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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS PUC Minas Virtual Curso a distância de Graduação em Ciências Contábeis OS ASPECTOS LEGAIS, TRIBUTÁRIOS E FINANCEIROS PARA AS EMPRESAS DO AGRONEGÓCIO: UMA ANÁLISE DA EMPRESA JBS S.A Libério José do Amaral

As Empresas de Agronegócios

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Como as empresas de agronegócios funcionam

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Page 1: As Empresas de Agronegócios

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAISPUC Minas Virtual

Curso a distância de Graduação em Ciências Contábeis

OS ASPECTOS LEGAIS, TRIBUTÁRIOS E FINANCEIROS PARA AS EMPRESAS DO AGRONEGÓCIO: UMA ANÁLISE DA EMPRESA JBS

S.A

Libério José do Amaral

Contagem2011

Page 2: As Empresas de Agronegócios

Libério José do Amaral

OS ASPECTOS LEGAIS, TRIBUTÁRIOS E FINANCEIROS PARA AS EMPRESAS DO AGRONEGÓCIO: UMA ANÁLISE DA EMPRESA JBS S.A

Contagem2011

Page 3: As Empresas de Agronegócios

RESUMO

O mercado do agronegócio tem significativa representatividade na economia

brasileira e é importante ampla abrangência de informações e de uma gestão eficaz.

É necessário profissionais e instrumentos capazes de fornecer auxilio na avaliação

das informações, que busquem um controle econômico-financeiro mais rigoroso, de

modelos administrativos para a redução dos custos de produção e o aumento do

faturamento, transformando as propriedades rurais em empresas que terão

capacidade para acompanhar a evolução do setor de agronegócio e se tornarem

competitivas. O objetivo do trabalho é evidenciar os aspectos legais, tributários e

financeiros de empresas do agronegócio e sua importância no mercado brasileiro,

para que as empresas que desempenham esta atividade se destaque em um

mercado que se encontra cada vez mais competitivo. O trabalho dispõe da

realização de uma análise de dados da empresa JBS S.A a fim de demonstrar os

aspectos teóricos desenvolvidos. Com a leitura e compreensão dos dados foi

possível verificar que a contabilidade rural permite o controle e o planejamento do

negócio com informações que orientam as tomadas de decisão.

Palavras-chave: Agronegócio. Informações. Custos. Controle. Gestão.

Page 4: As Empresas de Agronegócios

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Formas de associações nas explorações agropecuárias ................. 11

Quadro 2 Os tipos de custeios .............................................................................. 14

Quadro 3 As características dos centros de custos no agronegócio ............... 16

Quadro 4 Atividades para análise da demonstração do fluxo de caixa ............ 20

Quadro 5 Variáveis empresariais dinâmicas da empresa JBS S.A ................... 34

Quadro 6 Balanço Patrimonial comparativo da empresa JBS S.A .................... 35

Quadro 7 Demonstração do fluxo de caixa da empresa JBS S.A ...................... 37

Page 5: As Empresas de Agronegócios

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................6

1.1 Problema..............................................................................................................6

1.2 Justificativa..........................................................................................................7

1.3 Objetivo Geral......................................................................................................7

1.3.1 Objetivos Específicos.......................................................................................7

2 REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................................8

2.1 O papel da Contabilidade no agronegócio........................................................8

2.1.1 A contabilidade Rural.......................................................................................9

2.1.1.1 Empresa Rural ................................................................................................ 9

2.1.2 A importância da administração rural..........................................................10

2.1.3 Aspectos econômicos na exploração da atividade agropecuária.............11

2.2 A importância da definição dos custos no agronegócio...............................12

2.2.1 Dificuldades e limitações na definição dos custos.....................................13

2.2.1.1 Custos na agropecuária .............................................................................. 14

2.2.2 Critérios de avaliação de estoque.................................................................15

2.2.3 Centros de responsabilidade da empresa rural...........................................16

2.2.4 A importância da contabilidade gerencial....................................................17

2.3 A Importância do Fluxo de Caixa para as empresas......................................17

2.3.1 O papel do Fluxo de Caixa no agronegócio.................................................18

2.3.2 Comparação do fluxo de caixa e o fluxo econômico no agronegócio.......19

2.4 Formas de captação de recursos no agronegócio.........................................20

2.5 A importância do capital de giro para as empresas.......................................21

2.6 Enquadramentos Fiscais no agronegócio.......................................................23

2.6.1 Tipos de enquadramentos fiscais.................................................................23

2.6.2 Forma jurídica de exploração na agropecuária...........................................23

2.6.3 Tributação no agronegócio............................................................................24

2.6.4 Imposto de Renda no Agronegócio..............................................................25

2.6.4.1 Pessoa Jurídica e o Imposto de Renda ..................................................... 25

2.6.4.2 Pessoa Física e o Imposto de Renda ......................................................... 26

2.7 Relação do trabalho no agronegócio...............................................................27

Page 6: As Empresas de Agronegócios

2.7.1 Os aspectos legais do trabalhador e empregador rural..............................28

2.7.1.1 O Empregador rural e o seu poder de direção .......................................... 28

2.7.1.2 O Trabalhador rural e seus direitos ........................................................... 28

2.7.1.2.1 Jornada de Trabalho e Descanso Semanal Remunerado..........................29

2.7.1.2.2 Trabalho Noturno........................................................................................29

2.7.1.2.3 Remuneração e descontos.........................................................................30

3 METODOLOGIA.....................................................................................................31

4 ANÁLISE DE DADOS............................................................................................32

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................38

Referências................................................................................................................39

Page 7: As Empresas de Agronegócios

1 INTRODUÇÃO

Com a utilização de novas tecnologias, insumos de primeira linha e ao

aumento da demanda de alimentos em nível mundial, o mercado do agronegócio

tem significativa representatividade na economia brasileira. O agronegócio é

responsável por cerca de 1/3 do PIB do Brasil, com tal responsabilidade ela define

uma nova ordem para a gestão dos negócios em seus segmentos.

É de suma importância a necessidade de profissionais e de instrumentos

capazes de fornecer auxilio na avaliação das informações, visando buscar um

controle econômico-financeiro mais rigoroso, fazendo com que a gestão do

agronegócio tenha eficiência para administrar todos os níveis do negócio.

A utilização da contabilidade como ferramenta de gestão através do

fornecimento de informações que permitam o planejamento, o controle e a tomada

de decisão permite analisar o desempenho financeiro e a força do empreendimento,

transformando as propriedades rurais em empresas que terão capacidade para

acompanhar a evolução do setor de agronegócio e se tornarem competitivas.

Devido à crise econômica, a retirada de subsídios e incentivos fiscais ao setor

e o aumento da tributação da renda agrícola, muitos empresários do setor rural vêm

sentindo a necessidade de melhores conhecimentos administrativos, como condição

imprescindível para a própria sobrevivência da empresa.

Nesse sentido, há a necessidade de adoção, por parte dos empreendimentos

de agronegócio, de modelos administrativos que busquem a redução dos custos de

produção e o aumento do faturamento através da adequada inserção do negócio na

cadeia produtiva e pela definição correta das técnicas de gestão com respaldo nos

termos legais e tributários.

1.1 Problema

Qual a importância dos aspectos legais, tributários e financeiros em empresas

de agronegócio?

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Page 8: As Empresas de Agronegócios

1.2 Justificativa

As riquezas geradas pelo agronegócio movimentam a economia brasileira e

para que as empresas que desempenham esta atividade se destaque em um

mercado que se encontra cada vez mais competitivo é importante ampla

abrangência de informações no que se refere principalmente ao desempenho

financeiro, facilitando assim as tomadas de decisão.

Assim surge a necessidade de conhecer melhor as ferramentas que auxiliam

o planejamento e controle das empresas, para que se tenha êxito em um mercado

competitivo.

1.3 Objetivo Geral

Evidenciar os aspectos legais, tributários e financeiros de empresas do

agronegócio e sua importância no mercado brasileiro.

1.3.1 Objetivos Específicos

Definir o papel da contabilidade no agronegócio.

Evidenciar a importância da contabilidade gerencial e definição dos custos.

Evidenciar a importância do fluxo de caixa no agronegócio.

Identificar as formas de capitação de recursos no agronegócio.

Identificar quais são os enquadramentos fiscais.

Identificar os aspectos legais do trabalhador rural e do empregador rural.

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Page 9: As Empresas de Agronegócios

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O papel da Contabilidade no agronegócio

Visando buscar um controle econômico-financeiro mais rigoroso, a

contabilidade pode desempenhar um importante papel como ferramenta gerencial.

Quando se avalia a importância da contabilidade em gerar informações que

permitam o planejamento, o controle e a tomada de decisão, a empresa deve estar

subordinada a uma administração eficiente.

Borilli et al dispõe que,

Um sistema de informação contábil precisa ser rigoroso objetivo e dinâmico para atender às necessidades dos usuários no menor tempo possível. Portanto, a partir do momento em que o empresário rural adotar um sistema de Contabilidade Rural Gerencial, deve estar consciente da relação custo/benefício que lhe proporcionará, além da capacidade de compreender e utilizar estes recursos que poderão fornecer-lhe dados confiáveis. (BORILLI et al, 2005 p. 83)

Na atividade rural a contabilidade de custos contribui para melhorar o

planejamento e controle dos custos de produção, podendo auxiliar o empresário

rural na escolha da melhor cultura, das criações e das práticas que adotará, em sua

administração.

Segundo Callado e Almeida,

Cabe ao contador buscar formas de adequar a contabilidade às reais necessidades dos produtores rurais, de modo que não se torne uma tarefa dispendiosa, e gerar relatórios contábeis que possam dar subsídios suficientes para auxiliá-los na tomada de decisões, a fim de que as empresas rurais possam ter uma administração eficiente. (CALLADO; ALMEIDA, 2005, p. 97)

Ainda segundo Callado e Almeida (2005), é importante a implantação de um

sistema de custos que possibilite aos empresários rurais, diagnosticar possíveis

problemas através da análise da composição dos custos e avaliar o rendimento da

atividade desenvolvida.

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Page 10: As Empresas de Agronegócios

2.1.1 A contabilidade Rural

A contabilidade representa uma das principais ferramentas para gestão e

controle do negócio. Ela fornece informações aos usuários que serão utilizadas para

orientar as tomadas de decisão. A contabilidade pode gerar informações de

diferentes áreas como industrial e manufatureira, área comercial, prestação de

serviços e na agropecuária. (MARION, 1996)

Segundo Calderelli (2003, p.180) a Contabilidade Rural é definida como

sendo “aquela que tem suas normas baseadas na orientação, controle e registro dos

atos e fatos ocorridos e praticados por uma empresa cujo objeto de comércio ou

indústria seja agricultura ou pecuária”.

Neste sentido a contabilidade rural é conceituada por Crepaldi (2005) como

sendo um instrumento da função administrativa que tem as seguintes finalidades:

controlar o patrimônio, apurar o resultado e prestar informações sobre o patrimônio e

sobre o resultado das entidades rurais.

De acordo com Marion, a contabilidade na atividade rural pode ser dividida

em três grandes campos ou áreas:

(…) a atividade agrícola que abrange culturas hortícolas, arborícolas e forrageiras destinadas à exploração da produção vegetal; atividade zootécnica, que diz respeito à criação e comercialização de animais para consumo doméstico ou para fins industriais e comerciais; e atividade agroindustrial que se refere ao processamento e à comercialização dos produtos das atividades agrícola (produção vegetal) e zootécnica (produção animal) através do beneficiamento e transformação destes produtos. (MARION, 1996 p. 72)

2.1.1.1 Empresa Rural

Segundo Marion (2002, p. 31), “empresas rurais são aquelas que exploram a

capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais e

da transformação de determinados produtos agrícolas”.

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Page 11: As Empresas de Agronegócios

Para Crepaldi (1998, p. 23), “é a unidade de produção em que são exercidas

atividades que dizem respeito a culturas agrícolas, criação do gado ou culturas

florestais, com a finalidade de obtenção de renda”.

As empresas rurais sejam elas destinadas a atividades agrícolas, pecuárias

fazem parte do agronegócio. Segundo o site gestão do agronegócio “o agronegócio

ou agribusiness significa o conjunto das empresas produtoras de insumos,

propriedades rurais, indústrias de processamento, distribuição e comércio nacional e

internacional de produtos agropecuários in natura ou processados”. (GESTÃO DO

AGRONEGÓCIO, 2010).

2.1.2 A importância da administração rural

Administrar uma atividade rural requer uma ampla abrangência de

informações em termos de desempenho físico e financeiro. Entretanto, muitas das

informações necessárias são registradas em anotações informais ou apenas na

memória de quem administra.

Segundo Marion dispõe que,

(...) há também a tendência de alguns em julgar ou medir o desempenho financeiro de uma atividade rural pelo surgimento de novas construções, pela quantidade de terra que compõe a atividade ou pelo total de dinheiro no banco. Cada uma dessas medidas, todavia, propicia um quadro potencialmente enganoso de desempenho financeiro de um negócio e muitas vezes uma análise errada da força financeira do proprietário do negócio. (MARION, 1996, p.19)

Ainda segundo Marion (1996), a necessidade de uma eficiente administração

financeira tem sido evidenciada entre os produtores rurais de todo o país. Embora a

eficiente administração rural permaneça essencial, a habilidade dos produtores em

tomar decisões financeiras torna-se premente, considerando, principalmente,

problemas de taxas de juros elevadas, inflação crescente nos custos, flutuações de

preço na venda do produto etc.

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Page 12: As Empresas de Agronegócios

2.1.3 Aspectos econômicos na exploração da atividade agropecuária

Segundo Marion, nas explorações de atividades agropecuárias, encontram-se

dois tipos de investimentos:

Capital fundiário: terra, edifícios e edificações rurais, benfeitorias e melhoramentos na terra, cultura permanente, pastos etc. São todos recursos fixos, vinculados à terra, e dela não retiráveis. O capital fundiário na agropecuária representa aquilo que nas industrias transformadoras corresponde aos edifícios e seus anexos. (MARION, 2010, p.8)

Capital de Exercício (capital operacional, ou capital de trabalho): gado para reprodução, animais de trabalho, equipamentos, trator etc. É o instrumental necessário para o funcionamento do negócio. Esse capital pode ser permanente (não se destina à venda, de vida útil longa), ou circulante, ou de giro (recursos financeiros e valores que serão transformados em dinheiro ou consumidos em curto prazo). (MARION, 2010, p.8)

Ainda de acordo com Marion (2010, p.9), existem duas personalidades

economicamente distintas nas associações dos capitais fundiários e de exercício na

atividade agropecuária: “o proprietário da terra, que participa no negócio com o

capital fundiário e o empresário que participa com o capital de exercício, explorando

o negócio agropecuário independentemente de ser ou não proprietário da terra”.

O quadro 01 descreve as formas de associações nas explorações

agropecuárias:

PARCERIA

Ocorre parceria quando o proprietário da terra contribui no negócio com o capital fundiário e o capital de exercício, associando-se a terceiros em forma de parceria. Esse tipo de associação assemelha-se a uma sociedade de capital e indústria, em que há duas espécies de sócios: o capitalista (proprietário) entra com o capital, e geralmente com a gerencia do negócio e o de trabalho (parceiro) entra com a execução do trabalho.

ARRENDAMENTO

Quando o proprietário da terra aluga seu capital fundiário (dificilmente aluga o capital de exercício) por determinado período a um empresário, tem-se o que se chama sistema de arrendamento. O arrendador recebe do arrendatário uma retribuição certa que é o aluguel.

COMODATO

Empréstimo gratuito em virtude do qual uma das partes cede por empréstimo, para que se use pelo tempo e nas condições preestabelecidas. Nesse caso, o proprietário cede seu capital sem nada receber do comodatário.

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Page 13: As Empresas de Agronegócios

CONDOMINIO

È a propriedade em comum, ou a co-propriedade, em que os condôminos proprietários compartilham dos riscos e dos resultados, da mesma forma que a parceria, na proporção da parte que lhes cabe no condomínio.

Quadro 01: Formas de associações nas explorações agropecuáriasFonte: MARION, José Carlos. Contabilidade Rural, 2010.

2.2 A importância da definição dos custos no agronegócio

Nos últimos anos, cada vez mais a agricultura e a pecuária intensificam-se, o

que possibilita melhoria significativa do aumento de produtividade. Por outro lado

torna-se necessário o desembolso de grandes quantias para o empreendimento e

sua manutenção. (LOPES, 2009)

Neste sentido Lopes observa que,

(…) há ainda, uma tendência de redução de preços dos produtos agropecuários associada à elevação dos custos de produção resultante do aumento dos encargos de financiamentos bancários, diminuição dos volumes de financiamentos oficiais, elevação da carga tributária e dos encargos sociais, e elevação dos preços dos insumos básicos. (LOPES, 2009, p.1)

Através da adequada administração busca-se verificar a rentabilidade,

analisar e quantificar os centros de custos de uma atividade produtiva. Para Lopes

(2009, p.1) “existem várias finalidades para a determinação do custo dentro de uma

empresa rural, e o levantamento destes ocorre por meio do suprimento de

informações relevantes sobre seus diversos produtos, serviços ou atividades

operacionais”.

Como finalidade na determinação de custos de uma empresa rural destaca-

se: a definição dos gastos dos diferentes empreendimentos, a possibilidade de

calcular os rendimentos das diversas culturas e criações, a determinação do volume

do negócio, definição dos custos da produção e indicam quais os momentos para

realização das vendas e de investimentos. (LOPES, 2009)

“Entretanto, os custos de produção, importante ferramenta de análise

econômica, são variáveis desconhecidas pela imensa maioria dos produtores

brasileiros”, destaca Lopes (2009, p.1). Sendo determinante para a cadeia produtiva,

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Page 14: As Empresas de Agronegócios

já que essas informações são imprescindíveis para o processo de tomada de

decisões.

2.2.1 Dificuldades e limitações na definição dos custos

Observa-se que ainda hoje boa parte dos produtores rurais adotam decisões

que se baseiam apenas em sua experiência, da tradição, do potencial da região e da

disponibilidade de recursos financeiros e de mão-de-obra. (LOPES, 2009)

Para Lopes (2009, p.1), “quando a rentabilidade é baixa, o produtor percebe,

mas tem dificuldade em quantificar e identificar os pontos de estrangulamento do

processo produtivo”. Daí a importância de uma boa gestão de custos que auxilie o

produtor na tomada de decisões estratégicas em seu empreendimento.

As propriedades rurais que não têm controle dos seus custos e orçamentos

apresentam certos riscos dentre eles: desconhecimento do resultado do negócio,

aumento ou diminuição das atividades exploradas, investimentos desnecessários,

facilidade de endividar-se e perda de ganhos obtidos por produtividade. (LOPES,

2009)

Alguns dos elementos que criam à necessidade de reestruturação na gestão

da propriedade são: o alto endividamento, descapitalização, aumento do custo

financeiro, margens de lucros declinantes, escassez ou aumento dos custos dos

insumos e serviços e falta de crédito. (LOPES, 2009)

Lopes dispõe que,

O objetivo mais importante dos registros agropecuários em uma empresa rural, sob o ponto de vista da administração, é a avaliação financeira e a determinação de seus lucros e prejuízos durante um determinado período, fornecendo subsídios para diagnosticar a situação da empresa e realizar um planejamento eficaz. (LOPES, 2009, p.1)

Obter tais informações passa a ser mais importante quando a empresa está

inserida em um mercado que exige maior competitividade de seus produtos e

serviços.

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Page 15: As Empresas de Agronegócios

2.2.1.1 Custos na agropecuária

Um sistema de custos tem objetivos amplos e bem definidos, que refletem

sua importância como ferramenta básica para a administração de qualquer

empreendimento.

Marion (1996, p.62) destaca que “especialmente na agropecuária, onde os

espaços de tempo entre produção e vendas, ou seja, entre custos e receitas, fogem

a simplicidade de outros tipos de negócio, exige técnicas especiais para

apresentação não dos custos, mas dos resultados econômicos do empreendimento”.

Os objetivos referem-se ao uso que se pretende fazer dos dados de custos, a

finalidade que está por trás das informações que se buscam. O quadro 02

demonstra os objetivos fundamentais ao fazer o levantamento de custos:

CUSTEIO POR ABSORÇAO

São os levantados pela contabilidade de custos tradicional, a fim de mensurar monetariamente os estoques de produtos acabados ou ainda em exploração e, ao fim de um exercício ou intervalo de tempo (mês, trimestre, semestre), apurar o resultado contábil da empresa.

CUSTEIO DIRETO OU VARIAVEL

Este método considera somente os custos variáveis para determinação dos custos de produção, ou seja, mão de obra direta, máquinas diretas e insumos agrícolas. Os custos fixos neste caso serão considerados como despesas correntes e debitados diretamente nos resultados. Por esse motivo não é aceito pela legislação fiscal vigente, podendo ser utilizada somente na apuração de resultados gerenciais.

CUSTOS PADRAO

Destina-se a confrontar a realidade com os padrões de custo e outros tipos de previsões e metas contidos no planejamento empresarial. Evidentemente, muitos dos padrões estabelecidos vêm do controle.

Quadro 02: Os tipos de custeiosFonte: MARION, José Carlos. Contabilidade e controladoria em agribusiness, 1996.

Os custos para a tomada de decisões trazem informações de relevância

estratégica, como as que permitem fixar os preços de vendas, alterar a linha de

produtos, fixar os volumes de produção, estabelecer os limites de custos indiretos,

especialmente os fixos. (MARION, 1996).

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Page 16: As Empresas de Agronegócios

2.2.2 Critérios de avaliação de estoque

De acordo com Marion (1996, p. 84) existem diferentes abordagens para a

mensuração do ativo, mas todas elas têm em comum o aspecto do valor e, em

sentido mais restrito, valor econômico, pois, “através deste patrimônio possuído pela

empresa, ela irá gerar os seus recursos para realizar suas atividades e manter-se

em continuidade”.

Desta forma verifica-se a importância da avaliação dos ativos, pois esta

avaliação deve refletir a real capacidade de geração de recursos que uma empresa

possui.

A avaliação de ativos pode ser dividida em duas partes fundamentais, de

acordo com seu enfoque: os ativos monetários que devem ser expressos em termos

de entradas de caixa (exemplo: disponibilidades, contas a receber); e os ativos não

monetários representados pelos estoques, instalações, investimentos de longo

prazo. (MARION, 1996)

Para Marion (1996) o estoque pode ser avaliado no agronegócio através de

dois critérios: o Custo Histórico ou Valor de mercado. No entanto de acordo com o

Comitê de Pronunciamentos Contábeis número 29, passa-se a utilizar como critério

de contabilização dos ativos biológicos e aos produtos agrícolas o valor justo ou

valor de mercado.

Marion (1996, p.84) define que “o valor de mercado representa o preço de

troca que seria necessário hoje para adquirir o mesmo ativo objeto de avaliação

(estoque). Este critério parte da premissa de que existe um mercado organizado

onde sejam comercializados elementos equivalentes”.

Conforme descrito por Marion (1996, p.84) “o custo histórico pode ser

entendido como um conceito estático de avaliação que não leva em consideração o

caráter dinâmico da economia com suas alterações nos preços, embora seja o

conceito de avaliação mais comum e utilizada na contabilidade”.

Ainda segundo Marion, dispõe que,

15

Page 17: As Empresas de Agronegócios

Através do custo histórico, os animais são registrados pelo valor de aquisição que é mantido até o momento da venda quando é apurado o lucro. Confronta-se o custo de formação e cria dos animais contra o valor da venda ou custos dos animais vendidos, apurando-se assim o lucro ou prejuízo na venda, não sendo possível o reconhecimento dos ganhos pela superveniência ativa (ganhos pelo crescimento e reprodução natural dos animais) e perdas pela insubsistência ativa (perdas por eventuais mortes dos animais ou desenvolvimento abaixo da medida mínima esperada). (MARION, 1996, p.85)

2.2.3 Centros de responsabilidade da empresa rural

Segundo Marion (1996, p.67) “os centros de custos é a menor unidade da

área de responsabilidade em que se acumulam custos, em uma propriedade rural.

Eles podem ser classificados também como Centros de custos produtivos e Centros

de custos auxiliares.

O quadro 03 a seguir descreve as características principais dos centros de

custos produtivos, centros de custos auxiliares, centros de despesas e centro de

investimento ou área de lucro:

CENTROS DE CUSTOS

PRODUTIVOS

Corresponde a uma ou mais áreas da mesma cultura ou lote de animais. Por exemplo, numa área com 4.000 há de milho, podemos separar dois ou mais centro de custos produtivos. Esta separação dá-se em função da época de plantio, a variedade ou simplesmente a área geográfica. Para as culturas perenes, estruturam-se os centros de custos produtivos, através do ano de plantio, podendo ser agrupados vários anos do mesmo plantio.

CENTRO DE CUSTOS

AUXILIARES

São os centros de custos de apoio à produção, nos quais serão acumulados os valores do respectivo centro de custos, receberão valores de outros centros que lhe prestaram serviços que posteriormente são distribuídos aos centros de custos produtivos correspondentes, por exemplo: oficina mecânica, refeitório, transporte de pessoal e outros.

CENTROS DE DESPESAS

São destinados a receber valores referentes a gastos de administração, comercial, contabilidade, recursos humanos e outros setores cujos valores possuem característica própria de despesas.

CENTRO DE INVESTIMENTO OU

ÁREA DE LUCRO

È o centro que agrega todos os valores de despesas, custos, receitas e investimentos efetuados neste segmento de empresa, por exemplo, agrícola, pecuária ou considerar cada fazenda produtiva como um centro de investimentos.

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Page 18: As Empresas de Agronegócios

Quadro 03: As características dos centros de custos no agronegócio.Fonte: MARION, José Carlos. Contabilidade e controladoria em agribusiness, 1996.

2.2.4 A importância da contabilidade gerencial

Entre os métodos de custo existentes, por absorção, custeio direto, custeio

padrão e outras variações, Marion (1996, p.142) dispõe que “as empresas

agropecuárias podem optar por um sistema de custeio que atenda simultaneamente

a vários propósitos, principalmente aos gerenciais ou de gestão da empresa”.

A eficácia dos controles de custos para a gestão econômica da empresa

envolve o estabelecimento dos padrões de eficiência e consequentemente os

padrões de custos das atividades, para possibilitar a formulação de orçamentos de

atividades como planejamento e controle. (MARION, 1996)

Ainda segundo Marion,

A concepção de custos para a formação de preços já não contempla a adequada visão para a gestão das empresas, sendo necessário nova postura com relação aos custos, tendo em vista que na ponta da cadeia produtiva e de criação de valor está o consumidor, muito mais esclarecido e exigente, impondo o preço pelo qual deseja consumir as utilidades. Isso deve orientar os gestores dos negócios na busca de adequações dos produtos e seus correspondentes custos, a fim de alcançar a excelência empresarial e qualidade total. (MARION, 1996, p.142)

Segundo Marion (1996) entende-se por qualidade total “o estabelecimento de

condições de melhoria contínua (benchmarking) na produção e na agregação de

valor, mantendo as atividades que adicionam valor e eliminando aquelas que não

agregam valor”.

2.3 A Importância do Fluxo de Caixa para as empresas

O capital de uma empresa é constituído de seus ativos circulantes que dentro

de um ciclo de operações giram até transforma-se em dinheiro.

Chiavenato descreve que,

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Page 19: As Empresas de Agronegócios

Esse ciclo de operações varia de empresa para empresa, conforme a natureza de suas operações, e constitui o tempo necessário para que uma aplicação de dinheiro em insumos circule inteiramente, desde a compra de matérias primas e o pagamento do pessoal até o recebimento pela venda do produto/serviço ao cliente. Esse ciclo é denominado ciclo de operações ou simplesmente ciclo de caixa. (CHIAVENATO, 2005, p.56)

Para Chiavenato (2005, p.56), “cada empresa tem o seu ciclo de caixa, que

pode variar muito com as oscilações de mercado e com a própria natureza do

negócio”.

Para ter êxito na administração e evitar surpresas desagradáveis, o caixa

precisa ser planejado de acordo com o ciclo de caixa. Este planejamento ou

orçamento de caixa deve indicar o fluxo das entradas e saídas de recursos

financeiros do caixa. (CHIAVENATO, 2005)

Chiavenato (2005, p.57), dispõe que “o fluxo de caixa é o movimento de

entradas e saídas de recursos financeiros do caixa, isto é, das origens e aplicações

de caixa. As origens de caixa são fatores que aumentam o caixa, enquanto as

aplicações de caixa são itens que o reduzem”.

Ainda segundo Chiavenato (2005, p.62), “um orçamento de caixa tem por

objetivo operar de maneira que seja necessário o mínimo de dinheiro em caixa”. A

administração do caixa requer alguns princípios conforme lembra Chiavenato (2005):

aumentar os prazos para pagamento de duplicatas sem prejudicar o crédito da

empresa, aproveitar os descontos financeiros nos pagamentos, possibilitar um maior

giro de estoque sem comprometer a produção e as vendas e diminuir os prazos de

recebimento sem perder vendas, podendo para isso utilizar descontos financeiros.

O fluxo de caixa representa o comportamento da empresa quanto aos

recebimentos e aos pagamentos de suas operações.

2.3.1 O papel do Fluxo de Caixa no agronegócio

Para um controle financeiro eficiente, alguns relatórios como contas a pagar e

a receber são extremamente necessários para tomar decisões principalmente em

relação aos gastos que se pretende realizar.

18

Page 20: As Empresas de Agronegócios

Segundo Lopes, dispõe que,

O objetivo primordial dos controles financeiros é a obtenção de dados mínimos necessários para a gestão de uma empresa rural, possibilitando com isto determinar possíveis faltas de dinheiro (déficit) para cobrir obrigações futuras ou sobras de dinheiro (superávit) para que sejam realizados investimentos presentes e futuros. (LOPES, 2009, p.1)

Como avaliação de gestão da empresa de atividade rural as principais razões

para utilizar o fluxo de caixa como disposto por Lopes (2009) é (1) conhecer

previamente os principais recebimentos e pagamentos a serem realizados no

período, (2) verificar se os recebimentos serão suficientes para cumprir com todos

os gastos do período, (3) avaliar as possibilidades de investimentos como criar

compromissos com fornecedores em função dos prazos de pagamento e de

recebimentos e (4) avaliar quando se devem realizar as vendas para melhorar as

disponibilidades de caixa do negócio.

2.3.2 Comparação do fluxo de caixa e o fluxo econômico no agronegócio

De acordo com Marion (1993, p.2), “a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC)

ajuda, entre outras utilidades, a avaliar o potencial da empresa em gerar fluxos

futuros de caixa, a honrar seus compromissos, pagar dividendos e identificar sua

necessidade de recursos financeiros externos”.

Para Marion,

A Demonstração do Fluxo de Caixa evidencia melhor as razões das diferenças entre o lucro líquido e as entradas (recebimentos) e saídas (pagamentos), bem como os efeitos na posição financeira da empresa resultante das transações financeiras e não financeiras (operações que não afetam o caixa) durante um período. (MARION, 1993, p.2)

Normalmente as instituições que concedem crédito rural avaliam o passado e

querem projetar o desempenho futuro da empresa para tomar a decisão mais

adequada na estipulação e concessão do crédito.

Segundo Marion,

19

Page 21: As Empresas de Agronegócios

Os emprestadores de recursos analisam a viabilidade de um retorno de pagamento (ou seja, a capacidade de pagamento do tomador do empréstimo) a curto prazo através da DFC e a lucratividade (considerando a diferença entre receita e despesa) através da Demonstração de Resultado, feito a base do regime de competência. (MARION, 1993, p.2)

Tudo isso porque uma empresa pode gerar caixa sem ter lucro, concluindo-se

que só o caixa não revela todos os fatos. Para Marion (1993, p.3) por outro lado,

“uma empresa pode ter lucro e concomitantemente não conseguir pagar seus

compromissos, sendo que só a apuração do resultado a base de competência não

mede a verdadeira saúde financeira da empresa”.

Assim a combinação dos dois fluxos (financeiro e econômico) permite uma

melhor análise dos emprestadores do dinheiro. (MARION, 1993)

A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) proporciona informações necessárias principalmente para avaliar as atividades operacionais de um negócio rural. Se a análise for um conjunto com a Demonstração do Resultado do Exercício e o Balanço Patrimonial podem ser obtidas importantes informações sobre o fluxo de caixa. (MARION, 1993, p.5)

Normalmente, para uma boa análise, a DFC é dividida em três partes:

operacional, investimentos e financeira. Como disposto no Quadro 04:

Atividade Operacional

Envolvendo a produção e venda de bens e serviços relativos a atividade operacional da empresa. No setor rural haveria necessidade de subtrair a retirada de dinheiro para a manutenção da família que corresponde a salários de trabalho e administração dos mesmos.

Atividade Referente a Investimento

Focalizando o fluxo de caixa para compra e venda de bens de capital (máquinas, implementos agrícolas), animais de reprodução (criação), planos de aposentadoria etc.

Atividade FinanceiraIncluindo os financiamentos, empréstimos, capital dos proprietários, operações com leasing etc.

Quadro 04: Atividades para análise da demonstração do fluxo de caixa.Fonte: MARION, José Carlos. O fluxo de caixa no setor rural, 1993.

2.4 Formas de captação de recursos no agronegócio

No agronegócio existem varias formas de captação de recursos no mercado

financeiro. Uma das maneiras utilizadas para o financiamento das atividades

agropecuárias é através de recursos de entidades públicas ou privadas. Dentre os

20

Page 22: As Empresas de Agronegócios

recursos disponibilizados pelo Governo Federal destaca-se o FINAME

(Financiamento de Máquinas e Equipamentos) e o Crédito Rural.

Segundo o site do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social:

O FINAME representa o financiamento, por intermédio de instituições financeiras credenciadas, para produção e aquisição de maquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional credenciados ao Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). As taxa subsidiadas pelo BNDES associadas ao longo prazo para pagamento, incluindo um período de carência auxiliam a empresa a ampliar a frota e modernizar as maquinas e equipamentos tornando-se cada vez mais competitiva no mercado. (BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E ECONÔMICO, 2010).

O crédito Rural também representa umas das fontes de crédito para o

agronegócio. Segundo o site do Banco Central do Brasil:

O crédito Rural é o suprimento de recursos financeiros para aplicação exclusiva nas atividades agropecuárias. Dentre seus objetivos destaca-se estimular os investimentos rurais efetuados por produtores e cooperativas, favorecer o oportuno e adequado custeio da produção e a comercialização de produtos agropecuários, além de fortalecer o setor rural. O credito Rural é obtido por meio de agentes financeiros credenciados ao Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico. As taxas de juros variam entorno de 6,75% a.a. (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2010)

2.5 A importância do capital de giro para as empresas

Na área financeira, é certo que se deve dar enfoque à busca permanente da

eficiência na gestão de recursos, maximizando a rentabilidade e minimizando os

custos. Portanto, o gerenciamento do capital de giro (CDG) é um componente

fundamental para a saúde dos negócios e, também, essencial ao crescimento e à

continuidade das operações. (PAULO; MOREIRA, 2003)

Para Chiavenato (2005, p.54) “a administração do capital de giro tem por

objetivo gerenciar cada um dos ativos circulantes e passivos circulantes da empresa

para garantir um nível aceitável de capital circulante líquido”.

Segundo Paulo e Moreira,

O capital de giro ou circulante é constituído pelo ativo circulante, principalmente pelas disponibilidades, valores a receber e estoques. Ele demonstra os recursos necessários da empresa para financiamento de suas atividades operacionais, desde as aquisições de insumos básicos, até o

21

Page 23: As Empresas de Agronegócios

recebimento pela venda da produção acabada. (PAULO; MOREIRA, 2003, p.6)

Conforme disposto por Chiavenato (2005, p.54) “uma empresa precisa

manter um nível satisfatório de capital de giro, uma vez que os ativos circulantes

devem ser suficientemente consideráveis de modo a cobrir seus passivos

circulantes, garantindo, assim, uma relativa margem de segurança”.

Existem ainda alguns conceitos importantes para a administração do capital

de giro, como a necessidade de capital de giro (NCG) e o saldo de tesouraria (T).

Segundo Matarazzo (2003, p.337), “a necessidade de capital de giro é não só

um conceito fundamental para a análise da empresa do ponto de vista financeiro, ou

seja, análise de caixa, mas também de estratégias de financiamento, crescimento e

lucratividade”.

O conceito de Necessidade de Capital de Giro decorre da necessidade de

caixa, no momento em que, no ciclo financeiro, as saídas ocorrem antes das

entradas. Se o saldo for positivo significa que a empresa precisa de capital de giro e

deve encontrar fontes adequadas de financiamento, já quando o saldo for negativo

ela possui recursos excedentes, que podem ser utilizados para aplicação no

mercado financeiro. (MATARAZZO, 2003)

Ainda segundo Matarazzo (2003), o saldo de tesouraria é a variável que

melhor expressa a situação financeira de curto prazo das empresas. O saldo positivo

indica uma situação financeira folgada, o saldo negativo indica a utilização de

recursos de terceiros para financiar as atividades operacionais da empresa.

A administração financeira pode reunir formas que permitam o exercício de

procedimentos gerenciais com alto grau de eficiência e eficácia.

Paulo e Moreira destacam que,

O processo de planejamento financeiro consiste numa das grandes fontes de contribuição para o sucesso organizacional, visto que muitas vezes o capital de giro, através da análise da liquidez, proporciona respostas para o administrador com relação a decisões fundamentais como, por exemplo, o aproveitamento de oportunidades de investimento, o nível de endividamento a assumir e o montante de lucros a distribuir aos acionistas sob a forma de dividendos. (PAULO; MOREIRA, 2003, p.2)

2.6 Enquadramentos Fiscais no agronegócio

22

Page 24: As Empresas de Agronegócios

2.6.1 Tipos de enquadramentos fiscais

A pessoa jurídica que explora atividade de venda de bens e serviços no

campo do agronegócio poderá definir o enquadramento fiscal que sua empresa pode

optar através da apuração da Receita Bruta. (MARION, 2010)

Neste caso, segundo Marion (2010, p.198) “uma Receita Bruta igual ou

inferior a R$ 120.000,00, poderá ser considerada Microempresa; e Receita Bruta

superior a R$ 120.000,00 e igual ou inferior a R$ 720.000,00, poderá ser

considerada Empresa de Pequeno Porte”.

Ainda segundo Marion (2010, p.198) ressalta que de acordo com as

condições citadas acima “a pessoa jurídica poderá optar pelo Sistema Integrado de

Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte

(Simples)”.

2.6.2 Forma jurídica de exploração na agropecuária

Na atividade rural encontram-se duas formas jurídicas possíveis de

exploração, com bastante frequência: pessoa física e pessoa jurídica.

Segundo Marion (2010, p.7) a “pessoa física é a pessoa natural, é todo ser

humano, é todo indivíduo (sem nenhuma exceção). A existência da pessoa física

termina com a morte”.

Ainda conforme disposto por Marion:

Pessoa jurídica é a união de indivíduos que, por meio de um trato reconhecido por lei, formam uma nova pessoa, com personalidade distinta da de seus membros. As pessoas jurídicas podem ter fins lucrativos (empresas industriais, comerciais etc.) ou não (cooperativas, associações culturais, religiosas etc.). Normalmente, as pessoas jurídicas denominam-se empresas. (MARION, 2010, p.7)

23

Page 25: As Empresas de Agronegócios

No Brasil, prevalece a exploração na forma de pessoa física, por ser menos

onerosa que a de pessoa jurídica, além de proporcionar vantagens fiscais,

principalmente em relação a pequenas atividades.

Marion (2010) destaca que, segundo o regulamento do imposto de renda, as

pessoas físicas tidas como pequeno e médio produtor rural não precisam para fins

de Imposto de Renda, fazer escrituração regular em livros contábeis e podem utilizar

apenas um livro caixa e efetuar uma escrituração simplificada.

Segundo Marion (2010, p.7) “a pessoa física tida como grande produtor rural

será equiparada a pessoa jurídica para fins contábeis, devendo fazer a escrituração

regular por intermédio de profissional contábil qualificado.”

2.6.3 Tributação no agronegócio

A pessoa jurídica que exerce atividade agropecuária se sujeita igualmente

aos tributos (impostos e contribuições) de competência federal e estadual.

Os impostos cuja pessoa jurídica sujeita de competência federal, são o

imposto de Renda da Pessoa Jurídica, a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

(CSL), a Contribuição para os programas de Integração Social (PIS) e de Formação

do Patrimônio do Servidor Publico (PASEP) e a contribuição para o Financiamento

da Seguridade Social (COFINS), Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR).

(ANCELES, 2002).

Além dos tributos citados acima, inclui também o imposto de competência

estadual, o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre

Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de

Comunicação (ICMS). (ANCELES, 2002).

24

Page 26: As Empresas de Agronegócios

2.6.4 Imposto de Renda no Agronegócio

2.6.4.1 Pessoa Jurídica e o Imposto de Renda

De acordo com o Regulamento do Imposto de Renda 1999, artigo 406, “a

pessoa jurídica que tenha por objeto a exploração da atividade rural pagará imposto

de renda e adicional de conformidade com as normas aplicáveis às demais pessoas

jurídicas”.

O autor Marion (2010, p.199) diz que “a pessoa jurídica pode determinar o

imposto de renda com base no lucro real, presumido ou arbitrado, por períodos de

apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro

e 31 de dezembro de cada ano-calendário”.

Neste sentido, para efeito de cálculo do imposto de renda se a pessoa jurídica

optar pelo regime de tributação lucro real, a alíquota aplicada será de 15% sobre o

lucro real anual, se caso exceder o limite de R$ 240.000,00 terá um adicional de

10% sobre o valor que exceder. (MARION, 2010)

A pessoa jurídica que optar pelo regime de tributação lucro presumido

aplicará uma alíquota de acordo com a atividade que a pessoa jurídica pratica sobre

o valor bruto e assim, sobre essa base aplica-se a alíquota de 15%, sendo que, se

exceder o valor de 60.000,00 ao trimestre terá que aplicar 10%. (MARION, 2010).

Ainda segundo Marion (2010, p.199) “para efeito de determinação do saldo do

imposto a pagar ou a se compensado, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto

de renda devido o recolhido por estimativa”.

No entanto, Anceles (2002, p.170) afirma que “somente poderão optar pelo

recolhimento mensal do imposto de renda e adicional, calculado com base nas

regras de estimativa, as pessoas jurídicas sujeitas ao regime de tributação com base

no lucro real”.

A escrituração dos livros fiscais e comerciais é de extrema importância, ainda

segundo Anceles (2002, p.213) dispõe que “a pessoa jurídica rural é obrigada a

seguir ordem uniforme de escrituração, mecanizada ou não, utilizando os livros e

papéis adequados, cujo número e espécie ficam a seu critério”.

25

Page 27: As Empresas de Agronegócios

Os livros comerciais e fiscais obrigatórios segundo o Regulamento do

Imposto de Renda são o livro diário, o razão, o de registro de inventário, o registro

de compras e vendas, registro de permanente de estoque, registro de movimentação

de combustíveis e o do livro de apuração do lucro real (LALUR).

Contudo, o Regulamento do Imposto de Renda lembra que o LALUR que

possui toda a demonstração do lucro real deve transcrever os lucros, prejuízos,

depreciações, exaustões tendo base à receita bruta, quanto às deduções deve

manter controle destes valores que ficaram excedentes para assim serem

compensados no próximo exercício.

2.6.4.2 Pessoa Física e o Imposto de Renda

De acordo com Marion (2010, p.209), as pessoas físicas que exploram

atividades rurais são:

Agricultura, pecuária, extração e exploração vegetal e animal, exploração de apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outros cultivos de animais, transformação de produtos decorrentes da atividade rural, sem que sejam alteradas a composição e as características do produto in natura, feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matérias-primas produzidas na área rural explorada, tais como a pasteurização e o acondicionamento do leite, assim como o mel e o suco de laranja, acondicionados em embalagem de apresentação, o cultivo de florestas que se destinem ao corte para comercialização, consumo ou industrialização, a venda de sêmen de reprodutor e produção de embriões em geral, alevinos e girinos em propriedade rural, independentemente de sua destinação. (MARION, 2010, p.209)

Segundo Anceles (2002, p.65), “o resultado da exploração da atividade rural

será apurado mediante escrituração do livro Caixa, que deverá abranger as receitas,

as despesas de custeio, os investimentos e demais valores que integram atividade”.

Ainda de acordo com Anceles (2002, p.67), “deve comprovar as informações

contidas no livro Caixa através de documentação idônea que identifique o adquirente

ou beneficiário, o valor e a data da operação, a qual será mantida em seu poder à

disposição da fiscalização, enquanto não ocorrer a decadência ou prescrição”.

26

Page 28: As Empresas de Agronegócios

Segundo o Regulamento do Imposto de Renda, 1999, artigo 60, § 3º, “Aos

contribuintes que tenham auferido receitas anuais até o valor de cinquenta e seis mil

faculta-se apurar o resultado da exploração da atividade rural, mediante prova

documental, dispensado o Livro Caixa”.

De acordo com Marion (2010, p.210), “a receita bruta da atividade rural é

constituída pelo montante das vendas dos produtos oriundos das atividades

definidas como rural, exploradas pelo próprio produtor-vendedor”.

Neste sentindo, Marion (2010, p.210) dispõe que “a receita bruta deverá ser

comprovada por documentos usualmente utilizados, tais como nota fiscal de

produtor, nota fiscal de entrada, nota promissória rural vinculada á nota fiscal do

produtor e demais documentos reconhecidos pelas legislações estaduais”.

A pessoa física também poderá optar pelo regime de tributação simplificada e

parceria para apurar seu resultado, que neste caso é muito simples, aplica-se uma

alíquota de 20% sobre a receita bruta. Sendo que nesta opção não dará direito de

compensar os prejuízos. (MARION, 2010).

2.7 Relação do trabalho no agronegócio

O agronegócio no nosso país é de extrema importância por ser amplo as suas

cadeias produtivas e as atividades nelas envolvidas.

O agronegócio movimenta a economia do país e o setor é responsável por

sua capacidade de geração de empregos. Segundo o IBGE, a agropecuária é

responsável direta pelo emprego de 17,4 milhões de pessoas, o que corresponde a

24,2% da População Economicamente Ativa (PEA). (GASQUES et al, 2004)

Para tal informação é preciso conhecer os aspectos legais que abrange a

relação de trabalho entre o empregado e o empregador.

27

Page 29: As Empresas de Agronegócios

2.7.1 Os aspectos legais do trabalhador e empregador rural

2.7.1.1 O Empregador rural e o seu poder de direção

De acordo com o artigo 3° da Lei n° 5.889/73, o empregador rural é qualquer

pessoa física ou jurídica que seja proprietária ou não e que explore atividade

agroeconômica em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por meio de

uma pessoa encarregada e com ajuda de empregados.

O empregador rural poder ser igualado com uma pessoa física ou jurídica

quando realizar um serviço de caráter agrário mediante o uso do trabalho de um

terceiro de forma habitual. Assim ficou definido nos artigos 2° e 3° da referida Lei.

O poder de direção é encontrado no artigo 2° da Consolidação das Leis do

Trabalho (CLT), onde consta que cabe ao empregador definir as atividades

exercidas pelo empregado; controlando, organizando e disciplinado o trabalho de

acordo com os fins do empreendimento. (MARTINS, 2006)

2.7.1.2 O Trabalhador rural e seus direitos

Para uma pessoa física ser considerado um trabalhador rural ela deverá

prestar serviços que explore atividade agroeconômica, em propriedade rural ou

prédio rústico, em caráter habitual ao empregador rural mediante subordinação e

remuneração. (MARTINS, 2006)

O Decreto lei n° 5.452, de 01/05/43 lembra que o trabalhador rural foi igualado

ao trabalhador urbano pela Constituição Federal, tendo os mesmos direitos, salvo

algumas regras diferenciadas. O direito trabalhista do trabalhador rural está previsto

na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Outro direito do empregado rural é a escola primaria para os seus filhos onde

o artigo 16° da Lei n° 5.889/73 define de forma bem clara que se o empregador rural

que tiver na sua propriedade mais de cinquenta empregados com família é obrigado

28

Page 30: As Empresas de Agronegócios

a possuir e manter a escola primária gratuita em funcionamento para seus filhos,

contendo em cada sala de aula grupos de quarenta crianças em idade escolar.

2.7.1.2.1 Jornada de Trabalho e Descanso Semanal Remunerado

O artigo 5° da Lei n° 5.889/73 informa que a jornada de trabalho do

empregado rural será de 44 horas semanais e 220 horas mensais, com direito há 11

horas consecutivas de descanso entre duas jornadas de trabalho, lembrando que

todo trabalho superior a 6 horas diária deverá ser concedido um intervalo de repouso

ou alimentação, não se computando este intervalo na duração do trabalho. As

normas referentes à jornada de trabalho aplicam-se aos avulsos e a outros

trabalhadores rurais, que sem vínculo empregatício prestam serviços a

empregadores rurais.

A Constituição de 1988 prevê que qualquer empregado deverá ter um

descanso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos e feriados (art.7,

XV). A lei que trata do repouso semanal remunerado é a n° 605/49, esse período

será de 24 horas consecutivas. O trabalhador tem o direito de gozar desse descanso

para se recompor e ter tempo para se relacionar com outras pessoas fora do seu

ambiente de trabalho. (MARTINS, 2006)

2.7.1.2.2 Trabalho Noturno

No artigo 7° da Lei n° 5.889/73 é considerado o trabalhador noturno quando

tiver uma jornada de trabalho a partir de vinte e uma horas de um dia e às cinco

horas do dia seguinte, quando tiver exercendo atividade especificamente na lavoura;

quando for exercida a atividade na pecuária será a partir de vinte e uma horas de um

dia e às quatro horas do dia seguinte. A hora do trabalhado rural é computada com

60 minutos e acrescida de 25% sobre a hora diurna.

29

Page 31: As Empresas de Agronegócios

2.7.1.2.3 Remuneração e descontos

O artigo 11° da Lei n° 5.889/73 lembra que o trabalhador rural maior de

dezesseis anos é assegurado por lei no mínimo um salário mínimo, devendo sempre

observar o piso salarial da categoria que pertence o empregado, lembrando que o

trabalhador rural foi igualado ao trabalhador urbano pela Constituição Federal.

Em relação aos descontos o artigo 9° da Lei n° 5.889/73 poderá ser

descontado do salário do trabalhado rural, salvo as hipóteses de autorização legal

ou decisão judicial, até o limite de 20% do salário mínimo regional, pela ocupação da

moradia é até 25% do salário mínimo regional pelo fornecimento da alimentação e

adiantamento de dinheiro; lembrando que a moradia deverá atender aos requisitos

de salubridade e higiene estabelecida em normas expedidas pela Delegacia

Regional do Trabalho, sendo o desconto proporcional ao número de empregados

que ocupam a mesma morada, sendo vetada a moradia coletiva de famílias.

30

Page 32: As Empresas de Agronegócios

3 METODOLOGIA

A partir da coleta de dados retirados de livros, artigos científicos, e sites

relacionados à temática do trabalho, desenvolveu-se o tema proposto para

discussão. Para a realização da análise de dados foram extraídas informações da

empresa JBS S.A.

31

Page 33: As Empresas de Agronegócios

4 ANÁLISE DE DADOS

A fim de demonstrar na prática os aspectos teóricos desenvolvidos neste

trabalho, foi realizada a análise dos dados financeiros, legais e tributários da

empresa que atua no ramo do agronegócio denominada JBS S.A. Parte dos dados

citados nesta análise foram retiradas do site da empresa.

Segundo histórico a JBS é a maior multinacional brasileira na área de

alimentos, dedicando-se a produzir carne bovina in natura e resfriada, carne bovina

industrializada, carne suína in natura e resfriada, além de subprodutos bovinos e

suínos.

O sucesso da JBS no mercado competitivo se dá pelo seu projeto

empreendedor caracterizado como a primeira companhia a se consolidar no setor de

frigoríficos no Brasil, a sua visão estratégica é voltada para a política de extensão

com a aquisição da Swift Argentina e pela abertura de capital em 2007 passando a

ser a primeira empresa no setor frigorífico a negociar suas ações na bolsa de

valores.

A JBS apresenta uma gestão voltada para a busca da modernização e

geração de produtos de alta qualidade, além de estimular as relações entre

funcionários, parceiros e clientes.

A vantagem competitiva da JBS está relacionada com os baixos custos de

produção, liderança de mercado e reconhecimento da marca, instalações modernas

e estrategicamente localizadas e administração experiente e especializada no setor.

Os baixos custos de produção são resultantes da produção em escala,

eficiência logística e da estrutura eficiente e atualizada constantemente. A liderança

de mercado se dá pelo reconhecimento dos produtos e de sua qualidade, por ser a

maior multinacional brasileira de alimentos e pela sua liderança nas vendas de carne

bovina no mercado brasileiro e australiano. A administração experiente e

especializada possibilita o investimento em uma variedade de produtos de carne

bovina in natura e industrializada, a melhoria na utilização da carcaça do boi,

melhorando a rentabilidade da companhia, base diversificada de clientes o que

diminui os riscos por concentração de vendas e aumenta o potencial de crescimento

da companhia.

32

Page 34: As Empresas de Agronegócios

Em relação à minimização dos custos com a logística a JBS utiliza de

operações próprias de transporte de bovinos para o abate e de produtos que serão

destinados a exportação.

A estratégia da empresa está em torno de quatro princípios crescer, liderar,

expandir e lucrar. No sentido de crescer, liderar e expandir a companhia busca

oportunidades de investimentos e aquisições e a busca continua de crescimento no

mercado internacional e domestico. No principio de lucrar a empresa busca manter

uma estrutura de custos que seja referência em eficiência, melhoria dos processos

produtivos e logísticos, investir em tecnologia da informação e qualificação

profissional, otimizar o mix para ampliar a participação dos produtos mais rentáveis e

maximizar a rentabilidade por abate, investimentos em marketing, desenvolvimento

de novos produtos in natura e industrializados, além de promover a diversificação da

linha de produtos, o que aumenta a rentabilidade.

Em relação à minimização dos custos com a logística a JBS utiliza de

operações próprias de transporte de bovinos para o abate e de produtos que serão

destinados a exportação.

Uma das formas de captação de recursos utilizadas pela JBS é o FINAME

destinado a aquisição de ativo imobilizado, além de recursos captados junto a

instituições financeiras para financiamento de capital de giro e que são aplicados no

financiamento das operações de exportação.

Em termos fiscais a empresa apura os impostos com base no lucro real,

utilizando-se da alíquota vigente para IRPJ de 15% e de Contribuição Social de 9% .

O PIS e o COFINS são apurados pelo regime não cumulativo com as respectivas

alíquotas 1,65% e 7,6% . Conforme descrito no balanço o saldo de ICMS, PIS e

COFINS a recuperar são obtidos através de créditos por compra de matérias primas,

de materiais de embalagem e de materiais secundários utilizados nos produtos

vendidos no mercado externo. O IRRF (imposto de renda retido na fonte) é originado

sobre aplicação financeira e sua compensação é realizada em relação ao imposto

de renda devido sobre o lucro.

No que se refere aos aspectos legais trabalhistas a empresa cumpre de

acordo com a legislação todos os direitos reservados ao empregado como contratos

de trabalho formais, o recolhimento de encargos sociais como FGTS, INSS. Além

disso, a empresa oferece benefícios para os seus funcionários e participação nos

lucros da empresa. A JBS investe na capacitação dos seus funcionários através do

33

Page 35: As Empresas de Agronegócios

programa Gente Nossa que permite a formação de novos jovens talentos, ele tem

duração de seis meses oferecendo oportunidades aos candidatos de conhecer o

trabalho das áreas produtivas, além de prepará-los para desempenhar futuros

cargos de liderança na organização.

A JBS apresenta suas demonstrações de acordo com as praticas contábeis

adotadas no Brasil, que abrange a legislação societária brasileira, os

pronunciamentos contábeis e Comissão de valores mobiliários. Em função das

mudanças ocorridas na legislação em 2008 verifica-se que a JBS introduziu as suas

demonstrações de resultado e de fluxo de caixa de acordo com a Lei 11.638.

As principais práticas contábeis da JBS em relação à apuração do seu

resultado está em conformidade com o regime contábil de competência. Quanto aos

seus instrumentos financeiros o ativo ou passivo é registrado pelo seu valor justo e

seus custos de transação são diretamente lançados no resultado do exercício. Já os

estoques são registrados ao custo médio de aquisição e seu custo é reconhecido no

resultado quando são vendidos. O imobilizado é demonstrado através do custo

histórico de aquisição e sua depreciação é calculado pelo método linear de acordo

com a vida útil do bem.

A partir da análise financeira do Balanço Patrimonial comparativo apresentado

no Quadro 05 da empresa JBS observou-se as seguintes variáveis conforme

descrita no Quadro 06 abaixo:

VARIÁVEIS EMPRESARIAIS DINÂMICAS

RESULTADO1º TRIMESTRE/2009

RESULTADO2º TRIMESTRE/2009

CAPITAL DE GIRO - CDG R$ 271.463,00 R$ 846.992,00NECESSIDADE CAPITAL DE

GIRO -NCGR$ 1.024.849,00 R$ 830.926,00

TESOURARIA - T R$ -753.386,00 R$ 16.066,00Quadro 05: Variáveis empresariais dinâmicas da empresa JBS S.AFonte: Elaborado pelas autoras

Observa-se que a empresa apresentou no 1° trimestre do ano de 2009 um

saldo de capital de giro de R$ 271.463,00; uma necessidade de capital de giro de R$

1.024.849,00; e o saldo de tesouraria de R$ -753.386,00; e no 2° trimestre do ano de

2009 um saldo de capital de giro de R$ 846.992,00; uma necessidade de capital de

giro de R$ 830.926,00 e o saldo de tesouraria de R$ 16.066,00.

Observando estes dados podemos afirma que no 1° trimestre seu saldo de

tesouraria foi negativo fazendo com que a necessidade de capital de giro seja maior

34

Page 36: As Empresas de Agronegócios

que o capital de giro, assim obrigando a empresa a financiar parte de sua

necessidade de capital com créditos a curto prazo. Já no 2° trimestre o saldo de

tesouraria é positivo revelando que a estrutura da empresa se tornou sólida, que lhe

permite enfrentar os aumentos temporários da necessidade de capital de giro,

podendo aplicar em títulos de liquidez imediata aumentando assim sua margem de

segurança financeira, pois dispõe de fundos de curto prazo.

BALANÇO PATRIMONIAL JBS - CONTROLADORA  30.06.09 31.03.09   30.06.09 31.03.09ATIVO     PASSIVO    CIRCULANTE 3.206.735 2.798.571 CIRCULANTE 2.359.743 2.527.108Caixa e equivalentes de caixa 1.916.361 1.326.913 Fornecedores 260.591 242.318Contas a receber clientes 513.786 520.692

Empréstimos - Financiamentos 1.900.295 2.080.299

Estoques 285.585 396.727Obrigações fiscais, trabalhistas e sociais 102.441 69.780

Impostos a recuperar 434.201 458.254 Dividendos declarados 0 12.321

Despesas antecipadas 3.213 3.023Outros passivos circulantes 96.416 122.390

Outros ativos circulantes 53.589 92.962 NÃO CIRCULANTE 3.565.365 2.931.762

NÃO CIRCULANTE 7.887.973 8.425.207Empréstimos e financiamentos 2.327.507 2.570.489

Realizável a Longo Prazo 155.833 241.785

Imposto de renda e contribuição social diferidos 86.145 74.825

Créditos com empresas ligadas 0 161.433

Provisão para contingências 49.891 48.333

Depósitos, cauções e outros 17.284 16.930

Débito com empresas ligadas 874.607 0.00

Imposto de renda e contribuição social diferidos 29.292 24.275

Débito com terceiros para investimentos 178.090 200.089

Impostos a recuperar 109.257 39.147Outros passivos não circulantes 49.125 38.026

Permanente 7.732.140 8.183.422 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 5.169.600 5.764.908Investimentos em controladas 4.798.622 5.372.969 Capital social 4.495.581 4.495.581Outros investimentos 10 10 Reserva de capital 777.844 777.844Imobilizado 2.021.209 1.866.269 Reserva de reavaliação 115.340 116.695Intangível 912.299 944.174 Reservas de lucros 18.696 18.696

Diferido 0.00 0.00Ajustes de avaliação patrimonial (619) (676)

     Ajustes acumulados de conversão (90.139) 677.969

      Prejuízos acumulados (147.103) (321.201)TOTAL ATIVO 11.094.708 11.223.778 TOTAL PASSIVO 11.094.708 11.223.778

Quadro 06: Balanço Patrimonial comparativo da empresa JBS S.A.Fonte: Site da Empresa JBS S.A

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Page 37: As Empresas de Agronegócios

A partir da análise do fluxo de caixa indireto apresentado no Quadro 07 da

empresa JBS observou-se que no ano de 2009 a empresa apresentou uma redução

no caixa e equivalentes de caixa em relação ao ano de 2008 de 9,98% . A redução

das disponibilidades pode ser justificada por um aumento no caixa liquido gerado

nas atividades operacionais e por outro lado ocorreu uma redução nas atividades de

financiamento e atividades de investimentos. As alterações mais significativas

ocorreram nas atividades de financiamento que foram o aumento do valor

amortizado dos empréstimos, redução na captação de empréstimos e

financiamentos e no período não ocorreu aumento de capital e ágio de subscrição.

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Page 38: As Empresas de Agronegócios

Quadro 07: Demonstração do fluxo de caixa da empresa JBS S.A.Fonte: Site da Empresa JBS S.A

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Page 39: As Empresas de Agronegócios

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em suma pode-se concluir que a contabilidade rural como ferramenta de

gestão permite gerar informações que podem orientar as tomadas de decisão além

de facilitar o controle e o planejamento do negócio.

A fim de vencer a competitividade apresentada no mercado de agronegócio

as empresas podem utilizar de recursos financeiros, fiscais e tributários como

estratégia e assim formularem produtos ou serviços de qualidade, com preços

acessivos e sem comprometer a rentabilidade do negócio. Para tal é necessário

conhecer quais são os custos inerentes ao negócio, maneiras de reduzir estes

gastos sem prejudicar o produto final, formas de captar recursos no mercado

financeiro com taxas atrativas e com custo menor, conhecer as formas de tributação

e assim escolher aquela que melhor se adapta ao perfil da empresa.

Sendo um dos maiores desafios para a promoção da competitividade, a

elevada carga tributária é um fator que merece devida atenção por sua enorme

complexidade dos procedimentos administrativos. Outro fato importante são as

questões trabalhistas, buscando melhorar as relações entre empregado e

empregador, pois poderá ocasionar processos trabalhistas prejudicando as

disponibilidades das empresas.

Para tanto é preciso que as empresas estejam preparadas para adoção de

modelos administrativos e da definição de estratégias de gestão com interface dos

termos legais, tributários e financeiros. Também a necessidade de profissionais

qualificados e de instrumentos para fornecer informações precisas para as tomadas

de decisão.

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Page 40: As Empresas de Agronegócios

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