Aula 04: O processo de industrialização na era do populismo (1930-1964)

Belo Horizonte, 13/abr/2010

- O desenvolvimento industrial

Marcos políticos

• A revolução de 1930

Acordo entre as oligarquias de SP e MG estabelecia a alternância de poder.

Insistência de Washington Luís em apresentar outro político paulista, Júlio Prestes.

Surgimento da Aliança Liberal, com apoio de MG, RS e PB; lançamento da candidatura de Getúlio Vargas.

Vitória da situação, insatisfação e alegação de fraude.

Revolução de 1930, jovens políticos da AL e militares.

Instalação do Governo Provisório de Getúlio Vargas.

• O Governo Provisório (1930-34)

Centralização do Estado.

Trabalhismo: questão social, benefícios trabalhistas e bônus político.

Pressão constitucionalista: derrota paulista (1932).

Constituição de 1934 e eleição de Vargas pelo voto indireto.

Marcos políticos

• Governo Constitucional (1934-37)

Intensa mobilização popular: Integralismo e Aliança Nacional Libertadora.

Tentativa de golpe: Intentona Comunista (1935)

Sob a alegação de ameaça à ordem, Congresso é fechado e instaurado regime ditatorial.

• Estado Novo (1937-45)

Avanço do processo de centralização administrativa.

Repressão à oposição política.

Base política sustentada pelo trabalhismo, grupos industriais e agrários, e forças armadas.

Pressão externa: II Guerra Mundial, confronto da democracia contra os regimes autoritários do Eixo.

Conclamação de eleições presidenciais e Assembléia Constituinte.

Marcos políticos

• General Gaspar Dutra (1946-51)

PSD, origem na burocracia estatal em associação com ´tradicionais políticos regionais.

PTB, Ministério do trabalho e sindicalismo.

UDN, elementos empresariais e classe média

Eleição de Gaspar Dutra (PSD), com apoio de Getúlio: não representa uma ruptura com a política econômica do Estado Novo.

• O retorno de Getúlio (1951-54)

Eleição de Getúlio pelo PTB com apoio do PSD

Acirramento dos conflitos políticos.

Mobilização da oposição por Carlos Lacerda: trabalhismo, nacionalismo e a presença de João Goulart.

Atentado contra Carlos Lacerda.

Suicídio de Vargas em 24 de agosto de 1954.

Marcos políticos

• Juscelino Kubitschek (1956-61)

Plano de Metas

Crescimento econômico acelerado

Apaziguamento dos conflitos políticos.

Clima de otimismo: industrialização, nova Capital, Copa do Mundo de 1958.

• Crise e Golpe de 64.

Jânio Quadros: renúncia em agosto de 1961

Assume o vice João Goulart: críticas a sua associação com o sindicalismo e às forças de esquerda.

Golpe militar em 31 de março de 1964.

• Resumo do período

Centralização do Estado.

Crescimento industrial e urbano acelerado.

Populismo: acomodação das representações sindicais e populares.

Interpretações do desenvolvimento industrial

• Celso Furtado (1968), deslocamento do centro dinâmico:

Antes de 1930, o nível das exportações era fundamental para definir o produto, a renda e o emprego.

Crise de 1939, incapacidade de obtenção de recursos externos para política de defesa do café e queda da demanda internacional pelo produto.

Queda dos preços internacionais, redução da receita de exportações brasileiras, e da capacidade de importar.

Manutenção de uma política de defesa do café com recursos internos.

Governo teria praticado uma política keynesiana de manutenção da renda.

Mantinha-se elevada a demanda de importações; com a redução da capacidade de importar, demanda era desviada para o mercado interno.

Desvalorização da moeda protegia a produção doméstica.

E queda dos preços do café tornava mais atrativa produção para o mercado interno.

Interpretações do desenvolvimento industrial

A demanda do mercado interno assumiu papel decisivo na determinação do nível de produto, renda e emprego.

Investimento passou a ser a variável chave para definir a taxa de crescimento da economia.

Exportações ainda tinham papel importante na captação de divisas necessárias para aquisição de máquinas e equipamentos.

• Maria da Conceição Tavares (1963)

Ponto de partida similar:

i. ruptura do modelo agrário exportador;

ii. políticas de manutenção da renda paralelas ao estrangulamento externo;

iii. deslocamento do centro dinâmico do setor externo para o investimento.

Acelerado crescimento é conseqüente do atendimento de uma demanda pré-existente, que se tornou cativa pelo estrangulamento externo.

Interpretações do desenvolvimento industrial

Substituição de importações:

i. Produção interna de mercadorias importadas

ii. Produção interna de novos produtos mas com diminuição do coeficiente de importação

iii. Importação de novas mercadorias (caso mais importante)

Estabelecimento de indústrias para produção local.

Aumento do mercado interno derivado do investimento.

Importação de matérias primas e insumos que não constavam da pauta de importações.

Pressão sobre a disponibilidade de divisas.

Restrição de importações menos essenciais.

Aumento da renda e novo ciclo de substituição de importações.

Contradição: crescimento do produto x capacidade de importar

Interpretações do desenvolvimento industrial

Ciclos de substituição não seguem estritamente a categoria dos produtos: bens de consumo leves, duráveis, intermediários e de capital.

A continuidade da substituição apresenta dificuldades crescentes: complexidade tecnológica, escala de produção e pauta de importações rígida.

Industrialização substitutiva direcionada estritamente ao mercado interno.

Ganhos de escala restritos; ausência de competição externa, produção a custos elevados.

Esgotamento do modelo de “substituição de importações”:

i. Estrangulamento externo era indutor do crescimento quando havia uma demanda por bens de consumo;

ii. No momento avançado, o coeficiente de importação já é baixo reduzindo a amplitude de substituição.

iii. Além disso, o que resta para substituir são bens de capital e intermediários que implicam uma alta relação capital/produto, com retornos macroeconômicos menores.

iv. Ao mesmo tempo, a indústria de bens de consumo já assume uma maturidade, esgotando a reserva de mercado, reduzindo o investimento.