Nova apostila história esa

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    CURSO PEDRO GOMESHISTRIA DO BRASIL

    APOSTILA ESPECIAL PARA ESA Professor Juanil Jos Barros

    ESA 2013 CURSO PEDRO GOMES PROF. JUANIL BARROS 1

    1- EXPANSO MARTIMA E COMERCIAL EUROPIA1.1 - A Transio do Feudalismo para o Capitalismo

    Antes do final da Idade Mdia, o feudalismo foidesaparecendo, dando lugar a novo perodo da Histria Ocidental,a Idade Moderna, graas a fatores decisivos, como:

    No campo socioeconmico, o surgimento da burguesiamercantil e a expanso comercial europeia atravs dasGrandes Navegaes;

    No campo poltico, o fortalecimento do rei e a formaodos estados nacionais;

    No campo religioso, a Reforma protestante, a partir daqual o catolicismo deixou de ser a nica religio cristda Europa ocidental;

    No campo cientfico, o desenvolvimento da cinciamoderna, no mais fundamentada na autoridade, mas emmtodos de observao e experincia; NicolauCoprnico e Galileu Galilei mostraram que a Terra giraem torno do Sol;

    No campo da comunicao, a inveno da imprensa porGutemberg permitiu a difuso mais rpida dosconhecimentos;

    No campo tecnolgico, houve grandes avanos com ouso da bssola, da plvora e do papel.

    O monoplio de Veneza e Gnova, os altos preos dasmercadorias e, em 1453, a tomada de Constantinopla pelos turcos,que passaram a criar mais problemas ao comrcio europeu,estimularam diversos pases europeus a procurar caminhos que oslevassem diretamente fonte das especiarias e de outros produtosorientais.

    1.2 - O pioneirismo portugus nas navegaesAlguns fatores contriburam para o pioneirismo portugus

    no processo de expanso martima: Ao contrrio de outros reinos europeus, j em 1143

    Portugal foi unificado como reino independente econcentrou-se em expulsar os rabes e expandir-se pelosmares;

    Joo I, rei em 1385, apoiado na burguesia mercantilenriquecida, impulsionou a expanso;

    No incio do sculo XV, Portugal tornou-se centro deestudos de navegao com estmulo de Henrique, oNavegador, que se estabeleceu em Sagres e sebeneficiou com a localizao de Lisboa, escala dosnavios que, vindos do Mediterrneo, iam para o norteeuropeu;

    Avanos, como o uso da bssola, mapas e as caravelas,mais velozes que as embarcaes anteriores, tudoconsequncia dos estudos realizados em Portugal.

    Posio geogrfica privilegiada.Os navegadores portugueses tinham por objetivo alcanar

    as ndias contornando o sul africano. Foram mais de oitenta anosde tentativas, da tomada de Ceuta no norte da frica em 1415, ata chegada s ndias, em 1498, em viagem realizada por Vasco daGama. Depois de tantos riscos e perigos, a burguesia mercantilexultou: os lucros da primeira viagem de Vasco da Gamachegaram a 6.000%.1.3Consequncia da Expanso Martima

    DECADNCIA DAS CIDADES ITALIANAS: Ositalianos insistiam em realizar o comrcio noMediterrneo. Com as navegaes ultramarinas a ofertada produo oriental cresceu. Os preos despencaram eos italianos perderam os mercados de consumo paralusos, holandeses e espanhis.

    ACUMULAO PRIMITIVA DE CAPITAL: Osimprios coloniais, em especial dos pases iberospropiciaram um intenso comrcio para a Europa.Fortaleceram o mercantilismo internacional, sobretudocom a descoberta em grande escala de metaispreciosos. O eixo econmico do Mediterrneo deslocou-

    se para o Atlntico como um empreendimento mundial.

    CONQUISTAS PORTUGUESA NO SCULO XVDatas Fatos1.415. Tomada de Ceuta1.454 Bula do Papa Nicolau V conferindo a Portugal o direito de

    conquistar territrios at s ndias, o que consolidou o monoplio.portugus no Oriente.

    1488 Bartolomeu Dias ultrapassa o cabo da Boa Esperana1494 Tratado de Tordesilhas, que dividiu o mundo ente Espanha e

    Portugal.1498 Vasco da Gama chega a Calicute, nas ndias, Calicute era

    importante centro comercial da costa malabar, onde aportavamnavios do golfo Prsico, das ilhas da Oceania, de Cochim eCananor (na ndia), dos portos ocidentais da frica e da costaasitica do Pacfico.

    1500.

    A esquerda comandada por Pedro lvares Cabral, que viajava paraas ndias, chega ao Brasil.

    A DESTRUIO DAS CIVILIZAES: Ascivilizaes locais na Amrica so assacadas. Milharesde ndios so mortos pelos descobridores (Cortez,Pizarro, Almagro). As riquezas naturais carreadas para aEuropa. Os selvcolas sobreviventes, em grande parte,foram utilizados em setores produtivos como mo-de-obra escrava.

    CONHECIMENTO DE UM MUNDO NOVO: Osconhecimentos de Histria e, em especial, de geografiamudaram. Conheceram-se novos continentes e novascivilizaes. A tese da esfericidade da terra foi

    confirmada em 1519 1521 com a viagem ao redor domundo realizada por Ferno de Magalhes.

    O PRIPLO: A expresso priplo se refere circunavegao de um Continente. Como osportugueses, inicialmente, se preocuparam mais com aconquista das ndias afirma-se que eles realizaram opriplo africano (contorno da frica). Os espanhis sedirigiam Amrica, em consequncia, realizaram opriplo americano.

    1.4 - Tratado de TordesilhasDepois de vrias discusses diplomticas, a exigncia feita

    por Portugal foi aceita pela Espanha. Esses dois pases assinaram

    ento um novo acordo, chamado Tratado de Tordesilhas, em 1494.

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    Por esse tratado, a linha divisria deveria passar a 370lguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. Tudo o que ficasse a oestedessa linha seria da Espanha e o que ficasse a leste seria dePortugal.

    Com o Tratado de Tordesilhas, Portugal garantia a posse

    legal de parte das terras onde hoje o Brasil, conforme voc v nomapa abaixo.

    BULA INTER COETERA E O TRATADO DETORDESILHAS

    Pela Bula Inter Coetera, a Amrica deveria ficar s paraa Espanha. J pelo Tratado de Tordesilhas parte das terras

    americanas deveria pertencer a Portugal.

    1.5A chegada dos portuguesesComandada por Pedro lvares Cabral, a expedio partiu

    de Lisboa no dia 9 de maro de 1500 e, distanciando-se do litoralafricano, cruzou o oceano Atlntico.

    No dia 22 de abril, os portugueses avistaram um monte

    redondo e alto, batizado monte Pascoal. A seguir, desembarcaramem terras habitadas por tupiniquins e tomaram posse da terra emnome do rei de Portugal.

    No dia 26 de abril, Frei Henrique Soares de Coimbracelebrou a primeira missa na terra que acabou por se chamarBrasil, pois em seu litoral havia grande quantidade de uma rvorechamada pau-brasil.

    No dia 23 de abril, os portugueses fizeram com os nativosos primeiros contatos, muito cordiais segundo o escrivo Pero Vazde Caminha. Em 2 de maio, Cabral seguiu para as ndias,evidenciando qual era o mais importante objetivo da viagem.

    Apesar de perder quatro navios, a expedio de Cabral foioutro sucesso comercial, pois apenas a primeira trazida do Orienterendeu duas vezes o custo da viagem.

    1.6A Teoria do DescobrimentoDuas questes relacionadas ao Descobrimento do Brasil

    provocaram muitas dvidas e discusses. Primeiro, a questo dosprecursores de Cabral: h indcios fortes de que, em 1499,Amrico Vespcio e Vicente Pinzn estiveram em terras hojepertencentes ao Brasil. A Segunda questo a da intencionalidade:sabiam os portugueses da existncia dessas ou Cabral se desviouda rota e chegou aqui por acaso? H argumentos a favor das duashipteses, mas parece que os portugueses, se no tinham certeza,desconfiavam da existncia de terras neste lado do Atlntico. Casocontrrio, como se explicaria a insistncia de Joo II em transferira linha demarcatria entre terras espanholas e portuguesas para370 lguas a oeste de Cabo Verde, tal e qual estabeleceu o Tratadode Tordesilhas?

    mais seguro afirmar que a expedio de Cabral teve doisobjetivos principais: estabelecer o domnio portugus sobre a partej assegurada em Tordesilhas, fixando a bases de operao quefacilitassem as viagens para as ndias; e continuar as relaespolticas e comerciais com o Oriente, iniciadas por Vasco daGama.

    2BRASIL PR-COLONIAL: 150015302.1As expedies exploradoras 1501 Expedio de Gaspar de Lemos: percorreu o litoral

    brasileiro de norte a sul e nada de ouro. Lemos batizou osacidentes geogrficos com o nome do Santo do dia: datermos, ainda registros como:

    o Rio So Franciscoo

    Ilha de So Vicenteo So Sebastioo Morro de So Janurio.

    1503 Expedio de Gonalo Coelho, Amrico Vespcio eFerno de Noronha. Construram uma feitoria no Rio deJaneiro Cabo Frio e enviaram ao serto a primeira entrada

    em busca de ouro. Seus participantes jamais retornaram aolitoral. Ferno de Noronha assinara contrato com D.Manuelpara extrair pau-brasil no arquiplago que mais tarde levariaseu nome; Ao final de 1503 retornou das ndias Cabral comseus navios abarrotados de especiarias e artigos de luxo. Acorte, em consequncia, abandonou literalmente o Brasil e

    passou a explorar as riquezas orientais. 1516 1526 Expedies de Cristvo Jacques. Tinham a

    finalidade de combater os corsrios franceses que extraamdo litoral brasileiro pau-brasil em grande escala.Provavelmente em 1516 tenha vindo para o Brasil(localizando-se na regio de Pernambuco) a enorme clfamiliar de Duarte Coelho, dando incio ao cultivo do acar.

    2.2A explorao do Pau-brasilA economia pr-colonial centrou-se no pau-brasil, madeira

    avermelhada existente em toda a Mata Atlntica, desde o litoral doRio Grande do Norte ao Rio de Janeiro. O pau-brasil eraconhecido na Europa desde a Idade Mdia, pois dele se extraa umcorante utilizado na tintura de tecidos e tingimento de mveis.

    A extrao do pau-brasil foi declarada estanco (monoplioreal): s o rei concedia o direito de explorao. O primeiroarrendatrio a ser beneficiado com o estanco foi Fernando deNoronha, em 1502. A explorao era feita por conta e risco doarrendatrio, e a Coroa, sem nada investir, recebia uma parcelados lucros. Como a extrao de madeira era feita de maneirapredatria, no havendo preocupao em reimplantar a rvore,essa riqueza florestal esgotou-se rapidamente. A rvore eracortada e transportada aos navios portugueses pelos indgenas,que, em pagamento, recebiam objetos de pouco valor. Essa relaode trabalho chama-se escambo.

    O ciclo do pau-brasil no criou ncleos povoadores: gerouapenas algumas feitorias de pouco significado, como a de CaboFrio (1503).

    2.3A primeira expedio colonizadoraCinco navios e uma tripulao de mais ou menos 400

    pessoas. Era assim composta a expedio comandada por MartinAfonso de Souza, que partiu de Lisboa em dezembro de 1530. Seuprincipal objetivo era iniciar a colonizao do Brasil; por issoficou conhecida como expedio colonizadora. Alm de iniciar acolonizao, Martin Afonso tambm tinha como objetivoscombater os corsrios estrangeiros, procurar ouro e fazer ummaior reconhecimento geogrfico de nosso litoral.

    Em 22 de janeiro de 1532, Martin Afonso fundou aprimeira vila do Brasil, a vila de So Vicente. Alm dessa vila,fundou alguns povoados, como Santo Andr de Borda do Campo eSanto Amaro.

    Na regio de So Vicente, Martin Afonso iniciou o plantio

    da cana-de-acar. Um ano aps o plantio das primeiras mudas,instalou-se o primeiro engenho produtor de acar no Brasilchamado So Jorge.

    3A COLONIZAOA partir de 1530, mudou a posio de Portugal em relao

    ao Brasil. O rei se convenceu de que s poderia manter a posse daterra estabelecendo ncleos permanentes de povoamento,colonizao e defesa. Mas a coroa tambm tinha esperana dehaver aqui riquezas minerais, em propores semelhantes sencontradas pelos espanhis em suas possesses.

    A experincia de Portugal como produtor de acar emsuas ilhas do Atlntico (Madeira e Cabo Verde) contribuiu para aescolha do produto e a forma de produo: eram semelhantes ascondies ecolgicas do Brasil e das ilhas; o acar era dasespeciarias mais bem pagas e apreciadas no mercado europeu; porseu valor, o acar poderia atrair investimentos; navios holandesespoderiam colaborar no transporte; os ndios poderiam serobrigados a trabalhar na lavoura e, se no se adaptassem, havia osafricanos, muitos deles j escravizados pelos portugueses.

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    3.1As Capitanias Hereditria

    O governo portugus no tinha recursos econmicos parainvestir na colonizao brasileira. Por isso, implantou um sistematransferindo essa tarefa para a iniciativa particular.

    Assim, em 1534, o rei de Portugal dividiu o Brasil emgrandes lotes de terra: as quinze capitanias ou donatrias. E asentregou a pessoas de razoveis condies financeiras: osdonatrios.

    O donatrio, nomeado pelo rei, era a autoridade mximadentro da capitania. Com a morte do donatrio, a administrao dacapitania passava para seus descendentes. Por esse motivo, ascapitanias eram chamadas de capitanias hereditrias. O vnculo

    jurdico ente o rei de Portugal e os donatrios era estabelecido emdois documentos bsicos: Carta de doao - conferia ao donatrio a posse hereditria

    da capitania. Os donatrios no eram proprietrios dascapitanias, mas apenas de uma parcela das terras. Tinham,entretanto, o direito de administrar toda a capitania e explor-la economicamente.

    Carta foral estabelecia os direitos e deveres dosdonatrios, relativos explorao da terra.

    3.2 - Direitos e deveres dos donatriosDentre os principais direitos dos donatrios, podemos

    destacar as seguintes: Criar vilas e distribuir terras (sesmarias) a quem desejasse

    cultiv-las. Exercer plena autoridade no campo judicial e administrativo,

    podendo inclusive autorizar a pena de morte. Escravizar os ndios, obrigando-os a trabalhar na lavoura.

    Tambm podiam enviar ndios, como escravos, para Portugal,at o limite de 30 por ano.

    Receber a vigsima parte dos lucros sobre o comrcio dopau-brasil. Em contrapartida, o donatrio estava obrigado aassegurar ao rei de Portugal:

    Dez por cento dos lucros sobre todos os produtos da terra. Um quinto dos lucros sobre os metais e pedras preciosas que

    fossem encontrados. O monoplio da explorao do pau-brasil.

    Observando essa diviso de direitos e deveres, percebe-seclaramente que o rei de Portugal reservava para si os melhoresbenefcios que a terra poderia oferecer. Quanto s despesasnecessrias obra colonizadora, todas ficavam por conta dosdonatrios. Resultados das capitanias

    O sistema de capitanias no alcanou, do ponto de vistaeconmico, o sucesso esperado governo portugus. S ascapitanias de Pernambuco e de So Vicente progrediram eobtiveram lucros com a produo de acar. As demais capitaniasno prosperaram em decorrncia de problemas como: Falta de recursos dos donatrios- as terras eram muito

    extensas, e os donatrios geralmente no tinham dinheiropara desenvolv-las. Muitos donatrios perderam o interessepelas capitanias, pois precisavam investir, produzir (plantar ecolher), e no acreditavam que o retorno financeirocompensaria todo o trabalho e capital empenhados. Algunsnem chegaram a tomar posse de sua capitania.

    Constantes revoltas das tribos indgenas os ndioslutaram contra a invaso de suas terras e contra a escravidoque o conquistador queria lhes impor, dificultando acolonizao.

    Problemas de comunicao entre as capitanias e Portugalas grandes distncias e as precrias condies dos meios detransporte provocaram o isolamento das capitanias.

    Dificuldades com a lavoura nem todas as terras dasdiversas capitanias eram propcias as cultivo de cana-de -acar, produo que mais interessava ao sistema colonial.Restava ao donatrio explorar o pau-brasil; porm, nessaatividade, sua participao era muito reduzida (5%),contribuindo para diminuir seu interesse pela capitania.

    Do ponto de vista poltico, entretanto, o sistema dascapitanias alcanou at certo ponto os objetivos desejados. Lanouas bases da colonizao. Contribuiu para preservar a posse dasterras. Ajudou a revelar as possibilidades de exploraoeconmica da colnia.

    3.3Governo-GeralO isolamento das capitanias em relao a Portugal foi

    apontado como um dos primeiros problemas do sistema decapitanias. A coroa portuguesa passou, ento, a participardiretamente da obra colonizadora. Implantou, na colnia, ogoverno-geral, um governo centralizado, encarregado de auxiliar edefender as capitanias. O governo-geral tinha, portanto, o objetivode coordenar a ao dos donatrios e no, propriamente, extinguiro sistema de capitanias existente.

    Como sede do governo-geral, escolheu-se a capitania daBahia, resgatada pelo rei de Portugal do filho de Francisco PereiraCoutinho, o primeiro donatrio. Essa escolha deveu-se a interessesadministrativos, pois a capitania da Bahia localizava-se num pontomdio do nosso litoral, o que facilitaria a comunicao com asdemais capitanias.

    Normas para o governo-geral

    Entre as normas que regulavam o governo-geral, criadoem 1548, destacavam-se: O comando e a defesa militar da colnia ficavam a cargo do

    governo-geral; Os poderes judiciais dos donatrios passariam a ser exercidos

    pelo governador-geral; Proibia-se, de modo geral, a escravizao do ndio; O governador-geral teria trs auxiliares: o ouvidor-mor,

    encarregado dos negcios da Justia; o provedor-mor,encarregado dos assuntos da Fazenda; e o capito-mor,encarregado da defesa do litoral.

    Primeiros governadores-geraisVejamos os principais acontecimentos que marcaram a

    atuao dos trs primeiros governadores gerais do Brasil: Tom deSouza, Duarte da Costa e Mem de S.

    Tomde Souza: a fundao de SalvadorO primeiro governador-geral do Brasil, Tom de Souza,

    desembarcou na Bahia em 1549 e governou at 1553.

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    Sua frota de seis navios trazia,aproximadamente, mil pessoas (soldados, degredados1,funcionrios da administrao, jesutas etc.)

    Os jesutas (seis ao todo), chefiados pelo padre Manuel daNbrega, vieram ao Brasil com a misso oficial de converter osindgenas religio catlica.

    Dentre as principais realizaes do governo de Tom deSouza, podemos citar: Fundao da cidade de Salvador (primeira cidade do Brasil),

    onde foi sediada a capital do governo-geral; Criao do primeiro bispado brasileiro (territrio subordinado

    autoridade do bispo), em 1551, chefiado pelo bispo DomPero Fernandes Sardinha;

    Incio da pecuria e incentivo ao cultivo da cana-de-acar; Organizao de expedies, chamadas de entradas, que

    penetravam nas matas procura de metais preciosos.

    Duarte da Costa: a invaso francesaO segundo governador-geral, Duarte da Costa, governou

    de 1553 a 1558 e trouxe mais jesutas para o Brasil, dos quais

    destacou-se Jos de Anchieta.Em janeiro de 1554, Jos de Anchieta e Manuel daNbrega fundaram o colgio de So Paulo. Junto a esse colgionasceu a vila de origem cidade de So Paulo.

    Em 1555, os franceses invadiram o Rio de Janeiro efundaram um povoamento que se chamou Frana Antrtica.

    Sem armas e soldados suficientes, Duarte da Costa no pde impedir a invaso nem conseguiu expuls-los do RiodeJaneiro.

    Mem de S: a expulso dos fr ancesesO terceiro governador-geral, Mem de S, governou o

    Brasil por 14 anos (1558-1572). Entre os principaisacontecimentos de seu longo perodo de governo, destacam-se: Expulso dos franceses do Rio de Janeiro, em 1567, com a

    ajuda de seu sobrinho, Estcio de S. Alm de chefe militar,Estcio de S lembrado como fundador da cidade do Rio deJaneiro, que nasceu de um pequeno povoado militarorganizado para a luta contra os franceses;

    Combate aos indgenas que lutavam contra a conquistacolonial portuguesa, levando ao extermnio de muitas tribos;

    Crescente incentivo importao de escravos negros dafrica, que passou a ser considerada a soluo para oproblema da falta de mo-de-obra na agricultura;

    A dissoluo da confederao dos Tamoios. Por suasrealizaes, Mem de S considerado o consolidador dogoverno-geral.

    MUDANAS POLITICO-ADMINISTRATIVAS

    Depois de praticar a centralizao administrativa com osgovernos-gerais, o rei de Portugal resolveu dividir a administraodo Brasil em dois governos: Governo do Norte - com sede na cidade de Salvador,

    chefiado pelo conselheiro Lus de Brito de Almeida (1573-1578);

    Governo do Sul com sede na cidade do Rio de Janeiro,chefiado pelo desembargador Antnio Salema (1574-1578).

    Todavia, em 1578, insatisfeito com os resultados prticosda experincia, o rei de Portugal decidiu voltar atrs e estabeleceunovamente um nico centro administrativo no Brasil, com sede emSalvador. Loureno da Veiga, nomeado pela coroa portuguesa,exerceu o cargo at 1581, ano de sua morte.

    Cmaras municipaisParalelamente formao das primeiras vilas, foi sendo

    estruturada uma administrao de mbito local, a cargo das

    cmaras municipais, institudas somente nos municpios maisimportantes.

    As cmaras eram controladas pelos chamados homensbons, representantes dos grandes proprietrios de terra, deescravos ou de gado. A atuao administrativa das cmarasabrangia diversos setores, como o de abastecimento, de tributao,

    de execuo das leis, de relacionamento do colonizador com osindgenas etc. Assim, as cmaras municipais constituampoderosos rgos da administrao colonial, controlados pela eliterural da colnia. Nessa condio, opunha-se ao centralismoadministrativo, representado pelos rgos da coroa portuguesa.

    4 FORMAO ECONMICA DO BRASIL: A CANA-DE-ACAR

    A colonizao no Brasil foi organizada em torno docultivo da cana-de-acar. Investimento, transporte, refinao edistribuio foram problemas que se apresentaram aos portuguesese cuja soluo foi dada pela Holanda. Portugal lucraria atravs dosimpostos resultantes do pacto colonial e teria a garantia de possedas terras brasileiras. A montagem da produo aucareiraobedeceu ao sistema de plantation, resultando na criao de umasociedade patriarcal e escravista.

    Para defender a posse da terra, protegendo-a de ameaasestrangeiras, Portugal decidiu colonizar o Brasil. Mas para isso,seria preciso desenvolver uma atividade econmica lucrativa quecompensasse o empreendimento.

    A soluo encontrada por Portugal foi implantar a empresaaucareira, em certos trechos do litoral brasileiro, uma vez que oacar era produto de grande interesse para o comrcio europeu.Por meio dele seria possvel organizar o cultivo permanente dosolo, iniciando o povoamento sistemtico da colnia.

    Ao decidir implantar a empresa aucareira no Brasil,Portugal deixava a atividade meramente predatria extrao depau-brasil) e iniciava a montagem de uma organizao produtivadentro das diretrizes do sistema colonial.

    Caracterstica da propr iedade agrcolaA grande propriedade agrcola, na qual se baseava o

    sistema colonial, tinha duas caractersticas fundamentais. Era: Monoculturaespecializada na produo em larga escala de

    apenas um gnero tropical de alto valor, tendo em vista asnecessidades do mercado europeu;

    Escravocrata utilizava o trabalho de negros escravosimportados da frica.

    O engenho de acar, exemplo tpico da grandepropriedade agrcola, enquadrava-se perfeitamente dentro dosmecanismos do sistema colonial.

    Mo-de-obra escrava

    A empresa aucareira, alm de experincia produtiva ecapitais, necessitava tambm de mo-de-obra, isto , pessoas quetrabalhassem nos engenhos. No seria de Portugal que viriamessas pessoas, pois sua populao, em meados do sculo XVI, eraescassa.

    O colonizador insistiu em escravizar o ndio, procurandoaproveit-lo, agora, na empresa aucareira. Entretanto, aescravizao do ndio no era to conveniente ao sistema colonialmercantilista. coroa portuguesa interessava uma soluo maislucrativa, ou seja, o uso de mo-de-obra africana, o quealimentaria o trfico negreiro.

    4. 1 - Atividades Complementares A pecuria - O gado, alm de constituir fonte alimento, era

    indispensvel na moenda e no transporte das caixas at osportos. Mesmo assim, a pecuria, inicialmente desenvolvidano engenho, acabou sendo empurrada para o interior. Acriao de gado deu origem a um novo tipo de latifndio,onde o trabalho escravo no tinha condies de serimplantado; nele, o vaqueiro, em geral ndio ou mestio,

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    trabalhava em regime de parceria,recebendo reses em pagamento pelo seu servio.

    O tabaco Ocupava o segundo lugar na lista de produtosexportados pela Colnia. Assim como a aguardente, o fumoera utilizado no escambo de escravos africanos.

    O algodo - No sculo XVI, o algodo tinha um papelsecundrio na economia; fornecia material para a confecode roupas para os escravos.

    4.2 - O negro no engenhoOs escravos so as mos e os ps do senhor de engenho,

    porque sem eles no Brasil no possvel fazer, conservar eaumentar fazenda, nem Ter engenho corrente. Essa afirmao foifeita por Antonil, em Cultura e opulncia do Brasil por suasdrogas e minas, obra publicada em 1711. A frase expressa comgrande realismo o papel do negro na sociedade brasileira.

    No ano de 1550, chegou ao Brasil a primeira leva deescravos, que desembarcou em Salvador. No comeo, eramtrocados por cachaa, fumo, bugigangas, instrumentos de metal eoutras quinquilharias. Os principais grupos negros trazidos para o

    Brasil forma os sudaneses, originrios da Nigria, Daom e Costado Ouro; os bantos, de Angola, Congo e Moambique; e os mals,sudaneses islamizados.

    5FORMAO TERRITORIALEm 1494, o Tratado de Tordesilhas dividiu entre Espanha

    e Portugal as terras recm-descobertas na Amrica.As duas naes formaram vastos imprios coloniais, o que

    gerou nos demais pases europeus um sentimento demarginalizao. Frana, Inglaterra e Holanda reagiram contra essasituao atravs da pirataria e de invases aos novos territrios.

    5.1Invases francesas

    Os protestantes franceses, denominados huguenotes,passaram a ser perseguidos em seu pas por questes religiosas.Liderados por Nicolau Durand de Villegaignon e com o auxlio doalmirante Coligny, os franceses invadiram e conquistaram a regiodo Rio de Janeiro, em 1555. Pretendiam fundar uma colnia deexplorao econmica e, ao mesmo tempo, fugir das guerrasreligiosas que assolavam a Frana. O prprio rei francs, HenriqueII, incentivava a iniciativa. Instalaram-se nas ilhas de Serigipe,Paranapu (atual ilha do Governador), Uruumirim (Flamengo) eem toda essa regio de Frana Antrtica.

    As dificuldades materiais e o inimigo comum

    aproximaram os franceses e os ndios Tamoios, que se agruparam,constituindo a chamada Confederao dos Tamoios. Sob as ordensdo governador-geral Duarte da Costa, os portugueses reagiram.

    No obtendo xito, o governador-geral terminou por sersubstitudo por Mem de S.

    Apesar da morte de Estcio de S, fundador da cidade doRio de Janeiro, os portugueses conseguiram, em 1567, expulsar osfranceses, colocando fim consolidao da Frana Antrtica.

    Desalojados do Rio de Janeiro, os franceses tentaramestabelecer-se no litoral norte e nordeste do Brasil. Foi na lutacontra eles que teve incio o povoamento da Paraba, Rio Grande

    do Norte, Cear, Par e Maranho. Nesta ltima regio, oscombates foram mais violentos.Em 1612, os franceses invadiram o Maranho e fundaram

    a Frana Equinocial. Daniel de La Touche, lder dos franceses nanova tentativa, iniciou a formao da cidade de So Lus, querecebeu esse nome em homenagem ao ento rei francs, Lus XIII.Jernimo de Albuquerque, auxiliado por Alexandre de Moura eseus comandados, articulou a reao contra os franceses, atingindoseu objetivo em 1615.

    5.2Invases InglesasJ as tentativas inglesas de ataque limitaram-se a saques

    em portos brasileiros e apresamento de carga de navios que sedirigiam para a Europa. Edward Fenton, em 1583, e RobertWithrington, em 1587, tentaram tomar de assalto o porto deSantos, sendo ambos derrotados.

    Um outro corsrio, Thomas Gavendish, aproveitou o diade Natal de 1591 para fazer um ataque de surpresa. Foi bemsucedido, saqueando inteiramente a cidade de Santos.

    Um ano depois tentou repetir a faanha no litoral doEsprito Santo, dessa vez fracassando. Em 1595, James Lancasterpilhou a cidade de Recife. No geral, essas expedies de corsriosingleses pretendiam apossar-se de cargas de acar para revend-las na Europa.

    5 . 3A Unio Ibrica (15801640)Em 1580, o rei de Portugal, D. Henrique, morreu sem

    deixar herdeiros. Era o fim da dinastia de Avis. Surgiram disputaspoltico-militares entre os pretendentes do trono portugus. O

    vencedor dessa disputa foi Felipe II, rei da Espanha, que invadiu econquistou Portugal, alm de subornar a classe dominanteportuguesa.

    Com a ascenso de Felipe II ao trono portugus, em 1580,teve incio o perodo do domnio espanhol, que se estendeu at1640. Esse perodo tambm chamado de Unio Ibrica ou UnioPeninsular.

    Dominando Portugal, a Espanha passou a controlartambm todas as colnias portuguesas, constituindo, assim, umvasto imprio.

    Por causa da Unio Ibrica, o Brasil tambm ficouproibido de comercializar com a Holanda. Na poca, porm, osholandeses controlavam a lucrativa operao de transporte, refinoe distribuio comercial do acar brasileiro. E no pretendiam

    perder a fonte fornecedora de acar: os engenhos do Nordeste.Reagindo ao bloqueio econmico espanhol, os holandesesfundaram a Companhia das ndias Ocidentais, em 1621.

    Decidiram, por meio dessa empresa, conquistar o Nordestebrasileiro e apoderar-se da produo de acar.

    5.4Invaso da Bahia: derrota holandesaA primeira tentativa de invaso holandesa ocorreu em 8 de

    maio de 1824, na cidade de Salvador, Bahia. Mas os holandesesno conseguiram consolidar a ocupao. Utilizando tticas deguerrilha e contando com o reforo de tropas espanholas, as forasluso brasileiras conseguiram expulsar os holandeses um ano apsa invaso.

    Com a expulso dos holandeses da Bahia, a Companhiadas ndias Ocidentais teve grande prejuzo financeiro, entretantofoi compensado em 1628, quando a esquadra holandesa de PietHein assaltou uma frota de navios espanhis carregados de prata.

    Com o lucro do assalto, a Companhia das ndias ocidentaispde preparar um novo ataque ao Brasil.

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    5.5 - Invaso de Pernambuco: nasce um Estado holandsUma poderosa esquadra composta de 56 navios, 3500

    soldados e 3780 pessoas, foi aparelhada para invadir Pernambuco,na mais rica capitania da poca devido produo aucareira.

    A nova esquadra holandesa chegou ao litoral

    pernambucano no dia 14 de fevereiro de 1630. Sem forassuficientes para enfrentar os holandeses, Matias de Albuquerque,governador de Pernambuco, refugiou-se no interior do territrio,onde fundou o Arraial do Bom Jesus. O arraial tornou-se oprincipal foco de resistncia contra os holandeses. A tticaempregada por Matias de Albuquerque tambm foi a guerrilha.

    Durante cinco anos de luta, os holandeses noconseguiram dominar totalmente a regio dos engenhos de acar.

    A guerrilha estava obtendo bons resultados, at queDomingos Fernandes Calabar, profundo conhecedor da regio,passou a ajudar os holandeses, fornecendo-lhes informaes.

    Em 1635, aps uma srie de derrotas, Matias deAlbuquerque desistiu da luta. Retirando-se para Alagoas,conquistou a cidade de Porto Calvo, que era controlada porholandeses, e a prendeu e enforcou Calabar.

    5.6Governo de Nassau (16371644)Com o fim da luta armada em Pernambuco, a Companhia

    das ndias Ocidentais passou a organizar a administrao da regioconquistada.

    Os anos de luta tinham causado grande desordemeconmica. Tanto os senhores de engenho quanto os holandesesqueriam um ambiente de ordem e paz para que pudessem obterlucros com a atividade aucareira. Para cuidar dessa tarefa aCompanhia enviou ao Brasil o conde Joo Maurcio de NassauSiegen, nomeado governador geral do Brasil holands.

    Maurcio de Nassau chegou ao Brasil em 1637 e logo psem prtica uma habilidosa poltica administrativa.

    Pretendia pacificar a regio e conseguir a colaborao dos

    luso-brasileiros. Dentre as principais medidas adotadas em seugoverno, destacam-se: Concesso de crditosa Companhia concedeu crditos aos

    senhores de engenho, que se destinaram ao reaparelhamentodos engenhos, recuperao dos canaviais e compra deescravos, reativando a produo aucareira;

    Tolerncia religiosa as diversas religies (catolicismo,judasmo, protestantismo etc.) foram toleradas pelo governode Nassau. Os holandeses no tinham como objetivoexpandir a f religiosa. Entretanto, a religio oficial do Brasilholands era o calvinismo, sendo, por isso, a maisincentivada;

    Obras urbanasa cidade do Recife foi beneficiada com aconstruo de pontes e obras sanitrias. Criou-se tambm a

    cidade de Maurcio, hoje bairro da capital pernambucana; Vida culturalo governo de Nassau promoveu a vinda de

    artistas, mdicos, astrnomos, naturalistas. Entre os pintores,estava Franz Post e Albert Eckhout, autores de diversosquadros inspirados das paisagens brasileiras.

    No setor cientfico destaca-se Jorge Marcgrave, um dosprimeiros a estudar nossa natureza, e Willen Piso, mdico quepesquisou a cura das doenas mais comuns da regio.

    Maurcio de Nassau ganhou prestgio como administrador,mas surgiram, desentendimentos ente ele e a Companhia dasndias Ocidentais. Os lderes da Companhia o acusaram de furtardinheiro e quiseram limitar seus poderes. Por sua vez, Nassauacusava a Companhia de no entender os problemas locais e agircom excessiva ganncia. Esses desentendimentos levaram sada

    de Nassau do cargo de governador, em 1644.5.7A Insurreio Pernambucana

    Depois da sada de Maurcio de Nassau do Brasil, aadministrao holandesa tornou-se extremamente dura.Interessada somente em aumentar seus lucros, a Companhia das

    ndias Ocidentais passou a pressionar os senhores de engenho paraque aumentassem a produo, pagassem mais impostos,liquidassem as dvidas atrasadas. A Companhia ameaavaconfiscar os engenhos de seus proprietrios, caso as exignciasno fossem cumpridas.

    At mesmo a tolerncia religiosa havia acabado. Os

    catlicos passaram a ser proibidos de praticar livremente suareligio.Reagindo a essas presses, os habitantes da colnia

    iniciaram, em 1645, a luta pela expulso dos holandeses,conhecida como Insurreio pernambucana.

    Vrias batalhas foram travadas contra os holandeses;dentre elas, destacam-se as batalhas dos Guararapes (1619 e1648), vencidas pelos colonos.

    Depois de sucessivas derrotas, os holandeses renderam-se,em 1654, na Campina da Taborda.

    Com isso, Portugal retomou seu domnio na regioaucareira do Nordeste do Brasil. Durante dez anos, os brasileirosdo Nordeste lutaram para expulsar os holandeses, sem recebernenhuma ajuda de Portugal. Destacaram-se nas lideranas oparaibano Andr Vidal de negreiros, o senhor de engenho JooFernandes Vieira, e o ndio Felipe Camaro, conhecido como Poti.

    A expulso dos holandeses ficou conhecida porInsurreio Pernambucana (16451654).

    5.8As consequncias da expulso dos holandesesOs holandeses abandonaram nossas terras, mas no o

    comrcio aucareiro. Dirigiram-se para as Antilhas (ilhas daAmrica Central), onde iniciaram uma produo aucareiraprpria. Com grande capital, tecnologia mais avanada efacilidade para distribuio do produto na Europa, o acar dasAntilhas foi se impondo. No difcil imaginar as consequnciasdisso para o Brasil. A Segunda metade do sculo XVII foimarcada pela decadncia da cultura da cana-de-acar em nossopas. Extingue-se o primeiro ciclo econmico de nossa histria.

    6EXPANSO E OCUPAO TERRITORIALA expanso e a ocupao do territrio brasileiro foram

    ocasionadas por diversos fatores, entre os quais destacam-se asatividades econmicas, as expedies para expulso deestrangeiros, a busca de riquezas minerais e de ndios paraescravizar. Em 1750, com o Tratado de Madrid, praticamenteestavam delineados os contornos de nossas fronteiras atuais.

    Lentamente, entretanto, desenvolveu-se a penetrao nointerior do territrio brasileiro, removendo seu povoamento. Aconquista e a ocupao resultaram das aes de: Expedies militares organizadas pelo governo para expulsar

    estrangeiros que ocupavam partes do territrio; Bandeirantes que percorriam o serto aprisionando ndios ou

    procurando metais preciosos; Padres jesutas que fundavam aldeias para catequizao dos

    ndios e explorao econmica de riquezas naturais do serto; Criadores de gado que tiveram seus rebanhos e fazendas

    empurrados para o interior do territrio.

    6.1Criao de gado: povoao do sertoPara a Coroa portuguesa interessava o aumento da

    exportao de cana, mesmo que com isso o gado fosse levado parao interior. Por isso, em 1701, o monarca portugus proibiu acriao de gado a menos de 10 lguas do litoral.

    A busca de novas pastagens levou os fazendeiros de gadopara o interior de Maranho. Com isso surgiram postos avanadosde povoao no serto. A ocupao da atual regio do Piau foi

    decorrncia da criao bovina.Duas regies podem ser consideradas zonas de irradiaoda pecuria. A primeira era Olinda, de onde o gado se expandiapara o interior de Pernambuco e Paraba, da espalhando-se peloscampos do Piau e Maranho. A criao de gado a atendia a ummercado consumidor especfico: os engenhos de acar.

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    A Segunda zona de irradiaoera Salvador, na Bahia, em direo ao rio So Francisco eespalhando-se pelo seu vale. Essa regio, conhecida como Curraisde Dentro, desenvolveu-se em funo do mercado consumidorsurgido com a minerao.

    A pecuria integrava os diversos centros econmicos

    brasileiros da poca, pois era a nica atividade voltada para omercado interno. Serviu tambm para amenizar as disputas no seioda prpria classe dominante, pois um senhor de engenho falidosempre tinha a possibilidade de se tornar fazendeiro de gado. Apecuria entrou em decadncia com o declnio de seus centrosconsumidores, primeiro os engenhos de acar, depois as reas deminerao.

    6.2- Conquista do litoral norte do Par e do AmazonasPor vezes, as expedies luso espanholas entraram em luta

    com os franceses, que, apoiados pelos ndios da regio,dificultavam a misso das expedies. Data dessa poca afundao de vrias fortalezas litorneas que mais tarde viriam aser importantes cidades. Em 1584, Frutuoso Barbosa fundavaFilipia de Nossa Senhora das Neves, atual Joo Pessoa, capital daParaba. Em 1597, erguia-se o Forte dos Reis Magos, atual cidadede Natal, capital do Rio Grande do Norte. Em 1613, mais um forteera inaugurado, o Forte de Nossa Senhora do Amparo, atualFortaleza, capital do Cear.

    Mas coube aos prprios franceses a criao de uma vila,

    So Lus, atual capital do Maranho, onde conseguiram se fixar,resistindo at 1615, quando foram definitivamente expulsos.

    A regio da foz do rio Amazonas era um paraso para oscontrabandistas europeus. No foi esse o nico motivo, entretanto,que levou os luso-espanhis a povo-la. O temor de novasinvases estrangeiras e a inteno de explorar os ricos recursosnaturais da regio tambm foram fatores que impulsionavam opovoamento dessa rea. Com esses objetivos, Caldeira CasteloBranco fundou, em 1615, no esturio do Amazonas, o Forte doPrespio, que deu origem a Belm do Par.

    6.3As drogas do sertoComo os portugueses haviam perdido o monoplio do

    comrcio com as ndias, a descoberta das especiarias brasileiras

    vinha preencher, pelo menos em parte, o vazio comercial surgido.Entre essas especiarias, as chamadas drogas do sertoestavam: cravo-do-maranho, canela, castanha-do-par, cacau,urucum, tabaco silvestre, essncias para perfume, resinas, plantasmedicinais etc.

    A obteno desses produtos, entretanto, no era fcil; osndios teriam de ser conquistados e convencidos a realizar essatarefa. Os jesutas, interessados na catequeses dos ndios,

    assumiram a liderana desse empreendimento. Assim, graas aessa atividade, o Norte foi ocupado, iniciando-se seu povoamento.

    6.4 - A Expanso Territorial alm de TordesilhasDurante o sculo XVII, o territrio brasileiro sofreu uma

    grande expanso para o interior, graas a expediesdesbravadoras chamadas entradas e bandeiras.

    Ambas eram expedies que se embrenharam no interiordo Brasil, procura de riquezas minerais e ndios para escravizar.Costuma-se dizer que as entradas eram organizadas pelo governo,e as bandeiras, por particulares. Essa diferenciao no totalmente correta, mas a que mais se aproxima da realidade.

    Ciclo de caa ao ndioNa primeira metade do sculo XVII, um fato novo

    estimulou os paulistas a prenderem milhares de ndios a fim de

    vend-los como escravos. Que fato foi esse?Como vimos, houve um tempo em que os holandesesconquistaram o Nordeste brasileiro, de Sergipe ao Maranho, e aregio de Angola, na frica, passando assim a controlar quasetodo o trfico negreiro para o Brasil.

    As regies brasileiras que nessa poca no pertenciam aeles, como a Bahia, por exemplo, ficaram sem Ter como comprarescravos negros. Por isso, os senhores dessas regies comearam acomprar os ndios aprisionados pelos paulistas.

    Como havia um grande nmero de ndios nas misses deGuair (Paran), Itatin (Mato Grosso) e Tape (Rio Grande do Sul),os bandeirantes paulistas decidiram atac-las.

    Esses ndios despertavam ainda a cobia dos paulistas porsuas qualidades, pois havia entre eles bons agricultores, artesos,boiadeiros, que estavam acostumados ao trabalho sedentrio e

    convivncia com o homem branco.De 1628 a 1638, as bandeiras de caa ao ndio (tambm

    chamadas bandeiras de apresamento), chefiadas principalmentepor Manuel Preto a Antnio Raposo Tavares, arrasaram essasmisses, espantaram o gado que a vivia e prenderam eescravizaram cerca de 300 mil ndios.

    A caa ao ndio foi chegando ao fim, principalmenteporque os holandeses foram expulsos de Angola e do Brasil, ecom isso normalizou-se o trfico negreiro para todo o territriobrasileiro.

    Ciclo do ouro e diamantesComo a caa ao ndio j no dava os lucros desejados

    (inclusive porque os jesutas passaram a distribuir armas de fogo

    para que os ndios se defendessem), os paulistas voltaram aprocurar ouro e pedras preciosas na Segunda metade do sculoXVII. Nessa busca, foram muito incentivados e ajudados pelo reide Portugal.

    O pequeno reino portugus tinha empobrecido muitodurante os 60 anos em que fora dominado pela Espanha, e

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    esperava recuperar-se da criseexplorando fontes de riqueza no Brasil. Como a produo deacar estava em decadncia, voltaram-se para os metais e pedraspreciosas.

    Apesar de os paulistas j terem encontrado pequenasquantidades de ouro de lavagem, foi somente no final do sculo

    XVII que eles descobriram o ouro de mina, no atual estado deMinas Gerais.No se conhece com certeza nem a data e nem o local

    exato da primeira descoberta. Sabe-se, porm, que entre 1693 e1695 o ouro foi encontrado por paulistas em vrios pontos daregio mineira.

    Entre as principais bandeiras de procura de ouro e pedraspreciosas bem-sucedidas, destacam-se as de: Antnio Rodrigues Arzo (no atual estado de Minas Gerais,

    provavelmente em 1693); Pascoal Moreira Cabral (no estado do Mato Grosso, em

    1719); Bartolomeu Bueno da Silva (no atual estado de Gois, em

    1725).

    As monesAssim que a notcia de descoberta de ouro em Mato

    Grosso chegou a So Paulo, centenas de paulistas se aventurarama viajar para l em canoas que sempre partiam do rio Tiet. Essasexpedies, que se dirigiam s regies mineradores do centro-oeste utilizando o curso dos rios, receberam o nome de mones.

    No comeo as mones se dirigiam para as reas deminerao apenas para levar novos mineradores. Com o tempo,passaram a transportar grandes quantidades de alimentos, roupas einstrumentos de trabalho, que eram vendidos aos mineradores quel viviam.

    6.5Tratados e FronteirasOs portugueses ampliaram as fronteiras do Brasil

    ocupando o territrio, mas foi preciso uma srie de tratados paraoficializar juridicamente a situao. Os principais tratadosinternacionais assinados por Portugal para a fixao das fronteirasdo Brasil foram: Tratado de Utrecht (1713) assinado entre Portugal e

    Frana. Estabelecia que o rio Oiapoque, no extremo norte dacolnia, seria o limite de fronteira entre o Brasil e a GuianaFrancesa.

    Tratado de Utrecht (1715) assinado entre Portugal eEspanha. Estabelecia que a Colnia do Sacramentopertenceria ao Brasil. Houve, porm resistncia dosespanhis que l moravam.

    Tratado de Madri (1750) assinado entre Portugal eEspanha. Estabelecia que a Colnia do Sacramento

    pertenceria aos espanhis e a regio dos Sete Povos dasMisses (que ocupava parte do atual estado do Rio Grande doSul) pertenceria aos portugueses. O tratado de Madri nopde ser cumprido, pois jesutas e ndios guaranis dosaldeamentos dos Sete Povos das Misses no aceitaram ocontrole portugus. Houve violenta guerra (GuerraGuarantica) contra a ocupao portuguesa. Diante dessasituao, Portugal tambm no entregou Espanha a Colniado Sacramento.

    Tratado de Santo Ildefonso (1777) assinado entrePortugal e Espanha. Estabelecia que a Espanha ficaria com aColnia do Sacramento e a regio dos Sete Povos dasMisses. Mas a Espanha devolveria a Portugal terras que,nesse perodo, havia ocupado no atual estado do Rio Grande

    do Sul. O Tratado de Santo Ildefonso foi consideradodesvantajoso pelos portugueses, que perdiam a Colnia doSacramento e no recebiam quase nada em troca.

    Tratado de Badajs (1801) assinado entre Portugal eEspanha. Estabelecia que a regio dos Sete Povos dasMisses ficaria com os portugueses, e a Colnia do

    Sacramento ficaria com os espanhis. Depois de muitas lutas,confirmavam-se as fronteiras que, basicamente, tinham sidoestabelecidas pelo Tratado de Madri.

    7A MINERAOCom a decadncia da economia aucareira no Brasil,

    Portugal voltou a estimular a procura de ouro. O precioso metalfoi finalmente encontrado na ltima dcada do sculo XVII, e suaexplorao alterou a sociedade e a economia brasileiras. Surgiramnovos grupos sociais e criou-se um mercado interno. O negro, noentanto, continuaria escravizado e reagiria atravs de formasvariadas, da fuga formao de quilombos. No final do ciclo doouro, a decadncia da minerao seria seguida por umrenascimento agrcola.

    No final do sculo XVII, graas longa expedio deFerno Dias, busca de esmeraldas, encontraram-se os primeirosveios de ouro no leito de rios, alm da Serra da Mantiqueira, noatual estado de Minas Gerais. A notcia espalhou-se rpido noBrasil e em Portugal.

    Na ltima dcada do sculo, em 1693, Antnio Rodrigues

    Arzo encontrou ouro em Minas Gerais; em 1698, Antnio Diasde Oliveira descobriu esse metal em Ouro Preto; em 1700, BorbaGato encontra o metal em Sabar. Essas expedies partiam deTaubat, cidade paulista prxima de Minas Gerais.

    Em 1719, Pascoal Moreira Cabral descobriu ouro emCuiab, na regio de Mato Grosso. Trs anos depois, BartolomeuBueno da Silva, o Anhanguera, encontrava o precioso metal emGois. Os primeiros caminhos para o Brasil Central estavamabertos.

    A extrao do ouro foi realizada inicialmente atravs dafaiscao ou garimpagem. Ligada ao ciclo do ouro de lavagem, afaiscao se dava de forma rudimentar e utilizando mo-de-obralivre. Nas grandes minas, a extrao chamava-se lavra, baseando-se na mo-de-obra escrava.

    7.1A Intendncia e a diviso das MinasEm 1702 Portugal criou uma legislao especial para

    minerao no Brasil e dentre ela despontava a Intendncia dasMinas. Este rgo fiscalizava o contrabando, julgava os crimesrelativos ao fisco e ao ouro, cobrava impostos, entre outros.

    A legislao portuguesa considerava toda minerao noBrasil propriedade exclusiva do Rei, que podia ceder suaexplorao a particulares.

    Descoberta uma mina a Intendncia a dividia em datasda seguinte maneira:

    Duas datas preferenciais ao descobridor; Uma reservada Coroa por ser proprietria; Uma para os superintendentes; Seriam vendidas a particulares na medida em que

    tivessem, no mnimo, doze escravos.

    5.2Impostos e Instituies

    O quintoDesde o incio da colonizao do Brasil o reino portugus

    estabeleceu como imposto sobre pedras preciosas e metais vintepor cento de imposto (a Quinta parte). Os mineradores,descontentes com o tributo, consideravam-no confisco abusivo.

    A capi tao (1735)No auge da produo mineradora, Minas contava com

    600.000 escravos. O Rei criou um novo imposto que visavaaumentar a arrecadao em ouro: a capitao, 17 gramas ouro/ano

    por cabea escravo.

    As casas de f undioComo no era fcil efetuar o controle sobre a circulao

    do ouro em p, o governador D. Pedro de Almeida, conde deAssumar, instituiu as casas de fundio, por onde todo o ouro

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    extrado na Colnia tinha de passar paraser transformado em barras, das quais era retirado o quinto real.

    Em 1725, a circulao do ouro em p estavaterminantemente proibido.

    A derr ama

    Em funo do esgotamento do ouro, o reino quisincentivar busca de novas jazidas e decretou a finta: 100 arrobasde ouro-imposto ao ano. O no pagamento da finta deu origem sDerramas, cobrana militar do atraso, com implicao violenta dese tirar at a propriedade do minerador.

    5.3 - O DiamanteA explorao do diamante por representar uma riqueza

    mpar, passou por trs fases distintas.At 1739 a extrao do diamante obedecia s mesmas

    normas do ouro quanto ao descobrimento da mina, demais datas etributos.

    De 1740 a 1770 vigoraram os contratos de monopliomediante os quais a Coroa repassava o direito de explorao auma pessoa por mina: o contratador, mediante tributos e taxassobre escravos.

    A partir de 1771 instituiu-se a real extrao quando o reinoassumiu, atravs de seus agentes (os reinis) a explorao dodiamante. Afinal toda riqueza natural era do Reino.

    5.4A Sociedade MineradoraA explorao de ouro e diamantes tornou mais complexa a

    composio social brasileira. Surgiram grupos sociais comfunes distintas das de senhores ou escravos. O comrcio, oartesanato e a prestao de servios formaram uma camada mdialigada s cidades: comerciantes, militares, profissionais liberais,artesos, clrigos e burocratas eram alguns dos seusrepresentantes. Com exceo dos comerciantes, os outroscomponentes dessa camada mdia tiveram grande participao nos

    movimentos que resultaram na ruptura com Portugal.A sociedade da minerao, como voc pode observar,

    oferecia maior flexibilidade social se comparada com a sociedadeformada no ciclo da cana-de-acar.

    A urbanizao e a consequente complexidade das relaessociais criaram uma elite de intelectuais que se exprimia nasletras, msicas e artes plsticas.

    Predominava uma cultura extremamente aristocratizada,Onde quem aparentasse maior ociosidade era possuidor de maiorprestgio.

    5. 5As revoltas de escravosPara o negro, portanto, s o local de trabalho mudou. Os

    escravos continuavam a ser a classe mais explorada. Sua

    condies de vida nas minas chegavam a ser piores que noscanaviais: nas minas, a mdia de vida de um escravo girava entredois e cinco anos.

    Essa opresso gerou resistncias. O contrabando de ouroera uma das formas utilizadas por alguns negros para obterdinheiro para comprar sua liberdade, a alforria. As fugas e aposterior formao de quilombos eram outra maneira de lutar pelaliberdade.

    Mas a maior ameaa para a ordem colonial era certamentea reao coletiva. As fugas em massa geralmente resultavam naformao de quilombos. Nessas comunidades, os negrosreorganizavam sua vida como na frica.

    O mais importante reduto de luta contra a escravido emtoda a histria brasileira foi o Quilombo dos Palmares (1600 -1695). Liderados inicialmente por Ganga Zumba e de pois porZumbi, os negros formaram em Alagoas e no sul de Pernambucoum verdadeiro Estado livre. A invaso holandesa em 1630ampliou bastante a populao do quilombo. Agregando cerca de20.000 escravos foragidos, resistiu durante quase todo o sculoXVII.

    Em 1690, os lusos decidiram organizar um ataquearrasador cidadela africana. Para chefiar o ataque foi escolhido obandeirante Domingos Jorge Velho, conhecido especialista emmassacre de escravos. Em troca, ele recebia privilgios e favoresreais que incluam sesmarias no Nordeste. Palmares foramcompletamente aniquilados em 1695. Zumbi s foi capturado um

    ano depois. Teve sua cabea cortada e exposta em praa pblica,em Olinda.O governador disse, na ocasio, que o fato servia para

    satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar osnegros.

    7.6Com quem ficou nosso ouro ?A produo aurfera brasileira foi bastante significativa

    nos primeiros 70 anos do sculo XVII.Nesse perodo, o Brasil produziu mais ouro do que toda a

    Amrica espanhola em 357 anos. A quantidade de ouro extradodo Brasil correspondeu a 50% de toda a produo mundial entreos sculos XV e XVIII.

    Toda essa riqueza, porm, no foi utilizada para odesenvolvimento da colnia. inegvel que a regio de Minasapresentou visvel progresso econmico e cultural, como mostramas igrejas, as ruas e os edifcios da poca. Contudo, a maior partedo ouro brasileiro escoou para fora do Brasil, servindo aoenriquecimento de outras naes.

    Nem mesmo Portugal lucrou com o ouro brasileiro, apesarde Ter recebido um quinto de toda a produo. A balanacomercial portuguesa equilibrou-se momentaneamente, mas no osuficiente para livrar-se da dependncia econmica em relao aosingleses.

    A Admini strao Pombal ina (scul o XVI I I )No sculo XVIII, em virtude da pregao das ideias

    liberais, surge em Portugal uma tentativa de reformulaoespecialmente no campo econmico: a poltica pombalina.

    Sebastio Jos de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras(Marqus de Pombal), era primeiro ministro do rei D. Jos I, dePortugal. A administrao pombalina visava a recuperao daeconomia do Brasil em benefcio de Portugal, a fim deste pas selivrar do domnio econmico da Inglaterra.

    Pombal incentivou as atividades comerciais, agrcolas e deconstruo naval. Algumas medidas tomadas por Pombal: Promoveu a transferncia da capital do Brasil para o Rio de

    Janeiro (1763); Criou duas Companhias de Comrcio: Maranho/Gro-Par e

    Pernambuco/Paraba; Expulsou os padres jesutas e criou as escolas rgias; Impulsionou a construo naval, incrementou algumas

    indstrias como laticnios e anil; deu maior ateno

    minerao; Criou o Tribunal de Relao no Rio de Janeiro e Juntas de

    Justia nas demais Capitanias; Extinguiu o Estado do Maranho e o sistema de Capitanias

    Hereditrias; Com a morte de D. Jos I (1777) sobe ao trono D. Maria I,

    ocasio em que a obra de Pombal paulatinamente desfeita(Viradeira).

    8A SOCIEDADE COLONIALParticiparam da formao do povo brasileiro trs

    elementos tnicos, o ndio, o negro e o branco.Durante a colonizao, as miscigenaes entre essas

    matrizes tnicas (ndio, negro e branco) deram origem a trs tipos

    de mestios:o mulato - mestio do negro com o branco;o caboclomestio do ndio com o branco;o cafuzomestio do ndio com o negro.

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    atendeu a algumas das reivindicaesdos paulistas, como a de garantir o retorno dos que haviam sadoda regio.

    O governador, D. Antnio de Albuquerque Coelho, aindadeterminou a proibio de uso de armas por negros, ndios emestios, instituindo uma companhia de soldados para garantir a

    ordem.

    9.4A Guerra dos Mascates (1710)Guerra dos Mascates (Pernambuco, 1710) Olinda e

    Recife eram famosas pela rivalidade. Na primeira, moravam ricosfazendeiros; na Segunda, os comerciantes, chamadospejorativamente de mascates pelos aristocratas. Olinda era vila,tinha Cmara Municipal e pelourinho, o poste na praa que serviapara torturar escravos e criminosos. Recife tinha de pagarimpostos a Olinda.

    Com o crescimento do comrcio, Recife desenvolveu maisque Olinda e a metrpole atendeu sua reivindicaes de se tornarvila. Os fazendeiros de Olinda no gostaram. Invadiram Recife,destituram o Governador e derrubaram o Pelourinho. A luta durouquase um ano e acabou com a interveno da metrpole, quandoos fazendeiros de Olinda comearam a falar de um governorepublicano. Da em diante, Recife consolidou posio dedestaque em relao a Olinda.

    9.5A Revolta de Filipe dos Santos (1720)As casas de fundio mostraram-se o sistema mais

    eficiente para a fiscalizao e arrecadao de impostos, e por issopassaram a funcionar com mais intensidade depois de 17919, oque gerou violentamente protestos.

    Um dos protestos mais importantes dessa poca foi deFilipe dos Santos, que se rebelou contra a extorso da Coroa. Porisso foi preso, executado e esquartejado em 1720. Estabeleceu-semais tarde uma taxa obrigatria de 100 arrobas (1.500 quilos) deouro por ano. Caso no se atingisse essa quantia, institua-se a

    odiada derrama, isto , confiscava-se o ouro ou outras riquezas atalcanar a taxa estipulada.

    No mesmo ano em que ocorreu a revolta de Filipe dosSantos, o governo portugus transformou Minas Gerais emcapitania separada de So Paulo (eram uma s capitania desde1710).

    10MOVIMENTOS DE LIBERTAO NACIONAL1.1Inconfidncia Mineira (1789)

    Causas da I nconf idncia M ineira (1789)Durante os sculos XVII e XVIII, o Brasil foi palco de

    motins, conspiraes, revoltas e rebelies, mas a InconfidnciaMineira foi o primeiro movimento que manifestou claramente a

    inteno de promover a separao poltica de Portugal.Vrios fatores, em conjunto, contriburam para

    desencadear a conspirao contra Portugal. Arrocho das restries metropolitanas A explorao

    econmica portuguesa sobre o Brasil chegou ao pontomximo no final do sculo XVIII. As deficincias daeconomia lusitana e sua dependncia da Inglaterra obrigaramPortugal a sugar violentamente as riquezas da Colnia. Poroutro lado, o ouro das Minas gerais esgotava-se.

    A influncia do liberalismo e da independncia americana Na Segunda metade do sculo XVIII, tornou-se rotineira aida de filhos de famlias ricas da Colnia para estudar naEuropa.

    Lderes da I nconfi dncia M ineira: el ite econmicaCom exceo de Tiradentes, todos os lderes daInconfidncia Mineira eram ricos ligados extrao mineral e produo agrcola. Esse fato perfeitamente compreensvel, poisos grandes proprietrios eram os que mais interesses tinham emromper o pacto colonial.

    Para eles, a independncia era essencial. J os escravos eas camadas mais pobres da populao viam os seus senhores comoos responsveis diretos pelas condies de trabalho e vida a queestavam submetidos. Para eles a independncia pura e simplespouco ou nada mudaria.

    Pretendiam mais do que isso, como veremos mais adiante

    na Conjurao Baiana. Os principais lderes da InconfidnciaMineira foram Cludio Manuel da Costa, poeta e rico minerador; Lus Vieira da Silva, cnego; Alvarenga Peixoto, prspero minerador e latifundirio; Toms Antnio Gonzaga, intelectual e ouvidor de Vila

    Rica; Carlos Correia de Toledo e Melo, vigrio e prspero

    minerador; Jos lvares Maciel, estudante de Qumica; Francisco de Paula Freire de Andrade, tenente-coronel

    comandante do Regimento de Drages; os irmos Francisco Antnio e Jos Lopes de Oliveira, o

    primeiro militar e o segundo padre, ambos grandes

    proprietrios rurais; Joaquim Jos da Silva Xavier, o Tiradentes, principal

    organizador poltico da rebelio e indivduo de poucasposses; era alferes, posto militar logo acima do desargento.

    Os rebeldes defendiam o fim do pacto colonial e odesenvolvimento de manufaturas txteis e siderrgicas, alm doestmulo produo agrcola. No plano poltico, algunspretendiam uma monarquia constitucional. Os interesses de uns ede outros ficaram claros quando surgiu a discusso sobre oproblema da escravatura. Tiradentes e poucos outros advogaram acausa dos escravos.

    A dennci a e a devassaO movimento no chegou a Ter sucesso, uma vez que osgrandes planos no iam muito alm das salas de reunies. Isoladosda grande massa popular, sem pensar em armas para o levante,bastou uma denncia para acordar os conspiradores de seu grandesonho. O traidor foi Joaquim Silvrio dos Reis, devedor devultuosas quantias aos cofres reais, que tencionava conseguir operdo de suas dvidas atravs da delao, o que realmenteocorreu. Avisado da conspirao, o visconde de Barbacenasuspendeu a derrama e iniciou a captura dos implicados.

    Quase trs anos depois terminava a devassa. A sentenaque condenava morte 11 dos acusados foi modificada por donaMaria I. Estabeleceu-se o degredo perptuo para 10 inconfidentese apenas um serviria de bode expiatrio: Tiradentes. Durante oprocesso, ao contrrio de seus companheiros, Tiradentes tentou

    aliviar a implicao dos outros participantes, o que fica claro nosautos da devassa: ...que verdade que se premeditou o levante,que ele, respondente, confessa Ter sido quem ideou tudo, sem quenenhuma outra pessoa o movesse nem lhe inspirasse cousaalguma.

    A 21 de abril de 1792 executou-se a sentena deTiradentes com requintes de crueldade: ....depois de morto, lheseja cortada a cabea e levada a Vila Rica, onde em lugar maispblico seja pregada em poste alto, at que o tempo a consuma, eo seu corpo ser dividido em quatro quartos e pregado em postosonde o ru teve suas infames prticas, e a casa em que vivia serarrasada e salgada.

    Aps a devassa e a execuo das sentenas sobrava o lemada Inconfidncia, continuando a inspirar novos movimentos:

    Liberdade ainda que tardia.

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    10. 2Conjurao Baiana (1798)Na Bahia tambm crescia a insatisfao com a carestia de

    produtos, os baixos soldos etc. E tambm corriam de boca emboca as ideias de liberdade, igualdade e fraternidade, que ecoavamda recente Revoluo Francesa (1789). Para discutir e divulgar

    essas ideias, a burguesia baiana fundou a loja manica Cavaleirosda Luz.Em 12 de agosto de 1798, Salvador amanheceu com

    papis afixados nas casas, exortando o povo revoluo.Os panfletos falavam em Repblica, liberdade, igualdade,

    melhores soldos para os soldados, promoo de oficiais, comrciocom todos os povos etc. Um traidor denunciou ao governo dia,hora e local da reunio que daria incio ao movimento. Algunsconspiradores conseguiram fugir, mas 49 foram presos, entre elesnove escravos e trs mulheres. Nenhum dos Cavaleiros da Luzestava entre os presos. Os advogados de defesa mostraram que alinguagem dos panfletos estava acima das possibilidadesintelectuais dos acusados, homens simples. Mas quatro foramcondenados morte: Lus Gonzaga das Virgens, Lucas Dantas deAmorin Torres, Joo de Deus do Nascimento e Manuel Faustinodos Santos. Os outros foram expulsos do Brasil.

    Para o historiador Affonso Ruv, a conspirao de 1798 foia primeira revoluo social brasileira, por no se tratar de simplesmotim de quartel, inquietao de descontentes ou levante deescravos, mas sim de trabalho lento, persistente, de massasdoutrinadas. Que pleiteava um governo onde todas as classescolaborassem, prometendo extinguir privilgios e restries propriedade dos produtos comerciveis com escoadouro franconos portos, abertos a todas as naes, alm da independnciaespiritual, com a fundao da igreja brasileira Americana,desligada da Cria romana.

    A Conjurao tambm ficou conhecida como Revolta dosAlfaiates,pelo grande nmero desses profissionais envolvidos. Aolado de homens letrados e padres, tambm participaram homens

    simples, como mulatos, negros libertos e mesmo escravos.

    10.3Revoluo Pernambucana (1817)Vrios fatores levaram Revoluo Pernambucana de

    1817: Econmicos - crise na produo de acar e algodo, luta

    dos senhores rurais e homens livres contra o domniocomercial dos portugueses e os altos preos pelos quais estesvendiam gneros de primeira necessidade;

    polticos - desejo de substituir a monarquia absoluta dedireito divino por uma forma mais liberal de governo, como aRepblica, j adotada nos Estados Unidos;

    sociais - as grandes desigualdades sociais e raciais. Ideias deliberdade espalhavam-se por sociedades secretas, quartis,

    clero e populao. O prprio governador ateou fogo aoestopim da revolta ao mandar prender os lderes domovimento: os comerciantes:

    o Domingos Jos Martinso Antnio Gonalves da Cruz;o o padre Joo Ribeiro;o o cirurgio Vicente Guimares Peixoto;o os tenentes Manuel de Souza Teixeirao Jos Mariano Cavalcanti;o os capites Domingos Teotnio Jorge e Jos de

    Barros Lima.o capito Lima matou o oficial que lhe deu voz de

    priso.

    E a revol uo comeou.Os revolucionrios bateram as foras do governador eorganizaram um governo provisrio com cinco membros,representando comrcio, exrcito, clero, agricultura e justia.Enviaram emissrios para capitanias do Nordeste e exterior(Estados Unidos, Argentina e Inglaterra). Paraba, Rio Grande do

    Norte e Alagoas aderiram. Os emissrios enviados ao Cear forampresos; o que foi Bahia, fuzilado. Foras militares enviadas daBahia e do Rio venceram os revolucionrios e tropas leais aosportugueses ocuparam Recife, praticando desordens eassassinatos. Os lderes principais, uma dzia deles, foramexecutados. No incio de 1818, o prncipe regente anistiou outros

    72 condenados morte.A Revoluo Pernambucana de 1817 conseguiucongregar, em torno do ideal de emancipao poltica erepublicanismo, populares, intelectuais, militares e religiosos(havia mais de 60 padres envolvidos).

    RESUMOMovimentos brasileiros de rebelio contr a o sistema colonial

    Portugal mantinha o Brasil sob o regime colonialista tpicoda poca: mercantilismo monopolista, fiscalizao rgida,absolutismo poltico. Nos fins do sculo XVIII, sob inspirao dasideias liberais europeias e do exemplo da Independncia dos EUA,ocorreram as primeiras rebelies pela liberdade.

    A Conjurao Mineira (ou Inconfidncia) foi planejada emVila Rica (hoje Ouro Preto), em 1789.

    Reunia membros das altas camadas da sociedade local,intelectuais, militares e padres, alm do Alferes Joaquim Jos daSilva Xavier, o Tiradentes.

    Denunciados, os conjurados foram presos antes que arebelio eclodisse. Tiradentes foi enforcado a 21 de abril de 1792;os demais acusados foram exilados.

    A Conjurao Baiana (ou dos Alfaiates) ocorreu emSalvador, em 1798. Reunia pequenos comerciantes soldadosartesos, o que lhe deu um carter mais popular que o daInconfidncia, bem como um contedo social mais avanado.Dentre os lderes, destacou-se o mdico Cipriano Barata. Arepresso foi rpida com seis condenados morte.

    A Revoluo Pernambucana de 1817 foi a nica quechegou a tomar o poder: ocorreu, em Recife, reunindo brasileiros

    de vrias classes, revoltados contra os privilgios assegurados aosportugueses, a falta de trabalho para os mais humildes e a opressodo governador Montenegro. Muitos sacerdotes participaram,destacando-se o Padre Roma. Os rebeldes tomaram o poder eproclamaram a Repblica, em maro de 1817. Em maio, porm arepresso os venceu. Mas as idias liberais permaneceram.

    11O PROCESSO DE INDEPENDNCIA (18081822)A independncia do Brasil no foi um fato isolado, restrito

    ao dia 7 de setembro de 1822, mas um processo histrico cujasorigens remontam as tentativas de emancipao poltica do finaldo sculo XVIII, tendo relao com a abertura dos portos e com aelevao do Brasil condio de Reino Unido a Portugal, mas aconsolidao da independncia s viria a ocorrer com a abdicao

    de D. Pedro I, em 1831.

    11.1A vinda da famlia real (1808)Em outubro de 1807, aproveitando-se da difcil situao

    em que Portugal se encontrava, o representante ingls em Lisboa,lorde Strangford, imps a D. Joo de Bragana, o prncipe regente,um acordo secreto, segundo o qual a famlia real e a sede dogoverno seriam transferidas para o Brasil sob a proteo dapoderosa esquadra inglesa. Em troca, a Inglaterra teria algumasvantagens: estabelecer bases militares na ilha da Madeira; utilizar os portos brasileiros tarifas alfandegrias preferenciais para seus produtos.

    A corte embarcou em 29 de novembro, quando j

    chegavam as notcias do avano das tropas napolenicascomandadas por Junot. A corte era composta pela famlia real emais 15.000 pessoas, entre nobres e altos funcionrios do Estado,que levaram consigo metade do dinheiro circulante no reino.

    A retirada da famlia real, mantida em segredo at oltimo momento, pegou a populao de surpresa. Vrios

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    historiadores descrevem as cenas do diada partida, em que populares, revoltados com seus governantes eassustados com a perspectiva da invaso francesa, saam s ruasde Lisboa sem nada poder fazer.

    Em meio confuso geral, a rainha D. Maria I, a Louca,afastada do trono em 1792 por problemas de sade, dizia: No

    corram tanto! Pensaro que estamos fugindo.No dia seguinte, astropas de Junot chegavam a Lisboa.

    11.2O governo de D. Joo VIAbertu ra das portas - 1808

    Diante dessas circunstncias, ainda em Salvador, D. Jooassinou a carta rgia de 28 de janeiro de 1808, decretando aabertura dos portos brasileiros. Ficava liberada a importao dequaisquer mercadorias transportadas em navios portugueses, ouestrangeiros em paz com a Coroa. Portugal pagaria 16% de taxasalfandegrias e os outros pases, 24%. A Inglaterra obteve maiorvantagem, 15% de impostos alfandegrios.

    Revogao do alvar de 1785A ofensiva contra os estatutos coloniais prosseguiu. Em 1

    de abril de 1808, dona Maria I revoga o alvar de 1785, liberandoo estabelecimento de indstrias e manufaturas no Brasil. Naprtica essa providncia no atingiu seus objetivos: dava-seliberdade industrial, mas no condies para o desenvolvimentode indstrias, pois faltava o capital e um mercado consumidorinterno.

    Alm disso, sem proteo alfandegria, tornava-seimpossvel competir com os produtos britnicos.

    Apesar dos incentivos de D. Joo e do visconde de Cairus indstrias txtil e metalrgica, a nossa industrializao ficouapenas na possibilidade legal, porque novos tratados foramassinados com a Inglaterra, ampliando os privilgios da burguesiainglesa.

    Dois tratados e o domni o inglsEm 1810, lorde Strangford, representante ingls, e Souza

    Coutinho, ministro de D. Joo, realizavam acordos atravs doTratado de Aliana e Amizade e do Tratado de Comrcio eNavegaes. O tratado de Comrcio e Navegao estabelecia: nomeao de juzes ingleses para julgar os sditos britnicos

    que viviam no Brasil; liberdade religiosa dos ingleses; cobrana de taxa de 15% na importao de mercadorias

    inglesas, taxa mais baixa que os 16% cobrados pelasportuguesas;

    um porto livreo de Santa Catarina.O tratado de Aliana e Amizade determinava a proibio

    da Santa Inquisio no Brasil e a gradual extino do trfico

    negreiro para o Brasil.Consolidava-se a preponderncia inglesa. Importantessetores da elite luso-brasileira manifestaram seu descontentamentocom relao aos tratados de 1810.

    A Igreja catlica, os comerciantes reinis e osproprietrios escravocratas sentiam-se prejudicados.

    Elevao Reino UnidoEm fevereiro de 1815, o Brasil foi elevado categoria de

    Reino Unido a Portugal e Algarves. A medida legitimava apermanncia de D. Joo, agora D. Joo VI, no Brasil e era apoiadapelos participantes do Congresso de Viena, reunio de pases quederrotaram Napoleo. Os interesses ingleses eram contrariados,mas dava-se mais um passo rumo independncia.

    Medidas de incentivos culturaAlm de rgos administrativos, D. Joo VI criou no

    Brasil a Escola Mdico-Cirrgica da Bahia, a Escola Cirrgica,Anatmica e Mdica do Rio de Janeiro, a Academia Real de BelasArtes, a Academia Real Militar, o Arquivo Militar, a Biblioteca

    Real, um curso de Cincias Econmicas, a Imprensa Rgia, oTeatro Real de So Joo, o Horto real e o Banco do Brasil.

    Prdio da Academia Real de Belas ArtesRio de Janeiro

    Em 1816 desembarcava no Brasil a Misso ArtsticaFrancesa, trazendo, entre outros, o grande pintor Jean BaptisteDebret, retratista de costumes brasileiros.

    Polti ca externaQuanto poltica externa, j em 1809, com apoio militar

    britnico, D. Joo VI ordenou a invaso da Guiana Francesa. Esseterritrio seria determinao do Congresso de Viena.

    O velho sonho portugus de estender as fronteirasbrasileiras at o rio da Prata tornou-se realidade em 1816.Liderados pelo general Lecor, as tropas luso brasileirasdominaram Montevidu. A regio anexada ao Brasil passou achamar-se Provncia Cisplatina. Em 1825, ao conquistar suaindependncia, ganhou seu nome atual, Uruguai.A provncia Cisplatina

    A Revol uo do Por to de 1820Em outubro de 1820, Lisboa foi tomada pelos rebeldes. O

    movimento denominado Revoluo do Porto dava incio a umnovo perodo da histria portuguesa.

    Os principais objetivos desse movimento eram: a sada de Beresford e demais militares ingleses de Portugal; a elaborao de uma constituio; a volta de D. Joo para Portugal; a recolonizao do Brasil.

    Formou-se um governo provisrio: a Junta Provisional doGoverno Supremo do reino. Em novembro, foram convocadoseleies para compor a Assembleia Constituinte, reunida emjaneiro de 1821.

    Era o fim do absolutismo em Portugal. Era tambm oincio de um liberalismo ambguo.

    Na verdade, os portugueses procuraram conciliar o velho eo novo. Lutavam pela constituio, mas no questionavam amonarquia, as eleies para as Cortes de Lisboa (nome pelo qualficou conhecida a Assembleia Constituinte) obedeceram aocritrio censitrio (s votaram os ricos) e, finalmente, estavamreivindicando a restaurao de seus privilgios monopolistas nocomrcio colonial.

    11. 3Os passos para a independnciaInfluenciado pelos lderes do Partido Brasileiro, D. Pedro

    desobedeceu vrias vezes s ordens das Cortes portuguesas.A primeira desobedincia ficou conhecida como Dia do

    Fico e ocorreu no dia 9 de janeiro de 1822. Nesta data, D. Pedrorecebeu das mos de Jos Clemente Pereira um manifestoassinado por 8 mil pessoas, pedindo para que ele ficasse no Brasil.

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    Contam que ao receber as listas, D.Pedro disse: Como para o bem de todos e felicidade geral danao, estou pronto: diga ao povo que fico. Apesar disso, asCortes continuavam enviando cartas ao Brasil e exigindo o seuretorno.

    A Segunda desobedincia ficou conhecida como o

    cumpra-se e ocorreu no dia 4 de maio de 1822. Nessa data, D.Pedro assinou um decreto determinando que qualquer ordem vindade Portugal s deveria ser obedecida no Brasil mediante achancela do Prncipe Regente: cumpra-se.

    Meses depois, s margens do riacho do Ipiranga, em SoPaulo, D. Pedro recebeu duas importantes cartas: uma das Cortesportuguesas e outra de Jos Bonifcio.

    A carta das Cortes anulava os atos de D. Pedro no Brasil eexigia seu regresso imediato. E ameaava mandar tropas caso oRegente no obedecesse a essas determinaes.

    A carta de Jos Bonifcio continha um aviso: S existemdois caminhos: ou voltar para Portugal como prisioneiro dasCortes portuguesas ou proclamar a independncia, tornando-seimperador do Brasil.

    D. Pedro preferiu o ltimo.A terceira desobedincia ficou conhecida como Grito do

    Ipiranga e ocorreu no dia 7 de setembro de 1822. Contam que,nessa data, depois de ler com ateno as duas cartas, D. Pedrodisse: De agora em diante nossa divisa ser Independncia ouMorte!.

    Eram 4 horas e 30 minutos da tarde do dia 7 de setembrode 1822: oficialmente, o Brasil conseguia a sua independnciapoltica.

    7 de setembro: o que mudou ?Em 7 de setembro de 1822 politicamente o Brasil mudou:

    libertou-se de Portugal, passando a Ter seu prprio governo epodendo fazer suas prprias leis.

    Na economia e na sociedade brasileira, porm quase nadamudou:

    O Brasil se livrou do Pacto Colonial que o prendia aPortugal, mas, no plano econmico, tornou-se ainda maisdependente da Inglaterra; o valor de nossas principais exportaes(acar, algodo, couro e fumo) continuou sendo menor do que ovalor das nossas importaes (produtos industrializados quevinham, em sua maior parte, da Inglaterra); as terras brasileirascontinuaram nas mos de grandes proprietrios rurais, os maioresbeneficiados com o 7 de setembro; a escravido foi mantida. Osescravos, cerca de metade da populao brasileira na poca,continuaram a produzir a maior parte de nossas riquezas; a imensamaioria dos brasileiros continuou afastada da vida poltica, poisapenas os mais ricos tinham o direito de votar.

    12O PRIMEIRO REINADO (18221831)12. 1Consideraes sobre a independncia

    Os maiores beneficiados pela independncia foram osgrandes proprietrios rurais brasileiros e a Inglaterra.

    A elite brasileira que participou do processo daindependncia desejava um sistema de governo independente, comalguns traos liberais, mas sem alterar a estrutura socioeconmicainterna que mantivera o colonialismo, ou seja, a escravido, olatifndio, a monocultura e a produo para exportao.

    12. 2Guerra de IndependnciaA independncia no foi aceita imediatamente por todos.

    Governadores de algumas provncias reagiram negativamente deciso de D. Pedro.

    Apoiadas pelas foras militares lusitanas, desencadearam-se lutas em alguns pontos do territrio nacional, principalmente naBahia e Gro-Par, onde o nmero de comerciantes com interessesvinculados a Portugal era maior.

    12. 3Reconhecimento da IndependnciaO primeiro pas a reconhecer a nossa independncia foram

    os Estados-Unidos (26 de maio de 1824), por fora da DoutrinaMonroe.

    O reconhecimento da Europa foi difcil, devido polticada Santa Aliana, que no Congresso de Viena recomendava a

    recolonizao das colnias americanas.Em 1825, assinvamos o Tratado de Lisboa, ou de Paz eAmizade, atravs do qual Portugal reconhecia a nossaindependncia custa de uma indenizao de 2 milhes de librasesterlinas.

    Em 1826, os ingleses reconheceram a independncia doBrasil; em troca os Tratados de 1810 foram ratificados.

    12.4Crise PolticaConservadores e Liberais

    O Partido Brasileiro estava dividido em duas faces: aconservadora e a liberal. A primeira, liderada pelos irmosAndrada, pretendia o governo forte e centralizado, com umamonarquia de amplos poderes e assessorada por um ministrio.

    Os liberais defendiam uma monarquia constitucional, querestringisse o poder do monarca.

    O perodo que antecedeu coroao de D. Pedrotranscorreu em meio a grande agitao, com prejuzo para osliberais.

    A Maonaria foi fechada e a imprensa liberal mais atuantefoi reprimida. Em dezembro de 1822, D. Pedro foi coroadoimperador do Brasil.

    12.5A Constituio de 1824A Assembleia encarregada de elaborar a Constituio do

    Imprio, a primeira do Brasil, Inaugurada sesses em 3 de maio de1823.

    Seus propsitos liberais (Constituio da Mandioca)inquietavam o imperador, que esperava o momento adequado para

    dissolv-la.Os jornais O Tamoio e Sentinela, publicaram artigo contra

    oficiais portugueses, o que foi reprimido pelo imperador.

    Na Assembleia, esse episdio agrava as divergnci as.Em 11 de novembro, as constituintes se declararam em

    sesso permanente, denominada Noite da Agonia.No dia seguinte, por ordem de D. Pedro, a Constituinte foi

    dissolvida.Dissolvida a constituinte, D. Pedro I terminou a

    elaborao de uma Constituio, que ele outorgou ao pas no dia25 d maro de 1824.

    Dentre suas principais caractersticas, podemos destacar: O Brasil foi dividido em provncias; A forma de governo era monarquia hereditria; Religio oficial do estado: catlica; Os quatro poderes do estado: executivo, legislativo, judicirio

    e moderador; O poder legislativo era composto por duas cmaras

    (deputados e senadores) ; O senado era vitalcio; Voto censitrio (por renda).12. 6A Confederao do Equador

    Os descontentamentos resultantes da Carta outorgada em1824 foram claramente manifestados em Pernambuco, ondereinava um clima revolucionrio, que lembrava o do ano de 1817,quando explodiu a Insurreio Pernambucana.

    A nomeao da nova junta no foi aceita pela populao.O antigo governador, Pais de Andrade, eleito pelo povo, foimantido no cargo com o apoio popular.

    Isso significava rompimento com o poder central. A partirde ento, os liberais liderados por Cipriano Barata e Frei Caneca,veteranos de 1817, exigiam o federalismo e a repblica.

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    A 2 de julho de 1824, Pais deAndrade proclamava a Confederao do Equador. Publicou-se ummanifesto convidando outras provncias do Norte e Nordeste aaderirem ao movimento. Cear, Rio Grande do Norte e Parabajuntaram-se causa. A Confederao do Equador adotou o regimerepublicano e provisoriamente utilizou a Constituio da

    Colmbia. O nome dado ao movimento veio do fato de a regiorebelde estar prxima linha do Equador.

    12.7A Guerra da CisplatinaO territrio que hoje corresponde ao Uruguai era a antiga

    Colnia do Sacramento, fundada pelos portugueses, mascolonizada por espanhis. Os acordos internacionais estabelecidosentre Espanha e Portugal diziam que a Colnia do Sacramentopertencia Espanha. Mas, em 1816, D. Joo VI, que se encontravano Brasil, enviou tropas a Montevidu e invadiu a regio. Oterritrio foi incorporado ao Brasil, com o nome de ProvnciaCisplatina.

    Os habitantes da Cisplatina, porm no aceitavampertencer ao Brasil, pois tinham idioma e costumes diferentes. Em1825, sob a liderana de Joo Antnio Lavalleja, explodiu ummovimento de libertao da Cisplatina. Apoiado pela Argentina.

    Reagindo revolta D. Pedro I declarou guerra Argentina. Sucederam-se vrios combates que obrigaram oimperador a gastar grande parcela do dinheiro pblico, agravandoos problemas econmicos do pas.

    Resul tado do conf li toA Guerra da Cisplatina terminou em 1828, quando foi

    assinado um acordo entre as partes em conflito. Mais uma vez, aInglaterra, que tinha interesses econmicos na regio, agiu comomediadora. O acordo estabeleceu que a Provncia Cisplatina nopertenceria nem ao Brasil nem Argentina. Em seu lugar, seriacriado um novo pas independente, a Repblica Oriental doUruguai.

    A Guerra da Cisplatina e seu desfecho desfavorvel aoBrasil contriburam para desgastar a imagem poltica de D. PedroI.

    O dinheiro gasto para sustentar a guerra desequilibrou devez a economia do Brasil

    12.8O fim do Primeiro ReinadoUm fato contribuiu para agravar a impopularidade de D.

    Pedro I. Com a morte do rei portugus D. Joo VI. D. Pedro foiproclamado sucessor, mas renunciou em favor da filha menor deidade; esta devia casar com um tio. D. Miguel, irmo de D. Pedro,que exerceria o poder como regente at a maioridade da princesa.

    A forma que D. Pedro encontrou para manter o poderfracassou, l como aqui. D. Miguel fez-se proclamar rei de

    Portugal em 1828, mandou a sobrinha de volta ao Brasil eimplantou um governo desptico. O imperador brasileiro rumava adestino inglrio. Para obter apoio popular, viajou a Minas em finsde 1830; foi recebido sem entusiasmo. A insatisfao provocouem maro de 1831 as Noites das Garrafadas, conflitos de rua quesacudiram o Rio de Janeiro, entre partidrios e opositores doimperador.

    Em 20 de maro, D. Pedro fez a ltima tentativa dereconciliao. Nomeou um Ministrio s de brasileiros natos.Quinze dias depois, inesperadamente, substituiu-o por outro,composto de nobres estreitamente ligados a ele: o Ministrio dosmarqueses. Mais de 2.000 manifestantes fizeram passeata,exigindo a volta do Ministrio de 20 de maro. O monarcapreferiu renunciar em favor do filho Pedro de Alcntara, com 5anos de idade e viajou para a Europa, na madrugada de 7 de abrilde 1831. Estava encerrada a primeira e tumultuada etapa damonarquia brasileira.

    13PERODO REGENCIAL (18311840)

    13.1O povo e a aristocracia ruralA aristocracia rural, ao assumir o poder passou aorganizar

    a sociedade brasileira conforme seus interesses. Isto significavafrear o mpeto revolucionrio popular que ela mesma havia

    instigado. A reaocomeou logo aps a abdicao.No entanto, o afloramento das aspiraes populares no

    poderia ser sufocado com facilidade. Assim, durante todo operodo regencial, a agitao foi intensa e os grupos que detinhamo poder mostraram-se incapazes depr fim onda revolucionriaque se desencadeara.

    13.2Grupos PolticosExperincia RepublicanaDurante o perodo das regncias, o Brasil teve uma forma

    de governo que apresentava semelhanas com o regimerepublicano, por exemplo, a eleio e a troca de governantesdepois do cumprimento do mandato.

    Grupos polticos

    Aps a abdicao de D. Pedro I at 1834, a vida polticado pas foi dominada por trs grupos polticos que disputavam opoder: restauradores, liberais moderados e liberais exaltados.

    Vejamos, resumidamente, as tendncias e os lderes decada grupo.

    13.3As Regncias Trinas (18311835)No dia da abdicao, os parlamentares que se encontravam

    na capital do pas reuniram-se s pressas e designaram umaRegncia Trina Provisria, integrada pelos senadores Nicolau deCampos Vergueiro, Jos Joaquim de Campos Vergueiro, JosJoaquim de Campos e pelo brigadeiro Francisco de Lima e Silva.Essa regncia durou de abril a julho de 1831.

    A lei regencial de 14-06-1831 tornou permanente aRegncia trina, tendo sido mantida sua nomeao pelo parlamento.Surgiu assim a Regncia Trina Permanente, que atuou de 1831 a1835 e era composta por Jos da Costa Carvalho, Brulio Muniz epelo brigadeiro Lima e Silva.

    A lei regencial suprimiu o poder de dissolver a Cmara ede suspender as liberdades constitucionais, defendendo assim oParlamento de qualquer investida do Executivo. Ainda em 1831,criou-se a Guarda Nacional, cujos membros eram recrutados entreos eleitores. Formada por pessoas de posses, transformou-se naprincipal fora repressiva da aristocracia rural. O objetivo desseorganismo paramilitar era reprimir as constantes manifestaespromovidas por exaltados ou por restauradores.

    Em 1832 era promulgado o Cdigo de Processo Penal, oqual atribua aos municpios ampla autonomia judiciria, sendo osjuzes de paz eleitos pela populao local. Por outro lado, a

    autonomia municipal foi utilizada para garantir a impunidade.

    13.4A Regncia Una de Feij (18351837)Em 12 de agosto de 1834 promulgou-se um Ato

    Adicional, que tentava conciliar os interesses das trs facespolticas, atravs das seguintes medidas: Criao das Assembleias Legislativas Provinciais,

    substituindo os Conselhos provinciais; Extino do Conselho de Estado, que assessorava o

    imperador no exerccio do Poder Moderador; Concesso de autonomia s provncias; Substituio da regncia trina pela Regncia Una e eletiva.

    Nas eleies para regente nico - 1835, Feij, candidato

    dos moderados; saiu vencedor. Essas eleies tiveram um carterde experincia republicana para o pas.Feij, enquanto regente, procurou cercear o conflito

    surgido na Cmara devido ambiguidade do Ato Adicional, quepor um lado, centralizava o poder na figura do regente e, por

  • 7/27/2019 Nova apostila histria esa

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    CURSO PEDRO GOMESHISTRIA DO BRASIL

    APOSTILA ESPECIAL PARA ESA Professor Juanil Jos Barros

    ESA 2013 CURSO PEDRO GOMES PROF. JUANIL BARROS 16

    outro, concedia s provncias relativaautonomia poltico-administrativa.

    O parlamento eleito em 1836 apresentava maioriacontrria a Feij. Responsabilizado pelo grande nmero derebelies que eclodia pelo Brasil, o regente renunciou em 1837.

    13.5A Regncia Una de Arajo Lima (18371840)Feij renunciou em favor de Arajo Lima, polticoultraconservador, que organizou um movimento pela anulao dasmedidas descentralizadoras. O lema do movimento era Regresso ordem e pregava o pleno restabelecimento da Constituio de1824.

    Ao assumir o poder, Arajo Lima organizou um ministriocomposto s de polticos regressistas, conhecido como Ministriodas Capacidades.

    Originaram-se nessa poca os do