamososeguintequadro:

VALORESCORRIGIDOS(EMTERMOSDET1)

ComCapitaldeTerceiros SemCapitaldeTerceiros

NoInício NoFim NoInício NoFim

Ativo 200×1,15 220 230 240

Passivo 100×1,15 100

PatrimônioLíquido 115 120 230 240

Lucro 5 10

É notável a conformação dos três últimos resultados. Com qualquer das três taxas deinflação,ograudealavancagemcontinuasendo iguala1,comoacontecianocasohistórico.

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Isto levaa concluir que,quandoa taxade retornosobreoativoé igual à taxadedespesasfinanceiras, é indiferente – na alavancagem – o efeito da inflação. Porém, lembremos quenossoexemplosomentecontemplaativosepassivosmonetários.

Vejamosoqueocorreriaàstrêstaxasdeinflaçãoseataxaderetornosobreoativofossemenorqueataxadedespesasfinanceiras.Digamosqueataxadedespesasfinanceirassejade30%,eataxaderetornosobreoativocontinueiguala20%.

Supondo,inicialmente,umataxadeinflaçãode30%,osbalançoscorrigidosapresentar-se-iamassim(ograudealavancagem“histórico”,nessecaso,seriaiguala0,5):

VALORESCORRIGIDOS(EMTERMOSDET1)

ComCapitaldeTerceiros SemCapitaldeTerceiros

NoInício NoFim NoInício NoFim

Ativo 200×1,30 210 260 240

Passivo 100×1,30 100

PatrimônioLíquido 130 110 260 240

Lucro (20) (20)

Note-se, todavia, que esse último resultado deve ser analisado commuito cuidado.Comtaxadeinflaçãode30%,porexemplo,obtivemosumgraualgébricodealavancagempositivode2.Entretanto,estegraufoiobtidodividindo-seduastaxasderetornonegativas.Obterumprejuízo de 20 sobre um investimento de 130 é pior, em certo sentido, do que obter umprejuízo de 20 sobre 260.Quando ambas as taxas de retorno são negativas, o sentido daalavancagempode-seinvertere,naverdade,emnossocaso,umaalavancagemmaiorqueum

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13.3

13.3.1

“foidesfavorável”.Verificamos, portanto, como o efeito da inflação distorce a interpretação original da

alavancagem.Épreciso levaremconta,explicitamente,avariável inflacionária,antesde tirarconclusõesegeneralizaçõesdosestudosdealavancagem.Aliás,nenhumtópicoimportantedaanálisedebalançosescapaànecessidadededepurarmososefeitosdainflação.Umaanálisede balanços levada a efeito em termos puramente históricos pode, além de inútil, serperniciosa para o analista. Frequentemente, muitas análises são realizadas sem a mínimaconsideração pelo problema inflacionário, resultando em grosseiras generalizações defenômenos muito complexos da realidade empresarial. A inflação é, infelizmente, um malcrônico que aflige nossa economia. Toda a análise financeira e, em consequência, a gestãoempresarial devem ser amoldadas a esta realidade. Desconhecê-la significa simplesmentecorrer o risco de uma gestão absolutamente incontrolada, com perigo iminente dadescapitalizaçãoempresarial.

Veremos, a seguir, os conceitos alternativos de alavancagem financeira, extraídos dasobrasdeFinanças.

OUTROENTENDIMENTODAABORDAGEM

Alavancagemoperacional

Ograudealavancagemoperacionalpodeserdefinidocomosendoavariaçãopercentualnoslucrosoperacionais,relacionadacomdeterminadavariaçãopercentualnovolumedevendas.

Assim,

GraudeAlavancagemOperacionalnoponto

ou

onde:Q=unidadesdeprodutoP=preçomédiodevendaporunidadedeprodutoV=custovariávelporunidadedeprodutoF=custofixototalS=vendasemreaisVC=custostotaisvariáveis

Exemplo:CustosFixos=$1.800,00

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13.3.2

PreçoMédioUnitáriodeVendaaumVolumede300unidades=$25,00Custounitáriovariável=$12,00

Seoresultadoforcorreto,poderíamosformularapergunta:Estamostrabalhandoaonívelde 300 unidades com lucro de $ 2.100,00; qual será o acréscimo de lucro ao nível de 450unidades? Ora, 450 unidades representam 300 unidades mais 50% (150 unidades).Multiplicando 0,50 por 1,857 obtemos 0,9285.O lucro adicional será, portanto, de 0,9285 x2.100=$1.950,00,eolucrototalseráde$4.050,00.

Verifiquemostaiscálculospelaequaçãodocustototal:

ReceitaTotal=450×25,00= $11.250,00

CustoTotal=1.800+(12×450)= $7.200,00

=Lucro $4.050,00

Ocálculopode ser realizadoem termosdeacréscimode lucro sobreonível anterior delucro ou em termos de lucro total. Se quisermos em termos de lucro total, bastamultiplicar1,9285×2.100=$4.050,00.

Alavancagemfinanceiraemtermosdelucroporaçãoordinária

Nesseaspecto,oGraudeAlavancagemFinanceirapodeserdefinidocomosendoavariaçãopercentual nos lucros disponíveis para o acionista, associado com certa variação percentualnoslucrosantesdosjurosedoimpostoderenda.4

É preciso notar que a alavancagem operacional atinge os lucros antes dos juros e dosimpostos, ao passo que a alavancagem financeira afeta os lucros após juros e imposto derenda.

Umaformadecalcularessegraudealavancagemfinanceiraéaseguinte:

Simbolizemos:LucroantesdasdespesasfinanceirasedoimpostoderendaporLADEFIReDespesasFinanceirasporDF.

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13.3.3

Assim,utilizandoossímbolos,fica:

Exemplo:LADEFIR=200DF=60

Istoé,aumacréscimode100%noLADEFIRcorrespondeumacréscimode143%nolucroporação.

Combinaçãodasalavancagensoperacionalefinanceira

Podemos combinar os efeitos da alavancagem operacional e da alavancagem financeira,dotipoLADEFIR.

Assim,aalavancagemoperacionalfazcomqueumavariaçãonovolumedevendasresultenummaiorimpactosobreoLADEFIR,e,secombinarmosoefeitodaalavancagemfinanceira,asvariaçõesnoLADEFIRterãoumefeitomultiplicadornoslucrosporação.

Assim, se uma empresa tiver uma boa alavancagem financeira e operacional, pequenasmudançasnasvendasproduzirãograndesflutuaçõesnoslucrosporação.

O efeito combinado da alavancagem financeira e operacional (ECA) pode ser, segundoWestoneBrigham,assimdefinido:

Admitindo-seomesmoexemplodapágina226,comainformaçãoadicionaldequeDF=$300,5obteríamos:

Assim,paraumacréscimode100%nasunidadesvendidas,de300para600,teríamosumacréscimonolucroporaçãode217%.Destaforma,onovovalorparaolucroporaçãoseria3,17vezesovalororiginal.Seolucroporação,antesdoacréscimonasvendas,forde$2,00,

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1.

2.

3.

será,depois,de2,00×3,17=$6,34.Segundoosautores citados (Op. cit. p. 583),6 a utilidadedos conceitosdealavancagem

expostosresidenestesfatos:

permitem-nos especificar o efeito exato de uma variação das vendas nos lucrosdisponíveisparaosacionistas,comênfaseparaosordinários;permitem-nos mostrar as inter-relações entre alavancagem operacional ealavancagemfinanceira;permitem-nos, devido a (1) e (2), as tomadas de decisões com relação às váriasformas ou “pacotes” (dosagem de recursos próprios e de terceiros) para financiarprojetosdeexpansãoedereequipamento.

RESUMODOCAPÍTULO

O estudo e o entendimento da alavancagem revestem-se da maior importância para agerência financeira e para o analista financeiro. Decisões sobre formas alternativas oudiferentes dosagens entre capital de terceiros e capital próprio são muito facilitadas peloestudodaalavancagem.

Todavia,comoemtodaadministraçãoeanálisefinanceira,nãopodemosdeixardelevaremcontaoefeitoda inflação.Osresultadosmudam,bemcomosua interpretação.Existemduasformasalternativasdeolharmosaalavancagemfinanceira:umaquerelacionaoretornosobreopatrimôniolíquidoefetivamenteobtidocomacombinaçãoderecursosprópriosedeterceiros, efetivamente utilizada com o retorno que seria obtido se os recursos própriossubstituíssem os de terceiros. Esta é a maneira mais completa de analisarmos aalavancagem financeira. A segunda forma, utilizada preferencialmente por administradoresfinanceiros,encaraaalavancagemfinanceiracomosendoavariaçãopercentualnos lucrosdisponíveis para o acionista,associada a determinada variação percentual nas vendas.Naverdade, o conceito de alavancagem financeira, apresentado inicialmente, combinaelementos do demonstrativo de resultados com elementos do balanço (ativo e patrimôniolíquidomédio),aopassoqueasegunda formaapresentadapodeseraplicadautilizando-seapenas projeções do demonstrativo de resultados, bastando para isso ter a informaçãoadicional sobre o número de ações. É claro que, também na segunda forma, poderemosadmitirexplicitamenteavariávelinflacionária.

EXERCÍCIOESPECIALSOBREOCAPÍTULO13

AempresaProjetadaapresenta,em31-12-X,obalançosimplificado,transcritoaseguir:

Disponibilidades $300.000,00

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a)b)

ContasaReceber(líq.) 1.200.000,00

Estoques 1.500.000,00

Instalações(líq.) 3.300.000,00

MáquinaseEquipamentos(líq.) 4.200.000,00

TotaldoAtivo 10.500.000,00

ExigibilidadesTotais(aumcustomédiode35%) 3.000.000,00

AçõesOrdinárias(valornominalde$10,00cadauma) 7.500.000,00

TotaldoPassivoedoPatrimônioLíquido $10.500.000,00

A empresa espera um volume de vendas, para X + 1, de $ 9.000.000,00. A fim de

possibilitar este volume adicional de vendas, a empresa precisa realizar um imediatoacréscimodecapacidadequeimportaem$4.500.000,00.Estecapitalpodeserlevantadodeduasformas:7

atravésdenovosempréstimosdelongoprazoàtaxade35%;atravésdacolocaçãode450.000açõesadicionaisaovalorde$10,00cadauma.

Os custos fixos, após a expansão planejada, serão de $ 600.000,00 ao ano.Os custosvariáveis,comexceçãodosjurosdadívida,serãode40%dasvendas.

Vejamos como se apresentaria o demonstrativo projetado de resultados, se (a)financiarmoscomempréstimo:

VENDAS $9.000.000,00

(–) CustosFixos (600.000,00)

(–) CustosVariáveis (3.600.000,00)

CustosTotais(excetojuros) (4.200.000,00)

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LucroAntesdosJuroseImpostodeRenda(LADEFIR) 4.800.000,00

(–) Juros(35%de7.500.000) (2.625.000,00)

= Lucro(AIR) 2.175.000,00

(–) ImpostodeRenda(a30%) (652.500,00)

= LucroLíquido(DIR) $1.522.500,00

LucroporAçãosobre750.000AçõesOrdinárias $2,03

ese(b)financiarmosatravésdecapital:

LucroAntesdosJuroseImpostodeRenda(LADEFIR) $4.800.000,00

(–) Juros(35%de3.000.000,00) (1.050.000,00)

= Lucro(AIR) 3.750.000,00

(–) ImpostodeRenda(30%) (1.125.000,00)

= LucroLíquido(DIR) $2.625.000,00

LucroporAçãosobre1.200.000AçõesOrdinárias $2,19

Neste caso, o lucro por ação émaior se obtivermos os fundos necessários através dacolocação de ações. Esta hipótese, portanto, seria a escolhida. Mais uma vez, é precisoesclarecer que deveríamos realizar esta projeção a vários níveis de vendas e cada nívelrelacionadocomcertaprobabilidadedeocorrência.Seriaassimpossívelavaliarocoeficientedevariaçãoparacadahipótese(financiamentocomempréstimooucomcapitaladicional)equalificarmelhor cadaalternativa.Porexemplo, seocoeficientedevariaçãodaalternativaempréstimoformaiorqueodaalternativasubscriçãodecapital(oquequasesempreocorre)poderíamos escolher a alternativa capital,mesmo que o lucro por ação seja menor, porcausadomenorrisco.

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No exemplo muito simplificado que apresentamos, a alternativa capital seria melhor,desprezando-seasobservaçõesdoparágrafoanterior.

Aalavancagemfinanceira,emtermosdaalternativaempréstimo,pelasegunda formadecálculoseriaassimexpressa:

Istosignificaqueaumacréscimode100%novalordoLADEFIRcorrespondea220,7%deacréscimonoslucrosporação.

Esteresultadoéobtidosuprindo-seos$4.500.000,00comrecursosdeempréstimos.Proporcionalmente,aumavariaçãode,digamos,75%noslucrosantesdoimpostosobre

arendaeantesdasdespesasfinanceiras,corresponderiaumavariaçãode165,52%nolucrodisponívelparaoacionista.8

Vamostestaresteresultado:paraaumentarem75%ovalordolucroantesdasdespesasfinanceirasedo impostosobrea renda,obteremosumvalorde$8.400.000,00.OsCustosFixospermaneceriamem$600.000,00.AsVendas teriamdeserde$15.000.000,00eosCustosVariáveisde$6.000.000,00(40%dasvendas).

Assim,teríamos:

VENDAS(67%deacréscimosobre$9.000.000,00) $15.000.000,00

CustosFixos 600.000,00

CustosVariáveis 6.000.000,00 (6.600.000,00)

LADEFIR 8.400.000,00

(–) Juros(35%sobre$7.500.000,00) (2.625.000,00)

= Lucro(AIR) 5.775.000,00

(–) ImpostodeRenda(30%) (1.732.500,00)

= LucroLíquido(DIR) $4.042.500,00

LucroporAçãosobre750.000AçõesOrdinárias $5,39

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Seocálculoeosraciocíniosdesenvolvidosforemcorretos,devemosobteros$5,39poraçãosimplesmentemultiplicando$2,03×2,6552.Defato,2,03×2,6552=$5,39.

Éimportanteobservarqueoscálculosdealavancagemrealizadosforamfeitoscombasena hipótese do empréstimo. Entretanto, poderíamos calcular o grau de alavancagemfinanceiranahipótesedefinanciarmosaexpansãocomrecursosderisco.Nestecaso:

Assim,esteresultadosignificaqueaumacréscimode100%nolucroantesdasdespesasfinanceiraseimpostosobrearendacorresponderáaumacréscimode128%nolucroparaoacionista.Aalavancagemfinanceiranessecasoémenor,emborapartadeumlucroporaçãoligeiramentesuperior.

Assim, no exemplo da página 230, vamos supor que o LADEFIR dobre, passando a $9.600.000,00:

Teríamos:

LADEFIR $9.600.000,00

Juros(35%sobre$3.000.000,00) (1.050.000,00)

Lucro(AIR) 8.550.000,00

ImpostodeRenda(30%) (2.565.000,00)

Lucro(DIR) $5.985.000,00

LucroporAçãosobre1.200.000AçõesOrdinárias ≅$5,00

Seosnossosraciocíniosecálculosestiveremcorretos,bastariamultiplicar$2,19(olucroporaçãoantesdoacréscimode100%noLADEFIR)por2,28(1+graudealavancagemnahipótesedeaumentodecapital)paraobtermosos$5,00.Defato,2,19×2,28=$5,00.

É preciso notar que estas projeções, tendo em base a alavancagem, são totalmenteválidas desde que se mantenham: (a) o mesmo valor de custos fixos; (b) a mesmaporcentagemdecustosvariáveis;(c)desdequeparavendermaisnãosejamosobrigadosarecorrer,novamente,aempréstimosadicionaisouanovaschamadasdecapital.

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Vimos que a alavancagem pôde ser calculada em duas situações: (a) no caso derecorrermosaempréstimosparasupriros$4.500.000,00necessáriosàexpansão,ou(b)nocasodetermosobtidoosrecursosatravésdacolocaçãodeações.Aalavancagemexistenosdoiscasosesempreestáexpressa (segundoesteenfoque)em termosdequalaalteraçãopercentual no lucro por ação que é consequência de uma variação percentual de x% noLADEFIR.

Vamos,agora,voltaraonossobalançoinicial,àpágina229,eaoprimeirodemonstrativoderesultados,dapágina230.Seseverificaremashipótesescontidasnodemonstrativoderesultadosdapágina230,obalançosimplificadoem31-12-X+1seapresentaráassim:

EMPRESAPROJETADA–BALANÇOEM31-12-X+1

AtivoCorrente 4.522.500,00*

AtivonãoCorrente 12.000.000,00 =(7.500.000+4.500.000)

TotaldoAtivo 16.522.500,00

Exigibilidades 7.500.000,00 =(3.000.000+4.500.000)

AçõesOrdinárias(Capital) 7.500.000,00

LucrosRetidos 1.522.500,00

Total 16.522.500,00

*ConsideramosoLucroLíquido(DIR)doDemonstrativodeResultadodapágina230acrescidototalmenteaoAtivo

Corrente.Poroutrolado,todasasdespesasforamconsideradascomodedesembolsomonetário.Nãoconsideramos

depreciaçõeseamortizações.

Temosagora,portanto,doisbalançoseumdemonstrativoderesultados.Vamos, no presente momento, calcular a alavancagem financeira segundo o conceito

tradicionalanteriormenteapresentado,ouseja:

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a)

b)

Primeiramente,vamoscalcularcombaseemvaloresiniciais:

Note-sequeaalavancagemapresentou-semenorqueum.Oconceitoaquiapresentadoédiferente.Nafórmula oquesepretendeémensurarqualavariaçãopercentual

dolucroàdisposiçãodoacionistaapartirdedeterminadavariaçãopercentualdoLucroantesdosJurosedoImpostodeRenda.

Jáa formulaçãoconceitual clássicadealavancagem relacionao lucroobtidoparacadarealdepatrimôniolíquidoinvestidocomolucroqueseriaobtidoemcadarealdePatrimônioLíquidoinvestidoseemlugardofinanciamentorecorrêssemosaaumentodecapital.

Vamosinterpretar,emresumo,osdoisresultados:

GAF1 =2,207 (página 231), significa que, a um acréscimo de 100% no LADEFIR,teremosumacréscimode220,7%noLucroporAção.GAF’ = 0,93 (exemplo acima), significa que para cada real ganho sobre o ativoinicial,haveráumganhode0,93sobreoPatrimônioLíquidotambéminicial.

Vamoscalcular,agora,umGAF”emvaloresmédios:

Resumindo,aformadecálculodealavancagemfinanceira,baseadanafórmula

érecomendadaparaaverificaçãodoqueocorreu,efetivamente.Éorelacionamentoentreolucro efetivamente obtido (recorrendo, na composição dos recursos totais, pelomenos emparte, a empréstimos) sobre o patrimônio líquido com o lucro que teríamos obtido casoaquelaparcelasupridacomrecursosde terceiros fossesupridacomrecursosprovenientesdeaumentodecapital,relacionadocomopatrimôniolíquidocorrespondente.

No caso de inicialmente inexistirem exigíveis, o patrimônio líquido correspondente àhipótesedeaumentodecapitaléopróprioativototal.

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Voltamos a chamar a atenção para o fato de que Lucro + Despesas Financeiras dafórmula aproximada significam, a rigor, qual teria sido o lucro (DIR), se não tivéssemosrecorrido ao empréstimo adicional e, portanto, não tivéssemos pago despesas financeiras.Isto não é a mesma coisa que simplesmente somar ao lucro líquido (DIR) efetivamenteocorrido às despesas financeiras, por causa dos efeitos no IR. Na prática, todavia, estaúltimaaproximaçãoéutilizada.

JáaformadecálculoquerelacionaoLADEFIRcomesteecomasdespesasfinanceirastem uma finalidade diferente, ou seja, relacionar um acréscimo no LADEFIR com oacréscimonolucroporação.Poderíamostambémrelacionaroacréscimonasvendascomoacréscimonolucroporação,atravésdaalavancagemcombinada.

Verifique-seque:

Quandoutilizamosoconceitodelucroporação,ahipótesecapitalésuperior,pelomenosestatisticamente,poiso lucroporaçãoéde$2,19,emcontrastecom$2,03. Istopodeserimportante para o acionista individual que investiu $ 10,00 em cada ação e que, se aempresa recorrer a financiamento, receberá $ 2,03 em cada $ 10,00 investidos, o quesignificaumretornode20,3%.Ahipótesederecorreracapitalpróprioésuperior,poisestepatrimônio(inicial)éremuneradoem22%,emcontrastecom20,3%dahipótesealternativa.Estatendênciapodemudar,todavia,dependendodasexpectativasdeacréscimonasvendas;poisaalavancagemdahipóteseempréstimoésuperioràdeaumentodecapital.

Ovalorpatrimonialdaaçãoé:

Obs.:Realizamososcálculoscombasenospatrimônioslíquidosiniciais.

Note-seque0,93(alavancagempelafórmulatradicional)

Emoutraspalavras,oquocienteentreolucroporaçãonahipótesedefinanciamentoeo

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1.2.3.4.

1.

2.

3.

lucroporaçãonahipótesedecolocaçãoadicionaldeaçõeséigualaograudealavancagem,significandoqueaúltimahipóteseémelhor.Porissoéqueaalavancagemtradicionalrevelou-semenorqueum.

Adecisãofinalsobreacomposiçãoderecursosdeverá levaremconta,entreoutros,osseguintesfatores:

Retornosobreoativoesobreopatrimôniolíquido.Lucroporação.Valorpatrimonialdaação.Reflexos,naliquidezeoutrosquocientes,dahipóteseadotada.

EXERCÍCIOPROPOSTOEPARCIALMENTERESOLVIDO

M=$1.000,00

A empresa “Probabilística” reuniu seus principais executivos para estimar as vendaspara o próximo exercício. Verificou-se a concentração de estimativas em três níveisprincipaisdevendas:$12.000M;$13.200Me$15.000M.Emnãohavendoumacordoquanto à cifra mais provável, o Presidente atribuiu, subjetivamente, probabilidades acadanível.Estimouumaprobabilidadede0,30para$12.000;de0,45para$13.200ede0,25para$15.000.Asvendastêmgiradoemtorno(emreaisdadatadareunião)de$9.000M.Paraatingironívelde$12.000Ménecessáriouminvestimentoadicionalemequipamentos, imediato, de $ 1.000M, depreciável a 20% ao ano. As despesas fixasatuais são da ordem de $ 600M. A porcentagem de custos variáveis em relação àsvendas tem girado em torno de 38%. Com a introdução da nova máquina, deveriadiminuirpara35%.Asdespesasfinanceiras,atualmente,sãodaordemde$1.000M.Aempresapossui2.786.000açõesordinárias.Osrecursosparaaexpansãopodemadvir:(a)dacolocaçãodemais1.000.000deaçõesa$1,00cadauma;(b)daobtençãodeumempréstimo à taxa de 43% ao ano; (c) de um “pacote” que incluiria: colocação de500.000açõeseumempréstimode$500Mà taxade36%aoano.A taxade impostosobre a renda é de 30%. Os valores projetados o são todos em moeda da data dareunião. Vendas acima de $ 12.000M somente poderiam ser conseguidas comacréscimodasdespesasdepromoçãoepropaganda,novalorde$500Manuais.Acimade $ 15.000M, seria necessário nova expansão, o que alteraria completamente aestruturadecustos.

Pede-se:1.Ovaloresperadodolucroporaçãonastrêsalternativas.

Ocoeficienteestatísticodevariaçãodastrêsalternativas.

Considerando-se um administrador nem muito conservador nem exageradamenteagressivo, que política ou curso de ação tomaria? Justifique detalhadamente. Leve emconta, também, o valor absoluto do lucro em reais emcadaalternativa e nãoapenasolucroporação.Estaúltimaconsideraçãopoderiaalterarcompletamenteaabordagemsefosseadominante?Porquê?

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1.

2.

3.

SOLUÇÃOPARCIAL(ENCAMINHAMENTO)

O valor esperado do lucro por ação, para cada uma das três alternativas definanciamento, será obtido multiplicando-se o valor do lucro por ação em cadaalternativaeparacadaníveldevendaspelaprobabilidadeassociadaaoníveldevendasrespectivo e somando-se os resultados assim obtidos. Assim, suponha que, naalternativadeempréstimo,oslucrosporaçãoapontassem:

Para vendasde12.000M,$1,20; para vendasde13.200M,$1,50; e para vendasde15.000M,$1,70.

Olucroesperado,emtaiscircunstânciasseria:

Em outros termos, é a raiz quadrada do somatório dos desvios em relação ao valoresperado(elevadosaoquadrado)divididapeloprópriovaloresperado.

0,30×$1,20+0,45×$1,50+0,25×1,70≅ $1,46Deveremos efetuar o cálculo do lucro por ação esperado para cada opção definanciamento. A opção que tiver o maior lucro por ação esperado será, sob esseprisma,amelhor.

Ocoeficientedevariação, tambémasercalculadoparacadaopçãode financiamento,dáumaideiadoriscorelativodecadaopção.

Comosvaloreshipotéticossupra,seriaassimcalculado:

Emnossoexemplo,seriaiguala0,13,aproximadamente.

Quantomaiorocoeficiente,maiorograuderiscoenvolvidopelaalternativamensurada.

É importante a mensuração do coeficiente, pois a administração poderá comparar olucro por ação esperado em cada alternativa com o grau de risco da alternativa paraescolheraquelhepareceamelhor.

É com tais informações,mais os cálculos de alavancagem financeira e operacional emaisasprojeçõesdetendências,quepoderemosresponderaoitem3.

Emborapossamoscoadjuvaradecisãocomtaiscálculos,opesoquecadaadministração,maisoumenosconservadora,daráaosváriosfatoreséalgoextremamentesubjetivo.Porexemplo, algumas administrações mais agressivas darão maior peso ao valor do lucroesperadoporação.Outraslevarãoemgrandecontaorisco.

Na decisão final terá grande influência o grau de facilidade (ou dificuldade) com quepoderemosobterumníveldevendasquenosgarantaumretornodesejado.Paraisto,épreciso comparar o nível de vendas para o qual se fixou nossa decisão com a vendaesperada,queéasomadasmultiplicaçõesentreasváriasprobabilidadeseoníveldevendasrespectivo.

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1

2

3

4

5

6

7

8

9

_____________

MARTINS,Eliseu.AspectosdolucroedaalavancagemfinanceiranoBrasil.SãoPaulo:FEA/USP,1979.

Oestudodesteitemdocapítuloéfacultativo.

AscorreçõesefetuadasnestequadroenosseguintesestãobaseadasnosconceitosdoCapítulo 11. Ao calcular os valores, lembre-se de que, no exemplo, trata-se de itensmonetários.

VejaWESTON,J.Fred;BRIGHAM,E.F.Managerial finance. 5. ed.NewYork:DrydenPress,s.d.Capítulo18.

Os$300,00deDFnãoestãoincluídosnos$1.800,00.

Nestasfórmulasestamosadmitindoasimplificaçãodeconsiderarasdespesasfinanceirascomoúnicoitemrepresentativodasdespesasereceitasnãooperacionais.

Este problema é, inicialmente, uma adaptação e simplificação de uma aplicação maiscomplexa (que é apresentada às páginas 573 e 578 do citado livro de WESTON eBRIGHAM). Na verdade, a projeção de vendas e resultados deveria ser realizada paraváriosníveis,cadaumcomcertaprobabilidadedeocorrência,de formaque,atravésdocoeficiente de variação, pudéssemos estimar os riscos da captação de capital ou daobtençãodeempréstimos,alémdosefeitosdiferenciadosnolucroporação.Nestaversãosimplificada,trabalharemosapenascomumdemonstrativoprojetado.

Assim:

12.000.000 = 7.500.000 + 4.500.000 (estes $ 4.500.000 teriam entrado logo após obalançoinicial).

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14.1

a)b)c)d)

14.2

1.2.

3.

4.

INTRODUÇÃO

Trataremosnestecapítulo,deformaresumida,dealgunsassuntosdeinteresseespecialequenão foramdiscutidosnoscapítulosanteriores.Nossadissertação focalizaráasseguintesáreas:

Superexpansão(Overtrading).VendaseCapitaldeGiro.ProblemasLigadosàMediçãodeLucroporAçãoPreferencialeOrdinária.RepresentaçãoGráficadeTendências.

SUPEREXPANSÃO

A superexpansão, também conhecida por overtrading, caracteriza-se por uma situação deexagerada expansão de planta, instalações e equipamentos da empresa, normalmentefinanciada em grande parte por capitais de terceiros, mormente durante ciclos de maiorprosperidadeemaiorestaxasdeinflação,àqualnãocorrespondeumaadequadaexpansãodovolumedenegócios(vendas).

Aconsequênciadasuperexpansãopodesercaracterizadapelosseguintessintomas:

desmobilizaçãodeequipamentoseinstalações,comprejuízosvultosos;aumento desmesurado das despesas financeiras, como consequência do grandevolume de recursos tomados por empréstimo, sem a compensação de um aumentoexpressivonasvendas;decréscimo da relação Patrimônio Líquido/Ativo Fixo (Permanente), significandotambémescassezdecapitaldegiroedifícilsituaçãofinanceira;tendência de permanência de certas despesas fixas e encargos, apesar dainexistênciade receitaadequada,oquedeterioraaindamaisa situação financeiraederentabilidade.

A tendência à superexpansão é muitas vezes notada em empreendimentos comandados

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14.3

a)b)

a)

b)

por pessoas com mais propensão para a área técnica do que administrativa e financeira.Muitas pequenas e médias empresas nacionais sofrem deste problema, de forma crônica.Muitas vezes conseguem resistir por longo tempo e chegam até a superar naturalmente oproblema,maisdevidoàsnaturaiscondiçõesdeexpansãodenossaeconomiadoqueaumatomadaconscientedeposição.

VENDASECAPITALDEGIRO

Claramente, deve existir um relacionamento característico entre o volume de vendas de umempreendimentoeovalorcorrespondentedeseucapitaldegirolíquido.Evidentemente,paraacréscimosnasvendasserãonecessáriosacréscimosnocapitaldegiro,comoconsequênciada maior necessidade de compras de mercadorias ou insumos, do maior investimento emrecebíveis etc. Note-se, todavia, que o próprio valor das vendas serve para incrementar ocapitaldegiro.

Muitasvezesosempresáriosegerentesestãointeressadosemconhecerorelacionamentoentreosacréscimosdevendaseosacréscimosdecapitaldegiro.Apesardeváriastentativasrealizadas, não existe uma fórmula mágica que nos aponte, em qualquer circunstância, talrelacionamento. As situações podem ser diferenciadas, antes do acréscimo de venda: umaempresapodedispordeboapartedosestoques,aopassoqueoutratalveztenhadeprimeiroadquirir tais insumos.Umaempresapode terumnívelde recebíveisdecurtíssimoprazo,aopasso que outra pode demorar bastante tempo para receber seus recebíveis. Todas estascondiçõesafetarãoorelacionamentoentrevendasadicionaisecapitaldegirolíquido.Umadasformasdetermosumaideiadorelacionamentoé,realmente,dividirmosasVendaspeloCapitalde Giro Líquido, em vários períodos passados, a fim de avaliarmos uma tendência derelacionamento.Afórmulaadequadaseria:

Suponhamosque,comcertaregularidade,talrelacionamentosemantenhaemtornode3.Seprevirmosumacréscimonasnossasvendasde50%,digamos,de$1.500.000,00para$2.250.000,00, o Capital de Giro Líquido Médio deveria passar de $ 500.000,00 para $750.000,00.Isto,entretanto,equivaleriaaadmitir:

quearelaçãoestabelecidanopassadoeraaidealoupelomenosrazoável;queasmesmascondiçõesirãoprevalecernofuturo.

Suponhamosqueparaproduzirmosevendermos50%amaisnecessitemosde:

política agressiva de vendas, comconsequente aumento dasdespesas comvendas,descontoscomerciaisefinanceiros;estabelecimentodeumturnoextrade trabalhona fábrica,comconsequenteaumentodoscustosdemãodeobra,maiordesperdícioetc.

Tudo isto irá alterar, em maior ou menor grau, o relacionamento obtido no passado e

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14.4

14.4.1

14.4.2

deveráserlevadoemcontapelogerente.

Asuperexpansão,citadanoitem14.2,acarretagrandesproblemasparaumaboarelaçãovendas/capital de giro. Para vender mais, imobiliza-se em equipamentos necessários paraproduzirmais,enfraquecendo,quandotalimobilizaçãoéexcessiva,ocapitaldegirolíquidodaempresa.

ALGUNSDOSPROBLEMASLIGADOSÀMEDIÇÃODELUCROPORAÇÃOPREFERENCIAL(ADIVIDENDOSFIXOS)EORDINÁRIA

Coberturadedividendospreferenciais

Ocálculodolucroporaçãoemseusentidoglobal,dividindo-seolucrolíquidoapósoimpostode renda pelo número total de ações, incluindo-se as preferenciais, tem um valor indicativobastante reduzido, pois usualmente os direitos dos portadores de tais tipos de ações sãodiferenciados.

Suponhamosqueosdividendosfixospreferenciaisporaçãosejamde$6,00.Seexistirem10.000açõespreferenciais,deveremospagar$60.000,00emdividendospreferenciais.Umaboamedidaédividirmoso lucro líquido(apóso IR)pelovalordosdividendospreferenciaisaserem pagos. Suponhamos que o lucro líquido seja de $ 180.000,00. Assim, $180.000,00/60.000,00 = 3. Este método é razoável se não tivermos tido financiamentos,debênturesouempréstimos.Nocasodeexistiremtaisendividamentos,osencargossobreelestêmpreferênciasobreosdividendospreferenciais fixosesobreo lucrodasaçõesordinárias.Noexemplocitado,suponhamosqueos juroseasdespesas financeirassobredívidassejamde$20.000,00.Umamelhormedidadonúmerodevezesemqueosdividendospreferenciaisforam“ganhos”pelolucroseriacomputadadaseguinteforma,segundoalgunsautores:

Valorcontábildeumaaçãoordinária

Suponhamosaseguintesituação:

AçõesPreferenciais(a8%dedividendosfixos),ValorNominalde$300,00,600ações $180.000,00

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14.4.3

14.5

AçõesOrdinárias,ValorNominalde$300,00,1.500ações $450.000,00

LucrosAcumulados $150.000,00

OValorContábilseriacalculadoconformesegue,paraumaaçãoordinária:

Se, todavia,existirobrigatoriedadedepagamentodosDividendosPreferenciais,devemossubtrair dos lucros acumulados 8% de $ 180.000,00, pois os pagamentos de dividendospreferenciaistêmprioridade.Assim,ovalorcontábildeumaaçãoordináriaseria:

Lucroporaçãoordinária

Nocasodoexemplodoitem14.4.1,olucroporaçãoordináriaseriaiguala:

Emoutraspalavras,olucroporaçãoordináriaéigualaolucrolíquido(DIR)menosovalordosdividendospreferenciaisaserempagos,divididopelonúmerodeaçõesordinárias.

Se, noexemplo, o númerodeaçõesordinárias for de30.000, o lucropor açãoordináriaseráde:

REPRESENTAÇÃOGRÁFICADETENDÊNCIAS

Lembramos,nestaaltura,maisumavez,queaanálisedebalançosnãoéfeitaapenasatravésdo cálculo de quocientes e índices. Na verdade, o arsenal do analista compreende osmaisvariadoscálculos, comparaçõese tendências,embora, semdúvida,aanáliseporquocientesseja amais importante.As representaçõesgráficasqueapontamaevoluçãodeum itemoucomparamdois oumais itens são elementos de visualização importantes, que nos permitemestabelecertendências.

Osmétodosprincipaisderepresentaçãográficadetendênciassãodois:

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1.2.

gráficoemescalaaritmética;gráficoemescalasemilogarítmica.

Osgráficosdotipo1mostramasvariaçõesemvaloresabsolutosdositensestudados,aopassoqueosgráficosdo tipo2demonstramoscoeficientesdevariação,determinadospelainclinaçãodaslinhas.

O papel semilogarítmico permite-nos colocar valores das mais variadas magnitudes namesmafolha.Estádivididoemtrêsciclos:oprimeiro,de100a1.000;osegundo,de1.000a10.000;o terceiro,de10.000a100.000.Note-sequeadistância,noeixovertical,de500a1.000,porexemplo,éidênticaàdistânciaentre2.000a4.000,entre5.000e10.000,eassimpor diante. Portanto, a escala vertical está construída de forma tal que espaços iguaisrepresentamproporçõesiguaisdevaloresmonetários.

Suponhamosaseguintesérie,entreVendaseEstoque(exemploadaptadodeMYER,J.N.Análisedasdemonstraçõesfinanceiras.SãoPaulo:Atlas,1976.p.190-197).

Ano $Vendas Índices $Estoque* Índices

1o 250.000,00 100 25.000,00 100

2o 240.000,00 96 30.000,00 120

3o 207.500,00 83 21.750,00 87

4o 195.000,00 78 16.250,00 65

5o 225.000,00 90 24.000,00 96

*Empoderaquisitivoconstante.

Na ilustraçãooriginalasvendas referem-seaosperíodos,eosestoques,ao fimdecadaperíodo. O mais adequado seria comparar as vendas com os estoques médios de cadaperíodo.

ApresentamosnasFiguras14.1,14.2e14.3, respectivamente,a representaçãodosdoisitens em: (a) escala aritmética; (b) escala semilogarítmica; e (c) índices de tendências emescalasemilogarítmica.

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Figura14.1 Gráficodoestoqueevendasdurantecincoanos,emdinheiro,naescalaaritmética.

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Figura14.2 Gráficodeestoqueevendasdurantecincoanos,emdinheiro,naescalasemilogarítmica.

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Figura14.3

••••••

Índicesdetendênciadurantecincoanos.

Pode-seobservarquenaescalaaritméticaasvendasapresentamumatendênciadequedaaparentemente maior do que os estoques. Isto é devido ao maior volume monetário dasvendas.Realmente,averdadeiratendênciaficaesclarecidanográficosemilogarítmico.Entreosegundo e o quarto ano a queda do estoque, percentualmente, foi muito maior que a dasvendas.

AFigura14.3nadamaisédoquea14.2,colocando-seapenasasduaslinhasnamesmaorigem (100%). Representa a progressão de vendas e estoques em relação ao ano-base(índice100ou,emporcentagem,100%).

Sãoúteis,dentreoutros,osseguintesgráficosdetendências(nummesmográfico):

Patrimôniolíquidoeativoimobilizado.Vendas,estoquesevaloresareceber.Vendas,custodasvendaselucrobruto.Ativocorrenteepassivocorrente.Margemoperacionalegirodoativo.Etc.

Além do mais, pode ser de interesse avaliar tendências com relação a quantidades,isoladamente, ou quantidades e valores. Por exemplo: evolução do número de produtosvendidos; ou evolução comparativa da quantidade de produtos vendidos e de seucorrespondentevaloremreais.

Exemplo:Certamercadoriafoitransacionadanasquantidadesevalores,comosegue:

ValoresdeVenda

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Ano Quantidades Índices(nominais)

Índices

1o 1.500.000 100 $5.475.000,00 100

2o 1.450.000 97 6.086.375,00 111

3o 1.512.000 101 7.552.478,00 138

4o 1.300.000 87 9.090.950,00 166

5o 1.550.000 103 11.923.130,00 218

Note-sequea tendênciados valoresde vendaéenganosa, noquese refereàevoluçãoreal. A tendência em quantidades é mais indicativa, a esse respeito. Uma comparaçãointeressanteseriaentreasquantidadeseosvaloresdevendadeflacionadosou inflacionadosparaumadata-base.

Para finalizar, devemos lembrar queoutros tiposdegráficospodemser elaboradospararepresentar certas situações. Por exemplo, um círculo com fatias destinadas a representar,numa correspondência entre valores e porcentagens, o quanto cada tipo de ativo principal(Recebíveis,Estoques,Disponibilidades Imobilizaçõesetc.) representasobreoativo total,ouqual a “fatia” da área do círculo tomada por cada um dos ativos. Destacam-se tambémrepresentaçõesembarras,histogramasdefrequênciaetc.Semdúvida,todavia,paraaanálisefinanceira, num sentido dinâmico de tendência, os gráficos em escala aritmética esemilogarítmicasãoosmaisindicados.

RESUMODOCAPÍTULO

Este breve capítulo teve por finalidade apresentar de forma sumarizada alguns tópicosimportantesdaanálisedebalançosquenãohaviamsido suficientementeesclarecidosnoscapítulosanteriores.Assim,analisamosascausaseefeitosdasuperexpansão,abordamosos problemas envolvidos no relacionamento entre volume de vendas e necessidades decapital de giro líquido, não existindo, infelizmente, nenhuma fórmula capaz de resolver oassunto com suficiente grau de generalidade e segurança. Foram também analisados,elementarmente,certoscuidadosquedevemser tomadosaocalcularmoso lucroporação,levando-seemcontafatorestaiscomo:despesasfinanceiras,dividendospreferenciaisfixose dividendos cumulativos não pagos. Finalmente, foi apresentada uma noção das formasalternativas de representação gráfica de tendências. Julgamos desnecessário apresentar

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exemplos mais numerosos de representação gráfica, pois, entendendo o exemploapresentado, o leitor será capaz de elaborar uma série deles, de acordo com aspeculiaridadesdecadaempresa.

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15.1

15.1.1

EVA®–EconomicValueAdded

Conceito

OEVA® é marca registrada e explorada pela Stern Stewart & Co. (para maiores detalhesacessar a página http://www.sternstewart.com). Esse índice foi criado com os seguintesobjetivos, segundo Stewart (2005, p. 25): “[...] o EVA® é amedida ideal para estabelecerobjetivos, avaliar desempenho, determinar políticas de remuneração de executivos,comunicar-secomosinvestidores,decidirsobreoorçamentodecapitalerealizaravaliaçõesdequalquernatureza”.

Afinalcomoentãopodemosdefini-lo?Segundoocriadordamarcaregistrada(emboraoconceitodeEVAexistahámuitotempo

naContabilidade),Stewart (2005,p.131): “Ovalor econômicoagregado (EVA)éamedidaquecontabilizadeformaapropriadatodasascomplexastransaçõesenvolvidasnacriaçãodevalor.Écomputadotomando-seadiferençaentreataxaderetornosobreocapitalreocustodocapitalc.”

Continua Stewart (2005, p. 132): “O EVA é receita residual, ou os lucros operacionaismenos o custo pelo uso do capital. Tendo-o como uma medida de desempenho, umaempresaé, comefeito, cobradapelos seus investidorespelousodo capitalmedianteumalinhadecréditoquepagajurosaumataxac.”

Com a definição acima se percebe o conceito fundamental e inovador desse índice. Éinovadorporqueconsideraqueoinvestimentoefetuadopeloacionistadeveserremuneradoaumataxamínima;assim,umaempresa,alémdolucrooperacional,devehaverlucrosuficienteparacobrir,pelomenos,aremuneraçãomínimaesperadapeloacionista.

Uma empresa que não remunere devidamente os seus acionistas é uma empresa quedestróivalor, fatalmente lhefaltarão investidores.Assim,oEVA®pode refletir tantoamedidadevalordaprópriaempresacomoodesempenhodela.

Os índices convencionais não consideram a remuneração do acionista; com isso, vemcrescendo o número de empresas quemedem o seu resultado por este indicador. Ele é a

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15.1.2

15.1.3

versãomodernado lucro,pois,em resumo,oEVA® éo lucrooperacionalmenosocustodocapitalinvestido.

Cabe aqui salientar que o EVA®, em relação ao fluxo de caixa descontado, é um índicemaisobjetivo,nãotemestimativas,evitandoassimjulgamentosemanipulaçõesdaspremissase dos resultados, o que facilita no momento de decidir e acompanhar a remuneração dosgestores.

Fórmula

Afórmulaéextremamentesimples,masdegrandeconteúdo:

EVA®=NOPAT–(C%×TC)EVA=EconomicValueAdded(ValorEconômicoAdicionado)NOPAT = Net Operating Profit After Taxes (Lucro Operacional Líquido Depois dos

Impostos)C%=PercentualdocustodocapitalinvestidoTC=TotalCapital(Capitaltotalinvestido)

Ajustesdasdemonstraçõesfinanceiras

Stewart considera que para obtenção de umNOPAT e de umCapital adequado há que sefazeralgunsajustesaosnúmerosdoslivroscontábeis.Ajustesquevisameliminarlançamentossem efeito caixa. Seguem algumas considerações importantes para os ajustes dasdemonstrações contábeis. Cabe ressaltar que a lista abaixo não tem a intenção de esgotartodas as possibilidades, mas apenas de citar alguns exemplos, mesmo porque os ajustesdependemmuitodarelevânciadonúmeroedofocodaempresanocálculo.

a)DepreciaçãoNoresultadoparaefeitodeNOPAT,adepreciaçãoestáconsideradadentrodoscustose

despesas operacionais. É correto manter o efeito da depreciação, pois ela representa aamortização econômica do investimento nos ativos que devem ser repostos para acontinuidadedaempresa.

b)ProvisõescontábeisAs provisões contábeis embasadas no princípio do conservadorismo e da competência,

segundo Stewart, não devem ser consideradas no cálculo do EVA®. Para o cálculo só sedevem considerar lançamentos com efeito caixa. Podemos citar como exemplos a PDD(provisão para devedores duvidosos), as provisões para garantia e as provisões paracontingências.

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15.1.4

Lembrar que, para o cálculo do EVA®, na efetiva ocorrência do fato (que já estavaprovisionado nos livros contábeis) o ajuste faz-se necessário diretamente no resultado. Porexemplo,nocasodeumclienteemqueseesgotaramaspossibilidadesderecebimento,paraacontabilidadeseriaum lançamentodebaixadaPDD, jáparaosajustesdeEVA®, somentenessemomento,deve-sereconheceroefeitonoresultado.

SeguemoutroslançamentoscontábeisqueparacálculodoEVA®devemreceberajustes:

c)ProvisãoparaimpostosdiferidosAsprovisõesdeimpostosdiferidossãooriundasdasdiferençastemporaisentreoLALURe

osdemonstrativoscontábeis,nasuamaioriasãodelongoprazo.Assim,paraefeitodoEVA®,devemserconsideradasnoPatrimôniolíquido.

d)AmortizaçãodeGoodwillOGoodwill referente à aquisição de participação acionária deve ser mantido na conta

investimento pelo seu valor original, assim não devendo ocorrer amortização; portanto, parafinsdoEVA®,aamortizaçãocontábildeveserestornada.

e)ParticipaçãodeminoritáriosExclui-sedocapitalessalinhadeparticipaçãodeminoritários,poisessalinhanãoserefere

àparticipaçãodoacionárioprincipal.

f)GastoscomreestruturaçãoCaso esse gasto tenha sido lançado, nos livros contábeis, diretamente para o resultado,

eledeveserestornado,tantodoresultadodoexercíciocomodoslucrosacumulados,nocasodeexercíciosanteriores,econsideradocomouminvestimentopermanentesemamortização.

NOPAT

Encontram-seduasformasdecálculodoNOPAT:aformafinanceiraeaformaoperacional.Asduaschegamaomesmovalor.Nestecapítulooptou-sepordemonstrara formaoperacional,poisessaédemaisfácilcompreensão.

Stewart(2005,p.97)explica:“Apartirdeumaperspectivaoperacional,oNOPAT,équasequeliteralmente,olucrooperacionallíquidoapósimpostos.”

Assim, o NOPAT (lucro operacional líquido após impostos) pode ser representado daseguintemaneira:

Receitaslíquidas

(–)Custosedespesasoperacionais

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a)

b)

(–) (–)

(=) (=)

(–) (–)

(=) (=)

(=)Lucrooperacionalantesdosimpostos

(–)Impostos(líquidosdoefeitodejurosdecapitaldeterceiros)

(=)NOPAT(Lucrooperacionallíquidoapósimpostos)

NocasodoNOPATlembrarque:

DespesasfinanceirasEm nenhum momento são consideradas as despesas financeiras no cálculo do NOPAT.

IssoporquenafórmuladoEVA®opercentualdocustodocapitalinvestido(%C)éoresultadoda ponderação entre o custo do capital de terceiros e próprio. Por isso as despesasfinanceiras(custodecapitaldeterceiros)nãosãoconsideradasatítulodeevitaraduplicidadenocálculofinaldoEVA®.

Imposto de renda – Ajuste dos impostos economizados pelas despesasfinanceiras

Apartir domomento emque há despesas financeiras na demonstração de resultado elareduzo lucro,que,porsuavez,reduzabasedecálculodos impostosapagar.Assim,comoháoexpurgodosjurospagos,deve-setambémdesconsideraroefeitopositivonoImpostodeRenda. Em outras palavras, deve-se adicionar ao NOPAT o valor de Imposto de Rendarelacionadoaosjurosfinanceirospagos.

Veja um exemplo de comparação entre a demonstração do resultado e o cálculo doNOPAT:

DemonstraçãodoResultado NOPAT

ReceitaBruta ReceitaBruta

Impostosededuções Impostosededuções

ReceitaLíquida ReceitaLíquida

Custodosprodutosvendidos Custodosprodutosvendidos

LucroBruto LucroBruto

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(–) (–)

(=) (=)

(–) (–)

(=) (=)

(+)

(–)

(=) (=)

(±)

(=) (=)

(–) (–)

(–) (–)

(=) (=)

15.1.5

DespesasOperacionais DespesasOperacionais

EBITDA(EarningsBeforeInterestTaxDepreciationand

Amortization)

EBITDA(EarningsBeforeInterestTaxDepreciationand

Amortization)

Depreciação Depreciação

EBIT(EarningsBeforeInterestTaxes) EBIT(EarningsBeforeInterestTaxes)

ReceitaFinanceira

DespesaFinanceira

LucroOperacional NOPBT(Netoperatingprofitbeforetaxes)

Itensextraordinários

Lucroantesdosimpostos NPBT(Netprofitbeforetaxes)

ImpostodeRendaeCSSL ImpostooperacionalcomefeitoCaixa

Participaçãodeminoritários Participaçãodeminoritários

LucroLíquido NOPAT

TotaldeCapitalInvestido(TC)

SegundoStewart (2005,p.78): “Ocapitaléamedidade tododinheirodepositadoemumaempresa,durantesuaexistência,semreferênciasa fontesdefinanciamento,nomecontábiloufinalidadedoempreendimento–comosetalempresafosseumacontadepoupança.Nãoimporta seo investimentoé financiado comcapital próprio oude terceiros, tampouco seéempregadoemcapitaldegiroouemativos.Dinheiroédinheiro,eaquestãoéquãobemaadministraçãooemprega.”

CabeaquienfatizarqueparaocálculodoEVA®oCapitaléasomadoCapitaldeterceiros

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15.1.6

ke=Rf=

eCapitalprópriodaempresa,easomadosrecursosaplicadosparaqueelagereresultado.

Percentualdocustodocapitalinvestido–%C

Toda empresa, visando financiar suas operações, poderá, em sua estrutura, conterendividamento por capital de terceiros e pelo capital próprio. Esse financiamento dasoperaçõesgeraumcustochamadoCustodeCapital.

Para cálculo do percentual do custo do capital investido (% C), aplica-se a fórmula doWACC (Custo médio Ponderado de Capital ouWeighted Average Cost of Capital). Ele emresumorepresentaoretornomínimoqueacompanhiaesperaobter,considerandoacaptaçãoporcapitalpróprioedeterceiros.

Seguefórmula:

WACC=kd×(1–T)×(D/C)+ke×(E/C)

kd=custodecapitaldeterceiroske=custodecapitalpróprioD/C=CapitaldeTerceiros/CapitalTotalE/C=CapitalPróprio/CapitalTotalT=taxaefetivadeimpostospagossobrecapitaldeterceiros

O capital de terceiros,Kd, tem seu custo definido quando da decisão de captação pelaempresa.Éumcustoquefacilmenteseráencontradonasdemonstraçõesfinanceiras.

O custo do capital próprio,Ke, é um custo que não se obtém diretamente dos livros dacompanhia.Eledevesercalculado.

Sabe-se que o acionista espera uma remuneração mínima, um custo de oportunidade.Pode-seassimdizerqueeleaomenosesperaumaremuneraçãoequivalenteadeumativoderiscosemelhantenomercado.

Tendo isso em vista, o cálculo do Ke baseou-se em uma fórmula, vinda da CiênciaFinanceira,deapreçamentodeativos.Essafórmulaconsideraosretornosmédiosdomercadofinanceiro, o risco do ativo estudado e a taxa de retorno livre de risco. Esse é o modelodenominadodeCAPM(CapitalAssetPricingModelouModelodePrecificaçãodeAtivosdeCapital).Eleéformadodaseguintemaneira:

ke=Rf+[βe×(km–Rf)]

Onderetornoexigidosobreoativo,paraessecaso,oretornoexigidopeloacionistataxaderetornolivrederisco.Taxamedida,geralmente,peloretornomédiodoTítulodoTesouroNorte-Americanode10anos(T-BOND10anos)

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βe=

15.2

15.2.1

coeficiente beta do ativo. Mede o risco do ativo, no caso, da empresa que desejacalcularoEVA®,emrelaçãoaomercado

AplicandooCAPMseencontraráocustodocapitalpróprioparautilizaçãona fórmuladoWACCeconsequentementeovalordo%CparautilizaçãonafórmuladoEVA®.

VALORADICIONADO

Conceito

A Lei no 11.638/2007 torna obrigatória a Demonstração do Valor Adicionado para ascompanhiasabertas.

Muito comum na Europa, procura evidenciar para quem a empresa está distribuindo arendaobtida.

Sesubtrairmosdasvendastodasascomprasdebenseserviços,teremosomontantederecursos que a empresa gera para remunerar salários, juros, impostos e reinvestir em seunegócio, isto é, o montante de valor que a empresa está agregando (adicionando) comoconsequênciadesuaatividade.

Imagine,porexemplo,aprefeituradeumacidadeterque tomaradecisãodereceberounão determinada empresa em seu município. A pergunta correta seria: quanto determinadaempresavaiagregaremrendaparaaregião?

Paramelhoranálise,elasolicitaumaDemonstraçãodoValorAdicionadodaempresa,quemostraoseguinte:

Ano1 % Ano2 %

Vendas 5.000 – 5.000 –

(–)ComprasdeBens/Serviços (2.500) – 2.000 –

ValorAdicionado 2.500 100% 3.000 100%

DistribuiçãoValorAdicionado

Salários

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PessoaldeFábrica 500 20% 510 17%

PessoalAdministrativo 400 16% 480 16%

36% 33%

Diretoria/Acionistas

Pró-Labore(HonoráriosDir.) 800 32% 1.050 35%

Dividendos 250 10% 360 12%

42% 47%

Juros 150 6% 90 3%

Impostos

Municipal 25 1% 30 1%

Estadual 50 2% 60 2%

Federal 75 3% 90 3%

6% 6%

Reinvestimento 200 8% 270 9%

Outros 50 2% 60 2%

Na Demonstração do Valor Adicionado, observa-se que o item Impostos permaneceinalterado, o que propicia melhor análise para a prefeitura. Todavia, o valor do impostorecolhidoaomunicípioémuitobaixo.

Comessesdados,caberiaanalisarseopequenoimpostoparaomunicípioeoacréscimo

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nofluxoderendaemsaláriodepessoasqueresidirãonaregião(gerandomaisnegócios,maisarrecadação) compensarão o acréscimo no orçamento e o benefício da vinda da empresaseriaviável.

EXEMPLODEDVA

DEMONSTRAÇÃODOVALORADICIONADO–CIA.IMCS.A. ANÁLISEVERTICAL

ReceitaOperacional 1.000.000 100%

(–)CustodaMercadoriaVendida(Compras) (750.000) 75%

ValorAdicionadoBrutoGeradonasOperações 250.000 25%

(–)Depreciação (20.000) 2%

ValorAdicionadoLíquido 230.000 23%

(+)ReceitaFinanceira 15.000 1,50%

ValorAdicionado 245.000 24,5%

DistribuiçãodoValorAdicionado 245.000 100%

Empregados 132.300 54%

Emprestadores–Juros 61.250 25%

Sócios/Acionistas(Dividendos+Lucros)+Reinvestimentos 38.950 10%

Impostos 12.500 5%

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1.

2.

3.

ParaanalisarmosoValorAdicionado, temososseguintesdadoscomplementaresdaCia.IMCS.A.:

Ativo=R$2.000.000,00NodeFuncionários=40Assim:

PotencialdoAtivoemGerarRiqueza

EsteíndicemedequantoquecadarealinvestidonoAtivogeraderiqueza,asertransferidoparaváriossetoresqueserelacionamcomacompanhia.

RetençãodaReceita

Esteíndicemostraquantoficadentrodaempresadariquezaporelageradaembenefíciodosfuncionários,acionistas,governo,financiadoreselucroretido.

ValorAdicionadoPerCapita

Este índicemostra comquanto cada funcionário contribuiuparaageraçãoda riquezadacompanhia;podemosatédizerqueéumindicadordeprodutividade.

Tendo em vista o exemplo daCia. IMCS.A. ainda temos, conforme o quadro na página

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15.3

15.3.1

255,osíndicesdedistribuiçãodariquezagerada:

EBITDA(EARNINGSBEFOREINTERESTS,TAXES,DEPRECIATIONANDAMORTIZATION)–OULAJIDA(LUCROANTESDOSJUROS,IMPOSTOS,DEPRECIAÇÃOEAMORTIZAÇÃO)

Conceito

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15.3.2

OutroindicadorfinanceiroamplamenteutilizadopelosusuáriosdasdemonstraçõesfinanceiraséoEBITDA(EarningsBeforeInterests,Taxes,DepreciationAndAmortization).Indicadorquevem sendo analisado desde a década de 1970 nos EUA e mais recentemente no Brasil,principalmenteapósareduçãodainflaçãoeaquecimentodomercadofinanceiro.

O EBITDA é uma medida essencialmente operacional, desconsidera os efeitos dosresultados financeiros, assim revelando o potencial da empresa para a geração de caixaoperacional.

Cabe aqui salientar que esse indicador não representa o valor de caixa, porém acapacidade que a empresa tem para a formação de resultado operacional. Isso porque, apriori, o cálculo está embasado nas demonstrações de resultado que são formadas sob aóticadoPrincípioContábildaCompetência.

FórmulaEBITDA

SegueumexemplodecálculoparaoEBITDA,obtidoatravésdaestruturadasdemonstraçõesfinanceirasdeResultado:

Demonstraçãode

Resultado$

ReceitaBruta 1.600.000,00

DeduçõesReceita

Bruta(160.000,00)

ReceitaLíquida 1.440.000,00

CMV (864.000,00)

LucroBruto 576.000,00

Despesas

operacionais(250.000,00)

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Depreciação (60.000,00)

ReceitaFinanceira 1.500,00

Despesas

Financeiras(52.760,00)

LucroBruto 214.740,00

IR+CSSL (59.272,80)

LucroLíquido 155.467,20

EBITDA $ AnáliseVertical

ReceitaBruta 1.600.000,00 100,00%

DeduçõesReceitaBruta (160.000,00) –10,00%

ReceitaLíquida 1.440.000,00 90,00%

CMV (864.000,00) –54,00%

LucroBruto 576.000,00 36,00%

Despesasoperacionais (250.000,00) –15,63%

(=)EBITDA 326.000,00 20,38%

Depreciação (60.000,00) –3,75%

ReceitaFinanceira 1.500,00 0,09%

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(+)(+)(±)(+)(–)(=)

DespesasFinanceiras (52.760,00) –3,30%

LucroBruto 214.740,00 13,42%

IR+CSSL (59.272,80) –3,70%

LucroLíquido 155.467,20 9,72%

EmdestaqueoEBITDAde20,38%,eoLucroLíquidode9,72%.Umaapresentaçãodestanatureza demonstra, ao leitor das demonstrações contábeis, uma clara ideia do cálculoefetuado para a formação da medição econômica, proporcionando assim uma maneira decomparaçãodoíndicecomodeoutrascompanhias.

Oexemplocitadonãotemapretensãodeserapresentadocomoumasoluçãoúnica.VemsendoobservadopelasentidadesrepresentativasdomercadodecapitaisqueainformaçãodoEBITDAestásendoelaboradaedivulgadadeformamuitoparticularpelascompanhiasabertasedeformadivergenteentreelas.Essasituaçãotornadifícilcompreendertantoaformaçãodonúmero apresentado quanto a sua integração ou conciliação com os outros números daDemonstraçãodoResultado,alémdenãosercomparável.Essasmedições,portanto,nãosãodiretamenteextraídasdamesmaestruturadademonstraçãodoresultadoconstruídasegundoos princípios e normas contábeis, mas incluem e excluem montantes não previstos nessasnormas.

Asmediçõesnãobaseadasemnormascontábeissãodefinidascomoaquelasqueincluemou excluem montantes não previstos nas medições econômicas associadas às normascontábeis mais diretamente comparáveis. Esses ajustes pretendem refletir a visão daadministração sobre a geração de recursos pela companhia, mas devem, também,estabelecerumarelaçãocomasmediçõesprevistasnasnormascontábeis.Comoexemplo,acompanhia, ao divulgar uma medição semelhante ao EBITDA, deve estabelecer umareconciliação com a medição econômica baseada nas normas contábeis mais diretamentecomparávelcomoLucroOperacional.Nessecaso,areconciliaçãopoderia,porexemplo,teroseguinteformato:

LucrooperacionaldespesasfinanceirasdepreciaçãoamortizaçãodeágiooudeságiooutrasamortizaçõesdespesasnãorecorrentesLucro antes dos Impostos, Juros, Depreciações e Amortizações – LAJIDA

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(EBITDA)

Uma reconciliação desta natureza dá ao leitor das demonstrações contábeis uma claraideiadocálculoefetuadopelaadministraçãoeumpoderdeexplicaçãosobrea formaçãodamediçãoeconômicaedecomparaçãocomoutrascompanhias.

O exemplo citado serve unicamente como um possível exercício de julgamento doadministrador e não tem a pretensão de ser apresentado como uma solução única para oproblema dos itens que devem ser incluídos ou excluídos em cada medição divulgada.Presume-seque,emcadaentidade,existeanecessidadedeesclarecimentocomplementareespecífico às medições divulgadas dos conceitos e objetivos subjacentes à elaboração edivulgação, considerando-se esse conjunto como base para a compreensão pelo usuário daconstrução damedição não baseada na estrutura contábil elaborada segundo as normas epráticascontábeis.

Odestaquedasreceitasfinanceiras,porexemplo,presume-sequesejaútilporqueprovémde administração de ativos que, nesse caso, foram associados a um conceito de resultadooperacional, preferido pelo administrador nesse exemplo. Nesse mesmo ponto de vista, amedição com as receitas financeiras foi julgada como a que melhor representa os itensenvolvidosnociclodonegócio,comoécostumeiro,porexemplo,nocasodoramovarejista.Aexclusãopoderia considerarummontanteexcessivododisponível, que teria comoobjetivoapreparaçãodeuma futuraaquisição,ouseja,queestá foradociclodenegócioshabitualdaempresa.Aexclusãototaldasreceitasfinanceiras,naóticadousuárioexterno,tambémpodeser considerada uma simplificação nos casos em que não há detalhamento sobre a suanatureza. Outros itens para a construção do EBITDA também podem ser considerados, acritériodaadministração,comoainclusãodedespesasnãorecorrentes,ouseja,asquenãoseesperamquesejamincorridasnospróximosexercícios.

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