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R$ 7,00 ISSN 1413 - 1749 FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Ano 131 • Nº 2.215 • Outubro 2013 D EUS , C RISTO E C ARIDADE

Ano 131 • Nº 2.215 • Outubro 2013

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R$ 7,00

ISSN 1

413

- 1

749

F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 131 • Nº 2.215 • Outubro 2013D EUS , CR I S TO E CAR I D ADE

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: AUGUSTO ELIAS DA SILVA

Revista de Espiritismo CristãoAno 131 / Outubro, 2013 / N o 2.215

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: ANTONIO CESAR PERRI DE CARVALHO

Editor: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES

Redatores: ALTIVO FERREIRA, EVANDRO NOLETO BEZERRA,GERALDO CAMPETTI SOBRINHO, HÉLIO BLUME,JOSÉ CARLOS DA SILVA SILVEIRA E MARTA ANTUNES DE

OLIVEIRA DE MOURA

Secretário: CARLOS ROBERTO CAMPETTI

Gerente: SADY GUILHERME SCHMIDT

Equipe de Diagramação: AGADYR TORRES PEREIRA E

SARAÍ AYRES TORRES

Equipe de Revisão: WAGNA CARVALHO E ISAURA DA

SILVA KAUFMAN

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: SARAÍ AYRES TORRES

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça)

CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:SGAN 603 – Conjunto F – L2 Norte 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Departamento Editorial:Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mails: [email protected]

[email protected]

SumárioExpediente

Editorial

O bom senso

Entrevista: Élide Maria Correa Carneiro

O Espiritismo em Moçambique

Esflorando o Evangelho

Cães e coisas santas – Emmanuel

Falando de Livro

Analfabetismo funcional no Espiritismo –

Geraldo Campetti Sobrinho

Em dia com o Espiritismo

Diferentes concepções de Deus – Marta Antunes Moura

Evangelização Espírita Infantojuvenil

Espiritismo e juventude –

Departamento de Infância e Juventude/FEB

Conselho Espírita Internacional

Visita da FEB a Moçambique

Seara Espírita

Contatos imediatos – Christiano Torchi

Criança e futuro – Bezerra de Menezes

Nascimento de Allan Kardec – 3 de outubro de 1804(Capa)Lanterna no umbral – Richard Simonetti

Uma carta memorável – Mário Frigéri

A cada um segundo as suas obras –

A. Merci Spada Borges

Trabalho na Terra e no mundo espiritual –

José Passini

O sacrifício que mais agrada a Deus –

Manuel Ferreira Barbosa Neto

Descia um homem... – Magda Luzimar de Abreu

Retorno à Pátria Espiritual – Dagmar Melo / / Therezinha de Oliveira / Heigorina Cunha

O medo da morte e a ausência de fé – João Ricardo Ely

Encontro Nacional de Assistência e Promoção SocialEspírita

A FEB na XVI Bienal do Livro do Rio de Janeiro

58

12

131518

23

29

3436

3739

41

4

9

21

22

26

32

40

42

PARA O BRASILAssinatura anual R$ 552,00Assinatura digital anual R$ 224,00Número avulso R$ 77,00

PARA O EXTERIORAssinatura anual US$ 550,00

Assinatura dde RReformador: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274www.feblivraria.com.brassinaturas.reformador@febrasil.org.br

Page 4: Ano 131 • Nº 2.215 • Outubro 2013

Editorial

4 Reformador • Outubro 2013336622

O bomsenso

1XAVIER, Francisco C. Religião dos espíritos. Pelo Espírito Emmanuel. 22. ed. 3. imp. Brasília: FEB, 2013.cap. Doutrina espírita.

2KARDEC, Allan. Obras póstumas. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, 2009.cap. Discurso pronunciado junto ao túmulo de Kardec por Camille Flammarion, p. 38.

utubro assinala a data natalícia de Hyppolyte Léon Denizard Rivail, o

inolvidável Allan Kardec. Ao ensejo do mês em que o Movimento

Espírita promove inúmeros eventos evocativos da vida e obra do

Codificador, torna-se oportuna a reflexão sobre a relação entre estudo, prática e

difusão, adotada na Seara Espírita.

A legitimação e a validação das ações para fazer jus à adjetivação espírita indubi-

tavelmente se fundamentam nas Obras Básicas e há importante conceito lembrado

por Emmanuel: “‘Espírita’ deve ser o nome de teu nome [...]”.1

Na homenagem feita por Camille Flammarion a Kardec, durante o sepultamento

do seu corpo, ele o denominou “o bom senso encarnado”.2 A referência é extrema-

mente sugestiva para a atualidade do Movimento Espírita, pois aponta para o esforço

coletivo no sentido de se consolidar as ações em geral de maneira coerente com as

Obras Básicas do Codificador.

Seja a efeméride evocativa do nascimento de Rivail um estímulo e motivação

para que a Doutrina Espírita encontre eco em todos nós – dirigentes e colabora-

dores dos vários níveis de ação do Movimento Espírita –, balizando a coerência das

práticas e da difusão com os princípios espíritas. Aí reside “o bom senso” dos espí-

ritas!

O

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á vida inteligente fora daTerra? Existem, mesmo, oschamados ÓVNIs (objetos

voadores não identificados) ouUFOs, naves supostamente tripu-ladas por extraterrestres? Estas eoutras perguntas são feitas pelohomem há milênios, impressio-nado com a vastidão do universo,povoado de bilhões de galáxias.

Muitos não acreditam emÓVNIs, tachando os que relatamtais avistamentos de fantasistas,alucinados, desequilibrados e frau-dadores. Sem embargo dos equí-vocos de interpretação dos fenô-menos, há realmente fantasias, alu-cinações, desequilíbrios e fraudesnesse meio, como também o há emqualquer outro (científico, religio-so ou filosófico), o que, entretanto,não é o bastante para desmentir aexistência do fenômeno em si, emvirtude das milhares de ocorrên-cias ufológicas testemunhadas portantas pessoas, como relatam notí-cias no mundo todo, inclusive emterritório brasileiro.1

Seriam os complexos aparelhostecnológicos da Terra modernos epotentes o suficiente para detectarvida inteligente em outros mun-dos? Aliás, o que dizer da notíciapublicada na Revista GeográficaUniversal, reproduzida em diver-sos noticiosos:

Sonda Espacial não detecta

vida na Terra. A sonda espa-

cial Galileu, de US$ 1,5 bilhão

– lançada em outubro de 1989

com destino a Júpiter, onde

deverá chegar em 1995 –, so-

brevoou a Terra e a Lua no dia

8 de dezembro passado [1989]

revelando dados surpreenden-

tes. Pela primeira vez nosso pla-

neta foi visto do espaço da

mesma maneira como pesqui-

samos outros planetas. E não

foi detectada nenhuma for-

ma de vida terrestre, apenas

grande concentração de oxi-

gênio e hidrogênio.2 (Desta-

que nosso.)

Embora a Academia Científicanão admita, oficialmente, a exis-tência dos discos voadores, sãoinúmeros os cientistas e estudio-sos das principais universidadesdo mundo que pesquisam e acei-tam a existência deles:

A crença na vida extraterrestre

e mesmo na existência de discos

voadores está longe de ser pri-

vativa de excêntricos. Personali-

dades sérias e ponderadas, como

cientistas renomados e chefes

de Estado, já confirmaram sua

fé no assunto. Alguns deles usa-

ram até o poder de seus cargos

para investir em pesquisas para

decifrar alguns dos enigmas re-

gistrados nos céus.3

Contatosimediatos

5Outubro 2013 • Reformador 336633

HCH R I S T I A N O TO RC H I

1Rede Globo de Televisão. Programa Li-nha Direta. Documentário. Reproduçãoem vídeos: <http://youtu.be/bYgi9L0jYdMk

(parte 1/4)>; <http://youtu.be/f8hXex7p9RA(parte 2/4)>; <http://youtu.be/UArWbrr0wD4 (parte 3/4)> e <http://youtu.be/sqYurYM1d70 (parte 4/4)>: reportagem so-bre a “Operação Prato”, realizada pelaAeronáutica Brasileira, na Amazônia, em1977.

2RAFAEL, Francinaldo. Sonda espacial nãodetecta vida na Terra. Disponível em:<http://www2.uol.com.br/omossoroense/150305/francinaldo.htm>. Veiculado em31/5/2005. Acesso em: 30 mai. 2013; Revistaespírita Allan Kardec. Goiânia (GO), ano III,n. 12, trimestre de maio a julho/91.

3LUZ, Sérgio Ruiz. Por que tantos acre-ditam. Revista Veja, São Paulo, Editora

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Considerando o crescente avan-

ço do conhecimento astronô-

mico, alguns calculam que o

primeiro contacto entre nós e

os ETs deverá ocorrer dentro de

poucas décadas.4

Conforme estudos da Nasa –Agência Espacial Norte-Ameri-cana –, estima-se que existem,apenas na Via Láctea, cerca de 400bilhões de sóis ou estrelas.5 Muitosdesses sistemas guardam seme-lhanças com o nosso sistema solar,o que aumenta de forma excepcio-nal a probabilidade de vida inteli-gente fora de nosso planeta.

Os profissionais do InstitutoNorte-Americano Seti (Search forExtraterrestrial Intelligence), aprincipal agência privada de pes-quisa extraterrestre, que tem in-vestido milhões de dólares no ras-treamento de sinais inteligentes no

espaço, não duvidam daexistência de alienígenase acreditam que os avan-ços tecnológicos estãoabrindo caminho paraque os astrônomos in-vestiguem sistemas este-lares até então desco-nhecidos. Geoffrey Marcy,astrônomo da Universi-

dade Estadual de São Francisco, naCalifórnia, argumentou, com mui-ta lógica:

Mesmo que as chances de surgi-

mento de vida sejam de apenas

1 em 100 bilhões, o que é de um

pessimismo brutal, ainda assim

haveria algumas centenas de pla-

netas habitáveis no universo.6

Poucos meses antes de desen-carnar, Carl Sagan (1934-1996), orenomado escritor e professor deAstronomia e Ciências Espaciaisda Universidade de Cornell (NY),que dedicou grande parte de suacarreira a buscas alienígenas, afir-mou em entrevista a uma revistade circulação nacional:

As próximas décadas, à medida

que as tecnologias forem fican-

do mais eficientes e baratas, pro-

metem ser muito excitantes na

busca de vida inteligente extra-

terrestre.7

Outra equipe de cientistas nor-te-americanos, com base na Cali-

fórnia (Observatório Lick) – infor-ma o mesmo noticioso – desen-volveu um novo tipo de sensorenergético para tentar encontrarsinais de luz gerados por raios la-ser em planetas distantes até milanos-luz. Frank Drake, cientista daUniversidade da Califórnia, quechefia o projeto, disse que sua es-tratégia pode ser muito mais efi-caz que a do Instituto Seti, cujoprojeto de investigação sobre vidaalienígena se baseia na análise desinais de rádio:

Ao invés de ficar ouvindo o

ruído constante de um rádio,

estamos procurando por pe-

quenos pulsos de luz laser vin-

dos de outros sistemas planetá-

rios – explicou, em entrevista à

agência Reuters.8

Analisando a questão sob aótica espírita, não há por que seespantar diante de tais prognós-ticos. Segundo os relatos evangéli-cos, há cerca de dois mil anosJesus anunciou que “na casa demeu Pai há muitas moradas”,9 oque o Espiritismo veio confirmar:

A casa do Pai é o universo. As

diferentes moradas são os mun-

dos que circulam no espaço in-

finito e oferecem, aos Espíritos

que neles encarnam, estações

6 Reformador • Outubro 2013336644

Abril, ed.1.656, ano 33, n. 27, p. 78, 5 jul.2000.

4Revista eletrônica VEJA on-line. Notíciasciência. Primeiro contato com ETs deveocorrer em 25 anos. Editora Abril. Funda-ção Victor Civita, 16 jul. 2002.

5ALCÂNTARA, Eurípedes. A vida fora daTerra. Revista Veja, São Paulo, EditoraAbril, ed. 1.437, ano 29, n. 13, p. 88, 27mar. 1996.

6Idem, ibidem. p. 88 e 89.

7Idem, ibidem. p. 89.

8Revista eletrônica VEJA on-line. Notíciasciência. Astrônomos iniciam busca porraios laser alienígenas. Editora Abril. Fun-dação Victor Civita, 25 jul. 2002.

9JOÃO, 14:2. In: O novo testamento. Trad.Haroldo Dutra Dias. 1. reimp. Brasília: FEB,2013. p. 446.

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apropriadas ao seu adianta-

mento.10

Constitui muita prepotência eorgulho acreditar que Deus, quenada cria inutilmente, povoouo espaço de estrelas apenas paraenfeitar o céu e agradar nossosolhos, até porque a maior partedesses mundos está fora do alcan-ce de nossas vistas.

É curioso que procuremos vidainteligente fora da Terra, olvidandoque somos seres espirituais, aptos amanter intercâmbio mediúnico comseres de outras dimensões, bemcomo que muitos de nós somosegressos de outros orbes, o quedemonstra a profunda ignorânciasobre nossa própria origem. É o quese depreende da revelação dada pelosEspíritos superiores à humanidade:

As nossas diversas existências cor-

póreas se realizam todas na Terra?

Nem todas; vivemo-las em dife-

rentes mundos. As que passa-

mos na Terra não são as primei-

ras, nem as últimas, embora se-

jam das mais materiais e das mais

distantes da perfeição.11

Em meados do século XIX,Kardec indagou dos sábios da di-mensão espiritual, na primeira obrabásica: “Todos os globos que cir-culam no espaço são habitados?”.

E eles responderam, sem titu-bear:

Sim, e o homem da Terra está

longe de ser, como supõe, o pri-

meiro em inteligência, em bon-

dade e em perfeição. Entretan-

to, há homens que se julgam

muito fortes e pretendem que

só este pequeno globo tenha o

privilégio de abrigar seres ra-

cionais. Orgulho e vaidade! Acre-

ditam que Deus criou o univer-

so só para eles.12

Há uma tese, aceita nos meiosufológicos, que nos parece lógica,de que estamos sendo preparados,gradualmente, para um contatomais ostensivo e efetivo com alie-nígenas encarnados, nossos irmãosem humanidade. Alimenta-se aconvicção de que muitos deles, denatureza superior, estão prontospara se comunicar conosco, só nãoo fazendo abertamente em vir-tude de nosso despreparo para lidarcom as questões morais, culturaise científicas que inevitavelmentedecorrerão desse contato.

Certamente que o egoísmo e oorgulho seriam grandes entravespara um contato amistoso e pro-dutivo com seres mais evoluídos.Não sem razão os Espíritos supe-riores se compadecem

[...] da situação dos conquista-

dores humanos de todos os

matizes, os quais, no afã de

açambarcarem patrimônios ma-

teriais, [...] dão a impressão de

ridículos e vaidosos polichine-

los da vida.13

As leis divinas vigoram para todosos mundos, entretanto, são apro-priadas à natureza de cada um eadequadas à diversidade e ao grau deprogresso dos seres que os habitam.14

Apesar de os seres inteligentes,de qualquer parte do universo, pro-cederem de raças distintas, nempor isso deixam de ser irmãos,porquanto todos fomos criados porDeus, somos essencialmente Espí-ritos e tendemos para o mesmofim: a perfeição.

Ao que tudo indica, a soluçãodos enigmas científicos, entre eleso desvendamento dos segredosastronômicos, passa, antes, pelacompreensão da própria naturezaespiritual do homem, que nãoprescinde de uma profunda via-gem interior, em busca do autoco-nhecimento, que lhe proporcio-nará a conquista de si mesmo.

Nestes momentos de transfor-mação, será que nos esforçamospara acompanhar as mudanças quenos habilitarão a tomar contatoostensivo com inteligências superio-res? Teremos condições de herdara Terra, que transita do estágio deexpiação e provas para o de rege-neração? Tudo dependerá do em-penho que fizermos para o nossoaperfeiçoamento intelecto-moral.

7Outubro 2013 • Reformador 336655

10KARDEC, Allan. O evangelho segundo oespiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra.2. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2013. cap. 3, it. 2.

11Idem. O livro dos espíritos. Trad. EvandroNoleto Bezerra. 4. ed. 1. imp. Brasília: FEB,2013. q. 172.

12Idem, ibidem. q. 55.

13XAVIER, Francisco C. O consolador. Pe-lo Espírito Emmanuel. 29. ed. 1. imp. Bra-sília: FEB, 2013. q. 71.

14KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.Trad. Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 1. imp.Brasília: FEB, 2013. q. 56 a 58 e 172 a 188.

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8 Reformador • Outubro 2013336666

oje, a criança – abençoadosolo arroteado que aguar-da a semente da fertilidade

e da vida –, necessariamente aten-dida pela caridade libertadora doEvangelho de Jesus, nas bases emque a Codificação Kardequiana orestaurou, é o celeiro farto de es-peranças para o futuro.

Criança que seevangeliza – adul-to que se levantano rumo da felici-dade porvindoura.

Toda aplica-ção de amor, nocampo da educa-ção evangélica, vi-sando a alma emtrânsito pela infân-cia corporal, é va-liosa semeada deluz que se multipli-cará em resultadosde mil por um...

Ninguém pode empreendertarefas nobilitantes, com as vis-tas voltadas para a Era Melhor dahumanidade, sem vigoroso em-penho de educação evangélica dacriança.

Embora seja ela um Espíritoem recomeço de tarefas, reedu-cando-se, não raro, sob os impo-sitivos da dor em processo de ca-

ridosa lapidação, a oportunidadesurge hoje como desafio e pro-messa de paz para o futuro. Sa-bendo que a infância é ensejo su-perior de aprendizagem e fixa-ção, cabe-nos o relevante misterde proteger, amparar e, sobretudo,conduzir as gerações novas norumo do Cristo.

Esse cometimento-desafio é--nos grave empresa por estarmosconscientizados de que o corpo éconcessão temporária e a jornadafísica um corredor por onde setransita, entrando-se pela porta doberço e saindo-se pela do túmulo,na direção da Vida Verdadeira.

A criança, à luz da Psicologia,não é mais o “adulto em miniatura”,

nem a vida orgânica pode conti-nuar representando a realidadeúnica, face às descobertas das mo-dernas ciências da alma.

Ao Espiritismo, que antecipouas conquistas do conhecimento,graças à Revelação dos Imortais,compete o superior ministério depreparar o futuro ditoso da Terra,

evangelizando a in-fância e a juventudedo presente.

Em tal esforço,apliquemos os con-tributos da mente edo sentimento, re-cordando o Senhorquando solicitou quedeixassem ir a Ele ascriancinhas, a fim denelas plasmar, desdeentão, mais facil-mente e com segu-rança, o “reino deDeus” que viera ins-

taurar na Terra.

Bezerra

Fonte: Página psicografada pelo médium

Divaldo P. Franco na reunião de 18 de

janeiro de 1978, no Centro Espírita “Cami-

nho da Redenção”, em Salvador, Bahia.

Publicada em Reformador, p. 26(190), jun.

1978.

H

Criançae futuro

Page 9: Ano 131 • Nº 2.215 • Outubro 2013

Reformador: Como surgiu o Espi-ritismo em Moçambique?Élide: Relendo os documentos daépoca, e de acordo com as infor-mações dos Srs. Maria Irene dosSantos Guião e António de PinaGouveia, a primeira vez que se fa-lou em público sobre DoutrinaEspírita em Moçambique foi em1971, quando Divaldo PereiraFranco esteve em Moçambique, de15 a 18 de agosto, e falou na So-ciedade de Estudos de LourençoMarques.1 A primeira palestra tevecomo tema “Os órfãos”. É interes-sante notar que a cada palestra deDivaldo o Ginásio de Esportes seenchia mais, apesar das fortes res-trições do tempo colonial. Logoapós a palestra, Divaldo Franco se-guiu para Nampula, província ao

norte de Moçambique, onde reali-zou outra conferência pública, edepois partiu para Luanda, Ango-la. As autoridades da época colo-nial opunham franca e total hosti-lidade à criação de uma organiza-ção espírita, desde criar dificulda-des para a apresentação das pales-tras de Divaldo até a proibição deimportar e circular livros. Existia,à época, inclusive, uma lista de li-vros proibidos onde constavamtodos os de Allan Kardec. Foi apartir desta visita de Divaldo Fran-co, quando sua palavra acendeu achama da Nova Revelação, que seassistiu ao movimento deunião entre os espíritasde Moçambique, dan-do origem às primei-ras e discretas reu-niões realizadas emcasas particula-res. Os irmãos es-píritas começamtambém, a esta

altura, com as visitas fraternasaos Hospitais da Machava e dosHansenianos.

9Outubro 2013 • Reformador 336677

ÉL I D E MA R I A CO R R E A CA R N E I ROEntrevista

O Espiritismoem

MoçambiqueÉlide Maria Correa Carneiro, dirigente da União Espírita de Moçambique,

recentemente unida ao Conselho Espírita Internacional (CEI), oferece informaçõeshistóricas e atuais sobre o Espiritismo naquele país lusófono africano

1N.R.: Nome da capital, hoje Maputo. In-formações em: PEREIRA, Nilson. Anuárioespírita 1972. Noticiário. Araras (SP): IDE,1972. p. 111 a 119.

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Reformador: Eos primeiros gru-

pos espíritas?Élide: Aindaem 1971, aose comunicarpor intermé-dio de Divaldo

Franco, o Dr.Adolfo Bezerra de

Menezes incitou àunião e formação de

um grupo espírita em Lou-renço Marques, hoje Maputo,orientação que foi acatada peloirmão António de Pina Gouveia.Naquele momento, Divaldo Fran-co informou, ao então grupo nas-cente, que se lhe identificaram oBeato João de Brito, Coronel Fau-re da Rosa, Frei Bartolomeu dosMártires, Dr. Sousa Martins eVivekananda como os assisten-tes permanentes nos trabalhos dedoutrinação, tratamento e auxí-lio. Assim, após alguns anos de lu-ta para obter a autorização oficialcom vistas à criação do primeiroCentro Espírita de Moçambique,finalmente foi inaugurada, em 22de agosto de 1974, a sua sede naAv. 24 de Julho, no 1.921. O pri-meiro nome do grupo foi Templo

de Jesus – Ca-ridade e Amor.

Depois de algumtempo, e por razões

diversas, o grupo ini-cial separou-se e o irmão

Pina Gouveia conseguiu alu-gar a casa da Rua Alfredo Keil,no 12, em Maputo, local onde atéhoje funcionamos, dando origemao grupo do qual mais tarde sur-giu a Comunidade Espírita Cristã(CEC). O Dr. Adolfo Bezerra deMenezes é o patrono da CEC, cujonome foi inspirado ao irmãoJoaquim Alves,2 conhecido pelaalcunha Jô, que veio em abril de1974 a Moçambique pelas mãosdo Dr. Alexandre Sech para mi-nistrar o primeiro Curso Básicode Doutrina Espírita e o Curso deOrientação e Educação Mediúni-ca (Coem). Devido à conturbadasituação política daquela época,os integrantes da CEC partiram deMoçambique. A irmã Ângela as-sumiu então o trabalho e a manu-tenção da casa, zelando com dedi-cação pelo destino desta entidadecriada pelos Espíritos. Foram tem-pos muito difíceis, enfrentados comabnegação e coragem por estaquerida irmã para que hoje o Es-piritismo tivesse seu espaço res-peitado e um assento no Foro dasReligiões em Moçambique. A pre-

sidente Ângela Dias desencarnouem abril de 1999, deixando-nos,no exemplo de suas ações, o valordo serviço para o Espírito e o amordedicado à divulgação do Espiri-tismo. Mesmo da Espiritualidademantém-se ativa, apoiando-nossempre que possível na continui-dade dos trabalhos da Casa, namissão de dignificar a mensagemdo Consolador. Após sua partidafísica, a tarefa passou às mãos daquerida irmã Irene Guião, traba-lhadora incansável que assumiucom dedicação a árdua responsa-bilidade de continuar a espalhar edignificar a Doutrina. A irmã Ireneaté hoje permanece na seara, pro-curando manter a vivência das obrase ajudando-nos a melhor desen-volver as atividades da CEC. O pri-meiro presidente da CEC, Sr.António de Pina Gouveia, resideatualmente em São Paulo.

Reformador: As ideias espíritas sãofacilmente aceitas no país?Élide: Nos últimos anos temhavido uma razoável adesão, masna realidade as ideias espíritasainda não estão consolidadas. Éverdade que a essência da culturaafricana é espiritualista, mas suabase tem um forte componentede rituais materialistas. E estetem sido um dos grandes desa-fios, porque apesar de o “cultoaos mortos” fazer parte das socie-dades africanas, há muitas difi-culdades na consolidação dasideias espíritas na medida emque passam pelo comprometi-mento e transformação íntimas.A grande maioria vem à procura

10 Reformador • Outubro 2013336688

2N.R.: Joaquim Alves (1911-1985), o Jô,residiu na então Lourenço Marques duran-te um período nos anos 1970 e era muitoligado a Chico Xavier. Em cartas a esteamigo, relata a situação do país e as açõesespíritas (GALVEZ, Nena. Amor & renún-cia. Traços de Joaquim Alves. São Paulo:Ed. CEU, 2006. p. 154).

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de respostas ou de soluções pon-tuais para seus problemas, mui-tos por simples curiosidade, masquase todos sem nenhum com-promisso. O crescimento doMovimento Espírita tem sidomuito lento, pois há mais fre-quentadores do que trabalhado-res. Entretanto, precisamos lem-brar que, por razões históricas, aliberdade religiosa só se fez sentirnos últimos 25 anos, portantoainda há muito a fazer.

Reformador: Atualmente, quantoscentros estão ligados à Unemo?Élide: Somos três centros ligadosà Unemo: a Comunhão EspíritaCristã, o Grupo Arco-Íris (GAI) eo Centro Espírita Allan Kardec(Ceak). Devido às dificuldades emconseguir espaço físico para de-senvolver nossas atividades, tra-balhamos na mesma instalação,que é a casa pertencente à CEC, enos unimos para comprar tam-bém em conjunto.

Reformador: Como ocorrem as ati-vidades principais desses centros?Élide: No início, houve momen-tos de grandes dificuldades, comoé natural, mas agora temos tra-balhado de forma cooperativa emais coordenada. Estamos a de-senvolver uma simbiose onde ca-da um procura fazer a sua partenos trabalhos que a Doutrina ofe-rece, os quais, na verdade, se com-plementam: a CEC dedica-se àsreuniões mediúnicas, às reuniõesde Evangelho e à campanha assis-tencial na Oncologia do HospitalCentral de Maputo; o GAI dedi-ca-se ao atendimento gratuito pe-la fitoterapia nas instalações doCentro e em várias comunidadescarentes, e a dar cursos de fito-terapia aos irmãos que trabalhamnesta assistência; o Ceak dedi-ca-se à realização das reuniõesde Evangelho, estudos, palestras,encontros, divulgação, atendi-mento fraterno e campanhasassistenciais.

Reformador: Há eventosprogramados?Élide: Estamos a plane-jar ainda para o segundosemestre deste ano: o VEncontro Fraterno sob otema “Reencarnação eEvolução”. Programadopara o final de setembro,serão momentos de tro-ca de experiências e con-vívio entre os irmãos doBrasil, Angola e Moçam-bique através de ativida-des gratuitas, abertas aopúblico, com a exibiçãode filmes, realização de

palestras, peças teatrais e de práti-cas assistenciais; a Feira do LivroEspírita e Bazar Beneficente parao dia 24 de novembro, no Jardimdas Acácias (Maputo).

Reformador: Qual a expectativada Unemo com sua união ao CEI,em março passado? Élide: Em primeiro lugar, a certe-za de que a troca de experiênciascriará laços que irão fortalecer equalificar o trabalho que preten-demos desenvolver. As diferentesvivências nos caminhos da searaespírita, com certeza, proporcio-narão melhor intercâmbio, e for-necerão subsídios valiosos e mui-to mais abrangentes para a com-preensão de nossas tarefas, princi-palmente no serviço ao próximo.Essa união de objetivos, portanto,irá proporcionar uma oportuni-dade de convivência fraternal eenriquecer a reflexão diferenciadana resolução amorosa das dificul-dades que todos enfrentamos.

11Outubro 2013 • Reformador 336699

Foto da esq. para a dir.: Antonio Cesar Perri de Carvalho, Maria Irene dos Santos Guião, João Pinto Rabelo e Élide Maria Correa Carneiro

Foto

de

Joaq

uim

Alv

ez

Page 12: Ano 131 • Nº 2.215 • Outubro 2013

odos sabeis que a nos-sa cidade se deve hon-rar, com justa razão,

por ter visto nascer entre seus mu-ros esse pensador tão arrojadoquão metódico, esse filósofo sá-bio, clarividente e profundo, essetrabalhador obstinado cujo laborsacudiu o edifício religioso do Ve-lho Mundo e preparou os novos

fundamentos que deveriam servirde base à evolução e à renovaçãoda nossa sociedade caduca, impe-lindo-a para um ideal mais são,mais elevado, para um adianta-mento intelectual e moral seguros.Foi realmente em Lyon que, a 3 deoutubro de 1804, nasceu de antigafamília lionesa, com o nome deRivail, aquele que mais tarde deviailustrar o nome de Allan Kardec econquistar para ele tantos títulosà nossa profunda simpatia, ao nos-so filial reconhecimento.

Eis, a tal respeito, um documentopositivo e oficial:

‘Aos doze do vindemiário doano XIII, auto do nascimentode Denizard Hyppolyte-LéonRivail, nascido ontem às 7 ho-ras da noite, filho de Jean--Baptiste-Antoine Rivail, magis-trado, e Jeanne Duhamel, sua

esposa, residentes em Lyon, ruaSala, no 76.

O sexo da criança foi reconhe-cido como masculino.

Testemunhas maiores: Syriaque--Frédéric Ditmar, diretor do esta-

belecimento das águas mine-rais da rua Sala, e Jean-

-François Targe, mesmarua Sala, por requisi-

ção do médico Pierre Radamel,rua Saint-Dominique, no 78.

Feita a leitura, as testemunhasassinaram, assim como o adminis-trador da divisão do Sul.

O presidente do Tribunal,(assinado): Mathiou.Confere com o original:O escrivão do Tribunal,(assinado): Malhun.’”[...]

“O futuro fundador do Espiri-tismo recebeu desde o berço umnome querido e respeitado, e todoum passado de virtudes, de honra,de probidade; grande número deseus antepassados se havia distin-guido na advocacia e na magistra-tura, por seu talento, saber e es-crupulosa probidade. Parecia queo jovem Rivail devia sonhar, eletambém, com os louros e as glóriasda sua família. Tal, porém, não su-cedeu, porque, desde o começo dasua juventude, ele se sentiu atraídopara as Ciências e para a Filosofia.”

Fonte: Biografia de Allan Kardec, por

Henri Sausse, tradução de Evandro Noleto

Bezerra, FEB Editora, capítulo do mes-

mo nome, itens Nascimento e Batismo.

(Transcrição parcial.)

12 Reformador • Outubro 2013337700

“T

Nascimentode Allan Kardec

3 de outubro de 1804

Capa

Page 13: Ano 131 • Nº 2.215 • Outubro 2013

m Mateus (5:28), diz Jesus:“Qualquer que olhar parauma mulher com intenção

impura no coração, já cometeuadultério com ela”.

Significativa observação.Jesus considera a intenção tão

comprometedora quanto a reali-zação.

Um confrade, impressionadocom o assunto, consultou sábiomentor, no Centro Espírita quefrequentava:

– Se olho para uma mulhercom pensamentos sensuais estoucometendo pecado?

– É o que nos ensina Jesus.– Meu Deus! Estou perdido!O guia ponderou:– Há que se considerar a inicia-

tiva. Quando você tem esses pen-samentos, trata de combatê-loscom veemência ou neles se com-praz? Se os rejeita, menos mal. Es-tá no bom caminho. Se os alimenta,compromete-se moralmente. Fa-rá estágio nas regiões umbralinasquando desencarnar.

– Posso fazer um pedido?– Se estiver ao meu alcance…– O senhor promete que me

levará uma lanterna quando che-gar a minha hora?

Melhor do que uma lanterna,seria pedir aos guias espirituaisque nos ajudem a buscar a própriailuminação, a começar pelo empe-nho em domar o pensamento, evi-tando um comprometimento comos pecados por pensamento.

Segundo um princípio de psi-cologia, tendemos a ver no próxi-mo algo do que existe em nós.

O mentiroso desconfia daque-les que o cercam.

O adepto do sexo promíscuoimagina disponibilidade em mu-lheres com as quais trava contato.

O violento identifica agressivi-dade ao seu redor.

O orgulhoso sente-se cercadode gente pretensiosa.

Essa é a razão pela qual as pes-soas virtuosas, que guardam purezade sentimentos, não condenam nin-guém, porquanto têm olhos apenaspara o bem, para os aspectos posi-tivos do comportamento alheio.

Diz Jesus, no Sermão da Mon-tanha: “Bem-aventurados os quetêm limpo o coração, porque ve-rão a Deus”. (Mateus, 5:8.)

O Espiritismo informa queDeus é a consciência cósmica douniverso, o pensamento criador.Não o veremos como uma figurahumana, mas podemos identificara sua presença na obra da Criação.

Há uma condição, conformeensina Jesus: é preciso limpar osvisores da alma.

Imaginemos alguém diante dabeleza deslumbrante das cataratasdo Iguaçu. Usa óculos escuros,cujas lentes estão tão sujas que elenão enxerga nada. É preciso lim-par os visores da alma para enxer-gar Deus na paisagem do mundo,na existência humana, nas pes-soas, em nós mesmos…

Essa pureza de coração é quefaz o indivíduo agir sempre comindulgência, vendo, em todos osseres da Criação, filhos de Deusque merecem nosso respeito econsideração.

Na obra de André Luiz, esseportentoso painel da vida espiri-tual e do relacionamento entreencarnados e desencarnados, ve-mos que os Espíritos esclarecidos,os mentores espirituais, jamaissituam os que se comprometemcom o vício e o crime como seresexecráveis...

13Outubro 2013 • Reformador 337711

ERI C H A R D SI M O N E T T I

Lanterna noumbral

Page 14: Ano 131 • Nº 2.215 • Outubro 2013

Referem-se a eles como irmãosem desajuste, que precisam deamparo, de ajuda, de atenção.

Exatamente como ensinavaJesus. Para o Mestre, os maus sãofilhos de Deus que adoeceram.Precisam de tratamento, não decondenação.

Diz Jesus (Lucas, 12:48) quemuito se pedirá àquele a quem mui-to for dado.

A nossa responsabilidade emrelação ao que fazemos está dire-tamente relacionada com o apren-dizado feito.

Isso significa que o espírita temum grau de responsabilidade mui-to alto em relação às suas ações,porquanto o Espiritismo é a men-sagem mais avançada já oferecidaao homem.

Mostra-nos de onde viemos,por que estamos na Terra e paraonde vamos.

Explica-nos os enigmas da dore do sofrimento humano.

Destaca o Evangelho como osupremo código de conduta, onde

estivermos, para que sejamos filhosesclarecidos e diligentes diante doCriador.

Por isso, o conhecimento daDoutrina Espírita implica na res-ponsabilidade de vivenciar seusprincípios.

Se estou informado de que nãome é lícito:

Condenar o próximo…Cultivar fofocas…Perder o controle emocional…Sustentar vícios e desregra-

mentos…Cultivar pensamentos libidino-

sos…Se sei de tudo isso, mas sem

nenhuma repercussão em favor deum comportamento melhor, esta-rei enquadrado na severa adver-tência de Jesus (Mateus, 7:21 a 23):

Nem todo aquele que diz: Se-

nhor, Senhor! entrará no Reino

dos Céus, mas aquele que faz a

vontade de meu Pai, que está

nos céus.

Muitos me dirão naquele dia:

– Senhor! Senhor, não profeti-

zamos em teu nome? Em teu

nome não expulsamos demô-

nios? E em teu nome não fize-

mos muitos milagres?

E eu lhes direi:

– Pois eu nunca vos conheci.

Afastai-vos de mim, ó vós que

praticais a iniquidade!

O Reino dos céus, como ensinaJesus, antes de ser um local geográ-fico, é um estado de consciência.

Assim sendo, podemos consi-derar sua advertência aplicávelnão apenas àquele dia em queretornaremos ao mundo espiri-tual, após a morte, mas a todos osdias de nossa vida.

Ao nos sentirmos conturbados,deprimidos, desajustados, infeli-zes, se nos dermos ao trabalho deanalisar nosso dia a dia, verifica-remos que tais desajustes nasce-ram de uma má palavra, de pensa-mentos desajustados, de um com-portamento irregular.

Vendo e praticando o bem, sem-pre estaremos em paz, sem incomo-dar nossos mentores espirituais paraque nos socorram na Terra ou noslevem uma lanterna no umbral.

14 Reformador • Outubro 2013337722

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15Outubro 2013 • Reformador 337733

ratidão é uma flor de nívelmuito elevado que só flo-resce no canteiro das al-

mas superiores. Esta flor, porém,para atingir a sua eficácia e pleni-tude, deve manifestar-se no mundoexterior, quem sabe, por meio deum sorriso, um abraço, uma pala-vra carinhosa, uma escrita cheiade sentimento, ou outra maneiradadivosa, que extravase todo o sen-timento do coração onde tem nas-cente. Quando mantida em segre-do, suas pétalas de luz se estiolame o mundo fica um pouco menosvirtuoso.

Estas reflexões me vieram aopensamento ao ler uma carta no-tável escrita a Allan Kardec porum missivista recém-ingresso nasfileiras do Espiritismo, logo nosprimeiros anos da Codificação, einserta na Revista espírita, deabril de 1863.2 É uma apreciaçãolonga, repleta de sabedoria e gra-tidão, que ocupou sete páginas emeia na versão para a língua por-tuguesa. Sabendo-se o quanto o

espaço da revista era exíguo edisputado pelos assuntos da maisalta importância doutrinária, po-de-se imaginar o quanto o Co-dificador valorizou essa missi-va, reveladora do extraordináriopoder transformador da Dou-trina Espírita sobre o homemquando este a busca com sinceri-dade de alma.

Apresento aqui uma sinopsedessa muito bem-elaborada cor-respondência. Espero que o leitorsinta-se edificado e possa inteirar--se de sua íntegra na fonte já refe-rida, o que recomendo vivamente.Paragrafei alguns trechos.

Há seis meses que tenho a feli-

cidade de ser iniciado na Dou-

trina Espírita; senti nascer em

mim um vivo sentimento de re-

conhecimento. Aliás, tal senti-

mento não deixa de ser a conse-

quência muito natural da cren-

ça no Espiritismo; e, desde que

tem sua razão de ser, deve igual-

mente manifestar-se. [...]

Este reconhecimento, segundoo missivista, deve dividir-se emtrês partes: primeiro a Deus, pelasua infinita misericórdia; segun-do, ao Espiritismo, pelos seus su-blimes ensinamentos; e, terceiro,“àquele que nos guia na novaestrada”, ou seja, Allan Kardec.

Associando-me de coração aos

que me precederam, venho di-

zer-vos: Obrigado por nos ha-

ver tirado do erro, fazendo

irradiar-se sobre nós a luz da

verdade; obrigado por nos ter

feito conhecer os meios de che-

gar à verdadeira felicidade pela

prática do bem; obrigado, por-

que não temestes ser o primei-

ro a entrar na luta.

Trabalho pioneiro

Em seguida, o autor analisa oquanto o mundo do século XIXestava dividido entre o egoísmo eo materialismo, e o espanto cau-sado às pessoas sérias e observa-

G

“Tenho milhares de cartas que para mim são mais valiosas do que todas as honras da Terra, e que encaro como verdadeiros títulos de nobreza.” Allan Kardec1

MÁ R I O FR I G É R I

Uma cartamemorável

Page 16: Ano 131 • Nº 2.215 • Outubro 2013

doras pelo surgimento do Espiri-tismo nesse contexto tão pertur-bador. Admira-se de que, supe-rando a incredulidade vigente, umhomem haja podido afrontar odesacordo de tantas correntes con-trárias, para “pregar a fé aos mate-rialistas, a caridade aos egoístas, amoderação aos fanáticos, a verda-de a todos”.

Semelhante devotamento, meu

caro mestre, não podia deixar

de dar frutos. Assim, desde já

podeis começar a receber a re-

compensa de vosso labor, con-

templando o triunfo da doutri-

na que ensinastes.

Destaca a luta inicialmentesolitária de Kardec contra todasessas forças descomunais, manten-do sempre, com fé e serenidadeinabaláveis, a dignidade e a mode-ração, conquistando por essa for-ma milhões de adeptos em todo omundo. E assim, o Espiritismo per-meou todas as camadas sociais,renovando a inteligência e o cora-ção, numa luta sublime em que ovencido (ou seja, aquele que ven-ceu o seu orgulho e o seu egoís-mo) tinha “orgulho de proclamarsua derrota e, mais orgulhosoainda, de poder combater sob abandeira dos vencedores”.

Esta vitória não apenas honra

aquele que a conquista, mas

também atesta a justeza da cau-

sa, isto é, a superioridade da dou-

trina espírita sobre todas que a

precederam e, por conseguinte,

sua origem divina. Para o adepto

fervoroso o fato não pode ser

posto em dúvida e o Espiritis-

mo não pode ser obra de alguns

cérebros dementes, como seus

detratores tentaram demons-

trar. É impossível que o Espiri-

tismo seja uma obra humana;

deve ser e é, com efeito, uma re-

velação divina. Se assim não fos-

se, já teria sucumbido e seria

impotente perante a indiferença

e o materialismo.

Traça um paralelo entre oCristianismo e Espiritismo, re-conhecendo que ambos perma-necem vivos porque possuem acentelha da Verdade, sem a qualnada tem estabilidade nestemundo. Graças à nova Revelação,os ensinamentos do Cristo res-surgem com toda a força de suaproclamação original.

Depois de dezoito séculos de

existência, a doutrina do Cristo

nos parece tão luminosa quan-

to na época de seu nascimento.

A despeito das falsas interpre-

tações de uns, das perseguições

de outros, e embora pouco pra-

ticada em nossos dias, nem por

isso ficou menos enraizada na

lembrança dos homens. A dou-

trina do Cristo é, pois, uma

base inquebrantável, contra a

qual as paixões humanas inces-

santemente se vêm quebrar.

Como a vaga impotente se ar-

rebenta contra o rochedo, as

tempestades do erro se esgo-

tam em vãos esforços contra o

farol da verdade. Sendo o Espi-

ritismo a confirmação, o com-

plemento dessa doutrina é jus-

to dizer-se que se transformará

num monumento indestrutível,

visto ter Deus por princípio e a

verdade por base.

Finalmente, a verdade

O missivista confessa que forasucessivamente católico, fatalista,materialista e filósofo, mas agra-decia a Deus por não ter sido ateu.Como milhares de outros intelec-tuais, que acabaram por cair noindiferentismo, as chamas do in-ferno ou os prazeres do céu já nãolhe tocavam mais o coração. En-golfado nessa insensibilidade aní-mica, já não vivia a virtude nemencontrava aprovação na cons-ciência para a sua conduta. Per-manecia a dúvida. Viera do nada ea morte por certo o conduziria aonada. “Muitas vezes esse pensa-mento me engolfava em profundatristeza, mas, por mais que con-sultasse, que buscasse, nada mefazia decifrar o enigma”.

Diante desse vazio espiritual,o próprio progresso, a instrução, aevolução, se reduziam a um nadaexistencial. Talvez uma última saí-da fosse apelar para a filosofia. Foinesse estado de apatia moral queo autor teve a fortuna de encon-trar o Espiritismo.

Durante dois anos ouvi falar do

Espiritismo sem lhe prestar uma

atenção séria. Como diziam seus

adversários, eu julgava que um

novo charlatanismo se havia in-

filtrado entre os outros. Mas, en-

fim, cansado de ouvir falar de

16 Reformador • Outubro 2013337744

Page 17: Ano 131 • Nº 2.215 • Outubro 2013

uma coisa, da qual realmente

não conhecia senão o nome, re-

solvi instruir-me. Então adquiri

O livro dos espíritos e O livro dos

médiuns. Li, ou melhor, devorei

essas duas obras com tal avidez

e satisfação que é impossível de-

finir. Qual não foi minha sur-

presa, lançando os olhos sobre

as primeiras páginas, ao ver que

se tratava de filosofia moral e

religiosa, quando eu esperava ler

um tratado de magia, acompa-

nhado de histórias ma-

ravilhosas! Logo a

surpresa deu lugar à

convicção e ao reco-

nhecimento. Quando ter-

minei a leitura, percebi com fe-

licidade que era espírita há mui-

to tempo. Agradeci a Deus, que

concedia este insigne favor. Do-

ravante poderei orar sem temer

que minhas preces se percam

no espaço e suportarei com ale-

gria as tribulações desta breve

existência, sabendo que a mi-

nha miséria atual não passa de

justa consequência de um pas-

sado culposo ou um período de

prova para alcançar um futuro

melhor. Não mais a dúvida! A

justiça e a lógica nos desvendam

a verdade; e nós aclamamos

com felicidade esta benfeitora

da humanidade.

A verdade, enfim, viera jorna-dear pela sua porta e ele soube,como ninguém, agarrá-la pelos ca-belos. Compreendeu também quevirtude é uma qualidade do sermoral que deve assumir o comandode todas as suas atitudes e não

apenas uma palavra que possaaflorar em seus lábios sem maio-res nem efetivas consequências so-ciais. A nova Doutrina elevara-o aaltitudes inimagináveis.

Paro, meu caro mestre, porque

a grandeza do assunto me ar-

rasta a alturas onde não me é

possível manter. Mãos mais há-

beis que as minhas já pintaram

com vivas cores o quadro tocan-

te que minha pena ignorante

em vão tenta esboçar. Rogo que

me perdoeis por vos haver entre-

tido tanto tempo com meus

próprios sentimentos;

mas eu

tinha um

desejo invencível

de me desafogar no

seio daquele que havia

dado a calma à minha

alma, substituindo a dúvida

que há quinze anos a torturava

por uma certeza consoladora!

[...]

[...] Termino, enfim, rogando

que me perdoeis esta extrema

liberdade, esperando possais

acreditar na sinceridade daque-

le que tem a honra de se dizer

um dos vossos mais fervorosos

admiradores e vosso muito hu-

milde servidor.

Michel,

Rua Bouteille, 25, Lyon

Oxalá a coragem moral deMichel, sua fé viva no poder reno-vador do Espiritismo, e a capaci-dade que demonstrou de aprovei-tar ao máximo esse poder trans-formador em seu próprio benefí-cio, possam inspirar a cada um denós neste novo milênio na consu-mação de nossa redenção espiri-tual. Graças ao exemplo vivo de férenovadora, demonstrado pelo au-tor, sua bela missiva foi imorta-lizada nos abençoados fastos doEspiritismo.

Referências:1KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1862

e outras viagens de Kardec. Trad.

Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 2.

reimp. Rio de Janeiro: FEB,

2011. cap. Discursos pro-

nunciados nas reu-

niões gerais dos

espíritas de Lyon e

Bordeaux, it. 1, p. 66. 2______. Revista espírita: jornal

de estudos psicológicos. Trad. Evandro

Noleto Bezerra. 3. ed. 3. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2009. abr. 1863, it. Resul-

tado da leitura das obras espíritas, p. 162

a 170.

17Outubro 2013 • Reformador 337755

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18 Reformador • Outubro 2013337766

or que a vida tem que serentremeada de aflições ealegrias, de vitórias e der-

rotas? Por que Deus não fez per-feitas suas criaturas?

Simples: para que cada uma te-nha a liberdade de agir, construiro próprio destino, assimilar os co-nhecimentos intelectuais e moraisque desejar e colher o fruto dopróprio esforço. As tristezas e asderrotas são consequências da in-ferioridade do Espírito e desapa-recerão com as conquistas alcan-çadas. Mas, para isso, é precisoadquirir responsabilidade, convi-ver em harmonia com as leis divi-nas e respeitar a jornada evolutivados semelhantes.

O Espírito tem obrigação depromover a sua evolução, colabo-rar com o progresso geral do Pla-neta, sem conturbar a disciplinana casa do Pai. Para não errar,

existem leis e elas estão gravadasna consciência de cada um: nãohá como alegar ignorância. Quan-do teima em caminhar fora dostrilhos legais, o Espírito descar-rila. O estrago é imenso, então ador entra em ação a fim de devol-vê-lo aos trilhos da lei.

Os desafios existem para seremvencidos! Vegetais e animais, tan-to quanto os homens sofrem asua ação. São os desafios que in-duzem o Espírito ao progresso.Sem eles tudo se acomodaria. To-da modernidade vivenciada hojeé resultado do progresso alcança-do pelas humanidades que passa-ram pelos séculos anteriores; a se-menteira de suas artes e engenhostranscenderá os milênios vindou-ros multiplicando caminhos àsfuturas gerações.

Foi pela necessidade de alimen-tação que o homem se embrenhou

nas matas, abriu caminhos embusca da caça e da pesca; suas lu-tas diárias deram origem às estra-das e rodovias, imprescindíveis naatualidade. Impossibilitado detranspor longas distâncias a pé, ohomem desenvolveu os mais va-riados meios de transporte. Pre-cisando de proteção contra asagressões da Natureza, idealizoudiferentes formas de moradias ca-da vez mais elaboradas ao lon-go do tempo, e hoje temos asconstruções de alvenaria horizon-tais e verticais que atendem às exi-gências da civilização. E vieram aenergia elétrica, as indústrias, asinstituições e tantos outros meios,que ampliaram o conforto ma-terial, evidenciando consideráveldesenvolvimento intelectual. Asmoléstias induziram às pesquisase hoje temos medicação, apare-lhos, exames para a maioria dos

P

“Disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me; [...] pois o Filho do Homem virá

na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras.” (Mateus, 16:24 a 27.)

A. ME RC I SPA DA B O RG E S

A cada um

obrassegundo as suas

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males. A comunicação boca a bo-ca deu origem às mensagens, àimprensa e, com esta, aos jornaise livros que juntos cresceram coma telefonia, os celulares, a Internet.Foram os desafios que impulsio-naram os homens às conquistasmateriais e com isso mudaram aface da Terra.

Deus não só criou como deu àssuas criaturas todas as oportuni-dades de crescimento!

É um processo difícil, mas, apedra preciosa só apresenta brilhoe beleza após passar pela lâminaagressiva do buril. Nenhum Espí-rito alcançará a angelitude sem

acionar força de vontade, fé e per-severança no trabalho abençoado.Ninguém evolui na ociosidade.

Entretanto, ao lado do trabalhomaterial há outro bem mais difí-cil: é o desafio da conquista mo-ral. Difícil, lento e demorado, por-que exige modificação nas entra-nhas do Espírito, onde estão en-raizadas as velhas imperfeições! Élá que os séculos gravaram as suasderrotas morais. É preciso muitoesforço para arrancá-las! Só entãoo ser endurecido, odioso, vingati-vo, vicioso conseguirá tirar a ven-da, que o enceguece, para enxer-gar quão grande é o amor do Pai

por suas criaturas! Só assim res-surgirá o homem novo, espiritua-lizado, solidário, complacente, ca-ridoso, disposto a seguir os passosde Jesus. Não foi por acaso queEle afirmou:

Se alguém quer vir após mim,

negue-se a si mesmo, e tome

cada dia a sua cruz, e siga-me.

(Lucas, 9:23.)

Enquanto os valores materiaiscontinuarem a ter peso maior doque os valores morais, a dor sefará presente na vida do homem.Enceguecido pelas ilusões, não

19Outubro 2013 • Reformador 337777

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conseguirá enxergar a necessi-dade do crescimento moral afim de banir do orbe as conten-das individuais, a miséria, a igno-rância, a criminalidade, as guer-ras que tanto perturbam o pro-gresso da humanidade. Somenteo amor, o perdão e a caridade têmpoder para consolidar uma erade paz.

O sofrimento de hoje nadamais é que o resultado da se-meadura de ontem. E o que seplanta hoje terá que ser colhidoamanhã. A Lei divina não admi-te impunidade.

Para auxiliar a escalada evolu-tiva da humanidade, Deus dis-ponibilizou os Espíritos proteto-res, que já alcançaram um relati-vo progresso e têm muita afini-dade com seus tutelados. São ami-gos leais, aconselham e conso-lam nos momentos difíceis atra-vés da inspiração ou durante osono. Ninguém fica na orfanda-de! É só orar e estabelecer cone-xão mental que eles se farão pre-sentes. Estão sempre dispostos acolaborar, mas não podem afas-tar as provas do caminho deninguém. No entanto, dão for-ças e coragem para enfrentá-las,pois a todos acolhem, consolame esclarecem.

Deus é Pai, não castiga suascriaturas, pois suas leis são edu-cativas e não punitivas. Por mui-to amar seus filhos, enviou Jesuscomo modelo e guia para ensinaras verdades eternas. Concedeu aohomem o livre-arbítrio que deveser usado para o bem. Quem nãoo faz sofre as consequências, pois

é da mais perfeita justiça que sedê a cada um segundo as suasobras.

Se as aflições existem é porque,em grande parte, o homem nãosabe viver em sociedade, usa eabusa do livre-arbítrio sem res-peito pelos semelhantes. É o seuuso indevido que o coloca sob aspenas da lei de causa e efeito, aqual, por sua vez, impõe-lhe o de-ver de corrigir os males pratica-dos contra a natureza, a vida e osbens alheios.

Quem se coloca sob o guanteda lei?

Todo aquele que destrói a vidaprópria ou a de seu semelhante.Em consequência, renascerá emcorpo debilitado, deformado, afim de refletir e valorizar a vida,ou experimentará sofrimentos se-melhantes aos que impôs a seudesafeto.

Quem alimentou o orgulho,o egoísmo, a vaidade, usurpan-do bens e direitos alheios, atra-vés de todas as formas de rouboe corrupção. No plano espiri-tual, ante a consciência culpa-da, solicitará uma reencarna-ção de privações, de dificulda-des econômicas, de perdas mate-riais, até aprender a respeitar odireito do seu semelhante. É a for-ma justa de se corrigir o infratordas leis divinas.

Os ambiciosos, que destruí-ram a natureza. Estes solicitamreencarnações em locais casti-gados por enchentes, terremo-tos, furacões, secas, erupções vul-cânicas, entre outros. Ali terãooportunidade de resgatar os dé-

bitos e colaborar com a recons-trução, por meio do trabalhohumanitário.

Os descuidados, que abusa-ram da saúde com excessos ali-mentares, cigarros, bebidas, víciosde toda espécie, solicitarão no-vas encarnações com deficiên-cias digestivas, circulatórias, res-piratórias ou genésicas a fim deaprender a valorizar a saúde do cor-po tão importante como veículoda alma.

Os que abandonaram os fi-lhos, os pais, a família em neces-sidade, na doença ou na velhice,certamente renascerão no aban-dono, na orfandade, para valo-rizar os tesouros que a famíliaconcede.

E os sedutores, que pisotea-ram os sentimentos alheios?Renascerão na solidão! É o meiode aprender a respeitar os senti-mentos alheios. E assim, sucessi-vamente. Para cada débito, umaforma abençoada de resgatar,nada fica impune. Portanto, a leié de educação e conscientização enão de punição.

A lei da reencarnação e a decausa e efeito, de mãos dadas, seencarregam de aproximar os in-divíduos, que se comprometeramcom o mal para, juntos, se redi-mirem. Nessa jornada, emboraárdua, ninguém ficará na orfan-dade. Todos serão agraciados con-forme suas obras. Jesus, modelo eguia da humanidade, sustentaráa todos nas horas mais amargas:“Se alguém quer vir após mim,negue-se a si mesmo, e tome cadadia a sua cruz, e siga-me.”

20 Reformador • Outubro 2013337788

Page 21: Ano 131 • Nº 2.215 • Outubro 2013

21Outubro 2013 • Reformador 337799

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

Fonte: XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. 4. imp. Brasília: FEB, 2013. cap. 93.

erto, o cristão sincero nunca se lembrará de transformar um cão em partí-

cipe do serviço evangélico, mas, de nenhum modo, se reportava Jesus à

feição literal da sentença.

O Mestre, em lançando o apelo, buscava preservar amigos e companheiros do

futuro contra os perigos da imprevidência.

O Evangelho não é somente um escrínio celestial de sublimes palavras. É também

o tesouro de dádivas da Vida Eterna.

Se é reprovável o desperdício de recursos materiais, que não dizer da irresponsa-

bilidade na aplicação das riquezas sagradas?

O aprendiz inquieto na comunicação de dons da fé às criaturas de projeção

social, pode ser generoso, mas não deixa de ser imprudente. Porque um homem

esteja bem trajado ou possua larga expressão de dinheiro, porque se mostre reves-

tido de autoridade temporária ou se destaque nas posições representativas da luta

terrestre, isto não demonstra a habilitação dele para o banquete do Cristo.

Recomendou o Senhor seja o Evangelho pregado a todas as criaturas; entretanto,

com semelhante advertência não espera que os seguidores se convertam em dema-

gogos contumazes, e sim em mananciais ativos do bem a todos os seres, através de

ações e ensinamentos, cada qual na posição que lhe é devida.

Ninguém se confie à aflição para impor os princípios evangélicos, nesse ou

naquele setor da experiência que lhe diga respeito. Muitas vezes, o que parece amor

não passa de simples capricho, e, em consequência dessa leviandade, é que encon-

tramos verdadeiras maltas de cães avançando em coisas santas.

“Não deis aos cães as coisas santas.”

– Jesus (Mateus, 7:6.)

C

coisas santasCães e

Page 22: Ano 131 • Nº 2.215 • Outubro 2013

esquisa realizada pelo Ins-tituto Paulo Montenegro,em parceria com a ONG

Ação Educativa, divulgou o Indi-cador Nacional de AlfabetismoFuncional de 2012. Os dados reve-lam que 38 % dos alunos de insti-tuições de ensino superior no Bra-sil são analfabetos funcionais.

A expressão toma o substantivo“analfabeto” como aquele indiví-duo que não sabe ler e escrever.Associando-se o adjetivo “funcio-nal”, constrói-se o entendimentode que o “analfabeto funcional” éa pessoa que consegue ler e escre-ver, porém não é capaz de com-preender o que lê e escreve.

Ela decifra letras, sílabas e pala-vras, mas não consegue interpretá--las ou entender seus significados.Os conceitos apresentados no tex-to não são alcançados pelo leitor.

Ao importar a interessante ex-pressão para o contexto espírita,cumpre-nos averiguar se tambémnão estamos diante de outra tristerealidade: uma crise de “analfabe-tismo funcional no Espiritismo”.

Aqui, não nos referimos à inte-ligência formal, pois o próprio Co-dificador alertou em O evangelhosegundo o espiritismo que para enten-der o Espiritismo não era necessá-ria inteligência fora do comum.

É fato: observamos pessoas quenão tiveram oportunidade de fre-quentar a escola e compreendem osprincípios doutrinários com umamaturidade espiritual admirável.

Prova de que o Espiritismo édirigido aos simples e aos maisexigentes em termos de conheci-mentos, tornando-se acessível atodos, sem preconceitos ou exi-gências exteriores.

Importa compreender, por opor-tuno, que a falta de informaçãosobre os princípios fundamentaisda Doutrina Espírita,proveniente daausência de estudo ou do sensode maturidade para compreendê--la, poderia se caracterizar peloque denominamos de “analfabe-tismo funcional no Espiritismo”.

Essa situação ou estado advém,principalmente, do desconheci-mento das obras básicas, codifica-das por Allan Kardec, e também dasinterpretações apressadas e equi-vocadas dos ensinos dos Espíritosreveladores e da sábia organizaçãokardequiana sobre a obra basilarespírita e suas subsidiárias.

Os males que esse estado peculiarde analfabetismo pode provocar sãoavassaladores, dentre os quais sedestacam:

• desconhecimento dos princí-pios básicos do Espiritismo;

• interpretações equivocadasdos ensinos espíritas;

• confusão entre o que é e o quenão é Doutrina Espírita;

• inclusão de práticas esdrúxu-las na Casa Espírita;

• publicação de livros e periódi-cos, ditos espíritas, com inser-ção de conteúdos alheios e con-trários ao Espiritismo.

Como evitar o “analfabetismofuncional no Espiritismo”?

O estudo individual e em gru-po é essencial para o exato enten-dimento da mensagem de Jesus àluz da Doutrina Espírita.

A leitura e reflexão sobre osconteúdos da Codificação são in-dispensáveis à correta interpreta-ção e prática do Espiritismo.

Ler, estudar e refletir – parabem pensar, sentir e viver os eleva-dos ensinos da Terceira Revelaçãono Ocidente – são valiosos recur-sos de ampliação do entendimen-to espiritual e de conquista da ple-nitude na prática do bem.

A definitiva implantação doreino divino na Terra inicia-se nocoração de cada um de nós pela inconfundível linguagem doamor, bandeira sob a qual todosos povos estarão congregados nopleno exercício da solidariedadeuniversal.

22 Reformador • Outubro 2013338800

P

Falando de Livro

GE R A L D O CA M P E T T I SO B R I N H O

Analfabetismo funcionalno Espiritismo

Page 23: Ano 131 • Nº 2.215 • Outubro 2013

23Outubro 2013 • Reformador 338811

á algum tempo – tanto emartigos da autoria de en-carnados, divulgados pela

Internet, quanto em algumas obrasmediúnicas – têm sido notadasacusações contra a exigência daparte de dirigentes espíritas, rela-tivamente a médiuns e outros tra-balhadores da seara. Será que estáhavendo excesso de severidade, ouserá que os reclamantes, encarna-dos e desencarnados, são indisci-plinados e querem generalizar suamaneira de ser?

Nós, espíritas, estamos beminformados a respeito da conti-nuidade da vida, que significa tam-bém continuidade da nossa ma-neira de pensar, de falar e de agir.Tendo essa certeza, é natural quenós, trabalhadores da seara espí-rita, esperemos ser admitidos emalguma tarefa, depois da inexo-rável viagem de volta ao mundoespiritual. Muito justo acalente-mos doces esperanças de coope-

ração ativa no Mundo Maior,diante dos relatos de benfeito-res que nos mostram atividadesconstantes e nobres exemplos de dedicação ao bem. Entretanto,devemos meditar profundamentesobre a qualificação exigida dostrabalhadores no Além. Aqui naCrosta, em nome da fraternidade,da tolerância, mesmo por pie-guice, são aceitos até cooperado-res com pouca noção de respon-sabilidade, muitos dos quais nãotêm coragem suficiente para aban-donar de vez as tarefas assumi-das, como também não a têm pa-ra se esforçar, no sentido de secapacitarem a fim de dar melhorconta delas.

No livro Nosso lar, podemosver algumas situações vivencia-das por André Luiz, quando can-didatou-se ao trabalho. Quemobservar atentamente as suas ex-periências, verificará que não bas-ta apenas querer participar de al-

guma atividade no mundo espi-ritual, pois além do conhecimen-to específico da tarefa em quepretenda colaborar, o Espíritodeve ter profunda consciência danecessidade de praticar os ensi-namentos do Evangelho, atravésdo esforço no cultivo da humil-dade, da benevolência, da tole-rância e da disciplina. Pode-se terideia dos requisitos necessáriosà integração em equipes espi-rituais que operam tanto no Es-paço quanto na Terra, observan-do-se algumas instruções do Es-pírito Aniceto a André Luiz, quese candidatava à participação emsua equipe, em trabalho a ser efe-tivado na Terra, conforme se lêno livro Os mensageiros. Aniceto,o instrutor espiritual, revela-se,ao longo da obra, Espírito quealia bondade imensa a conheci-mento profundo. Trata-se de ver-dadeiro modelo de virtudes, en-tre as quais se destaca a disciplina,

HJO S É PA S S I N I

Trabalho na Terra eno mundo espiritual

Page 24: Ano 131 • Nº 2.215 • Outubro 2013

24 Reformador • Outubro 2013338822

tanto para si, quanto para aque-les que trabalham com ele.

Aqui na Terra, se chefiandoalguma equipe na seara espírita,por certo encontraria forte resis-tência entre alguns trabalhadores,que o julgariam excessivamenteexigente. André Luiz registra, naobra citada, algumas de suas re-comendações aos candidatos:

– Nosso serviço é variado e ri-

goroso. O departamento de tra-

balho, afeto à nossa responsabi-

lidade, aceita somente os

cooperadores in-

teressados na des-

coberta da feli-

cidade de servir.

Comprometemo-

-nos, mutuamen-

te, a calar toda es-

pécie de reclama-

ção. Ninguém exi-

ge expressão no-

minal nas obras

úteis realizadas, e

todos respondem

por qualquer erro

cometido. Achamo-

-nos, aqui, num

curso de extinção

das velhas vaidades

pessoais, trazidas

do mundo carnal. Dentro do

mecanismo hierárquico de nos-

sas obrigações, interessamo-nos

tão somente pelo bem divino.

Consideramos que toda possi-

bilidade construtiva vem de

nosso Pai e esta convicção nos

auxilia a esquecer as exigências

descabidas de nossa personali-

dade inferior.1

Mais adiante, Tobias comenta afunção do Centro de Mensagei-ros:

[...] Este serviço é a cópia de

quantos se vêm fazendo nas

mais diversas cidades espiri-

tuais dos planos superiores.

Preparam-se aqui numerosos

companheiros para a difusão de

esperanças e consolos, instru-

ções e avisos, nos diversos seto-

res da evolução planetária. Não

me refiro tão só a emissários

invisíveis. Organizamos turmas

compactas de aprendizes para a

reencarnação. Médiuns e dou-

trinadores saem daqui às cente-

nas, anualmente. Tarefeiros do

conforto espiritual encami-

nham-se para os círculos car-

nais, em quantidade considerá-

vel, habilitados pelo nosso Cen-

tro de Mensageiros.2

Diante do que diz Tobias, nãoseria prudente examinar a possi-bilidade de termos sido prepara-dos, antes da nossa vinda, paraalguma tarefa relacionada à di-fusão do Espiritismo? Não seria,por certo, a consulta a um mé-dium o meio de nos certificar-mos se temos algum compromis-so firmado antes da nossa atualencarnação. Bastaria que obser-vássemos quais as oportunidadesde trabalho que nos são ofereci-das, buscando na oração a luci-

dez necessária para nos escla-recermos, mesmoporque as referên-cias aos que fogemdos compromissossão preocupantes:

[...] Saem milhares de

mensageiros aptos pa-

ra o serviço, mas são

muito raros os que

triunfam. Alguns con-

seguem execução par-

cial da tarefa, outros

muitos fracassam de

todo. O serviço legí-

timo não é fantasia. É

esforço sem o qual a

obra não pode aparecer nem

prevalecer. [...]2

Como ilustração, na obra ci-tada, nos capítulos 7 a 12, lê-se orelato de vários Espíritos que,embora bem preparados antesda encarnação, falharam no de-sempenho das tarefas a que sepropuseram, talvez porque nãotenham tido, na Terra, os alerta-mentos que temos agora! Aqui

Page 25: Ano 131 • Nº 2.215 • Outubro 2013

na Terra, são frequentes as recla-mações quanto às exigências deum trabalhador guindado à po-sição de dirigente de um grupode trabalho. Ao solicitar aos com-panheiros observância de horá-rio, assiduidade, seriedade naexecução da tarefa, quantas vezesrecebe demonstrações de desa-grado, não raro via comentáriosdescaridosos? Aniceto, se encar-nado, dificilmente escaparia deser tachado de “mandão”, ao ex-pressar-se assim:

– Esclareça ao novo candidato

os nossos regulamentos e ve-

nham juntos para as instruções

após o meio-dia.3

Mais à frente, André Luiz, quejá assimilara as normas de traba-lho, pondera:

Notei que o trabalho no Posto

se desenvolvia em ambiente da

mais bela camaradagem, não

obstante o respeito natural às

noções de hierarquia.4

Ainda em Os mensageiros, lê-seuma lição ilustrativa da obediên-cia à hierarquia e uma cobrançado fiel cumprimento da orienta-ção recebida, quando o responsá-vel pela guarda de determinadosetor de trabalho espiritual, aquina Terra, dirige-se a dois trabalha-dores, admoestando-os:

– Vieira, recomendo a você e ao

Hildegardo a melhor obser-

vância do nosso critério dou-

trinário. [...]5

Diante da reprimenda, reco-nhecendo que agira equivocada-mente, Vieira comentou com An-dré Luiz: “– Recebemos uma ad-moestação justa”.5

Nessa mesma obra, vemos ochefe de uma equipe de guardasinquirindo um servidor espiritualsobre um acidente, ocorrido notrecho de estrada sob sua vigi-lância:

– Glicério, como permitiu se-

melhante acontecimento? Este

trecho da estrada está sob sua

responsabilidade direta.6

O servidor do caminho escla-receu, respeitosa e tranquilamen-te, os motivos do acidente, lem-brando, ainda, que o ferido era“um pobre pai de família”,6 numademonstração de bondade, requi-sito primordial para se trabalharnas esferas espirituais. Depreen-de-se do relato, que o trabalhadorno mundo espiritual, além do co-nhecimento específico para o de-sempenho de suas tarefas, temde apresentar um esforço cons-ciente da aplicação dos postula-dos do Evangelho.

Diante do que acabamos dever, ao ser-nos atribuída uma ta-refa, na Casa Espírita que fre-quentamos, devemos nos sentirna posse de belíssima oportuni-dade de nos empenharmos, des-de já, porta adentro da nossa in-dividualidade, na busca de ade-quação à disciplina e ao devota-mento exigidos dos trabalhado-res desencarnados, conforme sevê nas obras de André Luiz. As-

sim, animados desse entendi-mento da necessidade de reformaíntima, aproveitemos as oportu-nidades de trabalho que nos sãooferecidas aqui na Terra, onde asexigências são menores. O esfor-ço no sentido de nos adequar-mos, desde já, aos requisitos exi-gidos dos trabalhadores das re-giões espirituais nos capacitará aintegrar equipes de benfeitoresespirituais, que operam duranteas horas de sono físico, conformenos revela André Luiz, no livroMissionários da luz, capítulo Noplano dos sonhos.

E, diante do valor e do alcan-ce da tarefa de evangelização dacriança, não é difícil imaginar quehaja equipes de estudo e aprimo-ramento específico também paraaqueles que nela colaboram.

Integrados nessas tarefas espi-rituais noturnas, desde agora, te-remos maiores chances de nelaspermanecermos, ou de sermosadmitidos em outras, tão logo de-sencarnemos. Caso contrário, te-remos – na melhor das hipóteses– longo período de reeducaçãoespiritual, antes de sermos ad-mitidos no trabalho efetivo sob aégide de Jesus.

Referências:1XAVIER, Francisco C. Os mensageiros.

Pelo Espírito André Luiz. 47. ed. 2. reimp.

Brasília: FEB, 2013. cap. 2, p. 19.2______. ______. cap. 3, p. 24.3______. ______. p. 27.4______. ______. cap. 26, p. 1615______. ______. cap. 39, p. 239.6______. ______. cap. 41, p. 252.

25Outubro 2013 • Reformador 338833

Page 26: Ano 131 • Nº 2.215 • Outubro 2013

crença na existência deDeus é princípio básicode todas as religiões, his-

toricamente concebida desde ostempos mais remotos. Sustenta-senas interpretações evocadas pelatradição, oral ou escrita, nas ideiasfilosóficas e nas intricadas consi-derações teológicas presentes, so-bretudo, nas religiões reveladas(Judaísmo, Cristianismo e Islamis-mo), segundo as quais Deus é en-tendido como o Criador supre-mo do universo, ainda que as Es-crituras nunca discutam o “serDeus separadamente dos seusatributos, visto que Deus é aquiloque se revela ser”.1

Há consenso entre essas trêsreligiões monoteístas de que osprincipais atributos da Divindade,

– independentemente de como énomeada, Yahweh, Deus ou Allah– são os que se seguem:

Deus é Espírito infinito, sem

fronteiras ou limites [...] e ca-

da aspecto e elemento de sua

natureza é infinito. Essa natu-

reza infinita, em relação ao

tempo, é chamada eternidade,

e em relação ao espaço é cha-

mada onipresença. Em relação

ao Universo, ela implica tan-

to em transcendência como

em imanência. Por transcen-

dência de Deus se entende que

ele está separado de toda a sua

criação como um ser inde-

pendente e autoexistente. [...]

Por imanência de Deus se en-

tende sua presença difundida

e seu poder dentro de sua

criação. [...]2

São conceitos de difícil com-preensão para o crente comumque, facilmente, percebe Deuscomo a Causa e o Bem,3 confor-me orienta a Filosofia, ou comoPai, Criador Supremo, ensinadopor Jesus e os apóstolos (Mateus,6:6 a 9; Lucas, 11:2; I João, 1:2 e 3;I Pedro, 1:17; Tiago, 1:17) e pro-fetas do Velho Testamento (Gê-nesis, 1:31; Malaquias, 2:10;Isaías, 64:8).

A palavra revelação“significa literalmen-te sair de sob o véu e,figuradamente, des-cobrir, dar a conhe-cer uma coisa secre-

26 Reformador • Outubro 2013338844

Em dia com o Espiritismo

MA RTA AN T U N E S MO U R A

A

Diferentesconcepções

de Deus

Page 27: Ano 131 • Nº 2.215 • Outubro 2013

ta ou desconhecida”,4 ensina AllanKardec, que também esclarece:

[...] No sentido especial da fé

religiosa, a revelação se diz

mais particularmente das coi-

sas espirituais que o homem

não pode descobrir por si mes-

mo, nem com o auxílio dos sen-

tidos; e esse conhecimento lhe

é dado por Deus ou por seus

mensageiros, quer por meio da

palavra direta, quer pela inspi-

ração. Neste caso, a revelação é

sempre feita a homens predis-

postos, designados sob o nome

de profetas ou messias, isto é,

enviados ou missionários, incum-

bidos de transmiti-la aos ho-

mens. Considerada sob esse

ponto de vista, a revelação im-

plica a passividade absoluta e é

aceita sem controle, sem exame,

nem discussão.5

A aceitação pura e simples dasinterpretações religiosas repre-senta um ponto de discórdia en-tre teólogos, acadêmicos e filóso-fos, mas os dois últimos preferem

submeter as revelações religio-sas ao crivo da razãopor considerarem re-levantes o estudo e aanálise racionais dasescrituras sagradas.Neste sentido, sur-

giu a disciplina filo-

sofia da religião que investiga asdiferentes concepções e manifes-tações religiosas de Deus, porémmantidas desvinculadas das práti-cas e rituais religiosos que, em suageneralidade, revelam feição dog-mática e interpretação literal dostextos.

Léon Denis, respeitado filósofoespírita do passado, afirma, con-tudo, que é necessário demons-trarmos a ideia de Deus:

[...] Ela se afirma e se impõe,

fora e acima de todos os siste-

mas, de todas as filosofias, de

todas as crenças. É também li-

vre de todo o liame com qual-

quer religião [...].

[Pois] Deus é maior que todas

as teorias e todos os sistemas.

[...]6

Em consequência, encontra-mos nos dias atuais religiosos eestudiosos que optaram por enca-rar o assunto, propondo dois en-foques à revelação religiosa: o his-tórico e o natural. O primeiro éencontrado nas tradições e nosrelatos de todas as religiões:

[...] consiste na iluminação

com que foram agraciados

alguns membros da comunida-

de, cuja tarefa teria sido enca-

minhar a comunidade à salva-

ção. Neste aspecto, a revelação é

um fato histórico, ao qual se

atribui a tradição religiosa.7

A revelação histórica é usual-mente divulgada nos cultos dasigrejas.

É certo, pois, concluir que emtodas as épocas da humanidade ospovos contaram (e contam) como auxílio de reveladores. É por is-so que sempre surgiram revelado-res nos diferentes campos doconhecimento, inclusive no reli-gioso, os quais,

[...] embora estivessem longe

de conhecer toda a verdade, ti-

nham uma razão de ser provi-

dencial, porque eram apropria-

dos ao tempo e ao meio em que

viviam, ao caráter particular

dos povos a quem falavam e aos

quais eram relativamente supe-

riores. [...]8

O segundo enfoque considera amanifestação de Deus, na nature-za, como natural, consequente desua existência.7 Como tal, devee pode ser analisada pela lógica epela razão. Mas a revelação naturalde Deus, interpretada à luz das reli-giões ou das ciências, só é consi-derada racionalmente válida se ti-ver como característica essencial averdade: “[...] Toda revelação des-mentida pelos fatos deixa de o ser,caso seja atribuída a Deus. [...]”.9

27Outubro 2013 • Reformador 338855

Page 28: Ano 131 • Nº 2.215 • Outubro 2013

Outra característica, não me-nos importante, é que a manifes-tação do Criador na natureza tra-duz-se por meio de leis. Assim, éfácil deduzir que a vida, em si,é considerada manifestação univer-sal de Deus na natureza. Da mes-ma forma, “todas as ciências quenos fazem conhecer os mistériosda natureza são revelações e sepode dizer que há para a humani-dade uma revelação incessante”.4

Em consequência, religiosos, fi-lósofos e cientistas apresentam di-ferentes posicionamentos que seabrem na forma de extenso leque,aglutinando desde a negação abso-luta à aceitação plena e inequívocada existência de Deus. As divergên-cias mais significativas referem-se,em especial, à criação dos mundose dos seres. Aí ocorre uma verda-deira batalha. Entre os religiososhá tendência para aceitar a tesecriacionista, segundo a qual Deusé o Criador supremo de todos osseres e do universo. Há religiososque aceitam literalmente os setedias da Criação, citados no VelhoTestamento. Contudo, encontra-mos grupo de teólogos e estudio-sos das Escrituras que procuramexplicar a manifestação do Criadoratravés de teofonia esclarecida.Teofonia é entendida como o pro-cesso natural da descida de Deusao homem e a subida do homem aDeus.7 Em oposição ao criacionis-mo, temos outras correntes depensamento, assim resumidas:

• Teísmo – (do grego Théos =Deus) sistema de base filosófica ereligiosa surgido no século XVII

para indicar a crença em Deus efazer oposição ao ateísmo.10 Mo-dernamente, os teístas são oposi-tores não só do ateísmo, mas tam-bém do deísmo e do panteísmo. Oteísmo admite “Deus como pes-soa, embora em sentido mais ele-vado [e transcendental] do quecomumente é atribuído ao ho-mem”.11 Este conceito assemelha--se, em tese, à orientação evangéli-ca: “Deus é Espírito e aqueles queo adoram devem adorá-lo em es-pírito e em verdade” (João, 4:24).

O pensamento teísta é relativa-mente bem aceito entre os cien-tistas não materialistas (espiritua-listas), que tentam associar a teo-ria evolucionista da origem dasespécies, defendida pelo natura-lista britânico Charles Darwin(1809-1882), à crença em Deuscomo Criador supremo.

• Deísmo – doutrina que ques-tiona a revelação divina aos ho-mens, fundamentando-se em trêsteses que, segundo os seguidores,reproduzem o verdadeiro sentidoda religião natural ou racional:

[...] 1a a religião não contém e

não pode conter nada irracional

[...]; 2a a verdadeira religião reve-

la-se, portanto, à própria razão,

e a revelação histórica é supérflua;

3a as crenças da religião natural

são poucas e simples: existência

de Deus, criação e governo di-

vino do mundo, retribuição do

mal e do bem na vida futura.12

• Panteísmo – “É a doutrina se-gundo a qual Deus é a natureza do

mundo. [...]”.13 O panteísmo, co-mum entre as religiões orientais,assemelha-se ao deísmo. Para oEspiritismo, a doutrina panteístanega a existência do Criador:

Se fosse assim, Deus não existiria,

porque seria efeito e não causa.

Ele não pode ser, ao mesmo tem-

po, uma coisa e outra.14

Referências:1DOUGLAS, J. D. (Organizador). O novo

dicionário da bíblia. Trad. João Bentes. 3.

ed. São Paulo: Vida Nova, 2006. p. 332.2______. ______. p. 333.3ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filo-

sofia. Trad. Alfredo Bosi e Ivone Castilho

Benedetti. 4. ed. São Paulo: Martins

Fontes, 2000. p. 247.4KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Evandro

Noleto Bezerra. 2. ed. 1. imp. Brasília: FEB,

2013. cap. 1, it. 2, p. 15. 5______. ______. it. 7, p. 18.6DENIS, Léon. O grande enigma. 2. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2011. pt. 1, cap. 5, p. 65.7ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filo-

sofia. Trad. Alfredo Bosi e Ivone Castilho

Benedetti. 4. ed. São Paulo: Martins Fon-

tes, 2000. p. 858.8KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Evandro

Noleto Bezerra. 2. ed. 1. imp. Brasília:

FEB, 2013. cap. 1, it. 8, p. 18.9______. ______. it. 3, p. 16.10ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filo-

sofia. Trad. Alfredo Bosi e Ivone Castilho

Benedetti. 4. ed. São Paulo: Martins Fon-

tes, 2000. p. 942.11______. ______. p. 943.12______. ______. p. 258.13______. ______. p. 742.14KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 1.

imp. Brasília: FEB, 2013. q. 14.

28 Reformador • Outubro 2013338866

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29Outubro 2013 • Reformador 338877

uando Hernán Cortézchegou à costa mexicana,vindo de Cuba, em 1519,

ficou surpreso com o que viu. Nosvales, hoje conhecidos como Mé-xico Central, vivia a civilizaçãonahuas, formada por diversos po-vos de mesmo tronco linguístico,destacando-se os astecas.

Sobre uma ilha do grande lagoTexcoco, erguia-se Tenochtitlán,capital do Império Asteca e atualcidade do México. Desde 1428, apósunião com outras duas cidadesvizinhas, os astecas promoviamconquistas militares, cujo princi-pal objetivo era arrecadar pesa-dos tributos dos povos dominados,para assim sustentarem a no-breza da capital. Curiosamente,era frequente nessas guerras o usode uma arma não letal, semelhan-te ao tacape, para ferir o inimi-go e capturá-lo vivo. Tal proce-dimento atendia ao segundo in-teresse das campanhas militares:

aprisionar pessoas para os rituaisde sacrifício.

Nenhum povo apresentou tan-ta obsessão por essas cerimôniascomo os pré-colombianos. Somen-te na inauguração do templo deTenochtitlán foram sacrificadasmais de quatro mil pessoas emhonra ao deus daquele lugar. Cor-téz e os espanhóis ficaram perple-xos quando entenderam que a cormarrom avermelhada das escada-rias das pirâmides mesoamericanas,as quais eram especialmente dese-nhadas para os terríveis eventosde culto, se devia ao sangue secodas vítimas. Ainda no século XX,escavações próximas ao templo deTenochtitlán identificaram 126 os-sadas humanas, vítimas dos rituais.

Habitando os Andes, na regiãodo atual Peru, a civilização incatambém realizava rituais de sacri-fícios humanos em diferentes oca-siões: terremotos, eclipses, inun-dações, no culto diário ao deus sol

e durante as preces em favor doimperador ou como ação de gra-ças. Porém, nem sempre as víti-mas eram prisioneiras de guerra:“antes que as pessoas fossem leva-das à morte, o sacerdote pronun-ciava um discurso, explicando aeles que iriam servir o deus queestava sendo celebrado e que ha-bitariam o mesmo lugar gloriosoque ele habitava”, narrou o con-quistador Pedro de Cieza de Léon,referindo-se ao autossacrifício aque alguns incas se submetiam.

Embora os fatos acima nos cau-sem estranheza e repúdio, as ceri-mônias de sacrifícios, humanos oude animais, estão na base de qua-se todas as religiões: pagãs gre-gas e romanas, animistas africa-nas, orientais, árabes, e tambémno tronco judaico-cristão, do qualnós somos herdeiros. Muitos ho-mens são lembrados por elas, en-tre os quais indiscutivelmente re-cordamos Abraão.

QMA N U E L FE R R E I R A BA R B O S A NE TO

O sacrifícioque mais agrada

a Deus

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Conforme a tradição anotada naBíblia, após dar contínuas provas defidelidade a Deus, desde o chamadoem Canaã, velho e com poucasesperanças de constituir legítimoherdeiro varão, sua esposa idosaSara dá à luz Isaac. Porém, Deustesta-o uma última vez, pedindo-lheque sacrifique o filho. O grandepatriarca, conquanto triste, nãovacila e o conduz ao Monte Moriá.Ao erguer o braço para aplicar ogolpe fatal, eis que surge um anjo doSenhor e impede o desfecho trágico!

Apesar do exemplo de Abraão,recordado até os dias atuais comosímbolo de obediência máxima aDeus (na verdade um caso de mis-tificação mediúnica),1 Moisés mais

tarde aboliu os sacrifícios humanos,permitindo apenas os de animaiscomo oferendas para determina-dos ofícios religiosos.

“[...] Como se explica que ohomem tenha sido levado a crerque tais coisas pudessem agradara Deus?”. Refazemos a pergunta669 do Codificador, em O livrodos espíritos. E os benfeitores sãoexatos na resposta:

Primeiramente, porque não

compreendia Deus como sendo

a fonte da bondade. Nos povos

primitivos a matéria sobrepu-

ja o espírito; eles se entregam

aos instintos do animal selva-

gem. Por isso é que, em geral,

são cruéis; é que neles o senso

moral ainda não se acha desen-

volvido. [...]

Com efeito, ambos os exemplosacima – pré-colombianos e Abraão– foram uma tentativa de seremagradáveis a Deus. No entanto, osEspíritos afirmam que, em nenhummomento, esta situação pôde seraprovada pelo Criador, porquan-to Ele não poderia ficar satisfeitocom a morte inútil de sua própriaobra. (Op. cit. questões 669 a 673.)

O Mestre querido, desejandoimprimir uma nova orientação àvontade natural do homem de serbom aos olhos de seu Criador,afirma:

Portanto, se trouxeres a tua

oferta ao altar e aí te lembrares

de que teu irmão tem alguma

coisa contra ti, deixa ali diante

do altar a tua oferta, e vai re-

conciliar-te primeiro com teu

30 Reformador • Outubro 2013338888

1N.R.: Ver a obra Os profetas, de João J.Moutinho, capítulo Abraão, item 4, FEBEditora.

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31Outubro 2013 • Reformador 338899

irmão, e depois vem, e apresenta

a tua oferta. (Mateus, 5:23 e 24.)

Por estas palavras, Jesus deixaclaro qual o sacrifício que maisalcança a benevolência do Pai:aquele que se faz contra si mesmo,quando se busca vencer as pró-prias imperfeições. Porém, o Mes-tre, conformando sua palavra aosusos e costumes da época, nãocontrariou a prática de dar dádivasno altar, pois sabia que ela poucoa pouco seria abandonada pelahumanidade mais esclarecida.

Ainda assim, depois de mais dedois mil anos de história e tantasinterpretações aprofundando amensagem evangélica, a maioriada cristandade enxerga na crucifi-cação de Jesus, o Cordeiro de Deus,o exemplo do perfeito sacrifíciopois, para muitos, teria sido sufi-ciente a remissão de todos os peca-dos da humanidade. E, diariamen-te, fiéis das mais diversas religiõesapresentam suas oferendas amoe-dadas nos altares, buscando comisso ser agradáveis ao Senhor.

Sacrifícios, oferendas e dádi-vas representam a busca de umcaminho para alcançar Deus.Contudo, esses recursos, ainda tãoatuais entre os homens, são malinterpretados!

A Doutrina Espírita, exercendosua missão de Consolador Prome-tido, tal qual prometera Jesus, aoafirmar que o Paracleto resgatariasuas palavras e acrescentaria novosconhecimentos, elucida as seguin-tes dúvidas: qual o sacrifício maisagradável a Deus? E onde se insereo evento da crucificação de Jesus?

Segundo os benfeitores da hu-manidade, somos seres espirituaise a verdadeira vida é a espiritual.Nosso objetivo é a perfeição, quenos garantirá a felicidade plena ea liberdade para sermos coopera-dores da obra divina. Mas, apenasalcançaremos este estado median-te o progresso intelectual e moral,conquistado a duras provas, du-rante quantas experiências no cor-po físico forem necessárias.

A vida material, sempre transi-tória, é a oficina de trabalho dig-nificante e a escola de valores im-perecíveis da alma. Vivendo ao lado das dificuldades e das limita-ções do corpo físico e sendo cons-trangida a progredir vivendo emsociedade, a alma é estimulada a

desenvolver suas potencialidadesintelectuais e morais, e assim cons-truir a própria felicidade.

Jesus foi o mais elevado Espíri-to missionário que nos iniciou nacompreensão desta realidade: ma-terializou a Boa Nova de que eramensageiro, apresentou-nos a vidaespiritual, a imortalidade, o Pai debondade e a esperança de felicidadee paz para todos, e coroou sua pas-sagem na exemplificação sublimeda cruz e da ressurreição. Esta últi-ma experiência foi o fecho de abó-bada de toda a sua doutrina, atra-vés da qual todos os ensinos fize-ram sentido e alcançaram autori-dade insuperável! E por esta razão,Ele realmente nos salvou! Salvou--nos de nossa própria ignorância!

Assim, amigos, o sacrifício maisagradável a Deus somente pode seraquele que se consagra ao alíviodos sofrimentos do próximo, tantoquanto Jesus foi o exemplo ímpar,e por um motivo muito claro: ésomente através dele que o homemse eleva, ascendendo à compreen-são espiritual! Apenas com o exer-cício do perdão, alcançaremos ahumildade; do amor, sentiremosa verdadeira fraternidade; do de-votamento de nós mesmos, con-quistaremos a liberdade nascida dodesapego! Sacrifiquemo-nos sem-pre, mas saibamos conduzir nossosacrifício em proveito geral, cola-borando na obra divina!

Referência:NARLOCH, Leandro; TEIXEIRA, Duda. Guia

politicamente incorreto da América Lati-

na. São Paulo: Leya, 2011. cap. Astecas,

incas e maias.

Saibamos conduzir

nosso sacrifício

emproveito

geral

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declaração em epígrafe foi escrita por umajovem espírita brasileira de 19 anos.

A simplicidade e a profundidade da metá-fora utilizada mostram-nos a relevância da DoutrinaEspírita nas mentes e corações juvenis, convidando--os ao autoconhecimento, à reforma íntima e à for-mação de pessoas de bem, mediante a “lâmpada” es-pírita que esclarece e consola.

Conforme Fernanda bem expressa, “a lâmpada nãovai arrumar essa bagunça”, porém, mostra o que pre-cisa ser feito, as necessidades que estão em fase deaperfeiçoamento e os talentos que se potencializam.

No primeiro semestre de 2013, em enquete reali-zada no site do DIJ/FEB, do qual participaram 1.072jovens de todos os Estados do Brasil, foi-lhes pergun-tado o que os motiva a participarem de um grupo deJuventude/Mocidade no Centro Espírita, solicitan-do-lhes assinalarem os tópicos a seguir descritos, porprioridade:

• Encontrar com os amigos;• Buscar respostas para os desafios da vida jovem;• Adquirir conhecimento sobre a vida espiritual e

a Doutrina Espírita;• Participar de trabalho voluntário;• Atender a orientação de sua mãe, pai e/ou res-

ponsável.

O resultado da enquete apresenta dados interes-santes e muito significativos àqueles que organizame desenvolvem ações para a Juventude/Mocidade Es-pírita: 70% dos jovens apontaram como primeiraopção “Adquirir conhecimento sobre a vida espiri-tual e a Doutrina Espírita”. Como segunda opção,38% dos jovens marcaram o item “Buscar respostaspara os desafios da vida jovem” e, como terceira opção,o item de maior frequência foi “Encontrar com osamigos”, 37%.

Tais dados nos apontam que os jovens procuram oscentros espíritas em busca de conhecimentos doutriná-rios que, adequadamente contextualizados, favorecerãoencontrarem respostas para os desafios da vida jovem.Nesse processo, faz-se evidente o fortalecimento dosvínculos de amizade e a ampliação de sua rede sociale afetiva, reconhecendo a instituição espírita comoespaço privilegiado de estudo e de confraternização.

As percepções apresentadas convidam os colabo-radores das ações espíritas a organizarem e desenvol-verem espaços de estudo e confraternização que pri-mem pela fidelidade doutrinária, pela qualidademetodológica e pelo zelo relacional que devem per-mear todos os encontros e momentos nos centrosespíritas. O sentido dos ensinamentos espíritas paraa vida jovem se alcança com a necessária contextua-lização dos temas, promovendo a reflexão crítica darealidade à luz da Doutrina Espírita e atitudes queabranjam o pensar, o sentir e o agir coerentes com avivência cristã.

32 Reformador • Outubro 2013339900

“Me imagino em um quarto muito, muito, muito escuro! Tento de algumas formas con-seguir enxergar, mas não consigo! Aí, de repente, se acende uma lâmpada, que me

mostra o quanto o quarto tá bagunçado, desorganizado, tudo fora do lugar! A lâmpadanão vai arrumar essa bagunça pra mim, mas ela me mostrou o quanto eu tenho que fazer.

A Doutrina espírita é a minha lâmpada!” (Fernanda, 19 anos.)1

Evangelização Espírita Infantojuvenil

Espiritismo e juventude

DE PA RTA M E N TO D E IN F Â N C I A E JU V E N T U D E/FEB

A

1Fonte: Transcrição ipsis litteris da enquete virtual DIJ/FEB, abrila junho de 2013, com a participação de 1.072 respondentes.

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Nesse sentido, o Espiritismo deve atingir “a cabeça, ocoração e as mãos”2 dos jovens, na medida em que estessão convidados, diariamente, a adotar posturas dianteda vida, respaldando suas ações em ideias e ideais.

Mensagens doutrinárias fundamentam tais refle-xões, conforme apresentadas a seguir:

Sintetizando tais observações, destacamos rele-vante mensagem de Francisco Thiesen,3 ao afirmar

que “o melhor método de construir o futuro é digni-ficar o presente e equipá-lo com valiosos instrumen-tos de conhecimento, amor e trabalho”,3 que garan-tirá às crianças e aos jovens a efetiva vivência espíri-ta, fortalecendo-os como agentes ativos de autoapri-moramento e transformação social.

Retomando a metáfora da “lâmpada”, recorde-mo-nos de que todos os tarefeiros do Cristo,incluindo os evangelizadores e coordenadores deInfância e Juventude, agem como potencializadoresda luz, representada pela Doutrina Espírita, consti-tuindo ação de grande responsabilidade e beleza,sempre buscando a sintonia e a inspiração dos ben-feitores espirituais.

Recordemo-nos das oportunas palavras de AndréLuiz, aos nos incentivar:

“Ilumina os companheiros da retaguarda e osvanguardeiros do Amor alimentar-te-ão a lâmpada.”(Mensagem Na educação cristã,livro Doutrina e aplicação,psicografia de FranciscoC. Xavier.)

E que Jesus nosilumine a todos!

33Outubro 2013 • Reformador 339911

PENSAR

• “Conhecereis a verdade e ela vos libertará.” – Jesus.(João, 8:32.)

• “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente afrente a razão, em todas as épocas da humanida-de.” – Allan Kardec. (O evangelho segundo o espi-ritismo, cap. 19, it. 7.)

• “Somente o Espiritismo, bem entendido e bem com-preendido, pode [...] tornar-se, conforme disseram osEspíritos, a grande alavanca da transformação dahumanidade.” – Allan Kardec. (Obras póstumas, cap.Projeto – 1868.)

SENTIR

• “Porque onde está teu tesouro, aí estará também oteu coração.” – Jesus. (Mateus, 6:21.)

• “Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento;instruí-vos, este o segundo.” – O Espírito de Verdade.(O evangelho segundo o espiritismo, cap. 16, it. 5.)

AGIR

• “Todos vós, homens de fé e de boa vontade, traba-lhai, portanto, com ânimo e zelo na grande obra daregeneração, que colhereis pelo cêntuplo o grão quehouverdes semeado. [...]” – São Luís. (O livro dosespíritos, q. 1.019.)

• “[...] Seja Allan Kardec, não apenas crido ou sentido,apregoado ou manifestado, a nossa bandeira, massuficientemente vivido, sofrido, chorado e realizadoem nossas próprias vidas. [...].” – Bezerra de Menezes.(Mensagem Unificação. Reformador, p. 11(275), dez.1975.)

2Filosofia pestalozziana de educação.

3Entrevista com Francisco Thiesen (Espírito) – 1997. In: DUSI,Miriam M. (Coord.) Sublime sementeira: Evangelização espírita

CABEÇACABEÇA CORAÇÃOCORAÇÃO MÃOSMÃOS

PENSARPENSAR SENTIRSENTIR AGIRAGIR

CONHECIMENTOCONHECIMENTO AMORAMOR TRABALHOTRABALHO

infantojuvenil.2. imp. Brasília:FEB, 2012. Res-posta à quintapergunta, p. 33.

Page 34: Ano 131 • Nº 2.215 • Outubro 2013

o primeiro versículo daParábola do Bom Samari-tano nos deparamos com

o drama vivido pelo homem aquem o samaritano socorreu. E aoestudarmos minuciosamente otexto, observamos que este perso-nagem nos tem muito a ensinar.Quem é o homem referido na pa-rábola? Jesus não o nomeia, ape-nas afirma ser um homem. O arti-go indefinido nos sugere tratar-sede qualquer homem. A DoutrinaEspírita nos instrui que qualquerhomem é um Espírito. “A alma é um Espírito encarnado, sendo ocorpo apenas o seu envoltório.”1

Portanto, no caso desta parábola,aquele homem pode ser qualquerum de nós, Espíritos estagiandono mundo físico.

Mas, este homem promove umaação definida pelo verbo descer,no sentido de Jerusalém para Je-ricó. Aqui podemos nos pergun-tar: o que estas duas cidades signi-ficam para nós na atualidade? Dei-xando de lado a questão geográfi-ca, observamos que a Jerusalém

simbólica da intimidade do Espí-rito é aquela condição vibracionalque carrega em si valores e ideaisespirituais superiores, que cadaum de nós almeja na busca doaprimoramento evolutivo.

André Luiz ilustra esta situa-ção, quando fala que nossa CasaMental2 se apresenta como se fos-se “um castelo de três andares”.2

No último andar temos a ‘casa dasnoções superiores’, indicando aseminências que nos cumpre atin-gir”.2 Trata-se da região íntima on-de “demoram o ideal e a meta su-perior a ser alcançada”,2 e, segun-do informações do benfeitor Cal-deraro, encontramos o supercons-ciente, onde guardamos o futuro.

Deduzimos, então, que Jerusa-lém representa nosso esforço decolocarmos em prática a propostadoutrinário-evangélica.

Por outro lado, Jericó, represen-tando, à época de Jesus, uma loca-lidade de grande expressão comer-cial e, portanto, de grandes con-quistas materiais, pode ser hoje as-sociada ao primeiro andar da Casa

Mental onde registramos “nossosimpulsos automáticos” que cons-tituem nossas ações passadas:

Tomemo-lo [o cérebro] como

se fora um castelo de três anda-

res: no primeiro situamos a “re-

sidência de nossos impulsos

automáticos”, simbolizando o su-

mário vivo dos serviços realiza-

dos; no segundo localizamos o

“domicílio das conquistas atuais”,

onde se erguem e se consolidam

as qualidades nobres que esta-

mos edificando; no terceiro,

temos a “casa das noções supe-

riores”, indicando as eminências

que nos cumpre atingir. Num

deles moram o hábito e o auto-

matismo; no outro residem o

esforço e a vontade; e no último

demoram o ideal e a meta supe-

rior a ser alcançada. [...]2

Verificamos assim que as loca-lidades mencionadas no Evange-lho do Senhor podem simbolizaras posições espirituais em que nosencontramos.

N

“Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, osquais o despojaram, e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.”

(Lucas, 10:30.)

MAG DA LU Z I M A R D E AB R E U

Descia umhomem...

34 Reformador • Outubro 2013339922

Page 35: Ano 131 • Nº 2.215 • Outubro 2013

A escolha – descer de Jerusalémpara Jericó – daquele homem daparábola nos permite refletir quetambém optamos pela descida vi-bracional em muitas de nossasações presentes, saindo da Jerusa-lém de nossos ideais superiorespara a Jericó de nossos interessesinferiores. Isto ocorre quando,apesar do conhecimento doutri-nário que acumulamos, nos dei-xamos levar pelo homem velhoque representa nossas tendênciasinferiores. Nesta condição, ferimosos que estão próximos de nós.Quantas vezes empreendemos umaluta feroz para defendermos posi-ções e interesses pessoais, tanto noseio da família como no ambientede trabalho ou mesmo no am-biente espírita? Extraindo o espí-rito da letra, argumentamos que,a exemplo daquele Espírito, qual-quer um de nós, operando nossasondas mentais, pode descer vibra-cionalmente, a cada instante, dosideais que cultivamos, quando nosabrigamos na Jerusalém do traba-lho espírita-cristão, para os desa-fios da Jericó do mundo de provase expiações onde convivemos. Es-ta queda nos aprisiona nas teias donosso orgulho e vaidade.

Ao descermos na estrada dapresente existência somos vítimasde salteadores. Quem são eles? Te-mos aprendido que os Espíritosinfluenciam em nossas vidas:

Influem os Espíritos em nossos

pensamentos e em nossos atos?

“Muito mais do que imaginais.

Influem a tal ponto, que, de ordi-

nário, são eles que vos dirigem.”3

Quando estamosdiante de problemasgraves, não raro,podemos ob-servar a in-fluência deEspíritos ob-sessores, cobra-dores, que exer-cem seu domíniomental sobre nós e sobre osque nos cercam. Eles, portanto, po-dem ser comparados aos saltea-dores que nos despojam do equi-líbrio e nos causam grandes sofri-mentos. Entretanto, tais influên-cias não se dão ao acaso. Elas se ini-ciam na nossa intimidade, uma vezque o processo obsessivo implicano consentimento íntimo de todosnós. Um Espírito superior podeser provocado pelos inferiores, masnão se deixa subjugar por eles.

Dessa forma, verificamos queos salteadores que atacaram aque-le homem também são, no campoda intimidade do ser, as nossas ten-dências inferiores, que se apresen-tam por meio do egoísmo, orgulhoe vaidade. Podemos ser devedoresda Lei de Causa e Efeito e, portan-to, estar sujeitos à cobrança de nos-sos devedores, mas o sofrimentoimposto por tais ações tem suacausa em nós mesmos. Somos as-sim os nossos próprios salteadores.

Este assalto tem consequências:somos despojados do nosso equilí-brio íntimo, espancados pela rebel-dia que nos impede de acionar osconhecimentos espirituais que te-mos adquirido ao longo de tantosanos de esforços. Quando os saltea-dores íntimos se acalmam e se reti-

ram, devolvendo-nos a lucidez, nosvemos como se nossos ideais supe-riores tivessem sido eliminados enos sentimos mortos em espírito.

O homem da parábola é o sím-bolo de nós mesmos. Jesus o apre-senta na condição do próximo quenecessita de ajuda. Se nos colocásse-mos na posição daquele que classi-ficamos como sendo o companhei-ro em queda moral, perceberíamosque ele erra, como nós também er-ramos, pois traz em si a luta entre oEspírito endividado perante as leisdivinas e seu desejo de ser melhorna busca da vivência da Boa Nova.

O objetivo da parábola é exem-plificar o exercício amplo da cari-dade cristã para com aquele quesofre. Mas, como compreender anecessidade do outro, quando nãonos colocamos em seu lugar, reco-nhecendo-o devedor do Criador,tanto quanto nós próprios? Quala melhor medida da extensão denossa ação samaritana, senão ade recordarmos dos samaritanosdivinos que acolhem as nossasinúmeras deficiências?

A análise do versículo, de formaminuciosa, remete-nos à posição dohomem que cai. A técnica nos mos-

35Outubro 2013 • Reformador 339933

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tra a necessidade de nos colocarmosno lugar de cada personagem queinterage com Jesus, para compreen-dermos o que Ele quer nos dizer emsuas ações, em suas lições. A men-sagem do Cristo, dessa forma, tor-na-se uma mensagem pessoal queatende a cada criatura dentro deseu grau evolutivo, permitindo quecada um a entenda, sinta e viven-cie como instruído por Alcíone,no romance de Emmanuel:

[...] A mensagem do Cristo pre-

cisa ser conhecida, meditada,

sentida e vivida. Nesta ordem de

aquisições, não basta estar in-

formado. Um preceptor do mun-

do nos ensinará a ler; o Mestre,

porém, nos ensina a proceder,

tornando-se-nos, portanto, in-

dispensável a cada passo da

existência. Eis por que, excetua-

dos os versículos de saudação

apostólica, qualquer dos demais

conterá ensinamentos grandio-

sos e imorredouros, que impen-

de conhecer e empregar, em be-

nefício próprio.4

Referências:1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Guillon Ribeiro. 93. ed. 1. imp.

(Edição Histórica). Brasília: FEB, 2013.

Introdução, it. 6.2XAVIER, Francisco C. No mundo maior.

Pelo Espírito André Luiz. 28. ed. 2. imp.

Brasília: FEB, 2013. cap. 3.3KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Guillon Ribeiro. 93. ed. 1. imp. (Edi-

ção Histórica). Brasília: FEB, 2013. q. 459.4XAVIER, Francisco C. Renúncia. Pelo Es-

pírito Emmanuel. 36. ed. 2. imp. Brasília:

FEB, 2013. pt. 2, cap. 3, p. 269.

Retorno à Pátria Espiritual

Heigorina Cunha

Dagmar Melo

Therezinha de Oliveira

No dia 11 de agosto desencar-nou Heigorina Cunha, queridatrabalhadora espírita, nascidaem Sacramento (MG), em 16 deabril de 1923, sobrinha de Eurí-pedes Barsanulfo, filha de sua ir-mã “Sinhazinha”. Por intermédiodela surgiram os desenhos quedescrevem algumas cidades espi-rituais, inclusive a cidade espiri-tual “Nosso Lar”.

Seus desenhos, feitos combase em observações realizadasdurante suas saídas do corpo

(desdobramentos) em marçode 1979, as quais eram condu-zidas e orientadas pelo Espíri-to Lucius, são encontrados noslivros Cidade no Além e Ima-gens do Além, os dois de suaautoria. Diariamente, Heigori-na mantinha uma reunião depreces, pela manhã, em Sacra-mento.

Rogamos as bênçãos de Jesusàs nossas queridas companhei-ras, em seu retorno à PátriaEspiritual!

No dia 17 de agosto desencar-nou aos 89 anos a sra. DagmarMelo, que desempenhou a tarefade presidente da Federação Espí-rita do Rio Grande do Norte de1967 a 1976, representando-a noCFN da FEB. Junto com seu ma-

rido, José Melo, fundou há 23anos o Lar Espírita Alvorada No-va, em Parnamirim. Recebeu oPrêmio Betinho, concedido àspessoas que se mobilizam paramelhorar as condições de vidade comunidades de baixa renda.

Therezinha de Oliveira desen-carnou, no dia 28 de agosto, emCampinas (SP), aos 82 anos. Commais de 50 anos de atividadesvoltadas ao Movimento Espírita,presidiu o Centro Espírita AllanKardec e a USE Municipal deCampinas (SP). Oradora, proferiumais de duas mil palestras peloBrasil e nos EUA, tendo sido aindaescritora com produtos como osDVDs Estudos espíritas do evan-gelho e Iniciação ao espiritismo

e autora do hino Mocidade noevangelho (1960). O presidenteda FEB, Antonio Cesar Perri deCarvalho, ressaltou o trabalhode dedicação e fidelidade em-preendido pela grande seareira,que ele conheceu desde a IComjeb (1965), e que era exposi-tora convidada de quase todos osgrandes eventos de jovens espíri-tas. Foi entrevistada por Refor-mador, na edição de dezembro de2004, páginas 13(451) e 14(452).

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37Outubro 2013 • Reformador 339955

costumamo-nos a ouvir,sempre que participamosde um nascimento, a vinda

querida de um novo ser, fruto doamor sagrado do homem e da mu-lher, as bênçãos, orações e pedi-dos no sentido de desejar à crian-ça uma vida longa e próspera. Na-tural? Claro, afinal é o desejo no-bre e sublime para que esse Es-pírito prospere, cresça e viva a suaexistência de forma feliz, livre dosproblemas, anomalias e tragédiasque ainda perduram e assolam ahumanidade.

Nesse sentido, também deseja-mos a todos os irmãos próximos,a cada ano completado, felicida-des e mais anos de vida.

Paira, porém, sobre o Espírito,desde o planejamento de seu retor-no à vida corpórea, o medo do “des-conhecido”, o temor diante dofato, que se pode considerar o maisnatural da vida: a chamada morte.

Este temor é injustificado, poistraduz a fragilidade da raça hu-mana, carente e enferma, presa aconceitos e parâmetros retrógra-dos, impostos por equivocados dog-mas religiosos que, todavia, per-duram até hoje.

Mas a evolução é fato verdadei-ro. Conforme prometido por Jesus,

o melhor exemplo de modelo eguia da humanidade, que veio emmissão anunciar a Boa Nova, oConsolador veio ao encontro detodos e, na medida certa e tempoadequado, nos trouxe os esclareci-mentos que instruem o Espírito.

Pedirei ao Pai e Ele vosenviará outro Consolador

O prometido Consolador é oEspiritismo, sempre presente nouniverso, porém, com seu tempocerto a aflorar na consciência dosEspíritos, aqui encarnados. Assim,Allan Kardec, no século XIX, co-dificou, com a devida permissãodo plano superior, todo o conjun-to de leis e princípios revelados.

Mas, retornando ao ponto cha-ve da presente reflexão, os homens,ainda atrasados e arraigados emvalores deturpados, construídos àbase de defeitos morais, como oexcessivo apego ao material, a vai-dade e orgulho, se desesperam aose depararem com a consequênciamais natural da existência humana:seu fim. Fim, diga-se de passagem,apenas de um ciclo, pois ao Espíritosão concedidas inúmeras existên-cias, após terem sido criados, sim-ples e ignorantes, por Deus, nosso

Pai. Existências que transcorremem mundos inferiores ao nosso, emoutros no mesmo nível que o nossoe, com a natural evolução e pro-gresso moral, em mundos mais feli-zes. A cada oportunidade redento-ra da encarnação, o Espírito é sabe-dor do que carece ao seu desenvol-vimento. Progride até o momentoem que alcança a felicidade plena,concluindo sua jornada.

A morte, portanto, é conceitosó aplicável ao corpo físico. Comojá muito bem explicitado por Es-píritos missionários, é uma passa-gem, uma mudança de plano.

Cabe ressaltar, por ser extre-mamente necessário à elucida-ção de todos, o fato de ser muitopenoso ao Espírito tomar conhe-cimento da necessidade de ir aoencontro de mais uma encarna-ção. Como nos tem sido revelado,o Espírito se atemoriza mais coma vinda ao corpo físico do quecom o fim da própria existênciana carne. Mesmo com toda aajuda e incentivo de amigos e ins-trutores, ele teme as consequên-cias de eventuais falhas nas pro-vas que precisa ultrapassar.

Sabemos, ou precisamos recor-dar, que tudo na vida parte dopressuposto dos valores espirituais,

A

O medo da morte e aausência de fé

JO Ã O RI C A R D O ELY

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38 Reformador • Outubro 2013339966

do livre-arbítrio, que rege os des-tinos humanos, da consequêncianatural que todos terão de arcarcom as próprias atitudes, sob ogoverno da lei de ação e reação, decausa e efeito.

Praticando o homem, na esferafísica, aquilo a que o Espírito sepropôs, para seu desenvolvimen-to, antes de reencarnar, isto é,amando e concebendo caridade atodos, redimindo-se de seus débi-tos passados, perdoando paratambém ser perdoado, colherá osbons frutos quando do seu retor-no ao mundo espiritual.

É sabido que um dos fatoresque mais afligem o Espírito na pá-tria espiritual é a responsabilida-de pelo tempo perdido. A inação,o não comprometimento com otrabalho edificante, aliados aos de-feitos morais, já mencionadosaqui, deixam marcas na consciên-cia, as quais são consequentemen-te gravadas no perispírito, sendonecessário muito auxílio e ampa-ro de irmãos abnegados no amore na boa vontade, tendo em vista acontinuidade da jornada.

Em nosso mundo de provas eexpiações, a grande maioria doshomens considera a morte de umente querido, de uma pessoa ama-da, verdadeira e trá-

gica desgraça. Entretanto, o pas-samento significa, quando a exis-tência é coroada pelas boas atitu-des a que se propôs o Espírito, reallibertação, feliz retorno à verda-deira casa.

Ao homem, esquecido de seuscompromissos assumidos na Es-piritualidade, envolto nas angús-tias e aflições do mundo da maté-ria, colocando-se como centro detudo, não se dando conta da im-portância de compreender quetodos são irmãos e remam na cor-rente das existências para a realfelicidade, um mundo ilusório evago se ergue à sua frente. Quan-do chega ao final, vê-se perdidoem valores da matéria que fatal-mente terminarão, e o arrependi-mento inevitável chega, colocan-do-o diante de sua falta de fé.

Contudo, o trabalho é inces-sante por parte de nossos compa-nheiros prepostos do Altíssimo, e,ainda que de forma tardia, há es-perança para um sopro renova-dor, sempre!

Resta ao homem lembrar que acaridade é um exercício que re-mete aos valores espirituais;quando o bem é praticado,

forças da alma são colocadas emmovimento.

A Espiritualidade está dentrode cada um; o temor diante dapassagem para o mundo espiri-tual precisa ser transformado emesperança, pois todos os Espíritosafins sempre estão juntos. Chega-rá o dia, e não está distante, emque todos viverão tendo a certezade que suas vestes físicas chegarãoao fim, sem medo, naturalmente,tendo a fé como escudo protetor ealicerce para o porvir.

Prossigamos em nossa jornadana Terra, não adiando as realiza-ções superiores com que nos com-prometemos; elas serão valiosas,na hora de realizarmos a grandeviagem, que já fizemos tantas e tan-tas vezes, rumo ao oceano clarifi-cador da eternidade.

Agradeçamos a nosso Pai, eter-no e misericordioso, por sua bon-dade, sabedoria e justiça infinitas.

Que Ele nos abençoe!

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Ocorreu, nos dias 26, 27 e 28 dejulho, o 2o Encontro Nacional doServiço de Assistência e Promo-ção Social Espírita (Sapse), na sededa União Espírita Mineira, emBelo Horizonte, com a presença decoordenadores do Sapse de 23 Fe-derativas Estaduais. Integraram amesa de abertura o presidente daFederação Espírita Brasileira (FEB),Antonio Cesar Perri de Carvalho,a vice-presidente da FEB, Mariade Lourdes Pereira de Oliveira, ocoordenador nacional, José Carlosda Silva Silveira, e o presidente da

União Espírita Mineira, HenriqueKemper. A saudação do presiden-te da FEB antecedeu a palestra dopresidente da UEM.

No evento, promovido peloConselho Federativo Nacional daFEB, foi lançado o livro Conviverpara amar e servir, de Mário daCosta Barbosa, editado pela FEB,organizado por Helder Boska deMoraes Sarmento e Reinaldo No-bre Pontes, os quais atuaram noEncontro. Ocorreram tambémpalestras a cargo de Márcia Pini,José Carlos da Silva Silveira e

Edvaldo Roberto de Oliveira, bemcomo estudos em grupo e dis-cussões plenárias.

Concluiu-se pela constituiçãode uma comissão composta porJosé Carlos da Silva Silveira – coor-denador (FEB); Reinaldo NobrePontes (Região Norte); Fábio Sou-za de Carvalho (Região Nordes-te); Aloísio Prado (Região Cen-tro) e Helder Boska de MoraesSarmento (Região Sul), que terápor incumbência revisar o Ma-nual do Sapse, apresentando su-gestões de ajustes que se fizeremnecessários em seu conteúdo, comdestaque à orientação sobre a me-todologia do espaço de convivên-cia, visando a sua melhor com-preensão; elaborar um ou maisdocumentos, em forma de carti-lha ou similar, com o objetivo defacilitar a todos a compreensãodo conteúdo do referido Manual.Informações: <[email protected]>; <www.febnet.org.br>.

39Outubro 2013 • Reformador 339977

Encontro Nacionalde Assistência e

Promoção Social Espírita

Mesa de abertura e lançamento do livro Conviver para amar e servir

Público presente

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Em evento organizado pelaUnião Espírita de Moçambique(Unemo), recentemente unida aoConselho Espírita Internacional(CEI), ocorreram reuniões e pa-lestras em Maputo, de 24 a 26 deagosto, com atuação de AntonioCesar Perri de Carvalhoe João Pinto Rabelo,respectivamente presi-dente e diretor da Fede-ração Espírita Brasileira(FEB).

Dois fatos históri-cos, que contribuírampara a divulgação doEspiritismo naquele paíslusófono africano, fo-ram a visita de DivaldoPereira Franco a Mo-çambique, em 1971, lo-go depois, a fundação do Tem-plo de Jesus – Caridade e Amorque, em seguida, deu origem àComunhão Espírita Cristã, no-me sugerido por Joaquim Alves,conhecido como Jô, que residiu

em Moçambique no ano de1974.

No ano passado, o ex-presidenteda FEB, Nestor João Masotti, visitouo país. Atualmente, a recém-fun-dada Unemo reúne a ComunhãoEspírita Cristã, a Associação Grupo

Arco-Íris e o Centro Espírita AllanKardec. Os visitantes, representan-do a FEB e o CEI, levaram livrosdoados pela FEB, visitaram a juven-tude espírita, as atividades doutri-nárias e as de fitoterapia do Grupo

Arco-Íris, montada nos moldes pra-ticados por Langerton Neves (jádesencarnado, de Peirópolis, MG),proferiram palestras, reuniram-secom os dirigentes da Unemo, soba presidência Sra. Élide Maria Cor-rea Carneiro, para tratar do inter-

câmbio e apoio aoEspiritismo de Mo-çambique, e, com omesmo objetivo, par-ticiparam de entrevis-ta e contatos com aTV Soico e audiênciacom o Dr. Arão As-serone Litsure, diretorNacional dos Assun-tos Religiosos do Mi-nistério da Justiça.

Estiveram acompa-nhados pela antiga di-

rigente Sra. Irene Guião, outrosdirigentes e pela presidente, Sra.Élide Maria Correa Carneiro, cujaentrevista se encontra publicadanesta mesma edição. Informações:<[email protected]>.

40 Reformador • Outubro 2013339988

Conselho Espírita Internacional

Visita da FEB aMoçambique

Da esq. para a dir.: o presidente da FEB, Antonio Cesar Perride Carvalho, o assessor do Dr. Arão, e o Dr. Arão Asserone

Litsure, diretor nacional dos Assuntos Religiosos do Ministério da Justiça

O diretor da FEB, João Pinto Rabelo, fala ao público

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De 29 de agosto a 8 de se-tembro, a Federação EspíritaBrasileira (FEB), empenhadaem levar palavras de consolo ereflexão por meio dos seus li-vros, participou da XVI ediçãoda Bienal do Livro do Rio deJaneiro. O presidente da FEB,Antonio Cesar Perri de Carvalho,e o vice-presidente, responsá-vel pela FEB Editora, GeraldoCampetti Sobrinho, compa-receram, respectivamente, naabertura e encerramento do even-to, bem como a diretora ReginaLúcia de Souza B. Rodrigues, nodia 4 de setembro.

Ao lado de grandes editoras, aFEB atraiu o público presente como lançamento de duas obras inédi-tas de Yvonne A. Pereira, uma deArthur Conan Doyle, e outra de Hermínio C. Miranda, quepassam a figurar no seu vastocatálogo, composto por livros deexcelente qualidade doutrinária,preenchendo as condições de mo-dernidade do mercado literário.

No estande de 100 m², a FEBcontemplou o público com livrosque fazem parte dos mais de 530títulos disponíveis em seu catálo-go. As obras A família espírita eEvangelho aos simples, de YvonnePereira foram orientadas pelos guiasespirituais da médium, sendo des-tinadas ao aprendizado evangéli-

co-espírita da criança durante asreuniões familiares.Apesar de teremsido escritas entre os anos de 1964 e1971, abordam temas atualíssimos.

Com novas capas e diagrama-ções, além de textos atualizados con-forme o Novo Acordo Ortográfico,estes e outros lançamentos promo-vem um conteúdo doutrinário apre-sentado de forma leve e moderna.

O livro A história do espiritua-lismo, assinado por Arthur ConanDoyle, o mesmo autor das histó-rias de Sherlock Holmes, ofereceao público relatos sobre os princí-pios das experiências que chamarama atenção de grandes intelectuais daépoca. A obra Estudos e crônicas,de Hermínio Miranda, contendoencantadoras crônicas que abordampassagens evangélicas, foi, do mes-mo modo, apresentada ao público.

Reformador também teve seu mo-mento: foram distribuídos apro-

ximadamente 900 exemplares efeitas cerca de 100 novas assinaturas.

Autores febianos como AndréTrigueiro, Carlos Orlando Vilarraga,Christiano Torchi, Etna Lacerda eGerson Simões Monteiro visita-ram o nosso estande.

A FEB distribuiu ao público,bem como à imprensa, mais dedois mil kits com opúsculos dasCampanhas Em Defesa da Vida,Viver em Família, Construamos aPaz, Promovendo o Bem e Evange-lho no lar e no coração, e adesivosSou Leitor Espírita, que divulga osClubes de Leitura da FEB.

Neste ano, a FEB disponibili-zou títulos de seu catálogo paracomercialização em parceria comoutras editoras, marcando, dessaforma, mais uma vez, sua pre-sença na Bienal com a missão deconstruir um novo mundo peladivulgação da Doutrina Espírita.

41Outubro 2013 • Reformador 339999

A FEB na XVI Bienal doLivro do Rio de Janeiro

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Seara Espírita

Pará: Valorização da VidaO 1o Conselho Regional Espírita, órgão da UniãoEspírita Paraense, realizou no período de 6 a 10 deagosto, em Belém, a XVIII Semana Espírita, abor-dando o tema “A Valorização da Vida”. Os palestrantesforam: Jesse James, Manoel Raimundo, LourdesLoureiro, Clóvis Loureiro, Célia Medeiros e HerculanoTorres. Informações: <www.paraespirita.com.br>.

Amazonas: Mediunidade e Assistência Social

A Federação Espírita Amazonense promoveu o Se-minário “Relacionamento e atribuições dos inte-grantes da equipe mediúnica” no dia 18 de agosto, nasede da Federação. O Centro Espírita O Consolador,localizado em Coroado (AM), recebeu no dia 25 deagosto o Seminário “Novos rumos da Assistência So-cial e as Instituições Espíritas”. O evento foi promo-vido pela Área de Serviço de Assistência e PromoçãoSocial Espírita da Federação Espírita Amazonense econtou com a presença do facilitador Alcino Ma-dureira. Informações: <www.feamazonas.org.br>.

Mato Grosso: Encontro Estadual de Monitores

Alírio de Cerqueira Filho e Afro Stefanini foram osfacilitadores presentes ao Encontro Estadual de Mo-nitores do Ensino Sistematizado da Doutrina Espíri-ta, realizado nos dias 7 e 8 de agosto, na sede da Fede-ração Espírita do Estado de Mato Grosso. Foram abor-dadas as temáticas de capacitação e estudo reflexivo.Informações: <www.feemt.org.br>.

Rondônia: Encontro sobre AssistênciaSocial

O III Encontro Estadual do Serviço de Assistênciae Promoção Social Espírita da Federação Espíritade Rondônia foi realizado, no dia 31 de agosto,no Centro Espírita Irmão Jacob. Márcia Pini abor-dou o tema “O Trabalho na Assistência e Promo-ção Social Espírita Hoje”. Informações: <www.fero.org.br>.

São Paulo: Encontro sobre a MediunidadeNos dias 17 e 18 de agosto, na sede da USE-SP ocor-reu a reunião microrregional Sul da Área da Mediu-nidade das Comissões Regionais do CFN da FEB, comatuação da vice-presidente da FEB, Marta Antunesde Moura, e da assessora Esther Fregossi. Estiverampresentes ao evento vários órgãos da USE, represen-tantes do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul. In-formações: <[email protected]>.

Rio de Janeiro: Congresso sobre EvangelhoO 4o Congresso Espírita Joanna de Ângelis (Ceja) foirealizado no dia 18 de agosto, no Citibank Hall, loca-lizado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O eventoteve como tema “A psicologia do perdão no evange-lho de Jesus” e homenagem aos 150 anos de O evan-gelho segundo o espiritismo. Atuaram como palestran-tes Divaldo Pereira Franco; Antonio Cesar Perri deCarvalho, presidente da Federação Espírita Brasilei-ra; Alberto Almeida e Cristiane Niero. Representan-tes estaduais e regionais do Ceerj integraram a me-sa de abertura. Houve apresentações artísticas porjovens do centro promotor e sessão de autógrafos.O evento foi transmitido ao vivo pela TVCEI. Infor-mações: <www.cejabarra.org>; <www.febnet.org.br>.

FEB: Comitê Inter-religiosoNo dia 12 de agosto, tendo a sede da FEB como an-fitriã, houve reunião do Comitê Inter-religioso, inte-grado por representações religiosas nacionais, no qualFlamarion Vidal, da equipe da Assessoria Jurídica,representa a FEB. A diretoria da FEB foi representa-da pela vice-presidente Edna Fabro. Informações:<[email protected]>.

Piauí: Seminário sobre EvangelhoNo dia 15 de agosto, a cidade de Parnaíba, com apoioda Federação Espírita Piauiense, sediou o Seminário“Jesus, a porta. Kardec, a chave”, promovido pelo Nú-cleo de Estudo e Pesquisa do Evangelho da FEB, emque atuou Ricardo Mesquita, representando o Nepe.Informações: <[email protected]>.

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