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A délia Prado verseja no poema “Le- genda com a palavra mapa” dizen- do que “o mapa é a certeza que existe O Lugar, o mapa guarda sangue e te- souros”. E esse é o pressuposto que ba- liza e integra o conjunto de textos que compõem este livro, reconhecimento da vinculação orgânica existente entre geografia e cartografia. Numa aventura cartográfica – perspectivas, pesquisas e reflexões sobre a Cartografia Humana -, os estudos desenvolvem-se tendo três eixos temáticos principais: Cartografia da Cartografia, Cartografia da Mente e da Imaginação e Cartografia e Ensino. Essas dimensões constituem as bases para a estruturação desta obra que tra- balha nas bordas da ciência cartográfica produzindo um tecido de delicada tra- ma, onde com lucidez e profundidade os fios teóricos vão se desenrolando. Maria Lúcia de Amorim Soares Perspectivas, pesquisas e reflexões sobre a Cartografia Humana A Aventura Cartográfica Navegar por mares ig- notos e palmilhar terras desconhecidas sempre foi um apelo aos ho- mens desde priscas eras. Desde sempre esses mo- vimentos eram registra- dos através de estrelas e do sol, de picos e ár- vores, de rios e cachoei- ras. Era a procura de co- nhecer seus territórios, explorar seus recursos, assinalar suas fontes de água e de caça. Era o nascer do mapa, do ma- peamento. Era o Homo Sapiens sapiens percor- rendo caminhos mape- ando e manifestando artisticamente. De um lado, historica- mente, surgindo a Car- tografia, no mundo, no Brasil, nas instituições e nos órgãos públicos e privados. Por outro, es- tudos psicológicos son- dando como as crianças constroem seus espaços, como são seus mapas cognitivos, como são suas representações, interpretações, imagi- nações e suas comuni- cações. Além disso, procuran- do, geográfica e car- tograficamente, traçar linhas no planeta que eram e são imaginárias. Pela necessidade pre- mente que era de situ- ar lugares, de delimitar fronteiras, de medir di- reções, de determinar localizações, de ler e in- terpretar as indicações, enfim, de conhecer e reconhecer o seu meio ambiente e de se comu- nicar com os seus seme- lhantes. Convém lembrar que sempre procurando se- parar o real do repre- sentado, procurando orientar os demais que o “mapa do Brasil não é o Brasil”; procurando usar o mapa como uma linguagem gráfica, visu- al e universal. Isto é (e sempre foi), na real idade, uma gran- de epopéia fascinante, uma “aventura carto- gráfica”. Lívia de Oliveira Jörn Seemann (Organizador) A Aventura Cartográfica - Perspectivas, pesquisas e reflexões sobre a Cartografia Humana Jörn Seemann (Organizador)

Aventura Cartografica Libre

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Page 1: Aventura Cartografica Libre

Adélia Prado verseja no poema “Le-genda com a palavra mapa” dizen-

do que “o mapa é a certeza que existe O Lugar, o mapa guarda sangue e te-souros”. E esse é o pressuposto que ba-liza e integra o conjunto de textos que compõem este livro, reconhecimento da vinculação orgânica existente entre geografia e cartografia. Numa aventura cartográfica – perspectivas, pesquisas e reflexões sobre a Cartografia Humana -, os estudos desenvolvem-se tendo três eixos temáticos principais: Cartografia da Cartografia, Cartografia da Mente e da Imaginação e Cartografia e Ensino. Essas dimensões constituem as bases para a estruturação desta obra que tra-balha nas bordas da ciência cartográfica produzindo um tecido de delicada tra-ma, onde com lucidez e profundidade os fios teóricos vão se desenrolando.

Maria Lúcia de Amorim Soares

Perspectivas, pesquisas e reflexões sobre a

Cartografia Humana

A Aventura Cartográfica

Navegar por mares ig-notos e palmilhar terras desconhecidas sempre foi um apelo aos ho-mens desde priscas eras. Desde sempre esses mo-vimentos eram registra-dos através de estrelas e do sol, de picos e ár-vores, de rios e cachoei-ras. Era a procura de co-nhecer seus territórios, explorar seus recursos, assinalar suas fontes de água e de caça. Era o nascer do mapa, do ma-peamento. Era o Homo Sapiens sapiens percor-rendo caminhos mape-ando e manifestando artisticamente.

De um lado, historica-mente, surgindo a Car-tografia, no mundo, no Brasil, nas instituições e nos órgãos públicos e privados. Por outro, es-tudos psicológicos son-dando como as crianças constroem seus espaços, como são seus mapas cognitivos, como são suas representações, interpretações, imagi-nações e suas comuni-cações.

Além disso, procuran-do, geográfica e car-tograficamente, traçar linhas no planeta que eram e são imaginárias. Pela necessidade pre-mente que era de situ-ar lugares, de delimitar fronteiras, de medir di-reções, de determinar localizações, de ler e in-terpretar as indicações, enfim, de conhecer e reconhecer o seu meio ambiente e de se comu-nicar com os seus seme-lhantes.

Convém lembrar que sempre procurando se-parar o real do repre-sentado, procurando orientar os demais que o “mapa do Brasil não é o Brasil”; procurando usar o mapa como uma linguagem gráfica, visu-al e universal.

Isto é (e sempre foi), na real idade, uma gran-de epopéia fascinante, uma “aventura carto-gráfica”.

Lívia de Oliveira

Jörn Seemann(Organizador)

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Page 2: Aventura Cartografica Libre

Índ ice

PREFÁCIOMaria Lucia de Amorim Soares ....................................................9 INTRODUÇÃO: PARA COMEÇAR A AVENTURA CARTOGRÁFICAJörn Seemann ...........................................................................15

PARTE I: A C ARTOGRAFIA DA CARTOGRAFIA

MAPEAMENTO SISTEMÁTICO BRASILEIRO: EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CARTOGRAFIARosely Archela e Edison Archela ............................................... 21 A(S) NATUREZA(S) DA E NA CARTOGRAFIAÂngela Massumi Katuta ............................................................. 39 AVENTURAS DA LEITURA DE MAPASGisele Girardi ............................................................................ 61

Page 3: Aventura Cartografica Libre

PARTE II: C ARTOGRAFIAS DA MENTE E DA IMAGINAÇÃO

TERRAE (IN)COGNITAEMárcia Siqueira de Carvalho ..................................................... 75 PELOS CAMINHOS DA CARTOGRAFIA NA IDADE MÉDIA: O EBSTORF MAPPAMUNDI COMO OBJETO CULTURALMarisol Barenco de Mello .......................................................... 87 LINHAS IMAGINÁRIAS NA CARTOGRAFIA: A INVENÇÃO DO PRIMEIRO MERIDIANOJörn Seemann ......................................................................... 111 COMUNICANDO E REPRESENTANDO: MAPAS COMO CONSTRUÇÕES SOCIOCULTURAISSalete Kozel ........................................................................... 131 MAPAS COGNITIVOS DO MUNDO: REPRESENTAÇÕES MENTAIS DISTORCIDAS?José Q. Pinheiro ..................................................................... 151 PARTE III: C ARTOGRAFIA E ENSINO

O MAPA DO BRASIL NÃO É O BRASILNestor André Kaercher e Jorge Luiz Barcellos da Silva ............ 173 DESENHOS E MAPAS NO ENSINO DE GEOGRAFIA: A LINGUAGEM VISUAL QUE NÃO É VISTAClézio Santos ......................................................................... 185 CARTOGRAFIA PARA CRIANÇAS: QUAL É SEU LUGAR?Werther Holzer e Selma Holzer .............................................. 201 POSFÁCIOLívia de Oliveira ...................................................................... 219 OS AUTORES DOS TEXTOS ............................................................ 221