As situações jurídicas laborais nucleares e derivadas

5/12/2018 As situações jurídicas laborais nucleares e derivadas - slidepdf.com

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As situações jurídicas laborais nucleares e derivadas

A relação de trabalho como situação jurídica central do Direito do

Trabalho: apreciação críticaOs inconvenientes do recurso à categoria geral da relação jurídica no domínio laboral

evidenciam-se no plano técnico, no plano sistemático e no plano dogmático.

No plano técnico, as dificuldades do conceito de relação jurídica na sua aplicação

laboral decorrem do carácter intersubjectivo ou relativo desta categoria, que não

quadra a muitas situações juslaborais, correspondentes a situações jurídicas absolutas.

No plano sistemático, a aplicação laboral do conceito de relação jurídica contribui para

perpetuar a visão policêntrica do Dto. do trabalho e para secundarizar, no seu seio, a

parcela regulativa colectiva relativamente às matérias atinentes ao contrato e à

relação de trabalho, em prejuízo da unidade interna e do equilíbrio global da área

jurídica.

No plano dogmático, o conceito de relação jurídica propicia uma perspectiva

dogmática estreita sobre o Dto. do Trabalho e sobre os seus problemas, que deve ser

superada.

A alternativa: as situações jurídicas laborais nucleares inerentes à

qualidade de trabalhador subordinado e à qualidade de empregador e as

situações laborais derivadas

Reportada ao trabalhador e ao empregador, a situação jurídica laboral nuclear

corresponde à realidade normativa individual em que estão investidos o prestador e o

credor da actividade laboral, em virtude da promessa ou da prestação efectiva dessa

mesma actividade. Assim definida, esta situação jurídica desdobra-se em duas

situações menores:

- a situação jurídica do trabalhador subordinado;

- a situação jurídica de empregador.

São situações jurídicas laborais nucleares porque de uma forma separada ou em

conjunto, elas são sempre o referente das normas laborais.

É possível caracterizar as situações jurídicas juslaborais do seguinte modo:



- situações unisubjectivas: porque postulam um único sujeito ( o trabalhador

subordinado e o empregador);

- situações absolutas: porque não dependem de uma situação de sinal contrário

(a situação de trabalhador subordinado e a situação de empregador produzem

efeitos jurídicos independentemente da relação jurídica que venha a ser

estabelecida entre eles);

- situações compreensivas, já que se desdobram em diversos elementos de

conteúdo activo e passivo: efectivamente, da qualidade de trabalhador

subordinado e da qualidade de empregador decorrem direitos e deveres

diversos, que consubstanciam outras tantas situações jurídicas.

O conteúdo essencial destas situações jurídicas permite fixar o objecto do Dto. do

trabalho na actividade laboral.O facto de estas situações jurídicas se reportarem às qualidades de trabalhador

subordinado e de empregador, torna-as aptas para enquadrar não apenas a relação de

trabalho como também outras situações laborais o que origina uma maior

abrangência, que aumenta a sua vocação unificadora.

Esta aptidão unificadora geral do conceito de situação jurídica laboral, no sentido em

que o entendemos, ou seja, reportado à qualidade de trabalhador e/ou de

empregador transparece no próprio sistema normativo. Verifica-se que foi ponderada

directamente a posição de subordinação do trabalhador e/ou a posição de domínio do

empregador. Ex.: as relações do trabalhador com o sindicato e do empregador com a

associação de empregadores (art. 444.º/2 CT).

A situação jurídica de trabalhador subordinado e a situação de empregador, tomadas

por si, constituem o denominador comum de todo o fenómeno laboral.

O conceito de situação juslaboral nuclear, adoptado, facilita uma perspectiva integrada

dos centros regulativos do Dto. do Trabalho e, nessa medida , contribui para a unidade

sistemática e dogmática da área jurídica.

Este entendimento leva implícita uma visão do Dto. do Trabalho que não o reduz ao

complexo de normas jurídicas reguladoras do contrato de trabalho ou da relação de

trabalho, mas que o perspectiva como a área normativa que regula as matérias

atinentes à situação jurídica de empregador e às demais situações jurídicas que

decorram destas situações nucleares.



Este entendimento pode ser alvo de duas criticas: a critica do subjectivismo, porque

este critério delimitador assenta na qualidade de uma categoria de sujeitos e não no

vínculo que entre eles se estabelece, o que poderia significar o retorno a uma

perspectiva clássica do Dto. do trabalho; e a critica da imprecisão, por dificultar o

estabelecimento das fronteiras da área jurídica, uma vez que a multiplicidade das

situações jurídicas atinentes à qualidade de empregador e à qualidade de trabalhador

dificultara a exclusão do seu domínio de matérias que nele se tem vindo a separar.

A nosso ver, nenhumas destas criticas é procedente.

As situações jurídicas laborais derivadas

Enquanto situações jurídicas laborais nucleares, as situações do trabalhador

subordinado e do empregador são passíveis de múltiplas e diversas projecções em

novas situações jurídicas, de carácter relativo ou absoluto, patrimonial ou pessoal e de

âmbito individual ou colectivo.

Na área regulativa individual do Dto. do Trabalho, as situações laborais nucleares de

trabalhador subordinado e de empregador projectam-se em múltiplas situações

jurídicas, como:

- a situação jurídica emergente do contrato de trabalho, ou relação de trabalho,

que conecta o trabalhador e o empregador um com o outro;

- situações jurídicas que prosseguem interesses atinentes apenas ao trabalhador

ou apenas ao empregador;

- situações que relacionam o empregador ou o trabalhador, isoladamente

considerados, com outras entidades.

Na área regulativa colectiva do Dto. do Trabalho, as situações jurídicas de trabalhador

subordinado e de empregador fazem surgir outras situações jurídicas como:

- situações jurídicas de carácter institucional entre o empregador ou as

associações de empregadores e os entes colectivos que representam os

trabalhadores;

- relações não formais entre o empregador e grupos de trabalhadores da

empresa;

- relações internas ao grupo de trabalhadores;



- relações internas ao grupo de empregadores e aos grupo dos representantes

dos trabalhadores;

O elemento comum a todas as situações enunciadas é a situação jurídica de

trabalhador subordinado e/ou a situação jurídica de empregador, das quais estas

situações constituem uma projecção. Por isso, qualificamos estas situações como

situações juslaborais derivadas.

É o conjunto das situações juslaborais nucleares atinentes à qualidade de trabalhador

subordinado ou de empregador e das situações laborais que delas decorrem que

constitui o objecto do Dto. do trabalho.

Uma das mais importantes situações juslaborais derivadas é a relação de trabalho.

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