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Oautoreaeditoraempenharam-separacitaradequadamenteedarodevidocréditoatodososdetentoresdos direitos autorais de qualquermaterial utilizado neste livro, dispondo-se a possíveis acertos caso,inadvertidamente,aidentificaçãodealgumdelestenhasidoomitida.
Nãoéresponsabilidadedaeditoranemdoautoraocorrênciadeeventuaisperdasoudanosapessoasoubensquetenhamorigemnousodestapublicação.
Apesardosmelhoresesforçosdoautor,doeditoredosrevisores,éinevitávelquesurjamerrosnotexto.
Assim,sãobem-vindasascomunicaçõesdeusuáriossobrecorreçõesousugestõesreferentesaoconteúdoouaonívelpedagógicoqueauxiliemoaprimoramentodeediçõesfuturas.Oscomentáriosdos leitorespodemserencaminhadosà[email protected].
DireitosexclusivosparaalínguaportuguesaCopyright©2017byEditoraAtlasS.A.UmaeditoraintegrantedoGEN|GrupoEditorialNacional1.ed.1977;2.ed.1978;3.ed.1980;4.ed.1982;5.ed.1988;6.ed.1994;7.ed.1998;8.ed.2007;9.ed.2008;10.ed.2009;11.ed.2017
Reservadostodososdireitos.Éproibidaaduplicaçãooureproduçãodestevolume,notodoouemparte,sobquaisquerformasouporquaisquermeios(eletrônico,mecânico,gravação,fotocópia,distribuiçãonainternetououtros),sempermissãoexpressadaeditora.
RuaConselheiroNébias,1384CamposElísios,SãoPaulo,SP–CEP01203-904Tels.:21-3543-0770/[email protected]
Designerdecapa:MSDE|MANUSANTOSDesignProduçãodigital:Geethik
CIP-BRASIL.CATALOGAÇÃONAPUBLICAÇÃO.SINDICATONACIONALDOSEDITORESDELIVROS,RJ
Iudícibus,SérgiodeAnálisedebalanços/SérgiodeIudícibus.–11.ed.–SãoPaulo:Atlas,2017.
BibliografiaISBN978-85-97-01086-2
1.BalançofinanceiroI.Título.
94-1464
CDD-657.3
Dedicoesta11a ediçãoàminhaesposa,Ely, eaosmeus filhos,PauloSérgio eRenata,agradecendoportodooamorecarinhoquesempremededicaram.
■■
MaterialSuplementar
Estelivrocontacomoseguintematerialsuplementar:
Exercíciospropostoscomresolução(.pdf)(restritoadocentes).Apresentaçõesparausoemsaladeaula(.pdf)(restritoadocentes).
Oacessoaomaterialsuplementarégratuito.Bastaqueoleitorsecadastreemnossosite(www.grupogen.com.br),façaseuloginecliqueemGEN-IO,nomenusuperiordoladodireito.
É rápido e fácil. Caso tenha dificuldade de acesso, entre em contato conosco([email protected]).
1
1.11.1.11.1.2
1.21.2.11.2.2
2
2.12.2
2.32.4
3
3.13.2
3.2.13.2.23.2.33.2.43.2.53.2.63.2.7
Prefácioà11aedição
ClassificaçãodasEmpresaseEntidadeseoAmbienteInstitucional
ClassificaçãojurídicadasempresaseentidadesEmpresascomobjetivoseconômicosEntidades–semobjetivoseconômicos
AmbienteinstitucionaldasempresaseentidadesCaracterísticastributáriasCaracterísticascontábeis
ResumodocapítuloExercícioproposto
NecessidadeeImportânciadaEstrutura,AnáliseeInterpretaçãodeBalanços
AbrangênciadaexpressãoAnálisedeBalançosImportância da Análise de Balanços na gestão empresarial e na avaliação detendênciasporpartedosusuáriosConceituaçãodeAnálisedeBalançosCondiçõesnecessáriasparaumbomentendimentodaAnálisedeBalanços
Resumodocapítulo
SistemadeInformaçãoContábileosPrincípiosdeContabilidade
ContabilidadecomosistemademensuraçãoeinformaçãoPrincípioscontábeis–abordagemconceitual
IntroduçãoOprincípiodaentidadeOprincípiodacontinuidadeOprincípiodocustohistórico(original)comobasederegistroinicialOprincípiodarealizaçãodareceitaOprincípiodacompetênciadosexercíciosOprincípiododenominadorcomummonetário
3.2.83.2.93.2.103.2.113.2.12
4
4.14.1.1
4.1.24.1.34.1.4
4.24.2.14.2.24.2.34.2.4
4.34.3.14.3.24.3.34.3.44.3.54.3.6
4.44.4.14.4.24.4.3
4.54.5.14.5.24.5.3
AconvençãodaobjetividadeAconvençãodoconservadorismo(Prudência)Aconvençãodamaterialidade(Relevância)Aconvençãodaconsistência(Uniformidade)Um conceito que é mais do que princípio ou convenção: Prevalência daEssênciasobreaForma
Resumodocapítulo
EstruturadasDemonstraçõesFinanceiraseContábeis
DemonstraçõesfinanceirasecontábeisDemonstrações financeiras (sociedades por ações e das empresas degrandeporte)Demonstraçõescontábeis(demaisempresas)NotasexplicativasExercíciosocial–ciclooperacional
PressupostosbásicosContinuidadeRegimedecompetênciaCaracterísticasqualitativasdasdemonstraçõescontábeisRestrição de custo na elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiroútil
BalançopatrimonialAtivoPassivoPatrimônioLíquidoOrigenseaplicaçõesExplicaçãodaexpressãoBalançoPatrimonialRequisitosdobalançopatrimonial
GrupodecontasdobalançopatrimonialGrupodecontasdoAtivoGrupodecontasdoPassivoPatrimônioLíquido
DemonstraçãodoResultadodoExercício–DREDemonstraçãodedutivaComoapuraraReceitaLíquidaComoapuraroLucroBruto
4.5.44.5.5
4.5.5.14.5.6
4.5.6.14.5.6.24.5.6.3
4.5.74.5.7.1
4.5.84.5.8.1
4.5.94.5.9.14.5.9.24.5.9.34.5.9.44.5.9.5
4.6
4.6.14.7
4.7.14.7.24.7.34.7.44.7.54.7.6
4.8
5
5.15.2
CustodasvendasComoapuraroLucroOperacional
DespesasoperacionaisVariaçõesMonetárias(DespesasFinanceiras)
VariaçãocambialCorreçãomonetária(dedívida)Outrasdespesasereceitasoperacionais
LucroAntesdoImpostodeRendaApuraçãodoLAIR
LucroDepoisdoImpostodeRendaAno-baseeexercíciofinanceiro
LucroLíquidoAsobrapertencenteaosproprietáriosParticipaçõesnolucroFormadecálculodasparticipaçõesLucroLíquidoporaçãoDistribuição do lucro e Demonstração de lucros ou prejuízosacumulados
Demonstraçãodelucrosouprejuízosacumulados(instrumentodeintegraçãoentreoBPeaDRE)
DemonstraçãodasMutaçõesdoPatrimônioLíquido(DMPL)Notasexplicativaseoutrasevidenciações
EvidenciaçõesNotasexplicativasOutrasnotasexplicativas(arrendamentofinanceiro)QuadrosanalíticossuplementaresComentáriosdoauditorRelatóriodadiretoria
RelacionamentosentreasváriasdemonstraçõesResumodocapítuloExercíciopropostoeresolvidoSolução
IntroduçãoàAnálisedeBalanços–AnáliseHorizontaleAnáliseVertical
GeneralidadesAanálisehorizontal
5.2.15.3
6
6.16.2
6.2.16.2.2
7
8
8.18.28.38.48.58.6
9
9.19.29.3
10
10.110.210.310.410.510.6
Análisehorizontaldesériesdevendas,CustodasVendaseresultadoAanálisevertical
ResumodocapítuloExercícioresolvidoSolução
AAnálisedaLiquidezedoEndividamento
IntroduçãogeralaocálculodequocientesAnálisedaliquidezedoendividamento
PrincipaisquocientesdeliquidezPrincipaisquocientesdeendividamento(estruturadecapital)
AnálisedaRotatividade(doGiro)
AnálisedaRentabilidade(oRetornosobreoInvestimento)
IntroduçãoAmargemdelucrosobreasvendasOgirodoativoOretornosobreoinvestimentoAimportânciadedesdobrarataxaderetornoemdoisoumaiscomponentesRetornosobreoPatrimônioLíquido
IntroduçãoaoEstudoda“AlavancagemFinanceira”
IntroduçãoOefeitoalavancagemOutrosquocientesdeinteresse(aanálisedopontodevistadoinvestidor)
AAnáliseemsuaGlobalidade
ComparaçõesdequocientesComointerpretar“emconjunto”osquocientesUtilizaçãodaanálisedebalançosnaanálisedecréditoOutrosindicadoresfinanceirosparaumaanálisedebalançoscompletaOutrosindicadoresLimitaçõesdaanálisefinanceira
11
11.1
11.1.111.1.211.1.3
11.1.411.2
11.2.111.2.211.2.3
12
12.112.2
12.2.112.2.212.2.312.2.412.2.512.2.612.2.712.2.8
12.2.8.112.2.8.212.2.8.312.2.8.412.2.8.5
12.2.912.2.10
ResumodoscapítulosExercíciosobreosCapítulos6a10Solução
AsVariaçõesdoPoderAquisitivodaMoedaeseusReflexosnaAnálisedeBalanços
Variaçõesdepreçosnosdemonstrativos financeiros: omodelo teórico de correçãopelonívelgeraldepreços
AcorreçãodosbalançosCorreçãodoDR(oDRemtermosdepoderaquisitivode31-12-X+1)Efeitosdainflaçãonoscasosemqueadistribuiçãodereceitas,despesas,comprasevendasnãoéuniformeduranteoexercícioAlgunsquocientesdebalançoanteseapósacorreção
Acorreçãointegral(Instruçãono64daCVM)GeneralidadesExemplosbásicosdecorreçãointegralExemplosreais
Resumodocapítulo
ComentáriossobreAlgunsAspectosContábeisdaLeidasSociedadesporAções
PrincipaispontosdaLeino6.404/1976alteradospelaLeino11.638/2007OBalançoPatrimonialatualizadopelaLeino11.638/2007
AtivoCirculanteAtivoRealizávelaLongoPrazoInvestimentosImobilizadoIntangívelPassivoCirculantePassivoExigívelaLongoPrazoReservas
ReservaLegalReservasEstatutáriasReservasparaContingênciasReservadeLucrosaRealizarReservasdeIncentivosFiscais
LucrosAcumulados(prejuízosacumulados)AçõesemTesouraria
12.2.1112.2.12
12.312.4
13
13.113.2
13.2.113.2.2
13.313.3.113.3.213.3.3
14
14.114.214.314.4
14.4.114.4.214.4.3
14.5
15
15.115.1.115.1.2
CritériosdeavaliaçãodoAtivoCritériosdeavaliaçãodoPassivo
OutroscomentáriosdeinteressesobreaLeino11.638/2007Conclusões
EstudoDetalhadodaAlavancagem
IntroduçãoAplicaçãodasfórmulasdealavancagem
GeneralidadesGeneralizaçãodainflaçãonaalavancagem
OutroentendimentodaabordagemAlavancagemoperacionalAlavancagemfinanceiraemtermosdelucroporaçãoordináriaCombinaçãodasalavancagensoperacionalefinanceira
ResumodocapítuloExercícioespecialsobreoCapítulo13ExercíciopropostoeparcialmenteresolvidoSoluçãoparcial(encaminhamento)
TópicosEspeciaisdaAnálisedeBalanços
IntroduçãoSuperexpansãoVendasecapitaldegiroAlgunsdosproblemasligadosàmediçãodelucroporaçãopreferencial(adividendosfixos)eordinária
CoberturadedividendospreferenciaisValorcontábildeumaaçãoordináriaLucroporaçãoordinária
RepresentaçãográficadetendênciasResumodocapítulo
OutrosIndicadoresImportantesparaaAnálisedeBalanços
EVA®–EconomicValueAddedConceitoFórmula
15.1.315.1.415.1.515.1.6
15.215.2.1
15.3
15.3.115.3.2
AjustesdasdemonstraçõesfinanceirasNOPATTotaldeCapitalInvestido(TC)Percentualdocustodocapitalinvestido–%C
ValoradicionadoConceito
EBITDA (Earnings Before Interests, Taxes, Depreciation And Amortization) – ouLAJIDA(LucroAntesdosJuros,Impostos,DepreciaçãoeAmortização)
ConceitoFórmulaEBITDA
Bibliografia
Esta décima primeira edição está sendo atualizada considerando as principaismudanças dalegislação do nosso país, tais como a Lei no 11.638/2007 e a Lei no 11.941/2009, quealteraramaLeino6.404/1976dassociedadesanônimas,principalmentequantoaoscapítulosquetratamdasdemonstraçõesfinanceiras,dolucroedasreservas.
Destaforma,oscapítulosquetratamdadefiniçãodasdemonstraçõesfinanceirastambémforamatualizadosemconformidadecomasresoluçõesdoConselhoFederaldeContabilidade(CFC) em aderência aos pronunciamentos contábeis publicados pelo Comitê dePronunciamentos Contábeis (CPC), responsável por emitir os pronunciamentos técnicosvisando a convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais, cujas normassãoemitidaserevisadaspeloIASB–InternationalAccountingStandardsBoard,denominadasIFRS–InternationalFinancialReportingStandards.
FoiincluídanoCapítulo1acontextualizaçãodasempresaseentidadesexistentesnoBrasile do ambiente institucional em que operam, para que os interessados e curiosos tambémtenhamdespertadoointeresseemaplicarsobreasdemonstraçõesfinanceiras(contábeis)dasentidadessem fins lucrativosasmesmas técnicasdeanálisecontidasneste livro,bemcomopara as empresas de serviços que, via de regra, não possuem a mesma quantidade deinformaçãodaindústriaedocomércio,como,porexemplo,estoqueeciclooperacional.Bastaapenasdescartarouajustarestastécnicasparaestesíndicesconformeanecessidade.
Além dos destaques acima, ao final de cada capítulo foram incluídos exercíciosselecionadosdosprincipaisexamesaplicadosnopaísparaqueoleitorsesintadesafiadoairalémdaspáginasdestelivronabuscadeseuaprendizadoprofissional.
Esta nova edição não teria sido possível sem a preciosa colaboração e o esforçoacentuado do Prof. Valdir Donizete Segato. Ele não mediu esforços na atualização,apresentando e sugerindo encaminhamentos para que esta nova edição se tornasse maisdidática,eficienteeprazerosa.
SãoPaulo,setembrode2016.
SérgiodeIudícibus
1.1
1.1.1
•••
CLASSIFICAÇÃOJURÍDICADASEMPRESASEENTIDADES
Os negócios no mundo caminham a passos céleres e se desenvolvem com o avanço dahumanidade, criando modelos de negócios empresariais cada vez mais sofisticados ecomplexos.Asfacilidadescomputacionaispermitemconhecerasituaçãoeconômico-financeiradequalquerorganização,sejaelacomfinslucrativosounão,dequalquerPaís.
Para iniciarmososestudossobreaAnálisedasDemonstraçõesContábeiseFinanceiras,sefaznecessárioconhecerasclassificaçõesjurídicasdasEmpresaseEntidadesdefinidasdoCódigoCivilBrasileiro,1comdestaquesparaasSociedadesquetêmcomoobjetivoaatividadeeconômica,easEntidadesquenãovisamalucroseconômicos.
Conformeoartigo44doCódigoCivilBrasileirosãopessoasjurídicasdedireitoprivado:asassociações,associedades,asfundações,asorganizaçõesreligiosas,ospartidospolíticos.
Empresascomobjetivoseconômicos
A definição de empresa surge pelo exercício de atividade econômica que visa ao lucro. NoBrasilaempresapodeserconstituídacomumoumaisobjetivosdenegóciosdeterminados,edeveregistrarseuinstrumentojurídicodeconstituiçãosobaformade:
firmaouempresárioindividual(únicapessoa);sociedadeporquotasderesponsabilidadelimitada(duasoumaispessoas–sócias);eassociedadesporações–asconsagradassociedadesanônimas(acionistas)–,quepodemserfechadasouabertas.
Destaca-se a complexidade existente no ambiente das sociedades anônimas, commaiorcontrole governamental, e da Lei no 6.404/1976. Estas empresas têm capital formado porações tantoordináriascomopreferenciaisquesãonegociadasnasbolsasdevalores,oquefacilitaacaptaçãoderecursoseatransferênciadepropriedade(dasações),seusacionistasdetentoresdeaçõescomdireitoavoto(ordinárias)elegemumconselhodeadministraçãoque,por sua vez, escolhe a diretoria executiva, que será responsável pela gestão e continuidade(vidailimitada)dosnegóciosdaempresa.
1.1.2
1.2
Conforme FAMÁ,2 que afirma que, ao contrário das sociedades anônimas, a empresaindividual e as sociedades limitadas apresentam menor controle governamental, são maissimples em sua estrutura organizacional, representam a vontade e o desejo de seusfundadores,dificuldadesdetransferênciadepropriedade,e,nascontribuiçõesaocapitalsociallimitadas ao desejo e capacidade de cada sócio, normalmente são os próprios gestores osadministradoresdosnegóciosdaempresa,aresponsabilidadeélimitadaaocapitalsocial,hádificuldadesemlevantarrecursosparafinanciarocrescimentodosnegócioseadependênciadossóciosgestoreslimitaavidadaempresa(continuidade).
Paraocontextodonossolivrotrataremostantoaempresaindividualcomoassociedadeslimitadaeanônimacomoempresa.
Entidades–semobjetivoseconômicos
Importantepapelnasociedadedesempenhaasentidadesdo terceirosetor,asorganizaçõesnão governamentais (ONGs), que abrange qualquer tipo de entidade privada sem finseconômicos com personalidade jurídica, da qual destacamos as associações, fundações eorganizaçõesreligiosas.
Por se tratar de pessoas jurídicas, as mesmas possuem direitos e obrigações, sendoresponsáveispelos seusatos.Normalmente sãoorganizadasparagerar serviçosde caráterpúblico, contribuindo para suprir a deficiência do governo em oferecer o bem-estar para ocidadão.
As associações são constituídas pela união de pessoas que se organizem para finscomuns, dependem de recursos de seus associados, da comunidade, e de verbasgovernamentaisparacumpriremcomseusobjetivossociais.
Afundaçãotemumpatrimôniodotadodepersonalidadejurídicaformadocomoobjetivodealcançar determinado fim social, depende de recursos de seus fundadores e de verbasgovernamentaiseésubmetidoaocontroledoMinistérioPúblico.
Destacamos como exemplos destes tipos de entidade: as filantrópicas, que reúnemvoluntários e prestam assistência social, as de defesas da vida, as de consumidores, asentidadesprofissionaisdeclasse,ossindicatos,osclubesdesportivosede futebol, igrejasetemplosreligiosos,asfundaçõesdepesquisaseconômica,financeira,osmuseus,entreoutros.
AMBIENTEINSTITUCIONALDASEMPRESASEENTIDADES
Nãohádúvidadequeasempresaseentidadessãoorganizadascomafinalidadedeexistirempor tempo infinito, gerando lucratividade satisfatória para seus proprietários e acionistas,empregos, renda e bem-estar para sua comunidade.No entanto o ambiente institucional emqueoperamérepletoderiscoseperigos,poiséumambientecompetitivocomconcorrentescadavezmaisbempreparados,clienteseconsumidoresmaisexigentesquantoàqualidade,custo de empregados, impostos, volatilidade da moeda, entre outros fatores, e exigemplanejamentodefuturo,controlepermanentedesuasaçõesparacorreçãoimediatadedesvios
1.2.1
defoco,sobpenadeprejuízosincalculáveisqueculminamcomafalênciadaempresa.Recentemente no Brasil assistimos a empresas sólidas de tradição que quebraram por
contadoambienteeconômicoemqueoPaísseenvolveu.TambémnosEstadosUnidos,em2008,comacrisefinanceiraconhecidacomosubprime,inúmerosbancosgrandes,famososeantigos faliram levando a cidade Detroit a declarar a maior falência municipal mundial, semcontaroutrostantosnúmerosdeempresasaoredordomundo.
As razões são inúmeras, certamente propiciadas pelo ambiente em que estão inseridas.SegundoNakagawa (2009,p. 23), aempresaé vista comouma “caixa-preta”que respondeautomaticamenteàsmudançasdomundoexterior,eacrescenta(p.26)queaempresaprecisaplanejarporqueoconhecimentodeseufuturoéextremamentelimitado.
Característicastributárias
Semdúvidas uma dasmaiores preocupações das empresas são os impostos.OBrasil temuma das maiores cargas tributárias do mundo, sem contar a complexidade de suas Leisamplamente discutidas em literaturas específicas da área tributária. Dentre os impostosobrigatórios, destacamos o IRPJ – Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, que exigeplanejamento tributário visando a economia, já que a empresa pode optar pelo Lucro Real,Lucro Presumido ou Simples Nacional, dependendo das características de sua atividade ereceitabrutaanual.
OSebraeregistramaisde6,4milhõesdeempresaspessoas jurídicasdedireitoprivado,excetoosmicroempreendedoresindividuais(MEIs),asestatais,autarquias,easentidadesdeterceirosetor.
Deste número, mais de 99% são microempresas (MPs) e empresas de pequeno porte(EPPs) que faturam até R$ 3,6 milhões anuais, e podem optar pelo recolhimento de seusimpostospeloSimplesNacionalque,viaderegra,oferecemaioresbenefíciosfiscaisemenosburocracia,pois temo recolhimentounificadodeseus impostoseprevidênciasocialemumaúnicaguia.
Jáparaasdemaisempresas,asexigências tributáriassãomais rígidasenumerosas,asque faturam mais que R$ 3,6 milhões e até R$ 78 milhões anuais são enquadradas comopequenasemédiasempresas (PMEs)epodemoptarpeloLucroPresumido,queestabelecealíquotasderecolhimentodeimpostosdeacordocomatividadedaempresa,incidentessobrea receita bruta, e por fimo LucroReal obrigatório para as empresas ligadas às instituiçõesfinanceiras, seguradoras, e as que faturam acima de R$ 78 milhões anuais, que têm osimpostoscalculadossobreoLucroLíquidoobtidodosbalançosajustadospelasregrasfiscaisparaoLucroReal.Estesistemadeapuraçãode impostosécomplexoeexigeconhecimentoespecíficodaLeitributáriaecontrolerígidosobreoscustosedespesascontabilizados.
EmrelaçãoàsEntidadessemFinsLucrativos,elasnãopagamoImpostodeRenda,poissão consideras isentas ou imunes.As imunes sãoaquelas previstas naConstituiçãoFederalque exercem atividade beneficente de assistência social, e reconhecidas como de utilidadepública, por exemplo, as APAEs, os hospitais Santa Casa, entre outras. Por sua vez, as
1.2.2
•
•
entidades isentas são definidas pela Lei, alguns exemplos são igrejas, sindicatos, clube defutebol,associaçãodemoradoreseamigosdebairro,entreoutras.
Característicascontábeis
Paraoambientecontábil,aLeino11.638/2007estabelecequeasnormasbrasileirasdevemserelaboradasemconsonância comospadrões internacionaisde contabilidade.Para tanto,criou-se o Comitê de Pronunciamento Contábil – CPC – como responsável pelospronunciamentos técnicos e atribuiu ao Conselho Federal de Contabilidade – CFC – aresponsabilidadeporsuaadoção.DefiniuaindareferidaLeiqueasDemonstraçõesFinanceirasdassociedadesanônimaseasempresasdegrandeporte–EGP(receitabrutamaiorqueR$300milhões ou ativomaior queR$ 240milhões) que são obrigadas a prestação pública desuas contas sejam auditadas por auditor independente registrado na Comissão de ValoresMobiliáriosepublicadas.
Assim,oCFCdeterminouquesejamadotadasporestasempresas,que têmaobrigaçãopúblicadeprestaçãodecontas,asnormastécnicascontábeiscompletas,ouseja,asNBC-TG1 a 46 (juntas todas estas normas somam mais de 3.000 páginas), e para as demaisempresas,conformesuareceitabrutaanual,daseguinteforma:
Para as pequenas emédias empresas –PME, que não têma obrigação pública deprestaçãodecontas,cujareceitabrutaanualseenquadreentreR$3,6milhõesatéR$300milhões,deverãoadotaranormacontábil definidanaNBC-TG1000,CPC-PME,querepresentaaproximadamente300páginas;ePor fim, para o microempresário individual – MEI –, microempresas – ME – e asempresasdepequenoporte–EPP,cujareceitabrutaanualnãosejasuperioraR$3,6milhões,deverãoadotarnomínimoaITG1000.Estanormatem13páginasapenas.
ClassificaçãodasEmpresasconformeReceitaBrutaAnual NormaContábil
ConformeaLeino11.638–EmpresadeGrandePorte(EGP)
Acimade300milhõesanuaiseAtivosuperioraR$240milhõese
CompanhiasAbertas(S.A.–Leino6.404/1976)
NBC-TG–completa(CPC1a46)+ou–3.000
páginas
PME–PequenaseMédiasEmpresascujareceitabrutaanualseenquadre
entreR$3,6milhõesaté300milhõesNBC-TG1000–simplificada300páginas
MicroempreendedorIndividual(MEI),Microempresa(ME)eEmpresadeOpçãopelaITG1000–reduzidaesimplificada–
PequenoPorte(EPP)cujareceitabrutaanualnãosejasuperioraR$3,6
milhões
13páginas
ConsiderandoaestatísticadoSEBRAE(acima),épossívelconcluirqueagrandemaioria
das empresas está obrigada a cumprir com a ITG 1000 para elaboração de seus balançospatrimoniais,poissetratamdeMicroempresaseEmpresasdePequenoPorte(MEseEPPs),umnúmerointermediárionãotãoexpressivodeempresasdePequenoeMédioPortes(PME),obrigadasàsnormasdasPMEs,e,porfim,asdegrandeporteeassociedadesanônimas,acumpriremcomanormascompletas,querepresentamumpequenonúmerodeempresas.
ABovesparegistracercade500empresasdecapitalabertoquenegociamsuasaçõesnaBolsadeValoresdeSãoPaulo;sãomaisde53milempresasdeserviçoscontábeisemaisde528milcontabilistasregistradosnoConselhoFederaldeContabilidade–CFC.
RESUMODOCAPÍTULO
Aanálisedasdemonstraçõesfinanceirascontábeiscertamenteéumaimportanteferramentaque procura desmistificar um pouco o universo dos números dos relatórios financeiroscontábeis através de quocientes algébricos. Pois é muito mais fácil entender e compararinformaçõesdestanaturezacomousodaálgebra,parasetomaremdecisõesbaseadasnasestatísticas de dados pregressos, para tentar modelar cenários preditivos, que, projetadoscom o auxílio das informações geradas pela análise das demonstrações financeirascontábeis, podem mitigar o risco de erros inerentes ao ambiente e de processos que aempresaestáinseridacorrigindotempestivamenteosdesviosparaevitarprejuízos.
A razão deste capítulo foi dar uma visão ampla dos tipos de empresas que existem,desdeumúnicodono,passandopelasociedadelimitadadedoisoumaissóciosatéamaiscomplexadassociedadesporações.Seuambientee relacionamentocomosstakeholders,queincluem,alémdossócioseacionista,muitosoutrosparticipantes,comoosclientes,queé a principal razão da existência da empresa, mas a empresa precisa se relacionar comempregados, fornecedores, governo, prestadores de serviços, tal como é o contador, quedeve ser um dos mais importantes especialistas em termos financeiros para a empresa;certamenteocontadornãotemamissãodepotencializarareceitadaempresa,masdevetera competência e sabedoria de ajudá-la a não perder dinheiro com impostos recolhidoserradosoucontabilidadesquedenadaservem.
ÉgrandeonúmerodeempresasexistentesnoBrasil, incluindoasentidadesdeterceirosetor,asquaiscertamentedevemcontarcomumdosmaisdemeiomilhãodeprofissionaisda contabilidade ou uma das mais de 50 mil empresas de serviço contábil; estesprofissionais são um dos maiores responsáveis e interessados pela análise dasdemonstraçõesfinanceirascontábeis.
1)
I.
II.
III.
IV.
a)b)c)d)
EXERCÍCIOPROPOSTO
Deacordocomaleituradocapítulo,julgueositensaseguircomoVerdadeiros(V)ouFalsos(F)e,emseguida,assinaleacorreta.
Aentidadedeterceirosetornãoéobrigadaaelaborarasdemonstraçõescontábeis,poiséisentadeImpostodeRenda.(falso)Aanálisedasdemonstrações contábeis seutilizadas informaçõespregressasparacalcularos índices/quocientesqueservirãoparaogestor tomardecisõespreditivascommaiorassertivaeassimmitigarriscosdeerroseprejuízos.(verdadeiro)As sociedadesporações cuja receitabrutaanual édeatéR$240milhõeseAtivoTotal de R$ 300 milhões não estão obrigadas a publicarem suas demonstraçõesfinanceirascontábeis.(falso)Oprofissionaldacontabilidadetemaobrigaçãodeterumarelaçãomuitoíntimacomasempresas,conhecendo-asemtodososseusdetalhes,paraque,alémdefacilitarolevantamentodosdadosdacontabilidadeparaageraçãodosíndices(quocientes)daanálisedasdemonstraçõesfinanceirascontábeis,procureauxiliarcomoconsultor,um facilitador dos gestores, proprietários, sócios e/ou acionistas na tomada dedecisõessobreocaminhoaseguircomsuasrespectivasempresas.(verdadeiro)
V-F-V-FF-F-V-VF-V-F-V–respostacorretaV-F-F-V
1
2
_____________
Leino10.406/2002.
ArquivoemPDFdeaulaexpositivanoprogramademestradodaPUCSP,2015.
2.1
a)b)
c)
d)
e)f)g)h)
2.2
ABRANGÊNCIADAEXPRESSÃOANÁLISEDEBALANÇOS1
Asnormascontábeisdestacamqueasdemonstraçõescontábeisparafinsgeraissãodirigidasàsnecessidadescomunsdevastagamadeusuáriosexternosàentidade,porexemplo,sócios,acionistas, credores, empregados e o público em geral. O objetivo das demonstraçõescontábeis é oferecer informação sobre a posição financeira (balanço patrimonial), odesempenho(demonstraçãodoresultado)efluxosdecaixadaentidade,quesejamúteisaosusuáriosparaatomadadedecisõeseconômicas,taiscomo:
decidirquandocomprar,manterouvenderinstrumentospatrimoniais;avaliar a administração da entidade quanto à responsabilidade que lhe tenha sidoconferidaequantoàqualidadedeseudesempenhoedesuaprestaçãodecontas;avaliaracapacidadedeaentidadepagarseusempregadoseproporcionar-lhesoutrosbenefícios;avaliar a segurança quanto à recuperação dos recursos financeiros emprestados àentidade;determinarpolíticastributárias;determinaradistribuiçãodelucrosedividendos;elaborareusarestatísticasdarendanacional;ouregulamentarasatividadesdasentidades.
Assim,paraefeitodeste livro, incluímosnaexpressãoAnálisedeBalançosnãoapenasoBalanço Patrimonial, propriamente dito, como também aDemonstração dos Resultados doExercício.Atenção tambémserádedicadaàDemonstraçãodeFonteseUsosdeCapitaldeGiro Líquido (Origens e Aplicações de Recursos), bem como, subsidiariamente, àDemonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. Todas as demonstrações e relatórioscontábeispodemserúteisàanálise(oFluxodeCaixatambémédegrandeutilidade).
IMPORTÂNCIADAANÁLISEDEBALANÇOSNAGESTÃOEMPRESARIALENAAVALIAÇÃODETENDÊNCIASPORPARTE
DOSUSUÁRIOS
Anecessidadedeanalisardemonstraçõescontábeisépelomenostãoantigaquantoaprópriaorigemdetaispeças.NosprimórdiosdaContabilidade,quandoestaseresumia,basicamente,àrealizaçãodeinventários,o“analista”sepreocupavaemanotarasvariaçõesquantitativasequalitativasdasváriascategoriasdebensincluídosemseuinventário.Émuitoprovávelquejárealizassealgumtipodeanálisehorizontalouvertical.SuponhaqueocriadorderebanhosUkrSemanthaltivesselevantadoosinventáriosaseguirtranscritos:
Anode3689a.C.diadaTerceiraLua
Cheia
Anode3688a.C.diadaTerceiraLua
Cheia
Cabras 1.100 1.155
Vacas 300 380
Carneiros 50 40
Admitamos a não existência de moeda (entretanto, não deixaria de haver troca). Porexemplo, o criador poderia estabelecer uma homogeneização de seu rebanho total,expressandotudoemtermosdevacas.Secadavacapudesse,naépoca,sertrocadapor10carneiros ou 11 cabras, poderíamos expressar o inventário em termos de vacas. Assim, écomoseocriadorpossuísse:
Inventárioinicial Inventáriofinal
“Vacas” 405 489
Mesmodispondoapenasde rudimentaresnoçõesdecálculo,ocriadorpercebeuquesua“riqueza”haviaaumentadoemcercade21%.
Esta é uma espécie de análise horizontal, isto é, avalia-se a variação de período aperíodo,deumitemqualquerdobalanço.Apesardasimplicidadedoproblema,nãodeixadeseconstituirnumexemplodeumdosaspectosdaanálisedebalanços.
Certamente,aapreciaçãodaevoluçãopoderiatersidofeitacomparando-seavariaçãodecadaespéciedeanimaldentrodorebanho,semserecorreràhomogeneização.
A dificuldade maior, no caso, residiria na análise de porcentagens ou análise vertical.Assim,noprimeiro inventário,o totalde itenséde1.450enosegundo inventário,de1.575.
Denominar tais totais de 100% e calcular quanto representa cada item individual (cabras,vacasoucarneiros), em relaçãoao total, temumvalorapenas relativo, poisasquantidadesnão representam grandezas homogêneas.Mesmo assim, provavelmente a informação aindapoderiaserdealguminteresse,poisseocriadorpudesseanteciparumamudançafuturanosrelacionamentosdetrocaentreosváriosanimais,digamos,seocarneiropassara“valer”maisquantidades de vaca, poderia tomar medidas para aumentar a participação relativa doscarneirossobreosdemaiscomponentesdorebanho.
Adicionalmente, ainda recorrendoao “equivalente-vaca”, outro tipo de cálculo poderia serrealizado.Tomemosapenasoprimeiroinventáriocomoexemplo:
InventárioOriginalInventárioOriginalexpressoemtermosde
vacas%
Cabras 1.100 100 25
Vacas 300 300 74
Carneiros 50 5 1
TOTAL 1.450 405 100
Desta forma, avaliaríamos o estoque de cabras em cerca de 25% da potencialidade demercado total do rebanho; o de vacas, em 74%, e o de carneiros seria praticamenteirrelevante.
Assim,ohomemprimitivojáaplicavanoçõesrudimentaresdeanálisedebalançosou,maissimplesmente,deanálise.
Osbancos,apartirdasegundametadedoséculoXX,seutilizaramcommais frequênciada análise de balanço através de quocientes para relacionar os valores a receber com osvalores a pagar com a intenção de determinar de forma aritmética o risco envolvido ememprestardinheiroparaasempresas.
Obviamente, o surgimento dos bancos governamentais de desenvolvimento, regionais ounacionais, em vários países, deu grande desenvolvimento à análise de balanços, pois taisentidadesnormalmenteexigem,comopartedoprojetodefinanciamento,umacompletaanáliseeconômico-financeira.
O relacionamento entre os vários itens do balanço e das demais peças contábeispublicadas também é de grande interesse para os investidores, de maneira geral. Numaeconomiademercadobastantedesenvolvida,umarazoávelparceladosmotivosque levamoinvestidoraadquiriraçõesdaempresaAe/oudaempresaBresidenosresultadosdaanáliserealizada com relação aos balanços das empresas, demais peças contábeis (Demonstração
deResultado –DRE,Demonstração doValor Agregado –DVA,Demonstração do Fluxo deCaixa–DFCeaDemonstraçãodasMutaçõesdoPatrimônioLíquido–DMPL)eavaliaçãodasperspectivas do empreendimento (carta da administração e as notas explicativas, porexemplo). Claramente, nunca houve um caso conhecido em que o investimento tivesse sidorealizado apenas baseado nos resultados das análises contábeis da empresa.Mas tambémnãoéconhecidocasodesucessoa longoprazono investimentoemaçõesemqueaanálisede relacionamentos contábeis não desempenhe algum papel, como infraestrutura de umaanálisefundamentalista.
Assim,torna-seclaroporqueaspeçascontábeissãoelementosquasequefamiliaresparamuitaspessoas,nospaísesmaisdesenvolvidos.Équeaampliaçãodaqualidadeequantidadede investidores e a democratização do acesso à participação acionária nas empresas sãocaracterísticas das economias demercadomais desenvolvidas; fatalmente, havendomais emais desenvolvimento, mais se realça a importância da análise financeira e contábil emparticular,edaContabilidadeemgeral.
Mas, se uma boa análise de balanços é importante para os credores, investidores emgeral,agênciasgovernamentaiseatéacionistas,elanãoémenosnecessáriaparaagerência:apenas o enfoque e, possivelmente, o grau de detalhamento serão diferenciados. Para agerência, a análisedebalanços fazmais sentidoquando, alémde sua funçãode informaroposicionamento relativo e a evolução de vários grupos contábeis, também serve como um“painel geral de controle” da administração. Neste sentido, podemos construir uma série deindicadores financeiros e avaliar sua evolução em espaços de tempomais curtos, digamos,mês a mês. Ou alguns indicadores serão acompanhados mês a mês, outros, quinzena aquinzena,outros,ainda,semanalmenteeoutrosatédiariamente.Porexemplo,aporcentagemdedisponibilidadessobreoativoglobal,seexistirumindicadorpréviodequalaporcentagemideal ou adequada, pode ser monitorizada até diariamente. Entretanto, como não é muitocomum conseguirmos obter uma composição diária do ativo total, é mais provável quecontrolemosonívelabsolutodedisponibilidadesdiariamente.Ataxadesejadaderetornosobreo investimento pode ser comparada com a efetivamente obtida no final de cada ano. Emalguns sistemas, entretanto, o acompanhamento pode ser até mensal. Por outro lado, agerênciaestarásempreatentaaodesempenhodaempresacomrelaçãoaseusconcorrentes.Claramente, isto exige a compilação de muitos dados e informações publicados de formaesparsa.QuandonosutilizamosdeuminstrumentodotipoMelhoreseMaiores(publicaçãodaEditora Abril sobre os principais índices das principais empresas brasileiras) ou Valor1000(publicaçãodaValorEconômicoquedestacaas1.000maioresempresasdoano),éprecisosabermosbemsobrea técnicaeas limitaçõesdeanálise implícitasnomodelo.Acreditamosque em toda empresa de médio para grande porte deveria existir um setor de análise decompetidores e estudo de tendências, o qual deveria agregar profissionais de váriasespecializaçõesenãoapenaseconomistas,comohojefrequentementeéfeito.
Alguns administradores de empresa chegam a admitir que a mesma deveria montar umverdadeiro sistema de informações, não somente no que se refere aos concorrentes, mastambémnoqueserefereatodososgruposdepessoaseinteressesexternosàempresaquepossam ter ou vir a ter influência sobre a empresa, em virtude de mudanças em suasorientações e comportamentos. Assim, os concorrentes seriam apenas um grupo, osfornecedorespoderiamseroutro,asagênciasgovernamentaisoutroeassimsucessivamente.
2.3
Na verdade, sabemos muito bem que mudanças de comportamento nos gostos dosconsumidores,porexemplo,refletememmudançasparaumaempresa,paraumgrupoeatéparaumsetor.Esteéo casomaisdramático,entretanto.Aempresaprecisaestaratentaatodas as mudanças externas que possam vir a atingi-la, já que é considerada um sistemaaberto que interage com seu ambiente repleto de riscos e vieses. O acompanhamento dastendênciasedodesempenhofinanceiroederentabilidadedaconcorrênciaéessencialparaaempresa“situar-se”nomercado,saberemquepontodacurvaseencontrae,ofundamental,decidirseestásatisfeitacomaposiçãoocupadaousepretendedesempenhomaisambicioso.
Em alguns casos, a comparação deverá ser possível apenas com outras poucasempresas,nopaísouaténoexterior.
Adicionalmente, as empresas poderão desejar não somente comparar-se com relação aseus concorrentes, mas também fixar uma medida de tendência de longo prazo à qual ocomportamentodecertoíndicedeva-seater.
Alongoprazo,porexemplo,poderíamosfixarqueaempresadeveriadesenvolver-seàtaxamédiadedesenvolvimentodaeconomiacomoumtodo,oudosetor,eexpressaressataxadedesenvolvimento provavelmente em função de algum tipo de “retorno”. Seria um quocienterelacionandoolucrocomalgumconceitodeinvestimento.
Por outro lado, em certas situações, a empresa pode construir um modelo decomportamentoidealparaosetoraquepertenceecompararoperfildaempresacomoidealdosetor.
A análise de balanço não se restringe apenas às empresas de direito privado que visamlucros, suametodologia de quocientes e índices pode ser tranquilamente adaptada para asentidades sem fins lucrativos do terceiro setor, bem como às empresas governamentais dedireitopublicoeautarquias,hajavistaquesãoentidadesasquaisosgestoresseutilizamderecursos de terceiros, e a essência de sua responsabilidade (accountability) (NAKAGAWA,2009,p.18)éaobrigaçãopelaexecuçãodasatividadeseprestaçãodecontasdosresultadosobtidos.Aautoridadepodeserdelegada,masaresponsabilidadedeseusatoseaprestaçãodecontasnão.
CONCEITUAÇÃODEANÁLISEDEBALANÇOS
Podemosafirmarqueanálisedebalançosecaracterizacomoa“artedesaberextrairrelaçõesúteis,paraoobjetivoeconômicoquetivermosemmente,dosrelatórioscontábeistradicionaise de suas extensões e detalhamentos, se for o caso”. Consideramos que a análise debalançoséumaarte, pois, emboraexistamalguns cálculos razoavelmente formalizados, nãoexisteformacientíficaoumetodologicamentecomprovadaderelacionarosíndicesdemaneiraa obter um diagnóstico preciso. Ou, melhor dizendo, cada analista poderia, com o mesmoconjuntode informaçõesedequocientes,chegaraconclusões ligeirasouatécompletamentediferenciadas.Éprovável,todavia,quedoisexperientesanalistas,conhecendoigualmentebemo ramo de atividade da empresa, cheguem a conclusões bastante parecidas (mas nuncaidênticas) sobre a situaçãoatual da empresa, embora quase sempre apontariam tendênciasdiferentes,pelomenosemgrau,paraoempreendimento.
2.4
––
–
CONDIÇÕESNECESSÁRIASPARAUMBOMENTENDIMENTODAANÁLISEDEBALANÇOS
Existe um conjunto de informações e conhecimentos básicos necessários para umentendimento mais profundo das vantagens e limitações da análise de balanços. Um dosfatoresmaisimportanteséentenderaspremissasbásicascontábeisquedeterminamaformapelaqualosprópriosdemonstrativosobjetosdeanálisesãoelaborados.SãoosdenominadosPrincípiosdeContabilidade.
Analisaremos,nopróximocapítulo,oSistemadeInformaçãoContábileosPrincípios.
RESUMODOCAPÍTULO
Basicamente,oanseiodeanalisarosdemonstrativoscontábeis,edeseusrelacionamentosnuméricos extraírem indicações de importância para determinado interesse decisório deordemeconômica,é tãoantigoquantoaexistênciadaContabilidade.Aexpressão “AnálisedeBalanços” deve ser entendidaemsentidoamplo, incluindoosprincipais demonstrativoscontábeis e outros detalhamentos e informações adicionais que sejam necessários (porexemplo,nocasodeaanálisedestinar-seàadministraçãodaempresa).Depreende-sequeaanálisedebalançostemvalorsomenteàmedidaqueoanalista:
estabeleçaumatendência(umasériehistórica)dentrodaprópriaempresa;compare os índices e relacionamentos realmente obtidos comosmesmos índices erelacionamentosexpressosemtermosdemetas;compareosíndiceserelacionamentoscomosdaconcorrência,comoutrasempresasdeamplitudenacionalouinternacional.
Épreciso,poroutrolado,destacarqueaAnálisedeBalançoséumaarte,poisnãoexisteumroteiropadronizadoquedeterminesempreasmesmasconclusões,dentrodasmesmascircunstâncias. Adicionalmente, a análise de balanços, pela sua natureza financeira,apresentalimitações,asquaisserãosemprelembradas.
1
_____________
Porbrevidade,utilizaremosaexpressãoresumidaAnálisedeBalançosdaquiemdiante,comoequivalentedamaislonga.
3.1
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CONTABILIDADECOMOSISTEMADEMENSURAÇÃOEINFORMAÇÃO
Jaedicke eSprouse, em seu livroFluxoscontábeis, EditoraAtlas, p. 20 a 25, definem combastantepropriedadeosistemademensuraçãocontábil.Naverdade,trata-sedeumsistemade informação que inclui um sistema de mensuração como parte do processamento. Osreferidosautoresconsideramque,comandandotodoosistemademensuraçãocontábil(edeinformação),existeoqueelesdenominamdePolíticaContábil–DeterminaçãodosConceitos,Definiçõesetc.–queéabasedosistemademedição(Informação).
Referindo-se ao assunto, os citados autores comentam, à página 24: “O sistema deinformações (contábil) da firma dependerá da combinação das opções de mensuração queforem escolhidas. Logo, o problema de política contábil deve ser resolvido como condiçãonecessáriapara fazerosistema funcionar [...]Antesqueumsistemapossaserestabelecido[...]oconceitoderendadeveserdefinido,eosprincípiosdemensuraçãoapropriadosparatalconceito devem ser escolhidos (UEPS versus PEPS, custo de substituição versus custohistóricoetc.).”
Ora, esta é a área de política contábil, compreendida pelos princípios deContabilidade,que passaremos a estudar. Como os próprios referidos autores afirmam, mais adiante, “autilidade e a eficácia de qualquer instrumento de análise são, via de regra, aumentadas àmedida que o usuário se familiariza com ele [...] A eficiência com que o administradorfinanceiro pode usar dados contábeis e analisá-los variará na razão direta de suacompreensão dos conceitos, das definições e dos princípios demensuração sobre os quaisrepousamosdados”.
Isto vem reforçar a necessidade de entendermos as raízes profundas e osmotivos quefizeramcomqueosdemonstrativoscontábeisfossemoquesão.
Mas o sistema de informação contábil, embora comandado obviamente pela políticacontábil (princípios contábeis), contém outras fases que passaremos a enunciar, sempresegundooscitadosautores:
FasedeColetadosDadosFasedeAjustes
–
1.
2.
2.12.2
3.
4.
SaídasdoSistema
Estaúltimafaseédeparticularinteresseparaasnossasfinalidades.Assaídasdosistemacontábilpodemserclassificadasemquatrocategorias:
Relatórios sobre a posição financeira em determinado momento (exemplo: BalançoPatrimonial).Relatóriossobremudanças(Fluxos)durantedeterminadoperíodo(DemonstrativosdeFluxos).
DemonstraçãodeResultados.DemonstraçãodosFluxosdeCaixa.
Dados para planejamento e controle de lucro, principalmente dados e relatórios deorçamento,deexperiênciarealemcomparaçãocomprevisõesdeorçamento.Dados para estudos especiais que podem ser necessários a decisões relativas ainvestimentosdecapital,combinaçãodeprodutosetc.
Osautoresalertamqueassaídas1a3sãobemdefinidascomantecedênciaerepetitivaspor natureza, e que os sistemas de informação contábil tendem a ser desenhados para aprodução dessas saídas. Por conseguinte, os sistemas contábeis são, não raro, poucoeficientesnaproduçãodasaída4.
Consideremos que a análise de balanços esteja intimamente associada com oentendimentoeousodosrelatóriosdotipo1e2,nãosendoanormal,todavia,autilizaçãodesaídas do tipo 3, principalmente na análise de balanços para finalidades gerenciais (usuáriointerno).Umaextensãototaldoconceitodeanálisecomoumpainelgeraldecontrolepoderiachegaraoestabelecimentodepadrões para orçamentode capital, decisõesdo tipo fabricarversus comprar (custodeoportunidade)etc., padrõescomosquaisos índices reais seriamcomparados.
A análise de balanços, todavia, repousa, essencialmente, em índices extraídos derelatórios contábeis tradicionais, ao passo que certas decisões do tipo substituição deequipamentorepousamnofornecimentodeinformaçõesdotipofluxosfuturosdescontadosdecaixa, custos de oportunidade etc., normalmente não retratados a posteriori nos relatórioscontábeis(depoisqueforamrealizados).
Aqui é preciso qualificar, com algumas noções acessórias, a parte do sistema que dizrespeitoàpolíticacontábil,aquemaisnosinteressaparaestelivro.
Se estivermos interessados nos balanços e demonstrações contábeis como analistasexternos à empresa, o sentido da expressão política contábil deve ser associado aosprincípios. Isto é, todas as saídas do sistema financeiro, principalmente se a empresa forauditadaporauditores independentes(SAeasempresasdeGrandePorte–EGP),deverãoater-seaosprincípioscontábeis.Todavia,dentrodeummesmoprincípio (porexemplo,odocusto como base de valor), vários critérios estão, às vezes, à disposição da empresa eatendem ao princípio; é o caso dos métodos de avaliação de estoques conhecidos comoPEPS,MÉDIAPONDERADAeUEPS;esteúltimonãoéaceitopelalegislaçãofiscalbrasileira,o que não quer dizer que não possa ser utilizado para finalidades gerenciais e até decontabilidade financeira, desde que, para efeito de tributação, sejam processados os
necessáriosajustes,em relatóriosàparte,no fimdoperíodo.Estas formasdeavaliaçãodeestoque,emborafiliadasaomesmoprincípiogeraldoCustocomoBasedeValor,podemserescolhidas,eaaplicaçãodeumaououtrairápromoverresultadossensivelmentediferenciadosparaolucromercantil,paraamesmamassadeoperaçõesedados.
Oconhecimento,portanto,dosprincípiosgeraisedasnormascontábeissegundoosquaisos demonstrativos contábeis (financeiros) são elaborados precisa ser temperado peloconhecimento de algumas convenções que qualificam tais princípios, pelo conhecimento deusos, costumes e práticas tradicionais em cada ramo de atividade e por uma adequadacompreensão de todas as informações adicionais e complementares que as demonstraçõescontábeispodemretratar.
Entretanto, embora admitindo certa liberdade de manobra no âmbito dos princípioscontábeis, os relatóriosemanadosdacontabilidade financeira (edeusodoanalistaexterno)não poderão deixar de se basear em tais princípios; ou, então, a gama de exceções e dedesviosdeve ser perfeitamenteenumerável e controlável. Jáomesmonão sepodedizer, arigor,decertossistemasdeinformaçãogerencialmaisavançadosquechegamanelesinserirconceitoscomocustosdereposição,custosdeoportunidade,custosereceitasmarginaisetc.Neste caso, o analista interno (análise de balanços para a administração) deverá estarperfeitamenteapardosconceitosde lucroadmitidosedasmensuraçõesnecessárias,a fimde adequar suas análises aos novos conceitos introduzidos no sistema. No caso de umaempresaque, habitualmenteedemaneira consistente, corrigeosdemonstrativos financeirospelas variações do poder aquisitivo da moeda, o analista deverá, obviamente, calcular osíndicesequocientescombasenosvalorescorrigidosecompará-losaosíndicesequocientescalculados com base nos valores originais, bem como explicar à gerência o sentido dasvariações.Omaisdifícil,entretanto,équandotaisconceitosnãosãoexplicitamenteadmitidos(mesmo que paralelamente aos conceitos tradicionais) no sistema, mas vagamentemanipuladosoraporesteoraporaquelegestor,emcondiçõessubjetivasepessoais.Nessecaso, o contador deverá cuidadosamente alertar estes gestores de que estas análises sebaseiamemrelatórios informaisnãoelaboradosconformeaspráticasenormascontábeis,afimde,inclusive,delimitarsuaresponsabilidadeprofissional.
Pelo fato de o número de conceitos alternativos ser muito grande na contabilidadegerencial, nossa análise neste texto se deterá preferencialmente nos Princípios deContabilidade, o que, vale dizer, terámaior validade para os analistas externos, bem comopara os demais usuários das informações das demonstrações contábeis (financeiras) dasempresas sociedade anônima (SA), de grande porte (IGP) e a de Pequeno eMédio Porte(PME).
Observe-se, entretanto, que o simples fato de os relatórios sumarizados financeirosrepresentarem a cúpula do processo de contabilidade financeira não significa que nãoapresenteminteresseparaosgestores.
Certos parâmetros básicos, como, por exemplo, o retorno sobre o patrimônio líquido,sempre haverão de basear-se nos relatórios financeiros tradicionais. Assim, a análise dosprincípios contábeis também é importante para finalidades gerenciais, pelo menos para osgestores conhecerem bem as diferenças entre os conceitos frequentemente usados naempresa (custose receitasmarginais,custosdeoportunidadeetc.),paracertasdecisões,e
3.2
3.2.1
osconceitosusuaisdaContabilidade.
PRINCÍPIOSCONTÁBEIS–ABORDAGEMCONCEITUAL
Introdução
Para melhor entender a natureza dos princípios contábeis é preciso, antes, entender anatureza da própria Contabilidade. Sem a pretensão de definirmos a disciplina, pode-seobservar claramente que, na empresa, sua função principal é a mensuração do lucro e oreportedaposiçãopatrimonial emdeterminadosmomentos.Dequalquermaneira, oesforçoem acompanhar a evolução do patrimônio das entidades está sempre presente naContabilidade.Tevedevaler-seaContabilidade,portanto,deconceitostrazidosdaEconomia,comocapital,renda,consumo(despesa);outrosconceitosderivaramdoDireitoeoutrosaindadaAdministraçãodaProdução,apenasparacitar trêsdasprincipais ligaçõescontábeis. Istodáumaideiadadificuldadedamissãocontábil.É,basicamente,umprocessodemensuraçãode alguns conceitos derivantes de outras disciplinas, principalmente da economia. Por outrolado,as formasdeatividadeeconômica têmsidoamplamente influenciadas,nodecorrerdostempos, pelas instituições sociais, políticas, religiosas e até por usos e costumes de cadaépoca.No iníciodoséculoXV,eracomumaparecernoativo imobilizadodasempresasumaconta do tipo “Marta-NossaEscrava”, pois, efetivamente, os escravos eram propriedade doempreendimento e eram registrados pelo valor de aquisição. Por outro lado, raramenteapareciamconsignadasnodemonstrativoderesultadoreceitasoudespesasdejuros,poistalpráticaeraseveramentecondenadapelaIgreja,naépoca.
Deve-seentender,portanto,quecertosconceitosqueregemaContabilidadesãomutáveis,parcial ou totalmente, no tempo e no espaço, adaptando-se às peculiaridades econômicas,institucionais, políticas e sociais de cada época e, às vezes, observando peculiaridades decadapaís.Éclaroqueoutrossãoimutáveis,comooprincípiodadualidade,cujaevidenciaçãocontábilresume-senométododaspartidasdobradas.Aindaassim,aformadeconsubstanciaraspartidasdobradas, por exemplo, podealterar-se.Um lançamento contábil pode ser feito:emformaderegistrono livroDiário,noRazãodefolhassoltas,numarepresentaçãodidáticaderazoneteemT,numcartãoperfuradooumesmonumamatriz.
AprópriaComissãodeProcedimentosdeAuditoriado InstitutoAmericanodeContadoresPúblicosCertificados,emseuBoletimno33,página41(TraduçãodoDr.JorgeFischerJúnioreeditado pelo ICPB, atual IAIB), assevera que “os princípios de contabilidade geralmenteaceitosevoluemesofremmodificações.Ospronunciamentosfeitosporcomissõesautorizadasdo InstitutoAmericanodosContadoresPúblicosCertificadosreconhecemestasmudanças.Aprimeira norma do parecer reconhece que o auditor independente está alerta para essespronunciamentos.Outrossim,eledeveestaratentoàsmodificaçõesquesetornamaceitáveisatravésdousogeneralizadonosnegócios,emboranãosujeitasapronunciamentodoInstituto”.
Sob a denominação genérica de Princípios eConvenções Contábeis,1 englobam-se, naverdade, se analisarmos o problema de um ponto de vista mais rigoroso, axiomas epostulados,princípiospropriamenteditos,normaseprocedimentos.Trataremosotodosobo
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mantode“princípios”(asdiretrizesmaisgerais)e“convenções”(asnormaseprocedimentosquequalificamedelimitamaaplicaçãodosprincípios).
Aformaçãodosprincípioscontábeisdeveu-sepreferencialmentearespostasgraduaisqueoscontadoresforamdesenvolvendo,aolongodosséculos,aproblemasedesafiosformuladospelas necessidades práticas. Na verdade, muitos princípios representam a “explicaçãocientífica” de normas e procedimentos que foram, primeiro, utilizados na prática, para emseguida serem racionalizados em teoria. Tentativas recentes, contudo, seguem um caminhoinverso, ou seja, procura-se axiomatizar a teoria contábil numa série de premissas básicasbemgeraisquesomenteemseguidaserãotestadasnaprática.
Um princípio para se tornar “geralmente aceito” precisa ser reconhecido pelo consensoprofissional(oulegal)como:
útil(relevante);objetivo;praticável.
As maiores discussões giram em torno da utilidade ou relevância desse ou daqueleprincípio, pois tal utilidade depende, em grande parte, dos objetivos que se pretendemalcançaratravésdosrelatóriosfinanceirosedaperspectivadosváriosusuáriosdainformaçãocontábil.
Assim,demonstrativosavaliadosacustoshistóricospodemserrelevantesparafinalidadesdeauditoriaecomoreportedoretornododinheirooriginariamenteinvestidos,maspodemserirrelevantescomoelementopreditivoparaoinvestidor.ÉapenasumexemplodasdivergênciasquepodemexistiraoescolhermosumabasedeavaliaçãoparaaContabilidade.
Frequentemente, os contadores têm sido conservadores na escolha dos princípios, poisestãopremidosporváriosfatores,asaber:
necessidadedeobjetividade;os custos dos sistemas de informação contábil não podem ser muito altos, casocontrárioacontabilidadeentrarianuma“faixadeconcorrência”indesejávelcomoutrastécnicas;aprofissãoeadisciplinadevemmanterumaposiçãodeneutralidadecomrelaçãoaosproprietários, administradores e investidores. Esta posição de neutralidadefrequentemente significa um reforço adicional ao conservadorismo na descrição dasituação financeira e patrimonial da empresa, pois é preciso “esfriar” o frequente ecompreensívelexcessodeotimismoporpartedosadministradoreseproprietáriosdoempreendimento;frequentemente, as normas fiscais que afetam a contabilidade tendem a nivelar porbaixo o grau de relevância que, commaior grau de criatividade e independência, acontabilidadepoderiaatingir.Porexemplo,porusoecostumeaempresanormalmentereconhece entre 3 a 5% as provisões para créditos de liquidação duvidosa (PCLD)sobre os saldos de contas a receber. Muitas empresas não se dão ao trabalho deverificar a porcentagem real, estatisticamente comprovada, das perdas com relaçãoàsvendas.Por“comodismo”einérciaembarcamnestesX%epodem,comisso,estar
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••••
3.2.2
distorcendo os resultados da empresa e dando uma visão errônea, pelo menos emdeterminadoexercício,dasituaçãodaempresaparaopúblico.
Como resultado de todas estas “restrições”, os contadores têm dado mais peso àobjetividade e praticabilidade de um princípio do que à sua relevância, mesmo porquefrequentemente os princípios que poderiam parecer os mais úteis (por exemplo, balançoslevantadosavaloresdemercado)sãoosmaistrabalhososdeseremaplicadoseosquedãomargemamaiorperdadeobjetividade.
Analisaremos,resumidamente,osmaisimportantesprincípioseconvençõescontábeis:
Princípios
daEntidade;daContinuidade;doCustoHistóricocomoBasedeRegistroInicial;daRealizaçãodaReceita;daCompetênciadosExercícios;doDenominadorComumMonetário.
Convenções
daObjetividade;doConservadorismo(Prudência);daMaterialidade(Relevância);daConsistência(Uniformidade).
Oprincípiodaentidade
Esteprincípio temumaconcepçãooriginal, vindadoDireito, comconsequências econômico-contábeis, e uma extensão mais moderna de natureza econômico-operacional, obviamentetambémcomreflexoscontábeis.
Sob o primeiro aspecto, configura-se que aContabilidade e os registros respectivos sãomantidos para as entidades, como pessoas distintas dos sócios, sejam pessoas físicas oujurídicas.Nestaconcepção,oativo,opassivoeopatrimôniolíquidopertencemàentidade.OssóciosnãotêmdireitorealaparcelasdopatrimôniolíquidoatéqueaAssembleia,osEstatutosSociais ou a Lei destinem uma parte dos lucros à distribuição ou o sócio se retire dasociedade.2 Por outro lado, os contadores devemefetuar esforços ingentes de apropriação,emcasosextremos.Porexemplo,numafirmaindividual,oproprietáriopoderetirarfisicamentedinheiro do próprio bolso para pagar uma fatura da empresa. Todavia, a Contabilidade daempresa registrará o fato como saída do “Caixa” da empresa (ou primeiramente, comoempréstimodoproprietárioàempresaparaemseguidaaempresapagaradespesa).
Numa sociedade familiar, marido e mulher podem explorar uma pequena atividadecomercialemorarnomesmoprédionoqualaempresanegocia.Pagamcontasdeluz,água,
3.2.3
aluguel, impostosetc.paraoprédiocomoum todo.Qualaparcelaquedeveráseratribuídacomo despesa da empresa e qual a das pessoas físicas? Embora nem sempre seja fácilresponderaestapergunta,aContabilidadeprocuraráatribuirumaparcelaequitativaparaaspessoasfísicaseoutraparaajurídicaenãotodaacargaaumasódelas.
Sobosegundoaspecto,oprincípiodaentidadedeveserentendidonumaconotaçãomaiscomplexa, isto é, desdequedeterminado setor daempresa (centro de lucro) seja capazdeadicionarutilidadeaos fatores,contribuindoparaaapuraçãodeum lucro, tambémmereceráum reporte individualizado por parte da Contabilidade. A condição é que os departamentossejamsubstancialmente independentesunsdosoutrosequeosdepartamentoscompradorevendedor tenhamaopçãodeadquirir e vender nomercado.Nesse caso, os departamentosconstituemsubentidadescontábeisdistintas.
Ampliaríamos ainda mais o conceito, dizendo que todo setor, departamento, núcleooperacional (que, a juízo da gerência, for tão crítico ou importante quemereça um reporteseparado de custos ou de receitas e custos) pode ser considerado como uma subentidadecontábil, dentro de uma entidade maior. O conceito pode ser aplicado também aosconglomeradoscontábeis.Umbalançoconsolidadotambémrepresentaumaspectoparticulardaentidadecontábil.
Assim,adisposiçãodaapresentaçãodaequaçãodopatrimônioémuitomais indicativaeimportantedoquepoderiapareceràprimeiravista.
Ativo–Passivo=PatrimônioLíquido (Proprietário) é umaapresentaçãoque simboliza aTeoria do Proprietário, na qual as obrigações são deduções dos ativos possuídos peloproprietárioe,logicamente,opatrimôniolíquidoédoproprietário.
Ativo = Passivo é conotação da Teoria da Entidade, na qual os direitos dos acionistassobre o patrimônio líquido estão restritos à parcela declarada como distribuível pelaassembleiaeaoutrasrestriçõeslegais,pelomenosnacontinuidadedasoperações.
FundosAplicados=FundosObtidoséconotaçãodaTeoriadoFundo,segundoaqualospassivos (fundos obtidos) são restrições econômicas, institucionais e legais sobre o uso doativo. Esta abordagem tem significativas aplicações nas entidades de finalidades nãolucrativas.
Oprincípiodaentidadeédegrandevalidade,eaaceitaçãodapersonalidadeprópriadaentidade,distintadadossóciosqueacompõem(mesmoqueodonosejaumsó),representaumdosgrandesmarcoshistóricosdaContabilidade.
Oprincípiodacontinuidade
A continuidade das atividades operacionais de uma entidade deve ser presumida indefinidapela Contabilidade, até que surjam evidências em contrário bastante fortes, tais como:históricopersistentedeprejuízos,iminênciadeliquidaçãojudicialouextrajudicialetc.
AContabilidade,portanto,gostadeanalisare“ver”aempresacomo“algoemmovimento”continuado (going concern), com investimentos, consumos, poupanças, reinvestimentos eassimpordiante.
3.2.4
Aaceitaçãodestapremissaémuitoimportante,poisirácondicionarosistemadeavaliaçãodaContabilidade.O raciocínio é simples: se a descontinuidade não é aceita (a não ser emcasosextraordinários),entãoasformasdeavaliaçãoadequadasparacasosdeliquidaçãonãosãoaceitascomobasenormaldeavaliaçãodoativo.Ora,claramenteotipodevalorrelevantenuma liquidaçãoéumvalorde realização,umvalordevenda, umvalor de saída, portanto.Entretanto, comoa liquidaçãonão é a norma, ovalor de saída não poderá ser a normanaContabilidade, mas sim um valor de entrada, um custo (original, original corrigido ou dereposição), com exceção dos produtos para revenda e, talvez, dos títulos adquiridos pararendimento(nãoparacontrole),casosemqueumvalordesaídaaindaseriamaisaconselhável(porém,àsvezes,nãopossível,devidoaincertezasquantoaoexatovalordevendaequantoàsdespesasaseremincorridasatéavenda).
Nahipótesedacontinuidade,aempresaévista comoummecanismovoltadoaadicionarvaloraosrecursosqueutiliza,eosucessodaempresaémensurado,basicamente,pelovalordas“Vendas”ou“Serviços”menososcustosdosrecursosutilizados(consumidos)noesforçodeproduziraReceita.
Portanto, recursosadquiridosmasaindanãoutilizadossãoevidenciadospeloseucustoenão pelo valor que a empresa poderia obter vendendo-os. O valor corrente de revenda é,usualmente, irrelevante, pois presume-se que os recursos não serão vendidos como seencontram,masserãousadosnacriaçãodeprodutosedeserviços.
Boapartedosautoreseoconsensooficialdaprofissãoconsideramqueumaconsequênciada continuidade é a adoção, como norma geral de avaliação do ativo, do custo histórico.Consideramospordemais restritivaesta interpretação,poisparece-nosmaisadequadodizerqueaconsequênciadoprincípiodacontinuidadedeveriaseraadoçãodeumvalordeentrada.Entretanto, temosvários tiposdevalordeentrada,dentreosquais:custoshistóricos,custoscorrentes e de reposição, valor realizável líquido menos margem normal de lucro(originariamente,esteúltimoéumvalordesaída;subtraindo-se,porém,amargemde lucro,aproxima-sedeumvalordeentrada)etc.
Oprincípiodocustohistórico(original)comobasederegistroinicial
Um ativo é incorporado nos registros contábeis pelo preço pago para adquiri-lo (mais osdesembolsosnecessáriosparacolocá-loemcondiçõesdefuncionamentooudevenda)oupelocustodosinsumosutilizadosparafabricá-lo;estevaloréabaseparatodasascontabilizaçõessubsequentesrelativasaousodoativo.
Osprocessosdeamortização,depreciaçãoedepleçãosão,portanto,alocaçõesdecustos(deativos)paradespesadosperíodos,de formasistemáticaeracional.Emalgunscasos,anormageralseráqualificada(parcialmentealterada)pelaregra“custooumercadodosdoisomenor”, muito comum em inventários e títulos negociáveis. (Esta última regra está filiada àconvençãodoConservadorismo,comoveremosmaisadiante.)
Alguns países, normalmente por legislação de agências governamentais, admitem a
3.2.5
a)
b)
c)
correção do ativo fixo e de algumas outras contas ou grupos pelas variações do poderaquisitivodamoedaocorridasdesdeadatadecompraoufabricaçãodoativoatéadatadosdemonstrativos contábeis. Teremos, então, um custo histórico corrigido. Não se trata,propriamente,deumainvalidaçãodaregrageral,masda“restauração”doscustoshistóricosporumíndicegeraldepreços(nãoconfundircomcustosdereposição).
O resultadodaadoçãodoprincípiodo custohistóricoéqueobalançonão representaovalor corrente do patrimônio, mas sim quanto custaram, na data da transação, seuscomponentes,doladodoAtivoeosfundoscometidos,doladodoPassivo.
De certa forma, portanto, a aceitação deste princípio decepciona os que desejariamobservar, atravésdosdemonstrativos contábeis, o retratoatualizado, em termosde valor (emesmodecusto),daempresa.
Oprincípiodocustohistóricocomobasede registro inicialéumbomexemplododilemaqueos contadores enfrentampara equilibrar a satisfação dos três parâmetros fundamentaisda aceitabilidade de qualquer princípio, a saber: utilidade (relevância), objetividade epraticabilidade.
Se a utilidade fosse o único fator a ser observado, é possível que o princípio não fosseaceito, pois grande número de agentes decisórios prefere uma descrição do balanço emtermoscorrentesaumadescriçãodobalançoemtermosdevaloreshistóricos.
Oconceitovisto,portanto,indicaavontadeporpartedequemeditaosprincípioscontábeisdesacrificaralgumgraudeutilidadeemtrocademaiorobjetividadeepraticabilidade.
Oprincípiodarealizaçãodareceita
Umdosproblemasfundamentaisdosistemademensuraçãocontábilédefinirquandoareceitadeve ser reconhecida contabilmente. Sabemos que, sob um enfoque econômico, o valoradicionadoaosfatorespeloprocessoprodutivoededistribuiçãoacumula-secontinuamenteaolongo do processo, embora não se conheça o comportamento exato da função “valoradicionado”,sedefinidadessaforma.AContabilidade,comosistemademensuração,precisaescolher em cada caso o ponto do processo mais adequado para o “reconhecimento” dareceita.Nofundo,reconhecimentodereceita implicareconhecimentode lucro(ouprejuízo)e,portanto, receita e despesa são duas facetas de um mesmo problema geral, embora, notempo, primeiro se reconheça a receita e, em seguida, a despesa, direta ou indiretamenteassociada.
Existemalgumascondiçõesbásicasparaqueareceitapossaserreconhecida:
é preciso que exista uma avaliação de mercado objetivamente verificável para oprodutoouserviço;oesforço,emtermosdecumprimentodeetapasbásicasdoprodutooudaprestaçãodoserviço,precisater-sedesenvolvidototalmente;énecessárioquetenhamoscondiçõesdeestimar,comapreciávelgraudeprecisão,asdespesas associadas ao ganho das receitas, de cujo reconhecimento estamostratando.
3.2.6
A observância de tais condições é muito mais indicadora das circunstâncias nas quaispoderemos reconhecer receita ou não, do que uma listagem exaustiva das exceções,juntamentecomaregra.Podemosdizer,apenas,quearegrageralconsisteemseconsiderara receita “ganha” e, portanto, reconhecível, quando produtos ou serviços são colocados “àdisposição” do cliente. A fim de podermos colocar serviços ou produtos à disposição, énecessário, antes demais nada, que tenhamsido completados.Podemosnotar que as trêscondições sãoobservadasplenamentena regrageral: existe umpreçode transferênciadosprodutos ou serviços perfeitamente determinado, acertado entre as partes e verificável emvárias fontes: contrato (seexistir), nota fiscal (quandodaentregadoproduto), faturaetc.; oesforçoemproduziredistribuiroprodutoouserviço foi integralmentedesenvolvido;e, tendosidoaproduçãojáterminada,conhecemosseucusto,bemcomotemoscondiçõesdeprever,namaioria dos casos, os desembolsos futuros quederivamda vendapresente (gastos comserviçosdegarantia,devedores insolváveis,desembolsoscomcomissõesavencedorespelavenda ora efetuada etc.). É preciso, portanto, ter condições de reconhecimento dosdesembolsos,mesmoosocorridosapósopontodevenda,masque,pelacompetência,sãogerados ou associados à venda. Uma comissão pode ser paga posteriormente à venda,todavia,deveremosreconhecê-lanomesmoperíodoemqueéreconhecidaavenda.3
Numaanálisedebalançoséprecisoatentarparaoscritériosutilizadosporumaempresapara o reconhecimento de suas receitas, para não somente permitir cálculo de índicessignificativosparaaempresaemsi,como tambémpermitircomparaçõesentreempresasdosetor.Sealgumasempresasdeconstrução,digamos,utilizamparareconhecimentodareceita(e do lucro) o ponto de entrega da unidade imobiliária, enquanto outras já reconhecem areceita à medida que o imóvel vai sendo construído (numa base proporcional aos custosincorridos), e outras ainda reconhecem a receita no ato da assinatura do contrato definanciamento e de venda com o cliente etc., as comparações de quocientes e índicesfinanceirosentretaisempresasoudeumadelascomamédiadosetorindustrialprecisamserfeitascommuitocuidadosenãoquisermoscometererrosgrosseiros.Esteéapenasumdosaspectos que derivam da adoção de uma variante ou outra dentro dos mesmos princípioscontábeis aceitos que podem provocar dificuldades de análise. Felizmente, a maioria dasempresasdedeterminadosetor tendeautilizar, pelomenos,omesmoprocedimentoparaoreconhecimento da receita, pois certas práticas tornam-se uso comum, por liderança einiciativadeumaououtraempresamaiorpertencenteaogrupo.Àsvezes,porém,as firmastendem a escolher a forma de reconhecimento de receita que mais condiz com as normasfiscais. O problema sempre surge quando queremos comparar nossa empresa com umacongênerequeutilizapráticasdiferentes.Paraisto,somenteoconhecimentoíntimodosetoréquepoderápropiciarosnecessáriosinformesparaasdevidasadaptações.
Oprincípiodacompetênciadosexercícios
Intimamente associado ao anterior, este princípio estabelece que o reconhecimento dereceitasedespesasestáidentificadocomperíodosespecíficoseassociadoaosurgimentode“fatosgeradores”denaturezaeconômica, legale institucional,nãosendoevento fundamentalparatalreconhecimentoodesembolsodecaixaouorecebimentodenumerário.
a)
b)
c)
d)
e)
As despesas do período corrente, portanto, incluemo custo dos produtos vendidos, dasmercadoriasvendidasouocustodiretodosserviçosprestados(despesasestasdiretamenteassociadas à receita do período), mesmo que tais produtos tenham sido adquiridos oumanufaturados em períodos anteriores; incluem os salários e ordenados ganhos pelosempregadosequediretamentecontribuíram(nessecasoumaparceladafolhadepagamentoestará incluídano custo dosprodutos vendidos), ouentão indiretamente, para a produçãoevenda dos produtos, mercadorias e serviços, quer sejam eles totalmente pagos ou não noperíodo de reconhecimento; incluem também os gastos com telefone, eletricidade e outrosserviços e consumos usados durante o período em conexão com a produção da receita.Assim, desde que a receita tenha sido reconhecida, todas as despesas que tenhamcontribuídoparaarealizaçãodaquelareceita,independentementedoperíododedesembolso,devem ser reconhecidas e confrontadas com asmesmas. Existem despesas que não estãodiretamente relacionadas com a produção da receita nem contribuem diretamente para amesma,conformeosexemplosabaixo:
despesas associadas à manutenção da organização e mais relacionadas com umperíododetempo–devemserreconhecidasnoperíodoquebeneficiaram;gastosincorridos,cujacontribuiçãoparaarealizaçãodareceitadeperíodosfuturoséduvidosaou indeterminada–deverãoserregistradoscomodespesasnadatadesuaocorrência;perdas ou despesas futuras estatisticamente previsíveis e resultantes de operaçõescorrentes–devemserprovisionadas(adébitodecontasderesultado)nosexercícioscorrentes;perdasextraordináriase imprevisíveis–deverãoser registradascomodiminuiçãodepatrimôniolíquidonadatadesuaincorrência;diminuiçõesdepatrimônio líquidooriundasde retificaçõesdeeventos registradosemperíodos passados ou de falta de registro em períodos passados – deverão serdebitadas em contas de efeitos de exercícios findos, claramente identificadas noexercíciocorrenteedistintasdasdemaisdespesaseperdas.Oraciocínioéanálogo,embora invertido,nocasodeganhos.Odiferimentodeumadespesaparaexercíciosfuturos somente é válido para os gastos para os quais se conhece, com razoávelexatidão,onúmerodeperíodosqueirãobeneficiarouseuefeitosobreageraçãodereceitafutura.
Para a análise de balanços, a aplicação de critérios diferenciados no reconhecimento degastos, ora como despesa do período, ora como ativo para posterior amortização, é degrande importância, devido aos efeitos sobre os resultados dos vários períodos,principalmentenasanálisesderetornode investimentoquesepodemrealizarapartirde taisdados e como elemento preditivo das perspectivas da empresa.Como sabemos, os gastosrealizados para sustentar o goodwill da empresa e até aumentá-lo em sua significânciaeconômicanormalmente recaemem itensdenatureza intangível, emgastoscompesquisaedesenvolvimentoetc.Ora,oprocedimentoadotadopelasempresascom relaçãoa tais itensobjetiva influenciar toda a análise financeira, principalmente a análise de rentabilidade. Comefeito, muitas empresas tendem a ativar todo e qualquer gasto com pesquisa edesenvolvimentoeaamortizá-loparadespesadeformamaisoumenosarbitrária;atendência
3.2.7
3.2.8
deoutrasédescarregartaisgastoscomodespesaàmedidaquevãoocorrendo;outrasaindadescarregam para despesa dos períodos aquelas parcelas necessárias para sustentar aatividadenormaldosdepartamentosdepesquisaedesenvolvimento (mormenteasdespesasfixas),ativandoosgastosrelacionadoscomprojetosespecíficosequesãocapazesdegerarreceitas específicas. A norma geral de ativar os gastos, apenas se conhecermosadequadamentequais períodos futurose receitas futuras irãobeneficiar, continua válida, emteoria,masosprocedimentos, inclusiveos firmadosemnormaseditadasarbitrariamenteporagênciasgovernamentais,sãoosmaisvariadospossíveis,fatoquedificultaacomparabilidadedos relatórios de empresas pertencentes ao mesmo ramo industrial. Também, a particularforma adotada para amortizar um elemento do ativo imobilizado para despesa causadiferenciaçõesapreciáveisentreempresas,mesmoqueosresultadoseconômicos,emtermosdecusto-benefício,sejamsemelhantes.Napartedeavaliaçãodeestoques,éconhecidae jáfoi citada alhures neste livro a influência dos váriosmétodos de avaliação, todos filiados aomesmo princípio geral do custo como base de registro inicial. Portanto, todos esses itensdevemser levadosnadevidaconta,antesdepretendermos tirar conclusõessobreaanáliseefetuada.
Oprincípiododenominadorcomummonetário
O entendimento desse princípio é importante, pois nele está baseada toda a estrutura demensuração da Contabilidade. Em primeiro lugar, a Contabilidade preocupa-se,fundamentalmente,comeventoseconômicossuscetíveisdeavaliaçãomonetária; lembramos,todavia,quenem todososeventoseconômicossãosuscetíveisde registrocontábilealgunsregistros contábeis não caracterizameventos econômicos.Osdois conjuntos de fenômenos,portanto(eventoseconômicose fatoscontábeis),nãosão isomórficos.Aavaliaçãodos fatosregistrados pela Contabilidade em unidades monetárias é muito importante para podermosagregarehomogeneizarelementospatrimoniaisosmaisdiversospossíveis.
OutroaspectodoprincípiodoDenominadorComumMonetárioéque, independentementedeaunidademonetáriautilizadanaContabilidadetervariadoseupoderaquisitivonotempo,ascontasareceberserãorecebidasemvalorespreviamenteestabelecidoseascontasapagaro serão pelosmontantes previamente fixados, a não ser que os contratos contenhamem siumacláusuladereajustemonetárioautomático.
Isto,entretanto,deveráseraceitopelaspartescontratantes.Ovendedoroucomprador,opossuidor de um direito ou o devedor de uma obrigação não poderão reajustar, de livre eespontânea vontade, seus valores a receber ou a pagar pelo simples fato de ter variado opoderaquisitivodamoedaemdeterminadoperíodo.Mattessich4referendaesteprincípiocomo“InequityofMonetaryClaims”.
Aconvençãodaobjetividade
Afinalidadedestaconvenção,como,deresto,detodasasdemaisconvenções,éeliminarou
a)
b)c)
a)b)
restringir as áreas de liberalidade na aplicação dos princípios de contabilidade,especificamente no que se refere às evidências de bases de avaliação. Assim, entre váriosprocedimentosigualmenterelevantesouatédesigualmenterelevantes,tenderemosaescolhersempreomaisobjetivo.Otermoobjetividadepodeserencarado:
dopontodevistadareferênciaaumadocumentaçãoformaloutipodeevidênciaquesuporteoregistroesuaavaliação;dopontodevistadatangibilidadedoobjetopassíveldemensuração;dopontodevistadaposiçãodeneutralidadequeaContabilidadedeveriamanter.
Sob o primeiro aspecto, os registros devem ter suporte, sempre que possível, emdocumentosdetransações,normaseprocedimentosescritosepráticasgeralmenteaceitasnoramo comercial específico. Sob o segundo aspecto, recai a preferência de avaliação noselementospatrimoniaistangíveisoucomsuporteemdireitoseobrigaçõesdeterminadasentreas partes. Por exemplo, o reconhecimento do goodwill criado pela própria empresa éfrequentementedesenfatizadopelaContabilidade,pois,emboraeconomicamentesignificativo,recainaqualidadede intangívelgeral (nãoespecífico,comoseriammarcasepatentesetc.).Soboterceiroaspecto,devidoànecessidadedeneutralidadeporpartedaContabilidadecomrelaçãoaossócios,gerênciae investidores,éfrequentementeaceitoopontodevistadequequantomaisobjetivosformos,maisneutrostenderemosaser.Istoéverdadeatéopontoemqueumafalsanoçãodeobjetividade,levadaaoexagero,nãoprejudiqueemdemasiaopoderpreditivo dos demonstrativos financeiros. Por exemplo, se não dermos conhecimento, dealgumaforma,nemquesejaemnotasexplicativas,dosesforçosrealizadospelaempresaparamanter ou aumentar seu goodwill, embora possamos ter sido extremamente objetivos,5estaremosprejudicandodetalformaautilidadedosdemonstrativosfinanceiros,queacabarãotornando-se“nãoneutros”,poisosrelatóriosserãoenviesados,nãorefletindoasperspectivasdaempresa.
Alémdomais, aobjetividadededeterminadoprocedimento contábil devesero resultadodeumconsensoprofissional.Todaprofissãoliberalprecisautilizarjulgamento,etaljulgamento,nocaso,develidaradequadamentecomfatorespresumidamentesubjetivos.JohnW.WagnerdefiniudamelhormaneirapossívelobjetividadeparaaContabilidade.Dizele: “Aobjetividadepode ser examinada de uma forma muito mais útil como uma qualidade emergente de umprocessopsicossocialdepercepção.”Emoutrotrechodeseutrabalho,afirma:“Serealmentedesejarmos obter maior objetividade na Contabilidade não o conseguiremos simplesmenteeliminando o uso do julgamento ou permitindo que cada indivíduo use livremente seujulgamento.Emvezdisso,precisamosde:
padrõesdecompetênciaeética;pontosdereferência.”6
Istosignificaqueaprofissão,reunidaemcomitêsdeestudoepesquisa,precisaexaminaratentamente a extensão e o conteúdo da expressão objetividade em Contabilidade. Aobjetividade deverá ser o resultadodeumconsensoprofissional sobreamelhormaneiradeenfrentarcertassituações,mesmoqueestaforma,deumpontodevistamaisimediatista,nãopareçaobjetiva.Oprofissionalcontábildeveráperseguir,também,osubjetivismoresponsável.
3.2.9
a)
b)
Aconvençãodoconservadorismo(Prudência)
O conservadorismo tem vasta influência na Contabilidade, devendo ser encarado de duasformas:
como atitude “vocacional” da profissão perante outras disciplinas de avaliação eperanteosváriosgruposdeinteressadosnosrelatóriosfinanceiros;ecomo um guia menos sofisticado de procedimento diante de várias alternativasigualmenteválidas,segundoosprincípioscontábeis.
Soboprimeiroaspecto,élícitoimaginarepretenderqueaContabilidade,dentreasváriasabordagens à avaliação dos demonstrativos financeiros que seriam adotados pelosadministradores, proprietários e interessados externos, forneçausualmente a avaliaçãomaisconservadoraparaamensuraçãodoativo,passivoepatrimônio líquidodasentidades.Sobosegundoaspecto,oconservadorismosignificaque,quandoocontadordefrontar-secomduasalternativas de avaliação de ativos, igualmente válidas do ponto de vista dos princípioscontábeis geralmente aceitos, registrará o evento de forma tal que o patrimônio líquidoresultante seja o menor. “Não antecipar receitas e apropriar todas as despesas e perdaspossíveis”pareceserumamáximaaserseguida.Estaconvençãoéimportanteprincipalmentecomo modificadora e qualificadora do princípio do custo como base de registro inicial. Oconservadorismo afeta principalmente a categoria de ativos denominada ativos correntes,precipuamente os estoques. É aplicado com menos insistência hoje do que em décadaspassadas,quandoerapráticacomumregistrar-seoativoporpreçoinferioraodocustooudovalorcorrentedemercado.Muitoscontadoresestãoprontosaafirmarqueoconceitoéilógicoe que o contador deveria tentar o relato de dados consistentes, com base no custo ou nomercadoenãocombasenaescolhadamaisconservadoradasduaspossíveisabordagens.Todavia, o conceito existe e é consagrado inclusive pela nossa legislação antiga e atual(Decreto-leino2.627,de1940,Circularno179doBancoCentrale,parcialmente,pelaLeidasSociedadesporAções).Frequentemente,osefeitosdaregranãotêmsidonotadosemnossaconjunturainflacionária,poisraramenteopreçodemercado(quepodeserentendido,técnicaeprimeiramente,comocustodereposiçãoe,nafaltadeste,comovalorderealizaçãolíquido)temsidoinferioraospreçosdecustoe,maisdoqueisto,raramentetemhavidoreversãonosmovimentosdospreçosespecíficosdosativos.Ocorrendotalreversão,oefeitodaaplicaçãodaregra“custooumercado,dosdoisomenor”éenviesado,prejudicandoascomparaçõesdeperíodos.
Afirmaríamos,parafinalizaressetópico,queaconvençãodoConservadorismoprecisaserutilizada commuita cautela. Sua aplicação irrestrita pode levar à perda de controle de seusefeitos, que são os mais caprichosos, quando se verificarem, de um período para outro,reversões nas expectativas e nos preços específicos dos ativos. Uma razoável dose deconservadorismo, no sentido vocacional do termo, entretanto, é altamente salutar para aprofissão, a fim de se retratar uma visão cautelosa dos resultados empresariais perante osvários grupos de interessados e, principalmente, para condimentar o frequente excesso deotimismo dos donos e gestores com o tempero contábil da prudência e, portanto, daneutralidade.
3.2.10
3.2.11
Aconvençãodamaterialidade(Relevância)
Estaconvenção rezaque,a fimdeseevitaremdesperdíciosde tempoedinheiro,devem-seregistrarnaContabilidadeapenasoseventosdignosdeatenção,pelasuamaterialidade,enomomentooportuno.Porexemplo,conformelembraR.Anthony,semprequeosempregadosseutilizam de lápis e esferográfica em seus trabalhos diários, teoricamente poderíamos lançaruma parcela diária do valor dos ativos como despesa, na proporção exata da porcentagemfísicadomaterialquefoigastonodia. Istoseriacorreto,masabsolutamente irrelevante.Porisso, prefere-se lançar tais despesas no fim dos períodos, por diferenças de estoque. Damesmaforma,ninguémdeveriapreocupar-se,emprincípio,comumadiferençadeumrealnobalancetedeverificaçãodomês.Nemsempreumdetalhequeserevelaerrado,todavia,podeser desprezado. Pode significar a existência de outros erros maiores ou falta de controlesadequadosquetalvezvenhamaproduzirgrandesdistorçõesfuturas.
É preciso entender que as cifras contábeis são sempre aproximações de uma complexarealidade e que, frequentemente, o custo adicional para proporcionar certas informaçõesextremamente detalhadas e em períodos curtíssimos é maior que os benefícios adicionaisgerados.
Aconvençãodaconsistência(Uniformidade)
Representa um dos conceitos mais importantes em todo o esquema contábil. Desde quetenhamos adotado determinado critério, dentre vários igualmente válidos à luz de certoprincípiocontábil,ocritérionãodeveserlevianamentealteradonosrelatóriosperiódicos,casocontrário estaríamos prejudicando a comparabilidade dos relatórios contábeis e o poderpreditivodosmesmos.Entretanto,secondiçõessupervenientesaconselharemdecididamenteamudançadecritério,istonãosignificaque,emobediênciaàconvençãodaconsistência,nãopossamosadotaronovocritério.Apenas,deveremos,em formadeevidenciação,noprópriocorpodobalanço(oqueédifícil)ouemnotasexplicativasespeciais,fazeradevidaanotação,indicando,semprequepossível,qualovalorpatrimoniala ficarafetadopelaadoçãodonovocritérioemcomparaçãocomos resultadosqueseriamapresentadosseoantigonão tivessesidoabandonado.
Dessa forma, o analista de investimentos poderá avaliar melhor a tendência e odesempenho da empresa. É comum o parecer dos auditores independentes afirmar: “...examinamosobalanço...erepresentamadequadamenteaposiçãofinanceiradaempresaX...deacordocomosprincípios fundamentaisdeContabilidade,aplicadosdemaneira uniformecomosdoexercícioanterior,comexceçãodoprocedimentoobjetodanotaexplicativano...”.
Aconvençãodaconsistênciaéumdospontosmaisimportantesdentrodapráticacontábil,no sentidodeque consegue, inclusive, diminuir o impactonegativoda relativa falta demaiorrelevânciadecertosprincípios.Talvez,segundooscríticos,aContabilidadesomenteconsigatirarretratosalgodesfocadosdecertarealidadeempresarial,porémofazcomconsistênciae,porissomesmo,permiteaoanalistainiciadoextrairtendências.
3.2.12 Umconceitoqueémaisdoqueprincípioouconvenção:PrevalênciadaEssênciasobreaForma
Permeando toda a estrutura conceitual básica da Contabilidade, existe o conceito de que aEssência deve prevalecer sobre a Forma, na preocupação dos contadores. Assim, apenascomoumdosexemplos,seumaoperaçãode leasing,apesardoaspectojurídico-formal, for,na essência, uma compra a prazo, deverá ser registrado noAtivo e noPassivo, aomesmotempo,tomando-se,depois,asprovidênciasnecessáriasquantoaoregistrodadepreciaçãoedaamortizaçãodadívida,bemcomoquantoàdespesadejuros.
RESUMODOCAPÍTULO
A finalidadedoCapítulo foiapresentar,principalmenteparaoanalistaexternodebalanços,uma visão sumária do sistema de informação contábil e do entendimento dos princípios econvençõescontábeisquesãoacúpuladetodoosistema,principalmentedaContabilidadeFinanceira (ou Geral). A ênfase, de fato, deve ser colocada na devida avaliação,entendimento e perspectiva dos princípios e convenções contábeis. Esse conjunto deconceitos,normaseprocedimentosestá longedeconstituirumgrupomonolíticoe imutávelemfacedarealidadeeconômica,social,institucionalepolíticadecadaépocaeatédecadapaís,masamolda-seàsmutaçõesem tais realidades, constituindoelemento incessantedediscussão e aperfeiçoamento da disciplina. Conquanto certas normas possam seramplamentediscutidasà luzdamenoroumaior relevância,épreciso forçosamenteadmitirquemesmoosprincípiosqueparecemmaisinadequadoseretrógradosàprimeiravistatêmsuarazãodesernaconcatenaçãoquetodoocorpodadoutrinacontábilprecisamantercomos três parâmetros fundamentais, a saber: relevância, praticabilidade e objetividade. AContabilidadeéumárduoexercícionaotimizaçãodasatisfaçãodascondiçõesacima,e,àsvezes,paramantercertoequilíbrioentreastrêsvariáveis,éprecisosacrificar,emparte,umadelas.Pelofatodeapraticabilidadeeaobjetividadenãopoderem,quase,sersacrificadas,osacrifício,emgeral, recainarelevância.Émuito importanteparaoanalistadebalançosteruma ideia bem fundamentada sobre o que são os princípios contábeis. Grande parte dosucesso em saber entender os resultados de sua análise e as limitações advém desseconhecimento.Casocontrário,oanalistaseriaummerocalculadordeíndicesequocientes.
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MuitosautorespreferemaexpressãoPrincípiosFundamentaisdeContabilidade.
Entretanto, nem a Assembleia nem os Estatutos podem privar o acionista do direito departicipardoslucros(artigo109daLeino6.404,de15-12-1976).Oartigo132damesmaLei atribui à AGO a capacidade de deliberar sobre a destinação do lucro líquido doexercícioeadistribuiçãodedividendos.AAGO,emúltimaanálise,éoórgãovolitivo,poismesmoodividendoobrigatório(tratadonoartigo202dareferidaLei)deixadesê-lonascondiçõesapresentadasno§4o.
Algunsautoresconsideramtaiscomissões,seproporcionalmentevariáveisemrelaçãoàsvendas, como dedução da receita e não como despesa de venda. Em exemplosposterioresadotamosaformadedutiva,paraefeitodeanálise.
VejaBibliografia.
Encarandoobjetividadenumsentidorestrito.
WAGNER,JohnW.Definingobjectivityinaccounting.TheAccountingReview,p.599-605,July1965.
4.1
4.1.1
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DEMONSTRAÇÕESFINANCEIRASECONTÁBEIS1
As demonstrações financeiras e contábeis devem representar apropriadamente a posiçãofinanceira e patrimonial, o desempenho e os fluxos de caixa da entidade. Deve fazer umaexposição resumida e ordenada dos principais fatos registrados pela contabilidade quecausammutação no patrimônio das empresas, em determinado período. São elaboradas eapresentadas para usuários externos em geral, tendo em vista suas finalidades distintas enecessidadesdiversas.
Para as sociedades por ações e empresas de grande porte, as demonstrações sãodenominadas de financeiras, por serem obrigadas a publicar a prestação de suas contas(principalmente para seu acionista); para as demais empresas, as demonstrações sãodenominadasdecontábeis.Destaformavamosprocuraresclarecerbrevementeasdiferenças.
Demonstraçõesfinanceiras(sociedadesporaçõesedasempresasdegrandeporte)
ALeino6.404/1976,dasSociedadesporAções,defineemseuartigo176que,aofimdecadaexercíciosocial,adiretoriafaráelaborarcombasenaescrituraçãomercantildacompanhiaasseguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação dopatrimôniodacompanhiaeasmutaçõesocorridasnoexercício:
BalançoPatrimonial;DemonstraçãodosLucrosouPrejuízosAcumulados;DemonstraçãodoResultadodoExercício;DemonstraçãodosFluxosdeCaixa;eSecompanhiaaberta,aDemonstraçãodoValorAdicionado.
Estas Demonstrações deverão ser publicadas com a indicação dos valorescorrespondentesdasdemonstraçõesdoexercícioanterior(parafinsdecomparabilidade).
ALeino11.638/2007igualmenteexigiuapublicaçãodasdemonstraçõesfinanceirasparaas
4.1.2
4.1.3
4.1.4
Empresas de Grande Porte (EGP), definidas como aquela sociedade ou conjunto desociedades sob controle comumque tiver noexercícioanterior ativo total superior aR$240milhões,oureceitabrutaanualsuperioraR$300milhões.
Sobre a Demonstração dos Fluxos de Caixa no caso de companhias fechadas compatrimônioliquidoinferioraR$2milhões,nadatadobalanço,aLeino6.404/1976,artigo177,noparágrafo6o,dispensasuaelaboraçãoepublicação.
Destaformasãoempresasquetêmobrigaçãopúblicadeprestaçãodesuascontas.
Demonstraçõescontábeis(demaisempresas)
Paraassociedades limitadasedemais sociedadescomerciais, desdequenãoenquadradaspela Lei no 11.638/2007 como sociedades de grande porte, são tidas como pequenas emédiasempresas, por não teremobrigaçãopúblicadeprestaçãode contas, e normalmenteelaboramdemonstraçõescontábeisparausuáriosexternos,queincluemproprietáriosquenãoestãoenvolvidosnaadministraçãodonegócio,credoresexistentesepotenciais,eagênciasdeavaliaçãodecrédito.
Quanto às empresas com receita bruta anual de até R$ 300 milhões e ativo total nãosuperior a R$ 240 milhões, podemos afirmar que são consideradas pequenas e médiasempresas,eestãoobrigadasaelaborarsuasdemonstraçõescontábeisemconsonânciacomaResoluçãoCFC1.255/2009.
AsmicroempresaseempresasdepequenoportecujareceitabrutaanualédeatéR$3,6milhões ganharam capítulo especial dentro das normas contábeis, pela Resolução CFC1.418/2012 têma obrigaçãodeelaborar apenasoBalançoPatrimonial, aDemonstraçãoderesultadoeasnotasexplicativas,ficandofacultadaaelaboraçãodasdemais.
Notasexplicativas
Devem apresentar informações adicionais sobre a base de preparação das demonstraçõesfinanceiras e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para negócios eeventossignificativos.
Exercíciosocial–ciclooperacional
Oexercíciosocialtemaduraçãodeumano,nãoháobrigaçãoquecoincidacomanocivil,noentanto,quandodefinidoemseusatosconstitutivos,nãodeveseralterado,excetoporrazõesextremamentecruciais,taiscomoamudançadeatividadecujociclooperacionalsejadelongoprazo, por exemplo a indústria de navios, aviões e certas indústria de vinho de longamaturação, como também as atividades ligadas à produção agrícola, que pode definir seuexercíciosocialconformeoperíodofinaldesuacolheita.
4.2
4.2.1
4.2.2
4.2.3
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PassaremosagoraaestudaresteconjuntodeDemonstraçõesContábeis(Financeiras).
PRESSUPOSTOSBÁSICOS
Para a elaboração das Demonstrações Contábeis, as características qualitativas dainformação contábil-financeira útil são aquelas reputadas comomais úteis para investidores,credores por empréstimos e outros credores, existentes e em potencial, para tomada dedecisões. Desta forma passaremos a relacionar algumas características e premissasubjacentes.
Continuidade
Comopremissasubjacente,asdemonstraçõescontábeissãoelaboradastendocomoprincípioque a entidade está em atividade (going concern assumption); desta forma parte-se doprincípio que a entidade não tem a intenção nem tampouco a necessidade de entrar emprocessodeliquidaçãooudereduzirmaterialmentesuasoperações.
Regimedecompetência
A entidade deve elaborar as suas demonstrações contábeis, conforme o regime decompetência,que reconheceosefeitosdas transaçõeseoutroseventosquandoocorrem (enãoquandocaixaououtrosrecursosfinanceirossãorecebidosoupagos).
Característicasqualitativasdasdemonstraçõescontábeis
Dizemrespeitoaosatributosdasinformaçõesquetornamasdemonstraçõescontábeisúteis:
Compreensibilidade – qualidade que torna as informações claras e prontamenteentendidaspelosusuários.Relevância–paraseremúteis,asinformaçõesdevemserrelevantesàsnecessidadesdosusuáriosnatomadadedecisões.Materialidade – as informações das demonstrações contábeis resultam doprocessamento de grande número de transações ou de outros eventos que sãoagregadosemclassesdeacordocomasuanaturezaoufunção.Arelevânciadestasinformações é afetada pela sua natureza e materialidade. Torna-se material se suaomissãooudistorçãoinfluenciarastomadasdedecisõesdosusuários.Representação fidedigna – para ser representação perfeitamente fidedigna, arealidaderetratadaprecisatertrêsatributos:elatemquesercompleta,neutraelivrede erros. A essência sobre a forma foi retirada da condição de componente dacondição da representação fidedigna por ser considerada redundância, no entanto,
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•
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4.2.4
4.3
continua, na realidade, bandeira insubstituível nas normas. Também a característicaprudência (conservadorismo) foi retirada da condição de aspecto fidedigna por serinconsistentecomaneutralidade.Comparabilidade–ainformaçãoseráútilcasopossasercomparadacominformaçãosimilarsobreoutrasentidadesecominformaçãosimilarsobreamesmaentidadeparaoutro período ou para outra data, a fim de que os usuários possam identificartendênciasnasuaposiçãofinanceiraenoseudesempenho,possibilitandoalternativascomo,porexemplo,venderoucompraruminvestimento.Tempestividade–significa ter informaçãodisponívelparaos tomadoresdedecisãoatempodepoderinfluenciá-losemsuasdecisões.Verificabilidade – ajuda a assegurar aos usuários que a informação representafidedignamente o fenômeno que se propõe representar. Mesmo que diferentesobservadores,cônscioseindependentes,possamchegaraumconsensoemboranãocheguemnecessariamenteaumcompletoacordo.
Restriçãodecustonaelaboraçãoedivulgaçãoderelatóriocontábil-financeiroútil
A geração de informação é uma restrição sempre presente na entidade no processo deelaboraçãoedivulgaçãodasDemonstraçõesContábeisque impõecustos;assim,aentidadedeveavaliarocusto-benefíciodeprocessaredivulgarestasinformações.
BALANÇOPATRIMONIAL
Refleteaposiçãodascontaspatrimoniaisemdeterminadoperíodo,normalmentemensal,ounofimdeseuexercíciofinanceiro.
O Balanço Patrimonial (BP) é a representação gráfica constituída de duas colunas: acolunado ladodireitoédenominadaPassivoePatrimônioLíquido–sãoas fonteseorigensdos financiamentos, onde estão representadas as obrigações que serão reivindicadas pelosterceiros e pelos proprietários do capital (capital próprio). A coluna do lado esquerdo édenominadaAtivo,ondesãoefetuadosos investimentoseaplicaçãodos recursosoriginadosdopassivoepatrimôniolíquido.Vejaestarepresentaçãoabaixo:
BALANÇOPATRIMONIAL
PosiçãoPatrimonialeFinanceira
ATIVO PASSIVO
Reivindicaçõesdeterceiros
4.3.1
a)b)c)d)
4.3.2
Obrigações
RecursosEconômicos,BensReivindicaçõesdaEmpresa
DireitosPATRIMÔNIOLÍQUIDO
ValorresidualdoAtivo(–)Passivo=PL(Capital
próprio)
Ativo
É um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual seesperaquefluamfuturosbenefícioseconômicosparaaentidade.Representatodososbensedireitos de propriedade e controle da empresa que são avaliáveis em dinheiro e querepresentambenefíciospresentesoufuturosparaaempresa.
Obenefícioeconômicofuturoembutidoemumativoéoseupotencialemcontribuir,diretaou indiretamente, para o fluxo de caixa ou equivalente de caixa para a entidade.Resulta detransaçõesououtroseventospassados.Aentidadenormalmenteobtémativoscomprando-osouproduzindo-os,masoutrastransaçõespodemgerarativos.
ParaserAtivoénecessárioquequalqueritempreenchaquatrorequisitossimultaneamente:
constituirbemoudireitoparaaempresa;serdepropriedade,posseoucontroledelongoprazodaempresa;sermensurávelmonetariamente;trazerbenefíciospresentesoufuturos.
Bens:máquinas,terrenos,estoques,dinheiro(moeda),ferramentas,veículos,instalaçõesetc.
Direitos:contasareceber,duplicatasareceber,títulosareceber,ações,títulosdecréditosetc.
Passivo
UmacaracterísticaessencialparaexistênciadoPassivoéqueaentidadetenhaumaobrigaçãopresentequeresultedetransaçõesoueventospassados,emconsequênciadeumcontratoedas práticas usuais de negócios, usos e costumes, assim, por exemplo, a aquisição demercadorias e o uso de serviços resultam em contas a pagar, e o recebimento de umempréstimo,naobrigaçãodepagá-lo.
4.3.3
Simplificadamente,evidenciatodaobrigação(dívidasvencíveisapósdatadobalanço)quea empresa tem com terceiros: contas a pagar, fornecedores de matéria-prima (a prazo),impostosapagar(governo),financiamentoseempréstimosbancáriosetc.
O Passivo é uma obrigação exigível, isto é, no momento em que a dívida vencer, seráexigida(reclamada)aliquidaçãodamesma.
Aliquidaçãodeumaobrigaçãopresentegeralmenteimplicanautilização,pelaentidade,derecursos capazes de gerar benefícios econômicos, a fim de extinguir a obrigação, e podeocorrer por meio de pagamento em dinheiro, transferência de outros ativos, prestação deserviços,substituiçãodaobrigaçãoporoutra,ou,ainda,aconversãodaobrigaçãoemcapital.
PatrimônioLíquido
Definido como um valor residual (diferença entre o Ativo e o Passivo), evidencia o capitalpróprio (direito dos sócios e acionistas) e tem subclassificações no balanço patrimonial comrecursosaportadospelossócioseacionistas(capitalsocial),asreservasparamanutençãodocapitaleasreservasresultantesdeapropriaçãodelucros.
A–MutaçõesdoPatrimônioLíquidoOPatrimônioLíquidosofremutação(modificação)emdecorrênciadenovosinvestimentos
deseussócioseinvestidoreseprincipalmentedosresultadosdecorrentesdaapuraçãodeseudesempenho,queseesperasejalucro,masoprejuízo,mesmonãodesejado,podeocorrer.
Osajustesdecorrentesdeavaliaçãopatrimonial,avalor justodeelementosdoAtivoedoPassivo,tambémsãoreconhecidosdiretamentenoPatrimônioLíquido.
Ocorrendo lucro, eles são de direito de seus sócios e acionistas, que podem decidirreinvesti-los na entidade em aumento o capital social, ou então distribuí-los a si, comodividendos(partedolucro).
Emcasodeprejuízo,omesmoserácompensadocomospossíveislucrose/oureservadelucrosexistentes, podendoocorrer situaçõesemqueopatrimônio líquido fiquenegativo, porprejuízos vultosos, ou por prejuízos por períodos sucessivos. Quando o passivo ficadescoberto, ou seja, o capital social não é suficiente para garantir e pagar todas asobrigaçõesexistentes.Fatoqueprejudicasuacontinuidade(goingconcern),poispodeserqueaentidadeestejaemprocessodefalênciaeliquidaçãodesuasatividades.
B–Obrigaçõesdaempresa(emsentidoamplo)Naverdade, tantooPassivoquantooPatrimônioLíquidosãoobrigaçõesdaempresa.No
Passivo, há as obrigações exigíveis (reclamáveis) com terceiros e, por isso, também éconhecido como Capitais de Terceiros. No Patrimônio Líquido, há as obrigações com osproprietáriosdaempresa.Entretanto,osproprietários,porlei,nãopodemreclamaraqualquertempoarestituiçãodoseudinheiroinvestido;porisso,estegrupotambéméconhecidocomoNãoExigível.Ora,seoproprietáriosóteráarestituiçãodeseuinvestimentonaliquidaçãooutransferência do capital para outra empresa,2 pode-se dizer que, num processo de
4.3.4
4.3.5
continuidade, os recursos do Patrimônio Líquido pertencem à empresa e, por essa razão,tambémsãoconhecidoscomoCapitalPróprio.
C–EquaçãocontábilAlgebricamente,ébastantesimplesencontraroPatrimônioLíquido(capitalpróprio):basta
subtrair doAtivo (Bens+Direitos) asdívidasdaempresacom terceiros, ou seja, oPassivo(Exigível).
Então:
ATIVO=PASSIVO+PATRIMÔNIOLÍQUIDO
Origenseaplicações
O lado do Passivo, tanto Capital de Terceiros (Passivo Exigível) como Capital Próprio(PatrimônioLíquido),representatodaafontederecursos, todaaorigemdeCapital.NenhumrecursoentranaempresasenãoforviaPassivoouPatrimônioLíquido.
O lado do Ativo é caracterizado pela aplicação dos recursos originados no Passivo ePatrimônioLíquido.
Assim,seaempresatomaremprestadorecursosdeumainstituiçãofinanceira(banco,porexemplo),haveráumaorigemderecursos:Passivo.Todavia,essesrecursosoriginadosserãoaplicadosemalgumlugardoAtivo:Estoques,Máquinas,Caixa...
Dessaforma,ficabastantesimplesentenderporqueoAtivoserásempreigualàsomadoPassivo+PatrimônioLíquido,poisaempresasópodeaplicaraquiloque temorigem.SeháumaorigemdeR$x(Passivo+PL),haveráumaaplicaçãodeR$×(Ativo).
ExplicaçãodaexpressãoBalançoPatrimonial
Aexpressãobalançodecorredoequilíbrio:Ativo=Passivo+PL,oudaigualdade:Aplicações=Origens.Parte-se da ideia de umabalança de dois pratos emque sempre se encontra aigualdade.
Aexpressãopatrimonialorigina-sedoPatrimôniodaempresa,ouseja,conjuntodebens,direitos e obrigações. Daí origina-se a expressão Patrimônio Líquido, que significa o valorresidual (parte líquida do patrimônio,) a riqueza líquida da empresa num processo decontinuidade,asituaçãolíquida.
Juntandoasduasexpressões,forma-seoBalançoPatrimonial,oequilíbriodoPatrimônio,aigualdadepatrimonial.
4.3.6
a)b)c)d)
4.4
Requisitosdobalançopatrimonial
A–CabeçalhoOBalançoPatrimonialécompostodeumcabeçalho,doqualconstarão:
Denominaçãodaempresa.Títulodademonstração(BalançoPatrimonial).Datadoencerramentodobalanço.Informaçãodaunidadedamoedadaapresentaçãoseemmilharesoumilhões.
B–CorpoOcorpodobalançoéconstituídoporduascolunas:adaesquerdaéchamadaAtivoeada
direita,PassivoePatrimônioLíquido(ouPassivo).
C–ColunascomparativasALei dasSociedadesporAçõesdispõequeas demonstraçõesde cadaexercício serão
publicadas com a indicação dos valores correspondentes do exercício anterior. Assim, oBalanço Patrimonial, bem como todas as demonstrações financeiras, será apresentado emduascolunas:exercícioatualeexercícioanterior.
Essaapresentaçãofacilitaaousuáriodasdemonstraçõesaobservaçãodaevoluçãodeumanoparaoutro,ouseja,propiciaacomparaçãode,pelomenos,doisexercícios.
Denominaçãodaempresa:
___________________________________________________________
BALANÇOPATRIMONIAL
ATIVO PASSIVOEPL
Ano
Atual
Ano
Anterior
Ano
Atual
Ano
Anterior
BENS
DIREITOS
PASSIVO
P.LÍQUIDO
GRUPODECONTASDOBALANÇOPATRIMONIAL
4.4.1
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GrupodecontasdoAtivo
OAtivoestádispostoemgruposdecontashomogêneasoudemesmascaracterísticas.OsitensdoAtivosãoagrupadosdeacordocomasua liquidez, istoé,deacordocomarapidezcomquepodemserconvertidosemdinheiro.
A–AtivoCirculanteOdinheiro(caixaoubancos),queéo itemmais líquido,éagrupadocomoutros itensque
sãotransformadosemdinheiro,consumidosouvendidosacurtoprazo,ouseja,menosdeumano:ContasaReceber,Estoques, InvestimentosTemporários.Estegrupodenomina-seAtivoCirculante.
Contasareceber:sãovaloresnão recebidosdecorrentesdevendasdemercadoriasou prestação de serviços a prazo. São valores a receber de clientes, tambémdenominadosDuplicatasaReceber;Estoques:sãomercadoriasaseremrevendidas.Nocasodeindústria,sãoosprodutosacabados, bem comomatéria-prima e outrosmateriais secundários que compõemoprodutoemfabricação;Investimentos temporários: são aplicações realizadas normalmente no mercadofinanceirocomexcedentedoCaixa.Sãoinvestimentosporumcurtoperíodo,pois,tãologoaempresanecessitedodinheiro,elasedesfazdaaplicação;Despesas do exercício seguinte: são as despesas contraídas antecipadamente eainda não consumidas. Certamente, essas despesas serão utilizadas dentro de umano;sãoelas:prêmiosdeseguros,assinaturasdejornaiserevistas,ImpostoPredialeTerritorialUrbano–IPTUetc.
DeduçõesdoCirculante
Contas a Receber: a parcela estimada pela empresa que não será recebida emdecorrência dos maus pagadores deve ser subtraída de Contas a Receber, com otítuloProvisãoparaCréditodeLiquidaçãoDuvidosa–PCLD.Parte das Duplicatas a Receber, negociadas com as instituições financeiras com oobjetivo da realização financeira antecipada daqueles títulos, deve ser subtraída deContasaRecebercomotítuloDuplicatasDescontadas.Estoques: se o valor do mercado deste item for menor que o valor do custo deaquisição ou produção, deverá ser deduzida a provisão para ajustá-lo ao valor demercado(representaçãofidedigna)comotítuloProvisãoparaperdadeestoques.
B–NãocirculanteB.1–RealizávelalongoprazoSão ativos de menor liquidez (transformam-se em dinheiro mais lentamente) que o
Circulante.Nesteitemsãoclassificadososempréstimosouadiantamentosconcedidosàssociedades
•
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a)b)c)
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coligadasoucontroladas,adiretores,acionistasetc.
B.2–Gruposdecaracterísticaspermanentes:Investimentos,imobilizadoeintangívelSãoaquelesativosquedificilmenteserãovendidos,poissuacaracterísticabásicaénãose
destinarem à venda. Portanto, pode-se dizer que são itens com baixíssima liquidez para aempresa.
Ossubgruposdenaturezapermanentesão:
Investimentos:asparticipações(quenãosedestinamavenda)emoutrassociedadeseoutrasaplicaçõesdecaracterísticapermanentequenãosedestinamàmanutençãoda atividade operacional da empresa, tais como: terrenos, imóveis alugados aterceiros(nãodeuso,maspararenda),obrasdearteetc.Imobilizado:asaplicaçõesquetenhamporobjetivobensdestinadosàmanutençãodaatividadeoperacional daempresa, tais como: terrenoe imóvel (ondeestá sediadaaempresa), instalações, móveis e utensílios, veículos, máquinas e equipamentos.Entende-seporAtivoImobilizadotodoativodenaturezarelativamentepermanentequeseutilizanaoperaçãodosnegóciosdeumaempresaequenãosedestinaàvenda.Podemos diferenciar, no conceito dado, três afirmações importantes que devemcoexistir para que possamos classificar um Ativo Imobilizado com característicapermanente. Isso quer dizer que não basta que tenhamos apenas uma ou duascaracterísticas:sãonecessáriastrêscaracterísticas,concomitantemente:
Naturezarelativamentepermanente.Serutilizadonaoperaçãodosnegócios.Nãosedestinaràvenda.
Dizemos que é de natureza relativamente permanente porque praticamente nenhumbem (exceto Terrenos) possui vida ilimitada dentro da empresa, sofrendo desgastecom o uso e, com o passar do tempo, obsolescência. Isso tanto é verdade que aprópria lei reconhece e autoriza as empresas a contabilizarem tais desgastes, comoteremosoportunidadedeestudarquandodiscutirmosDepreciação.Assim, o edifício da fábrica, por exemplo, constitui-se num ativo permanenteimobilizado, pois possui, concomitantemente, as três característicasmencionadas: éuma propriedade relativamente permanente, é utilizada na operação dos negócios enãosedestinaàvenda.Intangível:alegislaçãodizquedevemserclassificadosnogrupoIntangívelosdireitosque tenhampor objeto bens incorpóreos destinados àmanutençãoda companhia ouexercidoscomestafinalidade,inclusiveofundodecomércioadquirido.Semdúvida,oitemmaisimportantedoIntangíveléamarca.Osbensintangíveis,portanto,sãobensquenãopodemsertocados,porquenãotêmcorpo.Nalinguagemcontábil,umtermoque se aproxima do Intangível é Goodwill. A expressão Goodwill é comumentetraduzida para o português como Fundo de Comércio, embora os significados deambosostermossejamdiferentes.OutraexpressãousadaparaidentificarGoodwilléCapital Intelectual.Goodwill é comumente definido, de forma não perfeita, comoumAtivoIntangívelquepodeseridentificadopeladiferençaentreovalorcontábileovalorde mercado de uma empresa. Mas, propriamente, é a diferença entre Valor de
•
•
4.4.2
Mercado dos Ativos e Passivos e o Valor de Mercado da Empresa. Em outraspalavras,diz-sequeGoodwilléumaespéciedeágio,deumvaloragregadoquetemaempresaemfunçãoda lealdadedosclientes,da imagem,dareputação,donomedaempresa,damarcadeseusprodutos,dopontocomercial,depatentesregistradas,dedireitosautorais,dedireitosexclusivosdecomercialização,detreinamentoehabilidadedefuncionáriosetc.
DeduçõesdoPermanente
Investimentos:neste itemencontram-secomosubtraçõesasProvisõesparaPerdas,com o objetivo de cobrir as perdas prováveis na realização financeira, quandocomprovadas(estasperdas)comopermanentes.Imobilizado:osbenstangíveis,comopassardotempo,sofremdeterioraçãofísicaoutecnológica (exceto terrenos). Dessa forma, perdem a sua eficiência funcional. Talperdaéacumulada,deformaaproximada,nacontaDepreciaçãoAcumulada.Intangível: quando se tratar de bens intangíveis, como marcas, patentes, direitosautorais, benfeitorias em imóveis de terceiros..., a diminuição do valor denomina-seAmortizaçãoAcumulada.Quandose tratarderecursosnaturais(jazidas, reflorestamento,poçodepetróleo...),adiminuiçãoédenominadaExaustãoAcumulada.
Aentidade deve revisar constantemente o valor contábil de seus ativos, principalmente oimobilizado,quenormalmenterepresentavaloresexpressivos,afimdedeterminaroseuvalorrecuperável (impairment) e reconhecer as perdas como redução ao valor recuperável. Acontrapartidadestaperdaé reconhecidanopatrimônio líquidoemcontaespecíficadeajustedeavaliaçãopatrimonial.
GrupodecontasdoPassivo
OPassivoagrupacontasdeacordocomoseuvencimento, istoé,aquelascontasqueserãoliquidadasmaisrapidamenteintegramumprimeirogrupo.Aquelasqueserãopagasnumprazomaislongoformamoutrogrupo.
ExisteanalogiaentrePassivoeAtivoemtermosde liquidezdecrescente;porumlado,noAtivoaparecemascontasqueseconverterãomaisrapidamenteemdinheiro,e,poroutrolado,no Passivo, são destacadas, prioritariamente, as contas que devem ser pagas maisrapidamente.
A–PassivoCirculanteSão as obrigações normalmente pagas dentro de um ano; a Lei no 6.404 (das SAs)
mencionaquesãoaquelasquevencemnoexercícioseguinteaobalançopatrimonial:contasapagar, dívidas com fornecedores de mercadorias ou matérias-primas, impostos a recolher(para o governo), empréstimos bancários com vencimento nos próximos 360 dias, asdespesasreconhecidasporforçadoprincípiodacompetência(13oSalário,férias,participação
4.4.3
a)
b)c)
dos empregados no resultado), bem como aquelas provisões de despesas com perdas emprocessosquesãoconsideradascomoprováveisdese tornaremumaobrigaçãoqueexigirápagamento.
B–PassivonãoCirculanteB.1–ExigívelaLongoPrazoSão as dívidas da empresa que serão liquidadas com prazo superior a um ano:
empréstimos,financiamentos,títulosapagar,parcelamentodedívidasgovernamentaisetc.
PatrimônioLíquido
Como já foi visto,oPL representaos investimentosdosproprietários (capitalesua reserva)mais o lucro e sua reserva (foram estudados detalhadamente no item 14.6, que tratou deLucrosouPrejuízosAcumulados).
A–ReservasdeCapitalA Lei no 6.404/1976, em seu art. 182, define que serão classificadas como reserva de
capital:
a contribuição do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte dopreço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importânciadestinadaàformaçãodocapitalsocial,inclusivenoscasosdeconversãoemaçõesdedebenturesoupartesbeneficiárias;oprodutodaalienaçãodepartesbeneficiáriasebônusdesubscrição;o resultado da correção monetária do capital realizado, enquanto não capitalizado.Destacamosquedesde1989aLeino7.730revogouoart.185daLeino6.404/1976,quetratavadacorreçãomonetárianoBrasil.Dessaforma,apartirde1990estetipode reserva de capital (correção monetária) não existirá mais, mantendo apenas asanteriormenteexistentes,nãoobstanteoart.182daLeino6.404/1976aindamantê-lacomoreserva.
B–AjustedeAvaliaçãoPatrimonialSerão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não computadas no
resultado do exercício em obediência ao Regime de Competência, as contrapartidas deaumentosoudiminuiçõesdevaloratribuídoaelementosdoAtivoedoPassivo,emdecorrênciadasuaavaliaçãoavalorjusto(preçodemercado).
Naprática,oajustedaavaliaçãopatrimonialpodeserconsideradouma“correção”dovalorapresentadonobalançopatrimonialdeumativooupassivoemrelaçãoaoseuvalorjusto.
Oobjetivodessacorreçãoéevidenciaroverdadeirovalordoativooupassivoemquestão,oquesignificadizerqueesseajuste,deacordocomomercado,poderáserparamaisouparamenos.
a)b)
c)
•
•
•
•
4.5
Nota-se que o ajuste de avaliação patrimonial não é uma conta de reserva, porque seuvalor não transitou pelo resultado. Tampouco o referido ajuste veio substituir a extintareavaliação de bens do Ativo Permanente, haja vista que tal reserva somente apresentavasaldo credor. Já o ajuste deavaliaçãopatrimonial podeapresentar tanto saldo credor comodevedor.
De uma forma singela, pode-se dizer que o ajuste de avaliação patrimonial a valor justodeveseraplicado:
àsaplicaçõeseminstrumentosfinanceiros(Leino6.404/1976,art.183);aos ajustes de ativos e passivos ao valor justo, no caso de incorporação, fusão oucisão(Leino6.404/1976);aos ajustes determinados pelaCVM (exemplo: ajustes cambiais de investimentos noexterior,previstonaDeliberaçãoCVM534/2008).
C–ReservasdeLucrosAlém da Reserva Legal (5% sobre o Lucro Líquido para assegurar a integridade do
capital), obrigatória para as sociedades anônimas, as companhias podem, entre outrasreservas,constituirsobreoLucro:
Reservas Estatutárias: são reservas estabelecidas pelo estatuto da empresa,destinadas a fins específicos, tais como reserva para renovação de equipamentos,reservaparapesquisadenovosprodutosetc.ReservasparaContingências: têma finalidadedecompensar,emexercício futuro,adiminuição do lucro decorrente de perda julgada provável, cujo valor possa serestimado.Retenção de Lucros: por proposta dos órgãos de administração, poderá deliberarreter parcela do lucro líquido prevista em orçamento de capital por ela previamenteaprovadopara,porexemplo,investiremprojetodeexpansão.ReservasdeLucrosaRealizar:referem-sealucroseconomicamenteexistentes,masfinanceiramente ainda não realizados. A Reserva de Lucros a Realizar poderá serconstituída no exercício em que o montante do dividendo obrigatório ultrapassar aparcelarealizadadoLucroLíquidodoexercício.Assim,oexcesso(queultrapassaraparcelarealizada)serádestinadoaReservasdeLucrosaRealizar.
Obs.:VercomentáriossobreReservasnoitem4.6,quetratadaDemonstraçãodeLucrosouPrejuízosAcumulados.
DEMONSTRAÇÃODORESULTADODOEXERCÍCIO–DRE
AdemonstraçãoderesultadodoexercícioconformeaLeino6.404/1976deveiniciar-secomareceitabrutadasvendaseserviços,asdeduçõesdevendas,osabatimentoseos impostos.Noentanto,opronunciamentoCPC26,doComitêdePronunciamentosContábeis,mencionaquedevemincluiraReceitaeseuscustos,masnadamencionasobreosimpostos;naverdadea norma internacional para divulgação desta demonstração ignora os impostos por não se
4.5.1
4.5.2
tratardeumaobrigaçãodaempresa,queapenascobraosimpostosincidentessobreavendae serviços e repassa para o governo brasileiro. Na prática é possível verificar que asdemonstrações deResultados publicadas pelas empresas são elaboradas a partir da vendalíquida(jádeduzidasasdevoluções,osabatimentoseimpostos).
Demonstraçãodedutiva
Ademonstraçãodoresultadodoexercícioéumresumoordenadodasreceitasedespesasdaempresaemdeterminadoperíodo(12meses).Éapresentadadeformadedutiva(vertical),ouseja, das receitas subtraem-se as despesas e, em seguida, indica-se o resultado (lucro ouprejuízo).
A DRE pode ser simples para micro ou pequenas empresas que não requeiram dadospormenorizadosparaatomadadedecisão,comoéocasodebares, farmácias,mercearias.Deve evidenciar o total de despesa deduzido da receita, apurando-se, assim, o lucro, semdestacarosprincipaisgruposdedespesas.
A DRE completa, exigida por lei, fornece maiores minúcias para a tomada de decisão:grupos de despesas, vários tipos de lucro, destaque dos impostos etc. Neste capítulo seráabordadoomodelocompleto,emboranãosepretendaesgotaroassunto.
ComoapuraraReceitaLíquida
ReceitaBrutaéo total bruto vendidonoperíodo.Nelaestão inclusosos impostos sobre
••
•
vendas(osquaispertencemaogoverno)edelanãoforamsubtraídasasdevoluções(vendascanceladas)eosabatimentos(descontos)ocorridosnoperíodo.
Impostos sobre vendas são aqueles gerados no momento da venda; variamproporcionalmenteàvenda,ouseja,quantomaiorforototaldevendas,maiorseráoimposto.Destaqueparaosprincipais:
IPI,PISeCOFINSrecolhidosaoscofrespúblicosfederais;ICMS, imposto devido sobre a comercialização de mercadorias, recolhido para oestadoemqueaempresaestiversediada;ISS– ImpostoSobreServiçosdeQualquerNatureza,paraasempresasprestadorasdeserviço,recolhidoàPrefeituradomunicípiosededaempresa,e,emalgunscasosparaaPrefeituradomunícipioondeoserviçofoiprestado.
Admita-se que aCia.Balanceada, indústria, tenha emitido umanota fiscal de venda cujopreçodoprodutosejadeR$10.000.000mais30%deIPI.OICMSestáinclusonopreçodoproduto:
Naverdade,osimpostossobrevendasnãopertencemàempresa,masaogoverno.Elaémeraintermediária,responsávelporcobrardoadquirenteerecolheraogoverno;porisso,nãodevem ser considerados como receita real da empresa, bem como o IPI não faz parte dareceitadevencimento,devendoserdestacadoàparte,comooexemploacima.
Abatimentos – são considerados descontos incondicionais que são concedidosindependentementedoimplementodequalquercondição.
São parcelas redutoras do preço de venda, em geral constantes do documento fiscal.Trata-se da concessão de determinado percentual de desconto pelo ato de comprar, não énecessárioqueoadquirentepratiquequalqueratosubsequenteaodecompraparafruiçãodobenefício. Esse é o chamado desconto comercial, que, de fato, representa abatimento dopreço.
Devoluções (vendas canceladas) – são mercadorias devolvidas por estarem emdesacordo com o pedido (preço, qualidade, quantidade, avaria). O comprador, sentindo-seprejudicado,devolve,totalouparcialmente,amercadoria.Àsvezes,aempresavendedora,natentativadeevitardevolução,propõeumabatimento nopreço (desconto) para compensar o
4.5.3
prejuízoaocomprador.TantoadevoluçãocomooabatimentoaparecemdeduzindoaReceitaBrutanaDRE.
Suponha-sequeaCompanhiaDesequilibradatenhavendidoR$5.000.000demercadoriasdemáqualidade,metadeparaocompradorAemetadeparaB.AempresaAdevolveu20%do lote e a empresa B aceitou a proposta da Companhia Desequilibrada de 10% deabatimentoparaevitardevolução.
Portanto,deduçõessãoajustes(enãodespesas)realizadossobreaReceitaBrutaparaseapuraraReceitaLíquida.OqueinteressaparaaempresaéefetivamenteaReceitaLíquida,queéoquesobraemtermosdereceita.
ComoapuraroLucroBruto
Lucro Bruto é a diferença entre a Venda de Mercadorias e o Custo dessa MercadoriaVendida, sem considerar despesas administrativas, de vendas e financeiras. Para umaempresa prestadora de serviços o raciocínio é omesmo: LucroBruto é a diferença entre aReceitaeoCustodoServiçoPrestadosemconsideraraquelasdespesasacimareferidas.
Resumindo, subtrai-seda receita o custo damercadoria oudoproduto, ouo do serviço,parasercolocadoàdisposiçãodocontratante,desprezando-seasdespesasadministrativas,financeirasedevendas.
OLucroBruto, após cobrir o custo da fabricação do produto (ou o custo damercadoriaadquirida para revenda, ou o custo do serviço prestado), é destinado à remuneração dasdespesas de vendas, administrativas e financeiras, bem como à remuneração do governo(ImpostodeRenda)edosproprietáriosdaempresa(LucroLíquido).
Quantomaior for a fatia denominada Lucro Bruto,maior poderá ser a remuneração dosadministradores, dos diretores, do pessoal de vendas, do governo, dos proprietários daempresaetc.Adistribuiçãodestesvalores(riquezas)podeseridentificadapelaDemonstraçãodeValorAgregado–DVA.
4.5.4
••
•
4.5.5
4.5.5.1
Custodasvendas
Aexpressãocustodasvendasébastantegenérica,devendo,poressarazão,serespecificadaporsetornaeconomia,paraempresas:
industriais,ocustodasvendasédenominadoCustodoProdutoVendido(CPV);comerciais, o custo das vendas é denominado Custo das Mercadorias Vendidas(CMV);prestadoras de serviços, o custo das vendas é denominado Custo dos ServiçosPrestados(CSP).
ComoapuraroLucroOperacional
O Lucro Operacional é obtido através da diferença entre o Lucro Bruto e as despesasoperacionais.
Despesasoperacionais
As despesas operacionais são as necessárias para vender os produtos, administrar aempresa e financiar as operações. Enfim, são todas as despesas que contribuem para amanutenção da atividade operacional da empresa. Os principais grupos de DespesasOperacionaissãoespecificadosaseguir.
A–DespesasdeVendasAbrangem desde a promoção do produto até sua colocação junto ao consumidor
(comercializaçãoedistribuição).Sãodespesascomopessoaldaáreadevenda,comissõessobre vendas, propaganda e publicidade, marketing, estimativa de perdas com duplicatasderivadasdevendasaprazo(provisãoparacréditodeliquidaçãoduvidosa)etc.
B–DespesasAdministrativasSão aquelas necessárias para administrar (dirigir) a empresa. De maneira geral, são
gastosnosescritóriosquevisamàdireçãoouàgestãodaempresa.
4.5.6
Podem-secitarcomoexemplos:honoráriosadministrativos,salárioseencargossociaisdopessoal administrativo, aluguéis de escritórios, materiais de escritório, seguro de escritório,depreciaçãodemóveiseutensílios,assinaturasdejornaisetc.
C–DespesasFinanceiraseReceitasFinanceirasSão as remunerações aos capitais de terceiros, tais como: juros pagos ou incorridos,
comissões bancárias, correção monetária prefixada sobre empréstimos, descontosconcedidos,jurosdemorapagosetc.
AsdespesasfinanceirasdevemsercompensadascomasReceitasFinanceiras(conformedisposiçãolegal),istoé,estasreceitassãodeduzidasdaquelasdespesas.
As receitas de natureza financeira são as derivadas de aplicações financeiras, juros demorarecebidos,descontosobtidosetc.
VariaçõesMonetárias(DespesasFinanceiras)
A legislação brasileira entende como Variações Monetárias as variações cambiais e ascorreçõesmonetárias(dedívidas)nãoprefixadas,ouseja,pós-fixadas.
DESPESAFINANCEIRA>RECEITAFINANCEIRA DESPESAFINANCEIRA<RECEITAFINANCEIRA
Desp.Financeiras 280.000 Desp.Financeiras 280.000
Rec.Financeiras (80.000) Rec.Financeiras (390.000)
Desp./Rec.Financeiras 200.000 Desp./Financeiras (110.000)
DESPESASOPERACIONAIS ↓ DESPESASOPERACIONAIS ↓
Devendas 300.000 Devendas 300.000
Administrativas 400.000 Administrativas 400.000
Financeiras* 200.000 Financeiras* (110.000)
900.000 590.000
*
4.5.6.1
4.5.6.2
•
•
Deve-se,comoobjetivodeapresentarmaiorgraudedetalhe,indicaroconfrontoDespesa Financeira x Receita Financeira dentro do grupo de DespesasOperacionais, destacando-se seus respectivos valores. De um ponto de vistaconceitual rigoroso, tanto receitas como despesas financeiras não sãooperacionais.
Variaçãocambial
Seumaempresacontraiempréstimoemmoedaestrangeira,porexemplo,1.000dólares,noiníciodoano,quandocadadólarestácotadoaR$3,60,suadívidacorrespondeaR$3.600(1.000dólares×3,60).
Todavia,comadesvalorizaçãodoreal,umdólarpoderiaestarcotadoaR$3,90nofinaldoperíodo.Dessa forma,adívidacorresponderiaaR$3.900(1.000dólares×R$3,90)no fimdoexercício,havendoumavariaçãocambialdeR$300,quesãodespesasfinanceiras.
Correçãomonetária(dedívida)
Omesmoraciocíniosepodeutilizarparaacorreçãomonetária(dedívidas),considerando-sequeestaéoresultadodaatualizaçãodeumadívida,emmoedanacional,emvirtudedaquedadopoderaquisitivododinheiro(inflação).Entretanto,nãodeveráserclassificadonestegrupooresultadodacorreçãomonetária(dedívidas)cujoíndicedecorreçãoéprefixadonomomentodaconcessãodoempréstimo(nestecaso,ter-se-áumadespesafinanceira).
AsVariaçõesMonetárias,sedespesas,serãodeduzidasdolucroeacrescidas,nocasodeganho.
A–DoislembretesPortanto, concernente à correção monetária no grupo de Variações Monetárias, duas
coisasdevemficarbemclaras:
refere-se à correção monetária de dívida (de financiamento) e não à correçãomonetáriadobalanço;refere-se à correção monetária pós-fixada, isto é, fixada após a concessão dofinanciamento,deacordo,geralmente,comainflação.
Asugestãoéqueavariaçãomonetáriasejadestacadanademonstraçãodoresultadodoexercício–DRE,nogrupodedespesasfinanceiras.
AempresaAtenasadquire,em janeiro,um financiamento,paraexpansão,novalordeR$280milhões,parapagamentoapós24meses,pós-fixadopelavariaçãodoIGPM.
Supondo uma correção de 10% do IGPM no referido exercício, o balanço patrimonialdeverá registrar (princípio da competência) o valor da dívida deR$ 280milhões atualizada,com correção monetária em 31 de dezembro, para R$ 308 milhões. Assim, houve umavariaçãomonetáriadeR$28milhões(R$308–R$280).
4.5.6.3
(–)
(–)
(–)
B–DestaquedevariaçõesmonetáriasnaDRE
DESPESASOPERACIONAIS EmR$mil
DeVendas R$R$R$R$
Administrativas R$R$R$R$
(±) Financeiras R$R$R$R$
→ VariaçõesMonetárias 28.000 R$R$R$R$
Outrasdespesasereceitasoperacionais
Embora sejaum título inadequado, pois nadadefine, é utilizadoparadespesasoperacionaisnão enquadradas no grupo de vendas, administrativas e financeiras. Exemplos: DespesasTributárias(nãoseincluindo,evidentemente,aquelasquevariamproporcionalmenteàsvendasjá subtraídas como deduções); parcela dos resultados de empresas investidas reconhecidapormeiodométododeequivalênciapatrimonial.Nestegrupo,semelhantementeàDespesa×ReceitasFinanceiras, podem-se incluir outrasReceitasOperacionais de caráter eventual, ounão,taiscomo:vendasdesucatas,vendadeativoimobilizadoetc.
Portanto,ocaminhoparachegaraoLucroOperacional:
RECEITABRUTA R$R$R$R$R$
Deduções (R$R$R$R$R$)
RECEITALÍQUIDA R$R$R$R$R$
Custosdasvendas (R$R$R$R$R$)
LUCROBRUTO R$R$R$R$R$
DESPESASOPERACIONAIS
*
4.5.7
4.5.7.1
4.5.8
DeVendas (R$R$R$R$R$)
Administrativas (R$R$R$R$R$)
Financeiras(–)ReceitasFinanceiras (R$R$R$R$R$)
VariaçõesMonetárias* (R$R$R$R$R$)
OutrasDespesasouReceitasOperacionais* (R$R$R$R$R$)
LUCROOPERACIONAL R$R$R$R$R$
Está-seadmitindoquesejamdespesas,por isso,osinalnegativo.Todavia,seReceita,osinaldeveráserpositivo.
LucroAntesdoImpostodeRenda
ApuraçãodoLAIR
LucroOperacional(–)OutrasDespesasOperacionais(+)OutrasReceitasOperacionais=LucroAntesdoImpostodeRenda(LAIR)
Outrasdespesasoperacionaiseoutrasreceitasoperacionaissãoaquelascujaorigemnãoestá relacionadadiretamente comoobjetivodonegócio daempresa.Normalmente, trata-sedeganhosouperdas,istoé,sãoaleatórias.
Sãoexemplos:GanhosouPerdasdeCapital.Sãooslucrosouprejuízosnavendadeitensdoativonãocirculante, subgrupo imobilizado: venda de um veículo (imobilizado), com lucro ouprejuízo;vendademáquinaseequipamentos(imobilizado),comlucroouprejuízo;vendacomlucroouprejuízodeações(investimentos)etc.
LucroDepoisdoImpostodeRenda
4.5.8.1
4.5.9
4.5.9.1
4.5.9.2
LucroAntesdoImpostodeRenda(–)ProvisãoparaImpostodeRenda=LucroDepoisdoImpostodeRenda
Ano-baseeexercíciofinanceiro
OImpostodeRendaincidesobreolucrodaempresa.QuandoseapuranoexercíciosocialXumlucrodeR$100milhões,declara-seerecolhe-
se aos cofres públicos (governo federal), geralmente, 25% sobre o lucro (R$ 25milhões =25%×R$100milhões)noexercício“X+1”.Naverdade,éumaparceladolucroatribuídaaogoverno.
Oexercíciosocialemqueégeradoo lucro (anoX)denomina-se“ano-base”.OexercícioemquesepagaoImpostodeRenda(anoX+1)denomina-se“exercíciofinanceiro”.
Pelo regime de competência considera-se o Imposto de Renda pelo regime decompetêncianomomentoemquefoiapurado.
Portanto, depois de apuradoo valor de Imposto deRendadeduz-se do “LucroAntes doImpostodeRenda”.
Ressalte-se que a base de cálculo para o Imposto de Renda não é exatamente o lucroapuradopelacontabilidade,masaquele lucroajustadopeloLivrodeApuraçãodoLucroReal(LALUR)àsdisposiçõesdalegislaçãodoImpostodeRenda,queserádenominadoLucroReal(Lucrofiscal).
LucroLíquido
Asobrapertencenteaosproprietários
ApósaapuraçãodoLucroDepoisdoImpostodeRenda,faz-seadeduçãodasparticipações,previstas nos estatutos: de debêntures, de empregados, administradores e partesbeneficiárias,edascontribuiçõesparainstituiçõesoufundosdeassistênciaouprevidênciadeempregados.
Apósessasdeduções,encontra-seoLucroLíquido,queéasobralíquidaàdisposiçãodossóciosouacionistas.
Participaçõesnolucro
A–DebênturesAscompanhiaspodemsolicitarempréstimosaopúblicoemgeral,pagandojurosperiódicos
e concedendo amortizações regulares. Para tanto, emitirão títulos a longo prazo com
4.5.9.3
garantias:sãoasdebêntures.A debênture poderá assegurar ao seu titular, além de juros e correção monetária,
participaçãonolucrodacompanhia(dedutívelparaoImpostodeRenda).
B–EmpregadoseadministradoresÉ um complemento à remuneração de empregados e administradores. Normalmente, é
definidonoestatutoumpercentualsobreolucro.Observa-se que a participação aos administradores é desestimulada pela legislação
brasileira,umavezquenãoépermitidaasuadeduçãoparaefeitodecálculodo ImpostodeRenda(LucroReal).
C–DoaçõesContribuiçõesparaInstituiçõesouFundosdeAssistênciaouPrevidênciadeEmpregados.
São as doações às constituições de fundações com a finalidade de assistir seu quadro defuncionários,àsprevidênciasparticulares,nosentidodecomplementaraposentadoriaetc.que,definidasemestatutos,serãocalculadasededuzidascomoumaparticipaçãonoslucrosanuais(sãodedutíveisparaefeitodeImpostodeRenda).
No que tange às participações dedutíveis, para efeito de Imposto deRenda, destaca-sequehálimitefixadoporaquelalegislação.
Formadecálculodasparticipações
Alegislaçãobrasileiraprevêqueasparticipaçõesestatutáriasdedebêntures,deempregados,deadministradoresserãodeterminadas,sucessivamenteenessaordem,combasenoslucrosqueremanesceremdepoisdededuzidaaparticipaçãoanteriormentecalculada.
Assim, quando se tem um lucro de R$ 1 milhão, e a participação de debêntures,empregadoseadministradoresestáfixadanoestatutoàbasede10%,ocorre:
LucroDepoisdoImpostodeRenda 1.000.000
(–)ParticipaçãodeDebêntures 1.000.000×10% (100.000)
900.000
(–)ParticipaçãodeEmpregados 900.000×10% (90.000)
810.000
4.5.9.4
4.5.9.5
4.6
•
••
(–)ParticipaçãodaAdministração 810.000×10% (81.000)
729.000
(–)Contribuiçõesedoações —
LucroLíquido 729.000
LucroLíquidoporação
Após deduzidas do resultado as participações e contribuições, o que remanescer é oLucroLíquido.
SesedivideoLucroLíquidopelaquantidadedeaçõesemqueestádivididoocapitaldaempresa,obtém-seoLucroLíquidoporAçãodoCapitalSocial.
AlegislaçãobrasileiraestabelecequeoLucroLíquidoporAçãodoCapitalSocialdeveserindicadonofinaldaDemonstraçãodoResultadodoExercício.
DistribuiçãodolucroeDemonstraçãodelucrosouprejuízosacumulados
Comojáfoivisto,oLucroLíquidoéasobralíquidaàdisposiçãodosproprietáriosdaempresa.Osproprietáriosdecidem3aparceladolucroqueficaráretidanaempresaeapartequeserádistribuídaaosdonosdocapital (Dividendos).Essadistribuiçãode lucroseráevidenciadanaDemonstraçãodeMutaçãodoPatrimônioLíquido.
DEMONSTRAÇÃODELUCROSOUPREJUÍZOSACUMULADOS(INSTRUMENTODEINTEGRAÇÃOENTREOBPEADRE)
ApenasumapartedoLucroLíquidoédistribuídaparaosproprietáriosdaempresa,emformadedividendos.Amaiorparcela,normalmente,éretidanaempresaereinvestidanonegócio.
A Lei no 6.404, no art. 186, menciona que a demonstração de lucros ou prejuízosacumuladosdiscriminará:
o saldo do início do período, os ajustes de exercícios anteriores e a correçãomonetáriadosaldoinicial;asreversõesdereservaseolucrolíquidodoexercício;as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros incorporada aocapitaleosaldoaofimdoperíodo.
Como ajustes de exercícios anteriores, serão considerados apenas os decorrentes de
4.6.1
a)
b)
c)
efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinadoexercícioanterior,equenãopossamseratribuídosafatossubsequentes.
A DLPA também deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital social epoderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elaborada epublicadapelacompanhia.
DemonstraçãodasMutaçõesdoPatrimônioLíquido(DMPL)
Ao contrário da DLPA, que fornece a movimentação apenas da conta do lucro ou prejuízoacumulado,aDemonstraçãodasMutaçõesdoPatrimônioLíquido(DMPL)contemplatodasascontasdoPatrimônioLíquidoeevidenciasuasrespectivasmovimentaçõesocorridasduranteoexercício.
Embora não seja uma demonstração obrigatória pela Lei no 6.404/1976, a DMPL éobrigatóriaemconformidadecomoCPC26,queestabelecequeaentidadedeveapresentarademonstraçãodasmutaçõesdopatrimôniolíquido,quedeveincluirasseguintesinformações:
o resultado abrangente do período, apresentando separadamente o montante totalatribuível aos proprietários da entidade controladora e omontante correspondente àparticipaçãodenãocontroladores;paracadacomponentedopatrimôniolíquido,osefeitosdaaplicaçãoretrospectivaoudareapresentaçãoretrospectiva,sobrePolíticasContábeis,MudançadeEstimativaeRetificaçãodeErro;paracadacomponentedopatrimôniolíquido,aconciliaçãodosaldonoinícioenofinaldoperíodo,demonstrando-seseparadamenteasmutaçõesdecorrentes:
i)ii)iii)
a)
doresultadolíquido;decadaitemdosoutrosresultadosabrangentes;ede transações com os proprietários realizadas na condição de proprietário,demonstrando separadamente suas integralizações e as distribuições realizadas,bem como modificações nas participações em controladas que não implicaramperdadocontrole.
Atécnicadaelaboraçãodestademonstraçãoébastantesimples:
Indica-se uma coluna para cada conta do Patrimônio Líquido (preferencialmenteindicandoogrupodeReservasaquepertence).SehouveracontadedutivaCapitalaRealizar, faz-se a subtração da conta Capital Social e utiliza-se a conta CapitalRealizado.
DEMONSTRAÇÃODASMUTAÇÕESDOPLEmpresa.....................................................................
MovimentaçõesCapital
Realizado
Reserva
de
Capital
ReservasdeLucro
Lucros
AcumuladosLegal Estatutária
p/
ContingênciaOrçamentária
Lucros
a
Realizar
DEMONSTRAÇÃODASMUTAÇÕESDOPATRIMÔNIOLÍQUIDO
Empresa.............................................................................................................
MovimentaçõesCapital
Realizado
Reserva
de
Capital
ReservasdeLucro
Lucros
AcumuladosLegal Estatutária
p/
ContingênciasOrçamentária
Lucros
a
Realizar
Saldosem31–12–
–
–
–
–
–
–
X0_ _ _ _ _ _ _
(±)Ajustesde
Exercíciosanteriores– – – – – – –
AumentodeCapital – – – – – – –
Reversõesde
Reservas– – – – – – –
LucroLíquidodo
Exercício_ _ _ _ _ _ _
Propostada
Administração
deDestinação
doLucro
– – – – – – –
ReservaLegal – – – – – – –
Reserva
Estatutária– – – – – – –
Reserva
Orçamentária– – – – – – –
Reservas
p/Contingências_ _ _ _ _ _ _
Reservade
Lucrosa
Realizar
– – – – – – –
–
b)
c)
Dividendos – – – – – – –
Saldosem31–12–
X1
Naslinhashorizontaisindicam-seasmovimentaçõesdascontasdomesmomodocomosefezcomaDemonstraçãodeLucrosouPrejuízosAcumulados(DLPA).A seguir são feitas as adições e/ou subtrações de acordo com as movimentações.Suponha-se que o Capital em 31-12-X0 fosse de R$ ... 7.000.000 e que durante operíodo houvesse um aumento com a utilização de R$ 1.000.000 de ReservasEstatutárias,cujosaldoinicialeradeR$1.500.000.
DEMONSTRAÇÃODASMUTAÇÕESDOPATRIMÔNIOLÍQUIDO
Empresa......................................................................................................
EmR$mil
Movimentações CapitalRealizado – – – ReservadeLucrosEstatutária – –
Saldosem
31–12–X07.000 – – – 1.500 – –
_________ ______________________ – – – ______________________ – –
_________ ______________________ – – – ______________________ – –
Aumentode
Capital1.000 – – – (1.000) – –
_________ ______________________ – – – ______________________ – –
_________ ______________________ – – – ______________________ – –
_________ ______________________ – – – ______________________ – –
_________ ______________________ – – – ______________________ – –
_________ ______________________ – – – ______________________ – –
_________ ______________________ – – – ______________________ – –
_________ ______________________ – – – ______________________ – –
_________ ______________________ – – – ______________________ – –
______________________ – – – ______________________ – –
______________________ – – – ______________________ – –
Saldosem
31-12-X18.000 – – – 500 – –
Obs.: Neste exemplo está-se admitindo que não houve nova ReservaEstatutária.
Faz-seumamovimentaçãodoPatrimônioLíquidoeexplica-seoporquêdoacréscimonoCapitaledadiminuiçãodaReservaEstatutária.
Veja-seque,no início,o totaldoPLeradeR$8.500eemnadaalterouno finaldoano,poisnãohouvenovosacréscimosnoPL,masapenasumapermuta.Repare-seaindaque,sese fizesse a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, não seria identificada talmovimentaçãonoPL.
ExemplodeDemonstraçãodasMutaçõesdoPL
BALANÇOPATRIMONIALCia.Pullgato
Em$mil
ATIVO31-12-
X0
31-12-
X1PASSIVOePL
31-12-
X0
31-12-
X1
Circulante Circulante
______________________ ______________________
______________________ ______________________
______________________ ______________________
______________________ ______________________
AtivoNãoCirculante
AplicaçõesFinanceiras
Instrumentos
FinanceirosDerivativos
PassivoNãoCirculante
_______________________
_______________________
Investimentos
___________
___________
Imobilizado
___________
___________
Intangível
___________
___________
Ágio
___________
PatrimônioLíquido
Capital
ReservasdeCapital
ReservasdeLucro
ReservaLegal
ReservaEstatutária
Reservap/Contingência
ReservaOrçamentária
ReservadeLucrosaRealizar
LucrosAcumulados
TotalPL
7.000
-----
70
2.400
140
28
14
950
10.302
8.000
2.800
220
2.400
395
208
109
1.790
15.922
___________
Total Total
Observe-sequepelaDemonstraçãodosLucrosouPrejuízosAcumuladosseriaexplicadaapenas a diferença de R$ 950.000 para R$ 2.350.000, enquanto a Demonstração dasMutações do Patrimônio Líquido explica a variação de R$ 10.302.000 para R$ 15.482.000,que,semdúvida,émuitomaisabrangente.
Os dados serão os mesmos da Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumuladosapresentadanestecapítulo(Cia.Pullgato).
DEMONSTRAÇÃODASMUTAÇÕESDOPATRIMÔNIOLÍQUIDOCia.Pullgato
EmR$mil
MovimentaçõesCapital
Realizado
Reserva
de
Capital
ReservasdeLucros
Legal Estatutáriap/
ContingênciasOrçamentária
Lucros
a
Realizar
Lucros
Acumulados
Saldosem31-12-
X07.000 – 70 2.100 140 28 14
Ajustesde
Exercícios
Anteriores
(–)Retificaçõesde
Erros– – – – – – –
Aumentode
Capital1.000 – – 100% – –
Reversãode
Reservas 2.800 – – – – –
–
–
–
–
–
–
*
LucroLíquidodo
Exercício– – – – – – –
Propostada
Administraçãode
Destinaçãodo
Lucro
ReservaLegal – – 150 – – – –
Reservas
Estatutárias– – – 300 – – –
Reservasp/
Contingências– – – – 255 – –
Reserva
Orçamentária– – – – – 180 –
Reservade
Lucrosa
Realizar
– – – – – – 95
Dividendos
(R$0,225
p/ação)
– – – – – – –
Saldosem31-12-
X18.000 2.800 220 1.400 395 208 109 1.790*
Olucroacumuladoestásendomantidocomsaldonofinalde31-12-x1parafinsdidáticos.LembrandoqueaLeidasSociedadesAnônimasobrigaascompanhiasabertas e as empresas de grande porte que têm a obrigação pública deprestaçãodecontasadestinarolucroparareservadelucroouentãoqueseja
4.7
4.7.1
1.2.3.4.5.
4.7.2
a)
•
distribuídocomodividendoparaseussócios.Nasdemaisempresasnãoháestaexigência.
NOTASEXPLICATIVASEOUTRASEVIDENCIAÇÕES
Evidenciações
Além das Demonstrações Contábeis (Financeiras) já estudadas, a Contabilidade adicionaàquelas demonstrações outras informações complementares no sentido de enriquecer osrelatórioseevitarque(essesrelatórios)setornemenganosos.
Taisevidenciaçõesdevemserdestacadasnosentidodeauxiliaracompreensibilidadepelousuáriodasreferidasdemonstrações,paraquepossaextrairasinformaçõesquelhesãoúteisnatomadadedecisão.
Asevidenciaçõesdestacadasdevemserrelevantesquantitativaequalitativamente.Quandoocorremudançanosprocedimentoscontábeis,deumanoparaooutro,deveserdestacadasearepercussãonoresultadoforrelevante(significativa).
As evidenciações4 podem estar mencionadas na forma descritiva, na forma de quadrosanalíticossuplementaresouemoutrasformas.
Asprincipaisevidenciaçõessão:
Notasexplicativas.Quadrosanalíticossuplementares.Informaçõesentreparênteses.Comentáriosdoauditor.Relatóriodadiretoriaeoutrasevidenciações.
Notasexplicativas
As notas explicativas devem ser apresentadas, tanto quanto seja praticável, de formasistemática. Na determinação de forma sistemática, a entidade deve considerar os efeitossobreacompreensibilidadeecomparabilidadedassuasdemonstraçõescontábeis.Cadaitemdas demonstrações contábeis deve ter referência cruzada com a respectiva informaçãoapresentadanasnotasexplicativas.
Conforme disposição legal decorrente da Lei no 6.404/1976, art. 176, parágrafo 5o, asNotasExplicativasdevemindicar:
Os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmenteestoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição deprovisõesparaencargosouriscosedosajustesparaatenderaperdasprováveisnarealizaçãodeelementosdoAtivo:
Expressar as principais práticas contábeis (critérios) significa informar aos
•
•
•
•
•
•
––
–
•
b)
•
•
•
I–II–
III–IV–
V–
usuários dasDemonstraçõesFinanceiras omodusoperandi daContabilidade, oque propicia melhor abordagem da situação econômico-financeira da empresa.Veja-seaseguircadaumdosprincipaiscritérios.Estoques. Os critérios de avaliação de estoque: (a) Preço Médio; (b) LIFO(UEPS);(c)FIFO(PEPS)etc.Depreciação. Os critérios utilizados para determinação da vida útil, as taxasutilizadasporclassesprincipaisdoAtivo,ométododedepreciaçãoutilizado(linhareta,taxasdecrescentes,deColeetc.).Amortizaçãoeexaustão.Oscritériosutilizadosparadeterminaçãodavidaútil,ométodo de amortização e exaustão etc., os critérios adotados para fazeramortizaçãodegastosdeimplantação,reorganizaçãoeoutrosdiferidos.Provisãoparaencargos.AbasedecontabilizaçãodaProvisãopara ImpostodeRenda (informando se são incluídos Incentivos Fiscais), a base de constituiçãoparaProvisãoparaFérias,abasedeconstituiçãodaProvisãoparaGratificaçãoaEmpregadosetc.Provisões para riscos. A base de constituição da Provisão para Crédito deLiquidaçãoDuvidosa(limitelegal,médiadosúltimosanosetc.).Ajustes para atender a perdas prováveis na realização de elementos do ativo.Quandoovalordemercadoformenorqueocusto:
Valoresmobiliários(nãoclassificadoscomoInvestimentos).Matérias-primas, produtos em fabricação, produtos acabados, mercadorias(comércio)ebensemalmoxarifado.Investimentos em participação no capital social de outra sociedade e osdemaisInvestimentos.
Avaliação dos elementos patrimoniais. Critério de avaliação dos Investimentos(Custo ou Equivalência Patrimonial); critério de registros dos Passivos(Empréstimos,FinanciamentoscomousemVariaçãoCambial)etc.
OsInvestimentosemoutrassociedades,quandorelevantes.Considera-serelevanteoInvestimento:
Emcadasociedadecoligadaoucontrolada,seovalorcontábiléigualousuperiora10%dovalordoPatrimônioLíquidodaCompanhia.Noconjuntodassociedadescoligadasecontroladas,seovalorcontábiléigualousuperiora15%dovalordoPatrimônioLíquidodaCompanhia.As Notas Explicativas dos Investimentos Relevantes devem conter informaçõesprecisassobreassociedadescoligadasecontroladas,bemcomosuasrelaçõescomacompanhia,indicandooseguinte:
Denominaçãodasociedade,deseucapitalsocialedoPatrimônioLíquido.Onúmero,asespécieseasclassesdeaçõesouquotasdepropriedadedacompanhia,bemcomoopreçodemercadodasações,sehouver.Olucrolíquidodoexercício.Oscréditoseasobrigaçõesentreacompanhiaeassociedadescoligadasecontroladas.O montante das receitas e despesas em operações entre companhia e
c)
d)
e)
sociedadescoligadasecontroladas.Os ônus reais constituídos sobre elementos do Ativo, as garantias prestadas aterceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes. Os ônus reais e asgarantias decorrem, geralmente, dos empréstimos e financiamentos por instituiçõesfinanceiras ou pelo próprio fornecedor: hipoteca dos bens financiados, alienaçãofiduciária, penhora etc. Devem também ser declarados outros itens oferecidos emgarantiadeempréstimos:Estoques,DuplicatasaReceber,Máquinasetc.Responsabilidades eventuais ou contingentes referem-se a causas trabalhistas,contingências físicas (oriundas de autuações fiscais) que representam riscos deperdas.Ataxadejuros,asdatasdevencimentoeasgarantiasdasobrigaçõesalongoprazodevemserdestacadasdaseguinteforma:
Instituições
Financeiras
(Financiador)
Saldodo
Contrato
Datade
Vencimento
Taxade
Correção
Correção
Monetáriaou
Variação
Cambial
Garantias
Oferecidas
Valorde
Parcelas
Controladase
nãoLiberadas
Onúmero,asespécieseasclassesdasaçõesdoCapitalSocial.ConformeaLeidasSociedadesporAções,oCapitalSocialpoderáserconstituídodasseguintesações:
f)
g)
••••
••
h)
Combinaçõespossíveis:5
ON–OrdináriaNominativa.OE–OrdináriaEndossável.PN–PreferencialNominativa.PE–PreferencialEndossável.
As opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício. A companhiapode emitir, dentro do limite de aumento doCapital Autorizado no estatuto, títulosnegociáveis,denominados“bônusdesubscrição”.Os bônus de subscrição conferem aos seus titulares, nas condições constantes docertificado,direitodesubscreveraçõesdocapitalsocial,queseráexercidomedianteapresentaçãodotítuloàcompanhiaepagamentodopreçodeemissãodasações.Os bônus de subscrição são alienados pela companhia ou por ela atribuídos, comovantagemadicional,aossubscritoresdesuasaçõesoudebêntures.Osajustesdeexercíciosanteriores.
Osprincipaisajustesdeexercíciosanteriores referem-seàmudançadecritérioscontábeis (quebra da consistência) e à retificação de erro imputável adeterminado exercício anterior, que não possam ser atribuídos a fatossubsequentes.Quantoàmudançadecritériocontábil,ocorrecommaisfrequência:avaliaçãodeestoques:PreçoMédio×FIFO;avaliaçãodeinvestimentos:MétododeCusto×EquivalênciaPatrimonial;depreciação:TaxaFixa×TaxaDecrescente;regimedecontabilidade:RegimedeCaixa×RegimedeCompetênciaetc.
Errosimputáveisaexercíciosanteriores:averiguaçãodeerronacontagemdoestoque;errodecálculoetc.
Observa-se,nestecaso,quedevemapareceremNotasExplicativasasmudançasdecritériosqueinterfiramnoresultadodoexercíciodeforma“relevante”.Os eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou
4.7.3
(a)(b)
(c)
4.7.4
a)
possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e sobre os resultadosfuturos da companhia. Suponha-se que, logo após o encerramento do balanço (masantesdesuapublicação),ocorraumincêndionafábrica.Semdúvida,talfatoalteraráo andamento normal das operações da empresa. O analista financeiro consideraráeste aspecto em seu parecer. Aspectos como dias de paralisação, cobertura deseguros,prejuízosestimadosetc.devemserevidenciadosemNotasExplicativas.
Outrasnotasexplicativas(arrendamentofinanceiro)
Arrendamento mercantil é um acordo pelo qual o arrendador transmite ao arrendatário emtrocadeumpagamentoousériedepagamentosodireitodeusarumativoporumperíododetempoacordado.
Arrendamentomercantilfinanceiroéaqueleemquehátransferênciasubstancialdosriscosebenefícios inerentesàpropriedadedeumativo.O títulodepropriedadepodeounãovirasertransferido.
Arrendamento mercantil operacional é um arrendamento mercantil diferente de umarrendamento mercantil financeiro. O operacional não transfere riscos e benefícios aoarrendatário.
As notas explicativas para divulgação do arrendamento mercantil financeiro conformedeterminaoCPC06–operaçõesdearrendamentomercantil–devemevidenciar,nomínimo,asseguintesinformações:
paracadacategoriadeativo,valorcontábillíquidoaofinaldoperíodo;conciliaçãoentreo totaldos futurospagamentosmínimosdoarrendamentomercantilaofinaldoperíodoeoseuvalorpresente;pagamentoscontingentesreconhecidoscomodespesaduranteoperíodo.
Quadrosanalíticossuplementares
Alguns quadros analíticos estão contidos dentro das próprias Notas Explicativas, como, porexemplo, os casos do detalhamento dos tipos de ações que compõem o capital social, oquadrodetaxade juros,asdatasdevencimento,asgarantiasdasobrigaçõesa longoprazoetc.
Nos quadros suplementares são apresentados pormenores de itens que constam dasDemonstraçõesFinanceiras;nãoseriaadequadoapresentar taisdetalhesnocorpodaquelasdemonstrações.Osquadrosmaiscomunssão:
ComposiçãodosEstoquesMatérias-primas..........................Produtosemandamento..........................Produtosacabados..........................
b)
c)
Almoxarifado..........................Peçasdereposição..........................Etc...........................
ComposiçãodoAtivoImobilizado
Terrenos .............................
Edifícios .............................
(–)DepreciaçãoAcumulada (.............................) .............................
Máquinas .............................
(–)DepreciaçãoAcumulada (.............................) .............................
Veículos .............................
(–)DepreciaçãoAcumulada (.............................) .............................
_______________ _________ _________
_______________ _________ _________
ConstruçõesemAndamento..........................................ImportaçãoemAndamento.............................................Etc.................................................................................
ProjetosemExecução
ProjetoA→
PrazodeentregaCapacidadedeProduçãoCustosEstimados×CustoRealFinanciamentosobtidosEtc.
........................
........................
........................
........................
........................
ProjetoB→........................................................................
........................
........................
........................
d)
4.7.5
4.7.6
DemonstraçõesFinanceirasavaliadasapreçodereposiçãoetc.InformaçõesentreparêntesesNormalmente, são anotações curtas que compõem o próprio corpo das Demonstrações
Financeiras,paraevidenciarmaisinformações.
Comentáriosdoauditor
Paramaiorsegurançadousuário,asempresasauditadasapresentamparecerdoauditor,emqueseexpressahaverumexamenasDemonstraçõesFinanceiras,efetuadodeacordocomospadrõesdeauditoriageralmenteaceitos.
O auditor emite sua opinião e informa se as Demonstrações Financeiras representam,adequadamente,aSituaçãoPatrimonialeaPosiçãoFinanceiranadatadoexame.Informaseas Demonstrações Financeiras foram levantadas de acordo com os Princípios deContabilidadeGeralmenteAceitoseseháuniformidadeemrelaçãoaoexercícioanterior.
Muitasvezesocorreque informaçõescontidasnoscomentáriosdoauditor já constamdeNotas Explicativas. Esta dupla evidenciação traz maior segurança ainda para o usuário dasDemonstraçõesFinanceiras.
AsDemonstraçõesFinanceirasdasCompanhiasAbertasserãoobrigatoriamenteauditadasporauditoresindependentes,registradosnaComissãodeValoresMobiliários.
Relatóriodadiretoria
Sãoinformaçõesdecaráternãofinanceiroqueabrangem:
•••••••••
4.8
dadosestatísticosdiversos;indicadoresdeprodutividade;desenvolvimentotecnológico;contextosocioeconômicodaempresa;políticasdiversas:recursoshumanos,exportaçãoetc.;expectativascomrelaçãoaofuturo;dadosdoorçamentodecapital;projetosdeexpansão;desempenhoemrelaçãoaosconcorrentesetc.
Essas informações seriammais significativas se não houvesse um excesso de otimismo(inconsequente),comofrequentementeseobserva.
Os administradores da companhia aberta são obrigados a comunicar imediatamente àBolsadeValoreseadivulgarpelaimprensaqualquerdeliberaçãodaassembleiageraloudosórgãos de administração da companhia, ou outro qualquer fato relevante ocorrido em seusnegócios,fatoquepossainfluir,demodoponderável,nadecisãodosinvestidoresdomercadodevenderoucomprarvaloresmobiliáriosemitidospelacompanhia.
Por fim, é necessário apresentar evidenciações em dosagens adequadas. Não ocultarinformações que favoreçam os usuários na análise da tendência da empresa. Não fornecerinformações demasiadamente resumidas, que pouco (ou nada) esclarecem, nem fornecerexcessodeinformações,queprejudicamaobjetividade.
RELACIONAMENTOSENTREASVÁRIASDEMONSTRAÇÕES
ACompanhia“Atenas”apresentouosdemonstrativosquetranscrevemosnaspáginasparaosexercícios encerrados, respectivamente, em 31-12-X e 31-12-X + 1, bem como asDemonstrações dos Resultados, de Mutações Patrimoniais, de Fluxo de Capital de GiroLíquidoedeFluxodeCaixa,paraoperíodoX+1.
Na verdade, a Demonstração de Fontes e Usos de Capital de Giro Líquido (origens eaplicações de recursos) foi construída diretamente a partir do Balanço, Demonstração dosResultadoseDemonstraçãodeMutaçõesPatrimoniais.Foiutilizadaatécnicadediferençadesaldosentreosgruposnãocirculantes,afimdederivarasfonteseusosdecapitaldegiro.
Assim, o acréscimo no saldo da Conta Dívidas a Longo Prazo nos Balanços ésimplificadamente considerado endividamento adicional. Claramente, poderia ter ocorrido umacréscimode20eumaamortizaçãode10,resultandonumacréscimolíquidode10.
ADemonstraçãodeCaixa, todavia,desfazadúvida,poisacusa10comorecebimentodeempréstimos.Logo,houvemesmoumempréstimoadicionalde10enãohouveamortizações.Oacréscimonoendividamentode longoprazoéuma fontedecapitaldegiro líquido (desdeque ingressesob formadecaixaoudedireitosacurtoprazonoativo),poisaumentaoativocorrente6e,emcompensação,nãoalteraopassivocorrente.Todasasoperaçõesdevemseranalisadasàluzdaequação:
––
A)
AsoperaçõesqueaumentamosaldodoCapitaldeGiroLíquido–CGLsãoasFontesdecapitaldegirolíquidoeasquediminuemsãoosUsos(ouaplicações).Destaforma,olucrodoperíodo é uma fonte líquida de capital de giro, pois as receitas aumentam o ativo corrente(usualmente)eopatrimôniolíquido,aopassoqueasdespesas(excetuadasasamortizaçõesedepreciaçõesdeativospermanentes)diminuem,emúltimaanálise,oativocorrente,bemcomoo patrimônio líquido. Em nosso exemplo, o lucro contábil é ajustado pela depreciação, poisestafoisubtraídadasreceitasparachegarmosaolucro;porém,nãoconsomefundos(capitalde giro), sendo assim adicionada ao lucro, para efeito da demonstração de capital de girolíquido.
Do ladodasaplicações (usos), tivemosumacréscimodeativopermanente representadopeloacréscimonacontademáquinaseequipamentos.Istorepresentaumaaplicação(uso)decapitaldegiro,desdequetenhasidorealizadaàvistaoucomendividamentodecurtoprazo.Se, todavia, a aquisição de equipamentos estiver, isolada e especificamente, ligada a umfinanciamento de longo prazo, não alteraria o capital de giro líquido. Pelas informaçõesfornecidas,nãosabemosseoacréscimode10noendividamentode longoprazoserviu,emparte,paraaaquisiçãodosequipamentos.Destaforma,consideramososR$10comofonteeos R$ 50 como aplicação. Mesmo que o financiamento estivesse diretamente ligado àaquisição de maquinaria, seria conveniente reportá-lo como fontes, esclarecendo que osrecursosassimsupridos foramaplicadosna compradeequipamentose reportar estaúltimacomo uso de capital de giro. Faríamos, assim, transitar o financiamento pelo caixa(aumentandoocapitaldegiro),paracomestedinheiroadquirirosequipamentos,quando,naverdade, a operação seria simultânea. Outras fontes de Capital de Giro usuais e que nãoaparecemnesseexemplosão:
aumentodecapital,integralizadoemdinheiroouemativoscorrentes;vendadeativosnãocorrentes,7àvistaouacurtoprazo.
BALANÇOSPATRIMONIAIS(Emformadedutiva)
CompanhiaAtenas
EmR$
Em31-12-X Em31-12-X+
1
ATIVOCIRCULANTE
Disponibilidades 100 120
(–)
=
+
(–)
(–)
C/Receber 300 360
Estoques(PEPS) 150 180
Outros 3 4
553 664
PASSIVOCIRCULANTE
Fornecedores 180 195
SaláriosaPagar 10 14
ImpostodeRendaaPagar 20 28
(210) (237)
CAPITALDEGIROLÍQUIDO 343 427
ATIVONÃOCIRCULANTE
Imobilizado
MáquinaseEquipamentos 500 550
DepreciaçãoAcumulada (150) 350 (200) 350
693 777
PASSIVONÃOCIRCULANTE
EXIGÍVELALONGOPRAZO
DívidasdeLongoPrazo (150) (160)
=
B)
(–)
=
(–)
=
(–)
=
PATRIMÔNIOLÍQUIDO
Capital 500 500
Reservasdelucros 43 543 117 617
DEMONSTRAÇÃODERESULTADOS
CompanhiaAtenas
EmR$
PeríodoX+1
ReceitadeVendas 1.300,00
CustodasVendas (1.000,00)
ResultadoBrutoemVendas 300,00
DESPESAS
Depreciação 50,00
DespesasFinanceiras 21,00
DespesasOperacionais 127,00 (198,00)
LucroAntesdoImpostodeRenda 102,00
ImpostodeRenda (28,00)
LucroLíquido(DIR) 74.00
C)
D)
+
•
•
=
(–)
DEMONSTRAÇÃODASMUTAÇÕESDOPATRIMÔNIOLÍQUIDOCOMPANHIAATENAS
EmR$
CapitalLucros
Acumulados Total
Saldoem31-12-X 500 43 543
LucrodoExercício – 74 74
Saldoem31-12-X+1 500 117 617
DEMONSTRAÇÃODEFONTESEUSOSDECAPITALDEGIROLÍQUIDOCOMPANHIAATENAS
(OrigenseAplicaçõesdeRecursos)
EmR$
PeríodoX+1
CapitaldeGiroLíquidoem31-12-X 343
FONTESDECAPITALDEGIRODOPERÍODO
AcréscimodeDívidasdeLongoPrazo 10
ProvidaspelasOperações,Ajustadas
pelaDepreciação 124 134
CapitaldeGiroLíquidoUtilizávelno
Período 477
USOSDECAPITALDEGIRONOPERÍODO
•
=
E)
(+)
=
(–)
AcréscimodeMáquinase
Equipamentos (50)
CAPITALDEGIROLÍQUIDOEM31-12-X+1 427
DEMONSTRAÇÃODEFLUXODECAIXA
CompanhiaAtenas
EmR$
PeríodoX+1
SaldodeCaixaem31-12-X 100
ENTRADASDECAIXA
RecebimentodeEmpréstimos 10
VendasàVista 650
RecebimentosdeValoresaReceber 590 1.250
SaldoDisponívelparaAplicação 1.350
SAÍDASDECAIXA
ComprasàVista 515
PagamentosEfetuadosaFornecedores 500
DespesasOperacionaisPagaseOutros
Desembolsos 165
=
–––
PagamentodeEquipamentos 50 (1.230)
SaldodeCaixaem31-12-X+1 120
Outrosusosnãorelacionadosnoexemploseriam:
amortizaçãodefinanciamentosdelongoprazo;distribuiçãooudeclaraçãodedividendos;prejuízodoperíodomenosamortizaçõesedepreciaçõesdeativospermanentes.8
ADemonstraçãodeFonteseUsosdeCapitaldeGiroLíquidoédegrandeutilidade,poisnãosomentedemonstra,aolongodosanos,apolíticadecaptaçãoedeaplicaçãoderecursosdaempresa,comotambém,seprojetadaparaofuturo,podedarexcelentesindicaçõessobrea capacidade de pagar compromissos por parte da empresa, a médio e longo prazos. Noexemplo apresentado, a empresa fez originar do lucro a quase totalidade de suas fontes, euma parcelamuito pequena foi derivante de endividamento adicional. Por outro lado, toda aaplicação referiu-se a investimentos em imobilizado tangível, aumentando ou repondo acapacidadeinstalada.
No que se refere à Demonstração dos Fluxos de Caixa, foi construída a partir dosdemonstrativos anteriores, com as informações adicionais necessárias, as quais não seencontramnos demonstrativos publicados.Por exemplo, se conhecermosas vendas à vista,poderemos derivar os pagamentos de clientes através do uso conjugado das informaçõessobrevendas,vendasàvista,saldo iniciale finaldeContasaReceber.Emnossocaso,porexemplo, as vendas à vista, tendo sido de 650, podemos armar o seguinte esquema derazonetesemT:
Vendas Caixa ContasaReceber
650(1) (1)650 Si=300
X=?
650(2) (2)650
1.300Sf Sf=360
As vendas à vista, de 650, foram creditadas em Vendas e debitadas à conta Caixa.Obviamente, a diferença entre vendas totais de 1.300 e vendas à vista de 650 totaliza 650também.EstevalorrepresentaasVendasaPrazo,sendocreditadonacontaVendasadébitodeContasaReceber.Ora,estacontatinhaumsaldoinicialde300,sofreuumdébitode650durante o períodoe ficou comsaldo final de 360.Qual terá sido o valor creditadona contaparaqueistopudesseterocorrido?Resolvemosassim:300+650–X=360.OvalorparaX=590. Estes 590 representam os pagamentos efetuados por clientes durante o exercício. Talvalor aparece na Demonstração de Fluxo de Caixa como “Recebimento de Valores aReceber”.
Raciocínio análogo teria lugar no caso de pagamentos efetuados a fornecedores.Deveríamos considerar as contas de compras, a parcela de compras a prazo e amovimentaçãodosaldodacontaFornecedores.
Procedimentos semelhantes seriam utilizados nos outros desembolsos e entradas.Entretanto,precisamosconheceralgumasinformaçõesdiretamentepara,emseguida,calcularoutras,deformaindireta.Oprocedimentomaisadequadoé,tantonocasodaDemonstraçãodeCaixaquantodeCGL, recorreraos registros internosdaempresa.Todavia, nemsempreistoépossível,ouàsvezeso tempodisponívelnãopermiteuma indagaçãomaiscuidadosa.Precisamos, em tais casos, trabalhar “de ouvido”, na base do conhecimento íntimo dosrelacionamentosentreosváriosdemonstrativos,preenchendoumclaroaqui,outroacolá,umverdadeiroquebra-cabeçacontábil-financeiro,quedeve,contudo,serresolvido.
Temos,assim,osseguintesfluxos:
AcréscimonoPatrimônioLíquido $74,00
AcréscimonoLucro $74,00
AcréscimodeCapitaldeGiroLíquido $84,00
AcréscimodeDisponibilidades $20,00
Oacréscimodecaixafoi,dostrês,omenor.Ocrescimentodarenda(lucrolíquido)foide74milhões,aopassoqueoacréscimodecapitaldegirolíquidofoidaordemde84milhões.
O acréscimo de lucro está contido no acréscimo de capital de giro líquido. De fato, asoperaçõessupriram124milhõesdecapitaldegirolíquido,assimdecompostos:
CapitaldeGiroProvindodasVendas 1.300,00
(–) ConsumosdeCapitaldeGiro
CustodasVendas 1.000,00
DespesasFinanceiras 21,00
DespesasOperacionais 127,00
ImpostoSobreaRenda 28,00 (1.176,00)
=AcréscimodeCapitaldeGiroLíquidoDevidoàs
OperaçõesdoPeríodo $124,00
OsR$124, entretanto, são iguaisaosR$74de lucro líquido contábilmaisosR$50dedepreciação.Assim, osR$74estão incluídosnaDemonstraçãodeCapital deGiroLíquido.Poroutrolado,houveR$10adicionais,comofonteprovenientedoacréscimodeempréstimos,eforamaplicadosR$50milhõesemmáquinaseequipamentos.
Verifica-se que, economicamente, os R$ 74 milhões de lucro seriam, em princípio,distribuíveis, eque,neste caso,o saldodecaixa suportaria tal distribuição.Entretanto, seránecessário prever os recebimentos e pagamentos futuros de caixa, a fim de verificar se odesembolso imediato de R$ 74 não irá enfraquecer em demasia a posição financeira daempresa.Verificando-sepicos(excessos)ouvales(faltas)previstosdecaixaelevando-seemcontatambémumsaldomínimodesegurançadesejado,poder-se-iatraçarumaprogramaçãodeempréstimosoudeaplicações.Daísedepreendea importânciadademonstraçãoemsuafacetadeprevisão(quenãonoscabedesenvolvernessetrabalho).Caixa,assim,éumacontaquedevesercontroladaapriori,deformaconcomitante(atravésdosboletinsdiáriosdecaixa)e a posteriori, através de demonstrativos históricos de fluxos de caixa, levantados paraperíodosmaioresdoqueumdia.Numsentidoprevisional,representaelementodefundamentalimportância a fim de evitarem excessos de disponibilidade e faltas desta. O andamento darentabilidadenão tem, necessariamente, relacionamento, no curto prazo, comaevoluçãodaliquidez, representada pelo Disponível. Assim, por falta da demonstração do fluxo de caixaprevisto,umaempresarentávelpodetersuafalênciarequeridapornãoterfundosdisponíveisemdeterminadoperíodoparapagarsuascontas.Seoorçamentodecaixaforelaboradocomrazoávelantecedência,serápossívelprevera faltadesaldoparaaqueleperíodoparticularetomarasmedidasnecessárias.
RESUMODOCAPÍTULO
Oanalistadebalançoseoanalistafinanceiroprecisamconhecerintimamenteosignificadoeasrelaçõesentreosprincipaisdemonstrativoscontábeis.Fluxoderendas(fluxode lucros),fluxo de capital de giro líquido e fluxo de caixa são conceitos diferentes, com finalidades
diversas,emboraextraídosdomesmoconjuntobásicodedados.Assim,ofluxoderendaséindicadordautilidadeagregadaaosfatoresdeproduçãopela
unidade empresarial; é um indicador de desempenho demédio e longo prazos, adequadoparaaavaliaçãodasperspectivasgeraisdaempresa,noqueserefereaovalordemercadodaação,aolucroporaçãoetc.
Entretanto,nocurtoprazo,podehaverumaarritmiaentreaposiçãode rentabilidadedaempresaesuasituaçãodeliquidez.Pode-sechegaraoextremodetermosumaboaposiçãode rentabilidade e períodos de escassez de fundos (de caixa), que, se não previstos emtempo, podem levar a empresa à insolvência. O inverso pode ocorrer: situação derentabilidade desfavorável e posição de liquidez de curto prazo favorável. Desta forma, ofluxodecaixa(nocaso,oorçamentodecaixa)assumeimportânciafundamental.
Ofluxodecaixa,todavia,nãoésuficienteparaavaliar,emseutodo,apolíticafinanceirada empresa, quanto às fontes e aplicações de capital de giro. Por outro lado, esta últimaanálise(docapitaldegirolíquido)émaisadequadaparaprevisõesdemédioelongoprazos.
Adicionalmente, é preciso ressaltar que os fluxos de caixa previstos têm importantesaplicaçõesnoorçamentodecapital.
Conquanto a finalidade deste capítulo não seja expor como é feita a projeção de taisdemonstrativos,oentendimentodasrelaçõescontábeisexistentesentreeles,deumaformasimplificada,éextremamenteimportante.
EXERCÍCIOPROPOSTOERESOLVIDO
AEmpresa“Relacionada”apresentouosdemonstrativoseasinformaçõescomplementaresaseguirrelacionados:
A) BALANÇOSPATRIMONIAIS
EmR$
Em31-12-X Em31-12-X+1
ATIVO
AtivoCorrente(circulante)
CaixaeBancos 135 104
DuplicatasaReceber 250 280
(–) ProvisãoparaCréditodeLiquidaçãoduvidosa (8) 242 (9) 271
Inventários 95 101
DespesasPagasAntecipadamente 2* 1
TotaldoAtivoCorrente 474 477
AtivoNãoCorrente(Ativonãocirculante)
ContasaReceber(RealizávelaLongoPrazo) 150 180
ImobilizaçõesTécnicas 350 390
(–) DepreciaçãoAcumulada (105) 245 (144) 246
Investimentos 50 70
TotaldoAtivoNãoCorrente 445 496
TotaldoAtivo 919 973
PASSIVOEPATRIMÔNIOLÍQUIDO
PassivoCirculante
Fornecedores 120 136
ContasaPagar 15 10
ImpostosaPagar 90 33
TotaldoPassivoCirculante 225 179
PassivonãoCirculante
ExigívelaLongoPrazo
FinanciamentosnoExterior 110 149
ContasaPagar 12 5
TotaldoPassivoExigívelaLongoPrazo 122 154
PatrimônioLíquido
Capital 300 350
Reservas 45 50
Reservasdelucros 227 240
TotaldoPatrimônioLíquido 572 640
TotaldoPassivoePatrimônioLíquido 919 973
B) DEMONSTRAÇÃODERESULTADOS
ParaoPeríodoX+1
EmR$
VENDAS 3.600,00
(–) CUSTODASVENDAS (2.800,00)
•
•
•
•
•
= RESULTADOBRUTOCOMVENDAS 800,00
(–) DESPESAS
Depreciação 39,00
ProvisãoparaCréditodeLiquidaçãoDuvidosa 9,00
Financeiras 20,00
VariaçãoCambial 39,00
OutrasDespesasOperacionais 582,00 (689,00)
= LUCRO(AIR) 111,00
(–) ImpostodeRenda (33,00)
= LUCRO(DIR) R$78,00
C) DEMONSTRATIVODEMUTAÇÕESDOPATRIMÔNIOLÍQUIDO
ParaoPeríodoX+1
EmR$
Capital ReservasLucros
AcumuladosTotal
Saldoem31-12-X 300 45 227 572
AumentodeCapital 50 (30) 20
LucrodeX+1 5 73 78
DistribuiçãodeDividendos (30) (30)
Saldoem31-12-X+1 350 50 240 640
D) INFORMAÇÕESADICIONAIS
1.OaumentodecapitalfoiintegralizadopartecomaproveitamentodeLucrosAcumulados(incorporaçãodeLucros
AcumuladosaoCapital)eparteemdinheiro.
2. Osdividendosforampagosemdinheiro.
3. Asdespesasfinanceirasforampagasemdinheiro.
4.Ocrescimentodosaldodadívidaemmoedaestrangeira(FinanciamentosnoExterior)édevidototalmenteàvariação
cambial.
5. AsvendasàvistaforamdeR$1.200,00.
6. AscomprasaprazoforamdeR$1.120,00.
7. Osacréscimosemcontasareceberalongoprazoeoseminvestimentosforamàvista.
8. PagamentosdeContasaPagar,noperíodo,totalizaramR$588.
9.AscomprasaprazoeasvendasaprazosãocontabilizadasnascontasFornecedoreseDuplicatasaReceber,
respectivamente.
*TransformadasemDespesaOperacionalemX+1.
Pede-se:ElaboraraDemonstraçãodeFonteseUsosdeCapitaldeGiroLíquidoeaDemonstração
deFluxodeCaixa.
SOLUÇÃO
EMPRESA“RELACIONADA”DEMONSTRAÇÃODEFONTESEUSOSDECAPITALDEGIROLÍQUIDO(ORIGENSEAPLICAÇÕESDERECURSOS)
ParaoPeríodoX+1
EmR$
CapitaldeGiroLíquidoem31-12-X R$249
ORIGEMDERECURSOS
AumentodeCapitalIntegralizadoemDinheiro R$20
LucroLíquidoAjustadopelaDepreciaçãoe
VariaçãoCambialR$156*
TotaldeOrigens(1) R$176
APLICAÇÕESDERECURSOS
DistribuiçãodeDividendos R$30
AcréscimonoRealizávelaLongoPrazo R$30
AcréscimonasImobilizaçõesTécnicas R$40
AcréscimonosInvestimentos R$20
DiminuiçãonasContasaPagardeLongoPrazo R$7
TotaldeAplicações(2) R$127
ExcessodeOrigenssobreAplicações(1)–(2) R$49
CapitaldeGiroLíquidoem31-12-X+1 R$298
Defato,AtivoCirculante–PassivoCirculante,em31-12-X+1=R$477–R$179=R$298.
*R$156=LucroLíquidodeR$78+DepreciaçãodeR$39+DespesadeVariaçãoCambialdeR$39 (que,embora
diminua o Patrimônio Líquido, não consome capital de giro líquido, pois foi creditada em Passivo Exigível a Longo
Prazo). Por outro lado, o acréscimo na conta de Exigível a Longo Prazo, que deriva da Variação Cambial, não foi
consideradocomoorigensderecursos.
DEMONSTRAÇÃODEENTRADASESAÍDASDECAIXA(FLUXODECAIXA)
ParaoPeríodoX+1
EmR$
Saldoem31-12-X 135
ENTRADAS
AumentodeCapital 20
VendasàVista 1.200
RecebimentodeDuplicatasaReceber 2.362
TotaldeEntradas 3.582
SAÍDAS
PagamentosdeDividendos 30
DespesasFinanceiras 20
ComprasàVista 1.686
PagamentosdeContasaPagardeCurtoPrazo 585
PagamentosdeContasaPagardeLongoPrazo 7
PagamentosdeDespesasAntecipadas 1
ImpostodeRendaPago 90
AplicaçõesemAtivosNãoCorrentes 90
PagamentosaFornecedores 1.104
TotaldeSaídas 3.613
ExcessodeSaídassobreEntradas (31)
Saldoem31-12-X+1 104
Observações:
•Nocálculodovalorparao“RecebimentodeDuplicatasaReceber”énecessáriolevaremcontaquefoiutilizada,duranteo
período,aprovisãoparacréditosdeliquidaçãoduvidosadeR$8.OsR$9,de31-12-X+1,foramconstituídosnoúltimodia
deX+1.Poroutrolado,ascomprastotaisdevemserdeduzidasapartirdoCustodeVendasedosEstoquesIniciaiseFinais.
•NosexemplosatéopresenteCapítulo,aindanãointroduzimososefeitosderivantesdacorreçãomonetáriaprevistanaLei
dasSociedadesporAções,a fimdemantermosemtermosmuito simplesos relacionamentos.A correçãoé tratadaem
capítuloseexemplosposteriores.
1
2
3
4
5
6
7
8
_____________
Agradecemos ao Prof. José Carlos Marion por ter gentilmente concordado em queutilizássemos, como base deste capítulo, a discussão feita noContabilidade comercial.SãoPaulo:Atlas,1987,denossacoautoria.
Ouquandodesuasaídadaempresa.
NaSA,oestatutoéquedeterminaopercentualdolucroqueserádistribuído.
Evidenciaçõestambémsãochamadasdisclosure.
Para cada classe poderá ser estipulado dividendo diferenciado, direito (ou não) desubstituiçãodenovasaçõesetc.
AtivoCorrente=AtivoCirculante.IdemparaoPassivo.
Incluído,alémdoAtivoPermanente,oRealizávelaLongoPrazo.
Incluídos, no Ativo Permanente, o Imobilizado, o Ativo Diferido e os Investimentos,segundoaatualLeidasS.A.
5.1
a)
b)
c)
d)
e)
1.2.
GENERALIDADES
Aanálisedebalançosdeveserentendidadentrodesuaspossibilidadese limitações.Deumlado,mais aponta problemas a serem investigados do que indica soluções; de outro, desdeque convenientemente utilizada, pode transformar-se num poderoso “painel de controle” daadministração.
Paraisso,énecessárioatentarparaosseguintesdetalhes:
registros contábeis da empresa devem ser mantidos com esmero para que asinformações sejam produzidas com fidedignidade e sejam úteis para tomada dedecisão;ainda que o Departamento de Contabilidade da empresa realize um grande esforçopara manter os registros de forma correta, é altamente desejável que os relatóriosfinanceiros sejam auditados por auditor independente ou, pelo menos, tenha havidoumaminuciosarevisãoporpartedaauditoriainterna;éprecisotomarmuitocuidadonautilizaçãodevaloresextraídosdebalançosiniciaisefinais,principalmentenaáreadecontasarecebereestoques,poismuitasvezestaiscontas,nasdatasdebalanço,nãosãorepresentativasdasmédiasreaisdeperíodo;osdemonstrativosobjetosdeanálisedevemsercorrigidostendoemvistaasvariaçõesdo poder aquisitivo da moeda, muito embora não exista mais a figura da correçãomonetárianoBrasildesde1995;para finsgerenciaisedeanálisesestanecessidadenão pode ser descartada (analisaremos este problema, em detalhe, em capítuloespecial);aanálisedebalançoslimitadaaapenasumexercícioémuitopoucoreveladora,salvoem casos de quocientes de significação imediata. Adicionalmente, é necessáriocompararnossosquocientesetendênciascom:
quocientesdosconcorrentes;metaspreviamenteestabelecidaspelaadministração(quocientes-padrão).
DEMONSTRAÇÕESFINANCEIRASEM31DEDEZEMBRODE20X7
BALANÇOPATRIMONIAL
(QuadroI)R$
ATIVO
CIRCULANTE
Caixa 119
Bancos 70.608
Valoresnegociáveis(LTN) 25.000 95.727
Contasareceber
Duplicatas 375.019
Duplicatasesaquesdescontados (24.036)
ProvisãoparaCréditosdeliquidaçãoduvidosa (11.271)
Outras 10.433 350.145
Estoques
ProdutosAcabados 82.069
Produtosemelaboração 151.309
Matérias-primas 78.393
Materiaisauxiliares 16.913
Importaçõesemandamento 405
329.089
ProvisãoparaICMS (15.328) 313.761
DepósitosparaImportações–Resolução443 30.546
Despesasdoexercícioseguinte 4.604
TotaldoAtivoCirculante 794.783
ATIVONÃOCIRCULANTE
REALIZÁVELALONGOPRAZO
Empresascontroladas 20.440
Eletrobras 17.918
Outros 3.160
41.518
ProvisãosobreEletrobras (6.091) 35.427
INVESTIMENTOS
Empresascontroladas 144.288
Aplicaçõesporincentivosfiscais 14.436
Outros 1.207
159.931
Provisãosobreinvestimentos (32.054)
127.877
IMOBILIZADO 592.583 720.460
1.550.670
DEMONSTRAÇÕESFINANCEIRASEM31DEDEZEMBRODE20X7
BALANÇOPATRIMONIAL
(QuadroI)R$
PASSIVOEPATRIMÔNIOLÍQUIDO
CIRCULANTE
Fornecedores 35.514
Financiamentos
Nacionais 55.553
EstrangeirosR$1.494mil(R$5.014milmenosR$3.520mil–Resolução
432)23.979 79.532
ContaseDespesasapagar 18.642
Impostosecontribuiçõesarecolher 59.664
Provisãoparaimpostoderenda 66.657
Propostaàassembleia
Gratificaçãodefuncionários 4.000
Porcentagemàadministração 10.161
Dividendos 57.182 71.343
TotaldoPassivoCirculante 331.352
NÃOCIRCULANTE
Financiamentos
Nacionais 93.216
EstrangeirosUSR$2.628mil(USR$3.565milmenosUSR$937mil–
Resolução432)42.175 135.391
PATRIMÔNIOLÍQUIDO
Capitalsubscritoeintegralizado 334.399
Reservadecapital 517.445
Reservadelucros 232.083 1.083.927
1.550.670
Afimdedemonstraroqueacabamosdeafirmar,apresentamosanteriormenteumexemplodebalançoedemonstraçõesderesultadosdeumaempresareal.
ObalançoeasDemonstraçõesdeResultadospoderiamsercolocadosconvenientemente,para efeito de análise, na forma apresentada nas páginas 88 e 89 (DemonstrativoSumarizado).
Evidentemente,esteéapenasumdosformatosqueseriapossívelapresentar,nograude
detalheque,presumivelmente,interessaàanálise,nocasoparticular.Poderíamosapresentaralgomaisresumidooumaisdetalhado.
DEMONSTRAÇÃODORESULTADONOEXERCÍCIO
(QuadroII)
R$
RECEITAOPERACIONALBRUTA
Vendadeprodutos 1.424.602
Outras 59.898 1.484.400
IMPOSTOSOBREPRODUTOSINDUSTRIALIZADOS (95.008)
Receitaoperacionallíquida 1.389.392
CUSTODOSPRODUTOSVENDIDOS (540.500)
Lucrobruto 848.892
DESPESAS
Vendas
Comissões 152.316
Outras 21.453 (173.769)
Gerais
Honoráriosdadiretoria 10.161
Administrativas 232.083
Impostosetaxas 1.782 (244.026)
Financeiras
Depreciações,menosR$74.403milapropriadosaocustodeprodução (12.794)
Lucrooperacional 355.167
OUTRASRECEITAS(DESPESAS)OPERACIONAIS
Provisãosobreinvestimentos (32.054)
ReversãodeprovisãosobreEletrobras 2.840
Outras,líquido (73.595) (102.809)
Resultadosdoexercícioantesdoimpostoderendaepropostaà
Assembleia 252.358
PROVISÃOPARAIMPOSTODERENDA (66.657)
PROPOSTAAASSEMBLEIA
Gratificaçãoafuncionários 4.000
Porcentagensàadministração 10.161 (14.161)
Lucrolíquidodoexercício 171.540
(Lucroporaçãodocapitalsocial:R$0,51)
DEMONSTRATIVOSUMARIZADO1
BALANÇOPATRIMONIALEM31-12-20X7
ATIVO
ATIVOCIRCULANTE
Disponibilidades 95.727
ContasaReceber 350.145
Estoques 313.761
DepósitoparaImportações 30.546
DespesasAntecipadas 4.604 794.783
ATIVONÃOCIRCULANTE
EmpresasControladas 20.440
Eletrobras(Líq.) 11.827
Outros 3.160 35.427
INVESTIMENTOS
EmpresasControladas 144.288
ImóveisdeAluguel 14.436
Outros 1.207
159.931
(–)ProvisãosobreperdadeInvestimentos (32.054) 127.877
IMOBILIZADO 592.583 720.460 755.887
TOTALDOATIVO 1.550.670
PASSIVOEPATRIMÔNIOLÍQUIDO
PASSIVO
PASSIVOCIRCULANTE
Fornecedores 35.514
Financiamentos 79.532
ContaseDespesasaPagar 18.642
ImpostoseContribuiçõesaRecolher 59.664
ProvisãoparaImpostodeRenda 66.657
PropostasdeDistribuiçãoDividendos 71.343 331.352
PASSIVONÃOCIRCULANTE
FinanciamentosNacionais 93.216
FinanciamentosEstrangeiros 42.175 135.391
TOTALDOPASSIVO 466.743
PATRIMÔNIOLÍQUIDO
CapitalSubscritoeIntegralizado 334.399
ReservasdeCapital 517.445
ReservasdeLucros 232.083 1.083.927
TOTALDOPASSIVOEPATRIMÔNIOLÍQUIDO 1.550.670
DEMONSTRATIVOSUMARIZADO2
DEMONSTRAÇÃODERESULTADOSPARAOEXERCÍCIODE20X7
ReceitaOperacionalBruta 1.484.400
(–) DeduçõesdeReceitas (95.008)
= ReceitaOperacionalLíquida 1.389.392
(–) CustodosProdutosVendidos (540.500)
= LucroBruto 848.892
(–) DESPESASOPERACIONAIS
Vendas 173.769
Administrativas 244.026
Financeiras 63.136
Depreciação 12.794 (493.725)
= LucroOperacional 355.167
(–) OutrasDespesasoperacionais(líquidas) (102.809)
=ResultadodoExercícioantesdoImpostodeRendaeda
PropostadeDistribuiçãoàAssembleia 252.358
(–) ProvisãoparaImpostodeRenda (66.657)
= ResultadoLíquidodoExercício(DIR) 185.701*
(–) PropostadeDistribuição (14.161)
= LucroLíquidodoExercício 171.540*
*VejaCapítulo2,paraummelhorentendimentodosignificadoeparaanálisedosdoisitensacima.
Emalgunscasos,seráinteressanteevidenciarasdepreciaçõesacumuladaseasprovisõesparacréditosdeliquidaçãoduvidosa,bemcomoduplicatasdescontadas.
Emalgumassituações,poderemosquererreportartodasascontasouquasetodas.Oqueimportaéclassificá-lasnosgruposcirculanteenãocirculante,paramaiorfacilidadedeanálise.
Donossopontodevista,osdemonstrativosparaanálise,principalmenteemsetratandodeumaanáliseparaavaliaçãode tendência,devemserosmais resumidos.Sealgumasáreas-problema forem diagnosticadas, a análise pode ser aprofundada a qualquer momento. Umcritériopara“eleição”dascontasaseremounãoincluídasnosdemonstrativos,paraefeitodeanálise, é verificar se ultrapassam ou não certa porcentagem do total do grupo a quepertencem, do Ativo etc. Entretanto, a administração pode ter interesse em acompanhar aevoluçãode itensqueaindanãosão representativosno total,masque retratamalgumplanodeexpansão,cujaevolução,porexemplo,desejamosmonitorizarnosrelatóriosfinanceiros.
Omaiscorretoseriafazeraprimeiraanálisecomgruposomaisresumidopossívele,nasáreas-problema,efetivarumaanálisedetalhada.
Aclassificaçãoemativoepassivocirculantespossibilitavisualizar imediatamenteocapitaldegirolíquidodaempresa.
NoqueserefereaoDR,1delinearíamosodemonstrativosumarizado2dapáginaanterior.Quanto ao subgrupo “Despesas Operacionais”, é claro que seria, em muitos casos,
necessáriaumaanálisemaisdetalhada.Poroutro lado,napartedeoutras receitaseoutrasdespesas operacionais, as rendas e despesas financeiras poderiam (e em muitos casosdeveriam)serevidenciadasindividualmente.
5.2
5.2.1
AANÃLISEHORIZONTAL
AfinalidadeprincipaldaanálisehorizontaléapontarocrescimentodeitensdosBalançosedas Demonstrações de Resultados (bem como de outros demonstrativos) através dosperíodos,afimdecaracterizartendências.
Análisehorizontaldesériesdevendas,CustodasVendaseresultado
Estaanáliseofereceavaliaçõesinteressantes.Suponha,porexemplo,aseguinteevolução:
Itemdaanálise
EMR$
20X1 20X2 20X3 20X4 20X5
Vendas 100 107 115 123 132
(–)CustodasVendas 70 76 83 91 99
=LucroBruto 30 31 32 32 33
A tabeladeanálisehorizontalsempreé realizadaem termosde índices.O índicedoanoestabelecidocomobasedasérieé100,eosvaloresdosanosseguintessãoexpressosemrelação ao índice base, 100.Assim, tomando-seVendas, o primeiro ano (20X1) é expressopelo índice100.Obviamente, o segundoano (20X2) é expressopelo índice 107.O terceiroano(emtermosdoprimeiro)teráíndiceiguala115,eassimpordiante.
JánocasodoCustodeVendas,oprimeiroanotembase100.Osegundoteráíndice109.Este índiceéobtidodividindo-se76por70emultiplicando-sepor100,oumultiplicando-seoquociente 100/70 por 76.Este segundo procedimento émelhor, pois, no caso de uma sériemuito longa, basta considerar 100/70 como fator constante, colocar na memória dacalculadora e multiplicar sucessivamente por todos os valores seguintes, obtendo-seautomaticamenteosíndices.Assimprocedendo,osíndicesseriam:100,109,119,130e141.
Comparemos,agora,osíndicesdasduasséries:
Itemdaanálise 20X1 20X2 20X3 20X4 20X5
Vendas 100 107 115 123 132
CustodasVendas 100 109 119 130 141
Note-se que Custo das Vendas está crescendo mais rapidamente do que Vendas. Istolevou, como vimos, à estagnação do Lucro Bruto. Todavia, a tendência é pior do que podeparecer à primeira vista. Se calcularmos a taxa implícita média (composta) de crescimentoanual das duas séries, veremos queVendas cresce cerca de 7%, ao passo queCusto dasVendascresce9%.Defato,seaplicarmosafórmuladoMontante(MatemáticaFinanceira),asduassériesseriamassimexpressas(desprezandoosanosintermediários):
Vendas:
um capital inicial deR$ 100 rendeu, no fim de 4 anos, R$ 32, ou se transformou numMontantedeR$132.
Assim,R$100×(1+i)4=132.
Resolvendo em i, esta é (aproximadamente) igual a 0,07 ou 7% a.a., capitalizaçãocomposta(7,19%,maisexatamente).
Defato,R$100×(1,07)4R$100×1,32=R$132.
CustodasVendas:R$70×(1+i)4=99;
i=9%a.a.,capitalizaçãocomposta(9,05%,maisexatamente).
Se tal tendênciapersistir,anochegaráemqueovalordoCustodasVendasalcançaráovalordasVendase,obviamente,apartir daqueleperíodo,haveráprejuízos.Éclaroque emnossoexemplodemorariamuitosanospara istoacontecer,poisadiferençaentreoscapitaisiniciaiségrandeeadiferençadetaxasérelativamentepequena.
SeasVendasforemdeR$100nofimdoanoX0,crescendoaumataxade10%aoanoeoCustodasVendasR$90crescendoa15%aoano,teríamos(aproximadamente):
Fimdo1o
AnoFimdo2o Fimdo3o Fimdo4o Fimdo5o
Itemdaanálise (X1) (X2) (X3) (X4) (X5)
Vendas 110 121 133 146 161
CustodasVendas 104 120 138 159 183
Verifica-sequenofimdoterceiroanojáincorreríamosemprejuízo(nasvendas).É claro quemuitos eventos poderiam ocorrer e que tenderiam a reverter ou amenizar a
tendência.Umdeles,semdúvida,poderiaserconfiguradopelasprovidênciasquetomaríamosapartirdatomadadeconsciênciasobreatendênciadesfavorável.
Estetipodeanáliseéaplicável tambémasériesmaiscompletasdereceitasedespesas.Emúltimaanálise,todaaDemonstraçãodeResultadospodeseranalisadahorizontalmente.Éclaroquenemsemprepoderemosrealizarcomtantafacilidadeoscálculosdetaxaimplícitadecrescimento, especialmente quando houver reversão de tendência de um ano para outro.Entretanto,éuminstrumentalquepodeserutilizado,àsvezes.
OBalançotambémtemsuaanálisehorizontalrealizadaitemporitemougrupoporgrupo.Os leitores terão oportunidade de efetuar uma análise horizontal e vertical completa em
exercícioposterior.Oqueinteressaagoraécaracterizá-las.Umproblemaquemuitoafetaasignificânciadaevoluçãohorizontaldosíndiceséainflação
(se as contas não estiverem corrigidas pela correção integral, lembrando que a correçãomonetária foi extinta no Brasil em 1995, o que de certa forma impede as empresas deatualizaremasdemonstraçõescontábeisparacorrigiraperdadainflaçãodoperíodo).
AssériesdeVendaseDespesassãocompletamentealteradas,se levarmosemcontaainflação,mudandoocomportamentodosíndicesdeformaponderável.ÀmedidaqueoCustodasVendascontenhaparcelasdeestoquesantigosequeoestoque final sejapequenocomrelaçãoao inicial,oCustodasVendas tenderáasofrerumacorreçãomaiorqueasVendas.Poroutro lado,asdespesasdedesembolso(salários,despesasadministrativasetc.) tendema ser corrigidas pelos mesmos coeficientes de vendas. A amortização de intangíveis e asdepreciações,emmédia,têmumcoeficientedecorreçãobemmaiorqueodasvendas.Assim,demaneirageral,pode-seafirmarque,seemvaloreshistóricosasdespesascresceremmaisrapidamente que as receitas, em valores corrigidos a tendência, geralmente, poderá seracentuada.Seasdespesascresceremmenosrapidamentequeasreceitasnodemonstrativohistórico,atendênciaseatenuaránosdemonstrativoscorrigidos.Seocrescimentoforidênticonos valores históricos, as despesas tenderão a crescer mais a valores corrigidos. Poderáhavercasos,todavia,emqueoacimadescritonãoocorrerá,notodoouemparte.
AanálisehorizontalaplicadaaitensdoBalançotemomesmosignificadoqueaaplicadaaitensdoDR.Trata-sedediscerniroritmodecrescimentodosváriositens.Algunsitens,como,por exemplo, o Disponível, desejamos controlá-los de maneira especial. Todavia,frequentemente a análise horizontal ganha sentido apenas quando aliada à vertical. Porexemplo, o disponível pode ter crescido em valores absolutos, mas sua participaçãopercentualsobreoativocirculanteoutotalpodeter-semantidoconstanteouatéterdiminuídopor causa do aumento do giro e das dimensões da empresa. Se o objetivo é manter oDisponível a um mínimo possível, é preciso tomar muito cuidado com a análise do seucrescimento.Aanálisehorizontaleaanáliseverticaldevemserutilizadasconjuntamente.
5.3 AANÃLISEVERTICAL
Este tipo de análise é importante para avaliar a estrutura de composição de itens e suaevoluçãono tempo.SuponhamosquedeterminadoEstadoapresenteaseguinteevoluçãodeDespesasPúblicas:
DespesasemR$ 20X2 20X3 20X4
DespesasCorrentes 800 1.000 1.300
DespesasdeCapital 1.500 1.800 2.250
DespesasTotais 2.300 2.800 3.550
ApolíticadeprioridadesdaqueleEstadohaviasidodeclaradacomosendoadeaumentaraparticipaçãodadespesade capital (basicamente investimentos) sobreadespesa total.Terásidobem-sucedida?
Peloqueosnúmerospodemindicar,claramente,não,pois,em20X2,adespesadecapitalrepresentava65%dadespesatotal.Em20X3,passouarepresentar64%e,em20X4,63%.Embora tivesse declinado lentamente, participação percentual declinante da despesa decapitalrepresentaalgodesfavorável,noqueserefereaoobjetivosupramencionado.Aliás,emmatériadeentidadesestaduais,federaisemunicipais,éextremamentedifíciledolorosomudara representatividade percentual destes dois itens sobre a despesa total. Muitas vezes, umacréscimo desmesurado de investimentos, não devidamente acompanhado pela adequadamanutenção(queexigepessoalbemremunerado,materiais,e,portanto,despesascorrentes)dosserviços,resultaemdeterioraçãodosserviçosprestadosàpopulação.
ACompanhiaMidas assim apresentava a evolução dos grupos do Ativo em relação aoAtivoTotal(valoresexpressosemmoedade20X9):
Itemdaanálise 20X6 % 20X7 % 20X8 % 20X9 %
Disponibilidades 20 6 15 3,5 10 2 8 1,5
ValoresaReceberaCurtoPrazo 90 27 85 20 20 5 22 4
Estoques 60 18 80 19 110 25 130 24
ValoresaReceberaLongoPrazo 10 3 20 5 25 6 30 6
Imobilizado 150 44 200 48 250 57 300 56
Investimentos 5 1 15 3,5 15 3 30 6
Diversos 3 1 5 1 10 2 12 2,5
338 100 420 100 440 100 532 100
Observe-sequeoativototalteveacréscimode24%entre20X6e20X7.De5%,de20X7
para20X8.De21%,de20X8para20X9.Dentre os grandes itens, nota-se diminuição da participação doDisponível sobre o Ativo
Total,oquepodeserótimo indício.Osestoquessofremacréscimode18para19%,epara25%em20X8,decrescendoligeiramentesuaparticipaçãoem20X9,nonívelde24%,porémacima do nível inicial. Seria preciso investigar o porquê disso e com quais fundos foiaumentadaaparticipaçãodosestoques.Emparte,talvezissotenhasidopossívelpelamelhoradministraçãodoDisponível.
Vejamos o que ocorre com osRecebíveis aCurto Prazo: diminuem bastante de 20X6 a20X7, passando de 27% para 20%. Sofrem decréscimo brutal em 20X8, o qual deverá serinvestigadoquantoàsverdadeirascausas.Entretanto,mantêm-sebaixosem20X9.Estesdoisúltimosvalorespodemserindicativosdequeaempresapraticamentenãovendeuaprazo(oudeoutrosfatores).Dequalquerforma,podeseraltamentepositivaadiminuiçãopercentualdosDisponíveiseRecebíveissobreoAtivoTotal.
Em compensação, a empresa conseguiu transferir recursos consideráveis parainvestimento em imobilizado. Este aumentou sua participação de 44%, em20X6, para 48%,em 20X7, e 57%, em 20X8,mantendo-se praticamente estável em 20X9. A empresa tenhatalvez decidido usar recursos de caixa e equivalente de caixa e recebíveis para investir emestoqueseimobilizado.Seria,poroutrolado,necessárioanalisaracomposiçãodasfontesderecursosparase teruma ideiamelhordoqueocorreu.Seestaanáliserevelar,porexemplo,que o endividamento de longo prazo não se alterou muito e que não houve acréscimos decapitalporsubscrição,efetivamenteaexpansãodoimobilizadopodetersidoobtidaàscustasdeumaretraçãodocapitaldegirolíquido.Énecessário,todavia,analisarcomosecomportaoExigívelaCurtoPrazo.Éprovávelquetenhapelomenosmantida,senãoaumentada(dadasas hipóteses de não crescimento do endividamento a longo prazo e do capital), suaparticipação. Será necessário analisar mais adequadamente a situação de liquidez e suatendência.
No Demonstrativo Operacional (DR), a análise vertical pode ser até de maior utilidade.Observeoquadroabaixo:
COMPANHIAMIDAS
DEMONSTRAÇÕESDERESULTADOS(EMMOEDADE20X4)
Itemdaanálise 20X3 20X4
Vendas R$385 100% R$520 100%
(–) CustodasVendas R$193 50% R$244 47%
=Lucrocom
Mercadorias R$192 50% R$276 53%
(–)Despesas
Operacionais
SaláriosR$
8065% R$115 65%
DepreciaçõesR$
108% R$15 8%
Impostos R$8 6% R$12 7%
OutrasR$
2521% R$123 32% R$36 20% R$178 34%
= LucroOperacional 69 18% R$98 19%
(–) DespesasFinanceiras* R$10 3% R$36 7%
= Lucro(AIR) R$59 15% R$62 12%
(–)Provisãopara
ImpostodeRenda R$19 5% R$22 4%
1.
= LucroLíquido R$40 10% R$40 8%
*ConsideradascomoitemNãoOperacional.
Aanáliseverticaléextremamentereveladora,nestecaso.Verifica-sequeatéoitem“LucroOperacional”aempresamanteveeatémelhorouodesempenhoemrelaçãoa20X3.Defato,o custo das vendas que representava 50% das mesmas diminuiu para 47%, aumentando,portanto, a participação do lucro com Mercadorias. Entretanto, verifica-se acréscimopercentual das Despesas Operacionais, as quais passam de 32% para 34%. Interessantenotarque,dentrodogrupoDespesasOperacionais,seuscomponentesindividuaismantêmasparticipaçõescomrelaçãoaototaldeDespesasOperacionais.Poralgummotivo,aempresanãoconseguiucontrolarasdespesasoperacionaisaomesmonívelpercentualde20X3,comrelação às vendas. Isto foi quase o suficiente para anular a vantagem obtida no custo dasvendas.
No item Despesas Financeiras verifica-se o fator primordial que fará o desempenho daempresa empobrecer, pelo menos no que se refere o DR. Passaram de 3%, porcentagembaixa, para 7% das vendas, mais alta, embora não alarmante. Quais os motivos destamudança? É preciso investigar em profundidade, tentando alterar o comportamento. Emconsequência da piora no item Despesas Financeiras, todos os demais relacionamentos sedeterioram. De um lucro líquido de 10% sobre as vendas passamos para 8%, embora emvaloresabsolutospermaneçamiguais.
Esta deterioração da margem, entretanto, talvez possa ser recuperada pelo ganho, sehouver,narotaçãodoativopelasvendas,comoveremosmaisadiante.
Nãoéaltamenteprovável, todavia,quearotaçãotenhaaumentadoapontodecancelaraperdanamargem.Istoporque,portertidoumadespesafinanceiramaisalta,provavelmenteaempresaobteveempréstimos,osquaisdevemteraumentadoasaplicaçõesnoativo.Todavia,seránecessáriaumaanálisemaisdetalhadaparaumamelhorconclusão.
Comoafirmamosanteriormente,aanálisedebalanços revelamaisáreasdeproblemasaserem investigadasdoquesoluções. Istonoquese refereàanálise completa.Oquedizer,então, de uma pequena parte da análise, qual seja o cálculo das porcentagens verticais?Entretanto, o “contador e os gestores poderão commentalidade de analista” discernir umasérie de fatores que motivaram certo comportamento e apontá-los aos interessados eresponsáveis pela empresa. Não se devem esperar, todavia, resultados imediatos, comoconsequênciadeumaanálise,anãoseremcasosextremamenteevidentes.
RESUMODOCAPÍTULO
O trabalho de preparação dos dados para a análise de balanços envolve algumas etapasbásicas,asaber:
Revisãodosdemonstrativosfinanceirosporauditoresindependentesouinternos.
2.
3.
4.
5.
6.
1.
Agrupamento e reagrupamento dos balanços apresentados da forma tradicionalnumaformamaisadequadaparaaanálise.Tirar o efeito da inflação dos demonstrativos financeiros, tornando-os comparáveisemtermosdepoderaquisitivodeumamesmadata(CorreçãoIntegral).Efetuar a análise horizontal e vertical dos demonstrativos ou da série dedemonstrativos.Coletar as demonstrações contábeis2 das empresas com as quais deveremoscompararnossasanálises.Coletaraspublicaçõesespecializadasquecomparamosprincipaisíndicesdasmaioresempresas.Tersempreemmenteosquocientes-padrãoestabelecidospelaprópriaempresa,seexistirem.
Asanáliseshorizontalevertical sãomuito importantescomoetapapreparatóriaàanáliseporquocientespropriamentedita.Todavia,tenha-seemmentequealgumasanálisesverticaisjá representamquocientes.Porexemplo,aanáliseverticaldodemonstrativode resultados járelaciona uma série de itens de despesa e resultados comas vendas.Como veremosmaisadiante,olucrolíquidosobreasvendaséumdoscomponentesdocálculoderetornosobreoinvestimento.
Conclusões apressadas devem ser evitadas a partir das análises vertical e horizontal,tomadas isolada ou conjuntamente. Somente a apreciação conjunta dos vários quocientespoderádarumaideiamaisnítidadasituaçãodaempresa.
EXERCÍCIORESOLVIDO
ACompanhiaSinapseapresentouaseguinteevoluçãoparaasReceitas,DespesaseLucro:
EmR$milhões
Descrição/Ano 20X1 20X2 20X3 20X4 20X5 20X6
Receitasglobais 113 125 168 198 215 312
Despesas 96 101 125 159 189 212
Lucro 17 24 43 39 26 100
Os índices gerais de preços, no meio de cada ano, foram os seguintes: 20X1, 2.300;20X2,2.450;20X3,2.589;20X4,3.000;20X5,3.400;20X6,3.800.
Apenasnoanode20X6,houveumganhoextraordináriodeR$55,incluídonasReceitas.Pede-se: Efetuar a análise horizontal. Como a inflação modificaria a análise? Como
considerariaoGanhoExtraordinárioem20X6?Aempresanãomantémestoques.
SOLUÇÃO
CoeficientesdeCorreção:3.800/2.300=1,65;3.800/2.450=1,55;3.800/2.589=1,47;3.800/3.000=1,27;3.800/3.400=1,12;3.800/3.800=1,00.
Observação:
Oganhoextraordináriode20X6deveriasersubtraídodareceita20X6nessecaso.Todavez que pretendemos extrair de uma série alguma tendência, devemos excluirresultadosanormaisounãorecorrentes.Entretanto,podemoseventualmenteconsiderarreceitas não operacionais (despesas), desde que recorrentes e usadas noempreendimento.
Apresentamos, a seguir, o quadro de Receitas, Despesas e Lucros já corrigidos peloscoeficientes,comosíndicesdeanálisehorizontal:
COMPANHIASINAPSEQUADROCORRIGIDODERECEITAS,DESPESASELUCROSEMMOEDADE20X6
EmR$milhões
Descrição/Ano 20X1 20X2 20X3 20X4 20X5 20X6
× × × × × ×
Coeficientedecorreção 1,65 1,55 1,47 1,27 1,12 1,00
Receitas 186 194 247 251 241 257
(–) Despesas 158 157 184 202 212 212
= Lucro 28 37 63 49 29 45
Índices
Receitas 100 104 133 135 130 138
Despesas 100 99 116 128 134 134
Lucro 100 132 225 175 104 161
Osvaloreseíndicescalculadosapósacorreçãopelainflação,quandocomparadoscomos valores e índices nominais (esses últimos a serem calculados), falam por si só. Naverdade,nasériecorrigidaapontamosumdecréscimo realde receitade20X4a20X5quenãoconstadodemonstrativohistórico.Considere-se, todavia,queadmitimosqueo impactoda inflação na série de receitas e despesas é o mesmo, na falta de outras informações.Usualmente, entretanto, o impacto sobre os itens de despesa émaior do que sobre os dereceita,anãoserqueasdespesassejamtodasde“desembolso”.
1
2
_____________
DR=DemonstrativodeResultados(DemonstraçãodosResultadosdoExercício).
No texto, utilizamos as expressões demonstrações e demonstrativos contábeis comosinônimosdasdemonstraçõesedemonstrativosfinanceiros.
6.1 INTRODUÇÃOGERALAOCÁLCULODEQUOCIENTES
Aanálisedebalançosencontraseupontomaisimportantenocálculoeavaliaçãodosignificadodequocientes,relacionandoprincipalmente itensegruposdoBalançoedaDemonstraçãodoResultado.Passaremosaexporas formasdecálculo, o significadoeas limitaçõesdecadaumdosprincipaisrelacionamentos.
Atécnicadeanálisefinanceiraporquocienteséumdosmaisimportantesdesenvolvimentosda Contabilidade, pois é muito mais indicado comparar, digamos, o ativo corrente com opassivocorrentedoquesimplesmenteanalisarcadaumdoselementosindividualmente.1
O analista externo à empresa normalmente estará apenas de posse dos balanços,demonstrativosoperacionaiseoutraspoucasinformaçõesadicionais,aopassoqueoanalistainternopoderádispordosdetalhessomenteencontradosnosregistrosanalíticosdaempresa.
Ousodequocientestemcomofinalidadeprincipalpermitiraoanalistaextrairtendênciasecompararosquocientescompadrõespreestabelecidos.Afinalidadedaanáliseémaisdoqueretrataroqueaconteceunopassado;as informaçõespregressas fornecemsemprealgumasbasesparainferiroquepoderáacontecernofuturoeassimidentificartendênciasquepodemcontribuirparadecisõespreditivas.
As limitaçõesdaanálisedebalançosprendem-sebasicamenteàdiversidadedemétodoscontábeisadotadospelasempresas,mesmodentrodomesmosetor,deque já tratamosnoCapítulo 2. Também a própria natureza estritamente financeira das indagações retrata aslimitações implícitas em todo o método contábil. Entretanto, os quocientes, devidamentecalculados sobre demonstrativos depurados dos efeitos do “embonecamento” (o windowdressing dos americanos, que consiste nas manipulações frequentemente utilizadas pelosautoresdosdemonstrativos,nosentidodemelhoraraaparênciaderesultadosdosmesmos),auditados e analisados por analista experimentado, comparados com padrõespreestabelecidos, são de grande utilidade para a tomada de decisão dos gestores daempresa.
Uma das vantagens frequentemente citadas da análise por meio de quocientes é que,dividindo-se um valor por outro, os efeitos da inflação são depurados. Isto, entretanto,somenteacontecebasicamentecomosíndicesfinanceiros.Teremosoportunidadedeverificar
6.2
6.2.1
que os índices de rentabilidade e outros são completamente diferenciados, conformedepuremosounãoosefeitosdainflaçãosobreosdemonstrativos.
A periodicidadeda análise dependedos objetivos que se pretendaalcançar. Tratando-sedeanáliseparafinalidadesexternas,basicamenteumcálculoanualousemestralésuficiente.Para a análise gerencial interna, alguns índicesmerecerão acompanhamentomensal, outrosatédeintervalosmaiscurtos,dependendodequantocríticosejaoíndicecomoumdossinaisdealarmedosistemadeinformaçãocontábil-financeiro.
ANÁLISEDALIQUIDEZEDOENDIVIDAMENTO
Este tópico engloba os relacionamentos entre contas do balanço que refletemuma situaçãoestática de posição de liquidez ou o relacionamento entre fontes diferenciadas de capital.Reitera-se a importância de todos os quocientes ou grupos de quocientes, muito emborapercam em significação se não forem analisados em conjunto com outros grupos. No casoespecífico, os quocientesde rentabilidadeedeatividade têm, ao longodosanos, umefeitomuito grande sobre os de liquidez. Já no que se refere à posição de endividamento,muitasvezes ela é o foco inicial de uma boa ou má situação de rentabilidade futura. Na verdade,liquidez e rentabilidade interagem entre si, levando a uma determinada configuraçãoempresarial.
Principaisquocientesdeliquidez
Estequocienterepresentaovalordequantodispomosimediatamenteparaliquidarnossasdívidasdecurtoprazo.Considere-sequeacomposiçãoetáriadonumeradoredenominadorécompletamente distinta. No numerador temos fundos imediatamente disponíveis. Nodenominador, dívidas que, embora de curto prazo, vencerão em 30, 60, 90, 180 e até 365dias.Assim,acomparaçãomaiscorretaseriacomovalorpresentede taisvencimentos,oucolocando-se no denominador o valor que pagaríamos se nos dispuséssemos a pagar asdívidas de curto prazo hoje, de uma só vez. Provavelmente obteríamos um desconto. Estequociente já teve uma importância maior, quando a existência de mercado financeiro e decapitaiserarestrita.Hoje,semdesprezar-secertolimitedesegurançaqueirávariardeacordocomanaturezadoempreendimento,comotamanhodaempresaeo“estilo”daadministração,semdúvidaque,naverdade,seprocuraterumarelaçãodisponível/passivocorrenteamenorpossível, em cada data. É claro que não podemos correr o risco de não contar comdisponibilidades quando as dívidas vencerem. Todavia, o orçamento de caixa é o melhorinstrumento para prever ou prevenir tais acontecimentos. Devemos lembrar, por outro lado,que disponível ocioso perde substância líquida quando nos encontramos em períodos deinflação.
Estequocienterelacionaoquantodispomos,imediatamente,dedisponíveiseconversíveis(de curto prazo) em dinheiro, com relação às dívidas de curto prazo. É um índice muitodivulgadoe frequentemente consideradocomoomelhor indicadorda situaçãode liquidezdaempresa. É preciso considerar que no numerador estão incluídos itens tão diversos como:disponibilidades, valores a receber a curto prazo, estoques e certas despesas pagasantecipadamente.Nodenominador,estão incluídasasdívidaseobrigaçõesvencíveisacurtoprazo.2
No quociente de liquidez é preciso, como de resto para muitos outros quocientes,atentarmosparaoproblemadosprazosdosvencimentosdascontasareceberedascontasapagar. Por outro lado, a inclusão dos estoques no numerador pode diminuir a validade doquociente como indicadorde liquidez.Suponhaqueaempresanormalmentedemore90diaspara receber suas vendas a prazo. Os estoques levam, em média, 120 dias para seremvendidos, sendo 30%das vendas à vista, e o restante, a prazo.Ograu de conversibilidadedos vários itens que compõem o numerador do quociente é muito variado. Temosdisponibilidades imediatas,valoresareceberquesetransformarãoemdinheiroem90diaseestoquesque,em120dias,proporcionarãoumaentradaadicionalemcaixade30%docustomais a margem de lucro. Por outro lado, as vendas a prazo derivantes dos estoquesdemorarão 120mais 90 dias para serem recebidas emdinheiro.Ograu de risco, por outrolado,écompletamentediferente.Odisponívelnãotempraticamenterisco.Osrecebíveistêmumriscoassociadoàocorrênciadedevedoresinsolváveis,eosestoquestêmumriscomuitomaior, que é o da própria incerteza da venda, a qual, em certas circunstâncias, pode serapreciável. Suponhamos que se espere uma fase de recessão conjuntural para os próximosmeses. É muito provável que os estoques se transformem em dinheiro muito maisdemoradamenteouatétenhamdeserbaixadoscomoperda,casosejamdeterioráveis.
Exemplo:Certaempresamantémemt0umDisponívelde$100.000.Osvaloresarecebersãode$450.000,comosseguintesvencimentos:$100.000daquia30dias,$170.000daquia60dias,$180.000daquia90dias.Oestoque,novalorde$100.000,vaidemorar30diasemmédiaparasetransformaremvenda(vamosconsiderarqueaempresasomentevendeaprazo) e, uma vez se transformando em recebíveis, com 30% de lucro sobre o custo,vencerão:$29.900em30dias,$49.111em60diase$50.989em90dias.Poroutrolado,aprovisão para crédito de liquidação é de 10% de todos os saldos de contas a recebervencíveisemcadadata(porsimplificação).Osvaloresapagarde$325.000vencemem30dias.Ataxaadequadadedescontoéde3%aomês.Comoanalisariaaposiçãodeliquidez?Naverdade,aoaplicarsimplesmenteafórmula,teríamosumquocienteiguala
Paracadarealdeexigibilidadeacurtoprazo,estaríamoscontrapondo2reaisderecursosimediatamentedisponíveisparafazerfrenteataiscompromissos.
Entretanto,esteéumcálculoumtantootimista.Arigor,deveríamoscalcularvaloresatuais,nonumeradoredenominador.(Ededuzirasprovisões,seelasjánãoforamlançadas.)
0dias 30dias 60dias 90dias 120dias
Disponibilidades 100.000
Valoresa
Receber 100.000 199.900 229.111
(–) Provisãopara
Créditode
Liquidação
Duvidosa
(10.000) (19.990) (22.911)
ValoresLíquidos 100.000 90.000 179.910 206.200
ValoresAtuais3 100.000 + 87.379 + 169.582 + 188.702 + 40.773
ValorAtualdas
DívidasdeCurto
Prazo4 315.534
Nocaso,oquocientenãodiminuiumuito,emparte,portermosconsideradoumacréscimodeR$30.000nonumeradorpelamargemdelucroenvolvidanoestoque.
Assim,éprecisotomarmuitocuidadoparaavaliarasinalizaçãorealdenossoquocientedeliquidezcorrente(edeváriosoutrosqueenvolvemprazosdiferentesdevencimentodedireitoseobrigações).
Esta é uma variante muito adequada para se avaliar conservadoramente a situação deliquidezdaempresa.Eliminando-seosestoquesdonumerador,estamoseliminandoumafontede incerteza. Por outro lado, estamos eliminando as influências e distorções que a adoçãodeste ou daquele critério de avaliação de estoques poderia acarretar, principalmente se os
critérios foramalteradosao longodosperíodos.Permaneceoproblemadosprazosdoativocirculante (no que se refere aos recebíveis) e do passivo circulante. Em certas situações,pode-se traduzirnumquocientebastanteconservador,vistoaalta rotatividadedosestoques.O quociente apresenta uma posição bem conservadora da liquidez da empresa emdeterminadomomento,sendopreferidopelosemprestadoresdecapitais.
Este quociente serve para detectar a saúde financeira (no que se refere à liquidez) delongoprazodoempreendimento.Maisumavez,oproblemadosprazosempobreceosentidoeautilidadedoquociente, a não ser que seja explicitamente levadoemsuadevida conta.Osprazos de liquidação do passivo e de recebimento do ativo podemser omais diferenciadospossível, aindamais se considerarmos que temos passivo e ativo a longo prazo. Às vezes,acontece que os índices de liquidez corrente e seca se apresentam como razoáveis emdecorrência de vultosos empréstimos a longo prazo. Assim, ao calcularmos oQuociente deLiquidez Corrente, o numerador estará afetado para mais, pela entrada do disponível, aopassoqueodenominadornãoseráafetado,poissomenteopassivocirculanteéconsiderado.Entretanto,aposiçãodelongoprazopodesermuitomenosfavorável.Senãocontarmoscomgrandes aplicações em Valores a Receber de Longo Prazo, a posição de liquidez no longoprazoficarácomprometida.
Suponha,emt0,aseguintesituação:
Em$
AtivoCirculante 100
AtivoNãoCorrente(SomenteRealizávelaLongo) 10 110
PassivoCirculante 100
ExigívelaLongoPrazo 0
PatrimônioLíquido 10 110
OQuocientedeLiquidezCorrenteseriaiguala1.Vamossuporque,logoemseguida,obtenhamosumempréstimoalongoprazode50.O Ativo Circulante se alteraria para 150. O Passivo Circulante ficaria inalterado, e o
ExigívelaLongoPrazoaumentariade0para50.Se,nessemomento,confiássemosapenasnoQuocientedeLiquidezCorrenteparaavaliar
asituaçãodesolvênciadaempresa,resultariaiguala1,5.Entretanto,aposiçãoéilusória,no
6.2.2
longoprazo,poisoQuocientedeLiquidezGeralé
Émuitoimportante,assim,associarmososváriosquocientesdeliquidezentresi.
Principaisquocientesdeendividamento(estruturadecapital)
Estes quocientes relacionam as fontes de fundos entre si, procurando retratar a posiçãorelativa do capital próprio com relação ao capital de terceiros. São quocientes de muitaimportância, pois indicam a relação de dependência da empresa com relação a capital deterceiros.
Este quociente (também conhecido por “Debt Ratio”), de grande relevância, relaciona oExigível Total (capitais de terceiros) comosFundosTotaisProvidos (por capitais próprios ecapitaisdeterceiros).
Expressaaporcentagemqueoendividamentorepresentasobreosfundostotais.Tambémsignificaqualaporcentagemdoativototaléfinanciadacomrecursosdeterceiros.
Nolongoprazo,aporcentagemdecapitaisdeterceirossobreosfundostotaisnãopoderiaser muito grande, pois isto iria progressivamente aumentando as despesas financeiras,deteriorandoaposiçãoderentabilidadedaempresa.
Entretanto,muito irá depender da taxa de retorno ganha pelo giro no ativo dos recursostomados por empréstimo, quando comparada com a taxa de despesas financeiras sobre oendividamento.
Seataxadedespesasfinanceirassobreoendividamentomédiosemantivermenorqueataxa de retorno obtida pelo uso, no giro operacional, dos fundos obtidos por empréstimo, aparticipação de capitais de terceiros será benéfica para a empresa, desde que isto nãodeterminesituaçãodeliquidezinsustentávelemdeterminadosdias,semanasoumesesdoano.Analisaremosesteponto,emdetalhe,quandotratarmosda“alavancagemfinanceira”.
Éoutraformadeencararadependênciaderecursosdeterceiros.Seoquociente,durantevários anos, for consistente e acentuadamente maior que um, denotaria uma dependênciaexageradade recursosde terceiros.Estequocienteéumdosmaisutilizadospara retrataroposicionamento das empresas com relação aos capitais de terceiros. Grande parte dasempresas que vão à falência apresenta, durante um período relativamente longo, altosquocientes de Capitais de Terceiros/Capitais Próprios. Isto não significa que uma empresacomumaltoquocientenecessariamenteiráàfalência,mastodasouquasetodasasempresasquevãoàfalênciaapresentamestesintoma.Daíocuidadoquedevesertomadocomrelaçãoà projeção de captação de recursos quando vislumbramos uma necessidade ou uma
oportunidadedeexpansão.Deverãoser,namedidadopossível,projetadososefeitos(sobreos demonstrativos financeiros futuros) das políticas alternativas de captação de recursospróprios (capitaisde risco)ede terceirosouumaadequadacombinaçãodeambos,que,àsvezes,éamelhoralternativa.
RepresentaacomposiçãodoEndividamentoTotalouqualaparcelaquesevenceaCurtoPrazo,noEndividamentoTotal.
A empresa em franca expansão deve procurar financiamento, em grande parte, comendividamentodelongoprazo,deformaque,àmedidaqueelaganhecapacidadeoperacionaladicional com a entrada em funcionamento dos novos equipamentos e outros recursos deprodução,tenhacondiçõesdecomeçaraamortizarsuasdívidas.Poristoéquesedeveevitarfinanciarexpansãocomempréstimosdecurtoprazo,anãoserqueoperíododePaybackdosativossejacurtíssimo,fatoqueraramenteocorre.
Obviamente,osquocientesaectêmseuscomplementos;assim,sequisermossaberqualaporcentagemdeativofinanciadaporrecursospróprios,bastasubtrairmos1doquocientea;da mesma forma, se desejarmos conhecer qual a participação do Endividamento de LongoPrazosobreoEndividamentoTotal,bastatambémsubtrairmos1doquocientec.
Cadaempreendimentopossuiumaestruturaotimizantedecomposiçãode recursosenãoexistem, a rigor, regras fixas. A natureza do endividamento, as taxas de juros, os riscos,quando comparados com o retorno que tais recursos propiciam, uma vez investidos, devemser,porsuavez,comparadoscomoscustosalternativosdacaptaçãodecapitalderisco.Maisimportantedoqueumaposiçãoestáticade taisquocientesésuaevoluçãono tempoeseusefeitos sobre a rentabilidade da empresa. Mesmo que durante certo tempo a empresa setenhabeneficiadodeumaaltataxadeendividamento,surgiráomomentoapartirdoqual,pelagrandezadoscustos financeiros,oendividamentoadicionalnãoserámaisdesejável,mesmoporqueos emprestadores de dinheiro, a partir de certo grau de endividamento da empresa,veem aumentar seus riscos de emprestar e não receber, aumentando, portanto, a taxa dejuros.Istoocorrenãoapenascomempresas,mastambémcomindivíduoseatécomnações.É um fenômeno natural do mercado financeiro, que exige maiores retornos para riscosmaiores.
1
2
3
4
5
6
_____________
Como vimos, ativo corrente é equivalente a ativo circulante, omesmo ocorrendo comopassivo.Poroutrolado,quandousamosDemonstrativoouDemonstraçãodeResultados,referimo-nosàmesmademonstração,cujadenominaçãocorreta,pelaLeino6.404/1976,éDemonstraçãodoResultadodoExercício.
Curtoprazo,deacordocomaLeino6.404,de15-12-1976,éoperíodoquevaiatéofimdoexercícioseguinte,aoqualserefereobalançoanalisado.
Às vezes, incluímos no numerador, excepcionalmente, certos investimentos financeirosassemelháveisavaloresareceberalongoprazo.
ExigívelTotal =PassivoCirculante+PassivoExigível a longoprazo.Veja o item 12.2.7paraesclarecimentosadicionais.
Estes quocientes, importantíssimos, representam a velocidade com que elementospatrimoniaisserenovamdurantedeterminadoperíodode tempo.Porsuanatureza, têmseusresultados normalmente apresentados emdias,meses ou períodosmaiores, fracionários deumano.Aimportânciadetaisquocientesconsisteemexpressarrelacionamentosdinâmicos–daí a denominação de quocientes de atividade (rotatividade) – que acabam, direta ouindiretamente, influindo bastante na posição de liquidez e rentabilidade. Normalmente, taisquocientes envolvem itens do demonstrativo de posição (balanço) e do demonstrativo deresultados,simultaneamente.
Estequociente,muitodivulgado, procura (mensuradopelo custodas vendas) representarquantasvezesse“renovou”oestoqueporcausadasvendas.
Assim,umaempresaquevendeumercadorias (ouprodutos)quecustaramR$100.000equemanteveumestoquemédioduranteoperíododeR$20.000teráumquocientederotação
de vezes, durante o período considerado. Isto significa que o estoque
demora,emmédia,2,4mesesparaservendido,seoperíodoforanual.Alega-se que, quanto maior a rotatividade, tanto melhor; e isto certamente é verdade,
desdequeamargemdelucrosobreasvendassemantenhaconstanteou,sediminuir,diminuirmenosdoqueoaumentodarotação.
Suponhamosqueumaempresamantenhaumarotaçãodeaproximadamente6vezesnumperíodo,resultantede:
Suponhamos,ainda,queaosR$3.000.000decustocorrespondamR$4.500.000emvalorde venda. Amargem de lucro em vendas da empresa será de cerca de 0,33, isto é, 33%.Porém,admitamosqueaempresa,numconsiderávelesforçodevendas,mantendooestoquemédiodeprodutosaummínimopossível,consigavender$6.000.000,mantendoumestoquemédiode$700.000.Todavia,ocustodasvendas,porcausadoesforçorealizado,redundando
em maiores despesas, absorve 75% das vendas em vez de 67%, como anteriormente. Arotaçãodoestoqueserá,defato,maior,istoé,igual vezes,masolucro
manter-se-ia igual em valores absolutos (R$ 1.500.000) e declinaria comoporcentagemdasvendasde33%para25%.
Portanto, um acréscimo da rotação do giro não significa, necessariamente, aumento delucro. Além disso, alguns acréscimos de despesa derivantes do esforço adicional de venda(comodespesasfinanceirasparaempréstimosdecapitaldegironecessáriosparasustentaravendaadicional)nãoseriamincluídosnoCustodosProdutosVendidos,oquetalveznosleveaanalisaroefeitodeumacréscimodarotaçãosobreolucrolíquido,enãosobreolucrobruto.
Um problema adicional com este quociente relaciona-se com o método de avaliação doestoquee comocálculodoestoquemédio.Naapreciaçãodoquociente, devemos levaremcontaométododeavaliaçãoutilizado.Quantoà formadecalcularoestoquemédio,sempredevemos recorrer ao maior número possível de observações. Se estivermos calculando oquocienteanualmente,evitaremos,desdequepossível,ousoapenasdoestoqueinicialefinal,e muito menos de um dos dois isoladamente. Talvez a média dos 12 meses seria o maisaconselhável,desdequetivéssemosacessoaosbalancetesdeverificação.
O quociente de rotatividade pode também ser aplicado aos estoques demateriais e deprodutosemelaboração.
Este quociente indica quantos dias, semanas ou meses a empresa deverá esperar, emmédia,antesderecebersuasvendasaprazo.ContasaReceberMédiodeveriaserobtidoapartir do maior número possível de saldos. Deveria representar a média do maior númeropossível de saldos da conta “Contas a Receber” (ou equivalente) durante o períodoobservado.
As vendasmédias (somente a parcela a prazo) são calculadas dividindo-se as vendas aprazopor360sequiseremdiasoupor12semensaletc.,conformedesejemoso resultadoexpresso.
Exemplo:
Em$
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho
SaldodeContasaReceber2 1.200 1.500 1.400 1.300 1.700 1.900
VendasaPrazo 1.350 1.500 1.050 1.600 1.800 2.000
Sequiséssemoscalcularoquocienteparaoperíodode6meses,poderíamos relacionar,
entreoutrasvariantesdecálculo:
Isto significa que a empresa demora, em média, cerca de 29 dias para receber suasvendasaprazo.
Ofatodeumaempresademorarmaisoumenostempopararecebersuasvendasaprazopodederivardeváriosfatores, taiscomo:usosecostumesdoramodenegócios,políticademaioroumenoraberturaparaocrédito,eficiênciadoserviçodecobranças,situaçãofinanceirade liquidez dos clientes (do mercado) etc. É necessário fazer gestão e controle sobre osfatores que a empresa pode influenciar, a fim de encurtar o mais possível tal prazo.Obviamente,ocustodaociosidadederecebíveiségrande.Porumlado,aempresadeixadereceber dinheiro com o qual poderia investir (o desconto de duplicatas seria uma forma dedinamizar,desdequeoscustosfinanceirosnãosejamexcessivos)e,talvezporistomesmo,aempresavaiperdendopoderdecompraàmedidaqueossaldosderecebíveisseacumulam,com o efeito da inflação. Consideremos, entretanto, que o fato de receber em dinheiro ascontasareceberedeixarestedinheiroparadotambémiráredundaremperdaspelainflação,emboraaumentealiquidezimediata.
Valemaqui asmesmasobservações feitasparaoquocienteanterior, noque se refereaexpressá-loemdias,mesesetc.
Representa a outra face da questão. Mais do que analisar os quocientes b e cisoladamente,éorelacionamentooucomparaçãoentreosdoisquevaideterminaraposiçãofavoráveloudesfavorável,aesterespeito,daempresa.
Seumaempresademoramuitomaispararecebersuasvendasaprazodoqueparapagarsuascomprasaprazo,iránecessitardecapitaldegiroadicionalparasustentarsuasvendas,criando-se um círculo vicioso difícil de romper. Uma das poucas alternativas no caso étrabalhar, se for possível, comamplamargemde lucro sobre as vendas e tentar esticar aomáximo os prazos de pagamento adicionalmente a uma política agressiva de cobranças edescontobancário.
Aformadecálculodoquocientecéanálogaàdoquocienteb.
Aempresadeveriafazeropossívelparatornarestequocienteinferiora1ou,pelomenos,aoredorde1,afimdegarantirumaposiçãoneutra.
Considere-se que a influência dos quocientes vistos é muito grande sobre a posiçãopresente e futura de liquidez (a curto e a longo prazo). Àmedida que diminuirmos o prazomédio de recebimentos em relação ao prazomédio de pagamentos, estaremos propiciandocondiçõesmais tranquilasparaobterposicionamentosestáticosde liquidezmaisadequados.Comooexcessode recebíveisdiminui o “girodoativo” (vejaquocientesde rentabilidade), épreciso aumentar amargemde lucro sobre as vendaspara compensar o efeito negativo dogirobaixo.Istonemsempreépossível.Comodificilmentepoderemosmodificarsensivelmenteoprazomédiodepagamentos,restaagirmossobreoprazomédioderecebimentosesobreamargemdelucro.
Este quociente de atividade expressa quantas vezes o ativo “girou” ou se renovou pelasvendas. Pode ser desdobrado numa série de subquocientes, tais como: Vendas/AtivoCirculante,Vendas/AtivoFixo(Permanente)etc.Nonumerador,podemosutilizarvendasbrutasou,comovariante,vendaslíquidas.
Existeumgrandeinteressedaempresaemtervendasexpressivasecadavezmaioresemrelaçãoaovalordoativo.Quantomaioro“giro”doativopelasvendas,maioresaschancesdecobrir asdespesascomumaboamargemde lucro.Odenominadorpoderia ser constituído,numavariante,peloAtivoMédioOperacional.Duasempresasqueganhemamesmamargemsobre as vendas, digamos, 10% sobre as vendas, terão um retorno sobre o ativocompletamentediferenteseosgirosdoativoforemdiferentes.
Épor isso que se realiza umgrandeesforço para diminuir o investimento em recebíveis,estoqueseoutrosativos,nosentidodetornarogirodoativotãograndequantopossível.Nãoque se vá, preconcebidamente, deixar de expandir a planta da empresa ou de adquirir osinsumos básicos, mas procura-se “agilizar” os investimentos a um mínimo indispensável,deixandoosestoques,principalmente,eosrecebíveisnummínimopossível.Disponibilidadeseativo permanente também devem ser controlados. Muitas vezes, o ativo está inflado porelementos obsoletos que estão registrados contabilmente, e que deveriam ter sido baixadosdo ativo, no entanto, não foram. O ativo médio, por outro lado, deveria ser calculadoabrangendoomaiornúmerode informaçõespossível.Entretanto,o fatodeusarmosapenasossaldos,inicialefinal,émenosgravedoquenocasodeapenasumdelesisoladamente.Naverdade,estedenominadortambémpoderialevaremcontao“AtivoMédioemOperação”.Istoé,seumaparceladoativoimobilizado,porexemplo,estiveremconstruçãoainda,nãogerandoreceitas,deveriaserexcluídadodenominador.
Assim, uma empresa que tenha em operação um ativo médio de R$ 3.500.000, cujasvendas para o período tenham sido de R$ 4.700.000, terá um giro do ativo de
vezesnoperíodo.Seoperíodoforanual,significaqueoativoé“girado”
com75%dasvendasanuais. Istoé,asvendasdenovemesesdoanosãonecessáriasparaqueoativoseja“recuperado”,emoutraspalavras,asvendaslevamnovemesesparapagaroativo.
Como vimos, este tipo de quociente de giro pode ser detalhadopara itens individuais doativo. A finalidade é verificar que ativo específico tem giro por demais lento e que está
contribuindo negativamente para o giro do ativo total. Muitas vezes, o problema reside noestoqueporcausadasuperestocagemnaexpectativadeaumentodepreçosdecompra,ounosvaloresareceber,comoconsequênciadeumainadequadapolíticadecréditoecobranças.
1
2
_____________
Diárias,semanaisoumensais.
Pode ser tomado o saldo bruto ou o líquido, já subtraindo-se os títulos descontados edevedores duvidosos, originando interpretações diferenciadas. Preferimos usar valoreslíquidos.Aformabrutaéamaisutilizada.ValoresdeContasaReceber,consideradosnofimdosmeses,edeVendas,valoresdoperíodo.
8.1
8.2
INTRODUÇÃO
Expressar a rentabilidade em termos absolutos tem uma utilidade informativa bastantereduzida.AfirmarqueaGeneralMotorsteveumlucrode,digamos,R$5bilhõesem2015,equeaempresaZafiraLtda.teveumlucrodeR$200em2015podeimpressionarnosentidodeque todomundovaiperceberqueaGeneralMotorséumaempresamuitograndeeaoutramuitopequena,esó;nãorefletirá,todavia,qualdasduasdeumaiorretornorelativo.
De maneira geral, portanto, devemos relacionar um lucro de um empreendimento comalgumvalorqueexpresseadimensãorelativadomesmo,paraanalisaroquantobemsesaiuaempresaemdeterminadoperíodo.Omelhorconceitodedimensãopoderáseroravolumedevendas,oravalordoativototal,oravalordopatrimôniolíquido,ouvalordoativooperacional,dependendodaaplicaçãoquefizermos.
No que se refere ao lucro, por sua vez, muitas variantes podem ser empregadas: lucrooperacional,lucrolíquido,lucroantesouapósoimpostosobrearendaetc.Éimportantequeoconceitousadononumeradorsejacompatívelcomoutilizadonodenominador.Seestivermosinteressados no quociente de retorno sobre o ativo operacional, devemos usarpreferencialmente,nonumerador,olucrooperacionalenãoolucrolíquido.
Ofatoéque,paradeterminadasfinalidades,certosconceitossãomelhores.Sequisermoscalcularoretornoparaefeitopreditivodoquepossaocorrercomarentabilidadedaempresanofuturo,emtermosdetendência,serámelhorexcluirdonumeradoredenominadorcontasevaloresnãorepetitivosounãooperacionais.Se,poroutro lado,desejarmos teruma ideiadalucratividade como um todo, será conveniente relacionar o lucro líquido com o investimentototal.Sequisermosterumaideiadoretornoparaosacionistas,omelhorserárelacionarmosolucrolíquido(apósoimpostoderenda)comopatrimôniolíquidoetc.
AMARGEMDELUCROSOBREASVENDAS
PoralgunsautoresdenominadosimplesmenteMargemOperacional,estequocientecomparao lucrocomasvendas líquidas,depreferência.É interessante, todavia,controlaromontantede deduções de vendas com relação às vendas brutas, numa análise à parte. Entretanto,
8.3
8.4
também tem validade o cálculo dos quocientes deste tópico com vendas brutas, cominterpretação ligeiramente modificada. Para este livro escolheremos a variante com vendaslíquidas.
Na verdade, este quociente já pode ter sido calculadopor ocasião da análise vertical doDemonstrativodeResultados.Podeserentendidodeduasformas:
Estequociente,apesardosesforçosconstantesparamelhorá-lo,comprimindodespesaseaumentandoaeficiência,apresenta-sebaixooualtodeacordocomotipodeempreendimento.Por exemplo, normalmente a indústria automobilística e a refinaria de petróleo têmmargenspequenas e valor de venda muito alto. O inverso pode ocorrer para pequenos negócioscomerciais,industriaisetc.
OGIRODOATIVO
Estequocientejáfoitratadocomoquocientederotatividade.Aquielevoltaeganhaemrealceeimportânciaparacompororetornosobreoinvestimento.
Podesercalculadodeduasformas:
Vejamossuaaplicaçãoaseguir.
ORETORNOSOBREOINVESTIMENTO
É, provavelmente, o mais importante quociente individual de toda a análise de balanços. ORetornosobreoInvestimentopodesercalculadodeduasformas:
a) RetornosobreoInvestimento=Operacional MargemOperacional×GirodoAtivoOperacional
b) RetornosobreoInvestimento=Total MargemLíquida×GirodoAtivoTotal
Assim,emtermosgerais,oQuocientedeRetornosobreoInvestimento=
Poderiatambém,simplesmente,serusado:
Comovimos,duasvariantespodemserutilizadas:aoperacionalealíquida.Poroutrolado,o denominador é o valor médio dos ativos e valem todas as observações já feitas para ocálculodevaloresmédios.
Exemplo:Duasempresasapresentamosseguintesdados:
EmpresaA EmpresaB
VendasLíquidas $1.500.000 $1.875.000
AtivoMédio 600.000 937.500
LucroLíquido(DIR) 150.000 234.375
ParaaEmpresaA,aTaxadeRetorno(DIR)seriaiguala:
Multiplicadapor
Emporcentagem, istosignificaquea taxade retornosobreo investimento (QuocientedeRetorno sobre o Investimento) é de 25%. Veja bem que este quociente tem certo sentidorecíprocoaoPayback,istoé,quantosperíodoslevarápararecuperaroinvestimentonoativo.Nocaso,levaríamos4períodos,peloPayback,ouseja,1/0,25=4.
AEmpresaB, aplicando-se um cálculo semelhante, obteria uma taxa de retorno de 25%também(Margemde0,125eGirode2).
Assim, duas empresas com margem e giro individualmente diferentes podem acabarobtendoamesmamargemderetorno.Note-se,todavia,que,dependendodesuaestruturadecustos e despesas, as duas empresas exemplificadas atingem o ponto de equilíbrio em
8.5
diferentesníveisdevendas.Paraesseefeito,suponhamosqueaEmpresaAtenha50%desuasdespesastotaisfixas
eaEmpresaBapenas25%.A Despesa das Empresas poderia apresentar-se conforme segue (por simplificação:
Despesas=Vendas–Lucro):
DespesaTotalEmpresaA DespesaFixadeA
(R$1.500.000–R$150.000)= R$1.350.000 R$675.000(50%)
DespesaTotalEmpresaB DespesaFixadeB
(R$1.875.000–R$234.375)= R$1.640.625 R$410.156(25%)
APorcentagemdeDespesasVariáveisemrelaçãoàsVendasseriade:
EmpresaA=R$675.000/R$1.500.000=0,45EmpresaB=R$1.230.469/R$1.875.000=0,65625
OPontodeEquilíbrioparaasduasempresasseriaalcançadoem:
Note-seque,comoconsequênciadasestruturasdiferenciadasdedespesas,aEmpresaAtemquevenderumpoucomaisqueaEmpresaBparaalcançaropontodeequilíbrio,emboraaempresaBtenhamaioresdimensões,tendoobtido,ambas,omesmoretornolíquidosobreoinvestimento(25%).
AIMPORTÂNCIADEDESDOBRARATAXADERETORNOEMDOISOUMAISCOMPONENTES
Comovimos,ataxaderetornosobreoinvestimento,nasduasversões(operacionalelíquida),acaba sendo expressa por uma divisão entre um conceito de lucro e um conceito deinvestimento.Nofundo,TR=Lucro/Investimento.
8.6
Por que, então, detalhar este quociente em Margem × Giro se, afinal, o resultado é omesmo?
Arespostadeveserencontradanoproblemadamaiorfacilidadedeanalisarascausasquepodemterlevadoaempresaaumdesempenhomelhoroupiordoqueodesejado.
Épossívelqueoproblemadaquedada taxade retorno residanaMargem.Nessecaso,procuraremos um controle eficiente de despesas e a agilização da política de vendas. Se,todavia, o problema estiver relacionado com o giro, é possível que devamos tambémconcentrarnossaatençãonaadministraçãodenossoativo,evitandoociosidadederecursos.
Poroutrolado,tantoamargemcomoogiropodemserdetalhadosemseuscomponentes,afimdeidentificarmosexatamenteondeestãoasáreas-problema.Porexemplo,podeserquena margem o problema não esteja sempre com as despesas, mas numa falta deagressividadedapolíticadevendasdaempresa.Poroutro lado, todavia, lembre-seque, seaumentarmos Vendas e não aumentarmos proporcionalmente o Lucro, aMargem diminuirá.Isto,poroutrolado,podesercompensadopeloaumentodoGiro.
Como vimos, consideramos o retorno sobre o ativo como um dos quocientes individuaismais importantes de toda a Análise de Balanços, porque representa a medida global dedesempenhodaempresaelevaemcontatodososfatoresenvolvidos.Estequocientedeveriaserusadocomograndetestegeraldedesempenhodeumaempresa,numabasecomparativaentre os resultados obtidos e a meta desejada de retorno. A análise dos desvios e ainvestigação de todos os fatores que podem ter ocasionado os desvios nos dão umgrandeentendimentodomecanismoempresarial.
EstemétododeanálisededesempenhotemsidodenominadoSistemaDuPontdeAnáliseFinanceiraetemtidograndeaceitaçãomundial.AcifrafinalresultanteseriaoROI(ReturnOnInvestment),queéexatamenteonossoQuocientedeRetornosobreo InvestimentoouTaxadeRetornosobreoInvestimento.
RETORNOSOBREOPATRIMÔNIOLÔQUIDO
Este quociente é também de grande importância e pode ser calculado de duas formas,apresentandoomesmoresultado:
De fato, suponhamos uma empresa com os seguintes dados resumidos (médios, comexceçãodolucro):
ATIVO
AtivoCorrente 150.000
AtivoNãoCorrente2 350.000 500.000
PASSIVOEPATRIMÔNIOLÍQUIDO
PassivoCorrente 120.000
PassivoNãoCirculante
ExigívelaLongoPrazo 170.000 290.000
PatrimônioLíquido 210.000
500.000
LucrodoPeríodo(DIR) $ $75.000
A vantagemda segunda forma de cálculo é que leva em conta a estrutura de capital daempresa e abre caminho para o entendimento do fenômeno da “alavancagem”, queestudaremosmaisadiante.
O Quociente b pode também ser expresso no denominador por = 1 – Quociente deCapitaisdeTerceirossobreCapitalTotal(DebtRatio)
Assim,ficaria:
Emnossoexemplo,
A importância do Quociente de Retorno sobre o Patrimônio Líquido (QRPL) reside emexpressarosresultadosglobaisauferidospelagerêncianagestãoderecursosprópriosedeterceiros,embenefíciodosacionistas.Aprincipaltarefadaadministraçãofinanceiraaindaéade maximizar o valor de mercado para o possuidor das ações e estabelecer um fluxo dedividendos compensador. No longo prazo, o valor de mercado da ação é influenciadosubstancialmentepeloquocientederetornosobreopatrimôniolíquido.
1
2
3
_____________
Uma variante interessante para o cálculo do retorno sobre o investimento total é: LADEFIR é o Lucro antes das despesas financeiras e do imposto de
renda. Esta variante permite calcular o retorno “puro” dos recursos investidos no ativo,independentemente de sua origem e do ônus tributário. É semelhante à varianteoperacional.
AtivoNãoCorrenteenglobaoRealizávelaLongoPrazoeoAtivoPermanente.
9.1
1.
INTRODUÇÃO
Imagine duas empresas distintas: A empresa A somente se utiliza de capital próprio parafinanciar seuativo.Consegueobter um retornode20%sobreesteativo.O retorno sobreopatrimônio líquidoseráde20% também,pois todoo ladodireitodobalançoé formadopelopatrimôniolíquido,queassiméigualaoativo.
AempresaBobtémomesmoretornode20%sobreoativo,masrecorrendoarecursosdeterceiros consegue dobrar seu investimento em ativo. Vejamos o que ocorreria em trêssituaçõesdistintas:
Custodoempréstimo:igualàtaxaderetornosobreoAtivo.
EmpresaA EmpresaB
Ativo $100 $200
Passivo – $100
PatrimônioLíquido $100 $100
LucroAntesdosJuros(RetornodoAtivo) $20 $40
DespesadeJuros – $20
LucroApósJuros $20 $20
Verifica-sequeo retorno sobre o patrimônio líquidoé idêntico, igual a 20%.Nenhumbenefício ou prejuízo adicional se transferiu aos acionistas, como consequência do
2.
3.
empréstimo.
Custodoempréstimo: inferiorà taxade retornosobreoAtivo.Considereocustodoempréstimode10%.
EmpresaA EmpresaB
Ativo $100 $200
Passivo – $100
PatrimônioLíquido $100 $100
LucroAntesdosJuros $20 $40
DespesadeJuros – $10
LucroApósJuros $20 $30
Neste segundo caso, a empresa A obteve um retorno de 20% sobre o patrimôniolíquido, e a empresa B, recorrendo ao endividamento, teve um retorno de 30%(cálculossobreopatrimôniolíquidoinicial).Note-se que os valores colocados para o ativo nas duas empresas são apenas osiniciais.Naverdade,a receita seriaadicionadaaoativo inicial, subtraindo-seos juros(seestesforempagos)ouadicionandoestesúltimosaopassivo.Opatrimôniolíquidofinalficariaalteradopeladiferençaentrereceitaedespesa.Nosegundocaso,conseguiu-seaumentarorendimentodosacionistasde20para30%pelousodoendividamento.
Custodoempréstimo:superioràtaxaderetornosobreoAtivo(digamos,de30%).
EmpresaA EmpresaB
LucroAntesdosJuros $20 $40
DespesadeJuros – $30
9.2
LucroApósJuros $20 $10
Verifica-se que nesse caso foi desvantajosa a obtenção de financiamento, poisobtivemosumlucrofinalmenor.AempresaAobteveumretornode20%,eaempresaB,deapenas10%(sobreopatrimôniolíquido).
O que se pode depreender dos três exemplos? É que o fator fundamental reside nacomparaçãoentretaxaderetornodoativoecustodadívida.
Desdequeataxadecustodadívidasejainferioraoretornoobtidopeloempregoegironoativo dos recursos obtidos por empréstimo, o endividamento acarreta benefícios aosacionistas.Seasituaçãoseinverter,oretornoparaosacionistasseriamaiorseobtivéssemosos recursos adicionais com capitais de risco. Se as taxas forem iguais, o resultado doendividamentoéneutro(pelomenosacurtoprazo),dependendoadecisãodeseendividarounãodeoutrosfatores,taiscomodisponibilidadedecapitaisderiscoetc.
OEFEITOALAVANCAGEM
Osignificadoda“alavancagemfinanceira”(FinancialLeverage,eminglês)estácorrelacionadoaosexemplosapresentados.
Quandoaalavancagemouograudealavancagemémaiordoque1,oendividamentotemumefeitodealavancasobreolucroqueélevadoparaoacionista.Puxaparacimaataxaderetornodosacionistas.Vejamosumexemplo:
BALANÇOS
$
EmT0 EmT1
AtivoCirculante 120 286
PassivoCirculante – 20
PassivoNãoCirculante – 100
PatrimônioLíquido 120 166
OEmpréstimofoiobtidoimediatamenteapósobalançodeT0.
OAtivo,assim,ficariaiguala$120mais$100,oqual,aumataxaderetornosupostade30%,setransformouem$286emT1,(220×1,30).
Ojurode$20estálançadonadívidadecurtoprazoesomenteécontabilizadoemT1.OFinanciamentoestálançadonoPassivoNãoCirculante.
Olucrodoperíodofoide$166–120=$46.Ataxaderetorno(sobreopatrimôniolíquidoinicial)éde ,empercentagem.
Vamos supor, por outro lado, que os $ 100 de recursos tivessem sido supridos poracionistas. O patrimônio líquido inicial (para efeito de análise) ficaria igual a $ 220. E opatrimônio líquido final seria de $ 286, pois não teríamos a despesa de juros para sersubtraída(nemopassivonãocirculante).Olucro,portanto,seriade$66.Oretornosobreopatrimôniolíquidoseria$66/$220=0,30ou,empercentagem,30%.
Comoseexplicaofatodetermosumataxamenor,tendosupridoosfundosadicionaiscomcapital,emvezdeempréstimo?Maisumavez,aexplicaçãoresideemserataxadejurosdoempréstimo menor que a taxa de retorno obtida pelo uso dos recursos supridos peloempréstimo.
OGraudeAlavancagemécalculado,rigorosamente,dividindo-seataxaderetornoobtidautilizandoosempréstimoscomaque teriasidoobtidautilizandocapital.GA=0,3833/0,30=1,28.Estaéafórmulaidealdecálculo,nemsemprepossíveldeserutilizadanaprática.
Oresultadoindicaqueosacionistastiveramumretorno28%maiorsobreseucapitalinicialinvestidodoqueteriamobtidosetivessem,elespróprios,integralizadomais100milhões.Esteresultadoamaiordeveserentendidoemrelaçãopercentualacadarealinvestido,emvaloresrelativos,portanto,enãoabsolutos.
Assim,ograudealavancagemfoimaiorqueum,sendoindíciodequeaempresaauferiu,para seus acionistas, bons resultados relativos à estrutura de composição de capital queconseguiu montar. Note-se, todavia, que o lucro, em valores absolutos, seria maior nahipótesedeaumentodecapital.
Vejamosagoraoqueocorrerianosegundoano.
OBalançoemT1éopontodepartida:
AtivoCirculante $286,00
PassivoCirculante $20,00
PassivoNãoCirculante $100,00
PatrimônioLíquido $166,00
OBalançoemT2seapresentariacomosegue:
AtivoCirculante $351,80 (retornos/ativo=30%menososjurosdo1operíodo,pagosPassivoCirculante $20,00
AtivoNãoCirculante $100,00 logoapósT1)
PatrimônioLíquido $231,80
Lucro=231,80–166,00=65,80
TaxadeRetornosobreoPatrimônioLíquidoInicial==65,80/166,00=0,40ou40%
Seos$100derecursosadicionaistivessemsidosupridosporacionistas,obalançoemT1seria:
AtivoCorrente $286,00
PatrimônioLíquido $286,00
EmT2,teríamosaseguintesituação:
AtivoCorrente $371,80
PatrimônioLíquido $371,80
Lucro=85,80
Retorno=85,80/286,00=0,30
GraudeAlavancagem=0,40/0,30=1,33,maior,portanto,quenoprimeiroano.Prolongar-se-ia e acentuar-se-ia o benefício, para os acionistas, da política de endividamento,inicialmenteadotada.
Os cálculos foram realizados sobre o patrimônio líquido inicial, para maior facilidade deevidenciação.Umavariantemaiscorretaseriarealizá-lossobreopatrimôniolíquidomédio.
Umadasfórmulasaproximadas,utilizadas,naprática,paraocálculodaalavancagem,éaseguinte:
Verifica-se, portanto, que se trata de um quociente entre dois quocientes. Pode serexpressotambémdaseguinteforma:
Se utilizássemos o quociente de retorno sobre o patrimônio líquido conforme definido nafórmuladapágina124(item8.6),teríamos:
Exemplos(utilizandoafórmulaaproximada):
1 AtivoInicial 100.000,00
PatrimônioLíquidoInicial 50.000,00
LucroLíquido 30.000,00
DespesasFinanceiras 10.000,00
Aplicandoaindaafórmulasobreosvaloresiniciais(parafacilidade):
ou
Note-sequea taxade retornosobreoativoqueestamosutilizandoemGA’ nãoéaqueteria sido obtida se tivéssemos contado somente com capital próprio, mas a efetivamenteobtida,istoé,dividindo-seolucrolíquido(30.000,00)peloativo(100.000,00).Poroutrolado,opassivo não circulante financiou, neste exemplo, 50%do ativo.O ativo total, por sua vez, éiguala2,5vezesolucrolíquidoadicionadoàsdespesasfinanceiras.
Obviamente, se as despesas financeiras, no exemplo apresentado, tivessem somado $15.000,00 e não 10.000,00, o lucro líquido seria de apenas $ 25.000,00. A alavancagemmudaria,poisoretornosobreopatrimôniolíquidoseriade:25.000,00/50.000,00=0,50enãomais0,60.O lucro líquidomaisasdespesas financeirasdivididospeloativocontinuariamem40%.Aalavancagemseriadeapenas0,50/0,40=1,25,nãomais1,50.2 AtivoInicial $2.350.000,00
PatrimônioLíquidoInicial 900.000,00
9.3
LucroLíquido 180.000,00
DespesasFinanceiras 290.000,00
VejaoCapítulo13,paraumestudomaisaprofundadodaAlavancagem.
OUTROSQUOCIENTESDEINTERESSE(AANÁLISEDOPONTODEVISTADOINVESTIDOR)
Procuramos, nos tópicos anteriores, apresentar uma visão sumária dos quocientes maisrelevantes,principalmentenaapreciaçãodaliquidez,estruturadecapitalerentabilidade.
Onúmerode relacionamentosquepodemserextraídosdedemonstrativoscontábeiséomaisvariadopossível.Alguns trabalhoschegama relacionarcentenasdequocientescomasmais variadas finalidades. Entretanto, julgamos melhor apresentar, em detalhe, a forma decálculoeinterpretaçãodosprincipaisdeles.
Apresentamos, a seguir, outros quocientes importantes, principalmente do ponto de vistadoinvestidor,comexceçãodoprimeiro,apresentadoaseguir:
Este quociente pretende retratar qual a porcentagem dos recursos próprios que estáimobilizada em plantas e instalações, bem como outras imobilizações, ou que não está “emgiro”.Alega-sequetalquocientenãodeveriaaproximar-see,muitomenos,superaraum.Istosomenteseráválido,éclaro,emperíodoplenamenteoperacionaldaempresa.Seinvestirmosumaparcelaexageradados recursosemAtivo Imobilizado, poderemos ter problemassériosdeCapitaldeGiroLíquido.
Este quociente pode ser de importância para o investidor em certas circunstâncias, tais
como quando pretende retirar-se da empresa, em casos de fusão, incorporação etc., masfrequentemente sua relação com o valor venal da ação é pequena no nosso mercado. Oresultadodoquocientepoderiasercomparadocomovalorpagounitariamenteparaadquirirasações. Nesse caso, todavia, deveríamos corrigir monetariamente os dois valores unitários.Paraalgunsacionistasminoritáriosserámaisrelevantecompararovalordemercadodaaçãoquandofoiadquiridaenomomentodaavaliação.
Resumindo, o quociente acima expressa uma tendência de capitalização da empresa.Entretanto, note-se que o quociente é afetado, como todos os demais, pelas práticascontábeis,nãorepresentando,viaderegra,muitomaisqueumelementodecomparaçãoentreovalordaaçãoeovalorpatrimonialemmomentosdistintos.
Este é outro quociente clássico do ponto de vista do investidor. Se utilizado no ato dedecidirsevaleapenaounãoadquiriraçõesdecertaempresa,significariaquantosexercíciosseriamnecessáriospara“recuperar”ovalordesembolsadoparaadquiriraação.
Suponhaquecertaempresativesseumlucrolíquido(apósoImpostosobreaRenda)de$250.000,00 em determinado período.O número de ações é de 250.000.O lucro por ação,portanto,éde$1,00.Seovalordemercadodaação forde,digamos,$5,00,oquocientePreço/Lucro será igual a $ 5,00/$ 1,00 = 5, isto é, em cinco anos recuperaríamos, com oslucros,oinvestimentorealizado,seprevaleceremasmesmascondições.
Aevoluçãodoquocientenotempoédeinteresse,emboratenhasidomuitodifícilemnossomercado estabelecer tendências significativas, tendo em vista que ele tem tidocomportamentos muito mais ligados a fatores emocionais, psicológicos e causados porinfluênciadeaçõesgovernamentaisno setor doquepropriamentepor influênciadaevoluçãoefetivadaempresanotempo.
O significado do quociente é imediato. No fundo, expressa o lucro ganho em cada açãoordinária, após o imposto de renda e os dividendos de ações preferenciais, se estes foremfixos.
O quociente visa calcular qual a margem de segurança para pagamento dos dividendospreferenciais e quantas vezes tais dividendos são cobertos pela geração de lucros daempresa.
Poderíamos construir um quociente análogo para a garantia de pagamento de despesasfinanceiras, juros e encargos com financiamentos. Algumas vezes, transforma-se o lucro
líquido (conceito de renda) em equivalente de caixa para se ter uma ideia do montante defundosgeradosparacobrircertosencargos.
O significado deste quociente também é imediato. Procura-se avaliar a relação entre omontantededividendospagoseonúmerodeaçõesquereceberamobenefício.Atendênciado quociente, no tempo, é de relevância para o valor de mercado da ação ou para suamaximização. Interessanteé compararaevolução,no tempo,dosdoisquocientes: lucroporaçãoedividendopagoporação.Poderáhaverperíodosemqueolucroporaçãoébom,maso dividendo pago por ação não o é. Isto pode ser devido a vários fatores, inclusive umageraçãoderecursosdecaixanãosuficienteparaopagamentodataxanormaldedividendosporação.
1
2
_____________
Não estamos levando em conta, nestes exemplos preliminares, o imposto de renda e ainflação.VejaoCapítulo13parataisconsiderações.
10.1
a)b)c)
d)
Jáafirmamosnoscapítulosanterioresqueonúmerodecombinaçõespossíveiscomosdadosdosdemonstrativoscontábeiséimenso.Algunsquocientesespeciaisterãointeresseemcasosespecíficos.Porexemplo,numbanco,talvezsejadeinteresserelacionarosdepósitosaprazofixocomosdepósitossemjuros.Numaempresadeseguros,porsuavez,aanálisedosváriostipos de reservas técnicas e matemáticas, bem como a da carteira de ações, terá uminteressetodoespecial.Emoutrasempresaspoderíamosteruminteresseespecialemoutrosrelacionamentos. As possibilidades são inúmeras. Todavia, consideramos que, num grandenúmerodesituações,osquocientesvistosnestecapítuloservemàsfinalidadesessenciaisdeumaanálisedebalanços,principalmentenumaempresaindustrialoucomercial.
COMPARAÇÕESDEQUOCIENTES
Játivemosoportunidadederealçaraimportânciadascomparações.Oassunto,todavia,étãocrítico que voltamos a ele. Como vimos, qualquer análise de balanços de determinadaempresadeveriasercomparadacom:
sériehistóricadamesmaempresa;padrõespreviamenteestabelecidospelagerênciadaempresa;quocientes análogos de empresas pertencentes ao mesmo ramo de atividade, bemcomocomasmédias,medianasemodasdosquocientesdosetor;certosparâmetrosdeinteresseregional,nacionaloumesmointernacional.
A série histórica da empresa, de qualquer forma, deveria ser construída.Certa empresapode estar, em matéria de desempenho, ligeiramente abaixo da média da indústria. Se,todavia,aevoluçãooutendênciadeevoluçãoforpositiva,numgraumaiordoqueamédiadasindústrias,fatalmenteaempresaalcançaráeatépoderásuperarseusconcorrentes.
Émuitocomum,poroutro lado,desejar-secompararosquocientescomosanálogosdosconcorrentes,emparticulardosconcorrentesdiretos,ouentãosituar-seemrelaçãoàmédiadosconcorrentes.Estedesejoémaisdoquenatural,éumanecessidadeafimdesabermosaposiçãorelativadenossaempresanoconjunto.
Até recentemente, a não ser que a própria empresa colecionasse os balanços dasconcorrenteserealizassetodasasanálises, istonãoseriapossível.Dealgunsanosparacá,
comasfacilidadesdaweb,aspublicaçõesdasdemonstraçõesfinanceirasecontábeispodemser obtidas diretamente dos sites das grandes empresas, no site do Diário Oficial ou naprópriaBovespa;tambémcomeçaramasurgirpublicaçõesperiódicasemqueérealizadaumaespéciederankingdasempresas,conformealgumcritério, relacionando, inclusiveporsetor,certosquocientesbásicos.ArevistaExamepublicaumsuplementoanual,emsetembro,sobretaisempresas.Sãocaracterizadas,porvendas,as500maioresempresasprivadasdoBrasil,dentreoutrosdadosde interesse.Umnúmerobásicodequocienteséreproduzidonapróprialistagemdaclassificaçãodas500maioresempresasprivadas.
São também realizadas análises setoriais. Existem algumas outras alternativas paraconsulta a quocientes comparativos. A revistaConjuntura Econômica, da FGV, e a revista1000MaioresEmpresas,doValorEconômico,tambémrealizamumtrabalhosemelhante,combonsresultados.
Talvez o melhor tipo de comparação seja a efetuada com padrões previamenteestabelecidospelaprópriaadministraçãooudireçãodaempresa.Estaformadecomparaçãofavoreceumamelhoranálisedosdesviosedoconjuntodeprovidênciasparasaná-los.Alémdomais,nãoexcluiacomparaçãocomquocientesdeoutrasempresas.Osgestores,aofixarametabásicadeumretornosobreopatrimôniolíquidoemX%,estarãosempreemestadodealerta quanto ao desempenho do setor. Em outras palavras a análise das médias dedesempenhodosetorsempreérealizada,mesmoqueaformadecomparaçãoescolhidapelaempresa seja com quocientes-padrão internos da empresa. É que, ao estabelecer osquocientes-padrão, dificilmente a empresa deixará de olhar para o desempenho daconcorrência. Assim, direta ou indiretamente, contínua ou alternadamente, os quocientes daempresaacabamsempresofrendoumacomparaçãocomosquocientesdaconcorrência.
Além disto, algumas empresas desejarão comparar certas tendências internas comtendências de caráter regional, nacional ou até internacional. Empresas de grande porte,principalmente, podem querer estabelecer comometa básica um crescimento anual de X%,pelomenos igualà taxadedesenvolvimentodopaís,oudaregião,como tendênciade longoprazo.
Por outro lado, existem empresas ou entidades tão típicas e tão grandes que,frequentemente, as comparações somente podem ser realizadas com quocientes decongêneresforadoslimitesnacionais.Éocaso,daPetrobras,daEmbraeretc.
O gestor deve utilizar todas estas comparações na medida certa e na dose certa. Seinvestirmos um tempo exagerado, quase que numa atitude patológica, para sabermos ondeestamos em relação aos demais,muitas vezes estaremos subtraindo tempo da tarefamaisimportante,queéademelhorarnossaposição.Poroutrolado,tentarmelhorá-lasemnenhumquadro de referência ou coordenadas básicas de onde nos encontramos e o quanto faltacaminharpodenosdesorientarenosdesviarparacaminhosperigosos.
Insistimosno fatodequecadaminutogastonocálculodequocientesdevesergastoemdobroparaanalisarosdesvioscomrelaçãoàsmetasououtropadrãocomparativo.Quenãose transforme, como muitas vezes ocorre, a arte de analisar balanços (que é única eintransferível)numcálculomeramenterepetitivoemecânico,comoalgunsacabamfazendo.
10.2
1.
COMOINTERPRETAR“EMCONJUNTO”OSQUOCIENTES
Esteéumdosaspectosbásicosdaanálisedebalanços.Nenhumafórmulaou“receitadebolo”ouquadroespecialetc. irásubstituiro julgamentoea“arte”decadaanalista,emcadacaso.Damesmaformaquenenhumcomputadorpoderásubstituiromédiconainterpretaçãodeumconjunto de sintomas aparentemente desconexos ou mesmo aparentemente indicando certaenfermidade, quando, na realidade, tendo em vista as características do paciente e seuhistórico clínico, a doença é outra. Cada paciente é um paciente diferente, mesmo que ossintomassejamaparentementeosmesmos.Cadaempresaéuma individualidadeecomo taldeveseranalisada.
Oquesepodeformar,atravésdaapreciaçãoconjuntadosquocientes,omaisdasvezes,éumaopiniãodeconjunto,maisdoqueum“veredicto”.Oequilíbrioeaponderaçãodevemseras características dominantes do analista. Suponhamos que uma empresa, num lapso detempo considerável, venha apresentando bons quocientes de rentabilidade e sofríveis deliquidez. Esta empresa está, possivelmente, numa situação pior que outra que apresentequocientes de rentabilidade e liquidez apenas razoáveis. A distorção ou arritmia entrerentabilidadee liquidezpodeseradmitidaemperíodoscurtos,masnãosedeve transformarnuma tendência, pois irá provocar pontos de dificuldades praticamente paralisantes para aempresa.Acomeçarpelaprópriarentabilidade,ela,comoconsequênciadascargascadavezmaioresdejurosedespesasfinanceirassobreempréstimostomadosparaminorarosapertosfinanceiros,pioraráeagravarácadavezmais,numaespéciedecírculovicioso,aliquidez.
Asprovidênciasqueaconselhamosparaumaanáliseconjuntadosquocientessãoasqueaseguirenumeramos:
Antesmesmo de iniciar a análise de balanços, conheça intimamente a empresa quepretende analisar: o produto que transaciona, a função produção da empresa, seexistem operações típicas de financiamento etc. Existem casos interessantes arespeito. Algumas empresas de fertilizantes, por exemplo, realizam as vendas aosagricultoresjáfinanciadasporbancosoficiais.Ou,vistooproblemadeoutraforma,osagricultores somente compram mediante financiamento de bancos oficiais. Nessecaso,naverdade,oclienteverdadeirodaempresa,emtermosdevaloresareceber,éoGoverno, e, se, de um lado, isto normalmente aumenta os prazos de recebimentodas contas a receber, por outro, diminui os riscos do recebimento.Umanalista que,sem conhecer esse detalhe, se aventurar a interpretar de forma muito restrita osquocientes ligadosacontasa receber,ou levaremcontaaprovisãoparacréditodeliquidação duvidosa (que praticamente não tem razão de existir nesse caso), estaráexpondo-seaerroseacríticasmuitograndes.Énecessário,portanto,conhecerbemas características operacionais da empresa, as formas peculiares de financiamento(se existirem), a característica dos estoques, o tipo de máquinas e equipamentosutilizados etc. Se a análise estiver sendo realizada por analistas externos, deverãoestesprocurar inteirar-sepelomenosdoessencialsobreaspeculiaridades,senãodaempresaemparticular,pelomenosdosetoremqueatua.Nestesentido,aconsultaaoGoogle,aossitesdasempresasespecíficas,àbiblioteca,arevistasespecializadasea especialistas do setor é indispensável. Imaginemos um analista querendo realizar
2.a)
b)1.2.3.4.
c)
d)1.
2.
e)
umaanálisedeumacompanhiaseguradora,oudequalqueroutraempresadeserviço,oumesmodaPetrobras,semummínimodeconhecimentosobreascaracterísticasdoramo, destacando que são empresas que não têm estoque, logo os índices quecorrelacionamestavariáveldevemserajustadosouentãoignorados.Umdosgrandesproblemas da análise de determinados estudos amplos é justamente a naturaldificuldade de levar em conta tais particularidades setoriais. Entretanto, algunsquocientes têm significado quase que em todos os tipos de empreendimento. Osrelacionamentos entre contas do lado do passivo normalmente têm uma significaçãouniversal. Entretanto, quocientes que levam em conta elementos do ativo ou doDemonstrativodeResultadossofremmuitooimpactodamudançadascaracterísticastécnicas e comerciais (e até financeiras) do empreendimento. De qualquer forma,conheça,omelhorquepuder,aempresaqueiráanalisar.Colecionetodososquocientescalculadosefaçaaanálise:
Individual:anotesuaavaliaçãodecadaquocienteindividualmente.Comparecomoquocienteanálogomédiodosetor.Porgrupos:façaumaanáliseisolada:
daliquidez;doendividamento(estruturadecapital);darentabilidade;deoutrosquocientesdeinteresse.Comparecomosquocienteseasconformaçõesdosgruposacimadosetor.Anote algumas conclusões preliminares para cada grupo. Compare com asmetasdaempresa.Façaumbalançoeumdemonstrativoprojetadosdecomoiráficaraempresanofimdopróximoanoecalculealgunsquocientesprojetados.
Coloque todos os principais quocientes numa folha de trabalho. Compareatentamente a situação de liquidez, de endividamento, os quocientes derotatividadeeaposiçãoderentabilidade.Procureformarumaopiniãodeconjuntosobre os quocientes. Se a rentabilidade for adequada e a liquidez não, verifiqueatentamenteosquocientesde rotatividadeedeendividamento.Escreva todasassuasobservaçõeseconclusões.Testetaisobservaçõeseconclusõescom:
as informações sobre as práticas operacionais e financeiras observadas noitem10.1;discuta suas observações com os principais gestores da empresa (DiretorFinanceiro, Presidente ou sócio-proprietário); os quocientes de rotatividadepoderão também ser discutidos com o gestor principal da área técnica, quetemavisãooperacionalcompletadaempresaedomercado.
Faça uma revisão final em suas conclusões. Elabore um relatório derecomendaçãoaosprincipaisgestoreseinteressados.
Como vimos, não foi fornecida nenhuma maneira predeterminada de escrutinar osquocientes.Aopiniãodeveserformadaàluzdasensibilidadedoanalistaetendoemvistaasmetas desejadas e o posicionamento relativo daempresa com relaçãoao setor.Entretanto,
10.3
serámuitoimportanteseguiraordemprescrita.Nãodeixarnadasemdocumentação.Anotareescrever todas as observações. Indique as providências que, a seu ver, poderão facilitar asoluçãodeproblemasoucapitalizartendênciaspositivas.
UTILIZAÇÃODAANÁLISEDEBALANÇOSNAANÁLISEDECRÉDITO
Aanálisedebalançostemauxiliadoosgestoresdecréditonatarefadedecidirsevaleapenaounãoconcedercréditosaseusclientes.Taltipodedecisão,porsermuitasvezesrecorrente,sebeneficiamuitodetécnicasquantitativasqueauxiliamaconstruirquadrosdereferênciaededecisãorápidos.Aesserespeito,técnicasestatísticastêmsidodesenvolvidasparaauxiliarnautilização de índices na análise de crédito. Um destes instrumentos é o modelo de análisediscriminante reportadoporEdward I.Altman(FinancialRatios,DiscriminantAnalysisand thePrediction of Corporate Bankruptcy. Journal of Finance, 23 Sept. 1968). Em seu modelo,Altman combina certo número de quocientes de liquidez, alavancagem, rotatividade erentabilidade,a fimdeestimaraprobabilidadedeumaempresa irà falência.Omodelo temsidocapazdeprevera falênciacomadequabilidadeparaumperíododeumoudoisanosnofuturo.
NoBrasil,StephenC.Kanitz,doDepartamentodeContabilidadeeAtuáriadaFaculdadedeEconomia,AdministraçãoeContabilidadedaUniversidadedeSãoPaulo,desenvolveuesforçosnumalinhasemelhantedetrabalho.Algunsresultadospreliminaresforampublicadosnumartigoda revista Exame, de dezembro de 1974, sob o título “Como Prever a Falência dasEmpresas”. Na época, construiu o chamado “termômetro da insolvência” que explicaremosrapidamente a seguir, o qual é composto de um número reduzido de quocientes. Por outrolado,nãorevelouametodologiaempregadaparaconstruirotermômetro.Somentepesquisaeexperimentaçãocontinuadaspoderãotestardefinitivamenteavalidadedetaistécnicas.
No artigo citado, através de tratamento estatístico de dados de algumas empresas querealmentefaliram,conseguiumontaroquedenominoude“fatordeinsolvência”equeconsisteem relacionar alguns quocientes, atribuindo pesos aosmesmos e somando e subtraindo osvalores assim obtidos.Conforme a soma recaia entre certos intervalos de valor, a empresaestaránafaixade“insolvência”,de“penumbra”oude“solvência”.
Ametodologiado“FatordeInsolvência”estádevidamenteconsagrada,eesteécalculadodaseguinteforma:
10.4
FATORDEINSOLVÊNCIA=X1+X2+X3–X4–X5.
Se a soma resultar num valor compreendido entre0 e 7, a empresa estará na faixa de“solvência”.Serecairentre0e–3,estaránazonade“penumbra”,esecairnafaixa–3e–7,estaránazonada“insolvência”.
Apesar de ter apresentado resultados, às vezes, até espetaculares, consideramos quenenhum critério estatístico, por mais relevante e adequado que seja, possa substituir ojulgamento, a sensibilidade e a experiência do analista. Na melhor das hipóteses, taisformulaçõespoderãoconstituir-seemponderaçõesparaaboaanálisedebalanços.
OUTROSINDICADORESFINANCEIROSPARAUMAANÁLISEDEBALANÇOSCOMPLETA
Autilizaçãodequocienteséoinstrumentalmaistradicionalemaisimportanteparaumaanálisecompletadebalanços,masde formaalgumaéoúnico.Oanalista temdeextrair omáximodas demonstrações contábeis publicadas, se for externo à empresa, e colher omáximo deinformaçõesadicionais;recorreràsnotasexplicativasàsdemonstraçõescontábeiséumaboaopção,setiveracessoàsmesmas.
PelaDemonstração de Fluxo deCaixa –DFC, numa análise retrospectiva (do passado),mas tambémpreditiva (em caráter previsional), pode se obtermuitas indicações inteligentessobre como a entidade auferiu seus recursos de capital de giro líquido e como os aplicou.Importante verificar se boa parte das fontes de recursos é provinda das operações, isto é,basicamente do lucro, ou se vem de empréstimos a longo prazo ou de venda de ativospermanentesoumesmodechamadasdecapital.Poroutro lado,a formacomoos recursosvêm sendo aplicados é de fundamental importância para o analista; por exemplo, se umapolítica sadia de distribuição de dividendos aos acionistas está sendomantida, se recursosestãosendoaplicadosnaexpansãodaplantaena liquidaçãodedívidasde longoprazoetc.Dopontodevistaideal,omelhorseriaumaentidadequefinanciassesuasfontesdecapitaldegiropreferencialmenteatravésdelucrosequeasaplicassenamodernizaçãoeampliaçãodasinstalações, a fim de poder gerar mais lucro no futuro. É claro que uma empresa real
10.5
observará várias situações intermediárias à ideal, descrita. De qualquer forma, cabe aoanalistaacompanhareestudaratentamenteossinaisemanadosdademonstraçãoaludida.Àsvezes,taldemonstração“falamais”aoanalistadoqueopróprioBalançoPatrimonial.
Outro indicadoraserobservadoéacapacidadedeaentidadegerarrecursosfinanceiros(caixa)parasaldarseuscompromissos.Esseindicadorédeespecialimportânciaparaanálisede crédito. Para o analista externo não restam muitas alternativas a não ser derivar estacapacidadedaprópriaDemonstraçãodeResultados,emconjugaçãocombalanços iniciaisefinais e da própria Demonstração de Fontes e Usos de Recursos. Uma vez determinado omontante de geração de caixa, vários quocientes podem ser calculados; um deles,interessante, consiste em colocar no numerador o valor atualizado da dívida fundada daempresa (o Exigível a Longo Prazo), dividindo-o pelo valor resultante da transformação dofluxo de receitas e despesas (DR) em fluxo de geração de recursos financeiros parapagamentodedívidas. Interessanteseriacalcularovalordageraçãoderecursosfinanceirosem termosprevisionais,paraospróximos trêsacincoanos,a fimdeverificarseaentidadetemcondiçõesdeamortizarsuasdívidas.Outrasvariantesdecálculoquelevamemcontaoselementosfundamentaisjádescritospodemserutilizadas.
Outroindicadorfinanceirodemuitointeresse,aliásmuitopesquisadoatualmentenosEUA,éoretornodoinvestimentoemtermosdecaixa.Seria,arigor,definidocomo:
Sedefinidoparaumprojetoespecífico,talquocienteaproxima-semuitodataxainternaderetorno(TIR).Paraaentidadecomoumtodopoderíamosutilizarafórmulaacimaouvariantesadequadasemcadacaso.Obviamente,temosdeestabelecerumhorizonterazoável.
Cadavezmaisosanalistasestãorecorrendoainformaçõesemtermosdecaixarelativasao passado e muito mais ao futuro para complementar e condimentar suas análises debalanços. Claramente, de forma alguma devemos abandonar os quocientes tradicionais eprincipalmente o estudo da alavancagem financeira. O conjunto desses indicadores maistradicionais (quocientes)emenos(demonstraçõesprojetadas, fluxosdegeraçãoderecursosfinanceiros etc., vistos neste item) constitui o embasamento sobre o qual o analista formarásua opinião. Temos por experiência própria, todavia, que devemos evitar excessivasespeculações(alémdasanalisadas)sobredemonstraçõesprojetadasparaumhorizontemuitolongínquo,poisascondiçõesdonegócioedaeconomiapodemmudarnesseprazo.Aanálisede balanços serve para apontar o porquê de determinada situação de rentabilidade e deliquidez de uma entidade e o que vai ocorrer se mudanças não forem realizadas (ou se ocenário econômico não mudar). Não se trata de um exercício de futurologia, apenas parademonstrarquesabemosconstruiralgunsfluxosprojetados.
OUTROSINDICADORES
MichelFleurietdenominacomovariáveldetesourariaoresultadodareclassificaçãodascontasdeAtivoePassivoquenãose relacionamcomasatividadesoperacionais;estametodologia
deFleuriet, exposta no livroAdinâmica financeira das empresasbrasileiras, expressa compropriedadecomoosfatosfinanceirosdasempresasserefletemnaContabilidade,poisestesrecursos financeiros identificados como Fonte no Passivo Circulante foram aplicados emcontasdoAtivoCirculante.
Asprincipaiscontasquepodemosclassificarcomotesourariasão:
NoAtivoCaixaDepósitosBancáriosàVistaNumerárioemtrânsitoAplicaçõesdeLiquidezImediataInvestimentosTemporáriosTítulosaReceberChequesemCobrançaDividendosPropostosaReceberBancos–ContasVinculadasJurosaReceberAdiantamentosaTerceirosImpostosaRecuperarOperaçõesemBolsadeValores
NoPassivoEmpréstimoseFinanciamentosDebênturesArrendamentoMercantilaPagarJurosaPagarDuplicatasDescontadas(estareclassificadadoAtivoCirculante)AdiantamentossobreContratosdeCâmbioProvisãoparaoImpostodeRendaProvisãoparaContribuiçãoSocialImpostoseTaxasnãoIncidentessobreoFaturamentoDividendosaPagarContasaPagarquenãoseReferemaDespesas
TambémpodemosreclassificarascontasparacomporaTesourariaporexclusão,ouseja:identificamos as que fazem parte das Necessidade Líquida de Capital de Giro, as demaispertencemàTesouraria.
1.
Assim,aTesourariapodesercalculadapelaequação:Tesouraria=(AC–PC–NLCDG),onde:
NLCDG→NecessidadeLíquidadeCapitaldeGiroécalculadapeladiferençaentreovalordasaplicaçõesdecapitaldegiromenosovalordasfontesdecapitaldegiro.
ParamelhorentendimentodoNLCDG,vamosabaixoelencarascontasdoAtivoCirculantequedenominamosAplicaçõesdeCapitaldeGiro:
ClientesEstoquesDespesasAntecipadasOutrascontasaReceber.
easFontesdeCapitaldeGiroserão:
FornecedoresObrigaçõesFiscaisObrigaçõesTrabalhistasAdiantamentosaClientesOutrasContasaPagar
Tambémpodemoscalcularatesourariadaseguintemaneira:
DemaiscontasdoAtivoCirculante–DemaisContasdoPassivoCirculante=Tesouraria
Eoresultadopodeser:
TESOURARIAPOSITIVA: queéo saldopositivo e indicaqueasdemais contasdoACapresentamsaldosmaioresqueasdemais contasdoPC, expressando folga financeiradefato.
ou
TESOURARIANEGATIVA:queéosaldodasdemaiscontasdoPCmaioresqueosaldodas demais contas do AC, configurando-se EXPOSIÇÃO FINANCEIRA, pois estarãosendoutilizadoscapitaisdeterceirosdecurtoprazoparafinanciarsuaatividade.
AfimdeanalisaraTesourariapodemosterosseguintescasos:
TesourariaLíquida:expressaovalordeTesouraria,descontandoosdemaisvaloresa
2.
3.
4.
receber, pois este grupo de contas pode conter escondidos alguns valores de difícilrealização,calculadospor:
Tesouraria–DemaisValoresaReceber=TesourariaLíquida
Magnitude da Folga ou Exposição Financeira: relação que expressa dimensão daTesourariaemrelaçãoaoníveldeatividadesdaempresa:
Tesouraria÷VendasBrutas
Termômetro Financeiro: com grande sensibilidade, este indicador mostra a relaçãoentreovalordaTesourariaeasNecessidadesLíquidasdeCapitaldeGiro:
Tesouraria÷NLCDG
Fluxo de Tesouraria: indica a variação do saldo de tesouraria de um período paraoutro:
Tesourariaanterior–Tesourariaatual=FluxodeTesouraria
ComoanálisedeFleuriet,apresentamosaseguir:
Quadro10.1AtivoePassivoCirculante(emmilharesR$)–FOSFERTIL
AtivoCirculante 31-12-X1 31-12-X0 PassivoCirculante 31-12-X1 31-12-X0
Disponibilidades 151.353 166.180 FornecedoresNacionais 10.127 14.132
ContasaReceber 7.641 9.528 FornecedoresnoExterior 32.215 40.520
Estoques 105.623 93.264 Financiamentos 87.561 87.384
ImpostosaRecuperar 24.222 17.973 Cias.Controladas 689 17.508
DividendosaReceber 23.116 35.792 AdiantamentosaClientes 16.505 17.338
Outras 9.006 9.560 DividendosaPagar 34.217 35.833
Outras 19.339 13.913
TOTAL 320.961 332.297 TOTAL 200.653 226.721
Fonte:GazetaMercantil.
Quadro10.2Tesouraria(emmilharesR$)–FOSFERTIL
AtivoCirculante 31-12-X1 31-12-X0 PassivoCirculante 31-12-X1 31-12-X0
Disponibilidades 151.353 166.180 Financiamentos 87.561 87.384
ImpostosaRecuperar 24.222 17.973 Cias.Controladas 689 17.508
DividendosaReceber 23.116 35.792 DividendosaPagar 34.217 35.833
Outras 9.006 9.560 Outras 19.339 13.913
TOTAL 207.697 229.505 TOTAL 141.806 154.638
CÁLCULODATESOURARIA 31-12-X1 31-12-X0
CONTASDOATIVOCIRCULANTE(FINANCEIRAS) 207.697 229.505
(–)CONTASDOPASSIVOCIRCULANTE(FINANCEIRAS) 141.806 154.638
(=)TESOURARIA 65.891 74.867
TesourariapositivaexpressaFOLGAFINANCEIRA
Quadro10.3TesourariaLíquida(emmilharesR$)–FOSFERTIL
AtivoCirculante 31-12-X1 31-12-X0 PassivoCirculante 31-12-X1 31-12-X0
DISPONIBILIDADES 151.353 166.180 OPERAÇÕESFINANCEIRAS 87.561 87.384
Disponibilidades 151.353 166.180 Financiamentos 87.561 87.384
DEMAISVALORESA
RECEBER56.344 63.325 DEMAISVALORESAPAGAR 54.245 67.354
ImpostosaRecuperar 24.222 17.973 Cias.Controladas 689 17.608
DividendosaReceber 23.116 35.792 DividendosaPagar 34.217 35.833
Outras 9.006 9.560 Outras 19.339 13.913
TOTAL 207.697 229.505 TOTAL 141.806 154.738
CÁLCULODATESOURARIALÍQUIDA 31-12-X1 31-12-X0
CONTASDOATIVOCIRCULANTE(FINANCEIRAS) 207.697 229.505
(–)CONTASDOPASSIVOCIRCULANTE(FINANCEIRAS) 141.806 154.738
(=)TESOURARIA 65.891 74.767
(–)DEMAISVALORESARECEBER 56.344 68.387
(=)TESOURARIALÍQUIDAPOSITIVA
FOLGAFINANCEIRA,MASCOMMAISRIGORPARASERMAISVERDADEIRO 9.547 6.380
Para analisarmos a MAGNITUDE da Exposição Financeira, temos as seguintesinformaçõescomplementares:
VENDASBRUTASEMX1=R$480.531.000,00VENDASBRUTASEMX0=R$402.132.000,00
Assim:Tesouraria/VendasBrutas=MagnitudeANOX1–65.891/480.531=0,13712→13,7%ANOX0–74.867/402.132=0,18617→18,6%
AFosfertilFertilizantesFosfatadosS/AteveumareduçãoemsuaExposiçãoFinanceiraemtornode26,25%doanoX0paraX1.
Quadro10.4TermômetroFinanceiro(FinanciamentodaNLCDG)
AtivoCirculante 31-12-X1 31-12-X0 PassivoCirculante 31-12-X1 31-12-X0
APLICAÇÕESDECDG 113.264 102.792 FONTESDECDG 58.847 71.983
Clientes 7.641 9.528 FornecedoresNac. 10.127 14.132
ContasaReceber 7.641 9.528 FornecedoresInter. 32.215 40.520
Estoques 105.623 93.264 Adto.deClientes 16.505 17.331
DISPONIBILIDADES 151.353 166.180 OPERAÇÕESFINANCEIRAS
Disponibilidades 151.353 166.180 Financiamentos 87.561 87.384
87.561 87.384
DEMAISVALORESA
RECEBER56.344 63.325 DEMAISVALORESAPAGAR 54.245 67.354
ImpostosaRecuperar 24.222 17.973 Cias.Controladas 689 17.608
DividendosaReceber 23.116 35.792 DividendosaPagar 34.217 35.833
Outras 9.006 9.560 Outras 19.339 13.913
TOTAL 320.961 332.297 TOTAL 200.653 226.721
CÁLCULODOTERMÔMETROFINANCEIRO 31-12-X1 31-12-X0
ValordaTesouraria(Quadro9.2) 65.891 74.867
NLCDG(AplicaçõesdeCDG–FontesdeCDG) 54.417 30.899
TermômetroFinanceiro(Tesouraria/NLCDG) 121,1% 242,3%
Esteíndiceconfirmaareduçãodeexposição,poishouveumareduçãodequase100%.Eporúltimo,temoso:
Quadro10.5FluxodeTesouraria
DemaisContasdoACedoPC 31-12-X1 31-12-X0 Fonte Aplicação
Disponibilidades 151.353 166.180 14.405
DemaisValoresAReceber 56.344 63.325 6.981
ImpostosaRecuperar 24.222 17.973 (6.249)
Dividendosareceber 23.116 35.792 12.676
Outras 9.006 9.560 554
OperaçõesFinanceiras 87.561 87.384 177
Financiamentos 87.561 87.384 177
DemaisValoresaPagar 54.245 67.354 (13.109)
Cias.Controladas 689 17.608 (16.919)
DividendosaPagar 34.217 35.833 (1.616)
Outras 19.339 13.913 5.426
TOTAIS 33.238 (24.784)
10.6
ApuraçãodoFluxodaTesouraria:[33.238+(24.784)]=8.454
LIMITAÇÕESDAANÁLISEFINANCEIRA
Alémdasjácomentadas,aanáliserealizadalevando-seemcontaapenasvaloresdebalançosedeoutrosdemonstrativoscontábeisaindatemumalimitaçãoadicional,queéadenãoutilizarquantidadesouunidadesfísicas,juntamentecomvalores.
Na análise de eficiência e produtividade, bem como de certas relações que envolvemvalores e quantidades, muitas informações úteis podem ser extraídas. Os bancos norte-americanos,porexemplo,costumampublicarrelaçõesentrevolumededepósitosenúmerodeempregados, entre valor dos empréstimos concedidos e número de mutuários etc. Certospadrõescomparativosdeeficiênciapodemserdaíretirados.Assim,sabe-seque,emmédia,um banco de certo porte não deveria ter mais do que X empregados por $ milhão dedepósitos,eassimpordiante.
Tais estatísticas estão disseminadas e espalhadas pelas várias associações patronais esãoatualizadasanualmente,de formaquequalquerempresadispõedeverdadeiropaineldecomparaçãoentreseusdadosdeprodutividadeedosetor.
Informaçõesemunidades físicassão frequentemente tãooumais importantesdoqueemvalores,oupelomenos realçamautilidadedosquocientesquando relacionamosquantidadescomvalores.
Adicionalmente,umaáreaquedevemerecerumaanáliseàparteéadefluxodecapitaldegirolíquidoefluxodecaixa.Aanálisequantitativaequalitativadasfonteseusosdecapitaldegirolíquidopodefornecermuitasindicaçõesúteisparaotimizaraestruturafinanceiradecapitalnomédio e longo prazo. Damesma forma, uma análise do fluxo de caixa, principalmente oprojetado,auxiliaadesvendarosperíodosemquesetornanecessárioreforçoderecursosdecaixaouemquedevemosaplicarrecursosociosos.
RESUMODOSCAPÍTULOS
Afinalidadedoscapítulos6a10foiadeapresentarasformasdecálculoeosignificadodosmais importantes quocientes relacionando itens do Balanço e da Demonstração doResultado.Consideremos, todavia,queaanálisepoderiaserampliadaparaabarcaroutrosdemonstrativos.Porexemplo,poderíamosrealizarumaanáliseverticaldodemonstrativodefonteseusosdecapitaldegirolíquidorelacionandopercentualmentecadatipodefonteemrelaçãoao total de fontes; omesmopoderia ser feito com relaçãoàsaplicações.Alémdomais,aanálisepormeiodequocientespodeseraplicadaademonstrativosprojetados.Estesdemonstrativos projetados são o resultado final de todo um processo orçamentário e nãoserão tratados aqui, mas é de grande interesse; além de simplesmente projetar taisdemonstrativos,calcularosquocientes,damesmaformacomoéfeitonosdemonstrativosde
1.2.3.4.
períodos já encerrados. Nossa finalidade foi apresentar apenas quocientes fundamentais,válidos na quase totalidade de estruturas empresariais. Note-se, todavia, que quocientesespeciaispoderãotersentidonumtipodeempresaenãoemoutro.
Analisamososcuidadosquedevemcercaraanálisedebalanços,paraquenãosetornemeramenteumcálculomecânicodequocientes.Taiscuidadosresumem-senoseguinte:
trabalhecomdemonstrativosauditados;estabeleçaumasériehistóricadaempresa;comparecomquocientesdosetor,nacionaisouinternacionais;comparecompadrõesdaprópriaempresa.
As conclusões a serem extraídas dos quocientes calculados devem ser o maiscuidadosas possível, aliando o conhecimento técnico e a experiência do analista.Métodosestatísticos podem apenas auxiliar a sensibilidade do analista a encontrar algumas pistas.Poroutro lado,ébom lembrarqueanálisedebalançosnãoé realizadaapenasatravésdequocientes. Comparações de balanços em várias datas, gráficos mostrando evolução deitensemváriasdatas,estabelecimentodetendências,histogramasdefrequênciaetc.fazempartedoarsenalàdisposiçãodoanalistaparadiscerniromaispossívelapartirdosdadosfinanceiros,emboraaanáliseporquocientesseja,semdúvida,apartemaisimportante.
Vários autores já afirmaram que a análise de balanços fornecemais perguntas do querespostas.Entretanto, todo instrumentoquepropiciarperguntas formuladas inteligentementeequeforsuscetíveldepromoverpesquisasmaisaprofundadasserádegrandeutilidadeparaaempresaeparaoanalista.
EXERCÍCIOSOBREOSCAPÍTULOS6A10
ExemplodeanáliseporquocientesA empresa Gama, cujos demonstrativos contábeis eram auditados por J. Shumpeter &
Cirilo, auditores independentes, apósosnecessários ajustese agrupamentodas contasdeformaasimplificaraanálise,apresentaaevoluçãodemonstradanaspáginasaseguir.
A)BALANÇOSPATRIMONIAIS
Em$
ATIVO X (X+1) (X+2) (X+3)
Circulante(Corrente)
Disponibilidades 80 90 120 125
EstoquesdeProdutos 150 180 191 230
ContasaReceber(líq.) 250 290 320 500
DespesasPagasAntecipadamente 5 11 5 4
TotaldoAtivoCirculante 485 571 636 859
Em$
ATIVO X (X+1) (X+2) (X+3)
NãoCorrente
ValoresaReceberdeLongoPrazo 93 95 60 60
Imobilizado(líq.) 399 490 660 1.050
Investimentos 17 25 33 41
TotaldoAtivoNãoCorrente 509 610 753 1.151
TotaldoAtivo 994 1.181 1.389 2.010
PASSIVO
PassivoCirculante 350 420 480 550
PassivoNãoCirculante
ExigívelaLongoPrazo 250 300 400 800
TotaldoExigível 600 720 880 1.350
PATRIMÔNIOLÍQUIDO
CapitaleReservasdeLucros 394 461 509 660
TotaldoExigívelePatrimônioLíquido 994 1.181 1.389 2.010
B)DETALHAMENTODOPATRIMÔNIOLÍQUIDO
Em$
X (X+1) (X+2) (X+3)
Capital 200 250 280 400
ReservasdeLucros 194 211 229 260
Total 394 461 509 660
Observação:ForampagosDividendosnofinaldecadaexercício,daseguinteforma:fimdeX+1,30milhões;fimdeX+2,15
milhões;fimdeX+3,60milhões.OCapitaltambémfoiaumentadonofinaldecadaexercício.
C)DEMONSTRAÇÕESDERESULTADOS
Em$
Períodos
X(X+1) (X+1)(X+2) (X+2)(X+3)
VendasLíquidas 1.509 1.495 1.830
(–)
=
(–)
=
(–)
=
(–)
=
CustodasVendas 1.200 1.150 1.300
LucroBruto 309 345 530
DespesasOperacionais 200 201 280
LucroAntesdasDespesasFinanceiras 109 144 250
DespesasFinanceiras 51 103 136
LucroLíquido(AIR) 58 41 114
ImpostodeRenda 11 8 23
LucroLíquido(DIR) 47 33 91
Nota:Cercade65%dasvendastotaisdaCia.sãoaprazo.DototaldoPassivoCirculante,cercade70%referem-seacréditosde
fornecedores,eascomprassãopraticamenterealizadastotalmenteaprazo.
D)DEMONSTRAÇÃODEFONTESEUSOSDECAPITALDEGIROLÍQUIDO
(OrigenseAplicaçõesdeRecursos)
Período×(X+3)
Em$
CapitaldeGiroLíquidoemX $135
FONTESDECAPITALDEGIROLÍQUIDO
LucrosLíquidos(DIR)* 171
AumentodeCapitalporSubscrição 200
AcréscimodeEndividamentodeLongoPrazo 550
LiquidaçãodeValoresaReceberdeLongoPrazo 33
USOSDECAPITALDEGIROLÍQUIDO
DistribuiçãodeDividendos 105
AcréscimodeImobilizadoLíquido* 651
AcréscimodeInvestimentos ___ 24
TotaldeFontes 954
TotaldeUsos 780
AcréscimonoCapitaldeGiroLíquidonoPeríodo 174
CAPITALDEGIROLÍQUIDOEMX+3 309
Oacréscimode$174milhõesestáconsubstanciadodaseguinteforma:$45emDisponibilidades;$80emInventários;$49em
acréscimoslíquidosem(ValoresaReceber+DespesasAntecipadas–PassivoCirculante).
*Estesdois itensestão incluídosde formanão rigorosa, tendo-seemvistaosdados fornecidos.Naverdade,o lucro
deveria ser ajustado pelas depreciações. Por outro lado, o acréscimo no Imobilizado deveria ser mensurado pelas
diferençasentreascontasdeativoapenasenãopelasdiferençasentreosvalores líquidos.Como,todavia,nãoforam
reveladasasdepreciaçõesacumuladas,estafoiaúnicaforma,emboraaproximada,deapresentarosdados.Poroutro
lado, reveja nossas observações sobre o demonstrativo de capital de giro líquido no Capítulo 4. A apresentação do
demonstrativodecapitaldegirolíquidonesseexemplotemafinalidadedepropiciaralgunscomentáriosfinanceirosno
finaldaanálisedebalanços.Todososdadosdosdemonstrativosapresentadosforamsumarizados.Énecessáriolembrar
que, na prática, teríamos de enquadrar certas contas em nossas classificações. Na grande parte dos casos, isto não
acarretarádificuldades.Paraoutrascontas,todavia,seránecessárioterumanoçãoexatadoquerepresentam.
SOLUÇÃO
ANÁLISEHORIZONTALEVERTICALPoderá ser feita pelo leitor. Basta reproduzir os demonstrativos financeiros (balanço
patrimonialedemonstrativosderesultados)deixandoespaçoparaosrelacionamentos.Porexemplo,paraosbalanços,teríamos:
AnáliseVertical AnáliseHorizontal
ATIVO X %(X+
1)%
(X+
2)%
(X
+
3)
% X
(X
+
1)
(X
+
2)
(X
+
3)
Circulante
Disponível $80 8 $90 8 $120 9$
1256 100 113 150 156
.
.
.
etc.
Na coluna de porcentagem colocamos quanto representa, percentualmente, cada contasobreoativototal(ecadacontacredorasobreopassivo).Naanálisehorizontal,oprimeiroano é base 100 (índice 100), e todos os demais anos são representados com relação aoíndice100.Assim,osegundoanoéiguala113,eassimpordiante.
Omesmoprocedimentoseriautilizadoparaademonstraçãodoresultado.
CÁLCULODOSPRINCIPAISQUOCIENTES
A)QUOCIENTESDELIQUIDEZ
X ((X+1) (X+2) (X+3)
A1) QuocientedeLiquidezImediata
0,23 0,21 0,25 0,23
A2) QuocientedeLiquidezCorrente
1,39 1,36 1,33 1,56
A3) QuocientedeLiquidezSeca
0,96 0,93 0,93 1,14
A4) QuocientedeLiquidezGeral
0,96 0,93 0,79 0,68
B)QUOCIENTESDEENDIVIDAMENTO
X ((X+1) (X+2) (X+3)
B1)QuocientedeParticipaçãodeCapitaisde
TerceirossobreRecursosTotais(DebtRatio)
0,60 0,61 0,63 0,67
B2) QuocientedeParticipaçãodeCapitais
deTerceirossobreCapitaisPróprios
1,52 1,56 1,73 2,05
B3)QuocientedeParticipaçãodeDívidasde
CurtoPrazosobreEndividamentoTotal
0,58 0,58 0,55 0,41
C)QUOCIENTESDEROTATIVIDADE(GIRO)
X(X+1) (X+1)(X+2) (X+2)(X+3)
C1)QuocientedeRotatividadedeInventáriosde
Produtos
7,27 6,206,18vezes
numperíodo
C2)PrazoMédiodeRecebimentosdeContasa
Receber(DerivantesdeVendasaPrazo)
99 113 124dias
C3)
PrazoMédiodePagamentodeContasa
Pagar(DerivantesdaCompradeInsumos
Básicos)
79 98 97dias
C4) QuocientedePosicionamentoRelativo
1,25 1,15 1,28
C5) RotatividadedoAtivo(GirodoAtivo)
1,39 1,16 1,08vez
D)QUOCIENTESDERENTABILIDADE
X(X+1) (X+1)(X+2) (X+2)(X+3)
D1) MargemLíquida
0,031 0,022 0,050
D2) GirodoAtivoTotal
1,39 1,16 1,08
D3) RetornosobreoInvestimentoTotal
MargemLíquida×GirodoAtivoTotal 0,043 0,026 0,054
D4)QuocientedeRetornosobreoPatrimônio
Líquido*
0,113 0,069 0,164
E)ALAVANCAGEM
X(X+1) (X+1)(X+2) (X+2)(X+3)
0,139 0,086 0,206
0,100 0,112 0,147
E3) GraudeAlavancagem
1,39 0,77 1,40
F)OUTROSQUOCIENTES
X (X+1) (X+2) (X+3)
F1)GraudeImobilizaçãoTécnicadoPatrimônio
Líquido
1,01 1,06 1,30 1,59
*Naexplicaçãodotextonãofoiesclarecidoseodenominadorseriaexpressocomopatrimôniolíquidoinicialoumédio,
emboranosexemplosposterioressobrealavancagemtrabalhássemossemprecomvaloresiniciais,porémapenaspara
maiorfacilidadedeexplicação.Écomumrelacionarmosumvalordefluxo(olucro)comumamédiadeperíodo,poiso
lucroéumfenômenocontínuodentrodaempresa,sehouverregularidadedereceitasedespesas.Entretanto,épreciso
tomar cuidadonocálculode taisvaloresmédios,principalmentedopatrimônio líquido.Emnossoexemplo, sabemos
queasdistribuiçõesdedividendosforamrealizadasapenasnofimdosperíodos.Logo,éprecisosomarosdividendosao
patrimônio líquido final a fim de calcularmos amédia. Por outro lado, precisaríamos saber quando aconteceram os
acréscimosdecapital.Nonossocaso,tambémforamrealizadospertodofinaldosexercícios.Istosignificaqueprecisam
ser subtraídos dos patrimônios líquidos finais, para efeito de cálculo do patrimônio líquido médio. A rigor, cálculo
equivalentedeveriaserrealizadoparaacomposiçãodoAtivoMédio,comrelaçãoaosreflexos,noAtivo,doseventos(e
outros)citados.
** Neste caso, preferimos um conceito de lucro antes do imposto de renda, pois a soma do lucro líquido após o
imposto de renda mais as despesas financeiras não tem muito sentido, porque o imposto seria outro, caso não
existissem as despesas financeiras. O quociente E2 foi calculado da mesma forma. O mais correto, entretanto, seria
utilizar o conceito após o imposto de renda no patrimônio líquido e calcularqualseria o imposto de renda, caso as
despesasfinanceirasnãofossemincorridas.Assim,teríamosdoisconceitosapósoimposto.
Observações: (a) Neste exemplo, os valores médios foram calculados pela médiaaritméticadesaldosiniciaisefinais,porfaltadeinformaçõesquedeterminassemumcálculomaispreciso;(b)Nãoforamcalculadososoutrosquocientescitadosdaspáginas134e135porfaltadasseguintesinformações:NúmerodeAçõesemCirculação,ValordeMercadodaAção,DividendosPreferenciaisPagos,NúmerodeAçõesOrdinárias.
ALGUMASINDICAÇÕESEXTRAÍDASDAANÁLISEDOSQUOCIENTESCALCULADOS
Lembramos, a esse respeito, que seria necessário o perfeito conhecimento dasoperações da empresa, bem como dos quocientes análogos da concorrência, a fim de sepoderemitirumbomparecer.Comosoluçãodoproblema,analisaremosapenasatendênciadaempresaemsi.
Osquocientesde liquidezparecemapontarumasituaçãorazoável.De fato,oquocientede liquidez imediata permanecemais oumenos estacionário, sendo superior àmédia dasempresasbrasileiras,oquepoderiaindicarociosidadederecursos.Oquocientedeliquidezcorrenteapresenta-seemníveisaceitáveis,tendocrescidorazoavelmentenoúltimoperíodo.Considerandoqueoprazomédioderecebimentodascontasareceberémaiordoqueodascontas a pagar, vemos que isso piora sua posição. O quociente de liquidez seca, comexceção de melhora no último ano, apresenta tendência evolutiva zero. Por outro lado, oquociente de liquidez geral piora de ano a ano, significando que a empresa estácomprometendo cada vez mais sua situação financeira de longo prazo. Esta tendência éconfirmada pelos quocientes de endividamento (estrutura de capital) que acusamdependênciacadavezmaiorderecursosde terceiros.Assim,aparceladosrecursos totaisfinanciadaporendividamento(B1)écadavezmaior:de60%emXpassaa67%em(X+3).
OmesmofenômenoéatestadopeloquocienteB2,oqualpassade1,52emXpara2,05em(X+3).
Quantoà composiçãodadívida (B3), nota-se umadecrescente participação das dívidasde curto prazo sobre o endividamento total, fato que explica, em parte, os quocientes deliquidezdecurtoprazoapresentaremmelhortendênciadoqueoquocientedeliquidezgeral.
Nota-se, por outro lado, que o grau de imobilização técnica do patrimônio líquidoconfirma, indiretamente, por que a empresa se endividou a longo prazo; em partepossivelmenteparapoderfazerfrenteàcrescenteexpansãodoImobilizado.ParacadarealinvestidopelosacionistasemX, um real e um centavo estavam investidos no Imobilizado.Em (X+3)estarelaçãopassaparaumrealecinquentaenovecentavos.ADemonstraçãodeFonteseUsosdeCapitaldeGiroLíquidoconfirmaoquedissemos.
Noqueserefereaosquocientesdeatividade,aempresademoramaispararecebersuasvendasaprazodoqueparapagarsuascomprasaprazo. Istoédesfavoráveleaumentaadependênciadecapitaldeterceiros.
Ogirodoativoe,principalmente,a rotaçãodosestoquesapresentam índicespositivos.Entretanto,háumcontínuodecréscimodessa rotatividade,oquepodesignificarproblemasfuturos.
Osquocientesderentabilidade(D)sãoregulares.Poroutrolado,verificamosqueograudealavancagemsofreuumabruscaquedade1,39para0,77(comodecorrênciadoaumentomuitograndedasdespesasfinanceiras)edaquedadelucroocorridosnoperíodo(X+1)(X+2),paraserecuperarevoltarasubiraumnívelde1,40.Apesardograndeendividamentodaempresa(fatoquepodeinviabilizá-lanofuturo),oaproveitamentodoendividamento,emtermosderendimentooubeneficiamentodosacionistas,temsidorazoável,comexceçãodo
2operíodo.Istoédevidoaofatodeataxadedespesasfinanceirassobreosempréstimossermenorqueataxaganhapelogirodosrecursosassimprovidosnoativo.Somentenoperíodo(X+1)(X+2)asdespesasfinanceirasapresentaramumacargapercentualmaior,daíograude alavancagem inferior a um.De fato, pelo Demonstrativo de Resultados da página 154,verifica-se que, apesar do menor valor de Vendas em relação ao período anterior, omontantedasdespesasfinanceirasfoisubstancialmentemaior.
Aconclusãoéqueaempresaseencontranumasituaçãoconfortável,comrentabilidaderazoável,masquepoderáterproblemasnomédioelongoprazos.Umaformademelhoraraposiçãodaempresaseriaumgrandeesforçoparaaumentaramargem líquida,atravésdeum programa de redução de despesas. O endividamento precisa ser rigorosamentecontroladodaquiparafrente,reduzindo-se,namedidadopossível,aincidênciadedespesasfinanceiras.Esforçosdevemserrealizadosnaáreadeseleçãodecréditos,afimdediminuiroprazomédioderecebimentos.
AaplicaçãodatécnicadofatordeinsolvênciaAplicando-seaosquocientescalculadosa técnicacitadaempáginasanteriores,apenas
paraoúltimoperíodo,observamososseguintesvalores:
Esteresultadocolocaaempresanafaixade“solvência”.Outra visão interessante da situação financeira da empresa é a fornecida pela
DemonstraçãodeFonteseUsosdeCapitaldeGiroLíquido.Apesarderevelarquecercade58%dototaldefontesderecursossãofornecidosporacréscimosdeendividamento(apenas21% de subscrições de capital e 18% de lucros), verifica-se que 83% das aplicações defundos destinaram-se a acréscimo de imobilizado. Embora possa ter sido enfatizada talaplicaçãoalémdamedidaótima,causandocertasituaçãodeapertonaáreafinanceira,estaúltima faceta é interessante. É bem possível que grande parte do endividamento a longoprazooutodoeletenhasidoassumidoparaadquirirosequipamentoseoutrosimobilizados,
e que estes não tenham ainda trazido benefício. De qualquer forma, as fontes de fundossuperaram os usos em 174 milhões, permitindo que o capital de giro líquido, no fim doperíodo,superasseos300milhões.
11.1 VARIAÇÕESDEPREÇOSNOSDEMONSTRATIVOSFINANCEIROS:OMODELOTEÓRICODECORREÇÃOPELONÍVELGERALDEPREÇOS
Aempresa “DescapitalizadaS.A.” apresentou, para os exercícios encerrados em 31-12-X e31-12-X + 1, os demonstrativos de posição desta página e da seguinte, bem como odemonstrativoderesultadosquemedeiaasduasdatas.Osbalançosjáforamdepuradosdosefeitos parciais das correções monetárias oficiais e o diretor financeiro quer ter uma ideiacompletados resultados reaisdoano,paraefeitodedistribuiçãodedividendosepolíticadereinvestimento.
DESCAPITALIZADAS.A.–BALANÇOSPATRIMONIAIS
Em$
Em31-12-X Em31-12-X+1
ATIVO
Disponibilidades 50 110
ValoresaReceber(curtoelongo) 520 600
FundodeComércio(goodwill) 50 40
Estoques(PEPS) 430 450
Imobilizado 700 800
(–) DepreciaçãoAcumulada (280) 420 (340) 460
DespesasAntecipadas 5 3
TotaldoAtivo 1.475 1.663
PASSIVOEPATRIMÔNIOLÍQUIDO
PASSIVO(EXIGIBILIDADES)
FornecedoreseContasaPagar 200 280
DívidasemMoedaEstrangeira(àtaxado
dia)300 500 330 610
PATRIMÔNIOLÍQUIDO
Capital 500 520
ReservasdeLucros 475 975 533 1.053
TotaldoPassivoePL 1.475 1.663
DEMONSTRATIVODERESULTADOSPARAOPERÍODODE31-12-XA31-12-X+1
VENDAS 1.520
(–) CUSTODASVENDAS
EstoqueInicial 430
+ Compras1.000
1.430
11.1.1
a)
(–) EstoqueFinal (450) (980)
= ResultadocomMercadorias 540
DespesasOperacionais 180
Depreciação 60
(–) AmortizaçãodeFundodeComércio(goodwill) 10
Financeiras 15
VariaçãoCambial 30 <295>
+ OutrasReceitas 40 (255)
= LucroLíquidoantesdoImpostodeRenda 285
(–) ProvisãoparaImpostodeRenda (60*)
= LucroLíquido 225
*Mantidoovalorobtidoapósascorreçõesoficiais.
Acorreçãodosbalanços
Paraacorreçãodosbalanços,ésuficientecolocá-losoutransformá-losemmoedadamesmadata.Poderemosescolhercomobase31-12-X,31-12-X+1,oumesmooutradataqualquer.
Vamosutilizar31-12-X+1,pelosimplesmotivodequeasdecisõessobredistribuiçãodelucro, reinvestimento etc. serão facilitadas pela obtenção de cifrasmais próximas de nossa“sensibilidade”.
Algumasinformaçõesadicionaisdevemserpesquisadasnosregistrosdaempresaafimdepermitiracorreção:
Datadeaquisiçãodoimobilizadotécnico$700milhõesnoiníciodeX–4.
b)
c)
d)
e)
f)
g)
a)
b)
c)
d)
e)
f)
$100milhõesemmoedadeX+1.DatadoaumentodecapitalIníciodeX+1,novasubscrição,de$20milhões.Houvedistribuiçãodelucros?Sim;emfinsdeX+1foramdistribuídos$167milhões.DatadeaquisiçãodosestoquesOsestoquesforamadquiridospróximodasdatasdosbalanços.DatadeaquisiçãodoFundodeComércio(goodwill)IníciodeX–4.Índicesgeraisdepreçosnasdatasimportantes(hipotéticos)
IníciodeX–4 3.200
31-12-X 6.420
MeadosdeX+1 7.511
31-12-X+1 8.474
Coeficientesemtermosde31-12-X+1
IníciodeX–4 8.474/3.200=2,65
31-12-X 8.474/6.420=1,32
MeadosdeX+1 8.474/7.511=1,13
FimdeX+1 8.474/8.474=1,00
OBalançode31-12-Xemtermosdepoderaquisitivode31-12-X+1
Disponibilidades: este é um valor corrente em 31-12-X; logo será multiplicado pelocoeficiente1,32,resultandoem$66.Valores a Receber: admitindo-se que o valor desta conta já tenha sido descontadopelosprazosdevencimentos(arigor,paraafirmarmosqueesteéumvalorcorrentenadata,precisaríamoscalcularovalorpresentedosvaloresareceber)oudesprezandoestedetalhe técnico,podemosadmitirqueestaconta,basicamente, recainamesmanatureza de Disponibilidades. Assim, será multiplicada por 1,32, resultando em $686,40.FundodeComércio(goodwill):adquiridoeminíciosdeX–4,deverásercorrigidopor2,65, resultando em $ 132,50. Esta conta é tratada como se fosse um imobilizado,paraefeitodecorreção.Estoques: por terem sido adquiridos próximo da data do balanço, são valorescorrentesem31-12-X;logo,aplicamosocoeficiente1,32,resultandoem$567,60.Imobilizado: os $ 700,00 adquiridos no início de X – 4 são corrigidos por 2,65,resultandoem$1.855,00.Os$100,00adicionaisadquiridosemmeadosdeX+1sãocorrigidospor1,13 resultandoem$113,00.Esteúltimovalor, todavia,somenteseráadicionadoaobalançofinal.DepreciaçãoAcumulada:sãodecorridos5exercíciosdesdeoiníciodeX–4.Foram
g)
h)
i)
j)
a)
b)c)
d)
e)
f)
depreciados$280,00de$700,00,ouseja,40%,oquefazsuporumataxamédiade8%a.a.Adepreciaçãoacumuladaécorrigidadamesmaformaqueécorrigidooativoaoqualserefere.NãoimportaqueasdepreciaçõestenhamsidocontabilizadasemX–4,X–3,X–2,eassimpordiante.Todaselassãoparcelasdosmesmos$700,00;logo terão de ser corrigidas por 2,65, independentemente do ano em que foramcontabilizadas.Assim,$280,00×2,65=$742.Despesas Antecipadas: supostamente verificada bem próximo da data do balanço,podesercorrigidapor1,32,resultandoem$6,60.Fornecedores e Contas a Pagar: conta análoga a Valores a Receber, valem asmesmaspremissas.Corrigidapor1,32,resultaem$264,00.Dívidas em Moeda Estrangeira: apesar de originariamente contraída em moedaestrangeira, está expressa em reais à taxa cambial vigente no dia. É contaperfeitamenteanálogaàanterior, lembrando-sesempreasconsideraçõessobrevalorpresente.Écorrigidapor1,32,alcançando$396,00.PatrimônioLíquido:nocaso,podesercalculadopordiferençaentreAtivoePassivo,não interessando qual o valor corrigido deCapital e Lucros, individualmente.Resultaiguala$1.912,10.
OBalançode31-12-X+1emtermosdepoderaquisitivode31-12-X+1
Disponibilidades: permanece o próprio valor histórico, pois é um valor perfeitamentecorrenteem31-12-X+1–$110,00.ValoresaReceber:idem,idem,$600,00.Fundo do Comércio (goodwill): por ser originário do início de X – 4, os $ 40,00remanescentesaindasãomultiplicadospor2,65,resultandoem$106.Estoques: por ser corrente na data, não precisa de correção. Permanece o valorhistóricode$450.Imobilizado: de 31-12-X, carregamos $ 1.855,00, já corrigidos. Foram compradosmais$100,00emmeadosdeX+1,osquaissãocorrigidospor1,13,resultandoem$113,00.Assim,ovalordestacontaéde$1.855,00mais$113,00=$1.968.DepreciaçãoAcumulada: de31-12-X, carregamos$742,00, já corrigidos.Éprecisoadicionaradepreciaçãode8%aos$700,00ecorrigi-la,adicionandoadepreciaçãode8%(paraumsemestre)dos$100,00,corrigindo-atambém.
8%de$700,00=$56,00.Estesreferem-seaindaaosequipamentosadquiridosnoiníciodeX–4eserãocorrigidospor2,65,alcançando$148,40.
4% (semestre) de $ 100,00 = $ 4,00. Estes serão corrigidos por 1,13, resultando em $4,52.
Assim, a depreciação histórica de X + 1 = $ 56,00 mais $ 4,00 = $ 60 milhões, e adepreciaçãocorrigidaiguala$148,40mais$4,52=$152,92milhões.
Assim,temos:
Deprec.Acumuladaaté31-12-X= 742,00
g)
h)
i)
11.1.2
a)
b)c)
+Deprec.ref.aX+1= 152,92
=Deprec.Acumuladaem31-12-X+1= 894,92
Observe-se,maisumavez,queadepreciaçãode$56,00,emboracontabilizadaemX+1,foi corrigida pelo coeficiente de X – 4, pois a depreciação tem a mesma idade dosequipamentosaosquaisserefere,enãoaidadedequandoécontabilizada.
Despesas Antecipadas: admitiremos que os $ 3,00 referem-se ao mesmo estoqueconstantedobalançoanterior,apenasque$2,00jáforamtransferidosparadespesa.2Os $ 3,00, sendo originários do balanço anterior, foram criados em 31-12-X; logo,terão de ser corrigidos por 1,32, resultando em $ 3,96. Ao corrigirmos a despesa,teremos de levar na devida conta os $ 2milhões alocados. Estes não poderão sercorrigidos por outro coeficiente, a não ser 1,32. Alguns autores consideram estascontas da mesma forma que Disponibilidades, Valores a Receber e a Pagar.Entretanto,otratamentoapresentadoaquiémaisrigoroso.Passivo: vistas as considerações para o balanço inicial, podemos considerar os $610,00totaisjádevidamentecorrigidos,poisrepresentamovalorcorrentedasdívidasem31-12-X+1.PatrimônioLíquido:pordiferença,resultaem$1.733,04milhões.
Lucroapuradopordiferençaentrepatrimônioslíquidos
LucrodeX+1=
$1.733,04(PLX+1)–$1.912,10(PLX)++$167,00(dividendos)–$20,00×1,32(aumentodecapitalnoiníciodeX+1).
LucrodeX+1=$1.733,04–$1.912,10+$167,00–$26,40=$38,46,prejuízo!
Agora,teremosdecorrigirodemonstrativoderesultadosealcançaromesmoresultado.Aprimeira suposição que faremos, neste aspecto, é que Receitas, Despesas, Compras eVendassedistribuem tãouniformementeduranteoexercícioque,paraefeitodecorreção,écomosetivessemverificadoemmeadosdeX+1.
CorreçãodoDR(oDRemtermosdepoderaquisitivode31-12-X+1)
Vendas: na hipótese assumida, é suficiente corrigirmos pelo coeficiente 1,13,resultandoem$1.717,60.EstoqueInicialeEstoqueFinal:vejacorreçõesefetuadasem10.1.1.Compras:mesmaformadecorreçãodeVendas.Resultaem$1.130,00.
d)1.
2.
3.
4.5.
6.7.
8.
DespesasOperacionais:dos$180,00,devemosexcluir$2,00,queresultaramdaalocaçãode despesas diferidas. Assim, $ 178,00, nas premissas do problema, sãocorrigidospor1,13, resultandoem$201,14.Os$2,00sãocorrigidospor1,32,resultandoem$2,64(total=203,78).Depreciação: já temos o valor corrigido de $ 152,92, apurado por ocasião dacorreçãodosbalanços.AmortizaçãodeFundodeComércio(goodwill):adquiridoemX–4,aquotade$10,00, alocada como despesa de X + 1, é corrigida por 2,65, resultando em $26,50noDRcorrigido.Financeiras:corrigidasnormalmentepelocoeficiente1,13,resultandoem$16,95.Variação Cambial: esta despesa é apurada no último dia do exercício, porémpode-se presumir que se acumulou uniformemente durante o período, podendosercorrigidapor1,13,resultandoem$33,90.OutrasReceitas:$40,00×1,13=$45,20.Imposto deRenda: valor formado em 31-12-X + 1, permanece inalterado em $60,00.3 Os efeitos de 5 e 7 no passivo terão de ser levados em conta noajustamentodoschamados“itensmonetários”.
Levando-seemcontatodosositensjácorrigidosdodemonstrativo,chegamosaumresultadopositivode$21,15.Entretanto,oresultadoapuradopordiferençaentrepatrimônioslíquidosfoi$38,46,deprejuízo.
Éprecisoverificaroefeitodetermostrabalhadocommaisoumenossaldodecaixa e valores a receber sobre os valores a pagar, em período inflacionário,comofoiocaso.AsPerdas(Ganhos)nosItensMonetários.
Intuitivamente, é fácil entendermos que, em períodos de inflação, quanto mais tempoficarmos com saldos em disponibilidade, sem investir em outros ativos, mais estaremosperdendo poder aquisitivo na proporção direta da taxa de inflação durante o período deespera.Diga-se omesmode contas a receber.Receberemos valores constantes, de poderaquisitivocadavezmenor.Exatamenteocontrárioocorrecomosvaloresapagar, istoé,emvezdeperdas,obtemosganhospelainflação.
Umaformacoerentee fácildecalcularosefeitosda inflaçãonodisponível,nosvaloresareceber e nos valores a pagar é considerar a soma algébrica de tais itens (disponívelmaisvaloresarecebermenosvaloresapagar)comoumacontafigurativaeverificaroqueocorreucom os saldos desta conta fictícia durante o exercício. Numa coluna à parte colocamos astaxas de inflação de um período a outro (de um saldo a outro) e numa última colunamultiplicamos as taxas pelos saldos e obtemos perdas (se os saldos forem devedores) ouganhos (se os saldos foremcredores).Somandoalgebricamente a última coluna, teremosomontantedasperdas(ganhos)nositensmonetários.
Emnossocasoespecífico,teremosperdas.Vamos,portanto,elaborarnossatabela.Apósocálculo,serãofornecidasexplicaçõesdealgunsitensmaisdifíceis.
CONTA“SALDODOSITENSMONETÁRIOS”
Data Débito Crédito
A
Coeficientes
B
A×B
Saldo ΔCoef.(Taxa)
31-12-X 70,00 1,32 0,00 0,00
InícioX+1 20,00 90,00 1,32 0,19 17,10
MeadosX+1 237,00 327,00 1,13 0,13 42,51
FimdeX+1 227,00 100,00 1,00 0,00 –
Perda 59,61
Tivemos,portanto,umaperdanositensmonetáriosde$59,61.Subtraindo-sedestevalor$
21,15(resultadopositivoalcançadoatécalcularmosaperdanositensmonetários),chegamosa um prejuízo real de $ 38,46, exatamente igual ao obtido por diferença entre patrimônioslíquidos.
Note-se,portanto,que,deumlucrohistóricode$225,00,atingimosumprejuízo“real”de$38,46.Asanálisesdebalançosefinanceirapodemficarcompletamentealteradasconformeautilizaçãodedadoshistóricosoucorrigidos.Damesmamaneira,mesmotendoconsiderado$60,00deprovisãopara impostoderendanobalançohistórico,se fôssemosdistribuiro lucrohistórico líquido (teríamos ainda de corrigir as depreciações), estaríamos claramentedescapitalizandoaempresa.
Vamos, para efeito de clareza, reproduzir, na íntegra, os demonstrativos após ascorreções.(Verpáginasseguintes.)
Agora,iremosexplicaracomposiçãodoquadrodositensmonetários.O valor do saldo em 31-12-X é exatamente o saldo dos itens monetários na data do
balanço, isto é, Disponibilidade mais Valores a Receber menos Valores a Pagar, inclusivedívidasemmoedaestrangeira.
No início de X + 1, verifica-se o aumento no capital da empresa, por subscrição, o queaumentao“ativomonetário”e,portanto,osaldonositensmonetários.
EmmeadosdeX+1,acontecegrandepartedoseventosqueafetamositensmonetários,nesse exemplo. Assim, poderíamos demonstrar os eventos que afetam o saldo dos itensmonetários,emmeadosdoano:
a) Paramais
Vendas 1.520,00
OutrasReceitas 40,00
1.560,00
b) Paramenos
VariaçãoCambial 30,00
Compras 1.000,00
DespesasOperacionais 178,00
DespesasFinanceiras 15,00
CompradeEquipamentos 100,00
1.323,00
c) Diferençaparamais(débito)=237,00=1.560,00–1.323,00.
DESCAPITALIZADAS.A.–BALANÇOSCORRIGIDOS(EMREAISDE31-12-X+1)
Em$
31-12-X 31-12-X+1
ATIVO(A)
Disponibilidades 66,00 110,00
ValoresaReceber 686,40 600,00
FundodeComércio(goodwill) 132,50 106,00
Estoques 567,60 450,00
Imobilizado 1.855,00 1.968,00
(–) DepreciaçãoAcumulada (742,00) 1.113,00 (894,92) 1.073,08
DespesasAntecipadas 6,60 3,96
TotaldoAtivo 2.572,10 2.343,04
PASSIVOEPATRIMÔNIOLÍQUIDO
Passivo(P)(Exigibilidades)
Fornecedores,ContasaPagareOutros 264,00 280,00
DívidasemMoedaEstrangeira 396,00 660,00 330,00 610,00
PatrimônioLíquido=(A–P)= $1.912,10 $1.733,04
DESCAPITALIZADAS.A.–DEMONSTRAÇÃODORESULTADOCORRIGIDO(EMREAISDE31-12-X+1)
Em$
VENDAS 1.717,60
(–) CUSTODASVENDAS
EstoqueInicial 567,60
(+) Compras 1.130,00
1.697,60
(–) EstoqueFinal (450,00) (1.247,60)
ResultadoscomMercadorias 470,00
(–) DESPESAS
Operacionais 203,78
Depreciação 152,92
Amortização 26,50
Financeiras 16,95
VariaçãoCambial 33,90 (434,05)
+ OUTRASRECEITAS 45,20 (388,85)
81,15
(–) Provisãop/ImpostodeRenda (60,00)
= LucroAntesdasPerdasnosI.Monetários 21,15
(–) PerdasLíquidasnosItensMonetários (59,61)
= PrejuízoLíquidoReal $(38,46)
11.1.3
Consideramosapenas$ 178,00dos$ 180,00dedespesasoperacionais, pois os $ 2,00restantes referem-se à alocação de despesas antecipadas como despesas de X + 1, nãoinfluenciando,portanto,osaldodositensmonetários.
Finalmente,em finsdeX+1 temosadistribuiçãodedividendosnovalorde$167,00,oquediminuiosaldodositensmonetários.Note-se,ainda,aprovisãoparaimpostoderenda,novalorde$60,queseacresceuaoexigívelem31-12-X+1.Temos,portanto,$167,00mais$60,00, perfazendo um total de $ 227,00, a serem creditados na conta figurativa “Saldo dosItensMonetários”.
Computados os saldos, já sabemos que, em sendo devedores, teremos perdas pelainflação, e, em sendo credores, teremos ganhos.Emnosso caso, o saldo sempre tem sidodevedor, isto é, Disponível mais Valores a Receber superam Valores a Pagar. O passoseguinteérelacionaroscoeficientesqueexpressamarelaçãoentreosíndicesgeraisde31-12-X+1(database)edoeventoqueestamoscorrigindo.Taxasdeinflaçãoentreosperíodosemqueossaldosmudamsãocalculadastirando-seadiferençaentreoscoeficientes.Assim,ataxalinearizadadeinflaçãodoiníciodeX+1atémeadosdeX+1éiguala1,32–1,13,istoé,iguala0,19ou19%,eassimpordiante.
Agorarestasomentemultiplicarossaldospelastaxasdeinflaçãoeobtemosasperdas(nocaso)dedataadata,totalizandoparatodooperíodo$59,61.
Efeitosdainflaçãonoscasosemqueadistribuiçãodereceitas,despesas,comprasevendasnãoéuniformeduranteoexercício
Muito importante do ponto de vista gerencial é saber o que aconteceria se Receitas,Despesas, Compras e Vendas não tivessem uma distribuição uniforme durante o anocomercial,casomuitomaiscomumnapráticadoqueauniformidadeassumidaatéomomento.
Aproveitaremos o mesmo exemplo, alterando apenas a distribuição dos itens doDemonstrativo de Resultados, num ritmo trimestral, alterando também a ordem deapresentação dos itens no demonstrativo, a fim de facilitar o posterior cálculo das perdas(ganhos)nositensmonetários.(Verpágina175.)
É preciso apenas obtermos os coeficientes para os trimestres (meados de trimestres).Suponhamosquesejamosseguintes:
Meadosdo1otrimestre:1,25Meadosdo2otrimestre:1,18Meadosdo3otrimestre:1,09Meadosdo4otrimestre:1,04
Para corrigirmos o demonstrativo, basta iniciarmos pelos valores após a dedução dasdespesasfinanceirasemultiplicarmospeloscoeficientes(comexceçãodo4otrimestre,noqual
acompradamercadorianãoseverificouemmeados,masnofimdotrimestre).Temos,então(vejaaspáginas163e164):
$136,25×1,25+$223,25×1,18+
($48,75)×1,09+$466,25×1,04+
($450,00)×1,00*=$415,51 415,51
(–) EstoqueInicial 430×1,32= (567,60)
+ EstoqueFinal 450×1,00= 450,00
(–) DespesasOperac. 2×1,32= (2,64)
(–) Depreciação = (152,92)
(–) Amortizações 10×2,65= (26,50)
(–) VariaçãoCambial 30×1,13= (33,90)
+ OutrasReceitas 40×1,13= 45,20 (288,36)
=LucroantesdasPerdasnosItensMonetários
127,15
(–) PerdasnosItensMonetários ?
= LucroLíquido ?
*Oquartotrimestreestáseparadoemduaspartes.VendasmenosDespesasOperacionais,menosDespesasFinanceiras,
tudomultiplicadopelocoeficientemédio.EasCompras,multiplicadaspelocoeficientedofimdotrimestre.
DESCAPITALIZADAS.A.–DEMONSTRATIVODERESULTADOS–X+1
Em$
1o
Trimestre
2o
Trimestre
3o
Trimestre
4o
Trimestre
Total
VENDAS 380 420 200 520 1.520
(–) COMPRAS (200) (150) (200) (450*) (1.000)
180 270 _ 70 520
(–) DESPESASOPERACIONAIS (40) (43) (45) (50) (178)
140,00 227,00 (45,00) 20,00 342,00
(–) DESPESASFINANCEIRAS (3,75) (3,75) (3,75) (3,75) (15,00)
EfeitoLíquidosobreosItensMonetários 136,25 223,25 (48,75) 16,25 327,00
(–) EstoqueInicial (430,00)
(103,00)
+ EstoqueFinal 450,00
347,00
(–)DespesasOperacionais($2,00),Depreciação($60,00),AmortizaçãodeFundodeComércio(goodwill)($
10,00)eVariaçãoCambial($30,00)(102,00)
245,00
+ OutrasReceitas 40,00
— LucroLíquidoantesdoImpostodeRenda 285,00
(–) ProvisãoparaImpostodeRenda (60,00)
= LucroLíquido 225,00
*VendaseCompras,bemcomooutrasdespesaseitens,distribuíram-semaisoumenosuniformementedentrodo
trimestre.Todavia,acomprado4otrimestre,novalorde$450,recaiunosúltimosdiasdoano.
Verifica-seque,paraoitemOutrasReceitas,continuamosconsiderandoqueseverificaramuniformementeduranteoexercício.Asoutrasdespesasquenãotiveremdistribuiçãotrimestralsão “contas comdatamarcada”, pois se referema amortizações de ativos preexistentes e,portanto,aamortizaçãoécorrigidadamesmaformaquea“conta-mãe”.
EstamosemcondiçõesdeelaboraratabelaparaosItensMonetários:
Data Débito Crédito Saldo* Coeficiente Taxa Perda
31-12-X 90,00 1,32 0,07 6,3000
1oTrimestre 136,25 226,25 1,25 0,07 15,8375
2oTrimestre 223,25 449,50 1,18 0,05 22,4750
MeadosdeX+1 90,00** 359,50 1,13 0,04 14,3800
3oTrimestre 48,75*** 310,75 1,09 0,05 15,5375
4oTrimestre 466,25 777,00 1,04 0,04 31,0800
31-12-X+1 677,00 100,00 1,00 –
PerdaTotal 105,6100
*Jáincluídooaumentodecapital
**VariaçãoCambial–CompradeEquipamentos+OutrasReceitas
***CompradeEstoques+Dividendos+I.Renda
11.1.4
Retomemos,portanto,oDRcorrigido:
LucrosantesdasPerdasnosItensMonetários $
127,15
(–) PerdasnosItensMonetários (105,61)
eProvisãoparaImpostodeRenda (60,00) (165,61)
= PrejuízoLíquidoReal $38,46
Énotávelacoincidênciaderesultados!Tantonocasodedistribuiçãouniformequantonodedistribuição trimestral, o resultado líquido final é omesmo, ou seja, umprejuízo de$ 38,46.Acontece que, embora chegando a um resultado líquido igual, a distribuição deste resultadoentre“lucroantesdositensmonetários”e“perdasnositensmonetários”édiferente.
Em meados de X + 1, além da distribuição trimestral da maior parte dos itens, aindaocorreramacompradosequipamentosnovalorde$100eavariaçãocambial (diminuindoosaldo dos itensmonetários) e entraram as receitas de $ 40 (aumentando o saldo dos itensmonetários),resultandonumcréditolíquidode$90.NofinaldeX+1,houveasaídalíquidade$227,jáapontadanodemonstrativodedistribuiçãouniforme,maisos$450daúltimacomprademercadorias,que,pelahipótesePEPSdoproblema,ocorreuemfinsdeX+1:$450mais$227=$677.
Algunsquocientesdebalançoanteseapósacorreção
Uma das formas de apreciar a profunda diferença de significação entre demonstrativoscorrigidos e históricos é calcular e avaliar alguns quocientes, dentre os mais conhecidos.Vejamosoqueocorrenoquadroaseguir.
Este quadro já demonstra alguns parâmetros básicos de diferenciação. Os índicesfinanceiros mantiveram-se inalterados, pois os valores que os formam normalmente sãocorrigidos pelo mesmo coeficiente, tanto no ativo quanto no passivo. Entretanto, daí parafrente (não foi possível calcular certos quocientes por falta de informações do caso), asdiferençasedivergênciassãototais.Rotaçãoédiferente,emboraemalgunscasosesteíndicetenha valor relativo. Os índices de rentabilidade calculados (C e D) apresentam diferençasbrutais. Enquanto o C apresentava 19% em valores históricos, apresenta apenas 1% emvalorescorrigidos.JáoDpassade22%paramenos2%!Osrelacionamentosverticais,dosquaisapenasalgunsforamcalculados,variammuito.
X X+1
Hist. Cor. Hist. Cor.
A)ÍndicesdeLiquidez
A1)Imediato 0,25 0,25 0,39 0,39
A2)Corrente = = = =
A3)Global 2,01 2,01 1,91 1,91
B)RotaçãodeEstoque = = 2,23 2,45
0,19 0,01*
0,22 (0,02)**
0,64 0,73
1,95 2,90 1,73 2,84
2,32 1,72 2,29 1,62
*Deduzidasasperdasnositensmonetários.
**Deduzidasasperdasnositensmonetários.
Considerandoqueumaanálise financeiracorretaprecisaamalgamar,dealgumamaneira,todos os principais índices a fim de se chegar a alguma conclusão, segue-se que a análisefinanceira realizada combalanços não corrigidos (emesmo comos levantados pela Lei dasS.A.)perdecompletamentesuafinalidade,quandonãovaiprejudicaroanalista,comexceçãodos índices financeiros de liquidez. O maior desvio ocorre nos índices de rentabilidade. Aanáliseverticalpercentualtambémapresentagrandesdistorções.
11.2
11.2.1
1.
2.
3.
4.
ACORREÇÃOINTEGRAL(INSTRUÇÃONo64DACVM)4
Generalidades
A CVM baixou, em 19-5-1987, a Instrução no 64, cujo objetivo básico é corrigir asdemonstraçõescontábeisdasempresasdecapitalaberto,jáapartirdosbalançosencerradosem1987,ecujoresultadoemmatériadeevidenciaçãoébastanteparecidocomoobtidopelacorreçãoteóricaemnívelgeraldepreços,vistanoitemanterior.AlgumasdiferençasentreomodeloteóricoeodacorreçãointegraldaCVM:
ocoeficientedecorreçãoé fornecidopelavariaçãodovalordaUFIR,nomodelodecorreção integral, ao passo que, no modelo teórico, deveria ser fornecido pelorelacionamento entre índicesmais gerais das variações de preços e levantados porfontesindependentesdoGoverno(comoFGV,FIPEetc.);a correção dos estoques é mais correta e rigorosa no modelo teórico e apenasaproximadanomodelodecorreçãointegral,pelomenosnoiníciodesuaaplicação;oproblemadovalorpresentedecontasarecebereapagar:nomodelodecorreçãoteórico é taxativa a necessidade de trazer tais valores de vencimento futuro a valorpresente,utilizandoumataxadejurosdomercado;na questão das perdas e ganhos nos itens monetários ligados a ativos que geramreceitas financeiras e passivos que geram despesas financeiras, o modelo decorreção integral é, até, num certo sentido,mais rigoroso do que omodelo teórico.Esteúltimoapenascorrigedespesasereceitasfinanceiras.Osganhoseperdasnospassivoseativosquegeraramtaisdespesasereceitassão“jogados”navalacomumdas perdas ou ganhos nos itensmonetários, ao passo que, nomodelo de correçãointegral, calculamos a despesa e a receita financeira líquidas. Somentedisponibilidadessemaplicaçãoecontasarecebereapagarquenãoderamorigemareceitas e despesas financeiras é que formam, propriamente, as perdas ou ganhosnositensmonetários,nomodelodaCVM.
O que se pretende, em última instância, é poder tornar as demonstrações contábeisverdadeiramenteúteisecomparáveis,parafinalidadedeanálisedebalançoefinanceira.
Valem todas as argumentações expendidas no item anterior. É necessário realçar que aadoção da Instrução no 64 da CVM representa um passo importante rumo à melhoria deevidenciaçãodasdemonstraçõescontábeispublicadasnoBrasil.Semdúvida,elapodeedevesermelhorada,nofuturopróximo,emdecorrênciadaexperiênciaedassugestõesapontadaspelosprofissionaisque irãoaplicá-la.É forçoso reconhecer, todavia,quenão foraaatuaçãodinâmica e competente do eminenteProfessorEliseuMartins, na diretoria contábil daCVM,dificilmentetalavançoteriasidopossível.
Nosubitemquese segueapresentaremosexemplos simplesdeaplicaçãonomecanismodecorreção integral,semrecorreradetalhesmaiscomplexos.Paraesseefeito, tomamosaliberdade de reproduzir, com adaptações, exemplos extraídos do material preparado pelo
11.2.2
ilustre Professor Ernesto R. Gelbcke, por ocasião de vários seminários ministrados sobrecorreçãointegral,emumdosquaistiveaoportunidadedeparticiparcomopalestrista,naparteintrodutória.Trata-sedeexemplossimplificadosequemostramasdiferençasentreacorreçãopela Lei das S.A. e pela correção integral, de forma clara e extremamente didática.AgradecemosaoreferidoMestreaautorizaçãoparautilizarmostalmaterial.
Exemplosbásicosdecorreçãointegral
1ocaso
Umempresário,ao iníciode1987,abriuumaempresacomercial com$400decapitalecommais financiamentode$600. Inicioucomercializando,em janeiro,produtospor$1.100,quelhecustaram$900comlucrobrutode$200.
Após tercompradosua lojapor$700,emfacedaciranda financeira, resolveuaplicarosrecursosde400nomercadofinanceiro,deixando$100emcaixaparaosimprevistos,emvezdecontinuaraoperaçãodecompraevendadeprodutos.
10-1-1987
Disponível 1.000 Empréstimo–LP 600
Capital 400
LP=LongoPrazo
Janeiro/1987
Venda 1.100
CPV (900)
Lucro 200
30-01-1987
Disponível 100 Empréstimo 600
Aplic.Financeiras 400 Capital 400
Imobilizado 700 LucroParcial 200
1.200 1.200
Inflação=200%
EncargosFinanceiros=230%
ReceitasFinanceiras=220%
DEMONSTRAÇÕESFINANCEIRASPELOSISTEMAOFICIAL
Resultadode1987
Venda 1.100
CPV (900)
LucroBruto 200
Rec.Financ. 880
Soma 1.080
Desp.Financ. (1.380)
Result.“Operacional” (300)
CM 600
Lucro 300
AP=200%×700= 1.400“R”
PL=200%×400= 800“D”
600“R”
31-12-1987
AtivoCirculante PassivoCirculante
Disponível 100 JurosaPagar 180
Aplic.Financeiras 1.280 Empréstimo 1.800
1.380 Patr.Líquido
Imobilizado 2.100 Cap.Corrig. 1.200
3.480 Lucro 300
1.500
3.480
AP=AtivoPermanente
PL=PatrimônioLíquido
DOARPELOSISTEMAOFICIAL
CCL.I =1.000
1.
CCL.F =1.200=1.380–180(Juros)
Acréscimo =200
DOAR/1987
ORIGENS
Lucro 300
(–)CM (600)
(+)Desp.Var.Mon. 1.200
Geradopelasoperações 900
APLICAÇÕES
Imobilizações (700)
AcréscimoCCL 200
DOAR=DemonstraçãodeOrigenseAplicaçõesdeRecursos
CCL.I=CapitalCirculanteLíquidoInicial
CCL.F=CapitalCirculanteLíquidoFinal
CM=CorreçãoMonetária
DESP.VAR.MON.=DespesasdeVariaçõesMonetárias
ALGUMAS“CONCLUSÕES”APARTIRDASDEMONSTRAÇÕESOFICIAIS
As operações da empresa deram elevados prejuízos operacionais (prejuízo operacional
2.3.4.
5.
6.
de$300).Aempresa“foisalva”pelacorreçãomonetária.Olucrode$300édeorigemmeramentecontábil(escritural).Despesas financeiras são mais que 100% das vendas e “estão matando” a empresa.Talvezentreemconcordata.Felizmente,odiretorfinanceirosalvouaempresa,poisconseguiureceitasfinanceirasde$880,transformandoumprejuízonumlucrofinalde$300.A empresa melhorou sua situação financeira, onde suas operações geram $900 derecursos, e, por uma “sadia política de investimentos”, aplicou somente $ 700 emimobilizadoeos$200restantesreforçaramseucapitaldegiro.
PELACORREÇÃOINTEGRALDEMONSTRAÇÃODERESULTADOS
RESULTADODE1987PELACORREÇÃOINTEGRAL
Venda 1.100×3,00= 3.300
CPV 900×3,00= (2.700)
LucroBruto 600
Rec.Financeira:
Nominal 880
(–)Perda=200%×400
= (800) 80
Lucrogeradopelosativosantesdasperdasmonetárias 680
Perdanasdisponibilidades:200%×100= (200)
LucroGeradopelosativos 480
Desp.Financeira:
Nominal (1.380)
(–)Ganho=200%×600= 1.200 180
Lucro 300
DOARCOMCORREÇÃOINTEGRAL
CCL.I=1.000×3,00= 3.000
CCL.F= 1.200
Redução= 1.800
Origens
Lucro 300
Aplicações
Imobilizações 2.100
ReduçãoCCL 1.800
ALGUMASCONCLUSÕESAPÓSACORREÇÃOMONETÁRIA
1.
2.
3.
4.
5.
6.
a)b)c)
O lucrode$300pelooficial é real conformeapuradopelooficial eamoedade fimdeano.As operações da empresa dão lucro e não prejuízo. A comercialização de produtosproduziuamaiorpartedoslucros,poisfoide$600.A empresa não “foi salva” pela correçãomonetária. Teve, isto sim, 1/3 ($ 200) de seulucrocomercialperdidopormanter$100emcaixa,semaplicar.Asdespesasfinanceirasnão“estãomatando”aempresa.Emvezde“maisque100%dasvendas”,representamsomente5,4%decustoreal.Odiretor financeironãoémaisoheróidaempresa,poisa receita financeira real foidesomente$80enãode$880.Oproprietário concluiu que não é vantagemdeixar de operar para aplicar o dinheiro nomercado.Oquepareciaumasadiapolíticade investimentosem termosdecapitaldegiromostraagoraqueaempresa:
nãoteve$900derecursosoriginadosdasoperações,massó$300;aaplicaçãoemimobilizadofoide$2.100enãode$700;em suma, o que parecia um fortalecimento do capital de giro de $ 200 é realmenteumareduçãode$1.800.
2oCasoEstoquesecustos
Empresacomcapitalde$50.000adquiriuestoquespor$50.000noiníciodoperíodoeosrevendeunofinaldomesmoperíodopor$70.000.
Inflaçãode30%
Resultadopelométodooficial
$ %
Vendas 70.000 100,0
CMV 50.000 71,4
LucroBruto“Operacional” 20.000 28,6
CM (15.000) 21,4
Lucro 5.000 7,2
AperdacomcorreçãomonetáriaénaverdadepartedoCMV.CMV=CustodasMercadoriasVendidas
Distorção:
VendaeCMVamoedasdeperíodosdiferentes.Margembrutade28,6%incorreta.
Resultadopelacorreçãointegral
$ %
Vendas–jáamoedadefim 70.000 100,0
CMV–50.000×1,30% 65.000 92,8
LucroBruto“Operacional” 5.000 7,2
CM – –
Lucro 5.000 7,2
Conclusões:
Margembrutaésóde7,2%enão28,6%.Lucrofinaléigual.
3oCasoEstoquesecustos–hipótesedesaldosemestoques
EstoqueInicial –
Compras–Início 50.000
Revenda–Fim 40.000–por56.000
Estoque–Fim 10.000
Resultado Oficial CorreçãoIntegral
Vendas 56.000 56.000
CMV 40.000 52.000
L.B./Operacional 16.000 4.000
CM (15.000) –
Lucro 1.000 4.000
Diferença 3.000
L.B./Operacional=LucroBrutoOperacional
Seestoquesfinaisforemcorrigidos
Custo 10.000
Correção–30% 3.000
Corrigido 13000
Ou
MOVIMENTODOSESTOQUES
Original Corrigido Diferido
Inicial – – –
Compras 50.000 65.000 15.000
Vendas(CMV) (40.000) (52.000) (12.000)
Final 10.000 13.000 3.000
CMOficial 15.000
Secorrigisseestoque 3.000
CMcorreta 12.000
SIGNIFICADOREALDACM
Original Correta
CorreçãodoCMV 12.000 12.000
CorreçãodoEstoqueFinal
Nãofeita–Lançadaemdespesa 3.000 –
TotaldaCM 15.000 12.000
4oCasoSupondoqueavendafoinomeiodoperíodoenãonofim–13%deinflaçãoatéofim
RESULTADOS
Oficial CorreçãoIntegral
Vendas 56.000×1,13 63.280
CMV 40.000×1,30 52.000
LB 16.000 11.280
PerdaAtivoMonetário – 7.280
LucroOperacional 16.000 4.000
CorreçãoMonetária 15.000 –
LL 1.000 4.000
LB=LucroBrutoLL=LucroLíquido
SIGNIFICADOREALDACORREÇÃOMONETÁRIA
Correçãodasreceitas 7.280+
CorreçãodoCMV 12.000–
PerdanoAtivoMonetário 7.280–
Nãocorreçãodoestoquefinal 3.000–
SaldodaCMoficial 15.000
1.
2.3.
••
4.5.
6.7.8.9.10.
11.2.3
a)
b)
5oCasoInflação(juros)embutidosnascomprasevendasaprazo
ContabilidadetradicionalNãodistingueeregistraasvendaseascomprasaprazocomosefossemàvista.
DistorçõesVendas–Receitaecontasarecebersuperavaliadas.Compras–Custos(ouestoques)econtasapagarsuperavaliados.
SoluçãoReduçãoaovalorpresente.
Sistemadecorreçãointegral
Apresenta todos os valores das demonstrações financeiras ajustados ao mesmopoderaquisitivodamoeda.Permitecomparabilidadecomoutrosperíodoseindependedoníveldainflação.Possibilita:
correçãodosestoqueseoutras;reduçãoaovalorpresente.
Permiteanáliseseconclusõesmuitomaisadequadas.Contabilidade e demonstrações financeiras retomam sua credibilidade e utilidade.“ValorizaçãoProfissional”.Tendênciaaserutilizadapelasdemais(fechadas).Importânciaparausogerencialemudançaparaenfoqueoperacional.Tendênciaàbuscadaeficiênciaeprodutividade.Diminuiinsegurançaereceiodedecisõesedeinvestimentos.Reflexosdedecisõessãomedidoseaparecem.
Exemplosreais
Em seguida, da mesma fonte, reproduzimos balanços reais de uma empresa, procurandodemonstrar:
Ascorreçõesrealizadasemcadasemestre(pelaCorreçãoIntegralepelaLegislaçãoSocietária).A demonstração de resultados corrigida para o exercício inteiro, pelos mesmoscritérios.
c)
d)
Aevoluçãoaolongodoano(mêsamês):A reconciliação demonstra que a soma dos resultados semestrais não se iguala aolucrocorreto.Emseguida,sãoapresentadososfluxosdecaixacorrigidoehistórico,bemcomoemUFIR.5
Finalmente são apresentados os quocientes econômico-financeiros aplicáveis, após acorreção,pelosistemaoficial (LeidasSociedadesporAções)epelaCorreção Integral(Instruçãono64daCVM).
Os exemplos são autoexplicativos e de grande interesse para verificar as vantagensinformativasdeaplicaçãodeInstruçãono64daCVM.Asuacorretautilização,bemcomoosaperfeiçoamentos que sem dúvida serão incorporados no futuro, levarão as demonstraçõescontábeis das empresas a níveis de evidenciação e interpretabilidade nunca alcançados emnossarealidade.
DEMONSTRAÇÃODORESULTADO1oSemestre
UFIR
PelaCorreção
Integral$de
Junho
%
Pela
Legislação
$
%
Vendas 3.810,5684 724.008 100 545.000 100
CMV (2.386,9220) (453.515) 63 (295.900) 54
LucroBruto 1.423,6464 270.493 37 249.100 46
Desp.c/Vendas (395,5995) (75.164) 10 (56.770) 10
Desp.Administr. (523,1244)* (99.393)* 14 (74.236) 14
Desp.Dev.Duv. (28,3401) (5.385) 1 (4.000) 1
Desp.Deprec. (69,2307) (13.154) 2 (10.270) 2
Res.Equiv.Patrim. 31,5789 6.000 1 6.000 1
Desp.Financeiras (99,0592) (18.821) 3 (152.127) 28
Rec.Financeiras 15,0065 2.851 0,4 38.400 7
PerdasnosItensMonet. (275,4042) (52.327) 7 –
LucroOperacional 79,4737 15.100 2 (3.903) 0,7
Result.NãoOperac. 26,3158 5.000 0,7 5.000 0,9
CM 19.003 3,5
LucroAntesIR 105,7895 20.100 2,8 20.100 3,7
Imp.Renda (22,1053) (4.200) 0.6 (4.200) 0,8
LucroLíquido 83,6842 15.900 2,2 15.900 2,9
*(Contém0,0057OTNe$1,00dediferençasdearredondamento.)
2oSemestre
UFIRPelaCorreçãoIntegral$
deDez.PelaLegislação$
Vendas 3.830,1613 1.244.802 1.090.700
CMV (2.548,9231) (828.400) (656.000)
LucroBruto 1.281,2382 416.402 434.700
Desp.c/Vendas (335,9612) (109.187) (97.803)
Desp.Administr. (413,4592)* (134.374) (116.803)
Desp.Dev.Duv. (16,6382) (5.407) (5.000)
Desp.Deprec. (81,5383) (26.500) (23.231)
Res.Equiv.Patrim. 27,6923 9.000 9.000
Desp.Financeiras (85,9627) (27.938) (221.354)
Rec.Financeiras 9,4901 3.084 72.500
PerdasnosItensMonet. (259,3237) (84.280) –
LucroOperacional 125,5373 40.800 52.009
CorreçãoMonetária – – (11.209)
LucroAntesIR 125,5373 40.800 40.800
Imp.Renda (38,4615) (12.500) (12.500)
LucroLíquido 87,0758 28.300 28.300
*(Contém0,0050UFIRe$0,00dediferençasdearredondamento.)
DEMONSTRAÇÃODORESULTADOAnode19X1
UFIRPelaCorreção
Integral$deDez.%
Pela
Legislação
$
%
Vendas 7.640,7297 2.483.237 100 1.635.700 100
CMV (4.935,8451) (1.604.150) 65 (951.900) 58
LucroBruto 2.704,8846 879.087 35 683.800 42
Desp.c/Vendas (731,5607) (237.757) 9,6 (154.575) 9,4
Desp.Administr. (936,5836) (304.389) 12,3 (191.039) 11,7
Desp.Dev.Duv. (44,9783) (14.618) 0,6 (9.000) 0,6
Desp.Deprec. (150,7690) (49.000) 2,0 (33.501) 2,0
Res.Equiv.Patrim. 59,2712 19.263 0,8 15.000 0,9
Desp.Financeiras (185,0219) (60.132) 2,4 (373.481) 22,8
Rec.Financeiras 24,4966 7.961 0,3 110.900 6,8
PerdasnosItensMonet. (534,7279) (173.787) 7,0 –
CorreçãoMonetária – – 7.796 0,5
LucroOperacional 205,0110 66.628 2,7 55.900 3,4
Result.NãoOperac. 26,3158 8.553 0,3 5.000 0,3
LucroAntesIR 231,3268 75.181 3,0 60.900 3,7
Imp.Renda (60,5668) (19.684) 0,8 (16.700) 1,0
LucroLíquido 170,7600 55.497 2,2 44.200 2,7
CMdoLucro1oSem. 11.297 0,7
55.497 3,4
EVOLUÇÃODORESULTADOAOLONGODOANO
PELALEGISLAÇÃO PELACORREÇÃO
INTEGRAL
$ EmUFIREm$,aovalordaUFIR
decadamês
Mês Acumulado Mês Acumulado Mês Acumulado
JANEIRO 2.400 2.400 21,8182 21,8182 2.400 2.400
FEVEREIRO 1.800 4.200 13,1818 35,0000 1.582 4.200
MARÇO 6.000 10.200 43,4615 78,4615 5.650 10.200
ABRIL 1.200 11.400 (2,4615) 76,0000 (369) 11.400
MAIO (1.500) 9.900 (17,7647) 58,2353 (3.020) 9.900
JUNHO 6.000 15.900 25,4489 83,6842 4.835 15.900
JULHO 3.000 3.000 13,9535 13,9535 3.000 3.000
AGOSTO 3.500 6.500 13,1298 27,0833 3.151 6.500
SETEMBRO 3.800 10.300 11,0648 38,1481 2.987 10.300
OUTUBRO 5.000 15.300 8,9288 47,0769 2.902 15.300
NOVEMBRO 4.000 19.300 12,3077 59,3846 4.000 19.300
DEZEMBRO 9.000 28.300 27,6912 87,0758 9.000 28.300
SOMADOSRESULTADOSDOSSEMESTRES
$NOMINAIS =$15.900 1osem. EmUFIR= 83,68421osem.
$28.300 2osem. 87,07582osem.
$44.200 170,7600×325=
? = $55.497Paraoano
CORRETO =$15.900 1osem.
CMDOLUCRO
DO1oSEM. =11.297
$28.300 2osem.
$55.497 Paraoano
FLUXOSDECAIXA
UFIRCorr.Integral$
Dez./X0Histórico$
ORIGENS
DeClientes 6.572,8893 2.136.189 1.421.700
(–)Fornecedores (4.497,8938) (1.461.816) (978.900)
2.074,9955 674.373 442.800
(–)Desp.VendaseAdm. (1.578,7647) (513.099) (334.692)
(+)DividendosRecebidos 6,1538 2.000 2.000
(–)DespesasFinanceiras (173,8040) (56.486) (145.981)
(+)ReceitasFinanceiras 24,4966 7.961 110.900
(–)ImpostodeRenda (140,5493) (45.679) (19.200)
DASOPERAÇÕES 212,5279 69.071 55.827
VendaInvestimentos 131,5789 42.763 25.000
Div.LongoPrazo 104,1667 33.854 12.500
AumentoCapital 232,5581 75.581 50.000
AumentoEmprést.OTN
C.Prazo – – 35.000
DESÓCIOSETERCEIROS 468,3037 152.198 122.500
TOTALDASORIGENS 680,8316 221.269 178.327
APLICAÇÕES
Aquis.Investimentos 80,1282 26.042 10.000
Imobilizações 615,3846 200.000 140.000
ReduçãoEmp.OTNC.
Prazo 238,4615 77.500 –
1.
Dividendos 26,3158 8.553 5.000
PERDAMONETÁRIANOCAIXA 64,1505 20.849 –
TOTALDASAPLICAÇÕES 1.024,4406 332.944 155.000
VARIAÇÃONASDISPONIBILIDADES (343,6090) (111.673) 23.327
NasAplic.Financeiras (275,3845) (89.500) 23.000
NoCaixa (68,2245) (22.173) 327
ÍNDICESECONÔMICOSFINANCEIROS
DENOMINAÇÃO
COMCORREÇÃOOBJETIVOSE
INTERPRETAÇÃO
DISTORÇÕES
OCASIONADASPELA
INFLAÇÃOOficial Integral
A.ESTRUTURADE
CAPITAIS
Participaçãode
Capitalde
Terceiros
Objetivo:Indicar
quantoaempresa
tomoudecapitaisde
terceirosparacada$
1,00decapital
próprioinvestido.
Ocasionadas
basicamentepela
existênciadesaldos
decontascomvalores
futuros(p/ex.saldo
defornecedores
incluemcorreção
monetáriafutura).
Interpretação:Quanto
menor,melhor.
Normalmentea
distorçãonãoé
significativa.
Objetivo:Demonstrar
quantoaempresaTantoonumerador,
comoodenominador,
2.Composiçãodo
Endividamento
possuideobrigações
acurtoprazopara
cada$1,00de
obrigaçõestotais.
podempossuiritens
comsaldosdecontas
comvaloresfuturos.
Interpretação:Quanto
menor,melhor.
Normalmentea
distorçãonãoé
significativa.
3.Imobilizaçãodo
PatrimônioLíquido
Objetivos:Indicar
quantoaempresa
aplicounoAtivo
Permanente,para
cada$1,00decapital
próprioinvestido.
Nãohádistorção,
ambososvalores
estãoemmoedacom
omesmopoder
aquisitivo.
Interpretação:Quanto
menor,melhor.
4.Imobilizaçãode
Recursosnão
Correntes
Objetivo:Determinar
quantoaempresa
aplicounoAtivo
Permanente,para
cada$1,00de
Recursosnão
correntes.
Somenteocorrerá
distorçãoquandoo
ExigívelaLongo
Prazocontiversaldos
decontascomvalor
futuro.
Interpretação:Quanto
menor,melhor.
Normalmentenão
haverádistorção.
B.LIQUIDEZ
Objetivo:Indicar
quantoaempresa
possuinoAtivo
CirculanteeRealizável
Ocasionadaspela
existênciadecontas
comvaloresfuturos
1.LiquidezGeralaLongoPrazopara
cada$1,00dedívida
total.
(p/ex:Clientes,
Fornecedores).
Interpretação:Quanto
maior,melhor.
2.LiquidezCorrente
AtivoPermanente
Objetivo:Indicar
quantoaempresa
possuinoAtivo
Circulanteparacada$
1,00noPassivo
Circulante.
Idemanterior.
Interpretação;Quanto
maior,melhor.
3.LiquidezSeca
Objetivo:Demonstrar
quantoaempresa
possuideAtivo
Líquidoparacada$
1,00dePassivo
Circulante.
Idemanterior.
Interpretação:Quanto
maior,melhor.
C.RENTABILIDADE
1.GirodoAtivo
Médio
Objetivo:Determinar
quantoaempresa
vendeuparacada$
1,00deinvestimento
totalmédio.
Distorçãosignificativa
porque:Vendasestão
emmoedasde
diversospoderes
aquisitivos.
Interpretação:Quanto
maior,melhor.
2.Rentabilidadedo
Ativo
Objetivo:Demonstrar
quantoaempresa
obtémdelucropara
cada$1,00de
investimentototal
médio.
Ocasionadapelo
cálculodoAtivototal
médioemvalores
nominais.Olucro
líquidojáestána
moedadefinal.
Interpretação:Quanto
maior,melhor.
3.Rentabilidadedo
PatrimônioLíquido
Objetivo:Indicar
quantoaempresa
obtevedelucropara
cada$1,00decapital
próprioinvestido.
Ocasionadapelo
cálculodoPatrimônio
LíquidoMédioem
valoresnominais.O
lucrolíquidojáestá
namoedadefinal.
Interpretação:Quanto
maior,melhor.
4.Margem
Operacional
Objetivo:Indicar
quantoaempresa
obtevedelucro
operacionalparacada
$1,00devendas.
Interpretação:Quanto
maior,melhor.
Gravesdistorções,
porque:Lucro
Operacionalexcluio
resultadodacorreção
monetária,eresulta
dasomadevalores
nominaisdereceitase
despesas.
Vendaséobtidopor
somadevaloresem
moedasdediversos
poderesaquisitivos.
5.MargemLíquida
Objetivo:Indicar
quantoaempresa
obtémdelucro
líquidoparacada$
1,00devendas.
Interpretação:Quanto
maior,melhor.
Gravesdistorções,
porque:
Compara-selucro
líquido(emmoedade
final)comvendas
(valoresnominais).
6.Retornosobre
Investimento
Objetivo:Indicar
quantoaempresa
obtémdelucro
operacionalparacada
$1,00de
investimentototal
médio.
Interpretação:Quanto
maior,melhor.
Gravesdistorções,
porque:
Resultado
Operacionalexcluio
ResultadodaCorreção
Monetáriaedecorre
dasomadevalores
nominaisdeReceitas
eDespesas.
Ativototalmédio
obtidoporvalores
históricos.
7.Retornosobre
PatrimônioLíquido
Médio
Objetivo:Demonstrar
quantoaempresa
obtémdelucro
operacionalparacada
$1,00decapital
próprioinvestido.
Gravesdistorções,
porque:
Resultado
Operacional–idem
acima.
Interpretação:Quanto
maior,melhor.
PatrimônioLíquido
Médioobtidopor
valoreshistóricos.
8.MargemBruta
Objetivos:Indicar
quantoaempresa
obtevedelucrobruto
paracada$1,00de
vendas.
Interpretação:Quanto
maior,melhor.
Gravesdistorções,
porque:Obtêm-se
vendasporsomade
valoresemmoedasde
diversospoderes
aquisitivos.
LucroBrutoé
resultantedadedução
doscustosdas
mercadoriasvendidas
(emmoedasdiversas,
inclusivedeexercício
anterior)dasvendas
(emmoedade
diversosmeses,sem
correlaçãocomos
custos).
ÍNDICESDEPRAZOSMÉDIOSDEBALANÇOS
ÍNDICESECONÔMICOSFINANCEIROS
Denominação CorreçãoOficial CorreçãoIntegralDistorçõesOcasionadas
pelaInflação
Gravesdistorçõesporque:
1.
•
•
2.
•
•
CICLOFINANCEIRO
PrazoMédiode
RecebimentodeVendas
Duplicatasareceber
estãoemvalores
futuros(inflaçãoejuros
incluídos).
Vendasdecorredesoma
devaloreshistóricos.
PrazoMédiode
RenovaçãodeEstoques
Gravesdistorçõesporque:
Estoquesporvalores
históricos(totalmente,
oucomfatoresdecusto
deproduçãoporvalores
históricos).
Custodecorredesoma
devaloreshistóricos(e,
inclusive,porvalores
formadosnoexercício
anterior).
RESUMODOCAPÍTULO
Oimpactodasflutuaçõesdopoderaquisitivodamoedaédemasiadogrande,noBrasileemmuitos outros países, para ser desprezado na Contabilidade e na análise de balanços.Existem várias formasde encarar o problemada correção dos demonstrativos financeiros.Umadelas limita-se a corrigir os valores históricos em termosdepoder aquisitivo de umamesma data escolhida como base; outra procura reproduzir os valores de reposição,definidos na data, no caso dos balanços, e definidos para o período, no caso dodemonstrativoderesultados,semlevaremcontaasvariaçõesdopoderaquisitivodamoedaocorridasduranteoperíodo;e,finalmente,umaterceiraerespeitávelabordagemserialevarem conta, ao mesmo tempo, as variações do poder aquisitivo médio da moeda e asvariaçõesdospreçosespecíficosdoscomponentespatrimoniais.Semdúvida,esta terceiraabordagem é a mais rigorosa do ponto de vista teórico; todavia, devido às dificuldades
práticasdesuaaplicaçãogeneralizada(quetipodecustocorrenteobter,comoobtê-loetc.),oseumaiorméritoresidenocampoteóricoenasaplicaçõesgerenciaisdasempresasquepossuem banco de dados suficiente para aplicar esta metodologia. Diga-se o mesmo dametodologia do custo corrente puro, a qual, embora ofereça as mesmas dificuldadespráticas, sofre do defeito de não levar em conta as variações do índice geral de preços,tornando irreaisascomparações.Umbalanço levantadoem termospuramentecorrenteséválidonadata,masnãoécomparávelcomoutrobalançolevantadoemdatadiferente,anãoser que não tenha havido variações da inflação. Por estas razões, a escolha prática recaisobre um modelo de correção completo (envolvendo todos os itens do balanço e dodemonstrativoderesultados),porémaplicando-seumíndicegeraldepreços.
1
2
3
4
5
_____________
Estecapítuloédeleiturafacultativa.
Seos$3,00 fossemformadosnoexercíciodeX+1,seriamcorrigidospelocoeficienteda nova data de seu surgimento. Nesse caso, os $ 5,00 do balanço anterior seriamtotalmente despesa do ano deX + 1, corrigida pelo índice da sua formação (1,32), noexemplo.
Arigor,tambémpoderiasercorrigidoporumcoeficientemédio.
Atualmente,revogada.
ExemplooriginalemOTN.
12.1
1)
2)
3)
A Lei no 6.404/1976 – Lei das Sociedades por Ações – foi no final de 2007 amplamentemodificadanocapítuloquetratadasDemonstraçõesFinanceirascontábeisporforçadaLeino11.638/2007,quepassouaexigirqueasempresasbrasileirasadotemcomopráticacontábilas normas internacionais de contabilidade emitidas pela International Accounting StandardsBoard (IASB), as quais passaremosa fazer breve comentário sobre os principais pontos dealteração.
PRINCIPAISPONTOSDALEINo6.404/1976ALTERADOSPELALEINo11.638/2007
Semdúvidaalguma,desde1976,comaLeino6.404,aContabilidadebrasileiranãopassavapor uma mudança tão profunda assim. Destaca-se que as alterações trazidas pela Lei no11.638/2007 dizem respeito à separação da Contabilidade fiscal da Contabilidade dasempresas, à liberdade para que o contador aplique a essência sobre a forma, bem comoemanoudepoderesoConselhoFederaldeContabilidade–CFCparalegislarsobrenormasepolíticascontábeisnoBrasil.
Destacamosospontos importantesquecertamente impactamopatrimôniodasempresaseconsequentementesuasdemonstraçõesfinanceirascontábeisobjetodeestudodestelivro.
Noquediz respeitoàescrituraçãoeàelaboraçãodedemonstrações financeiraseàobrigatoriedade de auditoria independente por auditor registrado na CVM, sãoobrigatóriosatodasàssociedadesdegrandeporte,aindaquenãoconstituídassobaformadesociedadesporações.
Destacando que são consideradas de grande porte a sociedade ou conjunto desociedades sob controle comum, que tiver, no exercício social anterior, ativo totalsuperioraR$240milhõesoureceitabrutaanualsuperioraR$300milhões.Novas demonstrações financeiras de cunho obrigatório: aDemonstração dos FluxosdeCaixa,emsubstituiçãoàDoar,eaDemonstraçãodoValorAdicionado,estaúltimadeelaboraçãoobrigatóriasomenteàscompanhiasabertas.Sobre a escrituração, a Lei no11.941/2009 (resultado da conversão da Medida
4)
5)
Provisória no 449/2008) trouxe, entre outras novidades no que diz respeito àescrituraçãodasempresas,queacompanhiaobservaráexclusivamenteem livrosouregistros auxiliares, sem qualquer modificação da escrituração mercantil e dasdemonstraçõesreguladasnestaLei,asdisposiçõesda lei tributária,oude legislaçãoespecial sobre a atividade que constitui seu objeto, que prescrevam, conduzam ouincentivem a utilização de métodos ou critérios contábeis diferentes ou determinemregistros, lançamentos ou ajustes ou a elaboração de outras demonstraçõesfinanceiras.Destaca-seque,antes,aLeino6.404/1976determinavaqueacompanhiadeveriaobservar,emregistrosauxiliares,semmodificaçãodaescrituraçãomercantiledasdemonstraçõescontábeis,asdisposiçõesemanadasdaleitributáriaoudeleiespecial, que prescrevam métodos ou critérios contábeis diferentes. Desta formadevolveraContabilidadeparaodonodaempresaeaocontadorOutras mudanças significativas trazidas pelas Leis nos 11.638/2007 e 11.941/2009foramnosgruposdecontasdoAtivo,doPassivoePatrimônioLíquido.Eliminou reavaliaçãoespontâneadebense, consequentemente,a figuradaReservadeReavaliaçãoecriouosAjustesdeAvaliaçãoPatrimonial,ondeserãoclassificadasascontrapartidasdeaumentosoudiminuiçõesdevaloratribuídoaelementosdoAtivoedoPassivo.
BALANÇOPATRIMONIAL
PosiçãoPatrimonialeFinanceira
ATIVO PASSIVO+PATRIMÔNIOLÍQUIDO
AtivoCirculante PassivoCirculante
AtivoNãoCirculante PassivoNãoCirculante
AtivoRealizadoaLongoPrazo
Investimentos
Imobilizado
Intangível
PATRIMÔNIOLIQUIDO
Capital
ReservasdeCapital
ReservasdeLucros
PrejuízosAcumulados
6)
7)
8)
12.2
12.2.1
12.2.2
AjustesdeAvaliaçãoPatrimonial
Obriga a companhia a efetuar, periodicamente, análise para verificar o grau derecuperação(testederecuperabilidade–impairment)dosvaloresregistradosnoativoimobilizadoeintangível.As operações do ativo e passivo de longo prazo devem ser reconhecidos pelo seuvalorpresente,emconformidadecomoregimedecompetência.Por fim, em atendimento às características qualitativas das DemonstraçõesFinanceiras,que tratada representação fidedigna,aessênciasobrea formacorrigemuitas distorções que existiam para reconhecer que o mais importante não é odocumento jurídico, mas o fato contábil, que deve ser reconhecido; assim, porexemplo,naoperaçãode leasing financeiro,deverãoserreconhecidostantoadívidanopassivocirculanteenãocirculantecomooativoimobilizadoqueelefinanciou.
OBALANÇOPATRIMONIALATUALIZADOPELALEINo
11.638/2007
AtivoCirculante
Sãobensedireitosqueserealizarão(setransformarãoemfluxodecaixa)dentrodoprazode12 meses da publicação do balanço. Serão classificadas no Ativo Circulante e, ainda, asdespesasantecipadas,quesetransformarãoemdespesaaolongodoexercícioseguinte,comaseguintedisposição:
AtivoCirculanteCaixaeEquivalentedeCaixaTítuloseValoresMobiliáriosContasaReceberlíquidasEstoquesAdiantamentoafornecedoresDespesasdoExercícioSeguinte
AtivoRealizávelaLongoPrazo
Serãoclassificadosnessesubgrupoosdireitoscomprazodevencimentosuperioraotérminodoexercícioseguinte.Querdizer,seestamoslevantandoobalançode30-6-X1,colocaremos
12.2.3
12.2.4
12.2.5
noRealizávelaLongoPrazoosdireitosrealizáveisapós30-6-X2.Tudoquevenceraté30-6-X2 é circulante. Também serão colocados neste grupo os direitos derivados de vendas,adiantamentos ou empréstimos às sociedades coligadas ou controladas, assim como osempréstimos e adiantamentos para diretores e acionistas,mesmo que alguns deles vençamdentro de 365 dias. Os ativos destinados à venda ou ao consumo, mas que só serãorealizados ou consumidos após o fim do próximo exercício, bem como as despesasantecipadas que também serão transformadas em despesas após esse próximo exercício,tambémserãoclassificadoscomoativorealizávelalongoprazo.
Investimentos
Serão classificados as participações permanentes em outras sociedades e os direitos dequalquernatureza,nãoclassificáveisnoAtivoCirculanteounoAtivonãoCirculanteequenãosedestinamàmanutençãodeatividadedaempresa.Exemplosdecontasquerecairiamnessegrupo: Participação Acionária Permanente em Empresas Coligadas ou Controladas,Aplicações por Incentivos Fiscais; os investimentos em imóveis de aluguel também serãoclassificadosnestegrupo.
Imobilizado
Serão classificados os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados àmanutençãodas atividadesda companhia ouda empresaouexercidos comessa finalidade.Inclusive, os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos econtrole desses bens, independentemente de ser propriedade, deverão ser contabilizadoscomoAtivo.
Assim, o leasing financeiro (arrendamentomercantil) que até 2007 era tratado no Brasilcomo aluguel passa a ser contabilizado como Ativo para fins contábeis (para fins fiscaiscontinua sendo aluguel). Na verdade, no sentido econômico, o leasing financeiro é umfinanciamento disfarçado de aluguel. A empresa quer adquirir umequipamento de produção.Poderá ser adquirido à vista, a prazo (financiado ou via leasing). Em qualquer modelo deaquisição,estebemtrarábenefíciosparaaempresa,traráriscosparaoseunegócioedaráàempresa controle sobre o bem; são classificados neste grupo também as benfeitorias empropriedadesdeterceiros.
Intangível
Sãoclassificadosintangíveisosdireitosquetenhamporobjetobensincorpóreosdestinadosàmanutenção da companhia ou exercidos com esta finalidade, inclusive o fundo de comércioadquirido(goodwill).Semdúvida,oitemmaisimportantedoIntangíveléamarca.
12.2.6
12.2.7
12.2.8
12.2.8.1
PassivoCirculante
Sãoobrigaçõescomempregados,fornecedores,governosefinanciadoresqueserãoexigidasseus pagamentos dentro do prazo de 12meses da publicação do balanço, com a seguintedisposição:
PassivoCirculanteFornecedoresFinanciamentosImpostosecontribuiçõesDividendospropostosEmpregadosPlanosdepensãoesaúdeAdiantamentodeclientes
PassivoExigívelaLongoPrazo
Asobrigaçõesquetiveremvencimentoapósoexercícioseguinte,oudozemesesapósadatade publicação do balanço (no caso dos balanços intermediários), serão classificadas noExigível a Longo Prazo. Normalmente têm a mesma classificação de contas do passivocirculante, com raras exceções adicionais, como, por exemplo, provisão para processosjudiciaiseparadesmatamentodeárea.
Reservas
Serão classificadas como Reservas de Lucros as contas constituídas pela apropriação delucrosdacompanhia(conformeLeidasSociedadesporAções),comoveremosaseguir:
ReservaLegal
Do lucro líquido do exercício, 5% serão aplicados, antes de qualquer outra destinação, naconstituiçãodeReservaLegal,quenãoexcederá20%doCapitalSocial.AcompanhiapoderádeixardeconstituiraReservaLegalnoexercícioemqueosaldodessareserva,acrescidodomontantedasReservasdeCapital,abordadasnestecapítulo,exceder30%doCapitalSocial.AReservaLegaltemporfimasseguraraintegridadedoCapitalSocialesomentepoderáserutilizadaparacompensarprejuízosouaumentarocapital.
12.2.8.2
12.2.8.3
12.2.8.4
ReservasEstatutárias
Oestatutopoderácriarreservasdesdeque,paracadauma:
I–indique,demodoprecisoecompleto,asuafinalidade;II – fixe os critérios para determinar a parcela anual dos lucros líquidos que serão
destinadosasuaconstituição;eIII–estabeleçaolimitemáximodareserva.
ReservasparaContingências
Entendem-se comoReservas paraContingências apenas as criadas para fins de precauçãocontra possíveis perdas futuras, cujos fatos geradores ainda não ocorreram. Não seconfundemcomasprevisõesparariscoscalculáveisnoPassivo(artigo184,itemI),poisestastiveramseusfatosgeradoresjáocorridos,restandoapenassaberovalorexatodasperdasouconheceraefetivanecessidadedearcarcomosdesembolsosounão.
As Reservas para Contingências não têm como finalidade antecipar reconhecimento deperdaseventuaispertencentesaexercíciosfuturos,masevitarpagamentodedividendossobrelucros de umperíodo, a fim de criarReservas que possamabsorver prejuízos eventuais dofuturo;ou,então,servemparanormalizaropagamentodosdividendosdeempresassujeitasagrandes flutuações de resultados por fatores externos e incontroláveis. Por exemplo, umaempresa agrícola pode criar Reservas para Contingências para fazer face a problemas deeventuaisperdascomgranizo,geadas,pragasetc.
ReservadeLucrosaRealizar
A constituição de Reservas de Lucros a Realizar é facultativa. Essa reserva evidencia aparceladelucronãorealizadafinanceiramente.Oobjetivoéevitaradistribuiçãodedividendossobreessaparcelae,atémesmo,opagamentodoImpostodeRenda.
Na nova Lei no 11.638/2007 fica assegurado cálculo da Reserva de Lucros a Realizarapenasparapagamentodedividendoobrigatório.
Na verdade, nem sempre o lucro apurado pela Contabilidade é realizado. HaverianecessidadedeoLucroaRealizar,paraefeitodedistribuiçãodedividendos,sertransformadofinanceiramente (isto é, transformar-se em dinheiro), ou, ainda, existirem fortes indícios de,numfuturobempróximo(curtoprazo),haverarealização.
NãosignificaqueolucrodevaestarsegregadonoCaixa.Sabemosque,narealidade,issonãoocorre,porquanto,normalmente,olucroéreinvestidoemnovosativos.Portanto,diríamosqueoCaixa(ouBancoscontaMovimento)épassagemobrigatóriaparaarealizaçãofinanceiradolucro,emboranãosignifiquequeolucrodevaestardisponível.
Não seria justo para o acionista, porém, receber dividendos apenas sobre o lucro járealizado financeiramente. Há a parcela do lucro que se realizará brevemente. Dentro dos
12.2.8.5
12.2.9
moldeslegais,consideramos,paraefeitodebasedecálculosdedividendos,alémdolucrojárealizadofinanceiramente,aparcelaqueserealizaráatéotérminodoexercícioseguinte.
Assim,paraempresasquevendemalongoprazo,porexemplotrêsanos,consideraremoscomoLucrosaRealizarolucroqueserárealizadofinanceiramenteapósotérminodoexercícioseguinte. Se estivermos em dezembro de X1, evidenciaremos como Lucros a Realizar aparceladolucrooriginadadorecebimentodareceitaapós31-12-X2.
A realização desse lucro para as empresas que vendem a longo prazo (reversão daReservadeLucrosaRealizar)ébastantesimples:nomomentoemqueascontasareceberclassificadasnoRealizávelaLongoPrazoforem,comodecorrerdotempo,sendotransferidasparaoCirculante(CurtoPrazo),reconhecemosarealizaçãodolucro.
AReservadeLucrosaRealizarpoderáserconstituídanoexercícioemqueomontantedodividendoobrigatórioultrapassaraparcela realizadadoLucroLíquidodoexercício.Assim,oexcesso(queultrapassaraparcelarealizada)serádestinadoaReservasdeLucrosaRealizar.
RessaltamosaindaqueadistribuiçãodeReservasdeLucrosaRealizar traráàempresatranstornosfinanceiros;haveránecessidade,normalmente,derecorreraCapitaisdeTerceirosparacobriressadistribuição,oureduziráseucapitaldegiro.
Outro caso de Lucros a Realizar (Resultado Líquido da Equivalência Patrimonial), deacordocomaLeino11.638/2007,alémdo lucro, rendimentoouganho líquidoemoperaçõescujo prazo de realização financeira ocorra após o término do exercício social (sendoconsiderada também a contabilização de Ativo e Passivo pelo valor de mercado nestascondições),consideraoResultadoLíquidodaEquivalênciaPatrimonialsujeitoàconstituiçãodeReservadeLucrosaRealizar.
ReservasdeIncentivosFiscais
AtéoadventodaLeino11.638/2007,as“doaçõesesubvenções”parainvestimentoseramtratadascomoReservasdeCapitalnoPatrimônioLíquido.Pelanovasistemáticaasdoaçõesesubvençõesparainvestimento,deverãopassarpelaDemonstraçãodoResultadodoExercício.Este acréscimo ao lucro (doações e subvenções para investimentos) poderá ser destinadoparaumareservaespecíficadelucros,denominada“ReservasdeIncentivosFiscais”.
LucrosAcumulados(prejuízosacumulados)
Serão considerados Lucros Acumulados os lucros residuais após termos deduzido asreservas,constituídascombasenolucrolíquidoapuradonoexercício,eodividendoatribuídoaosacionistas.
E serão considerados Prejuízos Acumulados os prejuízos que excederem a todas asReservas de Lucros, já que os resultados negativos devem ser absorvidos pelos LucrosAcumulados e por tais Reservas. Só após tal absorção poderá aparecer essa conta dePrejuízosAcumulados.
12.2.10
12.2.11
Oartigo178,noitemd(Leino11.638/2007),dizqueoPatrimônioLíquidoécompostodeCapital Social, Reservas de Capital, Ajustes de Avaliação Patrimonial, Reservas de Lucros,Ações em Tesouraria e Prejuízos Acumulados. Portanto, fica extinta a conta LucrosAcumulados,pornãoevidenciarumadefiniçãododestinodolucro.Assim,paraempresasquenãoestãosujeitasàLeidasSociedadesporAções,estacontapermanece.
AçõesemTesouraria
Sóemcondiçõesexcepcionais as companhiaspodemadquirir suasprópriasAções.Quandoisso ocorrer, deveremos destacá-las no Balanço Patrimonial como dedução da contaPatrimônioLíquido,queregistraaorigemdosrecursosaplicadosnasuaaquisição.
CritériosdeavaliaçãodoAtivo
Oartigo183daLei tratadoscritériosdeavaliação(doAtivo).Assim,osdireitose títulosdecréditoequaisquervaloresmobiliáriosnãoclassificadoscomoinvestimentosserãoavaliadospelo custo de aquisição ou pelo valor de mercado, se este for menor. É claro que serãoeliminados os direitos, títulos de crédito ou pequenos valores mobiliários já prescritos. Oprocedimento de avaliação visto acima redunda da necessidade de se criarem contasretificativasdoAtivoquesepoderiamdenominar:“ProvisãoparaPerdadeValordeTítuloseValoresMobiliários”,“ProvisãoparaCréditosdeLiquidaçãoDuvidosa”etc.
Todavia, antes de prosseguirmos na análise dos critérios de avaliação para os principaisitensdoAtivo,éimportanteentendermosoconceitodevalordemercadodaLei.
Assim, para o caso de ativos destinados à venda, deve-se deduzir a “margem de lucro”parasechegaraovalordemercadosomentesehouverevidênciadeumdeclínioconstantenopreço de venda, de tal forma que se anteveja uma realização dos ativos por preço aindainferioraodadatadobalanço.Nãosedeveentenderotextolegalcomoabsolutamenterígido,masàluzdaboatécnicacontábil,e,nessecaso,nãosedevereconhecerumaperdaporumaredução ou até eliminação da margem de lucro. Em função do conservadorismo, deve-sereconhecer antecipadamente prejuízo, e não diminuição de lucros de exercícios futuros. Aregra para se chegar ao valor demercado desses ativos (letra b do artigo 183) deve ser:preçodevendamenosimpostosedespesasdiretasnecessáriasàvenda;sehouverevidênciadequeaefetivaalienação trarávalorainda inferioraeste,aí simsededuziráamargemdelucro necessária para compensação desse prejuízo.Quanto àsmatérias-primas e aos bensemalmoxarifado(letraa),deve-seentendercomovalordemercadoopreçopeloqualpossamserrepostos(custodereposição).Noqueserefereaoitemc,InvestimentosNãoSocietários,não deve ser adotado como valor demercado omontante pelo qual possam ser alienados,comoafirmaaLei,jáque,sendoAtivosPermanentes,nãoestãodestinadosàvendaesimaoseuusoeàsuaexploração.Houve,nocaso(segundosechegouàconclusãonareuniãocomosespecialistas sobrea Lei), umpequeno lapso.Deve ser provisionadaadiferençaentre ovalorcontábileovalordemercadoapenasquandoaperdaforconsideradapermanente(isto
12.2.12
é,delentaoudifícilrecuperação),semelhantementeaosInvestimentosSocietários.Assim,ovalordemercadopodeassumirduasconotaçõesdiferentes,conformeanatureza
doAtivoaqueforaplicado.Prossigamos na análise dos critérios de avaliação do Ativo: os direitos que tiverem por
objeto mercadorias e produtos do comércio da companhia, assim como matérias-primas,produtosemfabricaçãoebensemalmoxarifado,serãoavaliadospelocustodeaquisiçãoouprodução,deduzidodeprovisãoparaajustá-loaovalordemercado,quandoesteforinferior,játendosidovistocomoaLeiencaraoproblemadovalordemercado.
ALeino 11.638/2007determinaqueasaplicaçõesem InstrumentosFinanceiros, inclusivederivativos, e em direitos e títulos de créditos, classificados no Ativo Circulante ou noRealizável a Longo Prazo, deverão ser avaliados pelo seu valor de mercado ou valorequivalente, quando se tratar de aplicações destinadas à negociações ou disponíveis paravenda.
Assim, os Instrumentos Financeiros Derivativos deverão ser avaliados pelo valor que sepodeobteremummercadoativo,decorrentedetransaçãocompulsóriarealizadaentrepartesindependentes.
Valordemercadoéaimportânciaquesepodeobtercomavendadeuminvestimentoemummercadoativo.
Ao ajustar um Derivativo a valor de mercado no Ativo, a contrapartida (aumento oudiminuição)seráclassificadacomoAjustesdeAvaliaçãoPatrimonial(enquantonãocomputadanoresultadodoexercícioemobediênciaaoRegimedeCompetência)noPatrimônioLíquido.
Os investimentos, em geral, são avaliados pelo custo de aquisição (com exceção dodispostonosartigos248e250,quetratamdométododaequivalênciapatrimonialedenormasdeconsolidação)deduzidodeprovisãoparaatenderàsperdasprováveisnarealizaçãodeseuvalor ou para redução do custo de aquisição ao valor demercado, quando este for inferior.Ressalte-se que, nos investimentos em participação no capital social de outras sociedades(ressalvando-se o disposto nos artigos 248 a 250 da Lei), a provisão para perda somentepoderásercaracterizadaquandoaperdasecomprovarcomopermanente.Tantonocasodeestoques (de produtos destinados à venda ou dos demais estoques) quanto no caso deinvestimentos,teremosaconstituiçãodecontasretificativasdoAtivo.
AsdemaisnormasdeavaliaçãodoAtivonãoapresentammaioresnovidades,seguindoospadrões de legislações anteriores. Note-se, todavia, que, pela Lei, o Ativo Diferido seráamortizadoemprazonãosuperiora10anos.
CritériosdeavaliaçãodoPassivo
Como se poderia esperar, são poucos os dispositivos sobre avaliação de passivo. OselementosdoPassivoserãoavaliadosdeacordocomosseguintescritérios:
I–Asobrigações,osencargoseos riscosconhecidosoucalculáveis, inclusive impostoderendaapagar,combasenoresultadodoexercício,serãocomputadospelovalor
12.3
atualizado até a data do Balanço. Isto significa uma linguagem pouco clara, poispoderiaparecerqueaLeiquis referir-seaovaloratual, istoé,avaliarpassivospelovalor atual dos vencimentos futuros. Mais provavelmente, referiu-se à atualização,pelas obrigações vincendas, dentro do regime de competência, das dívidas eobrigações,atéadatadoBalanço.
II – As obrigações em moeda estrangeira, com cláusula de paridade cambial, serãoconvertidasemmoedanacionalàtaxadecâmbioemvigornadatadoBalanço.
A Lei no 11.638/2007 inova a Avaliação do Passivo (também valendo para o Ativo,considerando o Realizável a Longo Prazo), dizendo que as obrigações, encargos e riscosclassificadosnoPassivoExigívelaLongoPrazoserãoajustadosaoseuValorPresente.
EstaregravaletambémtantoparaoAtivoCirculantecomoparaPassivoCirculantequandohouverefeitorelevante.
OUTROSCOMENTÁRIOSDEINTERESSESOBREALEINo
11.638/2007
Teceremosagoraalgunscomentáriossobreitensquenãoforamdiscutidosatéomomento.
a)DemonstraçõesContábeisExigidaspelaLeiAnovaLeiexige,logonoiníciodoCapítuloXV,noartigo176,queaofimdecadaexercício
social a Diretoria faça elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, asseguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação dopatrimôniodacompanhiaeasmutaçõesocorridasnoexercício:
I–BalançoPatrimonial;II–DemonstraçãodoResultadodoExercício;III–DemonstraçãodosLucrosouPrejuízosAcumulados;IV–DemonstraçãodosFluxosdeCaixa;V–DemonstraçãodoValorAdicionado(secompanhiaaberta).
O § 1o do artigo estabelece que as demonstrações de cada exercício serão publicadascomaindicaçãodosvalorescorrespondentesdasdemonstraçõesdoexercícioanterior.
A Lei substituiu a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) pelaDemonstração dos Fluxos de Caixa – DFC (artigo 176, IV). A lei permite que, no primeiroexercício social (DFC), sejadivulgadasem indicaçãodos valores referentesaoanoanterior.Entendemos,noentanto,queessa faculdadenãodevaseradotadaporaquelascompanhiasquejávêmdivulgandoessetipodedemonstração.
A Lei no 11.638/2007 estendeu às sociedades de grande porte, assim consideradasaquelasque, individualmenteou sob controle comum,possuamativo total superior aR$240
milhões ou receita bruta superior a R$ 300 milhões, a obrigatoriedade de manteremescrituraçãoedeelaboraremdemonstrações financeirascomobservânciaàsdisposiçõesdalei societária. Assim, embora não haja menção expressa à obrigatoriedade de publicaçãodessasdemonstraçõesfinanceiras,qualquerdivulgaçãovoluntáriaoumesmoparaatendimentodesolicitaçõesespecíficas (credores, fornecedores,clientes,empregadosetc.),as referidasdemonstraçõesdeverãoterodevidograudetransparênciaeestartotalmenteemlinhacomanovalei(artigo3o).
b)DemonstraçãodosFluxosdeCaixaADemonstraçãodosFluxosdeCaixatambéméobrigatóriapelaLeino11.638/2007.Deformacondensada,aDemonstraçãodosFluxosdeCaixa(DFC)indicaaorigemdetodo
odinheiroqueentrounoCaixa,bemcomoaaplicaçãode todoodinheiroquesaiudoCaixaemdeterminadoperíodo,e,ainda,oResultadodoFluxoFinanceiro.
Assim como a Demonstração de Resultado do Exercício, a DFC é uma demonstraçãodinâmicaetambémestácontidanoBalanço,que,porsuavez,éumademonstraçãoestática.
NapreparaçãodaDemonstraçãodosFluxosdeCaixapoderáserutilizadoomodelodiretoouindireto,dependendodosinteressesdosusuários.
ALeidasSociedadesporAções (Leino 11.638/2007)dizqueacompanhia fechadacomPatrimônio Líquido, na data do balanço, inferior a R$ 2 milhões não está obrigada àelaboraçãoepublicaçãodaDemonstraçãodosFluxosdeCaixa.
c)DemonstraçãodoValorAdicionado(DVA)A Lei no 11.638/2007 torna obrigatória a Demonstração do Valor Adicionado para as
CompanhiasAbertas.Esta leideterminaqueaempresadeveráevidenciarovalorda riquezageradaeasuadistribuiçãoentreoselementosquecontribuíramparaageraçãodestariqueza,tais comoempregados, financiadores, acionistas, governoeoutros, bemcomoaparceladariquezanãodistribuída.
No caso da inclusão da Demonstração do Valor Adicionado (DVA) no conjunto dasdemonstrações financeiras elaboradas, divulgadas e que devem ser aprovadas pelaassembleia geral ordinária – AGO (artigo 176, V), a lei também permite que, no primeiroexercíciosocial,aDVAsejadivulgadasem indicaçãodosvalores referentesaoanoanterior.Entendemos,também,queessafaculdadenãodevaseradotadaporaquelascompanhiasquejávêmdivulgandovoluntariamenteessetipodedemonstração.
d)DemonstraçãodosLucrosouPrejuízosAcumulados(DLPAc)No artigo 176 da Lei no 11.638/2007, a DLPAc é relacionada como uma demonstração
financeiraobrigatória.Todavia,no itemddoartigo178,estamesma leidizqueoPatrimônioLíquidoéconstituídoemCapitalSocial,ReservasdeCapital,AjustesdeAvaliaçãoPatrimonial,Reservas de Lucros, Ações em Tesouraria e Prejuízos Acumulados, não incluindo a contaLucrosAcumulados.
Na realidade, a conta Lucros Acumulados, apesar de ser assim tratada em todos os
comentáriosaosdispositivos legais, nãoéumaconta transitória; elaéumacontanormaldoPL, comuma característica singular: pode apresentar no início ou no final do exercício doistiposde saldo: ou “zero” ou “devedor” (no casodeprejuízo); é lógicoque seela tiver saldo“zero”nãovaiaparecernobalançopatrimonial.Nessascondições,asoluçãoparaoproblemaéaseguinte:recomendarautilizaçãodacontaLucrosouPrejuízosAcumuladosparareceberolucrodoexercícioepromoverasuadistribuiçãoouparaeventuaisreversõesdereservasou,ainda,paracompensareventuaisprejuízos,emanteraDLPAccomafinalidadedeevidenciaressamovimentação, com a ressalva, em nota, sobre os saldos iniciais e finais. Aliás, essaobservação sobre saldos iniciais e finais também será válida para a penúltima coluna daDemonstraçãodasMutaçõesdoPL.
Neste capítulo trabalharemos com a conta Lucros Acumulados com saldo. Entretanto,quandosetratardeSociedadesAnônimasouSociedadesLimitadasdeGrandePorte,osaldodeveráserzero.Tratando-sedeSociedadeAnônimadeCapitalAberto,aDLPAcdeverásersubstituída pela Demonstração dasMutações do Patrimônio Líquido, evidentemente, com acontaLucrosAcumuladoszerada.
AocontráriodaDemonstraçãodosLucrosouPrejuízosAcumulados(DLPAc),quefornecea movimentação, basicamente, de uma única conta do Patrimônio Líquido (LucrosAcumulados), a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) evidencia amovimentação de diversas (todas) contas do PL ocorrida durante o exercício. Assim, todoacréscimo e toda diminuição do Patrimônio Líquido são evidenciados por meio dessademonstração, bem como a formação e utilização das reservas (inclusive aquelas nãooriginadasporlucro).
Emboranão seja umademonstraçãoobrigatória, aDMPLémais completaeabrangenteque a DLPAc. É consideravelmente relevante para as empresas que movimentamconstantemente as contas doPatrimônio Líquido. Se elaborada essa demonstração, não hánecessidadedeseapresentaraDLPAc,umavezqueaquelaincluiesta.
e)AjustesdeExercíciosAnterioresNa Demonstração de Lucros ou Prejuízos acumulados nota-se uma abordagem
interessantenoqueserefereàinclusãodeajustesdeexercíciosanteriores.O§1odoartigo186discriminaque“[...]comoajustesdeexercíciosanterioresserãoconsideradosapenasosdecorrentesdeefeitosdamudançadecritériocontábil,ouda retificaçãodeerro imputáveladeterminadoexercícioanterior, equenãopossamseratribuídosa fatossubsequentes [...]”.Vamos aprofundar algo mais o sentido da frase, segundo as conclusões do Encontro deEspecialistas. Na verdade, este item é derivado da aplicação de um conceito restrito deResultado do Exercício admitido pela Lei (em contraposição ao conceitoall inclusive). Massomente deverão ser tratados como tais os ajustes decorrentes de mudanças de critérioscontábeis (por exemplo: alteração dométodo de avaliar estoques, ou adoção, pela primeiravez,doprovisionamentodeindenizaçõesoudefériascomumlançamentorelativoaomontantenão contabilizado anteriormente etc.) ou quando da retificação de erros do passado nãoatribuíveisafatossubsequentes.
Para o caso de mudanças de critérios contábeis, não existem grandes dificuldades. Oproblema reside em se caracterizar como Ajuste ou não um erro do passado. Para ser
considerado Ajuste, é preciso que seja decorrente de imperícia ou erro e não de fatosacontecidos posteriormente. Por exemplo, uma provisão para imposto de renda criada emexcessoouamenor,pordesconhecimentodalegislaçãoouporumerronasuainterpretação,provoca, de fato, um Ajuste no período subsequente; mas, se a super ou subavaliaçãodecorrerdeumaalteraçãona legislaçãosubsequenteàdatadasuaconstituição, issonãoéconsideradoAjuste,esimumcomponentedopróprioResultadodoperíodoemqueforfeitooacerto.
Ointuitocomacriaçãodesseiteméodeseapurarumresultadodoexercícioexpurgadodeitensquenãopertençamaele,equesejam,issosim,acertosdeoutrosexercícios.
NãoprecisarãosertratadoscomoAjustesositensque,mesmodecorrentesdemudançasdecritérioscontábeisoudecorrentesdeerros,nãoafetaremmaterialmenteosresultados.
Como exemplo adicional, pode-se mencionar o caso das autuações fiscais: elas nãoretificamerros,sãoconsequênciasdeles,eporissonãodevemsertratadascomoAjustesdeExercícios Anteriores; se decorreram da não contabilização de uma receita no passado,somenteseráapropriávelcomoAjusteaprópria receita,aindaquededuzidado impostoquedeveriatersidocalculadonaocasião.
f) Avaliação dos Investimentos Societários pelo Método da Participação Patrimonial(“EquityMethod”),artigo248
Naavaliaçãodos investimentospelométododaparticipação(ouequivalência)patrimonial,deverásempreserdestacadanoAtivoPermanenteaparteproporcionaldoPatrimônioLíquidodainvestidaeaparceladoÁgioouDeságio;seDeságio,deveráfiguraremcontacredoradeInvestimentos, a não ser no caso dos Balanços Consolidados, quando aparecerá no grupoResultadodeExercíciosFuturos,umavezquenãoexistiráoValorPatrimonialdoInvestimentoqueterásidoeliminadopelaConsolidação(artigo250,§3o).
A amortização do Ágio deverá ocorrer: (a) em função da baixa por depreciação,amortização,exaustãooualienaçãodosativosdainvestidaqueoriginaramesseÁgio,quandoesse for o caso; (b) pelo prazo esperado de efetivação dos lucros futuros, quando tiveraparecidoporessarazão;e(c)quandohouverevidênciadaperdadeseuvalor,nashipótesesde seu pagamento em função de valores intangíveis, tais como reputação, clientela,localização,qualidade,nomeetc.(verdadeirogoodwill).
A amortizaçãodoDeságio deverá ser contabilizadanos exercícios emqueocorreremasperdasouprejuízosqueo justificaram.Sehouverevidênciasdeque taisperdasouprejuízosnãomaisvirãoaocorrer,deverátambémserfeitaaamortização,mediantereconhecimentodoganho.
QuandohouveraumentodoPatrimônioLíquidodaInvestida(coligadaoucontrolada)porterhavidonaquelaumaReavaliação,deveráa investidoracontabilizara suaparcelanaReservaconsiderada,acrédito tambémdeumaReservadeReavaliação,nãocontabilizando talpartecomo lucro do exercício. Só deverá ser considerada como realizada essa Reserva nainvestidora à medida que a investida também o fizer ou quando a investidora alienar seuInvestimento.Todavia, sea investidorahouverpagoÁgioexatamenteporessevaloramaiordetaisativosorareavaliados,deverácontabilizaracontrapartidanãocomoReservasua,mas
12.4
comoreduçãodoÁgio.Se houver divergência material entre os critérios contábeis de investidora e investida,
deveráainvestidorareelaborarobalançooubalancetedainvestidaparahomogeneizá-locomrelaçãoaoseu.
g)PrejuízosAcumuladoseCálculodasParticipações(artigo189)No caso de ter existido prejuízo em exercícios anteriores e tiver sido absorvido por
reservasexistentes,nãohaveráacontadePrejuízosAcumulados.Poressarazão,nãohaveráoquededuzirdolucrodeumperíodoulteriorparacálculodasParticipações.Sóocorreráessadedução quando existir a conta de Prejuízos Acumulados, isto é, quando tiverem sidoconsumidos todos os saldos das Reservas de Lucros (ou também a critério da companhia,apósoconsumodossaldosdasReservasdeCapital,artigo200,ItemI).
Não se aplica a hipótese de se abaterem do lucro de um período, para fins departicipações,prejuízosanterioresquetenhamsidoabsorvidosporReservas,aindaquedentrodamesmaAdministração.Entende-se,éclaro,queLucrosAcumuladossãotambémReservasdeLucros.
CONCLUSÕES
A Contabilidade não tem mais intromissão ostensiva da legislação fiscal sobre os registrospermanentesesobreDemonstraçõesContábeis.Qualquertratamentofiscalqueconflitecomaboa prática e técnica contábil deve ser feito apenas e tão somente em livros auxiliares,preservando desta forma que a contabilidade atenda principalmente ao seu principal usuário(stakeholder)cominformaçõesdinâmicas,tempestivaseeficientesparaatomadadedecisãoeficaz.
Cremos ter apresentado os principais tópicos relativos à Lei, especialmente os demaiorinteresseparaaAnálisedeBalanços.Naverdade,em termosdeboasclassificações,aLeiapresentapoucasnovidadesparaosanalistas,poisestes jáestavamacostumadosautilizar,parasuasanálises,algumasdasboasclassificaçõesqueaLei sanciona.Consideramosqueumentendimentoprofundodosdispositivos contábeis daLei, associadoao conhecimentodeContabilidade,distinguirá,pormuitotempo,obomprofissionaldoregular.
Achamos que o grau de extensão e profundidade com que analisamos o assunto nesteCapítuloécomensurável,najustamedida,comooqueseprecisaparaaAnálisedeBalanços,que é uma arte e uma técnica que transcende a qualquer tipo ou forma de classificação. Éprecisoentenderoque“estánabase”dasclassificações,istoé,osprincípios,asnormaseosprocedimentosenvolvidos.EmboragrandepartedoqueaLeitrouxeemmatériacontábilsejadeexcelentequalidade,istonãosignificaquenãohajaaindaviesesaseremcorrigidos,tantoéque oComitê dePronunciamentoContábil –CPCestá empermanente estudo como IASB.Apontamos alguns deles, mas, ainda assim, devemos reconhecer que, bem entendida efiscalizada rigorosamente sua aplicação, esta Lei trouxe grandes benefícios aomercado decapitaiseànossaprofissão.
13.1
13.2
INTRODUÇÃO
Oestudodaalavancagemétãoimportantequededicaremosumcapítuloparaseusaspectosespeciais.Abordaremosaalavancagemfinanceiraeoperacionaleosefeitosdainflaçãosobreasmesmas.Naverdade,oassuntopodeassumircontornostãoirregulareseprofundidadetãograndequeatéumtrabalhoacadêmicodelivre-docêncialhefoidedicado.1Paraestudosmaisaprofundadossobreotema,remetemosoleitoraoreferidotrabalho.Aquestãodotratamentode certos itens da Demonstração do Resultado, no Brasil, como operacionais ou não, poroutro lado, é extremamente controvertida, para os autores e profissionais. A Lei dasSociedadesporAçõesconsiderouasdespesasfinanceirascomooperacionais.Paraefeitosdeanálisedebalanços,nãopodemosaceitartalclassificação,demodoqueastrataremos,nestecapítulo,comonãooperacionaisecomoitembemdestacadodoDR.Jánoqueserefereaoresultadodacorreçãomonetária,asopiniõesdivergemaindamais.ALeiconsiderou-ocomonão operacional. A rigor, cremos que teria características mistas. Se efetuássemos umacorreção de todos os itens da demonstração de resultados, uma maior parte da correçãomonetária se incorporaria aos itens operacionais e outra aos não operacionais. Entretanto,para saber qual a parte operacional e qual a não, seria necessário corrigir pelo price-levelcompleto(oupelasnormasdaCVM).Asparticipaçõesdeverãosertratadascomodespesaenão como distribuição, para efeito de análise. Numa análise real, todavia, deveremos tersempreemmenteascomplexidadescontábeisderivantesdaaplicaçãodosdispositivosdaLeidasSociedadesporAçõeseosemanadosdaCVMeoutrosórgãoscontroladores.Elassãoinúmeras e é preciso adaptar qualquer fórmula tradicional, importada de outros países, ànossarealidade.Nemsempreépossível,porém,numlivro-texto, tratarde todososdetalheslegais.Omais importanteéqueoanalistaobservecertaconsistêncianasclassificaçõessempreocupar-seemdemasiacomasdiscussõesdosteóricos.Éclaro,entretanto,quedevemosevitarerrosgrosseiroseparaistoéprecisoconhecerbemalegislaçãoeoambienteemqueaempresaatua.
APLICAÇÃODASFÓRMULASDEALAVANCAGEM
13.2.1 Generalidades
No Capítulo 9 definimos o Grau de Alavancagem Financeira como sendo calculável pelaseguintefórmula:
Efetuamos algumas qualificações a esta forma simplista de cálculo e agora é precisorefinaraindamaisoconceito,principalmentedosegundoquociente.Faremos istoatravésdeumexemplo.
Suponha que a empresa “Alavanca” apresente os balanços puramente históricos abaixotranscritos(antesdoimpostosobrearenda):
EmT0 EmT1
AtivoCirculante 200 250
AtivoFixo(Permanente) 500 600
TotaldoAtivo 700 850
(–) Exigível 0 (100)
(=) PatrimônioLíquido 700 750
AentidadefoicriadaemT0,eos$100adicionaisdeAtivoFixoforamadquiridoslogoapósT0,atravésdosrecursosdeumempréstimo.Asdespesasfinanceirasdoperíodototalizaram$50.AtaxadeinflaçãodoperíodoT0aT1foide40%.$50sãooresultadohistóricoantesdacorreção monetária e após a dedução das despesas financeiras, porém antes do impostosobrea renda (não temsentido calcularmosum imposto sobre valoreshistóricos, poiseleéresultante da aplicação dos critérios legais). Ignoremos o eventual efeito da correção dasdepreciações, noDR.Outra alternativa aos demonstrativos acima seria considerar queos $100adicionaisdeAtivoFixoforamadquiridoscomrecursosprovenientesdeumaintegralizaçãoadicionaldecapital, logoapósT0,de$100.Nestecaso,opatrimôniolíquidofinalaumentariaem $ 100 pelo aumento de capital. O Exigível final diminuiria em $ 100, anulando-se. E,digamos, o Ativo Circulante aumentaria em $ 50, pelo não pagamento das despesasfinanceiras.
OResultado,antesdoimpostoedaCorreçãoMonetária,iriapara$100.Vamos verificar os resultados da alavancagem, aplicando-se a correção monetária
preconizadapelaLeiComercial,deformasimplificada.
a)NahipóteseempréstimoOPatrimônioLíquidoseriacorrigidoem$700×0,40=$280.OPermanenteem$600×0,40=$240.OResultadodaCorreçãoMonetária,devedor,de$40.OResultadoapósCorreçãoMonetáriaeantesdoimpostoderenda=$10.ImpostodeRenda=$3,50(a35%).LucroLíquido=$6,50.
b)NahipótesedeaumentodecapitalOPatrimônioLíquidoseriacorrigidoem$800×0,40=$320.OAtivoFixoseriacorrigidoem$240.OResultadodaCorreçãoMonetária,devedorde$80.OResultadoapósCorreçãoMonetáriaeantesdoimposto=$20.ImpostodeRenda=$7,00(a35%).LucroLíquido=$13.
Ahipótesedeaumentodecapitalresultounumlucromaioremvalorabsolutoe,destavez,também em termos relativos, mesmo considerando-se o maior investimento dos acionistas.Realizamososcálculosutilizandovaloresiniciaisnodenominador,parasimplificá-los.
Osresultadosobtidosindicamquenãovaleuapenaaobtençãodoempréstimo,emtermosreais, sendomelhor a hipótese de aumento de capital. É que a taxa de despesa financeirasobre o saldomédio da dívida foimuito alta, comparando-se com a de retorno do ativo. Ainflação, possivelmente, acentuou o resultado negativo, damesma forma que acentuaria umpositivo,sehouvesse.Épreciso,entretanto,testarmaisdetidamentetaishipóteses.
Dos cálculos e fórmulas empregados fica claro que devemos considerar, no segundoquociente, qual o lucro líquido que resultaria, em termos reais, e considerando-se o novo ediferente efeito do IR e da CM, na hipótese de efetuarmos o gasto considerado (ou os deoutrosexemplos),pelaintegralizaçãodecapitalemlugardeempréstimo.Istonãoéomesmo
13.2.2
que se somar, simplesmente, o lucro líquido às despesas financeiras ocorridas. É precisoajustar pelo novo efeito, no IR, da não ocorrência das despesas financeiras, total ouparcialmente, dependendo do exemplo, e mesmo pela variação no valor da correçãomonetária, pela alteração das hipóteses. O denominador do segundo quociente, por outrolado, deverá ser o novo patrimônio líquido corrigido, resultante da nova conformaçãopatrimonial adotada. Nem sempre isto é igual ao ativo total. É interessante notar que, seaplicássemos ao exemplo o price-level completo (correção total das demonstrações), oresultado corrigido, antes do imposto de renda, resultaria exatamente igual, nas duashipóteses,aoconsequentedoprocesso legaldecorreçãomonetária,oque falaemfavordoacertodafórmulalegal,emsituaçõescomoadoexemplo.
Generalizaçãodainflaçãonaalavancagem2
A fimde verificarmoso efeito da inflaçãonas várias situaçõesde alavancagem, teremosderecorrer ao mesmo tipo de exemplo simples que utilizamos para introduzir o problema daalavancagem,noCapítulo9.
Assim,façamosasseguintespremissas:
HipótesesI–Taxaderetornodoativo:20%.II–AtivoemT0=$200.
III–ObtençãodeEmpréstimoemT0+dT0(logoapósT0),$100.
IV–Taxadedespesasfinanceirassobreosaldomédiodoempréstimo=10%.V–TaxadeInflaçãodeT0aT1=30%.
Trabalhando com conceitos iniciais para o ativo e patrimônio líquido, apenas parasimplificaçãodoscálculos,teríamososseguintesvalores(desprezandooimpostoderenda):
EMVALORESHISTÓRICOS
ComCapitaldeTerceirosSeosRecursostivessemsido
supridosporacionistas
EmT0+ΔT0 EmT1 EmT0+ΔT0 EmT1
Ativo 200 230 200 240
Passivo(Exigível) 100 100
PatrimônioLíquido 100 130 200 240
Lucro 30 40
Expliquemos,maisumavez,comosechegouataisvalores:Sendoataxaderetornodoativode20%,os$100deempréstimosadicionadosaos$100
já existentes produziram um ativo, no fim deT1, de 200 × 1,20 = $ 240. Entretanto, comopagamos despesas financeiras de $ 10, o ativo líquido foi de $ 230. A diferença entre ospatrimônioslíquidoséolucro.
Seos$100tivessemsidosupridospelosacionistas,o investimentomédio inicialemativo(eempatrimôniolíquido)teriasidode$200(nãoseesqueçaqueoendividamentoouanovaentrada de capital ocorreram logo após T0; logo, é como se tivessem ocorrido em T0). Orendimento proporcionado pelo ativo de $ 200 seria total, emT1, pois não haveria despesafinanceira.Olucro,portanto,seriade$40.
OGraudeAlavancagemfoicalculadorelacionandoataxaderetornosobreospatrimônioslíquidos iniciais nos dois casos. (Quando, em fórmula anterior aproximada, dividimos o lucromais as despesas financeiras pelo ativo, queríamos dizer que este ativo seria o patrimôniolíquido se os sócios tivessem suprido os recursos que, na verdade, foram supridos pordívidas.)
Assim,naprimeirahipótese,a taxaderetornoéde30%,aopassoquenasegundaédeapenas20%.OGraudeAlavancagemé,portanto,de1,5.
Vamos,agora,corrigirosbalanços,nasduassituações,pelainflação(aumataxade30%):
EMVALORESCORRIGIDOS(EMTERMOSDET1)3
ComCapitaldeTerceirosSeosRecursostivessemsido
supridosporacionistas
EmT0+ΔT0 EmT1 EmT0+ΔT0 EmT1
Ativo 260 230 260 240
Passivo 130 100
PatrimônioLíquido 130 130 260 240
Lucro Zero (20)
OGrau de Alavancagem, nesse caso, ficaria aparentemente sem muito sentido, pois olucrodoprimeirocasofoizero.Entretanto,notequeteríamososeguintecálculo:
Noprimeirocaso,temosumataxaderetornozero;nosegundo,temosumataxaderetornonegativade8%.Asituaçãosempreseriamais favorável (oumenosdesfavorável)aousodecapitaldeterceiros,mesmocominflação.
Setivéssemosusadoumataxadeinflaçãomenor,digamos,de20%,osresultadosteriamsido:
EMVALORESCORRIGIDOS(EMTERMOSDET1)
ComCapitaldeTerceirosSeosRecursostivessemsido
supridosporacionistas
EmT0+ΔT0 EmT1 EmT0+ΔT0 EmT1
Ativo 240 230 240 240
Passivo 120 100
PatrimônioLíquido 120 130 240 240
Lucro 10 Zero
Neste caso, o grau de alavancagem seria indefinido, pois a taxa de retorno sobre opatrimônio líquido, no primeiro caso, é de 10/120= 0,08 ou 8%.No segundo caso seria dezeropor cento.Dividirmos0,08por0,00não teria sentido.Continuenotando, todavia,queasituaçãoderetornosempreémais favorável (oumenosdesfavorável)nocasodeutilizarmosrecursosdeterceiros(apenasporque,nessecaso,ataxaderetornosobreoativoémaiorquea taxa de despesas financeiras). Esta situação favorável é apenas “transfigurada” pelainflação,conformesua taxa,porémsempremantendoasituaçãomais favorávelparaocasodeendividamento.Vamosescolheragoraumataxadiferentedeinflação(30%anulaolucroemA e 20% anula o lucro em B); digamos, 15%. Os balanços corrigidos ficariam conformedemonstradosnaspáginas222e223.
Aumentouextraordinariamenteaalavancagem,nessecaso.Na verdade, se trabalharmos somente com ativos e passivos monetários (como no
exemplo),podemosprovarque:(a)seataxaderetornohistóricadoativoforsuperioràtaxadedespesasfinanceiras;e(b)seataxadeinflaçãofortalquenãoanuleumouosdoislucros(comousemcapitaldeterceiros)equenãotransformeumlucronumprejuízo(casosemqueascomparaçõesmudamdesentido),aalavancagemfinanceiraéacentuadapelainflação.
EMVALORESCORRIGIDOS(EMTERMOSDET1)
ComCapitaldeTerceirosSeosRecursostivessemsido
supridosporacionistas
EmT0+ΔT0 EmT1 EmT0+ΔT0 EmT1
Ativo 230 230 230 240
Passivo 115 100
PatrimônioLíquido 115 130 230 240
Lucro 15 10
Emqualquercaso,desdequeacondição(a)sejaprevalecente,sempreataxaderetornocomcapitaisdeterceirosserámaior(algebricamente)quea taxaderetornosemcapitaisde
terceiros.Vejamosoqueaconteceriaseataxadejuros(despesasfinanceiras)fosseigualàtaxade
retornosobreoativo,de20%.Nocasohistórico,aalavancagemseriaiguala1,éclaro.Vamostrabalharcomastrêstaxasdeinflaçãoutilizadasatéaqui:30%,20%e15%.A30%,teríamososseguintesbalançoscorrigidos:
VALORESCORRIGIDOS(EMTERMOSDET1)
ComCapitaldeTerceiros SemCapitaldeTerceiros
EmT0+ΔT0 EmT1 EmT0+ΔT0 EmT1
Ativo 200×1,30 220 260 240
Passivo 100×1,30 100
PatrimônioLíquido 130 120 260 240
Lucro (10) 20
A20%,teríamosaseguintecomposição:
VALORESCORRIGIDOS(EMTERMOSDET1)
ComCapitaldeTerceiros SemCapitaldeTerceiros
EmT0+ΔT0 EmT1 EmT0+ΔT0 EmT1
Ativo 200×1,20 220 240 240
Passivo 100×1,20 100
PatrimônioLíquido 120 120 240 240
Lucro Zero Zero
OGraudeAlavancagemtambém tenderiaparaum.Defato,ZerosobreZero tendeparaum.
A15%,apresentaríamososeguintequadro:
VALORESCORRIGIDOS(EMTERMOSDET1)
ComCapitaldeTerceiros SemCapitaldeTerceiros
NoInício NoFim NoInício NoFim
Ativo 200×1,15 220 230 240
Passivo 100×1,15 100
PatrimônioLíquido 115 120 230 240
Lucro 5 10
É notável a conformação dos três últimos resultados. Com qualquer das três taxas deinflação,ograudealavancagemcontinuasendo iguala1,comoacontecianocasohistórico.
Isto levaa concluir que,quandoa taxade retornosobreoativoé igual à taxadedespesasfinanceiras, é indiferente – na alavancagem – o efeito da inflação. Porém, lembremos quenossoexemplosomentecontemplaativosepassivosmonetários.
Vejamosoqueocorreriaàstrêstaxasdeinflaçãoseataxaderetornosobreoativofossemenorqueataxadedespesasfinanceiras.Digamosqueataxadedespesasfinanceirassejade30%,eataxaderetornosobreoativocontinueiguala20%.
Supondo,inicialmente,umataxadeinflaçãode30%,osbalançoscorrigidosapresentar-se-iamassim(ograudealavancagem“histórico”,nessecaso,seriaiguala0,5):
VALORESCORRIGIDOS(EMTERMOSDET1)
ComCapitaldeTerceiros SemCapitaldeTerceiros
NoInício NoFim NoInício NoFim
Ativo 200×1,30 210 260 240
Passivo 100×1,30 100
PatrimônioLíquido 130 110 260 240
Lucro (20) (20)
Note-se, todavia, que esse último resultado deve ser analisado commuito cuidado.Comtaxadeinflaçãode30%,porexemplo,obtivemosumgraualgébricodealavancagempositivode2.Entretanto,estegraufoiobtidodividindo-seduastaxasderetornonegativas.Obterumprejuízo de 20 sobre um investimento de 130 é pior, em certo sentido, do que obter umprejuízo de 20 sobre 260.Quando ambas as taxas de retorno são negativas, o sentido daalavancagempode-seinvertere,naverdade,emnossocaso,umaalavancagemmaiorqueum
13.3
13.3.1
“foidesfavorável”.Verificamos, portanto, como o efeito da inflação distorce a interpretação original da
alavancagem.Épreciso levaremconta,explicitamente,avariável inflacionária,antesde tirarconclusõesegeneralizaçõesdosestudosdealavancagem.Aliás,nenhumtópicoimportantedaanálisedebalançosescapaànecessidadededepurarmososefeitosdainflação.Umaanálisede balanços levada a efeito em termos puramente históricos pode, além de inútil, serperniciosa para o analista. Frequentemente, muitas análises são realizadas sem a mínimaconsideração pelo problema inflacionário, resultando em grosseiras generalizações defenômenos muito complexos da realidade empresarial. A inflação é, infelizmente, um malcrônico que aflige nossa economia. Toda a análise financeira e, em consequência, a gestãoempresarial devem ser amoldadas a esta realidade. Desconhecê-la significa simplesmentecorrer o risco de uma gestão absolutamente incontrolada, com perigo iminente dadescapitalizaçãoempresarial.
Veremos, a seguir, os conceitos alternativos de alavancagem financeira, extraídos dasobrasdeFinanças.
OUTROENTENDIMENTODAABORDAGEM
Alavancagemoperacional
Ograudealavancagemoperacionalpodeserdefinidocomosendoavariaçãopercentualnoslucrosoperacionais,relacionadacomdeterminadavariaçãopercentualnovolumedevendas.
Assim,
GraudeAlavancagemOperacionalnoponto
ou
onde:Q=unidadesdeprodutoP=preçomédiodevendaporunidadedeprodutoV=custovariávelporunidadedeprodutoF=custofixototalS=vendasemreaisVC=custostotaisvariáveis
Exemplo:CustosFixos=$1.800,00
13.3.2
PreçoMédioUnitáriodeVendaaumVolumede300unidades=$25,00Custounitáriovariável=$12,00
Seoresultadoforcorreto,poderíamosformularapergunta:Estamostrabalhandoaonívelde 300 unidades com lucro de $ 2.100,00; qual será o acréscimo de lucro ao nível de 450unidades? Ora, 450 unidades representam 300 unidades mais 50% (150 unidades).Multiplicando 0,50 por 1,857 obtemos 0,9285.O lucro adicional será, portanto, de 0,9285 x2.100=$1.950,00,eolucrototalseráde$4.050,00.
Verifiquemostaiscálculospelaequaçãodocustototal:
ReceitaTotal=450×25,00= $11.250,00
CustoTotal=1.800+(12×450)= $7.200,00
=Lucro $4.050,00
Ocálculopode ser realizadoem termosdeacréscimode lucro sobreonível anterior delucro ou em termos de lucro total. Se quisermos em termos de lucro total, bastamultiplicar1,9285×2.100=$4.050,00.
Alavancagemfinanceiraemtermosdelucroporaçãoordinária
Nesseaspecto,oGraudeAlavancagemFinanceirapodeserdefinidocomosendoavariaçãopercentual nos lucros disponíveis para o acionista, associado com certa variação percentualnoslucrosantesdosjurosedoimpostoderenda.4
É preciso notar que a alavancagem operacional atinge os lucros antes dos juros e dosimpostos, ao passo que a alavancagem financeira afeta os lucros após juros e imposto derenda.
Umaformadecalcularessegraudealavancagemfinanceiraéaseguinte:
Simbolizemos:LucroantesdasdespesasfinanceirasedoimpostoderendaporLADEFIReDespesasFinanceirasporDF.
13.3.3
Assim,utilizandoossímbolos,fica:
Exemplo:LADEFIR=200DF=60
Istoé,aumacréscimode100%noLADEFIRcorrespondeumacréscimode143%nolucroporação.
Combinaçãodasalavancagensoperacionalefinanceira
Podemos combinar os efeitos da alavancagem operacional e da alavancagem financeira,dotipoLADEFIR.
Assim,aalavancagemoperacionalfazcomqueumavariaçãonovolumedevendasresultenummaiorimpactosobreoLADEFIR,e,secombinarmosoefeitodaalavancagemfinanceira,asvariaçõesnoLADEFIRterãoumefeitomultiplicadornoslucrosporação.
Assim, se uma empresa tiver uma boa alavancagem financeira e operacional, pequenasmudançasnasvendasproduzirãograndesflutuaçõesnoslucrosporação.
O efeito combinado da alavancagem financeira e operacional (ECA) pode ser, segundoWestoneBrigham,assimdefinido:
Admitindo-seomesmoexemplodapágina226,comainformaçãoadicionaldequeDF=$300,5obteríamos:
Assim,paraumacréscimode100%nasunidadesvendidas,de300para600,teríamosumacréscimonolucroporaçãode217%.Destaforma,onovovalorparaolucroporaçãoseria3,17vezesovalororiginal.Seolucroporação,antesdoacréscimonasvendas,forde$2,00,
1.
2.
3.
será,depois,de2,00×3,17=$6,34.Segundoosautores citados (Op. cit. p. 583),6 a utilidadedos conceitosdealavancagem
expostosresidenestesfatos:
permitem-nos especificar o efeito exato de uma variação das vendas nos lucrosdisponíveisparaosacionistas,comênfaseparaosordinários;permitem-nos mostrar as inter-relações entre alavancagem operacional ealavancagemfinanceira;permitem-nos, devido a (1) e (2), as tomadas de decisões com relação às váriasformas ou “pacotes” (dosagem de recursos próprios e de terceiros) para financiarprojetosdeexpansãoedereequipamento.
RESUMODOCAPÍTULO
O estudo e o entendimento da alavancagem revestem-se da maior importância para agerência financeira e para o analista financeiro. Decisões sobre formas alternativas oudiferentes dosagens entre capital de terceiros e capital próprio são muito facilitadas peloestudodaalavancagem.
Todavia,comoemtodaadministraçãoeanálisefinanceira,nãopodemosdeixardelevaremcontaoefeitoda inflação.Osresultadosmudam,bemcomosua interpretação.Existemduasformasalternativasdeolharmosaalavancagemfinanceira:umaquerelacionaoretornosobreopatrimôniolíquidoefetivamenteobtidocomacombinaçãoderecursosprópriosedeterceiros, efetivamente utilizada com o retorno que seria obtido se os recursos própriossubstituíssem os de terceiros. Esta é a maneira mais completa de analisarmos aalavancagem financeira. A segunda forma, utilizada preferencialmente por administradoresfinanceiros,encaraaalavancagemfinanceiracomosendoavariaçãopercentualnos lucrosdisponíveis para o acionista,associada a determinada variação percentual nas vendas.Naverdade, o conceito de alavancagem financeira, apresentado inicialmente, combinaelementos do demonstrativo de resultados com elementos do balanço (ativo e patrimôniolíquidomédio),aopassoqueasegunda formaapresentadapodeseraplicadautilizando-seapenas projeções do demonstrativo de resultados, bastando para isso ter a informaçãoadicional sobre o número de ações. É claro que, também na segunda forma, poderemosadmitirexplicitamenteavariávelinflacionária.
EXERCÍCIOESPECIALSOBREOCAPÍTULO13
AempresaProjetadaapresenta,em31-12-X,obalançosimplificado,transcritoaseguir:
Disponibilidades $300.000,00
a)b)
ContasaReceber(líq.) 1.200.000,00
Estoques 1.500.000,00
Instalações(líq.) 3.300.000,00
MáquinaseEquipamentos(líq.) 4.200.000,00
TotaldoAtivo 10.500.000,00
ExigibilidadesTotais(aumcustomédiode35%) 3.000.000,00
AçõesOrdinárias(valornominalde$10,00cadauma) 7.500.000,00
TotaldoPassivoedoPatrimônioLíquido $10.500.000,00
A empresa espera um volume de vendas, para X + 1, de $ 9.000.000,00. A fim de
possibilitar este volume adicional de vendas, a empresa precisa realizar um imediatoacréscimodecapacidadequeimportaem$4.500.000,00.Estecapitalpodeserlevantadodeduasformas:7
atravésdenovosempréstimosdelongoprazoàtaxade35%;atravésdacolocaçãode450.000açõesadicionaisaovalorde$10,00cadauma.
Os custos fixos, após a expansão planejada, serão de $ 600.000,00 ao ano.Os custosvariáveis,comexceçãodosjurosdadívida,serãode40%dasvendas.
Vejamos como se apresentaria o demonstrativo projetado de resultados, se (a)financiarmoscomempréstimo:
VENDAS $9.000.000,00
(–) CustosFixos (600.000,00)
(–) CustosVariáveis (3.600.000,00)
CustosTotais(excetojuros) (4.200.000,00)
LucroAntesdosJuroseImpostodeRenda(LADEFIR) 4.800.000,00
(–) Juros(35%de7.500.000) (2.625.000,00)
= Lucro(AIR) 2.175.000,00
(–) ImpostodeRenda(a30%) (652.500,00)
= LucroLíquido(DIR) $1.522.500,00
LucroporAçãosobre750.000AçõesOrdinárias $2,03
ese(b)financiarmosatravésdecapital:
LucroAntesdosJuroseImpostodeRenda(LADEFIR) $4.800.000,00
(–) Juros(35%de3.000.000,00) (1.050.000,00)
= Lucro(AIR) 3.750.000,00
(–) ImpostodeRenda(30%) (1.125.000,00)
= LucroLíquido(DIR) $2.625.000,00
LucroporAçãosobre1.200.000AçõesOrdinárias $2,19
Neste caso, o lucro por ação émaior se obtivermos os fundos necessários através dacolocação de ações. Esta hipótese, portanto, seria a escolhida. Mais uma vez, é precisoesclarecer que deveríamos realizar esta projeção a vários níveis de vendas e cada nívelrelacionadocomcertaprobabilidadedeocorrência.Seriaassimpossívelavaliarocoeficientedevariaçãoparacadahipótese(financiamentocomempréstimooucomcapitaladicional)equalificarmelhor cadaalternativa.Porexemplo, seocoeficientedevariaçãodaalternativaempréstimoformaiorqueodaalternativasubscriçãodecapital(oquequasesempreocorre)poderíamos escolher a alternativa capital,mesmo que o lucro por ação seja menor, porcausadomenorrisco.
No exemplo muito simplificado que apresentamos, a alternativa capital seria melhor,desprezando-seasobservaçõesdoparágrafoanterior.
Aalavancagemfinanceira,emtermosdaalternativaempréstimo,pelasegunda formadecálculoseriaassimexpressa:
Istosignificaqueaumacréscimode100%novalordoLADEFIRcorrespondea220,7%deacréscimonoslucrosporação.
Esteresultadoéobtidosuprindo-seos$4.500.000,00comrecursosdeempréstimos.Proporcionalmente,aumavariaçãode,digamos,75%noslucrosantesdoimpostosobre
arendaeantesdasdespesasfinanceiras,corresponderiaumavariaçãode165,52%nolucrodisponívelparaoacionista.8
Vamostestaresteresultado:paraaumentarem75%ovalordolucroantesdasdespesasfinanceirasedo impostosobrea renda,obteremosumvalorde$8.400.000,00.OsCustosFixospermaneceriamem$600.000,00.AsVendas teriamdeserde$15.000.000,00eosCustosVariáveisde$6.000.000,00(40%dasvendas).
Assim,teríamos:
VENDAS(67%deacréscimosobre$9.000.000,00) $15.000.000,00
CustosFixos 600.000,00
CustosVariáveis 6.000.000,00 (6.600.000,00)
LADEFIR 8.400.000,00
(–) Juros(35%sobre$7.500.000,00) (2.625.000,00)
= Lucro(AIR) 5.775.000,00
(–) ImpostodeRenda(30%) (1.732.500,00)
= LucroLíquido(DIR) $4.042.500,00
LucroporAçãosobre750.000AçõesOrdinárias $5,39
Seocálculoeosraciocíniosdesenvolvidosforemcorretos,devemosobteros$5,39poraçãosimplesmentemultiplicando$2,03×2,6552.Defato,2,03×2,6552=$5,39.
Éimportanteobservarqueoscálculosdealavancagemrealizadosforamfeitoscombasena hipótese do empréstimo. Entretanto, poderíamos calcular o grau de alavancagemfinanceiranahipótesedefinanciarmosaexpansãocomrecursosderisco.Nestecaso:
Assim,esteresultadosignificaqueaumacréscimode100%nolucroantesdasdespesasfinanceiraseimpostosobrearendacorresponderáaumacréscimode128%nolucroparaoacionista.Aalavancagemfinanceiranessecasoémenor,emborapartadeumlucroporaçãoligeiramentesuperior.
Assim, no exemplo da página 230, vamos supor que o LADEFIR dobre, passando a $9.600.000,00:
Teríamos:
LADEFIR $9.600.000,00
Juros(35%sobre$3.000.000,00) (1.050.000,00)
Lucro(AIR) 8.550.000,00
ImpostodeRenda(30%) (2.565.000,00)
Lucro(DIR) $5.985.000,00
LucroporAçãosobre1.200.000AçõesOrdinárias ≅$5,00
Seosnossosraciocíniosecálculosestiveremcorretos,bastariamultiplicar$2,19(olucroporaçãoantesdoacréscimode100%noLADEFIR)por2,28(1+graudealavancagemnahipótesedeaumentodecapital)paraobtermosos$5,00.Defato,2,19×2,28=$5,00.
É preciso notar que estas projeções, tendo em base a alavancagem, são totalmenteválidas desde que se mantenham: (a) o mesmo valor de custos fixos; (b) a mesmaporcentagemdecustosvariáveis;(c)desdequeparavendermaisnãosejamosobrigadosarecorrer,novamente,aempréstimosadicionaisouanovaschamadasdecapital.
Vimos que a alavancagem pôde ser calculada em duas situações: (a) no caso derecorrermosaempréstimosparasupriros$4.500.000,00necessáriosàexpansão,ou(b)nocasodetermosobtidoosrecursosatravésdacolocaçãodeações.Aalavancagemexistenosdoiscasosesempreestáexpressa (segundoesteenfoque)em termosdequalaalteraçãopercentual no lucro por ação que é consequência de uma variação percentual de x% noLADEFIR.
Vamos,agora,voltaraonossobalançoinicial,àpágina229,eaoprimeirodemonstrativoderesultados,dapágina230.Seseverificaremashipótesescontidasnodemonstrativoderesultadosdapágina230,obalançosimplificadoem31-12-X+1seapresentaráassim:
EMPRESAPROJETADA–BALANÇOEM31-12-X+1
AtivoCorrente 4.522.500,00*
AtivonãoCorrente 12.000.000,00 =(7.500.000+4.500.000)
TotaldoAtivo 16.522.500,00
Exigibilidades 7.500.000,00 =(3.000.000+4.500.000)
AçõesOrdinárias(Capital) 7.500.000,00
LucrosRetidos 1.522.500,00
Total 16.522.500,00
*ConsideramosoLucroLíquido(DIR)doDemonstrativodeResultadodapágina230acrescidototalmenteaoAtivo
Corrente.Poroutrolado,todasasdespesasforamconsideradascomodedesembolsomonetário.Nãoconsideramos
depreciaçõeseamortizações.
Temosagora,portanto,doisbalançoseumdemonstrativoderesultados.Vamos, no presente momento, calcular a alavancagem financeira segundo o conceito
tradicionalanteriormenteapresentado,ouseja:
a)
b)
Primeiramente,vamoscalcularcombaseemvaloresiniciais:
Note-sequeaalavancagemapresentou-semenorqueum.Oconceitoaquiapresentadoédiferente.Nafórmula oquesepretendeémensurarqualavariaçãopercentual
dolucroàdisposiçãodoacionistaapartirdedeterminadavariaçãopercentualdoLucroantesdosJurosedoImpostodeRenda.
Jáa formulaçãoconceitual clássicadealavancagem relacionao lucroobtidoparacadarealdepatrimôniolíquidoinvestidocomolucroqueseriaobtidoemcadarealdePatrimônioLíquidoinvestidoseemlugardofinanciamentorecorrêssemosaaumentodecapital.
Vamosinterpretar,emresumo,osdoisresultados:
GAF1 =2,207 (página 231), significa que, a um acréscimo de 100% no LADEFIR,teremosumacréscimode220,7%noLucroporAção.GAF’ = 0,93 (exemplo acima), significa que para cada real ganho sobre o ativoinicial,haveráumganhode0,93sobreoPatrimônioLíquidotambéminicial.
Vamoscalcular,agora,umGAF”emvaloresmédios:
Resumindo,aformadecálculodealavancagemfinanceira,baseadanafórmula
érecomendadaparaaverificaçãodoqueocorreu,efetivamente.Éorelacionamentoentreolucro efetivamente obtido (recorrendo, na composição dos recursos totais, pelomenos emparte, a empréstimos) sobre o patrimônio líquido com o lucro que teríamos obtido casoaquelaparcelasupridacomrecursosde terceiros fossesupridacomrecursosprovenientesdeaumentodecapital,relacionadocomopatrimôniolíquidocorrespondente.
No caso de inicialmente inexistirem exigíveis, o patrimônio líquido correspondente àhipótesedeaumentodecapitaléopróprioativototal.
Voltamos a chamar a atenção para o fato de que Lucro + Despesas Financeiras dafórmula aproximada significam, a rigor, qual teria sido o lucro (DIR), se não tivéssemosrecorrido ao empréstimo adicional e, portanto, não tivéssemos pago despesas financeiras.Isto não é a mesma coisa que simplesmente somar ao lucro líquido (DIR) efetivamenteocorrido às despesas financeiras, por causa dos efeitos no IR. Na prática, todavia, estaúltimaaproximaçãoéutilizada.
JáaformadecálculoquerelacionaoLADEFIRcomesteecomasdespesasfinanceirastem uma finalidade diferente, ou seja, relacionar um acréscimo no LADEFIR com oacréscimonolucroporação.Poderíamostambémrelacionaroacréscimonasvendascomoacréscimonolucroporação,atravésdaalavancagemcombinada.
Verifique-seque:
Quandoutilizamosoconceitodelucroporação,ahipótesecapitalésuperior,pelomenosestatisticamente,poiso lucroporaçãoéde$2,19,emcontrastecom$2,03. Istopodeserimportante para o acionista individual que investiu $ 10,00 em cada ação e que, se aempresa recorrer a financiamento, receberá $ 2,03 em cada $ 10,00 investidos, o quesignificaumretornode20,3%.Ahipótesederecorreracapitalpróprioésuperior,poisestepatrimônio(inicial)éremuneradoem22%,emcontrastecom20,3%dahipótesealternativa.Estatendênciapodemudar,todavia,dependendodasexpectativasdeacréscimonasvendas;poisaalavancagemdahipóteseempréstimoésuperioràdeaumentodecapital.
Ovalorpatrimonialdaaçãoé:
Obs.:Realizamososcálculoscombasenospatrimônioslíquidosiniciais.
Note-seque0,93(alavancagempelafórmulatradicional)
Emoutraspalavras,oquocienteentreolucroporaçãonahipótesedefinanciamentoeo
1.2.3.4.
1.
2.
3.
lucroporaçãonahipótesedecolocaçãoadicionaldeaçõeséigualaograudealavancagem,significandoqueaúltimahipóteseémelhor.Porissoéqueaalavancagemtradicionalrevelou-semenorqueum.
Adecisãofinalsobreacomposiçãoderecursosdeverá levaremconta,entreoutros,osseguintesfatores:
Retornosobreoativoesobreopatrimôniolíquido.Lucroporação.Valorpatrimonialdaação.Reflexos,naliquidezeoutrosquocientes,dahipóteseadotada.
EXERCÍCIOPROPOSTOEPARCIALMENTERESOLVIDO
M=$1.000,00
A empresa “Probabilística” reuniu seus principais executivos para estimar as vendaspara o próximo exercício. Verificou-se a concentração de estimativas em três níveisprincipaisdevendas:$12.000M;$13.200Me$15.000M.Emnãohavendoumacordoquanto à cifra mais provável, o Presidente atribuiu, subjetivamente, probabilidades acadanível.Estimouumaprobabilidadede0,30para$12.000;de0,45para$13.200ede0,25para$15.000.Asvendastêmgiradoemtorno(emreaisdadatadareunião)de$9.000M.Paraatingironívelde$12.000Ménecessáriouminvestimentoadicionalemequipamentos, imediato, de $ 1.000M, depreciável a 20% ao ano. As despesas fixasatuais são da ordem de $ 600M. A porcentagem de custos variáveis em relação àsvendas tem girado em torno de 38%. Com a introdução da nova máquina, deveriadiminuirpara35%.Asdespesasfinanceiras,atualmente,sãodaordemde$1.000M.Aempresapossui2.786.000açõesordinárias.Osrecursosparaaexpansãopodemadvir:(a)dacolocaçãodemais1.000.000deaçõesa$1,00cadauma;(b)daobtençãodeumempréstimo à taxa de 43% ao ano; (c) de um “pacote” que incluiria: colocação de500.000açõeseumempréstimode$500Mà taxade36%aoano.A taxade impostosobre a renda é de 30%. Os valores projetados o são todos em moeda da data dareunião. Vendas acima de $ 12.000M somente poderiam ser conseguidas comacréscimodasdespesasdepromoçãoepropaganda,novalorde$500Manuais.Acimade $ 15.000M, seria necessário nova expansão, o que alteraria completamente aestruturadecustos.
Pede-se:1.Ovaloresperadodolucroporaçãonastrêsalternativas.
Ocoeficienteestatísticodevariaçãodastrêsalternativas.
Considerando-se um administrador nem muito conservador nem exageradamenteagressivo, que política ou curso de ação tomaria? Justifique detalhadamente. Leve emconta, também, o valor absoluto do lucro em reais emcadaalternativa e nãoapenasolucroporação.Estaúltimaconsideraçãopoderiaalterarcompletamenteaabordagemsefosseadominante?Porquê?
1.
2.
3.
SOLUÇÃOPARCIAL(ENCAMINHAMENTO)
O valor esperado do lucro por ação, para cada uma das três alternativas definanciamento, será obtido multiplicando-se o valor do lucro por ação em cadaalternativaeparacadaníveldevendaspelaprobabilidadeassociadaaoníveldevendasrespectivo e somando-se os resultados assim obtidos. Assim, suponha que, naalternativadeempréstimo,oslucrosporaçãoapontassem:
Para vendasde12.000M,$1,20; para vendasde13.200M,$1,50; e para vendasde15.000M,$1,70.
Olucroesperado,emtaiscircunstânciasseria:
Em outros termos, é a raiz quadrada do somatório dos desvios em relação ao valoresperado(elevadosaoquadrado)divididapeloprópriovaloresperado.
0,30×$1,20+0,45×$1,50+0,25×1,70≅ $1,46Deveremos efetuar o cálculo do lucro por ação esperado para cada opção definanciamento. A opção que tiver o maior lucro por ação esperado será, sob esseprisma,amelhor.
Ocoeficientedevariação, tambémasercalculadoparacadaopçãode financiamento,dáumaideiadoriscorelativodecadaopção.
Comosvaloreshipotéticossupra,seriaassimcalculado:
Emnossoexemplo,seriaiguala0,13,aproximadamente.
Quantomaiorocoeficiente,maiorograuderiscoenvolvidopelaalternativamensurada.
É importante a mensuração do coeficiente, pois a administração poderá comparar olucro por ação esperado em cada alternativa com o grau de risco da alternativa paraescolheraquelhepareceamelhor.
É com tais informações,mais os cálculos de alavancagem financeira e operacional emaisasprojeçõesdetendências,quepoderemosresponderaoitem3.
Emborapossamoscoadjuvaradecisãocomtaiscálculos,opesoquecadaadministração,maisoumenosconservadora,daráaosváriosfatoreséalgoextremamentesubjetivo.Porexemplo, algumas administrações mais agressivas darão maior peso ao valor do lucroesperadoporação.Outraslevarãoemgrandecontaorisco.
Na decisão final terá grande influência o grau de facilidade (ou dificuldade) com quepoderemosobterumníveldevendasquenosgarantaumretornodesejado.Paraisto,épreciso comparar o nível de vendas para o qual se fixou nossa decisão com a vendaesperada,queéasomadasmultiplicaçõesentreasváriasprobabilidadeseoníveldevendasrespectivo.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
_____________
MARTINS,Eliseu.AspectosdolucroedaalavancagemfinanceiranoBrasil.SãoPaulo:FEA/USP,1979.
Oestudodesteitemdocapítuloéfacultativo.
AscorreçõesefetuadasnestequadroenosseguintesestãobaseadasnosconceitosdoCapítulo 11. Ao calcular os valores, lembre-se de que, no exemplo, trata-se de itensmonetários.
VejaWESTON,J.Fred;BRIGHAM,E.F.Managerial finance. 5. ed.NewYork:DrydenPress,s.d.Capítulo18.
Os$300,00deDFnãoestãoincluídosnos$1.800,00.
Nestasfórmulasestamosadmitindoasimplificaçãodeconsiderarasdespesasfinanceirascomoúnicoitemrepresentativodasdespesasereceitasnãooperacionais.
Este problema é, inicialmente, uma adaptação e simplificação de uma aplicação maiscomplexa (que é apresentada às páginas 573 e 578 do citado livro de WESTON eBRIGHAM). Na verdade, a projeção de vendas e resultados deveria ser realizada paraváriosníveis,cadaumcomcertaprobabilidadedeocorrência,de formaque,atravésdocoeficiente de variação, pudéssemos estimar os riscos da captação de capital ou daobtençãodeempréstimos,alémdosefeitosdiferenciadosnolucroporação.Nestaversãosimplificada,trabalharemosapenascomumdemonstrativoprojetado.
Assim:
12.000.000 = 7.500.000 + 4.500.000 (estes $ 4.500.000 teriam entrado logo após obalançoinicial).
14.1
a)b)c)d)
14.2
1.2.
3.
4.
INTRODUÇÃO
Trataremosnestecapítulo,deformaresumida,dealgunsassuntosdeinteresseespecialequenão foramdiscutidosnoscapítulosanteriores.Nossadissertação focalizaráasseguintesáreas:
Superexpansão(Overtrading).VendaseCapitaldeGiro.ProblemasLigadosàMediçãodeLucroporAçãoPreferencialeOrdinária.RepresentaçãoGráficadeTendências.
SUPEREXPANSÃO
A superexpansão, também conhecida por overtrading, caracteriza-se por uma situação deexagerada expansão de planta, instalações e equipamentos da empresa, normalmentefinanciada em grande parte por capitais de terceiros, mormente durante ciclos de maiorprosperidadeemaiorestaxasdeinflação,àqualnãocorrespondeumaadequadaexpansãodovolumedenegócios(vendas).
Aconsequênciadasuperexpansãopodesercaracterizadapelosseguintessintomas:
desmobilizaçãodeequipamentoseinstalações,comprejuízosvultosos;aumento desmesurado das despesas financeiras, como consequência do grandevolume de recursos tomados por empréstimo, sem a compensação de um aumentoexpressivonasvendas;decréscimo da relação Patrimônio Líquido/Ativo Fixo (Permanente), significandotambémescassezdecapitaldegiroedifícilsituaçãofinanceira;tendência de permanência de certas despesas fixas e encargos, apesar dainexistênciade receitaadequada,oquedeterioraaindamaisa situação financeiraederentabilidade.
A tendência à superexpansão é muitas vezes notada em empreendimentos comandados
14.3
a)b)
a)
b)
por pessoas com mais propensão para a área técnica do que administrativa e financeira.Muitas pequenas e médias empresas nacionais sofrem deste problema, de forma crônica.Muitas vezes conseguem resistir por longo tempo e chegam até a superar naturalmente oproblema,maisdevidoàsnaturaiscondiçõesdeexpansãodenossaeconomiadoqueaumatomadaconscientedeposição.
VENDASECAPITALDEGIRO
Claramente, deve existir um relacionamento característico entre o volume de vendas de umempreendimentoeovalorcorrespondentedeseucapitaldegirolíquido.Evidentemente,paraacréscimosnasvendasserãonecessáriosacréscimosnocapitaldegiro,comoconsequênciada maior necessidade de compras de mercadorias ou insumos, do maior investimento emrecebíveis etc. Note-se, todavia, que o próprio valor das vendas serve para incrementar ocapitaldegiro.
Muitasvezesosempresáriosegerentesestãointeressadosemconhecerorelacionamentoentreosacréscimosdevendaseosacréscimosdecapitaldegiro.Apesardeváriastentativasrealizadas, não existe uma fórmula mágica que nos aponte, em qualquer circunstância, talrelacionamento. As situações podem ser diferenciadas, antes do acréscimo de venda: umaempresapodedispordeboapartedosestoques,aopassoqueoutratalveztenhadeprimeiroadquirir tais insumos.Umaempresapode terumnívelde recebíveisdecurtíssimoprazo,aopasso que outra pode demorar bastante tempo para receber seus recebíveis. Todas estascondiçõesafetarãoorelacionamentoentrevendasadicionaisecapitaldegirolíquido.Umadasformasdetermosumaideiadorelacionamentoé,realmente,dividirmosasVendaspeloCapitalde Giro Líquido, em vários períodos passados, a fim de avaliarmos uma tendência derelacionamento.Afórmulaadequadaseria:
Suponhamosque,comcertaregularidade,talrelacionamentosemantenhaemtornode3.Seprevirmosumacréscimonasnossasvendasde50%,digamos,de$1.500.000,00para$2.250.000,00, o Capital de Giro Líquido Médio deveria passar de $ 500.000,00 para $750.000,00.Isto,entretanto,equivaleriaaadmitir:
quearelaçãoestabelecidanopassadoeraaidealoupelomenosrazoável;queasmesmascondiçõesirãoprevalecernofuturo.
Suponhamosqueparaproduzirmosevendermos50%amaisnecessitemosde:
política agressiva de vendas, comconsequente aumento dasdespesas comvendas,descontoscomerciaisefinanceiros;estabelecimentodeumturnoextrade trabalhona fábrica,comconsequenteaumentodoscustosdemãodeobra,maiordesperdícioetc.
Tudo isto irá alterar, em maior ou menor grau, o relacionamento obtido no passado e
14.4
14.4.1
14.4.2
deveráserlevadoemcontapelogerente.
Asuperexpansão,citadanoitem14.2,acarretagrandesproblemasparaumaboarelaçãovendas/capital de giro. Para vender mais, imobiliza-se em equipamentos necessários paraproduzirmais,enfraquecendo,quandotalimobilizaçãoéexcessiva,ocapitaldegirolíquidodaempresa.
ALGUNSDOSPROBLEMASLIGADOSÀMEDIÇÃODELUCROPORAÇÃOPREFERENCIAL(ADIVIDENDOSFIXOS)EORDINÁRIA
Coberturadedividendospreferenciais
Ocálculodolucroporaçãoemseusentidoglobal,dividindo-seolucrolíquidoapósoimpostode renda pelo número total de ações, incluindo-se as preferenciais, tem um valor indicativobastante reduzido, pois usualmente os direitos dos portadores de tais tipos de ações sãodiferenciados.
Suponhamosqueosdividendosfixospreferenciaisporaçãosejamde$6,00.Seexistirem10.000açõespreferenciais,deveremospagar$60.000,00emdividendospreferenciais.Umaboamedidaédividirmoso lucro líquido(apóso IR)pelovalordosdividendospreferenciaisaserem pagos. Suponhamos que o lucro líquido seja de $ 180.000,00. Assim, $180.000,00/60.000,00 = 3. Este método é razoável se não tivermos tido financiamentos,debênturesouempréstimos.Nocasodeexistiremtaisendividamentos,osencargossobreelestêmpreferênciasobreosdividendospreferenciais fixosesobreo lucrodasaçõesordinárias.Noexemplocitado,suponhamosqueos juroseasdespesas financeirassobredívidassejamde$20.000,00.Umamelhormedidadonúmerodevezesemqueosdividendospreferenciaisforam“ganhos”pelolucroseriacomputadadaseguinteforma,segundoalgunsautores:
Valorcontábildeumaaçãoordinária
Suponhamosaseguintesituação:
AçõesPreferenciais(a8%dedividendosfixos),ValorNominalde$300,00,600ações $180.000,00
14.4.3
14.5
AçõesOrdinárias,ValorNominalde$300,00,1.500ações $450.000,00
LucrosAcumulados $150.000,00
OValorContábilseriacalculadoconformesegue,paraumaaçãoordinária:
Se, todavia,existirobrigatoriedadedepagamentodosDividendosPreferenciais,devemossubtrair dos lucros acumulados 8% de $ 180.000,00, pois os pagamentos de dividendospreferenciaistêmprioridade.Assim,ovalorcontábildeumaaçãoordináriaseria:
Lucroporaçãoordinária
Nocasodoexemplodoitem14.4.1,olucroporaçãoordináriaseriaiguala:
Emoutraspalavras,olucroporaçãoordináriaéigualaolucrolíquido(DIR)menosovalordosdividendospreferenciaisaserempagos,divididopelonúmerodeaçõesordinárias.
Se, noexemplo, o númerodeaçõesordinárias for de30.000, o lucropor açãoordináriaseráde:
REPRESENTAÇÃOGRÁFICADETENDÊNCIAS
Lembramos,nestaaltura,maisumavez,queaanálisedebalançosnãoéfeitaapenasatravésdo cálculo de quocientes e índices. Na verdade, o arsenal do analista compreende osmaisvariadoscálculos, comparaçõese tendências,embora, semdúvida,aanáliseporquocientesseja amais importante.As representaçõesgráficasqueapontamaevoluçãodeum itemoucomparamdois oumais itens são elementos de visualização importantes, que nos permitemestabelecertendências.
Osmétodosprincipaisderepresentaçãográficadetendênciassãodois:
1.2.
gráficoemescalaaritmética;gráficoemescalasemilogarítmica.
Osgráficosdotipo1mostramasvariaçõesemvaloresabsolutosdositensestudados,aopassoqueosgráficosdo tipo2demonstramoscoeficientesdevariação,determinadospelainclinaçãodaslinhas.
O papel semilogarítmico permite-nos colocar valores das mais variadas magnitudes namesmafolha.Estádivididoemtrêsciclos:oprimeiro,de100a1.000;osegundo,de1.000a10.000;o terceiro,de10.000a100.000.Note-sequeadistância,noeixovertical,de500a1.000,porexemplo,éidênticaàdistânciaentre2.000a4.000,entre5.000e10.000,eassimpor diante. Portanto, a escala vertical está construída de forma tal que espaços iguaisrepresentamproporçõesiguaisdevaloresmonetários.
Suponhamosaseguintesérie,entreVendaseEstoque(exemploadaptadodeMYER,J.N.Análisedasdemonstraçõesfinanceiras.SãoPaulo:Atlas,1976.p.190-197).
Ano $Vendas Índices $Estoque* Índices
1o 250.000,00 100 25.000,00 100
2o 240.000,00 96 30.000,00 120
3o 207.500,00 83 21.750,00 87
4o 195.000,00 78 16.250,00 65
5o 225.000,00 90 24.000,00 96
*Empoderaquisitivoconstante.
Na ilustraçãooriginalasvendas referem-seaosperíodos,eosestoques,ao fimdecadaperíodo. O mais adequado seria comparar as vendas com os estoques médios de cadaperíodo.
ApresentamosnasFiguras14.1,14.2e14.3, respectivamente,a representaçãodosdoisitens em: (a) escala aritmética; (b) escala semilogarítmica; e (c) índices de tendências emescalasemilogarítmica.
Figura14.1 Gráficodoestoqueevendasdurantecincoanos,emdinheiro,naescalaaritmética.
Figura14.2 Gráficodeestoqueevendasdurantecincoanos,emdinheiro,naescalasemilogarítmica.
Figura14.3
••••••
Índicesdetendênciadurantecincoanos.
Pode-seobservarquenaescalaaritméticaasvendasapresentamumatendênciadequedaaparentemente maior do que os estoques. Isto é devido ao maior volume monetário dasvendas.Realmente,averdadeiratendênciaficaesclarecidanográficosemilogarítmico.Entreosegundo e o quarto ano a queda do estoque, percentualmente, foi muito maior que a dasvendas.
AFigura14.3nadamaisédoquea14.2,colocando-seapenasasduaslinhasnamesmaorigem (100%). Representa a progressão de vendas e estoques em relação ao ano-base(índice100ou,emporcentagem,100%).
Sãoúteis,dentreoutros,osseguintesgráficosdetendências(nummesmográfico):
Patrimôniolíquidoeativoimobilizado.Vendas,estoquesevaloresareceber.Vendas,custodasvendaselucrobruto.Ativocorrenteepassivocorrente.Margemoperacionalegirodoativo.Etc.
Além do mais, pode ser de interesse avaliar tendências com relação a quantidades,isoladamente, ou quantidades e valores. Por exemplo: evolução do número de produtosvendidos; ou evolução comparativa da quantidade de produtos vendidos e de seucorrespondentevaloremreais.
Exemplo:Certamercadoriafoitransacionadanasquantidadesevalores,comosegue:
ValoresdeVenda
Ano Quantidades Índices(nominais)
Índices
1o 1.500.000 100 $5.475.000,00 100
2o 1.450.000 97 6.086.375,00 111
3o 1.512.000 101 7.552.478,00 138
4o 1.300.000 87 9.090.950,00 166
5o 1.550.000 103 11.923.130,00 218
Note-sequea tendênciados valoresde vendaéenganosa, noquese refereàevoluçãoreal. A tendência em quantidades é mais indicativa, a esse respeito. Uma comparaçãointeressanteseriaentreasquantidadeseosvaloresdevendadeflacionadosou inflacionadosparaumadata-base.
Para finalizar, devemos lembrar queoutros tiposdegráficospodemser elaboradospararepresentar certas situações. Por exemplo, um círculo com fatias destinadas a representar,numa correspondência entre valores e porcentagens, o quanto cada tipo de ativo principal(Recebíveis,Estoques,Disponibilidades Imobilizaçõesetc.) representasobreoativo total,ouqual a “fatia” da área do círculo tomada por cada um dos ativos. Destacam-se tambémrepresentaçõesembarras,histogramasdefrequênciaetc.Semdúvida,todavia,paraaanálisefinanceira, num sentido dinâmico de tendência, os gráficos em escala aritmética esemilogarítmicasãoosmaisindicados.
RESUMODOCAPÍTULO
Este breve capítulo teve por finalidade apresentar de forma sumarizada alguns tópicosimportantesdaanálisedebalançosquenãohaviamsido suficientementeesclarecidosnoscapítulosanteriores.Assim,analisamosascausaseefeitosdasuperexpansão,abordamosos problemas envolvidos no relacionamento entre volume de vendas e necessidades decapital de giro líquido, não existindo, infelizmente, nenhuma fórmula capaz de resolver oassunto com suficiente grau de generalidade e segurança. Foram também analisados,elementarmente,certoscuidadosquedevemser tomadosaocalcularmoso lucroporação,levando-seemcontafatorestaiscomo:despesasfinanceiras,dividendospreferenciaisfixose dividendos cumulativos não pagos. Finalmente, foi apresentada uma noção das formasalternativas de representação gráfica de tendências. Julgamos desnecessário apresentar
exemplos mais numerosos de representação gráfica, pois, entendendo o exemploapresentado, o leitor será capaz de elaborar uma série deles, de acordo com aspeculiaridadesdecadaempresa.
15.1
15.1.1
EVA®–EconomicValueAdded
Conceito
OEVA® é marca registrada e explorada pela Stern Stewart & Co. (para maiores detalhesacessar a página http://www.sternstewart.com). Esse índice foi criado com os seguintesobjetivos, segundo Stewart (2005, p. 25): “[...] o EVA® é amedida ideal para estabelecerobjetivos, avaliar desempenho, determinar políticas de remuneração de executivos,comunicar-secomosinvestidores,decidirsobreoorçamentodecapitalerealizaravaliaçõesdequalquernatureza”.
Afinalcomoentãopodemosdefini-lo?Segundoocriadordamarcaregistrada(emboraoconceitodeEVAexistahámuitotempo
naContabilidade),Stewart (2005,p.131): “Ovalor econômicoagregado (EVA)éamedidaquecontabilizadeformaapropriadatodasascomplexastransaçõesenvolvidasnacriaçãodevalor.Écomputadotomando-seadiferençaentreataxaderetornosobreocapitalreocustodocapitalc.”
Continua Stewart (2005, p. 132): “O EVA é receita residual, ou os lucros operacionaismenos o custo pelo uso do capital. Tendo-o como uma medida de desempenho, umaempresaé, comefeito, cobradapelos seus investidorespelousodo capitalmedianteumalinhadecréditoquepagajurosaumataxac.”
Com a definição acima se percebe o conceito fundamental e inovador desse índice. Éinovadorporqueconsideraqueoinvestimentoefetuadopeloacionistadeveserremuneradoaumataxamínima;assim,umaempresa,alémdolucrooperacional,devehaverlucrosuficienteparacobrir,pelomenos,aremuneraçãomínimaesperadapeloacionista.
Uma empresa que não remunere devidamente os seus acionistas é uma empresa quedestróivalor, fatalmente lhefaltarão investidores.Assim,oEVA®pode refletir tantoamedidadevalordaprópriaempresacomoodesempenhodela.
Os índices convencionais não consideram a remuneração do acionista; com isso, vemcrescendo o número de empresas quemedem o seu resultado por este indicador. Ele é a
15.1.2
15.1.3
versãomodernado lucro,pois,em resumo,oEVA® éo lucrooperacionalmenosocustodocapitalinvestido.
Cabe aqui salientar que o EVA®, em relação ao fluxo de caixa descontado, é um índicemaisobjetivo,nãotemestimativas,evitandoassimjulgamentosemanipulaçõesdaspremissase dos resultados, o que facilita no momento de decidir e acompanhar a remuneração dosgestores.
Fórmula
Afórmulaéextremamentesimples,masdegrandeconteúdo:
EVA®=NOPAT–(C%×TC)EVA=EconomicValueAdded(ValorEconômicoAdicionado)NOPAT = Net Operating Profit After Taxes (Lucro Operacional Líquido Depois dos
Impostos)C%=PercentualdocustodocapitalinvestidoTC=TotalCapital(Capitaltotalinvestido)
Ajustesdasdemonstraçõesfinanceiras
Stewart considera que para obtenção de umNOPAT e de umCapital adequado há que sefazeralgunsajustesaosnúmerosdoslivroscontábeis.Ajustesquevisameliminarlançamentossem efeito caixa. Seguem algumas considerações importantes para os ajustes dasdemonstrações contábeis. Cabe ressaltar que a lista abaixo não tem a intenção de esgotartodas as possibilidades, mas apenas de citar alguns exemplos, mesmo porque os ajustesdependemmuitodarelevânciadonúmeroedofocodaempresanocálculo.
a)DepreciaçãoNoresultadoparaefeitodeNOPAT,adepreciaçãoestáconsideradadentrodoscustose
despesas operacionais. É correto manter o efeito da depreciação, pois ela representa aamortização econômica do investimento nos ativos que devem ser repostos para acontinuidadedaempresa.
b)ProvisõescontábeisAs provisões contábeis embasadas no princípio do conservadorismo e da competência,
segundo Stewart, não devem ser consideradas no cálculo do EVA®. Para o cálculo só sedevem considerar lançamentos com efeito caixa. Podemos citar como exemplos a PDD(provisão para devedores duvidosos), as provisões para garantia e as provisões paracontingências.
15.1.4
Lembrar que, para o cálculo do EVA®, na efetiva ocorrência do fato (que já estavaprovisionado nos livros contábeis) o ajuste faz-se necessário diretamente no resultado. Porexemplo,nocasodeumclienteemqueseesgotaramaspossibilidadesderecebimento,paraacontabilidadeseriaum lançamentodebaixadaPDD, jáparaosajustesdeEVA®, somentenessemomento,deve-sereconheceroefeitonoresultado.
SeguemoutroslançamentoscontábeisqueparacálculodoEVA®devemreceberajustes:
c)ProvisãoparaimpostosdiferidosAsprovisõesdeimpostosdiferidossãooriundasdasdiferençastemporaisentreoLALURe
osdemonstrativoscontábeis,nasuamaioriasãodelongoprazo.Assim,paraefeitodoEVA®,devemserconsideradasnoPatrimôniolíquido.
d)AmortizaçãodeGoodwillOGoodwill referente à aquisição de participação acionária deve ser mantido na conta
investimento pelo seu valor original, assim não devendo ocorrer amortização; portanto, parafinsdoEVA®,aamortizaçãocontábildeveserestornada.
e)ParticipaçãodeminoritáriosExclui-sedocapitalessalinhadeparticipaçãodeminoritários,poisessalinhanãoserefere
àparticipaçãodoacionárioprincipal.
f)GastoscomreestruturaçãoCaso esse gasto tenha sido lançado, nos livros contábeis, diretamente para o resultado,
eledeveserestornado,tantodoresultadodoexercíciocomodoslucrosacumulados,nocasodeexercíciosanteriores,econsideradocomouminvestimentopermanentesemamortização.
NOPAT
Encontram-seduasformasdecálculodoNOPAT:aformafinanceiraeaformaoperacional.Asduaschegamaomesmovalor.Nestecapítulooptou-sepordemonstrara formaoperacional,poisessaédemaisfácilcompreensão.
Stewart(2005,p.97)explica:“Apartirdeumaperspectivaoperacional,oNOPAT,équasequeliteralmente,olucrooperacionallíquidoapósimpostos.”
Assim, o NOPAT (lucro operacional líquido após impostos) pode ser representado daseguintemaneira:
Receitaslíquidas
(–)Custosedespesasoperacionais
a)
b)
(–) (–)
(=) (=)
(–) (–)
(=) (=)
(=)Lucrooperacionalantesdosimpostos
(–)Impostos(líquidosdoefeitodejurosdecapitaldeterceiros)
(=)NOPAT(Lucrooperacionallíquidoapósimpostos)
NocasodoNOPATlembrarque:
DespesasfinanceirasEm nenhum momento são consideradas as despesas financeiras no cálculo do NOPAT.
IssoporquenafórmuladoEVA®opercentualdocustodocapitalinvestido(%C)éoresultadoda ponderação entre o custo do capital de terceiros e próprio. Por isso as despesasfinanceiras(custodecapitaldeterceiros)nãosãoconsideradasatítulodeevitaraduplicidadenocálculofinaldoEVA®.
Imposto de renda – Ajuste dos impostos economizados pelas despesasfinanceiras
Apartir domomento emque há despesas financeiras na demonstração de resultado elareduzo lucro,que,porsuavez,reduzabasedecálculodos impostosapagar.Assim,comoháoexpurgodosjurospagos,deve-setambémdesconsideraroefeitopositivonoImpostodeRenda. Em outras palavras, deve-se adicionar ao NOPAT o valor de Imposto de Rendarelacionadoaosjurosfinanceirospagos.
Veja um exemplo de comparação entre a demonstração do resultado e o cálculo doNOPAT:
DemonstraçãodoResultado NOPAT
ReceitaBruta ReceitaBruta
Impostosededuções Impostosededuções
ReceitaLíquida ReceitaLíquida
Custodosprodutosvendidos Custodosprodutosvendidos
LucroBruto LucroBruto
(–) (–)
(=) (=)
(–) (–)
(=) (=)
(+)
(–)
(=) (=)
(±)
(=) (=)
(–) (–)
(–) (–)
(=) (=)
15.1.5
DespesasOperacionais DespesasOperacionais
EBITDA(EarningsBeforeInterestTaxDepreciationand
Amortization)
EBITDA(EarningsBeforeInterestTaxDepreciationand
Amortization)
Depreciação Depreciação
EBIT(EarningsBeforeInterestTaxes) EBIT(EarningsBeforeInterestTaxes)
ReceitaFinanceira
DespesaFinanceira
LucroOperacional NOPBT(Netoperatingprofitbeforetaxes)
Itensextraordinários
Lucroantesdosimpostos NPBT(Netprofitbeforetaxes)
ImpostodeRendaeCSSL ImpostooperacionalcomefeitoCaixa
Participaçãodeminoritários Participaçãodeminoritários
LucroLíquido NOPAT
TotaldeCapitalInvestido(TC)
SegundoStewart (2005,p.78): “Ocapitaléamedidade tododinheirodepositadoemumaempresa,durantesuaexistência,semreferênciasa fontesdefinanciamento,nomecontábiloufinalidadedoempreendimento–comosetalempresafosseumacontadepoupança.Nãoimporta seo investimentoé financiado comcapital próprio oude terceiros, tampouco seéempregadoemcapitaldegiroouemativos.Dinheiroédinheiro,eaquestãoéquãobemaadministraçãooemprega.”
CabeaquienfatizarqueparaocálculodoEVA®oCapitaléasomadoCapitaldeterceiros
15.1.6
ke=Rf=
eCapitalprópriodaempresa,easomadosrecursosaplicadosparaqueelagereresultado.
Percentualdocustodocapitalinvestido–%C
Toda empresa, visando financiar suas operações, poderá, em sua estrutura, conterendividamento por capital de terceiros e pelo capital próprio. Esse financiamento dasoperaçõesgeraumcustochamadoCustodeCapital.
Para cálculo do percentual do custo do capital investido (% C), aplica-se a fórmula doWACC (Custo médio Ponderado de Capital ouWeighted Average Cost of Capital). Ele emresumorepresentaoretornomínimoqueacompanhiaesperaobter,considerandoacaptaçãoporcapitalpróprioedeterceiros.
Seguefórmula:
WACC=kd×(1–T)×(D/C)+ke×(E/C)
kd=custodecapitaldeterceiroske=custodecapitalpróprioD/C=CapitaldeTerceiros/CapitalTotalE/C=CapitalPróprio/CapitalTotalT=taxaefetivadeimpostospagossobrecapitaldeterceiros
O capital de terceiros,Kd, tem seu custo definido quando da decisão de captação pelaempresa.Éumcustoquefacilmenteseráencontradonasdemonstraçõesfinanceiras.
O custo do capital próprio,Ke, é um custo que não se obtém diretamente dos livros dacompanhia.Eledevesercalculado.
Sabe-se que o acionista espera uma remuneração mínima, um custo de oportunidade.Pode-seassimdizerqueeleaomenosesperaumaremuneraçãoequivalenteadeumativoderiscosemelhantenomercado.
Tendo isso em vista, o cálculo do Ke baseou-se em uma fórmula, vinda da CiênciaFinanceira,deapreçamentodeativos.Essafórmulaconsideraosretornosmédiosdomercadofinanceiro, o risco do ativo estudado e a taxa de retorno livre de risco. Esse é o modelodenominadodeCAPM(CapitalAssetPricingModelouModelodePrecificaçãodeAtivosdeCapital).Eleéformadodaseguintemaneira:
ke=Rf+[βe×(km–Rf)]
Onderetornoexigidosobreoativo,paraessecaso,oretornoexigidopeloacionistataxaderetornolivrederisco.Taxamedida,geralmente,peloretornomédiodoTítulodoTesouroNorte-Americanode10anos(T-BOND10anos)
βe=
15.2
15.2.1
coeficiente beta do ativo. Mede o risco do ativo, no caso, da empresa que desejacalcularoEVA®,emrelaçãoaomercado
AplicandooCAPMseencontraráocustodocapitalpróprioparautilizaçãona fórmuladoWACCeconsequentementeovalordo%CparautilizaçãonafórmuladoEVA®.
VALORADICIONADO
Conceito
A Lei no 11.638/2007 torna obrigatória a Demonstração do Valor Adicionado para ascompanhiasabertas.
Muito comum na Europa, procura evidenciar para quem a empresa está distribuindo arendaobtida.
Sesubtrairmosdasvendastodasascomprasdebenseserviços,teremosomontantederecursos que a empresa gera para remunerar salários, juros, impostos e reinvestir em seunegócio, isto é, o montante de valor que a empresa está agregando (adicionando) comoconsequênciadesuaatividade.
Imagine,porexemplo,aprefeituradeumacidadeterque tomaradecisãodereceberounão determinada empresa em seu município. A pergunta correta seria: quanto determinadaempresavaiagregaremrendaparaaregião?
Paramelhoranálise,elasolicitaumaDemonstraçãodoValorAdicionadodaempresa,quemostraoseguinte:
Ano1 % Ano2 %
Vendas 5.000 – 5.000 –
(–)ComprasdeBens/Serviços (2.500) – 2.000 –
ValorAdicionado 2.500 100% 3.000 100%
DistribuiçãoValorAdicionado
Salários
PessoaldeFábrica 500 20% 510 17%
PessoalAdministrativo 400 16% 480 16%
36% 33%
Diretoria/Acionistas
Pró-Labore(HonoráriosDir.) 800 32% 1.050 35%
Dividendos 250 10% 360 12%
42% 47%
Juros 150 6% 90 3%
Impostos
Municipal 25 1% 30 1%
Estadual 50 2% 60 2%
Federal 75 3% 90 3%
6% 6%
Reinvestimento 200 8% 270 9%
Outros 50 2% 60 2%
Na Demonstração do Valor Adicionado, observa-se que o item Impostos permaneceinalterado, o que propicia melhor análise para a prefeitura. Todavia, o valor do impostorecolhidoaomunicípioémuitobaixo.
Comessesdados,caberiaanalisarseopequenoimpostoparaomunicípioeoacréscimo
nofluxoderendaemsaláriodepessoasqueresidirãonaregião(gerandomaisnegócios,maisarrecadação) compensarão o acréscimo no orçamento e o benefício da vinda da empresaseriaviável.
EXEMPLODEDVA
DEMONSTRAÇÃODOVALORADICIONADO–CIA.IMCS.A. ANÁLISEVERTICAL
ReceitaOperacional 1.000.000 100%
(–)CustodaMercadoriaVendida(Compras) (750.000) 75%
ValorAdicionadoBrutoGeradonasOperações 250.000 25%
(–)Depreciação (20.000) 2%
ValorAdicionadoLíquido 230.000 23%
(+)ReceitaFinanceira 15.000 1,50%
ValorAdicionado 245.000 24,5%
DistribuiçãodoValorAdicionado 245.000 100%
Empregados 132.300 54%
Emprestadores–Juros 61.250 25%
Sócios/Acionistas(Dividendos+Lucros)+Reinvestimentos 38.950 10%
Impostos 12.500 5%
1.
2.
3.
ParaanalisarmosoValorAdicionado, temososseguintesdadoscomplementaresdaCia.IMCS.A.:
Ativo=R$2.000.000,00NodeFuncionários=40Assim:
PotencialdoAtivoemGerarRiqueza
EsteíndicemedequantoquecadarealinvestidonoAtivogeraderiqueza,asertransferidoparaváriossetoresqueserelacionamcomacompanhia.
RetençãodaReceita
Esteíndicemostraquantoficadentrodaempresadariquezaporelageradaembenefíciodosfuncionários,acionistas,governo,financiadoreselucroretido.
ValorAdicionadoPerCapita
Este índicemostra comquanto cada funcionário contribuiuparaageraçãoda riquezadacompanhia;podemosatédizerqueéumindicadordeprodutividade.
Tendo em vista o exemplo daCia. IMCS.A. ainda temos, conforme o quadro na página
15.3
15.3.1
255,osíndicesdedistribuiçãodariquezagerada:
EBITDA(EARNINGSBEFOREINTERESTS,TAXES,DEPRECIATIONANDAMORTIZATION)–OULAJIDA(LUCROANTESDOSJUROS,IMPOSTOS,DEPRECIAÇÃOEAMORTIZAÇÃO)
Conceito
15.3.2
OutroindicadorfinanceiroamplamenteutilizadopelosusuáriosdasdemonstraçõesfinanceiraséoEBITDA(EarningsBeforeInterests,Taxes,DepreciationAndAmortization).Indicadorquevem sendo analisado desde a década de 1970 nos EUA e mais recentemente no Brasil,principalmenteapósareduçãodainflaçãoeaquecimentodomercadofinanceiro.
O EBITDA é uma medida essencialmente operacional, desconsidera os efeitos dosresultados financeiros, assim revelando o potencial da empresa para a geração de caixaoperacional.
Cabe aqui salientar que esse indicador não representa o valor de caixa, porém acapacidade que a empresa tem para a formação de resultado operacional. Isso porque, apriori, o cálculo está embasado nas demonstrações de resultado que são formadas sob aóticadoPrincípioContábildaCompetência.
FórmulaEBITDA
SegueumexemplodecálculoparaoEBITDA,obtidoatravésdaestruturadasdemonstraçõesfinanceirasdeResultado:
Demonstraçãode
Resultado$
ReceitaBruta 1.600.000,00
DeduçõesReceita
Bruta(160.000,00)
ReceitaLíquida 1.440.000,00
CMV (864.000,00)
LucroBruto 576.000,00
Despesas
operacionais(250.000,00)
Depreciação (60.000,00)
ReceitaFinanceira 1.500,00
Despesas
Financeiras(52.760,00)
LucroBruto 214.740,00
IR+CSSL (59.272,80)
LucroLíquido 155.467,20
EBITDA $ AnáliseVertical
ReceitaBruta 1.600.000,00 100,00%
DeduçõesReceitaBruta (160.000,00) –10,00%
ReceitaLíquida 1.440.000,00 90,00%
CMV (864.000,00) –54,00%
LucroBruto 576.000,00 36,00%
Despesasoperacionais (250.000,00) –15,63%
(=)EBITDA 326.000,00 20,38%
Depreciação (60.000,00) –3,75%
ReceitaFinanceira 1.500,00 0,09%
(+)(+)(±)(+)(–)(=)
DespesasFinanceiras (52.760,00) –3,30%
LucroBruto 214.740,00 13,42%
IR+CSSL (59.272,80) –3,70%
LucroLíquido 155.467,20 9,72%
EmdestaqueoEBITDAde20,38%,eoLucroLíquidode9,72%.Umaapresentaçãodestanatureza demonstra, ao leitor das demonstrações contábeis, uma clara ideia do cálculoefetuado para a formação da medição econômica, proporcionando assim uma maneira decomparaçãodoíndicecomodeoutrascompanhias.
Oexemplocitadonãotemapretensãodeserapresentadocomoumasoluçãoúnica.VemsendoobservadopelasentidadesrepresentativasdomercadodecapitaisqueainformaçãodoEBITDAestásendoelaboradaedivulgadadeformamuitoparticularpelascompanhiasabertasedeformadivergenteentreelas.Essasituaçãotornadifícilcompreendertantoaformaçãodonúmero apresentado quanto a sua integração ou conciliação com os outros números daDemonstraçãodoResultado,alémdenãosercomparável.Essasmedições,portanto,nãosãodiretamenteextraídasdamesmaestruturadademonstraçãodoresultadoconstruídasegundoos princípios e normas contábeis, mas incluem e excluem montantes não previstos nessasnormas.
Asmediçõesnãobaseadasemnormascontábeissãodefinidascomoaquelasqueincluemou excluem montantes não previstos nas medições econômicas associadas às normascontábeis mais diretamente comparáveis. Esses ajustes pretendem refletir a visão daadministração sobre a geração de recursos pela companhia, mas devem, também,estabelecerumarelaçãocomasmediçõesprevistasnasnormascontábeis.Comoexemplo,acompanhia, ao divulgar uma medição semelhante ao EBITDA, deve estabelecer umareconciliação com a medição econômica baseada nas normas contábeis mais diretamentecomparávelcomoLucroOperacional.Nessecaso,areconciliaçãopoderia,porexemplo,teroseguinteformato:
LucrooperacionaldespesasfinanceirasdepreciaçãoamortizaçãodeágiooudeságiooutrasamortizaçõesdespesasnãorecorrentesLucro antes dos Impostos, Juros, Depreciações e Amortizações – LAJIDA
(EBITDA)
Uma reconciliação desta natureza dá ao leitor das demonstrações contábeis uma claraideiadocálculoefetuadopelaadministraçãoeumpoderdeexplicaçãosobrea formaçãodamediçãoeconômicaedecomparaçãocomoutrascompanhias.
O exemplo citado serve unicamente como um possível exercício de julgamento doadministrador e não tem a pretensão de ser apresentado como uma solução única para oproblema dos itens que devem ser incluídos ou excluídos em cada medição divulgada.Presume-seque,emcadaentidade,existeanecessidadedeesclarecimentocomplementareespecífico às medições divulgadas dos conceitos e objetivos subjacentes à elaboração edivulgação, considerando-se esse conjunto como base para a compreensão pelo usuário daconstrução damedição não baseada na estrutura contábil elaborada segundo as normas epráticascontábeis.
Odestaquedasreceitasfinanceiras,porexemplo,presume-sequesejaútilporqueprovémde administração de ativos que, nesse caso, foram associados a um conceito de resultadooperacional, preferido pelo administrador nesse exemplo. Nesse mesmo ponto de vista, amedição com as receitas financeiras foi julgada como a que melhor representa os itensenvolvidosnociclodonegócio,comoécostumeiro,porexemplo,nocasodoramovarejista.Aexclusãopoderia considerarummontanteexcessivododisponível, que teria comoobjetivoapreparaçãodeuma futuraaquisição,ouseja,queestá foradociclodenegócioshabitualdaempresa.Aexclusãototaldasreceitasfinanceiras,naóticadousuárioexterno,tambémpodeser considerada uma simplificação nos casos em que não há detalhamento sobre a suanatureza. Outros itens para a construção do EBITDA também podem ser considerados, acritériodaadministração,comoainclusãodedespesasnãorecorrentes,ouseja,asquenãoseesperamquesejamincorridasnospróximosexercícios.
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