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BALBÚRDIA No Português É um projeto de extensão com atividades teórico- culturais que oportuniza aos participantes contato com saberes advindos de diversas áreas do conhecimento. Também sensibiliza o público para o discurso artístico, via referência à música, à literatura, ao teatro, à imagem e ao cinema. Cada Balbúrdia tem uma dinâmica e um tema dife- rentes, mas são comuns aos vários Balbúrdias os se- guintes recursos: vídeos curtos, leitura de fragmentos de textos teóricos ou literários, músicas, dinâmicas de inte- gração, encenações, experiências sensoriais. Os encontros ocorrem quinzenalmente, às sextas- feiras, às 18h ou às 19h, na Unipampa ou na Casa de Cultura. O Balbúrdia, sob coordenação dos professores Renata Silva e Sandro Mendes, do Curso de Letras da Unipampa, é um dos projetos de extensão do Núcleo de Estudos Linguísticos e Pedagógicos do Português, o NELPP. É um projeto de ensino que coloca a “mão na mas- sa” e sugere maneiras de tratar as temáticas e algumas atividades do Balbúrdia nas aulas de língua portugue- sa. O Balbúrdia no Português é um informativo que une duas temáticas do Balbúrdia. Quer ser um “jornal de ideias” para que seus produtores e leitores descu- bram estratégias de ensino. Neste primeiro informativo, trataremos do “humor”, tema de nosso quarto Balbúrdia, e do “Politicamente Correto”, tema do sexto Balbúrdia. Este informativo resulta do empenho de uma equi- pe formada por sete acadêmicos de Letras, sob orien- tação da Profa. Dra. Renata Silva. Boa leitura! Para conhecer mais: Visite nosso blog: nelpp-unipampa.blogspot.com Visite nosso perfil no Facebook : Nelpp Unipampa Informativo 1 UNIPAMPACurso de Letras Retirando ideias do Balbúrdia Humor Música: Sugerimos começar a aula de língua portuguesa sobre humor com “Ievan Polka” de Loituma, um jovem quarteto que combina uma série de sons de Katele (harpa) com a tradi- ção finlandesa. No vídeo, aparece apenas o quarteto cantando, mas é um grupo engraçado pelos sons que faz, estranhos à nossa cultura. Encenações: Que tal entrar no site do “Jornal Sensacionalista: um jornal isento de verdade” e copiar algumas notícias bizarras que podem ser encenadas pelos alunos, sendo âncoras de um telejornal? Outra op- ção é encontrar vídeos do Programa Sensacionalista, transmitido pela Multishow e às vezes dispo- nibilizado no youtube. Link:http://www.sensacionalista.com.br/about/ Depois dessa atividade, podemos pedir que os alunos observem os jornais jaguarenses e tentem produzir notícias cômicas. É uma forma de perceberem quais elementos transformam um texto em humorístico. O que é o Balbúrdia no Português? O que é o Balbúrdia? Link: http://www.youtube.com/watch?v=mcrcx1abm2M

Balbúrdiainformativo1

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BALBÚRDIA No Português

É um projeto de extensão com atividades teórico-culturais que oportuniza aos participantes contato com saberes advindos de diversas áreas do conhecimento. Também sensibiliza o público para o discurso artístico, via referência à música, à literatura, ao teatro, à imagem e ao cinema.

Cada Balbúrdia tem uma dinâmica e um tema dife-rentes, mas são comuns aos vários Balbúrdias os se-guintes recursos: vídeos curtos, leitura de fragmentos de textos teóricos ou literários, músicas, dinâmicas de inte-gração, encenações, experiências sensoriais.

Os encontros ocorrem quinzenalmente, às sextas-feiras, às 18h ou às 19h, na Unipampa ou na Casa de Cultura. O Balbúrdia, sob coordenação dos professores Renata Silva e Sandro Mendes, do Curso de Letras da Unipampa, é um dos projetos de extensão do Núcleo de Estudos Linguísticos e Pedagógicos do Português, o NELPP.

É um projeto de ensino que coloca a “mão na mas-sa” e sugere maneiras de tratar as temáticas e algumas

atividades do Balbúrdia nas aulas de língua portugue-

sa.

O Balbúrdia no Português é um informativo que

une duas temáticas do Balbúrdia. Quer ser um “jornal

de ideias” para que seus produtores e leitores descu-

bram estratégias de ensino.

Neste primeiro informativo, trataremos do

“humor”, tema de nosso quarto Balbúrdia, e do

“Politicamente Correto”, tema do sexto Balbúrdia.

Este informativo resulta do empenho de uma equi-

pe formada por sete acadêmicos de Letras, sob orien-

tação da Profa. Dra. Renata Silva.

Boa leitura!

Para conhecer mais:

Visite nosso blog: nelpp-unipampa.blogspot.com

Visite nosso perfil no Facebook: Nelpp Unipampa

Informativo 1 UNIPAMPA— Curso de Letras

Retirando ideias do Balbúrdia Humor

Música: Sugerimos começar a aula de língua portuguesa sobre humor com “Ievan Polka”

de Loituma, um jovem quarteto que combina uma série de sons de Katele (harpa) com a tradi-

ção finlandesa. No vídeo, aparece apenas o quarteto cantando, mas é um grupo engraçado

pelos sons que faz, estranhos à nossa cultura.

Encenações:

Que tal entrar no site do “Jornal Sensacionalista: um jornal isento de verdade” e copiar algumas

notícias bizarras que podem ser encenadas pelos alunos, sendo âncoras de um telejornal? Outra op-

ção é encontrar vídeos do Programa Sensacionalista, transmitido pela Multishow e às vezes dispo-

nibilizado no youtube. Link:http://www.sensacionalista.com.br/about/

Depois dessa atividade, podemos pedir que os alunos observem os jornais jaguarenses e tentem produzir

notícias cômicas. É uma forma de perceberem quais elementos transformam um texto em humorístico.

O que é o Balbúrdia no Português?

O que é o Balbúrdia?

Link: http://www.youtube.com/watch?v=mcrcx1abm2M

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Videoclipes:

Uma boa é assistir “O contador de piadas”, gravação da presença de Bruno Mazeo no Programa do Jô Soares.

Link: http://www.youtube.com/watch?v=3cTI8pC4Ktw&feature=results_main&playnext=1&list=PLC9B0DC01111B2858

Dinâmicas

Envelope surpresa de piadas: A cada pausa, o participante que ficou com o envelope na mão deverá ler uma pia-da.

Técnicas do riso: todos simulam que estão lavando o próprio rosto enquanto dizem “sou lindo”; todos se olham e fazem caretas; todos se olham e tentam não rir.

PEREIRA JUNIOR, Luiz Costa. O humor na informação: a atual safra de jor-

nais populares imprime mais humor e menos sensacionalismo à sua linguagem.

Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento, n. 40, fev. 2009.

Link: http://revistalingua.uol.com.br/textos/40/artigo248523-1.asp

O site do Jornal Sensacionalista oferece um rico material para análise de recursos que imprimem humor no

jornalismo.

2

Humor nos sons Humor no jornalismo

E a relação com a língua portuguesa?

Trava-línguas são frases de difícil pronúncia que

devem ser repetidas várias vezes, o mais rápido pos-

sível. Viraram quadro de humor da Rádio MIX FM,

em São Paulo, quando artistas são convidados a brin-carem com as difíceis pronúncias (REVISTA LÍN-

GUA PORTUGUESA, 2007).

Os trava-línguas se caracterizam por rimas, troca-dilhos, aliterações (repetição do mesmo fonema, em

geral, consoante).

Na sala de aula, podem ajudar na dificuldade de expressão ou timidez, além de serem passatempo e

diversão. O trocadilho também melhora a dicção e

atenta ao sentido de novas palavras.

Disseram que na minha rua tem paralelepípedo feito de pa-ralelogramos. Seis paralelogra-mos têm um paralelepípedo. Mil paralelepípedos têm uma paralelepípedovia. Uma parale-lepípedovia tem mil paralelo-gramos. Então uma paralelepí-pedovia é uma paralelogramo-

Trava-língua infantil: A aranha arranha a jarra, a jarra arranha a aranha; nem a aranha ar-ranha a jarra nem a jarra arranha a aranha.

Conforme a reportagem A atual safra de jornais po-pulares imprime mais humor e menos sensacionalismo

à sua linguagem, publicada na revista Língua Portu-

guesa (2009), a prática de transmitir informação usan-

do o humor é antiga e atualmente ganha do sensacio-nalismo. Isso ocorre porque o leitor se interessa cada

vez menos por fatos inventados, recursos grotescos,

notícias com exagero, apelo emocional e repetição. A tendência é usar o humor para criar familiarida-

de com o leitor e atenuar tragédias. É a língua que pos-

sibilita informações engraçadinhas e é o humor que chama a atenção para os recursos da língua. Um se

vale do outro.

Exemplo de humor na mídia: trocadilho

Quando a saltadora Maureen Maggi ganhou o

Olímpico em Pequim, uma das manchetes do Jornal

Meia hora foi: “Maggi não dá sopa para as rivais e voa para o ouro”.

Outra fonte de humor é o programa 220 volts, da Multishow.

Link: multishow.globo.com/_220-Volts

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BA LBÚ RDIA

Humor nas referências

Quando falamos, estabelecemos um objeto de discurso e nos referimos a ele várias vezes no texto. Devemos ter cuidado ao fazer as referências, porque a referência a “x” pode ser compreendida pelo inter-locutor como referência a “y”, o que provocaria falhas na interação. Mas essas falhas é que podem ser exploradas para fazer rir:

nós = eu + você/vocês; ou nós = eu + ele/eles.

Na piada, a primeira cobra usa o “nós= eu + você, mas a segunda cobra não se insere nesse “nós”.

BRYAN, Guilherme. Trava-língua pop: diversão de crianças vira tema

de quadro de humor radiofônico em São Paulo. Revista Língua Portugue-

sa. São Paulo: Segmento, n. 25, nov. 2007.

Link: http://revistalingua.uol.com.br/textos/25/artigo248279-1.asp

É crocogrilo? É crocodrilo? É co-crodilo? É cocodilho? É corcodi-lho? É crocrodilo? É crocodilho?

É corcrodilo? É cocordilo? É jaca-ré? Será que ninguém acerta o no-

me do crocodilo maré?

Trava-línguas: que tal trabalhar a oralidade?

Os alunos poderiam pedir que professores e funcionários da escola repetissem os trava-línguas. As gravações virariam um programa de rádio. Seria uma oportunidade para os estu-dantes terem mais intimidade com gêneros ra-diofônicos.

Humor nas predicações

O texto Na base da piada. Como uma simples anedota pode ajudar a reflexão sobre a linguagem, publicado na

Revista Língua Portuguesa (2006), traz reflexões da

linguista Maria Helena de Moura Neves. A estudiosa

afirma que as piadas requerem reflexão, por isso são um bom recurso para o ensino da língua nas escolas. Com a

piada vem o riso, do riso, a alegria e da alegria, o inte-

resse pelo modo como foi construído o efeito de humor. Moura Neves cita o processo de predicação, necessá-

rio para a formação de orações. Ao falarmos, usamos

verbos e ao redor colocamos participantes do evento. Em torno do centro da predicação, o verbo, falamos so-

bre algo ou alguém. Na frase “João foi receber sua mãe

lá na porta”, temos uma ação, o João é o agente, em ter-

mos semânticos, e é o sujeito, em termos sintáticos. E o verbo, neste caso, significa acolher. Se o verbo receber

não for usado para indicar ação, não haverá alguém que

acolhe, nem alguém que seja acolhido. Em “João recebe seu salário”, não há sujeito, nem agente, apenas benefi-

ciário. A brincadeira com essas duas possibilidades de

utilização do verbo aparece nesta piada:

Na piada a seguir, há uma falta de ajuste entre o conhecimento de mundo do falante e o do ouvinte, gerando enganos e distrações:

Concluindo com as palavras de Neves: “Com as piadas se vai com facilidade ao léxico e à gramáti-ca, aos participantes da interação, à situação de comunicação, ou seja, a tudo que compõe a signifi-cação. Com ela se reflete sobre linguagem e com bom humor. E tais ingredientes são mais do que bem-vindos na escola.”

NEVES, Maria Helena de Moura. Na base da piada: como uma

simples anedota pode ajudar a reflexão sobre a linguagem.

Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento, n. 12, out.

2006.

Link: http://revistalingua.uol.com.br/textos/12/artigo248052-

1.asp

Humor na interação

Trava-línguas com aliterações:

3

- Sua mãe tá aí. Você não vai receber?

- Receber por quê? Por acaso ela me deve alguma coisa?

Escuta, Godói! Não é melhor a gente tomar um táxi?

- Não, obrigado. Hoje eu não quero misturar mais

Duas "cobras" olhando o céu, numa noite estrelada:

- Como nós somos insignificantes. - Você e quem? (L.F.Veríssimo)

A garotinha visita a tia. Ouve o priminho choran-do e pergunta:

- O que é que ele tem? - Seus primeiros dentes estão nascendo.

- E ele não quer eles?

Ambiguidade semântica

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Como trabalhas humor nas aulas de língua portuguesa?

- A partir de textos presentes no material utilizado na escola.

Utilizas técnicas específicas para trabalhar humor em sala de aula?

- Não utilizo.

Quais materiais são utilizados ao trabalhar esse tema?

- Charges e Cartuns.

Que atividades são feitas com base nesse tema?

- Leitura, interpretação e produção textual.

Quais dificuldades são encontradas ao trabalhar essa temática?

- Nem sempre o que para um é considerado humor, também é para outro. Tam-

bém há mais dificuldades em interpretar charges e cartuns do que os demais tex-

tos, pelos implícitos neles encontrados.

4

Profª. Josiane Cabaldi

Graduada em Letras pela Unipampa. Leciona portu-guês e espanhol no Colé-gio Nelson Wortmann. Faz pós-graduação na Unipampa. Na área de Letras, prefere dar aulas de português e espanhol com ênfase em textos.

Piada: “O ponto mata”

Três velhinhos trabalhavam há muito tempo juntos. Um deles morre. A polícia chegou para saber o que tinha

acontecido. E Nelito, o mais falante, explica:

- Ele pegou aquele livro azul e começou a ler. Empalideceu. Suou. Ficou avermelhado, depois roxo e morreu.

Dois dias depois outro do trio deu adeus à vida. A polícia voltou a local. E Nelito contou:

- Aconteceu a mesma coisa que da outra vez. Ele pegou aquele livro azul e abriu, começou a ler. Empalideceu. Su-

ou. Ficou avermelhado, depois roxo e morreu.

O delegado, impaciente, ordenou a Nelito:

- Apanhe o livro e leia.

Ele seguiu a ordem. Empalideceu. Suou frio. Ficou avermelhado. Quando o roxo se anunciou, tiraram a obra

da mão do coitado, fizeram-lhe massagem no coração e perguntaram:

- O que tem esse livro?

- Ah, doutor, o problema não é ter. É não ter.

- Como assim?

-O livro não tem nem uma vírgula, nem um ponto, nem um travessão, nem um parêntese. Conclusão: a ausência de

pontos, vírgulas & Cia. mata mais que pneumonia.

Fala Professor! Entrevista feita pela Acadêmica Millaine Carvalho

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Retirando ideias do Balbúrdia Politicamente (in) correto

Videoclipes: O filósofo e professor Luiz Felipe Pondé trata da origem do politica-

mente correto e suas tendências ideológicas.

Link: http://www.youtube.com/watch?v=p7TYiWNF6Wc

Um dos episódios do Programa 220 volts tratou de preconceito

de forma engraçada.

Link: http://www.youtube.com/watch?v=aW-6HMHL1e0

Dinâmica para sentir a censura na linguagem:

Duplas: um pergunta e o outro responde fazendo pergunta e assim sucessivamente até que alguém res-

ponda de forma afirmativa ou fique em silêncio.

Duplas: um pergunta e o outro não pode dizer “sim” ou “não”, depois, os papeis se invertem.

E a relação do politicamente (in)correto com a língua portuguesa?

Sabemos que a língua portuguesa não está entre as disciplinas favoritas dos alunos, pelo

contrário, é classificada pela maioria como

uma das disciplinas mais chatas da formação

básica. Mas o que o professor pode fazer para tornar as aulas mais interessantes e atrair a atenção dos alunos para os estudos de língua portuguesa? Uma boa

alternativa é trabalhar textos humorísticos em sala de aula. Além de tornar a aula divertida, os textos humorísti-

cos provocam ótimas reflexões sobre o mundo e sobre a língua, conforme podemos verificar nas palavras de Neves, apresentadas na página 3.

O texto abaixo foi retirado do site “Sensacionalista”, um jornal Web que publica sátiras de notícias que estão

em voga na Grande Mídia. Após, segue uma proposta de como explorar este texto em sala de aula.

5

Dicas para tratar do humor e do politicamente (in)correto na aula de português

Por Virgínia Caetano (Acadêmica de Letras)

Gordos pedem o fim do politicamente correto: “hoje em dia só podem fazer piadas com a gente” Otileno Junior

Um grupo de gordos está lançando um movimento nacional contra o politicamente correto. A Organização Benefi-

cente Emancipada Social Anti-bullying (Obesa) afirma que, com a onda politicamente correta

que tomou conta do país, só os gordos podem ser vítimas de gozação.

O presidente da Obesa, Walter Jorge, conhecido como Waltinho Baleia, diz que a situação para

eles está cada vez mais difícil. “Determinados grupos conseguiram o direito de não serem mais o

alvo. Não vou dizer nem quais são porque posso ser processado. O fato é que hoje os humoristas

só podem sacanear os gordos. É preciso acabar com isso”, disse Baleia.

Baleia afirma que as redes sociais, em vez de libertarem as pessoas, as tornaram mais caretas.

“Ninguém passa para frente coisas politicamente incorretas. Quem faz piada assim corre o risco de ser linchado em praça pública. As pessoas ficaram mais caretas e têm medo de serem vistas como párias por causa de

uma simples piada”, diz ele. Walter afirma que apelidos como rolha de poço ficaram para trás. “Eles estão mais criati-

vos. Outro dia me chamaram de bambolê de baleia. Outra vez fui dar meu endereço e a pessoa perguntou se eu tinha um

CEP só para mim”.

Ele diz que está em entendimentos com o sindicato das louras, outra categoria que ainda é vítima, mas que a união é

complicada. “Louras não gostam de gordos. Só se forem ricos. Ah, por favor, não escreve isso, senão as louras vão me

processar.

Link: http://www.sensacionalista.com.br/2011/10/11/gordos-pedem-o-fim-do-politicamente-correto-hoje-em-dia-so-podem-fazer-piadas-com-a-gente/

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Utilizando o texto da p. 5, propomos as seguintes atividades didáticas:

1. Após um esclarecimento em sala de aula sobre o que é o movimento “politicamente correto” e qual sua reper-

cussão no Brasil, seria interessante o seguinte trabalho de interpretação:

a. O texto reforça os ideais do movimento “politicamente correto” ou pode ser considerado uma forma de crítica ao movimento? Justificar com fragmentos texto:

b. Identificar no texto alguns recursos linguísticos utilizados para causar o efeito de humor:

c. No texto, há algumas expressões não adequadas de acordo com o movimento “politicamente correto”. Rees-crever a notícia, buscando substituir essas expressões por formas mais adequadas:

d. Tendo como base o texto que tu escreveste, responder: A troca de expressões consideradas pejorativas por

eufemismos suaviza ou apenas reforça o preconceito? Por quê?

2. Outra possível atividade aproveitando a temática seria dividir a turma em dois grupos, de um lado os que são

a favor do “politicamente correto” e, de outro lado, os que são contra, e promover um debate entre os grupos. É

uma ótima oportunidade para trabalhar a capacidade de argumentação dos alunos.

Politicamente correto: o que é? será que resolve?

Acadêmicos do Curso de Letras:

Jonas dos Santos, Leonardo Messias, Francine Araújo e Santiago Bretanha

A acadêmica Francine Araújo resgata do artigo É correto ser politicamente correto?, de Aldo Bizzocchi,

publicado na Revista Língua Portuguesa (2008), uma explicação: O politicamente correto foi criado para

minimizar ou acabar com preconceitos existentes na maneira de nos comunicar, agir perante os outros, ou

seja, para enunciarmos “sob um manto de boas intenções”.

O linguista exalta que a língua não é somente um meio utilizado para nos comunicar. Através da interação, procuramos

indireta ou diretamente manipular nosso interlocutor, pois, quando falamos temos sempre nossa ideologia.

Em 2005, a Secretaria Especial de Direitos Humanos criou uma cartilha (Cartilha do Politicamente Cor-

reto & Direitos Humanos), que pretendia induzir o falante a usar expressões menos discriminatórias. Ilustra

essa orientação a troca de “faxineiro” por “profissional de limpeza”.

Leonardo Messias e Jonas dos Santos opinam sobre o assunto, lembrando que a língua continuadamente

se ressignifica. Então, o sentido de para cada palavra depende de uma convenção social e

do fato de todos os sujeitos terem suas ideologias, logo, não há como uma Cartilha esque-

cer desses aspectos da linguagem e indicar as nomeações “corretas”. O fato é que todos os

falantes aumentam os significados das palavras. “Dizer se está certo ou errado é algo que

as cartilhas não conseguirão fazer! Enfim, nós (professores) devemos nos contrapor e pensar como ensinar

os diferentes contextos sociais e o poder que carregamos com uma simples palavra”, comentam

os futuros educadores. 6

Dicas de leitura sobre humor:

BERGSON, H. O Riso. Ensaio sobre a significação do cômico. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.

LARAIA, R B. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

LE BRETON, D. As Paixões Ordinárias: Antropologia das Emoções. Petrópolis: Vozes, 2009.

MINOIS, G. História do riso e do escárnio. São Paulo: Editora UNESP, 2003.

ORLANDI, E. Destruição e construção do sentido: um estudo da ironia. Campinas: UNICAMP, 1983.

Trabalho apresentado no colóquio do Dep. de Linguística do IEL.

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Complementa esta discussão o artigo A selva do politicamente correto, de Sírio Possenti, publicado na Revista Lín-

gua Portuguesa (2008). No texto, o linguista Possenti reporta-se a um dos ensaios de Jean-Jacques Courtine no livro

Metamorfoses do Discurso Político: Derivas da Fala Pública (2006).

Possenti evidencia através das reflexões de Courtine que o discurso é perpassado pela ideologia do locutor. O que se

torna evidente é que jamais o discurso será neutro e inexiste a possibilidade de uma língua livre de preconceitos. Dessa

luta contra a manifestação ideológica e preconceituosa na língua(gem) surge o “politicamente Correto” (PC), que pro-

cura isentar o discurso de expressões ou palavras que possuam valor social, histórico e/ou etimológico pejorativos.

Uma das teses defendidas por Courtine é a de que esta posição politicamente correta teria surgido em

certos cuidados relativos à edição de livros escolares.

O acadêmico Santiago Bretanha destacou do artigo em pauta que esta ação “politicamente correta”

saiu do ambiente escolar e fez parte de movimentos e grupos sociais com “boas intenções políticas”.

O movimento politicamente correto se dispersou por toda a sociedade e está presente em todos os

núcleos sociais. Courtine comenta que esse movimento não é institucionalizado e não há como asso-

ciá-lo a um agente específico, responsável por sua disseminação.

Francine Araújo, embasada na leitura do texto de Bizzocchi, comenta: existem orientações criadas a fim de serem

politicamente corretas, mas que se contradizem a todo o momento cometendo um equívoco maior ainda. Então será

que o politicamente correto ao tentar ser correto não está exagerando e sendo mais incorreto ainda? O que é realmente

ser politicamente

correto?

Resta a polêmi-

ca!

7

Politicamente correto e o sexismo

Por: Virgínia Lucena Caetano

A acadêmica Virgínia Lucena Caetano encontrou no artigo Mitos da militância politicamente

correta, de Baronas (2011), nossa temática associada às questões de gênero. No texto consulta-

do, Baronas comenta que alguns especialistas percebem a língua como espelho das estruturas

sociais e culturais, assim, se a sociedade é preconceituosa, esse preconceito se reflete na língua.

Partindo deste princípio, surgiu o movimento “politicamente correto”, que embora tenha méritos

políticos relevantes, comete equívocos banais em relação à linguagem. Um deles, ressalta o estu-

dioso, é confundir gênero gramatical com aspectos ou opções sexuais dos indivíduos.

Em 2000, foi elaborada a Carta da Terra de Mato Grosso, redigida em uma linguagem “não sexista”. No docu-

mento, todos os termos que remeteriam a uma pessoa do sexo masculino foram trocados pelo símbolo “@”

(pel@s, profess@res, d@s mesm@s) tentando evitar, assim, a linguagem sexista.

Roberto Baronas destaca que todos os nomes da língua portuguesa possuem gênero gramatical, porém, apenas

alguns significam seres que possuem gênero sexual. Portanto, é equivocada a interpretação de que no sistema lin-

guístico, por haver uma preponderância maior do sexo masculino, haja indícios de discriminação do sexo femini-

no.

O autor acredita ser ingenuidade do movimento politicamente correto pensar que a simples substituição de pa-

lavras marcadas ideologicamente por outras acabará com o preconceito. Substituir o termo “prostituta” por

“profissional do sexo” não mudará em nada a forma como a sociedade condena esse tipo de atividade. Provavel-

mente, em pouco tempo, a nova expressão vinculará os mesmos valores negativos que as formas condenadas vin-

culam hoje. Isso ocorre porque é a existência do preconceito que atribui valores pejorativos às palavras e não o

contrário.

BARONAS, Roberto Leiser. Mitos da militância politicamente correta. Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento, n. 64, fev. 2011.

Link: http://revistalingua.uol.com.br/textos/64/artigo249036-1.asp

BIZZOCCHI, Aldo. É correto ser politicamente correto? Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento, n. 30, abr.

2008. Link: http://revistalingua.uol.com.br/textos/30/artigo248342-1.asp

POSSENTI, Sírio. A selva do politicamente correto. Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento, n. 36, out. 2008.

Link: http://revistalingua.uol.com.br/textos/36/artigo248458-1.asp

COURTINE, J.-J. Metamorfoses do discurso político: derivas da fala pública. São Carlos: Claraluz, 2006.

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Nathalia Madeira Araujo

O texto Tempos de eufemismo: manipulação da linguagem que diminui o impacto da realidade

virou mania social em épocas de crise, de Luiz Costa Pereira Junior, publicado na Revista Lín-

gua Portuguesa (2009), fala sobre a utilização de eufemismos como instrumento de suavização da

linguagem, de forma a não chocar o ouvinte ou o leitor ao transmitir uma notícia. Logo no início, o autor cita

alguns exemplos, como: a declaração que os EUA fizeram para a imprensa afirmando terem salvo mais uma

instituição da crise, ao invés de se referir diretamente à estatização, assim como o fato de o presidente Lula ter

se manifestado afirmando que a crise nos EUA é como um tsunami e aqui no Brasil uma marola.

Segundo o linguista Dino Preti, da PUC-SP, a declaração do presidente a respeito da

crise mostra que a fala política é, em sua maioria, eufêmica. Ele ainda afirma que esse pro-

cesso de eufemismo da linguagem surge como salvador da imagem do governo e tranquili-

zador da voz pública.

Dentre outras ideias, o texto ainda enfatiza o uso de eufemismos para amenizar falas, em

vez de dizer “aleijado”, “negro”, fala-se “portadores de necessidades especiais”,

“afrodescendente”. Enfatiza também o eufemismo para disfarçar, esconder o horror da Guerra. Como exemplo o

autor cita expressões militares lançadas pela mídia no advento da guerra no Iraque, expressões essas reproduzi-

das aqui no Brasil. São elas: "fogo amigo" (ser atingido pelo próprio exército), "dano colateral" (vítimas civis

quando o alvo é militar), "ataque cirúrgico" (com precisão), "baixas" (mortes).

PEREIRA JUNIOR, Luiz Costa. Tempos de eufemismo. Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento, n. 39, dez. 2009. Link: <http://

revistalingua.uol.com.br/textos/39/artigo248505-1.asp>

Millaine Carvalho

Em entrevista à Revista Língua Portuguesa, Peter Hunt, professor de inglês na British Uni-

versity e autor de Step off the Path (1985), critica o discurso politicamente correto na literatura infan-

til. Hunt diz ser contra o discurso politicamente correto, nesse tipo de literatura, pois grande parte da

produção de livros infantis atualmente visa influenciar o pensamento das crianças, sem permitir que

pensem por si mesmas, mas sim do modo que os adultos querem, sendo que, em sua opinião, o corre-

to seria dá-las a chance de se tornarem adultos que pensam de forma livre.

MURANO, Edgard. A infância sem clichês. Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento, n. 62, dez. 2010. Link: <http://

revistalingua.uol.com.br/textos/62/artigo248984-1.asp>

Politicamente correto e infância

Eufemismos na mídia

Ler trechos da canção “A Barata” (CD Galinha Pintadinha) e pensar se é politicamente correta:

A barata diz que tem Sete saias de filó É mentira da barata Ela tem é uma só Há, há, há, hó, hó, hó Ela tem é uma só Há, há, há, hó, hó, hó

Ela tem é uma só

A barata diz que tem

Um anel de formatura É mentira da barata Ela tem a casca dura

Há, há, há, hó, hó, hó Ela tem é a casca dura Há, há, há, hó, hó, hó

Ela tem é a casca dura

A barata diz que tem

Um sapato de fivela É mentira da barata O sapato é da mãe dela

Há, há, há, hó, hó, hó O sapato é da mãe dela Há, há, há, hó, hó, hó

O sapato é da mãe dela

A barata diz que tem

Uma saia de cetim É mentira da barata Ela tem é de capim

Há, há, há, hó, hó, hó Ela tem é de capim Há, há, há, hó, hó, hó

Ela tem é de capim

A barata diz que tem

Um sapato de veludo É mentira da barata Ela tem o pé peludo

Há, há, há, hó, hó, hó Ela tem o pé peludo Há, há, há, hó, hó, hó

Ela tem o pé peludo

8

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Da literatura à música infantil

Caro leitor, imagine se as músicas fossem

“ajustadas” ao movimento politicamente

correto? Algumas canções clássicas seriam

proibidas:

O CRAVO E A ROSA O Cravo brigou com a rosa

Debaixo de uma sacada.

O Cravo ficou ferido E a Rosa despedaçada.

O Cravo ficou doente

(A Rosa foi visitar). O Cravo teve um desmaio,

(A Rosa pôs-se a chorar).

Versão antiga:

Atirei o pau no gato tô tô

Mas o gato tô tô

Não morreu reu reu

Dona Chica cá

Admirou-se se

Do berro, do berro que o gato

deu Miau !!!!!!

Será que essa cantiga poderia ser acusada de incentivar a violência doméstica?

Versão nova:

Não atire o pau no gato (to-to)

Porque isso (sso-sso)

Não se faz (faz-faz)

Ô gatinho (nho-nho)

É nosso amigo (go)

Não devemos maltratar

Os Animais Miau!!!

Atirei o pau no gato ganhou uma versão menos violenta.

“Modo de falar” politicamente correto

9 Fonte:http://adalbertopiotto.wordpress.com/2008/12/20/crise-de-eufemismo/

Fonte: http://talktohimselfshow.zip.net/arch2011-05-01_2011-05-31.html http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http%3A%2F%2Fwww.sul21.com.br%2Fblogs%2Fmiltonribeiro%2Ffiles%2F2011%2F10%2Fquinho.jpg&imgrefurl=http%3A%2F%2Fwww.sul21.com.br%2Fblogs%2Fmiltonribeiro%2Ftag%2Fpoliticamente corre-to%2F&h=310&w=400&sz=50&tbnid=uqHAtd5Mnfg4oM%3A&tbnh=90&tbnw=116&zoom=1&usg=__s4yEFVWQQ

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.rodrigovianna.com.br/wp-content/uploads/2011/09/laerte1.jpg&imgrefurl=http://www.rodrigovianna.com.br/foto-de-capa/9625.html&usg=__Ee9C4kEDpxCyzQoZ4PFrXyp-6FU=&h=330&w=358&sz=34&hl=pt-BR&start=2&zoom=1&tbnid=nhPFNfVRkmA9FM:&tbnh=112&tbnw=121&ei=OqwtUO75KObg0QGNu4HgAg&um=

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Redação:

Renata Silveira da Silva

Francine Araújo Farias

Jonas dos Santos

Leonardo Terra Messias

Millaine de Souza Carvalho

Nathalia Madeira Araújo

Santiago Bretanha Feijó

Virginia Lucena Caetano

Colaboração:

Profa. Josiane Cabaldi

Contato:

Blog: http://nelpp-unipampa.blogspot.com/

Face: https://www.facebook.com/nelpp.unipampa

E-mail: [email protected]

Revisão

Renata Silva

Leonardo Messias

Adriana Lopes

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Pichador - Artista plástico perito em mensagens abstratas Ladrão - Ilusionista expert em desaparecimento de objetos valiosos

Cachaceiro - Degustador de bebidas populares Vagabundo - Auto excluído

do mercado de trabalho Perna-de-pau - Futebolista dominical inimigo da bola Fofoqueira - Divulgadora instantânea de boatos

Morte - Cessação das atividades vitais Favela - Comunidade

Alguns eufemismos

politicamente corretos:

O último show de Stand up -

Maurício Ricardo.

Charge animada

http://charges.uol.com.br/2012/0

1/09/cotidiano-o-ultimo-show-

de-stand-up/

Diagramação:

Renata Silveira da Silva

Jonas dos Santos

Leonardo Terra Messias

Coordenação:

Profa. Dra. Renata Silva