APOSTILA-GESTAO-FINANCEIRA

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  • CURSO: MBA Regular Eixo Comum

    DISCIPLINA: Gesto Financeira

    Professor: Marcelo Humberto de Paiva Cunha

    GESTO FINANCEIRA

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    Prezados Alunos,

    Este caderno de exerccios tem como objetivo ser um material complementar para o aprendizado do contedo de GESTO FINANCEIRA, pois possui, alm do contedo resumido, as principais frmulas, exerccios resolvidos e exerccios de fixao, que contribuiro enormemente para o processo de aprendizado dos princpios bsicos do contedo do mdulo.

    Para completar, o tambm sero disponibilizados exerccios complementares e cases mais complexos, que devero ser resolvidos em casa, e apresentados ao professor quando solicitado como atividades pontuadas.

    de suma importncia a resoluo desses exerccios, pois os mesmos ajudaro na fixao do contedo aplicado e melhoraro o aprendizado, permitindo ao aluno trabalhar o conceito em diversos aspectos inerentes a empresas e ao mercado.

    De certa forma, o aluno exercitando o contedo construir sua prpria experincia e percepes dos conceitos, e assim formar sua base terica e prtica para se tornar um profissional diferenciado no mercado.

    Que este semestre seja, para todos ns, de aprendizado e conquistas, e que suas metas e objetivos sejam alcanados de forma brilhante, pois como aluno ESAMC, voc est no caminho certo.

    Professor Marcelo Cunha

    Se podes ser melhor do que s, evidente que ainda no s to bom como deves.

    (Santo Agostinho)

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    OBJETIVO DA DISCIPLINA:

    Ao final deste mdulo o aluno deve ser capaz de: Entender o completo funcionamento de uma rea de Finanas e quais so os subsistemas e decises desta rea.

    METODOLOGIA GERAL:

    Preparao prvia, aulas expositivas, estudos de caso de aplicao das principais ferramentas, pesquisas de campo, anlise e elaborao de relatrios.

    Observao: O aluno deve vir preparado para todas as aulas, ou seja, com as leituras prvias e exerccios realizados (ver aula a aula no final deste arquivo), com dvidas e questionamentos anotados e com questes sobre a contextualizao dos assuntos abordados nesta disciplina para a sua realidade profissional.

    MDULOS

    Mdulo A Conceitos bsicos de Finanas e Governana Corporativa;

    Mdulo B Conceitos gerais de contabilidade e principais relatrios

    Mdulo C Anlise das demonstraes contbeis (Vertical, Horizontal e ndices).

    Mdulo D Gesto de Custos.

    Mdulo E Matemtica Financeira e Anlise de Investimentos

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    Por que estudar Finanas?

    Finanas uma disciplina que evoluiu muito nos ltimos cinqenta anos. Sua grande transformao comeou na dcada de 50, quando Markowitz desenvolveu os conceitos que hoje usamos para a diversificao de investimentos, provando matematicamente que no bom colocar todos os ovos no mesmo cesto. Continuou ainda com Modigliani e Miller, que questionaram tudo o que se sabia sobre estrutura de capital. Na dcada seguinte nasceria o modelo mais usado at hoje para determinar o custo do capital das empresas, o CAPM. Nos anos 70 veramos o surgimento do modelo de Black & Sholes, para avaliao de opes e que utilizado at hoje, bem como o nascimento da teoria comportamental de Finanas (a Behavioral Finance), bero conceitual da Governana Corporativa, o grande assunto dos anos 90. Apesar disso, boa parte das empresas e dos executivos parece no tomar conhecimento dessa evoluo. Em 1999 dois professores, Graham e Harvey, relataram uma pesquisa (ainda a ser publicada pelo Journal of Financial Economics em meados de 2001) com quase quatrocentas empresas americanas. Seu objetivo era saber em que medida o que se estuda em Finanas absorvido e utilizado pelos executivos. Entre as empresas que responderam (mais de quatro mil foram contatadas) encontravam-se representantes de diversos setores da economia americana, empresas grandes e pequenas, de capital aberto e fechado, em crescimento e empresas j maduras. Tambm o perfil do principal executivo de cada empresa foi estudado, considerando-se a sua experincia, tempo no cargo, formao acadmica e at sua eventual participao acionria na empresa. Essas empresas responderam a um extenso questionrio que procurava descobrir como tratavam problemas relacionados a trs grandes grupos de decises em Finanas: oramento de capital, custo de capital e estrutura de capital. Em outras palavras, como as empresas decidiam sobre novos investimentos, como avaliavam o custo dos recursos que utilizavam e como decidiam sobre quanto apresentar, em seu balano, entre capital acionrio e dvida. Ficou evidente um comportamento muito heterogneo por parte das empresas. Enquanto algumas utilizam recursos razoavelmente sofisticados de anlise e deciso, outras parecem estar paradas no tempo, utilizando critrios primariamente ultrapassados. No exatamente uma novidade. Os mtodos adotados pelos executivos freqentemente apresentam defasagens de dcadas para a teoria. S para citar um exemplo, a consultoria americana Stern & Stewart criou o EVA (Economic Value Added), com sucesso explosivo na dcada de 90. Novidade? Pois Modigliani utilizava o mesmo conceito ao final da dcada de 50, pouco mais de trinta anos antes! Isso no tira o valor da Stern & Stewart, que foi a responsvel pela popularizao do conceito, para benefcio de executivos e investidores, alm de desenvolver uma detalhada metodologia para sua implementao. Fica evidente, porm, que o "calcanhar de Aquiles" de Finanas no est no desenvolvimento da disciplina, mas na sua disseminao. Um aspecto que chamou a ateno na anlise de Graham & Harvey foi que o tal comportamento heterogneo das empresas apresentou uma clara relao com o perfil das instituies e de seus principais executivos. Do lado das empresas, as ferramentas mais modernas eram caractersticas das grandes e de capital aberto, com seu comando nas mos de executivos profissionais. Quanto aos executivos, claramente aqueles com formao mais avanada (um MBA, por exemplo) e com menor posio acionria na empresa (profissionais, portanto) formavam o grupo de ponta. Com a abertura dos mercados, consolidao dos grandes grupos e da globalizao, no difcil imaginar o perfil profissional que se espera para o futuro. A est o desafio: qualificar empresas, atravs de seus executivos e colaboradores, para a tomada de decises fundamentais ao desenvolvimento de seus negcios!

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    Por que estudar Matemtica Financeira?

    Primeiramente, antes de explicar os porqus do estudo da matemtica financeira e sua importncia para vida cotidiana do cidado e das corporaes, h necessidade de se definir o que vem a ser este ramo de matemtica amplamente utilizada no mercado. Para Assaf Neto (1998, p.13) matemtica financeira o "estudo do dinheiro no tempo ao longo do tempo". Segundo Zentgraf (2003, p.2), alm de estudar os aspectos temporais do dinheiro, tais estudos objetivam estabelecer relaes entre quantias monetrias expressas em datas diferentes. Entretanto, a matemtica financeira pode ser definida de forma mais simplificada sendo a aplicao da matemtica para decises gerenciais a respeito de operaes financeiras. Para que as operaes financeiras sejam executadas, faz-se necessrio a aplicao de clculos adequados, sendo que o estudo desses clculos o objeto de estudo da matemtica financeira (Veras: 2001, p.53). Objetivando minimizar custos, reduzir riscos e incertezas, gerados pelas constantes mudanas econmicas intensificadas pela sofisticada tecnologia presente em todos os mercados mundiais, os agentes econmicos buscam mecanismos que lhes proporcione uma maior segurana e fundamentao para tomada de deciso, favorecendo a maximizao de resultados. Os clculos financeiros so ferramentas essenciais no processo de tomada de deciso e na gesto financeira de empresas e pessoas. O desconhecimento desse ferramental pode resultar em grandes perdas financeiras (Samanez: 2001, p. xiii). Desta forma a matemtica financeira passa a ser a principal ferramenta para mensurar o custo do dinheiro no tempo, seja este custo relacionado com efeitos inflacionrios ou pelo custo de oportunidade e, ainda, segundo Hazzan (2001, p.1), ela "fornece instrumentos para o estudo e avaliao das formas de aplicao de dinheiro bem como de pagamento de emprstimo". Portanto, atravs da aplicao dos conceitos relacionados matemtica financeira que as decises financeiras, desde as mais simples como as mais complexas, ficam mais claras evitando perdas monetrias, gerando o chamado: custos da ignorncia da Matemtica Financeira. Os custos da ignorncia nesta rea geralmente afetam diretamente o "bolso" dos diferentes agentes econmicos, causando prejuzos s empresas, comprometimento da renda, demisses de gerentes administrativos, problemas judiciais, violao do cdigo de defesa do consumidor, multas e punies legais, comprometimento do bem-estar familiar, dentre outros. Como todos os agentes econmicos esto expostos aos riscos de mercado ao realizarem operaes financeiras, torna-se vasta a rea de abrangncia da Matemtica Financeira, sendo que praticamente todos os agentes econmicos ativos necessitam desta ferramenta para tomada de deciso, das mais simples s mais complexas, podendo citar como principais usurios os consumidores, empresas, consultores, peritos financeiros, gestores em geral, etc. Entretanto, independente do grau de complexidade uma determinada situao ou contrato financeiro, de acordo com Silva (2002, p.7), com a "utilizao da matemtica financeira o grau de incerteza para tomada de deciso reduzido, assim torna-se possvel escolha de alternativas mais rentveis com maior grau de segurana e um baixo coeficiente de erro na deciso tomada". Porm, no basta saber matemtica, ou as frmulas utilizadas pela matemtica financeira e comercial, e sim a aplicabilidade de tais frmulas e conceitos matemticos, e a interpretao dos resultados gerados tomando decises acertadas diante da bagagem de informaes obtidas ou geradas a partir de tais aplicaes.

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    Mdulo A Conceitos bsicos de Finanas e Governana Corporativa

    Objetivo do Mdulo: Ao final deste mdulo o aluno deve ser capaz de: - Conhecer a conceituao geral de Finanas - Saber como e onde estes conceitos podem ser aplicados - Conhecer a estrutura geral de uma rea financeira - Compreender as fraudes financeiras do incio da dcada e os principais dispositivos da Lei Sarbannes-Oxley - Entender os princpios Governana Corporativa

    PREPARAO PRVIA 1

    Leitura prvia do captulo 1 do Livro do Gitman (Bibliografia bsica) ou Cap. 1 (Ching) ou de qualquer outro livro sobre o assunto do mdulo. Responda as questes abaixo e entregue ao professor: 1 D a sua definio para Finanas. 2 Cite uma funo fundamental de finanas para uma empresa. 3 Quais os principais usurios da informao financeira? 4 Que tipo de informao financeira voc utiliza usualmente em seu trabalho?

    PREPARAO PRVIA 2

    Assistir ao Filme ENRON Os mais espertos da sala e trazer respondidas as seguintes perguntas: 1 Em que se fundamentaram das Fraudes ocorridas na ENRON? 2 Quais as conseqncias de tais fraudes para a aposentadoria dos funcionrios? 3 Porque a questo contbil central nesse filme? 4 Qual foi o episdio do filme que mais lhe chamou a ateno? 5 O que o Mercado de Capitais? 6 Do que se trato o Novo Mercado da Bovespa?

    PREPARAO PRVIA 3

    Pesquisa acerca dos temas Fraudes Financeiras, SOX e Governana Corporativa Responda as questes abaixo e entregue ao professor: 1 Do que se trata a SOX? Quais empresas devem se submeter mesma? 2 Defina Governana Corporativa e aponte sua relao com os resultados financeiros de uma empresa.

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    Finanas Coorporativas

    O conceito de Finanas, na sua acepo moderna, nasceu nos anos de 1950. Desde ento, esta rea tem ultrapassado muitas outras das mais tradicionais da Economia, em nmero de estudantes, professores e, principalmente, na quantidade e qualidade da produo cientfica. Constata-se que a maioria dos professores de Finanas leciona em cursos de Administrao, em que a abordagem caracterstica normativa, isto , um tomador de deciso, seja um investidor individual ou gerente empresarial, busca maximizar uma funo-objetivo, seja em utilidade ou em retorno esperado, ou agregar valor para o acionista, para um dado preo de ttulo obtido no mercado. No nvel micro, as finanas so o estudo do planejamento financeiro, da gesto de ativos e da captao de fundos por empresas e instituies financeiras. O termo finanas pode assim incorporar os seguinte itens:

    O estudo do dinheiro e outros ativos; O gerenciamento e controle destes ativos (recursos); Analisar e gerenciar risco de projetos; Como verbo, "financiar" significa fornecer fundos para negcios e projetos.

    Em outras palavras, em escolas de Administrao de Empresas se ensina como tomar as melhores decises. Nestes ltimos anos, um artigo normal em peridicos de Finanas costuma ter duas sees principais: a primeira apresentando um modelo e a segunda mostrando a aplicao emprica do modelo com os dados do mundo real. Sem pretender traar uma viso completa da rea, e aproveitando a viso de Merton Miller sobre alguns dos pontos fortes da histria das Finanas destas ltimas dcadas, destacamos:

    Markowitz e a teoria da seleo de carteira (1952)

    Existe consenso entre os estudiosos em Finanas que o artigo de Harry Markowitz (Portfolio Selection, de 1952) foi o precursor da moderna teoria de Finanas, ao apresentar de maneira precisa, pela primeira vez, os conceitos de risco e retorno. Essa identificao de retorno e risco atravs de mdia e varincia to usada por profissionais de finanas hoje em dia no era to bvia naqueles dias! Essa faanha de Markowitz tornou possvel a utilizao da poderosa lgebra de matemtica estatstica nos estudos de seleo de carteiras.

    William Sharpe e o CAPM (1964)

    Alguns anos depois, Sharpe e outros iniciam a criao do seu modelo, imaginando um mundo no qual todo o investidor utiliza a teoria da seleo de carteiras de Markowitz atravs da mdia e varincia. Sharpe supe tambm que os investidores compartilham dos mesmos retornos esperados, varincias e covarincias. Mas ele no assume que todo investidor possui o mesmo grau de averso ao risco. Assim, os investidores sempre vo poder reduzir o grau de risco, medida que sejam tomadores de parcelas maiores de ativos livres de risco, junto com a combinao de carteiras de ativo de risco. O realismo ou a falta de realismo das suposies subjacentes ao CAPM no foi objeto de debates, pois se adotou a viso positivista de Friedman: o que conta no a preciso das

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    suposies mas as predies do modelo! E as predies deste modelo ainda so as melhores, apesar de todas as suas limitaes. O CAPM implica que a distribuio dos retornos esperados de todos os ativos de risco uma funo linear do risco dos ttulos, isto , de sua covarincia com a carteira de mercado ou o conhecido Beta. O CAPM no s ofereceu novos e poderosos argumentos na natureza do risco, mas permitiu uma investigao emprica necessria para o atual desenvolvimento de finanas. O modelo da mdia e varincia de Markowitz e o CAPM de Sharpe e outros foram contribuies que tiveram seu valor cientfico reconhecido pelo comit do prmio Nobel de 1990.

    O CAPM no s ofereceu novos e poderosos argumentos na natureza do risco, mas permitiu uma investigao emprica necessria para o atual desenvolvimento de finanas

    A hiptese da eficincia de mercado

    Esta teoria, intimamente ligada ao modelo anterior, se refere hiptese de mercados eficientes. Afirma-se que no h uma simples regra, baseada nos dados e informaes publicamente disponveis, que possa gerar ganhos extraordinrios aos investidores; e que os preos das aes se comportam aleatoriamente (randon walk). Proposio de Modigliani e Miller Outro dos pilares sobre os quais as teorias de Finanas se baseiam so as proposies de Modigliani e Miller (M&M) sobre a estrutura de capital, com a publicao do seu primeiro artigo sobre custo de capital, finanas corporativas e teoria de investimentos. Tanto as proposies de M&M como o CAPM e a hiptese de eficincia de mercado tratam do equilbrio no mercado de capitais e de quais foras atuam quando este equilbrio perturbado.

    Derivativos e Opes

    Estudos recentes em Finanas, tambm reconhecidos pelo Comit do Prmio Nobel, se situam no campo das Opes e de Derivativos, cujos pioneiros foram Merton e Scholes, seguidos de perto por Fischer Black. Contrato derivativo um contrato cujo valor deriva do valor de uma taxa de referncia, do valor de um ttulo (ou de uma commodity) ou de um ndice. A opo, por sua vez, um instrumento que d a seu comprador um direito futuro sobre algo, mas no uma obrigao, e ao seu vendedor uma obrigao futura, caso a opo seja exercida pelo comprador. A frmula de Black-Scholes-Merton diz que o preo de uma opo funo do valor corrente de mercado do ttulo, do preo futuro, do perodo at o vencimento e da taxa livre de risco, alm da varincia dos retornos deste ttulo. Perspectivas futuras Quais seriam as alternativas para novas pesquisas em Finanas? Sem grandes especulaes, poderamos dizer que ainda h muito a se fazer no Brasil sobre esses temas em finanas corporativas. Muitas questes no foram totalmente resolvidas, apesar de muitos modelos terem surgido, como a teoria de agncia ou governana corporativa, capital intelectual e intangveis, finanas pessoais, finanas comportamentais, inteligncia artificial e modelos financeiros, custo e estrutura de capital. No Brasil parece ser muito promissora a questo da avaliao dos ativos de renda fixa e seu ndice de referncia, derivativos e ferramentas para suporte tomada de deciso. As tomadas de decises econmicas por empresas e indivduos so inerentes vida e so fortemente influenciadas

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    por aquilo que est acontecendo ou vir a acontecer no ambiente macroeconmico. Nesta ltima dcada, aconteceu uma verdadeira revoluo nas organizaes, que esto se transformando para competir num mercado cada vez mais exigente. A gesto profissional cada vez mais exigida para a sobrevivncia e o desenvolvimento das empresas, especialmente com a informatizao da comunicao e dos processos de trabalho. Engana-se quem pensa que o Brasil est fora disso! S para lembrar um exemplo, o Brasil hoje um dos poucos pases no mundo onde o contribuinte faz e envia sua declarao de imposto de renda pela internet. O computador ferramenta incorporada vida do cidado, tanto no interior como nas grandes cidades. Um nmero crescente de investidores est optando pelo investimento atravs de home-brokers, que nada mais do que um sistema de negociao ligado com a Bolsa de Valores de So Paulo, que permite ao usurio dar ordens diretas de compra e venda por meio da internet. O volume de negcios com home-brokers tem crescido a taxas expressivas e apresenta vantagem no custo, pois as taxas cobradas em geral so mais baixas.

    Foco no cliente

    A legislao, a mdia e a conscientizao em relao aos direitos do cidado e do consumidor tm obrigado as empresas a mudarem suas prticas de relacionamento com os clientes. Como difcil encantar o cliente com empregados insatisfeitos, as organizaes esto percebendo a necessidade de uma poltica adequada de recursos humanos. As prticas administrativas com foco no cliente permitiram que as carroas brasileiras se tornassem veculos dotados de tecnologia avanada, levando empresas, pertencentes a esta cadeia de valor, a melhorar a qualidade dos produtos e dos sistemas gerenciais. Essa revoluo apresenta indiscutveis impactos na formao de pessoal e tem levado as organizaes a investir pesadamente em educao e treinamento, com a participao dos centros de excelncia das universidades brasileiras, com destaque para a Faculdade de Administrao e Economia (FAE), que vem obtendo resultados amplamente compensadores. Navegar nos mtodos de ensino a distncia um exerccio recente, mas com crescente utilizao nas suas variadas formas: telecurso, videoconferncia, internet, chat... O incio deste novo milnio ver desigualdades nas populaes de diferentes partes do pas e do mundo. O futuro ser melhor para quem se preparar investindo em tecnologia, administrao e gerncia dos seus negcios. As economias com menor ndice de desemprego e melhor distribuio de riqueza so aquelas em que os mercados dispem de ferramentas para lidar com o futuro. Posicionase melhor o exportador que fixa uma taxa de cmbio, o gestor que protege sua carteira atravs dos mercados de ndices e opes, o agricultor que pode transferir seus riscos para o mercado e o empresrio que investir na capacitao de seu pessoal.

    Qual o Objetivo de Finanas?

    Maximizar o valor da empresa num ambiente de recursos escassos.

    Contabilidade

    Processo de registro de todas as transaes de uma empresa, expressas em termos monetrios, mostrando os reflexos dessas transaes na situao econmico-financeira da companhia, auxiliando a administrao a tomar decises.

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    Contabilidade a linguagem dos negcios.

    Quais os usurios das informaes contbeis?

    Proprietrios .............Rentabilidade/Valor do negcio? Aumentar/diminuir investimentos ?

    Administradores .........Que operaes devem ser incrementadas/reduzidas ?

    Fornecedores .............Aumentar/diminuir crdito ?

    Bancos .......................Ceder emprstimos ?

    Governo .....................IR calculado corretamente ?

    Empregado ................A Companhia lucrativa ?

    Concorrentes .............Vendas/Margens de lucro, Rentabilidade

    Mercado de Capitais

    O mercado de capitais um sistema de distribuio de valores mobilirios, que tem o objetivo de proporcionar liquidez aos ttulos de emisso de empresas e viabilizar seu processo de capitalizao.

    Estrutura do mercado de capitais

    O Mercado de Capitais constitudo pelas bolsas de valores, sociedades corretoras e outras instituies financeiras autorizadas. O mesmo subdividido em Mercado Primrio e o Mercado Secundrio. No Mercado Primrio onde se negocia a subscrio de novas aes ao pblico, isto , onde os valores mobilirios circulam pela primeira vez e onde a empresa obtm o capital para seus empreendimentos, pois o dinheiro da venda vai para a empresa. J o Mercado Secundrio so as demais negociaes com esses ttulos, como simples trocas de possuidores, pois a empresa emissora j no ter mais contato com o dinheiro proveniente dessas trocas. Esse ltimo mercado se caracteriza tambm pelas negociaes realizadas fora das bolsas, em negociaes que denominamos como mercado de balco, trazendo dessa forma mais liquidez para esses ativos financeiros. Segundo Fortuna (2005) Mercado de Balco um mercado sem local fsico determinado para a realizao das transaes. Elas so realizadas por telefone, entre as instituies financeiras. Neste mercado, normalmente, so negociadas aes de empresas no registradas na BOVESPA, alm de outras espcies de ttulos. O mercado de balco dito organizado quando se estrutura como um sistema de negociaes de ttulos e valores mobilirios administrados por entidade autorizada pela CVM.

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    Por que investir no Mercado de Capitais?

    medida que cresce o nvel de poupana individual e a poupana das empresas (entende-se por poupana o lucro das mesmas) constituem a fonte principal do financiamento dos investimentos de um pas. Tais investimentos so o motor do crescimento econmico e este, por sua vez, gera aumento de renda, com conseqente aumento da poupana e do investimento, assim por diante. As empresas, medida que se expandem, carecem de mais e mais recursos, que podem ser obtidos por meio de:

    Emprstimos;

    Reinvestimentos de lucros;

    Participao de acionistas.

    As duas primeiras fontes de recursos so limitadas. Geralmente, as empresas utilizam-nas para manter sua atividade operacional. Mas pela participao de novos scios nesse caso os acionistas que uma empresa ganha condio de obter novos recursos no exigveis, como contrapartida participao no seu capital. Com esses novos recursos, as empresas tm condies de investir em novos equipamentos ou no desenvolvimento de pesquisas melhorando seu processo produtivo, tornando-o mais eficiente e beneficiando toda a comunidade. O investidor em aes contribui assim para a produo de bens, dos quais ele tambm consumidor. Como acionista, ele scio da empresa e se beneficia da distribuio de dividendos sempre que a empresa obtiver lucros. Essa a mecnica da democratizao do capital de uma empresa e da participao em seus lucros. Antes de investir no mercado de capitais deve-se tambm analisar o tipo de investidor que voc , pois no mercado de capitais voc possui diversas formas de obter retorno buscando equilibrar os trs aspectos bsicos em um investimento: retorno, prazo e proteo. Ao avali-lo, portanto, deve estimar sua rentabilidade, liquidez e grau de risco. A rentabilidade sempre diretamente relacionada ao risco. Ao investidor cabe definir o nvel de risco que est disposto a correr, em funo de obter uma maior ou menor lucratividade. Tornando-se desta forma uma tima forma de investir seu dinheiro com diversas formas de rentabilidade de pequeno, mdio e grande risco, sendo de pequena, media e grande rentabilidade respectivamente.

    Principais Benefcios do Mercado Acionrio

    Para que o Mercado Acionrio se desenvolva, consiga cumprir com sua funo e traga benefcios para as partes envolvidas, o ambiente de negcios no pas de atuao deve ter total liberdade e possuir regras claras e definidas. Eis abaixo alguns dos principais benefcios que um Mercado de Aes desenvolvido pode propiciar a uma nao:

    Financia a produo e os negcios, pois atravs da venda de aes as empresas obtm recursos para expandir seu capital, com obrigaes apenas no longo prazo;

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    Possibilita que os recursos poupados se tornem investimentos, proporcionando crescimento econmico e crescimento de produtividade com a insero das poupanas no setor produtivos;

    Constitui uma forma de crescimento das companhias, que podem aumentar sua participao no mercado atravs da distribuio de aes, alm de possibilitar a elas aumentar seus ativos e valor de mercado;

    Auxilia a redistribuio de renda, medida que pode proporcionar a seus investidores ganhos decorrentes de valorizaes do valor da ao e distribuio de dividendos, compartilhando assim o lucros das empresas;

    Aprimoramento dos princpios da Governana Corporativa, atravs de melhorias na administrao e eficincia, visto que as companhias abertas precisam cumprir a regras cada vez mais rgidas propostas pelo governo e pelas Bolsas de Valores, alm de deixar o mercado mais transparente;

    Possibilita a insero de pequenos investidores, j que para investir em aes no h a necessidade de grandes somas de capital como outros tipos de investimentos;

    O Mercado de Aes atua como indicador econmico, uma vez que extremamente sensvel e a cotao das aes pode refletir as foras do mercado, como momentos de recesso, estabilidade, crescimento, etc.

    Investimentos em Ttulos

    Renda: Divido em fixa e varivel. A renda fixa quando se conhece previamente a forma do rendimento que ser conferida ao ttulo. Nesse caso, o rendimento pode ser ps ou prefixado, como ocorre, por exemplo, com o certificado de depsito bancrio. A renda varivel ser definida de acordo com os resultados obtidos pela empresa ou instituio emissora do respectivo ttulo.

    Prazo: H ttulos com prazo de emisso varivel ou indeterminado, isto , no tm data definida para resgate ou vencimento, podendo sua converso em dinheiro ser feita a qualquer momento. J os ttulos de prazo fixo apresentam data estipulada para vencimento ou resgate, quando seu detentor receber o valor correspondente sua aplicao, acrescido da respectiva remunerao.

    Emisso: Os ttulos podem ser particulares ou pblicos. Particulares, quando lanados por sociedades annimas ou instituies financeiras autorizadas pela CVM ou pelo Banco Central do Brasil, respectivamente; pblico, se emitidos pelo governo federal, estadual ou municipal.

    Como investir e operar no mercado de capitais?

    Para operar no mercado secundrio de aes necessrio que o investidor se dirija a uma sociedade corretora membro de uma bolsa de valores, na qual funcionrios especializados podero fornecer os mais diversos esclarecimentos e orientao na seleo do investimento, de acordo com os objetivos definidos pelo aplicador. Se pretender adquirir aes de emisso

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    nova, ou seja, no mercado primrio, o investidor dever procurar um banco, uma corretora ou uma distribuidora de valores mobilirios, que participem do lanamento das aes pretendidas.

    Governana Corporativa

    Governana corporativa ou governo das sociedades ou das empresas o conjunto de processos, costumes, polticas, leis, regulamentos e instituies que regulam a maneira como uma empresa dirigida, administrada ou controlada. O termo inclui tambm o estudo sobre as relaes entre os diversos atores envolvidos (os stakeholders) e os objetivos pelos quais a empresa se orienta. Os principais atores tipicamente so os acionistas, a alta administrao e o conselho de administrao. Outros participantes da governana corporativa incluem os funcionrios, fornecedores, clientes, bancos e outros credores, instituies reguladoras (como a CVM, o Banco Central, etc.) e a comunidade em geral. Governana corporativa uma rea de estudo com mltiplas abordagens. Uma das principais preocupaes garantir a aderncia dos principais atores a cdigos de conduta pr-acordados, atravs de mecanismos que tentam reduzir ou eliminar os conflitos de interesse e as quebras do dever fiducirio. Um problema relacionado, entretanto normalmente tratado em outro frum de discusso o impacto da governana corporativa na eficincia econmica, com uma forte nfase em maximizar valor para os acionistas. H ainda outros temas em governana corporativa, como a preocupao com o ponto de vista dos outros stakeholders que no os acionistas, bem como o estudo dos diversos modelos de governana corporativa ao redor do mundo. Assim, o corporate governance (ou o governo das sociedades) composto pelo conjunto de mecanismos e regras pelas quais se estabelecem formas de controlo da gesto das sociedades de capital aberto, e onde se incluem instrumentos para monitorizao e possibilidade de responsabilizao dos gestores pelas suas decises (ou atos de gesto). O corporate governance visa a diminuir os eventuais problemas que podem surgir na relao entre gestores e acionistas e, consequentemente, diminuir o risco de custos de agncia.

    Fraudes Contbeis

    Em 2002, os norte-americanos e, como conseqncia, o resto do mundo viram o fim da era de exploso de negcios que j comeavam prsperos e com preos de aes alcanando as nuvens. Realmente era bom demais para ser verdade. As empresas que ningum poderia deter no tiveram os rendimentos esperados. Ao invs disso, elas estavam "esquentando os livros" para dar a impresso de lucros que no existiam. Uma empresa culpada por fraude contbil quando propositalmente inclui informaes incorretas em suas declaraes financeiras - manipulando despesas e receitas para melhorar seus rendimentos por ao. Neste artigo, veremos os truques que algumas empresas usaram para "rechear" suas demonstraes financeiras bem como saber por que agiram assim.

    Por que falsificar os livros de contabilidade? O gerenciamento dos ganhos atravs de lanamentos duvidoso (ou "esquentar os livros de contabilidade") simplesmente uma maneira de fazer as coisas terem uma aparncia melhor do que elas realmente so para manter os acionistas felizes, atrair novos investidores, atender oramentos, e o mais importante, ganhar bonificaes. Bonificaes so vinculados a nveis especficos de receita, tornando-os extremamente tentadores para

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    que se faa quase de tudo para atingir - ou parecer atingir - a meta. Mas nem toda a falsificao de livros de contabilidade motivada apenas pela ganncia. Fazendo as receitas parecerem maiores do que realmente so, uma empresa em apuros poderia se manter tona com dinheiro de investidores at que possa gerar um lucro real. Tal movimento, no entanto, perigoso. Eis um exemplo: imagine que voc um garoto com uma banca de limonada e quer construir um telhado sobre ela para que seus clientes no se incomodem com o calor do sol. Voc no tem dinheiro, mas seu irmo tem e no vai emprestar a no ser que ele saiba que vai ganhar algo no negcio. Voc tem certeza que cobrir a banca far toda a diferena porque seus clientes vo gostar de beber seus sucos na sombra fresca. Ento voc decide criativamente aumentar os nmeros de suas vendas atuais e oferece a seu irmo uma chance de investir em seu negcio. Ele d o dinheiro para construir o telhado em troca de 25% de seus lucros. Por uma razo qualquer, a banca coberta no aumenta a venda de limonada como voc imaginava. Agora seu irmo est furioso, porque o lucro que ele pensou que faria estava baseado em nmeros de vendas falsos. A esse ritmo, ele levar quatro veres para recuperar o dinheiro investido, e mais ainda para realmente lucrar. Investidores so atrados por aes com preos crescentes de empresas pblicas, o que faz das declaraes financeiras das empresas documentos extremamente importantes. Analistas de Wall Street dependem de documentos e informaes das prprias empresas para fazer recomendaes. A empresa depende do dinheiro de investidores para financiar o seu crescimento. Os acionistas esperam que as aes subam quando as compram. Quando o preo cai, eles perdem dinheiro.

    Um pouco do histrico da contabilidade Os documentos mais importantes que uma empresa agrupa so as declaraes financeiras. Estas incluem um balano patrimonial, uma demonstrao dos fluxos de caixa e uma demonstrao dos resultados. Estes documentos descrevem quantitativamente a sade financeira de uma empresa e so usados por quase todas as entidades que lidam com as empresas, incluindo os executivos da empresa e os prprios gerentes. As demonstraes financeiras a seguir so normalmente preparadas trimestral e anualmente:

    o balano patrimonial fornece uma viso instantnea ou geral da situao financeira da empresa em um dado momento. Isso inclui ativos e passivos e informa qual o patrimnio da empresa;

    a declarao de fluxo de capital mostra o dinheiro que est entrando bem como o dinheiro necessrio para sair por um perodo. Ela muito til para planejamento de grandes compras ou para ajudar na preparao de perodos lentos dos negcios. Em termos simples, o fluxo de capital igual receita menos desembolso de dinheiro;

    o demonstrativo de lucros e perdas lista receitas e despesas. Ele tambm lista os lucros ou perdas dos negcios por um perodo. til para planejamento e ajuda a controlar despesas operacionais.

    Bancos revisam as declaraes financeiras para decidir se emprestam dinheiro a uma empresa (e qual ser a taxa de juros caso decidam pelo emprstimo). Os investidores revisam os documentos para decidir se tm confiana suficiente na empresa para investir seu suado dinheiro. Os gerentes das empresas usam esses documentos para analisar os

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    negcios e determinar se esto indo bem. Por tudo isso, importante que eles sejam precisos. Para empresas pblicas, estes documentos so auditados por firmas de contabilidade externas que certificam se os documentos esto compilados de acordo com princpios de contabilidade geralmente aceitos, que so regras de contabilizao emitidas pelo Financial Accouting Standard Board (FASB). No entanto, estas firmas esto ainda merc das informaes fornecidas pela empresa. Elas tambm esto interessadas em manter seus maiores clientes felizes.

    O ato Sarbanes-Oxley de 2002 Em 2002, o presidente Bush assinou o ato Sarbanes-Oxley para "restabelecer a confiana do investidor na integridade das declaraes e relatrios financeiros das empresas". O ato foi trazido discusso devido a um grande nmero de casos de fraudes financeiras em empresas (como os da Enron, WorldCom, Tyco, Adelphia, AOL, e outros) e pelo final dos anos de "boom" do mercado de aes. O ato requer que todas as empresas pblicas apresentem estimativas trimestrais e anuais de efetividade de seus controles de auditoria financeira interna a Securities and Exchange Commission. Cada um dos auditores externos das empresas deve tambm fazer a auditoria e relatar os controles internos de gerncia e quaisquer outras reas que possam afetar os controles internos. O diretor executivo e o diretor financeiro da empresa devem certificar pessoalmente que os relatrios financeiros so verdadeiros e que nenhuma informao foi omitida. Muitas das provises do ato se aplicam a todas as empresas, nos Estados Unidos e estrangeiras. No entanto, algumas provises se aplicam apenas s empresas que tm ttulos de participao listados em cmbio ou NASDAQ. Os detalhes do ato Sarbanes-Oxley discursam sobre muitas das tticas que foram usadas para "esquentar os livros contbeis" durante anos. Nas prximas sees, verificaremos alguns dos mtodos mais famosos de melhorar os pontos principais de uma empresa - apenas no papel.

    Quem os mantm todos corretos?

    Securities and Exchange Commission (SEC) Trata-se da Comisso de Valores Mobilirios e Cmbio dos EUA protege investidores mantendo a integridade dos mercados de ttulos, com base na idia de que todos os investidores deveriam ter acesso a certos fatos bsicos sobre um investimento. A SEC requer que empresas pblicas revelem informaes financeiras significantes (e outros tipos de informaes) ao pblico para que todos os investidores possam determinar se os ttulos de uma empresa so ou no um bom investimento. A instituio tambm fiscaliza a bolsa de valores, corretores, assessores de investimentos, companhias de investimentos e empresas de servios pblicos. Cada ano, o SEC registra de 400 a 500 aes civis contra indivduos e empresas que violam leis de ttulos. Financial Accouting Standard Board (FASB) Trata-se da Comisso de Padres de Contabilidade Financeira dos Estados Unidos e estabelece padres para relatrios contbeis e contas financeiras. Esses padres ditam como os relatrios financeiros devem ser preparados. Generally Accepted Accouting Principles (GAAP) O GAAP so os princpios gerais de contabilidade aceitos. Ele funciona com a autoridade do FASB e estabelece um conjunto comum de processos para recolher declaraes financeiras.

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    No Brasil As fraudes contbeis no Brasil so fiscalizadas pela Comisso de Valores Mobilirios (CVM) e Banco Central (Bacen). A CVM, criada pela Lei 6.385, de dezembro de 1976, regulamenta e fiscaliza as bolsas de valores no Brasil como a Bolsa de Valores de So Paulo (Bovespa) e Bolsa de Mercadorias e Futuros (BMF), sendo responsvel pela auditoria das companhias de capital aberto e pela fiscalizao da emisso, registro e distribuio de ttulos emitidos pelas sociedades annimas de capital aberto. Em outubro de 2001, foi editada a Lei 10.303, a chamada Lei das S.A. (Sociedades Annimas), que auxilia o rgo na regulamentao e fiscalizao das empresas brasileiras.

    Contabilidade no includa no balano e mtodos de manipulao Com contabilidade no includa nos balanos, as empresas fazem uma maquiagem e acabam no registrando certos bens e dvidas (passivos) em seus balanos, excluindo, portanto, parte das declaraes financeiras (falaremos mais adiante sobre como o ato Sarbanes-Oxley mudou esta prtica). Enquanto existem razes legtimas para contabilidade no includa nos balanos, geralmente este mtodo usado para que uma empresa parea ter tido menos dbitos do que realmente teve. Alguns tipos deste tipo de maquiagem movem dbitos para uma empresa criada para este fim, que foi o caso da Enron. Estas so chamadas unidades com propsitos especiais e tambm conhecidas como entidades de juros variveis. As entidades com contabilidade no includa nos balanos podem ser criadas por vrias razes, como quando uma empresa precisa financiar uma iniciativa comercial, mas no quer se arriscar, ou quando h muitos dbitos para se obter um emprstimo. Comeando uma nova unidade, pode-se assegurar um emprstimo atravs dela. H situaes em que faz sentido comear uma nova unidade. Se a sua empresa quer diversificar suas atividades em outra rea fora de seu foco comercial, a nova unidade manter esse risco longe, evitando que esse novo negcio afete o balano da empresa principal e a lucratividade da empresa. Antes de 2003, uma empresa podia possuir at 97% de uma nova unidade sem a necessidade de relatar as dvidas da nova unidade em seu balano.

    Arrendamentos pr-forma Arrendamentos pr-forma geralmente usam novas unidades criadas para reter ttulos para o proprietrio de uma empresa e arrendar essa propriedade de volta para a empresa. Esses arrendamentos artificiais permitiram s empresas recolher os benefcios dos impostos de propriedade sem a necessidade de list-las como responsabilidade em seus balanos. Os arrendamentos pr-forma poderiam tambm ser assinalados por alguma outra entidade. Os bancos, por exemplo, comprariam com freqncia propriedades para negcios e as arrendariam de volta por um arrendamento artificial. Arrendando a propriedade, a empresa evita o passivo no balano e ainda consegue deduzir juros e depreciao do imposto da empresa principal.

    O final do jogo de esconde-esconde Os novos requerimentos do Financial Accouting Standard Board (FASB) agora exigem que as novas unidades sejam listadas nos balanos das empresas. A seo 401(a) do ato Sarbanes-Oxley requer que relatrios financeiros anuais e trimestrais revelem todo o material das transaes, disposies e obrigaes no includas no balano. As regras tambm requerem que a maioria das empresas forneam uma viso geral de obrigaes contratuais conhecidas em um "formato tabular fcil de ler" (em ingls). Estas novas regras

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    terminaram com as novas unidades criadas para maquiagem contbil e o arrendamento artificial - ainda que sejam prticas legtimas.

    Manipulao de gastos Acelerar as despesas de uma empresa pode no parecer a melhor maneira de acelerar os ganhos, mas isto depende do momento. H razes legtimas e ilegtimas para acelerar as despesas. Um exemplo legtimo seria fazer compra de equipamentos quando os ganhos esto em alta, ao invs de fazer a compra quando eles estiverem em baixa. Agora, um exemplo de uma acelerao de ganhos menos legtima: as bonificaes de um gerente baseado na sua habilidade de atingir algumas metas. Uma vez que a meta de ganho tenha sido excedido, esse gerente pode decidir gastar dinheiro agora o que havia sido orado para ser gasto no ano seguinte, pois ter mais lucros neste ano no significa bonificao maior para ele. Gastar este ano o dinheiro que foi oramentado para o seguinte, no entanto, poderia ajudar a garantir que ele atingisse a meta do ano seguinte tambm. A opo de fazer compras quando os lucros esto em alta pode ser usada dependendo das circunstncias. Se comprar mais cedo do que planejado no tiver efeitos adversos nos negcios, talvez no haja problemas. Mas em muitas circunstncias, pode haver efeitos adversos. Por exemplo, comprar equipamentos de informtica seis meses antes do esperado pode fazer uma grande diferena no equipamento comprado - capacidade, caractersticas e preo, j que um mercado altamente dinmico.

    Retardando despesas Empresas que maqueiam os livros de contabilidade so conhecidas por capitalizar gastos que so, na verdade, despesas dirias. Uma das fraudes feitas pela American Online (AOL), durante 1992 e 1996, era colocar gastos de publicidade em despesas de capital quando, na verdade, eram despesas regulares. Essa maquiagem fez a empresa divulgar uma lucratividade maior e assim acelerar os preos das suas aes. Aqui temos alguns exemplos de registro prematuro de rendimento:

    registrar vendas depois que os produtos foram encomendados, mas antes que eles sejam enviados para o cliente; registrar rendimentos de venda, quando h possibilidade de o cliente devolver o produto; exagerar rendimentos acelerando a porcentagem estimada de concluso de um projeto em andamento; registrar rendimentos por produtos enviados que no foram encomendados pelo cliente ou pelo envio de produtos defeituosos registrar rendimentos com preo total de produtos com desconto; registrar rendimentos quando produtos desmontados so enviados da fbrica - um local de montagem deve ser designado e a montagem do produto deve ser feita antes que o produto realmente v para o cliente.

    Tentar melhorar os futuros ganhos, "adiantando" futuros gastos e registrando-os no trimestre corrente outro exemplo. Isto feito durante a aquisio de uma empresa. A empresa paga integralmente (ou at adiantado) por despesas para valorizar o patrimnio e aumentar os lucros por ao.

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    Despesas extraordinrias Enquanto esta categoria de despesas foi criada para situaes que ocorreriam apenas para evitar o impacto em operaes de despesas regulares, ela foi muito utilizada no mundo do "gerenciamento de lucros". Com um oramento forjado de despesas extraordinrias, essas empresas colocam o dinheiro excedente como lucro.

    Baixa contbil de P&D em processo Outra maneira que as empresas tm usado para aumentar seus ganhos por ao dar baixas contbeis em despesas com programas de P&D (pesquisa e desenvolvimento). Uma grande empresa compra uma pequena empresa que tem nova tecnologia em desenvolvimento. A tecnologia ainda no est pronta para comercializao, ento a empresa grande cancela os custos relacionados. No futuro, a tecnologia est adiantada e pronta para o mercado, mas com uma despesa de P&D muito mais baixa. Agora Generally Accepted Accouting Principles (GAAP) requer que as empresas cancelem esta despesa. Este encargo reduzir ganhos e pode ser revelado nas declaraes financeiras. Despesas operacionais so o custo dirio de uma empresa funcional. Despesas de capital so despesas comerciais para pagamentos a longo prazo, como equipamentos. Elas no so despesas dedutveis de impostos, mas podem ser usadas para depreciao ou amortizao - em outras palavras, as despesas esto, de alguma forma, alongadas e divididas por vrios anos.

    Manipulao de fundos de penso Muitas empresas criaram fundos de penso para seus funcionrios. Cada funcionrio paga uma quantia especfica e definida na aposentadoria. As empresas devem manter dinheiro suficiente em sua conta de aposentadoria para pagar os benefcios no caso de sarem dos negcios. Faz sentido para uma empresa investir este dinheiro, pois assim ela cresce. Ao invs de investir em algo seguro como contratos, algumas empresas investem no mercado de aes. Regras contbeis permitem que qualquer dinheiro "extra" alm do fundo seja declarado como lucro da empresa. Na maquiagem de contabilidade, as empresas podem "estimar" ao invs de colocar nmeros reais. Elas usam suas estimativas para imaginar quanto dinheiro elas deveriam planejar colocar no fundo e quando elas podem considerar lucro. O potencial para empresas aumentarem seus ganhos, subestimando as contribuies necessrias para financiar totalmente os fundos de aposentadoria, alto. Ainda presumindo um ponto percentual ou menos pode significar a diferena de centenas de milhares de reais ou dlares no balano de uma empresa. Muitos fundos de penso de empresas no tm sido depositados integralmente, presumindo que o rendimento na bolsa de valores, garantiria o retorno. Estes mtodos de gerenciamento de ganhos so apenas a ponta do iceberg quando se trata de formas de manipular os lucros de uma empresa. H um divisor sutil entre ganhos legtimos em gerenciamento de ganhos e falsificao ou maquiagem de livros contbeis.

    A Accenture (Arthur Andersen) Accenture uma empresa global de consultoria de gesto, servios de TI e outsourcing. A Accenture tem cerca de 186 mil empregados em 52 pases e obteve receitas lquidas de US$ 19,70 bilhes no ano fiscal encerrado em 31 de agosto de 2008. H um equvoco que a mudana de nome de Andersen Consulting para Accenture foi simplesmente uma tentativa da consultoria de "esconder" o escndalo Enron. Esta afirmao no condiz com o calendrio dos eventos. A separao da Arthur Andersen foi solicitado

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    pela consultoria em 1998, e finalmente confirmados em 2000; o escndalo Enron (comeando com o relato do infame "LJM Partnerships") s foi ocorrer em 2001, e o escndalo culminou somente meses depois. Na realidade, o planejamento de um novo nome estava em curso antes que a deciso arbitral tivesse sido anunciada (Andersen Consulting partners consideraram que a palavra "Consulting" no nome era uma desvantagem, uma vez que a empresa estava partindo para um caminho nada relacionado com consultoria, como outsorcing e empreendimentos). Curiosamente, e-mails internos da Arthur Andersen enviados em 2001 para todos os funcionrios, discutia-se planos futuros da Arthur Andersen para entrar no mercado com 3 nomes: Andersen Tax, Andersen Audit, e Andersen Consulting, agora que eles tinham propriedade sobre o nome. Arthur Andersen nunca foi capaz de revitalizar o nome "Andersen Consulting" desde que o escndalo Enron foi trazido a tona. Accenture listada como sendo uma das 100 melhores empresas no mundo pela Business Week em 2006, por isso a mudana do nome parece ter sido um passo positivo. Alm disso, a Accenture foi absolvida de qualquer envolvimento no escndalo Enron nos tribunais. No Brasil, a Accenture tem mais de 8.000 empregados, escritrios em So Paulo, Rio de Janeiro, Braslia, Belo Horizonte, Vitria e Campina Grande, uma fbrica de Software em Alphaville (Accenture Delivery Center) e um Centro de Servios Compartilhados em Curitiba (Business Process Outsourcing Delivery Center). A empresa, desde 2006, est na lista do Guia Voc S/A-Exame como uma das 150 melhores empresas para trabalhar no Brasil e a melhor em Desenvolvimento de Carreira e tambm na revista NewsWeek das 100 melhores empresas para trabalhar.

    Case: A Enron

    A Enron foi formada em 1985 pela compra da Houston Natural Gas pela InterNorth e j foi a stima maior empresa norte-americana. A empresa se ramificou em muitos campos de energia, no relacionados ao petrleo com o passar dos anos, incluindo reas como freqncia de internet, gerenciamento de risco e derivativo climtico (um tipo de seguro climtico para negcios sazonais). Ainda que seus negcios centrais continuassem a transmisso e distribuio de energia, seu crescimento fenomenal foi ocorrendo por meio de seus outros investimentos. A Fortune Magazine (em ingls) escolheu a Enron como "a empresa americana mais inovadora" por seis anos consecutivos, de 1996 a 2001. A "Enron" - ento considerada uma potncia empresarial divulgou, em 2 de dezembro de 2001, seu pedido de concordata e, dez dias aps, o Congresso Americano comeou a analisar a falncia do grupo, o qual possua uma dvida aproximada de 22 bilhes de dlares. Em diversos artigos, foi considerada a falncia mais importante da histria empresarial americana. A "Enron" era a stima maior empresa dos Estados Unidos e uma das maiores empresas de energia do mundo. No Brasil, a "Enron" mantinha participaes na CEG/CEGRio, no Gasoduto Brasil / Bolvia, na Usina Termoeltrica de Cuiab, na Eletrobolt, na Gaspart e na Elektro, esta ltima, empresa paulista de energia eltrica que atende aproximadamente 1,6 milhes de consumidores.

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    A "Enron" atuava, principalmente, em cinco grandes reas:

    a) "Enron Transportation Services": conduo interestadual de gs natural, construo,administrao e operao de gasodutos; investimento em atividades de transporte de leo cru; b) "Enron Energy Services": compra, comercializao e financiamento de gs natural, leo cru e eletricidade; administrao de risco de contratos de longo prazo de commodity; gasodutos estaduais de gs natural; desenvolvimento, aquisio e construo de centrais de energia de gs natural; extrao de gs natural lquido; c) "Enron Wholesale Services": negcios globais da "Enron", incluindo a negociao e entrega de commodities fsicas e financeiras e servios de gerenciamento de risco; d) "Enron Broadband Services": atividade implementada no ano 2000, que prov aos clientes uma fonte de servios de telecomunicaes; e) "Corporate and Others": prov servios relacionados a abastecimento de gua.

    A crise de confiana Para compreendermos o que a crise da "Enron" representou para a economia mundial, preciso refletir um pouco sobre a atitude que tomou conta de milhares de investidores que, na busca de lucros rpidos e fceis, acabaram por apostar em empresas que no foram capazes de corresponder s expectativas. Entendemos que um dos elementos que desencadeou o problema da confiana excessiva dos investidores foi a facilidade de acesso negociao no mercado de aes. Tal fato tornou possvel que, at pessoas sem nenhuma habilidade em perceber as oscilaes e riscos dos negcios, investissem suas economias nesse mercado. Percebe-se, alm disso, que existe na cultura norte-americana um trao interessante: a escolha de cones, os quais induzem as pessoas a neles acreditarem irrestritamente. Um dos exemplos recentes foram as empresas "ponto com", as quais, de repente, tiveram suas aes supervalorizadas levando os investidores a acreditarem que elas eram um timo negcio. Na verdade, o que se pde perceber foi que elas criaram uma "bolha" de otimismo pouco duradoura em torno da qual investidores "amargaram" prejuzos considerveis. Todo este esquema, na verdade, origina-se diante da necessidade que as empresas tm, inicialmente, de capitalizar-se - o que se poderia resolver captando recursos em bancos, assumindo um parceiro que invista capital ou colocando as aes em bolsas de valores. Esta ltima forma a mais comum, utilizada pelas empresas americanas para suprirem a necessidade de capital, "alavancando" o necessrio para o exerccio pleno de suas atividades. Resolvida a questo da escassez de capital das corporaes, surge para o mercado a necessidade de acompanhar o desempenho das atividades dessas empresas - o que, quase sempre, s possvel atravs da anlise das suas demonstraes financeiras, o que - no caso "Enron" - no foi suficiente para os investidores terem a segurana necessria em qualquer investimento. Por bvio, se algum opta por investir em uma corporao, o faz consciente dos riscos que o mercado de capitais representa. Todavia, h uma grande diferena entre assumir riscos e admitir que as informaes acerca de uma determinada empresa no sejam confiveis. No caso "Enron", a confiana que os investidores possuam no era despropositada. Alis, a nosso ver, pelas informaes que os analistas traduziam aos investidores, at mesmo os mais experientes no seriam capazes de perceber o que havia por trs de todo aquele otimismo. Alm disso, pela prpria estrutura da "Enron", era difcil acreditar que aquele imprio um dia poderia ruir. "A "Enron" era tida como uma das empresas da elite americana.

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    Era a sexta maior empresa de energia do mundo em capitalizao de mercado. Um conglomerado sediado em Houston, Texas, que faturou US$101 bilhes de dlares em 2000. A stima maior empresa dos EUA em faturamento segundo a publicao Fortune 500". Somado a tudo isso, a "Enron" ainda contava, a seu favor, com a imprensa e com a falta de informaes dos analistas de mercado. o que podemos perceber da brilhante anlise de Cludio Gradilone que fez uma retrospectiva das informaes de mercado pouco tempo antes deste tomar conhecimento da concordata da "Enron". "Consideramos as aes da "Enron" acima da mdia do mercado e mantemos nosso preo alvo de 85 dlares por ao. (Morgan Stanley Dean Witter, 12 de julho de 2001. As aes fecharam a 39,26 dlares nesse dia)" "A "Enron" tem avanado no processo de reorientar seu foco para atividades mais lucrativas (...). Nosso preo-alvo para a ao de 44 dlares. (Merrill Lynch, 9 de outubro de 2001. As aes fecharam a 26,55 dlares.)" "Mantemos nossa recomendao de compra e nosso preo-alvo para os prximos 12 meses de 45 dlares por ao. (CIBC, 17 de outubro de 2001. Aes a 29,06 dlares)" "As notcias da morte da Enron so muito exageradas. A ao deve ter um desempenho superior ao do mercado, e o preo-alvo de 30 dlares por ao. (Bemstein Research, 1 de novembro de 2001. Haja otimismo. As aes fecharam a 9,53 dlares, e a empresa esperava uma alta de 215%)" Como veremos adiante, todo esse otimismo acabou influenciando os administradores da "Enron" a buscar, no mercado, informaes que sustentassem a euforia em torno de suas aes - o que no foi mantido por muito tempo, culminando em sua runa.

    O Papel dos administradores Ao analisarmos o caso "Enron", algumas opinies quanto forma como a fraude aconteceu foram unssonas ao afirmar que o esquema girava em torno de manobras contbeis a fim de mascarar a real situao da corporao. Poderamos perfeitamente invocar um velho provrbio para representar a situao da Enron: "Por fora bela viola, por dentro po bolorento" Entendemos que essas manobras foram influenciadas, sobretudo, pela ganncia dos administradores em inflarem, manifestamente, seus lucros. Nesse sentido, grandes corporaes comumente vinculam a remunerao dos seus administradores aos resultados obtidos em benefcio delas. Seria uma espcie de participao nos resultados - normalmente atribuda como fator motivacional - paga aos administradores com as prprias aes da corporao. So as conhecidas "Stock Options". Nesse sistema, os administradores ou funcionrios passam a ser proprietrios de aes da empresa e podem ou no obter lucros, o que depender do desempenho da corporao. No necessrio nenhum esforo interpretativo para compreender que os administradores, nesse contexto, teriam total interesse em que suas aes se valorizassem cada vez mais para obterem grandes resultados na sua comercializao. Foi o que aconteceu com um dos fundadores e CEO da "Enron", Kenneth Lay. "Kenneth Lay reuniu mais de 200 milhes de dlares em aes nos ltimos quatro anos vendidas antes que o escndalo estourasse e transformasse em p o fundo de penso de mais de 20 mil funcionrios da empresa". A atitude de Kenneth serve apenas para ilustrar o quo temerosa pode ser a prtica de atribuir aos administradores lucros com base no resultado das empresas - o que tem levado o mercado americano a reivindicar ao governo que os salrios e remuneraes dos executivos sejam definidos, evitando, assim, a ocultao de resultados com o objetivo de aumentar seus rendimentos.

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    A auditoria e a consultoria Alm dos interesses pessoais e ilcitos dos administradores em majorar os resultados da corporao, existia tambm a presso dos investidores por bons resultados e a necessidade de demonstrar ao mercado que a corporao estava bem, para atrair mais investimentos. Na verdade, no possvel identificar dentre essas causas qual mais motivou a runa da "Enron", seus investidores e empregados. Ousamos afirmar que a soma dessas condies fragilidade dos mecanismos legais e contbeis que norteiam as corporaes de capital aberto foram os responsveis pelo desastre "Enron". "Tecnicamente, a Enron utilizou empresas coligadas e controladas para inflar seu resultado - uma prtica comum nas empresas. Atravs de SPEs (Special Purpose Entities), a empresa transferia passivos, camuflava despesas, alavancava emprstimos, leasings, securitizaes e montava arriscadas operaes com derivativos". Kenneth Lay, ao qualificar a engenharia contbil aplicada aos balanos da "Enron", a traduziu como criativa e agressiva. Nesse mesmo sentido, o colunista da Revista Exame David Cohen resumiu de forma adequada a prtica que levou a "Enron" runa. "A Enron varria dbitos para entidades especiais das quais detinha participao majoritria mas que, por causa de uma norma contbil duvidosa, no eram consolidadas no balano final". Cohen arremata afirmando que o resultado dessa falcia contbil foram: "lucros superestimados em 591 milhes de dlares e dvidas subestimadas em 628 milhes de dlares no ltimo balano." Diante de todo esse quadro, o principal questionamento foi acerca do papel desempenhado pela auditoria independente que tinha o dever de informar todas estas operaes e do seu dever de transparncia com o mercado. O artigo 177, 3 da lei brasileira nmero 6.404 de 1976, ao tratar da escriturao da companhia, reflete de forma clara que a auditoria deve ser um propagador da situao da corporao e, certamente, no contexto norte- americano no diferente. No caso da "Enron", a auditoria responsvel pelos balanos h quase 10 anos era a ARTHUR ANDERSEN. Alm desse papel, a empresa tambm prestava consultoria "Enron", sendo que a concomitncia dessas duas atividades pela mesma empresa so prticas totalmente incompatveis, devendo-se ressaltar que, no Brasil, a incompatibilidade de tais atividades disciplinada pela instruo normativa n 308 da CVM, de 1999, que dispe:

    Art. 23. vedado ao Auditor Independente e s pessoas fsicas e jurdicas a ele ligadas, conforme definido nas normas de independncia do CFC, em relao s entidades cujo servio de auditoria contbil esteja a seu cargo: I adquirir ou manter ttulos ou valores mobilirios de emisso da entidade, suas controladas, controladoras ou integrantes de um mesmo grupo econmico ou II prestar servios de consultoria que possam caracterizar a perda da sua objetividade e independncia.

    Podemos dizer que a incompatibilidade das duas atividades exercidas pela ARTHUR ANDERSEN na "Enron" era conflitante porque, se, por um lado, a auditoria tinha como funo verificar as demonstraes financeiras da corporao de forma isenta e transparente, por outro, a atividade de consultoria est diretamente relacionada otimizao de lucros e processos internos que muitas vezes se distanciam do dever de transparncia da auditoria. Estes interesses conflitantes entre auditoria e consultoria teriam sido um dos motivos da manipulao de resultados, conforme apontaram alguns analistas. Segundo eles, exatamente pelo fato de a atividade de consultoria ser mais rentvel, a ARTHUR

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    ANDERSEN teria forjado os nmeros para fazer jus s quantias recebidas pela auditoria. "Dos 52 milhes que a ARTHUR ANDERSEN recebeu no ano passado, 27 milhes, ou mais da metade, no vinham de servios de auditoria, mas de consultoria contbil, legal e de outros servios."

    As concluses do Caso "Enron" No podemos afirmar quais foram as reais causas desse trgico desfecho da "Enron", mas certamente a economia de mercado teve acentuada influncia na prtica de fraudes e manobras contbeis que culminaram na concordata da empresa e no prejuzo de milhares de investidores, credores e empregados. Ademais, todas as atitudes praticadas pelos administradores da "Enron" comprovam a fragilidade dos mecanismos contbeis e de auditoria capazes de coibir abusos e evitar fraudes lesivas ao mercado. Outra sria concluso a que chegamos que h que existir uma prtica transparente entre administradores de corporaes, seus investidores e empregados capazes de refletir a real situao financeira de uma empresa.

    Entendendo o Caso Enron A anlise do caso "Enron" vem corroborar o entendimento de que a to aclamada recuperao de empresas deve ser vista com reservas e no como um instrumento de aplicao indiscriminada concedido a todas as empresas em crise. Ademais, poderia o leitor questionar o motivo da escolha por um caso americano se o que se pretende demonstrar uma realidade brasileira. A resposta reside em dois aspectos: o primeiro o fato de que o caso "Enron" representa um dos maiores fracassos empresariais da atualidade e demonstra a crise do sistema econmico global; o segundo que os fatores motivadores da crise vivenciada pela "Enron" no se distanciam da realidade brasileira. Alm disso, a realidade econmica da "Enron" nos fez refletir sobre a fragilidade de outros institutos que norteiam a sobrevivncia de uma empresa, tais como a Contabilidade e a Auditoria.

    Como a fraude aconteceu O caso da fraude Enron extremamente complexo. Alguns dizem que o legado da Enron est baseado no fato de, em 1992, Jeff Skilling, ento presidente das operaes comerciais da Enron, ter convencido fiscais federais a permitirem que a Enron usasse um mtodo contbil conhecido como "mark to market". Esta era uma tcnica usada por empresas de corretagem e importao e exportao. Com uma contabilidade desta, o preo ou valor de um seguro registrado em uma base diria para calcular lucros e perdas. O uso deste mtodo permitiu a Enron contar ganhos projetados de contratos de energia a longo prazo como receita corrente. Este era dinheiro que no deveria ser recolhido por muitos anos. Acredita-se que esta tcnica foi usada para aumentar os nmeros de rendimento manipulando projees para rendimentos futuros. O uso desta tcnica (bem como outras prticas questionveis da Enron) criou dificuldades para que o mercado visse como a Enron realmente fazia dinheiro. Os nmeros estavam nos livros contbeis e as aes continuaram altas, mas a Enron no estava pagando impostos altos. Robert Hermann, o conselheiro geral de impostos da empresa na poca, foi avisado por Skilling que o mtodo contbil permitia que a Enron fizesse dinheiro e crescesse sem trazer muito dinheiro possvel de taxao para a empresa. A Enron esteve comprando quaisquer novos empreendimentos que pareciam promissores. Suas aquisies estavam crescendo exponencialmente. A Enron tambm formou empresas (LJM, LJM2 e outras) para movimentar dbitos para fora de seus balanos e transferir riscos para seus outros negcios. Estas novas unidades eram tambm

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    estabelecidas para manter o crdito da Enron alto, o que era muito importante em suas outras reas de negcios. Como os executivos acreditavam que o valor das aes da Enron a longo prazo permaneceriam altos, eles procuraram vrias maneiras de usar as aes da empresa para dar cobertura aos investimentos nestas outras entidades. Eles o fizeram por meio de um arranjo complexo de entidades com fins especiais chamadas Raptores. Os Raptores foram estabelecidos para cobrir suas perdas caso as aes no comeo dos negcios cassem. Quando a indstria de comunicao distncia sofreu seu primeiro impacto negativo nos negcios, isso tambm afetou a Enron. Analistas financeiros comearam a tentar descobrir a fonte do dinheiro da Enron. Os Raptores poderiam entrar em colapso se as aes da Enron cassem a um certo ponto, pois eles estavam apoiados apenas por elas. As regras contbeis requeriam um investidor independente para uma barreira funcionar, mas a Enron usou uma de suas novas unidades. Os acordos foram to complexos que ningum pode realmente determinar o que era legal e o que no era. Mas, uma hora, o castelo de cartas ruiu. Quando as aes da Enron comearam a declinar, os Raptores comearam a declinar tambm. Em 14 de agosto de 2001, o CEO da Enron, Jeff Skilling, demitiu-se por "assuntos de famlia". Isto chocou tanto a indstria quanto os empregados da Enron. O chefe-executivo da Enron, Ken Lay, assumiu como CEO.

    Como tudo foi descoberto Em 15 de agosto, Sherron Watkins, vice-presidente da Enron, escreveu uma carta annima para Ken Lay que sugeria que Skilling havia sado devido a impropriedades contbeis e outras aes ilegais. A carta questionou os mtodos contbeis da Enron, especificamente citando as transaes dos Raptores. Mais tarde no mesmo ms, Chung Wu, um corretor da UBS PaineWebber em Houston, enviou um e-mail para 73 clientes de investimentos dizendo que a Enron estava com problemas e advertindo-os a considerar venderem suas cotas. Sherron Watkins ento se encontrou com Ken Lay pessoalmente, adicionando mais detalhes a suas acusaes. Ela notou que as unidades foram controladas pelo CFO da Enron, Fastow, e que ele e outros funcionrios da Enron fizeram dinheiro e deixaram apenas a Enron em risco com o resguardo dos Raptores (os acordos dos Raptores foram escritos para que a Enron tivesse que apoi-las com suas aes). Quando as aes da Enron caram a um certo ponto, as perdas dos Raptores comearam a aparecer nas declaraes financeiras da Enron. Em 16 de outubro, a Enron anunciou um terceiro trimestre de perdas de US$ 618 milhes. Durante 2001, as aes da Enron caram de US$ 86 para US$ 0,30. Em 22 de outubro, a SEC comeou uma investigao nos procedimentos contbeis e parceiros da Enron. Em novembro, a Enron admitiu oficialmente ter exagerado os ganhos da empresa em US$ 57 milhes desde 1997. A Enron decretou falncia em dezembro de 2001.

    Onde eles esto agora? O CFO da Enron, Andrew Fastow, estava por trs de uma rede complexa de parceiros e muitas outras prticas questionveis. Ele foi acusado de 78 contas de fraude, conspirao e lavagem de dinheiro. Fastow aceitou um acordo de alegao de defesa em janeiro de 2004. Aps se declarar culpado de duas acusaes de conspirao, ele recebeu a sentena de 10 anos de priso e uma multa de US$ 23,8 milhes em troca de testemunhar contra executivos da Enron. Jeff Skilling e Ken Lay foram ambos indiciados em 2004 por suas participaes da fraude. De acordo com seu site, "a Enron est liquidando suas operaes restantes e distribuindo suas posses a seus credores". Em 25 de maio de 2006, um jri da corte federal em Houston, Texas, declarou tanto Skilling quanto Lay culpados. Jeff Skilling foi condenado por 19 casos de conspirao, fraude, comrcio ilegal e declaraes falsas. Estas acusaes levam a uma sentena mxima de

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    185 anos combinados. Ken Lay foi condenado por seis casos de conspirao e fraude. Ele enfrenta o mximo de 45 anos na priso. Em julgamento separado, Lay foi tambm declarado culpado por quatro casos de fraude bancria. Cada caso leva a sentenas mximas de 30 anos. Lay faleceu em julho de 2006 e Killing comeou a cumprir a pena em dezembro do mesmo ano.

    Lei Sarbanes-Oxley

    A Lei Sarbanes-Oxley (em ingls, Sarbanes-Oxley Act) uma lei americana, assinada em 30 de julho de 2002 pelo senador Paul Sarbanes (Democrata de Maryland) e pelo deputado Michael Oxley (Republicano de Ohio). Motivada por escndalos financeiros coorporativos (dentre eles o da Enron, que acabou por afetar drasticamente a empresa de auditoria Arthur Andersen), essa lei foi redigida com o objetivo de evitar o esvaziamento dos investimentos financeiros e a fuga dos investidores causada pela aparente insegurana a respeito da governana adequada das empresas. A lei Sarbanes-Oxley, apelidada de Sarbox ou ainda de SOX, visa garantir a criao de mecanismos de auditoria e segurana confiveis nas empresas, incluindo ainda regras para a criao de comits encarregados de supervisionar suas atividades e operaes, de modo a mitigar riscos aos negcios, evitar a ocorrncia de fraudes ou assegurar que haja meios de identific-las quando ocorrem, garantindo a transparncia na gesto das empresas. Atualmente grandes empresas com operaes financeiras no exterior seguem a lei Sarbanes-Oxley. A lei tambm afeta dezenas de empresas brasileiras que mantm ADRs (American Depositary Receipts) negociadas na NYSE, como a Petrobras, a GOL Linhas Areas, a Sabesp,a TAM Linhas Areas, a Brasil Telecom, Ultrapar (Ultragaz), a Companhia Brasileira de Distribuio (Grupo Po de Acar), Banco Ita e a Telemig Celular. As duas sees mais importantes da SOX so:

    Seo 302 Diretores Executivos e Diretores Financeiros devem declarar pessoalmente que so responsveis pelos controles e procedimentos de divulgao (das DFs). Cada arquivo trimestral deve conter a certificao de que eles executaram a avaliao do desenho e da eficcia desses controles.

    Seo 404 Determina uma avaliao anual dos controles e procedimentos internos para a emisso de relatrios financeiros. Alm disso a Auditoria Externa deve emitir um relatrio distinto que ateste a assero da administrao sobre a eficcia dos controles internos e dos procedimentos executados para a emisso das DFs.

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    Mdulo B Conceitos gerais de contabilidade e os principais relatrios

    Objetivo do Mdulo: Ao final deste mdulo o aluno deve ser capaz de: - Conhecer a conceituao geral Contabilidade; - Saber quais so seus principais princpios; - Entender a metodologia das partidas dobradas; - Conseguir diferenciar regime contbil e regime de caixa; - Conhecer os principais relatrios contbeis e sua estruturao.

    PREPARAO PRVIA 1

    Leitura prvia do captulo 1 do livro do Marion (Bibliografia bsica) ou Cap. 1, 2 e 3 (Ching) ou de qualquer outro livro sobre o assunto do mdulo. - Responda as questes abaixo e entregue ao professor: 1 Qual a funo da contabilidade? 2 Quais so os dois principais relatrios contbeis? Qual a funo de cada um? 3 Por que as empresas devem seguir as regras contbeis? 4 Qual a diferena entre regime de caixa e regime de competncia? 5 Uma empresa pode apresentar lucro e problemas de solvncia ao mesmo tempo? Por qu?

    PREPARAO PRVIA 2

    Trazer, para anlise, alguma demonstrao contbil da empresa em que trabalha ou que algum que conhea trabalhe.

    Balano Patrimonial

    1. Objetivo

    O objetivo do balano patrimonial apresentar, de uma forma ordenada e padronizada, a situao econmica e financeira de uma empresa num determinado momento. Quando analisamos a demonstrao do resultado, verificamos que ela consiste na apresentao dos saldos das contas de receitas e de despesas de um modo ordenado. As contas que registram os elementos patrimoniais tambm devem ser classificadas e agrupadas de modo a permitir e facilitar o entendimento e anlise da situao econmico-financeira da empresa. O balano patrimonial deve ser elaborado na data de encerramento do exerccio social.

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    2. Exerccio social e ciclo operacional

    O exerccio social o perodo fixado em lei ao trmino do qual a empresa deve elaborar demonstraes contbeis. De acordo com a lei das sociedades por aes, devem ser observadas as seguintes regras:

    O exerccio social ter durao de doze meses. Os nicos exerccios sociais que podero fugir a essa regra so aqueles em que ocorrer a constituio da empresa ou em que for modificada a data de encerramento do exerccio.

    Nas empresas que tiverem o ciclo operacional superior a um exerccio, a classificao dos ativos o passivos no circulante ou longo prazo poder ter por base esse ciclo.

    Ciclo operacional o intervalo de tempo compreendido entre a aplicao de recursos na produo dos bens ou servios e o recebimento do numerrio pela entrega destes.

    Modelo de Balano Patrimonial

    Ativo Passivo Circulante

    Caixa e bancos Aplicaes financeiras no mercado aberto Contas a receber de clientes, inclui do exterior Ttulos descontados Proviso para contas de cobrana duvidosa Proviso para descontos Demais contas a receber (*) Estoques Despesas do exerccio seguinte

    Realizvel a longo prazo Sociedades controladora, controladas e coligadas Diretores, acionistas e participantes nos lucros da

    empresa Ttulos e valores mobilirios Emprstimos e depsitos compulsrios Demais contas a receber (*)

    Permanente Investimentos Imobilizado Diferido

    (*) O saldo destas contas de ttulos genricos no deve ser superior a 10% do total do grupo a que pertence

    Circulante Fornecedores, inclui do exterior Salrios e contribuies sociais Proviso para imposto de renda Impostos sobre circulao de mercadorias e

    produtos industrializados Financiamentos Debntures Sociedades controladora, controladas e coligadas Distribuio de lucros Demais contas e despesas a pagar (*)

    Exigvel a longo prazo Financiamentos Debntures Adiantamentos por conta de contratos de

    empreitada Sociedades controladora, controladas e coligadas Demais contas e despesas a pagar (*)

    Resultado de exerccios futuros Receitas de exerccios futuros Custos e despesas correspondentes

    Patrimnio lquido Capital social Reservas de capital Reserva de reavaliao Reservas de lucros Aes em tesouraria Lucros (prejuzos) acumulados

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    3. Classificao das contas

    Essa classificao e o agrupamento das contas deve obedecer aos princpios contbeis geralmente aceitos e legislao pertinente.

    3.1. Ativo

    As contas do ativo devem ser dispostas em ordem decrescente de liquidez e classificadas nos seguintes grupos:

    Circulante Realizvel a longo prazo Permanente

    3.1.1 Ativo circulante

    O ativo circulante composto das disponibilidades, dos direitos realizveis no curso de exerccio social seguinte e das despesas pagas antecipadamente. As disponibilidades representam o numerrio em caixa e em bancos que pode ser utilizado de imediato, isto , livre disposio da empresa. Os recursos depositados em bancos, que por qualquer razo no so de livre movimentao pela empresa, devem ser demonstrados de modo a indicar essa condio. Como direitos realizveis no exerccio social subseqente devemos entender no s as duplicatas e demais valores a receber, como tambm os direitos de propriedade, tais como estoque e aplicaes de curto prazo, ou seja, aquelas que sero transformadas em numerrio no curso do exerccio social subseqente. Tambm so classificveis no grupo do circulante as aplicaes de recursos em despesas que ainda no foram incorridas, mas que j foram pagas. Caso tpico dessas despesas do exerccio seguinte o prmio de seguros que pago antecipadamente, mas refere-se a uma obrigao contratual da seguradora de prestar um servio no futuro.

    3.1.2 Realizvel a longo prazo

    Neste grupo sero classificados os bens e direitos que sero realizados aps o final do prximo exerccio social, observando o que segue:

    Os direitos s sero transformados em numerrio aps o trmino do exerccio seguinte, ou aps o ciclo operacional da empresa, quando este ultrapassar o exerccio social. So classificados nesta conta os direitos que decorram de operaes no relacionadas com as atividades operacionais da empresa ou que tenham sido praticadas com empresas coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou participantes do lucro da empresa.

    Em resumo, a classificao no realizvel a longo prazo depende de dois fatores: tempo e condio do devedor.

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    3.1.3 Ativo permanente

    O grupo do ativo permanente est dividido nos seguintes subgrupos:

    Investimentos Imobilizado Diferido

    Devem ser classificadas como investimentos as participaes permanentes em outras empresas e os direitos de qualquer natureza, no classificveis no circulante, nem no realizvel a longo prazo. Os investimentos permanentes tm como principal caracterstica o fato de no haver inteno, por parte da empresa, de vend-los. O subgrupo do imobilizado composto dos direitos que tenham por objeto a manuteno das atividades da empresa, ou que sejam exercidos com essa finalidade, bem como os direitos de propriedade industrial ou comercial. So classificados no imobilizado, por exemplo, os bens tangveis como terrenos, edifcios, mveis e utenslios, veculos e os intangveis como marcas, patentes e custo de explorao de fundo de comrcio. No subgrupo do diferido sero classificadas as aplicaes de recursos em despesas que contribuiro para a formao do resultado de mais de um exerccio social. So despesas relativas a servios j recebidos, mas que no foram lanados no resultado, pois contribuiro para a obteno de resultados futuros, como o caso dos gastos pr-operacionais.

    3.2. Passivo

    As contas do passivo so classificveis nos seguintes grupos:

    Circulante Exigvel a longo prazo Resultados de exerccios futuros Patrimnio lquido

    3.2.1 Passivo circulante e exigvel a longo prazo

    A classificao das contas no grupo do circulante ou do exigvel a longo prazo tem por nico critrio a poca de vencimento da obrigao. Assim, se a obrigao vencer antes do trmino do exerccio social subseqente deve ser classificada como circulante; caso contrrio, deve ser classificada no longo prazo. Tambm aqui, se o ciclo operacional for superior ao exerccio social, poder ser tomado como base para determinar o que circulante e o que longo prazo.

    3.2.2 Resultado de exerccios futuros

    Nos resultados de exerccios futuros sero classificadas as receitas j recebidas referentes a bens ou servios ainda no concludos, deduzidos dos custos incorridos para sua produo at o presente.

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    3.2.3 Patrimnio lquido

    O patrimnio lquido divide-se em: Capital social Reservas de capital Reserva de reavaliao Reservas de lucros Lucros ou prejuzos acumulados.

    3.2.3.1 Capital social

    Representa a contribuio dos proprietrios para a formao e manuteno das atividades da empresa. Em relao ao capital social, dois aspectos merecem destaque:

    As parcelas do capital pertencentes a pessoas domiciliadas ou com sede no exterior, registrada no Banco Central do Brasil, devem ser apresentadas destacadamente.

    O capital no integralizado deve ser apresentado subtrativamente do capital subscrito.

    3.2.3.2 Reservas de capital

    Representam recursos provenientes dos proprietrios ou de terceiros, que aumentaram o ativo da empresa, mas no transitaram pelo resultado, ou seja, no se constituram em receitas. As reservas de capital so claramente definidas em lei, devendo registrar, principalmente, o seguinte:

    O gio na colocao de aes, ou seja, a parcela recebida pela venda de aes que ultrapassar seu valor nominal.

    Se a ao no tiver valor nominal ser considerada gio.

    As doaes recebidas pela empresa e as subvenes para investimento.

    O resultado da correo monetria do capital.

    3.2.3.3 Reservas de reavaliao

    Reserva de reavaliao a contrapartida do registro de reavaliaes espontneas do ativo permanente, as quais devem ser efetuadas por trs peritos ou empresa especializada e aprovada em Assemblia de Acionistas.

    3.2.3.4 Reservas de lucros

    As reservas de lucro so constitudas atravs de apropriao do lucro da empresa com objetivos e regras definidos. A legislao vigente entra em detalhes sobre os critrios para constituio dessas reservas, uma vez que as mesmas influenciam diretamente o resultado disposio dos acionistas. As reservas de lucros so as seguintes:

    Reserva legal Reservas estatutrias Reservas para contingncias Reservas de lucros a realizar Reservas para reinvestimentos ou expanso

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    3.2.3.5 Lucros ou prejuzos acumulados

    Representam lucros que a empresa realizou e que no foram destinados para reservas nem para dividendos. Quanto aos lucros ou prejuzos acumulados, dois destaques devem ser feitos:

    O saldo apresentado no balano deve coincidir com o da demonstrao de lucros acumulados ou com o constante da demonstrao da movimentao das contas do patrimnio lquido.

    Como j deve ter ficado claro, mesmo que haja prejuzos acumulados, estes devero ser apresentados no patrimnio lquido, como diminuio deste.

    3.3. Entendendo o Balano Patrimonial

    Equao Bsica: Ativo = Passivo exigvel + Patrimnio Lquido

    $$$ = $$$ Balano Patrimonial = Balana EQUILBRIO

    ATIVO PASSIVO

    ORIGEM DE RECURSOS DE TERCEIROS APLICAES DE RECURSOS

    ORIGEM DE RECURSOS PRPRIOS

    PASSIVO EXIGVEL ATIVO

    PATRIMNIO LQUIDO

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    Partidas Dobradas

    Em contabilidade, o Mtodo das Partidas Dobradas, ou Mtodo Veneziano ("el modo de Vinegia") descrito pela primeira vez por Luca Pacioli no livro "Summa de Arithmetica, Geometria proportioni et propornaliti" em 1494, o sistema padro usado em empresas e outras organizaes para registrar transaes financeiras. Sua premissa de que a condio financeira e os resultados das operaes de uma empresa ou organizao so melhores representadas por diversas variveis, chamadas contas, em que cada uma reflete um aspecto em particular do negcio como um valor monetrio.Cada transao financeira registrada na forma de entradas em pelo menos duas contas, nas quais o total de dbitos deve ser igual ao total de crditos.

    Regime de Competncia x Regime de Caixa

    Regime de Competncia: o registro do documento se d na data do fato gerador (ou seja, na data do documento, no importando quando vou pagar ou receber).

    Regime de Caixa: diferente do regime de competncia o Regime de Caixa, considera o registro dos documentos quando estes foram pagos, liquidados, ou recebidos, como se fosse uma conta bancria.

    Porm para se medir os resultados de uma companhia, recomendo que se utilize do Regime de Competncia, onde alm de se considerar as vendas efetuadas, as despesas realizadas, tambm considera-se a depreciao, que no Regime de Caixa no se considera.

    EXERCCIO COMPLEMENTAR

    Atividade Cia. Didtica.

    EXERCCIOS DE FIXAO

    1 - CORRELACIONE as colunas:

    A) Bens ( A ) Imveis B) Direitos ( C ) Fornecedores C) Obrigaes ( B ) Clientes ( C ) Emprstimos Bancrios ( A ) Caixa ( C ) Proviso para IR e Contribuio Social ( A ) Estoques ( A ) Veculos ( C ) Adiantamento de Clientes

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    2 - Escreva o que voc entende sobre Balano Patrimonial.

    3 - Relacione as duas colunas, considerando o interesse de cada pblico em relao s Demonstraes Contbeis de uma empresa. (A) Bancos (B) Fornecedores (C) Clientes (D) Funcionrios (E) Acionistas

    ( C ) Procuram detectar na empresa a capacidade desta em fornecer os produtos e servios por eles requeridos dentro dos prazos negociados.

    ( D ) Procuram detectar na empresa a continuidade e a capacidade dela em prover a realizao profissional e pessoal a mdio e longo prazos, alm do pagamento de salrios.

    ( B ) Procuram detectar na empresa a capacidade desta em pagar as duplicatas geradas pelos fornecimentos de materiais ou servios dentro dos prazos negociados.

    ( E ) Procuram detectar na empresa a sua perenidade e a capacidade dela em pagar os dividendos e ainda a valorizao do capital investido em funo da valorizao das aes no mercado.

    ( A ) Procuram detectar na empresa a capacidade desta em pagar os emprstimos obtidos dentro dos prazos negociados.

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    Demonstrao do Resultado do Exerccio

    1. Objetivo A empresa deve informar aos leitores de seu balano como foi obtido o resultado do exerccio que foi transferido para a conta "Lucros ou prejuzos acumulados". Essa informao sobre a formao do resultado do exerccio dada, em sua maior parte, atravs da demonstrao do resultado do exerccio, que nada mais do que uma apresentao das contas de receitas e despesas feita de modo ordenado. Tal ordenao baseia-se, principalmente, na diviso de receitas e despesas entre operacionais e no operacionais e em sua apresentao na forma indicada pela legislao vigente.

    2. Despesas operacionais e no operacionais

    As despesas operacionais so todos os gastos desembolsados ou previstos, que se relacionam diretamente com o objeto social de uma empresa. Imaginemos uma empresa comercial que venda mveis. Os salrios e encargos do pessoal da administrao, do setor de vendas ou dos outros setores so diretamente relacionados com o objetivo do negcio, por isso so operacionais. Resumindo, so considerados custos e despesas operacionais todos os gastos realizados com o objetivo final de gerar receitas e diretamente relacionados com a natureza especfica dos negcios de uma companhia.

    Analogamente, as despesas no operacionais so aquelas no relacionadas diretamente com a natureza especfica dos negcios de uma companhia, tais como, baixa de bens do ativo permanente e perdas com sinistros.

    2.3. Receitas operacionais e no operacionais

    Guardando bastante semelhana com as despesas, temos as receitas operacionais, que so todas aquelas realizadas e que esto diretamente relacionadas com a natureza do negcio de uma companhia.

    Por exemplo, se o negcio de uma empresa vender mercadorias, o ttulo d receita de vendas j indica sua atividade. Ou, se nos referimos a uma companhia que presta servios, o ttulo receita de servios j indica o fato. Inversamente s receitas operacionais, as no operacionais so aquelas que no se relacionam diretamente com a natureza do negcio de uma companhia, tais como, receita de dividendos e indenizaes de seguros.

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    2.4. Apresentao

    De acordo com a legislao na forma vigente, as empresas devem adotar a demonstrao do resultado do exerccio na forma dedutiva ou vertical, cujas caractersticas so as seguintes:

    Desta deduz-se o custo dos produtos vendidos, obtendo-se o lucro bruto. Do lucro bruto so subtradas as despesas operacionais, que, em geral, dividem-se em

    quatro grandes grupos: Despesas operacionais com vendas - representadas pelas comisses, fretes para

    entrega etc. Despesas gerais e administrativas - salrios e encargos do pessoal administrativo,

    depreciaes etc. Despesas financeiras - juros e variao monetria de emprstimos etc., deduzidas das

    receitas financeiras. Amortizaes de despesas diferidas, obtendo-se o lucro operacional. Somando-se ou subtraindo-se ao lucro operacion