Direitos Humanos - Apostila 2012

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CURSO DE DIREITOS HUMANOS

DECLARAO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Adotada e proclamada pela resoluo 217 A (III) da Assemblia Geral das Naes Unidas em 10 de dezembro de 1948

DECLARAO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOSAdotada e proclamada pela resoluo 217 A (III) da Assemblia Geral das Naes Unidas em 10 de dezembro de 1948

Prembulo Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da famlia humana e de seus direitos iguais e inalienveis o fundamento da liberdade, da justia e da paz no mundo, Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos brbaros que ultrajaram a conscincia da Humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crena e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspirao do homem comum, Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem no seja compelido, como ltimo recurso, rebelio contra tirania e a opresso, Considerando essencial promover o desenvolvimento de relaes amistosas entre as naes, Considerando que os povos das Naes Unidas reafirmaram, na Carta, sua f nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condies de vida em uma liberdade mais ampla, Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver, em cooperao com as Naes Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a observncia desses direitos e liberdades, Considerando que uma compreenso comum desses direitos e liberdades da mis alta importncia para o pleno cumprimento desse compromisso, A Assemblia Geral proclama A presente Declarao Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as naes, com o objetivo de que cada indivduo e cada rgo da sociedade, tendo sempre em mente esta Declarao, se esforce, atravs do ensino e da educao, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoo de medidas progressivas de carter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observncia universais e efetivos, tanto entre os povos dos prprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territrios sob sua jurisdio.

Artigo I Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. So dotadas de razo e conscincia e devem agir em relao umas s outras com esprito de fraternidade. Artigo II Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declarao, sem distino de qualquer espcie, seja de raa, cor, sexo, lngua, religio, opinio poltica ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condio. Artigo III Toda pessoa tem direito vida, liberdade e segurana pessoal. Artigo IV Ningum ser mantido em escravido ou servido, a escravido e o trfico de escravos sero proibidos em todas as suas formas. Artigo V Ningum ser submetido tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Artigo VI Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei. Artigo VII Todos so iguais perante a lei e tm direito, sem qualquer distino, a igual proteo da lei. Todos tm direito a igual proteo contra qualquer discriminao que viole a presente Declarao e contra qualquer incitamento a tal discriminao. Artigo VIII Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes remdio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituio ou pela lei.

Artigo IX Ningum ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo X Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audincia justa e pblica por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusao criminal contra ele. Artigo XI 1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente at que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento pblico no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessrias sua defesa. 2. Ningum poder ser culpado por qualquer ao ou omisso que, no momento, no constituam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco ser imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prtica, era aplicvel ao ato delituoso. Artigo XII Ningum ser sujeito a interferncias na sua vida privada, na sua famlia, no seu lar ou na sua correspondncia, nem a ataques sua honra e reputao. Toda pessoa tem direito proteo da lei contra tais interferncias ou ataques. Artigo XIII 1. Toda pessoa tem direito liberdade de locomoo e residncia dentro das fronteiras de cada Estado. 2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer pas, inclusive o prprio, e a este regressar. Artigo XIV 1.Toda pessoa, vtima de perseguio, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros pases. 2. Este direito no pode ser invocado em caso de perseguio legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrrios aos propsitos e princpios das Naes Unidas. Artigo XV 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 2. Ningum ser arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.

Artigo XVI 1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrio de raa, nacionalidade ou religio, tm o direito de contrair matrimnio e fundar uma famlia. Gozam de iguais direitos em relao ao casamento, sua durao e sua dissoluo. 2. O casamento no ser vlido seno com o livre e pleno consentimento dos nubentes. Artigo XVII 1. Toda pessoa tem direito propriedade, s ou em sociedade com outros. 2.Ningum ser arbitrariamente privado de sua propriedade. Artigo XVIII Toda pessoa tem direito liberdade de pensamento, conscincia e religio; este direito inclui a liberdade de mudar de religio ou crena e a liberdade de manifestar essa religio ou crena, pelo ensino, pela prtica, pelo culto e pela observncia, isolada ou coletivamente, em pblico ou em particular. Artigo XIX Toda pessoa tem direito liberdade de opinio e expresso; este direito inclui a liberdade de, sem interferncia, ter opinies e de procurar, receber e transmitir informaes e idias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras. Artigo XX 1. Toda pessoa tem direito liberdade de reunio e associao pacficas. 2. Ningum pode ser obrigado a fazer parte de uma associao. Artigo XXI 1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de sue pas, diretamente ou por intermdio de representantes livremente escolhidos. 2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao servio pblico do seu pas. 3. A vontade do povo ser a base da autoridade do governo; esta vontade ser expressa em eleies peridicas e legtimas, por sufrgio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto. Artigo XXII Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito segurana social e realizao, pelo esforo nacional, pela cooperao internacional e de acordo com a organizao e recursos de cada Estado, dos direitos econmicos, sociais e culturais indispensveis sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.

Artigo XXIII 1.Toda pessoa tem direito ao trabalho, livre escolha de emprego, a condies justas e favorveis de trabalho e proteo contra o desemprego. 2. Toda pessoa, sem qualquer distino, tem direito a igual remunerao por igual trabalho. 3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remunerao justa e satisfatria, que lhe assegure, assim como sua famlia, uma existncia compatvel com a dignidade humana, e a que se acrescentaro, se necessrio, outros meios de proteo social. 4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteo de seus interesses. Artigo XXIV Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitao razovel das horas de trabalho e frias peridicas remuneradas.

Artigo XXV 1. Toda pessoa tem direito a um padro de vida capaz de assegurar a si e a sua famlia sade e bem estar, inclusive alimentao, vesturio, habitao, cuidados mdicos e os servios sociais indispensveis, e direito segurana em caso de desemprego, doena, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistncia fora de seu controle. 2. A maternidade e a infncia tm direito a cuidados e assistncia especiais. Todas as crianas nascidas dentro ou fora do matrimnio, gozaro da mesma proteo social. Artigo XXVI 1. Toda pessoa tem direito instruo. A instruo ser gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instruo elementar ser obrigatria. A instruo tcnicoprofissional ser acessvel a todos, bem como a instruo superior, esta baseada no mrito. 2. A instruo ser orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instruo promover a compreenso, a tolerncia e a amizade entre todas as naes e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvar as atividades das Naes Unidas em prol da manuteno da paz. 3. Os pais tm prioridade de direito n escolha do gnero de instruo que ser ministrada a seus filhos. Artigo XXVII 1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo cientfico e de seus benefcios. 2. Toda pessoa tem direito proteo dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produo cientfica, literria ou artstica da qual seja autor.

Artigo XVIII Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declarao possam ser plenamente realizados. Artigo XXIV 1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade possvel. 2. No exerccio de seus direitos e liberdades, toda pessoa estar sujeita apenas s limitaes determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer s justas exigncias da moral, da ordem pblica e do bem-estar de uma sociedade democrtica. 3. Esses direitos e liberdades no podem, em hiptese alguma, ser exercidos contrariamente aos propsitos e princpios das Naes Unidas. Artigo XXX Nenhuma disposio da presente Declarao pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado destruio de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.

DECRETO N 6044, DE 12 DE FEVEREIRO DE 2007.

Poltica Nacional de Proteo aos Defensores dos Direitos Humanos - PNPDDH

Presidncia da Repblica Casa civil Subchefia para assuntos jurdicos

DECRETO N 6.044, DE 12 DE FEVEREIRO DE 2007.

Aprova a Poltica Nacional de Proteo aos Defensores dos Direitos Humanos PNPDDH, define prazo para a elaborao do Plano Nacional de Proteo aos Defensores dos Direitos Humanos e d outras providncias

O PRESIDENTE DA REPBLICA, no uso da atribuio que lhe confere o art. 84, inciso VI, alnea a, e de acordo com o disposto no art. 5 o, caput e 1o e 2o, da Constituio, DECRETA: Art. 1o Fica aprovada a Poltica Nacional de Proteo aos Defensores dos Direitos Humanos - PNPDDH, na forma do Anexo a este Decreto, que tem por finalidade estabelecer princpios e diretrizes de proteo e assistncia pessoa fsica ou jurdica, grupo, instituio, organizao ou movimento social que promove, protege e defende os Direitos Humanos, e, em funo de sua atuao e atividade nessas circunstncias, encontra-se em situao de risco ou vulnerabilidade. Art. 2o A Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidncia da Repblica dever elaborar, no prazo de noventa dias a partir da data de publicao deste Decreto, proposta de Plano Nacional de Proteo aos Defensores dos Direitos Humanos. 1o Para a elaborao do Plano previsto no caput, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos contar com a colaborao da Coordenao Nacional de Proteo aos Defensores dos Direitos Humanos criada pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana. 2o A Secretaria Especial dos Direitos Humanos poder contar ainda com a colaborao de representes convidados de outros rgos da administrao pblica e de instituies da sociedade civil. 3o A participao nas atividades de elaborao do Plano Nacional de Proteo aos Defensores dos Direitos Humanos de relevante interesse pblico e no ser remunerada. Art. 3o Enquanto no institudo o Plano aludido no art. 2o, poder ser adotada, pela Unio, pelos Estados e o Distrito Federal, de acordo com suas competncias, por provocao ou de ofcio, medida urgente, com proteo imediata, provisria, cautelar e investigativa, mediante aes que garantam a integralidade fsica, psquica e patrimonial do defensor dos direitos humanos, quando verificado risco ou vulnerabilidade pessoa. Pargrafo nico. Ficam os rgos de direitos humanos e de segurana pblica da Unio autorizados a firmar convnios, acordos e instrumentos congneres com os Estados e o Distrito Federal, para implementao de medidas protetivas aos defensores dos direitos humanos aludidas no caput. Art. 4o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicao. Braslia, 12 de fevereiro de 2007; 186o da Independncia e 119o da Repblica.

LUIZ INCIO LULA DA SILVA Dilma Rousselff

Este texto no substitui o publicado no DOU de 13.2.2007.

ANEXO: POLTICA NACIONAL DE PROTEO AOS DEFENSORES DOS DIREITOS HUMANOS PNPDDH

CAPTULO I DISPOSIES GERAIS

Art. 1o A Poltica Nacional de Proteo aos Defensores dos Direitos Humanos - PNPDDH tem por finalidade estabelecer princpios e diretrizes de proteo aos defensores dos direitos humanos, conforme as leis brasileiras e os tratados internacionais de direitos humanos que o Brasil faa parte. Art. 2o Para os efeitos desta Poltica, define-se defensores dos direitos humanos como todos os indivduos, grupos e rgos da sociedade que promovem e protegem os direitos humanos e as liberdades fundamentais universalmente reconhecidos. 1o A proteo visa a garantir a continuidade do trabalho do defensor, que promove, protege e garante os direitos humanos, e, em funo de sua atuao e atividade nessas circunstncias, encontra-se em situao de risco ou vulnerabilidade ou sofre violao de seus direitos. 2o A violao caracteriza-se por toda e qualquer conduta atentatria atividade pessoal ou institucional do defensor dos direitos humanos ou de organizao e movimento social, que se manifeste, ainda que indiretamente, sobre familiares ou pessoas de sua convivncia prxima, pela prtica de homicdio tentado ou consumado, tortura, agresso fsica, ameaa, intimidao, difamao, priso ilegal ou arbitrria, falsa acusao, atentados ou retaliaes de natureza poltica, econmica ou cultural, de origem, etnia, gnero ou orientao sexual, cor, idade entre outras formas de discriminao, desqualificao e criminalizao de sua atividade pessoal que ofenda a sua integridade fsica, psquica ou moral, a honra ou o seu patrimnio.

CAPTULO II PRINCPIOS E DIRETRIZES

Seo I Princpios

Art. 3o So princpios da PNPDDH: I - respeito dignidade da pessoa humana; II - no-discriminao por motivo de gnero, orientao sexual, origem tnica ou social, deficincia, procedncia, nacionalidade, atuao profissional, raa, religio, faixa etria, situao migratria ou outro status; III - proteo e assistncia aos defensores dos direitos humanos, independentemente de nacionalidade e de colaborao em processos judiciais; IV - promoo e garantia da cidadania e dos direitos humanos; V - respeito a tratados e convenes internacionais de direitos humanos; VI - universalidade, indivisibilidade e interdependncia dos direitos humanos; e VII - transversalidade das dimenses de gnero, orientao sexual, deficincia, origem tnica ou social, procedncia, raa e faixa etria nas polticas pblicas.

Seo II Diretrizes Gerais

Art. 4o So diretrizes gerais da PNPDDH: I - fortalecimento do pacto federativo, por meio da atuao conjunta e articulada de todas as esferas de governo na proteo aos defensores dos direitos humanos e na atuao das causas que geram o estado de risco ou vulnerabilidade; II - fomento cooperao internacional bilateral ou multilateral; III - articulao com organizaes no-governamentais, nacionais e internacionais; IV - estruturao de rede de proteo aos defensores dos direitos humanos, envolvendo todas as esferas de governo e organizaes da sociedade civil; V - verificao da condio de defensor e respectiva proteo e atendimento; VI - incentivo e realizao de pesquisas e diagnsticos, considerando as diversidades regionais, organizao e compartilhamento de dados;

VII - incentivo formao e capacitao de profissionais para a proteo, bem como para a verificao da condio de defensor e para seu atendimento; VIII - harmonizao das legislaes e procedimentos administrativos nas esferas federal, estadual e municipal relativas ao tema; IX - incentivo participao da sociedade civil; X - incentivo participao dos rgos de classe e conselhos profissionais; e XI - garantia de acesso amplo e adequado a informaes e estabelecimento de canais de dilogo entre o Estado, a sociedade e os meios de comunicao.

Seo III Diretrizes Especficas

Art. 5o So diretrizes especficas de proteo aos defensores dos direitos humanos: I - implementao de medidas preventivas nas polticas pblicas, de maneira integrada e inter-setorial, nas reas de sade, educao, trabalho, segurana, justia, assistncia social, comunicao, cultura, dentre outras; II - apoio e realizao de campanhas scio-educativas e de conscientizao nos mbitos internacional, nacional, regional e local, considerando suas especificidades, que valorizem a imagem e atuao do defensor dos direitos humanos; III - monitoramento e avaliao de campanhas com a participao da sociedade civil; IV - apoio mobilizao social e fortalecimento da sociedade civil; e V - fortalecimento dos projetos j existentes e fomento criao de novos projetos. Art. 6o So diretrizes especficas de proteo aos defensores dos direitos humanos no que se refere responsabilizao dos autores das ameaas ou intimidaes: I - cooperao entre os rgos de segurana pblica; II - cooperao jurdica nacional; III - sigilo dos procedimentos judiciais e administrativos, nos termos da lei; e IV - integrao com polticas e aes de represso e responsabilizao dos autores de crimes correlatos. Art. 7o So diretrizes especficas de ateno aos defensores dos direitos humanos que se encontram em estado de risco ou vulnerabilidade:

I - proteo vida; II - prestao de assistncia social, mdica, psicolgica e material; III - iniciativas visando superao das causas que geram o estado de risco ou vulnerabilidade; IV - preservao da identidade, imagens e dados pessoais V - apoio para o cumprimento de obrigaes civis e administrativas que exijam comparecimento pessoal; VI - suspenso temporria das atividades funcionais; e VII - excepcionalmente, a transferncia de residncia ou acomodao provisria em local sigiloso, compatvel com a proteo.

TERMOS TCNICOS

ALGUNS TERMOS POLICIAIS E JURDICOS QUE OS DEFENSORES DOS DIREITOS HUMANOS DEVEM CONHECER

1) MEMRIA VISUAL a capacidade de se guardar na memria fatos, informaes, traos fisionmicos etc. podendo ser descritos com facilidade e riqueza de detalhes quando necessrio. 2) RETRATO FALADO a fotografia imaginria de uma pessoa descrita por outra, desenhada por peritos policiais. 3) LEI em naes politicamente organizadas, como a nossa, as Leis ditam as normas pelas quais os indivduos devem pautar seu comportamento. 4) CRIME toda ao penal que contraria o sentido jurdico e tem como finalidade lesar as pessoas ou a sociedade. 5) CRIME DOLOSO quando o agente prev, quer o resultado e assume os riscos, isto , pensa, prepara executa e consuma o fato. 6) CRIME CULPOSO - quando o agente o comete por negligncia, impercia ou imprudncia. 7) CRIME TENTADO aquele que o agente inicia, mas no termina por circunstncias alheias a sua vontade. 8) CRIME CONSUMADO aquele que resume todos os elementos de sua definio legal. 9) HOMICDIO o ato de matar algum Art. 121 do Cd. Penal.

10) HOMICDIO QUALIFICADO o agente comete o crime mediante asfixia, explosivo, paga ou promessa, emboscada, veneno ou motivo torpe ou ftil. 11) HOMICDIO PRIVILEGIADO o agente comete o crime por relevante valor social, mediante injusta provocao da vtima. 12) LESO CORPORAL - toda ofensa a integridade fsica ou a sade de algum. Podem ser leves, graves ou gravssimas. As graves resultam na incapacidade para as ocupaes habituais da vtima, por mais de trinta dias, ou ainda em perda de membros, sentidos ou funes. As gravssimas so as que resultam na incapacidade permanente para o trabalho Art. 129 do Cd. Penal. 13) ROUBO toda ao que visa subtrair para si ou para outrem, coisa alheia, mvel, mediante violncia ou ameaa a outra pessoa Art. 157 do Cd. Penal. 14) FURTO o ato de subtrair coisa alheia, mvel, para si ou para outrem, contra a vontade do dono, sem o uso da violncia ou ameaa a outra pessoa Art. 155 do Cd. Penal. 15) FURTO SIMPLES quando simplesmente tira-se alguma coisa de algum.

16) FURTO QUALIFICADO quando so usados meios extras, como arrombamento, chave falsa, abuso de confiana, etc. 17) EXTORSO constranger algum, mediante o uso da violncia ou grave ameaa, com o intuito de obter para si ou para outrem, vantagem ilcita ou indevida, ou forar a ao de fazer ou deixar de fazer o que a lei permite ou no permite Art. 158 18) DANO a ao de destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia Art. 163 19) APROPRIAO INDBITA o ato de algum apropriar-se de coisa alheia, em que cuja posse est com o autor Art. 168 20) ESTELIONATO o ato de se obter vantagens ilcitas, e mantendo algum em erro com meios ardis e fraudulentos Art. 171 21) RECEPTAO o ato de adquirir, receber ou ocultar coisa mvel de propriedade alheia e conhecidamente produto de crime. Incorre na mesma falta que influi em algum para que pratique a mesma ao Art. 180 22) ATO OBSCENO praticar em pblico ou local exposto ao pblico, atos que sejam contrrios a moral e aos bons costumes Art. 233 23) INCNDIO considerado por lei, como um crime de perigo comum, dado no s nos danos considerveis, como no perigo da propagao de suas chamas. 24) INCNDIOS ACIDENTAIS so os de origem das chamadas causas naturais, como raios ou curto circuitos (desde que no seja causado pela negligncia ou inpcia de algum, pois neste caso teramos um incndio culposo). S em casos fortuitos, um ramo de rvore partido pelo vento, vem cais sobre dois fios, ou outras causas imprevisveis e inevitveis. 25) INCNDIOS CRIMINOSOS so os intencionais, que podem ser cometidos pelos mais variados propsitos como vingana, golpes contra seguradoras, queima de arquivos (literalmente), para fazer desaparecer provas ou vestgios de outros crimes, etc. Art. 250 26) EXPLOSO o ato de provocar exploso com dinamite ou outros materiais de efeitos semelhantes, colocando em perigo a vida, a integridade fsica ou patrimonial de algum Art. 251 27) DESABAMENTO o ato de provocar desabamentos, colocando em perigo a vida, a integridade fsica ou patrimonial de terceiros Art. 256 28) FALSIDADE IDEOLGICA o ato de se utilizar ou falsificar documentos pblicos ou particulares. A moeda falsa tambm crime classificado contra a f pblica e no contra o patrimnio Artigos 289 a 291 29) RESISTNCIA opor-se mediante violncia ou grave ameaa a execuo legal da autoridade policial ou de que o est auxiliando Art. 329 30) DESOBEDINCIA desobedecer a ordem legal da autoridade policial ou seu agente Art. 330

31) DESACATO o ato de desacatar funcionrio pblico no exerccio de sua funo Art. 331 32) CORRUPO ATIVA quando algum d vantagem indevida a funcionrio pblico com a inteno de lev-lo a praticar ato ilcito ou indevido em sua funo Art. 333 33) CORRUPO PASSIVA quando o funcionrio pblico pede vantagem em virtude de sua funo Art. 317 34) VIOLAO DE DOMICLIO o ato de entrar ou permanecer em casa alheia sem o consentimento do dono Art. 150 35) CONSTRANGIMENTO ILEGAL o ato de coagir algum mediante violncia ou grave ameaa Art. 146 36) FAVORECIMENTO PESSOAL auxiliar o autor de um crime na fuga da ao da autoridade ou seu agente Art. 348 37) PORTE ILEGAL DE ARMA trazer consigo arma de fogo sem a devida licena da autoridade, fora de sua casa ou de suas dependncias Art. 19 - O mesmo est deixando de ser contraveno para se tornar crime. 38) LEGTIMA DEFESA o ato de repelir uma injusta agresso atual e eminente, em defesa prpria ou de outrem, usando de meios necessrios. 39) SIGILO PROFISSIONAL o segredo que cada profissional deve guardar das informaes de seus clientes. A quebra de sigilo profissional crime previsto no Cd. Penal Art. 154 40) INQURITO POLICIAL instaurado sempre que a polcia toma conhecimento de algum crime. 41) PRISO PREVENTIVA ser decretada, quando houver prova da existncia de um crime e indcios suficientes contra o acusado, apontando-o como autor. 42) DETENO PARA AVERIGUAES este tipo de priso no tem apoio na lei e no havendo o flagrante, o acusado s pode ser preso mediante mandado de priso expedido pela autoridade competente. 43) PROVAS DE UM CRIME que podem ser por: confisso, testemunhal, documental, policial, e por indcios. A prova mais usual e bsica, embora sujeita a falhas, a testemunhal. O falso testemunho crime. Ningum pode negar-se a ser testemunha, salvo os detentores de segredos profissionais.

POLCIAS

A polcia uma organizao mantida pelo Estado encarregada de proteger as pessoas, seus pertences e o patrimnio pblico, responsvel por aplicar a lei, garantir a ordem pblica, prevenir e descobrir crimes. No Brasil, esta competncia para organizar e garantir a segurana pblica dividida entre a os estados e o governo federal, e exercida pelos seguintes rgos:

Governo Federal / Ministrio da JustiaPolcia Federal: atua em todo o territrio nacional, e tem participao em casos de infrao contra o Estado brasileiro, em ocorrncias que envolvam mais de um estado da federao, ou outros pases. Cabe Polcia Federal prevenir e reprimir o trfico de drogas, o contrabando, proteger as fronteiras (por meio da polcia martima, aeroporturia e de fronteiras). Polcia Rodoviria Federal: Faz o patrulhamento e garante que as leis de trnsito sejam obedecidas nas rodovias federais. Guarda os trfegos nas estradas federais e nos seus acessos. Faz o registro de acidentes e fatos criminosos ali ocorridos. O Ministro da Justia o auxiliar direto do Presidente da Repblica, responsvel pelas aes da Polcia Federal.

Governo Federal / Ministrio da DefesaPolcia do Exrcito: Protegem o patrimnio pblico dos estabelecimentos militares federais, organizao responsvel pela guarda, vigilncia e correo interna destes estabelecimentos.

Governo Estadual / Secretaria de Segurana PblicaPolcia Militar: a polcia fardada, responsvel pela segurana da populao e por impedir que crimes ocorram. Como forma de preveno a polcia militar faz o policiamento ostensivo, isto , ela vai pra rua e circula pelos lugares pblicos, buscando sempre garantir a paz e a tranqilidade das pessoas. Quando necessrio a Polcia Militar tambm deve perseguir criminosos e pode efetuar prises, desde que elas estejam de acordo com a lei. Em situaes de grande concentrao de pessoas a policia militar age orientando as pessoas e antecipandose aos problemas. Corpo de Bombeiros: subordinado polcia militar e treinado para garantir a defesa civil em casos de desastres, incndios, catstrofes, desabamentos, ventanias, secas prolongadas, enchentes, etc. Polcia Rodoviria Estadual: faz o patrulhamento e garante que as leis e a segurana sejam preservadas nas rodovias estaduais. Polcia Florestal ou Ambiental: a diviso da polcia militar responsvel por garantir a proteo e preservao do meio ambiente.

Polcia Civil: atua depois de o crime ter ocorrido, a responsvel pela investigao e priso de acusados de infringir a lei. na Delegacia de Polcia que as ocorrncias so registradas e l que aberto o inqurito e sob o comando do delegado as investigaes devem correr, em busca de provas e testemunhas do que aconteceu. O Secretrio de Segurana Pblica o auxiliar direito do governador, responsvel pelas aes da Polcia Militar e da Polcia Civil.

Governo Municipal / Coordenadoria de Segurana PblicaGuarda Civil Metropolitana: atua protegendo o patrimnio e lugares pblicos municipais. Cada guarda metropolitana tem sua prpria regulamentao e em So Paulo esta uma corporao armada e uniformizada, a qual cabe tambm o policiamento e a fiscalizao do trnsito.

ABUSOS COMUMENTE REALIZADOS POR POLICIAIS E FORAS DE COAO

O policial um funcionrio pblico e deve agir sempre de acordo com a lei, quando ele comete algum abuso esta sujeito punio e deve ser denunciado. Ao abord-lo a primeira coisa que um policial deve fazer se identificar, em seguida ele pode pedir para que voc faa o mesmo, mostrando seus documentos. No entanto, estes documentos no podem ser apreendidos (a no ser quando existe suspeita de falsificao, e mesmo nestes casos obrigatrio que o policial faa um auto de apreenso, isto , um registro do que foi retido). Voc tambm no pode ser preso por andar sem documentos, no existe priso para averiguao, isto ilegal. Durante a abordagem o policial tambm pode pedir para revistar o seu automvel ou revist-lo, no entanto esta inspeo deve ser feita com decoro, de maneira a preservar a privacidade do revistado. Uma revista ntima, por exemplo, apenas pode acontecer na delegacia ou local adequado; outro exemplo com relao a revista de mulheres, que apenas pode ser feita por policiais femininas.

Casos de abusos mais comuns:Invaso de domiclio: Quando uma pessoa entra em sua casa sem o seu consentimento esta cometendo o crime de invaso de domiclio. Mesmo a polcia apenas pode entrar na sua casa durante o dia, e com um mandato judicial (assinado pelo juiz), ou em caso de emergncia, isto , se algum crime estiver acontecendo naquele momento (flagrante), ou em caso de acidente. Durante a noite a policia apenas pode entrar na sua casa em caso de emergncia. Priso Ilegal: Apenas so legais as prises feitas com mandado de priso (assinado pelo juiz), ou em flagrante (no momento ou logo em seguida da prtica do crime). Ningum pode ser preso para averiguao, por suspeitas, para ter seus dados levantados ou por precauo, e caso isso acontea o pedido de habeas corpus a melhor forma de se defender.

Maus tratos e tortura:

A autoridade do policial no d a ele o direito de agredir fsica ou verbalmente qualquer pessoa (a no ser que ele esteja se defendendo de uma agresso injusta). A conduta violenta ilegal e o uso de tortura para obter confisso faz com que o depoimento no tenha qualquer valor perante o juiz.

Como denunciar:Para fazer uma denncia muito importante reunir a maior quantidade de informaes possveis:

Quando e onde o abuso aconteceu; Se existem testemunhas dispostas a depor; Nome dos policiais, da viatura, do batalho ou da delegacia;

E em seguida voc deve entrar em contato com a Corregedoria, rgo responsvel por apurar as infraes cometidas por policiais, e pedir a abertura de um inqurito - em caso de agresso fsica tambm deve pedir para que seja feito um exame de corpo de delito (que serve para constatar as agresses sofridas).

PALAVRA DO DR. ELVIS DE ASSIS ATENONunca devemos nos esquecer que em todos os casos existem os bons e os maus profissionais, e isto se aplica a todas as reas da sociedade, tais como: As polcias, igrejas, poltica, comrcio, indstria e at nos lares vemos bons e maus pais, bons e maus maridos, enfim, o que define o bom ou o mau profissional ou ser humano o carter, a moralidade e o respeito prprio e pelos semelhantes que o mesmo demonstrar ou disponibilizar. No podemos generalizar as situaes, pois assim como existem os maus policiais ou profissionais em qualquer rea, existem os bons policiais e profissionais, que realmente respeitam as leis que juraram servir. Portanto, aplausos aos profissionais responsveis e repdio aos infratores que cometem desrespeito aos Direitos Humanos. O nosso objetivo manter parcerias com as AUTORIDADES e juntos trabalharem em prol da CIDADANIA e dos DIREITOS HUMANOS.

Defesa dos Direitos Humanos

DR. ELVIS DE ASSISTEl.: (32) 3551-4810

Orientaes aos Defensores dos Direitos Humanos. 1 : - Compete aos Defensores de Direitos Humanos: a) Cumprir e fazer cumprir o presente estatuto, regimentos e normas internas; b) Exercer a Representao dos Direitos Humanos como agentes desta ONG ou Associao nos Estados e/ou Municpios em que foram nomeados e em todo o Brasil, ou no Exterior, conforme o local onde estiverem; c) Fiscalizar como cidado e denunciar atos que atentem contra os Direitos Humanos, junto ao Ministrio Pblico; d) Criar e apoiar Comisses e Conselhos de Defesa de Direitos Humanos nos Municpios; e) Prestigiar e atuar nas aes das Delegacias de Defesa dos Direitos Humanos; f) Denunciar s Autoridades Competentes de nosso pas, em casos de comprovada ineficcia e/ou abuso aos direitos do cidado, presdios, penitencirias, delegacias, cadeias, escolas, cinemas, teatros, parques de diverses, hotis, motis, pousadas, penses, rodovias, asilos e internatos, ou qualquer outro estabelecimento que esteja descumprindo os Direitos Humanos; g) Lutar prioritariamente pelo cumprimento do ECA - Estatuto da Criana e do Adolescente; Estatuto do Idoso; Lei do Racismo e da Tortura; Cdigo de Defesa do Consumidor, Portadores de Deficincia e todos os Programas de Direitos Humanos;

h) Atuar na defesa da vida, da liberdade, da honra, da igualdade e dos direitos humanos; i) Agir na forma da lei, atuando cumprindo e fazer cumprir os direitos e garantias fundamentais estabelecidas no artigo 5 da Constituio Federal; j) Em casos de obter informaes comprovadas ou suspeitas sobre casos de abusos contra os direitos fundamentais do cidado, solicitar s Autoridades Constitudas que venham a intervir nas aes arbitrrias de policiais civis, militares, agentes de segurana, agentes penitencirios, guardas (administrativas e metropolitanas), e demais autoridades, que, de forma abusiva, contrariando as leis do Pas, ferirem a Constituio Federal e aos Direitos Humanos 6.: Todas as aes dos Defensores de Direitos Humanos, no devem ser realizadas de forma isolada, salvo em fragrante delito (como direito civil de qualquer cidado), tendo, sempre que possvel solicitar apoio das autoridades competentes, tais como Delegados de Policia, Comando da Polcia Militar, Promotores, Juizados de Menores, Conselho Tutelar, advogados e etc. 1 Considera-se Defensor de Direitos Humanos aquele que recebeu delegao da Diretoria, atravs de credenciais da instituio com nmero de registro, conforme ficha cadastral, na forma deste Estatuto, para defender os Direitos Humanos de acordo com as normas estatutrias e regimentais, transformando-se em um agente, da Entidade, na luta dos princpios,objetivos e finalidades do rgo.