24
Sociedade medieval Neste capítulo é estudada a fase medieval 'da História Ocidental, notadamente da Europa Ocidental. Na periodização clássica, a Idade Média se estende do século V até o século XV, ou seja, da Queda do Império Romano (476 d.C,) até o ano de 1453, quando ocorre a Tomada de Constantinopla, pelos turcos. Nesse período, surgem as condições para o desenvolvimento da Sociedade Medieval. Nessa sociedade, enfocaremos o feudalismo, organização política, social e econômica que atinge seu apogeu por volta do século XI. É nas entranhas da ordem feudal que nasce a base paa a configuração do mundo moderno e capitalista. A sociedade medieval Introdução A abordagem desse capítulo passa, necessariamente, pelo estudo do feudalismo, que foi uma organização social, existente na Europa Ocidental na Idade Média. Entre os séculos V a XI, o sistema feudal se organiza. Esse período é denominado de Alta Idade Média. Do século XI ao XV, tem início a desagregação do feudalismo, motivada por uma série de fatores que estlldaremos a seguir. Esse período (séculos XI ao XV) é denominado Baixa Idade Média. A partir da desagregação do sistema feudal, tem início a formação de uma fase de transição, que é considerada como Transição feudal/capitalista, e se estende dos séculos XV ao XVIII. Observa a linha de tempo abaixo: XVIII ' ..................................... Idade Média Alta Feudalismo XI Baixa Idade Moderna Transição Idade Contemporânea Capitalismo A Idade Média é rica e expressiva em acontecimentos e fatos históricos que envolveram diversas sociedades. Entretanto, nosso objetivo é destacar, no contexto medieval, a existência do feudalismo em suas diversas facetas: o Feudalismo - Origens O sistema feudal (a palavra feudo significa terra) tem sua origem na desagregação do Império Romano, no século V da nossa era. Na fusão entre a cultura romana decadente com a cultura de outros povos que passam a ocupar a Europa Ocidental, ao longo da Alta Idade Média, vai se constituindo uma ~ciedade específica, que carrega carac- terísticas de diversas culturas (romanas e de invasores). Essa sociedade, a feudal, é forjada numa época de perma- nentes invasões. A insegurança e a guerra determinaram o feudalismo. Quando estudamos a Europa Medieval, a imagem de um castelo aparece com freqüência. O que é um castelo? Uma fortaleza, símbolo do feUdalismo:] Caracterização do Feudalismo Economia Uma das consequências das diversas ondas de inva- sões que abalaram a Europa Ocidental na Alta Idade Média, foi o fechamento da Europa Ocidental. Caminhos comer- ciais e cidades quase desapareceram. Surge uma produ- ção econômica, predominantemente, ~ e destinada à subsistência. A atividade mercantil é atrofiada e cada unidade ou feudo cuida da sua própria sobrevivência. O trabalho mais comum nessa atividade é o servil. Os servos, que se constituem ao longo da Alta Idade Média, são a mão-de-obra típica do feudalismo, sustentando, com o seu trabalho, o feudo e, naturalmente, o proprietário do feudo: o senhor feudal, que faz parte da nobreza. O servo não é um escravo, pois não é mercadoria e, ao mesmo tempo, não é um homem livre, uma vez que não pode sair do feudo, é preso à terra e às obrigações para com o senhor feudal. S nobreza exige dos servos o pagamento de uma série de tributos e taxas, convertidos em trabalho e/ou parte da produção. Em troca, o servo utiliza, para si, as terras destinadas pela nobreza. 'I

Apostila História

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Apostila História

Sociedade medieval

Neste capítulo é estudada a fase medieval 'da História Ocidental, notadamente da Europa Ocidental. Naperiodização clássica, a Idade Média se estende do século V até o século XV, ou seja, da Queda do

Império Romano (476 d.C,) até o ano de 1453, quando ocorre a Tomada de Constantinopla, pelos

turcos. Nesse período, surgem as condições para o desenvolvimento da Sociedade Medieval. Nessa sociedade,

enfocaremos o feudalismo, organização política, social e econômica que atinge seu apogeu por volta do século XI. É nas

entranhas da ordem feudal que nasce a base paa a configuração do mundo moderno e capitalista.

A sociedade medieval

Introdução

A abordagem desse capítulo passa, necessariamente, pelo estudo do feudalismo, que foi uma organização social,

existente na Europa Ocidental na Idade Média. Entre os séculos V a XI, o sistema feudal se organiza. Esse período édenominado de Alta Idade Média.

Do século XI ao XV, tem início a desagregação do feudalismo, motivada por uma série de fatores que estlldaremos a

seguir. Esse período (séculos XI ao XV) é denominado Baixa Idade Média.

A partir da desagregação do sistema feudal, tem início a formação de uma fase de transição, que é considerada como

Transição feudal/capitalista, e se estende dos séculos XV ao XVIII. Observa a linha de tempo abaixo:

XVIII '..........................•...........

Idade Média

Alta

Feudalismo

XI Baixa

Idade Moderna

Transição

Idade Contemporânea

Capitalismo

A Idade Média é rica e expressiva em acontecimentos e fatos históricos que envolveram diversas sociedades. Entretanto,

nosso objetivo é destacar, no contexto medieval, a existência do feudalismo em suas diversas facetas:

o Feudalismo - Origens

O sistema feudal (a palavra feudo significa terra) tem

sua origem na desagregação do Império Romano, no século Vda nossa era. Na fusão entre a cultura romana decadente

com a cultura de outros povos que passam a ocupar aEuropa Ocidental, ao longo da Alta Idade Média, vai se

constituindo uma ~ciedade específica, que carrega carac­terísticas de diversas culturas (romanas e de invasores).Essa sociedade, a feudal, é forjada numa época de perma­nentes invasões. A insegurança e a guerra determinaram ofeudalismo. Quando estudamos a Europa Medieval, a

imagem de um castelo aparece com freqüência. O que éum castelo? Uma fortaleza, símbolo do feUdalismo:]

Caracterização do Feudalismo

Economia

Uma das consequências das diversas ondas de inva­

sões que abalaram a Europa Ocidental na Alta Idade Média,

foi o fechamento da Europa Ocidental. Caminhos comer­

ciais e cidades quase desapareceram. Surge uma produ­

ção econômica, predominantemente, ~ e destinadaà subsistência. A atividade mercantil é atrofiada e cada

unidade ou feudo cuida da sua própria sobrevivência.O trabalho mais comum nessa atividade é o servil. Os

servos, que se constituem ao longo da Alta Idade Média,

são a mão-de-obra típica do feudalismo, sustentando, com

o seu trabalho, o feudo e, naturalmente, o proprietário do

feudo: o senhor feudal, que faz parte da nobreza.O servo não é um escravo, pois não é mercadoria e, ao

mesmo tempo, não é um homem livre, uma vez que não

pode sair do feudo, é preso à terra e às obrigações paracom o senhor feudal.Snobreza exige dos servos o pagamento de uma sériede tributos e taxas, convertidos em trabalho e/ou parte da

produção. Em troca, o servo utiliza, para si, as terras

destinadas pela nobreza. 'I

Page 2: Apostila História

Política

A marca política do feudalismo ~1Ldescentralização

do [2oder. Cada feudo (e cada senhor) possui seus próprios-- ---- ,exércitos. O feudo é, muitas vezes, um universo fechado e

particular, sujeito aos interesses do seu senhor. A figura do

Estado, como conhecemos, não é comum. Podemos afirmar

que a Europa Ocidental, na Idade Média, é uma colcha deretalhos. Cada retalho é um feudo. E cada feudo cuida da

sua vida.

No mundo feudal, prevalece o particularismo político.

Sociedade

A sociedade é um reflexo da economia feudal. As

relações sociais predominantes envolvem os servos e a

nobreza (senhor feudal). É uma sociedade rigidamente

hierarquizada e estratificada. O prestígio social deriva da

póSse da terra. Co~ Igrej~ Catóii;;a:éra a maior instituição

do ;;'u"ndõ medieval, o clero também -se configurava como

classe de prestígio.

Assim, a grosso modo, dividimos a sociedade feudal

em três categorias básicas: Clero, Nobreza e Servos.

-)A nobreza feudal estava, hierarquicamente, diviêITaaemdiversos escalões (duque, marquês, conde, visconde, barão

e cavaleiro), sendo o rei, teoricamente, o mais importante

de todos. O nobre caracterizava-se pela posse dos servos,

pela propriedade da terra (feudo) e pelo poder jurídico e

político.

O campesinato, maioria da população medieval, cons­...--.....tituía-se de servos, trabalhadores obrigados a entregar a

maior parte do que produziam ao senhor, através de taxas e

tributos diversos. Havia, ainda, os vilões, homens livres quehabitavam as vilas. --

As relações entre os indivíduos eram pessoais, estabe­

lecidas através de acordos bilaterais, compreendendo

reciprocidade de direitos e deveres, tanto entre os nobres

(~usera~ssalagem)...cQ[11o entre os senhores e servos.Neste caso, o servo trabalha para o senhor feudal e, em

troca, recebe proteção.

Cultura

Quando se fala em cultura, fala-se também em menta­

lidade e ideologia. ~gmj~.f~~a, ~ior inst!!,uição domundo feudal, monopolizava a instrução e o sAber. O clero. - .

era a classe instruída e, em sua grande parte, era prove-

niente da nobreza. Assim, é lógico concluir que a menta­lidade do homem feudal estava relacionada ao catolicismo

e, por outro lado, o catolicismo cimentava as relações feu­

dais, jw:;tificando os valores e as práticas do feudalismo. '"

De um modo gêi'aCãCUTfUfã meãieval, notãdã~ente

na Alta Idade Média, marcava-se pelo teocentrismo, pelo

misticismo, pelo pessimismo e pela valorização da vidaextraterrena.

Diretamente interessada no feudalismo, a Igreja

utilizou a sua autoridade moral para fortalecer as estruturasfeudais.

o Renascimento comercial e urbano

A partir do século XI, as atividades comerciais se

intensificam na Europa Ocidental e, por conseguinte,modificam o quadro feudal.

Com o encerramento das invasões (as últimas foram

às normandas, eslavas e húngaras), aos poucos, novas

áreas de cultivo vão aparecendo, a produção de alimentos

cresce e se moderniza, surgindo uma economia de merca­do, destinada à venda de excedentes. Servos abandonam

'.os feudos e ocupam áreas abandonadas na Europa.

Pequenas cidades crescem e se libertam do domíniofeudal, seja adquirindo cartas de franquia, ou seja, atravésdo enfrentamento militar. Rotas comerciais, feiras, cami­

nhos de mercadores e de mercadorias. Enfim, uma gama

de transformações ocorre no final da Idade Média, contri­buindo para a modificação das relações feudais.

A estrutura forjada na exploração dos servos vai se

modificando e, por conseguinte, o próprio feudalismo entra

em processo de desaparecimento, abrindo espaços parao nascimento de uma sociedade baseada no comércio, no

" lucro e na produção de excedentes para o mercado.Como toda mudança econômica é acompánhada de

alterações sociais, destacamos o surgimento de uma classesocial nova e dinâmica, envolvida com as ativIdades

comerciais e tipicamente urbanas: a burguesia.

As Cruzadas, movimento de caráter religioso, que

objetivava a expulsão dos infiéis da Terra Santa (Jerusalém),

contribuíram para a aceleração das transformaçõesocorridas no feudalismo, na medida em que proporcionaram

a expulsão dos árabes do Mediterrâneo, abrindo o fantásticomundo oriental para os europeus e seu comércio.

É necessário destacar, também, que no final da Idade

Média (Baixa Idade Média), a descentralização feudal estava

se transformando numa instituição centralizada (Estado­

Rei), que estudaremos a seguir.

No século XIV, a Peste Negra também contribuiu para

a desagregação da ordem feudal, uma vez que ceifou,

aproximadamel)te, 1/3 da população européia. A nobreza,

privada de servos, inicia um processo de superexploração

dos remanescentes, modificando as relações sociais e

provocando fugas e revoltas camponesas. O mundo feudal

estava desaparecendo!

Comércio, cidades e burguesia

As cidades italianas foram as primeiras a se beneficiar

com a nova situação, pois praticamente monopolizavam o

comércio de produtos orientais adquiridos, basicamente,

em três pontos: Síria, Egito e, principalmente, Constan­

tinopla. Os europeus possuem contatos comerciais com o

Oriente (índias) desde a abertura do Mediterrâneo a partirdás Cruzadas. As cidades de Veneza, Gênova, Pisa e Barisão as mais ativas no comércio com o Oriente.

O norte da Europa, na região de Flandres, também foi

um pólo importante no ressurgimento comercial na Baixa

Idade Média, caracterizando-se pela produção de lã.

Na região de Champagne (França), ocorriam as

famosas feiras medievais, nas quais encontravam-se

Page 3: Apostila História

mercadores das cidades italianas com os do norte da

Europa e de outras regiões. Lã, especiarias, marfim, sedae outras mercadorias eram comercializadas.

A crescente produção de alimentos, as técnicas novas

na agricultura e a ocupação de fronteiras internas na Europa,

proporcionaram um crescimento demográfico, percebidoaté mesmo na ocasião da Peste Negra. A concentração de

pessoas (muitos ex-servos) e as necessidades comerciais,

deram origem ao crescimento de centros urbanos. Ascidades, na baixa Idade Média, tornam-se o centro da vida

européia, e os mercadores ganham importância social.

Nas cidades medievais, nessa época, surge umainstituição denominada de corporação, organizadas por

artesãos e por mercadores, que detinham o monopólio dedeterminadas atividades para seus membros.

No mapa a seguir, apresentamos a situação comercial

da Europa Ocidental, nos finais da Idade Média. Analise-o.

As rotas comerciais marítimas e terrestres na Idade Média

Rotas terrestres

Rotas marítimas venezianas

Rotas marítimas hanseáticas

Rotas marítimas genovesas

Foto de Carcassone, cidade medieval ao sul da

França. Os muros dessa cidade atingem maisde 1 500 metros de extensão.

Page 4: Apostila História

A transição feudal/capitalista

1hAto,"s,ção fe"dal/capltallsta oooespoode • fase de passagem da sodedade fe"dal pa,a o capitalismo.A Idade Moderna é, normalmente, identificada como o período de transição. Existem alguns episódios

que assinalam o início da transição. Dentre eles destacamos a Formação das Monarquias Nacionais,

o Renascimento, A Expansão Marítima e Comercial Européia, a Reforma e a Contra-Reforma.

Nessa fase, surgem os impérios coloniais. As colônias tornam-se subordinadas ao pacto ou exclusivismo colonial.

O mundo torna-se europeu.

Destaca-se, nesse período, que se estende do século XV ao XVIII, a permanência dos privilégios da nobreza, que

continua classe dominante, entretanto, subordinada ao Estado Absolutista. INovas formas de trabalho são introduzidas, tais como o regime assalariado e a escravidão nas colônias. A burguesia,

nascida na Idade Média, assume, paulatinamente, sua importância histórica.

O continente europeu inicia um processo de acumulação primitiva de capitais, consolidando as bases do capitalismo.

Cai a unidade católica e emergem religiões novas e contaminadas pelo espírito capitalista.

A formação das monarquias nacionais

A nobreza feudal possuía poderes políticos, jurídicos e

militares. Eram atribuições da nobreza a cunhagem de

moedas, a guerra, os impostos, a aplicação da justiça, etc.A autoridade real era simbólica, resumindo-se ao controle

das cidades e dos domínios do próprio .rei.No final da Idade Média, especialmente a partir do

século XII, uma nova forma de organização política surge

no cenário europeu ocidental: o ESTADO centralizado e

identificado com o poder real. Aos poucos, o poder político

descentralizado nas mãos da nobreza feudal passa a se

transformar. Surgem os I;stados Nacionais ou Modernos,cuja forma de governo característica é a monarquiaabsoluta. Tais Estados Absolutistas vão dominar a vida

política do período de transição feudal/capitalista.

É bom realçar que no final da Idade Média, ocorrem

transformações econômicas, sociais e culturais que,naturalmente, influenciaram na formação dos Estados Mo­

dernos. Entretanto, não se pode esquecer de que os

Estados ou Monarquias Absolutistas nascem de articula­

ções da antiga nobreza feudal, que perde o poder político(transferido para o rei), mas mantém uma gama deprivilégios. A nobreza, ao longo da Idade Moderna (transição

feudal/capitalista) torna-se classe privilegiada e sustentadaelo Estado.

Existem várias razões que explicam' o surgimento dos

::stados Nacionais. Dentre as quais, citamos:

o enfraquecimento da nobreza feudal provocado pela fuga

:ios servos, pela crescente urbanização e pelas Cruza­=as;

:; aooio recebido pelos reis por parte da burguesia, que- _~cas vezes financiava os Estados, interessada na

~=::!Xade proporcionada pela proteção militar e pela

unificação econômica. Para a burguesia européia, oEstado. significava oportunidades de desenvolvimento

econômico. Até hoje, a burguesia é financiadora deEstados;

~ as 'guerras européias, que incentivaram o desenvol­vimento do sentimento de nacionalidade e deram

importância ao papel dos reis. Destacam-se a Guerrados Cem Anos (1337 a 1453), entre França e Inglaterra;Guerra das Duas Rosas (1455 a 1485), na Inglaterra, eGuerra da Reconquista (711 a 1492), na Península

Ibérica, que deu origem a Portugal e Espanha;~ as novas técnicas militares, como o uso da pólvora e do

canhão, o que possibilitou aos reis maiores poderesmilitares;

~ o retorno aos estudos dos textos clássicos (greco-roma­

nos), incentivado pelo Renascimento, o que valorizou afigura do rei e as instituições do Estado. Veja, porexemplo, o impacto de Maquiavel, autor da obra O Prín­

cipe, que exalta a figura do rei.Em linhas gerais, os Estados Modernos se caracte­

. rizavam pelos elementos abaixo:~ o imposto real, pago pela burguesia mercantil, quer

aquele setor ligado ao comércio internacional ou local;~ a moeda unificada, que não só simplificava a arreca­

dação desses impostos como facilitava as transaçõescomerciais;

~ o exército real, que ao contrário dos exércitos feudais,

era mercenário, isto é, pago. Foi com esses exércitosque os reis impuseram sua autoridade à nobreza;

~ a burocracia, isto é, um corpo de funcionários pagostambém pelo rei para exercer as funções relativas àadministração do país;

~ a justiça real, representada por tribunais reais, ini­

cialmente, itinerantes, e que serão considerados supe­

riores aos antigos tribunais feudais.

Page 5: Apostila História

Com esse instrumental a delimitação de fronteiras e

a efetiva centralização do poder pode-ser efetuada, embora,

até o século XVI não possamos falar em absolutismo na

Europa Ocidental, dado ao fato de que o poder dos reis

ainqa sofria limitações dos Parlamentos (ou Cortes naPenínsula Ibérica, Estados Gerais, na França) compostos

de representantes das camadas sociais mais poderosasdo reino. Além disso, no campo teórico, vigorava a concepção

de que o rei era um agente da vontade divina, limitado

pelos costumes e pelas normas da moral cristã.

A partir do século XVI, aproximadamente, e pelo menosaté o século XVIII, os Estados Modernos ou Monarquias

Nacionais, atingiram o seu período de apogeu, possuindo,

nessa época, duas marcas fundamentais, que são a

própria essência dos Estados Europeus na transição feudall

capitalista. Estas marcas são: Absolutismo eMercantilismo.

o Absolutismo

O processo de formação do Estado Moderno acabou

por concentrar nas mãos do rei todos os mecanismos de

governo, fazendo com que a Nação se identificasse com o

Estado (Coroa), essa identificação é o Absolutismo.Em termos jurídicos, políticos e culturais, o Absolu­

tismo, caracterizado pela concentração de poderes nas

mãos de um soberano, foi a marca predominante na

organização dos Estados Europeus na Idade Moderna.Os Estados Modernos nascem de articulações da

própria nobreza (lembre-se de que o rei vem da nobreza).

Entretanto, esses Estados vão criar condições fundamentais

para o crescimento da burguesia, uma -vez que garantem

estabilidade e incentivam negócios.I

O Estado absolutista é um Estado feudal que vai permitir

o desenvolvimento da burguesia com a expansão·marítima e comercial. A monarquia absoluta cor­

responde a uma necessidade da nobreza feudal de

centralizar o poder político-jurídico nas mãos dos reis,

para controlar os camponeses e para adequar-se ao

surgimento de uma nova classe, a burguesia.

O rei Luís XIV, da França, representou um dos mo­mentos de maior brilho do Absolutismo. Uma frase atribuída

a Luís XIV sintetiza bem o espírito do Estado Modernoabsolutista: "O Estado sou eu"!

Para completar o estudo do absolutismo, é necessáro

recorrer aos teóricos que escreveram diversas obras para

justificarem o absolutismo. Todo sistema de governo, em

qualquer época, é legitimado pela prática e pela cultura.

Assim, também os Estados Modernos ou Monárquias

Nacionais se justificavam e se legitimavam. Dentre osteóricos, destacamos:

~ Nicolau Maquiavel (1469-1527)• Obras: "O Príncipe" e "Discurso sobre a Primeira

Década de Tito Livío".

• é considerado o fundador da ciência política.

• separava a política da moral, afirmando a autonomia

e a prioridade da política.

• considerava o Estado como uma finalidade em si,

necess.ário para evitar a anarquia e organizar a defesa.• defendia a idéia de que todas as atitudes destinadas

ao benefício do Estado seriam legítimas ou: "O que sedeseja é que se o fato o acusa (ao príncipe) o resultadoo escusa, se o resultado é bom, ele está desonerado. ".

~ Jean Bodin (1530-1596)• Obra: '~ República".• O Estado nascia como extensão da família, sendo,

portanto, detentor da soberania. Como esta é una

e indivisível, deveria ser exercida por apenas uma

pessoa, espécie de pai da grande família, o rei.

-J • mesmo que o monarca abusasse do poder, o povo

não deveria se revoltar, já que "a mais dura tirania émelhor que a anarquia".

-J • o soberano estaria submetido apenas às leis

divinas, pois sua própria autoridade originava-seda ordem racional, isto é, da ordem divina.

~ Thomas Hobbes (1588-1679)• Obra: "O Leviatã".

• a ~rania não tem qualquer limite porque é frutodo 'consentimento espontâneo dos indivíduos, que

viram nela a única forma de garantir sua defesa e

pro~ão. - -----• o Estado - O Leviatã, um monstro - foi criado pelos

homens sob duplo impulso, o das paixões e o da

razão: "O homem, considerado no estado puro,isolado em sua incomunicabilidade natural,

desfruta em todas as coisas um direito geral eabsoluto ... No entanto, o homem não está sozinho,

cada homem, igual ao outro, encontra como limitee obstáculos ao seu direito absoluto, o direito

absoluto e o poder de cada um. Cada homem é oinimigo do outro, está em guerra, pelo menos virtual,com o próximo".

~ Jacques Bossuet '1627-1704• Obra: '~ Política Segundo as Sagradas Escrituras".

• na unidade (do poder) reside a vida, fora da unidadea morte é certa.

• o rei seri8 () representante de Deus, logo, "todo oE~ está nele, a vontade dô povo está encerrada

na sua, como em Deus está reunida toda perfeição

e toda virtude, assim, todo o poder dos particulares

está reunido no do príncipe". -

o Mercantilismo

De um modo geral, os Estados Absolutistas foram,

também, mercantilistas. Na Idade Moderna (transição

feudal/capitalista), o poder real relacionava-se, diretamente,

com o poder econômico do Estado. Apenas para melhorar

o entendimento, lembramos que, no sistema feudal, a

riqueza assentava-se na posse da terra. Na transição feudal

capitalista, a riqueza era identificada com a acumulação de

reservas de metais preciosos - ouro e prata. Assim, os

Estados Absolutistas, ao longo da Idade Moderna, vão criar

mecanismos os mais diversos, para fazer face às suas

Page 6: Apostila História

;:espesas e para acumular metais preciosos. Esses~ecanismos são denominados de Mercantilismo.

O mercantilismo foi a política econômica dos Estados

europeus na Época Moderna. Não constituiu, entretanto,ma doutrina coesa, sistemática e uniforme, para os

iversos Estados europeus. "Do século XVI ao século XVIII

inguém se declarou mercantilista", ou seja, não houve umaconsciência clara e única do que fosse a política

mercantilista, mas o mercantilismo, constituiu um conjunto

de práticas, com implicações no setor comercial,

manufatureiro, agrícola, envolvendo a participação diretado Estado.

O Estado mercantilista pressupunha a existência de

um poder central, suficientemente forte e empreendedor

para mobilizar recursos em escala nacional a fim de

financiar a expansão. O Estado pode ser visto também como

um, intermediário dos diversos grupos socioeconômicos,

uma vez que a expansão comercial e colonial constituía um

fator essencial do seu poder. Basta lembrar que os

impostos que mantinham a máquina do Estado portanto,os exércitos e as armadas, provinham, em grande parte,

das atividades mercantis e produtivas (artesanais e

manufatureiras), conforme se pode constatar pelo flu­

xograma abaixo:

Corte Despesas

Exército

Rei

Político 1'-Investimentos estatais

Administrativo

Estado ~

IIngressos

I

TManufatura

IIAgriculturaI

Fazenda

III...JIReal

Nobreza

I

I

Burguesia

,;

(/)

<1>'0C>j9

Campesinato

•...

Aduanao a.E--, I"

Renda

Dentre outras, destacamos algumas importantes ca­

racterísticas do mercantilismo, que prevaleceram, mais ou

menos, dependendo da época e do país. Veja:~ O Metalismo

Ou seja, a concepção de que a prosperidade de cada

aís estaria na razão.direta da quantidade de metais

reciosos que possuísse. Essa tese era confirmada pela

bservação de que o país mais poderoso do início dos

-empos Modernos era a Espanha, e a que maior estoque-etálico possuía, graças às minas americanas.

balança comercial favorável

Os países que não tivessem suas próprias fontes de

-s~ais preciosos deveriam obtê-Ias de outras nações,

~~vés da venda de mercadorias que seriam pagas em

-5"".aL Portanto, o fundamental era exportar mais do que

-::::-.ar. de forma que houvesse um saldo positivo naercial.

s-,o=-"E E.-:::::ada essa política com o objetivo de dificultar a

a;;;:G::~ ::<3~ercadorias estrangeiras, obtendo-se assim

um saldo favorável na balança comercial, já que a impor­

tação não levaria do país os metais. Uma outra forma de

protecionismo existiu em relação aos transportes maritimos,

só permitindo que Ô transporte de mercadorias fosse feitoem navios nacionais.~ Estímulo às manufaturas

O incentivo à exportação, sobretudo de manufaturados

que obteriam preço mais alto no mercado internacional era

outro caminho adotado para se ter um saldo comercial.

A regulamentação das corporações de ofício objetivava este

caminho, pois controlava a quantidade e a qualidade da

produção, geralmente destinada ao mercado externo.

Também com o objetivo de obter-se mão-de-obra abundante

é que foi adotada na época uma política demográfica eforam baixadas as "leis contra o ócio", na realidade com o

objetivo de manter baixos os salários.~ O Colonialismo

A obtenção de colônias, regiões politicamente sub­

metidas, foi a forma encontrada pelos países europeus para

sair do impasse em que se envolvia o comércio europeu no

Page 7: Apostila História

início dos Tempos Modernos. Isso porqu,e como todos

adotavam as mesmas medidas protecionistas, cada naçãoqueria impor às outras tratados comerciais' que a favore­

cessem, culminando essa situação em guerras. As colônias

seriam mercados consumidores exclusivos da metrópole

e fornecedoras de_ matérias-primas e produtos que

poderiam ser reexportacjos pela metrópole. Portantà, graçasàs suas colônias, as economias européias conseguiamacumular capitais e atingir os objetivos do capitalismo.

Em todos os casos, o Estado era interventor e principalagente da economia, preocupado com todos os setores

econômicos, monopolista e centralizador. Apesar de

contribuir para o enriquecimento da burguesia, é importanteressaltar que o mercantilismo possuía uma finalidadepolítica clara: o fortalecimento do Estado.

O Renascimento

Conceitua-se Renascimento como um conjunto detransformaçôes culturais marcadas; em maior ou menor

grau, pela ruptura com as concepções medievais, Omovimento renascentista foi um reflexo cultural das transfor­

mações ocorridas na Europa Ocidental nos finais da IdadeMédia e, obviamente, refletiu, também, a nova mentalidade

do' homem europeu, alinhavada com as novidadeseconômicas e políticas da Idade Moderna.

Em síntese, o Renascimento se baseava na exaltaçãodo homem (antropocentrismo) e 'na crítica aos valoresmedievais, considerados ultrapassados e excessivamente

religiosos (teocentrisrt1o). Em muitos casos, os autores do

Renascimento buscavam inspiração nos clássicos da

_ Antigüidade greco-romana. Daí o nome Renascimento,dada a crença de alguns autores.

O Renascimento configura-se nas artes, em especialna literatura, na pintura, na escultura e na arquitetura, Seumaior símbolo é Leonardo da Vinci, considerado um dos

mais completos artistas de todos os tempos. Da Vincidemonstrou, através de suas obras, o espírito do Renas­cimento.

A Virgem dos Rochedos (c, 1488), pintura de Leonardo da Vinci

Dentres as caracteríticás renascentistas de suas obras

destacamos: a utilização do claro-escuro, da perspectiva, oconhecimento da anatomia humana e da ciência.

O Renascimento não ocorreu de forma homogêneaem todos os países e regiões da Europa. Surgiu por volta

de 1450, na Itália, espalhando-se, posteriàrmente, por todaa Europa, assumindo características diferentes durante seudesenvolvimento.

Origensdo Renascimento

O Renascimento, como já vimos, não ocorreu desli­

gado da realidade socioeconômica vivida na EuropaOcidental. Assim, podemos afirmar que o Renascimento

foi o produto cultural das transformaçÕes ocorridas no finalda Idade Média, tais como:

~ o crescimento da atividade comercial e dos centrosurbanos;

~ o surgimento da burguesia, uma das maiores finan­ciadoras da arte renascentista;

~ a retomada dos estudos das obras da AntigüidadeClássica.

Devido a estes fatores, o misticismo e o ascetismo

medievais vão sendo abandonados, dando lugar para umacultura sintonizada com os novos tempos.

As cidades italianas, notadamente Florença, são oberço do Renascimento, uma vez que vivenciaram, preco­cemente, as transformações econômicas do final da IdadeMédia e, também, possuíam contatos maiores com as

civilizações bizantina (Europa Oriental) e sarracena (Árabe),que preservaram a cultura grega, Por outro lado, na Itália, apresença da ,obra romana é mais evidente e influenciadora.

A partir do século XV, o Renascimento havia se

expandido, atingindo regiões onde se formara umaburguesia próspera ou monarquias centralizadas.

Do século XVI em diante, ocorre um ocaso, declínio do

Renascimento, em função da Reforma e da Contra­

Reforma, que produziram um clima de intolerância religiosa,coibindo a expansão artística e cultural.

Característicasdo Renascimento

~ O Humanismo

Entendido aqui como uma redescoberta do valor e das

possibilidades do homem, tornado centro de todas as

indagações e preocupações. Constituía, em sentido amplo,

uma tomada de posição antropocêntrica, em reação aoteocentrismo dominante na Idade Média, época do

predomínio da Igreja e da nobreza feudal, que o utilizarampara justificar a ordem social em vigor. Os humanistas da

época do Renascimento "eram os letrados profissionais

geralmente provenientes da burguesia, eclesiásticos,

professores universitários, médicos, funcionários, por vezespublicistas, a serviço de uma editora que exprimem atendência da sociedade e lhe fornecem suas ferramentasintelectuais".

~ O Naturalismo

Que correspondia a uma tomada de consciência do

homem no universo, da valorização da natureza em si,opunha-se ao misticismo medieval.

Page 8: Apostila História

~ ~ Classicismo

Já que a Antigüidade Clássica foi a grande base para

~enascimento, "Os contemporâneos (do Renascimento)

"!'f!tenderam inaugurar plenamente uma nova era. Forjaram

"0 históric.o: o mundo antigo fora destruído por uma::;â~e Média bárbara, que era preciso destruir, por· seu turno.

esse modo a cultura clássica antiga representava um ideal

a atingir, mas a sua retomada era antes uma atitude. debusca do novo, de criação, do que de imitação, de repetição".~ O "0, vidualismo

Considerado como valorização da capacidade de

pensar, criticar e julgar de cada indivíduo, em oposição aos

dogmas prontos baixados pela Igreja.~ O Racionalismo

Convicção de que tudo pode ser explicado pela razão

e pela ciência. Os efeitos' do racionalismo foram determi­

nantes para o desenvolvimento das ciências (Renas­cimento Científico) e mesmo a produção artística foi orien­

tada pela razão: o ideal de racionalidade expressava-se na

realidade das formas perfeitas e puras, na busca da simetria

e da regularidade.~ O Renascimento Científico

Também a ciência será atingida pelo movimento

renascentista. O princípio que dominou o conhecimento

científico durante o Renascimento foi o da experimentação,

sendo o método indutivo substituído pelo dedutivo. Surgem.atitudes contrárias ao predomínio da Igreja no campo

científico e começam a aparecer as ciências separadas, de

acordo com o objetivo de seu estudo (até então. eram agru­

padas sob o nome de filosofia).

"O Renascimento foi o elo cultural que uniu

todos os fatos que assinalaram o início dos

Tempos Modernos, estando presente nosdiversos acontecimentos introdutórios da Idade

Moderna."

A expansão marítima e comercial européia

Os séculos XIV e XV assinalam uma crise de retração

no feudalismo. As cidades atraíam os servos que cada vez

mais lá queriam vender os excedentes de sua produção,

ou então, para lá fugiam, tornando-se homens livres.

Muitos senhores feudais (nobreza) se adaptaram àcrise da servidão, transformando algumas obrigações servisem pagamentos em dinheiro, ou 'comprando produtos de

.1)(0 e vendendo a produção de seus feudos.

A crise da servidão tornou-se mais grave a partir do,éculo XIV, devido às catástrofes ocorridas então. A primeira

:::essas grandes catástrofes foi a fome que, agravando-ses--:re os anos de 1315 e 1317, matou milhões de pessoas

:= s:rrraqueceu a população européia. Alguns anos depois,

-- '3L7 a 1350, a Europa foi devastada pela Peste Negra,~ s:Jidemia vinda da Ásia que exterminou muita gente.

erra foi outro terrível flagelo que enfraqueceu a

iec.aée feudal. A mais importante foi a Guerra dos Cem

, ..a França. Em toda a Europa, a mão-de-obra tornou-

se escassa e nas cidades a pressão sobre os salários au­

mentou. A fuga dos campos para as cidades cresceuincessantemente e os trabalhadores que permaneciam nos

feudos sentiam na pele a superexploração de seu trabalho.

Assim, o século XIV foi um século de insurreiçõesrurais e urbanas intensas: camponeses rejeitavam os laços

rígidos do feudalismo e os trabalhadores urbanos Uorna­leiros) protestavam contra os baixos salários, apesar da

escassez de mão-de-obra, e contra o domínio das corpo~rações de ofício pelos mestres, que criavam obstáculos àascensão dos jornaleiros.

A partir do século XIV, a população européia voltou a

crescer, mas novos problemas surgiram, principalmente

para o setor mercantil (comercial), especialmente aqueleligado ao comércio oriental (especiarias e outros produtos).

Em torno desse setor, girava a atividade mercantil da Europa,e alguns entraves impediam o seu desenvolvimento. Esses

entraves eram: I~ a redução do poder aquisitivo da nobreza, principal

consumidora dos produtos orientais, em função da crisefeudal;

~ o monopólio exercido pelas cidades italianas (no

Mediterrâneo) e pelos árabes (na Ásia), o que encareciao preço dos produtos, tornando-os inacessíveis a muitoscompradores;

~ a escassez de metais amoedáveis (ouro e prata) para a

fabricação de moedas, necessárias para a compra demercadorias orientais.

Essas são as razões que motivaram a Expansão Marí­tima e Comercial Européia, nos séculos XV e XVI.

É preciso ressaltar que outros fatores também contri­

buíram para impulsionar esse processo, denominado,também, de Grandes Navegações. Não podemos esquecer

que, entre os séculos XV e XVI, estavam em ação:~ o interesse burguês na ampliação de seus negócios;~ a centralização do poder real, o que colocou os Estados

Modernos como agentes fundamentais na expansãomarítima e comercial;

~ os avanços tecnológicos na área de navegação;

~ o espírito religioso, muito utilizado como bandeira paraas navegações.

. "O espírito de aventura dos povos ibéricos e o desejo

de conversão dos 'infiéis' têm sido apontados como causadas navegações, já que os portugueses e espanhóis, tendolutado séculos contra os árabes, desenvolveram um ideal

de conversão e catequese, aliados a grandes doses defanatismo. Entretanto, os móveis religiosos foram mais

pretextos".

O pioneirismo português

Portugal, o mais antigo Estado Moderno, foi o pioneirono processo da expansão marítima e comercial. Vários

fatores explicam esse fenômeno, tais como

~ precoce centralização política, sendo que Portugal é um

Estado centralizado desde o século XII. O poder central

foi de suma importância na organização e no agencia­

mento do financiamento das expedições ultramarinas;

Page 9: Apostila História

I

~ existência de uma burguesia mercantil sólida, desde o

século XIV, sendo que Portugal era um importante eloentre as rotas do sul e do norte da Europa;

~ ascensão ao trono, em 1385, da dinastia de Avis, interes­

sada na expansão e responsável pela coordenação das

viagens;~ posição geográfica favorável e conhecimento de técnicas

náuticas e militares que contribuíram, decisivamente, para

o sucesso das expedições.A expansão portuguesa inicia-se em 1415, no reinado

de D. João I, da dinastia de Avis. Veja algumas etapas dessaexpansão:

. ~ a tomada da cidade árabe de CeUta, localizada no norte

da África, em 1415. Nesse empreendimento houve uma

união de interesse do grupo mercantil com a nobreza

territorial. Esta visava a conquista de terras dosmuçulmanos do norte da África, enquanto que aburguesia visava um ponto para o comércio com a região;

~ ocupação das ilhas da Madeira e Açores, na década de1420, onde se implantou a lavoura açucareira;

~ descoberta da Guiné em 1434, onde se descobriu ouro.

Até essa época (meados do século XV), a expansão

portuguesa, já lucrativa em si, corria paralela ao comércioitaliano de especiarias, pelo Mediterrâneo. Em 1453,entretanto, os turcos otomanos tomaram a cidade de

Constantinopla, principal entre posto desse comércio, in­viabilizando a rota mediterrânea. Daí, mesmo com a morte

do Infante D. Henrique, filho mais novo de D. João I e principal

coordenador da expansão (1460), ela continua porque,nesse momento, o país que atingisse o Oriente teria omonopólio das especiarias. A partir da segunda metade do

século XV essa expansão é claramente norteada para abusca de uma nova rota pelo sul da África. As principaisforam:

~ descoberta da foz do rio Congo, em 1482;

~ transposição do Cabo das Tormentas, em 1487, porBartolomeu Dias (depois Cabo da Boa Esperança);

~ chegada às índias (Calecute), em 1498, por Vasco daGama, concluindo finalmente a epopéia portuguesa;

~ incorporação do Brasil ao império português, em 1500,pela expedição comandada por Pedro Álvares Cabralque se dirigia à índia a fim de efetuar acordos comerciais.

A descoberta do Brasil não desviou os portugueses dosseus principais interesses que estavam no comércio comas índias. Afonso de Albuquerque, na década de 1510,

comandou a expedição que ocupou Ormuz, na entrada

do Golfo Pérsico, Socotora e Aden, na entrada do MarVermelho. Essas posições estratégicas em mãos de

portugueses impediram o fluxo das especiarias para oMediterrâneo, inviabilizando de vez o comércio italianona área.

A expansãoespanhola

A participação espanhola nas navegações iniciou-se

no final do século XV, quase cem anos após o início da

expansão portuguesa. Esse atraso deveu-se a:

~ continuação da luta para a expulsão dos árabes do

território espanhol, iniciada no século VIII e só concluída

em 1492, o que ocupava a atenção e recursos das

monarquias ibéricas;

~ a inexistência de centralização política que só com o

casamento dos reis de Aragão e Castela, respecti­

vamente Fernando e Isabel, foi concretizada (final do

século XV);~ a associação do reino de Aragão a mercadores geno­

veses no comércio Mediterrâneo desde o século XIII o

que retardou seu interesse por outras rotas.

Em 1492, os "reis católicos" patrocinaram a viagem do

navegante genovês Cristóvão Colombo, iniciando a

expansão espanhola. A direção escolhida porém foidiferente: Colombo saiu em busca do Oriente através do

Ocidente, descobrindo a América. Após a sua morte, depois

de mais duas viagens ao novo continente (sem ter

consciência disso), é que o navegante florentino Américo

Vespúcio descobriu que as terras atingidas por Colombo

não faziam parte da Ásia. Como, entretanto, o interesse

europeu continuava sendo o Oriente, os espanhóis ainda

tentaram descobrir uma passagem natural através da

América; foi assim que Vasco Nunes Balboa, em 1513,

descobriu o Pacífico e Fernão de Magalhães e Sebastião

Elcano, entre 1519 e 1524 fizeram a primeira viagem de

circunavegação da Terra.

Outros países

França, Inglaterra e Holanda iniciam sua expansão

marítima e comercial posteriormente a Portugal e Espanha,

não conseguindo, portanto, ocupar grandes porções

coloniais na América ou no Oriente. A partir do século XVI,

essas noções "retardadas" limitaram-se, inicialmente, àpirataria e à ocupação de terras que os países ibéricos

não tinham condições ou interesses em estabelecer laços

comerciais ou de permanência. Dentre os principais

episódios relacionados à França, Inglaterra e Holanda,citamos:

~ em nome de Francisco I, rei da França, Verazzano

percorreu as costas da América do Norte, bem como

Cartier, lançando aí as bases do Império Colonial

Francês que se desenvolveu a partir do século XVII

(Quebec). Fundaram ainda vários entrepostos comerciaisna Ásia e África, mas foram frustrados na tentativa deestabelecimento de colônias no Rio de Janeiro e no

Maranhão;

~ no reinado de Henrique VIII, João e Sebastião Caboto,

italianos, exploraram o litoral da América do Norte. No

reinado de Elizabeth I (1558-1603) Francis Drake fez umaviagem de circunavegação no globo e Walter Raleightentou fundar uma colônia na América do Norte. Utilizando

a rota do Cabo da Boa Esperança, navegadores ingleses

estabeleceram entrepostos comerciais em vários pontosda Ásia.

Os holandeses, com a crise da expansão portuguesa,

passaram a ocupar vários pontos de comércio na Ásia eÁfrica. Fundaram colônias na América do Norte, tentaram

fixar-se no Brasil, ocuparam a Guiana e algumas ilhas nasAntilhas.

Page 10: Apostila História

A expansão marítima portuguesa e espanhola. Veja a posição de Portugal e Espanha junto ao Oceano Atlântico:

OCEANOATLANTlCO

(Rotas portuguesas e espanholas na Expansão Marítima e Comercial)

Viagem de Pedro Álvares Cabral

OCEANOINDICO

• Navegação portuguesa

- -. Caminho espanhol

I

Baía Cabrália"""-

••••••"" OC~ANO'ATLANTICO,

ÁSIA

OCEANOINDICO

(Rota de Cabra!. O Tratado de Tordesilhas é uma das grandes novidades da época: os acordos internacionais)

Page 11: Apostila História

Resultados da expansão marítima e comercial

européia

A partir de 1450, ocorre uma prafunda transformação

no comércio europeu, convencionando-se denominá-Ia de

Revolução Comercial. Além da ampliação do comércio

europeu, que atinge, a partir do século XV uma escalamundial, novos mercados e novos produtos aparecem,

dinamizando a economia, enriquecendo os Estados euro­

peus e fortalecendo a burguesia mercantil. Por outro lado, é

importante destacar algumas conseqüências da Expansão

Marítima e Comercial, em outros campos, tais como:~ restabelecimento da escravidão, a partir do tráfico

negreiro e do escambo;

~ declínio das cidades italianas, que perderam o monopóliodo comércio com o Oriente;

~ europeização do mundo;~ emergência do Atlântico como eixo da economia mundial;

~ colonização da América e desenvolvimento do AntigoSistema Colonial, baseado no pacto ou exclusivismocolonial;

~ comprovação da esfericidade da Terra, etc.

A Reforma e a Contra-Reforma

Também a Igreja Católica sofre com as transformaçõesvivenciadas no final da Idade Média e princípio da Idade

Moderna. Conceitua-se Reforma como a quebra da unidadecatólica na Europa Ocidental, a partir do século XVI. Esse

fenômeno histórico provocou o surgimento de diversas

religiões, denominadas de reformistas ou de protestantes.Ao longo da Idade Média, a Igreja Católica tornou-se

uma instituição poderosa, rica e influente. O poder papalrepresentava o coletivismo medieval e pairava acima detudo e de todos. O sistema feudal encontrava, no catoli­

cismo, o seu elemento ideológico, como já vimos no Capí­

tulo I. Agora, a partir do século XVI, o poder da Igreja ruicomo um castelo de cartas. Por quê? Eis as razões:

~ O desenvolvimento econômico dos séculos XV e XVI que

favoreceu as condições de vida urbana e estimulou a

pesquisa e a ciência, facilitando a divulgação dosconhecimentos religiosos. Além disso, o fortalecimento

da burguesia fazia com que essa classe sentisse um

obstáculo ao seu desenvolvimento: o sistema feudal, do

qual a Igreja Católica era sustentáculo. Ainda mais a

Igreja condenava as práticas capitalistas nascentes,

através das doutrinas do "justo preço" e da "usura",entesourava riquezas que poderiam dinamizar as trans­

formações econômicas e impunha inúmeras taxações,

reduzindo o poder de investimento da burguesia.~ A emergência dos Estados Nacionais e o atrito oriundo

dos choques destes com o poder supranacional do Papa,considerado desde a Idade Média "o soberano de todos

os soberanos". Os reis também ambicionavam apode­rar-se dos bens da Igreja e manter no país os tributos

que iam para Roma. O intento desses governantes foi

favorecido pelo nacionalismo emergente nas populaçõeseuropéias no início da Idade Moderna, que preferiam ver

religiões nacionais implantadas em seus países.

~ Os abusos cometidos pelo clero católico ignorante e sem

uma pastoral definida, já que não recebia nenhuma

orientação teológica ou litúrgica. A Igreja possuía enor­

mes propriedades em toda a Europa Ocidental,

acumulava riquezas oriundas de doações ou impostos,detinha enorme prestígio social e cultural e formava um

Estado autônomo dentro dos Estados europeus, com

estatutos, tribunais e idioma próprios. Isso atraía paraseus quadros indivíduos sem nenhuma vocação reli­

giosa, interessados apenas em usufruir das vantagensque implicavam em fazer parte do clero. Durante o

Renascimento, o espírito crítico que se desenvolveu no

Ocidente fez com que as próprias origens da instituiçãoreligiosa fossem pesquisadas, concluindo-se, dessa

forma, que o cristianismo original nada tinha a ver comos desvios sofridos pela Igreja na Idade Média.

As seitas protestantes

~ O Luteranismo

Lutera era um monge da ordem dos agostinianos, que

lecionava teologia na Universidade da Wittenberg. Em 1517

entra em atrito com o dominicano Tetzel, que havia sido

enviado à sua cidade pelo arcebispo de Mogúncia paravender indulgências. O caso ficou mais grave na época

porque o arcebispo havia recebido dos banqueiros Fuggers

uma soma em dinheiro e deu-Ihes em pagamento a metade

dos rendimentos das indulgências cobradas.

Lutero acusou a venda irregular e aproveitou a oportu­

nidade para falar de outros aspectos de que discordava na

Igreja, através de 95 Teses afixadas na porta da Catedral de

Wittenberg. O Papa Leão X a princípio não deu importância

ao fato, mas em 1520, excomungou Lutera que se negou aretirar o que dissera. Estava efetivada a ruptura.

É importante ressaltar que a adesão às idéias lute­

ranas e a rápida expansão do movimento se devem à

peculiar situação política do Sacro Império RomanoGermânico, um aglomerado de principados submetidos à

autoridade imperial de Carlos V. Esses príncipes, entretanto,

desejosos de se livrarem tanto da interferência papal, como

da autoridade do imperador, legalizada pelo catolicismo,

protegeram Lutera da perseguição do imperador.Os pontos fundamentais da doutrina luterana são os

que se seguem:

• a base da salvação humana é a fé e não as boas obras,como afirmava a doutrina de S. Tomás;

• o culto não necessita de intermediários entre o fiel e

Deus, sendo, portanto, muito simples;

• a Bíblia é a única fonte da verdade religiosa;

• o fiel deve livremente interpretar a Bíblia (daí o grande

número de seitas nas quais se ramificou o protes­tantismo);

• abolição da hierarquia eclesiástica por ministros subor­dinados ao Estado;

• abolição dos sacramentos, com exceção do batismo e

eucaristia. Na eucaristia Cristo está presente no pão e

no vinho, mas estes não se transformam no corpo de

Cristo (consubstanciação e não transubstanciação);

Page 12: Apostila História

aoolição do jejum, abstinência, culto dos santos, vene­

raÇão de imagens, peregrinações e relíquias;

egação da existência do purgatório, e conseqüen­

:emente de indulgências.protestantismo luterano deu origem no início do

s....6o.lloXVI a dois tipos de revoltas:• nobres empobrecidos, que saquearam mosteiros e

castelos, levando as idéias de Lutero, mas que foram

esmagados pelos exércitos dos bispos;

• do campesinato que exigia a abolição dos privilégios

feudais e a reforma agrária. A revolta de Thomas Munzer

(anabatistas) foi brutalmente reprimida, com o incentivodo próprio Lutero: "É preciso despedaçá-Ias, degolá-Ias,

apunhalá-Ias, em segredo e em público, quem possa

fazê-Ia, como se tem que matar um cachorro louco".

A essa altura a teologia luterana já estava amoldada aos

interesses da burguesia emergente e da pequenanobreza.

Martinho Lutero, filho de camponeses abastados,

nasceu a 10 de novembro de 1483, em Eisleben (Saxe

ou Saxônia). Fez seus estudos em Magdeburgo e entre1501 e 1505 estudou Filosofia na Universidade de Erfurt;

entrou para a Ordem dos Agostinianos, de Santo

Agostinho, em 17 de julho de 1505. Em 1510, viajou

para Roma, onde constatou os desmandos da

Corte pontifícia do papa Júlio 11. Tornou-se prior do

convento de Wittenberg em maio de 1512; nessa

ocasião tornou-se também doutor em Teologia e

passou a lecionar na Universidade da mesma cidade.

A partir daí, transformou-se no grande questionador da

Igreja e da atuação dela; deu origem à Reforma e ao

surgimento do protestantismo. Em 1524, abandonouos hábitos monásticos e casou-se com Catarina de

Rorah. Morreu a 18 de fevereiro de 1546, em Eisleben,sua cidade natal.

(NADAI, Elza. História Geral)

oão Calvíno, na França, seguiu inicialmente os

e~.s·-;a:-er:os de Lutero, mas em 1539, publícou a Insti­

onde se encontram as bases da religião por

Perseguido na França transferiu-se para Genebra, na

Suíça, onde Zwinglio já havia lançado as bases da crítica

ao catolicismo, com a criação da chamada "IgrejaDemocrática". As principais idéias de Calvino foram:

• livre interpretação da Bíblia, negação ao culto dos santos

e da Virgem, negação da infalibilidade do Papa;

• destruição completa do livre-arbítrio, com a defesa da

predestinação absoluta dos eleitos e condenados;• defesa das atividades econômicas até então rejeitadas

pela Igreja, baseado na crença de que todo trabalho feito

com honestidade e sobriedade era agradável a Deus,sendo que somente os predestinados ao céu conse­

guiam vencer na vida. Não é preciso destacar o quantoessa doutrina foi agradável aos comerciantes, ban­queiros, industriais, armadores, etc., sendo considerada

um dos fatores de impulso ao nascente capitalismo;

• defesa da separação entre Igreja e Estado, que assim

poderiam exercer melhor suas respectivas atribuições;

• abolição do culto exterior, com a rejeição da missa, dos

sacramentos (reduzidos a simples comemorações) e

de tudo o que não estivesse rigorosamente escrito naBíblia;

• crença de que a santidade da vida era maréa da pre­destinação e em conseqüência, a cidade calvinista

deveria ser uma cidade santa. Em nome desse princípio,Calvino instalou em Genebra uma verdadeira ditadura,

onde a vida particular dos membros da Igreja erarígorosamente fiscalizada.

O calvinismo expandiu-se por toda a Europa. Na

Boêmia (Tchecoslováquia) e na Polônia superou oLuteranísmo. Na França, os calvinistas (huguenotes) foram

intensamente perseguidos. Também alcançou a Inglaterra(puritanos) e a Escócia (presbiterianos).~ O Anglicanismo

Na Inglaterra, a Reforma deu origem ao surgimentoda Igreja Anglicana, que guardou muitos pontos em comum

com a Igreja Católica.O rompimento com o catolicismo foi efetivado pelo rei

Henrique VIII que entrou em conflito com o Papa Clemente

VII, devido à luta pelo poder político, que o rei tentava

transformar em absolutista. Para encobrir os choques

políticos Henrique VIII usou o pretexto da dissolução de seucasamento com a princesa espanhola Catarina de Aragão,

que dependia da aprovação do Papa. Pressionado por

Carlos V, rei da Espanha, Clemente VII negou a anulação

do casamento, que serviu para que Henrique VIII rompessecom o catolicismo e fundasse a Igreja Anglicana, atravésdo Ato de Supremacia. Por esse documento seria o rei e o

chefe da nova religião.

Com esse rompimento o poder do rei, logicamente,

aumentou, já que assumia o papel de chefe espiritual danação, além de aumentar a arrecadação do Estado e se

apropriar das terras pertencentes à Igreja Católica. Quanto

ao culto e à doutrina da nova igreja, praticamente continuaram

os mesmos do catolicismo, além de haver Henrique VIII

perseguido tanto católicos quanto calvinistas (puritanos).

Com a morte de Henrique VIII o calvinismo alcançou

supremacia no país graças aos regentes do trono, já que o

Page 13: Apostila História

herdeiro (Eduardo VI) era menor. Com a morte deste, sobeao trono a filha mais velha de Henrique VIII, Mary Tudor, que

reintroduz o catolicismo. Só no reinado de Elizabeth I (1558­

1603) sua segunda filha, é que o anglicanismo se consolidadefinitivamente no país. A rainha era esperta o suficiente

para perceber que era essa a religião que mais reforçava

seu poder, além de mesclar a doutrina com algumas idéiascalvinistas, satisfazendo dessa forma as duas tendências

religiosas mais fortes no país, além do próprio angli­canismo.

A Contra-Reforma

Chama-se de Contra-Reforma, o movimento de reno­

vação da Igreja Católica, sendo considerado uma reação àReforma Protestante. É verdade que, em alguns países

(Itália, Espanha e Portugal) esse movimento de renovação

já havia se iniciado mesmo antes do início da ReformaProtestante.

A Igreja Católica usou, basicamente, de três instru­

mentos para deter o avanço do protestantismo:

I - a Companhia de Jesus, fundada em 1540 por Inácio

de Loyola na Espanha, e que se dedicava a pregar a fécatólica. Formados sob rígida disciplina, os jesuítasfortaleceram a doutrina católica em missões de

catequese por todo o mundo;

11 - o restabelecimento do tribunal da Inquisição nos países

onde o protestantismo não havia penetrado;

111-a convocação do Concilio de Trento (1545-1563) pelo

Papa Paulo 111, que teve seu poder garantido diante do

Concílio pela Companhia de Jesus. Este se reuniu emtrês fases e adotou as seguintes medidas:

• restaurou a disciplina na Igreja Católica, através da

afirmação da soberania do Papa em matéria religiosa,da confirmação do celibato clerical e da obrigatoriedadedos seminários;

• condenou a venda de objetos sagrados (simonia) e

regulamentou a concessão de indulgências;• publicou o Catecismo, contendo as verdades essenciais

da religião, em linguagem acessível;• instituiu o Index Librorum Prohibitorum, relação, periodica­

mente renovada, de livros contrários aos dogmas da

Igreja;

• adotou a Vulgata (versão latina da Bíblia de São

Jerônimo), como único texto que podia ser aceito peloscatólicos;

• proibiu a acumulação de cargos e paróquias por partede um único eclesiástico.

Por outro lado, a doutrina católica não sofreu nenhuma

modificação:• os sete sacramentos foram confirmados; e na Eucaristia

predominou a doutrina da "transubstanciação";

• as indulgências e relíquias continuaram a existir, desde

que não houvesse abusos na sua concessão;• as boas obras foram confirmadas como meios de salva­

ção, juntamente com a fé;

• a tradição da Igreja foi confirmada como fonte de ensina­

mentos religiosos, ao lado da Bíblia.

Além das medidas de contenção do protestantismo

dentro da própria Europa, a Igreja lançou-se à conquista de

novos territórios, conhecidos após o Expansionismo

Europeu. Este último aspecto da Contra-Reforma teve nos

jesuítas seus principais agentes. Destaca-se, por exemplo,

São Francisco Xavier, apóstolo na índia e no Japão.

Concluindo, podemos afirmar que a Contra-Reforma

nos aspectos de organização alterou a estrutura da Igreja,

mas no aspecto doutrinário e através de alguns instru­

mentos utilizados (Inquisição) foi bastante conservadora.

Reflexos da Reforma

~ fragmentação do cristianismo ocidental em catolicismo

e protestantismo;

~ fortalecimento do poder real, tanto nos países onde

predominou o protestantismo quanto naqueles que

permaneceram católicos;

~ eclosão de guerras de religião em vários países eu­

ropeus;

~ reforço dado ao desenvolvimento do capitalismo, já que

a doutrina da salvação, relacionada à riqueza individual,estimulou o crescimento econômico;

~ expansão do catolicismo, em seu zelo missionário, poroutros continentes.

Page 14: Apostila História

EXERCíCIOS DE FIXAÇÃO01. (UFTM-MG-2007) A formação do sister.1a feudal, dominante

principalmente nos territórios do Império Carolíngio, durantea Idade Média, esteve ligada

A) à integração de instituições romanas e germânicas,tais como o colonato e o Comitatus.

B) ao fim da importância das leis baseadas nos costumese aos ataques vikings.

C) às constantes invasões dos bárbaros germânicos, quelevaram à queda do Império Bizantino.

D) à decadência do escravismo romano e ao gradativoprocesso de êxodo rural.

E) ao fortalecimento do poder real, devido à distribuiçãode benefícios aos guerreiros fiéis.

02. (UFV-MG-2006) O período compreendido entre os séculos Ve XV é conhecido por "Idade das Trevas" ou "Idade Média".Estes termos pejorativos- esconderam, durante muitotempo, a importância daquela época, na qual, segundomuitos historiadores, surgiram os traços que caracterizam

atualmente o Ocidente. Mas, não obstante essa valorização,o termo "Idade Média" continua sendo utilizado nos livros emanuais escolares.

Com base nessas informações e nos conhecimentos sobreas transformações ocorridas a partir do século XV naEuropa, assinale a afirmativa INCORRETA.

A) A concepção da História como um processo levou oshistoriadores a atenuarem o caráter de ruptura dosacontecimentos e dos movimentos artístico-culturais,como o Renascimento, o que contribuiu para avalorizaçãodas realizações humanas do período medieval.

B) A tentativa de Napoleão Bonaparte de dominara Europa estimulou o nacionalismo em diversospaíses, provocando uma valorização do período

medieval, identificado como o momento de origemdas nacionalidades.

C) A expressão "Idade Média" se refere à épocacompreendida entre uma fase de predomínio das

práticas pagãs e outra em que surgiram as religiõesreformadas, constituindo-se numa referência ao períodoem que a Igreja Católica suprimiu outras crenças.

o

Page 15: Apostila História

D) A recuperação da Europa, após a crise do século- XIV, assentava-se sobre elementos medievais, pois

o Absolutismo tinha relações com o processo defortalecimento do poder real, os Descobrimentos comas viagens dos italianos e o Protestantismo com osmovimentos heréticos.

E) O mito historiográfico da "Idade das Trevas" teveorigem no século XIV, quando o termo tenebraecomeçou a ser empregado para designar o períodoposterior à Antiguidade Clássica, mas generalizou-seprincipalmente a partir do século XVI.

EXERCíCIOS PROPOSTOS

01. (UFJF-MG-2004) Leia atentamente o trecho a seguir.a medieval só conhecia um modo de modificar a ordem das

coisas naturais: o milagre. A ideia de impossível não tinhalugar. Em princípio, tudo era possível. a universo estava

completamente embebido de vontade divina. Nada deixavade ser viável, se estivesse de acordo com este fundamento

que presidia o mundo e as vidas. a universo cotidianoestava inteiramente pontilhado por milagres, prodígios emaravilhas. Deus não era de modo algum algo remoto.

RODRIGUES,JoséCarlos.O corpo na História. Riode Janeiro:Fiocruz,1999, p. 44.

A importância do aspecto religioso no modo como ohomem medieval interpretava o mundo em que viviademonstra o poder que a Igreja Católica detinha. Essepoder pode ser atribuído a diversos fatores, EXCETO

A) Ao crescimento do número de fiéis, fruto de umintenso processo de evangelização de populações queeram antes politeístas.

B) Ao controle exercido sobre a produção intelectualdeixada pela antiguidade e sobre as atividades deensino.

C) Ao papel de Instituição, alcançado pela Igreja, aosobreviver ao fim político e administrativo do impérioRomano do Ocidente.

D) À posição assumida pela Igreja, na defesa dascamadas mais pobres da sociedade, contra aexploração do trabalho servil.

E) Ao poderio econômico que a Igreja alcançou por meiodas inúmeras doações recebidas, inclusive de terras.

02. (UnB-DF) A respeito das transformações econômicas,sociais, políticas, culturais e religiosas da Alta IdadeMédia, julgue as seguintes informações:( ) A vida urbana, o desenvolvimento do artesanato e o

crescimento demográfico intensificaram-se devido àsmigrações dos povos bárbaros.

) O mar Mediterrâneo, dominado pelos muçulmanos,continuou sendo a principal rota de ligação entreOcidente-Oriente .

. ( ) Os reinos bárbaros caracterizam-se pela fraquezado poder central e pela utilização do regime dapersonalidade das Leis.

) A igreja cristã assumiu um papel político de destaque,preservou o legado cultural greco-romano e passoua denominar-se católica, isto é, universal.

Page 16: Apostila História

03. (FUVEST-SP) o feudalismo medieval nasceu no seio deuma época infinitamente perturbada. Em certa medida,ele nasceu dessas perturbações. Ora, entre as causasque contribuíram para criar ou manter um ambiente tãotumultuado, algumas existiram completamente estranhasà evolução interior das sociedades europeias.

BLOCH,Marc.A sociedadefeudal

C) fragmentação política, pois suseranos e vassalosexerciam poder em seus feudos.

D) fortalecimento da autoridade dos reis, pois ossenhores deviam-Ihes obediência direta.

E) diminuição da importância econômica da terra, poisos vassalos perdiam a posse dos feudos.

GABARITO

06. (UFJF-MG-2007) Sobre o contexto social e econômicodo século XIV na Europa medieval, marque a alternativaINCORRETA.

A) A mão-de-obra disponível para atuar no campo foireduzida devido às epidemias e guerras existentesno período.

B) As revoltas camponesas, como a jacquerie, acabarampor ocasionar alterações nas obrigações típicas dosistema feudal.

C) A reduzida oferta de metais preciosos, como aprata, contribuiu para a expansão do processoinflacionário.

D) A burguesia teve seu prestígio econômico reduzidopela crise das atividades urbanas, o que fortaleceu opoderio dos senhores feudais.

E) A instabilidade climática, com chuvas constantes,levou a uma grande retração nas colheitas, diminuindofortemente a produção agrícola.

07. (FUVEST-SP)A peste, a fome e a guerra constituíram oselementos mais visíveis e terríveis do que se conhececomo a crise do século XlV. Como conseqüência dessacrise, ocorrida na Baixa Idade Média,

A) o movimento de reforma do cristianismo foiinterrompido por mais de um século, antes dereaparecer com Lutero e iniciar a modernidade.

B) o campesinato, que estava em vias de conquistar aliberdade, voltou novamente a cair, por mais de umséculo, na servidão feudal.

C) o processo de centralização e concentração do poderpolítico intensificou-se até tornar-se absoluto, noinício da modernidade.

D) o feudalismo entrou em colapso no campo, masmanteve sua dominação sobre a economia urbanaaté o fim do Antigo Regime.

E) entre as classes sociais, a nobreza foi a menosprejudicada pela crise, ao contrário do que ocorreucom a burguesia.

o texto refere-se

A) às invasões dos turcos, lombardos e mongóis quea Europa sofreu nos séculos IX e X, depois doesfaceiamento do ImpériO Carolíngio.

B) às invasões prolongadas e devastadoras dossarracenos, húngaros e vikings na Europa, nos séculosIX e X (ao sul, leste e norte, respectivamente), depoisdo esfacelamento do Império Carolíngio.

C) às lutas entre camponeses e senhores do campoe entre trabalhadores e burgueses das cidades,impedindo qualquer estabilidade social e política.

D) aos tumultos e perturbações provocadas pelasconstantes fomes, pestes e rebeliões que assolavamas áreas mais densamente povoadas da Europa.

E) à combinação de fatores externos (invasões eintrodução de novas doutrinas e heresias) e internos(escassez de alimentos e revoltas urbanas e rurais).

04. (UFJF-MG-2009) Sobre o contexto de consolidação dopoder da Igreja na Idade Média, leia as afirmativas aseguir e, em seguida, marque a opção CORRETA.

r. O cristianismo e todas as suas instituições podemser considerados elementos unificadores do mundoeuropeu após a crise do ImpériO Romano e as invasõesbárbaras. Nessa longa trajetória, a Igreja de Romaassume o seu papel de liderança religiosa, através docombate às heresias.

II. Desde os primeiros tempos do período medieval,a união entre as Igrejas Ocidental e Bizantinarepresentava o símbolo da unidade da cristandade.Os papas procuravam favorecer o Império Bizantinoe consolidar a Igreja Ortodoxa, visando a aumentara influência da Igreja romana no universo cristãoocidental.

IIr. Havia grupos considerados heréticos, como osvaldenses e os cátaros, que criticavam a hierarquiacatólica e não reconheciam a autoridaGle papal.Havia também outros movimentos que foramincorporados pela Igreja Católica e que levaram àformação de ordens religiosas, como franciscanos edominicanos.

A) Todas estão corretas.

B) Todas estão incorretas.

C) Apenas a I e a II estão corretas.

D) Apenas a I e a III estão corretas.

E) Apenas a II e a III estão corretas.

Fixação01. A 02. C

05. (UFTM-MG)As relações de suserania e vassalagem, típicasda Idade Média, resultaram em

A) grande arrecadação de tributos, pois os vassalosdeviam a talha e a corveia aos suseranos.

B) reforço do poder da Igreja Católica, pois os suseranosjulgavam os hereges.

Propostos01. D

02. F V V V

03. B

04. D

05. C

06. D

07. C

Page 17: Apostila História

EXERCíCIOS DE FIXAÇÃO

01. (FUVEST-SP) Na Europa Ocidental dos nossos dias, emconsequência do processo de integração, verifica-se um

problema parecido com o que existiu durante a BaixaIdade Média. Trata-se do problema de articulação dastrês esferas do poder político: o poder local, o poder

do Estado-Nação e o poder supranacional. Hoje, se aintegração se concretizar, ela será feita, ao contrário doque ocorreu no fim da Idade Média, em prejuízo do poderdo Estado-Nação. INDIQUE

Page 18: Apostila História

Organização dos Estados Nacionais

A) quem exercia cada uma das três esferas do poderdurante a Baixa Idade Média?

B) qual delas, no fim deste período histórico, se sobrepôsàs demais; por quê?

02. (UFOP-MG) No tocante ao processo de transformação daeconomia europeia, no final da Idade Média, assinale aalternativa CORRETA.

A) Teve como característica principal o fortalecimento dasrelações de servidão, que sujeitavam o camponês aopoder do senhor feudal, na Europa Ocidental.

B) Como desevolvimento das atividades mercantis,a Itália teve condições de se impor como um Estadoindependente junto às demais potências da época.

C) O Mediterrâneo se constituiu na principal rota decomércio entre a Europa e as civilizações localizadasno Oriente Médio e na Ásia.

D) Em decorrência do grande desenvolvimento comercial,a maior parte da população passou a residir em

centros urbanos, despovoando os campo?

E) Com o crescimento do comércio de lã, a Inglaterradesenvolveu a manufatura de tecidos, cuja matéria­

prima era majoritamente fornecida pelosPaísesBaixos.

EXERCíCIOS PROPOSTOS

01. (FUVEST-SP) No processo de formação dos EstadosNacionais da França e da Inglaterra, podem seridentificados os seguintes aspectos:

A) Fortalecimento do poder da nobreza e retardamentoda formação do Estado Moderno.

B) Ampliação da dependência do rei em relação aossenhores feudais e à Igreja.

C) Desagregação do feudalismo e centralização política.

D) Diminuição do poder real e crise do capitalismocomercial.

E) Enfraquecimento da burguesia e equilíbrio entre oEstado e a Igreja.

02. (UnB-DF) Na Baixa Idade Média, iniciaram-se as mudançasna Europa Ocidental que, a seguir, desencadearamo processo de montagem do sistema capitalista.Relativamente a essas mudanças, julgue os itens aseguir.

) A atividade mercantil ganhou impulso, a monetarizaçãodas trocas fez-se presente e o segmento socialburguês foi conquistando espaço social e político.

) Nos centros urbanos, as corporações de ofícioregulavam a produção manufatureira e o trabalhoassalariado foi tornando-se comum.

) A despeito da resistência da aristocracia feudal, osmonarcas dispuseram-se a enfrentar a parcelarizaçãopolítica então vigente.

) A crise do século XIV reforçou os poderes dos senhoresfeudais, à medida que possibilitou a migração demão-de-obra das cidades para os campos.

Page 19: Apostila História

03. (FUVEST-SP) Após ter conseguido retirar da nobrezao poder político que ela detinha enquanto ordem,os soberanos a atraíram para a corte e lhe atribuíramfunções políticas e diplomáticas.

Esta frase, extraída da obra de Max Weber, Política comovocação, refere-se ao processo que, no Ocidente

A) destruiu a dominação social da nobreza, na passagemda Idade Moderna para a Contemporânea.

B) estabeleceu a dominação social da nobreza, napassagem da Antiguidade para a Idade Média.

C) fez da nobreza uma ordem privilegiada, na passagemda Alta Idade Média para a Baixa Idade Média.

D) conservou os privilégios políticos da nobreza, napassagem do Antigo Regime para a Restauração.

E) permitiu ao Estado dominar politicamente a nobreza,na passagem da Idade Média para a Moderna.

04. (UFMG) Todas as alternativas apresentam fatores quecaracterizaram os Estados Nacionais formados a partir

do século XV, EXCETO

A) Criação de um exército permanente.

B) Manutenção dos privilégios das corporações.

C) Organização de um sistema nacional de impostos.

D) Ordenação de uma administração centralizada.

05. (UFU-MG) Sobre o processo histórico de constituição dosEstados nacionais modernos na Europa, a partir de finsdo século XIV, é CORRETO afirmar que

A) enquanto os interesses dos reis voltavam-se para acriação de um poder absoluto, centralizado políticae administrativamente, a burguesia lutava para

garantir a descentralização, o livre mercado e o fimdas intervenções do Estado na economia.

B) a formação dos Estados nacionais modernos, com opoder centralizado nas mãos dos reis, não significouo rompimento da hierarquia social característica daépoca medieval, continuando a sociedade dividida emestamentos ou ordens sociais.

C) oriundo da desagregação das relações de poderdo mundo feudal, o Estado nacional moderno foi o

instrumento político que assegurou a liberdade e osdireitos de cidadão para as massas camponesas daEuropa.

D) entendendo que a concentração de poder nas mãosdos soberanos prejudicava o livre desenvolvimentoda economia burguesa, Thomas Hobbes e Jean Bodinelaboraram as bases teóricas que fundamentarama luta da nascente burguesia contra as monarquiasnacionais.

06. (Unimontes-MG-2007) Para a formação dos Estadosabsolutistas europeus, na transição entre a Idade Médiae Moderna, NÃO contribuiu

A) o auxílio econômico da camada mercantil, interessada

em obter proteção para suas rotas comerciais e sever livre das extorsões dos senhores feudais.

B) o apoio dos camponeses, superexplorados pelosnobres que poderiam proporcionar a defesa dessacamada menos favorecida socialmente.

C) a retomada do Direito Romano, que ofereceu suportejurídico tanto para as atividades das camadasmercantis como para a centralização política.

D) a capacidade de certos grupos da nobreza dealcançarem vitória em guerras civis, ainda quedizimando grande parcela dessa camada social.

07. (UFMG) Leia o texto.

Por enquanto, ainda el-rei está a preparar-se para a noite.Despiram-no os camaristas, vestiram-no com o trajo dafunção e do estilo, passadas as roupas de mão em mãotão reverentemente como relíquias santas, e isto se passana presença de outros criados e pagens, este que abre ogavetão, aquele que afasta a cortina, um que levanta a luz,outro que lhe modera o brilho, dois que não se movem, doisque imitam estes, mais uns tantos que não se sabe o quefazem nem por que estão. Enfim, de tanto se esforçaremtodos ficou preparado el-rei, um dos fidalgos retifica aprega final, outro ajusta o cabeção bordado.

SARAMAGO. José. Memorialdo convento.

Nesse texto, Sara mago descreve o cotidiano na corteno período de consolidação do Estado Moderno. Todasas alternativas referem-se ao Absolutismo Monárquico,EXCETO

A) A classe dominante, durante toda a época moderna,

não era mais a mesma do período feudal, tanto políticaquanto economicamente.

B) A história do Absolutismo Monárquico é a história dalenta reconversão da nobreza a um papel parasitário,

o que lhe permitiu regalias.

C) A nobreza passou por profundas transformações noperíodo monárquico de centralização, mas nunca foidesalojada do poder político.

D) O Absolutismo era um rearranjo do aparelhode dominação, destinado a sujeitar as massascamponesas, que sublevadas questionavam o papeltradicional da nobreza.

E) O Estado Absolutista era uma nova carapaça políticade uma nobreza atemorizada, que passou a ocuparum lugar junto ao Rei, se tornando cortesã.

GABARITO

Fixaçãoo 1. A) o poder local era exercido pela nobreza e cidades

autônomas; o poder Estado-Nação pelo rei, e o

poder supranacional pelo papa.

B) O Estado-Nação, com o apoio da burguesia, a

diminuição do poder político da nobreza, as guerrase a nova realidade econômica.

02. C

Propostos01. C

05. B

02. V V V F

06. B

03. E

07. A

04. B

Page 20: Apostila História

EXERCíCIOS DE FIXAÇÃO01. (Unimontes-MG-2006) Analise as afirmativas a seguir

acerca da França do século XVIII, assinalando C para asCORRETAS e I para as INCORRETAS.

( ) O Estado Absolutista francês pautou-se pelahipertrofia das atribuições da monarquia nacional epelo enfraquecimento da ação dos Estados Gerais.

) O Estado Absolutista francês pautou-se pela limitaçãodo poder da Igreja e pela submissão do alto clero aopagamento de impostos.

) O Estado Absolutista francês pautou-se pelaampliação do poder das Assembleias Populares, ouEstados Gerais, na condução das questões políticasnacionais.

Você obteve

A) C, I e I B) C, C e I C) I, C e C D) I, I e C

02. (UFV-MG-2004) Mercantilismo é um termo que foi criadopelos economistas alemães da segunda metade do séculoXIX para denominar o conjunto de práticas econômicasdos Estados europeus, nos séculos XVI e XVII. Dasalternativas a seguir, assinale aquela que NÃO indicauma característica do mercantilismo.

A) Busca de uma balança comercial favorável, ouseja, a superação contábil das importações pelasexportações.

B) Intervencionismo do Estado nas práticas econômicas,através de políticas monopolistas e fiscais rígidas.

C) Crença em que a acumulação de metais preciosos eraa principal forma de enriquecimento dos Estados.

D) Aplicação de capitais excedentes em outros paísesparaaumentar a oferta de matérias-primas necessárias àindustrialização.

E) Exploração de domínios localizados em outroscontinentes, com o objetivo de complementar aeconomia metropolitana.

EXERCíCIOS PROPOSTOS

01. (UFOP-MG) Assinale a alternativa que define com maiorexatidão o direito divino dos reis.

A) Ideia de legitimidade de um governo baseada noprincípio da delegação divina do direito de comandarum povo, que deve prestar obediência ao governanteassim empossado.

B) Princípio de legitimidade de um governo, baseado naobrigatoriedade de o povo obedecer ao governanteque foi eleito pela parcela cristã da população.

C) Fundamento de governo das monarquias absolutas,cuja base principal se assentava na premissa deque o líder espiritual da religião cristã deveria ser omonarca.

D) Princípio de governo defendido pelos líderes da"reforma", movimento religioso preocupado com alegitimação dos Estados vigentes no período.

E) Ideia de sacralização do poder régio, promovido pelaalta cúpula da Igreja Católica, que estava querendoa supremacia do poder do papa sobre todas asmonarquias do período.

Page 21: Apostila História

02. (UFOP-MG-2008) o século XVII, na França, foi marcadopela força do governo de Luis XIV, conhecido como "Rei Sol".A respeito desse governo, assinale a afirmativa CORRETA.

A) Era um governo favorável à liberdade religiosa,exemplificada na manutenção do édito de Nantes,que assegurava o culto protestante na França.

B) Esse governo manteve uma política de livre circulaçãode ideias, sendo conhecido como um "déspotaesclarecido".

C) Nesse governo, foi marcante a atuação do MinistroRichelieu, considerado o mais influente conselheirodo rei Luis XIV.

D) No governo, houve crescimento da centralizaçãopolítica e administrativa, marcado por uma políticaexterna belicosa e mercantilista.

05. (UFMG) Todas as alternativas contêm justificativas para oabsolutismo monárquico na Era Moderna, EXCETO

A) Segundo Bossuet, todo poder público é fruto davontade divina e deve ser obedecido, e revoltar-secontra ele é cometer um sacrilégio.

B) Segundo Erasmo de Rotterdam, as razões de Estado,acessíveis somente aos governantes, não podem sercontestadas pelos interesses individuais.

C) Segundo Hobbes, o poder do governante resulta deum contrato no qual os governados renunciam aosseus direitos e a autoridade do monarca se tornailimitada.

D) Segundo Maquiavel, a obrigação máxima dogovernante é manter o poder e a segurança do paísque governa.

(UFLA-MG) Apresentamos, a seguir, três obras representativasdo absolutismo (coluna 1) e as principais ideias nelascontidas (coluna 2).

Numere a coluna 2 de acordo com a coluna 1 e identifiquea alternativa que apresenta a sequência CORRETA.

COLUNA 1

1. O Príncipe (1513-16)

2. Leviatã (1651)

3. A República (1576)

COLUNA 2

( ) Defende a soberania do Estado e o caráter divinodo monarca, não havendo limites à autoridade domesmo.

) Afirma haver a necessidade de um Estado nacional

forte, independente da Igreja e encarnado na figurado chefe de governo.

) Justifica o surgimento do Estado enquanto um contratosocial. Sem a existência do Estado, a humanidadeviveria em permanente situação de guerra.

(UFU-MG-2008) Leia o trecho a seguir.

O trono real não é o trono de um homem, mas o trono dopróprio Deus. Os reis são deuses e participam de algumamaneira da independência divina. O rei vê de mais longe ede mais alto: deve acreditar-se que ele vê melhor, e quedeve obedecer-se-Ihe sem murmurar, pois o murmúrio éuma disposição para a sedição.

BOSSUET, Jaques-Bénigne. Bispo de Meaux,1627-1704. Política tirada da Sagrada Escritura. In: FREITAS,

G. de. 900 textos e documentos de História. Lisboa: Plátano

Editorial, s/do p. 201.

Considerando os princípios que legitimavam o regimemonárquico absolutista, é CORRETO afirmar que,segundo Bossuet,

A) a autoridade do rei é sagrada, pois ele age comoministro de Deus na Terra.

B) a soberania real deve ter limites, pois ela podeprovocar sedições.

C) todo o Estado está concentrado na pessoa do rei, quedeve se manter neutro diante dos conflitos sociais.

D) as leis e os indivíduos são soberanos em relação aorei e ao Estado.

GABARITO

Fixação01. A

02. D

Propostos01. A

03. D05. B

02. D

04. A06. D

03.

04.

A) 2, 1, 3

B) 1, 3, 2

C) 3, 2, 1

D) 3, 1, 2

E) 1,2,3

06. (UFMG-2006) Em 1726, o comerciante Francisco daCruz contou, em uma carta, que estava para fazer umaviagem à vila de Pitangui, onde os pau listas tinhamacabado de se revoltar contra a ordem do rei. Temeroso

de enfrentar os perigos que cercavam a jornada, escreveuao grande comerciante português de quem era apenasum representante em Minas Gerais, chamado FranciscoPinheiro, e que, devido a sua importância e riqueza,frequentava, no Reino, a corte do rei Dom João V. Pedia,nessa carta, que, por Francisco Pinheiro estar mais juntoaos céus, servisse de seu intermediário e lhe fizesse o favor

de me encomendar a Deus e à Sua Mãe Santíssima, paraque me livrem destes perigos e de outros semelhantes.

Carta 161, Maço 29, f.194. apudLISANTI Fo., Luís. Negócios coloniais: uma correspondênciacomercial do século XVIII. Brasília/São Paulo: Ministério da

FazendajVisão Editorial, 1973. (Resumo adaptadO)

Com base nas informações desse texto, é possívelconcluir-se que a iniciativa de Francisco da Cruz revela

um conjunto de atitudes típicas da época moderna.

É CORRETO afirmar que essas atitudes podem serexplicitadas a partir da teoria estabelecida por

A) Nicolau Maquiavel, que acreditava que, para sealcançar a unidade na política de uma nação, todosos fins justificavam os meios.

B) Etienné de La Boétie, que sustentava que os homensse submetiam voluntariamente a seus soberanos a

partir da aceitação do contrato social.

C) Thomas Morus, que idealizou uma sociedade utópica,sem propriedades ou desigualdades, em que osgovernantes eram escolhidos democraticamente.

D) Jacques Bossuet, que defendia o direito divino dosreis apoiado numa visão hierárquica dos homens eda política, como extensão da corte celestial.

Page 22: Apostila História

EXERCíCIOS PROPOSTOS

01. (UFV-MG) A expansão marítima europeia, principalmenteno século XV, foi impulsionada pelos interesses da jovemburguesia comercial aliada às monarquias nacionais.A alternativa que NÃO expressa objetivos da expansãomarítima é:

A) Permitir o acesso aos metais preciosos da África,principalmente do Sudão, e às especiarias e artigosde luxo do Oriente.

B) Ampliar a lavoura açucareira para além de Algarve,região localizada no sul de Portugal.

C) Identificar novas técnicas de cultivo de povos daÁfrica e da América para incrementar a produção nametrópole.

D) Buscar a superação da escassez de cereais no Reinoe em vários países europeus.

E) Capturar mão-de-obra para o trabalho escravo emlavouras de cana nas Ilhas Africanas do Atlântico,como Açores e Cabo Verde.

02. (UFMG) Leia estas estrofes iniciais de Os Lusíadas, poemadatado de 1572

As armas e os barões assinalados

Que, da Ocidental praia Lusitana,

Por mares nunca de antes navegados

Passaram ainda além da Taprobana,

E em perigos e guerras esforçados

Mais do que prometia a força humana,E entre gente remota edificaram

Novo Reino, que tanto sublimaram;

E também as memórias gloriosas

Daqueles Reis que foram dilatando

A Fé, o Império, e as terras viciosas

De África e de Ásia andaram devastando,E aqueles que por obras valerosasSe vão da lei da Morte libertando:

Cantando espalharei por toda parte,

Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

Cessem do sábio Grego e do Troiano

As navegações grandes que fizeram;

Page 23: Apostila História

Cale-se de Alexandro e de Trajano

A fama das vitórias que tiveram;

Que eu canto o peito ilustre Lusitano,

A quem Neptuno e Marte obedeceram.

Cesse tudo o que a Musa antiga canta,

Que outro valor mais alto se alevanta.

CAMÕES, Luís de. Os Lusíadas. Porto: Porto Editora, 1975. p.69.

Com base na leitura dessas estrofes, é CORRETO afirmarque a ideia central do poema é

A) exaltar a religião reformada e os valores puritanos,num contexto em que a Europa se expandia na direçãode novos mundos.

B) louvar os modelos antigos até então referenciais paraa cultura europeia, como as epopeias homéricas eos feitos de heróis gregos e romanos.

C) narrar a saga marítima portuguesa, ou seja, os feitosrelacionados às expedições oceânicas realizadas peloslusos a partir do século XV.

D) relatar os acontecimentos mais marcantes daconquista e colonização das terras brasileiras, visandoa gravá-Ios na memória dos contemporâneos.

03. Analise estes dois mapas-múndi, comparando-os:

Henricus Martellus, 1489. Londres: British Library. AbrahamOrtelius, Theatrum Orbis Terrarum, 1570.

Abraham Ortelius, Theatrum Orbis Terrarum, 1570.

Page 24: Apostila História

A partir da análise e comparação desses mapas econsiderando-se outros conhecimentos sobre o assunto,é CORRETO afirmar que

A) a cartografia europeia, por razões religiosas, nãoassimilou o conhecimento dos povos indígenas acercados continentes recém-descobertos.

B) a concepção de um mundo fechado, em oposição àideia de um cosmos aberto, dominou a cartografiaeuropeia até o século XVII.

C) as navegações alteraram o conhecimento do mundo,à época, jogando por terra os mitos antigos sobre ainabitabilidade das zonas tórridas.

D) os descobrimentos, em fins do século XV, resultaramda expansão do conhecimento do mundo alcançadopelos geógrafos do Renascimento.

04. (UFMG) Todas as alternativas apresentam aspectos daexpansão quatrocentista portuguesa, EXCETO

A) Ser derivada da inviabilidade da expansão em direçãoao continente europeu.

B) Ser determinada pelas necessidades do capital inglêsem face de suas ligações com Portugal.

C) Ter resultado da estabilidade sociale do estabelecimentodefinitivo das fronteiras do Reino.

D) Ter sido fruto da expansão da produção e do comércioque culminou na crise do feudalismo.

E) Ter sido impulsionada por um poder estatal emprocesso de vigorosa centralização.

05. (UFMG) E aproximava-se o tempo da chegada dasnotícias de Portugal sobre a vinda das suas caravelas,e esperava-se essa notícia com muito medo e apreensão;e por causa disso não havia transações, nem de umducado [ ... ] Na feira alemã de Veneza não há muitosnegócios. E isto porque os Alemães não querem comprarpelos altos preços correntes, e os mercadores venezianosnão querem baixar os preços [ ... ] E na verdade são astrocas tão poucas como se não poderia prever.

Diário dum MercadorVeneziana,1508.

o quadro descrito nesse texto pode ser relacionado à

A) comercialização das drogas do sertão e produtostropicais da colônia do Brasil.

B) distribuição, na Europa, da produção açucareira doNordeste brasileiro.

C) importação pelos portugueses das especiarias dasÍndias Orientais.

D) participação dos portugueses no tráfico de escravosda Guiné e de Moçambique.

06. (FUVEST-SP) "Antigamente a Lusitânia e a Andaluziaeram o fim do mundo, mas agora, com a descoberta dasÍndias, tornaram-se o centro dele". Essafrase, de Tomásde Mercado, escritor espanhol do século 16, referia-se

A) ao poderio das monarquias francesa e inglesa, quese tornaram centrais desde então.

B) à alteração do centro de gravidade econômicada Europa e à importância crescente dos novosmercados.

C) ao papel que os portos de Lisboa e Sevilha assumiramno comércio com os marajás indianos.

D) ao fato de a América ter passado a absorver, desdeentão, todo o comércio europeu.

E) ao desenvolvimento da navegação a vapor, queencurtava distâncias.

07. (UFMG-2006) Sabe-se que Cristóvão Colombo não

descobre a América, pois imagina estar chegando à Ásia,

à ilha de Cipango [o Japão], perto da costa da China e da

corte do Grão-Cã. O que procurava? As Ilhas Douradas,

Tarsis e Ofir, de onde saíam as fabulosas riquezas que o rei

Salomão explorara [ ... J. Aliás, o Almirante era um homem

obstinado. Convencido de ter chegado ao Continente

Asiático quando desembarcou em Cuba, ele obrigou seus

partidários a partilharem de sua ideia fixa.

GRUZINSKI,Serge.A passagem do século. 1480-1520: asorigens da globalização. São Paulo: Companhia das Letras,

1999. p.21.

Considerando-se as informações desse texto, é CORRETO

afirmar que

A) a obstinação de Colombo o levou a atingir as remotasregiões do Japão e da China, onde estariam asriquezas que, dizia-se, haviam sido exploradas pelorei Salomão e pelo Grande Cão

B) a busca das maravilhas relatadas em livros de

viagens, desde os tempos medievais, se constituiuem um dos fatores que incentivaram as grandesnavegações no início dos tempos modernos.

C) o desembarque de Colombo em Cuba, na sua segundaviagem, acabou por convencê-Io e a sua frota de queeles haviam chegado a uma terra ainda por descobrir,possivelmente as famosas Ilhas Douradas.

D) a descoberta da América foi feita por AméricoVespúcio, uma vez que Colombo, de acordo comnovos estudos, atingiu, na sua primeira viagem,o Continente Asiático, onde foram fundadas feitorias.,

GABARITO

Fixação01. C

02. A

Propostos01. C

02. C03. C04. B05. C06. B07. B