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As Lutas Contra o Aumento de Tarifas Nos Transportes e as Manifestações de Junho o

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  • As lutas contra o aumento de tarifas nos transportes e as manifestaes de junho: o

    Movimento Passe Livre e os novos movimentos sociais 1

    Ailton Laurentino Caris Fagundes

    Universidade de So Paulo USP

    [email protected]

    Este trabalho discute alguns dos aspectos centrais das manifestaes ocorridas em junho

    de 2013 no Brasil a partir das estratgias e organizao e ao do Movimento Passe

    Livre, um pequeno grupo radical de esquerda, e busca apontar algumas possveis

    interpretaes para os acontecimentos que abalaram o pas e que colocaram em pauta

    uma srie de reivindicaes que vo muito alm da questo do transporte pblico.

    Movimentos sociais, aes coletivas, manifestaes

    1 Trabajo presentado en el Quinto Congreso Uruguayo de Ciencia Poltica, Qu ciencia poltica

    para qu democracia?, Asociacin Uruguaya de Ciencia Poltica, (7-10 de octubre de 2014)

  • A luta contra o reajuste de tarifas no transporte pblico foi o estopim que levou

    milhes de brasileiros s ruas nas maiores manifestaes populares da histria recente

    do pas. Aparentemente o movimento surgiu e desapareceu do nada, deixando imprensa,

    governos, especialistas e a populao em geral perplexos diante da sua magnitude. Este

    trabalho pretende analisar esses acontecimentos a partir das aes do Movimento Passe

    Livre, um grupo autnomo e apartidrio, organizado horizontalmente e sem dirigentes,

    que iria definir as pautas e as estruturas das manifestaes at chegar perto de perder o

    seu controle diante do gigantismo das massas, do poder de influncia das mdias e do

    aumento das demandas represadas, e mostrar que essas manifestaes resultam de mais

    de uma dcada de luta e de estratgias claras e bem definidas e que vo muito alm da

    questo do transporte

    Pode-se no perceber nada na superfcie, mas nas profundezas o inferno est em chamas.

    Y. B. Mangunwijaya

    As lutas dos movimentos sociais evidenciam duas coisas: as demandas

    reprimidas na busca reconhecimento, igualdade, liberdade, direitos, etc, e a perspectiva

    de mostrar novos rumos para uma comunidade, sociedade ou, de modo mais amplo,

    para a humanidade. Como afirma Alberto Melucci2, esses movimentos so os profetas

    do presente, aqueles que antecipam e falam sobre o devir; apresentam novos cdigos

    culturais, com valores, normas e percepes que tentam superar aqueles existentes e que

    condicionam as escolhas que as pessoas fazem, colocando em xeque os cdigos

    vigentes, os estilos de vida ou as formas de organizao social. Formam assim novos

    frames, quadros de referncia que lutam no mundo dos smbolos, dos cdigos e das

    normas da sociedade.

    , sobretudo, a partir dessa linha referencial, que este trabalho buscar discutir

    alguns aspectos da organizao e atuao do Movimento Passe Livre, o grupo que

    organizou os eventos que serviram como estopim para as grandes manifestaes que em

    junho de 2013 tomaram as ruas de diversas cidades do Brasil. Seguindo a lgica do

    MPL, esse conjunto de protestos, que se diferencia, de um lado, pelo modelo de

    2 MELLUCI, Alberto. A inveno do presente, movimentos sociais nas sociedade complexas. So Paulo,

    Vozes, 2001

  • organizao horizontal dos diversos grupos e indivduos participantes e de outro pela

    sua prpria natureza, forma e contedo, como veremos adiante.

    Ainda que o Brasil tenha um histrico de mais de uma dcada de manifestaes

    contra o aumento das tarifas do transporte pblico, com as jornadas de junho esses

    protestos ganham uma nova realidade servindo de estopim para a expresso de diversas

    insatisfaes reprimidas, o que seria um conjunto delimitado de aes de luta pelo

    transporte pblico acabou como o maior conjunto de protestos ocorridos no Brasil nas

    ltimas duas dcadas, s comparvel s grandes manifestaes populares ocorridas em

    1992 na campanha pelo impeachment do presidente Fernando Collor. Em So Paulo,

    principal foco dessas jornadas, as primeiras manifestaes comearam com algo em

    torno de 2000 pessoas e em pouco mais de duas semanas, em 20 de junho, o nmero de

    manifestantes chegaria a mais de um milho, espalhados por diversas cidades do pas.

    frente dos protestos, como ator mais importante, estava o Movimento Passe Livre.

    O Movimento Passe Livre se apresenta como um movimento horizontal,

    autnomo, independente e apartidrio e o reconhecimento de ele realmente se organiza

    dessa forma fundamental para explicar o apoio que conquista e como ele consegue se

    manter frente das manifestaes mesmo quando estas j no esto sob seu controle.

    Apesar de mostrar como um grupo radical de esquerda, o MPL visto como um grupo

    sem vnculos com os partidos ou instituies polticas tradicionais, geralmente mal

    vistas ou rejeitadas pela populao mais jovem. Uma das caractersticas marcantes das

    manifestaes foi a intensa rejeio aos partidos e isso no pode ser explicado como

    uma simples rejeio s formas tradicionais de poltica ou como uma negao deste

    quadro mas como uma forma de expressar a ideia de que cada manifestante representa

    antes de mais nada a si mesmo e a uma coletividade maior e indefinida, a sociedade ou a

    nao, e no um grupo que tem como interesse a conquista do poder. Como afirma

    Pablo Ortellado3,

    Temos assistido nas ltimas dcadas ao nascimento de movimentos

    horizontais na forma de organizao e autnomos em relao a partidos e

    instituies. Esses movimentos frequentemente valorizam mais o processo

    do que o resultado: o meio pelo qual atuam, a horizontalidade, a

    democracia direta, assim como a criatividade das suas aes, que do a eles

    sabor e sentido. As lutas so ao mesmo tempo experincias vivas de uma

    democracia comunitria e espao de autoexpresso contracultural. Algumas

    3 ORTELLADO, Pablo. Os protestos de junho entre o processo e o resultado. In. JUDENSNAIDE,

    Elena et. al. Vinte centavos: a luta contra o aumento. So Paulo: Veneta, 2013.

  • vezes, essa dimenso processual sobrevalorizada e mesmo contraposta aos

    resultados prticos da ao poltica.

    O tipo de luta no qual se insere o MPL e no qual se enquadram as jornadas de

    junho se assemelham a outros importantes eventos ocorridos em diversas partes do

    mundo como nos Estados Unidos, Turquia, Egito, Grcia e Espanha. Todos eles

    convergem em pontos importantes como a desconfiana em relao aos poderes

    institudos, a presso poltica por vias no institucionais, o uso de redes de comunicao

    baseadas em novas tecnologias e o fato serem formados principalmente por jovens. Em

    geral, esses novos movimentos no visam o poder poltico, mesmo que indiretamente,

    mas buscam ganhar fora no debate acerca de mudanas nas condutas, nas mobilizaes

    e nos cdigos. Entretanto, ainda que procurem influir sobre decises no mbito dos

    cdigos (leis, sobretudo) no campo das condutas que esto suas principais linhas de

    combate.

    Organizaes como o MPL evidenciam o desejo de participao poltica de uma

    parcela da populao jovem mas que no tem interesse pelos partidos polticos

    tradicionais ou que rejeitam ou desconfiam do sistema poltico institucionalizado. Esses

    jovens buscam na micropoltica, na participao em grupos horizontais, geralmente com

    propsitos pontuais. sintomtico que esse movimento tenha ganhado fora no apenas

    parte dos partidos tradicionais mas tambm atuando na contramo deles. A descrena

    generalizada de que os partidos e as instituies polticas no so capazes ou no

    possuem interesse em mudanas profundas ou ainda que essas agremiaes no

    representam os seus interesses

    O MPL representa assim um novo modelo de atuao poltica, incomum no

    Brasil, onde desde a dcada de 1980 os mais diversos movimentos sociais buscaram a

    via institucional como estratgia de luta poltica e isso se acentua a partir da chegada do

    Partido dos Trabalhadores presidncia, em 2003. Historicamente ligado, desde o seu

    nascimento, a diversos movimentos sociais, o PT ao assumir o poder no plano federal

    atraiu diversos desses movimentos, por vezes cooptando-os, por vezes imobilizando-os

    em nome de uma agenda positiva de mdio e longo prazo que dependeria da sua

    permanncia no poder e de uma suposta ordem que a sustentasse. Parte da poltica

    oficial ou consequncia dela, o fato que as grandes mobilizaes sumiram das ruas e

    os movimentos sociais estiveram cada vez mais imobilizados nos governos petistas.

    Paradoxalmente, ao mesmo tempo, em que os movimentos tradicionais saiam das ruas

  • uma srie de pequenos grupos se organizavam a partir de pautas especficas e

    estratgias de luta distintas daquelas vistas nas dcads anteriores.

    Em comum, esse movimentos apontam para uma crtica a toda forma de

    hierarquia, para a defesa de uma horizontalizao sem limites, para a prtica da ao

    direta e a organizao autogestionria, confirmando, mesmo quando negam isso, uma

    forte influncia do anarquismo e dos socialismo libertrios. No difcil entender que

    isso ocorra a partir do momento em que os partidos, inclusive os de esquerda, so

    colocados em cheque, num contexto ainda marcado pelo fracasso das experincias do

    chamado socialismo real do sistema sovitico e das frustradas e frustrantes prticas

    autoritrias dos regimes socialistas, sobretudo as do leste europeu.

    Contudo, como afirma Melucci, podemos entender o carter espontanesta, anti

    autoritrio e anti-hierrquico, que parecem comuns a muitas formas recentes de ao

    coletiva, como um risco para uma atuao mais efetiva e de longo prazo, segundo ele

    exatamente dessas caractersticas que vem a fragmentao, a fragilidade organizativa

    e a descontinuidade que ameaam continuamente tais formas de ao4. um risco que

    no passa desapercebido. Se a substituio do modelo de organizao centralizado e

    hierarquizado por uma forma de horizontal e sem direo foi importante para o MPL e

    para a forma como as jornadas desenrolaram, mas a falta de direcionamento tambm

    pode significar limitaes. Por um lado pode-se alegar que algumas das pautas do

    prprio movimento exigem uma interlocuo com o poder pblico e por outro que a

    rejeio ao campo institucional ignora as chances de afetar ou regenerar as instituies

    existentes5.

    Uma certa narrativa.

    Em So Paulo o rejuste das tarifas de nibus, metr e trens metropolitanos

    ocorrem no dia 2 de junho, passando de R$ 3,00 para R$ 3,20. As primeiras

    manifestaes se mantm no mesmo padro daquelas ocorridas em anos anteriores,

    levando cerca de 2000 pessoas s ruas, a maioria delas militantes de movimentos sociais

    e partidos de extrema esquerda. A diferena desta vez estava na estratgia, diferente dos

    4 MELLUCI, Alberto. A inveno do presente: movimentos sociais nas sociedades complexas. So Paulo,

    Vozes, 2001. Pg. 84. 5 RUCCI, Rud e ARLEY, Patrick. Nas ruas: a outra poltica que emergiu em junho de 2013. Belo

    Horizonte: Letramento, 2014.

  • anos anteriores desta vez o MPL, grupo que organizava e liderava os protestos, buscou

    uma campanha intensiva, com manifestaes quase que dirias, buscando chamar a

    ateno da populao e da imprensa com aes em alguns dos mais importantes

    terminais de nibus e com a tomada de importantes vias em horrios de pico. A ideia

    que o transtorno causado no poderia deixar de ganhar espao nos grandes meios de

    comunicao, mesmo que estes se coloquem contra, e, assim, colocar a pauta de

    reivindicaes para o maior nmero possvel de pessoas.

    Realmente, de modo geral a tnica da imprensa recaa sobre os transtornos

    causados e a violncia das manifestaes, destacando os atos de vandalismo

    praticados. No fosse a ideia de desobedincia civil, isto , o fato de no obedecer s

    recomendaes e imposies do governo que atravs da Polcia Militar tentavam limitar

    as manifestaes a determinadas vias e horrios, o movimento no teria ganhado

    tamanho destaque. Na primeira quinzena de junho diversas outras manifestaes

    ocorreram em bairros da periferia da cidade, mas a maioria delas foi quase que

    totalmente ignoradas pela grande mdia. Se por um lado os protestos conseguiam

    destaque na imprensa, por outro, a nfase no discurso da ordem e o destaque dado aos

    atos de vandalismo no apenas naturalizavam como justificavam as aes repressivas

    violentas por parte da polcia. O resultado que o MPL passaria, em pouco tempo, a ser

    visto no mais como um grupo violento mas como vtima da violncia repressiva do

    Estado e portador de uma reivindicao justa, defensvel e possvel, o que seria decisivo

    para arregimentar novos manifestantes.

    As manifestaes do dia de 13 de junho foram fundamentais para uma mudana

    no direcionamento do movimento. A violenta represso policial atingiu no apenas os

    manifestantes mas tambm jornalistas da grande imprensa, a priso de manifestantes e

    jornalistas. O saldo do dia mostrava cerca de cem feridos, entre eles mais de uma

    dezena de jornalistas ligados grande imprensa, alguns deles atingidos por balas de

    borracha. Alguns veculos de comunicao mostravam ao vivo as manifestaes e no

    dia seguinte a grande mdia assumia, pela primeira vez, que os atos de violncia haviam

    partido dos policiais numa represso abusiva orquestrada pela Polcia Militar com o

    aval do secretrio de Segurana Pblica e do governador do Estado. Ainda nesse dia as

    prises arbitrrias se tornam evidentes ao atingir jornalistas, presos por portarem

    garrafas de vinagre, lquido que supostamente serviria para atenuar os efeitos do gs

    lacrimogneo.

  • No possvel, entretanto, imaginar que o apoia ao movimento consequncia

    da mudana na abordagem dada pela grande, exemplo disso que ainda na tarde do dia

    13 em programa ao vivo o apresentador Jos Luiz Datena, do Brasil Urgente, faz uma

    enquete com os telespectadores com a seguinte questo: voc a favor de protesto com

    baderna? Ainda que o jornalista buscasse no apenas se posicionar contra mas tambm

    influenciar os votantes a votar no no, a maioria dos votantes se posicionaram a favor de

    protestos com baderna, 2179 votos sim contra 915 nos. As anlises repetiam a ladainha

    de o protesto para ser legtimo deve ocorrer dentro da ordem, tem que ser pacfico, sem

    obstruir vias pblicas ou atrapalhar o trnsito, sem criar tumultos ou transtornos. um

    discurso comum sociedade brasileira, que percebe a violncia num ato de quebrar

    vidraas mas no o percebe no cotidiano de crianas de ruas ou da populao que no

    tem acesso a condies mnimas de sobrevivncia.

    Ao contrrio do que apareceu em grande parte da mdia, as revoltas tiveram um

    foco bastante claro: a revogao do aumento no preo das passagens do transporte

    pblico. Segundo o movimento no surgiu espontaneamente. A aparente desorganizao

    dos protestos, evidente nas chamadas convocaes pela Internet, na verdade mostra uma

    nova forma de organizao, horizontal, sem lideranas organizadas.

    Em dez anos de atuao o MPL se articulou a partir de uma lgica horizontal

    aprendida tanto com a prtica das mobilizaes, desde a revolta do buzu, ocorrida em

    2003 na cidade de Salvador, quanto nas experincias internacionais de diversos

    movimentos sociais que se articularam e cresceram a partir dos anos 90. Ao mesmo

    tempo conseguiu estabelecer um objetivo claro e exequvel capaz de mobilizar pessoas

    que ideologicamente esto distantes do grupo. Ao mesmo tempo em que coloca um

    objetivo muito bem determinado o MPL coloca uma srie de questionamentos

    estrutura social vigente e um programa amplo de longo prazo que ao fim das contas

    radical, ambicioso e transformador.

    Em So Paulo, onde ocorreram as maiores mobilizaes, essas manifestaes

    podem ser analisadas em dois perodos razoavelmente distintos, no primeiro, que vai at

    o dia 13 de junho, os manifestantes tinham basicamente a pauta da reduo das tarifas.

    At ento a imprensa se posicionava radicalmente contra as reivindicaes e contra os

    mtodos considerados violentos. Alguns dos principais meios de comunicao do pas

    pediam em editoriais a represso ao movimento

  • Nesse segundo momento a grande mdia se coloca a favor de manifestaes

    desde que elas sejam pacficas, ao mesmo tempo diversos grupos buscam colocar em

    pauta uma srie de novas reivindicaes, quase todas pouco concretas como mais sade,

    investimentos em educao, fim da corrupo etc. Pesquisa realizada em julho pelo

    Ibope mostra que entre aqueles que participaram dos protestos, a corrupo aparecia

    como principal razo para 27% deles.

    Uma questo talvez seja decisiva para se pensar o engajamento de uma parcela

    significativa da classe mdia, a ideia de que o governo tem no apenas a obrigao de

    oferecer bons servios como tambm tem a capacidade e possibilidade de faz-lo. Essa

    sensao de d, sobretudo, a partir de duas perspectivas, uma de longa e outra de curta

    durao, na primeira tem-se em conta o prprio processo recente de desenvolvimento

    econmico, o pas cresceu e o poder de compra da populao aumentou

    significativamente nas ltimas duas dcadas trazendo uma melhoria nas condies de

    vida que no foi acompanhada pela melhoria dos servios pblicos oferecidos. No curto

    prazo, a questo dos gastos dos governos em obras para a Copa do Mundo colocaram o

    questionamento acerca no apenas desses gastos mas tambm sobre as prioridades

    desses governos; sem conhecer oramentos, parte da populao passa a repetir o

    discurso de que esse dinheiro seria melhor empregado se fosse destinado reas como

    educao e sade.

    O valor do reajuste, algo em torno de 6%, efetivamente no cobria sequer a

    inflao do perodo anterior ao ltimo aumento, o que serviria de justificativa para o

    poder pblico municipal e estadual e pretexto para que grande parte da mdia colocasse

    que as manifestaes no eram pelos 20 centavos. Ocorre que aumento do valor das

    tarifas envolve no apenas uma questo financeira, ainda que ela seja relevante, algo em

    trono de 500 milhes de reais deixaro de ser gastos anualmente pelos usurios do

    sistema. A questo da mobilidade urbana importante pelo seu papel central na vida

    cotidiana de milhes de pessoas que vivem nas grandes cidades brasileiras, o tempo

    mdio que um paulistano passa no transporte pblico o segundo maior do mundo, s

    perdendo para os moradores de Xangai. Alm do tempo gasto, aqueles quem moram nas

    periferias chegam a passar mais de 3 horas em metrs e trens superlotados; nos nibus,

    alm da superlotao h ainda o problema dos constantes congestionamentos, soa

    reflexos de uma cidade que nunca priorizou o transporte coletivo.

    A resposta do governo e tambm dos principais partidos foi no sentido de tentar

    propor uma trgua, inicialmente, e propor uma nova pauta para agenda poltica,

  • posteriormente. Antigas discusses foram retomadas como as da reforma poltica, do

    financiamento das campanhas eleitorais, voto distrital e outras questes que pouco ou

    nada tinham a ver com as reivindicaes das ruas. A justificativa de a questo das

    escolhas polticas passam por debates tcnicos cairia junto com a revogao do

    aumento, o movimento mostrou que a questo tcnica na verdade pode se submeter a

    escolhas polticas.

    Surge uma separao entre os manifestantes pacficos que protestam por um pas

    melhor e os vndalos que se aproveitam da situao para promover atos de violncia,

    esses arruaceiros no deveriam ser levados em considerao e ou no teriam motivaes

    polticas claras ou seriam ligados a grupos polticos que por motivos diversos poderiam

    estar interessados na desordem, a direita acusando a esquerda e a esquerda acusando

    grupos direita.

    Com esses novos manifestantes as diferenas se tornam maiores e mais

    evidentes. Desde a Constituinte, na dcada de 1980, o pas passou por um processo

    constante de desmobilizao dos movimentos sociais, desde ento atores das mais

    diversas reivindicaes sociais buscavam espao a partir da via institucional ou no

    dialogo direto com ela, seja atravs de partidos polticos seja atravs de lobbies ou

    influncia direta nos poderes executivo e legislativo. O resultado que houve uma

    desmobilizao generalizada dos movimentos populares.

    As pautas de reivindicao, mesmo aquelas colocadas pela imprensa e pela

    classe mdia ao longo das jornadas, so fundamentalmente de esquerda exigindo maior

    atuao do Estado e polticas que beneficiam a populao mais pobre: investimentos em

    transporte coletivo, sade e educao. Nesse sentido podemos pensar que h, em certa

    medida, uma cobrana daquilo que os governos, sobretudo os do Partido dos

    Trabalhadores, prometeram e no cumpriram. Pesquisa realizada pelo Ibope em julho de

    2013 mostrava que entre aqueles que participaram dos protestos apenas 13% se

    identificavam com o PT enquanto que entre os que no participaram esse nmero

    chegava a 23%. Por outro lado o principal partido oposicionista esquerda, o PSOL, era

    visto com o partido preferido por cerca de 9% daqueles que saram s ruas e por apenas

    0,5% por aqueles que no protestaram.

    A manifestao do dia 17 evidencia no apenas o aumento exponencial no

    nmero de participantes como tambm uma mudana significativa no perfil dos

    participantes. De acordo com pesquisa realizada pelo Datafolha, 71% dos manifestantes

    estavam participando de um protesto pela primeira vez. Eram jovens, 53% deles com

  • menos de 25 anos, sem preferncia partidria, 84% deles, em sua maioria com ensino

    superior, 77%. Durante os momentos finais da campanha contra o aumento das

    passagens, a luta foi tomada de assalto pela difuso de pauta. Quando o aumento foi

    revogado, a agitao permaneceu rf e a difuso de pauta se apoderou de vez do

    processo. Estabeleceu-se assim um ativismo bastante difuso e muito pouco orientado a

    resultados.

    Uma histria ainda presente

    Uma das facetas que demonstraram a fora dos movimentos reivindicatrios em

    Junho de 2013 no Brasil, e principalmente em So Paulo, refere-se apropriao

    espacial da cidade. Embora essa apropriao ocorresse em quase todos os dias das

    manifestaes de rua, sendo a causa principal dos primeiros conflitos com a polcia,

    pouco se falou acerca desse aspecto. A luta pelo transporte tambm uma batalha pela

    ocupao de uma cidade que expressa as relaes de classe e segregada uma parcela

    significativa de seus habitantes.

    De um lado v-se uma clara disputa entre aqueles que acreditam no direito de

    autodeterminao dos manifestantes, expresso na prerrogativa de escolher quando e

    onde podem protestar, e o poder pblico que deseja limitar esse direito recomendando

    os horrios e determinando o trajeto que as manifestaes devem seguir. Na lgica

    seguida pelo MPL, cidade cindida e articulada pelos interesses das classes dominantes

    e, nesse sentido, no seguir as orientaes da polcia militar , de alguma forma,

    questionar os espaos que a elite econmica junto com o poder pblico se acham no

    direito de impor queles que entendem as ruas como um espao de luta de classes.

    Para melhor compreendermos esse processo de formao de uma cidade cindida,

    separada por classes sociais, necessrio analisarmos de que forma a metrpole foi

    sendo delineada. Para isso, uma questo inicial entender que desde o incio do sculo

    XX houve uma grande expanso geogrfica da cidade, com a transformao de antigas

    chcaras em bairros; uma expanso no ocorreu de forma espontnea. A incorporao

    de novas reas ao projeto oficial de urbanizao promove uma valorizao desses

    espaos, que passam a receber infraestrutura e melhorias valorizando reas que depois

    serviriam para a especulao imobiliria. Segundo Rolnik (1999), o surgimento dos

    bairros mais ricos possibilita um forte processo de valorizao espacial na cidade de So

    Paulo,

  • Esse processo de valorizao espacial permite, entre outras coisas, o surgimento

    de dois tipos de bairro: aquele com melhorias e equipamentos urbanos, direcionados

    elite, e aqueles que pouco ou nada possuem de infraestrutura bsica, relegado aos mais

    pobres, entre esses, o operariado. Essa diferenciao entre bairros permite elite

    marcar no espao sua presena, sua fora econmica, ao se definir um diferenciado

    padro de construes de casas na regio central, propiciando a formao de uma cidade

    espacialmente excludente, no qual ricos habitem, enquanto que nas baixadas midas e

    pantanosas se aglomerava a pobreza, com casas minsculas e cortios, representando o

    local de moradia da populao operria.

    Essa separao geogrfica ocasionava, alm das grandes diferenas de

    tratamento pelo poder pblico (acesso a saneamento bsico, ruas arborizadas), o reforo

    de um preconceito econmico e social que vai permanecer como um aspecto central da

    sociabilidade paulistana. Da cidade onde viviam muitos estratos sociais servia apenas a

    uma elite. Quase tudo nela levava em considerao a lgica do lucro fcil e imediato.

    Aqueles que podiam pagar mais recebiam tambm mais benefcios. Aqueles que foram

    os que realmente realizaram a tarefa de transformar a cidade de So Paulo em grande

    capital estadual, pouco usufruram dessas mudanas.

    A cidade que surgiu dessa dinmica como segregada, j que, determinada

    espacialmente pela elite e dirigida por ela, os melhoramentos que a cidade aos poucos

    recebia, quase nunca chegavam s regies mais pobres, ou chegavam de modo bastante

    atrasado em comparao aos bairros de elite. Isso aconteceu, porque a cidade de So

    Paulo entraria num processo de valorizao de suas terras que se acentuava com a

    "privatizao" dos servios de melhorias que aqui entraram com as empresas

    estrangeiras interessadas nesses negcios. Ao Capital, interessou primeiramente o lucro

    e depois o uso da melhoria. Aos operrios sobraram as reclamaes.

    Dito isso, preciso pensar o transporte pblico no apenas como uma questo de

    locomoo no cotidiano entre casa e emprego ou escola. Mais que isso a possibilidade

    de usufruir e viver a cidade, questionar as relaes mercantis do transporte pblico

    significa impor um questionamento acerca do papel do poder pblico e ainda das

    relaes sociais e econmicas na ocupao do espao urbano. Como afirma o prprio

    MPL em sua carta de princpios, o movimento pretende fomentar a discusso sobre os

    aspectos polticos e econmicos da cidade e para isso preciso ir alm da proposta de

  • tarifa zero, preciso rediscutir o crescimento desordenado das metrpoles, as relaes

    entre a cidade e o meio ambiente, a especulao imobiliria e a desigualdade social6.

    Uma possibilidade de interpretao

    Ainda que no se possa dizer com certeza que essas manifestaes tenham sido

    efetivamente maiores que as do Fora Collor, em 1992, ou as da campanha pelas eleies

    diretas, em 1994, certamente elas podem ser entendidas como mais significativas em

    pelo menos dois aspectos: em relao Diretas J, esse movimento se mostrou

    vitorioso, dado que em os reajustes foram revistos em mais de cem cidades e, por outro,

    pela forma horizontal e pelo carter autogestionrio, isto , por se tratar de um

    movimento sem lderes e sem partidos que fossem capazes de lhe direcionar. Para alm

    da reivindicao central, as mobilizaes de junho no apenas colocaram ou

    recolocaram novas pautas na agenda poltica como pressionou o governo federal a

    adotar programas a muito tempo desejados por movimentos sociais como o aumento

    nos investimentos federais em sade e educao.

    Durante muitos anos, os novos movimentos viveram sob uma tenso entre

    processo e resultado. A experincia dos protestos de junho deixa dois legados opostos: o

    da mais extrema disperso processual e o da frtil conjugao de processo e resultado na

    luta contra o aumento. A revogao dos aumentos foi uma vitria importante dos

    movimentos sociais, no apenas pelo valor representado mas sobretudo pelo carter

    pedaggico e pela estratgia utilizada. Quando comparado a outros movimentos com

    organizao semelhante este pode apresentar um ganho claro justamente por propor

    uma meta bem definida e exequvel.nisso se distancia, por exemplo, das manifestaes

    como do Occupy Wall Street.

    Partindo da anlise de Gohn7, a construo de novas concepes e possibilidades

    de luta, aliada s transformaes ocorridas no apenas na estrutura das sociedades

    capitalistas ocorridas nas ltimas trs dcadas, abriram espao para a formao de novos

    movimentos sociais com estratgias distintas das utilizadas at ento e, mais que isso,

    com novas reivindicaes. Esses movimentos, como diversos outros, questionam as

    tradicionais relaes entre Estado e sociedade e mercado, sem entretanto buscar

    6 saopaulo.mpl.org.br/apresentao/carta-de-principios

    7 GOHN, Maria. Teoria dos movimentos sociais: paradigmas clssicos e contemporneos. So Paulo:

    Edies Loyola, 1997. Pg. 301 e ss.

  • insero nas esferas de poder, como ocorre geralmente com as Organizaes No-

    Governamentais (Ongs), nem tampouco tentam suavizar os conflitos ou prestar

    assistencialismos.

    Assim as manifestaes no convencionais (boicotes, protestos, intervenes

    urbanas, atividades ilegais de diversas ordens incluindo atividades violentas, etc) no

    tentam buscar o apoio daqueles que possuem maior prestgio social ou poder de deciso

    dentro das esferas governamentais, mas, ao contrrio, despertar uma parcela da

    sociedade que vitimada por aqueles. Para isso, entretanto, sabe-se que no possvel

    abrir mo de protestos no convencionais que chamem a ateno da mdia, que ganhem

    a maior cobertura possvel (ainda que, segundo acusam, disso possa vir menos

    informao que manipulao ou distoro).

    Com essa exposio na mdia abre-se, entretanto, a possibilidade de transformar

    determinadas questes em problemas e que, a partir disso se abram espaos para debates

    pblicos nos quais de algum modo possam apresentar proposies alternativas. Essa

    linha de pensamento descarta a viso habermasiana de democracia deliberativa e tende a

    se aproximar de Ehremberg8, segundo a qual o prprio capitalismo, em seu

    funcionamento, pode estar pondo em risco as demandas democrticas da sociedade.

    Assim, a aposta na fora da sociedade civil significa tambm apostar em uma estratgia

    com elevado risco de fracasso no prprio sentido da luta, como lembra Ortellado, para

    um grupo como o MPL

    precisa ser muito cuidadoso na maneira como conduz o processo, na maneira

    como zela por sua democracia interna. Outro elemento que ajuda a entender

    isso que essa nova democracia traz para o jogo poltico pessoas que no

    tm experincia poltica. Com os envolvimentos de massa antigos, voc

    tinha lideranas que conduziam. As opes estratgicas e as decises eram

    tomadas por dirigentes que tinham pleno entendimento do funcionamento da

    poltica. Como esses movimentos so muito mais democrticos, no sentido

    de que eles efetivamente tomam as decises importantes conjuntamente, isso

    faz com que pessoas que no tm experincia poltica participem da poltica

    e tentem aplicar restries caractersticas da vida pessoal, que o

    principismo: a ideia de que devo reger minhas aes por princpios. Ao que

    passo que, na poltica, quando voc busca resultados prticos de curto prazo

    voc mede suas aes no por princpio, mas por resultado.

    8 EHRENBERG, John. Civil society, the critical history of an idea. New York University Press, 1999.

  • Ao contrrio das Ongs que buscam fazer a mediao entre os coletivos

    organizados e as instituies governamentais, esses movimentos sabem que suas

    reivindicaes principais no sero levadas a cabo dentro das esferas de poder

    institudas, mas ao mesmo tempo reconhecem o poder do Estado como esfera de

    deciso dos destinos dos povos e que este, junto com o poder mais abstrato e mais

    impessoal do mercado, no apenas produz ou reproduz uma ideologia como tambm

    desenha a estrutura mental e a estrutura objetiva sob as quais os homens pensam e

    agem. Assim contrapor-se a ambos necessariamente a motivao fundamental desses

    movimentos.

    Nega-se a viso do Estado enquanto agente de reao e transformao social. O

    Estado deixado de lado na medida em que esses movimentos passem a travar suas

    batalhas num espao, cada vez mais, de natureza simblica. Numa anlise da sociedade

    enquanto sistemas simblicos complexos baseados na informao pode-se vislumbrar a

    potencialidade de aumento de autonomia dos indivduos ao mesmo tempo em que novas

    possibilidades simblicas ampliam as suas possibilidades de atuao. Nesse sentido, a

    fora dos movimentos sociais esta cada vez mais nas palavras e menos nos aparatos pois

    so estas palavras que tendem a impulsionar novas relaes sociais isso,

    evidentemente, se aceitarmos que estas espelham as relaes entre os atores sociais.

    As manifestaes de junho evidenciam uma tentativa de reunir o maior nmero

    possvel de militantes de diversos grupos e movimentos no maior nmero possvel de

    cidades. As manifestaes tm um carter de contestao e ao mesmo tempo um carter

    pedaggico para os militantes. Essas pessoas formam um grupo difuso no momento das

    manifestaes, dado que no possuam vnculos anteriores, e muitas vezes assim

    permanecem devido inexistncia de uma direo ou liderana externa.

    A partir do estudo de Larissa Lomnitz9, acerca da populao marginalizada da

    Amrica Latina, podemos apontar alguns subsdios para a anlise do modo como se

    organizam: a partir de redes de comunicao nas quais os grupos ou indivduos se

    afiliam e cooperam; essas redes so constitudas e operam de acordo com interesses ou

    ideologias ou seja, por afinidades e reconhecimento mtuo; o tamanho e a estabilidade

    das redes independem de fatores geogrficos; as afiliaes s redes se baseiam na

    igualdade entre os seus membros.

    9 LOMNITZ, Larissa. Como sobrevivem los marginados. Mxico: Siglo Veinteuno, 1975. Obs.: usamos

    essa obra como um certo referencial metodolgico e, sobretudo, um ponto de referncia para comparao.

  • De acordo com Alberto Melucci, nas sociedades complexas a substncia das

    transformaes em curso s podem ser entendidas a partir da anlise dos conflitos no

    campo da cultura. Assim, os movimentos sociais possuem fora na medida em detm

    capacidade de interveno sobre a ordem simblica. Nesse sentido as lutas possuem

    duas caractersticas distintas e ao mesmo inseparveis: a imanncia e a transcendncia.

    Possuem um diagnstico do real e ao mesmo tempo tentam extrair deste um potencial

    emancipatrio, ou seja apresentam um diagnstico que s possui sentido quando aliado

    a um prognstico. Significa dizer que as molduras ou quadros interpretativos

    apresentam valores culturais e pressupostos morais.

    Ao conseguir a revogao do aumento e, em certa medida, conseguir colocar em

    pauta o debate acerca da tarifa zero o MPL impe um novo debate na agenda poltica.

    Significa dizer que o movimento conquista uma dupla vitria, a de reduzir o custo das

    passagens e trazer para a centralidade do debate poltico a tarifa zero por meio de uma

    ao autnoma com uma estratgica clara o mais importante legado dos protestos de

    junho, colocando com isso no apenas um novo paradigma para as lutas sociais no

    Brasil, mas um modelo de ao que combina a poltica horizontalista dos novos

    movimentos com um maduro sentido de estratgia.

    H assim uma normatividade, no apenas apresentam as coisas tal qual elas so

    como tambm vislumbram buscar uma certa teleologia. Como sugere Ernesto Laclau10

    ,

    preciso questionar se esse tipo de chave interpretativa que explica sobretudo as novas

    lutas scias das sociedades capitalistas complexas ou ps-industriais podem ser usadas

    para os conflitos sociais do terceiro mundo. Enquanto os movimentos sociais da Europa

    do Welfare State buscam expandir direitos, abrir novas possibilidades em cdigos,

    normas e condutas, repensar formas de insero e participao polticas, no Brasil, e nos

    pases perifricos do capitalismo em geral, as reivindicaes populares ainda

    concentram-se em na busca de garantir um suporte mnimo de direitos sociais que lhes

    garanta a sobrevivncia.

    Se tentarmos analisar dentro de um quadro terico pautado por autores como

    Honneth ou Fraser, no qual o sentimento de injustia vai alm das questes puramente

    econmicas, tenderamos a nos associar a esse diagnstico quando nos reportamos s

    questes mais especficas das novas lutas, entretanto no h como negar o carter

    classista das reivindicaes e menos ainda a centralidade do fator trabalho, ou mais

    10

    LACLAU, Ernesto. Os novos movimentos sociais e a pluralidade do social. In. Revista Brasileira

    Cincias Sociais, v.1, n 2, 1986.

  • exatamente a crise da sociedade baseada no emprego formal e do Estado de bem-estar

    social como catalisadores dos sentimentos de injustia. Para os movimentos sociais que

    buscam transformaes sociais, a partir das jornadas de junho houve uma nova luz,

    novas imagens, narrativas e anlises novamente irromperam. Ainda que qualquer

    balano disso seja ainda incerto, certo que o fogo no se apagou e que uma pequena

    fagulha ainda pode causar grandes incndios.

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