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OFICINA “TECELAGEM PARA SALA DE AULA” PROF. RENE SCHOLZ ANTONINA - 2004

Apostila Tecelagem sala de aula

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OFICINA

“TECELAGEM PARA SALA DE AULA”

PROF. RENE SCHOLZANTONINA - 2004

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TECELAGEM COM CARTELAS

Apresentamos neste curso as bases de um tipo de artesanato muito antigo, a tecelagem com cartelas, praticado desde tempos imemoriais por grande número de povos disseminados por toda a terra, entre os quais os celtas, os germanos e os eslavos. Tibetanos, chineses, árabes, indianos e persas praticaram e continuam a praticar este tipo de artesanato. Os primeiros indícios da prática desta arte surgem-nos nos tempos ainda pré-históricos dos primórdios da cultura do Egito antigo e da Babilônia.

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As fitas tecidas por este método das cartelas eram utilizadas para os mais diversos fins. Serviam para enfeitar o vestuário dos homens e das mulheres, as vestes dos sacerdotes, dos príncipes e dos soldados, para fazer xales, debruns, tiras decorativas, cintos ou correias de pôr ao ombro, estojos para armas ou objetos de culto, até para porta-bebês. Confeccionavam-se com essas tiras, arreios para burros, cavalos e camelos, alforges e fitas para atar os rolos dos livros sagrados. Eram, pois, utilizadas em todos os campos da vida humana, nas atividades lúdicas e festivas e, sob a forma de faixas com inscrições também tecidas — como livro de meditação dos monges.

A tecelagem com cartelas permite confeccionar tiras de estrutura resistente e flexível. que com os seus motivos simétricos e rítmicos sempre diferentes, tecidos em fio de origem artesanal, nos surgem como uma obra de arte.

Os instrumentos e os utensílios artesanais da antiguidade, tais como os conhecemos nas suas formas primitivas, caracterizam-se por uma grande variedade. Quem inventou o martelo, a tenaz, a serra e o perfurador? Quem. trabalhou com a primeira roca, fiando a lã dos animais ou as fibras vegetais irregulares transformando-as num fio resistente e igual? Quem foram estes homens, dotados de uma compreensão extraordinária das leis da natureza e dos elementos estruturais do mundo que os rodeava, que criaram os instrumentos e os utensílios de que ainda hoje nos servimos?

A tecelagem com cartelas surge, em toda a sua variedade, a partir de uma combinação de movimentos e processos elementares bem definidos, de certos fios e de determinados instrumentos de trabalho. Estes, por sua vez, são simplicíssimos, o que não impede que permitam a criação de urna grande riqueza de motivos e formas.

.Tais instrumentos consistem num conjunto de tabuinhas do mesmo tamanho e espessura,

geralmente quadradas, com um furo em cada canto. Podem ser de madeira, papelão, cartão ou — nos nossos dias —de plástico, material prático e resistente. As cartelas tem entre 5 e 7 cm de lado: os cantos do quadrado são arredondados.

Este conjunto de tabuinhas, acrescido de um separador de fios, que facilita o andamento do trabalho, constitui um verdadeiro tear, por assim dizer portátil. Este tear pode ser utilizado em toda a parte, dentro ou fora de casa, num jardim, durante as férias, etc.

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Este instrumento pouco dispendioso está ao alcance de todos e qualquer pessoa pode dar largas à sua imaginação, tecendo linhas e tiras variadas para confeccionar pulseiras, cintos, galões ou fitas de todas as cores e larguras.

Este processo de trabalho artesanal permite um lazer que está ao alcance do homem de hoje, como de todo o artesão de todos os tempos e culturas: o de dar asas à sua imaginação confeccionando objetos bonitos e originais.

Método de trabalho da Tecelagem com Cartelas

Metem-se quatro fios compridos pelos quatro furos da cartela, fazem-se nós nas duas pontas dos fios, apanhando-os juntos, e esticam-se bem a todo o comprimento. Se rodarmos a cartela em torno do seu ponto médio e na direção do comprimento dos fios, estes enrolam-se uns nos outros de um e de outro lado da tabuinha. Rodando ao mesmo tempo várias tabuinhas colocadas ao lado umas das outras e todas com fios enfiados, obtém-se cordões da mesma es-pessura. O número desses cordões depende do número das tabuinhas.

Se rodarmos as tabuinhas devagar, podemos verificar que, fazendo um quarto de rotação, os fios enfiados nas várias tabuinhas se separam uns dos outros, ficando espaço para enfiar no trabalho um fio atravessado. Continuando a rotação, este fio atravessado fica preso no tecido. Aqui empregamos fios de duas maneiras diferentes. Há um conjunto que fica esticado passando pelos quatro furos das cartelas e há outro grupo constituído de um fio somente que fará a união dos primeiros, atravessando-os transversalmente, é a trama, e será lançado por uma lançadeira ou naveta. Os dois processos descritos são os processos básicos da tecelagem com cartelas.

Quando tornarmos a rodar as tabuinhas e a meter o fio da trama — que entra agora pelo outro lado — temos de ter cuidado com os lados da tira: o fio tem de ser bem esticado de todas as vezes. Os tecelões dos tempos antigos tinham um instrumento de madeira ou metal próprio para enfiar e para apertar o fio da trama. Esse trabalho pode fazer-se, no entanto, apenas com a ajuda das mãos e dos dedos, desde que os fios que vêm de cima sejam bem separados dos que vêm de baixo, com um movimento forte.

É necessário, portanto, uma rotação completa do conjunto das tabuinhas, feita na mesma direção — e metendo entre cada rotação completa o fio da trama para fazer a primeira metade de uma “malha” da tecelagem pela técnica de cordão. No caso das cartelas terem

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quatro furos, é essa a rotação mínima que permite prender bem todos os fios, sem que nenhum fique solto.

A fase seguinte do trabalho consiste em fazer com as cartelas um quarto de rotação no sentido oposto ao da rotação completa precedente, para separar os fios. Depois de se ter feito esse quarto de rotação, enfia-se o fio da trama. Pode fazer-se uma ou mais rotações num ou noutro sentido, e a mudança do sentido das rotações determina uma mudança da estrutura e do motivo ornamental da tira tecida. Este principio básico da inversão do sentido das rotações é importantíssimo e determinante das múltiplas variações deste tipo de tecelagem. O padrão das tiras depende também, como é óbvio, da maneira como os fios das diversas cores são enfiados e combinados nas cartelas.

Coleção de receitas

Padrão Caretinhas do teatro/ \

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Padrão Pirâmides

Padrão Estudo com Cecília

Padrão Urdidura Simples

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Tecido obtido através da urdidura simples, que foi descrita nesta apostila. Iniciando se pela esquerda, temos o padrão inicial listrado . Em seguida modificou-se o desenho através da rotação de cartelas individualmente

.

Estudo para a confecção de uma faixa padrão Rostos

Observações: Note que para estes modelos de urdume os fios são enfiados individualmente. Sobre cada gráfico há um sinal assim: / ou \. Isto indica a forma de enfiação. Os fios do urdume podem estar enfiados da direita para a esquerda ou vice versa, isto vai modificar o sentido da rotação: “S” ou “Z”, que por sua vez influência no desenho. A figura aparece

através da soma de pequenos pigmentos de cor , formados pelos fios. São como paralelogramos e podem estar em duas posições, conforme a enfiação:

BIBLIOGRAFIA

Joliet-Van den Berg, Marga & Heribert, Entrançados. Lisboa, Editorial Presença. 1976.

Sandtner, Hilda. Iniciação à Tecelagem. Lisboa, Editorial Presença. 1979. Sandtner, Hilda. Tecelagem e Tapeçaria. Lisboa, Editorial Presença, 1979. Collingwood, P. 1982. The techniques of tablet weaving. Watson-Guptill Publications, New York.

TECELAGEM NA INTERNET

Pequeno Museu da Tecelagem

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Espaço destinado a preservar, pesquisar e divulgar a Tecelagem Artesanal no Brasil e no Mundo. Aqui você pode ter acesso a fotos, textos, endereços, amigos e um informativo mensal sobre Tecelagem. Além disto pode hospedar até 6 Mb de informações úteis a você e aos outros amantes da Arte Têxtil. http://pequenomuseudatecelagem.cjb.net

Associe-se e venha nos ajudar a construir este Museu!

Prof. Rene Gomes Scholz

[email protected]

fones 041 263 40 37 e 9199 4877

Lista dos Links disponíveis no Site do Pequeno Museu

http://feiradolargo.com.br/tecelagemscholz - Página da Tecelagem Werner Scholz no site da Feira de Artesanato do Largo da Ordem.

http://www.handweavers.com - Site de uma comunidade de tecelões do Novo México http://www.weavershand.com Site de Tecelões que trabalham com o Tear de Cartelas

(Tablet Weaving) http://www.eunomia.de - Sitio alemão sobre comercio de produtos Têxteis http://www.textilinks.com/weavetablet.html - Sitio sobre tear egípcio e outros muitos http://www.rits.org.br Sitio sobre entidades do terceiro setor - ONG.s http://www.duke.edu/nscgz / Sitio Universitário sobre Tecidos de cartelas antigos de

diversas etnias http://www.geocities.com/cbegipto Sitio do Círculo Brasileiro de Egiptologia http://www.sdcwg.org Sitio de uma entidade beneficiente americana que trabalha com

Tecelagem Artesanal congregando artesãos e artistas www.tecelagemanual.com.br - Site do Engenheiro Áquila de Florianópolis e da Arte

Viva http://www.anu.edu.au/ita/csa/textiles/index.html#links - Escola de Artes de Camberra,

Austrália. Um endereço muito rico em informações sobre Tapeçaria, Tecelagem http://www.lindahendrickson.com Riquíssimo site a respeito de Tear de Cartelas. http://http://www.click-in.com.br/sdc/tecelagem.html Site do Sítio Duas Cachoeiras , de

Amparo - São Paulo. Traz uma descrição didática do processo têxtil. http://http://www.prossiga.br/estudosculturais/pacc - Biblioteca Virtual de Estudos

Culturais com Links para Bibliotecas, Centros de Pesquisa e Museu Virtuais http://www.fleecefair.com Feira de Tecelões de Indiana - Eua. http://www.louvre.fr Museu do Louvre - França http://www.museumfortextiles.on.ca/mticoll.html - Museu de Têxteis do Canadá http://www.geira.pt/mitextil Museu da Indústria Têxtil de Vila Nova de Famalicão -

Portugal http://www.biblioteca.ufrgs.br/anexo3.htm - Museus pelo Brasil e no Mundo http://www.prossiga.br/bvtematicas Bibliotecas Virtuais Temáticas http://www.rouparara.hpg.ig.com.br Site da Tecelã e Designer Curitibana Darci

Gérikas. http://www.tecelagem.net/curso_virtual.htm - Site do Atelier Tear&Pano de

Florianópolis http://www.ocasulofeliz.com.br Site da Fiação Artesanal de Seda de Maringá - Pr.

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http://www.metmuseum.org/explore/unicorn/unicorn_weaving_transcript.htm - Neste endereço você pode aprender a fazer uma tapeçaria em tear de mesa, horizontal. Inclui fotos e um vídeo.

http://www.earthguild.com - earth guild, tools, materials & books For traditional & contemporary handcrafts Serving the needs of the crafts community

http://www.georgeweil.com.uk Site Ingles sobre Tecelagem Artesanal http://www.fusoes.com/~feralim Página sobre Tecelagem Industrial mas de grande

utilidade para nós tecelões artesanais. http://www.marlamallet.com Fascinante página sobre Tapetes Tribais Orientais e

Tecidos Étnicos mundo afora. DEFINIÇÕESUrdidura: Conjunto de fios tensos e paralelos estendidos entre os dois rolos do tear, determinando o comprimento do tecido e também sua largura. Deve ser de fio forte, regular e sem fiapos para não atrapalhar o processo têxtil.

Trama: Conjunto de fios que se entrecruzam perpendicularmente à urdidura, com ela formando a estrutura própria da tecelagem. O fio da Trama passa, alternadamente, por cima e por baixo de cada fio da urdidura, completando a trajetória de ida e volta através da largura da peça, ou então, uma carreira de tecido mínimo.

Tecido: É o entrelaçamento dos fios de trama com os de urdidura. Os panos, os tapetes, esteiras, cestarias, participam desta essência; a diferença reside nos distintos materiais e suas peculiaridades características de flexibilidade, resistêcia, tensão, etc.

Duíte: É a célula mínima de um tecido. Compôe-se de duas passadas ou duas carreiras, ida e volta do fio de trama por entre os fios do urdume.

Calada: Espaço que se abre entre os fios ímpares e pares do urdume quando se trabalha com o tear.

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Urdideira: Aparelho destinado a preparar o urdume. Permite o corte de inúmeros fios de igual comprimento simultaneamente.Roca : Aparelho destinado à fiação.

Fuso: Aparelho pré-histórico destinado à fiaçãoCardas: Pentes de aço destinado à preparação das fibras a serem fiadas.Uniões: Diferentes maneiras de trocar as cores na horizontal formando desenhos.Kilim Aberto: podemos cerzir posteriormente ou então fazer degraus para que as fendas não interfiram no uso do tecido.

Cabo Comum: Para evitar abertura, usamos um cabo da urdidura onde fazemos a união.

Meio Kilim : Quando formamos um ângulo de 45º avançamos de cabo em cabo.

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Interpenetração: Evita as fendas e permite efeitos muito interessantes.

Smyrna : É a técnica de tapeçaria tecida por meio de nós em cadeia com laçadas. O resultado é um tecido com pelos curtos de muita densidade.

Tecelagem em bastidor de Cartão: Pode ser feita em cartões quadrados ou circulares. O Cartão deve ser grosso e resistente para suportar a tensão dos fios sem dobrar

Peça terminadaTecelagem com Papel: Pode ser confeccionada com tiras de papel sulfite e de revistas. Dá resultados muito interessantes e permite um sem número de variações.

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