Artes No Renascimento - T2

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Estética e História da Arte - O trabalho aborda as arte nos Renascimento.E a luta pelo reconhecimento dos artistas, como intelectuais livres. Comenta sobre a existência de personalidades isoladas ao longo da história, como Brunelleschi, Da Vinci e Rafael.

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PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DO RIO GRANDE DO SUL

A EVOLUO DA CONDIO SOCIAL DO ARTISTA NO RENASCIMENTO

A grande luta dos artistas na Renascena foi pelo reconhecimento do seu trabalho como intelectual livre, em substituio a viso de arteso tida at o momento. Na Idade mdia o artista no era valorizado, o reconhecimento pelos trabalhos realizados era dado guilda a qual pertencia. O trabalho artstico , assim como na Idade Mdia, um trabalho em equipe e o Mestre, um animador de uma equipe de artesos, distante da imagem que se tem do artista solitrio.

O direito ao exerccio da profisso de artista era determinado no pelo talento, mas pelo curso de instruo concludo conforme as normas da guilda. A educao era prtica, no terica. Os novos artistas trabalhavam com seus mestres, entretanto, no havia uma busca pela originalidade, sendo que os trabalhos realizados muitas vezes caracterizavam mero plgio dos preceitos de seus professores. Pelo treinamento nas guildas qualquer pessoa poderia se tornar um artista profissional, desde que cumprisse os requisitos bsicos do treinamento.Em muitos casos, as guildas no passavam de meios para que os professores explorassem a mo-de-obra barata dos alunos e aprendizes. Esse fato alavancou o crescimento destes centros de formao de jovens artistas a partir deste momento na histria. Apesar disso, o grande nmero de atelis e oficinas existentes no Quattrocento equipara-se ao nmero de bancos e mdicos, o que demonstra a intensidade das atividades artsticas na poca e o apego s tradies e interesse pela arte.

A belas-artes, nessa poca, ainda eram consideradas artes mecnicas, apesar da argumentao de artistas conceituados de que possuem os requisitos para serem consideradas artes liberais. Mesmo entre o meio artstico havia a discriminao, o que visvel no comportamento de Brunelleschi, descendente de famlia afortunada, que em um episdio impiedoso leva loucura um arteso de origem humilde chamado Grasso. Havia uma distncia enorme entre os mestres como Brunelleschi e Donatello e a grande massa de artesos.Com o passar do tempo os artistas vo ganhando maior prestgio e melhorando sua posio social atravs da cultura criada de aristocratas e do clero contratarem artistas para realizarem trabalhos isolados ou contnuos. Nesse ponto os salrios aumentam sensivelmente, bem como o prestgio social dos mesmos. Essa fonte de renda dos artistas estava vinculada ao financiamento dos nobres em troca de obras, sendo assim, no incio do renascimento estava em situao financeira semelhante de pequenos comerciantes burgueses.A partir de ento, o trabalho dos artistas comeou a ser mais valorizado, iniciando uma disputa entre os nobres pelos artistas de maior destaque. O pice desta fase foi quando a igreja catlica demonstrou interesse, o que aumento o preo das obras. Muitos artistas tinham uma condio de vida muito boa para a poca, chegando a receber 180 florins por ano. Como exemplo podemos ver a condio de Ticiano:

Ticiano sobe mesmo mais alto na escala social. Sendo o mais disputado mestre da poca, a sua maneira de viver, a sua situao, os seus ttulos erguem-no aos mais elevados crculos da sociedade. O imperador Carlos V f-lo conde do Palcio Laterano e membro da corte imperial, nomeia-o cavaleiro da Espora de Ouro e concede-lhe toda uma srie de privilgios na nobreza hereditrias. (Histria social da literatura e da arte, Arnold Hauser, pg. 431)Todavia, nos ltimos anos do sculo XV e incio do sculo XVI a ascenso social do artista subjuga-se a uma submisso ao poder e ideologia local, tanto o artista como o arteso assumem a posio de corteses. Boccelli e Bramante so timos exemplos desta situao, assim como Rafael, um dos mais clssicos pintores do Renascimento. Nas palavras de LARIVAILLE, que o classifica como prncipe dos corteses:

Em resumo, todas as pinturas executadas por Rafael por conta da Igreja, desde a sua chegada a Roma at a sua morte, so obras de um fiel servidor no apenas da doutrina oficial, mas tambm da poltica pontifical. (LARIVAILLE, Paul. A Itlia no tempo de Maquiavel, p. 180)

Leonardo Da Vinci um dos poucos artistas que consegue escapar dessa servido cortes, sendo caracterizado como caprichoso e instvel e chamado por Vasari como homem dos mil gracejos imprevisveis. Em oposio aos artistas citados anteriormente, Leonardo no conhece outro ideal que no o seu.

A partir do Renascimento este pensamento comeou a mudar, a desvinculao das ideias medievais e a criao de um novo conceito tornou a sociedade mais crtica quanto a um modelo artstico da poca. Como consequncia dessa mudana houve tambm a desvinculao dos artistas das guildas, criando uma nova maneira de fazer arte. Os artistas possuam atelis prprios e comearam a recrutar jovens que demonstravam alguma aptido artstica.Se alguns anos depois os artistas prosperavam tendo uma boa renda e fonte de sustento, os anos que sucederam foram marcados pela definio de alguns crticos de arte que a pintura e a escultura seriam artes mecnicas. Essa classificao era atribuda forma de realizao das obras, mais fsica do que mental, em oposio s artes liberais, como a poesia, a retrica, a msica, a aritmtica, a geometria, a astronomia, a gramtica e a lgica. Outra maneira de definir os conceitos de arte liberal e mecnica era respectivamente uma arte de homens livres e a outra de escravos. Ser visto como uma forma liberal era ter seu trabalho mais valorizado, motivo pelo qual os escultores e pintores lutaram tanto por este reconhecimento. Todavia, encontraram grande resistncia tanto na sociedade como no meio artstico.No que tange escultura, defensores como Michelangelo afirmavam que a mesma necessitava do intelecto, sendo que as mos s funcionariam por meio deste, no passando de instrumentos. Nas palavras do artista (Michelangelo):El mejor artista nunca tiene um concepto

Que un simple bloque de mrmol no contenga

Dentre de su corteza, pero se puede llegar a l

Slo si la mano sigue al intelecto

(BARASCH, Moshe. Teorias del arte, p. 143)

Todavia, a disputa existia mesmo entre os prprios artistas (pintores, escultores, arquitetos) e to logo as artes visuais passaram a ser aceitas como liberais, os protagonistas comearam a discutir entre si sobre qual delas seria mais nobre e mais liberal (BLUNT, Anthony. Teoria artstica na Itlia 1450-1600, p. 75). Nas palavras do prprio Da Vinci:

A escultura mostra com pouco esforo aquilo que na pintura parece uma coisa miraculosa de se conseguir; fazer o impalpvel parecer palpvel, os objetos planos parecerem em relevo e os prximos, distantes. (BLUNT, Anthony. Teoria artstica na Itlia 1450-1600, p. 75)Benedetto Varchi tenta amenizar a discusso entre os diversos mbitos da arte afirmando que na essncia todas so igualmente nobres. Compara o escultor que ao defronta-se com o problema do material ao v-lo bruto ao pintor que utiliza sua inteligncia para conseguir enxergar e representar as perspectivas em trs dimenses. Aps muita luta os artistas que praticavam arquitetura, pintura e escultura foram reconhecidos como membros da sociedade humanista e suas artes como liberais. Na metade do sculo XVI passam a ser denominadas arti di disegno, enquanto a denominao belas-artes passa a referir algo distinto de um objeto de utilidade prtica, relacionado mais com um produto de luxo, justificado to somente por sua beleza.

Os artistas comeam aos poucos a desvincularem-se de seu pblico e comeam a trabalhar para si prprios, a arte transcendeu A partir desse momento, surgiu a necessidade de criarem-se instituies que regulamentassem e formassem novos artistas, algo que fugisse do formato das guildas. Nesse ponto, criaram-se as academias, as quais utilizavam uma abordagem mais cientfica e enfatizavam no s a prtica, mas tambm a teoria. a caracterstica de atender apenas a encomendas. aventuram na construo. A arquitetura tinha mais um carter prtico do que terico e continuava exercendo o formato hierrquico das pocas anteriores.CONCLUSO

A histria dos artistas em seu contexto social demonstra a grande luta travada por estes em busca de reconhecimento. Todavia, a nsia de alcanar um melhor status econmico e social fez com que, muitas vezes, estes se afastassem de seus ideais e princpios, curvando-se aos desejos da aristocracia e do clero local. A existncia de personalidades isoladas ao longo da histria, como Brunelleschi, Da Vinci e Rafael demonstra a montanha russa na qual estava inserida essa classe social. Transitando entre a total apatia poltica e social completa submisso de valores, os artistas buscaram ao longo de sculos encontrar um equilbrio para suas aspiraes.BIBLIOGRAFIA

BLUNT, Anthony. Teoria artstica na Itlia 1450-1600.

BARASCH, Moshe. Teorias del arte.

HAUSER, Arnold. Histria social da literatura e da arte.

BURKE, Peter. O Renascimento italiano: cultura e sociedade na Itlia.

LARIVAILLE, Paul. A Itlia no tempo de Maquiavel.PAGE 5