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Direito Penal - Estratégia - TJDFT.
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Aula 00 (Ps-Edital)Direito Penal p/ TJDFT - Tcnico Judicirio (rea Administrativa) - com videoaulas
Professor: Renan Araujo
50656031387 - Maryane Chagas da Silva
DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO
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AULA DEMONSTRATIVA: INFRAO PENAL.
APLICAO DA LEI PENAL NO TEMPO; NO
ESPAO; EM RELAO S PESSOAS.
DISPOSIES PRELIMINARES DO CP.
SUMRIO PGINA Apresentao da aula e sumrio 01 I Infrao Penal 05 II Aplicao da Lei Penal 10
1. Lei penal no tempo 10 2. Lei penal no espao 22 3. Lei penal em relao s pessoas 33
III Contagem de Prazos Penais 43 IV Eficcia da sentena estrangeira 44 V Interpretao da Lei Penal 47 Lista das questes da aula 51 Questes comentadas 63 Gabarito 90
Ol, meus amigos!
com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo
ESTRATGIA CONCURSOS, tendo a oportunidade de poder contribuir
para a aprovao de vocs no concurso do TRIBUNAL DE JUSTIA DO
DF E TERRITRIOS (2015). Ns vamos estudar teoria e comentar
exerccios sobre DIREITO PENAL, para o cargo de TCNICO
JUDICIRIO REA ADMINISTRATIVA. E a, povo, preparados para a maratona?
O edital acabou de ser publicado, e a Banca, como j
sabamos, ser o CESPE. As provas esto agendadas para o dia
20.12.2015.
Bom, est na hora de me apresentar a vocs, no ?
Meu nome Renan Araujo, tenho 28 anos, sou Defensor Pblico
Federal desde 2010, atuando na Defensoria Pblica da Unio no Rio de
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Janeiro, e mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da
UERJ. Antes, porm, fui servidor da Justia Eleitoral (TRE-RJ), onde
exerci o cargo de Tcnico Judicirio, por dois anos. Sou Bacharel em
Direito pela UNESA e ps-graduado em Direito Pblico pela Universidade
Gama Filho.
Disse a vocs minha idade propositalmente. Minha trajetria de vida
est intimamente ligada aos Concursos Pblicos. Desde o comeo da
Faculdade eu sabia que era isso que eu queria para a minha vida! E
querem saber? Isso faz toda a diferena! Algumas pessoas me perguntam
como consegui sucesso nos concursos em to pouco tempo. Simples:
Foco + Fora de vontade + Disciplina. No h frmula mgica, no h
ingrediente secreto! Basta querer e correr atrs do seu sonho! Acreditem
em mim, isso funciona!
Bom, como j adiantei, neste curso estudaremos todo o contedo
de Direito Penal previsto no edital. Estudaremos teoria e vamos
trabalhar tambm com exerccios comentados.
Abaixo segue o plano de aulas do curso todo:
AULA CONTEDO DATA
Aula 00 Aplicao da Lei Penal. Infrao penal.
Disposies preliminares do CP. 13/10
Aula 01 Do Crime (parte I) 16/10
Aula 02 Do Crime (parte II). Imputabilidade.
Extino da punibilidade. Ao penal. 19/10
Aula 03 Concurso de pessoas e concurso de
crimes. 24/10
Aula 04 Improbidade administrativa (Lei 8.429/92) 29/10
As aulas sero disponibilizadas no site conforme o cronograma
apresentado. Em cada aula eu trarei algumas questes que foram
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cobradas recentemente em concursos pblicos. Nosso curso
contar quase que exclusivamente com questes do CESPE (mais
de 90% de questes do CESPE), buscando sempre trazer tambm
as questes que foram recentemente cobradas pela Banca.
ATENO! Como nosso curso j estava sendo ministrado desde o
comeo do ano, vocs encontraro na rea do aluno TODAS as aulas do
curso j postadas (aulas pr-edital). Porm, como sempre buscamos
melhorar nossos cursos, acrescentar novas jurisprudncias, novas
questes, etc., elaboramos um novo cronograma (conforme mostrado
acima), com o intuito de republicar as aulas (de acordo com as novas
datas).
Assim que a aula nova for publicada (aula ps-edital), a aula antiga ser
retirada do site, de forma que, ao final do curso, todas as aulas estaro
perfeitamente atualizadas com questes de 2015, jurisprudncias, etc.
Alm do nosso material em formato PDF, teremos, ainda
videoaulas de apoio, de forma a complementar nossa preparao.
Sero aproximadamente 15 vdeos (com durao de 20 a 35 minutos
cada, aproximadamente), que versaro sobre os pontos mais
importantes da matria.
No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos!
Prof. Renan Araujo
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Observao importante: este curso protegido por direitos autorais
(copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida
a legislao sobre direitos autorais e d outras providncias.
Grupos de rateio e pirataria so clandestinos, violam a lei e prejudicam os
professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe
adquirindo os cursos honestamente atravs do site Estratgia Concursos.
;-)
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I INFRAO PENAL CONCEITO E ESPCIES
A infrao penal um fenmeno social, disso ningum duvida. Mas
como defini-la?
Podemos conceituar infrao penal como:
A conduta, em regra praticada por pessoa humana, que ofende
um bem jurdico penalmente tutelado, para a qual a lei estabelece
uma pena, seja ela de recluso, deteno, priso simples ou
multa.
Assim, um dos princpios que podemos extrair o princpio da
lesividade, que diz que s haver infrao penal quando a pessoa
ofender (lesar) bem jurdico de outra pessoa. Assim, se uma pessoa pega
um chicote e se autolesiona com mais de 100 chibatadas, a nica punio
que ela receber ficar com suas costas ardendo, pois a conduta
indiferente para o Direito Penal.
A infrao penal o gnero do qual decorrem duas espcies,
crime e contraveno.
Vamos dividir, desta forma, o nosso estudo. Primeiramente vamos
analisar o crime (conceito e elementos). Depois, vamos analisar o que diz
a lei acerca das contravenes penais.
I.A) Conceito de Crime
Muito se buscou na Doutrina acerca disso, tendo surgido inmeras
posies a respeito. Vamos tratar das principais.
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O Crime pode ser entendido sob trs aspectos: Material, legal e
analtico.
Sob o aspecto material, crime toda ao humana que lesa ou
expe a perigo um bem jurdico de terceiro, que, por sua
relevncia, merece a proteo penal. Esse aspecto valoriza o crime
enquanto contedo, ou seja, busca identificar se a conduta ou no apta
a produzir uma leso a um bem jurdico penalmente tutelado.
Assim, se uma lei cria um tipo penal dizendo que proibido chorar
em pblico, essa lei no estar criando uma hiptese de crime em seu
sentido material, pois essa conduta NUNCA SER crime em sentido
material, pois no produz qualquer leso ou exposio de leso a bem
jurdico de quem quer que seja. Assim, ainda que a lei diga que crime,
materialmente no o ser.
Sob o aspecto legal, ou formal, crime toda infrao penal a
que a lei comina pena de recluso ou deteno. Nos termos do art.
1 da Lei de Introduo ao CP:
Art 1 Considera-se crime a infrao penal que a lei comina pena de recluso
ou de deteno, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente
com a pena de multa; contraveno, a infrao penal a que a lei comina,
isoladamente, pena de priso simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou
cumulativamente.
Percebam que o conceito aqui meramente legal. Se a lei cominar
a uma conduta a pena de deteno ou recluso, cumulada ou
alternativamente com a pena de multa, estaremos diante de um
crime.
Por outro lado, se a lei cominar a apenas priso simples ou multa,
alternativa ou cumulativamente, estaremos diante de uma contraveno
penal.
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Esse aspecto consagra o sistema dicotmico adotado no Brasil, no
qual existe um gnero, que a infrao penal, e duas espcies, que so o
crime e a contraveno penal. Assim:
9HMDPTXHTXDQGRVHGL]LQIUDomRSHQDOHVWiVHXVDQGRXPWHUPRJHQpULFRTXHSRGHWDQWRVHUHIHULUDXPFULPHRXDXPDFRQWUDYeno SHQDO2WHUPRGHOLWRQR%UDVLOpVLQ{QLPRGHFULPH
O crime pode ser conceituado, ainda, sob um aspecto analtico,
que o divide em partes, de forma a estruturar seu conceito.
Primeiramente, surgiu a teoria quadripartida do crime, que
entendia que crime era todo fato tpico, ilcito, culpvel e punvel. Hoje
praticamente inexistente.
Depois, surgiram os defensores da teoria tripartida do crime, que
entendiam que crime era o fato tpico, ilcito e culpvel. Essa a teoria
que predomina no Brasil, embora haja muitos defensores da terceira
teoria.
A terceira e ltima teoria acerca do conceito analtico de crime
entende que este o fato tpico e ilcito, sendo a culpabilidade mero
pressuposto de aplicao da pena. Ou seja, para esta corrente, o conceito
de crime bipartido (teoria bipartida), bastando para sua
caracterizao que o fato seja tpico e ilcito.
INFRAO PENAL
CRIMES (Delito) CONTRAVENES
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As duas ltimas correntes possuem defensores e argumentos de
peso. Entretanto, a que predomina ainda a corrente tripartida. Portanto,
na prova objetiva, recomendo que adotem esta, a menos que a banca
seja muito explcita e vocs entenderem que eles claramente so adeptos
da teoria bipartida, o que acho pouco provvel.
Todos os trs aspectos (material, legal e analtico) esto presentes
no nosso sistema jurdico-penal. De fato, uma conduta pode ser
materialmente crime (furtar, por exemplo), mas no o ser se no houver
previso legal (no ser legalmente crime). Poder, ainda, ser
formalmente crime (no caso da lei que citei, que criminalizava a conduta
de chorar em pblico), mas no o ser materialmente se no trouxer
leso ou ameaa a leso de algum bem jurdico de terceiro.
Desta forma:
Esse ltimo conceito de crime (sob o aspecto analtico), o que vai
nos fornecer os subsdios para que possamos estudar os elementos do
crime (Fato tpico, ilicitude e culpabilidade). Entretanto, isso tema para
nossa prxima aula apenas!
I. b) Contraveno Penal
CONCEITO DE CRIME
ASPECTO MATERIAL ASPECTO LEGAL ASPECTO ANALTICO
Teoria quadripartida Teoria tripartida Teoria bipartida
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As contravenes penais so infraes penais que tutelam bens
jurdicos menos relevantes para a sociedade e, por isso, as penas
previstas para as contravenes so bem mais brandas. Nos termos do
art. 1 do da Lei de Introduo ao Cdigo Penal:
Art 1 Considera-se crime a infrao penal que a lei comina pena de recluso
ou de deteno, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente
com a pena de multa; contraveno, a infrao penal a que a lei
comina, isoladamente, pena de priso simples ou de multa, ou ambas.
alternativa ou cumulativamente.
Percebam que a Lei estabelece que se considera contraveno a
infrao penal para a qual a lei estabelea pena de priso simples ou
multa.
Percebam, portanto, que a Lei estabelece um ntido patamar
diferenciado para ambos os tipo de infrao penal. Trata-se de uma
escolha poltica, ou seja, o legislador estabelece qual conduta ser
considerada crime e qual conduta ser considerada contraveno, de
acordo com sua noo de lesividade para a sociedade.
Mas professor, qual a diferena prtica em saber se a
conduta crime ou contraveno? Muitas, meu caro! Vejamos:
CRIMES CONTRAVENES
Admitem tentativa (art. 14, II). No se admite prtica de
contraveno na modalidade
tentada. Ou se pratica a
contraveno consumada ou se
trata de um indiferente penal
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Se cometido crime, tanto no Brasil
quanto no estrangeiro, e vier o
agente a cometer contraveno,
haver reincidncia.
A prtica de contraveno no
exterior no gera efeitos
penais, inclusive para fins de
reincidncia. S h efeitos penais
em relao contraveno
praticada no Brasil!
Tempo mximo de cumprimento de
pena: 30 anos.
Tempo mximo de cumprimento de
pena: 05 anos.
Aplicam-se as hipteses de
extraterritorialidade (alguns crimes
cometidos no estrangeiro, em
determinadas circunstncias,
podem ser julgados no Brasil)
No se aplicam as hipteses de
extraterritorialidade do art. 7
do Cdigo Penal.
No se prendam a estas diferenas! Para o estudo desta aula o que
importa saber que H DIFERENAS PRTICAS entre ambos.
Portanto, crime e contraveno so termos relacionados
mesma categoria (infrao penal), mas no se confundem,
existindo diferenas prticas entre ambos.
II APLICAO DA LEI PENAL
1. Aplicao da Lei penal no tempo
A Lei Penal, como toda e qualquer lei, entra no mundo jurdico em
um determinado momento e vigora at sua revogao, regulando todos
os fatos praticados nesse nterim. Entretanto, nem sempre as coisas so
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to simples, surgindo situaes verdadeiramente excepcionais e
complexas.
certo, meus caros, que as leis se sucedem no tempo, pois da
natureza humana a mudana de pensamento. Assim, o que hoje
considerado crime, amanh pode no o ser, e vice-versa. claro,
tambm, que quando uma lei revoga a outra, a lei revogadora deve
abordar a matria de forma, ao menos um pouco, diferente do modo
como tratava a lei revogada, caso contrrio, seria uma lei absolutamente
intil. A esse fenmeno damos o nome de Princpio da continuidade
das leis.
A revogao, por sua vez, o fenmeno que compreende a
substituio de uma norma jurdica por outra. Essa substituio pode ser
total ou parcial. No primeiro caso, temos o que se chama de ab-rogao,
e no segundo caso, derrogao.
A revogao, como vimos, pode ser total ou parcial. Mas pode, ainda,
ser expressa ou tcita. Diz-se que expressa quando a nova lei diz
expressamente que revoga a lei anterior. Por exemplo, a lei 11.343/06
(nova lei de drogas) diz em seu art. 75, que ficam revogadas as
disposies contidas na lei 6.368/76.
Por sua vez, a revogao tcita ocorre quando a lei nova, embora
no diga nada com relao revogao da lei antiga, trata da mesma
matria, s que de forma diferente.
Assim:
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Desta forma, a lei produz efeitos desde sua vigncia at sua
revogao.
CUIDADO! No perodo de vacatio legis (Perodo entre a publicao da
Lei e sua entrada em vigor, geralmente de 45 dias) a lei ainda no
vigora! Ou seja, ela ainda no produz efeitos!
Em termos grficos:
REVOGAO
EXPRESSA (Lei diz expressamente que a anterior fica revogada)
TCITA (Lei nova no diz nada, mas aborda a mesma matria, de
forma diferente)
REVOGAO
TOTAL = Ab-rogao (Lei nova revoga totalmente a
anterior)
PARCIAL Derrogao (Lei nova revoga apenas alguns dispositivos da lei vigente, que
permanece em vigor)
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Publicao Entrada em vigor Revogao
|----------|-------------------------------------------------------|
Vacatio Legis PRODUO DE EFEITOS
Logo, podemos perceber que a lei penal, assim como qualquer lei,
somente produz efeitos durante o seu perodo de vigncia. o que se
chama de princpio da atividade da lei.
Em alguns casos, porm, a lei penal pode produzir efeitos e atingir
fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor e, at mesmo, continuar
produzindo efeitos mesmo aps sua revogao. Vamos analis-los
individualmente.
1.1. Conflito de Leis penais no Tempo
Ocorrendo a revogao de uma lei penal por outra, algumas
situaes iro ocorrer, e as consequncias de cada uma delas dependero
da natureza da norma revogadora.
A) Lei nova incriminadora
Nesse caso, a lei nova atribui carter criminoso ao fato. Ou seja, at
ento, o fato no era crime. Nesse caso, a soluo bastante simples: A
lei nova produzir efeitos a partir de sua entrada em vigor, como
toda e qualquer lei, seguindo a regra geral da atividade da lei.
B) Lex Gravior1
1 Tambm chamada de ou Novatio Legis in Pejus ou Lei nova mais gravosa.
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Aqui, a lei posterior no inova no que se refere natureza criminosa
do fato, pois a lei anterior j estabelecia que o fato era considerado
criminoso. No entanto, a lei nova estabelece uma situao mais
gravosa ao ru.
EXEMPLO: O crime de homicdio simples (art. 121 do CP) possui pena
mnima de 06 e pena mxima de 20 anos. Imaginemos que entrasse em
vigor uma lei que estabelecesse que a pena para o crime de homicdio
seria de 10 a 30 anos. Nesse caso, a lei nova, embora no inove no que
tange criminalizao do homicdio, traz uma situao mais gravosa
para o fato. Assim, produzir efeitos somente a partir de sua
vigncia, no alcanando fatos pretritos
Frise-se que a lei nova ser considerada mais gravosa ainda que no
aumente a pena prevista para o crime. Basta que traga qualquer
prejuzo ao ru2, como forma de cumprimento da pena, reduo ou
eliminao de benefcios, etc.
C) Abolitio Criminis
A abolitio criminis ocorre quando uma lei penal incriminadora vem
a ser revogada por outra, que prev que o fato deixa de ser considerado
crime.
EXEMPLO6XSRQKDPRVTXHD/HL$SUHYHMDTXHpFULPHGLULJLUYHtFXORautomotor VRED LQIOXrQFLDGHiOFRRO9LQGRD/HL %DGHWHUPLQDUTXHdirigir veculo automotor sob a influncia de lcool no crime, ocorreu o
fenmeno da abolitio criminis.
2 BITENCOURT, Op. cit., p. 208
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Nesse caso, como a lei posterior deixa de considerar o fato
crime, ela produzir efeitos retroativos, alcanado os fatos
praticados mesmo antes de sua vigncia, em homenagem ao art. 5,
XL da Constituio Federal e ao art. 2 do Cdigo Penal3.
claro que quando uma lei deixa de considerar um determinado fato
como crime, ela est beneficiando aquele praticou o fato e que,
porventura, esteja respondendo criminalmente por ele, ou at mesmo,
cumprindo pena em decorrncia da condenao pelo fato.
Em casos tais, ocorre o que se chama de retroatividade da Lei
Penal, que passa a produzir efeitos sobre fatos ocorridos anteriormente
sua vigncia.
CUIDADO! No confundam abolitio criminis
com continuidade tpico-normativa. Em
alguns casos, embora a lei nova revogue um
determinado artigo que previa um tipo penal,
ela simultaneamente insere esse fato dentro de
outro tipo penal.4 Neste caso no h abolitio
criminis, pois a conduta continua sendo
considerada crime, ainda que por outro tipo
3 Art. 5 (...) XL - a lei penal no retroagir, salvo para beneficiar o ru; [...] Art. 2 - Ningum pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execuo e os efeitos penais da sentena condenatria. 4 A Lei 12.015/09 revogou o art. 214 do CP, que previa o crime de atentado violento ao pudor. Entretanto, ao mesmo tempo, ampliou a descrio do tipo penal do estupro para abranger tambm a prtica de atos libidinosos diversos da conjuno carnal, que era a descrio do tipo penal de atentado violento ao pudor. Assim, o que a Lei 12.015/09 fez, no foi descriminalizar o Atentado Violento ao Pudor, mas dar a ele novo contorno jurdico, passando agora o fato a ser enquadrado como crime de estupro, tendo, inclusive, previsto a mesma pena anteriormente cominada ao Atentado Violento ao Pudor. Assim, no houve abolitio criminis, pois o fato no deixou de ser crime, apenas passou a ser tratado em outro tipo penal.
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penal.5
D) Lex Mitior ou Novatio legis in mellius
A Lex mitior, ou novatio legis in mellius, ocorre quando uma lei
posterior revoga a anterior trazendo uma situao mais benfica
ao ru. Nesse caso, em homenagem ao art. 5, XL da Constituio, j
transcrito, a lei nova retroage para alcanar os fatos ocorridos
anteriormente sua vigncia. Essa previso est contida tambm no art.
2, nico do CP6.
Vejam que o Cdigo Penal estabelece que a aplicao da lei nova
se dar ainda que o fato (crime) j tenha sido julgado por
sentena transitada em julgado.
E) Lei posterior que traz benefcios e prejuzos ao ru
Pode ocorrer, no entanto, que a lei nova tenha alguns pontos mais
favorveis e outros mais prejudiciais ao ru.
EXEMPLO: Suponhamos que Maria tenha praticado crime de furto, cuja
pena de 1 a 04 anos de recluso, e multa. Posteriormente, sobrevm
uma lei que estabelece que a pena passa a ser de 02 a 06 anos de
5 Tambm no h abolitio criminis quando a lei nova revoga uma lei especial que
criminaliza um determinado fato, mas que mesmo assim, est enquadrado
como crime numa norma geral. Explico:
,PDJLQH TXH D /HL $SUHYHMD R FULPHGH URXER D HPSUHVD GH WUDQVSRUWH GH YDORUHVFRP SHQD GH D DQRV 3RVWHULRUPHQWH HQWUD HP YLJRU D /HL % TXH revoga H[SUHVVDHWRWDOPHQWHD/HL$3RGH-se dizer que o roubo a empresa de transporte de valores deixou de ser crime? Claro que no, pois a conduta, o fato, est previsto no art. 157 do Cdigo Penal (crime de roubo). Assim, apenas deixou de existir a lei especial que previa pena diferenciada para este fato, passando o mesmo a ser regido pelo tipo previsto no Cdigo Penal. Pode-se dizer, no entanto, que houve novatio legis in mellius, ou Lex mitior, que a supervenincia de lei mais benfica. 6 Art. 2 (...) Pargrafo nico - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentena condenatria transitada em julgado.
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deteno, sem multa. Percebam que a lei nova mais benfica pois
extinguiu a pena de multa, e estabeleceu o regime de deteno,
mas mais gravosa pois aumentou a pena mnima e a pena
mxima.
Nesse caso, como avaliar se a lei mais benfica ou mais gravosa? E
mais, ser que possvel combinar as duas leis para se achar a soluo
mais benfica para o ru? Duas correntes se formaram:
1 corrente: No possvel combinar as leis penais para se extrair
os pontos favorveis de cada uma delas, pois o Juiz estaria criando uma
terceira lei (Lex tertia), o que seria uma violao ao princpio da
Separao dos Poderes, j que no cabe ao Judicirio legislar. Essa a
TEORIA DA PONDERAO UNITRIA ou GLOBAL.
2 corrente: possvel a combinao das duas leis, de forma a
selecionar os institutos favorveis de cada uma delas, sem que com isso
se esteja criando uma terceira lei, pois o Juiz s estaria agindo dentro dos
limites estabelecidos pelo prprio legislador. Essa a TEORIA DA
PONDERAO DIFERENCIADA.
O STF, embora tenha vacilado em alguns momentos, firmou
entendimento no sentido de que deve ser adotada a TEORIA DA
PONDERAO UNITRIA7, devendo ser aplicada apenas uma das leis,
em homenagem aos princpios da reserva legal e da separao dos
Poderes do Estado. O STJ sempre adotou esta posio8.
7 Entretanto, no julgamento do RE 596152/SP, o STF adotou posio contrria, ou seja,
permitiu a combinao de leis. Trata-se de uma deciso isolada, portanto, no
FDUDFWHUL]DXPDMXULVSUXGrQFLDGHYHUGDGH 8 E de forma a consolidar sua tese, o STJ editou o verbete n 501 de sua smula de
jurisprudncia, entendendo, relativamente aos crimes da lei de drogas, a
impossibilidade de combinao de leis. Vejamos:
SMULA N 501
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E quem deve aplicar a nova lei penal mais benfica ou a nova
lei penal abolitiva? O Supremo Tribunal Federal (STF) firmou
entendimento no sentido de que DEPENDE DO MOMENTO:
x Processo ainda em curso Compete ao Juzo que est conduzindo o processo
x Processo j transitado em julgado Compete ao Juzo da execuo penal.
Nos termos da smula 611 do STF:
SMULA N 611
Transitada em julgado a sentena condenatria, compete ao Juzo das execues a aplicao da lei mais benigna.
Mas e se a lei nova for revogada por outra lei mais gravosa?
Nesse caso, a lei mais gravosa no se aplicar aos fatos regidos pela lei
mais benfica, pois isso seria uma retroatividade da lei em prejuzo do
ru. No momento em que a lei intermediria (a que revogou, mas foi
revogada) entrou em vigor, passou a reger os fatos ocorridos antes de
sua vigncia. Sobrevindo lei posterior mais grave, aplica-se a regra geral
da irretroatividade da Lei em relao a esta ltima.
Lei A (gravosa) Lei B (Mais benfica) Lei C (Mais gravosa)
EFEITOS DA LEI B EFEITOS DA LEI C
|----|------|------------------------------------------------------|
Fato VIGNCIA DA LEI B
cabvel a aplicao retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidncia das suas disposies, na ntegra, seja mais favorvel ao ru do que o advindo da aplicao da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinao de leis.
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No caso representado pelo esquema acima, a Lei B produzir efeitos
mesmo aps sua revogao pela Lei C (em relao aos fatos praticados
durante sua vigncia e ANTES de sua vigncia). Nesse caso, diz-se que h
a ULTRATIVIDADE DA LEI B.9
Excepcional a situao das leis intermitentes, que se dividem em
leis excepcionais e leis temporrias. As leis excepcionais so
aquelas que so produzidas para vigorar durante determinada situao.
Por exemplo, estado de stio, estado de guerra, ou outra situao
excepcional. Lei temporria aquela que editada para vigorar durante
determinado perodo, certo, cuja revogao se dar automaticamente
quando se atingir o termo final de vigncia, independentemente de se
tratar de uma situao normal ou excepcional do pas.
No caso destas leis, dado seu carter transitrio, o fato de estas
leis virem a ser revogadas irrelevante! Isso porque a revogao
decorrncia natural do trmino do prazo de vigncia da lei. Assim, aquele
que cometeu o crime durante a vigncia de uma destas leis
responder pelo fato, nos moldes em que previsto na lei, mesmo
aps o fim do prazo de durao da norma.
Isso uma questo de lgica, pois, se assim no o fosse, bastaria
que o ru procrastinasse o processo at data prevista para a revogao
da lei a fim de que fosse decretada a extino de sua punibilidade. Isso
est previsto no art. 3 do Cdigo Penal:
Art. 3 - A lei excepcional ou temporria, embora decorrido o perodo de sua durao ou cessadas as circunstncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigncia.
CUIDADO! Sempre se entendeu que a posterior revogao da lei
temporria no afetaria os fatos praticados durante sua vigncia. Isso
9 Quando a lei aplicada fora de seu perodo de vigncia, diz-se que h extratividade. A extratividade pode ocorrer em razo da ultratividade ou da retroatividade, a depender do caso. A extratividade, portanto, um gnero, que comporta duas espcies: retroatividade e ultratividade. BITENCOURT, Op. cit., p. 207/209
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deve ser analisado com cautela.
Existem duas hipteses absolutamente distintas.
EXEMPLO ([LVWH XPD /HL $ TXH GL] TXH p FULPH YHQGHU TXDOTXHUcerveja que no seja a cerYHMDUHGRQGDGXUDQWHDUHDOL]DomRGD&RSDdo Mundo no Brasil. Essa lei tem durao prevista at o dia da final da
Copa. Jos foi preso em flagrante, durante uma das semifinais da Copa
GR 0XQGR YHQGHQGR D FHUYHMD TXDGUDGD H SRUWDQWR SUDWLFDQGR RcrimHSUHYLVWRQD/HL$ Dessa situao, duas hipteses podem ocorrer:
01 $ /HL $ GHL[D GH YLJRUDU QDWXUDOPHQWH SRUTXH VH SUD]R GHvalidade expirou Nenhuma consequncia prtica em favor de Jos, pois a expirao da validade o processo natural da lei penal temporria.
02 O Governo entende que um absurdo criminalizar tais condutas que, na verdade, tem como nica finalidade proteger interesses
econmicos de particulares e, em razo, disso, edita uma nova Lei (aps
a expirao da lei temporria) que prev a descriminalizao da conduta
incriminada Nesse caso, teremos abolitio criminis, e isso ter efeitos prticos para Jos. O mesmo ocorreria se o Governo, ao invs de
proceder descriminalizao da conduta, tivesse abrandado a pena (lex
mitior). Essa lei iria retroagir.
CUIDADO! Eu j vi este tema ser abordado das mais diversas formas. J
vi Banca entendendo que a lei temporria ser aplicada mesmo que
sobrevenha lei nova, abolindo o crime. Isso complicado, porque traz
insegurana ao candidato. Contudo, a vai meu conselho: Lei temporria
SURGX] HIHLWRV DSyV VXD UHYRJDomR QDWXUDO H[SLUDomR GR SUD]R GHvalidade). Se houver supervenincia de lei abolitiva expressamente
revogando a criminalizao prevista na lei temporria, ela no mais
produzir efeitos. Assim, cuidado com a abordagem na prova.
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1.2. Tempo do crime
Para podermos aplicar corretamente a lei penal, necessrio saber
quando se considerada praticado o delito. Trs teorias buscam explicar
quando se considera praticado o crime:
1) Teoria da atividade O crime se considera praticado quando da ao ou omisso, no importando quando ocorre o resultado. a
teoria adotada pelo art. 4 do Cdigo Penal, vejamos:
Art. 4 - Considera-se praticado o crime no momento da ao ou omisso, ainda que outro seja o momento do resultado.
2) Teoria do resultado Para esta teoria, considera-se praticado o crime quando da ocorrncia do resultado, independentemente de
quando fora praticada a ao ou omisso.
3) Teoria da ubiquidade ou mista Para esta teoria, considera-se praticado o crime tanto no momento da ao ou omisso quanto
no momento do resultado.
Como vimos, nosso Cdigo adotou a teoria da atividade como a
aplicvel ao tempo do crime. Isto representa srios reflexos na
aplicao da lei penal, pois esta depende da data do fato, que, como
vimos, a data da conduta.
Nos crimes permanentes, aplica-se a lei em vigor ao final da
permanncia delitiva, ainda que mais gravosa que a do incio. O
mesmo ocorre nos crimes continuados, hiptese em que se aplica a lei
vigente poca do ltimo ato (crime) praticado. Essa tese est
consagrada pelo STF, atravs do enunciado n 711 da smula de sua
Jurisprudncia:
SMULA N 711 A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigncia anterior cessao da continuidade ou da permanncia.
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Mas isso no ofende o princpio da irretroatividade da lei mais
gravosa? No, pois neste caso NO H RETROATIVIDADE. Neste
caso, a lei mais grave est sendo aplicada a um crime que ainda est
sendo praticado, e no a um crime que j foi praticado.10
2. Aplicao da lei penal no espao
To importante quanto conhecer as mincias referentes aplicao
da lei penal no tempo conhecer as regras atinentes lei penal no
espao.
Toda lei editada para vigorar num determinado tempo e num
determinado espao. No que tange lei penal, via de regra ela se aplica
dentro do territrio do pas em que foi editada, pois este o limite do
exerccio da soberania de cada Estado. Ou seja, nenhum Estado pode
exercer sua soberania fora de seu territrio.
Vamos estudar, ento, as regras referentes aplicao da lei penal
no espao.
2.1. Princpio da Territorialidade
Essa a regra no que tange aplicao da lei penal no espao. Pelo
princpio da territorialidade, aplica-se lei penal aos crimes cometidos
no territrio nacional. Assim, no importa se o crime foi cometido por
estrangeiro ou contra vtima estrangeira. Se cometido no territrio
nacional, submete-se lei penal brasileira.
o que prev o art. 5 do Cdigo Penal:
10 Cezar Roberto Bitencourt critica parcialmente a smula, ao entendimento de que ela poderia ser aplicvel ao crime permanente, sem nenhuma violao irretroatividade da lei mais gravosa, mas a mesma soluo no poderia ser adotada em relao ao crime continuado, por no se tratar de crime nico com execuo prolongada no tempo, e sim mera fico jurdica que considera como crime nico (para fins de aplicao da pena), uma srie de delitos. BITENCOURT, Op. cit., p. 220. A maioria da Doutrina, contudo, no tece crticas smula. Ver, por todos, BITENCOURT, Op. cit., p. 120.
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Art. 5 - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuzo de convenes, tratados e
regras de direito internacional, ao crime cometido no territrio nacional.
Na verdade, como o Cdigo Penal admite algumas excees,
podemos dizer que o nosso Cdigo adotou O PRINCPIO DA
TERRITORIALIDADE MITIGADA OU TEMPERADA.11
Territrio pode ser conceituado como espao em que o Estado
exerce sua soberania poltica. O territrio brasileiro compreende:
x O Mar territorial; x O espao areo (Teoria da absoluta soberania do pas
subjacente);
x O subsolo
So considerados como territrio brasileiro por extenso:
x Os navios e aeronaves pblicos, onde quer que se encontrem
x Os navios e aeronaves particulares, que se encontrem em alto-mar ou no espao areo
Assim, aos crimes praticados nestes locais aplica-se a lei brasileira,
pelo princpio da territorialidade.
ATENO! Como sabemos, a Lei penal brasileira ser aplicada aos
crimes cometidos a bordo de aeronaves ou embarcaes estrangeiras,
mercantes ou de propriedade privada, desde que se encontrem no
espao areo brasileiro ou em pouso no territrio nacional, ou, no caso
das embarcaes, em porto ou mar territorial brasileiro.
11 Ver, por todos, GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 123/124 e GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 222.
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Contudo, a Doutrina aponta uma exceo aplicao da lei penal
brasileira neste caso. Trata-se do PRINCPIO DA PASSAGEM
INOCENTE. Este princpio, decorrente do Direito Internacional Martimo,
estabelecido na Conveno de Montego Bay (1982), que foi assinada
pelo Brasil, prev que uma embarcao de propriedade privada, de
qualquer nacionalidade, possui o direito de atravessar o territrio de uma
nao, desde que no ameace a paz, a segurana e a boa ordem do
Estado.
Aplicando tal princpio ao Direito Penal, a Doutrina entende que se um
crime for praticado a bordo de uma embarcao que se encontre em
SDVVDJHP LQRFHQWH QmR VHUi DSOLFiYHO D OHL EUDVLOHLUD D HVWH FULPHdesde que o crime em questo no afete nenhum bem jurdico nacional.
Ex.: Um americano mata um holands dentro de um navio
argentino em situao de passagem inocente.
A Doutrina estende a aplicao do princpio tambm s aeronaves
privadas em situao semelhante.
CUIDADO! Este princpio s se aplica s embarcaes ou aeronaves que
utilizHP R WHUULWyULR GR %UDVLO FRPR PHUD SDVVDJHP 6H R %UDVLO p Rdestino da aeronave ou embarcao, no h aplicao do princpio.
Assim, para que possamos trabalhar com este princpio na prova, a
TXHVWmRGHYHGHL[DUFODUDDVLWXDomRGHSDVVDJHPLQRFHQWH
2.2. Princpio da Personalidade ou da nacionalidade
Divide-se em princpio da personalidade ativa e da personalidade
passiva.
Pelo princpio da personalidade ativa, aplica-se a lei penal brasileira
ao crime cometido por brasileiro, ainda que no exterior. As hipteses de
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DSOLFDomR GHVWH SULQFtSLR HVWmR SUHYLVWDV QR DUW , G H ,, E GRCPB:
Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
(...)
d) de genocdio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
(...)
II - os crimes:
(...)
b) praticados por brasileiro;
No primeiro caso, basta que o crime de genocdio tenha sido
cometido por brasileiro para que a lei brasileira seja aplicada, no
havendo qualquer condio alm desta.
No segundo caso (crime comum cometido por brasileiro no exterior),
algumas condies devem estar presentes, conforme preceitua o 2 do
art. 7 do CPB:
2 - Nos casos do inciso II, a aplicao da lei brasileira depende do concurso das seguintes condies: (Includo pela Lei n 7.209, de 1984)
a) entrar o agente no territrio nacional; (Includo pela Lei n 7.209, de 1984)
b) ser o fato punvel tambm no pas em que foi praticado; (Includo pela Lei n 7.209, de 1984)
c) estar o crime includo entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradio; (Includo pela Lei n 7.209, de 1984)
d) no ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou no ter a cumprido a pena; (Includo pela Lei n 7.209, de 1984)
e) no ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, no estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorvel. (Includo pela Lei n 7.209, de 1984)
Assim, no basta que o crime tenha sido cometido por brasileiro,
necessrio que as condies acima estejam presentes, ou seja: O fato
deve ser punvel tambm no local onde fora cometido o crime; deve o
agente entrar no territrio brasileiro; O crime deve estar includo no rol
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daqueles que autorizam extradio e no pode o agente ter sido absolvido
ou ter sido extinta sua punibilidade no estrangeiro.
Pelo princpio da personalidade passiva, aplica-se a lei brasileira
aos crimes cometidos contra brasileiro, ainda que no exterior. Nos termos
do art. 7, 3 do CPB:
3 - A lei brasileira aplica-se tambm ao crime cometido por estrangeiro
contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condies previstas no
pargrafo anterior:
a) no foi pedida ou foi negada a extradio;
b) houve requisio do Ministro da Justia.
Percebam que, alm das condies previstas para a aplicao do
princpio da personalidade ativa, para a aplicao do princpio da
personalidade passiva o Cdigo prev ainda outras duas
condies:
x Ter havido requisio do Ministro da Justia x No ter sido pedida ou ter sido negada a extradio do
estrangeiro que praticou o crime
2.3. Princpio do domiclio
Por este princpio, aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por
pessoa domiciliada no Brasil, no havendo qualquer outra condio. S h
uma hiptese de aplicao deste princpio na lei penal brasileira, e a
prevista no art,GGR&3% Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
(...)
d) de genocdio, quando o agente for brasileiro RXGRPLFLOLDGRQR%UDVLO
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Portanto, somente no caso do crime de genocdio ser aplicado o
princpio do domiclio, devendo ser aplicada a lei brasileira ainda que se
trate crime cometido no estrangeiro por agente estrangeiro contra vtima
estrangeira, desde que o autor seja domiciliado no Brasil. Alguns autores
entendem que aqui se aplica o princpio da Justia Universal.12
2.4. Princpio da Defesa ou da Proteo
Este princpio visa a garantir a aplicao da lei penal brasileira aos
crimes cometidos, em qualquer lugar e por qualquer agente, mas que
ofendam bens jurdicos nacionais. Est previsto no aUW,a, b e F
Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repblica;
b) contra o patrimnio ou a f pblica da Unio, do Distrito Federal, de
Estado, de Territrio, de Municpio, de empresa pblica, sociedade de
economia mista, autarquia ou fundao instituda pelo Poder Pblico;
c) contra a administrao pblica, por quem est a seu servio;
Vejam que se trata de bens jurdicos altamente relevantes para o
pas. No se trata de considerar a vida e a liberdade do Presidente da
Repblica mais importante que a vida e a liberdade dos demais
brasileiros. Nesse caso, o que se busca garantir que um crime praticado
contra a figura do Presidente da Repblica no fique impune, pois mais
que um crime contra a pessoa, um crime contra toda a nao.
12 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 127
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Reparem, ainda, que no qualquer crime cometido contra o
Presidente, mas somente aqueles que atentem contra sua vida ou
liberdade.
Estas hipteses dispensam outras condies, bastando que tenha
sido o crime cometido contra estes bens jurdicos. Alis, ser aplicada a
lei brasileira ainda que o agente j tenha sido condenado ou absolvido no
exterior:
1 - Nos casos do inciso I, o agente punido segundo a lei brasileira, ainda
que absolvido ou condenado no estrangeiro.
Entretanto, para que seja evitado o cumprimento duplo de pena (bis
in idem), caso tenha sido o agente condenado no exterior, a pena a ser
cumprida no Brasil ser abatida da pena cumprida no exterior, o que se
chama DETRAO PENAL. Nos termos do art. 8 do CPB:
Art. 8 - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela computada, quando idnticas.
Embora o art. 8 seja louvvel, tecnicamente, a simples possibilidade
de duplo julgamento pelo mesmo fato j configura bis in idem.
Entretanto, o STF ignora este fato, e a norma permanece em pleno
vigor.
H quem entenda que esta regra uma exceo ao princpio do ne
bis in idem13, pois o Estado estaria autorizado a julgar, condenar e punir a
pessoa mesmo j tendo havido julgamento (inclusive com condenao e
cumprimento de pena) em outro Estado.
2.5. Princpio da Justia Universal
Este princpio utilizado para a aplicao da lei penal brasileira
contra crimes cometidos em qualquer territrio e por qualquer agente, 13 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 129
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desde que o Brasil, atravs de tratado internacional, tenha se obrigado a
reprimir tal conduta. Tem previso no art. 7, II, a do CPB:
Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
(...)
II - os crimes:
a) que, por tratado ou conveno, o Brasil se obrigou a reprimir;
Como a previso se encontra no inciso II do art. 7, aplicam-se as
condies previstas no 2, como ingresso do agente no territrio
nacional, etc.
2.6. Princpio da Representao ou da bandeira ou do Pavilho
Por este princpio, aplica-se a lei penal brasileira aos crimes
cometidos no estrangeiro, a bordo de aeronaves e embarcaes privadas,
mas que possuam bandeira brasileira, quando, no pas em que ocorreu o
crime, este no for julgado.
$SUHYLVmRHVWiQRDUW,,FGR&3% Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
(...)
II - os crimes:
(...)
c) praticados em aeronaves ou embarcaes brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em territrio estrangeiro e a no sejam julgados.
EXEMPLO: Se um cidado mexicano comete um crime contra um
cidado alemo, a bordo de uma aeronave pertencente a uma empresa
area brasileira, enquanto esta se encontra parada no aeroporto de Nova
York, pelo Princpio da Bandeira, a este crime poder ser aplicada a lei
brasileira, caso no seja julgado pelo Judicirio americano.
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CUIDADO! Se, no exemplo anterior, o
crime fosse cometido a bordo de
uma aeronave pertencente ao
Brasil, por exemplo, o avio oficial da
Presidncia da Repblica, a lei penal
brasileira seria aplicada no pelo
Princpio da Bandeira, mas pelo
Princpio da Territorialidade, regra
geral, pois estas aeronaves so
consideradas territrio brasileiro
por extenso! CUIDADO!
2.7. Lugar do Crime
Para aplicarmos corretamente o que foi aprendido acerca da lei penal
no espao, precisamos saber, com exatido, qual o local do crime. Para
tanto, existem algumas teorias:
1) Teoria da atividade Considera-se local do crime aquele em que a conduta praticada.
2) Teoria do resultado Para esta teoria, no importa onde praticada a conduta, pois se considera como lugar do crime o local
onde ocorre a consumao.
3) Teoria mista ou da ubiquidade Esta teoria prev que tanto o lugar onde se pratica a conduta quanto o lugar do resultado so
considerados como local do crime. Esta teoria a adotada pelo
Cdigo Penal, em seu art. 6:
Art. 6 - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ao ou omisso, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado
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Entretanto, esta regra da ubiquidade s se aplica quando
estivermos diante de pluralidade de pases, ou seja, quando for
necessrio estabelecer o local do crime para fins de definio de qual lei
(de que pas) penal aplicar.
2.8. Extraterritorialidade
Como estudamos, a regra na aplicao da lei penal brasileira o
princpio da territorialidade, em que se aplica a lei penal brasileira aos
crimes cometidos no territrio nacional.
Entretanto, existem algumas hipteses em que se aplica a lei penal
brasileira a crimes cometidos no exterior. Nestes casos, estamos diante
do fenmeno da extraterritorialidade da lei penal.
Esta extraterritorialidade pode ser incondicionada ou
condicionada.
No primeiro caso, como o prprio nome diz, no h qualquer
condio. Basta que o crime tenha sido cometido no estrangeiro. As
hipteses so poucas e j foram aqui estudadas. So as previstas no art.
7, I do CPB (Crimes contra bens jurdicos de relevncia nacional e crime
de genocdio). Nestes casos, pelos princpios da Proteo e do Domiclio
ou da Personalidade Ativa (a depender do caso), aplica-se a lei brasileira,
ocorrendo o fenmeno da extraterritorialidade:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repblica;
b) contra o patrimnio ou a f pblica da Unio, do Distrito Federal, de Estado, de Territrio, de Municpio, de empresa pblica, sociedade de economia mista, autarquia ou fundao instituda pelo Poder Pblico;
c) contra a administrao pblica, por quem est a seu servio;
Princpio da Proteo
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d) de genocdio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
Embora sob fundamentos diversos (Princpios diversos), todas as
hipteses culminam no fenmeno da extraterritorialidade
incondicionada da lei penal brasileira.
A extraterritorialidade condicionada, por sua vez, est prevista
no art. 7, II e 3 do CP. Neste caso, a lei brasileira s ser aplicada
ao fato de maneira subsidiria, ou seja, se no tiver havido julgamento do
crime no estrangeiro. Alm disso, necessrio que o agente ingresse no
territrio nacional, que o crime esteja dentre aqueles pelos quais se
admite extradio e que haja a chamada dupla tipicidade (O fato tem
que ser crime nos dois pases).
Nos termos do Cdigo Penal:
Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
(...)
II - os crimes:
a) que, por tratado ou conveno, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcaes brasileiras, mercantes
ou de propriedade privada, quando em territrio estrangeiro e a no sejam
julgados.
(...)
3 - A lei brasileira aplica-se tambm ao crime cometido por
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condies
previstas no pargrafo anterior:
Princpio do Domiclio ou Princpio da
personalidade ativa
Hipteses de extraterritoriali
dade condicionada
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Estas so as hipteses em que se aplica, condicionalmente, a lei
penal brasileira a fatos ocorridos no estrangeiro. As condies para esta
aplicao se encontram no art. 7, 2 do CPB:
2 - Nos casos do inciso II, a aplicao da lei brasileira depende do concurso das seguintes condies:
a) entrar o agente no territrio nacional;
b) ser o fato punvel tambm no pas em que foi praticado;
c) estar o crime includo entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradio;
d) no ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou no ter a cumprido a pena;
e) no ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, no estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorvel.
Entretanto, exclusivamente para a hiptese do 3, existem ainda
duas outras condies:
a) no foi pedida ou foi negada a extradio;
b) houve requisio do Ministro da Justia.
Desta maneira, meus queridos, terminamos o estudo da aplicao da
lei penal, no tempo e no espao. S para finalizar, vou deixar de lambuja
para vocs um macete para gravarem as teorias adotadas para o tempo
do crime e para o lugar do crime:
Lugar = Ubiquidade
Tempo = Atividade
Muita LUTA, meus amigos!!
Condies
Condies especficas
para a hiptese de
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3. Aplicao da Lei penal em relao s pessoas
Os sujeitos do crime so aqueles que, de alguma forma, se
relacionam com a conduta criminosa. So basicamente de duas ordens:
Sujeito ativo e passivo.
3.1. Sujeito ativo
Sujeito ativo a pessoa que pratica a conduta descrita no tipo
penal. Entretanto, atravs do concurso de pessoas, ou concurso de
agentes, possvel que algum seja sujeito ativo de uma infrao
penal sem que realize a conduta descrita no tipo penal.
EXEMPLO: Pedro atira contra Paulo, vindo a causar-lhe a morte.
Pedro sujeito ativo do crime de homicdio, previsto no art. 121 do
Cdigo Penal, isso no se discute. Mas tambm ser sujeito ativo do
crime de homicdio, Joo, que lhe emprestou a arma e lhe encorajou a
atirar. Embora Joo no tenha realizado a conduta prevista no tipo penal,
SRLV QmR SUDWLFRX D FRQGXWD GH PDWDU DOJXpP DX[LOLRX PDWHULDO Hmoralmente Pedro a faz-lo.
Somente o ser humano, em regra, pode ser sujeito ativo de
uma infrao penal. Os animais, por exemplo, no podem ser sujeitos
ativos da infrao penal, embora possam ser instrumentos para a prtica
de crimes.
Modernamente, tem se admitido a RESPONSABILIDADE PENAL
DA PESSOA JURDICA, ou seja, tem se admitido que a pessoa jurdica
seja considerada SUJEITO ATIVO DE INFRAES PENAIS.
Embora eu discorde desta corrente, por inmeras razes, temos que
estud-la.
A Constituio de 1988 trouxe, em seu art. 225, 3, estabelece
que:
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3 - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitaro os infratores, pessoas fsicas ou jurdicas, a sanes penais e administrativas, independentemente da obrigao de reparar os danos causados.
Esse dispositivo considerado o marco mais significativo para a
responsabilizao penal da pessoa jurdica, para os que defendem essa
tese.
Os opositores justificam sua tese sob o argumento, basicamente, de
que a pessoa jurdica no possui vontade, assim, a vontade seria sempre
do seu dirigente, devendo este responder pelo crime, no a pessoa
jurdica. Ademais, o dirigente s pode agir em conformidade com o
estatuto social, o que sair disso excesso de poder, e como a Pessoa
Jurdica no pode ter em seu estatuto a prtica de crimes como objeto,
todo crime cometido pela pessoa jurdica seria um ato praticado com
violao a seu estatuto, devendo o agente responder pessoalmente, no a
Pessoa Jurdica.
Muitos outros argumentos existem, para ambos os lados. Entretanto,
isto no um livro de doutrina, mas um curso para concurso, ento o que
vocs precisam saber que o STF e o STJ admitem a
responsabilidade penal da pessoa jurdica em todos os crimes
ambientais (regulamentados pela lei 9.605/98)!
Com relao aos demais crimes, em tese, atribuveis pessoa
jurdica (crimes contra o sistema financeiro, economia popular, etc.),
como no houve regulamentao da responsabilidade penal da
pessoa jurdica, esta fica afastada, conforme entendimento do STF
e do STJ.
A Jurisprudncia do STJ no sentido de ADMITIR a
responsabilidade penal da pessoa jurdica, exigindo, entretanto, a
punio simultnea da pessoa fsica causadora do dano, no que se
convencionou chamar de TEORIA DA DUPLA IMPUTAO.
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CUIDADO! H uma deciso isolada e recente do STF admitindo que a
pessoa jurdica seja processada sem que a pessoa fsica tambm seja
(em descompasso, portanto, com o princpio da dupla imputao).
Contudo, trata-se de deciso isolada e que no foi tomada pelo Plenrio
da Corte. 1mR SRGHPRV DLQGD FRQVLGHUDU LVWR XPD MXULVSUXGrQFLDFRQVROLGDGDGR67)PDVWDOYH]VHMDRLQGLFDWLYRGHXPDSRVLomRIXWXUDda Corte (RE 548181, informativo 714 do STF).
Em regra, a Lei Penal aplicvel a todas as pessoas indistintamente.
Entretanto, em relao a algumas pessoas, existem disposies
especiais do Cdigo Penal. So as chamadas imunidades diplomticas
(diplomticas e de chefes de governos estrangeiros) e parlamentares
(referentes aos membros do Poder Legislativo).
3.1.1. Imunidades Diplomticas
Estas imunidades se baseiam no princpio da reciprocidade, ou seja,
o Brasil concede imunidade a estas pessoas, enquanto os Pases que
representam conferem imunidades aos nossos representantes.
No h violao ao princpio constitucional da isonomia! Cuidado!
Pois a imunidade no conferida em razo da pessoa imunizada, mas
em razo do cargo que ocupa. Ou seja, ela de carter funcional.
Entenderam?
Estas imunidades diplomticas esto previstas na Conveno de
Viena, incorporada ao nosso ordenamento jurdico atravs do Decreto
56.435/65, que prev imunidade total (em relao a qualquer crime) aos
Diplomatas, que esto sujeitos Jurisdio de seu pas apenas. Esta
imunidade se estende aos funcionrios dos rgos internacionais (quando
em servio!) e aos seus familiares, bem como aos Chefes de Governo e
Ministros das Relaes Exteriores de outros pases.
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Essa imunidade IRRENUNCIVEL, exatamente por no pertencer
pessoa, mas ao cargo que ocupa! Essa a posio do STF! Cuidado
com isso!
Com relao aos cnsules (diferentes dos Diplomatas) a imunidade
s conferida aos atos praticados em razo do ofcio, no a qualquer
crime. EXEMPLO: Se Yamazaki, cnsul do Japo no Rio de Janeiro, no
domingo, curtindo uma praia, agride um vendedor de picols por ter lhe
dado o troco errado (carioca malandro...), responder pelo crime, pois
no se trata de ato praticado no exerccio da funo.
Resumidamente:
x IMUNIDADE TOTAL DE JURISDIO PENAL Agentes diplomticos e seus familiares, bem como os membros do
pessoal administrativo e tcnico da misso, assim como os
membros de suas famlias que com eles vivam, desde que no
sejam nacionais do estado acreditado (no caso, o Brasil) nem
nele tenham residncia permanente.
x IMUNIDADE DE JURISDIO PENAL em relao aos ATOS PRATICADOS NO EXERCCIO DAS FUNES Cnsules14 e membros do pessoal de servio da misso
diplomtica que no sejam nacionais do Estado acreditado nem
nele tenham residncia permanente.
3.1.2. Imunidades Parlamentares
Esto previstas na Constituio Federal, motivo pelo qual geralmente
so mais bem estudadas naquela disciplina. Entretanto, como costumam
ser cobradas tambm na matria de Direito Penal, vamos estud-la ponto
a ponto.
14 Art. 43.1 do Decreto 61.078/67 Promulgao da Conveno de Viena sobre Relaes Consulares.
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Trata-se de prerrogativas dos parlamentares, com vistas a se
preservar a Instituio (Poder Legislativo) de ingerncias externas. So
duas as hipteses de imunidades parlamentares: a) material (conhecida
como real, ou ainda, inviolabilidade); b) formal (ou processual ou ainda,
adjetiva).
(a) Imunidade material
Trata-se de prerrogativa prevista no art. 53 da Constituio:
Art. 53. Os Deputados e Senadores so inviolveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opinies, palavras e votos.
Assim, o parlamentar no comete crime quando pratica estas
condutas em razo do cargo (exerccio da funo). Entretanto, no
necessrio que o parlamentar tenha proferido as palavras dentro
do recinto (Congresso, Assembleia Legislativa, etc.), bastando que
tenha relao com sua funo (Pode ser numa entrevista a um jornal
local, etc.). ESSA A POSIO DO STF A RESPEITO DO TEMA.
Quanto natureza jurdica dessa imunidade (o que ela
representa perante o Direito), h muita controvrsia na Doutrina, mas a
posio que predomina a de que se trata de fato atpico, ou seja, a
conduta do parlamentar no chega sequer a ter enquadramento na lei
penal (Essa a posio que vem sendo adotada pelo Supremo
Tribunal Federal STF). Temos, ainda, a imunidade material dos vereadores, prevista no
art. 29, VIII da Constituio:
Art. 29. O Municpio reger-se- por lei orgnica, votada em dois turnos, com
o interstcio mnimo de dez dias, e aprovada por dois teros dos membros da
Cmara Municipal, que a promulgar, atendidos os princpios estabelecidos
nesta Constituio, na Constituio do respectivo Estado e os seguintes
preceitos:
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(...)
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opinies, palavras e votos no
exerccio do mandato e na circunscrio do Municpio; (Renumerado do inciso
VI, pela Emenda Constitucional n 1, de 1992)
Vejam que necessrio que o ato (no caso dos vereadores) tenha
sido praticado na circunscrio do municpio. Caso contrrio, no
haver a incidncia da proteo constitucional.
Informativo 775 do STF (fev./2015) 1RV OLPLWHV GD FLUFXQVFULomR GRMunicpio e havendo pertinncia com o exerccio do mandato, garante-se a imunidade
SUHYLVWDQRDUW9,,,GD&)DRVYHUHDGRUHV$UW20XQLFtSLRUHJHU-se- por lei orgnica, votada em dois turnos, com o interstcio mnimo de dez dias, e aprovada por
dois teros dos membros da Cmara Municipal, que a promulgar, atendidos os
princpios estabelecidos nesta Constituio, na Constituio do respectivo Estado e os
seguintes preceitos: ... VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opinies, palavras
H YRWRV QR H[HUFtFLR GR PDQGDWR H QD FLUFXQVFULomR GR 0XQLFtSLR 2 &ROHJLDGRreputou que, embora as manifestaes fossem ofensivas, teriam sido proferidas durante
a sesso da Cmara dos Vereadores portanto na circunscrio do Municpio e teriam como motivao questo de cunho poltico, tendo em conta a existncia de
representao contra o prefeito formulada junto ao Ministrio Pblico portanto no exerFtFLRGRPDQGDWR (RE 600063/SP, rel. orig. Min. Marco Aurlio, red. p/ o acrdo Min. Roberto Barroso, 25.2.2015. (RE-600063))
(b) Imunidade formal
Esta imunidade no est relacionada caracterizao ou no de uma
conduta como crime. Est relacionada questes processuais, como
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possibilidade de priso e seguimento de processo penal. Est
prevista no art. 53, 1 a 5 da Constituio da Repblica.
A primeira das hipteses a imunidade formal para a priso.
Assim dispe o art. 53, 2 da Constituio:
2 Desde a expedio do diploma, os membros do Congresso Nacional
no podero ser presos, salvo em flagrante de crime inafianvel.
Nesse caso, os autos sero remetidos dentro de vinte e quatro horas Casa
respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a
priso.
O STF entende que essa impossibilidade de priso se refere a
qualquer tipo de priso, inclusive as de carter provisrio,
decretadas pelo Juiz. A nica ressalva a priso em flagrante pela
prtica de crime inafianvel.
Entretanto, recentemente, o STF decidiu que os parlamentares
podem ser presos, alm desta hiptese, no caso de sentena penal
condenatria transitada em julgado, ou seja, na qual no cabe mais
recurso algum.
Continuando no caso da priso em flagrante, os autos da priso
sero remetidos casa a qual pertencer o parlamentar, em at 24h, e
esta decidir, em votao aberta, por maioria absoluta de seus
membros, se a priso mantida ou no.
A imunidade se inicia com a diplomao do parlamentar e se encerra
com o fim do mandato.
J a imunidade formal para o processo, est prevista no 3 do
art. 53 da Constituio:
3 Recebida a denncia contra o Senador ou Deputado, por crime
ocorrido aps a diplomao, o Supremo Tribunal Federal dar cincia
Casa respectiva, que, por iniciativa de partido poltico nela representado e
pelo voto da maioria de seus membros, poder, at a deciso final, sustar
o andamento da ao.
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Assim, se um parlamentar cometer um crime aps a diplomao e for
denunciado por isso, o STF, se receber a denncia, dever dar cincia
Casa a qual pertence o parlamentar (Cmara ou Senado), e esta poder,
por iniciativa de algum partido poltico que l tenha representante, sustar
o andamento da ao at o trmino do mandato.
Cuidado! S quem pode tomar a iniciativa de pedir a sustao da
ao penal partido poltico que possua algum representante NAQUELA
CASA.
EXEMPLO: Se um Senador est sendo processado, sendo o Senado
comunicado pelo STF, somente um partido com representao no
SENADO FEDERAL poder tomar a iniciativa de pedir a sustao da
ao penal, que ser decidida pela Casa.
A sustao deve ser decidida no prazo de 45 dias a contar do
recebimento do pedido pela Mesa Diretora da Casa. Caso o processo seja
suspenso, suspende-se tambm a prescrio, para evitar que o
Parlamentar deixe de ser julgado ao trmino do mandato.
Havendo a sustao da ao penal em relao ao parlamentar, e
tendo o processo outros rus que no sejam parlamentares, o processo
deve ser desmembrado, e os demais rus sero processados
normalmente.
Cuidado, meu povo! No caso de crime
cometido ANTES da diplomao, no h
essa regra. O STF no tem que comunicar
a Casa e no h possibilidade de sustao
do andamento do processo!
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Cuidado! Essas regras (referentes a ambas as espcies de
imunidades) so aplicveis aos parlamentares estaduais (Deputados
estaduais), por fora do art. 27, 1 da Constituio. Entretanto, aos
parlamentares municipais (vereadores) s se aplicam as imunidades
materiais! Muito, mas muito cuidado com isso! Ah, e em qualquer
caso, no abrangem os suplentes!
Os parlamentares no podem renunciar a estas imunidades, pois,
como disse antes, trata-se de prerrogativa inerente ao cargo, no
pessoa. Entretanto, a Doutrina e a Jurisprudncia entendem que o
parlamentar afastado para exercer cargo de Ministro ou Secretrio
de Estado NO mantm as imunidades, ou seja, ele perde a
imunidade parlamentar (A smula n 04 do STF fora revogada!). INQ
725-RJ, rel. Ministra Ellen Gracie, 8.5.2002.(INQ-725) Informativo 267 do STF.
Fiquem atentos! As imunidades parlamentares permanecem ainda
que o pas se encontre em estado de stio. Entretanto, por deciso de 2/3
dos membros da Casa, estas imunidades podero ser suspensas, durante
o estado de stio, em razo de ato praticado pelo parlamentar FORA DO
RECINTO. Assim, EM HIPTESE NENHUMA (NEM NO ESTADO DE
STIO), O PARLAMENTAR PODER SER RESPONSABILIZADO POR
ATO PRATICADO NO RECINTO (aqueles atos previstos na Constituio,
claro).
3.2. Sujeito Passivo
O sujeito passivo nada mais que aquele que sofre a ofensa
causada pelo sujeito ativo. Pode ser de duas espcies:
1) Sujeito passivo mediato ou formal o Estado, pois a ele pertence o dever de manter a ordem pblica e punir aqueles que
cometem crimes. Todo crime possui o Estado como sujeito passivo
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mediato, pois todo crime uma ofensa ao Estado, ordem
estatuda;
2) Sujeito passivo imediato ou material o titular do bem jurdico efetivamente lesado. Por exemplo: A pessoa que sofre
a leso no crime de leso corporal (art. 129 do CP), o dono do
carro roubado no crime de roubo (art. 157 do CP), etc.
CUIDADO! O Estado tambm pode ser sujeito passivo
imediato ou material, nos crimes em que for o titular do bem jurdico
especificamente violado, como nos crimes contra a administrao pblica,
por exemplo.
As pessoas jurdicas tambm podem ser sujeitos passivos de crimes.
J os mortos e os animais no podem ser sujeitos passivos de
crimes pois no so sujeitos de direito. Mas e o crime de vilipndio
a cadver e os crimes contra a fauna? Nesse caso, no so os mortos
e os animais os sujeitos passivos e sim, no primeiro caso, a famlia do
morto, e no segundo caso, toda a coletividade, pelo desequilbrio
ambiental.
NINGUM PODE COMETER CRIME CONTRA SI MESMO! Ou seja,
ningum pode ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo
imediato de um crime (Parte da Doutrina entende que isso possvel no
crime de rixa, mas isso no posio unnime).
III CONTAGEM DE PRAZOS
Nos termos do art. 10 do CP:
Art. 10 - O dia do comeo inclui-se no cmputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendrio comum.
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Como se v, a lei estabelece que os prazos previstos na Lei Penal
sejam contados de forma a incluir o dia do comeo. Desta forma, se
Bruno condenado a um ms de priso e o mandado cumprido dia 10
de junho, essa data considerada o primeiro dia de cumprimento da
pena, que ir se extinguir no dia 09 de julho, independentemente de o
mandado ter sido cumprido no dia 10 de junho s 23h45min. Esse dia
ser computado como um dia inteiro para fins penais.
O artigo diz, ainda, que se computam os prazos pelo calendrio
comum (chamado de gregoriano), que o que todos ns utilizamos.
Assim, no cmputo de meses no levam em considerao os dias de cada
um (28, 29, 30 ou 31 dias). Se um sujeito condenado a pena de um
ms, e comea a cumpri-la no dia 05, sua pena estar extinta no dia 04
do ms seguinte, independentemente de o ms ter quantos dias for, o
que na prtica, gera algumas injustias. Com relao aos anos, aplica-se
a mesma regra (no importa se o ano bissexto ou no).
O art. 11 do CP, por sua vez, diz o seguinte:
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as fraes de dia, e, na pena de multa, as fraes de cruzeiro.
Desta maneira, se o autor do crime condenado a 09 dias de priso,
aumentada de metade (9 + 4,5 = 13,5) a pena ser de 13 dias,
desprezando-se as 12 horas do clculo.
Com relao pena de multa, obviamente, hoje se entende como
UHDOHQmR FRPR FUX]HLURV$V IUDo}HVTXHQmR VH FRPSXWDPVmRRVcentavos. Assim, ningum pode ser condenado a R$ 125,43. Sero
desprezados os centavos.
Por fim, uma observao que se refere aplicao da Lei Penal. O
art. 12 diz que:
Art. 12 - As regras gerais deste Cdigo aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta no dispuser de modo diverso.
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Portanto, o Cdigo Penal (sua parte geral) aplicado
subsidiariamente aos crimes previstos em lei especial, ou seja,
primeiro se analisa se a lei especial contm alguma regulamentao
acerca do tema. Se no possuir, aplica-se a regulamentao presente no
CP (Princpio da convivncia das esferas autnomas).
IV EFICCIA DA SENTENA ESTRANGEIRA
Para que uma sentena penal estrangeira possa produzir seus efeitos
no Brasil devem ser respeitadas as regras estabelecidas no art. 9 do CP.
Vejamos:
Art. 9 - A sentena estrangeira, quando a aplicao da lei brasileira produz
na espcie as mesmas conseqncias, pode ser homologada no Brasil para:
(Redao dada pela Lei n 7.209, de 11.7.1984)
I - obrigar o condenado reparao do dano, a restituies e a outros
efeitos civis; (Includo pela Lei n 7.209, de 11.7.1984)
II - sujeit-lo a medida de segurana. (Includo pela Lei n 7.209, de
11.7.1984)
Pargrafo nico - A homologao depende: (Includo pela Lei n 7.209, de
11.7.1984)
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;
(Includo pela Lei n 7.209, de 11.7.1984)
b) para os outros efeitos, da existncia de tratado de extradio com o pas
de cuja autoridade judiciria emanou a sentena, ou, na falta de tratado, de
requisio do Ministro da Justia. (Includo pela Lei n 7.209, de 11.7.1984)
Assim, basicamente, podemos dividir os efeitos da sentena penal
estrangeira em dois:
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x Obrigao de reparar o dano (bem como restituies e outros efeitos civis) Deve haver requerimento da parte interessada (em regra, a vtima ou seus sucessores).
x Sujeitar o infrator medida de segurana Existir tratado de extradio entre o Brasil e o Pas em que foi proferida a
sentena OU, caso no exista, deve haver requisio do
Ministro da Justia.
E a quem compete a homologao da sentena estrangeira
para que produza seus efeitos no Brasil? Compete ao STJ, nos
termos do art. 105, I, i da Constituio Federal:
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justia:
I - processar e julgar, originariamente:
(...)
i) a homologao de sentenas estrangeiras e a concesso de exequatur s
cartas rogatrias;(Includa pela Emenda Constitucional n 45, de 2004)
O STF exige, ainda, que tenha havido o trnsito em julgado da
sentena penal condenatria que ser homologada:
Smula 420 do STF
NO SE HOMOLOGA SENTENA PROFERIDA NO ESTRANGEIRO SEM PROVA
DO TRNSITO EM JULGADO.
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Esta smula , digamos, desnecessria, eis que o art. 788, III do CPP
j exige o trnsito em julgado como condio para a homologao da
sentena estrangeira.
Percebam, por fim, que no h possibilidade de homologao da
sentena penal estrangeira para fins de cumprimento de PENA. A
aplicao de pena criminal um ato de soberania do Estado e, portanto,
entende-se que no poderia um Estado (no caso, o Brasil), aplicar a pena
criminal imposta em outro pas15. Se for o caso, poderia o Brasil proceder
ao julgamento do infrator, no Brasil.
CUIDADO! O art. 63 do CP dispe que a condenao anterior por crime,
no Brasil ou no estrangeiro, gera reincidncia. Vejamos:
Reincidncia
Art. 63 - Verifica-se a reincidncia quando o agente comete novo crime,
depois de transitar em julgado a sentena que, no Pas ou no estrangeiro, o
tenha condenado por crime anterior. (Redao dada pela Lei n 7.209, de
11.7.1984)
Entretanto, para esta finalidade especfica no necessria a
homologao da sentena penal condenatria proferida no
estrangeiro. Basta que haja prova do trnsito em julgado desta sentena.
V INTERPRETAO DA LEI PENAL
Interpretar extrair o sentido de alguma coisa. Quando
interpretamos um texto, procuramos entender o que ele pretende nos
dizer. A mesma coisa acontece com o texto da lei. 15 Lembrando que possvel a celebrao de tratados internacionais de cooperao jurdico-penal para transferncia de presos, etc. Assim, as regras do CP se aplicam desde que no haja tratado especfico regulando a matria. Para os fins do nosso estudo basta que saibamos isso. No necessrio analisar a existncia de eventuais tratados ou acordos bilateriais internacionais.
50656031387
50656031387 - Maryane Chagas da Silva
DIREITO PENAL TJDFT (2015) PS-EDITAL TCNICO JUDICIRIO: REA ADMINISTRATIVA
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Assim, quando o operador do Direito se depara com um texto legal,
deve procurar extrair a vontade da lei (mens legis).
So diversos os tipos de interpretao. Vejamos:
x Autntica aquela realizada pelo prprio legislador (tambm chamada de interpretao legislativa). POR
EXEMPLO: O art. 327 nos d a definio de funcionrio pblico
para fins penais. Trata-se de uma interpretao feita pelo
prprio legislador. A interpretao autntica, por ser s uma
interpretao, aplica-se aos fatos passados, a