Upload
trantram
View
212
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Página 1 de 15
PROGRAMA GERAL DA FORMAÇÃO ESPECIALIZADA EM ANÁLISES CLÍNICAS
( MARÇO 2017 )
________________________________________________
PREÂMBULO A especialização e a qualificação do Biólogo profissional de Saúde é uma exigência na garantia da qualidade e adequação do exercício da profissão. Face à alteração legislativa ocorrida pela publicação da Lei n.º 159 de 18 de setembro de 2015, da Assembleia da República, que aprovou o novo Estatuto da Ordem dos Biólogos, foi publicado o “Regulamento de Atribuição de Títulos de Especialista em Análises Clínicas, em Genética Humana e em Embriologia/Reprodução Humana (RATE)” (Regulamento n.º 87/2016, Diário da República, 2.ª série - N.º 18 - 27 de janeiro de 2016), o qual serve de suporte legal na definição dos tempos mínimos de experiência profissional tutelada, distribuído pelas diferentes áreas da Especialidade do Colégio de Biologia Humana e Saúde (CBHS), em Análises Clínicas, em Genética Humana e em Embriologia/Reprodução Humana.
A Diretiva Europeia para o reconhecimento das Qualificações Profissionais (Diretiva 2013/55/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de novembro, que altera a Diretiva 2005/36/CE relativa ao reconhecimento das qualificações profissionais e o Regulamento (UE) 1024/2012 relativo à cooperação administrativa através do Sistema de Informação do Mercado Interno1) descreve uma plataforma de formação comum para as diferentes atividades dos vários profissionais de saúde europeus.
Em conformidade com esta Diretiva e com a especialidade europeia em laboratório clínico, mais
concretamente com o plano descrito no EC4 - European Syllabus for Post-Graduate Training in Clinical Chemistry and Laboratory Medicine (Recommended Standards for Training Specialists in Laboratory Medicine/Medical Biopathology2), o CBHS define o programa de conhecimentos e competências a adquirir em Análises Clínicas (AC).
Os conteúdos funcionais e competências aqui definidos, referem-se ao conjunto de conhecimentos e experiência que se exige no final do Programa de Formação Especializada (PFE) em AC, e que é passível de ser avaliado durante o exame para a obtenção do Título de Especialidade do CBHS. O profissional, membro efetivo da Ordem dos Biólogos a exercer atividade em território nacional na área das AC, que pretenda iniciar ou integrar um PFE, deve solicitar ao CBHS a sua inclusão no processo de PFE seguido por este.
1 http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:32013L0055&from=EN, 2 http://www.uems-slm.org/uems/01-PDF/BB_2012May_Final.pdf
Página 2 de 15
Nesse caso, o PFE deve ser adaptado à realidade de cada profissional, cujas competências e formação profissional anteriormente adquirida são avaliadas e validadas pelo CBHS. Face ao exposto, a Direção do CBHS, por competência estatutária, define o programa geral de formação tutelada especializada em Análises Clínicas.
I. EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL TUTELADA
Áreas Funcionais O candidato à Especialização deve evidenciar um tempo mínimo de experiência profissional tutelada de quatro anos, distribuídos segundo o definido no Artigo 19º, alínea b) do RATE, onde se pode ler:
“b) Experiência profissional tutelada de, pelo menos, quatro anos, abrangendo as quatro áreas funcionais obrigatórias, sem prejuízo de outras que venham a ser criadas, com um mínimo de dezasseis meses em Bioquímica, catorze meses em Hematologia, doze meses em Microbiologia, três meses em Imunologia e três meses em área funcional opcional. Este período poderá ser cumprido integralmente na mesma unidade/laboratório/serviços ou em diferentes unidades/laboratórios/serviços, devendo processar-se de modo contínuo. A atividade profissional, quando efetuada em diferentes laboratórios, deverá ser realizada sem interrupções injustificadas superiores a um ano. Caso aconteçam carecerão de parecer a submeter à apreciação do Colégio de Biologia Humana e Saúde, que deliberará da sua aceitação/rejeição.”
No final de cada área de formação tutelada, o formando deve apresentar um relatório detalhado dos métodos, procedimentos e alguns casos clínicos mais relevantes, abordados durante o estágio. O conjunto de todos os relatórios de estágio do PFE de cada estagiário, são passíveis de análise e avaliação durante os Exames de Especialidade do CBHS. No caso particular da prática em flebotomia, é aconselhável um período mínimo de 3 meses de treino intensivo diário / 5 dias da semana, seguido de períodos esporádicos ao longo da formação especializada tutelada. Os profissionais tutores definem, ao longo do período da formação tutelada, quando consideram o formando apto no ato da flebotomia. O Artigo 20º, no ponto 2) do RATE, define os profissionais tutores e suas responsabilidades:
“2 — A atividade profissional tutelada desenvolvida em cada área funcional deverá ser assegurada por um orientador Especialista em análises clínicas ou patologia clínica, o qual em conjunto com o responsável técnico da unidade/laboratório/serviço deverá efetuar a avaliação no final do período formativo de cada área funcional (anexo G).”
Página 3 de 15
II. PROGRAMA DE CONHECIMENTOS/COMPETÊNCIAS
Deve-se entender este programa de formação como o conjunto de conhecimentos e competências que o Especialista necessita possuir no fim do período de formação tutelada, salvaguardando os conhecimentos que foram adquiridos pelo profissional durante a sua formação académica e que devem ser regra geral, apenas objeto de revisão.
Laboratório Clínico: habilitações, conhecimento base e competências
1. Conhecimentos Básicos Conhecimento da estrutura e funcionamento da célula; Compreender a organização do corpo humano ao nível das células e bioquímico e dos tecidos; Conhecer a fisiologia e anatomia normal e patológica do corpo ao nível dos sistemas do
tegumento, esquelético, nervoso, cardiovascular (incluindo sangue, vasos sanguíneos e sistema linfático), respiratório, endócrino, renal, gastrointestinal (incluindo nutrição), urinário e reprodutivo;
Conhecer o processo do desenvolvimento embrionário, desde a conceção ao nascimento; Conhecer os mecanismos de resposta à doença incluindo morte celular, inflamação, neoplasia,
hipertrofia, hiperplasia e resposta do tecido à ferida e reparação; Descrever a fisiopatologia das doenças comuns do organismo humano; Compreender os princípios básicos de microbiologia, incluindo controlo da infeção. Infeções
bacterianas e virais. Principais agentes e sua caracterização. Epidemiologia, quadros clínicos, diagnóstico e terapêutica;
Infeções parasitárias: helmintas e protozoários, ciclos de vida, epidemiologia, quadros clínicos, diagnóstico e terapêutica;
Micoses: epidemiologia, quadros clínicos, diagnóstico e terapêutica; Compreender os princípios básicos de imunologia, defesas naturais, resposta imune mediada
pelas células B e T; Compreender os princípios básicos de Bioquímica clínica e metabolismo dos processos
fisiológicos, homeostáticos e fisiopatológicos; Compreender os princípios básicos de hematologia. Doenças hematológicas: anemias e
leucoses e alterações da coagulação; Compreender os princípios básicos de histologia, incluindo técnicas de coloração e
microscópicas.
Competências Conhecimento e domínio das ciências relevantes para a prática do laboratório clínico. Domínio de conhecimentos teóricos e dos processos bioquímicos na saúde e na doença do ser
humano relevantes na prática do laboratório clínico.
2. Importância do Laboratório Clínico Na deteção precoce da doença, suscetibilidade na doença, epidemiologia ou rastreio; No diagnóstico de patologias de diferentes órgãos ou sistemas; Na monitorização e prognóstico da doença; No tratamento, previsão e monitorização da resposta terapêutica;
Página 4 de 15
Na execução adicional de exames especializados; Na realização de testes funcionais.
Competências Atualização e desenvolvimento permanente de diferentes metodologias com utilidade para o diagnóstico de diferentes patologias.
3. Importância da colheita e conservação das amostras Programação dos diferentes tipos de colheita de amostras, organização, conservação,
influência da nutrição, fármacos, postura, jejum, etc; Seleção adequada de tubos de colheita, anticoagulantes e meios de transporte; Identificação das amostras, transporte, armazenamento, conservação e estabilidade; Ato da punção venosa/flebotomia.
Competências Requisitos pré-analíticos: reconhecer os fatores pré-analíticos que comprometem a validade
do processo analítico. Punção venosa.
4. Princípios e técnicas analíticas Técnicas de separação, incluindo cromatografia liquida, de alta pressão, camada fina, de
afinidade e coluna; electroforese (gel, capilaridade, de focagem isoelétrica, diálise, centrifugação/ultracentrifugação);
Técnicas analíticas clássicas de titulação; Métodos fotométricos: espectrofotometria (UV, visível), absorção atómica, turbidimetria,
nefelometria, espectrofluorometria, emissão de chama, reflectometria; Métodos espectrométricos: espectrometria de massa, ressonância magnética nuclear e
infravermelhos; Técnicas eletroquímicas: electrodos seletivos, biossensor e impedância. Técnicas de análise de
proteínas: electroforese, cromatografia; Técnicas de análise de ácidos nucleicos: extração e preparação de RNA e DNA; amplificação
por PCR e PCR reversa, PCR quantitativo; Técnicas imunoquímicas: Princípio das reações antigénio-anticorpo, imunoeletroforese,
imunofixação, imunonefelometria, turbidimetria, imunoensaios homogéneos e não homogéneos, imunoensaios competitivos e não-competitivos, interferência;
Sistemas de deteção do sinal, marcadores colorimétricos/fluorimétricos, técnicas de utilização de isótopos radioativos;
Técnicas de aglutinação; Análise enzimática e métodos de determinação do substrato, reagentes enzimáticos, cinética
e inibidores enzimáticos; Conhecimentos de instrumentação analítica e avaliação de equipamentos: Microscopia,
coloração hematológica, citometria de fluxo, cultura e sensibilidade, cultura microbiana,
Página 5 de 15
seleção dos meios de cultura, condições de incubação, teste de antibiograma, técnicas de coloração microbiana para identificação de bactérias, vírus e fungos.
Competências Conhecimento aprofundado no uso de técnicas analíticas e tecnologia relevantes para a avaliação especializada, apreciação ativa do desenvolvimento e atitude de inovação e criatividade na implementação de procedimentos.
5. Avaliação analítica dos métodos laboratoriais Precisão, exatidão, sensibilidade, especificidade; Interferência; Intervalos analíticos e clínicos, limites de deteção, carry-over; Garantia da qualidade interna e avaliação externa da qualidade; Comparação estatística de métodos; Métodos definitivos, métodos de referência, calibradores primários e secundários,
rastreabilidade e reprodutibilidade; Dados laboratoriais e populacionais: amostragem, valores de referência; Valores preditivos negativos e positivos dos resultados, sensibilidade e especificidade
diagnóstica, exatidão diagnóstica, verossimilhança; Intervalos de confiança.
Competências Capacidade de avaliação de métodos laboratoriais e a sua utilidade clínica. Capacidade de utilização de ferramentas estatísticas adequadas, folhas de cálculo
computacionais e bases de dados para o tratamento de dados laboratoriais obtidos.
6. Avaliação clínica dos métodos de laboratório Intervalos de referência e variabilidade biológica. Influência genética, ambiental, idade, sexo,
alimentar, sazonal e diária, influência dos agentes terapêuticos; Sensibilidade clínica, especificidade e valor preditivo de métodos analíticos; Estratégias de diagnóstico e objetivos analíticos dos testes de química clínica.
Competências Saber obter, explorar e usar o conhecimento e metodologias de investigação no interesse da
saúde humana. Assumir a responsabilidade pelos dados e informação produzidos no laboratório clínico,
incluindo o conhecimento da influência da variação (biológica e analítica) na interpretação dos dados.
Página 6 de 15
7. Casos clínicos: avaliação dos testes laboratoriais e resultados Enquanto consultor, o especialista de laboratório clínico possui o conhecimento adequado para a escolha dos testes e interpretação dos resultados.
Avaliação de resultados individuais (identificação dos valores extremos, conhecimento da
importância dos resultados anteriores, conhecimento da combinação/inter-relação dos achados típicos na doença);
Uso dos valores de referência: contribuição da idade, genética, sexo, estilo de vida, fatores de interferência, efeito dos agentes terapêuticos, variação biológica e analítica;
Avaliação longitudinal das diferenças críticas no decurso da doença (ex. em condições de longo curso, cancro, durante a monitorização terapêutica e em resultado das alterações da terapêutica);
Estratégias de monitorização laboratorial em resposta às necessidades de intervenção e orientação clínicas;
Tomada de iniciativa independente no início e/ou recomendação de investigações futuras, teste reflexo;
O relatório do laboratório – deve fornecer a avaliação, orientação e comentários interpretativos.
Competências Interpretação, aconselhamento e orientação na aplicação adequada dos testes de laboratório. Saber transmitir o interesse das investigações laboratoriais aos utilizadores dos serviços do
laboratório.
8. Formação na área clínica Inclui a exposição ao ambiente onde o laboratório clínico intervém no cuidado ao paciente. São exemplos o acidente e emergência, o cuidado crítico e a aplicação dos testes point-of-care ” à cabeceira do paciente”. Participação em seminários e discussão de casos clínicos, também contribui para a aquisição da experiência clínica.
Competências Saber atuar em ambiente multidisciplinar e funcionar como consultor dos seus colegas
clínicos, discutir a escolha dos testes e a interpretação dos resultados obtidos. Compreensão da responsabilidade da prática da sua atividade contribuindo para o bem-estar
e segurança do pessoal, dos pacientes, dos colegas, da comunidade e do meio ambiente.
9. Investigação e desenvolvimento / auditoria
Desenvolvimento e investigação de novas metodologias e sua aplicação à clínica. Deve ser dada atenção especial:
Desenvolvimento de novas tecnologias e metodologias; Avaliação e teste das etapas de um método e os componentes de um instrumento;
Página 7 de 15
Iniciar, conduzir e avaliar investigação clínica laboratorial e desenvolvimento baseado na evidência da prática clínica;
Iniciar, dirigir e avaliar auditorias de forma a assegurar a qualidade, orientação e necessidades do paciente;
Gerar resultados da investigação e desenvolvimento, das auditorias e programas de desenvolvimento do serviço prestado, recorrendo a modelos estatísticos e científicos validados.
Competências Saber efetuar investigação básica ou aplicada, de forma a desenvolver o conhecimento na
área da química clínica e do laboratório clínico. Saber interpretar a literatura científica / revisões sistemáticas e desenhar programas
quantitativos e qualitativos de desenvolvimento, investigação, auditoria e melhoria dos serviços, baseados na melhor evidência.
Saber valorizar e definir prioridades de investigação, desenvolvimento e programas de auditoria e melhoria dos serviços.
Compreender a gestão da investigação, sua ética e questões legais, fluxos de financiamento, influência de organizações reguladoras e de saúde locais.
Saber desenhar e conduzir as experiências que garantam o cumprimento dos objetivos. Aplicação de procedimentos estatísticos e bioestatísticos de avaliação quantitativa e
qualitativa dos dados. Saber valorizar e transcrever os resultados à prática diária, quando adequado. Saber comunicar, oralmente e por escrito, incluindo a produção de relatórios e publicações
em revistas científicas internacionais, coerentes e claros.
10. Gestão do Laboratório e garantia da qualidade Dependendo do ambiente de trabalho e oportunidade, o especialista de laboratório deve estar familiarizado com algumas ou todas as responsabilidades aqui listadas. Algumas podem ser executadas no âmbito geral de uma organização, outras estão diretamente ligadas ao papel do especialista de laboratório, outras podem ainda ser-lhe delegadas.
a. Liderança e direção técnica do Laboratório
Definição dos requisitos; Definir estratégias e estabelecer prioridades; Formular planos laboratoriais; Conhecer e definir os recursos necessários – pessoal, espaço, equipamentos; Avaliar os custos (eficiência) e o custo-benefício (eficácia).
b. Organização do Laboratório
Esquematização e uso do espaço e instalações; Seleção de métodos e equipamentos; Seleção de Sistemas e tecnologia de gestão da informação; Recrutamento e gestão dos profissionais e competências adequadas às necessidades do
serviço; Estabelecer o processo pré-analítico, analítico e pós-analítico; Elaboração de protocolos, procedimentos, guias de orientação;
Página 8 de 15
Responsabilidades financeiras (contratualização, gestão do desempenho, controlo financeiro);
Elaborar os formulários de requisições e relatórios dos resultados.
c. Qualidade O laboratório médico e os sistemas de acreditação dos testes de “point-of-care”; Requisitos para um sistema de gestão da qualidade – garantia da qualidade, gestão e
monitorização de ações planeadas; Gestão da performance do controlo interno da qualidade e do programa de avaliação
externa da qualidade; Gestão dos dados: uso da informática médica, processamento de dados, folhas
excell/bases de dados, telecomunicação eletrónica.
d. Formação/treino e desenvolvimento profissional contínuo Garantir que as competências, habilitações e motivação do pessoal profissional,
correspondam aos requisitos do serviço; Assegurar o acesso à formação de todo o pessoal do laboratório, de acordo com as
necessidades do serviço; Participação na formação e avaliação dos profissionais do laboratório; Garantir que os profissionais do laboratório se mantenham atualizados, garantindo a sua
participação na formação contínua profissional (FCP); Garantir a adequada auto-formação, avaliação e FPC, de acordo com as necessidades.
e. Segurança do Laboratório
Manuseamento de amostras infeciosas (ex. HIV, hepatite), manuseamento de químicos e isótopos nocivos, segurança elétrica e mecânica, precauções antifogo, resolução do acidente, regulamentos de prevenção e higiene, doença profissional;
Sistemas de alerta e notificação do incidente.
f. Considerações éticas, legais e de decisão Leis, regulamentos, guias e normas de orientação e recomendações sobre trabalho no
Laboratório clínico: particularmente recomendações sobre acreditação de serviços, formação e estágios, saúde e segurança, controlo da infeção, edifícios, lei da contratação/emprego, regulação e registo dos profissionais de laboratório;
Aspetos éticos e convenções na elaboração, interpretação, relato e uso dos dados do laboratório médico. Confidencialidade, proteção de dados e segurança;
Expetativas clínicas e de investigação, do Governo / Estado, organizações de saúde e instituições empregadores, baseada na evidência da elevada qualidade dos cuidados prestados.
Competências
Saber guardar e proteger o público contra o uso indevido de investigações laboratoriais médicas.
Conhecimento dos princípios de gestão que levam a direção satisfatória, supervisão e organização de um departamento laboratorial, num hospital público ou privado, ou em qualquer outro ambiente de cuidados de saúde, que resulte na prestação de um serviço competente, como previsto no Manual da Qualidade do Laboratório, baseado nas boas práticas laboratoriais, como definido no documento EN-ISO 15189 e os Critérios Essenciais do EC4.
Página 9 de 15
Saber otimizar a distribuição dos recursos ao longo dos laboratórios centrais, locais periféricos e configuração dos testes “à cabeceira do paciente”.
Saber avaliar conflitos e considerações de ordem técnica, financeira e humana (ex. cuidado ao paciente, qualidade, segurança, custo e escalas de tempo) tanto a curto como a longo prazo, e encontrar a solução ótima no cuidado ao paciente.
Saber aplicar as técnicas atuais na gestão dos recursos humanos. Promover o equilíbrio entre liderança e capacidade crítica.
DISCIPLINAS DO LABORATÓRIO CLÍNICO: CONHECIMENTO ESPECIALIZADO
1. Programa de conhecimentos em Bioquímica/Endocrinologia e Marcadores Tumorais 1. Hidratos de carbono Regulação e metabolismo da glicose
Regulação e metabolismo de outros hidratos de carbono (galactose, lactose, glicogénio, etc.)
Diabetes mellitus tipo 1 e tipo 2
Outros distúrbios metabólicos hereditários e adquiridos (ex: intolerância à lactose, galactosemia, doenças armazenamento)
Cetogénese
2. Lípidos e proteínas Metabolismo
Distúrbios hereditários e adquiridos, hipercolesterolémia, hipo e hiperproteinémia, caracterização por metodologias clássicas, apolipoproteínas, lipoproteína lípase
3. Proteínas e aminoácidos Metabolismo
Proteínas plasmáticas (albumina, imunoglobulina, haptoglobina, transferrina, proteína C-reactiva, etc.)
Disproteinémias, componentes monoclonais
Proteínas associadas a tumores, marcadores tumorais
Distúrbios metabólicos hereditários e adquiridos de aminoácidos
Proteínas urinárias e proteinúria
4. Ácidos nucleicos e purinas Metabolismo
Gota
Outros distúrbios metabólicos hereditários e adquiridos de purinas.
5. Porfirinas e pigmentos hémicos Metabolismo
Porfirinas
6. Aminas biogénicas Metabolismo
Catecolaminas, serotonina e produtos de degradação
7. Água e electrólitos Metabolismo
Sódio, potássio e cloro. Osmolalidade. Desidratação e hiperhidratação
Edema e ascite
Página 10 de 15
8. Equilíbrio ácido-base e gases no sangue Distúrbios do equilíbrio ácido-base, sistemas de tampão (bicarbonato, fosfato, proteínas),
equação de Henderson-Hasselbalch, acidose e alcalose metabólica e respiratória Sistemas de regulação renal
Trocas gasosas pulmonares, metabolismo do oxigénio
9. Metabolismo do ferro 10. Vitaminas e oligoelementos 11. Enzimas Indução, síntese e eliminação
Distribuição enzimática em diferentes tecidos e órgãos, isoenzimas, significado diagnóstico
12. Líquido cefalo-raquídeo (LCR) Síntese e circulação de LCR
Composição do LCR e comparação com a composição sérica.
Distúrbios hereditários e adquiridos da homeostase do LCR.
13. Outros Líquidos biológicos – saliva, suco gástrico, ascites, etc Composição.
Análises adequadas.
14. Função gastrointestinal Enzimas digestivas, função exócrina do fígado e pâncreas
Ácido clorídrico, bicarbonato e secreções biliares
Secreção de fluidos e eletrólitos
Absorção
Hormonas gastrointestinais
Distúrbios hereditários e adquiridos do sistema digestivo
Distúrbios de absorção (incluindo absorção de vitaminas)
15. Função pancreática exócrina Pancreatite aguda
Pancreatite crónica
16. Função hepática e Biliar Fisiologia, metabolismo, síntese, biotransformação e excreção.
Circulação enteropática, metabolismo da bilirrubina e ácidos biliares.
Hepatite, cirrose, colestase e necrose
17. Rins e trato urinário Fisiologia (função renal normal e alterada)
Substâncias excretadas no plasma e na urina, taxa de filtração glomerular e clearence. Atividade e efeitos dos diuréticos, clearance da água
Proteinúria
Insuficiência renal aguda e crónica, nefrite e síndrome nefrótico
18. Coração e sistema circulatório Fisiologia da circulação
Isquemia do miocárdio, padrões enzimáticos e proteínas
Hipertensão
Insuficiência cardíaca, marcadores sanguíneos.
19. Sistema músculo-esquelético Função e metabolismo de músculos, ossos, cartilagem e tecidos conjuntivos e sinovial
Distúrbios hereditários e adquiridos do metabolismo do cálcio e do fósforo, vitamina D, colagénio e metabolismo proteopolissacárido
Página 11 de 15
20. Sistema endócrino g. Fisiologia, biossíntese e catabolismo das hormonas.
Regulação hormonal, transporte e sistemas recetores. Distúrbios funcionais da tiroide, paratiroide, córtex adrenal, medula adrenal, pâncreas
endócrino, gónadas, placenta e sistema pituitário-hipotálamo. 21. Gravidez e análise laboratorial perinatal e da reprodução Doenças metabólicas congénitas
Avaliação Hormonal
Espermograma (contagem e morfologia)
Rastreio bioquímico Pré-Natal (primeiro trimestre e segundo trimestre)
22. Monitorização de fármacos Farmacocinética, farmacodinâmica e biodisponibilidade de fármacos, farmacogenética
Intervalo terapêutico
Doseamento de digoxina, teofilina, anticonvulsivos, imunossupressores, antiagregantes plaquetários
23. Envenenamento Mecanismos dos principais tipos de envenenamento
Conhecimento da preparação e conservação das amostras biológicas, regulamentação, documentação, hierarquia de custódia
Reconhecimento de produtos suscetíveis de causar envenenamento, estratégias de extração, isolamento e identificação
Determinação de etanol, monóxido de carbono, barbitúricos, benzodiazepinas, antidepressivos tricíclicos, meta-hemoglobina, metanol, etilenoglicol, benzeno, tolueno, etc, colinesterase no caso de envenenamento por fosfatos orgânicos
Drogas de abuso
Toxicologia de isótopos radioativos
Toxicologia: drogas entactogénicas, opiáceos, canabinóides, cocaína
Toxicologia profissional e ambiental
24. Marcadores Tumorais
2. Programa de conhecimentos em Hematologia
1. Hematologia Básica
Morfologia e contagem de células sanguíneas
Determinação da velocidade de sedimentação eritrocitária; determinação da concentração de hemoglobina; hematócrito; contagem celular e parâmetros hematológicos (MCV, MCH, MCHC, RDW)
Preparação e coloração de esfregaços de sangue periférico e observação microscópica
Investigação da Hemólise
Citometria de fluxo e fenotipagem dos leucócitos 2. Hemostase geral
Testes da coagulação
Determinação dos fatores de coagulação; controlo dos fatores de coagulação, monitorização da terapêutica anti-coagulante
Investigação da fibrinólise
Determinação da antitrombina III e heparina
Página 12 de 15
3. Imunohematologia
Determinação do grupo sanguíneo, AB0 e Rh(D); determinação da variante D, Kell
Deteção de anticorpos irregulares
Cross-matching de amostras de sangue para transfusão, teste direto e indireto de antiglobulina
Antagonismo Rhesus e AB0 4. Bioquímica dos eritrócitos
Deteção e determinação de variantes de hemoglobina e frações minoritárias (HbA2 e HbF)
Determinação da atividade enzimática dos eritrócitos 5. Fundamento teórico e clínico
Hemoglobinopatias e talassémias
Deficiência em vitamina B12 e ácido fólico, estado do ferro
Cinética dos eritrócitos e plaquetas
Estudo enzimático dos eritrócitos e plaquetas
Doenças hemato-oncológicas (leucemias, linfomas, policitémias)
Estudo das anemias
TTP (- Purpura trombocitopenica idiopática), HELLP (Síndrome de HELLP (H- Hemolytic anaemia, EL: Elevated liver enzymes, LP: Low platelets (hipertensão associada à gravidez), CID (coagulação intravascular disseminada)
Determinação da componente imunológica dos fatores de coagulação e conhecimento das anomalias a nível da coagulação (deficiência em fator, fibrinólise aumentada), regulação e monitorização dos fatores trombóticos e coagulação intravascular disseminada; uso de anticoagulantes
Antigénios sanguíneos e outros sistemas antigénicos considerados na transfusão sanguínea (incluindo genética);
Seleção de critérios para dadores;
Vários tipos de reações de transfusão
Aplicações médicas, interesse clínico e indicações para a administração de sangue e componentes do sangue
Hematopoiese e fisiologia da hemóstase 6. Morfologia e hematopoiese
Observação de esfregaços de medula óssea, caracterização da morfologia das células, incluindo diferentes tipos de colorações, PAS, Negro de Sudão, PERLS, fosfatase ácida, ANAE, peroxidade, FAL
Imunofenotipagem por citometria de fluxo
Hemoglobinopatias, electroforese de hemoglobinas em acetato de celulose, ou agarose, teste de Kleihauer
Investigação das anemias, congénitas ou adquiridas; teste de Ham e teste da sacarose
Análise espectrofotométrica para deteção de hemoglobinas anómalas
Hematooncologia
Mielodisplasias
Sistema linfático
Patologias associadas ao sistema linfático 7. Hemostase
Investigação da função plaquetária; agregação plaquetária por ADP-adrenalina, colagénio, ristocetina, ADP, ATP; determinação da serotonina; agregação espontânea, retração do coágulo, determinação do factor III plaquetário, teste das pérolas de vidro
Uso de substratos cromogénicos para a determinação dos factores de coagulação
Página 13 de 15
Deteção dos inibidores circulantes. Provas de coagulação: Tempo de activação parcial da tromboplastina, Tempo de trombina, Tempo de protrombina, Dosagem de fibrinogénio, Produtos de degradação da fibrina
Proteína S, proteína C
Conhecimentos teóricos e clínicos de precalicreína, determinação de elevado peso molecular quininogénio, plasminogénio, antiplasmina, activadores do plasminogénio
8. Imunohematologia e banco de dadores
Caracterização dos (auto) anticorpos anormais; determinação do título do anticorpo
Tipagem do grupo sanguíneo (AB0, Rhesus D e Kell)
Investigação das reações de transfusão
Preparação e aplicação de componentes do sangue
Organização do banco de dadores
Tipagem dos linfócitos B e T
Anticorpos anti-plaquetários
Tipagem de leucócitos e antigénios tecidulares
Deteção de marcadores celulares usando anticorpos monoclonais
Aplicação de plasmaferese em dadores e doentes
3. Programa de conhecimentos em Imunologia. Conhecimentos e experiência em imunoquímica, imunologia e autoimunidade
Sistema Imunológico
Funções e regulação do sistema imunológico celular e humoral, citoquinas, inflamação e proteínas de fase aguda
Antigénios de superfície
Distúrbios hereditários e adquiridos
Deficiências de imunoglobulinas e hipergamaglobulinémias monoclonais e policlonais
Complexo major de histocompatibilidade
Doenças autoimunes
Alergia
Sistema de complemento
4. Programa de conhecimentos em Microbiologia (bacteriologia / virologia / parasitologia / micologia)
1. Aspectos gerais
Conhecimentos gerais dos agentes patogénicos e das reações dos hospedeiros.
Princípios básicos de microbiologia médica
Definição de infeção e doença infeciosa
Papel da flora comensal do corpo humano
Patogenicidade microbiana
Epidemiologia infeciosa geral e doenças infeciosas
Imunidade inata e imunidade adaptativa
Mecanismos inespecíficos e específicos de defesa do hospedeiro
Página 14 de 15
2. Procedimentos gerais da marcha geral do diagnóstico laboratorial
Seleção e recolha de amostras
Processamento das amostras
Métodos de cultura
Técnicas gerais de identificação
Teste de susceptibilidade aos antibióticos (aspetos gerais)
Diagnóstico Molecular
Diagnóstico Serológico
3. Bactérias e vírus Descrição detalhada das bactérias e vírus com interesse em patologia humana, incluindo as principais características de diferenciação. Mecanismos envolvidos na patogenia bacteriana e viral. Papel das bactérias e vírus na doença. Transmissão da infecção, epidemiologia e principais sinais clínicos. Terapêutica.
Bactérias: Staphylococcus, Streptococcus, Enterococcus e outros cocos Gram-positivos; Bacillus; Corynebacterium; Listeria monocytogenes e outros bacilos Gram-positivos; Neisseria; Enterobacteriaceae; Vibrio cholerae; Campylobacter e Helicobacter; Pseudomonas, Burkholderia, Stenotrophomonas e Acinetobacter; Bordetella, Francisella e Brucella; Haemophilus; Legionella, Bartonella e outros bacilos Gram-negativos; Clostridium; Bacteroides e outros bacilos Gram-negativos anaeróbios; Mycobacterium; Treponema, Borrelia e Leptospira; Mycoplasma e Ureaplasma; Rickettsia e Coxiella; Chlamydia
Vírus: Herpes (Herpes simplex, Herpes zoster, Citomegalovirus, Epstein-Barr vírus); Hepatite A,B,C,D,E; Vírus da Imunodeficiência Humana, enterovirus (Poliovírus), rubéola, papeira, sarampo, parvovírus B19, RSV, mixovírus, rinovírus, coronavírus, adenovírus, rotavírus, papiloma vírus, vírus da raiva, etc.
4. Síndrome ou doença bacteriana ou viral
Epidemiologia, principais sinais clínicos, base para diagnóstico biológico, terapêutica da:
Síndrome meningocócica
Síndrome septicémica
Infeções urogenitais
Diarreias bacterianas e virais
Infeções respiratórias
Síndrome da imunodeficiência humana adquirida
Doenças sexualmente transmitidas
Infeções por vírus da hepatite
Infeções por citomegalovírus
5. Antibióticos e agentes antivirais
Conhecimentos gerais e princípios de antibioterapia
Testes de sensibilidade a antibióticos e antivirais
Mecanismos de resistência de antibióticos e antivirais
6. Parasitologia médica 6.1 Características gerais e biologia dos vários grupos taxonómicos incluindo a epidemiologia, principais sinais clínicos, o diagnóstico laboratorial morfológico e as terapêuticas específicas.
Malaria
Toxoplasmose
Página 15 de 15
Leishmaniose
Amibiose:
Giardiose, criptosporidiose e tricomoniase urogenital
Filariose
Helmintíases intestinais, hepáticas e urinárias: estrongiloidiase, ancilostomíase, enterobíase, ascaridíase, bilharziose (Schistosoma mansoni e Schistosoma haematobium) fasciolíase (Fasciola hepatica) teníase (Taenia saginata)
Hidatidose 6.2 Técnicas de identificação de parasitas 6.3 Diagnóstico molecular e imunológico
7. Micologia médica
7.1 Características gerais e biologia dos vários grupos taxonómicos incluindo a epidemiologia, principais sinais clínicos, o diagnóstico laboratorial morfológico e as terapêuticas específicas.
Infeções fúngicas (Candida albicans, Cryptococcus neoformans, etc)
Aspergiloses (Aspergillus fumigatus)
Infeções por Dermatofitos (Microsporum canis, Epidermophyton floccosum, Trichophyton rubrum, Trichophyton mentagrophytes)
Pneumocistose 7.2 Técnicas de identificação de fungos 7.3 Diagnóstico molecular e imunológico