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1
Alexandre Augusto Facheti
ASPECTOS ECONÔMICOS, MERCADOLÓGICOS E DO PROCESSAMENTO DA CARNE SUÍNA
São Paulo 2009
2
Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas - UniFMU Alexandre Augusto Facheti
ASPECTOS ECONÔMICOS, MERCADOLÓGICOS E DO PROCESSAMENTO DA CARNE SUÍNA
Trabalho monográfico de conclusão do curso
de Medicina Veterinária da UniFMU sob a orientação do Professor
Alvaro Pereira Dias.
São Paulo 2009
3
Alexandre Augusto Facheti
ASPECTOS ECONÔMICOS, MERCADOLÓGICOS E DO PROCESSAMENTO DA CARNE SUÍNA
Trabalho apresentado para a conclusão do curso de Medicina Veterinária da UniFMU, sob Orientação do Professor Alvaro Pereira Dias. Defendido e aprovado em 17 de Dezembro de 2009, pela banca examinadora, constituída pelos Professores:
_____________________________________ Prof. MS. Alvaro Pereira Dias
Orientador
______________________________________ Prof. Dr. Ricardo Moreira Calil
______________________________________ Prof. Dr. Carlos Augusto Donini
5
RESUMO
Este trabalho mostra os valores econômicos da produção, exportação e importação
mundial de suínos, consumo “per capita” da carne suína em diversos países, o fluxograma
operacional do abate de suínos, o trabalho realizado pelos médicos veterinários na Inspeção
Sanitária, salientando a inspeção “ante-mortem” e “post- mortem”, a marcação das carcaças e
vísceras, as linhas de inspeção, a inspeção final, os possíveis destinos de cada carcaça e
vísceras que forem encaminhadas ao Departamento de Inspeção Final (DIF) e a importância
da inspeção dos produtos de origem animal.
PALAVRAS-CHAVE: abate de suínos, inspeção sanitária
6
ABSTRACT
The present work describes the economies values of production, exportation and
worldwide importation of swine, “per capita” consume of pork in several countries, the operational flowchart of swine slaughter, the Inspection Sanitary work accomplished by the veterinarians, highlighting the “ante-mortem” and “post-mortem” inspection, the tagging of carcasses and viscera, the final inspection, the possible destinations of each carcasses and viscera which will be taken to the Department of Final Inspection (DIF) and the importance of the inspections of animal origins products.
Key words: Swine slaughter, sanitary inspection.
7
LISTA DE FIGURAS FIGURA
1 Desembarque dos suínos............................................................................................23
FIGURA
2 Recepção e espera......................................................................................................24
FIGURA
3 Condução dos suínos à insensibilização.....................................................................28
FIGURA
4 Atordoamento ou Insensibilização.............................................................................29
FIGURA
5 Atordoamento ou Insensibilização.............................................................................30
FIGURA
6 Sangria........................................................................................................................30
FIGURA
7 Sangria........................................................................................................................31
FIGURA
8 Saída da depiladeira...................................................................................................33
FIGURA
9 Abertura dos tendões..................................................................................................33
FIGURA
10 Chamuscamento.......................................................................................................34
FIGURA
11 Lavagem da carcaça com água clorada....................................................................35
FIGURA
12 Evisceração...............................................................................................................37
FIGURA
13 Corte em duas mais carcaças....................................................................................38
FIGURA
14 Inspeção “post-mortem” – Exame das meias carcaças de suínos............................41
FIGURA
15 Exame no Departamento de Inspeção Final.............................................................55
8
FIGURA
16 Modelo N° 2 do Carimbo Metálico..........................................................................62
FIGURA
17 Modelo N° 5 do Carimbo Metálico..........................................................................62
9
LISTA DE TABELAS
TABELA
1 Produção Mundial de Carne Suína em 2007..............................................................14
TABELA
2 Maiores Produtores do Mercado – 2006 a 2009........................................................14
TABELA
3 Consumo per capita de carnes, 2006 (kg/pessoa/ano)................................................15
TABELA
4 Maiores consumidores do Mercado – 2006 a 2009....................................................15
TABELA
5 Consumo per capita de carne suína (Kg/ pessoa/ ano)...............................................16
TABELA
6 Carne Suína – Importação e Exportação – 2006 a 2009............................................17
TABELA
7 Produção Brasileira de Carne Suína – 2004 a 2009...................................................18
TABELA
8 Produção, exportação e disponibilidade interna no Brasil – 2004 a 2009.................19
TABELA
9 Carne Suína – Evolução dos preços de exportação – Brasil – 2004 a 2009..............19
TABELA
10 Marcação e Carimbagem de Carcaças.....................................................................61
10
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABCS - Associação Brasileira dos Criadores de Suínos
ABIPECS – Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína
CISPOA - Coordenadoria de Inspeção Sanitária de Produtos de Origem Animal
DDSA - Divisão da Defesa Sanitária Animal
DIF – Departamento de Inspeção Final
DIPOA - Departamento de Inspeção dos Produtos de Origem Animal
LSPS - Levantamento da Produção e Abate de Suínos
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
OIE - Organização Mundial de Saúde Animal
USDA - Departamento da Agricultura dos Estados Unidos
RIISPOA – Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal
SIF - Serviço de Inspeção Federal
11
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................14
1.1 CONSUMO DA CARNE SUÍNA NO MUNDO.........................................................14
1.2 CONSUMO DA CARNE SUÍNA NO BRASIL..........................................................17
2. LEGISLAÇÃO DO ABATE DE SUÍNOS......................................................................20
3. FLUXOGRAMA OPERACIONAL DO ABATE DE SUÍNOS....................................21
3.1 RECEPÇÃO DOS ANIMAIS.......................................................................................23
3.2 MATANÇA NORMAL................................................................................................26
3.3 MATANÇA DE EMERGÊNCIA.................................................................................26
3.4 NECROPSIA................................................................................................................27
3.5 CHUVEIRO ANTERIOR A INSENSIBILIZAÇÃO (BANHO DE ASPERSÃO) ....28
3.6 ATORDOAMENTO OU INSENSIBILIZAÇÃO........................................................29
3.7 SANGRIA.....................................................................................................................30
3.8 CHUVEIRO APÓS A SANGRIA................................................................................32
3.9 ESCALDAGEM E DEPILAÇÃO................................................................................32
3.10 TOALETE DA DEPILAÇÃO....................................................................................34
3.11 CHUVEIRO DA TOALETE......................................................................................35
3.12 ABERTURA ABDOMINAL TORÁCICA (PRÉ-EVISCERAÇÃO)........................35
3.13 CORTE DA SÍNFISE PUBIANA (OSSO DA BACIA)............................................35
3.14 OCLUSÃO DO RETO................................................................................................36
3.15 ABERTURA DA PAPADA.......................................................................................36
3.16 DESARTICULAÇÃO DA LÍNGUA.........................................................................36
3.17 EVISCERAÇÃO.........................................................................................................37
3.18 DIVISÃO LONGITUDINAL DA CARCAÇA E DA CABEÇA..............................38
3.19 TOALETE FINAL......................................................................................................38
3.20 CHUVEIRO................................................................................................................39
3.21 CARIMBAGEM E PESAGEM DAS CARCAÇAS..................................................39
3.22 ACONDICIONAMENTO E RESFRIAMENTO.......................................................39
4. INSPEÇÃO “ANTE-MORTEM”....................................................................................40
5. INSPEÇÃO “POST-MORTEM”.....................................................................................41
12
6. SISTEMA DE IDENTIFICAÇÃO DE LOTES, CARCAÇAS E VÍSCERAS NOS
TRABALHOS DE INSPEÇÃO "POST-MORTEM".........................................................43
6.1 MARCAÇÃO SISTEMÁTICA....................................................................................44
6.2 MARCAÇÃO DOS LOTES.........................................................................................44
6.3 MARCAÇÃO CABEÇA-CARCAÇA..........................................................................44
6.4 MARCAÇÃO EVENTRAL.........................................................................................44
6.5 MARCAÇÃO DE CARCAÇAS E VÍSCERAS DESTINADAS AO EXAME
CONFIRMATIVO DA INSPEÇÃO FINAL............................................................................45
6.6 MARCAÇÃO DE CARCAÇAS DE MATANÇA DE EMERGÊNCIA.....................45
7. LINHAS DE INSPEÇÃO................................................................................................46
7.1 LINHA “A1” - INSPEÇÃO DA CABEÇA E NODOS LINFÁTICOS DA
“PAPADA“...............................................................................................................................46
7.2 LINHA “A” – INSPEÇÃO DE ÚTERO......................................................................47
7.3 LINHA “B” – INSPEÇÃO DE INTESTINO, ESTÔMAGO, BAÇO, PÂNCREAS E
BEXIGA....................................................................................................................................48
7.4 LINHA “C” – INSPEÇÃO DE CORAÇÃO E LÍNGUA............................................49
7.5 LINHA “D” – INSPEÇÃO DOS PULMÕES E FÍGADO..........................................51
7.6 LINHA “E" - INSPEÇÃO DE CARCAÇA.................................................................52
7.7 LINHA “F" - INSPEÇÃO DE RINS...........................................................................53
7.8 LINHA “G" - INSPEÇÃO DE CÉREBRO.................................................................54
8. A INSPEÇÃO FINAL......................................................................................................54
8.1 EXAME DA CABEÇA...............................................................................................56
8.2 EXAME DA LÍNGUA................................................................................................56
8.3 EXAME DOS PULMÕES E DO CORAÇÃO............................................................57
8.4 EXAME DO FÍGADO.................................................................................................57
8.5 EXAME DO BAÇO.....................................................................................................58
8.6 EXAME DOS INTESTINOS, ESTÔMAGO, PÂNCREAS, BEXIGA E ÚTERO....58
8.7 EXAME DOS RINS....................................................................................................58
8.8 EXAME DA CARCAÇA............................................................................................58
8.9 EXAME DO CÉREBRO.............................................................................................59
8.10 COLETA DE MATERIAL PARA EXAME DE LABORATÓRIO.........................59
8.11 DESTINAÇÃO DAS CARNES................................................................................59
8.12 CARIMBAGEM DE CARCAÇAS...........................................................................61
13
8.12.1 CARIMBAGEM DE CARCAÇAS LIBERADAS NAS LINHAS DE
INSPEÇÃO...............................................................................................................................61
8.12.2 CARIMBAGEM DAS CARCAÇAS APREENDIDAS NAS LINHAS DE
INSPEÇÃO E REINSPECIONADAS PELA INSPEÇÃO FINAL.........................................61
8.13 ANIMAIS DE MATANÇA DE EMERGÊNCIA.....................................................63
8.14 CONTROLE PELA INSPEÇÃO FEDERAL DAS CARCAÇAS DESTINADAS
AO APROVEITAMENTO CONDICIONAL..........................................................................63
9. IMPORTÂNCIA DA INSPEÇÃO NO ABATE DE SUÍNOS.....................................64
10. CONCLUSÃO..................................................................................................................66
REFERÊNCIAS........................................................................................................................67
14
1. Introdução 1.1 A CARNE SUÍNA NO MUNDO
De acordo com a Tabela 1 da FAO (2009), a carne suína é o tipo de carne mais
produzida e consumida no mundo. A produção mundial responde por cerca de 40% do total
de proteína animal produzida no mercado agropecuário global.
Tabela 1 - Produção Mundial de Carne Suína em 2007
Tipo de Carne Volume (ton.) Participação (%) Suína 115.453.862 40,41% Aves 86.772.328 30,37%
Bovina 61.881.160 21,66% Outras 21.608.459 70,56% Total 285.715.809 100,00%
Fonte: FAO
Segundo a Tabela 2 da USDA (2009), a China é o principal produtor de carne suína,
seguida da União Européia, Estados Unidos e Brasil. A produção mundial de carne suína
deverá atingir 100,32 milhões de toneladas em 2009, 1,91% a mais que o volume de 98,44
milhões de toneladas em 2008, segundo projeções.
Tabela 2 - Maiores Produtores de Carne Suína no mundo – 2006 a 2009
Fonte : USDA, 2009.
País Produção (milhões de toneladas) 2006 2007 2008 2009
China 48.700 44.200 46.150 48.700 União Européia 21.791 22.600 22.530 22.970
USA 9.559 9.962 10.599 8.811 Brasil 2.830 2.990 3.015 3.010
Canadá 1.898 1.850 1.920 993 Federação Russa 1.805 1.910 2.060 3.112
Japão 1.247 1.250 1.249 2.486 México 1.108 1.150 1.160 1.604
Coréia do Sul 1.000 1.043 1.056 1.519 Filipinas 1.215 1.245 1.190 1.235 Vietnã 1.713 1.832 1.850 1.850 Outros 5.505 5.625 5.662 5.624 Total 98.138 65.658 98.441 100.318
15
Além de ser a carne mais produzida, o produto suíno também é o mais consumido em
escala mundial, superando a carne bovina e a de frango (LUCIANO ROPPA, 2007 – Tabela
3).
Tabela 3 - Consumo “per capita” de carnes, 2006 (kg/pessoa/ano).
De acordo com a Tabela 4 da USDA (2009), a China destaca-se por ser o maior
produtor e o maior consumidor de carne suína do mundo. A União Européia ocupa o segundo
lugar em consumo, os Estados Unidos o terceiro e o Brasil o quarto. Comparativamente, os
Estados Unidos consomem quatro vezes mais carne suína que o Brasil e a União Européia dez
vezes mais.
Tabela 4 - Maiores consumidores de Carne Suína no mundo – 2006 a 2009
Fonte: USDA, 2009
País Consumidor (mil toneladas) 2006 2007 2008 2009
China 48.246 44.048 46.726 48.790 União Européia 20.631 21.257 20.970 20.905
USA 8.640 8.964 8.811 8.884 Brasil 2.191 2.260 2.390 2.400
Canadá 971 984 993 1.015 Federação Russa 2.639 2.803 3.112 2.894
Japão 2.452 2.472 2.486 2.476 México 1.488 1.514 1.604 1.530
Coréia do Sul 1.420 1.506 1.519 1.440 Filipinas 1.239 1.270 1.235 1.239 Vietnã 1.731 1.855 1.880 1.889 Outros 6.490 6.581 6.912 6.714 Total 98.138 95.514 98.269 100.171
16
A média de consumo anual por pessoa no mundo é de 16 Kg, nos países
desenvolvidos o consumo é em média duas vezes maior do que nos países em
desenvolvimento. Os países produtores de carne suína apresentam uma média de consumo
bem acima da média global: Europa (44 Kg), China (continental - 35 Kg) e Estados Unidos
(30 Kg) (FAO, 2009 – Tabela 5).
Tabela 5 - Consumo per capita de carne suína (Kg/ pessoa/ ano)
2006 2007 2008
Mundo 15,6 15,0 15,1 Países desenvolvidos 28,2 28,8 29,2
Países em desenvolvimento 12,1 11,2 11,3 Hong Kong 57,0 55,9 N/A
União Européia 44,4 43,9 43,6 China (Taiwan) 42,0 41,3 41,1
Suíça 35,8 36,2 36,5 Canadá 33,3 33,7 32,6 Belarus 30,5 33,2 35,6
China (continental) 35,4 31,8 31,9 Vietnã 28,7 30,4 30,9 EUA 29,4 30,1 31,4
Fonte: FAO, 2009.
Segundo a Tabela 6 da USDA (2009), os maiores importadores de carne suína
são Japão, Federação Russa e México com aproximadamente 60% do total das
importações mundiais. Os Estados Unidos lideram as exportações de carne suína,
seguido pela União Européia, Canadá e Brasil.
17
Tabela 6 - Carne Suína – Importação e Exportação – 2006 a 2009
(mil toneladas) País Importação Exportação
2006 2007 2008 2009 2006 2007 2008 2009 China 90 198 430 300 544 350 223 210
União Européia - - - - 1.284 1.282 1.715 1.250 USA 449 439 377 381 1.359 1.424 2.117 1.837 Brasil - - - - 639 730 625 610
Canadá 145 171 195 205 1.081 1.033 1.129 1.150 Federação Russa 835 894 1.053 750 - - - -
Japão 1.154 1.210 1.267 1.240 - - - - México 446 445 535 475 66 81 91 95
Coréia do Sul 410 447 430 400 14 13 11 15 Filipinas - - - - - - - -
Chile - - - - 130 148 142 130 Hong Kong 277 302 346 345 - - - -
Austrália - - 152 140 60 54 48 50 Vietnã 109 141 - - 20 19 11 11 Outros 803 944 1.131 1.066 23 18 25 21 Total 4.922 5.082 5.916 5.130 5.220 5.152 6.137 5.379
Fonte: USDA, 2009.
De acordo com a USDA (2009), a produção global de carne suína em 2010,
está prevista em 101,883 milhões de toneladas equivalente a carcaça. A China deverá
produzir 50,300 milhões de toneladas, a União Européia 21,900 e os Estados Unidos
10,185 milhões de toneladas, sendo responsáveis por cerca de 80,1% da produção
mundial. O Brasil deverá produzir 126 mil toneladas a mais que em 2008, alcançando
3.249 milhões de toneladas. A Rússia deverá produzir 2.290 milhões de toneladas e o
Vietnã 1.850. A Coréia do Sul tem perspectiva de queda de 7 mil toneladas,
alcançando 1.009 milhões de toneladas.
1.2 A CARNE SUÍNA NO BRASIL
A cadeia produtiva da carne suína brasileira é uma importantíssima atividade
econômica. O país detém, hoje, o quarto maior plantel de suínos do mundo com um
rebanho superior a 37 milhões de cabeças (ABIPECS, 2009).
A produção de carne suína no Brasil é superior a 3 milhões de toneladas. Os
principais Estados em abates de suínos são: Santa Catarina, Rio Grande do Sul,
Paraná, Minas Gerais e São Paulo. A região sul concentra 68,3% do total de abate de
suínos. Santa Catarina é o único estado que tem o reconhecimento da Organização
18
Mundial de Saúde Animal (OIE) como área livre de febre aftosa sem vacinação e é
responsável por 28,3% da produção total de carne suína do país (PEDRO DE
CAMARGO NETO, PRESIDENTE DA ABIPECS, 2009).
Tabela 7 - Produção Brasileira de Carne Suína – 2004 a 2009
(mil toneladas) Estados/Ano 2004 2005 2006 2007* 2008* 2009* VAR
% 08/07
VAR%
09/08 Produção Industrial
RS 383,3 416,7 465,6 481,4 528,4 560,2 9,8 6,0 SC 586,9 619,0 732,6 754,3 724,3 744,8 -4,0 2,8 PR 376,1 389,6 430,8 437,2 444,3 472,5 1,6 6,3 SP 171,2 168,1 170,0 176,6 147,0 145,3 -16,8 -1,1
MG 213,1 251,8 314,9 335,5 348,1 369,9 3,8 6,3 MS 67,4 71,7 68,5 70,2 70,9 77,9 1,0 9,8 MT 79,1 104,7 111,5 116,2 140,0 152,3 20,5 8,8 GO 97,2 108,7 115,1 121,1 127,0 137,6 4,8 8,4
Subtotal 1.974,3 2.130,4 2.408,8 2.492,4 2.529,9 2.660,4 1,5 5,2 Outros Estados
159,1 116,7 122,0 151,1 154,1 154,1 2,0 0,0
Total Industrial
2.133,4 2.247,0 2.530,9 2.643,6 2.684,0 2.814,5 1,5 4,9
Subsistência 487,9 462,2 412,3 354,0 342,4 317,8 -3,3 -7,2 Brasil 2.621,3 2.709,3 2.943,1 2.997,6 3.026,4 3.132,3 1,0 3,5
Fonte: Abipecs, 2008.
*Estimativa referente aos anos de 2007, 2008 e 2009.
VAR = Variação da Taxa de Crescimento.
O mercado interno absorve o equivalente a 80% da produção de carne suína do
país e o consumo apesar de baixo em relação a outros países vem se ampliando.
Atualmente, cada brasileiro consome cerca de 13 kg de carne suína por ano dos quais
10 Kg com produtos processados e embutidos e apenas 3 Kg in natura (PEDRO DE
CAMARGO NETO, PRESIDENTE DA ABIPECS, 2009).
De acordo com os produtores do setor o consumo ainda baixo tem relação com
o preconceito por conta da falta de informação sobre a suinocultura brasileira e pela
idéia errônea de que a carne é gordurosa. Segundo o presidente da Associação
Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), a meta para os próximos três anos é
aumentar o consumo de carne in natura em 2 kg por habitante. Para isso, o principal
19
desafio é informar o consumidor brasileiro e mudar a percepção sobre o produto
(ABIPECS, 2008).
Tabela 8 - Produção, exportação e disponibilidade interna no Brasil – 2004 a 2009
(mil toneladas)
2004 2005 2006 2007 2008 2009* Produção 2.621 2.709 2.943 2.998 3.026 3.132
Exportação 512 627 531 609 531 Disponibilidade
interna 2.109 2.082 2.412 2.389 2.495
Consumo per capita (Kg)
11,717 11,402 12,912 12,456 12,671
Fonte: Abipecs, 2008.
*Estimativa referente ao ano de 2009.
O setor exportador de carne suína sofre reflexos da crise financeira
internacional. Os volumes exportados até têm crescido, mas os preços tiveram uma
redução em relação ao ano passado (PEDRO DE CAMARGO NETO, PRESIDENTE
DA ABIPECS, 2009).
Em 2008, o Brasil exportou 531 mil toneladas de carne suína e obteve uma
receita com as vendas de 1,48 bilhão de dólares. Em 2009, no período de janeiro a
outubro, as exportações cresceram 8,6%, para 511,76 mil toneladas, porém a receita
teve uma queda de 23,2 % para 1,02 bilhão de dólares (ABIPECS, ALDA AMARAL
ROCHA , 2009).
A estimativa da Abipecs é de que o país exporte este ano pouco mais de 600
mil toneladas. A Rússia é o principal comprador de carne suína do Brasil, seguida de
Hong Kong, Ucrânia, Cingapura e Angola. Conquistar mercados inéditos e reabrir
outros estão entre as prioridades do Ministério da Agricultura para o setor (Abipecs,
2008).
Tabela 9 - Carne Suína – Evolução dos preços de exportação – Brasil – 2004 a 2008
2004 2005 2006 2007 2008
Valor (US$/mil) 77.664 1.168.494 1.038.507 1.232.555 1.481.508 Volume (tonelada) 512.062 627.320 531.385 609.743 531.404
US$/Kg 1,52 1,86 1,95 2,02 2,79 R$/Kg 4,45 4,53 4,25 3,94 5,21
Fonte MDIC/SECEX, 2009.
20
No período de 1999 a 2007 a exportação de carne suína cresceu de 3,3% para
14,09%. O consumo “per capita” de carne suína entre 1997 a 2007 cresceu 58,45% e a
produção de suínos aumentou 158,1% (Jornal O Estado de São Paulo, 2009).
Segundo o Jornal ainda, proteínas animais nesse período tornaram-se muito
baratas e isso se refletiu nas condições de vida de milhões de brasileiros (Jornal O
Estado de São Paulo, 2009).
2. LEGISLAÇÃO DO ABATE DE SUÍNOS
Em 1.950, no Brasil a Inspeção Sanitária dos Produtos de Origem Animal
tornou-se obrigatório em todo território nacional através da lei nº 1.283, de 18 de
dezembro a inspeção em todos os estabelecimentos que trabalham com produtos de
origem animal, sendo assim sujeitos á fiscalização:
a) os animais destinados à matança, seus produtos e subprodutos e matérias
primas;
b) o pescado e seus derivados;
c) o leite e seus derivados;
d) o ovo e seus derivados
e) o mel e cera de abelha e seus derivados.
Os estabelecimentos de abate de suínos encontram-se entres os
estabelecimentos onde se realizam a fiscalização dos animais destinados à matança,
seus produtos e subprodutos e matérias-primas.
Em 1952 o Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de
Origem Animal (RIISPOA) é regulamentado pelo Decreto nº 30.691, de 29 de março
regulamentou a lei nº 1.283 dizendo como deve ser feita a inspeção. Segundo o Art. 2,
parágrafo 1º do RIISPOA abrange sob o ponto de vista industrial e sanitário a inspeção
“ante-mortem” e “post-mortem” dos animais, o recebimento, manipulação,
transformação, elaboração, preparo, conservação, acondicionamento, embalagem,
depósito, rotulagem, trânsito e consumo de quaisquer produtos e subprodutos,
adicionados ou não de vegetais, destinados ou não a alimentação humana.
21
De acordo com Pardi (1995) o Decreto nº 29.651 que é o Regulamento de
Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA) foi
regulamentado em 8 de junho de 1951.
Em 1995 a portaria nº 711, de 1 de novembro criou as Normas Técnicas de
Instalações e Equipamentos para Abate e Industrialização de Suínos.
3. FLUXOGRAMA OPERACIONAL GENÉRICO DO ABATE DE
SUÍNOS
O Fluxograma operacional é uma seqüência de etapas para obter um
determinado produto (CALIL, R.M., UNIFMU – AULA DADA 19/03/09).
No caso do abate de suínos é feito pelo seguinte fluxograma:
Recepção dos suínos
Pocilgas de chegada e seleção
Pocilga de matança Pocilga de seqüestro Sala de Necropsia
Chuveiro anterior a insensibilização
Atordoamento ou Insensibilização
Sangria Produtos comestíveis
Graxaria
Chuveiro após a sangria
Escaldagem e depilação
Toalete da depilação
Chuveiro
Zona ou área suja
Zona ou área limpa
22
FONTE: BASEADO EM MEUS CONHECIMENTOS E NO BRASIL (1995).
Abertura Abdominal Torácica (pré-evisceração)
Corte da sínfise pubiana (osso da bacia)
Oclusão do Reto
Abertura da papada
Inspeção da cabeça e nodos linfáticos da “papada”
Desarticulação da língua
Evisceração
Vísceras torácicas
Inspeção de coração e língua
Inspeção de fígado e pulmão
Vísceras abdominais
Inspeção do útero
Inspeção de intestinos, estômago, baço, pâncreas e bexiga
Divisão longitudinal da carcaça e da cabeça
Inspeção de carcaça
Inspeção de rins
Toalete Final
Chuveiro
Carimbagem e pesagem das carcaças
Acondicionamento e Resfriamento
Inspeção de cérebro
DIF (Departamento de Inspeção Final)
Graxaria
23
3.1 RECEPÇÃO DOS ANIMAIS
Segundo o Art. 107 do BRASIL (1952), é proibida a entrada de animais em qualquer
dependência do estabelecimento, sem prévio conhecimento da Inspeção Federal sobre as
condições de saúde do lote.
Os suínos hiperimunizados para preparo de soro contra a peste suína, só podem entrar
em estabelecimento sob Inspeção Federal, quando acompanhados de documento oficial da
Divisão da Defesa Sanitária Animal (DDSA), no qual se ateste que a hiperimunização ficou
concluída há pelo menos 15 (quinze) dias (Art. 120 do BRASIL, 1952).
Os animais que chegam ao abatedouro devem ser descarregados em rampas
antiderrapantes como mostra a Figura 1 e levados às pocilgas de chegada e seleção, sendo
estas destinadas ao recebimento, pesagem e classificação dos suínos para a formação de lotes
de acordo com o tipo e procedência, como mostra a Figura 2. É proibido, no desembarque ou
movimentação de animais, o uso de instrumentos pontiagudos ou de quaisquer outros que
possam lesar o couro ou a musculatura (Art. 109, parágrafo único do BRASIL, 1952).
Segundo PARDI (1995), o manejo dos animais durante o descarregamento do veículo
transportador deve ser feito com choque elétrico, tendo-se o cuidado de evitar ao máximo o
possível estresse que poderá ocorrer no descarregamento, como também durante a descida da
rampa inclinada que dá acesso as pocilgas.
Figura 1 - Desembarque dos suínos
Fonte: QUALITTAS, 2008.
24
Figura 2 – Recepção e espera
Fonte: CETESB, 2006.
Após a recepção dos suínos, eles serão recolhidos e distribuídos pelas pocilgas
destinadas ao repouso “ante-mortem”. O período de descanso ou dieta hídrica no matadouro é
o tempo necessário para que os animais se recuperem totalmente das perturbações surgidas
pelo deslocamento desde o local de origem até o matadouro. Os animais devem permanecer
em descanso, jejum e dieta hídrica nas pocilgas por 24 horas (SOERESEN & MARULLI,
1999).
Segundo o Art. 110, parágrafo 1º do BRASIL (1952), o período de repouso pode ser
reduzido, quando o tempo de viagem não for superior a 2 (duas) horas e os animais
procederem de campos próximos, mercados ou feiras, sob controle sanitário permanente, o
repouso, porém, em hipótese alguma, poderá ser inferior a 6 (seis) horas. De acordo com o
parágrafo 3º do mesmo artigo, o tempo de repouso poderá ser ampliado, todas as vezes que a
Inspeção Federal julgar necessário.
É essencial que todos os animais destinados ao abate tenham passado por um período
de descanso, uma vez que um animal abatido sem ter um descanso determinado, apresenta
menor conservação da carne, devido ao mau desenvolvimento da acidez muscular e a invasão
precoce do sistema pelas bactérias putrefativas no trato intestinal. Essas bactérias são
responsáveis pela contaminação do pernil em suínos. A carne de animais exaustos se
apresenta, escura e brilhante e dá a impressão de que houve sangria incompleta, porém essa
cor deve ser atribuída, de certo modo, às alterações de natureza química ocorrida nos
músculos de um animal fatigado e também ao fato de que, nesses animais, há diminuição da
25
oxigenação da hemoglobina e da mioglobina, como escurecimento conseqüente dos
pigmentos musculares (THORTON, 1996).
A distribuição dos suínos nas pocilgas é feita por lotes, atendendo as espécies quando
necessário, separando-as por raça e idades a fim de evitar ou reduzir os prejuízos que
ocasionalmente os animais de maior porte ou índole mais agressiva possam causar aos outros
(BRASIL, 1995).
A fim de reduzir ao mínimo o “stress” dos animais e evitar as suas nefastas
conseqüências, deverão ser devidamente considerados os requisitos dos locais de repouso em
relação aos seguintes elementos ambientais:
1 Temperatura;
2 Umidade;
3 Luz;
4 Ruídos;
5 Espaço disponível.
Todas as pocilgas são dotadas de bebedouros, iluminação, aspersores de água e
corredor de observação. Entre as mesmas, há um corredor central que segue até a rampa de
acesso à sala de matança, que se localiza a 15 metros das pocilgas (BRASIL, 1995).
Durante esse período de descanso, os animais são mantidos em jejum alimentar, que
além de favorecer a sangria, também facilitam as práticas de evisceração, e reduzem a
contaminação da carcaça por conteúdo intestinal e dieta hídrica, onde nas pocilgas os animais
recebem água com abundância, uma vez que isso servirá para reduzir a carga bacteriana dos
intestinos além de tornar a insensibilização através de descarga elétrica, mais eficiente. Junto
às pocilgas, situam-se a sala de necropsia e o crematório. A sala de necropsia possui
equipamentos para o abate de emergência de animais doentes ou com lesões graves tais como
trilhagem aérea, pias, esterilizadores elétricos e mesa para exames de vísceras (THORTON,
1996).
Os animais que na inspeção “ante-mortem” foram excluídos da matança normal, por
necessitarem de exame clínico e observação mais acurada antes do abate irão para a pocilga
de seqüestro (BRASIL, 1995).
26
3.2 MATANÇA NORMAL
Só é permitido o sacrifício de animais de açougue por métodos humanitários,
utilizando-se de prévia insensibilização baseada em princípios científicos, seguida de imediata
sangria. Os métodos empregados para cada espécie de animal de açougue deverão ser
aprovados pelo órgão oficial competente, cujas especificações serão disciplinadas em
regulamento técnico (Art. 135 do BRASIL, 1952).
Segundo o Art. 121 do BRASIL (1952), é proibida a matança de suínos não castrados
ou de animais que mostrem sinais de castração recente.
3.3 MATANÇA DE EMERGÊNCIA
De acordo com o Art. 132 do BRASIL (1952), a matança de emergência é proibida na
ausência do funcionário da Inspeção Federal.
A matança de emergência é o sacrifício dos animais que chegam ao estabelecimento
em precárias condições de sanidade, impossibilitados de atingirem a sala de matança por seus
próprios meios, bem como daqueles que forem retirados da pocilga de seqüestro, após o
exame geral. A matança de emergência pode ser mediata ou imediata (BRASIL, 1995).
A matança de emergência imediata é o sacrifício logo após o desembarque dos
animais incapacitados de locomoção, cujo estado clinico recomende tal procedimento
(BRASIL, 1995).
A matança de emergência mediata é o abate de animais não liberados da pocilga de
seqüestro após o exame clinico. Deve ser realizado depois da matança normal. Quando
diagnosticado hipertermia ou hipotermia, a matança deverá ocorrer na sala de necropsia e as
carcaças e vísceras serão destinadas à condenação total (BRASIL, 1995).
Segundo o Art. 130 do BRASIL (1952), devem ser abatidos de emergência animais
doentes agonizantes, com fraturas, contusão generalizada, hemorragia, hipo ou hipertemia,
decúbito forçado, sistemas nervosos e outros estados, a juízo da Inspeção Federal.
O exame “post-mortem” dos animais de emergência será feito pelo mesmo Médico
Veterinário que realizou a inspeção “ante-mortem”. Na ausência deste, o “plantão” realizará a
matança e manterá as carcaças e vísceras na câmara fria de seqüestro, para que o Médico
Veterinário confirme o diagnóstico e dê uma destinação adequada às carnes (BRASIL, 1995).
27
Os animais de matança de emergência que não puderem se locomover por contusão
serão encaminhados ao box de insensibilização por meio de trilho aéreo e aqueles que
apresentarem doenças infecto-contagiosas serão transportados em carro especial (BRASIL,
1995).
3.4 NECROPSIA
A necropsia é feita pelo Médico Veterinário com o auxílio de um ou mais auxiliares
nos animais que chegam mortos ou que venham a morrer nas dependências do
estabelecimento, ou naqueles sacrificados por causa de doenças infecto-contagiosas ou
aqueles que apresentarem hipotermia ou hipertermia. Os animais necropsiados podem ter duas
destinações:
Para a graxaria – onde são aproveitados para a elaboração de subprodutos não
comestíveis.
Para a autoclave especial – quando a necropsia positivar ou deixar suspeitas de
doenças infecto-contagiosas. Neste último caso será coletado material para exame
laboratorial e o Serviço de Defesa Sanitária deverá ser notificado. Os resíduos serão
destinados a fins industriais (gorduras) e adubos. Se algum animal chegar em inicio de
putrefação será dispensada a necropsia e o cadáver será introduzido diretamente na
autoclave (BRASIL, 1995).
Segundo o Art. 128 do BRASIL (1952), o lote ou tropa, no qual se verifique qualquer
caso de morte natural, só será abatido depois do resultado da necropsia.
28
3.5 CHUVEIRO ANTERIOR A INSENSIBILIZAÇÃO (BANHO DE ASPERSÃO)
Figura 3 – Condução dos suínos à insensibilização
Fonte: CETESB, 2006.
Após o descanso, os animais são encaminhados pela rampa de acesso para o box de
atordoamento como mostra a Figura 3. Segundo SOERESEN & MARULLI (1999), nessa
rampa é realizado o banho de aspersão por meio de um sistema de chuveiros dispostos
transversais, longitudinais e lateralmente, com os jatos orientados para o centro do banheiro.
A água do banho deve ser hiperclorada, com 5 ppm de cloro disponível, com jatos e pressão
adequados de forma que atinjam todas as partes do animal. O objetivo do banho antes do
abate é limpar a pele assegurando uma melhor esfola (redução da flora contaminante da pele),
reduzir a poeira e pêlos soltos, visto que a pele úmida reduz a sujeira na sala de abate e
melhora a sangria devido a vaso constrição periférica.
Segundo o BRASIL (1995), o banheiro de aspersão deve localizar-se no corredor
imediatamente anterior ao Box de insensibilização e o tempo mínimo de banho deve ser de
três minutos.
29
3.6 ATORDOAMENTO OU INSENSIBILIZAÇÃO
Figura 4 - Atordoamento ou Insensibilização
Fonte: CETESB, 2006.
O atordoamento consiste em colocar o animal em um estado de inconsciência que
perdure até o fim da sangria, não causando sofrimento desnecessário e promovendo uma
sangria tão completa quanto possível (GIL & COSTA, 2000).
Ao ser conduzido pela rampa, o animal é contido na entrada da sala de matança em
equipamentos próprio de contenção, em forma de dupla esteira rolante que visa racionalizar
os trabalhos de contenção e insensibilização como mostra a Figura 4, além de diminuir as
possibilidades de contusões durante a realização dos trabalhos (BRASIL, 1995).
A insensibilização, segundo as Normas para Suínos, é feita através de choque elétrico
de no mínimo 250 mA com voltímetro que permita, por meio de controle manual, regular a
voltagem de saída de 80 V, 90 V, 100 V e 110V. Esse choque deve ser aplicado atrás das
orelhas (fossas temporais) como mostra a Figura 5, por um tempo suficiente (seis a dez
segundos).
De acordo com PARDI (1995), baseado no experimento de HOENDERKEN usando-
se a amperagem e a voltagem apropriadas, a produção da inconsciência é instantânea e
indolor, constituindo, assim, o atordoamento elétrico o melhor método de insensibilização dos
suínos, com objetivo de obter uma carne de boa qualidade.
30
Figura 5 - Atordoamento ou Insensibilização
Fonte: CETESB, 2006.
Logo após a insensibilização os animais escorregam automaticamente numa calha
metálica dotada de rolos cilíndricos e seguem ordenadamente até a mesa de sangria. O animal
deve ser sangrado imediatamente após a produção de inconsciência, porque de outro modo,
recupera a consciência embora ainda mantenha-se paralisado (BRASIL, 1995).
3.7 SANGRIA
Figura 6- Sangria
Fonte: CETESB, 2006.
31
A função deste procedimento é promover a retirada de sangue objetivando o
abate humanitário após a insensibilização pela perda da consciência e da morte cerebral
ocasionada pela isquemia cerebral (ANIL ET. AL, 2001).
A sangria consiste na secção dos grandes vasos do pescoço na entrada do peito como
mostra a Figura 6, devendo ser realizada imediatamente após a insensibilização. O tempo
máximo permitido entre a insensibilização e a sangria é de 30 segundos. O tempo de sangria
deve ser de 3 minutos (BRASIL, 1995).
Segundo o Art. 140 do BRASIL (1952), a sangria deve ser completa e de preferência
realizada com o animal suspenso pelos membros traseiros como mostra a Figura 7. Nenhuma
manipulação deve ser iniciada antes que o sangue se tenha escoado ao máximo possível.
Figura 7 - Sangria
Fonte: CETESB, 2006.
De acordo com PARDI (1995) dentre os cuidados higiênicos a serem seguidos durante
a sangria, indica-se o emprego de duas facas, uma para a incisão da pele e outra para a punção
dos vasos sanguíneos, acompanhado da higienização sistemática das facas em esterilizador,
com água no mínimo a 85°C, bem como das mãos do operador.
No caso de se pretender fazer o aproveitamento do sangue para consumo humano, a
sangria deverá ser executada através do uso de facas especiais e o sangue deverá ser recolhido
em calha própria totalmente impermeabilizada com cimento liso de cor clara ou em chapa de
aço inoxidável denominada “calha de sangria”. Seu aproveitamento para uso de produtos
comestíveis fica condicionado à inexistência de quaisquer problemas que venham
comprometer a sua qualidade sanitária, caso contrário, será encaminhado para a graxaria onde
32
poderá ser utilizado na fabricação de farinha de sangue ou sangue em pó (produtos não
comestíveis) (BRASIL, 1995).
3.8 CHUVEIRO APÓS A SANGRIA
Terminada a sangria a carcaça passa pelo chuveiro, equipamento de uso obrigatório. A
água utilizada deverá ser hiperclorada (5 ppm de cloro), em forma de jatos, com volume
suficiente e com pressão de 3 atm (atmosferas) para a retirada do excesso de sangue e
diminuição da microbiota (BRASIL, 1995).
3.9 ESCALDAGEM E DEPILAÇÃO
De acordo com o Art. 142 do BRASIL (1952), é obrigatória a pelagem e raspagem de
toda a carcaça de suíno pelo prévio escaldamento em água quente, sempre que deva ser
entregue ao consumo com o couro: a operação depilatória será completada a mão e as
carcaças serão lavadas convenientemente antes de evisceradas.
Após o chuveiro os suínos saem dos trilhos aéreos e passam pelo processo de
escaldagem que visa facilitar a abertura dos poros, a remoção posterior de pêlos, unhas ou
cascos e também a retirada da sujidade presente no coro dos animais (BRASIL, 1995).
A temperatura da água deverá estar entre 62 a 72 °C, isso irá depender da quantidade
de pêlos dos animais. O tempo de escaldagem deverá durar entre dois a cinco minutos
(BRASIL, 1995).
Após a escaldagem é feita a remoção dos pêlos, inicialmente em máquinas de
depilação, que possuem um cilindro. A rotação deste cilindro provoca o impacto das pás com
o couro dos animais, removendo boa parte dos pêlos por atrito (BRASIL, 1995).
33
Figura 8 – Saída da depiladeira
Fonte: CETESB, 2006.
Figura 9 – Abertura dos tendões
Fonte: CETESB, 2006.
Em seguida os suínos são lançados mecanicamente em uma mesa de roletes, onde são
abertos os tendões das patas traseiras, como mostra a Figura 9, para fixação no trilho aéreo
(BRASIL, 1995).
34
3.10 TOALETE DA DEPILAÇÃO
Depois dos suínos passarem pela depiladeira é feita a depilação dos pêlos
remanescentes manualmente com auxílio de facas que é chamado de primeiro toalete. As
unhas ou cascos dos suínos também são removidos pelo uso de facas. Posteriormente deve ser
realizado o chamuscamento da carcaça com bico de gás como que é chamado de segundo
toalete, como mostra a Figura 10 (BRASIL, 1995).
Figura 10 - Chamuscamento
Fonte: CETESB, 2006.
Segundo o Art. 142 do BRASIL (1952), é proibido o chamuscamento de suínos.
35
3.11 CHUVEIRO DA TOALETE
Figura 11 – Lavagem da carcaça com água clorada
Fonte: CETESB, 2006.
As carcaças devem ser lavadas antes de serem inseridas na zona limpa como mostra a
Figura 11, portanto, na saída da zona suja (logo após toalete de depilação) deverá haver um
chuveiro, seguindo-se os mesmo padrões do que está instalado logo após a sangria (BRASIL,
1995).
3.12 ABERTURA ABDOMINAL TORÁCICA (PRÉ-EVISCERAÇÃO)
Essa operação consiste em fazer um corte ventral mediano nas paredes abdominal e
torácica, com a retirada do pênis nos machos. Deve-se usar uma faca especial para está
operação a fim de evitar o rompimento das alças intestinais o que causaria a contaminação
fecal na carcaça e suas vísceras (BRASIL, 1995).
3.13 CORTE DA SÍNFISE PUBIANA (OSSO DA BACIA)
Logo em seguida realiza-se o corte da sínfise pubiana com um alicate especial para
esta finalidade (BRASIL, 1995).
36
3.14 OCLUSÃO DO RETO
A oclusão do reto é uma operação que deve ser realizada antes da evisceração e que
poderá ser feita através de ligadura com linha resistente ou pelo uso de grampo de aço
inoxidável, a fim de evitar o vazamento do conteúdo intestinal, prevenindo assim a
contaminação de órgãos e carcaça. Se forem usados grampos de aço inoxidável, estes deverão
ser retirados na zona suja da triparia (BRASIL, 1995).
3.15 ABERTURA DA PAPADA
É realizada obrigatoriamente antes da inspeção da cabeça, com a finalidade de permitir
o exame dos respectivos nodos linfáticos e o corte dos músculos mastigadores (masseteres e
pterigóideos) (BRASIL, 1995).
A abertura da “papada” é feita através de um corte ventral mediano, ou outra técnica,
desde que permita manter íntegros os nodos linfáticos e facilite a inspeção dos músculos
mastigadores (BRASIL, 1995).
3.16 DESARTICULAÇÃO DA LÍNGUA
O desprendimento da língua é feito com o uso de uma faca, sendo aplicados cortes nas
laterais da língua, próximo ao queixo, até conseguir retira-la, deixando-a presa somente na
garganta (BRASIL, 1995).
37
3.17 EVISCERAÇÃO
Figura 12 - Evisceração
Fonte: CETESB, 2006.
Segundo o Art. 143 do BRASIL (1952), a evisceração deve ser realizada sob as vistas
do funcionário da Inspeção Federal, em local que permita pronto exame das vísceras, com
identificação perfeita entre estas e as carcaças. Sob pretexto algum pode ser retardada a
evisceração.
É uma operação que consiste na retirada das vísceras dos suínos, as quais são
separadas em bandejas como mostra a Figura 12. Em uma bandeja ficam as vísceras brancas
que são: estômago, intestinos, bexiga, baço e pâncreas e na outra bandeja são colocadas as
vísceras vermelhas que são: coração, língua, pulmões e fígado (BRASIL, 1995).
38
3.18 DIVISÃO LONGITUDINAL DA CARCAÇA E DA CABEÇA
Figura 13 – Corte em duas mais carcaças
Fonte: CETESB, 2006.
Consiste na divisão da carcaça em duas meias carcaças como mostra a Figura 13. A
separação é feita por meio de uma serra de fita elétrica, aplicando-se um corte longitudinal,
repartindo-a em duas bandas simétricas. O objetivo é facilitar tarefas subseqüentes de desossa
e inspeção, pois melhora a visualização da carcaça e o acondicionamento da seção de
resfriamento (BRASIL, 1995).
Segundo PARDI (1995), as carcaças são divididas pela serragem ao longo da coluna
vertebral. A propulsão das carcaças e meias carcaças, como regra geral, deve ser feita por
tração mecânica, evitando-se, assim, contatos manuais.
3.19 TOALETE FINAL
Segundo PARDI (1995), visando melhorar a apresentação comercial e garantir que as
condições de conservação sejam mais favoráveis e restem nas meias carcaças apenas as
porções que darão cortem típicos de açougue, é feita com o auxílio de facas e ganchos, a
“toalete”, constituindo esta na retirada da medula, resíduos da sangria, restos da traquéia e dos
rins e gordura cavitária, além daquela à altura do músculo gracilis.
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3.20 CHUVEIRO
Ao final do processo da zona limpa as meias carcaças devem ser lavadas com aspersão
de água tratada, hiperclorada, em volume suficiente e à pressão de 3 atm (PARDI, 1995).
3.21 CARIMBAGEM E PESAGEM DAS CARCAÇAS
A carcaça já limpa e em perfeita condição de consumo, recebe o carimbo do SIF,
modelo nº 02 (dimensão de 0,05 x 0,3m), do RIISPOA, que é colocado nos pernis, região
lombar, barriga e paletas. Após a carimbagem, as carcaças são pesadas em balanças
calibradas, e testadas pelo INMETRO e recebem uma etiqueta contendo o peso, data e hora do
abate, a qual é fixada no tendão dos membros anteriores, sendo transportadas para a câmara
de resfriamento (BRASIL, 1995).
3.22 ACONDICIONAMENTO E RESFRIAMENTO
A carcaça é acondicionada em câmaras frias à temperatura que varia entre 0 a 5°C,
durante um período de 18 horas (BRASIL, 1995).
O resfriamento da carcaça antes de seu envio para o consumo é muito importante tanto
do ponto de vista sanitário como do ponto de vista da garantia de qualidade e de tempo de
prateleira (duração da validade) (BRASIL, 1995).
A "frigorificação" ou tratamento pelo frio industrial ou artificial constitui a técnica
mais utilizada na conservação de carnes, preservando-as como recurso estacional, quer
garantindo seu transporte a distância, quer possibilitando seu uso na industrialização ou
consumo (BRASIL, 1995).
O rebaixamento da temperatura aos níveis adequados atua na inibição ou na destruição
de microorganismos de putrefação e no retardamento da atividade enzimática, aumentando o
prazo de vida comercial da carne (BRASIL, 1995).
Independentemente do controle dos microorganismos responsáveis pela deterioração,
o frio contribui de uma forma muito importante para o controle das infecções e toxinfecções
alimentares em virtude da incapacidade que tem a maioria de seus agentes de crescer
rapidamente em temperaturas em torno de 4ºC (BRASIL, 1995).
40
4. INSPEÇÃO “ANTE-MORTEM”
A Inspeção “ante-mortem” é de suma importância em um estabelecimento de abate,
visto que algumas enfermidades têm sintomatologia clara nos animais vivos. Deve ser
realizada pelo Médico Veterinário o qual realizará também o exame “post-mortem”
(BRASIL, 1995).
É importante que a inspeção “ante-mortem” seja realizada inicialmente com os
animais em movimento, durante o desembarque, após quando os animais estiverem em
repouso nas pocilgas e novamente quando estiverem em movimento (BRASIL, 1995).
A Inspeção “ante-mortem” deve ser realizada no mínimo duas vezes para cada lote: a
primeira no momento do desembarque dos suínos nas pocilgas de chegada e a segunda antes
do abate. Ela é feita pelo exame visual de caráter geral, onde é observado com cuidado o
comportamento dos animais. Os animais que necessitarem de um exame individual por
motivo de ordem sanitária deverão ser encaminhados para a pocilga de seqüestro (BRASIL,
1995).
A inspeção “ante-mortem” tem como objetivo:
Exigir os certificados sanitários de sanidade;
Examinar o estado sanitário dos suínos e auxiliar com dados informativos para
a inspeção "post-mortem";
Refugar as fêmeas pelo prazo mínimo de dez dias se for diagnosticado parto
recente ou aborto;
Verificar, quando for o caso, o peso, raça, classificação e a procedência, tendo
em vista a obtenção de dados para a realização eventual de trabalhos de ordem
econômica ou zootécnica;
Conferir o número de animais apresentados em relação discriminativa a
Inspeção Federal destinadas à matança do dia seguinte;
Verificar as condições de higiene e de conservação das pocilgas e também o
provimento de água dos bebedouros (BRASIL, 1995).
Se durante a inspeção “ante-mortem” forem verificados sintomas que levem a suspeita
de qualquer enfermidade ou afecção (doenças infecciosas, parasitárias ou inespecíficas), os
41
animais suspeitos serão encaminhados para a pocilga de seqüestro onde permanecerão retidos,
a critério do Médico Veterinário, para observação ou eventual tratamento pelo tempo que for
necessário. Os suínos retidos para observação serão abatidos separados (matança de
emergência) e individualmente identificados por tatuagem na região dorsal anterior esquerda.
O número da tatuagem será lançado na papeleta de exame “ante-mortem” e “post-mortem”
que é preenchida pelo Médico Veterinário e se destina à Inspeção Final, como subsídio para o
diagnóstico no exame “post-mortem” (BRASIL, 1995).
Os animais condenados na inspeção “ante-mortem” serão abatidos na Sala de
Necropsia. Se diagnosticado doenças como febre aftosa e peste suína, os animais somente
serão abatidos depois de superada a fase febril. Esses animais serão abatidos em separado, no
final da matança normal e as vísceras e carcaças terão destino condicional ou condenação
conforme o caso (BRASIL, 1995).
Os animais que apresentarem seqüelas de febre aftosa, também serão abatidos em
separado sendo proibido a exportação das carcaças e vísceras destes animais. Toda vez que
for diagnosticado febre aftosa ou peste suína no exame “ante-mortem”, a entrada dos suínos
deverá ser suspensa até que as pocilgas estejam vazias e convenientemente desinfetadas,
levando-se a ocorrência ao conhecimento da autoridade sanitária competente (BRASIL,
1995).
5. INSPEÇÃO “POST-MORTEM”
Figura 14 - Inspeção “post-mortem” – Exame das meias carcaças de suínos
Fonte: QUALITTAS, 2008.
42
De acordo com o Art. 147 do BRASIL (1952), a inspeção “post-mortem” consiste no
exame de todos os órgãos e tecidos, abrangendo a observação e apreciação de seus caracteres
externos, sua palpação e abertura de gânglios linfáticos correspondentes, além de cortes sobre
o parênquima dos órgãos, quando necessário como mostra a Figura 14.
Segundo o Art. 148 do BRASIL (1952) a inspeção “post-mortem” de rotina deve
obedecer à seguinte seriação:
1 observação dos caracteres organolépticos e físicos do sangue por ocasião da sangria
e durante o exame de todos os órgãos;
2 exame de cabeça, músculos mastigadores, língua, glândulas salivares e gânglios
linfáticos correspondentes;
3 exame da cavidade abdominal, órgãos e gânglios linfáticos correspondentes;
4 exame da cavidade torácica, órgãos e gânglios linfáticos correspondentes;
5 exame geral da carcaça, serosas e gânglios linfáticos cavitários, infra-musculares,
superficiais e profundos acessíveis, além da avaliação das condições de nutrição e engorda do
animal.
Os exames realizados nas “Linhas de Inspeção” são de responsabilidade exclusiva da
Inspeção Federal. Essa inspeção é realizada por auxiliares de inspeção sob supervisão do
Médico Veterinário, que também é responsável pela Inspeção Final e pelo cumprimento das
medidas higiênico-sanitárias (BRASIL, 1995).
A peça ou conjunto de peças apresentados à Inspeção Federal para serem
inspecionadas deverão estar perfeitamente limpas não só para facilitar o exame visual, como
também para preservar as porções comestíveis (BRASIL, 1995).
A Inspeção Federal é responsável pelo fiel cumprimento dos limites de velocidade de
matança e do máximo de abate diário para que não sejam cometidos excessos nesses limites,
que causariam tumultos nos trabalhos de inspeção e que provocaria prejuízo sanitário e
tecnológico da operação. Deve impedir também matanças muito lentas, pois estas causam
evisceração retardada (BRASIL, 1995).
43
Os nodos linfáticos incisados durante a inspeção “post-mortem são representados
pelos seguintes símbolos:
Apical----------------------------------------- A
Axilar da 1ª costela-------------------------- Az
Brônquicos----------------------------------- B
Cervicais------------------------------------- Cr
Esternal ------------------------------------- Et
Gástricos ------------------------------------ G
Hepáticos ------------------------------------ H
Ilíacos --------------------------------------- I
Inguinais (superficiais)--------------------- In
Lombares------------------------------------ L
Mandibulares -------------------------------- Mb
Mesentéricos -------------------------------- Me
Parotidianos---------------------------------- P
Poplíteos-------------------------------------- Pp
Pré-crural (sub-ilíaco) ---------------------- Pc
Renais---------------------------------------- Rn
Retrofaríngeos------------------------------- R
Retromamários------------------------------ Rm
Nas “Linhas de Inspeção” são obrigatoriamente incisados os seguintes nodos
linfáticos: Apical, Brônquicos, Cervicais, Gástricos, Inguinais superficiais ou retromamários,
Mandibulares, Mesentéricos, Parotidianos e Retrofaríngeos, sendo que estes e os demais são
examinados na Inspeção Final (BRASIL, 1995).
6. SISTEMA DE IDENTIFICAÇÃO DE LOTES, CARCAÇAS E VÍSCERAS
NOS TRABALHOS DE INSPEÇÃO "POST-MORTEM"
A marcação é importantíssima na execução da Inspeção Sanitária porque possibilita a
perfeita identificação das meias carcaças, dos órgãos e das vísceras dos suínos encaminhados
44
ao DIF. Sem uma perfeita execução desta marcação de nada vale os procedimentos adotados
no DIF porque estão sendo examinadas partes de vários animais (Dias, A.P., UniFMU – Aula
dada 19/03/09).
6.1 MARCAÇÃO SISTEMÁTICA
Tem como objetivo determinar com segurança, no decorrer da matança, o lote a que
pertence qualquer dos animais abatidos e garantir a relação individual recíproca entre a
carcaça e as vísceras (BRASIL, 1995).
6.2 MARCAÇÃO DOS LOTES
Com o objetivo de manter a identificação da procedência, os lotes deverão ser tatuados
na região dorsal anterior esquerda por meio de aparelho tatuador próprio para atender os
trabalhos de classificação e tipificação de carcaças. Essa tatuagem é feita na granja de onde
originam os animais e deve identificar o local de origem e proprietário dos animais (BRASIL,
1995).
6.3 MARCAÇÃO CABEÇA-CARCAÇA
Segundo o Art. 144 do BRASIL (1952), a cabeça deverá ser marcada antes de
destacada do corpo permitindo a fácil identificação com a respectiva carcaça, procedendo-se
do mesmo modo relativamente às vísceras.
6.4 MARCAÇÃO EVENTUAL
É realizada tendo os seguintes objetivos:
a) Identificar a carcaça e suas respectivas vísceras remetidas à Inspeção Final.
b) Identificar os locais das lesões.
c) Identificar os animais de matança de emergência (BRASIL, 1995).
45
6.5 MARCAÇÃO DE CARCAÇAS E VÍSCERAS DESTINADAS AO EXAME
CONFIRMATIVO DA INSPEÇÃO FINAL
As carcaças e vísceras remetidas à Inspeção Final são marcadas por meio de chapinhas
(BRASIL, 1995).
Chapinha tipo 1 – metálicas, circulares e articuladas com um gancho para serem presas
às carcaças e às vísceras.
Chapinha tipo 2 – Em três séries, numeradas de 1 a 30 à disposição das linhas de
inspeção para identificação das vísceras, carcaça e cabeça. Metálicas, circulares e articuladas
com um gancho, para serem presas às carcaças, vísceras e cabeça (BRASIL, 1995).
6.6 MARCAÇÃO DE CARCAÇAS DE MATANÇA DE EMERGÊNCIA
É feita por meio de tatuagem da letra “E”, na dimensão de 4 a 1,5 cm seguida de
numeração ordinal dos suínos destinados à matança de emergência na região dorsal anterior
esquerda durante a inspeção “ante-mortem” (BRASIL, 1995).
Todas as chapas e chapinhas de identificação são do uso e da guarda de Inspeção
Federal e serão guardadas em armários com chave depois de higienizadas e ordenadas ao
termino dos trabalhos diários (BRASIL, 1995).
A marcação do animal de matança de emergência só será dispensada se o mesmo for
abatido em dia ou hora fora da matança normal e se for somente um suíno. Caso necessário
deve-se fazer exame bacteriológico das carnes desses animais (BRASIL, 1995).
46
7. LINHAS DE INSPEÇÃO
Eventualmente realiza-se também a medição da espessura do toicinho, “área de olho
do lombo” e cumprimento da carcaça (BRASIL, 1995).
De acordo com o BRASIL (1995), os locais onde se realizam esses exames são
chamados “Linhas de Inspeção” e estas se dividem em:
Linha "A1"- Inspeção de cabeça e nodos linfáticos da "papada";
Linha "A"- Inspeção do útero;
Linha "B"- Inspeção de intestinos, estômago, baço, pâncreas e bexiga;
Linha "C"- Inspeção de coração e língua;
Linha "D"- Inspeção de fígado e pulmão;
Linha "E"- Inspeção de carcaça;
Linha "F"- Inspeção de rins;
Linha "G"- Inspeção de cérebro.
Esquema oficial de trabalho nas “Linhas de Inspeção”
7.1 LINHA “A1” - INSPEÇÃO DA CABEÇA E NODOS LINFÁTICOS DA
“PAPADA“
É a primeira “Linha de Inspeção” da sala de matança realizada após a fase preparatória
e antes da evisceração. A cabeça somente será destacada após a carcaça ser liberada na última
“Linha de Inspeção” (BRASIL, 1995).
A fase preparatória consiste em:
a) Incisar ventralmente a região cervical desde a entrada do peito até a região ventral
anterior do corpo da mandíbula;
b) Abrir e debridar a "papada" de modo a expor os músculos mastigadores (masséteres
e pterigóideos) a nodos linfáticos regionais
c) Libertar a língua, faringe, laringe, hióide e tecidos circunvizinhos de suas ligações,
deixando-os presos apenas pelo freio lingual (BRASIL, 1995).
47
A Técnica de Inspeção da cabeça consiste em:
a) Examinar visualmente todas as partes do órgão e cavidade bucal e nasal;
b) Incisar sagitalmente os masséteres e pterigóideos praticando incisões extensas e
profundas de modo a oferecer o máximo de superfície à exploração de cisticercose e
sarcosporidiose;
c) Incisar no sentido longitudinal, os nodos linfáticos parotídeos e as glândulas
parótidas, acompanhando sempre com a vista, atenciosamente a penetração progressiva do fio
da faca na parte objeto de exame, para melhor encontrar e localizar as lesões, norma que deve
ser sistematicamente seguida no exame de qualquer peça por incisão à faca, a exemplo
principalmente da pesquisa de cisticercose e sarcosporidiose;
d) Observar a cor das mucosas;
e) Marcar com chapas vermelhas "tipo 1" no preciso local, a lesão que for verificada
(BRASIL, 1995).
A técnica de inspeção dos nodos linfáticos da "papada" consiste em:
a) Examinar externamente e internamente de forma visual buscando encontrar
possíveis lesões, verificando a coloração do tecido adiposo da região cervical;
b) Incisar longitudinalmente os nodos linfáticos cervicais, retrofaríngeos e
mandibulares, usando faca e gancho de inspeção;
c) Marcar com chapas vermelhas "tipo 1" o preciso local de lesões observadas
(BRASIL, 1995).
7.2 LINHA “A” – INSPEÇÃO DE ÚTERO
É realizada junto à evisceração, em mesa fixa dotada de bandejas que possibilitem
esterilização (BRASIL, 1995).
A fase preparatória consiste em:
a) Retirar o útero na pré-evisceração e colocar-lo na bandeja apropriada onde se
executa a visualização e palpação, visando detectar metrites, masceração ou mumificação
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fetal, adiantado estado de gestação, anomalias ou lesões de qualquer natureza (BRASIL,
1995).
7.3 LINHA “B” – INSPEÇÃO DE INTESTINO, ESTÔMAGO, BAÇO, PÂNCREAS
E BEXIGA
É efetuada na "bandeja" de vísceras "brancas" na área de inspeção da mesa de
evisceração (BRASIL, 1995).
A fase preparatória consiste em:
a) Retirar o pênis nos machos (verga ou vergalho);
b) Fazer uma abertura abdominal-torácica com faca especial;
c) Cortar a sínfise pubiana ("osso da bacia"), realizado também com alicate especial
para esta finalidade ou através de serra, ou ainda outro equipamento aprovado pelo
Departamento de Inspeção dos Produtos de Origem Animal (DIPOA);
d) Deslocar o reto da cavidade pélvica e oclusão por meio de grampos especiais
inoxidáveis ou ligadura;
e) Retirar e colocar na bandeja específica da mesa de evisceração, as vísceras
abdominais (exceto fígado e rins) e a bexiga, numa única operação e sem provocar
perfurações nem rupturas do trato gastrointestinal;
f) Retirar o omento maior ("rendão") quando se destinam à produção de banha
(BRASIL, 1995).
A Técnica de Inspeção de intestino, estômago, baço, pâncreas e bexiga consiste em:
a) Examinar visualmente e através de palpação, fazendo cortes quando necessário, do
conjunto constituído pelo estômago, intestinos, pâncreas, baço e bexiga;
b) Cortar em fatias os nodos linfáticos da cadeia mesentérica;
c) Condenar sistematicamente o conjunto de vísceras acima especificado, quando tiver
sido contaminado por conteúdo gastrointestinal, conseqüente à perfuração ou deficiente
oclusão da extremidade do tubo digestivo. Condenar igualmente os intestinos intensamente
49
parasitados (macracontarrincose ou/e esofagostomose). Assinalar no quadro marcador as
vísceras condenadas na própria mesa; transferir as anotações para a papeleta;
d) Quando se tratar de causa infecciosa (tuberculose, brucelose, peste suína, etc.)
assinalar no(s) preciso(s) local(is) da(s) lesão(ões) na(s) víscera(s) em que for verificada
qualquer anomalia com chapinha vermelha "tipo 1". Marcar os intestinos com chapinha
identificadora numerada "tipo 2", valendo esta também para os demais órgãos desta linha os
quais serão separados, ao mesmo tempo em que, se notificará as outras linhas da "Mesa de
Inspeção" para efetuar-se a marcação do fígado, pulmões, língua e carcaça correspondentes,
com as chapinhas indicadoras de número igual ao da que foi aposta no intestino. Encaminhar
todas estas vísceras a Inspeção Final. Nos casos de lesões parasitárias ou contaminação fecal
que determinarem a condenação ao nível da "Mesa de Inspeção", será dispensada a
identificação com chapinhas, marcando-se a causa no quadro marcador correspondente,
procedimento que será válido para as demais vísceras das diferentes "Linhas de Inspeção"
(BRASIL, 1995).
7.4 LINHA “C” – INSPEÇÃO DE CORAÇÃO E LÍNGUA
Realizada na bandeja de vísceras vermelhas na área de inspeção da mesa de
evisceração (BRASIL, 1995).
A fase preparatória do coração consiste em:
a) Examinar visualmente o coração e pericárdio;
b) Incisar o saco pericárdico;
c) Examinar visualmente o epicárdio, superfície do coração, sob água morna corrente
de 38 a 40ºC (trinta e oito a quarenta graus centígrados), com vistas à pesquisa de cisticercose
e sarcosporidiose;
d) Fazer a palpação do órgão;
e) Destacar o coração dos pulmões, seccionando os grandes vasos da base (BRASIL,
1995).
50
A fase preparatória da língua consiste em:
a) Libertar a língua de seu freio, mantendo-a, entretanto, íntegra e aderidos os
linfonodos sublinguais, retirando-se as amídalas;
b) Colocar a língua na bandeja de vísceras vermelhas da mesa rolante (BRASIL,
1995).
A Técnica de Inspeção do coração consiste em:
a) Incisar longitudinalmente sob chuveiro morno de 38 a 40º C (trinta e oito a quarenta
graus centígrados) o coração esquerdo da base ao ápice, estendendo esta incisão através da
parede interventricular até o coração direito, permitindo desta maneira uma maior superfície
de exposição das cavidades átrio-ventriculares;
b) Examinar visualmente o endocárdio e as válvulas;
c) Condenar o coração na própria mesa de inspeção e computar no quadro próprio a
respectiva causa quando há afecções que normalmente não tem implicações com a carcaça,
agora se houver outra causa intercorrente irá ocorrer o desvio para a Inspeção Final (BRASIL,
1995).
A Técnica de Inspeção da língua consiste em:
a) Examinar visualmente a parte externa da língua, massas musculares, faringe, laringe
e tecidos adjacentes;
b) Palpar o órgão;
c) Cortar longitudinal a face ventral mediana da língua, para pesquisa de cisticercose e
sarcosporidiose;
d) Marcar com chapinha vermelha (tipo 1) o preciso local onde foi constatada a
presença de cisticercose ou sarcosporidiose, ao mesmo tempo deve-se comunicar às outras
linhas de inspeção para marcação da carcaça e outros órgãos necessários com chapinha de
mesmo número, o conjunto deverá ser encaminhado a Inspeção Final.
e) Separar a língua da faringe e laringe somente após sua liberação pela Inspeção
Federal (BRASIL, 1995).
51
7.5 LINHA “D” – INSPEÇÃO DOS PULMÕES E FÍGADO
A fase preparatória consiste em:
a) Retirar os pulmões da cavidade torácica juntamente com a traquéia, esôfago e o
coração, fígado e língua e depositar o conjunto em sua bandeja específica na mesa de
inspeção. Retirar o fígado mantendo sua integridade física preservando os nodos linfáticos.
b) Evitar o rompimento da vesícula biliar o que, caso aconteça implicará na
condenação do órgão e demais partes atingidas. Depositar com o devido cuidado o fígado em
sua bandeja específica na mesa de Inspeção (BRASIL, 1995).
A Técnica de Inspeção do pulmão consiste em:
a) Examinar visualmente a superfície dos pulmões, traquéia e esôfago;
b) Fazer a palpação;
c) Cortar os nodos linfáticos Apical, Brônquicos e Esofágicos em lâminas
longitudinais, sem, contudo, picá-los;
d) Incisar os pulmões a altura da base dos brônquios e bronquiolos a fim de permitir a
exploração da luz bronquial, que será feita visando verificar o estado da mucosa, constatação
de mestastrongilose, aspiração de sangue, água ou bronquiopneumonia. Corta-se o
parênquima quando necessário;
e) Condenar os pulmões que apresentem alterações patológicas ou acidentais, sem
efetivas implicações com a carcaça, nem com os demais órgãos, tais como
bronquiopneumonia, adenites inespecíficas, enfizemas, aspiração de sangue e água,
congestão, contaminações etc.;
f) Assinalar as condenações no quadro marcador, transferindo os resultados destas
marcações para a papeleta;
g) Quando forem encontradas lesões que possam ter implicações com a carcaça e
órgãos, marcar com chapinha vermelha (tipo 1), no preciso local da lesão ou lesões.
Identificar a peça e notificar as demais linhas de “Mesa de Inspeção”, para proceder à
separação e marcação com chapinhas de número idêntico, dos órgãos e carcaça
correspondentes para a remessa à Inspeção Final (BRASIL, 1995).
52
A Técnica de Inspeção do fígado consiste em:
a) Examinar visualmente as fases do órgão;
b) Realizar a palpação;
c) Cortar transversalmente e comprimir os ductos biliares;
d) Cortar em lâminas longitudinais (sem picar) os nodos linfáticos da víscera;
e) Examinar visualmente e através de palpação a vesícula biliar, incisando-a se
necessário, separadamente em local próprio;
f) Condenar totalmente ao nível da "Mesa de Inspeção” o fígado, ou eliminar suas
porções lesadas, conforme apresentem respectivamente, formas difusas ou circunscritas
previstas na legislação, das afecções que não têm implicações com a carcaça e com os demais
órgãos, tais como: congestão, hidatidose, ascaridiose e Cisticercus tenuicólis, etc. Nestes
casos, assinalar as condenações no quadro marcador. Condenar os fígados contaminados com
o conteúdo gastrointestinal;
g) Marcar com chapinha cor vermelha, (tipo 1) no preciso local da lesão ou lesões, que
possam ter implicações com a carcaça e os outros órgãos (tuberculose, perihepatite, cerosite
ou neoplasias). Identificar a peça e notificar as demais linhas de "Mesa de Inspeção", para
proceder à separação e marcação com chapinhas de número idêntico, dos órgãos e carcaça
correspondentes, para a remessa à Inspeção Final (BRASIL, 1995).
7.6 LINHA “E" - INSPEÇÃO DE CARCAÇA
A fase preparatória consiste em:
a) Dividir a carcaça em duas metades ao longo da coluna vertebral, trabalho que será
executado através de serra ou outro método aprovado pelo Departamento de Inspeção de
produtos de Origem Animal (BRASIL, 1995).
A Técnica de Inspeção de carcaça consiste em:
a) Examinar visualmente as porções interna e externa das meias carcaças, verificando
o aspecto, coloração, estado de nutrição, pele, serosas abdominal e torácica e superfícies
ósseas expostas;
53
b) Verificar se há anormalidades nas articulações e massas musculares, realizando
cortes quando necessário;
c) Examinar se existem contaminações de origem gastrointestinal ou biliar, contusões,
abscessos, hemorragias, edemas circunscritos ou generalizados. Quando as lesões
encontradas, ou a área por ventura contaminada forem superficiais e localizadas, fazer a
condenação das partes atingidas e deixar a meia carcaça seguir o seu trajeto normal. Em caso
de anormalidade mais pronunciada, desviar a carcaça para a Inspeção Final;
d) Observar se há rigidez muscular;
e) Examinar esfoliando com a faca, os nodos linfáticos inguinais superiores (ou
retromamários) e ilíaco anterior e posterior, evitando excisá-los ou mesmo deslocá-los, em
consideração ao interesse das futuras reinspeções;
f) Quando for o caso, examinar as glândulas mamárias, incisando-as profundamente,
encaminhando-as quando for constatada lactação ou mamites, para a Inspeção Final a carcaça;
g) No caso de animais descartados da reprodução, deve ser feita a pesquisa da
cisticercose no diafragma, mesmo que esta parasitose não tenha sido detectada nas demais
linhas de inspeção;
h) As carcaças cujas causas de apreensão determinam seu desvio para a Inspeção
Final, são marcadas nos locais das lesões com chapinhas vermelhas "tipo 1", colocando-se
ainda as chapinhas numeradas "tipo 2", cujo número deve manter a intercorrespondência com
as vísceras. Quando for uma causa de ordem geral como caquexia, "cor amarela" ou
específica como melanose, criptorquidismo, etc., a marcação será feita, tão somente, pelo uso
de chapinhas numeradas "tipo 1 e 2" colocadas na carcaça (peito) e nos respectivos órgãos
(BRASIL, 1995).
7.7 LINHA “F" - INSPEÇÃO DE RINS
A fase preparatória consiste em:
a) Libertar os rins da gordura peri-renal e da sua cápsula sem nunca desprendê-los da
carcaça (BRASIL, 1995).
54
A Técnica de Inspeção de rins consiste em:
a) Retirar os rins da carcaça examinando-os visualmente, apalpando-o e apreciando a
sua coloração, aspecto, volume e consistência, destinando-os, após, às bandejas específicas;
b) Incisar, quando necessário, a gordura peri-renal, visando a pesquisa de estefanurose;
c) Cortar o parênquima, se necessário, verificando o estado das camadas cortical e
medular;
d) Condenar os rins cujas causas de rejeição não determinem a apreensão da carcaça
(congestão, quistos urinários, nefrite, infarto, estefanurose, etc.) e computar as condenações
no quadro marcador próprio, transportando estes dados para a papeleta. No caso de lesões que
possam ter relação patológica com a carcaça (peste suína, abscessos por Stefanurus spp,
peritonite, etc.) deve-se proceder ao exame sem retirar os rins, marcando-os com chapinhas
vermelhas "tipo 1", e as carcaças e vísceras correspondentes, de interesse da Inspeção Final,
com as chapinhas numéricas "tipo 2" enviando todo o conjunto à Inspeção Final (BRASIL,
1995).
7.8 LINHA “G" - INSPEÇÃO DE CÉREBRO
Exame obrigatoriamente realizado quando houver comercialização ou industrialização
do cérebro (BRASIL, 1995).
8. A INSPEÇÃO FINAL
Segundo o Art. 176, parágrafo 5º, item 4 do BRASIL (1952), na inspeção final
identifica-se a lesão parasitária inicialmente observada e examina-se sistematicamente os
músculos mastigadores, coração, porção muscular do diafragma, inclusive seus pilares, bem
como os músculos do pescoço, estendendo-os o exame aos intercostais e a outros músculos,
sempre que necessário, devendo-se evitar tanto quanto possível cortes desnecessários que
possam acarretar maior depreciação à carcaça.
A instalação da Inspeção Final na sala de matança é obrigatória. O Médico Veterinário
chefe de Inspeção é o executor técnico responsável por esses trabalhos (BRASIL, 1995).
Destina-se à Inspeção Final a recepção das carcaças e vísceras marcadas nas diversas
Linhas de Inspeção como mostra a figura 15. Ao Médico Veterinário cabe examiná-las
55
minuciosamente baseando-se nas causas assinaladas e depois de seu julgamento dar a
destinação conveniente. O exame consiste em uma completa e atenta revisão daqueles
praticados nas Linhas de Inspeção cabendo, eventualmente, uma pesquisa mais profunda para
que seja possível fundamentar melhor suas conclusões (BRASIL, 1995).
Figura 15 - Exame no Departamento de Inspeção Final
Fonte: QUALITTAS, 2008.
Também são desviadas para a Inspeção Final as carcaças contundidas, sempre que a
extensão das lesões não permita ou não indique a respectiva excisão na "Linha E". Estas
carcaças dependendo do seu estado e a critério do Médico Veterinário, ou serão condenadas
ou terão aproveitamento condicional, após a "limpeza" (BRASIL, 1995).
A providência é a verificação da intercorrespondência das vísceras e da carcaça, o que
é possível e fácil graças ao sistema de chapinhas numeradas "tipo 2" (BRASIL, 1995).
A etapa seguinte é o reconhecimento da localização da causa que motivou o envio da
carcaça e vísceras à Inspeção Final, feita pela verificação da chapinha vermelha ("tipo 1"
indicador da lesão). Pela posição da chapa numerada na carcaça pode-se identificar em que
região se constatou a causa (BRASIL, 1995).
À medida que forem sendo realizados os trabalhos da Inspeção Final os dados
correspondentes serão lançados na "papeleta de exames da Inspeção Final" uma para cada lote
(BRASIL, 1995).
56
Os exames realizados na Inspeção Final consistem de:
8.1 EXAME DA CABEÇA
Segundo o Art. 176, parágrafo 5º, item 1 do BRASIL (1952), no exame de cabeça
observam-se e incisam-se os masseteres e pterigóideos internos e externos.
O BRASIL (1995) faz uma descrição mais detalhada do exame da cabeça que consiste
em:
a) verificação das superfícies musculares expostas pelos cortes, praticados nos
masséteres e pterigóideos e novas incisões nos mesmos, para completar a pesquisa de
cisticercose;
b) revisão dos nodos linfáticos parotidianos e das glândulas parótidas com novas
incisões, se necessário;
c) observação das superfícies ósseas expostas (caso do corte sagital mediano na
cabeça);
d) verificação do aspecto das mucosas;
e) exame dos orifícios naturais.
8.2 EXAME DA LÍNGUA
De acordo com o Art. 176, parágrafo 5º, item 2 do BRASIL (1952), a língua deve ser
observada externamente, palpada e praticados cortes quando surgir suspeitas quanto a
existência de cistos ou quando encontrados cistos nos músculos da cabeça.
O BRASIL (1995) descreve detalhadamente o exame de língua da seguinte forma:
a) exame visual da língua, faringe, laringe e tecidos adjacentes;
b) palpação;
c) exame das glândulas salivares, incisando-as se necessário;
d) cortes longitudinais na musculatura lingual pela face ventral para a pesquisa de
cisticercose e sarcosporidiose.
57
8.3 EXAME DOS PULMÕES E DO CORAÇÃO
Segundo o Art. 176, parágrafo 5º, item 1 do BRASIL (1952), examina-se a superfície
do coração e faz-se uma incisão longitudinal, da base à ponta, através da parede do ventrículo
esquerdo e do septo interventricular, examinando-se as superfícies de cortes, bem como as
superfícies mais internas dos ventrículos.
O BRASIL (1995) descreve detalhadamente o exame dos pulmões e do coração da
seguinte forma:
a) revisão do exame dos nodos linfáticos já incisados (Linhas "A" e "B"), cortando-os
novamente se necessário;
b) exame da superfície dos pulmões, com especial atenção ao lobo apical;
c) palpação e cortes no parênquima pulmonar e exame dos brônquios, bem como do
esôfago quando necessário;
d) separação dos pulmões e do coração cortando os grandes vasos pela sua base;
e) revisão do exame interno e externo do coração;
f) incisar a musculatura cardíaca pela parte interna em finas fatias longitudinais para a
pesquisa de cisticercose e sarcosporidiose.
8.4 EXAME DO FÍGADO
a) exame das faces e bordas apreciando-se o volume, consistência, aspecto e
coloração;
b) revisão dos nodos linfáticos;
c) corte transversal e inspeção dos ductos biliares;
d) palpação da víscera;
e) palpação e incisão da vesícula, se necessário;
f) cortes profundos e extensos no órgão, se a causa de apreensão foi nele verificada;
g) cortes profundos e extensos no órgão, no caso de cisticercose viva detectada na
carcaça ou outras vísceras (BRASIL, 1995).
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8.5 EXAME DO BAÇO
a) exame visual externo e palpação (aspecto, volume, coloração e consistência);
b) verificação da extensão de lesões imputáveis a brucelose, ou salmonelose quando
for o caso, executando-se o exame diferencial;
c) cortes longitudinais no parênquima (BRASIL, 1995).
8.6 EXAME DOS INTESTINOS, ESTÔMAGO, PÂNCREAS, BEXIGA E ÚTERO
a) exame visual do intestino, estômago e do pâncreas. Se a peça for a sede da lesão,
fazer a verificação da extensão da mesma, praticando cortes em outros nodos linfáticos da
cadeia mesentérica e gástrica;
b) palpação dos intestinos, estômago e pâncreas;
c) exame visual e palpação da bexiga e útero;
d) como exame confirmativo da peste suína deve-se praticar incisões na bexiga e
intestinos examinando-se suas mucosas (BRASIL, 1995).
8.7 EXAME DOS RINS
a) verificação do volume, consistência, aspecto e coloração;
b) incisão longitudinal do órgão, para observação das camadas cortical e medular e do
bacinete;
c) cortes e exame da gordura peri-renal com vistas a pesquisa de estefanurose
(BRASIL, 1995).
8.8 EXAME DA CARCAÇA
a) verificação do aspecto geral, do estado de nutrição e possíveis contaminações;
b) observar a coloração com especial atenção para o tecido adiposo de cobertura;
c) observação das serosas;
d) exame visual e palpação de possíveis anormalidades nas articulações;
e) examinar as superfícies ósseas (visualmente) - (estérnebras, vértebras, costelas,
etc.);
59
f) para a pesquisa de cisticercose, abertura com cortes longitudinais adequados nos
músculos do pescoço, peito, paleta, psoas e parte interna dos pernis, a fim de desdobrar-lhes a
superfície explorável, bem como exame do diafragma. A critério do Médico Veterinário
responsável pela Inspeção Final os cortes podem ser estendidos a outros músculos;
g) com vistas ao diagnóstico da icterícia se verificará a coloração da medula espinhal
do endotélio dos vasos sanguíneos de fácil acesso, da cartilagem xifóide, da gordura de
cobertura, da pele e da cadeia ganglionar;
h) exame visual da pele em busca de lesões, tais como: parasitárias, infecciosas,
melanose, contusões;
i) visualmente examinar, cortando se necessário as glândulas mamárias, condenando-
as em casos, tais como: lactação, mamite, actinomicose;
j) revisão dos nodos linfáticos cortados nas Linhas de Inspeção de "papada" e carcaça
(Linhas "A" e "E") que são: mandibulares, retrofaríngeos, cervicais, inguinais superficiais ou
retromamários e mais os pré-crurais, poplíteos, ilíacos, lombares, renais, axilar da primeira
costela e esternal, se necessário (BRASIL, 1995).
8.9 EXAME DO CÉREBRO
Exame obrigatoriamente realizado quando houver comercialização ou industrialização
do cérebro (BRASIL, 1995).
8.10 COLETA DE MATERIAL PARA EXAME DE LABORATÓRIO
Sempre que o Médico Veterinário julgar necessário, fará coleta de material que será
encaminhado imediatamente ao laboratório. Neste caso, a carcaça permanecerá seqüestrada
até o recebimento do resultado do exame (BRASIL, 1995).
8.11 DESTINAÇÃO DAS CARNES
Segundo o Art. 152 do BRASIL (1952), toda carcaça, partes de carcaça e órgão com
lesões ou anormalidades que possam torná-los impróprios para o consumo, devem ser
convenientemente assinalado pela Inspeção Federal e diretamente conduzidos ao
“Departamento de Inspeção Final”, onde serão julgados após exame completo.
60
Depois de formado seu juízo através dos exames realizados, o Médico Veterinário
dará às carnes inspecionadas os seguintes destinos alternativos:
a) liberação para o consumo. Segundo o Art. 153 do BRASIL (1952), as carcaças
julgadas em condições de consumo são assinaladas com os carimbos por funcionário da
Inspeção Federal;
b) aproveitamento condicional – salga, embutidos cozidos (salsicharia), conserva ou
banha. De acordo com o Art. 243 do BRASIL (1952), nos casos de aproveitamento
condicional, os produtos deverão ser submetidos, a critérios da Inspeção Federal a uma das
seguintes operações de beneficiamento:
1 esterilização ou fusão pelo calor;
2 tratamento pelo frio;
3 salgamento;
4 rebeneficiamento:
c) rejeição parcial - afecções benignas circunscritas, lesões traumáticas localizadas e
contaminação limitada. Exemplo: Segundo o Art. 171, parágrafo 3º do BRASIL (1952) no
caso de carnes fermentadas faz-se a rejeição parcial quando a alteração é limitada a um grupo
muscular e as modificações musculares são pouco acentuadas, com negatividade do exame
microscópico direto, destinando-se a carcaça à esterilização pelo calor, após remoção e
condenação das partes atingidas;
d) rejeição total (condenação). Exemplo: carnes cansadas (Art. 167 do BRASIL,
1952), carnes caquéticas (Art. 168 do BRASIL, 1952), carnes hidroêmicas (Art. 170 do
BRASIL, 1952), carnes responsáveis por toxinfecções (Art. 174 do BRASIL, 1952), peste
suína (Art. 211 do BRASIL, 1952), entre outras.
e) toda carcaça que entrar no DIF deve ser carimbada NE (não exportável).
61
8.12 CARIMBAGEM DE CARCAÇAS
8.12.1 CARIMBAGEM DE CARCAÇAS LIBERADAS NAS LINHAS DE
INSPEÇÃO
As meias carcaças liberadas pela Inspeção Federal serão carimbadas com o “modelo
2” (metálico) aplicado sobre os pernis, região lombar, paletas e barriga (BRASIL, 1995).
8.12.2 CARIMBAGEM DAS CARCAÇAS APREENDIDAS NAS LINHAS DE
INSPEÇÃO E REINSPECIONADAS PELA INSPEÇÃO FINAL
Segundo o BRASIL (1995), as carcaças reinspecionadas serão assinaladas de acordo
com o destino dado pelo Médico Veterinário responsável pela Inspeção Final e carimbadas
conforme os modelos oficiais, previstos na legislação, seguindo o esquema a seguir da tabela
10:
Tabela 10 - Marcação e Carimbagem de carcaças.
Destinos Marcação nas Meias Carcaças Carimbo Metálico
Não apreendida Sem marcação Modelo Nº 2
Embutidos cozidos (salsicharia) E Modelo Nº 12
Congelamento F Modelo Nº 2 após
tratamento pelo frio
Salga S Modelo Nº 11
Banha B Feito a faca
Conserva C Modelo Nº 10
Graxaria XXX Modelo Nº 5
Observação O
Não exportável NE
Fonte: BRASIL, 1995.
62
Figura 16 - Modelo N° 2 do Carimbo Metálico
Fonte: BRASIL, 1952
Figura 17 - Modelo N° 5 do Carimbo Metálico
Fonte: BRASIL, 1952
Para carcaças não apreendidas deverá ser aplicado o carimbo “número 2” antes de sua
saída da Inspeção Final (BRASIL, 1995).
As marcações serão ser feitas à "faca" na região torácica externa de cada meia carcaça,
com letras medindo aproximadas aproximadamente 0,30 cm (trinta centímetros) de altura por
0,20 cm (vinte centímetros) de largura (BRASIL, 1995).
A carimbagem dos destinos condicionais e condenações serão aplicadas sobre as
paletas de ambas as meias carcaças (BRASIL, 1995).
Para os casos destinados ao congelamento pela Inspeção Final, além da marcação
externa com a letra "F" (frio) receberão outra feita com lápis tinta nas serosas torácicas
parietais correspondentes ao código previsto para as carcaças seqüestradas (BRASIL, 1995).
63
Para as carcaças condenadas, as massas musculares serão desfiguradas efetuando-se
cortes em "X" (BRASIL, 1995).
Quando houver dúvida em relação à coloração "amarela", poderá recorrer-se a exames
laboratoriais. Neste caso, as carcaças serão recolhidas à câmara de seqüestro para observação,
sendo marcada com a letra "O" (BRASIL, 1995).
8.13 ANIMAIS DE MATANÇA DE EMERGÊNCIA
Todas as carcaças de animais abatidos de emergência serão obrigatoriamente
encaminhadas à Inspeção Final. Os dados dos exames realizados são anotados na "Papeleta de
Inspeção “Ante-mortem" da matança de emergência (BRASIL, 1995).
A Inspeção Final ao receber a carcaça e os órgãos de emergência já tem em seu poder
a respectiva papeleta que leva o número da tatuagem de identificação do suíno. Com base nos
dados constantes da “Papeleta da Inspeção Ante-mortem” e no exame do inteiro conjunto de
órgãos e carcaças do animal, o Médico Veterinário terá elementos para o julgamento e destino
das carnes (BRASIL, 1995).
As carcaças terão aproveitamento condicional ou serão condenadas, conforme o caso,
mas nunca poderão ser liberadas para o consumo direto (BRASIL, 1995).
8.14 CONTROLE PELA INSPEÇÃO FEDERAL DAS CARCAÇAS DESTINADAS
AO APROVEITAMENTO CONDICIONAL
As carcaças que saem da Inspeção Final destinadas ao aproveitamento condicional
(conserva, salga, embutidos cozidos, banha e congelamento) recebem rigoroso controle por
parte da Inspeção Federal e este controle só é dado por concluído depois de cumpridas as
destinações dadas pela Inspeção Federal a tais carcaças. Para que o controle seja eficiente o
estabelecimento é obrigado a possuir uma câmara fria de seqüestro sob exclusivo controle da
Inspeção Federal, a qual receberá somente as carcaças com aproveitamento condicional
(BRASIL, 1995).
Quando o estabelecimento fizer o aproveitamento destas carnes o funcionário de
plantão deverá acompanhá-las, da câmara fria até a seção de desossa de seqüestro, e somente
depois de cumpridos os destinos dados pela Inspeção Federal cessará a responsabilidade do
plantão, incluindo-se quando for o caso o controle do congelamento e estocagem de seqüestro
(BRASIL, 1995).
64
As carcaças destinadas, pela Inspeção Federal, para banha deverão ser colocadas nos
digestores logo após terem sido desossadas em local próprio, ficando dispensando o caso o
seqüestro em câmara fria, visto que serão encaminhadas ao congelamento após o resfriamento
na câmara de seqüestro, permanecendo sob controle da Inspeção Federal até o término do
referido tratamento (BRASIL, 1995).
9. IMPORTÂNCIA DA INSPEÇÃO NO ABATE DE SUÍNOS
A Inspeção Sanitária realizada no abate de suínos é muito importante, pois estuda as
condições a que devem ser submetidos os animais, seus produtos e subprodutos destinados ou
não a alimentação humana, de modo a garantir uma produção adequada e correta, através da
utilização de procedimentos tecnológicos, higiênicos e sanitários. Todos os produtos e
subprodutos de origem animal que passaram pela inspeção apresentam um carimbo com o
número do SIF (Serviço de Inspeção Federal) que identifica o local de processamento (DIAS,
A.P., UNIFMU – AULA DADA 19/03/09).
As Campanhas ou Programas Sanitários são de grande importância, pois visam
promover e proteger a saúde do rebanho nacional. Quando falamos em Programas Sanitários
temos em mente que o abatedouro, através da inspeção executada por um médico veterinário,
atua como um “centro de triagem”, gerando informações importantes, para o Serviço de
Defesa Sanitária Animal, sobre o surgimento de doenças e a origem dos animais acometidos
(DIAS, A.P., UNIFMU – AULA DADA 19/03/09).
As doenças transmitidas por alimentos e zoonoses são importantes problemas de saúde
pública e causas de diminuição da produtividade econômica em países desenvolvidos e em
desenvolvimento. A inspeção dos animais no abate pode fornecer uma contribuição valiosa
para a vigilância de certas doenças de importância em saúde pública e animal. O controle e/ou
a redução dos perigos biológicos em saúde pública e animal através da inspeção de carnes
“ante-mortem” e “post-mortem” são uma das responsabilidades principais dos Serviços
Veterinários. Os Serviços Veterinários são responsáveis pelo desenvolvimento dos programas
de inspeção “ante-mortem” e “post-mortem” da carne e estes serviços devem utilizar ao
máximo a avaliação de risco para o desenvolvimento de medidas sanitárias (CÓDIGO
SANITÁRIO PARA ANIMAIS TERRESTRES, 2008).
Segundo PARDI (1995) o consumo de carne pode levar o consumidor a correr alguns
riscos de saúde, como a contração de zoonoses, toxinfecções e intoxicações alimentares por
65
microorganismos, micotoxicoses, vírus transmitidos pela carne, alergias alimentares, além dos
riscos advindos de tóxicos inorgânicos e de outros aditivos incidentais e do perigo das
substâncias medicamentosas e bioestimulantes utilizadas no tratamento dos animais, etc.
Tendo em mente estes riscos , deve-se avaliar, em toda a sua extensão, a importância da
inspeção veterinária antes, durante e após o sacrifício dos animais.
Os agentes de inspeção são fundamentais, já que quando há alguma suspeita de
quaisquer anormalidades nas linhas de inspeção, relacionada à sanidade da carne ou de suas
vísceras que possa a vir comprometer a saúde das pessoas, estas deverão ser destinadas ao
DIF (Departamento de Inspeção Final) para que seja efetuada uma analise mais detalhada pelo
médico veterinário e para que possa ser dado um destino adequado. A presença desse médico
veterinário é necessária não só na Inspeção Final, mas também em todo o fluxograma do
abate de suínos para que possa existir uma monitorização das operações que estão sendo
realizadas (CALIL, R.M., UNIFMU – AULA DADA 19/03/09).
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10. CONCLUSÃO
Comparado com outros países o consumo de carne suína no Brasil é muito baixo
apenas 13 Kg por habitante ao ano.
A qualidade e sanidade da carne dependem muito do médico veterinário e dos agentes
de inspeção sanitária, tanto na inspeção “ante-mortem”, quanto na “post-mortem”.
A inspeção “ante-mortem” e “post-mortem” são de grande importância no abate de
suínos, pois eliminam do consumo produtos originários de animais portadores de doenças
nocivas à saúde pública, impedindo que estes não cheguem à mesa do consumidor.
As informações sobre as doenças encontradas nos animais abatidos e a origem destes
animais são de fundamental importância para que o setor de Defesa Sanitária Animal do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento possa planejar ou incrementar
Programas Sanitários que visem à manutenção da saúde do rebanho nacional.
67
REFERÊNCIAS
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consumo mundial em 2009 pode recuar 0,67%. Disponível em:
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ANIL, M. H., WHITTINGTON, P. E., McKINSTRY, J. L., The effect of the sticking
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dezembro de 1950.
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Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA), Regulamento de
Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA), Decreto nº 30.691,
de 29 de março de 1952.
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Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA), Normas Técnicas das
Instalações e Equipamentos para Abate e Industrialização de Suínos, Portaria Nº 711 DE
01.1195 – DOU Nº211, de 03 de novembro de 1995.
CALIL, R. M., Aula de Tecnologia de Produtos de Origem Animal - UniFMU –
19/03/09
68
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novembro de 2009.