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Apoio a Crianças com Necessidades Educativas Especiais no âmbito das Actividades de Enriquecimento Curricular Um projecto inédito no concelho das Caldas da Rainha Estagiária: Anabela Ervideira [email protected] Orientador Miguel Oliveira [email protected] Revista Animação e Educação Agosto de 2010

Apoio a Crianças com Necessidades Educativas Especiais

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Apoio a Crianças com Necessidades Educativas Especiais no âmbito das Actividades de Enriquecimento Curricular Um projecto inédito no concelho das Caldas da Rainha

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Apoio a Crianças com Necessidades Educativas

Especiais no âmbito das Actividades de

Enriquecimento Curricular

Um projecto inédito no concelho das Caldas da Rainha

Estagiária:

Anabela Ervideira

[email protected]

Orientador

Miguel Oliveira

[email protected]

Revista Animação e Educação

Agosto de 2010

1

“Cada pessoa guarda um segredo. O segredo do

Homem é a própria Infância.”

João dos Santos

2

ÍNDICE

Introdução ................................................................................................

3

Parte I - Enquadramento Teórico ......................................................

4

1. Necessidades Educativas Especiais ......................................................... 4

1.1. A Declaração de Salamanca e as NEE .................................................. 4

1.2. Escola inclusiva ..................................................................................... 5

Parte II – O Projecto: Apoio a crianças com NEE nas AEC ……..

7

1. Caracterização do projecto …………………………………………………………… 7

2. Como nasceu e surgiu o projecto ............................................................ 7

3. Implementação do projecto .................................................................... 8

4. O papel do técnico no projecto ................................................................ 9

5. Caracterização da Instituição .................................................................. 9

6. Caracterização dos alunos acompanhados e estratégias de intervenção

implementadas ............................................................................................

10

7. Metodologia ............................................................................................. 23

Parte III – Conclusões ...........................................................................

25

1. Apresentação e Discussão de resultados ................................................. 25

Referências Bibliográficas ...................................................................

26

3

Introdução

O presente artigo insere-se no âmbito de uma experiência de Estágio Profissional, desenvolvida

durante o ano lectivo 2009/2010, na Associação Nacional de Animação e Educação (ANAE) e

decorreu entre os meses de Abril de 2009 e Março de 2010.

O projecto consiste no apoio a alunos com NEE durante as AEC, nomeadamente na Actividade

Física e Desportiva, no Inglês, na Música, nas TIC e Sensibilização Ambiental e tem-se revelado

como uma mais-valia para todos os professores envolvidos nestas actividades uma vez que se

traduz num apoio efectivo na adaptação de conteúdos para crianças com características

especiais.

A ideia nasceu de numa recomendação do livro “Actividades de Enriquecimento Curricular:

Relatório sobre a sua implementação no 1º Ciclo do Ensino Básico do concelho de Caldas da

Rainha”, da autoria de Miguel Oliveira, Raquel Coelho, Rui Matos e Sandrine Milhano e com

prefácio de Maria do Céu Roldão.

Estes autores com a investigação que fizeram sobre a implementação das AEC e sobre os seus

efeitos na vida das escolas, professores e crianças, definiram um vasto leque de recomendações

para que nos anos seguintes estas actividades pudessem ter mais qualidade. Destas

recomendações destacamos a que deu origem ao projecto supra mencionado que afirma a

necessidade de ―apoio a crianças com NEE nas AEC, uma vez que os docentes têm dificuldade

em trabalhar com turmas que integrem estas crianças‖. Neste livro, os autores defendem ainda

que, embora os apoios educativos tenham sido reduzidos pelo Ministério da Educação, o apoio a

crianças com NEE nas AEC ―deveria estar em conformidade com o apoio concedido em horário

lectivo‖.

Este artigo encontra-se organizado da seguinte forma: numa primeira parte a apresentação do

projecto onde se irá fazer a sua caracterização, numa segunda parte o desenvolvimento onde se

irá falar sobre o que são as NEE, uma breve caracterização da escola inclusiva, a caracterização e

estratégias utilizadas em cada aluno abrangido pelo projecto, a apresentação do estudo realizado

na comunidade educativa para se averiguar acerca da pertinência deste projecto e, por fim,

numa terceira parte a conclusão onde irá constar os resultados do estudo efectuado através de

questionários aplicados à Comunidade Educativa, isto é, Professores das AEC, Professores de

Educação Especial, Professores Titulares, Directores de Agrupamento e Encarregados de

Educação dos alunos que usufruíram do apoio.

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Parte I - Enquadramento Teórico

1. Necessidades Educativas Especiais

O conceito de Necessidades Educativas Especiais (NEE) começou a ser difundido a

partir da sua adopção no Relatório Warnock (1978), apresentado ao Parlamento do

Reino Unido. Este relatório surgiu do 1º comité do Reino Unido, constituído para rever

o atendimento aos deficientes. Os resultados evidenciam que uma em cada cinco

crianças apresenta NEE em algum período do seu percurso escolar, no entanto, não

existe essa proporção de deficientes. Daí que do relatório surja a proposta de adoptar o

conceito de NEE.

Nesta linha, afirmar que um aluno tem NEE significa que apresenta algum

problema de aprendizagem no decorrer da sua escolarização, exigindo

uma atenção específica e mais/diferentes recursos educativos do que os

utilizados com os companheiros da mesma idade. O conceito foi adoptado em

1994 na ―Declaração de Salamanca‖ (UNESCO, 1994), e redefinido como abrangendo

todas as crianças ou jovens cujas necessidades se relacionem com deficiências ou

dificuldades escolares. Inclui, crianças deficientes ou sobredotadas, crianças da rua ou

que trabalham, crianças de populações remotas ou nómadas, crianças de minorias

étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais.

(InterNEE – Informação interactiva sobre NE – Ministério da Educação)

1.1. A Declaração de Salamanca e as NEE

Na cidade espanhola de Salamanca, entre os dias 7 e 10 de Junho de 1994, realizou-se a

Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, de onde surgiu a

Declaração de Salamanca. Declaração esta que trata de princípios, políticas e práticas na

área das necessidades educativas especiais.

A questão central explicitada na Declaração de Salamanca é a de que a todas as

crianças, jovens e adultos com necessidades educativas especiais devem

ser incluídos dentro do sistema regular de ensino.

A Declaração de Salamanca aborda ainda os Direitos humanos e a Declaração Mundial

5

sobre a Educação para Todos e aponta os princípios de uma educação especial de uma

pedagogia centrada na criança.

O conjunto de recomendações e propostas da Declaração de Salamanca, é guiado pelos

seguintes princípios: a educação é um direito de todos, independentemente das

diferenças individuais; qualquer criança com dificuldades de aprendizagem pode ser

considerada com necessidades educativas especiais; não são os alunos que se devem

adaptar às especificidades da escola mas sim o contrário; o ensino deve ser diversificado

e realizado num espaço comum a todas as crianças (Pacievitch, s.d, consultado em

15/06/2010).

A Declaração de Salamanca veio permitir que as práticas educativas de hoje se baseiem

num ―conceito de igualdade que respeita a diversidade, que não pretenda eliminar a

diferença, mas antes valorizá-la‖ (Freitas, 2002).

1.2. Escola Inclusiva

A escola tornou-se uma instituição que assenta sobre a ideia do livre acesso a todas as

pessoas, independentemente das suas características o que antes não acontecia.

Em primeiro lugar será importante fazer uma reflexão sobre a problemática da escola

inclusiva, o que implica fazermos uma leitura historicista sobre a evolução da instituição

e das culturas escolares.

A escola não está isolada das dinâmicas sociais circundantes, pelo contrário; portanto,

para compreendermos a relação entre a organização escolar e a evolução social e

cultural, temos que pensar na relação entre a cultura escolar e a sociedade de forma a

compreender de que modo a escola teve que reconfigurar os seus processos para

corresponder à diversidade cultural que actualmente nela se manifesta.

Durante muitos anos o sistema educativo foi um sistema selectivo e elitista onde só a

monoculturalidade prevalecia produzindo uma ―marginalização cultural dos

particularismos”. (Fortuna, 1991)

6

O meio escolar era composto por uma homogeneidade dos públicos-alvo, logo os

―diferentes‖ não eram aceites pela comunidade escolar. Havendo essa homogeneidade

dos públicos-alvo não havia necessidade de se adoptarem medidas e estratégias para

uma população que necessitava de modificações nos seus processos e currículos

individuais, sendo estes também homogéneos.

A educação de alunos com necessidades educativas especiais não era considerada como

necessária, ou mesmo possível, pois não havia expectativas relativamente à capacidade

académica desses alunos.

A ideia de inclusão, ou seja, a inserção do aluno com Necessidades Educativas

Especiais (NEE), (..) nas escolas regulares, ultrapassa o conceito de integração, uma

vez que não pretende apenas posicionar o aluno com NEE numa “curva normal”, mas

sim assumir que a heterogeneidade que existe entre os alunos é um factor muito

positivo, permitindo o desenvolvimento de comunidades escolares mais ricas e mais

produtivas. (Correia, 2006).

Actualmente, o sistema educativo entende que se deve valorizar a multiculturalidade

pois, ―a criança deve, com efeito, descobrir no outro, ao mesmo tempo a alteridade e a

semelhança”. (Perotti, 1994)

O conceito de escola inclusiva, implica uma nova postura da escola regular que deve

propor no projecto pedagógico, no currículo, na metodologia, na avaliação e nas

estratégias de ensino, acções que favoreçam a inclusão social e práticas educativas

diferenciadas que atendam a todos os alunos. Pois, numa escola inclusiva a diversidade

e a heterogeneidade dos alunos é valorizada em detrimento da homogeneidade. Um

sistema educacional só pode ser considerado inclusivo quando todos são incluídos,

independentemente das suas diferenças, das suas especificidades e das suas

idiossincrasias. Tem que haver, obrigatoriamente uma diversificação de currículos, ou

seja, currículos individuais, planos educativos de acordo com as necessidades

individuais de cada aluno.

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Parte II – O Projecto: Apoio a crianças com NEE nas AEC

1. Caracterização do Projecto

O projecto de apoio a Crianças com Necessidades Educativas Especiais (NEE) no âmbito

das Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC) desenvolvido em parceria pela

Associação Nacional de Animação e Educação (ANAE) e pelo Município das Caldas da

Rainha, decorreu pelo segundo ano nas Escolas do 1º ciclo do Ensino Básico (1º CEB)

das Caldas da Rainha e consistiu no apoio a alunos com NEE durante as AEC,

nomeadamente na Actividade Física e Desportiva, no Inglês, na Música, nas TIC e

Sensibilização Ambiental, tendo como principal objectivo permitir à criança, não só a

promoção do seu desenvolvimento e da sua aprendizagem, mas também, a igualdade de

oportunidades, independentemente das suas diferenças quer físicas, cognitivas,

culturais, sociais ou económicas.

Outro dos objectivos deste projecto foi o de permitir ao professor da disciplina

beneficiar deste apoio, uma vez que, com a ajuda de outro técnico pôde ter maior

controlo, podendo assim ter mais facilidade na organização e aproveitamento do tempo

na aula tendo um apoio específico para o aluno com NEE. Os alunos com NEE acabaram

por usufruir de um apoio mais directo, que lhes permitiu ter mais facilidade em

trabalhar com o resto da turma e tiveram oportunidade para evoluir na aprendizagem.

O facto de ter estado presente na sala de aula um técnico que apoiou a criança com NEE,

optimizou e libertou o Professor da turma da preocupação de atender ou gerir as

dificuldades desses alunos.

2. Como nasceu e surgiu o projecto

O projecto nasceu de uma recomendação do livro “Actividades de Enriquecimento

Curricular: Relatório sobre a sua implementação no 1º Ciclo do Ensino Básico do

concelho de Caldas da Rainha”, da autoria de Miguel Oliveira, Raquel Coelho, Rui

Matos e Sandrine Milhano e com prefácio de Maria do Céu Roldão.

Estes autores com a investigação que fizeram sobre a implementação das AEC e sobre os

seus efeitos na vida das escolas, professores e crianças, definiram um vasto leque de

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recomendações para que nos anos seguintes estas actividades pudessem ter mais

qualidade. Destas recomendações destacamos a que deu origem ao projecto supra

mencionado que afirma a necessidade de ―apoio a crianças com NEE nas AEC, uma vez

que os docentes têm dificuldade em trabalhar com turmas que integrem estas crianças‖.

Neste livro, os autores defendem ainda que, embora os apoios educativos tenham sido

reduzidos pelo Ministério da Educação, o apoio a crianças com NEE nas AEC ―deveria

estar em conformidade com o apoio concedido em horário lectivo‖.

Assim, no ano lectivo de 2008/09, surgiu este projecto nas escolas do 1º ciclo do Ensino

Básico (1º CEB) do concelho das Caldas da Rainha depois de uma equipa de

investigadores ter chegado à conclusão que muitas crianças com Necessidades

Educativas Especiais (NEE) não se inscreviam ou eram afastadas das Actividades de

Enriquecimento Curricular (AEC) nas escolas portuguesas.

3. Implementação do projecto

No início do ano lectivo, foram realizadas reuniões com as equipas de Educação Especial

de cada agrupamento onde se recolheram listas de todas as crianças com NEE que

frequentam as escolas do 1º CEB do concelho de Caldas da Rainha, e que estão inscritas

nas AEC.

No total, foram abrangidas por este projecto, 3 agrupamentos, 6 escolas e 10 crianças.

Posteriormente, foi elaborado um horário (Anexo1), de acordo com as AEC onde a

técnica responsável por este projecto se deslocou às escolas com o objectivo de dar

apoio aos alunos com NEE, de uma forma mais pessoal e personalizada. O

apoio foi realizado na sala de aula, sendo as sessões de 45 minutos, e quando

necessário, os currículos eram alterados e adaptados às condições e

características individuais de cada criança.

Aos encarregados de educação foram enviadas cartas (Anexo 2) a explicar

resumidamente em que consistia o projecto (acompanhamento e apoio pedagógico a

alunos com NEE nas AEC) e que os seus educandos iriam beneficiar deste apoio.

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4. O papel do técnico no projecto

O papel do técnico neste projecto foi o de potenciar a inclusão e a integração de crianças

portadoras de várias dificuldades de aprendizagem, no âmbito das AEC, uma vez que

estes alunos, sem o apoio existente ficariam sem participar quase sempre nestas

actividades. Muitos dos alunos com NEE no ano anterior não estavam inscritos nas AEC

precisamente porque não conseguiam acompanhar a aprendizagem na turma.

Assim, todas as estratégias e técnicas utilizadas foram com o intuito de que o aluno

beneficiado por este apoio tivesse uma integração possível e o bem estar afectivo no

espaço escolar.

5. Caracterização da Instituição

A Associação Nacional de Animação e Educação (ANAE) é um projecto que começou a

ser pensado no final do ano de 2003 e que em 2004 viu aprovados os seus estatutos, por

um grupo de 20 sócios fundadores. Publicado no diário da república em 28 de Fevereiro

de 2005. Surge com o objectivo de promover uma estrutura que complemente e

desenvolva a qualidade das práticas dos agentes educativos individuais ou colectivos em

jardins-de-infância, escolas, ateliers de tempo livre, instituições de apoio à terceira

idade, cujos objectivos cruzem com o que se pretende oferecer à comunidade.

Numa fase inicial este projecto foi pensado para aplicar no concelho de Caldas da

Rainha, embora a médio/ longo prazo, se possa estender a outros concelhos e distritos

atingindo um âmbito nacional.

A ANAE surge na comunidade educativa, tentando dar resposta a novos paradigmas aos

quais a escola tradicional não consegue responder. Assim, os beneficiários da ANAE são

a Comunidade Educativa em geral, especificamente todos os associados da ANAE, todos

os profissionais de educação e animação e todas as instituições educativas públicas e/ou

privadas que participem directamente nas suas actividades ou indirectamente através

do conhecimento e acompanhamento dos projectos.( Site ANAE)

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6. Caracterização e estratégias utilizadas nos alunos abrangidos pelo

projecto

Nome: Ana Ano: 2º Ano Disciplinas a que é acompanhado: TIC

Escola: EBI/JI do Bairro dos Arneiros Professora AEC: Ana Rita Amaral

Tempo semanal de acompanhamento: 45 m NEE: Síndrome de Asperger

A síndrome de Asperger, transtorno de Asperger ou desordem de Asperger, é uma síndrome do

espectro autista, diferenciando-se do autismo clássico por não comportar nenhum atraso ou

retardo global no desenvolvimento cognitivo ou da linguagem do indivíduo.

A SA é mais comum no sexo masculino. Quando adultos, muitos podem viver de forma comum,

como qualquer outra pessoa que não possui a síndrome.

Características

A SA é caracterizada por: Interesses específicos e restritos ou preocupações com um tema em

detrimento de outras actividades; Rituais ou comportamentos repetitivos; Peculiaridades na fala

e na linguagem; Padrões de pensamento lógico/técnico extensivo; Comportamento socialmente

e emocionalmente impróprio e problemas de interacção interpessoal; Problemas de

comunicação; Habilidade para desenhar para compensar a dificuldade de se expressar

verbalmente; Transtornos motores, movimentos desajeitados e descoordenados.

Segundo alguns estudos, apresentam imaginação e criatividade fantasiosa mais reduzida do que

uma criatividade com bases em factos reais;Frequentemente, com um Q.I. verbal

significativamente mais elevado que o não-verbal.

Diferenças sociais

Apesar de não haver uma única distinção comum a todos os portadores de SA, as dificuldades

com o convívio social são praticamente universais, e portanto também são um dos critérios

definidores mais relevantes. As pessoas com SA não têm a habilidade natural de perceber as

subtilezas da interacção social, e podem não ter capacidade de expressar o seu próprio estado

emocional, resultando em observações e comentários que podem soar ofensivos apesar de bem-

intencionados, ou na impossibilidade de identificar o que é socialmente "aceitável". As regras

informais do convívio social que angustiam os portadores de SA são descritas como "o currículo

oculto". Os Aspergers precisam aprender estas aptidões sociais intelectualmente de maneira

clara, seca, lógica como a matemática, em vez de intuitivamente por meio da interacção

emocional normal.

Os não-autistas são capazes de captar informação sobre os estados cognitivos e emocionais de

outras pessoas baseadas em "pistas" deixadas no ambiente social e em traços como a expressão

facial, linguagem corporal, humor e ironia. Já os portadores de SA não têm essa capacidade, o

que é às vezes chamado de "cegueira emocional". Este fenómeno também é considerado uma

carência de teoria da mente. Sem isso, os indivíduos com SA não conseguem reconhecer nem

entender os pensamentos e sentimentos dos demais. Desprovidos dessa informação intuitiva,

não podem interpretar nem compreender os desejos ou intenções dos outros e, portanto, são

incapazes de prever o que se pode esperar dos demais ou o que estes podem esperar deles. Isso

geralmente leva a comportamentos impróprios e anti-sociais.

Uma pessoa com SA pode ter problemas em compreender as emoções alheias: as mensagens

passadas pela expressão facial, olhares e gestual tem um impacto baixo, mas não nulo (como no

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caso dos psicopatas). Eles também podem ter dificuldades em demonstrar empatia. Assim,

Aspergers podem parecer egoístas, egocêntricos ou insensíveis. Na maioria dos casos, estas

percepções são injustas porque os portadores da Síndrome são neurologicamente incapazes de

entender os estados emocionais das pessoas à sua volta. Eles geralmente ficam chocados,

irritados e magoados quando lhes dizem que as suas acções são ofensivas ou impróprias. É

evidente que pessoas com SA têm emoções. Mas a natureza concreta dos laços emocionais que

venham a ter (ou seja, com objectos em vez de pessoas) pode parecer curiosa ou até ser uma

causa de preocupação para quem não compartilha da mesma perspectiva.

Caracterização do aluno acompanhado:

Ao nível das funções mentais, o aluno apresenta dificuldades ligeiras nas funções da orientação

no espaço e no tempo, psicossociais globais, intrapessoais, do temperamento e da personalidade,

da atenção, psicomotoras, da percepção, cognitivas de nível superior, da linguagem, de

articulação e da fluência e do ritmo da fala.

Apresenta dificuldades ligeiras ao nível das funções neuromusculoesqueléticas e funções

relacionadas com o movimento, com o controle do movimento voluntário e relacionadas com os

músculos e movimento.

Dificuldades do Aluno:

Dificuldades em dirigir e manter a atenção, dispersando por vezes e apresentando uma atitude

ausente, às vezes abanando a cabeça, outras vezes levantando-se do seu lugar deambulando pela

sala, sendo necessário a supervisão e intervenção do professor para que isso não aconteça.

Dificuldades em participar em conversas ou discussões em grande grupo. Em conversas duais,

verifica-se a sua centração em temas específicos do seu interesse pessoal, e muita tendência para

mudar de assunto na conversa, ignorando os tópicos da conversa do interlocutor.

Dificuldades ao nível da coordenação dos movimentos finos da mão, o que diminuem

consideravelmente a sua autonomia na sala de aula.

Estratégias e técnicas utilizadas:

Reforço da capacidade de atenção/concentração;

Identificação e pormenorização de tarefas,

Reforço positivo das aquisições,

Acompanhamento individualizado das tarefas,

Conclusão:

Estes procedimentos têm em conta a informação contida no PEI do aluno, elaborado em

2008/09. No entanto, na minha relação com o aluno, verifico que o mesmo regista evoluções

limitadas. O aluno tem fraca capacidade de resistência à frustração, tornando-se agressivo

quando é contrariado, sendo muito dependente do reforço afectivo.

Os outros intervenientes (pais) no processo educativo do aluno deveriam ter uma atitude mais

coerente com a linha de intervenção uma vez que não contrariam em nada o aluno.

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Nome: Bruno Ano: 3º Ano Disciplinas a que é acompanhado: Inglês / Música

Escola: Centro Educativo Nossa Sra. do Pópulo Professora AEC: Carla Rijo / André Silva

Tempo semanal de

acompanhamento: 135 m

NEE: Encefalopatia; Deficiência mental moderada

Encefalopatia: Afecção do cérebro, geralmente de origem

tóxica, degenerativa ou vascular.

Deficiência mental:

Em 1992, a Associação Americana de Deficiência Mental caracterizou a deficiência mental em

três critérios: funcionamento intelectual avaliado em termos de Q.I abaixo da média; Limitações

significativas em duas ou mais áreas do comportamento adaptativo; Verificação dessas

características desde a infância.

As causas apontadas, por esta associação, como factores responsáveis por esta deficiência

podem resultar da malnutrição, da doença, a subestimulação da criança depois do nascimento,

ou ainda, no caso de deficiência mental severa, à irregularidade genética, ou anomalias

cromossomáticas, traumas no momento do nascimento ou infecções nesse momento ou durante

o primeiro ano de vida.

A deficiência mental pode ocorrer no seio de qualquer família, tendo mais registos de incidência

em meios urbanos e rurais mais desfavorecidos.

A deficiência mental é classificada como ligeira (défice cognitivo), moderada ou severa.

Crianças com deficiência mental moderada podem adquirir hábitos de autonomia pessoal e

social, tendo maiores dificuldades para os últimos. Podem aprender a comunicar pela linguagem

verbal, mas apresentam frequentemente dificuldades na expressão oral e na compreensão dos

convencionalismos sociais. Apresentam um desenvolvimento motor aceitável e têm

possibilidade para adquirir alguns conhecimentos pré-tecnológicos básicos que lhes permitam

realizar algum trabalho. Dificilmente chegam a dominar as técnicas instrumentais de leitura,

escrita e cálculo.

Os portadores deste transtorno, são dependentes de cuidadores e necessitam de atendimento

multiprofissional a fim de minimizar os problemas decorrentes da deficiência. Quanto mais

cedo houver um diagnóstico e mais precoce for a intervenção melhores serão os resultados.

Principais dificuldades:

No que se refere à aprendizagem, revela uma grande discrepância entre o seu desempenho

actual em consideração ao que é esperado e desejado para a sua faixa etária;

O seu ritmo de trabalho é muito lento devido às limitações na mobilidade e nos movimentos

grafomotores;

Ao nível da linguagem expressiva existem alterações ao nível do ritmo, do tom que é baixo, da

velocidade e na precisão articulatória de alguns sons. Possui um vocabulário reduzido;

Ao nível da linguagem compreensiva segue instruções desde que dadas uma de cada vez e

compreende o sentido de frases simples.

Ao nível da leitura e da escrita conhece todas as letras do abecedário. Não adquiriu a técnica da

leitura e da escrita. Possui muitas dificuldades graves na escrita devido às limitações

grafomotoras. O traço é muito irregular, quase ilegível;

Ao nível da mobilidade e devido a lesão cerebral, apresenta o lado direito do corpo limitado e

possui perturbação na marcha e ataxia (falta de coordenação dos movimentos) com afectação da

força muscular e do equilíbrio;

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Ao nível das funções intelectuais apresenta deficiência moderada.

Estratégias e técnicas utilizadas:

Estimulação afectiva;

Utilização de actividades e exercícios (com uma componente lúdica) visando as aquisições

curriculares elementares;

Reforço e valorização das aquisições e aprendizagens (embora muito limitadas).

Conclusão:

Estes procedimentos têm em conta a informação contida num relatório do processo do aluno,

elaborado em 2008/09.

Considerando a intervenção realizada junto do aluno, constata-se que o mesmo realiza uma

progressão muito lenta devido às limitações evidenciadas.

O que se pretende com o aluno não é tanto o da aprendizagem curricular formal mas sim, a

integração possível e o bem-estar afectivo no espaço escolar.

Nome: João Ano: 4º Ano Disciplinas a que é acompanhado: TIC

Escola: EBI/JI do Bairro dos Arneiros Professora AEC: Jorge Ângelo

Tempo semanal de acompanhamento: 45 m NEE: “Ataxia-telangiectasia”

Doença neurológica do sistema imunitário que lhe está a provocar, progressivamente, perda de

capacidades motoras. A sua situação é considerada muito problemática e complexa, isto porque

a sua doença é degenerativa (afectando a sua autonomia, mobilidade, comunicação, entre

outras…), necessitando de apoio permanente, equipamento ergonómico às suas características

e, ainda, a continuação de estimulação individualizada através das várias terapias (ocupacional,

psicológica, terapia da fala, entre outras).

A ataxia-telangiectasia:

A ataxia-telangiectasia é uma doença hereditária que afecta tanto o sistema nervoso como o

imunitário. As anomalias no cerebelo, uma parte do encéfalo que controla a coordenação,

causam o aparecimento de movimentos descoordenados (ataxia). Os referidos movimentos

anormais costumam surgir quando a criança começa a andar, mas podem prolongar-se até aos 4

anos. Verificam-se dificuldades na fala, debilidade muscular e, por vezes, atraso mental. As

telangiectasias (dilatações dos capilares), são muito evidentes na pele e nos olhos e

desenvolvem-se entre 1 e 6 anos de idade e, em geral, são mais evidentes nos olhos, orelhas, asas

do nariz e nos braços.

Surgem, com frequência, infecções brônquicas, pneumonia e infecções dos seios, que podem

evoluir para problemas pulmonares crónicos. As perturbações do sistema endócrino podem

levar a testículos pequenos, infertilidade e diabetes. Muitas crianças com ataxia-telangiectasia

têm cancro, em particular leucemia, tumores cerebrais e cancro do estômago.

A ataxia-telangiectasia progride geralmente até causar debilidade muscular progressiva,

demência e morte.

Características do aluno acompanhado:

Ao nível das funções mentais globais - Funções do Temperamento e da Personalidade; do sono;

(Funções Mentais Específicas) da atenção; da memória; psicomotoras; controle psicomotor;

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emocionais; da percepção; cognitivas básicas; cognitivas de nível superior; mentais da

linguagem; do cálculo.

Ao nível das Funções Sensoriais e Dor: Funções da visão; dos anexos do olho; auditivas;

vestibulares.

Ao nível das Funções da Voz e da Fala: Funções da voz; de articulação; da fluência e do

ritmo da fala.

Ao nível das Funções (…) dos Sistemas Hematológico e Imunológico (…): funções do

sistema imunológico.

Ao nível das Funções Neuromusculo-esqueléticas e Funções relacionadas com o

Movimento: funções relacionadas com a mobilidade das articulações e com a estabilidade das

funções das articulações; com a força muscular; com o tónus muscular; com a resistência

muscular; com reflexos motores; com reacções motoras involuntárias; com o controlo do

movimento voluntário; com o controlo do movimento involuntário; com o padrão de marcha; c/

os músculos e funções do movimento.

Actividade e Participação:

O aluno manifesta dificuldades ao nível das Actividades e da Participação, tendo como

correlação o seu perfil de funcionalidade e, essencialmente, limitações na realização de certas

actividades que passamos a enunciar:

Ao nível da Aprendizagem e Aplicação de Conhecimentos: observar; desenvolvimento da

linguagem; adquirir conceitos; aprender a ler; aprender a escrever; aprender a calcular; adquirir

competências; concentrar a atenção; dirigir a atenção; calcular; resolver problemas; tomar

decisões.

Ao nível das Tarefas e Exigências Gerais –Levar a cabo uma tarefa única; levar a cabo

tarefas múltiplas; levar a cabo a rotina diária.

Ao nível da Comunicação –Comunicar e receber mensagens orais; comunicar e receber

mensagens escritas; escrever mensagens; falar; discussão; utilização de dispositivos e de

técnicas de comunicação.

Ao nível da Mobilidade - Mudar as posições básicas do corpo; manter a posição do corpo;

auto-transferências; levantar e transportar objectos; mover objectos com os membros inferiores;

actividades de motricidade fina da mão; utilização da mão e do braço; utilização de movimentos

finos do pé; andar; deslocar-se.

Ao nível dos Autocuidados – Lavar-se; cuidar de partes do corpo; vestir-se; comer; beber;

cuidar da sua própria segurança.

Dificuldades do Aluno:

O aluno revela pouca autonomia funcional e pessoal relativamente a algumas actividades da

vida diária e locomoção, necessitando de apoio do adulto. Nas tarefas escolares manifesta

autonomia na execução embora precise de mais tempo para as realizar/concluir, por se cansar

facilmente e ter um tempo de atenção/concentração reduzido, e de muitos elogios e reforços

positivos. O seu ritmo de trabalho/aprendizagem muito lento, com curtos períodos de atenção e

de concentração, associados a comportamentos de dispersão e alheamento, sendo necessário

chamar-lhe atenção para a tarefa a desenvolver com ele, com alguma frequência. Necessita de

sistematizar e repetir os conteúdos a aprender, recorrendo, essencialmente, a materiais lúdico-

didácticos, para promover e reforçar as competências específicas.

Revela pouca elasticidade de raciocínio, memorização e retenção da informação. No domínio da

Língua Portuguesa, ao nível da expressão oral e escrita, necessita de mais tempo para a

decifração de alguns conteúdos programáticos por acesso a conhecimentos, organizados na

memória. A oralidade tem sido a área mais privilegiada e a mais estimulada. Porque a sua

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incapacidade psicomotora provoca-lhe sofrimento e a falta de material ergonómico (o facto do

seu síndrome ser degenerativo) não permitem maiores níveis de intervenção na área da

expressão escrita. No entanto, os níveis de funcionalidade na participação oral revelam uma falta

de controlo da voz (tom e entoação) e da fala. Esta assume contornos de uma fala arrastada com

uma dicção irregular, principalmente, quando o cansaço se acentua. Como o aluno está ainda a

consolidar a técnica da leitura, as actividades passam sempre primeiro pela exploração oral.

No domínio da Matemática, revela por vezes, algumas dificuldades na comunicação dos seus

raciocínios matemáticos, assim como na auto-confiança para fazê-lo. Para além de revelar

dificuldades para resolver alguns processos de resolução de alguns problemas, ainda, manifesta

dificuldades para compreender e analisar os erros cometidos e ensaiar estratégias alternativas.

Em relação ao cálculo necessita sistematizar nomeadamente o processo de cálculo, e em alguns

casos concretizar.

No domínio do Estudo do Meio, o aluno revela bastante dispersão na compreensão e dos

conceitos e conhecimentos mais complexos promovidos nesta área curricular. Apenas importa

realçar aqueles que ajudem a desenvolver competências funcionais (os dias da semana, os meses

do ano; as estações do ano; as preferências e gostos pessoais; cuidados de higiene e segurança

pessoais, entre outros).

Estratégias e técnicas utilizadas:

Estimulação afectiva;

Utilização de actividades e exercícios recorrendo ao uso das TIC, visando as aquisições

curriculares elementares neste âmbito;

Reforço e valorização das aquisições e aprendizagens, embora lentas.

Conclusão:

Estes procedimentos têm em conta a informação contida no PEI do aluno, elaborado em

2008/09.

Considerando a intervenção realizada junto do aluno, constata-se que o mesmo realiza uma

progressão muito lenta devido às limitações evidenciadas.

O que se pretende com o aluno será a consolidação e a retenção das aprendizagens limitadas que

o aluno consegue realizar.

Nome: Pedro Ano: 1º Ano Disciplinas a que é acompanhado: TICe Inglês

Escola: Centro Educativo N. Sra. do Pópulo Professora AEC: Jorge Ângelo / Carla Rijo

Tempo semanal de acompanhamento: 135 m NEE: Autismo

O autismo é uma disfunção global do desenvolvimento. É uma alteração que afecta a

capacidade de comunicação do indivíduo, de estabelecer relacionamentos e de responder

apropriadamente ao ambiente — segundo as normas que regulam essas respostas.

Algumas crianças, apesar de autistas, apresentam inteligência e fala intactas, outras apresentam

sérios atrasos no desenvolvimento da linguagem. Alguns parecem fechados e distantes, outros

presos a comportamentos restritos e rígidos padrões de comportamento. Os diversos modos de

manifestação do autismo também são designados de espectro autista, indicando uma gama de

possibilidades dos sintomas do autismo.

Um dos mitos comuns sobre o autismo é de que pessoas autistas vivem em seu mundo próprio,

interagindo com o ambiente que criam; isto não é verdade. Se, por exemplo, uma criança autista

16

fica isolada no seu canto observando as outras crianças a brincar, não é porque ela está

desinteressada dessas brincadeiras ou porque vive no seu mundo, é porque simplesmente ela

tem dificuldade de iniciar, manter e terminar adequadamente uma conversa.

Outro mito comum é de que quando se fala em uma pessoa autista geralmente se pensa em uma

pessoa retardada que sabe poucas palavras (ou até mesmo que não sabe nenhuma). A

dificuldade de comunicação, em alguns casos, está realmente presente, mas como dito acima

nem todos são assim: é difícil definir se uma pessoa tem atraso mental se nunca teve

oportunidades de interagir com outras pessoas ou com o ambiente.

Características do autismo

Nem todos os autistas são iguais, existem autistas mais sociais que outros, outros são mais

intelectuais, e assim por diante. Por isso dá-se o nome de Espectro Autista a estas diferentes

manifestações do autismo: o autismo tem vários graus de intensidade, desde os mais graves (o

autismo típico em que as pessoas geralmente pensam) até os casos mais subtis. Muitos autistas

não são muito diferentes de pessoas tidas como normais: possuem hábitos consolidados, reagem

com dificuldade a situações que os desagradam, possuem manias e preferências.

As características mais comuns do autismo são: Dificuldade na interacção social (como todo e

qualquer indivíduo, por exemplo); Dificuldade acentuada no uso de comportamentos não-

verbais (contacto visual, expressão facial, gestos); Sociabilidade selectiva; Padrões restritos e

repetitivos de comportamento, interesses e actividades: Preocupação insistente com um ou mais

padrões estereotipados (movimento circular, por exemplo); Assumir de forma inflexível rotinas

ou rituais (ter "manias" ou focalizar-se num único assunto de interesse, por exemplo);

Maneirismos motores estereotipados (agitar ou torcer as mãos, por exemplo); Preocupação

insistente com partes de objectos, em vez do todo (fixação na roda de um carrinho ou na boca de

alguém que fala, por exemplo); Seguir uma vida rotineira e resistir mais do que uma pessoa

comum resistiria quando ela é mudada; Tendência para uma leitura concreta e imediatista do

contexto, seja ele linguístico ou ambiental ("levar tudo ao pé da letra").

Principais dificuldades do aluno acompanhado:

Ao nível das ―funções mentais específicas‖ o aluno apresenta deficiência moderada ao nível das

funções cognitivas de nível superior;

Ao nível da ―aprendizagem e aplicação de conhecimento‖ o aluno apresenta dificuldades graves

ao nível da aquisição de competências, em concentrar e dirigir a atenção e dificuldades graves em

tomar decisões;

Ao nível da ―realização de tarefas e exigências gerais‖ o aluno apresenta deficiência moderada em

gerir o próprio nível de actividade, assim como lidar com o stress;

Ao nível da ―comunicação‖ o aluno apresenta uma dificuldade média, sendo necessário repetir e

simplificar as instruções;

Ao nível da mobilidade o aluno apresenta dificuldades moderadas em manter-se sentado o tempo

necessário para realizar as tarefas, apresenta ainda, grave deficiência ao nível da utilização de

movimentos finos da mão e dos pés.

Estratégias e técnicas utilizadas:

Reforço da capacidade de atenção/concentração;

Identificação e pormenorização de tarefas,

Reforço positivo das aquisições,

Acompanhamento individualizado das tarefas.

17

Conclusão:

Estes procedimentos têm em conta a informação contida no PEI do aluno, elaborado em

2008/09. No entanto, na minha relação com o aluno, verifico que o mesmo regista evoluções

face ao descrito.

Considerando a intervenção realizada junto do aluno, apoiando as suas aquisições, posso afirmar

que o aluno tem tido uma boa evolução na sua aprendizagem, nomeadamente no domínio das

competências sociais, da sua integração e ao nível das aprendizagens curriculares (é um dos

melhores alunos da turma).

Nome: Marco

Ano: 3º Ano Disciplinas a que é acompanhado: Inglês

Escola: Centro Educativo Salir de Matos Professora AEC: Liliana Silva

Tempo semanal de

acompanhamento: 45 m

NEE: PHDA; Discalculia, Disgrafia, Dislexia e

ligeiro défice cognitivo.

Perturbação de hiperactividade com défice de atenção (PHDA):

A PHDA é uma perturbação de origem neurobiológica caracterizada por: Grau de desatenção

inapropriado para a idade; Com, ou sem, hiperactividade e impulsividade; Presente em

diferentes contextos (casa, escola, trabalho); Perturba o desempenho pessoal (social, académico,

laboral); Não é atribuída a outra perturbação do desenvolvimento ou do foro da pedopsiquiatria.

Manifestações clínicas

Falta de Atenção

Não prestam atenção aos detalhes e por isso cometem erros; têm dificuldade em manter a

atenção durante as tarefas ou jogos; parecem não ouvir o que se lhes diz; não seguem instruções

e não terminam as tarefas e actividades propostas; dificuldade na organização de tarefas e de

actividades; evitam, não gostam ou são relutantes em iniciar tarefas que requeiram

concentração (trabalhos escolares); perdem objectos importantes ou imprescindíveis a um

adequado desempenho em tarefas ou em jogos; distraem-se facilmente com estímulos

desinteressantes e irrelevantes; esquecem-se de executar as tarefas diárias comuns.

Impulsividade

Facultam respostas a perguntas que não foram completadas; podem ter dificuldade em esperar

pela sua vez; interrompem ou intrometem-se nas actividades dos outros (interrompem

conversas ou jogos); facultam respostas a perguntas que não foram completadas.

Hiperacticidade

Mexem as mãos e os pés e não se mantêm sentados; levantam-se na sala de aula ou em outras

situações em que é exigida a posição de sentado; correm, saltam e trepam de uma forma

excessiva, em situações inapropriadas; têm dificuldade em participar em jogos ou em

actividades de uma forma calma; parecem ter uma energia inesgotável e estão sempre na

disposição de mudar; falam demasiado.

Dislexia:

A Dislexia caracteriza-se por uma dificuldade na área da leitura, escrita e soletração. A dislexia

costuma ser identificada nas salas de aula durante a alfabetização.

18

Disgrafia:

Por definição, disgrafia é o transtorno da escrita, de origens funcionais, que surge nas crianças

com adequado desenvolvimento emocional e afectivo, onde não existem problemas de lesão

cerebral, alterações sensoriais ou história de ensino deficiente do grafismo da escrita.

A criança disgráfica é vítima de transtornos que provém ora do plano motor, ora do plano

perceptivo, ora do plano simbólico. A dificuldade de integração visual-motora dificulta a

transmissão de informações visuais ao sistema motor. ―A criança vê o que quer escrever, mas

não consegue idealizar o plano motor‖. A sua escrita é nitidamente diferente da escrita da

criança normal, o que não acarreta homogeneidade no interior do grupo dos disgráficos.

Disgrafia padronizada não existe, encontram-se diversos tipos de disgrafia, é como se a criança

desenvolvesse o seu problema de acordo com as modalidades que lhe são próprias, imprimindo-

lhe estilo pessoal.

De modo geral a criança disgráfica apresenta uma série de sinais, ou manifestações como: Má

organização da página; texto sem unidade, desordenado; aspecto do conjunto ―sujo‖; letras

deformadas; choques entre as letras; traços de má qualidade; letras corrigidas diversas vezes;

enlaces mal feitos; espaços entre as linhas e palavras irregulares, linhas mal mantidas; pouco

grau de nitidez entre as letras; dimensões exageradas (muito grandes ou pequenas);

desproporção entre pernas e hastes; postura gráfica incorrecta; pressão e suporte inadequados

dos instrumentos de escrita; ritmo de escrita muito lento ou muito rápido; dificuldades na

escrita de números e letras; dificuldades de imitar o que vê (martelar, amarrar sapatos, fazer

mímicas); fenómenos dolorosos geralmente por hipertonia de mão e dedos; dificuldades para

copiar letras e outros símbolos pois não oferecem pista dos padrões motores que se deve usar;

desenhos distorcidos, mal colocados na folha, sem proporção ou planeamento e pobres em

detalhes; excessiva inclinação da folha ou ausência de inclinação.

Discalculia:

A discalculia é um distúrbio que dificulta a aprendizagem, pois impede que o indivíduo

compreenda os processos matemáticos, mesmo que ela tenha um QI normal ou acima do

normal.

De acordo com Belleboni (apud: GARCIA, 1998), a discalculia é uma dificuldade de

aprendizagem evolutiva, que não causa lesão e que não é causada por nenhuma deficiência

mental, déficits auditivos e nem pela má escolarização.

As crianças que apresentam este tipo de dificuldade realmente não conseguem entender o que

está a ser pedido nos problemas propostos pela professora. Não conseguem descobrir a

operação pedida no problema: somar, diminuir, multiplicar ou dividir. Além disso, é muito

difícil para elas entenderem as relações de quantidade, ordem, espaço, distância e tamanho. E

isso algumas vezes é entendido pelos pais e professores como preguiça.

A criança não se interessa pela actividade pelo simples facto de não a compreender. ―A

discalculia apresenta-se como uma imaturidade das funções neurológicas ou uma disfunção sem

lesão.‖ (Bombonatto, 2006)

Ligeiro défice cognitivo ou deficiência mental ligeira:

Em 1992, a Associação Americana de Deficiência Mental caracterizou a deficiência mental em

três critérios: Funcionamento intelectual, avaliado em termos de Q.I abaixo da média;

19

Limitações significativas em duas ou mais áreas do comportamento adaptativo; Verificação

dessas características desde a infância.

As causas apontadas, por esta associação, como factores responsáveis por esta deficiência

podem resultar da malnutrição, da doença, a subestimulação da criança depois do nascimento,

ou ainda, no caso de deficiência mental severa, à irregularidade genética, ou anomalias

cromossomáticas, traumas no momento do nascimento ou infecções nesse momento ou durante

o primeiro ano de vida.

A deficiência mental pode ocorrer no seio de qualquer família, tendo mais registos de incidência

em meios urbanos e rurais mais desfavorecidos.

A deficiência mental é classificada como ligeira (défice cognitivo), moderada ou severa.

Características:

Deficiência Mental Ligeira

Ritmo de aprendizagem mais lento;

Grau de desenvolvimento mental ligeiramente abaixo da média esperada para a idade;

Imaturidade emocional; Dificuldade de memória a curto prazo; Observado após o ingresso para

a escolaridade obrigatória (1º ciclo).

Principais dificuldades do aluno acompanhado:

PHDA; Dislexia; Discalculia; Disgrafia; Ligeiro défice cognitivo ou deficiência mental ligeira;

Problemas ao nível das funções do temperamento e da personalidade e emocionais.

O aluno necessita de estar motivado e deve-se apoiar os seus esforços, valorizando todos os seus

sucessos por pequenos que sejam.

Estratégias e técnicas utilizadas:

Reforço da capacidade de atenção/concentração;

Identificação e pormenorização de tarefas,

Reforço positivo das aquisições,

Acompanhamento individualizado das tarefas,

O aluno tem pouca autonomia, baixa auto-estima e falta de confiança, mas quando é

directamente acompanhado nas tarefas corresponde e realiza-as com agrado.

Conclusão:

Estes procedimentos têm em conta a informação contida no PEI do aluno, elaborado em

2008/09. No entanto, na minha relação com o aluno, verifico que o mesmo só realiza as tarefas

quando é directa e pessoalmente acompanhado e estimulado afectivamente.

Considerando a intervenção realizada junto do aluno, apoiando as suas aquisições, posso afirmar

que o aluno tem tido alguma evolução na sua aprendizagem. No entanto, esta aprendizagem não

se consolida de forma permanente, necessitando constantemente de confirmação e reforços

positivos por parte da técnica. Assim, constato que a intervenção junto deste aluno não visará

tanto as aquisições curriculares mas sim, a conquista de autonomia e auto-confiança, as quais,

devidamente consolidadas, lhe permitirão futuramente não depender tanto do adulto.

20

Nome: Maria Ano: 4º Ano Disciplinas a que é acompanhado: Inglês

Escola: EB1 Parque Professora AEC: Patrícia Rocha

Tempo semanal de acompanhamento: 90 m NEE: Problemas Cognitivos e Emocionais

Principais dificuldades:

Comprometimento ao nível das funções mentais globais, especificamente nas funções da

orientação no espaço e no tempo, psicossociais, do temperamento e da personalidade.

Apresenta também dificuldades a algumas funções mentais específicas, tais como, funções da

atenção, da memória, emocionais, cognitivas básicas e de cálculo.

As dificuldades de aprendizagem, surgem principalmente, como consequência dos níveis de

atenção/concentração serem reduzidos, da fraca capacidade de memorização e também da

existência de uma instabilidade emocional, com diminuta resistência à frustração e baixa auto-

estima.

Estratégias e técnicas utilizadas:

Estimulação afectiva;

Reforço da capacidade de atenção/concentração;

Identificação e pormenorização de tarefas,

Acompanhamento individualizado das tarefas,

Reforço e valorização das aquisições e aprendizagens.

Conclusão:

Estes procedimentos têm em conta a informação contida no PEI do aluno, elaborado em

2008/09. No entanto, na minha relação com o aluno, verifico que o mesmo regista evoluções

face ao descrito.

Considerando a intervenção realizada junto do aluno, apoiando as suas aquisições, posso afirmar

que o aluno tem tido alguma evolução na sua aprendizagem, graças aos reforços positivos

utilizados que contribuem para aumentar a sua confiança, permitindo-lhe ganhar autonomia na

realização das tarefas.

Nome: Magda Ano: 1º Ano Disciplinas a que é acompanhado: TIC; Inglês;

Música; Actividade Física

Escola: Salir do Porto Professores AEC: Ana Rita Amaral; Liliana Silva; Isabel; Bruno Grilo

Tempo semanal de

acompanhamento: 315 m

NEE: Problemas cognitivos, Motores; Sensoriais – Portadora de

uma doença degenerativa do Sistema Nervoso Central em estudo

Multideficiência:

A multideficiência ou deficiências associadas define-se como sendo o conjunto de duas ou mais

incapacidades ou diminuição de ordem física, psíquica ou sensorial.

Para que haja deficiências associadas tem de haver simultaneamente na mesma pessoa duas ou

mais deficiências (psíquicas, físicas e sensoriais). Estas deficiências não têm de ter relação de

dependência entre si, quer dizer, uma das deficiências não condiciona que exista outra ou outras

deficiências. Também não tem de haver uma deficiência mais importante do que a outra ou

outras.

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Características do aluno:

Atraso Psicomotor; Quadro neuromotor de tetraparésia epástica; Estrabismo convergente

bilateral e nistagmo bilateral; Tónus globalmente aumentado, mais acentuado à esquerda;

Totalmente dependente do adulto para AVD; Controlo dos esfinteres inconsistente; Sem

capacidade de marcha, dependente de terceira para deambulação em cadeira de transporte;

Dificuldades acentuadas ao nível da linguagem expressiva.

Estratégias e técnicas utilizadas:

Estimulação afectiva;

Utilização de actividades lúdicas visando as aquisições curriculares elementares;

Reforço da socialização.

Conclusão:

Estes procedimentos têm em conta a informação contida no PEI da aluna, elaborado em

2008/09.

Considerando a intervenção realizada junto da aluna, constata-se que a mesma realiza uma

progressão muito lenta devido às limitações evidenciadas.

O que se pretende com a aluna não é tanto o da aprendizagem curricular formal mas sim, a

integração possível e o bem-estar afectivo no espaço escolar.

Nome: Ricardo Ano: 4º Ano Disciplinas a que é acompanhado: Inglês

Escola: Salir do Porto Professores AEC: Liliana Freitas

Tempo semanal de acompanhamento: 90 m NEE: Deficiência Mental Moderada.

Deficiência Mental:

Em 1992, a Associação Americana de Deficiência Mental caracterizou a deficiência mental em

três critérios: Funcionamento intelectual, avaliado em termos de Q.I abaixo da média;

Limitações significativas em duas ou mais áreas do comportamento adaptativo; Verificação

dessas características desde a infância.

As causas apontadas, por esta associação, como factores responsáveis por esta deficiência

podem resultar da malnutrição, da doença, a subestimulação da criança depois do nascimento,

ou ainda, no caso de deficiência mental severa, à irregularidade genética, ou anomalias

cromossomáticas, traumas no momento do nascimento ou infecções nesse momento ou durante

o primeiro ano de vida.

A deficiência mental pode ocorrer no seio de qualquer família, tendo mais registos de incidência

em meios urbanos e rurais mais desfavorecidos.

A deficiência mental é classificada como ligeira (défice cognitivo), moderada ou severa.

Crianças com deficiência mental moderada podem adquirir hábitos de autonomia pessoal e

social, tendo maiores dificuldades para os últimos. Podem aprender a comunicar pela linguagem

verbal, mas apresentam frequentemente dificuldades na expressão oral e na compreensão dos

convencionalismos sociais. Apresentam um desenvolvimento motor aceitável e têm

possibilidade para adquirir alguns conhecimentos pré-tecnológicos básicos que lhes permitam

realizar algum trabalho. Dificilmente chegam a dominar as técnicas instrumentais de leitura,

escrita e cálculo.

22

Os portadores deste transtorno, são dependentes de cuidadores e necessitam de atendimento

multiprofissional (incluindo: médico, fisioterapeuta/ terapeuta ocupacional, terapeuta da fala,

psicólogo, pedagogo (psicopedagogia) entre outros) a fim de minimizar os problemas

decorrentes da deficiência. Quanto mais cedo houver um diagnóstico e mais precoce for a

intervenção melhores serão os resultados.

Principais dificuldades do aluno:

Dificuldades severas de aprendizagem;

Fraca motivação para as actividades escolares;

Ritmo de trabalho muito lento.

Estratégias e técnicas utilizadas:

Reforço da capacidade de atenção/concentração;

Identificação e pormenorização de tarefas;

Reforço positivo das aquisições;

Acompanhamento individualizado das tarefas;

Adaptação curricular ( redução dos conteúdos);

Integração social no grupo – turma.

Conclusão:

Estes procedimentos têm em conta a informação contida no relatório elaborado pela Professora

Titular do aluno no ano lectivo transacto. No entanto, na minha relação com o aluno, verifico

que o mesmo regista evoluções face ao descrito.

Considerando a intervenção realizada junto do aluno, apoiando as suas aquisições, posso

afirmar que o aluno tem tido uma boa evolução na sua aprendizagem, nomeadamente no

domínio das competências sociais, da sua integração, uma vez que o aluno era discriminado e

rejeitado pelos seus pares; também no domínio das aprendizagens curriculares nota-se alguma

evolução, embora lenta, em função das suas capacidades.

Nome: Vasco Ano: 4º Ano Disciplinas a que é acompanhado: Inglês

Escola: EB1 Parque Professores AEC: Patrícia Rocha

Tempo semanal de acompanhamento: 90 m NEE: Problemas cognitivos

Principais dificuldades:

Comprometimento ao nível das funções mentais globais, especificamente ao nível das funções da

orientação do espaço e do tempo, intelectuais e do temperamento e da personalidade; défice ao

nível das funções da atenção, da memória, psicomotoras, emocionais, cognitivas básicas, da

linguagem e do cálculo.

Apresenta também dificuldades ao nível da linguagem oral com graves problemas na dicção,

funções da articulação, principalmente em palavras polissilábicas e/ou pouco frequentes no seu

vocabulário activo.

Estratégias e técnicas utilizadas:

Estimulação afectiva;

Reforço da capacidade de atenção/concentração;

Identificação e pormenorização de tarefas,

Acompanhamento individualizado das tarefas,

Reforço e valorização das aquisições e aprendizagens.

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Conclusão:

Estes procedimentos têm em conta a informação contida no PEI do aluno, elaborado em

2008/09. No entanto, na minha relação com o aluno, verifico que o mesmo regista evoluções

face ao descrito.

Considerando a intervenção realizada junto do aluno, apoiando as suas aquisições, posso afirmar

que o aluno tem tido alguma evolução na sua aprendizagem, graças aos reforços positivos

utilizados que contribuem para aumentar a sua confiança, permitindo-lhe ganhar autonomia na

realização das tarefas.

7. Metodologia

Iniciou-se uma investigação (estudo de caso) para averiguar acerca da eficácia do apoio

pedagógico individualizado a crianças com Necessidades Educativas Especiais (NEE),

no âmbito das AEC – Actividades de Enriquecimento Curricular.

Estudar esta problemática revelou-se um exercício complexo; uma vez que as crianças

devido às idades que têm e devido às suas dificuldades não são capazes de formular

juízos sobre esta problemática. Portanto, a melhor estratégia foi inquirir os restantes

actores e intervenientes no processo de ensino e aprendizagem para tentar captar

subjectivamente as suas percepções acerca da validade e eficácia do apoio pedagógico

individualizado a crianças com NEE nas AEC. Contou-se então com as opiniões de pais e

encarregados de educação caldenses, professores e gestores escolares.

Do nosso ponto de vista importava esclarecer uma questão prévia – a questão de

partida; as crianças com NEE a frequentar as AEC poderiam obter melhores resultados

escolares e integrar-se melhor se beneficiassem de um apoio pedagógico

individualizado?

Acessoriamente, interessava-nos também perceber se do ponto de vista dos Professores

das AEC o seu trabalho com a turma em geral sairia beneficiado com o apoio

individualizado prestado aos seus alunos com NEE.

Para investigar esta problemática optámos por uma metodologia qualitativa assente na

construção de questionários (Anexo3) a aplicar aos actores e intervenientes no processo

de ensino e aprendizagem. Ao todo, responderam aos questionários 61 pessoas, entre

Pais/Encarregados de Educação (10), Professores das AEC (29) e Professores Titulares,

Professores de Educação Especial e Directores de Agrupamento (22). Para melhor

24

definir o âmbito das questões a averiguar, realizámos previamente um conjunto de

entrevistas exploratórias informais, contactando pais, professores, dirigentes das

escolas. Para além disto, de forma articulada com o nosso orientador e coordenador, Dr.

Luís Miguel Oliveira, dirigente da ANAE – Associação Nacional de Animação e

Educação - fizemos consulta bibliográfica e pesquisa na Internet, para melhor

compreendermos os contornos desta problemática.

O processo de aplicação dos questionários e as entrevistas exploratórias contaram com

uma boa colaboração por parte de todos os inquiridos. Apenas sentimos alguma

dificuldade no processo de recolha dos questionários devido à dispersão geográfica das

escolas abrangidas.

25

PARTE III – Conclusões

1. Apresentação dos resultados

De acordo com os resultados apurados foi possível concluir que a nossa pergunta de

partida é confirmada e validada pelas respostas obtidas.

A totalidade dos inquiridos (61) revela uma opinião muito favorável acerca da existência

de apoio pedagógico individualizado a crianças com NEE a frequentar as AEC. Constata-

se ainda, que os professores que leccionam as AEC, 5 declaram maioritariamente que o

seu trabalho com a turma é rentabilizado através do apoio individualizado aos alunos

com NEE e 16 declaram que os alunos com NEE nas AEC apoiados têm mais facilidade

na sua integração/inclusão.

Nesta perspectiva, parece haver um consenso geral quanto aos ganhos de eficácia no

processo de ensino e aprendizagem e na integração/inclusão destes alunos, decorrentes

da articulação entre o trabalho do Professor das AEC e o trabalho da Técnica.

Estas percepções são confirmadas também pelos Pais e Encarregados de Educação (10),

Professores de Ensino Especial (10) e Professores Titulares (11), que revelam uma

opinião maioritariamente favorável à existência deste tipo de apoio.

Após a finalização deste estudo podemos afirmar com segurança que a nossa pergunta

de partida é confirmada e validada pelos resultados da investigação. Não só os

inquiridos mostram ser maioritariamente favoráveis à existência deste tipo de apoio

individualizado como evidenciam claramente a importância deste projecto e a

relevância da sua continuidade e alargamento ao longo dos próximos anos (60 – 1

inquirido não respondeu).

Para a equipa de investigadores, este estudo de caso foi uma mais-valia pelo aprofundar

de conhecimentos teórico-práticos neste domínio como também pela experiência

enriquecedora no contacto directo com as escolas e com os actores e intervenientes

nestes processos.

26

Referências bibliográficas

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