92
Aula 00 (Pós-Edital) Direito Penal p/ TJDFT - Técnico Judiciário (Área Administrativa) - com videoaulas Professor: Renan Araujo

Aula 00

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Direito Penal - Estratégia - TJDFT.

Citation preview

  • Aula 00 (Ps-Edital)Direito Penal p/ TJDFT - Tcnico Judicirio (rea Administrativa) - com videoaulas

    Professor: Renan Araujo

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 1 de 91

    AULA DEMONSTRATIVA: INFRAO PENAL.

    APLICAO DA LEI PENAL NO TEMPO; NO

    ESPAO; EM RELAO S PESSOAS.

    DISPOSIES PRELIMINARES DO CP.

    SUMRIO PGINA Apresentao da aula e sumrio 01 I Infrao Penal 05 II Aplicao da Lei Penal 10

    1. Lei penal no tempo 10 2. Lei penal no espao 22 3. Lei penal em relao s pessoas 33

    III Contagem de Prazos Penais 43 IV Eficcia da sentena estrangeira 44 V Interpretao da Lei Penal 47 Lista das questes da aula 51 Questes comentadas 63 Gabarito 90

    Ol, meus amigos!

    com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo

    ESTRATGIA CONCURSOS, tendo a oportunidade de poder contribuir

    para a aprovao de vocs no concurso do TRIBUNAL DE JUSTIA DO

    DF E TERRITRIOS (2015). Ns vamos estudar teoria e comentar

    exerccios sobre DIREITO PENAL, para o cargo de TCNICO

    JUDICIRIO REA ADMINISTRATIVA. E a, povo, preparados para a maratona?

    O edital acabou de ser publicado, e a Banca, como j

    sabamos, ser o CESPE. As provas esto agendadas para o dia

    20.12.2015.

    Bom, est na hora de me apresentar a vocs, no ?

    Meu nome Renan Araujo, tenho 28 anos, sou Defensor Pblico

    Federal desde 2010, atuando na Defensoria Pblica da Unio no Rio de

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 2 de 91

    Janeiro, e mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da

    UERJ. Antes, porm, fui servidor da Justia Eleitoral (TRE-RJ), onde

    exerci o cargo de Tcnico Judicirio, por dois anos. Sou Bacharel em

    Direito pela UNESA e ps-graduado em Direito Pblico pela Universidade

    Gama Filho.

    Disse a vocs minha idade propositalmente. Minha trajetria de vida

    est intimamente ligada aos Concursos Pblicos. Desde o comeo da

    Faculdade eu sabia que era isso que eu queria para a minha vida! E

    querem saber? Isso faz toda a diferena! Algumas pessoas me perguntam

    como consegui sucesso nos concursos em to pouco tempo. Simples:

    Foco + Fora de vontade + Disciplina. No h frmula mgica, no h

    ingrediente secreto! Basta querer e correr atrs do seu sonho! Acreditem

    em mim, isso funciona!

    Bom, como j adiantei, neste curso estudaremos todo o contedo

    de Direito Penal previsto no edital. Estudaremos teoria e vamos

    trabalhar tambm com exerccios comentados.

    Abaixo segue o plano de aulas do curso todo:

    AULA CONTEDO DATA

    Aula 00 Aplicao da Lei Penal. Infrao penal.

    Disposies preliminares do CP. 13/10

    Aula 01 Do Crime (parte I) 16/10

    Aula 02 Do Crime (parte II). Imputabilidade.

    Extino da punibilidade. Ao penal. 19/10

    Aula 03 Concurso de pessoas e concurso de

    crimes. 24/10

    Aula 04 Improbidade administrativa (Lei 8.429/92) 29/10

    As aulas sero disponibilizadas no site conforme o cronograma

    apresentado. Em cada aula eu trarei algumas questes que foram

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 3 de 91

    cobradas recentemente em concursos pblicos. Nosso curso

    contar quase que exclusivamente com questes do CESPE (mais

    de 90% de questes do CESPE), buscando sempre trazer tambm

    as questes que foram recentemente cobradas pela Banca.

    ATENO! Como nosso curso j estava sendo ministrado desde o

    comeo do ano, vocs encontraro na rea do aluno TODAS as aulas do

    curso j postadas (aulas pr-edital). Porm, como sempre buscamos

    melhorar nossos cursos, acrescentar novas jurisprudncias, novas

    questes, etc., elaboramos um novo cronograma (conforme mostrado

    acima), com o intuito de republicar as aulas (de acordo com as novas

    datas).

    Assim que a aula nova for publicada (aula ps-edital), a aula antiga ser

    retirada do site, de forma que, ao final do curso, todas as aulas estaro

    perfeitamente atualizadas com questes de 2015, jurisprudncias, etc.

    Alm do nosso material em formato PDF, teremos, ainda

    videoaulas de apoio, de forma a complementar nossa preparao.

    Sero aproximadamente 15 vdeos (com durao de 20 a 35 minutos

    cada, aproximadamente), que versaro sobre os pontos mais

    importantes da matria.

    No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos!

    Prof. Renan Araujo

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 4 de 91

    Observao importante: este curso protegido por direitos autorais

    (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida

    a legislao sobre direitos autorais e d outras providncias.

    Grupos de rateio e pirataria so clandestinos, violam a lei e prejudicam os

    professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe

    adquirindo os cursos honestamente atravs do site Estratgia Concursos.

    ;-)

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 5 de 91

    I INFRAO PENAL CONCEITO E ESPCIES

    A infrao penal um fenmeno social, disso ningum duvida. Mas

    como defini-la?

    Podemos conceituar infrao penal como:

    A conduta, em regra praticada por pessoa humana, que ofende

    um bem jurdico penalmente tutelado, para a qual a lei estabelece

    uma pena, seja ela de recluso, deteno, priso simples ou

    multa.

    Assim, um dos princpios que podemos extrair o princpio da

    lesividade, que diz que s haver infrao penal quando a pessoa

    ofender (lesar) bem jurdico de outra pessoa. Assim, se uma pessoa pega

    um chicote e se autolesiona com mais de 100 chibatadas, a nica punio

    que ela receber ficar com suas costas ardendo, pois a conduta

    indiferente para o Direito Penal.

    A infrao penal o gnero do qual decorrem duas espcies,

    crime e contraveno.

    Vamos dividir, desta forma, o nosso estudo. Primeiramente vamos

    analisar o crime (conceito e elementos). Depois, vamos analisar o que diz

    a lei acerca das contravenes penais.

    I.A) Conceito de Crime

    Muito se buscou na Doutrina acerca disso, tendo surgido inmeras

    posies a respeito. Vamos tratar das principais.

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 6 de 91

    O Crime pode ser entendido sob trs aspectos: Material, legal e

    analtico.

    Sob o aspecto material, crime toda ao humana que lesa ou

    expe a perigo um bem jurdico de terceiro, que, por sua

    relevncia, merece a proteo penal. Esse aspecto valoriza o crime

    enquanto contedo, ou seja, busca identificar se a conduta ou no apta

    a produzir uma leso a um bem jurdico penalmente tutelado.

    Assim, se uma lei cria um tipo penal dizendo que proibido chorar

    em pblico, essa lei no estar criando uma hiptese de crime em seu

    sentido material, pois essa conduta NUNCA SER crime em sentido

    material, pois no produz qualquer leso ou exposio de leso a bem

    jurdico de quem quer que seja. Assim, ainda que a lei diga que crime,

    materialmente no o ser.

    Sob o aspecto legal, ou formal, crime toda infrao penal a

    que a lei comina pena de recluso ou deteno. Nos termos do art.

    1 da Lei de Introduo ao CP:

    Art 1 Considera-se crime a infrao penal que a lei comina pena de recluso

    ou de deteno, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente

    com a pena de multa; contraveno, a infrao penal a que a lei comina,

    isoladamente, pena de priso simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou

    cumulativamente.

    Percebam que o conceito aqui meramente legal. Se a lei cominar

    a uma conduta a pena de deteno ou recluso, cumulada ou

    alternativamente com a pena de multa, estaremos diante de um

    crime.

    Por outro lado, se a lei cominar a apenas priso simples ou multa,

    alternativa ou cumulativamente, estaremos diante de uma contraveno

    penal.

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 7 de 91

    Esse aspecto consagra o sistema dicotmico adotado no Brasil, no

    qual existe um gnero, que a infrao penal, e duas espcies, que so o

    crime e a contraveno penal. Assim:

    9HMDPTXHTXDQGRVHGL]LQIUDomRSHQDOHVWiVHXVDQGRXPWHUPRJHQpULFRTXHSRGHWDQWRVHUHIHULUDXPFULPHRXDXPDFRQWUDYeno SHQDO2WHUPRGHOLWRQR%UDVLOpVLQ{QLPRGHFULPH

    O crime pode ser conceituado, ainda, sob um aspecto analtico,

    que o divide em partes, de forma a estruturar seu conceito.

    Primeiramente, surgiu a teoria quadripartida do crime, que

    entendia que crime era todo fato tpico, ilcito, culpvel e punvel. Hoje

    praticamente inexistente.

    Depois, surgiram os defensores da teoria tripartida do crime, que

    entendiam que crime era o fato tpico, ilcito e culpvel. Essa a teoria

    que predomina no Brasil, embora haja muitos defensores da terceira

    teoria.

    A terceira e ltima teoria acerca do conceito analtico de crime

    entende que este o fato tpico e ilcito, sendo a culpabilidade mero

    pressuposto de aplicao da pena. Ou seja, para esta corrente, o conceito

    de crime bipartido (teoria bipartida), bastando para sua

    caracterizao que o fato seja tpico e ilcito.

    INFRAO PENAL

    CRIMES (Delito) CONTRAVENES

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 8 de 91

    As duas ltimas correntes possuem defensores e argumentos de

    peso. Entretanto, a que predomina ainda a corrente tripartida. Portanto,

    na prova objetiva, recomendo que adotem esta, a menos que a banca

    seja muito explcita e vocs entenderem que eles claramente so adeptos

    da teoria bipartida, o que acho pouco provvel.

    Todos os trs aspectos (material, legal e analtico) esto presentes

    no nosso sistema jurdico-penal. De fato, uma conduta pode ser

    materialmente crime (furtar, por exemplo), mas no o ser se no houver

    previso legal (no ser legalmente crime). Poder, ainda, ser

    formalmente crime (no caso da lei que citei, que criminalizava a conduta

    de chorar em pblico), mas no o ser materialmente se no trouxer

    leso ou ameaa a leso de algum bem jurdico de terceiro.

    Desta forma:

    Esse ltimo conceito de crime (sob o aspecto analtico), o que vai

    nos fornecer os subsdios para que possamos estudar os elementos do

    crime (Fato tpico, ilicitude e culpabilidade). Entretanto, isso tema para

    nossa prxima aula apenas!

    I. b) Contraveno Penal

    CONCEITO DE CRIME

    ASPECTO MATERIAL ASPECTO LEGAL ASPECTO ANALTICO

    Teoria quadripartida Teoria tripartida Teoria bipartida

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 9 de 91

    As contravenes penais so infraes penais que tutelam bens

    jurdicos menos relevantes para a sociedade e, por isso, as penas

    previstas para as contravenes so bem mais brandas. Nos termos do

    art. 1 do da Lei de Introduo ao Cdigo Penal:

    Art 1 Considera-se crime a infrao penal que a lei comina pena de recluso

    ou de deteno, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente

    com a pena de multa; contraveno, a infrao penal a que a lei

    comina, isoladamente, pena de priso simples ou de multa, ou ambas.

    alternativa ou cumulativamente.

    Percebam que a Lei estabelece que se considera contraveno a

    infrao penal para a qual a lei estabelea pena de priso simples ou

    multa.

    Percebam, portanto, que a Lei estabelece um ntido patamar

    diferenciado para ambos os tipo de infrao penal. Trata-se de uma

    escolha poltica, ou seja, o legislador estabelece qual conduta ser

    considerada crime e qual conduta ser considerada contraveno, de

    acordo com sua noo de lesividade para a sociedade.

    Mas professor, qual a diferena prtica em saber se a

    conduta crime ou contraveno? Muitas, meu caro! Vejamos:

    CRIMES CONTRAVENES

    Admitem tentativa (art. 14, II). No se admite prtica de

    contraveno na modalidade

    tentada. Ou se pratica a

    contraveno consumada ou se

    trata de um indiferente penal

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 10 de 91

    Se cometido crime, tanto no Brasil

    quanto no estrangeiro, e vier o

    agente a cometer contraveno,

    haver reincidncia.

    A prtica de contraveno no

    exterior no gera efeitos

    penais, inclusive para fins de

    reincidncia. S h efeitos penais

    em relao contraveno

    praticada no Brasil!

    Tempo mximo de cumprimento de

    pena: 30 anos.

    Tempo mximo de cumprimento de

    pena: 05 anos.

    Aplicam-se as hipteses de

    extraterritorialidade (alguns crimes

    cometidos no estrangeiro, em

    determinadas circunstncias,

    podem ser julgados no Brasil)

    No se aplicam as hipteses de

    extraterritorialidade do art. 7

    do Cdigo Penal.

    No se prendam a estas diferenas! Para o estudo desta aula o que

    importa saber que H DIFERENAS PRTICAS entre ambos.

    Portanto, crime e contraveno so termos relacionados

    mesma categoria (infrao penal), mas no se confundem,

    existindo diferenas prticas entre ambos.

    II APLICAO DA LEI PENAL

    1. Aplicao da Lei penal no tempo

    A Lei Penal, como toda e qualquer lei, entra no mundo jurdico em

    um determinado momento e vigora at sua revogao, regulando todos

    os fatos praticados nesse nterim. Entretanto, nem sempre as coisas so

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 11 de 91

    to simples, surgindo situaes verdadeiramente excepcionais e

    complexas.

    certo, meus caros, que as leis se sucedem no tempo, pois da

    natureza humana a mudana de pensamento. Assim, o que hoje

    considerado crime, amanh pode no o ser, e vice-versa. claro,

    tambm, que quando uma lei revoga a outra, a lei revogadora deve

    abordar a matria de forma, ao menos um pouco, diferente do modo

    como tratava a lei revogada, caso contrrio, seria uma lei absolutamente

    intil. A esse fenmeno damos o nome de Princpio da continuidade

    das leis.

    A revogao, por sua vez, o fenmeno que compreende a

    substituio de uma norma jurdica por outra. Essa substituio pode ser

    total ou parcial. No primeiro caso, temos o que se chama de ab-rogao,

    e no segundo caso, derrogao.

    A revogao, como vimos, pode ser total ou parcial. Mas pode, ainda,

    ser expressa ou tcita. Diz-se que expressa quando a nova lei diz

    expressamente que revoga a lei anterior. Por exemplo, a lei 11.343/06

    (nova lei de drogas) diz em seu art. 75, que ficam revogadas as

    disposies contidas na lei 6.368/76.

    Por sua vez, a revogao tcita ocorre quando a lei nova, embora

    no diga nada com relao revogao da lei antiga, trata da mesma

    matria, s que de forma diferente.

    Assim:

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 12 de 91

    Desta forma, a lei produz efeitos desde sua vigncia at sua

    revogao.

    CUIDADO! No perodo de vacatio legis (Perodo entre a publicao da

    Lei e sua entrada em vigor, geralmente de 45 dias) a lei ainda no

    vigora! Ou seja, ela ainda no produz efeitos!

    Em termos grficos:

    REVOGAO

    EXPRESSA (Lei diz expressamente que a anterior fica revogada)

    TCITA (Lei nova no diz nada, mas aborda a mesma matria, de

    forma diferente)

    REVOGAO

    TOTAL = Ab-rogao (Lei nova revoga totalmente a

    anterior)

    PARCIAL Derrogao (Lei nova revoga apenas alguns dispositivos da lei vigente, que

    permanece em vigor)

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 13 de 91

    Publicao Entrada em vigor Revogao

    |----------|-------------------------------------------------------|

    Vacatio Legis PRODUO DE EFEITOS

    Logo, podemos perceber que a lei penal, assim como qualquer lei,

    somente produz efeitos durante o seu perodo de vigncia. o que se

    chama de princpio da atividade da lei.

    Em alguns casos, porm, a lei penal pode produzir efeitos e atingir

    fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor e, at mesmo, continuar

    produzindo efeitos mesmo aps sua revogao. Vamos analis-los

    individualmente.

    1.1. Conflito de Leis penais no Tempo

    Ocorrendo a revogao de uma lei penal por outra, algumas

    situaes iro ocorrer, e as consequncias de cada uma delas dependero

    da natureza da norma revogadora.

    A) Lei nova incriminadora

    Nesse caso, a lei nova atribui carter criminoso ao fato. Ou seja, at

    ento, o fato no era crime. Nesse caso, a soluo bastante simples: A

    lei nova produzir efeitos a partir de sua entrada em vigor, como

    toda e qualquer lei, seguindo a regra geral da atividade da lei.

    B) Lex Gravior1

    1 Tambm chamada de ou Novatio Legis in Pejus ou Lei nova mais gravosa.

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 14 de 91

    Aqui, a lei posterior no inova no que se refere natureza criminosa

    do fato, pois a lei anterior j estabelecia que o fato era considerado

    criminoso. No entanto, a lei nova estabelece uma situao mais

    gravosa ao ru.

    EXEMPLO: O crime de homicdio simples (art. 121 do CP) possui pena

    mnima de 06 e pena mxima de 20 anos. Imaginemos que entrasse em

    vigor uma lei que estabelecesse que a pena para o crime de homicdio

    seria de 10 a 30 anos. Nesse caso, a lei nova, embora no inove no que

    tange criminalizao do homicdio, traz uma situao mais gravosa

    para o fato. Assim, produzir efeitos somente a partir de sua

    vigncia, no alcanando fatos pretritos

    Frise-se que a lei nova ser considerada mais gravosa ainda que no

    aumente a pena prevista para o crime. Basta que traga qualquer

    prejuzo ao ru2, como forma de cumprimento da pena, reduo ou

    eliminao de benefcios, etc.

    C) Abolitio Criminis

    A abolitio criminis ocorre quando uma lei penal incriminadora vem

    a ser revogada por outra, que prev que o fato deixa de ser considerado

    crime.

    EXEMPLO6XSRQKDPRVTXHD/HL$SUHYHMDTXHpFULPHGLULJLUYHtFXORautomotor VRED LQIOXrQFLDGHiOFRRO9LQGRD/HL %DGHWHUPLQDUTXHdirigir veculo automotor sob a influncia de lcool no crime, ocorreu o

    fenmeno da abolitio criminis.

    2 BITENCOURT, Op. cit., p. 208

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 15 de 91

    Nesse caso, como a lei posterior deixa de considerar o fato

    crime, ela produzir efeitos retroativos, alcanado os fatos

    praticados mesmo antes de sua vigncia, em homenagem ao art. 5,

    XL da Constituio Federal e ao art. 2 do Cdigo Penal3.

    claro que quando uma lei deixa de considerar um determinado fato

    como crime, ela est beneficiando aquele praticou o fato e que,

    porventura, esteja respondendo criminalmente por ele, ou at mesmo,

    cumprindo pena em decorrncia da condenao pelo fato.

    Em casos tais, ocorre o que se chama de retroatividade da Lei

    Penal, que passa a produzir efeitos sobre fatos ocorridos anteriormente

    sua vigncia.

    CUIDADO! No confundam abolitio criminis

    com continuidade tpico-normativa. Em

    alguns casos, embora a lei nova revogue um

    determinado artigo que previa um tipo penal,

    ela simultaneamente insere esse fato dentro de

    outro tipo penal.4 Neste caso no h abolitio

    criminis, pois a conduta continua sendo

    considerada crime, ainda que por outro tipo

    3 Art. 5 (...) XL - a lei penal no retroagir, salvo para beneficiar o ru; [...] Art. 2 - Ningum pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execuo e os efeitos penais da sentena condenatria. 4 A Lei 12.015/09 revogou o art. 214 do CP, que previa o crime de atentado violento ao pudor. Entretanto, ao mesmo tempo, ampliou a descrio do tipo penal do estupro para abranger tambm a prtica de atos libidinosos diversos da conjuno carnal, que era a descrio do tipo penal de atentado violento ao pudor. Assim, o que a Lei 12.015/09 fez, no foi descriminalizar o Atentado Violento ao Pudor, mas dar a ele novo contorno jurdico, passando agora o fato a ser enquadrado como crime de estupro, tendo, inclusive, previsto a mesma pena anteriormente cominada ao Atentado Violento ao Pudor. Assim, no houve abolitio criminis, pois o fato no deixou de ser crime, apenas passou a ser tratado em outro tipo penal.

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 16 de 91

    penal.5

    D) Lex Mitior ou Novatio legis in mellius

    A Lex mitior, ou novatio legis in mellius, ocorre quando uma lei

    posterior revoga a anterior trazendo uma situao mais benfica

    ao ru. Nesse caso, em homenagem ao art. 5, XL da Constituio, j

    transcrito, a lei nova retroage para alcanar os fatos ocorridos

    anteriormente sua vigncia. Essa previso est contida tambm no art.

    2, nico do CP6.

    Vejam que o Cdigo Penal estabelece que a aplicao da lei nova

    se dar ainda que o fato (crime) j tenha sido julgado por

    sentena transitada em julgado.

    E) Lei posterior que traz benefcios e prejuzos ao ru

    Pode ocorrer, no entanto, que a lei nova tenha alguns pontos mais

    favorveis e outros mais prejudiciais ao ru.

    EXEMPLO: Suponhamos que Maria tenha praticado crime de furto, cuja

    pena de 1 a 04 anos de recluso, e multa. Posteriormente, sobrevm

    uma lei que estabelece que a pena passa a ser de 02 a 06 anos de

    5 Tambm no h abolitio criminis quando a lei nova revoga uma lei especial que

    criminaliza um determinado fato, mas que mesmo assim, est enquadrado

    como crime numa norma geral. Explico:

    ,PDJLQH TXH D /HL $SUHYHMD R FULPHGH URXER D HPSUHVD GH WUDQVSRUWH GH YDORUHVFRP SHQD GH D DQRV 3RVWHULRUPHQWH HQWUD HP YLJRU D /HL % TXH revoga H[SUHVVDHWRWDOPHQWHD/HL$3RGH-se dizer que o roubo a empresa de transporte de valores deixou de ser crime? Claro que no, pois a conduta, o fato, est previsto no art. 157 do Cdigo Penal (crime de roubo). Assim, apenas deixou de existir a lei especial que previa pena diferenciada para este fato, passando o mesmo a ser regido pelo tipo previsto no Cdigo Penal. Pode-se dizer, no entanto, que houve novatio legis in mellius, ou Lex mitior, que a supervenincia de lei mais benfica. 6 Art. 2 (...) Pargrafo nico - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentena condenatria transitada em julgado.

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 17 de 91

    deteno, sem multa. Percebam que a lei nova mais benfica pois

    extinguiu a pena de multa, e estabeleceu o regime de deteno,

    mas mais gravosa pois aumentou a pena mnima e a pena

    mxima.

    Nesse caso, como avaliar se a lei mais benfica ou mais gravosa? E

    mais, ser que possvel combinar as duas leis para se achar a soluo

    mais benfica para o ru? Duas correntes se formaram:

    1 corrente: No possvel combinar as leis penais para se extrair

    os pontos favorveis de cada uma delas, pois o Juiz estaria criando uma

    terceira lei (Lex tertia), o que seria uma violao ao princpio da

    Separao dos Poderes, j que no cabe ao Judicirio legislar. Essa a

    TEORIA DA PONDERAO UNITRIA ou GLOBAL.

    2 corrente: possvel a combinao das duas leis, de forma a

    selecionar os institutos favorveis de cada uma delas, sem que com isso

    se esteja criando uma terceira lei, pois o Juiz s estaria agindo dentro dos

    limites estabelecidos pelo prprio legislador. Essa a TEORIA DA

    PONDERAO DIFERENCIADA.

    O STF, embora tenha vacilado em alguns momentos, firmou

    entendimento no sentido de que deve ser adotada a TEORIA DA

    PONDERAO UNITRIA7, devendo ser aplicada apenas uma das leis,

    em homenagem aos princpios da reserva legal e da separao dos

    Poderes do Estado. O STJ sempre adotou esta posio8.

    7 Entretanto, no julgamento do RE 596152/SP, o STF adotou posio contrria, ou seja,

    permitiu a combinao de leis. Trata-se de uma deciso isolada, portanto, no

    FDUDFWHUL]DXPDMXULVSUXGrQFLDGHYHUGDGH 8 E de forma a consolidar sua tese, o STJ editou o verbete n 501 de sua smula de

    jurisprudncia, entendendo, relativamente aos crimes da lei de drogas, a

    impossibilidade de combinao de leis. Vejamos:

    SMULA N 501

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 18 de 91

    E quem deve aplicar a nova lei penal mais benfica ou a nova

    lei penal abolitiva? O Supremo Tribunal Federal (STF) firmou

    entendimento no sentido de que DEPENDE DO MOMENTO:

    x Processo ainda em curso Compete ao Juzo que est conduzindo o processo

    x Processo j transitado em julgado Compete ao Juzo da execuo penal.

    Nos termos da smula 611 do STF:

    SMULA N 611

    Transitada em julgado a sentena condenatria, compete ao Juzo das execues a aplicao da lei mais benigna.

    Mas e se a lei nova for revogada por outra lei mais gravosa?

    Nesse caso, a lei mais gravosa no se aplicar aos fatos regidos pela lei

    mais benfica, pois isso seria uma retroatividade da lei em prejuzo do

    ru. No momento em que a lei intermediria (a que revogou, mas foi

    revogada) entrou em vigor, passou a reger os fatos ocorridos antes de

    sua vigncia. Sobrevindo lei posterior mais grave, aplica-se a regra geral

    da irretroatividade da Lei em relao a esta ltima.

    Lei A (gravosa) Lei B (Mais benfica) Lei C (Mais gravosa)

    EFEITOS DA LEI B EFEITOS DA LEI C

    |----|------|------------------------------------------------------|

    Fato VIGNCIA DA LEI B

    cabvel a aplicao retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidncia das suas disposies, na ntegra, seja mais favorvel ao ru do que o advindo da aplicao da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinao de leis.

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 19 de 91

    No caso representado pelo esquema acima, a Lei B produzir efeitos

    mesmo aps sua revogao pela Lei C (em relao aos fatos praticados

    durante sua vigncia e ANTES de sua vigncia). Nesse caso, diz-se que h

    a ULTRATIVIDADE DA LEI B.9

    Excepcional a situao das leis intermitentes, que se dividem em

    leis excepcionais e leis temporrias. As leis excepcionais so

    aquelas que so produzidas para vigorar durante determinada situao.

    Por exemplo, estado de stio, estado de guerra, ou outra situao

    excepcional. Lei temporria aquela que editada para vigorar durante

    determinado perodo, certo, cuja revogao se dar automaticamente

    quando se atingir o termo final de vigncia, independentemente de se

    tratar de uma situao normal ou excepcional do pas.

    No caso destas leis, dado seu carter transitrio, o fato de estas

    leis virem a ser revogadas irrelevante! Isso porque a revogao

    decorrncia natural do trmino do prazo de vigncia da lei. Assim, aquele

    que cometeu o crime durante a vigncia de uma destas leis

    responder pelo fato, nos moldes em que previsto na lei, mesmo

    aps o fim do prazo de durao da norma.

    Isso uma questo de lgica, pois, se assim no o fosse, bastaria

    que o ru procrastinasse o processo at data prevista para a revogao

    da lei a fim de que fosse decretada a extino de sua punibilidade. Isso

    est previsto no art. 3 do Cdigo Penal:

    Art. 3 - A lei excepcional ou temporria, embora decorrido o perodo de sua durao ou cessadas as circunstncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigncia.

    CUIDADO! Sempre se entendeu que a posterior revogao da lei

    temporria no afetaria os fatos praticados durante sua vigncia. Isso

    9 Quando a lei aplicada fora de seu perodo de vigncia, diz-se que h extratividade. A extratividade pode ocorrer em razo da ultratividade ou da retroatividade, a depender do caso. A extratividade, portanto, um gnero, que comporta duas espcies: retroatividade e ultratividade. BITENCOURT, Op. cit., p. 207/209

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 20 de 91

    deve ser analisado com cautela.

    Existem duas hipteses absolutamente distintas.

    EXEMPLO ([LVWH XPD /HL $ TXH GL] TXH p FULPH YHQGHU TXDOTXHUcerveja que no seja a cerYHMDUHGRQGDGXUDQWHDUHDOL]DomRGD&RSDdo Mundo no Brasil. Essa lei tem durao prevista at o dia da final da

    Copa. Jos foi preso em flagrante, durante uma das semifinais da Copa

    GR 0XQGR YHQGHQGR D FHUYHMD TXDGUDGD H SRUWDQWR SUDWLFDQGR RcrimHSUHYLVWRQD/HL$ Dessa situao, duas hipteses podem ocorrer:

    01 $ /HL $ GHL[D GH YLJRUDU QDWXUDOPHQWH SRUTXH VH SUD]R GHvalidade expirou Nenhuma consequncia prtica em favor de Jos, pois a expirao da validade o processo natural da lei penal temporria.

    02 O Governo entende que um absurdo criminalizar tais condutas que, na verdade, tem como nica finalidade proteger interesses

    econmicos de particulares e, em razo, disso, edita uma nova Lei (aps

    a expirao da lei temporria) que prev a descriminalizao da conduta

    incriminada Nesse caso, teremos abolitio criminis, e isso ter efeitos prticos para Jos. O mesmo ocorreria se o Governo, ao invs de

    proceder descriminalizao da conduta, tivesse abrandado a pena (lex

    mitior). Essa lei iria retroagir.

    CUIDADO! Eu j vi este tema ser abordado das mais diversas formas. J

    vi Banca entendendo que a lei temporria ser aplicada mesmo que

    sobrevenha lei nova, abolindo o crime. Isso complicado, porque traz

    insegurana ao candidato. Contudo, a vai meu conselho: Lei temporria

    SURGX] HIHLWRV DSyV VXD UHYRJDomR QDWXUDO H[SLUDomR GR SUD]R GHvalidade). Se houver supervenincia de lei abolitiva expressamente

    revogando a criminalizao prevista na lei temporria, ela no mais

    produzir efeitos. Assim, cuidado com a abordagem na prova.

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 21 de 91

    1.2. Tempo do crime

    Para podermos aplicar corretamente a lei penal, necessrio saber

    quando se considerada praticado o delito. Trs teorias buscam explicar

    quando se considera praticado o crime:

    1) Teoria da atividade O crime se considera praticado quando da ao ou omisso, no importando quando ocorre o resultado. a

    teoria adotada pelo art. 4 do Cdigo Penal, vejamos:

    Art. 4 - Considera-se praticado o crime no momento da ao ou omisso, ainda que outro seja o momento do resultado.

    2) Teoria do resultado Para esta teoria, considera-se praticado o crime quando da ocorrncia do resultado, independentemente de

    quando fora praticada a ao ou omisso.

    3) Teoria da ubiquidade ou mista Para esta teoria, considera-se praticado o crime tanto no momento da ao ou omisso quanto

    no momento do resultado.

    Como vimos, nosso Cdigo adotou a teoria da atividade como a

    aplicvel ao tempo do crime. Isto representa srios reflexos na

    aplicao da lei penal, pois esta depende da data do fato, que, como

    vimos, a data da conduta.

    Nos crimes permanentes, aplica-se a lei em vigor ao final da

    permanncia delitiva, ainda que mais gravosa que a do incio. O

    mesmo ocorre nos crimes continuados, hiptese em que se aplica a lei

    vigente poca do ltimo ato (crime) praticado. Essa tese est

    consagrada pelo STF, atravs do enunciado n 711 da smula de sua

    Jurisprudncia:

    SMULA N 711 A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigncia anterior cessao da continuidade ou da permanncia.

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 22 de 91

    Mas isso no ofende o princpio da irretroatividade da lei mais

    gravosa? No, pois neste caso NO H RETROATIVIDADE. Neste

    caso, a lei mais grave est sendo aplicada a um crime que ainda est

    sendo praticado, e no a um crime que j foi praticado.10

    2. Aplicao da lei penal no espao

    To importante quanto conhecer as mincias referentes aplicao

    da lei penal no tempo conhecer as regras atinentes lei penal no

    espao.

    Toda lei editada para vigorar num determinado tempo e num

    determinado espao. No que tange lei penal, via de regra ela se aplica

    dentro do territrio do pas em que foi editada, pois este o limite do

    exerccio da soberania de cada Estado. Ou seja, nenhum Estado pode

    exercer sua soberania fora de seu territrio.

    Vamos estudar, ento, as regras referentes aplicao da lei penal

    no espao.

    2.1. Princpio da Territorialidade

    Essa a regra no que tange aplicao da lei penal no espao. Pelo

    princpio da territorialidade, aplica-se lei penal aos crimes cometidos

    no territrio nacional. Assim, no importa se o crime foi cometido por

    estrangeiro ou contra vtima estrangeira. Se cometido no territrio

    nacional, submete-se lei penal brasileira.

    o que prev o art. 5 do Cdigo Penal:

    10 Cezar Roberto Bitencourt critica parcialmente a smula, ao entendimento de que ela poderia ser aplicvel ao crime permanente, sem nenhuma violao irretroatividade da lei mais gravosa, mas a mesma soluo no poderia ser adotada em relao ao crime continuado, por no se tratar de crime nico com execuo prolongada no tempo, e sim mera fico jurdica que considera como crime nico (para fins de aplicao da pena), uma srie de delitos. BITENCOURT, Op. cit., p. 220. A maioria da Doutrina, contudo, no tece crticas smula. Ver, por todos, BITENCOURT, Op. cit., p. 120.

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 23 de 91

    Art. 5 - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuzo de convenes, tratados e

    regras de direito internacional, ao crime cometido no territrio nacional.

    Na verdade, como o Cdigo Penal admite algumas excees,

    podemos dizer que o nosso Cdigo adotou O PRINCPIO DA

    TERRITORIALIDADE MITIGADA OU TEMPERADA.11

    Territrio pode ser conceituado como espao em que o Estado

    exerce sua soberania poltica. O territrio brasileiro compreende:

    x O Mar territorial; x O espao areo (Teoria da absoluta soberania do pas

    subjacente);

    x O subsolo

    So considerados como territrio brasileiro por extenso:

    x Os navios e aeronaves pblicos, onde quer que se encontrem

    x Os navios e aeronaves particulares, que se encontrem em alto-mar ou no espao areo

    Assim, aos crimes praticados nestes locais aplica-se a lei brasileira,

    pelo princpio da territorialidade.

    ATENO! Como sabemos, a Lei penal brasileira ser aplicada aos

    crimes cometidos a bordo de aeronaves ou embarcaes estrangeiras,

    mercantes ou de propriedade privada, desde que se encontrem no

    espao areo brasileiro ou em pouso no territrio nacional, ou, no caso

    das embarcaes, em porto ou mar territorial brasileiro.

    11 Ver, por todos, GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 123/124 e GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 222.

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 24 de 91

    Contudo, a Doutrina aponta uma exceo aplicao da lei penal

    brasileira neste caso. Trata-se do PRINCPIO DA PASSAGEM

    INOCENTE. Este princpio, decorrente do Direito Internacional Martimo,

    estabelecido na Conveno de Montego Bay (1982), que foi assinada

    pelo Brasil, prev que uma embarcao de propriedade privada, de

    qualquer nacionalidade, possui o direito de atravessar o territrio de uma

    nao, desde que no ameace a paz, a segurana e a boa ordem do

    Estado.

    Aplicando tal princpio ao Direito Penal, a Doutrina entende que se um

    crime for praticado a bordo de uma embarcao que se encontre em

    SDVVDJHP LQRFHQWH QmR VHUi DSOLFiYHO D OHL EUDVLOHLUD D HVWH FULPHdesde que o crime em questo no afete nenhum bem jurdico nacional.

    Ex.: Um americano mata um holands dentro de um navio

    argentino em situao de passagem inocente.

    A Doutrina estende a aplicao do princpio tambm s aeronaves

    privadas em situao semelhante.

    CUIDADO! Este princpio s se aplica s embarcaes ou aeronaves que

    utilizHP R WHUULWyULR GR %UDVLO FRPR PHUD SDVVDJHP 6H R %UDVLO p Rdestino da aeronave ou embarcao, no h aplicao do princpio.

    Assim, para que possamos trabalhar com este princpio na prova, a

    TXHVWmRGHYHGHL[DUFODUDDVLWXDomRGHSDVVDJHPLQRFHQWH

    2.2. Princpio da Personalidade ou da nacionalidade

    Divide-se em princpio da personalidade ativa e da personalidade

    passiva.

    Pelo princpio da personalidade ativa, aplica-se a lei penal brasileira

    ao crime cometido por brasileiro, ainda que no exterior. As hipteses de

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 25 de 91

    DSOLFDomR GHVWH SULQFtSLR HVWmR SUHYLVWDV QR DUW , G H ,, E GRCPB:

    Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

    I - os crimes:

    (...)

    d) de genocdio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

    (...)

    II - os crimes:

    (...)

    b) praticados por brasileiro;

    No primeiro caso, basta que o crime de genocdio tenha sido

    cometido por brasileiro para que a lei brasileira seja aplicada, no

    havendo qualquer condio alm desta.

    No segundo caso (crime comum cometido por brasileiro no exterior),

    algumas condies devem estar presentes, conforme preceitua o 2 do

    art. 7 do CPB:

    2 - Nos casos do inciso II, a aplicao da lei brasileira depende do concurso das seguintes condies: (Includo pela Lei n 7.209, de 1984)

    a) entrar o agente no territrio nacional; (Includo pela Lei n 7.209, de 1984)

    b) ser o fato punvel tambm no pas em que foi praticado; (Includo pela Lei n 7.209, de 1984)

    c) estar o crime includo entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradio; (Includo pela Lei n 7.209, de 1984)

    d) no ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou no ter a cumprido a pena; (Includo pela Lei n 7.209, de 1984)

    e) no ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, no estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorvel. (Includo pela Lei n 7.209, de 1984)

    Assim, no basta que o crime tenha sido cometido por brasileiro,

    necessrio que as condies acima estejam presentes, ou seja: O fato

    deve ser punvel tambm no local onde fora cometido o crime; deve o

    agente entrar no territrio brasileiro; O crime deve estar includo no rol

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 26 de 91

    daqueles que autorizam extradio e no pode o agente ter sido absolvido

    ou ter sido extinta sua punibilidade no estrangeiro.

    Pelo princpio da personalidade passiva, aplica-se a lei brasileira

    aos crimes cometidos contra brasileiro, ainda que no exterior. Nos termos

    do art. 7, 3 do CPB:

    3 - A lei brasileira aplica-se tambm ao crime cometido por estrangeiro

    contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condies previstas no

    pargrafo anterior:

    a) no foi pedida ou foi negada a extradio;

    b) houve requisio do Ministro da Justia.

    Percebam que, alm das condies previstas para a aplicao do

    princpio da personalidade ativa, para a aplicao do princpio da

    personalidade passiva o Cdigo prev ainda outras duas

    condies:

    x Ter havido requisio do Ministro da Justia x No ter sido pedida ou ter sido negada a extradio do

    estrangeiro que praticou o crime

    2.3. Princpio do domiclio

    Por este princpio, aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por

    pessoa domiciliada no Brasil, no havendo qualquer outra condio. S h

    uma hiptese de aplicao deste princpio na lei penal brasileira, e a

    prevista no art,GGR&3% Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

    I - os crimes:

    (...)

    d) de genocdio, quando o agente for brasileiro RXGRPLFLOLDGRQR%UDVLO

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 27 de 91

    Portanto, somente no caso do crime de genocdio ser aplicado o

    princpio do domiclio, devendo ser aplicada a lei brasileira ainda que se

    trate crime cometido no estrangeiro por agente estrangeiro contra vtima

    estrangeira, desde que o autor seja domiciliado no Brasil. Alguns autores

    entendem que aqui se aplica o princpio da Justia Universal.12

    2.4. Princpio da Defesa ou da Proteo

    Este princpio visa a garantir a aplicao da lei penal brasileira aos

    crimes cometidos, em qualquer lugar e por qualquer agente, mas que

    ofendam bens jurdicos nacionais. Est previsto no aUW,a, b e F

    Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

    I - os crimes:

    a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repblica;

    b) contra o patrimnio ou a f pblica da Unio, do Distrito Federal, de

    Estado, de Territrio, de Municpio, de empresa pblica, sociedade de

    economia mista, autarquia ou fundao instituda pelo Poder Pblico;

    c) contra a administrao pblica, por quem est a seu servio;

    Vejam que se trata de bens jurdicos altamente relevantes para o

    pas. No se trata de considerar a vida e a liberdade do Presidente da

    Repblica mais importante que a vida e a liberdade dos demais

    brasileiros. Nesse caso, o que se busca garantir que um crime praticado

    contra a figura do Presidente da Repblica no fique impune, pois mais

    que um crime contra a pessoa, um crime contra toda a nao.

    12 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 127

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 28 de 91

    Reparem, ainda, que no qualquer crime cometido contra o

    Presidente, mas somente aqueles que atentem contra sua vida ou

    liberdade.

    Estas hipteses dispensam outras condies, bastando que tenha

    sido o crime cometido contra estes bens jurdicos. Alis, ser aplicada a

    lei brasileira ainda que o agente j tenha sido condenado ou absolvido no

    exterior:

    1 - Nos casos do inciso I, o agente punido segundo a lei brasileira, ainda

    que absolvido ou condenado no estrangeiro.

    Entretanto, para que seja evitado o cumprimento duplo de pena (bis

    in idem), caso tenha sido o agente condenado no exterior, a pena a ser

    cumprida no Brasil ser abatida da pena cumprida no exterior, o que se

    chama DETRAO PENAL. Nos termos do art. 8 do CPB:

    Art. 8 - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela computada, quando idnticas.

    Embora o art. 8 seja louvvel, tecnicamente, a simples possibilidade

    de duplo julgamento pelo mesmo fato j configura bis in idem.

    Entretanto, o STF ignora este fato, e a norma permanece em pleno

    vigor.

    H quem entenda que esta regra uma exceo ao princpio do ne

    bis in idem13, pois o Estado estaria autorizado a julgar, condenar e punir a

    pessoa mesmo j tendo havido julgamento (inclusive com condenao e

    cumprimento de pena) em outro Estado.

    2.5. Princpio da Justia Universal

    Este princpio utilizado para a aplicao da lei penal brasileira

    contra crimes cometidos em qualquer territrio e por qualquer agente, 13 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 129

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 29 de 91

    desde que o Brasil, atravs de tratado internacional, tenha se obrigado a

    reprimir tal conduta. Tem previso no art. 7, II, a do CPB:

    Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

    (...)

    II - os crimes:

    a) que, por tratado ou conveno, o Brasil se obrigou a reprimir;

    Como a previso se encontra no inciso II do art. 7, aplicam-se as

    condies previstas no 2, como ingresso do agente no territrio

    nacional, etc.

    2.6. Princpio da Representao ou da bandeira ou do Pavilho

    Por este princpio, aplica-se a lei penal brasileira aos crimes

    cometidos no estrangeiro, a bordo de aeronaves e embarcaes privadas,

    mas que possuam bandeira brasileira, quando, no pas em que ocorreu o

    crime, este no for julgado.

    $SUHYLVmRHVWiQRDUW,,FGR&3% Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

    (...)

    II - os crimes:

    (...)

    c) praticados em aeronaves ou embarcaes brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em territrio estrangeiro e a no sejam julgados.

    EXEMPLO: Se um cidado mexicano comete um crime contra um

    cidado alemo, a bordo de uma aeronave pertencente a uma empresa

    area brasileira, enquanto esta se encontra parada no aeroporto de Nova

    York, pelo Princpio da Bandeira, a este crime poder ser aplicada a lei

    brasileira, caso no seja julgado pelo Judicirio americano.

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 30 de 91

    CUIDADO! Se, no exemplo anterior, o

    crime fosse cometido a bordo de

    uma aeronave pertencente ao

    Brasil, por exemplo, o avio oficial da

    Presidncia da Repblica, a lei penal

    brasileira seria aplicada no pelo

    Princpio da Bandeira, mas pelo

    Princpio da Territorialidade, regra

    geral, pois estas aeronaves so

    consideradas territrio brasileiro

    por extenso! CUIDADO!

    2.7. Lugar do Crime

    Para aplicarmos corretamente o que foi aprendido acerca da lei penal

    no espao, precisamos saber, com exatido, qual o local do crime. Para

    tanto, existem algumas teorias:

    1) Teoria da atividade Considera-se local do crime aquele em que a conduta praticada.

    2) Teoria do resultado Para esta teoria, no importa onde praticada a conduta, pois se considera como lugar do crime o local

    onde ocorre a consumao.

    3) Teoria mista ou da ubiquidade Esta teoria prev que tanto o lugar onde se pratica a conduta quanto o lugar do resultado so

    considerados como local do crime. Esta teoria a adotada pelo

    Cdigo Penal, em seu art. 6:

    Art. 6 - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ao ou omisso, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 31 de 91

    Entretanto, esta regra da ubiquidade s se aplica quando

    estivermos diante de pluralidade de pases, ou seja, quando for

    necessrio estabelecer o local do crime para fins de definio de qual lei

    (de que pas) penal aplicar.

    2.8. Extraterritorialidade

    Como estudamos, a regra na aplicao da lei penal brasileira o

    princpio da territorialidade, em que se aplica a lei penal brasileira aos

    crimes cometidos no territrio nacional.

    Entretanto, existem algumas hipteses em que se aplica a lei penal

    brasileira a crimes cometidos no exterior. Nestes casos, estamos diante

    do fenmeno da extraterritorialidade da lei penal.

    Esta extraterritorialidade pode ser incondicionada ou

    condicionada.

    No primeiro caso, como o prprio nome diz, no h qualquer

    condio. Basta que o crime tenha sido cometido no estrangeiro. As

    hipteses so poucas e j foram aqui estudadas. So as previstas no art.

    7, I do CPB (Crimes contra bens jurdicos de relevncia nacional e crime

    de genocdio). Nestes casos, pelos princpios da Proteo e do Domiclio

    ou da Personalidade Ativa (a depender do caso), aplica-se a lei brasileira,

    ocorrendo o fenmeno da extraterritorialidade:

    a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repblica;

    b) contra o patrimnio ou a f pblica da Unio, do Distrito Federal, de Estado, de Territrio, de Municpio, de empresa pblica, sociedade de economia mista, autarquia ou fundao instituda pelo Poder Pblico;

    c) contra a administrao pblica, por quem est a seu servio;

    Princpio da Proteo

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 32 de 91

    d) de genocdio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

    Embora sob fundamentos diversos (Princpios diversos), todas as

    hipteses culminam no fenmeno da extraterritorialidade

    incondicionada da lei penal brasileira.

    A extraterritorialidade condicionada, por sua vez, est prevista

    no art. 7, II e 3 do CP. Neste caso, a lei brasileira s ser aplicada

    ao fato de maneira subsidiria, ou seja, se no tiver havido julgamento do

    crime no estrangeiro. Alm disso, necessrio que o agente ingresse no

    territrio nacional, que o crime esteja dentre aqueles pelos quais se

    admite extradio e que haja a chamada dupla tipicidade (O fato tem

    que ser crime nos dois pases).

    Nos termos do Cdigo Penal:

    Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

    (...)

    II - os crimes:

    a) que, por tratado ou conveno, o Brasil se obrigou a reprimir;

    b) praticados por brasileiro;

    c) praticados em aeronaves ou embarcaes brasileiras, mercantes

    ou de propriedade privada, quando em territrio estrangeiro e a no sejam

    julgados.

    (...)

    3 - A lei brasileira aplica-se tambm ao crime cometido por

    estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condies

    previstas no pargrafo anterior:

    Princpio do Domiclio ou Princpio da

    personalidade ativa

    Hipteses de extraterritoriali

    dade condicionada

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 33 de 91

    Estas so as hipteses em que se aplica, condicionalmente, a lei

    penal brasileira a fatos ocorridos no estrangeiro. As condies para esta

    aplicao se encontram no art. 7, 2 do CPB:

    2 - Nos casos do inciso II, a aplicao da lei brasileira depende do concurso das seguintes condies:

    a) entrar o agente no territrio nacional;

    b) ser o fato punvel tambm no pas em que foi praticado;

    c) estar o crime includo entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradio;

    d) no ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou no ter a cumprido a pena;

    e) no ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, no estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorvel.

    Entretanto, exclusivamente para a hiptese do 3, existem ainda

    duas outras condies:

    a) no foi pedida ou foi negada a extradio;

    b) houve requisio do Ministro da Justia.

    Desta maneira, meus queridos, terminamos o estudo da aplicao da

    lei penal, no tempo e no espao. S para finalizar, vou deixar de lambuja

    para vocs um macete para gravarem as teorias adotadas para o tempo

    do crime e para o lugar do crime:

    Lugar = Ubiquidade

    Tempo = Atividade

    Muita LUTA, meus amigos!!

    Condies

    Condies especficas

    para a hiptese de

    3 50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 34 de 91

    3. Aplicao da Lei penal em relao s pessoas

    Os sujeitos do crime so aqueles que, de alguma forma, se

    relacionam com a conduta criminosa. So basicamente de duas ordens:

    Sujeito ativo e passivo.

    3.1. Sujeito ativo

    Sujeito ativo a pessoa que pratica a conduta descrita no tipo

    penal. Entretanto, atravs do concurso de pessoas, ou concurso de

    agentes, possvel que algum seja sujeito ativo de uma infrao

    penal sem que realize a conduta descrita no tipo penal.

    EXEMPLO: Pedro atira contra Paulo, vindo a causar-lhe a morte.

    Pedro sujeito ativo do crime de homicdio, previsto no art. 121 do

    Cdigo Penal, isso no se discute. Mas tambm ser sujeito ativo do

    crime de homicdio, Joo, que lhe emprestou a arma e lhe encorajou a

    atirar. Embora Joo no tenha realizado a conduta prevista no tipo penal,

    SRLV QmR SUDWLFRX D FRQGXWD GH PDWDU DOJXpP DX[LOLRX PDWHULDO Hmoralmente Pedro a faz-lo.

    Somente o ser humano, em regra, pode ser sujeito ativo de

    uma infrao penal. Os animais, por exemplo, no podem ser sujeitos

    ativos da infrao penal, embora possam ser instrumentos para a prtica

    de crimes.

    Modernamente, tem se admitido a RESPONSABILIDADE PENAL

    DA PESSOA JURDICA, ou seja, tem se admitido que a pessoa jurdica

    seja considerada SUJEITO ATIVO DE INFRAES PENAIS.

    Embora eu discorde desta corrente, por inmeras razes, temos que

    estud-la.

    A Constituio de 1988 trouxe, em seu art. 225, 3, estabelece

    que:

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 35 de 91

    3 - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitaro os infratores, pessoas fsicas ou jurdicas, a sanes penais e administrativas, independentemente da obrigao de reparar os danos causados.

    Esse dispositivo considerado o marco mais significativo para a

    responsabilizao penal da pessoa jurdica, para os que defendem essa

    tese.

    Os opositores justificam sua tese sob o argumento, basicamente, de

    que a pessoa jurdica no possui vontade, assim, a vontade seria sempre

    do seu dirigente, devendo este responder pelo crime, no a pessoa

    jurdica. Ademais, o dirigente s pode agir em conformidade com o

    estatuto social, o que sair disso excesso de poder, e como a Pessoa

    Jurdica no pode ter em seu estatuto a prtica de crimes como objeto,

    todo crime cometido pela pessoa jurdica seria um ato praticado com

    violao a seu estatuto, devendo o agente responder pessoalmente, no a

    Pessoa Jurdica.

    Muitos outros argumentos existem, para ambos os lados. Entretanto,

    isto no um livro de doutrina, mas um curso para concurso, ento o que

    vocs precisam saber que o STF e o STJ admitem a

    responsabilidade penal da pessoa jurdica em todos os crimes

    ambientais (regulamentados pela lei 9.605/98)!

    Com relao aos demais crimes, em tese, atribuveis pessoa

    jurdica (crimes contra o sistema financeiro, economia popular, etc.),

    como no houve regulamentao da responsabilidade penal da

    pessoa jurdica, esta fica afastada, conforme entendimento do STF

    e do STJ.

    A Jurisprudncia do STJ no sentido de ADMITIR a

    responsabilidade penal da pessoa jurdica, exigindo, entretanto, a

    punio simultnea da pessoa fsica causadora do dano, no que se

    convencionou chamar de TEORIA DA DUPLA IMPUTAO.

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 36 de 91

    CUIDADO! H uma deciso isolada e recente do STF admitindo que a

    pessoa jurdica seja processada sem que a pessoa fsica tambm seja

    (em descompasso, portanto, com o princpio da dupla imputao).

    Contudo, trata-se de deciso isolada e que no foi tomada pelo Plenrio

    da Corte. 1mR SRGHPRV DLQGD FRQVLGHUDU LVWR XPD MXULVSUXGrQFLDFRQVROLGDGDGR67)PDVWDOYH]VHMDRLQGLFDWLYRGHXPDSRVLomRIXWXUDda Corte (RE 548181, informativo 714 do STF).

    Em regra, a Lei Penal aplicvel a todas as pessoas indistintamente.

    Entretanto, em relao a algumas pessoas, existem disposies

    especiais do Cdigo Penal. So as chamadas imunidades diplomticas

    (diplomticas e de chefes de governos estrangeiros) e parlamentares

    (referentes aos membros do Poder Legislativo).

    3.1.1. Imunidades Diplomticas

    Estas imunidades se baseiam no princpio da reciprocidade, ou seja,

    o Brasil concede imunidade a estas pessoas, enquanto os Pases que

    representam conferem imunidades aos nossos representantes.

    No h violao ao princpio constitucional da isonomia! Cuidado!

    Pois a imunidade no conferida em razo da pessoa imunizada, mas

    em razo do cargo que ocupa. Ou seja, ela de carter funcional.

    Entenderam?

    Estas imunidades diplomticas esto previstas na Conveno de

    Viena, incorporada ao nosso ordenamento jurdico atravs do Decreto

    56.435/65, que prev imunidade total (em relao a qualquer crime) aos

    Diplomatas, que esto sujeitos Jurisdio de seu pas apenas. Esta

    imunidade se estende aos funcionrios dos rgos internacionais (quando

    em servio!) e aos seus familiares, bem como aos Chefes de Governo e

    Ministros das Relaes Exteriores de outros pases.

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 37 de 91

    Essa imunidade IRRENUNCIVEL, exatamente por no pertencer

    pessoa, mas ao cargo que ocupa! Essa a posio do STF! Cuidado

    com isso!

    Com relao aos cnsules (diferentes dos Diplomatas) a imunidade

    s conferida aos atos praticados em razo do ofcio, no a qualquer

    crime. EXEMPLO: Se Yamazaki, cnsul do Japo no Rio de Janeiro, no

    domingo, curtindo uma praia, agride um vendedor de picols por ter lhe

    dado o troco errado (carioca malandro...), responder pelo crime, pois

    no se trata de ato praticado no exerccio da funo.

    Resumidamente:

    x IMUNIDADE TOTAL DE JURISDIO PENAL Agentes diplomticos e seus familiares, bem como os membros do

    pessoal administrativo e tcnico da misso, assim como os

    membros de suas famlias que com eles vivam, desde que no

    sejam nacionais do estado acreditado (no caso, o Brasil) nem

    nele tenham residncia permanente.

    x IMUNIDADE DE JURISDIO PENAL em relao aos ATOS PRATICADOS NO EXERCCIO DAS FUNES Cnsules14 e membros do pessoal de servio da misso

    diplomtica que no sejam nacionais do Estado acreditado nem

    nele tenham residncia permanente.

    3.1.2. Imunidades Parlamentares

    Esto previstas na Constituio Federal, motivo pelo qual geralmente

    so mais bem estudadas naquela disciplina. Entretanto, como costumam

    ser cobradas tambm na matria de Direito Penal, vamos estud-la ponto

    a ponto.

    14 Art. 43.1 do Decreto 61.078/67 Promulgao da Conveno de Viena sobre Relaes Consulares.

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 38 de 91

    Trata-se de prerrogativas dos parlamentares, com vistas a se

    preservar a Instituio (Poder Legislativo) de ingerncias externas. So

    duas as hipteses de imunidades parlamentares: a) material (conhecida

    como real, ou ainda, inviolabilidade); b) formal (ou processual ou ainda,

    adjetiva).

    (a) Imunidade material

    Trata-se de prerrogativa prevista no art. 53 da Constituio:

    Art. 53. Os Deputados e Senadores so inviolveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opinies, palavras e votos.

    Assim, o parlamentar no comete crime quando pratica estas

    condutas em razo do cargo (exerccio da funo). Entretanto, no

    necessrio que o parlamentar tenha proferido as palavras dentro

    do recinto (Congresso, Assembleia Legislativa, etc.), bastando que

    tenha relao com sua funo (Pode ser numa entrevista a um jornal

    local, etc.). ESSA A POSIO DO STF A RESPEITO DO TEMA.

    Quanto natureza jurdica dessa imunidade (o que ela

    representa perante o Direito), h muita controvrsia na Doutrina, mas a

    posio que predomina a de que se trata de fato atpico, ou seja, a

    conduta do parlamentar no chega sequer a ter enquadramento na lei

    penal (Essa a posio que vem sendo adotada pelo Supremo

    Tribunal Federal STF). Temos, ainda, a imunidade material dos vereadores, prevista no

    art. 29, VIII da Constituio:

    Art. 29. O Municpio reger-se- por lei orgnica, votada em dois turnos, com

    o interstcio mnimo de dez dias, e aprovada por dois teros dos membros da

    Cmara Municipal, que a promulgar, atendidos os princpios estabelecidos

    nesta Constituio, na Constituio do respectivo Estado e os seguintes

    preceitos:

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 39 de 91

    (...)

    VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opinies, palavras e votos no

    exerccio do mandato e na circunscrio do Municpio; (Renumerado do inciso

    VI, pela Emenda Constitucional n 1, de 1992)

    Vejam que necessrio que o ato (no caso dos vereadores) tenha

    sido praticado na circunscrio do municpio. Caso contrrio, no

    haver a incidncia da proteo constitucional.

    Informativo 775 do STF (fev./2015) 1RV OLPLWHV GD FLUFXQVFULomR GRMunicpio e havendo pertinncia com o exerccio do mandato, garante-se a imunidade

    SUHYLVWDQRDUW9,,,GD&)DRVYHUHDGRUHV$UW20XQLFtSLRUHJHU-se- por lei orgnica, votada em dois turnos, com o interstcio mnimo de dez dias, e aprovada por

    dois teros dos membros da Cmara Municipal, que a promulgar, atendidos os

    princpios estabelecidos nesta Constituio, na Constituio do respectivo Estado e os

    seguintes preceitos: ... VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opinies, palavras

    H YRWRV QR H[HUFtFLR GR PDQGDWR H QD FLUFXQVFULomR GR 0XQLFtSLR 2 &ROHJLDGRreputou que, embora as manifestaes fossem ofensivas, teriam sido proferidas durante

    a sesso da Cmara dos Vereadores portanto na circunscrio do Municpio e teriam como motivao questo de cunho poltico, tendo em conta a existncia de

    representao contra o prefeito formulada junto ao Ministrio Pblico portanto no exerFtFLRGRPDQGDWR (RE 600063/SP, rel. orig. Min. Marco Aurlio, red. p/ o acrdo Min. Roberto Barroso, 25.2.2015. (RE-600063))

    (b) Imunidade formal

    Esta imunidade no est relacionada caracterizao ou no de uma

    conduta como crime. Est relacionada questes processuais, como

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 40 de 91

    possibilidade de priso e seguimento de processo penal. Est

    prevista no art. 53, 1 a 5 da Constituio da Repblica.

    A primeira das hipteses a imunidade formal para a priso.

    Assim dispe o art. 53, 2 da Constituio:

    2 Desde a expedio do diploma, os membros do Congresso Nacional

    no podero ser presos, salvo em flagrante de crime inafianvel.

    Nesse caso, os autos sero remetidos dentro de vinte e quatro horas Casa

    respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a

    priso.

    O STF entende que essa impossibilidade de priso se refere a

    qualquer tipo de priso, inclusive as de carter provisrio,

    decretadas pelo Juiz. A nica ressalva a priso em flagrante pela

    prtica de crime inafianvel.

    Entretanto, recentemente, o STF decidiu que os parlamentares

    podem ser presos, alm desta hiptese, no caso de sentena penal

    condenatria transitada em julgado, ou seja, na qual no cabe mais

    recurso algum.

    Continuando no caso da priso em flagrante, os autos da priso

    sero remetidos casa a qual pertencer o parlamentar, em at 24h, e

    esta decidir, em votao aberta, por maioria absoluta de seus

    membros, se a priso mantida ou no.

    A imunidade se inicia com a diplomao do parlamentar e se encerra

    com o fim do mandato.

    J a imunidade formal para o processo, est prevista no 3 do

    art. 53 da Constituio:

    3 Recebida a denncia contra o Senador ou Deputado, por crime

    ocorrido aps a diplomao, o Supremo Tribunal Federal dar cincia

    Casa respectiva, que, por iniciativa de partido poltico nela representado e

    pelo voto da maioria de seus membros, poder, at a deciso final, sustar

    o andamento da ao.

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 41 de 91

    Assim, se um parlamentar cometer um crime aps a diplomao e for

    denunciado por isso, o STF, se receber a denncia, dever dar cincia

    Casa a qual pertence o parlamentar (Cmara ou Senado), e esta poder,

    por iniciativa de algum partido poltico que l tenha representante, sustar

    o andamento da ao at o trmino do mandato.

    Cuidado! S quem pode tomar a iniciativa de pedir a sustao da

    ao penal partido poltico que possua algum representante NAQUELA

    CASA.

    EXEMPLO: Se um Senador est sendo processado, sendo o Senado

    comunicado pelo STF, somente um partido com representao no

    SENADO FEDERAL poder tomar a iniciativa de pedir a sustao da

    ao penal, que ser decidida pela Casa.

    A sustao deve ser decidida no prazo de 45 dias a contar do

    recebimento do pedido pela Mesa Diretora da Casa. Caso o processo seja

    suspenso, suspende-se tambm a prescrio, para evitar que o

    Parlamentar deixe de ser julgado ao trmino do mandato.

    Havendo a sustao da ao penal em relao ao parlamentar, e

    tendo o processo outros rus que no sejam parlamentares, o processo

    deve ser desmembrado, e os demais rus sero processados

    normalmente.

    Cuidado, meu povo! No caso de crime

    cometido ANTES da diplomao, no h

    essa regra. O STF no tem que comunicar

    a Casa e no h possibilidade de sustao

    do andamento do processo!

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 42 de 91

    Cuidado! Essas regras (referentes a ambas as espcies de

    imunidades) so aplicveis aos parlamentares estaduais (Deputados

    estaduais), por fora do art. 27, 1 da Constituio. Entretanto, aos

    parlamentares municipais (vereadores) s se aplicam as imunidades

    materiais! Muito, mas muito cuidado com isso! Ah, e em qualquer

    caso, no abrangem os suplentes!

    Os parlamentares no podem renunciar a estas imunidades, pois,

    como disse antes, trata-se de prerrogativa inerente ao cargo, no

    pessoa. Entretanto, a Doutrina e a Jurisprudncia entendem que o

    parlamentar afastado para exercer cargo de Ministro ou Secretrio

    de Estado NO mantm as imunidades, ou seja, ele perde a

    imunidade parlamentar (A smula n 04 do STF fora revogada!). INQ

    725-RJ, rel. Ministra Ellen Gracie, 8.5.2002.(INQ-725) Informativo 267 do STF.

    Fiquem atentos! As imunidades parlamentares permanecem ainda

    que o pas se encontre em estado de stio. Entretanto, por deciso de 2/3

    dos membros da Casa, estas imunidades podero ser suspensas, durante

    o estado de stio, em razo de ato praticado pelo parlamentar FORA DO

    RECINTO. Assim, EM HIPTESE NENHUMA (NEM NO ESTADO DE

    STIO), O PARLAMENTAR PODER SER RESPONSABILIZADO POR

    ATO PRATICADO NO RECINTO (aqueles atos previstos na Constituio,

    claro).

    3.2. Sujeito Passivo

    O sujeito passivo nada mais que aquele que sofre a ofensa

    causada pelo sujeito ativo. Pode ser de duas espcies:

    1) Sujeito passivo mediato ou formal o Estado, pois a ele pertence o dever de manter a ordem pblica e punir aqueles que

    cometem crimes. Todo crime possui o Estado como sujeito passivo

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 43 de 91

    mediato, pois todo crime uma ofensa ao Estado, ordem

    estatuda;

    2) Sujeito passivo imediato ou material o titular do bem jurdico efetivamente lesado. Por exemplo: A pessoa que sofre

    a leso no crime de leso corporal (art. 129 do CP), o dono do

    carro roubado no crime de roubo (art. 157 do CP), etc.

    CUIDADO! O Estado tambm pode ser sujeito passivo

    imediato ou material, nos crimes em que for o titular do bem jurdico

    especificamente violado, como nos crimes contra a administrao pblica,

    por exemplo.

    As pessoas jurdicas tambm podem ser sujeitos passivos de crimes.

    J os mortos e os animais no podem ser sujeitos passivos de

    crimes pois no so sujeitos de direito. Mas e o crime de vilipndio

    a cadver e os crimes contra a fauna? Nesse caso, no so os mortos

    e os animais os sujeitos passivos e sim, no primeiro caso, a famlia do

    morto, e no segundo caso, toda a coletividade, pelo desequilbrio

    ambiental.

    NINGUM PODE COMETER CRIME CONTRA SI MESMO! Ou seja,

    ningum pode ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo

    imediato de um crime (Parte da Doutrina entende que isso possvel no

    crime de rixa, mas isso no posio unnime).

    III CONTAGEM DE PRAZOS

    Nos termos do art. 10 do CP:

    Art. 10 - O dia do comeo inclui-se no cmputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendrio comum.

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 44 de 91

    Como se v, a lei estabelece que os prazos previstos na Lei Penal

    sejam contados de forma a incluir o dia do comeo. Desta forma, se

    Bruno condenado a um ms de priso e o mandado cumprido dia 10

    de junho, essa data considerada o primeiro dia de cumprimento da

    pena, que ir se extinguir no dia 09 de julho, independentemente de o

    mandado ter sido cumprido no dia 10 de junho s 23h45min. Esse dia

    ser computado como um dia inteiro para fins penais.

    O artigo diz, ainda, que se computam os prazos pelo calendrio

    comum (chamado de gregoriano), que o que todos ns utilizamos.

    Assim, no cmputo de meses no levam em considerao os dias de cada

    um (28, 29, 30 ou 31 dias). Se um sujeito condenado a pena de um

    ms, e comea a cumpri-la no dia 05, sua pena estar extinta no dia 04

    do ms seguinte, independentemente de o ms ter quantos dias for, o

    que na prtica, gera algumas injustias. Com relao aos anos, aplica-se

    a mesma regra (no importa se o ano bissexto ou no).

    O art. 11 do CP, por sua vez, diz o seguinte:

    Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as fraes de dia, e, na pena de multa, as fraes de cruzeiro.

    Desta maneira, se o autor do crime condenado a 09 dias de priso,

    aumentada de metade (9 + 4,5 = 13,5) a pena ser de 13 dias,

    desprezando-se as 12 horas do clculo.

    Com relao pena de multa, obviamente, hoje se entende como

    UHDOHQmR FRPR FUX]HLURV$V IUDo}HVTXHQmR VH FRPSXWDPVmRRVcentavos. Assim, ningum pode ser condenado a R$ 125,43. Sero

    desprezados os centavos.

    Por fim, uma observao que se refere aplicao da Lei Penal. O

    art. 12 diz que:

    Art. 12 - As regras gerais deste Cdigo aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta no dispuser de modo diverso.

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 45 de 91

    Portanto, o Cdigo Penal (sua parte geral) aplicado

    subsidiariamente aos crimes previstos em lei especial, ou seja,

    primeiro se analisa se a lei especial contm alguma regulamentao

    acerca do tema. Se no possuir, aplica-se a regulamentao presente no

    CP (Princpio da convivncia das esferas autnomas).

    IV EFICCIA DA SENTENA ESTRANGEIRA

    Para que uma sentena penal estrangeira possa produzir seus efeitos

    no Brasil devem ser respeitadas as regras estabelecidas no art. 9 do CP.

    Vejamos:

    Art. 9 - A sentena estrangeira, quando a aplicao da lei brasileira produz

    na espcie as mesmas conseqncias, pode ser homologada no Brasil para:

    (Redao dada pela Lei n 7.209, de 11.7.1984)

    I - obrigar o condenado reparao do dano, a restituies e a outros

    efeitos civis; (Includo pela Lei n 7.209, de 11.7.1984)

    II - sujeit-lo a medida de segurana. (Includo pela Lei n 7.209, de

    11.7.1984)

    Pargrafo nico - A homologao depende: (Includo pela Lei n 7.209, de

    11.7.1984)

    a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;

    (Includo pela Lei n 7.209, de 11.7.1984)

    b) para os outros efeitos, da existncia de tratado de extradio com o pas

    de cuja autoridade judiciria emanou a sentena, ou, na falta de tratado, de

    requisio do Ministro da Justia. (Includo pela Lei n 7.209, de 11.7.1984)

    Assim, basicamente, podemos dividir os efeitos da sentena penal

    estrangeira em dois:

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 46 de 91

    x Obrigao de reparar o dano (bem como restituies e outros efeitos civis) Deve haver requerimento da parte interessada (em regra, a vtima ou seus sucessores).

    x Sujeitar o infrator medida de segurana Existir tratado de extradio entre o Brasil e o Pas em que foi proferida a

    sentena OU, caso no exista, deve haver requisio do

    Ministro da Justia.

    E a quem compete a homologao da sentena estrangeira

    para que produza seus efeitos no Brasil? Compete ao STJ, nos

    termos do art. 105, I, i da Constituio Federal:

    Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justia:

    I - processar e julgar, originariamente:

    (...)

    i) a homologao de sentenas estrangeiras e a concesso de exequatur s

    cartas rogatrias;(Includa pela Emenda Constitucional n 45, de 2004)

    O STF exige, ainda, que tenha havido o trnsito em julgado da

    sentena penal condenatria que ser homologada:

    Smula 420 do STF

    NO SE HOMOLOGA SENTENA PROFERIDA NO ESTRANGEIRO SEM PROVA

    DO TRNSITO EM JULGADO.

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 47 de 91

    Esta smula , digamos, desnecessria, eis que o art. 788, III do CPP

    j exige o trnsito em julgado como condio para a homologao da

    sentena estrangeira.

    Percebam, por fim, que no h possibilidade de homologao da

    sentena penal estrangeira para fins de cumprimento de PENA. A

    aplicao de pena criminal um ato de soberania do Estado e, portanto,

    entende-se que no poderia um Estado (no caso, o Brasil), aplicar a pena

    criminal imposta em outro pas15. Se for o caso, poderia o Brasil proceder

    ao julgamento do infrator, no Brasil.

    CUIDADO! O art. 63 do CP dispe que a condenao anterior por crime,

    no Brasil ou no estrangeiro, gera reincidncia. Vejamos:

    Reincidncia

    Art. 63 - Verifica-se a reincidncia quando o agente comete novo crime,

    depois de transitar em julgado a sentena que, no Pas ou no estrangeiro, o

    tenha condenado por crime anterior. (Redao dada pela Lei n 7.209, de

    11.7.1984)

    Entretanto, para esta finalidade especfica no necessria a

    homologao da sentena penal condenatria proferida no

    estrangeiro. Basta que haja prova do trnsito em julgado desta sentena.

    V INTERPRETAO DA LEI PENAL

    Interpretar extrair o sentido de alguma coisa. Quando

    interpretamos um texto, procuramos entender o que ele pretende nos

    dizer. A mesma coisa acontece com o texto da lei. 15 Lembrando que possvel a celebrao de tratados internacionais de cooperao jurdico-penal para transferncia de presos, etc. Assim, as regras do CP se aplicam desde que no haja tratado especfico regulando a matria. Para os fins do nosso estudo basta que saibamos isso. No necessrio analisar a existncia de eventuais tratados ou acordos bilateriais internacionais.

    50656031387

    50656031387 - Maryane Chagas da Silva

  • DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 48 de 91

    Assim, quando o operador do Direito se depara com um texto legal,

    deve procurar extrair a vontade da lei (mens legis).

    So diversos os tipos de interpretao. Vejamos:

    x Autntica aquela realizada pelo prprio legislador (tambm chamada de interpretao legislativa). POR

    EXEMPLO: O art. 327 nos d a definio de funcionrio pblico

    para fins penais. Trata-se de uma interpretao feita pelo

    prprio legislador. A interpretao autntica, por ser s uma

    interpretao, aplica-se aos fatos passados, a