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artigo sobre tradução comparativos Edgar Allan Poe
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ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE TRADUÇÕES DO CONTO “O GATO PRETO” DE EDGAR ALLAN POE
Denise Regina de Sales
Daiana Godinho Martins Correia
RESUMO
Este trabalho procura evidenciar brevemente o papel da tradução e do tradutor, e sua importância no universo literário. Busca-se, também, fazer uma breve comparação entre três traduções do conto de Edgar Allan Poe, O Gato Preto, os aspectos relevantes que trazem diferenças ao texto, bem como a descrição da escolha deste conto para a feitura do trabalho. Nas considerações finais obtém-se o que se pode inferir sobre o assunto.
Palavras-chave: Tradução. Tradutor. O Gato Preto.
1 INTRODUÇÃO
O objetivo deste artigo é esclarecer algumas questões que foram abordadas
nas aulas da disciplina de Literatura e Tradução, do Curso de Especialização em
Literatura Brasileira 2015 da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Para isto,
buscou-se informações necessárias para embasar teoricamente o real papel da
tradução e do tradutor das obras literárias, buscando salientar a importância deste
ato para os consumidores do mesmo.
Para isto, selecionamos duas, das diversas, traduções do conto de Edgar
Allan Poe, O Gato Preto. Conto bastante conhecido e muito utilizado para leitura em
sala de aula, devido a sua estrutura narrativa e a relação que estabelece entre a
essência do ser humano e seu papel no mundo.
Professor titular da disciplina de Literatura e Tradução do Curso de Especialização em Literatura Brasileira 2015 da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Pós graduanda do Curso de Especialização em Literatura Brasileira 2015 da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Analisaremos, portanto, o quanto uma tradução pode ser influenciada pelo
seu tradutor, e o quanto pode se manter de realmente original nas obras traduzidas.
A passagem da língua de partida para a língua de chegada é uma transição que, por
vezes, faz com que o tradutor se torne um verdadeiro vilão. Porque se o mesmo
mantém o texto em sua tradução literal, com todos as diferenças linguísticas
presentes nas diversas línguas, o texto pode se tornar frio, sem vida, mas por outro
lado se faz uma adaptação, pode acabar perdendo a essência da obra do autor.
Portanto, neste artigo, buscamos dimensionar o quão difícil é o trabalho da tradução
e quanto isso é importante na vida das pessoas.
2 O PAPEL DA TRADUÇÃO E DO TRADUTOR
Para que serve uma tradução?
O real papel de uma tradução é para trazer para a cultura de um determinado
país, obras literárias de outros países. Portanto, a tradução serve para disseminar a
cultura pelo mundo. E fazer com que povos de diferentes línguas e nações
compartilhem de um mesmo texto mundo a fora.
Mas o que realmente incomoda os estudiosos do assunto é o fato de que o
quanto uma tradução pode ser fiel à sua língua de partida. Muito discutido
mundialmente é o caso das traduções na França no século XVII, Les belles infidèles,
ou em bom português, As belas infiéis, tratavam-se de adaptações feitas pelos
franceses que prometiam “melhorar” o texto de partida, dando a estes elementos,
tipicamente, da cultura francesa. Tornando-os belos mas por vezes perdendo um
pouco a originalidade do autor, como suscita John Milton (1998):
O conceito de equivalência entre os tradutores franceses dos séculos XVII e XVIII
era muito diferente da nossa interpretação contemporânea do termo. A tradução
tinha de proporcionar ao leitor a impressão semelhante à que o original teria
suscitado, e a pior maneira de fazê-lo seria através de tradução literal, o que
pareceria dissonante e obscuro. Seria melhor fazer mudanças a fim de que a tradução
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não ferisse os ouvidos e que tudo pudesse ser entendido claramente. Somente
fazendo essas mudanças, o tradutor poderia cria essa “impressão” semelhante. (p.
57, grifo do autor)
Podemos observar, no trecho acima, que na realidade para os franceses, e no
pensamento deles, estavam sendo fiéis as traduções porém tornando-as mais belas,
mais gustativas aos paladares franceses. Não importando muito a real intenção do
autor. Como salienta Milton (1998) quando diz que: os tradutores franceses fazem
com que tudo soe francês, mostrando completa falta de sensibilidade em relação ao
original. (p.63)
Por outro lado, temos os defensores de uma tradução literal, fiel ao original,
que não pregue peças no leitor e mantenha o estranhamento natural que surge em
um texto que passa de uma língua, de uma cultura à outra. É o que revela Milton
(1998): O objetivo do tradutor é fazer uma versão interlinear, buscando deixar o
original idêntico a tradução, mas ao mesmo tempo conservando-lhe a estranheza
aparente. (p. 65)
Com base nestas duas teorias analisaremos posteriormente as duas
traduções escolhidas, afinal elas estariam de acordo com uma ou outra teoria, ou
ainda em conformidade com as duas. Se o papel da tradução é unificar culturas qual
seria a maneira correta de traduzir, enfeitando as páginas com belas palavras e
fazendo com que o povo de determinada região acredite que toda a cultura mundial
se assemelha a dela. Ou trazendo novas perspectivas de leitura para que se cause
uma certa curiosidade nas literaturas alheias.
Então, se a tradução unifica, para a tradição alemã o tradutor seria o
responsável por esta unificação, é nas mãos dele que está o poder de transformar
os textos, de elevar a pura beleza de escritos em outras línguas para sua língua
materna. É ele o responsável por fazer seu povo entrar em contato com diversas
culturas e horizontes. Para Milton (1998)
Os escritores alemães também consideram a tradução como sendo de grande valor
para o desenvolvimento do indivíduo. Para Johann Breitinger (1701-1776), é a
melhor maneira de aprender a pensar. Quando se traduz se adquire, quase
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irrefletidamente, a capacidade de pensar corretamente e de expressar os
pensamentos com ênfase e em benefício da própria pessoa. Wilhelm von Humboldt
(1767-1835) considera a tradução como uma maneira de proporcionar ao indivíduo
experiências com as quais ele nunca teria tido contato. Tanto o indivíduo como a
nação passam por algo mais nobre e complexo. O tradutor também é descrito de
uma maneira muito distinta. Não encontramos a degradação do tradutor, tão comum
em outros lugares. Friedrich Schlegel (1772-1829) vê o tradutor como o introdutor
de novas formas. Para Herder é a “estrela da manhã” de uma nova era na literatura.
(p.62)
Observamos neste trecho a ideia de um tradutor admirado por seu trabalho,
pelo papel de transformar, de reproduzir aquilo que já foi dito, esta é a real
importância do tradutor. Que ele possa buscar as soluções necessárias, para que o
povo receptor daquela literatura estrangeira, possa entender a mesma, mas que
também mantenha os traços originais do autor para que esse mesmo povo
compreenda a importância de diferentes culturas e literaturas.
3 O GATO PRETO, DE EDGAR ALLAN POE
Passamos agora a uma breve descrição do conto escolhido e o motivo de sua
escolha.
O Gato Preto, de Edgar Allan Poe, foi escrito originalmente em 1843, em uma
edição do Saturday Evening Post (uma revista de circulação semanal nos Estados
Unidos da América no séc. XIX). O conto narra a história de um homem pacato, de
boa índole, apaixonado por animais, até que um dia, devido à algumas situações
cotidianas, começa a desprezá-los. As características que mais aparecem nesta
narrativa são a loucura, a transformação da alma humana, a morte. A morte esta
focalizada nesta obra juntamente com o mistério e a violência.
O narrador, em primeira pessoa, apresenta essa história como se fosse um
relato de seu cotidiano. Que acabou tornando-se trágico em função de sua disputa
com o gato. O modo intimista e desesperado do personagem não nos traz simpatia,
muito pelo contrário, nos causa até mesmo uma certa repugnância frente à seus
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atos cruéis. Muitos, porém, sentem-se comovidos com a história de um homem que
tem sua alma corrompida em função da bebida.
Outro aspecto que convém falar sobre a obra é a maneira como o autor lida
com as questões do sobrenatural, o mistério que envolve a morte do gato, e o
suposto aparecimento de sua imagem na parede da casa do narrador, tudo isso
foram questões relevantes na hora da escolha da obra para este trabalho. Buscou-
se um texto que pudesse ser trabalhado em sala de aula, com alunos de ensino
médio, para explorar questões sobre o comportamento humano e também questões
da linguagem, como por exemplo, as diferenças entre as traduções.
4 COMPARAÇÕES ENTRE TRÊS TRADUÇÕES DE “O GATO PRETO”
Escolheu-se para as comparações duas traduções e uma
tradução/adaptação, cujas serão identificadas da seguinte maneira: tradução 1:
retirada da obra Contos de Imaginação e Mistério, edição de Luxo da Editora
Tordesilhas, tradução de Cássio de Arantes Leite; tradução 2: retirada da obra
Histórias Extraordinárias, edição de bolso da Editora Martin Claret, tradução de
Eliane Fitipaldi Pereira e Katia Maria Orberg; tradução/adaptação 3: retirada da obra
Histórias Extraordinárias, edição de bolso da editora Saraiva, tradução e adaptação
de Clarice Lispector. Ainda como base original, ou seja, na língua de partida,
usaremos um conto que está disponível na internet.
As duas primeiras traduções foram escolhidas por serem distintas uma edição
de luxo e outra de bolso, pressupondo, portanto, tipos de leitores diferentes as
traduções também teriam que ser. Já a adaptação foi escolhida por se tratar da
autora Clarice Lispector, e como o nome mesmo diz é uma adaptação, então
esperamos encontrar traços da autora na obra de Poe.
Já no início do conto notamos uma diferença entre as traduções, não somente
linguística mas de conteúdo em si, como vemos nos excertos abaixo:
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Versão original:
FOR the most wild, yet most homely narrative which I am about to pen, I neither expect nor solicit belief. Mad indeed would I be to expect it, in a case where my very senses reject their own evidence. Yet, mad am I not - and very surely do I not dream. But to-morrow I die, and to-day I would unburden my soul. (p. 253)
Tradução 1:
Para a narrativa sumamente extravagante e, contudo, sumamente trivial em que tomo da pena, não espero nem peço crédito. De fato, louco seria eu de esperar tal coisa, num episódio em que até meus próprios sentidos jeitam o que testemunharam.Contudo, não estou louco – e, decerto, tampouco sonhando. Mas amanhã morrerei e hoje quero desafogar minha alma. (p. 81)
Tradução 2:
Para a narrativa tão extravagante, porém tão despretensiosa, que estou prestes a escrever, não espero nem peço que deem crédito. Louca, na verdade, seria eu de esperar isso, num caso em que mesmo os meus sentidos rejeitam sua própria evidência. Entretanto, louco não sou – e, com certeza, não estou sonhando. Mas amanhã morrerei e hoje preciso aliviar minha alma. (p. 21)
Tradução 3:
Amanhã morrerei e hoje quero aliviar minha alma. (p. 8)
Observa-se entre as duas primeiras traduções traços linguísticos diferentes,
as escolhas das palavras são distintas porém se manteve uma tradução mais fiel à
original, contudo na adaptação de Lispector, a autora sucumbe as primeiras
sentenças e mantém apenas o sentido final do parágrafo em questão.
Analisando a escolha das palavras nas duas primeiras traduções podemos
observar que a primeira tenta manter uma linguagem mais culta, elevando o padrão
linguístico e a segunda mantém uma linguagem mais usual, aproximando-se mais
da população em geral, isto, talvez denotaria o tipo de público ao qual se destinam
as duas traduções.
Outro aspecto que poderíamos salientar seria a quebra de sentenças para
melhor adaptação a língua de chegada, como podemos ver a seguir:
Texto original:
I married early, and was happy to find in my wife a disposition not uncongenial with my own. Observing my partiality for domestic pets, she lost no opportunity of
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procuring those of the most agreeable kind. We had birds, gold-fish, a fine dog, rabbits, a small monkey, and a cat (p. 254 ).
Tradução 1:
Casei-me cedo, e tive a felicidade de encontrar em minha esposa uma disposição não incompatível com a minha própria. Observando meu apreço pelos animais domésticos, ela não perdia a oportunidade de obter os tipos mais agradáveis. Tivemos pássaros, peixes dourados, um ótimo cão, coelhos, um macaquinho e um gato. (p.82)
Tradução 2:
Casei-me cedo, e tive a felicidade de encontrar, na minha esposa, um temperamento que não destoava do meu. Observando meu apego pelos animais domésticos, ela não perdia a oportunidade de obter as espécies mais agradáveis. Possuímos pássaros, peixinhos dourados, um lindo cão, coelhos, um pequeno macaco e um gato. (p. 22)
Tradução 3:
Casei-me muito moço. Tive sorte. Minha mulher possuía um caráter adequado ao meu. Sentiu logo minha predileção pelos animais domésticos. Não perdia, então, oportunidade de procurar os das espécies mais agradáveis. Pássaros, peixes dourados, um belo cão, coelhos, um macaquinho e um gato. (p.10)
O que pode ser bem notado nestes trechos é a reprodução quase que fiel dos
dois primeiros tradutores, enquanto que a tradução de Lispector é mais rica de
sentido na língua de chegada, sem se preocupar muito em manter a tradução literal
original, mas também sem perder o sentido do texto.
Outro aspecto, e por fim o último a ser analisado neste artigo é o trecho em
que Lispector sucumbe toda uma fala do autor em sua tradução, mudando, até
mesmo, o sentido do texto.
Texto original:
But this feeling soon gave place to irritation. And then came, as if to my final and irrevocable overthrow, the spirit of PERVERSENESS. Of this spirit philosophy takes no account. Yet I am not more sure that my soul lives, than I am that perverseness is one of the primitive impulses of the human heart– one of the indivisible primary faculties, or sentiments, which give direction to the character of man. Who has not, a hundred times, found himself committing a vile or a silly action, for no other reason than because he knows he should not? Have we not a perpetual inclination, in the teeth of our best judgment, to violate that which is Law, merely because we understand it to be such? This spirit of perverseness, I say, came to my final overthrow. It was this unfathomable longing of the soul to vex itself – to offer violence to its own nature – to do wrong for the wrong's sake only – that urged me to continue and finally to consummate the injury I had inflicted upon
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the unoffending brute. One morning, in cool blood, I slipped a noose about its neck and hung it to the limb of a tree... (p. 256).
Tradução 1:
Mas esse sentimento em breve deu lugar à irritação. E então sobreveio, como que para minha ruína final e irrevogável, o espírito da PERVERSIDADE. Desse espírito a filosofia não se ocupa. Contudo, não tenho tanta convicção sobre a existência de minha lama quanto tenho de que a perversidade é um dos impulsos primitivos do coração humano – uma das indivisíveis e primordiais faculdades, ou sentimentos, que orientam o caráter do Homem. Quem nunca se pegou, uma centena de vezes, cometendo algum ato vil ou tolo sem nenhum outo motivo além de saber que não deveria? Não mostramos uma perpétua inclinação, malgrado todo o nosso bom-senso, a violar essa coisa que chamamos Lei, meramente porque a compreendemos como tal? Esse espírito de perversidade, como disse, veio para a minha ruína final. Foi esse inescrutável anseio da alma de atormentar a si mesma – de violentar sua própria natureza – de cometer o mal em nome do mal simplesmente – que me impediu de continuar e finalmente consumar o agravo que já infligira à inofensiva criatura. Certa manhã, a sangue frio, passei um laço em torno de seu pescoço e o enforquei no galho de uma árvore... (p.83,84)
Tradução 2:
Mas esse sentimento logo cedeu lugar a irritação. E então chegou, como para minha derrocada final e irrevogável, o espírito da PERVERSIDADE. Desse espírito, a filosofia não trata. No entanto, assim como tenho certeza de que minha alma vive, sei que a perversidade é um dos instintos primitivos do coração humano – uma das faculdades ou sentimentos primários indivisíveis, que orientam o caráter do Homem. Quem, uma centena de vezes, não cometeu um ato vil ou estúpido, simplesmente por saber que não deveria? Não temos nós uma inclinação perpétua, contrariamente ao nosso melhor julgamento, de violar aquilo que é a Lei, simplesmente porque entendemos que é assim? Esse espírito de perversidade, digo agora, surgiu para minha derrocada definitiva. Foi esse anseio desmedido da alma de atormentar-se – de empregar violência contra a sua própria natureza – de fazer o mal pelo mal – que me impeliu a continuar e a finalmente consumar a lesão que eu havia infligido ao indefeso animal. Certa manhã, a sangue-frio, passei um laço por seu pescoço e enforquei-o no galho de uma árvore... (p. 24)
Tradução 3:
Aquele temor ou apenas ódio que o anilam sentia por mim foi me fazendo irritado. Daí ao espírito de perversidade foi um pequeno passo. Esse espírito de perversidade veio a causar a minha ruína total. Certa manhã, a sangue-frio, enforquei-o no galho de uma árvore. (p. 9).
De todos os trechos analisados, este é o que deixa mais evidente a
manipulação do texto de Lispector, a autora resumiu a mensagem do texto original
em poucas palavras, ficou de fácil entendimento, porém perdeu-se ali a originalidade
do Allan Poe.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De tudo que foi apresentado e estudado neste artigo, o que ficou muito
presente em todo o tempo foi o real papel do tradutor e como este pode moldar o
texto a sua escolha. Escolher as palavras certas e adequadas para cada contexto é
muito difícil, tem-se que levar em conta a qual tipo de público a obra será
apresentada. Se um público mais jovem uma linguagem mais casual, informal é
interessante. Se o público for acadêmico ou então já habituado à várias leituras uma
linguagem mais formal.
Tem que que se levar em conta também que tipo de edição essa tradução
será apresentada ao público, uma edição de bolso, por exemplo, pede talvez, que o
tradutor seja o mais inteligível possível em sua linguagem, evitando o uso de notas
de rodapé. Já uma versão de luxo, como a que foi utilizada para este trabalho, exige
um pouco mais de sofisticação, tanto da linguagem, quanto das notas explicativas.
O fato é que o tradutor é o responsável por trazer para a língua de chegada
toda uma literatura estrangeira, uma cultura diferente da sua, e melhor o faz, aquele
que não interfere na obra do autor, de maneira que o texto traduzido fique quase
como o legítimo, fiel à obra original. Pudemos observar, dentre as nossas três
traduções que, as duas primeiras mantiveram quase que fielmente o estilo de Allan
Poe enquanto a tradução de Lispector acabou deixando marcas no texto. Lispector
fez adaptações que, sim, julgou necessárias para o bom entendimento do seu povo,
porém, moldou o texto às suas características perdendo muito da essência do autor.
Trouxe o texto para a língua de chegada, mas não manteve sua tradução fiel.
O estudo da tradução é muito rico, e é sem dúvida muito importante para que
todas as comunidade possam usufruir dos textos de outras nações. Para isto, deve-
se manter a tradução o mais fiel possível, para que não se perca nenhuma
informação que queira ter sido passada pelo autor. E assim, podermos todos ter
acesso a uma infinidade de textos, sem se preocupar em, necessariamente, buscar
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o texto original, ou por vezes, deixar de ter acesso ao texto e ao conhecimento, por
desconhecer a língua de partida.
6 REFERÊNCIAS
MILTON, John. Tradução: teoria e prática. Leitura e Crítica. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
Edgar Allan Poe. In: POE, Edgar Allan. Contos de imaginação e mistério. Tradução Cássio de Arantes Leite. São Paulo: Tordesilhas, 2012.
POE, Edgar Allan. Histórias Extraordinárias. Tradução Eliane Fitipaldi Pereira, Katia Maria Orberg. São Paulo: Martin Claret, 2012.
POE, Edgar Allan. Histórias Extraordinárias de Allan Poe. Tradução e adaptação Clarice Lispector. Ed. Especial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.
POE, Edgar Allan. Tales of Mystery and Imagination. Disponível em: <https://archive.org/stream/talesmysteryand00poegoog > Acesso em 29 de julho de 2015.
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