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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS CAMPUS IX BARREIRAS BA DISCIPLINA: CONSTRUÇÕES RURAIS PROFº: JOÃO OLDAN CONSTRUÇÕES RURAIS UNEB / BARREIRAS

APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

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BIBLIOGRAFIA PARA REFERÊNCIA

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Page 1: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS

CAMPUS IX

BARREIRAS – BA

DISCIPLINA: CONSTRUÇÕES RURAIS

PROFº: JOÃO OLDAN

CONSTRUÇÕES RURAIS

UNEB / BARREIRAS

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Construções Rurais - UNEB 2

CAP. 01

INTRODUÇÃO

Construções rurais é uma parte da Engenharia Rural de grande importância em

qualquer tipo de planejamento para fomento de atividades agropecuárias. Seja na criação de

animais, seja na agricultura em geral, eles estão sempre presentes. O seu campo de atuação é

bastante amplo, visando ao aumento da produtividade, através de métodos de racionalização

da produção, podendo-se citar as instalações para animais, armazenamento e beneficiamento

da produção, aproveitamento de subprodutos, industrialização e mercado, como os principais.

Pelas suas características próprias, requer conhecimentos intimamente

relacionados com a área agronômica e veterinária, os quais, aliados à simplicidade e a

economia de execução, irão proporcionar, dentro da técnica, o desejável funcionamento das

instalações.

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Construções Rurais - UNEB 3

CAP. 02

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

Tratando-se de construções rurais, vamos descrever, de modo simplificado, os

principais materiais empregados com as características que devem apresentar.

De acordo com a origem e processos de fabricação, os principais materiais são os

seguintes:

1. PEDRA.

As mais utilizadas, por serem abundantes, são as sílico-argilosas, gnais, granitos e

alguns calcários. Não devem sofrer a decomposição por agentes externos como a umidade e o

calor.

A pedra pode ser empregada: em bruto; sob a forma de pedra britada e aparelhada

para serviços de cantaria.

A pedra britada é classificada conforme o tamanho de suas partículas, que passam

em peneiras de determinadas malhas, em:

Pó de Pedra (brita) 1/8’’

Brita n. º 01 1/4’’ a 5/8’’

Brita n. º 02 1’’

Brita n. º 03 1 ½’’

Brita n. º 04 1 1/2’’ a 2’’

Brita n. º 05 3’’

2. AREIA.

Sua procedência deve ser de rios ou de minas, não podendo ser usadas, em

hipótese alguma, as provenientes de regiões salinas ou de praias à beira mar devido à

porcentagem do sal que contêm. A areia de estradas poderá ser utilizada em trabalhos

secundários, por ser, em geral, muito fina e com impurezas.

De acordo com dimensão de seus grãos, a areia é classificada em: fina, média e

grossa. As duas primeiras são usadas em serviços de revestimento fino. A areia grossa entra

na composição de argamassas para emboço e na confecção do concreto simples.

São também bastante utilizadas para trabalhos decorativos em fachadas as areias

especiais provenientes do quartzo, mármore, mica, etc.

3. SAIBRO.

Resultam da decomposição de rochas tipos gnais. No comércio encontra-se de

dois tipos: áspero e macio. Esta designação é função da quantidade de argila que possui.

Quanto mais macio, maior o seu teor de argila e sua qualidade é superior.

Na construção, o seu emprego é no preparo de argamassas para o assentamento de

tijolos, ladrilhos e certos tipos de revestimento.

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Construções Rurais - UNEB 4

4. GESSO.

É obtido através da decomposição da gipsita (sulfato de cálcio biidratado)

encontrado na natureza.

Esse minério é triturado, vai ao forno a uma temperatura de 128° C e depois é

pulverizado.

Em construção o gesso é empregado principalmente em estuques (massa que se

prepara com areia, cal fina, cola, etc, além do gesso), fabricação de placas e na ornamentação

interna de construções.

5. CAL.

Da mesma forma que o gesso, a cal é obtida pela decomposição, através do calor,

do carbonato de cálcio e também pela calcinação de conchas.

Existem dois tipos de cal: a cal viva que é o óxido de cálcio e a cal hidratada que

é empregada na construção.

Deve ser adquirida no comércio sob a forma de cal viva para ser queimada na

obra, ou seja, adicionado-se água em tanques apropriados.

A argamassa preparada com cal comprada já extinta não apresenta, via de regra,

as mesmas qualidades de cal viva e o seu rendimento é menor.

6. BETUME.

É um subproduto da destilação do petróleo também chamado de betume asfáltico

ou asfalto. Em construção tem largo emprego na impermeabilização e na pavimentação de

estradas.

7. CIMENTO.

É um aglomerante artificial básico na construção. Utiliza-se como matérias-

primas na sua fabricação o calcário, que é a matéria-prima principal, argila e gesso.

O cimento é fornecido geralmente em embalagens original da fábrica com

caracteres bem visíveis, da marca, seu peso líquido, a marca da fábrica e o local de fabricação.

Quando de procedência nacional, o seu peso líquido é de 42,5 Kg ou 50 kg.

Deve ser armazenado em local bem seco e abrigado contra as chuvas, com fácil

acesso para ser inspecionado. Apesar desses cuidados, se o cimento estiver em depósito por

mais de 04 meses deve-se fazer uma verificação prévia do seu poder de pega.

Atualmente a produção nacional atende quase a totalidade do consumo. O produto

é de ótima qualidade existindo à venda diversas marcas tais como: “Mauá, Tupi, Paraíso,

Tocantins, Ciplan, etc”.

8. PRODUTOS CERÂMICOS.

São materiais cuja matéria-prima básica é a argila. Ela é resultante da

decomposição de rochas feldspáticas, podendo ser formada no próprio local da rocha matriz e,

pela ação dos ventos e das chuvas é carregada para outros locais. Os principais produtos

cerâmicos utilizados em construções rurais são: tijolos, telhas, manilhas, ladrilhos e azulejos.

8.1. Tijolo - Para sua fabricação deve-se ter cuidado na escolha da argila, que

deve ser isenta de matéria orgânica, carbonato de cálcio e compostos sulfurosos. Os tijolos,

depois de moldados, são secos ao ar livre, debaixo de uma cobertura protetora e depois

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Construções Rurais - UNEB 5

cozidos no forno. O tijolo de boa qualidade deve ser bem cozido, não ter manchas escuras,

nem areia em excesso.

Existem, normalmente, dois tipos de tijolo: o maciço, com dimensões que variam

de 25 a 26 cm de comprimento, 11 a 13 cm de largura e 6 a 7 cm de altura; e o furado,

também conhecido por “bloco”, nas dimensões de 10 x 20 x 20 cm e 10 x 20 x 30 cm.

Os blocos são os tijolos mais empregados na construção para o fechamento de

vãos, paredes que suportam pequenas cargas e também em pisos isolantes de calor e ruídos.

8.2. Telha - O processo de fabricação é idêntico ao do tijolo, devendo-se

observar os mesmos cuidados na escolha da argila.

Existem dois tipos de telhas cerâmicas: a canal ou canoa e a francesa. Esta última

é de uso mais geral, por ser econômica, resistente, exigir madeiramento do telhado mais leve e

por ser de fácil colocação.

A telha de boa qualidade deve apresentar as mesmas características do bom tijolo.

8.3. Manilhas - Também é fabricada de argila sendo o processo praticamente

igual ao do tijolo e da telha.

Antes de ser levada ao forno, são feitas as roscas.

As manilhas devem ser resistentes, não porosas e apresentar a superfície interna

lisa.

8.4. Ladrilhos e Azulejos - São produtos cerâmicos chamados compactos.

Embora o processo de fabricação seja semelhante ao demais, exige alguns cuidados especiais.

Os ladrilhos e os azulejos devem ser bem cozidos, com a superfície perfeitamente

acabada, sem bordas lascadas, nem fissuras, impermeáveis e com certa resistência.

9. MADEIRA.

É um dos materiais mais empregados em todos os ramos de indústria de

construção.

Tratando-se de construções rurais, a sua utilização é de grande importância,

principalmente nas instalações para pequenos animais, substituindo com certa vantagem

econômica outros materiais, pela facilidade e rapidez na execução dos serviços.

A madeira resiste bem aos esforços mecânicos sendo mais leve e mais trabalhável

do que o próprio aço.

Na escolha da madeira de boa qualidade deve-se, em primeiro lugar, observar se

ela seja seca, desempenada e sem furos. A madeira verde, com a perda da umidade, se contrai,

aparecendo rachaduras e torturas.

Os principais defeitos encontrados na madeira são: ocos na parte interna e falta de

retidão do eixo da árvore.

De acordo com suas características mecânicas e também de resistência ao ataque

de insetos e à umidade, a madeira é conhecida como de Lei, as pesadas e raramente atacadas.

As mais leves, de pouca resistência e durabilidade, são as chamadas brancas devido à cor

clara que a maioria apresenta.

As essências brasileiras de maior emprego nas construções são as seguintes:

De lei – peroba do campo, peroba rosa, aroeira,

cedro, canela, camaçari, angico, andiroba, faveiro, cabreúva, freijó,

gonçalo alves, quarantã, ipê, pau ferro, etc.

Branca - de maior emprego é o pinho. Em seguida

vem o jequitibá branco e rosa, caxeta, jenipapo, etc.

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Construções Rurais - UNEB 6

Normalmente a madeira é comercializada em bruto (toras) ou serrada. A

nomenclatura empregada pelas madeireiras para as seções comerciais serradas são as

seguintes: couçoeira, perna, linha, caibro, sarrafo, ripa e tábuas.

9.1. Conservação das madeiras.

A madeira sofre a ação do tempo, principalmente da umidade. Não estando

protegida convenientemente, poderá ser atacada por insetos que produzem galerias,

permitindo a penetração da umidade o que favorece o desenvolvimento de certos fungos e

bactérias, causando a sua decomposição.

Existem vários processos para a conservação das madeiras, desde os mais simples

até os que requerem instalações especiais como estufas. Os mais utilizados são:

Pintura com piche, que dá uma proteção bastante eficiente

principalmente se for aquecido antes de ser utilizado. É muito utilizado para moirões e

postes de cercas;

Pintura à base de zarcão (sais de chumbo);

Queima superficial - consiste em queimar superficialmente a

madeira na parte que se deseja proteger, tornando-a menos permeável;

Envenenamento da madeira - principalmente na parte que

fica em contato com o solo. Um tratamento bem eficaz consiste em impregnar a

madeira com sais de cobre e posteriormente pintá-la. O método consiste no seguinte:

os moirões são mergulhados, até à profundidade em que serão enterrados, num

depósito não metálico contendo uma solução de cobre (10Kg de sulfato de cobre em

50 litros de água). Após 10 a 15 dias, são retirados e, depois de secos, são pintados

com uma mistura de 3 Kg de alcatrão e 1 Kg de gesso.

10. FERRO.

É o metal mais utilizado nas construções, desde o prego à estrutura de concreto

armado. O ferro industrial é uma liga em que entra o carbono e, em casos especiais, outros

metais tais como: silício, cromo, vanádio, níquel, etc.

Os vergalhões utilizados na construção são fabricados de aço, que é uma liga de

ferro-carbono. Neste tipo de liga, o carbono entra na proporção de 0,3 a 0,4%, resultando no

chamado aço doce.

No comércio normalmente se encontra com facilidade as bitolas (diâmetro) dos

vergalhões de ferro utilizados nas construções, que normalmente são:

Obs: no peso é permitido a variação de – 6% a + 6%.

Diâmetro Peso

Polegadas mm Gramas/metro

3/16 4,76 140

1/4 6,35 249

5/16 7,94 388

3/8 9,25 560

1/2 12,70 995

5/8 15,87 1553

3/4 19,05 2240

7/8 22,22 3045

1 25,40 3980

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Construções Rurais - UNEB 7

11. CIMENTO-AMIANTO (fibrocimento)

Os produtos de cimento-amianto têm aplicação cada vez mais difundida,

encontrando-se no mercado marcas conhecidas como “Eternit”.

Os principais produtos são as telhas, calhas, condutores, caixas d’água e caixas de

descarga.

As telhas apresentam algumas vantagens em relação às telhas de cerâmica como

exigir madeiramento do telhado mais simples, portanto menor o peso, daí o seu emprego

muito comum em galpões, depósitos, fábricas, etc.. São, entretanto, menos isolantes e de

colocação mais difícil.

No comércio as chapas de cimento-amianto são encontradas, conforme catálogos

das fábricas, nas seguintes dimensões:

Comprimento Peso

Total Útil Kg

0,80 0,60 11

0,90 0,70 11,5

1,00 0,80 13

1,20 1,00 15

... ... ...

2,40 2,10 30

Obs: a largura normalmente varia de 0,80 a 1,00m.

12. PLÁSTICOS.

Um dos materiais mais recentes da indústria química, os plásticos permitem uma

diversificação cada vez maior na substituição de produtos tradicionalmente fabricados de

metais destinados às instalações elétricas, hidráulicas e outros fins.

Atualmente nas instalações de água e também de esgotos, as tubulações e

conexões de plásticos, do tipo PVC (tigre, plastway, akros, etc.), são muito usadas. As

canalizações desse material são bem mais fáceis de serem trabalhadas, havendo, portanto,

maior rapidez nos serviços, e não sofrem ações corrosivas. Entretanto é material que tem

pouca resistência aos choques e não pode ser utilizado em abastecimento de água quente e

gás.

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Construções Rurais - UNEB 8

CAP. 03

TÉCNICA DA CONSTRUÇÃO

E SUAS ETAPAS

De forma prática e objetiva, veremos neste capitulo algumas considerações a

serem feitas sobre as técnicas de construção, com o intuito de orientar o construtor

responsável nas diversas partes componentes de uma edificação.

As construções rurais devem ser executadas com simplicidade e economia

visando ao funcionamento desejável dentro da técnica. A elaboração do projeto, por mais

simples que seja, requer conhecimentos de assuntos ligados à área agronômica e veterinária

tais como: criação de animais, armazenamento e conservação de produtos, indústrias rurais,

saneamento, etc..

As etapas componentes de uma construção, em ordem seqüencial, são:

Fundações

Marcação dos alinhamentos

Escavações

Alicerces

Alvenaria

Concreto

Simples

Armado

Telhado

Estrutura

Formas

Cobertura

Revestimento

Pisos

Esquadrias

Instalações hidráulicas

Água

Esgoto

Instalações elétricas

Pintura

Caiação

Óleo

3.1. FUNDAÇÕES.

Nas propriedades rurais, a escolha do local onde serão feitas as fundações, não

apresenta, via de regra, dificuldades nas construções rurais.

Entretanto, alguns cuidados devem ser observados: preferir terreno de boa

natureza geológica; protegido dos ventos predominantes; evitar terrenos baixos, de lençol de

água muito próximo à sua superfície e evitar terrenos turfosos e resultantes de aterro de lixo,

por serem fracos e sujeitos à decomposição da matéria orgânica.

As fundações de uma construção compreendem três etapas essenciais:

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Construções Rurais - UNEB 9

3.1.1. Marcação dos alinhamentos.

Operação relativamente simples, entretanto requer cuidados, pois, de um

alinhamento bem feito irá depender uma perfeita harmonia entre o projeto e a sua execução.

Uma marcação mal feita acarretará conseqüências desagradáveis e às vezes, prejudicando o

esquadrejamento do prédio. A sua construção se torna mais onerosa e lenta, e prejudica a

estética que deve apresentar.

Existem dois processos usualmente utilizados: dos cavaletes e da tábua

corrida.

a) dos cavaletes - consiste em esticar fios presos em pregos cravados em

cavaletes. Estes são confeccionados com dois pontaletes e uma travessa pregada sobre os

mesmos. (fig. 01).

b) da tábua corrida - conforme o nome indica, consiste na cravação de

pontaletes distanciados entre si de 1,50 m e afastados da construção cerca de 1,20 m. Nos

pontaletes são pregadas as tábuas de modo a formar uma cortina em torno da área a ser

construída (Fig. 02). As tábuas devem estar em nível e nelas são fixados pregos que irão

determinar os alinhamentos. A fig. 03 mostra os pregos que fornecem as larguras necessárias

à marcação e ao alinhamento na execução de uma parede de tijolo.

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Construções Rurais - UNEB 10

3.1.2. Escavações.

Devem atingir a camada sólida do terreno para boa estabilidade da obra.

Conforme a natureza do terreno, a profundidade da camada e o valor da carga a ser

transmitida ao solo, as escavações podem ser simples valetas e poços pequenos até as que

exijam técnica de escavamento.

Nas construções rurais, a não ser em casos especiais, as cavas de fundação

são abertas de acordo com a largura necessária aos alicerces. Em terrenos firmes adotam-se as

seguintes dimensões mínimas: 0,40m de largura e 0,40m de profundidade para edificações de

um pavimento; 0,50m X 0,60m para prédios de 2 e 3 pavimentos.

3.1.3. Alicerces.

Em terrenos de resistência satisfatória, para construções simples, os

alicerces podem ser feitos em alvenaria de pedra, de tijolos ou concreto ligeiramente armado.

Em alguns casos, quando a camada sólida do terreno é encontrada a uma profundidade de

1,00 a 1,50 m, empregam-se as sapatas ou blocos de concreto simples ou armado. As sapatas

ou blocos são ligados entre si, um pouco abaixo da superfície do solo, através de vigas de

concreto armado que servirão de cintas de amarração.

OBS: Alicerces em Terrenos Compressíveis - são terrenos em geral de

natureza turfosa (baixada) ou formados por aterros. Nas construções rurais, poucas vezes

lançamos mão destes tipos de solo a não ser em casos de aproveitamento de áreas aterradas,

propriedades em que predominam esse tipo de terreno ou quando o planejamento local exige.

A fundação mais indicada é o estaqueamento. As estacas podem ser de

madeira, de aço ou de concreto armado. As estacas de madeira, de larga aplicação, pode ser

de seção circular, quadrada ou hexagonal, com diâmetro variável de 15 a 35 cm conforme o

seu comprimento. Sendo de madeira, esta deve ser de lei, com pontas afiladas. As cabeças

são protegidas com braçadeiras de ferro para evitar rachaduras resultantes das pancadas

durante a cravação que é feita com bate-estacas, manual ou mecanicamente. È aconselhável,

antes da cravação da estaca, imunizá-la com uma pintura apropriada contra o ataque de

insetos e moluscos. A fim de evitar o seu apodrecimento, a cabeça da estaca deve ficar abaixo

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Construções Rurais - UNEB 11

do nível da superfície cerca de 0,50m para não estar em contato com o ar. Havendo estragos

ou desvio na cravação, a estaca deve ser retirada e substituída por outra.

3.2. ALVENARIA.

A alvenaria de tijolos é a de emprego mais corrente nas instalações rurais. Pode

ser revestida ou com tijolos à vista. Os tijolos usados são: maciço, furado e os blocos de

concreto. Estes últimos são bastantes recomendados por exigirem menor mão-de-obra de

colocação e dispensarem o revestimento que é substituído por uma pintura impermeabilizante.

Os sistemas mais comuns de colocação de tijolos são: ao correr (de 0,10 a 0,15 m

de espessura) e fiadas alternadas (de 0,20m em diante). O assentamento dos tijolos pode ser

executado com argamassa de cal e areia, cal e argila ou cimento e saibro, no traço de 1:8. A

espessura da argamassa pode ser variada, devendo apresentar de 01 a 02 cm e as juntas

perfeitamente aprumadas e niveladas. Cuidados especiais devem ser observados na junção de

paredes e nas extremidades das mesmas.

O serviço é iniciado pelos cantos, de preferência os principais, obedecendo para o

alinhamento vertical o prumo de pedreiro; no sentido horizontal, uniformizando as alturas ou

espessuras das fiadas, cabe ao cantilhão funcionar como guia. Os cantos são levantados em

primeiro lugar, porque desta forma o restante da parede será erguido sem maiores

preocupações de prumo e horizontabilidade das fiadas, pois estica-se uma linha entre os dois

cantos já levantados, fiada por fiada, servindo esta de guia para os tijolos.

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Construções Rurais - UNEB 12

3.3. CONCRETO.

Uma construção tem como exigência primordial suportar todos os esforços

produzidos pelo peso próprio, peso de seus ocupantes, ventos e sobrecargas.

Esses esforços são suportados por um conjunto formado de vigas, pilares e lajes,

que juntas constituem a estrutura de uma certa construção. É aquele “esqueleto” de concreto

que vemos quando passamos por uma construção onde a alvenaria ainda não foi iniciada.

No caso de obras de pequeno porte, a maneira como se constrói não permite que

esta estrutura seja vista como citado acima, pois o mais usual é que depois de executados os

alicerces, inicie-se os serviços de alvenaria, sendo os pilares e vigas executados

posteriormente.

3.3.1. Concreto Simples.

A confecção de um bom concreto exige certos cuidados como sejam:

cimento novo com poder de pega; areia grossa originária de rios e pedra natural ou britada

com dimensão não superior a 2,5 cm. A areia não poderá conter substâncias orgânicas nem

terra; a sua substituição por pó de pedra não é permitida.

A água utilizada não deverá conter substâncias nocivas como cloretos (sal),

gás carbônico e matérias orgânicas. A sua quantidade no concreto dependerá do traço e do

grau de umidade da areia e da pedra. Normalmente é de 22 a 25 litros por saco de cimento de

50 Kg.

A mistura dos elementos do concreto, quando se trata de pequenas obras, é

manual, devendo-se utilizá-lo no prazo máximo de 30 minutos porque já se inicia a pega do

cimento. Para grandes obras é indispensável o uso da mistura mecânica, o que é feito por

meio de betoneiras com tempo mínimo de preparo de dois minutos. Após o uso da betoneira,

o seu tambor deve ser bem lavado, retirando as incrustações do concreto.

3.3.2. Concreto Armado.

Os cuidados observados na escolha dos materiais para a confecção do

concreto simples devem ser mais rigorosos quando se trata do concreto armado. O cimento,

principalmente, tornamos a frisar, deve ser novo. Cimento empedrado não deve ser utilizado

em hipótese nenhuma.

De acordo com a quantidade de água, o concreto pode ser: fluido,

empregado somente em peças leves de muita armação; seco, usado em obras em contato com

a água e plástico, que é o tipo mais usual e de aplicação geral.

3.3.2.1. Fases dos trabalhos em concreto armado - vamos abordar as

observações mais importantes de modo a atender o emprego do concreto armado em

determinadas construções rurais. Essas fases compreendem: execução das fôrmas, armação

dos ferros e concretagem.

Fôrmas - de modo geral são feitas de madeira, sendo o pinho

de terceira qualidade o mais empregado por ser ainda econômico e impróprio para usos

de carpintaria e marcenaria. O pinho é utilizado sob a forma de tábuas, de 1”x 12” , 1”x

9”, 1” x 6”, ou quaisquer outras dimensões, de acordo com o comércio local. O

comprimento dessas peças varia de 4,00 a 4,90m. As fôrmas de pilares são feitas com

quatro tábuas (quando se levanta o esqueleto) ou duas tábuas (quando as paredes já

estão levantadas), colocando-se de 0,80m em 0,80m uma cinta de sarrafos para evitar

que sejam vergadas durante a concretagem.

Page 13: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 13

As fôrmas para vigas, semelhantes às anteriores, são feitas com três tábuas

(formação do esqueleto) ou com duas tábuas (quando as paredes já estão

levantadas), colocando-se as cintas de amarração de 0,80 em 0,80m.

As fôrmas para laje são constituídas por um assoalho de tábuas de 1”

apoiadas sobre uma armação de madeira firmada por peças horizontais que

por sua vez se apoiam em peças verticais de 3” x 3”. Quando o piso é de

terra, esses pontaletes de 3” x 3” são colocados em cima de outros

horizontais, aumentando a área de contato com o solo, para diminuir a

tensão provocada pelo peso da construção sobre o mesmo, evitando o

afundamento dos pontaletes e desnivelamento da laje. Os pontaletes, sempre

que necessário, devem ser travados por meio de cunhas para evitar o

escorregamento e permitir um bom nivelamento da laje.

Page 14: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 14

Armação das ferragens - os ferros devem ser adquiridos com

antecedência para evitar atrasos, devendo os pedidos ser feitos com um acréscimo

de 5 a 10% por causa das perdas. Normalmente são vendidos a quilo, em feixes de

barras de 12m. Os serviços de ferro compreendem duas fases: corte e preparo e

armação das formas. O corte pode ser feito com alicates especiais ou lâminas de

serra e a armação é feita diretamente sobre as próprias fôrmas quando se trata de

lajes e vigas; e para os pilares ela é executada previamente. A amarração das

barras de ferro é feita com arame recozido n. º 18, que é maleável e fácil de ser

trabalhado.

Concretagem - ao se iniciar a operação de concretagem com a

mistura preparada na ocasião, as fôrmas devem ser bem molhadas com uma certa

antecedência (01 hora), evitando que as mesmas absorvam a água do concreto, o

que prejudicaria a pega do cimento. Deve-se ter o cuidado de que o concreto

encha integralmente a fôrma a fim de evitar falhas e buracos que constituem

grave perigo, enfraquecendo nestes lugares as peças. À medida que vão sendo

colocadas as camadas de concreto, elas são socadas de modo contínuo e ao

mesmo tempo bate-se nas tábuas das fôrmas para uma ligação mais estreita entre a

ferragem e o concreto. As peças de concreto armado devem ser executadas de

uma só vez. Se houver a necessidade de interrupção da concretagem, ao ser

recomeçado o serviço, a parte que virá receber novo concreto deve ser raspada e

recoberta com uma argamassa rica de cimento e areia. Durante os três primeiros

dias após a concretagem de uma laje, recomenda-se o cuidado de serem cobertas e

molhadas diariamente, pois a cura do cimento em ambiente úmido dará maior

resistência ao concreto, evitando o aparecimento de rachaduras.

OBS: Na confecção do traço deve-se verificar com exatidão a dosagem prevista

(normalmente 1: 2 : 3 ou 1 : 2 : 4). Um processo prático consiste em se construir

um caixote com área pré-determinada (ex: 0,40 x 0,40 x 0,20 m) e utilizá-lo para

dosar a quantidade do material de acordo com o traço desejado.

3.4. TELHADO.

3.4.1. Estrutura.

A estrutura pode ser de madeira, metálica ou de concreto armado. Nas

construções rurais a mais empregada é a de madeira sob as formas de simples meia água e de

tesouras com ou sem lanternim.

Qualquer projeto de telhado, para sua perfeita estabilidade e bom

funcionamento, deve levar em conta as seguintes condições: inclinação (está relacionada à

infiltração de água); peso da estrutura; peso da cobertura e pressão dos ventos. A inclinação

Page 15: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 15

é dada ou pelo ângulo que forma a água do telhado com uma linha horizontal ou pelo

“ponto”, que é uma relação entre a altura do pendural e a largura do vão, da água. Deverá

obedecer a certos limites dependendo do tipo de cobertura.

As inclinações mais usuais são as seguintes:

Laje de cobertura 1 a 3%

Zinco ou alumínio 10 a 15%

Cimento-amianto 15 a 25%

Telha colonial 20 a 30%

Telha francesa 25 a 45%

Os valores das cargas verticais que atuam por metro quadrado de telhado, ou

seja: peso da estrutura, peso da cobertura e força dos ventos, são:

Tipo de estrutura Kg/m² Inclinação

Estrutura de madeira e telhas coloniais 150 27%

Estrutura de madeira e telhas francesas 140 30%

Estrutura de madeira e telhas de cimento amianto 80 20%

Estrutura de madeira e telhas de alumínio 55 15%

Cobertura de laje de concreto 700 -

A estrutura do telhado, para melhor compreensão, pode ser dividida em duas

partes: armação e trama.

3.4.1.1. Armação - a armação é a parte estrutural propriamente dita,

sendo constituída de tesouras ou treliças, cantoneiras, escoras, etc. Todas essas peças utilizam

a peroba como madeira padrão, por ser mais resistente ao apodrecimento e também por não

ser tão dura quanto o ipê, cabreúva, etc. Na nossa região a madeira mais utilizada na

confecção da estrutura de telhados é o pau d’arco, tendo como bitolas comerciais as de 6 x 12,

6 x 16, 3 x 12, etc, todas as medidas em centímetros.

3.4.1.2. Trama - a trama é quadriculada constituído de terças, caibros e

ripas, que se apóiam sobre a armação e que por sua vez servem de apoio para às telhas. As

terças recebem nomes especiais quando estão na parte mais alta do telhado (cumeeira), e

quando se apóiam sobre as paredes laterais (frechais).

Para telhas de barro, o espaçamento horizontal entre duas terças não pode

exceder a 2,00m quando usarmos caibros de 5 x 6 cm, e no máximo de 2,50m quando usar-

mos caibros de 5 x 7 cm. As terças se apóiam sobre duas tesouras consecutivas, e suas bitolas

dependem do espaço entre elas (vão livre entre as tesouras). Usamos terças de 6 x 12 se o vão

entre tesouras não exceder a 2,50m e de 6 x 16 para vão entre 2,50 a 4,00m.

Page 16: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 16

As terças são peças horizontais colocadas em direção perpendicular às

tesouras.

Os caibros, por sua vez, serão colocados em direção perpendicular às terças,

portanto paralelamente às tesouras. Os caibros são inclinados, sendo que seu declive

determina o caimento do telhado. Os caibros são colocados com uma distância máxima de

0,50m (eixo a eixo), para que possa usar ripas comuns de 1 x 5cm.

As ripas constituem a última parte da trama. São pregadas transversalmente

aos caibros, portanto paralelamente às terças. O espaçamento entre duas ripas consecutivas

depende da telha utilizada. Portanto, para proceder ao ripamento é necessário que se tenha

algumas telhas na obra, para que o carpinteiro possa tirar a bitola.

Todo o trabalho com o madeiramento deve ser executado por carpinteiro

especializado.

Tratando-se de construções rurais, em que a estrutura usual do telhado é de

madeira, no quadro a seguir estão discriminadas as peças de uma tesoura comum de vão de 4

a 12 metros.

Vãos 4 5 6 7 8

N. º de terças

Linha

Perna

Pendural

Escora

1

3” x 3”

3” x 3”

3” x 3”

-

3

3” x 4 ½”

3” x 4 ½”

3” x 3”

3” x 3”

3

3” x 4 ½”

3” x 4 ½”

3” x 4 ½”

3” x 3”

3

3” x 4 ½”

3” x 4 ½”

3” x 4 ½”

3” x 3”

3

3” x 6”

3” x 6”

3” x 6”

3” x 3”

Vãos 9 10 11 12

N. º de terças

Escora

Linha

Perna

Pendural

Escora

3

3” x 4 ½”

3” x 6”

3” x 6”

3” x 6”

-

3

3” x 4 ½”

3” x 6”

3” x 6”

3” x 6”

-

5

3” x 4 ½”

3” x 8”

3” x 8”

3” x 8”

3” x 4 ½”

5

3” x 4 ½”

3” x 8”

3” x 8”

3” x 8”

3” x 4 ½”

Para o espaçamento máximo entre tesouras, a maioria dos autores e a prática

recomendam:

Madeira - máximo de 4,00m

Metálicas - máximo de 8,00m

OBS: Nos pequenos telhados, onde existe abundância de paredes internas, é

aconselhável evitar o uso de tesouras, fazendo com que a trama de apoie diretamente sobre a

alvenaria; para isso, sobre as paredes internas, serão levantadas colunas de alvenaria

devidamente amarradas ou utiliza-se colunas de madeira (moleque), onde se apoiarão as

terças.

Page 17: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 17

3.4.2. Formas de telhado.

As linhas principais dos telhados são: cumeeiras, espigões, águas-furtadas

ou rincões e calhas. Para melhor entender a razão de ser dessa explicação é necessário que

todos os painéis de um mesmo telhado devam ter caimentos iguais. Isso é necessário por

motivos estéticos e técnicos. Então, quando dois painéis se encontram, surge necessariamente

uma linha que é justamente o traço de corte dos dois planos. Representaremos o sentido de

caimento das águas por setas.

Quando as setas se afastam com ângulo de 180°, a linha divisória é uma

cumeeira.

Quando se afastam com ângulo de 90°, a linha divisória é um espigão.

Quando as setas se juntam com ângulo de 180°, temos a necessidade de uma

calha.

Quando se juntam com ângulo de 90º, surge um rincão ou água-furtada.

Note que para cada linha do telhado foi utilizada uma letra, o que facilitará a

sua identificação:

a- Cumeeira b- Espigão c- Rincão d- Calha

Então tanto a cumeeira como o espigão são divisores de água; apenas a

cumeeira é um divisor horizontal enquanto que o espigão é inclinado. Tanto o rincão como a

calha são recolhedores de água, porém o rincão é inclinado, enquanto a calha é praticamente

horizontal.

A parte do telhado que fica situada além dos alinhamentos das paredes

externas é denominada de beiral. Em obras rurais o beiral é de grande importância, não só

como elemento protetor das paredes como também para servir de resguardo das chuvas e

ventos, principalmente em instalações para animais.

Vejamos algumas soluções para telhados com uma, duas, três, quatro, ou

mais águas:

a) uma água.

Page 18: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 18

Obs. Note que a solução 04 (platibandas) é um telhado em que as paredes

laterais são levantadas para esconder o telhado que poderá ter caimento para qualquer dos

quatro lados.

b) duas águas.

Obs. Na fachada 05, dizemos que o telhado termina em “oitão” (parte da

parede que deve ser levantada até atingir o telhado) na frente e nos fundos.

c) três águas.

d) quatro águas. e) mais águas.

Page 19: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 19

3.4.3. Cobertura.

A cobertura utilizada na maioria das vezes é a telha francesa. O seu número

por metro quadrado é de 15 a 16 peças. De fácil colocação, constitui um material

impermeável, isolante e concentra menos calor no ambiente. Para formar as cumeeiras

utilizam-se telhas especiais ou de cumeeiras as quais são em número de 03 por metro linear.

Outro tipo de telha muito usual é a de cimento-amianto. Em relação à

anterior é, em certos casos, mais econômica, principalmente para grandes vãos por exigir

menos madeiramento. Entretanto, é menos isolante do calor e a sua colocação requer

profissional experimentado para perfeita vedação do telhado contra chuvas e quebra de telhas.

A fixação das telhas de cimento-amianto pode ser executada por meios de ganchos ou por

meio de parafusos de ferro galvanizado com arruelas de chumbo e massa de vedação. Para o

arremate desse tipo de cobertura, são indicados dois tipos de telhas: telhas de cumeeira

normal ou a articulada.

Page 20: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 20

3.5. REVESTIMENTO.

Os revestimentos têm, por função básica, proteger as alvenarias contra chuva e

umidade e também ter efeito arquitetônico, embelezando as fachadas e ambientes que

compõem uma construção.

O primeiro tipo de revestimento utilizado nas paredes é a massa grossa e a massa

fina, que servem de substrato (base) para a aplicação de pinturas, azulejos ou outros

revestimentos mais nobres como pedras e cerâmicas.

O revestimento mais utilizado entre nós, em construções rurais, é o de argamassa

de cimento, cal e areia, por ser mais econômico e de simples execução. Normalmente é

aplicado em três camadas: chapisco, emboço e reboco.

O emboço e o reboco também são chamados massa grossa e massa fina.

3.5.1. Chapisco.

O chapisco tem por finalidade criar uma superfície áspera entre a alvenaria e

a massa grossa (emboço), a fim de melhorar a aderência desta.

É uma argamassa constituída de cimento e areia no traço de 1:3, de

consistência bem fluida.

Sua aplicação é feita com a colher de pedreiro, ficando a alvenaria com um

aspecto “salpicado”.

Por apresentar uma consistência fluida, a espessura será desprezível, não nos

preocupando nessa fase em cobrir eventuais irregularidades da alvenaria.

Quando a superfície a ser revestida são peças de concreto (lajes, vigas ou

pilares) é aconselhável o uso de um produto químico, que é uma resina sintética compatível

com o cimento e cal que proporcionará grande aderência da argamassa sobre as superfícies

aplicadas. Várias empresas do ramo fabricam esse produto químico com nomes diferentes,

tais como: “bianco, xapiscofix, argamix, etc.”.

3.5.2. Revestimento Grosso (emboço).

O emboço é iniciado após completa solidificação da argamassa da alvenaria,

colocação das canalizações e fixação das esquadrias.

A argamassa usada no emboço é a mesma usada no assentamento dos

tijolos, que pode ser:

Cimento e saibro Traço 1:8 (interno)

Cimento e saibro Traço 1:6 (externo)

Cimento e areia Traço 1:8 (interno)

Cimento e areia Traço 1:6 (externo)

Cimento, cal e areia Traço 1:3:7 (externo)

O revestimento deve ser realizado de cima para baixo, ou seja, do telhado

para os alicerces. Sobre o andaime é colocado um caixote para depósito de argamassa e um

balde com água. Para que o serviço seja bem acabado, deve-se antes molhar bem a parte a

revestir, para que haja aderência entre a argamassa e o tijolo.

O revestimento de um painel é iniciado por intermédio de guias; as guias

são faixas verticais, distantes entre si aproximadamente 2,50m. São elas que servem de

referência para o prumo e alinhamento do revestimento do restante do painel.

Page 21: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 21

A sua feitura é iniciada pela colocação de calços de madeira com argamassa.

Os calços são batidos até produzirem a espessura requerida para a argamassa. O espaço entre

dois calços da mesma guia é preenchido com argamassa em excesso; passando-se uma régua

de pedreiro entre os calços, com movimentos laterais de vai e vem, consegue-se retirar o

excesso de massa deixando uma faixa alinhada e aprumada; a guia. O painel entre duas guias

será preenchido inicialmente com argamassa em excesso. A seguir o pedreiro fará correr uma

régua apoiada entre duas guias, e com movimentos laterais de vai e vem retira o excesso da

massa. Ao correr a régua, o pedreiro perceberá onde existe falha de massa; atirando nesse

ponto mais argamassa, torna a correr a régua, retirando novamente o excesso. Dessa forma se

consegue uma superfície uniformemente plana, já que obedece ao plano formado pelas duas

guias.

A uniformidade do plano não significa, porém, que ele fique liso. Como foi

apenas sarrafeado, seu aspecto será bastante rústico, poroso. Isso é bom, pois aumenta a

aderência da massa fina que o recobre. Essa, sim, será desempenada, dando o acabamento liso

desejado.

A uniformidade, a obediência ao prumo e ao alinhamento, tem uma

importância capital nesse revestimento grosso, pois o fino, de acabamento, que será aplicado a

seguir, tem uma espessura muito reduzida, não sendo capaz de corrigir defeitos.

O emboço deve ter uma espessura média de 02 cm, pois uma espessura

exagerada, além de constituir gasto inútil de argamassa, corre o risco de vir a se desprender,

depois de seca.

3.5.3. Revestimento Fino (reboco).

Sendo o emboço de acabamento rústico, há a necessidade de aplicarmos

outra camada que venha a dar o acabamento final às paredes, esta será a de revestimento fino

ou reboco, ou ainda massa fina. Com uma espessura de 5 mm e composta de cimento ou cal e

areia fina no traço de 1:2, esta camada permite um acabamento liso e uniforme.

A areia deverá ser obtida através de peneiramento; os grãos serão

provenientes da areia grossa, conseqüentemente mais duros, fazendo com que o revestimento

tenha maior dureza.

A aplicação dessa argamassa deverá ser feita com a desempenadeira bem

cheia de argamassa, que será espremida e arrastada contra a parede, fazendo com que a

mesma fique bem fixada à superfície. Deve-se ter o cuidado de molhar o emboço antes de

iniciarmos o reboco.

O acabamento é feito com desempenadeira em movimentos circulares,

borrifando-se água sobre a massa por meio de uma brocha, conseguindo-se assim uma

superfície uniforme.

Obs: na nossa região, é comum se utilizar nos revestimentos apenas a massa

grossa (emboço), com posterior uniformização da superfície emboçada; utilizando-se da

desempenadeira, de forma semelhante à realizada para acabamento de massa fina, o pedreiro

Page 22: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 22

realiza o acabamento da superfície emboçada deixando-a lisa e uniforme, pronta para receber

os procedimentos para pintura.

3.6. PISOS.

Quando se trata de aplicar qualquer tipo de piso no chão ou andar térreo, não se

pode fazê-lo diretamente sobre a terra. Deve-se fazer uma camada de preparação em concreto

dosado com pouco cimento por motivo de economia. A dosagem geralmente empregada é a

de 1:3:5 (cimento, areia e brita).

A aplicação desse concreto deve ser precedida de preparação do terreno; esta

preparação é constituída de nivelamento e apiloamento.

O concreto de preparação de piso deve ser aplicado em espessura mínima de 5 cm,

o que quer dizer que em certos locais sua espessura será maior, pois o terreno nunca estará

completamente plano e em nível, enquanto que a superfície acabada do concreto deve

obedecer estas condições.

Para que o pedreiro obtenha a superfície acabada do concreto perfeitamente plana

e nivelada, deverá operar de maneira semelhante ao realizado em revestimento grosso.

A superfície de acabamento do concreto, devido à presença da brita, não é

homogênea e também não apresenta os caimentos necessários que os pisos deverão ter,

principalmente os pisos laváveis.

Para resolver esses problemas, faz-se uso do que chamamos de argamassa de

regularização, que permitirá a obtenção das condições necessárias de acabamento e caimento

dos pisos. Essa argamassa é constituída de cimento e areia no traço de 1:3. Devemos atentar

de que essa camada será executada em qualquer situação, independente do tipo de piso a ser

colocado sobre ela.

Os pisos mais utilizados em construções rurais são: concreto simples, tijolos,

pedra e madeira. Este último é bastante utilizado em instalações para aves e coelhos.

O piso de tijolos e de pedra tem boa aceitação em alojamentos para animais de

pequeno e grande porte respectivamente.

O de madeira, em geral, deve ser desmontável. Quando é destinado a aves

consiste em quadros executados com sarrafos de 3” x 1”, nos quais são pregadas ripas de 1” x

1” espaçadas de 1cm. As dimensões não devem ser superiores a 3,00 x 1,00 m. As

características das construções rurais que utilizam a madeira como piso serão estudas

posteriormente.

3.7. ESQUADRIAS.

Tratando-se de construções rurais, as esquadrias devem ser confeccionadas em

madeira de boa qualidade e de preço acessível. As suas dimensões irão depender da instalação

rural onde serão utilizadas.

Em instalações para animais elas são rústicas, feitas de tábuas com espessura

variável de 2 a 4 cm. Para aves é comum o emprego de portas teladas ou ripadas.

Nos galpões e depósitos, principalmente de insumos e máquinas agrícolas, são

bastante utilizadas as portas de correr, o que permite um maior aproveitamento do espaço

interno.

Quando se trata de habitações, em que se deseja melhor acabamento, as

esquadrias devem ser de melhor qualidade ou seja: portas lisas ou almofadas; janelas do tipo

veneziana e vidro (guilhotina, de abrir ou de correr); janelas basculantes de ferro ou de

madeira, etc.

As madeiras mais utilizadas na fabricação de esquadrias são: cedro, canela,

jequitibá, pau d’arco, etc.

Page 23: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 23

3.8. INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS.

3.8.1. Água.

O abastecimento de água de ser previsto com bastante folga, seja qual for o

tipo de exploração agrícola. O consumo diário pode ser estimado pela relação abaixo:

Pessoa ...................................... 200/300 litros

Gado leiteiro ........................... 120 l/cabeça

Eqüinos ................................... 45 l/cabeça

Suínos ..................................... 10 l/cabeça

Aves adultas ........................... 25 l/100 cabeças

Nas propriedades rurais a água é obtida através de poços artesianos, poços

comuns, açudes e a rede distribuidora do logradouro. Costuma-se também, em certas regiões

(praticamente todas, hoje em dia), fazer o reforço do abastecimento de água por intermédio

das águas das chuvas recolhidas pelos telhados.

Os reservatórios de água podem ser construídos: de concreto armado

(aéreos, subterrâneos ou apoiados no solo); de alvenaria de tijolos (apoiados no solo ou

subterrâneos) até determinada capacidade e de chapas galvanizadas, o que é menos comum.

Caixas-d’água de cimento-amianto, com capacidades de 1.000 litros, tem

muito emprego principalmente em instalações para aves.

Atualmente as canalizações e conecções mais empregadas são as de tubos

plásticos P.V.C.. Apresentam diversas vantagens sobre as de ferro galvanizado tais como:

menor mão-de-obra na colocação, preço mais acessível e grande durabilidade. Os diâmetros

mais utilizados são: ½”, ¾”, 1 ½” e 2”.

Em instalações embutidas nas paredes devem ser evitados os tubos de ½”

por estarem sujeitos ao entupimento e possuir vazão de água insuficiente. São mais indicados

os de ¾”.

Outros tipos de canalizações são os de cimento-amianto e o de chumbo; tem

aplicações bem restritas. O primeiro é empregado mais para águas pluviais e o último, por ser

facilmente amassável e caro, é usado para ligação de aparelhos hidráulicos com a rede

distribuidora de água.

3.8.2. Esgotos.

Antigamente, a rede de esgotos normalmente era feita com manilhas de

barro, tubos de ferro fundido e tubos galvanizados quando se tratava de canalizações

embutidas em pisos. Hoje em dia esse mesmo material ainda é utilizado, porém quando se

trata de diâmetros maiores (250, 300 mm), normalmente em instalações rurais de grande

porte.

Por apresentar uma série de vantagens em relação aos anteriormente citados,

a rede de esgotos é feita utilizando-se de tubos e conecções de plástico P.V.C..

A rede é formada de ramais e um tronco. Os ramais recolhem as águas

servidas nos aparelhos, conduzindo-as para o tronco. Destes elas são levadas para a rede do

logradouro ou para fossas sépticas.

Em obras rurais, quando da utilização de manilhas, devem ser tomados

alguns cuidados para evitar posteriores problemas. Devem ser perfeitamente impermeáveis, o

seu assentamento deve ser feito em solo firme para evitar deslocamentos, as juntas devem ser

executadas com asfalto derretido ou argamassa de cimento e areia, não devem ser empregadas

Page 24: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 24

em canalizações sobre o solo e muito menos perto da rede de água ( 2,00 m ) para evitar

possíveis infiltrações.

Em residências, as canalizações de esgotos provenientes de aparelhos

deverão ser ligadas a uma caixa central munida de sifão para evitar o desprendimento de gases

de mau cheiro e a passagem de insetos para o interior do prédio. As águas provenientes de

despejos da cozinha devem ser encaminhadas para as caixas de gordura.

Os esgotos das propriedades rurais, em geral, são encaminhados para as

chamadas “fossas sépticas”. Podem ser construídas de alvenaria de tijolos e tampa de concreto

armado ou serem adquiridas já prontas no comércio, existindo de diversas marcas e

capacidades.

3.9. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS.

Toda instalação elétrica, quer seja para habitações ou prédios industriais, quer

para animais, deve ser feita com cuidado. Assim, é necessário haver perfeito isolamento dos

circuitos, colocação de fusíveis de proteção e escolha adequada do diâmetro da fiação.

Os tubos ou eletrodutos atualmente são de plástico, com diâmetro de ½” ou mais,

dependendo do número de fios que devem conduzir. São ligados a caixas de ferro ou,

atualmente, plástico estampadas destinadas a alojarem interruptores, tomadas, pontos de luz

no teto das lajes de concreto, etc.

Nas instalações elétricas industriais, mesmo rurais, em que há necessidade de

força para motores, deve ser consultada a companhia fornecedora de energia elétrica local.

Nesses casos o projeto e a assistência de profissional habilitado é imprescindível.

Obs: As instalações elétricas rurais serão estudas mais detalhadamente no

próximo capítulo.

3.10. PINTURA.

Constitui a parte final de uma construção. É necessária para a conservação da obra

contra os efeitos da umidade que favorece o aparecimento do mofo. A pintura, além desse

caráter de proteção, é importante para o aspecto final do prédio. Por esses motivos ela deve

ser bem executada, com certos cuidados, entre os quais observar se as superfícies a serem

pintadas estão bem secas. Em paredes revestidas com argamassa recente em que a umidade

não tenha sido completamente evaporada, ao serem pintadas com tinta impermeável,

certamente começará a formação de bolor. Esse começa com a formação de manchas de

pouca intensidade que aos poucos vão escurecendo até se tornarem negras. No intuito de

evitar essas manchas, recomenda-se, antes da pintura definitiva, queimar as paredes novas

com uma caiação simples.

Com as partes confeccionadas de madeira ( esquadrias, etc. ) devemos observar

também as mesmas precauções, isto é, o madeiramento deve estar bem seco.

3.10.1. Caiação.

Nas construções rurais, é a caiação a pintura mais indicada para as paredes

por ser mais econômica que as demais, de fácil execução, além de ser desinfetante. No

preparo da tinta recomendam-se os seguintes cuidados: cal de boa qualidade; queima de cal

em vasilhame limpo e passagem da pasta através de uma peneira fina. A adição da água deve

ser em quantidade necessária para obter-se uma pasta maleável, ou seja, um leite de cal mais

ou menos denso.

Page 25: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 25

Há necessidade de, no mínimo, duas demãos, sendo que, no caso de

aplicação de cores, a primeira demão deve ser branca.

Nas caiações em paredes externas junta-se à tinta uma certa quantidade de

óleo de linhaça para melhor aderência da pintura. Quando é necessária maior proteção contra

a infiltração de água da chuva adicionam-se à cal produtos impermeabilizantes como o

“Pluviol”, “Conservado P”, etc..

Nas residências, em que se deseja pintura de melhor acabamento e

durabilidade, costuma-se empregar uma mão de massa corrida e, depois de lixada, uma ou

duas demãos de tinta látex PVA ( base de água ). No mercado, facilmente se encontra diversas

marcas, com qualidades, cores e preços diferentes, tais como “Ypiranga”, “SherwinWilliams”,

“Coral”, etc.

3.10.2. Óleo.

É utilizado em esquadrias de madeira ou de ferro. A superfície a ser

pintada deverá ser preparada. No caso da madeira a mesma é lixada e emassada para correção

das imperfeições. Tratando-se de ferro ou outro metal, deve-se, inicialmente, passar uma

escova metálica ou lixa para ferro, a fim de ser retirada a ferrugem e em seguida dar uma mão

de pintura antioxidante ( zarcão, ferrolac, etc. ).

Na pintura a óleo, principalmente em madeiras, é sempre necessário dar

três demãos.

Em instalações para animais, em geral, deve se adicionar à pintura a ser

executada em madeira um preservativo, que além de proteger a madeira contra

microorganismos, age ao mesmo tempo como desinfetante. São bastante utilizados o

“Carbolineum” e o “Pentaclorofenol”, em solução a 5%.

Page 26: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 26

CAP. 04

CÁLCULO DE MATERIAIS

(ALICERCE)

1.0 – PROCEDIMENTO P/ CÁLCULO DE ALVENARIA E PEDRA:

a) Encontra-se o Perímetro da cava do alicerce. P = somatório de todos os segmentos da

cava.

b) Encontra-se o volume da cava. V = perímetro X largura X profundidade.

c) Determina-se o Volume da Unidade de Tijolo Nu ou Pedra Nua. Vtn ou Vpn = larg. X

comp. X altura. Obs: Tijolo 0,06 x 0,12 x 0,25m ; Pedra 0,3 x 0,3 x 0,4m.

d) Determina-se o Volume de um Tijolo ou Pedra Argamassada. Vta ou Vpa = (larg. +

rejunte) x (comp. + rejunte) x (alt. + rejunte).

e) Encontra-se o nº de Tijolos ou Pedras no alicerce. Nt ou Np = V / Vta ou Vpa

f) Determina-se o Volume Total de Tijolo Nu ou Pedra Nua. VTtn ou VTpn = Vtn ou Vpn

X Nt ou Np.

g) Encontra-se o Volume de Argamassa. Va = V – VTtn ou VTpn.

h) Determina-se a Quantidade de Cimento, aplicando-se a seguinte fórmula:

Ci = 1,4 m³ (m³/m³) onde: 1,4m³- quantidade de elemento a seco.

C + A C – parte de cimento no traço

A – parte de agregado no traço (areia)

Obs: O resultado é dado em ( m³ de cimento/m³ de argamassa)

i) Determina-se a Quantidade de Cimento em Saco, aplicando-se a seguinte fórmula:

CS = CiT x 1400 Kg/m³ onde: 1.400 Kg/m³ - densidade aparente

50 Kg CiT – cimento total (m³)

2.0 – EXEMPLO:

Determine a quantidade de Cimento em Saco ( CS ) a ser utilizada na construção do alicerce

do galpão abaixo desenhado:

Page 27: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 27

(PAREDES)

1.0 – PROCEDIMENTO P/ CÁLCULO DO PÉ-DIREITO:

a. Encontra-se o Perímetro do Pé-Direito. P = somatório de todos os segmentos das

Paredes.

b. Encontra-se o volume do Pé-Direito. Vpd = perímetro X altura do Pé-Direito X

largura do Tijolo ou Bloco.

c. Encontra-se o volume da Empena. Ve = base X altura X larg. do Tijolo ou Bloco.

d. Determina-se o Volume Total. VT = Vpd + Ve.

e. Determina-se o Volume da Unidade de Tijolo Nu ou Bloco. Vtn ou Vbn = larg. X

comp. X altura.

f. Determina-se o Volume de um Tijolo ou Bloco Argamassado. Vta ou Vba = (larg.) x

(comp. + rejunte) x (alt. + rejunte).

g. Encontra-se o nº de Tijolos ou Blocos no Pé-Direito. Nt ou Nb = VT / Vta ou Vba

h. Determina-se o Volume Total de Tijolo Nu ou Bloco Nu. VTtn ou VTbn = Vtn ou

Vbn X Nt ou Nb.

i. Encontra-se o Volume de Argamassa. Va = VT – VTtn ou VTbn.

j. Determina-se a Quantidade de Cimento, aplicando-se a seguinte fórmula:

Ci = 1,4 m³ (m³/m³) onde: 1,4m³- quantidade de elemento a seco.

C + A C – parte de cimento no traço

A – parte de agregado no traço (areia)

Obs: O resultado é dado em ( m³ de cimento/m³ de argamassa)

k. Determina-se a Quantidade de Cimento em Saco, aplicando-se a seguinte fórmula:

CS = CiT x 1400 Kg/m³ onde: 1.400 Kg/m³ - densidade aparente

50 Kg CiT – cimento total (m³)

2.0 – EXEMPLO:

Determine a quantidade de Blocos e Cimento em Saco ( CS ) a ser utilizada na construção do

Pé-Direito do galpão abaixo desenhado:

Page 28: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 28

(TELHADO)

1.0 – PROCEDIMENTO P/ CÁLCULO DO TELHADO:

a) Calcula-se a altura da Empena. Ae = Metade da base X Declividade

b) Calcula-se a largura de um lado do telhado. LT = Teorema de Pitágoras + Beiral

c) Calcula-se o comprimento do telhado. CT = Comprimento da queda d’água +

beirais.

d) Calcula-se o número de terças (linhas). NT = Base da empena / d.e.l (distância entre

linhas) d.e.l = Teorema + Beiral / Teorema / 2

e) Calcula-se a quantidade, em metros, de terças. mT (linhas) = NT x CT

f) Calcula-se o número de caibros. NC = CT / d.e.c (dist. entre caibros = 0,40m) + 1

g) Calcula-se a quantidade, em metros, de caibros. mC = NC x LT x 2

h) Calcula-se o número de ripas. NR = LT / d.e.r (distância entre ripas = 0,40m) + 1

i) Calcula-se a quantidade, em metros, de ripas. mR = NR x CT x 2

j) Calcula-se a área do telhado. AT = LT x CT x 2

k) Calcula-se o nº de telhas por metro quadrado.

Tm² = 1m² x 2 onde:

B x C B- larg. maior da telha C- comp. da telha

l) Calcular o nº total de telhas. nt = AT x Tm²

2.0 – EXEMPLO:

Determine a quantidade de material (Terças, Caibros, Ripas e Telhas) a ser utilizada na

construção do telhado do galpão abaixo desenhado:

Page 29: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 29

(CONCRETO)

1.0 - PROCEDIMENTO P/ CÁLCULO DO CONCRETO

a) Calcula-se o volume total das colunas, vigas e lajes (alt. x larg. x comp.)

b) Determina-se a quantidade de Cimento, aplicando-se a seguinte fórmula:

Ci = 1 (m³/m³)

c + a + b

c) Calcula-se a areia. a = CiT x Parte da areia no traço (a).

d) Calcula-se a areia. b = CiT x Parte da brita no traço (b).

e) Calcula-se a quantidade de cimento em saco.

Page 30: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 30

CAP. 05

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PREDIAIS

Energia pode ser definida como sendo tudo aquilo que seja capaz de realizar ou

produzir trabalho. Apresenta-se sob as formas de energia mecânica, térmica, química, atômica

e elétrica.

5.1. Energia Elétrica

A energia elétrica é uma forma de energia que apresenta inumeráveis benefícios, e

tornou-se, no decorrer dos tempos, parte integrante e fundamental de nossas atividades

diárias. Tão importante que nossa vida seria praticamente impossível sem sua existência, e

muitas vezes nos damos conta da sua importância, somente no momento de sua falta.

Sem dúvida, a energia elétrica é a forma mais prática de energia, pois pode ser

transportada de longas distâncias através dos condutores elétricos, desde a geração até os

centro de consumo, que são nossos lares, indústrias, comércio, fazendas, etc.

5.2. Grandezas Elétricas Fundamentais

5.2.1. Corrente Elétrica

É o movimento ordenado de elétrons livres no interior de um condutor elétrico,

sob a influência de uma fonte de tensão.

A corrente elétrica é medida em ampère (A) e é representada pela letra “I”.

Obs: só há corrente elétrica se houver uma carga conectada a um circuito fechado

5.2.2. Tensão Elétrica

É a força exercida nos extremos do circuito, para movimentar de forma

ordenada os elétrons livres.

A Tensão Elétrica é medida em volt (V) e é representada pela letra “E”.

5.2.3. Potência Elétrica

A potencia elétrica é uma grandeza utilizada com freqüência na especificação dos

equipamentos elétricos, determina basicamente, o quanto uma lâmpada é capaz de emitir luz,

o quanto o motor elétrico é capaz de produzir trabalho ou a carga mecânica que pode suportar

em seu eixo, o quanto um chuveiro é capaz de aquecer a água, ou quanto um aquecedor de

ambientes é capaz de produzir calor, etc.

Page 31: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 31

Os valores de tensão, corrente e potência deverão ser sempre muito bem

observados, pois o contrário, poderemos causar graves danos aos equipamentos, aparelhos e

às instalações, provocando acidentes de conseqüências imprevisíveis.

5.2.4. Resistência Elétrica – Lei de OHM

Os primeiros estudos da resistividade dos materiais foram feitos em 1826, pelo

físico alemão Georg Simom OHM, relacionando grandezas relativas à corrente elétrica. Ele

percebeu que a cada tensão elétrica E1; E2; E3... aplicada a um circuito por onde passa uma

corrente, e variando essa tensão, a corrente também variará I1; I2; I3... de tal modo que o

cociente entre a tensão e a corrente obtém-se uma constante. Ou seja:

OHM relacionou os valores das duas grandezas (tensão e corrente) e

concluiu que essas grandezas são diretamente proporcionais. Então:

Essa constante de proporcionalidade é o que representa a resistência

elétrica, ou seja, “a oposição oferecida por todos os elementos do circuito à passagem da

corrente elétrica.

A resistência elétrica é representada pela letra “R” e é representada pela seguinte

expressão:

Obs: Todos os materiais apresentam resistência à passagem da corrente elétrica, até mesmo

os bons condutores, porém, de baixo ou baixíssimo valor

5.3. Tipos de Circuitos

5.3.1. Circuito em Série

É aquele no qual todos os elementos se encontram interligados em série com a

fonte de energia.

Podemos pensar em substituir os três resistores por um único resistor, que realize

a mesma função dos três juntos, ou seja, equivalente aos três.

Nos circuitos série, o resistor equivalente é igual à soma numérica do valor dos

resistores. Assim, no caso anterior, temos:

Page 32: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 32

Em instalações elétricas prediais não usamos resistores mas sim lâmpadas e outros

aparelhos, e esse tipo de ligação não deve ser utilizada.

As ligações em série apresentam um único caminho para a corrente seguir; logo,

se um resistor queimar os demais não funcionam, uma vez que o circuito fica interrompido.

5.3.2. Circuito Paralelo

Circuito elétrico paralelo é aquele onde todos os elementos se encontram em

paralelo com a fonte de energia.

Da mesma forma que nos circuitos em série, nos paralelos podemos também obter

um resistor que seja equivalente a todos no circuito. Veja os exemplos a seguir:

Page 33: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 33

O circuito paralelo apresenta vários caminhos para a corrente; isso significa que se

um dos resistores se queimar os demais permanecerão funcionando.

Em instalações elétricas, todas as cargas são ligadas nesta modalidade de ligação,

ou seja, em paralelo.

5.4. Simbologia Padronizada.

A simbologia, por se tratar de uma forma de linguagem, bem como todo o

conjunto que completa um determinado projeto, deve ser exata; deve ser também clara e de

fácil interpretação pra os que dela se utilizarem.

5.4.1. Dutos e Distribuição.

Unifilar Significado Obeservações

Eletroduto embutido no teto ou parede.

Diâmetro 25mm.

Todas as dimensões em milímetros

(mm). Indicar a bitola se não for de

15mm.

Eletroduto embutido no piso.

Tubulação para telefone externo.

Tubulação para telefone interno.

Tubulação para campainha, som,

anunciador, ou outro sistema.

Condutor de fase no interior do eletroduto.

Cada traço representa um condutor.

Indicar bitola (seção), número do

circuito e a bitola (seção) dos

condutores, exceto se forem de 1,5

mm².

Condutor neutro no interior do eletroduto.

Condutor de retorno no interior do

eletroduto.

Condutor de proteção no interior do

eletroduto.

Condutor bitola 1,0mm², fase para

campainha.

Se for bitola maior, indicá-la.

Condutor bitola 1,0mm², retorno para

campainha.

Condutor bitola 1,0mm², neutro para

campainha.

Page 34: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 34

Condutor positivo no interior do eletroduto.

Condutor negativo no interior do eletroduto.

Cordoalha de terra

Indicar a bitola utilizada. 50. significa

50mm².

Condutores neutro, fase e terra no interior do

eletroduto, com indicação do número do

circuito e seção de condutores.

Leito de cabos com um circuito passante,

composto de três fases, cada um por dois

cabos de 25mm² mais dois cabos de neutro

bitola 10mm².

25. significa 25mm².

10. significa 10mm².

Caixa de passagem no piso. Dimensões em mm.

Caixa de passagem na parede. Indicar altura e se necessário fazer

detalhe. (dimensões em mm).

Circuito que sobe.

Circuito que desse.

Circuito que passa descendo.

Circuito que passa subindo.

Sistema de calha de piso.

No desenho, aparecem quatro

sistemas que são habitualmente:

I- Luz e força

II- Telefone

III- Telefone (PaBX, ramais)

IV- Especiais (comunicações).

5.4.2. Quadros de Distribuição.

Unifilar Significado Obeservações

Quadro terminal de luz e força aparente. QL

Indicar as cargas de luz em watts e de

força em HP ou CV.

Quadro terminal de luz e força embutido.

QL

Quadro geral de luz e força aparente. QL

Quadro geral de luz e força embutido. QL

Caixa de telefones. QL

Quadro de medição embutido. QM

Page 35: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 35

5.4.3. Interruptores.

Unifilar Significado Obeservações

Interruptor simples de uma seção (uma

tecla).

As letras minúsculas indicam o ponto

comandado e o número entre dois

traços, o circuito correspondente.

Interruptor simples de duas seções (duas

teclas).

Interruptor simples de três seções (três

teclas).

Conjunto de interruptor simples de uma tecla

e tomada.

Conjunto de interruptor simples de duas

teclas e tomada.

Interruptor paralelo de uma seção (three-

way).

Interruptor paralelo de duas seções (three-

way).

Interruptor paralelo de três seções (three-

way).

Interruptor paralelo bipolar.

Interruptor intermediário (four way).

Interruptor simples bipolar.

5.4.4. Luminárias e Lâmpadas

Unifilar Significado Obeservações

Ponto de luz incandescente no teto. Indicar o

n° de lâmpadas e a potência em watts.

A letra minúscula indica o ponto de

comando, e o n° entre dois traços, o

circuito.

Deve-se indicar a altura da arandela e

da luminária.

Ponto de luz incandescente no teto

(embutido).

Ponto de luz incandescente na parede

(arandela).

Ponto de luz a Vapor de Mercúrio no teto.

Indicar o n° de lâmpadas e a potência em

watts.

Ponto de luz fluorescente no teto (indicar o

n° de lâmpadas e na legenda, o tipo de

partida do reator).

Ponto de luz fluorescente na parede

(luminária).

Ponto de luz fluorescente no teto

(embutido).

Page 36: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 36

5.4.5. Tomadas

Unifilar Significado Obeservações

Tomada de corrente na parede, baixa

(300mm do piso acabado).

A potência deverá ser indicada ao

lado em VA (exceto se for de

100VA), como também o n° do

circuito correspondente e a altura da

tomada, se for diferente da

normalizada.

Tomada de corrente a meia altura (1.300mm

do piso acabado).

Tomada de corrente, alta (2.000mm do piso

acabado).

Tomada de corrente fase/fase a meia altura

(1.300mm do piso acabado).

5.4.6. Motores e Transformadores

Unifilar Significado Obeservações

Gerador

Indicar as características nominais

Motor

Page 37: APOSTILA DE CONSTRUÇÃO RURAL

Construções Rurais - UNEB 37