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Professora: Vera Maciel 1

Apostila Análise de Impactos Ambientais_notas de Aula

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Apostila Análise de Impactos Ambientais_notas de Aula

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Professora: Vera MacielCONCEITOS e IMPACTOSMaterial Aula 1:

TEXTO 1

ALVES, Liria (2014), disponvel em:

http://www.brasilescola.com/quimica/impactos-ambientais.htmSegundo Lria Alves (2014), impacto ambiental a alterao no meio ambiente por determinada ao ou atividade. Atualmente o planeta Terra enfrenta fortes sinais de transio, o homem est revendo seus conceitos sobre natureza. Esta conscientizao da humanidade est gerando novos paradigmas, determinando novos comportamentos e exigindo novas providncias na gesto de recursos do meio ambiente.Um dos fatores mais preocupantes o que diz respeito aos recursos hdricos. Problemas como a escassez e o uso indiscriminado da gua esto sendo considerados como as questes mais graves do sculo XXI. preciso que tomemos partido nesta luta contra os impactos ambientais, e para isso importante sabermos alguns conceitos relacionados ao assunto.

Poluio qualquer alterao fsico-qumica ou biolgica que venha a desequilibrar um ecossistema, e o agente causador desse problema denominado de poluente.

Como j era previsto, os principais poluentes tm origem na atividade humana. A Indstria a principal fonte, ela gera resduos que podem ser eliminados de trs formas:

Na gua: essa opo de descarte de dejetos mais barata e mais cmoda, infelizmente os resduos so lanados geralmente em recursos hdricos utilizados como fonte de gua para abastecimento pblico.Na atmosfera: a eliminao de poluentes desta forma s possvel quando os resduos esto no estado gasoso.Em reas isoladas: essas reas so previamente escolhidas, em geral so aterros sanitrios.

Classificao dos resduos:Resduos txicos: so os mais perigosos e podem provocar a morte conforme a concentrao so rapidamente identificados por provocar diversas reaes malficas no organismo. Exemplos de geradores desses poluentes: indstrias produtoras de resduos de cianetos, cromo, chumbo e fenis.Resduos minerais: so relativamente estveis, correspondem s substncias qumicas minerais, elas alteram as condies fsico-qumicas e biolgicas do meio ambiente. Exemplos de indstrias: mineradoras, metalrgicas, refinarias de petrleo.

Resduos orgnicos: as principais fontes desses poluentes so os esgotos domsticos, os frigorficos, laticnios, etc. Esses resduos correspondem matria orgnica potencialmente ativa, que entra em decomposio ao ser lanada no meio ambiente.Resduos mistos: possuem caractersticas qumicas associadas s de natureza biolgica. As indstrias txteis, lavanderias, indstrias de papel e borracha, so responsveis por esse tipo de resduo lanado na natureza.Resduos atmicos: esse tipo de poluente contm istopos radioativos, um lixo atmico capaz de emitir radiaes ionizantes e altamente nocivas sade humana.TEXTO 2: (Referentes as aulas 2_3_4)PRINCIPAIS TIPOS DE IMPACTO AMBIENTALDisponvel em: http://geoblografia.blogspot.com.br/2010/10/principais-tipos-de-impacto-ambiental_22.htmlImpacto ambiental deve ser entendido como o efeito significativo no meio. Trata-se de desequilbrio provocado por um choque, um "trauma ecolgico", resultante da ao do homem sobre o ambiente. No entanto, pode ser resultado de acidentes naturais: a exploso de um vulco, o choque de um meteoro, um raio etc. Mas devemos dar cada vez mais ateno aos impactos causados pela ao do homem. Mas quem esse homem genrico, agente vago que muitas vezes responsabilizado por tudo? Quando dizemos que o homem causa os desequilbrios, obviamente estamos falando do sistema produtivo construdo pela humanidade ao longo de sua histria. Estamos falando particularmente do capitalismo.

Podemos diferenciar os impactos ambientais em escala local, regional e global. Podemos tambm separ-los naqueles ocorridos em um ecossistema natural, em um ecossistema agrcola ou em um sistema urbano, embora um impacto, primeira vista ocorrido em escala local, possa ter tambm consequncias em escala global. Por exemplo, a devastao de florestas tropicais por queimadas para a introduo de pastagens pode provocar desequilbrios nesse ecossistema natural: extino de espcies animais e vegetais, empobrecimento do solo, assoreamento dos rios, menor ndice pluviomtrico, etc., mas a emisso de gs carbnico como resultado da combusto das rvores vai colaborar para o aumento da concentrao desse gs na atmosfera, agravando o "efeito estufa". Assim, os impactos localizados, ao se somarem, acabam tendo um efeito tambm em escala global. Vejamos, a seguir, os principais impactos antrpicos.

Principais impactos ambientais ligados ao soloEroso na zona urbanaA eroso corresponde a uma parte do ciclo natural das paisagens e, em alguns casos, tambm h desmoronamento causado pela interao dos elementos da natureza. Contudo, com o aumento exponencial da populao, principalmente o ocorrido entre as dcadas de 60 e 80 (Brasil), e com a dinmica de migrao, constatou-se uma concentrao populacional urbana muito alm do que a infra-estrutura das cidades, sobretudo das capitais, pde suportar. Uma das principais consequncias so as moradias em locais inadequados, como encostas de morros. Para que haja a ento expanso urbana desordenada vastas reas de encostas so desmatadas. Estando o solo descoberto, a precipitao (chuvas) incide diretamente neste, removendo o material superficial e infiltrando subsuperficialmente, o que retira tambm os compostos de consistncia (argila, por exemplo) e, assim, desestrutura-o e causa deslizamentos.

A eroso urbana um dos principais problemas ambientais que afetam as cidades. Ela assume formas assustadoras, destruindo a infra-estrutura (ruas, guias, sarjetas, redes de gua e esgoto, etc.), causando assoreamento nos reservatrios e leito dos rios, e agravando mais as enchentes. A ocupao intensa dos terrenos prximos s eroses multiplica os riscos de acidentes. Alm disso, geralmente as grandes eroses (denominadas voorocas) se tornam reas de despejo de lixo, transformando em focos de doenas.

Agropecuria e erosoNo mbito rural, a eroso causada, principalmente, pelo inadequado manejo agrcola. Muitos trabalhadores rurais utilizam tcnicas arcaicas, como as queimadas da agricultura itinerante, que empobrecem o solo com a carbonizao excessiva e induzida. Outros usam, amplamente, adubos qumicos; estes, por sua vez, causam a expanso celular (as membranas ficam mais finas) dos vegetais cultivados e com isso aumentam muito o seu teor de gua, deixando o ambiente suscetvel a pragas. Alm disso, a maior parte dos componentes do adubo qumico so lixiviados para lagos, rios e lenis freticos, poluindo-os, ou permanecem um pouco mais de tempo no local onde foi colocado, reagindo em meio aquoso, interferindo na salinidade e modificando a estrutura fsico-qumica, o que facilita o transporte das partculas de solo. Alm disso, muitos cultivos so feitos em formas lineares que seguem o sentido da encosta ou declive, o que, juntamente com o arejamento, proporciona condies desfavorveis fixao do solo entre as linhas de cultivo, principalmente mediante as chuvas.

A pecuria, por sua vez, acelera ocreeping,que um movimento de massa laminar lento. O gado, por exemplo, ao pisotear encostas de colinas e morros, exerce presso suficiente para acelerar o movimento do solo e, com isso, intensificar a dinmica do relevo em reas por onde as guas so drenadas em maior quantidade, aumentando a instabilidade.

A retirada de vegetao para o uso e/ou ocupao, portanto, o principal fator determinante da eroso. Como exemplo, temos o assoreamento dos rios, que resultante da retirada da vegetao das margens (ciliar) para fins diversos (agricultura, moradia, ampliao do acesso), o que diminui a consistncia do solo, que tem suas partculas facilmente levadas pelo curso dgua, deixando-o raso e mais largo.

O combate erosoCom o objetivo de anular ou pelo menos minimizar os problemas causados pela eroso em reas agrcolas, foram desenvolvidas tcnicas.

-Terraceamento:consiste em fazer cortes formando degraus - os terraos - nas encostas das montanhas, o que, alm de possibilitar a expanso das reas agrcolas em pases montanhosos e populosos, dificulta, ao quebrar a velocidade de escoamento da gua, o processo erosivo. Essa tcnica muito comum em pases asiticos, como a China, o Japo, a Tailndia; o Nepal, etc.

-Curvas de nvel:esta tcnica consiste em arar o solo e depois fazer a semeadura seguindo as cotas altimtricas do terreno, o que por si s j reduz a velocidade de escoamento superficial da gua da chuva. Para reduzi-la ainda mais, comum a construo de obstculos no terreno, espcies de canaletas, com terra retirada dos prprios sulcos resultantes da arao. Com esse mtodo simples, a perda de solo agricultvel sensivelmente reduzida. O cultivo seguindo as curvas de nvel feito em terrenos com baixo declive, propcio a mecanizao. comum em pases desenvolvidos, onde a agricultura bastante mecanizada: Grandes Plancies, nos EUA e no Canad; plancie Champagne, na Frana; Grande Bacia Australiana, etc.

-Associao de culturas:em cultivos que deixam boa parte do solo exposto eroso (algodo, caf, etc.), comum plantar, entre uma fileira e outra, espcies leguminosas (feijo, por exemplo), que recobrem bem o terreno. Essa tcnica, alm de evitar a eroso, garante o equilbrio orgnico do solo.

Poluio: lixo nos solosCom o aumento da industrializao, as fbricas comearam a produzir objetos de consumo em larga escala, aumentando consideravelmente o volume e a diversidade de resduos gerados. Ao mesmo tempo, o crescimento acelerado das cidades fez com que as reas disponveis para colocar o lixo se tornassem escassas. A sujeira acumulada no ambiente aumentou a poluio do solo, das guas e piorou as condies de sade das populaes.

Hoje, no Brasil, so produzidas cerca de 80.000 toneladas de lixo por dia. Dessa quantidade enorme, apenas 42.000 toneladas so coletadas; o resto jogado em terrenos baldios, rios, enterrado, queimado etc. Apenas a cidade de So Paulo produz cerca de 12.000 toneladas de lixo por dia. Atualmente, a maior parte desse lixo coletado depositada em aterros, "lixes" que nem sempre obedecem aos padres de segurana e higiene, compondo de modo indesejado a paisagem e gerando mau-cheiro, presena de animais nocivos e doenas. Isso leva na verdade a dois problemas principais o tratamento dessa enorme quantidade de lixo e o desperdcio de recursos naturais. Uma direo para lidarmos com o lixo dada pela reduo e reciclagem.

O chorume, lquido escuro resultante do apodrecimento de diversas massas orgnicas juntamente com suas substncias lquidas e at metais pesados, quando no drenados adequadamente apodrecem o solo, tornando-o improdutivo (em caso de poluentes mais fortes) ou indevidamente produtivos (contaminando uma vasta rea de produo). Enquanto parte do composto do chorume fica retida no solo, causando reaes qumicas que prejudicam o ecossistema, grande parte percola at o lenol fretico e at mesmo cursos dgua superficiais, causando um ciclo de contaminao do solo, uma vez que muitos agricultores utilizam gua de poos e corpos dgua mais prximos cultura, para a irrigao.

Poluio com agrotxicosA padronizao dos cultivos, ou seja, o plantio de uma nica espcie em grandes extenses de terra - nos EUA, por exemplo, h a predominncia de determinada cultura em algumas regies do pas, definindo os cintures (belts) do trigo (wheat-belt), do milho (corn belt), do algodo (cotton belt) etc. tem causado desequilbrios nas cadeias alimentares preexistentes, favorecendo a proliferao de vrios insetos, que se tornaram verdadeiras pragas com o desaparecimento de seus predadores naturais: pssaros, aranhas, cobras etc. Por outro lado, a macia utilizao de agrotxicos, na tentativa de controlar tais insetos, tem levado, por seleo natural (quando s se reproduzem os elementos imunes ao veneno), proliferao de linhagens resistentes, forando a aplicao de inseticidas cada vez mais potentes. Isso, alm de causar doenas nas pessoas que manipulam e aplicam esses venenos e naquelas que consomem os alimentos contaminados, tem agravado a poluio dos solos. A utilizao indiscriminada de agrotxicos tem acelerado a contaminao do solo, empobrecendo-o, ao impedir a proliferao de microorganismos fundamentais para a sua fertilidade.

Principais impactos ambientais ligados vegetaoAs florestas so o habitat mais rico e diversificado do planeta. Entretanto, so elas as maiores vtimas do "progresso". Desde o incio de sua ocupao, o Brasil enfrenta o problema dos desmatamentos. O desmatamento contribui para o esgotamento das fontes de gua natural, deixa o solo sem proteo, interfere na fauna, destri espcies da flora, contribui para a poluio da gua, do ar, das chuvas cidas e do efeito estufa.

O desmatamento da vegetao brasileira teve incio no sculo XVI, resultante da chegada dos portugueses e seus interesses no lucro com espcimes da Mata Atlntica, em especial com a venda de pau-brasil na Europa. Desde ento, o desmatamento tem sido uma constante. Depois da Mata Atlntica foi a vez da floresta Amaznica sofrer as consequncias da derrubada. Em busca de madeiras de lei como o mogno, por exemplo, empresas madeireiras se instalaram na regio amaznica para fazer a explorao ilegal. Embora os casos da floresta Amaznica e da mata Atlntica sejam os mais problemticos, os desmatamentos ocorrem em diversos biomas do pas. Alm da derrubada predatria para fins econmicos, outra forma de atuao do homem tem provocado o desmatamento: as frentes agrcolas. Neste caso, os agricultores derrubam quilmetros de vegetao para o plantio. A soja um dos principais produtos que, no Brasil, teve seu cultivo entreposto no bioma de cerrado, devastando-o, e expande suas fronteiras agrcolas em direo Amaznia.

O crescimento das cidades tambm tem provocado a diminuio das reas verdes. O crescimento populacional e o desenvolvimento das indstrias demandam reas amplas nas cidades e arredores. reas enormes de matas so derrubadas para a construo de condomnios residenciais e polos industriais. Rodovias tambm seguem neste sentido: cruzando o Brasil podemos perceber que os projetos rodovirios provocam a derrubada de grandes faixas verdes.

Da mata Atlntica do Brasil s restam 8%.

Porm, o desmatamento no um problema exclusivo do Brasil, entretanto mundial. Nos pases em desenvolvimento, principalmente os asiticos como a China, quase toda a cobertura vegetal foi explorada. Os Estados Unidos e a Rssia tambm destruram suas florestas, restando, na maioria das ocorrncias, reas de preservao isoladas e projetos de reflorestamento.

As principais causas so, portanto,a extrao da madeira para construo civil, explorao agropecuria (monocultura e grandes latifndios) e industrial, comercializao inadequada de madeira, falta de conscincia, falta de controle e manuseio de reas e demanda por carvo, madeira, que um forte fomento para este ciclo.

As queimadas tambm representam grande ameaa flora e fauna. A prtica de realizar queimada promove uma srie de problemas de ordem ambiental, tal fato tem ocorrido em diferentes pontos do planeta, os pases subdesenvolvidos so os que mais utilizam esse tipo de recurso.

As queimadas so mais frequentes em reas rurais que praticam tcnicas rudimentares de preparo da terra, quando existe uma rea na qual se pretende cultivar, o pequeno produtor queima a vegetao para limpar o local e preparar o solo, esse recurso no requer investimentos financeiros.

Do ponto de vista agrcola, o ato de queimar reas para o desenvolvimento da agricultura uma ao totalmente negativa, uma vez que o solo perde nutrientes, alm de exterminar todos os microrganismos presentes no mesmo que garante a fertilidade, dessa forma, a fina camada da superfcie fica empobrecida e ao decorrer de consecutivos plantios a situao se agrava gradativamente resultando na infertilidade.

Outra questo que deriva das queimadas o aquecimento global, pois a prtica a segunda causa do processo, ficando atrs somente da emisso de gases provenientes de veculos automotores movidos a combustveis fsseis. Isso acontece porque as queimadas produzem dixido de carbono que atinge a atmosfera agravando o efeito estufa e automaticamente o aquecimento global.

As queimadas praticadas para retirar a cobertura vegetal original para o desenvolvimento agrcola e pecuria provocam uma grande perda de seres vivos da fauna e da flora, promovendo um profundo desequilbrio ambiental, s vezes em nveis sem precedentes.No caso especfico do Brasil, as queimadas tem sido responsveis pela diminuio de importantes domnios brasileiros, principalmente a floresta Amaznica e o Cerrado, duas reas intensamente exploradas pela agropecuria, o segundo o mais agredido, pois segundo estimativas restam menos de 20% da vegetao original, pois o restante j foi ocupado por lavouras e pastagens e o primeiro nos ltimos anos tem atrado muitos produtores, isso certamente causar grandes impactos em uma das reas mais importantes do mundo e que deve ser conservada para as prximas geraes.

Ento, as principais causas das queimadas so: de ordem histrica e cultural, mau hbito de colocar fogo em lixo, terrenos baldios, reas de crregos e margens de rodovias; especulao econmica vinculada ao aumento da monocultura; negligncia, falta de fiscalizao e impunidade.

Como possveis solues, essencial que se cumpra, simultaneamente: o respeito legislao existente; incentivar aes visando o uso sustentvel e a compensao para proteo de reas de interesse ambiental; implantar programas permanentes de educao ambiental; pesquisar e divulgar alternativas; instrumentalizar instituies para o combate s queimadas; capacitar os limpadores de terreno; e manter mecanismos de comunicao formal e informal, para um combate eficiente.

As consequncias das interferncias na vegetao so drsticas, como nos diversos componentes do ecossistema global, sendo que esta possui relaes intrnsecas de causa e consequncia bastante perceptveis, que servem como indicadores ambientais. A primeira consequncia do desmatamento a destruio da biodiversidade, como resultado da diminuio ou, muitas vezes, da extino de espcies vegetais e animais. As florestas tropicais tm uma enorme biodiversidade e um incalculvel valor para as futuras geraes. Muitas espcies que podem ser a chave para a cura de doenas, usadas na alimentao ou como novas matrias-primas, so totalmente desconhecidas do homem urbano-industrial e correm o risco de serem destrudas antes mesmo de conhecidas e estudadas. Esse patrimnio gentico bastante conhecido pelas vrias naes indgenas que habitam as florestas tropicais, notadamente a Amaznia. Mas essas comunidades nativas tambm esto sofrendo um processo de genocdio e etnocdio que tem levado perda de seu patrimnio cultural, dificultando, portanto, o acesso aos seus conhecimentos.

Um efeito muito srio, local e regional, do desmatamento o agravamento dos processos erosivos. A eroso um fenmeno natural, que absorvido pelos ecossistemas sem nenhum tipo de desequilbrio. Em uma floresta, as rvores servem de anteparo para as gotas das chuvas, que escorrem pelos seus troncos, infiltrando-se no subsolo. Alm de diminuir a velocidade de escoamento superficial, as rvores evitam o impacto direto das chuvas como o solo e suas razes ajudam a ret-lo, evitando a sua desagregao. A retirada da cobertura vegetal expe o solo ao impacto das chuvas. As conseqncias dessa interferncia humana so vrias:

- aumento do processo erosivo, o que leva a um empobrecimento dos solos, como resultado da retirada de sua camada superficial e, muitas vezes, acaba inviabilizando a agricultura;

- assoreamento de rios e lagos, como resultado da elevao da sedimentao, que provoca desequilbrios nesses ecossistemas aquticos, alm de causar enchentes e, muitas vezes, trazer dificuldades para a navegao;

- extino de nascentes: o rebaixamento do lenol fretico, resultante da menor infiltrao da gua das chuvas no subsolo, muitas vezes pode provocar problemas de abastecimento de gua nas cidades e na agricultura;

- diminuio dos ndices pluviomtricos, em conseqncia do fenmeno descrito acima, mas tambm do fim da evapotranspirao. Estima-se que metade das chuvas cadas sobre as florestas tropicais so resultantes da evapotranspirao, ou seja, da troca de gua da floresta com a atmosfera;

- elevao das temperaturas locais e regionais, como conseqncia da maior irradiao de calor para a atmosfera a partir do solo exposto. Boa parte da energia solar absorvida pela floresta para o processo de fotossntese e evapotranspirao. Sem a floresta, quase toda essa energia devolvida para a atmosfera em forma de calor, elevando as temperaturas mdias;

- agravamento dos processos de desertificao, devido combinao de todos os fenmenos at agora descritos: diminuio das chuvas, elevao das temperaturas, empobrecimento dos solos e, portanto, acentuada diminuio da biodiversidade;

- reduo ou fim das atividades extrativas vegetais, muitas vezes de alto valor socioeconmico. importante, a preservao da floresta, que pode ser explorada de forma sustentvel, do que sua substituio por outra atividade qualquer;

- proliferao de pragas e doenas, como resultado de desequilbrios nas cadeias alimentares. Algumas espcies, geralmente insetos, antes em nenhuma nocividade, passam a proliferar exponencialmente com a eliminao de seus predadores, causando graves prejuzos, principalmente para a agricultura.

Alm desses impactos locais e regionais da devastao das florestas, h tambm um perigoso impacto em escala global. A queima das florestas, seja em incndios criminosos, seja na forma de lenha ou carvo vegetal para vrios fins (alis, a queima de carvo vegetal vem aumentando muito na Amaznia brasileira, como resultado da disseminao de usinas de produo de ferro gusa, principalmente no Par), tem colaborado para aumentar para aumentar a concentrao de gs carbnico na atmosfera. importante lembrar que esse gs um dos principais responsveis pelo efeito estufa.

Principais impactos ambientais ligados gua

As atividades humanas que causam impactos na qualidade das guas so: atividades industriais;

urbanizao e despejos de guas resi-durias no tratadas;

atividades agrcolas;

remoo de biomassa de rios, lagos, represas;

navegao;

recreao;

turismo;

introduo de espcies exticas;

remoo de espcies de importncia nos ciclos e redes alimentares em rios, lagos e represas;

remoo da cobertura vegetal;

minerao;

construo de diques e canais;

construo de represas;

drenagem de reas alagadas;

despejo de poluentes no ar;

padro geral do consumo humano;

despejos de resduos slidos, industriais e domsticos em reas urbanasPoluio de rios e lagosO processo de poluio dos rios e lagos se deve quantidade de alimentos lanados nas guas. Os esgotos domsticos, muitos tipos de resduos industriais, os dejetos agrcolas e especialmente os pecurios, so constitudos preponderantemente de matria orgnica, elemento que serve de alimento aos seres aquticos, sejam peixes, sejam bentos, plncton, bactrias, etc.

O meio aqutico precisa de alimento, porm o excesso gera poluio. O mesmo alimento que vai fazer proliferar todos os segmentos da vida aqutica, resultar em uma enorme taxa de consumo de oxignio. O consumo de oxignio no ambiente ser maior que seu fornecimento, que nas guas vm atravs da superfcie (ventos e principalmente chuvas), e pela produo fotossinttica das plantas aquticas. Muitas vezes a quantidade de matria orgnica lanada turva a gua a ponto de impedir, pelo sombreamento, a atividade fotossinttica. Quando a taxa de oxignio do meio, chega a nveis mnimos, a vida que dele depende, desaparece.

Assim, quanto maior o volume de matria orgnica esgotos for lanado em um corpo dgua, maior ser o consumo (demanda) de oxignio usado na respirao dos seres aquticos (em especial, das bactrias decompositoras). Como esta demanda (consumo) resultado de uma atividade biolgica ou bioqumica, diz-se que houve uma Demanda Bioqumica de Oxignio DBO, cujo valor medido a partir do volume ou concentrao assimilvel da matria orgnica, pelas bactrias aerbicas, ou seja, das que necessitam do oxignio em seu metabolismo.

A ao destas bactrias na degradao da matria orgnica produz gs carbnico resultante da oxidao (perda de eltrons) e gua, resultante da reduo do oxignio (ganho de eltrons). Quando todo o oxignio se extingue, as bactrias e outros seres que dependem do oxignio para a respirao tambm so extintos e em seu lugar surgem outros seres microscpicos capazes de se alimentar e respirar na ausncia do oxignio. Estas bactrias so chamadas anaerbicas.

Tanto a atividade aerbica quanto a anaerbica chamada de decomposio. So realizadas por microorganismos em seus processos naturais de nutrio e respirao, usando a matria orgnica como fonte de energia e matria prima para formao de suas clulas.

Assim, para evitar que um produto entre em decomposio, cria-se condies desfavorveis proliferao dos microorganismos decompositores. Os meios para isto so conhecidos: aquecimento, resfriamento, dessecamento e uso de substncias txicas. H ambientes na Terra desfavorveis atividade bacteriana: nas zonas glaciais, animais pr-histricos congelados se mantm inteiros; nas regies extremamente ridas, os animais mortos desidratam sem apodrecer.

Como consequncia desse tipo de poluio, temos a perda da biodiversidade e a propagao de diversas doenas, seja pelo consumo da gua, pela utilizao na agricultura ou, simplesmente, pela proximidade da moradia, principalmente em reas sem saneamento bsico.

Impactos nos oceanos e maresMais de 40% da superfcie ocenica est sob forte presso das atividades antrpicas e correm o srio risco de se transformar em desertos biolgicos. Os estudos mostraram que os oceanos apresentam mais de 400 zonas mortas, com baixo nvel de oxignio na gua e pouca ou nenhuma vida marinha.

Dentre as causas da poluio marinha esto enorme despejo de esgoto no-tratado e de efluentes industriais, sem qualquer preocupao com as possveis consequncias.Oitenta e cinco por cento (85%) dos bilhes de toneladas de material poluente despejados anualmente nos oceanos provm dos continentes. Noventa por cento desse material permanece na rea costeira, criando srios problemas ambientais e de sade.

Em todo o mundo, grande quantidade de esgoto domstico despejada no mar, mas somente uma parte previamente tratada. O oxignio e as bactrias do mar ajudam bastante a neutralizar o esgoto, tornando-o menos ofensivo e permitindo que seja usado por animais e plantas, afinal, o mar est cheio de detritos que os animais produzem o tempo todo. Porm, a quantidade que lanada muito superior sustentvel. O grande problema de tratar a gua do esgoto que um processo que custa caro.

Muitas cidades urbanas so densamente habitadas e possuem indstrias pesadas. Uma grande quantidade de despejos industriais lanada diretamente no mar ou chega at ele atravs dos rios nos quais despejada. Enquanto o esgoto domstico orgnico e pode ser reciclado pelo mar, grande parte do esgoto industrial inorgnica, no se decompondo facilmente. Gradualmente, esses dois tipos de esgotos se somam, causando cada vez mais poluio. Mais de 100 mil produtos qumicos diferentes tm como destino final o mar e, com frequncia. A maior parte permanece nas guas costeiras, porm, como o oceano um vasto sistema mvel, os compostos qumicos vo lentamente se espalhando por ele.

Alm disso, at a chuva que cai no mar, compondo o ciclo hidrolgico, contaminada com poluentes atmosfricos oriundos das chamins das fbricas, das unidades de aquecimento central e dos escapamentos dos veculos.

Estima-se que a populao de peixes grandes e mais lucrativos para a atividade da pesca comercial, como o atum, o marlin e as espcies de bacalhau, tenha diminudo em at 90% no ltimo sculo. Mais de 70% dos recursos pesqueiros esto esgotados ou j excederam seu limite sustentvel. No Brasil, entre as espcies martimas mais ameaadas esto os caes e os meros, a sardinha e as lagostas, que, no passado, eram mais frequentes no litoral nordestinos. A pesca excessiva e a destruio dos manguezais, nos quais se localizam algumas das principais fontes mais importante de alimento dos peixes, bem como representam berrios, esto entre as causas da perda de espcies brasileiras, mas no so as nicas. O problema do empobrecimento da biodiversidade no afeta apenas os ambientes marinhos, visto que a interferncia do homem causa a perda de espcies, bem mais rapidamente do que em outras pocas, em todos os ambientes de sua abrangncia.

O desastre ecolgico no Golfo do MxicoCom uma superfcie aproximada de 1.550.000 km, o Golfo do Mxico o maior Golfo do mundo. composto por trechos dos continentes da Amrica do Norte e Central. Banha os estados mexicanos de Tamaulipas, Veracruz, Tabasco, Campeche, Lunato e Quintana Roo; no territrio norte-americano banha os estados da Flrida, Alabama, Mississipi, Louisiana e Texas; e ainda banha a costa sudeste de Cuba. Atravs do Estreito da Flrida, encontra-se conectado ao oceano Atlntico e, pelo Canal de Yucatn ao mar do Caribe. A Baa de Campeche, pertencente ao Mxico, a maior do golfo, que ainda recebe o delta do rio Mississipi.

O Golfo do Mxico rico em petrleo, mais notadamente a oeste. Alm da extrao do ouro negro, h atividades econmicas referentes pesca, indstria naval, indstria petroqumica, fabricao de papel e turismo. As principais cidades costeiras dos EUA so Tampa, Pensacola, Nova Orleans, Houston; do Mxico so Veracruz e Mrida; e Havana, capital de Cuba.

Em 20 de abril de 2010, no Golfo do Mxico, ocorreu o maior desastre ecolgico dos Estados Unidos, referente a uma das principais e mais graves causas de poluio das guas.

Uma plataforma de petrleo da empresa britnica Beyond Petroleum (Alm do Petrleo, BP, ex- British Petroleum), localizada a cerca de 80 km do litoral do estado de Louisiana, explodiu e, por uma falha no sistema de segurana, deixou aberta a tampa do poo de onde era extrado o petrleo, a 1,5 quilmetro de profundidade. Dois meses aps a exploso, especialistas do governo americano estimavam que o leo jorrava a uma mdia diria de at 60 mil barris. difcil mensurar os danos ao meio ambiente. O leo e os dispersantes (detergentes utilizados para tornar menor as partculas do leo de modo que ele se dilua na gua e possa ser digerido pelas bactrias marinhas) podero afetar gravemente cerca de 2 mil espcies que vivem nas guas profundas. Na superfcie, os estados mais afetados foram o Mississipi, Alabama, Louisiana e Flrida. Na Louisiana, que possui 40%dos pntanos e mangues norte-americanos, o governo identificou 210 espcies de pssaros, rpteis, anfbios e mamferos afetados pelo vazamento.

O relatrio em que a BP compilou as concluses das investigaes ao acidente que provocou o maior derrame da histria dos Estados Unidos, cita mais de 8 erros ou falhas e distribui a culpa do acidente pelos seus engenheiros e duas empresas com que trabalhava na explorao. As falhas comearam com a cimentao do poo, pela qual estava responsvel a Halliburton e continuaram de seguida, com a interpretao errada da leitura de um teste de presso, pelos responsveis da BP e da Transocean, dona do poo, segundo a Bloomberg que cita o sumrio executivo do relatrio divulgado pela BP.

A Transocean era a dona do poo e estava responsvel pela sua perfurao, enquanto a BP, que lhe alugou a sua explorao, supervisionava as operaes e a Halliburton era responsvel por forrar o interior do poo com cimento.

O relatrio concluiu ainda que os responsveis da BP, que se encontravam no poo, interpretaram de forma errada um relatrio de estabilidade do poo feito a 20 de Abril, dia da exploso e procederam a substituio do fludo da perfurao.

A substituio do fluido, que mais pesado do que gs natural e petrleo, por gua do mar, permitiu que uma infiltrao de gs natural no poo, provocasse a exploso em que morreram 11 pessoas e que provocou um derrame que durou 87 dias e que provocou uma desvalorizao de 38% das aes da BP, bem como centenas de processos de compensao de pessoas cuja atividade profissional dependia do Golfo do Mxico.

Portanto, a poluio das guas por petrleo causa grandes desastres ecolgicos porque esta substncia no permite, ou reduz significativamente, que a luz do Sol penetre na gua, inviabilizando o processo de fotossntese da vegetao aqutica. Sem oxignio e alimento, a morte dos peixes, em grande escala, inevitvel. Alguns animais morrem impregnados no leo, por asfixia.

As aves que se alimentam de peixe tambm acabam morrendo ou acabam contaminando os demais animais da sua cadeia alimentar. Suas penas, que servem para manter o corpo aquecido nas pocas de frio, criando uma espcie de 'colcho' de ar quente quando arrepiadas, com o leo perdem essa funo, causando-lhes a morte pelo frio.

Todo o ecossistema aqutico da regio e de grande extenso dos arredores fica comprometido. As regies costeiras atingidas, alm dos prejuzos ambientais, acabam sofrendo perdas muitas vezes irreparveis nas suas atividades econmicas, sendo diretamente atingidas as atividades de pesca e de turismo e indiretamente todas as demais atividades.

O derramamento de petrleo considerado um dos maiores e mais graves desastres ecolgicos. Os ecossistemas locais, quando afetados, s conseguem se recompor aps dezenas de anos, desde que sejam 'limpos' rapidamente e desde que no haja mais nenhum outro problema srio nesse longo perodo.

O desastre ecolgico do mar de AralO mar de Aral est localizado na fronteira entre o Cazaquisto e Uzbequisto (sia Central). Sofreu um dos mais graves casos de impacto ambiental no mundo. Nos ltimos 40 anos suas guas foram diminuindo at perder 90% do volume inicial de gua, de 1,1 mil quilmetros cbicos.Na origem do problema est a poltica da ex-Unio Sovitica de drenar as guas dos principais rios que desguam no mar de Aral o Amu Daria e o Sir Daria para a irrigao mal planejada de extensas reas agrcolas, para o cultivo, principalmente, de algodo, numa corrida desenfreada por uma demonstrao de auto-suficincia econmica. Entre outras consequncias, o recuo do imenso lago salgado ampliou as reas desrticas e diminuiu drasticamente a flora e a fauna locais.

O Mar de Aral, um lago terminal alimentado por dois rios principais, (Sir Daria e Amu Daria) forma uma fronteira natural entre o Cazaquisto e o Uzbequisto. Era o quarto maior lago mundial em 1960; hoje, est em vias de desaparecer num pequeno e sujo poo. A destruio do Mar de Aral um exemplo de como uma tragdia ambiental e humanitria pode ameaar rapidamente toda uma regio. Tal destruio constitui um caso clssico de desenvolvimento no-sustentado. Vale a pena estud-lo, pois, de certa forma, prefigura o que poder acontecer a nvel planetrio se a humanidade continua a desperdiar recursos finitos como a gua.

O mar de Aral e toda a bacia do lago ganhou notoriedade mundial como uma das maiores degradaes ambientais do Sculo XX causadas pelo homem. A Unio Geogrfica Internacional destacou a bacia Aral, nos comeos dos anos 90, como uma das zonas crticas da terra (Kasperson, 1995). tambm referida como a Chernobyl Calada, uma catstrofe silenciosa que evoluiu lentamente, quase imperceptivelmente, ao longo das ltimas dcadas (Glantz e Zonn, 1991). A reduo do mar de Aral, captou a ateno e o interesse de governos, organizaes ambientais e de desenvolvimento, leigos e comunicao social nos ltimos anos em todo o mundo (Ellis, 1990). A partir de meados dos anos 80, quando os soviticos abriram as portas ao abrigo da poltica de glasnost (abertura), a situao do Mar de Aral ganhou a fama, junto de muitos observadores estrangeiros, de uma calamidade ambiental (Glantz, 1998). Desde ento que os cientistas tm vindo a exigir muito mais energicamente a salvao do Mar de Aral. Infelizmente, por essa altura, j o Mar de Aral estava reduzido a um tero do seu tamanho original. Apesar de ser novamente motivo da comunicao social mundial, e debatido, com uma nova abertura na Unio Sovitica, era uma situao de crise conhecida que estava na agenda dos polticos da Federao por mais de 30 anos.

O Mar de Aral fica situado a aproximadamente 600 km do Mar Cspio. Costumava haver nele mais de 1.100 ilhas, separadas por lagoas e estreitos apertados, que deram ao mar o seu nome; na lngua cazaque, Aral significa 'ilha'. No presente, a Kok Aral, a maior de todas as ilhas ( agora uma pennsula) dispersas pelo Mar de Aral, separa a parte nordeste, chamada Pequeno Aral, da parte sudoeste, chamada o Grande Aral. Esta forma a fronteira natural entre Casaquisto e Uzbequisto, que partilham entre si o lago. As duas partes esto ligadas pelo estreito de Berg.

Embora seja chamado um mar, na realidade um lago terminal, alimentado por dois rios principais: Sir Daria, no norte, e Amu Daria, no sul. Este ltimo, o maior rio da regio, comea nas montanhas de Kunlun na cordilheira Hindu Cushe, dirige-se para noroeste atravs dos Montes Pamir e depois passa pelo Quirguisto, Tadjiquisto, Uzbequisto (que forma fronteira com o Afeganisto), Turcomenisto, e volta a passar por Uzbequisto antes de entrar no Mar de Aral.

O Sir Daria que comea na base norte das montanhas Tien Shan no Quirguisto, corre atravs de Tadjiquisto, Uzbequisto, Cazaquisto e depois entra no Mar de Aral. Por conseguinte, embora o Mar de Aral se situe entre Uzbequisto e Cazaquisto, todos os cinco estados da sia Central compartilham a bacia do Mar de Aral, uma rea de 690 mil quilmetros quadrados. Os caudais destes dois sistemas fluviais perenes sustentavam um nvel estvel no Mar de Aral.

Ao longo dos sculos, cerca de metade do caudal dos dois rios alcanou o mar de Aral. Um vasto delta sustentava uma prolfica atividade pesqueira. No lago, encontrava-se uma variedade de espcies de peixes que eram pescados, incluindo certas espcies que s existiam no mar de Aral, entre eles o famosoesturjo de Aral. As suas guas alimentavam indstrias de pesca locais com capturas superiores a 40 mil toneladas anuais, enquanto os deltas dos seus principais afluentes abrigavam dezenas de lagos menores e terrenos alagadios de grande riqueza biolgica. Florestas cerradas de juncos e canas, algumas vezes estendendo-se vrios quilmetros em direo ao mar, rodeavam as margens do lago. volta do lago e no delta fluvial, viviam grandes populaes de saikas (antlopes), javalis selvagens, lobos, raposas, almscares, perus, gansos e patos. O mar Aral era como um grande osis no deserto. Durante muitos sculos, as estepes e as regies semiridas abrigaram vrios grupos tnicos. Antes da chegada da Rssia Imperial, a populao que vivia na rea do mar de Aral era, predominantemente, nmade. Este modo de vida era, at certo ponto, essencial, devido s condies de desertificao ambiental. O clima fortemente continental e a paisagem do tipo semi-rida. A precipitao anual de cerca de 200 mm. elevado o grau de dificuldade da prtica de agricultura com esta quantidade de chuva. Somente na zona perto dos dois rios era favorvel a praticar agricultura e por esse motivo, as pessoas que estavam afastadas das margens dos rios, viviam unicamente da criao de gado.

A primeira tarefa do governo imperial russo foi fixar a populao em comunidades agrcolas. Perceberam que uma terra seria boa para agricultura se houvesse gua disponvel. No final do sculo XIX, cultivou-se algodo a uma relativamente larga escala quando se introduziram novas tecnologias de irrigao.Foram abertos canais para facilitar o processo de irrigao e uma boa proporo da produo agrcola da sia Central estava completamente dependente da irrigao.Nos anos que se seguiram Revoluo Bolchevique cresceu o interesse na irrigao dos territrios da sia Central. A rea irrigada foi extensivamente desenvolvida no comeo da dcada de 1920, pois os soviticos da altura (bolcheviques) estavam interessados em aumentar a produo do algodo. Em 1918, Lnin emitiu uma proclamao pedindo mais algodo do Turquesto. Para alm disto, pretendiam tambm controlar a populao rural. Nos finais dos anos 30, sob o comando de Stlin, o ministro sovitico da gua iniciou um projeto macio de desvio da gua a fim de irrigar as estepes do Uzbequisto, Cazaquisto e Turquesto para os preparar para a cultura do algodo.O primeiro grande projeto de irrigao iniciou a operao em 1939 com a construo do canal que rodeava o Vale de Ferghana no Uzbequisto. A caminho dos finais dos anos 40, grandes quantidades de gua do Rio Sir Daria foram desviadas para fins agrcolas para Kizil-Orda no Cazaquisto e para uma zona perto de Tashkent no Uzbequisto. A produo agrcola ao longo do Sir Daria foi preparada e iniciada, com trgicas consequncias para a cultura cazaque.

Como j citado, de forma introdutria, os principais impactos no Mar de Aral so:

a) Desertificao:Conforme j foi descrito, a culpa da catastrfica dissecao do mar de Aral atribuda aos colossais projetos de irrigao na sia central durante o tempo dos sovietes. Como o nvel do Mar de Aral desceu de 53 metros acima do nvel do mar para 36 metros, a rea da sua superfcie encolheu para metade e o seu volume para trs- quartos. A concentrao salina duplicou. Em resultado disto, em complemento da queda dos nveis de gua, a grande quantidade de terras irrigadas comeou, a dada altura, a reduzir a sua produtividade devido salinidade. Este fenmeno tem o nome de desertificao do Mar de Aral. A maioria das partes do fundo seco do lago est coberta de depsitos de bilhes de toneladas de sais txicos, trazidos para ali ao longo de dcadas por guas infiltradas nos rios atravs dos campos. A rea do fundo seco do lago, conhecida localmente por deserto de Aralkum, tem agora cerca de 40.300 quilmetros quadrados.

Durante o regime sovitico, grandes reas desta regio foram utilizadas como centros militares e espaciais e, desta forma, agravou-se o problema, pois o sal est poludo por qumicos. O vento soprando do lago,apanha o sal poludo pelos qumicos no leito exposto e leva-o para campos de cultura mdia de 75 milhes de toneladas anuais, cobrindo faixas de 40 km de largura e destruindo solos a milhares de quilmetros de distncia (Sinnot, 1992). Esses sais podem destruir as colheitas de algodo logo no comeo do perodo de vegetao. Para retirar o sal do solo necessrio regar continuamente a terra durante um perodo longo de tempo. Este processo requer ainda mais gua fresca, o que significa mais desvios das guas fluviais e, desta maneira, isto forma uma espcie de crculo vicioso.

Por conseguinte, deserto e reas arenosas aumentam pelo impacto do vento e mais desertificao criada. A Academia das Cincias Uzbeque afirma que um novo deserto a sul e a leste do Mar de Aral j se expandiu para 5 milhes de hectares. Isto muitas vezes referido ironicamente como 'deserto branco' por que os colectores de sal txico esto incrustados na sua superfcie depois de se misturarem com Karakum (deserto negro) e Kyzylkum (deserto vermelho) que rodeiam o Mar de Aral. O enorme deserto de areia branca brilhante, que soprada para terrenos agrcolas, contamina a terra e obriga os agricultores a compensarem a produo enfraquecida pondo mais pesticidas e fertilizantes na terra, envenenando-a ainda mais.

Cansao dos solos e salinidade foram exacerbados pelo uso macio de fertilizantes e pesticidas (Kekacewicz, 2000). O escoamento do sal, para alm de diminuir reas utilizveis para a agricultura, destroi pastagens e, portanto, provoca carncia de forragens para os animais. A produtividade das pastagens diminuiu para metade e a destruio da vegetao dos prados diminuiu 10 vezes a produtividade dos prados.

b) Destruio do ecossistema dos peixes:Antes de 1960 a pesca era um negcio em expanso. Uma indstria de pesca que fora prspera no passado, ficou afetada desfavoravelmente pelas quantidades crescentes de poluentes que entravam no Mar de Aral vindos dos rios, adicionado ao fato de nos ltimos 30 anos mais de 60% do lago ter desaparecido. Em consequncia disso, comearam a aumentar as concentraes de sais e minerais na contrada massa de gua. A salinidade da gua do Mar de Aral aumentou ao ponto de muitas das suas zonas terem a mesma salinidade do oceano. Esta alterao qumica provocou mudanas espantosas na ecologia do lago, causando rpidas baixas na populao pisccola do Mar de Aral. O contedo mineral na gua aumentou quatro vezes atingindo 40g/litro, impedindo a sobrevivncia da maioria dos peixes e da fauna selvagem do lago. O peixe quase que desapareceu todo do que resta do lago, deixando milhares de pessoas sem meios de subsistncia. Quando o Aral comeou rapidamente a encolher, os barcos de pesca e as suas tripulaes ficaram encalhados, algumas vezes a dezenas de quilmetros das antigas margens. Toda a pesca comercial terminou em 1982, sendo as capturas atuais insignificantes, e comunidades piscatrias inteiras esto agora desempregadas. A perda de produtividade provocou um colapso na indstria piscatria e desemprego neste sector. Em 1960, foram capturadas 43.430 toneladas de peixe no lago, caindo para 17 mil toneladas em 1970, zero toneladas em 1980, e mantendo-se a situao at hoje (Letolle e Mainguet).

Dois portos importantes, Aralsk e Moynaq, floresceram como centros piscatrios. O porto de Aralsk, situado a norte do Pequeno Aral no Cazaquisto era uma cidade bem organizada, com um estaleiro naval, uma indstria de pesca e um servio de ferry. No estaleiro construam-se barcos de 50 a 500 toneladas para transporte de carga e pesca no mar de Aral. A estao ferroviria de Aralsk , situada na linha de Moscovo a Tashkent e Almaty, era a ligao ferroviria mais importante da sia central. As cargas chegadas por via frrea costumavam ser transferidas para os barcos e transportadas para sul, para o porto de Moynaq, em Karakalpaquisto, no Uzbequisto.Em 1975, a pesca terminou no Pequeno Aral e Aralsk passou a ser um porto sem porto. Parou o servio de balsa, a salinidade dos charcos aumentou, a caa diminuiu e o clima comeou a sofrer alteraes, entre outras razes por as grandes florestas de juncos e canios terem desaparecido quando a gua recolheu. Para que se mantivesse o emprego na indstria de pesca, introduziram peixe congelado oriundo de outras partes da Unio Sovitica, como o Mar Bltico, Mar Branco e Oceano Pacfico. Este processo cessou com a desintegrao da Federao.

Moynaq, situada na margem sul do Aral, alm de ser um centro de indstria piscatria fora em tempos uma popular estncia balnear. No possvel imaginar o tempo em que esta cidade era um prspero local de veraneio. Multides de turistas soviticos juntavam-se em Moynaq para apanhar sol nas antigas praias e para nadar nas guas do Aral, famosas por curar doenas de pele. Crianas de cidades longnquas chegavam aos campos de vero para respirar o ar do mar e comer peixe fresco. Hoje em dia, Moynaq abrange com o olhar uma cintilante planura salgada, agora um cemitrio de cascos enferrujados de barcos de pesca encalhados. O mar est a quilmetros de distncia do passeio beira-mar e no se v a olho nu.

Esta situao no foi como uma consequncia de um raio cado do cu. Desde 1970 que este assunto era amplamente discutido em crculos governamentais. Em 1977, a conferncia sovitica sobre o impacto ambiental de uma diminuio no nvel do Mar de Aral, uma comunicao preparada por dois cientistas da Repblica de Uzbeque, anunciava uma reduo pronunciada de desembarques de pescado (Gorodetskaya e Kes, 1978). Outros, tambm por essa altura, sugeriam que a morte da pesca comercial ocorreria, provavelmente, devido secagem dos leitos de desova dos peixes (Barovsky, 1980). Foi tambm sugerido no mesmo frum, que o esgotamento dos bancos de pesca no Mar de Aral seria uma das primeiras consequncias do declnio dos nveis do mar. Havia um relatrio publicado num jornal da autoria de A. U. Reteyum em que este assinalava que: ...em 1965, o Conselho de Ministros da URSS tinha aprovado uma resoluo especial 'Sobre as Medidas para Preservar a Pesca Importncia do Mar de Aral.' Isto um exemplo que apoia a convico de que os sinais de deteriorao na bacia do Aral eram evidentes j em meados dos anos 60 (Reteyum,1991). Nos finais dos anos 70, era j claro que os bancos de pesca do Mar de Aral estavam num declnio irreversvel e que, provavelmente, se tivessem sido adaptadas medidas adequadas esta situao atual podia ter sido evitada.

c) Mudanas climticas:Durante os ltimos 10 anos a secagem do Mar de Aral trouxe alteraes evidentes nas condies climticas. O efeito do aquecimento da gua do mar no inverno e o seu arrefecimento no vero diminuram dramaticamente.

O Mar de Aral um lago de deserto, abrangido por um clima continental forte, com uma variao de temperatura de 40 graus centgrados no vero para 30 graus negativos no Inverno. No passado, o Mar de Aral era considerado como um regulador, mitigando os ventos frios que vinham da Sibria no Inverno e evitando que as temperaturas de Vero subissem demasiado. Notava-se uma evaporao elevada (da ordem de 1700 mm por ano). A evaporao era tambm a razo do bom clima ao redor de Aral antes da secagem do lago, e, apesar do alto nvel de evaporao, era mantido o equilbrio da gua devido aos grandes caudais fornecidos pelos dois rios. As alteraes climticas deram origem a veres mais curtos e mais secos e invernos mais longos e mais frios na regio. As temperaturas do ar no Inverno desciam e as temperaturas de Vero subiam 2 a 3 graus centgrados, incluindo observaes de 49 C. Esta mudana para um clima mais continental, com veres mais curtos e mais quentes e invernos mais frios e mais compridos, ocasionava pouca precipitao para a colheita seguinte. A precipitao foi reduzida vrias vezes nas margens do Mar de Aral. A magnitude mdia da precipitao de 150-200 mm com uma considervel no-uniformidade, de acordo com as estaes. A estao mais prolongada baixou tambm para 170 dias, perdendo os 200 dias livres de geadas necessrias para as colheitas do algodo. Como j foi explicado anteriormente, a ocorrncia frequente de longas tempestades de poeiras e de ventos rasteiros so traos caractersticos desta regio. As mais intensas ocorrem na costa oeste com, talvez, 50 tempestades por ano. A velocidade mxima do vento atinge 20-25 m/s.

d) Condies sanitrias: opinio geral de que a crise sanitria na regio est diretamente ligada ao desaparecimento do Mar de Aral. Para tornar as coisas ainda pior, as pessoas tm pouco acesso a gua potvel. Os produtos qumicos escoados dos campos agrcolas poluram ainda mais o Mar de Aral, tornando a sua gua imprpria para consumo, quer por humanos quer por animais.

O algodo um patro exigente. No s tem mais sede do que a maioria das outras colheitas comerciais, como tambm necessita de fortes aplicaes de pesticidas para afastar gorgulhos e outras pestes. Parece frequentemente que nas mentes soviticas a teoria era se pouco faz bem, muito faz melhor, muita gua, muitos pesticidas. A juntar a isto a sementeira de algodo normalmente pulverizada com um desfolhador pelo Outono, a fim de lhe retirar as folhas para tornar mais fcil a colheita. Uma vez que a bacia um sistema fechado sem drenagem para o exterior, os inseticidas e herbicidas pulverizados nos campos escoam para a terra, acumulando no subsolo gua a nveis perigosos. Como a maior parte da gua da torneira vem de poos, as pessoas bebem um coquetel de produtos qumicos diludos, alguns identificados como cancergenos. Nveis elevados de contaminao por pesticidas so considerados como afetando a capacidade do organismo humano de absorver ferro, provocando anemia.

A gua utilizada para consumo humano contm mais de 6 gramas de sal por litro, um nvel quatro vezes superior norma da Organizao Mundial de Sade. Isto tem sido relacionado com a prevalncia de doenas renais. As tempestades de poeiras sopram violentamente durante mais de 60 dias por ano, espalhando resduos txicos e sal deixado pela gua do lago. Pensa-se que estas partculas sejam uma causa possvel de doenas respiratrias e cancros. (Quando o lago eventualmente secar, calcula-se que 15 mil milhes de toneladas de sal sero lanadas na atmosfera). De acordo com Timothy Cummings, um delegado da Cruz Vermelha Americana, a trabalhar na regio do Mar de Aral, a combinao de toxinas provenientes do ar e da gua para consumo humano, aumentou a fraca sade dos residentes j susceptveis de contrair doenas devido a alimentao deficiente.

O Relatrio sobre o Ambiente da URSS, uma publicao oficial do governo, salientou que a acumulao total de pesticidas no Turcomenisto era de 20 a 25 vezes da mdia nacional. Em reas de elevada utilizao de pesticidas as doenas infantis (proporo de doenas) at idade de 6 anos 4,6 vezes superior das regies de baixa proporo de pesticidas (Jones, 1999) . De acordo com a Academia de Cincias Sovitica, a taxa de mortalidade infantil na regio da sia central aumentou entre 1970 e 1985. Em Bozataus, uma regio do Karakalpaquisto, uma rea simultaneamente flagelada com falta de saneamento bsico, cuidados de sade infantil e maternais inadequados, e nveis crescentes de pesticidas e herbicidas na gua, 110 em cada 1.000 crianas morrem antes de fazerem um ano. Em comparao com 109 em frica, 95 na ndia e 37 na China. Por exemplo, em Karakalpaquisto, a taxa do cancro do esfago sete vezes superior quela do resto do pas. E. Paronina, uma investigadora sovitica, estudou as condies sanitrias em Karakalpaquisto e relatou as suas sombrias concluses. Em resumo, eis o que ela afirma: Tudo isto (crise sanitria) o preo excessivo pago com a sade da populao para se ter auto-suficincia em algodo (Jones, 1991). No surpreende que toda a literatura mdica local esteja repleta de histrias de deformidades nascena, incremento de doenas renais e hepticas, gastrite crnica, crescente mortalidade infantil e taxas de aumento de cancro.

E o futuro do Mar de Aral?Lderes governamentais afirmaram que a quantidade de terra para algodo ser reduzida e que grandes quantidades de gua sero bombeadas para o Mar de Aral at 2005 (Bech, 1995), foi dito com base em promessas polticas que no condizem at hoje com a realidade (tecnologia, capital, mo-de-obra, tempo necessrio, planejamento). Funcionrios da agricultura, contudo, dizem que impossvel demolir o sistema de canais. Muitos agricultores dependem dos rendimentos da cultura do algodo. O governo indicou tambm que as necessidades dos agricultores de algodo esto em primeiro lugar. A exportao de algodo uma fonte importante de rendimento. As RAC no querem extirpar a monocultura do algodo e arriscar perder as suas recompensas econmicas. E assim, a maioria dos cientistas acredita que o Mar de Aral nunca ir ser como foi.

O futuro do Mar de Aral , portanto, incerto. A nica coisa certa que o lago agora uma catstrofe ambiental medida que o nvel de gua declina e o ecossistema se degrada, provocando um ambiente de deteriorao e condies de vida e de sade precrias para os povos que vivem nas margens do lago. agora impossvel prever, com algum rigor, o futuro para o Aral, mas se no se encontrarem solues apropriadas o nvel da gua continuar a declinar. Seja qual for o futuro, esta situao de certeza que abriu os olhos aos governos do mundo. um forte aviso comunidade internacional e ilustra a rapidez em menos de 20 anos como uma tragdia humanitria e ambiental pode ameaar toda uma regio e a sua populao. A destruio do Mar de Aral um exemplo clssico de desenvolvimento no-sustentado.

Principais impactos ambientais ligados atmosferaA atmosfera, assim como os diversos componentes do planeta, vem sofrendo alteraes provenientes do aumento populacional e de seu consequente aumento de demanda por recursos naturais, o que implica, principalmente, a expanso da industrializao. H evidncias de modificaes em nveis global e regional, sejam climticas ou no.

Chuva cidaA formao de chuvas cidas corresponde a um fenmeno (e um problema) moderno, originado a partir do grande desenvolvimento de centros urbanos, centros industrializados. Com a liberao de poluentes atmosfera pelas diversas fontes de poluentes gasosos (indstrias, veculos e usinas energticas), h a combinao destes poluentes com o vapor de gua existente na atmosfera. Esta combinao entre gua e poluentes (como o dixido de enxofre e o xido de nitrognio) vai sendo acumulada em nuvens, ocorrendo assim sua condensao, basicamente da mesma forma como so originadas as chuvas comuns. Atravs da eletricidade gerada do choque entre nuvens, os elementos poluentes entram em reao qumica, formando compostos cidos, que mais tarde sero precipitados.

Na natureza, a gua reage com certos xidos formando cidos. o caso da reao da gua com o dixido de carbono, ou gs carbnico (CO2), formando o cido carbnico:

H2O + CO2 H2CO3Esse cido til ao ecossistema, pois participa do processo qumico de formao dos solos argilosos. o cido carbnico que reage com o feldspato, formando a argila. interessante lembrar ainda que o cido carbnico um compostos instvel, desdobrando-se facilmente na natureza novamente em gua e dixido de carbono.

Alguns cidos, no entanto, so muito agressivos aos ecossistemas, sendo considerados poluentes altamente nocivos. So cidos formados pela reao da gua com xidos liberados pelas indstrias e veculos automotivos, principalmente.

Um exemplo o dixido de enxofre (SO2), que reage com o oxignio do ar, dando SO3, que em seguida com o vapor dgua da atmosfera, forma o cido sulfrico (H2SO4):

SO2+ 1/2O2 SO3SO3+ H2O H2SO4Esses cidos caem, depois, com a gua da chuva e poluem severamente o ecossistema: rios, lagoas, florestas, mares, tm seu ambiente biolgico empobrecido. A populao humana tambm sofre efeitos do que se passou a chamar chuva cida.

O ambiente fsico bastante agredido pelos cidos trazidos pela chuva, pois eles percolam no solo e reagem com vrias substncias, libertando produtos txicos, que so absorvidos pelas plantas e ingeridos por animais.

Alm da agresso natureza, a chuva cida deixa suas marcas na arquitetura, em todo o mundo: os cidos da chuva reagem com a superfcie construda, corroendo-a e, em alguns casos, at mesmo destruindo algumas de suas partes.

No mbito mundial, o leste dos Estados Unidos, a Europa Central e sudeste da sia so os locais de maior incidncia.

No Brasil, como acontece em todo o mundo, a acidez da chuva est relacionada com o desenvolvimento industrial: cidades com maior nmero de fbricas e de veculos tm certamente, maior concentrao de cidos, no entanto, nem sempre caem onde so produzidos, pois o vento frequentemente carrega as nuvens para outras regies, geralmente prximas.

Trs exemplos de ecossistemas brasileiros nos quais se tm detectado os efeitos da chuva cida so o Parque Florestal do Rio Doce, a Floresta da Tijuca e parte da Mata Atlntica, prxima Grande So Paulo.

Os efeitos da chuva cida tm sido revelados nesses e em outros ecossistemas, o que seguramente no significa serem eles os nicos atingidos; certamente, significa que eles foram estudados. O mal causado pela chuva cida funciona como a lenta transformao de um ambiente em algo nocivo, visto que est associada a todo ciclo da gua, prejudicando a vegetao tanto pela incidncia nas folhas quanto pela lixiviao cida.

O clima da TerraA explicao do que acontece com o clima no planeta Terra foi dada pela primeira vez em 1863 pelo cientista John Tyndall que resolveu medir no seu laboratrio a capacidade de absoro da radiao infravermelha de alguns dos gases que constituem a atmosfera: oznio, oxignio e os componentes minoritrios dixido de carbono (CO2) e gs metano (CH4). Tyndall chegou concluso que tanto o vapor de gua como o CO2e o CH4so opacos radiao infravermelha, isto , absorvem-na, e por isso adquiriram a designao atual de gases com efeito de estufa (GEE). A discrepncia encontrada anteriormente por Fourier estava

explicada: a presena de GEE na atmosfera gera um efeito de estufa natural responsvel pela atual temperatura mdia global de 15 C em lugar de uma temperatura de cerca de -18 C, caso esses gases no existissem. Ou seja os GEE nas quantidades naturais existentes so responsveis pelas condies de temperatura que asseguram a vida na Terra. O curioso que esses mesmos gases, com suas condies naturais alteradas, podem ser responsveis pela extino da vida na Terra.

Impactos ambientais referentes ao climaO clima, por toda a sua dinmica (movimento das massas de ar, influncia das correntes martimas etc.), infere reflexos no ambiente como um todo, ou seja, representado pela vegetao, solo e ciclo hidrolgico. O clima , na verdade, um conceito abstrato que descreve e critica um conjunto de comportamentos da atmosfera e suas consequncias em um longo perodo em determinada rea. Estes, por sua vez, esto intrinsecamente ligados vegetao, ao solo e ao ciclo hidrolgico de forma sistmica, como fator determinante. Assim, como elemento de um grande sistema que a Terra, alteraes aparentemente pequenas, principalmente no clima (variao de precipitao, por exemplo), geram danos ecolgicos gigantescos, cujo processo ambiental negativo se assemelha a uma reao em cadeia.

A partir de novos conjuntos de dados observacionais disponibilizados, foi possvel que o relatrio do IPCC de 2007 pudesse fazer uma avaliao mais abrangente das mudanas climticas que veem ocorrendo no planeta. Os dados observados indicam que 11 dos 12 ltimos anos foram os mais quentes desde que os registros confiveis comearam, por volta de 1850. A chance de que essa sucesso de anos mais quentes tenha sido puramente casual extremamente pequena. Mudanas na temperatura global, no nvel do mar e na cobertura de neve no hemisfrio Norte mostram evidncias de aquecimento.

Inverso trmicaEste fenmeno ocorre principalmente nos grandes centros urbanos, regies onde o nvel de poluio muito elevado. A inverso trmica ocorre quando h uma mudana abrupta de temperatura devido inverso das camadas de ar frias e quentes.Nos primeiros 10 quilmetros da atmosfera, normalmente, o ar vai se resfriando medida que nos distanciamos da superfcie da terrestre.Assim o ar mais prximo superfcie, que mais quente, portanto mais leve, pode ascender, favorecendo a disperso dos poluentes emitidos pelas fbricas e veculos, conforme se verifica. A inverso trmica uma condio meteorolgica que ocorre quando uma camada de ar quente se sobrepe a uma camada de ar frio, impedindo o movimento ascendente do ar, uma vez que, o ar abaixo dessa camada fica mais frio, portanto, mais pesado, fazendo com que os poluentes se mantenham prximos superfcie. As inverses trmicas ocorrem durante todo o ano, sendo que, no Sudeste, por exemplo, no inverno que elas ocorrem mais prximas superfcie, principalmente no perodo noturno. Nesta poca do ano as chuvas so raras, dificultando ainda mais a disperso dos poluentes, agravando o problema.

Nas grandes cidades, podemos observar no horizonte, a olho nu, uma camada de cor cinza formada pelos poluentes. Estes so resultado da queima de combustveis fsseis derivados do petrleo (gasolina e diesel principalmente) pelos automveis e caminhes.

A maneira mais comum na qual a inverso de superfcie se forma atravs do ar gelado perto do cho noite. Quando o sol se pe o cho perde calor muito rpido e isso esquenta o ar que est em contato ele. Entretanto, como o ar no bom condutor de calor, o ar logo acima da superfcie continua quente. Condies que favorecem o desenvolvimento de fortes inverses de superfcie so ventos calmos, cu claro e longas noites. Ventos calmos impedem o ar quente acima da superfcie de se misturar com o do cho, e cus limpos aumentam a taxa de resfriamento da superfcie terrestre. Noites longas permitem que o ar gelado no cho continue por um longo perodo, resultando em uma diminuio maior da temperatura da superfcie. J que noites no inverno so muito mais longas que as do vero, a inverso trmica mais forte e comum nos meses de inverno. Uma forte inverso implica uma substancial diferena entre o ar gelado de superfcie e o ar quente acima. Durante o dia, as inverses trmicas tendem a se tornar fracas e normalmente desaparecem. Entretanto, entre certas condies meteorolgicas, como uma alta presso sobre a rea, essas inverses podem se estender por vrios dias

Em um ambiente com um grande nmero de indstrias e de circulao de veculos, como o das cidades, a inverso trmica pode levar a altas concentraes de poluentes, podendo ocasionar problemas de sade, principalmente das crianas, provocando doenas respiratrias. Pessoas que possuem doenas como, por exemplo, bronquite e asma so as mais afetadas com esta situao.

Solues para estes problemas esto ligados diretamente adoo de polticas ambientais eficientes que visem diminuir o nvel de poluio do ar nos grandes centros urbanos. A substituio de combustveis fsseis por biocombustveis ou energia eltrica poderia reduzir significativamente este problema. Campanhas pblicas conscientizando as pessoas sobre a necessidade de trocar o transporte individual (particular) pelo transporte pblico (nibus e metr) tambm ajudaria a amenizar o problema. A fiscalizao nas regies onde ocorrem queimadas irregulares tambm contribuiria neste sentido.

Mudanas climticasNos ltimos anos, testemunhos de gelo obtidos em perfuraes nas calotas polares da Antrtida e da Groenlndia forneceram pistas valiosas sobre como era o clima da Terra no passado, incluindo mudanas nas concentraes de gases de efeito estufa. Uma amostra de dois quilmetros de comprimento extrada nos anos 1990 da estao Vostok, na Antrtida, continha bolhas de ar antigo aprisionadas no gelo que revelaram a composio da atmosfera na poca em que as camadas de gelo se depositaram. O gelo de Vostok confirmou que as concentraes de CO2e metano subiram e desceram segundo um padro regular durante os ltimos 400 mil anos.

O fator novo mais plausvel operando no sistema climtico durante o interglacial atual a agricultura. A linha do tempo bsica das inovaes agrcolas bem conhecida. A agricultura se originou na regio do Crescente Frtil, a leste da bacia do Mediterrneo, h cerca de 11.000 anos. Logo depois, apareceu no norte da China, e poucos milnios mais tarde, nas Amricas. Atravs dos milnios posteriores, se espalhou para outras regies e se sofisticou. H cerca de 2.000 anos, todos os alimentos conhecidos hoje j eram cultivados em algum lugar do mundo.

A designao efeito estufa se refere ao mecanismo atmosfrico natural que mantm o planeta aquecido, com temperaturas ideais para a existncia de vida na Terra. Embora esse assunto esteja bastante presente nas discusses cientficas atuais, trata-se de um fenmeno atmosfrico que acompanha a vida do planeta desde o incio da sua existncia. Atualmente, costuma-se associar o efeito estufa ao aquecimento da Terra devido poluio do ar pela concentrao de gs carbnico na atmosfera proveniente da queima exagerada de combustveis fsseis.

Sabemos que a Terra iluminada pelo Sol e que a vida existente aqui depende da energia luminosa irradiada por ele. Quando os raios solares atingem a superfcie terrestre parte deles absorvida pelas plantas para a realizao da fotossntese e a outra parte refletida pela superfcie terrestre em direo ao espao. Porm devido existncia de uma camada de gases atmosfricos, grande parte do calor fica retida e no consegue sair.

O efeito estufa faz parte da dinmica do planeta e, graas a ele, a Terra mais quente do que o espao, atingindo temperaturas ideais para a existncia de vida. Se no houvesse essa proteo, os raios solares seriam refletidos para o espao, o planeta perderia calor, e dessa forma, a Terra ficaria submetida a temperaturas inferiores a 10 C negativos.

Planetas como Vnus e Marte no possuem esse mecanismo e por isso podem atingir diferenas extremas onde as temperaturas so elevadas durante o dia, acima de 200 C, e muito reduzidas durante a noite, chegando a -100 C.

O processo de aquecimento conhecido como efeito estufa ocorre quando parte da radiao solar refletida pela superfcie terrestre absorvida por determinados gases presentes na atmosfera - oznio, oxignio e os componentes minoritrios dixido de carbono (CO2) e gs metano (CH4) e outros. esse mecanismo que possibilita que o calor que a Terra recebe durante o dia mantenha a temperatura elevada mesmo durante a noite.

Funciona da seguinte forma: parte do calor irradiado pelo Sol devolvida ao espao, porm, uma poro desse calor fica presa na atmosfera graas aos gases estufa (GEE) e responsvel por manter o planeta aquecido. O problema que o excesso dos chamados gases estufa intensifica esse fenmeno e faz com que mais calor que o necessrio seja retido na superfcie do planeta provocando o aquecimento global.

No existe dvida a respeito: os humanos so responsveis pelo crescimento das concentraes atmosfricas de dixido de carbono (CO2) e outros gases de efeito estufa. A comunidade cientfica chegou a um consenso de que a humanidade alterou e continua alterando substancialmente o clima do planeta. Desde a Revoluo Industrial, a temperatura global mdia aumentou cerca de 0,8 C. Os cientistas atribuem a maior parte deste aumento s atividades humanas que geram gases de efeito estufa, como a queima de combustveis fsseis (gasolina, carvo e outros) e o desmatamento.

Para combater estes problemas, a Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima prope estabilizar as concentraes de gases de efeito estufa para evitar interferncias antrpicas perigosas no sistema climtico. Vrios estudos independentes indicam que precisamos limitar o aquecimento global a menos de 2 C acima do nvel pr-Revoluo Industrial para evitar impactos perigosos sobre a natureza, a humanidade e a economia global.

O quadro a seguir apresenta uma descrio de como podem ser afetados alguns recursos naturais do planeta e a sade humana, no caso dos aumentos de temperatura em 2 C e 3 C.

O aquecimento global pode deixar at metade do planeta inabitvel nos prximos trs sculos, de acordo com um estudo das universidades de New South Wales, na Austrlia, e de Purdue, nos Estados Unidos, que leva em conta os piores cenrios de modelos climticos.

O estudo, publicado na ltima edio da revista especializadaProceedings of the National Academy of Sciences, afirma ainda que, embora seja improvvel que isso acontea ainda neste sculo, possvel que j no prximo, vrias regies estejam sob calor intolervel para humanos e outros mamferos. Descobrimos que um aquecimento mdio de 7 C causaria algumas regies a ultrapassar o limite do termmetro mido (equivalente sensao do vento sobre a pele molhada), e um aquecimento mdio de 12 C deixaria metade da populao mundial em um ambiente inabitvel, afirmou Peter Huber, da universidade de Purdue.

Os cientistas argumentam que ao calcular os riscos das emisses de gases atuais,

preciso que se leve em conta os piores cenrios (como os previstos no estudo).

Degradao da camada de Oznio (O3)"Estamos frente ao maior perigo que a humanidade j enfrentou."Essas palavras foram proferidas pelo Dr. Mostafa Toba, diretor-executivo do Programa das Naes Unidas Para o Meio Ambiente. A seguir, ns vamos verificar que elas no so exageradas.

O oznio um gs atmosfrico azul-escuro, que se concentra na chamada estratosfera, uma regio situada entre 20 e 40 km de altitude. A diferena entre o oznio e o oxignio d a impresso de ser muito pequena, pois se resume a um tomo: enquanto uma molcula de oxignio possui dois tomos, uma molcula de oznio possui trs.

Essa pequena diferena, no entanto, fundamental para a manuteno de todas as formas de vida na Terra, pois o oznio tem a funo de proteger o planeta da radiao ultravioleta do Sol. Sem essa proteo, a vida na Terra seria quase que completamente extinta.

O oznio sempre foi mais concentrado nos plos do que no equador, nos plos ele tambm se situa numa altitude mais baixa. Por essa razo, as regies dos plos so consideradas propcias para a monitorao da densidade da camada de oznio.

Desde 1957 so feitas medies na camada de oznio acima da Antrtida e os valores considerados normais variam de 300 a 500 dobsons. Unidade de Dobson (DU) a unidade de medida do oznio atmosfrico, sobretudo do oznio da estratosfera,visto que 90% deste gs se localiza nesta camada (Camada de Oznio). No ano de 1982, porm, o cientista Joe Farman, juntamente com outros pesquisadores da British Antartic Survey, observaram pela primeira vez estranhos desaparecimentos de oznio no ar sobre a Antrtida. Como estavam usando um equipamento j um tanto antigo, e os dados que estavam coletando no tinham precedentes, em vista da grande diminuio da concentrao do gs (cerca de 20% de reduo na camada de oznio), acharam por bem aguardar e fazer novas medies em outra poca, com um aparelho mais moderno, antes de tornar pblico um fato to alarmante. Alm disso, o satlite Nimbus 7, lanado em 1978 com a funo justamente de monitorar a camada de oznio, no havia at ento detectado nada de anormal sobre a Antrtida.

Joe Farman e seus colegas continuaram medindo o oznio na Antrtida nos dois anos seguintes, no perodo da primavera, e constataram no s que a camada de oznio continuava diminuindo como ainda que essa reduo tornava-se cada vez maior. Agora estavam usando um novo equipamento, o qual lhes indicou, em 1984, uma reduo de 30% na camada de oznio, valor este confirmado por uma outra estao terrestre situada a 1.600 km de distncia. Nos anos seguintes a concentrao de oznio continuou a cair na poca da primavera e, em 1987, verificou-se que 50% do oznio estratosfrico havia sido destrudo, antes que uma recuperao parcial ocorresse com a chegada do vero antrtico.

O satlite Nimbus 7 no havia detectado as primeiras redues na camada de oznio por uma razo muito simples:ele no havia sido programado para detectar nveis de oznio to baixos. Valores abaixo de 200 dobsons eram considerados erros de leitura, e por isso no eram levados em conta

Os cientistas no podiam prever que uma alterao to drstica na ordem natural pudesse ocorrer, e por essa razo no haviam considerado essa hiptese.

Num artigo cientfico escrito em 1987, Joe Farman declarou:"Antes de 1985 todos os qumicos atmosfricos pensavam que estavam no caminho certo de compreenderem o oznio. As observaes e os modelos propostos se harmonizavam. Mudanas observadas e previstas eram de menos de 1% por dcada. Entretanto, sobre a Antrtida a destruio hoje em dia superior a 50%, e isto por um perodo entre 30 e 40 dias a cada ano."Naquela poca Joe Farman ainda no podia imaginar que a destruio ainda aumentaria muito mais nos prximos anos, que o buraco se alargaria, que sua ocorrncia no ficaria restrita a alguns dias por ano, que apareceria um segundo buraco no rtico e que surgiriam outros pontos no globo com decrscimo do nvel de oznio.

De fato, j mesmo em 1987 foram detectadas ocorrncias menores, apelidadas de "mini-buracos", que apareceram prximos regio polar. O prprio buraco antrtico apresentou variaes inconcebveis naquele ano: em outubro havia desaparecido nada menos que 97,5% do oznio detectado em agosto, na altitude de 16,5 km.

Em seu livro O Buraco no Cu, publicado em 1988, John Gribbin afirma que mesmo que no houvesse sido detectado o buraco no oznio na Antrtida, os anos de 1986 e 1987 j teriam dado motivos de sobra para preocupao. Medies de satlite indicaram, j naquela poca, uma"impressionante diminuio geral na concentrao de oznio estratosfrico ao redor do globo."Essa reduo j havia alcanado o sul da Amrica do Sul, Austrlia e Nova Zelndia, esta ltima com um decrscimo de 20%. A Sua tambm mostrou preocupao na poca, quando medies feitas com instrumentos em terra revelaram um estreitamento da camada de oznio sobre o pas.

Em 1991, a NASA anunciou que o oznio estratosfrico sobre a Antrtida havia atingido o nvel mais baixo at ento registrado: 110 dobsons para um nvel esperado de 500 dobsons. Tambm em 1991, o Programa das Naes Unidas Para o Meio Ambiente (PNUMA) revelou que, pela primeira vez, estava-se produzindo uma perda importante do oznio tanto na primavera como no vero, e tanto no hemisfrio norte como no hemisfrio sul, em latitudes altas e mdias. Este fato fez crescer a apreenso geral, j que no vero os raios solares so muito mais perigosos que no inverno.

Em 1992 verificou-se que havia-se formado um buraco tambm sobre o rtico, com uma reduo de 20% do oznio. O novo buraco do rtico no s permaneceu como continuou aumentando: nos trs primeiros meses de 1996 ele cresceu mais de 30%, estabelecendo um novo recorde.

Ainda em 1992 os pesquisadores constataram que a destruio estava se generalizando mais ainda, ocorrendo de forma global desde a Antrtida at o rtico, nos trpicos e nas regies de latitudes mdias, com uma reduo variando entre 10% e 15%. A partir daquela poca, os habitantes das ilhas Falklands/Malvinas passaram a ficar expostos ao buraco todos os anos durante o ms de outubro.

A figura seguinte mostra a variao do buraco na Antrtida ano a ano, de 1979 at 1992. Observa-se um crescimento contnuo durante a dcada de 80, com ligeira reduo de suas dimenses nos anos de 1986 e 1988. A partir de 1989 at 1992, porm, o buraco no se reduz mais.

Em setembro de 1994, 226 cientistas de 29 pases entregaram OMM um relatrio onde afirmavam que de 1992 a 1994 haviam sido registrados "nveis recordes" de destruio da camada de oznio.

Algumas mudas de rvores esto mostrando um desenvolvimento deformado nesta primavera austral, enquanto certos tipos de algas marinhas esto segregando um pigmento vermelho nunca observado anteriormente.

Em Punta Arenas, h medo e preocupao em torno do bombardeamento invisvel de radiao ultravioleta B. Ningum sai de casa sem a proteo de chapus ou culos escuros. Os mdicos vm sendo insistentemente procurados por pacientes portadores de alergias e irritaes oculares e dermatolgicas.

Segundo a NU (Naes Unidas), alm de prevenir milhes de novos casos de cncer de pele e catarata ao ano, a proteo da camada de oznio tambm trouxe outros benefcios, como ajudar a diminuir o efeito estufa. A relao simples: uma vez que muitas substncias destruidoras da camada de oznio tambm so causadoras do efeito estufa, sua proibio geraria tambm a diminuio do aquecimento global.

O estudo foi revisado por 300 cientistas de todo o mundo e uma parceria do UNEP(Programa do Meio Ambiente das Naes Unidas) e da UN WMO (Organizao Meteorolgica Mundial); ele foi apresentando ontem, o Dia Internacional de Preservao da Camada de Oznio.

A queda da destruio de oznio no mundo seu deu graas eliminao de quase 100 substncias antes usadas em produtos como refrigeradores e sprays em lata. A NU espera que a camada fora das regies polares se recupere a nveis anteriores a 1980 antes da metade do sculo; no entanto, as projees indicam que o buraco sobre a Antrtica deve levar muito mais tempo para se fechar j que, infelizmente, a quantidade de oznio no mundo ainda no est aumentando apenas parou de cair.

Em 2010, as redues de substncias destruidoras de oznio (expressas em equivalente de CO2) foram de 10 gigatoneladas. Os esforos foram classificados como um sucesso pelo Diretor do UNEP, Achim Steiner.

O combate a destruio da camada de oznio comeou com a assinatura do Protocolo de Montreal, em 1987, no Canad. Sem as medidas adotadas de l para c, os efeitos negativos teriam aumentado 10 vezes at 2050 elevando em mais de 20 milhes os casos de cncer de pele e 130 milhes os de cataratas e prejudicando a agricultura, a fauna e a flora do planeta.

Segundo estudos e recentes relatrios das Naes Unidas, a previso de recomposio da camada de oznio deve se prolongar ainda mais, visto que o escudo natural que protege a vida na Terra de nveis nocivos de radiao ultravioleta no est mais diminuindo.

Ilha de calorTrata-se de um fenmeno climtico que ocorre a partir da elevao da temperatura de uma rea urbana se comparada a uma zona rural, por exemplo. Isso quer dizer que nas cidades, especialmente nas grandes, a temperatura superior a de reas perifricas, consolidando literalmente uma ilha (climtica).

A oscilao de temperatura entre o centro de uma grande cidade e uma zona rural pode variar entre 4C, 6C ou at mesmo 10C; o que proporciona muitos inconvenientes populao em virtude dos incmodos que o calor excessivo provoca, sem contar que ocasiona um significativo incremento no consumo de energia eltrica, usada para funcionar refrigeradores (ar condicionado), principalmente para climatizar residncias, escolas, universidades, comrcio e indstrias.

Evidncias e divergncias quanto s mudanas climticasGlacilogo e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Jefferson Crdia Simes acrescenta que, alm de analisar o modelo de desenvolvimento, o debate sobre mudanas climticas no pode deixar de levar em considerao o ciclo natural do planeta.Uma das grandes questes cientficas atuais separar o que do quadro natural da variabilidade do clima e o que resultante da interferncia humana. Ento, a pergunta a seguinte: at que ponto a ao humana est influenciando essas mudanas em um grau alm do que esperado?. Ele faz uma ressalva importante sobre o tom alarmista do tema: A cincia no perfeita e nem pode ser apresentada como tal. O IPCC faz previses e arriscado trat-las como verdades absolutas, pois se elas no ocorrerem, o pblico pode deixar

de acreditar na cincia e deixar de acreditar que preciso ter uma reformulao de valores, de cultura de um padro de desenvolvimento, complementa. Ildo Sauer, professor titular de energia da Universidade de So Paulo e ex-diretor da Petrobras, vai alm dos debates cientficos. Em uma longa colaborao para a revistaRetrato do Brasilde setembro de 2007 uma edio com vrias crticas sobre a questo do aquecimento global , ele ressalta: A lei do universo a mudana. Persistem ainda dvidas cientficas razoveis sobre a magnitude e mesmo a direo de fatores naturais e antropognicos que afetam o clima. Ento, o debate cientfico profundo deve continuar. Mas, mais quente ou mais fria, com intensificao ou reduo do ciclo hidrolgico, das correntes martimas, da elevao do nvel do mar, a questo maior continua sendo poltica. Como organizar a produo, como reparti-la socialmente, entre as classes sociais, dentro dos pases, entre os pases, e qual o papel do Estado.

J o chefe do Instituto de Cincias Atmosfricas da Universidade Federal de Alagoas, professor Luiz Carlos Baldicero Molion, enftico:No verdade que a Terra esteja aquecendo devido s atividades humanas. Ele diz que a queima de combustveis causada pelas atividades industriais e de transportes no suficiente para interferir no clima global. Alm disso, defende que o planeta parou de se aquecer em 1998.Aquecimento e resfriamento so eventos cclicos: h perodos em que o planeta esfria e outros em que se aquece. Portanto, com base em dados, e no em simulaes e modelos de clima, que so imperfeitos, a maior probabilidade que volte a ficar frio agora e que nesses prximos 15 ou 20 anos a temperatura global diminua cerca de 0,2 graus centgrados, explica Molion. Ele vai alm e lembra que no fim dos anos 40, j no perodo ps-guerra, comeou um resfriamento. Justamente quando houve aumento da atividade industrial, poca em que a globalizao comeou. Ou seja, essa contradio nos faz concluir que a queima de combustveis fsseis no provoca aquecimento do planeta.

Apesar de rebater a tese do aquecimento global antropognico, Molion destaca

a importncia da mudana da relao do ser humano com a natureza. O que estou afirmando no justifica o fato de termos uma cultura de desenvolvimento predatria. A conservao do planeta necessria, mas no com a justificativa das mudanas climticas.

Em tom mais provocativo, Jos Carlos de Almeida Azevedo, doutor em fsica pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA) e ex-reitor da Universidade de Braslia, categrico: H quase 20 anos o IPCC patrocina a novela do aquecimento global. No h nenhuma prova de que o CO2 responsvel pelas mudanas climticas, mas certo que o Sol e a gua (nuvens, vapor dgua, cristais de gelo) condicionam a temperatura e o clima na Terra. O IPCC e seus 2.500 cientistas, porm, culpam o CO2. Ele diz que o CO2lanado na atmosfera pelos combustveis fsseis irrisrio em relao a emisses de outras origens. Na respirao animal, so emitidos 60 Gt/ano (bilhes de toneladas por ano); nos oceanos, 90 Gt/ano; na queima de combustveis fsseis, 5,5 Gt/ano; na queimada de florestas, 1,6 Gt/ano; pela vegetao (fotossntese), 61,4 Gt/ano. Alm disso, o CO2emitido no permanece eternamente na atmosfera, mas reabsorvido pelos oceanos em cerca de 92 Gt/ano.

J o professor de Economia da USP, Jos Eli da Veiga, e o mestrando em

desenvolvimento econmico pela UNICAMP, Petterson Vale, no artigoBaixaria sobre o Aquecimento Global, publicado na Folha de S. Paulo de 25/09/08, apresentam uma contra-argumentao mais do que razovel: independentemente ou no da concordncia em torno das causas e da dimenso das mudanas climticas, no deveria ser uma poltica pblica global a reduo da matriz fssil em funo de todos os problemas geopolticos, de sade pblica, etc. gerados por esse tipo de combustvel, inclusive seu potencial esgotamento nos prximos anos?

O Nordeste e as mudanas climticasO primeiro quadrimestre de 2010 foi o mais quente j registrado, de acordo com dados de satlite daNational Oceanic and Atmospheric Administration(NOAA), dos Estados Unidos. No Brasil, a situao no foi diferente. Entre 1980 e 2005, as temperaturas mximas medidas no estado de Pernambuco, por exemplo, subiram 3 C. Modelos climticos apontam que, nesse ritmo, o nmero de dias ininterruptos de estiagem ir aumentar e envolver uma faixa que vai do norte do Nordeste do pas at o Amap, na regio Amaznica.

Os dados foram apresentados pelo pesquisador Paulo Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), durante a 62 Reunio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Cincia (SBPC) que aconteceu de 25 a 30 de julho de 2010, em Natal, no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Alm da expanso da seca, o pesquisador frisou que o Nordeste dever sofrer tambm com as alteraes nos oceanos, cujos nveis vm subindo devido ao aumento da temperatura do planeta. Isso ocorre no somente pelo derretimento das geleiras, mas tambm devido expanso natural da gua quando aquecida.

Cidades que possuem relevos mais baixos, como Recife (PE), sentiro mais o aumento do nvel dos oceanos. E Nobre alerta que a capital pernambucana j est sofrendo as alteraes no clima. Com o aumento do volume de chuva, Recife tem inundado com mais facilidade, pois no possui uma rede de drenagem pluvial adequada para um volume maior, disse.

Um dos grandes obstculos ao desenvolvimento da regio Nordeste seria a constante associao entre seca e pobreza. A pobreza, segundo o pesquisador, vem de atividades no apropriadas ao clima local e que vm sendo praticadas ao longo dos anos na regio. Plantaes de milho e feijo e outras culturas praticadas no Nordeste no so bem-sucedidas por no serem adequadas caatinga, segundo Nobre. A agricultura de subsistncia difcil hoje e ficar invivel em breve. Para que o sertanejo prospere, teremos que mudar sua atividade econmica, disse. O cientista citou um estudo feito na Universidade Federal de Minas Gerais e na Fundao Oswaldo Cruz (Fiocruz), que indicou que o desemprego no Nordeste tender a aumentar caso as atividades econmicas praticadas no interior continuem.

Nobre sugere a instalao de usinas de energia solar como alternativa. A Europa est investindo US$ 495 bilhes em produo de energia captada de raios solares a partir do deserto do Saara, no norte da frica. O mercado de energia solar tem o Brasil como um de seus potenciais produtores devido sua localizao geogrfica e clima, e o Nordeste a regio mais adequada a receber essas usinas, indicou. Ficar sem chuva durante longos perodos motivo de comemorao para um produtor de energia solar, disse Nobre, que ressaltou a importncia dessa fonte energtica na mitigao do aquecimento, pois, alm de no liberar carbono, ainda economiza custos de transmisso por ser produzida localmente.

Cadeia ecolgica alteradaO cientista ingls Visser realizando pesquisas com uma determinada espcie de pardal identificou que os mesmos botaram seus ovos quase na mesma data do ano anterior, como faziam desde 1985. Mas, no decorrer desse mesmo perodo, a temperatura de primavera subiu na rea, especialmente em meados da estao (entre 16 de abril e 15 de maio), quando sofreu um aquecimento de 2 C. E, apesar de o cronograma dos pardais no ter mudado com este aquecimento, o das mariposas de lagartas com as quais essas aves alimentam seus filhotes (junto com outras espcies menos abundantes) mudou. O pico de abundncia das lagartas chega atualmente 15 dias mais cedo, em comparao a 1985 (quando ocorria quase precisamente quando os pardais chocavam). Agora, na poca em que a maioria dos filhotes sai da casca, a estao das lagartas est terminando e o alimento mais escasso. Somente os primeiros filhotes conseguem apanhar os vermes.

Nesta teia alimentar, no apenas os pssaros ou as lagartas esto fora de sincronia, ou desacoplados, como Visser prefere dizer. O cientista tambm examina na cadeia alimentar, a relao entre a mariposa e seu alimento folhas novas e tenras de carvalho. Para sobreviver, a lagarta precisa sair do casulo quando eclodem os brotos, quando as folhas de carvalho se abrem. Se o inseto nascer mais que cinco dias antes disso, morrer de fome. Tambm morrer se nascer mais de duas semanas depois, porque as folhas de carvalho tornam-se no comestveis devido infuso de tanino. Visser descobriu que, no parque Hoge Veluwe, a brotao do carvalho ocorre agora cerca de 10 dias antes que h 20 anos. As lagartas nascem 15 dias mais cedo, supercompensando em cinco dias a mudana dos carvalhos. As lagartas

j estavam eclodindo vrios dias antes da brotao em 1985, portanto, hoje, devem esperar em mdia cerca de oito dias.

Impactos gerados por usinas nuclearesOs resduos nucleares resultam da produo da Energia Nuclear e nem sempre podem ser reaproveitados. Desta forma fundamenta