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Contabilidade Rural Professor Lourival Batista Pereira - Fone (62) 8124-6814 - email: [email protected] SUMÁRIO ITEM ASSUNTO PÁG. 1 – CONTABILIDADE RURAL COMO FATOR PARA TOMADA DE DECISÃO 1.1 – Conceitos de Atividade Rural e Aplicação 1.2 – Agricultura como Negócio e Fatores para Tomada de Decisões 1.3 – Administração Rural e Campo de Ação 1.4 – Ano Agrícola x Ano Fiscal 1.5 – Exercício Social e Imposto de Renda 1.6 – Instrumentos para Desenvolvimento da Atividade Agropecuária 2 – ADMINISTRAÇÃO RURAL E PRÁTICAS ADMINISTRATIVAS 2.1 – Conceito e Administração 2.2 – Administração Moderna na Agropecuária 2.3 – Administração Financeira e Contábil 2.4 – Sistema de Informação como meio seguro para obter qualidade 3 – IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE RURAL COMO FERRAMENTA GERENCIAL PARA TOMADA DE DECISÃO 3.1 – Importância 3.2 – Sistema de Contabilidade 3.3 – Demonstrações Contábeis 4 – PANEJAMENTO – OPERACIONALIZAÇÃO E FLUXO CONTÁBIL NA ATIVIDADE DO AGRONEGÓCIO 4.1 – Introdução e Aspectos Relevantes para Elaboração do Plano de Contas 4.2 – Operacionalização Contábil na Empresa Rural 4.3 – Contabilidade da Atividade Rural 4.4 – Culturas Temporárias 4.5 – Culturas Permanentes 4.6 – Contabilidade na Pecuária 4.7 – Sistema e Método de Custeio 5 – DEPRECIAÇÃO – EXAUSTÃO E AMORTIZAÇÃO 5.1 – Terminologias e Conceitos 5.2 – Culturas Permanentes 5.3 – Atividade Pecuária e Zootécnica 5.4 – Exaustão 5.5 – Amortização 5.6 – Processo Contábil da Depreciação, Exaustão e Amortização 5.7 – Taxas de Depreciação Aplicadas às Empresas Rurais 6 – BIBLIOGRAFIA 6.1 – Bibliografia Básica e Complementar 04 04 06 07 10 10 12 15 15 16 17 17 19 19 20 22 26 26 27 27 28 31 42 47 54 54 54 56 57 60 61 62 65 65

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Contem, alguns conceitos importantes aplicadas a contabilidade rural, o texto é de fácil compreensão e interpretação.

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Contabilidade Rural

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SUMÁRIO

ITEM ASSUNTO PÁG. 1 – CONTABILIDADE RURAL COMO FATOR PARA TOMADA DE

DECISÃO 1.1 – Conceitos de Atividade Rural e Aplicação 1.2 – Agricultura como Negócio e Fatores para Tomada de Decisões 1.3 – Administração Rural e Campo de Ação 1.4 – Ano Agrícola x Ano Fiscal 1.5 – Exercício Social e Imposto de Renda 1.6 – Instrumentos para Desenvolvimento da Atividade Agropecuária 2 – ADMINISTRAÇÃO RURAL E PRÁTICAS ADMINISTRATIVAS 2.1 – Conceito e Administração 2.2 – Administração Moderna na Agropecuária 2.3 – Administração Financeira e Contábil 2.4 – Sistema de Informação como meio seguro para obter qualidade

3 – IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE RURAL COMO FERRAMENTA GERENCIAL PARA TOMADA DE DECISÃO

3.1 – Importância 3.2 – Sistema de Contabilidade 3.3 – Demonstrações Contábeis

4 – PANEJAMENTO – OPERACIONALIZAÇÃO E FLUXO CONTÁBIL NA ATIVIDADE DO AGRONEGÓCIO

4.1 – Introdução e Aspectos Relevantes para Elaboração do Plano de Contas 4.2 – Operacionalização Contábil na Empresa Rural 4.3 – Contabilidade da Atividade Rural 4.4 – Culturas Temporárias 4.5 – Culturas Permanentes 4.6 – Contabilidade na Pecuária 4.7 – Sistema e Método de Custeio 5 – DEPRECIAÇÃO – EXAUSTÃO E AMORTIZAÇÃO 5.1 – Terminologias e Conceitos 5.2 – Culturas Permanentes 5.3 – Atividade Pecuária e Zootécnica 5.4 – Exaustão 5.5 – Amortização 5.6 – Processo Contábil da Depreciação, Exaustão e Amortização 5.7 – Taxas de Depreciação Aplicadas às Empresas Rurais

6 – BIBLIOGRAFIA 6.1 – Bibliografia Básica e Complementar

04 04 06 07 10 10 12

15 15 16 17 17

19 19 20 22

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APRESENTAÇÃO

O presente material didático é fruto de estudos, pesquisas, experiências e conhecimentos acumulados pelo seu elaborador na condição de: professor de Contabilidade Geral, Comercial, Industrial, de Custos, Gerencial de Custos, Planejamento Tributário, Perícia Contábil e Prática Contábil, integrantes da grade curricular do Departamento de Ciências Contábeis da Faculdade Padrão, Universidade Estadual de Goiás – UEG – UnU Morrinhos, bem como de vários cursos e estudos para aperfeiçoamento, voltados para áreas de: contabilidade e profissional onde exerceu a função de Analista Contábil Sênior na Telegoiás, Telegoiás Celular e Tele-Centroeste Celular.

Acreditando que este material possa se constituir em relevante recurso didático

no desenvolvimento do conteúdo programático da disciplina Contabilidade Rural, procurei contemplar os principais tópicos desta disciplina, visando proporcionar conhecimento e uso da Contabilidade Rural, bem como as técnicas contábeis aplicadas na determinação do custo e controle das empresas ligadas ao agronegócio, proporcionando um instrumento de fundamental importância ao controle e gestão das empresas rurais.

Finalizando, coloco à disposição dos interessados para debater, receber

sugestões e críticas, e esclarecer eventuais dúvidas, tudo com o objetivo de aperfeiçoamento e melhoramento do material, pois jamais ousaria no sentido de buscar o esgotamento de tão importante tema do conhecimento humano, restringindo-se, apenas, ao básico deste relevante segmento tão importante para o setor produtivo como para a economia do País.

Introdução A Contabilidade Rural no Brasil é pouco utilizada, tanto pelos empresários quanto pelos contadores, isto acontece devido ao desconhecimento, por parte desses empresários, da importância das informações obtidas através da Contabilidade, da maior segurança e clareza de que estas informações proporcionariam nas tomadas de decisões, dessa forma abrem mão de dados reais que poderiam ser obtidos através da Contabilidade. O grande problema para a utilização efetiva da Contabilidade Rural está na complexidade e no custo de manutenção de um bom serviço contábil. A dificuldade de separar o que é custo de produção do que é gasto pessoal do empresário rural, a inexistência de documentos como: recibos, notas fiscais, avisos de lançamentos, cópias de documentos, etc., fazem com que não se possa adotar a Contabilidade para este fim. A própria acomodação do contador que não esclarece o empresário rural sobre a necessidade de separação de custos, faz com que a Contabilidade seja voltada para o atendimento do fisco.

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O grande objetivo aqui não é reinventar a Contabilidade Rural, más olha-la sob o prisma de quem é obrigado a conhecê-la dentro do contexto rural brasileiro e com informações geradas dentro de nosso modelo agrícola. A fim de não ficar voltado apenas aos aspectos legais, na visão do empresário rural, vista a partir da unidade microeconômica empresarial, vamos tratá-la um pouco voltada aos fatores gerenciais para tomada de decisões, provavelmente algumas partes poderão ser mais bem explanadas, outras eventualmente reduzidas, más, isto não quer dizer que tenha menor valor. Hoje, no mundo empresarial, todos sabem que o segredo para a competitividade a longo prazo é a satisfação total do cliente. Entretanto, poucas empresas parecem entender o quanto tem de mudar suas maneira habituais de operar, para que concorram de forma lucrativa na economia global de nossos dias. No caminho das mudanças revolucionárias que as empresas precisam fazer, para que se tornem totalmente voltadas para o cliente, está a informação gerencial. Os gestores rurais aprendem com experiência a forma de resolver os problemas de rotina. Os melhores gestores são também capazes, porém, de responder racionalmente à mudança. Para fazê-lo são necessárias outras regras, além das velhas regras práticas; é necessário perceber a razão do comportamento das empresas e dos gestores. Os conceitos e as experiências no campo da administração e da Contabilidade Rural, disponíveis nos dias atuais, constituem um poderoso arsenal para ajudar empresários e profissionais de Contabilidade na complexa tarefa de assegurar a sobrevivência, o crescimento e a continuidade de suas empresas rurais.

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1 - CONTABILIDADE RURAL COMO FATOR PARA TOMADA DE DECISÃO

Conceitos de Atividade Rural ⇒ É a unidade de produção em que são exercidas atividades que exploram culturas agrícolas ou florestais e atividades de zootecnia, com a finalidade de obtenção de renda ou não;

⇒ É aquela que explora a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas, com a finalidade de obtenção de renda ou não. Aplicação ⇒ A Contabilidade Rural pode ser estudada ou aplicada de modo geral, genérica ou específica: Quando estudada ou aplicada de modo geral é direcionada para: � todas as empresas, ou � particular - aplicada a certo ramo de atividade ou setor da economia. Quando estudada ou aplicada de forma genérica tem sua denominação de: � Contabilidade Geral ou Financeira. Quando estudada ou aplicada a um ramo específico: � é determinada de acordo com a atividade ou ramo, como: ► Contabilidade Rural: aplicada às empresas rurais em geral.

Empresas Rurais: são aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas. O campo de atividades das empresas rurais pode ser dividido em três grupos distintos:

» produção vegetal – atividade agrícola; » produção animal – atividade zootécnica; » indústria rural – atividade agroindustrial.

► Contabilidade Agrícola: aplicada às empresas agrícolas.

Empresas Agrícolas: são aquelas que exploram as atividades voltadas exclusivamente à utilização do solo, estando divididas em dois grupos, sendo:

���� Culturas hortícolas e forrageiras: são aquelas que exploram as atividades hortícolas e forrageiras, como:

» cereais – feijão, soja, arroz, milho, trigo, aveia, etc.; » hortaliças – verduras, tomate, pimentão, etc.; » tubérculos – batata, mandioca, cenoura, etc.;

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» plantas oleaginosas – mamona, amendoim, girassol, etc.; » especiarias – cravo, canela, pimenta-do-reino, etc.; » fibras – algodão, juta, Casulos do bicho-da-seda, etc; » outras – floricultura, forragens, plantas industriais, etc. ���� Arboricultura: são aquelas que exploram as atividades de arborização, pomares e

parreirais e extrativos, como: » florestamento – eucalipto, pinho, araucária, etc.; » pomares – manga, laranja, maçã, jabuticaba, etc.; » vinhedos1, maracujá, olivais2, etc. ► Contabilidade Zootécnica: aplicada às empresas que exploram atividades com

animais em geral. Empresas Zootécnicas: exploram exclusivamente à atividade de criação de animais em geral, como:

» apicultura – criação de abelhas; » avicultura – criação de aves; » pecuária – criação de gado; » piscicultura – criação de peixes; » sericultura – criação do bicho-da-seda; » outros animais – caprinocultura, suinocultura, etc. ► Contabilidade Pecuária: aplicada às empresas que exploram atividades com

animais específicos voltados à pecuária.

Empresas Pecuárias: exploram exclusivamente à atividade de criação de animais, sejam leiteiros ou para cria, recria e engorda, como no Brasil ostenta um dos maiores rebanhos bovinos do mundo e sua pecuária representa uma atividade econômica de grande relevância, nada mais juste que se dê ênfase, sobretudo à atividade pecuária. Como:

» pecuária – criação de gado; » ovinocultura – criação de ovelhas; » caprinocultura – criação de cabritos. Pecuária é a “arte de criar e tratar gado”3 Gados “são animais geralmente criados no campo, para serviços de lavoura, para consumo doméstico ou para fins industriais e comerciais”4. Exemplo: bovinos, suínos, eqüinos, ovinos, muares etc. ► Contabilidade Agropecuária: aplicada às empresas que exploram atividades

agrícolas e pecuárias ao mesmo tempo.

1 Grande extensão de vinhas (videira trepadeira vitácea cujos frutos, as uvas, dão, fermentados, o vinho) 2 Plantio de oliveiras (árvore oleácea que dá a azeitona) 3 FREIRE, Laudelino. Grande e novíssimo dicionário da língua portuguesa. 2ª ed. Rio de Janeiro. 4 Ibidem

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Empresas Agropecuárias: exploram exclusivamente à atividade de criação de animais, sejam leiteiros ou para cria, recria e engorda e atividades agrícolas, como:

» pecuária – criação de gado; » ovinocultura – criação de ovelhas; » cereais – feijão, soja, arroz, milho, trigo, aveia, etc.; » hortaliças – verduras, tomate, pimentão, etc.; » tubérculos – batata, mandioca, cenoura, etc.; ► Contabilidade Agroindustrial : aplicada às empresas que exploram atividades

agrícolas, pecuárias e industriais ao mesmo tempo.

Empresas Agroindustriais: são aquelas que exploram atividades de beneficiamento e transformação ao mesmo tempo:

» beneficiamento de produtos agrícolas – arroz, café, milho, etc; » transformação de produtos zootécnicos – mel, laticínios, casulos de seda, etc; » transformação de produtos agrícolas – cana-de-açúcar em açúcar, álcool; uvas em

vinho e vinagre, etc.

Agricultura como negócio e fatores para tomada de decisões

Agricultura – É toda atividade de exploração da terra, seja o cultivo de lavouras e florestas, com vistas à obtenção de produtos que venham a satisfazer ás necessidades humanas.

De acordo com esta definição, ela deve desempenhar os seguintes papeis no

processo de desenvolvimento: » produzir alimentos baratos e de boa qualidade; » produzir matéria-prima para a indústria; » pela exportação, trazer divisas para o país; » dar condições dignas de vida para o trabalhador rural.

A agricultura a cada ano que passa vem se desenvolvendo e especializando na produção comandada pelo mercado, buscando alternativas mais produtivas, como ocorreu na suinocultura, que substituiu a criação do porco tipo banha, pelo porco tipo carne, entre outras.

Ainda hoje, nesse processo de desenvolvimento, surgem dificuldades

significativas, pois, o custo de produção ainda é bastante elevado pela necessidade de aplicação de fortes doses de investimentos principalmente na preparação do solo, espécies selecionadas e alto custo de manutenção defensiva e preventiva para se obter uma produção aceitável pelo mercado.

Da mesma forma, com a intensificação da automatização nas atividades

agrícolas, possibilitando melhoria significativa de qualidade e produtividade das atividades exploradas, tornam-se necessário desembolsar quantias vultosas para sua compra, conservação, manutenção e serviço.

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Diante desta situação tornou-se necessário e indispensável o conhecimento aprofundado de seu negócio, diante da vinculação e dependência em relação ao mercado.

» devendo estar bem informado sobre as condições de mercado para os produtos que pretende explorar;

» conhecer as condições dos recursos naturais de seu estabelecimento rural, e » o que está ocorrendo no mercado. De posse desses conhecimentos e informações, torna-se fácil a escolha do tipo de

atividade que deverá ser desenvolvida, levando em consideração os recursos naturais e seu conhecimento de quais culturas e criações adaptam ao clima e ao solo e as perspectivas de mercado, com relação a sua escolha.

Caso não consiga tomar a decisão, mesmo com os conhecimentos e informações

adquiridas, quanto à escolha da atividade, deverá recorrer a consultas nas áreas especializadas, como:

» as cooperativas e sindicatos; » os escritórios dos serviços de extensão rural ou outros técnicos que atuam na

área.

Administração rural e campo de ação Com o conhecimento das condições de mercado e dos recursos naturais, dá ao

produtor rural os elementos básicos para o desenvolvimento de sua atividade econômica, cabendo a ele agora, decidir:

» o quê, quando e como produzir; » como controlar a ação após iniciar a atividade e, por último, » como avaliar os resultados alcançados comparando-os com os previstos

inicialmente. Cabe ao proprietário ou administrador rural, a decisão quanto as seguintes

tarefas: ���� o quê produzir: deve ser levado em consideração as condições de mercado e

os recursos naturais de seu estabelecimento; ���� o quanto produzir: deve levar em consideração fundamentalmente à

quantidade de terra de que dispõe, e ainda o capital e a mão-de-obra que pode empregar;

���� como produzir: deve levar em consideração qual a tecnologia que vai empregar, ou seja, se vai automatizar ou não a atividade, o tipo de componentes a ser aplicado, a forma de combater as pragas e doenças, etc.;

���� controle da ação desenvolvida: deve estar sempre verificando se as práticas recomendadas estão sendo aplicadas corretamente e no devido tempo;

���� avaliar os resultados obtidos na atividade: deve estar sempre medindo os lucros ou prejuízos e analisando quais as razões que fizeram com que o resultado alcançado fosse diferente daquele previsto no início de seu trabalho.

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A administração rural é, portanto, o conjunto de atividades que facilita aos produtores a tomada de decisões ao nível de sua unidade de produção, com o fim de obter o melhor resultado econômico, mantendo ou melhorando a produtividade de suas atividades exploradas.

Empresa Rural – é a unidade de produção em que são exercidas atividades que dizem respeito a culturas agrícolas, criação de gado, ou culturas florestais, com a finalidade de obtenção de renda. Necessariamente as empresas rurais não precisam ser juridicamente constituídas, podendo ser familiar ou patronal, sendo integrada por um conjunto de recursos, denominados de fatores da produção (a terra; o capital e o trabalho).

» Terra: fator de produção mais importante para a atividade rural, pois nela se aplicam os capitais e se trabalha para obter a produção.

Com isso, uma das preocupações fundamentais do empresário rural é a conservação da capacidade produtiva da terra, evitando seu desgaste pelo mau uso, erosão ou outro fator que a degrade.

» Capital: conjunto de bens colocados sobre a terra com o objetivo de aumentar sua capacidade produtiva e ainda facilitar e melhorar a qualidade e a capacidade do trabalho humano. Constituindo assim o capital empregado nas diversas atividades rural:

���� as benfeitorias: galpões, aramados, galinheiros, pocilgas, etc.; ���� os animais de produção e serviços: bovinos de cria e leiteiros, suínos, aves,

etc.; bois de serviço, cavalos e asininos, etc.; ���� os equipamentos tecnológicos: máquinas e implementos agrícolas; ���� os insumos: adubos, sementes, inseticidas, fungicidas, vacinas, etc. O empresário rural e seus administradores devem conhecer exatamente a

quantidade e o valor de cada bem que constitui o capital da empresa. É fácil verificar que os diversos tipos de capital apresentam características bem

diferentes, como: » as benfeitorias, os animais e as máquinas e implementos, etc., permanecem em

uso na empresa durante vários anos, denominados de capitais fixos. » já os insumos, uma vez utilizados, desaparecem, sendo, portanto, consumidos

dentro do ano agrícola em curso, denominados de capitais circulantes.

A separação entre capital fixo e capital circulante é fundamental para o cálculo do resultado econômico da empresa, considerando que:

� se determinado tipo de capital dura vários anos, não se pode incluir como gasto daquele ano o total do valor de sua compra;

Exemplo: Quando se compra um trator ou se constrói uma cerca com financiamento bancário, o valor dos encargos sobre o empréstimo solicitado poderá ser dividido em diversos anos, sendo que cada parcela anual e a amortização da dívida paga todos os anos, deve ser considerada como a despesa do ano, mesmo que esses encargos tenham sido pagos a vista.

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Estas despesas para efeito de cálculo econômico, devem ser diferidas durantes os vários anos, como se fossem financiadas.

» Trabalho: conjunto de atividades administradas e desempenhadas pelo homem na execução das práticas nas atividades rural, como:

� lavrar e gerenciar a terra; � cuidar e gerenciar animais; � construir e gerenciar, cercas, etc.

Existe uma diferença entre a administração e execução de práticas agrícolas, sendo que:

� para o administrar há uma exigência de conhecimento maior, deve ter sempre em vista a totalidade da empresa;

� enquanto que, o executor de tarefas específicas necessita apenas saber fazer aquilo para o que foi designado.

Compete também ao empresário ou administrador das atividades rural: � a função de coordenar a atividade dos demais trabalhadores; � combinar a utilização de todos os fatores de produção, com a finalidade de obter resultados econômicos satisfatórios;

� manter elevada à produtividade daqueles fatores. Com isto, ele deve preocupar com dois aspectos: � a organização e � o manejo da empresa rural.

» Organização: combinação das atividades desenvolvidas em função das características dos fatores de produção disponíveis, ou seja, escolher todas as culturas e criações que serão exploradas de modo a aproveitar da melhor maneira possível a terra, as benfeitorias, as máquinas e implementos e a mão-de-obra.

Exemplo: O que vem ocorrendo nas empresas que cultivam trigo e soja em sucessão, essas duas culturas permite a utilização da terra e das máquinas e implementos em forma continua durante o ano agrícola, não havendo, portanto, ociosidade na utilização desses fatores de produção.

» Manejo da empresa rural: é conjunto de medidas que deve tomar o administrador para que todas as práticas desenvolvidas sejam realizadas a tempo e de maneira eficiente, assim como:

»as máquinas e implementos devem estar em perfeitas condições de funcionamento ao iniciar seu serviço.

»os insumos (adubos, sementes, vacinas, etc.) devem ser adquiridos com antecedência, para evitar que, por falta no mercado, fique prejudicada a produção da empresa.

»o serviço dos trabalhadores deve ser controlado permanentemente para impedir que práticas mal executadas causem graves prejuízos à organização rural.

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Ano agrícola x ano fiscal

���� Ano Agrícola ou ano de atividade da empresa agrícola: corresponde ao período de 12 meses, que engloba desde o início do cultivo até a colheita das principais culturas da região.

Determinando como início e o fim do ano agrícola: desde o início do cultivo até

a colheita e comercialização da atividade de maior renda bruta. ���� Ano Fiscal: período determinado pelo estatuto ou contrato, normalmente de

um ano, que ao final será elaborado, com base na escrituração mercantil da entidade, as demonstrações financeiras que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da entidade e as mutações ocorridas no decorrer do exercício.

Exercício social e Imposto de renda

Com o advento da Lei nº. 7.450/85, o Imposto de Renda tornou obrigatório, para todas as empresas, o exercício social coincidindo com o ano civil, ou seja, de 01 de janeiro a 31 de dezembro.

Essa imposição trouxe sérios prejuízos à contabilidade rural, já que esse setor deveria ter seu exercício social coincidente com o ano agrícola, para melhor avaliar o desempenho da empresa. Mas nada impede que se faça, para fins de gerenciamento, a apuração de resultado, logo após a colheita e a comercialização, constituindo de forma mais adequada à avaliação do desempenho da safra agrícola; não há porque esperar meses para se conhecer o resultado que é tão importante para a tomada de decisões, sobretudo a respeito do que fazer no novo ano agrícola, o que gerencialmente será de extrema relevância.

Características peculiares do setor agrícola - O setor agrícola apresenta algumas características peculiares, que o distinguem dos demais setores da economia.

Deve ser notado que essas características são válidas, de modo geral, não apenas para a agricultura brasileira, mas para a de todos os países, são elas:

���� Dependência do Clima: é a mais citada pelos estudiosos e da qual muitas outras dependem, pois:

» condiciona a maioria das explorações agropecuárias; » determina a épocas de plantio, tratos culturais, colheitas, escolha de variedades

e espécies, vegetais e animais.

���� Correlação Tempo de Produção x Tempo de Trabalho: o processo produtivo agropecuário desenvolve-se, em algumas de suas fases, independente da existência do trabalho físico imediato, sendo que em outros setores da economia, a indústria, por exemplo, somente o trabalho modifica a produção de determinado bem e é sempre igual ao tempo de trabalho consumido na obtenção do produto final, isto deverá ser levado em conta.

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���� Dependência de Condições Biológicas: o ciclo de produção da agropecuária está relacionado às condições biológicas, determinando também a irreversibilidade do ciclo produtivo, ou seja, não se pode alterar a sequência da produção (interromper o desenvolvimento de uma lavoura de milho para se obter soja, por exemplo).

Por outro lado, limitam a adoção de medidas que normalmente são utilizadas em outros setores da economia, como recursos para acelerar a produção, estabelecimento de um terceiro turno de trabalho.

Nas pesquisas realizadas no setor rural, pode ser conseguido espécies animais e variedades vegetais mais precoces e produtivas, mas ainda assim sujeitas às condições biológicas.

���� Terra como Participante da Produção: a terra não é apenas um suporte para

o estabelecimento de atividades produtivas, ao contrário, em todas as explorações agropecuárias ela participa diretamente do ciclo produtivo. Assim, é importante conhecê-la e analisá-la em suas condições: químicas; físicas; biológicas e topográficas.

���� Estacionalidade da Produção: normalmente, não existe um fluxo contínuo

de produção, como na indústria e uma tarefa pode também não depender de outra.

As atividades estão dispersas por toda a empresa, podendo ocorrer em locais distantes um do outro, não havendo relação, por exemplo, entre o trabalho executado por uma equipe que reforma as cercas da propriedade com outra que faz “a limpeza” das pastagens, exigindo dos empresários rigorosas ações de planejamento e controle.

Outra característica que se apresenta no setor rural é o trabalho ao ar livre,

positiva sob certos aspectos (inexistência de poluição, por exemplo), e negativa sobre outros aspectos, como sujeição ao frio, ao calor, chuvas, etc., sendo que o trabalho disperso e ao ar livre induz a uma menor produtividade do trabalhador rural.

���� Incidência de Riscos: toda e qualquer atividade econômica está sujeita a

riscos, sendo que na agropecuária, os riscos assumem maiores proporções, pois as explorações podem ser afetadas por:

� problemas causados pelo clima (seca, geada, granizo); � pelo ataque de pragas e moléstias, e � pelas flutuações dos preços de seus produtos. ���� Sistema de Competição Econômica: está sujeita a um sistema de competição

tendo as seguintes características: � existência de um grande número de produtores e consumidores; � produtos que apresentam, normalmente pouca diferenciação entre si; � a entrada no negócio e a saída dele pouco altera a oferta total.

A consequência da conjugação desses fatores é que, isoladamente, o empresário rural não consegue controlar o preço de seus produtos, que é ditado pelo mercado, podendo ser até mesmo inferior aos custos de produção.

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���� Produtos não Uniformes: há dificuldades para obter produtos uniformes quanto à forma, tamanhos e à qualidade, fatores decorrentes das condições biológicas que acarreta custos adicionais, pela necessidade de serem classificação e padronizados, além de receitas mais baixas, em virtude do menor valor dos produtos que apresentarem padrão de qualidade inferior.

����Alto Custo de Saída e/ou Entrada: algumas explorações exigem altos

investimentos em benfeitorias e tecnologias e, consequentemente, condições adversas de preço e mercado devem ser suportadas a curto prazo, pois o prejuízo, ao abandonar a exploração, poderá ser maior.

Analisando essas características em conjunto, observa-se que o efeito das mesmas, na administração da atividade rural, é mais prejudicial do que benéfico, pois:

� o empresário da atividade rural deve assumir ações administrativas eficazes, para atenuar e modificar os efeitos prejudiciais de cada característica.

� As teorias da administração, ao serem transferidas ao setor rural, devem ser adaptadas às suas condições.

A manutenção deste patrimônio (terras, máquinas, etc.) em estado improdutivo,

degradando-se e depreciando-se, esta cada vez mais dificultando a permanência do produtor rural em dar continuidade às atividades agrícola e aos processos de produção, embora esses dispositivos estejam a seu alcance para exercício imediato.

Forma jurídica de exploração na agropecuária – Na atividade rural, há duas formas jurídicas possíveis de exploração, sendo:

���� Pessoa física – é a pessoa natural, é todo o ser humano, é todo individuo (sem

nenhuma exceção). Prevalecendo no Brasil, por ser menos onerosa que a pessoa jurídica, além de proporcionar mais vantagens de ordem fiscal, principalmente em relação a pequenas atividades.

As pessoas físicas tidas como pequenos e médios produtores rurais, não precisam, para fins de Imposto de Renda, fazer escrituração regular em livros contábeis e podem utilizar apenas um livro-caixa e efetuar uma escrituração simplificada. Todavia, as pessoas físicas tidas como grande produtor rural serão equiparadas às pessoas jurídicas para fins contábeis, devendo fazer escrituração regular, por intermédio de um profissional contábil qualificado, utilizando como base o método das partidas dobradas.

���� Pessoa jurídica – é a união de indivíduos que, por meio de um trato reconhecido por lei, formam uma nova pessoa, com personalidade distinta de seus membros. Menos utilizada devido sua complexidade e necessidade de controles para fins fiscais, sendo dividias em: sociedade civil e sociedade comercial.

● Sociedades civis: são as que prestam serviços com ou sem fins lucrativos; não praticando a intermediação do negócio, como: compra e venda de mercadoria.

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● Sociedades comerciais (ou mercantis) – são aquelas praticam ato de comércio com fins lucrativos, sendo constituídas com o objetivo de:

� comercialização: compra e venda de mercadorias; � transformação: transformar matéria-prima adquiridas de terceiros em

produtos acabados a serem vendidas a terceiros; � exploração: explorar negócios de serviços, financeiros, etc.

A natureza do objeto social, ou seja, o ramo de atividade é que indicará se a sociedade é comercial ou civil:

���� Comercial: sociedade com fins lucrativos que se coloca entre fornecedores e consumidores (usuários), tais como: indústria, comércio, instituição financeira, etc.;

���� Civil: sociedade com ou sem fins lucrativos que se coloca na posição de fornecedora ou simplesmente de usuário (consumidor), tais como: estabelecimento de ensino, clínicas, cooperativas (sem fins lucrativos), etc.

Sendo assim, uma agropecuária é vista como uma sociedade civil, pois se

coloca na posição de fornecedora de produtos agrícolas, pecuários, etc. As sociedades anônimas, entretanto, serão, por força de lei, sempre sociedades comerciais, uma vez que são regidas pelas leis comerciais, mesmo que sua finalidade seja civil (Lei 6.404/76, art. 2º). Dessa forma, a sociedade agropecuária será comercial se constituída sob a forma de S.A. ou civil se constituída sob a forma de limitada ou outro tipo societário. Instrumentos para desenvolvimento da atividade agropecuária

Parcerias – As parcerias rurais não são utilizadas na proporção que os resultados disponíveis permitem e, nem sempre de forma adequada aos objetivos propostos, devido à existência de algumas situações que fazem com que as parcerias não fluam de maneira satisfatória, como: � a associação de patrimônios potencialmente produtivos nesses setores ainda é

inexpressivo; � o desenvolvimento da produção agropecuária, visto em primeiro lugar, sempre

em qualquer circunstancia, e, � falta de recursos financeiros subsidiados.

Adotar parcerias rurais como instrumento de desenvolvimento da atividade agropecuária não tem sido o recurso prático utilizado por proprietários e produtores rurais, fazendo com que seus bens permaneçam inativos. A Parceria ocorre quando o proprietário da terra contribui no negócio com o capital fundiário e o capital de exercício, associando-se a terceiros em forma de parceria, podendo ser à meia (o lucro da colheita é dividido, metade ao proprietário e metade ao parceiro) ou de outra forma acordada.

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Esse tipo de associação assemelha-se a uma sociedade de capital e indústria, em que há duas espécies de sócios:

� o capitalista (proprietário): que entra com o capital, e geralmente com a gerência do negócio;

� o de trabalho (parceiro): que entra com a execução do trabalho.

Arrendamento Rural – É o conjunto agrário pelo qual uma pessoa se obriga a outra, por tempo determinado ou não, a utilização, uso e gozo do imóvel rural no todo ou parte, incluindo ou não outros bens, benfeitorias e facilidades, com o objetivo de exercer atividade de exploração voltada para a atividade agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa ou mista, mediante certa retribuição ou aluguel, observados os limites percentuais da lei.

O Arrendamento: ocorre quando o proprietário da terra aluga seu capital fundiário (dificilmente aluga o capital de exercício) por determinado período a um empresário, denominando de sistema de arrendamento, sendo que o arrendador recebe do arrendatário uma retribuição certa, sendo o aluguel.

Comodato – Empréstimo gratuito pelo proprietário da terra do seu capital fundiário, para que seja utilizado pela outra parte por tempo e nas condições preestabelecidas, sem nada receber do comodatário.

Condomínio – Propriedade em comum, ou a co-propriedade, em que os

condôminos proprietários compartilham dos riscos e dos resultados, da mesma forma que a parceria, na proporção da parte que lhes cabe no condomínio.

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2 - ADMINISTRAÇÃO RURAL E PRÁTICAS ADMINISTRATIVAS

Conceito – A atividade agropecuária, por suas múltiplas atividades e volume financeiro das operações (compra, venda, contratação de serviços, etc.), constitui-se na realidade em empresa, apesar de nem sempre estar formalmente assim denominada e estruturada.

Administração – Por meio de tecnologias que permitem interligar criações ou culturas, possibilitando obter rendimentos adicionais, diluição de custos e economia de insumos, com a utilização dos meios e das ferramentas gerencias, as empresas rurais vêm alcançando resultados de produção e produtividade que vem garantindo o sucesso do empreendimento. Para aumentar sua riqueza, os proprietários dessas empresas, vem se estruturando organizacionalmente e administrativamente, obedecendo as seguintes competências: � a administração geral: cuida em determinar que produtos e serviços são

necessários e em colocá-los nas mãos dos consumidores;

� a administração financeira: trata das decisões sobre planejamento a fim de atingir o objetivo de maximizar a riqueza dos proprietários.

É preciso considerar que com a situação de política agrícola é necessário que a tomada de decisão em um empreendimento agropecuário seja de forma rápida a fim de adequar-se às mudanças constantes da política e de economia do país. A avaliação da administração do empreendimento pode ser resumida em duas etapas:

���� Levantamento do estágio atual: » características gerais da organização: histórico; estrutura jurídica e

acionária; influência;

» objetivos e estratégia: metodologia de definição dos objetivos; estratégias e investimentos realizados;

» finanças: administração financeira; balanços e contas de resultados; fontes e aplicações de recursos; planejamento e previsão financeira;

» sistemas administrativos e práticas adotadas: estrutura organizacional; processo de tomada de decisão; comunicação; sistema interno de informações; planejamento e controle; técnicas empregadas; cultura organizacional;

» recursos humanos: administração de pessoal; quadro de pessoal; remuneração e motivação;

» conclusões: sobre o estado atual da administração.

���� Elaboração de um plano de medidas tomadas a curto prazo. Após a análise e as conclusões obtidas, será possível determinar o melhor

direcionamento para uma administração eficiente.

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Com a definição do objetivo do sistema, é possível traçar uma estratégia para atingir as metas preestabelecidas.

É de fundamental importância que a tomada de decisão em um empreendimento

agropecuário seja de forma rápida a fim de adequar-se às mudanças constantes da política e da economia do país.

Administração Moderna na Agropecuária

A atividade agropecuária, por suas múltiplas atividades e volume financeiro das operações (compra, venda, contratação de serviços, produção etc.), constitui-se na realidade em empresa, apesar de nem sempre estar formalmente assim denominada e estruturada.

Organização – É imprescindível que o empreendimento seja ao máximo

desvinculado da pessoa física do ponto de vista organizacional, mesmo que isto não venha a ser formalizado juridicamente.

Estrutura organizacional – No sentido de desvincular o empreendimento ou

“emancipá-lo”, ele deve ser dotado de uma estrutura autônoma responsável por todas as atividades que o compõem a administração; administração financeira; contábil, etc.

A solução viável ou proposta apesar de gerencialmente onerar a entidade, seria

reagrupar por departamento, as atividades e dar mais altura ao organograma, criando níveis intermediários efetivos (gerências de setores), devendo atentar para:

� os escritórios: com base na cidade e na fazenda tornam-se responsáveis pela contabilidade (registros e processamento de dados);

� os departamentos: sendo cada um sob a responsabilidade de um técnico de nível médio ou superior;

� o administrador: assumiria a responsabilidade integral pelos resultados do empreendimento.

Práticas administrativas – O administrador deve estar sempre atento e com

competência e responsabilidade para as seguintes tarefas:

� Planejamento: (produção e finanças) as programações anuais elaboradas devem ser mantidas, aprimoradas e servir de lista de ações, direcionando as atividades a serem executadas. Servindo de base ao orçamento, elemento indispensável à administração do empreendimento para:

» previsão das necessidades e geração de recursos; » controle do andamento, comparando o real e o orçado.

� Controle Financeiro e de Resultados: (organização e direção) ferramenta indispensável à administração do empreendimento, os instrumentos de controle financeiro e de resultados devem ser do alcance do administrador e executados sob sua supervisão.

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Uma medida importante é a separação da Contabilidade Gerencial (instrumento de administração) da Contabilidade Fiscal e das contas bancárias particulares das contas da empresa. O sistema de controle gerencial de resultados deve ser concedido de forma a permitir a identificação dos problemas operacionais e avaliação de desempenho de cada unidade estratégica de negócio.

� Controle de Produção: estarão sob a responsabilidade direta dos gerentes de departamento.

Com a definição das funções e responsabilidades sobre todas as atividades do empreendimento, é possível medir o desempenho e avaliar os resultados obtidos ao longo do desenvolvimento do projeto. O gerente deverá apresentar planos, como orçamentos ou outros, ao proprietário ou empresário que, uma vez aceitos, deverão ser implantados, além de elaborar um sistema de controle com relatórios que permita o acompanhamento do andamento e desenvolvimento do empreendimento. Administração financeira e contábil

A função financeira e contábil em uma empresa rural são bem parecidas, embora haja uma relação íntima entre essas funções, a contábil é mais bem visualizada como um insumo necessário à função financeira, isto é, como subfunção da administração financeira.

A visão destas funções está de acordo com a organização das atividades das

entidades rurais, em três áreas básicas: produção; finanças e comercialização. Há duas diferenças básicas de perspectivas entre a administração financeira e a contábil: uma refere-se ao tratamento de fundos e a outra, à tomada de decisão.

O conhecimento financeiro e as funções de finanças auxiliam no: � planejamento: análise e planejamento financeiro, buscando solucionar

problemas e agilidade nas tomadas de decisão;

� administração: zelar pela estrutura de ativos da entidade;

� gerenciamento: da estrutura financeira. As finanças alem de desempenhar bem suas funções, ainda funciona como um meio de ligação, facilitando a comunicação entre os diferentes departamentos, por exemplo: o orçamento comunica os objetivos globais aos gerentes de departamentos, de modo que eles saibam o que se espera deles; ele também fornece indicações de como cada departamento pode conduzir suas atividades. Sistema de informação como meio seguro para obter qualidade

Os executivos da administração rural, ao implantar um programa de qualidade total, deparam com as algumas dúvidas:

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� minhas vendas aumentaram, mas em que medida o esforço pela qualidade contribuiu para esse aumento, em relação a outros fatores, como:

» demanda aquecida?; » o próprio crescimento vegetativo?; » até que ponto esse programa contribui para aumentar meus lucros e diminuir

meus custos?; » o custo do esforço pela qualidade (consultoria, sistemas modificados,

treinamento para o programa, pesquisas, etc.) é mais baixo que os benefícios advindos de sua implantação?.

A maioria das empresas rurais que adotam programas de melhoria contínua não sabem responder a essas perguntas, isso só será possível no dia em que os sistemas financeiros estiverem integrados aos sistemas de qualidade e produtividade . Esta integração somente será possível se for feito através da criação de um sistema de informações que reúne num mesmo arcabouço as informações econômico-financeiras, de qualidade, de produtividade e de cunho social, bem diferente dos sistemas hoje em prática baseados apenas em demonstrações financeiras e relatórios gerenciais. Como querer mensurar qualidade, que dá margem a índices muito mais complexos, se a maioria das empresas demora meses para consolidar as informações de seus balanços após o fim do exercício?

Por exemplo: uma grande agropecuária há um ano envolvida num programa de qualidade, mas que ainda não consegue determinar o custo individual de cada um dos diversos produtos que comercializa.

Diante deste contesto, rumamos para algo como “sistema de informações empresariais integrados”, funcionando on-line, em tempo real, num sistema assim, podem-se criar milhões de itens de controle. Há duas saídas para as empresas que conseguirem identificarem esse problema:

a) repensar o atual sistema por meio de um processo de sensibilização; e b) fazer uma completa reengenharia no sistema de informações, adaptando-o às

novas diretrizes ou, simplesmente, criando um novo sistema, completamente diferente.

Outra dificuldade encontrada pelas empresas está na própria definição do conceito de qualidade pela não existência de uniformidade. Para algumas correntes, qualidade é atender às necessidades do cliente. Para outras, é atender às especificações do produto. Há quem defenda que ela é inata ao produto, e ainda os que preconizam que é o equilíbrio entre preços e consumo. O ponto de partida deve ser sempre definir o que é qualidade para a empresa, e depois calcular quanto custa a não-conformidade a esse parâmetro, assim se cria uma base segura e começa a se desenhar um histórico de informações.

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3 - IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE RURAL COMO FERRAMENTA GERENCIAL PARA TOMADA DE

DECISÃO

Importância – O sucesso de qualquer empreendimento está subordinado a uma administração eficiente, e é justamente nesse aspecto que a empresa rural apresenta uma de suas mais visíveis carências, prejudicando todo o processo de modernização de suas atividades.

Uma das ferramentas administrativas menos utilizadas pelos produtores é, sem dúvida, a Contabilidade Rural, vista, geralmente como uma técnica complexa em sua execução, com baixo retorno na prática, quase sempre conhecida apenas dentro de suas finalidades fiscais, para atendimento à legislação do Imposto de Renda.

Entre os fatores que tem contribuído para esta visão dos produtores, destaca-se: � a adaptação de sistemas estrangeiros e de contabilidade comercial e

industrial, inadequados para retratar as características das atividades rurais; � falta de profissionais capacitados na transmissão de tecnologias

administrativas aos empresários rurais; � não inclusão da Contabilidade Rural como instrumento de políticas

governamentais agrícolas ou fiscais. Os empresários necessitando de melhores conhecimentos administrativos, como

condições imprescindíveis para a própria sobrevivência da empresa, perceberam que o êxito do empreendimento não consiste apenas em alcançar elevados níveis de produtividade por meio do emprego de técnicas produtivas modernas e dispendiosas, precisam, também, saber como gerenciar a produtividade obtida para alcançar o resultado almejado, ou seja, a contínua maximização do lucro.

Essa conscientização tem favorecido interesse e procura crescente por

tecnologias gerenciais que permitam uma administração verdadeiramente eficiente e competitiva. Neste contexto, a Contabilidade Rural destaca-se como principal instrumento de apoio a tomada de decisões durante a execução e o controle das operações da Empresa Rural.

Um sistema contábil eficiente, aliado ao bom senso do administrador deve proporcionar um diagnóstico realista, com a localização dos pontos fracos e fortes de cada atividade produtiva e da empresa como um todo, devendo ser levado em conta seu modo de operar; sua forma de organização; constituição jurídica e dimensão patrimonial. Antes de tudo, porém, é imprescindível que se tenha absoluta consciência da relação entre custos e benefícios da implantação de um sistema de Contabilidade Gerencial e da própria capacidade de compreender e utilizar seus recursos, fornecendo-lhes dados realmente confiáveis.

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Sistema de contabilidade – É a forma de escrituração ou registro dos fatos contábeis, sendo de livre escolha da empresa rural, desde que mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos das legislações comercial e fiscal e aos princípios fundamentais de contabilidade. Na escrituração, devem ser adotados métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registradas as mutações patrimoniais segundo o Regime de Competência.

A Contabilidade Rural é um dos principais sistemas de controle e informação das Empresas Rurais, As informações contábeis, são de grande interesse dos investidores, pois mostra se o investimento é seguro, se há possibilidade de retorno rápido, etc..

Ela também esta voltada a outro grupo de pessoas que tem interesse nas informações extraídas, que são os administradores das empresas relacionadas comercialmente, principalmente os fornecedores, bancos, financeiras, clientes, governo, etc.

Técnicos do governo analisam constantemente a contabilidade das empresas rurais, buscando, além da apuração da regularidade fiscal, outras informações de cunho econômico, necessárias para subsidiar decisões governamentais, proporcionando os seguintes objetivos:

• orientar as operações agrícolas e pecuárias; • medir o desempenho econômico-financeiro da empresa e de cada atividade

produtiva individualmente; • controlar as transações financeiras; • apoiar as tomadas de decisões no planejamento da produção, das vendas e dos

investimentos; auxiliar as projeções de fluxos de caixa e necessidades de crédito;

• permitir a comparação da performance da empresa no tempo e desta com outras empresas;

• conduzir as despesas pessoais do proprietário e de sua família; • justificar a liquidez e a capacidade de pagamento da empresa junto aos agentes

financeiros e outros credores; • servir de base para seguros, arrendamentos e outros contratos; • gerar informações para declaração de Imposto de Renda.

A Contabilidade Rural é um instrumento da função administrativa, com técnicas

específicas, para o controle e gerenciamento da entidade, que tem como finalidade: � controlar o patrimônio das entidades rurais; � apurar o resultado das entidades rurais; � prestar informações sobre o patrimônio e o resultado das entidades rurais aos

diversos usuários dessas informações.

Entidade rural é qualquer pessoa física ou jurídica detentora de um patrimônio, podendo ser:

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� Pessoa física ou natural: é todo ser humano, indivíduo com personalidade civil que começa com o nascimento com vida, conforme o art. 2º do Código Civil Brasileiro.

� Pessoa jurídica: é um indivíduo de existência abstrata, que nasce da reunião

de duas ou mais pessoas físicas ou jurídicas, que se associam com determinado fim, servindo para designar a existência legal de uma sociedade, corporação, associação ou instituição, que auferiu o direito de ter vida própria e isolada das pessoas físicas que a constituíram.

Finalidade da contabilidade rural - Tem por finalidade de controle e informação

às atividades das empresas rurais, pois é através dela que podemos ou temos condições de elaborar ou extrair as demonstrações financeiras ou contábeis e outras demonstrações financeiras necessárias, possibilitando a análise e verificação da situação da empresa, sob os mais diversos enfoques, como:

� análises de estrutura; � de evolução de solvência; � de garantia de capitais próprios e de terceiros; � de retorno de investimentos, etc. Também como finalidade de planejamento, fornece informações sobre as seguintes condições: � de expandir-se; � necessidades de reduzir custos ou despesas; � necessidades de buscar recursos, etc.

Objeto da contabilidade rural – Dentro do conceito da ciência contábil, estão conceitos administrativos que interessam a quem usa esta ciência, especialmente no que se refere ao controle e planejamento.

� Controle: é o acompanhamento das atividades da organização, por meio dele,

o administrador observa se o comportamento da organização está de acordo com os planos traçados.

� Planejamento: é o conjunto de linhas de ação e a maneira de executá-las para

alcance dos objetivos.

Como ferramenta do sistema de informações, a contabilidade rural, auxilia na geração de informações para o planejamento e o controle das atividades e, por conseguinte, sua estrutura, quer seja na apresentação das informações, quer seja no registro e avaliação, deverá atender a essa finalidade . O objeto da Contabilidade Rural é o patrimônio das entidades rurais, como determinação do lucro e o controle do patrimônio.

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Com o aperfeiçoamento dos sistemas contábeis e a universalização de seus métodos, passou a ser possível acompanhar a evolução patrimonial, comparativamente, inclusive com outras empresas, tornando-os:

� Confiável: os trabalhos elaborados pela contabilidade devem inspirar confiança, a tal ponto que o usuário da informação tenha segurança nas informações fornecidas;

� Ágil : pode-se elaborar um belo trabalho contábil, mas se o mesmo não for

apresentado em tempo hábil para ser usufruído, perde o sentido da informação, principalmente em países com economia instável;

� Elucidativa: cada usuário da informação tem um grau de conhecimento;

identificá-lo é primordial para que os trabalhos sejam elucidativos; � Fonte para tomada de decisão: nenhuma decisão que envolva negócios é

tomada a esmo, pois está em jogo o Patrimônio, que não se constituiu de maneira tranqüila, assim quem controla o Patrimônio tem obrigação de gerar o alicerce para decisão.

A administração não tendo estas informações, utilizará outros meios, como as informações passadas pelos diversos departamentos da entidade, com os departamentos comercial, financeiro, etc.

O estudo do patrimônio, por meio da Contabilidade Rural, é dirigido fundamentalmente a dois aspectos:

� estático: o patrimônio da empresa é apresentado em sua composição, em determinado momento; é uma “fotografia” do patrimônio;

� dinâmico: a Contabilidade possibilita o estudo das mudanças ocorridas na composição patrimonial, no decorrer do período.

Demonstrações Contábeis

As demonstrações contábeis/financeiras das empresas rurais devem ser elaboradas de acordo com os critérios da Lei das Sociedades por Ações, bem como da legislação do Imposto de Renda aplicável às empresas tributadas pelo lucro real.

Nos últimos anos, a Contabilidade Rural tem sofrido inúmeras transformações,

mudanças estas que buscam aproximar seu produto principal, a informação, ao consumidor.

Técnicas que avaliam o impacto da informação, utilização crescente de métodos

quantitativos, um maior volume de pesquisas práticas etc. surgiram nesse período. Esse desenvolvimento técnico, aliado às mudanças ambientais, trouxe um

desafio a essa ciência.

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Uma das principais finalidades da Contabilidade Rural é mostrar a situação patrimonial, financeira e de rentabilidade das Empresas Rurais, que é resumida nas demonstrações financeiras, especialmente no Balanço Patrimonial e no Demonstrativo do resultado do Exercício

. A revelação contábil pelo levantamento dos demonstrativos financeiros mostra os

estados sucessivos em que se encontra o patrimônio depois dos atos de gestão realizados em cada período.

Interpretar as demonstrações financeiras nada mais é do que identificar as causas

das variações específicas ocorridas no patrimônio, sob o ponto de vista econômico e financeiro.

» Balanço Patrimonial

Conceito – É um demonstrativo contábil que, em dado momento, apresenta de forma sintética e ordenada às contas patrimoniais agrupadas de acordo com a natureza dos bens, direitos ou obrigações que representam.

Suas contas são classificadas segundo os elementos do patrimônio que

registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da entidade rural, tendo por finalidade, apresentar a situação patrimonial em um dado momento.

Importância – Está no fato de dispor os dados do Ativo, Passivo Exigível e do

Patrimônio Líquido de forma sintética, possibilitando, às pessoas interessadas em conhecer a situação patrimonial e a realização da análise de suas mutações e configurações.

Assim, a análise dos balanços patrimoniais é um passo importante na avaliação

da situação geral de uma empresa. Com base nessa análise, pode-se identificar e antecipar problemas, avaliar alternativas e, acima de tudo, identificar caminhos para fortalecer-se e prosperar.

Finalidades - São diversas, atende, entre outras, às seguintes exigências e

finalidades:

• atendimento de disposição legal comercial: o Código Comercial/Civil Brasileiro exige que se realize o levantamento das demonstrações financeiras;

• atendimento à legislação tributária: a legislação tributária exige que as Empresas Rurais tributadas pelo lucro real efetuem, no mínimo, anualmente, o levantamento das demonstrações financeiras;

• subsídios à administração: os administradores utilizam-se dos dados fornecidos pelo balanço para avaliar o desempenho da Empresa Rural e redirecionar os planos futuros, se for o caso, é a finalidade do controle e planejamento;

• informações econômico-financeiras ao mercado: os fornecedores, investidores, financiadores, governo, clientes, etc., têm interesse em saber da

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“saúde” da Empresa Rural, e esse diagnóstico poderá ser feito mediante a análise do balanço.

O balanço patrimonial compreende os seguintes grupos de contas:

ATIVO PASSIVO 1.1Circulante

1.1.1 Disponível 1.1.2 Valores a Receber 1.1.3 Estoques 1.1.4 Despesas de Exercícios Seguintes

1.2 Não Circulante 1.2.1 Realizável a Longo Prazo 1.2.2 Investimentos 1.2.3 Imobilizado 1.2.4 Intangível

2.1 Circulante 2.1.1 Fornecedores 2.1.2 Instituições Financeiras 2.1.3 Pessoal 2.1.4 Encargos Sociais 2.1.5 Impostos 2.1.6 Contas a Pagar 2.1.7 Outros

2.2 Não Circulante 2.2.1 Exigível a Longo Prazo 2.2.2 Outros

2.3 Patrimônio Líquido 2.3.1 Capital 2.3.2 Reservas de Capital 2.3.3 Ajustes Aval. Patrimonial 2.3.4 Reservas de lucros 2.3.5 Lucros Acumulados

» Demonstração do Resultado Deve apresentar o resumo das variações positivas (receitas e ganhos) e negativas (custos, despesas e perdas), ocorridas em determinado período de tempo, em função da exploração das atividades operacionais da empresa.

Sua finalidade é descrever a formação do resultado gerado em determinado período, mediante especificação das receitas, custos e despesas por natureza dos elementos componentes, até o resultado líquido final – lucro ou prejuízo.

Modelo de Demonstração do Resultado do Exercício Demonstração do Resultado do Exercício

1. Receita Operacional Bruta Vendas – Serviços – Outras 2. Deduções da Receita Bruta Dedução das Vendas – Serviços - Outras 3. Receita Operacional Líquida (1-2) 4. Custos Operacionais das Receitas Custo dos Produtos – Serviços – Outros Custos (especificar) 5. Lucro ou Prejuízo Operacional Bruto (3-4) 6. Despesas Operacionais

Despesas com Vendas – Administrativas e Financeiras Líquidas e Outras Despesas Operacionais (especificar)

7. Lucro (ou Prejuízo) Operacional Líquido (5-6) 8. Resultado Não Operacional Receitas - Despesas Não Operacionais

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9. Resultado Líquido do Exercício Antes do Imposto de Renda e Contribuição Social (7-8) 10. Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social 11. Resultado Líquido do Exercício Após o Imposto de Renda e Contribuição Social (9-10) 12. Participações Debenturistas – Empregados – Administradores, etc. 13. Lucro (ou Prejuízo Líquido do Exercício (11-12) » Demonstração de lucros ou Prejuízos Acumulados Tem por objetivo apresentar o saldo residual de lucros ou prejuízos, suas alterações durante o exercício social, ou em períodos intermediários.

» Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Tem por objetivo facilitar a análise das modificações ocorridas nos componentes do patrimônio líquido, durante determinado período, geralmente o exercício social.

As modificações nos componentes do patrimônio líquido decorrem, principalmente, dos seguintes fatos: � aumento do capital por subscrição;

�aumento do capital por incorporação de reservas de lucros, lucros acumulados e de capital;

� redução do capital por prejuízos não absorvidos por lucros e reservas; � ajustes de exercícios anteriores; � transferência do lucro ou prejuízo líquido do exercício; � destinação do lucro líquido do exercício; � dividendos a acionistas.

» Demonstração do Fluxo de Caixa Tem por objetivo avaliar o potencial da empresa em gerar fluxos futuros de caixa. A DFC poderá ser um instrumento importante para analisar a ligação entre o saldo de caixa líquido evidenciado no Balanço Patrimonial e o Lucro Líquido obtido por meio do regime de competência.

Para a finalidade de uma boa análise, a DFC é dividida em três grupos e em dois métodos:

� Atividade Operacional – envolve a produção e venda de bens e serviços relativos a atividade operacional da empresa;

� Atividade Referente a Investimento – envolve as atividades de compra e vendas de bens de capital;

� Atividade de Financiamento – envolve as atividades de financiamentos.

O método direto tem como principal vantagem mostrar as entradas (receitas) e saídas (despesas) do caixa operacional.

O método indireto começa com o Lucro Líquido á base do regime de competência e os ajustes das transações das receitas e despesas que não afetam o caixa, mas que refletirão no resultado econômico, fazendo assim uma reconciliação entre os dois fluxos no que tange às atividades operacionais.

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4 - PLANEJAMENTO – OPERACIONALIZAÇÃO E FLUXO CONTÁBIL NA ATIVIDADE DO

AGRONEGÓCIO Introdução

Conforme o objetivo da contabilidade reserva-lhes particularidades específicas que lhes são inerentes, pois no momento do planejamento das contas, não há de se utilizar uma estrutura de Plano de Contas totalmente estranha ao que já se conhece, porque, na verdade, o que muda são as contas dos grupos que apresentam estas particularidades.

Evidentemente, nelas devem estar toda atenção, no sentido de facilitar sua leitura, a identificação de todas as operações econômicas específicas da atividade que possibilita a identificação de todos os custos agregados e para cada grupo do Ativo Circulante – (Estoques) e Ativo Permanente – (Imobilizado), etc. Em termos de classificação contábil, as culturas permanentes são incluídas no Ativo Permanente – Imobilizado. São imputados também ao Imobilizado os gastos com o solo, a formação da cultura, despesas diferidas, despesas do exercício e se houver a correção monetária.

Dentro desse pensamento os grupos e subgrupos de contas serão aplicados, especificamente, aos itens “Receita” e “Custos de Produção”, na Demonstração de Resultado do Exercício. Aspectos relevantes para elaboração do Plano de Contas

Cada empresa utiliza um conjunto de determinadas contas em função de seu ramo de atividade e porte, este conjunto recebe o nome de Plano de Contas.

Nele, são apresentadas: as contas, títulos e descrição de cada uma, bem como os regulamentos e convenções que regem o uso do plano de contas e de suas contas integrantes do sistema contábil da entidade, tendo como finalidade servir de guia para o registro e demonstração dos fatos contábeis.

Devendo, os fatos contábeis serem classificados dentro de um sistema metódico e organizado para que a contabilização dos mesmos seja feita de maneira uniforme.

A inexistência de um Plano de Contas dá margem a improvisações que podem produzir inconvenientes sérios.

Ao se elaborar um Plano de Contas, é necessário um estudo preliminar da natureza da entidade a que ele vai pertencer, buscando os seguintes dados: � forma jurídica da entidade; � ramo de atividade; � sistema de operações; � volume dos negócios; � exigências de ordem legal.

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De posse desses elementos e de outros que sejam considerados necessários, em cada caso, torna-se possível a elaboração do plano, com características e particularidades apresentadas em sua estrutura básica, próprias para empresas rurais, dispondo algumas contas de acordo com a necessidade apresentada por cada empresa, segundo a legislação.

Operacionalização contábil na empresa rural É por meio da contabilidade e através das demonstrações financeiras, sendo a radiografia da empresa, que traduz, em valores monetários, o desempenho do negócio e denuncia o grau de eficiência de sua administração, ou seja, ela vai dizer se a empresa está atingindo o seu objetivo final: o lucro. Contabilidade da atividade rural

A tributação da atividade rural alcança a receita operacional proveniente do giro normal da empresa, em decorrência do exercício das seguintes atividades:

1. agricultura;

2. pecuária;

3. extração e exploração vegetal e animal;

4. exploração da apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura, sericultura, piscicultura, e outras explorações zootécnicas;

5. transformação de produtos agrícolas ou pecuários, sem que seja alteradas a composição e as características do produto in natura e sem que se configure procedimento industrial; a transformação é feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matérias-primas na área rural explorada, como: a) beneficiamento de produtos agrícolas:

• descasque de arroz e de outros produtos semelhantes; • debulha de milho; • conservas de frutas etc.;

b) transformação de produtos agrícolas: • moagem de trigo e de milho; • moagem de cana-de-açucar para produção de açúcar mascavo, melado,

rapadura etc.; • grãos em farinha e farelo etc.

c) transformação de produtos zootécnicos: • produção de mel; • laticínio (leite em queijo, manteiga e requeijão); • produção de adubos orgânicos etc.;

d) transformação de produtos florestais: • produção de carvão vegetal; • produção de lenha com árvore da propriedade rural;

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• venda de pinheiros e madeira de árvores plantadas na propriedade rural etc.

e) produção de embriões de rebanho em geral, alevinos e girinos na propriedade rural, independentemente de sua destinação (reprodução ou comercialização).

As empresas rurais que atuam na atividade agrícola desenvolvem dois métodos

de operacionalização da sua contabilidade quanto à apropriação de custos: um para culturas temporárias e o outro para culturas permanentes.

A diferença básica entre as duas culturas é que as temporárias estão sujeitas ao

replantio e quando são colhidas, arrancadas da terra, possuem vida curta não superior a um ano; enquanto as permanentes estão vinculadas ao solo e proporcionam mais de uma colheita, sendo fator de produção da empresa por diversos anos.

Quanto aos dispêndios para formação de culturas agrícolas, a classificação

contábil subordina-se aos seguintes conceitos:

Culturas Temporárias São aquelas sujeitas ao replantio após a colheita, normalmente, o período de

vida é curto. Exemplos: soja, milho, trigo, feijão, arroz, bata, legumes, etc.

Nesse caso todos os dispêndios realizados com a formação desta cultura serão considerados, no período de sua realização, como despesas de custeio, assim todos os custos devem ser registrados em conta própria do Ativo Circulante, cujo saldo será baixado contra a conta de Resultado do Exercício por ocasião da comercialização do produto agrícola.

Ciclo contábil nas Culturas Temporárias

Os custos que compõem a cultura temporária, vão desde o preparo da terra até sua colheita, acondicionamento e armazenamento, dessa forma, todos os custos serão acumulados numa subconta com título específico da cultura em formação classificadas no Ativo Circulante em contas e subgrupos específicos de Estoques em Formação, como são classificados numa indústria normal da conta “Culturas Temporárias”, sendo que por ocasião da colheita, será baixada pelo seu valor de custo e transferida para a conta de “Produtos Agrícolas”, no Estoque, em subgrupo específico por tipo de cultura.

Os custos que compõem esta cultura são: sementes, fertilizantes, mudas, demarcações, mão-de-obra, encargos, energia elétrica, combustíveis, seguros, serviços profissionais, inseticidas, depreciação de máquinas e implementos e outros custos. Observe que, em se tratando de uma única cultura (o que é muito raro ocorrer), todos os custos se tornam diretos à cultura, sendo apropriados diretamente, existindo várias culturas, fato que ocorre com maior freqüência, há a necessidade do rateio dos custos indiretos, proporcional a cada cultura.

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Colheita – Todo custo da colheita será acumulado na conta “Cultura Temporária” em subgrupo específico, após o termino da colheita, essa conta será baixada pelo valor de custo e transferida para a conta de “Produtos Agrícolas”, no Estoque, em subgrupo específico por tipo de cultura.

Embora não se assemelhe a um estoque em formação, mas a um estoque acabado, recolhido ao depósito ou armazém, essa conta também compõe o Ativo Circulante. A essa conta de “Produtos Agrícolas” serão somados todos os custos posteriores à colheita, para acabamento do produto ou para deixá-lo em condições de ser vendido, consumido ou reaplicado, tais como: beneficiamento, acondicionamento, etc. e todos os custos para manutenção desse estoque, como: silagem, congelamento, etc. À medida que o produto agrícola for sendo vendido, dá-se proporcionalmente baixa na conta de “Produtos Agrícolas” e transfere-se o valor correspondente ao volume vendido para a conta de Custo dos Produtos Vendidos, especificando o tipo de produto agrícola, dessa forma será possível calcular o resultado apurando-se o Lucro Bruto.

Armazenamento – Quando o produto agrícola estiver pronto para venda, totalmente acabado, não devendo sofrer mais nenhuma alteração, é comum, em alguns casos, armazena-lo, no sentido de vendê-lo em momento oportuno.

Considerando que o produto agrícola pode ficar em estoque para vendas futuras, algumas vezes ultrapassando um ano, os gastos de armazenamento são acumulados ao custo do produto (estoque), identificando melhor o custo do produto no momento da venda. Em outra situação estes gastos são normalmente tratados como Despesa de Vendas, no grupo de Despesa Operacional, e não como Custo do Produto, dessa forma, são considerados custo do período e não do produto. Alguns profissionais da área contábil classificam os custos de manutenção e armazenamento incorporando-os ao custo dos estoques, outros os classificam como gastos ou despesas de manutenção e armazenamento como Despesa Operacional, refletindo diretamente no Resultado, esta decisão deverá ser tomada em conjunto com o empresário, pois refletirá no custo de estoque ou diretamente no resultado como despesa.

Vejamos algumas das fases que se procedem na contabilização das Culturas Temporárias:

• Pela Formação da Cultura até a Colheita: _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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• Pela Colheita do Produto: _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

• Pela Transferência do saldo do Estoque em Formação para Estoque do Produto:

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• Pelo Custo do Armazenamento do Produto:

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

• Pela venda: _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

• Pela apuração do resultado:

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Perdas Extraordinárias (involuntárias) As culturas em formação ou formadas estão constantemente sujeitas a perdas extraordinárias decorrentes de geadas, incêndios, inundações, granizo, tempestades, secas ou outros eventos desta natureza, quando provocam perda total ou parcial da capacidade da cultura, deverão ser consideradas perdas do período, sendo baixadas do Ativo Circulante em conta específica e refletindo diretamente no Resultado do Exercício, classificadas como Despesas não Operacionais, mesmo que tal perda esteja coberta por seguro

• Contabilização das perdas extraordinárias: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Nota: desenvolver atividades práticas para assimilação do conteúdo das culturas temporárias.

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Culturas Permanentes São aquelas que permanecem vinculadas ao solo, e proporcionam mais de uma

colheita ou produção, normalmente é atribuída às culturas permanentes uma duração mínima de quatro anos. Estas culturas não estão sujeitas ao replantio após cada colheita, sendo fator de produção da empresa por diversos anos, como: cana-de-açúcar, citricultura (laranjeira, limoeiro, etc.), cafeicultura, silvicultura (essências florestais, plantações arbóreas), oleicultura (oliveira), praticamente todas as frutas arbóreas (maçã, pêra, jaca, jabuticaba, goiaba, uva, etc.).

Nas culturas permanentes, os custos/gastos necessários para sua formação são

registrados no Ativo permanente – Imobilizado, seus principais custos são: adubação, formicidas, fungicidas, forragens, fungicidas, mão-de-obra e encargos, manutenção, arrendamentos, seguros, preparo do solo, serviços de terceiros, sementes, mudas, irrigação, produtos químicos, depreciação de equipamentos utilizados na cultura, etc.

É importante ressaltar que as despesas administrativas, de vendas e financeiras

não compõem o gasto de formação da cultura, mas são apropriadas diretamente como “despesa do período” e não são, portanto ativadas.

Os custos para a formação da cultura são acumulados na conta “Cultura

Permanente em Formação”, em subconta específica por tipo de cultura, como: café, guaraná, pastagem, florestamento (araucárias, eucaliptos), etc.

Após a formação da cultura, que pode levar vários anos (antes do primeiro ciclo de produção ou maturidade, ou antes, da primeira florada, ou da primeira produção), transfere-se o valor acumulado da conta “Cultura Permanente em Formação” para a conta “Cultura Permanente Formada” em subconta específica por tipo de cultura.

Daí por diante, na fase produtiva, os custos já não compõem o Imobilizado, mas

são tratados como “Estoque em Formação” e são acumulados ao produto que está sendo formado.

Há caso em que a cultura permanente não passa do estágio de cultura em

formação para cultura formada, pois, no momento de se considerar acabada, ela é ceifada, como: cana-de-açúcar, palmito, eucalipto, pinho e outras culturas extirpadas do solo ou cortadas para brotarem novamente.

Assim, os valores contabilizados no Ativo Permanente estão sujeitos a correção

monetária de balanço, sendo permitida a depreciação em cotas compatíveis com o tempo de vida útil.

Quando a Cultura Permanente começar a produzir, seus custos/gastos incorridos,

em sua manutenção, serão contabilizados no Ativo Circulante em conta de “Estoque em Formação” em subgrupo específico, sendo transferidos após para Custo dos Produtos Vendidos, no Resultado, por ocasião da venda ou colheita.

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Dessa forma, o custo de produção permite diagnosticar problemas por meio da análise de sua composição, bem como concluir sobre a situação do rendimento de cada atividade explorada isoladamente.

Se a empresa exerce mais de uma exploração, deverá estimar separadamente o custo de cada uma delas e, depois, analisar o todo, através de uma corporação dos custos isolados a cada atividade.

A análise é feita considerando um prazo específico, devendo ser estabelecido

pelo analista em função do objetivo da análise e do ciclo produtivo da atividade estudada, este prazo estabelecido deve atender a um ciclo que compreende uma safra.

Exemplo: • para as culturas de ciclos curtos, como as temporárias, o prazo vai desde o

preparo do terreno até sua colheita.

• para as culturas permanentes, o prazo é estabelecido por safra e o custo de formação é computado como investimento.

• para atividades pecuárias, o prazo deve compreender o período da produção ou safra.

Assim, deve ficar claro para o produtor que os gastos com recursos de produção, como: mão-de-obra, matéria-prima, equipamentos, máquinas, benfeitorias, terra, capital monetário, entre outros, assim como as quantidades de produtos e subprodutos devem ser computados somente no prazo estabelecido para a análise (curto prazo).

Portanto, o estudo dos custos de produção é um dos assuntos mais importantes, pois fornece ao empresário um roteiro indicativo para escolha das linhas de produção a serem adotadas e seguidas, permitindo à empresa dispor e combinar os recursos utilizados em sua produção, visando apurar melhores resultados.

Ciclo contábil nas Culturas Permanentes Nas Culturas Permanentes todos os gastos/custos de formação, desde a

preparação do solo até sua formação final, são contabilizados ou classificados no Ativo Permanente - Imobilizado em subgrupos específicos, sendo acumulados na Conta Cultura Permanente em Formação, especificando o tipo de cultura até sua formação final que se dará a partir do início da floração, que a partir deste ponto, será considerada formada a cultura.

Após a formação da cultura, transfere-se o saldo acumulado da conta Cultura Permanente em Formação para a conta Cultura Permanente Formada, no Ativo Permanente - Imobilizado em subgrupo específico correspondente a cada cultura.

A partir daí inicia-se o processo de produção, sendo que todos os gastos/custos

serão classificados no Ativo Circulante em conta de Estoques em Formação, em subgrupo específico por tipo de produto, se interessar controlar os valores nesta fase separadamente, contabilizar em subgrupos específicos.

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Colheita ou Produção Todo custo/gasto da colheita será classificado no Ativo Circulante, em conta de

Estoques em Andamento, uma produção em formação, em subgrupo específico por tipo de produto. Após o término da colheita, essa conta será baixada pelo valor de custo e transferida para a conta de “Produtos Agrícolas Oriundos de Culturas Permanentes”, no Estoque, em subgrupo específico por tipo de cultura.

A essa conta de “Estoque em Andamento” serão somados todos os custos

necessários para a realização da colheita, como: mão-de-obra e respectivos encargos, produtos químicos, custo com irrigação, combate a insetos, seguro da safra, secagem da colheita, serviços de terceiros, etc.

Adicionam-se ao custo da colheita a depreciação ou exaustão da “Cultura

Permanente Formada”, sendo consideradas as quotas compatíveis com o tempo de vida útil de cada cultura.

Se durante a colheita ou a qualquer momento forem aplicados recursos à cultura

permanente para melhorar a produtividade ao longo dos anos ou aumentar a vida útil da cultura, evidentemente não se deve sobrecarregar a safra do ano, mas o imobilizado, e este ativo serão diluídos às safras seguintes por meio da depreciação ou exaustão.

Após o término da colheita, transfere-se o total acumulado de “Colheita em

Andamento” para “Produtos Agrícolas”, correspondente aos gastos com: beneficiamento, acondicionamento, etc. e todos os custos para manutenção desse estoque, como: silagem, congelamento, etc.

À medida que o produto agrícola for sendo vendido, dá-se proporcionalmente

baixa na conta de “Produtos Agrícolas” e transfere-se o valor correspondente ao volume vendido para a conta de Custo dos Produtos Vendidos, especificando o tipo de produto agrícola, dessa forma será possível calcular o resultado apurando-se o Lucro Bruto.

Custos, Despesas, Gastos, e Investimentos

Na agropecuária, pode ocorrer em várias oportunidades questões como: quanto me custa a utilização do maquinário? Este tipo de questão pode ocorrer quando se aluga o maquinário para terceiros, ou se quer orçar o custo unitário de uma lavoura ($/ha) para efeito de previsão financeira ou de estudo de viabilidade de uma cultura a ser implantada na propriedade.

Os registros financeiros também devem conter informações fundamentais para

o adequado gerenciamento da empresa: os custos operacionais, podendo ser traduzido por “quanto custa manter a empresa em operação”.

Nas pequenas e médias empresas rurais, ainda predomina, a visão errônea de

que esse setor não necessita adotar um critério sistemático de custos ou um controle rigoroso dos custos operacionais, já que foi difundida a idéia distorcida de que somente a empresa industrial deve adotar essa sistemática de controle.

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Para derrubar essa tese e comprovar a importância do controle de custos operacionais na empresa rural, basta perguntar: qual será o preço final de sua mercadoria ao chegar ao consumidor?

A grosso modo, o preço de venda ao consumidor é calculado considerando: o

preço pelo qual o produto agrícola é produzido; o tempo que ele vai demorar para ser vendido e quanto o empresário rural gasta para manter sua propriedade (custo operacional), sobre esse resultado acrescenta-se o lucro.

Se o empresário desconhecer seu custo operacional, ele corre o risco de incorrer

em um desses dois erros: » comercializar seus produtos a preço de venda abaixo do real, ou » superavaliar o preço do produto. Na primeira hipótese, ele compromete seu lucro e, conseqüentemente, o sucesso

de seu negócio. Na segunda, também não traz vantagens, pois com os preços acima da média do

mercado, a empresa não poderá enfrentar a concorrência, alem dos prejuízos que isso pode causar.

Existem vários itens a serem levados em consideração no cálculo do custo

operacional de uma empresa rural, eles podem sofrer alguma variação, de acordo com as condições específicas de cada empresa rural, mas de modo geral são os seguintes:

» despesas de vendas; » despesas de administração; » despesas financeiras; » despesas tributárias. Essas despesas também podem ser agrupadas em duas categorias: Custos fixos e

custos variáveis, isso tudo sem levar em consideração o custo de produção. O avanço extraordinário da informação nas últimas décadas constitui-se em

instrumento adicional de competitividade por parte das empresas rurais, no mercado, em função do alto grau de agilidade nas negociações. A rápida e ágil informação é um elemento poderoso de competição. Cada negócio passa a ser encarado como um centro específico de custo.

A Contabilidade aplicada às empresas rurais, assim como a Contabilidade

mercantil, utiliza terminologia própria, cujos termos muitas vezes são usados com diferentes significados. Assim, torna-se necessário definirmos o nosso entendimento sobre as diferentes terminologias de custos, permitindo uma uniformização de conceitos.

A Contabilidade Rural, qualquer que seja o sistema, necessita da distinção entre

custos e despesas. Teoricamente, a distinção é fácil: custos são gastos (ou sacrifícios econômicos) relacionados com a transformação de ativos (exemplo: consumo de

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insumo ou pagamento de salários) e despesas são gastos que provocam redução do patrimônio (exemplo: impostos, comissões de vendas etc.); gastos é o termo genérico que pode representar tanto um custo como uma despesa.

O objetivo é uniformizar o entendimento de determinados termos que serão

utilizados:

Gastos – Sacrifício que a entidade arca para obtenção de um bem ou serviço, representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro). O gasto se concretiza quando os serviços ou bens adquiridos são prestados ou passam a ser de propriedade da Empresa Rural. Exemplos:

• gasto com mão-de-obra (salários e encargos) = aquisição de serviços de mão-de-obra;

• gasto com aquisição de insumos; • gasto com aquisição de máquinas e equipamentos agrícolas; • gasto com energia elétrica = aquisição de serviços de fornecimento de energia; • gasto com aluguel de terras (aquisição de serviços); • gasto com assistência técnica (serviço do agrônomo e do veterinário).

O gasto normalmente implica em desembolso5, embora este possa estar defasado

do gasto. Os gastos podem ser: Investimentos, Custos ou Despesas e Perdas. Investimentos – Gasto com bem ou serviço ativado em função de sua vida útil ou

de benefícios atribuíveis a períodos futuros. Exemplos: aquisição de móveis e utensílios; aquisição de imóveis rurais; despesas pré-operacionais; aquisição de insumos, etc.

Custo – Gasto relativo à bem ou serviço utilizado na produção rural; são todos os

gastos relativos à atividade de produção. Exemplos: salários do pessoal da propriedade rural; insumos utilizados no processo produtivo; combustíveis e lubrificantes usados nas máquinas agrícolas; depreciação dos equipamentos agrícolas; gastos com manutenção das máquinas agrícolas etc.

Os insumos agrícolas adquiridos pela Empresa Rural, enquanto não utilizados na

atividade rural, representam um investimento e estarão ativados em uma conta do Ativo Circulante; no momento em que são requisitados, é baixado na conta do Ativo e passam a ser considerados um custo, pois serão consumidos para produzir produtos agrícolas.

Despesas – Gasto com bens e serviços não utilizados nas atividades produtivas e

consumidos com a finalidade de obtenção de receitas. Em termos práticos, nem sempre é fácil distinguir custos e despesas. Pode-se, entretanto, propor uma regra simples do ponto de vista didático: todos os gastos realizados com os produtos agrícolas, até que estes estejam prontos, são custos; a partir daí, são despesas. Exemplos: salários e encargos sociais do pessoal do escritório de administração; energia elétrica consumida

5 Pagamento resultante da aquisição de um bem ou serviço. Pode ocorrer concomitantemente ao gasto (pagamento a vista) ou depois deste (pagamento a prazo).

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no escritório; gasto com combustíveis e refeições do pessoal de administração; conta telefônica do escritório, etc.

Perda – É um gasto não intencional decorrente de fatores externos fortuitos ou da

atividade produtiva normal da Empresa Rural. No primeiro caso, as perdas são consideradas da mesma natureza que as DESPESAS e são jogadas diretamente contra o resultado do período. No segundo caso, onde se enquadram, por exemplo, as perdas normais de insumos de insumos na produção agrícola, integram o custo de produção do período.

Custos Diretos e Indiretos Custos diretos

São aqueles que podem ser diretamente (sem rateio) apropriados aos produtos agrícolas, bastando existir uma medida de consumo (quilos, horas de mão-de-obra ou de máquina, quantidade de força consumida etc.) de modo geral, identificam-se aos produtos agrícolas e variam proporcionalmente à quantidade produzida. Podem ser apropriados diretamente aos produtos agrícolas porque há uma medida objetiva do seu consumo nesta produção. Exemplos:

• Insumos: normalmente, a Empresa Rural sabe qual a quantidade exata de insumos que está sendo utilizada para a produção de uma unidade do produto agrícola;

• Mão-de-obra direta: trata-se dos custos com os trabalhadores utilizados diretamente na produção agrícola;

• Material de embalagem: utilizados para o acondicionamento dos produtos;

• Depreciação de equipamento agrícola: quando é utilizado para produzir apenas um tipo de produto;

• Energia elétrica das máquinas agrícolas: quando é possível saber quanto foi consumido na produção de cada produto agrícola.

Custos Indiretos Para serem incorporados aos produtos agrícolas, necessitam da utilização de

algum critério de rateio. Exemplo: aluguel, iluminação, depreciação salário de administradores etc. Na prática, a separação de custos diretos e indiretos, além de sua natureza, leva em conta a relevância e o grau de dificuldade de medição. Exemplo, o gasto de energia elétrica é por natureza, um custo direto; porém, devido as dificuldades de medição do consumo por produto agrícola e ao fato de que o valor obtido através de rateio, em geral, pouco difere daquele que seria obtido com uma medição rigorosa, quase sempre é considerado como custo indireto de produção.

Os custos indiretos dependem de cálculos, rateios ou estimativas para serem

apropriados em diferentes produtos agrícolas; portanto, são os custos que só são apropriados indiretamente aos produtos. O parâmetro utilizado para as estimativas é chamado de base ou critério de rateio.

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Custos Fixos e Variáveis Custos Fixos

São aqueles cujo total não varia proporcionalmente ao volume produzido. Exemplo: aluguel, impostos. É importante ressaltar que os custos fixos são fixos dentro de uma determinada faixa de produção e, em geral, não são eternamente fixos, podendo variar em função de grandes oscilações no volume de produção agrícola.

Os custos fixos são fixos em relação ao volume de produção agrícola, mas podem

variar de valor no decorrer do tempo. O aluguel de pastos, mesmo quando sofre reajuste em determinado mês, não deixa de ser considerado um custo fixo uma vez que terá o mesmo valor qualquer que seja a produção do mês.

Custo fixo total (CFT): é o custo dos recursos com duração superior ao ciclo de

produção, ou seja, não se incorpora totalmente ao produto no curto prazo, fazendo-se em tantos ciclos quanto permitir sua vida útil, é o resultado da soma dos custos de terra, benfeitorias, máquinas e equipamentos, lavouras permanentes, animais produtivos e de trabalho, impostos e taxas fixas.

Alguns recursos de produção, geralmente os fixos, são utilizados em mais de uma

atividade. A esses recursos são atribuídos custos indiretos, proporcionalmente a sua utilização pelas atividades, isto é, são rateados e distribuídos entre as atividades proporcionalmente ao tempo de utilização, à área ocupada pela atividade dentro da propriedade, ou mesmo às receitas obtidas em cada exploração.

Custos variáveis São aqueles que variam proporcionalmente ao volume produzido. Exemplo:

insumos, embalagem. Se não houver quantidade produzida, o custo variável será nulo. Os custos variáveis aumentam à medida que aumenta a produção agrícola. Outros exemplos: insumos indiretos consumidos, depreciação dos equipamentos agrícolas, quando esta for feita em função das horas-máquinas trabalhadas, gastos com horas na produção agrícola etc.

Custo variável total (CVT): é o custo de recursos com duração igual ou menor

que o ciclo de produção, em outras palavras, são recursos aplicados e/ou consumidos a curto prazo, incorporando-se totalmente ao produto. Resultam da soma dos gastos com insumos (sementes, defensivos, fertilizantes, medicamentos, etc.), serviços em geral prestados por mão-de-obra braçal, técnica e administrativa, serviços de máquinas e equipamentos, conservação dos bens empresariais, juros, etc.

Outros recursos são específicos e exclusivos, e seus custos são diretamente

relacionados à atividade que os utilizou, ou seja, os custos de tais recursos são atribuídos integralmente àquela atividade.

• Custos monetários: são aqueles que resultam num desembolso. Exemplo: combustível, manutenção.

• Custos calculados: não implicam nenhum desembolso. Exemplo: depreciação.

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• Custo alternativo ou de oportunidade: é o valor que o capital empregado em uma atividade renderia se fosse utilizado na melhor alternativa de emprego.

Outros Conceitos • Custos de transformação – representam o esforço empregado pela Empresa

Rural no processo de produção de um determinado produto agrícola (mão-de-obra direta e indireta, energia, horas de máquinas etc.). Não inclui insumos e outros produtos adquiridos prontos para consumo.

• Custos primários – são a soma simples de insumos e mão-de-obra direta. Não são a mesma coisa que custo direto, que é mais amplo, incluindo, por exemplo: materiais auxiliares, energia elétrica etc.

• Insumos indiretos – são os insumos que se incorporam (se identificam) diretamente aos produtos agrícolas. Exemplo: embalagem, materiais auxiliares, tais como tinta, parafuso, prego etc.

• Mão-de-obra direta – representa custos relacionados com pessoal que trabalha diretamente na produção, por exemplo: o empregado que opera uma plantadeira. A mão-de-obra direta não deve ser confundida com a de um operário que supervisiona um grupo de operários que plantam.

Como regra prática, podemos adotar o seguinte critério: sempre que for possível medir a quantidade de mão-de-obra aplicada a um determinado produto agrícola é mão-de-obra direta, caso contrário, havendo necessidade de rateio é mão-de-obra indireta.

No período da “Cultura em Formação”, como já foi visto, todos os custos

voltados para a referida cultura serão acumulados nessa conta, inclusive a depreciação dos bens utilizados, desde a preparação do solo até a maturidade da plantação. Incluem-se também nessa conta os adiantamentos concedidos a fornecedores por conta de fornecimento de adubos, sementes, mudas, etc.

É evidente que, havendo mais culturas, os custos indiretos deverão ser rateados e

apropriados à “Cultura Permanente em Formação”, conforme sua atribuição para essa cultura.

Depreciação

Corresponde a perda da capacidade produtiva do bem, pelo desgaste, ação da natureza ou obsolescência.

Enquanto a cultura estiver em formação, não sofrerá depreciação (ou exaustão),

já que, nesse período, não existe perda da capacidade de proporcionar benefícios futuros, mas, muito pelo contrário, essa potencialidade aumenta na proporção do crescimento da Planta.

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Início da Depreciação A depreciação (ou exaustão), portanto, deve ser iniciada por ocasião da primeira

colheita ou primeira produção. Segundo a legislação do Imposto de Renda, a Cultura Permanente deve ser

corrigida monetariamente, já no início de sua formação, enquanto a depreciação ou a exaustão somente será contabilizada a partir da primeira colheita, considerando o tempo de vida útil da cultura.

Nas Culturas Permanentes, as árvores frutíferas sofrem depreciação e as culturas

ceifadas (cortadas) sofrem exaustão. Quando se tratar de gastos ou custos agregados às Culturas Permanentes

Ceifadas, devem os mesmos ser incorporados ao seu custo mesmo após sua formação e imobilização, devendo compor a incorporação aos novos custos de exaustão.

Há especialistas que entende que todas as Culturas Ceifadas deveriam ser classificadas no Ativo Realizável à Longo Prazo, descaracterizando totalmente seu caráter de Permanência e somente após sua formação total e estando a ponto de comercialização, sua transferência para o Ativo Circulante.

Somente as consideram como Cultura Permanente aquelas já existentes por ocasião da aquisição da propriedade e estando incorporadas à mesma.

Armazenamento – Quanto ao armazenamento desses produtos, são dados o mesmo tratamento dispensado aos produtos oriundos das culturas temporárias. Acumulação de custos

Uma das fases da Contabilidade Rural é a acumulação (registro) dos custos e das despesas da Empresa Rural.

Acumulação de custos: significa colher os dados de custos e registrá-los de forma organizada (através da classificação contábil), sistemática, no sentido de atender a alguma finalidade (calcular os custos dos produtos vendidos e o valor dos estoques).

Avaliação de estoques

Utilizam-se os mesmos critérios adotados pela Contabilidade Financeira, o Sistema de Inventários Permanente e Periódico e os Métodos de Avaliação de Estoques: PEPS, Custo Médio e UEPS.

� Inventário periódico: a Empresa Rural não mantém um controle contínuo

dos estoques através de ficha de estoque, o consumo só pode ser obtido após contagem física dos estoques, em geral no Balanço, e posterior avaliação de acordo com os critérios legais.

O consumo é calculado pela fórmula (serve para qualquer item do estoque):

Consumo de Insumo Direto = Estoque Inicial + Entradas Líquidas – Estoque Final

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�Inventário permanente: temos o controle continuo dos estoques por meio de

filhas de estoque. Os estoques (e o Custo dos Produtos Vendidos - CPV) são calculados a qualquer momento pela Contabilidade Rural. A contagem física é feita, mas por questões de auditoria e controle interno.

O controle físico e contábil é feito pela ficha de estoque (tanto no Almoxarifado

como na Contabilidade Rural). O método de inventário permanente proporciona maior segurança ao registrar,

pois os custos são registrados assim que efetivamente incorridos, e são acumulados separadamente, por cultura, safras ou colheitas.

Assim, saber-se-á a qualquer momento o quanto realmente nos custou às

culturas, safras ou colheitas em andamento, sendo que este entendimento é estendido para as culturas temporárias e suas colheitas. Esta metodologia é mais adequada para a Contabilidade Rural.

É de suma importância um sistema auxiliar de contas para apuração dos custos

por colheita ou cultura que consta no estoque; este sistema auxiliar facilita muito a evidenciação e verificação dos custos. Ele pode se aplicado usando-se “Culturas Temporárias em Formação”, “Colheitas” e “Safras em Andamento”, havendo necessidade de apenas alguns ajustes.

Vejamos algumas das fases que se procedem na contabilização das Culturas Permanentes:

•Pela Formação da Cultura: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

•Após o Termino da Formação da Cultura: _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

•Pela Formação e/ou Manutenção do Produto: _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

•Pela Colheita do Produto: _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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•Pela Transferência do Saldo do Estoque em Formação para Estoque Formado: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

•Pela Venda da Produção Colhida: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

•Pela Apuração do Resultado: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Perdas Extraordinárias (involuntárias) As culturas, todavia, em formação ou formadas, estão constantemente sujeitas a perdas extraordinárias decorrente de incêndios, geadas, inundações, granizo, secas e outros eventos desta natureza. A ocorrência de um desses fatos provoca perda de capacidade parcial e, em alguns casos até total; deve, sem dúvida, ser baixada do Ativo Permanente e ser considerada como perdas do período, indo diretamente para o Resultado do Exercício, mesmo que tal perda esteja coberta por seguro, não importando se cultura formada ou em formação. Essas perdas serão classificadas como Despesas não Operacionais

Todavia, tratando-se de perdas normais, inerentes à própria plantação, sendo previsíveis, fazendo parte da expectativa da empresa, farão parte do custo dos produtos agrícolas (não sendo baixado como perdas extraordinária).

•Contabilização das Perdas Extraordinárias da Cultura Permanente em

Formação: _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

•Contabilização das Perdas Extraordinárias dos Produtos: _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Aumento da vida útil - No que tange as culturas formadas, salienta-se que os

gastos que beneficiam mais de uma safra, ou que aumentam a vida útil da plantação, incrementando sua capacidade produtiva, devem ser adicionados ao valor da cultura formada para serem amortizados pela depreciação/exaustão até o final da vida útil da cultura.

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Contabilidade da Pecuária Atividades de Zootecnia

Quando se refere às atividades da pecuária, logo se faz associação com o gado vacum (bois e vacas); entretanto, elas se referem à criação de gado em geral, ou seja, animais que vivem em coletividade (rebanho), quer sejam bois e vacas, búfalos, carneiros, ovelhas e entre outros, as aves que incluem frango, pato, marreco, faisão, peru etc.

O rebanho bovino do Brasil é explorado com dupla finalidade: leite e corte. A

produção de leite vem em primeiro lugar e depois a venda de bezerros, também chamados de “machos leiteiros” para recria e engorda como gado de corte.

Só que esses não recebem nenhum tratamento especial, o que atrasa seu

desenvolvimento e preparo como futuro “boi de corte”. Em média, são necessários de 3 a 4 anos para se aprontar/terminar esse animal para o abate com 15 a 18 arrobas.

A atividade pecuária de corte no Brasil, que ostenta um dos maiores rebanhos do

mundo, começou a ser grandemente desenvolvida no final da década de 60 e, praticamente, se consolidou ao longo da década de 70.

A obtenção e a compreensão das informações sobre custos são essenciais para o

sucesso do negócio. Em primeiro lugar, os custos determinam o preço de venda; se os custos forem maiores do que o preço de venda, haverá prejuízo. Todos os custos aplicáveis ao produto ou serviço precisam ser considerados quando for determinado o preço de venda.

Reprodução Os sistemas de cobertura utilizados em reprodução de bovinos tem sido de monta

natural livre; monta natural controlada ou inseminação artificial e monta parcialmente controlada.

A monta natural livre é a mais usada, nela, o reprodutor permanece o tempo todo

com as vacas. Neste caso, a perda de cio é menor pelo fato de o próprio macho identificar as fêmeas (vacas e novilhas) nessa fase. A relação touro/vaca é menor (um touro para 20 a 25 vacas) pelo possível desgaste ocasionado por sucessivas montas numa vaca em cio; por esse motivo são pouco utilizados animais de alto valor genético nesse tipo de manejo.

Monta natural controlada ou inseminação artificial é o sistema em que a vaca a é

observada em cio é levada ao reprodutor ou inseminada. As vantagens desse tipo de manejo são se poder-se anotar corretamente as data da cobertura ou inseminação artificial e possibilitar maior controle de infecções relacionadas a reprodução, de melhor aproveitamento de um bom reprodutor, graças ao aumento da relação touro/vaca.

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Monta natural parcialmente controlada é o sistema em que o reprodutor

permanece junto com as vacas certo período do dia. É também um sistema de manejo que se aplica a gado de leite, uma vez que por ocasião das ordenhas, pela e a tarde, o reprodutor é então colocado junto com as vacas.

Tipos de Atividades pecuária

A pecuária de corte passou por dias difíceis. Havia a expectativa de que os altos preços no atacado aumentassem ainda mais na entressafra. Abater bezerros de 10 meses com 11 arrobas não resolveu o problema com esta precocidade porque nos abatedouros a carcaça não tem classificação. Os proprietários rurais poderão ganhar no longo prazo se investirem em genética e alimentação do rebanho.

Uma prova de que os pecuaristas que colocaram a mão no bolso no ano anterior

está na valorização do bezerro. O invernista, que só engorda o gado, deixou de comprar o boi magro e resolveu partir para o bezerro, que é mais barato. Podemos classificar as atividades em:

Cria – A atividade principal é a produção de bezerro que é vendido após o desmame (período igual ou inferior a 12 meses).

Recria – a partir do bezerro desmamado (período de 13 a 23 meses), produzir e vender o novilho magro para engorda.

Engorda – é a atividade denominada de invernista, que a partir do novilho magro, produz o novilho gordo para vendê-lo (o processo leva de 24 a 36 meses).

Classificação contábil do gado

Gado bovino - O gado que será comercializado pela empresa, em forma de bezerro, novilho magro ou novilho gordo, deverá ser classificado no Ativo circulante na conta estoque em conta apropriada. Enquanto que, o gado destinado a procriação ou ao trabalho, que não será vendido6 (reprodutor-touro ou matrizes-vacas), será classificado no Ativo Permanente Imobilizado

Classificação conforme o Fisco – por meio do Parecer nº. 57/76, indica a seguinte classificação:

Ativo Permanente – Imobilizado • Gado reprodutor – representado por touros puros de origem, touros puros de

cruza, vacas puras de cruza, vacas puras de origem e plantel destinado a inseminação artificial.

• Gado de renda – representado por bovinos, bubalinos ou bufalinos, suínos, ovino e eqüinos que a empresa explora para a reprodução de bens que constituem objeto de suas atividades.

• Animais de trabalho – compreendem eqüinos, bovinos, muares, asininos destinados a trabalho agrícola, sela e transporte.

6 No momento não há intenção de vender o gado, embora no futuro venha a ser vendido.

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Ativo circulante – compreende aves, gado bovino e bubalino, suínos, ovinos, caprinos, coelhos, peixe e pequenos animais destinados a revenda, ou a serem consumidos.

Classificação do gado para corte e para reprodução Comumente, muitas fazendas destinam parte do rebanho em formação para a

reprodução. Normalmente, numa atividade bovina de corte as fêmeas e, às vezes, alguns machos são separados para a reprodução.

Todavia, a decisão de incorporar ao plantel permanente parcela do rebanho

nascida na própria fazenda (ou mesma adquirida), com a finalidade de reprodução, só é possível quando o gado demonstrar qualidade para tal: fertilidade, ardor sexual, carcaça peso etc. Dessa forma, recomenda-se classificar todo o rebanho nascido na fazenda como Estoque (Ativo Circulante). Somente quando houver certeza de que o animal tem habilidade para a procriação ele será transferido para o Ativo Permanente – Imobilizado

. Caso contrário, em termos contábeis, é complexo contabilizar o recém-nascido

como Permanente, pois muitos não atenderiam aos requisitos necessários para a reprodução, só identificáveis no estado adulto, sendo reclassificados, portanto, no Ativo Circulante para serem vendidos.

Para evitar o trânsito constante entre Permanente e Circulante, portanto,

aconselha-se manter no Ativo Circulante, até o período da experimentação, o plantel destinado à reprodução. Constatando-se habilidade reprodutiva, aí sim se classifica, definitivamente, no Permanente – subgrupo Imobilizado. Caso contrário deve permanecer em estoque até o momento da venda.

Curto e longo prazo na pecuária

Uma pergunta pode surgir neste momento: porque os estoques em formação, com ciclo operacional elevado, normalmente ultrapassando três anos, não são classificados no Realizável a Longo Prazo?

Conforme a Lei das Sociedades por Ações, classificam-se no Ativo Circulante as

disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte. Entende-se, dessa forma, que todos os bens e direitos realizáveis a curto prazo serão classificados no Ativo Circulante.

Todavia, a mesma lei dispõe que, na empresa em que o ciclo operacional7 tiver

duração maior que o exercício social (um ano), a classificação no Circulante ou Realizável a Longo Prazo terá por base o prazo desse ciclo.

7 Ciclo Operacional é o período de produção, venda e recebimento da venda. Na pecuária é o período de tempo que vai desde o nascimento do bezerro até a sua venda, como novilho gordo, ao frigorífico, e conseqüente realização financeira (recebimento do dinheiro).

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Portanto, o curto prazo para a pecuária será igual ao seu ciclo operacional em média três a quatro anos. Dessa forma, os estoques constarão no Ativo Circulante e não no Realizável e Longo Prazo. Ressalte-se que a regra é a mesma para o Passivo Exigível.

Avaliação do rebanho no balanço patrimonial

Para apuração dos resultados da empresa agropecuária, o rebanho existente na data do Balanço, registrado no Ativo Circulante, deve ser inventariado pelo custo real, admitindo-se o inventário pelo preço corrente no mercado.

O gado utilizado simultaneamente para renda e custeio deve ser classificado no

Ativo Imobilizado ou no Ativo Circulante da empresa agropecuária, segunda sua finalidade preponderante.

Exercício Social e Ciclo Operacional

O exercício social é o período determinado pelo estatuto, normalmente de um ano, ao fim do qual a Diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da empresa agropecuária, as demonstrações financeiras que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício.

Na constituição da empresa agropecuária e nos casos de alteração estatuária, o

exercício social poderá ter duração inferior ou superior a um ano; entretanto, a legislação determina a duração de um ano.

A legislação também estabelece que, na empresa em que o ciclo operacional for

maior que o exercício social (um ano), a classificação no circulante ou realizável a longo prazo terá por base o prazo desse ciclo.

Sendo assim, o curto prazo para agropecuária será igual a seu ciclo operacional.

Alterações no resultado da agropecuária O patrimônio das entidades agropecuárias passa por constantes modificações

motivadas pelas decisões tomadas por sua administração ou, mesmo, por acontecimentos imprevisíveis, fora do controle da administração, mas que têm reflexos sobre o patrimônio.

Quando a administração decide comprar uma ordenharia mecânica, está claro que

esta decisão terá repercussão sobre o patrimônio. Quando ocorrem nascimentos e mortes, estes eventos também têm reflexo sobre o patrimônio, apesar de não terem sido consentidos ou autorizados pela administração.

Todos os eventos que modifiquem o patrimônio, consentidos ou não pela

administração, são chamados de fatos contábeis ou fatos administrativos, e são objeto de registro pela Contabilidade Rural.

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Todos os eventos, consentidos ou não pela administração, que não afetem o patrimônio, são chamados de atos administrativos e não são objeto de registro pela Contabilidade Rural.

Colocar uma carta no correio, atender a um telefonema, receber uma visita de um

vendedor de insumos são exemplos de atos administrativos. Comprar mercadorias, efetuar depósitos em banco, pagar aluguel, são exemplos

de fatos contábeis ou fatos administrativos. Na administração do Patrimônio de uma Empresa, ocorrem atos e fatos

administrativos, a diferença do ato para o fato administrativo é que o primeiro não altera a substância do Patrimônio (como admitir empregados, assinar documentos etc.) e o segundo altera a substância patrimonial (compras, vendas, pagamentos, despesas, etc.).

Qualquer alteração nos elementos constitutivos do patrimônio é considerada um

fato contábil (ou fato administrativo). Significa a mudança de valor no patrimônio da empresa pela alteração de um ou mais itens patrimoniais.

Nas empresas pecuárias essas variações são intensas. Normalmente, o plantel em

estoque varia de preço acima da inflação, uma vez que o gado, pelo seu crescimento natural, ganha peso e envergadura com o passar do tempo. Dessa forma, o Ativo é acrescido de valor econômico real.

Se isso não bastasse, observa-se que o giro do estoque na pecuária é bastante

lento; em alguns casos, espera-se até quatro anos para se vender o estoque. Dessa maneira, para melhor informar os usuários da contabilidade, é fundamental o reconhecimento da variação patrimonial.

A variação patrimonial, no entanto, não representa exclusivamente ganho

econômico; podem ocorrer também, para se apurar a Variação Patrimonial Líquida, reduções ou perdas que serão subtraídas daquele ganho.

Por um lado, o nascimento de um bezerro representará acréscimo patrimonial,

ganho econômico; por outro lado, a morte de um bezerro, ou novilho, ou qualquer outro animal significa redução (perda) do patrimônio, devendo ser subtraída dos ganhos para se apurar o valor líquido.

Nas empresas agropecuárias, as crias nascidas durante o exercício social e o gado

que perecer no período deve ser escriturado como superveniências e insubsistências ativas, da seguinte forma:

a. Superveniências ativa – a cria nascida deverá ser debitada à conta do Ativo a que se destina e acreditada a Superveniências Ativas pelo preço real de custo ou pelo preço corrente do mercado, devendo ser computado no resultado do mês ou semestre para determinação do lucro real.

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b. Insubsistências ativas – o gado que perecer deverá ser creditado à conta do Ativo em que se achavam registradas e debitadas as Insubsistências Ativas pelo preço real de custo ou pelo preço corrente de mercado, podendo ser deduzido do resultado do mês ou semestre para determinação do lucro real.

Acompanhando o procedimento definido, também as crias nascidas durante o ano social serão contabilizadas por seu valor de mercado, debitando-se à conta do Ativo – Estoque a crédito de Variação Patrimonial Líquida (Superveniências Ativas).

Com a finalidade de apuração do resultado posterior, a cria será contabilizada

pelo custo de nascimento na conta Custo do Rebanho no Período. Assim, facilitar-se-á o confronto da Receita Econômica com seu custo, visto que

normalmente o valor da cria nascida será maior do que seu custo, apurando-se um ganho econômico.

Nas empresas em geral

É uma variação econômica e não financeira, pois não houve entrada ou saída de dinheiro.

A variação do estoque na empresa comercial e industrial aumenta de valor constantemente. Com raras exceções, varia proporcionalmente à inflação, não representando, portanto, ganho real, mesmo que sofresse variações acima da inflação, entretanto, a rotação média do estoque é bastante rápida, evitando que o ganho econômico permaneça oculto no Ativo.

As variações decorrentes dos fatos administrativos dão margem a três tipos de

alterações no Patrimônio, ou seja: » fatos permutativos; » fatos modificativos; » fatos mistos.

Qualquer alteração nos elementos constitutivos do patrimônio é considerado um fato contábil (ou fato administrativo).

Sistema de Método de Custeio A lei comercial é omissa quanto ao procedimento para determinação do custo dos produtos vendidos e em estoque. Porém, no Brasil, o custeio por absorção é amplamente aceito, variando apenas o grau de absorção. De acordo com este sistema, o custo dos produtos pelas empresas rurais é formado de três componentes básicos: � insumos agrícolas; � mão-de-obra direta; � gastos gerais ou custos indiretos de produção,

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Sendo estes últimos alocados aos diversos produtos agrícolas através de diferentes critérios de rateio.

Quando falamos da forma de apuração do custo dos produtos agrícolas, estamos falando de sistemas e métodos de custeio. Existem dois sistemas de custeio: o real e o padrão ou Standard ; os métodos de custeio podem ser o direto ou variável e o custeio por absorção ou integral.

Método de custo e método a valor de mercado

Para apurar-se o resultado anual por ocasião do Balanço Patrimonial conforme entendimento do Fisco é necessária à contabilização do rebanho inventariado pelo preço real do custo (Método do Custo – Custeio por Absorção) ou pelo custo corrente do mercado (Método a Valor de Mercado).

Método de custo (custeio por absorção)

O Custeio por Absorção ou Custeio Pleno consiste na apropriação de todos os custos (sejam eles fixos ou variáveis) à produção agropecuária do período. Os gastos não produtivos (despesas) são excluídos.

A distinção principal no custeio por absorção é entre custos e despesas. A

separação é importante porque as despesas são jogadas imediatamente contra o resultado do período, enquanto somente os custos relativos aos produtos vendidos terão idêntico tratamento. Os custos relativos aos rebanhos que não tenham sido vendidos estarão ativados nos estoques. O custeio por absorção segue os seguintes passos:

a. separação dos gastos do período em custos e despesas; b. classificação dos custos em direitos indiretos; c. apropriação dos custos diretos aos produtos agropecuários; d. apropriação, através de rateio, dos custos indiretos de produção. Neste método, todos os custos são alocados aos rebanhos, assim, tanto os custos

diretos como os indiretos incorporam-se aos rebanhos. Os primeiros, através da apropriação direta e os indiretos através da sua

atribuição por meio de critérios de rateio. Temos que abordar a Contabilidade de custos como um mecanismo para a

avaliação de estoques e, em conseqüência, para apuração do custo dos rebanhos. A utilização do custo na empresa agropecuária verifica-se com a apuração de

todo o custo de formação do rebanho ao plantel e compõe o Estoque.

Dependendo da atividade do empreendimento (cria, recria ou engorda ou as três atividades conjugadas), varia o período de apuração de lucro, já que só por ocasião da venda é que se apurará um resultado, procedendo-se à baixa no Estoque e debitando-se o custo do gado vendido.

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Método a Valor de Mercado É o reconhecimento da receita por valoração dos estoques para produtos que encerram características especiais, como crescimento do gado, estufas de plantas, reservas florestais, pedras preciosas, etc. Nestes casos, é possível reconhecer a receita mesmo antes da venda, porquanto existe uma avaliação de mercado (preço) que é objetiva em estágios distintos de maturação dos produtos, assim, proceder-se ia a um lançamento a débito do estoque adicionado à diferença de preço aos custos incorridos. Reconhecendo-se um ganho econômico periodicamente (Resultado Anual) em virtude do crescimento natural do rebanho. O Método a Valor de Mercado avalia o plantel pelo preço corrente de mercado que, normalmente, é o preço de custo. Assim sendo, o plantel fica destacado no Estoque, a preço de mercado com um resultado reconhecido anualmente pela confrontação da diferença a maior do valor de mercado atual com o valor do período anterior. A denominação Ganho Econômico justifica-se uma vez que não houve entrada de valores monetários, mas somente valorização do plantel. Por esse Método, o lucro é calculado anualmente, quando da venda do plantel ocorrendo o fluxo de caixa do lucro Econômico, assim procede-se ao registro contábil da baixa, na conta Estoque, em contrapartida da conta Caixa e/ou Valores a Receber.

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Esquematicamente, o fluxo global de custos e despesas para apuração de resultados no custeio por absorção pode ser assim representado:

Gastos

Custos

Indiretos Diretos

Rateio

Produto A

Produto B

Estoque Inicial

Estoque Final

Custo dos Produtos vendidos

Despesa

Vendas

Resultado

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Contabilização da pecuária pelo Método de Custo Os ativos são incorporados à entidade pelo valor de aquisição ou pelo custo de

fabricação (incluindo todos os gastos necessários para colocar o ativo em condições de gerar benefícios para a empresa).

Alguns aspectos do Custo Histórico são evidenciados para justificar o uso desse

principio: • Objetividade: o Custo Histórico é uma medida impessoal, isto é, não depende

de quem esteja avaliando os ativos;

• verificabilidade: como decorrência do aspecto anterior, qualquer valor do ativo, por meio de exame a qualquer tempo e por qualquer pessoa, poderá ser verificável, constatando-se o mesmo valor (o que facilita o trabalho dos auditores);

• realização do lucro: por meio desse principio, reconhece-se somente o lucro realizado por negociação (venda), ou seja, não se reconhece o ganho econômico, como, por exemplo, a manutenção de estoque (ganho ou estocagem).

Uma das críticas que se pode fazer ao Custo Histórico é de que em uma economia com um pouco de inflação como a nossa, à medida que o tempo passa, os itens ativados pelo valor do custo se distanciam dos seus valores correntes de mercado, prejudicando a qualidade dos relatórios contábeis.

Dessa forma, por causa da inflação, o método de contabilização pelo custo não

reflete o valor real dos estoques. Esse método também não reconhece o ganho econômico decorrente do crescimento do gado proporcionado pela natureza.

Técnicas para utilização do custo histórico na pecuária

Basicamente, a técnica consiste em apropriar ao rebanho os custos ocorridos e a eles pertinentes; periodicamente deve-se efetuar a distribuição proporcional do custo do rebanho entre as cabeças do rebanho. Citamos duas premissas básicas a serem observadas:

a) inicialmente soma-se o custo do rebanho (salário, alimentação de gado, exaustão de pastagens, depreciação dos reprodutores e matrizes, insumos diversos cuidados veterinários e etc.) e divide-se o resultado pelo total de cabeças do rebanho em formação (em crescimento e aqueles nascidos no período). Tem-se, portanto o custo médio de produção por cabeça, por período.

b) o número de cabeças do rebanho não inclui, para efeito de rateio de custo o gado reprodutor e matrizes em plena produção, pois eles não recebem custos (já estão formados). Todavia, o custo de manutenção desse rebanho já formado (alimentação, tratamento veterinários, depreciação, etc.) será incluído no custo do rebanho e distribuído para o rebanho em formação.

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O raciocínio é o mesmo que se aplica a uma indústria: o custo de manutenção da máquina, conservação, energia elétrica etc. Não é somado ao valor da máquina, mas distribuído proporcionalmente ao produto (estoque) em fabricação ou em elaboração.

Seguindo essa linha na Contabilidade da Pecuária, o gado de reprodução tem

função semelhante a máquinas e equipamentos de uma indústria, e o rebanho em formação seria o produto em elaboração de uma indústria (estoque). Dessa forma, o custo será acumulado numa conta auxiliar, “Rebanho em Formação” no Ativo Circulante, conta específica por categoria de animais, e distribuído ao rebanho classificado no estoque (estoque vivo).

Essa técnica difere em alguns aspectos de empresa para empresa. Há aquelas que

preferem, no momento do rateio por cabeça do rebanho, incluir os bezerros a nascer; outras, na distribuição dos custos, consideram apenas os bezerros nascidos.

A partir daí inicia-se o processo de produção, sendo que todos os gastos ou

custos serão classificados em uma conta do Ativo Circulante – Estoques em Formação em subgrupo específico a cada tipo de produção, ou diretamente em Estoque em subgrupo específico, por tipo de rebanho ou produtos.

Depois de formado os animais ou os produtos, serão somados e classificados na

conta de Estoque (por tipo de produto ou animais) no Ativo Circulante em subgrupos específicos, todos os gastos ou custos de tratamento, manutenção, beneficiamento, acondicionamento, etc., para deixar o produto ou animal à disposição para a venda.

Ao ser vendido o produto ou animal, transfere-se o valor correspondente ao

volume vendido do Estoque para a conta de Custo dos Produtos ou Animais Vendidos, sendo assim possível calcular o resultado apurando-se o Lucro Bruto.

Todos os recursos posteriormente aplicados a cada atividade animal, para

aumentar sua vida útil e melhorar sua produtividade, serão ativados a esta conta, para não sobrecarregar a safra produzida no ano, mas sim o imobilizado, e a este ativo serão repassados às produções através da depreciação.

São as seguintes as fases que se procedem na contabilização nas atividades

de Zootecnia:

Animais do Permanente • Animais Adquiridos para Reprodução, Trabalho ou Outra Espécie:

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

• Animais Gerados ou Criados na Propriedade para Comercialização e Posteriormente Transferidos para de Reprodução, Trabalho ou Outra Espécie:

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Animais do Circulantes • Animais de Cria, Recria, Engorda ou Outra Espécie Adquiridos Para

Comercialização: _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

• Animais de Cria, Recria, Engorda ou Outra Espécie Gerados ou Criados na propriedade para Comercialização:

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

• Pela Manutenção do Rebanho ou Outra Espécie até sua Formação e Comercialização:

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

• Pela Transferência dos Animais de cria, recria, engorda ou Outra Espécie em Formação para Formado:

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________

• Pela Venda do Rebanho ou Outra Espécie: _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

• Pela Apuração do Resultado: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

As perdas extraordinárias decorrentes de alguma circunstância, seja por doença

ou outro fator, deverão ser consideradas perdas do período, sendo baixadas do Ativo Circulante em conta específica e transferidas para o Resultado do Exercício.

• Contabilização das Perdas Extraordinárias:

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________

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5 - DEPRECIAÇÃO, EXAUSTÃO E AMORTIZAÇÃO NA AGROPECUÁRIA

Terminologias e conceitos

Depreciação – Aplica-se somente aos bens tangíveis. Ex. máquinas, equipamentos etc.

Exaustão – aplica-se somente aos recursos naturais exauríveis. Exemplos: reservas florestais, petrolíferas etc.

Amortização – aplica-se somente aos bens intangíveis. Exemplos marcas patentes etc.

A Lei 6.404/76 em seu artigo 183 estabelece que no balanço, os elementos do

ativo serão avaliados seguindo os seguintes critérios.

§ 2º - A diminuição de valor dos elementos do ativo imobilizado será registrada periodicamente nas contas de:

Em se tratando de depreciação, é interessante observar os conceitos de período de

vida útil, taxas, quotas e valor residual, sendo:

a. Vida útil: está diretamente relacionada com o período de tempo no qual o bem ou direito será utilizado na operação da entidade;

b. Taxa: a taxa (aqui no sentido amplo) relaciona-se diretamente ao percentual a ser aplicado no cálculo (ex.: 20% para um período de vida útil de cinco anos).

c. Quota: quanto à quota, tem-se a parcela definida em porção monetária (reais, ufir, etc.);

d. Valor residual: corresponde ao saldo remanescente do bem ou direito, após o termino de vida útil, ainda assim apresenta valor monetário, real e compatível com o mercado

Culturas Permanentes

Depreciação Quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm por objeto bens

físicos sujeitos a desgastes ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência.

Na atividade rural, aplica-se nos empreendimentos próprios da empresa e as

culturas das quais serão extraídos apenas os frutos, ou seja, aos bens tangíveis.

O custo de aquisição ou formação da cultura é depreciado em tantos anos quantos forem os de produção de frutos e somente incidirá sobre a cultura após formada (nunca em formação), a partir da primeira colheita.

Exemplo: café, laranja, uva, etc.

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Neste caso a taxa de depreciação anual, será calculada de acordo com: � média de vida útil do pomar, considerando-se taxas constantes (linha reta); � de acordo com a produção estimada da cultura permanente (taxas variáveis). � Máquinas e Implementos Agrícolas (tratores, máquinas...). A depreciação no meio rural dos implementos utilizados na produção agrícola

calculada pelo Método Linear é um equívoco, pois não são utilizados ininterruptamente durante o ano em virtude de chuvas, geadas, entressafra, ociosidade, etc.

Com isto, se torna mais viável calcular a depreciação por estimativa de hora de

uso ou trabalho dos equipamentos, em vez da quantidade de anos de vida útil, muitas vezes rejeitada pela dificuldade de estimativa de vida útil em horas, no entanto, deve-se consultar o fabricante do equipamento, que normalmente tem condições de estimar a vida útil em horas.

Dessa forma, o cálculo da depreciação horária do trator ou outros implementos

agrícolas seria obtido considerando as seguintes variáveis:

Depreciação = Valor do equipamento . Número estimado de horas de trabalho

= $

Manutenção e reparos (para não sobrecarregar as culturas específicas, recomenda-se estimar esse dado), aproximados. Pneus: yy x 1 hora de depreciação Equipamentos por hora Esteira: yy x 1 hora de depreciação

= $

Combustível → nº de litros por hora x $ ........... por litro = $ Outros custos indiretos (lubrificação, seguro, depreciação da oficina ...). Calcula-se um percentual sobre a depreciação ou a soma dos custos até o momento.

= $

Salário por hora do condutor + encargos sociais = $ Total do custo por hora = $

Normalmente, considera-se para esse cálculo o tempo improdutivo que os

implementos despendem no percurso de origem até o destino, voltas em torno do campo agrícola, trocas de equipamentos adicionais para a tratoragem, etc.

O acréscimo de tempo improdutivo sugerido é de mais ou menos 15% (podendo ser aumentado quando o cultivo for longe da sede, ou onde o equipamento precisa fazer muitas manobras).

Se for utilizado para depreciar o equipamento agrícola à base de taxa fixa (linear)

e este trabalhar mais de um turno, a taxa de depreciação será multiplicada por: 1,5 para dois turnos, e por 2,0 para três turnos.

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Mão-de-obra não produtiva: Se tratarmos das horas improdutivas dos equipamentos, é justo também tratar de

mão-de-obra improdutiva na agricultura, sendo comum na atividade rural a interrupção do trabalho devido à chuva, mau tempo, falta de trabalho, etc.

Os tempos ociosos, em virtude da falta de trabalho ou período entre ciclos de

produção, ou mesmo por problemas de chuvas, geadas, etc., desde que relevantes, não deverão sobrecarregar a lavoura em andamento, mas ser acumulados em uma conta, por exemplo, “tempo improdutivo” dentro dos custos indiretos para posterior rateio a todas as culturas do período.

Se a interrupção (extraordinariamente) atingir montantes exagerados, por

exemplo, um mês de serviço improdutivo, os valores da folha de pagamento poderão ser apropriados como perdas do período, em uma conta de despesa não operacional (evitando sobrecarga injustamente as culturas em andamento). Atividade pecuária ou zootécnica:

Com relação a animais, observa-se que reprodutores, animais de trabalho e outros animais componentes do ativo permanente sofrerão depreciação após o período de crescimento, ou seja, será contada a partir do momento em que estiver em condições de reprodução ou trabalho (estado adulto), pois estes perdem sua capacidade de reprodução ou de trabalho com o passar do tempo.

O ideal seria detectar o início do processo de declínio para iniciar a depreciação,

mas, como na prática não é fácil, normalmente a depreciação é iniciada no momento em que o rebanho começa a ser utilizado para a reprodução, sendo que o animal envelhece a cada ano que passa e há necessidade de distribuição de seu custo.

Um dos problemas na depreciação do animal de reprodução é quanto ao método

a ser utilizado, considerando que o declínio de potencialidade de reprodução é acelerado no final da sua vida útil.

Entretanto, pela dificuldade (causada pela variedade das raças, do clima, das

condições de vida, das distâncias a percorrer, etc.) em estabelecer uma curva de eficiência do animal de reprodução, o método mais utilizado é o linear ou da linha reta.

Todavia o veterinário é a pessoa mais indicada para determinar a vida útil do

animal reprodutor, que após estudos, basicamente são os seguintes prazos de vida útil: � animal reprodutor mestiço → cinco anos;

� animal matriz mestiça → sete anos; � animal reprodutor puro → oito anos; � animal matriz pura → dez anos.

Outro aspecto importante na determinação da depreciação do gado de reprodução

é que deveria considerar o valor residual do animal que pode ser obtido com a venda deste, após sua utilização na reprodução ou trabalho.

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Quanto aos animais reprodutores deveria levar em conta as fases da potencialidade de reprodução, porém isto não ocorre pela dificuldade em determinar esta potencialidade. Exaustão

Quando corresponder à perda do valor, decorrente da sua exploração, de direitos cujo objeto seja recursos minerais, ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração.

Aplica-se aos recursos de floresta própria ou vegetação em geral à medida que

seus recursos forem exauridos (esgotados) do custo de aquisição ou formação, excluído o solo.

Exemplo: florestamento ou reflorestamento, cana-de-açucar, pastagens, etc.

Exaurir significa esgotar completamente, em termos contábeis a exaustão se

relaciona com a perda de valor dos bens ou direitos do ativo, ao longo do tempo decorrente de sua exploração (extração ou aproveitamento).

Ela representa a perda de valor, pela utilização, de uma lavoura, jazida ou reserva

florestal, dessa forma, a empresa registra, anualmente, a diminuição gradativa do valor de aquisição do bem (jazida, lavra ou reserva florestal), em função da quantidade extraída da mesma, avaliados pelo custo de aquisição corrigido, na conta Exaustão Acumulada.

Procedendo dessa forma, ao concluir a extração dos últimos recursos, ter-se-á

baixado do ativo o valor total pertinente a essa floresta ou jazida, o qual terá sido distribuído como custo pelos diversos exercícios sociais em que a empresa promoveu a extração ou utilização desses recursos, na exata proporção da parcela extraída ou utilizada em cada período.

Havendo com isso uma diluição do custo total pelos exercícios ao longo dos

quais ocorreu a extração ou utilização dos recursos. Toda cultura, da qual seja extraído o caule, permanecendo apenas a raiz para

formação de novas árvores, sofrerá exaustão, assim, quando se tratar destes recursos naturais renováveis que sofreram exaustão, devem-se observar os seguintes pontos:

• quantidade de cortes (montante total plantado);

• produção por corte (quantidade extraída no período, unidade, área plantada, peso etc.)

• produção no período (valor levando em consideração o custo de formação);

• valor de aquisição ou formação (custo de recomposição natural para pastagens).

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Todavia os profissionais qualificados para apresentar laudos que possam seguramente servir de base aos cálculos são os engenheiros florestais, agrônomos, técnicos, etc., basicamente os prazos são os seguintes:

� reflorestamento (unidade) → quantidades produzidas por ano; � cana-de-açucar (hectare/tonelada) → 3 anos → 33,33% a.a; � pastagem (hectare/tonelada) → 18 anos → 5,56 a.a.

Exemplo:

Florestas e Reflorestamento: se determinada empresa é proprietária de uma floresta destinada ao corte para comercialização, consumo ou industrialização, levará a custos de cada período o montante que a expressa a parcela nela consumida.

Para o cálculo do valor da cota de exaustão será observado o seguinte critério: � apurar-se, inicialmente, o percentual que o volume dos recursos florestais

utilizados ou a quantidade de árvores extraídas durante o período-base, representa em relação ao volume ou à quantidade de árvores que no início do ano-base compunha a floresta;

� o percentual encontrado será aplicado sobre o valor da floresta registrado no Ativo, e o resultado será considerado como custo dos recursos florestais extraídos.

Cálculo percentual das = Quantidade de árvores extraídas = % extraídas árvores extraídas: Quant. árvores que compõem a floresta

Cálculo de exaustão → % extraídas x % exaustão x custo arvore extraída.

Cana-de-açúcar: custo de formação da plantação registrado no Imobilizado – Ativo Permanente e nunca no Realizável a longo prazo, como algumas empresas fazem, uma vez plantado, poderá gerar, dependendo da região, de três a quatro cortes (ou mais), sendo a quota de exaustão anual para três cortes 33,33% ou quatro cortes 25%.

Supondo que toda a extração ocorra dentro do exercício social (ano-base), basta multiplicar o percentual pelo custo de formação da cana-de-açúcar para obter-se o custo da cultura formada.

Considerando, porém que o exercício social termine antes do ano agrícola, ou seja, a colheita não está terminada por ocasião do final do exercício social, há necessidade de calcular o percentual do volume ou a quantidade extraída em relação à cultura total.

Pode-se nesse caso, medir a área extraída em relação à área total plantada, obtendo assim o percentual para fins de cálculo da exaustão. Exemplo: 1.200 hectares extraídos em relação a um total de 2.800 hectares plantados. O percentual para fins de cálculo é de 42,86% (1.200÷2.800 – sobre os 33,33%), ou o percentual pode ser medido em função da tonelada extraída em relação ao total esperado, ou outros critérios.

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Como a legislação não fixa expressamente as taxas que devem ser utilizadas, há quem use baseado em laudo do Planalsucar, quotas de exaustão decrescentes, nos seguintes percentuais/ano: � 1º corte → 35,4% � 2º corte → 25,1% � 3º corte → 21,4% � 4º corte → 18,1%

Pastagens: sendo o lugar onde se pasta (erva não ceifada) ou pode pastar o gado, sendo uma das partes mais importantes do planejamento agropecuário, uma vez que a boa pastagem contribui, em conjunto, para a melhora da qualidade do gado, para o alto rendimento do projeto, havendo basicamente, há dois tipos de pastagens:

Pastagem natural: também denominada pasto nativo e constituída de áreas não

cultivadas, utilizadas para pastagens, das quais se aproveita o potencial natural (campos, cerrados, capins naturais, etc.), geralmente, são áreas de boa cobertura vegetal e que não apresentam grandes problemas de erosão, sofrendo melhoramentos esporádicos.

Pastagem artificial: é aquela formada por pastos cultivados, em geral, exige

preparo do solo, por meio de destocamento, arações, adubagem e plantação ou semeadura.

As principais forragens utilizadas nos pastos são: � gramíneas: capim-colonião, capim-jaraguá, outros capins e cereais; � leguminosas: alfafa, soja perene, etc.; � cactáceas: palma mandacaru, etc.; � outras: mandioca, batata-doce, etc. (como alimentação suplementar) Antigamente a pastagem era considerada uma atividade extrativa (pastagem

natural), sem merecer atenção especial do pecuarista; atualmente, a pastagem é considerada uma cultura, portanto, recebe todos os cuidados que a uma cultura são dispensados, como: preparo do solo, terraceamento, drenagem, adubação, plantio, corretivos, etc. (pastagem artificial).

Por ser uma cultura permanente, seja pastagem natural ou artificial, seu custo de

formação (preparo de solo, destocamento, drenagem, etc.) compõe o Ativo Permanente – Imobilizado e sofrerá exaustão na proporção da sua perda e de potencialidade.

Mesmo que haja pastoreio em rodízio (em determinado momento interrompe-se o

pastoreio para manter o pasto em repouso por certo tempo), nenhuma pastagem tem duração ilimitada, há um momento em que é necessário reformá-la totalmente, replantando as forrageiras ou recuperando-as para que o pasto volte a ser produtivo.

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Algumas empresas não fazem a exaustão das pastagens por várias razões:

� algumas espécies de capim são consideradas do tipo permanente (não acabam facilmente), como é o caso do capim-colonião, Jaraguá, etc.;

� dificuldade em estimar o período de vida útil das pastagens;

� alegação de que a legislação do Imposto de Renda é omissa a respeito do assunto.

As pastagens devem sofrer exaustão (entendimento também de alguns

engenheiros agrônomos), porque, mesmo que o tipo de capim seja permanente, a fertilidade da terra tem capacidade limitada.

Recomenda-se estimar o período de tempo e vida útil das pastagens com base em

estudos agrícolas ou estudo do próprio engenheiro agrônomo da empresa. Também podem causar o perecimento das pastagens: erosão, incêndio e excesso

de gado no pasto. Nesses casos, sua recomposição natural e bastante difícil e os valores aplicados devem ser levados diretamente para resultado do exercício, como perda.

No caso específico de pastagens naturais, por mais adequadas que sejam, em

geral as empresas desembolsam algum dinheiro para seu melhoramento, como: demarcação do pasto, limpeza de ervas tóxicas, limpeza de animais ou insetos nocivos, etc.

Daí a sugestão de que os valores aplicados com a formação ou melhoramento das

pastagens devem sofrer exaustão.

Amortização Quando corresponder à perda do valor do capital aplicado na aquisição de

direitos da propriedade industrial, comercial e quaisquer outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado.

Aplicada na aquisição de direitos sobre empreendimentos de propriedade de

terceiros – apropriando-se o custo desses direitos ao longo do período contratado, ou seja, aos bens intangíveis.

Consiste na recuperação contábil do capital aplicado na aquisição de direitos cuja

existência ou exercício tenha duração limitada, ou de bens cuja utilização pela entidade tenha o prazo limitado por lei ou contrato.

Exemplo: se dá nos casos de aquisição de direitos de extração de madeira de floresta pertencente a terceiros ou de exploração de pomar alheio, por prazo determinado, a preço único e prefixado; nas despesas pré-operacionais, despesas de reorganização, benfeitorias em propriedade de terceiros, pesquisas científicas, marcas e patentes.

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O cálculo da Amortização dos valores classificados nas contas mencionadas varia de acordo com sua natureza, ou seja:

• Despesas Pré-operacionais e de Reorganização: como os administrativos financeiros - são amortizáveis no mínimo em 5 anos (20%) e no máximo em 10 anos (10%);

• Benfeitorias em Propriedades de Terceiros ou Marcas e Patentes: serão amortizáveis de acordo com o tempo de validade dos mesmos (10 anos, 20 anos, etc.);

• gastos com pesquisas científicas ou tecnológicas: referente à parte genética, biológica e experimentações concernentes a plantações e animais;

• gastos com melhorias no solo: que propiciam incremento na capacidade produtiva, tais como: desmatamento, corretivos;

• Investimento em bens: que, nos termos da lei ou contrato que regule a concessão de serviço público, devem reverter ao poder concedente, ao fim do prazo de concessão, sem indenização.

A legislação brasileira prevê que se a floresta pertence a terceiros, más é explorada em função de contrato por prazo indeterminado, caracteriza-se por quotas de exaustão (e não amortização).

Suponha-se que determinada empresa de exploração de suco de laranja adquira o direito de colheita de um pomar, durante três anos, a empresa adquirente registrará o custo da aquisição desse direito no seu ativo permanente e fará a amortização de 1/3 por colheita, distribuindo o custo desses direitos ao longo do período de três anos, contratados para a exploração.

A principal diferença entre depreciação e amortização é que, enquanto a depreciação incide sobre os bens físicos de propriedade da própria empresa rural até sua completa depreciação de acordo com a vida útil prevista para os mesmos, a amortização se relaciona com a diminuição de valor dos direitos (ou despesas diferidas) com prazo limitado (legal ou contratualmente).

Processo Contábil da Depreciação, Exaustão e Amortização

Depreciação Atividade agrícola:

Tomando por base uma cultura a ser depreciada de acordo com sua vida útil e o critério ou método de depreciação utilizado, nas diversas fases, sejam temporárias ou permanentes, devem ser incorporadas como custo de formação ou manutenção a cada uma delas.

_____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________

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Atividade zootécnica: Tomando por base animais reprodutores ou de trabalho, depreciado de acordo com a perda da capacidade de reprodução ou trabalho com o passar do tempo.

_____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________

Máquinas e Implementos agrícolas ou rurais:

Tomando por base método linear, por hora de trabalho ou outro critério a ser utilizado.

_____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Exaustão

Jazida de Minério: De acordo com a extração efetuada e sua redução de produção conforme o estimado.

_____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________

Reflorestamento ou outra cultura como a cana-de-açúcar, pastagem, etc: De acordo com a extração, seja pelo volume ou quantidade.

_____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Amortização

Exploração de uma Plantação de Frutos: Quando os custos são apropriados, para não sobrecarregar o momento da

formação ou quando formado em propriedade de terceiros.

_____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________

Despesas ou outra espécie: Custos de aquisição ou utilização do capital aplicado.

_____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________

Taxas de Depreciação Aplicadas às Empresas Rurais Taxas

Para o cálculo da depreciação, da amortização e da exaustão, uma dificuldade encontrada é a determinação da vida útil econômica dos bens do Ativo Imobilizado.

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Alem das causas físicas decorrentes do desgaste natural pelo uso e pela ação de elementos da natureza, a vida útil é afetada por fatores funcionais, como a inadequação e o obsoletismo resultante do surgimento de substitutos mais aperfeiçoados.

Os itens do Ativo Permanente variam em função do tipo de solo, clima, manutenção, qualidade ou tipo de árvore (genética), raça, tipo de manejo, que são diferentes de região para região, sendo que na prática, cada caso deve ser tratado isoladamente.

O próprio Imposto de Renda, possivelmente considerando essas variáveis, não define taxas, todavia, assegura à empresa o direito de computar a cota efetivamente adequada às condições de depreciação de seus bens, desde que faça a prova da vida útil do bem determinado.

As taxas de depreciação podem ser calculadas de acordo com a produção estimada da cultura permanente, sendo este método vantajoso por implicar menores custos, uma vez que não proporciona redução excessiva de lucro ou prejuízo e evita grandes oscilações nos resultados no decorrer dos vários anos.

Devido a fatores como: clima, solo, tipo de manejo, raça (caso de pecuária), etc., que varia de região para região, o próprio Imposto de Renda, possivelmente considerando essas variáveis, não define taxas, ressaltando, todavia, o direito da empresa computar a quota efetivamente adequada às condições de depreciação de seus bens, desde que faça a prova da vida útil do bem determinado.

ESTIMATIVA DE DURAÇÃO DE CONSTRUÇÕES MELHORAMENTOS Construções e Melhoramentos Duração

em Anos Taxa deprec.

ao Ano Parede de tijolos, Piso de tijolo ou cimento coberta de telha Parede de madeira, coberta de telha Parede de barro, coberta de telha Parede de barro, coberta de sapé MELHORAMENTOS Linha de força e luz, telefone com postes de madeira Linha de força e luz, telefone com postes de ferro ou concreto Cercas de pau-a-pique, arame e cerca elétrica Rede de água (encanamento)

25 15 10 5

30 50 10 10

4% 6,67% 10% 20%

3,33%

2% 10% 10%

VIDA MÉDIA DE ALGUNS ANIMAIS

Animais Vida Média Produtiva em Anos

Taxa de Deprec. ao Ano

ANIMAIS DE CRIA Bovinos: Reprodutores Matrizes ANIMAIS DE TRABALHO Burro de tração Cavalo de sela Boi de carro Suínos

8 10

12 8 5 4

12,5% 10%

8,33% 12,5% 20% 25%

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DURAÇÃO MÉDIA DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS Itens Duração em Anos Tx. Depr. Ao Ano

TRATORES* De roda e de Esteira Microtrator VEÍCULOS Caminhão Carroça; Carro de bois Carreta de trator IMPLEMENTOS Ancinho, Ceifadeira Arado de disco aiveca; Grade de discos, Plaina Carretas com pneis, Semeadeira de linhas Semeadeira de grãos miúdos Cultivador Colhedora de algodão, Carrinho de terreiro, Adubadeira Colhedora de milho, colhedeira de Forragens Combinada automotriz, Combinada rebocada Grade de dentes e de molas, Desintegrador Plantadeira Bico de pato (Planet) Máquina de café, Máquina de debulhar milho, Roçadeira Picadeira de forragem, Motores elétricos Serraria Pulverizador; Polvilhadeira, Ordenhadeira, Secadores cereais Ensiladeira Encerado Saco de colheira

10 7 5 10 15

12

15 15 20 12 8 10 10 20 10 5

10 15 20

10 7 6 3

10%

14,28%

20% 10%

6,67%

8,33%

6,67% 6,67%

5% 8,33%

12,5% 10% 10% 5% 10% 5%

10%

6,67% 5%

10%

14,28% 16,67% 33,33%

VIDA MÉDIA DE ALGUMAS CULTURAS PERMANENTES Culturas Permanentes N. de Anos Tx. Dep. Ao Ano

Amoreira, Café, Chá, Uva Banana Figo, Pêssego Laranja Maracujá Pastagem formada (artificial) – exaustão Cana-de-açúcar – exaustão

20 8 17 15 5 5 4

5% 12,5% 5,88% 6,67% 20% 20% 25%

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Modelo de relatório de resultados com evolução patrimonial de atividade agropecuarista: RELATÓRIO DE RESULTADOS

AGROPECUÁRIA FUTURISTA LTDA RECEITAS Vendas de macho refugo Venda de garrote Venda de boi gordo

TOTAL DAS RECEITAS DESPESAS Mão-de-obra Compra de machos Sal mineral Medicamentos Manutenção das pastagens Moto-mecanização Manutenção da infra-estrutura Diversos

TOTAL DAS DESPESAS MARGEM CONTRIBUIÇÃO → (Receitas – Despesas)→A Despesas Administrativas → B

RESULTADO OPERACIONAL →→→→ (A – B) = C INVESTIMENTOS Formação de pastagens Infra-estrutura

TOTAL DOS INVESTIMENTOS → D TOTAL →→→→ (C – D)

O fato do patrimônio empresarial não ser estático e alterar-se a cada operação, e sabendo-se que o volume de transações requer um controle próprio, da Contabilidade Rural será exigido este trabalho, que deverá ser feito de forma coordenada, a tal ponto que a informação produzida por este departamento seja:

� Confiável – deve inspirar confiança nas informações fornecidas; � Ágil – na elaboração do trabalho; � Elucidativa – cada usuário tem um grau de conhecimento; � Fonte para tomada de decisão – utilizada pela administração.

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BIBLIOGRAFIAS Básica CREPALDI, S. A. Contabilidade Rural. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2011. MARION, J. C. Contabilidade da Pecuária. 9ª ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARION, J. C. Contabilidade Rural. 12ª ed. São Paulo: Atlas, 2010. Complementar IUDÍCIBUS, s. Et all. Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações. São Paulo. Atlas. Ed. Atualizada. MARTINS, E. Contabilidade de Custos. 10ª Ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARION, J. C. Contabilidade Básica. 10ª Ed. São Paulo: Atlas, 2009. MATTOS, Zilda Paes de Barros. Contabilidade Financeira Rural. São Paulo. Atlas. Ed. Atualizada. SANTOS, Gilberto José dos e Outros. Administração de Custos na Agropecuária. São Paulo. Atlas. Ed. Atualizada. VALE, F. Manual de Contabilidade Agrária. São Paulo. Atlas. Ed. Atualizada. BRASIL. Governo Federal. Lei nº 6.404, de 15.12.1976: Lei das Sociedades por Ações (LSA).