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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA Ariana Alves Rodrigues Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse biotecnológico de bactérias isoladas de diferentes habitats. Orientador: Profº. Dr. José Daniel Gonçalves Vieira Dissertação de Mestrado Goiânia GO, 2009

Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

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Page 1: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA

Ariana Alves Rodrigues

Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse biotecnológico de

bactérias isoladas de diferentes habitats.

Orientador:

Profº. Dr. José Daniel Gonçalves Vieira

Dissertação de Mestrado

Goiânia – GO, 2009

Page 2: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

1

Termo de Ciência e de Autorização para Disponibilizar as Teses e Dissertações

Eletrônicas (TEDE) na Biblioteca Digital da UFG

Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de

Goiás–UFG a disponibilizar gratuitamente através da Biblioteca Digital de Teses e

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nº 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura,

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desta data.

1. Identificação do material bibliográfico: [ X ] Dissertação [ ] Tese

2. Identificação da Tese ou Dissertação

Autor(a): Ariana Alves Rodrigues

CPF: 01116432102 E-mail: [email protected]

Seu e-mail pode ser disponibilizado na página? [X]Sim [ ] Não

Vínculo Empre-

gatício do autor

Não

Agência de fomento: Sigla:

País: UF: CNPJ:

Título: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse biotecnológico de

bactérias isoladas de diferentes habitats.

Palavras-chave: Atividade antimicrobiana, microrganismos, enzimas, bioativas

Título em outra língua: Antimicrobial activity and production of enzymes with

biotechnological interest of bacteria isolated from different habitats.

Palavras-chave em outra língua: Antimicrobial activity, microorganisms, enzymes, bioactive

Área de concentração: Microbiologia

Data defesa: (dd/mm/aaaa) 17/03/2009

Programa de Pós-Graduação: Medicina Tropical

Orientador(a): José Daniel Gonçalves Vieira

CPF: E-mail: [email protected]

Co-orientador(a):

CPF: E-mail:

3. Informações de acesso ao documento:

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disponibilização, receberão procedimentos de segurança, criptografia (para não permitir

cópia e extração de conteúdo, permitindo apenas impressão fraca) usando o padrão do

Acrobat.

________________________________________ Data: 11/04/2011

Assinatura do(a) autor(a)

1 Em caso de restrição, esta poderá ser mantida por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo

suscita justificativa junto à coordenação do curso. Todo resumo e metadados ficarão sempre disponibilizados.

.

Page 3: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA

Ariana Alves Rodrigues

Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse biotecnológico de

bactérias isoladas de diferentes habitats.

Orientador:

Profº. Dr. José Daniel Gonçalves Vieira

Dissertação submetida ao CPGMT/IPTSP/UFG,

como requisito parcial para obtenção do Grau de

Mestre, na área de concentração de Microbiologia.

Goiânia – GO, 2009

.

Page 4: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação na (CIP)

GPT/BC/UFG

R696a

Rodrigues, Ariana Alves.

Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de

interesse biotecnológico de bactérias isoladas de diversos

habitats [manuscrito] / Ariana Alves Rodrigues. - 2009.

xv, 68 f. : il., figs, tabs.

Orientador: Prof. Dr. José Daniel Gonçalves Vieira.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás,

Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, 2009.

Bibliografia.

Inclui lista de figuras, abreviaturas, siglas e tabelas.

Apêndices.

1. Atividade antimicrobiana 2. microrganismos 3.

enzimas I. Título.

CDU:579.222

Page 5: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

Agradecimentos

Agradeço a Deus, por permitir esta conquista em minha vida;

Agradeço aos meus pais, Rui e Laide, e minhas tias Maria e Janayna pelo amor e incentivos

constantes;

Agradeço ao Profº José Daniel Gonçalves Vieira pelas oportunidades de aprendizado, pela

confiança, pelos seus conselhos e amizade;

Agradeço ao Profº Ruy de Souza Lino Junior pelo incentivo inicial;

Agradeço aos Professores André Kipnis, Maria Cláudia, Wilia Marta e Geraldo Sadoyama por

serem sempre prestativos e pela ajuda em diversos momentos;

Agradeço a Keili Souza pela ajuda inestimável e amizade;

Agradeço aos amigos Natalia Carvalhaes, Fernando Vaz e Petain Neto pela amizade, ajuda e

pelos momentos que jamais serão esquecidos;

Agradeço aos amigos da Microbiologia Ana Claúdia, Alessandra, Lorena e Camila pela

agradável companhia durante o curso;

Agradeço a amiga Denise pelo incentivo;

Agradeço a Lêda Maria A. Valadão pelo apoio técnico durante o desenvolvimento deste

trabalho;

Agradeço aos funcionários José Clementino e Kariny Soares pelo constante auxílio e apoio de

ordem administrativa;

Agradeço a Capes pela bolsa de mestrado concedida e ao IPTSP pelo apoio financeiro;

Agradeço todos que de alguma forma colaboraram para que este trabalho tivesse êxito e fosse

realizado.

Muito Obrigada!

i

Page 6: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

ii

Sumário

Lista de tabelas iv

Lista de figuras v

Lista de Abreviaturas vi

Resumo vii

Abstract viii

1. Introdução 01

1.1. Diversidade microbiana em diferentes habitats e aplicações biotecnológicas 02

1.1.1. Diversidade microbiana em vegetais 03

1.1.1.1.Microrganismos endofíticos 03

1.1.1.2. Azadirachta indica A. JUSS (Nim) 05

1.1.2. Microrganismos de solo 06

1.1.2.1.Actinomicetos 07

1.1.3. Microrganismos de caverna 09

1.2. Produção de biomoléculas 11

1.2.1. Enzimas 12

1.2.1.1. Amilases 12

1.2.1.2. Celulases: endoglucanases e β-glucosidades 13

1.2.1.3. Esterases e lipases 14

1.2.1.4. Pectinases 14

1.2.1.5. Proteases 15

1.2.2. Produção de Substâncias Antimicrobianas 15

1.2.2.1.Bacteriocinas 17

1.2.2.2 Bacteriocinas de bactérias gram-positivas 17

1.2.2.3. Modo de ação das bacteriocinas de bactérias gram-positivas 18

1.3. Importância da bioprospecção de microrganismos produtores de

biomoléculas em diferentes habitats

19

2. Objetivos 22

3. Material e Métodos 23

3.1. Determinação da atividade antimicrobiana de endofíticos isolados de Nim e

do isolado de caverna.

24

3.1.1. Produção de extrato. 24

3.1.2. Determinação da atividade antimicrobiana dos isolados 25

3.2. Determinação da atividade enzimática de endofíticos isolados de Nim e do 25

Page 7: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

iii

isolado de caverna.

3.2.1. Produção de Amilases. 25

3.2.2. Produção de celulases 26

3.2.3. Produção de endoglucanases 26

3.2.4. Produção de esterases e lipases 26

3.2.5. Produção de pectinases 26

3.2.6. Produção de proteases 27

3.2.7. Produção de ß- glucosidases 27

3.3. Determinação da atividade antimicrobiana de actinomicetos isolados de Nim

e de solos do cerrado e Mata Atlântica.

27

3.3.1. Determinação da atividade antimicrobiana dos actinomicetos - Técnica dos

“Plugs”.

27

3.3.2. Produção da substância com ação antimicrobiana e extração da substância

bioativa de actinomicetos.

28

3.3.3. Determinação da atividade antimicrobiana do extrato etanólico final dos

isolados – Técnica de difusão em poço.

28

3.4. Atividade citotóxica frente à Artemia salina. 29

4. Resultados 30

4.1. Determinação da atividade antimicrobiana de endofíticos isolados de Nim e

do isolado de caverna.

31

4.2. Determinação da atividade antimicrobiana dos actinomicetos - Técnica dos

“Plugs”.

32

4.3. Determinação da atividade antimicrobiana do extrato etanólico final dos

isolados actinomicetos – Técnica de difusão em poço.

33

4.4. Atividade citotóxica frente à Artemia salina. 33

4.5. Determinação da atividade enzimática de endofíticos isolados de Nim e do

isolado de caverna.

34

5. Discussão 37

6. Conclusões 43

8. Referências bibliográficas 45

9. Anexos 64

Page 8: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

iv

Lista de tabelas

Tabela 1. Avaliação da atividade antimicrobiana dos extratos de endofíticos e

isolado de caverna frente às bactérias indicadoras.

31

Tabela 2. Avaliação da atividade antimicrobiana de actinomicetos frente às

bactérias indicadoras.

34

Tabela 3. Avaliação da atividade antimicrobiana do extrato etanólico final dos

isolados actinomicetos frente às bactérias indicadoras.

35

Tabela 4. Dosagem letal média (DL50) dos diferentes extratos obtidos do

crescimento das bactérias analisadas.

36

Tabela 5. Índice Enzimático para as enzimas avaliadas. 36

Page 9: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

v

Lista de figuras

Figura 1: Mecanismo de ação proposto para as bacteriocinas produzidas por

bactérias gram-positivas.

28

Figura 2. Atividade antimicrobiana dos extratos aquosos das bactérias endofíticas

de NIM e do isolado de caverna frente à S. aureus ATCC 25923.

32

Figura 3. Atividade antimicrobiana do crescimento em “plugs” de diferentes

actinomicetos frente à S. aureus ATCC 25923.

33

Figura 4. Atividade antimicrobiana dos extratos etanólico final dos diferentes

isolados de actinomicetos frente à MRSA.

35

Page 10: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

vi

Lista de Abreviaturas

AN Agar Nutriente

ATCC American Type Culture Collection (USA)

BHI Brain Heart Infusion

CTAB Brometo de cetiltrimetil amônio

DL50 Dosagem que mata 50 % dos animais experimentais

DNA Ácido Desoxirribonucléico

IE Índice enzimático

ISP-2 Ágar International Streptomyces Project

IPTSP Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública

Kb Quilobase (10³ bases)

kDa Kilodalton

LAB Bactérias ácido láticas

MRSA Staphylococcus aureus meticilina resistente

NIM Azadirachta indica A. JUSS

µL Microlitros

mL Mililitros

mm Milímetro

ppm Partes por milhão

rpm Rotação por minuto

TOC/L Carbono orgânico total por litro

Page 11: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

vii

Resumo

Os microrganismos são essenciais para o meio ambiente e contribuem para a estabilidade de

ecossistemas, participando de processos ecológicos básicos como os ciclos biogeoquímicos e

cadeias alimentares, muitas vezes mantendo relações ecológicas com outros organismos.

Desta forma há uma diversidade de microrganismos e conseqüentemente de moléculas

bioativas que eles produzem como resultado do metabolismo primário e secundário, que têm

sido amplamente utilizadas pelo homem em diversas atividades de importância sócio-

econômica, que incluem a busca por novos fármacos e por enzimas de interesse

biotecnológico. Este estudo analisou microrganismos isolados de diferentes habitats com o

objetivo de selecionar microrganismos com habilidade de inibir o crescimento de

microrganismos patogênicos e que sejam produtores de enzimas com importância

biotecnológica. Os isolados tiveram sua atividade antimicrobiana e enzimática avaliadas,

substâncias biotivas extraídas e a atividade citotóxica frente à Artemia salina determinada.

Dos isolados avaliados a maior parte demonstrou ser produtora de substâncias com atividade

antimicrobiana frente as bactérias gram-positivas avaliadas, sendo que nenhum isolado

demonstrou ser tóxico em baixas concentrações. Os isolados demonstraram predomínio na

produção de esterases e β-glucosidases. Embora os isolados descritos neste estudo pertençam

a quatro ambientes distintos: solo de Cerrado e Mata Atlântica, Azadirachta indica A. JUSS

(Nim) e ambiente cavernícola e estejam sujeitos a condições ambientais distintas, a maior

parte dos isolados obtidos mostrou-se capaz de produzir substâncias com aplicações

biotecnológicas, fato que sugere um grande potencial por parte dos microrganismos em

produzir moléculas bioativas que possam ser empregadas na indústria e medicina.

Palavras chave: Atividade antimicrobiana, microrganismos, enzimas, bioativas.

Page 12: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

viii

Abstract

The microorganisms are essential for the environment and contribute to stabilize the

environments, playing a hole in the basic ecologic process such as biogeochemistry cycles

and food chains, and sometimes responsible for the maintenance of the ecologic relationship

between the organisms. So we have a diversity of microorganism and in consequence

bioactive molecules that they produce as a result of primary and secondary metabolism, and

are used by humans in many important social-economic activities, which includes the search

for new medicines and new enzymes with biotechnology interest. This study analyzed

different microorganisms isolated from different habitats, and the objective was select

microorganisms with the capacity of inhibit the growing of pathogenic microorganisms and

that produces enzymes with biotechnological applications. The isolates antimicrobial and

enzymatic activities were evaluated, bioactive substances extracted and the cytotoxic activity

with Artemia salina determined. The biggest part of the isolates produces substances with

antimicrobial activity for the evaluated gram-positives, and none are toxic in low levels. The

isolates are great producers of esterases and β-glucosidades. The isolates described in this

study are from four different environments: Cerrado soil, Mata Atlântica, Azadirachta indica

A. JUSS (Nim) e cave environment and are related to unique environmental conditions, the

majority part of the isolates are able to produce molecules with biotechnology activity, this

suggests a great microbial potential for the production of bioactive molecules that can be used

in industries and medicine.

Key Words: Antimicrobial activity, microorganisms, enzymes, bioactive.

Page 13: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

1. Introdução

Page 14: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

2

1. Introdução

1.1. Diversidade microbiana em diferentes habitats e aplicações biotecnológicas

O domínio Bacteria engloba uma grande diversidade de microrganismos que são

capazes de utilizar diversas fontes energéticas, apresentando inúmeras vias metabólicas e

habilidade em produzir e degradar diversos compostos orgânicos e inorgânicos. Esses

microrganismos, ao longo de sua evolução adaptaram-se aos mais diversos climas e

microambientes, colonizando de ambientes inóspitos a ambientes amplamente ricos em

nutrientes (Glazer & Nikaido 2007).

Os microrganismos são essenciais para o meio ambiente e contribuem para a

estabilidade de ecossistemas, participando de processos ecológicos básicos como os ciclos

biogeoquímicos e cadeias alimentares, muitas vezes mantendo relações ecológicas com outros

organismos (Pace 2002). São vários os exemplos da utilização de recursos microbianos pelo

homem em diversas atividades de importância sócio-econômica:

. Na área médica, produção de diversos compostos bioativos incluindo antiparasitários,

antimicrobianos e antitumorais;

. Na área industrial, os microrganismos são empregados na produção de compostos

comerciais ou para transformação de substratos em produtos de maior valor agregado, ex:

etanol, acetona, propanol, plástico biodegradável;

. Na agricultura, destacam-se os microrganismos fixadores de nitrogênio e os

empregados no controle biológico de pragas e vetores;

. Na área de alimentos, são empregados na produção de bebidas, panificação, queijos,

ácidos orgânicos, enzimas, dentre outros;

. Na área ambiental, as perspectivas de recuperação do meio ambiente através da

biorremediação são bastante promissoras (Kurtböke et al. 2004).

A diversidade dos microrganismos e das moléculas que eles produzem como resultado

do metabolismo primário e secundário, bem como a conservação dos recursos genéticos que

eles fornecem são essenciais na sua utilização nos processos biotecnológicos (Hunter 1998).

Os benefícios científicos esperados de um maior conhecimento sobre a diversidade

microbiana são extensos, incluindo, a melhor compreensão das funções exercidas pelas

comunidades microbianas nos ambientes e o conhecimento das suas interações com outros

componentes da biodiversidade. As aplicações biotecnológicas estão relacionadas com a

descoberta de microrganismos potencialmente exploráveis em processos para a obtenção de

Page 15: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

3

novos antibióticos, antitumorais e outros agentes terapêuticos, probióticos, produtos químicos,

enzimas e polímeros para aplicações industriais e tecnológicas, biorremediação de poluentes,

biolixiviação e recuperação de minérios. Outros benefícios incluem o prognóstico e prevenção

de doenças emergentes em seres humanos, animais e plantas, e a otimização da capacidade

microbiana para a fertilização dos solos e despoluição das águas (Colwell 1997).

1.1.1. Diversidade microbiana em vegetais

Os vegetais constituem um verdadeiro ecossistema microbiano, formado por

diferentes nichos nas superfícies das raízes e folhas, ou então, colonizando o interior de

diversos tecidos vegetais, observa-se a presença de fungos, bactérias e vírus que mantém

relações ecológicas entre si e com o vegetal (Hallmann et al. 1997).

As bactérias que vivem no interior dos vegetais podem ser classificadas em dois

grupos, com base na sua relação com o hospedeiro. O primeiro grupo é o das bactérias

endofíticas que são geralmente definidas como aquelas que vivem no interior das plantas sem

causar danos visíveis (Hallmann et al. 1997). As bactérias fitopatogênicas habitam o interior

dos vegetais e podem causar doenças, trazendo prejuízo ao seu hospedeiro. Essa diferenciação

não é definitiva, uma vez que a relação benéfica ou patogênica depende de fatores como as

condições ambientais ou do equilíbrio com as outras populações bacterianas. Sendo assim,

uma bactéria endofítica pode, dependendo das condições, tornar-se um patógeno. Ou ainda,

uma epífita (que vivem na superfície do vegetal) pode entrar na planta, tornando-se endofítica

ou patogênica (Kloepper 1992; Andrews & Harris 2000; Sabaratnam & Beattie 2003).

1.1.1.1 Microrganismos endofíticos

Microrganismos endófitos são todos os microrganismos capazes de colonizar, em

alguma fase do seu ciclo de vida, tecidos vegetais das partes aéreas, sem causar danos à planta

hospedeira (Petrini 1991). De forma mais objetiva são microrganismos isolados de tecidos

vegetais desinfectados superficialmente ou isolados de partes internas das plantas (Hallmann

et al. 1997), e que não causam danos ao seu hospedeiro. Mais recentemente, endófitos foram

definidos como sendo todo microrganismo capaz de colonizar internamente os tecidos da

planta hospedeira, sem causar danos aparentes ou estruturas externas visíveis (Azevedo et al.

2000).

Page 16: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

4

Conceitualmente até o final da década de 70 do século passado, os microrganismos

endofíticos foram considerados assintomáticos, não produziriam efeitos benéficos ou

prejudiciais aos seus hospedeiros. Porém, estudos posteriores revelaram propriedades de

interesse, como proteção contra predadores e patógenos. Atualmente, atribuem-se outras

características importantes a estes organismos, como o aumento da resistência a condições de

estresse, alteração em propriedades fisiológicas, produção de fitormônios, toxinas, fármacos

(como antibióticos), imunossupressores, antitumorais, e compostos de interesse

biotecnológico, como enzimas (Azevedo 1998; Azevedo et al. 2000; Stamford et al. 2001;

Stamford et al. 2002; Suto et al. 2002; Strobel 2003; Carrim et al. 2006).

Espera-se que grande parte dos vegetais seja colonizada por endofíticos e que haja

diversas espécies coexistindo em um único hospedeiro. Microrganismos dominantes são

aqueles que aparecem mais freqüentemente em determinado tipo de vegetal, já espécies mais

raras são chamadas de secundárias. (Pereira et al. 1993; Glienke 1995; Azevedo 1998). A

ocorrência de endófitos varia bastante de acordo com o clima da região onde se encontra. A

maioria dos estudos descreve a microbiota de vegetais isolados de regiões de clima temperado,

que se revela bastante diversa das espécies encontradas em regiões tropicais, tanto em termos

quantitativos quanto qualitativos (Rodrigues & Petrini 1997).

Os microrganismos endofíticos entram na planta, primariamente através da raíz,

entretanto, partes aéreas, como as flores, caules e cotilédones podem também ser portas de

entrada usadas. Dentro da planta, essas bactérias podem se localizar no ponto de entrada ou se

dispersar de forma sistêmica (Hallmann et al. 1997; Zinniel et al. 2002). Sua penetração pode

ser de forma ativa nos tecidos de plantas pelo uso de enzimas hidrolíticas como celulases e

pectinases, aberturas naturais ou provocadas por injúrias (Quadt-Hallmann et al. 1997). O

modo de dispersão das bactérias endofíticas pode ser via: sementes, propagação vegetativa,

partes mortas do vegetal ou insetos (Baldani et al. 1997).

O fato dos endofíticos serem capazes de colonizar os tecidos internos das plantas,

confere vantagens sobre outros microrganismos por poderem sobreviver em um ambiente

mais uniforme onde são menos afetados pela temperatura, potencial osmótico e radiação ultra-

violeta (Lodewyckx et al. 2002). As interações endófitos/plantas ainda não são muito bem

compreendidas, mas podem ser simbióticas, neutras ou antagônicas. Nas interações

simbióticas, os microrganismos produzem ou induzem a produção de metabólitos primários e

secundários que podem conferir diversas vantagens às plantas tais como: a diminuição da

herbíviria e do ataque de insetos, o aumento da tolerância a estresses abióticos e o controle de

outros microrganismos (Pereira 1993; Rodrigues & Dias Filho 1996). Em alguns casos, eles

Page 17: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

5

também podem acelerar o aparecimento da muda e promover o estabelecimento do vegetal

sobre diversas condições (Chanway 1997), além de aumentar seu crescimento e

desenvolvimento (Bent & Chanway 1998).

Por ocuparem um nicho ecológico semelhante àqueles ocupados por patógenos, as

bactérias endofíticas apresentam grande potencial para o controle biológico. Este controle

pode ser resultante de diversos mecanismos: competição por espaço e nutrientes na planta

hospedeira; produção de compostos antimicrobianos (Pleban et al. 1997; Bacon & Hilton

2002 e Taechowisan et al. 2003); indução de resistência sistêmica (M'Piga et al. 1997;

Benhamou et al. 1998; Lodewyckx et al. 2002) ou produzindo enzimas (quitinases ou

celulases) que degradam a parede celular de fungos patogênicos (Pleban et al. 1997; El-

Tarabily 2003).

A maioria dos estudos brasileiros sobre endofíticos está centrado em vegetais

aplicados na agricultura, visando o aumento da produtividade do vegetal (Azevedo 1998). Há

poucos estudos relacionando a atividade antimicrobiana de plantas e endofíticos. Em nosso

país há diversas plantas com atividade antimicrobiana comprovada, tais como o Nim indiano

e que não há estudos relacionando até que ponto essa atividade antimicrobiana está

relacionada aos microrganismos endofíticos.

1.1.1.2 Azadirachta indica A. JUSS (Nim)

Azadirachta indica A. JUSS conhecida popularmente como Nim, Neem ou margosa, é

originaria da Índia e tem diversas aplicações como planta na tradicional medicina indú (no

tratamento de inflamações, infecções virais, hipertensão e febre), planta sombreadora,

repelente, material para construção, combustível, lubrificante, adubo e mais recentemente

como praguicida (Schumutterer 1990; Locke 1995). Devido à baixa toxicidade e larga

distribuição na natureza, o Nim pode ser considerado como uma valiosa fonte para uso na

medicina tradicional e no desenvolvimento de drogas modernas. Em geral, os efeitos

benéficos de produtos naturais, como o Nim podem ser atribuídos a um ou mais compostos

fitoquímicos, incluindo antioxidantes, flavonóides e outras substâncias (Locke 1995). Apesar

da exata composição do extrato de Nim não ter sido determinada, os componentes da folha

solúveis em água têm provado ser eficazes no controle de várias doenças, incluindo câncer

(Balasenthil et al. 1999; Baral & Chattopadhyay 2004). Na literatura, têm sido descritas

atividades anti-sépticas, curativas, antiúlcera, antiinflamatória, antimicrobiana, anticonceptiva

hipolipidêmica e hepatoprotetora. Estudos envolvendo o uso de extrato de folhas de Nim em

Page 18: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

6

formulações de gel dental mostram redução da placa bacteriana; folhas têm sido utilizadas no

tratamento de gengivites e periodontites (Chattopadhyay 1999).

O Nim é capaz de se proteger contra grande número de pragas por meio de uma

grande quantidade de compostos bioativos. Os compostos bioativos presentes no Nim são

encontrados em toda a planta, todavia aqueles presentes nas sementes e folhas são os que

estão mais concentrados e acessíveis, facilmente obtidos por meio de processos de extração

em água e solventes orgânicos como hidrocarbonetos, álcoois, cetonas ou éteres (Lee et al.

1988; Martinez 2002). Apesar de os efeitos de produtos à base de Nim serem bastante

conhecidos no controle de insetos, podem também atuar sobre outros organismos como os

nematóides (uma das pragas mais devastadoras na agricultura), caramujos (especialmente

Biomphalaria glabrata, auxiliando no controle da esquistossomose), crustáceos (que

prejudicam culturas de arroz por utilizarem as mesmas fontes de nitrogênio), viroses de

plantas e fungos (Locke 1995; Martinez 2002).

É utilizado na descoloração de corantes têxteis sintéticos: o resíduo da casca de Nim

(rico em lignina e outros compostos fenólicos) é empregado para produção de lignina

peroxidase por Phanerochaete chrysosporium sob fermentação sólida (Verma & Madamwar

2002). O pó de suas folhas tem sido utilizado com eficácia para remoção do corante verde

brilhante presente em soluções aquosas, como uma alternativa ao uso de carvão ativado

(Bhattacharyya & Sarma 2003).

Sua casca tem sido investigada como bioabsorvente na remediação ambiental dos

metais pesados tóxicos Cd2+

, Hg2+

, e Cr3+

, em pequenas concentrações, a partir de lixo aquoso

com resultados positivos. Produtos de Nim também têm sido utilizados na remoção de amônia

a partir de água salobra. A casca da árvore é também utilizada no preparo de corantes, usados

no tingimento de tecidos finos. O Nim se mostra resistente aos gases poluentes, tolerante à

seca e ao dióxido de enxofre e atua na redução da erosão do solo e purificando o ar (Tiwari et

al.1999; Amirthalingam 2001).

1.1.2. Microrganismos de solo

Os microrganismos do solo são essenciais no funcionamento de diversos ecossistemas

através dos vários processos de transformação de nutrientes e degradação da matéria orgânica.

Através da degradação de diferentes elementos ocorrem transformações em uma variedade de

biomoléculas e vários metabólitos secundários são liberados (Hackl et al. 2004; Dubey et al.

Page 19: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

7

2006). Durante o processo, normalmente ocorre a liberação de CO2 para atmosfera e

oscilações no balanço do nitrogênio do solo (Nuernberg et al. 1984).

A real dimensão da diversidade microbiana dos solos é ainda desconhecida. Estima-se

que o número global de células procarióticas no solo é de 4.5-6.6x1030

e que

aproximadamente 4,5-6,5% dos procariotos vivam nos solos (Whitmore et al. 1996).

Os microrganismos do solo são fontes de pesquisa para produção de produtos naturais

tais como antibióticos, antitumorais, componentes antifúngicos, antiparasitários, inseticidas e

promotores de crescimento. Os actinomicetos correspondem a um grupo de bactérias

filamentosas e estão associados a produção de diversas biomoléculas de interesse

biotecnológico (Xu 2006). Estima-se que cerca de 30% da população que habita os solos

corresponde aos actinomicetos (Kennedy 1999). Destes, 80% habitam a camada mais

superficial do solo (0-10 cm), diminuindo progressivamente com a profundidade (Iwai &

Takahashi 1992).

1.1.2.1. Actinomicetos

Actinomicetos compreendem um grupo heterogêneo de bactérias filamentosas

filogeneticamente classificadas como bactérias gram-positivas, que em seu crescimento,

formam redes de filamentos ramificados (Ensign 1978). São microrganismos aeróbios,

entretanto alguns gêneros são anaeróbios facultativos ou obrigatórios (Kennedy 1999). Estão

amplamente distribuídos na natureza, sendo encontrados em vários hábitats, como na água,

plantas em decomposição, nódulos de raízes das plantas, como endofíticos, sedimentos, lodo

ativado, fezes de animais e produtos alimentícios, porém seu hábitat principal é o solo

(McCarthy & Williams 1990). Sua ocorrência em ambientes aquáticos pode estar relacionado

a processos de lixiviação do solo (Iwai & Takahashi 1992).

A composição de bases nucléicas dos actinomicetos apresenta elevada proporção de

citosina e guanina, que varia de 63 a 78 % (Madigan et al. 2000). Seu genoma, de forma geral

é maior que o das demais bactérias não pertencentes ao grupo tendo cerca de 10,5.103 kb, que

é, aproximadamente, três vezes maior que de outras bactérias como Escherichia coli ou

Bacillus subtilis (Chater & Hopwood 1984). Os estreptomicetos, assim como outros

actinomicetos, apresentam uma forma característica de instabilidade genética. Várias

características, como formação de micélio aéreo e de esporos, produção de antibiótico e

resistência, são irreversivelmente perdidas em uma freqüência de 0,1 a 1 % na progênie de

Page 20: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

8

colônias plaqueadas. Esta perda de função é resultado de deleção de grandes regiões do DNA

(Lancini & Lorenzetti 1993).

A diversidade morfológica dos actinomicetos está baseada primeiramente nas suas

estratégias reprodutivas as quais levam à formação de uma variedade de estruturas de esporos,

como artrósporos em Streptomyces, endósporos dos Thermoactinomyces, aleuriósporos

característicos do gênero Micromonospora e os zoósporos móveis como em Oerskovia,

Geodermatophilus e Kitasatoa (Ensign 1978).

A grande diversidade microbiana e em particular a população de actinomicetos que

ocorre em habitats naturais, pode muitas vezes ser alterada pela atividade do homem através

do uso de compostos químicos. Solos tratados com clordane levam à prevalência de

actinomicetos do gênero Nocardiopsis. Ambientes enriquecidos com lodo ativado levam a

predominância do gênero Micromonospora (Percich & Lockwood 1978; Orchard &

Goodfellow 1980). Os actinomicetos são essenciais na decomposição dos compostos

orgânicos e dos poluentes ativos na natureza, degradando materiais orgânicos no solo,

incluindo a lignina e outros polímeros (Groth et al. 1999). São importantes degradadores de

pesticidas tais como: organoclorados, triazinas simétricas, triazinonas, carbamatos e

acetanilidas podendo ocorrer à utilização destes compostos como única fonte de carbono e

energia para o seu metabolismo (Schrijver et al. 1999).

Os actinomicetos também produzem inúmeros compostos químicos como a tiamina, a

riboflavina, a vitamina B12 (cianocobalamina), as flavoproteínas, várias porfirinas, as quais

contêm compostos com ferro, e coenzimas que podem promover ou inibir o crescimento de

outros organismos (Kennedy 1999).

Os Streptomyces destacam-se entre os actinomicetos pela capacidade de produzir uma

grande variedade de enzimas com aplicação industrial como as oxidoredutases, transferases,

hidrolases, liases, isomerases e sintases. No meio ambiente eles desempenham uma função

importante na formação do húmus, pela produção de enzimas extracelulares usadas na

degradação de compostos celulolíticos (Padilha 1998). Além disto, produzem cerca de 75%

dos antibióticos comercialmente importantes (Miyadoh 1993). Esses microrganismos

apresentam um ciclo de vida complexo, que se inicia com a germinação do esporo, dando

origem a um micélio formado por hifas ramificadas que penetram no substrato, metabolizando

fontes orgânicas (polissacarídeos, proteínas, lipídeos e compostos aromáticos) pela ação de

enzimas extracelulares (Padilla 1998). Esse micélio vegetativo (hifas primárias) dá origem ao

micélio aéreo (hifas aéreas). As hifas aéreas passam por um processo de diferenciação

morfológica que pode incluir septação e formação de esporos (Chater 1989). Nessa fase,

Page 21: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

9

ativa-se o metabolismo secundário, em que são produzidos principalmente antibióticos e

pigmentos (Chater 1989; Demain 1989; Bibb 1996).

Os gêneros Nocardia e Rhodococcus são componentes da microbiota do solo

decompondo compostos químicos prejudiciais ao meio ambiente. O gênero Rhodococcus

desempenha importante papel nos processos de biorremediação e biodegradação. Sendo

encontrado em ambientes contaminados com hidrocarbonetos ou outros compostos químicos.

Os membros deste gênero conseguem degradar poluentes hidrofóbicos porque as suas células

aderem às interfaces água/óleo. Este fato ocorre devido ao grupo possuir cadeias alifáticas de

ácidos micólicos na sua parede celular. Além disso, desempenham importante papel na

imobilização de metais pesados e na produção de surfactantes, amidos e polímeros (Bell et al.

1998).

Outro membro nocardioforme, Rhodococcus coprophilus, conhecido como coprofílico,

ocorre em esterco animal. A presença deste actinomiceto em rios e lagos é um indicador da

contaminação fecal por animais herbívoros. Os estudos ecológicos mostram que este

actinomiceto sobrevive à passagem através do rúmen e intestino dos animais poligástricos

atingindo as fezes onde ocorre o seu crescimento (Rowbotham & Cross 1977; Mara & Oragui

1981).

1.1.3. Microrganismos de caverna

As cavernas são consideradas ambientes pobres em nutrientes, nas quais a

concentração de carbono orgânico fica abaixo de 0.5 mg de TOC/L (carbono orgânico total

por litro), entretanto encontramos uma população de microrganismos de aproximadamente

106 celulas/grama de material rochoso, diversa e metabolicamente versátil, que obtêm energia

por diversos meios, incluindo a quebra de compostos aromáticos, fixação de gases e oxidando

metais presentes nas rochas (Barton & Jurado 2007; Porter 2007).

Nas cavernas diferentes microambientes podem ser habitados pelos microrganismos. A

comunidade pode assim diferir devidos as diferentes condições de umidade, temperatura

baixa e estável, a natureza dos recursos nutricionais e o pH (Mulec et al. 2002; Engel 2007).

As cavernas podem ser habitadas por microrganismos transitórios ou residentes. Os

microrganismos transitórios são aqueles que entram nas cavernas através das correntes de ar,

pelo fluxo de água, fluxo de sedimentos, em insetos, nos morcegos ou pelo homem. Qualquer

organismo ou objeto que entre em uma caverna carrega microrganismos (Barton e Northup

2007).

Page 22: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

10

Os microrganismos residentes para sobreviverem dependem exclusivamente dos

nutrientes que estão distribuídos na caverna, diferente dos transitórios que desenvolvem-se

apenas enquanto houver disponibilidade de matéria orgânica (Barton e Northup 2007; Engel

2007).

Os microrganismos que utilizam carbono orgânico como fonte de energia são

chamados de quimioheterotróficos. Depósitos de guano, água corrente e madeira propiciam

um rico material orgânico para os microrganismos principalmente os fungos. A maioria dos

fungos achados em cavernas ajusta-se a este quadro e são provavelmente transitórios.

Bactérias também podem ser encontradas como transitórios. Porém, pesquisas atuais

demonstraram que a maioria dos microrganismos nativos em cavernas são bactérias (Barton e

Northup 2007).

Esporos de fungos e bactérias são normalmente encontrados no filme de água que se

forma na superfície da rocha calcária e de espeleotemas (estalactites, estalagmites, esnotites,

etc) de calcita e podem contribuir na sua formação e degradação. Esta formação pode ser

devida a precipitação extracelular do carbonato de cálcio mediada pelo metabolismo das

bactérias (Engel et al. 2004; Barton & Luiszer 2005; Baskar et al. 2005; Baskar et al. 2006).

Pouco se sabe sobre a distribuição, dinâmica populacional e biogeoquímica dos

microrganismos das cavernas e grutas (Northup & Welbourn 1997; Northup & Lavoie 2001;

Geric et al. 2004; Northup & Lavoie 2004). A presença de bactérias quimiolitotróficas em

cavernas é usualmente correlacionada com o aumento da diversidade de organismos nestes

ambientes (Geric et al. 2004; Engel 2007). Este conhecimento freqüentemente baseia-se em

estudos dependentes do cultivo microbiano, que subestimam a diversidade por incapacidade

de cultivar muitos dos microrganismos (Hugenholtz et al. 1998; Mulec et al. 2002, Engel

2007).

Estudos independentes do cultivo microbiano são necessários para compreender a sua

diversidade. Estudos preliminares efetuados em cavidades vulcânicas dos EUA demonstraram

grande diversidade microbiana, incluindo novos organismos. Os actinomicetos, uma das

principais fontes de antibióticos, são os microrganismos mais abundantes nestas grutas (Groth

et al. 1999).

Bactérias e fungos que habitam cavernas são importantes por várias razões. Devido ao

seu longo isolamento em relação à superfície e pelo seu crescimento em ambientes com baixa

concentração de nutrientes, alguns microrganismos presentes em caverna, parecem ter

evoluído para a produção de biomoléculas especializadas, ou toxinas, que são antagônicas a

Page 23: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

11

outros. Estas biomoléculas microbianas podem ser úteis aos humanos no combate a doenças

e/ou poluição (Kambesis 2007; Portillo et al. 2008).

Nosso conhecimento do mundo microbiano em geral é limitado e nosso conhecimento

da diversidade microbiana de cavernas é ainda mais limitada. Assim, o potencial existente

para a descoberta de novos microrganismos e mesmo de microrganismos já conhecidos com

novas atividades e funções em cavernas é imenso. A investigação de tais organismos pode

prover novos detalhes sobre as relações evolutivas de bactérias e fungos (Barton e Northup

2007; Kambesis 2007).

O estudo de microrganismos em cavernas também é importante para a elucidação a

formação dos espeleotemas. Embora haja boas evidências que os microrganismos estejam

envolvidos na formação de ferro e óxidos de manganês, compostos de enxofre, depósitos de

salitre e carbonato de cálcio, elas ainda são limitadas (Barton e Northup 2007; Kambesis

2007).

1.2. Produção de biomoléculas

O metabolismo primário é composto pelas atividades metabólicas que visam o

crescimento celular. Os metabólicos produzidos, denominados metabólicos primários, têm por

objetivo principal a geração de energia para as células. O metabolismo secundário inclui a

síntese de compostos que não são essenciais ao crescimento celular, sendo denominados

metabólicos secundários e são sintetizados na fase final de crescimento ou durante a fase

estacionária. O metabolismo secundário pode ser observado em plantas, microrganismos,

tanto procariotos quanto eucariotos e, até mesmo, em alguns animais, como artrópodes e

insetos (Vining 1986).

O interesse pelos metabólitos secundários justifica-se pela grande variedade de

atividade biológica destes compostos, podendo ser empregados como antimicrobianos,

antitumorais, antiparasitários, inibidores de enzimas e pigmentos, entre outras aplicações

(Vining 1986). A maioria dos metabólitos secundários são moléculas orgânicas complexas

que requerem um grande número de reações enzimáticas para a sua síntese, reações estas que

não fazem parte do metabolismo primário. Entretanto, as vias metabólicas do metabolismo

secundário requerem precursores gerados pelo metabolismo primário, por exemplo, alguns

aminoácidos são precursores para a biossíntese de antibióticos β-lactâmicos, como a

penicilina (O‟Sullivan & Sykes 1986).

Page 24: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

12

1.2.1. Enzimas

Enzimas são catalisadores de reações químicas, envolvendo reações com substratos

orgânicos e inorgânicos. As enzimas geralmente são de natureza protéica, altamente

específicas e apresentam grande poder catalítico. São bastante ativas, versáteis e executam

uma variedade de transformações de modo seletivo e rápido, em condições brandas de reação.

As enzimas não requerem altas temperaturas e valores extremos de pH. Além disso, a

atividade enzimática pode ser regulada com relativa facilidade, bastando modificar a natureza

do meio de reação, como, por exemplo, a alteração do pH ou a adição de algum efetor. Toda

enzima, em razão da sua grande especificidade, catalisa as transformações moleculares sem

ocorrência de reações paralelas indesejáveis que são comuns em sínteses químicas.

Consequentemente, os processos industriais que empregam enzimas são, em geral,

relativamente simples, fáceis de controlar, energeticamente eficientes e de baixo custo (Wong

& Whitesides 1994).

As enzimas são amplamente utilizadas nas indústrias de alimentos, farmacêuticas, de

detergentes, têxteis e cosméticas. As propriedades hidrolíticas de enzimas como proteases,

amilases e lipases podem favorecer o desenvolvimento das tecnologias de produção de

combustíveis líquidos (álcool, biodiesel), solventes, plásticos biodegradáveis, bem como

produtos de química fina como corantes, defensivos agrícolas, sabores, fragrâncias e produtos

farmacêuticos para uso humano e veterinário, a partir de matérias primas renováveis,

processos menos agressivos, economicamente viáveis e ecologicamente aceitáveis (Barreto

1997; Lima 1997).

1.2.1.1. Amilases

As amilases são responsáveis pela degradação da molécula de amido e estão

amplamente distribuídas na natureza. O amido é encontrado principalmente em sementes de

cereais como milho, cevada, trigo e arroz e em tubérculos ou raízes como batata e mandioca.

O tamanho e forma dos grãos de amido são específicos para cada vegetal (Moraes 2004). O

amido é o mais importante polissacarídeo de reserva do reino vegetal possuindo em sua

constituição amilose (25%) e amilopectina (75%), que são polímeros constituídos de glucose

(Buléon et al. 1998).

As amilases apresentam grande importância biotecnológica, como aplicações nas

indústrias têxteis, papel e celulose, de couro, detergentes, cervejas, bebidas destiladas,

Page 25: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

13

panificação, cereais para alimentação infantil, liquefação e sacarificação do amido, ração

animal, indústria química e farmacêutica. Apesar de derivarem de diversas fontes, incluindo

plantas, animais e microrganismos, as enzimas microbianas geralmente encontram grande

demanda industrial, por serem de fácil extração e manejo. Atualmente, grandes quantidades

de amilases microbianas estão disponíveis comercialmente e têm aplicação quase completa na

hidrólise do amido em indústrias de processamento do amido (Gupta et al. 2003; Pandey et al.

2005).

1.2.1.2. Celulases: endoglucanases e β-glucosidades

A celulose é um dos biopolímeros mais abundantes e pode ser hidrolisada, através do

rompimento das ligações glicosídicas de suas microfibrilas, tendo como produto final a

glucose (Bayer & Lamed 1992; Dillon 2004). Na natureza a degradação da celulose por

microrganismos representa a maior fonte de carbono para o solo (Lynch et al. 1981). Existe

uma grande variedade de microrganismos que produzem celulases, entretanto, apenas alguns

são conhecidos como verdadeiros celulolíticos, por serem capazes de degradar a celulose

natural. (Robson & Chambliss 1989).

Na indústria alimentícia, as celulases são utilizadas em vários processos,

principalmente, na extração de componentes do chá verde, proteína de soja, óleos essenciais,

aromatizantes e amido da batata doce. Essas enzimas participam, ainda, dos processos de

produção do vinagre de laranja e do ágar e na extração e clarificação de sucos de frutas

cítricas (Orberg 1981).

Existem basicamente três classes de celulases, que são denominadas de acordo com

sua funcionalidade, as endoglucanases, as exo-celobiohidrolases e as -glucosidases. As

endoglucanases e as exo-celobiohidrolases atuam sobre a celulose produzindo celobiose como

produto final (Coughlan 1985). A principal função da -glucosidase, comumente chamada de

celobiase, é a hidrólise da celobiose e outras celodextrinas, resultando em glucose (Nadalini

1997). A -glucosidase também é responsável pelo controle da velocidade global da reação

de hidrólise celulósica, desempenhando assim, um efeito crucial na degradação enzimática da

celulose (Sengupta et al. 1991).

Page 26: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

14

1.2.1.3. Esterases e lipases

As lipases e as esterases constituem um importante grupo de enzimas que estão

associadas ao metabolismo e à hidrólise dos lipídios. São amplamente distribuídas na natureza,

sendo encontradas em organismos animais e vegetais e, também em células de

microrganismos (Reed 1975; Oliveira 2000). As enzimas lipolíticas, juntamente com as

celulases constituem, atualmente importantes grupos de enzimas com enorme potencial para

aplicações biotecnológicas (Jaeger & Eggert 2002).

Essas enzimas têm grande importância fisiológica, uma vez que hidrolisam óleos e

gorduras em ácidos graxos livres, monoglicerídeos e diglicerídeos, essenciais aos processos

metabólicos, como o transporte dos ácidos graxos, e oxidação e síntese de glicerídeos e

fosfolipídios (Reed 1975).

As esterases representam um grupo diversificado de hidrolases que catalisam a quebra

e a formação da ligação éster, com potencial aplicação, nas áreas da agricultura, de alimentos

e da indústria farmacêutica (Panda & Gowrishankar 2005). Estão amplamente distribuídas na

natureza podendo ser encontradas nos animais, nas plantas e nos microrganismos. Apresentam

alta especificidade espacial e regional, propriedade que as tornam atrativas como

biocatalizadores para a obtenção de compostos oticamente puros em reações de síntese da

química fina (Jaeger & Reetz 1998). As lipases são capazes de catalisar reações de hidrólise,

esterificação, transesterificação e lactonização (esterificação intramolecular), além de agirem

sobre compostos que causam ranços. Essa flexibilidade aliada às diferentes lipases confere a

essas enzimas um potencial enorme de aplicações (Levy et al. 2003; Pastore et al. 2003).

1.2.1.4. Pectinases

Pectinases, ou enzimas pectinolíticas, são produzidas por um grande número de

bactérias, leveduras e fungos, insetos, nematódeos e plantas, a fim de degradar (para obter

fonte de carbono) ou modificar (fruto em amadurecimento) o heteropolissacarídeo pectina. A

biodegradação eficiente da pectina requer uma larga diversidade de enzimas pectinolíticas,

incluindo tanto as que agem na cadeia principal como as que agem nas cadeias laterais.

Possuem importância industrial, principalmente para aumentar a eficiência de filtração e

clarificação de sucos de frutos, na maceração, liquefação e extração de tecidos vegetais

(industria têxtil), podendo em alguns casos ser responsáveis pela patogênese em plantas

(Whitaker 1991).

Page 27: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

15

1.2.1.5. Proteases

Proteases são enzimas capazes de quebrar ligações peptídicas de cadeias protéicas.

Estão amplamente distribuídas na natureza e estão associadas a importantes processos

biológicos tais como: a digestão protéica, coagulação sangüínea e morte celular. As enzimas

proteolíticas possuem também uma vasta aplicação comercial e industrial, estando entre os

três maiores grupos de enzimas industriais (Romero et al. 2001). Na indústria alimentícia, as

enzimas proteolíticas são largamente utilizadas para o amaciamento de carne, clarificação da

cerveja, panificação, hidrólise de soja, produção de aspartame, alimentos dietéticos, queijo e

em alguns alimentos para melhorar seu sabor, textura, funcionalidade e qualidade nutricional.

Nos curtumes são utilizados no amaciamento do couro e na degradação de resíduos. Já na

indústria farmacêutica, essas enzimas proteolíticas são empregadas em medicamentos para

distúrbios de digestibilidade, tendo também ação antiinflamatória, antimucolítica e

cicatrizante (Rao et al. 1998; Birschbach et al. 2004).

1.2.2. Produção de Substâncias Antimicrobianas

Antibióticos podem ser definidos como substâncias produzidas por um organismo que

apresenta efeitos adversos em outros organismos (Davies 1990). Embora o papel dos

antibióticos nos ambiente naturais não seja totalmente conhecido, sabe-se que algumas dessas

substâncias conferem vantagem competitiva para o microrganismo produtor (Martin &

Demain 1980).

Entre os maiores produtores de antibióticos estão os fungos e os actinomicetos. Os

actinomicetos constituem a maior fonte de antibióticos, sendo que cerca de dois terços dos

antibióticos são sintetizados por estes microrganismos (Okami & Hotta, 1988). Entre os

actinomicetos, o gênero Streptomyces responde por cerca de 93% dos metabólitos secundários

conhecidos. Algumas cepas produzem mais de um antibiótico e, freqüentemente, os diferentes

antibióticos produzidos não são quimicamente relacionados. Um mesmo antibiótico pode

também ser sintetizado por diferentes espécies. Os antibióticos produzidos por actinomicetos

apresentam grande variedade de estruturas químicas, incluindo aminoglicosídeos,

antraciclinas, glicopeptídeos, β-lactâmicos, macrolídeos, nucleosídeos, peptídeos, polienos,

poliéteres e tetraciclinas (Okami & Hotta 1988), dentre os quais podemos destacar

cloranfenicol, eritromicina, neomicina, novobiocina, estreptomicina, tetraciclina, e

Page 28: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

16

gentamicina. Os actinomicetos têm ainda importância na produção de antimicrobianos aos

quais são adicionados grupamentos químicos, tais como a clindamicina (Hopwood & Merrick

1977).Outros grupos bacterianos produtores de antibióticos são as bactérias dos gêneros

Bacillus e Pseudomonas. Como exemplos de metabólitos produzidos temos a bacitracina, as

polimixinas e a colistina (Hopwood & Merrick 1977). Também as bactérias ácido-láticas

(LAB), que são amplamente aplicadas em indústria de alimentos. A nisina é uma das

substancias mais estudadas, com atividade antimicrobiana produzida por LAB e sua eficácia

tem sido estudadas principalmente para conservação de carnes, peixes e produtos lácteos

(Devlieghere et al.2004).

Muitos dos compostos classificados como antibióticos são peptídeos ou pequenas

proteínas (Kolter & Moreno 1992). Estes freqüentemente contem resíduos de aminoácidos

não comumente encontrados em proteínas, levantando a questão de como estes peptídeos

podem ser elaborados. Muitos estudos mostram que essas biomoléculas de estrutura peptídica

podem ser sintetizadas pela via não ribossomal através de reações catalizadas por enzimas

(Marahiel 1992; Stachelhauss & Marahiel 1995; Kleinkauf & Von Döhren 1996). Essas

enzimas sintetizam moléculas lineares e circulares, tais como gramicidina, polimixina e

bacitracina (Kleinkauf & Von Döhren 1987). Nisina (Buchman et al. 1988), subtilina

(Banerjee & Hansen 1988) e microcina B17 (Davagnino et al. 1986) são exemplos de

peptídeos antibióticos, os quais são sintetizados pela via ribossomal.

A literatura descreve o solo como um ambiente rico em microrganismos capazes de

sintetizarem antibióticos, mas a freqüência com que à síntese ocorre em níveis

ecologicamente significativos na natureza não é muito explorada e elucidada (Fedrizzi 2006).

Alguns microrganismos que vivem em associação com vegetais também demonstraram ser

bons produtores de antibióticos. Estes antibióticos podem contribuir para a competitividade

microbiana e à supressão dos patógenos da raiz da planta. Assim, as bactérias que os

produzem são de interesse para o controle de doenças nas plantas (Thomashow et al. 1990).

As técnicas usadas para compreender o papel dos antibióticos nos solos e nos vegetais

são aplicáveis a outros ambientes (Fedrizzi 2006). Acredita-se que novos antibióticos e outros

metabólitos secundários bioativos podem ainda ser descobertos de fontes microbianas. A

probabilidade de se encontrar novos compostos bioativos depende de alguns fatores críticos.

Por um lado, existe o número de linhagens selecionadas e seus níveis de diversidade; do outro,

essas linhagens são únicas e seu potencial para produzir metabólitos secundários é grande

(Donadio et al. 2002).

Page 29: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

17

1.2.2.1.Bacteriocinas

As bacteriocinas são proteínas ou complexos de proteínas excretados por bactérias

metabolicamente ativas, que possuem modo de ação bactericida (James et al. 1991) e

geralmente são ativas contra membros de uma mesma espécie ou de espécies relacionadas

com a cepa produtora (Klaenhammer 1988). Representam um grupo de substâncias

antimicrobianas bastante heterogêneo, que variam consideravelmente quanto ao

microrganismo produtor, ao espectro bacteriano, ao seu modo de ação, a massa molar e às

suas propriedades bioquímicas. (Tag et al. 1976).

Sendo que uma mesma espécie pode produzir diferentes tipos de bacteriocinas. É

estimado que aproximadamente 99% de todas as bactérias possam produzir pelo menos uma

bacteriocina (Carolissen et al. 1997). As halobacterias, membros do domínio Archeae,

produzem um tipo próprio de bacterocina, as halocinas (Torreblanca et al. 1994).

A elaboração e produção de compostos antimicrobianos e bacteriocinas é

metabolicamente dispendioso. Um organismo que produz um peptídeo antibiótico precisa ser

capaz de: a) sintetizar o antibiótico; b) exportar o antibiótico extracelularmente; c) proteger-se

da ação do antibiótico. A síntese do antibiótico envolve vários passos: transcrição, tradução,

modificação pós-tradução de resíduos de aminoácidos e processamento pela clivagem da

seqüência principal do N-terminal (Kolter & Moreno 1992).

1.2.2.2 Bacteriocinas de bactérias gram-positivas

As bacteriocinas produzidas por bactérias gram-positivas são mais abundantes e

diversas que as produzidas por bactérias gram-negativas (Tagg et al. 1976; Jack et al.1995).

Elas diferem das bacteriocinas produzidas por gram-negativas em alguns aspectos

fundamentais. Primeiro, a produção de bacteriocinas não é um evento letal como ocorre nas

gram-negativas, quando a liberação da bacteriocina ocorre juntamente com a lise celular. Tal

diferença é explicada pelo fato de que as bactérias gram-positivas possuem mecanismos de

transporte específico de bacteriocinas. Outro fator que as difere é a complexidade na

regulação da produção de bacteriocinas que é maior nas gram-positivas (Jack et al.1995).

Klaenhammer (1993) dividiu as bacteriocinas de bactérias do ácido lático (LAB) em

quatro classes, de acordo com sua estrutura e características bioquímicas. Contudo, esta

definição pode ser aplicada a outras bactérias gram-positivas (Hu 2003). Assim, as

bacteriocinas de bactérias gram-positivas podem ser divididas em classes I, II, III e IV. As

Page 30: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

18

bacteriocinas da classe I são pequenos peptídeos (<5 kDa) que agem na membrana e contem

aminoácidos incomuns como dehidroalanina, dehidro-butirina, lantionina e b-metillantionina.

As bacteriocinas da classe I podem ainda ser subdivididas em A, B e C, de acordo com o seu

modo de ação (Brotz et al. 1995). Dentro desta classe se destaca a bacteriocina nisina,

descoberta em 1928 (Roger 1928). A nisina vem sendo, desde então, o modelo para as

bacteriocinas de bactérias gram-positivas (Brotz et al. 1995).

As bacteriocinas da classe II são pequenos peptídeos (<10 kDa) hidrofóbicos,

termoestáveis e que não contêm lantionina (Dirix et al. 2004). A bacteriocinas maduras dessa

classe formam hélices anfifílicas com hidrofobicidade variável, estrutura de β-folha e

estabilidade térmica moderada (100ºC) a alta (121ºC). Dentro dessa classe podem ser

definidas três subclasses: IIa, IIb e IIc (Héchard & Sahl 2002). A classe III é composta por

bacteriocinas de maior peso molecular (>30 kDa), sensíveis ao calor e, das quais, se tem

pouca ou nenhuma informação sobre seu modo de ação (Héchard & Sahl 2002). Na classe IV

estão inseridos peptídeos complexos, que possuem motivos contendo lipídios ou carboidratos

(Hu 2003).

As bacteriocinas produzidas por gram-positivas requerem muito mais genes para sua

produção do que as produzidas por gram-negativas. Estes grupos de genes geralmente se

localizam nos plasmídeos, mas ocasionalmente são encontrados no cromossomo. Já na

maioria das gram-negativas os genes de produção se localizam nos transposons (Dodd et al.

1990). O espectro de ação inibitória das bacteriocinas gram-positivas se restringe a bactérias

gram-positivas e podem variar de um menor espectro a um amplo espectro (Roos et al. 1999).

1.2.2.3. Modo de ação das bacteriocinas de bactérias gram-positivas

As bacteriocinas de bactérias gram-positivas são peptídeos que exibem uma grande

variedade de estruturas químicas. Por isso, estas bacteriocinas afetam diferentes funções

essenciais da célula bacteriana, como a transcrição, tradução, duplicação de DNA e

biossíntese da parede celular (Oscáriz & Pisabarro 2001) ou causam estresse oxidativo nas

células sensíveis (Eraso & Inés 2004). Contudo, a grande maioria age formando canais ou

poros na membrana, o que afeta o equilíbrio osmótico e o potencial energético das células

sensíveis (Oscáriz & Pisabarro 2001). A ação das bacteriocinas é bactericida e em alguns

casos concentrações mínimas promovem a inibição do crescimento (Diep & Nes 2002).

A formação de poro na membrana celular não é mediada pelo reconhecimento de um

receptor na célula. Há uma interação eletrostática inespecífica entre a porção N-terminal da

Page 31: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

19

bacteriocina, carregada positivamente, e os fosfolipídeos de membrana, carregados

negativamente. A porção C-terminal, por sua vez, participa da formação do poro

transmembrânico por ser altamente hidrofóbica, Figura 1 (Oscáriz & Pisabarro 2001).

Figura 1: Mecanismo de ação proposto para as bacteriocinas produzidas por bactérias

gram-positivas. A porção N-terminal da molécula de bacteriocina se liga aos fosfolípideos

de membrana carregados negativamente. A região hidrofóbica da molécula se a região

hidrofóbica da membrana, abrindo um canal (Adaptado de Oscáriz & Pisabarro 2001).

1.3. Importância da bioprospecção de microrganismos produtores de biomoléculas em

diferentes habitats

Desde o período mais remoto a melhoria tecnológica tem sido importante para o

desenvolvimento e instalação da espécie humana neste planeta. Atualmente, a biotecnologia,

além do melhoramento da biodiversidade, pode fazer modificações genéticas e criação,

inclusive mudando geneticamente as formas de vida existentes.

Page 32: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

20

Enfrentamos uma situação delicada, temos um contingente populacional amplo e por

isso é necessária a otimização de processos, sem deixar de lado uma coexistência sustentável

entre biodiversidade, biotecnologia e saúde. Nas indústrias observamos a demanda por

tecnologias baratas, de alta rentabilidade e facilmente obtidas, que por sua vez visam

simplificar os processos industriais, aumentando sua produtividade ou até mesmo tratando os

resíduos industriais. Já nas áreas da saúde observamos uma constante demanda por novas

drogas, seja pela diminuição da eficácia ou pela busca de drogas com menos efeitos colaterais.

Um caminho viável para a obtenção de novos recursos é a exploração da

biodiversidade, especialmente os microrganismos, que são conhecidos como produtores de

metabolitos secundários biologicamente ativos. Como exemplo, podemos citar que grande

parte dos antibióticos descobertos nos últimos 50 anos foram provenientes de bactérias. Das

bactérias são obtidas, por exemplo, enzimas que podem ser amplamente empregadas na

indústria. Os microorganismos contribuem para o equilíbrio de ecossistemas atuando

intermediariamente entre a biogeosfera e os constituintes atmosféricos gasosos. Podem-se

encontrar bactérias capazes de degradarem herbicidas, pesticidas, inseticidas, óleos e esgotos

poluidores. Assim, as bactérias participam da reciclagem de compostos químicos na biosfera,

incluindo a degradação de poluentes industriais (Vining 1986; Colwell 1997; Hunter 1998;

Azevedo 1998; Glazer & Nikaido 2007).

Page 33: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

21

2. Objetivos

Page 34: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

22

2. Objetivos

Objetivo Geral

Determinar a atividade antimicrobiana e citotoxicidade de extratos obtidos do

crescimento de bactérias isoladas de diferentes habitats, e potencial de produção enzimática

destes mesmos isolados.

Objetivos Específicos

Recuperar actinomicetos isolados de solos de cerrado e Mata Atlântica, bactérias

endofíticas de Nim e de caverna conservados em glicerol 20 % (v/v) pertencentes à

bacterioteca do Laboratório de Microbiologia Ambiental e Biotecnologia do Instituto

de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás;

Avaliar a atividade antimicrobiana in vitro dos isolados de NIM, caverna e

actinomicetos.

Comparar métodos de obtenção de extratos produzidos pelos microrganismos. Técnica

de “plugs” e extrato etanóico.

Avaliar a atividade citotóxica in vitro dos extratos produzidos pelos isolados frente à

Artemia salina.

Avaliar a atividade enzimática in vitro dos isolados de NIM e caverna.

Page 35: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

23

3. Material e Métodos

Page 36: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

24

3. Material e Métodos

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Microbiologia Ambiental e

Biotecnologia (LAMAB) do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da

Universidade Federal de Goiás (UFG). Os microrganismos utilizados fazem parte da

bacterioteca pertencente ao LAMAB, estando preservados em glicerol 20 % (v/v) a

temperatura de -20C.

As bactérias utilizadas neste estudo foram isoladas de três ambientes distintos, de

caverna (Rodrigues et al. 2008a), do vegetal Azadirachta indica A. JUSS (NIM) (Rodrigues et

al. 2008b) e de solo de cerrado e mata Atlântica (actinomicetos) (Vieira 1999). O

microrganismo isolado de caverna foi denominado CAV1. Os isolados de Nim, NIM1, NIM2,

NIM4, NIM5, NIM6 e NIM7, sendo que NIM1 e NIM2 são actinomicetos. Dos isolados de

solo actinomicetos, os provenientes do cerrados foram denominados ADU1.3, ADU2.2 E

ADU2.5, já os oriundos de mata Atlântica, PEG23,TIJA2,TIJA5,TILA3 e TILA4.

3.1. Determinação da atividade antimicrobiana de endofíticos isolados de Nim e do

isolado de caverna.

Foram avaliados os seguintes isolados: CAV1, NIM4, NIM5, NIM6 E NIM7.

3.1.1. Produção de extrato.

A produção de substâncias com atividade antimicrobiana seguiu a metodologia

descrita por Romeiro (1989), modificado. Uma alíquota de 50µL dos isolados preservados em

glicerol, foram inoculados em 5mL de caldo BHI e incubados por 24 horas a 30ºC. Após este

período uma alíquota de 100 µL do caldo, foram transferidas para placas contendo meio

sólido de Kado, de forma a ocupar toda a superfície do meio, formando um “tapete” e

incubadas por 48 horas a 30°C.

As placas que apresentaram crescimento foram expostas por 30 minutos à luz

ultravioleta. O ágar foi cortado e tratado com 30mL água destilada esterilizada para a extração

das substâncias com possível atividade antimicrobiana, a solução foi homogeneizada em

vórtex por 5 minutos. A fase líquida foi separada da fase sólida, por centrifugação a 4ºC,

13.000 rpm por 10 minutos e os extratos resultantes foram esterilizados por filtração em

filtros Millipore (0.25 m) e mantidos a -20°C até a utilização.

Page 37: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

25

3.1.2. Determinação da atividade antimicrobiana dos isolados

Placas contendo ágar Müeller-Hinton foram previamente inoculadas com as bactérias

indicadoras padronizadas para a turbidez do tubo Nº 0,5 da escala de MacFarland. Após a

inoculação, poços de 5,0 mm de diâmetro foram feitos e inoculados com 30 μL dos extratos

(item 3.1.1) e incubados por 24 horas a 30°C. Após este tempo os halos de inibição de

crescimento foram determinados. Como controle negativo, utilizou-se a mesma alíquota (30

μL) de extrato obtido a partir de uma placa contendo meio sólido de Kado isento de

crescimento (Santos 1993).

O critério utilizado para a escolha dos microrganismos indicadores foi a de sua

importância como causadores de doenças a nível comunitário e hospitalar. Foram avaliadas as

seguintes bactérias indicadoras:

A) gram-positivas: Staphylococcus aureus ATCC 25923, Staphylococcus aureus meticilina

resistente (MRSA), Micrococcus luteus ATCC 9341, Bacillus subtilis ATCC 6633,

Enterococcus faecalis ATCC 29212 e Bacillus cereus ATCC 14579.

B) gram-negativas: Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853, Enterobacter aerogenes ATCC

13048, Salmonella choleraesuis ATCC 10708, Escherichia coli ATCC 25922, Salmonella

typhimurium ATCC 14028 e Serratia marcecens ATCC 14756.

3.2. Determinação da atividade enzimática de endofíticos isolados de Nim e do isolado de

caverna.

Para a determinação da atividade enzimática, os isolados foram inoculados em caldo

BHI e incubados por 24 horas a 30 ºC. Após esse tempo, alíquotas de 100 µL foram

inoculadas na superfície dos meios de cultura específicos para cada enzima a ser avaliada com

o auxílio de uma multi-alça (inoculador de Stiers). As placas foram incubadas a 30ºC por 48

horas. Após a incubação, foi determinado o índice enzimático que corresponde ao diâmetro

dos halos de atividade enzimática em mm dividido pelo diâmetro da colônia em mm. Se o

índice enzimático for maior do que 1, sugere-se a produção da enzima de interesse. Foram

avaliadas a produção de amilase, esterase, lípase, celulase, protease, pectinase, -glucosidase

e endoglucanase.

3.2.1. Produção de Amilases.

Page 38: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

26

Para determinação de atividade amilolítica foi utilizado meio Agar nutriente (AN)

acrescido de 0,2% de amido solúvel (Hankin & Anagnostakis 1975). A leitura foi realizada

após a exposição da placa a vapor de iodo metálico, sendo a presença de halo claro ao redor

da colônia indicativo positivo para produção da enzima.

3.2.2. Produção de celulases

Para verificação de atividade celulolítica as amostras foram incubadas em meio

mínimo a base de KH2PO4, K2HPO4, MgSO4 7.H2O, (NH4)2SO4, extrato de levedura,

(celulose microcristalina) e ágar, sendo a formação de halo claro ao redor da colônia indicador

positivo (Stamford et al. 1998).

3.2.3. Produção de endoglucanases

Para teste de atividade de endoglucanase, as amostras foram incubadas em meio

mínimo acrescido de 0,1% de extrato de levedura e 0,1% de carboximetilcelulose (Melo

2000). A leitura foi feita com a observação de halos claros ao redor da colônia, após

tratamento com solução 1% de brometo de cetiltrimetil amônio (CTAB) e incubação com esta

por 4 horas a 4ºC.

3.2.4. Produção de esterases e lipases

O teste de atividade esterásica foi feito a partir da metodologia descrita por Sierra

(1975), incubando as amostras em meio com bacto peptona, NaCl, CaCl2 H2O e ágar,

suplementado com 1mL de Tween 20 a concentração de 1% (v/v).

A atividade lipolítica segue o mesmo protocolo da atividade esterásica (Sierra 1975),

mas a suplementação foi feita com Tween 80. Para ambas as enzimas a leitura positiva é

indicada pela presença de halos claros ao redor das colônias.

3.2.5. Produção de pectinases

A atividade pectinolítica foi medida após incubação em meio à base de KH2PO4 ,

K2HPO4, pectina, (NH 4)2SO4 , FeSO4 7.H2O, CaCl2 , extrato de levedura e H 2O.

Page 39: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

27

Para a leitura as placas foram recobertas por uma solução de CTAB a 1% (v/v) e incubadas

por uma hora a temperatura ambiente, e depois serem lavadas com água destilada esterelizada

(Hankin et al. 1971). A presença de halo claro ao redor da colônia indica resultado positivo.

3.2.6. Produção de proteases

A atividade proteolítica foi feita a partir de incubação em meio Caldo Nutriente,

glucose, leite desnatado e ágar (Vieira 1999), sendo a leitura realizada após exposição à

solução de ácido acético 5%, verificando-se a presença de halos claros ao redor das colônias

como resultado positivo.

3.2.7. Produção de ß- glucosidases

Para teste de atividade de β-glucosidase as amostras foram incubadas em placas

contendo meio mínimo acrescido de 0,1% de extrato de levedura, 0,2% de esculina e 0,05%

de citrato férrico de amônia (Melo 2000). A leitura positiva foi realizada observando a

formação de halos escuros ao redor das colônias.

3.3. Determinação da atividade antimicrobiana de actinomicetos isolados de Nim e de

solos do cerrado e Mata Atlântica.

Foram avaliados os seguintes isolados actinomicetos: ADU 1.3, ADU 2.2, ADU 2.5,

NIM1, NIM2, PEG 23, TIJA2, TIJA5, TILA3 e TILA4.

3.3.1. Determinação da atividade antimicrobiana dos actinomicetos - Técnica dos

“Plugs”.

Os actinomicetos, previamente isolados, foram cultivados em ágar ISP-2 por 14 dias a

30°C. Após este tempo cilindros de 7,0 mm de diâmetro (plugs) foram cortados e inoculados

sobre placas de Petri contendo o ágar Müeller-Hinton previamente inoculadas com as

bactérias indicadoras (item 3.1.2.) padronizadas para a turbidez do tubo Nº 0,5 da escala de

MacFarland. As placas foram incubadas por 24 horas a 30ºC. Após este tempo os halos de

Page 40: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

28

inibição de crescimento foram determinados (Vieira 1999). Como controle negativo, utilizou-

se um cilindro de 7,0 mm de ágar ISP-2 isento de crescimento.

3.3.2. Produção da substância com ação antimicrobiana e extração da substância

bioativa de actinomicetos.

Os isolados que apresentaram atividade antimicrobiana frente ao MRSA avaliado,

foram inoculados em 15 mL de caldo ISP-2 e incubados sob agitação constante em “shaker” a

180 rpm, 30ºC por 48 horas. Decorrido este período, foram adicionados mais 50 mL de caldo

ISP-2 ao Erlenmeyer contendo os isolados e novamente incubados em “shaker” a 180 rpm,

30ºC por 14 dias. Após o termino da fermentação, o conteúdo do Erlenmeyer (65 mL), foi

filtrado para a separação micélio e sobrenadante (extrato aquoso). O micélio foi macerado em

gral e tratado com etanol absoluto na proporção de 2 mL do solvente para cada grama de

micélio bruto, a solução foi filtrada e a porção filtrada reservada. Este procedimento foi

repetido por três vezes, e as porções de filtrado foram reunidas (extrato 1), que resultou em

um volume final de 30 mL.

O extrato aquoso foi tratado por três vezes com acetato de etila. Foi obtida uma

bicamada na qual a fase orgânica (extrato de acetato de etila) foi separada. No Laboratório de

Farmacognosia da Faculdade de Farmácia – UFG, o extrato de acetato de etila foi concentrado

sob baixa temperatura (45ºC) em um rotavapor. Ao resíduo obtido após a evaporação, foi

adicionado aos 30mL do extrato 1, sendo novamente concentrado em rotavapor nas mesmas

condições descritas anteriormente. O precipitado final obtido (5,0 gramas) foi resuspenso em

1mL de etanol absoluto (extrato etanólico final) e armazenados em freezer a -20ºC (Azevedo

et al. 2004).

3.3.3. Determinação da atividade antimicrobiana do extrato etanólico final dos isolados –

Técnica de difusão em poço.

A atividade antimicrobiana dos extratos, foi realizada pela técnica de difusão em poço.

Placas contendo ágar Müeller-Hinton foram previamente inoculadas com as cepas indicadoras

padronizadas para a turbidez do tubo Nº 0,5 da escala de MacFarland. As bactérias

indicadoras utilizadas foram Sthapylococcus aureus ATCC 25923 e MRSA. Após a

inoculação, poços de 5,0mm de diâmetro foram feitos e inoculados com 30 μL dos extratos e

incubados por 24 horas a 30°C. Como controle negativo, utilizou-se a mesma alíquota (30 μL)

Page 41: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

29

de etanol absoluto puro. Após este tempo os halos de inibição de crescimento foram

determinados (Azevedo et al. 2004).

3.4. Atividade citotóxica frente à Artemia salina.

Os isolados que apresentaram atividade frente ao MRSA avaliado, tiveram suas

atividades citotoxicas determinadas, a fim de verificar uma possível letalidade dos extratos

frente à Artemia salina. Para a determinação da atividade citotóxica dos endofíticos de Nim e

do isolado de caverna, foram utilizados os extratos aquosos (item 3.1.1). Já na determinação

da atividade citotóxica dos actinomicetos isolados de solo e de Nim, foram utilizados os

extratos etanólicos bruto (item 3.3.2.).

Ovos de Artemia salina foram eclodidos em solução salina contendo 3,5 % de sal

marinho. Os ovos foram incubados, sob iluminação e aeração constante, a 30ºC por 48 horas.

Os extratos obtidos dos endofíticos, bactéria de caverna e actinomicetos, foram adicionados a

10 mL de solução salina previamente preparada. As diluições inicialmente empregadas foram

20.000 ppm (200µL do extrato em 10 mL de solução salina), 10.000 ppm (100µL do extrato

em 10 mL de solução salina), 5.000 ppm (50µL do extrato em 10 mL de solução salina),

2.500 ppm (25 µL do extrato em 10 mL de solução salina) e 1.250 ppm (12,5µL do extrato

em 10 mL de solução salina). Diluições posteriores foram preparadas de acordo com a

necessidade de menores diluições, para o cálculo da DL50 (Lima 2007).

Em tubos contendo 1 mL das diluições foram adicionados 10 náuplios de Artemia

salina, o teste foi realizado em triplicata para cada diluição. O controle negativo do teste

consistiu em etanol absoluto diluído nas mesmas concentrações dos extratos, para a

verificação de uma possível ação tóxica dessa substância sobre os náuplios. Os tubos foram

incubados sob iluminação a 30ºC por 24 horas. Após este período, o número de náuplios

mortos ou com perda de movimento foram contados para a determinação da porcentagem de

mortalidade em cada concentração analisada.

% Mortalidade = nº total de mortos ou imóveis x 100

nº total de Artemia salina

Os resultados obtidos foram utilizados para o cálculo da DL50, que é a dosagem que

mata 50 % dos animais experimentais. Essa dosagem foi calculada pela análise de regressão

linear dos resultados obtidos (Meyer et al. 1982).

Page 42: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

30

4. Resultados

Page 43: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

31

4. Resultados

4.1. Determinação da atividade antimicrobiana de endofíticos isolados de Nim e do

isolado de caverna.

Analisando os resultados da atividade antimicrobiana, observou-se que os isolados

NIM5, NIM7 (isolados de Nim) e CAV1 apresentam atividade frente à Staphylococcus aureus

ATCC 25923 (Figura 2) e Micrococcus luteus ATCC 9341.

NIM5 e CAV1 apresentam atividade frente à MRSA, Bacillus cereus ATCC 14579 e

Bacillus subtilis ATCC 6633. Nenhum dos isolados testados apresentou atividade frente à

Enterococcus faecalis ATCC 29212 e as bactérias gram-negativas avaliadas (Tabela 1).

Observou-se que NIM4 e NIM6 não possuem atividade frente às bactérias indicadoras

avaliadas. Todos os isolados avaliados foram classificados como gram-positivos.

Tabela 1. Avaliação da atividade antimicrobiana dos extratos de endofíticos e isolado de

caverna frente às bactérias indicadoras.

BACTÉRIAS INDICADORAS HALOS DE INIBIÇÃO (Ø mm)

C1 CAV1 NIM 4 NIM 5 NIM6 NIM7

S. aureus ATCC 25923 -2 11³ - 10 - 10

MRSA - 11 - 9 - -

M. luteus ATCC 9341 - 15 - 12 - 10

B. subtilis ATCC 6633 - 12 - 12 - -

E. faecalis ATCC 29212 - - - - - -

B. cereus ATCC 14579 - 11 - 11 - -

P. aeruginosa ATCC 27853 - - - - - -

E. aerogenes ATCC 13048 - - - - - -

S. choleraesuis ATCC 10708 - - - - - -

E. coli ATCC 25922 - - - - - -

S. typhimurium ATCC 14028 - - - - - -

S. marcecens ATCC 14756 - - - - - -

1. (C) - Controle negativo

2. (-) indica ausência de halo

3. Os valores dos halos indicados na tabela correspondem à média de três repetições.

Page 44: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

32

4.2. Determinação da atividade antimicrobiana dos actinomicetos - Técnica dos “Plugs”.

Todos os actinomicetos avaliados apresentaram atividade frente à S. aureus ATCC

25923 (Figura 3), MRSA, B. subtilis ATCC 6633, M. luteus ATCC 9341 e B. cereus ATCC

14579. Somente os isolados ADU 2.5 e ADU 2.2 não apresentaram atividade frente à E.

faecalis ATCC 29212. Não foi observada atividade frente às bactérias gram-negativas

avaliadas (Tabela 2).

Figura 2. Atividade antimicrobiana dos extratos aquosos das bactérias endofíticas de

NIM e do isolado de caverna frente à S. aureus ATCC 25923.

Page 45: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

33

Figura 3. Atividade antimicrobiana do crescimento em “plugs” de diferentes

actinomicetos frente à S. aureus ATCC 25923

4.3. Determinação da atividade antimicrobiana do extrato etanólico final dos isolados

actinomicetos – Técnica de difusão em poço.

Todos os extratos etanólicos avaliados apresentaram atividade frente à S. aureus

ATCC 25923 e MRSA (Figura 4, tabela 3).

4.4. Atividade citotóxica frente à Artemia salina.

Os valores de dosagem letal média (DL50) foram obtidos por análise de regressão dos

resultados de porcentagem de mortalidade dos náuplios (Tabela 4).

Nenhum dos extratos avaliados apresentou citotoxicidade em baixa concentração

(DL50 < 1.000 ppm) por este método, apresentando valores de DL50 superiores a 1.000 ppm.

Page 46: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

34

4.5. Determinação da atividade enzimática de endofíticos isolados de Nim e do isolado de

caverna.

Os isolados NIM5, NIM7 e CAV1 demonstraram ser produtores de amilases, esterases,

proteases e -glucosidases. O isolado NIM 4 demonstrou ser produtor de esterases e -

glucosidases, o isolado NIM6 não demonstrou ser produtor de nenhuma das enzimas

avaliadas (Tabela 5).

Tabela 2. Avaliação da atividade antimicrobiana de actinomicetos frente às bactérias

indicadoras.

BACTÉRIAS

INDICADORAS HALOS DE INIBIÇÃO (Ø mm)

C1

ADU

1.3

ADU

2.2

ADU

2.5

PEG23 NIM

1

NIM

2

TIJA

2

TIJA

5

TILA

3

TILA

4

S. aureus ATCC 25923 -2 19³ 9 8 18 12 13 17 17 15 18

MRSA - 19 9 8 15 12 13 14 17 15 16 M.luteus ATCC 9341 - 23 12 15 19 15 13 22 23 21 22

B. subtilis ATCC 6633 - 16 11 8 14 11 10 14 16 13 16 E. faecalis ATCC

29212 - 16 - - 12 12 11 15 16 12 14

B. cereus ATCC 14579 - 16 13 20 13 14 13 15 15 16 15 P. aeruginosa ATCC

27853 - - - - - - - - - - -

E. aerogenes ATCC

13048 - - - - - - - - - - -

S. choleraesuis ATCC

10708 - - - - - - - - - - -

E. coli ATCC 25922 - - - - - - - - - - - S. typhimurium ATCC

14028 - - - - - - - - - - -

S. marcecens ATCC

14756 - - - - - - - - - - -

1. (C) - Controle negativo

2. (-) indica ausência de halo

3. Os valores dos halos indicados na tabela correspondem à média de três repetições.

Page 47: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

35

Tabela 3. Avaliação da atividade antimicrobiana do extrato etanólico final dos isolados

actinomicetos frente às bactérias indicadoras. Os valores dos halos indicados na tabela

correspondem à média de três repetições.

BACTÉRIAS

INDICADORAS HALOS DE INIBIÇÃO (Ø mm)

C1

ADU

1.3

ADU

2.2

ADU

2.5

PEG

23

NIM

1

NIM

2

TIJA

2

TIJA

5

TILA

3

TILA

4

S. aureus ATCC

25923

-2 32 23 25 23 30 32 34 30 35 36

MRSA - 30 22 20 20 30 30 31 27 30 19

1. Controle negativo

2. (-) indica ausência de halo.

Figura 4. Atividade antimicrobiana dos extratos etanólico final dos

diferentes isolados de actinomicetos frente à MRSA.

Page 48: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

36

Tabela 4. Dosagem letal média (DL50) dos diferentes extratos obtidos do crescimento das

bactérias analisadas.

ISOLADOS Dosagem Letal Média (DL50) em ppm1

ADU1.3

ADU2.2

ADU2.5

CAV1

NIM1

NIM2

NIM5

NIM7

PEG23

TIJA2

TIJA5

TILA3

TILA4

1.730

18.900

1.120

>20.000

11.800

9.120

>20.000

>20.000

10.300

>20.000

>20.000

9.200

14.900

1. Partes por milhão dos extratos brutos.

Tabela 5. Índice Enzimático.

ISOLADO ATIVIDADE ENZIMÁTICA1

____________________________________________

Amilolítica Esterásica Proteolítica β- glucosidase

CAV1

NIM4

NIM5

NIM6

NIM7

1,2

-

2,0

-

1,6

1,8

1,5

1,6

-

1,3

1,6

-

1,3

-

1,5

1,2

3,3

1,2

-

1,2

Índice Enzimático (diâmetro dos halos de atividade enzimática em mm/ diâmetro da colônia em mm), a

marcação (-) indica que não houve atividade.

Page 49: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

37

5. Discussão

Page 50: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

38

5. Discussão

Observou-se que dois isolados de Nim (NIM5 e NIM7) e o isolado de caverna

apresentaram a capacidade de inibir o crescimento da cepa-padrão S. aureus ATCC 25923,

MRSA e a maioria dos indicadores gram-positivos avaliados.

Comparando os resultados encontrados entre os diferentes isolados de Nim, sugere-se

que todos apresentem potencial para serem utilizados como antimicrobianos, entretanto,

nenhum dos isolados se destacou na inibição de um microrganismo indicador. A produção de

substâncias com ação antimicrobiana por endofíticos facilita sua adaptação ao vegetal,

inibindo outros microrganismos que seriam patogênicos para o vegetal, o que poderia

prejudicá-los indiretamente ou que competiriam pelos mesmos nutrientes (Pleban et al. 1997;

Bacon & Hilton 2002 e Taechowisan et al. 2003).

A produção de substancias com atividade antimicrobiana pelo isolado de caverna,

pode ser explicada pela complexidade do ambiente cavernícola. Dessa forma acredita-se que

haja uma cooperação entre os microrganismos de caverna, visto que poucas espécies são

capazes de sintetizar todas as substâncias necessárias ao seu crescimento, sendo

freqüentemente encontrados associados à biofilmes. Independentemente de estarem em

associação com outros microrganismos ou não, ocorre competição para a aquisição dos

escassos nutrientes na caverna, podendo levar a produção de substâncias que inibam o

crescimento de outros microrganismos (Barton e Northup 2007; Kambesis 2007).

O espectro de ação das substâncias com atividade antimicrobiana mostrou-se restrito a

gram-positivas. Microrganismos gram-positivos geralmente produzem substâncias com

espectro restrito a gram-positivas, enquanto as gram-negativas podem inibir o crescimento de

ambas (Klaenhammer 1988; James et al. 1991), tal fato foi demonstrado por Carrim (2005),

que ao analisar o espectro de ação de dez endofíticos gram-positivos isolados de Jacaranda

decurrens CHAM. (Carobinha do Campo) verificou que nenhum dos isolados apresentou

atividade antimicrobiana frente aos gram-negativos avaliados no estudo. Este padrão de

atividade era esperado uma vez que os microrganismos isolados de Nim e caverna foram

classificados segundo a metodologia de Gram como gram-positivos.

Sabe-se que as condições de crescimento microbiano in vitro não reproduzem

totalmente as reais condições aos quais os microrganismos estão adaptados. Este fato interfere

no espectro biocida observado quando há variação meio de cultivo utilizado para a produção

de moléculas bioativas inibidoras de crescimento de outros microrganismos (Romeiro 1989).

Carrim (2005) testando vários meios de cultivo para a avaliação da atividade antimicrobiana

Page 51: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

39

de endofíticos isolados de Carobinha do campo, observou que somente o meio sólido de Kado

mostrou-se adequado para a produção de substâncias com atividade antimicrobiana. A

inibição de produção de moléculas bioativas, como os antibióticos, quando diferentes meios

são comparados tem sido relatados com freqüência na literatura Diferentes autores relatam

que a produção de antibióticos está relacionada não só a presença de diferentes constituintes

nos meios de cultura, como também o pH, a temperatura e o estado físico (sólido ou líquido)

do meio de cultivo e/ou produção (Omoto et al. 1979, Shomura et al. 1979; Furlan 1997,

Gonella 2003, Azevedo et al. 2004).

Vários estudos avaliam a ação antimicrobiana de extratos de plantas medicinais, mas

poucos tentam estabelecer uma ligação entre endofíticos e a atividade antimicrobiana

observada nos extratos obtidos a partir de partes do vegetal. Carrim (2005) e Barbosa (2005)

realizaram a determinação da atividade antimicrobiana de microrganismos isolados de plantas

medicinais do cerrado e verificaram que a maior parte dos microrganismos endofíticos

isolados possuíam atividade antimicrobiana frente aos indicadores gram-positivos avaliados.

Dos dez actinomicetos avaliados (2 endofíticos e 8 isolados de solos de diferentes

biomas brasileiros) todos apresentaram a capacidade de inibir a maioria dos indicadores gram-

positivos avaliados. Tais resultados sugerem a produção de moléculas bioativas com potencial

antimicrobiano, seja de novos antimicrobianos ou de antimicrobianos já descobertos. É

importante salientar a ausência de positividade do controle negativo, sugerindo que o meio de

cultura e o etanol não interferiram no teste.

Dos isolados, ADU1.3 apresentou os maiores halos de inibição quando comparado aos

demais isolados de solo de cerrado. As diferenças entre as atividades antimicrobianas dos

microrganismos isolados de solo e de endofíticos de Nim não foram muitos diferentes.

Verificou-se que tantos os actinomicetos provenientes de cerrado, como os

provenientes de Mata Atlântica apresentaram bons resultados, sugerindo que mesmo com

características de solos diferentes, os microrganismos isolados de ambas as regiões

demonstram ser capazes de produzir biomoléculas com atividade antimicrobiana,

caracterizando assim os solos dessas regiões como promissoras fontes para a pesquisa de

novas e variadas moléculas, especialmente com características farmacológicas.

A atividade antimicrobiana demonstrada pelos actinomicetos endofíticos isolados de

NIM sugere que a atividade antimicrobiana ou parte dela, comprovadamente associada ao

extrato de partes de NIM seja associada aos microrganismos endofíticos que habitam o

vegetal.

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40

Embora os isolados actinomicetos tenham apresentado atividade antimicrobiana

somente frente a gram-positivas, tal fator não pode ser considerado padrão. Quando

comparamos os actinomicetos às demais bactérias gram-positivas, verifica-se que em muitos

casos o espectro de ação dos actinomicetos não se restringe apenas as gram-positivas,

apresentando atividade frente a várias gram-negativas e a fungos (Miyadoh 1993; Padilla

1998).

Várias pesquisas têm sido realizadas para avaliar a ação antimicrobiana de

actinomicetos frente aos mais variados patógenos, uma vez que grande parte dos

antimicrobianos comercialmente disponíveis são isolados de actinomicetos (Hopwood &

Merrick 1977; Okami & Hotta 1988). Dos 15 isolados avaliados no presente estudo, 12

demonstraram atividade frente ao MRSA avaliado. Lima (2007) realizando análises de

microrganismos de solo de cerrado e Mata Atlântica frente à cepas de MRSA obteve

resultados promissores, nos quais dos 50 isolados obtidos no estudo, 7 demonstraram alguma

atividade frente aos MRSA avaliados.

A atividade antimicrobiana demonstrada pelos extratos etanólicos finais foi superior

quando comparada à obtida pela técnica de “plugs”. Os halos obtidos a partir dos extratos

foram maiores, fenômeno que pode ser explicado levando em consideração alguns fatores: a)

O crescimento dos microrganismos ocorreu em meio líquido, em “shaker” e em condição de

aeração constante. Fato que pode ter potencializado a produção de biomoléculas bioativas.

Alguns autores consideram que o estado físico da cultura (sólido, semi-sólido ou líquido),

bem como os constituintes, pH, temperatura e o teor de oxigênio são fatores que influenciam

o crescimento e a produção de metabólitos pelos microrganismos; b) o acetato de etila (30 mL)

e o álcool (30 mL) utilizados durante a extração da substância bioativa foram eficientes na

extração das moléculas bioativas; c) a concentração dos volumes de extração, acetato de etila

e etanol para um volume final de 1mL de etanol absoluto fez com que a concentração das

biomoléculas fosse 50 vezes mais concentrado (Omoto et al. 1979; Shomura et al. 1979;

Orduña & Theobald 2000).

Diversos trabalhos empregam Artemia salina como um teste de triagem, in vivo,

indicador de potencial citotoxicidade de diferentes moleculas. Grande parte destes refere-se à

avaliação de citotoxicidade de extratos de plantas com algum potencial para produção de

biomoléculas, geralmente fármacos (Callow 1993). Após uma triagem in vitro para a

determinação da eficácia farmacológica de biomoléculas, é necessário a verificação de sua

toxicidade em organismos alvo. A utilização da Artemia salina como um teste de triagem é

importante devido ao seu baixo custo, simplicidade de realização e tempo reduzido (72 horas),

Page 53: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

41

permitindo a avaliação de grande número de amostras. Considera-se que ocorre potencial

citotóxico quando a DL50 é < 1.000 ppm da substância analisada (Meyer et al. 1982). Esta

metodologia, entretanto, não permite avaliar quais estruturas são afetadas pela biomolécula,

sendo necessários outros testes tais como: inibição de crescimento de células tumorais,

inibição de indução de tumorogênese em células de batata, inibição de motilidade em

planárias para tal comprovação (Calow, 1993; Krishnaraju et al. 2005).

Dos isolados analisados nenhum apresentou citoxicidade em baixas concentrações

(DL50 < 1.000 ppm) sugerindo que os compostos presentes no extrato podem ser utilizados

como antimicrobianos. Tais dados são bastante promissores nesta etapa preliminar na busca

de substâncias com atividade antimicrobiana, tendo em vista que o antimicrobiano deve ser

seletivo, causando dados ao patógeno e não a célula hospedeira (Amato Neto et al. 2000).

Vários subprodutos de NIM (pesticidas, insumos agrícolas, extrato) tem sido

avaliados em relação à citoxicidade, usando mamíferos como indicadores. Os resultados

obtidos indicam que a toxicidade depende da quantidade administrada, enquanto baixas doses

não são tóxicas, altas doses exibem disfunção tireoidiana e efeitos hepatotóxicos (Panda &

Kar 2000; Kasturi et al. 2002; Khan & Awasthy 2003).

Os resultados obtidos neste trabalho, demonstram que os extratos obtidos de

endofíticos e actinomicetos endofíticos de NIM não são tóxicos em baixas concentrações.

Entretanto a substância bioativa extraída dos isolados não foi identificada ou purificada, sendo

necessária análises posteriores.

O Índice Enzimático é uma ferramenta prática que viabiliza a seleção e a comparação

da produção enzimática de diferentes isolados microbianos, uma vez que este índice leva em

consideração a correlação direta entre o tamanho do halo e a capacidade degradativa dos

microrganismos (Lin et al. 1991; Fungaro e Maccheroni 2002). Índices enzimáticos maiores

que 1,0 são indicativos de excreção de enzimas (Fungaro e Maccheroni 2002).

Dos isolados avaliados quatro demonstraram ser produtores de enzimas de interesse

biotecnológico. Observa-se que os isolados NIM5 e NIM7 são produtores das mesmas

enzimas (amilases, esterases, proteases e -glucosidases) com índice enzimático com valores

próximos. O isolado NIM4 apresenta uma produção de amilase maior quando comparada aos

outros endofíticos de Nim. Tais dados sugerem que para adaptar-se as condições do vegetal,

microrganismos diferentes podem apresentar padrões semelhantes de produção de enzimas ou

padrões completamente diferentes caso seja necessário. É importante ressaltar que os

experimentos in vitro reproduzem parcialmente as condições naturais e que este padrão no

vegetal pode alterar-se.

Page 54: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

42

Barbosa (2005), Carrim (2005) e Carrim et al (2006) realizando estudos com

endofíticos isolados de plantas nativas do cerrado concluíram que todos os microrganismos

por eles isolados produziram pelo menos uma das enzimas avaliadas. As plantas avaliadas

pelos autores, assim como o Nim, são plantas utilizadas em medicina popular, sugerindo um

potencial que extrapola o farmacêutico para os microrganismos endofíticos.

Pela determinação da atividade enzimática podemos traçar um perfil das enzimas de interesse

biotecnológico produzidas pelo isolado de caverna. O isolado CAV1 é produtor de diferentes

enzimas (amilolítica, esterase, proteolítica e de β- glucosidase) estas, permitem possivelmente

uma melhor utilização dos nutrientes e uma melhor adaptação às condições diferenciadas do

ambiente cavernícola. Esta diversidade de atividade enzimática e as diversas bactérias

produtoras, sugerem um potencial das mesmas para serem empregadas na produção xaropes

de glucose e maltose (amilases), biodiesel (liases e esterases), indústria de alimentos

(pectinases, proteases, celulases e oxidoredutases), indústria farmacêutica e de couro.

Tendo em vista o número restrito de produtos disponíveis no mercado e de pesquisa

desenvolvidas, resistência as drogas disponíveis apresentadas por diversas cepas e grande

demanda industrial para a optimização de processos faz-se necessário a bioprospecção de

novos microrganismos produtores de biomoléculas. Ao analisarmos e compararmos

ambientes totalmente diferentes estamos abrindo novas possibilidades para novas

biomoléculas.

Quando comparamos o ambiente cavernícola, solo e partes internas de vegetais,

verificamos que esses ambientes são regidos por condições próprias e diferentes uma das

outras, sendo necessário o desenvolvimento pelos microrganismos de mecanismos que

garantam sua sobrevivência. Em três habitats tão distintos, encontramos microrganismos

capazes de produzir biomoléculas, fato que deve considerado com otimismo, uma vez que

amplia os habitats onde podem ser extraídas biomoléculas de interesse biotecnológico.

Page 55: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

43

6. Conclusões

Page 56: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

44

6. Conclusões

Neste estudo isolados de diversos habitats demonstraram ser produtores de

biomoléculas de interesse biotecnológico como antimicrobianos e enzimas.

Os valores obtidos nas analises de atividade antimicrobiana e produção enzimática

mostraram-se semelhantes para todos os habitats avaliados.

A metodologia de avaliação da atividade antimicrobiana com a produção de extrato

etanóico mostrou-se mais eficiente que a técnica de “plugs”

Nenhum extrato obtido a partir dos isolados apresentou citotoxicidade em baixa

concentração, tornando-os viáveis como antimicrobianos.

Page 57: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

45

8. Referências bibliográficas

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9. Anexos

Page 77: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

65

9. Anexos

9.1. Composição química dos meios de cultura e reagentes

9.1.1. Detecção de Atividade Aminolítica (Hankin & Anagnostakis 1975)

Meio Agar nutriente é acrescido com 0,2% de amido solúvel, com ajuste de pH para

6,0. Após 96 h de incubação a 30ºC as placas devem ser reveladas com vapores de Iodo

Metálico. A atividade aminolítica é revelada pela presença de halo claro ao redor da colônia.

9.1.2 Detecção da Atividade Celulolítica (Stamford et al. 1998)

KH2PO4 ........................................................................................................ 7,0 g

K2HPO4 ........................................................................................................ 2,0 g

MgSO4 7H2O ................................................................................................ 0,1 g

(NH4)2SO4 .................................................................................................... 1,0 g

Extrato de Levedura ......................................................................................0,6 g

Avicel .............................................................................................................10 g

Ágar .............................................................................................................. 15 g

H2O destilada q.s.p ................................................................................ 1000 mL

Ajustar pH para 7,0 – 7,2. Após 48h de incubação a 30ºC as placas devem ser

incubadas por mais 12 h a 50ºC. A visualização de halo claro ao redor da colônia é indicativo

positivo

9.1.3. Meio mínimo para testes de atividade enzimática

NaCl ............................................................................................................. 0,5%

K2HPO4 ........................................................................................................ 0,1%

MgSO4.7H2O .............................................................................................. 0,05%

NaNO3 ....................................................................................................... 0,05%

FeSO4.7H2O .............................................................................................. 0,01%

Ágar ................................................................................................................ 2%

Extrato de Levedura .................................................................................... 0,1%

Page 78: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

66

9.1.4. Detecção da Atividade de Endoglucanases (Melo 2000)

Meio mínimo acrescido com 0,1% de extrato de levedura e 0,1% de

caboximetilcelulose. A leitura é realizada após a exposição da placa a uma solução 1% de

brometo de cetiltrimetil amônio por uma hora a 4°C. A presença de halos claros ao redor das

colônias é indicativo positivo.

9.1.5. Detecção da Atividade Lipolítica e Esterásica (Sierra 1975)

Meio Bacto Peptona .......................................................................................10 g

NaCl ............................................................................................................. 5,0 g

CaCl2H2O ..................................................................................................... 0,1 g

Agar .............................................................................................................. 18 g

H2O destilada q.s.p ................................................................................ 1000 mL

Ajustar pH para 7,4. Após esterilizarão o meio deve ser suplementado com 1mL de

Tween 80 a concentração de 1% (v/v) para teste de atividade lipolítica; suplementação com

Tween 20 nas mesmas condições para atividade esterásica. As placas devem ser incubadas

por 48 h a 30ºC e a presença de halo opaco ao redor da colônia é indicativo positivo.

9.1.6. Detecção de Atividade Pectinolítica (Hankin et al. 1971)

Solução I

KH2PO4 ........................................................................................................ 0,2 g

K2HPO4 ...................................................................................................... 0,36 g

H2O destilada q.s.p .................................................................................. 200 mL

Solução II

Pectina ..........................................................................................................5,0 g

H2O destilada q.s.p .................................................................................. 200 mL

Solução III

(NH4)2SO4 .....................................................................................................2,0 g

FeSO4.7H2O ..............................................................................................0,001 g

Page 79: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

67

CaCl2 ........................................................................................................ 0,001 g

Extrato de Levedura ......................................................................................1,0 g

H2O destilada q.s.p ................................................................................ ..600 mL

As soluções devem ser esterilizadas separadamente e reunidas no momento da

utilização, com proporção de 200 mL solução I + 200 mL solução II + 600 mL solução III.

Após 48h de incubação a 30ºC, as placas devem ser recobertas com solução de Brometo de

Hexadeciltrimetil Amônio (CTAB) a 1% (p/v) e incubadas por 1h a temperatura ambiente.

Lavar as placas com água destilada esterilizada. A presença de halo claro ao redor da colônia

é indicativo positivo.

9.1.7. Detecção de Atividade Proteolítica (Vieira 1999)

Caldo Nutriente ............................................................................................ 8,0 g

Glucose ........................................................................................................ 1,0 g

Leite Desnatado ..........................................................................................15 mL

Ágar .............................................................................................................. 18 g

Após 48h de incubação a 30ºC as placas devem ser reveladas em solução de ácido

acético 5%. A presença de halo claro ao redor da colônia é indicativo positivo.

9.1.8. Meio sólido de Kado (Romeiro 1989)

Sacarose......................................................................................................10,0 g

Extrato de levedura........................................................................................4,0 g

Caseína hidrolisada...................................................................................... 8,0 g

MgSO4 ..........................................................................................................0,3 g

H2HPO4 ........................................................................................................ 2,0 g

Ágar.............................................................................................................15,0 g

H2O destilada q.s.p .................................................................................1000 mL

9.1.9. Ágar ISP-2

Sacarose.......................................................................................................4,0 g

Extrato de Levedura......................................................................................4,0 g

Page 80: Atividade antimicrobiana e produção de enzimas de interesse

68

Extrato de Malte..........................................................................................10,0 g

Ágar.............................................................................................................20,0 g

H2O destilada q.s.p .................................................................................1000 mL

pH= 7,0