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________________________________________________________________ UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA __________________________________________________________________ AVALIAÇÃO CLÍNICO-PATOLÓGICA DA CAVIDADE ORAL DE CÃES COM DOENÇA PERIODONTAL ANAHI SOUZA SILVA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM SAÚDE ANIMAL BRASÍLIA-DF FEVEREIRO/ 2011

AVALIAÇÃO CLÍNICO-PATOLÓGICA DA CAVIDADE ORAL DE CÃES … · 2012-08-23 · Resultado de um processo natural, as doenças que acometem o periodonto - gengivite e periodontite

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________________________________________________________________

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

__________________________________________________________________

AVALIAÇÃO CLÍNICO-PATOLÓGICA DA

CAVIDADE ORAL DE CÃES COM DOENÇA

PERIODONTAL

ANAHI SOUZA SILVA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM SAÚDE ANIMAL

BRASÍLIA-DF

FEVEREIRO/ 2011

ii

__________________________________________________________________

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

__________________________________________________________________

AVALIAÇÃO CLÍNICA-PATOLÓGICA DA

CAVIDADE ORAL DE CÃES COM DOENÇA

PERIODONTAL

ANAHI SOUZA SILVA

ORIENTADOR: PROF. DR. MÁRCIO BOTELHO DE CASTRO

CO-ORIENTADORA: PROFª DRª PAULA DINIZ GALERA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM SAÚDE ANIMAL

PUBLICAÇÃO: 029/2011

BRASÍLIA-DF

FEVEREIRO/ 2011

iii

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA E CATALOGAÇÃO

SILVA, A. S. Avaliação clínico-patológica da cavidade oral de cã es com

doença periodontal. Brasília: Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária,

Universidade de Brasília, 2011, 69p. Dissertação de Mestrado.

Documento formal, autorizando reprodução

desta dissertação de mestrado empréstimo ou

comercialização, exclusivamente para fins

acadêmicos, foi passado pelo autor a

Universidade de Brasília e acha-se arquivado na

secretaria do programa. O autor reserva para si

os outros direitos autorais, de publicação.

Nenhuma parte desta dissertação pode ser

reproduzida sem a autorização por escrito do

autor. Citações são estimuladas, desde que

citada a fonte.

FICHA CATALOGRÁFICA

Silva, Anahí Souza

Análise histológica da gengiva de cães portadores de doença periodotonal./

Anahí Souza Silva orientação de Márcio Botelho de Castro co-orientação de

Paula Diniz Galera – Brasília, 2011. 69p.: il.

Dissertação de Mestrado (M) – Universidade de Brasília/Faculdade de

Agronomia e Medicina Veterinária, 2011.

1. Doença periodontal. 2. Gengivite. 3. Cães. 4. Histopatológica. 5. Placa

bacteriana. I.SILVA, A. S. II. Título.

iv

v

AGRADECIMENTOS

Inicialmente agradeço a Deus e a espiritualidade por serem para mim

mais do que fonte de fé e crença, mas, sede de força, de aprendizado, de

consolo e de esperança. Agradeço os pequenos milagres diários que aos

poucos e com muitos esforços tento reconhecer. Esses últimos dois anos foram

de grandes dificuldades, mas também de grandes aprendizados, sem Deus e a

espiritualidade com certeza o fardo seria mais pesado.

Agradeço e dedico esse trabalho a minha família. Aos meus pais, Lalá

(Laerte) e Rorô (Rosário), que tão sábia e generosamente me educaram, me

deram opções e me ensinaram enfrentar as consequências das minhas

escolhas. Agradeço também a minha irmã Consuelo por diariamente me

mostrar que existem seres humanos únicos, de uma grandeza admirável e ser

para mim exemplo de como podemos ser melhores a cada dia. A Sylvia por ser

tão presente na minha vida, sempre disponível, amiga e sincera. Aqui também

incluo meus dogs Nino e Tupã, além da caçulinha Magnólia.

Ao meu irmão dedico um parágrafo como quem dedica parte da vida. A

ele agradeço por ser meu mestre, meu parceiro, meu modelo. Agradeço por

tantos motivos que seria quase impossível listar todos aqui, mas não poderia

deixar de citar a generosidade com que sempre me aconselhou e zelou por

mim, pelos inúmeros conselhos profissionais, apoio psicológico, emocional,

profissional e até financeiro com qual arcou e incentivou a aventura que foi vir

para Brasília há quatro anos. Agradeço por acreditar em mim, quando nem eu

mesmo acreditava. Há cinco anos, na monografia da graduação agradeci a

você por ser meu espelho profissional, hoje repito o mesmo agradecimento,

pois admiro ainda mais a maneira nobre, ética e comprometida com que exerce

sua profissão.

Não poderia deixar de agradecer as minhas duas grandes amigas e

companheiras, Camila e Fernanda por ser nos momentos bons e

principalmente nos difíceis um ombro amigo, uma palavra de consolo, uma

fonte de conforto. Obrigado por estarem sempre comigo e por não deixarem

que a distância física que hoje existe entre nós seja motivo para que exista

uma distância real. Aqui também agradeço a Tatiana que com seu jeito frágil e

franzino esconde uma grande amiga, forte, serena e companheira. Parceira em

vi

tantas conversas, questionamentos sobre a vida e seus acontecimentos,

parceiras também de muitos projetos futuros...obrigada pela amizade.

Agradeço ainda aos amigos do laboratório, do mestrado e de Brasília.

Vanessa, Mirna, Vinícius, Marta, Marthinha, Ceci, Mayana, Fernanda, Eliana,

Diogo, Karine, Kelly, Luciana,...são tantos...com certeza sem o apoio e a

amizade de todos vocês estar aqui seria muito mais difícil. Vini e Ceci, sem

vocês as aulas de epidemio com certeza não seriam as mesmas. A todos

vocês agradeço a paciência, o companheirismo, o incentivo nos momentos que

a luz no fim do túnel parecia ser o trem. Impossível não se lembrar dos amigos

e técnicos do LPV-UnB, que sempre foram grandes parceiros nesse projeto.

Agradeço especialmente a Lícia pelo auxílio nas inclusões e confecções das

lâminas, pelas boas conversas, conselhos, carinho e sobre tudo pela amizade.

À Isabela pela ajuda preciosa e generosa com a estatística, à Rafaela

pelo companheirismo e amizade, principalmente nas dificuldades da reta final,

à Letícia pela amizade, empenho e comprometimento e a minha anestesista

“preferida”, parceira e amiga Fernanda, pela disposição em ajudar neste

projeto, sempre de forma comprometida. Mais do que isso agradeço a ela pela

amizade, o apoio, o companheirismo e o carinho. Você é muito especial e fico

feliz de vê-la crescendo e progredindo profissionalmente cada dia mais.

Agradeço a duas pessoas que me ensinaram mais do que o

conhecimento técnico em odontologia veterinária, me ensinaram a amá-la e

exercê-la com paixão e dedicação... Joyce e Leon, esse trabalho também

dedico a vocês.

Aos animais que participaram desse estudo e seus proprietários.

Agradeço a professora Paula pela co-orientação nesse projeto e por há

quatro anos me receber junto a sua equipe. Acredito que foi ali o primeiro

passo para a conclusão deste trabalho. Por fim, agradeço ao meu orientador

Professor Márcio por me acolher com tanta benevolência e embarcar nesse

projeto junto comigo. Sou grata por me apresentar uma nova área a qual se

tornou também uma nova paixão que me realiza e me alegra diariamente.

Agradeço à paciência, a compreensão, a confiança e, sobretudo, por me incluir

em sua equipe sem preconceitos ou diferenças. A vocês, meu muito obrigada!

vii

EPÍGRAFE

"Quando nada parece dar certo, vou

ver o cortador de pedras martelando

sua rocha talvez 100 vezes, sem que

uma única rachadura apareça. Mas

na centésima primeira martelada a

pedra se abre em duas, e eu sei que

não foi aquela que conseguiu isso,

mas todas as que vieram antes".

Jacob Riis

viii

RESUMO

A alta prevalência entre os cães com idade superior a dois anos,

independente do gênero ou raça, faz a doença periodontal se tornar um tópico

interessante de pesquisas. Além dos sintomas como dor, halitose e

desconforto, a constante migração de micoorganismos oriundos da boca

afetam o organismo como um todo. Estudos sobre o assunto, principalmente

em seres humanos demonstram que a doença periodontal apresenta grande

potencial como agente indutor e agravante de doenças sistêmicas. Porém

ainda são poucos os trabalhos que debatem a correlação da doença e seus

aspectos clínicos com as mudanças na tecidos e órgãos vitais. A associação

entre mais informações sobre a fisiopatologia da doença periodontal e

diagnóstico precoce pode evitar danos de saúde dos animais, por essa razão, a

fim de melhorar a compreensão sobre a extensão da lesão tecidual e contribuir

com o estabelecimento de medidas mais eficazes de tratamento terapêutico e

profilático este trabalho descreve as principais alterações clinico-

histopatológicas que foram encontradas na cavidade oral de 89 cães do Distrito

Federal e Entorno. A prevalência da doença foi de mais de 90%, sendo a

grande maioria dos cães portadores de doença periodontal leve. Os cães de

pequeno porte apresentaram maiores índices da doença em estágio grave do

que os cães maiores. A vascularização foi maior na forma severa. A

comparação entre o diagnóstico clínica e a avaliação microscópica da gengiva

não foi significantiva estatísticamente e a porcentagem de acerto entre as duas

avaliações foi reduzido, principalmente no estágio leve da doença ou na

ausência de sinais clínicos. Os resultados indicam que a avaliação clínica ainda

está aquém da reais alterações que ocorrem no tecido no estagio inicial da

doença periodontal.

Palavra chave: doença periodontal, gengivite, cães, histopatológica, placa

bacteriana.

ix

ABSTRACT

The main purpose of this work is to present the results of a study about

histopathological changes caused by periodontal disease on canine gums of

animals from Distrito Federal and surroundings contributing with the

establishment of more effective therapeutic and pathological treatment

measures. The periodontal disease resulted from a natural process has become

an interesting research topic presenting rates like 80% of prevalence in canine

animals aged more than two years old, gender or race independent. Animals

with periodontal disease can present symptoms like discomfort, pain and in

advanced stages even microorganisms migration through their whole system.

Several human medicine studies can be found about Periodontal Disease but

there is a lack of studies in veterinary area therefore some efforts started to

appear in order to identify correlations among clinical aspects and changes

found in animals tissues and vital organs. More knowledge about periodontal

disease physiopathology associated with earlier diagnosis can help to prevent

damages on animals heath. This work describe the main histological and

pathological changes that were found on canine gums of animals from Distrito

Federal and surroundings, aiming more tissue lesion extension understanding

in order to contribute with the establishment of more effective therapeutic and

prophylactic treatment measures. More than 90% of animals in the bunch

presented the earlier stages of periodontal disease but the most of severe

cases was found in small animals. Higher vascularization was found in

advanced forms of disease the correlation among clinical aspects and

microscopic evaluation of the gum presented no relevant results with reduced

match especially in cases with clinical signs absence or in the earlier stages of

the disease.

x

Key-word: Periodontal disease, gingivitis, dogs, histopathological, plaque.

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS v

EPÍGRAFE vii

RESUMO viii

ABSTRACT ix

CAPÍTULO I 1

INTRODUÇÃO 1

REFERENCIAL TEÓRICO 3

GENGIVA 3

DOENÇA PERIODONTAL 5

DIAGNÓSTICO E EXAME ODONTOLÓGICO 10

OBJETIVOS 12

GERAL 12

ESPECÍFICO 12

REFERÊNCIAS 13

CAPÍTULO II 17

INTRODUÇÃO 17

MATERIAIS E MÉTODOS 19

ANIMAIS 19

AVALIAÇÃO ODONTOLÓGICA E PROCEDIMENTO ANESTÉSICO 20

ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA 26

RESULTADOS 27

DISCUSSÃO 36

CONCLUSÃO 44

REFERENCIAS 45

CAPÍTULO III 50

CONSIDERAÇÕES FINAIS 50

ANEXO 1 52

ANEXO 2 54

xi

1

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos as afecções orais em animais domésticos tem sido

objeto de grandes estudos na medicina veterinária, entretanto há indícios que a

preocupação com as enfermidades orais remontam a Antiguidade com

Aristóteles (384-322 a.C.) e Pelagonius (350 a.C.). Contudo foi somente em

1890 que começaram a surgir publicações relevantes sobre a doença em cães

e gatos, e pouco mais de 100 anos depois, a odontologia nas espécies

domésticas de companhia passou a ter notoriedade reconhecida (LLORENS et

al., 1999; CIFONNI & PACHALY, 2001). Nos idos de 1970 a odontologia

recebeu maior destaque no cenário da medicina veterinária assim como outras

especialidades em função da crescente importância conquistada pelos animais

de estimação junto aos seus proprietários e em decorrência da maior

conscientização dos proprietários em relação à saúde de seus animais (GIOSO

& CORREA, 2003; EMILY, et al., 1999)..

Nesse contexto, a doença periodontal merece destaque no cenário das

enfermidades orais em animais. Apesar da sua alta prevalência e da íntima

relação da condição oral com a saúde, por diversas razões as afecções orais

ainda são negligenciadas pelo clínico que por vezes subestima os sinais

2

encontrados na cavidade bucal. Associa-se a isto o fato de alguns proprietários

desconhecerem a importância dos tratamentos profiláticos, atribuindo a eles

apenas efeitos estéticos, portanto possuidores de menor relevância (SILVA,

2006-a).

Resultado de um processo natural, as doenças que acometem o

periodonto - gengivite e periodontite - apresentam prevalência em torno de 80%

em animais com idade superior a dois anos, independente de sexo ou raça

(EMILY et al., 1999; NIEMIEC, 2008). O acúmulo de placa seguida da atividade

bacteriana no sulco gengival, desencadeia uma resposta inflamatória local

sucedida por edema e hiperemia. A manutenção do agente causal transforma a

resposta imunológica inicialmente celular em resposta humoral,

desencadeando a liberação de prostaglandinas e enzimas líticas. As lesões

que ocorrem em estruturas importantes como o osso alveolar e o ligamento

periodontal são irreversíveis (WIGG & LOBPRISE, 1997; GIOSO, 2007).

Nos estágios avançados da doença os animais apresentam desconforto,

principalmente caracterizado por meneios de cabeça e pateamento do focinho,

dor e migração constante de bactérias e toxinas bacterianas por todo

organismo por via hematógena, podendo inclusive ocorrer aderência dessas

bactérias em órgãos e tecidos a distância. Dessa forma, especula-se que as

doenças periodontais possuam grande relevância como agentes causais de

glomerulonefrites, endocardites, artrites, meningites, discoespondilites, uveítes,

entre outros (BARBUDO-SELMI, et al., 2004; GIOSO & CORREA, 2003).

Estudos realizados principalmente em humanos relacionam o real envolvimento

dessa doença na diabete mellitus, diversas cardiopatias e até mesmo infecções

respiratórias (ALMEIDA, 2006; VASCONCELOS, 2008; PEREIRA, 2010).

Nos últimos anos os pesquisadores estudam não só os aspectos clínicos

dessa doença nos animais, mas sua correlação com as alterações encontradas

em órgãos vitais, sua ação nos tecidos adjacentes e o organismo como um

todo (DEBOWES, 1998; HOFFMANN & GAENGLER, 1996; SILVA, 2006-a).

Todavia, estudos dessa natureza ainda são bastante incipientes quando

comparados à diversidade de trabalhos desenvolvidos em seres humanos.

De acordo com os dados apresentados, este trabalho objetivou

descrever as principais alterações histopatológicas encontradas nas gengivas

de cães acometidos por diferentes graus de doença periodontal no Distrito

3

Federal e Entorno, bem como correlacioná-las com os achados clínicos

observados na cavidade oral.

REFERENCIAL TEÓRICO

GENGIVA

Principal componente do periodonto marginal ou de proteção, a gengiva

faz parte da mucosa mastigatória e divide-se em gengiva aderida e gengiva

livre, de acordo com sua fixação (WHYTE et al., 1999). A primeira é composta

de epitélio do tipo pavimentoso estratificado queratinizado (paraqueratinizado)

e possui inúmeros desmossomos entre as células que aumentam em

quantidade do estrato basal para o córneo. Enquanto a gengiva aderida

recobre todas as superfícies do processo alveolar, a gengiva livre forma um

colar na região cervical do dente e está fracionada em três porções: o epitélio

juncional, o epitélio do sulco e o epitélio da parte externa, que possui as

mesmas características da gengiva inserida (Figura 1) (KATCHBURIANA &

ARANA, 1999; BERKOVITZ et al., 2002; OLIVERA et al., 2005).

O sulco gengival compreende nos cães um espaço que varia de um a

três milímetros entre a gengiva livre e a superfície dentária, e é revestido por

epitélio pavimentoso estratificado semelhante ao da gengiva aderida,

entretanto não queratinizado. Somente próximo ao bordo livre da gengiva ele

passa a ser do tipo paraqueratinizado. Com a função semelhante a uma

membrana semipermeável, o sulco gengival permite a passagem de fluidos,

bactérias e seus subprodutos e células inflamatórias que migram do sangue

para os tecidos. Apesar disso, não se espera encontrar células inflamatórias

entre as células do epitélio do sulco. A rápida renovação celular associado às

propriedades antimicrobianas do fluido crevicular contribuem para a redução da

ação dos microorganismos ali presentes (WIGG & LOBPRISE, 1997; OLIVERA

et al., 2005).

O epitélio juncional possui um número crescente de camadas em

direção ao epitélio do sulco e está em contato íntimo com o esmalte, mas pode

estar aderido ao cemento. Devido ao escasso número de desmossomos nessa

região forma-se um amplo espaço entre as células, gerando maior

4

permeabilidade local que permite a passagem de líquido tissular e células

inflamatórias da lâmina própria para dentro do sulco gengival

(KATCHBURIANA & ARANA, 1999; OLIVERA et al., 2005).

Figura 1 - Ilustração esquemática da gengiva aderida, gengiva livre, epitélio juncional e sulco gengival (Fonte: adaptado de Gorrel, 2004).

Imediatamente abaixo do epitélio gengival encontramos uma área de

tecido conjuntivo denominado lâmina própria, que possui complexas redes de

capilares e vênulas, em especial na região subjacente ao epitélio juncional.

Duas camadas podem ser identificadas, a camada mais superficial, em contato

direto com o epitélio é formada de tecido conjuntivo frouxo e numerosos

fibroblastos, raros mastócitos, linfócitos e macrófagos (OLIVERA et al., 2005).

A outra camada é mais profunda e composta de tecido conjuntivo denso e de

fibras colágenas paralelas ao epitélio e dispostas em rede, motivo pelo qual é

chamada de camada reticular. As fibras colágenas se ancoram nos ossos da

maxila e da mandíbula não havendo dessa forma camada submucosa

(BERKOVITZ et al., 2002).

A gengiva saudável possui coloração rósea ou, em alguns casos, pode

ser pigmentada. Ela é profusamente vascularizada, contendo complexas redes

vasculares na lâmina própria, das quais numerosas alças capilares podem

atingir o ápice das papilas conjuntivas. Apesar da intensa vascularização

sangramentos não ocorrem com facilidade e sangramentos espontâneos

podem ser considerados sinais de inflamação (KATCHBURIANA & ARANA,

1999; NIEMIEC, 2008). A gengiva livre possui a coloração rósea mais intensa,

5

superfície brilhante e consistência macia, enquanto na gengiva inserida a

coloração rósea é mais pálida, a consistência é firme e a superfície pontilhada,

sendo comparada ao aspecto da casca de laranja. A gengiva aderida é

formada por tecido conjuntivo mais denso, menor suprimento sanguíneo e está

em continuidade com o periósteo dos ossos adjacente, dessa forma está mais

adaptada para suportar as forças mastigatórias (OLIVERA et al., 2005).

Frente a um processo inflamatório a gengiva apresenta-se hiperêmica e

edemaciada, e pode sangrar com facilidade. A hiperplasia do epitélio pode ser

observada com frequência e, em casos mais severos, ocorre retração gengival.

Histologicamente observa-se maior acúmulo de neutrófilos, linfócitos e alguns

plasmócitos na gengiva marginal, sendo que agregados de linfócitos podem

estar presentes abaixo do epitélio juncional, assim como alterações nos

fibroblastos e perda de tecido colágeno (WIGG & LOBPRISE, 1997; BROWN et

al., 2008). Embora não haja acúmulo de glicogênio nas células do estrato

córneo, em casos de inflamação, acúmulos citoplasmáticos dessa natureza são

observados desde os queratinócitos do estrato espinhal até os mais superficiais

(KATCHBURIANA & ARANA, 1999).

DOENÇA PERIODONTAL

A doença periodontal compreende as lesões que acometem os tecidos

que suportam o elemento dentário (WIGG & LOBPRISE, 1997; GIOSO, 2007;

AZOUBEL et al., 2009) na cavidade oral resultantes de uma série de eventos

imunoinflamatórios (AZOUBEL et al., 2009). Pode ser dividida em duas etapas,

onde a gengivite é o estágio inicial e reversível da doença, considerada o

problema de saúde bucal mais frequente entre os animais de companhia.

Nessa fase, a inflamação acomete somente o periodonto marginal e se não

houver intervenções para a remoção do agente etiológico, a evolução do

processo pode resultar em liberação de mediadores inflamatórios seguida de

lesões mais severas e irreversíveis, a exemplo da reabsorção tecidual e óssea

(ALBANDAR, 2005; PAPADIMITRIOU, 2006; NIEMIEC, 2008; AZOUBEL et al.,

2009). Todavia, é importante ressaltar que gengivas clinicamente saudáveis

possuem leve grau de inflamação e embora seja a gengivite conhecida como o

6

estágio inicial da doença periodontal, nem sempre evolui para destruição do

periodonto de sustentação (ALBANDAR & KINGMAN, 1999; KATCHBURIANA

& ARANA, 1999).

A doença periodontal apresenta desencadeamento multifatorial, fatores

como idade, estado geral de saúde, conformação da cabeça, eficiência do

sistema imunológico e predisposição genética são relevantes. Todavia, a placa

bacteriana e a resposta inflamatória gerada, ainda hoje, são consideradas

como agente etiológico (GEMMEL et al., 2002; GIOSO, 2007). Diversos

estudos vêem sendo realizados ao longo dos anos sobre a placa e os agentes

microbianos que a compõe. Acredita-se que uma enorme variedade de

espécies está presentes na cavidade oral de cães e gatos (ALMEIDA, et al.,

2002; BRAGA et al., 2005; SILVA, et al., 2006-b). O biofilme dentário,

reconhecido como um material pegajoso que se deposita sobre a superfície

dos dentes e tecidos moles da boca é composto basicamente por bactérias que

produzem matriz extracelular, formada do produto do metabolismo bacteriano,

glicoproteínas da saliva e alguns componentes do soro que facilitam sua

adesão ao dente (MARCANTONIO JÚNIOR et al., 1988; EURIDES, et al.,

1996; CLELAND, 2000; ALMEIDA et al., 2002; GIOSO 2007; PIETRUSKA, et

al. 2004; ALMEIDA, et al., 2006).

Primeiramente, acreditava-se que a quantidade de placa era relevante

para o desenvolvimento da inflamação e posterior destruição do periodonto.

Entretanto, estudos recentes indicam que a virulência das bactérias envolvidas

associadas como o perfil inflamatório desenvolvido por cada indivíduo é mais

importante do que a quantidade de placa acumulada, uma vez que os mesmos

microorganismos estão envolvidos na maioria dos casos (GEMMEL et al.,

2002; NIEMIEC, 2008). A virulência pode sofrer influência de fatores locais que

alteram a composição e o perfil dos microorganismos presente, e isso pode

favorecer o efeito nocivo desses microorganismos (ALBANDAR, 2005). Alguns

animais apresentam resposta inflamatória mais intensa mediante ao desafio

das bactérias, dessa forma a resposta inflamatória, inicialmente protetora,

passa a exercer ação deletéria sobre os tecidos (SEYMOUR, 1991; GURGEL

et al., 2004 PIETRUSKA et al. 2004).

A microbiota inicial é composta por bactérias menos patogênicas, gram

positivas, aeróbicas que se acumulam principalmente na região cervical dos

7

dentes. O contato com os fluídos orais forma uma camada glicoprotéica que

facilita a deposição de mais bactéria (EURIDES, et al., 1996; ALMEIDA, 2002).

Os dentes são limpos naturalmente por ação mecânica da dieta, e uma vez que

isso não ocorra de maneira adequada, há adesão de maior quantidade de

placa e a flora inicialmente gram positiva é substituída por outra de maior

virulência e patogênicidade, formada por bactérias anaeróbicas, gram

negativas e filamentosas, encontradas principalmente nas bolsas periodontais

(EURIDES, et al., 1996; CLELAND, 2000). A placa que coloniza a superfície

dentária recebe o nome de placa supragengival, e é conhecida como placa

subgengival a placa que se deposita na região entre a gengiva livre e o dente,

local conhecido como sulco gengival (CLELAND, 2000).

As bactérias da placa subgengival liberam citoxinas, endotoxinas e

produtos do metabolismo que desencadeiam inflamação da gengiva e resposta

imune do hospedeiro. O aumento da permeabilidade vascular e o edema do

epitélio facilitam a migração de leucócitos, principalmente células

mononucleares para o sulco gengival que promovem liberação de enzimas e

mediadores inflamatórios exacerbando a inflamação, aumentando as lesões

teciduais e provocando reabsorção gengival e óssea (GURGEL et al., 2004).

Os mediadores inflamatórios modificam o balanço da remodelação óssea no

hospedeiro observado in vivo como in vitro, aumentando a formação e ativação

osteoclástica bem como inibindo a função osteoblástica, que

consequentemente leva à destruição do tecido conjuntivo e reabsorção óssea

(GURGEL et al., 2004; MADEIRO et at., 2005).

A gengivite é clinicamente reconhecida por hiperemia da porção livre,

seguida de edema e sangramentos que geralmente ocorrem durante a

escovação ou alimentação. Pode ser encontrada na ausência do cálculo, uma

vez que a causa é a placa, por vezes dificilmente visualizada a olho nu. Com a

evolução para periodontite essas alterações podem estão associadas com a

redução ou perda da inserção do dente (ALBANDAR, 2005; NIEMIEC, 2008). A

perda da inserção pode ser acompanhada de retração significativa do bordo

livre da gengiva e consequente exposição da raiz dentária ou, a retração da

gengiva pode estar ausente. Neste caso há a formação de um sulco gengival

superior a três milímetros, denominado bolsa periodontal. Quando a perda da

inserção é acentuada ocorre fragilidade das estruturas que sustentam e fixam

8

no dente no alvéolo, e pode ocorrer a espoliação do dente afetado

(ALBANDAR & KINGMAN, 1999).

As lesões ocorrem constantemente de forma não linear e fases ativas

são alternadas com períodos de latência, de acordo com a efetividade da

resposta do animal contra a infecção e a outros fatores (WIGG &

LOBPRICE,1997; GIOSO, 2007). Para evitar ou intervir na progressão da

doença deve-se promover ações no intuito de reduzir a carga bacteriana e

consequentemente a inflamação dos tecidos, assim sendo devem ser adotadas

medidas de controle da placa bacteriana (CLELAND, 2000). Apesar do controle

e da remoção da placa supragengival auxiliar na manutenção da saúde oral,

essa medida isolada é ineficaz caso não haja intervenção sobre a placa da

região subgengival (NIEMIEC, 2008). É valido advertir que apesar da gengivite

na maioria dos casos ser o primeiro passo para a instalação da periodontite,

nem sempre isso ocorre, devido ao caráter multifatorial da doença (DIETRICH

et al., 2006).

As alterações locais que a doença acarreta variam em grau de

severidade, incluindo hiperplasia da gengiva em resposta a inflamação crônica

e constante (PEDRON et al., 2009) até fistulações oronasais em decorrência

da infecção na região apical do dente canino ou 4º pré molar. Quando a

infecção atinge o ápice dental pode ocorrer lise dos ossos da maxila e palato,

formação de comunicação entre a cavidade nasal e oral, predispondo o animal

a sinusite e outras infecções (LOBPRICE, 2000; SMITH, 2000). Quando ocorre

reabsorção óssea severa na região mandibular podem ocorrer fraturas

patológicas durante a mastigação, tratamento periodontal ou exodontia e até

mesmo em resposta traumas menores (NIEMIEC, 2008; PEREIRA, 2008).

Devido à proximidade entre os anexos oculares e as raízes dentárias,

oftalmopatias podem ser consequências da doença periodontal avançada

(NEUMAN, 1974). Possivelmente a grande importância da doença periodontal

seja sua interação com doenças sistêmicas. Nesse contexto diversos estudos

têm sido realizados correlacionado sua presença com doenças em órgão

fundamentais como coração, fígado e rins (DEBOWES, 1998; ALBANDAR,

2005; MADEIRO et at., 2005; ALMEIDA, et al. 2006; VASCONCELOS, 2008).

Estudos demonstram que as bactérias envolvidas na gengivite e

periodontite podem alterar as funções do fígado e rim, assim como aderirem-se

9

às válvulas cárdicas e causar endocardites, predispor a doenças

tromboembólicas e infecções intermitentes (DEBOWES, 1998; OLIVERA et al.,

2005; NIEMIEC, 2008). Há indícios que portadores de doença periodontal são

mais resistentes a ação da insulina, prejudicando o controle do diabetes. Em

contra partida, diabetes causa alterações vasculares seguida da diminuição da

resposta imune e variações na quantidade de glicose e uréia do fluido

crevicular, fato que pode facilitar a proliferação de algumas bactérias e agravar

doença periodontal. Não há exatidão na descrição do mecanismo de interação

da doença periodontal e o diabetes, e o mesmo acontece com as doenças

cardíacas. Embora seja possível a correlação entre a doença periodontal e as

duas enfermidades, não há comprovação científica da relação de causa e

efeito entre as elas. Atualmente existem quatro linhas de pesquisas que

procuram relacionar a interação entre as doenças cardiovasculares e a doença

periodontal: ação direta dos microorganismos, predisposição genética às duas

doenças; resposta imunológica do organismo às endotoxinas bacterianas

liberadas na circulação e hiperlipidemia induzida pela periodontite

(ALBANDAR, 2005; KAWAMURA et al. 2005; MADEIRO et.at., 2005;

ALMEIDA, et al. 2006).

A doença periodontal, portanto pode levar a um processo inflamatório

crônico sistêmico que ao longo do tempo debilita a resposta imune e influência

o desenvolvimento de outras enfermidades não diretamente relacionadas.

Portanto esta doença não deve ser vista somente como um problema isolado

da cavidade oral, mas sim como parte de um todo, o ponto de partida de

afecções sistêmicas graves e relevantes que afetam órgãos vitais,

comprometem o bem estar do animal e diminuem de maneira significativa a

qualidade de vida desses indivíduos (MADEIRO et al., 2005).

10

DIAGNÓSTICO E EXAME ODONTOLÓGICO

O diagnóstico da doença periodontal não deve ser baseado somente nas

alterações encontradas na cavidade oral. O histórico clínico deve ser minucioso

e questões relativas à saúde geral tais como vacinação e doenças que estão

cursando juntamente com a afecção oral, alterações de comportamento,

vômitos, regurgitações ou até mesmo processos alérgicos de pele podem

influenciar na saúde bucal e são relevantes para o diagnóstico. Informações

como idade, raça, sexo e o início do quadro clínico não devem ser esquecidas

(WIGG & LOBPRISE, 1997). Uma vez que as informações gerais foram

coletadas e relacionadas à condição oral, outros dados devem ser

investigados: dieta, presença hábitos mastigatórios, halitose, relutância em se

alimentar, preferência por alimentos macios ou moles, aumentos de volume

facial ou mandibulares e até mesmo fistulações, tratamentos periodontais

prévios, sialorreia, epistaxe e hemorragias orais (GIOSO, 2007).

O exame físico deve ser completo e especial atenção deve ser dada ao

sistema cárdiorrespiratório e órgãos como fígado e rins. Posteriormente deve-

se iniciar a inspeção e exploração da cavidade oral com a análise da superfície

dos dentes, gengiva e estruturas anexas. Para tal, recomenda-se o uso de

anestesia geral. O exame intra-oral deve ser sistemático e minucioso, e todos

os achados devem ser registrados em ficha clínica contendo odontograma. O

sulco gengival deve ser explorado com delicadeza, de forma a não causar

lesões com auxílio de sonda periodontal milimetrada e explorador para

pesquisar a presença de bolsas periodontais, existência de placa/cálculo

subgengival e exposição da região de furca e das raízes dentárias. O

explorador também pode ser utilizado para detecção de canais pulpares

abertos (BRAGA, et al., 2004; GIOSO, 2007; SÁN ROMAN, et al.,1999).

A avaliação da quantidade de placa e ou cálculo, presença de

sangramentos, de exposição de furca e de mobilidade dentária é de grande

utilidade na determinação da extensão da doença periodontal e determina uma

classificação que varia de acordo com o grau de severidade. No grau I

observam-se diversos graus de gengivite, sem perda da inserção que se inicia

já no estágio II, quando os primeiros sinais de lesão do periodonto surgem. No

11

grau III a doença periodontal é moderada e ao exame clínico e radiográfico as

alterações e perda de inserção já são evidentes. O último e quarto grau

apresentam as alterações mais severas, com intensa reabsorção óssea no

sentido apical e horizontal, com lesão periapical e contaminação do canal

radicular (WIGG & LOBPRISE, 1997). Emily et al. (1999) relatou um quinto

grau com agravantes da severidade dos achados, todavia, na rotina prática,

utiliza-se somente três graus: leve, moderado e severo.

Exames radiográficos são de grande auxílio diagnóstico da extensão

doença periodontal utilizando-se as técnicas intra e extra-oral. A técnica extra-

oral possui a desvantagem de gerar muitas sobreposições com o lado oposto,

desta forma, pode dificultar ou impossibilitar a avaliação. A técnica intra-oral

permite detalhar a região radiografada, todavia requerer material e

equipamentos específicos. A radiografia não somente auxilia no diagnóstico,

mas também permite a identificação de fatores que podem ocasionar

complicações, avaliação e acompanhamento do tratamento, avaliação pós

operatória e registro das alterações encontradas (HOLMSTROM et al., 1998;

EMILY et al., 1999).

12

OBJETIVOS

GERAL

Realizar uma análise clínica e histológica de cães com diversos graus de

doença periodontal no Distrito Federal.

ESPECÍFICO

• Avaliar a ocorrência e classificar em graus de severidade a doença

periodontal nos cães amostrados no Distrito Federal e Entorno;

• Verificar as alterações histológicas presentes na mucosa gengival nos

diferentes estágios da doença periodontal;

• Correlacionar os achados histopatológicos com os sinais clínicos da

doença.

13

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17

CAPÍTULO II

INTRODUÇÃO

A doença periodontal refere-se à inflamação do sulco gengival

(gengivite) e de todos os componentes de sustentação do elemento dentário

(periodontite) composto de gengiva, ligamento periodontal, cemento e osso

alveolar. A principal manifestação clínica é a halitose, porém outros sinais

como disfagia, anorexia, salivação, exudação purulenta, sangramento à explo,

hiperemia, edema e desconforto na região do focinho podem estar presentes.

(MARCO & GIOSO, 1997; WIGGS & LOBPRICE, 1997; CAVALCANTE, et al.,

2002; BRAGA, et al., 2004; GIOSO, 2007). A prevalência e o desenvolvimento

da doença estão relacionados a diversos fatores dos quais elencamos a

qualidade e quantidade de saliva, maloclusão, anormalidades dentárias,

persistências de dentes decíduos, dieta e alterações da resposta imune

(WIGGS & LOBPRICE, 1997; CAVALCANTE, et al., 2002).

A barreira epitelial íntegra, juntamente com a taxa de renovação celular

e a descamação superficial do sulco gengival evitam que haja penetração

direta das bactérias nos tecidos. Caso haja alteração da relação hospedeiro-

agente ocorre uma série de eventos, como a produção de toxinas bacterianas,

destruição tecidual acelerada, estimulação dos osteoclastos, reabsorção óssea

e retração gengival que resultam do processo inflamatório (CAVALCANTE, et

al., 2002).

18

Histologicamente, a gengiva saudável é substituída por uma gengiva

inflamada, rica em vascularização, com maior quantidade de

polimorfonucleados, plasmócitos, alguns linfócitos e tecido de granulação pobre

em colágeno. Nesses casos ocorre proliferação da margem gengival e da

parede de tecido mole do sulco gengival que pode assumir aspecto

macroscópico semelhante a couve-flor, a vasculite persiste, o infiltrado linfóide

é intenso e a presença de polimorfonucleados é variável. Clinicamente, esse

tecido mole pobre em colágeno pode evoluir para hiperplasia, formando bolsas

periodontais profundas ou retrair-se ao longo da superfície da raiz que já se

apresenta descoberta pela reabsorção óssea e levar a esfoliação do dente

(EMILY, et al., 1999; WIGGS & LOBPRICE, 1997).

Uma vez que o periodonto é lesionado a ponto de haver perda de

estruturas o processo é irreversível; todavia, pode ser estacionado e ter sua

evolução freada com a realização de tratamento periodontal e polimento

adequados da peça dentária para evitar que restem substratos que sirvam de

âncora para a deposição de mais placa e cálculos (GIOSO, 2007; ROZA,

2004).

A medida mais eficiente para a prevenção e controle da doença é a ação

conjunta do profissional e proprietário que deve ser orientado e motivado a

promover a melhor saúde bucal do seu animal e com isso contribuir

significativamente para a sua melhor qualidade de vida. Nesse contexto esse

trabalho objetiva melhorar a compreensão da doença e das alterações

provocas no periodonto pela análise das características histopatológicas.

19

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho foi estruturado em duas etapas, sendo a primeira

composta pela seleção dos animais, avaliação das condições clínica e oral dos

animais e colheita das amostras. A partir do material coletado, em uma

segunda etapa, ocorreu a análise do material no Laboratório de Patologia

Veterinária da Universidade de Brasília (LPV-UnB), com intuito de verificar as

alterações histopatológicas das amostras de gengiva.

ANIMAIS

A principio dois grupos de animais foram utilizados nesse estudo, sendo

o primeiro (Grupo A) composto por 43 cães atendidos no setor de clínica

cirúrgica do Hospital Veterinário de Pequenos Animais da Universidade de

Brasília (HVet-UnB). O outro grupo (Grupo B) composto por animais que

vieram a óbito por causas diversas oriundos em parte do Hvet-UnB, e do

Controle de Zoonoses do Distrito Federal (CCZ), que foram encaminhados ao

Laboratório de Patologia Veterinária (LPV-UnB) a fim de serem necropsiados.

O grupo A foi submetido à avaliação clínica geral composta por

anamnese, histórico clínico dental e geral, exame físico, inspeção da cavidade

oral e exames laboratoriais com finalidade de avaliação pré-operatória

(hemograma, ALT, FA, creatinina e uréia). No grupo B foi realizada inspeção

geral do animal, exame odontológico e colheita da amostra que ocorreu

imediatamente após a morte ou dentro de um prazo máximo de 4 horas após a

eutanásia/morte a fim de evitar ou minimizar as alterações post mortem. Todos

dados obtidos foram registrados em ficha clínica contendo odontograma

(Anexo 1).

Os animais de ambos os grupos foram reunidos em três faixas etárias:

- Jovem - até 2 anos de idade

- Adulto - Acima de 2 até 6 anos

- Maduro/Idoso - Acima de 6 anos

20

Os cães encaminhados ao LPV-UnB sem idade determinada foram

excluídos da avaliação do grau de severidade da doença periodontal por idade.

Contudo, foram incluídos nas demais análises, nas quais os animais

submetidos à colheita por biopsia in vivo ou post mortem foram reunidos em

um único grande grupo, totalizando 89 animais. Em relação ao porte, animais

até 10kg foram considerado pequeno porte, até 20kg médio porte e acima

disso porte grande ou gigante.

AVALIAÇÃO ODONTOLÓGICA E PROCEDIMENTO ANESTÉSICO

Após o exame clínico e a inspeção da cavidade oral os cães foram

submetidos à avaliação odontológica e biópsia da gengiva, sob anestesia geral

ou após a eutanásia. Nos cães do grupo A a tranquilização foi realizada com

maleato de acepromazina1 (0,03mg/kg/IM) e morfina2 (0,5mg/kg/IM). Propofol3

(5mg/kg/EV) e diazepam4 (0,4 mg/kg/EV) foram utilizados como agentes

indutores e a manutenção anestésica efetuada com isofluorano5,

O exame intra-oral foi realizado com auxílio de sonda exploratória

milímetrada (GIOSO, 2007). Apesar do diagnóstico, avaliação das bolsas

periodontais e retração gengival terem sido realizados com a medida em

milímetros, para o resultado final foi considerado a presença ou ausência

desses achados. A doença periodontal foi determinada de acordo com os

achados clínicos na cavidade oral como um todo (GORREL, 2008) e os

principais fatores analisados foram: quantidade de cálculo ou placa encontrada,

o grau de gengivite, profundidade do sulco periodontal, retração gengival e

mobilidade dentária (ARIZI & VESTRAETE, 2009). O acúmulo de cálculo, o

índice de mobilidade dental e a exposição de furca foram graduados seguindo

padrões pré-estabelecidos por Wiggs & Lobprice, 1999) e Holmstron (1992)

(Tabela 1, 2 e 3 respectivamente). Todavia, os graus foram transformado em

cruzes para melhor visualização (Anexo 2), no qual o grau I corresponde a uma

cruz e assim sucessivamente. 1 Acepran 0,2%, Univet – São Paulo, Brasil.

2 Dimorf® Cristália - São Paulo, Brasil.

3 Propovan® Cristália - São Paulo, Brasil.

4 Compaz® Cristália - São Paulo, Brasil.

5 Isoforine® Cristália – São Paulo, Brasil.

21

Tabela 1 : Índice de acúmulo de cálculo dentário.

Grau Descrição

I Pouco - Cálculo cobrindo menos da metade da coroa;

II Moderado - Cálculo cobrindo mais da metade da coroa;

III Severo – Retração gengival com acúmulo de cálculo na superfície radicular.

Fonte: WIGGS & LOBPRICE, 1997.

Tabela 2 : Índice de mobilidade dentária.

Grau Descrição

I Pouca – representa o primeiro sinal detectável ao exame clínico de movimento maior que o normal;

II Moderada – movimento de 1mm;

III Severa - movimentos maiores que 1mm em todas as direções e/ou em direção ao alvéolo.

Fonte: HOLMSTRON et al., 1992.

Tabela 3 : Índice de exposição da região de furca.

Grau Descrição

I Pode ser detectada através da linha de gengiva a entrada para a furca;

II Há entrada da sonda periodontal em direção a furca sem se estender para o outro lado;

III A gengiva encontra-se retraída a ponto de expor a furca de ambos os lados.

Fonte: HOLMSTRON et al., 1992.

Com base na presença e severidade com que essas características foram observadas na cavidade oral dos animais, determinou-se 3 graus distintos da doença: leve, moderada e grave: (WIGGS & LOBPRISE, 1997; EMILY, et al., 1999):

22

• Grau leve: as alterações são sutis e apenas o periodonto de

proteção está comprometido. Observa-se gengivite clínica

caracterizada por hiperemia do bordo livre da gengiva, edema e

por vezes, é possível notar sangramentos gengivais à

manipulação (Figura 2);

• Grau moderado: as lesões começam a atingir o periodonto de

sustentação. Dessa forma já é possível observar sulcos gengivais

mais profundos que caracterizam o inicio da formação de bolsas

periodontais, irregularidade do bordo gengival, início de exposição

de furca entre outros (Figura 3);

• Grau grave: observam-se bolsas periodontais profundas, retração

de gengiva significativa, exposição da raiz dentária, mobilidade

dentária, geralmente acentuada quando presente e espoliação

dos dentes mais lesados (Figura 4).

A realização do exame radiológico não foi utilizada como elemento

auxiliar no diagnóstico e avaliação das lesões periodontais devido

indisponibilidade para utilização do aparelho de raio X. Contudo, isto não

acarretou maiores prejuízos ao projeto uma vez que os parâmetros

radiográficos são mais relevantes para avaliação de lesões ósseas e

periodontais com envolvimento endodôntico, que não consistiam no enfoque

deste estudo (TSUGAWA & VESTRAETE, 2000).

Em ambos os grupos, a biópsia foi realizada com duas incisões verticais

a partir do bordo gengival livre em sentido apical, com aproximadamente três

milímetros de largura e incisão horizontal sobre a gengiva aderida com auxílio

de lâmina de bisturi 10 (Figura 5), de forma que todo fragmentos tivesse uma

porção de gengiva livre e outra de gengiva aderida. O antímero direito e a

gengiva dos dentes canino e 4º pré molar da arcada dentária superior foram

escolhidos como padrões para o estudo, por ser a região mais afetada e os

dentes que apresentam alterações mais relevantes.

As amostras foram acondicionadas em frascos devidamente

identificados contendo formol 10% tamponado e posteriormente processadas

no laboratório de Patologia Veterinária da Universidade de Brasília - LPV-UnB.

23

Na sequência realizou-se o procedimento terapêutico (profilaxia oral/tratamento

periodontal) mais adequado para cada caso.

Após o período de fixação em formol 10%, as amostras foram

processadas rotineiramente, incluídas em parafina, e realizados cortes

histológicos em micrótomo manual6 com espessura de 5µm. Uma lâmina de

cada fragmento foi confeccionada e corada por coloração de hematoxilina e

eosina.

6 Leica RM 2125RT - Alemanha

24

Figura 2 – Cão nº 41 com doença periodontal leve examinado no HVet-UnB exibindo hiperemia do bordo livre da gengiva.

Figura 3 – Cão nº 29 com doença periodontal moderada apresentando hiperemia acentuada da gengiva com bordos livres irregulares no 4º dentre pré molar, início de formação de bolsa periodontal (seta), acúmulo acentuado de cálculo e placa sobre os dentes.

25

Figura 4 – Cão nº11 com doença periodontal grave apresentando retração gengival acentuada acompanhada de exposição severa da região da furca (seta), bolsas periodontais e gengivite.

Figura 5 - Retirada de amostras das gengivas (setas) dos dentes canino (A) e 4º pré molar (B) para exame histopatológico.

A B

26

ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA

Em cada fragmento foi identificado o epitélio juncional, o epitélio do sulco

e a vertente gengiva externa da gengiva conforme descrito no referencial

teórico (KATCHBURIANA & ARANA, 1999). O infiltrado inflamatório foi

caracterizado quanto aos tipos celulares que os compõem, intensidade e

extensão, principalmente no epitélio juncional e no sulco gengival. Os tipos de

infiltrado inflamatório foram enquadrados nos tipos linfo-plasmocítico e linfo-

histiocítico, associados ou não a neutrófilos e/ou eosinófilos. Foram analisados

semi-quantitativamente também número de capilares e a presença ou ausência

de edema no tecido conjuntivo. Todas as análises clinico-histológicas foram

realizadas por um único observador.

Para gradação da severidade ou intensidade da gengivite avaliada à

microscopia foi utilizada gradação por cruzes. Uma cruz corresponde a

intensidade discreta, duas cruzes para lesões moderadas e três cruzes para

lesões acentuadas. A avaliação do edema tecidual foi determinada quanto à

presença ou ausência e não sua intensidade.

O exame histopatológico foi considerado como padrão para a

determinação do percentual de acerto e de concordância entre o diagnóstico

clínico e as avaliações histológicas da gengivite.

ANALISE ESTATÍSTICA

As avaliações estatísticas foram feitas com o auxílio do programa

Microsoft Excel. Foi realizado o teste X² para pesquisa de associação entre o

diagnóstico clínico e histológico da gengivite, assim como entre cada uma

delas e a doença periodontal. Para tal foi utilizado nível de significância de p ≤

0,05 no qual a hipótese nula foi aceita, rejeitando-se a hipótese de que as

variáveis pudessem estar associadas (BARBETA, P.A., 2007).

27

RESULTADOS

Do total de 89 animais (grupo A e B) com a cavidade oral inspecionada,

50,56% (n=45) eram portadores de doença periodontal (DP) em estágio inicial

(grau leve), outros 26,97% (n=24) apresentaram a doença em grau moderado e

por fim, somente 21,35% (n=19) apresentaram maior gravidade dos sinais da

doença. Apenas 1,12% (1) foi considerado livre da enfermidade (figura 6).

Dos 47 cães com idades determinadas, 6,38% (n=3) eram jovens,

40,43% (n=19) adultos e idosos totalizaram 53,19% (n=25). Os cães jovens

apresentaram apenas doença periodontal leve. Animais adultos demonstraram

maior número de lesão em grau moderado 56,00% (28/50), e entre os idosos, a

doença periodontal grave, 46,43% (13/28), predominou (Figura 7).

Nos cães avaliados, 49,44% (n=44) eram fêmeas e 50,56% (n=45) eram

machos. Em ambos os sexos, o predomínio foi de doença periodontal leve.

Contudo, nas fêmeas, a segunda maior ocorrência foi do grau grave da doença

(27,27%), enquanto nos machos, o grau moderado (33,33%) foi o segundo

mais predominante.

Os cães sem raça definida (SRD) representaram a maioria 31,46%

(28/89). Poodles e cockers apresentaram o mesmo percentual, 8,99% (n = 8)

cada um, seguidos por 6,74% (n = 6) de teckels, 5,62% (n = 5) de labradores e

pastores Alemão, 4,49% (n = 4) de rottweilers, 3,37% (n = 3) de pitt bulls e

lhasas apso. Schnauzers, pastores Belga, akitas, boxers e filas Brasileiros

representam 2,24% (n = 2) cada, enquanto as demais raças, 1,12% cada uma

(Figura 8). A análise do grau de severidade da doença quando comparado com

o porte dos animais revelou que houve maior ocorrência de doença periodontal

leve (34,48%) e moderada (34,48%) entre os animais considerados de

pequeno porte (10/29). Já nos animais de porte médio, grande e gigante, as

maiores porcentagens encontraram-se na doença leve, 53,57% (15/28) e

62,50% (20/32) respectivamente (Figura 9).

Em 92,95% (145/156) dos dentes analisados foi constatada algum grau

de cálculo dentário na face vestibular. O 4º dente pré molar foi o mais

acometido em 53,79% (78/145) dos animais. Entre os dentes caninos, 49,25%

(33/67) apresentaram cálculo grau I, 35,82% (24/67) grau II e 14,93% (10/67)

28

grau III. A proporção inversa foi observada no 4º pré molar, no qual 42,31%

(33/78) foi de cálculo grau III 32,05% (25/78) e 25,64% (20/78) de grau I (Figura

10).

Apenas 6,25% (11/176) das gengivas apresentaram bolsa periodontal,

sendo que a maioria ocorreu no dente canino (63,64%) e o restante no 4º pré

molar. A exposição da região da furca estava presente em 5,68% dos 4º dentes

pré molares e variaram entre grau II e III.

Clinicamente apenas 9,62% (15/156) dos cães não apresentaram sinais

clínicos de inflamação na gengiva dos dentes avaliados. Dos animais que

apresentaram sinais de gengivite em 9,09% (7/77) dos caninos e 10,12% (8/79)

dos dentes 4º pré molares havia sinais de inflamação considerados leve. Já

23,38% (18/77) caninos e 21,52% (17/79) dos 4º pré molares exibiram grau

moderado de inflamação e finalmente, 32,47% (25/77) dos caninos e 21,52%

(17/79) dos 4º pré molares demonstraram gravidade dos sinais de inflamação

gengival.

Devido à falhas na colheita ou no processamento do material houve a

perda de 12,50% (n = 22) das 178 amostras iniciais de gengiva.

Histologicamente 22,44% (35/156) das amostras viáveis apresentavam grau

leve de gengivite, 41,02% (64/156) grau moderado, 26,92% (42/156) grau

grave (Figuras 12, 13 e 14). Em 9,62% (15/156) dos materiais analisados não

foram observadas alterações histológicas dignas de nota. Considerando os

achados encontrados na amostra de cada dente, houve semelhança nos dados

encontrados entre os dentes canino e 4º pré molar, pois houve predomínio de

gengivite moderada em ambos, sendo 35,06% (n = 27) e 46,84% (n = 37),

respectivamente.

Em relação à vascularização gengival das amostras analisadas, 43,59%

(68/156) apresentaram quantidade discreta proliferação de capilares. Em

30,13% (47/156) dos fragmentos teciduais, havia quantidade moderada de

capilares, e 26,28% (41/156) das gengivas apresentavam presença

exacerbada de vasos sanguíneos. O predomínio foi de vascularização discreta

tanto no dente canino quanto no 4º dente pré molar foi de 40,26% (31/77) e

46,84% (37/79) respectivamente. No dente canino também foi observado

29,87% (23/77) das amostras com grau moderado de vascularização e 29,87%

(23/77) com a gradação acentuada. No 4º dente pré molar foi encontrado

29

30,38% (24/79) dos casos com vascularização gengival moderada e 22,78%

(18/79) com a forma acentuada.

Quando comparada a vascularização da gengiva com a doença

periodontal houve predominância de quantidade discreta de vasos nos graus

leve e moderado da doença, 84,44% (38/45) e 79,17% (19/24)

respectivamente. Na doença mais severa foi observada com frequência a

vascularização acentuada com 78,95% (15/19) (Figura 11).

O infiltrado inflamatório nas amostras variou entre os tipos linfo-

plasmocítico e linfo-histiocítico, com menor quantidade de células como

neutrófilos e eosinófilos. Em 57,69% (90/156) das amostras observou-se

infiltrado inflamatório linfo-plasmocítico, sendo o restante 42,31% (66/156), do

tipo linfo-histiocítico. Em ambos os dentes analisados houve predomínio de

células inflamatórias linfo-plasmocíticas, 58,44% (45/77) no dente canino e

56,96% (45/79) no 4º pré molar (tabela 4).

Em relação à concordância do diagnóstico clínico e histopatológico das

gengivites (Tabela 5) não houve diferença significativa entre os valores

analisados (p≥0,05), assim como na correlação entre a doença periodontal e

cada tipo de gengivite. Na análise de erros e acertos da avaliação microscópica

e das lesões gengivais clinicamente brandas ou inexistentes apresentou baixo

índice de acertos entre as duas formas de diagnóstico (22,45% e 9,62%

respectivamente). Contudo, a medida que a severidade dos sinais clínicos

avançaram o erro tende a diminuir (Tabela 6).

Observou-se em quantro animais que pertenciam inicialmente ao Grupo

B formas amastigotas de Leishmania spp na lâmina própria das gengivas

analisadas.

30

Figura 6 - Distribuição da doença periodontal detectada pela inspeção visual

em cães do DF (Brasília, 2010).

Figura 7 - Faixa etária dos cães do DF com a classificação da doença

periodontal. (Brasília, 2010).

31

Figura 8 – Raças de cães acometidos por doença periodontal no DF. (Brasília,

2010).

.

32

Figura 9 – Gradação da doença periodontal em cães do DF de acordo com o

porte dos animais acometidos. (Brasília, 2010).

Figura 10 – Deposição de cálculo dentário em cães do DF por dente analisado.

(Brasília, 2010).

Figura 11 – Vascularização da gengiva de cães do DF com diferentes graus de

doença periodontal. (Brasília, 2010).

33

Figura 12 – Cão com doença periodontal. (A) Aspecto macroscópico de gengivite leve. (B) Gengivite linfoplasmocítica leve na região do sulco gengival (Coloração HE).

Figura 13 - Cão com doença periodontal. (A) Aspecto macroscópico de gengivite moderada. (B) Gengivite linfoplasmocítica moderada na região do sulco gengival (Coloração HE).

B A

A B

B A

34

Figura 14 - Cão com doença periodontal. (A) Aspecto macroscópico de gengivite grave. (B) Gengivite linfoplasmocítica grave (Coloração HE).

Tabela 4 – Distribuição dos graus de gengivite, perfil inflamatório,

vascularização e edema nos dentes canino e 4º pré molar em cães com

doença periodontal (Brasília, 2010).

CANINO

(n = 77)

4º PRÉ MOLAR

(n = 79)

GENGIVITE

Ausente

Leve

Moderada

Grave

9,09% (7) 10,12% (8)

23,38% (18) 21,52% (17)

35,06% (27) 46,84% (37)

32,47 (25) 21,52% (17)

INFILTRADO

Linfoplasmocítico

Linfo-histiocítico

58,44% (45) 56,96% (45)

41,56% (32) 43,04% (34)

VASCULARIZAÇÃO

Discreta

Moderada

Acentuada

40,26% (31) 46,84% (37)

29,87% (23) 30,38% (24)

29,87% (23) 22,78% (18)

EDEMA

Ausente

Presente

42,86% (33) 48,10% (38)

57,14% (44) 51,90% (41)

.

Tabela 5 – Avaliação clínica e histológica dos diferentes graus de gengivite em

cães no DF (Brasília, 2010).

Gengivite

Clínica

% (n=156)

Histologia

% (n=156)

Sem alteração 9,61 (15) 7,69 (12)

Leve 22,45 (35) 27,57 (43)

35

Tabela 6 - Concordância entre os diagnósticos clínico e histológico de gengivite

em cães com doença periodontal (Brasília, 2010).

Moderada 41,02 (64) 38,46 (60)

Grave 26,92 (42) 26,28 (41)

% ACERTO % ACIMA % ABAIXO

Sem alteração 9,62 90,4 -

DP leve 22,45 67,95 9,62

DP moderada 41,03 26,91 32,06

DP grave 26,92 - 73,08

36

DISCUSSÃO

Nos cães examinados no Distrito Federal houve acometimento por

doença periodontal (DP) de mais de 90%. Em outros estudos também em cães

em outras partes do Brasil e em outros países, alta taxa de prevalência da

doença, acometendo em torno de 80% dos animais (WIGGS & LOBPRISE,

1997; GIOSO, 2007). Braga et al. (2004) encontrou 93,10% de prevalência em

cães da raça pastor Alemão. Hoffman & Gaengler (1996) avaliaram a cavidade

oral de 123 cães da raça poodle e não encontraram animais livres das

enfermidades periodontais. Gouveia (2009) revisou estudos nacionais e

internacionais sobre o assunto, consultando trabalhos recentes e dos últimos

40 anos e observou prevalências acima de 80%.

A elevada presença de DP em cães é praticamente unanimidade nos

estudos de prevalência da enfermidade. Entretanto, os animais atendidos no

HVet-UnB, em sua maioria, procuraram pelo atendimento de clínica cirúrgica

justamente devido aos problemas gengivais e dentários. Assim, não pode ser

descartada a possibilidade da elevada prevalência da DP na população

avaliada, estar associada à forma de amostragem e às condições de

manutenção dos animais.

A maioria dos cães adultos apresentou grau leve de DP, enquanto entre

os idosos foi observada maior ocorrência de grau grave. Hoffman & Gaengler

(1996) relataram diversos sinais característicos de gengivite e periodontite, que

variaram de inflamação discreta à lesões gengivais significantes em cães mais

velhos. Outros relatos em seres humanos e em cães apontam para uma maior

frequência de DP na forma leve em jovens, enquanto adultos ou idosos

apresentam alterações mais graves que acometem inclusive o periodonto de

sustentação (REZENDE et al., 2004; TELHADO, et al., 2004; ALBANDAR,

2005; MACHION, et al., 2000). Apesar de não haver comprovações a respeito

deste padrão de ocorrência da DP acredita-se que a idade seja um fator que

aumente o risco, principalmente pelo efeito acumulativo ao longo do tempo

(ALBANDAR, 2005).

37

As diferenças encontradas entre as idades podem ser justificadas pela

grande quantidade de fatores que agem em conjunto e influenciam o

desenvolvimento da doença, além da influência da idade. Existem fatores

intrínsecos e pré-disponentes em cada indíviduo: estresse psicológico e físico,

associado ou não à má-nutrição e a predisposição genética entre outros podem

interferir de maneira relevante na qualidade da resposta imune do animal frente

ao agente irritativo - placa (OPPERMANN et al., 2002; DIETRICH et al., 2006;

GORREL, 2008; NIEMIEC, 2008), assim como o tipo de perfil da resposta

inflamatória desenvolvida por cada individuo (GEMMEL et al., 2002) contudo

esses fatores não foram avaliados.

No presente estudo em cães não foi observada diferenças entre a

revalência da doença entre machos e fêmea, assim como observado por Gioso

(2007). Gouveia (2009), afirmou não haver comprovação da predisposição a

doença periodontal ligada ao sexo. Entretanto MARCHION et al. (2000)

encontrou índices mais elevados da doença em pessoas do sexo masculino.

Este achado foi atribuído à maior falta de cuidados com a saúde oral por parte

dos homens. Em Medicina Veterinária não há distinção dos cuidados de

higiene em relação ao sexo. Este fator está mais relacionado com o grau de

disponibilidade e conscientização da importância da saúde oral dos

proprietários em relação a seus animais de estimação.

Dentre as raças estudadas, a doença periodontal foi mais prevalente em

cães SRD seguidos em menor proporção por poodles, cockers, teckels e as

demais. Não há estudos específicos em cães sem raça definida, os dados

relatados nessa raça são escassos e variados, pois não existe um padrão

fenotípico característico a semelhança do que ocorre em cães de raça definida

(EURIDES et al., 1996; SILVA, 2006-a; LACERDA & ALESSI, 2002;

SALDANHA, 2002). Assim, acredita-se que a maior prevalência nessa raça foi

devido ao seu maior número na população estudada, em torno de 28 animais

do total de 89 avaliados, já que não houve uniformidade no porte, idade ou

sexo dos cães sem SRD.

Quando a doença periodontal foi comparada com o porte dos animais

acometidos ocorreu alta ocorrência do grau leve da doença nos três portes

considerados, embora nos cães de menor porte a porcentagem de doença em

grau leve tenha sido igual ao grau moderado. Contudo em cães de pequeno

38

porte foram encontrados os maiores índices da doença em estágio grave

(WIGG & LOBPRISE, 1997; LOBPRICE, 2000; NIEMIEC, 2008; GOUVEIA,

2009). Atribui-se a alta frequência de maloclusão, apinhamento e retenção de

dentes decíduos a maior ocorrência da doença periodontal neste grupo, pois

estes fatores favorecem o acúmulo de placa e dificultarem a limpeza que o

atrito da dieta e o uso de produtos mastigáveis provocam (WIGG & LOBPRISE,

1997; KOWALESKI, 2005; GIOSO, 2007).

Apesar dos cães de porte pequeno apresentar a maior prevalência de

DP grave, esse índice ainda foi relativamente baixo. É preciso considerar o alto

poder aquisitivo e a maior acessibilidade a informações da população no

Distrito Federal. Grande parte da população desses cães era proveniente HVet-

UnB, já havia sido submetido a algum tratamento oral prévio e/ou moravam em

regiões de classe média ou alta da cidade Estes fatores podem ter influenciado

de maneira considerável a saúde oral dos cães, apesar desta ainda estar muito

aquém do desejado. Sugere-se que esses animais estão recebendo maiores

cuidados com a saúde bucal ou alimentação de melhor qualidade.

Dos dentes avaliados, grande porcentagem apresentou algum índice de

cálculo dentário. Nos pré molares foi encontrado maior acúmulo e extensão de

cálculo dentário. Albandar e Kingman (1999), em seus experimentos com

humanos, relataram que 48,5% dos dentes analisados apresentavam cálculo

dental, sendo que o maior acúmulo foi constatado nos dentes molares da

maxila. Gioso (2007) e Paiva (2007) encontraram acúmulos maiores de placa

nos dentes 4º pré molare e molares.

O maior acúmulo de cálculo nos dentes maxilares distais em humanos e

cães está associado à proximidade deles com a saída do ducto salivar da

glândula parótida e zigomática (PAIVA et al., 2007; TELHADO et al., 2004;

GIOSO, 2007). Embora não tenham sido analisados dentes molares, nos

dentes pré molares foram encontrados os maiores depósitos de cálculo sobre a

coroa dos dentes. Os cães não têm seus dentes higienizados rotineiramente

como nos seres humanos, fato que favorece a organização e estabilização da

placa bacteriana e sua posterior mineralização e formação do cálculo dentário.

A presença de cálculo por si só não tem relevância na instalação da DP,

contudo a superfície porosa e irregular do cálculo favorece o depósito de placa

que desencadeia e agrava o processo de inflamação. A importância desse ciclo

39

consiste na perpetuação do processo que associado a falta de higienização

constante favorece a destruição das estruturas mais internas do periodonto e

perda da inserção clínica (ALBANDAR & KINGMAN, 1999; GOUVEIA, 2009).

Apenas uma pequena porcentagem de dentes pré molares

apresentaram exposição de furca e/ou bolsas periodontais, a despeito de

serem neles os maiores acúmulos de cálculo e gengivite. Já nos dentes

caninos houve predomínio de bolsas periodontais, apesar de exibirem baixa

representatividade quando considerados todos os dentes. Em fato, quando

ocorre migração da inserção do dente no sentido apical com o

acompanhamento de retração gengival há exposição da raiz ou no caso de

dentes com raízes múltiplas, exposição da região entre as raízes, conhecida

como furca. Por outro lado, se a reabsorção óssea não for seguida de retração

gengival, ocorre formação de um sulco periodontal mais profundo que o

normal, conhecido como bolsa periodontal (GIOSO, 2007).

As características supracitadas não são características encontradas no

grau leve de doença periodontal, sendo um dos fatores analisados para

diagnóstico da forma moderada e grave. Uma vez que a maior prevalência foi

de grau leve, realmente era não esperado encontrar índices muito altos de

exposição de furca e bolsa periodontal (WIGGS & LOBPRISE, 1997; EMILY, et

al., 1999).

A grande maioria dos cães apresentou grau leve de gengivite ou

alterações insignificantes de inflamação no exame clínico. Arce & Lucas (2003)

concluíram, na espécie humana, haver dificuldades em encontrar um padrão

normal de saúde gengival, pois quase na totalidade do casos há acumulo de

placa bacteriana e consequente inflamação da gengiva. Possivelmente o

mesmo seja valido para cães, e dessa forma, o termo “saúde clínica da

gengiva” seria mais adequado. Silva (2006-a) diante de resultados

semelhantes, concluiu que a resposta clínica local, em muitos casos, não

reflete a real condição da inflamação gengival em cães portadores de doença

periodontal.

As amostras histológicas analisadas apresentaram perfil inflamatório

predominantemente do tipo linfo-plasmocítico, sendo o restante do tipo linfo-

histiocítico, entretanto polimorfuncleados principalmente neutrófilos, também

foram observados na composição do infiltrado inflamatório. Silva (2006-a)

40

observou que gengivas sadias apresentaram infiltrado de células inflamatórias,

predominantemente composto por neutrófilos e linfócitos. Hoffman & Gaengler

(1996) relataram em grande numero de biópsias, infiltrado inflamatório formado

por polimorfonucleares, linfócitos e plasmócitos, na gengiva dos 123 cães da

raça poodle. Há poucas descrições que detalham o tipo de infiltrado

inflamatório presente na gengivite quando avaliada à microscopia. Embora seja

possível encontrar graduações de intensidade e extensão, há dificuldades em

encontrar descrições pormenorizadas do tipo celular predominante.

O sulco gengival é um local propício para acumulo e proliferação de

microorganismos que por vezes conseguem romper a homeostase local

desencadeando resposta inflamatória e imune (ARCE & LUCAS, 2003;

GEMMEL et al., 2002). Contudo, constantemente o organismo tenta debelar

essa ação agressiva da placa bacteriana no tecido gengival, o que caracteriza

períodos ativos e períodos de latência da enfermidade (WIGG &

LOBPRICE,1997; GIOSO, 2007). Não se sabe ao certo se durante os períodos

de latência, nos quais não se observa sinais clínicos macroscópicos de

inflamação da gengiva, não haja realmente infiltrado inflamatório local.

Possivelmente este infiltrado inflamatório permaneça constante, variando em

intensidade.

Para as bactérias se alojarem no sulco gengival e aderirem-se na

superfície dos dentes devem driblar diversos mecanismos de defesa do

hospedeiro, entre os quais: a ação mecânica de limpeza promovida pela saliva,

fluxo do líquido crevicular e os elementos que o compõem, a descamação do

epitélio do sulco, os anticorpos locais e a fagocitose que ocorre pelos

polimorfonucleados que migram pelo epitélio juncional para o sulco (GEMMEL

et al., 2002). As bactérias na cavidade oral, uma vez vencendo esses

obstáculos alcançaram o tecido conjuntivo. Há então o desencadeamento de

repostas imune e celular das quais participam principalmente linfócitos,

neutrófilos e macrófagos (ARCE & LUCAS, 2003; GEMMEL et al., 2002).

Contudo, também há produção citocinas e outros produtos metabólicos que

promovem a lesões tais como perda de fibras colágenas e reabsorção da crista

óssea do alvéolo dentário que juntas geram a migração apical do bordo

gengival, ou seja a retração gengival ou o aumento do sulco gengival, a bolsa

periodontal (CASATI, 1999).

41

Diversos estudos reconhecem o papel dos linfócitos no desenvolvimento

da doença periodontal e indicam serem eles os responsáveis por dois tipos

distintos de doença: uma com um comportamento mais estável caracterizada

por linfócitos T do tipo T helper (Th) 1, outra com perfil Th2 que liberam

citocinas que estimulam linfócitos B e plasmócitos, predominantes em lesões

progressivas da doença (SEYMOUR, 1991; PIETRUSKA et al.,2004; ARTESE

et al., 2010). Christgau (1998) relatou a presença e a importância dos

macrófagos na patogênese e resolução da doença periodontal, pois liberam

agentes pró-inflamatórios e mediadores da inflamação que, entre outras ações,

amplifica a ação nociva ao tecido, levando a destruição deste. Neutrófilos e

macrófagos são as células inflamatórias que compõem a linha de frente da

defesa do organismo contra ação das bactérias (ARTESE et al., 2010).

Não foram observadas diferenças relevantes na quantidade de vasos

visualizados nas amostras de gengivas analisadas quando comparado os

graus leve e moderado de DP. Já no estadio mais grave da doença, houve

predomínio de vascularização intensa. Baab & Öberg (1986) afirmaram haver

relação entre o aumento do número de vasos sanguíneos e progressão da

doença em animais com periodontite. Söderholm & Attström (1977) relataram

ocorrência de vasculite já nos estágio iniciais de gengivite.

Sakallıoğlu et al. (2007) utilizou marcação imuno-histoquímica do tecido

gengival portadores de doença periodontal associada ou não a diabetes

melitos e observou que tecidos gengivais dos pacientes diabéticos apresentam

maior expressão de VEGF (fator de crescimento endotelial). Isso sugere ser

esta uma das causas que leva a maior gravidade da doença nesses pacientes.

De modo geral o aumento da concentração de VEGF na periodontite pode ser

um dos motivos do aumento da vascularização e permeabilidade, e pode ser

considerado um marcador de gravidade da periodontite em seres humanos

(SAKALLIOĞLU et al., 2007).

Acredita-se que as alterações ocorridas na microvascularização durante

a inflamação possam ser permanentes ou não regridem rapidamente. A

importância em definir e conhecer as alterações vasculares ocorridas na

gengivite e periodontite está no fato do aumento de transporte de células

inflamatórias, nutrientes e oxigênio causado pela angiogênese, aumentando a

gravidade da doença (BAAB & ÖBERG, 1987).

42

Quando comparamos o diagnóstico clínico com a análise histológica da

gengiva do dentes amostrados observa-se que houve maior percentual de erro

em relação aos acertos, pois na maioria dos casos, subestima-se a real

situação dos tecidos envolvidos. Os sinais clínicos observados quando

discretos ou moderados são acompanhados de infiltrado inflamatório moderado

a intenso, e por vezes, com invasão e destruição do epitélio. Marcantonio

Júnior (1988) afirmou não ser fácil a determinação clínica do estado histológico

dos tecidos gengivais e relatou uma maior tendência ao erro em doenças

periodontais mais brandas. Torna-se importante relembrar que gengivas

clinicamente saudáveis possuem insignificante grau de inflamação e a distinção

entre essa inflamação normal e um infiltrado inflamatório discreto não é fácil.

Apesar das analises terem sido realizadas por um único observador, o erro

humano não pode ser descartado nessa diferenciação (KATCHBURIANA &

ARANA, 1999; MARCANTONIO JÚNIOR et al., 1988).

Estatisticamente não foi possível estabelecer um comparativo entre as

avaliações clínicas e microscópicas da gengiva, e entre essas avaliações e a

DP. Isso já era esperado no que diz respeito à doença periodontal e a

gengivite. Embora no grau leve o achado clínico de maior relevância seja a

inflamação da gengiva, nas demais formas da doença o diagnóstico baseia

num conjunto de outros fatores que devem ser considerados, tais como:

retração gengival, reabsorção óssea, exposição de furça e raiz dentária. Dessa

forma não se espera que a análise gengival, sem avaliação das demais

estruturas do periodonto, seja suficiente para concluir diagnóstico. Acredita-se

que a semelhança entre os resultados tenham origem no acaso, e

possivelmente, amostras maiores evidenciariam este fato.

Em quatro animais foi observada a presença discreta de formas

amastigotas de Leishmania spp na lâmina própria das gengivas analisadas.

Bonotto et al., (2008) relatou o caso de uma paciente humana com histórico

prévio de leishmaniose visceral, que apresentou uma lesão ulcerativa na

gengiva na região dos incisivos centrais, apresentando resultado positivo para

o parasita no exame sorológico e na biópsia da lesão. Nunes et al., (1993)

descreveram cinco casos positivos na biópsia oral e exame imuno-histoquimico

para leishmaniose mucocutânea em seres humanos e ressaltaram a dificuldade

de visualização do parasita em cortes histológicos corados com coloração de

43

rotina. Motta et al., (2007) relataram 11 casos de leishmaniose tegumentar com

manifestações orais, ulcerativas, principalmente na região de palato duro e

mole de homens e mulheres, e destacou que lesões orais decorrentes da

enfermidade não são comuns. Sampaio & Paula (1999) relataram 11 casos de

leishmaniose mucocutânea em humanos no Distrito Federal, enquanto

Carranza-Tamayo et al. (2010) confirmaram a ocorrência de 21 casos

autóctones da LVC no Distrito Federal.

A presença de parasitas associados a lesões ulcerativas de gengiva ou

palato de humanos diferiu do observado em cães do Distrito Federal, nos quais

as formas amastigotas de Leishmania spp foram encontradas acidentalmente

nas biópsias de gengivas. Estes animais apresentavam sinais clínicos discretos

ou ausentes e em sua maioria, gengivite moderada quando examinadas

microscopicamente. Brasília e Entorno enfrentam hoje uma situação endêmica

de leishmaniose visceral canina e estudos nesse sentido vem sendo realizados

com relação à forma mucocutânea da doença. Contudo ainda são poucas as

descrições em cães da doença mucocutânea, assim como avaliações para a

determinação do parasita no tecido gengival.

A doença periodontal em cães trata-se de uma enfermidade complexa,

que apresenta muitas variáveis e interações que devem ser consideradas e

melhor compreendidas. Entre elas, as alterações histopatológicas e sua

relação com as manifestações clínico-patológicas detectadas no exame

odontológico. Todavia, estas alterações mesmo ainda não totalmente

elucidadas, ratificam o potencial nocivo da doença sobre os tecidos

periodontais. A avaliação clínica da cavidade oral deve ser aprimorada para

convergir com as lesões teciduais periodontais, melhorando assim detecção

precoce do problema para que ações preventivas e profiláticas possam intervir

no curso da doença. Apesar de não ser o escopo desse estudo, alguns poucos

animais apresentaram formas amastigotas de Leishmania spp. no tecido

gengival. Aparentemente, mesmo não havendo diferenças histológicas no

padrão de lesão gengival entre cães com leishmaniose e não infectados,

possivelmente possa haver alguma influência no curso da doença periodontal.

É notória a interferência que o parasita pode causar no sistema imune de cães,

e assim, não pode ser descartada sua influência nas lesões inflamatórias orais.

44

CONCLUSÃO

• A doença periodontal apresenta alta ocorrência na população caniina

estudada, sendo o grau leve, a forma mais frequente;

• Não há predileção entre os sexos, todavia animais de pequeno porte

foram mais susceptíveis, principalmente ao grau mais severo da DP;

• O infiltrado inflamatório linfo-plasmocítico foi o tipo mais

frequentemente observado, por vezes, associado à neutrófilos, e

mais raramente a eosinófilos;

• A gengivite moderada foi a forma predominante, quando analisada

microscopicamente;

• A comparação entre os diagnósticos clinico e histopatológico da

doença periodontal demonstra haver pouco grau de concordância

entre eles;

45

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50

CAPÍTULO III

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos dias atuais existem diversos estudos que contemplam a doença

periodontal e suas implicações na saúde oral e sistêmica de humanos,

contudo, ainda são insipientes quando tratamos de animais. Mesmo sendo

esta doença de alta prevalência entre os cães, poucos estudos avaliam seu

impacto sobre os tecidos periodontais ao nível microscópico.

Nesse contexto este trabalho realizou uma investigação sobre as

principais alterações histopatológicas em cães com doença periodontal no

Distrito Federal com intuito de contribuir com o melhor entendimento da

doença. A análise das amostras resultou em dados que por vezes diferem

51

daqueles mencionados previamente, e justamente por isso pode ser um

colaborador na fundamentação de novas hipóteses, contribuindo para abertura

de caminhos para novas investigações e estudos.

Todavia, os resultados confirmam o potencial danoso da doença

periodontal e sua ação lesiva nos tecidos periodontais, sendo que a gengiva é

o primeiro tecido afetado. Mediante aos achados é relevante destacar a

importância em aprimorar os métodos de avaliação dos sinais clínicos para

classificação da doença, uma vez que a correspondência com os achados

histológicos apresentam considerável discrepância, principalmente quando se

trata da doença em estágio inicial.

O desenvolvimento e evolução da doença periodontal é multifatorial e

por esse motivo há um vasto campo de pesquisa na área para novos estudos.

Pesquisas maiores em relação ao perfil de resposta imunológica,

principalmente relativo a caracterização dos linfócitos que compõem o infiltrado

inflamatório nas gengivites, assim como maiores pesquisas a cerca do

comportamento da doença ao longo dos anos de uma população e possíveis

interações hormonais auxiliariam na compressão da dinâmica da doença.

Dessa forma, a longo prazo, essas informações poderiam auxiliar na

elaboração de novas medidas preventivas e terapêuticas para combater a

doença.

As formas amastigotas de Leishmania spp no tecido gengival de alguns

cães positivos funciona como um alerta para que estudos mais específicos

sejam realizados com esse material. Por não ser fácil a visualização da

Leishmania spp em cortes histológicos, sugere-se a utilização de técnicas

imuno-histoquimicas e de biologia molecular, como a PCR para pesquisa desse

parasita nos animais, apesar de na espécie humana a presença do parasita

estar relacionada a lesões ulcerativas, fato que não foi observado neste estudo.

52

ANEXO 1

Ficha de avaliação clínica contendo odontograma.

Frente

53

• V

erso

54

ANEXO 2

Tabela 3 – Distribuição das principais características clínicas e histológicas

encontradas nos dentes analisados por animal em cães do DF. (Brasília, 2010)

Nº B/N Idade

(anos) Raça Sexo DP Dente C EF

BP

(mm)

RG

(mm) GC GH V E

1 B Adulto SRD M ++ CANINO - - - - - - + a

4º PM +++ - - - ++ ++ + a

2 B Adulto Yorkshire M ++ CANINO ++ - - - +++ +++ ++ b

4º PM +++ - - - ++ ++ + b

3 B Adulto Cocker F + CANINO + - - - + + +++ a

4º PM ++ - - - + + ++ a

4 B Adulto Schnauzer M + CANINO + - - - + + +++ b

4º PM ++ - - - + + ++ b

5 B Jovem Teckel M + CANINO - - - - + + ++ a

4º PM + - - - + + ++ a

6 B Adulto SRD M + CANINO + - - - ++ ++ +++ a

4º PM + - - - + + + a

7 B Idoso Poodle F ++ CANINO ++ - 3 - ++ ++ ++ b

4º PM ++ - - - +++ +++ +++ a

8 B Adulto SRD M ++ CANINO + - - - ++ ++ ++ b

4º PM ++ - - - ++ ++ + b

9 B Adulto Terrier

brasileiro

M + CANINO + - - - ++ ++ ++ b

4º PM + - - - ++ ++ +++ b

10 B Adulto SRD M +++ CANINO +++ - 4 - ++ ++ +++ b

4º PM +++ - - - ++ ++ + b

11 B Idoso SRD F +++ CANINO +++ - - 9 +++ +++ +++ b

4º PM +++ +++ - 7 +++ +++ +++ b

12 B Idoso SRD F +++ CANINO + - - - +++ +++ + b

4º PM ++ - - - ++ ++ ++ b

13 B Adulto Poodle F ++ CANINO ++ - - - ++ ++ +++ a

4º PM +++ - - - ++ + ++ b

14 B Adulto Cocker F +++ CANINO +++ - - 6 +++ +++ + b

4º PM +++ - - 2 +++ +++ ++ b

55

15 B Adulto Poodle F ++ CANINO ++ - 3 - ++ ++ ++ b

4º PM ++ - - - ++ ++ ++ a

16 B Adulto SRD M ++ CANINO ++ - - - +++ +++ + b

4º PM +++ - - - +++ +++ + b

17 B Adulto Teckel F + CANINO + - - - ++ ++ ++ b

4º PM +++ - 5 - +++ +++ + b

18 B Idoso Poodle F + CANINO ++ - - - ++ ++ ++ b

4º PM +++ - - - ++ ++ + b

19 B Idoso Cocker M ++ CANINO +++ - - - + + + b

4º PM +++ - - - +++ +++ +++ a

20 B Idoso Quilel M +++ CANINO - - - - - - + a

4º PM ++ +++ 4 4 +++ +++ +++ b

21 B Adulto Teckel F ++ CANINO ++ - - 2 +++ +++ +++ b

4º PM +++ - - - +++ +++ + b

22 B Idoso Cocker F + CANINO - - - - + + + a

4º PM + - - - + + + a

23 B Jovem Schnauzer F + CANINO + - - - ++ ++ ++ b

4º PM + - - - - - + a

24 B Idoso Airdale terrier F ++ CANINO + - - - +++ +++ ++ b

4º PM +++ - - - * * * b

25 B Adulto Pastor

Alemão

M ++ CANINO + - - 4 ++ ++ +++ b

4º PM +++ - - - +++ +++ ++ a

26 B Adulto Lhasa apso F +++ CANINO ++ - - - +++ +++ +++ b

4º PM - - - - * * * *

27 B Adulto Poodle F +++ CANINO ++ - - - +++ +++ + b

4º PM ++ - - 2 ++ ++ + a

28 B Adulto Poodle F + CANINO + - - - ++ ++ ++ b

4º PM ++ - - - ++ ++ + a

29 B Idoso SRD F ++ CANINO + - - - +++ +++ + b

4º PM +++ - - 2 +++ +++ ++ b

30 B Idoso Cocker F +++ CANINO +++ - - ++ + +++ b

4º PM +++ - - 6 +++ +++ +++ b

31 B Adulto Lhasa apso M ++ CANINO ++ - - - +++ ++ ++ b

4º PM + - - - ++ ++ +++ b

56

32 B Adulto Teckel F ++ CANINO ++ - - - ++ ++ + b

4º PM +++ - - - ++ ++ ++ a

33 B Adulto Teckel F +++ CANINO + - 6 5 +++ +++ ++ b

4º PM +++ - - - * * * *

34 B Idoso Beagle F +++ CANINO +++ - - - +++ +++ ++ b

4º PM +++ +++ - - +++ +++ +++ b

35 B Idoso SRD M + CANINO ++ - - - - - + a

4º PM ++ - - - - - + a

36 B Idoso Poodle M +++ CANINO +++ - - - + + + a

4º PM +++ ++ - - ++ ++ ++ b

37 B Adulto Poodle M +++ CANINO +++ - - - + + + a

4º PM +++ ++ - - ++ ++ +++ b

38 B Adulto Cocker M ++ CANINO ++ - - - - - + a

4º PM ++ - - - +++ +++ + b

39 B Idoso Cocker M ++ CANINO ++ - - - + + + a

4º PM +++ - - - - - + a

40 B Adulto Labrador M + CANINO - - - - ++ ++ + a

4º PM + - - - + + + a

41 B Idoso Cocker F + CANINO ++ - - - + + ++ a

4º PM +++ - - - ++ ++ + a

42 B Idoso Teckel F + CANINO + - - - + + + a

4º PM ++ - - - ++ ++ ++ a

43 B Adulto SRD M + CANINO ++ - - - ++ ++ + a

4º PM +++ - - - ++ ++ + b

44 N Adulto SRD F +++ CANINO - - - - ++ ++ ++ a

4º PM +++ +++ - 2 + + +++ b

45 N Adulto Pastor belga F + CANINO - - - 3 +++ +++ +++ b

4º PM + - - - - * * * *

46 N Adulto Akita F + CANINO - - - - - + +++ a

4º PM ++ - - - ++ + + b

47 N Adulto Rottweiller M + CANINO + - - - * * * *

4º PM - - - - ++ ++ + a

48 N Adulto Weimaraner F + CANINO + - - - - +++ +++ +++ b

4º PM + - - - - ++ + +++ a

57

49 N Adulto Pastor

alemão

M + CANINO + - - - ++ ++ + b

4º PM ++ - - - + + + a

50 N Idoso Labrador M + CANINO - - - - * * * *

4º PM - - - - + + + a

51 N Adulto SRD M + CANINO + - - - +++ +++ ++ b

4º PM + - - - +++ +++ + b

52 N Adulto Akita M + CANINO - - - - + + + b

4º PM + - - - + + + a

53 N Jovem SRD M + CANINO + - - - - a + a

4º PM +++ - - - - a + a

54 N Adulto Labrador M ++ CANINO - - - 4 - a + a

4º PM ++ - - - - a ++ a

55 N Adulto Basset

hound

M +++ CANINO +++ - - - +++ +++ +++ b

4º PM +++ - - - ++ ++ +++ b

56 N Adulto SRD F + CANINO + - - - ++ ++ ++ a

4º PM +++ - - - ++ ++ +++ b

57 N Adulto SRD F + CANINO + - - - +++ +++ ++ a

4º PM ++ - - - ++ ++ + a

58 N Adulto SRD M ++ CANINO ++ - - - +++ +++ ++ a

4º PM + - - - +++ +++ ++ b

59 N Adulto SRD F + CANINO ++ - - - ++ ++ + b

4º PM + - - ++ ++ ++ b

60 N Adulto Pitt bull M +++ CANINO ++ - 5 - +++ +++ +++ b

4º PM +++ - - - ++ ++ + b

61 N Adulto Rottweiller M + CANINO - - - - + + +++ a

4º PM ++ - - - + + +++ a

62 N Idoso SRD M ++ CANINO + - - - ++ ++ + a

4º PM + - - - * * * *

63 N Jovem Labrador F + CANINO - - - - * * * *

4º PM + - - - ++ ++ ++ a

64 N Adulto Pasto

alemão

F ++ CANINO + - - - ++ ++ + a

4ºPM ++ - - - +++ +++ +++ b

65 N Adulto Pastor

alemão

F +++ CANINO + - - - +++ +++ +++ b

4º PM * * * - * * * *

58

66 N Jovem SRD F + CANINO + - - - + + + a

4º PM ++ - - - + + ++ b

67 N Adulto SRD M ++ CANINO - - - - ++ ++ +++ a

4º PM ++ - - - - + + a

68 N Idoso SRD F + CANINO + - - - * * * *

4º PM +++ - - - ++ ++ ++ b

69 N Adulto Labrador M + CANINO + - - - +++ +++ +++ b

4º PM ++ - - - ++ ++ +++ b

70 N Adulto Doberman M + CANINO + - - - +++ +++ +++ b

4º PM +++ - - - +++ +++ + b

71 N Jovem Pastor

alemão

F + CANINO - - - - + + + b

4º PM +++ - - - + + ++ b

72 N Adulto SRD M ++ CANINO + - - 5 ++ ++ +++ b

4º PM - - - - + + + a

73 N Adulto Pitt bull F + CANINO + - - - * * * *

4º PM +++ - - - ++ ++ ++ b

74 N Adulto Fila brasileiro M + CANINO - - - - ++ ++ ++ b

4º PM ++ - - - - a + a

75 N Adulto Fila brasileiro M + CANINO - - - - * * * *

4º PM + - - - * * * *

76 N Jovem SRD M + CANINO + - - - +++ +++ +++ b

4º PM + - - - ++ ++ + a

77 N Adulto SRD F + CANINO + - - - +++ +++ + b

4º PM ++ - - - + + + b

78 N Idoso Pitt bull F + CANINO - - - - + + + a

4º PM - - - - + + + b

79 N Jovem Pastor belga M + 4º PM - - - - * * * *

CANINO - - - - * * * *

80 N Adulto Boxer F +++ CANINO +++ - 3 - * * * *

4º PM - - - - - + + a

81 N Idoso Rottweiller M +++ CANINO ++ - 3 - * * * *

4º PM - - 7 - ++ ++ +++ b

82 N Adulto SRD M + CANINO - - - - + + ++ a

4º PM +++ - - 2 ++ ++ ++ a

59

83 N Jovem SRD M + CANINO - - - - * * * *

4º PM + - - - * * * *

84 N Jovem Golden

retriver

M + CANINO + - - - ++ ++ + b

4º PM - - - - ++ + + a

85 N Adulto Boxer F + CANINO * - * * * * * *

4º PM + - - - ++ ++ ++ b

86 N Jovem SRD F + CANINO ++ - - - + + ++ a

4º PM - - - - + + ++ a

87 N Adulto SRD F ++ CANINO + - - 3 * * * *

4º PM ++ - - - * * * *

88 N Adulto Rottweiller M ++ CANINO ++ - - - + + +++ a

4º PM ++ - - - ++ ++ +++ a

89 N Adulto Lhasa apso F +++ CANINO ++ - - - ++ ++ + a

4º PM +++ - - - ++ ++ ++ a

B = biópsia/ N = necropsia; DP = doença periodontal; C = cálculo dentário; EF = exposição de furca; BP = bolsa periodontal; RG = retração gengival; GC = gengivite clínica; GH = gengivite-histologia; V = vascularização; E = edema. (+) discreto; (++) moderado; (+++) severo. a: ausência; b: presença.