Upload
xica
View
6
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Aula 00
Citation preview
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
1 1
Ol!
Bem-vindo ao nosso curso de teoria e exerccios para
o concurso do Tribunal de Justia do CE, para o cargo de
ANALISTA JUDICIRIO, reas Judiciria e Execuo de
Mandados, eu prof. Edson Marques vou tratar dos temas
inerentes ao Direito Administrativo.
uma prazer enorme trazer um curso para esta cidade
especial. Vou confessar que fortaleza para mim uma das melhores
cidades deste pas, e se pudesse teria nascido cearense! Mas, como
no tive a sorte, adotei essa cidade como minha segunda terra
natal, e fiz diversos amigos por a.
Mas, deixando de firulas, deixe-me fazer uma breve
apresentao. Como disse, sou o Prof. Edson Marques, e,
atualmente, ocupo o cargo de Defensor Pblico Federal, com atuao
no STJ, ministro aulas em cursos preparatrios para concursos,
graduao e ps-graduao em Braslia nas cadeiras de Direito
Administrativo e Direito Constitucional.
Alm disso, j ocupei os cargos de Advogado da Unio,
Analista Judicirio no STJ e STF, Tcnico Judicirio no STJ, Tcnico
de Finanas e Controle no Min. Fazenda. Obtive, ainda, aprovao
em diversos concursos pblicos, tal como Procurador da Fazenda
Nacional, Delegado de Polcia Federal, Advogado Junior da CEF,
Tcnico Judicirio TST, Analista Judicirio Execuo de Mandados
do TRF 1 Regio e do TJDFT, dentre outros.
Neste curso vamos englobar as questes mais
recentes do CESPE, de modo que dividi nosso cronograma do
seguinte modo:
Aula 00: 1 Estado, governo e Administrao Pblica. 1.1
Conceitos. 1.2 Elementos. 2 Direito administrativo. 2.1
Conceito. 2.2 Objeto. 2.3 Fontes. 5 Regime jurdico-
administrativo. 5.1 Conceito. 5.2 Princpios expressos e
implcitos da Administrao Pblica.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
2 2
Aula 01: 8 Organizao administrativa. 8.1 Centralizao,
descentralizao, concentrao e desconcentrao. 8.2
Administrao direta e indireta. 8.3 Autarquias, fundaes,
empresas pblicas e sociedades de economia mista.
Aula 02: 8.4 Entidades paraestatais e terceiro setor:
servios sociais autnomos, entidades de apoio,
organizaes sociais, organizaes da sociedade civil de
interesse pblico.
Aula 03: 4 Poderes da administrao pblica. 4.1
Hierrquico, disciplinar, regulamentar e de polcia. 4.2 Uso e
abuso do poder.
Aula 04: 3 Ato administrativo. 3.1 Conceito, requisitos,
atributos, classificao e espcies. 3.2 Extino do ato
administrativo: cassao, anulao, revogao e
convalidao. 3.3 Decadncia administrativa.
Aula 05: 11 Licitaes. 11.1 Legislao pertinente. 11.1.1
Lei n 8.666/1993. 11.1.2 Lei n 10.520/2002 e demais
disposies normativas relativas ao prego. 11.1.3 Decreto
n 7.892/2013 (sistema de registro de preos).
Aula 06: 11 contratos administrativos. 11.1 Legislao
pertinente. 11.1.1 Lei n 8.666/1993. 11.1.4 Lei n
12.462/2011 (Regime Diferenciado de Contrataes
pblicas).
Aula 07: 7 Servios pblicos. 7.1 Conceito. 7.2 Elementos
constitutivos. 7.3 Formas de prestao e meios de
execuo. 7.4 Delegao: concesso, permisso e
autorizao. 7.5 Classificao. 7.6 Princpios.
Aula 08: 10 Processo administrativo.
Aula 09: 9.4 Improbidade administrativa: Lei n
8.429/1992.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
3 3
Aula 10: 9 Controle da administrao pblica. 9.1 Controle
exercido pela administrao pblica. 9.2 Controle judicial.
9.3 Controle legislativo.
Aula 11: 6 Responsabilidade civil do Estado. 6.1 Evoluo
histrica. 6.2 Responsabilidade civil do Estado no direito
brasileiro. 6.2.1 Responsabilidade por ato comissivo do
Estado. 6.2.2 Responsabilidade por omisso do Estado. 6.3
Requisitos para a demonstrao da responsabilidade do
Estado. 6.4 Causas excludentes e atenuantes da
responsabilidade do Estado. 6.5 Reparao do dano. 6.6
Direito de regresso.
A propsito, falando um pouquinho do edital, devemos
observar que o CESPE manteve seu padro. Ento, o que esperar?
Devemos ter certeza que a prova no ser das mais difceis do
universo, tambm no ser nada dado, de graa. preciso prestar
muita ateno em cada instituto e observar os pontos que daremos
mais nfase.
E nisso, informo que sou devoto do quanto mais
melhor. Penso que, em tais cursos, temos a oportunidade de tentar
esgotar tudo que a banca cobrou at ento. Por isso, vou trazer o
maior nmero de questes que for possvel e estiver ao meu
alcance.
Bem, o curso ter um breve sumrio, onde voc
poder constatar os tpicos que sero abordados, podendo acessar
as partes do texto mais rapidamente, temos um bloco com a parte
terica, depois as questes comentadas e, em seguida, as questes
selecionadas (questes sem resposta) e, por fim, o gabarito, para
que voc melhor se exercite.
Dito isso, sem mais delongas, vamos ao que interessa.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
4 4
SUMRIO
Direito Administrativo ................................................................................... 4
Fontes do Direito Administrativo .................................................................... 7
Estado, Governo e Administrao .................................................................. 10
Desconcentrao e Descentralizao Administrativa ........................................ 18
Regime Jurdico Administrativo ..................................................................... 23
Princpio da legalidade .......................................................................................... 24
Princpio da impessoalidade ................................................................................... 26
Princpio da moralidade ........................................................................................ 28
Princpio da publicidade ........................................................................................ 29
Princpio da eficincia ........................................................................................... 29
Princpio da supremacia do interesse pblico ........................................................... 30
Princpio da indisponibilidade ................................................................................. 31
Princpio da autotutela .......................................................................................... 32
Princpio da razoabilidade e proporcionalidade ......................................................... 32
Princpio da continuidade ...................................................................................... 33
Princpio da segurana jurdica .............................................................................. 33
QUESTES COMENTADAS ............................................................................ 34
QUESTES SELECIONADAS ........................................................................ 105
GABARITO................................................................................................ 123
Direito Administrativo
O Direito concebido como ramo da cincia criado
pelo homem na medida em que regras e normas no esto dispostas
na natureza no sentido de serem observadas e, assim, empreender
uma padronizao. Por isso, diz-se que o Direito essencialmente
criao humana. Sendo, no entanto, uno.
Todavia, a fim de facilitar seu estudo, decompe-se
em ramos, do qual, modernamente, adviriam de uma fonte comum,
ou seja, da Constituio, muito embora haja pensamento, de certo
modo ultrapassado, de diviso em dois ramos: o direito pblico e o
direito privado.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
5 5
Com efeito, nessa linha de pensamento, o direito
privado seria encarregado de regular as relaes em que os sujeitos
atuem preponderantemente em igualdade de condies, ainda que,
em certas ocasies, haja certa proteo para um dos lados. Cuida-
se, portanto, de relaes de interesses privados, sendo exemplo o
Direito Civil, Empresarial etc.
O Direito Pblico, por outro lado, estaria encarregado
de reger as relaes envolvendo especialmente o Estado, quando
agindo com supremacia, superioridade, a fim de preservar e realizar
o interesse pblico, tendo como exemplo o Direito Administrativo,
Tributrio, Econmico etc.
Por isso, o Direito Administrativo seria um dos
ramos do direito pblico que tem por objeto a funo
administrativa e os entes ou entidades que exercem tal
funo.
Todavia, para melhor compreenso do conceito dessa
cincia jurdica, preciso entender os critrios que nortearam e
norteiam a definio desse importante ramo do direito.
Nesse sentido, importante a lio da profa. Di Pietro,
segundo a qual a definio de direito administrativo pode ser vista
sob diversos critrios, sintetizando os seguintes:
Escola do Servio Pblico
Critrio do Poder Executivo
Critrio das relaes Jurdicas
Critrio Teleolgico
Critrio negativo ou residual
Critrio distintivo entre atividade jurdica e social do Estado
Critrio da Administrao Pblica
Para a Escola do servio pblico formada na Frana,
tendo como expoentes Duguit e Jze, o Direito Administrativo seria
definido como a realizao dos servios pblicos, ou seja, seria o
exerccio de todo e qualquer atividade desempenhada pelo Estado.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
6 6
A Escola ou Critrio do Poder Executivo entendia
que o Direito Administrativo tratava do Poder Executivo. Significa
dizer que seria o direito administrativo restrito a atuao do Poder
Executivo.
Segundo o critrio das relaes jurdicas o Direito
Administrativo seria o conjunto de normas que regem as relaes
entre a Administrao e os administrados.
Para o Critrio teleolgico o Direito Administrativo
o sistema dos princpios jurdicos que regulam a atividade concreta
do Estado para o cumprimento de seus fins, ou seja, seria a
realizao de atividade do Estado no sentido de empreender aes
de utilidade pblica.
Ao se adotar o Critrio negativo ou residual, o
Direito Administrativo teria por objeto as atividades desenvolvidas
para a consecuo dos fins estatais, excludas as funes legislativa
e jurisdicional, ou pelo menos essa ltima atividade, ou seja, tratar-
se-ia de definir o Direito Administrativo excluindo-se algumas das
atividades realizadas pelo Estado (legislativa, jurisdicional, e ainda
as atividades de direito privado e patrimoniais).
Por outro lado, sob o Critrio da distino entre
atividade jurdica e social do Estado, o Direito Administrativo
seria o ramo do direito pblico interno que regularia a atividade
jurdica no contenciosa do Estado (sentido objetivo) e a
constituio dos rgos e meios de sua ao em geral (sentido
subjetivo).
E, finalmente, sob o Critrio da Administrao
Pblica, o Direito Administrativo seria o conjunto de princpios que
regeria a Administrao Pblica.
De certa forma, esse o critrio adotado por Hely
Lopes Meirelles, para quem o Direito Administrativo o
conjunto harmnico de princpios jurdicos que regem os
rgos, os agentes e as atividades pblicas tendentes a
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
7 7
realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados
pelo Estado.
Para Di Pietro, no entanto, o Direito Administrativo
o ramo do direito pblico que tem por objeto os rgos,
agentes e pessoas jurdicas administrativas que integram a
Administrao Pblica, a atividade jurdica no contenciosa
que exerce e os bens de que se utiliza para a consecuo de
seus fins, de natureza pblica.
Na abalizada lio de Celso Antnio Bandeira de Mello,
o Direito Administrativo o ramo do Direito Pblico que
disciplina o exerccio da funo administrativa, e os rgos
que a desempenham.
possvel, ento, afirmar que a definio do Direito
Administrativo poder ser reduzida a trs sentidos, qual seja:
subjetivo, objetivo e formal.
Com base no aspecto subjetivo, a Administrao
Pblica o conjunto de rgos, entes e entidades, ou seja, conjunto
de pessoas (entes, entidades e agentes) e rgos que integram a
Administrao. Sob o objetivo, o conjunto de atividades do Estado
destinadas a atender o interesse pblico. E, no tocante ao aspecto
formal, compreenderia a atuao do Estado ou de quem lhe faa s
vezes, submetido a regime especial, ainda que parcialmente.
Para concluir ento, pode-se conceituar o Direito
Administrativo como ramo do direito pblico destinado a
reger a organizao administrativa do Estado e a realizao
de suas atividades no exerccio da funo administrativa,
ainda que por meio de delegao, submetido a regime de
direito pblico, mesmo que parcialmente.
Fontes do Direito Administrativo
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
8 8
Diante disso, preciso entender quais so as fontes
(formais) desse direito, ou seja, suas bases fundamentais, de onde
emana, de onde surge.
Assim, podem ser indicadas como fontes formais: a
Lei, a Jurisprudncia, a doutrina e os costumes.
Constituio
Direta (imediata) Lei Leis (LO, LC, LD, MP)
Fontes
(prprias)* Decretos, Regulamentos etc
Jurisprudncia
Indireta (mediata) Doutrina
(imprprias) Costumes
Lei, nesse aspecto, deve ser entendida sob acepo
ampla (bloco de legalidade), ou seja, todo o arcabouo normativo,
englobando a Constituio, seus princpios expressos e implcitos,
suas regras e valores, as Leis em sentido estrito (Lei Ordinria, Lei
Complementar, Lei Delegada), Medidas Provisrias e demais
espcies legislativas, assim como os regulamentos administrativos
(Decretos, Regulamentos etc), embora estes sejam subjacentes
lei.
importante destacar que no Brasil, por aderir
corrente positivista, a principal fonte do direito o
ordenamento jurdico, ou seja, a Lei.
Alguns autores ainda colocam os princpios gerais
do direito como fonte principal a preencher eventuais lacunas,
havendo, no entanto, os que entendem que se tratam de regras de
integrao.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
9 9
A jurisprudncia proveniente de reiterao de
julgamentos no mesmo sentido, sobre fatos ou matrias
assemelhadas. Significa dizer que so os julgados dos Tribunais, em
especial, do Supremo Tribunal Federal e demais Tribunais Superiores
que adotam, de maneira repetida, reiterada, uma mesma deciso.
possvel, ainda, que a jurisprudncia seja firmada
pela Administrao, denominada de jurisprudncia
administrativa, tal como as smulas administrativas da AGU, bem
ainda pelos Tribunais de Contas, no exerccio da funo fiscalizatria
das Contas Pblicas.
importante ressaltar que excepciona essa regra as
smulas vinculantes e as decises vinculantes do STF, isso
porque, como o prprio nome indica, vincula a Administrao
Pblica, e, portanto, so obrigatrias a observncia e, com isso,
consideradas fontes diretas.
Lei 11.417/2006 (Lei da Smula Vinculante)
Art. 2 O Supremo Tribunal Federal poder, de ofcio
ou por provocao, aps reiteradas decises sobre
matria constitucional, editar enunciado de smula
que, a partir de sua publicao na imprensa
oficial, ter efeito vinculante em relao aos
demais rgos do Poder Judicirio e
administrao pblica direta e indireta, nas
esferas federal, estadual e municipal, bem como
proceder sua reviso ou cancelamento, na forma
prevista nesta Lei.
Lei 9.868/99 (Lei da ADIn)
Art. 28.
Pargrafo nico. A declarao de constitucionalidade
ou de inconstitucionalidade, inclusive a interpretao
conforme a Constituio e a declarao parcial de
inconstitucionalidade sem reduo de texto, tm
eficcia contra todos e efeito vinculante em
relao aos rgos do Poder Judicirio e
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
10 10
Administrao Pblica federal, estadual e
municipal.
A doutrina o trabalho realizado pelos estudiosos do
Direito Administrativo que se empenham em pesquisar os contornos
dessa cincia jurdica e expor suas ideais e pesquisas. Deve-se
entender, no entanto, que a doutrina no vinculante, tratando-se
de fonte auxiliar na soluo dos casos administrativos.
O costume deve ser entendido como regra aceita
como obrigatria pela conscincia geral e diuturnamente observada,
sem que o Poder Pblico a tenha estabelecido (opinio necessitatis).
preciso, no entanto, esclarecer que o costume no
derroga a regra positivada e deve ser utilizado de forma supletiva,
ou seja, diante da omisso legislativa e com restries, eis que no
se pode criar deveres, tampouco obrigaes para o administrado por
meio do costume simplesmente.
Quer dizer, o costume deve estar em
conformidade com a Lei (secundum legem), no podendo ser
contrrio (contra legem) ou alm da lei (praeter legem).
Ou seja, o costume conjunto de regras sociais, no-
escritas, observadas de forma generalizada e prolongada no mbito
de uma sociedade, que as consideras obrigatrias, diferente da
praxe administrativa que a reiterao de uma forma de atuar da
Administrao, ou seja, a prtica administrativa desempenhada
cotidianamente em determinadas situaes.
Fala-se ainda na analogia, cuja utilizao ocorre com
a finalidade de integrao da lei, ou seja, a aplicao de dispositivos
legais relativos a casos anlogos, ante a ausncia de normas que
regulem o caso concretamente apresentado.
Estado, Governo e Administrao
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
11 11
Sabendo qual o objeto do estudo do Direito
Administrativo, preciso compreender a organizao administrativa.
No entanto, devemos partir da noo de Estado, e isso se obtm a
partir da organizao poltico-administrativa, de modo que
importante conhecermos um pouco da teoria dos setores, para s
ento concebermos a funo administrativa e organizao da
Administrao Pblica.
Pois bem. sabido que o Estado, instituio poltica,
foi criado para cuidar dos interesses coletivos. Por isso, devemos
consider-lo como sendo o 1 setor, visto ser uma das primeiras
instituies criadas pelo homem.
No Estado, 1 setor, como regra, tem-se a submisso
ao regime de direito pblico (regime especial), a prevalncia do
interesse pblico (supremacia do interesse pblico sobre o privado),
bem como a indisponibilidade desse interesse. Por tudo isso,
dizemos que se trata de setor pblico, de modo que as pessoas que
so criadas neste setor so pessoas jurdicas de direito pblico.
Posteriormente, o homem quis se libertar das amarras
do Estado, de modo que criou um setor em que o Estado no se
intrometesse (laissez faire, laissez passer), sobre o prisma do
liberalismo econmico.
Criou-se, ento, o 2 setor, chamado de Mercado, no
qual os interesses so privados, onde vige, em regra, a liberdade,
a autonomia da vontade, as relaes so constitudas com base na
igualdade. Por isso, a submisso ao regime jurdico de direito
privado, isto ao regime comum.
Com efeito, considerando as pessoas naturais (pessoas
fsicas), as pessoas constitudas nesse ambiente, so pessoas
jurdicas de direito privado.
Essas pessoas so constitudas pela unio de duas ou
mais pessoas (fsicas ou jurdicas) que formam uma sociedade, ou
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
12 12
por uma s (empresrio), que vo/vai exercer a atividade
(empresa) com a finalidade de obter lucro1.
Alm desses dois setores, nas dcadas de 40/50,
comea a se constatar uma onda de preocupao com as questes
ligadas ao meio ambiente, ao futuro, aos desamparados, aos
excludos de forma geral, ou seja, questes inerentes
solidariedade, quer dizer ao campo ou setor social, movimento que
culminou com a criao das de entidades alcunhadas de ONGs
(organizaes no governamentais).
Trata-se, na verdade, de um novo setor, distinto do
Estado e do Mercado, trata-se do terceiro setor, conhecido como
setor social, constitudo por pessoas jurdicas de direito privado,
cujos interesses so filantrpicos, ou seja, de ajudar, fomentar,
auxiliar em diversas atividades, tal como sade, educao,
desenvolvimento social, dentre outras reas.
importante percebermos que, nesse setor, temos
pessoas que se unem para ajudar o prximo (associao) ou que
destacam parte de seu patrimnio para isso (fundao),
almejando, sobretudo, atender aqueles que estejam em situao de
desigualdade ou para propsitos sociais comuns (lazer, educao,
sade etc).
Enfim, a unio dessas pessoas com tal propsito d
origem a uma associao (exemplo Associao Comercial do DF
ACDF, Associao Brasileira de Assistncia s Famlias de Crianas
Portadoras de Cncer e Hemopatias ABRACE, Associao dos
Servidores do TCDF - ASSECON/DF, dentre outras) ou a uma
fundao, quando algum destaca parte de seu patrimnio para
constituir essa pessoa (exemplo Fundao Bradesco, Fundao
Ayrton Senna, Fundao Roberto Marinho, Fundao Cafu etc).
1 Observe que para o Direito Empresarial, empresa a atividade realizada pelo
empresrio ou pela sociedade empresria.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
13 13
Na atualidade h autores que ainda afirmam a
existncia do quarto e quinto setores, no havendo uniformidade
quanto a esse ponto.
Todavia, forte a constatao acerca de um
contingente considervel de pessoas que se relacionam margem
do Estado, no se inserindo de forma regular no mercado, tampouco
com interesses filantrpicos, exercendo atividades irregulares, por
vezes at mesmo ilcitas, o que se tem denominado de 4 setor ou
de economia informal, que seria, por exemplo, o ambulante, o
camel, dentre outras atividades.
Dessa forma, podemos dizer que a sociedade se divide
em setores, sendo: 1 setor o Estado; 2, Mercado; 3, Social;
4, Mercado Informal.
Com efeito, o Estado (1 setor) compreendido
como um ente poltico. Isto , trata-se de uma pessoa jurdica,
politicamente organizada, de modo a contemplar trs
elementos essenciais, sendo povo, territrio e soberania ou
governo. H quem ainda inclua a finalidade.
Essa definio parte dos estudos formulados por
Montesquieu, para quem o Estado, organizao poltica, concebido
para bem promover os interesses coletivos (finalidade) e, portanto,
ser democrtico.
E, para isso, deve o Estado contemplar a existncia da
separao de poderes, ou seja, no pode haver a concentrao
de funes (Poder) ou atividades em um nico rgo ou
pessoa, sob pena desse Estado se tornar absolutista.
Por isso, formulou Montesquieu a chamada separao
de poderes estatais, que fora adotada por nossa Constituio
(tripartio de poderes), ao prev a existncia de funes distintas a
ser conferida a rgos distintos do Estado, ou seja, ao Executivo,
Legislativo e Judicirio.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
14 14
Esse processo, de separar poderes, criando rgos
distintos para realizar cada uma de suas funes polticas
denominado de desconcentrao poltica.
LEMBRE-SE: O Estado uma organizao poltica, dotada de
personalidade jurdica de direito pblico, que,
modernamente, congrega trs funes ou poderes
(Legislativo, Judicirio e Executivo).
Perceba que a funo executiva tambm
denominada administrativa e, por isso, muitas vezes se confunde o
Poder Executivo com a Administrao Pblica. Todavia essa
simplificao no correta na medida em que a Administrao
Pblica se encontra inserida nos trs poderes, conforme se constata
do art. 37, caput, da Constituio Federal:
Art. 37. A administrao pblica direta e indireta
de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos
princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficincia e, tambm, ao seguinte:
Explico Isso.
que, muito embora haja essa diviso de funes
(legislativa, executiva e judiciria), sendo cada funo exercida de
forma primordial ou principal por um rgo independente (alm de
seus rgos auxiliares), ou seja, como funo tpica, possvel
verificar que h funes atpicas ou anmalas, que tambm sero
exercidas concomitantemente por tais rgos de Poder.
Observe que cada funo exercida por rgos
especiais definidos como Poder Executivo, Poder Judicirio e
Poder Legislativo, significando dizer que um no est subordinado
aos outros (independentes), tendo suas limitaes e prerrogativas
conferidas constitucionalmente, mas, por outro lado, um controle o
outro (harmnicos = check and balance sistema de freios e
contrapesos).
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
15 15
Ento, vale ressaltar que cada Poder (rgo que
exerce a funo poltica do Estado) alm de sua funo tpica
(finalstica), exerce outras funes, de forma atpica ou
anmala.
Por exemplo, ao Poder Executivo cabe o exerccio da
funo tpica administrativa, que de gerir a mquina estatal,
realizar os servios pblicos e concretizar as polticas pblicas,
dentre outras atividades. No entanto, tambm cabe, de forma
atpica, o exerccio das funes legislativas (tal como a edio de
Medidas Provisrias, leis delegadas etc) e de julgar2 (conduo de
processos administrativos etc).
Por outro lado, aos demais Poderes, isto , ao
Legislativo e ao Judicirio caber o exerccio de forma atpica ou
anmala das funes que seriam funes tpicas de outro poder.
Assim, alm de legislar e fiscalizar os gastos pblicos,
ao Legislativo cabe realizar a organizao e funcionamento de suas
atividades (funo administrativa), bem como julgar os
parlamentares por falta de decoro ou, no mbito do Senado, por
exemplo, julgar o Presidente por crime de responsabilidade (funo
judiciria).
De igual forma, ao Poder Judicirio, alm de dizer o
direito no caso concreto, promovendo a pacificao social,
resolvendo os conflitos de interesse (funo judiciria), tambm ter
que gerir seus servios, seus servidores, realizar concursos,
licitaes etc (funo administrativa) e elaborar seu regimento
interno e expedir resolues administrativas (funo legislativa).
Por isso, ante essa complexidade de atuaes e as
inmeras atividades que devem desempenhar o Estado, alm de
2Parte da doutrina no admite o exerccio da funo jurisdicional por parte do Executivo, sob
o fundamento de que suas decises, em processos administrativos, no teriam a fora de
coisa julgada, ou seja, no seria definitiva, ante a possibilidade de reviso pelo Judicirio.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
16 16
suas funes primordiais (poderes), necessria uma organizada
estrutura administrativa a fim de promover seus objetivos.
Nesse sentido, e como j ressaltamos, foi estabelecida
essa diviso de funes entre os trs rgos ou poderes
(desconcentrao poltica).
Porm, no nosso caso, possvel percebermos que
esses rgos esto na estrutura de um Ente Poltico que, conforme a
Constituio Federal, chama-se Repblica Federativa do Brasil.
Observe ento que nosso Estado (Repblica Federativa
do Brasil), antes constitudo como um Imprio deixou de ser um
Estado Central, ou seja, aquele que no tem diviso poltica
interna de competncias, para ser uma Federao.
Significa dizer, portanto, que promoveu uma
distribuio de competncias entre outros Entes Polticos internos.
(Forma de Estado: Federativa)
Cuidado. Voc deve perceber que temos dois
momentos distintos. Um quando se repartiu o Poder, criando funes
distintas e conferindo-as a rgos distintos. Outro, quando o Estado,
antes central, reparte-se em unidades polticas internas com
competncias prprias.
Podemos fazer o seguinte esquema:
Sem diviso (absoluto) Concentrado
Poder
Dividido (separao) Desconcentrado
Estado
Sem diviso (Unitrio) Centralizado
Territrio
Dividido (federao) Descentralizado
Com efeito, essa distribuio de competncias entre
unidades polticas distintas do Ente Central (R. F. Brasil), ou seja, a
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
17 17
criao da Federao decorre da necessidade de aproximar a
realizao das atividades Estatais ao povo.
Isso porque o Estado centralizado, na dimenso do
nosso, torna-se mais lento, com dificuldades de atender aos
reclamos populares e a necessidade de se promover determinados
servios pblicos.
Por isso, empreendeu-se uma repartio
(territorial) de atribuies competncias polticas -,
criando-se outros entes polticos, o que se denomina de
descentralizao poltica.
Importante compreender que essa descentralizao
realizada por fora da Constituio, conforme a criao dos Entes
Federados, nos moldes do art. 18 da CF/88, sendo: a Unio, os
Estados-membros, o Distrito Federal e os Municpios.
Vejamos:
Art. 18. A organizao poltico-administrativa da
Repblica Federativa do Brasil compreende a Unio, os
Estados, o Distrito Federal e os Municpios, todos
autnomos, nos termos desta Constituio.
Ento, vamos relembrar:
O Estado (Repblica Federativa do Brasil) exerce
trs funes primordiais por rgos criados para isso
(desconcentrao poltica). Funes que integraro as
competncias distribudas aos entes polticos internos que
foram criados para exercer tais competncias que decorrem
do Ente central (descentralizao poltica).
Logo se percebe que o exerccio da funo
administrativa concebido para ser realizado pelo Estado ou
seus entes polticos internos. Desse modo, quando o Estado ou
os entes polticos internos esto exercendo a funo administrao
sero chamados de Administrao Pblica.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
18 18
Ocorre que o Estado Central (Repblica Federativa do
Brasil) passa a atuar no campo externo (internacional), deixando
que no campo interno atuem seus entes polticos (Estado
descentralizado). Assim, quando os entes polticos atuam
internamente o prprio Estado quem estar realizando
diretamente a funo administrativa.
Nesse sentido que o Decreto-Lei n 200/67, em que
pese no se atentar para o exerccio de funes atpicas pelos
demais poderes e tratando apenas do plano federal, estabeleceu o
conceito de Administrao Pblica Direta, vejamos:
Art. 4 A Administrao Federal compreende:
I - A Administrao Direta, que se constitui dos
servios integrados na estrutura administrativa da
Presidncia da Repblica e dos Ministrios.
Portanto, a Administrao Pblica Direta
compreende os prprios Entes Polticos, ou seja, Unio, Estados-
membros, Distrito Federal e Municpios, todos com
personalidade jurdica de direito pblico semelhana do
Estado Central (Repblica Federativa do Brasil) no exerccio da
funo administrativa.
Pois bem. Podemos concluir o seguinte:
O Estado inicialmente concentrado e centralizado
reparte internamente suas funes polticas entre rgos de poder
denominados Executivo, Legislativo e Judicirio (desconcentrao
poltica), depois se reparte em diversos entes polticos a fim de
dividir, distribuir a titularidade de certas competncias e o exerccio
de suas atribuies, criando a Unio, os Estados-membros, o Distrito
Federal e os Municpios (descentralizao poltica).
Desconcentrao e Descentralizao Administrativa
certo que, olhando isoladamente cada ente poltico,
temos uma representao menor do prprio Estado. Assim, cada
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
19 19
ente no exerccio da funo administrativa, ou seja, atuando como
Administrao Pblica, o faz de igual modo ao Estado central.
Por isso, na configurao inicial do modelo federativo,
devemos entender tambm que cada ente poltico que compe o
Estado exerce de forma centralizada a funo administrativa,
de maneira que a Administrao Pblica Direta tambm se
denomina de centralizada (administrativamente).
Significa dizer que a cada ente poltico fora distribuda
uma gama de competncias administrativas pelo Ente Central
(Repblica Federativa do Brasil), a exemplo dos arts. 22 a 24 da
CF/88, e que estes mesmos entes polticos, diretamente, devero
exerc-las. Ento, vistos isoladamente so entes centralizados (s
que aqui se trata de uma centralizao administrativa).
Ademais, tambm devemos nos ater que, nesse
momento, tnhamos apenas a repartio de funes poltica
(poderes). Assim, o ente poltico, criado pelo Ente central, criado
para exercer parte da funo administrativa como um todo, ou seja,
sem qualquer organizao ou distribuio interna (concentrao
administrativa).
Ocorre que, como sabemos, so amplas as atividades
administrativas a serem exercidas. Dessa forma, tais entes polticos
a fim de agirem organizadamente e obterem uma atuao
satisfatria, verificam a necessidade de separao, distribuio,
dessas atividades.
Observe que os ente polticos so pessoas jurdicas de
direito pblico e, por isso, devem organizar-se como seres vivos, de
modo a realizar suas funes por meio de estrutura organizacionais
internas, a fim de que possam distribuir suas funes, competncias,
ou atividades administrativas no seu interior.
Para tanto, criaro reparties, departamentos,
setores, quer dizer rgos, os quais recebero atribuies inerentes
prpria pessoa, de modo que cada um tenha funes especficas
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
20 20
e, assim, possa a engrenagem funcionar de forma coordenada a fim
de realizar sua finalidade.
Essa necessidade de organizao interna da atividade
administrativa, a fim de melhor desempenh-la, distribuindo-a
atravs da criao de rgos em uma mesma estrutura interna
denomina-se desconcentrao administrativa.
Portanto, a desconcentrao administrativa a
distribuio interna de competncias, com a criao de
rgos dentro da estrutura administrativa de um ente (ou
entidade), para desempenh-las.
Assim, a Administrao Pblica Direta ou centralizada
cria rgos, ou seja, ncleos de atuao interna em que so
distribudas as diversas competncias.
Ento, opera-se a desconcentrao administrativa
quando h a repartio interna da funo administrativa num
mesmo ente (pessoa jurdica) ou numa mesma entidade.
Veja o que dispe o art. 1, pargrafo nico, inciso I,
da Lei n 9.784/99:
I - rgo - a unidade de atuao integrante da
estrutura da Administrao direta e da estrutura
da Administrao indireta;
importante lembrar que o rgo, departamento,
setor, uma parte do ente que o criou, de maneira que no
tem vida prpria, ou seja, no se trata de uma pessoa
jurdica, no detm, portanto, personalidade jurdica.
sabido, no entanto, que somente tal repartio
interna no consegue atingir todos os interesses e servios que o
Estado deve realizar de forma rpida e com a especialidade que s
vezes o caso requer. Isso porque, mesmo organizado internamente,
continuamos a ter uma nica pessoa a realizar o complexo de
atividades administrativas.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
21 21
Por isso, tendo como parmetro aquilo que havia sido
empreendido pela prpria Constituio em dado momento
(descentralizao poltica) e considerando, pois, a necessidade de
melhor realizar as funes administrativas, concebe-se nova
descentralizao, agora no mais sob a vertente poltica
(constitucional), mas sob a tica administrativa.
Sabendo, pois, que a descentralizao poltica deu
surgimento aos entes polticos (Unio, Estados, DF e Municpios), a
descentralizao administrativa dar surgimento a entidades
administrativas.
preciso ficar atento, no entanto, pois h mais de
uma forma de descentralizao administrativa, sendo uma delas a
que d ensejo criao de entidades administrativas.
Lembre-se:
O (Oncentrao) distribuio p/rgos
DESC
E (Entralizao) distribuio p/entidades
Portanto, a descentralizao administrativa a
distribuio de competncias entre pessoas jurdicas distintas
(entidades administrativas), dando ensejo criao da
Administrao Pblica Indireta.
Contudo, h outras formas de descentralizao
administrativa, ou seja, de distribuio de competncias materiais
entre pessoas jurdicas distintas, de modo que podemos organiz-la
sob trs modalidades distintas, sendo:
Descentralizao territorial ou geogrfica;
Descentralizao tcnica, funcional ou por servio;
Descentralizao por colaborao.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
22 22
A descentralizao geogrfica ou territorial
aquela em que h a criao de um ente dentro de certa localidade
territorial, geograficamente delimitado, com personalidade jurdica
de direito pblico para exerccio, de forma geral, de todas ou de uma
grande parcela de atividades administrativas (capacidade
administrativa genrica).
Essa forma de descentralizao configura,
basicamente, um Territrio Federal, com capacidade de
autoadministrao e s vezes at legislativa, conforme se depreende
do art. 33, 3, CF/88 ao estabelecer que nos Territrios com mais
de cem mil habitantes, alm do Governador nomeado na forma
desta Constituio, haver rgos judicirios de primeira e segunda
instncia, membros do Ministrio Pblico e defensores pblicos
federais; a lei dispor sobre as eleies para a Cmara Territorial e
sua competncia deliberativa.
A descentralizao por servios, funcional ou
tcnica se d por meio da criao de uma pessoa jurdica pelo ente
poltico, para a qual este outorga, isto , transfere, por lei, certa
atividade administrativa especfica. (exemplo: criao de entidades
da administrao indireta)
A descentralizao por colaborao ocorre com a
delegao da execuo de certa atividade administrativa (servio
pblico) para particular, que a executar por sua conta e risco,
mediante remunerao, por meio de contrato ou ato administrativo.
(Exemplo: concessionrias e permissionrias de servio pblico)
Assim, no mbito da descentralizao administrativa
teremos dois institutos importantes, a outorga (descentralizao
legal) e a delegao (descentralizao negocial ou contratual).
Na outorga, cria-se uma pessoa jurdica lhe
transfere, por lei, o exerccio de determinada atividade
administrativa, de modo que se torne especialista nesse ramo.
Na delegao, transfere-se, por ato ou contrato
administrativo, a outra pessoa a execuo de determinado servio
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
23 23
pblico para que o execute por sua conta e risco, mas visando
atender ao interesse pblico.
Regime Jurdico Administrativo
Ao iniciarmos o estudo do Direito Administrativo nos
deparamos com a organizao da Administrao Pblica. Assim, tais
entes e entidades, rgos e agentes, esto submetidos ao conjunto
de normas que vai orientar toda a sua atuao.
Como bem destaca a doutrina, as normas podem ser
divididas em regras e princpios, que compem o regime jurdico
administrativo, ou seja, o conjunto de normas que regem a
atividade administrativa e a administrao pblica.
Nesse aspecto, vale estudar os princpios
administrativos que se diferenciam das regras.
Os princpios so comandos mais abstratos, gerais,
quando em conflito (s aparente) se resolve pela ponderao de
valores, j as regras ou se aplicam ou no se aplicam (os conflitos
so resolvidos por critrios de intertemporalidade, tal como lei
posterior revoga a anterior, lei especial afasta a geral etc), so
menos abstratas e, em geral, tratam de situao especfica.
Com efeito, importante sabermos que a
Constituio Federal que estabelece de forma expressa ou
implcita os princpios fundamentais que orientam a
Administrao Pblica.
Os princpios administrativos, segundo o Prof.
Carvalho so os postulados fundamentais que inspiram todo
o modo de agir da Administrao Pblica.
Para Digenes Gasparini, os princpios constituem um
conjunto de proposies que aliceram ou embasam um
sistema e lhe garantem validade.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
24 24
Como bem apontam Vicente Paulo e Marcelo
Alexandrino, os princpios so as idias centrais de um
sistema, estabelecendo suas diretrizes e conferindo a ele um
sentido lgico, harmonioso e racional, o que possibilita uma
adequada compreenso de sua estrutura.
Com efeito, como disse, a Constituio prev os
princpios que orientam toda a Administrao Pblica, seja ela direta
ou indireta, dos trs poderes, da Unio, dos Estados, Distrito Federal
e dos Municpios, ao prev os denominados princpios (expressos)
bsicos da Administrao Pblica, sendo: Legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia,
conforme preconiza o art. 37, caput, assim expresso:
Art. 37. A administrao pblica direta e indireta de
qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municpios obedecer aos princpios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficincia e, tambm, ao seguinte: (Redao dada pela
Emenda Constitucional n 19, de 1998)
Princpio da legalidade
O princpio da Legalidade, tambm chamado de
legalidade administrativa, restrita ou estrita, expressa que a
administrao somente pode fazer o que a lei autoriza ou permite.
, consoante magistral lio de Jos Afonso da Silva,
princpio basilar do Estado Democrtico de Direito, porquanto da
essncia do seu conceito subordinar-se Constituio e fundar-se na
legalidade democrtica. Sujeitar-se ao imprio das Leis.
Cuidado, pois, h a legalidade geral (ou princpio
da autonomia da vontade) que permite aos particulares que se
faa tudo que a lei no proba, conforme prev o art. 5, inc. II, da
CF/88, segundo o qual ningum ser obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
25 25
Todavia, ao administrador pblico somente cabe
realizar o que a lei permita (atuao vinculada) ou autorize (atuao
discricionria).
necessrio distinguir o princpio da legalidade do
princpio da reserva legal, sendo importante verificarmos qual o
alcance da expresso lei no mbito do princpio da legalidade
administrativa (alcance da legalidade).
Quanto ao seu alcance, o princpio da legalidade
deve ser visto como respeito, submisso, lei. No entanto,
devemos entender aqui lei em sentido amplo, ou seja, qualquer
ato normativo, desde a Constituio, passando pelos atos
infraconstitucionais (espcies normativas do art. 59, CF/88),
os tratados internacionais, at os atos infralegais (decretos,
regulamentos, instrues normativas, regimentos e estatutos
administrativos).
Nesse aspecto, devemos considerar inclusive os
princpios expressos e implcitos contidos na Constituio Federal, ou
seja, no se exige apenas a observncia da lei em sentido estrito.
Deve-se observar o que se denomina bloco de legalidade, ou seja,
no s a lei em sentido estrito, mas todo o ordenamento jurdico.
Por isso, na atualidade, o princpio da legalidade tem
sido chamado de princpio da jurisdicidade, na feliz expresso da
Profa. Raquel Melo Urbano, na medida em que a Administrao deve
observar a lei e o Direito, conforme art. 2, pargrafo nico, da Lei
n 9.784/99.
Quanto diferena entre legalidade e o princpio da
reserva legal, devemos observar que este denota a ideia de
necessidade de lei, no sentido formal, para dispor, regulamentar,
certas matrias, conforme exigncia constitucional.
Por exemplo, ao servidor pblico assegurado o
direito greve, nos termos e limites da lei. Assim, exige-se lei, em
sentido estrito, a regular tal atividade. Quer dizer, que no poder a
matria ser regulada por outro ato do poder pblico, seno por lei.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
26 26
Quer dizer que determinados temas devem
necessariamente ser regulamentos por meio de lei em sentido
estrito.
Ademais, vale lembrar que o princpio da legalidade
tem representao para alm do mbito geral ou administrativo, h
ainda o princpio da legalidade penal, da legalidade tributria etc.
A propsito, em sintonia com o princpio da legalidade
possvel destacar o princpio da finalidade, segundo o qual o
administrador pblico deve observar em todos os seus atos o
fim estabelecido pela lei, que o atendimento ao interesse
pblico.
Com efeito, acaso o administrador pratique o ato no
cuidando da finalidade pblica incidir em vcio, denominado de
desvio de finalidade, modalidade de abuso de poder, o que
causa a nulidade do ato.
Para alguns autores, o princpio da finalidade tem
estreita sintonia com o princpio da impessoalidade.
Princpio da impessoalidade
O princpio da impessoalidade visto sob duas
vertentes. A primeira, no sentido de atuar visando o interesse
pblico (finalidade), impedindo assim que a Administrao
atue de forma discriminatria ou beneficie algum por
critrios subjetivos, ou seja, que favorea ou prejudique
algum por critrios pessoais.
Nesse sentido, conforme bem destaca o Prof. Bandeira
de Mello, o princpio da impessoalidade assumiria a faceta de
princpio da isonomia, na medida em que a Administrao deve
proporcionar igualdade de condies e tratamento a todos os
administrados.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
27 27
Noutra acepo, estabelece a vedao da
promoo pessoal de agentes pblicos ou autoridades
administrativas, conforme preconiza o 1 do art. 37, CF/88,
assim expresso:
1 - A publicidade dos atos, programas, obras, servios e
campanhas dos rgos pblicos dever ter carter
educativo, informativo ou de orientao social, dela no
podendo constar nomes, smbolos ou imagens que
caracterizem promoo pessoal de autoridades ou
servidores pblicos.
Nesse aspecto, bom esclarecer que os atos
realizados pelos agentes pblicos no so imputados a si mesmos,
mas s pessoas jurdicas a que pertencem, ou seja, Administrao
Pblica (princpio da imputao volitiva), conforme observamos
na aplicao da teoria do rgo.
Assim, quando o agente usa a mquina administrativa
visando promoo pessoal dever sofrer as sanes legais na
medida em que no deve atuar em seu nome, mas em nome da
coletividade, isto , em nome da Administrao Pblica, que
representa o interesse coletivo.
Para Hely Lopes Meirelles, o princpio da
impessoalidade est relacionado ao princpio da finalidade, pois a
finalidade se traduz na busca da satisfao do interesse pblico.
A propsito, vale lembrar que o interesse pblico se
subdivide em primrio (interesse coletivo) e secundrio (entendido
como interesse da Administrao enquanto pessoa jurdica).
Como destacado, noutro sentido a lio de Celso
Antonio Bandeira de Mello, que liga a impessoalidade ao princpio
da isonomia, que determina tratamento igual a todos perante a lei.
E afirma que o princpio da finalidade inerente ao princpio da
legalidade, ou seja, est contido nele, na medida em que estabelece
o dever de a lei cumprir seu objetivo.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
28 28
Princpio da moralidade
O princpio da moralidade est assentado na
tica, moral, lealdade, ou seja, no sentido de promover a
probidade administrativa, a honestidade.
princpio que permite a verificao de validade dos
atos administrativos, sob o prisma da legitimidade.
certo que se trata de um conceito jurdico
indeterminado, carecendo de norma para concretiz-lo, ante sua
natureza abrangente, mas, como bem destaca Alexandrino, o
princpio da moralidade complementa, ou torna mais efetivo,
materialmente, o princpio da legalidade.
Todavia, no se pode dizer, jamais, que se trata de
primado intil, visto servir de parmetro para coibir condutas
ilegtimas, devendo ser tonalizado sob o aspecto jurdico, de modo a
caracterizar o conjunto de preceitos advindos da disciplina
administrativa no tocante conduo da coisa pblica.
Como bem ensina Hely Lopes Meirelles moralidade
administrativa a atuao dentro dos padres da tica, moral,
honestidade, probidade.
Nesse sentido, a Constituio, no seu art. 37, 4,
estabelece que os atos de improbidade administrativa
importaro em suspenso dos direitos polticos, perda da funo
pblica, indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao errio, sem
prejuzo da ao penal cabvel.
Percebe-se, portanto, que a Constituio deu especial
ateno probidade, j que, nos dizeres de Jos Afonso da Silva, a
improbidade administrativa uma imoralidade qualificada.
Com efeito, a Constituio permitiu ao particular
(cidado) exercer o controle dos atos da Administrao a fim de
verificar no s o cumprimento dos aspectos da legalidade, mas
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
29 29
tambm da moralidade, conforme prev o art. 5, inc. LXXIII, ao
dispor sobre a ao popular.
Princpio da publicidade
O princpio da publicidade consiste na obrigao
que tem a Administrao Pblica, como atividade e ente
pblico, de dar transparncias aos seus atos, como meio de
assegurar a todos o conhecimento de suas realizaes, a fim
de fiscaliz-la e exercer o controle sobre esses atos, bem
como para fins de o ato produzir seus efeitos.
certo que a conduta da Administrao deve ser
pblica, deve ser transparente. Todavia, a Constituio ressalva
alguns atos que so protegidos pelo sigilo, eis que necessrios aos
imperativos de segurana nacional ou que digam respeito
intimidade ou vida privada.
A publicidade poder ser feita pelos mais diversos
meios, tal como a utilizao de jornal oficial ou em local onde se
possa dar ampla divulgao dos atos administrativos. Por vezes ser
necessrio que a publicidade seja realizada diretamente ao
interessado (notificao) ou somente em boletim interno.
Assim, o princpio da publicidade pode, como meio de
transparncia, ser um requisito de validade do ato, ou, poder,
como instrumento para deflagrar os efeitos do ato (publicao do
ato), ser requisito de eficcia.
Uma das decorrncias do princpio da publicidade o
princpio da motivao dos atos administrativos, ou seja,
segundo o qual na pratica de um ato deve a Administrao
apresentar, torna explcitos, os motivos de sua realizada, ou seja, os
fatos e fundamentos de direito que o justificam.
Princpio da eficincia
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
30 30
O principio da eficincia, erigido a princpio
expresso a partir da EC 19/98, traduz a ideia de resultado, busca
pela excelncia no exerccio das atividades administrativas.
Para tanto, criou-se diversos mecanismos tal como as
escolas de governos, avaliaes peridicas e polticas de
desenvolvimento da administrao, tal como o contrato de gesto
(art. 37, 8, CF/88).
Como bem destaca Jos Afonso da Silva, o princpio da
eficincia orienta a atividade administrativa no sentido de conseguir
os melhores resultados com os meios escassos de que dispe e a
menor custo. Destaca, ademais, que consiste na organizao
racional dos meios e recursos humanos, materiais e institucionais
para a prestao de servios pblicos de qualidade com razovel
rapidez. (art. 5, LXXVIII)
Trata-se da tentativa de mudar o foco da
Administrao, ou seja, passar-se a uma Administrao gerencial,
que busca o resultado, em detrimento da Administrao
burocrtica, que prima pelo controle, bem como da Administrao
Patrimonialista, que confundia o interesse do dirigente com o
interesse da Administrao.
A par desses princpios expressos existem outros
princpios implcitos na CF/88, tambm chamados de
reconhecidos, sendo importante destacar os princpios da
supremacia do interesse pblico sobre o privado, o da
indisponibilidade do interesse pblico, da autotutela, da
proporcionalidade e razoabilidade, da continuidade dos
servios pblicos, dentre outros.
Princpio da supremacia do interesse pblico
O princpio da supremacia do interesse pblico
traduz-se na ideia de que o interesse pblico deve prevalecer
sobre o interesse particular, de modo que, em regra, quando
houver um confronto entre o interesse pblico e o particular, deve-
se dar primazia ao interesse pblico.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
31 31
Diz-se, em regra, tendo em vista que a Constituio
estabeleceu uma srie de direitos e garantias individuais que,
mesmo em confronto com o interesse pblico, devem ser
respeitados, resguardados.
Com efeito, em razo do princpio da supremacia do
interesse pblico que se fundam as prerrogativas ou poderes
especiais conferidos Administrao Pblica.
por fora da supremacia que a Administrao Pblica
atua com superioridade em relao ao particular, por exemplo,
impondo-lhe obrigaes de forma unilateral, com a insero de
clusulas exorbitantes em contratos administrativos, conferindo
presuno de legitimidade aos atos da Administrao etc.
Princpio da indisponibilidade
De outro lado, o princpio da indisponibilidade do
interesse pblico orienta Administrao Pblica impondo-
lhe restries, limitaes, ou seja, no lhe dado dispor
desse interesse, eis que ela no sua proprietria, detentora do
interesse pblico, apenas o tutela, o protege, ou seja, apenas
representa a coletividade, de modo que no pode dispor do que no
lhe pertence.
Significa dizer que, de um modo geral, no h
possibilidade de a Administrao Pblica abdicar, dispor, abrir mo,
daquilo que se refere ao interesse pblico. Por isso, a sujeio da
administrao pblica a restries especiais ou diferenciadas, tal
como dever de prestar contas, concurso pblico, licitaes etc.
Esses dois princpios, importante dizer, so
considerados por parte da doutrina como super-princpios, ou pedras
angulares do Direito Administrativo, na feliz expresso de Celso
Antnio Bandeira de Mello, na medida em que do origem aos
demais princpios administrativos e ao prprio regime jurdico
administrativo.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
32 32
Portanto, pode-se afirmar que o sistema
administrativo est fundado nesses postulados centrais, isto
nestes dois princpios primordiais (na supremacia e na
indisponibilidade do interesse pblico).
Princpio da autotutela
Decorrncia lgica desses dois princpios, e aplicao
do princpio da legalidade, surge o princpio da autotutela,
segundo o qual a administrao pblica pode controlar seus
prprios atos, ou seja, pode anular os atos que contenham
vcio de legalidade e revogar os inconvenientes e
inoportunos, respeitados os direitos de terceiros de boa-f.
Podemos ainda citar os princpios da
proporcionalidade e da razoabilidade, da continuidade, da
motivao, dentre outros que orientaro a atividade administrativa.
Princpio da razoabilidade e proporcionalidade
Os princpios da razoabilidade e
proporcionalidade, como j observamos, so princpios implcitos
na Constituio Federal e decorrem diretamente do princpio da
legalidade, bem como do postulado do devido processo legal
substantivo.
Vale lembrar, ademais, que a Lei n 9.784/99
positivou esses princpios, ao prescrever a observncia da
adequao entre meios e fins (razoabilidade), vedada a
imposio de obrigaes, restries e sanes em medida
superior quelas estritamente necessrias ao atendimento do
interesse pblico (proporcionalidade).
De todo modo, necessrio ainda dizer que a Lei n
9.784/99, lei que regula o processo administrativo no mbito
federal, positivou diversos princpios que estavam implcitos no bojo
da Constituio, estabelecendo o seguinte:
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
33 33
Art. 2 A Administrao Pblica obedecer, dentre outros,
aos princpios da legalidade, finalidade, motivao,
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa,
contraditrio, segurana jurdica, interesse pblico e
eficincia.
Princpio da continuidade
O princpio da continuidade, princpio especfico da
prestao dos servios pblicos, estabelece que em razo do
atendimento das necessidades e anseios da coletividade, os servios
pblicos no podem ser interrompidos, no podem sofrer lapso
(intervalo) de continuidade.
claro que, como se sabe, nenhum princpio
absoluto, de modo que h casos em que ser possvel a paralisao.
Todavia, trata-se de exceo regra, ou seja, os servios podero
ser interrompidos nos seguintes casos:
Desde que ocorra o prvio aviso:
o Para fins de manuteno
o Por razes de inadimplncia (falta de pagamento).
Neste caso, o dbito deve ser atual, considerado
este o at trs meses do aviso de corte. (se for
dbito antigo, segundo entendimento do STJ no
poder ocorrer a suspenso no fornecimento).
Sem aviso prvio
o Situaes emergenciais (catstrofes ou decorrentes
de eventos da natureza ou caso fortuito/fora maior)
Princpio da segurana jurdica
O princpio da segurana jurdica, denominado por
alguns de princpio da proteo da confiana (boa-f),
estabelece a necessidade de estabilidade das relaes jurdicas em
virtude do transcurso de tempo e da boa-f do administrado.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
34 34
decorrncia desse princpio a decadncia, a
prescrio, bem como os postulados constitucionais do direito
adquirido, do ato jurdico perfeito e da coisa julgada.
Esse princpio visto sob duas vertentes, a
perspectiva de certeza, ou seja, no sentido de que as normas e
regras so de conhecimento comum, e a perspectiva de estabilidade,
isto , de que as relaes constitudas se consolidam com o tempo
(segurana jurdica) e de que o administrado, por atuar de boa-f,
no pode sofrer com atos da Administrao que venham no futuro a
ser invalidados, j que gozam de presuno de legalidade.
O prof. Carvalho Filho ainda indica o princpio da
precauo, retirado do mbito do Direito Ambiental, mas que
tambm j vem sendo adotado no mbito do Direito Administrativo,
no sentido de que se determinadas condutas traz riscos para a
coletividade a Administrao deve tomar medidas (preveno) para
evitar que tais aes/eventos lhe geram danos.
Por exemplo, se um empresrio que desenvolver um
novo projeto empresarial (explorao de determinado componente)
ao solicitar o alvar para funcionamento dessa atividade, a
Administrao dever lhe cobrar os estudos necessrios para saber
qual o impacto que essa explorao possa vir a causar na
coletividade (precauo).
Assim, vamos s questes.
QUESTES COMENTADAS
1. (AFCE TCU CESPE/2011) Segundo a doutrina
administrativista, o direito administrativo o ramo do direito
privado que tem por objeto os rgos, os agentes e as
pessoas jurdicas administrativas que integram a
administrao pblica, a atividade jurdica no contenciosa
que esta exerce e os bens de que se utiliza para a consecuo
de seus fins, de natureza pblica.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
35 35
Comentrio:
Conforme ensina a prof. Di Pietro o Direito
Administrativo o ramo do direito pblico que tem por objeto
os rgos, agentes e pessoas jurdicas administrativas que
integram a Administrao Pblica, a atividade jurdica no
contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a
consecuo de seus fins, de natureza pblica.
Portanto, o direito administrativo uma cincia
jurdica que integra o ramo do direito pblico.
Gabarito: Errado.
2. (ANALISTA JUDICIRIO JUDICIRIA TRE/MS
CESPE/2013) Dizer que o direito administrativo um ramo
do direito pblico significa o mesmo que dizer que seu objeto
est restrito a relaes jurdicas regidas pelo direito pblico.
Comentrio:
Embora o Direito Administrativo esteja alocado no
ramo do direito pblico, seu objeto de estudo no se restringe s
relaes jurdicas de direito pblico.
O objeto do direito administrativo compreende todas
as relaes internas da administrao pblica, as relaes entre
administrao e administrado sejam regidas pelo direito pblico ou
pelo direito privado, bem como as atividades desempenhadas pelos
delegatrios de servios pblicos.
Gabarito: Errado.
3. (ANALISTA JUDICIRIO JUDICIRIA TRE/MS
CESPE/2013) O Poder Executivo exerce, alm da funo
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
36 36
administrativa, a denominada funo poltica de governo
como, por exemplo, a elaborao de polticas pblicas, que
tambm constituem objeto de estudo do direito
administrativo.
Comentrio:
As polticas pblicas no so objeto de estudo do
direito administrativo. Este tem por objeto o exerccio da funo
administrativa, os rgos, agentes e entidades administrativas que
integram a Administrao Pblica.
Como bem destaca a Profa. Di Pietro, o direito
administrativo tem por objeto os rgos, agentes e pessoas
jurdicas administrativas que integram a Administrao
Pblica, a atividade jurdica no contenciosa que exerce e os
bens de que se utiliza para a consecuo de seus fins, de
natureza pblica.
Nesse sentido, sintetiza Vicente Paulo e Alexandrino,
dizendo que o objeto do direito administrativo abrange todas
as relaes internas administrao pblica entre os
rgos e entidades administrativas, uns com os outros, e
entre a administrao e seus agentes, estatutrios e
celetistas -, todas as relaes entre a administrao e os
administrados, regidas predominantemente pelo direito
pblico ou pelo direito privado, bem como atividades de
administrao pblica em sentido material exercidas por
particulares sob regime de direito pblico, a exemplo da
prestao de servios pblicos mediante contratos de
concesso ou de permisso..
Gabarito: Errado.
4. (ENGENHEIRO INSS CESPE/2010) Apenas a lei, em
sentido lato, pode ser tida como fonte de direito
administrativo.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
37 37
Comentrio:
A lei fonte direta e principal. Contudo, no a nica
fonte, pois a jurisprudncia, os costumes e a doutrina tambm so
fontes do direito administrativo.
Gabarito: Errado.
5. (ADMINISTRADOR TJ/RR CESPE/2012) A
jurisprudncia, fonte no escrita do direito administrativo,
obriga tanto a administrao pblica como o Poder Judicirio.
Comentrio:
A lei considerada a nica fonte escrita. As demais,
ou seja, doutrina, costume e jurisprudncia so fontes no-escritas.
Contudo, de fato, a jurisprudncia no tem fora
cogente, ou seja, no obrigatria. Portanto, no obriga nem o
Poder Judicirio e nem a Administrao Pblica, apenas devendo ser
ressalvadas as smulas vinculantes ou as decises proferidas pelo
STF em controle abstrato de constitucionalidade.
Gabarito: Errado.
6. (ANALISTA JUDICIRIO JUDICIRIA TRE/MS
CESPE/2013) As decises judiciais com efeitos vinculantes ou
eficcia erga omnes so consideradas fontes secundrias de
direito administrativo, e no fontes principais.
Comentrio:
Embora a jurisprudncia seja fonte secundria, no se
pode dizer isso das Smulas Vinculantes e das decises vinculantes,
proferidas em controle abstrato de constitucionalidade, na medida
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
38 38
em que vinculam a administrao pblica, devendo ser consideradas
fontes primrias ou diretas.
Gabarito: Errado.
7. (FISCAL DA RECEITA ESTADUAL SEFAZ/AC
CESPE/2009) Os costumes so fontes do direito
administrativo, no importando se so contra legem, praeter
legem ou secundum legem.
Comentrio:
O costume somente se aplica quando for secundum
legem, ou seja, em conformidade com a Lei.
Gabarito: Errado.
8. (ACE TCU CESPE/2009) A CF, as leis complementares e
ordinrias, os tratados internacionais e os regulamentos so
exemplos de fontes do direito administrativo.
Comentrio:
De fato, a Constituio, as leis complementares e
ordinrias, os tratados internacionais e os regulamentos so
exemplos de fontes do direito administrativo.
Gabarito: Certo.
9. (DELEGADO DE POLCIA PC/AL CESPE/2012) Ocorre o
fenmeno da desconcentrao quando o Estado desempenha
algumas de suas funes por meio de outras pessoas
jurdicas.
Comentrio:
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
39 39
O Estado uma pessoa jurdica. Assim, quando essa
pessoa distribui competncias para outra pessoa, teremos a
descentralizao, que poder ser poltica (distribui para outros entes
polticos) ou administrativa (distribui para entidades
administrativas).
Gabarito: Errado.
10. (TCNICO JUDICIRIO TRE/MS CESPE/2013) A
centralizao a situao em que o Estado executa suas
tarefas diretamente, por intermdio dos inmeros rgos e
agentes administrativos que compem sua estrutura
funcional.
Comentrio:
O fato de o Estado exercer suas funes por meio de
diversos rgos o fenmeno da desconcentrao, que ocorre no
mbito interno de uma mesma pessoa.
No entanto, mesmo desconcentrado, o ente est
centralizado, pois nada se menciona sobre a criao de outras
entidades.
Com efeito, a centralizao o movimento inverso da
descentralizao. Ento, enquanto na descentralizao temos duas
ou mais pessoas. Na centralizao temos uma s pessoa, que pode
ou no estar desconcentrada.
Gabarito: Certo.
11. (TCNICO JUDICIRIO TRE/MS CESPE/2013) A
chamada centralizao desconcentrada a atribuio
administrativa cometida a uma nica pessoa jurdica dividida
internamente em diversos rgos.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
40 40
Comentrio:
Na centralizao temos uma s pessoa que exerce
suas funes. Pode, essa pessoa, estar desconcentrada (ter diversos
rgos) ou concentrada (no ter diversos rgos, ou seja, no ter
diviso interna de suas atribuies entre rgos).
Gabarito: Certo.
12. (ANALISTA DE PLANEJAMENTO INPI CESPE/2013) O
instituto da desconcentrao permite que as atribuies
sejam distribudas entre rgos pblicos pertencentes a uma
nica pessoa jurdica com vistas a alcanar uma melhora na
estrutura organizacional. Assim, concentrao refere-se
administrao direta; j desconcentrao, indireta.
Comentrio:
De fato, a desconcentrao permite que as atribuies
sejam distribudas entre rgos pblicos pertencentes a uma nica
pessoa jurdica com vistas a alcanar uma melhora na estrutura
organizacional.
Contudo, concentrao/desconcentrao tanto podem
ser referir administrao direta ou indireta, pois se trata de
organizao interna no mbito de uma mesma pessoa jurdica.
Gabarito: Errado.
13. (AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO - TCE/ES -
CESPE/2012) Para que ocorra a descentralizao
administrativa, necessria, pelo menos, a existncia de
duas pessoas.
Comentrio:
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
41 41
A descentralizao administrativa pressupe sempre a
existncia de duas ou mais pessoas, enquanto a desconcentrao
pressupe uma s pessoa.
Gabarito: Certo.
14. (TCNICO JUDICIRIO TJ/RR CESPE/2012) Quando
o Estado cria entidades dotadas de patrimnio e
personalidade jurdica para propiciar melhorias em sua
organizao, ocorre o que se denomina desconcentrao.
Comentrio:
A criao de pessoa jurdica pelo Estado distribuindo-
lhe funo administrativa o fenmeno da descentralizao.
Gabarito: Errado.
15. (ANALISTA JUDICIRIO JUDICIRIA TRE/MT
CESPE/2010) A descentralizao administrativa ocorre
quando se distribuem competncias materiais entre unidades
administrativas dotadas de personalidades jurdicas distintas.
Comentrio:
Na descentralizao administrativa ocorre a
distribuio de competncias de uma pessoa jurdica para outra.
Gabarito: Certo.
16. (ANALISTA JUDICIRIO JUDICIRIA TRE/MT
CESPE/2010) A criao de um ministrio na estrutura do
Poder Executivo federal para tratar especificamente de
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
42 42
determinado assunto um exemplo de administrao
descentralizada.
Comentrio:
Observe que os ministrios so rgos integrantes da
estrutura da Unio (pessoa jurdica de direito pblico interno).
Portanto, quando se criam rgos na estrutura de uma pessoa,
estamos desconcentrando, e com isso diante da administrao
desconcentrada.
Gabarito: Errado.
17. (DELEGADO DE POLCIA PC/BA CESPE/2013) A
criao de nova secretaria por governador de estado
caracteriza exemplo de descentralizao.
Comentrio:
Ento, a criao de uma secretaria de estado, isto ,
criao de um rgo no mbito da Administrao direta, um
exemplo de desconcentrao.
Gabarito: Errado.
18. (ESCRIVO DE POLCIA PC/ES CESPE/2011)
Diferentemente da descentralizao, em que a transferncia
de competncias se d para outra entidade, a
desconcentrao processo eminentemente interno, em que
um ou mais rgos substituem outro com o objetivo de
melhorar e acelerar a prestao do servio pblico.
Comentrio:
Na descentralizao a transferncia de competncias
se d para outra entidade, enquanto na desconcentrao, por ser
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
43 43
um processo eminentemente interno, um ou mais rgos substituem
outro com o objetivo de melhorar e acelerar a prestao do servio
pblico.
Gabarito: Certo.
19. (ANALISTA JUDICIRIO TJ/AL CESPE/2012) A
delegao forma de efetivao da desconcentrao.
Comentrio:
No mbito da descentralizao administrativa teremos
dois institutos importantes, a outorga (descentralizao legal) e
a delegao (descentralizao por colaborao, contratual ou
negocial).
Na outorga, cria-se uma pessoa jurdica lhe
transfere, por lei, o exerccio de determinada atividade
administrativa, de modo que se torne especialista nesse ramo.
Cuidado. Ressalva-se, no entanto, o entendimento do
Prof. Carvalho Filho, para quem na outorga no h
transferncia da titularidade, mas da prestao do servio
que feita por lei.
Na delegao, transfere-se, por ato ou contrato
administrativo, a outra pessoa, fsica ou jurdica, a execuo de
determinado servio pblico para que o execute por sua conta e
risco, mas visando atender ao interesse pblico.
Portanto, a outorga e a delegao so formas de
descentralizao.
Gabarito: Errado.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
44 44
20. (ANALISTA JUDICIRIO JUDICIRIA TRE/ES
CESPE/2011) A desconcentrao mantm os poderes e as
atribuies na titularidade de um mesmo sujeito de direito,
ao passo que a descentralizao os transfere para outro
sujeito de direito distinto e autnomo, elevando o nmero de
sujeitos titulares de poderes pblicos.
Comentrio:
De fato, a desconcentrao mantm os poderes e as
atribuies na titularidade de um mesmo sujeito de direito, pois se
trata de distribuio de atribuies no mbito de uma mesma pessoa
jurdica.
Contudo, conforme doutrina dominante, na
descentralizao administrativa poder (outorga) ou no (delegao)
haver a transferncia da titularidade para outro sujeito de direito,
distinto e autnomo.
Assim, embora haja divergncia doutrinria quanto
transferncia da titularidade no caso de outorga, essa no ocorrer
no caso de delegao, pois somente se transfere a execuo da
atividade, motivo pelo qual a questo deveria ser considerada
errada, j que a descentralizao administrativa no se resume
descentralizao funcional, por servio ou tcnica.
Nisso, chamo a ateno para que se tome muito
cuidado, pois o CESPE, a depender do examinador, tem assumido
posies contraditrias, ou seja, uma parte da Banca assume a
posio de que transfere a titularidade (linha da Di Pietro) e
outra parte assume a posio de que no se transfere a
titularidade (linha do Carvalho Filho).
Portanto, entendo que a questo deveria ter sido
anulada, mas o CESPE a considerou correta.
Gabarito: Certo. (*)
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
45 45
21. (ANALISTA JUDICIRIO EXECUO DE MANDADOS
STM CESPE/2011) Quando o Estado processa a
descentralizao do servio pblico por delegao contratual,
ocorre apenas a transferncia da execuo do servio.
Quando, entretanto, a descentralizao se faz por meio de lei,
ocorre a transferncia no somente da execuo, mas
tambm da titularidade do servio, que passa a pertencer
pessoa jurdica incumbida de seu desempenho.
Comentrio:
Aqui o CESPE adotou o posicionamento do Carvalho
Filho, que entende que na descentralizao administrativa
(descentralizao legal ou outorga) tambm no h a transferncia
da titularidade, pois foi conferida ao ente poltico pela Constituio.
Portanto, para o prof. Carvalho Filho, a outorga
tambm s ocorrer a transferncia da prestao do servio pblico,
distinguindo-se da delegao no que diz respeito ao ato que
determina a transferncia, que no caso da outorga ocorre por lei.
Lembre-se, no entanto, como disse, que a
posicionamento majoritrio na doutrina no sentido de que na
outorga h a transferncia da titularidade e da prestao do servio.
Gabarito: Errado.
22. (AUXILIAR JUDICIRIO TJ/AL CESPE/2012) A
descentralizao pode ser feita por meio de outorga ou
delegao, meios de que dispe o poder pblico para
transferir, por tempo determinado, a prestao de
determinado servio pblico a ente pblico ou a particular.
Comentrio:
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
46 46
Com efeito, no restam dvidas de que a
descentralizao pode ocorrer mediante outorga (por lei) ou por
delegao (por contrato ou ato administrativo), de modo a transferir
a prestao de determinado servio pblico a ente administrativo ou
a particular, contudo, poder ser por prazo determinado (contrato)
ou no (outorga).
Gabarito: Errado.
23. (TODOS OS CARGOS MS CESPE/2010) A
descentralizao administrativa efetiva-se por meio de
outorga quando o Estado cria uma entidade e a ela transfere,
por lei, determinado servio pblico.
Comentrio:
A descentralizao administrativa efetiva-se por meio
de outorga, ou seja, quando o Estado cria uma entidade e a ela
transfere, por lei, determinado servio pblico.
Gabarito: Certo.
24. (TCNICO JUDICIRIO TRE/MS CESPE/2013) A
descentralizao administrativa ocorre quando uma pessoa
poltica ou uma entidade da administrao indireta distribui
competncias no mbito da prpria estrutura, a fim de tornar
mais gil e eficiente a sua organizao administrativa e a
prestao de servios.
Comentrio:
Na descentralizao administrativa temos duas ou
mais pessoas. Portanto, quando ente (pessoa poltica) ou uma
entidade (pessoa administrativa) distribui competncia na sua
prpria estrutura, trata-se de desconcentrao.
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
47 47
Gabarito: Errado.
25. (TCNICO JUDICIRIO TRE/MS CESPE/2013) A
descentralizao a situao em que o Estado executa suas
tarefas indiretamente, por meio da delegao de atividades a
outros rgos despersonalizados dentro da estrutura interna
da pessoa jurdica descentralizadora.
Comentrio:
Quando ocorre a delegao de atividades no mbito da
prpria pessoa jurdica descentralizadora a outros rgos
despersonalizados temos a desconcentrao administrativa.
Gabarito: Errado.
26. (TCNICO JUDICIRIO TJ/RR CESPE/2012) A
administrao indireta abrange o conjunto de pessoas
administrativas que, vinculadas administrao direta, tm o
objetivo de desempenhar, de forma descentralizada, as
atividades administrativas.
Comentrio:
De fato, a Administrao indireta abrange o conjunto
de pessoas (entidades) administrativas, vinculadas Administrao
direta, que tm por objetivo desempenhar, de forma
descentralizada, as atividades administrativas.
Gabarito: Certo.
27. (AUXILIAR JUDICIRIO TJ/AL CESPE/2012) A
administrao direta compreende os rgos que integram as
pessoas polticas do Estado, aos quais se atribui competncia
PACOTE DE TEORIA E EXERCCIOS
ANALISTA JUDICIRIO - TJCE
AULA 00 - Direito Administrativo e Princpios
Prof. Edson Marques
www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Edson Marques
48 48
para exerccio, de forma descentralizada, das atividades
administrativas.
Comentrio:
De fato, a Administrao direta compreende os rgos
que integram as pessoas polticas do Estado, aos quais se atribui
competncia para exerccio das atividades administrativas. No
entanto, de forma desconcentrada j que se trata de rgos que
compem a mesma estrutura ou pessoa jurdica.
Gabarito: Errado.
28. (TCNICO JUDICIRIO TRE/BA CESPE/2010) A
criao de uma autarquia para executar determinado servio
pblico representa uma descentralizao das atividades
estatais. Essa criao somente se promove por meio da
edio de lei especfica para esse fim.
Comentrio:
Ento, a criao de qualquer entidade administrativa,
ou seja, da prpria Administrao Pblica indireta, uma forma de
descentralizao.
Gabarito: Certo.
29. (TCNICO ADMINISTRATIVO MPU CESPE/2013) A
transferncia pelo poder pblico, por meio de contrato ou ato
administrativo unilateral, apenas da execuo de
determinado servio