Apostila Direitos Humanos

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ótima apostil sobre direitos humanos

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  • CURSO DE DIREITOS HUMANOS teoria e questes comentadas

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    Ricardo Torques

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    AULA 02

    DIREITOS HUMANOS NA ORDEM

    INTERNACIONAL

    Sumrio

    1 Observaes Iniciais................................................................................................... 3

    2 - A Proteo Internacional dos Direitos Humanos .............................................................. 3

    2.1 - Introduo........................................................................................................... 3

    2.2 - Precedentes Histricos .......................................................................................... 4

    2.3 - Internacionalizao dos Direitos Humanos ............................................................... 5

    2.4 - Sistemas de Proteo Internacional dos Direitos Humanos ......................................... 7

    2.5 - As Trs Vertentes de Proteo Internacional ............................................................ 9

    2.5.1 - Direitos Humanos ......................................................................................... 10

    2.5.2 - Direito Humanitrio ...................................................................................... 11

    2.5.3 - Direito dos Refugiados .................................................................................. 12

    3 - Natureza Objetiva da Proteo Internacional de Direitos Humanos ................................. 14

    4 - Esgotamento dos Recursos Internos na Proteo dos Direitos Humanos .......................... 15

    5 Mecanismos de Implementao dos Direitos Humanos ................................................. 16

    5.1 - Mecanismos Convencionais e No Convencionais .................................................... 17

    5.2 - Convenes Gerais e Convenes Especiais ........................................................... 18

    5.3 - Fiscalizao dos Tratados de Direitos Humanos ...................................................... 19

    5.3.1 - rgos Executivos ........................................................................................ 19

    5.3.2 - Tribunais Internacionais ................................................................................ 20

    5.3.3 - Relatrios .................................................................................................... 21

    5.3.4 - Comunicaes Interestatais ........................................................................... 21

    5.3.5 - Peties Individuais ...................................................................................... 22

    5.3.6 - Investigaes de iniciativa prpria (motu proprio) ............................................ 22

    6 Limites dos Direitos Humanos na Ordem Internacional ................................................. 22

    7 - Direitos Humanos e Responsabilizao Estatal ............................................................. 24

    7.1 - Nota Histrica e o Projeto da Comisso de Direitos Internacional das Naes Unidas sobre Responsabilidade Internacional dos Estados .......................................................... 24

    7.2 Conceito e Elementos ......................................................................................... 25

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    7.3 - Sujeitos passivo e ativo ....................................................................................... 26

    7.4 - Pr-requisitos para a responsabilizao ................................................................. 27

    7.5 - Consequncias ................................................................................................... 28

    7.6 - Responsabilidade e normas de jus cogens ............................................................. 29

    8 - Questes ................................................................................................................. 30

    8.1 Lista de questes anteriores sem comentrios ....................................................... 30

    8.2 Gabarito ........................................................................................................... 34

    8.3 Questes Comentadas ........................................................................................ 34

    10 Observaes Finais ................................................................................................. 41

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    1 Observaes Iniciais

    Em sequncia ao nosso Curso de Direitos Humanos vamos na aula de hoje

    continuar os estudos relativo Teoria Geral dos Direitos Humanos. Na aula seguinte, adentraremos propriamente nos assuntos que possuem maior

    incidncia de prova.

    Em razo da ltima prova, que privilegiou notadamente os Tratados e

    Convenes Internacionais, nesta aula prezaremos pela fixao dos contedos tericos principais, sem aprofundamentos desnecessrios para prova de

    concurso pblico.

    Por conta disso, a aula ser mais tranquila. Essa justamente a pretenso, at mesmo porque durante essa semana disponibilizaremos o nosso primeiro

    simulado.

    Didaticamente a nossa aula passar pelos seguintes pontos:

    Proteo Internacional dos Direitos Humanos; Natureza Objetiva da Proteo Internacional dos Direitos Humanos;

    Esgotamento dos Recursos Internos na Proteo dos Direitos Humanos; Mecanismos de Implementao dos Direitos Humanos;

    Limites dos Direitos Humanos na Ordem Internacional; e Direitos Humanos e Responsabilizao Internacional.

    2 - A Proteo Internacional dos Direitos Humanos

    2.1 - Introduo

    Os Direitos Humanos difundiram-se pouco antes da 1 Guerra Mundial, vindo a

    se consolidar definitivamente como ramo do Direito Internacional Pblico, aps a 2 Guerra Mundial, com a criao da ONU em 1945.

    Atualmente, em razo do forte desenvolvimento da disciplina na comunidade internacional, impossvel pensar em Direito Internacional, sem passar pela

    temtica dos Direitos Humanos.

    O Direito Internacional dos Direitos Humanos, pode ser definido como a parte

    do Direito Internacional Pblico, que se responsabiliza pela temtica

    dos direitos humanos, por meio de um conjunto de normas e de medidas internacionais voltadas proteo da dignidade da pessoa em

    sentido amplo.

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    2.2 - Precedentes Histricos

    Embora j tenhamos passado por vrios aspectos histricos, vamos tratar dos

    precedentes histricos apontados por Flvia Piovesan1, que servem de fundamento para o desenvolvimento dos Direitos Humanos no mbito

    internacional.

    A importncia de estudarmos os precedentes histricos dupla. Primeiro, esses

    precedentes so acontecimentos que marcam o surgimento e a consolidao dos Direitos Humanos na rbita internacional. Segundo, no edital passado (do

    CESPE) o assunto foi expressamente exigido.

    O direito humanitrio refere-se ao conjunto de normas e de medidas que

    objetivam proteger os direitos humanos nos perodos de guerra, em especial, prisioneiros, combatentes e civis envolvidos.

    Algum tempo antes da 1 Guerra Mundial, com o denominado Movimento da Cruz Vermelha, comearam a surgir as primeiras movimentaes protetivas de

    direito humanitrio. Por Cruz Vermelha compreende-se um movimento da

    comunidade internacional voltado prestao de assistncia humanitria, com objetivo de proteger a vida e a sade das pessoas envolvidas em conflitos

    armados. Caracteriza-se a Cruz Vermelha por ser um movimento neutro e parcial, presente hoje na maioria dos pases.

    A Liga das Naes, por sua vez, criada em 1920, aps 1 Guerra Mundial, teve por finalidade promover a cooperao, a paz e a segurana

    internacional. Segundo os doutrinadores, embora no tenha conseguido implementar seus objetivos tendo em vista a deflagrao da 2 Guerra Mundial

    anos mais tarde, a Liga das Naes constitui o embrio da ONU.

    Por fim, merece meno a Organizao Mundial do Trabalho (OIT), criada

    em 1919, com objetivo de instituir e promover normas internacionais de condies mnimas e dignas de trabalho.

    Em sntese:

    1 PIOVESAN, Flvia. Direitos Humanos e Direito Constitucional Internacional. 13 edio,

    rev., atual., So Paulo: Editora Saraiva, 2012, p. 175/185.

    PRECEDENTES HISTRICOS

    Direito Humanitrio Liga das Naes OIT

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    Conforme ensina Flvia Piovesan, esses precedentes marcam o surgimento

    dos Direitos Humanos, que iro se consolidar aps a 2 Guerra Mundial. Nesse sentido, vejamos os ensinamentos de Rafael Barreto2, ao comparar o antes e o depois da 2 Grande Guerra:

    antes, o debate sobre direitos humanos era bem embrionrio, comeando a ocupar a pauta das discusses internacionais; depois, a ideia de afirmao dos direitos humanos

    passa a dominar a pauta das discusses internacionais e ocasiona o surgimento de

    diversas entidades (estatais e privadas) e de diversos atos normativos voltados proteo

    dos direitos humanos.

    Segundo a doutrina, o Tribunal de Nuremberg deu considervel contribuio

    para a disseminao da proteo internacional dos Direitos Humanos. Embora fosse um rgo de exceo cuja legalidade era discutvel, demonstrou a

    preocupao da comunidade internacional em punir atos violadores dos direitos humanos, em especial aqueles perpetrados pelos regimes-nazi-fascistas.

    2.3 - Internacionalizao dos Direitos Humanos

    Os precedentes acima estudados, juntamente com a deflagrao da 2 Guerra

    Mundial, implicaram mudana de conscincia da sociedade, que passou a se mobilizar contra tais barbries.

    Inicialmente, a mobilizao foi local dentro dos limites territoriais com o tempo, porm comunidades e grupos passaram a se organizar em prol da

    defesa dos Direitos Humanos.

    Com propagao da preocupao contra violaes de Direitos Humanos vrios

    compromissos foram assumidos. Em razo disso, vrios tratados internacionais foram assinados com o objetivo de instrumentalizar e vincular a vontade dos

    signatrios. Por conta disso, fala-se, que determinadas regras internacionais de direitos humanos so to importantes que, se instrumentalizadas num

    documento internacional, possuem maior hierarquia em relao s demais

    2 BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos. 2 edio, rev., ampl. e atual., Bahia: Editora

    Juspodvim, 2012, p. 101.

    DIREITO HUMANITRIO

    conjunto de normas e de medidas que

    objetivam proteger direitos humanos dos

    envolvidos em perodos de guerra.

    Movimento da Cruz Vermelha

    LIGA DAS NAES

    organismo internacional criado

    com o intuito de promover a

    cooperao, paz e segurana

    internacional.

    "embrio da ONU"

    OIT

    organismo internacional que teve por objetivo instituir e

    promover normas internacinoais de

    condies mnimas e digna de trabalho.

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    normas internacionais. o que vimos na aula passada como normas jus

    cogens. Diz-se assim, que as normas jus cogens de Direitos Humanos, em razo da essencialidade da matria que tratam, se impem sobre qualquer

    outro regramento internacional.

    Portanto, em termos bem simples, podemos dizer que a internacionalizao

    dos direitos humanos, nada mais do que a expanso, para alm das fronteiras nacionais, dos direitos fundamentais da pessoa humana, bem

    como a consagrao das normas jus cogens.

    De toda forma, questiona-se o motivo pelo qual os Estado aceitam se condicionar aos tratados internacionais de direitos humanos, uma vez

    que esses tratados trazem apenas deveres aos pases acordantes, ao contrrio, por exemplo, de tratados e acordos econmicos que trazem nus e benefcios

    para os signatrios. Segundo Andr Carvalho Ramos3, seis so os motivos principais que, conjuntamente, levaram internacionalizao dos Direitos

    Humanos. Vale dizer, que viabilizaram que os Estados, diante de sua soberania, decidissem pela assuno e obrigaes a rbita internacional:

    1. Repdio s barbries da 2 Guerra Mundial;

    2. Vontade dos Estados de adquirir legitimidade na arena internacional,

    distanciando-se de governos ditatoriais e de constante violao de direitos humanos;

    3. Forma de estabelecer o dilogo tico entre os povos;

    4. Finalidade de garantir um patamar mnimo de direitos dignos, que

    potencializam as relaes econmicas entre pases (exemplifica-se:

    respeito propriedade, propriedade intelectual, vedao ao confisco etc.);

    5. Intensa atuao da sociedade civil organizada no combate s violaes de Direitos Humanos; e

    6. Indignao da comunidade como um todo contra desrespeito a direitos bsicos de todo ser humanos (mobilizao da vergonha).

    Todos esses fatores constituem a base sobre a qual os Direitos Humanos se espraiaram pelo mundo todo, levando formao de diversos sistemas de

    proteo.

    3 RAMOS, Andr de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem

    Internacional. 2 edio, So Paulo: Editora Saraiva, 2012 (verso eletrnica).

    INTERNACIONALIZAO DOS DIREITOS HUMANOS

    a expanso, para alm das fronteiras nacionais, dos direitos fundamentais da

    pessoa humana, bem como a consagrao das normas jus cogens

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    2.4 - Sistemas de Proteo Internacional dos Direitos Humanos

    Aps os eventos histricos e, em razo dos motivos mencionados, a expanso dos Direitos Humanos ocorreu no planeta todo em planos diferentes. No

    plano internacional, a criao da ONU deu origem ao sistema global de Direitos Humanos. J no plano regional, pases geograficamente prximos e

    com caractersticas sociais, econmicas e culturais semelhantes uniram-se na defesa dos Direitos Humanos, dando origem aos denominados sistemas

    regionais de Direitos Humanos.

    Assim:

    Nas prximas aulas nos dedicaremos ao estudo aprofundado do Sistema Global e do Sistema Americano de Direitos Humanos. Em relao ao Sistema Europeu

    e Sistema Africano veremos to somente os aspectos principais.

    importante registrar, ainda, que, para alm dos sistemas internacionais de

    Direitos Humanos, cada pas possui uma organizao especfica em relao ao tema, pele denominados sistemas nacionais de proteo aos Direitos Humanos.

    Tambm objeto de aula futura, o Brasil possui um arcabouo normativo, que inicia na Constituio da Repblica e se especializa em diversos diplomas

    legislativos infracionais. Para alm da proteo legal de Direitos Humanos, o Poder Executivo, denotadamente o Poder Executivo Federal disciplina diversas

    polticas pblicas no sentido de garantir os direitos fundamentais, pelos denominados Planos e Programas de Direitos Humanos.

    Portanto:

    SISTEMAS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS

    Sistema Global (ONU) Sistemas Regionais

    Sistema Europeu de Direitos Humanos

    Organizao dos Estados Americanos (OEA)

    Organizao da Unidade Africana

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    Seguindo com o estudo da proteo internacional dos Direitos Humanos, devemos nos ater a um aspecto importante: o inter-relacionamento entre

    esses diversos sistemas de proteo. Conforme esquema acima, no Brasil existe um sistema interno que convive com outros dois sistemas de

    internacionais de proteo. E se suas normas forem divergentes? Se uma delas for mais beneficia ou mais exigente que a outra? Qual se aplica?

    Ao se falar em relacionamento entre os sistemas, podemos vislumbrar trs possibilidades de relao, conforme esquema ao lado.

    No que atine relao entre o sistema nacional e internacional devemos, observar previamente a regra (que ser melhor estudada no decorrer desta

    aula) de que o sistema internacional subsidirio, atuando apenas na omisso das normas de direito interno.

    Desde logo, lembre-se:

    PROTEO DOS

    DIREITOS HUMANOS NO BRASIL

    Sistema Interno de

    Proteo aos Direitos

    Humanos

    Sistema Global de Proteo aos Direitos Humanos]

    Sistema Americano de Proteo aos

    Direitos Humanos

    SISTEMAS INTERNOS DE CADA PAS

    SISTEMA GLOBAL

    SISTEMAS REGIONAIS

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    Alm disso, possvel que esses sistemas prevejam as mesmas regras de

    direitos humanos. Embora haja certa redundncia, entende a doutrina que a proteo por vrios planos positiva para a mxima efetividade dos

    sistemas de proteo.

    Alm disso, h entre os sistemas uma relao de complementaridade, em

    funo de que um sistema complementa outro que eventualmente no preveja determinada regra de proteo especfica.

    Por outro lado, podem surgir conflitos entre esses sistemas, hiptese que ser

    definido de acordo com a norma mais benfica pessoa humana (assemelha-se ao in dubio pro operario, do Direito do Trabalho).

    No que atine relao entre os sistemas de Direitos Humanos, lembre-se:

    2.5 - As Trs Vertentes de Proteo Internacional

    A tese acerca das denominadas vertentes de proteo internacional dos Direitos Humanos foi exposta por Antnio Augusto Canado Trindade. Segundo o autor, por vertentes entende-se a separao em ramos de proteo internacional. O mesmo autor, aps expor as vertentes, teceu crticas quanto

    a esta ciso, afirmando a necessidade de superar a viso compartimentalizada da proteo internacional, de maneira que todos

    os rgos e instrumentos devem objetivar a proteo ao ser humano sob qualquer dos seus aspectos.

    Nesse sentido leciona Flvia Piovesan4:

    a viso compartimentalizada, (...), encontra-se definitivamente superada, considerando a identidade de propsitos de proteo dos direitos humanos, bem como a aproximao

    dessas vertentes nos planos conceitual, normativo, hermenutico e operacional.

    4 PIOVESAN, Flvia. Temas de Direitos Humanos, 13 edio, rev., atual., So Paulo: Editora

    Saraiva, 2013, p. 224.

    Os sistemas internacionais de proteo aos Direitos Humanos (globais ou regionais) so

    subsidirios ao dever interno de atuao.

    A mxima efetividade dos sistemas de proteo

    A relao de complementaridade entre sistemas para a integral proteo aos direitos humanos

    A aplicao da norma mais favorvel vtima de violao ao seu direito humano, quando tutelado por dois ou mais sistemas.

    INTER-RELACIONAMENTO ENTRE SISTEMAS

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    No obstante a superao dessa diviso, e porque o edital CESPE mencionou

    expressamente, vamos analisar cada uma das vertentes. Como sempre, de forma didtica e esquematizada, com o fito de facilitar a apreenso dos

    conceitos-chave para a prova.

    Vejamos cada uma dessas vertentes.

    2.5.1 - Direitos Humanos

    Os direitos humanos, enquanto vertente de proteo internacional, ganham

    relevo na comunidade internacional, aps o trmino da 2 Guerra Mundial,

    diante do repdio as violaes da dignidade durante a guerra. Em razo disso, os Estados passaram a se reunir e firmar tratados internacionais que se

    difundiram e, com o tempo, passaram a ser implementados. Todo esse contexto sobremaneira importante para a proteo da dignidade da pessoa, objeto dos

    Direitos Humanos.

    Vamos fazer uma distino conceitual tnue. Prestem ateno! Nossa matria Direitos Humanos engloba em termos gerais as trs vertentes do grfico acima. Nesse sentido, fala-se em Direitos Humanos latu sensu (ou sentido

    amplo). A vertente de Direitos Humanos, que estamos analisando neste tpico, denominada Direitos Humanos stricto sensu (ou em sentido estrito).

    Entendido? No h diferena em termos prticos para a doutrina contempornea, hoje essas vertentes so vistas de forma conjunta, mas como

    o edital referiu expressamente, no custa dar a devida ateno.

    Ento, nessa vertente de proteo os Estados decidem por livre e

    espontnea vontade (no exerccio da soberania), firmar tratados

    internacionais para a proteo dos Direitos Humanos. Esses tratados internacionais, por sua vez, preveem as hipteses de violao, a forma de

    apurao e as consequncias decorrentes da violao aos Direitos Humanos.

    A principal caracterstica dessa vertente de proteo reside na possibilidade

    de um signatrio do tratado internacional firmado, possuir legitimidade ativa para denunciar violao a direitos humanos, bem como a

    possibilidade de que o indivduo que teve seu direitos violados, recorra s organizaes internacionais para ver resguardados seus direitos

    humanos (legitimidade passiva). Esse processo de responsabilizao, em razo da consolidao dos Direitos Humanos na comunidade internacional,

    VE

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    Direitos Humanos

    Direito Humanitrio

    Direito dos Refugiados

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    desenvolveu-se de acordo com os planos globais e regionais de Direitos

    Humanos, acima introduzidos.

    Nessa vertente, destacam-se os seguintes organismos internacionais:

    Organizao das Naes Unidas (ONU); e

    Organizao dos Estados Americanos (OEA)

    Por fim, so documentos de destaque dessa vertente:

    Carta das Naes Unidas, no mbito da ONU; e

    Conveno Americana de Direitos Humanos, no mbito do sistema regional americano.

    2.5.2 - Direito Humanitrio

    A proteo internacional humanitria objetiva criar condies de paz e de

    segurana s pessoas que se encontram em condies de vulnerabilidade em razo de conflitos militares e blicos.

    Segundo Flvia Piovesan5,

    o direito humanitrio foi a primeira expresso de que, no plano internacional, h limites liberdade e autonomia dos Estados, ainda que na hiptese de conflito armado.

    Essa vertente da proteo internacional no compreende exclusivamente a

    responsabilidade do Estado soberano, mas pode abranger tambm violaes decorrentes de grupos armados, milcias, grupos racistas.

    Em termos gerais o Direito Humanitrio faz a regulamentao jurdica da violncia no mbito internacional e do modo com que empregada nos

    perodos de guerra e combates armados.

    5 PIOVESAN, Flvia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional, p. 178.

    LEGITIMIDADE ATIVA

    possibilidade de denunciar determinado Estado por violao a direito humano

    possbilidade de o cidado, cujos direitos foram violados, recorrer aos rgos internacionais para verem

    suas direitos assegurados

    Na vertente Direitos Humanos (stricto sensu) os Estados assumem espontaneamente a obrigao de proteger os direitos humanos, sob pena de responsabilizao em razo de denncia por outros Estados ou pela reclamao do sujeito que teve seus direitos violados.

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    Ao contrrio da vertente anterior, no direito humanitrio no possvel o

    recurso individual , no qual a vtima da violao dos Direitos Humanos aciona pessoalmente os rgos de proteo. No obstante, as pessoas

    individualmente consideradas podero ser sujeito passivo perante os rgos de proteo, em decorrncia, por exemplo, da prtica de genocdio, crimes contra

    a humanidade, crimes de agresso, crimes de guerra (tal como ocorreu com os julgamentos dos integrantes do partido nazista). Em razo disso, menciona a

    doutrina que essa vertente consolida a posio do indivduo como sujeito

    passivo de direito internacional.

    No que tange aos organismos de destaque dessa vertente, mencionam os

    estudiosos:

    Movimento Internacional da Cruz Vermelha (se voc no lembra o que retorne ao incio da aula); e

    Tribunal Penal Internacional que representa a possibilidade de sano por violao de direito humanitrio.

    Em relao ao documento de destaque desse perodo, cita-se o denominado

    Direito de Genebra, que contempla quatro normas internacionais editadas em Genebra relativas proteo das vtimas em combate.

    2.5.3 - Direito dos Refugiados

    O Direito dos Refugiados, enquanto vertente de proteo internacional da

    dignidade da pessoa, relaciona-se com a proteo aos direitos civis, em decorrncia de discriminao (cultural, racial), limitaes s liberdades

    de expresso e de opinio poltica.

    A condio de refugiado denota a violao de direitos humanos bsicos previstos na Declarao Universal e possui relao com o direito de solicitar

    asilo, previsto no art. 14 da referida declarao.

    Artigo 14

    I) Todo o homem, vtima de perseguio, tem o direito de procurar e de gozar asilo em

    outros pases.

    II) Este direito no pode ser invocado em casos de perseguio legitimamente motivada

    por crimes de direito comum ou por atos contrrios aos objetivos e princpios das Naes

    Unidas.

    Com base nos princpios da liberdade e da igualdade, que probem

    discriminaes de qualquer natureza, surge o direito de no sofrer discriminao ou perseguio por motivo de raa, religio, nacionalidade, sexo

    e opinies polticas. Consequentemente, decorre desse direito outro direito,

    Na vertente do Direito Humanitrio so criados mecanismos jurdicos internacionais de proteo das pessoas inseridas em zonas de conflitos

    militares e de guerras.

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    qual seja, toda pessoa vtima de perseguio pode procurar e receber asilo em

    outros pases. Dessa forma, todo refugiado tem direito proteo internacional, o que acarreta o consequente dever dos Estados de respeitar o Estatuto dos

    Refugiados de 1951. Isso porque todos os refugiados s o so porque sofreram violaes aos seus direitos humanos funcionais.

    Dois princpios informam essa vertente:

    1. princpio do in dubio pro refugiado trata-se de presuno relativa que obriga, desde logo, conferir proteo ao refugiado, para ulterior

    averiguao da situao da pessoa; e

    2. princpio da no-devoluo (non-refoulement) nenhum dos Estados deve expulsar pessoa para territrio onde sua vida ou liberdade se encontre ameaada em decorrncia de etnia, religio, nacionalidade,

    grupo social ou opinies polticas.

    Um exemplo atual de aplicao dessa vertente dos direitos humano o caso do

    tcnico de informtica da CIA, Edward Snowden, que denunciou violaes de direitos humanos causadas pelos Estados Unidos em suas investigaes

    militares e, atualmente, encontra-se no aeroporto de Moscou aguardando a concesso de asilo poltico.

    O marco histrico desse perodo o ps 2 Guerra Mundial, quando houve a necessidade de os vencedores da Guerra repatriarem as vtimas dos conflitos

    blicos.

    O documentos mais importante dessa vertente, por sua vez, o Estatuto dos

    Refugiados, de 1951.

    Vejamos, por fim, um esquema que resume as trs vertentes acima estudadas.

    Na vertente do Direito dos Refugiados h preocupao dos Estados em proteger pessoas vtimas de

    discriminao (cultural, racial), limitaes s liberdades de expresso e de opinio poltica.

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    3 - Natureza Objetiva da Proteo Internacional de

    Direitos Humanos

    O presente assunto bastante simples, porm, imprescindvel o tratamento,

    porque o ltimo edital mencionou expressamente o assunto.

    Por natureza objetiva da proteo internacional de Direitos Humanos, entende-

    se que o Estado, ao firmar um tratado internacional, no assume direitos e obrigaes recprocas, mas apenas a obrigao perante a

    comunidade internacional e perante os indivduos que comportam esse Estado, de respeitar os direitos humanos.

    A lgica dos tratados internacionais de natureza comercial, por exemplo, a fixao de vantagens recprocas, fundada na lgica da oportunidade, no qual as

    partes acordantes estabelecem nus e deveres. Em sede de proteo internacional dos Direitos Humanos, o regime objetivo, direto: todos

    convergem exclusivamente com a pretenso de verem assegurados os direitos humanos.

    1 VERTENTE: DIREITOS HUMANOS

    Proteo internacional dignidades da pessoa humana (conceito).

    Caractersticas: a) legitimidade ativa do signatrio do tratado para denunciar leses a direito humanos; e b) possibilidade de peticionamento pelo indivduo que teve seu direito violado junto aos orgos internacionais.

    Organismos Internacionais: a) ONU; e b) OEA.

    Documentos: a) Carta das Naes Unidas; e b) Conveno Americada de Direitos Humanos.

    2 VERTENTE: DIREITO HUMANITRIO

    Garantia de paz e segurana aos grupos vulnerveis em razo de conflitos militares e blicos (conceito).

    Caractersticas: a) consolida a posio do indivduo como sujeito passivo de direito internacional; e b) impossibilidade de peticionamento pelo indivduo que teve seu direito humano violado.

    Organismos Internacionais: a) Movimento Internacional da Cruz Vermelha; e b) Tribunal Penal Internacional.

    Documento: Direito de Genebra.

    3 VERTENTE: DIREITO DOS REFUGIADOS

    Proteo contra violaes a direitos civis, em decorrncia de discriminaes, limitaes s liberdades de expresso e opinio poltica (conceito).

    Marco Histrico: ps 2 Guerra Mundial, quando houve necessidade de repatriamento das vtimas dos conflitos blicos.

    Documento: Estatuto dos Refugiados, de 1951.

    Princpios: a) princpio do in dubio pro refugiado; e b) princpio da no-devoluo.

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    Vejamos excerto de deciso da Corte Interamericana de Direitos Humanos6,

    que envolveu o assunto da natureza objetiva de proteo aos Direitos Humanos:

    os tratados modernos sobre direitos humanos, em geral, e, em particular, a Conveno Americana, no so tratados multilaterais do tipo tradicional, concludos em funo de um

    intercmbio recproco de direitos, para o benefcio mtuo dos Estados contratantes. Seu

    objeto e fim so a proteo dos direitos fundamentais dos seres humanos.

    Relacionado com tema que estamos tratando, decorre a caracterstica (j

    estudada nesse Curso) do carter erga omnes dos Direitos Humanos. Uma vez que possuem natureza objetiva, os Direitos Humanos aplicam-se a todos os

    Estados e podem ser exigidos de qualquer nao.

    Em decorrncia disso, surge o questionamento do enfraquecimento da

    soberania internacional, uma vez que a sano internacional ao Estado poderia ser considerada uma afronta soberania estatal. De acordo com os

    doutrinadores, aps a positivao e universalizao dos Direitos Humanos,

    nenhum Estado pode deixar de cumprir as normas de Direito Internacional relativas proteo da dignidade, alegando que se trata de matria adstrita ao

    mbito interno de cada pas, ainda mais quando envolve norma imperativa de direito internacional.

    4 - Esgotamento dos Recursos Internos na Proteo

    dos Direitos Humanos

    Leciona Rafael Barreto7:

    os rgos internacionais somente devem atuar de forma subsidiria, quando os rgos internos demonstrarem-se ineficientes para promover a tutela dos direitos humanos.

    Antes de provocao do rgo internacional para apurao de violao aos

    direitos humanos, preciso provocar os rgos internos. Assim, a atuao dos rgos internacionais subsidiria e complementar atuao interna do

    Estado.

    Em sntese:

    6 Retirado de: RAMOS, Andr de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem

    Internacional. (verso eletrnica).

    7 BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos. p. 113.

    NATUREZA OBJETIVA DA PROTEO

    tratados de direitos humanos preveem somente obrigaes aos

    Estados

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    H divergncia na doutrina se tal regra substantiva ou requisito meramente processual para acionamento do Estado no mbito internacional. Para a nossa

    prova essa distino possui pouca relevncia. De toda maneira, por precauo, vejamos a ideia geral das correntes de pensamento.

    1 corrente

    Hildebrando Accioly

    O esgotamento prvio dos recursos internos

    um pressuposto material para que o Estado seja responsabilizado internacionalmente.

    2

    corrente

    Antnio Augusto de

    Canado Trindade

    A responsabilidade internacional do Estado nasce com a violao do Direito Internacional. Assim, o

    esgotamento dos recursos internos um aspecto processual para o acionamento internacional.

    Prevalece na doutrina o entendimento de Antnio Augusto de Canado

    Trindade, segundo a qual o esgotamento dos recursos internos requisito processual para o acionamento internacional.

    5 Mecanismos de Implementao dos Direitos Humanos

    Com a consolidao dos Direitos Humanos, a partir da dcada de 50, houve

    crescente ascenso e diversidade de mecanismos para assegurar a proteo aos direitos humanos.

    Foram criados rgos de natureza investigatria, consultiva e jurisdicional, com capacidade processual para agirem na defesa e reparao dos direitos

    humanos.

    o dever do Estado garantir a proteo contra violaes a direitos humanos perpetrados dentro do seu territrio

    DEVER PRIMRIO

    Da omisso, ineficcia ou ineficincia, do responsvel primrio, surge a possibilidade dos rgos e demais Estados postulares perante organismos internacionais a proteo contra a violao de direitos humanos.

    DEVER SECUNDRIO

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    Para tanto, foi necessrio, primeiramente, repensar a soberania e a necessidade

    de reconhecer uma atuao para alm do Estado na proteo dos direitos humanos. Assim, um Estado soberano para decidir firmar um tratado

    internacional, mas em o fazendo submete-se a observ-lo nas relaes internacionais, de modo que o Estado signatrio abre mo de parte de sua

    soberania.

    Diante disso surgem duas possibilidades de enfrentamento das violaes

    proteo da dignidade da pessoa. Por um lado, fala-se em mtodos de

    proteo internacional, assegurados independentemente da nacionalidade do indivduo, pelo exerccio de tais atribuies no mbito de organizaes

    internacionais. Por outro, as prprias pessoas sujeitos de direito possuem capacidade processual perante rgos internacionais de proteo.

    Essa implementao, contudo, depende do estabelecimento de regras para evitar e prevenir eventuais conflitos que possam surgir entre as jurisdies

    nacional e internacional. Com tal finalidade, foram criadas clusulas de compatibilizao, visando a solucionar os conflitos. Se no for possvel a compatibilizao, se estabelece a regra de que a soluo deve ser buscada internamente, por primeiro. Somente na ineficcia dessa tentativa que seria

    possvel pensar nos mecanismos de implementao dos Direitos Humanos na seara internacional, conforme mencionado anteriormente.

    5.1 - Mecanismos Convencionais e No Convencionais

    Dentro desse conjunto de instrumentos de proteo dignidade da pessoa no mbito internacional, a doutrina distingue mecanismos convencionais de

    mecanismos no convencionais.

    Os mecanismos convencionais so aqueles que resultam de Tratados de

    Direitos Humanos. No documento internacional so fixadas regras a serem observadas pelos signatrios dos tratados internacionais, quando da violao de

    seus preceitos. Assim, os mecanismos convencionais so aqueles previstos nos tratados.

    Os mecanismos no convencionais, por sua vez, representam medidas

    afirmativas de Direitos Humanos tomadas nos casos de violaes sistemticas, com a peculiaridade de que so aplicveis a todos os

    Estados.

    VIOLAO DE DIREITOS HUMANOS

    1 - Soluo na ordem interna dos Estados envolvidos.

    2 - Aplicam-se os mecanismos de implementao dos Direitos Humanos, somente se no resolvida internamente

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    Logo a diferena bsica entre um e outro mecanismo so duas:

    Sobre a importncia desses mecanismos, leciona Rafael Barretto8:

    os pases que no costumam aderir s convenes internacionais so justamente os que promovem violaes sistemticas de direitos humanos, surgindo a questo de como impor

    a esses Estados o respeito aos direitos humanos. A entram os mecanismos no

    convencionais, que so mecanismos que no decorrem de nenhuma Conveno e esto

    relacionados com violaes sistemticas de direitos humanos.

    Podemos compreender violaes sistemticas de direitos humanos como violaes gravssimas, que interessam toda comunidade, decorrentes das

    denominadas normas jus cogens. Vale dizer, permite-se comunidade internacional como um todo a defesa de violaes aos direitos humanos

    considerados mais importantes. Seriam aqueles direitos que se sobreporiam s diferenas culturais, sociais e polticas das diversas naes. Assim, esses

    direitos podem ser protegidos sem a necessidade de qualquer documento internacional assinado pelo Estado violador.

    5.2 - Convenes Gerais e Convenes Especiais

    Quanto aos destinatrios dos tratados internacionais de direitos humanos, fala-se, em sede de doutrina, em convenes gerais e convenes especiais.

    As convenes gerais so aquelas que se destinam ao ser humano em geral, aplicando-se a toda e qualquer pessoa como o caso da Declarao

    Universal dos Direitos Humanos e Pacto Internacional dos Direitos Civis e Polticos.

    As convenes especiais, por sua vez, objetivam uma determinada classe de ser humano. As convenes especiais partem diante de uma constatao

    ftica que justifique um tratamento especial. Cita-se, exemplificativamente, a Conveno sobre a Eliminao de Todas as Formas de

    8 BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos. 2 edio. rev., ampl. e atual., Bahia: Editora

    Juspodvim, 2012, p. 110.

    MECANISMOS CONVENCIONAIS

    previstos em tratados de direitos humanos

    aplica-se somente aos pases signatrios dos tratados internacionais

    MECANISMOS NO CONVENCIONAIS

    no previstos em tratados de Direitos Humanos

    aplica-se a todos os pases.

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    Discriminao contra a Mulher e a Conveno sobre os Direitos das Pessoas

    com Deficincia.

    O assunto bem simples. Para finalizar, devemos apenas mencionar que as

    convenes especiais no criam direitos novos, mas apenas conferem maior nfase a determinados destinatrios marginalizados perante a sociedade (ex.

    crianas, idosos, portadores de necessidades especiais, mulheres).

    5.3 - Fiscalizao dos Tratados de Direitos Humanos

    As normas internacionais de direitos humanos geram uma srie de obrigaes

    na comunidade internacional de forma que so necessrios mecanismos para a fiscalizao (ou accountability) dos direitos de proteo dignidade da pessoa.

    Em razo disso, os tratados internacionais preveem mecanismos de fiscalizao, com rgos de monitoramento, procedimentos para

    denncias e investigaes. Vamos analisar os aspectos gerais desses mecanismos de fiscalizao, pois cada sistema (global ou regional), bem como

    cada tratado, preveem regras especficas, que no possuem maior importncia

    para os fins deste material.

    5.3.1 - rgos Executivos

    So os denominados Comits ou Comisses, cuja finalidade precpua atuar na fiscalizao do cumprimento dos tratados internacionais. Esses

    rgos recebem relatrios, comunicaes interestatais e peties individuais que devem ser investigados. Decidindo pela procedibilidade da acusao, ser

    iniciado um processo para apurar a violao a direitos humanos, objetivando, na medida do possvel, promover um acordo para solucionar o caso.

    CONVENES GERAIS

    destinam-se a todos os seres humanos

    CONVENES ESPECIAIS

    destinam-se a grupos de seres humanos maginalizados

    MECANISMOS DE FISCALIZAO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS

    rgos Executivos

    Tribunais Internacionais

    Relatrios Comunicaes Interestatais

    Peties Individuais

    Investigaes de Iniciativa

    Prpria

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    possvel, tambm, a esses rgos executivos, a realizao de

    investigaes no Estado acusado, que tem o dever de cooperar com as atividades desenvolvidas para elucidao da situao.

    Portanto, pelo que se percebe, o rgo executivo tem como funo principal a execuo do inqurito. Contudo, em determinados sistemas, como o caso do Sistema Americano de Direitos Humanos, paralelamente funo de apurar eventuais violaes, a Comisso Americana de Direitos Humanos poder

    promover a acusao propriamente do Estado violador das normas

    internacionais, perante o tribunal internacional competente, atuando de forma semelhante ao Ministrio Pblico.

    5.3.2 - Tribunais Internacionais

    Como o nome indica, os tribunais possuem competncia para julgar as

    acusaes formuladas. Os tribunais internacionais, em regra, possuem duas naturezas: criminal ou no criminal. A criminal escapa aos nossos estudos,

    envolvendo temas como o Tribunal Penal Internacional. As violaes de Direitos Humanos, por sua vez, so consideradas no criminais e tambm podem ser

    julgadas por tribunais internacionais.

    Para alm da funo julgadora, esses tribunais exercem a funo consultiva

    e contenciosa, por meio da qual respondem a consultas formuladas pelos sujeitos internacionais a respeito da aplicabilidade e interpretao das normas

    internacionais.

    Por fim, cumpre mencionar a impossibilidade de os tribunais serem

    provocados por pessoas. A regra que a provocao dos tribunais

    internacionais ocorra sempre por um sujeito internacional, como organismos internacionais e Estados. Contudo, h exceo. No Sistema Europeu de Direitos

    Humanos h possibilidade de um particular, que sofreu violao a seu direito humano, acionar diretamente a Corte Europeia.

    RGOS EXECUTIVOS

    fiscalizao do cumprimento do tratado

    recebem reclamaes, peties, comunicaes interestatais

    objetivam, num primeiro momento, acordos para a soluo do impasse

    realizam investigaes

    TRIBUNAIS INTERNACIONAIS

    funo julgadora

    funo contenciosa e consultiva, quanto interpretao do tratado internacional

    no podem ser provocados por pessoas

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    5.3.3 - Relatrios

    Os relatrios consistem na obrigao que todos os Estados signatrios dos

    tratados internacionais possuem de enviar periodicamente, e sempre que forem solicitados pelos rgos executivos, um documento

    relatando as medidas adotadas quanto ao cumprimento das obrigaes assumidas no pacto internacional.

    De acordo com a doutrina esses relatrios esto presentes em todos os tratados internacionais e possui natureza obrigatria. Esse dever decorre

    do princpio da cooperao internacional aplicvel ao caso.

    5.3.4 - Comunicaes Interestatais

    As comunicaes interestatais constituem comunicaes feitas por um Estado alegando que outro Estado est descumprindo os termos

    acordados no tratado internacional. Em razo dessa comunicao, surge o dever do Estado comunicado de prestar explicaes e esclarecimentos

    ao emissor.

    No solucionado o impasse, podero os rgos executivos atuar no sentido

    de dirimir o conflito. Essa faculdade dos rgos executivos depende, ainda, de requisitos de procedibilidade, quais sejam: a) esgotamento dos recursos

    internos (justificvel tambm pela demora injustificada para reparao s violaes); e b) ausncia de apreciao em andamento por outra instncia

    internacional.

    Por fim, cumpre mencionar que as comunicaes interestatais no esto

    previstas em todos os tratados de direitos humanos. Segundo a doutrina, em regra, esse mecanismo no est previstos em pactos internacionais de

    direitos sociais, econmicos e culturais.

    RELATRIOS envio peridico, e quando solicitado, de informaes atinentes ao cumprimento do tratado internacional

    a obrigao deve constar dos tratados internacionais

    COMUNICAES INTERESTATAIS

    comunicao feita por Estado a outro Estado, quanto ao descumprimento de direitos humanos.

    o Estado comunicado tem o dever de informar ao Estado emissor

    possvel a atuao de rgo executivo desde que: a) haja esgotamento das vias internas; e b) no exista procedimento pendente relativo ao mesmo assunto

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    5.3.5 - Peties Individuais

    Pelos mecanismos das peties individuais possibilita-se s pessoas ou

    grupo de pessoas denunciar aos organismos internacionais violaes de direitos humanos. Podemos conceituar essas peties, acompanhando o

    pensamento de Rafael Barretto, como: peties feitas por pessoas aos rgos executivos, alegando estarem sendo vtimas de violaes em Direitos Humanos.

    O uso das peties individuais depende de meno no tratado internacional, que prever os requisitos e as formas de acionamento. De

    toda forma, segundo a doutrina trs requisitos gerais podem ser

    apresentados:

    1. as peties devem ser identificadas e assinadas, de modo que no so

    aceitas peties apcrifas;

    2. no pode estar em andamento outro procedimento em outra instncia

    internacional do mesmo assunto; e

    3. devem ser esgotados os recursos internos.

    5.3.6 - Investigaes de iniciativa prpria (motu proprio)

    Ao rgo executivo assegurada a prerrogativa de instaurar, de ofcio, procedimento investigativo para apurar notcia de violao de direitos humanos.

    6 Limites dos Direitos Humanos na Ordem Internacional

    O estudo da limitao internacional da proteo dos Direitos Humanos passa

    pela anlise da soberania dos Estados. Jean Bodin, tradicionalmente, definiu soberania como poder que o Estado detm de impor, dentro de seu

    PETIES INDIVIDUAIS

    possibilidade de vtima de direito humano denunciar violaes

    depende de previso no tratado internacional

    existem requistos especficos em cada tratado, porm, trs podem ser apresentados: a) identificao e assinatura; b) no haver outro procedimento pendente; e c) esgotamento dos recursos internos.

    INVESTIGAES DE INICIATIVA PRPRIA

    instaurao prpria pelo rgo executivo de procedimento investigatrio

    ocorre de ofcio

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    territrio, suas decises, editando leis e executando-as; e,

    externamente, a no subordinao a nenhum outro Estado.

    Por esse conceito no seria possvel que Estados ou organismos

    internacionais impusessem limitaes a outros Estados, ainda que a ttulo de proteo dos Direitos Humanos. Contudo, com o desenvolvimento

    e institucionalizao da disciplina, a preocupao da comunidade internacional em relao proteo da dignidade tornou-se consenso. Os pases reuniram-

    se em organismos internacionais globais e, posteriormente, locais, para criarem

    regras e mecanismos de proteo aos Direitos Humanos. Os indivduos passaram posio central, de sujeitos de direito internacional,

    obrigando todos os Estados a observncia de regras mnimas de proteo.

    Em razo disso, impe-se um reestudo do conceito originrio de

    soberania, uma vez que os Estados atualmente encontram limites a esse poder dito supremo, na comunidade internacional, qual seja: a proteo aos

    Direitos Humanos.

    Na verdade, a soberania exercida em sua plenitude no momento em

    que o pas decide firmar um pacto internacional. A partir desse momento, ao menos, o signatrio abre mo de sua parcela de soberania em prol do bem

    comum.

    Contudo, a soberania no deve ser encarada apenas como mitigvel quando se

    trata de pases signatrios. Conforme estudamos na aula passada, existem, hoje, normas imperativas de direitos humanos (normas jus cogens), que

    so aplicadas a todos, independentemente de terem participado do

    processo de elaborao do tratado internacional.

    Por conta disso, h doutrinadores que negam a existncia de soberania,

    afirmando que ela consiste to-somente numa delegao de competncia pela comunidade internacional, que pressupe a observncias s regras protetivas

    de direitos humanos.

    Contudo, o que devemos levar para a prova que as atuais relaes

    internacionais no aceitam o tradicional conceito de soberania e pretendem afast-lo, com a finalidade de tornar mais vivel a relao entre

    os Estados, conferindo direitos, porm, exigindo uma srie de deveres.

    Portanto, um conceito atual de soberania, pressupe a insero do pas

    numa comunidade internacional, com fundamentos no texto constitucional de garantia e defesa dos direitos humanos.

    Evidentemente que esses conceitos tericos so abstratos e muitas vezes suplantados por concepes polticas e poderio econmico. Contudo, em que

    pese a fora da globalizao econmica, ao lado do seu desenvolvimento, os

    Direitos Humanos obtiveram, tambm, destaque na comunidade internacional, de modo que, luz da progressividade, espera-se que cada vez mais, a

    soberania estatal seja pensada a partir dos direitos bsicos dos cidados.

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    7 - Direitos Humanos e Responsabilizao Estatal

    Este ltimo tpico da aula deliciado e amplo. Contudo, para concurso pblico e ainda mais considerando a configurao da ltima prova, nos permite

    conduzir o assunto em linhas gerais.

    Assim, vamos tratar sobre alguns aspectos histricos, conceitos, elementos,

    sujeito ativo e sujeito passivo, bem como pr-requisitos para a responsabilizao internacional. Na parte final, abordaremos as consequncias

    da responsabilizao e a relao da responsabilidade com as normas jus cogens

    e responsabilidade.

    7.1 - Nota Histrica e o Projeto da Comisso de Direitos Internacional das Naes Unidas sobre Responsabilidade Internacional dos Estados

    Historicamente, passou a se falar concretamente de responsabilizao

    internacional por violaes de Direitos Humanos aps a 2 Guerra Mundial. Destaca-se nesse perodo, com a formao da ONU, uma srie de tentativas

    frustradas de estabelecer um conjunto de regramentos para a responsabilizao.

    Durante 50 anos de existncia, a ONU fez uma srie de estudos, conseguindo, somente em 2001, redigir um texto que disciplina a responsabilidade

    internacional por violaes de Direitos Humanos no sistema global. Esse diploma denominado de Projeto da Comisso de Direitos Internacional

    das Naes Unidas sobre Responsabilidade Internacional dos Estados9. Tal documento foi fruto da aproximao multilateral dos Estados em relao ao

    Direito Internacional, bem como de ideias de coexistncia, cooperao, solidariedade e de unidade.

    O objetivo da responsabilizao exclusivamente buscar maior respeito s normas imperativas, dentre as quais esto os direitos fundamentais do homem.

    Isso porque se houver consequncias previstas para as violaes de Direitos

    Humanos, haver maior proteo desses direitos.

    9 No traremos no corpo da aula todas as disposies do referido documento internacional.

    Contudo, disponibilizarei a vocs, na forma de anexo, a legislao na sua forma integral, com

    destaques em relao s principais partes, cuja leitura se faz necessria.

    A leitura da soberania como limite de aplicao dos Direitos Humanos fortemente contestada e praticamente

    no aceita pelos doutrinadores, que compreendem que existe um conjunto de regras mnimas protetivas que

    devem ser observadas independentemente das diversidades polticas, econmicas, sociais ou culturais.

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    7.2 Conceito e Elementos

    Por responsabilidade internacional entende-se o instituto jurdico de direito internacional mediante o qual se imputa ao Estado a prtica de ato

    ilcito internacional, gerando o dever de reparao.

    A ideia simples:

    O conceito, segundo doutrina de Celso Albuquerque de Mello10, engloba 3

    elementos:

    1. ato ilcito;

    2. imputabilidade;

    3. prejuzo (ou dano).

    Para configurao do ato ilcito necessrio que a ao ou omisso do Estado

    contrarie norma internacional, independentemente do Estado violador considerar a conduta ilcita internamente.

    Por imputabilidade devemos compreender o nexo causal entre o ato ilcito e o responsvel pela violao. Dito de outra forma, ser imputada a

    responsabilizao ao Estado que causar um ato ilcito internacional de Direitos Humanos.

    O prejuzo (ou dano) dignidade humana, por sua vez, o objetivo da

    responsabilizao internacional dos Estados, implicando no dever de reparao. Esse prejuzo pode ser de ordem material ou de ordem moral e

    constitui elemento essencial, fato gerador da responsabilidade internacional.

    A reparao compreendida como o restabelecimento da ordem jurdica

    anterior ao fato (status quo ante) que gerou a violao de direito humano, a fim de alcanar a reparao dos prejuzos sofridos, tendo em vista os danos

    sofridos pela vtima.

    Segundo Celso Albuquerque de Mello11 a responsabilidade internacional

    caracteriza-se por ser responsabilidade com a finalidade de reparar o prejuzo; o Direito Internacional praticamente no conhece a responsabilidade penal

    (castigo, e.g.). Excepcionalmente poder haver responsabilizao desproporcional ao prejuzo causado, com intuito educativo, quando se tratar de

    normas de jus cogens.

    10 MELLO, Celso Albuquerque. Curso de Direito Internacional Pblico. Vol. I, 15 edio, Rio

    de Janeiro: Editora Renovar, 2004, p. 523.

    11 MELLO, Celso Albuquerque. Curso de Direito Internacional Pblico, p. 158.

    Violada uma norma de Direito Internacional surge o dever daquele que infringiu a norma reparar o dano causado.

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    7.3 - Sujeitos passivo e ativo

    Analisado o conceito questiona-se: mas quem sero os sujeitos (ativo e passivo) envolvidos na responsabilizao? Podem ser sujeitos ativos ou seja, quem sofre a violao de norma de direitos humanos os denominados titulares de direitos e obrigaes no plano internacional. Assim, num

    primeiro momento os Estados sero os sujeitos ativos, quando a violao aos Direitos Humanos de seus nacionais implicar necessidade de reparao.

    Nesse contexto, Celso Albuquerque de Mello12 leciona:

    a responsabilidade de Estado a Estado, mesmo quando um simples particular a vtima ou o autor do ilcito no plano internacional. Para que haja endosso da reclamao do

    Estado nacional da vtima, o Estado cujo particular cometeu o ilcito que vir a ser

    responsabilizado.

    Entretanto, determinados sistemas, secundariamente, atribuem a condio de sujeitos ativos a indivduos e coletividades de pessoas que sofreram violaes a

    direitos humanos, incluindo pessoas naturais, pessoas jurdicas, direitos dos povos autodeterminao e direitos coletivos de povos indgenas.

    Em resumo:

    Por outro lado, so considerados sujeitos passivos, todos aqueles que so obrigados pelos Direitos Humanos Internacionais. A regra, novamente,

    a responsabilizao do Estado, em razo de atos ou omisses que impliquem

    violaes a direitos humanos praticados pelos rgos e agentes estatais. Da mesma maneira, de acordo com a doutrina, atos cometidos por pessoas

    privadas, que receberam delegao para realizao de tarefas pblicas, por parte dos Estados, implicam a responsabilizao do agente delegante, ou seja,

    do Estado.

    12 MELLO, Celso Albuquerque. Curso de Direito Internacional Pblico, p. 158.

    SUJEITOS ATIVOS

    REGRA: Estados

    podem ser titulares a

    depender de previso em

    tratados internacionais

    indivduos

    pessoas fsicas

    pessoas jurdicas

    coletividades que sofreram violaes a direitos humanos

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    Questiona-se, nesse contexto, se a violao de direito humano de um

    indivduo ou grupo de indivduos poderia implicar a responsabilizao do Estado. A resposta SIM! Ao Estado atribudo o dever de respeitar e de

    garantir a observncia das normas de direitos humanos no mbito interno. Assim, diante de uma violao de direitos de um nacional, surge o dever do

    Estado em agir para reparar a violao. Se no o fizer ter sido omisso, implicando a responsabilizao internacional pela omisso estatal.

    Assim:

    7.4 - Pr-requisitos para a responsabilizao

    Neste ponto, podemos elencar dois assuntos principais: (i) a aplicao das normas de Direito Humanos s pessoas no signatrias dos tratados

    internacionais e (ii) a regra de esgotamento do Direito Interno antes da aplicao das normas de Direito Internacional.

    (i) O fundamento da responsabilizao internacional reside do princpio da igualdade soberana entre os Estados. E o que significa esse princpio?

    Trata-se da ideia de reciprocidade. Os Estados, ao firmarem tratados de direitos humanos, comprometem-se em relao aos demais em respeitar

    e garantir os Direitos Humanos. Esse desejo soberano e vincula o Estado perante a comunidade internacional.

    A regra no nos traz maiores dvidas, contudo, pergunta-se: e se o Estado no assinou o tratado internacional, poder viol-lo, observando to somente suas

    regras internas? Obviamente que no!

    Estudamos na aula passada que os Direitos Humanos nasceram diante de

    graves violaes dignidade da pessoa, o que sensibilizou a comunidade

    internacional para firmar acordos de respeito aos direitos humanos. Esses acordos, ps 2 Guerra Mundial alastraram-se pelo mundo e so considerados

    hoje consenso em todas as sociedades, independentemente de sua vontade e suas caractersticas cultuais, polticas e sociais prprias.

    SUJEITO PASSIVO ESTADO

    direta, decorrente de ao ou omisso

    pelas violaes que causar a seus nacionais ou contra outros Estado, indivduos ou grupo de

    indivduos

    indireta, decorrente de

    omisso estatal

    pelas violaes perpetradas por residentes contra

    indivduo ou grupo de indivduos, quando o Estado NO tomar

    providncias.

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    Assim, da violao de um direito humano, em no havendo reparao interna,

    surge na comunidade internacional, seja por meio dos Estados, seja por intermdio das organizaes internacionais, a necessidade de acionar aquele

    que violou tais normas, imputando-o a responsabilizao internacional.

    (ii) A responsabilizao internacional do Estado, todavia, no direta.

    Compreendem os estudiosos de Direito Internacional Pblico que primeiro devem ser esgotados os recursos internos dos Estados. Se esses meios

    forem ineficazes ou suficientes surge a possibilidade responsabilizao

    internacional.

    Vimos, que o Estado poder ser chamado a responder pela omisso diante de

    violao a direito humano de pessoa ou grupo de indivduos residentes. Nos referimos responsabilidade indireta do Estado. O indivduo ou coletividade,

    seja nacional ou estrangeiro, que esteja em determinado Estado, caso sofra violao de seus direitos humanos, ter direito reparao pelos prejuzos

    causados. A regra que a reparao seja realizada internamente, diante da assuno do compromisso de todos os Estados em verem respeitados e

    garantidos os direitos humanos.

    Contudo, em decorrncia da omisso ou inefetividade dos meios internos ser

    possvel acionar a comunidade internacional, que promover, por meio das organizaes internacionais, a responsabilizao daquele Estado perante a

    comunidade internacional.

    7.5 - Consequncias

    A doutrina enumera as seguintes consequncias ou as obrigaes dos Estados decorrentes de violao a Direitos Humanos. Apontamos no quadro a seguir as

    diversas possibilidades de consequncia da responsabilizao dos Estados.

    Obrigaes dos Estados decorrentes de Violao a Direitos Humanos

    Consequncia Observaes:

    Cessao da

    violao de direito

    Os Estados so obrigados a agir, incondicionalmente, para a cessao

    de violaes de Direitos Humanos. Consiste no dever de garantir a

    dignidade das pessoas.

    Omisso de

    futuras violaes

    O Estado deve abster-se de praticar futuras condutas violadoras de

    direitos humanos

    Restituio natural Uma vez violado o direito humano, compete ao Estado repar-lo,

    retornando ao status quo ante.

    Satisfao Corresponde a todas as formas imateriais de satisfao de violaes a

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    Direitos Humanos como desculpas oficiais, programas de formao e

    capacitao dos responsveis pela violao a Direitos Humanos.

    Indenizao Se a restituio natural ou a satisfao no forem possveis, haver a

    indenizao, que pode constituir compensao pecuniria.

    7.6 - Responsabilidade e normas de jus cogens

    Para finalizar o assunto da responsabilidade internacional e a aula de hoje

    cumpre estudarmos algumas particularidades da responsabilizao em decorrncia da norma jus cogens.

    Relembrando, vimos que as normas de jus cogens, que encontram fundamento na Conveno de Viena de 1969, so consideradas como normas imperativas

    em sentido estrito, o que significa que os Direitos Humanos contm um conjunto de valores considerados essenciais para a comunidade, de maneira

    que possuem superioridade normativa em relao s demais normas internacionais.

    Assim, as normas jus cogens so responsveis pelas matrias mais importantes e imprescindveis, em termos de Direitos Humanos, cuja

    violao representa risco preservao do Estado e dos valores humanos bsicos. De acordo com a doutrina, a violao a norma jus cogens implica, num

    primeiro plano, o dever de cooperao mtuo da sociedade para por fim

    ao estado de violao. Alm disso, no aceito que nenhum Estado soberano, reconhecido internacionalmente, admita como lcita situao de

    violao norma imperativa de direito humano. Assim, diante de tal realidade, qualquer Estado poder acionar ou ser acionado para cessarem as violaes s

    normas de jus cogens, bem como para prestarem auxlio e assistncia para superao das graves violaes de direitos humanos.

    Entendem os estudiosos que a reparao do dano quando se trata de violao de norma jus cogens diferenciada, de modo a se falar em regime agravado

    de responsabilidade. Vale dizer, para alm dos mecanismos tradicionais de reparao que vimos na presente aula, a comunidade internacional tem-se

    aceito a aplicao de sanes com carter punitivo e educativo. Assim, para alm da indenizao do sujeito ativo, haver a aplicao de sanes que

    objetivem coibir e educar o sujeito passivo, para que tais violaes no sejam perpetradas novamente.

    Em sntese:

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    8 - Questes

    8.1 Lista de questes anteriores sem comentrios

    Questo 01 (CESPE - 2012 - PM-AL)

    Jugue o item abaixo:

    Com o fim da Primeira Guerra Mundial, a estrutura do direito internacional dos direitos humanos

    comeou a se consolidar. A essa poca, os direitos humanos tornaram-se uma legtima

    preocupao internacional e, ento, foram criados mecanismos institucionais e de instrumentos

    que levaram tais direitos a ocupar um espao central na agenda das organizaes

    internacionais.

    Certo Errado

    Questo 02 (CESPE / Diplomata - IRBr / 2003)

    Desde o incio do sculo XX, consolidou-se na prtica internacional a aceitao de que todo

    indivduo tem personalidade jurdica de direito internacional, fato que corroborado por haver

    cortes internacionais que julgam indivduos que cometeram crimes de guerra e tambm por

    haver tribunais internacionais, como a Corte Interamericana de Direitos do Homem, que

    admitem a possibilidade de indivduos atuarem como partes nos processos por elas julgados.

    Certo Errado

    Questo 03 (CESPE - 2011 - DPE-MA).

    No que se refere proteo internacional dos direitos humanos, que constituda por

    mecanismos unilaterais e coletivos da responsabilidade internacional do Estado, julgue o item

    abaixo.

    Compete Assembleia Geral da Organizao dos Estados Americanos apresentar relatrios

    peridicos para a apurao da responsabilidade dos Estados-membros em relao aos direitos

    sociais.

    Certo Errado

    Questo 04 (CESPE - 2009 - DPE-PI)

    Com relao aos mecanismos internacionais de proteo e monitoramento dos direitos

    humanos, julgue o item abaixo.

    Dever de cooperao mtuo da sociedade para por fim ao estado de violao.

    No se aceita por nenhum Estado das normas jus cogens, ainda que o Estado violador no tenha assumido compromisso internacional de respeit-lo.

    Aplicao de sanes de carter punitivo e educativo em razo do denominado regime agravo de responsabilidade nas violaes de normas jus cogens.

    RESPONSABILIDADE E NORMAS "JUS COGENS"

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    O Tribunal de Nuremberg no teve nenhum papel histrico na internacionalizao dos direitos

    humanos.

    Certo Errado

    Questo 05 (CESPE - 2009 - DPE-PI)

    Com relao aos mecanismos internacionais de proteo e monitoramento dos direitos

    humanos, julgue o item abaixo.

    A ONU nasceu com diversos objetivos, como a manuteno da paz e segurana internacionais,

    assim, a proteo internacional dos direitos humanos estava includa entre eles.

    Certo Errado

    Questo 06. (CESPE - 2009 - DPE-PI)

    Com relao aos mecanismos internacionais de proteo e monitoramento dos direitos

    humanos, julgue o item abaixo.

    Quando foi adotada e proclamada por resoluo da Assembleia Geral das Naes Unidas, a

    Declarao Universal dos Direitos Humanos, apesar de no ter sido aceito por todos os pases,

    teve grande importncia histrica.

    Certo Errado

    Questo 07. (CESPE - 2011 - DPE-MA).

    No que se refere proteo internacional dos direitos humanos, que constituda por

    mecanismos unilaterais e coletivos da responsabilidade internacional do Estado, julgue o item

    abaixo.

    O princpio informador do sistema de relatrios, principal mecanismo no contencioso, o da

    reciprocidade, pelo qual se atribui obrigao internacional de respeito aos direitos humanos.

    Certo Errado

    Questo 08. (CESPE - 2009 - DPE-PI)

    Com relao aos mecanismos internacionais de proteo e monitoramento dos direitos

    humanos, julgue o item abaixo.

    Alm da Declarao Universa dos Direitos Humanos de 1948 no h outros documentos

    relevantes no mbito da proteo internacional global dos direitos humanos.

    Certo Errado

    Questo 09 (CESPE - 2009 - DPE-PI)

    Com relao aos mecanismos internacionais de proteo e monitoramento dos direitos

    humanos, julgue o item abaixo.

    O Pacto Internacional de Direitos Civis e Polticos de 1966 previu novas espcies de direitos

    humanos alm daquelas previstas expressamente na Declarao Universal dos Direito Humanos

    de 1948.

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    Certo Errado

    Questo 10. (CESPE - 2009 - DPE-PI)

    Atualmente, os direitos e garantias fundamentais esto inseridos em distintos textos

    constitucionais de diferentes pases. Tal presena uma conquista histrica ocorrida por aes

    concretas realizadas no passado. A Carta das Naes Unidas de 1945, exemplo de uma dessas

    aes concretas, consolidou, junto com a UDHR, o movimento de internacionalizao dos

    direitos humanos. Tendo em vista essa institucionalizao julgue o item abaixo.

    A estrutura de proteo do direito internacional concentrada na ONU.

    Certo Errado

    Questo 11 (CESPE - 2009 - DPE-PI)

    Atualmente, os direitos e garantias fundamentais esto inseridos em distintos textos

    constitucionais de diferentes pases. Tal presena uma conquista histrica ocorrida por aes

    concretas realizadas no passado. A Carta das Naes Unidas de 1945, exemplo de uma dessas

    aes concretas, consolidou, junto com a UDHR, o movimento de internacionalizao dos

    direitos humanos. Tendo em vista essa institucionalizao julgue o item abaixo.

    A proteo internacional pode ser vista, entre outros, em dois planos: sistema global (ONU) e

    sistema regional (OEA).

    Certo Errado

    Questo 12 (CESPE - 2013 - DPE-RR).

    No que concerne proteo internacional dos direitos humanos, julgue o item abaixo.

    A Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado, datada de 1948, foi o marco da

    internacionalizao da proteo aos direitos humanos.

    Certo Errado

    Questo 13 (CESPE - 2013 - DPE-RR).

    No que concerne proteo internacional dos direitos humanos, julgue o item abaixo.

    O sistema global de proteo dos direitos humanos est estruturado com base em uma srie de

    documentos, entre os quais se destacam o Pacto Internacional de Direitos Civis e Polticos e o

    Pacto Internacional dos Direitos Econmicos, Sociais e Culturais.

    Certo Errado

    Questo 14 (CESPE - 2013 - DPE-RR).

    No que concerne proteo internacional dos direitos humanos, julgue o item abaixo.

    Os sistemas global e regional de proteo aos direitos humanos so dicotmicos.

    Certo Errado

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    Questo 15. (CESPE - 2013 - DPE-RR).

    No que concerne proteo internacional dos direitos humanos, julgue o item abaixo.

    A rgida hierarquia entre os sistemas de proteo aos direitos humanos impe a interao entre

    os sistemas nacional e regional, mas exclui a interao direta entre o sistema nacional e o

    global.

    Certo Errado

    Questo 16. (CESPE - 2011 - DPE-MA)

    A proteo internacional dos direitos humanos um conjunto de normas jurdicas que garante o

    respeito dignidade de todas as pessoas. Com relao ao sistema e natureza de proteo

    internacional contra as violaes de direitos humanos, julgue o item abaixo.

    A proteo internacional dos direitos humanos est desvinculada do processo de universalizao

    dos direitos humanos.

    Certo Errado

    Questo 17 (CESPE - 2011 - DPE-MA)

    A proteo internacional dos direitos humanos um conjunto de normas jurdicas que garante o

    respeito dignidade de todas as pessoas. Com relao ao sistema e natureza de proteo

    internacional contra as violaes de direitos humanos, julgue o item abaixo.

    A natureza diplomtica da proteo internacional dos direitos humanos atribui aos Estados o

    dever de proteger tanto os nacionais quanto os estrangeiros que se encontrem em territrio

    ptrio, do que se depreende que a nacionalidade tem especial importncia nesse contexto.

    Certo Errado

    Questo 18 (CESPE - 2011 - DPE-MA)

    A proteo internacional dos direitos humanos um conjunto de normas jurdicas que garante o

    respeito dignidade de todas as pessoas. Com relao ao sistema e natureza de proteo

    internacional contra as violaes de direitos humanos, julgue o item abaixo.

    A natureza do sistema de proteo internacional dos direitos humanos de domnio reservado

    do Estado nos limites de sua soberania, possibilitando a responsabilizao internacional do

    Estado quando as instituies nacionais forem omissas na tarefa de proteger os direitos

    humanos.

    Certo Errado

    Questo 19 (CESPE - 2011 - DPE-MA)

    A proteo internacional dos direitos humanos um conjunto de normas jurdicas que garante o

    respeito dignidade de todas as pessoas. Com relao ao sistema e natureza de proteo

    internacional contra as violaes de direitos humanos, julgue o item abaixo.

    O regime objetivo das normas internacionais de direitos humanos refere-se s vrias obrigaes

    dos Estados com os indivduos que esto sob sua jurisdio, independentemente da

    nacionalidade da pessoa.

    Certo Errado

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    Questo 20 (CESPE - 2011 - TRF3).

    Assinale a opo correta relativamente aos mecanismos de implementao dos direitos

    humanos no plano internacional, jugue o item abaixo.

    Na atualidade, existem apenas duas cortes regionais em funcionamento: a Corte

    Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Europeia de Direitos.

    Certo Errado

    Questo 21. (CESPE - 2004 - AGU).

    O Estado no pode eximir-se de sua responsabilidade internacional pela violao de obrigaes

    especficas relacionadas com a proteo do direito vida e integridade pessoal por motivos de

    ordem interna, como a forma federativa do Estado e a consequente diviso de competncias

    materiais e legislativas prprias Unio e aos Estados-Membros.

    Certo Errado

    Questo 22 (CESPE - 2007 - DPU).

    No que concerne atuao internacional na rea de direitos humanos, julgue os itens a seguir.

    A Repblica Federativa do Brasil, que reconhece a jurisdio obrigatria da Corte

    Interamericana de Direitos Humanos, em nenhum momento foi r por violaes geradoras de

    responsabilidade internacional.

    Certo Errado

    Questo 23 (CESPE 2009 OAB)

    Julgue o item abaixo.

    No mbito do direito internacional, a soberania, importante caracterstica do palco internacional,

    significa a possibilidade de celebrao de tratados sobre direitos humanos com o consentimento

    do Tribunal Penal Permanente.

    Certo Errado

    8.2 Gabarito

    01. E 02. E 03. E 04. E 05. E

    06. C 07. E 08. E 09. C 10. E

    11. C 12. C 13. C 14. E 15. E

    16. E 17. E 18. E 19. C 20. E

    21. C 22. E 23. E

    8.3 Questes Comentadas

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    Questo 01 (CESPE - 2012 - PM-AL)

    Jugue o item abaixo:

    Com o fim da Primeira Guerra Mundial, a estrutura do direito internacional dos direitos humanos

    comeou a se consolidar. A essa poca, os direitos humanos tornaram-se uma legtima

    preocupao internacional e, ento, foram criados mecanismos institucionais e de instrumentos

    que levaram tais direitos a ocupar um espao central na agenda das organizaes

    internacionais.

    Comentrios:

    Os Direitos Humanos tornaram-se legtima preocupao da comunidade internacional aps a

    Segunda Guerra Mundial, devido s atrocidades e barbries perpetradas pelos regimes

    ditatoriais e, em especial, o regime antissemita. A decorrncia direta dessa sensibilizao da

    comunidade internacional em torno da proteo da dignidade dos seres humanos, foi a criao

    da ONU, que marcou a internacionalizao dos Direitos Humanos.

    Portanto, a assertiva est INCORRETA.

    Questo 02 (CESPE / Diplomata - IRBr / 2003)

    Desde o incio do sculo XX, consolidou-se na prtica internacional a aceitao de que todo

    indivduo tem personalidade jurdica de direito internacional, fato que corroborado por haver

    cortes internacionais que julgam indivduos que cometeram crimes de guerra e tambm por

    haver tribunais internacionais, como a Corte Interamericana de Direitos do Homem, que

    admitem a possibilidade de indivduos atuarem como partes nos processos por elas julgados.

    Comentrios:

    O desenvolvimento do Direito Internacional, apesar de reconhecer o papel crescente

    desempenhado pelos indivduos na proteo dos Direitos Humanos, os indivduos no so

    considerados, como regra, sujeitos dotados de personalidade jurdica de direito internacional.

    Reconhece-se, atualmente e em carter excepcional, a autorizao pela Corte Europeia de

    Direitos Humanos para que a vtima de violao a direito internacional postule pessoalmente

    perante Corte Internacional. Assim, est INCORRETA a assertiva.

    Questo 03 (CESPE - 2011 - DPE-MA).

    No que se refere proteo internacional dos direitos humanos, que constituda por

    mecanismos unilaterais e coletivos da responsabilidade internacional do Estado, julgue o item

    abaixo.

    Compete Assembleia Geral da Organizao dos Estados Americanos apresentar relatrios

    peridicos para a apurao da responsabilidade dos Estados-membros em relao aos direitos

    sociais.

    Comentrios:

    A competncia para apresentar relatrios peridicos sempre dos Estados signatrios dos

    tratados, conforme explicado na aula de hoje. Isso dever ocorrer periodicamente, de acordo

    com o previsto no tratado ou sempre que solicitado pelo rgo executivo. Desta forma, est

    INCORRETA a questo.

    Questo 04 (CESPE - 2009 - DPE-PI)

    Com relao aos mecanismos internacionais de proteo e monitoramento dos direitos

    humanos, julgue o item abaixo.

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    O Tribunal de Nuremberg no teve nenhum papel histrico na internacionalizao dos direitos

    humanos.

    Comentrios:

    O Tribunal de Nuremberg foi criado para o julgamento dos nazistas pelos crimes praticados

    durante a 2 Guerra Mundial. Embora sua legalidade seja discutida at os dias de hoje, a

    criao desse tribunal de exceo teve um papel histrico significativo na internacionalizao de

    direitos humanos, tendo em vista que muitos dos crimes l julgados foram considerados crimes

    contra a humanidade. Portanto, INCORRETA a assertiva.

    Questo 05 (CESPE - 2009 - DPE-PI)

    Com relao aos mecanismos internacionais de proteo e monitoramento dos direitos

    humanos, julgue o item abaixo.

    A ONU nasceu com diversos objetivos, como a manuteno da paz e segurana internacionais,

    assim, a proteo internacional dos direitos humanos estava includa entre eles.

    Comentrios:

    A ONU foi criada aps a 2 Grande Guerra, em 1945, justamente pela necessidade articulao

    de um rgo internacional que coordenasse a proteo dos direitos humanos, tendo em vista as

    barbaridades perpetradas contra a humanidade durante os combates armados. A expanso dos

    Direitos Humanos ocorre justamente aps a 2 Guerra e a criao da ONU. Totalmente

    CORRETA a assertiva.

    Questo 06. (CESPE - 2009 - DPE-PI)

    Com relao aos mecanismos internacionais de proteo e monitoramento dos direitos

    humanos, julgue o item abaixo.

    Quando foi adotada e proclamada por resoluo da Assembleia Geral das Naes Unidas, a

    Declarao Universal dos Direitos Humanos, apesar de no ter sido aceito por todos os pases,

    teve grande importncia histrica.

    Comentrios:

    De fato, quando adotada e promulgada pela ONU, em 1948, a Declarao Universal de Direitos

    Humanos no foi aceita por todos os pases. No obstante isso, sua importncia histrica

    incontestvel, uma vez que serviu de base para a expanso dos direitos humanos como um

    todo e para a criao de vrios outros tratados internacionais sobre o tema, como o Pacto

    Internacional dos Direitos Civis e Polticos, e o Pacto Internacional sobre os Direitos

    Econmicos, Sociais e Culturais, que sero estudados nas prximas aulas. Assim, CORRETA a

    questo.

    Questo 07. (CESPE - 2011 - DPE-MA).

    No que se refere proteo internacional dos direitos humanos, que constituda por

    mecanismos unilaterais e coletivos da responsabilidade internacional do Estado, julgue o item

    abaixo.

    O princpio informador do sistema de relatrios, principal mecanismo no contencioso, o da

    reciprocidade, pelo qual se atribui obrigao internacional de respeito aos direitos humanos.

    Comentrios:

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    O princpio informador do sistema de relatrios no o princpio da reciprocidade, conforme

    consta na questo. O sistema de relatrios regido pelo princpio da cooperao internacional e

    a busca de evoluo na proteo de direitos humanos, baseado no consenso entre o Estado e o

    rgo internacional. Observe que a banca tentou confundir o candidato, uma vez que o princpio

    da reciprocidade exige obrigaes mtuas, quando o estado emissor tem uma obrigao

    unilateral de enviar relatrios ao rgo internacional. Desta forma, est INCORRETA a assertiva.

    Questo 08. (CESPE - 2009 - DPE-PI)

    Com relao aos mecanismos internacionais de proteo e monitoramento dos direitos

    humanos, julgue o item abaixo.

    Alm da Declarao Universa dos Direitos Humanos de 1948 no h outros documentos

    relevantes no mbito da proteo internacional global dos direitos humanos.

    Comentrios:

    A assertiva est totalmente INCORRETA. Como sabemos e conforme consta no edital do

    concurso, muito so os documentos que regem a proteo internacional global dos direitos

    humanos. Assim, integram o sistema global de proteo, alm da Declarao Universal dos

    direitos Humanos, os seguintes documentos internacionais: Carta das Naes Unidas; Pacto

    Internacional dos Direitos Civis e Polticos; Pacto Internacional dos Direitos Econmicos, Sociais

    e Culturais; Conveno contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruis, Desumanos ou

    Degradantes; Conveno sobre a Eliminao de Todas as Formas de Discriminao Contra a

    Mulher; Conveno sobre a Eliminao de Todas as Formas de Discriminao Racial; e

    Conveno sobre os Direitos da Criana.

    Questo 09 (CESPE - 2009 - DPE-PI)

    Com relao aos mecanismos internacionais de proteo e monitoramento dos direitos

    humanos, julgue o item abaixo.

    O Pacto Internacional de Direitos Civis e Polticos de 1966 previu novas espcies de direitos

    humanos alm daquelas previstas expressamente na Declarao Universal dos Direito Humanos

    de 1948.

    Comentrios:

    Ainda veremos as regras do Pacto Internacional de Direitos Civis e Polticos, contudo, porm

    podemos facilmente acert-las. Uma das caractersticas dos direitos humanos a sua

    expansividade. A Declarao de Direitos Humanos previu as primeiras normas de Direitos

    Humanos, envolvendo direitos de liberdade e de igualdade, denominados direitos de primeira

    dimenso. O Pacto Internacional de Direitos Civis e Polticos, como o prprio nome indica,

    trouxeram normas de segunda dimenso. Assim, a assertiva est CORRETA.

    Questo 10. (CESPE - 2009 - DPE-PI)

    Atualmente, os direitos e garantias fundamentais esto inseridos em distintos textos

    constitucionais de diferentes pases. Tal presena uma conquista histrica ocorrida por aes

    concretas realizadas no passado. A Carta das Naes Unidas de 1945, exemplo de uma dessas

    aes concretas, consolidou, junto com a UDHR, o movimento de internacionalizao dos

    direitos humanos. Tendo em vista essa institucionalizao julgue o item abaixo.

    A estrutura de proteo do direito internacional concentrada na ONU.