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TRrBUNAL SUPERIOR ELEITORAL SEÇÃO DE SEC RETARIA DI; DOCl IMENT ÃO E IN. ·ORMA (:ÃO ARQUIVO COORIlF.NAOORIA DE SÉRIE: 2000 - ATIVIDADES JUDICIÁRIAS SUBSÉRIE: 2000-0 POLÍTICAS E NORMAS DOSSIÊ: 2000-0.02 ATA DE SESSÃO - ATA DA 62 a SESSAO EM 07 DE JUNHO DE 2001 - , SESSAO ORDINARIA J'l).559/ Tt Observações: Data do arquivamento: Responsável pelo arquivamento: Sebastião Evangelista. ] /), - Data da Caixa Data da publicação Quantidade de Destino Final Assinatura páginas 07/06/2001 07/05/2003 06 PERMANENTE Endereço O 2. . 03

ATA DA 62 SESSAO EM 07 DE JUNHO DE 2001 - stf.jus.br · DOSSIÊ: 2000-0.02 ATA DE SESSÃO ATA DA 62a SESSAO -EM 07 DE JUNHO DE 2001 -, SESSAO ORDINARIA J'l).559/ Tt ... quando de

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TRrBUNAL SUPERIOR ELEITORAL SEÇÃO DE SECRETARIA DI; DOClIMENT AÇÃO E IN.·ORMA(:ÃO

ARQUIVO COORIlF.NAOORIA DE CO~lIINICAÇ()[S

SÉRIE: 2000 - ATIVIDADES JUDICIÁRIAS

SUBSÉRIE: 2000-0 POLÍTICAS E NORMAS

DOSSIÊ: 2000-0.02 ATA DE SESSÃO

-ATA DA 62 a SESSAO EM 07 DE JUNHO DE

2001

- , SESSAO ORDINARIA

J'l).559/ Tt Observações:

Data do arquivamento: Responsável pelo arquivamento: Sebastião Evangelista. ] /), -

Data da Caixa Data da publicação Quantidade de Destino Final

Assinatura páginas

07/06/2001 07/05/2003 06 PERMANENTE Endereço

~,. ~ I· A· O 2. . 03

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P , .J . - TR I8UNAL SuPERIOR ELEITORA L

ATA DA 628 SESSÃO, EM 7 DE JUNHO DE 2001

SESSÃO ORDINÁRIA

Presidência do Senhor Ministro Maurício Corrêa. Presentes os Senhores Ministros Nelson Jobim, Sepúlveda Pertence, Garcia Vieira, Sálvio de Figueiredo, Costa Porto e Femando Neves. Procurador-Geral Eleitoral o Dr. Geraldo Brindeiro. Secretário, Femando Maciel de Alencastro. Às dezenove horas foi aberta a sessão, sendo lida e aprovada a ata da 61" sessão.

JULGAMENTOS

Ag Rg NA RECLAMAÇÃO N° 110 ORIGEM: MACA PÁ - AP (10· ZONA ELEITORAL) RELATOR: MIN. NELSON JOBIM AGRAVANTES: COLIGAÇÃO "MACAPÁ NO (PSB/PT/PSDBfPSTfPRONAlPRP) E OUTRO ADVOGADO: JOSÉ ANTONIO DIAS TOFFOLl

RUMO CERTO"

Decisão: Por unanimidade, o Tribunal negou provimento ao Agravo Regimental.

PETiÇÃO N° 768 ORIGEM: BRASILlA - DF RELATOR: MIN. NELSON JOBIM REQUERENTE: IVAN MOACYR DA FROTA, CANDIDATO À PRESID~NCIA DA REPÚBLICA Decisão: Por unanimidade, o Tribunal aprovou as contas, nos termos do voto do Relator.

E Dcl NO RECURSO ESPECIAL ELEITORAL N° 19076 ORIGEM: SANTO ANDRÉ - SP (156" ZONA ELEITORAL) RELATOR: MIN. NELSON JOBIM EMBARGANTE: KLlNGER LUIZ DE OLIVEIRA SOUSA ADVOGADA: ANA CARLA ALBIERO Decisão: Por unanimidade, o Tribunal não conheceu dos Embargos de Declaração.

RECURSO ESPECIAL ELEITORAL N° 19402 ORIGEM: BRASILlA - DF RELATOR: MIN. FERNANDO NEVES RECORRENTE: CRISTOVAM RICARDO CAVALCANTI BUARQUE ADVOGADOS: GUSTAVO CORT~S DE LIMA E OUTRO RECORRIDO: DIRETÓRIO REGIONAL DO PSD ADVOGADO: ELlONE MARIA GALVÃO Decisão: Por unanimidade, o Tribunal conheceu do Recurso e lhe deu provimento, para tomar insubsistente a multa aplicada.

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P , .J . - T R I BUN A L SUPER I OR E L E ITORAL

DESPEDIDA DO SENHOR MINISTRO MAURíCIO CORRÊA

O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE: Senhor Presidente Mauricio Corrêa, Senhores Ministros, Senhores Ministros do Tribunal de ontem, Senhores Advogados, eminente procurador-geral da República, servidores da Casa. A vida, meu caro Maurício, que uniu nossos destinos no qüinqüênio inesquecível da Faculdade de Direito da Universidade de Minas Gerais, tem feito com que, malgrado alguns saudosos desencontros, fossem eles todos superados pelas numerosas vezes em que se têm cruzado as nossas vidas. A busca de um destino profissional, ambos nos deixamos seduzir pelo chamado da Brasília então nascente. E desde então, na advocacia, e depois, mais tempo juntos, uns poucos tempos separados, da seção local da Ordem dos Advogados do Brasil a tribuna de nossa luta de resistência contra o regime autoritário. A retomada do processo democrático, ao tempo em que me convocava pela mão de Tancredo Neves e, logo em seguida, de José Sarney, para a Procuradoria-Geral da República e, anos após, ao Supremo Tribunal, lhe abria os caminhos amplos da militância política, a que o chamava a sua vocação, e o consagrou na vitória esplendorosa para o Senado Federal nas primeiras eleições parlamentares do Distrito Federal. O destino caprichoso acabou por levá-lo à opção, para muitos inesperada, de deixar ou pelo menos suspender a trajetória política, para aportar e reencontrar-me no Supremo Tribunal Federal. No Supremo Tribunal Federal , à custa de dedicação, da sua notável capacidade de trabalho, da sua inteligência, da sua objetividade, a sua trajetória tem sido marcante. No tempo de sua posse, estava, ao que me recordo, a poucos meses de dar por quitado o meu débito cívico com a Justiça Eleitoral. Não poderia esperar, assim, que outra vez circunstâncias curiosas -uma inédita estabilidade na composição do Tribunal - levasse à sucessiva convocação dos seus antigos ministros. E me vi reeleito para compor, aqui, a representação do Supremo Tribunal. Eleição à qual, imprudente e levianamente, não soube opor a renúncia : não resisti a esse chamado, que tem o sabor de uma richesses du temps perdu, da volta a esta Casa que nos acostumamos a amar. E aqui cheguei ainda ao tempo de encontrá-lo presidente do Tribunal e ver de novo as suas excepcionais qualidades de organizador, de liderança, de objetividade, de amor pelo tempo, de passar o tempo que lhe coube nesta presidência, lamentavelmente curto , com marcante atuação. E o fez com absoluto equilíbrio, o que nem sempre é fácil para os ministros vindos recentemente das lides partidárias. Como no Supremo Tribunal Federal, o Ministro Maurício Corrêa tem feito de sua experiência e vivência política um enriquecimento da sua judicatura e do compromisso com a independência, que é a razão de ser dos juizes e do seu papel na democracia. Por isso, meu caro Maurício Corrêa, é com emoção que, em nome do Tribunal, assinalo esta última sessão ordinária sob a sua presidência, congratulando-me com mais esta página marcante da sua vida pública .

O DOUTOR GERALDO BRINDEIRO (Procurador-Geral Eleitoral): Senhor Presidente Ministro Maurício Corrêa, Senhores Ministros, Senhores Advogados, membros do Ministério Público, Senhoras e Senhores. O Ministério Público Eleitoral, Senhor Ministro Maurício Corrêa, deseja homenagear V. Exa nesta última sessão a que presidente, embora tendo sido uma passagem curta na

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presidência deste Tribunal, mas intensa e de grande importância para a Corte. V Ex", como ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - seccional do Distrito Federal , durante quatro mandatos, demonstrou a sua grande liderança da nobre classe dos advogados; como ex-Senador da República, com a votação consagradora nas umas no Distrito Federal, a sua grande liderança política; ex-Ministro da Justiça e depois no Supremo Tribunal Federal, tem conquistado com a sua sensatez, seu senso prático, sua rapidez e sua cativante honestidade e franqueza, a admiração de todos nós, maior do que a que existia anteriormente. Na passagem nesta Corte como presidente do Tribunal Superior Eleitoral, não só como magistrado, mas como presidente do Tribunal, V. Ex· engrandece ainda mais essa admiração e a amizade que todos lhe dedicamos. Para finalizar os cumprimentos em nome do Ministério Público Eleitoral, gostaria de dizer que V. Exa não só fará parte da galeria dos ex­presidentes do Tribunal Superior Eleitoral, mas também - e esta é a verdade -da galeria dos grandes homens públicos deste país. Muito obrigado.

o DR. ANTÔNIO VILAS BOAS TEIXEIRA DE CARVALHO (Advogado): A segunda parte desta sessão ordinária é dedicada, conforme a tradição da Corte, à homenagem ao eminente Ministro Maurício Corrêa que, no próximo dia 11, deixará o cargo de Presidente e também o Tribunal, após cumprir, com grande proficiência, o seu quatriênio de judicatura eleitoral. Embora tenha assumido a Presidência há apenas 3 (três) meses, nem por isso S. Exa. deixou de marcar indelevelmente a sua passagem por essa Egrégia Corte. Fo~ado nas montanhas de ferro de Minas Gerais, V. Ex" - tal como o fizeram vários jovens de sua geração transferiu-se, no início da década de 60, para a nova capital, fruto do gênio empreendedor de Juscelino Kubistchek, disposto a enfrentar as rudezas do Planalto Central. E aqui - como bem lembrou o decano dos advogados eleitorais, Dr. José Guilherme Villela, por ocasião da sua posse - V. Ex· foi dos mais bem sucedidos. Com efeito, a sua extraordinária trajetória iniciou-se em 1961, com a instalação de concorrido escritório de advocacia, além de atuar como procurador autárquico; alguns anos depois, quando V. Ex· já angariara a admiração da classe, elegeu-se Presidente da Seccional de Brasília para quatro sucessivos mandatos, deixando como marca de eficiente administração a bela sede onde hoje funciona a entidade, além de granjear o respeito de todos pela atuação corajosa à frente de um grupo de advogados que enfrentou a ocupação forçada do edifício-sede pelo Comando Militar do Planalto, em episódio que entrou para os anais como um dos mais importantes marcos de resistência democrática de nossa instituição. Senador da República, com atuação destacada na Assembléia Constituinte, V. Exa foi guindado em 1992, à relevante função política de Ministro da Justiça; dois anos depois, chegava aos píncaros da notável carreira de homem público, assumindo o nobilíssimo cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal. Chegou a essa Corte em 1997 e sempre se mostrou um notável Juiz, pois mercê de sua experiência política e dos conhecimentos no exercício da advocacía e dos elevados cargos públicos, V. Ex· conseguia penetrar e compreender, como poucos, as questões eleitorais, vislumbrando a real intenção dos contendores, muita vez disfarçada habilmente nas dobras do processo. Juiz diligente, dotado de grande tirocínio e de largos conhecimentos jurídicos, de trato simples, V. Exa

exerceu com maestria a nobre função de magistrado eleitoral, posicionando-se

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P . .J . - TRIBUNA L S U PER I OR E L E ITO R A L

sempre, conforme bem registrou o eminente Ministro Costa Porto ao saudá-lo quando de sua posse, citando Padre Vieira, à porta das cidades, como os juizes antigos, "que bem preferem poupar, dos postulantes, o tempo, o dinheiro e as passadas, trazendo-lhes, com a maior brevidade, a solução das pendências". Já é hora de concluir, atento à tradição do Tribunal que impõe, nessas ocasiões, especialmente aos advogados, fiel observância à regra da brevidade. Direi, como palavra derradeira, que bem vaticinara José Guilherme Villela ao afirmar que os advogados confiam cada vez mais no antigo colega e que V. Ex" desincumbiu-se, com notável competência, dos pesados ônus de Juiz e de Presidente da Justiça Eleitoral, certos de que a trajetória do eminente Ministro será sempre e cada vez mais fulgurante. Muito obrigado.

o SENHOR MINISTRO MAURíCIO CORRÊA (Presidente): Eminentes Ministros, advogados presentes, membros do Ministério Público Federal , Senhor Procurador-Geral da República e servidores. Somente aqui Chegando, lembrei-me de que hoje era meu último dia como membro da Corte quando me disseram que uma pequena parte da Sessão seria dedicada à minha despedida. De fato, fui surpreendido com a alocução dos amigos e colegas acerca da minha passagem por esta Casa. Devo dizer, contudo, que nessa fugaz permanência não pude implementar aquilo que realmente era de meu desejo, tendo em vista a brevidade do tempo. Mas uma coisa deixa-me grandemente realizado e feliz: a compreensão que o Tribunal passa a ter com relação à inexpugnabilidade, ao hermetismo com que a questão relativa à uma eletrônica tem sido tratada. É que, em virtude dos últimos acontecimentos, ficou mais vivo na lembrança de todos que a qualquer momento poderia a Justiça Eleitoral surpreender-se com fatos possíveiS de comprometer o ideal que inspirou essa salutar inovação em nosso processo eleitoral, pela economia que significou, por sua racionalidade, enfim por tudo que cristalizou e encerrou, traduzido em eficácia, segurança e celeridade. Hoje sinto que a Corte entendeu realmente a necessidade de se abrir o hermetismo a que me referi para que o tema possa ser reexaminado. Creio que melhor processo do que esse é difícil de encontrar. Valerá, contudo, pô-lo à prova como desejam. Vamos ver no que vai dar. Não porque desconfiemos dele ou tenhamos percebido algum sinal de suspeita quanto às últimas eleições! Este Tribunal nunca se furtou de fazer o que sempre pretendeu, que é proporcionar aos políticos, aos eleitores e à população brasileira em geral, maior transparência , efetividade e segurança à problemática do processo eleitoral. Nas eleições municipais de 2000, alcançou­se tal objetivo, visto que, poucas horas depois de terminadas, o Brasil conhecia os vitoriosos. Já nas últimas eleições presidenciais dos Estados Unidos da América do Norte detectaram-se possíveis falhas nas máquinas que fazem a coleta dos votos. Justamente em um Pais havido como modelo de democracia e comprovadamente qualificado em altas tecnologias, pôs-se em xeque essa confiabilidade. O sintoma de incerteza recrudesceu com as revelações acerca do painel do Senado Federal. Tais constatações dimensionaram as preocupações manifestadas pelo Presidente do PDT Leonel Brizola antes, durante e depois das eleições do ano passado, e pelo Senador Roberto Requião, que já havia apresentado projeto de lei visando conferir segurança à uma eletrônica, por ser passível de fraude, segundo entende. Tudo isso levou­nos a melhor refletir sobre a matéria para que pudéssemos responder

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especificamente aos freqüentadores assíduos do Tribunal , aos jurisdicionados, e a toda sociedade brasileira, que seus objetivos outros não podem ser senão os de transmitir ao povo, com a maior visibilidade possível, a revolucionária e moderna conquista da Justiça Eleitoral do nosso País. Daí por que não nos furtaremos à convocação de um grande debate com a comunidade interessada no aperfeiçoamento do sistema e, possivelmente, de um convite aos técnicos da Universidade de Campinas para que submetam o sistema a severa auditagem. Com a chegada do Ministro Nelson Jobim, que dentro de poucos dias assume a Presidência do Tribunal, e com a consciência de que os Ministros da Casa confiam na segurança do sistema, afigura-se-me certo que essas providências se concretizarão no menor tempo possível, até mesmo para a tranqüilidade do TSE e demais órgãos da Justiça Eleitoral. Caso o Congresso Nacional venha votar lei que modifique o procedimento que tem produzido resultados tão saudáveis, que o faça, pois essa é a vontade do povo. Este Tribunal , na verdade, executa no plano administrativo o que detennina a nonna legal. Se aquilo que se propuser for mais eficiente do que o modelo existente, tanto melhor. Ao afastar-me da Presidência do Tribunal, registro primeiramente que é uma grande alegria saber que a Corte não se opõe a que haja um debate nacional sobre a eficiência e confiabilidade das urnas eletrônicas nem que se realize auditoria no sistema de sua funcionalidade. Depois, anoto uma certa frustração por não ter tido tempo para enfrentar certos temas relativos às políticas de aprimoramento do nosso quadro de servidores, notadamente os que dizem respeito à remuneração e a alguns ajustes que se impõem, em face das disparidades existentes. Se, de um lado, levo comigo a frustração de não ter podido solucionar esse justo pleito, por outro, tenho certeza de que ela se conjugará em feliz concretude, pois sei que o novo Presidente, Nelson Jobim, jamais se descurará de colocar o tema na ordem do dia, dando-lhe prioridade compatível com o merecimento dos zelosos servidores que honram e dignificam o quadro de pessoal da Casa. Sinto-me lisonjeado e feliz com os discursos proferidos e com a manifestação de amizade demonstrada. O Ministro Pertence trouxe recordações muito particulares ao meu coração, deixando-me realmente comovido. Faço uma confissão aos colegas de Brasília com os quais tenho convivido - vejo-os ali sentados, mas não vou citar nomes porque posso esquecer alguns dos velhos amigos - que jamais passou pela minha mente vestir essa toga de juiz até que o destino me conduziu à Suprema Corte de nosso País. E isso afinno, sem embargo de ser a magistratura uma carreira das mais nobres e dignificantes de quantas há no cenário social e jurídico do País. O Ministro Pertence, nos seus momentos de descontração, dizia-me que eu traía minhas origens trabalhistas, porque votava em desconformidade com o figurino de meu passado. Pensava: - "Sou juiz. Não posso mais julgar de acordo com as minhas convicções doutrinárias ou ideológicas", embora a vontade que tenho é de decidir em favor do que politicamente penso sobre o caso. Impede­me, porém, a censura do juiz, que deve prevalecer sobre esse ideal. Outro dia, por exemplo, votávamos no Supremo Tribunal Federal uma questão de singular excentricidade acerca de uma ação direta de inconstitucionalidade de normas votadas pelos parlamentares do Estado do Rio Grande do Sul, em que se trava constante dissidência entre o Governador e a Assembléia Legislativa. No caso, discutia-se a isenção de pagamento de luz e de água para os trabalhadores desempregados, durante um certo período, e confesso que tive enonne vontade

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de votar pela constitucionalidade dos preceitos impugnados. Mas como, se me convenci de que isso era impossível do ponto de vista constitucional?! Os Ministros Pertence, Néri da Silveira e Marco Aurélio entenderam contrariamente à maioria, a qual compreendia o meu voto e o do Ministro Jobim. Essa é a lembrança que Sua Excelência me traz e que testemunho de público. Sou-lhe grato por suas palavras tão simpáticas e amáveis, pela evocação que fez de nosso passado comum, dos encontros e, às vezes, desencontros ao longo de nossas vidas. Hoje estamos mais amadurecidos em razão da longa e cansativa marcha que empreendemos. Espero, se Deus quiser, que ainda permaneçamos juntos por mais tempo neste ou em outro local de trabalho, do qual ele nem eu jamais fugiremos. Também agradeço ao eminente Procurador-Geral da República a gentileza de suas palavras e agradáveis observações. Agradeço ao meu estimado amigo Antônio Vilas Boas pelas carinhosas manifestações proferidas em nome da valorosa classe dos advogados, em que recordou passagens da minha vida pública, principalmente quando tive o privilégio de exercer a Presidência do Conselho local da Ordem dos Advogados do Brasil por quatro sucessivos mandatos. Agradeço, enfim, a todos os presentes o prazer que me proporcionaram ao longo desta Sessão. Com relação aos que conhecia e passei a conhecer mais, e aos que não conhecia e passei a conhecer, o meu muito obrigado. Neste momento vem-me à mente o magnífico romance, que ainda bem jovem li, escrito por Aldous Huxley, "Admirável Mundo Novo". Além do que descreve de belo o talentoso romancista inglês, na sua abertura há uma passagem da "Tempestade", de Shakespeare, que é de puro encanto, encantamento que sem dúvida aumenta quando se lê a peça do famoso e insuperável gênio igualmente inglês. É o episódio em que solitário náufrago encontra outras pessoas, também vítimas de recente naufrágio. Alguém que se achava perdido numa certa ilha durante muito tempo, sem conviver com ninguém, sem falar com nenhum ser humano - o diálogo era só com espiritos, gênios do outro mundo -, ao deparar com aqueles que saíram da embarcação degolada pelas ondas do mar bravio, disse atônito a bela frase: "Oh, como é admirável conhecer o ser humano!". Digo que para mim foi uma experiência maravilhosa, espetacular, aperfeiçoar as relações com os meus antigos amigos e ampliar as que adquiri com os novos. Aos servidores da Casa a minha gratidão, o meu abraço. A todos os advogados, serventuários e amigos que vieram a este auditório e presenciaram a cerimônia, do fundo do coração o meu muito obrigado pelo apreço e carinho demonstrados.

Nada mais ~nqp.A:g foi encerrada a sessão às vinte horas. E, para constar, eu, JA)..a:A. Fernando Maciel de Alencastro, Secretário, lavrei a presente ata (lUêãi assinada pelo Senhor Ministro Presidente deste Tribunal.

Brasília, 7 de junh':!.o ................. Qj_ ... .

Presidente

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