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ÁREA: DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
Anais da XIII Semana de Economia da UESB - 19 a 24 de maio de 2014
Vitória da Conquista/BA
ÁREA 8: Desenvolvimento e Meio Ambiente
(TRABALHO COMPLETO)
PANORAMA DO SANEAMENTO BÁSICO NO MUNICÍPIO DE ITABUNA (BAHIA)
DE 2000 A 2010
SIMONE OLIVEIRA DOS SANTOS
E-mail: [email protected]
Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Santa Cruz.
Endereço: Av. Fernando Gomes, 9910, apt. 203, bl. 10. Residencial Eco, Bairro: Centro. CEP:
45.600-000.
Tel.: (73) 88427690.
ALINE CONCEIÇÃO SOUZA
E-mail: [email protected]
Professora assistente do curso de Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Santa
Cruz.
Endereço: Rua Barão do Rio Branco, 398, Pontal, Ilhéus (Bahia). CEP: 45.654-5010
Tel.: (73) 9961-7718
2
PANORAMA DO SANEAMENTO BÁSICO NO MUNICÍPIO DE ITABUNA (BAHIA)
DE 2000 A 2010
RESUMO
O presente estudo analisa o panorama do saneamento básico no município de Itabuna
no período de 2000 a 2010. Especificamente, analisa a população e os domicílios, compara a
evolução do abastecimento de água na última década, verifica o processo de esgotamento
sanitário no município e, averigua o serviço de coleta de lixo. Para isso, utilizou-se de dados
secundários do IBGE, com uma descrição das variáveis coletadas. Observa-se que, o
crescimento acelerado e desordenado das cidades em decorrência do aumento da população
resultante do êxodo rural criou uma demanda cada vez maior pelos serviços de infraestrutura
e saneamento básico. No município de Itabuna observa-se a mesma tendência, pois a
população caracteriza-se por ser essencialmente urbana. O município apresentou uma
concentração da população em faixa etária jovem, em idade ativa e apresentou aumento da
população urbana e aumento da quantidade de domicílios. Com relação ao saneamento básico
detectou-se um aumento na cobertura do abastecimento de água, todavia o esgotamento
sanitário ainda é precário e que a coleta de lixo é regular. Salienta-se que, o meio urbano é
regularmente assistido e que o meio rural, mesmo com menor população ainda carece de
atendimento regular. E ainda, a pesquisa observou valores numéricos, não entrando no mérito
da qualidade dos serviços prestados.
Palavras-chave: População. Domicílios. Saneamento Básico
1 INTRODUÇÃO
Uma das implicações nas condições ambientais e na saúde e bem estar da população
está relacionada à ausência de infraestrutura básica de saneamento. A eficiência na qualidade
e universalização desses serviços são fundamentais para a qualidade de vida da população. O
Brasil ainda possui carência nos serviços de saneamento, o que acarreta muitos problemas
principalmente na saúde da população.
Os problemas com saneamento causam impactos diretos nas comunidades e afetam os
programas de desenvolvimento. Cursos hídricos poluídos comprometem o banho de rios e
3
praias, e esses problemas são menores quando comparados a ingestão de águas contaminadas.
Segundo Sousa (2005), em decorrência do rápido e intenso crescimento dos países em
desenvolvimento, presume-se que o número de pessoas não abastecidas por água potável e
saneamento básico tende a crescer, e não a diminuir.
Assim, efetuar estudos nesse setor é importante para fazer o reconhecimento da real
situação e despertar para o aprofundamento de pontos relevantes. Em virtude dessa situação
vários estudos já foram realizados para identificar os principais problemas causados pela falta
de saneamento básico. Cita-se o estudo de Santos et al. (2007) na cidade de Salvador com
uma análise da política estatal de saneamento implantada pelos governos e a política nacional
na condução desses serviços, dando suporte para uma melhoria na formulação de políticas que
mais se aproximam das necessidades da população.
Outro estudo foi realizado em cidades baianas na região conhecida como Costa do
Dendê e Costa do Cacau1 que juntas somam 13 cidades, nelas foram avaliados os serviços de
saneamento básico, transporte e as condições de urbanização. Esse estudo observou que o
sistema de saneamento básico apresenta situação relativamente homogênea. No transporte,
intervenções e melhorias precisam ser realizadas e na urbanização são apontados os seguintes
fatores: ocupação irregular, a falta de urbanizações de orla e de alguns centros urbanos
(BANCO DO NORDESTE, s.d.).
No total de 417 municípios que compõem o estado da Bahia, Itabuna ocupa a quinta
posição em relação à população e possui posição de destaque no PIB, um comércio bem ativo
e algumas multinacionais atuando na cidade (REIS, 2012). No entanto, não existem estudos
que relatem como se encontra o saneamento básico na cidade. Portanto, diante dessa situação
pergunta-se: quais os principais aspectos relevantes no serviço de saneamento básico no
município de Itabuna?
O estudo pretende analisar o panorama do saneamento básico no município de Itabuna
no período de 2000 a 2010. Especificamente, analisa a evolução da população e do número de
domicílios itabunenses, compara a evolução do abastecimento de água na última década,
verifica o processo de esgotamento sanitário no município e averigua a atual situação do
serviço de coleta de lixo.
1 Regiões com denominações criadas pela Secretaria de Turismo do Estado da Bahia indicando as áreas e
municípios com potencial turístico.
4
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Saneamento Básico
O saneamento básico é essencial para a saúde do ser humano e do meio ambiente em
que está inserido. Mansur e Monteiro (1991) definem como saneamento básico o controle de
todos os fatores do meio físico, mental e social que pode exercer efeitos prejudiciais ao seu
bem-estar. Universalizar e qualificar os serviços de abastecimento de água, de esgotamento
sanitário, da limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos, da drenagem das águas pluviais e
do controle ambiental da ocupação do solo urbano, se constitui num desafio que ultrapassa as
barreiras ideológicas e que requer esforços conjuntos do estado nas três esferas, da iniciativa
privada e da população.
Segundo Santos et al. (2007), saneamento corresponde ao agrupamento dos seguintes
componentes: medidas de abastecimento de água, de esgotamento sanitário, de drenagem
urbana das águas pluviais de ações relativas aos resíduos sólidos e o controle de vetores
transmissores de doenças que reunidos recebem o título de saneamento básico.
De acordo com o Ministério das Cidades (BRASIL, 2009), a definição atual proposta
pelo governo federal é a mais abrangente possível:
[...] saneamento ambiental: conjunto de ações com o objetivo de alcançar níveis
crescentes de salubridade ambiental, compreendendo o abastecimento de água; a
coleta, o tratamento e a disposição dos esgotos e dos resíduos sólidos e gasosos e os
demais serviços de limpeza urbana; o manejo das águas pluviais; o controle
ambiental de vetores e reservatórios de doenças e a disciplina da ocupação e uso do
solo, nas condições que maximizam a promoção e a melhoria das condições de vida
nos meios urbano e rural (SNSA, 2004 apud BRASIL, 2009, p. 207).
Existe uma forte tendência de associar o saneamento a ação de caráter apenas
ambiental, dissociando-o da questão da saúde pública. O setor da saúde representa algumas
variáveis como prevenir doenças, promover saúde física e mental, manter o controle de
doenças infecto contagiosas, educar para o princípio de higiene pessoal de modo a assegurar o
indivíduo um padrão de vida adequado para manutenção da saúde (SANTOS et al , 2007).
Essa posição é reforçada pela Empresa Municipal de Água e Saneamento (EMASA,
2013), quando coloca que a falta de acesso à água potável, a inexistência de sistemas de coleta
e tratamento de esgoto, a deficiência no manejo dos resíduos sólidos e a omissão na execução
de ações concretas para um sistema de drenagem pluvial eficiente são fatores diretamente
5
associados à saúde pública. Para que se alcance melhores índices de saúde pública e
salubridade ambiental o saneamento básico é condição indispensável.
Um adequado sistema de saneamento básico, dada a sua relativa importância exerce
forte impacto sobre a qualidade da saúde pública e do meio ambiente. Mendonça e Motta
(2005) colocam que foi significativa a redução da mortalidade infantil (0 a 4 anos) no Brasil
associada às doenças de veiculação hídrica, nos últimos 20 anos, em função da melhoria e
expansão do sistema de saneamento.
2.2 Evolução do Saneamento Básico no Brasil
No Brasil, a história do saneamento básico se confunde com o aparecimento e a
formação das cidades. A abertura dos portos em 1810 gerou grandes impactos, principalmente
no Rio de Janeiro, que teve sua população duplicada em menos de duas décadas. Cabe
ressaltar que o aumento populacional não foi acompanhado dos cuidados com a situação
sanitária (PAULI, s.d.).
Com o crescimento das cidades e o aumento dos fluxos migratórios, na metade do
século XIX, agravaram-se os problemas de saneamento com as epidemias que se reproduziam
periodicamente. Na década de 1970 surge no Brasil o Plano Nacional de Saneamento
(PLANASA), que tinha como objetivo definir fontes de financiamento e melhorar a situação
do saneamento no país, atuando no abastecimento de água e esgotamento sanitário utilizando
recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviços (FGTS), o de companhias estaduais de
saneamento (água e esgoto), que eram empresas públicas com controle acionário do estado. O
critério do investimento não era o aumento da qualidade da saúde da população, mas o retorno
financeiro pela prestação do serviço. Todavia, a demanda dos serviços era crescente, devido
ao grande deslocamento de pessoas do campo para a cidade e as metas do PLANASA de
atendimento não foram atendidas e ela foi extinta em 1982 e suas linhas de créditos foram
unificadas em uma única, denominada de Programa de Saneamento para Núcleos Urbanos
(Pronurb) (MERHY, 1987; JACOBI, 1993; FONTANA; MARTINS; VAZOLLER, 2008).
De acordo com Fontana, Martins e Vazoller (2008), na década seguinte o governo do
Presidente Fernando Henrique Cardoso inicia uma campanha pela privatização do setor e cria-
se o Programa de Modernização do Setor de Saneamento (PMSS) que tem como responsável
pelos investimentos a serem realizados pela iniciativa privada o Banco Mundial. No entanto,
6
devido às intensas pressões populares, contrária à privatização, esse processo foi
interrompido.
Em 2003, no governo Lula, inicia-se a retomada dos investimentos públicos no
saneamento para as empresas públicas e prefeituras municipais. No âmbito do Ministério das
Cidades foi criada a Secretária de Saneamento Ambiental, responsável pela formulação e
articulação dessa política em conjunto com o Governo Federal. Em 2007 foi aprovado o
marco regulatório do Saneamento Básico, estabelecendo, pela primeira vez, diretrizes e
orientações para uma nova Política Nacional de Saneamento, regulando o papel dos
municípios, estados e do setor privado na prestação e operação dos serviços não apenas do
abastecimento de água potável e o esgotamento sanitário, mas também a limpeza urbana, o
manejo de resíduos sólidos e a drenagem e manejo das águas pluviais urbanas (FONTANA;
MARTINS; VAZOLLER, 2008).
Atualmente, o setor de saneamento tem recebido atenção e incremento tanto pelo setor
privado, viabilizados pelas parcerias público-privado e do setor público através do FGTS,
Programa de Amparo ao Trabalhador (FAT), do Orçamento Geral da União (OGU) e de
programas como o Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas (Prodes) que paga aos
municípios pelo esgoto efetivamente tratado. No âmbito governamental foi estabelecido a
Política Federal de Saneamento Básico, estabelecido pela Lei 11.445 de 5 de janeiro de 2007,
que orienta a ação do governo federal por meio da definição de um conjunto amplo de
diretrizes, objetivos e metas para universalização de programas, ações e metas para o setor de
saneamento (LEONETI, PRADO, OLIVEIRA, 2011).
Ainda de acordo com os autores, o Conselho das Cidades por meio da resolução 62
cria o Pacto pelo Saneamento Básico. Esse pacto representa o compromisso com a elaboração
do plano com o propósito de estabelecer um ambiente de confiança e entendimento no alcance
de seus objetivos e metas. E como forma de investimento foi estabelecido o Programa
Saneamento para Todos que visa o financiamento com recursos do FGTS e FAT para
execução de ações básicas de saneamento. Estados e municípios podem solicitar
financiamento para projetos de implantação e ampliação da rede de água, esgotamento
sanitário, manejo de resíduos sólidos, como também a recuperação de mananciais.
São vários os órgãos criados para tornar possível a universalização dos serviços de
saneamento básico, no entanto a evolução da cobertura atual ainda é lenta. Os investimentos
anuais são escassos e insuficiente para o setor, os empreendimentos em saneamento são
caracterizados por dificuldades para elaboração dos projetos e deficiência na gestão das obras
e serviços, ou seja, falta de capacidade técnica e institucional. Outro fator é o baixo
7
investimento em pesquisa e desenvolvimento, cuja consequência é a utilização de tecnologias
ultrapassadas e pouco eficiente na questão operacional (OLIVEIRA, SCAZUFCA,
MARCATO, 2011).
Pesquisa realizada pelo Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento (SNIS)
demonstra o quadro do saneamento básico no Brasil em 2011, demonstrando que os índices
médios nacionais de atendimento da população total para o abastecimento de água foi de
82,4% e esgotamento sanitário foi de 48,1%. O país consegue avançar na distribuição de
água, no entanto, a coleta de esgoto ainda é muito precária necessitando assim de maiores
investimentos (SNIS, 2011).
3 METODOLOGIA
O estudo restringe-se ao município de Itabuna, situado na mesorregião sulbaiano,
microrregião Ilhéus-Itabuna, a 429 km de distância da capital Salvador. A área territorial do
município é de 584 km² (IBGE, 2010). O sistema rodoviário integrador do município com as
demais regiões é formado pela BR 415 que dá acesso a BR 116 e BR 101. Limita-se ao norte
com Lomanto Junior e Itajuípe, ao sul com Jussari e Buerarema, ao oeste com Itapé e Ibicaraí
e ao leste com Ilhéus.
O procedimento metodológico adotado foi a pesquisa bibliográfica que de acordo com
Cervo e Bervian (1978) procura explicar um problema a partir de referências teóricas
publicadas em documentos. Tendo como intuito recolher informações e conhecimento prévio
acerca de um problema para qual se procura uma resposta ou acerca de uma hipótese que se
quer experimentar. Lakatos e Marconi (2010) afirmam que a pesquisa bibliográfica é aquela
que busca a bibliografia tornada pública em relação ao tema como monografias, revistas,
jornais, boletins etc., com a intenção de colocar o pesquisador em contato com a literatura de
determinado assunto.
Os dados coletados para pesquisa foram secundários, ou seja, referem-se aqueles já
coletados por outras fontes e foram agrupados em quatro variáveis e seus respectivos
indicadores. As fontes utilizados foram documentos extraídos do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatísticas (IBGE), censos 2000 e 2010, a Pesquisa Nacional de Saneamento
Básico (PNSB), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e Empresa Municipal de
Água e Saneamento (EMASA).
8
As variáveis utilizadas na pesquisa foram:
Quadro 1. Variáveis utilizadas na pesquisa
Variáveis Indicadores
População - Por faixa etária
- Rural e urbana
Domicílios - Quantidade rural e urbana
Abastecimento de água - Rede geral
- Poço ou nascente na propriedade
Esgotamento sanitário
- Rede geral de esgoto ou pluvial
- Vala (esgoto a céu aberto em direção a cursos de água ou
sistemas de drenagem, atravessando os terrenos da casa ou as
vias públicas)
- Fossa rudimentar (fossa negra, poço, buraco)
Coleta de lixo
- Coletado por serviço de limpeza
- Jogado em terreno baldio ou logradouro
- Enterrado
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 População e Domicílios
De 2000 a 2010 a taxa média de crescimento geométrico anual da população do
município de Itabuna foi de 0,41% (BRAGA, 2011). De 2000 para 2010 a população
aumentou 4,06% (Figura 1), na área urbana cresceu 4,42% e no meio rural houve um
decréscimo de 8,5%. O decréscimo de sua população rural vem ocorrendo desde 1996, onde
as pessoas direcionavam-se para a cidade em busca de melhores condições de trabalho e
melhoria de vida (LISBOA et al., 2008).
9
Figura 1. População do município de Itabuna nos anos de 2000 e 2010
Fonte: IBGE, 2010
Quanto ao sexo, tanto em 2000 como 2010 mais de 52% da população correspondem
ao sexo feminino (Figura 2). O censo de 2010 demonstrou que houve um aumento de
mulheres com relação aos homens, que se tornaram a principal provedora dos domicílios de
Itabuna. No meio urbano, enquanto o aumento dos homens foi de 2,89%, as mulheres
representam 65,12%, no meio rural esse percentual de mulheres chega a 248,75% e 0,24%
para os homens.
47,9952,01
47,36
52,64
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
(% d
a p
op
ula
ção
)
2000 2010
Masculino
Feminino
Figura 2. População do município de Itabuna por gênero no ano de 2000 e 2010
Fonte: IBGE, 2010
10
Quanto a pirâmide etária (Figura 3) não foi observada mudanças na distribuição por
grupo de idade, com idade que apresenta um maior percentual entre 20 e 29 anos (em torno de
18%), seguida de 30 a 39 anos (em torno de 13% a 15%). Ressaltam-se então algumas
evidências: são pessoas em idade ativa, que trabalham e/ou estudam; pode ter ocorrido
deslocamento por conta da universidade estadual (observa-se que o maior percentual de
estudantes da Universidade Estadual de Santa Cruz que moram em Itabuna) e das faculdades
privadas que foram surgindo, o que pode aumentar ainda mais com a implantação da
universidade federal. Observa-se que a partir da faixa de 20 a 29 anos o percentual de
mulheres é maior. Ressalta-se que são mulheres em idade ativa, o que se pode deduzir a
importância socioeconômica das mesmas, principalmente quando muitas precisam assumir a
chefia da família por falta de presença masculina, sendo uma das principais renda da casa.
Figura 3. Pirâmide etária do município de Itabuna no ano de 2000 e 2010
Fonte: IBGE, 2010
O número de domicílios aumentou aproximadamente 23,47% de 2000 para 2010
(Figura 4). Observa-se que em média obtinha-se 3,85 pessoas por domicílio em 2000 e 3,25
pessoas por domicílio em 2010. Pressupõe-se que a pequena redução de pessoas por domicílio
tenha ocorrido devido à elevação da quantidade de domicílios registrada em 2010, explicada
pelas melhorias de condições sociais e econômicas.
11
Figura 4. Total dos domicílios do município de Itabuna nos anos de 2000 e 2010
Fonte: IBGE, 2010
Itabuna é uma cidade essencialmente urbana, tendo na área rural 2,59% dos domicílios
em 2000 e 2,42% em 2010 (Figura 5). A cidade nasceu e se desenvolveu em função da
produção e comércio do cacau e já em 1910 iniciou seu processo de urbanização, a partir de
1980 passou por forte crescimento urbano, ficando conhecida como cidade progresso, aonde
atraiu vários imigrantes (SILVA, 2010).
Figura 5. Domicílio urbano e rural do município de Itabuna nos anos de 2000 e 2010
Fonte: IBGE, 2010
12
Além do mais o município desenvolveu uma forte vocação para o comércio sustentado
pela localização favorável e uma implementação do sistema viário. A passagem da BR-101
pela região oeste da cidade facilitou a articulação com outras cidades baianas. No entanto,
para a população com domicílios rurais são várias as dificuldades apresentadas, pois carece de
infraestrutura e serviços de saneamento básico. Observa-se que mesmo tendo uma população
representada em 2010 por 2,42% dos domicílios da cidade (um valor considerado pequeno), o
meio rural sofre por não ter saneamento básico, pois menos de ¼ dos domicílios tem acesso a
tais serviços.
4.2 Saneamento básico no município de Itabuna
Acredita-se que a eficiência, a qualidade e principalmente, a universalização dos
serviços de saneamento básico são vitais para a qualidade de vida da população. É importante
reconhecer que esse setor tem impactos diretos sobre a saúde pública, o meio ambiente e o
desenvolvimento de uma localidade.
A Tabela 1 mostra a evolução do número de domicílios com abastecimento de água do
município de Itabuna. É importante ressaltar que há alguns termos diferentes entre os censos
de 2000 e 2010, mas não há nenhum equívoco em considerar que “outras formas de
abastecimento” e “água da chuva armazenada em cisterna; água da chuva armazenada de
outra forma; rio, açude, lago e igarapé; poço ou nascente dentro ou fora da propriedade”
podem se tornar formas equivalentes (MADEIRA, 2010).
Tabela 1 - Domicílios particulares permanentes por forma de abastecimento de água no
município de Itabuna
Formas de abastecimento de
água
Domicílios particulares permanentes (%)
2000 2010
Urbano Rural Total Urbano Rural Total
Rede geral 93,06 15,34 91,04 96,1 23,01 94,34
Poço ou nascente dentro/fora
da propriedade 1,05 53,37 2,41 2,52 34,76 1,39
Carro pipa - 0,33 0,53 0,34
Outras formas 5,89 31,59 6,55 1,05 41,7 3,94
Total (%) 100 100 100 100 100 100 Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2000 e 2010
De acordo com os dados do IBGE, em 2000, dos 51.039 domicílios do município,
91,04% estavam ligados de fato a uma rede geral de distribuição de água. Quando separados
13
os percentuais por situação do domicílio, se urbano ou rural, tem-se que dos domicílios
urbanos, 93,06% utilizam a rede geral de água e 15,34% dos domicílios na área rural utilizam
a rede geral (Tabela 1).
Outro dado relevante é que dos 8,96% dos domicílios entre rural e urbano utilizam
água sem tratamento adequado e não se tem informação se pelo menos essa água é fervida
antes do consumo (Tabela 1). Esse dado é preocupante pois contaminação por água nos anos
1980 foi responsável pela morte de milhares de pessoas.
O quadro em 2010 apresenta avanços devido à implantação em 2007, de duas novas
Estações de Tratamento de Águas feita pela EMASA, empresa que administra o serviço no
município, que aumentou a produção de água de 570 para 1000 litros de água por segundo
(REIS, 2012).
Em 2000 eram 91,04% dos domicílios (urbano e rural) canalizados na rede geral e em
2010 esse percentual chega a 94,34%. O censo 2010 mostra que houve um crescimento no
número de domicílios (rural e urbano), um aumento na cobertura por rede geral e uma queda
no número de domicílios que consomem água sem algum tipo de tratamento, ou seja, o
abastecimento de água conseguiu acompanhar o aumento no número de domicílios. Nesse
mesmo período Salvador registra uma cobertura de domicílios canalizados na rede geral de
98,89%, ou seja, a situação do município de Itabuna é satisfatória comparada a capital do
estado.
É importante ressaltar que a falta de canalização interna gera uma séria limitação às
condições ideais para uma população sadia, pois dificulta a higienização satisfatória do corpo
e do ambiente. O meio rural é desfavorecido por critérios como distância, o que dificulta a
canalização interna e o serviço de carro pipa com água tratada, que é praticamente inexistente.
Verifica-se na Tabela 2 que, em 2000, 74,78% dos domicílios (rurais e urbanos),
possuíam pelo menos um banheiro ligado na rede geral de esgoto ou pluvial, enquanto que em
2010 esse índice subiu para 78,81% tendo um aumento de 30,12%. Salvador, de acordo com o
censo 2010, atende a 90,8% dos domicílios ligados a rede geral de esgoto, dessa forma
percebe-se que Itabuna encontra-se em situação desfavorável. Em Itabuna dos domicílios que
não tinham algum tipo de instalação sanitária, tem-se em 2000 um percentual de 7,17% entre
urbano e rural e no censo seguinte esse índice cai para 1,73% tendo uma queda real 70,10%,
dessa forma percebe-se uma incidência maior de uma estrutura sanitária no município.
Verifica-se também um aumento no percentual de domicílios, urbano e rural, da fossa
rudimentar que, em 2000 era de 2,53% e em 2010 passa para 4,63%. Cabe salientar que esse
tipo de fossa é inadequado, pois permite o vazamento dos efluentes sanitários para o solo sem
14
nenhum tipo de cuidado. O número de fossa séptica por sua vez reduziu de 3,63% em 2000,
para 2,89% em 2010, esse tipo de fossa é considerado adequado em muitos casos onde não
existe a possibilidades de uma coleta de esgoto convencional. No entanto os domicílios que
despejam seus dejetos em rio, açude, logo se mantêm quase o mesmo sendo 3,51% em 2000 e
3,32% em 2010, esse é o tipo de despejo que mais prejudica, pois provocam a poluição das
água afetando, de certa forma, o abastecimento de água.
Tabela 2 - Domicílios particulares permanentes por esgotamento sanitário em Itabuna
Instalações sanitárias
Domicílios particulares permanentes (%)
2000 2010
Urbano Rural Total Urbano Rural Total
Rede geral de esgoto ou pluvial 77,00 8,08 74,78 80,39 15,55 78,81
Fossa séptica 3,52 4,15 3,63 2,65 12,33 2,89
Fossa rudimentar 1,92 22,37 2,53 3,65 44,47 4,63
Vala 4,75 7,94 4,91 6,42 12,52 6,56
Rio, lago ou mar 3,42 3,25 3,51 3,38 0,86 3,32
Outro tipo 2,46 38,86 3,47 1,92 6,87 2,06
Não tinham 6,93 15,35 7,17 1,59 7,4 1,73
Total das instalações 100 100 100 100 100 100 Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2000 e 2010
Cabe ressaltar que, até o censo de 2010 todo o esgoto produzido pelos 63.020
domicílios de Itabuna era jogado no rio Cachoeira, ou seja, piorando a situação de poluição do
rio.
Quando se compara os domicílios percebe-se a disparidade, em 2000 observa-se que
77% dos domicílios urbanos utilizavam a rede geral de esgoto, enquanto 8,08% dos
domicílios rurais utilizavam a rede geral. Em 2010, 80,39% dos domicílios urbanos
utilizavam a rede geral enquanto que 15,55% dos domicílios rurais utilizavam tal serviço.
Esses dados referentes ao município de Itabuna são preocupantes, pois até 2010 o
município não fazia tratamento do esgoto gerado, enquanto Salvador foi a capital do Brasil
que apresentou maior índice de tratamento de esgoto chegando a 97,4% (SNIS, 2011), Itabuna
até o censo de 2010 ainda não fazia tratamento do esgoto gerado.
A questão do lixo, de sua coleta e disposição, torna-se de fundamental importância não
apenas pela preservação do meio ambiente como também porque em torno dele percebe-se a
formação de um sistema econômico informal (principalmente nos grandes centros), marcada
15
pela grande carência de condições de trabalho, colocando em risco todos aqueles que tentam
sobreviver da procura de possíveis utilidades nos lixões das cidades.
O percentual de coleta de lixo é, dentre os componentes do saneamento básico, o que
mais cresceu, alcançando um aumento real de 33,57%, o lixo coletado passou de 86,78% em
2000 para 92,78% em 2010 (Tabela 3). Esse é o componente do saneamento básico que tem
seus percentuais bem próximos aos da capital (Salvador). Foi observada em Itabuna uma
queda no percentual do lixo jogado no rio, lago ou mar de 1,04% em 2000 para 0,21% em
2010 (somadas áreas rural e urbano), ou seja, uma queda de 75,89%. Fato positivo, pois essa
forma de descarte causa poluição direta nas águas.
Tabela 3 - Domicílios particulares permanentes por destino do lixo em Itabuna
Destino do lixo
Domicílios particulares permanentes (%)
2000 2010
Urbano Rural Total Urbano Rural Total
Coletado 81,00 1,14 86,78 88,00 14,00 92,78
Coletado por serviço de limpeza 8,00 6,36 79,31 7,00 4,00 85,78
Coletado em caçamba de serviço de
limpeza 1,35 44,70 7,47 1,00 68,32 7,00
Queimado (na propriedade) 2,48 2,53
Enterrado (na propriedade) 0,05 4,63 0,17 0,01 5,25 0,15
Jogado em terreno baldio ou
logradouro 8,00 40,67 9,06 4,00 6,00 4,14
Jogado em rio, lago ou mar 1,05 0,37 1,04 0,20 0,52 0,21
Outro destino 0,43 2,13 0,47 0,14 2,82 0,19
Total do destino do lixo 100 100 100 100 100 100 Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2000 e 2010
Verifica-se uma queda de quase 50% do lixo jogado em terreno baldio que era de
9,06% em 2000, para 4,14% em 2010, entre a área urbana e rural. A disposição inadequada
desse lixo representa a proliferação de vetores causadores de doenças e o aparecimento do
foco de várias doenças e criatórios naturais de mosquitos. Mais de 92% do lixo doméstico da
cidade é recolhido por serviço de limpeza, no entanto sua destinação final ainda é o lixão a
céu aberto.
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Outra disparidade também se apresenta quanto à coleta de lixo, pois 88% dos
domicílios urbanos eram coletados por algum serviço de limpeza, enquanto 7,5% dos
domicílios rurais tiveram acesso a esse serviço em 2000. Em 2010 esses números aumentaram
92,78% dos domicílios urbanos e 18% dos domicílios rurais tinham acesso a esses serviços.
Dentre os componentes do saneamento básico a coleta de lixo é o item que fica bastante
próximo dos percentuais de Salvador que registra no mesmo período 96,64% do lixo coletado.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados de 2000 e 2010 demonstram maior concentração da população na faixa
etária entre 20 e 30 anos, revelando-se essencialmente jovem, com grande potencial para o
desenvolvimento e com vigor para o mercado de trabalho.
Em se tratando dos domicílios, sua predominância se dá no meio urbano. Os
domicílios da cidade tiveram um crescimento bem maior que a população, esse fenômeno
pode ser explicado através da quantidade de apartamentos que surgiram na cidade no período
de 2000 a 2010.
No município de Itabuna a cobertura no serviço de abastecimento é satisfatória pois
consegue atingir quase 95% dos domicílios, no entanto cabe ressaltar que a análise que IBGE
faz sobre a rede geral não é precisa, pois ela considera qualquer ponto de água dentro da
propriedade, não necessariamente dentro do domicílio. Assim, o resultado acaba não
retratando a verdadeira realidade no domicílio.
O sistema de esgoto existe para afastar a possibilidade de contato de despejos, esgoto e
dejetos humanos com a população, água de abastecimento, vetores de doenças e alimentos. O
esgotamento sanitário dentre os componentes do saneamento básico é o que apresenta maior
necessidade de atenção. Embora o município apresente um aumento de 30,12% no serviço,
não conseguiu atingir 90% dos domicílios como os demais componentes.
O acúmulo de lixo impõe grandes desafios ao poder público e a sociedade no que diz
respeito à minimização da sua geração. Seu manejo vai desde sua geração até seu destino
final. A etapa de coleta, transporte, tratamento e destinação final devem ser realizadas de
forma ordenada por se tratar de um serviço que está diretamente ligado a saúde da população
e ao meio ambiente. Por isso a necessidade de ter uma disposição final adequada, que nesse
caso o mais eficaz seria o aterro sanitário ao invés de lixão que tem como pontos negativos a
contaminação do solo através do chorume, atraem animais e ainda tem a questão do cheiro.
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Das três variáveis analisadas do saneamento básico na cidade a que mais cresceu foi a
coleta de lixo por serviço de limpeza, no entanto a cidade ainda não dispõe de aterro sanitário
e todo lixo coletado vai para o lixão localizado no bairro de Ferradas. Também não há
incentivos por parte do poder público para implantação de projetos de reciclagem, alternativa
que beneficiaria o meio ambiente e aquelas pessoas que sobrevivem do lixo e no lixo.
O acesso ao saneamento básico é essencial a vida e geram impactos positivos com
relação à preservação da saúde, ao meio ambiente, proporcionando bem-estar e qualidade de
vida as pessoas. Portanto só com a universalização desses serviços será possível oferecer as
pessoas à possibilidade de uma vida digna e com qualidade. No Brasil essa universalização
está prevista como direito social até 2030, no entanto é importante ressaltar a urgência de
ampliação desses serviços ao maior número possível de cidadãos.
Para finalizar é importante enfatizar que ajustes no saneamento são positivos por
assegurarem a melhoria e bem estar da população, além de economia em saúde pública e cabe
ressaltar que esse trabalho é uma análise quantitativa da situação do saneamento básico e que
para melhor compreender a realidade circundante sugere-se para futuros estudos uma análise
qualitativa, consultando a população para entender os reais problemas com o saneamento
básico no município.
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