55
Direito Constitucional – aula 03 – dia 06/05/09 Sistema Constitucional de Crises Intervenção Federal – Estado de Sítio – Estado de Defesa 1 – Introdução Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúve l dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (fazer uma leitura mais aprofundada sobre o princípio do estado democrático de direito!!!!) I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Todo o poder emana do povo: essa é uma acepção do termo PODER na CF, cujo significado é de soberania, lembrando-se sempre que vivemos numa democracia (que significa dominação pelo povo).

Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

Direito Constitucional – aula 03 – dia 06/05/09

Sistema Constitucional de Crises

Intervenção Federal – Estado de Sítio – Estado de Defesa

1 – Introdução

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúve l

dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático

de Direito e tem como fundamentos: (fazer uma leitura mais aprofundada sobre o

princípio do estado democrático de direito!!!!)

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de

representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Todo o poder emana do povo: essa é uma acepção do termo PODER na CF, cujo significado

é de soberania, lembrando-se sempre que vivemos numa democracia (que significa dominação pelo

povo).

Soberania: é o Poder Político supremo e independente. Este conceito hoje resta

relativizado, sobretudo na área processual penal em razão da chamada cooperação jurídica

internacional, que decorre do chamado Constitucionalismo Cooperativista ou Estado Constitucional

Cooperativo. Em razão da globalização, existe a necessidade de cooperação entre os Estados, eles

não podem se isolar, se insular (Peter Haberle)

Page 2: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

Este artigo está no título 1, que trata dos princípios fundamentais, por isso

que estes princípios elencados no artigo 1º são imprescindíveis para a sobrevivência

do estado, da sociedade política.

O artigo “A” em “A República” no artigo 1º tem um significado, pois a CR88

não cria a república, de modo que esse artigo denota que a constituição reconhece a

República e a Federação, formas existentes anteriores à CR/88.

O estado é uma sociedade politicamente organizada, sendo que JAS

diferencia estado de país, sendo que nosso País se chama Brasil, e nosso estado é

República Federativa do Brasil. País não é sinônimo de estado.

País é o componente espacial de um estado, ou seja, é o habitat do povo de

um estado. O nosso estado, República Federativa do Brasil, sendo que já possuiu

vários nomes, como Estados Unidos do Brasil (1824), sendo que as outras

denominaram República do Brasil, e a CR/88 que disse República Federativa do

Brasil.

Alguns países têm o mesmo nome do estado, como é o caso dos EUA. Para

nós que adotamos uma cultura jurídica romano-germânica, estado não é sinônimo

de nação.

Nação significa um conjunto de pessoas ligadas pela mesma origem, pela

mesma história, pela mesma língua, pela mesma religião (conceito sociológico).

Esse conceito é o que adotamos.

A ONU, por exemplo, para nós seria melhor organização dos estados unidos,

o que não ocorre para aqueles que adotam uma cultura jurídica anglo-saxônica

(EUA, Inglaterra, Austrália, etc.), Estado é sinônimo de nação.

Deste modo, quando o artigo 1º fala em República Federativa do Brasil, ela

está fazendo uma referência ao nosso estado.

Page 3: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

No titulo V da CR, quando fala da defesa do estado e das instituições

democráticas, significa da defesa do território, da soberania, da autonomia.

Pátria não é um conceito jurídico, significando terra que amamos, terra do

papai. Pátria significa um sentimento, uma emoção.

Não obstante, a CR fala em pátria no artigo 143, quando trata da situação em

que as forças armadas farão a defesa da pátria. Mas aqui o pátria deve ser

considerado como estado, soberania, etc.

Segundo período do Artigo 1º:

“formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito

Federal”

Revela uma das principais características da Federação. Alguns

doutrinadores falam em características de existência e características de

manutenção da federação.

Esse 2º período do artigo 1º nos revela uma das principais características

para existência e sobrevivência da Federação, que é a Indissolubilidade do Vínculo,

característica essa que diferencia a forma federativa da forma confederativa.

Isso é, que a impossibilidade de dissolução do vínculo na federação e a

possibilidade de dissolução do vínculo na confederação, sendo que nesta há o

direito de secessão.

“união”: para parte da doutrina é um substantivo feminino de ligação (pois

está com “u” minúsculo, significando pacto, junção, reunião. Não se confunde com a

União, pessoa jurídica com capacidade política que nasce no artigo 118 da CR.

JAS diz que “união” aqui é sim a pessoa jurídica com capacidade política.

Page 4: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

A CR revela mecanismos de proteção, veículos, instrumentos que protegem a

indissolubilidade do vínculo, tal foi a importância dessas características tratadas no

artigo. Exemplos desses instrumentos:

- A indissolubilidade é uma cláusula pétrea (art. 60, §4º da CR);

- Uma das espécies de intervenção serve para a manutenção da unidade

nacional (art. 34, I);

O próprio estado de defesa, como o de sítio, também são meios para evitar a

dissolubilidade de nosso território. Exemplo disso seria no caso de um estado

estrangeiro invadir nosso território.

Veja-se, assim, que esse sistema de crises protege, ainda, a indissolubilidade

da federação;

- Artigo 109, IV fala em crimes políticos (que são os previstos na lei 7170/83,

que dentre os tipos da lei de segurança nacional, encontra-se pregar contra a

indissolubilidade do vínculo).

A importância chega a tal ponto que, se o cidadão for absolvido deste crime,

cabe Recurso Ordinário para o STF (art. 102, II, “c”). Isso é porque uma das

características da própria existência da federação é também a existência de um

Tribunal encarregado de manter o pacto federativo, no nosso caso o STF.

O STF julga o RO diretamente do juiz federal, pois ele é o Tribunal

encarregado de proteger o pacto federativo.

**Vale destacar que o JAS município não faz parte da federação, sendo

apenas uma divisão territorial do estado membro. Seu argumento é de que ao

Município falta uma das características da Federação (Indissolubilidade, existência

do Tribunal que protege o pacto), qual seja, a existência de uma casa onde se

encontram os representantes dos Estados Membros, os representantes das

Unidades Parciais.

Page 5: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

O Município não tem representante no Congresso Nacional, pois temos

apenas os Senadores, que são representantes dos Estados e do DF, sendo que os

Deputados representam o povo.

Por isso, em razão da ausência dessa característica, JAS justifica que os

Municípios não fazem parte da Federação. Mas o STF entende que os Municípios

fazem parte da Federação, de modo que temos uma Federação Tridimensional, com

03 pessoas jurídicas com capacidade política (União, Estados e Municípios).

O DF é PJ com capacidade política, mas é singular, sui generis, pois possui

capacidade política híbrida. O DF possui menos autonomia, maiores limites que os

Estados membros.

Disso decorre que não existem municípios no DF (art. 32 da CR), sendo-lhe

vedada a criação de municípios.

O artigo 18, §4º permite que os estados membros se subdividam em

municípios.

O artigo 1º, em seu 3º período fala: “constitui-se em Estado Democrático de

Direito e tem como fundamentos”.

A constituição portuguesa fala em estado de direito democrático, enquanto a

nossa inverte. Correntes:

1ª – Não existem diferenças entre as expressões, teríamos uma tautologia,

um raciocínio em círculos (ex.: um estado somente é direito se for democrático,

sendo que só é democrático se for de direito).

2ª – Existe diferença sim, sendo que a nossa CR valoriza a democracia e todo

o Direito deve ter por base a democracia, a democracia como fundamento.

Diversamente da Constituição Portuguesa, que valoriza o direito, mas afirma que ele

deve ser democrático.

Page 6: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

O Estado Direito surge em 1789, como resposta ao absolutismo. No estado

de direito administradores e administrados devem obediência à lei. O Estado de

direito nesse momento surge com duas verdades, para alcançá-las:

1ª – Divisão orgânica de Montesquieu

2ª – Ofertar aos cidadãos direitos e garantias fundamentais (1ª dimensão)

Em nome deste estado de direito, sobretudo em razão do positivismo, que

confundiu o direito com a lei, tivemos no século XX grandes catástrofes (como o

Nazismo, o Facismo, etc.), sendo que após isso passou-se a valorizar a democracia,

ou seja, não mais nos contentávamos com o estado de direito.

O estado de direito deve ser democrático. Para que o estado seja

democrático e de direito, deve se concluir que o direito não se resume à lei, que

vigência é diverso de validade (vigente = criada em obediência ao devido processo

legislativo constitucional).

No estado de direito a lei vigente é uma lei válida, porém no estado

democrático de direito, além de vigente, a lei precisa ser compatível, adequada à Lei

Ápice (constituição), para que possa ser válida.

A mais, a lei deve respeitar a liberdade, a igualdade, a dignidade da pessoa

humana.

O artigo 1º, I da CR:

- Soberania: quer dizer poder político, supremo e independente.

Mas esse conceito é do final da idade media, sendo que hoje se encontra

relativizado, em razão do Estado Constitucional Federativo, que é um estado que se

disponibiliza como referência para outros estados.

Page 7: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

Não se confunda aqui, soberania como poder político (soberania nacional –

art. 1º, I), com a soberania como popular, que está no artigo 4º, 1º.

Artigo 1º, II da CR:

Cidadania: faz do indivíduo um membro ativo de sua comunidade, um sujeito

de direitos e obrigações.

No exercício da cidadania tenho deveres para com a comunidade no que se

chama de deveres fundamentais (deve de ser honesto, de pagar tributos, etc.). A

cidadania é uma via de mão-dupla (direitos e deveres).

Não se pode confundir com cidadão. Existe dois tipos de cidadãos:

- Cidadão em sentido estrito: cidadão nacional utilizando seus direitos

políticos (exemplo ação popular, legitmado para denunciar o presidente por crime de

responsabilidade) (artigo 12 + 14)

- Cidadão em sentido amplo ou lato: é aquele que exerce direitos referentes à

cidadania.

Artigo 1º, III da CR:

Dignidade da pessoa humana: não é um direito, é um valor pré-estatal, pré-

constitucional.

É o valor que visa proteger o ser humano contra tudo que lhe possa levar ao

menoscabo (desrespeito, desacato). A nossa CR só se legitima no instante em que

prega, traz a dignidade como fundamento do nosso Estado.

Vale lembrar que a Dignidade é núcleo dos direitos fundamentais juntamente

com a Democracia. Conceitos de DF:

Formal: são os direitos humanos positivados em uma Constituição

Page 8: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

Material: são posições jurídicas necessárias para a satisfação, concretização

do valor dignidade

Artigo 1º, IV da CR:

Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: o fato dos valores sociais do

trabalho virem antes da livre iniciativa significa que o trabalho não é um castigo, pois

o trabalho serve para desenvolvimento da personalidade, ascensão social e da

comunidade. Valores sociais aqui significam respeito ao trabalhador, todo o conjunto

de regras do artigo 7º da CR.

Após, com a livre iniciativa, a CR adora o capitalismo, A livre iniciativa quer

dizer que a propriedade dos bens ou meios de produção pode ser individual, não

precisam ser necessariamente coletiva.

Bens ou meios de produção são bens inconsumíveis, utilizados para a

produção de outros bens (ex. indústria, comércio, etc.).

JAS afirma aqui que a nossa CR adota ao capitalismo, mas ao estabelecer os

valores sociais do trabalho, busca a humanização do capitalismo. Pode se ligar essa

humanização do capitalismo com o artigo 170 da CR, ou seja, com a Ordem

Econômica (com Estado do Bem-estar social, intervencionista, etc.).

Artigo 1º, V da CR:

Pluralismo Político: não siognifica vários partidos políticos, pois políticos aqui

não está no sentido de partido. Significa direito fundamental à diferença, tolerância

com o diferente (olhar os outros com os olhos dos outros).

Aqui está contido, vários partidos políticos vários tipos de crença, de métodos

educacionais (ex.: pode ser Pacifista,. Belicista).

Reconhece-se aqui o direito fundamental a ser diferente.

Page 9: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

Parágrafo único do artigo 1º: temos a representação da democracia

representativa, democracia participatica, democracia dialógica, sendo que a

democracia não é só exercícios de direitos políticos, votar e ser votado, é muito mais

que isso.

Na democracia dialógica há um diálogo entre a Administração e a sociedade

(audiências públicas, etc.).

Artigo 2º da CR:

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o

Legislativo, o Executivo e o Judiciário. (PODER na acepção de órgão – vale lembrar

que tecnicamente não é correto dizer que adotamos a teoria Tripartite de

Montesquieu, uma vez que o PODER é uno, indivisível. Adotamos, sim, a divisão

orgânica deste).

Hoje é importante se falar na compreensão constitucionalmente adequada da

divisão orgânica de Montesquieu. Esta compreensão constitucionalmente adequada

fundamenta a nova leitura que o STF deu ao Mandado de Injunção, fundamenta a

interpretação conforme a constituição, fundamenta o chamado ativismo judicial.

Artigo 3º da CR:

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

 III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e

regionais; (segundo a doutrina esse dispositivo seria um exemplo de consagração

pela CF de busca pela igualdade material – norma constitucional de eficácia

limitada, de princípio programático).

Page 10: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,

idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Representa a busca da materialização dos princípios previstos no artigo 1º. O

artigo 3º é o reconhecimento de que o nosso estado é devedor e nós somos

credores de determinadas atividades.

Aqui estão o 4º elemento estrutural ou constitutivo do Estado, seus objetivos.

Este artigo revela que nossa constituição é compromissário, que ela é diligente,

prega metas a serem perseguidas ou objetivos a serem alcançados.

Uma Constituição compromissária é uma constituição que não se preocupa

apena com o presente, mas também com o porvir.

Artigo 3º, I:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

Livre e justa: é a grande discussão entre capitalistas e comunistas.

Celso Bastos diz que nos estados capitalistas todos são livres, mas a

sociedade não é justa, umka vez que poucos tem muitos e muitos tem pouco.

Existem uma grande diferença entre as classes sociais, que representa a

desigualdade social.

Nos estados comunistas a sociedade é justa, mas o indivíduo não é livre.

Deste modo, para que uma sociedade capitalista seja mais justa é precisa reduzir a

desigualdade.

Artigo 3º, II da CR:

Solidária: significa a busca por uma fraternidade, colaboração (como o

exemplo de alfabetização de adultos gratuita, etc.).

Page 11: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

Garantia do desenvolvimento nacional: passa pela busca da independência

econômica de outros estados, este desenvolvimento nacional passa pela valorização

d indústria nacional, para que não tenhamos dependência econômica de outros

estados (ex.: BNDES).

Artigo 3º, III da CR:

Erradicar: se refere a pobreza e a marginalização, sendo que o marginalizado

é menos que pobre, disse deve se acabar coma pobreza, pois estes estão fora do

sistema.

Reduzir: refere se a desigualdades regionais, pois é impossíve se erradicar as

desigualdades regionais, uma vez que depende de uma série de fatores (naturais,

competências, etc.).

Reduzir as desigualdades sociais: busca-se a justiça social.

Art. 3º, IV da CR:

Bem de todos é bem comum: “todos” aqui e no aritgo 5 significa

universalidade, que não é uniformidade. É extensão a todos, mas todos não são

iguais; eu faço parte de um todo, mas não sou igual a todos

A parte final, quando trata das formas de discriminação, temos o direito de ser

diferente.

O artigo 4º da CR traz o estado cooperativo internacional:

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações

internacionais pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;

Page 12: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

Esta independência fundamenta o dualismo jurídico, qual seja, a ordem

internacional e a ordem jurídica nacional. O nosso dualismo jurídico é mitigado ou

abrandado, em razão da receptação dos tratados internacionais.

II - prevalência dos direitos humanos;

Usa-se a expressão correta, pois na ordem internacional se fala em direitos

humanos (ordem interna se fala em direitos fundamenatais).

III - autodeterminação dos povos;

O Brasil não defende o colonialismo, cada povo deve se refletir em um estado, o

que fundamenta o apoio do Brasil na independência do estado da palestina, por

exemplo.

IV - não-intervenção;

Significa dizer que somos um estado que não apoiamos guerras interventivas,

adotamos somente guerra defensivas.

V - igualdade entre os Estados;

É uma criação de Rui Barbosa, todos os estados são iguais no cenário

internacional, independente das suas características.

VI - defesa da paz;

Não somos um estado bélico, somente pregamos guerras defensivas

VII - solução pacífica dos conflitos;

Buscamos a não utilização da violência, pois somos um estado não bélico, não

beligerante, resolução dos conflitos por meio da arbitragem, etc.

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

Significa rejeição do terrorismo, é muito mais do que não concordar. Devemos

procurar meios para afastar o terrorismo (conceito: é a defesa, proselitismo, de

Page 13: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

ideais políticos ou religiosos através da violência, da propagação do medo, do terror

– Hoje se fala em terrorismo social, etc.). Falta um tipo penal para o terrorismo.

Racismo significa entender que uma raça seja superior, hegemônica, à outra.

Em 1988 a África do Sul previa uma raça hegemônica, sendo que o STF já se

manifestou sobre o assunto (HC 84424 – STF discutiu a questão de raça)

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

Encaixa aqui auxílio científico, cooperação penal internacional, etc.

X - concessão de asilo político.

Proteção que o estado dá a nacionais de outros estados que estiver, sofrendo

perseguições de seu estado em razão de pensamento político, sendo que asilo não

se confunde com refúgio.

O STF concede extradição pela prática de crime comum por razões políticas.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração

econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à

formação de uma comunidade latino-americana de nações.

É mais do que o MERCOSUL.

2 – Da Defesa do Estado

O título V diz sobre a Defesa do Estado, sociedade politicamente organizada,

significando a defesa do território, da soberania nacional, sendo utilizado como

sinônimo de pátria.

Instituições democráticas, quando fala, não é só órgãos. Por Instituições

democráticas temos aqui os exercícios de direitos políticos, direitos e liberdades.

2.1 – Do Estado de defesa e do Estado de sítio

Page 14: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

Está previsto no capítulo I, sendo que significa circunstância, situação,

momento em que algo ocorre. É um estado, como sociedade politicamente

organizada.

Aqui se inaugura o chamado sistema nacional de crises. É interessante se

guardar que em determinados momentos da realidade social é possível a ocorrência

de rompimento da normalidade constitucional, que pode ocasionar graves prejuízos

à instituições democráticas.

Pensando nessa realidade, a CR traz esse sistema nacional de crises. Este

sistema tem por objetivo a defesa da própria CR e das instituições democráticas.

Conceito: sistema constitucional de crises é um conjunto ordenado de

normas constitucionais que informadas pelos princípios da necessidade e da

temporariedade, tem por objeto situações de crises e por finalidade a manutenção

ou restabelecimento da normalidade constitucional.

Nesse sistema constitucional de crises passamos da normalidade

constitucional, que também é denominado estado de legalidade ordinária, para o

estado de legalidade extraordinária.

Essa passagem da normalidade da legalidade ordinária para a extraordinária

somente é possível pela coexistência de dois princípios:

- princípio da necessidade

- princípio da temporariedade

Se não houver respeito ao princípio da necessidade, teremos um golpe de

estado. Se a passagem da legalidade ordinária para o estado de legalidade

extraordinária e não houver a temporariedade não temos um sistema constitucional

de crises, mas sim uma Ditadura.

Isso porque não haverá respeito as normas constitucionais.

Page 15: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

2.2 – Limites ao Sistema constitucional de crises

Esse sistema não é uma suspensão da Constituição, mas sim um sistema

extraordinário incorporado na própria constituição. Os limites materiais e formais

estão incorporados no próprio texto constitucional (artigos 136 a 141 da CR).

Além desses limites existem outros limites que decorrem do próprio sistema

constitucional. São eles:

Respeito à dignidade da pessoa humana

Prevalência dos direitos humanos

Obediência ao princípio da legalidade

Obediência ao princípio da proporcionalidade quando da redução ou

restrição de direitos e garantias fundamentais

Precariedade da vigência das medidas de exceção

Motivação discricionária (arbítrio x necessidade) para decretação do

estado de defesa ou do estado de sítio

Independentemente do perigo a ser enfrentado, deverá ser adotada

sempre uma postura defensiva

Os impactos causados pelas sincopes devem buscar sempre a defesa da

ordem pública e a pacificação da sociedade

Além destes, Alexandre de Morais afirma que este sistema constitucional de

crises nunca poderá suprimir todos os direitos e garantias fundamentais, sob pena

de chegarmos ao arbítrio, a anarquia (ex.: não é possível restringir o direito à vida, o

direito à honra, acesso ao poder judiciário).

Este sistema constitucional de crises, estado de defesa e depois estado de

sítio, existe uma lógica na constituição.

2.3 – Estado de Defesa

Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e

o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou

Page 16: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a

paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas

por calamidades de grandes proporções na natureza.

I – Considerações

O presidente da república tem legitimidade para decretar o estado de defesa,

que é uma faculdade e não uma obrigação. O PR ao decretar o estado de defesa

deve ouvir o conselho de defesa e o conselho da república, sempre lembrando que

os pareceres serem meramente opinativos.

Apesar de serem meramente opinativos os pareceres, o Presidente deve

ouvir ou colhe-los, sob pena de inconstitucionalidade da medida, que se

desrespeitada pode revelar crime de responsabilidade do presidente.

No estado de defesa não existe a oitiva prévia do CN, esse não precisa

autorizar. O controle político feito pelo CN é posterior à decretação (a posteriori).

No estado de defesa deve ser decretado sobre locais determinados, há

restrição espacial. O estado de sítio, ao contrário, deve ser decretado em todo

território nacional.

Ordem pública: tem o sentido de ausência de crime, de um estado antidelitual

resultante da observância das normas penais. Existe respeito à regra de direito

penal.

Paz social: significa tranqüilidade, estabilidade, ausência de ameaça

Grave e eminente instabilidade institucional: grave significa aquilo que resulte

em perigo, ameaçador, pode trazer prejuízos. Iminente é que está prestes a ocorrer.

Instabilidade institucional significa perturbação das atividades normais dos

órgãos do Estado (ex.: digamos que em determinado estado seja assenhorado pelo

crime organizado, é possível a decretação do estado de defesa).

Page 17: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

Vale lembrar que pode ser decretado estado de defesa no estado membro

como um todo, parte dele ou partes de mais de um estado membro. (Ex.: divisa de

MS com RO, em que ocorra riscos as instituições democráticas, pode ser decretado

estado de defesa nessa área).

É possível a decretação de estado de defesa em regiões atingidas por

calamidades públicas naturais, desde que essas calamidades de grandes

proporções da natureza possa, ocasionar perturbações à ordem pública ou às

instuições democráticas (ex.: saques, arrombamentos, etc.)

II – Limites materiais para decretação do estado de defesa: (princípio da

necessidade)

Existência de grave e iminente instabilidade institucional que ameace a

ordem pública ou a paz social;

Obs.: esses limites podem ser concomitantes ou não.

Manifestação de calamidades de grandes proporções na natureza que

atinjam a ordem pública ou paz social.

Podem os dois limites estar presentes, ou isoladamente.

III – Limites formais (todos devem estar presentes):

Prévia manifestação dos conselhos (não vincula o presidente, mas se não

ouvir previamente Serpa violada a CR);

Decretação do ato pelo presidente;

A duração deve estar prevista no decreto

Page 18: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

Prazo máximo de até 30 dias, permitindo-se uma única prorrogação por

mais 30 dias. (princípio da temporariedade);

O decreto deve especificar as áreas abrangidas (princípio da

proporcionalidade);

O decreto deve especificar as restrições dente aquelas previstas no artigo

136, §1º. Isso significa o dever de indicar as medidas coercitivas

IV – Efeitos da decretação do Estado de Defesa

1º - Restrição a determinados direitos:

a) Direito de reunião

b) Sigilo de correspondência

c) Sigilo das comunicações

d) Restrição ao direito de propriedade

e) Possibilidade de ocupação e uso temporário de bens

Os dois últimos (‘d’ e ‘e’) somente nos casos de estado de defesa decretado

em decorrência de calamidade pública

§ 1º - O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua

duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites

da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:

nos termos e limites da lei: não existe essa lei, sendo que se pode ter o

entendimento que aqui a lei é a lei que regula o direito de reunião, a interceptação

telefônica.

É preciso uma lei, mas usa-se estas subsidiariamente, mas quanto aos

direitos por elas resguardados.

O rol do §1º é taxativo.

Page 19: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

Diferenças entre o Estado de Defesa e o Estado de sítio

Estado de Defesa Estado de sítio

- não oitiva prévia do CN -deve solicitar ao congresso nacional

Limitação espacial, áreas determinadas - em todo o território nacional

- 30 dias e uma única prorrogação por

mais 30 dias = máximo de 60 dias

- são possíveis prorrogações ilimitadas

(30 + 30 + 30....) ou ate que a causa

desapareça (guerra).

- existe restrição a direitos - suspensão de determinados direitos

2º - Prisão:

a) Pela prática de crimes contra o estado: o executor pode decretar a prisão

(crimes contra o estado – lei de segurança nacional)

O executor da medida pode decretar a prisão de crimes contra o estado, mas

existe um controle judicial desta medida. Pela prática de crime contra o estado, a

prisão pode demorar mais de 10 dias.

b) Prática de outros crimes que não contra o estado: o executor pode

decretar a prisão, mas a prisão não pode superar 10 dias.

2.4 – Controle do estado de defesa

a) Controle político (CN)

Esse controle político é feito em 03 momentos:

1º momento - O CN deve apreciar o Decreto de instauração de prorrogação

do Estado de Defesa.

Page 20: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

Essa apreciação se faz em razão da decretação do estado de defesa ou de

sua prorrogação. O presidente deve remeter o Decreto de instauração e a sua

motivação em 24 horas para apreciação do CN.

O CN deverá decidir por maioria absoluta. Se não concordar o CN editará um

Decreto-legislativo (art. 149 da CR).

2º momento – Controle político concomitante: o CN nomeará uma comissão

com 05 membros para acompanhar o Estado de defesa, perceba-se que serão 05

membros que compõem a mesa do CN;

3º momento – Efetuado após o término do estado de defesa, é um controle

político sucessivo (artigo 141, § único da CR).

Aqui o Presidente, ao témino do estado de defesa, faz um relatório e envia ao

CN.

b) Controle jurisdicional ocorre em 03 momentos:

1º momento – comunicação da prisão ao PJ, em razão da prática de crime

contra o estado;

2º momento – o controle de prazo de 10 dias da prisão por crime não contra o

estado;

3º momento – cessado, terminado estado de defesa, o PJ vai analisar a

responsabilidade pelos ilícitos cometidos pelos executores e agentes.

3 – Estado de Sítio

Artigo 137 da CR:

Page 21: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

Existe uma lógica aqui no estado de sítio, sendo que em regra ele será

decretado depois do estado de defesa, mas existe situações em que o Estado de

sítio pode ser decretada independente do estado de defesa.

No estado de defesa o controle político é prévio, ou seja, antes da decretação

(o CN analisa antes da decretação).

I – Limites materiais ao estado de sítio

Comoção ou perturbação grave de repercussão nacional

Ineficácia da medida tomada durante o estado de defesa (aqui existe a

necessidade da decretação prévia do estado de defesa)

Declaração ao estado de guerra ou resposta a agressão armada

estrangeira (nesse limite não existe prazo para o estado de sítio, ate que a

causa desapareça).

Nos dois primeiros limites se terá prazo de 30 dias, prorrogando-se

ilimitadamente.

II – Limites Formais

Prévia consulta aos conselhos

Autorização do CN por maioria absoluta dos seus membros

Prazo de duração de 30 dias, com exceção do caso de guerra

Indicação das medidas coercitivas (art. 139 da CR – se referem de forma

taxativa aos 02 primeiros limites materiais, sendo que em caso de guerra é

possível suspensão, restrições, medidas coercitivas que se fizerem

necessárias).

No artigo 139 temos um rol taxativo para os dois primeiros limites materiais,

sendo que para guerra não tem.

Page 22: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

Prisão em guarnição em campos militares

Suspensão da liberdade de reunião

Requisição de bens

Sobre estes dois últimos requisitos, a suspensão significa proibição.

Aula 05 - dia 06.07.09

4 – Intervenção Federal

4.1 - Federação

JAS pergunta ao tratar do assunto:

Quantos centros que manifestam poder existem dentro de um determinado

território? Ou quantas PJ com capacidade política existem dentro de um território?

Ou sobre pessoas e bens dentro de um determinado território quantas espécies de

leis incidem?

R: Se somente existir um centro que manifesta poder (Uruguai, por exemplo),

temos um Estado Unitário, que não descentralizado politicamente, podendo ser, no

entanto, descentralizado politicamente.

Desse modo, no Estado Unitário não temos intervenção federal.

Já no Brasil, por ser um Estado Composto, em que há descentralização

política e administrativa, podemos ter intervenção federal.

O DF é singular, possuindo capacidade política híbrida (competência material

e legislativa dos Estados Membros e Municípios).

Há ainda o Federalismo Fiscal, que é a divisão da competência tributária

entre os entes políticos em nossa Federação.

Existem duas espécies de estado compostos:

Page 23: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

I – Confederação

II – Federação

Confederação Federação

- Unidades parciais têm direito de

secessão

- Não tem direito a secessão

- As unidades parciais são soberanas - são autônomas

- nasce a partir de um documento

internacional

- nasce a partir de uma Constituição

Somente pode se tratar de intervenção nos Estados Federativos (não há na

confederação e no Estado Unitário).

II – Federação:

Características de existência (obs.: Michel Temer as diferencia das

características de manutenção, que vamos tratar no mesmo ponto):

Indissolubilidade do vínculo (art. 1º da CR): os mecanismos de defesa da

indissolubilidade do vínculo se encontram na própria CR:

Instituto da intervenção, que tem como objetivo primeiro a

defesa da indissolubilidade vínculo da federação;

Direito Penal: artigo 109, IV da CR traz o crime político, ao

qual o STF reconhece como sendo as figuras da Lei de

Segurança Nacional, sendo que um dos seus tipos é pregar

contra o vínculo jurídico de formação da federação (aqui o

recuso para condenação é apenas o ROC, art. 102, II da

CR);

Obs.: temos uma federação tridimensional, uma vez que o STF

reconhece o Município como pessoa política;

Page 24: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

Divisão constitucional de competência entre as pessoas jurídicas com

capacidade políticas. Em uma confederação é possível uma divisão de

competência, mas como não está numa constituição seria possível a sua

alteração, o que não ocorre na Federação.

No estado unitário pode haver divisão da competência política, em que o

centro de poder pode delegar competência às unidades políticas. Mas na

Federação, como a competência é prevista na CR, sendo cláusula pétrea,

ela não pode ser subtraída ou retirada pelo poder constituído ou legislativo

(o que pode ocorrer na Confederação e no Estado Unitário).

Existência de um tribunal encarregado da manutenção do pacto federativo

(STF). Pode ocorrer por vários meios, como nos casos de conflito entre

Estados Membros; a proteção das cláusulas pétreas realizadas pelo STF;

do mesmo a existência de ROC no caso dos crimes da segurança

nacional nos revela essa proteção ao pacto;

Participação dos Estados membros na criação da norma geral (art. 46 –

Senadores são representantes do Estado). Mais da Metade das AL podem

apresentar PEC. O percentual significa que o Estados Membros podem

mudar a CR.

A nossa Federação é do tipo Federação por Desagregação, uma vez que

surgimos de um Estado Unitário (Centrífuga – movimento de dentro para fora –

“fuga”), ao contrário da Federação dos EUA (Federação por agregação ou

centrípeta, movimento de fora para dentro – “suicídios de Estados Independentes”).

A nossa Constituição de 1824 não tratava de intervenção, uma vez que

éramos um Estado Unitário. De 1834 a 1840 as províncias tinham legislativos

próprios, as assembléias provinciais (se deveu a um Ato Adicional).

Em 1840, uma interpretação ao ato adicional acabou com a farra das

províncias.

Todas as nossas Constituições, a partir de 1891 trataram da intervenção da

União nos Estados (o Decreto 01 do governo provisório, de 16/11/1889, já falava da

intervenção do todo na parte, redigido por Rui Barbosa).

Page 25: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

4.2 – Intervenção Federal na Constituição

A CR, no artigo 34, tem uma disposição negativa a respeito da intervenção.

Isso nos traz a idéia de que a intervenção é a exceção, ou seja, a regra é autonomia

dos Estados Membros. Por isso JAS denomina a intervenção como a antítese da

autonomia.

Conceito: a Intervenção é uma medida de natureza política de afastamento

limitado, específico e temporário da autonomia do ente federativo, que a sofre com

ingerência do ente que a promove e tem por objetivo corrigir situações específicas e

preservar a existência e o funcionamento da federação.

a) Características da Intervenção Federal:

Trata-se de uma medida excepcional: significa uma ressalva à autonomia

dos Estados, uma declaração de importância à autonomia dos Estados

Membros. A excepcionalidade da medida traz como consequência o artigo

60, §1º, como limite circunstancial ao Poder Constituinte Derivado

Reformador; (Michel Temer diz que a intervenção é a ultima ratio para

garantia da autonomia federativa; Hely Lopez Meireles diz que é um

recurso final para a correção de irregularidades) (denomina-se esta

excepcionalidade da decretação da intervenção de “emergência

federativa” – Diogo Moreira Neto); (art. 34, caput da CR)

É um ato restrito, o que significa que as causas para intervenção são

taxativamente previstas nos artigos 34 e 35 da CR. Para Pontes de

Miranda a decretação da intervenção deve ser interpretada de forma

restritiva, ou seja, na dúvida interpreta-se pela não-intervenção;

A intervenção deve ser limitada (art. 36, §1º): as causas que fundamentam

a intervenção devem estar definidas expressamente no decreto

interventivo. Esta limitação se divide:

Page 26: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

o Limitação Espacial ou Geográfica: o território que a intervenção

abrange deve estar expresso no Decreto Interventivo;

o Limitação Temporal: o prazo de duração da intervenção deve estar

fixado no Decreto Interventivo. A intervenção não uma carta em

branco ao Chefe do PE ou à União (Michel Temer)

o Limitação modal (??): o decreto interventivo deve estabelecer as

restrições de suas intervenções (ex.: o decreto deve constar a

nomeação de interventor; a só suspensão do ato que ensejou a

intervenção basta, etc.)

o Limite finalístico: a intervenção tem apenas uma finalidade, que é a

correão da causa que motivou a medida;

É um ato típico da federação: como vimos antes, somente a Federação

pode ter intervenção, uma vez que esta mantém ou assegura a unidade da

Federação (o que é de extrema importância, já que há autonomia dos

Estados Membros); (André Ramos Tavares: a intervenção está

vocacionada, orientada para a manutenção do pacto federativo) (JAS: a

intervenção é uma norma de estabilização e defesa da Constituição, de

modo que não existe contradição entre a federação e a intervenção, ou

seja, não há ofensa pela intervenção à autonomia dos estados membros,

já que possui todas essas características acima)

A intervenção ocorre por determinação do ente federativo imediatamente

mais amplo (o sujeito ativo da intervenção é o ente mais amplo): ou seja, a

intervenção somente pode ocorrer num sentido (União para Estados,

destes para os Municípios). Disso temos a regra de que a União somente

pode intervir excepcionalmente nos Estados, sendo que nunca poderá

intervir nos municípios localizados nos Estados (mas a união

excepcionalmente poderá nos municípios localizados em Territórios

Federais), já que a intervenção somente pode ocorrer pelo ente federativo

Page 27: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

imediatamente mais amplo. Deste modo, os estados somente podem

intervir em seus próprios municípios. A União pode intervir no DF, o qual

por não ter município, não realiza intervenção.

Obs.: vale lembrar que os Territórios têm natureza de autarquia, sendo entes

descentralizados da União. Mas a União, atente-se, não pode intervir nos Territórios,

uma vez que estes não são dotados de Autonomia, não são unidades federadas.

Ora, se são entidades descentralizadas, autárquicas, a qualquer momento a União

pode retirar o que outorgou.

De outro lado, perceba-se que o fato da União poder intervir

excepcionalmente nos municípios localizados em seus territórios, remarca a

importância da autonomia municipal, sua caracterização com ente federativo, e a

excepcionalidade da Intervenção Federação.

O município, vale lembrar, é uma realidade concreta, pois quando faltam os

serviços básicos ou outros atos públicos, eles são fruto da atividade municipal. Já a

União e os Estados são realidades abstratas.

Intervenção com eventual substituição: a intervenção não

necessariamente substituirá a autoridade Estadual, sendo que a

substituição é eventual.

A doutrina, majoritariamente, entende que raramente as autoridades a serem

substituídas podem ser a do PJ ou a do PL, ao menos nos exercícios de suas

atividades ou funções típicas. Em regra, a intervenção será no PE.

JAS defende a intervenção no PL, sendo que as funções do PL passariam

para o PE. O interventor exerceria as funções do PL.

b) Causas da Intervenção:

Artigo 34 da CR:

Page 28: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

Inciso I

I - manter a integridade nacional;(fundamentado no princípio da indissolubilidade do pacto

federativo, artigo 1º caput da CF, que veda o direito a secessão).

A manutenção significa proteção à indissolubilidade do pacto federativo. A

intervenção ocorre para proteger a soberania nacional, sendo que essa proteção

ocorre se um estado estrangeiro se apossa de um território de algum estado

brasileiro (ex.: Paraguai se apossa de parte RS).

Pontes de Miranda cita o exemplo de quando autoridades estrangeiras, por

algum motivo, subtraiam a liberdade de locomoção de determinadas autoridades

nacionais.

Inciso II:

II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;

Aqui estamos fazendo da defesa da soberania nacional e defesa da paz e da

boa convivência entre as unidades federadas. O objeto é a harmonia da Federação.

Aqui protegemos e buscando acabar com uma “crise federativa”. Aqui é

possível a intervenção na unidade Invasora (para corrigi-la) ou na unidade Invadida

(para socorrê-la).

A intervenção pode ser uma medida prévia ao Estado de Sítio, uma vez que a

intervenção é uma medida mais célere, mais expedida, sendo que, indiferentemente

do Estado de Sítio, não precisa se declarar guerra.

Inciso III:

III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;

Page 29: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

André Ramos Tavares fala no exemplo de atos terroristas. A constituição de

1968 trazia semelhante dispositivo, mas se contentava com a simples ameaça. O

legislador de 1988 exige que a ordem pública esteja concretamente comprometida,

ou seja, deve ser um comprometimento real, extremo. Não interessa a causa. È

possível, por exemplo no caso de catástrofe (ex.: as pessoas começam a saquear).

Assim como no inciso II, no inciso III podem ser utilizadas as forças armadas

(art. 142 da CR). Assim, não só as forças estaduais devem defender a ordem

pública, como também a União.

Desde que haja requisição do Presidente ou dos demais chefes do Executivo.

Inciso IV:

IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;

Exemplo: AL não permite que o governador tome posse, se tratando de uma

coação imprópria ao PE. Ou não se permite que o substituto legal do Governador

assuma, tome posse. Outro exemplo é o Governador fechar a AL, não permitindo

aos deputados deliberar, exercendo as suas atribuições típicas.

Outro exemplo: o PE não repassar o duodécimo ao PJ, inviabilizando o

exercício da função típica do PJ.

Inciso V:

Aqui a intervenção se dá em razão da desorganização administrativa. Essa

desorganização não será causa da intervenção se existir motivo maior para que ela

ocorra.

V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:

a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo

motivo de força maior;

Page 30: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro

dos prazos estabelecidos em lei;

A dívida fundada, segundo a lei 4320/67, compreende os compromissos de

exigibilidade superior a 12 meses contraídos para atender desequilíbrio

orçamentário da Unidade Federada.

Os estados membros podem contrair empréstimos para saldar suas dívidas,

sendo que esses empréstimos, se superiores a 12 meses, são denominados de

dívida fundada. (ex.: de força maior seria causas ligadas a despesas de saúde,

educação, serviços essenciais, etc. o que não provocaria a intervenção).

Na alínea “b” temos a defesa do federalismo fiscal, sendo que se o Estado

deixar de repassar ao Município, ele inviabilizará o município, de modo que se a

União intervir ela irá proteger a autonomia municipal.

Essa é uma característica da Federação Cooperativista, que é um resultado

da centralização do Poder na Pessoa da União. Por exemplo, a CR de 1946 foi uma

Constituição Municipalista, pois atribuía mais funções e recursos aos Municípios.

Com o golpe militar de 1964, com a edição de 1967 e 1969, enfraquecemos

os Municípios, retirando-lhes atribuições e receitas, criando mecanismos de

repasses da União ou dos Estados para os Municípios.

Esses repasses de orçamento da União ou dos Estados para os Municípios

são denominados de “Federação Cooperativista”.

Inciso VI:

VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

Lei Federal: todas as pessoas jurídicas com capacidade política devem

obediência à CR e à Lei (art. 23, I da CR). Desse modo, os Estados e municípios

devem prover a lei federal.

Page 31: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

Se o Município não prover a lei federal e o Estado a qual está submetido não

intervém neste, a União poderá intervir no Estado.

O Estado pode também não obedecer a lei federal, de modo que a União

também poderá intervir no estado, em razão de causa própria deste. MAS veja-se

que não é qualquer desobediência à lei federal pelo estado que dá suporte à

intervenção.

Em regra, o que ocorre é uma discussão pela via judicial entre a União e o

Estado sobre essa violação. Isto significa dizer que somente a recusa de aplicação

generalizada da lei federal pelo Estado , em que não exista possibilidade decisão e

resolução pelo PJ, será causa de intervenção federal.

Ordem ou decisão judicial: Existe uma diferença conceitual entre ordem e

decisão judicial.

Ordem judicial: são todos os atos judiciais determinados por um juízo

competente e com força executória. (ex.: arresto, reintegração de posse; seqüestro;

etc. – cautelares reais ou constrições judiciais);

Decisão judicial: o Estado Membro é parte na decisão judicial.

Para JAS não há diferença, havendo uma confusão terminológica.

Inciso VII:

VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:

(princípios constitucionais sensíveis)

São os denominados princípios constitucionais sensíveis, que são aqueles

percebíveis a olhos desamparáveis, facilmente identificados, sendo aqueles que os

Estados membros devem obedecer sobre pena de sofrerem intervenção federal.

Page 32: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

São aqueles que não podem ser tocados pelos Estados Membros. Veja-se

que os estados membros têm pode de auto-constituição e auto-determinação, mas

há limites (art. 25 da CR).

Os princípios a que se refere o artigo 25 são os limites materiais ao Poder

Derivado Decorrente. Dentro desses limites temos as denominadas normas

centrais federais (Raul Machado Horta), que são comandos da CR que limitam a

autonomia dos Estados Membros.

Dentre estes princípios que os Estados Membros devem obedecer estão os

princípios constitucionais sensíveis do artigo 34, VII (que são espécies de normas

centrais federais).

A denominação princípios constitucionais sensíveis é de Pontes de Miranda.

Alínea ‘a’:

a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

Forma republicana é uma cláusula pétrea, mas a forma de Estado não é. Mas

este é um princípio constitucional sensível em sede estadual.

Isto significa que a forma republicana de estado deve ser obedecida pelos

Estados, sendo que a forma republicana não está utilizada somente em

contraposição á monarquia, significando o republicanismo (as conseqüências da

república devem ser mantidas, como por exemplo a alternância de poder, igualdade

de todos perante a lei, dever de honestidade – honestidade cívica, etc.).

Se nos estados membros estes princípios sensíveis restarem descumpridos,

caberá intervenção.

Sistema representativo é consequência de nossa Democracia representativa

ou semi-direta, em que o titular do poder, em regra, não o exerce diretamente, mas

sim através de representantes eleitos.

Page 33: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

O regime democrático não é apenas votar e ser votado, muito mais que a

manutenção do exercício dos direitos políticos. O regime democrático é o respeito à

liberdade, igualdade, dignidade da pessoa humana

Alínea ‘b’:

b) direitos da pessoa humana;

Direitos da Pessoa Humana: se critica a expressão, sendo que deveria ser

usada a expressão “direitos fundamentais”, pois é a positivação destes mesmos

direitos.

Essa é a única hipótese em que tivemos o ajuizamento de uma ADI

interventiva em 1989, solicitando a intervenção da União no Estado de Mato Grosso.

Direitos da pessoa humana são posições jurídicas direcionadas à

concretização ou satisfação do sobre direito dignidade da pessoa humana.

Alínea ‘c’:

c) autonomia municipal;

A autonomia municipal deve ser assegurada (ex.: Estado não permite que o

prefeito tome posse). Não existe autonomia sem auto-organização.

Dentro da auto-organização está a presença de autoridades próprias, etc.

Alínea “d”:

d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.

Se o estado membro não obedece o princípio da moralidade, publicidade, de

prestação de contas da coisa pública.

Page 34: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

Alínea ‘e’:

e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,

compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento

do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.(Redação dada pela Emenda

Constitucional nº 29, de 2000)

Serviços de relevância pública, sendo que o Estado deve investir os

percentuais constitucionais nesses serviços. A este respeito veja-se o artigo 212 da

CR.

c) Classificação da causas:

A doutrina separa estas causas em duas categorias ou espécies:

I – Intervenção normativa ou material:

1º grupo: Intervenção normativa: é desrespeito ou violação a uma norma,

constitucional ou infraconstitucional (ex.: art. 34, VII da CR) (a intervenção normativa

tem como pressuposto material específico da intervenção a fixação ou prisão a uma

violação a norma específica, constitucional ou sub-constitucional).

2º grupo: Intervenção Material: já a intervenção material é aquela em que o

pressuposto específico não se prende à uma norma.

II - Iniciativa para a Intervenção (classificação – Intervenção no que toca a

iniciativa)

i) Intervenção discricionária: depende de oportunidade e conveniência do

chefe político. Se divide em duas subespécies:

o De ofício (ou espontânea): No artigo 34, I, II, III e V da CR, temos

uma intervenção discricionária espontânea ou de ofício. O

presidente da República não está obrigado a decretar a

Page 35: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

intervenção. Nesses casos, necessário se faz o controle político do

CN.

Obs.:

No caso da iniciativa do Presidente discricionária espontânea (ou

de ofício) o Presidente precisa ainda ouvir os Conselhos da

República e de Defesa. Èé possível que essa oitiva não seja

realizada em razão da situação fática, hipótese em que será

dispensada.

o Provocada: artigo 34, IV da CR. O presidente precisa ser

provocado (comunicação e solicitação), ou seja, não pode agir de

ofício. Os Poderes nas unidades federadas aqui são o PL e PE

(assim exemplo: o governador é impedido de tomar posse; ou o

governador fecha a AL)

ii) Intervenção Vinculada: artigo 34, IV, VI e VII da CR.

IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;

Se for o PJ o impedido de exercer as suas funções, a intervenção será

vinculada. Isso porque o PJ estadual irá solicitar ao STF e este irá requisitar ao

Presidente a intervenção. O presidente está obrigado a decretar a intervenção.

d) A intervenção a partir do PJ (casos):

É a mesma coisa que se dizer intervenção por requisição (determinação -

vinculando a atuação do Presidente) do Poder Judiciário. Hipóteses:

I – PJ é o poder coagido:

Page 36: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

O PJ deve se reporta ao Tribunal Superior a que estiver vinculado solicitando

a intervenção, e este (tribunal vinvulado) se entender cabível, solicita ao STF.

No caso do TJ ele se vincula ao STJ, que solicita ao STF e este requisita ao

Presidente. Deve-se aqui compatibilizar o artigo 34, IV e o artigo 36, I, parte final.

Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:

I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder

Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal,

se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;

Resta claro, portanto, que o PJ estadual não pode se reportar diretamente ao

STF para solicitar a intervenção. Requisitos para esta intervenção:

O órgão do PJ estadual coagido não se reporta diretamente ao STF,

reportando-se ao Tribunal Superior a que estiver vinculado;

Somente o STF pode (faculdade) requisitar a intervenção ao Presidente;

É possível que o STF requisite a intervenção sem a necessidade de

comunicação ao TJ estadual ou PJ coagido. Ou seja, o STF pode agir de

ofício. Isso ocorre quando for impossível, pelas próprias circunstâncias,

que o TJ solicite auxílio.

II – Intervenção em razão da desobediência à ordem ou decisão judicial

(art. 34, VI da CR):

O inciso VI do artigo 34 deve ser combinado com o artigo 36, II da CR.:

II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do

Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal

Superior Eleitoral;

Page 37: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

Aqui vai depender da matéria. Por exemplo: se a matéria que está sendo

desobedecida for eleitoral, será requisitada pelo TSE; se for matéria de lei

infraconstitucional será do STJ.

Mas se a matéria for trabalhista cabe ao STF requisitar a intervenção. Se esta

decisão judicial for o não-pagamento de precatório, mesmo relativos a créditos de

natureza alimentar, o STF não tem decretado a intervenção, desde que o estado

demonstre a inexistência de recurso financeiros para tanto.

Isso é importante, pois o Estado geralmente alega essa inadimplência,

mesmo de natureza alimentar, em razão de possível prejuízo aos serviços básicos.

III – Intervenção em razão da inexecução de lei:

Lei aqui o STF entende em sentido genérico, inclusive atos infralegais (ex.:

decretos, regulamentos, etc.).

A intervenção aqui necessita preencher os seguintes requisitos:

Iniciativa exclusiva do PGR;

O STF deve dar provimento à representação do PGR;

O STF requisitará a intervenção ao Presidente (art. 36, IV da CR);

O Presidente decretará a intervenção, sendo o ato vinculado.

Obs.: aqui não se faz necessário o controle político.

IV – Inobservância dos princípios constitucionais sensíveis (34, VII da

CR):

Obs.: se aqui o Presidente, nessas 04 situações, de requisição do PJ, não

decretar a intervenção, comete crime de responsabilidade (lei 1079/50).

Page 38: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

Obs.: A lei 4337/64 somada aos Regimentos Internos dos Tribunais, regram a

intervenção.

e) Controle político-parlamentar do Decreto de Intervenção

A intervenção é um ato de natureza política, daí, em regra, haver o controle

pelo CN (regra de simetria a ser observada pela CE).

Na intervenção que se faz a partir da requisição do PJ (04 tipos acima) não há

o controle político por parte do CN. Nas demais espécies de intervenções haverá o

controle político do CN.

Este controle político por parte do CN se materializa a partir de um Decreto

Legislativo (art. 49 da CR). O CN pode trilhar o seguinte caminho:

I – Aprova a intervenção e permite que esta intervenção se ultime no prazo

estabelecido no Decreto (qual: o legislativo ou presidencial?);

II – Aprova a intervenção, mas determina a sua imediata sustação

(independente do prazo previsto no decreto);

III – Rejeita a intervenção e determina a sua suspensão (a consequência é

que os atos praticados a partir do decreto de intervenção serão ilegais).

É possível o controle judicial do ato que decreta a intervenção?

R: O Decreto presidencial se fundamenta em discricionariedade e

conveniência, em alguns casos, mas isso não significa que ele possa ser arbitrário.

Daí o mérito da intervenção não pode ser analisado pelo PJ, mas este pode analisar

se os comandos constitucionais estão sendo violados ou não.

(Analogia: seria aqui como na análise do requisitos da urgência e relevância

para a edição da medida provisória – isso para se firmar que a discricionariedade

política não significa arbitrariedade).

Page 39: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

Os atos praticados pelo Interventor, que estão limitados pelo Decreto

Interventivo, poderão ser fiscalizados pelo PJ.

Por fim, nos termos do artigo 36, §4º:

§ 4º - Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus

cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal.

Esses impedimentos legais podem ser a cassação de direitos políticos, a

demissão de cargo público, etc.

f) Espécies de intervenção

1 - ADI Interventiva

A ADI interventiva surge no Brasil em 1934. Ela é uma ação de modelo ou

sistema concentrado, mas não é abstrata, é concreta. Não inaugura um processo

objetivo, mas sim um processo subjetivo

I – Legitimidade para ADI interventiva:

Somente o PGR pode ajuizar a ADI interventiva

II – Competência:

É competente para conhecer e julgar a ADI interventiva somente o STF.

III – Objeto de Controle:

O PGR busca a defesa dos princípios constitucionais sensíveis. O que se

defende aqui é o respeito pelos Estados membros a estes princípios. O objeto de

controle são os princípios.

Page 40: Aula 03 - Sistema Constitucional de Crises

IV – Efeitos:

Se o STF julgar procedente o pedido da ADI interventiva, requisitará ao

Presidente que decrete a intervenção.

Requisição é determinação (não é ordem, pois não existe subordinação entre

o STF e presidente). Toda intervenção se concretiza em um decreto do presidente.

Neste caso, o presidente tem a obrigação de decretar a intervenção, sendo

vinculado. No entanto, o presidente não está obrigado a nomear interventor, isso

porque aqui ao Presidente abrem-se 02 caminhos:

a) Suspende o ato que ensejou a intervenção, sendo que se isso bastar não

precisa nomear interventor;

b) Se a só suspensão do ato que ensejou a intervenção não bastar, será

nomeado interventor.

V – Não há o controle político do CN.