AT10 Fund Da Pesq Epidem e Causalidade

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  • 7/29/2019 AT10 Fund Da Pesq Epidem e Causalidade

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    Fundamentos da pesquisa

    epidemiolgica e Causalidade

    Universidade Federal do Rio de JaneiroCentro de Cincias da SadeFaculdade de Medicina / Instituto de Estudos em Sade Coletiva - IESCDepartamento Medicina PreventivaDisciplina de Epidemiologia

    2007

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    Epidemiologia

    o estudo da distribuio do estado ou eventos de sade-doena e de seus determinantes em populaes especficas e a

    aplicao desse estudo para o controle dos problemas de sade.

    (Last, JM.A Dictionary of Epidemiology, 2nd ed. New York, Oxford University Press, 1988).

    Pressupostos bsicos da epidemiologia

    A ocorrncia e distribuio dos eventos relacionados sade no se

    do por acaso.

    Existem fatores determinantes das doenas e agravos da sade que,uma vez identificados, precisam ser eliminados, reduzidos ou

    neutralizados.

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    O experimento natural de John SnowMortalidade por Clera (por 10,000 domiclios), segundofonte de abastecimento de gua, Londres,1854

    591.422256.423Outras

    379826.107Lambeth Co.

    3151.26340.046Southwark &Vauxhall Co.

    Mortalidadepor 10.000domiclios

    bitos porclera

    No dedomiclios

    Fonte deabastecimento

    Szklo, 2004

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    Mortalidade por Febre Puerperal em uma maternidade emViena, 1842 a 1846 (Ignaz Semmemweiss)

    ANO 1A CLNICA

    Partos %

    2A CLNICA

    Partos %

    1841 3036 7.7 2442 3.5

    1842 3287 15.8 2659 7.5

    1843 3060 8.9 2739 5.9

    1844 3157 8.2 2956 2.3

    1845 3492 6.8 3241 2.0

    1846 4010 11.4 3754 2.7

    Mdia 9.9 3.4

    1847 3490 5.0 3306 0.9

    1848 3556 1.3 3219 1.3

    1a

    Clnica - obstetras e estudantes 2a

    Clnica - parteiras

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    Hbito de lavar as mos e ocorrncia de febre

    puerperal (Oliver Wendell Holmes, 1843):

    Vetter & Matthews (1999)

    Foram observadas 1000 parturientes atendidas por obstetras:

    ocorreram casos de febre puerperal mesmo tendo o obstetralavado as mos (doentes entre os no expostos);

    e entre as parturientes que no desenvolveram febre puerperal,no foram todos os obstetras que haviam lavado as mos (nodoentes entre os expostos)

    Para falar sobre causa e efeito:

    necessrio observar a freqncia de exposio entre aqueles que noadoeceram?

    Todos os doentes tem que ser expostos e os no doentes, no expostos?

  • 7/29/2019 AT10 Fund Da Pesq Epidem e Causalidade

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    Hbito de lavar as mos e ocorrncia de febre

    puerperal (Oliver Wendell Holmes, 1843):

    62060Lava as mos

    180140No lava as mos

    NoSimPrtica obsttrica

    PuerperalFebre

    No lavar as mos no causa de febre puerperal

    Voc concorda?

    Vetter & Matthews (1999)

    Concluso do autor: A doena conhecida como Febre Puerperalest longe de ser contagiosa e transmitida para as parturientes pelosobstetras.

    Ainda no se conhecia a causa mas existia uma forte associao entrea prtica de lavar as mos e a febre puerperal.

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    Causa x AssociaoA existncia de uma associao no implica em relao causal

    Quais so os critrios para julgar causalidade?

    Associaes

    Causais

    Tabagismo e cncer depulmo (CP);

    Vibrio do clera e clera

    No causais

    Consumo de caf ou manchaamarela nos dedos e CP

    Altitude e clera

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    Postulados de Henle-Koch

    Fruto da revoluo microbiolgica:

    Anos 1880s : predomnio de doenas infecciosas e da explicao

    unicausal para as doenas) O agente deve estar presente em todos os casos da doena em

    questo (causa necessria)

    O agente no deve ocorrer de forma casual em outra doena(especificidade do efeito)

    Isolado do corpo e crescido em cultura, o agente inoculado em

    susceptveis deve causar doena (causa suficiente)

    Nada sobre a especificidade da causa...

    Bacilo de Koch (Micobacterium tuberculosis) Tuberculose

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    Postulados de Henle-Koch

    Crticas:

    Existe o estado de portador

    Certos fatores podem ter mltiplos efeitos Difcil crescer em cultura certos agentes

    Evidncias empricas da multicausalidade

    Imprprio para doenas crnicas

    Mesmo com as crticas, os postulados de Henle-Koch ainda so teis.

    Ex: Em 1977, com base nos postulados, foi possvel concluir que umabactria gram-negativa era a causa da Doena dos Legionrios.

    Vetter & Matthews (1999)

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    Sculo XX: Com a Transio Epidemiolgica

    (predomnio das doenas crnico-degenerativas)Modelo unicausal? Postulados de Henle-Koch so adequadospara os estudos sobre causalidade?

    Alta ingesto de sal

    Hipertenso arterial

    Hipercolesteremia

    d.coronarianaSedentarismo

    Tabagismo

    Gentico

    doena coronariana

    lcera pptica

    Doena pulmonar obstrutiva crnica

    Tabagismo

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    Critrios de causalidade (Critrios de Hill)

    Fora da associao: quanto mais forte uma associao, maior ser apossibilidade de se tratar de uma relao causal;

    ex: Estudo Caso-Controle: OR= 9,1 e no Estudo de Coorte: Risco Relativo = 18,1

    Consistncia ou replicao: se o mesmo resultado obtido emdiferentes circunstncias, a hiptese causal seria fortalecidaassociaes no causais podem ser consistentes e depende do contexto

    do estudo (populao, mtodos etc)ex: diferentes desenhos de estudo e populaes: estudo caso-controle de base

    hospitalar e de coorte populao = mdicos do Reino Unido)

    Como exemplo: Estudos caso-controle e de coorte de Doll e Hill sobre Tabagismo eCncer de Pulmo (CP)

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    Gradiente biolgico: curva de dose-resposta pode decorrer somentede outras variveis e nem sempre ela de fato existe

    Critrios de causalidade (Critrios de Hill)

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    RR

    0 1 a 14 15 a 24 25 ou +

    nmero de cigarros/dia

    Razo de taxas de Mortalidade por CP e Tabagismo

    Como exemplo: Estudos de Doll e Hill sobre Tabagismo e Cncer de Pulmo (CP)

    Temporalidade: a causa deve sempre preceder o efeito

    consensual!

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    Critrios de causalidade (Critrios de Hill)

    Especificidade: causa levando a um s efeito e o efeito ter apenas

    uma causa quase intil... Coerncia: ausncia de conflitos entre os achados e o conhecimento

    sobre a histria natural da doena conservador...

    Evidncia experimental: estudos experimentais so de difcilrealizao em populaes humanas...

    Analogia: efeitos de exposies anlogas existem? serve maispara quebrar a resistncia a um novo conhecimento...

    Plausibilidade: existe plausibilidade biolgica para o efeito existir? depende do conhecimento acumulado at o momento...

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    Modelos de CausalidadeModelos so maneiras de pensar a realidade e expressam nossa imaginao

    sobre como o mundo deve funcionar

    Foram diversos os modelos de causalidade:

    Ex1: Modelo de Histria Natural das Doenas Fase pr-patognica(Trade Ecolgica)

    Estrutura Epidemiolgica

    Agent

    Host

    Vector

    Environment

    The epidemiology triad of a disease

    Gordis,L.2000. Epidemiology

    Aes de preveno

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    Modelos de Causalidade

    Modelo de causas suficiente e componente (Rothman)

    AB

    C

    D E

    AB

    F

    G H

    AC

    F

    I J

    causa

    suficiente

    causa

    componente

    causanecessria

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    Modelo de causas suficientes e componentes Implicaes:

    Multicausalidade: cada mecanismo causal envolve a ao conjunta

    de vrias causas componentes Fora da associao: depende da prevalncia das causas

    componentes

    Perodos de induo: para cada causa componente e no especfico para a doena

    Controle de doenas: pode se basear em causas componentesisoladas

    Outros Modelos Multicausais: Modelo Ecolgico, Modelo

    Sistmico, Rede de causas etc

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    O mtodo cientfico como fundamentoO fundamento de toda pesquisa o mtodo cientfico, que

    se baseia na elaborao de conjecturas e a busca deevidncias empricas que possam contribuir para refut-las(neg-las) ou corrobor-las (confirm-las).

    Assim, o uso de regras ou receitas para inferir causalidadedeve ser visto como uma estratgia subjetiva para facilitar

    a abordagem de um problema altamente complexo

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    Teoria

    Conhecimento

    Problemas

    Observaes

    Dados

    HipteseConceitual

    Hiptese

    Operacional

    Achados

    Empricos

    ConclusesInterpretaes

    Desenhos deestudo

    Coleta de dadosAnlise dos dados

    Inferncias

    HC

    Inferncias -HO

    Sntese

    O MTODO CIENTFICO

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    RACIOCNIO EPIDEMIOLGICO

    I. Suspeita em relao a uma possvel influncia de um fator naocorrncia de uma doena (prtica clnica, a anlise de padres da doena,observaes de pesquisa laboratorial ou especulao terica)

    II. Formulao de uma hiptese especfica

    III. Teste da hiptese atravs de estudos epidemiolgicos que incluemgrupos adequados de comparao.

    Determinar da existncia de uma associao estatstica Avaliar a validade de qualquer associao estatstica (acaso, vis,

    confundimento) Julgar se a associao estatstica encontrada representa uma relao decausa-efeito

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    Desenhos de Estudos Epidemiolgicos (I)

    Estudos Observacionais Coorte

    Caso-controle

    Seccionais

    Ecolgicos

    Srie de casos

    O pesquisador manipula ofator de exposio?

    NO

    O pesquisador escolhe a que

    grupo de exposio oparticipante pertencer?

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    Desenhos de Estudos Epidemiolgicos (II)

    Ensaios Clnicos Ensaios de Campo

    Ensaios Comunitrios

    O pesquisador manipula o

    fator de exposio?

    Estudos de Interveno (experimentais)

    SIM

    O pesquisador escolhe a que

    grupo de exposio o pacientepertencer?

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    Desenhos de Estudos Epidemiolgicos (III)

    Estudos antes e depois

    Ensaios no randomizados

    O pesquisador manipula o

    fator de exposio?

    Estudos de Interveno (quasi-experimentais)

    SIM

    O pesquisador escolhe a que

    grupo de exposio oparticipante pertencer?

    NO

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    Caractersticas Relevantes dos Estudos Epidemiolgicos

    Quanto manipulao da exposio:

    Interveno

    Observao

    Quanto estratgia de observao:

    Seccional uma nica observao para cada indivduo Longitudinal pelo menos duas observaes

    Quanto unidade de anlise

    Indivduo Grupamentos (cidades, municpios)

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    Quanto ao momento (timing) da mensurao da exposio e do desfecho

    em relao a ocorrncia dos eventos relao cronolgica entre a medidada exposio e da doena e a ocorrncia real dos fenmenos

    Prospectivos ou concorrentes tanto a exposio quanto odesfecho so medidos quando ocorrem, durante a investigao (casosincidentes).

    -------------------------

    Retrospectivos, histricos ou no concorrentes tanto a exposioquanto o desfecho ocorrem antes da investigao (casos prevalentes) .

    ----------------------------

    Mistos----------------------------