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Sociedade medieval
Neste capítulo é estudada a fase medieval 'da História Ocidental, notadamente da Europa Ocidental. Naperiodização clássica, a Idade Média se estende do século V até o século XV, ou seja, da Queda do
Império Romano (476 d.C,) até o ano de 1453, quando ocorre a Tomada de Constantinopla, pelos
turcos. Nesse período, surgem as condições para o desenvolvimento da Sociedade Medieval. Nessa sociedade,
enfocaremos o feudalismo, organização política, social e econômica que atinge seu apogeu por volta do século XI. É nas
entranhas da ordem feudal que nasce a base paa a configuração do mundo moderno e capitalista.
A sociedade medieval
Introdução
A abordagem desse capítulo passa, necessariamente, pelo estudo do feudalismo, que foi uma organização social,
existente na Europa Ocidental na Idade Média. Entre os séculos V a XI, o sistema feudal se organiza. Esse período édenominado de Alta Idade Média.
Do século XI ao XV, tem início a desagregação do feudalismo, motivada por uma série de fatores que estlldaremos a
seguir. Esse período (séculos XI ao XV) é denominado Baixa Idade Média.
A partir da desagregação do sistema feudal, tem início a formação de uma fase de transição, que é considerada como
Transição feudal/capitalista, e se estende dos séculos XV ao XVIII. Observa a linha de tempo abaixo:
XVIII '..........................•...........
Idade Média
Alta
Feudalismo
XI Baixa
Idade Moderna
Transição
Idade Contemporânea
Capitalismo
A Idade Média é rica e expressiva em acontecimentos e fatos históricos que envolveram diversas sociedades. Entretanto,
nosso objetivo é destacar, no contexto medieval, a existência do feudalismo em suas diversas facetas:
o Feudalismo - Origens
O sistema feudal (a palavra feudo significa terra) tem
sua origem na desagregação do Império Romano, no século Vda nossa era. Na fusão entre a cultura romana decadente
com a cultura de outros povos que passam a ocupar aEuropa Ocidental, ao longo da Alta Idade Média, vai se
constituindo uma ~ciedade específica, que carrega características de diversas culturas (romanas e de invasores).Essa sociedade, a feudal, é forjada numa época de permanentes invasões. A insegurança e a guerra determinaram ofeudalismo. Quando estudamos a Europa Medieval, a
imagem de um castelo aparece com freqüência. O que éum castelo? Uma fortaleza, símbolo do feUdalismo:]
Caracterização do Feudalismo
Economia
Uma das consequências das diversas ondas de inva
sões que abalaram a Europa Ocidental na Alta Idade Média,
foi o fechamento da Europa Ocidental. Caminhos comer
ciais e cidades quase desapareceram. Surge uma produ
ção econômica, predominantemente, ~ e destinadaà subsistência. A atividade mercantil é atrofiada e cada
unidade ou feudo cuida da sua própria sobrevivência.O trabalho mais comum nessa atividade é o servil. Os
servos, que se constituem ao longo da Alta Idade Média,
são a mão-de-obra típica do feudalismo, sustentando, com
o seu trabalho, o feudo e, naturalmente, o proprietário do
feudo: o senhor feudal, que faz parte da nobreza.O servo não é um escravo, pois não é mercadoria e, ao
mesmo tempo, não é um homem livre, uma vez que não
pode sair do feudo, é preso à terra e às obrigações paracom o senhor feudal.Snobreza exige dos servos o pagamento de uma sériede tributos e taxas, convertidos em trabalho e/ou parte da
produção. Em troca, o servo utiliza, para si, as terras
destinadas pela nobreza. 'I
Política
A marca política do feudalismo ~1Ldescentralização
do [2oder. Cada feudo (e cada senhor) possui seus próprios-- ---- ,exércitos. O feudo é, muitas vezes, um universo fechado e
particular, sujeito aos interesses do seu senhor. A figura do
Estado, como conhecemos, não é comum. Podemos afirmar
que a Europa Ocidental, na Idade Média, é uma colcha deretalhos. Cada retalho é um feudo. E cada feudo cuida da
sua vida.
No mundo feudal, prevalece o particularismo político.
Sociedade
A sociedade é um reflexo da economia feudal. As
relações sociais predominantes envolvem os servos e a
nobreza (senhor feudal). É uma sociedade rigidamente
hierarquizada e estratificada. O prestígio social deriva da
póSse da terra. Co~ Igrej~ Catóii;;a:éra a maior instituição
do ;;'u"ndõ medieval, o clero também -se configurava como
classe de prestígio.
Assim, a grosso modo, dividimos a sociedade feudal
em três categorias básicas: Clero, Nobreza e Servos.
-)A nobreza feudal estava, hierarquicamente, diviêITaaemdiversos escalões (duque, marquês, conde, visconde, barão
e cavaleiro), sendo o rei, teoricamente, o mais importante
de todos. O nobre caracterizava-se pela posse dos servos,
pela propriedade da terra (feudo) e pelo poder jurídico e
político.
O campesinato, maioria da população medieval, cons...--.....tituía-se de servos, trabalhadores obrigados a entregar a
maior parte do que produziam ao senhor, através de taxas e
tributos diversos. Havia, ainda, os vilões, homens livres quehabitavam as vilas. --
As relações entre os indivíduos eram pessoais, estabe
lecidas através de acordos bilaterais, compreendendo
reciprocidade de direitos e deveres, tanto entre os nobres
(~usera~ssalagem)...cQ[11o entre os senhores e servos.Neste caso, o servo trabalha para o senhor feudal e, em
troca, recebe proteção.
Cultura
Quando se fala em cultura, fala-se também em menta
lidade e ideologia. ~gmj~.f~~a, ~ior inst!!,uição domundo feudal, monopolizava a instrução e o sAber. O clero. - .
era a classe instruída e, em sua grande parte, era prove-
niente da nobreza. Assim, é lógico concluir que a mentalidade do homem feudal estava relacionada ao catolicismo
e, por outro lado, o catolicismo cimentava as relações feu
dais, jw:;tificando os valores e as práticas do feudalismo. '"
De um modo gêi'aCãCUTfUfã meãieval, notãdã~ente
na Alta Idade Média, marcava-se pelo teocentrismo, pelo
misticismo, pelo pessimismo e pela valorização da vidaextraterrena.
Diretamente interessada no feudalismo, a Igreja
utilizou a sua autoridade moral para fortalecer as estruturasfeudais.
o Renascimento comercial e urbano
A partir do século XI, as atividades comerciais se
intensificam na Europa Ocidental e, por conseguinte,modificam o quadro feudal.
Com o encerramento das invasões (as últimas foram
às normandas, eslavas e húngaras), aos poucos, novas
áreas de cultivo vão aparecendo, a produção de alimentos
cresce e se moderniza, surgindo uma economia de mercado, destinada à venda de excedentes. Servos abandonam
'.os feudos e ocupam áreas abandonadas na Europa.
Pequenas cidades crescem e se libertam do domíniofeudal, seja adquirindo cartas de franquia, ou seja, atravésdo enfrentamento militar. Rotas comerciais, feiras, cami
nhos de mercadores e de mercadorias. Enfim, uma gama
de transformações ocorre no final da Idade Média, contribuindo para a modificação das relações feudais.
A estrutura forjada na exploração dos servos vai se
modificando e, por conseguinte, o próprio feudalismo entra
em processo de desaparecimento, abrindo espaços parao nascimento de uma sociedade baseada no comércio, no
" lucro e na produção de excedentes para o mercado.Como toda mudança econômica é acompánhada de
alterações sociais, destacamos o surgimento de uma classesocial nova e dinâmica, envolvida com as ativIdades
comerciais e tipicamente urbanas: a burguesia.
As Cruzadas, movimento de caráter religioso, que
objetivava a expulsão dos infiéis da Terra Santa (Jerusalém),
contribuíram para a aceleração das transformaçõesocorridas no feudalismo, na medida em que proporcionaram
a expulsão dos árabes do Mediterrâneo, abrindo o fantásticomundo oriental para os europeus e seu comércio.
É necessário destacar, também, que no final da Idade
Média (Baixa Idade Média), a descentralização feudal estava
se transformando numa instituição centralizada (Estado
Rei), que estudaremos a seguir.
No século XIV, a Peste Negra também contribuiu para
a desagregação da ordem feudal, uma vez que ceifou,
aproximadamel)te, 1/3 da população européia. A nobreza,
privada de servos, inicia um processo de superexploração
dos remanescentes, modificando as relações sociais e
provocando fugas e revoltas camponesas. O mundo feudal
estava desaparecendo!
Comércio, cidades e burguesia
As cidades italianas foram as primeiras a se beneficiar
com a nova situação, pois praticamente monopolizavam o
comércio de produtos orientais adquiridos, basicamente,
em três pontos: Síria, Egito e, principalmente, Constan
tinopla. Os europeus possuem contatos comerciais com o
Oriente (índias) desde a abertura do Mediterrâneo a partirdás Cruzadas. As cidades de Veneza, Gênova, Pisa e Barisão as mais ativas no comércio com o Oriente.
O norte da Europa, na região de Flandres, também foi
um pólo importante no ressurgimento comercial na Baixa
Idade Média, caracterizando-se pela produção de lã.
Na região de Champagne (França), ocorriam as
famosas feiras medievais, nas quais encontravam-se
mercadores das cidades italianas com os do norte da
Europa e de outras regiões. Lã, especiarias, marfim, sedae outras mercadorias eram comercializadas.
A crescente produção de alimentos, as técnicas novas
na agricultura e a ocupação de fronteiras internas na Europa,
proporcionaram um crescimento demográfico, percebidoaté mesmo na ocasião da Peste Negra. A concentração de
pessoas (muitos ex-servos) e as necessidades comerciais,
deram origem ao crescimento de centros urbanos. Ascidades, na baixa Idade Média, tornam-se o centro da vida
européia, e os mercadores ganham importância social.
Nas cidades medievais, nessa época, surge umainstituição denominada de corporação, organizadas por
artesãos e por mercadores, que detinham o monopólio dedeterminadas atividades para seus membros.
No mapa a seguir, apresentamos a situação comercial
da Europa Ocidental, nos finais da Idade Média. Analise-o.
As rotas comerciais marítimas e terrestres na Idade Média
Rotas terrestres
Rotas marítimas venezianas
Rotas marítimas hanseáticas
Rotas marítimas genovesas
Foto de Carcassone, cidade medieval ao sul da
França. Os muros dessa cidade atingem maisde 1 500 metros de extensão.
A transição feudal/capitalista
1hAto,"s,ção fe"dal/capltallsta oooespoode • fase de passagem da sodedade fe"dal pa,a o capitalismo.A Idade Moderna é, normalmente, identificada como o período de transição. Existem alguns episódios
que assinalam o início da transição. Dentre eles destacamos a Formação das Monarquias Nacionais,
o Renascimento, A Expansão Marítima e Comercial Européia, a Reforma e a Contra-Reforma.
Nessa fase, surgem os impérios coloniais. As colônias tornam-se subordinadas ao pacto ou exclusivismo colonial.
O mundo torna-se europeu.
Destaca-se, nesse período, que se estende do século XV ao XVIII, a permanência dos privilégios da nobreza, que
continua classe dominante, entretanto, subordinada ao Estado Absolutista. INovas formas de trabalho são introduzidas, tais como o regime assalariado e a escravidão nas colônias. A burguesia,
nascida na Idade Média, assume, paulatinamente, sua importância histórica.
O continente europeu inicia um processo de acumulação primitiva de capitais, consolidando as bases do capitalismo.
Cai a unidade católica e emergem religiões novas e contaminadas pelo espírito capitalista.
A formação das monarquias nacionais
A nobreza feudal possuía poderes políticos, jurídicos e
militares. Eram atribuições da nobreza a cunhagem de
moedas, a guerra, os impostos, a aplicação da justiça, etc.A autoridade real era simbólica, resumindo-se ao controle
das cidades e dos domínios do próprio .rei.No final da Idade Média, especialmente a partir do
século XII, uma nova forma de organização política surge
no cenário europeu ocidental: o ESTADO centralizado e
identificado com o poder real. Aos poucos, o poder político
descentralizado nas mãos da nobreza feudal passa a se
transformar. Surgem os I;stados Nacionais ou Modernos,cuja forma de governo característica é a monarquiaabsoluta. Tais Estados Absolutistas vão dominar a vida
política do período de transição feudal/capitalista.
É bom realçar que no final da Idade Média, ocorrem
transformações econômicas, sociais e culturais que,naturalmente, influenciaram na formação dos Estados Mo
dernos. Entretanto, não se pode esquecer de que os
Estados ou Monarquias Absolutistas nascem de articula
ções da antiga nobreza feudal, que perde o poder político(transferido para o rei), mas mantém uma gama deprivilégios. A nobreza, ao longo da Idade Moderna (transição
feudal/capitalista) torna-se classe privilegiada e sustentadaelo Estado.
Existem várias razões que explicam' o surgimento dos
::stados Nacionais. Dentre as quais, citamos:
o enfraquecimento da nobreza feudal provocado pela fuga
:ios servos, pela crescente urbanização e pelas Cruza=as;
:; aooio recebido pelos reis por parte da burguesia, que- _~cas vezes financiava os Estados, interessada na
~=::!Xade proporcionada pela proteção militar e pela
unificação econômica. Para a burguesia européia, oEstado. significava oportunidades de desenvolvimento
econômico. Até hoje, a burguesia é financiadora deEstados;
~ as 'guerras européias, que incentivaram o desenvolvimento do sentimento de nacionalidade e deram
importância ao papel dos reis. Destacam-se a Guerrados Cem Anos (1337 a 1453), entre França e Inglaterra;Guerra das Duas Rosas (1455 a 1485), na Inglaterra, eGuerra da Reconquista (711 a 1492), na Península
Ibérica, que deu origem a Portugal e Espanha;~ as novas técnicas militares, como o uso da pólvora e do
canhão, o que possibilitou aos reis maiores poderesmilitares;
~ o retorno aos estudos dos textos clássicos (greco-roma
nos), incentivado pelo Renascimento, o que valorizou afigura do rei e as instituições do Estado. Veja, porexemplo, o impacto de Maquiavel, autor da obra O Prín
cipe, que exalta a figura do rei.Em linhas gerais, os Estados Modernos se caracte
. rizavam pelos elementos abaixo:~ o imposto real, pago pela burguesia mercantil, quer
aquele setor ligado ao comércio internacional ou local;~ a moeda unificada, que não só simplificava a arreca
dação desses impostos como facilitava as transaçõescomerciais;
~ o exército real, que ao contrário dos exércitos feudais,
era mercenário, isto é, pago. Foi com esses exércitosque os reis impuseram sua autoridade à nobreza;
~ a burocracia, isto é, um corpo de funcionários pagostambém pelo rei para exercer as funções relativas àadministração do país;
~ a justiça real, representada por tribunais reais, ini
cialmente, itinerantes, e que serão considerados supe
riores aos antigos tribunais feudais.
Com esse instrumental a delimitação de fronteiras e
a efetiva centralização do poder pode-ser efetuada, embora,
até o século XVI não possamos falar em absolutismo na
Europa Ocidental, dado ao fato de que o poder dos reis
ainqa sofria limitações dos Parlamentos (ou Cortes naPenínsula Ibérica, Estados Gerais, na França) compostos
de representantes das camadas sociais mais poderosasdo reino. Além disso, no campo teórico, vigorava a concepção
de que o rei era um agente da vontade divina, limitado
pelos costumes e pelas normas da moral cristã.
A partir do século XVI, aproximadamente, e pelo menosaté o século XVIII, os Estados Modernos ou Monarquias
Nacionais, atingiram o seu período de apogeu, possuindo,
nessa época, duas marcas fundamentais, que são a
própria essência dos Estados Europeus na transição feudall
capitalista. Estas marcas são: Absolutismo eMercantilismo.
o Absolutismo
O processo de formação do Estado Moderno acabou
por concentrar nas mãos do rei todos os mecanismos de
governo, fazendo com que a Nação se identificasse com o
Estado (Coroa), essa identificação é o Absolutismo.Em termos jurídicos, políticos e culturais, o Absolu
tismo, caracterizado pela concentração de poderes nas
mãos de um soberano, foi a marca predominante na
organização dos Estados Europeus na Idade Moderna.Os Estados Modernos nascem de articulações da
própria nobreza (lembre-se de que o rei vem da nobreza).
Entretanto, esses Estados vão criar condições fundamentais
para o crescimento da burguesia, uma -vez que garantem
estabilidade e incentivam negócios.I
O Estado absolutista é um Estado feudal que vai permitir
o desenvolvimento da burguesia com a expansão·marítima e comercial. A monarquia absoluta cor
responde a uma necessidade da nobreza feudal de
centralizar o poder político-jurídico nas mãos dos reis,
para controlar os camponeses e para adequar-se ao
surgimento de uma nova classe, a burguesia.
O rei Luís XIV, da França, representou um dos momentos de maior brilho do Absolutismo. Uma frase atribuída
a Luís XIV sintetiza bem o espírito do Estado Modernoabsolutista: "O Estado sou eu"!
Para completar o estudo do absolutismo, é necessáro
recorrer aos teóricos que escreveram diversas obras para
justificarem o absolutismo. Todo sistema de governo, em
qualquer época, é legitimado pela prática e pela cultura.
Assim, também os Estados Modernos ou Monárquias
Nacionais se justificavam e se legitimavam. Dentre osteóricos, destacamos:
~ Nicolau Maquiavel (1469-1527)• Obras: "O Príncipe" e "Discurso sobre a Primeira
Década de Tito Livío".
• é considerado o fundador da ciência política.
• separava a política da moral, afirmando a autonomia
e a prioridade da política.
• considerava o Estado como uma finalidade em si,
necess.ário para evitar a anarquia e organizar a defesa.• defendia a idéia de que todas as atitudes destinadas
ao benefício do Estado seriam legítimas ou: "O que sedeseja é que se o fato o acusa (ao príncipe) o resultadoo escusa, se o resultado é bom, ele está desonerado. ".
~ Jean Bodin (1530-1596)• Obra: '~ República".• O Estado nascia como extensão da família, sendo,
portanto, detentor da soberania. Como esta é una
e indivisível, deveria ser exercida por apenas uma
pessoa, espécie de pai da grande família, o rei.
-J • mesmo que o monarca abusasse do poder, o povo
não deveria se revoltar, já que "a mais dura tirania émelhor que a anarquia".
-J • o soberano estaria submetido apenas às leis
divinas, pois sua própria autoridade originava-seda ordem racional, isto é, da ordem divina.
~ Thomas Hobbes (1588-1679)• Obra: "O Leviatã".
• a ~rania não tem qualquer limite porque é frutodo 'consentimento espontâneo dos indivíduos, que
viram nela a única forma de garantir sua defesa e
pro~ão. - -----• o Estado - O Leviatã, um monstro - foi criado pelos
homens sob duplo impulso, o das paixões e o da
razão: "O homem, considerado no estado puro,isolado em sua incomunicabilidade natural,
desfruta em todas as coisas um direito geral eabsoluto ... No entanto, o homem não está sozinho,
cada homem, igual ao outro, encontra como limitee obstáculos ao seu direito absoluto, o direito
absoluto e o poder de cada um. Cada homem é oinimigo do outro, está em guerra, pelo menos virtual,com o próximo".
~ Jacques Bossuet '1627-1704• Obra: '~ Política Segundo as Sagradas Escrituras".
• na unidade (do poder) reside a vida, fora da unidadea morte é certa.
• o rei seri8 () representante de Deus, logo, "todo oE~ está nele, a vontade dô povo está encerrada
na sua, como em Deus está reunida toda perfeição
e toda virtude, assim, todo o poder dos particulares
está reunido no do príncipe". -
o Mercantilismo
De um modo geral, os Estados Absolutistas foram,
também, mercantilistas. Na Idade Moderna (transição
feudal/capitalista), o poder real relacionava-se, diretamente,
com o poder econômico do Estado. Apenas para melhorar
o entendimento, lembramos que, no sistema feudal, a
riqueza assentava-se na posse da terra. Na transição feudal
capitalista, a riqueza era identificada com a acumulação de
reservas de metais preciosos - ouro e prata. Assim, os
Estados Absolutistas, ao longo da Idade Moderna, vão criar
mecanismos os mais diversos, para fazer face às suas
;:espesas e para acumular metais preciosos. Esses~ecanismos são denominados de Mercantilismo.
O mercantilismo foi a política econômica dos Estados
europeus na Época Moderna. Não constituiu, entretanto,ma doutrina coesa, sistemática e uniforme, para os
iversos Estados europeus. "Do século XVI ao século XVIII
inguém se declarou mercantilista", ou seja, não houve umaconsciência clara e única do que fosse a política
mercantilista, mas o mercantilismo, constituiu um conjunto
de práticas, com implicações no setor comercial,
manufatureiro, agrícola, envolvendo a participação diretado Estado.
O Estado mercantilista pressupunha a existência de
um poder central, suficientemente forte e empreendedor
para mobilizar recursos em escala nacional a fim de
financiar a expansão. O Estado pode ser visto também como
um, intermediário dos diversos grupos socioeconômicos,
uma vez que a expansão comercial e colonial constituía um
fator essencial do seu poder. Basta lembrar que os
impostos que mantinham a máquina do Estado portanto,os exércitos e as armadas, provinham, em grande parte,
das atividades mercantis e produtivas (artesanais e
manufatureiras), conforme se pode constatar pelo flu
xograma abaixo:
Corte Despesas
Exército
Rei
Político 1'-Investimentos estatais
Administrativo
Estado ~
IIngressos
I
TManufatura
IIAgriculturaI
Fazenda
III...JIReal
Nobreza
I
I
Burguesia
,;
(/)
<1>'0C>j9
Campesinato
•...
Aduanao a.E--, I"
Renda
Dentre outras, destacamos algumas importantes ca
racterísticas do mercantilismo, que prevaleceram, mais ou
menos, dependendo da época e do país. Veja:~ O Metalismo
Ou seja, a concepção de que a prosperidade de cada
aís estaria na razão.direta da quantidade de metais
reciosos que possuísse. Essa tese era confirmada pela
bservação de que o país mais poderoso do início dos
-empos Modernos era a Espanha, e a que maior estoque-etálico possuía, graças às minas americanas.
balança comercial favorável
Os países que não tivessem suas próprias fontes de
-s~ais preciosos deveriam obtê-Ias de outras nações,
~~vés da venda de mercadorias que seriam pagas em
-5"".aL Portanto, o fundamental era exportar mais do que
-::::-.ar. de forma que houvesse um saldo positivo naercial.
s-,o=-"E E.-:::::ada essa política com o objetivo de dificultar a
a;;;:G::~ ::<3~ercadorias estrangeiras, obtendo-se assim
um saldo favorável na balança comercial, já que a impor
tação não levaria do país os metais. Uma outra forma de
protecionismo existiu em relação aos transportes maritimos,
só permitindo que Ô transporte de mercadorias fosse feitoem navios nacionais.~ Estímulo às manufaturas
O incentivo à exportação, sobretudo de manufaturados
que obteriam preço mais alto no mercado internacional era
outro caminho adotado para se ter um saldo comercial.
A regulamentação das corporações de ofício objetivava este
caminho, pois controlava a quantidade e a qualidade da
produção, geralmente destinada ao mercado externo.
Também com o objetivo de obter-se mão-de-obra abundante
é que foi adotada na época uma política demográfica eforam baixadas as "leis contra o ócio", na realidade com o
objetivo de manter baixos os salários.~ O Colonialismo
A obtenção de colônias, regiões politicamente sub
metidas, foi a forma encontrada pelos países europeus para
sair do impasse em que se envolvia o comércio europeu no
início dos Tempos Modernos. Isso porqu,e como todos
adotavam as mesmas medidas protecionistas, cada naçãoqueria impor às outras tratados comerciais' que a favore
cessem, culminando essa situação em guerras. As colônias
seriam mercados consumidores exclusivos da metrópole
e fornecedoras de_ matérias-primas e produtos que
poderiam ser reexportacjos pela metrópole. Portantà, graçasàs suas colônias, as economias européias conseguiamacumular capitais e atingir os objetivos do capitalismo.
Em todos os casos, o Estado era interventor e principalagente da economia, preocupado com todos os setores
econômicos, monopolista e centralizador. Apesar de
contribuir para o enriquecimento da burguesia, é importanteressaltar que o mercantilismo possuía uma finalidadepolítica clara: o fortalecimento do Estado.
O Renascimento
Conceitua-se Renascimento como um conjunto detransformaçôes culturais marcadas; em maior ou menor
grau, pela ruptura com as concepções medievais, Omovimento renascentista foi um reflexo cultural das transfor
mações ocorridas na Europa Ocidental nos finais da IdadeMédia e, obviamente, refletiu, também, a nova mentalidade
do' homem europeu, alinhavada com as novidadeseconômicas e políticas da Idade Moderna.
Em síntese, o Renascimento se baseava na exaltaçãodo homem (antropocentrismo) e 'na crítica aos valoresmedievais, considerados ultrapassados e excessivamente
religiosos (teocentrisrt1o). Em muitos casos, os autores do
Renascimento buscavam inspiração nos clássicos da
_ Antigüidade greco-romana. Daí o nome Renascimento,dada a crença de alguns autores.
O Renascimento configura-se nas artes, em especialna literatura, na pintura, na escultura e na arquitetura, Seumaior símbolo é Leonardo da Vinci, considerado um dos
mais completos artistas de todos os tempos. Da Vincidemonstrou, através de suas obras, o espírito do Renascimento.
A Virgem dos Rochedos (c, 1488), pintura de Leonardo da Vinci
Dentres as caracteríticás renascentistas de suas obras
destacamos: a utilização do claro-escuro, da perspectiva, oconhecimento da anatomia humana e da ciência.
O Renascimento não ocorreu de forma homogêneaem todos os países e regiões da Europa. Surgiu por volta
de 1450, na Itália, espalhando-se, posteriàrmente, por todaa Europa, assumindo características diferentes durante seudesenvolvimento.
Origensdo Renascimento
O Renascimento, como já vimos, não ocorreu desli
gado da realidade socioeconômica vivida na EuropaOcidental. Assim, podemos afirmar que o Renascimento
foi o produto cultural das transformaçÕes ocorridas no finalda Idade Média, tais como:
~ o crescimento da atividade comercial e dos centrosurbanos;
~ o surgimento da burguesia, uma das maiores financiadoras da arte renascentista;
~ a retomada dos estudos das obras da AntigüidadeClássica.
Devido a estes fatores, o misticismo e o ascetismo
medievais vão sendo abandonados, dando lugar para umacultura sintonizada com os novos tempos.
As cidades italianas, notadamente Florença, são oberço do Renascimento, uma vez que vivenciaram, precocemente, as transformações econômicas do final da IdadeMédia e, também, possuíam contatos maiores com as
civilizações bizantina (Europa Oriental) e sarracena (Árabe),que preservaram a cultura grega, Por outro lado, na Itália, apresença da ,obra romana é mais evidente e influenciadora.
A partir do século XV, o Renascimento havia se
expandido, atingindo regiões onde se formara umaburguesia próspera ou monarquias centralizadas.
Do século XVI em diante, ocorre um ocaso, declínio do
Renascimento, em função da Reforma e da Contra
Reforma, que produziram um clima de intolerância religiosa,coibindo a expansão artística e cultural.
Característicasdo Renascimento
~ O Humanismo
Entendido aqui como uma redescoberta do valor e das
possibilidades do homem, tornado centro de todas as
indagações e preocupações. Constituía, em sentido amplo,
uma tomada de posição antropocêntrica, em reação aoteocentrismo dominante na Idade Média, época do
predomínio da Igreja e da nobreza feudal, que o utilizarampara justificar a ordem social em vigor. Os humanistas da
época do Renascimento "eram os letrados profissionais
geralmente provenientes da burguesia, eclesiásticos,
professores universitários, médicos, funcionários, por vezespublicistas, a serviço de uma editora que exprimem atendência da sociedade e lhe fornecem suas ferramentasintelectuais".
~ O Naturalismo
Que correspondia a uma tomada de consciência do
homem no universo, da valorização da natureza em si,opunha-se ao misticismo medieval.
~ ~ Classicismo
Já que a Antigüidade Clássica foi a grande base para
~enascimento, "Os contemporâneos (do Renascimento)
"!'f!tenderam inaugurar plenamente uma nova era. Forjaram
"0 históric.o: o mundo antigo fora destruído por uma::;â~e Média bárbara, que era preciso destruir, por· seu turno.
esse modo a cultura clássica antiga representava um ideal
a atingir, mas a sua retomada era antes uma atitude. debusca do novo, de criação, do que de imitação, de repetição".~ O "0, vidualismo
Considerado como valorização da capacidade de
pensar, criticar e julgar de cada indivíduo, em oposição aos
dogmas prontos baixados pela Igreja.~ O Racionalismo
Convicção de que tudo pode ser explicado pela razão
e pela ciência. Os efeitos' do racionalismo foram determi
nantes para o desenvolvimento das ciências (Renascimento Científico) e mesmo a produção artística foi orien
tada pela razão: o ideal de racionalidade expressava-se na
realidade das formas perfeitas e puras, na busca da simetria
e da regularidade.~ O Renascimento Científico
Também a ciência será atingida pelo movimento
renascentista. O princípio que dominou o conhecimento
científico durante o Renascimento foi o da experimentação,
sendo o método indutivo substituído pelo dedutivo. Surgem.atitudes contrárias ao predomínio da Igreja no campo
científico e começam a aparecer as ciências separadas, de
acordo com o objetivo de seu estudo (até então. eram agru
padas sob o nome de filosofia).
"O Renascimento foi o elo cultural que uniu
todos os fatos que assinalaram o início dos
Tempos Modernos, estando presente nosdiversos acontecimentos introdutórios da Idade
Moderna."
A expansão marítima e comercial européia
Os séculos XIV e XV assinalam uma crise de retração
no feudalismo. As cidades atraíam os servos que cada vez
mais lá queriam vender os excedentes de sua produção,
ou então, para lá fugiam, tornando-se homens livres.
Muitos senhores feudais (nobreza) se adaptaram àcrise da servidão, transformando algumas obrigações servisem pagamentos em dinheiro, ou 'comprando produtos de
.1)(0 e vendendo a produção de seus feudos.
A crise da servidão tornou-se mais grave a partir do,éculo XIV, devido às catástrofes ocorridas então. A primeira
:::essas grandes catástrofes foi a fome que, agravando-ses--:re os anos de 1315 e 1317, matou milhões de pessoas
:= s:rrraqueceu a população européia. Alguns anos depois,
-- '3L7 a 1350, a Europa foi devastada pela Peste Negra,~ s:Jidemia vinda da Ásia que exterminou muita gente.
erra foi outro terrível flagelo que enfraqueceu a
iec.aée feudal. A mais importante foi a Guerra dos Cem
, ..a França. Em toda a Europa, a mão-de-obra tornou-
se escassa e nas cidades a pressão sobre os salários au
mentou. A fuga dos campos para as cidades cresceuincessantemente e os trabalhadores que permaneciam nos
feudos sentiam na pele a superexploração de seu trabalho.
Assim, o século XIV foi um século de insurreiçõesrurais e urbanas intensas: camponeses rejeitavam os laços
rígidos do feudalismo e os trabalhadores urbanos Uornaleiros) protestavam contra os baixos salários, apesar da
escassez de mão-de-obra, e contra o domínio das corpo~rações de ofício pelos mestres, que criavam obstáculos àascensão dos jornaleiros.
A partir do século XIV, a população européia voltou a
crescer, mas novos problemas surgiram, principalmente
para o setor mercantil (comercial), especialmente aqueleligado ao comércio oriental (especiarias e outros produtos).
Em torno desse setor, girava a atividade mercantil da Europa,e alguns entraves impediam o seu desenvolvimento. Esses
entraves eram: I~ a redução do poder aquisitivo da nobreza, principal
consumidora dos produtos orientais, em função da crisefeudal;
~ o monopólio exercido pelas cidades italianas (no
Mediterrâneo) e pelos árabes (na Ásia), o que encareciao preço dos produtos, tornando-os inacessíveis a muitoscompradores;
~ a escassez de metais amoedáveis (ouro e prata) para a
fabricação de moedas, necessárias para a compra demercadorias orientais.
Essas são as razões que motivaram a Expansão Marítima e Comercial Européia, nos séculos XV e XVI.
É preciso ressaltar que outros fatores também contri
buíram para impulsionar esse processo, denominado,também, de Grandes Navegações. Não podemos esquecer
que, entre os séculos XV e XVI, estavam em ação:~ o interesse burguês na ampliação de seus negócios;~ a centralização do poder real, o que colocou os Estados
Modernos como agentes fundamentais na expansãomarítima e comercial;
~ os avanços tecnológicos na área de navegação;
~ o espírito religioso, muito utilizado como bandeira paraas navegações.
. "O espírito de aventura dos povos ibéricos e o desejo
de conversão dos 'infiéis' têm sido apontados como causadas navegações, já que os portugueses e espanhóis, tendolutado séculos contra os árabes, desenvolveram um ideal
de conversão e catequese, aliados a grandes doses defanatismo. Entretanto, os móveis religiosos foram mais
pretextos".
O pioneirismo português
Portugal, o mais antigo Estado Moderno, foi o pioneirono processo da expansão marítima e comercial. Vários
fatores explicam esse fenômeno, tais como
~ precoce centralização política, sendo que Portugal é um
Estado centralizado desde o século XII. O poder central
foi de suma importância na organização e no agencia
mento do financiamento das expedições ultramarinas;
I
~ existência de uma burguesia mercantil sólida, desde o
século XIV, sendo que Portugal era um importante eloentre as rotas do sul e do norte da Europa;
~ ascensão ao trono, em 1385, da dinastia de Avis, interes
sada na expansão e responsável pela coordenação das
viagens;~ posição geográfica favorável e conhecimento de técnicas
náuticas e militares que contribuíram, decisivamente, para
o sucesso das expedições.A expansão portuguesa inicia-se em 1415, no reinado
de D. João I, da dinastia de Avis. Veja algumas etapas dessaexpansão:
. ~ a tomada da cidade árabe de CeUta, localizada no norte
da África, em 1415. Nesse empreendimento houve uma
união de interesse do grupo mercantil com a nobreza
territorial. Esta visava a conquista de terras dosmuçulmanos do norte da África, enquanto que aburguesia visava um ponto para o comércio com a região;
~ ocupação das ilhas da Madeira e Açores, na década de1420, onde se implantou a lavoura açucareira;
~ descoberta da Guiné em 1434, onde se descobriu ouro.
Até essa época (meados do século XV), a expansão
portuguesa, já lucrativa em si, corria paralela ao comércioitaliano de especiarias, pelo Mediterrâneo. Em 1453,entretanto, os turcos otomanos tomaram a cidade de
Constantinopla, principal entre posto desse comércio, inviabilizando a rota mediterrânea. Daí, mesmo com a morte
do Infante D. Henrique, filho mais novo de D. João I e principal
coordenador da expansão (1460), ela continua porque,nesse momento, o país que atingisse o Oriente teria omonopólio das especiarias. A partir da segunda metade do
século XV essa expansão é claramente norteada para abusca de uma nova rota pelo sul da África. As principaisforam:
~ descoberta da foz do rio Congo, em 1482;
~ transposição do Cabo das Tormentas, em 1487, porBartolomeu Dias (depois Cabo da Boa Esperança);
~ chegada às índias (Calecute), em 1498, por Vasco daGama, concluindo finalmente a epopéia portuguesa;
~ incorporação do Brasil ao império português, em 1500,pela expedição comandada por Pedro Álvares Cabralque se dirigia à índia a fim de efetuar acordos comerciais.
A descoberta do Brasil não desviou os portugueses dosseus principais interesses que estavam no comércio comas índias. Afonso de Albuquerque, na década de 1510,
comandou a expedição que ocupou Ormuz, na entrada
do Golfo Pérsico, Socotora e Aden, na entrada do MarVermelho. Essas posições estratégicas em mãos de
portugueses impediram o fluxo das especiarias para oMediterrâneo, inviabilizando de vez o comércio italianona área.
A expansãoespanhola
A participação espanhola nas navegações iniciou-se
no final do século XV, quase cem anos após o início da
expansão portuguesa. Esse atraso deveu-se a:
~ continuação da luta para a expulsão dos árabes do
território espanhol, iniciada no século VIII e só concluída
em 1492, o que ocupava a atenção e recursos das
monarquias ibéricas;
~ a inexistência de centralização política que só com o
casamento dos reis de Aragão e Castela, respecti
vamente Fernando e Isabel, foi concretizada (final do
século XV);~ a associação do reino de Aragão a mercadores geno
veses no comércio Mediterrâneo desde o século XIII o
que retardou seu interesse por outras rotas.
Em 1492, os "reis católicos" patrocinaram a viagem do
navegante genovês Cristóvão Colombo, iniciando a
expansão espanhola. A direção escolhida porém foidiferente: Colombo saiu em busca do Oriente através do
Ocidente, descobrindo a América. Após a sua morte, depois
de mais duas viagens ao novo continente (sem ter
consciência disso), é que o navegante florentino Américo
Vespúcio descobriu que as terras atingidas por Colombo
não faziam parte da Ásia. Como, entretanto, o interesse
europeu continuava sendo o Oriente, os espanhóis ainda
tentaram descobrir uma passagem natural através da
América; foi assim que Vasco Nunes Balboa, em 1513,
descobriu o Pacífico e Fernão de Magalhães e Sebastião
Elcano, entre 1519 e 1524 fizeram a primeira viagem de
circunavegação da Terra.
Outros países
França, Inglaterra e Holanda iniciam sua expansão
marítima e comercial posteriormente a Portugal e Espanha,
não conseguindo, portanto, ocupar grandes porções
coloniais na América ou no Oriente. A partir do século XVI,
essas noções "retardadas" limitaram-se, inicialmente, àpirataria e à ocupação de terras que os países ibéricos
não tinham condições ou interesses em estabelecer laços
comerciais ou de permanência. Dentre os principais
episódios relacionados à França, Inglaterra e Holanda,citamos:
~ em nome de Francisco I, rei da França, Verazzano
percorreu as costas da América do Norte, bem como
Cartier, lançando aí as bases do Império Colonial
Francês que se desenvolveu a partir do século XVII
(Quebec). Fundaram ainda vários entrepostos comerciaisna Ásia e África, mas foram frustrados na tentativa deestabelecimento de colônias no Rio de Janeiro e no
Maranhão;
~ no reinado de Henrique VIII, João e Sebastião Caboto,
italianos, exploraram o litoral da América do Norte. No
reinado de Elizabeth I (1558-1603) Francis Drake fez umaviagem de circunavegação no globo e Walter Raleightentou fundar uma colônia na América do Norte. Utilizando
a rota do Cabo da Boa Esperança, navegadores ingleses
estabeleceram entrepostos comerciais em vários pontosda Ásia.
Os holandeses, com a crise da expansão portuguesa,
passaram a ocupar vários pontos de comércio na Ásia eÁfrica. Fundaram colônias na América do Norte, tentaram
fixar-se no Brasil, ocuparam a Guiana e algumas ilhas nasAntilhas.
A expansão marítima portuguesa e espanhola. Veja a posição de Portugal e Espanha junto ao Oceano Atlântico:
OCEANOATLANTlCO
(Rotas portuguesas e espanholas na Expansão Marítima e Comercial)
Viagem de Pedro Álvares Cabral
OCEANOINDICO
• Navegação portuguesa
- -. Caminho espanhol
I
Baía Cabrália"""-
••••••"" OC~ANO'ATLANTICO,
ÁSIA
OCEANOINDICO
(Rota de Cabra!. O Tratado de Tordesilhas é uma das grandes novidades da época: os acordos internacionais)
Resultados da expansão marítima e comercial
européia
A partir de 1450, ocorre uma prafunda transformação
no comércio europeu, convencionando-se denominá-Ia de
Revolução Comercial. Além da ampliação do comércio
europeu, que atinge, a partir do século XV uma escalamundial, novos mercados e novos produtos aparecem,
dinamizando a economia, enriquecendo os Estados euro
peus e fortalecendo a burguesia mercantil. Por outro lado, é
importante destacar algumas conseqüências da Expansão
Marítima e Comercial, em outros campos, tais como:~ restabelecimento da escravidão, a partir do tráfico
negreiro e do escambo;
~ declínio das cidades italianas, que perderam o monopóliodo comércio com o Oriente;
~ europeização do mundo;~ emergência do Atlântico como eixo da economia mundial;
~ colonização da América e desenvolvimento do AntigoSistema Colonial, baseado no pacto ou exclusivismocolonial;
~ comprovação da esfericidade da Terra, etc.
A Reforma e a Contra-Reforma
Também a Igreja Católica sofre com as transformaçõesvivenciadas no final da Idade Média e princípio da Idade
Moderna. Conceitua-se Reforma como a quebra da unidadecatólica na Europa Ocidental, a partir do século XVI. Esse
fenômeno histórico provocou o surgimento de diversas
religiões, denominadas de reformistas ou de protestantes.Ao longo da Idade Média, a Igreja Católica tornou-se
uma instituição poderosa, rica e influente. O poder papalrepresentava o coletivismo medieval e pairava acima detudo e de todos. O sistema feudal encontrava, no catoli
cismo, o seu elemento ideológico, como já vimos no Capí
tulo I. Agora, a partir do século XVI, o poder da Igreja ruicomo um castelo de cartas. Por quê? Eis as razões:
~ O desenvolvimento econômico dos séculos XV e XVI que
favoreceu as condições de vida urbana e estimulou a
pesquisa e a ciência, facilitando a divulgação dosconhecimentos religiosos. Além disso, o fortalecimento
da burguesia fazia com que essa classe sentisse um
obstáculo ao seu desenvolvimento: o sistema feudal, do
qual a Igreja Católica era sustentáculo. Ainda mais a
Igreja condenava as práticas capitalistas nascentes,
através das doutrinas do "justo preço" e da "usura",entesourava riquezas que poderiam dinamizar as trans
formações econômicas e impunha inúmeras taxações,
reduzindo o poder de investimento da burguesia.~ A emergência dos Estados Nacionais e o atrito oriundo
dos choques destes com o poder supranacional do Papa,considerado desde a Idade Média "o soberano de todos
os soberanos". Os reis também ambicionavam apoderar-se dos bens da Igreja e manter no país os tributos
que iam para Roma. O intento desses governantes foi
favorecido pelo nacionalismo emergente nas populaçõeseuropéias no início da Idade Moderna, que preferiam ver
religiões nacionais implantadas em seus países.
~ Os abusos cometidos pelo clero católico ignorante e sem
uma pastoral definida, já que não recebia nenhuma
orientação teológica ou litúrgica. A Igreja possuía enor
mes propriedades em toda a Europa Ocidental,
acumulava riquezas oriundas de doações ou impostos,detinha enorme prestígio social e cultural e formava um
Estado autônomo dentro dos Estados europeus, com
estatutos, tribunais e idioma próprios. Isso atraía paraseus quadros indivíduos sem nenhuma vocação reli
giosa, interessados apenas em usufruir das vantagensque implicavam em fazer parte do clero. Durante o
Renascimento, o espírito crítico que se desenvolveu no
Ocidente fez com que as próprias origens da instituiçãoreligiosa fossem pesquisadas, concluindo-se, dessa
forma, que o cristianismo original nada tinha a ver comos desvios sofridos pela Igreja na Idade Média.
As seitas protestantes
~ O Luteranismo
Lutera era um monge da ordem dos agostinianos, que
lecionava teologia na Universidade da Wittenberg. Em 1517
entra em atrito com o dominicano Tetzel, que havia sido
enviado à sua cidade pelo arcebispo de Mogúncia paravender indulgências. O caso ficou mais grave na época
porque o arcebispo havia recebido dos banqueiros Fuggers
uma soma em dinheiro e deu-Ihes em pagamento a metade
dos rendimentos das indulgências cobradas.
Lutero acusou a venda irregular e aproveitou a oportu
nidade para falar de outros aspectos de que discordava na
Igreja, através de 95 Teses afixadas na porta da Catedral de
Wittenberg. O Papa Leão X a princípio não deu importância
ao fato, mas em 1520, excomungou Lutera que se negou aretirar o que dissera. Estava efetivada a ruptura.
É importante ressaltar que a adesão às idéias lute
ranas e a rápida expansão do movimento se devem à
peculiar situação política do Sacro Império RomanoGermânico, um aglomerado de principados submetidos à
autoridade imperial de Carlos V. Esses príncipes, entretanto,
desejosos de se livrarem tanto da interferência papal, como
da autoridade do imperador, legalizada pelo catolicismo,
protegeram Lutera da perseguição do imperador.Os pontos fundamentais da doutrina luterana são os
que se seguem:
• a base da salvação humana é a fé e não as boas obras,como afirmava a doutrina de S. Tomás;
• o culto não necessita de intermediários entre o fiel e
Deus, sendo, portanto, muito simples;
• a Bíblia é a única fonte da verdade religiosa;
• o fiel deve livremente interpretar a Bíblia (daí o grande
número de seitas nas quais se ramificou o protestantismo);
• abolição da hierarquia eclesiástica por ministros subordinados ao Estado;
• abolição dos sacramentos, com exceção do batismo e
eucaristia. Na eucaristia Cristo está presente no pão e
no vinho, mas estes não se transformam no corpo de
Cristo (consubstanciação e não transubstanciação);
aoolição do jejum, abstinência, culto dos santos, vene
raÇão de imagens, peregrinações e relíquias;
egação da existência do purgatório, e conseqüen
:emente de indulgências.protestantismo luterano deu origem no início do
s....6o.lloXVI a dois tipos de revoltas:• nobres empobrecidos, que saquearam mosteiros e
castelos, levando as idéias de Lutero, mas que foram
esmagados pelos exércitos dos bispos;
• do campesinato que exigia a abolição dos privilégios
feudais e a reforma agrária. A revolta de Thomas Munzer
(anabatistas) foi brutalmente reprimida, com o incentivodo próprio Lutero: "É preciso despedaçá-Ias, degolá-Ias,
apunhalá-Ias, em segredo e em público, quem possa
fazê-Ia, como se tem que matar um cachorro louco".
A essa altura a teologia luterana já estava amoldada aos
interesses da burguesia emergente e da pequenanobreza.
Martinho Lutero, filho de camponeses abastados,
nasceu a 10 de novembro de 1483, em Eisleben (Saxe
ou Saxônia). Fez seus estudos em Magdeburgo e entre1501 e 1505 estudou Filosofia na Universidade de Erfurt;
entrou para a Ordem dos Agostinianos, de Santo
Agostinho, em 17 de julho de 1505. Em 1510, viajou
para Roma, onde constatou os desmandos da
Corte pontifícia do papa Júlio 11. Tornou-se prior do
convento de Wittenberg em maio de 1512; nessa
ocasião tornou-se também doutor em Teologia e
passou a lecionar na Universidade da mesma cidade.
A partir daí, transformou-se no grande questionador da
Igreja e da atuação dela; deu origem à Reforma e ao
surgimento do protestantismo. Em 1524, abandonouos hábitos monásticos e casou-se com Catarina de
Rorah. Morreu a 18 de fevereiro de 1546, em Eisleben,sua cidade natal.
(NADAI, Elza. História Geral)
oão Calvíno, na França, seguiu inicialmente os
e~.s·-;a:-er:os de Lutero, mas em 1539, publícou a Insti
onde se encontram as bases da religião por
Perseguido na França transferiu-se para Genebra, na
Suíça, onde Zwinglio já havia lançado as bases da crítica
ao catolicismo, com a criação da chamada "IgrejaDemocrática". As principais idéias de Calvino foram:
• livre interpretação da Bíblia, negação ao culto dos santos
e da Virgem, negação da infalibilidade do Papa;
• destruição completa do livre-arbítrio, com a defesa da
predestinação absoluta dos eleitos e condenados;• defesa das atividades econômicas até então rejeitadas
pela Igreja, baseado na crença de que todo trabalho feito
com honestidade e sobriedade era agradável a Deus,sendo que somente os predestinados ao céu conse
guiam vencer na vida. Não é preciso destacar o quantoessa doutrina foi agradável aos comerciantes, banqueiros, industriais, armadores, etc., sendo considerada
um dos fatores de impulso ao nascente capitalismo;
• defesa da separação entre Igreja e Estado, que assim
poderiam exercer melhor suas respectivas atribuições;
• abolição do culto exterior, com a rejeição da missa, dos
sacramentos (reduzidos a simples comemorações) e
de tudo o que não estivesse rigorosamente escrito naBíblia;
• crença de que a santidade da vida era maréa da predestinação e em conseqüência, a cidade calvinista
deveria ser uma cidade santa. Em nome desse princípio,Calvino instalou em Genebra uma verdadeira ditadura,
onde a vida particular dos membros da Igreja erarígorosamente fiscalizada.
O calvinismo expandiu-se por toda a Europa. Na
Boêmia (Tchecoslováquia) e na Polônia superou oLuteranísmo. Na França, os calvinistas (huguenotes) foram
intensamente perseguidos. Também alcançou a Inglaterra(puritanos) e a Escócia (presbiterianos).~ O Anglicanismo
Na Inglaterra, a Reforma deu origem ao surgimentoda Igreja Anglicana, que guardou muitos pontos em comum
com a Igreja Católica.O rompimento com o catolicismo foi efetivado pelo rei
Henrique VIII que entrou em conflito com o Papa Clemente
VII, devido à luta pelo poder político, que o rei tentava
transformar em absolutista. Para encobrir os choques
políticos Henrique VIII usou o pretexto da dissolução de seucasamento com a princesa espanhola Catarina de Aragão,
que dependia da aprovação do Papa. Pressionado por
Carlos V, rei da Espanha, Clemente VII negou a anulação
do casamento, que serviu para que Henrique VIII rompessecom o catolicismo e fundasse a Igreja Anglicana, atravésdo Ato de Supremacia. Por esse documento seria o rei e o
chefe da nova religião.
Com esse rompimento o poder do rei, logicamente,
aumentou, já que assumia o papel de chefe espiritual danação, além de aumentar a arrecadação do Estado e se
apropriar das terras pertencentes à Igreja Católica. Quanto
ao culto e à doutrina da nova igreja, praticamente continuaram
os mesmos do catolicismo, além de haver Henrique VIII
perseguido tanto católicos quanto calvinistas (puritanos).
Com a morte de Henrique VIII o calvinismo alcançou
supremacia no país graças aos regentes do trono, já que o
herdeiro (Eduardo VI) era menor. Com a morte deste, sobeao trono a filha mais velha de Henrique VIII, Mary Tudor, que
reintroduz o catolicismo. Só no reinado de Elizabeth I (1558
1603) sua segunda filha, é que o anglicanismo se consolidadefinitivamente no país. A rainha era esperta o suficiente
para perceber que era essa a religião que mais reforçava
seu poder, além de mesclar a doutrina com algumas idéiascalvinistas, satisfazendo dessa forma as duas tendências
religiosas mais fortes no país, além do próprio anglicanismo.
A Contra-Reforma
Chama-se de Contra-Reforma, o movimento de reno
vação da Igreja Católica, sendo considerado uma reação àReforma Protestante. É verdade que, em alguns países
(Itália, Espanha e Portugal) esse movimento de renovação
já havia se iniciado mesmo antes do início da ReformaProtestante.
A Igreja Católica usou, basicamente, de três instru
mentos para deter o avanço do protestantismo:
I - a Companhia de Jesus, fundada em 1540 por Inácio
de Loyola na Espanha, e que se dedicava a pregar a fécatólica. Formados sob rígida disciplina, os jesuítasfortaleceram a doutrina católica em missões de
catequese por todo o mundo;
11 - o restabelecimento do tribunal da Inquisição nos países
onde o protestantismo não havia penetrado;
111-a convocação do Concilio de Trento (1545-1563) pelo
Papa Paulo 111, que teve seu poder garantido diante do
Concílio pela Companhia de Jesus. Este se reuniu emtrês fases e adotou as seguintes medidas:
• restaurou a disciplina na Igreja Católica, através da
afirmação da soberania do Papa em matéria religiosa,da confirmação do celibato clerical e da obrigatoriedadedos seminários;
• condenou a venda de objetos sagrados (simonia) e
regulamentou a concessão de indulgências;• publicou o Catecismo, contendo as verdades essenciais
da religião, em linguagem acessível;• instituiu o Index Librorum Prohibitorum, relação, periodica
mente renovada, de livros contrários aos dogmas da
Igreja;
• adotou a Vulgata (versão latina da Bíblia de São
Jerônimo), como único texto que podia ser aceito peloscatólicos;
• proibiu a acumulação de cargos e paróquias por partede um único eclesiástico.
Por outro lado, a doutrina católica não sofreu nenhuma
modificação:• os sete sacramentos foram confirmados; e na Eucaristia
predominou a doutrina da "transubstanciação";
• as indulgências e relíquias continuaram a existir, desde
que não houvesse abusos na sua concessão;• as boas obras foram confirmadas como meios de salva
ção, juntamente com a fé;
• a tradição da Igreja foi confirmada como fonte de ensina
mentos religiosos, ao lado da Bíblia.
Além das medidas de contenção do protestantismo
dentro da própria Europa, a Igreja lançou-se à conquista de
novos territórios, conhecidos após o Expansionismo
Europeu. Este último aspecto da Contra-Reforma teve nos
jesuítas seus principais agentes. Destaca-se, por exemplo,
São Francisco Xavier, apóstolo na índia e no Japão.
Concluindo, podemos afirmar que a Contra-Reforma
nos aspectos de organização alterou a estrutura da Igreja,
mas no aspecto doutrinário e através de alguns instru
mentos utilizados (Inquisição) foi bastante conservadora.
Reflexos da Reforma
~ fragmentação do cristianismo ocidental em catolicismo
e protestantismo;
~ fortalecimento do poder real, tanto nos países onde
predominou o protestantismo quanto naqueles que
permaneceram católicos;
~ eclosão de guerras de religião em vários países eu
ropeus;
~ reforço dado ao desenvolvimento do capitalismo, já que
a doutrina da salvação, relacionada à riqueza individual,estimulou o crescimento econômico;
~ expansão do catolicismo, em seu zelo missionário, poroutros continentes.
EXERCíCIOS DE FIXAÇÃO01. (UFTM-MG-2007) A formação do sister.1a feudal, dominante
principalmente nos territórios do Império Carolíngio, durantea Idade Média, esteve ligada
A) à integração de instituições romanas e germânicas,tais como o colonato e o Comitatus.
B) ao fim da importância das leis baseadas nos costumese aos ataques vikings.
C) às constantes invasões dos bárbaros germânicos, quelevaram à queda do Império Bizantino.
D) à decadência do escravismo romano e ao gradativoprocesso de êxodo rural.
E) ao fortalecimento do poder real, devido à distribuiçãode benefícios aos guerreiros fiéis.
02. (UFV-MG-2006) O período compreendido entre os séculos Ve XV é conhecido por "Idade das Trevas" ou "Idade Média".Estes termos pejorativos- esconderam, durante muitotempo, a importância daquela época, na qual, segundomuitos historiadores, surgiram os traços que caracterizam
atualmente o Ocidente. Mas, não obstante essa valorização,o termo "Idade Média" continua sendo utilizado nos livros emanuais escolares.
Com base nessas informações e nos conhecimentos sobreas transformações ocorridas a partir do século XV naEuropa, assinale a afirmativa INCORRETA.
A) A concepção da História como um processo levou oshistoriadores a atenuarem o caráter de ruptura dosacontecimentos e dos movimentos artístico-culturais,como o Renascimento, o que contribuiu para avalorizaçãodas realizações humanas do período medieval.
B) A tentativa de Napoleão Bonaparte de dominara Europa estimulou o nacionalismo em diversospaíses, provocando uma valorização do período
medieval, identificado como o momento de origemdas nacionalidades.
C) A expressão "Idade Média" se refere à épocacompreendida entre uma fase de predomínio das
práticas pagãs e outra em que surgiram as religiõesreformadas, constituindo-se numa referência ao períodoem que a Igreja Católica suprimiu outras crenças.
o
D) A recuperação da Europa, após a crise do século- XIV, assentava-se sobre elementos medievais, pois
o Absolutismo tinha relações com o processo defortalecimento do poder real, os Descobrimentos comas viagens dos italianos e o Protestantismo com osmovimentos heréticos.
E) O mito historiográfico da "Idade das Trevas" teveorigem no século XIV, quando o termo tenebraecomeçou a ser empregado para designar o períodoposterior à Antiguidade Clássica, mas generalizou-seprincipalmente a partir do século XVI.
EXERCíCIOS PROPOSTOS
01. (UFJF-MG-2004) Leia atentamente o trecho a seguir.a medieval só conhecia um modo de modificar a ordem das
coisas naturais: o milagre. A ideia de impossível não tinhalugar. Em princípio, tudo era possível. a universo estava
completamente embebido de vontade divina. Nada deixavade ser viável, se estivesse de acordo com este fundamento
que presidia o mundo e as vidas. a universo cotidianoestava inteiramente pontilhado por milagres, prodígios emaravilhas. Deus não era de modo algum algo remoto.
RODRIGUES,JoséCarlos.O corpo na História. Riode Janeiro:Fiocruz,1999, p. 44.
A importância do aspecto religioso no modo como ohomem medieval interpretava o mundo em que viviademonstra o poder que a Igreja Católica detinha. Essepoder pode ser atribuído a diversos fatores, EXCETO
A) Ao crescimento do número de fiéis, fruto de umintenso processo de evangelização de populações queeram antes politeístas.
B) Ao controle exercido sobre a produção intelectualdeixada pela antiguidade e sobre as atividades deensino.
C) Ao papel de Instituição, alcançado pela Igreja, aosobreviver ao fim político e administrativo do impérioRomano do Ocidente.
D) À posição assumida pela Igreja, na defesa dascamadas mais pobres da sociedade, contra aexploração do trabalho servil.
E) Ao poderio econômico que a Igreja alcançou por meiodas inúmeras doações recebidas, inclusive de terras.
02. (UnB-DF) A respeito das transformações econômicas,sociais, políticas, culturais e religiosas da Alta IdadeMédia, julgue as seguintes informações:( ) A vida urbana, o desenvolvimento do artesanato e o
crescimento demográfico intensificaram-se devido àsmigrações dos povos bárbaros.
) O mar Mediterrâneo, dominado pelos muçulmanos,continuou sendo a principal rota de ligação entreOcidente-Oriente .
. ( ) Os reinos bárbaros caracterizam-se pela fraquezado poder central e pela utilização do regime dapersonalidade das Leis.
) A igreja cristã assumiu um papel político de destaque,preservou o legado cultural greco-romano e passoua denominar-se católica, isto é, universal.
03. (FUVEST-SP) o feudalismo medieval nasceu no seio deuma época infinitamente perturbada. Em certa medida,ele nasceu dessas perturbações. Ora, entre as causasque contribuíram para criar ou manter um ambiente tãotumultuado, algumas existiram completamente estranhasà evolução interior das sociedades europeias.
BLOCH,Marc.A sociedadefeudal
C) fragmentação política, pois suseranos e vassalosexerciam poder em seus feudos.
D) fortalecimento da autoridade dos reis, pois ossenhores deviam-Ihes obediência direta.
E) diminuição da importância econômica da terra, poisos vassalos perdiam a posse dos feudos.
GABARITO
06. (UFJF-MG-2007) Sobre o contexto social e econômicodo século XIV na Europa medieval, marque a alternativaINCORRETA.
A) A mão-de-obra disponível para atuar no campo foireduzida devido às epidemias e guerras existentesno período.
B) As revoltas camponesas, como a jacquerie, acabarampor ocasionar alterações nas obrigações típicas dosistema feudal.
C) A reduzida oferta de metais preciosos, como aprata, contribuiu para a expansão do processoinflacionário.
D) A burguesia teve seu prestígio econômico reduzidopela crise das atividades urbanas, o que fortaleceu opoderio dos senhores feudais.
E) A instabilidade climática, com chuvas constantes,levou a uma grande retração nas colheitas, diminuindofortemente a produção agrícola.
07. (FUVEST-SP)A peste, a fome e a guerra constituíram oselementos mais visíveis e terríveis do que se conhececomo a crise do século XlV. Como conseqüência dessacrise, ocorrida na Baixa Idade Média,
A) o movimento de reforma do cristianismo foiinterrompido por mais de um século, antes dereaparecer com Lutero e iniciar a modernidade.
B) o campesinato, que estava em vias de conquistar aliberdade, voltou novamente a cair, por mais de umséculo, na servidão feudal.
C) o processo de centralização e concentração do poderpolítico intensificou-se até tornar-se absoluto, noinício da modernidade.
D) o feudalismo entrou em colapso no campo, masmanteve sua dominação sobre a economia urbanaaté o fim do Antigo Regime.
E) entre as classes sociais, a nobreza foi a menosprejudicada pela crise, ao contrário do que ocorreucom a burguesia.
o texto refere-se
A) às invasões dos turcos, lombardos e mongóis quea Europa sofreu nos séculos IX e X, depois doesfaceiamento do ImpériO Carolíngio.
B) às invasões prolongadas e devastadoras dossarracenos, húngaros e vikings na Europa, nos séculosIX e X (ao sul, leste e norte, respectivamente), depoisdo esfacelamento do Império Carolíngio.
C) às lutas entre camponeses e senhores do campoe entre trabalhadores e burgueses das cidades,impedindo qualquer estabilidade social e política.
D) aos tumultos e perturbações provocadas pelasconstantes fomes, pestes e rebeliões que assolavamas áreas mais densamente povoadas da Europa.
E) à combinação de fatores externos (invasões eintrodução de novas doutrinas e heresias) e internos(escassez de alimentos e revoltas urbanas e rurais).
04. (UFJF-MG-2009) Sobre o contexto de consolidação dopoder da Igreja na Idade Média, leia as afirmativas aseguir e, em seguida, marque a opção CORRETA.
r. O cristianismo e todas as suas instituições podemser considerados elementos unificadores do mundoeuropeu após a crise do ImpériO Romano e as invasõesbárbaras. Nessa longa trajetória, a Igreja de Romaassume o seu papel de liderança religiosa, através docombate às heresias.
II. Desde os primeiros tempos do período medieval,a união entre as Igrejas Ocidental e Bizantinarepresentava o símbolo da unidade da cristandade.Os papas procuravam favorecer o Império Bizantinoe consolidar a Igreja Ortodoxa, visando a aumentara influência da Igreja romana no universo cristãoocidental.
IIr. Havia grupos considerados heréticos, como osvaldenses e os cátaros, que criticavam a hierarquiacatólica e não reconheciam a autoridaGle papal.Havia também outros movimentos que foramincorporados pela Igreja Católica e que levaram àformação de ordens religiosas, como franciscanos edominicanos.
A) Todas estão corretas.
B) Todas estão incorretas.
C) Apenas a I e a II estão corretas.
D) Apenas a I e a III estão corretas.
E) Apenas a II e a III estão corretas.
Fixação01. A 02. C
05. (UFTM-MG)As relações de suserania e vassalagem, típicasda Idade Média, resultaram em
A) grande arrecadação de tributos, pois os vassalosdeviam a talha e a corveia aos suseranos.
B) reforço do poder da Igreja Católica, pois os suseranosjulgavam os hereges.
Propostos01. D
02. F V V V
03. B
04. D
05. C
06. D
07. C
EXERCíCIOS DE FIXAÇÃO
01. (FUVEST-SP) Na Europa Ocidental dos nossos dias, emconsequência do processo de integração, verifica-se um
problema parecido com o que existiu durante a BaixaIdade Média. Trata-se do problema de articulação dastrês esferas do poder político: o poder local, o poder
do Estado-Nação e o poder supranacional. Hoje, se aintegração se concretizar, ela será feita, ao contrário doque ocorreu no fim da Idade Média, em prejuízo do poderdo Estado-Nação. INDIQUE
Organização dos Estados Nacionais
A) quem exercia cada uma das três esferas do poderdurante a Baixa Idade Média?
B) qual delas, no fim deste período histórico, se sobrepôsàs demais; por quê?
02. (UFOP-MG) No tocante ao processo de transformação daeconomia europeia, no final da Idade Média, assinale aalternativa CORRETA.
A) Teve como característica principal o fortalecimento dasrelações de servidão, que sujeitavam o camponês aopoder do senhor feudal, na Europa Ocidental.
B) Como desevolvimento das atividades mercantis,a Itália teve condições de se impor como um Estadoindependente junto às demais potências da época.
C) O Mediterrâneo se constituiu na principal rota decomércio entre a Europa e as civilizações localizadasno Oriente Médio e na Ásia.
D) Em decorrência do grande desenvolvimento comercial,a maior parte da população passou a residir em
centros urbanos, despovoando os campo?
E) Com o crescimento do comércio de lã, a Inglaterradesenvolveu a manufatura de tecidos, cuja matéria
prima era majoritamente fornecida pelosPaísesBaixos.
EXERCíCIOS PROPOSTOS
01. (FUVEST-SP) No processo de formação dos EstadosNacionais da França e da Inglaterra, podem seridentificados os seguintes aspectos:
A) Fortalecimento do poder da nobreza e retardamentoda formação do Estado Moderno.
B) Ampliação da dependência do rei em relação aossenhores feudais e à Igreja.
C) Desagregação do feudalismo e centralização política.
D) Diminuição do poder real e crise do capitalismocomercial.
E) Enfraquecimento da burguesia e equilíbrio entre oEstado e a Igreja.
02. (UnB-DF) Na Baixa Idade Média, iniciaram-se as mudançasna Europa Ocidental que, a seguir, desencadearamo processo de montagem do sistema capitalista.Relativamente a essas mudanças, julgue os itens aseguir.
) A atividade mercantil ganhou impulso, a monetarizaçãodas trocas fez-se presente e o segmento socialburguês foi conquistando espaço social e político.
) Nos centros urbanos, as corporações de ofícioregulavam a produção manufatureira e o trabalhoassalariado foi tornando-se comum.
) A despeito da resistência da aristocracia feudal, osmonarcas dispuseram-se a enfrentar a parcelarizaçãopolítica então vigente.
) A crise do século XIV reforçou os poderes dos senhoresfeudais, à medida que possibilitou a migração demão-de-obra das cidades para os campos.
03. (FUVEST-SP) Após ter conseguido retirar da nobrezao poder político que ela detinha enquanto ordem,os soberanos a atraíram para a corte e lhe atribuíramfunções políticas e diplomáticas.
Esta frase, extraída da obra de Max Weber, Política comovocação, refere-se ao processo que, no Ocidente
A) destruiu a dominação social da nobreza, na passagemda Idade Moderna para a Contemporânea.
B) estabeleceu a dominação social da nobreza, napassagem da Antiguidade para a Idade Média.
C) fez da nobreza uma ordem privilegiada, na passagemda Alta Idade Média para a Baixa Idade Média.
D) conservou os privilégios políticos da nobreza, napassagem do Antigo Regime para a Restauração.
E) permitiu ao Estado dominar politicamente a nobreza,na passagem da Idade Média para a Moderna.
04. (UFMG) Todas as alternativas apresentam fatores quecaracterizaram os Estados Nacionais formados a partir
do século XV, EXCETO
A) Criação de um exército permanente.
B) Manutenção dos privilégios das corporações.
C) Organização de um sistema nacional de impostos.
D) Ordenação de uma administração centralizada.
05. (UFU-MG) Sobre o processo histórico de constituição dosEstados nacionais modernos na Europa, a partir de finsdo século XIV, é CORRETO afirmar que
A) enquanto os interesses dos reis voltavam-se para acriação de um poder absoluto, centralizado políticae administrativamente, a burguesia lutava para
garantir a descentralização, o livre mercado e o fimdas intervenções do Estado na economia.
B) a formação dos Estados nacionais modernos, com opoder centralizado nas mãos dos reis, não significouo rompimento da hierarquia social característica daépoca medieval, continuando a sociedade dividida emestamentos ou ordens sociais.
C) oriundo da desagregação das relações de poderdo mundo feudal, o Estado nacional moderno foi o
instrumento político que assegurou a liberdade e osdireitos de cidadão para as massas camponesas daEuropa.
D) entendendo que a concentração de poder nas mãosdos soberanos prejudicava o livre desenvolvimentoda economia burguesa, Thomas Hobbes e Jean Bodinelaboraram as bases teóricas que fundamentarama luta da nascente burguesia contra as monarquiasnacionais.
06. (Unimontes-MG-2007) Para a formação dos Estadosabsolutistas europeus, na transição entre a Idade Médiae Moderna, NÃO contribuiu
A) o auxílio econômico da camada mercantil, interessada
em obter proteção para suas rotas comerciais e sever livre das extorsões dos senhores feudais.
B) o apoio dos camponeses, superexplorados pelosnobres que poderiam proporcionar a defesa dessacamada menos favorecida socialmente.
C) a retomada do Direito Romano, que ofereceu suportejurídico tanto para as atividades das camadasmercantis como para a centralização política.
D) a capacidade de certos grupos da nobreza dealcançarem vitória em guerras civis, ainda quedizimando grande parcela dessa camada social.
07. (UFMG) Leia o texto.
Por enquanto, ainda el-rei está a preparar-se para a noite.Despiram-no os camaristas, vestiram-no com o trajo dafunção e do estilo, passadas as roupas de mão em mãotão reverentemente como relíquias santas, e isto se passana presença de outros criados e pagens, este que abre ogavetão, aquele que afasta a cortina, um que levanta a luz,outro que lhe modera o brilho, dois que não se movem, doisque imitam estes, mais uns tantos que não se sabe o quefazem nem por que estão. Enfim, de tanto se esforçaremtodos ficou preparado el-rei, um dos fidalgos retifica aprega final, outro ajusta o cabeção bordado.
SARAMAGO. José. Memorialdo convento.
Nesse texto, Sara mago descreve o cotidiano na corteno período de consolidação do Estado Moderno. Todasas alternativas referem-se ao Absolutismo Monárquico,EXCETO
A) A classe dominante, durante toda a época moderna,
não era mais a mesma do período feudal, tanto políticaquanto economicamente.
B) A história do Absolutismo Monárquico é a história dalenta reconversão da nobreza a um papel parasitário,
o que lhe permitiu regalias.
C) A nobreza passou por profundas transformações noperíodo monárquico de centralização, mas nunca foidesalojada do poder político.
D) O Absolutismo era um rearranjo do aparelhode dominação, destinado a sujeitar as massascamponesas, que sublevadas questionavam o papeltradicional da nobreza.
E) O Estado Absolutista era uma nova carapaça políticade uma nobreza atemorizada, que passou a ocuparum lugar junto ao Rei, se tornando cortesã.
GABARITO
Fixaçãoo 1. A) o poder local era exercido pela nobreza e cidades
autônomas; o poder Estado-Nação pelo rei, e o
poder supranacional pelo papa.
B) O Estado-Nação, com o apoio da burguesia, a
diminuição do poder político da nobreza, as guerrase a nova realidade econômica.
02. C
Propostos01. C
05. B
02. V V V F
06. B
03. E
07. A
04. B
EXERCíCIOS DE FIXAÇÃO01. (Unimontes-MG-2006) Analise as afirmativas a seguir
acerca da França do século XVIII, assinalando C para asCORRETAS e I para as INCORRETAS.
( ) O Estado Absolutista francês pautou-se pelahipertrofia das atribuições da monarquia nacional epelo enfraquecimento da ação dos Estados Gerais.
) O Estado Absolutista francês pautou-se pela limitaçãodo poder da Igreja e pela submissão do alto clero aopagamento de impostos.
) O Estado Absolutista francês pautou-se pelaampliação do poder das Assembleias Populares, ouEstados Gerais, na condução das questões políticasnacionais.
Você obteve
A) C, I e I B) C, C e I C) I, C e C D) I, I e C
02. (UFV-MG-2004) Mercantilismo é um termo que foi criadopelos economistas alemães da segunda metade do séculoXIX para denominar o conjunto de práticas econômicasdos Estados europeus, nos séculos XVI e XVII. Dasalternativas a seguir, assinale aquela que NÃO indicauma característica do mercantilismo.
A) Busca de uma balança comercial favorável, ouseja, a superação contábil das importações pelasexportações.
B) Intervencionismo do Estado nas práticas econômicas,através de políticas monopolistas e fiscais rígidas.
C) Crença em que a acumulação de metais preciosos eraa principal forma de enriquecimento dos Estados.
D) Aplicação de capitais excedentes em outros paísesparaaumentar a oferta de matérias-primas necessárias àindustrialização.
E) Exploração de domínios localizados em outroscontinentes, com o objetivo de complementar aeconomia metropolitana.
EXERCíCIOS PROPOSTOS
01. (UFOP-MG) Assinale a alternativa que define com maiorexatidão o direito divino dos reis.
A) Ideia de legitimidade de um governo baseada noprincípio da delegação divina do direito de comandarum povo, que deve prestar obediência ao governanteassim empossado.
B) Princípio de legitimidade de um governo, baseado naobrigatoriedade de o povo obedecer ao governanteque foi eleito pela parcela cristã da população.
C) Fundamento de governo das monarquias absolutas,cuja base principal se assentava na premissa deque o líder espiritual da religião cristã deveria ser omonarca.
D) Princípio de governo defendido pelos líderes da"reforma", movimento religioso preocupado com alegitimação dos Estados vigentes no período.
E) Ideia de sacralização do poder régio, promovido pelaalta cúpula da Igreja Católica, que estava querendoa supremacia do poder do papa sobre todas asmonarquias do período.
02. (UFOP-MG-2008) o século XVII, na França, foi marcadopela força do governo de Luis XIV, conhecido como "Rei Sol".A respeito desse governo, assinale a afirmativa CORRETA.
A) Era um governo favorável à liberdade religiosa,exemplificada na manutenção do édito de Nantes,que assegurava o culto protestante na França.
B) Esse governo manteve uma política de livre circulaçãode ideias, sendo conhecido como um "déspotaesclarecido".
C) Nesse governo, foi marcante a atuação do MinistroRichelieu, considerado o mais influente conselheirodo rei Luis XIV.
D) No governo, houve crescimento da centralizaçãopolítica e administrativa, marcado por uma políticaexterna belicosa e mercantilista.
05. (UFMG) Todas as alternativas contêm justificativas para oabsolutismo monárquico na Era Moderna, EXCETO
A) Segundo Bossuet, todo poder público é fruto davontade divina e deve ser obedecido, e revoltar-secontra ele é cometer um sacrilégio.
B) Segundo Erasmo de Rotterdam, as razões de Estado,acessíveis somente aos governantes, não podem sercontestadas pelos interesses individuais.
C) Segundo Hobbes, o poder do governante resulta deum contrato no qual os governados renunciam aosseus direitos e a autoridade do monarca se tornailimitada.
D) Segundo Maquiavel, a obrigação máxima dogovernante é manter o poder e a segurança do paísque governa.
(UFLA-MG) Apresentamos, a seguir, três obras representativasdo absolutismo (coluna 1) e as principais ideias nelascontidas (coluna 2).
Numere a coluna 2 de acordo com a coluna 1 e identifiquea alternativa que apresenta a sequência CORRETA.
COLUNA 1
1. O Príncipe (1513-16)
2. Leviatã (1651)
3. A República (1576)
COLUNA 2
( ) Defende a soberania do Estado e o caráter divinodo monarca, não havendo limites à autoridade domesmo.
) Afirma haver a necessidade de um Estado nacional
forte, independente da Igreja e encarnado na figurado chefe de governo.
) Justifica o surgimento do Estado enquanto um contratosocial. Sem a existência do Estado, a humanidadeviveria em permanente situação de guerra.
(UFU-MG-2008) Leia o trecho a seguir.
O trono real não é o trono de um homem, mas o trono dopróprio Deus. Os reis são deuses e participam de algumamaneira da independência divina. O rei vê de mais longe ede mais alto: deve acreditar-se que ele vê melhor, e quedeve obedecer-se-Ihe sem murmurar, pois o murmúrio éuma disposição para a sedição.
BOSSUET, Jaques-Bénigne. Bispo de Meaux,1627-1704. Política tirada da Sagrada Escritura. In: FREITAS,
G. de. 900 textos e documentos de História. Lisboa: Plátano
Editorial, s/do p. 201.
Considerando os princípios que legitimavam o regimemonárquico absolutista, é CORRETO afirmar que,segundo Bossuet,
A) a autoridade do rei é sagrada, pois ele age comoministro de Deus na Terra.
B) a soberania real deve ter limites, pois ela podeprovocar sedições.
C) todo o Estado está concentrado na pessoa do rei, quedeve se manter neutro diante dos conflitos sociais.
D) as leis e os indivíduos são soberanos em relação aorei e ao Estado.
GABARITO
Fixação01. A
02. D
Propostos01. A
03. D05. B
02. D
04. A06. D
03.
04.
A) 2, 1, 3
B) 1, 3, 2
C) 3, 2, 1
D) 3, 1, 2
E) 1,2,3
06. (UFMG-2006) Em 1726, o comerciante Francisco daCruz contou, em uma carta, que estava para fazer umaviagem à vila de Pitangui, onde os pau listas tinhamacabado de se revoltar contra a ordem do rei. Temeroso
de enfrentar os perigos que cercavam a jornada, escreveuao grande comerciante português de quem era apenasum representante em Minas Gerais, chamado FranciscoPinheiro, e que, devido a sua importância e riqueza,frequentava, no Reino, a corte do rei Dom João V. Pedia,nessa carta, que, por Francisco Pinheiro estar mais juntoaos céus, servisse de seu intermediário e lhe fizesse o favor
de me encomendar a Deus e à Sua Mãe Santíssima, paraque me livrem destes perigos e de outros semelhantes.
Carta 161, Maço 29, f.194. apudLISANTI Fo., Luís. Negócios coloniais: uma correspondênciacomercial do século XVIII. Brasília/São Paulo: Ministério da
FazendajVisão Editorial, 1973. (Resumo adaptadO)
Com base nas informações desse texto, é possívelconcluir-se que a iniciativa de Francisco da Cruz revela
um conjunto de atitudes típicas da época moderna.
É CORRETO afirmar que essas atitudes podem serexplicitadas a partir da teoria estabelecida por
A) Nicolau Maquiavel, que acreditava que, para sealcançar a unidade na política de uma nação, todosos fins justificavam os meios.
B) Etienné de La Boétie, que sustentava que os homensse submetiam voluntariamente a seus soberanos a
partir da aceitação do contrato social.
C) Thomas Morus, que idealizou uma sociedade utópica,sem propriedades ou desigualdades, em que osgovernantes eram escolhidos democraticamente.
D) Jacques Bossuet, que defendia o direito divino dosreis apoiado numa visão hierárquica dos homens eda política, como extensão da corte celestial.
EXERCíCIOS PROPOSTOS
01. (UFV-MG) A expansão marítima europeia, principalmenteno século XV, foi impulsionada pelos interesses da jovemburguesia comercial aliada às monarquias nacionais.A alternativa que NÃO expressa objetivos da expansãomarítima é:
A) Permitir o acesso aos metais preciosos da África,principalmente do Sudão, e às especiarias e artigosde luxo do Oriente.
B) Ampliar a lavoura açucareira para além de Algarve,região localizada no sul de Portugal.
C) Identificar novas técnicas de cultivo de povos daÁfrica e da América para incrementar a produção nametrópole.
D) Buscar a superação da escassez de cereais no Reinoe em vários países europeus.
E) Capturar mão-de-obra para o trabalho escravo emlavouras de cana nas Ilhas Africanas do Atlântico,como Açores e Cabo Verde.
02. (UFMG) Leia estas estrofes iniciais de Os Lusíadas, poemadatado de 1572
As armas e os barões assinalados
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
E em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,E aqueles que por obras valerosasSe vão da lei da Morte libertando:
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
CAMÕES, Luís de. Os Lusíadas. Porto: Porto Editora, 1975. p.69.
Com base na leitura dessas estrofes, é CORRETO afirmarque a ideia central do poema é
A) exaltar a religião reformada e os valores puritanos,num contexto em que a Europa se expandia na direçãode novos mundos.
B) louvar os modelos antigos até então referenciais paraa cultura europeia, como as epopeias homéricas eos feitos de heróis gregos e romanos.
C) narrar a saga marítima portuguesa, ou seja, os feitosrelacionados às expedições oceânicas realizadas peloslusos a partir do século XV.
D) relatar os acontecimentos mais marcantes daconquista e colonização das terras brasileiras, visandoa gravá-Ios na memória dos contemporâneos.
03. Analise estes dois mapas-múndi, comparando-os:
Henricus Martellus, 1489. Londres: British Library. AbrahamOrtelius, Theatrum Orbis Terrarum, 1570.
Abraham Ortelius, Theatrum Orbis Terrarum, 1570.
A partir da análise e comparação desses mapas econsiderando-se outros conhecimentos sobre o assunto,é CORRETO afirmar que
A) a cartografia europeia, por razões religiosas, nãoassimilou o conhecimento dos povos indígenas acercados continentes recém-descobertos.
B) a concepção de um mundo fechado, em oposição àideia de um cosmos aberto, dominou a cartografiaeuropeia até o século XVII.
C) as navegações alteraram o conhecimento do mundo,à época, jogando por terra os mitos antigos sobre ainabitabilidade das zonas tórridas.
D) os descobrimentos, em fins do século XV, resultaramda expansão do conhecimento do mundo alcançadopelos geógrafos do Renascimento.
04. (UFMG) Todas as alternativas apresentam aspectos daexpansão quatrocentista portuguesa, EXCETO
A) Ser derivada da inviabilidade da expansão em direçãoao continente europeu.
B) Ser determinada pelas necessidades do capital inglêsem face de suas ligações com Portugal.
C) Ter resultado da estabilidade sociale do estabelecimentodefinitivo das fronteiras do Reino.
D) Ter sido fruto da expansão da produção e do comércioque culminou na crise do feudalismo.
E) Ter sido impulsionada por um poder estatal emprocesso de vigorosa centralização.
05. (UFMG) E aproximava-se o tempo da chegada dasnotícias de Portugal sobre a vinda das suas caravelas,e esperava-se essa notícia com muito medo e apreensão;e por causa disso não havia transações, nem de umducado [ ... ] Na feira alemã de Veneza não há muitosnegócios. E isto porque os Alemães não querem comprarpelos altos preços correntes, e os mercadores venezianosnão querem baixar os preços [ ... ] E na verdade são astrocas tão poucas como se não poderia prever.
Diário dum MercadorVeneziana,1508.
o quadro descrito nesse texto pode ser relacionado à
A) comercialização das drogas do sertão e produtostropicais da colônia do Brasil.
B) distribuição, na Europa, da produção açucareira doNordeste brasileiro.
C) importação pelos portugueses das especiarias dasÍndias Orientais.
D) participação dos portugueses no tráfico de escravosda Guiné e de Moçambique.
06. (FUVEST-SP) "Antigamente a Lusitânia e a Andaluziaeram o fim do mundo, mas agora, com a descoberta dasÍndias, tornaram-se o centro dele". Essafrase, de Tomásde Mercado, escritor espanhol do século 16, referia-se
A) ao poderio das monarquias francesa e inglesa, quese tornaram centrais desde então.
B) à alteração do centro de gravidade econômicada Europa e à importância crescente dos novosmercados.
C) ao papel que os portos de Lisboa e Sevilha assumiramno comércio com os marajás indianos.
D) ao fato de a América ter passado a absorver, desdeentão, todo o comércio europeu.
E) ao desenvolvimento da navegação a vapor, queencurtava distâncias.
07. (UFMG-2006) Sabe-se que Cristóvão Colombo não
descobre a América, pois imagina estar chegando à Ásia,
à ilha de Cipango [o Japão], perto da costa da China e da
corte do Grão-Cã. O que procurava? As Ilhas Douradas,
Tarsis e Ofir, de onde saíam as fabulosas riquezas que o rei
Salomão explorara [ ... J. Aliás, o Almirante era um homem
obstinado. Convencido de ter chegado ao Continente
Asiático quando desembarcou em Cuba, ele obrigou seus
partidários a partilharem de sua ideia fixa.
GRUZINSKI,Serge.A passagem do século. 1480-1520: asorigens da globalização. São Paulo: Companhia das Letras,
1999. p.21.
Considerando-se as informações desse texto, é CORRETO
afirmar que
A) a obstinação de Colombo o levou a atingir as remotasregiões do Japão e da China, onde estariam asriquezas que, dizia-se, haviam sido exploradas pelorei Salomão e pelo Grande Cão
B) a busca das maravilhas relatadas em livros de
viagens, desde os tempos medievais, se constituiuem um dos fatores que incentivaram as grandesnavegações no início dos tempos modernos.
C) o desembarque de Colombo em Cuba, na sua segundaviagem, acabou por convencê-Io e a sua frota de queeles haviam chegado a uma terra ainda por descobrir,possivelmente as famosas Ilhas Douradas.
D) a descoberta da América foi feita por AméricoVespúcio, uma vez que Colombo, de acordo comnovos estudos, atingiu, na sua primeira viagem,o Continente Asiático, onde foram fundadas feitorias.,
GABARITO
Fixação01. C
02. A
Propostos01. C
02. C03. C04. B05. C06. B07. B