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Segunda Etapa do Exame da Ordem Apostila de Direito Penal e Processo Penal Prof. Franklin Higino

Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

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Segunda Etapa do Exame da Ordem

Apostila de Direito Penal e Processo Penal

Prof. Franklin Higino

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2

SUMÁRIO

3ª Parte: Apelação e Embargos

I APELAÇÃO (ASPECTOS GERAIS)............................................................... 03

II MODELO DE PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO DE APELAÇÃO...................... 07

III MODELO DE RAZÕES DE APELAÇÃO........................................................ 08

IV EMBARGOS DECLARATÓRIOS (ASPECTOS GERAIS)............................. 10

V MODELO DE PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO DE EMBARGOS

DECLARATÓRIOS........................................................................................... 13

VI MODELO DE RAZÕES DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO....................... 14

VII PRIMEIRO EXERCÍCIO PRÁTICO – PROFISSIONAL................................... 17

VIII SEGUNDO EXERCÍCIO PRÁTICO – PROFISSIONAL................................... 18

IX TERCEIRO EXERCÍCIO PRÁTICO – PROFISSIONAL.................................. 19

X QUESTÕES PRÁTICAS................................................................................... 20

4ª Parte: Recurso em Sentido Estrito

I RECURSO EM SENTIDO ESTRITO ( ASPECTOS ERAIS).................................... 23

II MODELO DE PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO DE RECURSO EM SENTIDO

ESTRITO ................................................................................................................... 28

III MODELO DE RAZÕES – RECURSO EM SENTIDO ESTRITO................................. 30

IV PRIMEIRO EXERCÍCIO PRÁTICO – PROFISSIONAL.............................................. 34

V SEGUNDO EXERCÍCIO PRÁTICO – PROSSIONAL................................................. 35

VI TERCEIRO EXERCÍCIO PRÁTICO – PROSSIONAL............................................... 36

VII QUARTO EXERCÍCIO PRÁTICO – PROFISSIONAL................................................ 37

VIII QUINTO EXERCÍCIO PRÁTICO – PROFISSIONAL.................................................. 38

IX SEXTO EXERCÍCIO PRÁTICO – PROFISSIONAL ................................................... 39

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3

I - APELAÇÃO (ASPECTOS GERAIS)

Cuida-se a apelação de recurso interposto pelas partes

(Ministério Público, assistente, querelante ou réu) da sentença definitiva ou com força

de definitiva para a instância superior (tribunal ou turma Recursal), “com o fim de que

se proceda ao reexame da matéria, com a conseqüente modificação parcial ou total da

decisão” (CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 4.ed. São Paulo: Saraiva,

1999. p. 382).

Explica CAPEZ (1999, p. 383) que a apelação é recurso

residual, pois que, somente pode ser interposto “se não houver previsão expressa de

cabimento de recurso em sentido estrito para a hipótese”.

Contudo, na situação prevista no art. 581, XI, do CPP, deve-se

destacar que não há aplicação o recurso em sentido estrito em caso de decisão

concessiva ou negativa de sursis, prevalecendo o recurso de apelação, pois da

sentença condenatória, no todo ou parte, cabe recurso de apelação. Cuidando-se de

decisão que revoga o sursis, matéria afeta ao juízo executório, cabe recurso de

agravo, com previsão no art. 197 da LEP.

Colhe-se na doutrina a classificação “apelação plena (ou

ampla)” e “apelação limitada (ou restrita)”. Na apelação plena, a parte pretende a

reforma integral da decisão monocrática. Na apelação restrita, busca-se, ao reverso, a

reforma parcial da decisão. Não determinando o apelante os limites do recurso,

assegura CAPEZ (1999, p. 384) que a apelação será ampla.

Matéria controvertida reside na definição do momento

processual em que o recorrente determina o limite recursal, se na petição ou nas

razões, relembrando que, em regra, no processo penal, interposição do recurso e

fundamental recursal ocorrem em momentos distintos.

Prevalece na doutrina que a definição do limite recursal

(apelação ampla ou restrita) ocorre no momento da interposição recursal, sendo

também o entendimento pretoriano (STJ – 6ª Turma – HC 11076/RS – 02.05.2000 -

RSTJ 136/517).

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Assegura a doutrina1 que o Ministério Público não tem

legitimidade para apelar contra sentença absolutória em ação penal privada

(propriamente dita ou personalíssima), sob pena de se conferir ao parquet a

titularidade da ação penal privada. Também, segundo CAPEZ (1999, p. 386) não tem

legitimidade o assistente para apelar visando à elevação da pena privativa de

liberdade. Contudo, recentemente, o Superior Tribunal de Justiça vem entendendo que

“havendo absolvição, ainda que parcial, ou sendo possível o agravamento da pena

imposta ao acusado, o assistente de acusação possui efetivo interesse recursal, em

busca da verdade substancial, com reflexos na amplitude da condenação ou no

quantum da pena” (STJ – 5ª Turma – REsp 605302/RS – 07.11.2005).

Em relação à sentença proferida pelo Tribunal do Júri, o art.

593, III, do CPP, estabelece a possibilidade de recurso de apelação em quatro

situações:

“a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; b) for a sentença do

juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; c) houver erro ou

injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; d) for a decisão

dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.”

Justifica-se a alínea “a” pela inexistência de recurso específico

ao Tribunal para corrigir eventual nulidade surgida após a sentença de pronúncia. Na

alínea “b”, estabeleceu-se a possibilidade do Tribunal corrigir distorção entre a decisão

dos jurados e a sentença proferida pelo juiz-presidente, por exemplo: os jurados

reconhecem a qualificadora da torpeza, porém, o juiz-presidente aplica pena por

homicídio simples. Na alínea “c”, assegurou-se ao Tribunal a correção dos eventuais

excessos praticados pelo julgador por ocasião da dosimetria penal. Por fim, na alínea

“d”, situação mais controversa e complicada, devendo prevalecer o entendimento que

a decisão manifestamente contrária à prova dos autos ocorre quando os jurados

decidem arbitrariamente, dissociando-se de toda e qualquer evidência probatória.

Nessa situação, o tribunal, ao dar provimento ao apelo, sujeitará o réu a novo

julgamento, não se admitindo, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação.

1 NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p. 947.

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5

O prazo para a apelação é de cinco dias, a contar da

intimação. Cuidando-se da defesa, devem ser intimados o advogado e o réu,

iniciando-se o prazo recursal após a última intimação. Por exemplo: advogado

constituído intimado da sentença condenatória, pela publicação no Diário Oficial de

15.02.2007 (defensor público ou dativo tem direito à intimação pessoal) e o réu

intimado no dia 07.03.2007 (quarta), o prazo recursal terá início no dia 08.03.2007

(quinta), com término no dia 12.03.2007 (segunda).

Cuidando-se de recurso interposto pela Defensoria Pública o

prazo para recorrer é computado em dobro (O STJ entende que o benefício do prazo

em dobro para recorrer só é devido aos Defensores Públicos e àqueles que fazem

parte do serviço estatal de assistência judiciária), com aplicação do art. 5º, § 5º, da Lei

nº 1.060/50. No exemplo supra, cuidando-se de defensor público intimado da sentença

condenatória no dia 15.02.2007 e o réu intimado no dia 07.03.2007 (quarta), o prazo

recursal terá início no dia 08.03.2007 (quinta), com término no dia 19.03.2007

(segunda).

Com a intimação, o defensor deverá constar na petição

recursal que aguardará a concessão de vista para o oferecimento das razões,

observando-se a necessidade da manifestação do Ministério Público (contra-razões),

com remessa dos autos ao Tribunal (de Justiça ou Regional Federal) ou Turma

Recursal.

Nunca é demais relembrar que a petição recursal deve ser

dirigida ao juízo que proferiu a decisão (Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito

da 4ª Vara Criminal da Comarca de Belo Horizonte ou Excelentíssimo Senhor Doutor

Juiz Federal da 9ª Vara Federal de Belo Horizonte ou Excelentíssimo Senhor Doutor

Juiz de Direito do Juizado Especial Criminal da Comarca de Belo Horizonte).

Recebendo os autos com vista para as razões, a defesa (que

terá o prazo de oito dias) deve apresentar fundamentação que contenha os seguintes

pontos:

1. Nome do apelante;

2. Número do processo;

3. Breve relatório dos fatos;

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4. Preliminar: como matéria preliminar ao mérito, deve o defensor argüir as

nulidades (art. 564 do CPP) ocorridas no curso da instrução (art. 571, II, do

CPP), inclusive renovando pedido de nulidade examinado pelo julgador

monocrático – e indeferido –, prequestionando, dessa forma, a matéria, para

que oportunize ao STJ, por ocasião do Recurso Especial, o cumprimento de

sua finalidade, ou seja, a interpretação e uniformização do direito federal;

5. Mérito: no mérito, explorando o caderno probatório, em especial o depoimento

das testemunhas, cabe ao advogado desenvolver as teses defensivas, acerca

da inocorrência do fato, ausência de tipicidade, excludentes de ilicitude,

excludentes de culpabilidade, ausência de causa de aumento de pena,

existência de causas de diminuição de pena, existência de atenuantes, melhor

regime para eventual cumprimento da pena privativa de liberdade, substituição

da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos ou a suspensão

condicional da execução da pena privativa de liberdade.

6. Comentários doutrinários e jurisprudenciais sempre robustecem as alegações

finais, razão pela qual afigura-se recomendável à defesa transcrever, de forma

resumida, a manifestação da doutrina e dos tribunais.

7. Pedido: no pedido, ao finalizar a apelação, as testes desenvolvidas como

preliminar e mérito devem ser citadas.

A norma prevista no art. 600, § 4º, do CPP, faculta a

apresentação das razões diretamente ao Tribunal, hipótese em que, por ocasião da

interposição da apelação, deverá existir expressa manifestação na petição recursal.

No Juizado Especial Criminal, a interposição do recurso e as

razões devem ocorrer no prazo de dez dias, conforme estabelece o art. 82 da Lei nº

9.099/95, in verbis:

Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. § 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.

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II – MODELO DE PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO DE APELAÇÃO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA

CRIMINAL DA COMARCA DE ____________________

_________________________, qualificado a fls. , nos

autos do processo em que o Ministério Público lhe move, por seu advogado, vem,

respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, inconformado com a respeitável

sentença de fls. ___,_interpor RECURSO DE APELAÇÃO2, com fundamento no art.

5933, ___, do Código de Processo Penal.

Requer, após o recebimento desta, com as razões

inclusas4, seja intimado o Ministério Público para, querendo, apresentar contra-razões,

encaminhando-se os autos, na seqüência, ao Egrégio Tribunal de Justiça, onde será

processado e provido o presente recurso.

Termos em que,

Pede deferimento.

Belo Horizonte, segunda-feira, 3 de setembro de 2007.

________________________________

Advogado

2 O prazo para a interposição do recurso de apelação é de 5 dias, nos termos do art. 593 do CPP. 3Atenção quando a sentença condenatória for proferida em sessão do júri popular, pois, nessa hipótese, o fundamento legal será o art. 593, III, do Código de Processo Penal, devendo ser indicada a alínea, valendo registrar o enunciado da Súmula 713 do Supremo Tribunal Federal: “O efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição”. 4 A norma prevista no art. 600 do Código de Processo Penal concede prazo de 8 dias para a apresentação das razões. Contudo, na prova da ordem, deve o candidato apresentar a petição recursal e as razões. Se for processo da competência do Juizado Especial Criminal, as razões deverão acompanhar a petição de apelação, nos termos do art. 82 da Lei nº 9.099/95.

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III – MODELO DE RAZÕES DE APELAÇÃO

AUTOS Nº _________

APELANTE : ____________________

APELADO : MINISTÉRIO PÚBLICO5

RAZÕES

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA6,

1 – DOS FATOS

, qualificado nos autos, foi denunciado pelo Ministério Público pela prática do crime previsto no art. , porque________7 .

O MM. Juiz, julgando procedente a pretensão punitiva, condenou-o ao cumprimento da pena privativa de liberdade de ________8.

Este é o breve relatório.

2 – DA FUNDAMENTAÇÃO

Das preliminares9

Da preliminar de nulidade por incompetência absoluta do juízo

Da preliminar de nulidade por cerceamento de defesa

Da preliminar de nulidade por violação ao método trifásico de fixação da pena privativa de liberdade

Da preliminar de nulidade por ausência de manifestação quanto à substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos10

Da preliminar de nulidade por ausência de manifestação quanto à suspensão condicional da execução da pena11

5 Atenção: se ação penal privada, deverá se indicado o nome do querelante. 6 Tratando-se de crime da competência da Justiça Federal, deve-se registrar “Egrégio Tribunal Regional Federal”. Se Juizado Especial, “Colenda Turma Recursal”. 7 Sucinta narrativa do fato descrito na denúncia. 8 Transcrever a pena aplicada, o regime prisional e a substituição da pena privativa de liberdade ou suspensão condicional da execução da pena (ou sua denegação). 9 Inserir, de forma individualizada, todas as preliminares de nulidade. 10 Determina a norma prevista no art. 59, IV, do Código Penal, a obrigatória manifestação quanto à substituição da pena privativa de liberdade. 11 Determina a norma prevista no art. 157 da Lei de Execução Penal, a obrigatória manifestação quanto à substituição da pena privativa de liberdade.

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9

Do mérito

Da absolvição por estar provada a inexistência do fato12

Da absolvição por não haver prova da existência do fato13

Da absolvição por não constituir o fato infração penal14

Da absolvição por não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal15

Da absolvição por existir circunstância excludente de ilicitude16

Da absolvição por existir circunstância excludente de culpabilidade17

Da absolvição por não existir prova suficiente para a condenação18

Da necessidade de redução da pena privativa de liberdade e adoção de regime prisional mais brando

Da necessidade de reforma da sentença para a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos19

Da necessidade de reforma da sentença para a concessão da suspensão condicional da execução da pena20

3) DO PEDIDO

Isso posto, invocando em prol os doutos subsídios desta AUGUSTA CORTE, conhecido o recurso requer o Apelante:

1 –

2 –

Belo Horizonte, segunda-feira, 3 de setembro de 2007.

_______________________ Advogado

12 Artigo 386, I, do Código de Processo Penal. 13 Artigo 386, II, do Código de Processo Penal. 14 Artigo 386, III, do Código de Processo Penal. 15 Artigo 386, IV, do Código de Processo Penal. 16 Artigo 386, V, do Código de Processo Penal. 17 Artigo 386, V, do Código de Processo Penal. 18 Artigo 386, VI, do Código de Processo Penal. 19 Os requisitos estão inseridos no art. 44 do Código Penal. 20 Os requisitos estão inseridos no art. 77 do Código Penal.

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IV - EMBARGOS DECLARATÓRIOS (ASPECTOS GERAIS)

Conforme esclarece CAPEZ21, trata-se de recurso

“interposto para o mesmo órgão prolator da decisão, dentro do prazo de dois dias, no

caso de ambigüidade, obscuridade, contradição ou omissão da sentença” (CAPEZ,

1999. p.433), com previsão nos arts. 619 e 620 do CPP, que dispõem, in verbis:

Art. 619. Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de Apelação, câmaras ou turmas, poderão ser opostos embargos de declaração, no prazo de 2 (dois) dias contado da sua publicação, quando houver na sentença (sic acórdão) ambigüidade, obscuridade, contradição ou omissão.

Art. 620. Os embargos de declaração serão deduzidos em requerimento de que constem os pontos em que o acórdão é ambíguo, obscuro, contraditório ou omisso.

§ 1o O requerimento será apresentado pelo relator e julgado, independentemente de revisão, na primeira sessão.

§ 2o Se não preenchidas as condições enumeradas neste artigo, o relator indeferirá desde logo o requerimento.

Portanto, os embargos declaratórios têm finalidade

específica sendo cabíveis “quando houver na sentença ambigüidade, obscuridade,

contradição ou omissão”. Nesse sentido, no Superior Tribunal de Justiça prevalece o

entendimento que embargos declaratórios não são cabíveis para a modificação do

julgado que não se apresenta omisso, contraditório ou obscuro e a “concessão de

efeitos infringentes (efeitos modificativos) somente pode ocorrer em hipóteses

excepcionais” (5ª Turma - EDcl no REsp 606384/SP - 12.3.2007e 6ª Turma - EDcl no

REsp 300137/SP - 17.3.2003).

O prazo para a interposição dos embargos declaratórios

é de dois dias, interrompendo-se (aplicação analógica do CPC) o prazo para a

interposição dos demais recursos, sendo a petição dirigida ao órgão prolator da

decisão (EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR RELATOR DO

RECURSO DE APELAÇÃO Nº ___________ DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO

___________ ou EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR RELATOR DO

RECURSO DE APELAÇÃO Nº ___________ DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL

DA _____ REGIÃO).

21 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 1999.

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11

Cuidando-se de decisão da Turma Recursal, portanto na

hipótese de competência do juizado especial criminal o recurso deverá ser interposto

no prazo de cinco dias, suspendendo-se o prazo para a interposição dos demais

recursos, sendo a petição dirigida ao órgão prolator da decisão (EXCELENTÍSSIMO

SENHOR JUIZ RELATOR DO RECURSO DE APELAÇÃO Nº ___________ DA

TURMA RECURSAL DE _____________), conforme dispõe o art. 83, § 1º, da Lei nº

9.099/95, que dispõe, in verbis:

Art. 83. Caberão embargos de declaração quando, em sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão ou dúvida. § 1º Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da ciência da decisão. § 2º Quando opostos contra sentença, os embargos de declaração suspenderão o prazo para o recurso. § 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.

Na primeira instância, portanto, contra a sentença,

admite-se a interposição de embargos declaratórios (chamado impropriamente de

embarguinhos), também no prazo de dois dias, interrompendo-se (aplicação

analógica do CPC) o prazo para o recurso de apelação, sendo a petição dirigida ao

órgão prolator da decisão (EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

DA ____ VARA CRIMINAL ou EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ

FEDERAL DA ____ VARA CRIMINAL FEDERAL), conforme art. 382 do CPP, que

dispõe, in verbis:

Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambigüidade, contradição ou omissão.

Cuidando-se de sentença proferida no juizado especial

criminal, o recurso deverá ser interposto no prazo de cinco dias, suspendendo-se o

prazo para a interposição dos demais recursos, sendo a petição dirigida ao órgão

prolator da decisão (EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DO JUIZADO ESPECIAL

CRIMINAL DE _____________), conforme dispõe o transcrito art. 83, § 1º, da Lei nº

9.099/95.

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12

O embargante, na petição, deverá de forma sucinta

indicar a “ambigüidade, obscuridade, contradição ou omissão”, requerendo a devida

correção, inclusive prequestionando a matéria, visando à interposição de recurso

especial ou extraordinário. Conforme CAPEZ (1999, p. 435) inexiste manifestação da

parte contrária no recurso em questão.

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V – MODELO DE PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO DE EMBARGOS

DECLARATÓRIOS

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR

___________________________ RELATOR DO ACÓRDÃO Nº

__________________ DA _____ CÂMARA CRIMINAL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE

JUSTIÇA DE MINAS GERAIS

__________________________________, qualificado

nos autos, através de seu Advogado, mandato incluso, com fincas nos artigos 619 e

620 do Código de Processo Penal, vem, à presença de Vossa Excelência, interpor

os presentes EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, a fim de que haja enfrentamento de

todas as questões e, via de conseqüência, guindá-las à condição de res

controversa, pelos fundamentos expendidos nas razões anexas:

Termos em que,

Pede deferimento.

Belo Horizonte, segunda-feira, 3 de setembro de 2007.

___________________________

Advogado

Page 14: Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

14

VI – MODELO DE RAZÕES DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Autos nº ____________

________ Câmara Criminal _________

Espécie: Embargos de Declaração

Comarca: __________

Embargante: ___________________

Embargado: Ministério Público

Relator: ______________

Egrégio TRIBUNAL DE JUSTIÇA,

Colenda Câmara,

Douto Relator.

I – DOS FATOS

Luis Augusto de Araújo foi denunciado como incurso nas

sanções do art. _________________________.

Regularmente processado, adveio para o feito a r. sentença de

fls. _____________, que julgou PROCEDENTE a pretensão punitiva para, ao final,

condenar o embargante __________________________, sendo as penas definitivas

fixadas na seguinte forma:

Intimação da sentença condenatória às fls. _______________.

Inconformado, o embargante aviou recurso de apelação,

buscando a reforma da sentença condenatória nos termos das ofertadas razões de

inconformismo (fls. _______), argüindo, em síntese, a absolvição por ausência de

provas, adoção da pena mínima e fixação do regime inicialmente fechado.

Pugnando pelo desprovimento do recurso, apresentou o

Ministério Público contra-razões de apelação (fls. ____), no sentido de manter-se

intocável a v. sentença objurgada.

Parecer do Ministério Público às fls. _________.

Com o v. acórdão de fls. ____, o recurso defensivo restou

Page 15: Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

15

provido parcialmente, fixando-se as penas privativas da

seguinte forma:

Em síntese, é o relatório.

II - DA FUNDAMENTAÇÃO

PRELIMINARMENTE

O recurso interposto é próprio e tempestivo (art. 619 do

Código de Processo Penal), preenchendo os pressupostos objetivos e subjetivos de

admissibilidade, devendo, pois, ser conhecido.

DO MÉRITO

Quanto ao mérito dos embargos, tenho que o acórdão

fustigado, com a devida vênia, contém obscuridade, contradição e omissão.

1 - Da contradição

A contradição está caracterizada no processo de substituição

da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, tendo em vista que

____________________________.

Portanto, data maxima venia, contraditória a decisão, na

medida em que desprezou texto expresso de lei.

2 - Da obscuridade

Não bastasse a contradição,

_______________________________________.

A matéria deve ser esclarecida, guindando-a a condição de res

controversa, ______________________.

3 - Da omissão (1)

Assim não entendendo Vossa Excelência, apenas para

argumentar, da leitura atenta do acórdão, verifica-se evidente omissão

___________________________.

Page 16: Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

16

III - DO PREQUESTIONAMENTO

Concessa venia, e não obstante o respeito a que se fazem jus

e merecedores os Doutos integrantes desta v. Câmara, impõe-se também, in casu,

para efeitos de atendimento à orientação sumulada pelo E. Supremo Tribunal Federal,

emprestar aos presentes Embargos de Declaração, sua função de instrumento

materializador do prequestionamento explícito.

IV – DA CONCLUSÃO

Isso posto, pugna o Embargante pelo conhecimento e

provimento dos embargos, visando a suprir-se a omissão, a contradição e a

obscuridade que foram apontadas e, ainda, que sejam debatidas todas as questões

versadas no presente recurso para fins de prequestionamento.

Belo Horizonte, 3 de setembro de 2007.

_____________________

Advogado

Page 17: Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

17

VII - PRIMEIRO EXERCÍCIO PRÁTICO-PROFISSIONAL

Estando os autos conclusos para sentença nos termos do art. 502 do CPP, o juiz de

uma das Varas Criminais da Capital entendeu ser o caso de nova definição jurídica do

fato narrado na denúncia, importando em pena mais severa ao réu, que aguarda o

julgamento em liberdade. A fim de que o Promotor de Justiça possa aditar a denúncia,

os autos são baixados e, retornando à conclusão, o magistrado profere sentença

condenatória nos termos da nova capitulação jurídica.

Questão: Como advogado do réu, apresente a medida judicial cabível, levando em

conta que a sentença foi publicada hoje.

Page 18: Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

18

VIII - SEGUNDO EXERCÍCIO PRÁTICO-PROFISSIONAL

O juiz, ao proferir sentença condenando João por furto qualificado, admitiu,

expressamente, na fundamentação, que se tratava de caso de aplicação do privilégio

previsto no parágrafo segundo, do art. 155 do Código Penal, porque o prejuízo da

vítima era de R$ 100,00 (cem reais), devendo, em face de sua primariedade e bons

antecedentes, ser condenado à pena mínima. Na parte dispositiva, fixou como pena a

de reclusão de 2 (dois) anos, substituindo-a por uma pena restritiva de direito e multa,

fixando regime inicial aberto.

Questão: Diante do inconformismo de João com essa condenação, como seu

advogado, tome as providências cabíveis para a sua defesa e redija a peça processual

adequada.

Page 19: Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

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IX - TERCEIRO EXERCÍCIO PRÁTICO-PROFISSIONAL

Em 18 de maio de 2004, João e Antonio foram denunciados pelo crime de tráfico de

substâncias entorpecentes, em concurso de agentes, porque transportavam, para fins

de comércio, a quantia de 10 (dez) pílulas da droga conhecida como “ecstasy” e 25

(vinte e cinco) gramas de maconha. Recebida a denúncia, o MM. Juiz da _Vara

Criminal da Comarca da Capital determinou a citação dos acusados, observando o rito

da Lei n.o 6.368/76. João e Antonio, no interrogatório, negaram a intenção de

comerciar as drogas apreendidas, afirmando que se destinavam a uso próprio.

Ouvidos os policiais responsáveis pela prisão dos acusados, aqueles relataram que

passavam pela rua quando viram os acusados colocando malas no interior de um

veículo estacionado em frente à casa de João. Suspeitando dos jovens, os policiais

revistaram o carro, que era de propriedade de Antonio, e encontraram, no porta-luvas,

as drogas apreendidas. João e Antonio disseram aos policiais que se dirigiam a uma

festa em cidade do litoral paulista. Com base na quantidade de droga apreendida e no

destino dos acusados, o juiz, em 22 de maio de 2006, condenou João e Antonio às

penas mínimas, pelos crimes previstos nos artigos 12, caput, e 14, da Lei n.º 6.368/76,

em concurso material, a serem cumpridas integralmente em regime fechado.

Questão: Como advogado de João, intimado da sentença no dia 26 de maio de 2006,

escolha o melhor meio para a sua defesa. Redija a peça.

Page 20: Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

20

X - QUESTÕES PRÁTICAS

1. Lineu foi condenado pelo crime de tráfico de substância entorpecente, nos termos

do artigo 12 da Lei 6.368/76, por transportar 100 gramas de maconha em seu

automóvel. (Desconsiderar a nova lei de tóxicos, que ainda se encontra em vacatio

legis). No processo, havia prova robusta de que a droga seria efetivamente

comercializada. Na parte dispositiva da sentença, consta o seguinte: “Por tudo

exposto, julgo procedente o pedido de condenação e condeno Lineu nas sanções do

artigo 12 da Lei 6.368/76. Atento às diretrizes do artigo 59 e 68 do Código Penal,

passo à dosimetria da pena: culpabilidade sempre intensa nos crimes desta natureza;

o condenado não possui antecedentes criminais; a conduta social revela-se

desregrada, a personalidade está voltada para a prática do crime, os motivos não lhe

são favoráveis, as circunstâncias jamais podem ser justificadas perante o Direito e as

conseqüências são gravíssimas para a coletividade, comportamento da vítima

prejudicado, sem influência sobre o crime . Fixo, portanto, a pena-base em 05 anos de

reclusão e 72 dias-multa. Não existindo nenhuma circunstância agravante ou

atenuante em favor do réu, nem causa especial de aumento ou de diminuição de

pena, transformo a pena-base em pena definitiva (....). Como impugnar, no Recurso de

Apelação, os fundamentos invocados pelo Juiz para fixar a pena-base? (OAB/MG Ago

2006)

Resposta: na impugnação da pena-base não observou o julgador o disposto no art.

93, IX, da Constituição Federal, na medida em que se limitou repetir a redação do art.

59 do Código Penal, sem a imprescindível fundamentação, ampliando indevidamente

a pena-base.

2. Como deve proceder o juiz, na aplicação da pena, em caso de concurso de causas

de aumento? E em caso de concurso de causas de diminuição? Justifique.

(OAB/SP/126)

Resposta: Concurso de causas de aumento. Primeira possibilidade é a de o juiz

aplicar somente a mais ampla. A outra possibilidade, de aplicar as diversas causas de

aumento, depende da orientação adotada. Conforme uma orientação, os aumentos

são sempre aplicados sobre a pena-base. Por outra orientação, aplicado o primeiro

aumento, os outros incidirão sobre a pena já acrescida. Concurso de causas de

diminuição. Primeira possibilidade é a de o juiz aplicar somente a mais ampla. A outra

Page 21: Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

21

possibilidade, de aplicar as diversas causas de diminuição, depende da orientação

adotada. Conforme uma orientação, as diminuições são sempre aplicadas sobre a

pena-base. Por outra orientação, aplicada a primeira diminuição, as outras incidirão

sobre a pena já diminuída. Há quem sustente que se deve adotar critérios diversos. No

concurso de causas de diminuição, feita a primeira redução, as demais incidiriam

sobre a pena já diminuída, para evitar a pena “zero”. Todavia, no concurso de causas

de aumento, seria adotado outro critério, o de todos os acréscimos incidirem sobre a

pena-base, porque mais favorável ao acusado.

3. “A” esteve preso preventivamente no período de 02.03.2003 a 02.06.2003, mas foi

absolvido da acusação. Contudo, foi condenado por outro crime, cometido em

01.02.2003, à pena de 5 (cinco) anos e 4 (quatro) meses de reclusão. No tocante à

pena aplicada, o que poderá ser levado em conta, em benefício do condenado?

Fundamente. (OAB/SP/124)

Resposta: Em benefício do condenado, poderá levar-se em conta a detração penal,

prevista nos artigos 42 do Código Penal (“Computam-se, na pena privativa de

liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no

estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos

estabelecimentos referidos no artigo anterior”). Segundo entendimento jurisprudencial,

assinalado por Mirabete (Execução Penal, Ed. Atlas, tópico 3.17), tem-se admitido a

detração por prisão ocorrida em outro processo, em que logrou o réu a absolvição,

quando se trata de pena por outro crime anteriormente cometido.

4. Quando da dosimetria da pena, por ocasião da prolação da sentença, o

Magistrado fixou a pena-base do acusado acima do mínimo legal em decorrência de

maus antecedentes, por existir condenação anterior (CP, art. 59). Após isso, aumentou

a reprimenda fixada em virtude da agravante da reincidência, por ostentar o réu aquela

condenação anterior (CP, art. 61, I). Está correto tal procedimento? Fundamente.

(OAB/SP/112)

Resposta: O fato que serve para justificar a agravante da reincidência (CP, art. 61, I)

não pode ser levado à conta de maus antecedentes para fundamentar a fixação da

pena-base acima do mínimo legal (CP, art. 59). Reconhecendo a ocorrência de "bis in

idem", deve-se excluir da pena-base o aumento decorrente da circunstância judicial

desfavorável.

Page 22: Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

22

5. Existem recursos criminais que podem ser considerados privativos da defesa?

Quais? (OAB/SP 131º Exame)

Resposta: Protesto por novo júri, Revisão Criminal; Embargos infringentes e de nulidade.

6. O acusado apelou de uma condenação pelo Tribunal do Júri, alegando que se

tratava de decisão manifestamente contrária à prova dos autos. No dia seguinte, ainda

dentro do prazo, ingressa com nova apelação, sustentando que a decisão, além de

manifestamente contrária à prova dos autos, era nula. É admissível essa segunda

apelação? Por quê? (OAB/SP 129º Exame)

Resposta: O fundamento utilizado pelo juiz para não receber a apelação no caso

aventado poderia ser o da ocorrência de preclusão consumativa, alegando a perda da

faculdade processual em decorrência do seu exercício com o ingresso da primeira

apelação. Contudo, entende a doutrina que tal decisão não seria acertada, pois a

regra da preclusão consumativa não se aplica ao caso, visto se tratar de simples

suplementação do recurso interposto, realizada tempestivamente.

7. O advogado de João, apesar de regularmente intimado, deixou de oferecer as

razões de apelação que interpusera em favor do acusado em virtude de sua

condenação. Que deve fazer o juiz? Justifique. (OAB/SP 125º Exame)

Resposta: Segundo o Código de Processo Penal, poderia o juiz dar seguimento ao

processo (artigo 601) sem as razões, encaminhando os autos ao tribunal. Contudo,

conforme doutrina predominante e forte jurisprudência, para melhor preservar o direito

de defesa, em momento culminante do processo, o juiz deveria intimar o acusado a

constituir novo defensor para oferecer as razões no prazo. Decorrido o prazo, deveria

nomear defensor para o acusado.

8. Por que a exigência de prisão para apelar constitui uso anômalo da prisão

processual? Fundamente a resposta. (OAB/SP/130)

Resposta: Essa exigência representa um impedimento ao exercício do direito de

recorrer, ofendendo o princípio do duplo grau de jurisdição e impondo ao acusado

ônus excessivo sem que haja qualquer limitação para o órgão da acusação. Assim,

por não ter natureza cautelar, a prisão exerce função anômala de impedimento da

apelação.

Page 23: Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

23

I - RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (ASPECTOS GERAIS)

O recurso em sentido estrito é o instrumento recursal

cabível para impugnar decisões interlocutórias.

Segundo OLIVEIRA (2005, p.667), “como o próprio nome

está a indicar, o mencionado recurso foi elaborado para aplicação restrita, ou seja,

estritamente nos casos assinalados em lei”. E isso porque se cuida de recurso previsto

para a impugnação de apenas algumas decisões interlocutórias.

Nesse sentido, no art. 581 do CPP, elencou o legislador

as hipóteses de cabimento do recurso em sentido estrito, valendo destacar que

algumas figuras foram revogadas pela Lei de Execução Penal, com a inclusão do

recurso de agravo. Portanto, permanecem impugnáveis através do recurso em sentido

estrito:

“Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: “I - que não receber a denúncia ou a queixa; II - que concluir pela incompetência do juízo; III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; IV - que pronunciar ou impronunciar o réu; V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; VI - que absolver o réu, nos casos do art. 411; VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor; VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade; X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte; XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta; XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial; XVIII - que decidir o incidente de falsidade”.

Page 24: Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

24

Acerca da ampliação no rol apresentado no art. 581 do

CPP, questão ainda em debate, considera NUCCI (2006, p. 932) ser possível a

interpretação extensiva, mas sustenta CAPEZ (1999, p. 404) que o “elenco legal das

hipóteses de cabimento não admite ampliação”.

Contudo, o “Superior Tribunal de Justiça registra já

entendimento no sentido da possibilidade de interpretação extensiva das hipóteses de

cabimento do recurso em sentido estrito” (STF – 6ª Turma – RMS 15470/SP –

13.12.2004), pois não “se pode excluir a possibilidade de interpretação extensiva, bem

como da analogia, nos casos que não são evidentemente excluídos pelo rol de

hipóteses de cabimento do recurso em sentido estrito (art. 581, do CPP). É cabível a

interposição de recurso em sentido estrito contra a decisão que concede prisão

domiciliar, a ré presa em flagrante delito por prática de tráfico de entorpecentes, em

razão de interpretação analógica do inc. V do art. 581 do CPP” (STJ – 5ª Turma –

REsp 532259/SC – 09.12.2003).

No mesmo sentido, “cabe a aplicação analógica do inciso

XI do artigo 581 do Código de Processo Penal aos casos de suspensão condicional do

processo, viabilizada, aliás, pela subsidiariedade que o artigo 92 da Lei nº 9.099/95 lhe

atribui” (STJ – 5ª Turma – REsp 601924/PR – 07.11.2005)

Em relação às decisões abaixo, ainda constantes do art.

581 do CPP, pois não ocorreu revogação expressa, não mais se aplica o recurso em

sentido estrito:

“XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena (recurso cabível apelação ou agravo); XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional (recurso cabível agravo); XVII - que decidir sobre a unificação de penas (recurso cabível agravo); XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado (recurso cabível agravo); XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra (recurso cabível agravo); XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774 (recurso cabível agravo); XXII - que revogar a medida de segurança (recurso cabível agravo); XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação (recurso cabível agravo); XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão

Page 25: Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

25

simples (com a modificação do art. 51 do CP, não mais subsiste no ordenamento jurídico a possibilidade de conversão da multa penal em prisão)”.

O recurso em sentido estrito deve ser interposto no prazo

de cinco dias, através de petição (ou termo nos autos) direcionada para o próprio

juízo prolator da decisão impugnada (EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ

DE DIREITO DA _____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ________________ ou

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA _____ VARA CRIMINAL

FEDERAL DE ________________), tendo em vista que existe a possibilidade de

retratação (revisão da decisão recorrida).

Nesse sentido, estabelece o CPP que:

“Art. 586. O recurso voluntário poderá ser interposto no prazo de 5 (cinco) dias. Parágrafo único. No caso do art. 581, XIV, o prazo será de 20 (vinte) dias, contado da data da publicação definitiva da lista de jurados”.

Sobre a forma de interposição, estabelece o art. 583 do

CPP que:

“Art. 583. Subirão nos próprios autos os recursos: I - quando interpostos de oficio; II - nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X; III - quando o recurso não prejudicar o andamento do processo. Parágrafo único. O recurso da pronúncia subirá em traslado, quando, havendo dois ou mais réus, qualquer deles se conformar com a decisão ou todos não tiverem sido ainda intimados da pronúncia”.

Portanto, nessas hipóteses, não será formado o

instrumento, subindo o recurso “nos próprios autos”.

Nos demais casos, o recorrente deverá, na petição

recursal, indicar as peças que serão copiadas para a formação do traslado (“Termos

em que, para a formação de instrumento, indica as peças de fls. _______ para o

traslado e pede deferimento)

Page 26: Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

26

Nesse sentido, dispõe o art. 587 do CPP:

“Art. 587. Quando o recurso houver de subir por instrumento, a parte indicará, no respectivo termo, ou em requerimento avulso, as peças dos autos de que pretenda traslado. Parágrafo único. O traslado será extraído, conferido e concertado no prazo de 5 (cinco) dias, e dele constarão sempre a decisão recorrida, a certidão de sua intimação, se por outra forma não for possível verificar-se a oportunidade do recurso, e o termo de interposição”.

Interposta a petição (ou após a formação do instrumento),

o recorrente será intimado para, no prazo de dois dias, apresentar as razões recursais,

realizando-se, na seqüência, a intimação do recorrido, para as contra-razões,

retornando os autos ao prolator da decisão impugnada para o juízo de retratação

(possível revisão da decisão recorrida), denominado efeito regressivo deste recurso.

Nas razões recursais, o impugnante deverá indicar o

número do processo, nome das partes, tribunal competente, breve relatório,

fundamentação e o pedido de reforma da decisão.

Mantida a decisão (no juízo de retratação), os autos

serão remetidos ao tribunal respectivo. Reformada a decisão em primeira instância, a

parte contrária poderá recorrer da decisão (inversão do recurso), por simples petição,

sem a necessidade de razões ou contra-razões, sendo os autos remetidos ao tribunal

respectivo.

Assim dispõe o art. 589 do CPP, in verbis:

Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de 2 (dois) dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os traslados que Ihe parecerem necessários. Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por simples petição, poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Neste caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado.

Convém salientar que nem sempre será possível à parte

prejudicada com a retratação recorrer da nova decisão, como bem salientou o

Page 27: Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

27

legislador quando utilizou a expressão “se couber recurso”. Assim, cuidando-se de

recurso contra a decisão que não recebeu a denúncia ou queixa (art. 581, I, do CPP),

com a retratação, a inicial penal será recebida, não cabendo, nessa hipótese,

impugnação defensiva, salvo a utilização do habeas corpus.

Interessante a observação prevista no art. 582 do CPP,

estabelecendo o legislador que “os recursos serão sempre para o Tribunal de

Apelação, salvo nos casos dos ns. V, X e XIV”. Contudo, o dispositivo somente tem

aplicação em relação ao inciso XIV do art. 581 do CPP “que incluir jurado na lista geral

ou desta o excluir”, situação em que o recorrente deverá indicar na petição e nas

razões que o curso será para o presidente do Tribunal competente (Tribunal de Justiça

ou Tribunal Regional Federal).

Regra geral, o recurso em sentido estrito não tem

efeito suspensivo. Contudo, terá efeito suspensivo nas hipóteses previstas no art. 584

do CPP, que estabelece, in verbis:

Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581. § 1o Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do no VIII do art. 581, aplicar-se-á o disposto nos arts. 596 e 598. § 2o O recurso da pronúncia suspenderá tão-somente o julgamento. § 3o O recurso do despacho que julgar quebrada a fiança suspenderá unicamente o efeito de perda da metade do seu valor.

Page 28: Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

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II - MODELO DE PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO DO RECURSO EM SENTIDO

ESTRITO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ª VARA DO

JÚRI22 DA COMARCA DE ____________________

_________________________, qualificado a fls. , nos

autos do processo em que o Ministério Público lhe move, por seu advogado, vem,

respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, inconformado com a respeitável

sentença de pronúncia interpor RECURSO EM SENTIDO ESTRITO23, com

fundamento no art. 581, IV24, do Código de Processo Penal.

Requer, após o recebimento deste, com as razões

inclusas25, e intimado o Ministério Público para, querendo, apresentar contra-razões,

seja exercido o juízo de retratação26, com a finalidade de impronunciar o acusado.

Assim, não entendendo Vossa Excelência, requer o processamento do recurso,

encaminhando-se os autos, na seqüência, ao Egrégio Tribunal de Justiça, onde será

processado e provido o presente recurso.

Termos em que, desnecessária a formação de

instrumento27,

22 Tratando-se de recurso contra a sentença de pronúncia, a petição de interposição deve ser dirigida ao Juiz da Vara do Júri. 23 O prazo para a interposição do recurso em sentido estrito é de 5 dias, salvo na hipótese de inclusão ou exclusão de jurado na lista geral, nos termos do art. 586 do CPP. 24 Convém examinar as hipóteses que justificam a interposição do recurso em sentido estrito, sempre recordando que alguns incisos foram revogados pelo art. 197 da Lei nº 7.210/84. 25 A norma prevista no art. 588 do Código de Processo Penal concede prazo de 2 dias para a apresentação das razões. Contudo, na prova da ordem, deve o candidato apresentar a petição recursal e as razões. 26 O recurso em sentido estrito possui efeito regressivo, isto é, possibilita ao juiz prolator da decisão contra a qual se insurge a parte que refaça o seu entendimento, modificando o julgado, nos termos do art. 589 do CPP, razão pela qual JAMAIS se esqueça de pedir a retratação. 27 Atenção para a norma prevista no art. 583 do CPP, pois o recurso em sentido estrito poderá ou não subir nos próprios autos. No caso sob comento, o recurso sobe nos próprios autos do processo principal, não sendo forma o “instrumento”. Nas hipóteses em que deve ser formado o instrumento, o candidato deverá indicar as peças, podendo usar a seguinte redação: “Termos em que, para a formação de instrumento, indica as peças de fls. para o traslado e pede deferimento”.

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29

Pede deferimento.

Belo Horizonte, segunda-feira, 3 de setembro de 2007.

________________________________

Advogado

Page 30: Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

30

III - MODELO DE RAZÕES – RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

AUTOS Nº

RECORRENTE :

RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO

RAZÕES

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA,

1 – DOS FATOS

, qualificado nos autos, foi denunciado pelo Ministério

Público pela prática do crime previsto no art. , porque________28 .

Regularmente processado, adveio para o feito a sentença

de fl., sendo o recorrente pronunciado pela prática do crime ________29.

Este é o breve relatório.

2 – DA FUNDAMENTAÇÃO

Com a devida vênia, a decisão de pronúncia não pode

prevalecer.

Ora, de conformidade com o art. 409 do CPP, admite-se

a impronúncia, quando não houver restado perfeitamente provada a existência do

crime na sua materialidade ou na hipótese de serem insuficientes os indícios de

autoria.

Inclusive, citando ROGÉRIO L. TUCCI, anota

MIRABETE30 (1994, p.473), que "a impronúncia é um julgamento de inadmissibilidade

de encaminhamento da imputação para o julgamento perante o Tribunal do Júri,

28 Sucinta narrativa do fato descrito na denúncia. 29 Transcrever o dispositivo da sentença de pronúncia. 30 MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo Penal. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1994.

Page 31: Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

31

porque o Juiz não se convenceu da existência de prova

da materialidade do crime ou de indícios da autoria ou de nenhum dos dois".

Sobre o tema, ensina OLIVEIRA31 (2002, p.561) que:

Pronuncia-se alguém quando ao exame do material probatório levado aos autos se pode verificar a demonstração da provável existência de um crime doloso contra a vida, bem como da respectiva e suposta autoria. Na decisão de pronúncia, o que o juiz afirma, com efeito, é a existência de provas no sentido da materialidade e da autoria. Em relação à primeira, materialidade, a prova há de ser segura quanto ao fato. Já em relação à autoria, bastará a presença de elementos indicativos, devendo o juiz, o tanto quanto possível, abster-se de revelar um convencimento absoluto quanto a ela. É preciso ter em conta que a decisão de pronúncia somente deve revelar um juízo de probabilidade e não o de certeza.

No caso vertente, não há prova da existência do crime

(exame de corpo de delito ou relatório de necropsia), bem como indícios de que seja o

réu o seu autor, sendo descumprida a norma estabelecida no art. 408 do CPP.

Ora, conquanto para a pronúncia não seja necessária a

prova incontroversa da autoria, faz-se necessária pelo menos a existência de indícios

sérios, conforme se infere da norma do art 408 do CPP.

Se inexistentes indícios sérios, deve o réu ser

impronunciado, conforme dispõe o art. 409 do CPP.

Sendo assim, se todos os depoimentos estão a indicar

que o recorrente não participou do fato narrado na denúncia, deve ser ele

despronunciado.

Por derradeiro, ainda que somente para argumentar, na

remota hipótese de ser mantida a pronúncia, devem ser afastadas as qualificadoras do

“motivo fútil” e do “recurso que impossibilitou a defesa da vítima”.

31 OLIVEIRA, Eugênio Pacelli. Curso de Processo Penal. Belo Horizonte: Del Rey, 2002.

Page 32: Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

32

Os autos revelam que os fatos foram precedidos de

acalorada discussão, razão pela qual não pode prevalecer a tese do motivo fútil,

conforme pacífico entendimento doutrinário e jurisprudencial.

Neste sentido:

MOTIVO FÚTIL. SE O CRIME DE HOMICÍDIO OCORRE LOGO EM SEGUIDA ACALORADA DISCUSSÃO, EM QUE RÉU E VÍTIMA SE ENGALFINHARAM, E ESTÃO, AINDA, SOBRE OS ÂNIMOS DO ENTREVERO, EXCLUI-SE O MOTIVO FÚTIL DA CONDENAÇÃO (Apelação Criminal - Rel. Des. Nauro Luiz Guimarães Collaço - Circunscrição: Lages, publicado no DJ, em 07.01.92, número 8.413, página 04).

PRONÚNCIA. HOMICÍDIO. DECISÃO QUE DESCLASSIFICA O DELITO PARA A SUA FORMA SIMPLES. RECURSO OBJETIVANDO A MANUTENÇÃO DA QUALIFICADORA DO MOTIVO FÚTIL. INDEFERIMENTO. PROVISIONAL CONFIRMADA. 'Se o evento letal foi precedido de discussão entremeada de ofensas verbais, seguida de luta corporal, descabe a qualificadora do motivo fútil' (JC vol. 27/368).

No mesmo diapasão, deve ser decotada a qualificadora

do recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

Ora, para que se confirme a qualificadora em debate é

necessário que o ato seja inesperado e que não haja motivo ou pelo menos suspeita

da agressão.

In casu, havia séria animosidade entre a vítima e o réu,

que chegaram a iniciar violenta luta corporal, surgindo minutos depois o lamentável

evento fatal.

3 – DO PEDIDO

Isso posto, invocando em prol os doutos subsídios desta

AUGUSTA CORTE, conhecido o recurso requer o Recorrente:

1 – a impronúncia pela ausência de prova de autoria e materialidade;

2 – superada a tese de impronúncia, a decotação da qualificadora do “motivo fútil”;

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33

3 – no mesmo sentido, a decotação da qualificadora do

“recurso que impossibilitou a defesa da vítima”.

Ita speratur justitia

Belo Horizonte, segunda-feira, 3 de setembro de 2007.

_______________________ Advogado

Page 34: Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

34

IV - PRIMEIRO EXERCÍCIO PRÁTICO- PROFISSIONAL

João foi acusado pelo Ministério Público de praticar homicídio qualificado por motivo

fútil porque disparou tiros que atingiram Pedro, seu amigo, e causaram-lhe a morte,

assim agindo porque este cuspira, em brincadeira, no seu rosto. Na decisão de

pronúncia, o juiz, além de admitir a qualificadora do motivo fútil, acrescentou, ainda, a

qualificadora da traição porque, segundo a prova colhida, João mentira para Pedro,

convidando-o para almoçar em sua casa e, aproveitando-se de momento em que ele

estava sentado à mesa, atingiu-o pelas costas.

Questão: Como advogado de João, verifique o que pode ser feito em sua defesa e, de

forma fundamentada, postule o que for de seu interesse por meio de peça adequada.

Page 35: Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

35

V - SEGUNDO EXERCÍCIO PRÁTICO- PROFISSIONAL

João foi denunciado criminalmente por, supostamente, ter causado a morte de Josefa,

funcionária da OAB/SP. Segundo a denúncia, o acusado, em atividade típica de grupo

de extermínio, após diversas discussões e ameaças à funcionária, a qual, segundo

consta, não o teria tratado adequadamente, aguardou a saída de Josefa de seu local

de trabalho para outro prédio da OAB, onde iria despachar outros processos, momento

em que lhe deferiu disparos de arma de fogo que a levaram a óbito. Recebida a

denúncia, o réu alegou que não se encontrava, no dia dos fatos, em São Paulo.

Alegou, também, que uma simples discussão não seria motivo para um homicídio.

Mesmo apresentando testemunhas que o teriam visto em outro local, naquela hora, e

mesmo não tendo sido encontrada a arma do crime, o réu foi pronunciado em

22.02.07 como incurso no art.121, §2.º, II, IV, CP, já que, pelo princípio in dúbio pro

societate, deveria caber aos jurados a avaliação quanto à culpa ou inocência de João.

Questão: Como defensor de João, redija a peça mais adequada para sua defesa.

Page 36: Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

36

VI - TERCEIRO EXERCÍCIO PRÁTICO-PROFISSIONAL

Aurélio, Promotor de Justiça, oferece denúncia contra Agripino, empresário,

descrevendo infração penal tipificada como receptação ocorrida em outubro de 1978.

Contudo, esquece-se de apresentar o rol de testemunhas na peça inicial, além de

narrar fato equivocado, fazendo inserir circunstâncias totalmente divorciadas da

realidade, não oferecendo, outrossim, a qualificação do indiciado. O Magistrado, ao

tomar conhecimento do teor da denúncia, rejeita-a, expondo os motivos para tal. O

Promotor de Justiça recorre de tal decisão, expondo os motivos de seu inconformismo,

reiterando que a ação penal deve ser recebida para, ao final da instrução probatória,

ser o réu condenado pelo crime que cometeu. Você, como advogado de Agripino, é

intimado para tomar ciência da decisão do Juiz, bem como do recurso interposto pelo

Promotor de Justiça. Assim, proponha a peça processual que julgar correta para a

defesa de Agripino, justificando fundamentadamente os argumentos que nela

desenvolverá.

Page 37: Apostila de Direito Penal - 2a Fase - Part 2

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VII - QUARTO EXERCÍCIO PRÁTICO- PROFISSIONAL

Cleóbulo, soldado da Polícia Militar, após cumprir seu turno de trabalho, dirigindo-se

para o ponto de ônibus, deparou-se com um estranho grupo de pessoas em volta de

um veículo, percebendo que ali ocorria um roubo e que um dos elementos mantinha

uma senhora sob a mira de um revólver. Aproximando-se por trás do meliante, sem

ser notado, desferiu-lhe quatro tiros com sua arma particular, vindo este a falecer no

local. Os outros dois elementos que participavam do roubo, evadiram-se. Cleóbulo foi

processado e, a final, absolvido sumariamente em primeiro grau, pois a r. decisão

judicial reconheceu que o policial agira no cumprimento do dever de polícia (artigo 23,

inciso III, 1ª parte, Código Penal). Inconformado, o Ministério Público recorreu

pleiteando a reforma da r. decisão. Para tanto alega, em síntese, que o policial estava

fora de serviço e que houve excesso no revide, eis que Cleóbulo, disparando quatro

tiros do seu revólver, praticamente descarregou-o, pois a arma possuía, ao todo, seis

balas.

Questão: Na condição de advogado de Cleóbulo, apresente a peça pertinente.

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VIII - QUINTO EXERCÍCIO PRÁTICO- PROFISSIONAL

João, em 5.1.2005, foi denunciado pelo crime de homicídio duplamente qualificado:

por motivo fútil (discussão anterior por dívida de jogo) e por uso de recurso que

impossibilitou a defesa (a surpresa com que agiu). Procurado para ser citado, João

não foi encontrado, realizando-se a sua citação por edital e sendo declarada a sua

revelia. Foi-lhe nomeado Defensor Dativo, que apresentou a defesa prévia. Durante a

instrução foram ouvidas duas testemunhas. A primeira, arrolada pela acusação,

afirmou ter visto quando João, por ela reconhecido fotograficamente na audiência,

surgiu de repente e logo desferiu disparos em direção à vitima Antonio, causando-lhe

a morte, tendo sabido pela esposa da vítima que o motivo era discussão anterior em

virtude de dívida. A segunda testemunha, arrolada pela defesa, afirmou que conhecia

João há muito tempo, sabendo que, na data do fato, ele não estava no Brasil e, por

isso, não podia ser o autor dos disparos. Oferecidas as alegações pelas partes, João

foi pronunciado por homicídio duplamente qualificado, nos termos da denúncia, sob o

fundamento de que o depoimento da testemunha da acusação, por ser ela presencial,

merece crédito, além do que, em caso de dúvida, deve o acusado ser pronunciado, já

que, nessa fase processual, vigora o princípio in dubio pro societate. João, intimado da

decisão no dia 15.09.05, no mesmo dia deu ciência ao seu advogado.

Questão: Como advogado de João, redija a peça processual mais adequada à sua

defesa.

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IX - SEXTO EXERCÍCIO PRÁTICO- PROFISSIONAL

Luiz, no período do Carnaval, decide ir com seus amigos a seu sítio perto de Itu, com

o intuito de descansar do “stress”da cidade. Na quarta-feira de cinzas, Luiz decide ir

até a cidade de Itu a fim de comprar cerveja, vez que realizariam pescaria no período

da tarde. No trajeto até a cidade, Luiz, por meio de veículo automotor, realiza

ultrapassagem em veículo que transitava no mesmo sentido, conduzindo o veículo em

velocidade compatível com o local. Entretanto, Luiz não havia ligado a seta no instante

da ultrapassagem, momento em que veio a colidir com um motociclista que, sem

capacete, vinha conduzindo em alta velocidade, no sentido oposto, vindo o condutor

da motocicleta a falecer, em virtude da colisão com o carro de Luiz. Instaurado o

Inquérito Policial por crime de homicídio culposo, decide o Promotor de Justiça

denunciar Luiz por homicídio doloso na modalidade de dolo eventual, argumentando

que ele, por não ter dado a seta para a ultrapassagem, assumiu o risco do resultado

da morte do motociclista. Após a instrução probatória, o Juiz decidiu pronunciar Luiz

por crime doloso na modalidade eventual, encaminhando os autos para a Vara do Júri

de Itu para o respectivo julgamento, já tendo sido expedida a intimação da decisão de

pronúncia ao defensor de Luiz.

Questão: Como advogado de Luiz, interponha a peça pertinente (OAB/SP 132º

EXAME).