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DIREITOS FUNDAMENTAIS Prof. MS Jales de Figueiredo FVJ 1. Teoria dos direitos fundamentais 1.7. Natureza normativa dos direitos fundamentais 1.8. Interpretação dos direitos fundamentais 1.9. Aplicação dos direitos fundamentais

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DIREITOS FUNDAMENTAISProf. MS Jales de Figueiredo

FVJ1. Teoria dos direitos fundamentais1.7. Natureza normativa dos direitos

fundamentais1.8. Interpretação dos direitos fundamentais1.9. Aplicação dos direitos fundamentais

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teoria dos direitos fundamentais1.7. Natureza normativa dos direitos fundamentais- As normas jurídicas podem ser de duas espécies: regras e princípios.

- As regras são prescrições cujo conteúdo pode ser imediatamente apreendido e estabelecem de forma definitiva qual o comportamento a ser adotado. Por exemplo: “é proibido pisar na grama”- Os princípios, são “mandamentos de otimização” (Robert Alexy), que exigem que algo seja realizado na maior medida possível diante das possibilidades fáticas e jurídicas existentes. Por exemplo: “todos devem ser tratados de maneira igualitária”. São normas “prima facie”, isto é, que não contém uma definição imediata sobre sua aplicação.

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teoria dos direitos fundamentais1.7. Natureza normativa dos direitos fundamentais A diferenciação é importante, pois a aplicação

das regras e dos princípios se dá de forma distinta, no que tange a possíveis conflitos normativos.

Um eventual conflito de regras – por ex.: “é proibido pisar na grama” X “é permitido pisar na grama” – é resolvido por eliminação de uma das regras, mediante critérios: a) hierárquico – regra superior prevalece sobre a inferior;b) de especialidade – regra especial prevalece sobre a regra geral;c) temporal – regra posterior revoga a anterior.

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teoria dos direitos fundamentais1.7. Natureza normativa dos direitos

fundamentais Um eventual conflito de princípios –

também chamado de colisão de princípios - não gera necessariamente a eliminação de um deles, mas o seu afastamento recíproco, de forma a garantir sua coexistência no sistema.

A principal técnica de solução de conflitos de princípios é a chamada ponderação ou sopesamento de princípios ou interesses, utilizando-se a ideia de proporcionalidade.

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teoria dos direitos fundamentais1.7. Natureza normativa dos direitos fundamentais Um exemplo de conflito de princípios:

determinada lei proíbe que os motoqueiros carreguem em suas motos um “carona”, sob pretexto de que tal regra favorece a segurança dos cidadãos, evitando assaltos.

Essa regra favorece um direito posto como princípio, que é o direito à segurança. Todavia, desfavorece outro direito fundamental, também colocado como princípio, que é o direito de liberdade.

Para analisarmos se a regra em questão é constitucional, temos de solucionar esse conflito.

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teoria dos direitos fundamentais1.7. Natureza normativa dos direitos fundamentais Para a solução do conflito, deve se ter em

consideração sua aplicação concreta e deve ser aplicada a proporcionalidade em seus três aspectos:

Necessidade: a restrição do direito (no caso, à liberdade) é necessária à preservação do outro direito ou há outras medidas menos gravosas?

Adequação: a medida restritiva é adequada para a preservação do outro direito?

Proporcionalidade em sentido estrito: a intensidade da restrição é proporcional ao benefício alcançado em favor do outro direito?

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teoria dos direitos fundamentais1.8. Interpretação dos direitos fundamentais

Cumpre lembrar que, na interpretação dos direitos fundamentais, alguns princípios de hermenêutica constitucional são relevantes:

Princípio da unidade da Constituição, pois não há propriamente hierarquia entre normas constitucionais, mas sim um sistema harmônico.

Princípio da máxima efetividade, pois deve se reconhecer a interpretação que dê a máxima eficácia ao direito fundamental, com a ressalva de sua relatividade e concorrência.

Princípio da concordância prática ou harmonização, pois devem os direitos coexistir em harmonia, evitando-se o sacrifício total de um princípio em favor de outro.

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teoria dos direitos fundamentais1.8. Aplicação dos direitos fundamentais No que tange à aplicação das normas

constitucionais, é importante conhecer a teoria de José Afonso da Silva, que as classifica em:

Normas de eficácia plena – isto é, as que independem de qualquer regulamentação para produzirem efeitos imediatos – p. ex.: art. 5º, XVIII – liberdade de associação.

Normas de eficácia contida – tais normas possuem eficácia imediata, porém podem ser restringidas pelo legislador infraconstitucional – p. ex.: art. 5º, XIII – liberdade profissional.

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teoria dos direitos fundamentais1.8. Aplicação dos direitos fundamentais (...) classifica em: Normas de eficácia limitada – isto é,

aquelas de eficácia mediata e reduzida ou diferida, pois depende de regulamentação ou de medidas administrativas para sua efetivação – p. ex.:.art. 5º, XXIX – proteção à propriedade intelectual.

As normas de eficácia limitada, apesar do nome, não são destituídas de eficácia, pois condicionam a atividade dos legisladores e aplicadores do Direito. Têm, em suma, força normativa.

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teoria dos direitos fundamentais1.8. Aplicação dos direitos fundamentais No tocante aos direitos fundamentais, convém

observar o que dispõe o art. 5º, § 1º da Constituição Federal:“Art. 5º (...) § 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

Isso não significa que todos os direitos são de eficácia plena, mas que o intérprete deve conferir o máximo de eficácia aos direitos, observadas as circunstâncias concretas de sua aplicação.

Assim, a omissão do legislador ou do administrador, possibilitam o manejo de instrumentos como a ADI por omissão (art. 103, § 2º), e o Mandado de Injunção (art. 5º, LXXI).

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teoria dos direitos fundamentais1.8. Aplicação dos direitos fundamentais Outra questão relevante é a chamada

eficácia horizontal dos direitos fundamentais.

Como regra geral, os direitos fundamentais constituem limites e deveres relativos à atuação estatal (eficácia vertical).

Todavia, hoje se entende que, em dadas condições, também há necessidade de observância de tais direitos nas relações entre particulares (eficácia horizontal).

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teoria dos direitos fundamentais1.8. Aplicação dos direitos fundamentais Há duas teorias acerca da eficácia horizontal

dos direitos fundamentais: Eficácia direta ou imediata – pela qual os

particulares devem observar os direitos fundamentais em suas relações por força direta do mandamento constitucional.

Eficácia indireta ou imediata – pela qual tal observância depende da intervenção estatal, legislativa, administrativa ou judicial, promovendo a eficácia do direito fundamental.

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teoria dos direitos fundamentais1.8. Aplicação dos direitos fundamentais Na prática, seja por via direta seja por via

indireta, é possível invocar o direito fundamental nas relações particulares, especialmente em situações de assimetria das relações jurídicas, em que um pólo detém mais poder que outro.

Os Tribunais brasileiros têm reconhecido, em alguns casos, a eficácia horizontal dos direitos fundamentais, que deve ser devidamente ponderada com o direito de liberdade que é concedido aos particulares (autonomia privada).

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teoria dos direitos fundamentais1.8. Aplicação dos direitos fundamentais Exemplo jurisprudencial:

“EMENTA: SOCIEDADE CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS. UNIÃO BRASILEIRA DE COMPOSITORES. EXCLUSÃO DE SÓCIO SEM GARANTIA DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS. RECURSO DESPROVIDO. I. EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS. As violações a direitos fundamentais não ocorrem somente no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, mas igualmente nas relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas de direito privado. Assim, os direitos fundamentais assegurados pela Constituição vinculam diretamente não apenas os poderes públicos, estando direcionados também à proteção dos particulares em face dos poderes privados (...)”. (STF - RE 201819, Relator  Min. GILMAR MENDES)

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Teste seus conhecimentos:Em matéria de colisão de direitos fundamentais, a aplicação do princípio da proporcionalidade pressupõe, entre outros elementos, que a restrição ao exercício de um direito fundamental somente ocorra se não houver outro meio menos gravoso e igualmente eficiente para a solução da colisão. O elemento do princípio da proporcionalidade ao qual o texto se refere é o da 

 a) necessidade. b) adequação. c) eficácia. d) proporcionalidade em sentido estrito. e) vedação do retrocesso.

Prova: FCC - 2011 - TCE-PR - Analista de ControleFonte: http://www.questoesdeconcursos.com.br/

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teoria dos direitos fundamentaisLeituras recomendadas:Pedro Lenza, Direito Constitucional,

Capítulos 3, 5 e 14 (tópicos 14.1 a 14.8)

https://teiasocial.mpf.mp.br/images/3/31/Conteudo_essencial.pdf