VERBO JURÍDICO

Profª. MSc. Marta Cristina Wachowicz

marwicz@terra.com.br

VERBO JURÍDICO

GESTÃO DA SEGURANÇA,

HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO

AULA 1

- Introdução aos Sistema de Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho. - Interpretação dos requisitos da Norma OHSAS 18001

Histórico da Saúde e do Trabalho Trabalho vem do vocábulo latino tripalium que significa aparelho de tortura formado por três paus aguçados munidos de uma ponta de ferro, no qual os agricultores batiam o trigo e o milho para rasgar e esfiapar.

A palavra trabalho foi considerada por muito tempo como padecimento, sofrimento, pena, labuta ou castigo.

Século XIX – a luta pela sobrevivência

- Jornada de 12,14 ou 16 horas/dia

- Emprego de crianças na produção industrial

- Salários baixos

- Falta de higiene

- Esgotamento físico

- Subalimentação

- Acidentes de trabalho

Lutas operárias do século XX (anos) 09 – supressão da caderneta operária 13 – projeto de lei para a redução do tempo de trabalho das mulheres 11 – lei sobre higiene e segurança 15 – lei sobre acidentes de trabalho

Lutas operárias do século XX 40 – jornada de 10 horas 27 – repouso semanal 25 – jornada de 8 horas 23 – jornada de 8 horas nas minas

Só a partir do fim do século XIX são obtidas leis sociais pertinentes, especificamente, à saúde dos trabalhadores: 1890 – Criação, nas minas, de delegados de segurança. 1893 – Lei sobre a higiene e a segurança dos trabalhadores da indústria.

1898 – Lei sobre os acidentes de trabalho e sua indenização. 1905 – Aposentadoria dos mineiros. 1920 – Aposentadoria para o conjunto dos trabalhadores após 65 anos (“aposentadoria do mortos”), pois somente 15% dos franceses atingiam esta idade.

Máquina Industrial à Vapor

A Administração Científica é planejada para obter o máximo esforço do trabalhador.

Indústria têxtil do final do século XIX

HISTÓRICO MUNDIAL 1556 – GEORGIUS AGRÍCOLA Primeiro autor a abordar a relação saúde/trabalho em um livro, “De Re Mettalica” que estuda vários problemas relacionados com a extração e a fundição do ouro e da prata, enfoca inclusive, os acidentes de trabalho e doenças mais comuns entre os mineiros.

HISTÓRICO MUNDIAL 1557 –PARACELSO Precursor do estudo sistêmico das doenças, como lepra, gota, epilepsia, entre outras. Publica monografia que trata especificamente da relação entre saúde e trabalho, estuda vários métodos de trabalho e inúmeras substâncias manuseadas, dedica especial atenção às intoxicações por mercúrio.

HISTÓRICO MUNDIAL 1700 – BERNARDINO RAMAZZINI “Pai da Medicina do Trabalho” (As doenças dos trabalhadores) Pesquisa sobre doenças profissionais: mineiros, químicos, pintores, ferreiros, saboeiros, cloaqueiros, tipógrafos, salineiros, atletas, militares ...

HISTÓRICO MUNDIAL 1700 – BERNARDINO RAMAZZINI Sistematiza e classifica as doenças seguindo a natureza e o grau de nexo com o trabalho. Sugere prescrições médicas preventivas ou curativas contra as doenças dos operários.

Da classificação empírica construída por Ramazzini, sistematiza-se

Tecnopatias: doenças diretamente causadas pela nocividade da matéria manipulada que dão origem às doenças profissionais

Mesopatias: doenças produzidas pelas condições de trabalho: posições forçadas, inadequadas, de pé, sentado, inclinado, encurvado.

Os estudos do inglês, Richard Schilling trazem uma classificação própria agrupando as doenças como:

Causadas pelo trabalho

Agravadas pelo trabalho

Este estudo se fez para fins médico-legais vinculados à prestação de benefícios do seguro.

Categoria de Doenças Relacionadas ao Trabalho

I - Trabalho com Causa Necessária: intoxicação por chumbo, silicose.

II – Trabalho como Fator Contributivo, mas não Necessário: doença coronariana, varizes dos membros inferiores, doenças do aparelho locomotor.

Categoria de Doenças Relacionadas ao Trabalho

III – Trabalho como Provocador de um Distúrbio Latente ou Agravador de Doença já Estabelecida: bronquite crônica, úlcera péptica, eczema, doenças mentais.

HISTÓRICO MUNDIAL

1802 – Inglaterra Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes Estabelece um limite de 12 horas de trabalho por dia; proíbe o trabalho noturno; torna obrigatória a ventilação do ambiente de trabalho e a lavagem das paredes da fábrica duas vezes ao ano.

HISTÓRICO MUNDIAL

1833 – Factory Act

Primeira norma promulgada pelo parlamento britânico com ação eficiente no campo de proteção ao trabalhador. Ela fixa em 9 anos a idade mínima para o trabalho.

HISTÓRICO MUNDIAL

1833 – Factory Act

Estabelece o limite de 12 horas de trabalho por dia e de 69 horas por semana; proíbe o trabalho noturno para menores de 18 anos e exige a realização de exames médicos de todas as crianças trabalhadoras.

HISTÓRICO MUNDIAL

1834 – Dr. Robert Baker

Primeiro inspetor médico de fábrica.

1842 – ESCÓCIA

Primeiro médico de fábrica têxtil. Sua função é submeter os menores trabalhadores a exames.

HISTÓRICO MUNDIAL

1897 – Factory Inspectorate

Órgão do Ministério do Trabalho da Inglaterra que realiza exames médicos admissionais e periódicos, mas também, notifica e investiga casos de doenças profissionais.

HISTÓRICO MUNDIAL

1919 – OIT

Criação da Organização Internacional do Trabalho, hoje vinculada à Organização nas Nações Unidas – ONU.

HISTÓRICO MUNDIAL

1950 – COMITÊ MISTO OIT/OMS

Trabalho conjunto entre a Organização Internacional do Trabalho e a Organização Mundial da Saúde, que define as funções da Medicina do Trabalho:

PROMOVER e MANTER o mais alto grau de bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores de todas as ocupações.

PREVENIR entre os trabalhadores os desvios de saúde causados pelas condições de trabalho.

PROTEGER os trabalhadores em seus empregos contra os riscos resultantes de fatores ou agentes prejudiciais a sua saúde.

COLOCAR e MANTER o trabalhador em um trabalho adequado as suas aptidões fisiológicas e psicológicas.

ADAPTAR o trabalho ao homem e cada homem a sua atividade.

HISTÓRICO NACIONAL

Durante os três primeiros séculos de nossa história, a atividade industrial se restringia à fabricação do açúcar nos engenhos e à mineração, utilizando-se de técnicas bastante rudimentares.

No Brasil, só foi permitido instalar fábricas após 1808, quando a corte portuguesa se transferiu para cá.

HISTÓRICO NACIONAL

1869 – Primeira máquina a vapor para a Fiação São Luiz, em Itu, Estado de São Paulo.

1890 – Criação do Conselho de Saúde Pública, que estabelece a primeira legislação sobre as condições de trabalho industrial.

HISTÓRICO NACIONAL

1919 – Surge a Lei de Acidentes do Trabalho assinalando a intervenção do Estado nas condições de consumo da força de trabalho.

HISTÓRICO NACIONAL

1920 – Fiação Maria Zélia, situada no bairro de Tatuapé, em São Paulo, contrata um médico para dar atenção à saúde de seus trabalhadores.

1923 – Regulamento Sanitário Federal (Reforma Carlos Chagas), que concluiria a higiene profissional e industrial no âmbito de saúde pública.

HISTÓRICO NACIONAL

1930 – Criação do Ministério do Trabalho (MTb), a questão da saúde e segurança dos trabalhadores passa para o âmbito deste Ministério, onde permanece até hoje.

HISTÓRICO NACIONAL

1934 – Criação da Inspetoria de Higiene e Segurança no Trabalho que transformou-se, ao longo dos anos em Serviço, Divisão, Departamento e, atualmente, em Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST/MTb).

HISTÓRICO NACIONAL

1972 – O Governo edita a Portaria nº. 3.237 criando o “Programa de Valorização do Trabalhador”, obrigando algumas poucas empresas a criar serviços médicos conforme o grau de risco e o número de empregados e, como também ...

HISTÓRICO NACIONAL

... inicia um programa de formação de médicos do trabalho através de cursos ministrados pela FUNDACENTRO (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho).

HISTÓRICO NACIONAL

1977 – Lei nº. 6.514 que regulamenta o Capítulo V (artigos 154 a 201) da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que trata da segurança e da saúde dos trabalhadores.

1978 – O Ministério do Trabalho aprova a Portaria nº. 3.214 com as 28 Normas Regulamentadoras (NR), relativas á segurança e medicina do trabalho.

HISTÓRICO NACIONAL

1988 – Aprovada a Portaria nº. 3.067 com 5 Normas Regulamentadoras Rurais (NRR), estabelecendo a obrigatoriedade de contratação de médico do trabalho em empresas rurais com mais de 300 empregados.

1991 – Através do Decreto nº. 127, o Brasil ratifica a Convenção nº. 161/85 (OIT) que trata dos serviços de saúde no trabalho.

O que é Saúde? Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) “saúde é um estado completo de bem-estar físico, mental e social e não só a ausência de doença ou enfermidade”.

Subcarga, atrofia. Carga bem dimensionada, desenvolve

Sobrecarga, desgasta. (Grandjean – 2005)

CONDIÇÕES DE TRABALHO

1. Ambiente Físico – temperatura, pressão, ruído, vibração, irradiação, iluminação, mobiliário.

2. Ambiente Químico – vapores, gases tóxicos, poeira, fumaça.

3. Ambiente Biológico – vírus, bactérias, fungos.

CONDIÇÕES DE TRABALHO

4. Condições de Higiene e Segurança

5. Antropometria do Posto de Trabalho

A segurança, a saúde e a higiene do trabalho assumem, na atualidade, uma importância

crescente na vida das empresas?

Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho - Competitividade. - Gestão de vetores estratégicos centrados

nos recursos humanos para reforçar competências.

- Aprofundar os modelos de gestão.

Ao longo do século XX podemos identificar fases, bem marcantes, no desenvolvimento das estratégias de segurança e saúde do trabalho. São elas:

FASE 1 Sequência do desenvolvimento da industrialização, a segurança e saúde do trabalho visam garantir a capacidade de trabalho dos trabalhadores, pelo que se centra em abordagens preventivas (corretiva) introduzidas na sequência de incidentes, acidentes ou da manifestação de fatores mais gravosos de doenças profissionais.

FASE 2 No pós-guerra, desenvolveu-se o conceito de prevenção integrada, mas ainda centrada nos componentes materiais do trabalho.

FASE 3 A partir dos anos 70/80, há a valorização dos fatores humanos e organizacionais do trabalho e a concepção de uma filosofia de gestão que chega ao ponto da Segurança e Saúde do Trabalho integrar com a Qualidade e o Ambiente vertentes fundamentais das estratégias dos gestores e da cultura da empresa.

As profundas mudanças ocorridas no trabalho, por força da inovação tecnológica, da configuração dos mercados e das qualificações requeridas aos trabalhadores, faz com que, o ato de trabalhar é, hoje em dia, mais complexo, mais exigente e, por isso, exige mais segurança, mais saúde e mais bem estar.

Como então implementar um Sistema ou

Programa de Segurança e Saúde do Trabalho? (SST)

Visão Valores Estratégia Recursos Capacidade Motivação Feedback - MUDANÇA ? Valores Estrat Rec. Capacid. Motiv. Feed. - CONFUSÃO Visão ? Estrat. Rec. Capacid. Motiv. Feed; - CORRUPÇÃO Visão Valor ? Rec. Capacid. Motiv. Feed. - DIFUSÃO Visão Valor Estrat. ? Capacid. Motiv. Feed. - FRUSTRAÇÃO Visão Valor Estrat. Rec. ? Motiv. Feed - FADIGA Visão Valor Estrat. Rec. Capacid. ? Feed. - LENTIDÃO Visão Valor Estrat. Rec. Capacid. Motiv. ? - DÚVIDA

Mas o que é GESTÃO? Ato de gerir derivado da administração, palavra do português europeu, relacionada ao ato de administrar, pois quem planeja, coordena, controla e organiza é o administrador.

Mas o que é GESTÃO? O ato de gerir é um ato de ações pré-determinadas por um administrador, ou seja, ações exercidas por um gerente.

Sinônimos Controlar, testar, cuidar direção, diretriz, manutenção, orientação, dianteira, frente, regência, vanguarda, aplicação, governo, leme, norte, rédea, informação, autoridade, comando, guia ...

Programas que buscam o gerenciamento mais amplo dos fatores de riscos ocupacionais, do meio ambiente e da qualidade de vida: PPRA – Prog. de Prevenção de Riscos Ambientais

PCMSO – Prog. de Controle Médico de Saúde Ocupacional

PCMAT – Prog. de Condição e Meio Ambiente\ Constr. Civil

PGR – Prog. de gerenciamento de Riscos Ind. Mineração

PCA - Programa de Conservação Auditiva

PPR - Programa de Prevenção Respiratória

A evolução da segurança Busca acompanha as diferentes tendências organizacionais e tecnológicas. Nos primeiros tempos da era industrial os modelos de segurança centravam-se na prevenção de falhas com origem na tecnologia.

- Com o aparecimento das tecnologias de informação, os aspectos cognitivos relacionados com o trabalho assumem preponderância e a prevenção da falha e erro humano passa a estar no centro dos principais modelos de segurança.

- Para além de objetivos de redução de custos com pessoal, o recurso à automatização é encarado como uma via que permite eliminar o elemento falível (o operador humano) dos processos produtivos.

Alguns aspectos são importantes como lições para o domínio da gestão da segurança A escassez de recursos , em parte motivada pelo contínuo aumento dos custos energéticos, é cada vez mais uma realidade com a qual as organizações são confrontadas, independentemente do setor de atividade em que se encontram. Assim é fundamental aumentar os aspectos de produtividade e reduzir custos...

Neste contexto, os investimentos em segurança são, frequentemente, menosprezados e as barreiras existentes deterioram-se sob as pressões de produção. Esta deterioração caracteriza um processo de progressiva aproximação de limiares de segurança que, uma vez transpostos, expõem o sistema a falhas.

Deste modo, surge a percepção de que aspectos como a falha técnica ou humana são muitas vezes indicadores de problemas emergentes ao nível dos sistemas sócio-técnicos e dos vários processos de segurança e operação que lhes estão associados. Interface: Sistema + homem + tarefa + máquina

GESTÃO DA RESILIÊNCIA

Em contexto organizacional (sistemas sócio-técnicos), Hollnagel (2011) define resiliência como a capacidade intrínseca de um sistema ajustar o seu funcionamento durante e após alterações ou perturbações, de modo a manter um nível operacional desejado perante circunstâncias, tanto expectáveis como inesperadas.

A gestão da resiliência tem como objetivo garantir a eficiência e segurança das organizações, através de processos e mecanismos de controle da incerteza e da imprevisibilidade inerentes à elevada complexidade e dimensão dos atuais sistemas sócio-técnicos.

Dada a ênfase na capacidade de recuperar a normalidade operacional após incidentes ou outras perturbações, a resiliência de sistemas é, sobretudo, um processo que uma dada organização é, ou não, capaz de desenvolver ao longo de um determinado período de tempo e não tanto uma capacidade que possui.

Nesta perspectiva, a resiliência é vista como um processo emergente (ou não) da forma como a organização opera, segundo três capacidades distintas: 1. Antecipação 2. Sobrevivência 3. Recuperação

ANTECIPAÇÃO Potenciais ameaças evitando assim ocorrências indesejáveis. SOBREVIVÊNCIA Manter um nível operacional tão elevado quanto possível e evitar que uma dada ocorrência degrade as operações mais do que um mínimo inevitável.

RECUPERAÇÃO Restabelecimento tão rápido quanto possível da normalidade operacional após uma dada ocorrência. Assim as três capacidades devem ser trabalhadas aos diferentes níveis e áreas do sistema sócio-técnico, ainda que, em determinadas circunstâncias ou componentes do sistema, uma ou outra capacidade possa ter maior relevância do que as restantes.

Estas três capacidades pretendem dotar as organizações de mecanismos que permitam ajustar as condições operacionais às constantes variações do envolvimento. Neste sentido, o objetivo fundamental da resiliência é detectar a necessidade de proceder a ajustamentos operacionais, tanto quanto possível, por antecipação de mudanças no envolvimento.

ESTABILIDADE & FLEXIBILIDADE A estabilidade é necessária para assegurar um mínimo de condições a um eficaz controle do sistema. Sem um conjunto viável de referências operacionais, tais como parâmetros de desempenho, torna-se impossível aferir a evolução e estado operacional do sistema.

Por outro lado, a flexibilidade é, cada vez mais, uma condição fundamental para permitir aos sistemas uma capacidade de rápida adaptação às mudanças. Um sistema que procure demasiada estabilidade rapidamente se torna rígido e incapaz de responder às solicitações e pressões do envolvimento.

N

ESTABILIDADE - Os procedimentos formais reforçam

aspectos de rotina e contribuem para uma melhor coordenação entre processos e operações.

- A centralização pode contribuir para o aumento da fiabilidade, uma vez que tende a limitar a variabilidade induzida pela experiência e capacidades individuais

ESTABILIADADE - A padronização contribui para o aumento

da qualidade de processos e produtos. - A automatização de processos reforça a

padronização, sobretudo quando se recorre a tecnologias amplamente conhecidas.

FLEXIBILIDADE - As práticas de trabalho informais são

desenvolvidas com base na existência de uma autonomia localizada e contribuem para o fortalecimento desta mesma autonomia.

- A descentralização é um aspecto fundamental para a partilha de informação e o enriquecimento das tomadas de decisão enquanto processos participativos.

FLEXIBILIDADE - A capacidade de ajustamento das

características de processos e produtos permite uma resposta eficaz às mudanças de mercados e uma efetiva aprendizagem organizacional.

- O recurso a tecnologias que proporcionam um nível de controle adequado por parte do operador humano em lugar de o limitarem.

EFICIÊNCIA & SEGURANÇA Os aspectos que contribuem para uma maior eficiência são normalmente contrários aos aspectos que contribuem para a segurança?

Entende-se eficiência como a capacidade de realizar algo utilizando um mínimo possível de recursos, torna-se fundamental haver um investimento num mínimo de eficiência operacional.

Em sentido oposto, a segurança implica sempre algum investimento, mesmo que seja apenas de tempo adicional para proceder a verificações ou monitorizações diversas e, em tarefas de elevado risco ou precisão, implica frequentemente a adoção de procedimentos extremamente meticulosos ou com recursos a tecnologias caras. Ex: linhas de trens.

O equilíbrio entre eficiência e segurança depende consideravelmente da forma como são geridos os processos de tomada de decisão. Aqui é fundamental o recurso a informação fidedigna relativamente ao estado do sistema, no sentido de sustentar o processo de tomada de decisão, reduzindo a incerteza relativamente às potenciais consequências de cada opção ponderada ao longo deste processo.

Assim, o acesso a esta informação e a capacidade de decidir de acordo com os dados disponíveis dependem, significativamente, da capacidade de gerir um equilíbrio entre uma autonomia local para decidir e agir, e um mínimo de centralização necessário à coordenação de decisões e consequentes ações.

Do ponto de vista da resiliência, o equilíbrio entre eficiência e segurança deve ser estabelecido em torno de um máximo de eficiência possível, mantendo a operação do sistema na vizinhança dos limites das suas capacidades, e a segurança necessária para impedir que esses mesmos limites sejam atingidos ou ultrapassados.

A dificuldade na gestão deste equilíbrio reside, precisamente, no fato de que a dedicação a aspectos de segurança torna-se tanto mais necessária quando as pressões de produtividade (e, portanto, de aumento de eficiência) são tanto mais elevadas.

Neste contexto, os operadores aos mais diversos níveis de um sistema sócio-técnico necessitam de informação capaz de sustentar as suas tomadas de decisão.

Em última análise, a evolução em termos de segurança depende da informação que é produzida e disseminada através dos membros de uma organização relativamente a mudanças nas condições operacionais e às vulnerabilidades que estas mudanças podem gerar.

Gestão da Incerteza Operacional A incerteza resulta, da dificuldade em desenvolver modelos e parâmetros capazes de reproduzir de forma adequada a complexidade e variabilidade dos sistemas. Assim, as tomadas de decisão e processos nos diferentes níveis hierárquicos e áreas organizacionais devem tomar cultural que, a todo o momento, apenas é possível acessar a um conhecimento parcial do estado operacional do sistema.

O controle operacional e a segurança de sistemas complexos estão intrinsecamente relacionados com a capacidade de gerir fatores de incerteza.

Há duas abordagens distintas para a gestão e controle de fatores de incerteza. 1. Minimização da incerteza com base num controle centralizado rígido. 2. Gestão flexível de fatores de incerteza que recorre, fundamentalmente, a um controle flexível com base na autonomia local.

Do ponto de vista da resiliência, ambas as perspectivas de controle e gestão da incerteza são necessárias. O objetivo deve ser gerar um equilíbrio entre um mínimo de rigidez necessário à coesão e controle do sistema socio-técnico no seu todo e a atribuição de graus de liberdade operacional necessários para um ajustamento e resposta eficazes face à variabilidade do envolvimento organizacional . (indústria automobilística)

Os Processos de Tomada de Decisão Uma tomada de decisão implica sempre a necessidade de resolver um problema. Um processo de tomada de decisão é iniciado pela percepção de uma determinada situação de conflito entre diferentes ideias ou circunstâncias que, por sua vez, dão origem a diferentes formas de agir e procurar a resolução dos problemas em causa.

Toda tomada de decisão produz algum tipo de ajuste operacional a variações do envolvimento e, como tal, têm repercussões ao nível da gestão das capacidades e recursos do sistema, e na forma como estes são utilizados para gerir a incerteza operacional.

Processo de tomada de decisão partilhado ou distribuído ( distributed decision making) Assim, gerir e avaliar a resiliência de um sistema deve passar pela compreensão dos fluxos de informação gerados e dos processos de tomada de decisão.

Processo de tomada de decisão partilhado ou distribuído (distributed decision making) Desta perspectiva, a relevância não reside nos aspectos cognitivos da tomada de decisão, mas sim na forma como estes processos são construídos através dos diferentes níveis e áreas do sistema, e como são partilhados pelos diferentes membros da organização.

O fluxo de informação compartilhado pode seguir 2 versões: 1. As diretrizes e políticas emanadas pelo Estado e entidades reguladoras são progressivamente detalhadas e transformadas em procedimentos de operação e segurança...

Mas na prática, estes procedimentos determinam os limites dentro dos quais se deverá desenvolver a atividade das empresas do setor em causa, uma vez que impõem as condições de segurança dentro das quais estas devem ser desenvolvidas, independentemente dos objetivos de cada empresa. (Fluxo Descendente)

O fluxo de informação compartilhado pode seguir 2 versões: 2. Os níveis operacionais do sistema fornecem informação de retorno aos níveis de gestão superiores relativamente ao estado do sistema em geral e ao cumprimento ou não dos procedimentos de operação e segurança produzidos...

Deste modo, estabelece-se um fluxo circular de informação que assegura o controle e gestão do sistema e do qual depende a eficiência, segurança e viabilidade operacional. Do ponto de vista da gestão da resiliência, pretende-se identificar e avaliar falhas ou insuficiências de comunicação ao longo deste fluxo de informação. (Fluxo Ascendente)

Características de Sistemas Resilientes - Cultura focada na aprendizagem. - Equidade. - Perceptividade das reais condições com o

desempenho do sistema. - Compromisso com o fator humano. - Planejamento para lidar com os potenciais

problemas.

Características de Sistemas Não Resilientes - Cultura focada na produtividade. - A segurança não está suficientemente

integrada nas decisões de gestão e na forma como a organização se comporta como um todo.

- Os parâmetros de segurança e operação não são revistos, mesmo quanto surgem indicadores (mesmo que tênues) de problemas.

Gestão da Resiliência * Do ponto de vista da gestão da resiliência, os processos de tomada de decisão ao longo de uma estrutura de gestão e controlo de risos são orientados por dois princípios distintos: - Otimizar a produtividade e eficiência - Reforçar as condições de segurança e

viabilidade

Otimizar a produtividade e eficiência na aplicação dos recursos disponíveis, procurando concretizar o máximo possível de objetivos de produção em cada momento e local. Reforçar as condições de segurança e viabilidade das operações realizadas, procurando disponibilizar maiores margens de segurança e de recursos disponíveis para lidar com circunstâncias imprevistas (não antecipadas).

A investigação de acidentes graves ocorridos nas últimas décadas evidencia a necessidade de um novo paradigma para a gestão da segurança .

Por um lado, as exigências e pressões a que atualmente se encontra submetida a grande maioria das organizações, requer uma integração mais eficaz de componentes de operação e de segurança , de modo a alcançar um equilíbrio capaz de satisfazer as necessidades de ambas as componentes.

Por outro lado, a dimensão e complexidade organizacional está na origem de uma nova tipologia de riscos que vai para além da falha técnica ou humana . A análise e gestão destes riscos requerem modelos compatíveis com a necessidade de controlar fatores de incerteza e variabilidade inerentes à elevada complexidade e dinâmica organizacionais.

As abordagens de controle centralizado e por via de fortes regulamentações (definição de prazos e capacidades necessárias, certificações, entre outros) tem demonstrado demasiada rigidez para responder a estas novas características organizacionais, sendo necessário reconhecer o papel fundamental das pessoas na gestão de um equilíbrio dinâmico entre os objetivos de eficiência e os de segurança.

Recentemente, têm sido desenvolvidos vários estudos no âmbito da gestão da resiliência (resilience engineering), abrangendo domínios tão diversos como a indústria aeronáutica, ferroviária, petroquímica, nuclear, ou mesmo o sector de serviços e atividades financeiras...

Estes estudos têm contribuído significativamente para o desenvolvimento de metodologias e modelos mais adequados aos problemas da elevada complexidade e da dinâmica e incerteza que lhe estão inerentes.

Por um lado, todos estes estudos reconhecem, nos sectores em análise, as características da complexidade organizacional, da incerteza operacional que lhe está associada e dos desafios que estes aspectos representam para a gestão da segurança.

Por outro lado, foram identificadas semelhanças entre as pressões operacionais exercidas sobre os sistemas sócio-técnicos e as repercussões que estas têm ao nível da capacidade de controle e gestão de riscos. Tendo em conta a atual conjuntura económica e social, em particular o acentuado aumento dos custos associados a recursos energéticos e financeiros ...

... é expectável um progressivo agravamento das pressões operacionais associadas à escassez de recursos. Deste modo, os problemas abordados pela gestão da resiliência ganham crescente relevância.

REFERÊNCIAS

BARBOSA FILHO, Antônio Nunes. Segurança do trabalho & gestão ambiental. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

CARDELLA, Benedito. Segurança no trabalho e prevenção de acidentes: uma abordagem holística. São Paulo: Atlas, 1999.

REFERÊNCIAS

MATTOS, U. A. de O.; MASCULO, F. S. (org.). Higiene e segurança do trabalho. Rio de Janeiro: Elsevier-Abepro, 2011.

SALIBA, T. M. Curso básico de segurança ocupacional. São Paulo: LTr, 2011.

ZOCCHIO, Álvaro. Prática da prevenção de acidentes: abc da segurança do trabalho. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

SITES de PESQUISA

www.protecao.com.br

www.mtb.gov.br ou www.trabalho.gov.br

www.anamt.com.br

www.previdenciasocial.gov.br ou www.mpas.gov.br

www.anvisa.gov.br

www.saude.gov.br

www.saudeetrabalho.com.br

Textos para leitura http://psicologianotrabalho.blogspot.com.br/2012/08/professor-erik-hollnagel-entrevista.html http://www.cbr.cam.ac.uk/pdf/Grote_Weichbrodt_Uncertainty_Management.pdf