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Avaliação Educacional Prof. Leandro Gabriel dos Santos Pressupostos Epistemológicos da Avaliação Educacional É preciso identificar em que matriz epistemológica foi inspirado esse ou aquele modelo. Objetivismo Para fazer ciência, é preciso lidar com fatos objetivos e “objetivo” passa a ser somente aquilo que pode ser observado, medido, palpado. Os professores passaram a valorizar os testes, as questões de múltipla-escolha, as provas objetivas. Subjetivismo Necessidade de respeitar o ritmo individual de cada um para a aquisição de aprendizagem. Valorização da auto-avaliação, do estudo dos aspectos afetivos e da análise das condições emocionais que interferem na aprendizagem. Maior espaço para a elaboração de questões abertas. O vínculo indivíduo-sociedade A redefinição da avaliação educacional deve ter como unidade de análise o vínculo indivíduo-sociedade numa dimensão histórica. Compreender o indivíduo implica explicitar a especificidade de sua atividade no contexto de uma configuração social. A importância da “práxis”. O fracasso escolar, a evasão e a repetência estão relacionados com a utilização de modelos inadequados, parciais e fragmentados de avaliação. Breves reflexões sobre a avaliação

Avaliação educacional

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Avaliação Educacional

Prof. Leandro Gabriel dos Santos

Pressupostos Epistemológicos da Avaliação Educacional

É preciso identificar em que matriz epistemológica foi inspirado esse ou aquele modelo.

Objetivismo

Para fazer ciência, é preciso lidar com fatos objetivos e “objetivo” passa a ser somente aquilo que pode ser observado, medido, palpado.

Os professores passaram a valorizar os testes, as questões de múltipla-escolha, as provas objetivas.

Subjetivismo

Necessidade de respeitar o ritmo individual de cada um para a aquisição de aprendizagem.

Valorização da auto-avaliação, do estudo dos aspectos afetivos e da análise das condições emocionais que interferem na aprendizagem.

Maior espaço para a elaboração de questões abertas.

O vínculo indivíduo-sociedade

A redefinição da avaliação educacional deve ter como unidade de análise o vínculo indivíduo-sociedade numa dimensão histórica.

Compreender o indivíduo implica explicitar a especificidade de sua atividade no contexto de uma configuração social.

A importância da “práxis”.

O fracasso escolar, a evasão e a repetência estão relacionados com a utilização de modelos inadequados, parciais e fragmentados de avaliação.

Breves reflexões sobre a avaliação

Descompasso entre os atuais métodos de ensino das escolas (conceitos modernos da Pedagogia) e suas práticas correntes de avaliação.

O que deveria ser meio, torna-se fim.

Modelo de “vigiar e punir” no disciplinamento, dentro dos ambientes escolares, o que resulta em autoritarismo, conformismo, repressão, normatização, hierarquização.

O sistema escolar pode ser entendido como uma máquina de transmissão de saberes específicos, mas, também, de vigiar, punir, hierarquizar e recompensar (FOUCAULT).

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Valores meritocráticos.

A ação escolar pode fortalecer o pensamento convergente, a subordinação às normas e a propagação das ideias de reprodução e/ou conformismo.

Revisando a teoria da avaliação da aprendizagem

As teorias divulgadas no Brasil refletem os princípios da pedagogia tecnicista, de cunho empresarial-tecnocrático (baseado em padrões de racionalidade, eficiência e redução de gastos).

Definições de Avaliação

Tyler: Consiste em determinar se os objetivos educacionais estão sendo realmente alcançados pelo programa do currículo e do ensino.

Bloom: É um sistema de controle de qualidade pelo qual pode ser determinada, em cada etapa do processo ensino-aprendizagem, a efetividade ou não do processo.

Ausubel: Avaliar significa emitir um julgamento de valor ou mérito, examinar os resultados educacionais para saber se preenchem um conjunto particular de objetivos educacionais.

Atividade que envolve uma série de ações sistemáticas que são desencadeadas visando a certos resultados, ou seja, a avaliação é vista como um processo.

Natureza da Avaliação

A avaliação é uma atividade mais abrangente que a medida (a qual fornece dados quantitativos) e é uma atividade que envolve fases contínuas de trabalho.

Ragan e Gronlund: a avaliação pode considerar dados qualitativos e quantitativos, enquanto a medida apenas dados quantitativos; com isso, a avaliação pode ocorrer independentemente da medida.

A avaliação deve:

Ser contínua;

Ser compatível com os objetivos propostos;

Ser ampla;

Deve haver diversidade de formas de proceder à avaliação.

Funções da Avaliação

Diagnosticar;

Retroinformar: busca dos resultados alcançados durante e ao final do percurso, visando replanejar o trabalho;

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Favorecer o desenvolvimento individual: a avaliação estimula o crescimento do aluno, para que se conheça melhor e desenvolva a capacidade de auto-avaliar-se.

Obs.: A tarefa de avaliar não é exclusiva do professor, mas estende-se a outros elementos participantes do processo educacional.

A avaliação não é um processo meramente técnico, mas implica em uma postura política e inclui valores e princípios.

Avaliação da Aprendizagem

Critério de avaliação: é um princípio que se toma como referência para julgar alguma coisa.

Luckesi (1984) enfatiza a importância do critério, dizendo que a avaliação não poderá ser praticada sobre dados inventados pelo sujeito, sob pena de nada estar avaliando.

Necessidade de usar o critério como exigência de qualidade e não como forma de autoritarismo do professor para com o aluno.

Perigo de preconceitos por parte do professor, ao avaliar:

Preconceito de comportamento;

Preconceito da estética;

Preconceito por causa do cansaço do professor.

No processo de aprendizagem, os critérios podem:

Oferecer julgamentos mais justos para os alunos;

Esclarecer o que é desejado;

Homogeneizar procedimentos de avaliação;

Permitir a análise dos desempenhos desenvolvidos;

Oferecer uma orientação mais precisa em caso de problemas e sucessos.

O papel da nota na avaliação da aprendizagem

Thorndike (1969): notas são símbolos somativos que caracterizam o desempenho dos estudantes em seus esforços educacionais.

Críticas às notas: fornecem uma medida imprecisa a respeito do desempenho do aluno; não focalizam os objetivos mais importantes do ensino.

Os diferentes tipos de avaliação

Muitas são as avaliações, seus usos e efeitos. Nenhuma avaliação jamais é neutra (SOBRINHO, 2003).

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Avaliação Diagnóstica

É um instrumento que visa detectar o nível de conhecimento que o aluno possui.

É um estudo dos conhecimentos e das experiências dos alunos, de maneira a nortear o processo de ensino-aprendizagem.

Objetivos de identificar os conhecimentos dos alunos e prepará-los para ampliar o nível de aprendizagem.

Avaliação Formativa

Tem a preocupação central de coletar dados para reorientar os processos de ensino e de aprendizagem. Emprega-se durante todo o processo, considera todos os aspectos educacionais e permite a continuidade ou o redimensionamento do processo de ensino.

Avaliação Mediadora

Trabalha nos mesmos princípios e fundamentos da avaliação formativa.

Tem como principal enfoque mediar e intervir de modo que ajude o aluno a progredir e superar suas dificuldades.

Orienta e oferece caminhos alternativos para o aluno prosseguir, seguindo um caminho de buscas e investigações.

Em uma perspectiva mediadora, não há caminho modelo, pois há condições e ritmos diferenciados de aprendizagem.

A avaliação mediadora exige a observação individual de cada aluno.

Avaliação Somativa

Também é conhecida como avaliação classificatória, cujo objetivo principal é determinar o grau de conhecimento do aluno.

Tem como propósito classificar os alunos ao final do período.

Não leva em conta as subjetividades e discrimina os modos diferentes de se perceber a aprendizagem.

A avaliação reproduz a estrutura da classe dominante e cria hierarquias de excelência.

Tal prática avaliativa recusa-se a tratar dos problemas concretos e urgentes da educação para servir às organizações políticas e econômicas do capitalismo.

Percebe-se o interesse em uma educação alienante. Os alunos são comparados e, depois, classificados, em virtude de uma norma padrão.

A própria existência de uma escala a ser utilizada cria hierarquia, às vezes a partir de pontos pouco significativos (PERRENOUD, 1999).

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A Pedagogia do Exame

Os Exames, qualquer que seja a forma que adotem, devem estar a serviço da aprendizagem, do ensino e do currículo e antes, é claro, do sujeito que aprende.

É falso afirmar que só se aplica o Exame quando não existe compromisso com a aprendizagem. O que se busca é que estes Exames tenham significados e não sirvam por si só para julgar e avaliar o aluno.

O Exame deve ser considerado como um momento privilegiado de investigação, de conhecer e retomar as dúvidas e os anseios dos discentes.

Aspectos essenciais de uma avaliação formativa

A lógica de se aderir à avaliação formativa segue a mesma lógica da democracia.

“Assim procede a democracia: não prometo acabar com o poder, mas pretende democratizá-lo. Acabar com o poder só pode ser truque do poder. Acabar com a classificação é a classificação mais sonsa” (DEMO, 2004).

Devemos “considerar como formativa toda prática de avaliação contínua que pretenda contribuir para melhorar as aprendizagens em cursos, qualquer que seja o quadro e qualquer que seja a extensão concreta da diferenciação do ensino” (PERRENOUD, 1999).

Provinha Brasil

Avaliação diagnóstica do nível de alfabetização das crianças matriculadas no segundo ano de escolarização das escolas públicas brasileiras

Acontece em duas etapas, uma no início e a outra ao término do ano letivo.

Todos os anos os alunos da rede pública de ensino, matriculados no segundo ano de escolarização, têm oportunidade de participar do ciclo de avaliação da Provinha Brasil.

É necessário que as secretarias de educação planejem as formas de aplicação e correção dos testes, assim como a interpretação, a utilização e a divulgação dos resultados, de acordo com os objetivos definidos para a avaliação.