Apostila Atualizada.01.135 Historia

Embed Size (px)

Citation preview

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    1

    MUNDO GREGO: Grcia antiga, clssica e helenstica

    Durante aqueles sculos em que os gregos criaram todas as suas lendas, seus deuses e seus mitos, eles formaram as principais caractersticas do modo de vida que adotaram. Como j pudemos perceber, os gregos formaram cidades-estados. Ou seja, cada cidade se tornou um pequeno pas. Veremos agora como eram as cidades-estados gregas, como os gregos viviam, e que forma de governo eles adotaram.

    A VIDA SOCIAL: As casas dos gregos, em geral, eram pequenas. Eles gostavam mesmo era de se reunir nos parques e nas praas das cidades, onde conversavam e trocavam idias. A roupa que usavam parecia um pequeno lenol preso no ombro. A vestimenta das mulheres era, muitas vezes, bordada. Os estrangeiros tinham de pagar impostos e, em caso de guerra, deviam prestar

    alguns servios cidade na qual moravam. A VIDA NAS CIDADES: Os gregos moravam em cidades independentes que chamavam de plis. A agricultura era a principal riqueza. Por isso, a propriedade da terra era smbolo de prestgio.

    A GRCIA ANTIGA E A GRCIA PR-HELNICA

    A Grcia Antiga ou Hlade localizava-se na bacia do Mar Egeu, abrangendo o territrio europeu ao sul da Pennsula Balcnica, as ilhas dos mares Egeu e Jnio e a costa ocidental da sia Menor. Da se espalhou pelas costas dos mares Negro e Mediterrneo, atingindo o sul da Itlia e da Frana e a costa da Lbia no norte da frica, sendo o mar Mediterrneo sua principal via de comunicao. A civilizao grega ou helnica comeou a existir por volta de 1200 a 1100 a.C., com a chegada dos drios ao sul da Pennsula Balcnica, conquistando os aqueus que a habitavam. Anteriormente chegada dos drios, existiram na regio da bacia do Mar Egeu duas importantes civilizaes: a Cretense, na ilha de Creta e a Aqueana ou Micnica, no continente

    europeu. Essas civilizaes conheciam a escrita, utilizavam armas e instrumentos de bronze e tinham agricultura, artesanato e comrcio desenvolvidos.

    O PERODO HOMRICO (SCULOS XII O XI a.C.): A organizao gentlica dos gregos

    Os quatrocentos anos que se seguiram chegada dos drios (de 1200 a 800 a.C. aproximadamente) permanecem bastante

    obscuros para ns, devido escassez de fontes escritas. O que existe sobre a poca so os poemas picos a Ilada e a Odissia escritos por Homero. Os poemas homricos referem-se aos acontecimentos relacionados destruio da sociedade micnica, como as guerras de Tebas e de Tria. Relatam as aes dos heris gregos, com a ajuda de seus deuses. De

    sua leitura, percebe-se que a sociedade da poca era formada por reis (basileus) e nobres, senhores de terras e rebanhos. Os nobres organizavam-se em famlias extensas os geni em que os membros eram unidos por laos de parentesco consangneo e/ou religioso. O genos era o ncleo humano em torno do qual se estruturava o oikos, unidade econmica que compreendia terras, casas, ferramentas, armas e gado, dos quais dependia a sobrevivncia do grupo. O trabalho no oikos pastoreio, agricultura de cereais, legumes e frutas, produo de leo e vinho, fiao e tecelagem era realizado pelos membros do genos e pelos escravos, obtidos atravs de pilhagens e saques; tanto quanto possvel, o oikos procurava ser auto-suficiente. A principal ocupao dos nobres, chefes dos oikos, era a guerra praticada contra os vizinhos ou inimigos externos. As lutas se restringiam ao combate individual entre os guerreiros, pesadamente armados. O objetivo das guerras era essencialmente a aquisio de escravos e de metais que o oikos no produzia. Alm dos reis e dos nobres, existiam trabalhadores livres demiurgos ferreiros, carpinteiros, videntes e mdicos, que prestavam servios aos nobres e ocasionalmente participavam de suas assemblias, como ouvintes, sem direito a tomar decises. Abaixo dos demiurgos, havia os tetes, homens sem posses e sem especializao, que vagavam de um lado para outro em troca de algum alimento ou roupa.

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    2

    O DESAPARECIMENTO DA MONARQUIA

    Por volta do sculo VIII a.C., em algumas regies do territrio grego dos Blcs, da sia Menor e das ilhas do Mar Egeu, j havia um grande nmero de comunidades dominadas por grupos de famlias aristocrticas proprietrias das melhores terras, que justificavam seu poder pela autoridade que lhes provinha dos antepassados, muitas vezes um heri famoso do passado, ou mesmo at um deus. A figura do rei desaparecera, substituda por magistrados eleitos e por conselhos de nobres. Aos poucos o pequeno povoado tornou-se regra, com a populao reunindo-se em volta das antigas fortificaes micnicas, onde logo surgiam uma praa para o mercado e um ou dois templos. Esboava-se assim a forma de vida tradicional dos gregos a plis que ir se expandir de forma original durante os sculos seguintes.

    AS CIDADES GREGAS: ATENAS E ESPARTA

    ESPARTA A PLIS OLIGRQUICA

    A cidade de Esparta surgiu por volta do sculo XI a.C., quando os drios invadiram a regio e dominaram a populao aquia, transformando-a em hilotas escravos do Estado. Os drios dividiram a terra dos vencidos entre si, cabendo um lote de terra a cada famlia drica. O aumento da populao determinou a expanso de Esparta sobre os territrios vizinhos. No fim dos sculo VIII a.C., os espartanos j haviam conquistado a Lacnia e a Messnia, ao sul do Peloponeso e reduzido tambm seus habitantes a condio de hilotas. A sociedade espartana era formada de trs classes sociais distintas. A classe dominante era a dos cidados, denominados esparciatas, de origem drica, proprietrios de lotes de terra cultivadas pelos hilotas e transmitidos hereditariamente. Os esparciatas dedicavam-se exclusivamente s tarefas pblicas e militares. A ltima classe era a

    dos hilotas servos do Estado. Os hilotas eram descendentes da populao nativa dominada: cultivavam o Kleros e realizavam todo tipo de trabalho, sustentando os esparciatas e suas famlias. Diferentemente dos escravos de Atenas, os hilotas no eram estrangeiros comprados no mercado. A necessidade de manter as populaes nativas submetidas transformou Esparta numa sociedade fortemente militarizada, exigindo dos cidados espartanos uma disciplina frrea, iniciada desde a infncia. Foi em Esparta que o sistema hopltico de combate, criado pelos gregos, mais se desenvolveu. Por esse sistema, os cidados soldados os hoplitas combatiam com suas lanas, a p, em fileiras sucessivas, protegidos por seus escudos, dispensando o uso de cavalos. A organizao poltica de Esparta era oligrquica, regida por leis no escritas atribudas ao lendrio legislador Licurgo. Havia dois reis, hereditrios, com funes religiosas e militares. O poder de fato era exercido pela Gersia ou Conselho de Ancios, rgo composto por 28 cidados com mais de 60 anos, inclusive os reis. A esse rgo competia fazer as leis. Os foros ou vigilantes, em nmero de cinco, eram cidados eleitos anualmente, com o poder de fiscalizar tudo e todos e de convocar a Assemblia dos cidados ou Apela. A Apela, formada pelos esparciatas

    maiores de 30 anos, elegia os gerontes e os foros e votava, sem discutir, as propostas dos foros ou da Gersia. Esparta apresentava um sistema poltico inteiramente diferente do que Atenas desenvolvia: era uma cidade-estado fechada em si mesma, sob o controle oligrquico de talvez 8 ou 9 mil esparciatas proprietrios de terra, com qualidades militares excepcionais. Isso era possvel devido ao extenso trabalho dos hilotas, que retirava dos cidados qualquer encargo direto com a produo, pemitindo-lhes o tempo necessrio para

    o treinamento para a guerra.

    ATENAS: OLIGARQUIA, TIRANIA E DEMOCRACIA ESCRAVISTA

    A cidade-estado de Atenas est situada na pennsula da tica, ocupada pelos jnios desde o sculo X a.C.. No incio do perodo arcaco (sculo VIII a.C.), sua populao livre estava assim dividida: os euptridas, de origem gentlica,

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    3

    grandes proprietrios de terras trabalhadas por escravos; os georgi, pequenos proprietrios de terras, trabalhadas por eles mesmos; os demiurgos, trabalhadores livres como artesos, comerciantes, proprietrios de pequenas oficinas, mdicos, advinhos, professores. As duas ltimas classes formavam o demos, o povo. Com o desenvolvimento da colonizao e das trocas, um grande nmero de estrangeiros os metecos fixou-se em Atenas, dedicando-se principalmente ao comrcio.

    Nessa poca, Atenas constitua uma oligarquia, governada pelos euptridas, reunidos num conselho de nobre que escolhia os Magistrados, denominados Arcontes. Os Arcontes, em nmero de nove, eram eleitos por um perodo de um ano.

    Os camponeses (georgi), os artesos (demiurgos), os estrangeiros (metecos) e os escravos no possuam qualquer poder poltico. Em Atenas, assim como nas demais cidades gregas, a base da vida econmica era a terra, que pertencia aos euptridas e aos georgi, sendo o trabalho escravo muito utilizado, principalmente pelos primeiros. Nos sculos VIII e VII a.C., tornou-se comum a escravizao de cidados atenienses, geralmente pequenos proprietrios que no conseguiam produo suficiente para o sustento familiar e se endividavam em gros e ferramentas junto s famlias ricas. Progressivamente, os euptridas aumentavam suas propriedades, incorporando as terras dos devedores que no conseguiam saldar seus compromissos e transformando-os em escravos. Essa situao trazia grande insatisfao, gerando lutas entre a aristocracia agrria e as classes populares, que se estenderam por todo o sculo VII a.C. e que resultaram em reformas no governo oligrquico de Atenas.

    O POVO, DURANTE A POCA DA OLIGARQUIA, E AS REFORMAS DE SLON

    ... aconteceu que os nobres e a multido (povo) entraram em conflito por largo tempo. Com efeito, o regime poltico era oligrquico em tudo; e, em particular, os pobres, suas mulheres e seus filhos, eram escravos dos ricos. Chamavam-lhes clientes ou hectmores (sextanrios): porque era com a condio de no guardar para si mais de um sexto da colheita que eles trabalhavam nos domnios dos ricos. Toda a terra estava num pequeno nmero de mos; e se eles no pegavam a sua renda (de 5/6 da colheita), podiam ser tornados escravos, eles, suas mulheres e seus filhos; pois todos os emprstimos tinham as pessoas por cauo, at Slon, que foi o primeiro chefe do partido popular... O povo... no possua nenhum direito... o povo revoltou-se ento contra os nobres. Depois de violenta e demorada luta, os dois

    partidos concordaram em eleger Slon como rbitro e arconte; confiaram-lhe o encargo de estabelecer uma constituio. ... Slon libertou o povo... pela proibio de emprestar tomando as pessoas como cauo... aboliu as dvidas tanto privadas como pblicas... (ARISTTELES, A Constituio de Atenas. In: FREITAS, G. de, op. Cit. p. 67.)

    Coube a Slon, eleito arconte em 594 a.C., redigir novas leis para Atenas. Determinou a libertao dos camponeses das hipotecas e da escravido por dvidas e proibiu emprstimos sujeitos escravizao do devedor e de sua famlia. Procurou estabelecer uma relao entre a fortuna do cidado e seus direitos polticos, dividindo a populao de Atenas em quatro classes, segundo o rendimento anual e individual. Assim, privou a aristocracia no monoplio dos cargos pblicos, pois s duas primeiras classes foi permitido o acesso s magistraturas mais altas; terceira, o acesso s magistraturas mais baixas e quarta e ltima, um voto na Assemblia Popular ou Eclsia, rgo de representao dos cidados. Slon critou tambm o Conselho dos Quatrocentos a Bul composto de cidados maiores de 30 anos, razo de 100 por cada uma das quatro tribos jnicas tradicionais de Atenas.

    As reformas de Slon diziam respeito

    exclusivamente aos cidados nascidos em Atenas, excluindo os comerciantes estrangeiros (metecos), os demais escravos existentes e as mulheres. Alm disso, no rompeu com o poder exercido pela aristocracia, visto que no houve uma melhor distribuio das terras. Por outro lado, a proibio da escravizao de atenienses intensificou a utilizao do escravo-mercadoria obtido no comrcio com os brbaros, nas guerras entre as cidades ou atravs de pirataria.

    A TIRANIA

    A persistncia das lutas entre os aristocratas e os setores populares, que incluam tambm os comerciantes e armadores

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    4

    enriquecidos com a agro-exportao, fez surgir em Atenas a figura do tirano, lder poltico que tomava o poder apoiado pelas massas. Durante o sculo VI a.C., outras cidades conheceram tambm a tirania. Os tiranos eram geralmente originrios do grupo de novos proprietrios de terra, porm sem origem gentlica. Foram importantes porque introduziram reformas na legislao agrria em benefcio das classes populares e inovaram na arte militar. Com eles, o direito cidadania foi ampliado, as leis deixaram de ser privilgio da aristocracia e foram publicadas.

    O tirano ateniense Psstrato (560/527 a.C.) procurou regulamentar definitivamente a questo agrria, distribuindo aos camponeses as terras confiscadas aos nobres; assim, o regime de pequena propriedade imps-se em toda a tica. Psstrato proporcionou emprego aos artesos e aos trabalhadores urbanos, atravs de um programa de construo de obras pblicas como templos, estradas, fortificaes e portos; forneceu tambm assistncia financeira direta aos camponeses, sob a forma de emprstimos. Em seu governo, Atenas transformou-se no maior centro urbano do mundo helnico. Com sua morte, em 527 a.C., o poder passou s mos de seu filho Hpias, que governou at 510 a.C., quando foi deposto por uma revoluo. Terminou, assim, a poca da tirania, em Atenas. Na Grcia, as tiranias foram fases decisivas no processo de transio do poder oligrquico da nobreza para a cidade-estado clssica, do sculo V a.C.. Significaram o fim da dominao das pleis pelas famlias gentlicas, permitindo a evoluo para a democracia.

    A DEMOCRACIA

    Com a deposio de Hpias, ltimo tirano de Atenas, ressurgiram as lutas polticas, por um breve perodo. Em 508 a.C., com forte apoio popular, Clstenes assumiu o governo, estabelecendo a democracia. Clstenes dividiu a populao de Atenas em 160 demi (circunscries administrativas), espalhadas por 30 tritias e 10 tribos (circunscries eleitorais). Cada tribo continha trs tritias: uma do litoral, uma da rea urbana e outra da rea rural. Assim, cada tribo era composta por grandes e pequenos proprietrios, mercadores, artesos e marinheiros, acabando por completo com o predomnio das grandes famlias gentlicas. A reforma de Clstenes instituiu tambm a votao secreta para o Conselho ou Bul.

    Essa teve o nmero de conselheiros aumentado para 500 (50 por tribo), com funes de controlar as magistraturas e preparar os projetos de lei a serem submetidos Assemblia Popular ou Eclsia, que se transformou no rgo

    mais importante de Atenas. No decorrer do sculo V a.C., a democracia ateniense foi sendo aperfeioado, atravs de diversas medidas que ampliaram cada vez mais os direitos dos cidados livres, maiores de 18 anos, filhos de pai ateniense. Camponeses e artesos transformaram - se, assim, em cidados plenos, independentemente de suas posses. Entre as inovaes, houve a criao dos estrategos, magistrados militares encarregados dos assuntos militares, razo de um por tribo, e a instituio do ostracismo expulso, com cassao dos direitos polticos por dez anos, do cidado denunciado como prejudicial plis, pela Assemblia Popular.

    Entretanto, a democracia pressupunha a existncia do escravo mercadoria, em nmero cada vez maior, sendo Atenas a cidade onde a escravido mais se expandiu. Do ponto de vista do grego, a cidadania no podia existir sem a sujeio de outros. O trabalho escravo propiciava ao cidado o tempo livre para os servios da plis e para a vida intelectual, favorecendo o florescimento da civilizao. Enquanto os trabalhadores livres eram mais numerosos nas atividades de subsistncia, na pequena produo mercantil e no comrcio varejista, os escravos predominavam na produo em larga escala, no campo e na cidade, nas minas e nos servios domsticos. Assim, coexistiam o trabalho livre e o trabalho escravo.

    Havia tambm escravos alugados exercendo funes de porteiros, pedagogos, cozinheiros, amas, sendo que seus donos recebiam-lhes o salrio; escravos que trabalhavam pagando a seus senhores quotas fixas ou parte dos ganhos; escravos do Estado, utilizados na pavimentao de ruas, na fabricao de moedas, como guardas, etc. Por serem de origem muito diversificada, as revoltas de escravos foram muito raras. A alforria (liberdade) podia ser alcanada e o liberto era considerado da mesma categoria social que os metecos (estrangeiros residentes em Atenas). Liberdade e escravido estiveram estreitamente ligadas no mundo helnico.

    O PERODO CLSSICO (SC. V E IV a. C.): No incio do sculo V a.C., os gregos tiveram que enfrentar a ameaa dos persas, cujo Imprio chegou a abranger a Lbia, as cidades gregas da sia Menor, o Egito, a Trcia e a Macednia, controlando importantes regies fornecedoras de trigo. Em 492 a.C., os persas atacaram diretamente a Grcia continental, tendo sido derrotados pelos atenienses nas batalhas de Maratona (490 a.C.), provando a superioridade no combate. Numa outra investida, os persas foram novamente derrotados por Atenas na batalha

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    5

    naval de Salamina (480 a.C.), e na batalha de Platia pelas foras coligadas de Atenas e Esparta. Para defender as pleis do mar Egeu e da sia Menor de possveis novas invases persas, Atenas organizou uma liga de cidades sob sua liderana, denominada Liga de Delos (477 a.C.). Todas as cidades membros contriburam com homens, navios e dinheiro, para o tesouro da Liga, localizada na ilha de Delos. Mesmo quando o perigo dos ataques persas diminuiu, Atenas no permitiu que qualquer cidade se retirasse da Liga, tornando-se, assim, uma cidade imperialista. O smbolo da transformao foi a mudana da sede e do tesouro da Liga de Delos para Atenas, em 454 a.C., sendo seus recursos utilizados na reconstruo e embelezamento da cidade e na melhoria do nvel de vida de sua populao.

    A DEMOCRACIA ESCRAVISTA NA POCA DE PRICLES (460/429 A.C.:

    Durante o governo de Pricles, que exerceu o cargo de principal estratego por 30 anos, Atenas atingiu o apogeu de sua vida poltica e cultural, tornando-se a cidade-estado mais proeminente da Grcia. A prosperidade econmica de Atenas baseava-se nas contribuies cobradas aos membros da Liga de Delos e no trabalho escravo, utilizado em quantidade cada vez maior. Os escravos eram empregados nos servios pblicos e domsticos, nas oficinas artesanais, no campo e na minerao, exercendo todas as atividades que o grego considerava degradante para o cidado. A participao direta dos cidados na Assemblia Popular era a chave da democracia ateniense: no existiam representao, partidos polticos organizados nem funcionalismo burocrtico.

    No governo de Pricles, instituiu-se a remunerao para todos os cargos e funes pblicas, permitindo que o cidado pobre pudesse participar da poltica sem perda de seus meios de manuteno; restringiu-se o pode da Bul e criou-se a ao de ilegalidade, isto , o cidado responsvel por uma lei, que aps um ano de aplicao se mostrasse nociva cidade, era passvel de punio, de multas. Os cidados do sexo masculino maiores de 18 anos podiam assistir aos discursos da Eclsia e neles intervir, sempre que quisessem, assim como propor emendas, votar questes sobre a guerra, a paz, a regulamentao dos cultos, o recrutamento de tropas, o financiamento de obras pblicas, as negociaes diplomticas, etc. Diretamente da Assemblia Popular, os atenienses debatiam e decidiam os destinos da plis.

    Excludos da democracia, estavam os escravos, os estrangeiros e as mulheres. A direo da Assemblia Popular ou Eclsia, a

    participao na Bul, nas Magistraturas e no Tribunal Popular denominado Heliase eram determinadas por sorteio e com durao limitada. As reunies da Eclsia eram realizadas na gora e ocorriam pelo menos quatro vezes em cada 36 dias. Os cidados que possuam o dom da oratria, associado ao conhecimento dos negcios pblicos e ao raciocnio rpido, conseguiam impor seus pontos de vista. O voto era aberto, pelo levantamento das mos.

    CONSTITUIO poltica no segue as leis de outras cidades, antes lhes serve de exemplo. Nosso governo se chama DEMOCRACIA, porque a administrao serve aos interesses da maioria e no, de uma minoria. De acordo com nossas leis, somos todos iguais no que se refere aos negcios privados. Quanto participao na vida pblica, porm, cada qual obtm a considerao de acordo com seus

    mritos, e mais importante o valor pessoal, que a classe que se pertence isso quer dizer que ningum sente o obstculo de sua pobreza ou da condio social inferior quando seu valor o capacite a prestar servios cidade(...) Por essas razes e muitas mais ainda, nossa cidade digna de admirao. (Trechos do Discurso de Pricles. Citado por AQUINO, R. & Outros, op. cit. p.201.)

    A democracia e o crescimento econmico transformaram Atenas no centro da civilizao grega. No espao de dois sculos, produziu ou atraiu um grande nmero de filsofos, cientistas, artistas e escritores, valorizando a medida humana da cultura grega. s concepes filosficas lanadas pelos pensadores gregos do sculo VI a.C., como Anaxgoras, Pitgoras, Herclito, Parmnides e Zenon, acrescentaram-se os conhecimentos cientficos dos filsofos dos sculos V e IV a.C., que constituram a base do pensamento das sociedades ocidentais. Na filosofia, destacaram-se Scrates, Plato e Aristteles.

    Na literatura, surgiram autores de peas teatrais que apresentaram a condio humana explorada no ntimo de seu ser e exposta com fora grandiosa. Sobressaram-se, no drama,

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    6

    squilo (Os Persas, Prometeu Acorrentado, Sfocles (dipo Rei, Antgona) e Eurpedes (Media, Troianos); na comdia, Aristfanes (As Rs, As Nvens, A Paz); na Histria, Herdoto, Xenofonte e Tucdides. Na Medicina, foi muito importante Hipcrates, de Quios e na Fsica, Demcrito. Os gregos salientaram-se tambm na escultura e na arquitetura, de linhas sbrias e harmoniosas. Templos, teatros de arena e outros edifcios pblicos foram construdos em todas as cidades gregas, destacando-se o Partenon, templo dedicado deusa Palas Atena, na Acrpole de Atenas, ornamentado pelo escultor Fdias.

    A GUERRA DO PELOPONESO E O DECLNIO DAS PLEIS GREGAS

    A rivalidade econmica e poltica entre Atenas e Esparta e as cidades aliadas desencadeou a guerra do Peloponeso (431/403 a.C.0, trazendo destruio, conflitos sociais e empobrecimento das plis. Em Atenas, a guerra prolongada arruinou os pequenos camponeses que foram obrigados a abandonar suas terras e a se refugiar na rea urbana. A vitria de Esparta trouxe a instalao de oligarquias em toda a Grcia. Terminada a Guerra do Peloponeso, o perodo entre 403 e 362 a.C. foi marcado pela hegemonia de Esparta, seguida pela supremacia de Tebas. O desgaste das cidades com o longo perodo de guerras facilitou a conquista da Grcia por Felipe da Macednia em 338 a.C., na batalha de Queronia. Felipe foi sucedido por seu filho Alexandre (336/323 a.C.), que fundou o Imprio Macednico, englobando a Grcia, a Prsia, a Mesopotmia e o Egito.

    Chegava ao fim o mis brilhante perodo da Grcia antiga. Passando a integrar o Imprio de Alexandre, os quadros polticos, econmico e social da Grcia foram completamente alterados. Entretanto, a cultura grega, sob o domnio da Macednia e, mais tarde, de Roma, difundiu-se por terras distantes, aproximando-se das culturas do Oriente, o que deu origem ao perodo helenstico. Principalmente nas plis que conheceram alguma forma de tirania, os gregos conseguiram o equilbrio possvel entre grupos sociais antagnicos. Com isso, os gregos

    descobriram a idia de liberdade, distinta do poder pessoal dos reis ou do privilgio de famlias aristocrtica.

    SUPLEMENTO

    A COLONIZAO GREGA

    A pobreza do solo que no produzia alimento suficiente para uma populao em crescimento, a escravido por dvidas e a concentrao cada vez maior das terras nas mos da aristocracia foram fatores que levaram a um amplo movimento migratrio dos gregos durante os sculos VIII a VI a.C., em direo aos mares Negro e Mediterrneo. Grupos de colonos, com recursos fornecidos pelo governo de suas cidades de origem, partiam em busca de terras cultivveis, onde fundavam novas pleis, tais quais as existentes no territrio grego.

    Assim, as colnias fundadas se constituram em sada para a crise agrria e

    foram fator de progresso econmico e cultural.

    Em meados do sculo VI a.C., quando a expanso grega foi interrompida, devido resistncia de fencios e etruscos que tambm disputavam o domnio do litoral do mar Mediterrneo, havia centenas de plis espalhadas em solo grego e no estrangeiro, todas situadas a menos de 40 quilmetros da costa. A colonizao beneficiou grandes e pequenos proprietrios de terra, que dedicavam ao cultivo da vinha e

    da oliveira, produzindo vinho e azeite para exportao. Favoreceu os proprietrios de oficinas artesanais(cermica, tecelagem, metalurgia, construo naval), cuja produo cresceu, facilitada pela diviso do uso da moeda.

    Ampliou a classe dos comerciantes e armadores e incentivou o progresso cultural, sobretudo nas cidades gregas da sia Menor. Em funo das transformaes econmicas e da expanso da riqueza, os gregos foram abandonando as tradies e os mitos gentlicos e desenvolveram uma mentalidade individualista, racional e criativa. Criaram a lgica e a matemtica, afirmando serem os sentidos e a razo os verdadeiros critrios para a compreenso das leis que regem o universo. O resultado da nova viso grega de mundo foi um avano impressionante do conhecimento humano. Filosofia, literatura, histria, geometria, arquitetura, escultura, teatro, leis, oratria, debate, voto, tudo isso desenvolveu-se entre os gregos, de uma forma original e at ento nunca alcanada.

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    7

    O SCULO DE OURO DA CULTURA GREGA:

    Grande parte daquilo que os gregos criaram no era original. Eles herdaram muitos elementos das culturas dos cretenses e do Oriente Mdio. Apesar disso, os gregos conseguiram expressar na arte uma especial preocupao com o ser humano acima de todas as outras criaes da natureza. Comparada com as criaes das civilizaes do Oriente Mdio, a arte grega era relativamente simples. Essa simplicidade foi a base da chamada arte clssica.

    O mundo deve aos gregos a criao de quase todos os gneros literrios, ou seja, de diferentes formas de expresso por meio da escrita. Alm dos poemas homricos, o sculo de ouro assistiu ao surgimento da poesia lrica. O teatro surgiu nas festas que se realizavam todos os anos para homenagear Dioniso, o deus do vinho. Nessas festas, os gregos organizavam cortejos nos quais as pessoas apareciam fantasiadas com peles de cabra chamadas de tragdias. Foi assim que nasceu a tragdia grega. A comdia apresentava situaes engraadas. Contribuiu para a educao popular, pois satirizava e ridicularizava os defeitos da vida pblica. Os gregos foram, tambm, o primeiro povo a se preocupar com a Histria. Eles deram ao mundo, por assim dizer, o primeiro historiador. Herdoto foi chamado de pai da Histria. Graas a ele, temos relatos de como era a vida grega durante o sculo V a.C.

    Os gregos se dedicaram ao estudo das causas da sade e das doenas. Eles desenvolveram a medicina. Hipcrates foi considerado o pai da medicina. Podemos dizer que a filosofia nasceu na Grcia. Foi l que surgiram os pensadores que se preocupavam em saber a origem e o destino da existncia humana. Os maiores filsofos - os amigos do conhecimento - gregos foram Scrates, um ateniense que afirmava que a fonte da sabedoria est no prprio homem, Plato, que foi discpulo de Scrates, e Aristteles, criador da lgica, um macednio que foi professor de Alexandre Magno.

    A MACEDNIA E FILIPE II:

    Em 360 a.C., Filipe II, um jovem de 23 anos, subiu ao trono da Macednia. Oito anos antes disso, tinha sido mantido refm em Tebas, onde recebeu uma educao grega. L, Filipe percebeu a fragilidade das cidades gregas e traou um plano para transformar a Macednia no

    principal Estado grego. Ele chamou muitos sbios e professores gregos para difundir a cultura grega e, assim, helenizar os macednios. Ao mesmo tempo, criou um poderoso exrcito, nos moldes do exrcito tebano. Filipe reuniu representantes de todas as cidades gregas, menos Esparta, no Congresso Geral de Corinto. Nesse congresso, as cidades gregas decidiram formar uma nova liga, chefiada por Filipe, para atacar os persas. Filipe tinha conseguido o que nenhum outro grego jamais conseguira. Mas, s vsperas da invaso da Prsia, ele foi assassinado. Seu projeto, entretanto, seria realizado por seu filho e sucessor, Alexandre.

    EXERCCIOS

    1. (FUVEST) O estudo do chamado Perodo Homrico da Histria da Grcia fundamenta-se na Ilada e na Odissia. Em linhas gerais, quais os temas centrais dessas obras? 2. (FUVEST) Explique o processo de colonizao grega: a) identificando no mapa a seguir as reas abrangidas; b) destacando a contribuio das novas colnias. 3. (FUVEST) I "H muitas maravilhas mas nenhuma to maravilhosa quanto o homem. (...)homem de engenho e artes inesgotveis... soube aprender sozinho a usar a fala e o pensamento mais veloz que o vento... sagaz de certo modo na inventiva alm do que seria de esperar e na destreza, que o desvia s vezes para a maldade, s vezes para o bem...." (ANTGONA, Sfocles, 497 - 406, a.C.) II "Este animal previdente, sagaz, complexo, penetrante, dotado de memria, capaz de raciocinar e de refletir, ao qual damos o nome de homem... nico entre todos os vivos e entre todas as naturezas animais, s ele raciocina e pensa. Ora, o que h... de mais divino que a razo, que chegada maturidade e sua perfeio justamente chamada de sabedoria?" (SOBRE AS LEIS, Ccero, 106 - 43, a.C.) III "Eu no te dei, Ado, nem um lugar predeterminado, nem quaisquer prerrogativas.... Tu mesmo fixars as tuas leis sem estar constrangido por nenhum entrave, segundo teu livre arbtrio, a cujo domnio te confiei.... Poders degenerar maneira das coisas inferiores, que so os brutos, ou poders, segundo tua vontade, te regenerar maneira das superiores, que so as divinas." (SOBRE A DIGNIDADE DO HOMEM, Pico della Mirandola, 1463 - 1494) a) Qual o assunto dos textos e como denominada a concepo neles presente? b) Qual a relao existente entre o universo cultural de Pico della Mirandola e o de Sfocles e Ccero?

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    8

    4. (FUVEST) Freud, Brecht e Pasolini, entre muitos outros, recorreram a ela em seus trabalhos. O primeiro, ao utilizar os termos "Complexo de dipo" e "Complexo de Electra"; o segundo nas "Notas sobre a Adaptao de Antgona", e o terceiro, no filme "Media". a) Identifique a arte grega evocada acima e d o nome de dois de seus autores. b) A que se deve sua permanente atualidade? 5. (FUVEST) "Ento Alexandre aproximou-se ainda mais dos costumes brbaros que ele tambm se esforou em modificar mediante a introduo de hbitos gregos, com a idia de que essa mistura e essa comunicao recproca de costumes dos dois povos... contribuiria mais do que a fora para solidificar seu poder..." (Plutarco, VIDAS PARALELAS) a) Quem eram os brbaros? b) No que consistiu a sua poltica de conquista? 6. Quais foram as civilizaes que se desenvolveram nas seguintes regies: a) Pennsula Itlica b) Pennsula e regio insular entre o Mar Egeu e o Mar Jnico 7. Quem eram os helenos? 8. Como o relevo influenciou a formao da Civilizao Grega? 9. Qual o aspecto mais importante, na educao espartana? 10.Por que Herdoto conhecido como o "Pai da Histria"? 11.Qual era a funo da mulher na sociedade ateniense? 12.Por que dizemos que as cidades gregas eram cidades-estados? 13.Por que os gregos formavam um povo e no um Estado? 14. (UFPR) A "Cidade-Estado" foi uma organizao poltica tpica da Grcia antiga. Quais eram as caractersticas de uma "Cidade-Estado" (plis) e quais foram as mais notveis? 15. (UFPR) Na Antiguidade, Atenas era uma cidade- Estado com organizao social e poltica especfica. Cite alguns aspectos dessa organizao e indique aqueles que diferenciavam Atenas de outras cidades-estados.

    16. (UFPR) Explique por que o sculo V a.C. foi considerado o perodo de maior esplendor de Atenas. 17. (UNESP) "A Civilizao Grega alcanou extraordinrio desenvolvimento. Alm das indagaes e respostas sobre os sentimentos humanos, os gregos legaram humanidade, at sob a forma de humor, inmeras realizaes artsticas." Oferea contribuies para que se compreenda o papel do teatro como manifestao artstico-cultural reveladora do humanismo grego. 18. (UNESP) "O escravo torna possvel o jogo social, no porque garanta a totalidade do trabalho material (isso jamais ser verdade), mas porque seu estatuto de anticidado, de estrangeiro absoluto, permite que o estatuto do cidado se desenvolva; porque o comrcio de escravos e o comrcio simplesmente, a economia monetria, permitem que um nmero bem excepcional de atenienses sejam cidados." (Pierre Vidal-Naquet, TRABALHO E ESCRAVIDO NA GRCIA ANTIGA.) Esse desenvolvimento paralelo da escravido e da cidadania obrigou os atenienses a realizarem sucessivas reformas polticas.Discorra sobre o papel de Clstenes nesse processo. 19. (UNICAMP) "Os deuses, quaisquer que tenham sido as suas origens longnquas, nada mais so do que seres humanos, maiores, mais fortes, mais belos, eternamente jovens; adquiriram no s a forma humana, mas tambm os sentimentos, as paixes, os defeitos e at os vcios dos homens; o mundo divino apresenta, portanto, uma imagem engrandecida, mas no depurada da humanidade."(A. Jard, A GRCIA ANTIGA E A VIDA GREGA, 1977)Usando as informaes contidas no texto e outras que voc dispe sobre o assunto, cite cinco caractersticas da religio na Grcia Antiga. 20. (UDESC) O teatro ocidental nasceu na Grcia e teve seu auge no sculo V a.C., conhecido como "sculo de ouro" ou "sculo de Pricles". Nesse momento da histria, os gregos combinaram pensamentos e ao num equilbrio jamais alcanado posteriormente por qualquer outro povo e, a partir do culto ao deus Dionsio, desenvolveu- se a tragdia grega. a) Em Atenas, como evoluram as representaes trgicas e seus enredos, partindo desse culto? b) Dentre os trs grandes dramaturgos gregos - squilo, Sfocles e Eurpedes -, qual pode ser responsabilizado pela decadncia da tragdia, e por qual(is) motivo(s)? 21. (FUVEST) Indique e comente quatro elementos da antigidade greco-romana presentes ainda hoje no mundo ocidental.

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    9

    GABARITO 1. Epopia grega, tomada de Tria e as conquistas de Ulisses. 2. a) A colonizao deu-se pela disputa por terras frteis na pennsula grega levando-os a colonizar o Norte da frica, a Magna Grcia e a entrada do Mar Negro. b) As colnias mantinham intercmbio cultural e forneciam alimentos para os peninsulares. 3. a) Os trs textos exaltam o gnero humano e sua capacidade criadora. A concepo neles presente o humanismo. b) Pico della Mirandola exalta o humanismo renascentista que foi buscar no passado greco- romano que reviveram Sfocles e Ccero. 4. a) Arte teatral, intensamente influenciada pela mitologia. So expoentes: Eurpedes, squilo e Sfocles. b) Sob enfoque antropocentrista, o teatro aborda todas as vicissitudes humanas. Vcios, paixes, emoes, etc so temas abordados. 6. a) Magna Grcia e Imprio Romano. b) Grcia, Macednia, Creta. 7. Helenos ou gregos so de origem indo-europia. Comearam a chegar Grcia por volta do ano 2000 a.C. em vrios grupos: aqueus, jnios, elios e drios. 8. A Grcia Continental montanhosa, com plancies frteis isoladas. Isto explica porque surgiram as cidades-estado, pois as comunicaes eram difceis. Na Grcia Peninsular, o litoral era recortado por golfos e baas, o que facilitava a criao de portos e a navegao. As inmeras ilhas da Grcia Insular permitiam a navegao com terra sempre vista. 9. A orientao para fins militares, pois era fornecida pelo estado para os homens desde os 7 anos de idade. 10. Herdoto, mesmo que atravs de uma concepo religiosa, relatou as guerras prsicas e se preocupava em conhecer os povos cujas histrias contava: visitou o Egito, a Itlia e a sia Menor. 11. As mulheres tinham poucos direitos na democracia ateniense, esperava-se delas a dedicao permanente famlia e ao marido, embora as mulheres pobres trabalhassem no campo ou no mercado. 12. Porque eram independentes entre si. Cada cidade possua o seu prprio governo, aparelho administrativo, leis prprias, exrcito exclusivo, como qualquer estado. 13. No formavam um Estado porque no havia um poder central nico, nem uma unidade poltica, jurdica e militar nicos. Porm, possuam a mesma origem, uma mesma lngua, seguiam os mesmos mitos. 14. Caracterizavam-se pela prtica da escravido e da autonomia poltica, administrativa,

    econmica e social. Destacam-se Atenas e Esparta. 15. Economia mercantil; Educao humanista e filosfica; Poltica democrtica. Diferia da economia agrcola, educao militar e lacnica e poltica aristocrtica militar de Esparta. 16. Durante as Guerras Mdicas (contra os persas), Atenas liderou a Liga de Delos recebendo tributos para manter a confederao das cidades gregas contra os invasores. Nessa poca, o lider mximo Pricles, utilizou parte dos recursos na reconstruo e embelezamento da cidade, estimulando a produo artstica que atingiu seu maior desenvolvimento na Grcia. Da o perodo ser chamado de "Sculo de Pricles" ou "Sculo de Ouro" da Grcia. 17. Tragdia e comdia. Os gregos representavam o tom crtico da sociedade, dos seus problemas ticos e a poltica da poca. 18. Legislador grego que chegou ao conceito de democracia apesar de restrita a menos de 10% dos atenienses. 19. Politesmo, antropomorfismo, humanismo, mitologia e sacrifcios. 20. a) A tragdia e A comdia, valores ticos e crtica poltico-social. b) Eurpedes - questes sociais, vida cotidiana do povo grego, guerras. 21. Entre as permanncias da civilizao greco-romana na contemporaneidade, podemos destacar:

    a racionalidade grega, que tanta influncia exerceu em nosso pensamento cientfico por exemplo,

    no campo da Medicina, com Hipcrates refutando as explicaes sobrenaturais, ou no da Matemtica,

    com Tales de Mileto; o modo de fazer poltica dos gregos, que

    diminuiu sensivelmente o papel da religio, com a criao

    da democracia e do conceito de cidadania, base dos modelos polticos da civilizao ocidental de hoje;

    no plano jurdico, a elaborao, pelos romanos, de um modelo universal e racional de conceber as leis,

    fundamento das legislaes contemporneas; a poltica republicana dos romanos, ao

    considerar as questes do Estado como coisa pblica, constitui-

    se numa das metas das modernas civilizaes; o Latim, lngua dos romanos, repercutiu

    fortemente na formao das lnguas modernas. Essa busca greco-romana de valorizao das

    questes humanas pode ser encontrada mais cotidianamente

    na permanncia dos jogos olmpicos, que a cada quatro anos mobilizam o mundo.

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    10

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    11

    CIVILIZAO ROMANA: DA FORMAO AO IMPRIO

    PERODO ARCAICO ORIGEM DA CIVILIZAO ROMANA

    Aldeias de pastores (italiotas) povoaram as sete colinas situadas ao sul da Etrria. No sculo VIII a.C. uniram-se formando uma Confederao e construram no alto do Monte Palatino uma fortificao quadrada, na qual se refugiavam quando ameaados pelos inimigos. Deu-se a a origem da cidade Alba Longa posteriormente conhecida como Roma.

    LEGENDA DO MAPA FERREIRA, Olavo L. VISITA ROMA ANTIGA. So Paulo, 1993, p. 9

    As aldeias estavam organizadas em comunidades gentlicas (gens) nas quais o patriarca (pater) tinha amplos poderes. Dez gens formavam uma cria e dez crias uma tribo. Em Roma existiam trs tribos. A princpio no existia a desigualdade social, a terra era comum. No se sabe ao certo como e em que momento isso ocorreu, no entanto possvel que os patriarcas tenham concentrado em suas mos as melhores terras.

    Eram chamados de patrcios todos aqueles que eram descendentes dos patriarcas, os quais tinham privilgios e poderes. As famlias patrcias

    podiam ter os seus clientes, ou seja, pessoas que prestavam servios e deviam obrigaes em troca de proteo. Os

    plebeus, povos primitivos da Itlia e estrangeiros que chegavam cidade, durante muito tempo foram marginalizados, no podendo participar do exrcito, dos cultos religiosos, das cerimnias, das decises polticas, no pagavam impostos e no tinham acesso s questes jurdicas, muitos eram

    comerciantes, agricultores e artesos. Os escravos, adquiridos em guerras ou homens que perderam sua

    liberdade por causa de dvidas (a maioria plebeus) no eram muitos e quase sempre voltados para os servios domsticos.

    Dominao Etrusca

    Nesse perodo o poder dividia-se entre o monarca, o Senado e a Assemblia Curiata. O monarca era vitalcio, exercia o poder de chefe poltico, militar supremo juiz e sacerdote. O Senado, formado pelos trezentos patriarcas, controlava o poder do monarca e indicava trs nomes para substitu-lo quando este morria. A Assemblia Curiata , composta de

    patrcios, escolhia qual entre os trs seria o novo monarca, decidia sobre as guerras e votava as leis propostas pelo Senado.

    Em meados do sculo VII a.C., os Etruscos atravessaram o rio Tibre e dominaram Roma. Foi com eles que os romanos aprenderam a trabalhar melhor a terra, usando sistemas de drenagem,

    desenvolveram o artesanato, passaram a

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    12

    usar a moeda nas transaes comerciais, adquiriram novas crenas e prticas religiosas, como as adivinhaes das vontades dos deuses atravs dos vos das aves e das entranhas dos animais.

    Porm, nesse perodo os patrcios viram seu poder enfraquecido, pois os Etruscos no os diferenciavam dos plebeus, permitindo inclusive que os mais ricos participassem do exrcito. Em 509 a.C. os patrcios se rebelaram, depondo o ltimo rei etrusco, Tarqunio o Soberbo e organizando uma nova forma de governo na qual tinham plenos poderes, a Repblica.

    Perodo Republicano Organizao Poltica

    A palavra Repblica tem sua origem do latim rs pblica, que significa "coisa do povo". Porm para os romanos, eram considerados cidados apenas os soldados, que participavam das decises polticas atravs das Assemblias Centuriatas, formadas por 193 centrias (conjunto de cem soldados), com maioria patrcia. As Assemblias encaminhavam projetos de leis para aprovao ou rejeio do senado e elegiam os dois cnsules. Os cnsules, eleitos por um ano, herdaram muitas das funes do rei, eram os chefes administrativos e comandavam os exrcitos nas guerras. Em pocas de conflitos internos (revoltas populares) ou externos (ameaas de inimigos) era indicado um ditador, por um perodo de seis meses, com poderes absolutos.

    Outros magistrados, escolhidos pelo sistema eleitoral, exerciam funes importantes dentro da Repblica Romana, como: os questores, responsveis pelas finanas; os censores faziam o recenseamento das famlias, determinavam os impostos e conservavam os costumes; os pretores, controlavam a justia e os edis, administravam as cidades (manuteno da rede de esgoto e gua, da limpeza, do policiamento e a organizao das festas pblicas).

    Aos pontfices eram reservadas as funes religiosas, os quais julgavam as aes e os costumes de acordo com o Direito Consuetudinrio, ou seja, leis no escritas, baseadas nos costumes e preceitos religiosos, de conhecimento

    exclusivo dos patrcios. Porm, o rgo mais importante era o Senado, composto pelos membros das famlias mais ricas, com poderes vitalcios, os quais aprovavam ou no os projetos de leis propostos, decidiam sobre os assuntos importantes e escolhiam o ditador. Dessa forma estabeleceu-se em Roma uma Repblica Aristocrtica ou seja, forma de governo na qual os dirigentes so eleitos por um determinado perodo, porm pertencentes classe dominante.

    PLEBEUS x PATRCIOS

    No possvel imaginar que os plebeus tenham aceitado pacificamente a sua excluso poltica (no podiam compor os magistrados e o Senado), jurdica (a justia baseava-se em leis no escritas de domnio exclusivo dos patrcios) e social (no era permitido o casamento entre os membros das duas classes e que freqentassem algumas festas e cerimnias). Por outro lado suas obrigaes s aumentavam, deviam pagar tributos e servir no Exrcito Romano, o que gerou srios problemas econmicos, pois os plebeus tinham que se armarem s suas custas e com o aumento das guerras abandonavam por longos perodos suas plantaes e gados.

    Ao contrrio dos patrcios que se enriqueciam com a poltica expansionista, muitos plebeus se arruinaram, resultando numa grande insatisfao. Passaram ento a ter conscincia de que representavam a maioria e que eram muito importantes aos exrcitos romanos, bem como, para a manuteno da economia romana. Em 494 a.C., s vsperas de uma guerra, organizaram-se, ameaaram abandonar Roma e fundar outra cidade numa regio prxima, o Monte Sacro. Diante dessa ameaa, os plebeus conquistaram sua primeira vitria poltica, foi permitido a eles que escolhessem dois representantes, os Tribunos da Plebe, os quais tinham o direito de proibir a aprovao de leis que os prejudicassem e posteriormente a criao da Assemblia da Plebe (470 a.C.) formada apenas de plebeus.

    A partir da, os plebeus se organizaram e ampliaram seus direitos. Em 450 a.C., participaram da elaborao das Leis Romanas, que foram gravadas em 12 tbuas de bronze em 448 a.C. (Lei das

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    13

    Doze Tbuas). A Lei Canulia aprovada em 445 a.C., permitia o casamento entre patrcios e plebeus. Em 367 a.C. um dos Cnsules seria eleito pela Assemblia da Plebe, a qual em 339 a.C. passou a ser formada tambm por patrcios, mudando seu nome para Assemblia Tribuna, com maioria plebia e plenos poderes a partir de 286 a.C. Aps duzentos anos de luta os plebeus conseguiram igualdade poltica, social e jurdica em relao aos patrcios, porm a Repblica continuava sendo aristocrtica, pois estava sob o controle dos mais ricos, principalmente dos grandes proprietrios de terras.

    EXPANSES ROMANAS

    Durante quinhentos anos Roma expandiu seus domnios, tornando-se a capital de um vasto Imprio. As conquistas eram muito vantajosas pois proporcionavam a aquisio de muitas riquezas para a aristocracia (jias, dinheiro e escravos). Entre os sculos V e III a.C., Roma dominou toda a pennsula itlica. Sem uma poltica preestabelecida, em algumas regies os povos dominados tinham os mesmos direitos que qualquer cidado romano, em outras eram firmados tratados, em que estas se comprometiam a fornecer homens para o Exrcito Romano.

    No entanto algumas medidas foram

    tomadas para garantir o controle sobre os povos conquistados, algumas delas so: a adoo do latim como lngua oficial, o uso de uma nica moeda, a construo de estradas que interligassem as regies dominadas, visando facilitar a locomoo rpida de exrcitos em caso de rebelies e o incentivo de casamentos entre romanos e no romanos. Em meados do sculo III, Roma direcionou suas foras contra Cartago. Cidade localizada ao Norte da frica, controlava algumas ilhas do Mar Tirreno e o comrcio martimo da regio (parte ocidental do Mar Mediterrneo). Cartago no se deixou dominar facilmente. Foram necessrias trs batalhas, conhecidas como Guerras Pnicas (264 a.C. a 146 a.C.), para que os romanos se apossassem de todos os territrios cartagineses, inclusive a atual Espanha.

    No sculo II a.C. Roma conquistou

    a Glia e em 146 a.C. a Grcia e a Macednia. No sculo I a.C., os romanos estenderam seus domnios at a sia Menor e o Egito. Nos dois primeiros

    sculos da Era Crist o Imprio chegou no seu limite, se apossando da ilha que hoje a Inglaterra. As relaes estabelecidas com esses povos foram muito diferentes do que se deu com os da pennsula itlica. Para os povos vencidos foram impostas pesadas obrigaes. Todas as riquezas existentes nas Provncias (assim eram chamadas as regies conquistadas por Roma) passaram a pertencer ao Estado Romano.

    Para elas era enviado um

    governante romano e impostas pesadas obrigaes como: o pagamento de impostos, o fornecimento compulsrio de homens para o exrcito e de escravos que eram adquiridos entre os prisioneiros de guerra. Estavam sob o domnio e controle de Roma todos os territrios que rodeiam o Mar Mediterrneo, o qual passou a ser chamado pelos romanos de Mare Nostrum (Nosso Mar). As expanses territoriais resultaram em significativas conseqncias econmicas, sociais e polticas.

    Os Governos dos Generais

    As conquistas obtidas por Roma alteraram tambm o perfil de seus governantes. Os grandes generais, exaltados pelas suas vitrias, passaram a ocupar importantes cargos polticos. Mrio eleito Tribuno da Plebe e Cnsul por seis vezes, realizou importantes reformas democrticas e viabilizou a criao de colnias, cujas terras foram distribudas entre os soldados e povos de outras regies da pennsula itlica, porm cometeu um erro poltico, aproximou-se demais do Senado desagradando a populao. Ainda no sculo I a.C., o general Sila, ligado aristocracia, foi eleito Cnsul, sua misso era combater as sublevaes que ocorriam em diversas regies do Imprio Romano.

    Os povos da pennsula itlica reivindicavam direitos de cidadania romana, nas provncias (sia Menor e Grcia) lutas pela independncia tornavam-se cada vez mais freqentes, sem contar os conflitos sociais e a revolta dos escravos, principalmente a liderada por Esprtaco. No seu governo Sila conseguiu sufocar as rebelies, demonstrando habilidade militar e poltica. Tornou-se um ditador, acabando com as Assemblias Tribunas e tornando sem valor o poder dos Tribunos da Plebe, enfraquecendo as foras democrticas. Com sua morte em 76

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    14

    a.C., depois de uma fracassada tentativa de restaurar as foras e instituies republicanas, trs respeitados generais assumiram o poder.

    Pompeu, por suas faanhas na frica, Espanha e Itlia, Crasso (um dos homens mais ricos de Roma) por conseguir finalmente derrotar o exrcito de Esprtaco e Jlio Csar por seu grande prestgio popular, formaram o Primeiro Triunvirato, em 60 a.C. Juntos por dez anos, governaram o Imprio Romano tomando todas decises polticas e neutralizando o poder do Senado. Crasso afastado do cenrio poltico em pouco tempo, foi assassinado em 53 a.C., durante uma campanha militar no Oriente.

    Jlio Csar tornou-se governador da Glia acabando com os conflitos entre as tribos gaulesas e os submetendo ao domnio romano o que at ento no tinha ocorrido de fato. Dessa maneira ele adquiriu o to esperado prestgio militar e pode se fortalecer economicamente. Temerosos com o seu crescimento, o Senado se aliou a Pompeu, procurando tir-lo de suas funes. Habilmente Csar organizou suas tropas e invadiu Roma, travando algumas batalhas contra o exrcito de Pompeu, at que este foi assassinado no Egito a mando do prprio Fara.

    Voltou para Roma, onde foi proclamado Ditador, Cnsul e recebeu o ttulo de Imperador. Concentrou em suas mos amplos poderes, inclusive religiosos. Em seu governo realizou importantes reformas: anistiou os presos polticos, deu maior autonomia s Provncias, nomeando alguns chefes destas para cargos importantes em Roma, distribuiu terras para os soldados afastados, concedeu o direito de cidadania alguns povos conquistados, realizou grandes obras para ocupar os desempregados, promoveu

    diversos programas de lazer para a populao carente. Entretanto no agradava ao Senado que via seus poderes cada vez mais reduzidos. Os senadores organizaram-se e o assassinaram durante uma sesso em 44 a.C.

    Os seguidores de Csar liderados por Marco Antnio, Lpido e Otvio recomearam uma guerra civil contra os partidrios do Senado, resultando em milhares de mortes. Vitoriosos, formaram um Segundo Triunvirato em 43 a.C., com pretenses de centralizar todo os poderes em suas mos. Lpido ficou com as Provncias da frica, Otvio com a Itlia e Marco Antnio com o Oriente. Entretanto no demorou para que surgissem divergncias entre eles. Lpido renunciou e Otvio ambicionando ficar com todo o poder, investiu contra Marco Antnio, que havia se instalado na Alexandria e se casado com Clepatra. Diante das vitrias dos exrcitos de Otvio, ambos se suicidaram.

    PERODO IMPERIAL PAX ROMANA

    Otvio que assumiu o poder em 31

    a.C. se autoproclamou Imperador, a partir deste momento esse perodo da histria romana passou a ser denominado pelos historiadores de Imprio. Para os romanos o regime poltico que se instituiu foi o Principado, em especial, porque Otvio era considerado princeps (primeiro cidado de Roma), era ele quem tinha a primeira palavra no Senado. As instituies republicanas ainda existiam, porm todas elas estavam sob o seu

    controle, ele ocupava os principais cargos, indicava os senadores e outros magistrados, era chefe militar, decidia sobre todos os assuntos importantes e era a autoridade religiosa, recebendo em 27 a.C. o ttulo de Augusto (consagrado, divino).

    O Senado passou a ser um rgo figurativo, no tinha mais nenhum poder de deciso. muito importante compreender

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    15

    como que os Senadores permitiram essa concentrao de poderes nas mos de Otvio Augusto sem nenhuma objeo. Vamos lembrar que muitos deles foram nomeados pelo prprio Imperador, enfraquecendo a oposio.

    Com o desenvolvimento do comrcio uma nova classe social, os equestres, passaram a compor a magistradura, funes anteriormente reservadas aos aristocratas, dando total apoio s decises tomadas pelo governo. E por ltimo, criou o seu prprio exrcito, com a funo de proteg-lo, conhecido como a Guarda Pretoriana, alm de colocar nos comandos das tropas apenas pessoas de sua confiana.

    A crise do Imprio Romano A partir do sculo III, o Imprio

    Romano entrou em declnio. Com o fim das guerras de conquista, esgotou-se a principal fonte fornecedora de escravos. Teve incio a crise do escravismo que abalou seriamente a economia, fez surgir o colonato e provocou o xodo urbano. Alm disso, houve disputas pelo poder e as legies diminuram. Enfraquecido, o Imprio Romano foi dividido em dois e a parte ocidental no resistiu s invases dos brbaros germnicos no sculo V.

    O enrijecimento da estrutura social. No sculo III, ao lado da escravido, surgiu um novo tipo de trabalhador rural, o colono. Este, a princpio livre para abandonar a terra em que trabalhava, perdeu essa liberdade em 332, com o decreto de Constantino, que fixou o trabalhador na terra. Em caso de fuga, estava sujeito a ser acorrentado como os escravos. No tempo de Valentiniano I (364 - 375), foi formalmente proibida a venda do escravo separadamente da terra em que ele trabalhava, tornando a terra e o escravo indissociveis. Assim, com a deteriorao da condio dos trabalhadores livres, estes se tornaram, na prtica, servos da gleba. Ficaram, desse modo, impedidos de

    abandonar a terra e, ao mesmo tempo, protegidos de serem despojados dela. Os pequenos proprietrios tambm tiveram sua liberdade restringida ao ficarem proibidos de deixar a sua aldeia. O mesmo fenmeno repetiu-se nas cidades. A fim de evitar o abandono do trabalho e garantir a regularidade no exerccio de certos ofcios, os artesos foram reunidos em corporaes (collegia), e tornou-se obrigatrio o filho seguir a profisso do pai, criando-se um regime caracterstico de castas. Em suma, para fazer a economia funcionar e atender s necessidades mnimas de consumo da sociedade e pagar os impostos, o Estado restringiu drasticamente a liberdade de todos. Para executar essa nova poltica, o Estado ampliou o seu quadro de funcionrios, aumentando consideravelmente a burocracia. A despesa que disso resultava, somada aos gastos militares com a defesa, elevou os custos de manuteno do Estado a nveis superiores capacidade de uma economia arruinada e decadente. A longo prazo, a reorganizao do Imprio em bases materiais to debilitadas no poderia ter outro resultado seno o de enfraquecer o prprio Estado, tornando-o cada vez mais vulnervel aos ataques externos.

    A desintegrao do Imprio Romano do Ocidente.

    A partir de 406, com a grande invaso, a unidade do Imprio Romano do Ocidente

    encontrava-se seriamente

    comprometida. Depois de se instalarem na Espanha e serem admitidos como federados, os vndalos romperam o tratado com o Imprio e reiniciaram seu

    movimento expansionista.

    Contudo, essa primeira onda invasora germnica foi levada a cabo por povos que haviam sofrido forte influncia romana. No tinham, por esse motivo, o objetivo de destruir o Imprio. Esse fato foi demonstrado por ocasio dos perigosos ataques desferidos pelos hunos.

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    16

    OS FATORES DA QUEDA DE ROMA

    Constantinopla conseguiu afastar os germnicos do comando e retomou o controle sobre o exrcito. Em Roma, ao contrrio, o exrcito permaneceu estruturalmente germanizado, apesar dos esforos em contrrio. Um dos fatos decisivos para a queda de Roma foi a amplitude das fronteiras do Ocidente romano, o que impossibilitava que fossem totalmente guarnecidas. Alm das migraes germnicas tomaram clara e decididamente a direo ocidental. Nesse ponto, a diviso do Imprio consumada por Teodsio foi altamente negativa para o Ocidente, pois a defesa dos ataques germnicos contra o Ocidente no contou com uma ao coordenada diante de um inimigo comum. Para piorar a situao, a parte oriental, encabeada por Constantinopla, usava meios diplomticos para desviar os germnicos para o Ocidente, como aconteceu com os visigodos. Naturalmente, para fazer frente s ameaas externas, Roma viu-se na contingncia de assegurar a arrecadao de impostos. Porm, a sua base econmica debilitada suportava cada vez menos o nus da defesa. Como conseqncia, o peso da situao foi minando gradualmente a parte ocidental, acarretando um grave processo de decomposio. Assim, Roma viu-se num terrvel crculo vicioso: as incurses germnicas desorganizavam a economia, reduzindo a capacidade dos romanos de pagar impostos e, em conseqncia, enfraqueciam o poder militar

    do Estado. Paralelamente, outro fator, no menos importante, atuava contra a parte ocidental: medida que o Estado se enfraquecia, a nobreza latifundiria, muitas vezes aliada aos chefes militares, reforava a sua autonomia, aprofunda aprofundando a debilidade do governo imperial. Tudo isso ocorria no exato momento em que as ameaas germnicas requeriam, mais do que nunca, uma ao coesa e coordenada do Estado. Essa desintegrao interna do Imprio Romano do Ocidente contribuiu decisivamente para o xito dos ataques germnicos.

    EXERCCIOS

    1. Como era chamada a parte ocupada pelos gregos na Pennsula Itlica?

    2. Por que podemos dizer que Roma tem uma origem histrica e outra mtica? 3. Qual era a principal atividade econmica dos povos que fundaram a cidade de Roma? 4. Qual a ligao mtica entre Roma e a cidade de Tria? 5. Em quais perodos podemos dividir a Histria de Roma? 6. Explique por que difcil estudar o perodo Monrquico Romano? 7. Explique por que o povo etrusco foi to importante para os primrdios da Histria Romana. GABARITO: 1. Magna Grcia. 2. Porque existem duas explicaes para as origens de Roma; uma que se baseia no mito de Rmulo e Remo; outra que fala que a cidade surgiu da unio de vrias tribos de pastores. 3. O pastoreio. 4. Um dos mitos das origens de Roma diz que Rmulo e Remo tiveram como ancestral Enias, prncipe troiano, filho de Afrodite, que fugiu dos gregos e, depois de muitas aventuras, chegou com seu pai velho, seu filho Ascnio, e um grupo de troianos na Itlia. O filho de Enias fundou a cidade de Alba Longa, terra natal dos fundadores de Roma. 5. Monarquia ou Realeza, Repblica e Principado ou Imprio (Alto Imprio e Baixo Imprio). 6.Porque faltam fontes escritas de poca, e os documentos foram escritos muito posteriormente. Assim, existe uma grande dependncia em relao aos documentos materiais. 7.Porque quando dominaram Roma fizeram muitas obras de infra-estrutura que ajudaram na urbanizao. Muitas famlias etruscas passaram a fazer parte da populao romana.

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    17

    MUNDO ISLMICO

    Desde o grande ato terrorista de 11 de setembro, s torres gmeas do Word Trade Center, em Nova Iorque, a civilizao ocidental questiona a respeito dos muulmanos. Quem so? O que pretendem? Nos ltimos anos intensificaram-se as produes literrias sobre o Mundo Islmico e at mesmo o Alcoro (Livro Sagrado) difcil de ser encontrado nas livrarias. Em meados do sculo XX e incio do sculo XXI assistimos pela mdia notcias de intolerncia da parte dos governos islmicos extremistas contra os cristos, de perseguies religiosas e de proibies de cultos de qualquer outra crena. Todo rabe muulmano, mas nem todo muulmano rabe.

    No oriente existem milhes de rabes que so cristos, assim estima-se que existam em todo o planeta mais de um bilho e quatrocentos milhes de muulmanos e dois bilhes de cristos. Os seguidores do Islamismo, religio que mais cresce no mundo atualmente, esto espalhados por toda frica, bem como Turquia, Ir, Iraque, Paquisto, Afeganisto, ndia, Indonsia, Egito, Marrocos, Pennsula Arbica e at na Espanha e Frana. Os rabes tm uma certa primazia sobre a sociedade muulmana porque o fundador do islamismo Maom Muhammad nasceu em Meca, na Arbia e o Alcoro, escrito originariamente em rabe, no pode ser alterado nem na forma e nem no contedo, alm do que Meca, como ponto de encontro de todos os muulmanos est localizado em territrio rabe.

    Para os cidados islmicos, Deus um ser nico. No tem princpio e nem fim. venerado, por essa razo. Seu verdadeiro nome Al. Acreditam

    igualmente nos anjos que emanam e irradiam luz e esto a servio do Altssimo. Os livros sagrados so: a Lei de Moiss, os Salmos de Davi, o Evangelho de Jesus e o Alcoro de Maom. Devido ao fato de os demais opsculos serem corrompidos pelos seguidores cristos, somente o

    Alcoro possui a palavra certa da definitiva revelao do Pai. Segundo os muulmanos, depois da morte cada um julgado conforme sua conduta em vida e se merecer subir para o cu ou descer direto para o inferno. O Coro prescreve, entre outras questes, o seguinte: Casai com quantas mulheres puder, mas se temeis no poder trat-las com equidade, ento tende uma s.

    Na sia, os muulmanos esto em p de guerra contra o hindusmo, na ndia, e ao norte, contra o budismo, na China, no Paquisto e no prprio Afeganisto, haja vista a destruio total das imagens gigantes e milenares do Buda. No se nega, todavia, o intento islmico em governar todo o globo num futuro prximo. Para os seguidores fanticos, o caminho para se comandar a justia divina atravs da autoridade poltica, ou seja, sem um Estado muulmano forte e indestrutvel, a f muulmana est podada, incompleta e capenga. Para se ter um mundo justo e perfeito, o Isl deve ser regra de vida para todos os povos.

    IMPRIO RABE

    O Imprio rabe teve sua formao a partir da origem do Islamismo, religio fundada pelo profeta Maom. Antes disso, a Arbia era composta por povos semitas que, at o sculo VII, viviam em diferentes tribos. Apesar de falarem a mesma lngua, estes povos possuam diferentes estilos de vida e de crenas. Os bedunos eram nmades e levavam uma vida difcil no deserto,

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    18

    utilizando como meio de sobrevivncia o camelo, animal do qual retiravam seu alimento (leite e carne) e vestimentas (feitas com o plo). Com suas caravanas, praticavam o comrcio de vrios produtos pelas cidades da regio. J as tribos que habitavam a regio litornea viviam do comrcio fixo.

    Foi aps a morte do profeta, em 632, que a Arbia foi unificada. A partir desta unio, impulsionada pela doutrina religiosa islamita, foi iniciada a expanso do imprio rabe. Os seguidores do alcoro, livro sagrado, acreditavam que deveriam converter todos ao islamismo atravs da Guerra Santa. Firmes nesta crena, eles expandiram sua religio ao Imen, Prsia, Sria, Om, Egito e Palestina. Em 711, dominaram grande parte da pennsula ibrica, espalhando sua cultura pela regio da Espanha e Portugal. Em 732, foram vencidos pelos francos, que barraram a expanso deste povo pelo norte da Europa. Aos poucos, novas dinastias foram surgindo e o imprio foi perdendo grande parte de seu poder e fora.

    Durante o perodo de conquistas ampliaram seu conhecimento atravs da absoro das culturas de outros povos, levando-as adiante a cada nova conquista. Foram eles que espalharam pela Europa grandes nomes como o de Aristteles e tambm outros nomes da antiguidade grega. Eles fizeram ainda importantes avanos e descobertas mdicas e cientificas que contriburam com o desenvolvimento do mundo ocidental. No campo cultural, artstico e literrio deixaram grandes contribuies. A cultura rabe caracterizou-se pela construo de maravilhosos palcios e mesquitas. Destacam-se, nestas construes, os arabescos para ilustrao e decorao. A literatura tambm teve um grande valor, com obras at hoje conhecidas no Ocidente, tais como: As mil e uma noites, As minas do rei Salomo e Ali Bab e os quarenta ladres.

    O MUNDO ISLMICO

    ORIGENS: Foi na Pennsula arbica, onde 5/6 do territrio equivale a reas desrticas, que a civilizao islmica teve suas origens. O clima extremamente quente e seco. Seus habitantes so de origem semita, viviam em tribos, mas estas no eram unidas politicamente. Eram aproximadamente 300 tribos divididas entre bedunos e tribos urbanas

    Tribo bedunos: eram seminmades que vagavam pelo deserto em busca de um osis para seus animais. Viviam em constantes guerras, fazendo dos saques um dos recursos de sua sobrevivncia.

    Tribo urbana: estabeleceram-se na faixa costeira do Mar Vermelho e sul da Pennsula, onde o clima era mais favorvel para sobreviverem. Dedicavam-se ao comrcio e tinham as caravanas de camelos, que transportavam produtos do Oriente para regies do Mar Mediterrneo.

    A unio rabe, comeou a partir do sculo VII, a base desta unio foi a religio. Onde Maom fundou o Islamismo, no qual usava as guerras santas para expandir as fronteiras do imprio. Podemos dividir a histria rabe em 2 etapas: Arbia pr- islmica: poca antes do islamismo e Arbia islmica: poca durante o islamismo.

    PERODO PR-ISLMICO:

    Foi nessa poca que habitavam na pennsula arbica, tanto os rabes bedunos como os rabes urbanos. Na regio dos rabes urbanos, surgiram cidades como MECA e IATREB(MEDINA), que se tornaram grandes centros comerciais. At o sculo VII, os rabes no eram unidos politicamente, mas tinham pontos em comum, Por exemplo: o idioma rabe e as crenas religiosas. Nesse perodo eles eram politestas, tendo umas 360 divindades. Mas para unir as vrias tribos , em Meca foi construdo um templo religioso, a Caaba ( casa de Deus), com as principais divindades. Na Caaba, encontrava-se a pedra negra, que de acordo com a crena, veio do cu pelas mos do anjo Gabriel. Com todas essas atraes , estas cidades prosperam rpido.

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    19

    PERODO ISLMICO:

    Comeou com Maom (570-632), fundador do islamismo,ou religio mulumana ou maometana. Maom era membro da tribo coraixita ,de famlia pobre, nasceu em Meca e desde jovem participava nas caravanas comerciais pelo deserto, com tudo isso, ele teve contato com as vrias crenas religiosas da regio alm do judasmo e do cristianismo, ambas monotestas. Em suas pregaes, Maom condenou os dolos da Caaba, pois havia somente um nico deus . claro que isso no agradou nenhum pouco os sacerdotes da Caaba, que logo trataram de persegui-lo, obrigando Maom fugir para Iatreb ( Medina), em 622. Essa fuga ficou conhecida como hgira, e marca o incio do calendrio mulumano. Em Iatreb ( Medina) Maom se popularizou e organizou um exrcito que conquistou Meca e destruiu os dolos da Caaba, em 630. A Caaba foi convertida em centro de oraes e a crena politesta foi proibida. Depois disso , Maom, espalhou o Islamismo por toda a Arbia, unificando as tribos pela religio.

    F ISLMICA: Esse termo , islamismo, quer dizer submisso a Al. Tem por base o alcoro, livro sagrado dos mulumanos. Em linhas gerais, o Islam uma religio simples, isenta de dogmas e fundamenta-se em 5 pilares bsicos: crena em Deus, nos Seus anjos, nos livros e nos mensageiros, no dia do juzo final, e na predestinao. So pilares da f: o testemunho, a orao 5 vezes ao dia, o pagamento do zakat, o jejum no ms do Ramad e a peregrinao, pelo uma vez na vida. So fontes do Islam: o Alcoro, a sunnah (ditos e atos) do Profeta e as biografias escritas.

    NOTA: ALCORO, livro sagrado dos muulmanos, abriga as revelaes feitas por Al a Maom as quais foram reunidas por seus discpulos. Contm instrues para a preservao da ordem social e proibies como comer carne de porco, praticar jogos de azar, entretanto, a poligamia e a escravido so permitidas.

    Aps a morte de Maom, a religio sofreu algumas divises. As mais destacadas so:

    SUNITAS: para eles o Califa deve ter virtudes morais com honra, respeito, trabalho, mas tambm deve reconhecer suas falhas em aes. Aceitam o Alcoro como livro sagrado e tambm as Sunas, livros de tradies recolhidas com os companheiros de Maom.

    XIITAS: para eles a chefia do estado s pode ser ocupada por um descendente legtimo de Maom. Para eles o chefe da comunidade islmica, Im, inspirado diretamente por Al, logo ele infalvel.

    Os fieis devem obedincia ao Im. Aceitam somente o Alcoro como base de seus ensinos. Hoje, os seguidores xiitas habitam principalmente no Ir e no Iemem. Os sunitas predominam nas demais regies.

    EXPANSO E DECADNCIA MUULMANA:

    Maom com a criao do Estado mulumano, fez um estado de governo teocrtico, ou seja , com se fosse governado por inspirao divina. Este governo foi ampliado pelas conquistas militares. Os califas, comearam a governar aps a morte de Maom,em 632. estes passaram a terem poderes religioso,poltico e militar. A expanso rabe teve algumas fases:

    1 FASE( 632-661): Os califas eleitos, que sucederam Maom, conquistaram a Prsia, Sria, Palestina e Egito.

    2 FASE( 661-750): Nessa etapa os califas Omdas, tomaram conta da poltica. A chefia tornou-se uma monarquia hereditria, com sede em Damasco. As conquistas foram desde o noroeste da China, passando pelo norte da frica indo at quase toda pennsula Ibrica. Mas devido alguns atritos sociais e econmicos, gerou-se uma crise na dinastia Omada.

    3 ETAPA( 750- 1258): Nessa etapa, aparece a dinastia Abssidas,

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    20

    marcada pela invaso Persa ao mundo islmico. A cidade de Bagd tornou-se a sede. O califa tinha poderes religiosos e a direo do governo ficou a cargo do Vizir. Com eles as conquistas avanaram pela Europa e sul da pennsula itlica. Mas devido as crises internas e externas acabou havendo a formao de estados independentes, como Crdoba ( Espanha) e Cairo ( Egito).Uma coisa que talvez deve ter sido o motivo do fim de tantos imprios, e que no islmico no deve ter sido diferente foi as disputas de poder entre seus governantes, desde o sculo VIII, as rivalidades dos califas levaram diviso do imprio, com formao de estados independentes. Tambm houve os fatores externos. Os povos conquistados comearam a reagir contra a dominao rabe.

    ECONOMIA: O comrcio teve maior destaque nas cidades . os mulumanos criaram meios jurdicos para o comrcio, como cheques, letras de cmbio e recibos. Realizaram negcios em vrias regies do mundo. Tanto pelo Mar como por terra. Na agricultura, os mulumanos desenvolveram uma variada produo agrcola em diversas regies do pas. As terras foram melhoradas devido as grandes obras de irrigao. As lavouras mais destacadas foram: acar, trigo, algodo, arroz, cana-de-acar, entre outros. Na criao de animais tem-se : cavalos, carneiros e camelos.

    CINCIA: Nos principais centros do imprio, havia cientistas e filsofos que desenvolveram estudos de grande importncia nos campos da matemtica, fsica, qumica, com o descobrimento de substncias como o lcool, na medicina , com novas tcnicas cirrgicas e causas de molstias como o sarampo,e na filosofia, com os estudos das obras de Aristteles. Todos sabem que o mundo islmico foi vtima do colonialismo. Etapa sucessora de

    um perodo de recrudescncia intelectiva e de longa imobilidade do pensamento, assim como de uma deteriorao moral e instabilidade poltica.Os colonizadores no sugaram somente as riquezas e violentaram as populaes. Violncia maior que estas foi a injeo venenosa de sua "civilizao" e cultura materialista no seio da comunidade islmica.

    Parte integrante da poltica colonial, era a eliminao das bases dos sistemas educacional e cultural vigentes, to logo o seu domnio se fazia exercer num determinado territrio. E, quando possvel,l destinavam sarjeta os formandos do sistema educacional islmico. Em conformidade com o seu plano de ao, eliminaram a lngua rabe e as demais lnguas faladas pelos islmicos vencidos do programa educacional e as baniram do uso oficial. Numa segunda etapa, os colonizadores, sem exceo, constituram no seio das populaes islmicas das novas geraes, uma vasta casta que ignorava o Isl em todos os seus ensinamentos e assim trocando a sua mentalidade por outra em moldes aliengenas. Assim sendo, seguiram-se as geraes com a formao de derrotistas que consideravam o falar em sua lngua nacional e viver de acordo com os ensinamentos islmicos, pura vergonha, em detrimento do orgulho palpvel quando falavam ou se faziam comportar tal qual os colonizadores.

    Os colonizadores no aceitaram adotar nenhum dos hbitos dos muulmanos, apesar de sua permanncia nos pases muulmanos durante toda a vida de muitos deles. Por outro lado, os "ocidentalizados" no pouparam esforos em imitar os colonizadores em todos os seus mnimos modismos e vcios, no obstante estarem em seu prprio ambiente. Sedimentou-se nas mentes vazias e alienadas que tudo que procede do ocidente incontestavelmente certo e que crer, agir de acordo, assim como defender este estigma, evoluir e o contrrio permanecer na Idade Mdia. Alis concepo esta literalmente copiadas da realidade dos colonizadores, pois se sabe que esta Idade Mdia (Idade das Trevas) foi justamente a idade de ouro do Isl. Como complemento, a cada um que primava pela assimilao dos novos costumes, era-lhe conferida posio de destaque na sociedade, nos meios polticos

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    21

    e militares, e foram justamente estes "abenoados" que lideraram os movimentos polticos, e coincidentemente foram os "escolhidos" para as representaes parlamentares de ento. Quando os pases islmicos iniciaram os movimentos para a sua libertao, era natural que estes ascendessem ao poder e assim sucedessem os colonizadores na terra.

    Os colonizadores no conseguiram afastar a grande massa de muulmanos da senda do Isl durante todo o perodo de ocupao, apesar de seu empenho "santo" nisto. possvel que o muulmano cometa, hoje, transgresses a todo tipo de ensinamento islmico, no entanto, longe de encontrarmos quem os negue, exceto uns poucos cegos adeptos das idias embaladas e importadas. por isso que ainda, e mesmo se submetendo no seu prprio ambiente a leis dos tempos coloniais, os muulmanos reivindicam a aplicao terra das leis islmicas em sua prpria terra. indispensvel tornar bastante claro que todos os movimentos de liberao liderados pela casta ocidentalizada s conseguiram a adeso das populaes mediante o falso uso do nome do Isl. Esta casta, uma vez no poder, empenhou-se em combater este mesmo Isl, em nome do qual se insurgiu, com todos os recursos disponveis. "A independncia de muitos pases islmicos sob tais lideranas foi unicamente poltica."

    JIHAD, s vezes referida como Jahad, Jehad, Jihaad, Jiaad, Djihad, ou Cihad, um conceito essencial da religio islmica cuja traduo literal exercer esforo mximo. Pode tambm ser entendida como uma luta, mediante vontade pessoal, de se buscar e conquistar a f perfeita. Ao contrrio do que muitos pensam, jihad no significa "Guerra Santa", nome dado pelos Europeus s lutas religiosas na Idade Mdia (por exemplo: Cruzadas). Aquele que segue a Jihad conhecido como Mujahid.

    O Coro no descreve nenhuma das duas formas de Jihad. Uma, a "Jihad Maior", descrita como uma luta do indivduo consigo mesmo, pelo domnio da alma; e a outra: a "Jihad Menor", descrita como um esforo que os muulmanos fazem para levar a mensagem do Islo aos que no tem cincia da mesma (ou seja,

    daqueles que no se submetem a Deus e paz).

    H opinies divergentes quanto s formas de ao que so consideradas Jihad. A Jihad s pode ser travada para defender o Islo. No entanto, alguns grupos acham que isto tem aplicao no apenas defesa fsica dos muulmanos, mas tambm reclamao de terra que em tempos pertenceu a muulmanos ou a proteco do Islo contra aquilo que eles vem como influncias que "corrompem" a vida muulmana. A ideia da Jihad como uma guerra violenta uma idia criada por Ocidentais. De acordo com as formas comuns do Islo, se uma pessoa morre em Jihad, ela enviada directamente para o paraso, sem quaisquer punies pelos seus pecados.

    EXERCCIOS

    1.(UEPG) Sobre o Mundo Islmico, assinale o que for correto, faa a soma e marque a alternativa correspondente: 01) A Guerra Santa (Jihad), vlida para a difuso da religio, quase se transformou em uma das mais importantes obrigaes do Islamismo. 02) A expanso islmica foi dificultada pela presena de Estados adversrios fortes como Bizncio, Prsia e posteriormente, o Estado Visigtico. 04) Maom, em suas viagens pelo Oriente, tomou contato com o Judasmo e Cristianismo, religies originrias da Palestina, que exerceram profunda influncia em sua pregaes. 08) A Civilizao Islmica, essencialmente urbana, apresenta uma unidade imposta pela religio, embora combine contribuies culturais de rabes, povos conquistados e da civilizao grega. 16) O Coro, livro sagrado do Islamismo, define as normas sociais a que deve se sujeitar o muulmano; entre outras, probe: consumo de carne de porco, jogos de azar, roubos, homicdios,entretanto, permite a escravido e a poligamia.

    a) 7 b) 20 c) 28 d) 12 e) 31

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    22

    2.(UNIFOR) O Islamismo, religio de grande importncia para a unificao dos rabes, tem como fundamento:

    a) politesmo, isto crena em vrios deuses sendo o principal Al;

    b) o fato de sua concepo ser exclusivamente vinculada aos rabes, no podendo portanto ser professada pelos povos inferiores;

    c) princpio da aceitao dos desgnios de Al em vida e a negao de uma existncia aps a morte;

    d) monotesmo, influncia do cristianismo e judasmo observados por Maom entre os povos que seguiam essas religies;

    e) culto aos deuses das tribos rabes e a aceitao de que o poder poltico e religioso deveriam concentrar-se nas mos de uma nica pessoa descendente da dinastia Abssida; 3. Sobre o Islamismo e a expanso da Civilizao rabe durante a Alta Idade Mdia, Incorreto afirmar que: a) O Islo - submisso a Al - foi fundado pelo profeta Maom por volta de 610 d.C.. Sua fuga para Medina em 622 d.C. - Hgira - marca o incio da era muulmana b) A expanso do islamismo contribuiu para a ruralizao da Europa, uma vez que os rabes dominaram e fecharam a principal via de comrcio at ento, o Mar Mediterrneo. c) Baseado no ideal de Guerra Santa - jihad - que prega o combate ao infiel, os rabes expandiram durante a Alta Idade Mdia, ultrapassando o limite dos Pirineus, e com isso conquistando o Imprio Merovngeo, atual Frana. d) O estmulo Guerra Santa, o aumento da populao rabe, e a guerra entre Imprio Bizantino e Imprio Persa, que vai enfraquecer a ambos, so razes significativas para a contnua expanso da religio islmica. e) A expanso do islamismo tem fim com a derrota dos rabes na Batalha de Poitiers em 732 d.C., impedindo que os muulmanos adentrem na Europa alm da Pennsula Ibrica, que j est sob o seu domnio. 4. (UFSC)O grande patriarca da Bblia Hebraica tambm o antepassado espiritual do Novo Testamento e o grande arquiteto sagrado do Alcoro. Abrao o ancestral comum do judasmo, do cristianismo e do Islamismo. a chave do conflito rabe-israelense. a pea central

    da batalha entre o Ocidente e os extremistas islmicos. o pai - e, em muitos casos, o suposto pai biolgico - de doze milhes de judeus, dois bilhes de cristos e um bilho de muulmanos em todo o mundo. o primeiro monotesta da histria. (FEILER, Bruce. Abrao. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. p. 19.) Assinale a(s) proposio(es) CORRETA(S) com base no texto e nos seus conhecimentos sobre os assuntos a que ele se refere. 01. O judasmo, o cristianismo e o islamismo so religies monotestas que nasceram na mesma regio do mundo, o Oriente Mdio. 02. Embora os judeus e os cristos encontrem na Bblia muitas das suas crenas, o Alcoro o livro sagrado comum ao judasmo, ao cristianismo e ao islamismo 04. O judasmo, o cristianismo e o islamismo possuem elementos comuns em sua tradio. 08. Podemos encontrar, entre as muitas causas do conflito rabe-israelense, elementos relacionados religio, como, por exemplo, a disputa por Jerusalm, cidade sagrada para judeus, muulmanos e cristos. 16. A Histria registra uma convivncia pacfica e a tolerncia entre judeus, muulmanos e cristos, at a criao do Estado de Israel no sculo XX.

    a) 31 b) 13 c) 25 d) 22 e) 15

    5. Todo rabe muulmano, mas nem todo muulmano rabe. Explique as razes que tornam essa afirmativa verdadeira destacando a expanso do Islamismo na atualidade. GABARITO : 1.C (04, 08, 16) / 2 D / 3 C / 4 B (01, 04, 08) 5. Tal afirmativa verdadeira uma vez que foi atravs da religio islmica que o profeta Maom conseguiu consolidar a Unificao rabe, entretanto, com a expanso muulmana de 632 a 1258 muitos povos foram convertidos a f islmica.

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    23

    IDADE MDIA E TRANSIO PARA O CAPITALISMO

    A formao do feudalismo, na Europa Ocidental, envolveu uma srie de elementos estruturais, de origem romana e germnica, associados aos fatores conjunturais, num longo perodo, que engloba a crise do Imprio Romano a partir do sculo III, a formao dos Reinos Brbaros e a desagregao do Imprio Carolngeo no sculo IX.

    A partir do sculo III a crise do Imprio romano tornou-se intensa e manifestou-se principalmente nas cidades, atravs das lutas sociais, da retrao do comrcio e das invases brbaras. Esses elementos estimularam um processo de ruralizao, envolvendo tanto as elites como a massa plebia, determinando o desenvolvimento de uma nova estrutura scio econmica, baseada nas Vilae e no colonato. As transformaes da estrutura produtiva desenvolveram-se principalmente nos sculos IV e V e ocorreram tambm mesmo nas regies onde se fixaram os povos brbaros, que, de uma forma geral, tenderam a se organizar seguindo a nova tendncia do Imprio, com uma economia rural, aprofundando o processo de fragmentao. Em meio a crise, as Vilas tenderam a se transformar no ncleo bsico da economia. A grande propriedade rural passou a diversificar a produo de gneros agrcolas, alm da criao de animais e da produo artesanal, deixando de produzir para o mercado, atendendo suas prprias necessidades. Foi dentro deste contexto que desenvolveu-se o colonato, novo sistema de trabalho, que atendia aos interesses dos grandes proprietrios rurais ao substituir o trabalho escravo, aos interesses do Estado, que preservava uma fonte de arrecadao tributria e mesmo aos interesses da plebe, que migrando para as reas rurais, encontrava trabalho.

    Os povos "brbaros", ao ocuparem parte das terras do Imprio Romano, contriburam com o processo de ruralizao e com a fragmentao do poder, no entanto assimilaram aspectos da organizao scio econmica romana, fazendo com que os membros da tribo se tornassem pequenos proprietrios e, com o passar do tempo, cada vez mais dependentes dos grandes proprietrios rurais, antigos lderes tribais. O colapso do "Mundo Romano" possibilitou o desenvolvimento de diversos reinos de origem brbara na Europa, destacando-se o Reino dos Francos, formado no final do sculo V, a partir da unio de diversas tribos francas sob a autoridade de Clvis, iniciador da Dinastia Merovngea. A aliana das tribos, assim como a aliana de Clvis com a Igreja Catlica impulsionou o processo de conquistas territoriais, que estendeu-se at o sculo IX e foi responsvel pela consolidao do "beneficium", que transformaria a elite militar em elite agrria. O "Beneficium" era

    uma instituio brbara, a partir da qual o chefe tribal concedia certos benefcios a seus subordinados, em troca de servios e principalmente de fidelidade. Em um perodo de crise

    generalizada, marcada pela retrao do comrcio, da

    economia monetria e pela ruralizao, a terra tornou-se o bem mais valioso e

    passou a ser doada pelos reis a seus principais comandantes.

    BRBAROS: Para os romanos , brbaros eram todos os povos que viviam alm das fronteiras do Imprio, de cultura inferior e que no falavam o latim. Compreendiam:

    Germanos, constitudos pelos visigodos, ostrogodos, vndalos, francos, lombardos, hrulos, suevos, anglos, saxes, alamanos e outros;

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    24

    Eslavos formados pelos russos, poloneses, bsnios, srvios, tchecos, dkmatas, croatas;

    Trtaro-mongis, compreendendo os hunos, os alanos, os avaros, os hngaros, os turcos.

    ORGANIZAO POLTICA: Em poca de paz era exercido pela assemblia de guerreiros, formada pelos chefes de famlia. Em estado de guerra escolhiam um rei.

    SOCIEDADE : As famlias germnicas moravam em cabanas de madeira recobertas de barro. A autoridade do pai era absoluta. A mulher respeitada. O casamento era monogmico. As vivas no podiam casar. Ao chefe permitia-se a poligamia. Vestiam uma espcie de tnica e usavam sapatos de couro.

    RELIGIO : Personificava as foras da natureza. Seus deuses eram adorados nas florestas e nas montanhas. As mais importantes eram: ODIM - protetor dos guerreiros que habitava um palcio nas nuvens, TOR - deus do trono; FRIA - deusa da primavera, da juventude e do matrimnio; LQUI - deus do mal, provocador dos terremotos. Acreditavam num paraso chamado Valhala, para onde iam os guerreiros mortos em combate levados pelas Valqurias. Os que morressem de velhice e doena iam para o reino de Hell, onde s havia trevas.

    CONSEQNCIAS DAS INVASES BRBARAS

    Fragmentao do Imprio Romano do Ocidente; o rei dos Hrulos, Odoacro, destronou o ltimo imperador romano do ocidente, Rmulo Augusto;

    Fundao dos reinos cristos com a converso dos brbaros;

    As instituies brbaras contribuam para o aparecimento das lnguas anglo-saxnicas;

    Interesse pela liberdade e pelos usos simples e sadios.

    1 - IMPRIO BIZANTINO

    Exemplo de um Mosaico Bizantino

    No sculo IV o Imprio Romano dava sinais claros da queda de seu poder no ocidente, principalmente em funo da invaso dos brbaros (povos germnicos) atravs de suas fronteiras. Diante disso, o Imperador Constantino transferiu a capital do Imprio Romano para a cidade oriental de Bizncio, que passou a ser chamada de Constantinopla. Esta mudana, ao mesmo tempo em que significava a queda do poder no ocidente, tinha o seu lado positivo, pois a localizao de Constantinopla, entre o mar Negro e o mar Mrmara, facilitava muito o comrcio na regio, fato que favoreceu enormemente a restaurao da cidade, transformando-a em uma Nova Roma.

    O auge deste imprio foi atingido durante o reinado do imperador Justiniano (527-565), que visava reconquistar o poder que o Imprio Romano havia perdido no ocidente. Com este objetivo, ele buscou uma relao pacfica com os persas, retomou o norte da frica, a Itlia e a Espanha. Durante seu governo, Justiniano recuperou grande parte daquele que foi o Imprio Romano do Ocidente. A religio foi fundamental para a manuteno do Imprio Bizantino, pois as doutrinas dirigidas a esta sociedade eram as mesmas da sociedade romana. O cristianismo ocupava um lugar de destaque na vida dos bizantinos e podia ser observado, inclusive, nas mais diferentes manifestaes artsticas. As catedrais e os mosaicos bizantino esto entre as obras de arte e arquitetura mais belos do mundo.

    Os monges, alm de ganhar muito dinheiro com a venda de cones, tambm tinham forte poder de manipulao sobre sociedade. Entretanto, incomodado com este

  • UFJF CURSO PR - VESTIBULAR 2012 HISTRIA PROFESSOR: RODRIGO

    25