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Aplicações do SR no estudo de
doenças transmitidas por insetos:
o caso da leishmaniose visceral
em Teresina, Piauí
Guilherme WerneckNESC/UFRJ & IMS/UERJ
Motivação
Seria o SR útil como
instrumento auxiliar na
vigilância e controle da
leishmaniose visceral?
• Atinge mais de 47 países
• 200 milhões de pessoas vivendo em áreas de risco
• > 400,000 novos casos e 50,000 óbitos / ano
• > 2 milhões DALY• Doença emergente ? Urbanização ? AIDS ? Movimentos populacionais
• Não eliminável com as estratégias de controle
disponíveis
Leishmaniose visceral: prioridade mundial
Leishmaniose visceral: aspectos clínicos
• Doença crônica e debilitante
• Síndrome consumptiva
• Associada com desnutrição
• Altamente fatal se não tratada
• Tratamento tóxico e requer hospitalização ? $
• Diagnóstico depende de exame de tecidos
humanos ? $
Leishmaniose visceral americana: Transmissão
• Parasita: Leishmania chagasi
? Protozoário intracelular ? Resistente
• Vetor: Lutzomyia longipalpis
? Apenas as fêmeas necessitam de sangue ? Espectro de vôo restrito, pica à noite
? Ecologia pouco conhecida
• Hospedeiro / reservatório: cão doméstico ecanídeos selvagens
Duas grandes epidemias em meio urbano
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,000
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rs
survey
Ocupação urbana sem planejamento
• Aumento populacional• Aumento populacional de 4.5 vezes de 1960 a 1991• 1990 ? migrantes representava 50% da população• 1980 ? 380.000 habitantes (90% urbana)• 2000 ? 714.000 habitantes (95% urbana)
• Condições de vida• 1991 ? 62% < 8 anos de estudo• 1991 ? 94% sem condições adequadas de
saneamento
• Urbanização• Grandes projetos de construção de bairros populares• Ocupação da periferia com desmatamento
Problema: as principais estratégias decontrole não têm funcionado na prática
• Controle canino:– Vigilância constante ? $
– Diagnóstico em larga escala problemático
– Cães rapidamente substituídos
• Controle vetorial:– Muitos locais para borrifar ? $
– Atividade repelente
– Resistência
Potencialidades do SR
• Identificação de áreas de maior risco para
ocorrência de leishmaniose visceral
• Qual o papel do ambiente?
• Seria possível predizer áreas de alto risco?
• Quais implicações para o controle?
• Subsídio para o delineamento de estudos de
intervenção
• Seleção de áreas com nível basal de transmissão similar
Variação em pequena escala dastaxas de incidência de LV nos
setores censitários de Teresina, PI
-0.2
-0.1
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0-300m 500-1000m
1500-2000m
Moran
Então...
Seria possível identificar variáveis capazes dedescrever as áreas de maior risco para
ocorrência de casos de LV?
?Vegetação
Uso da terra
?Sensoriamento remoto
Ocupação urbana, impactoambiental e emergência da LV
em Teresina:estudo caso-controle utilizando
sistema de informação geográfico esensoramento remoto
Objetivo
• Examinar o papel de fatores
ambientais relacionados à
ocupação urbana na ocorrência
da leishmaniose visceral
Métodos
•Estudo caso-controle (95/96)•Casos (n=44):
–Casos de LV com confirmação clínico-laboratorial
–> 1 ano de idade–Moradores de Teresina
•Controles (n= 176):
–200 habitações amostradas aleatoriamente
Variáveis de exposição
Condições de moradia Índice vetorial
Água Tipo de telhado Esgoto Tipo de forro Material do chão Aglomeração Material da construção Abrigo para animais Favela ou não Animais no peri-domicílio
Variáveis ambientais
• Imagem Landsat RS TM de Outubro de 1995? ? ?
Uso da terra NDVI Vegetação
• Variáveis (raio de 300m em torno da casa)Uso da terra Índice de cobertura vegetalÍndice de desmatamento Índice residencialÍndice de urbanização NDVI (média, min, max)
Normalized Difference Vegetation Index
• NDVI varia de -1.0 a +1.0• Valores positivos indicam
vegetação saudável• NDVI em 304 pixels em torno das
casas• Cut-off (CART):
– 0.25 (NDVI máximo),– 0.2 (médio),– -0.2 (mínimo)
Métodos estatísticos
• Associações entre variáveis e LV– Regressão logística não-condicional
• Odds Ratio (OR) e 95% CI para o OR
• Correção para amostrar menos controlesem casa com mais de oito pessoas:– Offset = logarítmo do inverso da fração
amostral dos controles para cada estratode uma variável que descreve o númerode pessoas vivendo no domicílio (Breslow& Cain, 1988)
0.56-4.321.001.560.94-4.42
1.002.04
Max NDVI Low High
1.03-25.71.005.141.30-15.2
1.004.45
Min NDVI Low High
0.95-65.51.007.871.87-54.9
1.0010.1
Mean NDVI Low High
0.12-1.031.000.350.29-1.31
1.000.62
Urbanization Low High
0.73-6.271.002.132.30-11.3
1.005.11
Deforestation Low High
0.04-0.631.000.150.04-0.33
1.000.11
Commercial/Residential Low High
1.74-1061.0013.61.87-60.2
1.0010.6
Grass/Pasture Low High
95%CI
Adjusted OR
95%CI
Crude OR
Com SR foi possível:
• Identificar associações entre variáveisambientais e LV que podem ser utilizadaspara identificar áreas de alto risco– Correlatos para localização de habitat
vetorial
• Se intervenções forem direcionadas paraestas áreas de alto risco, então:– ? efetividade– ? custos operacionais– ? sustentabilidade das ações de controle
Análise multinível da
incidência da leishmaniose
visceral em Teresina: o papel
dos cães infectados e do
ambiente
Objetivos
• Examinar os efeitos de fatores
socioeconômicos, ambientais e
infecção canina na distribuição
espacial da doença entre humanos
Métodos
• Estudo ecológico de múltiplos grupos
• População de estudo• 1,061 casos de leishmaniose visceral
(1993/96) confirmados clínica e/oulaboratorialmente
• Taxas de incidência em 430 setorescensitários
• Prevalência de infecção canina por L.chagasi em 39 regiões
0 2 4 6 8 Kilometers
N
EW
S
Visceral leishmaniasis incidence rates in Teresina, Brazil - 1993-96
Incidence rates (/1000 pyrs)
00 - 0.20.2 - 0.30.3 - 0.40.4 - 0.50.5 - 0.70.7 - 1> 1
Incidence rates of visceral leishmaniasis bycensus tracts in Teresina, Brazil – 1993-96
Variáveis de exposição: índice socioeconômico(análise de componentes principais)
• % de habitações conectadas ao sistema de água• % de habitações com água em casa• % de habitações conectadas ao sistema de esgoto• % de habitações com sanitários• % de habitações com recolhimento regular de lixo• % da população com educação básica• % dos chefes de família com educação básica• renda média do chefe da família• número médio de pessoas por habitação• % da população vivendo em favelas
Variáveis de exposição: índice deurbanização (análise de correspondência)
• número de pixels em cada setor censitárioclassificado como:
floresta comercial/residencialpastagem residencial c/ árvoresvegetação mista residencial médioarbustos altamente residentialvegetação secundária nova constructiongrama águaareia vegetação ribeirinhaasfaltoparcialmente coberto por barro
Prevalência de infecção em cães
• Prevalência de infecção em cães:– 1987/88– 1989/90– 1991/92– 1993/94
• Mudança relativa da prevalência deinfecção em cães:– de 1987/88 a 1989/90– de 1989/90 a 1991/92– de 1991/92 a 1993/94
? p(? )
FIXED PART
Intercept -0.446 0.002
SES -0.078 0.004
Urbanization index -0.647 0.010
Minimum NDVI 0.844 0.051
Change in prevalence 0.131 0.027
SES*Change -0.049 0.007
Urbanization*NDVI -1.821 0.012
RANDOM PART
Intercept 0.058 0.045
SES slope 0.011 0.035
Covariance -0.005 0.638
Deviance 774.75
Association of incidence of VL and change inprevalence of infection in dogs - Teresina
Com o apoio de SR foi possível
• Identificar interação entre NDVI eurbanização–? NDVI associado com maior incidência–? urbanização associado com menor
incidência– áreas com ? NDVI e ? urbanização têm
ainda menor incidência
• Opção para estratégias de controle:focalizar áreas não urbanizadas comalta nível de vegetação