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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE MEDICINA IVANILSON SANTOS DA CRUZ AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO CLÍNICA E MANUSEIO TERAPÊUTICO EM PACIENTES PEDIÁTRICOS INTERNADOS COM SIBILÂNCIA EM UM HOSPITAL PÚBLICO TERCIÁRIO DE ARACAJU/SE ARACAJU/SE 2013

AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO CLÍNICA E MANUSEIO … · gestação deram origem a crianças com maior risco de sibilância e asma, e, nestas, foram verificados níveis elevados de IgE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE MEDICINA

IVANILSON SANTOS DA CRUZ

AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO CLÍNICA E MANUSEIO

TERAPÊUTICO EM PACIENTES PEDIÁTRICOS

INTERNADOS COM SIBILÂNCIA EM UM HOSPITAL

PÚBLICO TERCIÁRIO DE ARACAJU/SE

ARACAJU/SE

2013

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IVANILSON SANTOS DA CRUZ

AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO CLÍNICA E MANUSEIO

TERAPÊUTICO EM PACIENTES PEDIÁTRICOS

INTERNADOS COM SIBILÂNCIA EM UM HOSPITAL

PÚBLICO TERCIÁRIO DE ARACAJU/SE

Monografia apresentada à

Universidade Federal de Sergipe

como requisito parcial à conclusão

do curso de Medicina do Centro de

Ciências Biológicas e da Saúde.

Orientador:

Profº. Emanoel Messias Costa

Coorientador:

Profº Enaldo Vieira de Melo

ARACAJU/SE

2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE MEDICINA

AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO CLÍNICA E MANUSEIO

TERAPÊUTICO EM PACIENTES PEDIÁTRICOS

INTERNADOS COM SIBILÂNCIA EM UM HOSPITAL

PÚBLICO TERCIÁRIO DE ARACAJU/SE

Monografia apresentada à

Universidade Federal de Sergipe

como requisito parcial à conclusão

do curso de Medicina do Centro de

Ciências Biológicas e da Saúde.

Aracaju, ____/____/______

________________________________________________________

Autor: Ivanilson Santos da Cruz

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IVANILSON SANTOS DA CRUZ

AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO CLÍNICA E MANUSEIO

TERAPÊUTICO EM PACIENTES PEDIÁTRICOS

INTERNADOS COM SIBILÂNCIA EM UM HOSPITAL

PÚBLICO TERCIÁRIO DE ARACAJU/SE

Monografia apresentada à

Universidade Federal de Sergipe

como requisito parcial à conclusão

do curso de Medicina do Centro de

Ciências Biológicas e da Saúde.

Aprovada em ____/____/______

Orientador: Profº Emanoel Messias Costa

Universidade Federal de Sergipe

Coorientador: Profº Enaldo Vieira de Melo

Universidade Federal de Sergipe

BANCA EXAMINADORA

Universidade Federal de Sergipe

Universidade Federal de Sergipe

Universidade Federal de Sergipe

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço ao bom Deus por estar comigo sempre e aonde quer que eu

vá, e por ter permitido que eu chegasse até aqui.

A meus pais Joel e Zete, por serem meus exemplos de vida, por acreditarem sempre

em mim e pela educação e formação que me foram dadas.

A meus irmãos Carol, Elma, Mariane e Nilson, pelo companheirismo e amor fraternal

em todos os momentos.

A tio Joélio, tia Edna, Danilo e Kaique, por terem me acolhido nesses sete anos.

Ao professor Emanoel Messias Costa, por ter aceitado prontamente o pedido de

orientação neste trabalho e pelas horas dedicadas na construção dele.

Ao professor Enaldo Vieira de Melo, pela disponibilidade e coorientação neste

trabalho de conclusão do curso.

Aos meus amigos Fabiano e Maicon; amigos de todas as horas, desde o início do

curso. Este trabalho não é só meu, é um trabalho coletivo nosso. Obrigado pela força de

sempre.

A Andréa Bastos, Lene Machado e Eric Aragão, pela amizade e companheirismo.

Aos pais e/ou responsáveis pelas crianças que participaram da nossa pesquisa e nos

atenderam com atenção e contribuíram para a realização deste trabalho.

A todos aqueles que direta e indiretamente contribuíram para que esse trabalho

pudesse ser concluído, meu muito obrigado.

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REVISÃO DE LITERATURA

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Características sócio-demográficas dos pacientes internados com sibilância. ..........52

Tabela 2: Frequência de sinais e sintomas dos pacientes internados com

sibilância...................................................................................................................................53

Tabela 3: Evolução e tratamento dos pacientes com sibilância internados no HUSE..............53

Tabela 4: Características neonatais e familiares dos pacientes internados no HUSE com

quadro de sibilância..................................................................................................................54

Tabela 5: Frequência de alérgenos no domicílio de crianças internadas no HUSE com quadro

de sibilância...............................................................................................................................54

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SUMÁRIO

I REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................................7

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................7

2 EPIDEMIOLOGIA..................................................................................................................7

3 FATORES DE RISCO.............................................................................................................9

4 FISIOPATOLOGIA E FISIOPATOGENIA.........................................................................12

4.1 Asma na Infância e na Adolescência....................................................................................12

4.2 Resposta Inflamatória Por Vírus.........................................................................................13

4.2.1 Inflamação..........................................................................................................................14

4.2.2 Imunidade Inata..................................................................................................................15

4.2.3 Neutrófilos..........................................................................................................................15

4.2.4 Eosinófilos..........................................................................................................................16

4.2.5 Citocinas.............................................................................................................................16

5 CAUSAS DE SIBILÂNCIA..................................................................................................17

6 APRESENTAÇÃO DA DOENÇA........................................................................................18

7 AVALIAÇÃO.......................................................................................................................19

7.1 História................................................................................................................................19

7.2 Exame Físico.......................................................................................................................19

7.3 Investigações.......................................................................................................................19

7.3.1 Investigações Microbiológicas.........................................................................................20

7.3.2 Testes de Sensibilidade a Alérgenos................................................................................20

7.3.3 Exames Radiológicos.......................................................................................................21

7.3.4 Medida do Refluxo Gastroesofágico e Testes de Função Pulmonar...............................21

7.3.5 Óxido Nítrico Exalado e Outras Avaliações da Inflamação das Vias Aéreas..................22

8 TRATAMENTO...................................................................................................................22

8.1 Controle Ambiental.............................................................................................................22

8.1.1 Redução da Exposição das Crianças à Fumaça do Tabaco e Evitação de

alérgenos...................................................................................................................................22

8.2 Farmacoterapia.................................................................................................................23

8.2.1 Beta-2 Agonistas de Curta e Longa Duração...................................................................23

8.2.2 Corticoides Inalatórios.....................................................................................................23

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8.2.2.1 Corticosteróides Inalatórios no Tratamento dos Sintomas de Sibilância Episódica

(Viral)........................................................................................................................................24

8.2.3. Antileucotrienos, Cromonas, e Anticolinérgicos............................................................24

8.2.4 Anti-histamínicos.............................................................................................................24

REFERÊNCIAS........................................................................................................................26

II NORMAS PARA PUBLICAÇÃO........................................................................................39

III ARTIGO ORIGINAL..........................................................................................................45

RESUMO..................................................................................................................................46

ABSTRACT..............................................................................................................................47

INTRODUÇÃO........................................................................................................................48

MÉTODOS...............................................................................................................................50

RESULTADOS........................................................................................................................51

TABELAS.................................................................................................................................52

DISCUSSÃO............................................................................................................................55

AGRADECIMENTOS..............................................................................................................57

REFERÊNCIAS........................................................................................................................58

ANEXO 1..................................................................................................................................61

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I REVISÃO DE LITERATURA

1 INTRODUÇÃO

A sibilância é definida como um som audível, contínuo e de alta frequência, resultante

de uma limitação ao fluxo aéreo, por obstrução mecânica parcial das vias aéreas inferiores (1).

É um sinal clínico inespecífico que traduz a passagem de ar, desencadeando vibrações nas

paredes brônquicas (2).

Representa um dos sintomas respiratórios mais comuns na infância e pode ser

resultante ou não de várias doenças pulmonares, como : bronquiolite viral aguda, pneumonia e

asma de início precoce, rinossinusite crônica, refluxo gastroesofágico, fibrose cística,

displasia broncopulmonar, tuberculose pulmonar, malformações congênitas pulmonares e/ou

cardíacas, imunodeficiência, entre outras (3,4). É possível que distintos padrões de sibilância

correspondam a diferentes subtipos clínicos de asma, não havendo consenso quanto a

corresponderem a uma mesma doença ou serem manifestações semelhantes de doenças

diferentes (5).

Independentemente da causa, a sibilância é motivo de procura por atendimento

médico em serviços de urgência, sobretudo se há recorrência dos episódios (6,7). Apesar

disso, se desconhece qual é a sua real extensão, recorrente ou não, principalmente entre

crianças de países em desenvolvimento (8). Sabe-se, através de estudos epidemiológicos, que

episódios de sibilância precoce e recorrente podem estar associados ao desenvolvimento de

asma posteriormente, em idade escolar (9,10).

O impacto que esta condição exerce sobre a qualidade de vida e sobre o uso de

recursos médicos e hospitalares, bem como sua frequência elevada em todo o mundo, aponta

para a necessidade de conhecermos melhor a epidemiologia da sibilância (11). Estudos em

todo o mundo apontam a interação entre fatores genéticos e ambientais para o

desenvolvimento da sibilância na infância e muito se tem investigado sobre esta relação

(12,13).

2 EPIDEMIOLOGIA

A sibilância costuma ser um sintoma muito comum em pediatria, principalmente nos

primeiros anos de vida. Estudos epidemiológicos demonstram prevalências elevadas nessa

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faixa etária e levantamentos em países desenvolvidos encontraram prevalências entre 20% e

30%, com alta recorrência dos episódios (6,14,15). Em países em desenvolvimento, as

prevalências parecem ser maiores (16,17). Em uma coorte no Chile com 188 neonatos, de

famílias de baixa renda, acompanhados por um ano, foram identificados episódios de

sibilância em 80,3% dessas crianças, com recorrência em metade delas (6).

O primeiro estudo multicêntrico e multinacional organizado para avaliar a prevalência

da sibilância em lactentes foi o Estudio Internacional de Sibilancias en Lactantes (EISL).

Nesse estudo, foram envolvidas localidades de nações latino-americanas, assim como da

Espanha e Holanda, e objetivou, com o uso de questionários validados para as comunidades,

obter dados que pudessem responder algumas questões referentes à doença sibilante no

lactente (18). Dois estudos utilizaram a mesma metodologia do EISL, um deles foi

desenvolvido na cidade de Curitiba , outro proveniente do município de São Paulo, os quais

apresentaram prevalência de 45,4 e 46% no primeiro ano de vida, respectivamente (3).

Ainda, há trabalhos que mostram que aproximadamente uma em cada três crianças

tem pelo menos um episódio de sibilância antes do terceiro ano de vida, e a prevalência

acumulada de sibilos é de quase 50%, com a idade de 6 anos (6,19). Em pré-escolares, a

maior parte dos episódios de sibilância está associada a infecções virais do trato respiratório

superior, que recorrem frequentemente nesta faixa etária. Estima-se que a sibilância em pré-

escolares utiliza 0,15% do total dos serviços de saúde no Reino Unido (20).

A prevalência da síndrome do “lactente sibilante” ou de sibilância recorrente é de

difícil estimativa. Admite-se que pelo menos 20% das crianças menores de dois anos de idade

apresentam sibilância transitória, em parte relacionada ao tamanho das vias aéreas, à

coexistência de infecções virais das vias aéreas superiores, à exposição passiva ao tabagismo

materno e a fatores genéticos (6).

Segundo dados da coorte de Tucson, 40% das crianças acompanhadas manifestaram

um episódio de sibilância durante os seus primeiros anos de seguimento (21). Um estudo

realizado em São Paulo documentou prevalência de sibilância recente (um ou mais episódios

nos últimos 12 meses) de 11% entre crianças de 6 a 11 meses e 14,3% entre as de 12 a 23

meses (22). Na coorte de crianças com risco elevado de desenvolverem asma, na cidade de

São Paulo, documentou-se que, ao final de 30 meses de acompanhamento, 52% dessas

crianças apresentavam-se com quadro de sibilância recorrente (17).

Em relação à asma, uma das principais doenças que cursam com sibilos, estima-se que,

segundo a OMS, 300 milhões de pessoas são acometidas mundialmente (23). Há cerca de

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350.000 internações por ano no Brasil, constituindo-se na quarta causa de hospitalizações pelo

SUS (2,3% do total) e sendo a terceira causa entre crianças e adultos jovens (24).

3 FATORES DE RISCO

Vários estudos apontam o sexo masculino, a idade, a má condição sócio-econômica, a

atopia, o tabagismo passivo e a poluição como fatores predisponentes para o desenvolvimento

de sibilos recorrentes. Entretanto, ainda não se conhece quais seriam os principais marcadores

e/ou fenótipos de sibilância capazes de identificar os que desenvolverão asma, a sua

prevalência e se o tratamento precoce seria capaz de impedir tal evolução. E ainda, os

fenótipos podem variar, dependendo da população que se estuda (8).

Sabe-se que hábitos e condições maternas durante a gestação estão associados ao

início da sibilância em lactentes e que crianças cujas mães são asmáticas apresentam maior

risco de desenvolver asma (25). Estudos comprovaram que as mães que fumaram durante a

gestação deram origem a crianças com maior risco de sibilância e asma, e, nestas, foram

verificados níveis elevados de IgE e IL-13 com baixos níveis de IL-4 e IFN-ᵧ no sangue do

cordão umbilical e uma redução no calibre das vias aéreas e da função pulmonar (26,27,28).

A amamentação exclusiva durante os 4 primeiros meses de vida pode ser um fator

protetor para sibilância; no entanto, outros estudos não confirmam essa hipótese (29,30).

Dados revelam que lactentes amamentados por fórmulas com leite de vaca ou proteína da soja

têm maior incidência de doença sibilante na infância do que aquelas que usaram aleitamento

materno (31,32). Em uma pesquisa realizada na Austrália, a prevalência de um episódio de

sibilos, no primeiro ano de vida, foi de 13% e de dois ou mais de 12%. Ficou demonstrada a

forte relação de proteção do leite materno exclusivo ou parcial contra a morbidade

respiratória, visto que a introdução de fórmulas lácteas, bem como o aleitamento materno por

menos de seis meses foram considerados fatores de risco para admissões hospitalares e visitas

médicas por doença da via aérea inferior sibilante (33).

Ainda com relação ao leite materno, um estudo finlandês concluiu que a prevalência

de sibilância persistente foi de 20,9%, sendo menor quando a criança tinha sido amamentada

durante sete a nove meses. A menor prevalência de asma foi encontrada em crianças que

receberam o aleitamento materno por quatro a seis meses e a menor prevalência de sintomas

respiratórios crônicos ocorreu em crianças amamentadas por sete a nove meses (34). Aqui no

Brasil, um estudo verificou que a sibilância transitória foi mais frequente em crianças com

menos tempo de aleitamento materno (35).

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Durante a infância, alguns vírus podem se associar ao início do fenótipo asmático.

Algumas avaliações prospectivas com crianças admitidas em hospitais e com infecção pelo

vírus sincicial respiratório (VSR) têm mostrado que aproximadamente 40% delas continuarão

sibilando ou terão asma mais tarde na infância (1). Por outro lado, evidências também

indicam que certas infecções respiratórias no início da vida, incluindo vírus do sarampo e,

algumas vezes, o VSR, podem proteger contra o desenvolvimento da asma (36,37).

Na Alemanha, um estudo de coorte pôs em evidência que o número de infecções do

trato respiratório inferior (quatro ou mais episódios), nos primeiros três anos de vida, tem

resposta positiva em relação ao diagnóstico médico de asma, à sibilância recente e hiper-

responsividade brônquica aos sete anos de idade (38).

A poluição ambiental aérea como causa de asma ainda é controverso (39). As crianças

expostas a ambiente poluído têm diminuição da função pulmonar (40), mas se desconhece

qual a relação entre essa perda de função e o posterior desenvolvimento da asma (41). Em um

estudo de coorte chileno, citado anteriormente, a prevalência de sibilos, nos primeiros doze

meses de vida, foi elevada (80,3%) e ficou constatado que os participantes do estudo foram

sujeitos à poluição no domicílio (fumo, querosene e gás de cozinha) e à poluição atmosférica

desde que nasceram (3).

Algumas investigações descrevem que, durante os primeiros anos de vida, crianças

que frequentam creches têm aumento na morbidade por doenças e sintomas respiratórios

quando comparadas com as que permanecem em casa (42 43, 44). Em um estudo feito na

Suécia, a conclusão foi que há tendência a um risco elevado para desenvolvimento de asma e

doenças alérgicas em crianças que freqüentam creches após os dois anos de idade,

comparadas com as que entraram mais precocemente. Não ficou evidente o efeito protetor dos

cuidados diários em creches nas idades estudadas, ao contrário, houve risco para a maioria

dos sintomas estudados, principalmente para crianças menores (45).

A exposição à fumaça de cigarro, tanto pré-natal como após o nascimento, está

associada a efeitos prejudiciais, incluindo alto risco de desenvolvimento de sintomas similares

ao da asma no início da infância (46). Em outro estudo da Finlândia, evidenciou-se que a

exposição à fumaça de cigarro em casa seria uma variável preditiva para a persistência de

sintomas entre as crianças sibilantes com menos de três anos (47).

Em relação à interferência de fatores socioeconômicos como fator de risco para a

sibilância na infância, foi evidenciada, num estudo de coorte realizado na cidade de Pelotas-

RS, taxa de sibilância transitória de 43,9% em crianças na faixa etária de seis meses até 12

anos, usuárias do SUS, pertencentes a uma população economicamente menos favorecida

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(35). Lactentes provenientes de famílias de baixo nível socioeconômico apresentam maior

risco quanto à síndrome do lactente sibilante, devido à falta de saneamento básico, ao grande

número de pessoas na família e que dividem o mesmo leito (48). A doença respiratória

depende do grau de exposição da criança a agentes infecciosos e não-infecciosos

desencadeadores da doença e da susceptibilidade do organismo infantil. Esses determinantes

seriam condicionados essencialmente pelas condições de salubridade do meio ambiente e pelo

estado nutricional da criança que, conseqüentemente, estariam ligados à renda familiar (49).

O gênero masculino também é fator de risco para a sibilância. A prevalência maior de

sibilos e asma na infância entre os meninos já foi observada em alguns estudos (50,51), e tem

sido justificada pelo menor tamanho das vias aéreas desses em relação ao tamanho dos

pulmões, na infância (52) e pelos fluxos expiratórios forçados, em média, 20% menores do

que das meninas durante o primeiro ano de vida, quando estes parâmetros são corrigidos pela

estatura (53). Em relação à etnia, em países desenvolvidos, as maiores prevalências e

morbidades de sibilância e asma ocorrem entre crianças negras, particularmente as que moram

em grandes centros urbanos e possuem baixo nível socioeconômico (54,55).

Estudos demonstram que a susceptibilidade imunológica também é fator de risco para

a ocorrência de sibilos na infância. Nos primeiros doze meses de vida, algumas funções do

sistema imunológico ainda estão imaturas, como a apresentação de antígenos, funções das

células T e produção de anticorpos (56). Esses elementos são influenciados pelo potencial

genético do indivíduo, bem como por sua interação com fatores ambientais e fatores

relacionados ao desenvolvimento da criança. Portanto, é provável que a susceptibilidade

imunológica para a sibilância e para a asma seja estabelecida muito precocemente durante a

vida pós-natal (11).

Foi identificado que a produção de Interferon gama aos 9 meses de vida estava

inversamente relacionada à sibilância transitória e à sibilância persistente, mas não à

sibilância de início tardio (57). Em estudos recentes, níveis elevados de IL-8 no sangue do

cordão umbilical estão relacionados à presença de sibilância no primeiro ano de vida (58), e

que níveis elevados de IL-13 em vigência de bronquiolite aguda estão relacionados ao número

de episódios subsequentes de sibilância na infância (59). Estes resultados sugerem que

características do sistema imunológico presentes durante o primeiro ano de vida podem

antecipar a probabilidade do desenvolvimento dos episódios de obstrução de vias aéreas,

caracterizados pela sibilância (11).

A frequência a creches e possuir irmãos são fatores de risco para sibilância transitória

(60) e protetores contra sibilância tardia (61). Acredita-se que o contato com outras crianças

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favoreça a exposição a agentes infecciosos, principalmente vírus, ocasionando sibilância

transitória nas crianças sem predisposição para a asma, mas também desencadeando sibilância

precoce nos prováveis asmáticos (11).

Questiona-se se a evitação à animais de estimação seja uma estratégia de prevenção

primária das doenças atópicas. Especula-se que a exposição precoce a animais de pelos em

casa poderia levar à tolerância e a reduzido risco de desenvolvimento de asma em idade

escolar (62). Um estudo feito em Curitiba/PR não apresentou associação entre sibilância no

primeiro ano de vida e a presença de gato no domicílio durante a gestação, bem como de cão e

outros animais domésticos como pássaros e coelhos, no momento da entrevista, a partir da

análise bivariada. Já após a análise multivariada, ter outros animais domésticos (pássaros e

coelhos) durante a gestação foi considerado fator de risco independente associado à sibilância

no primeiro ano de vida (63).

4 FISIOPATOLOGIA E FISIOPATOGENIA

Em relação à sibilância causada pelo vírus sincicial respiratório (VSR), durante

episódios de bronquiolite, é sabido que está associada à resposta de células T caracterizada

principalmente pela produção de citocinas Th2 (linfócito T helper2), a mesma resposta

observada durante os episódios de asma (64).

Não se sabe ao certo qual a natureza desses distúrbios de desenvolvimento do chiado.

Porém, sabe-se que as doenças alérgicas podem ser atribuídas a um desequilíbrio entre os

padrões Th1 (linfócitos T helper1) e Th2 de liberação de citocinas, principalmente durante os

primeiros anos de vida (65). Este desequilíbrio pode se somar a fatores ambientais, como

exposição à endotoxina, ou fatores fisiológicos, como aumento da produção de anticorpos,

principalmente IgE (relacionada à maior resposta Th2) e aumento da atividade de eosinófilos

(66).

4.1 Asma na Infância e na Adolescência

A asma é caracterizada por obstrução, hiperresponsividade brônquica e inflamação das

vias áreas (67), podendo ser definida também como uma doença inflamatória causada por

repetidas reações de hipersensibilidade imediata e tardia no pulmão (68). A hipersensibilidade

imediata é ocasionada quando há ligação de um antígeno às moléculas de IgE previamente

ligadas ao receptor FceRI presente na membrana de mastócitos e basófilos, ativando

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estas células (69). Este processo estimula a produção de histamina e mediadores lipídicos,

tais como fator ativador plaquetário (PAF) e prostaglandina D2 (PGD), que aumentam a

permeabilidade dos vasos e fazem broncoconstrição, além de estimular a produção de citocinas

pró- inflamatórias, como TNF-α (70).

A hipersensibilidade imediata apresenta um estágio tardio, que consiste no acúmulo

de leucócitos inflamatórios, incluindo basófilos, eosinófilos, células Th2 e neutrófilos. A

inflamação tem início dentro de 4 a 8 horas e pode persistir por pelo menos 12 a 24 horas (71).

Além dos mastócitos e basófilos, os eosinófilos também sofrem degranulaçao e liberam

proteínas tóxicas que podem lesionar o tecido normal (72). Diferentemente dos primeiros, os

eosinófilos são ativados através da IL-5 (interleucina 5), produzida por células Th2. Esta

aumenta a capacidade dos eosinófilos em liberar o conteúdo de seus grânulos, além de recrutá-

los para locais inflamatórios da reação de fase tardia, contribuindo para os processos

patológicos das doenças alérgicas (73).

As células Th2 têm um papel importante na hipersensibilidade imediata, principalmente

em indivíduos asmáticos com maior número de células T alérgeno-específicas produtoras de

IL-4 (interleucina 4) e IL-5 (74). Seguindo predisposição genética, os linfócitos T naive de

indivíduos asmáticos diferenciam-se em linfócitos Th2, após a apresentação dos alérgenos

pelas células dendríticas (75). Estas células diferenciadas produzem citocinas, tais como IL-4,

IL-5 e IL-13 (interleucina 13).

Dentre estas citocinas, a IL-4 desempenha um papel chave no quadro asmático, pois

está envolvida diretamente com a troca de classe das imunoglobulinas das células B para o

isótipo IgE, além de estimular a diferenciação dos linfócitos T naive em Th2 e funcionar como

um fator de crescimento autócrino para células Th2 diferenciadas (76). A IL-4 ainda inibe o

desenvolvimento das células Th1 (77) e, juntamente com a IL-13, influencia a inflamação

alérgica. Estas citocinas promovem fibrose como parte de reparação tecidual dos estados

inflamatórios crônicos, estimulam a produção de muco pelas células epiteliais pulmonares,

induzem síntese de IgE, induzem a expressão de moléculas de adesão endotelial, como

VCAM-1 e quimiocinas, as quais medeiam a diapedese de granulócitos e monócitos.

Portanto, a produção e participação dessas e outras citocinas contribuem para o

desenvolvimento e estabelecimento da patogenia da asma (78).

4.2 Resposta Inflamatória Por Vírus

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O Vírus Sincicial Respiratório (VSR), responsável pelos episódios de bronquiolite e

consequentes episódios de sibilância na infância, tem sido foco de pesquisa, nas últimas três

décadas, devido as suas particularidades epidemiológicas e imunológicas.

Em relação à resposta imune, o VSR é capaz de causar infecção em lactentes, mesmo

na presença de anticorpos neutralizantes maternos; frequentemente não há imunidade

completa induzida por infecção natural pelo VSR, embora infecções subsequentes sejam

progressivamente de menor gravidade e existe uma relação nítida entre infecção por VSR e

sintomas respiratórios (79). Alguns aspectos da resposta imune desencadeada por vírus serão

destacados a seguir:

4.2.1 Inflamação

A inflamação é a resposta protetora inespecífica de tecidos vascularizados a qualquer

dano. Uma das características histológicas principais da resposta inflamatória é o acúmulo de

células do sistema imune nos tecidos. Associadas à presença dessas células, várias substâncias

estão envolvidas, dentre elas: mediadores, citocinas, proteínas de fase aguda e proteínas do

sistema complemento (80).

A inflamação é o componente central do mecanismo causador de obstrução dos

brônquios em crianças, mesmo levando-se em conta a importância de outros fatores de risco

que possam estar associados, como a complacência e o calibre e da via aérea. O princípio pelo

qual uma infecção viral se estabelece é a presença de replicação microbiana e citotoxicidade.

Porém, há mecanismos imunológicos e não imunológicos adicionais importantes, que tornam

certos indivíduos mais ou menos susceptíveis que outros ao desenvolvimento de doença.

Quase todos os componentes do sistema imune têm-se mostrado envolvidos na complexa

fisiopatogenia da sibilância do lactente, secundária à infecção pelo VSR (81).

Há diferentes células e marcadores inflamatórios como principal causa dos sintomas, da

maior gravidade e/ou da recorrência dos episódios de chiado. Não se conhece a razão pela qual

alguns grupos de lactentes com infecção respiratória por vírus apresentam comprometimento

de via aérea baixa. Algumas células, interleucinas (IL) e mediadores inflamatórios têm sido

considerados, de forma controversa na literatura, como os principais responsáveis pela gênese

da sibilância no lactente, secundária à infecção pelo VSR. Linfócitos Th1/Th2, eosinófilos,

neutrófilos, IL-10, IL-8, IgE específica para VSR, leucotrienos, INF-α , IL-6 e IL-2 são as

células, citocinas e mediadores inflamatórios mais estudados (82,83,84,85).

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15

4.2.2 Imunidade Inata

A resposta imune se divide em imunidade inata e adaptativa. O componente adaptativo

envolve duas células principais: linfócitos T e B. A expansão clonal de linfócitos, em resposta

a uma infecção, é essencial para gerar uma eficiente resposta imune. Porém, três a cinco dias

são necessários para que um número suficiente de células clonais sejam produzidas e

diferenciadas em células efetoras. Este período, na verdade, permitiria que um patógeno

causasse dano significativo ao hospedeiro.

Por outro lado, a imunidade inata, que inclui peptídeos antimicrobianos, fagócitos e

sistema de complemento, é ativada de uma forma inespecífica e imediata, logo após o início de

uma infecção. Portanto, conter o patógeno através de uma resposta inflamatória, até que o

sistema adaptativo se torne operante, tem sido considerada a principal função da imunidade

inata. Por esta razão, especula-se que as células e sistemas envolvidos na imunidade inata

possam ser também responsáveis por grande parte da patologia e dos sintomas das infecções,

inclusive aquelas que causam sibilância no lactente (86,87).

4.2.3 Neutrófilos

O neutrófilo tem sido considerado um provável e importante causador da doença

obstrutiva brônquica do lactente, secundária à infecção respiratória viral. É o leucócito mais

abundante no sangue e é uma das células principais da resposta inflamatória aguda. Embora

um papel protetor contra infecções bacterianas já esteja bem esclarecido, várias evidências

sugerem que o neutrófilo também possui importância no mecanismo de defesa contra vírus.

Tais evidências foram demonstradas em relação a: quimiotaxia, aderência, fagocitose, ativação

do metabolismo oxidativo e complexos imunes virais (88).

Outros achados são a relação entre a resposta neutrofílica e infecção por rinovírus, que

é a causa mais comum de infecções das vias aéreas superiores em qualquer faixa etária (89).

Existe uma relação entre sintomas e maior influxo de neutrófilos nas vias aéreas superiores de

pacientes com infecção por rinovírus, comparado ao grupo de assintomáticos e pacientes não

infectados (90,91).

Em relação à infecção respiratória viral e sibilância, já em 1984, Faden et al. (1984)

demonstraram um predomínio de neutrófilos nas vias aéreas de lactentes com bronquiolite

viral aguda, constituindo mais de 70% das células presentes no aspirado nasofaríngeo (92). Em

1994, Everard et al. desenvolveram um estudo analisando a citologia diferencial do aspirado

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nasal e lavado brônquico de 20 e 14 lactentes, respectivamente, com bronquiolite viral aguda

por Vírus Sincicial Respiratório. Os resultados foram de um predomínio de neutrófilos tanto no

aspirado nasal como no lavado brônquico (93).

4.2.4 Eosinófilos

Os eosinófilos derivam da medula óssea, seu nome provém das características dos seus

grânulos, os quais contem proteínas básicas que se coram com o corante ácido eosina. A

maioria dos eosinófilos localiza-se predominantemente nos tecidos (respiratórios,

gastrointestinais e urogenitais), com pequeno número no sangue. Estas células desempenham

duas principais funções efetoras: liberam proteínas granulares e radicais ácidos altamente

tóxicos, que podem combater microorganismos e parasitas, mas que também podem causar

dano tecidual durante reações alérgicas; e produzem vários mediadores inflamatórios e

citocinas que ampliam a resposta inflamatória, recrutando mais eosinófilos, leucócitos e células

epiteliais (94).

Entre as proteínas granulares do eosinófilo, uma das mais estudadas é a proteína

catiônica eosinofílica (PCE). Esta proteína é tóxica para bactérias (95) e parasitas (96) e causa

dano celular epitelial e edema de epitélio respiratório (97,98). Além disso, ela se encontra

aumentada nas secreções respiratórias de pacientes com asma, estando inclusive associada à

gravidade da asma (99).

A importância do eosinófilo na patogênese da asma está relacionada ao seu papel

central no processo inflamatório das vias aéreas, junto com os linfócitos. Um aumento de

eosinófilos foi demonstrado em escarro (100), lavado bronco-alveolar (101) e epitélio

respiratório (102) de pacientes com asma. Além disso, acredita-se que eles sejam responsáveis

por várias características da asma, tais como: lesão e descamação do epitélio respiratório (103),

reação imunológica tardia induzida por alérgeno (104) e hiperresponsividade das vias aéreas

(105).

4.2.5 Citocinas

As citocinas são geralmente proteínas extracelulares sinalizadoras. São produzidas por

diferentes tipos de células que estão envolvidas em interações célula-célula, agindo através de

receptores específicos localizados na superfície das células-alvo. Como um grupo, estas

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proteínas induzem crescimento, diferenciação, quimiotaxia, ativação e/ou aumento da

citotoxicidade de células de vários tecidos.

Há estudos que relatam a participação de vários mediadores e citocinas na

fisiopatogenia de lactentes com sibilância causada por uma infecção respiratória viral.

Considerando a possível importância da resposta neutrofílica nos lactentes com sibilância,

existe uma citocina que pode apresentar uma estreita relação com os sintomas e predisposição

de sibilância nesta faixa etária e, portanto, merece ser investigada. Esta citocina é a IL-10

(106). Estudos apontam para diferentes respostas na produção de IL-10, em lactentes com

infecção respiratória viral, onde poderia haver uma alteração da atividade funcional dos

neutrófilos, cuja resposta contribuiria para predisposição de infecções de vias aéreas inferiores,

episódios de sibilância mais graves e/ou de sibilância recorrente (107,108)

5 CAUSAS DE SIBILÂNCIA

As infecções virais, sobretudo as ocasionadas pelo vírus respiratório sincicial, tem sido

os principais fatores infecciosos relacionados ao aparecimento de sibilância em crianças,

sobretudo não atópicas (6). A sibilância geralmente está associada à hiperresponsividade

brônquica, porém pode estar presente em qualquer situação que leve ao estreitamento das vias

aéreas (109). As causas mais comuns de sibilância em crianças e lactentes são asma e

bronquiolite, respectivamente (110).

Outras causas de sibilância recorrente devem sempre ser lembradas e afastadas em

crianças, como: disfunção de cordas vocais, infecções virais recorrentes bacterianas

(Mycoplasma, Pertussis), irritantes inalatórios (cigarro, gases tóxicos), doença aspirativa, mal

formações (broncomalácia, anéis vasculares, enfisema lobar congênito), compressão

extrínseca (linfonodos, tumores cistos), displasia broncopulmonar, fibrose cística, discinesia

ciliar, bronquiolite obliterante, imunodeficiências e insuficiência cardíaca. Na ausência dos

achados sugestivos de asma como episódios freqüentes de sibilância, tosse e sibilância

induzidos por atividade física, tosse noturna na ausência de infecções, ausência de variação

sazonal da sibilância e nos casos em que a resposta ao tratamento é insatisfatória, diagnósticos

alternativos devem ser considerados (111).

Para a fibrose cística, deve-se buscar na história clínica sinais de má absorção

intestinal, como desnutrição proteico-calórica e esteatorreia. A presença de secreção espessa e

excessiva em vias aéreas também é característica da doença. A Bronquiolite obliterante pós-

infecciosa deve ser suspeitada nos casos em que os sintomas obstrutivos de vias aéreas

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inferiores tornam-se persistentes e muitas vezes refratários às medicações, principalmente

após um quadro de bronquiolite viral aguda (112).

Crianças com cardiopatias congênitas que cursam com edema pulmonar podem se

apresentar com quadro clínico de sibilância refratária ao uso de β-agonista. Este quadro é

definido como “asma cardíaca”, e para diferenciá-lo devemos procurar sinais de insuficiência

cardíaca e presença de sopros. Exames complementares como a radiografia de tórax podem

ajudar a diferenciar esse quadro de outras doenças pulmonares. Sinais como a presença de

cardiomegalia, velamentos sugestivos de congestão pulmonar com alargamento de hilo e

velamentos paracardíacos caracterizam a "asma cardíaca" (112).

Crianças com necessidades especiais devido a doenças neuromotoras crônicas podem

cursar com incoordenação motora da deglutição associada a refluxo gastroesofágico, com

microaspirações pulmonares que podem apresentar-se com quadro de sibilância. O quadro

crônico pode ser exacerbado durante um episódio agudo de infecção de vias aéreas tanto

superiores quanto inferiores. A sibilância nesses pacientes ocorre devido à obstrução

brônquica por processo inflamatório associada à presença de grande quantidade de secreção.

Por serem acamados, apresentam dificuldade na drenagem dessas secreções associado à tosse

ineficiente e alterações do clearance mucociliar, por isso apresentam infecções respiratórias

recorrentes (112).

6 FENÓTIPOS DE SIBILÂNCIA NA INFÂNCIA

Segundo o consenso PRACTALL, documento elaborado por especialistas das

Academias Européia e Americana de Asma, Alergia e Imunologia, a sibilância durante a

infância foi classificada em quatro padrões distintos (113):

1. Sibilância transitória: fazem parte deste grupo as crianças que apresentam episódios

recorrentes de sibilos durante o primeiro ano de vida e mostram aparente remissão

quando ingressam na idade escolar. Cerca de 60% dessas crianças param de sibilar aos

três anos de idade. Estas crianças não apresentam maior incidência de histórico familiar

de asma e nem histórico pessoal ou familiar de doenças alérgicas, como a dermatite

atópica. Pesquisas demonstram que essas crianças tendem a ter sibilância quase que

exclusivamente durante as infecções virais (114).

2. Sibilância não-atópica: neste grupo, 30 a 40% das crianças sibilam durante os três

primeiros anos de vida e continuam a apresentar sibilos aos seis anos de idade. Apenas

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metade dessas crianças é sensibilizada contra aeroalérgenos. Esta forma de sibilância é

desencadeada principalmente por vírus, tendendo a desaparecer com o avanço da

idade (113).

3. Asma persistente: sibilância relacionada com manifestações clínicas de atopia,

eczema, rinite, conjuntivite, alergia alimentar, sensibilização comprovada pela presença

de IgE e pais asmáticos (115);

4. Sibilância intermitente grave: episódios pouco frequentes de sibilância aguda

associados a poucos sintomas fora dos quadros agudos, e com a presença de

características de atopia (eczema, sensibilização alérgica e eosinofilia) (116)

7 AVALIAÇÃO

7.1 História

Em crianças que não estão sibilando durante a consulta, a anamnese é o principal

instrumento diagnóstico na avaliação da sibilância. Identificar sibilos com precisão a partir da

história pode ser difícil, uma vez que o termo é usado por pais e profissionais da saúde para

descrever uma variedade de sintomas (117,118,119). As crianças diagnosticadas com sibilos

ao exame médico apresentam uma maior resistência das vias aéreas do que aquelas que

apresentam sibilância apenas relatada (120). Assim, um questionário de vídeo pode ajudar os

pais a distinguir sibilos de outros ruídos das vias aéreas superiores (121).

7.2 Exame Físico

Nenhuma evidência está disponível sobre a utilidade do exame físico na avaliação da

sibilância. Estudos afirmam que o grau de estreitamento das vias aéreas só pode ser estimado

grosseiramente e indiretamente, por meio da avaliação do trabalho respiratório (retrações

torácicas, batimento de asas de nariz e uso dos músculos respiratórios acessórios) e pela

ausculta do tórax para avaliar a relação entre a inspiração e a expiração e o grau de sibilos. A

obstrução das vias respiratórias superiores (em particular, congestão nasal), pode contribuir

para problemas respiratórios. O objetivo do novo exame físico é a identificação de

características incomuns ou atípicas que sugeririam outra condição subjacente (122).

7.3 Investigações

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20

O diagnóstico de doenças que resultem em sibilância pode ser feita apenas pela

anamnese. O tipo, invasividade e número de qualquer investigação dependem, em grande

parte, do grau de morbidade e da dúvida acerca do diagnóstico. Esta é uma questão de

avaliação clínica. A maioria dos médicos concorda que as investigações só se justificam

quando os sintomas estão presentes desde o nascimento, quando a obstrução das vias aéreas é

anormalmente grave, quando a recuperação é muito lenta ou incompleta (resultando em

prolongada ou repetidas internações nos primeiros anos de vida), ou quando os episódios

continuam na ausência de uma infecção viral ou, às vezes, nos casos em que os pais estão

muito ansiosos (122).

Há poucas evidências para orientar a escolha de investigações. Entre os lactentes e

pré-escolares com sintomas persistentes graves que foram investigados de acordo com um

protocolo de diagnóstico fixo, um número considerável de achados patológicos foram

observados, o que indica que as investigações invasivas são justificadas nesta categoria de

pacientes com sintomas graves e persistentes (123,124).

7.3.1 Investigações Microbiológicas

A cultura viral corrente e a tecnologia por PCR possibilitaram a identificação de uma

ampla variedade de vírus respiratórios, incluindo os vírus causadores de desordens de

sibilância mais comuns. Não há nenhuma evidência, no entanto, que estes exames contribuam

para o manejo, quer a curto prazo (o episódio agudo) ou a longo prazo, e são recomendados

apenas para fins de investigação (125).

7.3.2 Testes de Sensibilidade a Alérgenos

A prevalência relatada de sensibilização em crianças pré-escolares com sibilância, em

estudos populacionais, é muito variável e limitada (126). Um estudo comparativo entre

crianças de 2 a 5 anos com sibilância confirmada que estavam respondendo favoravelmente

ao broncodilatador com crianças não-sibilantes saudáveis evidenciou que 32% das crianças

sibilantes deram resultados positivos nos testes cutâneos para um ou mais aeroalérgenos, em

comparação com 11 % de crianças saudáveis (127).

A sensibilização a alérgenos inalantes em crianças entre 1 e 4 anos de idade aumenta a

probabilidade da presença de asma na idade de 6 anos (128) e a sensibilização ao ovo de

galinha com 1 ano de idade é um marcador razoável para a sensibilização alérgica a

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aeroalérgenos na idade de 3 anos (129). Sabe-se que, embora os níveis elevados de proteínas

eosinofílicas catiônicas em sibilantes pré-escolares estejam associados com persistência de

sintomas (130), o grau de sobreposição entre os grupos torna estas medidas inúteis para

propósitos clínicos. A eosinofilia no sangue pode ser usada como parte de um indicador

preditivo da asma, mas o valor preditivo deste índice (em particular, a de um resultado

positivo) é reduzido (131).

7.3.3 Exames Radiológicos

Não há evidências de que radiografias possam ajudar no diagnóstico ou no tratamento

de crianças em idade pré-escolar com sibilância aguda ou recorrente (132). As melhorias nas

técnicas de diagnóstico por imagem podem melhorar a compreensão dos mecanismos e

resultados a longo prazo das doenças da primeira infância que cursam com sibilos, fornecendo

detalhes sobre a estrutura, a espessura da parede e calibre das vias aéreas. Atualmente, no

entanto, o estudo de imagem especializado deve ser restrito a doença incomum ou grave

(133).

7.3.4 Medida do Refluxo Gastroesofágico e Testes de Função Pulmonar

Apesar de o refluxo gastroesofágico ser comum entre bebês e crianças pré-escolares

com sintomas respiratórios crônicos ou recorrentes, um efeito benéfico de demonstrar e tratar

o refluxo gastroesofágico em crianças com sibilância não foi demonstrado (134).

Há estudos que revelam redução de fluxos expiratórios forçados associados à

sibilância. A baixa função pulmonar em crianças em idade escolar parece continuar na idade

adulta. Não se sabe, portanto, se os déficits de função pulmonar em crianças em idade escolar

com sibilância refletem as características de desenvolvimento dos pulmões e das vias aéreas

em crianças asmáticas .(135,136).

A presença de reatividade das vias aéreas na infância está associada ao aumento do

risco de asma posteriormente (137), mas os mecanismos de reatividade das vias aéreas neste

faixa etária são mal compreendidos e, provavelmente, incluem outros fatores, além de

inflamação (138). Não existem estudos que suportam a utilidade dos testes de função

pulmonar em crianças com sintomas inespecíficos, ou na distinção entre sibilância episódica e

de sibilância multicausal. Em cada paciente, no entanto, a determinação da função pulmonar

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22

(e a resposta broncodilatadora) em crianças pré-escolares pode ajudar na discriminação entre

distúrbios sibilantes comuns e outras condições (139).

7.3.5 Óxido Nítrico Exalado e Outras Avaliações da Inflamação das Vias Aéreas

Frações elevadas de óxido nítrico exalado (FeNO) tem sido encontradas em lactentes

sibilantes, especialmente quando são atópicos (140) e estes se normalizam durante o

tratamento com dipropionato de fluticasona (141), e montelucaste (142). O óxido nítrico, em

bebês, é afetado por exposições ambientais e predisposição genética para atopia (143).

Valores de referência para FeNO só estão disponíveis para crianças entre 0 e 4 anos (144)

8 TRATAMENTO

O tratamento da sibilância recorrente em lactentes é controvertido. Após afastar outras

causas de sibilância que simulam asma, deve-se instituir tratamento de controle.

Corticosteroides inalatórios (CI) são as medicações de primeira linha para o controle da asma

em todas as faixas etárias, desde que o diagnóstico seja correto. A falha na resposta após 6

semanas de uso do CI requer pronta avaliação clínica, em vez de aumento de doses. Se o

tratamento com CI é iniciado e não há qualquer efeito benéfico, diretrizes clínicas

recomendam que ele seja interrompido (145). A seguir serão abordados os possíveis

tratamentos da sibilância na infância.

8.1 Controle Ambiental

8.1.1 Redução da Exposição das Crianças à Fumaça do Tabaco e Evitação de alérgenos

Há evidências de que a exposição passiva à fumaça do tabaco seja prejudicial, tanto

em termos de indução, quanto de exacerbação de sibilância em crianças e deve ser firmemente

desencorajada (146).

A lógica para a utilização do controle ambiental no tratamento de sibilos para reduzir

os sintomas existentes (prevenção secundária) é a noção de que a exposição ao alérgeno

contribui para a severidade dos sintomas (147). Há evidência de que a exposição a alérgenos

no início da vida aumenta o risco de sibilos, mas isto depende do alérgeno, da população e de

outros fatores ambientais (148) A combinação de sensibilização e de alta exposição ao

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alérgeno sensibilizante no início da vida está associada à função pulmonar significativamente

reduzida com a idade de três anos (149). A sensibilização a alérgenos durante os primeiros 3

anos de vida está associada à redução da função pulmonar em idade escolar (150).

Se crianças asmáticas atópicas mudam de suas casas para ambientes de baixa

exposição a alérgenos, os níveis de marcadores de inflamação das vias aéreas e gravidade da

asma melhoram temporariamente (151).

8.2 Farmacoterapia

8.2.1 Beta-2 Agonistas de Curta e Longa Duração

Os Beta-2 agonistas inalatórios de ação rápida são os broncodilatadores mais eficazes

disponíveis e, portanto, as drogas de escolha para os sintomas agudos de sibilância. Estudos

duplo-cegos e controlados por placebo demonstraram efeitos broncodilatadores significativos

(152) e efeitos protetores contra agentes broncoconstritores (153). A administração oral de

beta-2-agonista é também eficaz, mas é limitada por efeitos colaterais sistêmicos (154). A

infusão intravenosa só mostrou vantagem sobre o tratamento por inalação de hora em hora no

chiado agudo muito grave em crianças jovens (155). O formoterol e o salmeterol tem

mostrado efeitos broncodilatadores e broncoprotetores de longa duração em crianças pré-

escolares (156).

8.2.2 Corticoides Inalatórios

O tratamento com corticoides inalatórios pode ser considerado para o tratamento de

sintomas correntes, ou possivelmente para a prevenção da progressão dos sintomas da doença

(modificação) (145).

Uma revisão sistemática de ensaios clínicos duplo-cegos e randomizados sobre

corticóides inalatórios em crianças pré-escolares com sibilância multicausal tem mostrado

melhorias significativas na saúde, incluindo sintomas, taxas de exacerbação, função pulmonar

e hiperreatividade das vias aéreas. O efeito do tratamento parece ser menor do que o

observado em crianças em idade escolar e adultos (157).

Efeitos colaterais locais, como rouquidão e candidíase, são raros em crianças pré-

escolares provavelmente porque a medicação é geralmente feita por inalador dosimetrado com

espaçador. Estudos sobre os efeitos colaterais sistêmicos de corticoides inalatorios produziram

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resultados inconsistentes. Efeitos clinicamente relevantes sobre a função adrenal só foram

observados em crianças que receberam altas doses de corticoides inalatórios (acima de

400µg/dia de beclometasona equivalente) (157).

8.2.2.1 Corticosteróides Inalatórios no Tratamento dos Sintomas de Sibilância Episódica

(Viral)

Os benefícios clínicos do corticoide inalatório para sibilância episódica (viral) são

controversos (157). As revisões sistemáticas concluíram que corticóides inalatórios episódicos

em altas doses (1.600 - 3.200 µg /dia de budesonida) fornecem algum benefício em chiado

episódico (viral) (com uma redução de 50% da necessidade de esteróides orais, mas nenhum

efeito sobre as taxas de hospitalização ou duração dos sintomas), mas que o tratamento de

manutenção com 400 µg/dia de beclometasona equivalente não reduz o número ou a

gravidade dos episódios de chiado em sibilância episódica (viral) (158).

8.2.3. Antileucotrienos, Cromonas, e Anticolinérgicos

O montelucaste é o único antagonista do receptor de leucotrienos licenciado para o

tratamento das crianças, a uma dose de 4 mg por via oral uma vez ao dia. Não foram relatados

efeitos colaterais clinicamente relevantes (159).

Em dois estudos, o montelucaste proporcionou proteção contra broncoconstrição

induzida por hiperventilação com ar frio seco, e melhorou a hiperresponsividade das vias

aéreas com uma dose duplicada após 4 semanas, em comparação com o placebo (160,161). O

efeito broncoprotetor foi independente de tratamento concomitante com corticóide. Em um

estudo multicêntrico com 689 crianças com chiado multicausal, o montelucaste melhorou os

sintomas e alcançou uma redução de 30% nas exacerbações (159).

Pesquisas concluiram que o efeito benéfico da terapia com cromonas em crianças pré-

escolares com sibilância multicausal não poderia ser provado (162). A maioria dos estudos era

de má qualidade, mas um bem concebido estudo controlado randomizado não encontrou

nenhum efeito sobre os escores dos sintomas ou exacerbação de frequência em crianças de 1 a

4 anos com chiado multicausal (163). Em alguns estudos, concluiu-se que o ipratrópio inalado

pode ser benéfico em crianças mais velhas (164), mas não há boas evidências em crianças

pré-escolares (165).

8.2.4 Anti-histamínicos

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Os anti-histamínicos (cetotifeno e cetirizina) foram estudados em chiado pré-escolar.

Na revisão Cochrane, concluiu-se que as crianças tratadas com cetotifeno foram 2,4 vezes

mais propensos a serem capazes de reduzir ou interromper o tratamento com broncodilatador

do que aqueles tratadas com placebo. Houve também benefícios menos consistentes no que

diz respeito aos sintomas da asma e exacerbações (166).

A interpretação destes estudos, no entanto, é dificultada pelo fato de a descrição dos

pacientes ser insuficiente para classificá-las como tendo sibilos episódicos (virais) ou

sibilância multicausal. Além disso, os relatórios iniciais favoráveis nos anos 1980 nunca

foram confirmados em estudos posteriores. Não há bons estudos comparando cetotifeno a

outros medicamentos para a asma. A cetirizina foi comparada ao placebo em um estudo

randomizado em crianças com dermatite atópica, com o objetivo de prevenir o

desenvolvimento de asma. Com a idade de três anos, não havia diferença na prevalência de

chiado entre os dois grupos (167).

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on exhaled nitric oxide in infants. Am J Respir Crit Care Med; 170: 260–265; 2004

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age 4 to 17 years. J Allergy Clin Immunol; 115: 1130–1136; 2005

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disorders in preschool children:an evidence-based approach. Eur Respir J; 32:

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antagonist in asthmatic preschool children. Am J Respir Crit Care Med; 162: 187–

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preschool children. Chest; 131: 180; 2007

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cromoglycato in 1-4 year-old children with moderate asthma. Lacet; 350: 1060-

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children over two years of age.Cochrane Database Syst Rev; Issue 1: CD003535;

2003

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age of two years. Cochrane Database Syst Ver; Issue 3: CD001279; 2005

166. SCHWARZER, G. et al..Ketotifen alone or as additional medication for long-

term control of asthma and wheeze in children. Cochrane Database Syst Rev; Issue

1: CD001384; 2004

167. WARNER, J.O. A double-blind, randomized, placebo-controlled trial of

cetirizine in preventing the onset of asthma in children with atopic dermatitis: 18

months’ treatment and 18 months’ posttreatment follow-up. J Allergy Clin

Immunol; 108: 929–937; 2001

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39

II NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

Revista Brasileira de Saúde-Materno Infantil do IMIP

Instruções aos autores

Escopo e política

A Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil é uma publicação trimestral (março,

junho, setembro e dezembro) cuja missão é a divulgação de artigos científicos englobando o

campo da saúde materno-infantil. As contribuições devem abordar os diferentes aspectos da

saúde materna, saúde da mulher e saúde da criança, contemplando seus múltiplos

determinantes biomédicos, socioculturais e epidemiológicos. São aceitos trabalhos nas

seguintes línguas: português, espanhol e inglês. A seleção baseia-se no princípio da avaliação

pelos pares - especialistas nas diferentes áreas da saúde da mulher e da criança

Direitos autorais

Os artigos publicados são propriedade da Revista, vedada a reprodução total ou parcial

e a tradução para outros idiomas, sem a autorização da mesma. Os manuscritos submetidos

deverão ser acompanhados da Declaração de Transferência dos Direitos Autorais, assinada

pelos autores. Os conceitos emitidos nos artigos são de responsabilidade exclusiva dos

autores.

Aspectos Éticos

1. Ética

A Declaração de Helsinki de 1975, revisada em 2000 deve ser respeitada. Serão

exigidos, para os artigos brasileiros, a Declaração de Aprovação do Comitê de Ética

conforme as diretrizes da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e, para os

artigos do exterior, a Declaração de Aprovação do Comitê de Ética do local onde a pesquisa

tiver sido realizada.

2. Conflitos de interesse

Ao submeter o manuscrito os autores devem informar sobre a existência de conflitos

de interesse que potencialmente poderiam influenciar o trabalho.

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40

Critérios para aprovação e publicação de artigo

Além da observação das condições éticas da pesquisa, a seleção de um manuscrito

levará em consideração a sua originalidade, prioridade e oportunidade. O rationale deve ser

exposto com clareza exigindo-se conhecimento da literatura relevante e adequada definição

do problema estudado. O manuscrito deve ser escrito de modo compreensível mesmo ao

leitor não especialista na área coberta pelo escopo da Revista.

A primeira etapa de avaliação é realizada pelos Editores Técnico-Científicos em

articulação com os Editores Associados. Dois revisores externos serão consultados para

avaliação do mérito científico no manuscrito. No caso de discordância entre eles, será

solicitada a opinião de um terceiro revisor. A partir de seus pareceres e do julgamento dos

Editores Técnico-Científicos e Editor Executivo, o manuscrito receberá uma das seguintes

classificações: 1) aceito; 2) recomendado, mas com alterações; 3) não recomendado para

publicação.

Na classificação 2 os pareceres serão enviados aos(s) autor(es), que terão

oportunidades de revisão e reenvio à Revista acompanhados de carta-resposta discriminando

os itens que tenham sido sugeridos pelos revisores e a modificação realizada; na condição 3,

o manuscrito será devolvido ao(s) autor(es); no caso de aceite, o artigo será publicado de

acordo com o fluxo dos manuscritos e o cronograma editorial da Revista. Após aceito o

trabalho, caso existam pequenas inadequações, ambigüidades ou falta de clareza, pontuais do

texto, os Editores Técnico-Científicos e Executivo se reservam o direito de corrigi-los para

uniformidade do estilo da Revista. Revisores de idiomas corrigirão erros eventuais de

linguagem. Antes da publicação do artigo a prova do manuscrito será submetida ao(s)

autor(es) para conferência e aprovação final.

Seções da Revista

Editorial: escrito a convite do editor.

Revisão: avaliação descritiva e analítica de um tema, tendo como suporte a literatura

relevante, devendo-se levar em conta as relações, a interpretação e a crítica dos estudos

analisados. Pode ser do tipo: narrativa ou sistemática, podendo esta última, incluir meta-

análise. As revisões narrativas só serão aceitas a convite dos Editores. As revisões devem se

limitar a 6.000 palavras e até 60 referências.

Artigos Originais: divulgam os resultados de pesquisas inéditas e permitem a reprodução

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41

destes resultados dentro das condições citadas no mesmo. Para os artigos originais

recomenda-se seguir a estrutura convencional, conforme as seguintes seções: Introdução:

onde se apresenta a relevância do tema, as hipóteses iniciais, a questão da pesquisa e sua

justificativa quanto ao objetivo, que deve ser claro e breve; Métodos: descrevem a população

estudada, os critérios de seleção inclusão e exclusão da amostra , definem as variáveis

utilizadas e informam a maneira que permite a reprodutividade do estudo, em relação a

procedimentos técnicos e instrumentos utilizados. Os trabalhos quantitativos devem informar

a análise estatística utilizada. Resultados: devem ser apresentados de forma concisa, clara e

objetiva, em sequência lógica e apoiados nas ilustrações como: tabelas e figuras (gráficos,

desenhos, fotografias); Discussão: interpreta os resultados obtidos verificando a sua

compatibilidade com os citados na literatura, ressaltando aspectos novos e importantes e

vinculando as conclusões aos objetivos do estudo. Aceitam-se outros formatos de artigos

originais, quando pertinente, de acordo com a natureza do trabalho.

Os manuscritos deverão ter no máximo 5.000 palavras, e as tabelas e figuras devem ser no

máximo cinco no total; recomenda-se citar até 30 referências bibliográficas.

No caso de ensaio clínico controlado e randomizado os autores devem indicar o número de

registro do mesmo.

Notas de Pesquisa: relatos concisos sobre resultados preliminares de pesquisa, com 1.500

palavras, no máximo duas tabelas e figuras no total, e até 10 referências.

Relato de Caso/Série de Casos: casos raros e inusitados. A estrutura deve seguir:

Introdução, Descrição e Discussão. O limite de palavras é 2.000 e até 10 referências. Podem

incluir até duas figuras.

Informes Técnico-Institucionais: deverão ter estrutura similar a uma Revisão. Por outro

lado podem ser feitas, a critério do autor, citações no texto e suas respectivas referências ao

final. O limite de palavras é de 5.000 e até 30 referências.

Ponto de Vista: opinião qualificada sobre saúde materno-infantil (a convite dos editores).

Resenhas: crítica de livro publicado e impresso nos últimos dois anos ou em redes de

comunicação on line (máximo 1.500 palavras).

Cartas crítica a trabalhos publicados recentemente na Revista, com o máximo de 600

palavras.

Artigos Especiais textos cuja temática seja considerada de relevância pelos Editores e que

não se enquadrem nas categorias acima mencionadas. O limite de palavras é de 7.000 e até 30

referências.

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42

Notas

1. Em todos os tipos de arquivo a contagem do número de páginas exclui resumos, tabelas,

figuras e referências;

2. Por ocasião da submissão os autores devem informar o número de palavras do manuscrito.

Forma e preparação de manuscritos

Apresentação e submissão dos manuscritos

Os manuscritos devem ser submetidos on-line, através de link próprio na homepage da

Revista: http://www.imip.org.br/rbsmi. Deverão ser digitados no programa Microsoft Word

for Windows, em fonte Times New Roman, tamanho 12, espaço duplo. Por ocasião da

submissão do manuscrito os autores devem encaminhar a aprovação do Comitê de Ética da

Instituição, a Declaração de Transferência dos Direitos Autorais, assinada por todos os

autores. Os autores devem também informar que o manuscrito não está sendo submetido a

outro periódico.

Estrutura do manuscrito

Página de identificação: título do trabalho: em português ou no idioma do texto e em

inglês, nome e endereço completo dos autores e respectivas instituições; indicação do autor

responsável pela troca de correspondência; fontes de auxílio: citar o nome da agência

financiadora e o tipo de auxílio recebido.

Página de Resumos: deverão ser elaborados dois resumos para os Artigos Originais, Notas

de Pesquisa, Relato de Caso/Série de Casos, Informe Técnico-Institucionais, Artigos

Especiais e Artigos de Revisão, sendo um em português ou no idioma do texto e outro em

inglês, o abstract. Os resumos dos Artigos Originais, Notas de Pesquisa, Informe Técnico-

Institucionais e Artigos Especiais deverão ter no máximo 210 palavras e devem ser

estruturados: Objetivos, Métodos, Resultados, Conclusões. No Relato de Caso/Série de

Casos devem ser estruturados em: Introdução, Descrição e Discussão. Nos artigos de

Revisão os resumos deverão ser estruturados: Objetivos, Métodos (fonte de dados, período,

descritores, seleção dos estudos), Resultados (síntese dos dados) e Conclusões.

Palavras-chave: para identificar o conteúdo dos trabalhos os resumos deverão ser

acompanhados de três a seis palavras-chave em português e inglês. A Revista utiliza os

Descritores em Ciências da Saúde (DECS) da Metodologia LILACS, e o seu

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correspondente em inglês o Medical Subject Headings (MESH) do MEDLINE, adequando

os termos designados pelos autores a estes vocabulários.

Página das Ilustrações: as tabelas e figuras somente em branco e preto ou em dégradé

(gráficos, desenhos, mapas, fotografias) deverão ser inseridas em páginas à parte. O gráfico

deverá ser bidimensional.

Página da Legenda: as legendas das ilustrações deverão seguir a numeração designada

pelas tabelas e figuras, e inseridas em folha à parte.

Agradecimentos: à colaboração de pessoas, ao auxílio técnico e ao apoio econômico e

material, especificando a natureza do apoio.

Referências: devem ser organizadas na ordem em que são citadas no texto e numeradas

consecutivamente; não devem ultrapassar o número estipulado em cada seção. A Revista

adota as normas do Committee of Medical Journals Editors (Grupo de Vancouver), com

algumas alterações; siga o formato dos exemplos:

Artigo de revista

Ogden CL, Yanovski SZ, Carroll MD, Flegal KM. The epidemiology of obesity. Obes

Gastroenterol. 2007; 132: 2087-102.

Livro

Sherlock S, Dooley J. Diseases of the liver and biliary system. 9 ed. Oxford: Blackwell

Scientific Publications; 1993.

Editor, Organizador, Compilador

Norman IJ, Redfern SJ, editors. Mental health care for elderly people. New York: Churchill

Livingstone; 1996.

Capítulo de livro

Timmermans PBM. Centrally acting hipotensive drugs. In: Van Zwieten PA, editor.

Pharmacology of anti hypertensive drugs. Amsterdam: Elservier; 1984. p. 102-53.

Congresso considerado no todo

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44

Proceedings of the 7th World Congress on Medical Informatics; 1992 Sep 6-10; Geneva,

Switzerland. Amsterdam: North Holland; 1992.

Trabalho apresentado em eventos

Bengtson S, Solheim BG. Enforcement of data protection, privacy and security in medical

informatics. In: Lun KC, Degoulet P, Piemme TE, Rienhoff O, editors. MEDINFO 92.

Proceedings of the 7th World Congress on Medical Informatics; 1992 Sep 6-10; Geneva,

Switzerland. Amsterdam: North Holland; 1992. p. 1561-5.

Dissertação e Tese

Pedrosa JIS. Ação dos autores institucionais na organização da saúde pública no Piauí:

espaço e movimento [dissertação]. Campinas: Faculdade de Ciências Médicas da

Universidade Estadual de Campinas; 1997.

Diniz AS. Aspectos clínicos, subclínicos e epidemiológicos da hipovitaminose A no Estado

da Paraíba [tese]. Recife: Departamento de Nutrição, Centro de Ciências da Saúde da

Universidade Federal de Pernambuco; 1997.

Documento em formato eletrônico - Artigo de revista

Neuman NA. Multimistura de farelos não combate a anemia. J Pastoral Criança [periódico

online]. 2005 [acesso em: 26 jun. 2006]. 104: 14p. Disponível em:

www.pastoraldacriança.org.br/105/pag14/pdf

Envio de manuscritos

Os trabalhos deverão ser encaminhados para:

Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil

Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira - IMIP

Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil - Secretaria Executiva

Rua dos Coelhos, 300 Boa Vista. Recife, PE, Brasil CEP: 50.070-550

Tel / Fax: +55 +81 2122.4141. E-mail:[email protected]: www.imip.org.br/rbsmi

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III ARTIGO ORIGINAL

Revista Brasileira de Saúde Materno-Infantil do IMIP

AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO CLÍNICA E MANUSEIO

TERAPÊUTICO EM PACIENTES PEDIÁTRICOS

INTERNADOS COM SIBILÂNCIA EM UM HOSPITAL

PÚBLICO TERCIÁRIO DE ARACAJU/SE

ASSESSMENT OF THE CLINICAL CONDITION AND

THERAPEUTIC HANDLING IN PEDIATRIC PATIENTS

ADMITTED WITH WHEEZING IN A PUBLIC TERTIARY

HOSPITAL OF ARACAJU/SE

Ivanilson Santos da Cruz1, Emanoel Messias Costa

2, Enaldo Vieira de Melo

3

1. Acadêmico de Medicina da Universidade Federal de Sergipe

2. Professor Auxiliar do Departamento de Medicina da Universidade Federal de Sergipe

3. Professor Assistente do Departamento de Medicina da Universidade Federal de Sergipe

Endereço para correspondência: [email protected]

Ivanilson Santos da Cruz

Rua Gumercindo Bessa, nº 15, casa 02. Bairro Santo Antônio, CEP: 49060-640. Aracaju-SE

Tel: (79) 3215-1316

Instituição: Universidade Federal de Sergipe – Rua Claudio Batista, s/n. Sanatório- 49060-

100. Aracaju, SE – (79) 21051744.

Fonte financiadora do projeto: pesquisador principal

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46

RESUMO

Objetivos: Avaliar o perfil clínico e epidemiológico e a conduta terapêutica em pacientes

com sibilância em um hospital público de Aracaju.

Métodos: Estudo transversal, descritivo, com dados coletados de forma prospectiva, realizado

no HUSE. Os dados foram coletados entre março e maio de 2013, através de pesquisa em

prontuário ou entrevista com os responsáveis pelos pacientes, utilizando-se um questionário

padronizado. Este continha informações clínicas (sinais, sintomas, antecedentes patológicos,

tratamentos realizados no hospital) e epidemiológicas (renda familiar, grau de instrução dos

pais, condições de moradia).

Resultados: Dos cinquenta pacientes avaliados, mais da metade tinha cerca de 5 meses e 15

dias de vida. A maior parte (60%) era do gênero masculino. Quase metade (48%) das

genitoras possuía ensino fundamental incompleto. Todos os pacientes utilizaram

corticoterapia e em 96% dos casos associou-se β2-agonista inalatório. A antibioticoterapia foi

utilizada em mais da metade dos casos. Nenhum dos pacientes estudados necessitou de

aminofilina, drogas vasoativas ou ventilação mecânica. Chiado, tosse, dispneia e sintomas

nasais constituíram as manifestações mais frequentes.

Conclusões: Verificou-se alta frequência de chiado e sintomas nasais, utilização elevada de

corticoides e antibióticos, elevada frequência de alérgenos no domicílio e alta frequência de

desmame precoce do aleitamento materno.

Palavras-chave: sibilância, perfil clínico, hospital, pediatria, terapêutica

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ABSTRACT

Objectives: Evaluate the clinical and epidemiological profile and the therapeutic approach in

patients with wheezing attacks admitted in a public hospital in Aracaju.

Methods: Sectional and descriptive study, with data collected in a prospective manner,

performed at the Urgent Care Hospital of sergipe. The data collection was carried out between

march and may/2013, through research in the medical records or interview with those

responsible for the patients, using a standardized questionnaire. This contained clinical

information (signs, symptoms, pathological antecedents, treatments carried out in hospital)

and epidemiological characteristics (family income, level of education of parents, housing

conditions).

Results: Among fifty pacients evaluated, more than half of the patients had about 5 months

and 15 days of life. The largest part (60%) were male. Almost half (48%) of the mothers of

patients had incomplete elementary education. All hospitalized patients used corticotherapy

and in 96% of cases was associated with the use of inhaled beta-2-agonists. The antibiotic

therapy was used in over half of the cases. None of the patients studied was aminophylline,

vasoactive drugs or mechanical ventilation. Wheezing, cough, dyspnea and nasal symptoms

showed the highest frequency.

Conclusions: There was a high frequency of wheezing and nasal symptoms. High use of

steroids and antibiotics. High frequency of allergens in the home and high frequency of early

weaning from breastfeeding.

Key-words: Wheezing, clinical profile, hospital, pediatrics, therapy

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INTRODUÇÃO

A sibilância é definida como um som audível, contínuo e de alta frequência, resultante

de uma limitação ao fluxo aéreo, por obstrução mecânica parcial das vias aéreas inferiores1. É

um sinal clínico inespecífico que traduz a passagem de ar, desencadeando vibrações nas

paredes brônquicas2.

Pode ser resultante ou não de várias doenças pulmonares, como: bronquiolite viral

aguda, pneumonia e asma de início precoce, rinossinusite crônica, refluxo gastroesofágico,

fibrose cística, displasia broncopulmonar, tuberculose pulmonar, malformações congênitas

pulmonares e/ou cardíacas, imunodeficiência, entre outras3,4

.

A sibilância costuma ser um sintoma muito comum em pediatria, principalmente nos

primeiros anos de vida. Estudos epidemiológicos demonstram prevalências elevadas nessa

faixa etária e levantamentos em países desenvolvidos encontraram prevalências entre 20% e

30%, com alta recorrência dos episódios5,6,7

. Em países em desenvolvimento, as prevalências

parecem ser maiores. Alguns estudos utilizaram a mesma metodologia do Estudo

Internacional de Sibilâncias em Lactentes, um deles foi desenvolvido na cidade de Curitiba,

outro proveniente do município de São Paulo, os quais apresentaram prevalência de 45,4% e

46% no primeiro ano de vida, respectivamente8,9,10

.

Vários estudos apontam o sexo masculino, a idade, a má condição sócio-econômica, a

atopia, o tabagismo passivo e a poluição como fatores predisponentes para o desenvolvimento

de sibilos recorrentes. Entretanto, ainda não se conhece quais seriam os principais marcadores

e/ou fenótipos de sibilância capazes de identificar os que desenvolverão asma, a sua

prevalência e se o tratamento precoce seria capaz de impedir tal evolução. E ainda, os

fenótipos podem variar, dependendo da população que se estuda11

.

Sabe-se que hábitos e condições maternas durante a gestação estão ligados ao início da

sibilância em lactentes e que crianças cujas mães são asmáticas apresentam maior risco de

desenvolver asma12

. Estudos comprovaram que as mães que fumaram durante a gestação

deram origem a crianças com maior risco de sibilância e asma, e, nestas, foram verificados

níveis elevados de IgE e IL-13 com baixos níveis de IL-4 e IFN-ᵧ no sangue do cordão

umbilical e uma redução no calibre das vias aéreas e da função pulmonar13,14,15.

As infecções virais, sobretudo as ocasionadas pelo vírus respiratório sincicial, tem sido

os principais fatores infecciosos relacionados ao aparecimento de sibilância em crianças,

sobretudo não atópicas5. As causas mais comuns de sibilância em crianças e lactentes são

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49

asma e bronquiolite, respectivamente16

. Outras causas de sibilância recorrente devem sempre

ser lembradas e afastadas em crianças, como: disfunção de cordas vocais, infecções virais

recorrentes bacterianas (Mycoplasma, Pertussis), irritantes inalatórios (cigarro, gases tóxicos),

doença aspirativa, mal formações (broncomalácia, anéis vasculares, enfisema lobar

congênito), compressão extrínseca (linfonodos, tumores cistos), discinesia ciliar e

bronquiolite obliterante17

.

Em crianças que não estão sibilando durante a consulta, a anamnese é o principal

instrumento diagnóstico na avaliação da sibilância, Identificar sibilos com precisão a partir da

história pode ser difícil, uma vez que o termo chiado é usado por pais e profissionais da saúde

para descrever uma variedade de sintomas18

.

O tratamento das crises de sibilância é baseado no quadro clínico e na avaliação

objetiva da limitação ao fluxo aéreo. Doses repetidas de β2-agonistas por via inalatória, a cada

10-30 min na primeira hora, constitui a medida inicial de tratamento; oxigenoterapia poderá

ser usada, onde a SpO2 em crianças deve ser mantida acima de 94%. Os corticoides

sistêmicos necessitam ser usados de forma precoce. Outras drogas alternativas podem ser

utilizadas como o brometo de ipratrópio, administrado em associação com um β2-agonista de

curta ação por nebulização ou por inalador pressurizado e sulfato de magnésio, que é indicado

nas exacerbações muito graves, onde não há resposta ao tratamento usual. A aminofilina

também poderá ser utilizada nas crises sem resposta ao tratamento habitual19

.

Em virtude da inexistência de dados na literatura referentes à sibilância no estado de

Sergipe, buscou-se, com este trabalho, avaliar os perfis clínico e epidemiológico, bem como a

conduta terapêutica aplicada nos pacientes que foram internados com crises de sibilância no

Hospital Pediátrico José Machado de Souza (HUSE), no período entre março e maio de 2013.

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50

MÉTODOS

A pesquisa foi delineada nos moldes de um estudo transversal e descritivo.

A pesquisa em questão foi realizada no Hospital Pediátrico Dr. José Machado de

Souza, anexo ao Hospital de Urgências de Sergipe – HUSE. Este é o maior hospital público

do Estado de Sergipe, de nível terciário, sendo referência em urgência e emergência para este

Estado, além de atender às populações adjacentes dos estados vizinhos da Bahia e Alagoas. A

coleta de dados foi realizada no período de março de 2013 a maio de 2013.

A coleta de dados foi realizada através de pesquisa em prontuários e entrevista junto

aos responsáveis pelos pacientes, utilizando-se um questionário padronizado (ANEXO 1).

Este questionário continha informações clínicas (sinais, sintomas, antecedentes patológicos,

tratamentos realizados no hospital e fora dele) e epidemiológicas (renda familiar, grau de

instrução dos pais, condições de moradia). Todos os participantes foram orientados sobre o

caráter da pesquisa e, para tanto, antes de iniciarem as respostas, eles assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Foram incluídos no estudo, os pacientes com diagnóstico de sibilância, previamente

visualizado nos prontuários e excluídos aqueles que possuíam diagnóstico de pneumonia. Os

pacientes foram acompanhados durante toda a sua permanência no hospital e foram colhidas

informações acerca de mudanças no tratamento, bem como relativas a evolução clínica do

paciente: melhora, com alta para casa, ou piora, com transferência para áreas de maior

complexidade do hospital (área amarela, área vermelha, centro de terapia intensiva pediátrico)

ou óbito.

Os dados obtidos foram submetidos a análises estatísticas, utilizando o programa

SPSS, versão 20.0.

O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário

da Universidade Federal de Sergipe (Nº do CAAE: 08541312.1.0000.0058).

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RESULTADOS

A amostra consistiu de 50 pacientes pediátricos internados no hospital pediátrico. Mais

da metade tinha cerca de 5 meses e 15 dias de vida. A maior parte (60%) era do gênero

masculino. Quase metade (48%) das mães dos pacientes possuía ensino fundamental

incompleto. Com relação a fatores socioeconômicos, a renda familiar era de até 1 salário

mínimo para 62% dos pacientes e 10% dos entrevistados declararam não possuir rendimentos.

Chama atenção a falta de esgotamento sanitário e ausência de rua pavimentada em quase

metade da população estudada. Quase ¾ da população do estudo eram provenientes do

interior de Sergipe. (Tabela 1).

Com relação à frequência de sinais e sintomas, chiado, tosse e dispneia constituíram as

manifestações clínicas mais frequentes. (Tabela 2).

Todos os pacientes internados utilizaram corticoterapia e em 96% dos casos foi

associado o uso de β2-agonista inalatório. A antibioticoterapia foi utilizada em mais da

metade dos casos. Nenhum dos pacientes estudados necessitou de aminofilina, drogas

vasoativas ou ventilação mecânica. Em relação aos dados da internação e evolução do quadro,

a maioria dos pacientes foram avaliados como de menor gravidade e estiveram alocados na

área azul ou verde e 40% dos pacientes foram classificados como moderadamente graves ou

graves. (Tabela 3). Não houve nenhum óbito dentre os pacientes durante a pesquisa.

Quanto aos registros de diagnósticos nos prontuários dos pacientes avaliados na

pesquisa, a bronquiolite foi o diagnóstico de maior frequência (48%), seguido de

broncoespasmo (36%), asma (10%), bronquite (4%) e bebê chiador em apenas 2% dos casos.

Com relação às características neonatais, 26% haviam nascido prematuramente e foi

encontrado o mesmo percentual para os que necessitaram de internação na unidade de terapia

intensiva neonatal. Doze por cento dos pacientes utilizaram ventilação mecânica na UTIN. O

peso médio ao nascer foi de 2999g e o tempo de aleitamento materno exclusivo foi cerca de 3

meses. Dos pacientes, 24% apresentavam recorrência dos quadros respiratórios e 26% já

haviam sido internados uma ou mais vezes em decorrência do quadro respiratório (Tabela 4).

Com relação ao domicílio, observou-se uma alta frequência de objetos que acumulam

poeira doméstica. Trinta e quatro por cento das crianças estavam expostas à fumaça do cigarro

e em 72% delas, houve relato de excesso de fumaça ou poeira no peridomicílio. (Tabela 5).

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TABELAS

Tabela 1: Características sócio-demográficas dos pacientes internados com sibilância

Variável VALOR

Sexo

Masculino

Feminino

Idade (em meses) 1

Escolaridade da mãe

Não Alfabetizada

Ensino fundamental incompleto

Ensino fundamental completo

Ensino médio incompleto

Ensino médio completo

Ensino Superior incompleto

Procedência

Aracaju

Interior de Sergipe

Cor da pele

Branca

Negra

Parda

Renda Familiar

Sem rendimentos

Até um salário mínimo

Mais de 1 a 2 salários mínimos

Mais de 2 a 3 salários mínimos

Número de cômodos 1

Número de moradores 1

Rede de esgoto

Provimento de água

Encanada

Poço ou cisterna

Pavimentação da rua

60 (30)

40 (20)

5,5 (2,8-14,3)

4 (2)

44 (22)

12 (6)

24 (12)

14 (7)

2 (1)

26 (13)

74 (37)

24 (12)

10 (5)

66 (33)

10 (5)

52 (26)

34 (17)

4 (2)

5 (3,75-6)

4 (4-6)

56 (28)

76 (38)

24 (12)

60 (30)

1 – Valores em mediana (P25; P75)

2 – Demais valores descritos como % (n)

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Tabela 2: Frequência de sinais e sintomas dos pacientes internados com sibilância

Variável % (n) IC 95%

Chiado

Dispneia

Tosse

Espirros

Coriza

Obstrução nasal

Estridor

Febre

Dor Torácica

Outros sinais e sintomas

Alteração da Consciência

Diarreia

Vômitos

98 (49)

96 (48)

96 (48)

62 (31)

66 (33)

60 (30)

2 (1)

64 (32)

10 (5)

8 (4)

28 (14)

38 (19)

(92,7-100)

(92-100)

(90-100)

(52-75,3)

(50,1-80)

(40-74,6)

(0-8)

(48,7-74,6)

(2-19,3)

(2,7-16)

(14,7-46,6)

(22-53,3)

Tabela 3 – Evolução e Tratamento dos pacientes com sibilância internados no HUSE

Variável Valor

Quadro respiratório recorrente

Internações anteriores por quadro respiratório

Tratamento

Corticoide

Aerossol com β-2 agonista

Antibiótico

Oxigenoterapia

Evolução

Tempo entre o início da sibilância e a internação(em dias) 1

Ala de internação inicial

Ala azul

Ala verde

Ala amarela

Ala vermelha

Tempo de internação no HUSE (em dias) 1

24 (12)

26 (13)

100 (50)

96 (48)

56 (28)

68 (34)

3 (1-4)

44 (22)

16 (8)

26 (13)

14 (7)

3,5 (3-5)

IC95% (12,7-38)

IC95% (2-19,3)

IC95% (100-100)

IC95%(88,7-100)

IC95%(39,4-69,3)

IC95% (54,7-82)

1 – Valores em mediana (P25; P75)

2 – Demais valores descritos como % (n) e IC95%

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Tabela 4: Características neonatais e familiares dos pacientes internados no HUSE com quadro de

sibilância

Variável Valor

Peso ao nascer (em gramas) 1

Prematuridade

Internação na maternidade

UTIN

Ventilação mecânica na UTIN

Genitora fumante na gestação

Genitora asmática

Frequenta creche

Familiar com quadro respiratório (rinite,asma)

Leite materno exclusivo (em meses) 2

Primeiro leite não materno

Fórmula

Leite Artificial

Leite de vaca

2999 (± 862,399)

26 (13) IC95% (12,2-44,2)

28 (14) IC95% (11,4-45,3)

26 (13) IC95% (15-41,5)

12 (6) IC95% (1,4-20,4)

12 (6) IC95% (2,7-23,8)

8 (6) IC95% (0,7-17,7)

6 (3) IC95% (0-16,3)

42 (21) IC95% (31,3-57,8)

3 (0-3)

40 (20) IC95% (31,8-63,5)

38 (19) IC95% (31,8-63,5)

6 (3) IC95% (2,4-19)

1- Valor expresso em média (± desvio padrão)

2-Valores em mediana (P25; P75)

3– Demais valores descritos como % (n) IC95%

Tabela 5: Frequência de alérgenos no domicílio de crianças internadas no HUSE com quadro de sibilância

Variável % (n) IC95%

Carpete

Tapete

Cortina

Bicho-de-pelúcia

Mofo nas paredes

Exposição à fumaça de cigarro

Fogão à lenha

Animais de estimação (cachorro, gato ou aves)

Excesso de fumaça ou poeira

12 (6) IC95% (4,8-18,4)

36 (18) IC95% (24,5-50,3)

56 (28) IC95% (40,2-70,7)

48 (24) IC95% (34-61,2)

2 (1) IC95% (0-7,5)

34 (17) IC95% (21,1-46,9)

12 (6) IC95% (4,1-24,5)

46 (23) IC95% (27,2-58,5)

72 (36) IC95% (53,1-85)

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DISCUSSÃO

Neste estudo, a maior parte (60%) dos pacientes da amostra era do gênero masculino.

Estudos já relataram ser o gênero masculino um fator de risco para sibilância entre crianças.

Acredita-se que seja pelo menor calibre das vias aéreas dos meninos ao nascimento20

.

As maiores prevalências de crises de sibilos e asma, em países desenvolvidos, ocorrem

entre crianças de etnia negra, principalmente nas que moram em grandes centros urbanos e

possuem baixo nível econômico e social21,22,23

. No estudo em questão, apenas 10% das

crianças eram de etnia negra. Porém, há fatores que limitam a interferência da raça no

desenvolvimento da sibilância porque há dificuldade em se identificar, precisamente, a que

grupo étnico pertence os indivíduos nascidos em países com altos índices de miscigenação,

como o nosso país24

.

Exposições aos fatores de risco ambientais, especialmente aqueles relacionados à

condição socioeconômica baixa, são apontadas como a principal causa da maior prevalência

da sibilância e asma em países em desenvolvimento quando comparados aos países

desenvolvidos25.

No estudo em questão, mais da metade dos participantes apresentavam

características relacionadas a baixos índices socioeconômicos, como baixa familiar renda e

falta de infra-estrutura peridomiciliar. Porém, um fato que deve ser levado em consideração é

que se espera que, num hospital público como o HUSE, as pessoas não tenham renda familiar

elevada.

Estudos mostram que crianças que utilizaram fórmulas com leite de vaca ou proteína

da soja têm maior incidência de doenças que cursam com sibilos na infância do que aquelas

que usaram aleitamento materno26

. Neste estudo, as crianças se alimentaram com leite

materno por volta de 3 meses exclusivamente e foi alto o índice dos que utilizaram fórmulas e

leite artificial como primeiro leite.

Com relação aos sintomas associados com a sibilância, chama atenção a alta

frequência de fatores atópicos como coriza (66%), espirros (62%) e obstrução nasal (60%).

Num estudo transversal de prevalência em 303 lactentes matriculados na Unidade de Saúde

Materno Infantil do Marco – Belém-PA, no período compreendido entre novembro de 2009 e

abril de 2010 através de análise de prontuários27

, a presença de coriza e espirros se mostrou

presente em 20% das crianças cada um. Ainda neste estudo a tosse apareceu em primeiro

lugar com 87,5% dos casos. No presente estudo, esta se mostrou presente em 96% dos casos.

Ainda com relação ao estudo feito em Belém do Pará, a frequência de utilização da

nebulização com Beta 2-agonista foi de 62,5%, 40% utilizaram antibioticoterapia, 37,5%

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fizeram uso de corticoterapia e 12,5% utilizaram aminofilina. No estudo feito no HUSE, todos

os pacientes, independentemente dos critérios de gravidade utilizaram corticoterapia, 96%

usaram aerossol com beta-2 agonista, 56% fizeram uso de antibióticos e nenhum utilizou

aminofilina, possivelmente pela alta incidência de efeitos colaterais associados a esta

substância.

Genitoras fumantes durante a gravidez e tabagismo passivo após o nascimento tem

sido implicados no aparecimento precoce de sibilância. Ficou demonstrado que em ambientes

onde há fumantes, o risco para sibilância no terceiro ano de vida é três vezes maior28

. Num

estudo feito em Recife/PE29

, o tabagismo materno durante a gestação foi de 15% e o

tabagismo passivo, após o nascimento, 47%. No estudo de Aracaju, 12% das genitoras

fumaram durante a gestação e 34% das crianças eram fumantes passivos após o nascimento.

Foi verificado, neste estudo, uma alta prevalência de familiares com história de asma e

rinite (42%), reforçando a observação de que a presença de história familiar de asma foi

demonstrada como fator de risco para sibilância em pré-escolares e escolares.30

Neste trabalho, em relação aos sintomas, verificou-se um predomínio do chiado e

sintomas atópicos concomitantemente. Constatou-se que há uma dissociação no que tange ao

tratamento, presumida pelos critérios de gravidade (alas de internação), visto que foi utilizada

corticoterapia em todos os casos e antibioticoterapia em uma grande parte deles, evidenciando

que em algumas situações seu uso foi desnecessário. Chama atenção no estudo em questão a

alta prevalência de objetos que acumulam pó no domicílio, além do tabagismo passivo, poeira

e outros alérgenos.

É importante frisar também a baixa frequência de aleitamento materno, com alta

frequência de desmame precoce, aumentando as chances de doenças sibilantes, como foi

visto. A alta recorrência dos sintomas sibilantes, relatada pelos participantes do estudo,

contribui para mostrar que não há um manejo adequado destes pacientes, tanto no ambiente

doméstico, quanto nos serviços de saúde. Neste caso, os pais ou responsáveis pelos pacientes

necessitam de orientação concernente à profilaxia ambiental doméstica e devem ser

orientados para que as crianças façam seguimento ambulatorial, evitando as crises que

necessitem de visita aos serviços de urgência, as quais contribuem para maior morbidade e

aumento dos gastos em saúde no serviço público.

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AGRADECIMENTOS

Aos acadêmicos do curso de Medicina da Universidade Federal de Sergipe: Fabiano

Santana Santos e Maicon Juliano Lima Vieira pela ajuda constante neste trabalho. À Dra.

Patrícia Carla Souza Costa, coordenadora do Núcleo de Educação Permanente (NEP) do

Hospital de Urgências de Sergipe e à Dra. Christianne Souza Barreto, diretora do Hospital

Pediátrico José Machado de Souza. Aos pais e/ou responsáveis pelas crianças que

participaram da nossa pesquisa e nos atenderam com atenção e contribuíram para a realização

deste trabalho.

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ANEXO 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

Avaliação dos pacientes internados por sibilância no Hospital Pediátrico do HUSE: Protocolo de Estudo

1. Nome do paciente:

2. Nome da mãe: 3. Fone:

4. Escolaridade da mãe: □ Ensino fundamental incompleto □ Ensino fundamental completo □ Ensino médio incompleto □ Ensino médio completo □ Ensino superior incompleto □ Ensino superior completo

5. Data de nascimento: 6. Procedência:

7. Cor da pele: □ Branca □ Negra □ Amarela □ Parda

8. Número de irmãos: Ordem de nascimento do paciente:

9. Renda familiar: □ Sem rendimentos □ Até um salário mínimo □ Mais de 1 a 2

salários mínimos □ Mais de 2 a 3 de salário mínimos □ Mais 3 a 5 de salário mínimo □ Mais de 5

a 10 salários mínimos □ Mais de 10 a 20 salários mínimos □ Mais de 20 salários mínimos

10. Sinais e sintomas: □ Tosse □ Dispnéia □ Chiado no peito □ Estridor □ Espirros □ Coriza □ Obstrução nasal □ Febre □ Dor torácica □ Alteração do nível de consciência □ Diarréia □ Vômitos □ Outra. Qual? (verso)

11. Foi atendido pelo médico na UBS em virtude do quadro respiratório atual? □ Sim □ Não Quantas vezes, durante o quadro atual?

12. Conduta tomada na UBS, durante o quadro atual: □ Aerossol com β2-agonista □ Corticóide. Qual? (verso) □ Expectorante. Qual? (verso) □ Fitoterápico? Qual? (verso) □ Antibiótico. Qual? (verso) □ Outro. Qual? (verso) Foi orientado sobre sinais de gravidade para retornar ao serviço de saúde? □ S □ N

13. Data da internação: 14. Tempo decorrido entre o inicio dos sintomas e a internação:

15. Diagnóstico(s):

16. Tratamento prescrito no HUSE: □ Corticóide. Qual? (verso) □ Aerosol com β2-agonista. Intervalo inicial entre as doses? (verso) □ Aminofilina □ Antibiótico. Qual? (verso) □ Drogas vasoativas □ Oxigenoterapia □ Ventilação mecânica. Quanto tempo? (verso) Alteração no tratamento, durante a internação: □ S □ N. Qual? (verso)

17.Ala em que foi internado, inicialmente: _______________ Evolução do quadro: □ Piora, com transferência para Ala Vermelha ou CTI □ Melhora e alta para casa □ Óbito Recebeu alta do CTI ou saiu da Ala Vermelha? □ S □ N Alta após quantos dias de internação?____________

18. Internação anterior por quadro pulmonar? □ S □ N Quantas vezes? Qual o diagnóstico? (verso)

19. Esse quadro respiratório é recorrente? □ S □ N. Quantos episódios nos últimos 3 meses?_________________ Faz acompanhamento por esse quadro? □ S □ N Qual especialidade? Foi prescrito medicação de uso contínuo? Qual(is)?

20. Apresenta outras queixas recorrentes: □ Diarréia □ Vômitos □ Febre □ Alterações cutâneas □ Dor abdominal Outras:

21. Intercorrências neonatais e gestacionais: Peso ao nascer □ Prematuridade □ Internação na maternidade Tempo de internação? □ UTIN □ Ventilação mecânica Genitora fumou durante a gestação? □ Sim □ Não Genitora apresentou crise asmática durante a gestação? □ Sim □ Não Já tinha diagnóstico de asma previamente? □ Sim □ Não

22. O paciente é portador de doença crônica? □ S □ N. Qual?

23 Frequenta creche? □ S □ N 24. Cartão vacinal em dia? □ S □ N Vacinas em atraso? (verso)

Page 64: AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO CLÍNICA E MANUSEIO … · gestação deram origem a crianças com maior risco de sibilância e asma, e, nestas, foram verificados níveis elevados de IgE

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25. Outros familiares com queixas respiratórias recorrentes? □ S □ N. Quais queixas ou diagnósticos (rinite, asma, sinusite, laringite, pneumonias de repetição)? (verso)

26. Alimentação: Tempo de aleitamento materno exclusivo: Início do leite artificial: Qual leite? Água ingerida: □ Filtrada □ Fervida □ Mineral □ Direto da torneira □ Outro. Qual? (verso)

27.Habitação: Nº de cômodos: Nº de moradores: Provimento de água: □ Encanada □ Rio □ Poço artesiano ou cisterna □ Lago artificial Prença em casa de: □ carpete □ tapete □ cortina □ bicho de pelúcia □ mofo nas paredes □ fumantes □ Fogão à lenha □ rede de esgoto □ animais de estimação Rua pavimentada: □ S □ N Excesso de fumaça, poeira: □ S □ N

28. Laboratório: Hb : Ht : Leucócitos : Neutrófilos : Eosinófilos: Protoparasitológico : pH sérico: pO2: Pco2: