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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Engenharia Mecânica AUGUSTO YASSUO TEOI Análise dos Fatores Críticos de Sucesso (FCS) na implantação da metodologia Dimensional Management System (DMS) em indústrias do ramo metal-mecânico CAMPINAS 2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Mecânica

AUGUSTO YASSUO TEOI

Análise dos Fatores Críticos de Sucesso (FCS) na

implantação da metodologia Dimensional

Management System (DMS) em indústrias do

ramo metal-mecânico

CAMPINAS

2016

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AUGUSTO YASSUO TEOI

Análise dos Fatores Críticos de Sucesso (FCS) na

implantação da metodologia Dimensional

Management System (DMS) em indústrias do

ramo metal-mecânico

Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de

Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de

Campinas como parte dos requisitos exigidos para obtenção

do título de Mestre em Engenharia Mecânica, na Área de

Materiais e Processos de Fabricação.

Orientador: Prof. Dr. Rosley Anholon

CAMPINAS

2016

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO

ALUNO AUGUSTO YASSUO TEOI, E ORIENTADO

PELO PROF. DR. ROSLEY ANHOLON

.......................................................................

ASSINATURA DO ORIENTADOR

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Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): Não se aplica.

Ficha catalográficaUniversidade Estadual de Campinas

Biblioteca da Área de Engenharia e ArquiteturaRose Meire da Silva - CRB 8/5974

Teoi, Augusto Yassuo, 1971- T264a TeoAnálise dos fatores críticos de sucesso (FCS) na implantação da

metodologia dimensional management system (DMS) em indústrias do ramometal-mecânico / Augusto Yassuo Teoi. – Campinas, SP : [s.n.], 2016.

TeoOrientador: Rosley Anholon. TeoDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade

de Engenharia Mecânica.

Teo1. Manufatura. 2. Estratégia. 3. Escala multidimensional. 4. Métodod de

pesquisa. 5. Administração da produção. 6. Produtividade industrial. I. Anholon,Rosley,1979-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade deEngenharia Mecânica. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Critical success factors (CSF) analysis on dimensionalmanagement system (DMS) implementation in metal mecanic industriesPalavras-chave em inglês:ManufacturingStrategyMultidimensional scaleResearch methodProduction managementIndustrial productivityÁrea de concentração: Materiais e Processos de FabricaçãoTitulação: Mestre em Engenharia MecânicaBanca examinadora:Rosley Anholon [Orientador]Anselmo Eduardo DinizPaulo Sérgio de Arruda IgnácioData de defesa: 05-08-2016Programa de Pós-Graduação: Engenharia Mecânica

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)

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Agradecimentos

Agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de contribuir para o enriquecimento do

conhecimento humano.

À UNICAMP, notadamente à Faculdade de Engenharia Mecânica, seu corpo docente e

administração, que me possibilitou a execução desta pesquisa.

Ao professor Eugênio Zoqui que me recebeu de braços abertos e me direcionou dentro do

Departamento de Engenharia de Manufatura para a continuidade deste projeto.

Ao meu orientador, conselheiro e amigo, Rosley Anholon, pelo suporte e todo o incentivo

durante essa jornada.

A minha família que sempre me incentivou, incondicionalmente.

E a todos que fizeram parte dessa conquista, auxiliando para a realização de um sonho, o meu

muito obrigado.

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Resumo

Essa pesquisa apresenta fatores considerados críticos para suportar a implantação da metodologia

Dimensional Management System (DMS) em indústrias do ramo metal-mecânico. Literatura

acadêmica correlacionada foi pesquisada e levantaram-se vinte e seis fatores considerados críticos

para apoiar a implementação da DMS. Tais fatores compuseram uma pesquisa com profissionais que

trabalham com a metodologia para coletar suas opiniões acerca de dois aspectos: (1) a importância

conceitual de cada fator e (2) o grau de aplicação desse mesmo fator em sua experiência profissional.

Finalmente, propõe-se um modelo de gestão que considera os fatores mais votados, a partir da análise

dos resultados da pesquisa por ferramentas multidimensionais estatísticas. A metodologia DMS

refere-se a um processo pelo qual todo o desenvolvimento integrado do produto, desde sua concepção,

design, fabricação e inspeção é sistematicamente definida e monitorada para cumprir as metas de

qualidade dimensional predeterminadas. A pesquisa foi realizada em duas abordagens diferentes para

proporcionar uma comparação clara entre estes dois aspectos aparentemente contrastantes. A

classificação segundo fatores de importância / aplicação é um modelo preliminar cuja intenção é

oferecer um modelo embrionário para pesquisadores interessados em continuar esta análise sobre o

tema ou oferecer um guia para indústrias interessadas na implantação dessa metodologia.

Palavras-chave: manufatura; estratégia; escala multidimensional; método de pesquisa; administração

da produção; produtividade industrial.

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Abstract

This research introduces critical factors that constitute a successful deployment of the Dimensional

Management System (DMS) methodology in manufacturing industries. A deep research on academic

literature was performed to raise twenty-six factors considered critical for a successful DMS

implementation. These factors were used in a survey with professionals that work in this area to

gather their opinion regarding two aspects: (1) the importance of each factor in a conceptual view

and (2) the degree of application of this same factor in their professional experience. Finally, it is

intended to propose a management model that considers the top rated factors obtained from the

survey results analysed by statistical multidimensional tools. DMS refers to a process by which the

whole integrated product development, from conception, design, fabrication and inspection is

systematically defined and monitored to meet predetermined dimensional quality goals. The survey

was conducted in two different approaches to providing a clear comparison between these two

contrasting aspects. The factors importance/application ranking is a preliminary model which

intention is to offer a first attempt for researchers interested in continuing this theme analysis or to

offer a clear guide for industries interested in such a methodology.

Keywords: manufacturing; strategy; multidimensional scale; research method; production

management; industrial productivity.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 9

1.1 Questões de pesquisa e objetivos ........................................................................................... 10

1.2 Estrutura da dissertação ......................................................................................................... 11

2 REVISÃO DA LITERATURA E ESTADO DA ARTE ....................................................... 12

2.1 Histórico da Dimensional Management System (DMS)........................................................ 12

2.2 Dimensional Management System (DMS) ............................................................................ 14

2.3 Fatores Críticos de Sucesso (FCS) na implantação da metodologia Dimensional

Management System (DMS) .......................................................................................................... 18

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................................... 29

3.1 Caracterização da pesquisa .................................................................................................... 31

3.2 Método de pesquisa ................................................................................................................ 35

3.3 Caracterização da amostra ..................................................................................................... 45

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E ANÁLISES .................................................... 50

4.1 Resultado referente à análise da consistência dos dados ....................................................... 51

4.2 Resultados referentes à eliminação dos pontos inconsistentes .............................................. 52

4.3 Resultados referentes à Análise Fatorial Exploratória (AFE) ................................................ 56

5 CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 63

5.1 Sugestão para futuras pesquisas ............................................................................................. 64

6 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 66

7 ANEXOS ................................................................................................................................... 71

7.1 Mapa de alocação dos FCS dentro do desenvolvimento integrado do produto ..................... 71

7.2 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ......................................................... 73

7.3 Carta de apresentação ............................................................................................................. 76

7.4 Questionário Dimensional Management System (DMS) ....................................................... 77

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1 INTRODUÇÃO

A variação dimensional ou geométrica em elementos mecânicos é inerente ao processo de

fabricação e não pode ser completamente eliminada por menor que seja, sendo necessário, portanto,

o estabelecimento das tolerâncias (CERQUEIRA, 2011; JEFFREYS, 2006). Nesse contexto, tome-se

como exemplo a fabricação de um lote de eixos pilotos para caixas de transmissão automotiva, sempre

existirão variações nas dimensões e geometrias quando realizadas comparações entre os eixos

produzidos neste mesmo lote (AGOSTINHO, 1972).

Defronte destas variações, torna-se necessário o estabelecimento do conceito de tolerâncias para

que a premissa da intercambiabilidade seja respeitada. A intercambiabilidade pode também ser

entendida como a capacidade de montar conjuntos mecânicos sem a necessidade de retrabalhos,

respeitando desta forma as características de projeto e as necessidades de um sistema produtivo

(WOMACK et al., 1990). Entende-se por tolerância como a faixa de intervalo dentro do qual um

elemento mecânico ainda preserva sua funcionalidade. Tais faixas podem apresentar afastamentos

permissíveis de ordem dimensional ou geométrica (macro e micro geométrico, como no caso das

rugosidades) (NOVASKI, 2011).

Importante salientar que as tolerâncias devem ser definidas pelos engenheiros de forma a

garantir um perfeito equilíbrio entre o atendimento às características de projeto do elemento mecânico

e os custos de fabricação. A adoção de tolerâncias mais justas do que as necessárias em um conjunto

mecânico, exige processos de fabricação mais precisos e robustos e, consequentemente, mais caros,

o que pode levar a um produto final com preço pouco competitivo. Por outro lado, ao se trabalhar

com tolerâncias mais folgadas do que as necessárias, consegue-se uma redução dos custos produtivos.

Neste caso, no entanto, aumenta-se o risco do elemento mecânico não possuir o desempenho

adequado, seja de ordem funcional, de fabricação ou estéticas (CHOI; PARK; SALISBURY, 2000;

CURTIS, 2002; OMBASIC; ZARE, 2013).

Assim, o estudo das variações dos processos de fabricação e das tolerâncias associadas a eles,

demonstra ser crítico para a competitividade de qualquer empresa do ramo metal-mecânico. Ressalta-

se também que a manufatura é um dos fatores que influenciam de forma determinante o desempenho

da empresa pois, para que ela venha a ter sucesso no mercado, deve possuir um sistema de manufatura

enxuto e eficiente (COLMANETTI, 2001).

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O controle dimensional das tolerâncias tem a finalidade de aferir os efeitos da variação

dimensional ao longo do processo de fabricação de peças e montagem de conjuntos mecânicos

(JEFFREYS, 2006). A Dimensional Management System (DMS) consiste no controle sistemático das

variações dimensionais ao longo da cadeia de fabricação, buscando assegurar a intercambiabilidade

dos produtos, além de manter os níveis de qualidade que atendam às demandas dos clientes (CURTIS,

2002).

Na DMS realiza-se o monitoramento sistemático de toda a cadeia de fabricação de um produto,

desde a concepção do projeto, o processo de fabricação até sua inspeção final, buscando garantir

requisitos de montagem e funcionalidade (JEFFREYS, 2006). Sua aplicação estende-se por diversos

setores essenciais ao desenvolvimento de uma nação, nos quais se faz necessário o uso de tolerâncias

e conjuntos mecânicos montados, como o setor automotivo, aeronáutico e petrolífero.

Nesse contexto, a implantação da DMS torna-se fundamental para essas empresas que atuam

num mercado altamente globalizado, no qual a redução dos custos na montagem e o ganho de

desempenho são, não apenas um diferencial competitivo, mas um requisito básico para garantir sua

perpetuidade. A implantação dessa metodologia não se limita a interpretações técnicas, nem

tampouco a julgamentos administrativos, mas, sobretudo, depende de uma análise multidimensional

de uma infinidade de fatores críticos de sucesso que guiarão esse processo de implantação.

Desta forma, frente a sua importância e direta correlação com as linhas de pesquisa

desenvolvidas na Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas, define-

se a análise dos fatores críticos para a implantação da DMS como temática a ser estudada por essa

dissertação.

1.1 Questões de pesquisa e objetivos

Mediante a importância que a DMS possui para setores chave da economia de um país e

visando gerir o processo de implantação desta ferramenta em empresas do ramo metal-mecânico, essa

dissertação se guiará pelas seguintes questões de pesquisa: (1) quais são os fatores críticos de sucesso

(FCS) associados à implantação da DMS em empresas do segmento aeronáutico, automobilístico e

petrolífero e, (2) baseado nesses fatores, qual a importância conceitual e qual o nível de aplicação

desses fatores, considerando o histórico de implantação da DMS, na concepção de profissionais que

atuam com a metodologia.

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Com o intuito de responder às questões de pesquisa apontadas, esta dissertação concentra-se no

seguinte objetivo: proposição de fatores considerados críticos para o sucesso da implantação da

metodologia DMS, ordenados segundo dois critérios: (1) escala de importância conceitual do fator e

(2) grau de aplicação desse mesmo fator baseado na experiência de profissionais que compuseram a

amostra da pesquisa. Nesse sentido, essa proposta está fundamentada no alinhamento entre o

conhecimento acadêmico e a experiência prática de profissionais que atuam com a DMS.

1.2 Estrutura da dissertação

Além deste capítulo introdutório, essa dissertação é composta por mais quatro capítulos, tendo

suas temáticas sintetizadas da seguinte maneira: O capítulo 2 apresenta uma revisão de literatura de

forma sistemática, expondo o contexto da engenharia dimensional, além de conceitos relacionados à

DMS e, por fim, evidencia os fatores considerados críticos para a implantação da metodologia. O

capítulo 3 - procedimentos metodológicos – destaca a classificação da pesquisa, o método utilizado,

as ferramentas estatísticas selecionadas - Alpha de Cronbach, diagrama de caixa (boxplot), Análise

Fatorial Exploratória (AFE) - e caracterização da amostra. O capítulo 4 dedica-se à apresentação dos

resultados e debates relacionados e, por fim, o capítulo 5 é dedicado às conclusões do trabalho, no

qual se pretende responder ao problema de pesquisa, confirmar ou negar a hipótese inicial e apresentar

as possibilidades de trabalho futuro decorrente dos resultados desta pesquisa.

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2 REVISÃO DA LITERATURA E ESTADO DA ARTE

No presente capítulo, o autor apresenta conceitos relacionados ao tema desta pesquisa sobre a

“análise dos Fatores Críticos de Sucesso (FCS) na implantação da metodologia Dimensional

Management System (DMS) em indústrias do ramo metal-mecânico”. Apresentar-se-ão pesquisas

publicadas na academia, tanto nacional quanto internacional, buscando elaborar uma revisão

sistemática do contexto da DMS e destacando posteriormente os fatores considerados relevantes

dentro do processo de implantação da metodologia.

2.1 Histórico da Dimensional Management System (DMS)

A preocupação em controlar as variações dimensionais visa a garantir a intercambiabilidade

dos produtos fabricados, principalmente de peças que são produzidos em grande escala (CURTIS,

2002). O conceito de peças intercambiáveis é creditado a Eli Whitney que, em 1798, idealizou

conceitos de gestão de manufatura em uma linha de montagem de armamentos. Whitney implantou

desde o treinamento para uma mão de obra desqualificada, preocupação com a obtenção da matéria

prima, criação de processos de inspeção e facilidade de reparo e reposição de peças. Isso reduziu

significativamente o custo dos produtos e proporcionou o atendimento dos requisitos de qualidade

exigidos pelos seus clientes (ROBERT S. WOODBURY, 1960).

Em 1933, foi editado nos Estados Unidos da América (EUA) o primeiro certificado de

credibilidade das Faculdades de Engenharia, o Engineers Counsil for Professional Development

(ECPD), precursor do contemporâneo Accreditation Board for Engineering and Technology (ABET)

(FEISEL; ROSA, 2005). Dessa forma, o currículo das universidades de engenharia americanas passou

por uma significativa transformação: oficinas mecânicas, laboratórios de ciências e pranchetas de

desenho foram substituídos por cursos de cálculo e outras ciências exatas – de um currículo orientado

para projetos (design-oriented curriculum), o ensino da engenharia passou a ter um enfoque mais

teórico e matemático. Essa mudança foi influenciada por diversos engenheiros e pesquisadores

europeus – Timoshenko, von Karman, Westergard, dentre outros – que, no período da Segunda

Guerra Mundial - 1939 a 1945 - imigraram para os EUA e lá introduziram uma abordagem europeia

na escola americana de engenharia (CURTIS, 2002; FROYD; WANKAT; SMITH, 2012).

Concomitante a esse movimento acadêmico, instituíram-se códigos empresariais que colocaram em

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prática a emissão de contratos comerciais entre clientes e fornecedores, o que aumentou ainda mais a

distância entre o desenvolvimento do produto e seu processo de fabricação. Tais mudanças

incentivaram a criação de novos enfoques para o desenvolvimento do produto: Projeto Baseado na

Engenharia, Projeto Baseado em Processos e Projeto Baseado na Inspeção (CURTIS, 2002;

SAHANI; JAIN; SHARMA SATISH, 2013).

2.1.1 Projeto Baseado na Engenharia

O Projeto Baseado na Engenharia estabelece que a engenharia que desenvolve o produto,

também especifica as tolerâncias necessárias para garantir seus requisitos funcionais. A crítica a este

enfoque é que os valores das tolerâncias, de maneira geral, baseiam-se em experiências passadas e

estimativas ou ensaios estáticos realizados durante o desenvolvimento do produto. Além disso, uma

vez que os desenhos estejam liberados para a fabricação, as áreas de manufatura e a de inspeção

devem conviver com as tolerâncias conforme especificadas (SAHANI; JAIN; SHARMA SATISH,

2013).

2.1.2 Projeto Baseado em Processos

No Projeto Baseado em Processos, as tolerâncias dimensionais são definidas em função dos

recursos disponíveis no processo de manufatura, e não nos requisitos de ajuste e função das peças que

se encaixam. Assim, quando os componentes fabricados são inspecionados em função dos requisitos

dimensionais de projeto, eles podem ser aprovados e, mesmo assim, podem ainda não montar

adequadamente ou mesmo não atuarem conforme projetado (CURTIS, 2002; SAHANI; JAIN;

SHARMA SATISH, 2013).

2.1.3 Projeto Baseado na Inspeção

Por fim, no Projeto Baseado na Inspeção, a definição das tolerâncias dimensionais se dá em

função da capacitação metrológica e dos equipamentos que serão utilizados durante a aferição dos

componentes fabricados. Desta forma, não se utilizam os limites funcionais das partes para definir

suas tolerâncias, mas sim as limitações que o laboratório de medição apresenta. Limites funcionais

da tolerância dimensional são os limites físicos que garantam a montagem do componente e sua

perfeita funcionalidade (CURTIS, 2002; SAHANI; JAIN; SHARMA SATISH, 2013).

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Apesar de os enfoques tradicionais para desenvolvimento de produtos apresentarem

limitações, principalmente quando analisados sob a ótica da variabilidade dimensional, o custo gerado

pelo retrabalho era considerado irrisório – a análise de tolerância era classificada como informação

irrelevante de um típico processo BTF (build-test-fix). Por volta de 1913, após a instituição do

conceito de produção em massa, estimulado principalmente pela indústria automobilística americana,

a taxa de produtividade das indústrias atinge números prodigiosos (WOMACK et al., 1990). Dizia-

se que a indústria americana vendia tudo que fosse fabricado para um mundo faminto de bens

manufaturados. A prioridade da indústria manufatureira era entregar os produtos e ter lucro – a

qualidade era deixada para segundo plano. Somente no fim da década de 70, quando indústrias

japonesas começaram a dominar o mercado dos EUA, auxiliadas por um americano - W. Edwards

Deming - é que os empresários começaram a considerar os ensinamentos da qualidade (SALLIS,

2002). A partir daí, Deming, Joseph Juran e outros consultores em qualidade, deram início à

doutrinação das empresas americanas nas ferramentas da qualidade. Ao longo da década de 80,

ocorreu uma verdadeira corrida dessas empresas pela qualificação de seus processos, enfatizando

técnicas estatísticas, trabalhos em grupos multidisciplinares e, principalmente, participação da gestão.

Esse cenário renovado criou o ambiente ideal para o início da metodologia Dimensional Management

System (DMS) (CURTIS, 2002).

2.2 Dimensional Management System (DMS)

Dimensional Management (DM) é conceito do produto, antecipando os efeitos da variação

dimensional ao longo da cadeia de fabricação (PARKINS, 2004). Apesar de a etapa de concepção,

ser o momento ideal para melhorar o desempenho dos novos produtos, nem sempre suas

características chave ou seus aspectos produtivos já estão deliberados nesta etapa. Argumenta-se que,

nessa fase do processo, esses fatores ainda podem ser adaptados por demandas internas como

incapacidade da produção ou mudança de requisitos por parte do cliente ou do mercado

(MUELANER; MAROPOULOS, 2011).

Apesar de o DM ter sido concebido com a finalidade de controlar os efeitos provocados pela

variação dimensional, esse desvio é parte inerente dos desvios do processo de fabricação, das

imperfeições nas ferramentas usadas ou do erro dos operadores (JEFFREYS, 2006). Dessa forma, o

desvio não pode ser totalmente eliminado.

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Ao uso sistemático de ferramentas de gestão para controle de toda a cadeia de fabricação, dá-

se o nome de Dimensional Management System (DMS) (CURTIS, 2002) que consiste no

monitoramento de toda essa cadeia - desde a concepção do projeto, o processo de fabricação até a

inspeção final do produto - buscando, dessa forma, garantir requisitos de montagem e funcionalidade

(JEFFREYS, 2006).

Com o intuito de descrever a DMS, faz-se uso do modelo genérico de Rozenfeld de gestão de

desenvolvimento de produtos (Figura 1). Esse modelo é fundamentado em fases distintas do

Desenvolvimento Integrado do Produto (DIP), interligadas pelo conceito da engenharia simultânea e

abriga todas as etapas da DMS (ROZENFELD et al, 2000).

Fonte: Rozenfeld et al (2006)

Segundo o modelo genérico, o processo de desenvolvimento de produto divide-se em três

fases distintas: (1) pré-desenvolvimento, (2) desenvolvimento e (3) pós-desenvolvimento de produto,

cada uma com sua característica peculiar. O modelo genérico pode ser analisado em conjunto com o

mapa de alocação dos FCS (7.1) a fim de suportar a estratégia de implantação da DMS

(CERQUEIRA, 2011).

Planejamento Estratégico

dos ProdutosDescontinuar

Produto

Figura 1 - Modelo genérico do processo de desenvolvimento de produto

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A fase (1) pré-desenvolvimento, inicia-se com o desdobramento do planejamento estratégico

e estende-se à declaração do escopo e o plano de projeto inicial do produto (ROZENFELD, 2006). A

DMS depende do comprometimento da gestão da empresa a fim de garantir sua perpetuidade ao longo

de toda a cadeia de desenvolvimento do produto e contando com a colaboração de especialistas que

atuam desde a etapa de compras até a inspeção final. Ainda nesta fase preliminar, é relevante que um

time multifuncional avalie o nível de qualidade dos produtos oferecidos pelos concorrentes para

definir os requisitos mínimos de tolerância dimensional do produto a ser desenvolvido. Outro aspecto

importante a ser avaliado é o balanço entre os requisitos de tolerância exigidos pelo mercado e o custo

envolvido em máquina, mão de obra e demais aspectos para atender a esses requisitos (JASURDA,

2012).

A fase (2) - desenvolvimento de produto – subdivide-se em seis subfases que refletem a

materialização do produto – partindo do seu conceito ao processo de fabricação. O primeiro

desdobramento do desenvolvimento é o planejamento de projeto, que se inicia na especificação dos

requisitos – ou portfólio - do produto. De maneira abrangente, o planejamento de projeto contempla

definições relativas a manufatura, à sequência de fabricação, à especificação de máquinas e

ferramentas, além dos métodos de produção e documentos de fabricação. Pela ampla interface com

requisitos de projetos, faz-se prioritário a integração entre os conceitos de tolerâncias geométricas e

dimensionais e os processos de montagem dos produtos. Além disso, torna-se relevante a definição

de estratégias como o uso de processos padronizados e a adoção dos conceitos de manufatura enxuta.

Ainda na fase (2), o modelo genérico apresenta a subfase de projeto informacional que define

as características do produto para atender às necessidades do cliente. No processo de implantação da

DMS, esta etapa deve ser conduzida por profissionais capacitados em conceitos da engenharia

dimensional pois deve-se traduzir a vontade do cliente na forma de especificações do produto e

tolerâncias dimensionais. Outro aspecto importante relativo ao projeto informacional é a análise de

padronização de processos e a reutilização de experiência de fabricação de projetos anteriores. Esta

subfase de projeto informacional é encerrada com a definição dos fatores-chaves do produto.

O projeto conceitual visa à criação, representação e seleção de soluções para a concepção do

projeto. Essa concepção considera todo o rol de informações coletadas anteriormente e propõe um

modelo funcional do produto (ROZENFELD, 2006). Nesse contexto, a DMS estimula o uso de

ferramenta 3D de simulação, a fim de identificas fatores críticos de montagem relativo ao projeto

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conceitual. Tipicamente esta etapa requer uma abordagem flexível frente às mudanças, haja vista

estar-se tratando de conceitos subjetivos.

O modelo genérico propõe a subfase de projeto detalhado que busca a integração de

componentes, subsistemas e sistemas até o produto final. Rozenfeld (2006) define como integrante

desta fase a decisão de terceirizar ou não etapas da fabricação ou decidir sobre a compra de

componentes. Nesse contexto, a integração de fornecedores na definição dos objetivos da manufatura

deve ser definida neste momento. A etapa de projeto detalhada termina quando da homologação do

produto conforme sua funcionalidade e garantia da obtenção dos parâmetros críticos do projeto

atestados por meio de protótipos ou modelos (CERQUEIRA, 2011).

Durante a subfase de projeto detalhado, torna-se relevante a utilização dos conceitos de análise

dos modos e efeitos de falha (FMEA) concomitante com a DMS. Isso porque a engenharia

dimensional dispõe de dados relativos às análises de simulação, que projetam as características

críticas do produto e as tolerâncias requeridas. Outro aspecto

A preparação da produção descreve o momento no qual a empresa atesta que a manufatura é

capaz de fabricar conforme requisitos produtivos previamente estabelecidos. Índices estatísticos

acerca da estabilidade do processo são necessários nesta fase. A etapa de preparação contempla a

produção de um lote experimental, além da expedição da homologação do processo e do produto.

O último estágio do desenvolvimento refere-se ao lançamento do produto que se preocupa

com sua entrada no mercado e seu respectivo suporte.

A fase de pós-desenvolvimento do produto reflete a mudança de foco da engenharia de

desenvolvimento de produto para a engenharia de manufatura. Essa mudança preocupa-se, no entanto,

em preservar o suporte necessário para a continuidade do processo (CERQUEIRA, 2011;

ROZENFELD, 2006). O pós-desenvolvimento contempla também uma preocupação com a

reutilização de experiência de fabricação advinda de projetos anteriores principalmente no aspecto de

sistematizar e documentar informações para serem utilizadas posteriormente.

O pós-desenvolvimento contempla duas subfases: acompanhar produto/processo e

descontinuar produto. Dessa forma, verifica-se que há um acompanhamento da vida do produto e de

sua lucratividade. Nesse aspecto, torna-se considerável à DMS, proporcionar informações coletadas

durante a fabricação para as etapas de desenvolvimento (CERQUEIRA, 2011; ROZENFELD, 2006).

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18

2.3 Fatores Críticos de Sucesso (FCS) na implantação da metodologia Dimensional

Management System (DMS)

Definem-se “fatores de sucesso” como os aspectos que promovem a elaboração das estratégias, a

tomada de decisões, além das definições dos objetivos da empresa (DANIEL, 1961). Estudos

posteriores destacaram que as empresas desenvolvem diferentes fatores críticos de sucesso (FCS), de

acordo com sua estrutura organizacional, objetivos traçados, além de outros fatores integrados à sua

estratégia corporativa (ROCKART, 1979). Esse modelo de FCS é designado para auxiliar a gestão

da empresa a organizar suas prioridades dentro da estratégia corporativa, além de definir os planos

de ações que garantam o atingimento dessa meta. FCS podem também ser descritos por meio de

indicadores de desempenho intangíveis (SONG et al., 2007).

Destaca-se que o sucesso da implantação da DMS se dá quando metas dimensionais, estabelecidas

a fim de atender aos requisitos de mercado, são atingidas e, simultaneamente, cumprem-se as metas

de fazer certo na primeira tentativa, melhorar o desempenho do produto, aumentar sua vida útil e

minimizar os custos de fabricação (NEEDHAM, 2008). Nesse contexto, baseado em ampla pesquisa

realizada pelo autor desta dissertação, levantaram-se vinte e seis fatores considerados críticos para a

implantação da metodologia DMS:

a. Contar com o compromisso e apoio da alta administração durante a implantação;

b. Adoção dos conceitos de Engenharia Simultânea por toda a equipe;

c. Identificar claramente os requisitos do produto exigidos pelos clientes;

d. Análise do custo de produção associado à tolerância exigida pelo mercado;

e. Estratégias de Manufatura bem definidas;

f. Cronograma realístico de implantação das atividades;

g. Contar com líderes atuantes e capazes de solucionar problemas associados à implantação da

DMS;

h. Análise de risco eficaz associada às atividades a serem desenvolvidas;

i. Identificação dos fatores-chave baseado nos requisitos funcionais do produto(CURTIS, 2002;

THORNTON, 1999; YANG; EL-HAIK, 2003);

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j. Proporcionar uma perfeita integração entre os conceitos de tolerâncias geométricas e

dimensionais e os processos de montagem dos produtos;

k. Proporcionar preparação técnica nos conceitos de GD&T às pessoas envolvidas no processo

de implantação;

l. Alinhar e difundir entre os elos da cadeia de fornecimento, o padrão relacionado à engenharia

dimensional e geométrica a ser utilizado (exemplo ISO, ASME, etc.);

m. Alinhar e difundir os conceitos de engenharia dimensional e geométrica aos prestadores de

serviços;

n. Estimular o uso amplo de ferramentas 3D de simulação a fim de identificar fatores críticos de

montagem;

o. Índices estatísticos acerca da estabilidade do processo (tais como Cp, Cpk, seis-sigma);

p. Ampla difusão das técnicas de metrologia e de ferramentas de inspeção;

q. Adoção dos conceitos de Análise dos Modos e Efeitos de Falhas (FMEA) por toda a equipe;

r. Canais de comunicação bem definidos entre os envolvidos na implantação da DMS;

s. Reutilização de experiência de fabricação advinda de projetos anteriores;

t. Integração do cliente à DMS em todas as fases do ciclo de vida do produto;

u. Proporcionar a integração entre fornecedor e a empresa;

v. Abordagem flexível frente às mudanças necessárias de serem realizadas durante a fase de

implantação;

w. Compreender a real necessidade de fabricar ferramental específicos (hard tooling) para a

montagem de peças;

x. Adoção dos conceitos de Projeto Robusto por toda a equipe;

y. Utilização de processos padronizados por toda equipe de implantação;

z. Adoção de conceitos relacionados à Manufatura Enxuta.

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Os fatores listados, estão alocados em diversas etapas ao longo do desenvolvimento integrado do

produto. Esse mapeamento encontra-se no Mapa de alocação dos FCS dentro do desenvolvimento

integrado do produto em 7.1. A seguir, fez-se uma descrição dos FCS para o processo de implantação

da DMS.

2.3.1 Contar com o compromisso e apoio da alta administração durante a implantação.

A implantação da DMS depende do suporte da alta gestão da empresa, pois requer investimento

em treinamento, mão de obra dedicada e comprometimento de todas as áreas envolvidas no processo

de fabricação (CURTIS, 2002). Além disso, mudanças que afetam o processo da empresa e estão

relacionadas com seu negócio fazem parte da estratégia corporativa, o que reforça a necessidade do

apoio da gestão para prosperar (HASAN M A A SHANKAR et al., 2009). Por fim, vale ressaltar que

a alta gestão da empresa deve compreender que esse processo não se limita aos engenheiros

dimensionais, mas de toda a cadeia do produto, desde o processo de compras até a inspeção final

(JASURDA, 2012).

2.3.2 Adoção dos conceitos de engenharia simultânea.

O conceito de uma engenharia atuando integrada no desenvolvimento do produto é fundamental

para o sucesso da implantação da DMS (CURTIS, 2002). A Engenharia Simultânea foi elaborada

como meio de reduzir o tempo de desenvolvimento do produto (HASAN M A A SHANKAR et al.,

2009). Para conseguir essa redução, foi necessário mudar as técnicas e os métodos dos processos de

manufatura, revisar a gestão da qualidade e mudar a forma de divulgação dos produtos. Isso gerou

um aumento na complexidade, aumentou a demanda dos clientes por produtos de alta qualidade, além

da expectativa por entregas rápidas e redução de preço. Essas mudanças influenciaram fortemente as

prioridades do mercado, obrigando as empresas a se adequar às mudanças bruscas a fim de

sobreviverem à essa nova realidade (ANUMBA; KAMARA, 2007; HAUSCH et al., 2010; ISLAM,

2009; JASURDA, 2012; JEFFREYS, 2006).

2.3.3 Identificar claramente os requisitos do produto exigidos pelos clientes.

A forma como uma empresa decide especificar os requisitos do produto e os métodos de

manufatura dependem da sua estratégia de mercado ou de manufatura. Algumas companhias iniciam

esse processo por meio de uma pesquisa de mercado para saber o que os clientes desejam e, a partir

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dessa informação, estabelecem os requisitos do produto – estratégia top-down. Outra estratégia é

permitir que a capacidade da manufatura estabeleça os requisitos que podem ser fabricados –

estratégia bottom-up (BROWN; BLACKMON, 2005). Uma forma ideal de especificar os requisitos

do produto, possibilitaria um balanceamento das necessidades dos clientes, capacidade da produção

e custos finais.

Formalizada a implantação da DMS, é fundamental pesquisar e registrar os requisitos

dimensionais do produto, pois isso fundamentará todas as ações futuras do time. Importante certificar-

se que esses objetivos estejam baseados nos requisitos dos clientes, nos requisitos dos processos de

inspeção dimensional e na capacidade do parque manufatureiro instalado (CURTIS, 2002;

OMBASIC; ZARE, 2013).

2.3.4 Análise do custo de produção associado à tolerância exigida pelo mercado.

Com o intuito de especificar o nível adequado das variações dimensionais a serem adotadas para

um produto em desenvolvimento, faz-se necessária a verificação do nível da qualidade oferecida

pelos concorrentes. Os requisitos dimensionais exigidos pelo mercado e o custo final do produto são

proporcionais ao nível de qualidade a ser adotado. Quanto maior a exigência, mais complexo será a

montagem do produto e maior será seu custo de fabricação (JASURDA, 2012).

2.3.5 Estratégias de manufatura bem definidas.

A partir da definição do nível de qualidade exigido pelo mercado, pode-se elaborar a chamada

estratégia de manufatura, ou seja, a definição de como, onde e com que frequência os produtos serão

montados e qual o grau de precisão exigido (JASURDA, 2012). Nesse contexto, os gerentes de

manufatura devem desenvolver os planos mestres de curto, médio e longo prazo, especificando

distribuição de mão-de-obra, subcontratação, necessidade de materiais junto a fornecedores e

organização da logística integrada para atendimento do plano mestre de produção (FORTUNE et al.,

2011; JEFFREYS, 2006).

2.3.6 Cronograma realístico de implantação das atividades.

Esse fator pode ser considerado um desdobramento do comprometimento da alta gestão no

processo de implantação da DMS. Essa visão holística do processo, possibilita um planejamento de

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como e quando alocar o engenheiro dimensional dentro do desenvolvimento integrado do produto,

de forma a otimizar mão-de-obra, custo e qualidade (JASURDA, 2012).

2.3.7 Contar com líderes atuantes e capazes de solucionar problemas associados à

implantação da DMS.

O reconhecimento da necessidade de fazer certo na primeira tentativa, a fim de garantir a

perpetuidade da empresa, ainda não é consenso entre todos os profissionais (JASURDA, 2012). Nesse

contexto, a engenharia dimensional passou de uma ferramenta de correção para uma importante

ferramenta de garantia de montagem dos produtos sem necessidade de retrabalhos (CURTIS, 2002).

Esse novo cenário destoa de formas tradicionais de desenvolvimento de produto reforçando a

necessidade de gerenciamento desse conflito para garantir o desempenho da equipe (ANDRADE,

2010).

2.3.8 Análise de risco eficaz associada às atividades a serem desenvolvidas.

A gestão de risco de um projeto é um processo que cuida sistematicamente da identificação do

risco, sua análise, respostas, monitoramento e planejamento do gerenciamento de riscos. Os objetivos

da gestão de riscos de um projeto são aumentar a probabilidade e os ganhos de eventos positivos e

diminuir a probabilidade e o prejuízo de eventos negativos (ANDRADE, 2010).

2.3.9 Identificação dos fatores-chave baseado nos requisitos funcionais do produto.

Define-se fator-chave como uma particularidade do produto que é fundamental para o cliente ou

cuja modificação seja proibitiva. Trata-se de atributo cuja variação resulta num impacto significativo

em ajuste, desempenho ou redução da vida útil do produto (YANG; EL-HAIK, 2003). Em relação a

produtos manufaturados, fator-chave é também definido como a característica que não pode sofrer

alterações por estar ligada a aspectos do desempenho ou da segurança e/ou cuja correção,

desmandaria um valor muito elevado (THORNTON, 1999).

A identificação e detalhamento dos fatores-chave facilita o processo de montagem e reduz a

variação dimensional de um produto. Esse benefício pode ser conseguido utilizando-se dos fatores-

chave para destacar atributos cuja variação dimensional possa prejudicar um ajuste e/ou

funcionalidade entre partes ou de algum conjunto (CURTIS, 2002).

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2.3.10 Proporcionar uma perfeita integração entre os conceitos de tolerâncias geométricas e

dimensionais e os processos de montagem dos produtos.

O GD&T (Geometric Dimensioning and Tolerancing) consiste na linguagem usada pela

engenharia dimensional que usa símbolos normatizados para evidenciar os fatores-chave do produto

e suas tolerâncias (JASURDA, 2012; JEFFREYS, 2006). Baseado em uma linguagem gráfica aceita

internacionalmente, o GD&T garante o entendimento das especificações de fabricação do produto, a

montagem das peças sem a necessidade de ajustes e também preserva suas funcionalidades (CURTIS,

2002).

2.3.11 Proporcionar preparação técnica nos conceitos de GD&T às pessoas envolvidas no

processo de implantação.

É importante que todos aqueles envolvidos no processo de implantação – em especial, projetistas,

engenheiros dimensionais, engenheiros da qualidade e técnicos de inspeção –compreendam o GD&T.

Esse processo de aprendizado deve ser dividido em duas etapas: inicialmente, aprende-se a

linguagem, ou seja, o significado da simbologia usada. Posteriormente, utiliza-se os conceitos

aprendidos na especificação ou compreensão das características chave do produto (CAMPBELL,

2002; CHEN; DAMANPOUR; REILLY, 2010; CURTIS, 2002; FRECHETTE; JONES; FISCHER,

2013). Apesar de a liberação do desenho do produto ser de responsabilidade do engenheiro de

produtos, não cabe exclusivamente a essa área a interpretação das tolerâncias apontadas pelo GD&T.

Com o advento da engenharia simultânea, todos os elos da fabricação do produto devem estar aptos

a interpretar essa informação (HASAN M A A SHANKAR et al., 2009; HAUSCHA; KAMINSKI,

2010).

2.3.12 Alinhar e difundir entre os elos da cadeia de fornecimento, o padrão relacionado à

GD&T a ser utilizado (exemplo ISO e ASME).

O uso de um padrão internacional que regula a linguagem GD&T, desempenha papel importante

na criação e interpretação de desenhos de engenharia. O padrão uniformiza os símbolos usados, as

regras e convenções para o processo de dimensionamento e garante que os elos da cadeia de

fornecimento tenham uma compreensão homogênea das características chave dos produtos

(FORTUNE et al., 2011; FRECHETTE; JONES; FISCHER, 2013; JEFFREYS, 2006). A existência

de normas diferentes que divergem nas informações apresentadas, se não forem devidamente

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regulamentadas, pode gerar inconsistências nas informações geradas (MAROPOULOS;

CEGLAREK, 2010; OMBASIC; ZARE, 2013).

2.3.13 Alinhar e difundir os conceitos de engenharia dimensional e geométrica aos

prestadores de serviços.

A importância deste fator é equivalente àquele relativo ao alinhamento das normas internacionais.

No entanto, cabe ressaltar que há uma tendência das indústrias de usarem a terceirização como

estratégia competitiva visando, principalmente, obter ganhos de produtividade, reduzir custos e obter

vantagens nas negociações por prazos (GIRARDI, 1999; SANTOS et al., 2013). Essa política de

terceirização, no entanto, caso não esteja devidamente alinhada em relação ao uso dos conceitos de

engenharia dimensional e geométrica, pode representar a perda de toda estratégia traçada desde a

concepção do produto.

2.3.14 Estimular o uso amplo de ferramentas 3D de simulação a fim de identificar fatores

críticos de montagem.

Um modelo pode ser descrito como uma representação simplificada do sistema real

(STEINKELLNER, 2011). Simulação é a execução de um experimento realizada neste modelo. Essa

simulação permite a previsão do comportamento do sistema para condições pré-programadas.

Na indústria automotiva, a integração das ferramentas de análise dimensional aos programas de

simulação em 3D, resultou na redução dos ciclos de desenvolvimento de novos produtos, eliminou a

necessidade de fabricação dos protótipos físicos, além de proporcionar métodos mais precisos para

aferir se os requisitos dimensionais especificados nos projetos foram atendidos (JASURDA, 2012).

2.3.15 Índices estatísticos acerca da estabilidade do processo (tais como Cp, Cpk, seis-sigma).

Os índices de capacidade do processo (Cp e Cpk) representam o melhor desempenho do processo,

quando ele opera sob condições normais. Esses índices são determinados pela variação das causas

comuns por meio do controle estatístico (SCATOLIN, 2005; TORMINATO; NOVASKI, 2004). Na

engenharia dimensional, esses índices fazem parte da tolerância estatística e representam uma

alternativa à tolerância do pior caso. Neste, o projetista tolera de forma a alcançar 100% de

intercambiabilidade entre peças – alta intercambiabilidade e alto custo de fabricação. Na tolerância

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estatística, o projetista pode calcular qual o índice de perdas admissível em função da economia do

processo (CURTIS, 2002).

A ferramenta seis-sigma reconhece a existência de uma correlação direta entre o número de

defeitos do produto, o desperdício da operação de fabricação e o índice de satisfação do cliente. O

princípio básico da ferramenta é reduzir continuamente a variação nos processos e, dessa forma,

controlar os defeitos ou falhas nos produtos ou serviços (LINDERMAN et al., 2003). A estatística

seis-sigma mede a capacidade do processo em trabalhar com zero-defeitos (CURTIS, 2002). Quando

se usa o seis-sigma, o índice padrão de medição é “defeitos por unidades” e pode incluir outros fatores

que auxiliem a visualizar essa capacidade da produção como, por exemplo, componente, máquina,

estação. O termo sigma refere-se a um desvio-padrão, que corresponde a uma medição da variação

em torno da média. Seu valor indica qual a frequência que os defeitos estão susceptíveis de ocorrer.

Nesse sentido, quanto maior o valor de sigma, menores as chances de o processo produzir peças com

defeitos (HAUSCHA; KAMINSKI, 2010).

2.3.16 Ampla difusão das técnicas de metrologia e de ferramentas de inspeção.

A análise dos métodos de medição é uma etapa crítica no processo de desenvolvimento do produto

(CURTIS, 2002). O processo de medição envolve não apenas o instrumento de medição, mas todos

os fatores agindo sobre ele e a análise e interpretação dos resultados gerados. Isso forma um conjunto

que compreende desde o procedimento de medição, o operador, o ambiente, as técnicas de análise

dos dados e a realimentação da base de dados da qualidade, após os quais o ciclo recomeça (BALDO,

2003). Dentro de um projeto seis-sigma de redução da variabilidade nos processos chaves, as técnicas

de metrologia têm um papel influente para, inicialmente, mensurar as perdas financeiras e orientar a

alta gestão na definição de um plano de controle. Posteriormente, a metrologia é suporte para cada

uma das ferramentas do seis-sigma para, finalmente, gerar um plano de manutenção dos requisitos e

definindo quais parâmetros devem ser medidos (OLIVEIRA; OTHERS, 2004).

2.3.17 Adoção dos conceitos de Análise dos Modos e Efeitos de Falhas (FMEA) por toda a

equipe.

A FMEA consiste em importante método analítico e formal da engenharia da qualidade usada

preventivamente, nas etapas de concepção do produto, na análise dos possíveis modos de falha de um

sistema, produto ou processo. Além disso, tenta-se mapear as possíveis causas associadas a cada um

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dos modos de falha e seus efeitos (BLUVBAND; GRABOV; NAKAR, 2004; STAMATIS, 2003;

WIRTH et al., 1996).

2.3.18 Canais de comunicação bem definidos entre os envolvidos na implantação da DMS.

A metodologia DMS pode ser vista, de forma simplista, como um canal claro de comunicação ao

longo da cadeia do produto. Desde a compreensão dos requisitos de tolerância exigidos pelo mercado,

o levantamento dos custos de adaptação da capacidade da produção e do parque metrológico para

atendimento desses valores, inclusão desses requisitos nos desenhos de engenharia, programação das

máquinas de fabricação usando essa linguagem e confecção dos relatórios de medição de forma a

gerar um controle estatístico adequado (CURTIS, 2002).

2.3.19 Reutilização de experiência de fabricação advinda de projetos anteriores.

Indústrias que atuam no ramo metal-mecânico enfrentam um grande desafio na forma da

concorrência de baixo custo, trazidos pela globalização. Para oferecer produtos com preços

competitivos, diversas estratégias de redução de custo são elaboradas. A terceirização visando a

redução do custo da mão-de-obra, tem esbarrado na falta de experiência do trabalhador contratada.

Mesmo em processos internos, encontra-se dificuldade para fazer uso da experiência de fabricação

provenientes de projetos anteriores. O resultado é a repetição de erros e o aumento do custo da

fabricação. A capacidade de armazenar a experiência de projetos anteriores, torna-se um fator-chave

para competir no mercado global (ANDERSSON, 2008).

2.3.20 Integração do cliente à DMS em todas as fases do ciclo de vida do produto.

O conceito de manufatura ágil ganhou repercussão durante a década de 80, quando as indústrias

automotivas japonesas dominaram o mercado americano com uma estratégia de mercado

arrebatadora: ciclos de desenvolvimento de novos produtos que totalizavam dois anos a menos que

suas concorrentes americanas (ZIRGER; HARTLEY, 1996). Essa premissa, no entanto, levou

empresas a reduzirem seus tempos de ciclos, adotando metodologias diversas e sem avaliar se essa

aceleração agregaria valor ao produto aos olhos do cliente (CHEN; DAMANPOUR; REILLY, 2010).

Nesse contexto, a integração do cliente, permite à equipe de desenvolvimento de produtos controlar

seu ritmo de atividades, avaliar se a equipe disponível está balanceada ou se há necessidade de novos

membros e outros fatores importantes que se apliquem.

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2.3.21 Proporcionar a integração entre fornecedor e a empresa.

Ainda trabalhando no conceito de manufatura ágil (ZIRGER; HARTLEY, 1996), verifica-se que

o envolvimento do fornecedor agrega informação e experiência, além de auxiliar a identificar

especificações contraditórias e projetos impraticáveis no início do desenvolvimento do produto

(WHEELWRIGHT; CLARK, 1992).

2.3.22 Abordagem flexível frente às mudanças necessárias de serem realizadas durante a fase

de implantação.

O conceito de abordagem flexível está evidente numa era de rápido avanço tecnológico, aumento

de competição e globalização. Flexibilidade pode ser definido como a habilidade de a empresa

responder de maneira rápida e eficiente às mudanças de mercado e, ainda assim, apresentar novos

produtos ao mercado rapidamente (FORTUNE et al., 2011).

2.3.23 Compreender a real necessidade de fabricar ferramental específicos (hard tooling)

para a montagem de peças.

Esse fator está relacionado à estratégia flexível da empresa ou, mais precisamente, à estratégia de

uma manufatura flexível. Empresas que adotem essa estratégia devem atender a três requisitos

básicos: (1) treinar operadores multifuncionais; (2) favorecer a aquisição de máquinas de utilização

abrangente, ao invés daquelas muito específicas e (3) minimizar o uso de ferramentais (hard toolings)

(GERWIN, 1993). A indústria aeronáutica possui diversos produtos que requerem tolerâncias

apertadas para serem montadas (MUELANER; MAROPOULOS, 2011). Tome-se como exemplo as

estruturas de material composto da nova geração de aeronaves comerciais. O método convencional

para a sujeição dessas peças usa gabaritos para fixar as superfícies externas, além da instalação de

calços e ajustes para preservar a tolerância entre os componentes. Esse método, além de demorado,

requer muita perícia dos operadores.

2.3.24 Adoção dos conceitos de Projeto Robusto por toda a equipe.

No início do processo de desenvolvimento do produto, quando os dados da capacidade da

produção ainda são desconhecidos ou limitados, deve-se dar prioridade ao conceito de projeto

robusto. Este conceito remete à projetos que não sofrem mudanças ou são pouco afetados por

variações. Um projeto menos robusto, resulta em tolerâncias mais abertas que, por sua vez, diminui

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o custo de fabricação. Nas etapas de concepção do produto, o foco deve ser sobre o acoplamento entre

peças pois, caso esses conjuntos sofram variações, estas podem ser ampliadas (KROGSTIE;

MARTINSEN; ANDERSEN, 2014). Além disso, tolerâncias serão necessárias para atender

requisitos desejados. Essa mudança tem um custo envolvido e pode ser evitada pela incorporação de

projetos robustos na etapa inicial do desenvolvimento do produto (OMBASIC; ZARE, 2013).

2.3.25 Utilização de processos padronizados por toda equipe de implantação.

Padrões constituem fatores críticos para a avaliação do desempenho de um processo na empresa,

podendo ser tangíveis ou intangíveis, vagos ou específicos, mas sempre relacionados com o resultado

almejado. Diferentes recursos da empresa podem ser controlados por diferentes padrões, expressos

em tempo, valores ou outro índice relevante (MÖLLER; TÖRRÖNEN, 2003). A padronização do

processo da engenharia dimensional garante a qualidade do produto pois minimiza a possibilidade de

uso de diferentes estratégias de medição, o que acarretaria em resultados divergentes não robustos

(HASAN M A A SHANKAR et al., 2009; OMBASIC; ZARE, 2013).

2.3.26 Adoção de conceitos relacionados à Manufatura Enxuta.

A manufatura enxuta contempla diversas ferramentas tais como o Just-in-Time, eliminação de

estoques no processo, controle de qualidade total, redução do lote de produção, melhoria contínua,

ajuste rápido das máquinas, padronização do trabalho e controle visual do sistema (HAUSCHA;

KAMINSKI, 2010). O objetivo da manufatura enxuta é mapear o cenário do negócio e verificar quais

ações agregam valor ao produto ou serviço (CASSETTARI; BATOCCHIO; MARCONDES, 2005).

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29

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para iniciar os estudos sobre a pesquisa acerca dos “fatores críticos de sucesso (FCS) para a

implantação da DMS nas empresas do ramo metal-mecânico”, o autor considera relevante refletir

sobre conceitos já estudados e publicados, com o intuito de mostrar como a pesquisa será executada

e qual será o desenho metodológico a ser adotado.

De maneira abrangente, pesquisa é descrita como um modo diferente de olhar e pensar

determinada realidade a partir de experiências pessoais (DUARTE, 2002). Outra definição

dicotômica, estabelece pesquisa tanto como procedimento de fabricação do conhecimento – princípio

científico - quanto como procedimento de aprendizagem – princípio educativo, integrando o processo

de reconstrução do conhecimento. Pesquisa também é conceituada como procedimento racional e

sistemático cujo objetivo é proporcionar respostas às questões propostas. O mesmo autor afirma que

a pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema,

ou quando a informação disponível não puder ser adequadamente relacionada ao problema (GIL,

2008).

A execução da pesquisa pode ser dividida em etapas que vão da preparação, fases, execução e

elaboração do relatório de pesquisa. A preparação configura-se pelas etapas preliminares da sua

execução. Como integrantes desta etapa, listam-se o processo de decisão, a especificação dos

objetivos, a elaboração de um esquema, a constituição da equipe de trabalho e o levantamento de

recursos e cronograma (MARCONI; LAKATOS, 2010).

A etapa de pesquisa concentra tópicos presentes na estruturação da dissertação. Escolha do

tema, levantamento de dados, formulação do problema, construção da hipótese, indicação de

variáveis, delimitação da pesquisa, amostragem, seleção de métodos e técnicas, organização dos

instrumentos de pesquisa e teste de instrumentos e procedimentos.

Na etapa de execução da pesquisa, coloca-se em prática o que foi planejado. Contempla a coleta

de dados, a elaboração dos dados, a análise e interpretação dos dados, a representação dos dados e as

conclusões.

Por fim, a exposição geral da pesquisa, desde o planejamento às conclusões, incluindo

processos metodológicos empregados. A finalidade desta etapa é promover uma revisão sistemática

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acerca das informações sobre os resultados da pesquisa com detalhes que permitam que ela – a

pesquisa – alcance a relevância almejada.

Na Figura 2, esquematizam-se as etapas de uma pesquisa por meio de um diagrama, ressaltando

ser conveniente lembrar que a ordem das etapas não é rígida, cabendo ao pesquisador adaptar sua

sequência, de acordo com sua necessidade.

Figura 2 - Etapas da Pesquisa

Fonte: Elaborado pelo autor

Outro aspecto que merece destaque é o fato de o método científico referir-se ao caminho

escolhido para se chegar ao fim proposto pela pesquisa. É a escolha que o pesquisador realizou para

abordar o objeto de estudo. A palavra método vem do grego methodos, composto de meta – através

de, por meio de – e de hodos – que significa caminho (DA COSTA; DA COSTA, 2001; TARTUCE,

2006).

Define-se método científico como o conjunto de processos ou operações mentais empregadas

no processo de pesquisa (PRODANOV; DE FREITAS, 2013). Nesse contexto, descrevem-se as

seguintes etapas do método científico: observações preliminares, problema, fundamentação teórica,

amostragem, instrumentos, coleta de dados, organização dos dados, análise, inferências e conclusões

(TARTUCE, 2006)

Quanto às finalidades de aplicação de um método científico, quatro deles merecem destaque:

(1) conduzir à descoberta de uma verdade até então desconhecida; (2) permitir a demonstração e a

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31

prova de uma verdade já conhecida; (3) permitir a verificação de conhecimento para averiguar sua

veracidade e (4) facilitar a compreensão de um determinado problema (DA COSTA; DA COSTA,

2001). Os métodos que fornecem as bases lógicas à investigação são o dedutivo, indutivo, hipotético-

dedutivo, dialético e fenomenológico.

3.1 Caracterização da pesquisa

A caracterização da pesquisa está relacionada à definição do foco do estudo, além da

metodologia a ser empregada (CRESWELL, 2013). O foco do estudo é tema principal da pesquisa e

provém de uma revisão literária, observação da rotina empresarial ou de pesquisas acadêmicas. O

tema sobre o qual se pretende aprofundar, marca as fronteiras de o quê se quer estudar, dentro de um

universo de conhecimento. O objeto de pesquisa seleciona uma fração da realidade a partir do

referencial teórico-metodológico escolhido (BARRETO; HONORATO, 1999).

A classificação desta pesquisa faz uso dos critérios clássicos, apresentados no Quadro 1,

elaborada a partir da estrutura apresentada por Silva e Menezes (2005), Gil (2008), Prodanov e de

Freitas (2013) e Martins (2008) e Anholon (2006).

Quadro 1 - Critérios clássicos para a classificação da pesquisa

Pesquisa

Métodos

Métodos

Amplos

Dedutivo (DA SILVA; MENEZES, 2005; MARCONI; LAKATOS,

2010)

Indutivo (DA SILVA; MENEZES, 2005; MARCONI; LAKATOS,

2010)

Hipotético-Dedutivo (DA SILVA; MENEZES, 2005; MARCONI;

LAKATOS, 2010)

Dialético (DA SILVA; MENEZES, 2005; MARCONI; LAKATOS,

2010)

Procedimento

Técnicos

Estratégia da

Pesquisa

Bibliográfica (GIL, 2008)

Documental (GIL, 2008)

Experimental (GIL, 2008)

Levantamento (GIL, 2008)

Estudo de Caso (GIL, 2008)

Ex-post-facto (GIL, 2008)

Ação (GIL, 2008)

Participante (GIL, 2008)

Abordagem do

Problema

Qualitativa (DA SILVA; MENEZES, 2005)

Quantitativa (DA SILVA; MENEZES, 2005)

Natureza Básica (DA SILVA; MENEZES, 2005; PRODANOV; DE FREITAS, 2013)

Aplicada (DA SILVA; MENEZES, 2005; PRODANOV; DE FREITAS, 2013)

Objetivos

Exploratória (GIL, 2008; PRODANOV; DE FREITAS, 2013)

Descritiva (DA SILVA; MENEZES, 2005; PRODANOV; DE FREITAS, 2013)

Explicativa (DA SILVA; MENEZES, 2005; PRODANOV; DE FREITAS, 2013)

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32

Técnicas

Coleta de

Dados

Entrevista

Estruturada (MARCONI; LAKATOS, 2010)

Semiestruturada (MARCONI; LAKATOS, 2010)

Desestruturada (MARCONI; LAKATOS, 2010)

Questionários (GIL, 2008)

Documentos (GIL, 2008)

Observação

Direta (GIL, 2008; PRODANOV; DE FREITAS,

2013)

Participante (GIL, 2008; PRODANOV; DE

FREITAS, 2013)

Simulação (GIL, 2008)

Análise de Dados (GIL, 2008)

Fonte: (ANHOLON, 2006; DA SILVA; MENEZES, 2005; GIL, 2008; MARTINS, 2008; PRODANOV; DE

FREITAS, 2013) adaptado pelo autor (2016)

Segundo o critério clássico apresentado, a classificação da pesquisa subdivide-se em quatro

subgrupos: métodos, natureza, objetivos e técnicas. Convém ressaltar que essa divisão não se trata de

um método exclusivo, cabendo ao pesquisador, conforme as características de seu experimento,

escolher a forma que melhor lhe atenda.

Os métodos amplos - ou métodos de abordagem - oferecem ao pesquisador normas genéricas

destinadas a estabelecer uma ruptura entre objetivos científicos e não-científicos (ou de senso

comum). Tais métodos também contemplam aspectos genéricos da metodologia científica e podem

ser divididos em métodos dedutivos, indutivos, hipotético-dedutivo e dialético (DA SILVA;

MENEZES, 2005; MARCONI; LAKATOS, 2010).

O método dedutivo se dá quando a busca da solução parte de teorias ou leis incontestáveis e

são aplicadas num caso concreto para a resolução da problemática. Além disso, o método dedutivo

tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas. Por sua vez, o método indutivo parte de

constatações particulares e, por meio de enunciados sintéticos, tem como objetivo, chegar a

conclusões genéricas (teorias ou leis). Considera que o conhecimento é fundamentado na experiência,

não levando em consideração princípios pré-estabelecidos. O método hipotético-dedutivos e dá

quando hipóteses são criadas para suprir a dificuldade de solucionar um problema. Esse (s) problema

geram deduções que devem ser avaliadas. Por fim, ainda como método amplo, cita-se a dialética, na

qual as contradições se transcendem, dando origem a novas contradições que passam a requerer

soluções (DA SILVA; MENEZES, 2005; MARCONI; LAKATOS, 2010).

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33

Os procedimentos técnicos, que representam a forma como se obtém os dados necessários para

a elaboração da pesquisa, são divididos em dois subgrupos: a estratégia de pesquisa e a abordagem

dos problemas.

A estratégia de pesquisa contempla a pesquisa bibliográfica que utiliza material acadêmico já

publicado (teses, dissertações, livros, etc.); a pesquisa documental cuja principal característica é o uso

de material que ainda não recebeu tratamento analítico (leis, revistas, jornais, etc.); a pesquisa

experimental, que reproduz as condições do objeto a ser estudado; o levantamento, que envolve a

interrogação direta de pessoas cujo comportamento se deseja conhecer, por meio de um questionário.

Também como estratégia de pesquisa, lista-se o estudo de caso, que consiste em um estudo profundo

e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira a obter-se um amplo conhecimento. A pesquisa ex-

post-facto se dá quando o experimento é realizado depois dos fatos, ou seja, analisa-se o que se passa

naturalmente após uma ocorrência. De maneira distinta, a pesquisa ação é planejada e realizada

concomitante a uma ação. Os participantes e os pesquisadores devem trabalhar cooperativamente.

Também na pesquisa participante, deve haver uma interação entre pesquisador e participante (GIL,

2008).

Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, tem-se a pesquisa quantitativa – tudo

pode ser traduzido em números, e a pesquisa qualitativa que considera que nem tudo pode ser

convertido em números pois existe uma subjetividade ligada ao mundo real (DA SILVA; MENEZES,

2005).

Relativo à natureza da pesquisa, pode-se classificá-la como básica – almeja novos

conhecimentos para o avanço da ciência sem uma aplicação prática imediata – e pesquisa aplicada–

busca gerar conhecimento para aplicação prática e determinada (DA SILVA; MENEZES, 2005;

PRODANOV; DE FREITAS, 2013).

Sob a ótica dos objetivos da pesquisa, pode-se classificá-la como exploratória - que explora o

problema, pesquisa descritiva - que descreve as características de determinada população ou

fenômeno e pesquisa explicativa– que identifica os fatores que determinam ou contribuem para a

ocorrência de determinado fenômeno sob análise (DA SILVA; MENEZES, 2005; PRODANOV; DE

FREITAS, 2013).

Com base na técnica utilizada para a consecução da pesquisa, pode-se dividi-la em coleta de

dados ou análise de dados. A coleta de dados poderá ser realizada por meio de entrevistas (estruturada,

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34

semiestruturada ou desestruturada), questionários, documentação, observação (direta ou participante)

ou simulação. A análise de dados, por sua vez, consiste na obtenção dos resultados a partir dos dados

coletados (GIL, 2008; MARCONI; LAKATOS, 2010; PRODANOV; DE FREITAS, 2013).

Com base nas descrições dos tipos de pesquisas apresentadas no Quadro 1, o autor apresenta a

classificação da pesquisa sobre os “fatores críticos de sucesso (FCS) para a implantação da DMS nas

empresas”.

Do ponto de vista dos métodos amplos, a dissertação se adéqua à pesquisa indutiva pois, a partir

de dados levantados de uma amostra de 113 respondentes, oriundos de setores industriais específicos,

foram induzidas às informações analisadas.

Relativo à estratégia de pesquisa, essa se valeu de procedimentos técnicos de pesquisa

bibliográfica para levantar fatores considerados essenciais na literatura acadêmica. Além disso,

utilizou-se o procedimento técnico de levantamento pois, de posse dos fatores apontados pela

literatura, elaborou-se um questionário que foi enviado a profissionais envolvidos com o tema a fim

de cotejar a experiência com a teoria.

Sob a ótica da abordagem do problema, esta dissertação apresentou caráter quantitativo visto

que, após a coleta dos dados, eles foram mensurados e analisado estatisticamente.

Concernente à natureza da dissertação, pode-se classificá-la como uma pesquisa aplicada, visto

que seu objetivo é promover uma discussão de o quê se considera importante, teoricamente, em

relação à implantação da DMS e o que tem sido aplicado na prática.

Quanto à classificação dos objetivos, entende-se que a dissertação se caracteriza como uma

pesquisa tipo exploratória, haja vista ter como objetivo primordial explorar a relação entre variáveis

coletadas e desenvolver uma proposição de FCS na implantação da metodologia DMS (GIL, 2008).

Analisando as técnicas empregadas para a coleta de dados, encaminhou-se um questionário para

a obtenção de dados sobre os fatores críticos de sucesso (FCS) para a implantação da DMS.

Para a análise dos dados coletados, utilizou-se a Análise Fatorial Exploratória (AFE) unifatorial,

ferramenta de análise estatística multivariada, com o intuito de criar uma escala dos fatores em função

de seus escores. A AFE é utilizada para descobrir as variáveis latentes que estão subjacentes aos

fatores sob análise.

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35

O processo de classificação da pesquisa sobre os “fatores considerados críticos para o sucesso

(FCS) da implantação da metodologia DMS em indústrias do ramo metal-mecânico” pode ser

sintetizada da seguinte maneira:

Métodos amplos: pesquisa indutiva;

Estratégia de pesquisa: pesquisa bibliográfica e de levantamento;

Abordagem do problema: pesquisa quantitativa;

Natureza: pesquisa aplicada;

Objetivo: pesquisa exploratória;

Técnica para coleta de dados: questionário;

Análise de dados: ferramentas estatísticas multivariadas.

3.2 Método de pesquisa

Para a descrição do método utilizado nesta dissertação, utiliza-se o diagrama apresentado na

Figura 3, que mostra como as diversas etapas se integram para formar o corpo da pesquisa.

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36

Figura 3 - Método da Pesquisa

Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

3.2.1 Formulação do problema

Inicialmente, pesquisador e orientador buscaram refinar, esclarecer e delimitar o problema da

pesquisa. Ao longo do desenvolvimento do trabalho, algumas mudanças foram acordadas para buscar

Formulação do Problema

Revisão da Literatura

Elaboração do Questionário e

Coleta de Dados

Análise da consistência dos dados (alfa de

Cronbach)

AFE para ordenar

ranking

IMPORTÂNCIA APLICAÇÃO

Análise da consistência dos dados (alfa de

Cronbach)

AFE para ordenar

ranking

Comparação dos

resultados

Análise da Comparação

Análise f inal da Pesquisa

Boxplot para exclusão de dados

inconsistentes (Outliers)

Boxplot para exclusão de dados

inconsistentes (Outliers)

Análise do motivo da

inconsistência

Análise do motivo da

inconsistência

Análise do ranking

Importância

Análise do ranking

Aplicação

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37

uma maior abrangência dos resultados almejados. A proposta nasceu como um estudo de caso do uso

do Geometric Dimensioning and Tolerancing (GD&T) em uma empresa fabricante de aviões. O

contato com profissionais relacionados à temática, acrescido da revisão da literatura, esclareceu que

a importância da ferramenta não se limitava à linguagem normatizada de tolerâncias em desenhos de

fabricação – tecnicamente o GD&T – mas, e principalmente, de buscar garantir sistematicamente os

requisitos de montagem e funcionalidade ao longo de toda a cadeia de fabricação de um produto

(JEFFREYS, 2006). Dessa forma, o foco da pesquisa foi redirecionado do GD&T para a metodologia

Dimensional Management System (DMS). Por fim, constatou-se ao longo da revisão bibliográfica,

uma lacuna na literatura relativa à ausência de estudos que abordem modelos de implantação da DMS

a fim de suportar empresas envolvidas ou interessadas em proceder a implantação desta metodologia.

Ficou desta forma definido o problema da pesquisa como a análise dos fatores críticos de sucesso na

implantação da metodologia DMS em empresas do ramo metal-mecânico.

3.2.2 Revisão da Literatura

A fim de otimizar a revisão da literatura, foram utilizados princípios de revisão sistemática

que consiste na busca, seleção e organização da literatura visando a construção de um texto que

fundamente a pesquisa (CAUCHICK; FLEURY, 2012). Inicialmente, cabe ao pesquisador identificar

fontes importantes para o trabalho tais como (1) livros de leitura corrente; (2) obras de referência; (3)

periódicos científicos; (4) teses e dissertações, (5) anais de encontros científicos; (6) periódicos de

indexação e resumo (GIL, 2008). As principais bases de dados utilizadas para o acesso ao material

acadêmico na execução desta pesquisa foram: (1) o Sistema de Bibliotecas da Unicamp, na base da

Faculdade de Engenharia Mecânica; (2) o portal de periódicos CAPES – Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior; (3) a base de dados Scielo (Scientific Electronic

Library Online); (4) a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). As buscas

consideraram principalmente (mas não exclusivamente) trabalhos publicados a partir de 2005.

Utilizaram-se palavras-chave ou expressões adequadas à etapa de desenvolvimento da pesquisa, por

exemplo, “Dimensional Management System”, “estratégia de manufatura”, “fatores críticos de

sucesso” (FCS), na etapa de levantamento de dados. Na etapa de análise dos dados coletados, usaram-

se as expressões “análise fatorial exploratória”, “modelagem de equações estruturais” (além dos

termos equivalentes em inglês). Em números brutos, obteve-se cerca de 150 itens, entre artigos, teses,

dissertações, livros e anais publicados em congressos. Por meio de avaliações quanto à relevância dos

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38

artigos e aplicabilidade de seus temas, chegou-se a um número de 60 publicações para a elaboração

do questionário (Figura 5, Figura 4 e Figura 6).

Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

6

7

3

5

6

5

3

2

4 4

5

6

2

1 1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000

Total

Total

Figura 4 - Revisão sistemática – passo-a-passo

Figura 5 - Revisão sistemática – estratificação por ano de publicação

Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

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39

3.2.3 Elaboração do Questionário e Coleta de Dados

A elaboração do questionário consiste basicamente na tradução dos objetivos específicos da

pesquisa na forma de itens bem redigidos (GIL, 2008). O mesmo autor ressalta que não existem

normas rígidas para a elaboração do questionário.

Quanto à sua forma, decidiu-se por escrever o questionário em inglês com o intuito de divulgá-

lo internacionalmente. Essa opção se mostrou acertada pois uma das ferramentas que trouxe um

número significativo de respondentes foi o LINKEDIN, que permitiu a divulgação do questionário

para grupos de pesquisa que atuam com DMS em outros países. Outro aspecto relativo ao formato foi

Figura 6 - Revisão sistemática – estratificação por temática dos artigos

Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

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40

a ferramenta de divulgação adotada, o Google Docs, que oferece o Formulário Google, permitindo a

elaboração de questionários que podem ser respondidos de maneira remota.

Ainda segundo recomenda Gil (2008), foi feito um pré-teste com uma versão preliminar do

formulário, visando aferir como o instrumento de medição se comporta numa situação real de coleta

de dados e se estariam conforme os objetivos da pesquisa. O teste foi realizado com professores da

UNICAMP e com profissionais envolvidos com a implantação da DMS na empresa onde trabalham.

Importante salientar que voluntários que participaram deste pré-teste, não participaram da pesquisa

pós-teste pois isso descaracterizaria a pesquisa experimental, inserindo fraquezas e caracterizando-a

como pré-experimental (CAMPBELL; STANLEY, 1979). Dessa forma, foram validados aspectos de

clareza na explicação do objetivo da pesquisa e do conteúdo do questionário, objetividade das

perguntas e funcionalidade da ferramenta.

Quanto ao conteúdo do questionário, foi elaborada uma carta explicando o propósito da

pesquisa e agradecendo a participação do respondente (7.3). No formulário da pesquisa, foram

apresentados vinte e seis fatores - coletados em publicações acadêmicas – que são considerados

essenciais para a implantação da DMS nas empresas. Os respondentes, profissionais diretamente

relacionadas à temática, foram solicitados a avaliar cada fator (dois campos para cada): no primeiro

campo, (1), pede-se que o participante exponha sua percepção (grau 1 a 10) a respeito da importância

conceitual dos fatores no processo de implantação de DMS. No segundo campo, (2), pede-se que o

participante exponha sua percepção (grau 1 a 10) a respeito da aplicação desse mesmo fatores nas

empresas tomando por base suas experiências práticas. Além disso, com o intuito de atender aos

critérios do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), foi submetido e aprovado o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) (7.2) a fim de assegurar os direitos e deveres que dizem respeito aos

participantes da pesquisa e à sociedade científica.

3.2.4 Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)

Detalhe importante relacionado ao método de pesquisa utilizada nesta dissertação refere-se à

obediência à regulamentação internacional de boas práticas em pesquisa. Esse código de ética,

considerado padrão de qualidade científica e ética internacional, condiciona tanto estudos da área

médica, quanto pesquisas sociais ou qualquer outra que envolva a participação de seres humanos

(CARVALHO, 2009).

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41

O surgimento do sistema de regulação e revisão da ética em pesquisas foi influenciada pela

carência de parâmetros éticos mínimos nos procedimentos de pesquisa, precipuamente àqueles

relacionados com seres humanos (MARÍLIA DE QUEIROZ DIAS JÁCOME, 2012). No Brasil, os

Comitês de Ética em Pesquisa (CEP) estão regularizados pela resolução de número 466, publicada

no ano 2012 pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS).

Conforme regimento interno, o CEP da UNICAMP está vinculado tanto à Pró Reitoria de

Pesquisa Acadêmica quanto ao Ministério da Saúde. O projeto de pesquisa desta dissertação, após

sua concepção, foi submetido à apreciação e devidamente aprovada sob o parecer de número:

1.367.772.

3.2.5 Análise dos dados

Os dados coletados foram submetidos a três tipos de análise: (1) estimação da confiabilidade

desses dados por meio do uso do coeficiente alfa de Cronbach; (2) eliminação de pontos divergentes

por meio do diagrama de caixa e análise fatorial exploratória (AFE) unifatorial, com o intuito de

ordenar os fatores em termos de importância e aplicação para a implantação da DMS nas empresas.

Para cada fator, foi realizada uma comparação dos resultados obtidos pelos dois critérios. Os tópicos

a seguir apresentam a teoria por detrás de cada técnica estatística utilizada.

a) Alfa de Cronbach (α)

O coeficiente alfa de Cronbach foi apresentado por Lee Cronbach, em 1951, como uma forma

de estimar a confiabilidade de um questionário aplicado em uma pesquisa (CRONBACH;

SHAVELSON, 2004; HORA; MONTEIRO; ARICA, 2010). Esse coeficiente mede a correlação entre

respostas em um questionário por meio do perfil dessas respostas. Trata-se, portanto, de uma

correlação média entre perguntas com mesma escala de medição. O coeficiente α é calculado a partir

da variância dos itens individuais e da variância da soma dos itens de cada avaliador por meio da

Equação(1) (CRONBACH; SHAVELSON, 2004; HORA; MONTEIRO; ARICA, 2010)

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42

(1)

Onde:

: corresponde ao número de fatores do questionário;

: corresponde à variância de cada item;

: corresponde à variância total do questionário, determinada como a soma de todas as

variâncias.

A Tabela 1 mostra o cálculo do coeficiente no qual cada coluna representa um fator crítico de

sucesso e cada linha representa um respondente. A interseção entre a linha e a coluna (Xnk) representa

a resposta deste avaliados.

Tabela 1 - Alfa de Cronbach

Fonte: (CRONBACH; SHAVELSON, 2004; HORA; MONTEIRO; ARICA, 2010) adaptado pelo autor (2016)

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43

Segundo Gil (2002), cada item analisado – o fator nesta pesquisa – deve ser independente,

porém, considerando que há uma inter-relação entre eles por todos serem críticos para a implantação

da DMS - conclui-se que o comportamento de um fator influencia o outro.

Para a elaboração de um coeficiente adimensional com o intuito de estimar a isenção erros

aleatórios das observações (a confiabilidade), Cronbach e Shavelson (2004) estabelecem a divisão do

estimador obtido pela variância total do questionário. Isso posto, chega-se à equação (1).

b) Diagrama de Caixa (boxplot)

O diagrama de caixa consiste em ferramenta gráfica que permite avaliar a simetria dos dados,

sua dispersão e a existência ou não de dados atípicos, sendo especialmente adequado para a

comparação de dois ou mais conjuntos de dados (CAPELA, 2014). Essa metodologia foi concebida

por John Tukey em 1970 como parte de uma caixa de ferramentas para suportar as análises de dados

multivariados (WICKHAM; STRYJEWSKI, 2011).

Dados inconsistentes são observações que, aparentemente, têm origem de uma distribuição

diferente daquela que forma a maioria dos dados. Esse comportamento anômalo pode influenciar a

análise estatística e levar a conclusões errôneas (SCHWERTMAN; OWENS; ADNAN, 2004).

O diagrama de caixa é considerado uma maneira enxuta para demonstrar a distribuição de uma

amostra, principalmente quando comparada à outras ferramentas similares como o histograma ou a

curva da densidade de Kernel. Sua vantagem reside no fato desta ferramenta não utilizar os valores

extremos para apresentar a estatística da distribuição (SCHWERTMAN; OWENS; ADNAN, 2004).

O diagrama de caixa padrão apresenta cinco componentes principais (Figura 7):

(1) mediana, Md, medida de tendência central que indica o valor central de uma amostra ordenada.

(2) a parte inferior da caixa – Q1, quartil primário ou ¼ dos menores valores – e a parte superior

da caixa–Q3, quartil terciário ou ¾ dos maiores valores. A diferença interquartílica (Q3 – Q1),

representa a dispersão da distribuição – altura da caixa (H).

(3) valores extremos, não atípicos, correspondem, no extremo inferior, ao quartil primário (Q1)

subtraindo 1,5 vezes a altura da caixa. No extremo superior, toma-se o quartil superior (Q3) e

adiciona-se 1,5 vezes a altura da caixa. Os valores extremos costumam ser denominados “cercas”,

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44

(4) graficamente, os valores extremos são ligados à caixa por meio de linhas comumente

denominadas “fios de bigode” (whisker).

(5) valores discrepantes são aqueles localizados além dos valores extremos.

Figura 7 - Diagrama de caixa

Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

Nesse contexto, valores atípicos detectados por uma análise usando o diagrama de caixa são

aqueles localizados além dos valores extremos superior (Q3 + 1,5*H) e inferior (Q1 – 1,5*H). O autor

fez uso do programa licenciado Statistical Package for Social Sciences (IBM/SPSS), por meio de sua

função “Exploratória”, com o intuito de elaborar o diagrama de caixa e identificar dados atípicos em

função do número de respondentes da pesquisa (MOOI, 2014).

3.2.6 Análise Fatorial Exploratória (AFE)

A AFE consiste em análise na qual todas as variáveis são consideradas simultaneamente, ou

seja, todas relacionadas entre si, fazendo uso do conceito de variável estatística que descreve a

composição linear de variáveis. Nesse contexto, a AFE condensa significativamente o número de

variáveis que descrevem um fenômeno e possibilita a detecção da correlação entre essas variáveis

(HAIR JR et al., 2014). Essa correlação se dá em função de fatores que são, ao mesmo tempo,

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45

determinantes, porém latentes (TINSLEY; BROWN, 2000). AAFE não distingue dependência entre

as variáveis pois trata-se de uma técnica de interdependência, em que examina-se um conjunto de

relações interdependentes (MALHOTRA, 2001). Há duas grandes classes de técnicas de análise de

dados: a análise de fatores comuns e a análise de componentes principais.

A análise de componentes principais produz uma ou mais variáveis compostas que capturam

grande parte das informações originalmente contidas em um conjunto maior de itens. Além disso, os

componentes são definidos como somas ponderadas dos itens originais. Dessa maneira, os

componentes principais são transformações lineares das variáveis originais. Eles se baseiam em dados

reais e são derivados dos itens reais. Outro resultado da AFE é a criação de escores fatoriais.

(KOOTSTRA, 2004). A carga fatorial expressa quanto um teste ou variável observada está

correlacionada a um fator. Desta forma, quanto maior essa carga fatorial, maior a identificação entre

as variáveis analisadas (SILVA; NETO, 2010).

Nesta dissertação, o autor fez uso da Análise Fatorial Exploratória (AFE) unifatorial com o

intuito de elaborar uma classificação dos fatores para a implantação da DMS. Uma análise de

componentes principais foi conduzida tanto para as respostas válidas do critério importância quanto

para o critério aplicação. Para ambos os critérios, definiu-se o número de fatores a serem extraídos

iguais a um. A AFE foi realizada por meio do programa licenciado SPSS, recorrendo à análise

estatística multivariada (PESTANA e GAGEIRO, 2005).

3.3 Caracterização da amostra

Neste item são sintetizadas as respostas obtidas por meio da aplicação dos questionários. O

número de questionários válidos considerados foi igual a 113 - número que compõe o tamanho da

amostra. Segundo dados obtidos por meio do programa licenciado G*Power, o tamanho mínimo da

amostra seria de 55 respondentes. O número obtido gera um poder do teste da ordem de 98,3%.

Para caracterização da amostra foram analisados o ramo da indústria, o tempo de atuação do

respondente com a ferramenta DMS e o tempo médio de atuação do respondente com a ferramenta

DMS em função do ramo da indústria.

A Tabela 2 exibe a composição da amostra por ramo da indústria: 49,6% de profissionais que atuam

na indústria aeroespacial, 30,1% na indústria automotiva, 17,7% da área de consultoria e 2,7% da

área de petróleo e gás. Importante ressaltar que, a categoria de profissionais “consultoria” é composta

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46

por profissionais que dão treinamento técnico para indústrias interessadas em implantar a

metodologia DMS.

Tabela 2 - Perfil da amostra por ramo da indústria

Ramo da indústria Frequência Percentual [%]

Aeroespacial 56 49,6

Automotiva 34 30,1

Consultoria 20 17,7

Petrolífera 3 2,7

Total 113 100,0

Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

A Tabela 3 descreve o perfil da amostra por tempo de atuação com DMS. Percebe-se um perfil

com nível de experiência bastante heterogêneo, prevalecendo profissionais relativamente experientes

na atuação da técnica – cerca de setenta porcento do total da amostra - o que pode ter contribuído para

elevar o grau de maturidade das respostas.

Tabela 3 - Perfil da amostra por tempo de atuação com DMS

Tempo [anos] Frequência Percentual [%]

2 7 6,2

3 12 10,6

4 14 12,4

5 12 10,6

6 16 14,2

7 12 10,6

8 14 12,4

9 4 3,5

10 5 4,4

11 2 1,8

12 6 5,3

13 5 4,4

15 2 1,8

16 2 1,8

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47

Total 113 100,0

Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

A Figura 8, a Figura 9 e a Tabela 4 mostram o perfil da amostra, relacionando o tempo médio de

trabalho com a metodologia DMS com o ramo da indústria de atuação do respondente. Visualiza-se

que, na média, foram entrevistados profissionais com boa experiência, o que reforça a afirmação do

nível da pesquisa. Outro aspecto evidenciado pelo diagrama de caixa é a mediana da distribuição do

tempo de experiência dos respondentes possuir um valor relativamente alto, 6 anos na indústria

aeroespacial, 6,5 anos na automotiva, 7 anos na consultoria e 8 anos na petrolífera, o que confirma as

análises feitas anteriormente. Dessa forma, faz-se minoria os respondentes com muita experiência,

mas também aqueles inexperientes. Como as médias também não se afastam muito (Tabela 4), pode-

se concluir que as distribuições estão homogeneamente centralizadas, pelo menos em relação a esses

indicadores. Por fim, pode-se afirmar que o tempo de trabalho com a metodologia DMS dos

respondentes que atuam em empresas aeroespaciais, automotiva e consultoria são assimetricamente

positivas pois suas medianas estão deslocadas em direção ao primeiro quartil. Já aqueles que

trabalham em empresas petrolíferas têm sua distribuição distribuídas de forma assimetricamente

negativas.

Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

Figura 8 - Perfil da amostra por tempo médio de atuação com DMS por ramo da indústria

aeroespacial automotiva consultoria petrolífera

Tem

po

dio

Ramo da indústria

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Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

Tabela 4 - Diagrama de caixa da amostra por tempo médio de atuação com DMS por ramo da indústria

Industria Dados

Tempo médio

Aeroespacial Média 7,52

Mediana 6,00

Variância 17,116

Desvio Padrão 4,137

Mínimo 2

Máximo 16

Intervalo 14

Intervalo interquartil 7

Automotiva Média 7,46

Mediana 6,50

Variância 14,898

Desvio Padrão 3,860

Mínimo 2

Máximo 16

Figura 9 - Diagrama de caixa da amostra por tempo médio de atuação com DMS por ramo da indústria

aeroespacial automotiva consultoria petrolífera

Ramo da indústria

Tem

po

dio

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49

Industria Dados

Intervalo 14

Intervalo interquartil 7

Consultoria Média 7,40

Mediana 7,00

Variância 7,726

Desvio Padrão 2,780

Mínimo 4

Máximo 12

Intervalo 8

Intervalo interquartil 5

Petrolífera Média 6,67

Mediana 8,00

Variância 5,333

Desvio Padrão 2,309

Mínimo 4

Máximo 8

Intervalo 4

Intervalo interquartil .

Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

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50

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E ANÁLISES

Este capítulo é dedicado à apresentação e discussão dos resultados da pesquisa que,

inicialmente, levantou em material acadêmico, vinte e seis fatores relacionados à implantação da

DMS. Estes fatores, delimitados como críticos para o sucesso da implantação da metodologia DMS,

estão dispostos na Tabela 5. No total, 113 profissionais que atuam com a temática, foram submetidos

a um questionário no qual puderam expor sua percepção (grau 1 a 10) a respeito da importância

conceitual de cada um dos vinte e seis fatores na implantação da DMS. Pediu-se também a percepção

(grau 1 a 10) a respeito da aplicação desse mesmo fator na implantação da metodologia DMS nas

suas respectivas experiências profissionais.

Os dados coletados nesta pesquisa foram validados pelo teste de consistência do alfa de

Cronbach, depurados com a remoção dos dados inconsistentes por meio do diagrama de caixa e, por

fim, ordenados em uma classificação de importância por meio da Análise Fatorial Exploratória

unifatorial.

Tabela 5 - Fator Crítico de Sucesso (FCS) na implantação da metodologia DMS

Fator Descrição

1 Contar com o compromisso e apoio da alta administração durante a implantação

2 Adoção dos conceitos de Engenharia Simultânea por toda a equipe

3 Identificar claramente os requisitos do produto exigidos pelos clientes

4 Análise do custo de produção associado à tolerância exigida pelo mercado

5 Estratégias de Manufatura bem definidas

6 Cronograma realístico de implantação das atividades

7 Contar com líderes atuantes e capazes de solucionar problemas associados à implantação

8 Análise de risco eficaz associada às atividades a serem desenvolvidas

9 Identificação dos fatores-chave baseados nos requisitos funcionais do produto

10 Proporcionar uma perfeita integração entre os conceitos de tolerâncias geométricas e

dimensionais e os processos de montagem dos produtos

11 Proporcionar preparação técnica nos conceitos de engenharia dimensional e geométrica às

pessoas envolvidas no processo de implantação

12 Alinhar e difundir entre os elos da cadeia de fornecimento, o padrão relacionado à engenharia

dimensional e geométrica a ser utilizado (exemplo ISO, ASME, etc.)

13 Alinhar e difundir os conceitos de engenharia dimensional e geométrica aos prestadores de

serviços

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51

Fator Descrição

14 Estimular o uso amplo de ferramentas 3D de simulação a fim de identificar fatores críticos de

montagem

15 Índices estatísticos acerca da estabilidade do processo (tais como Cp, Cpk, seis-sigma)

16 Ampla difusão das técnicas de metrologia e de ferramentas de inspeção

17 Adoção dos conceitos de Análise dos Modos e Efeitos de Falhas (FMEA) por toda a equipe

18 Canais de comunicação bem definidos entre os envolvidos na implantação da DMS

19 Reutilização de experiência de fabricação advinda de projetos anteriores

20 Integração do cliente à DMS em todas as fases do ciclo de vida do produto

21 Proporcionar a integração entre fornecedor e a empresa

22 Abordagem flexível frente às mudanças necessárias de serem realizadas durante a fase de

implantação

23 Compreender a real necessidade de fabricar ferramental específicos (hard tooling) para a

montagem de peças

24 Adoção dos conceitos de Projeto Robusto por toda a equipe

25 Utilização de processos padronizados por toda equipe de implantação

26 Adoção dos conceitos relacionados à Manufatura Enxuta

Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

4.1 Resultado referente à análise da consistência dos dados

Para o teste de confiabilidade dos dados coletados na pesquisa, verifica-se a consistência interna

dos itens que os compõem por meio da análise do coeficiente alfa de Cronbach. Essa análise leva em

consideração a escala descrita por Hair et al. (2009) que classifica valores acima de 0,7 como

aceitáveis para pesquisas sociais. O estudo de Gliem e Gliem (2003) complementa essa análise,

afirmando que dados cujo alfa de Cronbach sejam maiores que 0,9 seriam muito consistentes

(GLIEM; GLIEM, 2003; HAIR et al., 2009).

Para o critério importância, o valor do alfa de Cronbach é 0,903, o que caracteriza esses dados

como muito consistentes. O critério aplicação apresentou um valor do alfa de Crombach de 0,917, o

que também o qualifica como muito consistente.

Cabe observar que um valor elevado do alfa de Cronbach indica uma boa consistência interna

dos dados em relação à escala. Essa escala, por sua vez, é sensível não apenas à correlação entre as

respostas, mas também à ocorrência de redundância nos dados analisados, ou seja, perguntas que

tenham o mesmo significado, porém descritas de forma diferente, apresentam esse viés (TAVAKOL

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52

e DENNICK, 2011). Nesse sentido, torna-se importante reanalisar dados cujo alfa de Cronbach

tenham um valor muito alto – acima de 0,95.

Para analisar o alfa de Cronbach, o autor utilizou o programa licenciado SPSS por meio de

sua funcionalidade típica de cálculo deste fator.

4.2 Resultados referentes à eliminação dos pontos inconsistentes

Por meio do programa licenciado SPSS, a identificação dos dados atípicos dos critérios

importância e aplicação. Os resultados encontram-se descritos na Figura 10 e na Figura 11.

Figura 10 - Diagrama de caixa - dados relativos ao critério importância

Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

Para o critério importância, os respondentes considerados discrepantes são aqueles de

numeração 31, 32, 45, 51, 52, 54, 55, 56, 59, 70, 80, 81, 84, 85, 86 e 107. Vale ressaltar que a decisão

de como proceder com os pontos inconsistentes cabe ao analista. Quando se trabalha com uma

amostra reduzida, pode-se eliminar pontualmente as respostas identificadas como discordantes. O

autor desta dissertação, com o consentimento de seu orientador, decidiu excluir todos os dados dos

respondentes que apresentaram pelo menos uma de suas respostas discrepantes. A razão é que,

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53

comparada ao tamanho original da amostra -113 respondentes - a quantidade de dados discrepantes

– dezesseis - pode ser considerada irrelevante (HAIR et al., 2009). Além disso, o número da amostra

remanescente - 97 respondentes – permite bom ajuste aos modelos propostos (COHEN, 1992; HAIR,

2014).

A análise dos indivíduos considerados discrepantes segundo o critério importância não

detectou nenhum padrão que caracterizasse essa classificação. Dos dezesseis respondentes

considerados inconsistentes, há representantes de indústrias que somam 97% do total da amostra. O

autor desta pesquisa considerou a ausência de dados discrepantes oriundos da indústria de petróleo

como consequência do número reduzido de respondentes desse ramo de indústria – 3 indivíduos ou

3% da amostra. Relativo ao tempo de experiência há desde os mais novos - dois anos - até

profissionais muito experientes, 16 anos trabalhando com a metodologia DMS. A média desse tempo

ficou em 7,2 anos, muito próxima da média da amostra total, 6,8 anos.

Figura 11 - Diagrama de caixa - dados relativos ao critério aplicação

Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

Para o critério aplicação, os respondentes considerados anômalos são aqueles de numeração 31,

32, 45, 56, 57, 59, 70, 81, 86, 87, 91, 95, 99, 103, 104, 105, 107, 108, 110, 113. Vale ressaltar que a

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54

decisão de como proceder com os pontos inconsistentes cabe ao analista. Quando se trabalha com

uma amostra reduzida, pode-se eliminar pontualmente as respostas identificadas como divergentes.

O autor desta dissertação, com a anuência de seu orientador, decidiu excluir todos os dados dos

respondentes que apresentaram pelo menos uma de suas respostas inconsistente. A razão é que,

comparada ao tamanho original da amostra -113 respondentes - a quantidade de pontos divergentes

– vinte - pode ser considerada irrelevante (HAIR et al., 2009). Além disso, o número da amostra

remanescente - 93 respondentes, mostra-se adequado para as análises realizadas. (COHEN, 1992;

HAIR, 2014).

A análise dos indivíduos considerados inconsistentes segundo o critério aplicação não detectou

nenhum padrão que caracterizasse essa classificação. Dos vinte respondentes considerados

divergentes, há representantes de indústrias que somam 97% do total da amostra. O autor desta

pesquisa considerou a ausência de dados divergentes oriundos da indústria de petróleo como

consequência do número reduzido de respondentes desse ramo de indústria – 3 indivíduos ou 3% da

amostra. Relativo ao tempo de experiência, há desde os mais novos - dois anos - até profissionais

muito experientes, 16 anos de experiência com a metodologia DMS. A média desse tempo ficou em

6,1 anos, muito próxima da média da amostra total, 6,8 anos.

4.2.1 Análise comparativa do diagrama de caixa dos critérios importância e aplicação

A análise comparativa da distribuição das respostas acrescenta informação relevante quanto à

percepção dos respondentes em relação a cada critério analisado. A Figura 12 compara a distribuição

das respostas para o critério aplicação em relação àquelas para o critério importância. Tal artifício

salienta a subsidiariedade entre as duas análises: segundo a opinião dos respondentes que participaram

da pesquisa, os fatores considerados importantes conceitualmente, também são os mais aplicados.

Destaque para a tendência de os respondentes avaliarem positivamente tanto a importância

quanto o grau de aplicação de cada fator – aspecto evidenciado pelas médias elevadas obtidas em

ambos os critérios. Além disso, é notória a homogeneidade observada na distribuição das respostas

ao longo de toda a pesquisa. Essa homogeneidade pode demonstrar convergência entre os fatores

considerados importante na literatura correlata e aqueles mais aplicados dentro das empresas.

Preliminarmente, pode-se concluir que os vinte e seis fatores que compuseram a pesquisa são

considerados importantes e o grau de aplicação de cada um também é significativo. Nesse sentido, é

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55

relevante que empresas interessadas na adoção da metodologia DMS estejam atentas a todos os

fatores.

Figura 12 - Análise comparativa do diagrama de caixa dos critérios importância e aplicação

Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

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56

4.3 Resultados referentes à Análise Fatorial Exploratória (AFE)

A Análise Fatorial Exploratória (AFE) foi utilizada com o intuito de elaborar uma escala dos

fatores classificados como críticos para o sucesso (FCS) da implantação da metodologia DMS.

Conduziu-se uma análise de componentes principais unifatorial com os 26 fatores em uma amostra

de 97 respondentes para o critério importância.

Para realizar a AFE, o autor fez uso do programa licenciado SPSS recorrendo a funções

estatísticas paramétricas e multivariadas. A fidelidade das sub escalas foi aferida por meio do

coeficiente Alfa de Crombach, que fornece a medida de consistência interna da escala. A AFE foi

efetuada por meio da análise dos componentes principais, fazendo uso da rotação fatorial ortogonal

Varimax, com o intuito de redistribuir as cargas fatoriais muito próximas em mais de um fator: Em

função de a quantidade de pesquisas sobre o tema DMS não ser extenso, adotou-se a quantidade de

fatores igual a um. Dessa forma, efetua-se a AFE e obteve-se o escore dos fatores críticos para o

sucesso da implantação da metodologia DMS, considerando o critério importância (Figura 13).

Figura 13 - Escores dos fatores – critério importância

Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

A Tabela 6 mostra a classificação dos fatores críticos de sucesso (FCS) na implantação da DMS,

considerando a importância conceitual atribuída por profissionais que atuam com a temática. Além

disso, apresentam-se suas respectivas descrições de forma sintética.

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Tabela 6 - Escores dos fatores – critério importância

Classificação Fator Escore Descrição Sintética

1º 9 1,923 Fatores-chave baseado nos requisitos funcionais do produto

2º 12 1,331 Alinhar escolha do padrão internacional de GD&T (exemplo ISO, ASME, etc.)

3º 3 1,325 Requisitos do produto exigidos pelos clientes

4º 11 1,278 Preparação técnica nos conceitos de GD&T

5º 2 1,011 Engenharia simultânea

6º 14 0,994 Ferramentas 3D de simulação a fim de identificar fatores críticos de montagem

7º 1 0,984 Apoio da alta administração durante a implantação

8º 16 0,92 Técnicas de metrologia e de ferramentas de inspeção

9º 10 0,871 Integração entre os conceitos de GD&T e montagem dos produtos

10º 5 0,299 Estratégias de Manufatura

11º 26 0,019 Manufatura enxuta

12º 6 -0,084 Cronograma realístico de implantação

13º 18 -0,173 Canais de comunicação bem definidos entre os envolvidos na implantação da DMS

14º 24 -0,259 Projeto robusto

15º 13 -0,302 Difundir os conceitos de GD&T aos prestadores de serviço

16º 25 -0,334 Padronização de processos

17º 4 -0,387 Custo de produção associado à tolerância exigida pelo mercado

18º 22 -0,501 Abordagem flexível frente às mudanças

19º 8 -0,692 Análise de risco eficaz

20º 21 -0,752 Integração entre fornecedor e a empresa

21º 15 -0,942 Índices estatísticos (tais como Cp, Cpk, seis-sigma)

22º 17 -1,095 Análise dos modos e efeitos de falhas (FMEA)

23º 20 -1,183 Integrar cliente à DMS

24º 23 -1,188 Ferramental específicos (Jig/fixture 'hard' tooling)

25º 7 -1,273 Gestão de problemas

26º 19 -1,79 Reutilização de experiência de fabricação

Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

O próximo passo da pesquisa é a análise da classificação dos fatores agrupados segundo o

critério importância.

O fator número 9, relativo à identificação dos fatores-chave, apresenta escore 1,923, destacando-

se dos demais fatores da lista. Presume-se dessa forma que se trata do fator mais importante quando

analisado sob o critério importância.

Em seguida, verifica-se que os fatores 12, 3 e 11 formam um pequeno aglomerado, o que reflete

variáveis que apresentam a mesma estrutura subjacente (TABACHNICK; FIDELL, 2007).

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58

Posteriormente, os fatores 2, 14, 1, 16 e 10, formam outro aglomerado, dispostos em um patamar

inferior de importância.

O fator número 5 representa um ponto de deflexão a partir do qual os valores de escores decrescem

acentuadamente. Entre os fatores 26 e 6, ocorre uma inversão de sinal, tornando-se negativo. Como

o escore fatorial representa uma combinação de todas as variáveis analisadas, ele assume tanto valor

positivo quanto negativo. Um escore é positivo quando as variáveis de grande peso têm uma estrutura

fatorial subjacente ao conjunto de variáveis coletadas. Por outro lado, o escore é negativo quando as

variáveis de grande peso não possuem essa característica.

O autor observa que, do lado negativo, há também a formação de aglomerados entre os fatores

18, 24, 13, 25 e 4. A partir do fator 8, ocorre uma curva ascendente – fatores 21, 15, 17, 20, 23 e 7 -

até o fator mais negativo representado pelo fator 19.

Para o critério aplicação, uma análise de componentes principais foi conduzida com os 26

fatores em uma amostra de 93 respondentes. A Análise Fatorial Exploratória (AFE) foi novamente

utilizada com o intuito de elaborar uma escala dos fatores críticos de sucesso (FCS) para a

implantação da DMS.

Os mesmos parâmetros utilizados na análise de importância foram adotados para a análise de

aplicação, obtendo-se, dessa forma, o escore dos fatores na implantação da DMS considerando o

critério aplicação (Figura 14).

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59

Figura 14 - Escores dos fatores – critério aplicação

Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

A Tabela 7 mostra a classificação, segundo o critério aplicação, dos fatores críticos de sucesso

(FCS) no histórico de implantação da metodologia DMS, segundo o parecer de profissionais que

atuam com a temática.

Tabela 7 - Escores dos fatores – critério aplicação

Classificação Fator Escore Descrição Sintética

1º 11 2,061 Preparação técnica nos conceitos de GD&T

2º 9 1,715 Fatores-chave baseado nos requisitos funcionais do produto

3º 10 1,459 Integração entre os conceitos de GD&T e montagem dos produtos

4º 12 1,155 Alinhar escolha do padrão internacional de GD&T (exemplo ISO, ASME, etc.)

5º 14 0,996 Ferramentas 3D de simulação a fim de identificar fatores críticos de montagem

6º 3 0,992 Requisitos do produto exigidos pelos clientes

7º 2 0,956 Engenharia simultânea

8º 1 0,680 Apoio da alta administração durante a implantação

9º 16 0,587 Técnicas de metrologia e de ferramentas de inspeção

10º 5 0,403 Estratégias de Manufatura

11º 26 0,023 Manufatura enxuta

12º 18 -0,072 Canais de comunicação bem definidos entre os envolvidos na implantação da DMS

13º 24 -0,231 Projeto robusto

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Classificação Fator Escore Descrição Sintética

14º 8 -0,235 Análise de risco eficaz

15º 25 -0,459 Padronização de processos

16º 13 -0,532 Difundir os conceitos de GD&T aos prestadores de serviço

17º 22 -0,536 Abordagem flexível frente às mudanças

18º 6 -0,557 Cronograma realístico de implantação

19º 4 -0,580 Custo de produção associado à tolerância exigida pelo mercado

20º 21 -0,924 Integração entre fornecedor e a empresa

21º 20 -0,925 Integrar cliente à DMS

22º 17 -0,971 Análise dos modos e efeitos de falhas (FMEA)

23º 23 -1,159 Ferramental específicos (Jig/fixture 'hard' tooling)

24º 15 -1,208 Índices estatísticos (tais como Cp, Cpk, seis-sigma)

25º 7 -1,246 Gestão de problemas

26º 19 -1,394 Reutilização de experiência de fabricação

Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

A primeira característica relevante observada na distribuição dos escores da aplicação dos fatores

é a suavidade e continuidade da curva que apresenta uma declividade contínua do fator 11, passando

pelo 9, 10, 12 e 14.

Utilizando-se desta classificação, a maior importância do fator 11 em relação aos demais não fica

tão evidente quanto no quesito importância. Chama a atenção a regularidade do fator 9 que, na

classificação de importância, ocupava a primeira colocação e no critério de aplicação, situa-se na

segunda colocação.

O fator número 3, interrompe a série decrescente que, no entanto, é retomada pelo fator 1,

passando pelos fatores 16 e 5. Verifica-se do lado positivo do escore que a única ruptura na série

ocorre devido ao fator 26. Nesse ponto ocorre uma deflexão acentuada da curva.

A partir do fator 18, ocorre uma inversão de sinal na pontuação do escore, tornando-se negativo.

Conforme esclarecido, um escore é positivo quando as variáveis de grande peso têm uma estrutura

fatorial subjacente ao conjunto de variáveis coletadas. Por outro lado, o escore é negativo quando as

variáveis de grande peso não possuem essa característica.

Forma-se aglomerados entre os fatores 15, 16, 17, 18 e 19, refletindo variáveis que apresentam a

mesma estrutura subjacente (TABACHNICK; FIDELL, 2007).

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O fator 21 representa uma ruptura na curva, porém, a partir do próximo fator – 20 - retoma-se a

série descendente – 20, 17, 23, 15, 7, 19.

4.3.1 Comparação das classificações de escores dos fatores – critérios importância e aplicação

A Tabela 8 mostra a comparação entre as classificações e ressalta na coluna “DELTA” a oscilação

resultante da mudança da visão do respondente, de importância para aplicação do fator na implantação

da DMS. Quando “DELTA” é positivo, ocorreu incremento na importância do fator na implantação

da DMS, assim como, para valores negativos de “DELTA”, ocorreu uma diminuição dessa

importância na percepção dos respondentes. Inicialmente, verifica-se que os dez primeiros para

ambos os critérios se mantiveram, porém, a ordem em que aparecem sofreu alterações. Comparando

importância e aplicação, de 26 fatores, 10 deles sofreram um aumento de classificação, 6

permaneceram com o mesmo escore e 10 reduziram o nível da classificação. A análise da coluna

“DELTA” revela que ocorreram mudanças significativas no critério importância segundo os

entrevistados: Destaque para os fatores números 10 (incremento de 6), fator número 6 (queda de -6)

e fator número 8 (incremento de 5).

Tabela 8 - Comparação das classificações de escores dos fatores – critérios importância e aplicação

Fator

IMPORTÂNICA APLICAÇÃO DELTA

Descrição Sintética Classificação "I"

Escore "I"

Classificação "A"

Escore "A"

"A" - "I"

9 1 1,923 2 1,715 -1 Fatores-chave baseado nos requisitos funcionais do produto

12 2 1,331 4 1,155 -2 Alinhar escolha do padrão internacional de GD&T (exemplo ISO, ASME, etc.)

3 3 1,325 6 0,992 -3 Requisitos do produto exigidos pelos clientes

11 4 1,278 1 2,061 3 Preparação técnica nos conceitos de GD&T

2 5 1,011 7 0,956 -2 Engenharia simultânea

14 6 0,994 5 0,996 1 Ferramentas 3D de simulação a fim de identificar fatores críticos de montagem

1 7 0,984 8 0,68 -1 Apoio da alta administração durante a implantação

16 8 0,92 9 0,587 -1 Técnicas de metrologia e de ferramentas de inspeção

10 9 0,871 3 1,459 6 Integração entre os conceitos de GD&T e montagem dos produtos

5 10 0,299 10 0,403 0 Estratégias de Manufatura

26 11 0,019 11 0,023 0 Manufatura enxuta

6 12 -0,084 18 -0,557 -6 Cronograma realístico de implantação

18 13 -0,173 12 -0,072 1 Canais de comunicação bem definidos entre os envolvidos na implantação da DMS

24 14 -0,259 13 -0,231 1 Projeto robusto

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Fator IMPORTÂNICA APLICAÇÃO DELTA

Descrição Sintética Classificação "I"

Escore "I"

Classificação "A"

Escore "A"

"A" - "I"

13 15 -0,302 16 -0,532 -1 Difundir os conceitos de GD&T aos prestadores de serviço

25 16 -0,334 15 -0,459 1 Padronização de processos

4 17 -0,387 19 -0,58 -2 Custo de produção associado à tolerância exigida pelo mercado

22 18 -0,501 17 -0,536 1 Abordagem flexível frente às mudanças

8 19 -0,692 14 -0,235 5 Análise de risco eficaz

21 20 -0,752 20 -0,924 0 Integração entre fornecedor e a empresa

15 21 -0,942 24 -1,208 -3 Índices estatísticos (tais como Cp, Cpk, seis-sigma)

17 22 -1,095 22 -0,971 0 Análise dos modos e efeitos de falhas (FMEA)

20 23 -1,183 21 -0,925 2 Integrar cliente à DMS

23 24 -1,188 23 -1,159 1 Ferramental específicos (Jig/fixture 'hard' tooling)

7 25 -1,273 25 -1,246 0 Gestão de problemas

19 26 -1,79 26 -1,394 0 Reutilização de experiência de fabricação

Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

O fator número 10 apresentou um incremento de 6 posições quando avaliado sob o critério

aplicação, o que poderia representar uma ruptura entre esses dois critérios ou uma constatação da

importância desse fator na experiência profissional. De fato, a integração de conceitos de tolerâncias

geométricas e dimensionais aos processos de montagem dos produtos tende a ser valorizada conforme

se presencia não conformidades na produção geradas pela ausência desta integração.

Não obstante, verifica-se que o fator número 6 sofreu uma redução de 6 posições para essa

mesma transição. Essa redução nesta classificação pode estar relacionada ao fato de este requisito

(cronograma realístico de implantação) já estar sendo contemplado em outros fatores de forma mais

abrangente.

Por fim, o fator número 8 teve sua classificação aumentada em 5 posições. Uma análise de risco

eficaz torna-se fundamental na implantação de modelos de estratégia de manufatura como a DMS

que é tratada nesta dissertação.

Retomando os resultados referentes à análise dos dados atípicos (4.2.1 ), ratifica-se a análise

visual de que houve uma redução generalizada ao longo de todos os fatores, quando comparado

critérios importância e aplicação. Acrescenta-se agora o fato de que, internamente, não ocorreu

grande alteração na percepção de qual fator predomina sobre o outro para ambos os critérios.

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5 CONCLUSÕES

Como corolário desta pesquisa, o autor acredita que seu objetivo foi plenamente alcançado,

qual seja, a apresentação da classificação de FCS na implantação da DMS considerando dois critérios:

a importância conceitual do fator e sua aplicação na experiência de profissionais do ramo. Além da

discriminação das classificações separadamente, o autor considerou relevante comparar os dois

critérios para evidenciar eventual disparidade.

Responde-se desta forma às questões centrais propostas na introdução dessa dissertação: os

fatores que ocupam posições de destaque na classificação, segundo critério de importância para a

implantação da metodologia Dimensional Management System, são os seguintes:

Fator nº 9 - Identificação dos fatores-chave baseados nos requisitos funcionais do produto. O

atraso da identificação desses fatores pode colocar em risco toda a cadeia do processo de

fabricação (ZHENG et al., 2008).

Fator nº 12 - Alinhamento e difusão do padrão internacional de uso da GD&T a ser utilizado

entre os elos da cadeia de fornecimento. A importância desse aspecto é proporcional ao

tamanho da cadeia de fabricação do produto (JEFFREYS, 2006).

Fator nº 3 - Identificação dos requisitos do produto exigidos pelos clientes. Esse aspecto

mostra-se fundamental para garantir a perpetuidade da empresa visto que, baseado nessa

informação, monta-se o plano estratégico de longo prazo da empresa que norteia suas ações

(BROWN; BLACKMON, 2005).

Fator nº 11 - Preparação técnica das pessoas envolvidas no processo de implantação em

relação aos conceitos de GD&T. O aspecto treinamento está ligado ao bom funcionamento

da engenharia simultânea e isso incrementa sua importância (HASAN M A A SHANKAR et

al., 2009).

Fator nº 2 - Adoção dos conceitos de Engenharia Simultânea por toda a equipe. Os conceitos

da engenharia simultânea direcionam toda a implantação da DMS. Nesse aspecto, o sucesso

da implantação da DMS está atrelado ao desempenho da engenharia (JASURDA, 2011).

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64

Fator nº 14 - Ferramentas 3D de simulação a fim de identificar fatores críticos de montagem.

Ferramentas de simulação 3D proporciona avanço significativo no uso da DMS

proporcionando ganhos de qualidade e produtividade (JASURDA, 2011).

Fator nº 1 - Apoio da alta administração durante a implantação. Um aspecto bastante relevante

a ser considerado na implantação da DMS está relacionado ao seu custo que requer o

comprometimento da alta gestão (CURTIS, 2002).

Fator nº 16 - Técnicas de metrologia e de ferramentas de inspeção. A importância do uso das

técnicas de metrologia para a implantação da DMS está relacionada ao seu papel relevante

para, inicialmente, mensurar as perdas financeiras e orientar a alta gestão na definição de um

plano de controle (OLIVEIRA; OTHERS, 2004).

Fator nº 10 - Integração entre os conceitos de GD&T e montagem dos produtos. O GD&T

garante o entendimento das especificações de fabricação do produto, a montagem das peças

sem a necessidade de ajustes e também preserva suas funcionalidades (CURTIS, 2002).

Fator nº 5 - Estratégias de Manufatura. A definição de como, onde e com que frequência os

produtos serão montados e qual o grau de precisão exigido deve ser orientado pelos requisitos

de mercado (JASURDA, 2011).

Verificou-se por meio dos resultados da pesquisa que a aplicação da DMS, nesse caso particular,

apresentou maturidade satisfatória. Essa conclusão é resultado da constatação de que os dez fatores

considerados mais importantes são também aqueles com maior grau de aplicação na experiência dos

profissionais entrevistados. Além disso, a avaliação positiva dos fatores tanto para o critério

importância quanto para o grau de aplicação, pode caracterizar influência de um aspecto sobre o outro,

o que caracteriza a maturidade da amostra.

5.1 Sugestão para futuras pesquisas

O fechamento desta dissertação configura-se em uma abertura para pesquisadores dispostos a

aperfeiçoar a pesquisa apresentada neste manuscrito. Um primeiro aspecto a ser sugerido seria o

refinamento das respostas coletadas por meio de uma análise usando o coeficiente de correlação de

Pearson. Essa análise mediria a associação linear entre as respostas coletadas e identificaria a

existência de relações lineares entre elas o que poderia, eventualmente, extrair algumas delas. A razão

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65

de isto não ter sido realizado neste primeiro momento foi o fato de esta pesquisa ter um viés

exploratório, haja vista não haver muita pesquisa na linha de implantação da DMS. Dessa forma, a

exploração por meio de vinte e seis fatores foi devidamente discutido e acordado na etapa preliminar

da elaboração da pesquisa.

A análise de Pearson forneceria o modelamento de constructos com o intuito de gerar um modelo

preliminar de implantação da DMS. Esse modelo seria utilizado na Modelagem de Equações

Estruturais (MEE) para avaliar sua consistência. A análise com a aplicação da MEE pode gerar uma

estimativa da magnitude dos efeitos estabelecida entre variáveis, condicionadas ao fato de o modelo

especificado (diagrama) estar correto. Além disso, é possível testar se o modelo é consistente com os

dados observados. Se o modelo e os dados são consistentes, pode-se dizer que este é plausível, embora

não se possa afirmar que este é correto (KLEM, 1995; MARUYAMA, 1998).

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71

7 ANEXOS

7.1 Mapa de alocação dos FCS dentro do desenvolvimento integrado do produto

Fator Descrição Mapa

1 Contar com o compromisso e apoio da alta administração durante a implantação TD

2 Adoção dos conceitos dos conceitos de Engenharia Simultânea por toda a equipe II

3 Identificar claramente os requisitos do produto exigidos pelos clientes IE

4 Análise do custo de produção associado à tolerância exigida pelo mercado IE

5 Estratégias de Manufatura bem definidas FDP

6 Cronograma realístico de implantação das atividades II

7 Contar com líderes atuantes e capazes de solucionar problemas associados à implantação

II

8 Análise de risco eficaz associada às atividades a serem desenvolvidas II

9 Identificação dos fatores-chave baseado nos requisitos funcionais do produto PDD

10 Proporcionar uma perfeita integração entre os conceitos de tolerâncias geométricas e dimensionais e os processos de montagem dos produtos

PDD

11 Proporcionar preparação técnica nos conceitos de engenharia dimensional e geométrica às pessoas envolvidas no processo de implantação

II

12 Alinhar e difundir entre os elos da cadeia de fornecimento, o padrão relacionado à engenharia dimensional e geométrica a ser utilizado.

IE

13 Alinhar e difundir aos conceitos de engenharia dimensional e geométrica aos prestadores de serviços

IF

14 Estimular o uso amplo de ferramentas 3D de simulação a fim de identificar fatores críticos de montagem

PDD

15 Índices estatísticos acerca da estabilidade do processo (tais como Cp, Cpk, six-sigma) FDP

16 Ampla difusão das técnicas de metrologia e de ferramentas de inspeção IDP

17 Adoção dos conceitos de Análise dos Modos e Efeitos de Falhas (FMEA) por toda a equipe

II

18 Canais de comunicação bem definidos entre os envolvidos na implantação da DMS II

19 Reutilização de experiência de fabricação advinda de projetos anteriores II

20 Integração do cliente à DMS em todas as fases do ciclo de vida do produto IE

21 Proporcionar a integração entre fornecedor e a empresa IF

22 Abordagem flexível frente às mudanças necessárias de serem realizadas durante a fase de implantação

II

23 Compreender a real necessidade de fabricar ferramental específicos (Jig/fixture 'hard' tooling) para a montagem de peças

FDP

24 Adoção dos conceitos de Projeto Robusto por toda a equipe II

25 Utilização de processos padronizados por toda equipe de implantação II

26 Adoção dos conceitos relacionados à Manufatura Enxuta II

Onde:

TD = ao longo de todo o processo

IE = Influência de fatores Externos

IF = Influência do Fornecedor

II = Influência de fatores Internos

DIP = Desenvolvimento Integrado do Produto

PDD = Projeto do Produto

FDP = Fabricação do Produto

IDP = Inspeção do Produto

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Figura 15 - Mapa de alocação dos FCS dentro do desenvolvimento integrado do produto

Fonte: Elaborado pelo autor (2016)

DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DO PRODUTO (DIP)

PROJETO DO PRODUTO (PDP) FABRICAÇÃO DO PRODUTO (FDP)

INFLUÊNCIA INTERNARestrições internas;Requisitos internos;

Política interna de melhores práticas;Treinamento interno.

INFLUÊNCIA EXTERNA- Decisões do consumidor

quanto à performance do produto;

- Requisitos funcionais definidos pelos clientes;

- Normas de tolerâncias Internacionais

IE

INFLUÊNCIA de FORNECEDORRestrições técnicas / materiais do fornecedorRestrições de qualificação de mão de obra

IF

MONTAGEM- Sub montagem- Montagem final

COMPONENTE- Usinagem;- Estatística do processo;- Six sigma.

PROJETO MECÂNICO (PRODUTO, EQUIPAMENTO E FERRAMENTAL)

PROJETO DO SISTEMA- Compreensão dos requisitos funcionais do projeto;- Estabelecer proposta das tolerâncias que suportem os requisitos funcionais do projeto

II

PROJETO DETALHADO- Especificação da metodologia de medição de tolerância;- Grau de detalhamento dos desenhos de projeto;- Definição das ferramentas para medição das tolerâncias;- Capacitação de mão-de-obra para análise das tolerâncias.

INSPEÇÃO DO PRODUTO (IDP)

- Teste- Medição- Comparação- Relatórios- Documentos

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7.2 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Análise dos Fatores Críticos de Sucesso (FCS) na implantação da metodologia Dimensional

Management Systems (DMS) em indústrias do ramo metal mecânico

Nome dos responsáveis: Augusto Yassuo Teoi (aluno de mestrado)

Prof. Dr. Rosley Anholon

Número do CAAE: 1.367.722.

Você está sendo convidado a participar como voluntário de uma pesquisa. Este documento, chamado

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar seus direitos como participante e você

poderá manter uma cópia do mesmo, caso assim deseje.

Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se houver perguntas

antes ou mesmo depois de indicar sua concordância por meio eletrônico, você poderá esclarecê-las

com os pesquisadores. Se preferir, pode levar este Termo para casa e consultar seus familiares ou

outras pessoas antes de decidir participar. Não haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo se você

não aceitar participar ou retirar sua autorização em qualquer momento.

Justificativa e objetivos:

A principal justificativa para a realização desta pesquisa é a ausência na literatura acadêmica de

material relativo à implantação da metodologia Dimensional Management System (DMS), quais

seriam os fatores mais críticos neste processo e, principalmente, uma comparação entre o que a

literatura considera crítico e o que profissionais que trabalham com a temática aplicaram na sua

experiência de implantação. Embora a pesquisa tenha finalidade primordialmente acadêmica, seus

resultados podem beneficiar indústrias que tenham interesse na implantação da metodologia DMS ou

outros pesquisadores que desejem desenvolver novos modelos nessa linha.

Procedimentos:

Você está sendo convidado a participar de uma survey e para tal solicitamos o preenchimento de

algumas informações. Inicialmente, assinale a opção abaixo declarando que deseja participar desta

pesquisa como voluntário. Em seguida, insira seus dados, informações sobre sua empresa e seu e-

mail, caso deseje receber os resultados tratados estatisticamente. Na sequência, estão listados vinte e

seis FCS (dois campos para cada) onde, no primeiro campo (1), pede-se que o participante exponha

sua percepção (grau 1 a 10) a respeito da importância conceitual do FCS no processo de implantação

de DMS. No segundo campo (2), pede-se que o participante exponha sua percepção (grau 1 a 10) a

respeito da aplicação desse mesmo FCS nas empresas tomando por base suas experiências práticas.

O preenchimento se dará de forma unicamente eletrônica e a previsão para o preenchimento deste

questionário é de quinze minutos.

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Desconfortos e riscos:

Você não deve participar deste estudo se sentir qualquer desconforto em fornecer as informações

solicitadas. Não há riscos associados à participação nesta pesquisa.

Benefícios:

O benefício associado à participação nesta pesquisa está relacionado à contribuição para o

conhecimento científico relacionado à implantação da DMS. Além disso, caso haja interesse, os

autores desta pesquisa se dispõem a enviar uma cópia eletrônica desta pesquisa, tão logo ela seja

publicada.

Acompanhamento e assistência:

A todo o momento, os responsáveis por essa pesquisa, o aluno de mestrado Augusto Yassuo Teoi e

seu orientador, professor Dr. Rosley Anholon, estarão disponíveis via meios eletrônicos (e-mail,

telefone, entre outros) ou pessoalmente (se possível) para prestar assistência e acompanhamento. Tais

contatos são apresentados posteriormente.

Sigilo e privacidade:

Você tem a garantia de que sua identidade será mantida em sigilo e nenhuma informação será dada a

outras pessoas que não façam parte da equipe de pesquisadores. Na divulgação dos resultados desse

estudo, seu nome não será citado.

Contato:

Em caso de dúvidas sobre a pesquisa, você poderá entrar em contato com os pesquisadores

1) Aluna de Mestrado: Augusto Yassuo Teoi, Curso: Mestrado em Engenharia Mecânica, Rua Eng.

João Fonseca dos Santos, nº 111, Apto. 1103, CEP: 12243-620, São José dos Campos, São Paulo, tel.

(12) 3206-9468, e-mail: [email protected]

2) Professor Doutor Rosley Anholon, Rua Mendeleyev, 200, Departamento de Engenharia de

Manufatura e Materiais (DEMM), Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM), Universidade Estadual

de Campinas, telefone (19) 3521-3312, e-mail [email protected], sala EE207

Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação e sobre questões éticas do estudo, você

poderá entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UNICAMP das

08:30hs às 11:30hs e das 13:00hs as 17:00hs na Rua: Tessália Vieira de Camargo, 126; CEP 13083-

887 Campinas – SP; telefone (19) 3521-8936 ou (19) 3521-7187; e-mail: [email protected].

O Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).

O papel do CEP é avaliar e acompanhar os aspectos éticos de todas as pesquisas envolvendo seres

humanos. A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), tem por objetivo desenvolver a

regulamentação sobre proteção dos seres humanos envolvidos nas pesquisas. Desempenha um papel

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75

coordenador da rede de Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) das instituições, além de assumir a

função de órgão consultor na área de ética em pesquisas.

Consentimento livre e esclarecido: Após ter recebido esclarecimentos sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar, indique o aceite à pesquisa. Para formalizar esse aceite, coloque seu nome completo, data e clique no botão: aceito participar da pesquisa. Responsabilidade do Pesquisador: Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter disponibilizado via online uma via deste documento ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo CEP perante o qual o projeto foi apresentado e pela CONEP, quando pertinente. Comprometo-me a utilizar o material e os dados obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou conforme o consentimento dado pelo participante. ______________________________________________________Data: ____/_____/______.

Augusto Yassuo Teoi

______________________________________________________Data: ____/_____/______. Rosley Anholon

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7.3 Carta de apresentação

Caro participante,

Agradecemos antecipadamentea sua participação nesta pesquisa. Meu nome é Augusto Yassuo

Teoi e sou pesquisador e aluno do Programa de Mestrado da Faculdade de Engenharia Mecânica da

UNICAMP e, como parte de minha dissertação, estou trabalhando com meu orientador a fim de

realizar um projeto acadêmico intitulado "Análise dos Fatores Críticos de Sucesso (FCS) na

implantação da metodologia Dimensional Management System (DMS) em indústrias do ramo metal-

mecânico”. O objetivo da pesquisa é contatar profissionais que participam ou já tenham participado

de um processo de implantação da metodologia DMS - engenheiros, projetistas, metrologistas,

acadêmicos entre outros - e avaliar o que define o sucesso no processo de implantação. Por DMS,

considera-sea aplicação sistêmica de metodologias que possibilitam o entendimento dos efeitos da

variação dimensional durante a fabricação de peças e montagem de conjuntos mecânicos.

Depois de preencher uma breve introdução - área da indústria e tempo trabalhando com o

assunto – estão listados vinte e seis fatores (dois campos para cada) onde, no primeiro campo (1),

pede-se que o participante exponha sua percepção (grau 1 a 10) a respeito da importância conceitual

do fator no processo de implantação de DMS. No segundo campo (2), pede-se que o participante

exponha sua percepção (grau 1 a 10) a respeito da aplicação desse mesmo fator nas empresas tomando

por base suas experiências práticas.

Como responsáveis pelo projeto, meu orientador Dr. Rosley Anholon e eu, entendemos que a

sua participação é voluntária e você pode optar por retirar-se do projeto a qualquer momento durante

o levantamento ou ignorar qualquer pergunta que você prefira não responder. Importante ressaltar

que a sua identidade vai ser mantidaem sigilo. Embora a pesquisa tenhafinalidade

primordialmenteacadêmica, seus resultados podem beneficiar indústrias que tenham interesse na

implantação da metodologia DMS ou outros pesquisadoresque desejem desenvolver novos modelos

nessa linha.

Ao preencher e enviar este levantamento, você estará fornecendo o seu consentimento formal

como participante da pesquisa.

Atenciosamente,

Augusto Yassuo Teoi

Orientador de pesquisa: Rosley Anholon

Faculdade de Engenharia Mecânica

Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Campinas-SP, Brasil

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7.4 Questionário Dimensional Management System (DMS)

Nº Descrição

IMPORTÂNCIA conceitual do fator para o processo de

implantação da DMS?

Percepção: (grau 1 a 10)

APLICAÇÃO do fator no processo de implantação da

DMS baseado em sua experiência prática?

Percepção: (grau 1 a 10)

1

Contar com o compromisso e apoio da

alta administração durante a

implantação

2 Adoção dos conceitos de Engenharia

Simultânea por toda a equipe

3 Identificar claramente os requisitos do

produto exigidos pelos clientes

4

Análise do custo de produção

associado à tolerância exigida pelo

mercado

5 Estratégias de Manufatura bem

definidas

6 Cronograma realístico de implantação

das atividades

7

Contar com líderes atuantes e capazes

de solucionar problemas associados à

implantação da DMS

8 Análise de risco eficaz associada às

atividades a serem desenvolvidas

9

Identificação dos fatores-chave

baseado nos requisitos funcionais do

produto

10

Proporcionar uma perfeita integração

entre os conceitos de tolerâncias

geométricas e dimensionais e os

processos de montagem dos produtos

11

Proporcionar preparação técnica nos

conceitos de engenharia dimensional e

geométrica às pessoas envolvidas no

processo de implantação

12

Alinhar e difundir entre os elos da

cadeia de fornecimento, o padrão

relacionado à engenharia dimensional

e geométrica a ser utilizado (exemplo

ISO, ASME, etc)

13

Alinhar e difundir os conceitos de

engenharia dimensional e geométrica

aos prestadores de serviços

14

Estimular o uso amplo de ferramentas

3D de simulação a fim de identificar

fatores críticos de montagem

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Nº Descrição

IMPORTÂNCIA conceitual do fator para o processo de

implantação da DMS?

Percepção: (grau 1 a 10)

APLICAÇÃO do fator no processo de implantação da

DMS baseado em sua experiência prática?

Percepção: (grau 1 a 10)

15

Índices estatísticos acerca da

estabilidade do processo (tais como

Cp, Cpk, seis-sigma)

16

Ampla difusão das técnicas de

metrologia e de ferramentas de

inspeção

17

Adoção dos conceitos de Análise dos

Modos e Efeitos de Falhas (FMEA)

por toda a equipe

18

Canais de comunicação bem definidos

entre os envolvidos na implantação da

DMS

19

Reutilização de experiência de

fabricação advinda de projetos

anteriores

20 Integração do cliente à DMS em todas

as fases do ciclo de vida do produto

21 Proporcionar a integração entre

fornecedor e a empresa

22

Abordagem flexível frente às

mudanças necessárias de serem

realizadas durante a fase de

implantação

23

Compreender a real necessidade de

fabricar ferramental específicos (hard

tooling) para a montagem de peças

24 Adoção dos conceitos de Projeto

Robusto por toda a equipe

25 Utilização de processos padronizados

por toda equipe de implantação

26 Adoção de conceitos relacionados à

Manufatura Enxuta