39
1 REDE DE AVALIAÇÃO E CAPACITAÇÃO PARA A IMPLEMENTAÇÃO DOS PLANOS DIRETORES PARTICIPATIVOS Nome do pesquisador responsável: Ivana Arruda Silveira Saraiva E-mail e telefone de contato: (31) 8769-9030 – [email protected] Município: LAGOA SANTA Número da lei: Lei Municipal Nº 2633/2006 Data da aprovação do Plano Diretor: 10 de outubro de 2006 Estado: MINAS GERAIS A. INFORMAÇÕES GERAIS DO MUNICÍPIO Com uma população de 45 mil habitantes (2007), Lagoa Santa localiza-se na região central de Minas Gerais, a 35 km de distância da capital mineira, Belo Horizonte, sendo uma das 34 cidades que fazem parte da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), como pode ser observado no Mapa 1. Mapa 1

Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

1

REDE DE AVALIAÇÃO E CAPACITAÇÃO PARA A IMPLEMENTAÇÃO DOS PLANOS DIRETORES PARTICIPATIVOS

Nome do pesquisador responsável: Ivana Arruda Silveira Saraiva E-mail e telefone de contato: (31) 8769-9030 – [email protected] Município: LAGOA SANTA Número da lei: Lei Municipal Nº 2633/2006 Data da aprovação do Plano Diretor: 10 de outubro de 2006 Estado: MINAS GERAIS

A. INFORMAÇÕES GERAIS DO MUNICÍPIO

Com uma população de 45 mil habitantes (2007), Lagoa Santa localiza-se na região

central de Minas Gerais, a 35 km de distância da capital mineira, Belo Horizonte, sendo uma

das 34 cidades que fazem parte da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), como

pode ser observado no Mapa 1.

Mapa 1

Page 2: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

2

De acordo com informações da Prefeitura local, o município de Lagoa Santa foi

fundado em 1773 por Felipe Rodrigues, tropeiro viajante que se estabeleceu no local.

Primeiramente chamou-se de Lagoa Grande e Lagoa das Congonhas do Sabarabuçu. O nome

atual do município originou-se através da cura milagrosa que ocorreu com Felipe, após banhar

suas feridas na Lagoa, passando então, a ser chamada de Lagoa Santa.

O município está situado na média bacia do Rio das Velhas, no interflúvio do Rio das

Velhas (a leste) e Ribeirão da Mata (a oeste-sudoeste) e parte de seu território encontra-se

dentro da APA Carste Lagoa Santa (Figura 1). Essa área de proteção ambiental caracteriza-se

pelo relevo cárstico, formado por rochas calcárias de fácil dissolução pela água, fato que

contribui para a formação de cavernas subterrâneas e lagoas, abundantes na região,

importantes também para a história do município.

A Geomorfologia do município é típica de área cárstica com algumas morfologias

marcantes como a variedade, forma e tamanho de dolinas; condutos subterrâneos; diversidade

de lagos com comportamento hídrico associado às dolinas; afloramentos rochosos (lapias). A

região é definida por um relevo acidentado do tipo côncavo-convexo, com formas superficiais

próprias que resultam da dissolução de rochas carbonáticas e da estruturação de uma

hidrografia com importantes componentes subterrâneos.

Figura 1: APA Carste de Lagoa Santa Fonte: Mapa esquemático constante da apresentação do Plano Diretor de Confins

Page 3: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

3

Segundo BERBERT-BORN (2000), a região possui formações vegetacionais de

Cerrado e Floresta Estacional Semidecidual, segundo a classificação do IBGE – Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (1993). O Cerrado restringe-se a manchas

remanescentes, em regeneração ou em transição (Mata-Cerrado). Nas dolinas e arredores dos

afloramentos prevalece a Floresta Estacional Semidecidual. Sobre os afloramentos calcários

desenvolve-se Floresta Estacional Decidual, do tipo “Mata Seca”.

A.1 – Caracterização sócio-demográfica e econômica do município

A população de Lagoa Santa vem crescendo a taxas elevadas desde os anos 80. Sua

posição próxima a Belo Horizonte a coloca como lugar onde são cumpridas funções para

atendimento à população de Belo Horizonte, mantendo um alto nível de integração com a

metrópole (ver Mapa 2)

- Posteriormente esse estudo passou por uma revisão que alterou o grau de integração de dois municípios da RMBH. Betim passou de alta para muita alta integração e Confins de média para alta. No entanto, as análises aqui apresentadas foram realizadas anteriormente a essa revisão.

Mapa 2

Page 4: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

4

O fato do município ter apresentado um crescimento considerável, chegando a dobrar

sua população nos últimos 27 anos (dos anos 80 a 2007), faz com que haja uma pressão sobre

a cidade, dificultando a gestão e controle sobre o processo de crescimento.

Como pode-se observar, a população de Lagoa Santa é predominantemente urbana.

(ver Tabela 1).

Dados do IBGE (1980, 1991, 2000, 2007) apresentam um incremento populacional de

10 mil habitantes entre 1980 e 1991, equivalente a uma taxa de crescimento de 3,94% anual;

no período de 1991 a 1996, este incremento foi de 3,27% anual, correspondendo a 2.846

habitantes; de 2000 a 2007 este incremento foi de 7.050habitantes, caracterizando uma taxa de

crescimento de 2,47% anual no período.

Nesse processo de crescimento da cidade assistiu-se a uma perda de população rural,

entre os anos 80 e 91, que se recuperou e se estabilizou nos anos subsequentes.

A.2 – População ocupada por setor de atividades – Ano 2000

O município de Lagoa Santa, segundo dados do Censo Demográfico - 2000,

apresentava 15.116 pessoas no mercado de trabalho. No mesmo ano, a principal atividade

Tabela 1 – População residente por situação de domicílio – Lagoa Santa no período de 1980 - 2007 ∆ % ∆ % ∆ % ∆ %

Ano 1980 -1991

1991 -1996

1996 -2000

2000 – 2007

Situação de domicílio

1980 1991

1996

2000

2007

População total 19.499 29.824 3,94 35.026 3,27 37.872 1,97 44.922 2,47

Urbana 15.376 27.979 5,59 32.557 3,08 35.396 2,11 42386 2,61

Rural 4.123 1.845 -7,05 2.469 6 2.476 0,07 2536 0,34

Grau de urbanização (%)

78,86% 93,81% - 92,95% - 93,46% - 94,35% -

Fonte: IBGE. Censo Demográfico, 1980, 1991, 2000. Contagem da população, 2007.

Page 5: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

5

econômica do município era o setor de serviços, perfazendo 30% do pessoal ocupado; o setor

primário, que compreende as atividades ligadas ao meio rural, tinha apenas 3% das pessoas

ocupadas nas atividades totais do município, o que condiz com o alto grau de urbanização do

mesmo.

Outras atividades importantes do município são a indústria da construção civil e o

setor de comércio de mercadorias, cada um movimentando 12% do pessoal ocupado na

economia. A descrição completa das atividades econômicas de Lagoa Santa encontra-se na

Tabela 2, a seguir.

A presença de grande parte do pessoal ocupado nos setores de prestação de serviços e

no comércio decorre de sua função, predominantemente, voltada para o atendimento à

população de Belo Horizonte que se desloca para os condomínios e atividades de lazer na

região.

Tabela 2: População Ocupada 2000 Setor por atividade

Atividade hab %

Atividades agropecuárias, de extração vegetal e pesca 482

3

Indústria de transformação 1056 7

Indústria de construção civil 1783 12

Outras atividades industriais 102 1

Comércio de mercadorias 1819 12

Transporte e comunicação 790 5

Serviços auxiliares da atividade econômica 636 4

Prestação de serviços 4530 30 Social 1401 9

Administração pública 912 6 Outras atividades 1605 11

TOTAL 15116 100

Fonte: IBGE - Censo Demográfico 2000

Page 6: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

6

A.3 – Estratificação da população por renda segundo dados do IBGE - 2000

Segundo dados do IBGE - 2000, os domicílios com rendimentos até 3 salários

mínimos representam significativos 37% da população, sendo que até 5 salários mínimos

atingem 57%. Os rendimentos de três a cinco salários mínimos configuram o segundo maior

grupo de renda da população de Lagoa Santa, com 20% do total, encontrando-se

predominantemente na faixa etária de 25 a 45 anos. A maioria da população recebe entre

cinco e dez salários mínimos, o que representa 24% da população ativa, distribuídos

sobretudo na faixa etária de 25 a 45 anos, seguida pela faixa de 46 a 65 anos.

A descrição mais detalhada das classes de rendimento nominal mensal de Lagoa Santa

encontra-se na Tabela 3.

Tabela 3: Rendimento total domiciliar em salários mínimos, por faixa etária do responsável pelo domicílio

Faixa Etária Rendimento Nominal Mensal Domiciliar 10 a 14 15 a 24 25 a 45 46 a 65 Mais de 65 Total % sem rendimento 0 17 251 125 24 417 4,2 mais de 1/4 a 1/2 0 0 52 8 0 60 0,6 mais de 1/2 a 1 0 33 271 205 170 679 6,8 mais de 1 a 2 0 95 680 309 140 1224 12,3 mais de 2 a 3 0 88 676 319 184 1267 12,7 mais de 3 a 5 0 73 1148 604 161 1986 20 mais de 5 a 10 0 79 1096 885 281 2341 23,5 mais de 10 a 20 0 0 624 563 166 1353 13,6 mais de 20 a 30 0 0 183 141 0 324 3,26 mais de 30 0 0 116 92 88 296 2,98

Total 0 385 5097 3251 1214 9947 100 Fonte: IBGE – Censo Demográfico 2000

A.4 – Déficit habitacional e déficit de acesso aos serviços de saneamento

ambiental

O déficit habitacional de Lagoa Santa, em 2000, era de 823 moradias, sendo 98% na

área urbana, 2% na área rural, como pode-se observar na Tabela 4.

Page 7: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

7

Tabela 4 - Déficit habitacional – Lagoa Santa – 2000

Situação Déficit % do total de domicílios

Total 823 8,35%

Urbana 814 8,85%

Rural 9 1,37%

Fonte: Fundação João Pinheiro. Centro de Estatística e Informações, 2000.

Dados da Tabela 4 apontam que o déficit habitacional absoluto total de Lagoa Santa

representa 8,4% do total de moradias do município, enquanto o déficit habitacional absoluto

urbano representa 8,9% das moradias urbanas e o déficit habitacional absoluto rural

representa 1,4% das moradias da zona rural do município.

Lagoa Santa apresenta boa infra-estrutura em relação ao saneamento ambiental. A

Tabela 5 mostra o déficit de acesso aos serviços de saneamento ambiental.

Tabela 5: Percentual de Pessoas que vivem em Domicílios com Acesso aos Serviços Básicos,

1991 e 2000 Serviços 1991 2000

% de pessoas que vivem em domicílios com água encanada. 84,16 92,81

% de pessoas que vivem em domicílios com banheiro e água encanada. 80,04 91,29

% de pessoas que vivem em domicílios urbanos com serviço de coleta de lixo. 45,75 88,87 % de pessoas que vivem em domicílios com energia elétrica. 97,41 99,33

% de pessoas que vivem em domicílios subnormais. 0,69 0 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil

Analisando os dados da tabela, é possível perceber um aumento significativo na oferta

dos serviços de saneamento ambiental. O serviço que mais se expandiu foi o de coleta de lixo,

Page 8: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

8

fato este provavelmente relacionado com a transferência da obrigação destes serviços para os

condomínios fechados, que praticamente dobrou, passando de 45,75% em 1991 para 88,87 %

no ano 2000. Com relação à energia elétrica, o município abrange quase 100% dos domicílios

da cidade e os domicílios que possuem água encanada aumentaram de 81,16% em 1991 para

92,81% em 2000.

Lagoa Santa, segundo a tipologia municipal produzida pelo Observatório das

Metrópoles, sob a coordenação de Tânia Bacelar e reformulado por Ermínea Maricato, se

enquadra na classificação B, que significa: Principais Aglomerações e Capitas Ricas.

O município não possuía Plano Diretor antes da aprovação do Estatuto da Cidade, em

2001. A atual Lei Municipal Nº 2633/06, que institui este plano, entrou em vigor na data de

10 de outubro de 2006.

B. ACESSO A TERRA URBANIZADA

B.I - A Função Social da Propriedade

O Plano Diretor de Lagoa Santa estabelece como diretriz o cumprimento da função

social da cidade e da propriedade no Art. 3º, §1º e §2º:

Art. 3 - § 1º - A função social da cidade compreende o direito de todo cidadão à moradia, ao emprego e à renda, ao transporte público, ao saneamento básico, à energia elétrica, à iluminação pública, à saúde, à educação, à cultura, ao esporte e lazer, à segurança pública, à preservação ambiental e cultural e à participação na gestão planejada. § 2º São funções sociais da propriedade: I - o uso compatível com a saúde e a segurança dos munícipes, bem como com a preservação ambiental e cultural; II - o uso como suporte para atividade de interesse do Município, considerando os preceitos do desenvolvimento sustentável. (Lei Municipal nº: 2633/06)

Assim, considera-se que a função social da propriedade é cumprida quando atende às

exigências fundamentais expressas no Plano Diretor.

Page 9: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

9

B.II - Controle do Uso e Ocupação do Solo

O macrozoneamento estabelece um referencial espacial para o uso e a ocupação do

solo na cidade, em concordância com as estratégias de política urbana. Define inicialmente

grandes áreas de ocupação: Zona Rural, Zona Urbana e Zonas Urbanas Especiais, destacando-

se na Zona Rural a Área de Proteção Ambiental – APA Carste de Lagoa Santa e seu entorno

(Art. 7º, Inciso III, §2º), como pode ser observado na Tabela 6. Cabe ressaltar que, no caso da

APA Carste, a ocupação e o uso do solo no seu interior deverão ser autorizados pelos órgãos

responsáveis no Município, no Estado e União, dentre os quais, o Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Dessa maneira, circunscreve-se o

perímetro urbano, ou seja, a área em cujo interior valem as regras da política urbana.

A partir da definição do perímetro urbano o macrozoneamento define, ainda em

grandes áreas de interesse de uso, as zonas onde se pretende incentivar, coibir ou qualificar a

ocupação. A caracterização de cada Zona e a definição de seus respectivos objetivos e

diretrizes de uso e ocupação do solo são definidos segundo os artigos, incisos e parágrafos,

conforme consta na Tabela 6.

Tabela 6: Macrozoneamento Municipal de Lagoa Santa

MACROZONEAMENTO ZONEAMENTO REFERENCIA NO PD

Zona de Proteção Ambiental - ZPA Art. 10, Inciso I. Macrozoneamento Rural Zona de Atividades Rurais - ZR Art. 10, Inciso II.

Zona mista – ZMI Art. 13, Inciso I. Zona Mista Adensada - ZMA Art. 13, Inciso II. Zona de Adensamento Restrito - ZAR Art. 13, Inciso III. Zona de Adensamento Controlado - ZAC Art. 13, Inciso IV. Zona Especial de Adensamento - ZEA Art. 13, Inciso V. Zona De Atividades Econômicas - ZAE Art. 13, Inciso VI. Zona de Empreendimentos de Porte - ZEP Art. 13, Inciso VII.

Macrozoneamento Urbano

Zona de Expansão Urbana - ZEU Art. 13, Inciso VIII.

Áreas de Interesse Social Art. 15, Inciso I. Áreas de Interesse Urbanístico; Art. 15, Inciso II.

Macrozoneamento Áreas de

Interesse Especial Áreas de Interesse Ambiental Art. 15, Inciso III.

Áreas de Interesse Cultural. Art. 15, Inciso IV.

Fonte: Elaborado a partir da Lei Municipal Nº 2633/06.

Page 10: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

10

O macrozoneamento está delimitado nos mapas:

• “Mapa do Macrozoneamento Municipal – Anexo I”; e

• “Mapa de Macrozoneamento Urbano – Anexo II”,

como “manchas”, sem referência geográfica, conforme pode ser observado nas Figuras 2 e 3.

Contudo, o Art. 7º, §3º estabelece que o perímetro urbano, bem como o zoneamento, serão

definidos em legislação específica. E acrescenta, no §4º, que a delimitação do perímetro

urbano do Distrito Sede e das Zonas Urbanas Especiais, bem como sua descrição detalhada,

será feita com base no Macrozoneamento constante no Plano Diretor, no prazo de 180 dias

contados a partir da aprovação da lei.

Mapa 3: Mapa do Macrozoneamento Municipal Fonte: Plano Diretor de Lagoa Santa, 2006

Page 11: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

11

Em complementação ao Plano Diretor, são estabelecidos instrumentos normativos da

Política de Desenvolvimento Urbano e Ordenação Territorial, definidos pelo Art. 18, Incisos I

a VI:

I - Lei do Perímetro Urbano;

II - Lei de Parcelamento;

III - Lei de Uso e Ocupação do Solo;

IV - Código de Obras;

V - Código de Posturas;

VI – Lei Ambiental.

Até que se aprove as leis complementares previstas no Art. 18, permanecerão em vigor

a Lei de Parcelamento, a Lei de Uso e Ocupação do Solo, o Código de Obras, Posturas, leis

ambientais vigentes, com suas alterações até a presente data. (Art. 101).

Fica estabelecido que o zoneamento de uso e ocupação do solo existente será revisto e

poderá ser alterado, se necessário, em legislação específica, no prazo de 180 dias, contados a

partir da aprovação do Plano Diretor. (Art. 28 e Art. 101, §2º).

Mapa 4: Mapa do Macrozoneamento Urbano Fonte: Plano Diretor de Lagoa Santa, 2006

Page 12: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

12

B.III - Perímetro Urbano e Parcelamento do Solo

O Plano Diretor não faz nenhuma menção em relação ao fato de ter havido alteração

do perímetro urbano do município de Lagoa Santa e não estabelece regras para tal. No

entanto, no Art. 7º, Inciso 3, §3º o Plano Diretor define que: “o perímetro urbano, bem como

o zoneamento, serão definidos em legislação específica”.

No que se refere ao parcelamento do solo urbano, alguns parâmetros básicos são

definidos, tais como:

• Art. 22, Inciso III: definição de lote mínimo de 360m², com frente mínima de

12m;

• Art. 44, Incisos I à VI: dispõe sobre a classificação das vias, a partir da

seguinte hierarquia funcional: vias de ligação regional; vias arteriais; vias

coletoras; vias locais; vias de pedestre; e ciclovias, e estabelece diretrizes para

o parcelamento, dentre outros. No Anexo VI ficam definidos os Parâmetros e

Características Geométricas das Vias supra citadas.

Além disto, o Art. 18 estabelece como instrumentos normativos, em complementação

ao Plano Diretor, a Lei do Perímetro Urbano e Lei de Parcelamento, dentre outros, conforme

consta nos Incisos I e II, respectivamente, do artigo supra citado.

Para o parcelamento de interesse social, não foram estabelecidas regras específicas no

Plano Diretor. Entretanto, no Art. 19 §1º, fica estabelecido que na AIS I1, caso seja

necessário, será admitida a adoção de parâmetros urbanísticos inferiores aos estabelecidos

pela legislação de parcelamento, quando da sua aprovação, de acordo com regulamentação

específica para cada área, ou seja, remete para uma regulamentação específica para cada área.

Para os novos parcelamentos de interesse social, o Plano Diretor estabelece a AIS III2

sem, contudo, prever seus parâmetros urbanísticos e sua territorialização no Mapa

Macrozoneamento Urbano. No entanto, estabelece uma única “mancha” de AIS, de forma

genérica, sem definir a que tipo de AIS se refere: AIS-I, AIS-II ou AIS-III, o que compromete

a aplicabilidade do instrumento. Ressalta-se, ainda, que foram definidas AIS para áreas

ocupadas (AIS-1 e AIS-2) e para implantação de assentamentos habitacionais de interesse

1 AIS I: Áreas ocupadas irregularmente por população carente. (Art. 15, Inciso I,a). 2 AIS III: Áreas destinadas à instalação de parcelamentos ou ocupação de interesse social. (Art. 15, Inciso I,c).

Page 13: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

13

social (áreas desocupadas), que devem ser regidas por parâmetros urbanísticos e de

parcelamento totalmente diferentes.

Em relação a área de expansão urbana fica definido, dentro da Macrozona Urbana, a

Zona de Expansão Urbana:

Art. 13 - VIII - Zona de Expansão Urbana, ZEU, que corresponde às áreas ainda vazias dentro do perímetro urbano propícias à ocupação, pelas condições do sítio natural e possibilidade de instalação de infra-estrutura, respeitando-se as restrições previstas na legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo e no Código Florestal. (Lei Municipal 2633/06).

Assim, além de conceituada, a Zona de Expansão Urbana está devidamente

territorializada no Mapa de Macrozoneamento Urbano – Anexo II, condições indispensáveis à

aplicabilidade do zoneamento em questão.

B.IV - Coeficientes e Macrozonas

Como já mencionado, o Plano Diretor define o Macrozoneamento em três divisões de

acordo com o Art. 7º:

I - Zona Rural que corresponde às áreas pertencentes ao território municipal, destinadas ao usos rurais, excluídas as pertencentes ao perímetro urbano do município. II - Zona Urbana, que corresponde às áreas incluídas no perímetro urbano do município, ocupadas pelos usos urbanos ou comprometidas com esses usos em função dos processos de ocupação do solo instalados no município. III - Zona Urbana Especial, que corresponde às áreas com características urbanas localizadas distantes da mancha urbana do distrito sede. (Lei Municipal 2633/06)

Essas Macrozonas são subdivididas, conforme consta da Tabela 6, e são delimitadas

conforme Mapa 4.

O uso e ocupação do solo são regulamentados pela Lei de Parcelamento do Solo

Urbano e pela Lei de Uso e Ocupação do Solo, criadas de forma complementar ao Plano

Diretor através do Art. 18, Incisos II e III. O Art. 22, Parágrafo Único, estabelece que os

critérios de adensamento específicos para as diferentes áreas serão definidos nas leis acima

especificadas, atendendo às características do sítio natural e à disponibilidade de infra-

estrutura viária e sanitária.

Page 14: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

14

Além das legislações específicas o Plano Diretor define e conceitua, no Art. 24, Inciso

I ao VII e no anexo IV ao VI, as categorias de uso no município, como pode ser observado

nas Tabelas 7 e 8.

Assim, como pode-se verificar, não foram estabelecidos coeficientes de

aproveitamento básico e máximo no Plano Diretor e, por conseqüência, não consta a sua

TAB. 7 -

TAB. 8 -

Page 15: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

15

forma de cálculo. Contudo, conforme citado anteriormente, consta alguns parâmetros para o

controle do uso e ocupação do solo, tais como o tamanho dos lotes, taxa de ocupação, taxa de

permeabilidade (Tabela 8) e número máximo de pavimentos em alguns zoneamentos

específicos, no limite máximo de 3 pavimentos para o município (Art. 22, Inciso II). Cabe

ressaltar que o Art. 18, Inciso III remete à legislação específica, a saber: Lei de Uso e

Ocupação do Solo.

O Plano Diretor não define o que é subutilização, não utilização e terreno vazio.

Apenas trata da questão de área vazia na Zona de Expansão Urbana, Art.13, Inciso VIII:

Zona de Expansão Urbana, ZEU, que corresponde às áreas ainda vazias dentro do perímetro urbano propícias à ocupação, pelas condições do sítio natural e possibilidade de instalação de infra-estrutura, respeitando-se as restrições previstas na legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo e no Código Florestal. (Lei Municipal nº 2633/06).

No que se refere às políticas específicas para sítios históricos e áreas centrais, fica

estabelecido no Art. 15 que as diretrizes das Áreas de Interesse Especial prevalecerão sobre as

diretrizes do macrozoneamento.

O Inciso IV define as Áreas de Interesse Cultural:

Áreas de Interesse Cultural - AIC, que correspondem às áreas comprometidas com a preservação da cultura e história do município e de seus habitantes, exigindo a adoção de medidas e parâmetros destinados a sua preservação. (Lei Municipal nº 2633/06).

Cabe ressaltar que a AIC, embora conste da legenda do Mapa de Macrozoneamento

Urbano – Anexo II, não é delimitada no mesmo, comprometendo sua aplicabilidade.

No que se refere à região central, o Art. 68, Inciso III estabelece como política de

conforto ambiental, a importância de se conter o adensamento e a verticalização da mesma.

Em relação a Área de Proteção Ambiental, o Plano Diretor estabelece várias diretrizes,

uma vez que Lagoa Santa encontra-se inserida em uma região de APP3 Ambiental. Desta

forma, para a área rural, fica definido no Art. 10, Inciso I:

Zona de Proteção Ambiental, ZPA que compreende as áreas ocupadas por RPPNs, Reservas Legais averbadas e remanescentes florestais significativos, onde é prioritária a adoção de políticas para recuperar as matas ciliares e induzir a conectividade por meio de corredores ecológicos. (Lei Municipal nº 2633/06).

Para a área urbana, o Art. 15, Inciso III estabelece:

3 Área de Proteção Permanente

Page 16: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

16

Áreas de Interesse Ambiental - AIA, que correspondem às áreas necessárias à proteção de recursos naturais ou paisagísticos, necessárias à preservação de mananciais ou à proteção do solo, flora e fauna e de monumentos naturais e paisagísticos. . (Lei Municipal nº 2633/06).

Caso haja intervenção nas AIC e na AIA, de acordo com o Art. 15 §1º:

As intervenções nas AIC e na AIA só poderão ocorrer mediante análise e parecer do Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental, juntamente com os setores responsáveis na Prefeitura Municipal. . (Lei Municipal nº 2633/06).

Ainda segundo Art. 15, §1º, fica definido que as intervenções nas AIC e na AIA só

poderão ocorrer mediante análise e parecer do Conselho Municipal de Desenvolvimento

Ambiental, juntamente com os setores responsáveis na Prefeitura Municipal.

Na sequência, tem-se que o §2º - Áreas de Interesse Especial serão definidas em

legislação específica, na medida em que assim o demande a dinâmica municipal. E

acrescenta, no §3, que caso incida mais de uma classificação de Áreas de Interesse Especial,

em uma mesma área, prevalecerão os parâmetros mais restritivos.

B. V - ZEIS

As Áreas de Interesse Social correspondem às áreas destinadas à manutenção e/ou à

instalação de moradias de interesse social, compreendendo 3 categorias, segundo o Art. 15.

Inciso I:

a) AIS I: áreas ocupadas irregularmente por população carente; b) AIS II: loteamentos irregulares ou clandestinos habitados por população de baixa renda; c) AIS III: áreas destinadas à instalação de parcelamentos ou ocupação de interesse social; (Lei Municipal nº 2633/06).

Como já mencionado no item III.B, as AIS foram devidamente conceituadas no Plano

Diretor. Contudo, quando da sua territorialização no Mapa de Macrozoneamento Urbano –

Anexo II, não foi especificado o tipo de AIS (AIS I, AIS II e AIS III), o que compromete sua

aplicabilidade. Trata-se de uma única “mancha” no mapa, sem descrição de coordenadas e

sem escala, o que impossibilita o cálculo do perímetro ou mesmo o percentual do zoneamento

Page 17: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

17

AIS no município de Lagoa Santa. Ressalta-se, contudo, que o Art. 15, § 2º, estabelece a

possibilidade destas áreas terem suas definições estabelecidas em legislação específica:

As Áreas de Interesse Especial serão definidas em legislação específica, na medida

em que assim o demande a dinâmica municipal. (Lei Municipal nº 2633/06)

A análise da adequação do percentual de AIS no município de Lagoa Santa pressupõe

o acesso aos dados do diagnóstico que subsidiou a elaboração do Plano Diretor, não

disponibilizado.

O Plano Diretor define o público que acessa os projetos habitacionais nas AIS, de

forma bastante genérica, como “população carente” e de “baixa renda”, sem, contudo definir

estes conceitos. (Ver Art. 15, Inciso I, itens “a” e “b”, supra citados).

Não são definidas tipologias habitacionais para as AIS. Da mesma forma, não há

definição clara quanto aos investimentos sociais nas AIS. De forma bastante genérica, sem

especificar o tipo de AIS, o Plano Diretor estabelece no Art. 48, Inciso III, algumas diretrizes

gerais para o atendimento dos serviços de saneamento, tais como:

a ampliação do atendimento às regiões carentes e a compatibilização das tarifas com o poder aquisitivo da população. (Lei Municipal Nº 2633/06)

No Art. 52, Inciso III, as diretrizes gerais para o atendimento de Abastecimento de

Água no Município prevêem:

atender prioritariamente os loteamentos regulares carentes. (Lei Municipal nº

2633/06).

Ressalta-se a definição dos objetivos da Política Habitacional de Interesse Social, no

Capítulo IX, Art. 75:

A Política Habitacional de Interesse Social tem o objetivo de reduzir o déficit de moradias, melhorar as condições de vida e das condições de habitação da população carente, inibindo a ocupação desordenada e em áreas de risco geológico ou natural, oferecendo alternativas e garantindo o atendimento das funções sociais da cidade e da propriedade, buscando a cooperação da iniciativa privada e ainda recursos de outras fontes, financiamentos, convênios e inserção em programas federais ou estaduais. (Lei Municipal nº 2633/06).

O Art. 84, Inciso XXIV, define como ações prioritárias, eleitas pela comunidade, a

implantação de creches nas regiões carentes.

Page 18: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

18

Assim pode-se verificar que, embora sejam estabelecidas definições de investimentos

em equipamentos e serviços nas AIS, não há definição da fonte de recursos, da mesma forma

que não consta nenhuma referência em relação à existência do Fundo Municipal de Habitação

de Interesse Social.

B.VI - Avaliação Geral do Zoneamento em Relação ao Acesso à Terra Urbanizada

Do ponto-de-vista do macrozoneamento, ficam estabelecidas no Plano Diretor a Zona

Rural, Zona Urbana e Zonas Urbanas Especiais.

A Zona Urbana é, por sua vez, subdividida em: Zona Mista – ZMI; Zona Mista

Adensada – ZMA; Zona de Adensamento Restrito – ZAR; Zona de Adensamento Controlado

– ZAC; Zona Especial de Adensamento – ZEA; Zona de Atividades Econômicas – ZAE;

Zona de Empreendimentos de Porte – ZEP; Zona de Expansão Urbana – ZEU.

A Zona Rural é subdividida em: Zona de Proteção Ambiental – ZPA e Zona de

Atividades Rurais – ZR.

Ficam estabelecidas as seguintes Áreas de Interesse Especial, cujas diretrizes

prevalecerão sobre as diretrizes do macrozoneamento:

I - Áreas de Interesse Social - AIS, que correspondem às áreas destinadas à manutenção e/ou à

instalação de moradias de interesse social, compreendendo três categorias:

a) AIS I: áreas ocupadas irregularmente por população carente;

b) AIS II: loteamentos irregulares ou clandestinos habitados por população de baixa renda;

c) AIS III: áreas destinadas à instalação de parcelamentos ou ocupação de interesse social;

II - Áreas de Interesse Urbanístico - AIU, que correspondem às áreas destinadas a

intervenções específicas, visando a melhoria da estruturação urbana municipal, possibilitando

sua requalificação, revitalização e dinamização, compreendendo duas categorias:

a) AIU I: áreas delimitadas no Anexo II, que deverão ser objeto de um programa específico

compreendendo um projeto de desenho urbano para revitalização do centro e implantação de

equipamentos e infra-estruturas urbanas para realização de eventos de maior porte no

município;

Page 19: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

19

b) AIU II: área destinada à implantação de equipamentos, de forma a oferecer infra-estrutura

no município;

III - Áreas de Interesse Ambiental - AIA, que correspondem às áreas necessárias à proteção de

recursos naturais ou paisagísticos, necessárias à preservação de mananciais ou à proteção do

solo, flora e fauna e de monumentos naturais e paisagísticos;

IV - Áreas de Interesse Cultural - AIC, que correspondem às áreas comprometidas com a

preservação da cultura e história do município e de seus habitantes, exigindo a adoção de

medidas e parâmetros destinados a sua preservação.

Assim, tem-se que no corpo da Lei Municipal Nº 2633/06 – Plano Diretor de

Lagoa Santa, o zoneamento visa cumprir sua finalidade maior, qual seja, estabelecer um

referencial espacial para o uso e a ocupação do solo na cidade, a partir de unidades territoriais

que expressem o destino que o município pretende dar às diferentes áreas da cidade, em

concordância com as estratégias de política urbana, definindo em grandes áreas de interesse

de uso, as zonas onde se pretende incentivar, coibir ou qualificar a ocupação. Uma das

condições para que o zoneamento seja autoaplicável está na sua territorialização, ou seja, no

mapeamento de cada unidade territorial definida como uma macro (zona), a partir do qual os

instrumentos do Estatuto da Cidade vão ser mobilizados, bem como a definição de programas

e alocação de recursos, para que se possa atingir os objetivos estabelecidos. Neste ponto,

alguns problemas se apresentam, tais como a imprecisão do zoneamento constante dos mapas

anexos, uma vez que não dispõem de referências geográficas, tais como sistema de

coordenadas e até mesmo de escala. Acrescenta-se a isto, a imprecisão destes limites, posto

tratar-se de “manchas” e não de perímetros definidos por poligonais. Em alguns casos, há

mesmo uma inadequação na identificação da “mancha”, tal como explicitado anteriormente

para as AIS. Ou seja, trata-se de uma mancha AIS, sem definição do tipo de AIS (AIS-1, AIS-

2 ou AIS-3), lembrando que dependendo de sua natureza podem ser regidas por parâmetros

totalmente diferenciados. Neste sentido, embora o Plano Diretor admita a adoção de

parâmetros urbanísticos para as áreas de interesse social, inferiores aos estabelecidos pela

legislação de parcelamento, quando da sua aprovação, de acordo com regulamentação

específica para cada área, a autoaplicabilidade do instrumento, neste caso a AIS, fica

comprometido.

Embora não conste do Plano Diretor a definição de coeficientes de aproveitamento

básico e máximo, foram definidos outros parâmetros que, de certa forma, estabelecem um

limite para o potencial construtivo, tais como taxa de ocupação, afastamentos e, em alguns

Page 20: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

20

zoneamentos, o número máximo de pavimentos, no limite de 3 pavimentos para o município

de Lagoa Santa, dadas as especificidades do relevo cárstico. Assim, além do Plano Diretor

estabelecer alguns parâmetros básicos, ele ainda remete à elaboração de legislações

específicas, tais como Lei de Parcelamento, Lei de Uso e Ocupação do Solo, Lei de

Perímetro, Código de Obras, Código de Posturas, dentre outras, e estabelece prazo para sua

elaboração, o que torna a lei parcialmente aplicável sob este enfoque.

No que se refere aos investimentos, o Plano Diretor estabelece diretrizes sem, contudo,

especificar a origem dos recursos necessários, tais como a existência ou implementação de

fundos municipais, como desenvolvimento urbano, habitação, saneamento, dentre outros, ou

mesmo recursos provenientes da aplicação de instrumentos do Estatuto da Cidade. Dado seu

caráter generalista, o grau de concretude das propostas igualmente fica comprometido.

Do ponto-de-vista quantitativo, a imprecisão dos mapeamentos dificulta ou mesmo

inviabiliza contabilizar valores percentuais reservados para determinadas finalidades, tais

como implantação de programas habitacionais de interesse social. Da mesma forma, a análise

da adequação destes valores percentuais fica dificultada, uma vez que não foi disponibilizado

o diagnóstico que subsidiou a elaboração do Plano Diretor em questão.

Quanto ao parcelamento do solo, igualmente foram definidos alguns parâmetros, tais

como lote mínimo para cada zona, taxa de ocupação, taxa de permeabilidade, além de

estabelecer a hierarquia funcional viária e seus respectivos parâmetros. Além disto, remete à

elaboração da Lei de Parcelamento do Solo.

Frente ao exposto, o Plano Diretor avança em determinados conceitos, resguarda

aspectos importantes, tais como a incorporação das áreas ocupadas por RPPNs, Reservas

Legais averbadas e remanescentes florestais significativos, onde é prioritária a adoção de

políticas para recuperar as matas ciliares e induzir a conectividade por meio de corredores

ecológicos, dentre outros. Mas apresenta limitações em relação à territorialização de seus

instrumentos, bem como em relação aos recursos necessários para implementação dos

objetivos propostos, comprometendo a autoaplicabilidade de seus instrumentos.

Page 21: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

21

B.VII - Instrumentos de Política Fundiária

Conforme dados demográficos constantes das tabelas do item “A – Informações

Gerais do Município”, pode-se observar um significativo crescimento populacional nas

últimas décadas, decorrente de um processo migratório espontâneo, originário de Belo

Como se aplica Onde se aplica Quando se aplica

Edificação/Parcela-mento Compulsó-rios/IPTU progressi-vo no tempo

Não é detalhado no Plano Diretor, apenas cita que existe no Art. 86, Incisos II item a e Inciso III, itens n, o, q.

Não mencionado. Não mencionado.

Outorga Onerosa do Direito de Construir

Não é detalhado no Plano Diretor, apenas cita que existe no Art. 86, Inciso III item q.

Não mencionado. Não mencionado.

Operação Interligada

Não é detalhado no Plano Diretor, apenas cita que existe no Art. 86, Inciso III item k.

Não mencionado. Não mencionado.

ZEIS – Zonas de Especial Interesse Social

Em áreas ocupadas por população carente; loteamentos irregulares ou clandestinos habitados por população de baixa renda.

Área estabelecida no Macrozoneamento Urbano.

Não se aplica somente a partir da aprovação do PD.

Operação Urbana Consorciada

Não é detalhado no Plano Diretor, apenas cita que existe no Art. 86 - III k.

Não mencionado. Não mencionado.

Transferência do Direito de Construir

Não é detalhado no Plano Diretor, apenas cita que existe no Art. 86 - III p.

Não mencionado. Não mencionado.

EIV – Estudos de Impacto de Vizinhança

Art 26 - §1º - Nos casos indicados no caput deste artigo, deverá ser exigida a elaboração de estudos ambientais e de impactos específicos na vizinhança, de acordo com a legislação urbanística e ambiental vigentes.

Art 7 - § 5º -Área de atividade de extração mineral. Art 68 - VI - Realizar estudo de viabilidade ambiental e de vizinhança para a implantação de empreendimentos industriais de impacto sócio-ambiental.

Art. 34 - §2º – Exigir-se-á o Estudo Prévio do Impacto de Vizinhança – EIV, para empreendimento que possam causar impactos positivos e negativos sobre a qualidade de vida da população residente na área e suas proximidades.

Concessão de Uso Especial para Moradia

Não é detalhado no Plano Diretor, apenas cita que existe no Art.. 86 - III g.

Não mencionado. Não mencionado.

Direito de Superfície

Não é detalhado no Plano Diretor, apenas cita que existe no Art. 86 - III i.

Não mencionado. Não mencionado.

Direito de Preempção

Não é detalhado no Plano Diretor, apenas cita que existe no Artg. 86 - III j.

Não mencionado. Não mencionado.

Tabela 9 – Instrumentos de Política Fundiária

Page 22: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

22

Horizonte, dada a grande proximidade de Lagoa Santa com a metrópole mineira, bem como o

elevado nível de integração do município com o pólo (ver Mapa 2). Apesar deste processo

migratório ocorrer nas camadas de melhor poder aquisitivo, existem demandas habitacionais

por parte da população de baixa renda. Cabe lembrar que os dados disponíveis no item A,

referentes à população, renda, acesso à terra urbanizada e déficit habitacional referem-se ao

ano de 2000. A partir desta data os problemas sociais têm se agravado, gerando a necessidade

de ações mais efetivas no âmbito municipal, no que se refere ao processo de gestão e

monitoramento deste crescimento, com implicações para a estrutura geral do município,

destacando-se a demanda crescente sobre o sistema de circulação e transporte, infra-estrutura

local, saneamento, habitação de interesse social, geração de emprego e renda, dentre outros.

Lembrando que o Estatuto da Cidade estabelece que o Plano Diretor, aprovado por lei

municipal, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana (Art.

40), é fundamental avaliar em que medida o Plano Diretor de Lagoa Santa incorpora

diretrizes, instrumentos e programas que garantam o acesso aos serviços e equipamentos

urbanos, habitação, transporte, saneamento, dentre outros, sobretudo à população de baixa

renda, visando o desenvolvimento equilibrado e ambientalmente sustentável.

Da forma como os instrumentos do Estatuto da Cidade se apresentam no Plano Diretor

de Lagoa Santa, em grande parte não são autoaplicáveis, uma vez que não estão definidos os

perímetros aonde estes instrumentos se aplicam (quando necessário) e sua forma de aplicação.

Da mesma forma, o Plano Diretor não remete a legislação específica complementar.

Assim, de forma geral tem-se que no Plano Diretor de Lagoa Santa os instrumentos

estabelecidos pelo Estatuto da Cidade são apenas listados (Art. 86), sem definir formas de

aplicação ou remeter a legislação específica, exceto para as Áreas de Interesse Social - AIS e

Estudos de Impacto de Vizinhança - EIV.

No caso das AIS, a conceituação é definida no Art. 15, mas sua espacialização

inespecífica (Mapa 4) não permite que o instrumento seja autoaplicável (Ver item B.V -

ZEIS). No que se refere ao EIV, sua aplicação encontra-se definida nos Art. 7, 26, 34 e 68.

Page 23: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

23

C. ACESSO AOS SERVIÇOS E EQUIPAMENTOS URBANOS, COM ÊNFASE NO ACESSO À HABITAÇÃO, AO SANEAMENTO AMBIENTAL E AO TRANSPORTE E À MOBILIDADE

C.I – O Plano Diretor e a Integração das Políticas Urbanas

O Plano Diretor de Lagoa Santa estabelece diretrizes que visam a integração das

políticas urbanas de uma forma geral não definindo, contudo, programas e instrumentos que

viabilizem, de fato, a integração dessas políticas.

O Capítulo III – Do Saneamento Básico, Art. 48, Inciso IV, estabelece dentre as

diretrizes gerais para o atendimento do serviço de saneamento: “(...) a integração com os

programas de saúde e educação (...)”.

E ainda no Capítulo III – Do Sistema de Planejamento Municipal, Art. 88, Inciso III,

dispõe sobre as atribuições da Divisão de Planejamento Municipal:

“(...) monitorar as políticas públicas municipais, em articulação com a comunidade e demais entidades e órgãos da Administração Municipal, acompanhando a implementação dos planos, programas e projetos municipais, assegurando a integração das diversas ações entre si e às diretrizes do Plano Diretor”.

Segundo o Art. 89 – Parágrafo Único:

Será adotado o modelo de gestão integrada das políticas sociais, para discussão das questões urbanísticas relevantes para a qualidade de vida, valorizando-se a participação social através dos Conselhos Municipais e o estabelecimento de parcerias entre o município e a sociedade, inclusive com a adoção de novas formas de gestão compartilhada, tais como os consórcios intermunicipais e microrregionais. (Lei Municipal nº 2633/06).

O Art. 91 versa sobre as diretrizes para o desenvolvimento institucional do sistema

municipal de desenvolvimento urbano e estabelece no Inciso II a integração das ações

político-administrativas entre os setores municipais.

Assim, embora existam diretrizes e políticas que expressam a intenção desta

abordagem integrada, do ponto-de-vista da criação de programas e a instituição de

instrumentos visando à integração destas políticas urbanas, o grau de concretude é baixo.

Page 24: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

24

C.II – O Plano Diretor e a Política de Habitação

A análise da adequação das propostas para a Política Municipal de Habitação de

Interesse Social pressupõe o acesso ao diagnóstico que identifique a situação habitacional do

município, com ênfase nas desigualdades sociais, nas condições de moradia e no déficit

habitacional. Ressalta-se que este diagnóstico não foi disponibilizado para a equipe técnica.

Através do Art. 74 do Plano Diretor fica instituído o Sistema Municipal de Habitação

e sua respectiva composição:

I - Conselho Municipal de Habitação;

II - Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social;

III - Conselho Municipal de Assistência Social;

IV - Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos;

V - as associações das comunidades envolvidas;

VI - o setor de empreendimentos imobiliários;

e estabelece no Art. 75 que, para a redução do déficit habitacional, deve-se buscar a

cooperação da iniciativa privada e ainda recursos de outras fontes, financiamentos, convênios

e inserção em programas federais ou estaduais. Não consta do Plano Diretor a possibilidade

de geração de recursos através da aplicação de instrumentos do Estatuto da Cidade.

Desta forma, tem-se a estrutura básica para a implementação da Política Municipal de

Habitação, a saber: Conselho Municipal de Habitação para deliberar sobre as ações e

intervenções; Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social, como fonte de recursos para

implementação da referida política, faltando definir o seu órgão gestor. Deve-se ainda definir

com clareza o público-alvo destas políticas, uma vez que o texto refere-se tão somente à

população “carente” ou à população de “baixa renda”. Mas quais parâmetros foram utilizados

para definir baixa renda? O que o Plano Diretor considera população carente?

O Plano Diretor de Lagoa Santa estabelece diretrizes para o Plano Municipal de

Habitação de Interesse Social, conforma consta do Art. 76:

Page 25: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

25

Art. 76 - O Plano Municipal da Habitação de Interesse Social, atenderá às seguintes diretrizes: I - criar Programa de Regularização Fundiária para intervenção nas Áreas de Interesse Social, estimulando a participação popular nos seus encaminhamentos; II - investir prioritariamente em áreas de risco; III - no caso de reassentamentos, executá-los preferivelmente:

a) em terrenos na própria área; b) em terrenos próximos a área; c) em locais já dotados de infra-estrutura e transporte coletivo, em Área de Interesse Social - AIS ou em Zona de Expansão Urbana - ZEU;

IV - dar apoio técnico à autoconstrução; V - fornecer apoio técnico à localização de habitações rurais, de modo a evitar áreas de risco de inundações, deslizamentos e problemas de insalubridade como os gerados por ascensão do lençol freático. VI - incentivar a participação da iniciativa privada no desenvolvimento dos programas habitacionais do município;

Parágrafo único - A regularização fundiária referida no inciso I será precedida da regularização urbanística, visando dotar o local de infra-estrutura.

(Lei Municipal nº 2633/06).

Apesar de definir as diretrizes, não são estabelecidas metas concretas e respectivos

prazos. O Plano Diretor remete para regulamentação específica, como a criação do Programa

de Regularização Fundiária. Espera-se que com a criação de programas desta natureza o

município crie regras específicas e estratégias para a redução do déficit habitacional.

Dentre os diversos instrumentos do Estatuto da Cidade, para fins de habitação popular,

o único que consta do Plano Diretor são as Áreas de Interesse Social - AIS, voltadas para o

atendimento de assentamentos existentes (AIS-1 e AIS-2), bem como para reserva de áreas

vazias, visando a implementação de novas unidades habitacionais.

Assim, tem-se que a Política Habitacional visa a redução do déficit de moradias a

partir da recuperação de assentamentos existentes (déficit qualitativo) e da produção de novas

unidades habitacionais (déficit quantitativo).

Não é estabelecida a relação entre a Política de Habitação e o Plano Plurianual de

Governo, Lei do Orçamento Anual e Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Não existe a definição de critérios de gênero, etnia/raça ou de outras políticas

afirmativas.

No quesito Política Habitacional, o Plano Diretor é parcialmente autoaplicável.

Page 26: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

26

C.III – O Plano Diretor e a Política de Saneamento Ambiental

Não foi disponibilizado para a equipe técnica o diagnóstico da situação de Saneamento

Ambiental no Município. O Plano Diretor define, no Art. 47, como objeto da política de

saneamento:

I – Sistema de captação, tratamento e distribuição de água potável;

II – O sistema de esgotamento sanitário;

III – As redes de macro e micro drenagem;

IV – O sistema de coleta e destinação de resíduos sólidos; e

V – Controle de vetores.

No entanto, não estabelece a relação de um objeto com o outro, o que denota a falta de

visão integrada de saneamento ambiental. Igualmente não consta do Plano Diretor a definição

de quem será a titularidade / responsabilidade pela prestação desses serviços: prefeitura e/ou

prestadora de serviços.

No Art. 48 ficam estabelecidas as diretrizes gerais para o atendimento dos serviços de

Saneamento Básico:

I - o desenvolvimento sustentável;

II - a universalidade do atendimento e o planejamento

compatibilizado com a evolução da demanda;

III - a ampliação do atendimento às regiões carentes e a

compatibilização das tarifas com o poder aquisitivo da população;

IV - a integração com os programas de saúde e educação;

V - a atuação conjunta com os municípios vizinhos, sempre que

favorável ao interesse público;

VI - a elaboração de planos setoriais de saneamento que atendam às

diretrizes gerais e específicas e aos princípios básicos deste Plano.

(Lei Municipal nº 2633/06).

Não consta, contudo, o estabelecimento de metas concretas, o que compromete o grau

de concretude das diretrizes propostas.

Page 27: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

27

O Plano Diretor propõe a universalização dos serviços de saneamento, mas não

estabelece instrumentos específicos para a consecução destas diretrizes Estabelece, ainda, que

o planejamento do atendimento será compatibilizado com a evolução da demanda.

Cabe lembrar que a política de uso e ocupação do solo é estabelecida pela definição e

delimitação de zonas, considerando-se a disponibilidade de infra-estrutura existente (ou com

potencial para instalação) e a capacidade de adensamento e o grau de incômodo e poluição ao

ambiente urbano. Assim, fica estabelecida a vinculação entre a política de uso e ocupação do

solo e a disponibilidade (ou potencial) de infra-estrutura, estando nesta última inserido o

atendimento de serviços de saneamento ambiental. Ressalta-se, ainda, que esta mesma visão

está presente na Zona de Expansão Urbana - ZEU, que corresponde às áreas ainda vazias

dentro do perímetro urbano propícias à ocupação, pelas condições do sítio natural e

possibilidade de instalação de infra-estrutura (...).

Quanto à utilização dos instrumentos do Estatuto da Cidade, destaca-se a criação das

Áreas de Interesse Social – AIS (ver item B.V – ZEIS), voltadas ao atendimento das

necessidades habitacionais da população carente, lembrando que a política de uso e ocupação

do solo propõe, de forma geral, o estabelecimento de zonas em função da infra-estrutura

existente, ou com potencial para implantação. A Política de Saneamento contida no Plano

Diretor não faz nenhuma outra menção ao uso de tais instrumentos, tais como o direito de

preempção sobre áreas destinadas à implantação de estação de tratamento de efluentes, dentre

outros.

O Plano Diretor propõe a elaboração de planos setoriais específicos para as seguintes

áreas: drenagem pluvial, abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza pública e

controle de vetores. Para cada uma destas áreas são definidas algumas diretrizes gerais sem,

contudo, estipular os prazos para implementação dos programas e definir as respectivas fontes

de recursos.

O plano não explicita a realização de parcerias com os governos federal e estadual. De

forma bastante genérica, a única menção que se faz de convênios com entidades públicas está

contida no Art. 47, § único:

Para implantação dos programas estabelecidos neste capítulo, o Executivo e/ou a(s)

sua(s) concessionária(s) destinarão, além dos recursos orçamentários próprios,

aqueles obtidos mediante financiamentos, ou ainda aqueles obtidos mediante

convênios com entidades públicas ou privadas, desde que respeitando a legislação

vigente. (Lei Municipal nº 2633/06).

Page 28: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

28

O Plano Diretor de Lagoa Santa não faz menção à existência / criação do fundo

municipal de saneamento, nem do fundo de desenvolvimento urbano. Da mesma forma, não

estabelece a vinculação das diretrizes de saneamento com o PPA, a LDO ou a LOA. Também

não há menção aos critérios de etnia, raça, ou outras políticas afirmativas.

Com base nas informações contidas na política de Saneamento Ambiental de Lagoa

Santa, pode-se dizer que seu grau de concretude é baixo, principalmente pela inexistência de

metas concretas e estabelecimento de instrumentos / programas específicos com fundos

próprios para sua implementação, dentro de prazos previamente definidos, o que lhe confere

um caráter mais diretivo e menos operacional.

C.IV – O Plano Diretor e a Política de Mobilidade e Transporte

Assim como as outras políticas, não foi disponibilizado para a equipe técnica o

diagnóstico sobre a situação de mobilidade e transporte do município.

As diretrizes gerais da política de mobilidade e transporte são descritas no Art.42 da

seguinte forma:

I - apoiar a articulação da estrutura urbana, atendendo às necessidades cotidianas dos cidadãos, com conforto, segurança e regularidade, em todas as suas formas e meios; II - prover a acessibilidade aos espaços e edificações, de modo a consolidar e/ou ampliar as oportunidades de emprego, educação, recreação, lazer e comunicação; III – garantir o acesso por transporte coletivo a todos os bairros do município, prioritariamente às áreas ocupadas por população de baixa renda. (Lei Municipal nº 2633/06).

Além das diretrizes gerais, ficam estabelecidas no Art. 43 as diretrizes específicas

para:

• Sistema viário e de transporte no município

• Classificação das vias

• Circulação viária

• Transporte público.

Dentro da classificação viária, fica estabelecida a seguinte hierarquia: via de ligação

regional, vias arteriais, vias coletoras, vias locais, vias de pedestres e ciclovias. Dentro dessa

hierarquização não fica estabelecido nenhum modal prioritário. No entanto, no Art.45, Inciso

I, fica estabelecido que o município define a integração entre os diferentes modais:

Page 29: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

29

I - integrar e articular o sistema de transportes e o sistema viário; (Lei Municipal nº 2633/06).

No que se refere à ampliação da mobilidade da população e promoção de serviços de

transporte público de qualidade, o Plano Diretor afirma que se deve:

I - apoiar a articulação da estrutura urbana, atendendo às necessidades cotidianas dos cidadãos, com conforto, segurança e regularidade, em todas as suas formas e meios; II - prover a acessibilidade aos espaços e edificações, de modo a consolidar e/ou ampliar as oportunidades de emprego, educação, recreação, lazer e comunicação; III – garantir o acesso por transporte coletivo a todos os bairros do município, prioritariamente às áreas ocupadas por população de baixa renda. (Lei Municipal nº 2633/06).

Não obstante, não há nenhuma definição de investimentos voltados para a promoção

de políticas que visem o investimento em transportes alternativos, não poluentes e/ou não

motorizados. Estabelece somente, dentro da classificação viária, a existência de ciclovias, mas

não remete nenhum investimento específico para esta modalidade.

Quanto à utilização dos instrumentos do Estatuto da Cidade, a Política do Sistema

Viário, da Circulação e Transporte contida no Plano Diretor não faz nenhuma menção aos

usos de tais instrumentos.

Não existe nenhuma especificidade em relação à criação de um plano municipal de

mobilidade. Fica estabelecido simplesmente um plano de classificação viária que tem por

objetivos:

a) integração dos centros urbanos à sede e entre si; b) hierarquização das vias urbanas; c) definição de diretrizes e normas para implantação de vias em novos loteamentos e intervenções de iniciativa do poder público; d) padronização de critérios e da nomenclatura de classificação viária; e) atendimento às políticas urbanas municipais estabelecidas pela Lei Orgânica Municipal e por esta Lei. (Art. 43, Inciso I, Lei Municipal, nº 2633/06).

Em momento algum o plano fala sobre articulação com as esferas de governo Federal

e Estadual. Também não é especificada a instituição de fundo para os recursos da política de

mobilidade e transporte

O Plano Diretor de Lagoa Santa, no Capítulo II, Art. 86, apenas cita os instrumentos

de implementação e administração das diretrizes do mesmo. Aborda as seguintes temáticas:

PPA, a LDO e a LOA, mas não as relaciona com a política de mobilidade e transporte.

Page 30: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

30

No que se refere à definição de critérios de raça, etnia, ou outras políticas afirmativas

o plano não menciona em momento algum.

A política de mobilidade e transporte descrita no Plano Diretor estabelece diretrizes

gerais, define uma hierarquização viária com os respectivos parâmetros (Tabela 10), sem,

contudo definir instrumentos de aplicação, tornando-o dependente de outras leis.

Portanto a política de mobilidade e transporte dentro do Plano Diretor de Lagoa Santa

apresenta baixo grau de concretude, principalmente pela inexistência de metas concretas e

estabelecimento de instrumentos / programas específicos com fundos próprios para sua

implementação, dentro de prazos previamente definidos assumindo, assim, um caráter mais

diretivo e menos operacional.

C.V - Plano Diretor e a Política de Meio Ambiente Não foi disponibilizado para a equipe técnica o diagnóstico da situação de Meio

Ambiente no Município. No Título VI – Da Proteção ao Meio Ambiente Natural o Plano

TABELA 10 - -

Page 31: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

31

Diretor faz menção à proteção do meio ambiente natural e estabelece suas respectivas

diretrizes:

Art. 78 - A política de proteção ao ambiente natural atenderá às seguintes diretrizes:

I - implementar o Sistema de Gestão Ambiental Municipal, constituído por: b) Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental - Lei 1.372/1997; c) Secretaria Municipal de Meio Ambiente. II - estabelecer uma política ambiental orientada para a preservação dos solos, dos recursos hídricos e da biodiversidade, a partir de um modelo de gestão participativa e de estabelecimento de parcerias, elaborando a Lei Ambiental municipal; III - utilizar, como instrumentos de controle da ocupação e uso do solo e do desenvolvimento sustentável, o zoneamento ambiental, os estudos de avaliação de impactos ambientais, o licenciamento, monitoramento e educação ambiental, articulando as políticas ambiental e urbana; IV - proteger as áreas de interesse ambiental, fundamentando-se na Lei 9985, de 18 de julho de 2.000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, nas seguintes áreas: a) remanescentes florestais significativos; b) mananciais de abastecimento da sede municipal. V - definir e desenvolver ações orientadas para a recuperação dos recursos hídricos municipais, no âmbito da gestão intermunicipal da Bacia do Rio das Velhas. VI - desenvolver ações conservacionistas e de recuperação do solo, em parceria com os programas e entidades que assessoram os produtores rurais, divulgando técnicas de controle de erosão, como bacias de acumulação e diques retentores, visando à preservação, recuperação e ampliação das áreas destinadas às atividades agrícolas; VII - preservar e conservar as espécies nativas, utilizando-as: a) na implantação de atividades de reflorestamento do município, principalmente as matas de encostas e as matas ciliares; b) na arborização das vias públicas.

VIII - desenvolver Programa de Educação Ambiental, capacitando os professores da rede pública de ensino em educação ambiental; IX - criar o Sistema Municipal de Fiscalização do Meio Ambiente para o controle da poluição sonora, visual, atmosférica, hídrica e do solo; X - buscar a erradicação de ações e práticas nocivas e predatórias ainda presentes no município, tendo como meta o desenvolvimento sustentável do município, por meio das seguintes ações: a) controle das ações de decapeamento do solo e obras de terraplenagem, evitando o assoreamento de corpos d’água e o desencadeamento de processos erosivos; b) definição de locais para bota-foras aproveitando, sempre que possível, a atividade para recuperar áreas degradadas, inclusive com utilização de resíduos inertes da construção civil; c) exigência da recuperação de áreas degradadas por atividades mineradoras, a ser executada pelas empresas responsáveis; d) promoção de ações que visem a redução do desperdício, em todos os níveis, na execução de obras; e) redução do impacto erosivo da atividade pecuária, estimulando a modernização da pecuária bovina, e incrementando a dimensão das áreas destinadas a atividades não geradoras de erosão; f) promover a preservação e reabilitação pela diversificação da produção rural. g) implantação de matas para exploração econômica e de extensões proporcionais de matas de características naturais, estimulando a retirada progressiva da atividade rural mais impactante do ponto de vista da erosão das partes mais suscetíveis à erosão da superfície de transição; h) proibição de veiculação de propagandas de quaisquer natureza em muros de imóveis particulares lindeiros com a via urbana, exceto nos campos de futebol, caso o pagamento pela propaganda seja revertido em favor do clube, ou em imóvel

Page 32: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

32

próprio ou locado para fins de funcionamento do negócio que se pretenda fazer a divulgação. XI - estabelecer parcerias com entidades privadas, governamentais e não-governamentais visando a ampliação da participação na gestão geoambiental; XII – implantação de um programa de Gestão de Resíduos Sólidos.

Conforme consta do artigo supra-citado, o Plano Diretor define as diretrizes da política

de proteção ao ambiente natural, mas não estabelece metas concretas e respectivos prazos.

A preocupação com a proteção ao ambiente natural encontra-se expressa em outros

pontos do Plano Diretor como, por exemplo, o Cap II, Art.10, estabelece a divisão da zona

rural em Zona de Atividades Rurais – ZR e Zona de Proteção Ambiental – ZPA. A Zona de

Proteção Ambiental compreende as áreas ocupadas por RPPNs, Reservas Legais averbadas e

remanescentes florestais significativos, onde é prioritária a adoção de políticas para recuperar

as matas ciliares e induzir a conectividade por meio de corredores ecológicos. Já no Art.15, no

macrozoneamento urbano, são criadas as Áreas de Interesse Ambiental - AIA, que

correspondem às áreas necessárias à proteção de recursos naturais ou paisagísticos,

necessárias à preservação de mananciais ou à proteção do solo, flora e fauna e de

monumentos naturais e paisagísticos.

No que se refere à delimitação de áreas a serem recuperadas ambientalmente, o Plano

Diretor não estabelece claramente quais áreas seriam. Apenas incluem estas áreas na AIA de

forma genérica, não estabelecendo a espacialização de áreas com risco de inundação,

declividade, restrição de impermeabilização dos solos, áreas de risco à ocupação humana,

áreas de atividades agrícolas, áreas de atividades de exploração, geomorfologia dos solos e

aptidões. Contudo, no Capitulo VIII, Art. 73, Inciso I faz referência à existência de mapas de

risco geológico:

Art. 73, Inciso I: Determinar a manutenção e atualização de mapas de risco geológico e registros de processos e eventos que alimentem aperfeiçoamentos periódicos.

No Art 78, Inciso V consta, ainda, especial preocupação com ações voltadas para os

recursos hídricos, visto que o município pertence à bacia do Rio das Velhas:

Art. 78, Inciso V: definir e desenvolver ações orientadas para a recuperação dos recursos hídricos municipais, no âmbito da gestão intermunicipal da Bacia do Rio das Velhas.

Page 33: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

33

Referente às definições de localização de comércio, indústrias e serviços o Plano

contempla tais áreas nas ZMI, ZMA, ZAE e ZEP.

O Plano Diretor no Art. 18, Inciso V estabelece, dentre outras legislações

complementares ao Plano Diretor, a Lei Ambiental.

No que se refere ao detalhamento das questões ambientais, o Plano Diretor não

estabelece ações concomitantes ao planejamento urbano, ou seja, não explicita ações

específicas e metas integradas, tratando a questão sempre de forma generalizada.

O Plano Diretor estabelece a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental

Municipal, constituído pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental – Lei

1.372/1997 e Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Contudo, não define objetivos

concretos relacionados à política ambiental, propondo somente diretrizes gerais para a política

de proteção ao ambiente natural, como consta do Art. 78, Incisos I a XII.

No que se refere à forma de articulação com as esferas governamentais consta tão

somente, no Art.78, Inciso XI, a diretriz de estabelecimento de parcerias com entidades

privadas, governamentais e não-governamentais, visando a ampliação da participação na

gestão geoambiental.

No Art. 40, Inciso III, o Plano Diretor estabelece como diretriz para atuação nos

núcleos isolados e na zona rural, visando preservar o patrimônio natural:

Art. 40, Inciso III, Item a: execução de zoneamento agroambiental, identificando os ecossistemas essenciais a serem preservados.

Quando da implementação do Sistema de Gestão Ambiental Municipal, o Plano

Diretor não estabelece a criação de um fundo para investimento em políticas de meio

ambiente, nem estabelece a vinculação com outras fontes de recursos.

Não são estabelecidos pelo Plano quaisquer critérios de gênero, etnia/raça ou de outras

políticas afirmativas e mecanismos de controle social na política de meio ambiente. Cabe

ainda lembrar que a ênfase desta política, intitulada: “Da Proteção ao Ambiente Natural” é,

portanto, o meio ambiente natural, não estendendo-se ao ambiente ocupado. Assim, não

constam neste item dispositivos restritivos ou impeditivos à moradia de interesse social.

Apesar do Plano Diretor estabelecer um sistema de gestão da política de meio

ambiente, composto por um Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental, pelo seu

órgão gestor, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, não há definição de metas, prazos e

estabelecimento de prioridades, nem alocação de recursos específicos para sua

Page 34: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

34

implementação, o que lhe confere um caráter mais diretivo e menos operacional. Assim, o

grau de concretude da política de meio ambiente é baixo.

D – SISTEMA DE GESTÃO E PARTICIPAÇÃO DEMOCRÁTICA

O sistema de gestão do Plano Diretor de Lagoa Santa, segundo o Art. 89, “será feito

pelo Executivo Municipal e acompanhado pela Câmara Municipal, com a participação dos

munícipes”. Ainda no Art. 89, o Plano Diretor estabelece:

Art. 89, § único - Será adotado o modelo de gestão integrada das políticas sociais,

para discussão das questões urbanísticas relevantes para a qualidade de vida,

valorizando-se a participação social através dos Conselhos Municipais e o

estabelecimento de parcerias entre o município e a sociedade, inclusive com a

adoção de novas formas de gestão compartilhada, tais como os consórcios

intermunicipais e microrregionais. (Lei Municipal nº 2633/06)

O Plano Diretor prevê a participação popular no planejamento e acesso ao Sistema de

Informações Municipais, principalmente no que diz respeito à sua implementação, de acordo

com o Art. 88, § Único:

Art. 88, § único - Será assegurada a participação da população no processo de

planejamento e o seu acesso ao Sistema de Informações Municipais, especialmente

àquelas referentes à implementação do Plano Diretor, sendo utilizados, entre outros,

os seguintes instrumentos:

I - debates, audiências e consultas públicas;

II - conferências sobre assuntos de interesse público, nos níveis nacional, estadual e

municipal;

III - iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e projetos de

desenvolvimento urbano. (Lei Municipal nº 2633/06)

Contudo, não são citados casos específicos em que estas audiências devem ocorrer,

sendo que a participação dos munícipes encontra-se prevista, na maioria das vezes, através de

órgãos municipais.

Page 35: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

35

O Plano Diretor define que o Sistema de Planejamento e Gestão será composto, dentre

outros, por Conferência Municipal de Políticas Municipais. Porém, só há especificação da

Conferência Municipal de Política Territorial, como se lê no Art. 98, § Único:

Art. 98 - A Conferência Municipal de Política Territorial é o processo de discussão pública e ampliada, onde o munícipe terá direito a voz, que visa avaliar a execução e a propor alterações na política e na legislação de desenvolvimento territorial municipal. § único - Compete ao Conselho Municipal do Plano Diretor convocar e coordenar a Conferência Municipal de Política Territorial no terceiro ano de gestão do Executivo municipal. (Lei Municipal nº 2633/06)

O Plano Diretor de Lagoa Santa cria, segundo o Art. 93, o Conselho Municipal do

Plano Diretor, responsável por coordenar, acompanhar e avaliar a implementação do mesmo,

ficando sob sua competência a criação de seu próprio regimento. O Plano Diretor cria, ainda,

os seguintes conselhos:

Art. 64 - I - Conselho Municipal de Esportes; Art. 74 - I - Conselho Municipal de Habitação; III - Conselho Municipal de Assistência Social; Art. 92 - Conselho Municipal do Plano Diretor; (Lei Municipal nº 2633/06)

e remete outros conselhos à legislação específica:

At. 59 - I - Conselho Municipal de Educação - Lei 1.419/1997; II - Conselho Municipal de Alimentação Escolar - Lei 1.847/2000; Art. 62 - I - Conselho Municipal de Cultura - Lei 2.521/2005; Art. 66 - I - Conselho Municipal de Saúde – Lei 1.916/2001; Art. 66 - II - Conselho Municipal Antidrogas - Lei 2.509/2005; Art. 69 - I - Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente - Lei 1.815/2000; II - Conselho Municipal de Assistência Social - Lei 1.365/1997; III - Conselho Municipal dos Direitos da Mulher - Lei 1.335/1996; IV - Conselho Municipal de Desenvolvimento - Lei 1.382/1997; Art. 71 - I - Conselho Municipal de Segurança Pública e Defesa Social - Lei 2.521/2005;

Contudo, não consta do Plano Diretor a articulação necessária entre os diversos

conselhos, com exceção do Conselho do Plano Diretor, que define no Art. 89:

Art. 89, § único - Será adotado o modelo de gestão integrada das políticas sociais,

para discussão das questões urbanísticas relevantes para a qualidade de vida,

valorizando-se a participação social através dos Conselhos Municipais e o

estabelecimento de parcerias entre o município e a sociedade, inclusive com a

Page 36: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

36

adoção de novas formas de gestão compartilhada, tais como os consórcios

intermunicipais e microrregionais.

(Lei Municipal nº 2633/06)

Ainda no Art. 90, Inciso I:

Art. 90, Inciso I: Integrar e adequar a administração municipal, os conselhos

municipais e os órgãos e entidades federais, estaduais para aplicação das políticas e

diretrizes previstas nesta lei. (Lei Municipal nº 2633/06).

E ressalta no Art. 95 “qualquer secretaria municipal poderá solicitar sua participação

nas reuniões do Conselho onde será discutido e decidido assunto que julgue afeto às políticas

setoriais de sua responsabilidade”.

Devido ao fato da maioria dos Conselhos serem definidos em legislação específica,

não consta do Plano Diretor as suas respectivas composições, com exceção do Conselho do

Plano Diretor, com caráter deliberativo, que define no Art. 94, Incisos I a VI, que o Conselho

será composto por 12 membros, com mandato de 2 anos (ver Gráfico 1):

Art. 94 §1º, Inciso I - quatro representantes de Executivo Municipal; II - um representante da Câmara Municipal; III - dois representantes do setor empresarial, eleitos pela entidade de classe; IV - um representantes do setor técnico, tipo CREA, OAB-MG e outras afins, eleitos pelas entidades representantes das classes; V - três representantes do setor popular, eleitos diretamente pelas entidades representadas; VI – um representante de órgão público ambiental com atuação no município.

(Lei Municipal nº 2633/06)

Lei Municipal nº 2633/06

Gráfico 1: Composição de Membros do Conselho do Plano Diretor - Lagoa Santa

42%

17%

8%

25%

8%

Executivo

Empresarial

Técnico

Popular

Ambiental

Fonte: Lei Municipal nº 2633/06

Page 37: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

37

No Art. 93, Inciso III, o Plano Diretor de Lagoa Santa estabelece como atribuição do

Conselho Municipal do Plano Diretor a coordenação do processo referente à sua revisão.

Ainda no Conselho Municipal do Plano Diretor é definido o processo de eleição dos

representantes do setor empresarial que serão eleitos pela entidade de classe; os representantes

do setor técnico eleitos pelas entidades representantes das classes e os representantes do setor

popular eleitos diretamente pelas entidades representadas.

Não consta da política de Gestão do Plano Diretor critérios de gênero na composição

do conselho.

A participação da população não fica restrita apenas aos membros do conselho.

Segundo o Art. 91, Inciso V, o Plano Diretor prevê a criação de canais institucionais para a

participação da população no planejamento, execução, fiscalização e avaliação das políticas

públicas. Com relação ao orçamento público, não ficam estabelecidos critérios que garantam a

efetiva participação da população. O Plano não estabelece a relação existente entre a definição

de obras e investimentos propostos, com a capacidade financeira do município.

Fica definido neste plano a criação do Sistema de Gestão Municipal, composta por:

I - Conselho Municipal do Plano Diretor;

II - Comissão do Plano Diretor;

III - Sistema de Informações Municipais;

IV - Conferência Municipal de Políticas Municipais.

Consta do Art. 96, a previsão de criação do Sistema de Informações Municipais

conforme descrito a seguir:

Art. 96 - O Sistema de Informações Municipais conterá e manterá atualizados dados, informações e indicadores sociais, culturais, econômicos, financeiros, patrimoniais, ambientais, administrativos, físicoterritoriais, cartográficos, imobiliários e outros de relevante interesse para o Município.

Este Sistema tem como princípios, conforme os Incisos I, II, III do Art. 96: “o

planejamento, o monitoramento, a implementação e a avaliação da política urbana; a

simplificação, economicidade, eficácia, clareza, precisão das informações; a disponibilização

das informações, em especial as relativas ao processo de implementação, controle e avaliação

do Plano Diretor. O Sistema de Informações Municipais tem por base o cadastro territorial

urbano, mas ele se refere à existência de cadastro imobiliário, multifinalitário,

georreferenciados, planta de valores genéricos e as formas de atualização dos mesmos.

Page 38: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

38

Com relação aos impostos territoriais ficam estabelecidos no Art. 86, Inciso II, como

instrumentos de implementação e administração das diretrizes do Plano Diretor, dentre outros,

o IPTU, ITR e ITBI.

O Plano Diretor prevê a revisão do Código Tributário pelo Poder Executivo, conforme

consta do Art. 81, Inciso VII, mas não estabelece prazo:

Art. 81, Inciso VII: implementará a revisão e adequação do Código Tributário do

município, em consonância com as diretrizes constantes neste Plano Diretor,

desenvolvendo ações voltadas para aumentar a arrecadação das receitas tributárias

próprias.

Page 39: Avaliacao PD Lagoa Santa Rede PDP MG

39

E. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

• BRASIL. Lei Municipal nº 2633 de 10 de outubro de 2006. Plano Diretor do Município de Lagoa Santa, estabelece diretrizes gerais da política urbana para o município de Lagoa Santa e dá outras providências. 10/out de 2006.

• BERBERT-BORN, Mylenè. 2000. Carste de Lagoa Santa. In: Schobbenhaus,C.;

Campos,D.A.; Queiroz,E.T.; Winge,M.; Berbert-Born,M. (Edit.) Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. Publicado na Internet em 15/02/20000 no endereço http://www.unb.br/ig/sigep/sitio015/sitio015.htm.

• PREFEITURA DE LAGOA SANTA. Histórico. Disponível em:

http://www.lagoasanta.mg.gov.br/historialagoa.php. Acessado em 04/out de 08.

• ANDRADE, Luciana Teixeira (org.), et all. Como Anda a Região Metropolitana de Belo Horizonte. Belo Horizonte: Observatório das Metrópoles / PPGCS - PUC Minas, 2007.